Materia FSP

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ciência EF SEGUNDA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2009 A 20 NO BLOG PESQUISADOR CHINÊS FALA SOBRE DINOSSAURO QUE PODE COMPROVAR ELO EVOLUTIVO COM AS AVES laboratorio.folha. blog.uol.com.br Tel.: 0/xx/11/3224-3726 Fax: 0/xx/11/3224-2285 E-mail: [email protected] Serviço de atendimento ao assinante: 0800-775-8080 Grande São Paulo 0/xx/11/3224-3090 Ombudsman: [email protected] Brasileiro é 80% europeu, indica estudo Dados de DNA das cinco regiões do país mostram impacto prevalente de ancestrais brancos, com indígenas em último ................................................................................................ REINALDO JOSÉ LOPES DA REPORTAGEMLOCAL Um novo retrato das contri- buições de cada etnia para o DNA dos brasileiros, obtido com amostras das cinco regiões do país, indica que, em média, ancestrais europeus respon- dem por quase 80% da herança genética da população. A varia- ção entre regiões é pequena, com a possível exceção do Sul, onde a contribuição europeia chega perto dos 90%. Os resultados, publicados na revista científica “American Journal of Human Biology” por uma equipe da Universidade Católica de Brasília, dão mais peso a resultados anteriores, os quais também mostravam que, no Brasil, indicadores de apa- rência física como cor da pele, dos olhos e dos cabelos têm re- lativamente pouca relação com a ascendência de cada pessoa. Quem vê cara não vê DNA “No Brasil, a pigmentação da pele está, em grande medida, desacoplada da ancestralidade, por conta do grau de miscige- nação. Em muitos casos, você percebe que há uma relação muito fraca entre a autoidenti- ficação que a pessoa faz, dizen- do-se branca ou negra, e o que os dados de DNA revelam, em- bora a gente não tenha levado isso em conta durante esse tra- balho em particular”, disse à Folha Rinaldo Wellerson Pe- reira, que coordenou o estudo. Embora os resultados sejam interessantes do ponto de vista histórico e antropológico, o principal objetivo de Pereira e companhia é obter uma ideia mais clara da composição ge- nética da população como fer- ramenta para entender corre- lações entre o DNA e uma série de doenças (leia texto à dir.). Sabe-se que todo tipo de mo- léstia pode ter relação com a ancestralidade do doente, mas os dados sobre a associação en- tre uma coisa e outra disponí- veis hoje são, quase sempre, de populações como europeus ou norte-americanos, nas quais a mistura étnica teve importân- cia relativamente baixa. Daí a necessidade de conseguir da- dos originais no Brasil. Os resultados foram obtidos com amostras de 200 pessoas, divididas em cinco grupos de mesmo tamanho, cada um de- les oriundo de zonas urbanas de uma das regiões do Brasil. Os voluntários conseguiram na Justiça o direito de ter seu DNA examinado gratuitamen- te em investigações de paterni- dade e assinaram formulários aprovando o uso do material genético para a pesquisa. “Como são pessoas que não podiam pagar pelo exame, é possível que a amostra conte- nha uma proporção maior de pardos do que a população ge- ral, embora nós não tenhamos feito essa análise”, diz Pereira. Para estimar as contribui- ções relativas de europeus, africanos e indígenas, os pes- quisadores usaram um conjun- to de 28 SNPs (pronuncia-se “snips”), minúsculas variantes genéticas que correspondem à troca de uma única “letra” no alfabeto químico do DNA. (Ca- da pessoa carrega, em seu ge- noma, 3 bilhões de pares dessas “letras”). Muitos SNPs são típi- cos de determinadas popula- ções do mundo, sendo bem mais frequentes em europeus ou africanos, por exemplo. Pais postiços A segunda fase da análise é comparar a presença desses 28 SNPs no DNA dos brasileiros estudados com a distribuição deles em populações “paren- tais”, ou seja, que poderiam ser- vir como uma versão simulada dos grupos que se miscigena- ram e deram origem à popula- ção brasileira atual. Para isso, os pesquisadores recorreram a amostras de DNA de africanos (de Botsuana, Ca- marões, Gana e Senegal), ame- ricanos de Chicago e Baltimore com origem europeia e índios zapotecas, do México. “Como os SNPs usados dis- criminam a ancestralidade em nível continental, essas popula- ções parentais são suficientes, embora não reflitam historica- mente as nossas”, diz Pereira. Confira as contribuições genéticas médias de cada continente para o Brasil DOMÍNIO EUROPEU 71,1 18,2 10,7 77,5 13,6 8,9 69,5 18,7 11,8 87,7 7,0 5,3 Nordeste Europeus Africanos Indígenas Norte Centro -Oeste 79,8 14,1 6,1 Sudeste Sul BRASIL, em % REGIÕES, em % 77,1 14,3 8,5 Europeus Africanos Indígenas População mestiça exige mais cuidado da ‘medicina por DNA’ ................................................................................................ DA REPORTAGEMLOCAL Os resultados obtidos pela equipe de Brasília são mais uma prova do cuidado necessá- rio para estudar a associação entre doenças e características genéticas numa população mis- cigenada como a brasileira. “Já houve estudos de asso- ciação genética com grupos de- finidos como ‘brasileiros bran- cos e brasileiros negros’. No fundo, essas definições não querem dizer absolutamente nada”, afirma Pereira. Em países como os EUA, conta ele, já chegaram ao mer- cado alguns medicamentos vol- tados de forma específica para os americanos de origem afri- cana, levando em conta o fato de que o organismo de pessoas de diferentes