MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

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MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA COMPOSTOS VOLÁTEIS DO SORO DE LEITE SÃO TÓXICOS A Meloidogyne incognita LAVRAS MG 2020

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MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

COMPOSTOS VOLÁTEIS DO SORO DE LEITE SÃO TÓXICOS A Meloidogyne

incognita

LAVRAS – MG

2020

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MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

Compostos voláteis do soro de leite são tóxicos a Meloidogyne incognita

Dissertação apresentada à Universidade Federal

de Lavras, como parte das exigências do

Programa de Pós-Graduação em Agronomia/

Fitopatologia, para a obtenção do título de

Mestre.

Orientador

Dr. Vicente Paulo Campos

LAVRAS – MG

2020

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MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

COMPOSTOS VOLÁTEIS DE SORO DE LEITE NO CONTROLE DE Meloidogyne incognita

Dissertação apresentada à Universidade

Federal de Lavras, como parte das exigências do

Programa de Pós-Graduação em

Agronomia/Fitopatologia, área de concentração

em Fitopatologia, para a obtenção do título de

Mestre.

APROVADA em ___ de julho de 2020

Dr. Marcio Pozzobon Pedros DQI/ UFLA

Dr. Eduardo Souza Freire Universidade de Rio Verde (UniRV)

Dr. Vicente Paulo Campos

Orientador

LAVRAS - MG

2020

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ser A Força que me move, Ao Espírito Santo o Verdadeiro Guia

de toda jornada.

A toda família agradeço o infinito apoio. Em especial minha avó Joaquina Siqueira, avô

Jorge Gonçalves e minha mãe Janeide Siqueira por estarem sempre ao meu lado independente

da distância. A Thatyana Siqueira agradeço a eterna irmandade, ao Tio Sandro Siqueira

agradeço o incentivo, a Tia Valéria Siqueira por ser meu exemplo e inspiração profissional e

pessoal e ao meu pai Maynard Alves, agradeço.

Aos pequeninos Carolina Siqueira e Antônio Siqueira agradeço por alegrar os meus dias

com o sorriso, inocência e doçura de criança.

A Família que o Plano Divino colocou em minha vida, Angélica Maia, Eduardo Souza

Freire e José Carlos Padilha eterna gratidão pelo acolhimento, amparo e concelhos, vocês

estarão eternamente em meu coração.

Aos Amigos de caminhada Juliana Ramos, Jessica Brasau, Leticia Lopes de Paula e

Paulo Victor Pacheco agradeço ao companheirismo e momentos únicos vividos.

A toda equipe do laboratório de nematologia agradeço pela cumplicidade nos trabalhos,

em especial ao Professor Vicente Paulo Campos pela orientação e toda transmissão de

conhecimento, bem como Aline Barros e Willian Terra pela coorientação e parceria.

Agradeço a toda banca examinadora por aceitarem o convite.

Ao Departamento de Fitopatologia minha eterna gratidão.

Agradeço a Universidade Federal de Lavras (UFLA) por acolher-me como uma mãe

acolhe um filho.

A FAPEMIG por fomentar toda a pesquisa, agradeço.

Meu muito OBRIGADA A TODOS!!!

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Fazer a si mesmo perguntas mais profundas revela novas maneiras de estar no

mundo. Traz um sopro de ar fresco. Torna a vida mais alegre. A grande jogada

da vida não é saber, mas mergulhar no mistério

FRED ALAN WOLf

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RESUMO

Tem sido comprovada a eficácia dos descartes da agroindústria no controle de fitonematoides.

Um exemplo é o soro de leite, que consiste em um descarte dos laticínios. Como este controle

opera no campo, ainda não foi completamente entendido e muito menos o papel dos compostos

voláteis na toxidade. No presente trabalho as emissões do soro de leite causaram elevada

imobilidade a juvenis de segundo estádio (J2) de Meloidogyne incognita. Nelas foram

identificados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa (GC-MS) 27

moléculas pertencentes aos grupos químicos: ester; álcool e ácido carboxílico. Dentre elas,

foram selecionadas quatro para testes de eficiência contra ovos e J2 de M. incognita. Os

compostos ácido acético, ácido isovalérico, ácido octanóico e octanoato de etila apresentaram

concentração letal média (CL50) de 192, 95, 236,08, 134,30, 226,10, respectivamente, aos J2

de M. incognita. Em teste in vitro essas moléculas reduziram significativamente (P<0,01) a

eclosão de J2 de M. incognita, com maior eficácia para os compostos octanoato de etila e ácido

acético, que causaram redução de 88,7% e 84,7%, respectivamente, em relação ao controle

negativo. Estes dois compostos, quando aplicados ao substrato infestado com ovos de M.

incognita, reduziram a infectividade em 95,7 e 95,68% e reprodução em 99,6 e 99,94%

comparada ao controle negativo. A aplicação de octanoato de etila causou redução no número

de ovos a valores similares (P<0,05) ao controle positivo (Basamid). As moléculas octanoato

de etila e ácido acético apresentaram perspectivas boas como candidatas a nematicidas para o

agronegócio após novas pesquisas.

Palavras-chave: Fumigação. Bioprospecção de moleculas. COVs. Resíduos líquidos.

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ABSTRACT

The efficacy of agro-industry discards in controlling phytomatomatoids has been proven. An

example is whey, which consists of a disposal of dairy products. As this control operates in the

field, it has not yet been fully understood, much less the role of volatile compounds in toxicity.

In the present study, whey emissions caused high immobility to juveniles of the second stage

(J2) of Meloidogyne incognita. In them were identified by gas chromatography coupled with

mass spectrometry (GC-MS) 27 molecules belonging to the chemical groups: ester; alcohol and

carboxylic acid. Among them, four were selected for efficiency tests against eggs and M.

incognita J2. The compounds acetic acid, isovaleric acid, octanoic acid and ethyl octanoate had

an average lethal concentration (LC50) of 192, 95, 236.08, 134.30, 226.10, respectively, at J2

of M. incognita. In an in vitro test, these molecules significantly reduced (P <0.01) the outbreak

of J2 of M. incognita, with greater efficiency for the compounds ethyl octanoate and acetic acid,

which caused a reduction of 88.7% and 84.7%, respectively, in negative control. These two

compounds, when applied to the substrate infested with M. incognita eggs, reduced infectivity

by 95.7 and 95.68% and reproduction by 99.6 and 99.94% compared to the negative control.

The application of ethyl octanoate caused a reduction in the number of eggs to values similar

(P <0.05) to the positive control (Basamid). The molecules ethyl octanoate and acetic acid

showed good prospects as candidates for nematicides for agribusiness after further research.

