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MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO ESTADUAL: METODOLOGIA E RESULTADOS PARA O RIO GRANDE DO SUL Alexandre Alves Porsse Palavras-Chaves: matriz de insumo-produto, índices de ligação e multiplicadores de impacto. RESUMO O artigo apresenta uma metodologia para a construção de um modelo de equilíbrio geral estadual, fundamentado na abordagem de insumo-produto. O objetivo é fornecer parâmetros empíricos que possam ser utilizados pelos policy makers no sentido de racionalizar a elaboração e implementação de políticas públicas voltadas ao planejamento econômico regional. O espaço do estudo é o Estado do Rio Grande do Sul, para o qual se construiu um modelo de insumo-produto com ano base em 1998. A partir dos resultados da matriz de insumo-produto, se calculam alguns indicadores tradicionais na abordagem de insumo- produto, os quais permitem identificar o grau de interligações setoriais da economia gaúcha, como também os efeitos de choques de demanda sobre algumas variáveis econômicas selecionadas: valor adicionado, emprego e rendimentos. ABSTRACT This paper presents a metodology to construct a regional general equilibrium model based in input-output approach. The main objective is to provide empirical parameters to suport the policy makers plans destined to regional economic development. The focus of this study is the State of Rio Grande do Sul, whose input-output model was constructed to the year 1998. The input-output matrix of Rio Grande do Sul is used to calculate traditional indicators, denoting the more important sectoral relationships in the local economy, and to analyse the impacts of demand shocks in the economic variables selected: value added, employment and earnings. INTRODUÇÃO A partir do período de instabilidade econômica (anos 80) se observa um arrefecimento na elaboração de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico, haja vista a concentração (necessária) de esforços no sentido de superar o processo de crise. Adicionalmente, as distorções dos preços relativos nos momentos de aceleração inflacionária tendem a dificultar o acompanhamento, por parte das pesquisas de preços (e também de volume), das participações dos setores produtivos na atividade econômica, impondo, por conseguinte, limitações na construção de programas de planejamento econômico. Em meados dos anos 90, a economia brasileira finalmente consegue superar o regime de instabilidade e passa a apresentar taxas de crescimento positivas e continuadas, Doutorando em Economia pela UFRGS ([email protected], [email protected]). Este artigo é resultado do projeto Matriz de Insumo-Produto do Rio Grande do Sul, desenvolvido na FEE, com suporte financeiro do BRDE, BANRISUL e SEDAI, agenciamento da FAPERGS e apoio institucional da Secretaria de Coordenação e Planejamento do Estado. O autor agradece a Maria Lúcia Carvalho e Celso Pudwel, que participaram diretamente na execução do trabalho. Agradecimentos adicionais são dirigidos a Eduardo Pereira Nunes, Jorge da Silva Accurso, Adalberto Alves Maia Neto, Gélio Bazoni, Eliana Figueiredo da Silva, Carlos Bertolli de Gouveia, Juarez Meneghetti, Maria Conceição Schettert e Sérgio Fischer pelos valiosos comentários, sugestões e apoio técnico, crucial para a consolidação do estudo. Contudo, erros e omissões no decorrer do texto são responsabilidade exclusiva do autor. (versão em Maio de 2002)

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MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO ESTADUAL: METODOLOGIA E RESULTADOS PARA O RIO GRANDE DO SUL

Alexandre Alves Porsse∗

Palavras-Chaves: matriz de insumo-produto, índices de ligação e multiplicadores de impacto.

RESUMO

O artigo apresenta uma metodologia para a construção de um modelo de equilíbrio geral estadual, fundamentado na abordagem de insumo-produto. O objetivo é fornecer parâmetros empíricos que possam ser utilizados pelos policy makers no sentido de racionalizar a elaboração e implementação de políticas públicas voltadas ao planejamento econômico regional. O espaço do estudo é o Estado do Rio Grande do Sul, para o qual se construiu um modelo de insumo-produto com ano base em 1998. A partir dos resultados da matriz de insumo-produto, se calculam alguns indicadores tradicionais na abordagem de insumo-produto, os quais permitem identificar o grau de interligações setoriais da economia gaúcha, como também os efeitos de choques de demanda sobre algumas variáveis econômicas selecionadas: valor adicionado, emprego e rendimentos.

ABSTRACT

This paper presents a metodology to construct a regional general equilibrium model based in input-output approach. The main objective is to provide empirical parameters to suport the policy makers plans destined to regional economic development. The focus of this study is the State of Rio Grande do Sul, whose input-output model was constructed to the year 1998. The input-output matrix of Rio Grande do Sul is used to calculate traditional indicators, denoting the more important sectoral relationships in the local economy, and to analyse the impacts of demand shocks in the economic variables selected: value added, employment and earnings.

INTRODUÇÃO A partir do período de instabilidade econômica (anos 80) se observa um

arrefecimento na elaboração de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento econômico, haja vista a concentração (necessária) de esforços no sentido de superar o processo de crise. Adicionalmente, as distorções dos preços relativos nos momentos de aceleração inflacionária tendem a dificultar o acompanhamento, por parte das pesquisas de preços (e também de volume), das participações dos setores produtivos na atividade econômica, impondo, por conseguinte, limitações na construção de programas de planejamento econômico.

Em meados dos anos 90, a economia brasileira finalmente consegue superar o regime de instabilidade e passa a apresentar taxas de crescimento positivas e continuadas,

∗ Doutorando em Economia pela UFRGS ([email protected], [email protected]). Este artigo é resultado do projeto Matriz de Insumo-Produto do Rio Grande do Sul, desenvolvido na FEE, com suporte financeiro do BRDE, BANRISUL e SEDAI, agenciamento da FAPERGS e apoio institucional da Secretaria de Coordenação e Planejamento do Estado. O autor agradece a Maria Lúcia Carvalho e Celso Pudwel, que participaram diretamente na execução do trabalho. Agradecimentos adicionais são dirigidos a Eduardo Pereira Nunes, Jorge da Silva Accurso, Adalberto Alves Maia Neto, Gélio Bazoni, Eliana Figueiredo da Silva, Carlos Bertolli de Gouveia, Juarez Meneghetti, Maria Conceição Schettert e Sérgio Fischer pelos valiosos comentários, sugestões e apoio técnico, crucial para a consolidação do estudo. Contudo, erros e omissões no decorrer do texto são responsabilidade exclusiva do autor. (versão em Maio de 2002)

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ainda que relativamente baixas. Assim, com a superação da crise e com a possibilidade de visualizar um horizonte macroeconômico estável se abre um espaço para voltar a pensar o planejamento econômico como instrumento de crescimento e distribuição do produto, seja na esfera nacional ou regional.

No entanto, em meio ao processo de mudança para o regime de estabilidade, o país experimentou transformações importantes, com destaque para a abertura econômica e inserção no mercado global, ampliando e diversificando o fluxo comercial com o mercado externo. Tais transformações geraram mudanças estruturais no cenário nacional e, por conseguinte, nas economias regionais em termos de atualização do conteúdo tecnológico dos processos produtivos e também das inter-relações entre os setores participantes da atividade econômica.

Portanto, a busca de melhor racionalização nas decisões dos policy-makers, principalmente quanto a elaboração de políticas públicas regionais, necessita de um instrumental que apreende a atual configuração técnico-produtiva da atividade econômica no espaço de interesse. Nesse contexto, o presente trabalho se propõe a apresentar uma metodologia que viabilize a construção de tal instrumental, com enfoque na modelagem de insumo-produto.

O objetivo central do trabalho é apresentar uma metodologia de construção de um modelo de insumo-produto estadual, consistente com a macroeconomia desse espaço, e que permita derivar indicadores de impacto sobre variáveis econômicas a fim de fundamentar o planejamento de políticas públicas de desenvolvimento. A estruturação metodológica do modelo é apresentada de forma a permitir sua replicação em qualquer espaço sub-regional do Brasil, desde que superadas as limitações de informações estatísticas usualmente experimentadas na construção de modelos de insumo-produto regionais.

O espaço da pesquisa é o Estado do Rio Grande do Sul e o ano base da Matriz de Insumo-Produto (MIP) é 1998, assim escolhido por se tratar do ano mais recente para o qual se dispunha, quando do início do trabalho, das estatísticas na versão definitiva das Contas Regionais do Brasil, além de outras fontes de informações, a saber, a Regionalização das Transações do Setor Público, a Pesquisa Industrial Anual, a Pesquisa Anual de Serviços, etc. O modelo desenvolvido está em sinergia com a metodologia do IBGE para elaboração da MIP do Brasil, e, por conseguinte, segue as recomendações do System of National Accounts (1993), manual de Contas Nacionais das Nações Unidas.

Além da introdução e conclusão, o trabalho está organizado em quatro seções. A primeira relata a estrutura geral das etapas envolvidas na execução do trabalho, enquanto a segunda apresenta o tratamento técnico específico dado às informações primárias que alimentam o modelo de insumo-produto. A terceira seção expõe o mecanismo de cálculo da MIP. Por fim, com base nos resultados obtidos, a última seção avança na investigação de alguns indicadores síntese da economia gaúcha, os quais permitem identificar os setores mais relevantes em termos de ligações setoriais e efeitos multiplicadores sobre o valor adicionado, emprego e renda.

