Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

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1 Universidade Paulista UNIP Pós-graduação em Gestão de Engenharia de Manutenção DETERMINAÇÃO DA CAUSA FUNDAMENTAL DA LIMITAÇÃO DE PRODUÇÃO DOS MOINHOS DE CARVÃO PULVERIZADO DA COMPANHIA SIDERÚRGICA PAULISTA COSIPA Engenheiro Eletricista Antônio Carlos Mendonça Machado RA 6933920 Engenheiro Mecânico João Paulo Maraia RA 6933904 Engenheiro Eletricista Milton José de Oliveira Pitzer RA 6933947 Engenheiro Eletricista Newton Güenaga Filho RA 6933793 SANTOS, 2006

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Universidade Paulista – UNIP

Pós-graduação em Gestão de Engenharia de Manutenção

DETERMINAÇÃO DA CAUSA FUNDAMENTAL

DA LIMITAÇÃO DE PRODUÇÃO DOS MOINHOS

DE CARVÃO PULVERIZADO DA COMPANHIA

SIDERÚRGICA PAULISTA – COSIPA

Engenheiro Eletricista Antônio Carlos Mendonça Machado RA 693392–0

Engenheiro Mecânico João Paulo Maraia RA 693390–4

Engenheiro Eletricista Milton José de Oliveira Pitzer RA 693394–7

Engenheiro Eletricista Newton Güenaga Filho RA 693379–3

SANTOS, 2006

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Página reservada para catalogação bibliográfica

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

SEGUNDA PARTE – DESENVOLVIMENTO

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Universidade Paulista – UNIP

Pós-graduação em Gestão de Engenharia de Manutenção

DETERMINAÇÃO DA CAUSA FUNDAMENTAL

DA LIMITAÇÃO DE PRODUÇÃO DOS MOINHOS

DE CARVÃO PULVERIZADO DA COMPANHIA

SIDERÚRGICA PAULISTA – COSIPA

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC

elaborado sob a paciente orientação do

Ilustríssimo Professor Doutor Juan Droguett

e apresentado à Universidade Paulista – UNIP

como pré-requisito à obtenção de grau do Curso de

Pós-graduação em Gestão de Engenharia de Manutenção.

SANTOS, 2006

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Página reservada para a Folha de Aprovação

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DEDICATÓRIA

Às nossas famílias

pela compreensão e tolerância

por nossa ausência no lar durante

os longos meses de realização do Curso.

Aos nossos egrégios Mestres

MORAIS, Willyank e NERIS, Manoel

pelas sólidas e pacientes orientações,

pela dedicação e pelos sábios ensinamentos.

Aos nossos leais colegas

MARANHA, S.P.D. & MATTIUZ, M.A.

pelo fornecimento de valiosos dados,

pela crítica, pelo apoio e diligente revisão.

À José Eustáquio da Silva,

Mestre em Carvão, PCI e sobretudo,

Doutor na difícil e rara arte de doar gratuita e

solidariamente o seu incentivo e o seu conhecimento.

Ao nosso orientador que,

pela criteriosa estruturação e

pela zelosa atenção e interesse,

emprestou-nos a sua aura de competência.

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AGRADECIMENTOS

gradecemos a Deus,

Fonte de Inteligência Infinita.

o Único Alfa e o Único Ômega

de toda Iluminação e de qualquer Glória.

Agradecemos à Companhia Siderúrgica Paulista – COSIPA e

ao Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo – SEESP

que possibilitaram a realização deste curso de Pós-graduação em

Gestão de Engenharia de Manutenção através do Convênio de

Reciclagem Tecnológica firmado no Acordo Coletivo de Trabalho.

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EPÍGRAFE

O capítulo mais importante da vida de um homem é o seu trabalho e a

sua maior felicidade como profissional é transcender aos desafios que se

mostram necessários e produzir os resultados que dele se espera.

Um poeta já quase esquecido nos dias de hoje, escreveu 3 :

“Felizes os que podem perscrutar as verdadeiras causas das coisas”

Nem a era e nem a língua de Virgílio sobreviveram ao pó dos

milênios, mas a sua idéia, nesta frase, sobreviveu milagrosamente ao

aparente esquecimento e veio a tornar-se a base filosófica do Método de

Solução de Problemas da moderna tecnologia do TQC – Total Quality

Control, Controle de Qualidade Total, que tem proporcionado uma

vanguarda em tecnologia e em riqueza econômica às Nações e aos povos

que praticam os seus conceitos.

3 A frase “Felix qui potuit rerum cognoscere causas” é a quadringentésima nonagésima

estrofe do poema GEORGICON. LIBER SECVNDVS, CDXC de MARO, Pvblivs Vergilivs. O original em latim do poema GEORGICON, tido também como um tratado filosófico, pode ser encontrado no sítio http://www.thelatinlibrary.com. Segundo a MICROSOFT ENCARTA 2003 ENCYCLOPEDIA, o poeta de língua latina Publius Vergilius Maro nasceu no ano 70 a.C. em Mantua na Lombardia Italiana e viveu até o ano de 19 a.C, época da Era Augusta do Império Romano, um império econômico, tecnológico, militar e cultural de inigualável esplendor na história da humanidade.

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RESUMO

DETERMINAÇÃO DA CAUSA FUNDAMENTAL DA LIMITAÇÃO DE

PRODUÇÃO DOS MOINHOS DE CARVÃO PULVERIZADO DA

COMPANHIA SIDERÚRGICA PAULISTA – COSIPA é o título do Trabalho

de Conclusão de Curso – TCC de Pós-graduação em Gestão de Engenharia

de Manutenção apresentado à Universidade Paulista – UNIP no ano de 2006

e tem por objetivo analisar, entender e determinar a causa da limitação de

produção destes moinhos.

Por meio do estudo, da inspeção, da medição, da análise e da

interpretação de dados teóricos e de outros advindos da observação prática,

foi entendido que a causa fundamental da limitação de produção dos

moinhos era o excessivo desgaste dos rolos e da mesa de moagem, o que

possibilitou decidir pela soldagem como a melhor alternativa de recuperação

destas peças.

São mostrados os resultados obtidos e as melhorias alcançadas na

qualidade do processo e do produto, na capacidade de produção de carvão

pulverizado das moagens e na sua sistemática de manutenção.

PALAVRAS CHAVE

Engenharia, Manutenção, Recuperação, Moagem, Soldagem.

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ABSTRACT

MAIN CAUSE DETERMINATION OF THE COMPANHIA

SIDERÚRGICA PAULISTA – COSIPA PULVERIZED COAL ROLLER

GRINDING MILLS PRODUCTION LIMITATION is the Post Graduation in

Management of Maintenance Engineering Course Conclusion Work title

presented to Universidade Paulista – UNIP at the year 2006 and it has the

objective to analyze, to understand and to determine the main cause of

production restriction of these mills.

By means of study, inspection, measuring, analysis and theoretical

and practical observed data interpretation, it was understood that the main

cause of this mills production confinement was the grinding rollers and table

excessive wear degradation, which it made possible to decide the welding as

a best revamping schedule to apply at these pieces.

It is also shown the results and improvements reached in the quality

process and product, in the pulverized coal grinding mill plant production

capacity and in its maintenance schedule.

KEY WORDS

Engineer, Maintenance, Revamping, Grinding, Welding.

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SUMÁRIO Página

Dedicatória 5

Agradecimentos 6

Epígrafe 7

Resumo e Palavras Chave 8

Abstract and Key Words 9

Sumário 10

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

Primeira Parte – Projeto de Pesquisa 12

Título 13

Problematização 13

Temas 14

Justificativa 14

Objetivo Geral 15

Objetivos Específicos 15

Metodologia 16

Referenciais Teóricos 16

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SUMÁRIO ( Continuação ) Página

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

Segunda Parte – Desenvolvimento 18

Introdução 19

Capítulo I

Especificação de projeto dos moinhos e descrição do processo de

produção do carvão pulverizado

25

Capítulo II

Caracterização da limitação da produção com qualidade do carvão

pulverizado

34

Capítulo III

Determinação da causa fundamental da restrição na capacidade de

produção com qualidade do carvão pulverizado

45

Resultados Obtidos e Considerações Finais 75

Referências Bibliográficas 82

Anexos 87

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

PRIMEIRA PARTE – PROJETO DE PESQUISA

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Título

DETERMINAÇÃO DA CAUSA FUNDAMENTAL DA LIMITAÇÃO DE

PRODUÇÃO DOS MOINHOS DE CARVÃO PULVERIZADO DA

COMPANHIA SIDERÚRGICA PAULISTA – COSIPA.

Problematização

A planta de moagem de carvão da COSIPA possui dois moinhos de

mesa horizontal e três rolos. Cada moinho foi projetado para pulverizar 46,5

toneladas por hora ( t/h ) de carvão mineral bruto. Carvão pulverizado em

siderurgia é o carvão mineral moído até a condição de pó de grãos menores

do que cem micro metro ( 100 µm = 0,000.100 m ) e simultaneamente seco

até a condição de umidade menor do que um por cento ( 1 % ).

Esta planta de moagem foi instalada no ano de 1998 com o objetivo

de produzir 93 t/h de carvão pulverizado para abastecer o processo de

produção de gusa, mas até o ano de 2002 operava com ociosidade porque a

demanda média de carvão pulverizado exigida pelos altos fornos limitava-se

a pouco mais de 60 t/h 4.

A partir de 2003, a exigência de mais de 70 t/h causou um aumento

expressivo do seu índice de funcionamento. Por isso, no último trimestre de

2004, os moinhos já apresentavam um acentuado desgaste nos rolos e na

mesa de moagem, o que limitava a 35 t/h as suas capacidades de produzir

4 Gusa é o produto siderúrgico obtido da redução química do óxido de ferro contido em

minérios de ferro através de um reator termo-químico denominado alto forno.

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com o total atendimento das especificações de qualidade. Este valor não era

suficiente para atender a uma crescente necessidade e para garantir sem

restrições a injeção nos altos fornos.

Temas

T1. Desgaste de materiais,

T2. Manutenção de equipamentos,

T3. Recuperação por soldagem.

Justificativa

A partir de tal problematização, fez-se necessário um estudo e uma

posterior intervenção de manutenção a fim de que se recuperasse a

capacidade de moagem de projeto e se garantisse um melhor desempenho

ao desgaste dos componentes do conjunto de moagem porque o

atendimento de um objetivo de injeção de carvão pulverizado nos altos

fornos de até 80 t/h tornou-se necessidade estratégica para reduzir o custo

de produção do gusa, impactado em 2004 por uma disparada de preços das

matérias primas - minério de ferro, carvão e coque - e do frete marítimo,

provocada pela alta demanda de aço no mercado asiático.

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Objetivo Geral

Determinar a causa fundamental da restrição na capacidade de

produção com qualidade dos moinhos de carvão pulverizado da COSIPA.

Objetivos Específicos

O1. Especificar o projeto dos moinhos de carvão pulverizado da COSIPA,

descrever e entender o processo de moagem e secagem de carvão

pulverizado.

O2. Caracterizar a limitação da capacidade de produção com qualidade dos

moinhos de carvão pulverizado da COSIPA.

O3. Determinar a causa fundamental da limitação na capacidade de

produção dos moinhos de carvão pulverizado da COSIPA e descrever

a metodologia aplicada para efetuar a análise.

O4. Mostrar os resultados obtidos na recuperação da capacidade de

produção de carvão pulverizado e as melhorias alcançadas na

qualidade do produto e na sistemática de manutenção das moagens.

O5. Desenvolver por meio deste TCC os princípios metodológicos que

norteiam a Teoria da Qualidade aplicada à Engenharia de Manutenção.

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Metodologia

Foi adotada a metodologia da observação científica e descritiva do

processo de produção e de evolução do desgaste, por meio da inspeção

documental do desgaste dos rolos e da mesa de moagem, para efetuar o

estudo teórico, a análise comparativa dos dados e a interpretação estatística

dos resultados, seguindo o Método de Solução de Problemas do TQC –

Total Quality Control, Controle de Qualidade Total.

Referenciais Teóricos

R1. Foram pesquisados os dados e as especificações técnicas da planta de

moagem de carvão pulverizado da COSIPA, encontrados no

OPERATION & MAINTENANCE MANUAL FOR CUBATÃO COAL

GRINDING PLANT, Volume II ( 3 ) - Mill, Düsseldorf DE : Löesche,

1997.