Keywords: Fumigation. Bioprospecting of molecules. VOCs. Liquid waste

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 10

1 REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................................... 12

1.1 Aspectos gerais dos nematoides ......................................................................................... 12

1.2 Estratégias de controle ........................................................................................................ 13

1.3 Subprodutos da agroindústria ........................................................................................... 15

1.4 Utilização de descartes da industrialização de leite no controle de fitopatógenos......... 15

2 MATERIAL E METODOS ........................................................................................................ 17

2.1 Obtenção de inóculo de nematoides e do soro de leite ........................................................... 17

2.2 Toxicidade dos COVs emitidos pelo soro de leite a M. incognita .................................... 17

2.3 Caracterização de COVs produzidos pelo soro de leite ................................................... 18

2.4 Concentração letal média (CL50) a J2 de M. incognita dos principais compostos

orgânicos voláteis presentes no soro de leite ................................................................................. 19

2.5 Toxicidade de moléculas das emissões do soro de leite a ovos de Meloidogyne incognita

19

2.6 Efeito da fumigação de substrato com ácido acético, ácido isovalerico, ácido octanoico

ou octanoato de etila na infectividade e reprodução Meloidogyne incognita ............................. 20

3.1 Análise estatística ...................................................................................................................... 20

4 RESULTADOS ................................................................................................................................. 22

4.1 Exposição de M. incognita aos COVS do soro de leite ........................................................... 22

4.2 Caracterização de COVs produzidos pelo soro de leite ......................................................... 22

4.3 Toxicidade de moléculas encontradas no soro de leite a J2 de Meloidogyne incognita ....... 24

4.4 Toxicidade de moléculas encontradas no soro de leite a ovos de Meloidogyne incognita.... 24

4.5 Efeito da fumigação com ácido acético, ácido isovalérico, ácido octanóico e octanoato de

etila na infectividade e reprodução Meloidogyne incognita ......................................................... 25

5 DISCUSSÃO ..................................................................................................................................... 27

6. CONCLUSÕES ............................................................................................................................... 29

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INTRODUÇÃO 1

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Os fitonematoides são patógenos de solo de difícil controle que têm afetado a produção 3

agrícola mundial provocando perdas anuais estimadas entre US$ 100 bilhões e US$ 157 bilhões 4

(SINGH et al., 2013). Em especial nas hortaliças, estima-se que os fitonematoides causem 11% 5

de redução na produção mundial (FELDMESSER et al., 1971). No Brasil as perdas atingem R$ 6

16,2 bilhões segundo a Sociedade Brasileira de Nematologia (SBN, 2019). Entre os 7

fitonematoides o gênero Meloidogyne se destaca devido sua ampla disseminação e perdas 8

provocadas que chegam a 12,3% da produção de alimentos (SASSER; FRECKMAN, 1987). 9

O gênero Meloidogyne é parasita obrigatório e está em todas as regiões agrícolas do 10

mundo infectando diversas culturas (TRUDGILL; BLOK, 2001). Entre as culturas atacadas por 11

Meloidogyne spp. a cultura do tomate (Solanum lycopersicum L.) é uma das que sofrem maiores 12

danos, com efeitos diretos ou indiretos no crescimento e produção o que predispõe a planta a 13

sofrer ataques de outros patógenos diminuindo a quantidade e a qualidade do produto. Em caso 14

de altas infecções a área podem ser condenada devido à dificuldade de controle do patógeno 15

(NICOL et al., 2011). 16

Um dos grandes problemas no controle dos nematoides desse gênero, é que mesmo em 17

condições de clima desfavoráveis para o patógeno ele tem capacidade de manter-se viável por 18

um longo período utilizando as reservas corporais (ASMUS et al., 2015). 19

Apesar da dificuldade no controle do fitonematoide, existem diversas formas para 20

manter a população abaixo do nível de dano econômico, como rotação de culturas, utilização 21

de cultivares resistentes, alqueive, controle químico e biológico entre outros (BARKER; 22

KOENNING, 1998; MACHADO A, C.; KANEKO L; PINTO Z. V., 2016). Apesar do controle 23

químico ser a alternativa mais utilizada, existem alguns inconvenientes no seu uso como, custo 24

elevado, risco de poluição ao meio ambiente, e residual deixado nos alimentos (LEONETTI et 25

al.,2017; DONG; ZHANG, 2006; SUASSUNA N.; SCOZ L. B.; GIBAND M., 2016). 26

Diante do cenário nos últimos anos, o controle biológico tem sido enfatizado no manejo 27

de fitonematoides (LUCON et al., 2014). Uma ferramenta de controle biológico tem sido a 28

utilização de compostos orgânicos voláteis. Esses compostos constituem-se de molécula menos 29

com até 20 átomos de carbono, e são produzidos por plantas (DUDAVERA et al., 2006) e 30

microrganismos, além de participarem na química atmosférica, processos biológicos do solo e 31

interações bióticas (LEFF: FIEPER, 2008). Compostos voláteis atravessam facilmente as 32

porosidades do solo se disseminando e tornando eficientes no controle de microrganismos 33

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próximos e distantes do local de produção aumentando assim a área de atuação. Os COVs 34

tornam-se assim uma alternativa de controle atuante no solo (CAMPOS; PINHO; FREIRE, 35

2010). 36

Atrelado ao controle biológico a incorporação de matéria orgânica ao solo é uma prática 37

utilizada com sucesso por agricultores (OKA et al., 2000). 38

As fontes de matéria orgânica podem ser várias incluindo os residuos da industrialização 39

de produtos vegetais e animais. Quando incorporadas ao solo podem ter efeito nematicida. A 40

torta de mamona e de algodão incorporadas ao solo liberam COVs tóxicos a Meloidogyne 41

incognita (PEDROSO et al., 2019; ESTUPIÑAN et al., 2017). O soro de leite é um resíduo da 42

indústria de laticínios e apresenta toxidade e causa inibição na eclosão de J2 de Meloidogyne 43

exígua (SALGADO; CAMPOS, 2003). O envolvimento de moléculas voláteis nesta capacidade 44

nematicida do soro de leite ainda não foi esclarecido, desta forma buscou-se avaliar a 45

capacidade tóxica do soro de leite a J2 de M. incognita. Constatada a presença de moléculas 46

tóxicas a J2 de M. incognita nas emissões do soro de leite serão caracterizadas as moléculas 47

incidentes e escolhidas algumas delas para o cálculo da CL50 e estudo de eclosão e fumigação. 48

