Material Unifesp ExercicioProjetoFAUUSP Final · 5"...

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1 Campus Zona Leste da UNIFESP: um desafio à imaginação projetual Estabelecendo o diálogo entre a FAU USP e a Universidade Federal de São Paulo Caros estudantes e colegas da FAU USP, A convite dos professores da FAU USP na disciplina AUP0154 (ArquiteturaProjeto VI), com o tema Projeto de Arquitetura de Equipamentos Públicos, que decidiram apresentar como objeto de estudo para os estudantes do 4 o ano o novo Campus da UNIFESP na Zona Leste, gostaria de agradecer o interesse e a disposição em realizar este diálogo pedagógico, político e projetual conosco – que ainda não temos um curso de arquitetura e urbanismo. Tenho certeza que será estimulante não apenas para nós, mas para todas as universidades públicas em expansão no Brasil, que precisam (re)inventarse como espaço qualificado de produção e divulgação de conhecimento, crítico e socialmente referenciado, e contribuir decisivamente para um projeto de desenvolvimento nacional, com soberania e justiça social. A relação universidadesociedadecidade deve continuar sendo investigada, problematizada e imaginada – e é o que pretendemos fazer. E temos muito a aprender, inclusive com a história da FAU USP, que é um importante capítulo dessa experimentação espacial, pedagógica e política. Apresento a seguir algumas informações sobre nossa Universidade, sua recente expansão e questões que norteiam o projeto para o novo Campus na Zona Leste. Este documento é composto por um breve texto de apresentação da instituição, sua história recente e desafios para o novo Campus, o programa preliminar de necessidades apresentado por fases de implantação e base documental com levantamento planialtimétrico do terreno em vias de cessão pela Prefeitura de São Paulo para a UNIFESP. O material aqui apresentado é para uso exclusivamente acadêmico nesta disciplina e versão preliminar que encontrase em debate interno na UNIFESP e com os parceiros envolvidos na implantação do Campus (Prefeitura, MEC, Movimento pela Universidade Federal na Zona Leste e Sociedade civil). Já foram realizadas duas Audiências Públicas, uma na Zona Leste e outra na Câmara Municipal de São Paulo e os debates sobre a implantação, cursos, projetos e obras seguirão ocorrendo em ambiente público, plural e democrático. Estamos a disposição para seguir neste diálogo com vocês, para debater propostas, trazer novas informações, questões e esclarecimentos. Além desta parceria, temos outras iniciativas junto a FAU USP, com um convênio e programa de estágios (já em andamento) e um convênio em preparação com o Laboratório de Projetos LABPROJ e seu Grupo de Pesquisa em Projeto de Arquitetura de Equipamentos Públicos com objetivo de realização de assessorias, pesquisa, formação e capacitação profissional. Um abraço a todos e bom “exercício experimental da liberdade”, como diria Mário Pedrosa. Que o nosso Campus da Zona Leste estimule a todos vocês os melhores desejos de conceber os espaços de uma universidade generosa e socialmente transformadora. Prof. Pedro Fiori Arantes PróReitor adjunto de Planejamento da UNIFESP

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Campus  Zona  Leste  da  UNIFESP:  um  desafio  à  imaginação  projetual  Estabelecendo  o  diálogo  entre  a  FAU  USP  e  a  Universidade  Federal  de  São  Paulo  

 

 

Caros  estudantes  e  colegas  da  FAU  USP,  

 