R2. Foram utilizados os trabalhos de MARANHA, Sílvio P. D., ANÁLISE

SISTEMÁTICA DO PROCESSO DE CARVÃO. Cubatão SP: COSIPA,

Documento de circulação interna e restrita, 2004 / 2005 e de MATTIUZ,

Marco A., ANÁLISE SISTEMÁTICA DO PROCESSO DE CARVÃO

PULVERIZADO. Cubatão SP: COSIPA, Documento de circulação

interna e restrita, 2004 / 2005.

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R3. Foi considerada a tecnologia de operação de plantas de carvão

pulverizado descrita por BRUNDIEK, Hans, DESIGN, PERFORMANCE

AND RECENT OPERATING EXPERIENCE WITH COAL

PULVERIZING ROLLER MILLS. VGB KRAFTWERKSTECHNIK,

Volume 61, n° 4, Pages 328 to 333, Düsseldorf DE, April 1981.

R4. Foram referenciados os conceitos do Método de Solução de Problemas

do TQC – Total Quality Control, encontrados em CAMPOS, Vicente

Falconi, TQC – CONTROLE DA QUALIDADE TOTAL. Rio de Janeiro

RJ: Bloch Editores, 1992.

R5. Foram utilizadas duas das sete ferramentas de controle da qualidade

preconizadas por JURAN, J. M., QUALITY CONTROL HANDBOOK.

New York NY: McGraw Hill, 4th Edition, 1988, o Diagrama de Pareto e

o Diagrama de Ishikawa, sendo que neste último, foram introduzidos os

conceitos de lógica clássica, ou Aristotélica ensinados em SÉRATES,

Jonofon, RACIOCÍNIO LÓGICO. Brasília DF: Ed. Jonofon Ltda., 1998.

R6. Foram pesquisados os conceitos da Tribologia, ramo da Engenharia

que estuda os mecanismos do atrito e os seus efeitos no desgaste dos

materiais, encontrados em RABINOWICZ, Ernest, FRICTION AND

WEAR OF MATERIALS. New York NY: John Wiley&Sons, 1995.

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO – TCC

SEGUNDA PARTE – DESENVOLVIMENTO

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INTRODUÇÃO

A COSIPA, empresa SISTEMA USIMINAS, é uma indústria

siderúrgica integrada a coque e sinter com capacidade de produzir até

quatro milhões e quinhentas mil de toneladas de aço por ano ( 4,5 M.taço/a )

na forma de laminados planos não revestidos e a partir de minérios de ferro

e carvões minerais, o que lhe confere uma posição de destaque entre as

cinco maiores unidades similares na América Latina.

Entre outros, a produção integrada de aço laminado envolve os

processos de 5 :

P1. Conformação e tratamento térmico, processados nas unidades de

laminação, nas quais as placas de aço bruto são conformadas

mecanicamente a quente e a frio por laminadores, tratadas

termicamente, enroladas em bobinas ou recortadas por tesouras em

tiras e chapas perfeitamente planas com dimensões, peso e

propriedades mecânicas convenientes à sua mais diversificada

utilização pela indústria de transformação metal mecânica.

P2. Refino, cujo objetivo é retirar do gusa líquido o excesso de carbono,

silício e manganês e eliminar a presença do enxofre e do fósforo,

considerados impurezas que deterioram as propriedades requeridas do

5 Uma descrição mais detalhada dos processos de produção integrada de aço laminado

extrapola a necessidade deste TCC, mas pode ser encontrada em MOURÃO, M. B., SIDERURGIA PARA NÃO SIDERURGISTAS. São Paulo: ABM, 2004.

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aço e em seguida dosar naquele metal líquido elementos químicos, tais

como o níquel, o titânio, o molibdênio o vanádio, o cromo e o cobre,

para conferir à esta liga metálica denominada aço propriedades físicas,

metalúrgicas e mecânicas determinadas e específicas 6. A unidade

siderúrgica que se encarrega do refino do gusa, da sua transformação

em aço e da posterior solidificação e moldagem em forma de placas é

a aciaria.

P3. Coqueificação ou destilação na ausência de ar de uma mistura

dosada de carvões minerais, efetuada numa bateria de fornos de uma

unidade fabril denominada coqueria e cujo produto é o coque.

P4. Redução dos óxidos de ferro presentes nos minérios em ferro, pelo

carbono do coque, em reação endotérmica realizada num reator termo

químico chamado de alto forno que produz um metal líquido, o gusa, à

temperatura de até 1530 °C.

O coque é a fonte de carbono imprescindível para a reação química

de redução do minério de ferro no processo de produção do gusa em alto

forno e é carregado usualmente na proporção típica de até quinhentos

quilogramas por tonelada de gusa líquido ( 500 kg/tgusa ), juntamente com a

carga metálica, ou seja, o minério de ferro bruto, beneficiado ou pré-reduzido

e os fundentes.

O preço do coque produzido internamente na COSIPA é maior que

quatrocentos reais por tonelada ( 400 R$/t ) e quando a disponibilidade de

6 Uma descrição minuciosa do aço, de suas características e propriedades extrapola o

escopo deste TCC, mas pode ser encontrada em SCHEER, Leopold, O QUE É AÇO ? São Paulo: EPU, 1977.

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produção interna não atende à demanda, precisa ser importado. Neste caso,

o coque pode custar mais do que 400 US$/t 7.

Uma alternativa técnica para o uso de parte do coque como agente

redutor do minério de ferro é a utilização de carvão mineral pulverizado,

mistura dosada de carvões minerais não coqueificáveis, moída até a

condição de pó de grãos menores do que 75 µm e simultaneamente seca

até a condição de umidade menor do que um por cento, injetado diretamente

na zona de combustão dos altos fornos através das ventaneiras.

O custo do carvão pulverizado não alcança 250 R$/t e atualmente nos

processos da empresa, pode-se substituir o coque por carvão pulverizado

até a proporção de 150 kg/tgusa do total mencionado de 500 kg/tgusa 8.

A vantagem econômica da substituição até esta proporção advém

quando a unidade de carvão pulverizado é capaz de produzir

ininterruptamente até 80 t/h e de disponibilizar continuamente um produto

que obedeça às mais rigorosas especificações de qualidade tais como

composição química, granulometria, umidade e temperatura.

A planta de moagem da COSIPA possui dois moinhos de mesa

horizontal e três rolos 9. Cada moinho foi projetado para pulverizar 46,5 t/h

de carvão mineral bruto e foram instalados no ano de 1998 com o objetivo

7 Os valores citados são valores médios de mercado. Os valores exatos são considerados

estratégicos e têm classificação confidencial na COSIPA, que não permite a sua divulgação externa. 8 Um resumo da tecnologia de injeção de finos em altos fornos pode ser encontrado em

ASSIS, Paulo S., INJEÇÃO DE MATERIAIS PULVERIZADOS EM ALTOS FORNOS, São Paulo: ABM, 1995. 9 Uma Planta, segundo OGATA, Katsuhiko, MODERN CONTROL ENGINEERING

[B10], “é

uma parte de equipamento, eventualmente um conjunto de itens de uma máquina, que funcionam conjuntamente e cuja finalidade é desempenhar uma dada operação”.

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de abastecer o processo de produção de gusa com a injeção de 93 t/h de

carvão pulverizado.

O sistema de injeção do alto forno número 1 esteve inoperante até

mês de novembro de 2000 e o do alto forno número 2 paralisado para

reforma entre julho de 2001 e janeiro de 2002 10. Como a demanda máxima

de carvão pulverizado não alcançou muito mais de 60 t/h até este período, a

operação da planta e dos moinhos era ociosa. Esta situação só se alterou no

ano de 2003 quando se exigiu uma produção de mais de 70 t/h, o que

causou um aumento expressivo do índice de funcionamento das moagens.

No ano de 2004, tornou-se imprescindível por questões de

competitividade e de sobrevivência econômica da COSIPA, aumentar até o

limite técnico possível a taxa de injeção de carvão pulverizado e substituir o

coque no processo de produção de gusa. O objetivo de injeção de carvão

pulverizado nos altos fornos em até 80 t/h tornou-se necessidade estratégica

para reduzir o custo de produção do gusa, impactado por uma disparada de

preços das matérias primas, minério de ferro, carvão e coque, e do frete

marítimo, provocada pela alta demanda de aço no mercado asiático.

A demanda crescente por carvão pulverizado exigia maior

produtividade e maior índice de funcionamento da planta o que, como

paradoxo, aumentava a taxa de desgaste das peças componentes dos

moinhos e limitava o tempo de parada para a intervenção de manutenção.

Lenta mas gradativamente, aparecia sintoma de problemas e de limitação da

capacidade de produção com a qualidade exigida, que ainda não estavam

10

Um Sistema, segundo OGATA, Katsuhiko ( op. cit. ), “é uma combinação de componentes que atuam conjuntamente e realizam um certo objetivo”.

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cientificamente caracterizados nem tecnicamente diagnosticados se eram

provenientes de um ajuste de processo em suposto novo ponto de

funcionamento ou se poderiam ser provenientes da condição do

equipamento que já operava por cinco anos ininterruptos sem que tivesse

ocorrido uma intervenção de manutenção com uma maior atenção e um

escopo de maior envergadura.

Nas inspeções de manutenção realizadas nas paradas das plantas no

último trimestre de 2004, os moinhos já mostravam um acentuado desgaste

nos rolos e na mesa de moagem, o que limitava a 35 t/h as suas

capacidades de produzir com o total atendimento das especificações de

qualidade e este valor não era suficiente para atender a uma crescente

necessidade e para garantir sem restrições a injeção de carvão pulverizado

nos altos fornos.

A partir de tal problematização, fez-se necessário um estudo e uma

posterior intervenção de manutenção a fim de que se recuperasse a

capacidade de moagem de projeto e se garantisse um melhor desempenho

ao desgaste dos componentes do conjunto de moagem, os rolos e a mesa.

Esta é a conjuntura em que se insere o objeto de estudo deste TCC,

ou seja, as atividades de observação científica e de análise técnica da

situação, o estudo do comportamento das diversas variáveis de estado e de

controle envolvidas, o diagnóstico da causa fundamental, a proposição e a

análise das alternativas de solução pertinentes, ponderando as vantagens e

as desvantagens, as oportunidades e as limitações no tempo de parada da

planta e no custo de execução dos serviços, o processo de encaminhamento

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do problema e de tomada da decisão, as atividades realizadas nas

intervenções, os resultados obtidos na produção, na qualidade do processo

e do produto e, finalmente, a sistematização de um novo paradigma de

manutenção que, não bastando mostrar-se capaz e necessário para resolver

um problema, seja também eficaz e suficiente para a prevenção da

reincidência nas mesmas circunstâncias.

Uma discussão completa desta restrição de produção com a

qualidade exigida e sua causa fundamental, tendo em vista a especificação

do projeto das moagens de carvão pulverizado, será efetuada nos três

capítulos seguintes, iniciando-se no Capítulo I pelo entendimento do

processo de produção de carvão pulverizado e das especificações de projeto

destas plantas de moagem e secagem de carvão.

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CAPÍTULO I

ESPECIFICAÇÃO DE PROJETO DOS MOINHOS

E DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO

DO CARVÃO PULVERIZADO

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CAPÍTULO I – Especificação de Projeto dos Moinhos e descrição do

processo de produção de carvão pulverizado

Neste Capítulo I, iniciaremos a análise do desempenho da moagem

de carvão pulverizado, descrevendo os parâmetros de desempenho

projetados para os moinhos e entendendo o processo de produção de

carvão pulverizado 11.

A planta de moagem e secagem de carvão para injeção de finos da

COSIPA possui dois idênticos moinhos do tipo LM 26.30 D de operação

independente, de fabricação LÖESCHE WÄLZMÜHLEN, com mesa circular

horizontal de 26 dm de diâmetro, três rolos de moagem e nenhum rolo

auxiliar. Possuem ainda classificador dinâmico de partículas e são

projetados para fornecer em conjunto entre 46,5 t/h a 93 t/h de produto

pulverizado, ou seja, em forma de pó fino, seco e quente [A1] 12.

Além desta capacidade de produção, o projeto especifica as três

propriedades características deste produto: a granulometria, a umidade e a

temperatura.

Denomina-se granulometria de um sólido granulado a propriedade de

compor-se de partículas mais finas ou mais grossas, segundo uma

distribuição granulométrica.

11

Uma Análise, segundo OGATA, Katsuhiko ( op. cit. ) “é a investigação, sob condições específicas de desempenho, de um sistema cujo modelo é conhecido” e “Projetar um sistema, significa determiná-lo de modo que desempenhe uma dada tarefa ou cumpra uma dada função”. 12

O fabricante dos moinhos LÖESCHE WÄLZMÜHLEN utiliza as características de 26 dm de diâmetro de mesa, três rolos de moagem, nenhum rolo auxiliar e classificador dinâmico de partículas, para definir o tipo do equipamento como LM 26.30 D.