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1 REFERENCIAL TEÓRICO 67

1.1 Aspectos gerais dos nematoides 68

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Os nematoides constituem organismos multicelulares mais abundantes em todo mundo, 70

com aproximadamente de 100 milhões de espécies. Dentre eles estão os fitonematoides que são 71

responsáveis por grandes prejuízos agrícolas. Esses patógenos foram, durante muitos anos 72

negligenciados ou até confundidos com outros fatores como: deficiência nutricional e déficit 73

hídrico (TIMMER et al., 2003; VIGLIERCHIO, 1991; SASSER; FRECKMAN 1987). 74

Estima-se que existam aproximadamente 4100 espécies de fitonematoides que causam 75

cerca de 12% de perdas na agricultura mundial (DECRAEMER & HUNT, 2006; WEISCHER; 76

BROWN, 2001). As maiores delas são atribuídas ao gênero Meloidogyne spp., devido a sua 77

ampla gama de hospedeiros (JONES et al., 2013). 78

O gênero Meloidogyne começou a ganhar importância em 1855 na Inglaterra onde teve 79

seu primeiro relato, em raízes de pepino. Uma década mais tarde foi relatado no estado do Rio 80

de Janeiro por Goeldi associado a raízes de café, constituindo no primeiro relato do 81

fitonematoide no Brasil (FERRAZ & BROWN, 2016). 82

Meloidogyne spp. são endoparasitas sedentários com reprodução patogênica. Seu 83

parasitismo tem início com a penetração do juvenil de segundo estádio (J2), fase infectiva, na 84

extremidade da raiz onde fica o tecido meristemático. Posteriormente, o nematoide move-se 85

pelos tecidos indiferenciados do meristema chegando na zona de diferenciação celular, até 86

definir o local adequado onde estabelecerá o sítio de alimentação, que estará normalmente na 87

endoderme periciclo ou parênquima adjacente (CASTAGNONE-SERENO, 2006). 88

A nutrição do J2 ocorre por meio do grupo de 4 a 6 células especiais (células gigantes) 89

formadas, poucas horas após a injeção de secreções salivares das glândulas esofagianas nas 90

células parasitadas apresentando alterações morfológicas e fisiológicas ficando hipertrofiadas 91

e multinucleadas (FERRAZ & BROWN, 2016). Essas células de nutrição são chamadas de 92

células gigantes, células nutridoras responsáveis pelo acúmulo de alimento para o nematoide 93

até completar seu ciclo (HUANG & MAGGENTI, 1969). 94

As condições climáticas ideias para o estabelecimento de Meloidogyne se resumem no 95

clima tropical onde as condições de temperatura e umidade favorecem sua reprodução 96

(FERRAZ, 1999). No entanto, muitas espécies foram adaptadas ao clima temperado como M. 97

hapla, o Brasil constitui região geográfica com clima ideal para que muitas espécies do gênero 98

se multipliquem em diversas culturas. Dentre as que mais sofrem com o ataque do gênero 99

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Meloidogyne estão as solanáceas principalmente tomate, pimentão, jiló e berinjela (Mc 100

SORLEY & THOMAS, 2003). 101

Os sintomas de uma planta infestada pelo gênero Meloidogyne, podem ser diretos como 102

a formação de galhas, redução no volume do sistema radicular, deslocamento cortical ou 103

descortiçamento, digitamento e rachaduras. Ou sintomas reflexos que são plantas de tamanho 104

desigual ocorrência em reboleiras, deficiência nutricional, murchamento, desfolha, mudanças 105

nas características varietais e diminuição na produção (AMORIM; REZENDE; FILHO, 2018). 106

Existe uma grande dificuldade em estabelecer meios de controle eficientes contra 107

Meloidogyne spp., O uso de cultivares resistentes é o método de controle ideal, no entanto, o 108

mercado não dispõe de cultivares com tais características para a maioria das culturas, 109

consequentemente o controle químico e biológico são sempre procurados pelos agricultores 110

(RODRIGUES et al, 2003). 111

Com poucas opções no grupo químicos dos nematicidas químicos no mercado; além do 112

alto custo, alta toxicidade, risco a organismos benéficos e ao meio ambiente; o controle 113

biológico e alternativo passa a ser boas opções no manejo de fitonematoides (FRANZENER, 114

2007). 115

116

1.2 Estratégias de controle 117

118

No passado o controle de fitonematoides tinha como alicerce a utilização de um único 119

método ou técnica. Hoje se prioriza a utilização de técnicas combinadas o chamado manejo 120

integrado de nematoides (MIN), sendo as mais utilizadas atualmente o controle varietal (plantio 121

de variedades/ cultivares resistentes ou tolerantes), rotação de culturas e controle químico ou 122

biológicos ambos com ação nematicida (AMORIM; REZENDE; FILHO., 2018). 123

O controle varietal consiste na utilização de variedades ou cultivares que previnem ou 124

restringem a reprodução de fitonematoides. Esse tipo de estratégia visa controlar 125

principalmente os nematoides de galhas e cistos (ABAD et al., 2003). 126

A resistência varietal pode ocorrer de forma natural baseando-se em genes presentes 127

tanto na cultura quanto em outras formas selvagens, podendo ser ativa quando a planta tem 128

habilidade em reagir ao parasitismo por mecanismo de defesa, ou passiva que ocorre 129

independente do parasitismo por fitonematoides. Esse tipo de resistência geralmente ocorre 130

devido a presença de substâncias repelentes ou toxicas a fitonematoides. A outra forma de 131

resistência é a efetiva controlada por genes com dominância total ou parcial. A herança pode 132

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ser poligênica ou recessiva, cujos genes produzem efeitos com ação independente ou associadas 133

(FERRAZ & BROWN, 2016). 134

A rotação de cultura é uma medida de controle que requer a identificação correta da raça 135

ou espécies do fitonematoide para a seleção da cultivar a plantar e necessidade de alternância 136

com plantio de culturas não suscetíveis, após o plantio da resistente. No entanto existe um 137

entrave na aplicação desta prática quando ocorre mistura de raças em um mesmo campos de 138

cultivo e cultivares com vários genes de resistência são raros ou inexistente (SILVA & 139

CARNEIRO, 1992). 140

Já o controle químico é uma medida de controle que teve início na Europa. As primeiras 141

substâncias utilizadas eram esterilizantes aplicadas no solo. Os primeiros resultados 142

promissores foram com bissulfeto de carbono e cloropricrina. Em 1930 foi inserido no mercado 143

o brometo de metila com ação fumigante. O surgimento desses produtos aliados a outros 144

fumigantes representou um avanço no controle de fitonematoides durante 60 anos. Mas em 145

