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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Tecnologia
Maxwel Vitorino da Silva
Esquemas de Quantizacao do Demodulador para
Comunicacao Optica pelo Espaco Livre
Limeira
2017
Maxwel Vitorino da Silva
Esquemas de Quantizacao do Demodulador para
Comunicacao Optica pelo Espaco Livre
Dissertacao de Mestrado apresen-
tada a Faculdade de Tecnologia da Uni-
versidade Estadual de Campinas como
parte dos requisitos exigidos para a ob-
tencao do tıtulo de Mestre em Tecnolo-
gia. Area de concentracao: Sistemas de
Informacao e Comunicacao.
Orientador:
Prof. Dr. Jaime Portugheis
Co-orientador:
Prof. Dr.Cristhof Johann Roosen Runge
Este exemplar corresponde a versao fi-
nal da tese defendida pelo aluno Maxwel
Vitorino da Silva, e orientada pelo Prof.
Dr. Jaime Portugheis.
Limeira
2017
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica.
Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Faculdade de TecnologiaFelipe de Souza Bueno - CRB 8/8577
Silva, Maxwel Vitorino da, 1984- Si38e SilEsquemas de quantização do demodulador para comunicação óptica em
espaço livre / Maxwel Vitorino da Silva. – Limeira, SP : [s.n.], 2017.
SilOrientador: Jaime Portugheis. SilCoorientador: Cristhof Roosen Runge. SilDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Tecnologia.
Sil1. Comunicação óptica no espaço livre. 2. Medidas de canal. 3. Quantização
de demodulador. I. Portugheis, Jaime, 1959-. II. Roosen Runge, Cristhof,1971-. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Tecnologia. IV.Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Demodulator quantization schemes for free space opticalcommunicationPalavras-chave em inglês:Free space opticsChannel measurementsDemodulator quantizationÁrea de concentração: Sistemas de Informação e ComunicaçãoTitulação: Mestre em TecnologiaBanca examinadora:Jaime Portugheis [Orientador]Celso de AlmeidaEdson Luiz UrsiniData de defesa: 24-11-2017Programa de Pós-Graduação: Tecnologia
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
Folha de Aprovacao
Abaixo se apresentam os membros da comissao julgadora da sessao publica de defesa de
dissertacao para o Tıtulo de Mestre em Tecnologia na area de concentracao de Sistemas
de Informacao e Comunicacao, a que submeteu o aluno Maxwel Vitorino da Silva, em 24
de Novembro de 2017 na Faculdade de Tecnologia - FT/UNICAMP, em Limeira/SP.
Prof. Dr. Jaime Portugheis
Presidente da Comissao Julgadora
Prof. Dr. Celso de Almeida
Faculdade de Engenharia Eletrica e de Computacao (FEEC-UNICAMP)
Prof. Dr. Edson Luiz Ursini
Faculdade de Tecnologia (FT-UNICAMP)
A Ata de Defesa, assinada pela Comissao Examinadora, consta no processo de vida
academica do aluno.
Epıgrafe
“Entao o Anjo do Senhor veio e sentou-se sob a
grande arvore de Ofra, que pertencia ao abiezrita
Joas. Gideao, filho de Joas, estava malhando o
trigo num tanque de prensar uvas, para esconde-
lo dos midianitas.”
Juızes 6.11
Dedicatoria
“Dedico esta dissertacao a Joseni Vitorino, minha
querida e batalhadora mae. Aos meus irmaos, aos
meus amados sobrinhos Gustavo, Paulo e Pedro,
e tambem a todos meus amigos e meus professores
da Faculdade de Tecnologia de Limeira (FT).”
Agradecimentos
Agradeco a DEUS (“O Senhor dos Exercitos”) por me dar esperanca e forca para
lutar pelos meus sonhos e objetivos.
Faco aqui um agradecimento especial ao meu orientador Prof. Jaime Portugheis pela
sua orientacao, por sua paciencia quase que infinita, a sua dedicacao e seu grande incen-
tivo para comigo.
Meu enorme agradecimento, ao meu co-orientador Prof. Cristhof J. Roosen Runge,
pelo grande apoio, conselhos e tambem por seus sabios e divertidos proverbios.
Gostaria de agradece-los, por todas as suas dicas, correcoes, ajustes e tambem por
todas as vezes que me fizeram sorrir e refletir em minha caminhada, em dias incrıveis que
estivemos reunidos trabalhando, alem do enorme aprendizado, sou imensamente grato por
acreditarem em mim e em meu trabalho.
Agradeco aos membros da banca examinadora, ao Prof. Celso de Almeida (FEEC),
ao Prof. Edson Luiz Ursini (FT), pelas sugestoes e pelo grande incentivo a mim entregues
no periodo da minha qualificacao.
Agradeco tambem aos meus bons amigos que cultivei nos meus longos anos entre
graduacao em Tecnologia em Sistemas de Telecomunicacoes e Engenharia de Telecomu-
nicacoes/ Mestrado em Tecnologia na (FT-UNICAMP), em especial ao Thallyson Pau-
lino, William Castilho, Alisson David, Felipe Muhamed, Felipe Koji, Guilherme Paulino,
Daniel Vaz, Paulo Kretikousky e Thais Scalet.
Resumo
O primeiro estudo realizado nessa dissertacao e sobre as tecnologias opticas em espaco
livre conhecidas como FSO (do ingles, Free Space Optics), mais especıficamente, estudos
de medidas de canal do desvanecimento do sinal optico para o ambiente do campus da
Faculdade de Tecnologia de Limeira (FT-UNICAMP). Foram levantadas medidas de canal
para o desvanecimento do sinal optico de um enlace FSO utilizando um sistema comercial.
Diferentemente dos trabalhos anteriores, a distancia do enlace e bem curta (estimada
em 91 metros). Mesmo assim, foi possıvel observar variacoes significativas no ındice de
cintilacao do enlace ao longo de um dia.
O segundo estudo realizado nesse trabalho constitui-se na busca por estrategias de
quantizacao para canais nao gaussianos, sob a perpectiva do conhecimento de estado de
informacao do canal, CSI (do ingles, Channel State Information). Apresentaremos, tres
estrategias para quantizacao com codificacao de canal em sistemas de comunicacao FSO
onde se utilizam modulacao OOK (do ingles, On-Off Keying) e deteccao direta. As tres
estrategias de quantizacao aqui apresentadas, tem como objetivo encontrar os limiares
de quantizacao que maximizem taxa de corte e/ou capacidade de canal. A primeira
estrategia, considera um esquema heurıstico com limiares uniformemente espacados. A
segunda estrategia apresentada nesse trabalho, apresenta um esquema heurıstico de quan-
tizacao para um canal com saıda ternaria. Finalmente, um esquema de quantizacao ba-
seado na GCR (do ingles, Generalized Cutoff Rate) e considerado. O ganho de canal
estudado, e modelado atraves de uma variavel aleatoria (v.a) gamma-gamma, para o caso
de turbulencia do canal ser de leve a moderada. Observou-se a partir dos resultados
numericos obtidos, significativos ganhos de taxa de corte e/ou capacidade do canal, para
as tres estrategias apresentadas, esses ganhos em desempenho podem representar melho-
rias no projeto de bons sistemas de comunicacoes, que se utilizam de codificacao de canal
e conhecimento do estado de canal.
Palavras-chave: Comunicacao optica pelo espaco livre, medidas de canal, ındice de
cintilacao, desvanecimento, quantizacao, estado de informacao do canal, quantizacao
por regioes uniformes, quantizacao por regioes nao-uniformes para um canal com saıda
ternaria, taxa de corte generalizada (GCR), quantizacao baseada na GCR, taxa de corte,
capacidade de canal, modelo de canal gamma-gamma.
Abstract
The first study carried out in this dissertation is on free space optical technologies
known as FSO (Free Space Optics), more specifically, studies of channel measurements of
optical signal fading to the campus environment of the Faculty of Technology of Limeira
(FT-UNICAMP). Channel measurements were taken to fade the optical signal from an
FSO link using a commercial system. Unlike the previous works, the distance of the link
is very short (estimated at 91 meters). Even so, it was possible to observe significant
variations in the flicker index of the bond over the course of one day. The second study
carried out in this work is the search for quantization strategies for non-Gaussian chan-
nels, under the perspective of the knowledge of the information state of the channel, CSI
(Channel State Information). We will present three strategies for quantization with chan-
nel coding in FSO communication systems using OOK (On-Off Keying) modulation and
direct detection. The three quantization strategies presented here aim to find quantization
thresholds that maximize cutoff and / or channel capacity. The first strategy considers
a heuristic scheme with uniformly spaced thresholds. The second strategy presented in
this work presents a heuristic scheme of quantization for a channel with ternary output.
Finally, a GCR (Generalized Cutoff Rate) quantization scheme is considered. The studied
channel gain is modeled by a random variable (v.a) gamma-gamma, in case the channel
turbulence is mild to moderate. It was observed from the obtained numerical results, sig-
nificant cut-off and / or channel capacity gains, for the three presented strategies, these
gains in performance can represent improvements in the design of good communications
systems, which use coding of channel and channel status awareness.
Keywords: Free space optical communication, channel measurements, scintillation in-
dex, fading, quantization, channel information state, quantization by uniform regions,
quantization by non-uniform regions for a ternary output channel, generalized cut-off
rate (GCR), quantization based on generalized cut-off rate, cut-off rate, channel capacity,
gamma-gamma channel model.
Lista de Figuras
2.1 Diagrama de blocos de um sistema de comunicacao digital. . . . . . . . . . 5
2.2 Probabilidade de transicao de um modelo de canal. . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Esquema do processo de quantizacao no demodulador criando um canal
discreto e sem memoria (DMC). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.4 Canal de comunicacao ideal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.5 Diagrama de probabilidades de transicao de um canal binario simetrico
(BSC). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.6 Modelo de canal com suas respectivas probabilidades de transicao para o
canal de apagamento de entrada binaria e saıda ternaria (BEC). . . . . . . 10
2.7 Modelo de receptor com conhecimento de estado de informacao. . . . . . . 15
2.8 Regioes de Quantizacao para AWGN, baseado no algoritmo de demodulacao
suave proposto por Massey. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
3.1 Enlace tipıco FSO formado por transceptor Transmissor (LASER) e um
transceptor Receptor (fotodetector), entre eles o canal optico. . . . . . . . 24
3.2 Vista area do enlace FSO mostrando a localizacao do transmissor e do
receptor no campus da Faculdade de Tecnologia de Limeira. . . . . . . . . 27
3.3 Vista de um receptor em um enlace pratico FSO implantado no campus da
Faculdade de Tecnologia da UNICAMP em Limeira. . . . . . . . . . . . . . 28
3.4 Perfil de desalinhamento de um enlace FSO experimental. . . . . . . . . . . 29
3.5 Forma de onda do ganho normalizado de canal para um ındice de cintilacao
de 0,0002383. A duracao da gravacao foi de 1 segundo. . . . . . . . . . . . 36
3.6 Histograma do ganho de canal normalizado e a densidade lognormal ajus-
tada para um perıodo da tarde e condicoes climaticas de ceu limpo. Valor
esperado do ganho de canal E[h] = 3,36V. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.7 Histograma do ganho de canal normalizado e a densidade lognormal ajus-
tada para um perıodo da manha e condicoes climaticas de ceu limpo. Valor
esperado do ganho de canal E[h] = 3.78 V. . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
4.1 Diagrama de blocos de comunicacao envolvidos no processo de quantizacao. 41
4.2 Representacao em uma reta real de y da decisao abrupta L = 2 criterio de
quantizacao uniforme. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
4.3 Representacao em uma reta real de y para L = 4 nıveis para a estrategia
de quantizacao por limiares uniformemente espacados. . . . . . . . . . . . 45
4.4 Representacao em uma reta real de y para L = 32 nıveis pelo criterio de
quantizacao por limiares uniformemente espacados. . . . . . . . . . . . . . 45
4.5 Resultados de taxa de corte para o esquema heurıstico com limiares uni-
formemente espacados para RSR de 0 dB a 50 dB. . . . . . . . . . . . . . . 47
4.6 Resultados de taxa de corte para quantizacao com limiares definidos uni-
formemente para RSR de 0 dB a 25 dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
4.7 Resultados de taxa de corte para quantizacao por limiares uniformemente
espacados para RSR de 25 dB a 50 dB. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
4.8 Representacao na reta do esquema de quantizacao para um canal com apa-
gamento ε. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.9 Canal com Apagamento com y1 = 0, y2 = ε e y3 = 1. . . . . . . . . . . . . 52
4.10 Diagrama do Canal com Apagamento simplificado. . . . . . . . . . . . . . 54
4.11 Taxa de Corte sem CSI d ∈ 0 ∗ A, 0.1 ∗ A, 0.2 ∗ A, 0.3 ∗ A, 0.4 ∗ A, 0.5 ∗ A . 55
4.12 Taxa de Corte com CSI d ∈ 0 ∗A, 0.1 ∗A, 0.2 ∗A, 0.3 ∗A, 0.4 ∗A, 0.5 ∗A . 56
4.13 ”Zoom”da Taxa de Corte com CSI em torno de 20 dB. . . . . . . . . . . . 57
4.14 ”Zoom”da Capacidade de Canal com CSI em torno de 20 dB. . . . . . . . 57
4.15 Capacidade sem CSI d ∈ 0 ∗ A, 0.1 ∗ A, 0.2 ∗ A, 0.3 ∗ A, 0.4 ∗ A, 0.5 ∗ A . . 58
4.16 Capacidade com CSI d ∈ 0 ∗ A, 0.1 ∗ A, 0.2 ∗ A, 0.3 ∗ A, 0.4 ∗ A, 0.5 ∗ A . . 59
4.17 Comparacao da Capacidade de Canal e da Taxa de Corte para o Canal
com Apagamento (EC). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.18 Representacao geometrica para Q = 2 (L = 3 regioes de quantizacao) ba-
seada na GCR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
4.19 Representacao geometrica para Q = 3 (L = 5 regioes de quantizacao) ba-
seada na GCR. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
4.20 Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 2 (3 regioes de quantizacao). . . . 67
4.21 Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 3 (5 regioes de quantizacao). . . . 68
4.22 Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 4 (7 regioes de quantizacao). . . . 69
4.23 Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 5 (9 regioes de quantizacao). . . . 70
4.24 Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 6 (11 regioes de quantizacao). . . 71
4.25 Comparativo dos resultados obtidos do trabalho para os melhores desempe-
nhos em taxa de corte, para as tres estrategias de quantizacao apresentadas. 72
Lista de Abreviaturas
FSO – Free Space Optics
DMC – Discrete Memoryless Channel
OOK – On-Off Keying
LED – Light Emitting Diode
CD – Compact Disk
Decisao Suave – Soft-Decision
Decisao Abrupta – Hard-Decision
BSC – Binary Symmetric Channel
BEC – Binary Erasure Channel
CSI – Channel Side Information
AWGN – Adittive White Gaussian Channel
LAN – Local Area Network
WAN – Wide Area Network
MAN – Metropolitan Area Network
FTTH – Fiber to the Home
RSR – Razao Sinal Ruıdo
EC – Erasure Channel
fdp – funcao densidade de probabilidade
RO – Taxa de corte do sistema nao quantizado com CSI
ROC – Taxa de corte do sistema nao quantizado sem CSI
RQ4 – Taxa de corte para 4 regioes, baseadas em quantizacao por regioes unifor-
memente espacadas
RQ8 – Taxa de corte para 8 regioes, baseadas em quantizacao por regioes unifor-
memente espacadas
RQ32 – Taxa de corte para 32 regioes, baseadas em quantizacao por regioes unifor-
memente espacadas
0*A – Taxa de corte para o parametro otimizado em d=0 de abertura, baseadas
em quantizacao suave com apagamento e erro para 3 regioes de quantizacao
0.1*A – Taxa de corte para o parametro otimizado em d=0.1 de abertura, baseadas
em quantizacao suave com apagamento e erro, para 3 regioes de quantizacao
0.2*A – Taxa de corte para o parametro otimizado em d=0.2 de abertura, baseadas
em quantizacao suave com apagamento e erro, para 3 regioes de quantizacao
0.3*A – Taxa de corte para o parametro otimizado em d=0.3 de abertura, baseadas
em quantizacao suave com apagamento e erro, para 3 regioes de quantizacao
0.4*A – Taxa de corte para o parametro otimizado em d=0.4 de abertura, baseadas
em quantizacao suave com apagamento e erro, para 3 regioes de quantizacao
0.5*A – Taxa de corte para o parametro otimizado em d=0.5 de abertura, baseadas
em quantizacao suave com apagamento e erro, para 3 regioes de quantizacao
GCR – Generalized Cutoff Rate
Q2 – Quantizacao em 3 regioes baseadas na GCR
Q3 – Quantizacao em 5 regioes baseadas na GCR
Q4 – Quantizacao em 7 regioes baseadas na GCR
Q5 – Quantizacao em 9 regioes baseadas na GCR
Q6 – Quantizacao em 11 regioes baseadas na GCR.