1. ESTRUTURA METODOLÓGICA GERAL A decisão primeira na elaboração do modelo de insumo-produto diz respeito ao

número de atividades e produtos1. O modelo de insumo-produto do RS foi construído com uma abertura de 28 grupos de atividades econômicas (inclusive dummy financeiro) e 43

1 O modelo de insumo-produto do Brasil, construído pelo IBGE, apresenta 43 grupos de atividades e 80 grupos de produtos. A decisão quanto ao grau de abertura do modelo é condicionada por restrições de tempo, pessoal técnico e disponibilidade e acessibilidade das informações estatísticas desagregadas.

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grupos de produtos, compatibilizados com a pauta de atividades e produtos da MIP do Brasil (ver Anexo)2. Este modelo apresenta um grau de abertura (setorial e de produtos) menor que o nacional, sendo que esta agregação foi realizada para concentrar o estudo nos setores com maior relevância econômica no RS, ou seja, maior participação na atividade produtiva.

Como o modelo de insumo-produto trata do espaço estadual, algumas adaptações são necessárias à lógica de elaboração usada no modelo nacional. Por exemplo, as importações e exportações do resto do mundo compreendem não somente as transações internacionais, mas também as transações interestaduais. A adaptações realizadas ficarão explicitadas nas equações apresentadas na seqüência do texto.

A seguir, é apresentado um organograma das etapas seguidas no processo de geração das informações e consolidação dos dados até a finalização dos cálculos e obtenção da Matriz de Leontief3.

O primeiro passo dado foi o de construir as Tabelas de Recursos e Usos (TRU) do Rio Grande do Sul, as quais descrevem a oferta agregada (recursos) e demanda agregada (usos) da economia estadual4. Essas tabelas expressam as seguintes identidades5:

I Em 1n 1 n 1 n 1 n m n 1 n 1

ot d t VP i m m×× × × × × ×

= + + • + + (1.1)

m 1n 1 n m n 1dt CI i df

×× × ×= • + (1.2)

I E n 1n 1 n 1 n 1n 1n 1 n 1

df x x g c k v×× × ××× ×

= + + + + + (1.3)

ot dt= (1.4)

onde: ot, dt e df são vetores representativos da oferta total, demanda total e demanda final a preços de mercado, respectivamente; d, t, mI, mE, xI, xE, g, c, k e v são vetores representativos da margem de distribuição (soma das margens de comércio e transporte), impostos (incidentes sobre os produtos e as importações internacionais), importações internacionais, importações interestaduais, exportações internacionais, exportações interestaduais, consumo da administração pública, consumo das famílias, formação bruta de capital fixo e variação de estoques, respectivamente; VP e CI são matrizes representativas do valor bruto da produção a preço básico e valor do consumo intermediário a preço de mercado, enquanto i é um vetor unitário que multiplicando essas duas matrizes produz dois vetores colunas com seus respectivos totais.

2 Os setores são codificados a dois dígitos enquanto que seus respectivos produtos são codificados a quatro dígitos. Durante o decorrer do texto, tais códigos serão explicitados conforme a classificação das Tabelas A1 e A2 do Anexo. 3 O segundo grupo do organograma refere-se ao Sistema de Contas Estadual (SCE) do RS. Este sistema está integrado ao modelo de insumo-produto e sua construção foi viabilizada porque a abordagem metodológica do IBGE permite gerar um corpo coerente de estatísticas, importante para avaliar a consistência macroeconômica do modelo. Contudo, para abreviar espaço, o tratamento metodológico pertinente ao SCE não será apresentado. 4 A Tabela de Usos construída para o RS não contempla os componentes do valor adicionado (remunerações e rendimentos dos autônomos, excedente operacional bruto, outros impostos sobre a produção e outros subsídios sobre a produção). 5 Letras minúsculas indicam vetores enquanto letras maiúsculas indicam matrizes. As dimensões desses vetores e matrizes em termos de linhas e colunas são, respectivamente, nomeadas por n (número de produtos) e m (número de atividades).

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O levantamento das informações estatísticas pertinentes a cada um dos

componentes das equações acima não garante, necessariamente, que tais identidades sejam satisfeitas; pelo contrário, os desequilíbrios são a regra em diversos produtos6.

Assim, a construção da MIP exige um exercício de balanceamento (confronto) entre as informações estatísticas referentes à oferta e demanda no mercado de cada produto, de forma a promover o equilíbrio do modelo. Tal balanceamento foi realizado através de planilhas de equilíbrio entre oferta e demanda combinadas com o método RAS, utilizado para distribuir uma pequena parcela dos excedentes em cada mercado7. A título de exemplo, é apresentada a seguir uma planilha já balanceada8.

Os valores primários que alimentam essas planilhas provêm das TRU. Dessa forma, no lado da oferta, são preenchidas as células da primeira coluna (preço básico) e da linha nomeada total dos recursos (oferta total a preço básico, margem de distribuição e impostos) cuja soma horizontal resulta na oferta total a preço de mercado do produto. Já no lado da demanda, são preenchidas as células da última coluna, cujas informações sobre os usos são valoradas a preço de mercado e cuja soma vertical resulta na demanda total a preço de mercado do produto. Portanto, o balanceamento é realizado nessas bordas no sentido de promover o equilíbrio (igualdade) entre as informações estatísticas sobre oferta e demanda a preço de mercado.

Quando esse equilíbrio não é perfeito, um pequeno excedente aparece na linha de saldo. Tal excedente, em geral de baixo valor, é alocado na célula do consumo intermediário (planilha de equilíbrio) do produto e distribuído entre os setores da atividade através do método RAS, aplicado na matriz de consumo intermediário setorial. Cabe ressaltar que foram realizadas três fases de balanceamento em função da revisão e atualização das estatísticas,

6 Entende-se por desequilíbrio a diferença entre as estatísticas, em valor, existentes sobre oferta e demanda de cada um dos grupos de produtos considerados na MIP do RS. 7 Detalhes sobre o método RAS podem ser encontrados em Miller e Blair (1985). 8 A planilha é uma adaptação do modelo usado pelo IBGE para geração da MIP do Brasil (ver Nunes, 1998: 162).

O r g a no g r am a M e to d oló g ico

E m p re g o eR end im en to

D e s tin o da m a rg emd e d is tr ibu iç ão

D est in o d osim p os tos

M a tr iz d e Le o nt ief

M a t riz dec o eficie nte s t éc n ic os

O fe r ta e d em an daa p reço bá s ico

B a lance a m en to

R e cu rsos e U s os

C o n ta d e b e n s e s e rv iç os

C o n ta s d e p rod u ç ão,re n d a e c ap it al

C o n ta da s t r ansa çõ esd o res to do m u n do

C o m po s içã o d o P IB:p ro d u ção , d esp e sa e r en da

S is tem a de C o n tasE s ta d ua l In te g ra do

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sendo que o excedente distribuído pelo RAS nessas fases não ultrapassou 2% do consumo intermediário total.

Planilha de Equilíbrio entre Oferta e Demanda - 1998

Produto: 1001 Produtos de couro e calçados R$ Milhões

Impostos Composição do Preço

Operação

Preço

Básico

Margem de

Distribuição Importação IPI/ISS e

outros ICMS Total

Preço de

Mercado

Oferta (ou recursos)

Produção 4.171 262 0 15 159 174 4.608

Importações interestaduais 886 56 0 3 34 37 979

Importações internacionais 142 9 30 1 5 36 187

Total dos Recursos 5.200 327 30 19 198 247 5.774 Demanda (ou usos)

Consumo intermediário 983 59 5 0 0 5 1.048

Consumo pessoal 756 49 4 4 57 65 870

Formação bruta de capital fixo 0 0 0 0 0 0 0

Variação de estoques 86 6 1 0 6 7 99

Exportações interestaduais 1.794 117 11 8 135 154 2.065

Exportações internacionais 1.581 96 9 7 0 16 1.693 Total dos Usos 5.200 327 30 19 198 247 5.774

Saldo 0 0 0 0 0 0 0 Fonte: FEE/NCS. Nota: Valores aproximados.

Também é importante mencionar que as planilhas não são equilibradas

individualmente, mas sim observando a cadeia produtiva de determinado produto. Por exemplo, no setor agropecuário, as planilhas dos produtos bovinos e suínos (0104) e de aves vivas e ovos (0106) são balanceadas simultaneamente com as planilhas dos produtos carne bovina e de suínos (1301) e de aves abatidas (1302), as quais pertencem ao setor industrial. Assim, o modelo matemático é aplicado em conjunto com o raciocínio econômico, de forma a assegurar a consistência econômica no trabalho de construção do equilíbrio nos mercados de produtos.

Concluído o processo de balanceamento entre os valores da oferta e da demanda a preços de mercado, as demais células são preenchidas através de distribuição proporcional da margem de distribuição e impostos conforme estrutura obtida das colunas a preço básico (lado da oferta) e a preço de mercado (lado da demanda). Porém, algumas especificidades devem ser consideradas: primeiro, dado que a Lei Kandir isenta as exportações internacionais do ICMS, esta célula tem valor nulo sempre e, segundo, como as empresas industriais se creditam dos impostos pagos nas compras de seus insumos (ICMS/IPI), as respectivas células na linha do consumo intermediário também são nulas.

