Matéria do liberal

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OLIBERAL BELEM, SEGUNDA-FEIRA, 10 DE MAIO DE 2010 ATUALIDADES n 9 CIDADES Alunos do Bolsa-Família tiveram menor abandono dos estudos. Página 10. O governador do Amapá, Pe- dro Paulo Dias de Carvalho, recebeu a Carta do Platô das Guianas, resultado do II Encontro das Polícias Ambientais e Guardas Parques do Platô das Guianas, even- to realizado nos dias 5, 6, e 7 deste mês, coordenado pelo Batalhão Am- biental do Estado do Amapá. A sole- nidade de encerramento aconteceu nesta sexta-feira, 7, no auditório do Centro Cultural Franco Amapaense, em Macapá. Entre os principais pontos da car- ta, estão: desmatamentos nos países envolvidos no acordo, conservação ambiental nas áreas protegidas, combate à atividade de garimpo ile- amapá Encontro divulga documento n Será na próxima sexta-feira, no Magnus Plaza Hotel, o I Encontro da Advocacia Pública do Amapá. O evento contará com a participação de advogados e procuradores pú- blicos federais, estaduais e munici- pais. Na ocasião, algumas autorida- des do Estado serão homenageadas com medalhas, entre as quais, o ministro Honildo Amaral de Mello Castro, do STJ e o governador Pe- dro Paulo Dias de Carvalho. n Começam amanhã e seguem até o dia 19 as inscrições para o Pro- jovem Trabalhador-Juventude Cidadã, executado via Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) pelo Governo do Amapá. Os cadastros poderão ser realizados nos postos do Sine Central e Sine Buritizal, e na Escola Estadual Ruth Bezerra (zona norte), em Macapá e no Sine Santana, no município de Santana. n O projeto tem por objetivo de be- neficiar pelo menos três mil jovens em situação de vulnerabilidade so- cial, em todo o Estado. Serão ofere- cidas capacitações profissional e de desenvolvimento humano. nA segunda etapa do Programa Luz para Todos no Estado deve ser iniciada na segunda quinzena de maio. Aproximadamente 117 comunidades serão beneficiadas com a chegada do Programa na região sul do Amapá. n O Luz para Todos foi dividido em quatro blocos e a região do Vale do Jari esta no primeiro bloco, tendo as obras licitadas com investimen- to de R$26 milhões, totalizando em todos os blocos R$155 milhões. EXPRESSAS gal, prostituição, tráfico de drogas, armas, animais da fauna amazônica, pesca ilegal, corte e transporte ilegal de madeiras, exploração de palmito e fibras naturais como cipó titica. Ou- tro ponto bastante discutido durante o encontro diz respeito aos atrasos tecnológicos que têm sido barreira para os avanços nas fiscalizações, dado a situação geográfica da região, bem como o efetivo bastante reduzi- do nas polícias ambientais de alguns estados e países que compõem a re- gião amazônica. O ponto principal do acordo conti- do na carta é a formação de parceria entre as Polícias Ambientais do Platô das Guianas e da região amazônica, para a realização de forças tarefas e ações conjuntas voltadas à proteção e à salvaguarda do meio ambiente. Fronteiras terão patrulhamento A partir do mês de julho a fron- teira do Amapá terá duas bases mi- litares com policiais civis, militares, bombeiros e da Policia Técnico Cien- tifica (Politec), treinados para atuar no combate ao crime na região. O efe- tivo vai contar com equipamentos de última geração como binóculos com câmera, aviões anfíbios e lanchas que conseguem navegar em lâminas de 20 centímetros de água. O Estado receberá verba federal de até R$ 7 milhões para instalar uma base em Oiapoque e outra em Laranjal do Jari, do projeto chamado Policiamento Es- pecializado de Fronteira (Pefron), que está previsto no Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). O objetivo é combater na fron- teira do Amapá crimes típicos da região como o tráfico de drogas, contrabando de armas e munições, tráfico de pessoas, exploração sexu- al e crimes ambientais. A Polícia Ci- vil foi a primeira instituição á abrir edital para seleção de policiais que integraram o Pefron. Após a seleção esses policiais serão treinados em Corumbá/PA durante três semanas. No total, 60 policiais irão integrar o projeto, sendo 30 PMs, 