MATHEUS PEREIRA BARBOSA ESTUDO DA INTERAÇÃO …MATHEUS PEREIRA BARBOSA ESTUDO DA INTERAÇÃO ENTRE...
Transcript of MATHEUS PEREIRA BARBOSA ESTUDO DA INTERAÇÃO …MATHEUS PEREIRA BARBOSA ESTUDO DA INTERAÇÃO ENTRE...
MATHEUS PEREIRA BARBOSA
ESTUDO DA INTERAÇÃO ENTRE GRUPOS DE PAREDES
NA DISTRIBUIÇÃO DAS CARGAS VERTICAIS EM
EDIFÍCIOS DE ALVENARIA ESTRUTURAL
NATAL-RN
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Matheus Pereira Barbosa
Estudo da interação entre grupos de paredes na distribuição das cargas verticais em edifícios
de alvenaria estrutural
Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade
Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do Título de Bacharel
em Engenharia Civil.
Orientador: Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento
Neto
Natal-RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Sistema de Bibliotecas – SISBI
Catalogação da Publicação na Fonte - Biblioteca Central Zila Mamede
Barbosa, Matheus Pereira.
Estudo da interação entre grupos de paredes na distribuição das cargas
verticais em edifícios de alvenaria estrutural / Matheus Pereira Barbosa. -
2017.
79 f. : il.
Monografia (graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do
Norte, Centro de Tecnologia, Programa de graduação em Engenharia
Civil. Natal, RN, 2017.
Orientador: Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento Neto.
1. Alvenaria estrutural - Monografia. 2. Modelagem computacional -
Monografia. 3. Grupo de paredes - Monografia. 4. Lintel - Monografia. I.
Nascimento Neto, Joel Araújo do. II. Título.
RN/UFRN/BCZM CDU
624.012.2
Matheus Pereira Barbosa
Estudo da interação entre grupos de paredes na distribuição das cargas verticais em edifícios
de alvenaria estrutural
Trabalho de conclusão de curso na modalidade
Monografia, submetido ao Departamento de
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte como parte dos requisitos
necessários para obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Civil.
Aprovado em 31 de maio de 2017:
___________________________________________________
Prof. Dr. Joel Araújo do Nascimento Neto – Orientador
___________________________________________________
Prof. Dr. José Neres da Silva Filho – Examinador interno
___________________________________________________
Prof. Dr. Daniel Nelson Maciel – Examinador externo
Natal-RN
2017
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Gutembergh,
pelo incentivo e apoio constantes.
A minha companheira e melhor amiga Laise,
por toda a paciência e apoio nos momentos mais difíceis.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ser essencial em minha vida, autor de meu destino, meu guia e meu
socorro presente na hora da angústia.
Ao meu pai Gutembergh, por ter propiciado, ao longo de toda minha vida, as
condições necessárias para a conquista dos meus objetivos e o meu sucesso.
À minha mãe Zenaide, pela formação do meu caráter.
À minha mãe Valda, por todo o cuidado e apoio dados em um dos momentos mais
difíceis da minha vida.
À minha companheira e grande amiga Laise, por sempre ter acreditado no meu
potencial e ter sido meu suporte nos melhores e piores momentos.
Ao professor Joel, por todo incentivo, orientação, paciência e disponibilidade
frequentes ao longo dessa etapa final da minha graduação.
À todos os meus amigos, por serem como uma família pra mim.
À todos os Docentes, cujos ensinamentos me tornaram a pessoa que sou hoje.
Em especial ao Professor Cícero, cujas sementes plantadas transcendem sua presença
neste plano.
Matheus Pereira Barbosa
RESUMO
Estudo da interação entre grupos de paredes na distribuição das cargas verticais em
edifícios de alvenaria estrutural
Uma das principais características no projeto de edifícios de alvenaria estrutural consiste no
fato das cargas verticais atuarem nas paredes segundo uma distribuição uniforme. É de
conhecimento amplamente divulgado no meio técnico-científico que a consideração da
amarração direta, por meio do intertravamento entre os blocos da parede, conduz a
intensidades mais baixas de tensões normais verticais no denominado grupo de paredes. Neste
caso específico, vários pesquisadores têm se dedicado ao estudo dessas amarrações, com o
intuito de verificar sua capacidade resistente, tanto com o emprego de modelagens
computacionais como pela realização de experimentos em laboratório, de modo a assegurar
limites consistentes para as tensões de cisalhamento na ligação entre as paredes. Na maioria
dos casos, os grupos de parede podem ser definidos/delimitados pelas aberturas de porta e de
janela e, dessa forma, os estudos se restringem a distribuição das cargas verticais em cada
grupo isoladamente. Embora esse procedimento esteja consagrado pelo meio técnico-
científico, a existência de elementos de alvenaria sob as aberturas, especialmente as de janela,
podem induzir alterações nesse comportamento por meio da denominada interação entre
grupos de parede. Esse aspecto do comportamento dos edifícios de alvenaria estrutural é ainda
pouco explorado pelos pesquisadores, consistindo, assim, em oportunidade para
desenvolvimento de novas pesquisas. Dessa forma, o estudo ora apresentado desenvolveu
uma análise sistemática para a consideração dos lintéis de alvenaria na modelagem dos
painéis, de modo a avaliar sua influência na distribuição das cargas verticais do edifício.
Foram realizadas simulações numéricas empregando-se o modelo de pórtico equivalente
desenvolvido por Nascimento Neto et al (2014) e modelos baseados em elementos finitos de
casca. As análises realizadas consistiram na verificação da redistribuição de tensões normais
verticais nos grupos de parede e na avaliação dos esforços atuantes nos lintéis de ligação. Os
resultados obtidos indicaram que a redução na intensidade das tensões nos grupos mais
solicitados não é uma tendência, pois em determinados casos essa redução não se apresentou
de forma significativa não devendo, portanto, ser considerada no projeto de edifícios.
Palavras-chave: alvenaria estrutural; modelagem computacional; grupo de paredes; lintel.
ABSTRACT
Study of the interaction between wall groups in the distribution of vertical loads in
buildings with structural masonry
One of the main characteristics of the project of structural masonry buildings consists in the
fact that the vertical loads act on the walls following a uniform distribution. It is widely
known in the scientific technical knowledge that the consideration of direct lashing, by means
of interlocking between wall blocks, leads to lower currents of normal vertical stresses in the
give group of walls. In this specific case, many researchers have been dedicated to the study
of these lashings, in order to verify their resistant capacity, with the use of computational
modelling and also conducting experiments in laboratory, in order to ensure consistent limits
for shear stresses at the connections between the walls. In the majority cases, the groups of
walls can be defined/delimited by the door and window openings, and therefore, the study is
restricted to the distribution of vertical loads in each group individually. Though this
procedure is established by the scientific and technical means, the existence of masonry
elements over the openings, especially the windows openings, might induce changes in this
behavior by the interaction between groups of wall. This aspect of behavior of structural
masonry is still under explored by researchers, as a consequence consists an opportunity for
develop of new researches. Therefore, the study presented developed a systematic analysis for
the consideration of lintels of masonry in the modeling of panels in order to evaluate its
influence on the distribution of vertical loads of the building. Numerical simulations were
performed using the equivalent gantry model developed by Nascimento Neto et al (2014) and
models based on finite elements of shell. The analysis realized consist of verifying the
redistribution of normal vertical stress in the wall groups and in the evaluation of strain active
on the connection lintels. The obtained results indicate that reducing the intensity of strain in
the most requested is not a behavior trend, because in some cases this reduction has not been
shown significantly, therefore should not be considered in project of buildings.
Keywords: structural masonry; computational modeling; group of walls; lintel.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15
1.1 ASPECTOS HISTÓRICOS ........................................................................................................ 15
1.2 CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................................................................................... 15
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................................... 16
1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................................... 17
1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ............................................................................................ 17
1.6 METODOLOGIA .................................................................................................................... 18
2 ANÁLISE COMPUTACIONAL DO COMPORTAMENTO DE LINTÉIS DE
ALVENARIA .......................................................................................................................... 19
2.1 CONCEITOS INICIAIS ............................................................................................................. 19
2.2 DEFORMAÇÃO POR CISALHAMENTO ..................................................................................... 21
2.3 DEFORMAÇÃO POR FLEXÃO ................................................................................................. 22
2.4 MODELOS COMPUTACIONAIS ............................................................................................... 22
2.5 RESULTADOS DAS ANÁLISES ................................................................................................ 24
2.6 AJUSTE DO PARÂMETRO DE CISALHAMENTO DO MODELO COMPUTACIONAL ........................ 24
3 MODELOS ADOTADOS NAS ANÁLISES .................................................................. 29
3.1 APRESENTAÇÃO INICIAL DOS MODELOS ............................................................................... 30
3.1.1. Modelo de pórtico equivalente............................................................................................ 30
3.1.2. Modelo de elementos finitos de casca ................................................................................ 31
3.2 APLICAÇÃO DOS MODELOS .................................................................................................. 31
3.2.1. Modelo de pórtico equivalente............................................................................................ 33
3.2.1.1. Painel 1 ....................................................................................................................... 33
3.2.1.2. Painel 30 ..................................................................................................................... 35
3.2.2. Modelo de elementos finitos de casca ................................................................................ 35
3.2.2.1. Painel 1 ....................................................................................................................... 36
3.2.2.2. Painel 30 ..................................................................................................................... 37
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................... 38
4.1. COMENTÁRIOS INICIAIS ...................................................................................................... 38
4.2. RESULTADO DOS PAINÉIS .................................................................................................... 39
4.2.1 Análise do Painel 1 ................................................................................................................ 39
4.2.2. Análise do Painel 30 ............................................................................................................. 45
4.2.3 Conclusões parciais ............................................................................................................... 50
4.3. RESULTADO DOS LINTÉIS .................................................................................................... 52
4.3.1 Distribuição de tensão normal nas seções transversais ....................................................... 53
4.3.1.1. Lintel do Painel 1 ....................................................................................................... 53
4.3.1.2. Lintel do Painel 30 ..................................................................................................... 59
4.3.2 Distribuição de tensão de cisalhamento nas seções transversais ........................................ 62
4.3.2.1. Lintel do Painel 1 ....................................................................................................... 63
4.3.2.2. Lintel do Painel 30 ..................................................................................................... 67
4.3.3 Comparação com resultados esperados para vigas-parede de concreto armado ............... 71
4.3.4 Conclusões parciais ............................................................................................................... 75
5 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 76
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 78
ÍNDICE DE FIGURAS
FIGURA 2.1 - PAINEL 1 (DIMENSÃO EM CENTÍMETROS): (A) ABERTURA DE JANELA DE QUARTO E
(B) ABERTURA DE JANELA DE BANHEIRO. ................................................................................... 20
FIGURA 2.2 – PAINEL 30 (DIMENSÃO EM CENTÍMETROS). .......................................................... 21
FIGURA 2.3 – ILUSTRAÇÃO DA VIGA DEDUZIDA PELA EQUAÇÃO 2.1. ........................................ 22
FIGURA 2.4 – DISCRETIZAÇÃO DO LINTEL A EM BARRA ÚNICA: (A)VIA SAP2000 E (B)VIA
FTOOL.............. ......................................................................................................................... 23
FIGURA 2.5 – DISCRETIZAÇÃO DO LINTEL A EM PÓRTICO EQUIVALENTE: (A)VIA SAP2000 E
(B)VIA FTOOL. ........................................................................................................................... 24
FIGURA 3.1 – LOCALIZAÇÃO DOS PAINÉIS NO EDIFÍCIO. ............................................................ 31
FIGURA 3.2 – DETALHAMENTO DO PAINEL 1(DIMENSÕES EM CM): (A) ABERTURA DE JANELA DE
QUARTO E (B) ABERTURA DE JANELA DE BANHEIRO. ................................................................. 32
FIGURA 3.3 – DETALHAMENTO DO PAINEL 30 (DIMENSÕES EM CM). ......................................... 32
FIGURA 3.4 – DISCRETIZAÇÃO EM ELEMENTOS DE BARRA: (A) MODELO 1A; (B) MODELO 1B E
(C) MODELO 1C. ........................................................................................................................ 34
FIGURA 3.5 – DISCRETIZAÇÃO EM ELEMENTOS DE BARRA: (A) MODELO 2A; (B) MODELO 2B E
(C) MODELO 2C. ........................................................................................................................ 34
FIGURA 3.6 – DISCRETIZAÇÃO EM ELEMENTOS DE BARRA: (A) MODELO A; (B) MODELO B E (C)
MODELO C.. .............................................................................................................................. 35
FIGURA 3.7 – DISCRETIZAÇÃO EM ELEMENTOS DE CASCA: (A) MODELO 1A’; (B) MODELO 1B’ E
(C) MODELO 1C’........................................................................................................................ 36
FIGURA 3.8 – DISCRETIZAÇÃO EM ELEMENTOS DE CASCA: (A) MODELO 2A’; (B) MODELO 2B’ E
(C) MODELO 2C’........................................................................................................................ 36
FIGURA 3.9 – DISCRETIZAÇÃO EM ELEMENTOS DE CASCA: (A) MODELO A’; (B) MODELO B’ E
(C) MODELO C’.......................................................................................................................... 37
FIGURA 4.1 – SEÇÕES DE ANÁLISES DO LINTEL. ........................................................................ 52
FIGURA 4.2 – TENSÃO NORMAL PARA UMA VIGA-PAREDE: (A) PARA CARREGAMENTO