Em seguida, essas planilhas balanceadas são utilizadas para gerar as tabelas de destino da oferta (produção), conforme sua origem: estadual, interestadual e internacional. A oferta é destinada para os componentes da demanda agregada. Num primeiro momento, a composição da demanda compatível com a origem da oferta para cada produto foi realizada admitindo-se duas hipóteses: i) todas as exportações são provenientes da produção estadual; e ii) o valor da oferta em cada origem distribui-se conforme a proporcionalidade dos componentes das demanda a preços básicos.

As planilhas de destino da produção assim geradas para cada produto foram submetidas a uma avaliação econômica, confrontado-se seus valores com informações adicionais das bases estatísticas. Tais informações consistem basicamente na identificação dos valores passíveis de associação com os componentes da demanda (consumo intermediário, consumo das famílias e formação de capital), obtidos a partir de um levantamento da

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nomenclatura da pauta de importações (interestadual e internacional). Isso permite revisar, para a oferta externa, os valores gerados com base nas hipóteses precedentes. Logo, os valores pertinentes à oferta interna são um resultado de saldo.

Assim, o resultado final obtido apresenta melhor grau de coerência com a realidade da estrutura produtiva do RS. A título de exemplo, a planilha abaixo sintetiza os resultados gerados a partir dos procedimentos descritos.

Planilha de destino da oferta - preços básicos - 1998

Produto: 1001 Produtos de couro e calçados R$ Milhões

Oferta (ou recursos) Demanda (ou usos)

Estadual Interestadual Internacional Total Saldo

Consumo intermediário 983 554 308 120 983 0

Consumo pessoal 756 198 536 22 756 0

Formação bruta de capital fixo 0 0 0 0 0 0

Variação de estoques 86 44 42 0 86 0

Exportações p/ outros estados 1.794 1.794 0 0 1.794 0

Exportações p/ resto do mundo 1.581 1.581 0 0 1.581 0

Total 5.200 4.171 886 142 5.200 0

Saldo 0 0 0 0 0 Fonte: FEE/NCS. Nota: Valores aproximados.

Uma vez definidas as tabelas de destino da oferta (produção), valoradas a preço

básico, se dá início ao mecanismo matemático de cálculo da MIP, descrito na seção 3.

2. TRATAMENTO DAS INFORMAÇÕES ESTATÍSTICAS Esta seção apresenta alguns comentários acerca do tratamento das informações

primárias que entram nas TRU antes de iniciar o balanceamento. No Anexo também se encontra um quadro resumo referente a cada informação e suas respectivas fontes (ver Quadro A1).

Convém ressaltar que os procedimentos descritos nas subseqüentes seções referem-se exclusivamente a geração primária dos valores, sendo que o resultado final é função do processo de balanceamento.

2.1. Valor da produção

Os valores dos produtos pertencentes às indústrias extrativa e de transformação (02 ao 17) foram obtidos da Pesquisa Industrial Anual (PIA-IBGE) de 19989. A abertura das informações se dá ao nível de até quatro dígitos da Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAE) para empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas.

Contudo, mesmo com a abertura de quatro dígitos, pode não ser possível identificar o valor da produção dos diversos produtos que compõem um setor industrial

9 As informações da PIA representam melhor a realidade da estrutura industrial do RS, comparativamente aos dados das Contas Regionais do IBGE, haja vista que a PIA incorpora empresas com cinco ou mais pessoas ocupadas. Além disso, a PIA produz informações atualizadas para o ano de 1998, enquanto que a metodologia das Contas Regionais é baseada na aplicação de índices de volume e preços numa estrutura estabelecida no Censo Industrial de 1985. Esta metodologia pode ficar comprometida quando as informações de volume e preços não são plenamente capturadas pelas pesquisas estatísticas, notadamente em períodos de forte aceleração inflacionária, tal como ocorreu na economia brasileira nos anos 80 e 90.

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específico. Por exemplo, no setor de abates de animais, dispõe-se apenas do valor total da produção do setor, não sendo possível isolar a produção de carne bovina e suína da produção de carne de aves. Nesse caso, e em outros análogos, os valores individuais foram definidos com base no balanceamento da cadeia produtiva.

O valor da produção do setor agropecuária (01) foi obtido, inicialmente, do Censo Agropecuário de 1996 e atualizado para 1998 com a variação nominal da produção agropecuária das Contas Regionais. Dado que o Censo não possui boa cobertura das pequenas propriedades, as informações dos produtos da lavoura apresentaram forte viés para baixo. Neste sentido, optou-se por manter as informações das Contas Regionais somente para os produtos que compõem a lavoura, porém substituindo a variação de preços da Produção Agropecuária Municipal (PAM-IBGE), calculada implicitamente, pela variação de preços da pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em alguns produtos: trigo, batata e mandioca. Esse ajuste foi necessário para corrigir as distorções na variação dos preços verificada na PAM e adequar o valor de produção desses produtos à realidade da lavoura no RS.

Na maior parte dos demais setores, os dados utilizados são provenientes das Contas Regionais, exceto para o setor comunicações (22), cujo valor de produção é aquele sem ajuste para fechamento das Contas Regionais com os demais Estados do Brasil10. No entanto, em alguns segmentos do setor de serviços a fonte das informações é a Pesquisa Anual de Serviços (PAS-IBGE) de 1998: para os setores transportes (21) e serviços prestados às famílias e empresas (24) e para os produtos alojamento e alimentação (2401) e outros serviços (2402). Destaca-se também que, na MIP-RS, o setor comércio (20) incorpora o segmento reparação e serviços auxiliares.

Por fim, em todos os setores nos quais as informações não provêm das Contas Regionais foi somada, ao valor de produção, uma parcela referente aos trabalhadores autônomos desses setores. A magnitude dessa parcela foi gerada pela aplicação da relação entre valor de produção e valor adicionado das pequenas empresas (Censo de 1985) no rendimento dos autônomos (PNAD de 1998), em cada setor.

Um ajuste pontual ainda foi feito no valor de produção do produto arroz beneficiado (1101), ao qual foi somado uma parcela referente à produção clandestina não capturada na PIA. Esta parcela foi estimada pela mesma relação definida anteriormente, agora aplicada no rendimento total das 14.896 pessoas ocupadas não capturadas pela PIA, usando como proxy o rendimento médio dos autônomos do setor de beneficiamento de produtos vegetais (11).

2.2. Importações e exportações11

Os dados de importações e exportações internacionais foram obtidos da SECEX (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), consistindo num total de 7.713 registros de produtos, classificados conforme a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM). Os valores estão em dólar FOB e foram convertidos para Reais pela taxa de câmbio média anual em 1998, obtida do BACEN12. Em seguida, procedeu-se a compatibilização da NCM com a CNAE e, por conseguinte, à agregação dessas informações na pauta de 43 produtos.

10 A aplicação de coeficientes de ajuste nas informações estatísticas estaduais faz parte da metodologia do IBGE quando do cálculo do PIB do Brasil. 11 Os méritos dessa seção são creditados a Maria Lúcia Carvalho. 12 A disponibilização de dados ao nível FOB de valoração significa que se obtêm importações a preços básicos e exportações a preços de mercado. Assim, para converter as importações, de preços básicos em preços de mercado, há a necessidade de agregar-se aos dados os valores correspondentes a seguros e transportes, e a impostos.

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Os dados de importações e exportações interestaduais foram fornecidos pela Secretaria da Fazenda do RS, consistindo num total de 7.559 registros de produtos, classificados a oito dígitos conforme o Código de Atividades Econômicas (CAE), o qual é baseado na NCM. A esse código é acrescentado um dígito identificador do grupo de atividade econômica principal exercida pelo contribuinte, a saber: (1) cultura e produção agropecuária; (2) produção extrativa mineral; (3) indústria de transformação; (4) indústria de beneficiamento; (5) indústria de montagem; (6) indústria de acondicionamento e recondicionamento; (7) comércio atacadista; (8) comércio varejista13; (9) prestação de serviços14.

A base de informações do CAE foi compatibilizada com a NCM, e depois com a CNAE, a fim de promover a agregação na pauta de 43 produtos.

2.3. Margem de distribuição e impostos

Devido à dificuldade de obter estatísticas sobre margens de comércio e transporte dos setores da atividade econômica, tomou-se como ponto de partida a relação dessas com o valor da oferta total a preço básico da Tabela de Recursos do Brasil em 1998, para obter o vetor (preliminar) de margem de distribuição dos produtos da Tabela de Recursos do Rio Grande do Sul.

Esses valores foram criticados e ajustados durante as fases de balanceamento. A crítica e o ajuste foram realizados combinando-se análise econômica, discussão com pesquisadores e informações dos órgãos representativos dos setores. Por exemplo, para o setor fumo, as informações estatísticas do SINDIFUMO e uma pesquisa de campo, realizada na principal fábrica de beneficiamento no Estado, em Santa Cruz do Sul, ajudaram na compreensão da estrutura produtiva do setor no Estado, assim como na definição da margem de comercialização e outros componentes das TRU específicos do setor.