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O conceito da palavra inglesa fineness, utilizado em português como

granulometria, ou distribuição granulométrica, expressa um conjunto de

faixas de valores percentuais, relativos a uma amostra, medidos após um

peneiramento seqüencial em peneiras de malhas com aberturas graduadas,

conforme o padrão ASTM D 197-02, STANDART TEST METHOD FOR

SAMPLING AND FINENESS TEST OF PULVERIZED COAL [A2].

Assim, o projeto dos moinhos garante que o produto final atenderá à

granulometria de 80 % < 74 µm e 100 % < 1 mm, o que significa que devem

ser capazes de moer o carvão bruto até transformá-lo em um pó que, ao ser

peneirado em uma malha de 1 mm de abertura, passe totalmente por ela e,

em seguida, ao ser peneirado em uma outra peneira de malha com 75 µm

de abertura, 80 % do peso total da amostra passe por ela, ou seja, é

permitido que até 20 % fique retido nela [A1] [A2] 13.

O projeto dos moinhos garante também que o produto sairá seco, ou

seja, com a umidade menor do que um por cento ( umidade < 1 % ) [A1].

A umidade do carvão pulverizado é determinada pelo ensaio de

laboratório conforme o padrão ASTM D 3302-02, STANDART TEST

METHOD FOR TOTAL MOISTURE IN COAL [A3].

13

Uma curiosidade deve ser registrada a respeito do número 80 % < 74 µm: a especificação desta mesma granulometria em unidades inglesas é 80 % < 200 mesh. O termo 200 mesh significa malha com 200 orifícios por polegada quadrada e a abertura de cada orifício quadrado mede 74 µm de lado. Os autores optaram por manter ipsis litteris a especificação 80 % < 74 µm de [A1] mesmo sabendo que, pelo fato do Brasil e da Alemanha usar o Sistema Internacional de unidades de medida, as malhas são confeccionadas, na verdade, com orifícios retangulares de 75 µm. Esta diferença de 1 µm não é significativa na prática, em se tratando de material nesta faixa de granulometria. A terminologia utilizada pela norma americana ASTM D 197-02 ( op.cit. ) é 80 % < 75 µm ou 80 % passante em malha de 75 µm. A terminologia utilizada pela norma alemã DIN 4388, similar à ASTM, é 20 % retido em malha de 75 µm ou 20 % R 75 µm, ou ainda 20 % maior que 75 µm ( 20 % > 75 µm ). Todas as terminologias citadas referem-se à mesma medida e significam a mesma coisa.

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Garante o projeto ainda, que o carvão pulverizado sairá do moinho à

temperatura de 100 °C [A1].

Para o cumprimento desta especificação de granulometria, umidade e

temperatura na saída, os moinhos devem ser alimentados com carvão bruto

de densidade aparente entre ( 0,8 a 1,0 ) t/m3, de granulometria

100% < 50 mm, de umidade menor que 15 %, à temperatura ambiente de

até 40 °C e com HGI > 40 % [A4] 14 15.

HGI é a sigla de Hardgrove Grindability Index ou índice de facilidade

de moagem que HARDGROVE, R. M. criou em 1932 juntamente com o

equipamento e a metodologia de ensaio e que estão normalizados desde

1951 pelo padrão ASTM D 409-02, STANDART TEST METHOD FOR

GRINDABILITY OF COAL BY THE HARDGROVE-MACHINE

METHOD [A5] [B5]. Este ensaio normalizado mede em unidades percentuais

(%) e em proporção direta, a facilidade de moer – grindability – o carvão

granulado, ou seja, quanto maior o número, maior é a facilidade de moê-lo

ou de britá-lo.

Por sua vez, o funcionamento dos moinhos e o mecanismo de

moagem e secagem do carvão serão explicados com o auxílio da Figura 1

da página 12 e o entendimento da causa fundamental da baixa produtividade

e do alto desgaste da mesa e dos rolos de moagem, que será determinada

no Capítulo III deste TCC, depende da perfeita compreensão destes tópicos. 14

A densidade aparente de um sólido granulado é definida pela divisão do valor da medida de massa, e.g. em toneladas, pelo valor da medida de volume, e.g. em metros cúbicos, preenchido por esta massa nas mesmas condições em que se encontra ou em que ocorre, i.e., sem nenhuma compactação mecânica induzida. 15

A especificação em [A4] prevê uma faixa entre ( 12 ≤ umidade ≤ 15 )%, que foi corrigida em [A1] para ( 5 ≤ umidade ≤ 15 )%. Como o carvão é estocado ao ar livre e nunca se verifica na prática umidade menor que 5%, os autores optaram por simplificar a grafia das especificações originais (op. cit.) para “umidade menor que 15%” o que não as adultera.

Page 29: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

29

Figura 1 – Ilustração do funcionamento e das partes componentes do

moinho de carvão pulverizado Löesche LM 26.30 D.

Crédito de: PITZER, Anna Letícia Y., Santos SP, 2005.

A porção à esquerda da Figura 1 ilustra a mesa de moagem ( A ) que,

acionada por engrenagens alojadas em uma caixa redutora de velocidade

( B ), gira em torno do seu eixo de simetria vertical à velocidade angular fixa

de 35,38 rotações por minuto ( min-1 ). O motor elétrico de acionamento com

potência de 650 quilowatts ( 650 kW ) e de velocidade 1180 min-1 não é

mostrado.

Os três rolos de moagem ( C ) estão montados em posição

estacionária e com os seus eixos longitudinais inclinados em quinze graus

( 15º ) em relação à superfície da mesa e são forçados a girar na mesma

direção do movimento dela, por estarem pressionados contra a mesa pela

Page 30: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

30

pressão de até 12.000 quilo Pascal ( kPa ), transmitida pelos conjuntos

individuais de articulação ( D ) e gerada no dispositivo composto pelos

cilindros hidráulicos ( E ), pelos acumuladores hidro-pneumáticos de pressão

( F ) e por uma bomba de óleo, que não é mostrada 16.

O carvão bruto é introduzido pela parte central superior do moinho e

cai por gravidade, alcançando o centro da mesa através de um tubo de

alimentação vertical ( G ).

A força centrífuga gerada pela rotação da mesa tende a deslocar o

carvão bruto do centro para a extremidade, forçando-o a passar pelos

pequenos espaços existentes entre a superfície de desgaste da mesa e as

superfícies de moagem dos três rolos, mantidos sob permanente pressão.

O formato cônico da superfície de trabalho dos rolos de moagem,

aliado à inclinação de 15º de seus eixos longitudinais, que não interceptam o

plano da mesa, provocam uma diferença de velocidade relativa entre as

superfícies do rolo e da mesa, na região de moagem. Ocorre então, não

apenas um movimento de simples rolagem do carvão do centro para a

periferia da mesa, sob a pressão dos rolos, porque a diferença entre as

componentes radial e normal da velocidade e da pressão provoca uma força

conjugada de torção e de cisalhamento que, segundo BRUNDIEK, Hans em

DESIGN, PERFORMANCE AND RECENT OPERATING EXPERIENCE

WITH COAL PULVERIZING ROLLER MILLS, “é proporcional à pressão

hidráulica e ao quadrado do diâmetro dos rolos” e é a causa da trituração

16

Existem diversas unidades de medida de pressão, mas neste TCC utilizaremos as recomendadas pelo Sistema Internacional de Unidades: o Pascal ( Pa ) e o seu múltiplo, o quilo Pascal.

Page 31: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

31

mecânica das partículas de carvão, até alcançar a granulometria de pó

finíssimo [B1].

A mesma porção à esquerda da Figura 1 ilustra ainda a entrada de

gás quente no moinho ( H ) e a sua distribuição em um anel de sopro que

circunda a mesa de moagem. Este sopro de gás quente é o responsável por

arrastar o carvão que alcançou a extremidade da mesa após ser triturado

sob os rolos na região de moagem até o topo do moinho onde está instalado

um classificador de partículas ( I ).

Este classificador consiste em um conjunto rotativo de pás cuja

velocidade pode ser ajustada para permitir apenas a passagem do pó mais

fino turbilhonado pelo fluxo de gás quente. As partículas maiores, com maior

inércia e menor velocidade, são capturadas pela rotação das pás em até

90 min-1 e, rejeitadas, retornam à região central do moinho.

A porção à direita da Figura 1 ilustra este trabalho de arraste do fluxo

de gás quente ( J ) e o retorno por rejeição ( K ) das partículas maiores do

que o tamanho especificado conforme o ajuste da rotação do classificador.

Durante o tempo de permanência do carvão no moinho, até que

alcance a condição física de passar pelo classificador, o contato íntimo das

partículas com a temperatura do gás quente provoca a evaporação da

umidade nelas contida de tal forma que o produto final na saída do moinho

( L ) é o carvão pulverizado para a injeção nas ventaneiras dos altos fornos,

com granulometria 80 % < 74 µm e 100 % < 1 mm, com umidade < 1 % e

com temperatura de 100 ºC.

Page 32: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

32

Uma análise técnica mais minuciosa do moinho e de seus

componentes extrapola a necessidade deste TCC, contudo, poderá ser feita

com o auxílio de dois desenhos mecânicos construtivos deste equipamento

que se encontram nos Anexos 1 e 2.

Para melhor visualizar as peças internas principais de um moinho

real, recomenda-se consultar a Foto 1 abaixo, que mostra uma mesa de

moagem ( M ), um rolo ( R ) e um anel de sopro de gás quente ( S ). A Foto

2 ao lado, mostra um classificador dinâmico de partículas visto do topo do

moinho pela parte externa e através do orifício de saída do gás que

transporta o carvão pulverizado para fora do moinho.

FOTO 1 – Vista parcial do interior de um

moinho através da janela de basculamento

de um dos rolos de moagem ( R ) mostrando

ainda a mesa ( M ) e o anel de sopro ( S ).

Crédito de: LÖESCHE WÄLZMÜHLEN,

Düsseldorf, 1984 [A6].

FOTO 2 – Vista parcial do classificador

dinâmico de partículas de um moinho

através do orifício de saída de gás e do

carvão pulverizado.

Crédito de: LÖESCHE WÄLZMÜHLEN,

Düsseldorf, 1987 [A6].

M

S

R

Page 33: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

33

Entendidas neste Capítulo I, as especificações de projeto da planta

que transforma o carvão bruto em carvão pulverizado através do processo

de moagem e secagem nos moinhos Löesche LM 26.30 D, prosseguiremos

nosso estudo no Capítulo II caracterizando a restrição da capacidade de

produção verificada a partir do último trimestre do ano de 2004.

Page 34: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

34

CAPÍTULO II

CARACTERIZAÇÃO DA LIMITAÇÃO DA PRODUÇÃO

COM QUALIDADE DO CARVÃO PULVERIZADO

Page 35: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

35

CAPÍTULO II – Caracterização da limitação da produção com qualidade

do carvão pulverizado

Neste Capítulo II, trataremos da análise do desempenho da moagem,

caracterizando a indesejável limitação de produção de carvão pulverizado

com a qualidade projetada segundo as especificações do projeto.

Um processo industrial deve atender à exigência de qualidade do produto

que é definida conforme a necessidade de seu cliente. Por outro lado, a

garantia do atendimento pleno da qualidade do produto depende da

estabilidade e da eficácia do controle de qualidade do processo.

O processo de produção de carvão pulverizado é reconhecido como

estável e de qualidade, ou seja, com operação estável do moinho, em que

todas as variáveis de estado mantém as relações adequadas entre si e em

que as variáveis de controle realizam com perfeição a sua função de

correção dos eventuais desvios, quando atende simultaneamente aos

seguintes requisitos 17 :

R1. A granulometria do carvão pulverizado obedece à faixa prevista.

R2. A taxa de alimentação de carvão bruto, comandada pelo operador da

planta de carvão pulverizado, é obedecida pelo computador de controle

do processo de moagem automaticamente e sem desvio dos

parâmetros programados.

17

Variáveis de estado de um sistema dinâmico, “é o menor conjunto de variáveis capaz de determinar o comportamento deste sistema dinâmico”. OGATA, Katsuhito, MODERN CONTROL ENGINEERING

[B10].

Page 36: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

36

R3. A vibração no moinho mantém-se estável entre ( 2 ± 1 ) mm/s 18, e

R4. A quantidade de rejeitos no moinho é menor do que 20 kg por dia 19.