A  convite  dos  professores  da  FAU  USP  na  disciplina  AUP-­‐0154   (Arquitetura-­‐Projeto  VI),   com   o   tema   Projeto   de   Arquitetura   de   Equipamentos   Públicos,   que   decidiram  apresentar  como  objeto  de  estudo  para  os  estudantes  do  4o  ano  o  novo  Campus  da  UNIFESP  na   Zona   Leste,   gostaria   de   agradecer   o   interesse   e   a   disposição   em   realizar   este   diálogo  pedagógico,  político  e  projetual  conosco  –  que  ainda  não  temos  um  curso  de  arquitetura  e  urbanismo.   Tenho   certeza   que   será   estimulante   não   apenas   para   nós,  mas   para   todas   as  universidades   públicas   em   expansão   no   Brasil,   que   precisam   (re)inventar-­‐se   como   espaço  qualificado  de  produção  e  divulgação  de  conhecimento,  crítico  e  socialmente  referenciado,  e  contribuir   decisivamente   para   um   projeto   de   desenvolvimento   nacional,   com   soberania   e  justiça   social.   A   relação   universidade-­‐sociedade-­‐cidade   deve   continuar   sendo   investigada,  problematizada   e   imaginada   –   e   é   o   que   pretendemos   fazer.   E   temos  muito   a   aprender,  inclusive  com  a  história  da  FAU  USP,  que  é  um   importante  capítulo  dessa  experimentação  espacial,  pedagógica  e  política.  

Apresento   a   seguir   algumas   informações   sobre   nossa   Universidade,   sua   recente  expansão   e   questões   que   norteiam   o   projeto   para   o   novo   Campus   na   Zona   Leste.   Este  documento   é   composto   por   um   breve   texto   de   apresentação   da   instituição,   sua   história  recente   e   desafios   para   o   novo   Campus,   o   programa   preliminar   de   necessidades  apresentado   por   fases   de   implantação   e   base   documental   com   levantamento  planialtimétrico  do  terreno  em  vias  de  cessão  pela  Prefeitura  de  São  Paulo  para  a  UNIFESP.  

O  material  aqui  apresentado  é  para  uso  exclusivamente  acadêmico  nesta  disciplina  e  versão   preliminar   que   encontra-­‐se   em   debate   interno   na   UNIFESP   e   com   os   parceiros  envolvidos   na   implantação   do   Campus   (Prefeitura,   MEC,   Movimento   pela   Universidade  Federal  na  Zona  Leste  e  Sociedade  civil).  Já  foram  realizadas  duas  Audiências  Públicas,  uma  na  Zona  Leste  e  outra  na  Câmara  Municipal  de  São  Paulo  e  os  debates  sobre  a  implantação,  cursos,  projetos  e  obras  seguirão  ocorrendo  em  ambiente  público,  plural  e  democrático.    

Estamos  a  disposição  para  seguir  neste  diálogo  com  vocês,  para  debater  propostas,  trazer   novas   informações,   questões   e   esclarecimentos.   Além  desta   parceria,   temos   outras  iniciativas  junto  a  FAU  USP,  com  um  convênio  e  programa  de  estágios  (já  em  andamento)  e  um   convênio   em   preparação   com   o   Laboratório   de   Projetos   -­‐   LABPROJ   e   seu   Grupo   de  Pesquisa  em  Projeto  de  Arquitetura  de  Equipamentos  Públicos   com  objetivo  de   realização  de  assessorias,  pesquisa,  formação  e  capacitação  profissional.  

Um  abraço  a  todos  e  bom  “exercício  experimental  da  liberdade”,  como  diria  Mário  Pedrosa.  Que  o  nosso  Campus  da  Zona  Leste  estimule  a  todos  vocês  os  melhores  desejos  de  conceber  os  espaços  de  uma  universidade  generosa  e  socialmente  transformadora.  

 

 

Prof.    Pedro  Fiori  Arantes      

Pró-­‐Reitor  adjunto  de  Planejamento  da  UNIFESP  

 

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A  Escola  Paulista  de  Medicina,  a  UNIFESP  e  sua  expansão  

Criada   em   1933   por   um   grupo   de   médicos   reunidos   em   uma   sociedade   sem   fins  lucrativos,   a   Escola   Paulista   de   Medicina   (EPM)   foi   federalizada   em   1956   e,   em   1994,  transformada   em   Universidade   Federal   de   São   Paulo   UNIFESP,   primeira   universidade  especializada   em   saúde   no   país,   abrigando   em   seu   currículo   de   graduação   os   cursos   de  Medicina,  Enfermagem,  Biomedicina,  Fonoaudiologia  e  Tecnologias  Oftálmica  e  Radiológica.    