ascendências rea- ge de maneira variada a certas substâncias. “Agora, imagine uma droga dessas no Brasil. Não adianta uma pessoa ter aparência africana para você prever se ela vai responder ao remédio. Não tem como saber se ela possui o bendito alelo [variante genética] ligado àque- la resposta”, explica. Poucos genes Se parece misterioso o fato de que uma pessoa com biotipo africano tenha organismo “branqueado” e ascendência predominantemente europeia, é preciso levar em conta o fato de que, até onde se sabe, são poucas dezenas de genes (den- tre os 20 mil estimados para o genoma humano como um to- do) que coordenam as diferen- ças de pele, cabelos e olhos. É por isso que uma contri- buição pequena das outras et- nias ainda caracteriza a aparên- cia de muitos brasileiros. (RJL) Local: Tuca Rua Monte Alegre, 1024 Perdizes - São Paulo, SP Participe da Sabatina e faça suas perguntas ao presidente da Petrobras, JOSÉ SERGIO GABRIELLI Para participar, ligue (11) 3224-3473 (de segunda a sexta-feira, das 14h às 19h) ou mande um e-mail para [email protected], com seu nome, RG e telefone. INSCREVA-SE JÁ! (11) 3224-3473 A participação é gratuita e as vagas são limitadas Acompanhe os eventos da Folha no twitter: twitter.com/Folhadebate 13 de outubro, das 11h às 13h PEQUENA TROMBA PEQUENA TROMBA PEQUENA TROMBA MUDANÇA CLIMÁTICA MUDANÇA CLIMÁTICA MUDANÇA CLIMÁTICA Mira Oberman/France Presse Brasil terá meta e a ‘cobrará’ do mundo, diz Lula FOTO 1.85 25.0 ................................................................................. DA ENVIADA ESPECIAL A BRUXELAS Sem definir números, o Brasil se vê em posição de “cobrar todo mundo” e quer levar metas ambicio- sas para a cúpula em Co- penhague que definirá um novo tratado contra o aquecimento global. “Assumimos uma posi- ção de liderança que nos permitirá cobrar de todos, especialmente dos mais ri- cos, metas de redução cla- ras e ambiciosas”, afirmou o presidente Lula ao lado do premiê belga, Her- mann Van Rompuy, que o recebeu ontem. Segundo o chanceler Celso Amorim, a mudança climática foi o principal te- ma do encontro. “[O Bra- sil] quer ir com números claros, para que ninguém possa se esconder atrás do Brasil e o Brasil também não se esconda.” Mas o país ainda não co- locou que números seriam esses. “O número com re- lação a desmatamento es- tá praticamente definido [reduzir cerca de 70% até 2017], e isso tem uma re- percussão natural na que- da das emissões.” O ministro retomou o discurso de que o ônus maior é dos países desen- volvidos, que começaram a poluir antes. “A gente fi- ca preocupado também em os países ricos dizerem que eles têm uma meta X, mas aí metade daquele X na realidade é de mercado de carbono, que eles estão comprando de outros paí- ses”, declarou. “Não so- mos contra o mercado, mas ele não pode diminuir as obrigações dos ricos.” Segundo Amorim, o Brasil costura um progra- ma de princípios com a França para apresentar em dezembro. “Claro que tem uns detalhezinhos ainda”, disse, sem se es- tender. (LUCIANA COELHO) Réplica do pequeno mamute no Museu Field, em Chicago Bebê-mamute começa tour mundial em museu dos EUA ........................................................................................ DA FRANCE PRESSE Três anos depois de ser descoberta praticamente in- tacta no solo congelado da Sibéria, Lyuba, uma pequena fêmea de mamute, vai come- çar um tour mundial sendo exibida no Museu Field, em Chicago. O estado de preser- vação do filhote é tão perfei- to que até restos do leite de sua mãe foram achados em seu estômago. Lyuba deixará seu “lar” russo para ser a estrela da mostra de mamutes e masto- dontes do Museu Field. A exibição começa no dia 5 de março do ano que vem e vai até 6 de setembro. “É difícil evitar um mara- vilhamento visceral ao ob- servar um espécime como Lyuba, e a mostra, como um todo, revela como estamos chegando perto de saber exa- tamente como eram essas animais”, declarou o cura- dor-chefe Daniel Fisher, professor de geologia da Uni- versidade de Michigan e membro da equipe interna- cional que está estudando os restos do paquiderme. Lyuba, que tinha cerca de um mês de vida quando mor- reu afogada num rio de leito lodoso há 40 mil anos, já en- sinou muita coisa sobre os mamutes aos pesquisadores, trazendo informações difí- ceis de extrair de fósseis e restos não tão preservados. Gordurinha “Não tínhamos ideia de que os mamutes jovens pos- suíam uma estrutura espe- cializada de gordura marrom na parte de trás da cabeça”, explicou o pesquisador. Essa corcova funcionava como uma espécie de forna- lha, mantendo elevada a temperatura corporal quan- do o frio era mais intenso. Is- so sugere que os mamutes normalmente nasciam no começo da primavera. Lyuba parece ter morrido sem problemas de saúde, e os pesquisadores acharam sedi- mentos e lama em sua boca, tromba e garganta. São pistas de que ela teria morrido su- focada ao tentar se livrar de um ambiente cheio de lodo. Características como cor da pele, dos olhos e dos cabelos correspondem a pequena parte do legado genético que a população carrega Já houve estudos de associação ge- nética com grupos definidos como ‘brasileiros brancos e brasileiros ne- gros’. No fundo, es- sas definições não querem dizer abso- lutamente nada. O que a gente vê é um processo de branqueamento da população, que continua a ocorrer RINALDO PEREIRA professor da Universidade Católica de Brasília