Com respeito aos impostos de importações internacionais, IPI/ISS e outros e ICMS, os valores totais para o Estado foram obtidos da Regionalização das Transações do Setor Público (RTSP). Como as alíquotas dos impostos de importações internacionais e do IPI são respectivamente iguais para cada produto, independente do Estado da Federação, colocou-se, por hipótese, que a mesma proporção desses em relação à sua oferta de produto na Tabela de Recursos do Brasil em 1998, aplica-se ao RS. O mesmo raciocínio foi usado para distribuir o ISS e outros impostos, haja vista que seus valores são pouco expressivos.

Por outro lado, a definição do ICMS por produto foi realizada com informações da Secretaria de Fazenda do RS, que forneceu uma base de dados com 403 registros de arrecadação sobre produtos, classificados a três dígitos conforme o CAE. Inicialmente, fez-se uma correspondência do CAE com a CNAE e, depois, agregou-se esses 403 registros conforme a pauta de 43 produtos.

2.4. Consumo intermediário

O consumo intermediário total de cada setor é valorado a preços de mercado, e as fontes estatísticas do valor deste consumo em cada setor são, respectivamente, as mesmas utilizadas no levantamento do valor de produção dos setores (seção 2.1). Analogamente, para os setores em que as informações não provêm das Contas Regionais foi somada, ao consumo intermediário, uma parcela referente aos autônomos desses setores, calculada através da

13 A codificação dos dados para o comércio varejista (grupo 8) não obedece ao padrão da NCM, sendo interpretada a partir da leitura das instruções constantes no Regulamento do ICMS. 14 A composição do CAE para os estabelecimentos que exerçam atividades relacionadas com a prestação de serviços (grupo 9) é feita através de codificação constante de Instrução Normativa, de acordo com a principal atividade econômica.

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relação entre valor do consumo intermediário e valor adicionado das pequenas empresas aplicada no rendimento dos autônomos, em cada setor.

Também foi realizada a estimativa do consumo intermediário na produção clandestina de arroz beneficiado, calculada pela mesma relação definida anteriormente, agora aplicada no rendimento total das 14.896 pessoas ocupadas não capturadas pela PIA.

Uma vez determinado o valor do consumo intermediário total em cada setor, é necessário distribuir esse valor nos 43 grupos de produtos definidos, a fim de identificar a estrutura técnica de insumo necessária à realização da produção em cada setor. Como não existe fonte estatística exaustiva para tanto, o primeiro passo foi aplicar a estrutura nacional calculada com base na Tabela de Usos do Brasil em 1998. Exemplificando, calculou-se15:

BRijRS RS BR RS

ij j ij ijBRj

ZZ Z a Z

Z

= =

(3.1)

onde: RSijZ é o consumo do produto i pelo setor j no RS, RS

jZ é o consumo total do setor j no

RS, BRijZ é consumo do produto i pelo setor j no Brasil e BR

jZ = consumo total do setor j no

Brasil. Os coeficientes nacionais menores que 0,05 foram zerados para, num primeiro momento, concentrar a análise nos principais produtos.

Tomando o total da i-ésima linha da matriz de consumo intermediário, tem-se o total do i-ésimo produtos destinado aos setores econômicos. Esses valores, para cada produto, foram transportados para a respectiva célula da planilha de equilíbrio entre oferta e demanda e ajustados na fase de balanceamento, para absorver os excedentes (saldos) e, assim, levar ao equilíbrio de mercado.

O ajustamento implica em revisar a distribuição dos valores nas linhas e colunas e realocá-los de forma a se adequarem à estrutura produtiva da economia do RS. Logo, além da transposição de valores entre os setores, algumas células zeradas são preenchidas durante o processo de ajuste. No final, o resultado obtido é uma matriz de consumo intermediário distinta daquela do Brasil e compatível com a configuração produtiva do RS.

Novamente, é importante frisar que esses ajustes sempre combinam a modelagem matemática com a análise do encadeamento dos setores produtivos no que tange a relação insumo-produto. Neste momento, informações secundárias (qualitativas) obtidas das associações setoriais, sindicatos e outras entidades de classes, assim como consultas com técnicos especializados nos setores do Estado são agregadores de consistência no trabalho. Mas, dada à dificuldade de se gerar um ajuste perfeito nos saldos, uma pequena parcela dos excedentes é distribuída pela utilização do método RAS. Aqui se usou uma versão modificada do RAS, pois os valores cuja confiança é maior são fixados e, portanto, não sofrem alteração durante a execução do mecanismo de interação responsável pela distribuição dos excedentes (saldos).

2.5. Consumo do governo e das famílias16

O valor do consumo final das administrações públicas corresponde ao valor total da produção de serviços não-mercantis públicos, deduzidos os pagamentos parciais realizados pelas famílias, que constam no consumo familiar. Portanto, esse valor é obtido diretamente das Contas Regionais.

15 Este método não foi usado apenas no setor administração pública (26), cujo valor total do consumo intermediário foi distribuído conforme estrutura de participação percentual obtida do Balanço Geral do Estado do RS em 1998. 16 Os méritos dessa seção são creditados a Celso Pudwel.

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Já o consumo final das famílias foi estimado com base na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) do IBGE de 1996, referente à região metropolitana (RM) de Porto Alegre17. Primeiramente, esses dados foram extrapolados para a região não metropolitana (RNM) – resto do Estado – tomando-se como ponto de partida o valor do consumo total, em cada classe de renda familiar na RM, o qual foi multiplicado pela relação entre o número de famílias nas RM e RNM (FRM/FRNM), por faixa de renda, conforme informações da PNAD de 1996.

Esse procedimento resultou numa estimativa do consumo total das famílias, na RNM, superior em 35% ao da RM. Como o valor do PIB da RNM era, no período 1996-1998, superior em 70% ao da RM, acrescentou-se, em razão disso, um valor adicional ao consumo das famílias da RNM, de forma a manter proporção semelhante à do PIB18. O valor total acrescido – representando aproximadamente 10% do consumo total das famílias do Rio Grande do Sul em 1998 (R$ 4,13 bilhões) – foi distribuído conforme a proporcionalidade de cada classe de renda no consumo total da RNM19.

Em seguida, após definir o vetor de demanda das famílias para todo o Estado, foi necessário atualizar os valores de 1996 para 1998. Primeiro, os 318 produtos foram agregados na pauta de 80 produtos compatível com a MIP do Brasil. Em seguida, foi aplicada, a cada um desses bens ou serviços, a taxa de variação no consumo nominal das famílias do Brasil, calculada a partir da Tabela de Usos do Sistema de Contas Nacionais (SCN) de 1996 e 1998.

No entanto, dentre os bens e serviços considerados, alguns tiveram que passar por um processo distinto. No caso do consumo de aluguéis e do aluguel imputado, por exemplo, foram utilizados valores baseados nas Contas Regionais de 1998. Além disso, aqueles bens e serviços que apresentaram problemas na base de dados da POF (IBGE), e que somados, representavam apenas 0,01% do consumo total, foram zerados (por exemplo, cana-de-açúcar, outros minerais e produtos derivados da borracha). Já o consumo de combustíveis foi estimado com base na proporção entre as vendas de combustíveis no RS e Brasil, obtidas da Agência Nacional do Petróleo. Aplicando esta proporção no consumo nominal das famílias no Brasil foram obtidos os valores estaduais.

De outro lado, a extrapolação do consumo familiar de alojamento e alimentação e de margem de transporte da RM para a RNM foi feita tomando como base a proporção de arrecadação do ICMS em cada uma das regiões. Considerando-se que, nesses produtos, 75% da arrecadação se encontra na RM, o valor do consumo da RNM equivale, conseqüentemente, a 25% do consumo total. Esta proporção (três para um) foi mantida fixa no momento da extrapolação.

2.6. Formação bruta de capital fixo e variação de estoques20

Os procedimentos de cálculo que originaram os números da formação bruta de capital fixo (FBCF) e da variação de estoques (VE) foram realizados por etapas, ou seja, pelas partes que compõem a formação. Conceitualmente, a formação bruta de capital (FBC) é definida como:

FBC = FBCF + VE (3.2) FBCF = CC + ME + O (3.3)

onde: CC indica construção civil, ME indica máquinas e equipamentos e O indica outros. A estimativa da FBCF se baseou, inicialmente, nas relações brasileiras ao nível

dos produtos, chegando-se ao total da FBCF pela soma. Assim, se estabeleceu um coeficiente

17 A base de dados foi fornecida pelo IBGE, para todo o ano de 1996, numa desagregação de 318 produtos. 18 As informações sobre o valor do PIB nos municípios gaúchos foram obtidas diretamente do Núcleo de contabilidade Social da FEE. 19 A distribuição dos valores de consumo entre os bens e serviços foi feita para cada classe de renda, de acordo com a respectiva estrutura de consumo da RM, obtida da POF-96. 20 Os méritos dessa seção são creditados a Maria Conceição Schettert.

