Material Educativo - Biografia Incompleta - Coleção Sattamini

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    BIOGRAFIA INCOMPLETA

    Coleo Sattamini

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    Pergunta: O que levou voc a colecionar quadros?

    Resposta: Acho que isso um defeito gentico porque desde criana eucolecionava tudo: bolinha de gude, sabonete Eucalol, carrinhos debrincadeira. Depois, quando se vira adulto, o brinquedo torna-se maiscaro. Eu comecei a viajar relativamente cedo, e isso abriu muito minhacabea. Eu no tinha o objetivo de colecionar quadros. O que acontece que a gente compra um quadro aqui, outro quadro ali. Depois de passarmuito tempo na Europa, em Londres e Milo, fui verificando que j tinhauma pequena coleo de quadros e gravuras. A gente vai acumulando,acumulando... Um dia voc acorda e tem uma coleo. A partir desse

    momento, cria-se outro problema: o que fazer com ela? Porque, no meuentender, uma coleo s serve para ser mostrada. Se no for, se ficartrancada no armrio, no serve para coisa nenhuma.Pergunta: Em geral o colecionador se agarra muito ao passado para teruma certa segurana e ir estruturando sua coleo. O seu caso, contudo,foi diferente: voc se atirou no precipcio da arte que estava sendoimediatamente produzida. Por qu?

    Resposta: Porque era a arte do meu tempo e eu no tinha meios, quandocomecei a colecionar, de comprar obras dos anos 30 e 40. Alm disso, eu

    pude conhecer pessoalmente vrios artistas, e fica muito mais fcilentender a obra de um artista se voc pode falar com ele, trocar idias. Eusempre achei que a arte brasileira era a melhor da Amrica Latina, aindamais naquele momento, a partir da dcada de 60. Comprei tambm obrasda dcada de 50, daquela arte que estava nascendo, e isso me permitiu quea coleo fosse extremamente contempornea porque foi adquirida,quase sempre, no muito tempo depois da obra feita.Pergunta: Havia uma intuio atravessando tudo isso?

    Resposta: Intuio sempre existe porque voc vai se treinando, vaiaprendendo, e as viagens ajudam muito. Mas eu tenho a convico de queningum faz uma coleo sozinho. preciso ter sempre algum, com umabengala branca, que venha atrs e diga: Olha, o fulano de tal est fazendoisso ali, vamos l ver. Quanto mais olheiros, digamos assim, mais fcilfica. No s o olhar individual do colecionador que conta. Para montaruma coleo, preciso contar com o olhar de outras pessoas.

    Pergunta: O que foi que seduziu voc na obra do Antonio Dias? Por quevoc se interessou pelo que ele estava produzindo naquele momento, eno pelas obras anteriores?

    Resposta: Primeiro, eu no conhecia o que ele havia produzido antes, noincio da dcada de 60. A partir de 1967, quando ns nos conhecemos, eutenho a impresso de que a pintura do Antonio comeou a dar umaguinada, abandonando a fase visceral. Eu s fui conhecer esses quadrosum pouco mais tarde, quando a coleo foi tomando corpo. Ento, se eutenho uma determinada obra, eu procuro saber o que foi feito antes dela.Assim, eu comecei a comprar os quadros anteriores do Antonio.

    Pergunta: Queria que voc falasse sobre o ncleo de abstrao geomtrica.Com a transferncia para o exterior de outro ncleo que havia em So

    Paulo, qual o significado, a importncia desse ncleo que voc tem?

    Resposta: Eu comecei a descobrir esse ncleo aqui, no Rio de Janeiro,com o auxlio do Afonso Costa. As obras estavam praticamenteabandonadas, o que tornou possvel que eu adquirisse uma grandequantidade de quadros. De certa forma, um trabalho puxa o outro, querdizer, um trabalho em preto e branco da Lygia Clark daqui a pouco puxaum Bicho (uma srie de esculturas metlicas geomtricas que se articulampor dobradias). Uma vez que a Lygia Clark sabe que eu tenho dois ou trs

    ARTE E OUSADIAUma entrevista com Joo Sattamini, o colecionador

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    trabalhos dela, ela vem me visitar para oferecer um trabalho especficoporque j sabia que a coleo estava tomando uma forma. E assim acoleo vai se montando. Do que os outros no gostam, h sempre quemgoste, e com a abstrao concreta foi isso o que aconteceu. Era

    relativamente fcil comprar quadros porque eles estavam espalhados,geralmente na mo de intelectuais, e o pessoal gostava mais de outrascoisas. Eu fui para outro setor e acredito que, hoje em dia, sem falsamodstia, a melhor coleo concreta que existe no Brasil est no Rio deJaneiro, no Museu de Arte Contempornea, em Niteri, e tambm naminha casa.

    Pergunta: E como voc tomou conhecimento da obra de RaimundoColares?

    Resposta: Eu comprei os quadros do Colares na Galeria Saramenha. Eu

    efetivamente no o conhecia, e a o proprietrio da galeria, o VictorArruda, de repente me diz: Oh, Joo, vou te apresentar o Colares. Eufiquei impressionado com tudo aquilo e, a, eu no apenas comprei aexposio inteira como acabei amigo dele. Ele era um artista abandonado,que perdeu um ou dois trabalhos no incndio do MAM (em 1978) e, hojeem dia, todo mundo quer seus quadros. Trata-se de um artistaimportantssimo, cujo ncleo maior pertence a mim, e faz parte do acervodo MAC de Niteri.

    Pergunta: Eu vou voltar a esta pergunta: se os outros colecionadores noviam grande importncia nessas obras, por que voc via? Voc queria ser

    diferente ou havia uma intuio em relao ao futuro?

    Resposta: Eu no sei se eu tinha uma intuio de futuro. O que acontece que cada colecionador pensa de uma determinada maneira e influenciado por diferentes conselhos. claro que, se o sujeito for

    influenciado por um amigo de determinado artista, ele tende a comprar asobras desse artista. No meu caso, eu vinha tendo contato com pessoas queestavam acompanhando o que se produzia naquele determinadomomento. E intuio, como eu digo, algo que se aprende.

