Matéria Capa Revista Potência

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Brasil possui um campo enorme para colocar em prática os projetos de eficientização energética. Retrofit das instalações pode proporcionar importante economia de energia para o País e redução de despesas para consumidores. Reportagens: Paulo Martins

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Aliadas ao atual ritmo de crescimento do Brasil, as promissoras perspectivas econômicas indicam que

o País precisará trabalhar fortemente para estabelecer um ambiente de se-gurança energética e evitar sobressal-tos como os famigerados ‘apagões’. Mas, como se sabe, a geração de ener-gia elétrica é uma atividade que re-quer investimentos elevados e contri-bui para o esgotamento dos recursos naturais do planeta e para a emissão de poluentes na atmosfera. Esse qua-dro complexo exige cada vez mais a adoção de estratégias inteligentes não só na produção, mas também relacio-nadas ao consumo. Sem dúvida, um

dos mecanismos que podem cumprir a contento esse papel é a eficientiza-ção energética.

Claro que nos dias atuais é cres-cente o número de empreendimentos ‘verdes’, projetados para atender aos mais diversos critérios de sustentabili-dade. Novas indústrias, estabelecimen-tos comerciais e até residências são es-truturados hoje de forma a possibilitar a implantação de sistemas como auto-mação, iluminação inteligente e apro-veitamento de energia solar, entre ou-tros recursos.

O problema é que as construções antigas raramente contemplam alguma dessas tecnologias, o que abre margem para o desperdício de energia. A fór-

mula para reverter esse quadro e pro-porcionar importantes economias para o País já está disponível, mas ainda precisa ser mais disseminada. Trata-se do retrofit das instalações existentes.

A princípio, qualquer empreen-dimento pode receber um projeto de eficiência energética envolvendo a modernização e atualização dos ativos operacionais e das instalações, além da adequação de procedimentos. O ob-jetivo dessas medidas é proporcionar a redução dos custos de consumo de água e/ou energia. Entretanto, é pre-ciso observar que o resultado final de-penderá do grau de obsolescência dos processos e equipamentos existentes.

Na opinião de João Carlos Sal-

Brasil possui um campo enorme para colocar em prática os projetos de eficientização energética. Retrofit das instalações pode proporcionar importante economia de energia para o País e redução de despesas para consumidores.

Reportagens: Paulo Martins

gueiro, gerente da área de Eficiência Energética da Schneider Electric Bra-sil, a prática da eficiência energética é a forma mais econômica de suprir a demanda global de energia, pois pode ser feita de forma distribuída e massiva, poupando investimentos em geração, transmissão e distribuição de energia. “Também podemos considerar que seja o meio mais rápido, pela total disponi-bilidade de tecnologias para aplicação imediata em projetos dessa natureza”, complementa.

Salgueiro comenta ainda sobre a necessidade do País trilhar esse cami-nho e revelou uma preocupação: “Ao contrário do que ocorreu durante o processo de desenvolvimento de ou-tros países, o Brasil está aumentando ou mantendo sua intensidade energéti-ca, que é a relação entre o crescimento do PIB e o consumo de energia”.

Em relação ao insumo ‘energia’, especificamente, a redução do con-sumo pode ser obtida através de me-didas como a troca de dispositivos de iluminação (lâmpadas, reatores e lu-minárias) por modelos mais eficien-tes; substituição da fiação antiga (que muitas vezes está em mau estado); im-plantação de sistemas de automação e

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atualização tecnológica de máquinas e equipamentos.

Os benefícios gerados pelo retrofit de instalações são significativos. Como o custo da energia representa uma parcela importante das despesas dos consumidores, a simples substituição de instalações antigas por outras mais eficientes pode resultar no aumento da competitividade de uma empresa que faça uso intensivo desse insumo. Também é possível obter ganhos com a maior confiabilidade do sistema. Afi-nal, instalações mais modernas tendem a proporcionar ao usuário uma energia de melhor qualidade.