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“c”, que reflete quanto da oferta de cada produto é FBCF, no Brasil. Ou seja, tomando-se a oferta a preços de mercado de cada produto (Oi), menos as exportações (Xi), “c” estabelece qual proporção é destinada à FBCF. Esquematizando21:

BRi

i BR BRi i

FBCFc

O X=

− (3.4)

( )RS RSi i i iFBCF c VP X= − (3.5)

i = [produtos 0201, 0301, 0401, 0501, 0601, 0701, 1701, 1901, 2404]. O produto 0107 (demais produtos agropecuários) recebeu um tratamento

particular. Para este, a FBCF corresponde ao valor do investimento em plantio de matas e de culturas permanentes. Tal informação provém do Censo Agropecuário de 1996, com expansão nominal para 1998 conforme variação calculada com base nas Contas Regionais.

Já o valor total da VE foi estimado pela seguinte relação: BR

RS RSBR

VEVE PIB

PIB

=

(3.6)

Posteriormente, este valor foi distribuído entre os produtos da MIP do RS conforme a estrutura de participação individual proveniente da Tabela de Usos do Brasil, previamente compatibilizada coma a pauta de produtos do RS.

3. CÁLCULO DA MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO

O cálculo da matriz de coeficientes técnicos diretos e da matriz de Leontief é

realizado com base nas TRU, com todas as informações sobre oferta e demanda valoradas a preços básicos, a fim de obter maior homogeneidade entre os valores22. Essas são geradas a partir das planilhas de equilíbrio entre oferta e demanda (balanceadas), das quais se identificam os destinos da margem de distribuição e dos impostos (imposto de importação, ICMS, IPI/ISS e outros).

Uma vez estabelecidos os destinos, as tabelas de consumo intermediário e demanda final são transformadas, retirando dos valores a preços de mercado as parcelas referentes às margens e impostos. Além disso, para obter a matriz de impacto estadual, é necessário detalhar o consumo, intermediário e final, conforme a sua origem. Tal detalhamento resulta das planilhas de destino da oferta (ver seção 1).

Com isso, tem-se um novo conjunto de identidades, agora valorado a preços básicos. Especificamente:

m 1 n 1n mn 1q U i f

× ×××= • + (4.1)

m 1n mn 1q V i

×××= • (4.2)

n 1m nm 1g V ' i

×××= • (4.3)

onde q é o vetor do valor bruto da produção total por produto, g é vetor do valor bruto da produção total por atividade, U é a matriz de consumo intermediário das atividades, f é o vetor de demanda final (soma do valor dos produtos consumidos pelos segmentos da demanda final – exportações, consumo do governo e das famílias e FBC), e V é matriz de produção dos setores da atividade econômica. Note que as linhas de U mostram o destino do i-ésimo

21 As exportações referem-se ao comércio internacional e interestadual. Os valores resultantes deste cálculo cuja participação no total da FBCF situavam-se abaixo de 0,3% foram zerados – produtos metalúrgicos (0201) e papel, celulose, papelão e artefatos (0701). 22 Detalhes sobre a teoria de insumo-produto e sobre o método de cálculo da MIP podem ser encontrados em Miller e Blair (1985), IBGE (1997a) e Feijó (2001).

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produto ao j-ésimo setor (vendas), enquanto as colunas mostram a aquisição do i-ésimo produto pelo j-ésimo setor (compras).

Por sua vez, o modelo de insumo-produto requer uma hipótese de homogeneidade, ou seja, que cada produto (ou grupos de produtos) seja fornecido por apenas uma única atividade. Porém, isso não impede a existência de produção secundária das atividades, de forma que não há identificação exata da atividade que produziu os produtos consumidos. Tal característica torna necessário desenvolver modelos de transformação, que permitam calcular os coeficientes da matriz de Leontief.

Em síntese, esses modelos devem responder a duas questões: i) como a demanda por produtos é transmitida às atividades? e ii) quais serão os insumos das atividades, uma vez definida a composição da produção?. Para responder à primeira questão, se assume que a demanda é alocada proporcionalmente ao market-share das atividades. Formalmente, a hipótese de market-share constante é expressa através de uma matriz D assim definida:

jiji

m n m ni

1 n

v1D V ' , d

q ' q× ×

×

= ⊗ = (4.4)

O símbolo ⊗ significa que cada i-ésima linha da matriz à esquerda é multiplicado pelo respectivo elemento do vetor à direita. Observe que os elementos em D, resultantes da multiplicação, denotam a participação percentual do produto i na produção total do(s) produto(s) da atividade j.

A segunda questão é resolvida através da hipótese de tecnologia do setor, ou seja, assume-se que a tecnologia de produção dos produtos é uma característica da atividade que os produz. Formalizando, tem-se uma matriz B de coeficientes técnicos, expressa por23:

ijij

n m n mj

1 m

u1B U , b

g ' g× ×

×

= ⊗ = (4.5)

Cada elemento da matriz B representa a proporção do produto i consumido pelo setor j em relação a produção total do setor j. Agora, substituindo 4.5 em 4.1 tem-se:

m 1 n 1 n m n 1n 1 n m m 1q B g ' i f B g f

× × × ×× × ×= ⊗ • + = • + (4.6)

Reescrevendo 4.4, e multiplicando ambos os lados por um vetor unitário, tem-se:

m nm 1 n 1g D q

×× ×= • (4.7)

Substituindo 4.6 em 4.7, obtém-se o modelo de Leontief associado às matrizes atividade por atividade24:

1

m 1 m m m 1g (I D B) (D f )−

× × ×= − • • • (4.8)

onde D f• é a demanda final por atividade, D B• é a matriz de coeficientes técnicos diretos atividade por atividade e 1(I D B)−− • é a matriz de impacto intersetorial (matriz de Leontief).

23 A matriz de coeficientes técnicos pode ser construída para os insumos estaduais, interestaduais, internacionais ou ambos (insumos totais), conforme o objetivo do estudo. Neste trabalho, foram geradas duas matrizes de coeficientes técnicos: uma para os insumos totais e outra para os insumos estaduais. Logo, ao término dos cálculos se obtém duas matrizes de Leontief. 24 Também é possível calcular um modelo de Leontief produto por produto (ver IBGE, 1997a).

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4. RESULTADOS E APLICAÇÕES DO MODELO DE INSUMO-PRODUTO Os resultados da aplicação dos procedimentos descritos nas seções anteriores

consistem num conjunto de 27 tabelas, tal como nomeadas abaixo25: Tabela 01 - Resumo dos recursos de bens e serviços - 1998 Tabela 02 - Resumo dos usos de bens e serviços - 1998 Tabela 03 - Recursos de bens e serviços - 1998 Tabela 04 - Usos de bens e serviços - 1998 Tabela 05 - Oferta e demanda da produção total a preço básico - 1998 Tabela 06 - Oferta e demanda da produção estadual a preço básico - 1998 Tabela 07 - Oferta e demanda da produção interestadual a preço básico - 1998 Tabela 08 - Oferta e demanda da produção internacional a preço básico - 1998 Tabela 09 - Destino do imposto sobre importações - 1998 Tabela 10 - Destino do ICMS sobre produtos - 1998 Tabela 11 - Destino do IPI/ISS e outros impostos sobre produtos - 1998 Tabela 12 - Destino da margem de distribuição em 1998 Tabela 13 - Matriz dos coeficientes técnicos dos insumos totais - Matriz B - 1998 Tabela 14 - Matriz dos coeficientes técnicos dos insumos estaduais - Matriz Be -

1998 Tabela 15 - Matriz dos coeficientes técnicos dos insumos interestaduais - Matriz

Bi - 1998 Tabela 16 - Matriz dos coeficientes técnicos dos insumos internacionais - Matriz

Bm - 1998 Tabela 17 - Matriz de participação setorial na produção dos produtos - Matriz D -

Market-Share - 1998 Tabela 18 - Matriz dos coeficientes técnicos intersetoriais totais - Matriz D.B -

1998 Tabela 19 - Matriz dos coeficientes técnicos intersetoriais estaduais - Matriz D.Be

- 1998 Tabela 20 - Matriz de impacto intersetorial total - Matriz de Leontief - 1998 Tabela 21 - Matriz de impacto intersetorial estadual - Matriz de Leontief - 1998 Tabela 22 - Economia Estadual - Conta de bens e serviços - 1998 Tabela 23 - Economia Estadual - Contas de produção, renda e capital - 1998 Tabela 24 - Economia Estadual - Conta das transações do resto do mundo com a

economia estadual - 1998 Tabela 25 - Composição do Produto Interno Bruto sob as três óticas - 1998 Tabela 26 - Pessoal ocupado no Rio Grande do Sul - 1998 Tabela 27 - Rendimento do pessoal ocupado no Rio Grande do Sul - 1998 As Tabelas 01 e 02 apresentam uma síntese, por grandes grupos da atividade

econômica, das Tabelas de Recursos e Usos (03 e 04). As Tabelas 05 até 12 reportam as informações correspondentes a transformação do preço de mercado para o preço básico, ainda explicitando a composição da demanda conforme a origem da oferta.