    Pergunta: A histria da aquisio de algumas obras emblemticas nosapresenta o raciocnio complexo do colecionador, que muitas vezes lidacom valores antagnicos. Voc poderia comentar um pouco dessas obrasemblemticas, a comear pelo quadro Biografia Incompleta, de AntonioDias, que inaugura sua coleo?

    Resposta: Eu nunca pensei que teria uma coleo. As coisas simplesmenteforam acontecendo. Eu estava em Milo quando, em 1967, chegou oAntonio Dias. Ns nos demos bem, ficamos amigos, e um dia eu fui visit-lo em seu ateli. Tem l um quadro na parede, eu gosto dele, acabo

    comprando o quadro, que justamente a Biografia Incompleta, que estna minha casa. Eu acho esse trabalho emblemtico porque diz muito daminha vida e da coleo. O quadro tem um X do lado esquerdo, na parteinferior, depois uma reta sobe, volta, mas no volta ao mesmo X, que oponto inicial, de partida. Eu acho que isso ilustra o que vem a ser umacoleo: algo que no acaba nunca, uma biografia incompleta, que foi oprimeiro quadro que eu comprei do Antonio Dias. Uma coleo nuncatem fim porque outras pessoas esto sempre chegando e o colecionadorno consegue cobrir tudo. Uma coleo sempre uma obra aberta.Pergunta: Quando voc adquire, posteriormente, O Vencedor, tambmdo Antonio Dias, j havia uma inteno mais ntida de colecionar a

    trajetria de um determinado artista?

    Resposta: As compras aleatrias do comeo tendem a se tornar maiscomplexas, pois buscam fechar determinados ciclos. No caso do AntonioDias, sua fase visceral, que eu no conhecia anteriormente. medida que

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    voc vai aprendendo, comprando aqui e ali, passa a estabelecer ligaesentre o que um sujeito est fazendo hoje em dia e o que algum j fez numpassado mais ou menos recente. Ento, quando os quadros vo para aparede que a gente v as conexes que podem ser feitas, entre uma obra e

    outra.

    Pergunta: Embora seja uma biografia incompleta, podemos discernirpercursos de artistas, como se houvesse ilhas na sua coleo.

    Resposta: Sim, a coleo tem uns fatos marcantes, que amigos meuschamavam de perfis. Lygia Clark, por exemplo. Por que eu compreiquadros figurativos dela? Para traar um perfil. O mesmo acontece comMaria Leontina. Na coleo, h um timo perfil dela, de tudo o que elapintou desde a juventude at perto de sua morte. E vale tambm para JorgeGuinle e Ivan Serpa. Esta uma caracterstica da coleo: mais do que

    trabalhos isolados, com ela possvel estabelecer o perfil do que os artistasfizeram numa determinada poca.

    Pergunta: E quanto voc aprende nesse contato direto com eles?

    Resposta: Ah, eu tenho muito pouco contato com artistas, no sentido defreqentar os atelis. Sou muito amigo de alguns deles, a ponto defreqentar sua casa e eles a minha. Mas no sou rato de ateli, de ir l paraver o que o sujeito anda fazendo. Tive, contudo, a sorte de ter esses amigosmeus, essas bengalas brancas, que, volta e meia, me mostravam ocaminho a seguir.

    Pergunta: Voc acha que, na formao da sua sensibilidade, essaaproximao direta com eles foi mais proveitosa do que a leitura de textoscrticos?

    Resposta: Muito mais! Porque o contato verbal mais importante do queos textos crticos. Alm disso, antigamente no existia livro de arte noBrasil. Isso s comeou de uns cinco anos para c. O contato tinha que sermesmo pessoal e visual.

    Pergunta: Voc falou que a sua coleo uma obra aberta. Voc seconsidera um artista?

    Resposta: No. Entre ter cultura artstica e capacidade criativa, vai umalonga distncia!

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    Pergunta: A histria da aquisio de algumas obras emblemticas nosapresenta o raciocnio complexo do colecionador, que muitas vezeslida com valores antagnicos. Voc poderia comentar um poucodessas obras emblemticas, a comear pelo quadro BiografiaIncompleta, de Antonio Dias, que inaugura sua coleo?

    Joo Sataminni: Eu nunca pensei que teria uma coleo. As coisassimplesmente foram acontecendo. Eu estava em Milo quando, em1967, chegou o Antonio Dias. Ns nos demos bem, ficamos amigos, eum dia eu fui visit-lo em seu ateli. Tem l um quadro na parede, eugosto dele, acabo comprando o quadro, que justamente a BiografiaIncompleta, que est na minha casa. Eu acho esse trabalhoemblemtico porque diz muito da minha vida e da coleo. O quadrotem um X do lado esquerdo, na parte inferior, depois uma reta sobe,

    volta, mas no volta ao mesmo X, que o ponto inicial, de partida. Euacho que isso ilustra o que vem a ser uma coleo: algo que no acabanunca, uma biografia incompleta, que foi o primeiro quadro que eucomprei do Antonio Dias. Uma coleo nunca tem fim porque outras

    pessoas esto sempre chegando e o colecionador no consegue cobrirtudo. Uma coleo sempre uma obra aberta.