Precisaremos analisar o comportamento destes requisitos para

caracterizar a limitação de produção com qualidade dos moinhos de carvão

pulverizado, verificada entre o último trimestre de 2004 e o primeiro de

2005 20. Para sintetizar, entretanto, foi escolhido um período estatisticamente

representativo de aproximadamente dez dias de operação antes das

respectivas datas das paradas para a manutenção dos moinhos.

Em outubro de 2004, os altos fornos solicitaram uma alteração na

especificação de qualidade de granulometria do carvão pulverizado para a

injeção, com a criação de uma faixa com limites máximo e mínimo. A

especificação da qualidade do produto carvão pulverizado para a injeção nas

ventaneiras dos altos fornos precisou então ser redefinida para “90 % de

acerto na faixa de granulometria compreendida entre 56,5 % a 66,5 % menor

do que 75 µm”. Isto significa que passou a ser exigido que 90 % das

amostras analisadas segundo o padrão ASTM D 197-02 ( op. cit. )

apresentassem um resultado de granulometria compreendido entre 56,5 %

18

A vibração dos moinhos, por ser um importante parâmetro indicador de estabilidade do processo de moagem, é monitorada on line e registrada na memória dos computadores de processo que controlam as plantas. A unidade milímetros por segundo ( mm/s ) expressa a velocidade de vibração de uma massa, ou seja, o deslocamento dela em milímetros dividido pelo tempo em segundos. Uma vibração harmônica senoidal é medida por um aparelho denominado vibrômetro. 19

Rejeito é todo granulado grosso, indevidamente expulso da região de moagem, que cai por gravidade e passa pelos orifícios do anel de sopro, contra o fluxo de gás. A caixa de rejeitos está localizada sob a mesa de moagem, na base dos moinhos e recolhe este material. 20

Existem outros requisitos, por exemplo, a umidade do carvão pulverizado menor do que 1% e a temperatura de 100 °C, que não serão analisados neste TCC por não se relacionarem ao objetivo: caracterizar a limitação de produção com qualidade dos moinhos de carvão pulverizado.

Page 37: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

37

( limite mínimo ) a 66,5 % ( limite máximo ) menor que 75 µm, ou seja,

( 56,5 a 66,5 ) % < 75 µm.

O ajuste da granulometria do carvão moído é efetuado usualmente

pela variação da rotação do classificador de partículas no topo do moinho.

O comportamento deste primeiro requisito de qualidade do processo,

o atendimento da especificação da granulometria, é retratado na Página 21

pelos Gráficos 1 e 2, referentes aos Moinhos 1 e 2 respectivamente, neste

período estatisticamente representativo e de aproximadamente dez dias

antes das respectivas datas das paradas programadas para a manutenção

nos moinhos.

Os valores evidenciam que os moinhos nem atendiam a especificação

de projeto da granulometria do carvão pulverizado ( 80 % < 75 µm ) nem a

nova faixa de qualidade exigida, ainda que ela solicitasse material mais

grosseiro e mais fácil de ser obtida pelos moinhos, tendo em vista a

especificação de projeto e os recursos tecnológicos dos equipamentos da

planta.

Page 38: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

38

GRÁFICO 1 – Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão

pulverizado pelo Moinho 1 entre 20/04 a 01/05/2005.

GRÁFICO 2 – Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão

pulverizado pelo Moinho 2 entre 19/02 a 02/03/2005.

Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da

COSIPA. Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

Granulometria conforme ensaio ASTM D197-02 do carvão

pulverizado pelo Moinho 1 entre 20/04 a 01/05/2005

40

45

50

55

60

65

70

75

80

19/0

4/0

5

20/0

4/0

5

21/0

4/0

5

22/0

4/0

5

23/0

4/0

5

24/0

4/0

5

25/0

4/0

5

26/0

4/0

5

27/0

4/0

5

28/0

4/0

5

29/0

4/0

5

30/0

4/0

5

01/0

5/0

5

02/0

5/0

5

DATA

% <

75 µ

m

Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão

pulverizado pelo Moinho 2 entre 19/02 a 02/03/2005

40

45

50

55

60

65

70

75

80

18/2

/2005

19/2

/2005

20/2

/2005

21/2

/2005

22/2

/2005

23/2

/2005

24/2

/2005

25/2

/2005

26/2

/2005

27/2

/2005

28/2

/2005

1/3

/2005

2/3

/2005

3/3

/2005

DATA

% <

75 µ

m

Page 39: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

39

O segundo requisito de qualidade e de estabilidade do processo de

moagem, a taxa de alimentação de carvão bruto no moinho, é um comando

manual digitado pelo operador no computador que controla o processo de

moagem. Este computador está programado para controlar as diversas

variáveis de estado do processo de moagem e secagem segundo

parâmetros definidos e programados.

Precisamos compreender algumas destas variáveis e a relação de

dependência entre elas a fim de explicar o comportamento dos moinhos e

caracterizar a limitação de produção de carvão pulverizado, ainda que em

nova faixa de qualidade mais grosseira em relação àquela especificada pelo

projeto.

O manual de operação fornecido pelo fabricante dos moinhos indica

de forma gráfica a relação entre algumas destas variáveis [A1]. Uma relação

de interesse para esta análise é aquela entre a taxa de alimentação de

carvão bruto, a pressão diferencial no moinho, a vazão de gás quente e a

pressão hidráulica nos rolos.

Um moinho de carvão, sob o ponto de vista da mecânica dos fluidos,

é um grande vaso que intercepta um fluxo de gás e que, por isso, oferece

uma resistência à passagem dele. Esta resistência, ou perda de carga, pode

ser medida pela diferença entre a pressão do gás na entrada do moinho e na

sua saída. Esta diferença é denominada pressão diferencial no moinho.

Ao se aumentar a quantidade de carvão bruto alimentado no moinho,

a resistência à passagem do gás tende a aumentar. Para manter estável a

pressão diferencial do moinho, se aumentado o carvão, então é preciso

aumentar a vazão de gás quente, que irá secá-lo e retirá-lo, e aumentar a

Page 40: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

40

pressão nos rolos para moê-lo. Por isso, existe uma relação de

proporcionalidade determinada, de razão direta, entre as variáveis taxa de

alimentação de carvão bruto, pressão diferencial no moinho, vazão de gás

quente e pressão hidráulica nos rolos, que é a mostrada no Gráfico 3.

GRÁFICO 3 – Relação entre a Taxa de Alimentação de Carvão Bruto ( t / h ) e a

Pressão Diferencial no Moinho ( Pa ), a Pressão Hidráulica nos Rolos ( kPa ) e

a Vazão de Gás Quente ( kNm3/h ).

Adaptado por PITZER, Milton J. O., sob permissão de MATTIUZ, Marco A.,

ANÁLISE DO PROCESSO DE CARVÃO PULVERIZADO DA COSIPA [B9].

Os Gráficos 4 e 5 da página 24 são uma seqüência temporal de

dados reais, respectivamente para o Moinho 1 e para o Moinho 2. Estes

dados foram extraídos da memória do computador de controle do processo

de moagem de carvão pulverizado e são referentes aos mesmos períodos

estatisticamente representativos já mencionados anteriormente.

Relação entre Variáveis de Estado dos Moinhos de Carvão

Pulverizado Löesche LM 23.30 D

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

11000

12000

13000

25 30 35 40 45 50 55 60Taxa de Alimentação de Carvão Bruto ( t / h )

Pre

ssão

Dif

ere

ncia

l

no

Mo

inh

o (

Pa )

Pre

ssão

Hid

ráu

lica

no

s R

olo

s (

kP

a )

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

Vazão

de G

ás

Qu

en

te (

kN

m³/

h )

Pressão Diferencial no Moinho ( Pa ) Pressão Hidráulica nos Rolos ( kPa )

Vazão de Gás Quente ( kNm³/h )

Page 41: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

41

GRÁFICO 4 – Comportamento da Taxa de Alimentação Horária (t/h), da Pressão Diferencial no Moinho (Pa), da Pressão Hidráulica nos Rolos (kPa) e da Vazão de Gás (kNm

3/h) do Moinho 1 entre 20 / 04 a 01 / 05 / 2005.

GRÁFICO 5 – Comportamento da Taxa de Alimentação Horária (t/h), da Pressão Diferencial no Moinho (Pa), da Pressão Hidráulica nos Rolos (kPa) e da Vazão de Gás (kNm

3/h) do Moinho 2 entre 18 / 02 a 03 / 03 / 2005.

Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da COSIPA. Crédito de : PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

Comportamento da Variáveis de Estado do Moinho 1

de Carvão Pulverizado entre 20/04 a 01/05/2005

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

20/04/0

5

20/04/0

5

21/04/0

5

22/04/0

5

22/04/0

5

23/04/0

5

24/04/0

5

24/04/0

5

25/04/0

5

25/04/0

5

26/04/0

5

27/04/0

5

27/04/0

5

28/04/0

5

29/04/0

5

29/04/0

5

30/04/0

5

01/05/0

5

01/05/0

5

DATA

Vazão

de G

ás Q

uen

te (

kN

m³/

h)

Taxa d

e A

lim

en

tação

de

Carv

ão

Bru

to (

t/h

)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

11000

12000

13000

Pre

ssão

Dif

ere

ncia

l d

o M

oin

ho

( P

a )

Pre

ssão

Hid

ráu

lica d

os R

olo

s

(kP

a)

Taxa de Alimentação de Carvão Bruto ( t/ h ) Vazão de Gás Quente ( kNm³/h )

Pressão Diferencial do Moinho ( Pa ) Pressão Hidráulica nos Rolos ( kPa )

Comportamento das Variáveis de Estado do Moinho 2

de Carvão Pulverizado entre 18/02 a 02/03/2005

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

120

130

18/2/2

005

19/2/2

005

20/2/2

005

21/2/2

005

22/2/2

005

23/2/2

005

24/2/2

005

25/2/2

005

26/2/2

005

27/2/2

005

28/2/2

005

1/3/

2005

2/3/

2005

DATA

Vazão

de G

ás Q

uen

te (

kN

m³/

h)

Taxa d

e A

lim

en

tação

de

Carv

ão

Bru

to (

t/ h

)

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

10000

11000

12000

13000

Pre

ssão

Dif

ere

ncia

l d

o M

oin

ho

(Pa)

Pre

ssão

Hid

ráu

lica n

os R

olo

s

(kP

a)

Taxa de Alimentação de Carvão Bruto ( t / h ) Vazão de Gás Quente ( kNm³/h )

Pressão Diferencial do Moinho ( Pa ) Pressão Hidráulica nos Rolos ( kPa )

Page 42: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

42

O que se pretende demonstrar é, que os valores apresentados nos

Gráficos 4 e 5 e referentes respectivamente à operação dos Moinhos 1 e 2,

pelas seguintes variáveis operacionais:

Vazão de Gás Quente maior que 115 kNm3/h,

Pressão Hidráulica nos rolos maior que 9.000 kPa, e

Pressão Diferencial no Moinho maior que 4000 Pa,

deveriam caracterizar, segundo os parâmetros de referência apresentados

no Gráfico 3, uma taxa de alimentação de carvão bruto de cerca de 60 t/h, e

não apenas as pouco mais de 20 t/h ou 30 t/h produzidas respectivamente

pelos Moinhos 1 e 2.

Em outras palavras, uma vez que a relação entre as variáveis de

estado não obedeciam aos parâmetros de referência mostrados no

Gráfico 3, a operação dos moinhos situava-se em uma zona de instabilidade.

Encontrar nela um ponto de maior estabilidade para operar os moinhos era

uma tarefa permanente e uma necessidade indevida dos operadores,

através de uma operação em modo manual, por processo de tentativa e

erro, procurando adaptar a relação entre as variáveis conforme a

necessidade ou a conveniência do momento.

A despeito das tentativas mais insistentes e especializadas e dos

esforços mais dedicados das equipes de tecnólogos, dentre as quais

destacamos as de COSTA, Alexandre F. & Alii, FREITAS, Marcelo J. & Alii, e

Page 43: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

43

SILVA, Anderson B. & Alii, todos os requisitos reconhecidos de estabilidade

e de qualidade do processo deixavam a desejar 21 :

R1. O primeiro requisito, a granulometria exigida para o carvão pulverizado,

não era atendido, ainda que em faixa inferior à especificação de

projeto.

R2. O segundo requisito, a taxa de alimentação de carvão bruto, não era

atendido sem desvio em relação à referência parametrizada.