1980 muitos desses produtos fumigantes tiveram sua comercialização proibida (FERRAZ & 146

BROWN, 2016), surgindo então os residuais. 147

Apesar de o controle químico ser uma alternativa contra os fitonematoides, seu uso é 148

restrito devido à escassez de produtos registrados no mercado para campo. Além disso, os 149

nematicidas químicos podem ser tóxicos ao meio ambiente e aos seres humanos (DUNIWAY, 150

2002). 151

Em cada cultura o produto o produto químico precisa de registro no MAPA. Por 152

exemplo o Brasil tem dois princípios ativos registrados para o controle de M. incognita em 153

tomate, a abamectina e fenamufós (AGROFIT, 2019). No entanto, muitas moléculas perderam 154

seus registros e observa-se uma escassez de novas para o agronegócio. 155

Diante do cenário o controle biológico e a prospecção de moléculas advindas de residuos 156

da indústria constitui alternativa promissora no manejo de fitonematoides. O controle biológico 157

consiste na utilização de microrganismos para eliminar ou reduzir o inóculo, a capacidade ou a 158

atividade patogênica de determinado patógeno à planta. Essa forma de controle pode ocorrer 159

naturalmente ou manipulando o ambiente introduzindo um organismo antagonista (BAKER & 160

COOK, 1974). 161

Define-se como controle natural quando no agroecossistema existem inimigos naturais 162

que exercem ação de parasitismo ou predação mantendo baixa densidade populacional do 163

patógeno (BASTOS; TORRES, 2006). Em contrapartida, o controle manipulado ocorre quando 164

é inserido no sistema plantas hospedeiras geneticamente modificadas com resistência ao 165

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patógeno ou alternativamente introduz-se organismos antagonistas ao patógeno ali instalado no 166

meio ambiente buscando reestabelecer o equilíbrio no ecossistema (BETTIOL et al., 2008). 167

168

1.3 Subprodutos da agroindústria 169

170

A utilização de resíduos orgânicos no campo é uma prática comum na agricultura há 171

milhares de anos. Esta prática proporciona diversos benefícios como o aumento da 172

disponibilidade de nutrientes para as plantas, melhoria da estrutura do solo, além do controle 173

de patógenos habitantes de solo (GONZÁLES; CANTO-SAENZ, 1993). 174

Existem várias fontes de resíduos com potencial no controle de fitonematoides entre 175

eles estão os subprodutos da indústria de processamento como esterco, compostagem e residuos 176

vegetais (OKA, 2010). A torta de mamona, por exemplo quando incorporada em várias 177

quantidades em solos infestado com M. incognita libera compostos orgânicos voláteis que 178

proporcionam imobilidade e morte de J2 de M. incognita (PEDROSO et al., 2019). Também a 179

torta de algodão tem atividade nematicida, quando aplicado nas concentrações de 3% a 6% 180

reduz a infectividade e a reprodução de M. incognita em plantas de tomate em solo infestado 181

com ovos (ESTUPIÑAN-LÓPEZ et al., 2017). Outro subproduto da agroindústria com 182

atividade nematicida é o esterco líquido de porco. Esse subproduto tem na sua composição uma 183

série de ácidos graxos com atividade nematicida contra Pratylenchus penetrans. Entre eles 184

estão os ácido acético, n-caproic, n-valérico e isobutírico (MAHRAN et al., 2008). 185

Extratos de órgãos vegetais constituem outras fontes com princípios ativos nematicidas 186

os quais têm sido bastante pesquisados nos últimos anos. Folhas de feijão - mucuna (Mucuna 187

pruriens), mostarda (Brassica juncea), ervilha-pombo (Cajanus cajan) e neem (Azadirachta 188

indicata), além de feijão de porco (Canavalia ensiformis) encerram toxicidades a J2 de M. 189

incognita (BARROS et al., 2014). A incorporação de Brassica spp. ao solo é outra prática que 190

reduz populações fitonematoides e fungos fitopatogênicos no solo (LORD et al.,2011, NEVES 191

et al., 2007, STAPLETON & DUNCAN, 1998). 192

193

1.4 Utilização de descartes da industrialização de leite no controle de fitopatógenos 194

195

O sistema de agricultura denominada orgânica por não permitir o uso de defensivos 196

agrícolas de origem química necessita de alternativas biológicas para o controle de pragas e 197

doenças. E os produtos lácteos surgem como alternativa de controle. O leite cru de vaca em 198

altas doses é um exemplo de controle eficiente do oídio (Sphaerothaca fuliginea) em abobrinha 199

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16

(Cucurbita pepo) e pepino (Cucumis sativus) mesmo após o início da infecção em campo, 200

superando em eficiência o controle quimico (ZATARIM et al., 2005). Os efeitos do leite cru 201

sobre S. fuliginea envolvem ações de microrganismos que possivelmente formem um biofilme 202

sob o tecido foliar impedindo o desenvolvimento da doença e produzindo sais e ácidos com 203

ação fúngica. Pode ainda ocorrer ação indireta pela indução de resistência (BETTIOL et al., 204

1999). No entanto as substâncias envolvidas no processo ainda são desconhecidas. 205

Alguns estudos têm também relatado a capacidade do soro de leite na inibição da 206

germinação de esporos de Fusarium graminearum e produção de micotoxinas no elenco de 207

atividade antifúngicas contra cepas desse fungo (GAMBA et al., 2016). Outros estudos já 208

evidenciaram também que o soro de leite quando colocado em contato com juvenis de segundo 209

estádio (J2) inibi a eclosão quando em contato com ovos (SALGADO et al., 2003). 210

Ainda inexistem dados sobre a natureza das moléculas tóxicas a M. incognita no soro 211

de leite, principalmente daquelas voláteis. 212

213

1.5 Compostos orgânicos voláteis tóxicos a fitonematoides 214

215

Os compostos orgânicos voláteis (COVs) são constituídos por diversas moléculas com 216

menos de 20 carbonos, como, aldeídos, cetonas, entre outros, hidrocarbonetos (GAMLIEL; 217

STAPLETON, 1993). Em sua maioria esses compostos são líquidos lipofílicos que se 218

submetidos a alta pressão de vapor podem atravessar membranas e se dissiparem rapidamente, 219

e por fluxo de massa no solo (DUDAREVA et al., 2006). Os compostos voláteis podem ter 220

diferentes origens como culturas fúngicas (FREIRE et al.,2012; RIGA et al., 2008), bacterianas 221