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    (...)Paulatinamente, a figura humana cresce, exalta-se atravs deoutros recursos materiais de expresso, como relevos demadeira recortes de madeira pintados, antepostos composio narrativa e fragmentria, (...) Observa-se ainda que

    as entranhas desenhadas passam a crescer, estufar-sesensivelmente, assim como outros elementos corpreos bocae falo -, (...) Paralelamente s montagens de relevo e pinturas,ele faz algumas assemlages de que Vencedor? um raroexemplo.O intinerrio de Dias nesse perodo foi bem definido porRestany: "Uma amostra do Brasil urbano".FIGURAES / BRASIL ANOS 60 Daisy Peccinini

    Palavra do Artista

    Nos anos 60, (...) Eu fazia (...) um quadrado, que era a prpriasuperfcie do quadro, dividido, por exemplo, em quatro outrosquadrados. No interior deles, pintava, de maneira automtica,uma imagem puxando a outra. Era uma livre associao dosimblico. O todo incrementado por fetiches meus e dos"outros", caixinhas de madeira contendo sacos estofados cheiosde costuras, tripas e coraes, salsichas/pnis e punhosquebrados de esttuas de gesso, travesseiros manchados ecaixas de acrlico cheias de algodo ou pregos. Nesta operao,eu no cancelava nada, (...)Antonio Dias / ENTREVISTA A LCIA CARNEIRO E

    ILEANA PRADILLA

    ANTNIO DIASCampina Grande, PB, 1944.

    Breve Biografia

    Em 1958, veio estudar no Rio de Janeiro, onde recebeuorientao de Oswald Goeldi, ao freqentar o Ateli Livre deGravura (Escola Nacional de Belas-Artes). Em 1962, realizousua primeira exposio individual no Brasil (GaleriaSobradinho, Rio de Janeiro) e, em 1965, no exterior (GaleriaFlorence Houston-Brown, Paris). Nesse mesmo ano,participou do Salon de la jeune peinture (Bienal de Paris),onde recebeu seu primeiro prmio internacional e bolsa dogoverno francs, passando a morar em Paris. A partir deento, residiu em diversas cidades at fixar-se, em 1989, em

    Colnia, Alemanha. Sua obra dos primeiros anos, apresentaforte questionamento poltico e social. A partir de 1965, aoestreitar o contato com a produo europia, adotou,progressivamente, postura conceitual e mais reflexiva,buscando uma economia de meios, discutindo o suporte,questionando os mecanismos internos e o circuito da arte.

    Comentrio Crtico

    Dias faz sua crnica exaltada, comunica sua realidade aomesmo tempo pessoal e interior e tambm coletiva e objetiva,

    pois toca, de forma pungente, nos focos sensveis dos nossosimpulsos vitais sobrevivncia e prazer -, (...) no quadro darealidade cotidiana.(...) A trajetria de sua produo entre 1964 e 1967 indicatrabalhos mais grficos: os desenhos coloridos, imagens maismticas na linha compositiva da histria em quadrinhos,

    ANTNIO DIASCampina Grande, PB, 1944.

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    Aluso as Guitarras do Midi, 1980Tmpera, leo sobre tela. 100,5x115,5cm

    A produo de Loio-Prsio na segunda metade dos anos 1940enfatiza a tcnica do desenho e o trabalho com a linha, sublinhando ocontorno de objetos e figuras e apenas sugerindo volumes e planos. Otema geralmente parte de modelos externos, numa chave figurativa, egrande parte dessa produo destina-se ilustrao e publicidade.

    No incio da dcada de 1950, quando retoma o curso de direitoanteriomente abandonado, a produo de gravura de Loio-Prsio

    toma impulso com a adoo de temas sociais. As primeiras incursesprticas na linguagem abstrata ocorrem em 1957, em pinturas nasquais o artista decompe figuras e trabalha com manchas de cor, natentativa de evitar qualquer sugesto de representao. Em exposiorealizada na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro em 1958,apresenta trabalhos que ressaltam a elaborao das superfcies,atravs do emprego de areia, terra, papel, tecidos, cordes, tintas base de celulose, ceras e resinas. Aprofunda-se a pesquisa nalinguagem abstrata, tomando como desafio aliar matria e cor, sem

    nenhuma associao figurativa com assuntos ou referncia externa.Para a historiadora Vera Regina Vianna Baptista, o que caracteriza aobra de Loio-Prsio a composio com ritmo e harmoniaestruturados pela linha, o plano e a cor.

    Fonte: http://www.itaucultural.org.br

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    LOIO-PRSIOTapiratiba - SP, 1927 - Rio de Janeiro - RJ, 2004

    Breve Biografia

    Pintor, desenhista, gravador, ilustrador, artista grfico epublicitrio. Muda-se com a famlia em 1943 para Curitiba,onde estuda pintura com Guido Viaro (1897-1971). Em1948, ingressa na Faculdade de Direito da UniversidadeFederal do Paran (UFPR). Um ano depois, decide trancarsua matrcula na faculdade e vai para o Rio de Janeiro.Nesta cidade, cursa pintura com Ado Malagoli (1906-1994)e cenografia com Santa Rosa (1909-1956), no ServioNacional de Teatro, entre 1949 e 1950. Em 1951, retorna aCuritiba e retoma o curso de direito. No mesmo ano, funda

    o Centro de Gravura do Paran. Em 1952, convidadopelo governo do estado para organizar e dirigir a Casa-Museu Alfredo Andersen e a Pinacoteca Paranaense.Porm, por falta de suporte institucional, demite-se docargo um ano depois. Em 1953, trabalha em ateli comumcom o pintor, desenhista e gravador alemo GuntherSchierz, discpulo de Kthe Kollwitz. Conclui obacharelado em cincias jurdicas e sociais em 1955.Transfere-se para So Paulo em 1958, onde trabalha emagncia de publicidade e tambm realiza capas de livrospara a Companhia Editora Nacional e Livraria Francisco

    Alves. Com o prmio de viagem ao exterior, concedidopelo Salo Nacional de Arte Moderna em 1963, viaja para aEuropa, no ano seguinte. convidado a trabalhar na EscolaSuperior de Arte de Stuttgart, Alemanha, em 1965. Em1970, integra o jri de seleo e premiao do SaloNacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Entre 1975e 1976, viaja para Roma, Londres e Paris, onde torna-se

    pintor-residente na Fundao Karoly em 1974. Em 1981,muda-se para Belo Horizonte, onde leciona desenho e pinturana Escola Guignard. Em 1995, fixa-se novamente em Curitiba.