DISTRIBUÍDO E (B) PARA CARREGAMENTO CONCENTRADO. ....................................................... 72
FIGURA 4.3 – EXEMPLO DE GRÁFICOS QUE ILUSTRAM COM MUITA PRECISÃO O
COMPORTAMENTO ESPERADO POR LEONHARDT......................................................................... 73
FIGURA 4.4 – TENSÃO NORMAL PARA UMA VIGA-PAREDE CONTÍNUA EM UMA SEÇÃO DE
EXTREMIDADE. .......................................................................................................................... 74
FIGURA 4.5 – TENSÃO NORMAL EM UMA SEÇÃO DE EXTREMIDADE. .......................................... 74
FIGURA 4.6 – EXEMPLOS DE GRÁFICOS DE ESFORÇO CORTANTE PARA VIGAS-PAREDE. ............. 75
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 2.1 – VALORES DE REFERÊNCIA OBTIDOS PELA SOLUÇÃO ANALÍTICA .......................... 24
TABELA 2.2 – DESLOCAMENTOS PARA OS MODELOS COMPUTACIONAIS DISCRETIZADOS POR
BARRA ÚNICA. ........................................................................................................................... 25
TABELA 2.3 – DESLOCAMENTOS PARA OS MODELOS COMPUTACIONAIS DISCRETIZADOS EM
PÓRTICO EQUIVALENTE. ............................................................................................................. 26
TABELA 2.4 – FATOR DE CISALHAMENTO NECESSÁRIO EM CADA LINTEL. ................................. 28
TABELA 3.1 – MÓDULOS DE DEFORMAÇÃO ADOTADOS EM CADA PAVIMENTO. ......................... 30
TABELA 3.2 – PROPRIEDADES ELÁSTICAS DA ALVENARIA. ........................................................ 30
TABELA 3.3 – CARGAS ACUMULADAS NO 10º PAVIMENTO. ....................................................... 33
TABELA 4.1 – TENSÃO NORMAL MÉDIA NO GRUPO DE PAREDES CORRESPONDENTE À CARGA
VERTICAL ACUMULADA. ............................................................................................................ 38
ÍNDICE DE GRÁFICOS
GRÁFICO 4.1 – TENSÃO NORMAL VERTICAL NO PAINEL 1, MODELOS 1A E 1A’. ....................... 40
GRÁFICO 4.2 – TENSÃO NORMAL VERTICAL NO PAINEL 1, MODELOS 2A E 2A’. ....................... 41
GRÁFICO 4.3 – TENSÃO NORMAL VERTICAL NO PAINEL 1, MODELOS 1B E 1B’. ........................ 42
GRÁFICO 4.4 – TENSÃO NORMAL VERTICAL NO PAINEL 1, MODELOS 2B E 2B’. ........................ 43
GRÁFICO 4.5 – TENSÃO NORMAL VERTICAL NO PAINEL 1, MODELOS 1C E 1C’. ........................ 44
GRÁFICO 4.6 – TENSÃO NORMAL VERTICAL NO PAINEL 1, MODELOS 2C E 2C’. ........................ 45
GRÁFICO 4.7 – TENSÃO NORMAL VERTICAL NO PAINEL 30, MODELOS A E A’........................... 47
GRÁFICO 4.8 – TENSÃO NORMAL VERTICAL NO PAINEL 30, MODELOS B E B’. .......................... 48
GRÁFICO 4.9 – TENSÃO NORMAL VERTICAL NO PAINEL 30, MODELOS C E C’. .......................... 50
GRÁFICO 4.10 – TENSÃO NORMAL NO LINTEL DO MODELO 1, 10º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1; (B)
SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. ......................................................................................................... 53
GRÁFICO 4.11 – TENSÃO NORMAL NO LINTEL DO MODELO 1, 5º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1; (B)
SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. ......................................................................................................... 54
GRÁFICO 4.12 – TENSÃO NORMAL NO LINTEL DO MODELO 1, TÉRREO: (A) SEÇÃO S1; (B) SEÇÃO
S3 E (C) SEÇÃO S2. .................................................................................................................... 55
GRÁFICO 4.13 – TENSÃO NORMAL NO LINTEL DO MODELO 2, 10º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1; (B)
SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. ......................................................................................................... 56
GRÁFICO 4.14 – TENSÃO NORMAL NO LINTEL DO MODELO 2, 5º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1; (B)
SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. ......................................................................................................... 57
GRÁFICO 4.15 – TENSÃO NORMAL NO LINTEL DO MODELO 2, TÉRREO: (A) SEÇÃO S1; (B) SEÇÃO
S3 E (C) SEÇÃO S2. .................................................................................................................... 58
GRÁFICO 4.16 – TENSÃO NORMAL NO LINTEL, 10° PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1; (B) SEÇÃO S3 E
(C) SEÇÃO S2. ............................................................................................................................ 59
GRÁFICO 4.17 – TENSÃO NORMAL NO LINTEL, 5° PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1; (B) SEÇÃO S3 E (C)
SEÇÃO S2. .................................................................................................................................. 60
GRÁFICO 4.18 – TENSÃO NORMAL NO LINTEL, TÉRREO: (A) SEÇÃO S1; (B) SEÇÃO S3 E (C)
SEÇÃO S2. .................................................................................................................................. 61
GRÁFICO 4.19 – TENSÃO CISALHANTE NO LINTEL DO MODELO 1, 10º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1;
(B) SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. .................................................................................................... 63
GRÁFICO 4.20 – TENSÃO CISALHANTE NO LINTEL DO MODELO 1, 5º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1;
(B) SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. .................................................................................................... 64
GRÁFICO 4.21 – TENSÃO CISALHANTE NO LINTEL DO MODELO 1, TÉRREO: (A) SEÇÃO S1; (B)
SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. ......................................................................................................... 65
GRÁFICO 4.22 – TENSÃO CISALHANTE NO LINTEL DO MODELO 2, 10º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1;
(B) SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. .................................................................................................... 66
GRÁFICO 4.23 – TENSÃO CISALHANTE NO LINTEL DO MODELO 2, 5º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1;
(B) SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. .................................................................................................... 67
GRÁFICO 4.24 – TENSÃO CISALHANTE NO LINTEL DO MODELO 2, TÉRREO: (A) SEÇÃO S1; (B)
SEÇÃO S3 E (C) SEÇÃO S2. ......................................................................................................... 68
GRÁFICO 4.25 – TENSÃO CISALHANTE NO LINTEL, 10º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1; (B) SEÇÃO S3
E (C) SEÇÃO S2. ......................................................................................................................... 69
GRÁFICO 4.26 – TENSÃO CISALHANTE NO LINTEL, 5º PAVIMENTO: (A) SEÇÃO S1; (B) SEÇÃO S3 E
(C) SEÇÃO S2. ............................................................................................................................ 70
GRÁFICO 4.27– TENSÃO CISALHANTE NO LINTEL, TÉRREO: (A) SEÇÃO S1; (B) SEÇÃO S3 E (C)
SEÇÃO S2. .................................................................................................................................. 71
SIMBOLOGIA
SÍMBOLO SIGNIFICADO
P - Carga concentrada aplicada
H - Altura do lintel
l - Comprimento do lintel
E - Modulo de elasticidade longitudinal da alvenaria
G - Modulo de elasticidade transversal da alvenaria
A - Área da seção transversal
I - Inércia bruta
υ - Coeficiente de Poisson
αs - Fator de forma
υb - Deformação por flexão
υs - Deformação por cisalhamento
υtotal - Deformação total
fpk - Resistência característica à compressão do prisma
e - Espessura
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos históricos
As primeiras obras relevantes que se tem conhecimento na história foram edificadas
em alvenaria, muitas delas perduram até os dias atuais. Algumas são, inclusive, marcos na
engenharia e pontos turísticos conhecidos no mundo inteiro, a exemplo do Coliseu, estrutura
concebida em alvenaria com cerca de 50 metros de altura, a Muralha da china e as Pirâmides
do Egito.
Mesmo sendo utilizada como material de construção pelo homem desde os tempos
antigos, seu uso foi por muito tempo efetuado de forma empírica, sem embasamento
científico-tecnológico, tornando esse tipo de processo construtivo um dos menos dominados
no mundo inteiro. Por este motivo, ficou associado a esse material uma imagem errônea de
um processo construtivo defasado, em virtude da falta de conhecimento e utilização incorreta
do mesmo. Essa má fama que a alvenaria adquiriu, aliado a pouca divulgação do tema nas
universidades, fez com que pouco se evoluísse sobre o assunto com o passar dos tempos,
sendo a alvenaria estrutural empregada, por muito tempo, apenas em obras de pequeno porte.
Porém, em meados da década de 50, na procura por processos de construções
alternativos, visando principalmente, a velocidade de execução, iniciam-se as pesquisas
científicas sobre o tema em diversos países ao redor do mundo. Foi nesse contexto que as
obras realizadas em alvenaria passaram a ser chamada de alvenaria estrutural, agora baseada
em princípios racionais e fundamentações técnicas e científicas. Hendry et al (1997) comenta
que essa situação começou a mudar com a introdução de normais técnicas específicas em
alguns países, o que possibilitou bases mais racionais para projeto desse tipo de estrutura. A
partir disso foram sendo concebidos edifícios com paredes cada vez mais esbeltas e, portanto,
mais econômicos.
1.2 Considerações iniciais
Uma questão pouco estudada até hoje é a interação que acontece entre paredes de
edifícios em alvenaria estrutural. A grande questão é: de que maneira considerar o efeito de
um carregamento atuante em uma parede do edifício nas paredes adjacentes.
16
No projeto de edifícios de alvenaria estrutural são empregados, usualmente, dois
modelos de cálculo para determinação das cargas verticais nas paredes: o modelo de paredes
isoladas, onde se considera que não há interação entre as paredes que se interceptam; e o
modelo de grupo isolado de paredes, no qual se considera que há interação entre as paredes
que se interceptam. É importante destacar que no caso do modelo de paredes isolados se faz
necessário adotar juntas à prumo na interseção entre paredes, enquanto que no de grupo
isolado de paredes deve-se proceder a amarração por meio do intertravamento entre os blocos.
Já é consagrado no meio técnico-científico que a consideração de grupos isolados de
parede conduz a intensidades mais baixas de tensões normais verticais, sendo, portanto, o
modelo usualmente adotado pelos projetistas estruturais. Na maioria dos casos, os grupos de
paredes são determinados pelas aberturas de portas e de janelas e, dessa forma, os estudos se
restringem a distribuição de cargas verticais em cada grupo de maneira isolada. Embora esse
procedimento seja amplamente difundido, a existência de elementos de alvenaria (lintéis)
sobre as aberturas, especialmente as de janela, podem produzir alterações nesse
comportamento por meio da denominada interação entre grupo de paredes.
Nesse contexto, o presente trabalho apresenta uma análise sistemática da
consideração da interação entre grupo de paredes por simulações numéricas dos painéis, de
modo a analisar a transferência de carga entre grupos distintos por meio dos lintéis.
1.3 Objetivos
O presente estudo tem como objetivo geral analisar as cargas transferidas de um grupo de
paredes a outro por meio dos lintéis. Simulando o comportamento do painel por meio de um
pórtico equivalente.
Visando obter-se tal objetivo geral, o presente estudo busca ainda alcançar os seguintes
objetivos específicos:
a) Representar, de maneira mais fidedigna, a rigidez dos lintéis responsáveis pela
transmissão dos esforços;
b) Adotar diferentes configurações de lintéis;
c) Avaliar a precisão do modelo de pórtico, comparando-o com o modelo de elementos
finitos de casca;
d) Avaliar os esforços atuantes no lintel.
17
1.4 Justificativa
É possível observar, no cenário atual, o crescimento de obras de edifícios em
alvenaria estrutural. Fato este que se deve, entre outros fatores, à economia gerada por
esse método construtivo. No entanto, os modelos de cálculo comumente utilizados se
mostram um tanto conservadores, não explorando completamente as potencialidades da
alvenaria estrutural.
Dentre os campos de pesquisa, vários fatores vêm sendo estudado por
pesquisadores, a exemplo de interação entre estruturas mistas de alvenaria estrutural e
estruturas de concreto armado. Referente à interação que ocorre entre paredes de alvenaria
o assunto ainda não é plenamente estudado, principalmente quando se tratam da interação
entre grupos de parede separados por aberturas de portas ou janelas.
Os métodos tradicionais de cálculo consideram hora as paredes agindo de forma
isolada, e hora algumas paredes constituindo os chamados grupos de paredes. Porém,
poucas são as pesquisas que buscam avaliar qual a interação que acontece entre os grupos
de paredes devido à presença dos lintéis.
É nesse contexto que se insere a presente pesquisa, pautada na necessidade de
avaliar como um grupo de paredes interage com os demais, visto que em algumas
situações, existem elementos com rigidezes consideráveis que podem influenciar no
comportamento dos grupos.
1.5 Organização do trabalho
O Capítulo 2 aborda algumas questões teóricas iniciais para auxiliar na compreensão
do problema em estudo. Além de trazer uma análise sistemática da calibração do parâmetro
“shear area” do software SAP2000, visando considerar a real rigidez dos lintéis que serão
discretizados nos modelos computacionais elaborados no Capítulo 3.
O Capítulo 3, por sua vez, apresenta os modelos que serão utilizados nas análises
computacionais, onde são propostas variações nos carregamentos dos painéis e diferentes
configurações de lintéis para que seja analisada a transmissão de esforços que acontece entre
os grupos de parede. Por fim, quantifica-se a carga que migra para os demais grupos,
avaliando sempre a efetividade do modelo proposto (modelo de pórtico equivalente) em
relação ao modelo de referência (modelo de elementos finitos de casca).
18
O Capítulo 4 traz uma análise acerca dos esforços que surgem no lintel decorrentes
da consideração da interação entre os grupos de parede. Sempre avaliando os resultados com
base no modelo proposto e o modelo de referência.
Por fim, no Capítulo 5 abordam-se as considerações finais acerca do estudo
elaborado e em seguida, no Capítulo 6, apresentam-se as referências bibliográficas utilizadas
neste trabalho.
1.6 Metodologia
A validação do modelo de pórtico equivalente se dá por meio de comparação ao
modelo de elementos finitos de casca, considerado o modelo mais refinado da atualidade.
Desta forma, todos os resultados obtidos através do modelo de pórtico equivalente serão
comparados aos mesmos resultados obtidos por meio de análise dos modelos em casca.
O tipo de discretização utilizada no modelo de pórtico equivalente seguiu as
recomendações de Medeiros (2014) e feito os ajustes propostos por Lopes (2016). Desta
forma é avaliada a transmissão de tensões normais verticais entre os diferentes grupos de um
mesmo painel e analisados os esforços nos lintéis: normal e cortante.
Vale ressaltar que todas as simulações numéricas são realizadas com auxílio do
pacote de programas computacionais SAP2000 v.14.
19
2 ANÁLISE COMPUTACIONAL DO COMPORTAMENTO DE
LINTÉIS DE ALVENARIA
2.1 Conceitos iniciais
Dos modelos de cálculos usualmente adotados para o cálculo de paredes de
alvenaria estrutural destacam-se:
- Modelo de paredes isoladas: considera que o carregamento atuante numa parede
permanece na mesma até a fundação, não interagindo com as paredes vizinhas.
Neste modelo é necessário que se utilize junta à prumo na interseção entre as
paredes.
-Modelo de grupo isolado de paredes: considera que algumas determinadas
paredes sofrem interação entre si. Consequentemente a carga em cada parede
acaba se distribuindo nas demais, conduzindo desta forma, a intensidades mais
baixas de tensões normais verticais. Neste caso é necessário que haja a amarração
direta entre as paredes, por meio do intertravamento entre os blocos, para garantir
a transmissão de esforços.