2 delegados, 4 oficiais de Policia Civil, 6 bombei- ros e 8 servidores da Politec. PAULO OLIVEIRA Correspondente MACAPÁ (AP) O governador Pedro Paulo Carvalho recebeu a Carta das Guianas DIVULGAÇÃO Telma Margarida Ferreira Dias, de 39 anos.”Eu preciso da medicação para me manter. Se não tiver, eu tenho que tomar medicamentos antiinflamatórios e analgésicos para poder aliviar a dor. Eu fico com dores nas costas, a coluna fi- ca rígida, o pescoço não consegue mover nem pra um lado nem pra um outro. É um sofrimento.” Telma descobriu em 2007 so- frer de uma doença chamada Es- podilite Aquilosante, um tipo de inflamação das articulações da co- luna e grandes articulações como quadris e ombros. Há seis meses, ela precisou se afastar do trabalho por causa das dores intensas que sentia. “Nós estamos sem o medi- camento há mais de uma sema- na. Eu tive que fazer empréstimo da medicação de um amigo, mas vou ter que repor. Se eu não fizer assim, eu volto ao estágio que eu estava antes, sentindo dores. Era para eu ter tomado dia quatro, mas não tinha. Daqui a quinze dias te- nho que fazer a outra medicação e não sei se vai ter”, afirma. Dados da Sociedade Paraense de Reumatologia apontam que aproximadamente 1% da popula- ção de Belém sofre de artrite reu- matóide, o que significaria pelo menos 15 mil pessoas vítimas da doença só na capital. Mas essa é apenas uma das dezenas de do- enças reumáticas existentes. A osteoartrite ou osteoartrose, co- nhecida popularmente como “bico de papagaio”, é a mais comum das doenças reumáticas. Ela destrói a cartilagem das juntas, gerando dor e limitação dos movimentos e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge cerca de 15% da população mundial, prin- cipalmente pessoas com mais de 50 anos. Oitenta doentes cadastrados na Santa Casa interromperam tratamento DRAMA Eles não recebem há 10 dias o Humira, remédio doado pela Secretaria Estadual de Saúde Doentes participam de associação Pacientes reumáticos estão sem medicamento CRISTINO MARTINS Telma Dias vive drama com a falta do Humira: “Eu preciso da medicação para me manter” O s pacientes reumáticos de Belém estão sem receber as doses do medicamento Humira, neces- sário para o tratamento da artrite reumatóide e artrite psoriática, da Secretaria de Estado da Saúde Pú- blica (Sespa) desde o início deste mês. Cada caixa, com duas am- polas contendo doses suficientes para um mês de tratamento, custa R$ 6,2 mil. O remédio é adquirido pela Sespa em um laboratório fora do Estado e distribuído a cerca de 80 pacientes cadastrados para re- ceber o remédio na Santa Casa de Misericórdia. Sem ele, os pacien- tes precisam interromper os tra- tamentos, se sujeitando a dores e problemas de mobilidade graves. É o caso da funcionária pública Projeto premiado pela ONU O projeto “Promovendo a Vida e o Desenvolvimento Saudável”, executa- do pela Associação Nossa Família, em Santana, recebeu juntamente com o governador Pedro Paulo Dias de Carva- lho o prêmio, da Organização das Na- ções Unidas (ONU), pela iniciativa em desenvolver trabalhos sociais de aten- dimento à população carente. O traba- lho voluntário, que visa garantir assis- tência integral à saúde das gestantes e das crianças de zero a cinco anos em situação de vulnerabilidade social, fun- ciona há 15 anos, e oferece às gestantes um conjunto de serviços laboratoriais e de especialidades médicas como con- sultas de pré-natal, acompanhamento de puericultura, diagnósticos e moni- toramento dos casos de hipertensão e diabetes. A entrega do prêmio ocorreu na últi- ma quinta-feira, durante a abertura do seminário Estadual de Divulgação do 4º Relatório Nacional de Acompanhamen- to dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, no auditório do Sesi. Os pacientes reumáticos de Be- lém que recebem o medicamento comprado pelo Estado são asso- ciados ao Grupo de Apoio ao Pa- ciente Reumático do Pará (GARP). Presidente do Garp, a enfermeira Merian Cruz afirma que o custo alto dos remédios impede que os pacientes possam fazer o tra- tamento por conta própria. Cada ampola custa em média R$ 3,1 mil, e o tratamento