.
Sumario
1 Introducao 1
1.1 Organizacao da Tese . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Publicacoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
2 Conceitos Basicos 4
2.1 Transmissao Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Modelos de Canais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.1 Canais Discretos sem Memoria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.2 Canal Binario Simetrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.2.3 Canal com Apagamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3 Capacidade de canal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.4 Teoria da Codificacao de Canal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.5 Taxa de corte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.6 Canais com Estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.7 Algoritmo para calculo de capacidade de canal de um DMC . . . . . . . . 16
2.8 Algoritmo para otimizacao da taxa de corte de um DMC . . . . . . . . . . 17
2.9 Sıntese do Capıtulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
3 Sistemas FSO 21
3.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
3.2 Sistemas FSO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
3.3 Diagrama de funcionamento dos Sistemas FSO . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.4 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.5 Enlace Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
3.5.1 Efeitos de turbulencia em Sistemas FSO . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.5.2 Indice de Cintilacao em sistemas FSO . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.5.3 Modelo de Canal para um enlace FSO . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.5.4 Medidas de Canal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
3.6 Medidas de Canal e Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.7 Conclusoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.8 Sıntese do Capıtulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4 Esquemas de Quantizacao 41
4.1 Esquema heurıstico com limiares uniformemente espacados . . . . . . . . . 43
4.1.1 Resultados para o esquema heurıstico com limiares uniformemente
espacados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
4.2 Esquema heurıstico de quantizacao para um canal com saıda ternaria EC
(do ingles, Erasure Channel) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2.1 Consideracoes sobre simetria do DMC . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.2.2 Consideracoes sobre DMCs nao-simetricos . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2.3 Resultados do esquema heurıstico de quantizacao para um canal
com saıda ternaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.3 Criterio de quantizacao baseado na taxa de corte generalizada (GCR) . . . 61
4.3.1 Resultados para quantizacao baseada na GCR . . . . . . . . . . . . 67
4.4 Resultados gerais para as tres estrategias de quantizacao . . . . . . . . . . 71
4.5 Sıntese do Capıtulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
5 Conclusao 75
5.1 Consideracoes finais e trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Referencias Bibliograficas 78
1
Capıtulo 1
Introducao
Esta dissertacao aborda dois estudos distintos para tecnologias de comunicacao pelo
espaco livre. O primeiro deles, apresenta um levantamento das condicoes de operacao
de um enlace FSO (do ingles, Free Space Optics) pratico, apresentando resultados de me-
didas de canal da variacao de intensidade do sinal optico num enlace FSO terrestre, e faz
uma analise do desvanecimento optico resultante ao longo do mes de agosto de 2014. O
enlace experimental montado para obtencao dessas medidas, utilizou um sistema comer-
cial FSO, e foi implantado sobre os telhados de dois predios do campus onde se encontra
a Faculdade de Tecnologia da UNICAMP em Limeira, Sao Paulo.
O segundo estudo apresentado nessa dissertacao, considera um dos problemas praticos
na implementacao de sistemas de comunicacao com codificacao de canal, descrevendo tres
diferentes estrategias para escolha dos limiares de quantizacao no demodulador na saıda do
receptor, a analise de desempenho para estas estrategias de quantizacao sao mensuradas
por meio do criterio de maximizacao da taxa de corte e/ou capacidade de canal.
2
1.1 Organizacao da Tese
O Capıtulo 1 dessa dissertacao apresenta de forma suscinta a organizacao dos topicos
de estudo realizados no presente trabalho, bem como os artigos publicados. O Capıtulo 2
apresenta algumas nocoes gerais de comunicacoes, tais como alguns modelos uteis no en-
tendimento de transmissao e recepcao da informacao baseada na Teoria da Informacao
concebida por Claude Shannon. Uma abordagem basica sobre os conceitos de codi-
ficacao de canal, capacidade de canal e taxas de transmissao da informacao, alem de
conceitos cernes para este trabalho, tais como: nocoes de gerais de transmissao digi-
tal, modelos de canais, teoria de codificacao de canal, taxa de corte, canais com estado,
demodulacao, algoritmo para calculo da capacidade de um DMC (do ingles, Discrete Me-
moryless Channel) , algoritmo de otimizacao da taxa de corte para DMCs, tambem serao
apresentados.
O Capıtulo 3 trara estudos sobre algumas das principais caracterısticas de sistemas
opticos, que se utilizam do espaco livre para comunicacao, apresentando assim, resulta-
dos de medida de canal e um modelo de ganho de canal obtidas para um enlace FSO
experimental instalado no proprio campus da Faculdade de Tecnologia em Limeira.
No Capıtulo 4, apresenta-se tres estrategias de quantizacao no demodulador, para
sistemas FSO com modulacao OOK (do ingles, On-Off Keying) e deteccao direta, base-
adas em abordagens distintas para a escolha dos limiares que maximizem taxa de corte
e/ou capacidade de canal para a quantizacao no demodulador sendo elas: um esquema
heurıstico com limiares uniformemente espacados, um esquema heurıstico de quantizacao
para um canal com entrada binaria e saıda ternaria, e uma terceira estrategia de quan-
tizacao baseda na taxa de corte generalizada concebida para uma metrica inteira.
Mostra-se que essas tres estrategias de quantizacao, levam a ganhos significativos em
taxa de corte e/ou capacidade de canal, contribuindo para um aumento de desempenho
de sistemas de comunicacao optica em espaco livre codificados.
Finalizando esta dissertacao, no Capıtulo 5, apresentam-se as conclusoes gerais para
os estudos realizados neste trabalho, e tambem uma perpectiva de trabalhos vindouros.
3
1.2 Publicacoes
1. Runge, C. J. R. ; Silva, M. V. ; Portugheis, J. “Medidas de Canal para Co-
municacao Optica pelo Espaco Livre”. 2015. XXXIII Simposio Brasileiro de Telecomu-
nicacoes - SBrT2015, 01 a 04 de Setembro, Juız de Fora, MG.
2. Silva, M. V.; Portugheis, J., Runge, C. J. R. “Esquema de Quantizacao com
Apagamento para Decodificacao Suave em Sistemas FSO”. XXXIV Simposio Brasileiro
de Telecomunicacoes - SBrT2016, 30 de Agosto a 02 de Setembro, Santarem, PA.
3. Silva, M. V.; Portugheis, J., Runge, C. J. R. “Esquema de Quantizacao para
Sistemas OOK FSO”. XXXV Simposio Brasileiro de Telecomunicacoes - SBrT2017, 03 de
Agosto a 06 de Setembro, Sao Pedro, SP.
4. Portugheis, J. ; Silva, M. V. “Free Space Optical Communications: Channel
Modeling”. 2015. XXIII Congresso de Iniciacao Cientıfica da UNICAMP.
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Capıtulo 2
Conceitos Basicos
2.1 Transmissao Digital
Um dos grandes desafios em sistemas de comunicacao e reduzir ao mınimo possıvel, a
degradacao causada pelos efeitos deleterios de distorcoes e ruıdo de canal introduzidos no
canal de comunicacao. Para que seja possıvel controlar a probabilidade de erro, utiliza-
se codificacao de canal, que consiste em estabelecer um mapeamento entre os dados de
entrada e as dados de saıda de um modelo de comunicacao, por meio da insercao de
sequencias de redundancias na mensagem original.
A codificacacao de canal pode ser encarada como o processo dual da codificacao de
fonte. Enquanto neste caso eliminam-se as redundancias para melhorar a eficiencia, na
codificacao de canal controla-se a redundancia introduzida para melhorar a confiabilidade
dos sistemas de comunicacoes.
Uma maneira didatica e usual de estudar um sistema digital de comunicacoes e se-
para-lo em blocos distintos: codificador/decodificador de fonte, codificador/decodificador
de canal, modulador/demodulador, sendo que entre o bloco de modulacao e o de demo-
dulacao, se encontra o modelo do canal como vemos na Figura 2.1.
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Figura 2.1: Diagrama de blocos de um sistema de comunicacao digital.
A fonte de informacao pode ser representada por um microfone, um sensor, uma
saıda de um terminal de computador dentre outros.
Na transmissao, o primeiro bloco e o do codificador de fonte, que tem por finalidade
reduzir a redundancia da fonte diminuindo a largura de faixa necessaria para a trans-
missao. A funcao do codificador de fonte, consiste em converter um sinal analogico da
fonte em um sinal digital de modo que ele possa ser recuperado no destino com baixa
distorcao.
O processo de codificacao de canal se baseia num princıpio basico: a adicao de re-
dundancia a informacao com o objetivo de corrigir erros que possam ocorrer no processo
de transmissao e recepcao da informacao. Dependendo da maneira que a redundancia
e adicionada a informacao, a codificacao de canal se utiliza de codigos de bloco ou de
codigos convolucionais [1]. Sendo assim, codificador de canal deve ser projetado para
combater os efeitos do ruıdo e de distorcoes introduzindo o mınimo de redundancia.
O bloco de modulacao, permite adaptar a saıda do codificador com o canal de trans-
missao (atraves de uma onda eletromagnetica portadora), sendo assim, aloca-se uma
sequencia de sımbolo em nıveis de sinais, cujas propriedades sao mais convenientes aos
meios de transmissao.
O canal pode ser representado por um enlace de micro-ondas, um enlace de LED (do
ingles, Light Emitting Diode) transmissor e um fotodetector, ou mesmo um enlace FSO
ou a gravacao e leitura de um CD (do ingles, Compact Disk).
Por fim, nos bloco de demodulacao, decodificacao de canal e decodificacao de fonte,
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ocorrem processos inversos para recuperar a mensagem originalmente enviada.
Nao obstante, que em sistemas codificados existe um compromisso entre a quantidade
de redundancia, largura de banda, complexidade do codificador e energia disponiveıs,
uma vez preservados esses compromissos, a codificacao de canal pode representar em
um sistema ganhos em taxas de informacao. Esses ganhos em taxas sao limitados pela
medida da capacidade de canal, que representa o maior valor de taxa alcancavel com uma
probabilidade de erro arbitrariamente pequena [2].
Comparado ao desafio de transmitir proximo a capacidade de canal, assegurar um
patamar de taxa e de confiabilidade desejavel para o sistema codificado poderia parecer
um problema simples. No entanto, a pratica tem mostrado que mesmo assim ainda existe
um grande desafio para engenheiros e projetistas de sistemas de comunicacao.
Nesta dissertacao trataremos a implementacao do processo de quantizacao no de-
modulador. Esse processo consiste em mapear os nıveis nao quantizados na saıda do
demodulador em nıveis discretos. Nos ateremos tambem, ao modelo estatıstico de canal
para um sistema FSO experimental.
2.2 Modelos de Canais
2.2.1 Canais Discretos sem Memoria
Um canal discreto e um modelo estatıstico que a um alfabeto de entrada representado por
uma variavel aleatoria discreta X faz corresponder – de acordo com uma lei de transicao
especıfica – uma variavel aleatoria discreta Y . A Figura 2.2 apresenta um esquema de
modelo de canal, a notacao P (y|x) denota a probabilidade de transicao condicionada a
observacao de uma variavel aleatoria Y transmitida dado que ocorreu uma variavel X
para o canal discreto [2] e [4].
Figura 2.2: Probabilidade de transicao de um modelo de canal.
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A variavel aleatoria discreta X transmitida, modela o alfabeto de entrada do canal, e
Y , representa a variavel aleatoria discreta recebida que modela o alfabeto de saıda. Nota-
se, que em geral, a cardinalidade do alfabeto de saıda pode ser diferente da do alfabeto
de entrada, ou seja a cardinalidade de X e diferente da cardinalidade de Y , e nesses
casos a decisao feita na saida do demodulador e conhecida como decisao suave (do ingles,
Soft-Decision). Para o caso oposto onde a cardinalidade do alfabeto de entrada X e igual
a de Y , a decisao e dita abrupta (do ingles, Hard Decision) [5] .
Quantizacao e o processo de atribuicao de valores discretos para um sinal cuja
amplitude varia entre infinitos valores. O esquema de quantizacao no demodulador cria
um canal discreto e sem memoria (DMC) [2] e [3]. Um exemplo deste processo e o caso
onde o canal usa modulacao q-aria e a saıda do receptor consiste de Q sımbolos. Este
canal e ilustrado de acordo com a Figura 2.3 dada abaixo.
Figura 2.3: Esquema do processo de quantizacao no demodulador criando um canal dis-
creto e sem memoria (DMC).
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A descricao do canal sem memoria, refere-se ao fato de que o sımbolo de saıda depende
apenas da estatıstica dos sımbolos de entrada naquele mesmo instante de observacao, ou
seja,
P (Y |X) =∏k
P (yk|xk) (2.1)
onde X, Y sao as sequencias de entrada e saıda, respectivamente, e , P (yk|xk) e a
probabilidade de transicao do canal para o instante k, isto e, a probabilidade de yk ser o
sımbolo de saıda dado que xk foi o sımbolo enviado [2] e [3].
2.2.2 Canal Binario Simetrico
Dando prosseguimento aos nossos estudos de conceitos basicos, veremos o caso de um
canal ideal, que e aquele em que uma mensagem recebida e exatamente igual a mensagem
transmitida como descrito na Figura 2.4.
Figura 2.4: Canal de comunicacao ideal.
E intuitivo perceber que a capacidade do canal de comunicacao ideal apresentado na
Figura 2.4 e unitaria, uma vez que neste canal nao ocorre troca de sımbolo.
Entretanto, para casos praticos os canais geralmente provocam disturbios na mensa-
gem transmitida. Conjuntamente ou nao, o ruıdo, e distorcoes fazem com que na recepcao,
o valor da mensagem seja trocado por outro, ou que o valor seja perdido, ou que nao se
tenha certeza sobre qual mensagem foi transmitida.
Um canal de grande interesse teorico e importancia pratica e bem representado pelo
canal discreto sem memoria BSC (do ingles, Binary Symmetric Channel )[2] e [3], como e
mostrado na Figura 2.5. Neste caso, o alfabeto de entrada do canal e representado como
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X = 0, 1, e dois simbolos na saıda Y = 0, 1. A probabilidade de troca de sımbolo do
BSC e denotada por P e a probabilidade de nao troca de sımbolo transmitido e denotado
por 1− P .
Se a condicao P (1|0) = P (0|1) e satisfeita, dizemos que o canal e simetrico. Ou seja,
um canal e designado como simetrico porque a probabilidade p de receber “1”, supondo ter
sido transmitido “0” e igual a probabilidade de receber “0” supondo ter sido transmitido
“1”, como se ilustra no diagrama da Figura 2.5.
Figura 2.5: Diagrama de probabilidades de transicao de um canal binario simetrico (BSC).
2.2.3 Canal com Apagamento
Um dos canais de estudo dessa dissertacao, e o canal com apagamento BEC (do ingles,
Binary Erasure Channel), este modelo de canal foi introduzido por Peter Elias em 1955.
De uma forma geral, esse canal pode-ser criado, utilizando dois simbolos de entrada do
canal denotados por X = 0, 1, e tres sımbolos de saıda Y = 0, ε, 1, onde ε representa
o sımbolo de apagamento [3]. O canal com apagamento e mostrado na Figura 2.6.
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Figura 2.6: Modelo de canal com suas respectivas probabilidades de transicao para o canal
de apagamento de entrada binaria e saıda ternaria (BEC).
Os bits transmitidos atraves de um BEC que sao recebidos corretamente, sao deno-
tados pelas probabilidades de transicao P (0|0) = P (1|1) = 1 − ε, ou sao apagados com
probabilidade de transicao iguais a P (ε|0) = P (ε|1) = ε, onde ε assume qualquer valor
entre 0 ≤ ε ≤ 1.
O BEC e um modelo de canal adequado para redes de dados cujos bits transmitidos
podem ser perdidos devido a falhas de rede, tais como demora excessiva ou congestiona-
mento nos nos intermediarios, como por exemplo a Internet.