Os grupos de paredes são geralmente delimitados pelas aberturas de portas e
janelas. Dessa forma, no modelo de grupo isolado, os estudos se restringem a distribuição
das cargas verticais em cada grupo de maneira isolada. No entanto, a existência de
elementos de alvenaria entre aberturas de portas ou janelas, pode conduzir a alterações
nesse comportamento. Visto que, principalmente em grupos separados por aberturas de
janela, existe um elemento com rigidez considerável que atua na transmissão de esforços
entre diferentes grupos.
Por ser a peça chave na consideração da interação entre os grupos de parede, é de
fundamental importância que, no modelo computacional analisado, o lintel seja
considerado com sua real rigidez. Para isso, o presente trabalho apresenta uma analise
sistemática da deformação por cisalhamento no lintel. Visto que o mesmo pode ser
considerado uma viga-parede de alvenaria e, desta forma, as deformações angulares (ou
de cisalhamento) têm considerável influência na rigidez deste elemento. Vale ressaltar que
20
os lintéis foram considerados engastados nas paredes à sua volta, com um dos engastes
apresentando liberdade translacional no eixo vertical. Como será visto mais adiante na
Figura 3.1, foram escolhidos dois painéis de um edifício real para as análises da
transferência de carga entre grupos de parede. As figuras a seguir ilustram a disposição e
dimensão dos lintéis em cada um dos painéis.
Figura 2.1 - Painel 1 (dimensão em centímetros): (a) abertura de janela de quarto e (b)
abertura de janela de banheiro.
(a) (b)
Fonte: autor (2017).
21
Figura 2.2 – Painel 30 (dimensão em centímetros).
Fonte: autor (2017).
2.2 Deformação por cisalhamento (υs)
A deformação por cisalhamento pode ser obtida a partir da solução analítica.
Timoshenko e Gere (1983) e Parsekian et al (2013) apresentam a seguinte expressão para o
cálculo dos deformações por cisalhamento para o caso de uma viga bi-engastada:
𝜐𝑠 =𝛼𝑠 . 𝑃
𝐺 . 𝐴. 𝑋 (2.1)
Onde:
𝛼𝑠 = 𝐹𝑎𝑡𝑜𝑟 𝑑𝑒 𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜; 𝑃 = 𝐶𝑎𝑟𝑔𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎; 𝑋 = 𝑃𝑜𝑠𝑖çã𝑜 𝑛𝑜 𝑒𝑖𝑥𝑜 ℎ𝑜𝑟𝑖𝑧𝑜𝑛𝑡𝑎𝑙; 𝐺 = 𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙; 𝐴 = Á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙.
Segundo Timoshenko e Gere (1983) para o calculo do fator de forma 𝛼𝑠 de seções
retangulares, aconselha-se usar a seguinte expressão:
22
𝛼𝑠 =12 + 11𝜐
10(1 + 𝜐) (2.2)
Sendo o coeficiente de Poisson (υ) igual a 0,2 de acordo com a NBR 15961-1.
Figura 2.3 – Ilustração da viga deduzida pela equação 2.1.
Fonte: autor (2017).
2.3 Deformação por flexão (υb)
Além da deformação por cisalhamento obtida pela equação 2.1, deve-se determinar a
deformação por flexão. Esta deformação pode ser obtida a partir da equação da linha elástica
para uma viga bi-engastada, conforme consta em Ramalho et al (2003):
𝜐𝑏 =𝑃 . 𝑙³
12 𝐸𝐼 (2.3)
Onde:
𝑙 = 𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑑𝑎 𝑣𝑖𝑔𝑎; 𝐸 = 𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑙𝑜𝑛𝑔𝑖𝑡𝑢𝑑𝑖𝑛𝑎𝑙; 𝐼 = 𝐼𝑛é𝑟𝑐𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑠𝑒çã𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑣𝑒𝑟𝑠𝑎𝑙
2.4 Modelos computacionais
Como se pode observar pela figura 2.1 e 2.2, os lintéis dos painéis discretizados
nesse estudo têm as seguintes dimensões:
Painel 1: Lintel de 160x120cm e 220x60;
Painel 30: Lintel de 160x150cm e 220x60cm.
É importante ressaltar desde já que, para efeito comparativo da influência nas
dimensões do lintel, o painel 1 foi discretizado também com um lintel de 220x60cm,
23
correspondente a uma abertura de janela de banheiro. Desta maneira existem três modelos de
lintéis distintos a serem discretizados, denominados: Lintel A: 160x120cm; Lintel B:
220x60cm e Lintel C: 160x150cm.
A modelagem computacional dos lintéis foi realizada com auxílio do software
SAP2000 v.14, o mesmo software que será utilizado para discretizar os painéis. Para efeito de
comparação, também se utilizou o software Ftool, ferramenta amplamente utilizada na análise
de estruturas aporticadas, principalmente por estudantes da área de engenharia civil.
A discretização dos lintéis se dará de duas formas:
1ª - Barra única: discretizada com as dimensões do lintél. Tal discretização servirá para
comparação entre os modelos computacionais e os resultados obtidos pelas equações
2.1 e 2.3.
2ª - Pórtico equivalente: com barras verticais a cada 15 cm, coincidindo com os furos dos
blocos, de dimensões 15x14 cm e barras horizontais a cada 20 cm, coincidindo com as
juntas de argamassa, de dimensões 20x14 cm para as demais barras e 10x14 cm para
as barras de extremidade. Maiores detalhes sobre a discretização em pórtico
equivalente será abordada mais a frente no Capítulo 3.
A resistência do prisma dos painéis (fpk) varia em função da altura do prédio. Para os
modelos de lintéis analisados adotou-se um fpk genérico de 8,0 Mpa, e o módulo de
elasticidade longitudinal como sendo 800 fpk, conforme recomendação da NBR 15961-1. É
importante ressaltar que a largura dos blocos que constituem os painéis é de 14 cm. As figuras
2.4 e 2.5 a seguir ilustram a discretização do lintel A via software SAP2000 e Ftool. Os
demais lintéis foram discretizados segundo o mesmo raciocínio.
Figura 2.4 – Discretização do lintel A em barra única: (a)Via SAP2000 e (b)Via Ftool.
(a) (b)
Fonte: autor (2017).
24
Figura 2.5 – Discretização do lintel A em pórtico equivalente: (a)Via SAP2000 e (b)Via
Ftool.
(a) (b)
Fonte: autor (2017).
2.5 Resultados das análises
Para determinação da deformação dos lintéis, foram utilizados os modelos
computacionais mencionados com uma carga concentrada unitária sobre o engaste com
translação vertical liberada. A deformação esperada pelos lintéis foi obtida conforme a
solução analítica explicitada nas equações 2.1 e 2.3. Os resultados estão ilustrados na tabela a
seguir:
Tabela 2.1 – Valores de referência obtidos pela solução analítica.
Lintel A Lintel B Lintel C
𝜐𝑏 4,708.10
-4 mm 2,264 . 10
-5 mm 9,196 . 10
-4 mm
𝜐𝑠 2,377 . 10
-3 mm 8,644 . 10
-4 mm 2,971 . 10
-3 mm
𝜐𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 2,848 . 10
-3 mm 8,871 . 10
-4 mm 3,891 . 10
-3 mm
Fonte: autor (2017).
Pelos resultados da Tabela 2.1, pode-se perceber que o deslocamento por
cisalhamento nos lintéis é de suma importância. Sendo, inclusive, muito superior ao
deslocamento por flexão.
Os deslocamentos obtidos pelos modelos computacionais encontram-se
representadas nas tabelas 2.2 e 2.3. Para cada tipo de discretização (barra única e pórtico
25
equivalente) foi analisado a deformação de duas maneiras, primeiramente sem levar em conta
as deformações por cisalhamento, e em seguida levando em conta essas deformações. A
seguir encontram-se representadas as deformações para o modelo discretizado com uma única
barra (Figura 2.4).
Tabela 2.2 – Deslocamentos para os modelos computacionais discretizados por
barra única.
SAP2000
Lintel A Lintel B Lintel C
Sem cisalhamento 4,708 . 10-4
mm 2,264 . 10-5
mm 9,196 . 10-4
mm
Com cisalhamento 2,882 . 10-3
mm 8,894 . 10-4
mm 3,923 . 10-3
mm
FTOOL
Lintel A Lintel B Lintel C
Sem cisalhamento 4,708 . 10-4
mm 2,264 . 10-5
mm 9,196 . 10-4
mm
Com cisalhamento 2,882 . 10-3
mm 8,894 . 10-4
mm 3,923 . 10-3
mm
Fonte: autor (2017).
Pela análise dos modelos discretizados por barra única, pode-se perceber que ambos
os softwares trazem exatamente o mesmo resultado. Nas análises sem cisalhamento, onde se
consideram apenas as deformações por flexão (υb), os modelos tiveram 100% precisão quando
comparados aos valores de referência para deformação por flexão da tabela 2.1. Já nas
análises com cisalhamento, onde se consideram ambas as deformações, os modelos tiveram
uma precisão de 98,82%, 99,74% e 99,18% respectivamente para os lintéis A, B e C, quando
comparados aos valores de referência para as deformações totais (υtotal) da Tabela 2.1.
Significando que, para este tipo de discretização, os dois programas computacionais tem
excelente precisão nas análises das deformações.
Já para a discretização em pórtico equivalente (Figura 2.5), os modelos apresentaram
os resultados ilustrados na Tabela 2.3. Vale ressaltar que todos os valores de deslocamentos
da discretização em pórtico equivalente referem-se às deformações no eixo central
longitudinal do lintel.
26
Tabela 2.3 – Deslocamentos para os modelos computacionais discretizados em
pórtico equivalente.
SAP2000
Lintel A Lintel B Lintel C
Sem cisalhamento 2,122 . 10-3
mm 3,315 . 10-4
mm 3,093 . 10-3
mm
Com cisalhamento 6,321 . 10-3
mm 1,492 . 10-3
mm 8,621 . 10-3
mm
FTOOL
Lintel A Lintel B Lintel C
Sem cisalhamento 2,591 . 10-3
mm 3,845 . 10-4
mm 3,351 . 10-3
mm
Com cisalhamento 6,918 . 10-3
mm 1,652 . 10-3
mm 9,475 . 10-3
mm
Fonte: autor (2017).
Analisando os resultados dessa tabela, percebe-se primeiramente que nesse tipo de
discretização há diferença entre os resultados apresentados pelos softwares, diferença essas
que gira em torno de 15%. Além disso, pela análise dos resultados em ambos o softwares,
pode-se perceber que quando analisada os deslocamentos sem considerar o cisalhamento, os
valores são um pouco menores do que aqueles valores de deslocamentos totais esperados pela
Tabela 2.1. No entanto, quando considerado o cisalhamento nos modelos de ambos os
softwares, os valores de deslocamento apresentam-se consideravelmente acima daquele que se
esperaria pela solução analítica ilustrado na Tabela 2.1. Fato este que acontece pelo seguinte
motivo: nos modelos discretizados em pórtico equivalente, pela própria discretização do
elemento (barras verticais e horizontais), o efeito das deformações por cisalhamento já é
levado em consideração automaticamente. Desta forma, quando se analisam os resultados
com a consideração do cisalhamento pelo programa, percebem-se valores exagerados,
exatamente pelo motivo de que o cisalhamento já é levado em consideração pela própria
discretização do elemento, e quando adicionado os deslocamentos por cisalhamento do
programa, este efeito fica superposto, por isso a considerável diferença entre estes resultados e
o resultado esperado.
27
2.6 Ajuste do parâmetro de cisalhamento do modelo computacional
A partir do item anterior foi possível perceber que, para os modelos que utilizam a
discretização em pórtico equivalente, os deslocamentos ficaram: hora um pouco abaixo da
esperada, quando o software não leva em conta as deformações por cisalhamento; hora
bastante acima, quando se leva em conta a deformação por cisalhamento.
Desta forma surge a necessidade de calibrar o modelo para que a deformação por
cisalhamento nem seja completamente eliminada, e nem considerada na sua totalidade. O
software Ftool não oferece essa opção, ou considera toda a deformação por cisalhamento, ou
retira-se por completo. Por este motivo, as análises que aqui se seguem valem apenas para o
software SAP2000, além do fato que a discretização completa dos painéis será realizada por
meio deste software, sendo assim, é a modelagem no SAP2000 que é de real interesse desse
estudo.
O software SAP2000, em sua configuração padrão, sempre considera as deformações
por cisalhamento. Caso o usuário deseje desconsiderar tal deformação é necessário modificar
um fator que influencia na área de cisalhamento considerada no cálculo das deformações,
chamado “Shear Area”. Naturalmente o programa traz um valor de 1 para esse fator, caso esse
fator seja aumentado, a área de cisalhamento aumenta e, consequentemente, a deformação por
cisalhamento diminui, pois como se pode ver pela equação 2.1 a deformação por cisalhamento
é inversamente proporcional a área. Fatores da ordem de 70 já eliminam completamente o
efeito da deformação por cisalhamento, no entanto, caso o usuário não queria testar valores
pra esse parâmetro a fim de eliminar esse tipo de deformação, pode-se adotar um valor muito
alto (10.000, por exemplo) para o parâmetro que surtirá o mesmo efeito.
Como o deslocamento esperado conforme a Tabela 2.1 ficou entre a situação com
cisalhamento (onde o fator de cisalhamento vale 1) e a situação sem cisalhamento (fator de
cisalhamento 70), foi necessário obter um fator de cisalhamento intermediário a partir do qual
a deformação da viga chegasse pelo menos à 3% do deslocamento esperado. Desta maneira, a
partir do modelo com cisalhamento, foi-se aumentando o fator de cisalhamento até a
convergência dos valores de deslocamento do modelo computacional, com aqueles valores de
deslocamentos totais esperados pela Tabela 2.1. Desta forma foram encontrados os seguintes
fatores:
28
Tabela 2.4 – Fator de cisalhamento necessário em cada lintel.
Lintel A
Fator de Deformação Deformação Diferença
cisalhamento encontrada esperada
5,8 2,85 . 10-3
mm 2,848 . 10-3
mm 0,7%
Lintel B
Fator de Deformação Deformação Diferença
cisalhamento encontrada esperada
2,2 8,7 . 10-4
mm 8,71 . 10-4
mm 0,11%
Lintel C
Fator de Deformação Deformação Diferença
cisalhamento encontrada esperada
6,1 4,0 . 10-3
mm 3,891 . 10-3
mm 2,72%
Fonte: autor (2017).
Desta forma, quando os painéis 1 e 30 forem discretizados na forma de pórtico
equivalente (conforme será visto no item 3.2.1 do presente trabalho), terá que se aplicar na
região dos lintéis os devidos fatores de cisalhamento ilustrados na Tabela 2.4. Vale salientar
que todo esse procedimento tem o intuito de considerar a real rigidez do lintel quando
discretizado em pórtico equivalente, visto que o mesmo é o elemento chave na transmissão de
esforços entre os diferentes grupos de parede.