Em   2005,   foi   iniciado   o   projeto   de   expansão   com   a   criação   do   Campus   Baixada  Santista  Inaugurado  em  2005.  Este  Campus  amplia  o  compromisso  histórico  da  Universidade  com   a   área   da   saúde.   Seus   cursos   de   graduação   em   Fisioterapia,   Terapia   Ocupacional,  Psicologia,   Nutrição,   Assistência   Social   e   Educação   Física   oferecem   uma   formação  profissional   e   científica   sólida   e   propõem   o   desenvolvimento   da   competência   para   o  trabalho  em  equipe,  com  projeto  pedagógico  baseado  na  educação  interprofissional.  

Em  2007,  com  o  objetivo  de  tornar-­‐se  uma  universidade  plena  em  todas  as  áreas  do  conhecimento,   a  UNIFESP   implantou  mais   três   campi,   em  Diadema,  Guarulhos   e   São   José  dos  Campos  –  dentro  do  REUNI  (Programa  de  Apoio  a  Planos  de  Reestruturação  e  Expansão  das  Universidades   Federais)   –,   e  mais   três   na   segunda   fase   de   Expansão   (Osasco,   Embu  e  Zona   Leste,   os   dois   últimos   em   fase   inicial   de   implantação).   Formamos   assim   a   seguinte  geografia  multicampi:  

  O  Campus  de  Diadema  foi  criado  com  o  propósito  de   integrar,  cursos  relacionados  às  Ciências  Químicas   e   Farmacêuticas.   Com  vocação   ambiental,   a  mesma  ocupa  um  papel  importante   formador   nas   carreiras   de   Ciências   Biológicas,   Química,   Engenharia   Química,  Farmácia   e   Bioquímica,   habilitando   o   entendimento   global   das   características,  especificidades   e   estratégias   desta   área   de   conhecimento,   além   de   oferecer   formação  tradicional  em  cada  uma  das  carreiras.  

O   Campus   Guarulhos  marca   a   entrada   da   UNIFESP   na   área   das   Humanidades.   Os  cursos  de  Filosofia,  Ciências  Sociais,  História,  História  da  Arte,  Letras  e  Pedagogia  articulam  atividades  de  ensino,  pesquisa  e  extensão  com  o  objetivo  de  preparar  profissionais  aptos  a  atuar   e   refletir   criticamente   sobre   a   sociedade   brasileira   e   o  mundo   contemporâneo,   por  meio   de   sólida   formação   intelectual   em   cada   uma   das   áreas,   que   se   abrem,   ao   mesmo  tempo,  para  o  diálogo  interdisciplinar.  

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  O   Campus   São   José   dos   Campos   faz   parte   do   Parque   Tecnológico,   recentemente  instalado  na  cidade.  Nesse  núcleo  se  concentram  diversas  instituições  de  ensino  e  pesquisa  em  tecnologia.  Em  parceria  com  a  prefeitura,  a  UNIFESP  iniciou  um  curso  de  Bacharelado  em  Ciências  da  Computação.  Este  curso  tem  por  objetivo  formar  profissionais  com  sólida  base  científica   e   tecnológica   para   atuar   na   área   de   informática,   assim   como   ingressar   em  programas   de   Pós-­‐Graduação   e   Pesquisa.   O   currículo   é   composto   por   disciplinas  obrigatórias,  que  tem  como  finalidade  a  formação  geral  na  área  de  informática;  e  disciplinas  eletivas,   nas   áreas   de   Sistemas   de   Informação   e   Computação,   Computação   Teórica   e  Informática  em  Saúde.  