R3. O terceiro requisito, a operação estável do moinho, caracterizado pela

vibração entre ( 2 ± 1 ) mm/s, era dificilmente alcançado. Nos períodos

intermitentes de instabilidade, verificavam-se a ocorrência de perigosos

picos de vibração nos moinhos de até 20 mm/s 22.

21

A COSIPA solicitou e recebeu assistência técnica especializada da Löesche, fabricante dos moinhos, em três ocasiões: no ano de 2002, em 2003 e em 2004,. 22

A vibração do moinho entre ( 2 ± 1 ) mm/s é um indício de estabilidade do processo de moagem porque significa que formou-se um leito contínuo e estável de carvão a moer entre os rolos e a mesa. A operação com vibração alta é indevida e perigosa porque deteriora as condições de todos os componentes mecânicos de fixação nos moinhos, submetendo-os a altos e indevidos esforços mecânicos de tração, de compressão, de fadiga e de cisalhamento. Não cabe discutir neste TCC o regime de operação instável a que foram submetidos os moinhos, nem as conseqüências verificadas nos componentes dos braços de articulação dos moinhos, entre outras, a quebra sistemática dos parafusos e das buchas de fixação, a quebra dos rolamentos de giro e a destruição da planicidade das pistas dos mancais de escora. O monitoramento e o registro on line da vibração dos moinhos permitiu aos autores apresentar a evidência objetiva das situações de operação citadas, respectivamente nos Anexos 3, 4 e 5, um período em estabilidade, com vibração de ( 2 ± 1 ) mm/s, outro em instabilidade intermitente, com vibração de ( 8 ± 6 ) mm/s e com os citados picos de vibração de até 20 mm/s e um terceiro período com operação em alta instabilidade com vibração média de ( 10 ± 6 ) mm/s. Nestas duas últimas circunstâncias, para preservar o equipamento, a operação deveria ter sido paralisada para os devidos ajustes.

Page 44: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

44

R4. O quarto requisito, as caixas de rejeitos necessitavam de inspeção

permanente e de trabalho penoso e incessante dos operadores, a fim

de drenar até 300 kg por dia de indevido rejeito de carvão bruto 23.

Caracterizamos neste capítulo a limitação de produção com a

qualidade exigida nos dois moinhos de carvão pulverizado e no Capítulo III a

seguir analisaremos as hipóteses de causas para determinarmos a causa

fundamental deste fato 24.

23

Esta quantidade de rejeitos é indevida porque se espera que toda a matéria prima alimentada seja pulverizada e saia pelo topo do moinho sob a forma de pó. A caracterização físico-química, a freqüência e a quantidade indevida dos rejeitos, foram estudadas exaustivamente por MARANHA, Sílvio P. D., ANÁLISE SISTEMÁTICA DE PROCESSO DE CARVÃO

[B8] e MATTIUZ, Marco A, ANÁLISE SISTEMÁTICA DE PROCESSO DE

CARVÃO PULVERIZADO [B9]

. Estes documentos são de circulação interna na COSIPA e de divulgação restrita por conterem dados estratégicos das misturas de carvão utilizadas e de suas características. 24

Os autores esclarecem que a busca da estabilidade da pressão diferencial do moinho pelo controle do fluxo de gás quente não foi inserida nos requisitos de qualidade do processo para não complicar desnecessariamente a exposição, que se restringiu a caracterizar a limitação de produção dos moinhos. Entretanto, a operação com alta vazão de gás quente, recomendada por uma assessoria técnica em outubro de 2003, chegando a patamares acima de 120 kNm3/h e fora do parâmetro de referência para a correspondente taxa de alimentação de carvão bruto, visando aumentar a produtividade dos moinhos, era causa da abertura da válvula de controle de gás quente ao fim de curso e, portanto, deixando-a fora da região possível de exercer qualquer controle do fluxo de gás quente. Nesta situação, a pressão diferencial do moinho era indevidamente corrigida pela abertura da válvula de descarga da chaminé. A operação com alta velocidade do gás, aliada ao ajuste da granulometria em grãos mais grosseiros, de maior massa, provoca um aumento polinomial das perdas de massa por abrasão e impacto nos componentes de desgaste. Este assunto é detalhado no trabalho de PITZER, Milton J. O., O MECANISMO DO DESGASTE POR ABRASÃO E IMPACTO DE MATERIAIS GRANULADOS E PROPOSTAS EFICAZES PARA MINIMIZÁ-LO.

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45

CAPÍTULO III

DETERMINAÇÃO DA CAUSA FUNDAMENTAL DA RESTRIÇÃO

NA CAPACIDADE DE PRODUÇÃO COM QUALIDADE

DO CARVÃO PULVERIZADO

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46

CAPÍTULO III – Determinação da causa fundamental da restrição na

capacidade de produção com qualidade do carvão pulverizado

No Capítulo II caracterizamos o problema da limitação da produção

com qualidade do carvão pulverizado, verificada a partir do último trimestre

de 2004 e nesta seqüência, determinaremos a sua causa fundamental.

Para esta tarefa, é necessário inicialmente discorrermos sobre

algumas definições básicas da metodologia que utilizaremos neste TCC, o

Método de Solução de Problemas do TQC – Controle de Qualidade Total 25.

A experiência prática dos autores com o uso deste Método,

vivenciada na COSIPA desde a sua implantação em 1987, permite afirmar

que a correta proposição de um problema contém mais da metade do

processo de sua solução e que, por isso mesmo, merece toda a nossa

atenção.

Segundo SÉRATES, Jonofon, em RACIOCÍNIO LÓGICO proposição

é uma sentença declarativa que pode ser classificada como verdadeira ou

falsa [B11].

25

Não é intenção dos autores fazer uma apologia ao TCQ, mas como a ferramenta foi utilizada, é necessária uma mínima definição sobre a sua terminologia para chegarmos ao entendimento do que seja a causa fundamental. Uma definição sintética do TQC – Total Quality Control, Controle de Qualidade Total pode ser encontrada em CAMPOS, Vicente Falconi ( op. cit., pág.13 ) : O TQC é “... um sistema administrativo aperfeiçoado no Japão, a partir das idéias americanas ali introduzidas após a Segunda Guerra Mundial...” e “... emprega o método cartesiano, aproveita muito do trabalho de TAYLOR, F. W., utiliza o controle estatístico de processos, cujos fundamentos foram lançados por SHEWHART, W. A., adota os conceitos sobre o comportamento humano lançados por MASLOW, A. H. e aproveita todo o conhecimento ocidental sobre a qualidade, principalmente o trabalho de JURAN, J. M. O TQC é um modelo administrativo montado pelo Grupo de Pesquisas do Controle da Qualidade da JUSE – Japanese Union of Scientists and Engineers”. A história do TQC japonês, narrada por um dos seus expoentes máximos, ISHIKAWA, Kaoru, pode ser encontrada em TQC TOTAL QUALITY CONTROL – ESTRATÉGIA E ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE

[B6].

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47

Problema, define CAMPOS, V. F. ( op. cit., respect. páginas 20 e 17 )

“é o resultado indesejável de um processo” e processo “é o conjunto de

causas que provoca um ou mais efeitos” 26.

O Método de Solução de Problemas é, então, uma análise de um

resultado indesejável, ou problema, efetuada após termos recolhido as

evidências objetivas de todas as características deste problema e após

termos formulado proposições, ou hipóteses, sobre todas as causas

envolvidas e sobre todos os efeitos observados 27.

Na análise de problemas com muitas variáveis e com diversas

relações de dependência, pode não ser tão evidente o fato de que a todo

efeito implique uma causa. Na maior parte das análises, é comum duas ou

mais causas concorrerem direta ou indiretamente em um mesmo efeito e

também não é raro confundirmos uma com outro numa análise descuidada

ou desprovida de metodologia lógica estruturada. A própria sabedoria

popular eternizou esta evidência no ditado:

“Uma desgraça nunca vem sozinha: vem sempre mal acompanhada”.

Talvez por isso mesmo, um dos expoentes máximos do TQC japonês,

ISHIKAWA, Kaoru criou em 1952 um diagrama denominado Diagrama de

Causa e Efeito que se popularizou inicialmente no Japão e em seguida 26

Um processo, segundo OGATA ( op. cit. ) “é qualquer operação a ser controlada”. 27

Em 1988, uma equipe de técnicos e de engenheiros da COSIPA sintetizou os conceitos do Método de Solução de Problemas da JUSE, o QC Story, em uma tabela que foi denominada internamente na Empresa de Catavento. Maiores detalhes podem ser encontrados em CAMPOS ( op. cit. Apêndice 3, pág. 209 ). Neste Apêndice, o autor reconhece a importância deste trabalho para a maior facilidade do entendimento e da divulgação do QC Story japonês no Brasil.

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48

mundialmente como Diagrama Espinha de Peixe, que em 1962 foi incluído

no QUALITY CONTROL HANDBOOK de JURAN, J. M. com o nome de

Diagrama de Ishikawa, em homenagem ao seu idealizador [B6] [B7].

Ao longo de duas décadas de prática profissional de pesquisa e de

solução de problemas de manutenção de equipamentos e de processos, os

autores deste TCC desenvolveram paulatinamente uma abordagem

particular do Método de Solução de Problemas que consiste em agregar e

sintetizar ao conceito do Diagrama de Ishikawa, os conceitos de Lógica

Clássica, ou Aristotélica e da Análise de Pareto, criando assim uma

ferramenta de análise lógica estruturada, poderosa na resolução de

problemas quando corretamente aplicada 28.

Esta fusão de conceitos do Diagrama de Ishikawa, da Lógica

Aristotélica e do Princípio de Pareto, será desenvolvida neste Capítulo III

28

Segundo o sítio italiano http://it.wikipedia.org, PARETO, Vilfredo ( 1848 ~ 1923 ) é reconhecido como um dos maiores economistas italianos. Engenheiro pela Universidade de Torino, dedicou-se também à matemática, à física, à economia, à sociologia e à política e publicou diversos trabalhos que contribuíram indubitavelmente para o desenvolvimento teórico das ciências da economia política e da sociologia. Em 1897, estudando as causas da injustiça social na distribuição de renda, Pareto encontrou um modo de representar de forma gráfica os aspectos prioritários de um problema, aqueles em que se devem concentrar os esforços para buscar a solução. Usando esta representação para resumir as suas observações sobre a distribuição de renda, demonstrou que em uma dada região apenas poucos indivíduos possuem a maior parte da riqueza econômica. A observação de que a maior parte dos efeitos é devido a um restrito número de causas, inspirou a enunciação da Lei 80/20, lei empírica formulada originalmente como Princípio de Pareto por JURAN, Joseph M. ( op. cit. ), segundo a qual 80 % dos efeitos, ou resultados, depende de apenas 20 % das causas. Aproveitando este conceito, uma Análise de Pareto é efetuada quando se encontram, em um dado conjunto, as poucas variáveis, dentre muitas, que mais significativamente influenciam o resultado final, ou seja, segundo JURAN, quando se determina as causas que podem ser classificadas como vital few – as poucas vitais. Para um conjunto de causas prováveis de um dado efeito, CAMPOS ( op. cit. ) afirma o Princípio de Pareto com um outro interessante aforismo: Algumas são vitais e muitas triviais. O Diagrama de Pareto consiste num histograma de distribuição percentual das causas de um fenômeno, ordenado de forma decrescente e agregado ao gráfico de freqüência acumulada, ou Curva de Lorenz. Os autores deste TCC advertem que este instrumento da Análise de Pareto não será apresentado, apesar de todos os seus conceitos serem utilizados nos diversos Diagramas de Ishikawa que serão construídos e explicitados.

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49

para a determinação da causa fundamental da restrição na capacidade de

produção com qualidade de carvão pulverizado nas moagens da COSIPA e

neste desenvolvimento, as notas de rodapé de página mostrarão

gradativamente todo o fundamento teórico desta abordagem particular, a fim

de provar que a utilidade desta ferramenta de análise lógica estruturada, que

potencializa simultaneamente e em sinergia o poder das três ferramentas

citadas, reside no fato de que ela nos obriga a:

O1. Recolher todas as características possíveis do problema sob forma de

evidências objetivas, fatos concretos e dados numéricos. Em outras

palavras, obriga-nos a caracterizar objetivamente o efeito indesejável.

O2. Declarar estas características na forma de sentenças simples ou

proposições lógicas simples e corretas 29.