mensal, para um paciente, chega a R$ 6,2 mil, valor distante da realidade da maioria deles. Merian afirma que o Garp bus- cou informações na Secretaria Executiva de Saúde Pública sobre a falta do medicamento Humira. Ela afirma ter sido informada na Coor- denação de Assistência Farmacêu- tica da Sespa que o medicamento ainda está em fase de compra, mas somente dois terços da quantida- de para atender os pacientes foram comprados. “Não existe previsão. O que nos disseram é para as pessoas liga- rem até o dia 15 para se receber uma confirmação de quando o medicamento estará disponível”, afirma Merian. A presidente do Garp afirma, ainda, que esta não é a primeira vez que medicamentos de alto custo para o tratamento de reumá- ticos faltam. Ela cita o Remicade, também distribuído pelo Estado, que deixou de ser distribuído por dois meses. Ironicamente, o mês de maio é o que os pacientes reumáticos de- veriam receber mais atenção, afir- ma Merian. Hoje, comemora-se o Dia Internacional dos Portadores de Lúpus, uma doença reumática da lista de mais de 100 identifi- cadas pela Organização Mundial de Saúde. No próximo dia 26, co- memora-se o Dia Municipal do Pa- ciente Reumático, instituído por Lei Municipal. “Nós, infelizmente, não temos nada o que comemorar, só o que cobrar”, diz Merian. Remédio anti-HIV em falta no Brasil Referência no tratamento da Aids no mundo, o Brasil enfrenta uma dramática crise na importa- ção e distribuição dos principais medicamentos anti-HIV. Desde de- zembro, os soropositivos sofrem, em todo o país, com a falta do Aba- cavir, prescrito para os casos mais graves da doença. Há relatos de carência de outros remédios pelos estados, como a Lamivudina, para a primeira fase de manifestação do vírus. A angústia atinge crian- ças, mulheres grávidas, pacientes graves e doentes que estão na fase inicial do tratamento. Em busca de alternativas provi- sórias para o problema, redes de so- lidariedade vêm sendo montadas: pacientes usam até medicamentos de outros que já morreram, por exemplo. Portarias do Ministério da Saúde recomendaram a troca de medicamentos, o que traz incômo- dos e riscos. Aos 58 anos, o aposentado Silvio Cruz, morador de São Paulo, um dos estados onde a distribuição en- frenta problemas, usa o Abacavir desde 2007. Em janeiro, depois de ficar quatro dias sem o remédio, fez a troca por outro medicamen- to. “Fiquei muito revoltado quando soube que o governo parou de en- tregar, me isolei e isso para quem tem a doença é muito ruim. Co- mecei a pensar: por que o governo quer me matar? Troquei porque não tive opção, mas fiquei dias sentindo como se minhas pernas pesassem 15 quilos cada, acabei acamado”, conta Silvio. O paraibano Miro Araújo, de 38 anos, ficou sem o Lamivudina por duas semanas. Os coquetéis preci- sam ser tomados diariamente. “Te- nho muito medo de que isso venha a aumentar minha resistência aos remédios. Essa é uma medicação mais importante até do que a co- mida. As pessoas por aqui estão desesperadas, sem saber o que fa- zer, porque faltar pode significar uma sentença de morte”, diz Miro, lembrando que na Paraíba falta o Abacavir há dois meses. Há falta de outros medicamen- tos também em Minas Gerais, To- cantins, Goiás, Rio Grande do Sul, Ceará, Bahia, Alagoas e Rio. “Tivemos que mandar remédio para um paciente em Minas que não podia trocar o Abacavir. Pega- mos de pessoas que haviam morri- do e também restos de medicamen- tos de pacientes”, diz o presidente do Pela Vidda de São Paulo, Mário Scheffer. Cristina Moreira, coordenado- ra de projetos da Sociedade Viva Cazuza!, diz que as crianças co- meçam a sentir os efeitos da crise: “Aqui nós ainda temos porque são 20 crianças e adolescentes e conse- guimos ter margem de manobra, mas quem tem criança em casa já enfrenta dificuldades. Vemos isso com pavor”. Moradora do Rio, Jaciara Gomes, de 47, descobriu ser soropositiva há 8 anos. Desde que o Abacavir su- miu das prateleiras, ela pegou re- médios com amigos que trabalham em ONGs e conseguiu oito com o médico com quem se trata. A par- tir de amanhã não terá o compri- Agência O Globo RIO E SÃO PAULO