2.3 Capacidade de canal
Uma das mais importantes figuras de merito de um sistema de comunicacao e a capacidade
de um canal, ela e definida atraves do conceito de informacao mutua, I(X;Y ). O conceito
de informacao mutua e a informacao que a observacao da saıda do canal denotado por Y
nos traz sobre a entrada X. Esta capacidade de canal e obtida atraves de uma distribuicao
de probabilidade de entrada p(x) que maximiza I(X;Y ) [3] e [4].
Ela e expressa por:
C = maxp(x)
I(X;Y ) (2.2)
onde, a informacao mutua I(X, Y ) pode ser obtida de acordo com a relacao da eq
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2.3.
I(X, Y ) = H(X)−H(X|Y ) (2.3)
Uma vez que a entropia da variavel aleatoria (v.a) da entrada e representada por
H(X) , e pode ser interpretada como a informacao media que a variavel aleatoria X do
sinal transmitido tras, e e definida de acordo com a expressao
H(X) =∑x
p(x) log1
p(x)(2.4)
e H(X|Y ) e sua entropia condicional e e expressa por
H(X|Y ) =∑x,y
p(x, y) log1
p(x|y)(2.5)
Logo a informacao mutua, pode ser definida simplificadamente, como a entropia da
v.a X quando a v.a Y e conhecida, sendo que a variavel Y tras uma informacao “extra”a
um dado experimento.
Sendo assim, sintetizando as expressoes descritas para entropia de entrada H(X), e a
entropia condicional H(X|Y ), define-se uma expressao mais generalizada para informacao
mutua, de acordo com a relacao
I(X, Y ) = H(X)−H(X|Y ) =∑x,y
p(x, y) logp(x, y)
p(x)p(y)(2.6)
Uma vez que a entropia H(X) representa a incerteza acerca da entrada do canal
antes da observacao da saıda, e que a entropia condicional H(X|Y ) representa a incerteza
da entrada apos a observacao da saıda Y do canal, podemos interpretar a parcela H(X)−
H(X|Y ) como uma reducao da incerteza da entrada a partir da observacao da saıda [3] e
[4].
Contudo, devido a caracterıstica de I(X;Y ) ser funcao convexa em X e em Y , ha
a necessidade de um algoritmo de otimizacao, para esse fim utiliza-se na pratica, um
algoritimo iterativo conhecido, como algoritmo de Blahut-Arimoto [3] e [9], para o calculo
de capacidade do DMC. Os conceitos basicos e definicoes teoricas desse algoritmo serao
apresentadas com mais detalhes em uma proxima secao.
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2.4 Teoria da Codificacao de Canal
Uma ferramenta de partida importante no dimensionamento de bons sistemas de co-
municacoes estao contidos no segundo teorema apresentado por Claude Shannon. Esse
teorema trata de uma fonte discreta sem memoria com alfabeto Ω e que tenha entropia
H(Ω), que gera um sımbolo a cada Ts segundos e que utiliza-se de um canal discreto sem
memoria com capacidade C e que e usado uma vez a cada Tc segundos [2] e [6].
Entao e possivel relaciona-los atraves da expressao
H(Ω)
Ts6C
Tc(2.7)
Shannon mostrou que existe um bom codigo com o qual a saıda da fonte pode ser
transmitida atraves do canal e reconstruıda com probabilidade de erro arbitrariamente
pequena, no entanto, ele nao diz qual codigo e este, cabendo ao projetista persegui-lo, uma
vez que esse teorema garante a existencia de bons codigos. A utilizacao de codificacao
de canal, levou engenheiros e projetistas de sistemas a busca de novas estrategias para
aumentar o ganho de sistemas de comunicacoes, uma das alternativas seria a utilizacao
do criterio de probabilidade de erro [7] e [8]. No entanto, quando se projeta sistemas com
codificacao, outros parametros sao utilizados a fim de mensurar os ganhos em desempe-
nho em um sistema de comunicacao. Existem duas figuras de merito muito utilizadas
no projeto de sistemas de comunicacao digitais. Estas figuras de merito, sao conhecidas
como taxa de corte de um codigo e capacidade de canal, e sao oriundas de uma analise
probabilıstica das variaveis envolvidas na transmissao e recepcao de um sistema de comu-
nicacao. Dada a importancia dessas figura de merito para esse trabalho, apresentaremos
com mais detalhes na proxima secao, o conceito de taxa de corte de um DMC e tambem
sua expressao matematica.
2.5 Taxa de corte
O projeto de sistemas codificados modulados exigem duas estrategias diferentes, a primeira
consiste na analise de performance para executar a codificacao e decodificacao. A segunda
metrica consiste na obtencao de resultados numericos e sua analise da figura de merito
estudada nesta dissertacao, e consiste em um abordagem da medida de probabilidade para
sua determinacao [7].
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A taxa de corte por exemplo, nos permite prever ganhos de codificacao, com a insercao
de redundancia na mensagem em um dado codigo. Wozencraft e Kennedy [8], foram os
primeiros a sugerir que um criterio de projeto em sistemas de modulacao razoavel e o da
taxa de corte, R0.
Sendo assim, a definicao da taxa de corte, pode ser feita sem perda de generalidade, a
partir da expressao de uma media da probabilidade de erro para palavras codigo, expressa
por
EP (u→ u) ≤ 2−n(R0−R) (2.8)
onde n e o comprimento de um codigo, E. denota valor medio, u e a palavra
transmitida, u e a palavra recebida, P(.) denota probabilidade, e R0 e a taxa de corte
que pode ser definida para um DMC com i-entradas e j-saıdas.
Podemos assumir um canal com dois sımbolos de entrada e uma saıda nao quatizada
no receptor, e a taxa de corte R0 e obtida por meio de
R0 = − log2minP (0)
1∑i=0
1∑j=0
∫ +∞
−∞
√pi(y)pj(y)P (i)P (j)dy (2.9)
onde pi(.) e a funcao densidade de probabilidade para o vetor observado y associado
ao i-esimo sımbolo transmitido, e P (.) denota a probabilidade de distribuicao da entrada.
No caso de uma entrada binaria, pode-se mostrar que as probabilidades de entrada
que maximizam R0 sao P (0) = P (1) = 1/2 [7] e [8]. Baseado na suposicao do alfabeto de
entrada ser binario e uma quantizacao de saıda L-aria no receptor, R0 pode ser reescrita
como [7],[8] e [32]
R0 = 1− log21 +L−1∑i=0
√P (yi|0)P (yi|1) (2.10)
E possivel perceber atraves da expressao de R0, que o calculo das probabilidades
condicionais P (.) para o caso de modelos de canais nao gaussianos sao de fato comple-
xas, como sera apresentado em uma secao especıfica dessa dissertacao. Contudo, para o
calculo das probabilidades condicionadas utilizou-se o ambiente MATLAB, e tambem o
auxılio do ambiente Mathematica, para obtencao das taxas de corte para as estrategias
de quantizacao apresentadas nas proximas secoes.
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2.6 Canais com Estado
Uma das propostas desse trabalho e a implementacao de uma algoritmo de demodulacao
de decisao suave para DMCs. Sendo assim, em uma primeira etapa, apresenta-se o desem-
penho de um DMC por meio do ganho em taxa de corte e/ou capacidade de canal. Faz-se
duas abordagens para os casos em que o receptor possui ou nao estado de informacao do
canal CSI (do ingles, Channel Side Information) [3],[6] e [31].
Para isto, e necessario contextualizar os estudos sob duas definicoes distintas. Para o
caso onde o receptor utiliza-se do conhecimento de estado de canal (dito com CSI), e para
este caso mostra-se um aumento significativo no desempenho de sistemas de comunicacao,
e uma segunda definicao para o caso onde o receptor nao conhece o estado de informacao
do canal, dito (sem CSI) com desempenho menor [3] e [31].
Primeira definicao: Para o calculo de taxa de corte ou capacidade para um canal
discreto sem memoria (DMC), nos casos em que o receptor nao tem conhecimento de
estado de informacao, considera-se calculo previo da probabilidade de transicao do canal
P (y|x). Sendo que a expressao para as probabilidades de transicao pode ser obtida atraves
da expressao
P (y|x) =∑h
P (y|x, h)P (h) (2.11)
com x = 1, 2, ..., m, e y = 1, 2, ..., n com P (x) = P (1), P (2), ..., P (m) sendo o vetor
da distribuicao da probabilidade de entrada.
Segunda definicao: Decorrente da inclusao de uma nova informacao sobre o estado
de degradacao do canal definida como a v.a H, a capacidade de um DMC onde apenas o
receptor possui informacao do estado do canal, H, (assumida como uma variavel discreta)
e obtida pela expressao [2], [3] e [31]
C = maxP (x)
I(X;Y,H) (2.12)
onde P (x) e a distribuicao da entrada e H e tambem uma saıda do canal, i.e., as
probabilidades de transicao podem ser obtidas descondicionando h
P (y, h|x) = P (y|x, h)P (h) (2.13)
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onde P (h) e a distribuicao dos estados. A Figura 2.7 ilustra um modelo de receptor
com conhecimento de estado de informacao:
Figura 2.7: Modelo de receptor com conhecimento de estado de informacao.
Considera-se para ambos os casos, H da Figura 2.7 , como sendo uma variavel
aleatoria continua, podemos descrever dois casos sobre a perspectiva de conhecimento
de informacao no receptor.
Sejam eles os casos, quando o receptor nao conhece o estado de informacao (sem CSI)
onde pode ser definida uma expressao para o limiar de decisao das regioes de quantizacao
[31] como sendo:
• A expressao para as probabilidades condicionais para o caso de um receptor
sem CSI, podem ser obtidas mediante uma primeira integracao sobre a densidade p(h),
avaliada no intervalo de 0 a ∞, e depois uma integracao sobre a regiao Ri que define o
sımbolo
P (yi|x) =
∫Ri
∫ ∞0
p(y|x, h) p(h)dhdy (2.14)
Para caso onde o receptor conhece o estado de informacao do canal:
• Quando o receptor possui CSI, o calculo das probabilidades de transicao
para o DMC pode ser representado por meio de uma integracao sobre a regiao que define
o sımbolo Ri, e depois uma integracao sobre a densidade p(h) avaliada no intervalo de 0
a ∞, como pode-se observar na expressao
P (yi|x) =
∫ ∞0
∫Ri
p(y|x, h)dy p(h)dh (2.15)
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2.7 Algoritmo para calculo de capacidade de canal de
um DMC
A capacidade de canal para um DMC pode ser obtida mediante um algoritmo de oti-
mizacao conhecido como algoritmo Blahut-Arimoto, e e frequentemente utilizado por
referir-se a uma classe de algoritmos capazes de calcular numericamente a capacidade
teorica da informacao de um canal, ou para o calculo de distorcao de taxa de uma fonte.
Eles sao algoritmos iterativos que acabam por convergir para a solucao otima, quando
o problema em questao refere-se a uma otimizacao de uma funcao convexa, que e o caso da
informacao mutua. Este algoritmo consiste em uma ferramenta extremamente necessaria
quando o problema matematico envolve a maximizacao da informacao mutua [2], [3] e [9].
Para o caso da capacidade do canal, o algoritmo foi independentemente inventado
por Arimoto e Blahut. No caso da compressao com perdas, o algoritmo correspondente
foi inventado por Richard Blahut. Este algoritmo e mais aplicavel para o caso de fontes
arbitrarias de alfabeto finito.
As definicoes a seguir ilustram o mecanismo de otimizacao para a capacidade para
um DMC.
C = maxr(x)
I(X;Y ) = maxr(x)
∑x
∑y
p(y | x)r(x)logr(x)p(y|x)
r(x)∑
x′ r(x′)p(y|x′)
(2.16)
Usando uma dupla maximizacao a capacidade pode ser reescrita por meio
C = maxq(x|y)
maxr(x)
∑x
∑y
p(y | x)r(x)logq(x|y)
r(x)(2.17)
O algoritmo inicia-se encontrando uma melhor distribuicao condicional q(x|y) maxi-
mizando a distribuicao com uma estimativa inicial mesmo que grosseira de r(x) :
q(x|y) =r(x)p(y|x)∑x r(x)p(y|x)
(2.18)
Para essa distribuicao condicional q(x|y), encontramos a melhor distribuicao de en-
trada r(x) resolvendo um problema de maximizacao via multiplicadores de Lagrange.
Logo a distribuicao de entrada otima r(x) sera obtida por meio da expressao
17
r(x) =
∏y(q(x|y))p(y|x)∑
x
∏y(q(x|y))p(y|x)
(2.19)
Sendo assim, o algoritmo processara r(1)(x) → q(1)(x|y) → r(2)(x) → q(2)(x|y) → ...
ate que ocorra a convergencia. Esse algoritmo foi utilizado para o calculo de capacidade
de canal para um esquema de quantizacao abordado nesse trabalho.
2.8 Algoritmo para otimizacao da taxa de corte de
um DMC
O uso de codificacao em sistemas digitais levaram a utilizacao de um outro tipo de analise
apresentada como uma alternativa ao criterio de probabilidade de erro de um sistema [7].
Sendo o criterio de taxa de corte R0 uma importante ferramenta que permite estimar os
ganhos de desempenho de um sistema de comunicacao [7] e [8].
Massey em [7] propos um algoritmo de demodulacao suave utilizando otimizacao
atraves do criterio da taxa de corte, esse algoritmo resume-se em um problema de oti-
mizacao, e foi concebido para um canal AWGN (do ingles, Adittive White Gaussian
Noise), sem o conhecimento do estado de canal.
A Figura 2.8, ilustra como foi realizada a criacao dessas regioes de quantizacoes de
acordo com a abordagem Massey, elas sao denotadas por y0, y1, ..., yL−1, sendo que estas
regioes de quantizacao sao delimitadas pelos l01, l12, ..., lL−2,L−1 limiares
18
Figura 2.8: Regioes de Quantizacao para AWGN, baseado no algoritmo de demodulacao
suave proposto por Massey.
Para a escolha dos limiares de quantizacao, que sao realizadas a partir do criterio de
otimalidade a ser visto mais adiante. Considera-se para este esquema de quantizacao, um
alfabeto de entrada binaria q ∈ 0, 1, com nıveis de saıda yi para um DMC, alem de
uma definicao de taxa de probabilidade para essas regioes definidas atraves da expressao
λ(yi) =p(yi|0)
p(yi|1)(2.20)
onde yi e o vetor recebido do espaco dos nıveis de sinais a ser demodulado.
Sendo assim, para obter os L limiares de quantizacao otimos, percorre-se o espaco de
taxa de probabilidade λ(yi), associada as regioes de quantizacoes para y1, y2, ..., yL−1, de
acordo com a expressao da equacao 2.27.
λ(yi) =p(yi|0)
p(yi|1)= exp
−2yh+ h2
2σ2= T(l01) (2.21)
No ponto de partida do algoritmo, e realizado um estimativa inicial, mesmo que
grosseira, adotando um valor real para l01 para que o quociente de integrais da expressao
da equacao 2.28 tenha solucao numerica
λ(y0) =
∫ l01−∞ p0(y)dy∫ l01−∞ p1(y)dy
(2.22)
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Depois de avaliados os quocientes das integrais anteriormente descritas, e uma vez
obtida a taxa de probabilidade inicial λ(y0) , avalia-se, atraves do criterio de otimalidade o
valor da nova taxa de probabilidade λ(y1), que se encontra em uma outra regiao posterior
a λ(y0) , uma vez conhecido o valor do limiar T01 atraves da expressao
λ(y1) =T 2
01
λ(y0)(2.23)
Com o valor λ(y1) , determina-se o novo limiar l12
λ(y1) =
∫ l12l01p0(y)dy∫ l12
l01p1(y)dy
(2.24)
dai entao, calcula-se T12
T12 =p(l12|0)
p(l12|1)(2.25)
Verifica-se a condicao de otimalidade:
λ(y2) =T 2
12
λ(y1)(2.26)
De modo semelhante aos passos anteriores, calcula-se os novos valores para a taxa
de probabilidade para os proximos nıveis ate a regiao ultima denotado por λ(yL−1
), como
visto na expressao
λ(yL−1
) =
∫∞L−2,L−1
p0(y)dy∫∞L−2,L−1
p1(y)dy(2.27)
verificando a condicao de otimalidade, que e uma media geometrica entre os limiares
de transicao TL−2 para TL−1
T 2L−2,L−1 = λ(y
L−1)λ(y
L−2) (2.28)
Essa condicao de otimalidade proposta por Massey, tambem e obtida fazendo ∂R0
∂T= 0
[6] e [30]. Sendo que a condicao de parada do algoritmo, e obtida quando encontrado o
ultimo limiar para a quantizacao Tij
Tij = TL−2,L−1 (2.29)
20
Realizou-se em uma etapa inicial desse trabalho uma programacao em ambiente MA-
TLAB para implementacao deste algoritmo de otimizacao para a taxa de corte.