    Comentrio Crtico

    "Dois esteios, a cada momento recombinados, comparecem nabase da obra de Loio-Prsio Vieira de Magalhes: o latejo lricoe o fervor expressionista. Mas se ambos eram, em princpio,foras emanando da emoo, um terceiro elemento, de carterracional e propenso construtiva, esteve sempre ali paraassegurar o equilbrio entre estmulos contrrios. Houveapenas um instante de aparente recusa desse arcabouoessencial. Foi quando, para superar a figurao prvia e incluir-se na severidade geomtrica tpica da poca, ele produziu umasrie de desenhos rigorosamente minuciosos ou esquemticos,por volta de 1958. De um modo ou de outro, predominava a

    certeza da linguagem encontrada na abstrao, pendesse ela svezes para o clculo ou para a comoo, satisfeita assim deprescindir das coisas concretas que habitam o cotidiano.Claramente expressionista foi, por exemplo, a fase da abstraoinformal, na abertura dos anos 60, com interesse pela pesquisada matria da pintura. Menos exacerbados nesse sentido, ostrabalhos posteriores a 1967, seguindo-se a uma viagem pelaEuropa, entraram pouco a pouco na linha de conciliao dosextremos, desde os feixes flexveis de listras s placas mais oumenos interpenetrantes de cor. (...) Nas obras dos ltimostempos, o tom tem sido insistentemente dado pelo acordo doemocional com o racional, do vibrante com o contido. Elasimpem uma estrutura de fonte geomtrica, porm passadapelo filtro da modulao cromtica".

    Roberto PontualPONTUAL, Roberto. Entre dois sculos: arte brasileira do sculo XX na coleo Gilberto Chateaubriand. Prefcio deGilberto Allard Chateaubriand e Antnio Houaiss. Apresentao de M. F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro: Jornal doBrasil, 1987.

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    Santa Ceia, 1990Gesso, metal, asa de borboleta, veludo,

    espelho e madeira, 132,5x154cm.

    "A idia de apropriao, central na produo de NelsonLeirner, ganharia acabamento e adquiriria uma feioparticular por volta do ano de 1965, com sua exposio naGaleria Atrium, com Geraldo de Barros. Em seustrabalhos, essa idia conteria tanto a noo de objet-trouv(entendido como um objeto j pronto e que, pelos seuspredicados, se destaca aos olhos do artista da massa deobjetos annimos) quanto a de readymade (de objeto feitoem srie, sem nenhum atributo que o diferencie de seusimilar e pelo qual se nutre uma radical indiferena). (...)

    se o primeiro contempla o gosto do artista (no o bomgosto, convm destacar), o segundo tende a anul-lo. Acoexistncia entre ambos possvel, como vemcomprovando Leirner, graas a um raciocnio quepermear todo o conjunto de seu trabalho e que consistena realizao de um encontro (poderamos cham-lo decpula, o artista chama-o de Xeque-Mate) entre doisobjetos e termina gerando um terceiro. Essa frmularemonta ao clebre aforismo de Lautramont: 'Belo

    como o encontro fortuito de um guarda-chuva com umamquina de costura, numa mesa de dissecao'".

    Agnaldo Farias

    FARIAS, Agnaldo. NELSON Leirner. In: TRIDIMENSIONALIDADE na arte brasileira do sculoXX. So Paulo: Ita Cultural, 1997.

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    NELSON LEIRNERSo Paulo, SP, 1932

    Breve Biografia

    No perodo entre 1947 e 1952 estuda engenharia txtil noLowell Technological Institute, em Massachusetts, no EUA.Em 1956, tem aulas de pintura com Juan Pon. Estuda pordois meses no Atelier Abstrao, dirigido por Sanson Flexorem 1958. No ano de 1965 na Galeria Atrium, apresentaobras que anunciam o sentido de apropriao de objetosque vai marcar sua trajetria artstica. Em 1966, forma commais cinco artistas, o Grupo Rex. Realiza a Exposio No-Exposio em 1967, que marca o fim do grupo Rex, nessemesmo ano selecionado para o IV Salo de Arte Modernaem Braslia com os trabalhos O Porco e Tronco comCadeira, que vo gerar uma grande polmica. Em 1975passa a dar aulas na Faculdade Armando lvares Penteado FAAP/SP. No ano de 1980, a exposio Pague para Ver cancelada pela Galeria Mltipla de Arte por causa do textocriado pelo artista para o convite da exposio, no qual comironia apresentava os diversos interesses que marcam omercado de arte. Em 1997, muda-se para o Rio de Janeiro,onde d aulas no Parque Lage. No ano de 1998 novapolmica, os trabalhos expostos no XVI Salo Nacional deArtes Plsticas no MAM-RJ, so censurados pelo juiz da 1Vara da Infncia e da Juventude por obscenidade, fato que

    provocou uma campanha nacional contra a censura nas artesvisuais. Em 2002, lanado o livro arte e no arte, comensaios do crtico Tadeu Chiarelli.

    Comentrio Crtico

    (...) Valendo-se de um outro trabalho igualmente conhecidode Leonardo da Vinci A Santa Ceia (1495-8) -, Nelson

    Leirner investiga, em srie extensa, que implicaes existem nofato de uma pintura, feita em escala natural e projetada paraocupar a parede do refeitrio de um mosteiro, ser reproduzida,com maior ou menor fidelidade e em formatos diversos, emsalas de estar e de espera.Intervindo, de variadas maneiras, sobre cpias baratas de ASanta Ceia, o artista indica, como consequncia de sua presena

    excessiva no mundo, o carter puramente ornamental que aimagem dessa pintura possui hoje, em detrimento do poder deevocar a devoo que detivera um dia. Enquanto o trabalho deLeonardo da Vinci certamente despertava, entre os mongesque com ele conviveram, sentimentos de comunho com acena pintada, Nelson Leirner sugere a sua potncia decomunicar alguma coisa que no seja o conforto visual doadorno. (...) uma diminuta reproduo da cena esculpida emgesso cercada por uma moldura que em muitas vezesultrapassa o seu tamanho, abrigando, a partir do centro, umasucesso de passe-partouts feitos de materiais diversos: veludonegro, espelhos, asas azuis de borboletas, veludo negro denovo, mais espelhos e, finalmente, antes da madeira douradaque define as bordas da pea inteira, um largo passe-partoutcoberto por decalques de coloridos motivos florais. Fazendoda superfcie dessa desmesurada moldura quase ummostrurio de possibilidade decorativas todas prximas aoconvencionalismo catalogado como Kitsch - , Nelson Leirnerchama a ateno, sem contudo elaborar juzo de valorcorrespondente, para a frgil distino entre a imagem criadapor Leonardo da Vinci e os elementos de enfeite que aenvolvem a todo instante.