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o liberalbelem, segunda-feira, 10 de maio de 2010 aTualidades n9

cidadesalunos do Bolsa-Família tiveram menor abandono dos estudos. Página 10.

O governador do Amapá, Pe-dro Paulo Dias de Carvalho, recebeu a Carta do Platô das

Guianas, resultado do II Encontro das Polícias Ambientais e Guardas Parques do Platô das Guianas, even-to realizado nos dias 5, 6, e 7 deste mês, coordenado pelo Batalhão Am-biental do Estado do Amapá. A sole-nidade de encerramento aconteceu nesta sexta-feira, 7, no auditório do Centro Cultural Franco Amapaense, em Macapá.

Entre os principais pontos da car-ta, estão: desmatamentos nos países envolvidos no acordo, conservação ambiental nas áreas protegidas, combate à atividade de garimpo ile-

amapáEncontro divulga documento

n Será na próxima sexta-feira, no Magnus Plaza Hotel, o I Encontro da Advocacia Pública do Amapá. O evento contará com a participação de advogados e procuradores pú-blicos federais, estaduais e munici-pais. Na ocasião, algumas autorida-des do Estado serão homenageadas com medalhas, entre as quais, o ministro Honildo Amaral de Mello Castro, do STJ e o governador Pe-dro Paulo Dias de Carvalho.n Começam amanhã e seguem até

o dia 19 as inscrições para o Pro-jovem Trabalhador-Juventude Cidadã, executado via Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) pelo Governo do Amapá. Os cadastros poderão ser realizados nos postos do Sine Central e Sine Buritizal, e na Escola Estadual Ruth Bezerra

(zona norte), em Macapá e no Sine Santana, no município de Santana.n O projeto tem por objetivo de be-

neficiar pelo menos três mil jovens em situação de vulnerabilidade so-cial, em todo o Estado. Serão ofere-cidas capacitações profissional e de desenvolvimento humano.nA segunda etapa do Programa

Luz para Todos no Estado deve ser iniciada na segunda quinzena de maio. Aproximadamente 117 comunidades serão beneficiadas com a chegada do Programa na região sul do Amapá.n O Luz para Todos foi dividido em

quatro blocos e a região do Vale do Jari esta no primeiro bloco, tendo as obras licitadas com investimen-to de R$26 milhões, totalizando em todos os blocos R$155 milhões.

EXPRESSAS

gal, prostituição, tráfico de drogas, armas, animais da fauna amazônica, pesca ilegal, corte e transporte ilegal de madeiras, exploração de palmito e fibras naturais como cipó titica. Ou-tro ponto bastante discutido durante o encontro diz respeito aos atrasos tecnológicos que têm sido barreira para os avanços nas fiscalizações, dado a situação geográfica da região, bem como o efetivo bastante reduzi-do nas polícias ambientais de alguns estados e países que compõem a re-gião amazônica.

O ponto principal do acordo conti-do na carta é a formação de parceria entre as Polícias Ambientais do Platô das Guianas e da região amazônica, para a realização de forças tarefas e ações conjuntas voltadas à proteção e à salvaguarda do meio ambiente.

Fronteiras terão patrulhamentoA partir do mês de julho a fron-

teira do Amapá terá duas bases mi-litares com policiais civis, militares, bombeiros e da Policia Técnico Cien-tifica (Politec), treinados para atuar no combate ao crime na região. O efe-tivo vai contar com equipamentos de última geração como binóculos com câmera, aviões anfíbios e lanchas que conseguem navegar em lâminas de 20 centímetros de água. O Estado receberá verba federal de até R$ 7 milhões para instalar uma base em Oiapoque e outra em Laranjal do Jari, do projeto chamado Policiamento Es-pecializado de Fronteira (Pefron), que está previsto no Programa Nacional

de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).

O objetivo é combater na fron-teira do Amapá crimes típicos da região como o tráfico de drogas, contrabando de armas e munições, tráfico de pessoas, exploração sexu-al e crimes ambientais. A Polícia Ci-vil foi a primeira instituição á abrir edital para seleção de policiais que integraram o Pefron. Após a seleção esses policiais serão treinados em Corumbá/PA durante três semanas. No total, 60 policiais irão integrar o projeto, sendo 30 PMs, 2 delegados, 4 oficiais de Policia Civil, 6 bombei-ros e 8 servidores da Politec.