  No   Campus   Osasco   são   ofertados   cursos   de   Ciências   Econômicas,   Ciências  Contábeis,   Administração   e   Relações   Internacionais,   baseados   em   uma   concepção  pedagógica  alinhada  com  as  mais  modernas  tendências  mundiais,  em  face  da  qual  equilibra-­‐se  a  preocupação  de   fornecer  ao  aluno  de  graduação  substrato  para  que  saia  apto  para  o  mercado   de   trabalho   e   para   novas   imersões   acadêmicas,   sempre   com   consciência   de   seu  papel   social   e  de   sua   responsabilidade  pública,   ampliando   sua  oferta  de   cursos  para  2013  com  o  curso  de  Ciências  Atuariais,  que  já  faz  parte  do  processo  seletivo  para  o  1º  semestre.  

Os  Campi  do  Embu  e  da  Zona  Leste  fazem  parte  da  mais  nova  fase  de  expansão,  já  aprovada  pelo  MEC.  No  caso  da  Zona  Leste,  o  Campus  foi  resultado  de  ampla  mobilização  da  sociedade   civil   da   região   e   está   sendo   debatido   em   Audiências   Públicas.   Nesse  momento  estão  sendo  debatidos  por  meio  de  Grupos  de  Trabalho  o  perfil  dos  primeiros  cinco  cursos  de  graduação  que  ali  serão  implantado,  as  atividades  de  extensão  universitária  já  em  curso  e  o  cronograma  de  implantação  do  Campus.    

Com   toda   essa   expansão,   a   Universidade   Federal   de   São   Paulo   é   uma   das  universidades  públicas  brasileiras  que  mais  cresceu  na  última  década,  aumentando  de  6  para  73   o   número  de   cursos   de   graduação   (aumento  de   1.117%),   o   número  de   estudantes   em  669%  e  o  de  professores  em  185%.  Com  a  adesão  ao  Reuni  (Programa  de  Apoio  a  Planos  de  Reestruturação  das  Universidades  Federais).  

 

A  seguir,  apresentamos  alguns  gráficos  do  nosso  crescimento:  

 

 

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Crises  da  expansão  e  a  nova  gestão    

Após   duas   décadas   de   desinvestimento   e   precarização   das   universidades   federais,  sobretudo   durante   a   Era   FHC   (1994-­‐2002)   –   enquanto   o   sistema   privado   superior  quintuplicou   no   Brasil   –   no   sistema   público   federal,   vivíamos   arrocho   salarial,   falta   de  reposição  de  professores  e  técnicos,  desprestígio  acadêmico  e  falta  de  condições  de  ensino  e   pesquisa.   Nesse   contexto,   o   desafio   de   fazer   a   expansão   do   sistema   federal   de   ensino  superior  nessas  proporções  era  enorme.  Não  tínhamos  corpo  técnico,  sobretudo  na  área  de  planejamento,   arquitetura   e   engenharia   para   dar   conta   das   novas   demandas   de   planos,  projetos   e   obras.   E   as   gestões   da   UNIFESP   que   avançaram   com   a   expansão   pouco   se  preocuparam   em   estrutura   esse   setor   estratégico   para   o   crescimento   sustentado   da  universidade.      

Assim,  nosso  cinco  novos  campi  foram  inaugurados  e  colocados  em  funcionamento  sem  um  planejamento  adequado  de  sua   infraestrutura,  o  que   levou  a  situações  críticas  de  falta   de   condições   de   ensino,   acesso   e   permanência   –   e   à   tomada   de   decisões   por  ampliações,   obras,   aluguéis   e   compra   de   imóveis   não   coordenadas   e   muito   aquém   do  necessário.   Esse   descompasso   resultou   em   situações   de   crise   nacionalmente   divulgadas,  com  greves,  ocupações,  prisão  de  estudantes,  conflitos  internos  à  comunidade  acadêmica  e  ameaça   de   suspensão   de   vestibulares.   Dentro   do   Reuni   apenas   um   novo   edifício   foi  

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inaugurado  até  o  momento   (na  Baixada  Santista)  e  outro  encontra-­‐se  em  obra.  Os  demais  edifícios  cedidos,  alugados  ou  doados  não  são,  em  geral,  adequados  às  atividade  de  ensino,  pesquisa,   extensão,   administração   e   assistência,   apresentando   precariedades   e   falta   de  espaços.    