Como eficiência energética confi-gura uma atividade técnico-econômica, as empresas que pretendem obter es-ses benefícios podem recorrer ao mer-cado para buscar ajuda especializada. “Os ambientes residencial, comercial e de serviços possuem maior unifor-midade nos sistemas de iluminação, HVAC e Frio Alimentar, apenas com variação no porte. Na indústria existe uma infinidade de processos que re-querem avaliações técnicas detalha-das, grandes oportunidades de reaproveitamento térmico e a necessidade de avaliar o impacto operacio-nal da implantação das medidas de

conservação”, explica João Salguei-ro. Especialista em gerenciamento de energia, a Schneider Electric criou há cerca de cinco anos um departamento específico para auxiliar os clientes na estruturação e execução de seus pla-nos de eficiência energética.

A grande dimensão que esses ser-viços ganharam nas últimas décadas promoveu ainda o surgimento de um outro tipo de indústria, formado pelas ‘Escos’ (Energy Services Company, ou Empresas de Serviços de Conservação de Energia) - companhias de enge-nharia especializadas em promover a eficiência energética e de consumo de água na instalação de seus clientes. No momento, somente no quadro de as-sociados da Abesco - associação que representa o setor no Brasil - existem 54 Escos cadastradas. Vale citar que a entidade também está aberta a outros tipos de empresas, como os fabrican-tes de produtos e soluções destinados a essa área.

Segundo Eduardo Moreno, dire-tor-presidente da Vitalux, uma

Esco sediada em São Paulo, os ne-gócios envolvendo a busca pela efi-cientização energética estão bastante aquecidos no País atualmente, e com boas perspectivas de continuar nesse ritmo. “Temos feito pouca prospecção comercial no mercado. Boa parte da demanda é de clientes que nos pro-curam”, revela.

João Salgueiro também vê um mer-cado em franca expansão, porém, iden-tifica um problema relacionado ao fi-nanciamento desse trabalho. De acor-do com ele, a maioria dos projetos vem dependendo de iniciativas próprias das empresas, pois ainda existe falta de in-

formação sobre as linhas de crédi-to disponíveis, além de um ele-

vado grau de complexidade para obtenção dos recursos.

No momento estão dispo-níveis algumas linhas de crédito, como o Proesco, do BNDES, e o financia-mento através das concessionárias de energia elétrica. Porém, o mercado considera a obtenção destes recursos complexa, com entraves técnicos e bu-rocráticos. “Com o atual processo de

profissionalização das Escos, pode-rá ser possível fomentar o modelo

Prática da eficiência energética é a forma mais econômica de suprir a demanda global de energia.João Carlos Salgueiro | Schneider Electric

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de contrato de performance, diminuir os riscos e tornar mais claros os possí-veis recebíveis para atrair um volume considerável de recursos da iniciativa privada”, acredita Salgueiro.

O contrato de performance consti-tui o modelo clássico de remuneração das Escos. Através dessa modalidade, a Esco custeia os serviços de eficientiza-ção (com recursos próprios ou através de financiamento) e começa a receber do cliente pelo trabalho prestado a par-tir das economias obtidas.

Perto do potencial do mercado, o que foi feito no Brasil é pouco.Eduardo Moreno | Vitalux

Substituição de dispositivos de iluminação por outros mais eficientes (lâmpadas PL, lu-minárias com melhor refletância, reatores eletrônicos)

Utilização de sistemas de automação Adequação de grandezas elétricas como harmônicos e fator de potência às característi-cas de operação em questão

Substituição de insumo energético, como energia elétrica por energia solar, em caso de aquecimento de água Fo

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A redução do consumo pode ser obtida com medidas como:

Início difícil marca nascimento do mercado no Brasil

Apesar de caminhar hoje a passos largos para a consolidação, esse mer-cado teve um começo bastante difícil. A organização do segmento começou a ganhar corpo em 1997, quando um grupo de quinze profissionais que se conheciam resolveu montar a Associa-ção Brasileira das Empresas de Serviços

de Conservação de Energia, a Abesco.Se ainda hoje o assunto não é de

conhecimento do grande público, ima-gine há 14 anos. José Starosta, atual presidente da Abesco, fala sobre as dificuldades encontradas no princípio: “Naquela época já se praticava o con-trato de performance, mas foi compli-cado para o mercado entender. Houve problemas no início; tanto que algumas Escos começaram a trabalhar com con-sultoria e deixaram de lado aquele tipo de contrato. Somente agora é que saiu a minuta do contrato de performance padrão, depois de quase 15 anos. Esse é um assunto que demorou para matu-rar, talvez pela modalidade não usual”.

Ao criar a Vitalux, no ano de 2000, Eduardo Moreno também sentiu na pele as dificuldades de participar do desbravamento de um mercado novo. “O começo foi difícil. Não tínhamos ne-nhum caso implantado, só tínhamos a ideia”, conta. A situação se complica se considerarmos que as Escos não ven-dem um serviço, mas sim um resultado.

A Vitalux desenvolveu projetos de engenharia e traçou diagnósticos, sem-pre voltados para a área de eficiência energética, até que começou a fazer trabalhos em pequenos condomínios, através de contrato de performance, ou seja, assumindo o risco.

Os trabalhos seguintes foram au-mentando a experiência e o currículo da empresa, até que esta criou um acer-vo técnico suficiente que lhe permitisse participar de licitações públicas. “Fize-mos o primeiro Contrato de Performan-ce no Brasil pela Lei 8.666. A meta era economizar energia e água no Aero-porto de Confins, em Minas Gerais. O trabalho foi um sucesso. Conseguimos uma economia de 48% dos insumos energéticos (energia e água), pratica-mente metade da conta”, destaca.

Com o passar do tempo, a maior divulgação dos problemas ambientais em todo o mundo, aliada ao fenôme-no das mudanças climáticas, contribuiu para que o planeta acordasse para a questão energética. No Brasil, após o grande Apagão de 2001, boa parte da população reconheceu a necessidade de dar maior atenção ao assunto.

Por exemplo: se há alguns anos a preocupação era apenas com a con-

fiabilidade de um sistema, hoje em dia discute-se questões como o rendi-mento dos equipamentos, contingên-cia e redundância. “Falar em eficiência energética em um data center era ‘pe-cado’, porque ele tinha que estar fun-cionando o tempo todo e ninguém se metia nisso. Hoje em dia o ‘Green IT’ é uma realidade. Para economizar exis-te o PUE (Power Usage Effectiveness), que é um indicador de quanto se usa de energia acima da carga do compu-tador”, menciona José Starosta.

De fato, hoje a sustentabilidade faz parte da agenda das modernas com-panhias, de muitos governos e até do dia a dia dos cidadãos mais conscien-tes. José Fernando Mendes, gerente do Programa de Eficiência Energética da Philips Lighting na América Latina, re-lata uma experiência que ilustra bem

essa evolução. Ele conta que foram feitas pesquisas para entender o com-portamento do consumidor brasileiro, num momento em que a empresa pre-tendia adentrar em determinado seg-mento. “Uma dessas pesquisas mostrou que eficiência energética é um atributo de compra extremamente importante. O consumidor está disposto a pagar mais por um produto verde, que seja eficiente”, constata.

Assim, a adoção de uma nova pos-tura é essencial para que o sucesso des-sa nova onda não seja algo passageiro. João Salgueiro, da Schneider Electric, alerta que todo processo de eficienti-

No passado, usuários se preocupavam apenas com a confiabilidade; hoje já

se fala também em eficiência.José Starosta | Abesco

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Iluminação interna e externa Condicionamento de ar, ventilação, refrigeração e aquecimento

Bombeamento Transporte de materiais Máquinas operatrizes, etc. Fo

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Sistemas a serem avaliados em busca de mais eficiência

zação depende fundamentalmente do engajamento e da mudança compor-tamental. Além disso, prossegue ele, o treinamento também garante que os usuários possam utilizar os equipamen-tos dentro de sua máxima performance e com total segurança.