As Tabelas 13 até 21 mostram as informações referentes as etapas de cálculo do modelo de insumo-produto. É importante destacar que foram calculadas duas matrizes de Leontief, uma relacionada à oferta total (produção estadual, interestadual e internacional) e outra relacionada à oferta interna (produção estadual). 25 Em função da limitação de espaço, essas tabelas não serão reportadas. Porém, as 27 tabelas listadas estarão disponibilizadas pela FEE para aquisição pública a partir de Abril de 2002.

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Já as Tabelas 22 até 25 agrupam os agregados macroeconômicos da economia gaúcha, formando o SCEI. Por sua vez, as Tabelas 26 e 27 reportam os dados de emprego e rendimento por grupo de atividade econômica, os quais alimentam tanto as tabelas resumo como também o SCEI.

A seguir, são apresentados alguns cálculos usualmente realizados a partir de modelos de insumo-produto, cujo objetivo é fornecer informações sobre as interligações entre os setores e dos efeitos multiplicadores desses sobre determinadas variáveis econômicas selecionadas: valor adicionado, emprego e rendimento. Os cálculos realizados referem-se exclusivamente a matriz de Leontief associada à economia estadual.

4.1. Encadeamento entre os setores

A abordagem tradicionalmente utilizada para identificar, de forma sintética, o encadeamento entre os setores envolve o cálculo de índices de ligações para frente (forward) e para trás (backward)26. O índice de ligação para frente (IF) mostra o aumento na produção do j-ésimo setor face um aumento unitário na demanda final de todos os setores, simultaneamente. Já o índice de ligação para trás (IB) mostra o aumento total na produção de todos os setores face um aumento unitário na demanda final do j-ésimo setor. Em outras palavras, o índice de ligação para frente mostra o quanto determinado setor é demandado pelos demais, enquanto o índice de ligação para trás mostra quanto um determinado setor demanda dos demais setores (Montoya, 1998).

Aqui, esses índices foram calculados na versão relativa à média, importante para a definição de setores-chaves – índices com valores superiores a unidade. Definindo Z como a matriz de Leontief, os índices de ligações são obtidos pelas seguintes expressões27:

F m m m 1I Z i

× ×= • (6.1)

B 1 m m mI i Z

× ×= • (6.2)

onde Z = matriz de impacto intersetorial (matriz de Leontief); i = vetor unitário. A Tabela 4.1, a seguir, reporta os valores calculados desses índices para cada

setor. A coluna seguinte a cada índice mostra o rank de cada setor, explicitando sua ordem de importância. Também se buscou destacar os índices com comportamento acima da média, marcando seus respectivos valores absolutos com um fundo cinza28. Essa informação é interessante, pois tem sido usada na literatura de insumo-produto como fundamento para a definição de setores-chaves.

26 Para maiores detalhes ver Feijó (2001), Miller e Blair (1985) e ONU (1999). Estudos envolvendo o cálculo de índices de ligações inter-setoriais para o Brasil podem ser encontrados em Montoya (1998) e Haddad (1999). 27 Seguindo Najberg e Vieira (1997), usou-se a matriz de Leontief calculada para o modelo fechado (com endogenização do consumo das famílias), mas sem a incorporação do setor Serviços Privados Não-Mercantis. Este setor engloba empresas sem fins lucrativos e serviços domésticos, não fazendo sentido econômico simular “investimentos” nesta atividade. A matriz de Leontief, calculada para o modelo fechado, é reportada na Tabela A3 do Anexo. 28 Para definir se um dado índice apresenta comportamento superior à média foi calculada a relação entre o índice de ligação médio (Ik/27, k = F ou B) e a média total dos coeficientes da matriz de Leontief. Os valores superiores a 1, resultantes desse cálculo, evidenciam os setores com comportamento acima da média, portanto, setores-chaves.

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Tabela 4.1 Índices de ligações calculados para o Rio Grande do Sul - 1998

Código Descrição da Atividade IF rank IB rank

01 Agropecuária 5.61 02 2.10 17

02 Metalurgia 1.35 16 1.93 23

03 Máquinas e tratores 1.00 24 2.03 21

04 Material elétrico e eletrônico 1.08 22 1.90 24

05 Material de transportes 1.03 23 1.74 26

06 Madeira e mobiliário 1.18 20 2.12 16

07 Papel e gráfica 1.58 12 2.54 02

08 Indústria química 1.42 15 2.45 04

09 Indústria petroquímica 2.88 06 2.32 10

10 Calçados, couros e peles 1.29 18 2.39 06

11 Benef. de produtos vegetais 1.13 21 2.36 07

12 Indústria do fumo 1.00 25 2.05 20

13 Abate e preparação de carnes 1.62 11 2.58 01

14 Leite e laticínios 1.50 13 2.52 03

15 Óleos vegetais e gorduras 1.34 17 2.43 05

16 Demais indústrias alimentares 1.45 14 2.09 18

17 Demais indústrias 1.65 10 2.28 13

18 S.I.U.P. 2.74 07 2.31 11

19 Construção civil 1.20 19 1.86 25

20 Comércio 6.24 01 2.18 14

21 Transporte 3.28 05 2.36 08

22 Comunicações 1.90 09 2.31 12

23 Instituições financeiras 2.28 08 2.34 09

24 Serviços às famílias e empresas 5.05 04 1.96 22

25 Aluguel de imóveis 5.58 03 2.05 19

26 Administração pública 1.00 26 2.16 15 Fonte: Calculado pelo autor.

4.2. Multiplicadores de impacto total

Os multiplicadores de impacto total levam em conta o encadeamento direto e indireto de todos os setores fornecedores de insumos a um determinado setor e, portanto, medem o impacto de um aumento unitário na demanda final de determinado setor sobre todos os setores que possuem algum grau de conexão (ligação) com este. Também aqui esses multiplicadores foram calculados para a matriz de impacto intersetorial calculada para o modelo fechado de Leontief.

Os multiplicadores aqui focados são aqueles que medem o efeito de um choque na demanda final de cada setor sobre o valor adicionado (VA), emprego e rendimento. Esses multiplicadores são gerados, respectivamente, pelas seguintes expressões29:

m m1 mV v Z

××= • (6.3)

m m1 mE e Z

××= • (6.4)

1 m m mR r Z

× ×= • (6.5)

onde v = vetor linha dos coeficientes do VA (VA por unidade de produto de cada setor) e = vetor linha dos coeficientes do emprego (emprego por unidade de produto de

cada setor)

29 De novo, para maiores detalhes ver Feijó (2001), Miller e Blair (1985) e ONU (1999).

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r = vetor linha dos coeficientes do rendimento (rendimento por unidade de produto de cada setor)

Definindo melhor, o multiplicador V descreve o impacto de um aumento unitário da demanda final do j-ésimo setor sobre o VA de todos os setores ligados direta e indiretamente com o setor j. A interpretação é análoga para os multiplicadores do emprego e do rendimento.

A interpretação pode ser realizada em termos de unidades monetárias. No entanto, dado que a unidade monetária das tabelas é milhões de reais (R$), convém ressaltar que o multiplicador do emprego quantifica qual o número de empregos gerados quando há um choque de R$ 1.000.000,00 adicionais na demanda final do j-ésimo setor.

A tabela 4.2, a seguir, apresenta os valores calculados para esses multiplicadores. Essa tabela obedece a mesma estruturação da tabela 4.1, porém não se faz uma distinção dos multiplicadores com respeito ao comportamento acima da média, uma vez que a ordenação estabelecida na coluna “rank” é suficiente para identificar os setores mais relevantes.

Tabela 4.2

Multiplicadores de impacto sobre o VA, emprego e rendimento - Rio Grande do Sul - 1998

Código Descrição da Atividade VA rank Emprego* rank Renda rank

01 Agropecuária 1.43 11 194 01 0.56 11

02 Metalurgia 1.22 20 66 20 0.44 18

03 Máquinas e tratores 1.22 21 68 19 0.47 16

04 Material elétrico e eletrônico 1.19 23 60 21 0.39 23

05 Material de transportes 0.99 26 47 26 0.34 26

06 Madeira e mobiliário 1.25 18 124 05 0.63 06

07 Papel e gráfica 1.70 02 94 12 0.65 05

08 Indústria química 1.27 17 56 22 0.41 21

09 Indústria petroquímica 1.41 12 52 24 0.37 24

10 Calçados, couros e peles 1.41 13 117 07 0.56 10

11 Benef. de produtos vegetais 1.24 19 122 06 0.48 14

12 Indústria do fumo 1.13 24 80 16 0.41 20

13 Abate e preparação de carnes 1.50 07 144 02 0.54 12

14 Leite e laticínios 1.45 10 108 09 0.46 17

15 Óleos vegetais e gorduras 1.30 16 112 08 0.44 19

16 Demais indústrias alimentares 1.19 22 92 13 0.48 15

17 Demais indústrias 1.47 08 104 10 0.60 08

18 S.I.U.P. 1.53 06 56 23 0.41 22

19 Construção civil 1.07 25 84 15 0.49 13

20 Comércio 1.57 05 140 03 0.96 02

21 Transporte 1.32 15 89 14 0.70 04

22 Comunicações 1.46 09 75 18 0.58 09

23 Instituições financeiras 1.61 03 76 17 0.63 07

24 Serviços às famílias e empresas 1.34 14 134 04 1.03 01

25 Aluguel de imóveis 1.70 01 52 25 0.35 25

26 Administração pública 1.61 04 100 11 0.73 03

Fonte: Calculado pelo autor. Nota: * Número de pessoas ocupadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A conclusão deste trabalho envolveu o enfrentamento de dificuldades

naturalmente esperadas quando se procura consolidar um grande volume de informações

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estatísticas, como decidir entre diferentes fontes e metodologias de obtenção de dados, além de montar bases primárias de informações ou, quando da indisponibilidade de informações brutas, definir procedimentos metodológicos que permitam estimar o dado desejado, buscando manter certa coerência com a realidade econômica do espaço pesquisado.