Com  a  eleição  da  nova  reitora,  Profa.  Soraya  Smaili,  primeira  mulher  e  não  médico  a  dirigir   a   UNIFESP   (ver   entrevista   na   Revista   da   Adusp   n.   54,   de   maio   de   2013,  adusp.org.br/files/revistas/54/mat01.pdf  ),   resultado   de   ampla   mobilização   no   ano   passado  (quando  ocorreu  a  maior  greve  da  história  das  universidades  federais),  que  deu  origem  a  uma  chapa  denominada  “Plural  e  democrática”,  composta  por  um  grupo  representativos  de  todos  os   segmentos   (professores,   estudantes   e   técnicos),   campi   e   áreas   de   conhecimento,   com  gente  nova  e  antiga,  aliados  para  dirigir  a  universidade  em  uma  nova  etapa  de  sua  história.  A  eleição   foi   feita   por   consulta   direta   à   comunidade   acadêmica,   referendada   pelo   Conselho  Universitário  e  Governo  Federal,  e  a  nova  gestão  tomou  posse  em  fevereiro  deste  ano.    

A   área   de   projetos   de   infraestrutura   da   UNIFESP   está   sendo   atualmente  reestruturada  e  foi  transferida  da  área  administrativa  para  a  Pró-­‐Reitoria  de  Planejamento,  com   a   formação   de   novos   departamentos   (Planos   Diretores,   Edificações,   Laboratórios   e  Imóveis).  O  pró-­‐reitor  adjunto  é  professor  arquiteto  da  instituição,  formado  na  FAU  USP  (a  primeira  vez  que  alguém  da  área  dirige  o  setor,  antes  comandado  apenas  por  médicos).    A  Pró-­‐Reitoria   está   reestruturando   todas   as   ações   na   área,   com   a   contratação   de   planos  diretores   e  projetos   executivos,   abertura  de  novos   concursos  para   servidores   arquitetos   e  engenheiros,   mapeamento   de   processos,   aumento   da   transparência   nas   solicitações   e  pareceres,  melhora  na  preparação  de  licitações  e  na  fiscalização  e  gerenciamento  de  obras,  programa  de  estágios  etc.  Também  estamos  realizando  parcerias  com   instituições,  como  a  FAU   USP   e   o   IAB,   para   organização   de   concursos   de   projetos   diversos,   a   começar   pela  moradia  estudantil  e  os  novos  campi.  Nesta  Pró-­‐Reitoria  foi  também  instaurado  o  Conselho  de  Planejamento,  o  primeiro  conselho  central  paritário  da  instituição,  que  define  diretrizes  e  prioridades  para  a  área.  Mais  informações  no  site:  www.planejamento.unifesp.br  

 

O  novo  Campus  da  Zona  Leste  

A  implantação  de  novos  Campi  da  UNIFESP  na  região  Metropolitana  de  São  Paulo  foi  direcionada  para  áreas  periféricas,  de  baixo   IDH,   socialmente   frágeis  e  que  podem  ganhar  impulso  em  desenvolvimento  local,  seja  econômico,  urbano  e  intelectual  com  a  implantação  dos   campi.   O   conjunto   dos   novos   Campi   pretende   realizar   um   anel   metropolitano   como  indica  o  mapa  abaixo:  

 

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A  luta  pela  implantação  de  Universidades  Públicas  na  Zona  Leste  é  antiga,  data  dos  anos   1980   na   redemocratização   brasileira   e   momento   em   que   movimentos   sociais   e  comunidades   de   base   foram  muito   ativas   na   Zona   Leste.   Paulo   Freire,   quando   secretário  municipal  da  Educação  na  gestão  Erundina  foi  um  dos  grandes  apoiadores  da  causa.  Apenas  em   2005   a   USP   inaugurou   seu   Campus   na   Zona   Leste   e   agora   é   a   vez   da   Universidade  Federal  de  São  Paulo.  