Infelizmente, por falta de infor-mação ou de recursos, e até por uma questão cultural, no Brasil é comum que ideias e projetos importantes se-jam abandonados após certo tempo. Assim, é natural que o leitor pergunte: a cultura do uso racional de energia permanece enraizada na organização que contrata o serviço de eficientiza-ção ou é algo momentâneo?

Salgueiro revela a leitura que faz

desse quadro, baseado em sua expe-riência: “Posso afirmar que empresas que cultivam internamente a busca pela inovação, a sustentabilidade e a comunicação ampla e irrestrita, absor-

vem, retêm e aplicam o conceito de maneira contínua. Para outras, será apenas uma oportunidade passageira de obter um bom retorno de investi-mento ou reduzir seus custos”.

País tem potencial gigantesco de eficientização energética

O bom momento econômico que vive o País, a necessidade de investir na melhoria da infraestrutura interna

para suportar esse crescimento e o au-mento da consciência da população em geral conspiram para que o mercado

de eficiência energética apresente uma evolução constante nos próximos anos e até décadas.

Eficiência energética é hoje um atributo de compra extremamente importante.José Fernando Mendes | Philips

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A criação de uma norma de gestão de energia é outra iniciativa que deve-rá fomentar o mercado de eficientização no Brasil. Publicada no dia 15 de junho, a ISO 50.001 certificará condomínios, empresas e órgãos públicos que adota-rem políticas de sustentabilidade no uso adequado da energia e na promoção da eficiência energética. A expectativa dos profissionais do setor é de que esta nor-ma seja uma referência para a sociedade, assim como a ISO 9001 e a ISO 14.001 norteiam os procedimentos de qualidade e de proteção ao meio ambiente.

Segundo Alberto Fossa (foto), con-sultor do Procobre (Instituto Brasileiro do Cobre), o desempenho a ser considerado na norma está baseado em três pontos

Gestão de EnergiaFo

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específicos: uso (aspecto qualitativo da energia, que inclui também comporta-mento humano entre outros), quantidade (aspecto quantitativo da energia, focando o consumo e sua redução) e eficiência energética (aspecto tecnológico e vincu-lado ao balanço entre os recursos energé-ticos despendidos e os resultados obtidos num determinado processo).

Acredita-se que a nova norma moti-vará indústria e consumidores a utilizarem produtos eficientes, como os motores elé-tricos que são identificados com o selo do Procel. “Prevemos que a grande maioria das empresas adotará a ISO 50.001 como forma de demonstrar ao mercado seu compromisso com a sustentabilidade. A sociedade encontra-se mais sensibiliza-

da com o tema das alterações climáticas e tem identificado de forma mais contundente diferenças entre empresas responsáveis e não responsáveis”, comenta Alberto Fossa.

Se pararmos para pensar apenas nos sistemas de iluminação pública que se encontram defasados, ou nas máquinas e motores obsoletos em fun-

cionamento nas empresas, podemos ter uma ligeira visão do potencial que tem esse mercado.

Sobre o andamento desse processo no Brasil, Eduardo Moreno, diretor da Vitalux, considera que ainda estamos em fase embrionária. “Há muito espa-ço para crescer. Nós, por exemplo, fi-zemos muitos projetos, mas, perto do potencial do mercado, o que foi feito no Brasil é muito pouco”, avalia.

Moreno divulgou dados de um es-tudo feito a pedido da Secretaria de Energia de São Paulo para dimensionar o potencial de eficientização energéti-ca em todos os segmentos do Estado.