PAULO OLIVEIRACorrespondente

MACAPÁ (AP)

O governador Pedro Paulo Carvalho recebeu a Carta das Guianas

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Telma Margarida Ferreira Dias, de 39 anos.”Eu preciso da medicação para me manter. Se não tiver, eu tenho que tomar medicamentos antiinflamatórios e analgésicos para poder aliviar a dor. Eu fico com dores nas costas, a coluna fi-ca rígida, o pescoço não consegue mover nem pra um lado nem pra um outro. É um sofrimento.”

Telma descobriu em 2007 so-frer de uma doença chamada Es-podilite Aquilosante, um tipo de inflamação das articulações da co-luna e grandes articulações como quadris e ombros. Há seis meses, ela precisou se afastar do trabalho por causa das dores intensas que sentia. “Nós estamos sem o medi-camento há mais de uma sema-na. Eu tive que fazer empréstimo da medicação de um amigo, mas vou ter que repor. Se eu não fizer assim, eu volto ao estágio que eu estava antes, sentindo dores. Era para eu ter tomado dia quatro, mas não tinha. Daqui a quinze dias te-nho que fazer a outra medicação e

não sei se vai ter”, afirma. Dados da Sociedade Paraense

de Reumatologia apontam que aproximadamente 1% da popula-ção de Belém sofre de artrite reu-matóide, o que significaria pelo menos 15 mil pessoas vítimas da doença só na capital. Mas essa é apenas uma das dezenas de do-enças reumáticas existentes. A osteoartrite ou osteoartrose, co-nhecida popularmente como “bico de papagaio”, é a mais comum das doenças reumáticas. Ela destrói a cartilagem das juntas, gerando dor e limitação dos movimentos e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge cerca de 15% da população mundial, prin-cipalmente pessoas com mais de 50 anos.

Oitenta doentescadastradosna Santa Casainterromperamtratamento

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Doentes participam de associação

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Telma Dias vive drama com a falta do Humira: “Eu preciso da medicação para me manter”

Os pacientes reumáticos de Belém estão sem receber as doses do medicamento Humira, neces-

sário para o tratamento da artrite reumatóide e artrite psoriática, da Secretaria de Estado da Saúde Pú-blica (Sespa) desde o início deste mês. Cada caixa, com duas am-polas contendo doses suficientes para um mês de tratamento, custa R$ 6,2 mil. O remédio é adquirido pela Sespa em um laboratório fora do Estado e distribuído a cerca de 80 pacientes cadastrados para re-ceber o remédio na Santa Casa de Misericórdia. Sem ele, os pacien-tes precisam interromper os tra-tamentos, se sujeitando a dores e problemas de mobilidade graves.

É o caso da funcionária pública

Projeto premiado pela ONUO projeto “Promovendo a Vida e o

Desenvolvimento Saudável”, executa-do pela Associação Nossa Família, em Santana, recebeu juntamente com o governador Pedro Paulo Dias de Carva-lho o prêmio, da Organização das Na-ções Unidas (ONU), pela iniciativa em desenvolver trabalhos sociais de aten-dimento à população carente. O traba-lho voluntário, que visa garantir assis-tência integral à saúde das gestantes e das crianças de zero a cinco anos em situação de vulnerabilidade social, fun-

ciona há 15 anos, e oferece às gestantes um conjunto de serviços laboratoriais e de especialidades médicas como con-sultas de pré-natal, acompanhamento de puericultura, diagnósticos e moni-toramento dos casos de hipertensão e diabetes.

A entrega do prêmio ocorreu na últi-ma quinta-feira, durante a abertura do seminário Estadual de Divulgação do 4º Relatório Nacional de Acompanhamen-to dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, no auditório do Sesi.

Os pacientes reumáticos de Be-lém que recebem o medicamento comprado pelo Estado são asso-ciados ao Grupo de Apoio ao Pa-ciente Reumático do Pará (GARP). Presidente do Garp, a enfermeira Merian Cruz afirma que o custo alto dos remédios impede que os pacientes possam fazer o tra-tamento por conta própria. Cada ampola custa em média R$ 3,1 mil, e o tratamento mensal, para um paciente, chega a R$ 6,2 mil, valor distante da realidade da maioria deles.