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Matéria derivada de trabalho publicado no American Journal of Human Biology. Parte da dissertação de Túlio Lins

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ciênciaEFSEGUNDA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO DE 2009 ★ A20

NO BLOGPESQUISADOR CHINÊS FALA SOBREDINOSSAURO QUE PODE COMPROVARELO EVOLUTIVO COM AS AVESlaboratorio.folha. blog.uol.com.br

Tel.: 0/xx/11/3224-3726 Fax: 0/xx/11/3224-2285E-mail: [email protected]

Serviço de atendimento ao assinante: 0800-775-8080Grande São Paulo 0/xx/11/3224-3090

Ombudsman: [email protected]

Brasileiroé80%europeu, indicaestudoDados de DNA das cinco regiões do país mostram impacto prevalente de ancestrais brancos, com indígenas em último

................................................................................................REINALDO JOSÉ LOPESDA REPORTAGEM LOCAL

Um novo retrato das contri-buições de cada etnia para oDNA dos brasileiros, obtidocom amostras das cinco regiõesdo país, indica que, em média,ancestrais europeus respon-dem por quase 80% da herançagenética da população. A varia-ção entre regiões é pequena,com a possível exceção do Sul,onde a contribuição europeiachega perto dos 90%.

Os resultados, publicados narevista científica “AmericanJournal of Human Biology” poruma equipe da UniversidadeCatólica de Brasília, dão maispeso a resultados anteriores, osquais também mostravam que,no Brasil, indicadores de apa-rência física como cor da pele,dos olhos e dos cabelos têm re-lativamente pouca relação coma ascendência de cada pessoa.

Quem vê cara não vê DNA“No Brasil, a pigmentação da

pele está, em grande medida,desacoplada da ancestralidade,por conta do grau de miscige-nação. Em muitos casos, vocêpercebe que há uma relaçãomuito fraca entre a autoidenti-ficação que a pessoa faz, dizen-do-se branca ou negra, e o que

os dados de DNA revelam, em-bora a gente não tenha levadoisso em conta durante esse tra-balho em particular”, disse àFolha Rinaldo Wellerson Pe-reira, que coordenou o estudo.

Embora os resultados sejaminteressantes do ponto de vistahistórico e antropológico, oprincipal objetivo de Pereira ecompanhia é obter uma ideiamais clara da composição ge-nética da população como fer-ramenta para entender corre-lações entre o DNA e uma sériede doenças (leia texto à dir.).