O3. Estruturar com o uso do Diagrama de Ishikawa uma análise lógica e

gráfica destas proposições simples, formando proposições compostas,

29

Uma proposição lógica é simples quando declara algo sem o uso de nenhum dos conectivos lógicos “e”, “ou”, “não”, “se, ... , então” e “se, e somente se”. Uma proposição lógica é composta quando formada por duas ou mais proposições simples conectadas pelos conectivos lógicos citados. Uma proposição lógica é correta se, e somente se, obedece simultaneamente aos três princípios da Lógica Aristotélica: 1. Princípio da Identidade: “Se qualquer proposição é verdadeira, então ela é verdadeira”. 2. Princípio da Não Contradição: “Nenhuma proposição pode ser verdadeira e falsa”, e 3. Princípio do Terceiro Excluído: “Uma proposição ou é verdadeira ou é falsa”. Para maiores detalhes, consultar SÉRATES, Jonofon ( op. cit. páginas 21, 22 e 24 ).

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50

com o uso dos conectivos lógicos e, ou, não, se... então e se, e

somente se 30.

O4. Segregar os efeitos das causas através de um teste lógico simples, a

formação de proposições compostas conectadas pelo conectivo

porque.

O5. Realizar a prova e evidenciar a tese, de todas as proposições

levantadas como hipótese.

O6. Classificar todas as proposições consideradas como causa do efeito

indesejável em causas concorrentes, causas agravantes e uma, e

apenas uma, causa fundamental.

O7. Exercitar e a testar ad infinitum no Diagrama, a composição das

diversas proposições até que fique evidente a existência de uma, e

apenas uma, causa fundamental.

Causa fundamental é a única que, uma vez retirada da análise pelo

Diagrama de Ishikawa, tem o poder de fazer cessar significativamente o

efeito indesejável, independente da ação de todas as outras causas.

30

A inserção da Lógica Clássica na metodologia do Diagrama de Ishikawa visa eliminar o que em lógica se denomina sofisma, falácia ou argumento não válido. Um argumento é válido se, e somente se, a conclusão é verdadeira todas as vezes que as premissas são verdadeiras. “Portanto, todo argumento válido goza da seguinte propriedade : a verdade das premissas é incompatível com a falsidade da conclusão”. Maiores detalhes, podem ser encontrados em SÉRATES, Jonofon ( op. cit. Pág. 82 ).

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51

A ação de bloqueio da causa fundamental, portanto, é a única ação

necessária e suficiente para fazer cessar significativamente o efeito

indesejável, apesar de que as ações de bloqueio de todas as outras causas

sejam ações necessárias.

O nosso objetivo com as definições anteriores foi evidenciar que o

efeito indesejável objeto de nossa análise é a limitação da produção do

carvão pulverizado com qualidade pelos moinhos, problema já caracterizado

no capítulo anterior e que a nossa tarefa consistirá em:

T1. Dado o efeito indesejável, encontrar uma, e apenas uma, causa que

possua as características citadas da causa fundamental.

T2. Dada a causa fundamental, encontrar a ação necessária e suficiente

que faça cessar o efeito indesejável: a ação eficaz de bloqueio da

causa fundamental.

Como já demonstrado no Capítulo II, os moinhos mostravam-se

incapazes de atender às exigências de produção e de qualidade e operavam

em regime instável e perigoso. A pesquisa da causa desta situação

restringia-se nos paradigmas do ajuste de processo de moagem em um

hipotético novo ponto de funcionamento, pela modificação da especificação

de granulometria e pelas freqüentes alterações da mistura de carvões

brutos, imposta por uma escassez conjuntural no mercado de carvões, ou

mesmo no questionamento do HGI da mistura de carvões, tendo em vista a

grande quantidade de material de má qualidade retirada diuturnamente da

caixa de rejeitos. Nesta conjuntura enganosa, as tentativas mais esforçadas

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52

e dedicadas não alcançavam êxito uma vez que a causa fundamental se

localizava, como demonstraremos adiante, no domínio da condição do

equipamento 31.

Vamos então desenvolver o nosso Diagrama de Causa e Efeito

utilizando os conceitos ensinados por ISHIKAWA, Kaoru ( op. cit. ) e,

simultaneamente, trabalhar com a argumentação lógica. Procedendo assim,

além de treinarmos o uso da ferramenta, evidenciaremos o poder da lógica

de Aristóteles e da priorização de Pareto aplicada à ferramenta.

Chama-se argumento, toda declaração de que uma seqüência de

proposições P1, P2, P3 ... Pn, as premissas do argumento, tenha como

conseqüência uma outra proposição Q, a conclusão do argumento [B11].

Denomina-se valor lógico, a propriedade de uma proposição ser

reconhecida como verdadeira ( V ) ou falsa ( F ) [B11].

A construção de nosso Diagrama Espinha de Peixe inicia-se com a

proposição do efeito indesejável, a conclusão do nosso argumento:

Q = “A produção de carvão pulverizado com qualidade pelos moinhos está

indevidamente limitada em aproximadamente 35 t/h e em 60% < 60 µm” 32.

O valor lógico da proposição Q é verdadeiro e escreve-se v ( Q ) = V

porque já reconhecemos no Capítulo II as evidências de que havia mesmo 31

Tomando como base o trabalho de MATTIUZ, M. A. ( op. cit. ), encontra-se no Anexo 6 deste TCC uma demonstração do porque do perfeito entendimento da causa fundamental da limitação de produção com qualidade dos moinhos de carvão pulverizado ter permanecido eclipsado por quase dois anos. Ainda neste capítulo explicaremos o porquê desta situação ter sido tolerada e sobre as dificuldades encontradas para o disparo das devidas ações corretivas. 32

O texto apresentado para esta proposição foi simplificado uma vez que já caracterizamos em minúcias o efeito indesejável, a limitação de produção e de qualidade, no Capítulo II.

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53

uma limitação indevida de produção e de qualidade do carvão pulverizado

pelos Moinhos 1 e 2. O nosso Diagrama inicia-se, então, da forma seguinte:

Precisamos agora inferir sobre a relação de dependência entre as

variáveis produção do moinho e qualidade do carvão moído e todos os

possíveis e conhecidos fatores causais. Precisamos declarar as premissas

do argumento, recolher as evidências objetivas, os fatos e os dados,

evidenciar as teses e testar os valores lógicos destas proposições 33.

Como a quantidade e a qualidade dos rejeitos gerados pelo moinho e

recolhidos diariamente nas caixas de rejeito era um fato inusitado e

objetivamente evidente, é razoável que suspeitemos de uma variável de

entrada do sistema de moagem, a qualidade do carvão.

33

Um parêntesis seja feito para alertar que o escopo deste TCC não tolerará aplicarmos o método em todos os possíveis fatores causais, ou variáveis de estado, uma vez que não se trata aqui de realizar um completo modelamento e uma detalhada análise do processo de moagem. Nosso objetivo é tão somente provar que a causa fundamental se localizava no domínio da condição do equipamento o que justifica a proposta de ação de bloqueio da causa fundamental a recuperação de mesa e rolos dos moinhos de carvão pulverizado.

Diagrama de Ishikawa para a limitação de produção dos moinhos 1 e 2 de carvão pulverizado da COSIPA, verificada entre out / 2004 a mar / 2005. 1ª Parte.

CAUSAS | EFEITO | INDESEJÁVEL | | | | | Q | v ( Q ) = V |

|

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54

Vamos trabalhar na construção da primeira premissa de nosso

argumento Q, aventando a suspeita, ou hipótese, de que:

p1 = “A qualidade da mistura de carvões alimentada nos moinhos é

indevida” 34.

Em primeiro lugar, precisamos caracterizar como qualidade indevida da

mistura de carvões alimentada nos moinhos, aquela que não obedece ao

especificado no projeto e já explicitada no Capítulo I:

Carvão bruto, de granulometria 100 % < 50 mm, de densidade

aparente entre ( 0,8 a 1,0 ) t/m3, com umidade < 15 %, à temperatura

ambiente de até 40 °C e com HGI > 40 %.

Antes de transformar esta primeira proposição p1 em premissa do

Diagrama Espinha de Peixe, é necessário efetuar um teste proposto por

ISHIKAWA, formando uma proposição composta e utilizando o conectivo

porque, a fim de verificar se há, ou não, uma relação de dependência, ou

relação de causa e efeito, entre p1 e Q:

Q porque p1 = “A produção de carvão pulverizado... está indevidamente

limitada...” porque “A qualidade da mistura de carvões... é indevida”.

34

A matéria prima para a moagem não se constitui apenas de um único tipo de carvão de determinadas características, porém, de uma mistura dosada de vários carvões não coqueificáveis. A dosagem de diversos tipos de carvões constituindo uma mistura permite obter-se uma melhor característica final do carvão pulverizado, conforme a necessidade do processo de injeção nos altos fornos. Por exemplo, um carvão com alto teor de enxofre e um outro com alto teor de cinzas, que teriam o uso individualmente proibido para a injeção, podem ser dosados convenientemente em um terceiro, ou em um quarto, desde que nesta mistura se respeite, respectivamente, uma dosagem máxima, conforme os limites dos teores de enxofre e de cinzas permitidos para a mistura.

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55

Em linguagem lógica, este mesmo teste é realizado da seguinte forma:

Se p1, então Q = Se “A qualidade da mistura de carvões... é indevida”,

então,

“A produção de carvão pulverizado... está indevidamente limitada...”.

Consultando o OPERATION & MAINTENANCE MANUAL FOR

CUBATÃO COAL GRINDING PLANT ( op. cit. ) verificamos que a qualidade

do carvão, ou da mistura alimentada é um fator que pode mesmo limitar a

produção dos moinhos [A1]. Portanto, a proposição p1 pode ser transformada

na premissa P1 e pode ser colocada no Diagrama de Ishikawa:

Declarada a premissa P1 e reconhecida como um possível fator causal

do efeito indesejável Q, é hora de recolher as evidências objetivas, os fatos

e os dados, evidenciar a tese e testar o valor lógico da premissa, provando-a

verdadeira ou desmentindo-a por falsidade.

Diagrama de Ishikawa para a limitação de produção dos moinhos 1 e 2 de carvão pulverizado da COSIPA, verificada entre out / 2004 a mar / 2005. 2ª Parte.

CAUSAS | EFEITO | INDESEJÁVEL | P1 | | | | Q | v ( Q ) = V |

|

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56

O desenvolvimento completo desta tese de processo extrapola o

objetivo deste capítulo, mas a sua conclusão é importante demais, tendo em

vista o transtorno causado pelos rejeitos verificados no moinho. Por isso, tal

tese será desenvolvida, referenciando apenas os pontos fundamentais dos

trabalhos de MARANHA, Sílvio P. D. e MATTIUZ, Marco A. [B8] [B9].

Para testarmos o valor lógico de p1 iniciamos listando todas as

conhecidas variáveis de influência na qualidade da mistura e argüindo as

suas possíveis condições. Neste caso, o valor lógico de p1 será verdadeiro e

a qualidade da mistura de carvões alimentada será indevida s.s.s. 35 36 :

p1A = “A granulometria do carvão bruto for maior que 50 mm ”, ou

p1B = “A densidade aparente não se encontrar entre ( 0,8 a 1,0 ) t/m3 ”, ou

p1C = “A umidade da mistura for maior que 15 % ”, ou

p1D = “A temperatura da mistura for maior que 40 °C ”, ou

p1E = “O HGI da mistura for menor que 40 % ” 37.

A melhor prova de que v ( p1A ) = F é o fato de que antes de serem

alimentados nos moinhos, todos os carvões passavam por britadores de

impacto que os reduziam à granulometria 100 % < 10mm. Então, por esta

35

s.s.s. é uma abreviação padronizada do conectivo lógico se, e somente se. 36

Note-se uma curiosidade quanto ao uso indiscriminado da palavra indevido(a) nos Diagramas de Ishikawa: quando se procura uma causa que não se sabe exatamente onde possa estar, a técnica indicada neste caso é suspeitar-se de tudo e partir-se do pressuposto de que tudo é indevido, para obrigar-se a provar tudo, inclusive o que aparentemente não é indevido, ou seja, o que está correto. Tal técnica denomina-se demonstração por contradição. 37

O conectivo lógico ou que liga as proposições internas de p1 significa que se qualquer v ( p1Z ) = V, então v ( p1 ) = V, quer dizer, se qualquer uma das proposições internas de p1 se mostrar indevida, então, a qualidade da mistura de carvão também será indevida.

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57

especificação de granulometria, a qualidade da mistura de carvão não pode

ser indevida.

Por outro lado, a britagem prévia e adicional até a granulometria menor

do que 10 mm causava a diminuição da densidade aparente dos carvões,

retirando-a da faixa prevista entre ( 0,8 a 1,0 ) t/m3 . Portanto, v ( p1B ) = V.