Contudo, verificou-se a necessidade de adaptacao sob a perspectiva de conhecimento
do estado de canal, uma vez que este algoritmo fora projetado para um canal AWGN,
sem o conhecimento previo de estado de canal.
Devido as condicoes de otimalidade descritas em [7] e revisitada em [31], percebeu-se
que o calculo das integrais das probabilidades condicionais do DMC criado na quantizacao
eram extremante complexas e sem garantias de convergencia.
A partir desse ponto do trabalho, percebeu-se a necessidade de redefinir novas es-
trategias de quantizacao suave do demodulador para a escolha dos limiares sem grandes
complexidades numericas, sem se basear em uma escolha de limiares de quantizacao reali-
zado por meio de uma estimativa inicialmente aleatoria. Essas estrategias de quantizacao
foram investigadas e serao apresentadas na secao de resultados dessa dissertacao.
2.9 Sıntese do Capıtulo
Depois de estudados alguns conceitos importantes em teoria da informacao, faremos no
capıtulo seguinte, um estudo sobre a tecnologia FSO, bem como um levantamento das
caracterısticas de canal para intensidade optica detectada no receptor. Tambem serao
feitas analises dos resultados de medida de canal para um enlace de 91 m, obtidas no
campus da Faculdade de Tecnologia de Limeira (FT) e algumas de suas caracterıticas
para implantacao desse sistema serao apresentadas e discutidas.
21
Capıtulo 3
Sistemas FSO
3.1 Introducao
A historia da comunicacao optica remonta inicialmente a epoca da Antiga Grecia, na
qual enviavam sinais luminosos originados pela luz do sol atraves de discos polidos. Em
meados de 1880, Alexander Graham Bell construiu o “fotofono”, aparelho que transmitia
o som usando a luz solar. Entretanto, a historia moderna da comunicacao de sistemas
opticos pode ser considerada a partir da invencao e o desenvolvimento do primeiro laser
de rubi em 1960 [11].
A comunicacao usando um feixe de laser modulado foi uma das primeiras aplicacoes
para o laser. Um dos pioneiros na realizacao de testes com essa tecnologia foi a agencia ae-
rospacial americana, NASA, na tentativa de utilizar o laser como um meio de comunicacao
dentro de uma capsula espacial [12].
A terminologia de comunicacao optica pelo espaco livre utilizando laser, ficou mais
bem definida quando foi proposta a ideia de conectar um feixe de laser entre a Terra e
varios satelites orbitais, ou desde avioes ate a Terra. Desde entao, inumeros trabalhos
ja foram realizados e diversos estudos estao descritos na literatura sobre sistemas FSO
[12],[13], [14], [15] e [16]. Esses estudos levaram em conta parametros como distancia do
enlace, desvanecimento da potencia optica sob diferentes condicoes climaticas, aprimo-
ramento da instrumentacao e eletronica no setup de montagem dos transceptores de um
sistema, codificacao e decodificacao de canal, sistemas hıbridos FSO/RF, etc.
No entanto, como o clima e as condicoes ambientais sao fatores limitantes da operacao
do sistema FSO [16], [17] e [24], estudos mais detalhados de um modelo estatıstico para
22
o canal de espaco livre se justificam.
Alem do modelo, proposicao de tecnicas que possam contornar os efeitos deleterios
presentes nesse tipo de canal de comunicacao precisam ser mais bem exploradas. Sendo
assim, um grande desafio e consolidar essa tecnologia, propondo um sistema FSO com
alta disponibilidade em diferentes condicoes climaticas levando em conta a diversidade de
caracterısticas de cada regiao geografica, o que seria fundamental para a integracao destes
sistemas com as redes de fibras opticas metropolitanas e as redes sem fio ja implantadas.
Veremos na proxima secao um levantamento de dados sobre o desvanecimento optico e
conhecimento sobre as condicoes de operacao de um enlace experimental FSO desenvolvido
no campus da Faculdade de Tecnologia de Limeira.
3.2 Sistemas FSO
Um enlace tipico de um sistema FSO consiste em dois transceptores (Transmissor e Recep-
tor) que emitem e recebem a luz em comprimento de onda especıficos, geralmente valores
de comprimento entre 850nm e 10µm, tornando possıvel a transmissao de informacoes em
altıssimas taxas entre dois pontos fixos em distancias que podem variar no espaco livre,
podendo ser na ordem de metros e ate alguns quilometros. No entanto, para que esse tipo
de conexao seja possıvel e necessaria uma linha de visada livre de obstrucoes [12] e [17].
Esses sistemas possuem diversas vantagens tais como:
• Altıssimas taxas na ordem de Gbit/s.
• Baixissima interferencia eletromagnetica.
• Faixa de espectro eletromagnetico livre para utilizacao.
• E a principal delas, e ser um sistema de custo de implantacao relativamente baixo
quando comparado as Redes Opticas e de Radio Frequencia (RF) [11].
Esse tipo de tecnologia mostra-se ser uma alternativa para a integracao das redes
FSO com as redes de fibras opticas metropolitanas e as redes locais LAN (do ingles, Local
Area Network), WAN (do ingles, Wide Area Network) e MAN (do ingles, Metropolitan
Area Network) bem como as redes FTTH (do ingles, Fiber to the Home) ja implantadas
[11].
Consistentemente, o FSO tornar-se-ia uma alternativa rapida de conexao entre os
locais, predios, complexos industrias, areas hospitalares que estariam conectados com
23
redes de altas velocidades ou mesmo conectando a regioes que nao sao atingidas por redes
opticas ou areas emergentes.
No entanto, para consolidar essa tecnologia, estudos detalhados sobre como contornar
os efeitos de um canal optico sob interferencias, desvanecimentos, intemperies de natu-
reza diversa e aleatoria e condicoes ambientais sazonais [15]-[20] e [21], ainda nao estao
bem esclarecidos e nas ultimas decadas vem sendo alvo de grande interesse por parte da
comunidade cientıfica, justificando os estudos que nesta dissertacao serao realizados.
3.3 Diagrama de funcionamento dos Sistemas FSO
A teoria dos sistemas FSO e essencialmente a mesma que para a transmissao em fibra
optica. A diferenca e que o feixe de luz e geralmente modulado utilizando modulacao
OOK por ser de facil implementacao e e enviado pelo espaco livre [11].
Os dados modulados sao entao transmitidos, e enviados atraves do ar ou espaco livre
a partir de um transceptor fonte (Tx), que e representado por um LASER (do ingles, Light
Amplification by Stimulated Emission of Radiation) [16].
Esse sinal de luz emitido pelo laser atravessa o canal ate chegar no transceptor com
funcao de foto-deteccao do sinal optico no destino (Rx), com isso, no destino, o feixe e
interceptado por meio da utilizacao de um foto-detector, onde os dados sao extraıdos do
sinal optico, sendo que o sinal resultante e amplificado e enviado para o hardware da
comunicacao. Esse tipo de configuracao com transceptores LASER-fotodectector formam
um enlace baseados na tecnologia FSO. Esse enlace pode ser visto de forma simplificada
por meio da Figura 3.1.
24
Figura 3.1: Enlace tipıco FSO formado por transceptor Transmissor (LASER) e um
transceptor Receptor (fotodetector), entre eles o canal optico.
Esses sistemas FSO podem funcionar em distancias de varios quilometros como vemos
em uma topologia tipica para grandes centros metropolitanos [10].
Enquanto ha uma linha de visada entre a origem e o destino, a comunicacao e te-
oricamente possıvel. E mesmo se nao houver uma linha de visada direta, espelhos ou
lentes estrategicamente posicionados podem ser utilizados para refletir a luz ou mesmo
a realizacao de avancadas tecnicas onde ha diversidade na transmissao e recepcao para
sistemas FSO [11],[16] e [19].
Embora os sistemas representem uma boa solucao para gargalos em zonas metropo-
litanas ou zonas rurais, existem limitacoes. O mais significativo e o fato de que, poeira,
neve, neblina ou nevoeiro levarem ao bloqueio no caminho de transmissao e indisponibi-
lizar a operacao do enlace [16] e [19].
A proxima secao desse trabalho apresenta algumas etapas de implantacao de um
enlace experimental indoor, bem como apresenta medidas de canal para um enlace FSO.
No enlace experimental implementado nesse trabalho, utilizou-se um par de transcep-
tores da famılia TS802/ST da empresa Optical Access Inc. que foram doados a Faculdade
de Tecnologia da Unicamp. Cada transceptor consiste de apenas um transmissor e um
receptor.
A fonte de luz do transmissor consiste de um laser operando em um comprimento de
onda de 850 nm com potencia de saıda de 1 mW e angulo de divergencia de 3 mrad.
25
No receptor, o detector consiste de um fotodiodo Si PIN com um campo de visao de
14 mrad.
3.4 Metodologia
Para implantacao do enlace experimental FSO no campus da Faculdade de tecnologia de
Limeira (FT-UNICAMP), inicialmente estudou-se em bancada laboratorial o comporta-
mento funcional do transceptor TS802/ST da empresa Optical Access Inc., desmontando
o equipamento e analisando o seu circuito, pois nao conhecıamos aonde se encontrava o
sinal detectado dentro do aparelho, e como poderıamos introduzir o sinal detectado num
osciloscopio portatil.
A motivacao para procurarmos o sinal detectado foi a existencia na parte traseira
do aparelho de um visor mostrando a intensidade do sinal detectado com quatro dıgitos
inteiros (em milivolts).
Gracas a modularizacao do transceptor, depois de separados os modulos, nao foi
difıcil perceber que a saıda do nosso sinal de interesse seria encontrada num dos pinos
do circuito integrado, que realizava a conversao da voltagem detectada para o visor de
quatro dıgitos.
Antes, obtivemos na internet as especificacoes (“datasheet ”) do circuito integrado dos
transceptores utilizados. Entretanto, como nossa intencao era utilizar o par transceptor
em ambiente externo, foi necessario conectar uma das pontas de um cabo blindado e de
pequena perda ao pino de saıda e utilizar um orifıcio no painel traseiro do transceptor
para termos na parte externa do transceptor a outra ponta do cabo.
Sendo assim, conseguimos obter um sinal detectado atraves de um cabo de com-
primento suficiente para ser conectado ao osciloscopio portatil. Ademais, concentramos
nossos esforcos em conhecer a sensibilidade dos transceptores frente a perturbacoes de
temperatura, desalinhamento, ou mesmo neblina e vapores. Esta tarefa foi realizada
primeiramente atraves de ensaios em bancada laboratorial.
Depois disto, houve a implantacao do enlace em uma area do campus da faculdade,
com objetivo de levantar medidas de canal, realizou-se por fim, um ajuste para a densidade
de probabilidade de desvanecimento do sinal optico para as condicoes climaticas internas
encontradas no campus da faculdade. Os topicos que veremos nas proximas secoes deste
26
trabalho, seguem uma ordem detalhada das etapas para implantacao do enlace experi-
mental.
3.5 Enlace Experimental
Uma questao relevante neste projeto foi a escolha dos locais de instalacao dos transceptores
para o enlace FSO em ambiente do ambiente do campus da faculdade. A questao e
relevante, pois e necessario garantir uma boa linha de visada entre os transceptores. Estes
precisam estar imunes as obstrucoes no caminho do sinal optico, tais como arvores, folhas
e passaros como ja vimos no levantamento bibliografico realizado.
Para este fim, escolheu-se locais dentro do campus da faculdade de tal maneira que o
enlace ficasse livre de obstaculos. Outros criterios de escolha foram a facilidade de acesso
aos transceptores e a possibilidade do cabo coaxial de 10 m chegar ate o osciloscopio que
se encontrava sobre uma mesa num dos laboratorios da faculdade. Utilizando o Google
Earth estimamos a distancia entre os transceptores em aproximadamente 91 metros. A
Figura 3.2 e uma foto do Google Earth que mostra a localizacao dos transceptores.
Vale a pena citar que medimos com o osciloscopio a tensao detectada no receptor
para uma condicao de “ceu aberto” (sem chuva, sem neblina, temperatura em torno de
25 graus Celsius) e a comparamos com o valor descrito no manual do transceptor para
uma distancia de 100 metros. A comparacao mostrou que o valor do manual estava bem
proximo do valor medido. A Figura 3.3 mostra uma foto do receptor instalado.
A Figura 3.2 mostra uma vista area da localizacao do enlace obtida atraves do Google
Earth. O transmissor (na foto e o “ alfinete” azul a direita) foi colocado sobre o telhado
de um dos predios do campus da Faculdade de Tecnologia e o receptor (na foto e o
“alfinete”amarelo a esquerda), foi colocado sobre o telhado de outro predio do campus
distante aproximadamente 91 metros.
27
Figura 3.2: Vista area do enlace FSO mostrando a localizacao do transmissor e do receptor
no campus da Faculdade de Tecnologia de Limeira.
Essa distancia foi estimada, utilizando-se uma ferramenta do Google Earth. Ambos
os predios possuem apenas um andar terreo e os transceptores se encontram a 5 metros
do solo. Entretanto, como pode ser observado na Figura 3.2, o sinal optico esta sendo
transmitido em grande parte sobre telhados e bem proximo a eles. A Figura 3.3 mostra
o receptor do enlace. Pode-se notar na Figura 3.3 a proximidade do telhado que esta a
apenas 28 centımetros da localizacao do fotodetector do receptor.
28
Figura 3.3: Vista de um receptor em um enlace pratico FSO implantado no campus da
Faculdade de Tecnologia da UNICAMP em Limeira.
Um aspecto muito importante para parametrizacao (ou mesmo implantacao) de um
enlace FSO, consiste em conhecer quais condicoes ambientais que o enlace experimentara.
As caracterısticas climaticas do local, tais como ocorrencia de chuva, neblina, garoa ou
proximidade a areas marıtimas levaria com certeza a uma reformulacao dos parametros
de operacao do enlace.
A Tabela 1 mostra dados coletados no perıodo de 12/08/2014 a 21/08/2014 na area
do campus da Faculdade de Limeira, utilizando a base de dados do CPTEC/Limeira que
estao disponibilizados na pagina da faculdade [28] e um aplicativo de um smartphone
para refinar esses dados foi utilizado. A Tabela 1 mostra dados de temperatura, pressao,
visibilidade, velocidade do vento, umidade e cobertura de nuvens para o referido perıodo.
29
Tabela 1. Condicoes climaticas em Limeira em agosto de 2014.
A Tabela 1, tambem apresenta o nıvel de tensao contınua (DC) observada no detector
do receptor. Esses valores servem de referencia para a operacao do enlace e tambem
fornecem indiretamente a informacao sobre o desalinhamento do enlace com o passar do
tempo. Percebemos pela ultima coluna um possıvel desalinhamento dos transceptores. O
grafico da Figura 3.4 representa a evolucao temporal do nıvel de tensao DC no receptor.
Uma das dificuldades praticas experimentadas na etapa inicial de implantacao do
enlace, foi em relacao aos ajustes de alinhamento entre os transceptores, a Figura 3.4
abaixo ilustra esse processo.
Nela pode-se evidenciar que, a medida que o tempo passa ocorrera um desalinhamento
dos aparelhos tornando a medicao no osciloscopio inviavel. A situacao foi contornada
fazendo um ajuste nos mecanismos de fixacao dos transceptores sobre a plataforma.
Figura 3.4: Perfil de desalinhamento de um enlace FSO experimental.
30
Uma outra informacao importante do grafico da Figura 3.4, e a observacao de que
ao longo do dia, o nıvel de tensao DC pode crescer ou decrescer, sendo que em torno do
meio dia, tem-se seu nıvel mınimo, e ao entardecer, o nıvel volta ao seu maximo. Uma
explicacao para isso seria que a intensidade da luz do sol tende a aumentar bem como a
temperatura do foto-receptor, provocando um efeito de diminuicao da tensao detectada.
Esse desalinhamento possivelmente e resultado de vibracoes ou dilatacao termica dos
mecanismos de fixacao do aparelho sobre os transceptores. Sendo assim, concluımos que
manter o alinhamento e fundamental para um enlace pratico.