(GU et al., 2007; HUANG et al., 2010), e vegetais com mais 1.700 moléculas já conhecidas 222

(KNUDSEN et al., 2006). 223

Tem sido demonstrada a eficiência dos COVs no controle de fungos e fitonematóides 224

principalmente aqueles emitidos por bactérias e fungos advindos de solos agricultáveis (GU et 225

al., 2007; RIGA; LACEY et al., 2008; HUANG et al., 2010; FREIRE et al., 2012). Também 226

COVs de diferentes espécies vegetais como resíduos de mostarda, reduzem a eclosão de J2 de 227

M. incognita proporcionalmente as doses. Além disso a incorporação do resíduo melhora a 228

atividade microbiana e estrutura do solo disponibilizando mais nutrientes para as plantas 229

(LIMA, 2006). A torta de algodão possui também atividade nematicida pela liberação de COVs 230

quando incorporada na concentração de 3% o que representa 30g/L em campo. Essa dose causa 231

imobilidade e mortalidade de J2 além de reduzir a infectividade e reprodução de M. incognita 232

em tomate plantado em vasos (ESTUPIÑAN-LÓPEZ et al., 2017). 233

Page 16: MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

17

Folhas de citronela (Cymbopogon nardus), Pimenta preta (Piper nigrum cultivar 234

Cingapura), broto de brócolis (Brassica oleracea var. Itálica cultivar Avenger), sementes de 235

castanhas do Pará (Bertholletia excelsa) também emitem COVs, que reduzem a eclosão de J2 236

de M. incognita. Quando água foi exposta às emissões voláteis de brócolis tornou-se tóxica a 237

M. incognita. Os COVs emitidos tanto por castanhas do Pará quanto brotos de brócolis mataram 238

J2 e reduziram a infectividade de M. incognita em raizes de tomate (DA SILVA et al., 2019). 239

240

2 MATERIAL E METODOS 241

242

2.1 Obtenção de inóculo de nematoides e do soro de leite 243

244

Uma população pura de M. incognita foi multiplicada em plantas de tomate (Solanum 245

lycopersicum L. CV. Santa Clara) e mantida em casa de vegetação por, aproximadamente, dois 246

meses. A confirmação da pureza da população foi feita através da eletroforese de isoenzimas 247

(CARNEIRO & ALMEIDA, 2001). A seguir, os ovos foram extraídos de raízes que continham 248

galhas, utilizando procedimento padrão descrito por Hussey & Barker, 1973. Os ovos obtidos 249

foram colocados em câmara de eclosão utilizando-se o método de funil de Baermann com 250

peneira de abertura de 25 µm. Os J2 que eclodiam nas primeiras 24 h foram descartados. Para 251

os ensaios utilizaram-se os J2 eclodidos entre 24 h – 72 h após a montagem da câmara de 252

eclosão. 253

O soro de leite foi fornecido pela empresa de laticínio, Verde Campo®, sediada na cidade de 254

Lavras, MG, Brasil. 255

256

2.2 Toxicidade dos COVs emitidos pelo soro de leite a M. incognita 257

258

Para este ensaio foi utilizada a metodologia descrita por Barros et al. (2014) com 259

modificações. Para isso, utilizou-se frascos Sulpelco de 80 x 28 mm (SUPELCO TM SPME, 260

Sigma – Al dric, Bellefonte, PA, USA) com tampa rosqueada provida de revestimento interno 261

de silicone ligando a tampa ao frasco. Os frascos foram esterilizados em autoclave a 120 °C por 262

30 minutos. Após esterilização adicionaram-se 30 g areia nos frascos. A seguir, micro tubo de 263

1,5 mL sem tampa foram enterrados na areia até a sua metade. Sobre a superfície da areia foi 264

colocado o soro de leite nos seguintes volumes 0,2, 0,5, 1,0; 1,5; 2,0 ou 2,5 mL. Os frascos 265

foram fechados pela tampa rosqueada, foram mantidos por 24 horas em incubadora a 25 º C, 266

Page 17: MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

18

no escuro. Após este período, 1 mL de suspensão contendo 200 J2 de M. incognita foi injetado, 267

com auxílio de uma seringa, dentro do micro tubo. Os frascos foram então mantidos novamente 268

nas condições anteriores por 24 horas. Ao final do período de exposição dos J2 aos COVs 269

emitidos pelo soro de leite, abriram-se os frascos e uma suspensão de 200 µL foi transferida 270

para uma placa de polipropileno com 96 cavidades. Com o uso de um microscópio de objetiva 271

invertida (NIKON TMS – FNo. 211213) os J2 móveis e imóveis foram quantificados. A placa 272

de polipropileno foi então deixada aberta na bancada do laboratório por 24 horas, a temperatura 273

ambiente. Após este período, observou-se a mobilidade dos J2. Aqueles nematoides que 274

permaneceram imóveis foram considerados mortos. 275

276

2.3 Caracterização de COVs produzidos pelo soro de leite 277

278

Em frascos de Microextração em fase sólida (SPME) de 20 mL foram adicionados 2 mL 279

de soro de leite sobre 10g de areia, em seguida fechado hermeticamente. Como testemunha 280

utilizou-se apenas areia. A seguir os frascos foram colocados em incubadora a 28 °C. Foram 281

analisados por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (GC-MS) os 282

compostos voláteis produzidos durante 24 horas após a selagem hermética dos frascos. A 283

análise de COVs foi realizada no centro de análise e prospecção química (CAPQ) do 284

departamento de química da Universidade Federal de Lavras, MG, Brasil. Para extrair os COVs, 285

utilizou-se a técnica de SPME (ARTHUR e PAWLISZYN, 1990) no modo headspace, usando 286

a fibra DVB/CAR/PDMS (Divinilbenzeno, Carboxen, Polidimetilsiloxano), com temperatura 287

(55ºC), agitação (250 rpm) e tempo de extração (35 minutos) determinados. Para a separação e 288

identificação dos COVs o cromatógrafo a gás foi acoplado a um GC-MS QP 2010 Ultra 289

(Shimadzu, Japan) equipado com injetor automático para líquidos e gases AOC-5000 290

(Shimadzu, Japan) e coluna HP-5 (5% fenil 95% dimetilisiloxano) de dimensões 30 m × 0,25 291

mm × 0,25 μm. A temperatura do injetor foi de 250 ºC, da interface de 240 ºC e da fonte de 292