É importante ressaltar ainda que testes realizados com variações na resistência do
prisma não influenciaram o fator de cisalhamento encontrado, de modo que, apesar dos testes
feitos para os lintéis terem sido realizados com um fpk de 8,0 Mpa, a adoção dos mesmos
fatores em lintéis de resistência superiores é válida.
29
3 MODELOS ADOTADOS NAS ANÁLISES
A modelagem numérica foi desenvolvida com o pacote de programas computacional
SAP2000 v.14. Os modelos computacionais consistiram na discretização de dois painéis de
alvenaria, correspondente a um edifício de 21 pavimentos. Foi considerado comportamento
elástico-linear e isotrópico para os materiais, não se avaliando, portanto, os efeitos de eventual
fissuração e da não-linearidade do diagrama tensão deformação da alvenaria.
Os painéis foram discretizados de acordo com o procedimento estabelecido a seguir:
- Inicialmente foi discretizado apenas o trecho do painel no térreo, sobre o qual foi
considerado o respectivo carregamento vertical acumulado, associado aos demais pavimentos
do edifício;
- Em seguida, foram considerados na discretização o pavimento térreo e o 1º
pavimento, sendo que no térreo foi aplicado carregamento vertical associado apenas a um
pavimento e no 1º pavimento o carregamento vertical acumulado associado a todos os
pavimentos superiores;
- Na sequência das análises foram acrescentados, um a um, os pavimentos até se
alcançar o décimo, sempre se considerando o carregamento vertical acumulado no último
pavimento discretizado e o carregamento de apenas um pavimento em cada um daqueles
situados abaixo do último discretizado.
Apesar de o edifício avaliado apresentar 21 pavimentos, foram elaborados modelos de
acordo com os procedimentos descritos anteriormente, tendo sido a discretização limitada até
o 10º pavimento. A decisão por limitar a quantidade de pavimentos discretizados se deu pela
constatação de Parsekian e Franco (2002), que observaram que a distribuição das cargas
verticais através dos lintéis já ocorre nos primeiros pavimentos. Dessa forma, e para não
tornar as análises repetitivas, os resultados apresentados correspondem ao painel discretizado
com 10 pavimentos, sendo aplicados no 10º pavimento os carregamentos acumulados do 10º
ao 21º pavimento.
As propriedades elásticas utilizadas estão indicadas na Tabela 3.1 a seguir. Foi
considerada a distinção entre alvenaria grauteada e não-grauteada e a variação da resistência
de prisma ao longo da altura do edifício por meio do correspondente módulo de deformação.
30
Tabela 3.1 – Módulos de deformação adotados em cada pavimento.
Pavimentos
Módulos de deformação utilizados (MPa)
Alvenaria não-grauteada Alvenaria grauteada
Longitudinal
(E)
Transversal
(G)
Longitudinal
(E)
Transversal
(G)
1º ao 3º 11.200 4.666,67 19.600 8.166,67
4º ao 6º 10.080 4.200 17.640 7.350
7º ao 9º 8.960 3.733,33 15.680 6.533,33
10º 7.840 3.266,67 13.720 5.716,67
Fonte: Autor (2017).
Os módulos de deformação foram determinados de acordo com as prescrições da
NBR 19561-1, indicadas na Tabela 3.2, sendo utilizado o coeficiente de Poisson para
determinação do módulo de deformação transversal considerando material isotrópico. É
importante ressaltar ainda que, a resistência da alvenaria grauteada foi considerada como
sendo 75% maior do que a resistência da alvenaria não-grauteada.
Tabela 3.2 – Propriedades elásticas da alvenaria.
Propriedades Valor Valor Máximo
Modulo de deformação longitudinal 800 fpk 16 GPa
Coeficiente de Poisson 0,2 -
Fonte: NBR 19561-1 (ADAPTADA) (2011).
3.1 Apresentação inicial dos modelos
3.1.1. Modelo de pórtico equivalente
O modelo de pórtico equivalente consiste na discretização das paredes de
alvenaria estrutural em elementos de barra para simular a rigidez do painel em seu
próprio plano. Modelo este idealizado e desenvolvido por Nascimento Neto et al
(2014). Medeiros (2015) verificou a eficácia do modelo e também testou diversas
disposições para as barras constituintes do pórtico equivalente, chegando à conclusão
que a melhor disposição das barras seria: as barras verticais coincidindo com o centro
de gravidade dos furos dos blocos e as barras horizontais coincidindo com a junta de
31
argamassa entre os blocos. Como o próprio Medeiros (2015) enfatiza, os resultados
apresentados pelo modelo de pórtico equivalente se mostra muito sensível à
discretização realizada, dessa forma, é fundamental que a discretização seja o mais
próximo possível da situação real.
3.1.2. Modelo de elementos finitos de casca
Considerado atualmente como o modelo mais robusto, este modelo utiliza
elementos finitos do tipo casca na determinação dos esforços, através de um malha
gerada onde cada elemento possui propriedades específicas. No entanto, o mesmo tem
característica de apresentar um custo computacional consideravelmente maior do que
o modelo de pórtico equivalente.
3.2 Aplicação dos modelos
Como já foi mencionado anteriormente, foram escolhidos dois painéis de um edifício
real para analise da interação entre diferentes grupos de paredes. A Figura 3.1 abaixo ilustra a
localização dos painéis na planta do edifício.
Figura 3.1 – Localização dos painéis no edifício.
Fonte: Autor (2017).
32
O painel 1 é composto por dois grupos de paredes isolados denominados grupo 1 e
grupo 2. Em quanto o painel 30 é composto por quatro grupos, denominados grupo 3, grupo
4, grupo 5 e grupo 6. Cada grupo apresenta comprimento e grauteamento bem distintos, cujo
detalhamento está em concordância com o projeto estrutural do edifício analisado. A
intensidade da carga vertical atuante em cada grupo foi determinada a partir do modelo
simplificado de grupo isolado de paredes apresentado em Ramalho e Corrêa (2003). Vale
salientar que os blocos que constituem os painéis são do tipo: bloco de concreto módulo 15
(dimensões: 14x29x19 cm). Os painéis são constituídos por 14 fiadas (2,80 m), as figuras a
seguir ilustram a disposição de grautes, cintas de respaldo, cintas intermediárias, vergas,
contravergas, localização das aberturas, comprimentos de cada grupo de paredes e o
carregamento em cada grupo correspondente a um pavimento.
Figura 3.2 – Detalhamento do painel 1(dimensões em cm): (a) Abertura de janela de
quarto e (b) Abertura de janela de banheiro.
(a) (b)
Fonte: Autor (2017).
Figura 3.3 – Detalhamento do painel 30 (dimensões em cm).
Fonte: autor (2017).
33
Vale ressaltar que o painel 1 tem originalmente uma abertura de janela de quarto
(conforme a Figura 3.2a), no entanto, para se ter uma comparação da influência da rigidez do
lintel na transmissão de esforços, a mesma parede foi analisada também como uma abertura
de janela de banheiro (Figura 3.2b), onde o lintel apresenta uma maior rigidez.
Como mencionado anteriormente, no 10º pavimento a carga na parede é a carga do
respectivo pavimento ilustrada nas figuras 3.2 e 3.3, acrescido da carga acumulada do 11º ao
21º pavimento, resultando nos seguintes carregamentos:
Tabela 3.3 – Cargas acumuladas no 10º pavimento.
Grupo
1
Grupo
2
Grupo
3
Grupo
4
Grupo
5
Grupo
6
Carregamento 201,36 174,84 201,36 231,96 218,52 239,28
(kN/m) Fonte: autor (2017).
3.2.1. Modelo de pórtico equivalente
Os painéis foram discretizados com barras verticais a cada 15 cm, coincidindo com o
centro de gravidade do furo dos blocos, que coincide aproximadamente com o centro de
gravidade dos elementos finitos de casca, com dimensões de 15x14 cm (representando a área
de influência de cada barra). As barras horizontais foram discretizadas a cada 20 cm,
coincidindo com a junta de argamassa horizontal entre blocos, com dimensões 20x14 cm
(representando a área de influência de cada barra). Para as barras verticais dispostas nos furos
de blocos preenchidos com graute e as barras horizontais que representam as cintas, vergas e
contravergas foram adotadas as propriedades de alvenaria grauteada, para as demais barras
foram adotadas propriedades de alvenaria não grauteada. Para as barras que constituem a
região dos lintéis, foi alterado o valor do parâmetro “Shear Area” conforme estabelecido na
Tabela 2.4. A base de cada barra do pavimento térreo foi considerada simplesmente apoiada,
simulando a vinculação da parede com a fundação.
3.2.1.1. Painel 1
Os modelos de análise desenvolvidos foram denominados modelos 1 e 2, sendo
o primeiro com abertura de janela medindo 1,21x1,21m (janela de quarto) e o segundo
34
0,61x0,61m (janela de banheiro). Cada modelo foi ainda classificado de acordo com a
aplicação do carregamento vertical, de acordo com a seguinte descrição:
- Modelos 1A e 2A: carregamento vertical apenas no grupo 1, conforme
ilustrado pelas Figuras 3.4a e 3.5a;
- Modelo 1B e 2B: carregamento vertical apenas no grupo 2, conforme
ilustrado pelas Figuras 3.4b e 3.5b;
- Modelo 1C e 2C: carregamento vertical em ambos os grupos, conforme
ilustrado pelas Figuras 3.4c e 3.5c.
Figura 3.4 – Discretização em elementos de barra: (a) Modelo 1A; (b) Modelo 1B e (c)
Modelo 1C.
(a) (b) (c)
Fonte: autor (2017).
Figura 3.5 – Discretização em elementos de barra: (a) Modelo 2A; (b) Modelo 2B e (c)
Modelo 2C.
(a) (b) (c)
Fonte: autor (2017).
35
3.2.1.2 Painel 30
Nesse modelo, a classificação se deu apenas em função da posição da carga,
de acordo com a descrição a seguir:
- Modelo A: carregamento vertical apenas no grupo 3, conforme ilustrado
pela Figura 3.6a;
- Modelo B: carregamento vertical apenas no grupo 4, conforme ilustrado
pela Figura 3.6b;
- Modelo C: carregamento vertical em todos os grupos desse painel.
Conforme ilustrado pela Figura 3.6c.
Figura 3.6 – Discretização em elementos de barra: (a) Modelo A; (b) Modelo B e (c)
Modelo C.
(a) (b) (c)
Fonte: autor (2017).
3.2.2. Modelo de elementos finitos de casca
Neste modelo os painéis foram discretizados a partir de uma malha gerada com
elementos de 15x20cm. Esses elementos representam o meio bloco de concreto, e suas
dimensões fazem coincidir, aproximadamente, o centro geométrico dos elementos com a
localização das barras do modelo de pórtico equivalente. Assim como no modelo de pórtico,
para os elementos que representam regiões grauteadas, cintas, vergas e contravergas foram
adotadas propriedades para alvenaria grauteada, para os demais elementos foram adotadas
propriedades de alvenaria não-grauteada. Na base dos painéis no pavimento térreo, todos os
elementos possuem vínculos de apoio simples, representando a ligação dos painéis com a
fundação.
36
3.2.2.1. Painel 1
Segue a mesma linha de raciocínio dos modelos discretizados em pórticos
equivalente. Porém na nomenclatura dos modelos, adotou-se o sobrescrito “linha” para
diferenciá-los dos modelos em pórtico. Dando origem aos modelos 1A’, 1B’, 1C’, 2A’, 2B’ e
2C’, ilustrados pelas figuras 3.7 e 3.8.
Figura 3.7 – Discretização em elementos de casca: (a) Modelo 1A’; (b) Modelo 1B’ e (c)
Modelo 1C’.
(a) (b) (c)
Fonte: autor (2017).
Figura 3.8 – Discretização em elementos de casca: (a) Modelo 2A’; (b) Modelo 2B’ e (c)
Modelo 2C’.
(a) (b) (c)
Fonte: autor (2017).
37
3.2.2.2. Painel 30
Assim como o painel 1, segue a mesma linha de raciocínio dos modelos de pórtico.
Porém com as seguintes denominações: modelos A’, B’ e C’. Ilustrados na figura a seguir.
Figura 3.9 – Discretização em elementos de casca: (a) Modelo A’; (b) Modelo B’ e (c)
Modelo C’.
(a) (b) (c)
Fonte: autor (2017).
38
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Comentários iniciais
As análises consistiram na avaliação da redistribuição da tensão normal que ocorre
nos grupos de parede considerando a interação entre os mesmos, em comparação à tensão
normal que os grupos teriam caso fossem considerados como grupo isolado de paredes. Além
disso, também foi realizada a comparação entre o modelo de pórtico equivalente e o modelo
de elementos finitos de casca.
Em cada modelo anteriormente descrito foram plotados gráficos da tensão normal no
centro da abertura dos grupos de parede no 10º e 5º pavimentos, e no pavimento térreo. Vale
salientar que a escolha de uma seção no centro da abertura deve-se à constatação de que essa é
a seção mais solicitada da parede, visto que, em outras regiões os esforços se espalham na
região do lintel, conduzindo a níveis menores de tensão. Desta maneira, as regiões dos
gráficos onde não se observam valores plotados são justamente as regiões onde se localizam
as aberturas. Os valores de tensão obtidos a partir das modelagens foram comparados com o
valor da tensão considerando o modelo simplificado de grupo isolado de paredes, obtido pelo
simples quociente entre o carregamento acumulado no correspondente pavimento e a
espessura da parede, que é igual a 14 cm. Os valores obtidos para as tensões associadas às
cargas acumuladas estão indicados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Tensão normal média no grupo de paredes correspondente à carga
vertical acumulada.
Grupo de
paredes
Tensão normal média acumulada (kN/m2)
10º pavimento 5º pavimento Térreo
1 1.438,29 2.037,57 2.517,00
2 1.248,86 1.769,21 2.185,50
3 1.438,29 2.037,57 2.517,00
4 1.656,73 2.347,04 2.899,28
5 1.560,82 2.211,16 2.731,43
6 1708,98 2.421,05 2.990,71
Fonte: autor (2017).
É de suma importância ressaltar que o presente trabalho considerou as tensões de
compressão com sinal positivo e, portanto, as tensões de tração com sinal negativo. Essa
consideração é feita para todas as análises realizadas nesse estudo.
39
4.2 Resultado dos painéis
4.2.1. Painel 1
Inicialmente, foram apresentados os resultados para os modelos que analisaram
apenas a transferência de carga do grupo 1 para o grupo 2. O gráfico 4.1 ilustra a distribuição
da tensão normal para os modelos 1A e 1A’, a partir da qual se percebe a atuação de tensão
normal no grupo sem carregamento, o que indica que houve transferência de carga através do
lintel.