Nao obstante, percebemos que um mecanismo de reposicionamento inteligente dos
transceptores pode ser bem util, uma vez que vibracoes externas tambem podem provo-
car variacoes no angulo de convergencia da luz provocando perda de potencia optica no
fotodetector podem ser observadas ao longo de um dia de operacao.
3.5.1 Efeitos de turbulencia em Sistemas FSO
Um dos problemas classicos apresentados na literatura para sistemas FSO refere-se as
mudancas de gradientes nos ındices de refracao devido a nao homogeneidade de tempera-
tura e pressao nas camadas de ar quando a luz viaja atraves da atmosfera terrestre. Essas
diferencas provocam perda da coerencia espacial na frente de onda propagante, ocasio-
nando efeitos de turbulencia aos sistemas que utilizam feixes de luz propagante no espaco
livre [18], [19] e [20].
Um modelo de turbulencia utilizada presume que as variacoes do meio pode ser
entendida como celulas individuais de ar ou turbilhoes de diferentes diametros e os ındices
de refracao [15],[18] e [19]. No contexto da optica geometrica, esses redemoinhos podem
ser vistos de forma analoga a lentes que aleatoriamente refratam a frente de onda optica,
gerando uma intensidade distorcida no perfil do receptor de um sistema de comunicacao
[20]. A flutuacao da intensidade optica e conhecida como cintilacao e representa um dos
fatores mais importantes que limitam a realizacao de um enlace pratico de comunicacao
atmosferica.
O modelo de turbulencia mais difundido e aceito atualmente foi concebido pelo ma-
tematico Kolmogorov [20].
31
Podemos dizer sucintamente que e a variancia da turbulencia provocada pela in-
teracao de ondas quando o mesmo atravessa um o raio ou o feixe e e expresso como
σ2i = 1.23C2
nK76L
116 (3.1)
onde, Cn representa o coeficiente de turbulencia, K e o numero de onda e L o com-
primento do enlace.
Mediante essa rapida colecao de informacoes sobre esse fenomeno fısico de interesse
e de grande influencia para o sistema FSO, um dos objetivos primarios deste trabalho foi
o levantamento de condicoes de operacao para implantacao de um sistema FSO.
Apresentar um levantamento estatıstico sobre os diversos parametros experimentais
e teoricos relevantes no modelo de sistemas FSO, foram de importancia salutar, bem
como avaliar a confiabilidade do enlace, a fim de garantir disponibilidade do servico de
transmissao e recepcao atingindo altas taxas de dados atraves da luz propagante em
espaco livre no caso a area da faculdade onde estarao fixados em pontos especıficos os
transceptores opticos.
No entanto, investigar a disponibilidade do sistema de comunicacao FSO e de extrema
importancia para definir sua operabilidade. Sendo assim, um levantamento cuidadoso
do comportamento do enlace sobre condicoes climaticas e atmosfericas diversas faz-se
necessario. Dentre fatores de indisponibilidade de um enlace FSO estao desalinhamento,
perdas geometricas, obstaculos e o clima local.
Um parametro fısico de muita relevancia no projeto de um enlace FSO e a cintilacao,
que pode ser definido como um fenomeno de perda de potencia da luz quando essa ex-
perimenta gradientes no ındice de refracao atmosferico, essa cintilacao em sistemas FSO
acarreta perda de potencia e consequente perda no limiar de recepcao do sinal no receptor
provocando erros em rajada o que e um inconveniente para sua disponibilidade.
Contudo, neste trabalho mais especificamente na secao de resultados desse capıtulo,
veremos como esses parametros estatısticos definem modelos de ganho de canal distintos,
por meio da analise de medidas de canal. Para isso leva-se em consideracao abordagens
estatisticas para o conhecimento e estimativa dos parametros para determinacao de uma
funcao densidade de probabilidade do sinal optico detectado em um enlace experimen-
tal. Sendo assim, essas medidas de canal foram realizadas e analisadas para o enlace
experimental realizados neste trabalho.
32
3.5.2 Indice de Cintilacao em sistemas FSO
Como o clima e as condicoes ambientais sao fatores limitantes da operacao do sistema
FSO [16],[20] e [24], estudos mais detalhados de um modelo estatıstico para o canal optico
se justificam.
Sendo assim, uma outra forma de analisar o ındice de cintilacao apresentado na secao
anterior equacao (3.1), e atraves da sua variancia normalizada pelo ganho de canal, h,
denominada ındice de cintilacao do canal FSO e e dada por [24].
σ2i =
E[h2]− E[h]2
E[h](3.2)
onde E[.] denota esperanca. Se E[h] = 1, σ2i e igual a variancia de h, e, pode
portanto ser vista como o ındice de cintilacao [23].
O ındice de cintilacao pode ser estimado a partir das amostras coletadas pelo oci-
loscopio atraves das expressoes:
E[h2]− E[h]2 =1
N
N∑k=1
(hk − E[h])2 (3.3)
e
E[h] =1
N
N∑k=1
hk (3.4)
onde N e o numero de amostras coletadas.
Sendo assim, de acordo com os valores de σ2i , tres regimes distintos de turbulencia
podem ser definidos: turbulencia fraca (σ2i e pequeno), turbulencia moderada (σ2
i esta em
torno de 1/2) e turbulencia forte (σ2i esta em torno de 1 ou e maior que 1).
Como a propagacao optica se da atraves da atmosfera: efeitos como absorcao, espa-
lhamento e turbulencia estao presentes e provocam desvanecimento do sinal recebido e sao
observados no receptor. Sendo assim, para o projeto de um sistema FSO deve ser feito um
levantamento das caracteristicas de canal, atraves de modelos da funcao densidade
de probabilidade da intensidade do sinal recebido [20] e [24], visto que estes modelos
dependem das condicoes climaticas do local de implantacao do enlace.
De posse de um modelo adequado da densidade, a pesquisa ira, numa segunda etapa,
investigar tecnicas de codificacao de canal que melhorem o desempenho de um sistema
33
FSO permitindo transmissao de informacao confiavel com maiores taxas que os sistemas
atuais.
Para turbulencia fraca, os ganhos de canal sao modelados com uma funcao densidade
de probabilidade lognormal [19] .
f(h) =1
h√
2πσ2exp(−
(ln(h) + σ2
2)2
2σ2) (3.5)
onde σ2 e o ındice de cintilacao. Para turbulencia de fraca a moderada, o modelo
mais apropriado para os ganhos de canal e uma funcao densidade gamma-gamma [19] e
[20].
f(h) =2(αβ)
α+β2
Γ(α)Γ(β)hα+β−2
2 Kα−β(2√αβh) (3.6)
onde, Kα−β denota a funcao de Bessel modificada de segunda ordem, e os parametros
α e β sao definidos como
α = (exp([(0, 49σ2
i )
(1 + 1, 11σ( 12
5)
i )76
]− 1))−1, (3.7)
e
β = (exp([(0, 51σ2
i )
(1 + 0, 69σ( 12
5)
i )56
]− 1))−1, (3.8)
O ındice de cintilacao para o caso de consideracao de um modelo de ganho canal
gamma-gamma pode ser estimado atraves da expressao
σ2 ∼= σ2i =
1
α+
1
β(3.9)
E finalmente, para turbulencia forte, um modelo de exponencial negativa e usual-
mente considerado [16]. Quando o sinal optico experimenta regimes de turbulencia tais
como neve e intensa cerracao em seu caminho de propagacao e conveniente modelar o
canal com distribuicao exponencial dada por:
f(h) = exp(−h) (3.10)
Como estamos considerando neste trabalho um enlace curto, e de se esperar que
observemos apenas turbulencia fraca. Sendo assim, para efeito de analise das medicoes
realizadas iremos considerar apenas uma densidade lognormal.
34
3.5.3 Modelo de Canal para um enlace FSO
Para analise das amostras coletadas no ambiente do campus da Faculdade de Tecnologia
de Limeira considerou-se um modelo de canal com tempo discreto [16] descrito como
rk = xkhk + nk (3.11)
onde a intensidade hk (ou ganho do canal) representa o desvanecimento devido a
turbulencia atmosferica e xk e o sinal transmitido. Sem perda de generalidade, podemos
fazer xk = 1.
Estamos considerando que o ganho do canal inclui a responsividade do fotodetec-
tor, o ganho do amplificador no receptor, perdas geometricas (de propagacao), perdas
atmosfericas medias e o desvanecimento devido ao fenomeno da cintilacao [24].
Neste modelo e assumido que o efeito combinado do ruıdo termico do receptor e
da radiacao de fundo e modelado como um ruıdo aditivo, nk. Medidas experimentais
ja realizadas para este ruıdo aditivo mostram que ele pode ser considerado gaussiano e
branco [24] e [26].
Medidas do sinal recebido, rk, foram realizadas para um enlace experimental com
comprimento de 1 km e estao descritas em [24]. Essas medidas foram utilizadas para
estimar a variancia da intensidade, hk, desprezando-se o efeito do ruıdo aditivo (isto e,
assume-se que rk = hk). Para o enlace de 1, 87 km descrito em [24], as amostras coletadas
do sinal recebido sao processadas atraves de um filtro “notch” para minimizar o efeito do
ruıdo aditivo.
Em [26] utilizou-se um enlace experimental longo (12 km) trabalhando com uma
razao sinal-ruıdo (RSR) baixa. Sendo assim, o ruıdo aditivo nao foi desprezado e o foco
do trabalho foi a estimacao da densidade de probabilidade da intensidade, hk, conhecendo-
se previamente a media e a variancia do ruıdo aditivo.
Mostra-se em [26] que, se a variancia do ruıdo aditivo e da ordem do logaritmo
da variancia da intensidade (RSR baixa), o ruıdo nao pode ser desprezado. Mas, se
a variancia do ruıdo aditivo e muito menor (pelo menos 10 vezes) que o logaritmo da
variancia da intensidade (RSR alta), o ruıdo pode ser desprezado.
Para coletarmos as medidas de canal utilizamos um osciloscopio portatil de arma-
zenamento digital Tektronix TDS1000C-EDU. A taxa de amostras foi ajustada para 25
35
kHz.
Para analise das medidas de canal, foram desenvolvidos programas em ambiente
MATLAB, para isto utilizou-se a funcao lognfit do MATLAB que se baseia no metodo de
Maxima Verossimilhanca. Foram utilizadas 12.410 amostras coletadas pelo osciloscopio.
3.5.4 Medidas de Canal
A Tabela 2 mostra valores estimados para o ındice de cintilacao a partir de uma serie de
medidas realizadas entre os dias 12 e 19 de agosto de 2014.
As medidas da linha “Manha”foram realizadas em torno das 6 horas, as da linha
“Tarde” em torno das 13 hs e as da linha “Noite” em torno das 19 hs.
As letras T, V e C se referem a Temperatura(Celsius), Vento (Km/h) e Clima,
respectivamente. Os dados foram obtidos da estacao meteorologica da Faculdade de
Tecnologia [28].
Tabela 2
Outro fato importante a observar e que na coluna “ Medidas 2 ” da Tabela 2, temos
um ındice de cintilacao no perıodo da tarde aproximadamente 10 vezes maior que no
perıodo da manha. Observando os dados da Tabela 2, podemos tentar tirar conclusoes
sobre a correlacao de T, V ou C com os valores estimados do ındice de cintilacao. Essa
tentativa e feita em [25] e [27].
Entretanto, concordamos com a conclusao de [25]: os maiores ındices de cintilacao
sao observados proximos ao meio-dia (13 hs). Outro fato importante a observar e que
36
na coluna “Medidas 2” da Tabela 2 temos um ındice de cintilacao no perıodo da tarde
aproximadamente 10 vezes maior que no perıodo da manha.
A Figura 3.5 mostra a gravacao de um segmento de 1 segundo do sinal opticos detec-
tado distorcido pela turbulencia atmosferica com um ındice de cintilacao de 0, 0002383.
O sinal foi gravado em 15 de agosto de 2014 em torno das 13 horas sob ceu limpo.
Figura 3.5: Forma de onda do ganho normalizado de canal para um ındice de cintilacao
de 0,0002383. A duracao da gravacao foi de 1 segundo.
A Figura 3.5 mostra as contribuicoes de ganho de canal atraves das medidas de
cintilacao observadas. Foram utilizadas 12410 amostras coletadas pelo osciloscopio, nela
podem se observar uma boa concordancia com a literatura estudada. Sendo que gracas as
caracterısticas do enlace ser de curta distancia, e dado que para as condicoes de turbulencia
locais, observadas serem brandas, justicam um indice de cintılacao em torno de 0.0002383
como observamos na Figura 3.5.
37
3.6 Medidas de Canal e Resultados
Finalmente chegamos um dos objetivos principais deste trabalho, que como mostrado nas
secoes anteriores, consiste na obtencao de um modelo de densidade para o ganho de canal
em nosso enlace experimental.
Dos resultados obtidos, devidas as condicoes climaticas da cidade de Limeira nao
apresentarem grandes intemperies, mais especificamente o ambiente do campus nao apre-
sentou grandes turbulencias climaticas, sendo caracterizada como regime de turbulencia
fraca, o ajuste de densidade de probabilidade se deu de acordo com a literatura apresen-
tada e seu ajuste pode ser bem representada de acordo com um modelo de densidade de
probabilidade lognormal obtido para o mesmo dia e hora de agosto.
Para o ajuste de densidade utilizou-se a funcao lognfit do MATLAB, que se baseia
no metodo de Maxima Verossimilhanca. Foram utilizadas 12410 amostras coletadas pelo
osciloscopio. Pode-se observar da Figura 3.6 uma boa concordancia do ajuste aos dados.
Figura 3.6: Histograma do ganho de canal normalizado e a densidade lognormal ajustada
para um perıodo da tarde e condicoes climaticas de ceu limpo. Valor esperado do ganho
de canal E[h] = 3,36V.
38
Vale a pena ressaltar que ao compararmos o logaritmo da variancia da intensidade
detectada com a variancia do ruıdo aditivo para todas as medidas realizadas, constatamos
que ela era no mınimo 25 vezes maior, ou seja, tınhamos situacoes de RSR altas. Sendo
assim, nos ajustes mostrados nas Figuras 3.6 e 3.7, o ruıdo aditivo foi desprezado
A Figura 3.7 mostra tanto o histograma quanto o ajuste da densidade lognormal para
dados coletados no dia 16 de agosto de 2014 em torno das 06 horas da manha sob ceu
limpo.
Figura 3.7: Histograma do ganho de canal normalizado e a densidade lognormal ajustada
para um perıodo da manha e condicoes climaticas de ceu limpo. Valor esperado do ganho
de canal E[h] = 3.78 V.
39
3.7 Conclusoes
Resultados de medidas do desvanecimento do sinal optico num enlace FSO terrestre foram
apresentados e a analise dos mesmos foi desenvolvida. Mesmo para as caracteristicas de
nosso enlace ser curto foi possıvel observar-se o comportamento das variacoes do ındice de
cintilacao do enlace ao longo de um dia. Esse comportamento concordou com resultados
anteriores da literatura.
Alguns dos valores de ındice de cintilacao observados sao proximos dos obtidos em [25]
para um enlace com comprimento de 1 km, isto e, mais que 10 vezes maior que o utilizado
neste trabalho. Sabemos que a qualidade do enlace ira depender das caracterısticas do
meio entre os transceptores [17].
O enlace utilizado neste trabalho possui a caracterıstica de ter edificacoes em quase
toda sua extensao, estando os telhados das edificacoes bem proximos ao caminho do feixe
optico.
A nossa suposicao e que essa caracterıstica possa, em parte, ter contribuıdo para os
valores de ındice de cintilacao observados. Uma investigacao sobre esta suposicao esta
em curso. Foram realizados testes preliminares em laboratorio utilizando uma superfıcie
metalica aquecida com o intuito de modelar um possıvel aquecimento solar do telhado no
caminho de propagacao.
Foi observado que nessa situacao, a coluna de ar aquecida na proximidade do feixe
transmitido provoca variacoes na amplitude do sinal recebido, o que deve influenciar o
ındice de cintilacao. O uso de enlaces com caminho proximo a edificacoes, talvez seja um
fator a ser considerado no modelamento e no calculo de disponibilidade de enlaces FSO.