íons do detector de 200 ºC. O injetor foi operado no modo splitless ou no modo split 1:2, de 293

acordo com a intensidade dos picos nas amostras. Como gás de arraste foi usado He grau 5.0 a 294

1,0 mL min-1. A programação da temperatura do forno do GC foi de 40 ºC até 130 ºC a 3 ºC 295

min-1 e então até 240 ºC a 10 ºC min-1. Para identificação dos COVs nas amostras, os espectros 296

de massas de cada pico do cromatograma foram extraídos através do programa Automated Mass 297

Spectral Deconvolution and Identification System (AMDIS) v. 2.63. A identificação dos COVs 298

foi realizada por comparação dos espectros de massas dos picos das amostras com espectros da 299

Page 18: MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

19

biblioteca NIST pelo programa Mass Spectral Search Program v. 1.7 (NIST, Washington - DC, 300

USA) e por comparação dos índices de retenção obtidos experimentalmente (RI Exp.) com os 301

índices de retenção da literatura (RI Lit.) (ADAMS, 2007; NIST, 2017) Os índices de retenção 302

experimentais foram obtidos através da injeção de uma série homóloga de alcanos. Para a 303

comparação entre os espectros de massas foram considerados somente picos em que a 304

similaridade entre os espectros for maior que 80%. 305

306

2.4 Concentração letal média (CL50) a J2 de M. incognita dos principais compostos 307

orgânicos voláteis presentes no soro de leite 308

309

Foram determinadas as CL50 em J2 de M. incognita das seguintes moléculas 310

encontradas nas emissões do soro de leite e adquiridas na Sigma-Aldrich®: ácido isovalérico 311

((CH3)2CHCH2COOH anidro, 99,0%; Sigma-Aldrich), ácido acético (C2H4O2 ACC Reagent; 312

anidro, ≥ 99,7% ; Sigma-Aldrich), octanoato de etila (C10H20O2; anidro, ≥ 98,0%, FCC, FG; 313

Sigma-Aldrich) e ácido octanoico (C₈H₁₆O₂ anidro, ≥ 98,0%; FGSigma-Aldrich). Para 314

condução deste ensaio foram utilizados micro tubos com volume de 200 µL. Em cada um 315

colocou-se 20 µL de uma suspensão contendo 20 J2 e 100 µL da solução da molécula diluída 316

em Tween 80® (0,01%), nas seguintes concentrações finais: 0, 50, 150, 250, 350 e 450 µg/mL. 317

Os micro tubos foram mantidos em incubadora a 28 º C por 24 horas. Ao final desse período, o 318

conteúdo deles foi transferido para uma placa de polipropileno com 96 cavidades. Com o uso 319

de um microscópio de objetiva invertida (NIKON TMS – FNo. 211213) avaliaram-se a 320

mobilidade e mortalidade dos J2. A mortalidade foi avaliada adicionando-se duas gotas de 321

solução recém preparada de NaOH 1,0 mol/L em cada cavidade da placa. Os J2 que se moveram 322

até 2 minutos após a adição do NaOH foram considerados vivos, enquanto os demais 323

considerados mortos. 324

325

2.5 Toxicidade de moléculas das emissões do soro de leite a ovos de Meloidogyne 326

incognita 327

328

Para a realização deste ensaio, utilizou-se a metodologia descrita por Chen e Dickson 329

(2000) e adaptada por Amaral et al. (2003). Em micro tubos de 0,5 mL foram colocados 20 µL 330

de uma suspensão contendo 1000 ovos de M. incognita e 100 µL de uma solução de ácido 331

etanoico, octanoato de etila, ácido isovalérico ou ácido octanoico diluída em Tween 80® 332

Page 19: MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

20

(0,01%) nas seguintes concentrações finais: 0, 200, 400, 600, 800 e 1000 µg/mL. Os micro 333

tubos foram mantidos em incubadora a 25 º C por 10 dias. Ao final o conteúdo dos micro tubos 334

foi transferido para uma placa de polipropileno com 96 cavidades. Usando microscópio de 335

objetiva invertida os J2 eclodidos foram estimados. 336

337

2.6 Efeito da fumigação de substrato com ácido acético, ácido isovalerico, ácido 338

octanoico ou octanoato de etila na infectividade e reprodução Meloidogyne 339

incognita 340

341

Uma suspensão aquosa de 5 mL contendo 15 000 ovos de M. incognita foi distribuída 342

em 1 L de substrato. Em seguida o substrato infestado com ovos foi colocado em garrafas 343

plásticas 2 L (JARDIM et al., 2017). Os compostos, ácido acetico, ácido isovalerico, ácido 344

octanoico e octanoato de etila foram então distribuídos no substrato a 1 mL por litro de 345

substrato. O nematicida fumigante Basamid® (3,5-dimethyl-1,3,5-thiadiazinane-2-thione) 346

(substrato 250 mg/L) foi utilizado como controle positivo, enquanto 1 mL de água foi utilizado 347

como controle negativo. Todas as garrafas foram fechadas com suas tampas e as misturas 348

resultantes foram homogeneizadas por agitação das garrafas e mantidas a 28 ° C por três dias. 349

As garrafas foram então abertas e permaneceram assim por cinco dias. A seguir, a mistura de 350

cada frasco foi transferida para cinco copos plásticos de 200 mL de volume. Mudas de tomate 351

com trinta dias de idade foram transplantadas para os copos plásticos que continham a mistura 352

e mantida em estufa por 35 dias. Após esse período, as raízes foram cuidadosamente lavadas e 353

pesadas. Contou-se o número de galhas em cada sistema radicular e assim a infectividade foi 354

determinada (galhas por grama de raiz). A reprodução foi determinada utilizando o 355

procedimento padrão de extração (0,5% NaClO solução) (Hussey RS e Barker, 1973). 356

Avaliando (ovos por grama de raiz). 357

358

3.1 Análise estatística 359

360

Todos os experimentos foram repetidos duas vezes utilizando delineamento 361

inteiramente casualizados com cinco repetições. Os dados de todos experimentos foram 362

apresentados de forma conjunta. Os resultados foram, previamente, submetidos a testes de 363

normalidade (ShapiroWilk) e homogeneidade de variância dos erros (Bartlett). Atendidos os 364

pressupostos, aplicou-se o teste F por meio da análise de variância (ANOVA). Quando o teste 365