Analisando a tensão nos grupos do 10º pavimento, percebeu-se que o valor médio no
grupo 1 foi igual a 1.421,29 kN/m² para o modelo 1A e 1.420,15 kN/m² para o modelo 1A', o
que corresponde a diferença de 0,08% entre os modelos de pórtico e de casca. No caso do
grupo 2, os valores médios para as tensões normais foram iguais a 38,7 kN/m2 e 52,94 kN/m
2,
correspondentes aos modelos 1A e 1A', respectivamente, indicando diferença de 26,90% entre
os dois tipos de modelagem. Comparando esses valores com a tensão média sem interação
que consta na Tabela 4.1, verifica-se uma taxa de transferência de carregamento da ordem
1,18% e 1,26% para os modelos 1A e 1A', respectivamente.
No caso do 5º pavimento, obtiveram, para o grupo 1, tensões médias com
intensidades iguais a 1.910,22 kN/m2 e 1.906,87 kN/m
2, segundo os modelos 1A e 1A',
respectivamente, o que corresponde à diferença de 0,18% entre a modelagem de pórtico
equivalente e elementos finitos de casca. Para o grupo 2 as intensidades das tensões médias
foram iguais a 357,58 kN/m2 e 355,00 kN/m
2 respectivamente para os modelo 1A e 1A',
representando uma diferença de 0,73% entre os dois tipos de modelagem. Comparando esses
resultados com o valor médio para o 5º pavimento na Tabela 4.1, verifica-se taxa de
transferência de carregamento igual a 6,25% e 6,41% para os modelos 1A e 1A',
respectivamente.
Considerando agora a distribuição de tensões no térreo, as tensões médias obtidas
para o grupo 1 foram iguais a 2.362,28 kN/m2 e 2.360,69 kN/m
2, segundo os modelos 1A e
1A', respectivamente, correspondendo à diferença de 0,07% entre os dois tipos de
modelagens. Comparando esses valores com o correspondente na Tabela 4.1, pode-se
estabelecer uma taxa de transmissão igual a 6,15% e 6,21% para os modelos 1A e 1A',
respectivamente. As tensões médias no grupo 2 obtidas a partir dos modelos 1A e 1A'
apresentaram diferença de 1,58%, cujas intensidades foram iguais a 431,53 kN/m2 e
424,83 kN/m2, respectivamente.
40
Gráfico 4.1 – Tensão normal vertical no painel 1, modelos 1A e 1A’.
Fonte: Autor (2017).
Avaliando os resultados obtidos para os modelos 2A e 2A', que diferem dos anteriores
apenas pelo fato da abertura de janela ser menor, observa-se a mesma tendência de
comportamento, podendo-se considerar os mesmos comentários anteriores sob o ponto de
vista qualitativo. A partir do Gráfico 4.2, foram determinados os valores médios para as
tensões normais no grupo 1, tendo sido obtidos os seguintes valores relativos aos modelos 2A
e 2A' respectivamente: 1.425,02 kN/m2 e 1.406,36 kN/m
2 no 10º pavimento; 1.887,08 kN/m
2
e 1.867,47 kN/m2 no 5º pavimento; e 2.333,57 kN/m
2 e 2.305,32 kN/m
2 no térreo. Esses
valores de tensões correspondem às taxas de transferência de carregamento vertical seguintes,
também relativas aos modelos 2A e 2A' respectivamente: 0,92% e 2,22% no 10º pavimento;
7,39% e 8,35% no 5º pavimento; e 7,29% e 8,41% no térreo.
41
Gráfico 4.2 – Tensão normal vertical no painel 1, modelos 2A e 2A’.
Fonte: Autor (2017).
Em segundo lugar, foram apresentados os resultados para os modelos que analisaram
apenas a transferência de carga do grupo 2 para o grupo 1. O Gráfico 4.3 ilustra a distribuição
da tensão normal para os modelos 1B e 1B’.
Analisando a tensão nos grupos do 10º pavimento, percebeu-se que o valor médio no
grupo 2 foi igual a 1.201,48 kN/m² para o modelo 1B e 1.184,58 kN/m² para o modelo 1B', o
que corresponde a diferença de 1,43% entre os modelos de pórtico e de casca. No caso do
grupo 1, os valores médios para as tensões normais foram iguais a 8,62 kN/m2 e 22,93 kN/m
2,
correspondentes aos modelos 1B e 1B', respectivamente, indicando diferença de 62,41% entre
os dois tipos de modelagem. Comparando esses valores com a tensão média sem interação
que consta na Tabela 4.1, verifica-se uma taxa de transferência de carregamento da ordem
3,79% e 5,15% para os modelos 1B e 1B', respectivamente.
No caso do 5º pavimento, obtiveram, para o grupo 2, tensões médias com
intensidades iguais a 1.438,85 kN/m2 e 1.437,92 kN/m
2, segundo os modelos 1B e 1B',
respectivamente, o que corresponde à diferença de 0,06% entre a modelagem de pórtico
equivalente e elementos finitos de casca. Para o grupo 1 as intensidades das tensões médias
foram iguais a 82,74 kN/m2 e 122,57 kN/m
2 respectivamente para os modelo 1B e 1B',
representando uma diferença de 32,50% entre os dois tipos de modelagem. Comparando esses
resultados com o valor médio para o 5º pavimento na Tabela 4.1, verifica-se taxa de
transferência de carregamento igual a 18,67% e 18,73% para os modelos 1B e 1B',
respectivamente.
42
Considerando agora a distribuição de tensões no térreo, as tensões médias obtidas
para o grupo 2 foram iguais a 1.785,13 kN/m2 e 1.782,15 kN/m
2, segundo os modelos 1B e
1B', respectivamente, correspondendo à diferença de 0,17% entre os dois tipos de
modelagens. Comparando esses valores com o correspondente na Tabela 4.1, pode-se
estabelecer uma taxa de transmissão igual a 18,32% e 18,46% para os modelos 1B e 1B',
respectivamente. As tensões médias no grupo 1 obtidas a partir dos modelos 1B e 1B'
apresentaram diferença de 33,30%, cujas intensidades foram iguais a 99,51 kN/m2 e
149,19 kN/m2, respectivamente.
Gráfico 4.3 – Tensão normal vertical no painel 1, modelos 1B e 1B’.
Fonte: Autor (2017).
Avaliando os resultados obtidos para os modelos 2B e 2B', que diferem dos
anteriores apenas pelo fato da abertura de janela ser menor, observa-se a mesma tendência de
comportamento, podendo-se considerar os mesmos comentários anteriores sob o ponto de
vista qualitativo. A partir do Gráfico 4.4 foram determinados os valores médios para as
tensões normais no grupo 2, tendo sido obtidos os seguintes valores relativos aos modelos 2A
e 2A' respectivamente: 1.185,11 kN/m2 e 1.165,35 kN/m
2 no 10º pavimento; 1.386,45 kN/m
2
e 1.385,05 kN/m2 no 5º pavimento; 1.718,12 kN/m
2 e 1.711,98 kN/m
2 no térreo. Esses valores
de tensões correspondem às taxas de transferência de carregamento vertical seguintes,
também relativas aos modelos 2B e 2B' respectivamente: 5,10% e 6,69% no 10º pavimento;
21,63% e 21,71% no 5º pavimento; e 21,39% e 21,67% no térreo.
43
Gráfico 4.4 – Tensão normal vertical no painel 1, modelos 2B e 2B’.
Fonte: Autor (2017).
Por último, foram apresentados os resultados para os modelos que analisaram a
transferência de carga entre os dois grupos simultaneamente, que caracteriza a real situação
do edifício. O Gráfico 4.5 ilustra a distribuição da tensão normal para os modelos 1C e 1C’.
Analisando a tensão nos grupos do 10º pavimento, percebeu-se que o valor médio no
grupo 1 foi igual a 1.439,91 kN/m² para o modelo 1C e 1.443,07 kN/m² para o modelo 1C', o
que corresponde a diferença de 0,91% entre os modelos de pórtico e de casca. No caso do
grupo 2, os valores médios para as tensões normais foram iguais a 1.240,18 kN/m2 e
1.237,52 kN/m2, correspondentes aos modelos 1C e 1C', respectivamente, indicando diferença
de 0,21% entre os dois tipos de modelagem. Comparando esses valores com a tensão média
sem interação que consta na Tabela 4.1, verifica-se uma taxa de transferência de carregamento
do grupo 2 para o grupo 1, representando um alívio no grupo 2 da ordem 0,70% e 0,91%, e
para o grupo 1 um acréscimo de tensão da ordem de 0,11% e 0,33%, para os modelos 1C e
1C', respectivamente.
No caso do 5º pavimento, obtiveram, para o grupo 1, tensões médias com
intensidades iguais a 1.992,97 kN/m2 e 2.029,44 kN/m
2, segundo os modelos 1C e 1C',
respectivamente, o que corresponde à diferença de 1,80% entre a modelagem de pórtico
equivalente e elementos finitos de casca. Para o grupo 2 as intensidades das tensões médias
foram iguais a 1.796,43 kN/m2 e 1.792,92 kN/m
2 respectivamente para os modelo 1C e 1C',
representando uma diferença de 0,20% entre os dois tipos de modelagem. Comparando esses
resultados com o valor médio para o 5º pavimento na Tabela 4.1, verifica-se taxa de
transferência de carregamento do grupo 1 para o grupo 2, representando para o grupo 1 um
44
alívio igual a 2,19% e 0,40%, e para o grupo 2 um acréscimo igual a 1,54% e 1,34%, para os
modelos 1C e 1C', respectivamente.
Considerando agora a distribuição de tensões no térreo, as tensões médias obtidas
para o grupo 1 foram iguais a 2.461,79 kN/m2 e 2.509,88 kN/m
2, segundo os modelos 1C e
1C', respectivamente, correspondendo à diferença de 1,92% entre os dois tipos de
modelagens. As tensões médias no grupo 2 obtidas a partir dos modelos 1C e 1C'
apresentaram diferença de 0,44%, cujas intensidades foram iguais a 2.216,66 kN/m2 e
2.206,98 kN/m2, respectivamente. Comparando esses valores com o correspondente na Tabela
4.1, pode-se estabelecer uma taxa de transmissão do para o grupo 1 para o grupo 2, o que
representa um alívio igual a 2,19% e 0,28% par ao grupo 1, e para o grupo 2 um acréscimo
igual a 1,43% e 0,98%, para os modelos 1C e 1C', respectivamente.
Gráfico 4.5 – Tensão normal vertical no painel 1, modelos 1C e 1C’.
Fonte: Autor (2017).
Avaliando os resultados obtidos para os modelos 2C e 2C'. A partir do Gráfico 4.6,
foram determinados os valores médios para as tensões normais no grupo 1, tendo sido obtidos
os seguintes valores relativos aos modelos 2C e 2C' respectivamente: 1.443,06 kN/m2 e
1.440,36 kN/m2 no 10º pavimento; 2.018,26 kN/m
2 e 2.022,12 kN/m
2 no 5º pavimento;
2.492,10 kN/m2 e 2.503,32 kN/m
2 no térreo. Esses valores de tensões correspondem às taxas
de transferência de carregamento vertical seguintes, relativas aos modelos 2C e 2C'
respectivamente: acréscimo de tensão de 0,33% e 0,14% no 10º pavimento; alívio de 0,95% e
0,76% no 5º pavimento; e alívio de 0,99% e 0,54% no térreo. E as tensões normais no grupo
2, tendo sido obtidos os seguintes valores relativos aos modelos 2C e 2C' respectivamente:
45
1.246,80 kN/m2 e 1.244,85 kN/m
2 no 10º pavimento; 1.813,75 kN/m
2 e 1.807,02 kN/m
2 no 5º
pavimento; 2.237,90 kN/m2 e 2.219,42 kN/m
2 no térreo. Esses valores de tensões
correspondem às taxas de transferência de carregamento vertical seguintes, relativas aos
modelos 2C e 2C' respectivamente: alívio de 0,16% e 0,32% no 10º pavimento; acréscimo de
2,52% e 2,14% no 5º pavimento; e acréscimo de 2,40% e 1,55% no térreo.
Gráfico 4.6 – Tensão normal vertical no painel 1, modelos 2C e 2C’.
Fonte: Autor (2017).
4.2.2. Painel 30
A princípio foram apresentados os resultados para os modelos que analisaram apenas
a transferência de carga do grupo 3 para o restante dos grupos. O Gráfico 4.7 ilustra a
distribuição da tensão normal para os modelos A e A’, a partir da qual se percebe a atuação de
tensão normal nos grupos sem carregamento, indicando novamente haver transferência de
carga através do lintel.
Analisando a tensão nos grupos do 10º pavimento, percebeu-se que o valor médio no
grupo 3 foi igual a 1.386,54 kN/m² para o modelo A e 1.376,71 kN/m² para o modelo A', o
que corresponde a diferença de 0,71% entre os modelos de pórtico e de casca. Para os grupos
descarregados os valores médios para as tensões normais foram iguais a: 123,44 kN/m2 e
165,31 kN/m2
para o grupo 4, correspondentes aos modelos A e A' respectivamente,
indicando diferença de 25,23% entre os dois tipos de modelagem; 20,00 kN/m2 e -1,61 kN/m
2
para o grupo 5, correspondentes aos modelos A e A' respectivamente, indicando diferença de
mais de 1000% entre os dois tipos de modelagem (fato este que ocorre devido aos baixos
46
valores de tensão); -36,59 kN/m2 e -35,02 kN/m
2 para o grupo 6, correspondentes aos modelos
A e A' respectivamente, indicando diferença de 4,49% entre os dois tipos de modelagem.
Comparando esses valores com a tensão média sem interação que consta na Tabela 4.1,
verifica-se uma taxa de transferência de carregamento da ordem 3,60% e 4,28% para os
modelos A e A', respectivamente.
No caso do 5º pavimento, obtiveram, para o grupo 3, tensões médias com
intensidades iguais a 1.584,58 kN/m2 e 1.555,11 kN/m
2, segundo os modelos A e A',
respectivamente, o que corresponde à diferença de 1,89% entre a modelagem de pórtico
equivalente e elementos finitos de casca. Para o grupo 4 as intensidades das tensões médias
foram iguais a 938,62 kN/m2 e 1.016,92 kN/m
2 respectivamente para os modelo A e A',
representando uma diferença de 7,70% entre os dois tipos de modelagem. Para o grupo 5 as
intensidades das tensões médias foram iguais a 399,19 kN/m2 e 424,79 kN/m
2
respectivamente para os modelo A e A', representando uma diferença de 6,03% entre os dois
tipos de modelagem. Para o grupo 6 as intensidades das tensões médias foram iguais a -
427,08 kN/m2 e -466,23 kN/m
2 respectivamente para os modelo A e A', representando uma
diferença de 8,40% entre os dois tipos de modelagem. Comparando esses resultados com o
valor médio para o 5º pavimento na Tabela 4.1, verifica-se taxa de transferência de
carregamento igual a 22,23% e 23,68% para os modelos A e A', respectivamente.