As análises de processo mencionadas mostraram a falsidade de p1C,

p1D e p1E. Apresentaremos em seguida apenas um resumo das provas:

p1C = “A umidade da mistura é maior que 15 %”.

Prova: Os gráficos de controle de umidade de carvão não mostraram

valores maiores do que 13%. Portanto, se v ( p1C ) = F, então, por alta

umidade, a mistura de carvões não pode ser indevida.

p1D = “A temperatura da mistura é maior que 40 °C ”.

Prova: A temperatura ambiente média e a dos carvões não alcançam

35 ºC. Portanto, se v ( p1D ) = F, então, por alta temperatura, a mistura de

carvões não pode ser indevida.

p1E = “O HGI da mistura for menor que 40 % ”.

Prova: Os dados históricos das análises que são sistematicamente

conduzidas em todos os tipos de carvão recebidos na COSIPA mostraram

que, a menos da utilização na moagem, em um período muito anterior ao do

efeito indesejável analisado, de um único carvão com HGI = 40 %, todas as

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58

outras misturas possuem HGI > 40 %. Portanto, se v ( p1E ) = F, então, por

índice de facilidade de moagem, a mistura não pode ser indevida.

Conforme demonstrado, se apenas v ( p1B ) = V, podemos simplificar o

nosso Diagrama de Causa e Efeito substituindo P1 simplesmente por P1B e o

valor de 4 %, inserido sobre o ramo correspondente da Espinha de Peixe,

representa a influência estimada de P1B no efeito indesejável Q 38 :

O efeito da menor densidade aparente da mistura de carvão bruto

alimentado nas moagens, devido à prévia britagem em britadores de impacto

que reduzem a faixa de granulometria para 100 % < 10 mm, foi eliminado

em março de 2005 retirando-se o fluxo de carvão bruto para as moagens da

rota de tais britadores de carvão e encaminhando-o a uma rota alternativa.

38

A influência da densidade aparente do carvão na produção das moagens é indireta e deve-se ao fato de que os alimentadores de carvão inserem nos moinhos um determinado volume de matéria prima a uma determinada velocidade. Dado o volume correspondente à geometria do alimentador e a velocidade ajustada desta máquina, quanto menor a massa por unidade de volume de carvão, ou densidade aparente, menor será a taxa de alimentação em toneladas de material por hora. O cálculo do valor 4 % para a influência estimada de P1B no efeito indesejável Q não será mostrado neste TCC.

Diagrama de Ishikawa para a limitação de produção dos moinhos 1 e 2 de carvão pulverizado da COSIPA, verificada entre out / 2004 a mar / 2005. 3ª Parte.

CAUSAS | EFEITO 4% | INDESEJÁVEL | P1B | v(P1B)=V | | | Q | v ( Q ) = V | |

Page 59: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

59

Vamos continuar a nossa análise construindo a segunda proposição.

Segundo BRUNDIEK, Hans ( op. cit. ), a pressão nos rolos é um dos

parâmetros que determinam a capacidade de moagem. Como os moinhos

operavam com os valores de pressão dos rolos pelo menos 50 % maior que

os parâmetros normais, tendo em vista a capacidade de produção obtida,

conforme já demonstrado no Capítulo II pelos Gráficos 3, 4 e 5, este fato

inusitado, indevido e objetivamente evidente, faz que seja razoável

suspeitarmos desta variável de controle do sistema de moagem, a pressão

dos rolos. Esta suspeita é declarada na seguinte proposição:

p2 = “O aumento da pressão dos rolos não está ocasionando um

correspondente aumento proporcional da capacidade de moagem”.

Efetuando o teste proposto por ISHIKAWA, formar uma proposição

composta utilizando o conectivo porque, a fim de verificar se há ou não uma

relação de dependência, ou uma relação de causa e efeito entre p2 e Q,

vem:

Q porque p2 = “A produção de carvão pulverizado... está indevidamente

limitada...” porque “O aumento da pressão dos rolos não está ocasionando

um correspondente aumento proporcional da capacidade de moagem”.

Ou, em linguagem lógica:

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60

Se p2, então Q = Se “O aumento da pressão dos rolos não está

ocasionando um correspondente aumento proporcional da capacidade de

moagem”, então “A produção de carvão pulverizado... está indevidamente

limitada...”.

Ratificando BRUNDIEK, Hans, o OPERATION & MAINTENANCE

MANUAL FOR CUBATÃO COAL GRINDING PLANT ( op. cit. ) informa que

a pressão dos rolos, é um fator que pode mesmo limitar a produção dos

moinhos. Portanto, a proposição p2 pode ser transformada em premissa P2 e

ser colocada no Diagrama de Ishikawa:

Se a capacidade de moagem depende da pressão dos rolos na razão

direta, nosso trabalho agora é descobrir o porquê da evidência objetiva de

que todo aquele aumento da pressão dos rolos se mostrava insuficiente para

realizar o trabalho de moagem à plena capacidade.

Diagrama de Ishikawa para a limitação de produção dos moinhos 1 e 2 de carvão pulverizado da COSIPA, verificada entre out / 2004 a mar / 2005. 4ª Parte.

CAUSAS | EFEITO 4% | INDESEJÁVEL | P2 P1B | v(P1B)=V | | | Q | v ( Q ) = V |

|

Page 61: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

61

As seguintes premissas internas de P2 do nosso argumento Q precisam

ser testadas:

P2A = “Os rolos de moagem têm operado com desgaste maior que o

permissível”.

P2B = “Os rolos em operação apresentam uma perda de massa

acentuada, indevida e rápida”

P2C = “O diâmetro dos rolos utilizados é indevido”.

P2D = “O ajuste da altura dos rolos é indevido”.

P2E = “O ajuste da posição de fim de curso dos batentes dos rolos é

indevido”.

P2F = “O ajuste da pressão do acumulador hidro-pneumático é

indevido”.

A partir deste ponto neste TCC, nossa argumentação lógica aplicada

ao Diagrama de Ishikawa, ou seja, ao declarar as premissas, reconhecê-las

como possíveis fatores causais, recolher as evidências objetivas, os fatos e

os dados, evidenciar as teses e testar os valores lógicos das proposições,

provando-as verdadeiras ou desmentindo-as por falsidade, não mais será

descrita em minúcias, conforme o temos feito até aqui. O tratamento técnico

continuará com o mesmo rigor lógico, mas exemplificado o método,

apresentaremos, a partir daqui, apenas a sua conclusão.

Aplicado o teste de Ishikawa, P2A mostrou-se efeito de P2B, ou seja:

Page 62: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

62

P2A porque P2B = “Os rolos de moagem têm operado com desgaste

acima do permitido” porque “Os rolos em operação apresentam perda de

massa acentuada, indevida e rápida”,

Ou:

Se P2B, então P2A = Se “Os rolos em operação apresentam perda de

massa acentuada, indevida e rápida”, então “Os rolos de moagem têm

operado com desgaste acima do permitido”.

Já nos avizinhando da demonstração da causa fundamental,

lembramos que podemos prolongar uma análise ad infinitum ou até onde

conveniente 39.

A ação que mitiga exclusivamente o efeito P2A é trocar os rolos

desgastados. Esta ação sobre este efeito foi realizada diversas vezes entre

2003 e 2004 através de intervenções de manutenção, apesar de ter sido

muito difícil programá-las, por dependerem do fornecimento de elevada

quantidade de mão de obra em dia de pico de demanda, as paradas de

plantas para a manutenção em toda a usina, por dependerem das moagens

paradas por longos períodos e assim corrermos o risco de interferir no

programa de injeção de carvão pulverizado do cliente, os altos fornos. Esta

dificuldade em programar as manutenções é a explicação que prometemos

na nota de rodapé 29 da página 35 do porque ter sido tolerada a operação

das moagens com peças muito desgastadas.

39

A disposição de esmiuçar uma análise indefinidamente é o que proporciona um mais completo e perfeito domínio tecnológico. A frase de Virgílio, o poeta da Era Augusta de um Império Tecnológico na epígrafe deste TCC nos alerta deste fato e das vantagens que advêm dele.

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63

Acrescentamos o fato de que, no período analisado, por mais que se

tenha substituído os rolos com desgaste, a eficácia destas trocas na

limitação de produção dos moinhos era de curta duração.

Se P2A é o efeito, então é necessário estudarmos e analisarmos com

mais rigor a causa:

P2B = “Os rolos em operação apresentam perda de massa acentuada,

indevida e rápida” 40.

para propormos uma ação de bloqueio que seja eficaz em resolver a causa

fundamental deste problema, devendo ainda contornar aquela dificuldade

apresentada anteriormente, ou seja, a sua consecução não poderá interferir

nas necessidades de injeção do cliente, nem deverá despender excessiva

quantidade de mão de obra, não deverá depender do dia da parada, para

escapulir do pico de demanda de mão de obra, nem dependerá de elevado

tempo de planta parada.

O fenômeno do desgaste, ou perda de massa, foi estudado por

PITZER, Milton J. O., O MECANISMO DO DESGASTE POR ABRASÃO E

IMPACTO DE MATERIAIS GRANULADOS E PROPOSTAS EFICAZES

PARA MINIMIZÁ-LO. Cubatão SP: XXIV Seminário Interno da Redução,

COSIPA, 2005.

40

A perda de massa de uma peça é a evidência que caracteriza o seu desgaste.

Page 64: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

64

Para concluirmos qual seja a causa fundamental da limitação de

produção dos moinhos, devemos continuar analisando todas as outras

premissas.

P2C = “O diâmetro dos rolos utilizados é indevido”.

Para pesquisar a afirmação de BRUNDIEK, Hans ( op. cit. ) de que a

capacidade de moagem também “depende do quadrado do diâmetro dos

rolos”, fizemos uma comparação do diâmetro dos rolos utilizados, que

vinham sendo adquiridos no mercado nacional conforme a especificação do

desenho E33M013-0047 da COSIPA, com o diâmetro dos rolos originais

fornecidos pela LÖESCHE MILL em 2003. O resultado desta comparação

muito nos surpreendeu porque foi encontrada a seguinte diferença:

1800 mm de diâmetro no primeiro caso citado e 1830 mm no segundo 41.

Se uma determinada capacidade de moagem C1, é proporcional ao

quadrado de um diâmetro do rolo D1, ou seja :

Se C1 = k.D12, sendo k uma constante qualquer de proporcionalidade e

se C2 = k.D22, então, por analogia, podemos montar um argumento auxiliar

Q1 com as seguintes premissas compostas:

41

A razão desta diferença deve-se ao fato de que foram tomadas como referência as medidas dos rolos que foram fornecidos para a partida da planta e que já possuíam os seus diâmetros desgastados e parcialmente recuperados por soldagem.

Page 65: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

65

Se:

P3 = “O diâmetro dos rolos novos que vêm sendo utilizados conforme a

especificação do desenho E33M013-0047 é de 1800 mm”,

ou seja, se D1 = 1800 mm

e se:

P4 = “O rolo original LÖESCHE MILL para moinho 26.30 D possui

diâmetro de 1830 mm”,

ou seja, se D2 = 1830 mm

e se:

P5 = “A capacidade de produção depende do quadrado do diâmetro

dos rolos”,

Então:

Q1 = “A capacidade de moagem de um moinho que utiliza um rolo de

diâmetro 1800 mm será 3 % menor do que a capacidade de moagem do

mesmo moinho quando utilizar um rolo de diâmetro de 1830 mm.”

Prova:

Se C1 / C2 = ( k . D12 ) / ( k . D2

2 )

Ou C1 . ( 1830 ) 2 = C2 . ( 1800 ) 2

Então: C1 = 0,97 . C2 ( Q.e.d ) 42

42

Q.e.d. é a abreviação da frase latina Quod Erat Demonstrandum usualmente inserida ao final das demonstrações matemáticas e significa “O que era necessário demonstrar”.

Page 66: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

66

Vamos reparar que v ( P2C ) = V porque v ( Q1 ) = V e atentar ao fato

de que, mesmo substituindo os rolos com desgaste por rolos novos, mas de

diâmetro menor, estes, por força de v ( P2C ) = V, já impingiam uma limitação

de 3 % na capacidade de moagem.

Vamos atualizar o nosso Diagrama de Ishikawa com P2C.