Sabe-se que todo tipo de mo-léstia pode ter relação com aancestralidade do doente, masos dados sobre a associação en-tre uma coisa e outra disponí-veis hoje são, quase sempre, depopulações como europeus ounorte-americanos, nas quais amistura étnica teve importân-cia relativamente baixa. Daí anecessidade de conseguir da-dos originais no Brasil.

Os resultados foram obtidoscom amostras de 200 pessoas,divididas em cinco grupos demesmo tamanho, cada um de-les oriundo de zonas urbanasde uma das regiões do Brasil.Os voluntários conseguiram naJustiça o direito de ter seuDNA examinado gratuitamen-te em investigações de paterni-dade e assinaram formuláriosaprovando o uso do materialgenético para a pesquisa.

“Como são pessoas que nãopodiam pagar pelo exame, épossível que a amostra conte-nha uma proporção maior de

pardos do que a população ge-ral, embora nós não tenhamosfeito essa análise”, diz Pereira.

Para estimar as contribui-ções relativas de europeus,africanos e indígenas, os pes-quisadores usaram um conjun-to de 28 SNPs (pronuncia-se“snips”), minúsculas variantesgenéticas que correspondem àtroca de uma única “letra” noalfabeto químico do DNA. (Ca-da pessoa carrega, em seu ge-noma, 3 bilhões de pares dessas“letras”). Muitos SNPs são típi-cos de determinadas popula-ções do mundo, sendo bemmais frequentes em europeusou africanos, por exemplo.

Pais postiçosA segunda fase da análise é

comparar a presença desses 28SNPs no DNA dos brasileirosestudados com a distribuiçãodeles em populações “paren-tais”, ou seja, que poderiam ser-vir como uma versão simuladados grupos que se miscigena-ram e deram origem à popula-ção brasileira atual.

Para isso, os pesquisadoresrecorreram a amostras de DNAde africanos (de Botsuana, Ca-marões, Gana e Senegal), ame-ricanos de Chicago e Baltimorecom origem europeia e índioszapotecas, do México.

“Como os SNPs usados dis-criminam a ancestralidade emnível continental, essas popula-ções parentais são suficientes,embora não reflitam historica-mente as nossas”, diz Pereira.

Confira as contribuições genéticas médias de cada continente para o Brasil

DOMÍNIO EUROPEU

71,118,210,7

77,513,68,9

69,518,711,8

87,77,05,3

Nordeste

EuropeusAfricanosIndígenas

NorteCentro-Oeste

79,814,16,1

Sudeste SulBRASIL,em %

REGIÕES,em %

77,114,3

8,5

Europeus

Africanos

Indígenas

População mestiça exige maiscuidado da ‘medicina por DNA’................................................................................................DA REPORTAGEM LOCAL

Os resultados obtidos pelaequipe de Brasília são maisuma prova do cuidado necessá-rio para estudar a associaçãoentre doenças e característicasgenéticas numa população mis-cigenada como a brasileira.

“Já houve estudos de asso-ciação genética com grupos de-finidos como ‘brasileiros bran-cos e brasileiros negros’. Nofundo, essas definições nãoquerem dizer absolutamentenada”, afirma Pereira.

Em países como os EUA,conta ele, já chegaram ao mer-cado alguns medicamentos vol-tados de forma específica paraos americanos de origem afri-cana, levando em conta o fatode que o organismo de pessoasde diferentes ascendências rea-ge de maneira variada a certassubstâncias. “Agora, imagine

uma droga dessas no Brasil.Não adianta uma pessoa teraparência africana para vocêprever se ela vai responder aoremédio. Não tem como saberse ela possui o bendito alelo[variante genética] ligado àque-la resposta”, explica.

Poucos genesSe parece misterioso o fato

de que uma pessoa com biotipoafricano tenha organismo“branqueado” e ascendênciapredominantemente europeia,é preciso levar em conta o fatode que, até onde se sabe, sãopoucas dezenas de genes (den-tre os 20 mil estimados para ogenoma humano como um to-do) que coordenam as diferen-ças de pele, cabelos e olhos.

É por isso que uma contri-buição pequena das outras et-nias ainda caracteriza a aparên-cia de muitos brasileiros. (RJL)

Local: TucaRua Monte Alegre, 1024Perdizes - São Paulo, SP

Participe da Sabatina e façasuas perguntas ao presidente da Petrobras,

JOSÉ SERGIO GABRIELLI

Para participar, ligue (11) 3224-3473(de segunda a sexta-feira, das 14h às 19h)

ou mande um e-mail para [email protected],com seu nome, RG e telefone.