Considerando agora a distribuição de tensões no térreo, as tensões médias obtidas
para o grupo 3 foram iguais a 1.960,67 kN/m2 e 1.927,21 kN/m
2, segundo os modelos A e A',
respectivamente, correspondendo à diferença de 1,74% entre os dois tipos de modelagens.
Comparando esses valores com o correspondente na Tabela 4.1, pode-se estabelecer uma taxa
de transmissão igual a 22,10% e 23,43% para os modelos A e A', respectivamente. As tensões
médias no grupo 4 obtidas a partir dos modelos A e A' apresentaram diferença de 7,62%,
cujas intensidades foram iguais a 1.156,08 kN/m2 e 1.251,38 kN/m
2, respectivamente. Para o
grupo 5 a diferença foi de 4,39% cujas intensidades foram de 489,06 kN/m2 e 511,52 kN/m
2,
respectivamente para os modelos A e A’. Já para o grupo 6 a diferença foi de 7,60% com as
seguintes intensidades: -525,72 kN/m2 e -568,94 kN/m
2 respectivamente para os modelos A e
A’.
47
Gráfico 4.7 – Tensão normal vertical no painel 30, modelos A e A’.
Fonte: Autor (2017).
Em segundo lugar apresentam-se os resultados para os modelos que analisaram
apenas a transferência de carga do grupo 4 para o restante dos grupos. O Gráfico 4.8 ilustra a
distribuição da tensão normal para os modelos B e B’.
Analisando a tensão na base dos grupos do 10º pavimento, percebeu-se que o valor
médio no grupo 4 foi igual a 1352,65 kN/m² para o modelo B e 1.273,74 kN/m² para o
modelo B', o que corresponde a diferença de 6,20% entre os modelos de pórtico e de casca.
Para os grupos descarregados os valores médios para as tensões normais foram iguais a:
65,11 kN/m2 e 79,14 kN/m
2 para o grupo 3, correspondentes aos modelos B e B',
respectivamente, indicando diferença de 17,73% entre os dois tipos de modelagem;
150,73 kN/m2 e 201,49 kN/m
2 para o grupo 5, correspondentes aos modelos B e B'
respectivamente, indicando diferença 25,19% entre os dois tipos de modelagem; 1,43 kN/m2 e
-4,63 kN/m2
para o grupo 6, correspondentes aos modelos B e B', respectivamente, indicando
diferença de 130,76% entre os dois tipos de modelagem. Comparando esses valores com a
tensão média sem interação que consta na Tabela 4.1, verifica-se uma taxa de transferência de
carregamento da ordem 18,35% e 23,12% para os modelos B e B', respectivamente.
No caso do 5º pavimento, obtiveram, para o grupo 4, tensões médias com
intensidades iguais a 568,47 kN/m2 e 552,20 kN/m
2, segundo os modelos B e B',
respectivamente, o que corresponde à diferença de 2,95% entre a modelagem de pórtico
equivalente e elementos finitos de casca. Para o grupo 3 as intensidades das tensões médias
foram iguais a 485,81 kN/m2 e 497,18 kN/m
2 respectivamente para os modelo B e B',
representando uma diferença de 2,29% entre os dois tipos de modelagem. Para o grupo 5 as
48
intensidades das tensões médias foram iguais a 461,30 kN/m2 e 443,51 kN/m
2
respectivamente para os modelo B e B', representando uma diferença de 4,01% entre os dois
tipos de modelagem. Para o grupo 6 as intensidades das tensões médias foram iguais a 234,90
kN/m2 e 247,31 kN/m
2 respectivamente para os modelo B e B', representando uma diferença
de 5,02% entre os dois tipos de modelagem. Comparando esses resultados com o valor médio
para o 5º pavimento na Tabela 4.1, verifica-se taxa de transferência de carregamento igual a
75,78% e 76,47% para os modelos B e B', respectivamente.
Considerando agora a distribuição de tensões no térreo, as tensões médias obtidas
para o grupo 4 foram iguais a 741,25 kN/m2 e 718,11 kN/m
2, segundo os modelos B e B',
respectivamente, correspondendo à diferença de 3,22% entre os dois tipos de modelagens.
Comparando esses valores com o correspondente na Tabela 4,1, pode-se estabelecer uma taxa
de transmissão igual a 74,43% e 75,23% para os modelos B e B', respectivamente. As tensões
médias no grupo 3 obtidas a partir dos modelos B e B' apresentaram diferença de 1,52%, cujas
intensidades foram iguais a 588,13 kN/m2 e 597,19 kN/m
2, respectivamente. Para o grupo 5 a
diferença foi de 0,06% cujas intensidades foram de 563,31 kN/m2 e 563,63 kN/m
2,
respectivamente para os modelos B e B’. Já para o grupo 6 a diferença foi de 1,59% com as
seguintes intensidades: 283,59 kN/m2 e 288,18 kN/m
2 respectivamente para os modelos B e
B’.
Gráfico 4.8 – Tensão normal vertical no painel 30, modelos B e B’.
Fonte: Autor (2017).
49
Por fim apresentam-se os resultados para os modelos que analisaram a transferência
que acontece quando todos os 4 grupos desse painel estão carregados. O Gráfico 4.9 ilustra a
distribuição da tensão normal para os modelos C e C’.
Analisando a tensão na base dos grupos do 10º pavimento, percebeu-se que o valor
médio no grupo 3 foi igual a 1.433,24 kN/m² para o modelo C e 1.419,60 kN/m² para o
modelo C', correspondendo a uma diferença de 0,96% entre os modelos e um alívio na tensão
de 0,35% e 1,30% para os modelos C e C’, respectivamente. Para o grupo 4 a tensão média
foi de 1.665,00 kN/m² para o modelo C e 1.675,50 kN/m² para o modelo C', correspondendo a
uma diferença de 0,63% entre os modelos e um acréscimo na tensão de 0,50% e 1,13% para
os modelos C e C’, respectivamente. Para o grupo 5 a tensão média foi de 1.601,33 kN/m²
para o modelo C e 1.608,48 kN/m² para o modelo C', correspondendo a uma diferença de
0,44% entre os modelos e um acréscimo na tensão de 2,60% e 3,05% para os modelos C e C’,
respectivamente. Para o grupo 6 a tensão média foi de 1.396,78 kN/m² para o modelo C e
1.485,45 kN/m² para o modelo C', correspondendo a uma diferença de 5,97% entre os
modelos e um alívio na tensão de 18,27% e 13,08% para os modelos C e C’, respectivamente.
Já pela análise da tensão na base dos grupos do 5º pavimento, percebeu-se que o
valor médio no grupo 3 foi igual a 1.960,91 kN/m² para o modelo C e 1.843,45 kN/m² para o
modelo C', correspondendo a uma diferença de 6,37% entre os modelos e um alívio na tensão
de 3,76% e 9,53% para os modelos C e C’, respectivamente. Para o grupo 4 a tensão média
foi de 2.467,45 kN/m² para o modelo C e 2.586,43 kN/m² para o modelo C', correspondendo a
uma diferença de 4,60% entre os modelos e um acréscimo na tensão de 5,13% e 10,20% para
os modelos C e C’, respectivamente. Para o grupo 5 a tensão média foi de 2.380,12 kN/m²
para o modelo C e 2.535,31 kN/m² para o modelo C', correspondendo a uma diferença de
6,12% entre os modelos e um acréscimo na tensão de 7,64% e 14,66% para os modelos C e
C’, respectivamente. Para o grupo 6 a tensão média foi de 2.013,47 kN/m² para o modelo C e
2.172,81 kN/m² para o modelo C', correspondendo a uma diferença de 7,13% entre os
modelos e um alívio na tensão de 16,83% e 10,25% para os modelos C e C’, respectivamente.
Por último, analisando a tensão na base dos grupos do Térreo, percebeu-se que o
valor médio no grupo 3 foi igual a 2.397,18 kN/m² para o modelo C e 2.253,33 kN/m² para o
modelo C', correspondendo a uma diferença de 6,38% entre os modelos e um alívio na tensão
de 4,76% e 10,48% para os modelos C e C’, respectivamente. Para o grupo 4 a tensão média
foi de 3.082,99 kN/m² para o modelo C e 3.217,92 kN/m² para o modelo C', correspondendo a
uma diferença de 4,19% entre os modelos e um acréscimo na tensão de 6,34% e 10,99% para
os modelos C e C’, respectivamente. Para o grupo 5 a tensão média foi de 2.975,68 kN/m²
50
para o modelo C e 3.148,26 kN/m² para o modelo C', correspondendo a uma diferença de
5,48% entre os modelos e um acréscimo na tensão de 8,94% e 15,26% para os modelos C e
C’, respectivamente. Para o grupo 6 a tensão média foi de 2.530,85 kN/m² para o modelo C e
2.652,05 kN/m² para o modelo C', correspondendo a uma diferença de 4,57% entre os
modelos e um alívio na tensão de 15,38% e 11,32% para os modelos C e C’, respectivamente.
Gráfico 4.9 – Tensão normal vertical no painel 30, modelos C e C’.
Fonte: Autor (2017).
4.2.3. Conclusões parciais
Avaliando os casos dos modelos A do painel 1, nos quais apenas o grupo 1, de maior
comprimento, é submetido ao carregamento vertical, percebeu-se que é baixa a taxa de
transferência de carregamento vertical, iguais a 1,18%, 6,25% e 6,15%, em cada pavimento
avaliado dos modelos 1A, e iguais a 0,92%, 7,39% e 8,41%, em cada pavimento avaliado dos
modelos 2A. Entretanto, no caso dos modelos B para o mesmo painel, nos quais apenas o
grupo 2, de menor comprimento, é submetido ao carregamento vertical, percebeu-se que é
elevada a taxa de transferência de carregamento vertical, iguais a 3,79%, 18,67% e 18,32%,
em cada pavimento avaliado dos modelos 1B, e iguais a 5,10%, 21,63% e 21,39%, em cada
pavimento avaliado dos modelos 2B. A partir desses valores se percebe a tendência da taxa de
transferência ser maior nos pavimentos inferiores, se tornando constante a partir de
determinado pavimento, que no caso dos painéis aqui avaliados foi o 5º pavimento. Além
disso, é possível perceber também taxas de transferências maiores no caso da abertura menor,
51
o que pode ser explicado pela maior rigidez do lintel que apresenta maior altura da seção
transversal e menor vão.
Considerando agora os resultados obtidos para o painel 30, a partir da avaliação do
modelo A, no qual somente o grupo 3 é carregado, percebe-se taxas de transmissão de 3,6%,
22,23% e 22,10% em cada pavimento analisado. O modelo B, no qual somente o grupo 4 é
carregado, é o caso onde se observam as maiores taxas de transmissão, fato este que ocorre
devido a este grupo estar situado entre outros dois, transferindo carga diretamente aos grupos
ligados à ele por meio do lintel, justificando as elevadas taxas de transferências de: 18,35%,
75,78% e 76,47% nos pavimentos analisados.
Percebe-se ainda uma tendência maior de transferências em grupos de menores
comprimentos. Comportamento este esperado, visto que, grupos muito longos, as cargas mais
afastadas do lintel não conseguem se espalhar pelo mesmo, Parsekian et al (2013) desenvolve
um procedimento manual aproximado para consideração da transmissão de esforços entre
aberturas, nele o autor considera que a carga de distribui numa inclinação de 45º, desta forma
a carga que caminha pelo lintel fica delimitada à uma faixa específica, comprovando que,
cargas muito distantes do lintel não conseguem ser transmitidas pelo mesmo.
Avaliando os casos dos modelos C do lintel 1 e o modelo C do lintel 30, nos quais
foram aplicados carregamento verticais em todos os grupos dos painéis, observou-se que
ocorre redução nas tensões em determinados grupos e consequente acréscimo em outros. No
entanto, percebem-se taxas de transferência bem menores que as obtidas anteriormente, o que
pode ser explicado pela transferência simultânea da carga entre os dois grupos.
Adicionalmente a esses aspectos, a diferença entre os carregamentos aplicados em cada grupo
é pequena, da ordem de 15%, de modo que se espera que os valores das taxas de transferência
sejam tanto maiores quanto maior for a diferença entre os carregamentos atuantes nos grupos.
Apesar disso, os valores para essas taxas não podem ser maiores que aqueles obtidos a partir
dos modelos onde a carga atua somente em um único grupo, que representam a maior
diferença possível entre os carregamentos atuantes. Diante de todos esses aspectos,
recomenda-se fortemente que seja realizado, cuidadosamente, o dimensionamento do lintel,
assegurando adequada capacidade resistente e a possibilidade de ocorrência da interação entre
os grupos.
Por fim, destaca-se a proximidade entre os resultados obtidos com o modelo de pórtico
equivalente e com o de elementos finitos de casca, concordantemente com o observado por
Nascimento Neto et. al. (2014), Medeiros et. al. (2014), Medeiros (2015) e Lopes (2016).
52
4.3 Resultado dos lintéis
A partir dos mesmos modelos discretizados no capítulo 3, foi observado, além dos
esforços normais verticais em cada grupo de parede, os esforços solicitantes nos lintéis.
Pois, como peça fundamental na transmissão dos esforços entre os grupos, é essencial
verificar e dimensionar o lintel para os esforços solicitantes que surgem em decorrência da
consideração da interação. O presente estudo não objetiva dimensionar o lintel, apenas
mostrar os níveis de tensões atuantes e a forma como se distribuem no mesmo.
Para estas análises, foi considerada três seções do lintel, a primeira localizada na
extremidade esquerda do elemento, a segunda no centro e a terceira na extremidade direita,
denominadas S1, S2 e S3, respectivamente, conforme ilustra a Figura 4.1 a seguir:
Figura 4.1 – Seções de análises do lintel.
Fonte: Autor (2017).
As analises realizadas se deram somente para os modelos que levam em conta os
carregamentos em todos os grupos do painel, portanto, os modelos com denominações
“C”. Visto que, os modelos que analisam somente a carga em um dos grupos, não
apresentam a real condição de solicitação do lintel, tais modelos foram realizados apenas
com o intuito de analisar como se dá a transferência de um grupo para outro.
Assim como nas análises das tensões normais verticais, as análises dos esforços
solicitantes dos lintéis se deram para o 1º pavimento (lintel localizado entre o térreo e o 2º
pavimento), 5º pavimento (lintel localizado entre o 4º e o 5º pavimento) e 10º pavimento
(lintel localizado entre o 9º e o 10º pavimento).