    Moacir dos Anjos

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    Sem Ttulo, 1969tinta esmalte industrial sobre metal (alumnio)

    100 x 231 x 15 cm

    "O trabalho de Raymundo Collares firmou-se desde oincio na tentativa de apreender, pela pintura, um setorcaracterstico da vida urbana contempornea, com seusapelos de novas e enrgicas visualidades. Um tema central o

    vem definindo h quase 10 anos: a interpenetrao deritmos visuais que a experincia das metrpoles de hojeoferece. A princpio, ele se concretizou na prtica de umapintura de sntese dos movimentos de veculos automveisno trnsito da cidade grande, expulsando por completo a

    presena do ser humano. Aps os primeiros trabalhos emsuperfcie plana, buscou sada no espao tridimensional,produzindo algumas pinturas sobre chapa de alumnio, feio de verdadeiros retalhos de carrocerias. A influnciafuturista evidenciava-se ento, mesclada a conotaessimblicas. Nos quadros inteiramente cobertos porplanos/retalhos de carrocerias de nibus cruzando-se emmoto-perptuo, no sobrava uma s rea de respirao,uma nica brecha para o flego, como no choque eassombro sufocantes de algum que partira da pequenacidade mineira de origem para enfrentar a realidadeespasmdica do Rio de Janeiro. (...)".

    Roberto Pontual

    PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contempornea: Coleo Gilberto Chateaubriand. Rio deJaneiro: Jornal do Brasil, 1976.

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    RAYMUNDO COLARESGro Mogol, Minas Gerais, 1944 1986

    Breve Biografia

    Nasceu no dia 25 de abril, recebeu o nome de RaymundoFelicssimo Colares. Em 1951, passa a morar em MontesClaros, MG. No ano de 1964 ganhou uma bolsa de estudosda Sudene para concluir o curso cientfico na cidade deSalvador. Foi na Bahia que ele descobriu a sua vocao,trava contato com as obras de Klee e Mondrian e cria suasprimeiras pinturas que recebem o ttulo de Alagados. Mudase para o Rio de Janeiro em 1965, trabalha como desenhistade jias na H. Stern. Retorna para Minas em Julho domesmo ano. Volta para o Rio de Janeiro em 1966 e ingressana Escola Nacional de Belas Artes/ENBA de onde sai noano seguinte e passa a estudar com Ivan Serpa. No ano de67, participa da sua primeira exposio, a convite de AntnioDias, na coletiva Nova Objetividade Brasileira no MAMRJ. No ano de 1968, comea a desenvolver os seus livros-objetos que ele chama de Gibis, trabalhos feitos com papelrecortado e manuseveis, permitindo assim, a participaodo espectador. Em 69 apresenta as primeiras obrastridimensionais pintadas sobre alumnio. Nesse ano comeaa dar aulas no Atelier Livre do MAM-RJ.

    Muda-se para Nova York em 1972 e l elabora trabalhos narea de filmes experimentais, usando um canudo pticocomposto por lminas coloridas que, ao colocar diante dacmera, vo decompor ou inverter as imagens, como numcaleidoscpio. Mora por um breve tempo na Itlia, entre 72e 73. Retorna ao Brasil em 1973, fixando-se em Montes

    Claros, onde permanece at 1981, voltando nesse ano parao Rio de Janeiro, indo morar em Terespolis. No ano de1985 Colares atropelado no Rio de janeiro, morre em1986 em Montes Claros, em 28 de maro, vtima dequeimaduras ocasionadas por um cigarro que ele fumava,que ao cair ateou fogo na sua cama hospitalar.

    Comentrio Crtico

    (...) a obra de Colares fez a fuso sensvel entre o legadoconstrutivo dos anos 50 e as tendncias atuais oriundas daarte norte-americana, da pop ao minimalismo. (...) o artistaapenas admitiu influncias do futurismo italiano, ondeidentificou a mesma preocupao em retratar a dinmica e avelocidade da vida moderna.

    A pintura de Colares, como nas histrias em quadrinhos eno cinema, constitui, em ltima instncia, uma "edio" decortes efetuados no plano. Fragmentar e reconstruir essesfragmentos de forma pulsante e catica falar da perda datotalidade da imagem, da sua unidade perdida.E falar tambm da fragmentao do espao e do tempo doprprio homem urbano nas grandes cidades.

    (...) "tema" fundamental de sua produo: o nibus. (...)sobre o nibus, ele declarou:

    " como um homem que tem uma trajetria a cumprir e afar de qualquer maneira, apesar de encontrar outras forasem sentidos contrrios... "

    Ligia Canongia / Texto de para a exposio: Trajetrias

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    Mona Lou, 1975Fotografia e tinta s/material

    fotogrfico c/contato s/madeira63x42cm

    "Em desenhos, pinturas, serigrafias e montagens, Gerchman foi

    colocando ento em cena personagens sem identidade imediata,manequins sados do povo, figurinhas de jornal, mitos da classemdia, do subrbio ou dos subterrneos da cidade grande. Genteannima, marginal, apinhando-se em nibus ou em caixas demorar, siderada pelas misses, os jogadores de futebol e os astros datela ou do som, que lhe lanam a isca de modelos-fetiches dasociedade de consumo. Os desaparecidos reaparecidos no tristeinstante de glria de uma foto no jornal; as manchetes com o suor eo sangue de todos os que, de repente e brevemente, ganham nomena gelia geral - com isso, munido de um certo ar de cordel e dattica do mau gosto, ele construiu a sua incmoda galeria de tipos,na qual A Bela Lindonia, Gioconda do Subrbio, em 1966, e aMona Lou, de lbios carnudos e crimes comuns classe mdia, em1975, ocupam a posio de faris".