Page 20: MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

21

F foi significativo (P < 0,05) as médias de cada tratamento foram comparadas usando o teste 366

de Scott Knott no ensaio de toxidade de moléculas das emissões do soro de leite a J2. No 367

experimento de toxidade de moléculas das emissões do soro de leite a J2 de M. incognita os 368

dados de galhas/grama de raiz e ovos/g de raiz foram transformados para log (x + 1). Para 369

identificar a concentração letal (CL 50) capaz de matar 50% dos indivíduos de uma população, 370

as porcentagens de mortalidade dos J2 foram submetidas a uma análise de regressão não linear 371

utilizando a equação quadrática. Os valores para CL 50 foram relatados com os respectivos 372

erros padrão da média (EP). 373

374

375

376

377

378

379

380

381

382

383

384

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388

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390

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393

394

395

396

397

398

399

Page 21: MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

22

4 RESULTADOS 400

401

4.1 Exposição de M. incognita aos COVS do soro de leite 402

403

Os voláteis emitidos pelo soro de leite causaram alta imobilidade nos J2 de M. incognita 404

comparado ao controle negativo (p > 0,05). Das quantidades testadas apenas 0,2 mL de soro de 405

leite não imobilizou os J2, sendo estatisticamente similar (p > 0,05) ao controle negativo. 406

Entretanto, a partir de 0,5 mL a imobilidade dos J2 ficou acima de 79 % (Fig. 1). Os voláteis 407

emitidos pelo soro de leite causaram baixa mortalidade, chegando a 21,46% quando foi usado 408

a maior dosagem. 409

410

411

412

413

414

415

416

Figura 1. Imobilidade e mortalidade de juvenis de segundo estádio (J2) de Meloidogyne 417

incognita expostos por 24 h aos compostos orgânicos voláteis liberados por soro de leite. As 418

barras representam o erro padrão médios. Os resultados de dois experimentos combinados são 419

mostrados (P > 0,05). 420

421

4.2 Caracterização de COVs produzidos pelo soro de leite 422

423

Nas emissões voláteis do soro de leite foram identificadas 27 moléculas pertencentes as 424

seguintes classes químicas: álcool, éster, ácido carboxílico (Tabela 1). Entre elas, cinco 425

Page 22: MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

23

apresentaram maiores intensidades no cromatograma: ácido acetico, 2-etil-hexanol, acetato de 426

2-etilhexano, ácido octanoico e octanoato de etila. 427

428

Tabela 1. Compostos orgânicos voláteis identificados no soro de leite por cromatografia gasosa 429

acoplada à espectrometria de massas (SPME-CG-MS). 430

Compostos Grupos IR Exp.a IR Lit.b %

Etanol Álcool x x x

3-Methyl-1-butanol Álcool 735 734 87

2-Methyl-1-butanol Álcool 738 738 88

2,3 butanodiol Álcool 796 806 x

Heptanol Álcool 969 970 x

2-etil-hexanol* Álcool 1031 1029 x

Octanol Álcool 1073 1072 x

Feniletil ácool Álcool 1115 1110 x

Ácido acético* ácido carboxílico 633 603 x

Ácido isovalérico ácido carboxílico 848 877 x

Ácido isobutírico ácido carboxílico 777 765 x

Ácido hexanóico ácido carboxílico 1009 1019 x

Ácido heptanóico ácido carboxílico 1085 1078 x

Ácido octanóico* ácido carboxílico 1197 1180 x

Ácido nonanóico ácido carboxílico 1278 1275 x

Ácido decanóico ácido carboxílico 1366 1373 x

Acetato de etila Éster 622 628 x

Acetato de isobutila Éster 772 776 x

Heptanoato de etila Éster 1098 1095 x

Isovalerato de etila Éster 858 856 x

Acetato de isopentila Éster 876 876 x

Hexanoato de etila Éster 998 1002 x

Heptanoato de etila Éster 1098 1095 x

Acetato de 2-etilhexano* Éster 1149 1159 x

Octanoato de etila* Éster 1201 1196 x

Acetato de feniletila Éster 1255 1252 x

Nonanoato de etila Éster 1294 1282 x

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24

Decanoato de etila Éster 1380 1398 x

a Índices de retenção calculados por injeção de uma série homóloga de alcanos 431 b Índices de retenção de acordo com a literatura (ADAMS, 2007; NIST, 2013) 432

* Substâncias com maior intensidade. 433

4.3 Toxicidade de moléculas encontradas no soro de leite a J2 de Meloidogyne incognita 434

435

Neste ensaio foi determinada a atividade nematicida sobre J2 de M. incognita de quatro 436

moléculas identificadas nas emissões do soro de leite, sendo elas: ácido acético, ácido 437

octanóico, octanoato de etila e o ácido isovalérico. As quatro moléculas testadas causaram alta 438

mortalidade a J2 de M. incognita com valores de CL50 que variaram de 134,30 a 236,08 µg mL-439

1 sendo inferiores ao valor da CL50 do carbofurano 260 µg mL-1. Quando os J2 foram expostos 440

ao controle negativo não observou - se mortalidade (Tabela 2). 441

442

Tabela 2. Concentração letal média (CL50) de compostos orgânicos voláteis, encontrados em 443

emissões do soro de leite a juvenis de segundo estádio (J2) de Meloidogyne incognita. 444

* 3,5-dimethyl-1,3,5-thiadiazinane-2-thione 445

4.4 Toxicidade de moléculas encontradas no soro de leite a ovos de Meloidogyne 446

incognita 447

448

Os compostos octanoato de etila, ácido acético, ácido octanoico e ácido isovalérico 449

causaram reduções significativas (P < 0,01) na eclosão de J2 de M. incognita quando 450

comparadas ao controle negativo, independentemente da concentração testada. O aumento da 451

concentração correlacionou-se positivamente com as maiores reduções na eclosão de J2. As 452

maiores reduções na eclosão foram causadas pelo octanoato de etila e ácido acético na 453

concentração de 1000 µg/mL, 88,7% e 84,7%, respectivamente (Figura 2). 454

Substância CL 50/24h (µg mL-1)

(1) Ácido acético 192,95

(2) Ácido isovalérico 236,08

(3) Ácido octanóico 134,30

(4) Octanoato de etila 226,10

(5) Carbofurano* 260 (Oliveira et al., 2014)

