Matéria, Ideia e Forma - Elvan Silva

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  • 8/18/2019 Matéria, Ideia e Forma - Elvan Silva

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIACURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

    DISCIPLINA: TEORIA E HISTÓRIA DA ARQUITETURA E URBANISMO I

    PROFESSORA: SIOMARA MILLER

    ‘ 

    RESENHA CRÍTICA

    Matéria, Ideia e Forma: Uma definição de arquitetura

    Acadêmico: Cristiano dos Reis

    Santa Maria, julho de 2013

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      O autor do livro “Matéria, ideia e forma: Uma definição de arquitetura”, Elvan Silva:nasceu em Ipameri-GO em 1940, graduou-se em arquitetura e urbanismo pelaUniversidade Federal do Rio Grande do Sul em 1963 e concluiu mestrado em arquiteturae Doutorado em sociologia também pela UFRGS. Foi consultor do conselho nacional dedesenvolvimento científico e tecnológico e atuou principalmente nos seguintes temas:arquitetura, conhecimento, profissão, ideologia, imaginário e cultura.

    Para Silva, em termos gerais, a arquitetura é um conceito bem difundido em meio apopulação mas no meio acadêmico carrega consigo certa imprecisão. Relacionar o termocom beleza, construção, somente arte ou ciência são erros comuns. Albert no século XVdisse, “chamarei de arquiteto aquele que, através de acurá-los e maravilhosos arte emétodo, é capaz, com o pensamento e a invenção, de conceber e, com execução, derealizar todas essas obras as quais, por intermédio do movimento de grandes massas,cada conjunção e reunião dos corpos, podem, com a maior beleza e adaptar ao uso dogênero humano; e para este estar apto a fazê-lo, ele deverá ter um pleno conhecimentoda mais nobre e curiosa ciências; assim deve ser um arquiteto”. Mas encontrar uma únicadefinição que contemple ambas as áreas se torna uma tarefa complexa visto quedispende de um exercício intelectual artístico bem como científico tecnológico.

    Diante de diferentes estímulos a arquitetura pode responder como juízo deemoção, proposições poéticas ou exaltação de trabalhos referentes a um autor fazendoassim com que essa definição seja parcial. Segundo Le Corbusier a construção é parasustentar enquanto a arquitetura para emocionar.

    O autor apresenta seis categorias de inferências errôneas quanto a definição dearquitetura. A primeira, que a arquitetura é um gênero especial de construção, dotado deatributos estéticos notáveis que é derrubada pois leva estritamente em conta a belezaexcluindo a necessidade estrutural.

    A segunda baseia-se em enunciados reducionistas, que desconsideram costumes,organização social, aplicação de técnica e significados afetivos e simbólicos. Facilmenteessas proposições são destituídas de sua veracidade com o argumento de que aarquitetura é uma categoria antropológica, pois denota o comportamento do modelohumano.

    Quarto grupo, contem afirmações que confundem arquitetura com excelênciaarquitetônica. O termo arquitetura deixa de ser substantivo para ser adjetivo. Essa visãodeturpada de arquitetura é decorrente da imagem idealizada que profissionais fazem deseu trabalho. Marcelo Roberto afirmava, “ Edificação é uma coisa, arquitetura é outra eque só começa depois do nível médio ter sido ultrapassado, e de muito. Não há meiotermo em arquitetura: quando a realização não é magnífica, não é arquitetônica”.

    O quinto grupo vê a arquitetura não como produto da cultura mas sim comoprocesso de criação. É importante ressaltar nesta categoria que existe a elaboração

    mental, mas arquitetura se suscita somente com a materialização da obra, portanto devehaver a criação de um projeto sem, entretanto, dissociá-lo da arte de construir. Comoafirma Elvan Silva, “Todas propostas de definição marcadas pelo subjetivismo serãosempre e inevitavelmente precárias enquanto definição, embora possam ter um conteúdoinformativo aproveitável quando o assunto em exame é um modo de pensar da pessoainteressada.”

    A sexta categoria carrega consigo a ideia de que o objeto arquitetônico possa serapenas uma prática de um profissional, sendo portanto somente arquitetura construçõesrealizadas por aqueles que detém o diploma. Nessa categoria desconsideram-seconstruções vernáculas ou de qualquer origem não profissional. O que é extremamenteinsustentável, já que nenhuma produção deve se sobrepor à outra por mera questão de

    grife. Por fim, uma definição mais apropriada deverá ser objetiva e impessoal.A arquitetura é a manifestação cultural materializada na modificação intencional doambiente, para adequá-lo ao uso humano, através da produção de formas concretas,

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    habitáveis e imóveis.O autor também nos remete à reflexão de que a arquitetura traz consigo um

    objetivo inicial mas também pode culminar em outros. Como citado no livro o exemplo doguarda-sol, em que o objetivo principal é a proteção, mas acaba servindo comodelimitador de território ou ponto de referência.

    A arquitetura é a representação dos instintos. A seleção natural de Darwin está

    ligada a arquitetura tendo em vista que o joão-de-barro permanece até hoje enquanto ocaxiaunás foi extinto devido as suas moradias.Também, a matéria empregada na realização arquitetônica será, certamente,

    impregnada de uma ideia, que se expressará na forma. Para ser considerada umaarquitetura deve possuir um espaço interior habitável ou esta passa a ser mera escultura.

    Por fim, não se pode desvincular arquitetura da cultura e pensar nela apenas deforma racional e/ou técnica. A arquitetura depende de fatores culturais, emocionais e variade pessoa a pessoas. Essa complexidade é que gera a dificuldade se criar uma definiçãoque atenda todos esses requisitos.

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    BIBLIOGRAFIA

    SILVA, Elvan - “Matéria, Ideia e Forma: Uma definição de arquitetura”. Ed. daUniversidade, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.