40
3.8 Sıntese do Capıtulo
O capıtulo sistemas FSO, expos algumas das particularidades e caracterısticas de um
sistema FSO. Resultados para medidas de canal foram investigadas, bem como levanta-
mento do ındice de cintilacao para um periodo do mes de agosto de 2014 para o enlace
experimental instalado no campus da Faculdade de Tecnologia de Limeira. Atraves deste
enlace, levantou-se medidas de canal e um ajuste de um modelo de funcao densidade de
probabilidade do desvanescimento do sinal optico foi realizado.
Portanto, devido as caracterısticas do enlace ser curto (aproximadamente 91 m) e
do coeficiente de turbulencia nao ser baixo para o microclima interno ao campus onde os
transceptores foram instalados, justificou-se o modelo de desvanecimento do sinal optico
ser ajustado a uma pdf lognormal.
No proximo capıtulo investigaremos tres estrategias de quantizacao, e buscaremos os
limiares otimos que maximizem taxa de corte e/ou capacidade de canal para o projeto de
um demodulador na saıda do receptor.
41
Capıtulo 4
Esquemas de Quantizacao
Nesta secao, apresenta-se tres diferentes estrategias de quantizacao com o objetivo de
investigar quais serao os limiares otimos para quantizacao no demodulador na saıda do
receptor. Para isso, consideram-se as caracterısticas de um sistemas FSO, com modulacao
por intensidade (IM) e deteccao direta (DD). Para fins de comparacao, das diferentes
estrategias apresentadas nesse trabalho, considerou-se um modelo de ganho de canal H
sendo uma v.a gamma-gamma.
Tambem investiga-se nessa mesma secao, os efeitos do conhecimento de estado de
canal (CSI) no receptor, a fim de mensurar o desempenho de um sistema FSO com
modulacao OOK, para os casos onde o receptor possui CSI e nao possui CSI.
A Figura 4.1 apresenta um diagrama de bloco de comunicacao. A parte circulada
em verde destaca o modulador binario, o canal e a saıda do demodulador/detector. Esses
serao os blocos de interesse dos estudos realizados nesta secao.
Figura 4.1: Diagrama de blocos de comunicacao envolvidos no processo de quantizacao.
42
Um dos problemas praticos de sistemas de comunicacao com codificacao de canal e
a escolha dos nıveis de quantizacao da saıda do demodulador. Sendo assim, uma das mo-
tivacoes para a segunda etapa de trabalho desta dissertacao, consiste na escolha de regioes
otimas de quantizacao, como uma estrategia de maximizar a taxa de corte e/ou capaci-
dade de canal. Alguns criterios para a escolha da localizacao dos nıveis de quantizacao
na saıda do demodulador foram propostos na literatura [7], [29] e [32]. Essas estrategias
tem como ponto de partida o problema levantado no algoritmo de demodulacao suave
desenvolvido por Massey [7].
Esse algoritmo de demodulacao foi descrito na secao de conceitos basicos (2.8), e
baseou-se em uma estrategia inicial de tentativa e erro. No entanto, quando esse algoritmo
e adaptado para receptores com conhecimento do estado de informacao e modelo de canais
nao gaussianos, resulta em equacoes transcendentais muito complexas.
O problema pratico levantado considera o projeto de demoduladores para sistemas
FSO com quantizacao no demodulador na saida do receptor. Sendo assim, tres estrategias
diferentes para determinar esquemas de quantizacao serao investigados. Para essas es-
trategias considera-se um canal com modelo de desvanecimento definidos por uma v.a
gamma-gamma, e sao obtidas mediante as estrategias a seguir:
• Estrategia heurıstica por limiares uniformemente espacados.
• Estrategia heurıstica de quantizacao para um canal com entrada binaria e saıda
ternaria EC (do ingles, Erasure Channel).
• Esquema de quantizacao baseado na GCR (do ingles, Generalized Cutoff Rate).
Os resultados numericos foram obtidos com o auxılio dos software: Wolfram Mathe-
matica e tambem do MATLAB, e sao apresentados para um modelo de ganho de canal
H = h, modelados por uma v.a gamma-gamma.
Os tres esquemas de quantizacao das secoes a seguir, sao investigados e colocados sob
analise de seus desempenhos atraves das figuras de merito de taxa de corte do canal e/ou
capacidade de canal. O primeiro esquema a ser investigado foi proposto em [33]. Ele e
denominado esquema heurıstico com limiares uniformemente espacados.
43
4.1 Esquema heurıstico com limiares uniformemente
espacados
A primeira estrategia de quantizacao considerada, e definida atraves da escolha de limiares
de quantizacao uniformemente espacados em torno do ganho de canal da v.a H [33].
Uma das diferencas de abordagem nos esquemas de quantizacao nesta secao, que
diferencia-se do algoritmo de otimizacao de taxa de corte proposto por Massey [7], visto
na secao (2.8), e a perpectiva de utilizacao do conhecimento do estado de canal e utilizacao
de quantizacao para canais nao gaussianos.
Alem disso, estrategias de quantizacao serao apresentadas para dois casos do ponto
de vista do conhecimento de estado da informacao (CSI), e sao os casos onde:
• O receptor nao possui CSI.
• O receptor faz uso de CSI.
Utilizou-se como modelo de ganho de canal, uma distribuicao gamma-gamma com
parametros α = 3 e β = 2, 5 o que leva a um ındice de cintilacao aproximado de σ2 =
0, 867. Os criterios utilizados para escolher os nıveis de quantizacao sao baseados em uma
proposta definida por Massey [7], [31] e [32].
Vale ressaltar que para a escolha desses limiares existe uma dependencia em relacao
a variancia do sinal e ao ganho de canal. Portanto uma tentativa baseada em um criterio
de proporcionalidade sobre o ganho de canal foi realizada, e neste esquema L nıveis de
quantizacao uniforme foram definidos heuristicamente.
Como ponto de partida para todas as estrategias de quantizacao realizadas nesse
trabalho, define-se primeiramente a razao de probabilidade Λ(y) genericamente como
sendo uma relacao entre as probabilidades condicionais P (y|x = 0) e P (y|x = 1) de
acordo com a equacao (4.1).
Λ(y) =P (y|x = 0)
P (y|x = 1)(4.1)
Quando o receptor faz uso do conhecimento de h , a Λ(y) pode ser modificada para
Λ(y) =P (y|h, x = 0)
P (y|h, x = 1)(4.2)
44
Tornando a amplitude unitaria A=1 obtem-se a razao de probabilidade
Λ(y) = exp[−h2 − 2yh
2σ2n
], (4.3)
Como estamos interessados em investigar o desempenho de sistemas nos casos em
que o receptor possui conhecimento de estado com CSI e quando nao ha conhecimento de
estado de informacao sem CSI, definiu-se regioes de discretizacao igualmente espacadas.
Essa estrategia heurıstica por limiares uniformemente espacados foi a primeira aborda-
gem, a ser investigada nesse projeto de quantizacao suave (do ingles, Soft-Decision) do
demodulador na saıda do receptor .
Por exemplo, para L = 4, os limiares ficam definidos em T1 = 0, 25h, T2 = 0, 55h e
T3 = 0, 85h. No caso de dois nıveis de quantizacao ou seja, para L = 2 e utilizada para
fins de notacao a sigla (RQ2), para L = 4 utilizou-se a sigla (RQ4), L = 8 nıveis de
quantizacao e denotado por (RQ8), e para L = 32 utilizou se a sigla (RQ32) .
Podemos representar geometricamente em uma reta o demodulador com decisao
abrupta (L=2) como ilustra a Figura 4.2. Nela pode-se observar a existencia de ape-
nas um limiar centrado em h/2 e esse limiar representa o limiar que otimiza a razao de
probabilidade Λ.
Figura 4.2: Representacao em uma reta real de y da decisao abrupta L = 2 criterio de
quantizacao uniforme.
Para L = 4 nıveis de quantizacao uniforme, definem-se quatro regioes de quantizacao:
essas regioes de quantizacao pode ser representadas geometricamente por meio da Figura
4.3.
45
Figura 4.3: Representacao em uma reta real de y para L = 4 nıveis para a estrategia de
quantizacao por limiares uniformemente espacados.
O modo de criacao para a estrategia de quantizacao por limiares uniformes baseou-
se, de forma generalizada, na lei de formacao eq (4.4), para se chegar nos Ti limiares de
quantizacao para L = 32 nıveis
Ti = −0.75h+ (i− 1)∆ (4.4)
i = 1, ..., L− 1 .
Nota-se, que pela lei de formacao descrita na equacao (4.4), que os Ti limiares sao
uniformemente distribuıdos, com abertura funcao do ganho de canal de ∆ = 0, 05h. Sendo
assim, pode-se definir uma representacao geometrica para os L = 32 nıveis de quantizacao
que pode ser vista na Figura 4.4.
Figura 4.4: Representacao em uma reta real de y para L = 32 nıveis pelo criterio de
quantizacao por limiares uniformemente espacados.
46
4.1.1 Resultados para o esquema heurıstico com limiares uni-
formemente espacados.
Apresenta-se nesta secao os resultados para o esquema heurıstico com limiares unifor-
memente espacados. Para isso, utilizou-se os parametros de um sistema FSO com pdf
gamma-gamma com parametros α = 3, 0 e β = 2, 5. De acordo com a teoria vista sobre
sistemas FSO esses parametros definem regimes de turbulencia de leve a moderada.
Para fins de notacao para facilitar a analise dos resultados, apresenta-se uma notacao
especıfica. A primeira, R0, denota o desempenho em taxa de corte para um sistema nao
quantizado (receptor com CSI), enquanto ROC denota taxa de corte para um sistema nao
quantizado para o receptor sem CSI.
RQ2 (2 regioes de quantizacao), RQ4 (4 regioes de quantizacao), RQ8 (8 regioes de
quantizacao), RQ32 (32 regioes de quantizacao), representam os desempenhos em taxa de
corte para as quantizacoes em que o receptor faz uso de CSI. A Figura 4.5 apresenta um
perfil geral dos resultados numericos para a taxa de corte R0 de 0 dB a 50 dB, utilizando
decodificacao suave com as regioes formadas pelos limiares definidos de acordo com a lei
de formacao descrita para quantizacao uniforme.
47
Figura 4.5: Resultados de taxa de corte para o esquema heurıstico com limiares unifor-
memente espacados para RSR de 0 dB a 50 dB.
As Figuras 4.6 e 4.7, apresentam os resultados para a quantizacao por regioes unifor-
memente espacadas heuristicamente e, por meio delas, pode-se notar ganhos de desem-
penho. Alem disso, verifica-se que esta estrategia conduz a uma aproximacao a curva de
sistemas nao quantizados.
A partir das Figuras 4.6 e 4.7 observa-se que para uma RSR de acima de 25 dB, as
quantizacoes com 8 e 32 nıveis superam a curva teorica de sistemas nao quantizados sem
CSI.
Uma vez que a saturacao maxima alcancada utilizando quantizacao uniforme, ocorre
para RSR para alem de 50 dB como e observado na Figura 4.7, com isso, nao e mais
possıvel observar ganhos em taxa para os esquemas RQ4, RQ8 e RQ32.
48
Figura 4.6: Resultados de taxa de corte para quantizacao com limiares definidos unifor-
memente para RSR de 0 dB a 25 dB.
Da Figura 4.7 percebe-se tambem, ganhos significativos a partir de uma RSR de
25 dB para quantizacao em 32 nıveis. Pode-se tambem observar uma diferenca de 25
dB entre as curvas de R0 e ROC. Isso deve-se, ao fato da vantagem do receptor possuir
o conhecimento do estado de canal, corroborando essa diferenca de ganhos sobre uma
mesma RSR. Esses resultados podem ser observados mediante analise dos ganhos para as
curvas de sistemas nao quantizados que nao possuem CSI (ROC) e no caso de sistemas
nao quantizado com CSI (R0).
49
Figura 4.7: Resultados de taxa de corte para quantizacao por limiares uniformemente
espacados para RSR de 25 dB a 50 dB.
Dos resultados numericos apresentados nas Figuras 4.5, 4.6 e 4.7, verificou-se que o
uso dessa estrategia de quantizacao heurıstica por limiares uniformente espacados, con-
siderando taxas baixas (ate 0, 6), apresentou ganhos significativos quando comparados a
um sistema que se utiliza de decisao abrupta.
Alem disso, para taxas proximas de 0, 9, observou-se que o esquema com 32 nıveis de
quantizacao obteve um ganho de codificacao de aproximadamente 5 dB sobre um sistema
por decisao abrupta.No entanto, para taxas acima de 0, 6 comparando com sistemas nao
quantizados com CSI, pode-se verificar um ganho de codificacao nao inferior a 6 dB sobre
o esquema com 32 nıveis de quantizacao.
50
Fica entao estabelecida nessa secao, uma forma mais simples de escolha de limiares
uniformes em funcao apenas do ganho de estado h. Tambem verifica-se dos resultados
numericos obtidos, que o ganho em taxa de corte quando o receptor possui CSI, e bem
expressiva quando comparado ao caso em que o receptor nao possui CSI.
Em decorrencia dos resultados obtidos ate aqui, houve a necessidade de mudanca para
uma nova estrategia de escolha dos limiares de quantizacao, com o objetivo de aproximar-
se ainda mais as taxas atingidas pelos sistemas nao quantizados. Propoe-se entao, como
veremos na secao a seguir, um novo esquema heuristico de quantizacao para um canal
com saıda ternaria EC (do ingles, Erasure Channel).
4.2 Esquema heurıstico de quantizacao para um ca-
nal com saıda ternaria EC (do ingles, Erasure
Channel)
Baseando-se no criterio de otimizacao da taxa de corte do DMC mostrado na secao an-
terior, observou-se que se o receptor faz uso de CSI, o limiar otimo e igual a Ah/2, onde
H = h e o valor do ganho de canal observado e A = 1 denota a amplitude unitaria [33].
Apresenta-se, aqui um segundo esquema heuristico para escolha dos limiares de quan-
tizacao, com entrada binaria e saıda ternaria. Para isso, considera-se uma regiao de apa-
gamento em torno de Ah/2 e com largura ∆ = Ahd, onde d sera um parametro a ser
otimizado. Ficando definidos os limiares para essa segunda estrategia, denotados por meio
das expressoes Linf = Ah/2 − ∆/2 para o limiar inferior e Lsup = Ah/2 + ∆/2 para o
limiar superior [34].
A questao colocada anteriormente, se reduz agora a escolha de um valor otimo para
d. Para a escolha deste valor otimo, iremos considerar tanto o criterio da taxa de corte do
canal quanto o criterio da capacidade do canal. Para o caso do receptor sem CSI, iremos
definir os limiares fixando h = 1, isto e, em torno de A/2 e com largura ∆ = 2Ad .
51
A maneira pelo qual criamos esse DMC de 3 saıdas e 2 entradas obedeceu a seguinte
lei de formacao
Y =
y0 , −∞ < R ≤ Linf
y1 , Linf < R ≤ Lsup
y2 , Lsup < R < +∞
(4.5)
Atraves das condicoes descritas em (4.5), pode-se obter um possıvel representacao
geometrica para este esquema de quantizacao como ilustrado na Figura 4.8.
Figura 4.8: Representacao na reta do esquema de quantizacao para um canal com
apagamento ε.
Em princıpio acreditou-se que utilizando a lei de formacao descrita em (4.5), levaria
a criacao de um canal com apagamento BEC descrito nas secoes de conceitos basicos [33].
No entanto, observou-se atraves dos calculos das probabilidades condicionais, que nao
foi possıvel desprezar o efeito de troca do sımbolo nas probabilidades de transicao para
o DMC criado nessa quantizacao, levando-nos a considera-lo como um canal com erro e
apagamento EC (do ingles, Erasure Channel), como mostra a Figura 4.9.
52
Figura 4.9: Canal com Apagamento com y1 = 0, y2 = ε e y3 = 1.
Esse esquema de quantizacao leva a criacao do DMC apresentado na Figura 4.9.
4.2.1 Consideracoes sobre simetria do DMC
Uma observacao importante a respeito da simetria de um DMC ocorre se a condicao
P (yi|0) = P (yi|1) for satisfeita para i = 0, 1, 2. Diz-se, que o canal com apagamento e
simetrico. Para o caso em que o receptor possui CSI pode-se escrever essa condicao como
P (yi|0) =
∫ ∞0
∫Ri
1√2πσ2
N
exp(− y2
2σ2N
)dy p(h)dh = P (yi|1) (4.6)
=
∫ ∞0
∫Ri
1√2πσ2
N
exp(−(y − Ah)2
2σ2N
)dy p(h)dh (4.7)
Para os esquemas de quantizacao propostos neste trabalho, considera-se que as regioes
de decisao Ri possuem simetria em torno de Ah/2.