No caso específico da construção de modelos de insumo-produto estaduais, a maior dificuldade diz respeito às informações sobre o fluxo interestadual de mercadorias, crucial para estabelecer as magnitudes da oferta e da demanda. Tal barreira foi satisfatoriamente superada mediante disponibilização dos dados de entradas e saídas do Estado, por parte da Secretaria de Fazenda do RS, cuja cobertura engloba praticamente todo fluxo de compras e vendas entre o RS e os demais Estados da Federação.

Outra dificuldade é quantificar o consumo, total e ao nível dos produtos, das famílias residentes no Estado, haja vista que, em geral, as pesquisas de orçamentos familiares cobrem somente as regiões metropolitanas. No sentido de resolver esse problema, construiu-se uma metodologia para obtenção de uma estimativa do consumo familiar com base na POF de 1996, atualizada para 1998 e expandida para o resto do Estado usando como proxy o número de famílias das regiões metropolitana e não-metropolitana, complementado ainda pela magnitude relativa dos PIBs dessas regiões.

A despeito dessas e outras dificuldades já mencionadas no texto, tem-se, como avaliação geral do trabalho, que os procedimentos adotados para superá-las possibilitaram obter resultados consistentes com o panorama real da economia gaúcha, seja em termos dos agregados macroeconômicos calculados, seja em termos das relações intersetoriais identificadas no modelo de insumo-produto. Além disso, a utilização de informações estatísticas de produção e consumo intermediário provenientes de pesquisas atualizadas, contribui para melhorar a percepção quanto a importância relativa dos setores para a atividade econômica do RS.

Especificamente com respeito às relações intersetoriais, foram identificados oito setores-chaves em termos de encadeamento para frente (Agropecuária, Comércio, Aluguel, Serviços Prestados às Famílias e Empresas, Transporte, Petroquímica, S.I.U.P. e Instituições Financeiras) e treze setores-chaves no encadeamento para trás (Abate e Preparação de Carnes, Papel e Gráfica, Leite e Laticínios, Química, Óleos Vegetais e Gorduras, Calçados, Couros e Peles, Beneficiamento de Produtos Vegetais, Transporte, Instituições Financeiras, Petroquímica, S.I.U.P., Comunicações, Demais Indústrias). A maior parte desses setores também se destacam em termos impactos sobre o VA, emprego e rendimento, embora com ordenações diferenciadas (ver Tabela 4.2).

O presente trabalho não teve a pretensão de ser exaustivo quanto às aplicações do modelo de insumo-produto, quantificando somente alguns indicadores analíticos correspondentes aos agregados selecionados. A principal contribuição do estudo consiste na sistematização dos procedimentos metodológicos necessários para a construção de um modelo de insumo-produto consistente. Com isso, se disponibiliza aos pesquisadores, às autoridades políticas e econômicas, como também demais interessados, um conjunto de informações que contribui para avançar em estudos específicos associados aos modelos de insumo-produto, notadamente aqueles direcionados ao planejamento do desenvolvimento regional.

A limitação básica desses modelos decorre do fato de os impactos serem orientados apenas pela ótica da demanda. Nesse sentido, como agenda de pesquisa com vistas a melhorar os resultados, sugere-se o uso desses modelos como suporte para a construção de modelos de equilíbrio geral computável ou modelos de insumo-produto econométrico, os quais se mostram mais flexíveis para avaliar políticas públicas de desenvolvimento regional na medida em que permitem avaliar o efeito choques de oferta e de demanda sob o ambiente econômico regional.

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ANEXO

Quadro A1 Fontes dos dados primários utilizados na construção das estatísticas da MIP e SCEI do RS – 1998

Descrição da estatística Fonte dos dados

Valor de produção das atividades a preços básicos FEE/IBGE: Contas Regionais; IBGE: Censo Agropecuário de 1996, PAM, PIA, PAS e PNAD; FGV.

Consumo intermediário das atividades a preços básicos FEE/IBGE: Contas Regionais; IBGE: Censo Agropecuário de 1996, PAM, PIA, PAS e PNAD; FGV.

Exportações e importações internacionais SECEX, Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; BACEN.

Exportações e importações interestaduais Secretaria da Fazenda do RS.

Impostos indiretos sobre a produção e importação IBGE: Regionalização das Transações do Setor Público (RTSP) e TRU; Secretaria da Fazenda do RS.

Outros impostos ligados a produção RTSP (IBGE).

Margem de distribuição Tabela de Recursos (IBGE).

Consumo do governo Contas Regionais (FEE/IBGE).

Consumo das famílias IBGE: POF e PNAD.

Formação bruta de capital fixo IBGE: TRU e Censo Agropecuário; FEE/IBGE: Contas Regionais.

Variação de estoques IBGE: TRU e Censo Agropecuário; FEE/IBGE: Contas Regionais.

Remuneração dos empregados, inclusive autônomos IBGE: PNAD, RTSP e Contas Econômicas Integradas (CEI).

Pessoal ocupado PNAD (IBGE).

Subsídios à produção RTSP (IBGE).

Remuneração dos fatores de produção IBGE: RTSP e CEI; Censo de Capitais Estrangeiros do BACEN.

Transferências correntes e de capital RTSP (IBGE). Fonte: FEE/NCS.

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Código RS

Descrição das atividades da MIP do Rio Grande do SulCódigo das atividades da

MIP do Brasil *Código

RSDescrição das atividades da MIP do Rio Grande do Sul

Código das atividades da MIP do Brasil *

01 Agropecuária 01 15 Fabricação e refino de óleos vegetais e de gorduras para alimentação 30

02 Indústrias metalúrgicas 05, 06, 07 16 Demais indústrais alimentares 25, 29, 31

03 Fabricação e manutenção de máquinas e tratores 08 17 Demais indústrias 02, 03, 04, 16, 20, 21, 22, 23, 32

04 Fabricação de material elétrico e eletrônico 10, 11 18 Serviços industriais de utilidade pública 33

05 Indústria de material de transportes 12, 13 19 Construção civil 34

06 Serrarias e fabricação de artigos de madeira e mobiliário 14 20 Comércio 35

07 Indústria de papel e gráfica 15 21 Transporte 36

08 Indústria química 17, 19 22 Comunicações 37

09 Indústria petroquímica 18 23 Instituições financeiras 38

10 Fabricação de calçados e de artigos de couro e peles 24 24 Serviços prestados às famílias e empresas 39, 40

11 Beneficiamento de produtos de origem vegetal, exceto fumo 26 25 Aluguel de imóveis 41

12 Indústria do fumo 26 26 Administração pública 42

13 Abate e preparação de carnes 27 27 Serviços privados não-mercantis 43

14 Resfriamento e preparação do Leite e Laticínios 28 28 Dummy financeiro 46

* Ver Sistema de Contas Nacionais do Brasil (IBGE, 2000).

Tabela A1 - Correspondência entre as atividades da MIP do Brasil e as atividades da MIP do Rio Grande do Sul - 1998

Código RS

Descrição dos produtos da MIP do Rio Grande do SulCódigo dos produtos da MIP

do Brasil *Código

RSDescrição dos produtos da MIP do Rio Grande do Su Código dos produtos da MIP do Brasil *

0101 Arroz em casca 0103 1302 Carne de aves abatidas 2702

0102 Soja em grão 0105 1401 Leite beneficiado e outros laticínios 2801, 2802

0103 Milho em grão 0107 1501 Óleos vegetais em bruto e refinados 3001, 3002

0104 Bovinos e suínos 0108 1601 Demais produtos alimentares 2501, 2901, 3101, 3102

0105 Leite natural 0109 1701 Demais produtos da indústria

0106 Aves vivas e ovos 0110 1801 Serviços industriais de utilidade pública 3301

0107 Demais produtos agropecuários 0101, 0102, 0104, 0106, 0199 1901 Produtos da construção civil 3401

0201 Produtos metalúrgicos 0501, 0502, 0601, 0701 2001 Margem de comércio 3501

0301 Fabricação e manutenção de tratores, máquinas e equipamentos 0801, 0802 2101 Margem de transporte 3601

0401 Material elétrico e eletrônico 1001, 1101 2201 Comunicações 3701

0501 Autoveículos e peças 1201, 1301 2301 Seguros e serviços financeiros 3801, 3802

0601 Madeira e mobiliário 1401 2401 Alojamento e alimentação 3901

0701 Papel, celulose, papelão e artefatos 1501 2402 Outros serviços 3902

0801 Adubos e fertilizantes 1901 2403 Saúde e educação mercantis 3903

0802 Demais produtos químicos 1701, 1702, 1902, 1903 2404 Serviços prestados às empresas 4001

0901 Produtos petroquímicos 1804, 1805 2501 Aluguel de imóveis 4101

0902 Combustíveis e demais produtos do refino 1801, 1802, 1803, 1806 2502 Aluguel imputado 4102

1001 Produtos de couro e calçados 2401 2601 Administração pública 4201

1101 Arroz beneficiado 2601 2602 Saúde pública 4202

1102 Demais produtos vegetais beneficiados, exceto fumo 2602, 2603 2603 Educação pública 4203

1201 Fabricação de produtos do fumo 2603 2701 Serviços privados não-mercantis 4301

1301 Carne bovina e suína 2701

* Ver Sistema de Contas Nacionais do Brasil (IBGE, 2000).