    Roberto Pontual

    PONTUAL, Roberto. Entre dois sculos: arte brasileira do sculo XX na coleo Gilberto Chateaubriand. Prefciode Gilberto Allard Chateaubriand e Antnio Houaiss. Apresentao de M. F. do Nascimento Brito. Rio de Janeiro:

    Jornal do Brasil, 1987.

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    A vinda de obras de pintores argentinos da otra figuracinestabeleceu um dos pontos de contato entre Rio e Buenos Aires, (...)Inaugurava-se em 1963 na Galeria Bonino a exposio de quatroargentinos Deira, Macci, Jorge de la Vega e No (...) Umafigurao em que o essencial no era a representao do objeto, mas osigno e os valores psicolgicos que se atribuam s imagens. (...) A

    liberdade de resoluo dos trabalhos, temtica e tcnica, sempreocupaes estilsticas convencionais, entusiasmou os jovens doRio Dias, Vergara, Gerchamn, Anna Maria Maiolino. (...) SeGerchamn sentiu afinidades com a fatura spera de tinta escorrida deMacci, tambm se impressionou com No encontrandoconvergncias principalmente na temtica relativa multido. (...)Gerchman, por sua vez, o cronista da cidade, o carioca tpico, na

    verve da efervescncia, da stira fina e cruel mas atenuada pelohumor (...) Sua figurao no traz a carga trgica e simblica dosertanejo Dias.Ele se libertou dos valores expressionistas que embaavam adefinio de sua figurao, (...) Gerchamn, paginador de Manchete,Cruzeiro e stimo Cu, o artista que circula, mora, l, escuta, v ecurte a cidade. Vivendo em Copacabana em meio a apartamentosminsculos, superlotados, andando em nibus cheios, recebendo aspromessas gritadas no rdio e TV (dinheiro fcil, moradia grtis,fartura), lendo as comoes que sacodem o povo o futebol, dramaspassionais Gerchman o homem na multido urbana.Para retratar seu tema precpuo a multido desenvolveu umafigurao annima, compactada com outras similares, criandosituaes de contraposio de figuras e fundo, como em Futebol. Amassa que ele representa no individuada parece-nos prxima visode Dubuffet (...) rapidamente deixou a expresso bidimensional,

    construindo objetos: nibus, Marmitas, ou assemblages como aprimeira Caixa de Morar (...) Depois, passou a construes maiores o altar Kitsch dos mitos urbanos: Agora Dobre os Joelhos eElevador de Servio so exemplos. O realismo crtico caracterizadordo grupo, em Gerchman, configurou-se como uma crnicacotidiana, perspicaz e tipicamente urbana carioca.

    Daisy Peccinini / Figuraes Brasil anos 60

    Rubens GerchmanRio de Janeiro, 1942 - 2008

    Breve Biografia

    Estudou desenho no Liceu de Artes e Ofcios, no Rio de Janeiro,em 1957. Entre 1960 e 1961, freqentou a Escola Nacional deBelas Artes e cursa xilogravura com Adir Botelho. Em 1967, como prmio viagem ao estrangeiro do Salo Nacional de ArteModerna, viaja para os Estados Unidos. Entre 1968 e 1972 resideem Nova York e torna-se membro-fundador do Museu Latino-

    Americano do Imaginrio. Entre 1975 e 1979, dirige a Escola deArtes Visuais do Parque Lage. Em meados da dcada de 70, co-fundador e diretor da revista Malasartes. Em 1982, passa um anoem Berlim como artista residente a convite do Deutsche

    Akademischer Austauschdienst Knstler Program. Em 2000

    lana, em So Paulo, lbum com 32 litografias, primeiro volumeda coleo Cahier d'Artiste, da Lithos Edies de Arte. Expe noMAC-Niteri em 2001.

    Comentrio Crtico

    O volume torrencial de imagens que criou em vinte anos decarreira sensacional. Algumas dessas imagens so definitivas emarcam poca, como A Bela Lindonia, obra-sntese dotropicalismo, (...) estas imagens vo alm do campo esttico, tmuma dimenso sociolgica, antropolgica, poltica, tocam fundoa alma do pas. (...) Discute o transporte coletivo, a habitaopopular, o trabalho, o lazer, o consumismo e a publicidade, acultura de massa, (...) a violncia policial. (...) Sua linguagem direta, sem sofisticao, quase agressiva na sua vontade decomunicao.

    Frederico Morais

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    Nesta poca teve incio uma grande revoluocomportamental como o surgimento dofeminismo e os movimentos civis em favor dosnegros e homossexuais. O Papa Joo XXIIIabre o Conclio Vaticano II e revoluciona aIgreja Catlica. Surgem os chamados

    movimentos de contracultura. Na Frana, em1968, os estudantes protestaram contra asreformas educacionais, alm de pediremmaior liberdade, criticando abertamente oconservadorismo. O exemplo francs seespalhou pelo mundo motivando outras aesda juventude, em particular nos EUA contra aGuerra do Vietn e no Brasil contra a ditadura

    militar. Nos Estados Unidos surge omovimento hippie, com seus protestoscontrrios Guerra Fria e Guerra do Vietn eo racionalismo. No Brasil, comea a serutilizado o termo Cinema Novo para designar anova produo do cinema nacional.

    Ocorre tambm a Vitria da Revoluo Cubanana Amrica Latina, levando Fidel Castro aopoder. Tem incio tambm a descolonizao dafrica e do Caribe, com a gradual independnciadas antigas colnias.