O  terreno  de  cerca  de  170  mil  m2  de  uma  antiga  metalúrgica  que  falira,  na  região  de  Itaquera,  foi  conquistado  graças  a  mobilização  da  sociedade  civil  na  região  e  de  partidos  que  apoiaram  a   causa,   sendo   capitaneada  pelo  Movimento  pela  Universidade  Federal  na   Zona  Leste.  Em  fevereiro  deste  ano  é  consumada  a  desapropriação  pela  Prefeitura  de  São  Paulo  e  em  março  a  Câmara  Municipal  aprova  a  autorização  de  cessão  do  terreno  para  a  UNIFESP,  que   aguarda   laudos   ambientais   e   de   contaminação   para   concluir   o   processo   definitivo   de  cessão.   Enquanto   isso   a   UNIFESP   manteve   intenso   diálogo   com   prefeitura   e   movimentos  sociais   da   região,   instituiu   grupos   de   trabalho   e   está   realizando   atividades   de   extensão  universitária  e  debatendo  quais  cursos  ali  serão  implantados.  

 O  Campus  está  localizado  numa  região  originalmente  de  chácaras,  depois  industrial  

e  atualmente  em  transformação,  defronte  a  uma   importante  avenida  da  região,  a  Av.   Jacu  Pêssego,  que  interliga  o  Rodoanel  e  o  ABC  com  Guarulhos  e  a  Rodovia  Dutra  e  atualmente  está   sobrecarregada  enquanto  o   trecho   leste  do  Rodoanel  não   tem  suas  obras  concluídas.  Fica  próximo  a  uma  das  áreas  de  preservação  ambiental  maiores  da  cidade,  a  APA  do  Carmo,  bem   como   ao   Parque   do   Carmo   e   ao   SESC   Itaquera.   Está   próximo   de   quatro   centros   de  bairros   importantes  da  Zona  Leste:   Itaquera,  São  Mateus,  Guaianases  e  Cidade  Tiradentes.  Toda   a   região   da   Av.   Jacu   Pêssego   faz   parte   de   uma  Operação   Urbana   prevista   no   Plano  Diretor  Estratégico  da  Cidade,  chamada  O.U.  Rio  Verde-­‐Jacu,  em  fase  de  projeto.  Trata-­‐se  de  uma   operação   urbana   fora   do   eixo   de   interesse   do   mercado   imobiliário   e   que   deve   ser  pensada  sob  outros  critérios  de  investimento,  desenho  urbano  e  justiça  social.  

A  acessibilidade  ao  Campus  por  meio  de  transporte  de  massas  também  é  favorável,  pois  está  próximo  do  terminal  Itaquera,  da  estação  Dom  Bosco  da  CPTM  e  da  futura  estação  Jacu-­‐Pêssego   do   monotrilho   que   chegará   a   Cidade   Tiradentes.   Além   disso,   na   Av.   Jacu  Pêssego   está   em   projeto   um   corredor   de   ônibus   intermunicipal,   com   parada   defronte   ao  Campus  e  sistema  de  passarelas  de  acesso  direto  à  universidade.    

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O  terreno  em  vias  de  cessão  pela  prefeitura  possui  dois  grandes  patamares,  um  no  qual  se  encontram  as  instalações  da  antiga  fábrica  e  outro,  mais  alto,  que  está  desimpedido.  Dos  galpões  industriais  não  há  nenhuma  diretriz  de  manutenção,  dada  sua  baixa  qualidade  e  pouco   valor   arquitetônico,   mas   podem   ser   parcialmente   mantidos   e   renovados   caso   os  estudos   considerem   viável   e   interessante.   O   terreno   conta   ainda   com   duas   nascentes   e  respectivos   córregos,   que   devem   ser   protegidos   conforme   a   legislação   constituindo   uma  área  de  bosque,  lazer  e  estudos  ambientais  no  Campus.  A  cobertura  vegetal  do  terreno  está  sendo  analisada  em  laudo  ainda  não  concluído,  mas  percebe-­‐se  visualmente  que  fora  da  APP  a  maior  parte  da  vegetação  é  exótica  e  composta  por  eucaliptos.    