Essa pesquisa concluiu que esse índice pode girar entre 9% e 10%.

Segundo o executivo, somente o governo estadual administra 23 mil sites, entre escolas, administração e demais prédios públicos. Juntos, es-ses pontos de consumo gastam R$ 1,2 bilhão por ano de energia elétrica. “A estimativa que fizemos é de que um projeto de performance reduziria essa conta em vinte e cinco por cento, o que significa eliminar trezentos milhões de reais em despesas, por ano, só no setor público”, revela Moreno.

Já o estudo “Agenda Elétrica Sus-tentável 2020”, elaborado pela ONG WWF-Brasil, destaca que é possível aumentar a eficiência não só na de-manda, mas também na oferta de ele-tricidade, através da repotenciação das usinas hidrelétricas mais antigas. Esse

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Carta de Intenções (ou Autorização de Serviços) Pré-diagnóstico Energético e Hídrico e Viabilidade Técnico-Econômica Termo de Compromisso Diagnóstico Detalhado: Energético e Hídrico Viabilização do Financiamento Negociação do Contrato Implantação das Ações Medição & Verificação dos Resultados

Etapas de um projeto de

Eficiência Energética

Quinta maior empresa de energia do mundo, a Petrobras está empenhada em estabelecer a excelência em Eficiência Energética em todas suas atividades. O conceito já era trabalhado havia alguns anos dentro da companhia, mas ganhou força corporativa com a elaboração, no ano passado, do Plano Estratégico 2020.

Uma das ações consiste na realização do Plano de Ecoeficiência em Edificações, cujo objetivo é buscar a redução do consumo de energia elétrica e do uso de água através de diagnósticos energéticos e de etiquetagem, conforme os Requisitos Técnicos da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de Edifícios Comerciais, de Serviços e Públicos (RTQ--C) do Programa Procel Edifica.

Inicialmente foram elencados prédios administrativos, totalizando 18 edifícios. Foram realizados diagnósticos energéticos e de etiquetagem, identificando oportunidades para ações de retrofit nas seguintes utilidades: sistemas de medição de energia elétrica, de con-dicionamento de ar, de elevadores, de bombas, de iluminação e de uso de água. Todo o trabalho foi executado pelas equipes de operação e manutenção da Petrobras, dos prédios (administradoras) e empresas especializadas em eficiência energética.

Segundo Claudio Rucker (foto), coordenador de Eficiência Energética da Petrobras, já foram gastos cerca de R$ 1,5 milhão nos diagnósticos energéticos, com elaboração de projetos executivos para as propostas economicamente viáveis e propostas de ajustes ope-racionais e contratuais de compra de energia elétrica, que é a principal origem dos ganhos até o momento. Os resultados foram compensadores. Em 2010, com as primeiras ações, a companhia alcançou a economia de R$ 3.800.000,00.

De acordo com o executivo, ainda há potencial para implementar um maior grau de efi-ciência na empresa, o que já está sendo buscado. As metas de crescimento constantes do Plano Estratégico, bem como os investimentos previstos de US$ 224 bilhões (do Plano de Negócios 2010-2014), dão uma ideia do tamanho dos desafios da Petrobras para os pró-ximos anos. “O Plano Estratégico 2020 projeta a duplicação da companhia nos próximos dez anos, ou seja, acreditamos que todos os setores da empresa estão envolvidos e serão vistos pelo prisma da Eficiência Energética”, completa Rucker.

Case PetrobrasDesse total, 63% envolve a utilização de lâmpadas de sódio, que são consi-deradas eficientes. Os 37% restantes dividem-se entre o uso de lâmpadas de vapor de mercúrio e outros tipos com menor eficiência energética.

Segundo a Philips, a substituição do parque de iluminação menos eficien-te (37%) pela tecnologia do LED, por exemplo, produziria uma economiza de 47% por ponto de luz mais eficien-te. Esse montante equivale a uma usina hidrelétrica de médio porte ou o sufi-ciente para abastecer cem mil residên-cias de médio porte por ano.