Tabela A2 - Correspondência entre os produtos da MIP do Brasil e os produtos da MIP do Rio Grande do Sul - 1998

0201, 0202, 0301, 0302, 0401, 1601, 2001, 2101,2201, 2202, 2203, 2204, 2205, 2301, 3201

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Ativ. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

01 1,1989 0,0606 0,0606 0,0590 0,0493 0,2268 0,0846 0,0634 0,0705 0,1432 0,5635 0,3254 0,6540 0,4686 0,5438 0,2659 0,0762 0,0766 0,0553 0,0789 0,0685 0,0773 0,0836 0,0900 0,0844 0,0855

02 0,0010 1,1176 0,0954 0,0477 0,0216 0,0067 0,0012 0,0009 0,0010 0,0010 0,0009 0,0008 0,0011 0,0010 0,0009 0,0008 0,0019 0,0011 0,0356 0,0012 0,0010 0,0014 0,0012 0,0010 0,0021 0,0011

03 0,0000 0,0003 1,0009 0,0007 0,0004 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

04 0,0020 0,0017 0,0056 1,0121 0,0014 0,0018 0,0025 0,0019 0,0020 0,0020 0,0018 0,0016 0,0021 0,0021 0,0019 0,0018 0,0021 0,0022 0,0045 0,0023 0,0020 0,0093 0,0025 0,0022 0,0025 0,0024

05 0,0005 0,0004 0,0005 0,0005 1,0113 0,0005 0,0009 0,0006 0,0007 0,0006 0,0005 0,0004 0,0005 0,0005 0,0005 0,0004 0,0006 0,0005 0,0004 0,0016 0,0037 0,0010 0,0007 0,0017 0,0006 0,0007

06 0,0048 0,0041 0,0041 0,0040 0,0033 1,0527 0,0057 0,0042 0,0047 0,0047 0,0041 0,0038 0,0050 0,0048 0,0043 0,0040 0,0049 0,0051 0,0135 0,0052 0,0044 0,0049 0,0054 0,0045 0,0059 0,0054

07 0,0124 0,0129 0,0151 0,0160 0,0107 0,0147 1,1695 0,0163 0,0156 0,0314 0,0133 0,0130 0,0127 0,0154 0,0126 0,0262 0,0210 0,0131 0,0104 0,0205 0,0128 0,0161 0,0163 0,0308 0,0139 0,0206

08 0,0504 0,0045 0,0049 0,0046 0,0039 0,0150 0,0161 1,1037 0,0054 0,0108 0,0248 0,0150 0,0287 0,0213 0,0240 0,0128 0,0081 0,0055 0,0112 0,0107 0,0049 0,0054 0,0059 0,0059 0,0062 0,0061

09 0,0609 0,0253 0,0278 0,0268 0,0225 0,0346 0,0455 0,4169 1,2884 0,0718 0,0400 0,0320 0,0469 0,0414 0,0401 0,0307 0,2187 0,0303 0,0316 0,0655 0,1171 0,0365 0,0328 0,0303 0,0337 0,0354

10 0,0054 0,0046 0,0046 0,0045 0,0038 0,0047 0,0065 0,0048 0,0054 1,1586 0,0047 0,0043 0,0057 0,0055 0,0050 0,0045 0,0056 0,0058 0,0041 0,0060 0,0050 0,0056 0,0061 0,0051 0,0065 0,0061

11 0,0045 0,0038 0,0038 0,0037 0,0031 0,0039 0,0053 0,0040 0,0044 0,0044 1,0071 0,0036 0,0047 0,0046 0,0043 0,0158 0,0046 0,0048 0,0034 0,0049 0,0043 0,0048 0,0052 0,0052 0,0053 0,0052

12 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 1,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000

13 0,0201 0,0172 0,0171 0,0167 0,0139 0,0176 0,0239 0,0179 0,0199 0,1234 0,0175 0,0159 1,0340 0,0204 0,0183 0,0167 0,0206 0,0215 0,0150 0,0221 0,0186 0,0205 0,0227 0,0189 0,0239 0,0234

14 0,0147 0,0125 0,0125 0,0122 0,0102 0,0128 0,0175 0,0131 0,0145 0,0145 0,0128 0,0116 0,0154 1,1491 0,0134 0,0122 0,0151 0,0157 0,0110 0,0161 0,0136 0,0150 0,0166 0,0138 0,0175 0,0168

15 0,0119 0,0068 0,0068 0,0067 0,0056 0,0076 0,0095 0,0072 0,0081 0,0082 0,0087 0,0073 0,0104 0,0095 1,0964 0,0405 0,0142 0,0086 0,0062 0,0088 0,0077 0,0083 0,0091 0,0083 0,0095 0,0091

16 0,0217 0,0130 0,0131 0,0127 0,0106 0,0143 0,0183 0,0138 0,0155 0,0156 0,0162 0,0137 0,0193 0,0177 0,0167 1,0261 0,0163 0,0168 0,0119 0,0176 0,0202 0,0199 0,0202 0,0340 0,0181 0,0195

17 0,0203 0,0168 0,0170 0,0230 0,0186 0,0251 0,0239 0,0255 0,0448 0,0246 0,0174 0,0159 0,0209 0,0202 0,0182 0,0165 1,0425 0,0213 0,0559 0,0237 0,0310 0,0235 0,0259 0,0311 0,0243 0,0265

18 0,0476 0,0592 0,0576 0,0439 0,0374 0,0562 0,0724 0,0699 0,0601 0,0547 0,0476 0,0451 0,0499 0,0534 0,0444 0,0480 0,0627 1,4051 0,0338 0,0572 0,0473 0,0553 0,0560 0,0483 0,0503 0,0729

19 0,0047 0,0040 0,0042 0,0039 0,0033 0,0041 0,0057 0,0045 0,0048 0,0047 0,0041 0,0037 0,0049 0,0048 0,0043 0,0039 0,0049 0,0050 1,0556 0,0058 0,0047 0,0054 0,0063 0,0046 0,0321 0,0054

20 0,1732 0,1765 0,2521 0,2020 0,1760 0,2198 0,4594 0,2113 0,2096 0,2565 0,1759 0,1572 0,1929 0,2106 0,1696 0,1734 0,2382 0,1751 0,1361 1,2188 0,1562 0,1690 0,1853 0,1599 0,1947 0,1862

21 0,0702 0,0592 0,0625 0,0591 0,0495 0,0628 0,0904 0,0876 0,1482 0,0732 0,0613 0,0700 0,0730 0,0712 0,0636 0,0587 0,0845 0,0730 0,0521 0,1098 1,3371 0,1520 0,0793 0,0726 0,0807 0,0818

22 0,0294 0,0252 0,0371 0,0313 0,0245 0,0316 0,0438 0,0328 0,0339 0,0340 0,0282 0,0257 0,0317 0,0336 0,0292 0,0333 0,0376 0,0329 0,0245 0,0426 0,0442 1,0488 0,0527 0,0357 0,0343 0,0414

23 0,0415 0,0422 0,0439 0,0471 0,0396 0,0350 0,0501 0,0577 0,0443 0,0405 0,0402 0,0359 0,0421 0,0457 0,0381 0,0342 0,0492 0,0363 0,0268 0,0566 0,0765 0,0825 1,1618 0,0331 0,0403 0,0429

24 0,1305 0,1137 0,1188 0,1137 0,0949 0,1179 0,1664 0,1246 0,1372 0,1333 0,1156 0,1059 0,1371 0,1347 0,1199 0,1114 0,1686 0,1682 0,1258 0,1843 0,2011 0,3452 0,3080 1,1547 0,1538 0,2620

25 0,1776 0,1520 0,1602 0,1488 0,1244 0,1564 0,2169 0,1696 0,1817 0,1773 0,1550 0,1411 0,1861 0,1805 0,1620 0,1481 0,1844 0,1893 0,1357 0,2198 0,1784 0,2055 0,2376 0,1722 1,2100 0,2046

26 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 0,0000 1,0000

Fonte: Calculado pelo autor.

Matriz de impacto intersetorial estadual - modelo fechado de Leontief - 1998

Tabela A3

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BIBLIOGRAFIA

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