    No Brasil, inaugurada a cidade de Braslia, novacapital do pas, por Juscelino Kubitschek. JnioQuadros sucede Juscelino e renuncia cerca desete meses depois, sendo substitudo pelo entovice-presidente Joo Goulart. Sob o receio de serconsiderado comunista, ocorre o golpe militar de1964, que deps Goulart e institui uma ditaduramilitar.

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    1960

    Fundao de Braslia. O plano urbansticoda capital, conhecido como "Plano Piloto",foi elaborado pelo urbanista Lcio Costa,que, aproveitando o relevo da regio,

    adequou-o ao projeto do Lago Parano,concebido em 1893 pela Misso Cruls. Acidade comeou a ser planejada edesenvolvida em 1956 por Lcio Costa epelo arquiteto Oscar Niemeyer. Inauguradaem 21 de abril de 1960, pelo entopresidente Juscelino Kubitschek, Brasliatornou-se formalmente a terceira capital doBrasil, aps Salvador e Rio de Janeiro.

    Lygia Clark apresenta os Bichos na IIExposio Neoconreta, no Rio deJaneiro.

    Ferreira Gullar pblica em 19 de maro no Suplemento Dominical doJornal do Brasil, sua Teoria do no objeto. A expresso no-objetono pretende designar um objeto negativo ou qualquer coisa que sejao oposto dos objetos materiais (...) O no-objeto no um antiobjetomas um objeto especial em que se pretende realizada a sntese deexperincias sensoriais e mentais(...).

    O sovitico Yuri Gagarin oprimeiro homem no espao.

    1961

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    1961

    VI Bienal de SP: Mrio Pedrosa solicita URSS obras para a exposio deconstrutivistas e suprematistas russos. AURSS enviou apenas representantes daarte realista. 1962

    O Brasil bicampeo do Mundo de futebol no Chile com o placarde 3x1 sobre a seleo da antiga Tchecoslovquia.

    Andy Warhol exibe na Galeria Ferus, Los Angeles,suas obras - caixas Brillo e as sopas Campbell.

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    1964

    ... e o Marechal Castelo Branco assume a presidncia daRepblica. Est instaurada uma ditadura que durar 21 anos.

    No dia 01 de abril o presidente JooGoulart deposto pelo Golpe Militar...

    O show Opinio, espetculo musicaldo Teatro de Arena dirigido porAu gu st o Bo al , co m te xt o deOduvaldo Vianna Filho e com umelenco contitudo pelos artistas NaraLeo (mais tarde substituda porMaria Bethnia, por indicao daprpria Nara), Joo do Vale e Z Kti,estreou em 11 de dezembro de 1964,

    alguns meses aps o golpe militar, not ea t ro d o Sh o p p i n g Cen t e rCopacabana, sede do Teatro deArena no Rio de Janeiro. O show-manifesto fez grande sucesso etornou-se referncia na msica deprotesto.

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    1968

    Na Frana, as manifestaes violentas dos estudantes e dosoperrios em Maio de 1968 abalam as fundaes do prprioEstado. No resto da Europa, os estudantes tambmmanifestam-se contra os seus governos, que consideramautoritrios. Em Paris, o paraleleppedo foi eleito como aarma e o smbolo da contestao ao poder estabelecido.

    Ocorre confronto entre polcia eestudantes brasileiros em protestocontra a ditadura militar. A tenso entreo governo e o movimento estudantilaumentou quando o estudante

    secundarista Edson Lus foi morto. realizada a Passeata dos 100 mil no Riode Janeiro. O Congresso Nacional dissolvido e o governo militar lana oAto Institucional n 5 (AI-5), cassandodiversos direitos polticos.

    Os astronautas Armstrong eAl dr in s o os pr im ei ro sh o m e n s n a L u a . Oacontecimento transmitidovia satlite.

    1969

    realizado Nos EUA o festivalde rock de Woodstock

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    No Brasil, logo no incio da dcada, o embaixador daAlemanha Ocidental seqestrado no Rio de Janeiro,sendo, depois, trocado por 40 presos polticos. Depoisdeste, h o sequestro do embaixador suo GiovanniEnrico Bucher. Os seqestradores exigem e conseguema libertao de setenta presos polticos. iniciada aconstruo da Transamaznica. A marchinha Pra frenteBrasil, composta por Miguel Gustavo para a Copa doMundo, torna-se sucesso nacional. O Brasil assiste, pelaprimeira vez, ao vivo conquista do tricampeonatomundial de futebol transmitido direto do Mxico pelaTV Globo. Na msica, destaque para os Docesbrbaros, idealizada por Maria Bethania, Gilberto Gil,Gal Costa e Caetano Veloso.

    Foi a dcada em que aconteceu a crise do petrleo,o que levou os Estados Unidos recesso, aomesmo tempo em que economias de pases comoo Japo comeavam a crescer. Nesta pocatambm surgia o movimento da defesa do meio-ambiente, e houve tambm um crescimento dasrevolues comportamentais da dcada anterior.

    Eclodiam nesta poca os movimentos musicais doRock and Roll, das discotecas, e tambm doexperimentalismo na msica erudita. tambmnesta dcada que surge o movimento punk.

    Foi lanado nos Estados Unidos o primeiro video-game do mundo, o Odyssey 100. Em 1972iniciam-se as primeiras transmisses de TV emcores no Brasil, bem como as operaes de rdio

    FM.

    D-se a Revoluo dos Cravos em Portugal (25 deAbril de 1974) e a independncia das entocolnias portuguesas na frica: Angola, Cabo

    Verde, Guin-Bissau, Moambique e So Tom ePrncipe. Fim da Guerra do Vietn.

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    A seleo brasileira tri-campe da Copa do Mundo do Mxicocom um placar de 4x1 sobre a seleo italiana.

    1970

    Lygia Clark inicia sua srie ObjetosRelacionais/Estruturao do Self, passando atrabalhar no limite entre a psicanlise e a arte.

    1970

    1971Carlos Lamarca, lder guerrilheiro morto no interior

    da Bahia por tropas do exrcito.