Outro dado fornecido pela Philips aponta que 70% dos edifícios públicos utilizam tecnologias antigas e ineficien-tes. Esse fato ganha dimensões absur-das, se considerarmos que a iluminação responde por 35% de todo o consumo

de energia de um prédio desse tipo. Neste caso, a substituição por LED

permitiria uma economia de 40% no consumo de energia. Além disso, se-gundo a Philips, essa substituição pode ser feita de forma fácil e rápida, com retorno do investimento alcançado em um período de 12 a 18 meses.

O LED (Light-emitting diode, ou diodo emissor de luz) é visto como a maior revolução, em tecnologia de ilu-minação, desde a invenção da lâmpa-da incandescente. Essa é considerada uma fonte de luz totalmente sustentá-vel, pois é 100% reciclável; não empre-ga materiais nocivos ao meio ambien-te em sua composição e possui longa vida útil, o que reduz os custos com manutenção e diminui a necessidade de descarte. Além disso, o LED con-some até 80% menos energia.

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trabalho consiste na adequação, mo-dernização e correção de turbinas e geradores para maior capacidade e eficiência. O cenário elétrico sustentável traça-do pelo estudo vislumbra que 15GW poderão ser acrescentados à capaci-dade instalada em 2020, somente através de re-potenciação de usinas existentes.

Já no setor indus-trial, o levantamento aponta que o maior potencial para a re-dução de consumo está nos motores - vale lembrar que a atual le-gislação brasi-leira estabelece níveis mínimos de rendimento nomi-nal a serem apre-sentados pelos moto-res elétricos de indução trifásicos.

A redução no consumo de ener-gia pode ser obtida de duas formas: trocando o motor defasado por uma unidade mais eficiente ou instalando controladores de velocidade. O estudo identifica que os maiores custos iniciais de compra e a falta de informação do mercado sobre os potenciais de redu-ção de energia acabam levando à não adoção dos motores eficientes na in-dústria. Entretanto, o estudo ressalta que, “na maioria dos casos, os inves-timentos realizados nos motores de alta eficiência têm um curto período de amortização (entre um e três anos)”.

A iluminação é outro vasto campo para se colocar em prática a eficiência energética. De acordo com um estu-do feito recentemente pela Philips do Brasil, o País possui atualmente 15 mi-lhões de pontos de iluminação pública.

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outro exemplo de aplicação do LED com bons resultados. Segundo Men-des, toda a iluminação colorida que se vê, incluindo as variações de ce-nário, emprega essa tecnologia, con-sumindo menos do que um chuvei-ro elétrico.

O executivo da Philips destaca ainda uma grande conquista da em-

presa nessa área, e que deve ajudar a popularizar a tecnologia. Segundo ele, a companhia foi responsável pelo lançamento da primeira lâmpada LED no mundo equivalente a uma lâmpada incandescente de 60W. Comercializado no Brasil desde 2010, o produto obte-ve inclusive a certificação norte-ame-ricana Energy Star, que reconhece que a lâmpada atende às especificações de qualidade, vida útil, segurança, desem-penho e eficiência.

Diante das vantagens anunciadas, é natural que o mercado aposte for-temente nessa tecnologia. Segundo a Philips, os sistemas com LED res-pondem atualmente por apenas 10% do mercado de iluminação brasilei-ro. Entretanto, a empresa estima que esse cenário se inverta até 2020, com 75% de todos os projetos de ilumina-

ção do mercado passando a ser feitos com LED. Os 25% restantes devem ser divididos entre todas as outras tecno-logias existentes.

Inaugurado em 1977, o Centro Em-presarial de São Paulo é hoje conhecido internacionalmente. Tido como referên-cia nessa área, o condomínio sedia cer-ca de 70 grandes empresas, um centro de eventos e um shopping center, distri-buídos por uma área de 410 mil metros quadrados construídos. O local recebe mais de 20 mil pessoas diariamente e funciona ininterruptamente.