Essa simetria faz com que
F (h) =
∫Ri
1√2πσ2
N
exp(− y2
2σ2N
)dy = (4.8)∫Ri
1√2πσ2
N
exp(−y − Ah)2
2σ2N
)dy (4.9)
53
e o canal com apagamento resultante da quantizacao seja simetrico independente-
mente do modelo adotado para a densidade do estado de canal, p(h), ou seja P (yi|0) =
P (yi|1) =∫∞
0Fi(h)p(h)dh, i = 0, 1, 2.
4.2.2 Consideracoes sobre DMCs nao-simetricos
Para o caso de inexistencia de CSI, as probabilidades de transicao:
P (yi|0) =∫Ri
1√2πσ2
N
exp(− y2
2σ2N
)dy, i = 0, 1, 2 serao independentes do modelo adotado
para o estado de canal, mas P (yi|1), i = 0, 1, 2 serao dependentes do modelo. Isso faz com
que, mesmo com a simetria das regioes de decisao, o canal com apagamento resultante
nao seja simetrico.
A Tabela 3, apresenta os valores das probabilidades de transicao de um canal sem
CSI para RSR=15, 16 e 17 dB. Pode-se notar que P (1|1) mostra um comportamento de
saturacao, um aumento de valor muito lento quando a RSR aumenta. Alem disso, P (1|0)
diminui significativamente com o aumento da RSR. Ambos os comportamentos tambem
se verificam para valores maiores de RSR.
Tabela 3
Sabe-se que para x ∈ 0, 1 as probabilidades a posteriori P (X = x|Y = 1), sao
proporcionais a P (1|x)P (x). Entretanto, considerando os comportamentos das probabi-
lidades de transicao condicionais observados da Tabela 3, pode-se concluir que P (X =
1|Y = 1) P (X = 0|Y = 1).
Sendo assim, o canal com apagamento mostrado na Figura 4.8 pode ser aproximado
por um canal com apagamento sem a transicao do sımbolo X = 0 para o sımbolo Y = 1,
ou seja, quando o sımbolo 1 e observado na saıda do canal, ele e aceito como um sımbolo
correto.
Em virtude dessas consideracoes e possivel concluir que em sistemas em que o receptor
possui conhecimento do estado de canal e observadas as condicoes de simetria do esquema
54
de quantizacao proposto, o DMC resultante sera simetrico independentemente do modelo
adotado para a densidade do estado de canal. Ja para o caso em que o receptor nao possui
CSI, o DMC sera nao-simetrico.
A adocao dessa aproximacao pode simplificar a implementacao de um algoritmo de
decodificacao. A Figura 4.10, mostra o diagrama do DMC simplificado.
Figura 4.10: Diagrama do Canal com Apagamento simplificado.
4.2.3 Resultados do esquema heurıstico de quantizacao para um
canal com saıda ternaria
Os resultados para este esquema de quantizacao, foram obtidos mediante a utilizacao de
um software desenvolvido em ambiente MATLAB, no qual o parametro d da metrica foi
otimizado para valores de 0 ate 0, 5.
Foi considerado para obtencao desses resultados um canal com estado de canal h
como sendo uma v.a gamma-gamma com parametros α = 3, 0 e β = 2, 5. Com esses
valores de parametros para a v.a gamma gamma podemos estimar o ındice de cintilacao
do canal com σ2i = 0, 867 . Utiliza-se esses valores de parametros com o intuito de realizar
uma comparacao justa entre a estrategia de quantizacao descrita na secao anterior e a
estrategia aqui invetigada.
As Figuras 4.11 e 4.12 apresentam um perfil do parametro otimizacao d de canal
para o caso do receptor sem CSI e com CSI. Nota-se atraves dessas figuras, que o melhor
55
esquema de quantizacao se da em torno de d = 0, 3 para uma RSR de 17, 5 dB e esse
comportamento se manteve ate as proximidades de um RSR em torno de 22, 5 dB.
Observou-se que o esquema que maximiza a taxa de corte sem CSI tambem possui
capacidade em torno de d = 0, 4, e isso ocorre a partir de uma RSR de 25 dB. Tambem e
possivel salientar que tanto na otimizacao pelo criterio de taxa de corte quanto na capa-
cidade ocorreu uma tendencia a saturacao para altas taxas de RSR que sao consideradas.
Figura 4.11: Taxa de Corte sem CSI d ∈ 0 ∗A, 0.1 ∗A, 0.2 ∗A, 0.3 ∗A, 0.4 ∗A, 0.5 ∗A .
56
Figura 4.12: Taxa de Corte com CSI d ∈ 0 ∗A, 0.1 ∗A, 0.2 ∗A, 0.3 ∗A, 0.4 ∗A, 0.5 ∗A .
O grafico da Figura 4.13, apresenta um perfil dos resultados obtidos para a taxa de
corte gamma-gamma com CSI em torno de 20 dB. Nessa figura observa-se que o esquema
com d=0.4*A e o que apresenta maior ganho em taxa de corte.
A Figura 4.14 mostra resultados obtidos para a capacidade de canal com CSI. Nota-se
da Figura 4.14 que nao existe prevalencia de otimizacao para baixos valores de RSR e este
comportamento nao e alterado ate 17, 5 dB. A partir dai, o esquema que prevalece para
a otimizacao da taxa de corte em d = 0, 4, segue para altos valores de RSR. E possıvel
perceber uma caracterıstica diferente da taxa de corte sem CSI, pois o comportamento
de saturacao nao e observado para a taxa de corte quando o receptor conhece o estado h
do canal.
57
Figura 4.13: ”Zoom”da Taxa de Corte com CSI em torno de 20 dB.
Figura 4.14: ”Zoom”da Capacidade de Canal com CSI em torno de 20 dB.
58
Analisando os resultados obtidos para a capacidade do canal, vistos no grafico da
Figura 4.14, observou-se que, embora numericamente o valor da taxa para a mesma RSR
e para o mesmo d, sejam mais elevados, (o que era esperado), eles basicamente se equivalem
mediante o criterio adotado. Neste caso, temos um desempenho ligeiramente melhor
quando d = 0, 3 e utilizado, no entanto, a diferenca e tao pequena em relacao a d = 0, 4.
A Figura 4.15 mostra resultado numericos para a capacidade de canal sem o uso de
CSI e diversos valores do parametro d. Todas as curvas dos esquemas com apagamento,
mostram um comportamento de saturacao para a capacidade de canal. E, conforme
observado anteriormente, tambem a capacidade de canal tendera a unidade para valores
muito elevados da RSR. A partir de 25 dB, o melhor esquema e para d = 0, 4, o mesmo
valor que levou ao melhor esquema segundo o criterio da taxa de corte.
Figura 4.15: Capacidade sem CSI d ∈ 0 ∗ A, 0.1 ∗ A, 0.2 ∗ A, 0.3 ∗ A, 0.4 ∗ A, 0.5 ∗ A .
Dos resultados verificados na Figura 4.16 para a capacidade de canal com o uso de CSI
diversos valores do parametro d. Comparando-se com a Figura 4.12, nota-se que a in-
fluencia da variacao de d sobre o valor da capacidade de canal e menos significativa que a
59
influencia sobre o valor da taxa de corte. Para qualquer RSR, o valor otimo de d e igual
a 0.3 ∗ A.
Figura 4.16: Capacidade com CSI d ∈ 0 ∗ A, 0.1 ∗ A, 0.2 ∗ A, 0.3 ∗ A, 0.4 ∗ A, 0.5 ∗ A .
A Figura 4.17 apresenta uma comparacao dos resultados gerais obtidos, para o canal
com erro e apagamento. Nessa figura pode-se verificar para capacidade de canal (C) com
e sem CSI e tambem os resultados para R0 com e sem CSI considerando os valores otimos
do parametro d. Pode-se notar que tanto R0 quanto C preveem ganhos similares para o
uso de CSI. Por exemplo, para C = R0 = 0, 75, ambos os criterios preveem um ganho
aproximado de 5 dB. Entretanto, os resultados mostram que R0 esta aproximadamente
7, 5 dB distante de C.
60
Figura 4.17: Comparacao da Capacidade de Canal e da Taxa de Corte para o Canal com
Apagamento (EC).
Dos resultados gerais apresentados na Figura 4.17, fica evidente que a melhor taxa
alcancavel e obtida quando d e otimizado em d = 0, 4 para definir as regioes de decisao
suave, quando a taxa de corte e usada como ferramenta de criterio. Pode-se observar que
a influencia dos valores de d e mais expressiva na regiao entre 15 dB a 35 dB.
Pode-se salientar a partir do resultados obtidos ate aqui, que segundo a analise dos
resultados a taxa de corte e a capacidade de canal apontam na mesma direcao, como
criterios de desempenho.
Quando utilizou-se esquema heurıstico com limiares uniformemente espacados, obteve-
se basicamente os mesmos valores de taxa de corte (menos de 0.03 dB de diferenca em
RSR) do que quando utiliza-se, o esquema heurıstico de quantizacao para um canal com
saıda ternaria.
De posse dos resultados obtidos para as duas estrategias estudadas ate aqui, e mo-
tivados para uma estrategia que se aproxime cada vez mais do desempenho de sistemas
nao quantizados, procurou-se por uma terceira e ultima estrategia na escolha dos limiares
de quantizacao baseadas na GCR (do ingles, Generalized Cutoff Rate)
61
4.3 Criterio de quantizacao baseado na taxa de corte
generalizada (GCR)
Apresentaremos aqui a terceira estrategia de quantizacao dessa dissertacao. Essa terceira
estrategia de quantizacao foi baseada na proposta de quantizacao concebida para uma
metrica inteira [35] e [36]. Binshtok e Shamai utilizaram uma abordagem GCR para
o caso de sinalizacao antipodal num canal com desvanescimento plano e lento, criando
limiares de quantizacao uniformemente distribuıdos [36].
Essa ultima estrategia de quantizacao deste trabalho, leva em consideracao a escolha
de limiares de quantizacao que sao funcoes sensıveis a razao sinal ruıdo, e de um parametro
que minimiza uma probabilidade de erro, conhecido como parametro de Chernoff (λ).
Considera-se para esta estrategia L = 2Q− 1 nıveis de quantizacao, onde Q e um inteiro
positivo.
Os resultados obtidos nesta secao sao expandidos para os nıveis de quantizacao Q = 2
(3 nıveis de quantizacao), Q = 3 (5 nıveis de quantizacao), Q = 4 (7 nıveis de quantizacao),
Q = 5 (9 nıveis de quantizacao) e Q = 6 (11 nıveis de quantizacao),onde Q denota o
numero maximo de nıveis de quantizacao definidos em uma metrica inteira.
Analisou-se esses resultados para o modelo de turbulencia moderada como foi de-
finido para as duas estrategias anteriormente apresentadas. Para essas duas estrategias
anteriormente apresentadas: o modelo da variavel aletoria que define o ganho de canal H
e gamma-gamma, dado que o receptor conhece o estado de canal.
A taxa de corte generalizada (GCR) foi obtida em [35]. Embora os conceitos da GCR
tenham sidos introduzidos para uma sinalizacao antipodal, as metricas sao validas para
qualquer entrada binaria e saıda L-aria.
Como ponto de partida para calcular os limiares otimos de quantizacao baseados na
GCR, define-se como metrica de decisao inteira d(x, r) = 0, 1, .., Q−1, em que r = (y, h)
representam as coordenadas do espaco de sinal das regioes de decisao suave. Para cada
ponto r e definido um conjunto de d(r) = (d(0, r), d(1, r)).
62
Esta atribuicao induz a quantificacao de no maximo Q2 nıveis de quantizacao suave.
O criterio de metrica inteira pode ser definido, por meio da observacao do vetor r = (y, h)
no espaco de sinais, que maximiza a GCR e para isto considera-se
∆d(r) , d(1, r)− d(0, r) = j (4.10)
para cada valor de r. Onde j representa um valor inteiro dependente de Q, sendo
que este ultimo parametro e um valor positivo que determina as regioes de quantizacao.
Como estamos interessados nos limiares que maximizam a taxa de corte utilizamos um
criterio de otimizacao semelhante ao que foi concebido em [35] e [36].
Essa estrategia de quantizacao considera a otimizacao da GCR atraves de um dado
valor de parametro de Chernoff (λ). Esse parametro leva a minimizacao da distancia
entre o sımbolo transmitido x, e o sımbolo estimado x dentro de uma palavra do codigo.
Mostra-se no trabalho [36], que o valor esperado do vetor r a um dado sımbolo de entrada
x e obtido atraves da esperanca condicional Er|x. obtida atraves da expressao (4.11).
Er|xeλ(d(x,r)−d(x,r)) (4.11)
Uma vez definidas algumas premissas para essa estrategia de quantizacao baseada na
GCR, tem-se como ideia central do trabalho encontrar os limiares que maximizem taxa
de corte para sistemas FSO.
Sendo assim, para essa terceira estrategia de quantizacao, propoem-se regioes de
decisao concebidas para a metrica inteira dependente de um parametro conhecido por
parametro de Chernoff (λ) e este, por sua vez, leva a minimizacao da probabilidade
media de erro. Para um dado λ ≥ 0 define-se R0 por meio da expressao:
R0 = min∆d(r)
ln(p20 + p2
1 + p0p1Er|x=1eλ∆d(r) + E
r|x=0e−λ∆d(r)) (4.12)
onde Er|x=1eλ∆d(r) e E
r|x=0e−λ∆d(r) sao os valores esperados do vetor de r dado uma
entrada x. Sendo assim podemos minimizar a expressao a seguir
min∆d(r)
(p20 + p2
1 + p0p1Er|x=1eλ∆d(r) + Er|x=0e
−λ∆d(r)) (4.13)
63
Atraves da definicao de valor esperado condicional, pode-se reescrever a expressao
anterior para uma integracao em todo elemento diferencial do vetor r
min∆d(r)
∫P (r|x = 1)eλ∆d(r) + P (r|x = 0)e−λ∆d(r)dr
Revisitando a definicao para metrica inteira descrita em [36] em que ∆d(r) = j
P (r|x = 1)eλj + P (r|x = 0)e−λj ≤ P (r|x = 1)eλi + P (r|x = 0)e−λi (4.14)
A desigualdade (4.14), sera satisfeita uma vez que j corresponder as regioes inteiras
que minimizam a distancia entre x e x dentro de uma palavra do codigo. Utilizando a
definicao de taxa de probabilidade Λ(r), podemos entao simplificar a desigualdade anterior
pela expressao
Λ(r)(e−λj − e−λi) ≤ eλj − eλi (4.15)
Finalmente, cria-se um domınio de quantizacao em Y dependente da taxa Λ(r) e do
parametro de otimizacao λ. A definicao das regioes de quantizacao para Q positivo que
satisfazem as desigualdades definidas a seguir sao
Y =
Λ(r) ≤ eλ(2j+1) , j = −(Q− 1)
eλ(2j−1) ≤ Λ(r) ≤ eλ(2j+1) , j ∈ θ ∩ j 6= ±(Q− 1)
Λ(r) > eλ(2j−1) , j = (Q− 1)
(4.16)
onde θ representa espacos discretos de quantizacao para um dado limiar:
θ = 0,±1,±2, ...,±(Q− 1) (4.17)
Esses sistemas de equacoes descritas pelos sistemas de inequacoes (4.16) determinam
as regioes de quantizacao para a nossa terceira estrategia de quantizacao, e podem ser
redefinidas atraves da expressao
Y =
h2−2yAh
2σ2n≤ λ (2j + 1) , j = −(Q− 1)
λ (2j − 1) ≤ h2−2yAh2σ2n≤ λ (2j + 1) , j ∈ θ ∩ j 6= ±(Q− 1)
h2−2yAh2σ2n
> λ (2j − 1) , j = (Q− 1)
(4.18)
64
Por meio dessa proposta, mostrou-se que esse esquema de quantizacao baseado na
GCR, ocorre para um certo λ ≥ 0, parametro esse dependente da RSR na transmissao do
sımbolo dentro de uma palavra codigo [35].
Para o calculo das regioes de quantizacao comecaremos para o caso em que Q = 2
que representa 3 nıveis de quantizacao no demodulador e lancaremos mao da desigualdade
acima para o calculo desses limiares para Q = 2, 3, 4, 5 e 6.