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    1974

    Ponte Rio-Niteri, no primeiro dia liberado ao trfego

    1975

    Fim da guerra do Vietn.

    Abertura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio deJaneiro. Teve como primeiro diretor Rubens Gerchman.

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    1978

    Nasce o primeiro beb de proveta, na Inglaterra.

    Incndio do MAM-RJ, destruio de80% do acervo.

    1979

    Sancionada a Lei da Anistia. Vrios exilados retornam ao Brasil.

    Surge o grupo 3ns3 em So Paulo, realizando intervenes urbanas.(Na foto, Hudinilson Jr., um dos artistas componentes do grupo.)

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    Desenvolvido o IBM PC e o Apple Macintosh e as primeiras interfacesgrficas: o Windows e o MacOS. Desenvolvimento do CD. Popularizaodos computadores pessoais, ou PCs, walkmans e videocassetes.

    A dcada de 80 marcada pela Revoluo Iraniana, a Guerra dasMalvinas, a Vitria Sandinista na Nicargua, abertura econmica da Uniosovitica, queda das ditaduras militares na Amrica Latina e do Muro de

    Berlim na Alemanha.A economia do perodo ficou marcada pela consagrao do modeloneoliberal nos Estados Unidos, atravs do governo Ronald Reagan e noReino Unido, pela ao da primeira-ministra Margaret Thatcher. Essemodelo prev a menor interferncia possvel do Estado na atividadeeconmica, como estmulo iniciativa individual e competio. Taismedidas exercem influncia at hoje.

    No Brasil, em 1982, a dermatologista paulista Valria Petri, da EscolaPaulista de Medicina, identifica o primeiro caso de Aids no pas. Em 1984,ocorre o movimento "Diretas J", que reivindicava eleies presidenciaisdiretas no Brasil. Ocorre o primeiro Rock in Rio em 1985.

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    Hlio Oiticica morre no dia 22 de maro, no Rio de Janeiro,vtima de um derrame.

    1980

    1981

    Exploso da bomba no estacionamento do Riocentro, durante umshow em comemorao do Dia do Trabalho.

    A IBM lana o primeiro computador pessoal: IBM-PC.

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    1983

    Niemeyer projeta a Passarela do Samba, conhecida tambmcomo Sambdromo no Rio de Janeiro.

    Movimento pelas Diretas J.

    1984

    Com a curadoria de Paulo Roberto Leal,Marcos Lontra e Sandra Magger, realizada naEscola de Artes Visuais do Parque Lage no Rio

    de Janeiro, a exposio Como Vai Voc,Gerao 80?. A exposio conta com a

    participao de artistas do Rio de Janeiro, MinasGerais, So Paulo, Pernambuco, Amazonas e

    Mato Grosso.

    T d N d b d d B li

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    1985

    Tancredo Neves assume apres idnc ia do Bras i l .Tancredo comove o Brasilcom sua morte. Jos Sarneytoma posse.

    1986

    Decretao do Plano Cruzado, destinado a conter e a estabilizar a nossaeconomia, o cruzado vira moed nacional.

    1989

    derrubado o muro de Berlim.

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    Na frica, o aumento nos casos de AIDS e inmerasguerras levaram diminuio da expectativa de vida enada de crescimento econmico. Em ex-naessoviticas, havia fuga de capital e o PIB decrescente.Crises financeiras nos pases em desenvolvimentoforam comuns depois de 1994. Eventos trgicoscomo as guerras nos balcs, genocdio de Ruanda, aBatalha de Mogadscio e a primeira Guerra do Golfo,assim como o crescimento do terrorismo marcarama dcada.No Brasil, os anos 90 comearam com instabilidade,com o confisco de poupanas do presidenteFernando Collor. Os negcios escusos de Collormais tarde levariam milhares de jovens a criarem omovimento "Caras Pintadas" e pedirem seuimpeachment.No governo seguinte (Itamar Franco), o pasexperimentou estabilidade econmica e crescimentocom o Plano Real (1994), que igualava a paridade da

    moeda e do dlar. O Ministro da Fazenda que criouo Real, Fernando Henrique Cardoso, se elegeriapresidente por duas vezes seguidas.Os anos 90 tambm trouxeram o desenvolvimentotecnlogico mais rpido da histria, tornandopopular e aperfeioando tecnologias inventadas nadcada de 80.

    criado o Processador Pentium da Intel. Popularizao doMicrosoft Windows, especialmente aps o Windows 95.Crescimento explosivo da internet, devido a queda no custo decomputadores e tecnologia. Conexes mais rpidas tornaram a

    World Wide Web mais fcil e popular.O telefone celular cresce em popularidade e diminui o tamanho,se tornando uma necessidade moderna. O sistema Linux desenvolvido. A tecnologia do CD aperfeioada no DVD.Felizmente o anunciado Bug do milnio no ocorre (termo usadopara se referir ao problema previsto ocorrer em todos os sistemasinformatizados na passagem do ano de 1999 para 2000). clonada a ovelha Dolly. Comea o Projeto Genoma Humano.

    A identificao do DNA torna-se muito utilizada na soluo decrimes.

    Collor toma posse como presidente

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    1990

    Collor toma posse como presidentedo Brasil.

    1992

    Movimento dos caras-pintadas, pedindo a sada do presidenteCollor do governo que, devido as presses, acaba renunciando.Sei vice, Itamar Franco, assume a presidnc ia.

    realizada no Rio de janeiro a ECO 92, encontro internacional emdefesa do meio ambiente.

    lanado o Plano Real pelo ento

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    1994

    lanado o Plano Real pelo, ento,ministro da fazenda Fernando HenriqueCardoso no governo Itamar Franco.

    A seleo brasileira tetracampemundial na Copa dos EUA.

    1996

    inaugurado no dia 02 de setembro o Museu de Arte Contemporneade Niteri, projeto de Oscar Niemeyer, o prdio foi construdo para

    abrigar parte da Coleo de arte Joo Sattamini tornando-se em pouco