INSCREVA-SE JÁ!(11) 3224-3473

A participação é gratuita e as vagas são limitadas

Acompanhe os eventos da Folha no twitter:twitter.com/Folhadebate

13 de outubro, das 11h às 13h

PEQUENA TROMBAPEQUENA TROMBAPEQUENA TROMBA MUDANÇA CLIMÁTICAMUDANÇA CLIMÁTICAMUDANÇA CLIMÁTICAMira Oberman/France Presse Brasil terá meta

e a ‘cobrará’ domundo, diz Lula

FOTO1.8525.0

.................................................................................DA ENVIADA ESPECIAL A BRUXELAS

Sem definir números, oBrasil se vê em posição de“cobrar todo mundo” equer levar metas ambicio-sas para a cúpula em Co-penhague que definirá umnovo tratado contra oaquecimento global.

“Assumimos uma posi-ção de liderança que nospermitirá cobrar de todos,especialmente dos mais ri-cos, metas de redução cla-ras e ambiciosas”, afirmouo presidente Lula ao ladodo premiê belga, Her-mann Van Rompuy, que orecebeu ontem.

Segundo o chancelerCelso Amorim, a mudançaclimática foi o principal te-ma do encontro. “[O Bra-sil] quer ir com númerosclaros, para que ninguémpossa se esconder atrás doBrasil e o Brasil tambémnão se esconda.”

Mas o país ainda não co-locou que números seriamesses. “O número com re-lação a desmatamento es-tá praticamente definido[reduzir cerca de 70% até2017], e isso tem uma re-percussão natural na que-da das emissões.”

O ministro retomou odiscurso de que o ônusmaior é dos países desen-volvidos, que começarama poluir antes. “A gente fi-ca preocupado tambémem os países ricos dizeremque eles têm uma meta X,mas aí metade daquele Xna realidade é de mercadode carbono, que eles estãocomprando de outros paí-ses”, declarou. “Não so-mos contra o mercado,mas ele não pode diminuiras obrigações dos ricos.”

Segundo Amorim, oBrasil costura um progra-ma de princípios com aFrança para apresentarem dezembro. “Claro quetem uns detalhezinhosainda”, disse, sem se es-tender. (LUCIANA COELHO)

Réplica do pequeno mamute no Museu Field, em Chicago

Bebê-mamute começa tourmundial em museu dos EUA

........................................................................................DA FRANCE PRESSE

Três anos depois de serdescoberta praticamente in-tacta no solo congelado daSibéria, Lyuba, uma pequenafêmea de mamute, vai come-çar um tour mundial sendoexibida no Museu Field, emChicago. O estado de preser-vação do filhote é tão perfei-to que até restos do leite desua mãe foram achados emseu estômago.

Lyuba deixará seu “lar”russo para ser a estrela damostra de mamutes e masto-dontes do Museu Field. Aexibição começa no dia 5 demarço do ano que vem e vaiaté 6 de setembro.

“É difícil evitar um mara-vilhamento visceral ao ob-servar um espécime comoLyuba, e a mostra, como umtodo, revela como estamoschegando perto de saber exa-tamente como eram essasanimais”, declarou o cura-dor-chefe Daniel Fisher,professor de geologia da Uni-versidade de Michigan emembro da equipe interna-cional que está estudando os

restos do paquiderme.Lyuba, que tinha cerca de

um mês de vida quando mor-reu afogada num rio de leitolodoso há 40 mil anos, já en-sinou muita coisa sobre osmamutes aos pesquisadores,trazendo informações difí-ceis de extrair de fósseis erestos não tão preservados.

Gordurinha“Não tínhamos ideia de

que os mamutes jovens pos-suíam uma estrutura espe-cializada de gordura marromna parte de trás da cabeça”,explicou o pesquisador.

Essa corcova funcionavacomo uma espécie de forna-lha, mantendo elevada atemperatura corporal quan-do o frio era mais intenso. Is-so sugere que os mamutesnormalmente nasciam nocomeço da primavera.

Lyuba parece ter morridosem problemas de saúde, e ospesquisadores acharam sedi-mentos e lama em sua boca,tromba e garganta. São pistasde que ela teria morrido su-focada ao tentar se livrar deum ambiente cheio de lodo.

Características como cor dapele, dos olhos e dos cabeloscorrespondem a pequenaparte do legado genéticoque a população carrega

Jáhouveestudosdeassociaçãoge-néticacomgruposdefinidoscomo‘brasileirosbrancosebrasileirosne-gros’.Nofundo,es-sasdefiniçõesnãoqueremdizerabso-lutamentenada.Oqueagentevêéumprocessodebranqueamentodapopulação,quecontinuaaocorrerRINALDOPEREIRAprofessordaUniversidadeCatólica deBrasília