53
4.3.1. Distribuição de tensão normal nas seções transversais
A primeira análise consistiu na determinação do esforço normal atuante nos
lintéis. Cada seção anteriormente mencionada foi analisada e seus resultados plotados em
gráficos. Do ponto de vista qualitativo percebe-se uma distribuição de tensão normal
diferente daquilo que se espera para vigas comuns, observando-se, para a seção S2, uma
compressão na região central do elemento e tração nas extremidades, as seções S1 e S3 de
extremidades, além do comportamento anterior, em alguns casos, a extremidade volta a ter
um pico de compressão novamente. Esse comportamento diferenciado em relação ao que
se observa em vigas comuns é atribuído ao fato do elemento, como já mencionado
anteriormente, se comportar com uma viga-parede, Leonhardt et al (1978) realiza uma
série de análises da distribuição de tensões em vigas-parede. Desta forma, os resultados
encontrados nesse estudo, serão comparados aos resultados das análises feitas por
Leonhardt. Cabe ressaltar, mais uma vez, o sentido adotado para a convenção dos esforços,
onde: as tensões de compressão foram consideradas como sendo positivas e,
consequentemente, as tensões de tração negativa.
4.3.1.1. Lintel do painel 1
Referente ao painel 1 foram analisados os dois casos considerados anteriormente, o
modelo 1: abertura de janela de 121x121 cm; e o modelo 2: abertura de janela de 61x61
cm. Se tratando, portanto, do lintel A e do lintel B, maiores detalhes sobre esses lintéis
pode ser verificado no item 2.4 do presente trabalho. Dessa forma, a partir dos modelos de
1C e 1C’, 2C e 2C’, obtiveram-se os resultados conforme os gráficos a seguir:
Gráfico 4.10 – Tensão normal no lintel do modelo 1, 10º pavimento: (a) seção S1; (b)
seção S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
54
(c) Fonte: Autor (2017).
Observando o Gráfico 4.10a e 4.10b, que representa o lintel do 10º pavimento,
percebe-se o comportamento anteriormente mencionado, uma inversão repentina de tração
para compressão. Além de níveis de tensões mais baixos nestas seções de extremidade. Para a
seção central (Gráfico 4.10c) observa-se uma distribuição de tensão mais regular, onde os
máximos valores observados para as tensões normais foram:
- Compressão: 172,81 kN/m² e 178,35 kN/m² para os modelos 1C e 1C’,
respectivamente;
- Tração: -415,85 kN/m² e -338,93 kN/m² para os modelos 1C e 1C’, respectivamente.
Gráfico 4.11 – Tensão normal no lintel do modelo 1, 5º pavimento: (a) seção S1; (b)
seção S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
55
(c)
Fonte: Autor (2017).
Analisando o Gráfico 4.11, que representa as tensões no lintel do 5º pavimento,
observam-se os mesmos comportamentos descritos anteriormente. Onde, para a seção central
(seção mais solicitada a esforço normal), os máximos esforços foram:
- Compressão: 294,08 kN/m² e 252,84 kN/m² para os modelos 1C e 1C’,
respectivamente;
- Tração: -557,11 kN/m² e -513,25 kN/m² para os modelos 1C e 1C’, respectivamente
Gráfico 4.12 – Tensão normal no lintel do modelo 1, térreo: (a) seção S1; (b) seção S3 e
(c) seção S2.
(a) (b)
56
(c)
Fonte: Autor (2017).
Pela análise do Gráfico 4.12, que representa a distribuição de tensão no lintel do
pavimento térreo, portanto, o lintel mais solicitado, percebem-se os seguintes valores
máximos de tensão normal na seção S2:
- Compressão: 340,11 kN/m² e 344,91 kN/m² para os modelos 1C e 1C’,
respectivamente;
- Tração: -663,61 kN/m² e -617,80 kN/m² para os modelos 1C e 1C’, respectivamente.
Gráfico 4.13 – Tensão normal no lintel do modelo 2, 10º pavimento: (a) seção S1; (b)
seção S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
57
(c)
Fonte: Autor (2017).
Observando o Gráfico 4.13a e 4.13b, que representa o lintel do 10º pavimento, mas
agora o considerando com uma maior rigidez, percebe-se um comportamento semelhante ao
anteriormente mencionado, porém sem acontecer mais a inversão repentina de tração para
compressão que ocorria nas seções de extremidade. Outra notável diferença é que nas regiões
de compressão os picos de tensão, ou seja, os valores máximos, acontecem em um trecho bem
mais extenso ao longo da altura do lintel. Essas diferenças de comportamento se explicam
pelas diferenças de rigidez entre o lintel A e o lintel B, visto que este apresenta uma altura
superior e um comprimento muito menor. Desta forma, para a seção central (Gráfico 4.13c)
observam-se os seguintes valores máximos:
- Compressão: 116,52 kN/m² e 117,56 kN/m² para os modelos 2C e 2C’,
respectivamente;
- Tração: -390,32 kN/m² e -429,32 kN/m² para os modelos 2C e 2C’, respectivamente.
Gráfico 4.14 – Tensão normal no lintel do modelo 2, 5º pavimento: (a) seção S1; (b)
seção S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
58
(c)
Fonte: Autor (2017).
Analisando o Gráfico 4.14, que representa as tensões no lintel do 5º pavimento,
observam-se os mesmos comportamentos descritos anteriormente. Onde, para a seção central,
os máximos esforços foram:
- Compressão: 154,08 kN/m² e 191,15 kN/m² para os modelos 2C e 2C’,
respectivamente;
- Tração: -518,13 kN/m² e -554,58 kN/m² para os modelos 2C e 2C’, respectivamente.
Gráfico 4.15 – Tensão normal no lintel do modelo 2, térreo: (a) seção S1; (b) seção S3
e (c) seção S2.
(a) (b)
59
(c)
Fonte: Autor (2017).
Pela análise do Gráfico 4.15, que representa a distribuição de tensão no lintel do
pavimento térreo, portanto, o lintel mais solicitado, percebem-se os seguintes valores
máximos de tensão normal na seção S2:
- Compressão: 173,22 kN/m² e 222,49 kN/m² para os modelos 2C e 2C’,
respectivamente;
- Tração: -626,10 kN/m² e -662,53 kN/m² para os modelos 2C e 2C’, respectivamente.
4.3.1.2. Lintel do painel 30
No caso do painel 30, que possui três lintéis distintos, as análises foram realizadas
apenas para o lintel localizado entre o grupo de paredes 3 e o grupo de paredes 4. Esse
lintel é referente a uma abertura de dimensões 151x121 cm, se tratando dessa forma do
lintel C visto no item 2.4. Assim sendo, a partir do modelo C e C’ obtiveram-se os
seguintes resultados ilustrados nos gráficos a seguir:
Gráfico 4.16 – Tensão normal no lintel, 10° pavimento: (a) seção S1; (b) seção S3 e (c)
seção S2.
(a) (b)
60
(c)
Fonte: Autor (2017).
Pela análise do Gráfico 4.16, que representa a distribuição de tensão no lintel do 10º
pavimento, percebem-se os seguintes valores máximos de tensão normal na seção S2:
- Compressão: 104,75 kN/m² e 171,70 kN/m² para os modelos C e C’,
respectivamente;
- Tração: -226,42 kN/m² e -292,43 kN/m² para os modelos C e C’, respectivamente.
Gráfico 4.17 – Tensão normal no lintel, 5° pavimento: (a) seção S1; (b) seção S3 e (c)
seção S2.
(a) (b)
61
(c)
Fonte: Autor (2017).
Pela análise do Gráfico 4.17, que representa a distribuição de tensão no lintel do 5º
pavimento, percebem-se os seguintes valores máximos de tensão normal na seção S2:
- Compressão: 133,31 kN/m² e 203,56 kN/m² para os modelos C e C’,
respectivamente;
- Tração: -272,22 kN/m² e -401,13 kN/m² para os modelos C e C’, respectivamente.
Gráfico 4.18 – Tensão normal no lintel, térreo: (a) seção S1; (b) seção S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
62
(c)
Fonte: Autor (2017).
Pela análise do Gráfico 4.18, que representa a distribuição de tensão no lintel do
pavimento térreo, percebem-se os seguintes valores máximos de tensão normal na seção S2:
- Compressão: 144,38 kN/m² e 224,18 kN/m² para os modelos C e C’,
respectivamente;
- Tração: -325,09 kN/m² e -484,57 kN/m² para os modelos C e C’, respectivamente.
4.3.2. Distribuição de tensão de cisalhamento nas seções transversais
Outra análise realizada diz respeito à determinação das tensões de cisalhamento nos
lintéis. Assim como na análise de tensão normal, foram analisadas as tensões em três
seções dos lintéis (conforme a Figura 4.1). Do ponto de vista qualitativo observa-se uma
distribuição de tensões semelhantes àquelas esperadas na análise de uma viga comum, com
a tensão variando linearmente com seus máximos nas extremidades da seção, na seção
central S2, onde se espera que a tensão cisalhante seja nula, observam-se alguns valores de
pequena intensidade e um gráfico numa configuração diferente daqueles nas extremidades.
Leonhardt et al (1978) também apresenta em suas análises algum exemplos da distribuição
das tensões cisalhantes em vigas-parede.
63
4.3.2.1. Lintel do painel 1
Da mesma forma que nas análises das tensões normais, foi verificado o
cisalhamento para as duas configurações de abertura do painel 1. Assim sendo, a partir de
dados coletados dos modelos 1C, 1C’, 2C e 2C’, obteve-se os resultados a seguir:
Gráfico 4.19 – Tensão cisalhante no lintel do modelo 1, 10º pavimento: (a) seção S1; (b)
seção S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autor (2017).
Pela análise do Gráfico 4.19, que representa o lintel do 10º pavimento, percebe-se uma
distribuição aproximadamente linear para as seções de extremidades. A seção intermediária
apresenta-se numa diferente forma, visto a baixíssima intensidade das tensões. Desta forma,
têm-se nas seções de extremidades os seguintes máximos esforços de cisalhamento,
respectivamente para os modelos 1C e 1C’:
- Seção S1: 635,70 kN/m² e 489,32 kN/m² na parte superior e -649,51 kN/m² e -471,36
kN/m² na parte inferior do elemento;
64
- Seção S3: -578,62 kN/m² e -391,44 kN/m² na parte superior e 641,75 kN/m² e 447,89
kN/m² na parte inferior do elemento.
Gráfico 4.20 – Tensão cisalhante no lintel do modelo 1, 5º pavimento: (a) seção S1;
(b) seção S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autor (2017).
Analisando o Gráfico 4.20, que representa o lintel do 5º pavimento, têm-se nas seções
de extremidades os seguintes máximos esforços de cisalhamento, respectivamente para os
modelos 1C e 1C’:
- Seção S1: 915,99 kN/m² e 643,45 kN/m² na parte superior e -934,14 kN/m² e -669,91
kN/m² na parte inferior do elemento;
- Seção S3: -833,98 kN/m² e -567,12 kN/m² na parte superior e 862,39 kN/m² e 584,87
kN/m² na parte inferior do elemento.
65
Gráfico 4.21 – Tensão cisalhante no lintel do modelo 1, térreo: (a) seção S1; (b) seção
S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autor (2017).
Analisando o Gráfico 4.21, que representa o lintel do térreo, sendo dessa forma o lintel
mais solicitado, têm-se nas seções de extremidades os seguintes máximos esforços de
cisalhamento, respectivamente para os modelos 1C e 1C’:
- Seção S1: 1.074,78 kN/m² e 760,14 kN/m² na parte superior e -1.097,84 kN/m² e -786,35
kN/m² na parte inferior do elemento;
- Seção S3: -985,10 kN/m² e -682,73 kN/m² na parte superior e 1.007,97 kN/m² e 727,39
kN/m² na parte inferior do elemento.
66
Gráfico 4.22 – Tensão cisalhante no lintel do modelo 2, 10º pavimento: (a) seção S1;
(b) seção S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autor (2017).
Pela análise do Gráfico 4.22, que representa o lintel do 10º pavimento, mas diferindo
pelo fato do lintel apresentar-se mais rígido, seguem as mesmas tendências de
comportamento. Apresentando os máximos esforços para as seções de extremidade,
respectivamente para os modelos 2C e 2C’:
- Seção S1: 626,14 kN/m² e 404,58 kN/m² na parte superior e -645,58 kN/m² e -387,33
kN/m² na parte inferior do elemento;
- Seção S3: -595,86 kN/m² e -381,64 kN/m² na parte superior e 673,08 kN/m² e 413,71
kN/m² na parte inferior do elemento.
67
Gráfico 4.23 – Tensão cisalhante no lintel do modelo 2, 5º pavimento: (a) seção S1;
(b) seção S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autor (2017).
Analisando o Gráfico 4.23, que representa o lintel do 5º pavimento, têm-se nas seções
de extremidades os seguintes máximos esforços de cisalhamento, respectivamente para os
modelos 2C e 2C’:
- Seção S1: 892,31 kN/m² e 560,31 kN/m² na parte superior e -917,05 kN/m² e -561,35
kN/m² na parte inferior do elemento;
- Seção S3: -865,47 kN/m² e -542,51 kN/m² na parte superior e 902,62 kN/m² e 545,84
kN/m² na parte inferior do elemento.
68
Gráfico 4.24 – Tensão cisalhante no lintel do modelo 2, térreo: (a) seção S1; (b) seção
S3 e (c) seção S2.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autor (2017).
Analisando o Gráfico 4.24, que representa o lintel do térreo, sendo dessa forma o lintel
mais solicitado, têm-se nas seções de extremidades os seguintes máximos esforços de
cisalhamento, respectivamente para os modelos 2C e 2C’:
- Seção S1: 1.050,97 kN/m² e 655,17 kN/m² na parte superior e -1.085,11 kN/m² e -657,32
kN/m² na parte inferior do elemento;
- Seção S3: -1.024,84 kN/m² e -652,03 kN/m² na parte superior e 1.063,29 kN/m² e
671,07 kN/m² na parte inferior do elemento.
4.3.2.2. Lintel do painel 30
Assim como na análise das tensões normais, o lintel analisado do painel 30 é
aquele situado entre o grupo de paredes 3 e o grupo de paredes 4. Desta maneira, a partir
dos modelos C e C’, obteve-se os seguintes resultados:
69
Gráfico 4.25 – Tensão cisalhante no lintel, 10º pavimento: (a) seção S1; (b) seção S3 e
(c) seção S2.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autor (2017).