Comecaremos nossa busca por esses limiares de quantizacao, para o caso em que
Q = 2, tomando-se as 2Q − 1 regioes de quantizacao formadas. Para Q = 2, ficam
definidas 3 regioes de quantizacao para o espaco de sımbolos criados pela quantizacao.
Substituindo o valor para j = −1 na inequacao, obtem-se, entao, a representacao
algebrica para quantizacao em tres nıveis de j = −1, 0, 1
(h2 − 2yAh)
(2σ2)≤ λ(2.(−1) + 1) (4.19)
(h2 − 2yAh)
(2σ2)≤ −λ (4.20)
h2 − 2yAh ≤ −2σ2λ (4.21)
− 2yAh ≤ −2σ2λ− h2 (4.22)
− y ≤ −(2σ2λ)
2Ah− Ah
2(4.23)
Depois de algumas manipulacoes chega-se ao nosso primeiro limiar de quantizacao:
y ≥ σ2λ
Ah+Ah
2(4.24)
Aplicando a condicao para j 6= ±1 segundo a preposicao, implica θ = 0
− λ < (h2 − 2yAh)
(2σ2)≤ λ (4.25)
− 2λσ2 − h2 < −2yAh ≤ 2σ2λ− h2 (4.26)
65
(−2λσ2)
2Ah− h2
2Ah< −y ≤ (2λσ2)
2Ah− h2
2Ah(4.27)
λσ2
Ah+Ah
2> y ≥ −λσ
2
Ah+Ah
2(4.28)
Para j = 1:
(h2 − 2yAh)
(2σ2)> λ (4.29)
− 2yAh > 2λσ2 − h2 (4.30)
− y > (2λσ2)
2Ah− Ah2
2h(4.31)
Atraves da expressoes definidas acima, encontra-se o segundo limiar para as tres
regioes de quantizacao:
y < −λσ2
Ah+Ah
2(4.32)
Atraves desses limiares calculados, pode-se definir na reta o esquema de quantizacao
para Q = 2. Ela tambem pode ser interpretada como uma nova regiao pertencendo a um
espaco y = −1, 0, 1, como visto na Figura 4.18.
Por meio desses limiares anteriormente definidos, podemos definir uma reta y que
representa o esquema de quantizacao para Q = 2 baseado na GCR, como mostra a Figura
4.18.
Figura 4.18: Representacao geometrica para Q = 2 (L = 3 regioes de quantizacao)
baseada na GCR.
66
De modo semelhante aos calculos realizados para Q = 2, aplica-se as inequacoes de
(4.16) para se obter os limiares para Q = 3 (5 regioes de quantizacao) como e visto na
Figura 4.19 abaixo
Figura 4.19: Representacao geometrica para Q = 3 (L = 5 regioes de quantizacao)
baseada na GCR.
Verifica-se a partir destas representacoes geometricas, um padrao para as 2Q − 1
regioes de quantizacao. Esse padrao decorre de simetria ımpar nos limiares de quantizacao
pela GCR para um valor de Q fixo. Logo os possıveis candidatos a limiares de decisao
otimos serao avaliados por meio da expressao
Ti =Ah
2− Qλσ2
N
Ah+ (i− 1)∆ (4.33)
onde ∆ = 2λσ2N/Ah com λ > 0 e i = 1, . . . , L− 1.
Para Q fixo, o problema de encontrar os limiares otimos de quantizacao (no sentido
de maximizar R0) se reduz tao somente, a um problema de encontrar valores otimos do
parametro λ. Por sua vez, esse problema pode ser resolvido de maneira eficiente, atraves
de uma discretizacao fina em λ. A secao de resultados a seguir apresenta uma analise de
desempenho desse esquema de quantizacao.
67
4.3.1 Resultados para quantizacao baseada na GCR
Os resultados numericos obtidos para o esquema de quantizacao baseado na GCR, tornou-
se de vital importancia para exequibilidade do projeto do demodulador que utiliza o
minimo de regioes possiveis para a quantizacao, maximizando a taxa de corte.
O objetivo a partir de entao e alcancar o desempenho das curvas do esquema de
quantizacao ideal (sistema nao quantizado). O que representaria, em termos de projeto,
demoduladores suaves mais simples e o uso de menos energia alcancando altas taxas
considerando um numero minimo de nıveis de quantizacao.
Na Figura 4.20 apresenta-se os ganhos obtidos para o esquema de quantizacao com
Q = 2 para o DMC. Comparando ambos os sistemas Q = 2 e sistema nao quantizado
para uma mesma RSR em torno de 15 dB, foi alcancada uma taxa de corte em torno 0, 52
para quantizacao em 3 nıveis. Esses valores de taxas superam os esquemas apresentados
anteriormente (quantizacao uniforme e quantizacao em tres nıveis para um canal EC.
Figura 4.20: Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 2 (3 regioes de quantizacao).
68
Comparando os resultados obtidos com a curva de sistemas com essa mesma RSR (em
torno de 15 dB) obtivemos uma taxa de corte em torno de 0, 63, sendo assim, para sistemas
nao quantizados estavamos a uma distancia em desempenho do ganho de codificacao em
torno de uma RSR de 11 dB, o que e ainda considerado em termos de ganho uma distancia
razoavel comparado ao sistema nao quantizado.
Na Figura 4.21 apresenta-se os resultados obtidos com Q = 3 (5 regioes de quan-
tizacao). A uma RSR de 15 dB, a taxa de corte para o esquema com Q = 3 e cerca de
0, 5892. Esse valor observado em taxa de corte se aproxima do desempenho de sistemas
nao quantizados que operam a essa mesma RSR com R0 em torno de 0, 63 dB, apre-
sentando um ganho em taxa em torno de 7 dB quando comparados com o esquema de
quantizacao com tres niveis Q = 2.
Figura 4.21: Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 3 (5 regioes de quantizacao).
Comparando os resultados numericos para a taxa de corte obtidos ate aqui, pode-se
perceber que para os esquemas de quantizacao com o conhecimento do estado de canal,
69
a estrategia heurıstica por limiares uniformemente espacados, e a estrategia do esquema
heurıstico de quantizacao para um canal com saıda ternaria (EC), percebe-se a partir
dos resultados uma melhora significativa em desempenho sob o criterio de R0, uma vez
que a taxa de corte esta cada vez mais se aproximando do desempenho de sistemas nao
quantizados.
Comparando as curvas das Figuras 4.22 e 4.23, para Q = 4 e Q = 5, percebe-se
um ganho mais modesto e observa-se um comportamento de saturacao dessa estrategia
de quantizacao. Alem disso, para Q = 4 observa-se um ganho de 2 dB em relacao ao
esquema em Q = 3. Ja para Q = 5 houve um ganho de 1 dB comparando os desempenhos
dos sistemas para Q = 4 e Q = 5.
Figura 4.22: Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 4 (7 regioes de quantizacao).
70
Figura 4.23: Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 5 (9 regioes de quantizacao).
Finalmente chegamos ao caso de melhor desempenho em taxa de corte utilizando a
escolha dos limiares pela abordagem da GCR: dos resultados numericos obtidos percebeu-
se que o esquema com Q = 6 se aproximou em muito dos sistemas nao quantizados. Esse
esquema foi desenvolvido utilizando 11 regioes de quantizacao, ou seja, para Q = 6. A
Figura 4.24 apresenta os resultados do desempenho em taxa de corte para Q = 6, sendo
assim, observou-se uma distancia de 2 dB em relacao aos sistemas nao quantizados.
71
Figura 4.24: Desempenho da taxa de corte do sistema nao quantizado em relacao a
quantizacao baseadas na GCR para Q = 6 (11 regioes de quantizacao).
4.4 Resultados gerais para as tres estrategias de quan-
tizacao
Para fins de comparacao dos resultados gerais, este projeto apresentou o desempenho de
tres esquemas de quantizacao distintos: quantizacao por limiares uniformemente espacados,
abordagem de quantizacao em tres nıveis para um canal com erro e apagamento (EC) e
um criterio baseado na GCR.
Vale ressaltar que a abordagem baseada na GCR, tem um desempenho significativa-
mente melhor do que a abordagem da EC. A Figura 4.25, tambem mostra que o esquema
quantizado uniforme com L = 4 tem um desempenho semelhante ao esquema para um
canal com em tres regioes de quantizacao (EC), tal como discutido na secao anterior.
72
Figura 4.25: Comparativo dos resultados obtidos do trabalho para os melhores desem-
penhos em taxa de corte, para as tres estrategias de quantizacao apresentadas.
Alem destes conhecimentos, o parametro otimo λ precisa ser determinado para a
definicao dos limiares de decisao, uma vez que ele tambem dependa da RSR para um
valor fixo de CSI como mostra a Tabela 4.
73
Tabela 4. VALORES DE λ COMO FUNCAO DA RSR PARA Q = 6.
RSR (dB) λ
2 0.4000
4 0.5000
6 0.5000
8 0.6000
10 0.7000
12 0.7000
14 0.8000
16 0.8000
18 0.9000
20 0.9000
22 1.0000
24 1.0000
26 1.1000
28 1.2000
30 1.2000
Dos resultados obtidos, mostrou-se que apesar desse esquema de quantizacao baseado
na GCR apresentar ganhos significativos, aproximando-se dos sistemas nao quantizados,
para implementa-los e necessario ter o conhecimento no receptor nao apenas da CSI mas
tambem da RSR.
74
4.5 Sıntese do Capıtulo
Apresentamos tres diferentes metricas de quantizacao: a primeira definida por meio de um
esquema heurıstico com limiares uniformemente espacados; a segunda estrategia definida
apresentou um esquema heurıstico de quantizacao para um canal com saıda ternaria EC,
caracterizado por apresentar um alfabeto com dois sımbolos de entrada e tres sımbolos
de saıda; e por ultimo uma quantizacao baseada na taxa de corte generalizada GCR foi
apresentada.
Para essas tres estrategias de quantizacao investigadas, buscou-se encontrar os limi-
ares que maximizam a taxa de corte ou a capacidade de canal. Atraves da definicao das
regioes de quantizacao invetigadas, analisou-se o desempenho sobre as condicoes em que
o receptor possui CSI (levando aos melhores desempenhos), sobre as figuras de merito de
taxa e/ou capacidade, e sobre as condicoes de desempenho para quando o receptor nao
faz uso de CSI.
Em geral, dos resultados numericos obtidos, fica explıcito ganhos em desempenho
para as tres estrategias de quantizacao abordadas. Finalmente, aplicou-se o conceito de
quantizacao baseadas na GCR para encontrar os melhores limiares para se determinar as
regioes de decisao suave para o sistema FSO em estudo.
Embora a abordagem de quantizacao baseada na GCR leve a melhores resultados,
existem consideracoes de complexidade que devem ser levadas em consideracao quando
essa estrategias e escolhida.
Sendo assim, esta dissertacao apresentou e discutiu estrategias de quantizacao flexıveis
de diferentes ordens de complexidade de implementacao, apresentando os pros e contras
para cada um delas.
75
Capıtulo 5
Conclusao
Nesta dissertacao apresentou-se estudos para um enlace experimental FSO com modulacao
OOK e deteccao direta. A partir da implantacao de um enlace foi realizado um levan-
tamento de medidas de canal para esse sistema localizado no ambiente da Faculdade de
Tecnologia de Limeira-(FT).
Esses estudos foram realizados durante o mes de Agosto de 2014. Com isso, um
modelo de densidade de probabilidade mediante levantamento estatistico do sinal optico
foi obtido, sendo que o modelo que melhor ajustou ao clima do campus foi o modelo de
ganho de canal definido por uma pdf lognormal. Em resumo, mostrou-se que o regime
de cintilacao local, esta em concordancia com a literatura, o que justifica o regime de
turbulencia de leve a moderado para as condicoes climaticas do campus da (FT), o que
justifica o ajuste lognormal do ganho de canal.
Consideracoes sobre o impacto da vibracao dos predios locais e tambem do possıvel
desalinhamento dos transceptores foram observados e apresentados, bem como uma relacao
de perda de potencia em torno do meio dia com sol a pino, com a posterior melhora da
potencia optica detectada ao anoitecer. Estas investigacoes contribuiram para o conheci-
mento dessa importante e emergente tecnologia. E esse foi o primeiro estudo apresentado
nessa dissertacao.
Uma segunda investigacao realizada na presente dissertacao, constitui-se no desen-
volvimento de tres diferentes estrategias de quantizacao no demodulador na saıda do
receptor para um sistema FSO. A primeira delas foi obtida mediante esquema heurıstico
com limiares uniformemente espacados. Uma segunda estrategia foi exposta, atraves de
um esquema heurıstico de quantizacao para um canal com saıda ternaria. E por ultimo
76
um criterio quantizacao baseado na GCR.
Para fins de comparacao, os valores em taxa de corte e ou capacidade de canal
mostraram o desempenho de tres esquemas, por quantizacao uniforme, para um canal
com entrada binaria e saıda ternaria representados por L = 3 regioes de quantizacao
(EC) e o esquema baseado na GCR. Vale notar que o esquema baseado na GCR tem um
desempenho significativamente melhor do que a abordagem do canal com entrada binaria
e saıda ternaria. A Figura 4.27 mostra que o esquema quantizado uniformemente com
L = 4 tem um desempenho semelhante ao esquema EC descrito em [33] e [34], sendo
o esquema EC ligeiramente melhor em performace de ganho de desempenho, tal como
discutido anteriormente.
O melhor dos resultados apresentados, foi obtido utilizando Q = 6 (11 regioes de
quantizacao) com base na abordagem GCR [35], e o desempenho de sistemas com 11
nıveis alcancou o desempenho de um sistema nao quantizado. Os resultados mostraram
que os esquemas baseados na GCR, sao esquemas mais eficientes em termos de energia,
complexidade de escolha de limiares e atigem a curva teorica nao quantizada.
Em contrapartida, eles sao dependentes de CSI e RSR, alem disso, o parametro λ
otimo deve ser determinado para os nıveis de limiar e depende da SNR para um valor
observado fixo de CSI.
Foi mostrado no trabalho [33], que o esquema de quantizacao uniforme com L = 32,
cujos nıveis de limiar dependem apenas da CSI, tem um ganho de codificacao de 3 dB.
Tais taxas sao aquelas usadas em alguns sistemas praticos de FSO, por exemplo, em
aplicacoes backhaul. Se o CSI estiver disponıvel nesses sistemas, a quantizacao suave do
demodulador na saıda do receptor e uma alternativa interessante.
Este trabalho tambem mostrou uma estrategia, o esquema EC (com L = 3), cuja
vantagem e a dependencia apenas da CSI (esse comportamento da estrategia EC pode
ser util em aplicacoes orientadas para um cenario de rede sem fios optica com perda de
pacotes) [34].
Embora seja difıcil generalizar, o esquema com L > 3 mostrou um desempenho se-
melhante ao da quantizacao por limiares uniformemente quantizados com L = 4 nıveis.
Portanto, do ponto de vista pratico o projeto de demoduladores suaves otimizados mere-
cem mais investigacoes.
77
5.1 Consideracoes finais e trabalhos futuros
A presente dissertacao expos uma nova perspectiva em relacao aos sistemas FSO, uma vez
que obteve-se bons resultados para o desempenho de quantizacao suave no demodulador.
Uma alternativa interessante de continuidade desse trabalho seria o desenvolvimento de
um enlace hıbrido com a utilizacao de sistemas FSO, tecnologias VLC e painel solar,
podendo esses virem a serem construıdos com o objetivo de investigar sua disponibilidade
e taxas de operacao frente as condicoes adversas do canal.
Uma consideracao pertinente para aumento do desempenho e a utilizacao de uma
estimativa mais robusta sobre a resposta ao impulso do sistema e realizacao de uma quan-
tizacao do ganho de canal h do sistema FSO utilizado. Abre-se, portanto, atraves dos
resultados numericos obtidos nesse trabalho, a possibilidade pratica para implementacao
de um projeto de sistema com quantizacao no demodulador com flexiveis custos de com-
plexidade, mediante as tres alternativas de quantizacao apresentadas no presente trabalho.
O conhecimento de estado de informacao no transmissor e receptor de um sistema
FSO, bem como, a diversidade de transmissao e recepcao desse sistema merecem ser
investigados, uma vez que isso possibilitaria ao sistema FSO operar em fortes condicoes
adversas de turbulencia impostas pelo canal, mediante utilizacao de tecnicas avancadas
de projeto de sistemas de comunicacoes.
78
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