Além   de   contar   com   uma   fachada   metropolitana   e   de   acesso   de   transportes   de  massa,  voltada  para  a  Av.  Jacu  Pêssego,  o  Campus  possui  outra  via  de  acesso,  pelo  alto  (lado  oeste),  que  pode  estar  associada  a  vida  de  bairro  a  ser  consolidado  no  entorno,  modificando  o  zoneamento  industrial  com  a  revisão  do  Plano  Diretor  e  o  projeto  da  Operação  Urbana.  A  Rua   Sho   Yoshioka   dá   acesso   ao   Parque   do   Carmo,   ao   SESC   Itaquera   e   a   loteamentos  populares  ao  redor.  De  modo  que  o  Partido  projetual  deve  levar  em  consideração  as  escalas  diferentes  de  cada  fachada  urbana  do  Campus.  

 

 

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Outras  diretrizes  relevantes  para  a  definição  do  Partido  projetual:  

- Pretende-­‐se   a   articulação   do   Campus   com   a   cidade   e   o   entorno,   fortalecendo   o  sentido   de   espaço   público   para   todos   e   não   como   uma   universidade   murada  fechada  sobre  si  mesma.  Deste  modo  as  zonas  de  transição  com  a  cidade  devem  ser  muito  bem  estudadas,   formando  parques,  praças  e  ali  posicionando  equipamentos  da   Universidade   que   serão   abertos   ao   público.   São   eles,   possivelmente:   Teatro,  Biblioteca,  Museu,  Restaurante,  Parque/Clube.  

- A   implantação   do   Campus   se   dará   por   fases,   a   primeira   delas   contará   com   cinco  cursos.  As  demais  deverão  ocorrer  até  a  consolidação  do  Campus,  em  20  anos,  com  a  possibilidade  de  chegar  a  15  cursos  de  graduação  e  pós-­‐graduação.  O  programa  de  necessidades   apresentado   nas   tabelas   a   seguir   foi   dividido   em   três   fases   de  implantação,   com   volume   de   construção   e   investimento   similares   entre   si.   Até   o  momento,   está   aprovado   junto   ao   MEC   apenas   a   primeira   fase.   Contudo,   no  exercício   projetual   é   preciso   garantir   espaço   para   a   ampliação   de   edificações  conforme  descrito  em  cada  fase  de  modo  a  termos  o  Campus  pleno  em  até  20  anos.  

- Não   há   limite   de   gabarito,   de  modo   que   a   combinação   de   edifícios   horizontais   e  verticais  pode  ser  positiva  como  forma  de  enfrentamento  do  terreno  e  do  programa,  além   de   valorizar   as   vistas   para   toda   essa   região   e   da   APA   do   Carmo   que   dali   é  possível.  

- A   moradia   estudantil,   atlética   e   determinadas   áreas   de   convivência   estudantis  deverão   ficar   em  área   separada/reservada   em   relação   ao   restante  do  Campus,   de  modo   a   garantir   um   espaço   de   vida   distinto   das   áreas   acadêmicas   e   o   caráter   de  lugar  (república)  autogerida  pelos  estudantes.    

- Há   planejamento   de   novo   viário   no   entorno   ao   Campus   e   integração   com   bairros  que  estão  em  projeto  na  Secretaria  de  Desenvolvimento  Urbano,  o  que  resultará  em  novas  possibilidades  de  acessos  e  fachadas  urbanas.  Sugerimos  o  contato  com  esta  Secretaria  para  que  ela  apresente  a  versão  mais  atual  destes  planos.  

   O  Programa  de  Necessidades  é  apresentado  em  ANEXO  na  forma  de  planilha.    

Page 9: Material Unifesp ExercicioProjetoFAUUSP Final · 5" inaugurado"até"o"momento"(na"Baixada"Santista)"e"outro"encontra:se"em"obra."Osdemais edifícios"cedidos,"alugados"ou"doados"não"são,"em"geral,"adequados"às

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Imagens  do  terreno