Analisando o Gráfico 4.25, que representa o lintel do 10º pavimento, têm-se nas
seções de extremidades os seguintes máximos esforços de cisalhamento, respectivamente para
os modelos C e C’:
- Seção S1: 489,18 kN/m² e 424,69 kN/m² na parte superior e -463,64 kN/m² e -320,77
kN/m² na parte inferior do elemento;
- Seção S3: -457,72 kN/m² e -318,82 kN/m² na parte superior e 525,17 kN/m² e
505,73 kN/m² na parte inferior do elemento.
70
Gráfico 4.26 – Tensão cisalhante no lintel, 5º pavimento: (a) seção S1; (b) seção S3 e
(c) seção S2.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autor (2017).
Analisando o Gráfico 4.26, que representa o lintel do 5º pavimento, têm-se nas seções
de extremidades os seguintes máximos esforços de cisalhamento, respectivamente para os
modelos C e C’:
- Seção S1: 654,71 kN/m² e 497,84 kN/m² na parte superior e -446,55 kN/m² e -493,99
kN/m² na parte inferior do elemento;
- Seção S3: -675,11 kN/m² e -562,00 kN/m² na parte superior e 720,87 kN/m² e
659,73 kN/m² na parte inferior do elemento.
71
Gráfico 4.27 – Tensão cisalhante no lintel, térreo: (a) seção S1; (b) seção S3 e (c)
seção S2.
(a) (b)
(c)
Fonte: Autor (2017).
Analisando o Gráfico 4.27, que representa o lintel do pavimento térreo, têm-se nas
seções de extremidades os seguintes máximos esforços de cisalhamento, respectivamente para
os modelos C e C’:
- Seção S1: 766,15 kN/m² e 591,61 kN/m² na parte superior e -753,14 kN/m² e -594,92
kN/m² na parte inferior do elemento;
- Seção S3: -798,58 kN/m² e -662,78 kN/m² na parte superior e 848,28 kN/m² e
779,31 kN/m² na parte inferior do elemento.
4.3.3. Comparação com resultados esperados para vigas-parede de concreto
armado
Embora a princípio o formato dos gráficos cause certa estranheza, principalmente
quando analisadas as tensões normais. Leonhardt el al (1978) traz em seu livro
“Construções de Concreto vol.2” uma série de estudos relacionados às análises de vigas-
72
parede, nele é possível observar uma considerável semelhança entre as distribuições
encontradas neste estudo, e as distribuições de tensões que ele propõe em suas análises.
Partindo das análises das tensões normais ilustradas nos gráficos do item 4.1,
percebemos um comportamento geral das seções com compressão no centro e tração nas
extremidades. Esse comportamento é descrito por Leonhardt em seu estudo, onde o autor
comenta que, a configuração esperada da tensão normal para uma viga-parede sujeita a um
carregamento uniforme, se dá com tração na extremidade inferior e compressão no restante
da seção. No entanto, quando analisada uma viga-parede sujeita a um carregamento
concentrado nas extremidades, este carregamento induz tensões de tração também na
extremidade superior. A figura a seguir ilustra os dois casos analisados por Leonhardt:
Figura 4.2 – Tensão normal para uma viga-parede: (a) para carregamento distribuído e
(b) para carregamento concentrado.
(a) (b)
Fonte: Leohardt e Mönning (1978).
Analisando-se os gráficos do item 4.1, percebe-se uma semelhança muito grande
de comportamento com os gráficos proposto por Leonhardt et al (1978). Principalmente
quando comparados à situação de cargas concentradas nas extremidades, o que é de fato
esperado, visto que o lintel não possui carregamento distribuído em seu comprimento além
do peso próprio, toda a carga que a que ele está submetido vem de suas extremidades. A
seguir têm-se alguns exemplos de gráficos que ilustram perfeitamente o comportamento
proposto por Leonhardt.
73
Figura 4.3 – Exemplo de gráficos que ilustram com muita precisão o comportamento
esperado por Leonhardt.
Fonte: Autor (2017).
O sentido contrário da concavidade dos gráficos em comparação aos gráficos
propostos por Leonhardt el al (1978), deve-se ao fato da consideração de sinais para ao
esforços de tração e compressão.
O comportamento anteriormente mencionado para a tensão normal aplica-se
apenas as seções intermediárias das vigas-parede ou nas seções de extremidades de vigas
sem continuidade. Nas seções situadas nas extremidades das vigas analisadas no item 4.1.1
observa-se que após a tração a tensão tem um pico de compressão, esse fato é atribuído à
ligação do lintel com os grupos de parede. Leonhardt et al (1978) também analisa as seções
de extremidades de uma viga com continuidade. “No caso de vigas-parede contínuas
(admitindo-se apoios rígidos), tem-se nos vãos L/2, uma distribuição de tensões
semelhante à de vigas de um só vão. Sobre os apoios aparece uma concentração da zona de
compressão (tanto maior quanto menor for a esbeltez)...”. (Leonhardt el al, 1978, p.30). O
autor traz ainda a seguinte ilustração dessa distribuição.
74
Figura 4.4 – Tensão normal para uma viga-parede contínua em uma seção de
extremidade.
Fonte: Leohardt e Mönning (1978).
Esse comportamento é bastante semelhante ao que acontece nas seções de
extremidades das vigas-parede analisadas. Como se pode observar a seguir:
Figura 4.5 – Tensão normal em uma seção de extremidade.
Fonte: Autor (2017).
De tratando de tensões de cisalhamento Leonhardt não abrange tanto o assunto, no
entanto, traz alguns exemplos de diagramas de tensão cisalhante em vigas-parede conforme
pode ser observado na Figura 4.6. Onde se observa o comportamento linear do gráfico,
bem semelhantes aos resultados obtidos neste estudo. Contudo, os resultados obtidos para
os lintéis analisados apresentam um pico na extremidade, esse efeito é gerado devido a
maior rigidez nessa região, por se tratar da região onde estão localizadas as vergas e
contraverga.
75
Figura 4.6 – Exemplos de gráficos de esforço cortante para vigas-parede.
Fonte: Leohardt e Mönning (1978).
Vale salientar que nada foi comentado sobre solicitações de momentos visto que
esse tipo de esforço apresentou baixíssimas intensidades, bem próximo de zero, em todos
os casos analisados pelos modelos computacionais.
4.3.4. Conclusões parciais
Por fim, pode-se comentar que os resultados obtidos nas análises dos lintéis são
satisfatórios, visto que, todos os comportamentos obtidos estão de acordo com aquilo
observado nos estudos de Leonhardt et al (1978). Pela análise dos dois lintéis distintos do
painel 1, percebe-se que lintéis mais rígidos tendem a apresentar menores picos nas tensões,
conduzindo a esforços mais baixos.
A partir dos resultados apresentados, fica evidente que, na consideração da interação
entre grupos de paredes, deve-se dimensionar o lintel para os esforços que surgem devido à
consideração desta interação. Visto que, são induzidas nos lintéis, tensões de tração,
compressão e cisalhamento de valores consideráveis.
Por fim, chama-se atenção para a efetividade do modelo de pórtico equivalente que,
mais uma vez, apresentou resultados satisfatórios em comparação aos modelos de elementos
finitos de casca. As maiores divergências, como já comentado anteriormente, se dão quando
analisadas regiões de baixos valores de tensões, como por exemplo, a tensão cisalhante no
centro dos lintéis.
76
5 CONCLUSÕES
A pesquisa apresentada foi pautada no emprego do modelo de pórtico equivalente
para analisar a interação entre diferentes grupos de parede, com o objetivo de avaliar e
quantificar o percentual de carga que migra de um grupo à outro através dos lintéis. Assim
como analisar os esforços nestes lintéis, provenientes da consideração da interação entre
os grupos de parede. Ressalta-se ainda que, para todos os materiais, foi considerado
comportamento elástico linear.
As partir das análises dos modelos computacionais adotados, pôde-se perceber que
realmente a carga situada em um grupo de paredes isolado migra para os grupos
subsequentes por meio dos lintéis. Entretanto, essa migração se dá de forma considerável
apenas nos modelos onde somente um grupo está carregado, neste tipo de análises foi
observados alívios até maiores que 70%. Nos modelos que verificam a transmissão de
carga quanto todos os grupos estão carregados, observou-se como esperado, que alguns
grupos sofrem alívio de suas tensões e outros grupos, consequentemente, sofrem
acréscimo de suas tensões, mas sempre com valores de transferência de cargas muito
abaixo daqueles observados nos casos que somente um grupo de paredes é carregado.
Indicando que a transmissão de esforços depende da diferença de carregamento entre os
grupos analisados, sendo tanto maior quanto maior for esta diferença. Dentre os outros
fatores que influenciam nessa transferência, destacam-se:
Comprimentos dos grupos, visto que, grupos de longos comprimentos sofrem
menores alívios de tensões, pelo fato de que cargas muito distantes dos lintéis
não conseguem migrar pelos mesmos;
Posição do grupo, pois grupos que se localizam entre outros dois tendem a
apresentar maiores interações, pois interagem com mais de um grupo de
paredes.
Rigidez de cada grupo, visto que a transmissão de esforços se dá pela
mobilização do lintel, que depende da movimentação relativa entre os grupos
de parede.
Sendo a peça chave na consideração da interação entre os grupos de parede, o lintel
fica então submetido a esforços que antes não ocorriam. Esses esforços se mostraram de
intensidades relevantes, apresentando tensões normais de compressão e de tração,
dependendo da região do lintel, assim como tensões de cisalhamentos a níveis
77
consideráveis. Desta forma, para se levar em conta a transmissão de esforços entre grupos
de paredes, deve-se verificar e analisar cuidadosamente cada esforço no qual o lintél esta
submetido.
Sendo assim, recomenda-se que o efeito de interação entre grupos de parede seja
considerado em projeto com muita cautela, pois, no caso particular dos exemplos
desenvolvidos, as taxas de transferência variaram consideravelmente de acordo com os
fatores citados anteriormente.
A validação do modelo de pórtico equivalente se deu pela comparação de seus
resultados com aqueles obtidos a partir da modelagem com elementos finitos de casca.
Foram abordadas diversas situações para dois painéis de um edifício real, com os
resultados do modelo de pórtico sempre muito próximos aos resultados do modelo de
casca. A partir das análises dos resultados de ambos os modelos, pôde-se concluir que:
De modo geral o modelo de pórtico equivalente apresenta uma precisão muito
grande comparando-o com o modelo de elementos finitos de casca, precisões
menores observam-se apenas em regiões onde o nível de tensões é
consideravelmente baixo;
O modelo de pórtico se mostrou muito eficiente, inclusive, em regiões de
concentração de tensão, como por exemplo, as regiões grauteadas do painel,
que aumentam localmente a rigidez do painel e fazem surgir concentrações de
tensões;
Na determinação dos esforços nos lintéis o modelo de pórtico representou
muito bem o comportamento esperado, sempre com comportamentos
equivalentes aos do modelo de casca e intensidades aproximadamente as
mesmas.
Por fim, pode-se destacar o excelente potencial do modelo de pórtico equivalente
para aplicação em projetos usuais de edifícios de alvenaria estrutural. Entre os principais
fatores que fazem do modelo de pórtico equivalente uma ótima solução, destacam-se:
Facilidade de análise e interpretação dos resultados, pois são expressos em
termos de esforços nas barras;
Baixo custo computacional, apresentando-se como uma ótima alternativa
comparada ao modelo de elementos finitos de casca;
Simula adequadamente a distribuição de tensão normais verticais nas paredes
do grupo.
78
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961-1: Alvenaria
estrutural – Blocos de concreto Parte 1: Projeto. Rio de Janeiro, 2011. p. 9.
LEONHARDT F.; MÖNING E. Construções de concreto. Vol. 2. 1ª Edição. Rio de Janeiro:
Interciência Ltda 1978. P. 19 – 59.
LOPES, A. C. S. Aperfeiçoamento de modelagem computacional para análise da
interação entre painéis de alvenaria e estrutura de suporte em concreto armado. Trabalho de Conclusão de Curso. Departamento de Engenharia Civil da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, Natal, 2016. 73 p.
MEDEIROS, K. A. S.; NASCIMENTO NETO, J. A.; QUIM, F. Influência das condições de
apoio na nova modelagem da interação entre painéis de alvenaria e estrutura de suporte.
In: Anais do 56º Congresso Brasileiro do Concreto – IBRACON. Natal, 2014. 15p.
MEDEIROS, K. A. S. Modelagem computacional para avaliação da interação entre
painéis de alvenaria e estrutura de suporte em concreto armado. Dissertação (Mestrado).
Natal: Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia – Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2015. 134p.
NASCIMENTO NETO, J. A., MEDEIROS, K. A. S., QUIM, F. Nova modelagem para
análise da interação entre painéis de alvenaria e estrutura de suporte. Caderno Técnico
Sistemas Industrializados de Concreto – Revista Prisma, No. 52, Maio, 2014. 20 p.
PARSEKIAN, G. A., FRANCO, L. S. Método para distribuição de esforços verticais entre
paredes de edifícios de alvenaria estrutural. Revista Techne n.61, Abril, 2002. 10p.
PARSEKIAN, G. A.; HAMID, A. A.; DRYSDALE, R. G. Comportamento e
dimensionamento de alvenaria estrutural. São Paulo: EdUFSCar, 2012. p. 30-50.
RAMALHO M. A., CORRÊA M. R. S. Projeto de edifícios de alvenaria estrutural. 1ª
Edição. São Paulo: Pini, 2003. 188 p.
TIMOSHENKO, S. P.; GERE J.E. Mecânica dos sólidos. Vol. 1. Rio de janeiro: LTC –
Livros técnicos e científicos. Editora S.A.: 1983. P. 92 – 178.
79
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15270-2: Componentes
cerâmicos. Parte 3: Blocos cerâmicos para Alvenaria estrutural – Terminologia e
requisitos. Rio de Janeiro, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15961-2: Alvenaria
estrutural – Blocos de concreto Parte 2: Execução e controle de obras. Rio de Janeiro,
2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6136: Blocos vazados de
concreto simples para alvenaria — Requisitos. Rio de Janeiro, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-1: Alvenaria
estrutural – Blocos cerâmicos. Parte 1: Projeto. Rio de Janeiro, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15812-1: Alvenaria
estrutural – Blocos cerâmicos. Parte 2: Execução e controle de obras. Rio de Janeiro,
2010.
NASCIMENTO NETO, J. A. Estudo de painéis com abertura constituídos por alvenaria
estrutural de blocos. Tese (Doutorado). São Carlos: Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, 2003. 320 p.
NASCIMENTO NETO, J. A. Investigação das solicitações de cisalhamento em edifícios de
alvenaria estrutural submetidos a ações horizontais. Dissertação (Mestrado). São Carlos:
Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, 1999. 127 p.
SAP 2000®. (2005): CSI Analysis Reference Manual. Berkeley, CA - USA: Computers and
Structures, Inc.