Merian afirma que o Garp bus-cou informações na Secretaria Executiva de Saúde Pública sobre a

falta do medicamento Humira. Ela afirma ter sido informada na Coor-denação de Assistência Farmacêu-tica da Sespa que o medicamento ainda está em fase de compra, mas somente dois terços da quantida-de para atender os pacientes foram comprados.

“Não existe previsão. O que nos disseram é para as pessoas liga-rem até o dia 15 para se receber uma confirmação de quando o medicamento estará disponível”, afirma Merian.

A presidente do Garp afirma, ainda, que esta não é a primeira vez que medicamentos de alto custo para o tratamento de reumá-

ticos faltam. Ela cita o Remicade, também distribuído pelo Estado, que deixou de ser distribuído por dois meses.

Ironicamente, o mês de maio é o que os pacientes reumáticos de-veriam receber mais atenção, afir-ma Merian. Hoje, comemora-se o Dia Internacional dos Portadores de Lúpus, uma doença reumática da lista de mais de 100 identifi-cadas pela Organização Mundial de Saúde. No próximo dia 26, co-memora-se o Dia Municipal do Pa-ciente Reumático, instituído por Lei Municipal. “Nós, infelizmente, não temos nada o que comemorar, só o que cobrar”, diz Merian.

Remédio anti-HIV em falta no Brasil

Referência no tratamento da Aids no mundo, o Brasil enfrenta uma dramática crise na importa-ção e distribuição dos principais medicamentos anti-HIV. Desde de-zembro, os soropositivos sofrem, em todo o país, com a falta do Aba-cavir, prescrito para os casos mais graves da doença. Há relatos de carência de outros remédios pelos estados, como a Lamivudina, para a primeira fase de manifestação do vírus. A angústia atinge crian-ças, mulheres grávidas, pacientes graves e doentes que estão na fase inicial do tratamento.

Em busca de alternativas provi-sórias para o problema, redes de so-lidariedade vêm sendo montadas: pacientes usam até medicamentos de outros que já morreram, por exemplo. Portarias do Ministério da Saúde recomendaram a troca de medicamentos, o que traz incômo-dos e riscos.

Aos 58 anos, o aposentado Silvio Cruz, morador de São Paulo, um

dos estados onde a distribuição en-frenta problemas, usa o Abacavir desde 2007. Em janeiro, depois de ficar quatro dias sem o remédio, fez a troca por outro medicamen-to.

“Fiquei muito revoltado quando soube que o governo parou de en-tregar, me isolei e isso para quem tem a doença é muito ruim. Co-mecei a pensar: por que o governo quer me matar? Troquei porque não tive opção, mas fiquei dias sentindo como se minhas pernas pesassem 15 quilos cada, acabei acamado”, conta Silvio.

O paraibano Miro Araújo, de 38 anos, ficou sem o Lamivudina por duas semanas. Os coquetéis preci-sam ser tomados diariamente. “Te-nho muito medo de que isso venha a aumentar minha resistência aos remédios. Essa é uma medicação mais importante até do que a co-mida. As pessoas por aqui estão desesperadas, sem saber o que fa-zer, porque faltar pode significar uma sentença de morte”, diz Miro, lembrando que na Paraíba falta o Abacavir há dois meses.

Há falta de outros medicamen-tos também em Minas Gerais, To-cantins, Goiás, Rio Grande do Sul, Ceará, Bahia, Alagoas e Rio.

“Tivemos que mandar remédio para um paciente em Minas que não podia trocar o Abacavir. Pega-mos de pessoas que haviam morri-do e também restos de medicamen-tos de pacientes”, diz o presidente do Pela Vidda de São Paulo, Mário Scheffer.

Cristina Moreira, coordenado-ra de projetos da Sociedade Viva Cazuza!, diz que as crianças co-meçam a sentir os efeitos da crise: “Aqui nós ainda temos porque são 20 crianças e adolescentes e conse-guimos ter margem de manobra, mas quem tem criança em casa já enfrenta dificuldades. Vemos isso com pavor”.

Moradora do Rio, Jaciara Gomes, de 47, descobriu ser soropositiva há 8 anos. Desde que o Abacavir su-miu das prateleiras, ela pegou re-médios com amigos que trabalham em ONGs e conseguiu oito com o médico com quem se trata. A par-tir de amanhã não terá o compri-

agência o globo

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