O Centro Empresarial de São Pau-lo é também um exemplo de inovação e de busca da vanguarda tecnológica. Desde 1999 o condomínio desenvolve planos de modernização que incorpo-ram ao empreendimento os mais avan-çados equipamentos e técnicas existen-tes. Os exemplos de retrofit colocados em prática no condomínio envolvem

Case Centro Empresarial de São Paulodesde a infraestrutura predial, passan-do pelos sistemas de segurança, de ar condicionado e de elevadores, até os equipamentos de hidráulica e de ele-tricidade. No passado, a área comum do condomínio chegou a apresentar demandas de 7.200kW; hoje, esse con-sumo gira em torno de 5.600kW, graças às ações promovidas. Em relação ao sistema de ar condicionado, três má-quinas centrífugas foram substituídas por equipamentos de alto desempenho que utilizam gás refrigerante ecológico. Também foram trocados 554 controla-dores fancoils analógicos por modelos digitais e implantados controladores de velocidade variável em todas as bombas de água gelada, o que resultou numa queda de 40% no consumo de energia.

Já os elevadores com sistema de acionamento mecânico-elétrico deram lugar a máquinas de acionamento va-riável por meio de painéis digitais, que permitem maior supervisão e controle. O novo sistema gerou economia de 45% no consumo de energia aplicada a essa finalidade.

Outra ação importante envolveu o re-trofit de iluminação, no início dos anos 90. Cada andar possuía 750 luminárias com duas lâmpadas de 40W e reator convencional. Uma empresa especiali-zada desenhou novos refletores, mais eficientes, aproveitando o próprio corpo das luminárias. Passou-se a usar apenas uma lâmpada, de 32W, com reator eletrô-

nico. Assim, mantiveram-se as 750 lumi-nárias, só que em vez de 1.500 lâmpadas e 1.500 reatores, cada andar passou a ter 750 lâmpadas e 375 reatores.

Segundo Marcos Maran (foto), ge-rente de Manutenção, Operação de Uti-lidades e Obras do Centro Empresarial de São Paulo, o consumo do sistema de iluminação caiu de 70kW para 35kW por andar.

Essa energia que deixou de ser con-sumida pela iluminação acabou sendo absorvida através das tomadas, pois o empreendimento registrava naquele momento a chegada de novos compu-tadores e máquinas. “Com isso a gente conseguiu oferecer condições para que os usuários instalassem mais equipa-mentos nos andares sem precisar in-vestir na ampliação das instalações”, relata Maran. O executivo revela que já existem estudos para tornar o atual sis-tema de iluminação ainda mais eficiente.

Afinal, a busca por melhorias num empreendimento do porte do Centro Em-presarial de São Paulo é constante, e não poderia ser diferente. Sempre existe algo que pode ser melhorado. Aos adminis-tradores de empreendimentos do gêne-ro, Maran recomenda manter-se sempre atualizado em relação às novas tecno-logias. “Somente desta forma é possí-vel ter a visão adequada do que fazer. É preciso acompanhar o mercado, saber o que ele oferece e estudar as melhores opções”, orienta.

Recentemente o Parque do Ibira-puera, em São Paulo, passou pelo pro-cesso de otimização em seu sistema de iluminação, por meio de uma parceria firmada entre a Prefeitura e a conces-sionária AES Eletropaulo. Foram uti-lizadas tecnologias como o LED e o vapor de sódio. De acordo com José Fernando Mendes, gerente do Progra-

ma de Eficiência Energética da Philips Lighting na América Latina, os pontos de luz no parque foram ampliados em 200%. Apesar disso, houve economia de energia de 20%, em relação ao sis-tema de iluminação utilizado anterior-mente. O resultado foi aprovado por 97% dos frequentadores do parque.

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