Page 24: MAYSA SIQUEIRA GONÇALVES DA SILVA

25

455

Figura 2: Porcentagem de eclosão de juvenis de segundo estágio de M. incognita (J2) após 456

exposição por 10 dias, aos compostos octanoato de etila, ácido octanoico e ácido acético, em 457

diferentes concentrações. As barras representam o erro padrão médios. Os resultados de dois 458

experimentos combinados são mostrados. 459

460

4.5 Efeito da fumigação com ácido acético, ácido isovalérico, ácido octanóico e octanoato 461

de etila na infectividade e reprodução Meloidogyne incognita 462

463

A infectividade e a reprodução de M. incognita pela aplicação de ácido acético, ácido 464

isovalérico, ácido octanoico e octanoato de etila foram significativamente (P<0,05) reduzidas 465

comparadas com o controle negativo. O octanoato de etila reduziu o número de ovos a valores 466

similares (P<0,05) ao fumigante de solo Basamid. Os efeitos da aplicação de ácido acético e 467

octanoato de etila na redução de galhas e ovos de M. incognita foram semelhantes (P< 0,05). 468

O ácido acético, ácido isovalérico, ácido octanóico e octanoato de etila reduziram a reprodução 469

em 99,6, 99,5 99,25 e 99,9% em relação a testemunha negativa. A redução na infectividade na 470

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26

mesma ordem foi de 95,7, 50,35 e 86,7 e 95,68%. O controle positivo reduziu a infectividade 471

em 99,34% diferindo estatisticamente de todos os outros tratamentos (Figura 4). 472

Figura 4: Infectividade e reprodução de Meloidogyne incognita após fumigação do substrato 473

infestado com ovos de M. incognita por três dias. Foi utilizado para a fumigação os compostos 474

ácido acético, ácido isovalérico, ácido octanoico e octanoato de etila na concentração de 1 mL 475

por litro de substrato. Médias seguidas da mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Scott 476

Knott ao nível de 5% de significância. Barras representam o erro padrão da média. Os resultados 477

de dois experimentos combinados são mostrados. 478

479 480 481 482 483

484 485

486 487 488 489

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27

5 DISCUSSÃO 490

491

A toxicidade a M. incognita das emissões voláteis encontradas (Figura 1) explica parte 492

ou toda atividade nematicida do soro de leite conforme constatado por Salgado et al., 2003. A 493

imobilidade de J2 de M. incognita reflete efeitos de emissões do soro de leite como ocorreu 494

também com os voláteis emitidos por folhas frescas de neem e mostarda maceradas com 495

alterações no sistema nervoso do fitonematoide (Barros et al., 2014). Quantidades maiores de 496

soro de leite por períodos mais longos de exposição certamente levarão a mortalidade de J2 de 497

M. incognita como já foi constatado em trabalhos com torta de algodão e também com sementes 498

frescas e secas de girassol (Helianthus annuus) além de macerados de broto de brócolis 499

(Brassica oleracea) onde a mortalidade e imobilidade foi aumentada a medida que a 500

concentração e o tempo foi aumentado (ESTUPIÑAN-LÓPEZ et al., 2017; SILVA et al., 2018). 501

As emissões do soro de leite apresentam grande diversidade de moléculas (Tabela 1). 502

No grupo dos álcoois as moléculas 2,3 butanodiol, 2-etil-hexanol e octanol já haviam sido 503

encontradas em semente de girassol e nas emissões das bactérias Bacillus amyloliquefaciens e 504

B. subtilis demonstraram atividades nematicidas contra M. incognita (SILVA et al., 2018; DE 505

PINHO et al., 2011). As moléculas voláteis do grupo ácido carboxílico encontrados no soro de 506

leite: ácido acético, ácido isobutírico, ácido isovalérico, ácido hexanoíco foram encontrados 507

também em emissões de esterco líquido de porco e tiveram toxicidade comprovada a 508

Pratylenchus penetrans e Caenorhaboitis elegans (MAHRAN et al., 2008). No presente 509

trabalho, o ácido acetico acético e o ácido isovalérico foram selecionadas e testadas contra M. 510

incognita pois apresentaram alta intensidade no cromatograma e potencial em controlar outros 511

microrganismos (LAZAROVITS et al., 2005). Além disso das moléculas adquiridas no 512

mercado e presentes nas emissões voláteis do soro de leite aqui testado (ácido acético, ácido 513

octanoico, ácido isovalérico e octanoato de etila) nenhuma foi anteriormente relatada com 514

atividade nematicida contra M. incognita. 515

As baixas CL50 encontradas para as quatro moléculas testadas (Tabela 2) são inferiores 516

à do nematicida carbofurano (OLIVEIRA et al., 2014). Podendo ser candidatas para indústria 517

após pesquisas complementares, uma vez constatado baixa toxicidade ao homem e ao meio 518

ambiente (HELLER, et al., 2010; SASANELLI et al., 2014). 519

O efeito das moléculas ácido acético, ácido isovalérico, ácido octanóico e octanoato de 520

etila encontrados na emissão de voláteis do soro de leite na redução da eclosão de J2 de M. 521

incognita (Figura 2) bem como a fumigação de substrato infestado com ovos de M. incognita 522

(Figura 4) demonstra a capacidade delas de alcançar a camada interna lipídica (FERRAZ & 523

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BROWN, 2016) que é sempre protetora do ovo, inóculo abundante no solo em áreas infestadas 524

por fitonematoides. Como o ácido acético e o octanoato de etila foram mais eficazes na redução 525

a eclosão e o octanoato de etila mais eficaz do que o ácido acético na fumigação do substrato 526

infestado com ovos, a eficiência dessas moléculas em vencer a barreira lipídica do ovo pode ser 527

maior, o que ainda precisa de investigação. 528

O preço baixo do ácido acético e a boa eficácia do octanoato de etila tanto na eclosão 529

de J2 como na fumigação dão suporte a novas pesquisas para viabilizar o seus usos na 530

agricultura. Ao que tudo indica a prospecção de moléculas voláteis a partir de emissões voláteis 531

de resíduos da agroindústria criam possibilidades de fontes de insumos para o comércio de 532

pesticidas. 533

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6. CONCLUSÕES 550

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- O soro de leite emite COVs que causam toxicidade a M. incognita. 552

- As moléculas ácido acético, ácido isovalérico, ácido octanóico e octanoato de etila 553

reduziram significativamente a eclosão de J2 com maior eficácia para o octanoato de etila e 554

ácido acético. 555

- Também essas moléculas reduziram significativamente a infectividade e reprodução 556

de M. incognita comparada ao controle negativo quando em fumigação do substrato infestado 557

com ovos de M. incognita. nesse ensaio o octanoato de etila reduziu a reprodução de M. 558

incognita ao mesmo nivel do controle positivo (Basamid). 559

- As moléculas octanoato de etila e ácido acético apresentaram perspectivas boas como 560

candidatas a nematicidas para o agronegócio após novas pesquisas. 561

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