A veracidade de Q1 nos alerta para uma premissa ainda mais

importante:

P6 = “Rolos que perdem massa no processo de moagem têm, por

conseguinte, seus diâmetros também diminuídos.”,

ou seja, um terno de rolos que perde 50 mm no diâmetro por desgaste

impinge uma perda de capacidade de moagem de até 9 % e v ( P6 ) = V por

força da mesma prova da página anterior. Vamos notar que este valor não

considera o efeito cumulativo de P2C.

Diagrama de Ishikawa para a limitação de produção dos moinhos 1 e 2 de carvão pulverizado da COSIPA, verificada entre out / 2004 a mar / 2005. 5ª Parte.

CAUSAS | EFEITO 3% 4% | INDESEJÁVEL

| P2C P1B | v(P2C)=V v(P1B)=V | | | Q | v ( Q ) = V | |

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67

Vamos atualizar o nosso Diagrama de Ishikawa com P6.

A premissa mais espetacular foi deixada para o fim desta catástase 43.

BRUNDIEK, Hans quando relacionou a capacidade de produção ao

diâmetro dos rolos, considerou a mesa de moagem nova e, portanto,

perfeitamente plana e íntegra. Ora, o fenômeno de desgaste acontece

simultaneamente nos rolos e na mesa, sendo que, nesta última, a perda de

massa é de até três vezes maior do que a de um único rolo, devido ao fato

de que a cada rotação da mesa, esta sofre um desgaste proporcional ao

trabalho de moagem efetuado simultaneamente pela pressão dos três rolos.

Os rolos de moagem eram substituídos, ou seja, tinham seus diâmetros

retornados à condição considerada normal, mas a mesa de moagem não era

objeto de manutenção e o efeito do desgaste da mesa na limitação da

capacidade dos moinhos, pela perda de sua planicidade, era então mais

acentuado do que o efeito do desgaste dos rolos.

43

Catástase é um verbete de etimologia grega { katástasis } que designava, no teatro antigo, a terceira parte da tragédia clássica grega, na qual os acontecimentos se precipitam e, afinal, se esclarecem.

Diagrama de Ishikawa para a limitação de produção dos moinhos 1 e 2 de carvão pulverizado da COSIPA, verificada entre out / 2004 a mar / 2005. 6ª Parte.

CAUSAS | EFEITO 9% 3% 4% | INDESEJÁVEL

| P6 P2C P1B | v(P6)=V v(P2C)=V v(P1B)=V | | | Q | v ( Q ) = V | |

Page 68: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

68

Se pelos motivos já expostos, era grande a dificuldade de se programar

a troca dos rolos, intervenção de manutenção com duração média de

72 horas, enorme era a dificuldade de se programar a troca da mesa,

intervenção de manutenção com duração prevista de 120 horas.

Por isso, a mesa do Moinho 1 chegou a ter 43 % da sua massa útil

perdida por desgaste e 32 % a do Moinho 2. Nestas circunstâncias, trocar

apenas os rolos já não era mais suficiente para retirar os moinhos da

situação de limitação de capacidade de moagem de carvão pulverizado com

qualidade. Respectivamente nos Anexos 7, 8, 9 e 10 mostramos as

evidências objetivas desta perda de massa.

Por analogia, as premissas que fizemos para os rolos valem também

para as mesas:

P7A = “As mesas de moagem têm operado com desgaste acima do

permitido”.

P7B = “As mesas de moagem em operação apresentam perda de

massa acentuada, indevida, e rápida”.

A estas duas premissas acima, devemos juntar uma terceira, óbvia:

P7C = “Ao efeito do desgaste dos rolos na limitação da capacidade de

moagem soma-se o efeito do desgaste das mesas e na mesma proporção”.

Page 69: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

69

O que se pretende explicar é que o raciocínio da premissa de

BRUNDIEK, Hans ( op. cit. ) que relaciona a capacidade de produção ao

diâmetro dos rolos, tem efeito similar tanto para o caso de diminuição de

diâmetro por perda de massa dos rolos quanto para o caso da perda de

massa das mesas. Portanto, para mantermos uma fidelidade técnica em

relação à evidência objetiva observada e demonstrada, a conclusão final a

que chegamos é a de que precisamos reescrever a premissa de BRUNDIEK,

Hans, complementando-a pela inserção de uma nova condição sine qua,

non, ou seja, sem a qual, não é verdadeira e estender o seu raciocínio para

qualquer caso que se queira verificar na operação dos moinhos.

Transformaremos aqui esta nova premissa em um postulado que terá o

nome de um dos autores deste TCC e que teve a seu encargo o estudo

desta particularidade.

Enuncia-se o Postulado de Pitzer conforme segue 44 :

“Em moinhos de rolos para carvão pulverizado LÖESCHE, mantidos

constantes quaisquer outros fatores de influência, a capacidade de moagem

obedece a uma proporcionalidade linear, de razão direta, que depende da

pressão dos rolos e do quadrado de seus diâmetros se, e somente se,

verificar-se simultaneamente as planicidades das superfícies cônicas de

desgaste dos rolos e da superfície horizontal dos anéis de desgaste da mesa

44

Na linguagem matemática, postulado é um princípio ou fato reconhecido, mas não demonstrado. É uma proposição que se admite, mas que ainda não tem demonstração. Teorema é uma proposição que, para se admitir ou tornar evidente, precisa de demonstração.

Page 70: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

70

de moagem. Após perdidas estas planicidades por desgaste de mesa e

rolos, a capacidade de moagem obedecerá a uma nova proporcionalidade,

também de razão direta, mas não linear, com ponto de saturação. Após o

ponto de saturação, a capacidade de moagem não será mais diretamente

proporcional à pressão dos rolos, mas inversamente, pela aceleração

polinomial da perda de massa por abrasão, que limitará progressivamente a

própria capacidade de moagem”.

O postulado enunciado é de relativamente fácil prova por métodos

numéricos e modelamento estatístico avançado de funções matemáticas. A

prova matemática deste enunciado e, por conseguinte, a sua transformação

em Teorema, ficará, entretanto, para uma outra oportunidade.

Em resumo, aprendemos que para manter a capacidade de moagem

no valor ótimo especificado no projeto e descrito no Capítulo I, é preciso

determinar um limite máximo admissível para o desgaste de mesa e rolos 45.

Para terminar o nosso interrompido Diagrama de Ishikawa, queremos

resumir todo o exposto acima declarando a seguinte premissa:

P8 = “Na situação de limitação de moagem de carvão pulverizado

experimentada a partir do segundo trimestre de 2004 nos moinhos de carvão

pulverizado da COSIPA, verificou-se a perda da planicidade com desgaste

em profundidade de até 65 mm na mesa do Moinho 1 e de até 45 mm na

45

Este fato foi observado in loco na YAWATA STEEL WORKS da NSC – NIPPON STEEL CORPORATION durante um estágio em outubro de 2005 em que verificamos um conjunto de rolos substituídos com um desgaste não maior do que 15 mm.

Page 71: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

71

mesa do Moinho 2, simultaneamente à perda de massa de até 50 mm ou

100 % do volume de desgaste útil no diâmetro dos rolos de moagem”.

A prova de v ( P8 ) = V encontramos nos Anexos 7, 8, 9 e 10 onde

apresentamos as evidências objetivas, ilustrações por fotografias e os

valores de desgaste apresentados em P8 através dos perfis de desgaste

medidos e através do cálculo assistido por computador com o auxílio do

software eletrônico CAD – Computer Aid in Design. Devemos adiantar,

entretanto, que a veracidade de P8 é capaz, por si só, de impingir uma

limitação de produção de até 30 % nos moinhos de carvão pulverizado. Por

isso, P8 reúne então as características da causa verdadeira procurada, ou

causa fundamental da limitação de produção com qualidade dos moinhos de

carvão pulverizado. A prova de que o desgaste indevido de mesa e rolos é

mesmo a causa fundamental, será mostrada definitivamente no próximo

Capítulo – Resultados Obtidos e Considerações Finais.

Não podemos terminar este Capítulo III antes de considerar as outras

importantes premissas anteriormente declaradas:

P2D = “O ajuste da altura dos rolos é indevido”.

P2E = “O ajuste da pressão do acumulador hidro-pneumático é

indevido”.

P2F = “O ajuste da posição de fim de curso dos batentes dos rolos é

indevido”.

Page 72: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

72

Vamos lançá-las agora no Diagrama de Ishikawa que viemos

construindo paulatinamente, arbitrando respectivamente uma influência

relativa por estimativa, que não será aqui nem discutida nem provada.

A nossa Espinha de Peixe terminará, neste capítulo da seguinte forma:

Como alertamos na nota de rodapé 31 da página 36, para manter a

objetividade no tema principal deste capítulo e deste TCC, muitas outras

premissas deixaram de ser declaradas, enumeradas, analisadas e provadas.

Entre as mais importantes, destacamos:

P9 – “Uma baixa vazão de gás quente é insuficiente para retirar o

carvão do moinho”.

Diagrama de Ishikawa para a limitação de produção dos moinhos 1 e 2 de carvão pulverizado da COSIPA, verificada entre out / 2004 a mar / 2005. 7ª Parte.

CAUSAS | EFEITO 9% 3% 4% | INDESEJÁVEL | P6 P2C P1B | v(P6)=V v(P2C)=V v(P1B)=V | | | Q | v ( Q ) = V | P8 P2D P2E P2F | | | 30% 2% 1% 1% |

Page 73: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

73

P10 – “A diminuição da rotação do classificador dinâmico altera a

pressão diferencial do moinho e dificulta o seu controle automático”.

P11 – “O comportamento da moagem com uma mistura de

características heterogêneas de carvões é diferente do comportamento com

carvões individuais”.

P12 – “Deve-se efetuar um estudo e recomendar uma parametrização

diferente para cada mistura que vier a ser programada e utilizada”.

Propusemos uma metodologia, mas deixamos ao encargo de nossos

colegas Engenheiros de Processo a prova, pois o que aqui analisamos com

o foco centrado no desempenho do equipamento é, feliz ou infelizmente,

uma gota d’água no oceano de possibilidades da melhoria contínua de

desempenho do processo e dos equipamentos de moagem.

O novo e o maior desafio é encontrarmos novos parâmetros para uma

operação das moagens de carvão pulverizado em um regime estável e

confiável com uma alimentação individual até 70 t/h de carvão bruto, o que

possibilitará definitivamente defasar as datas das paradas para as suas

manutenções programadas em relação às datas de pico de demanda de

mão de obra da usina.

Concluímos este TCC considerando entendido o paradigma do

equipamento e a causa fundamental da limitação de produção de carvão

pulverizado, o desgaste acentuado, indevido e rápido de mesa e de rolos de

Page 74: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

74

moagem e a proposição das respectivas ações de bloqueio, a recuperação

das planicidades das mesas e dos diâmetros dos rolos de moagem, que

foram executadas respectivamente na Moagem 2 no início de março de

2005 e na Moagem 1 no início de maio de 2005.

A seguir, descreveremos o sucesso dos resultados alcançados e

faremos as considerações finais.

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75

RESULTADOS OBTIDOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 76: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

76

Resultados Obtidos e Considerações Finais

O Capítulo III deste TCC demonstrou que a causa fundamental da

limitação da produção com qualidade de carvão pulverizado era a operação

com excessiva perda de massa, ou desgaste, dos componentes principais

do conjunto de moagem dos Moinhos 1 e 2. Portanto, a ação eficaz de

bloqueio da causa fundamental recomendável era a recuperação das mesas

e dos rolos de moagem.

Para a execução da recuperação destes conjuntos, foi necessário um

estudo estratégico para otimizar as etapas desta manutenção, pois todo o

serviço não poderia ser realizado de uma só vez, tendo em vista as

limitações de permissão de tempo total de planta parada, de disponibilidade

total de mão de obra a ser aplicada nas tarefas e de logística de

aprovisionamento de sobressalentes.

A decisão da recuperação mais adequada a ser adotada também

resultou de um estudo de viabilidade técnica e econômica uma vez que

havia duas alternativas possíveis, a substituição completa das peças através

de desmontagem ou sua recuperação in situ através de soldagem, processo

que deposita por fusão uma liga composta de aço e de carbonetos

complexos de cromo, nióbio e molibdênio, combinando de maneira ótima

uma elevada dureza com uma adequada tenacidade à fratura, as duas

características necessárias à resistência à perda de massa de uma

superfície metálica sujeita à abrasão e impacto de materiais granulados [B3].

Page 77: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

77

Todas as ponderações citadas, levaram à recuperação por soldagem

da mesa do Moinho 2 em março de 2005, à substituição da mesa e dos rolos

do Moinho 1 em maio de 2005 e, em seguida, à soldagem dos rolos da

Moinho 2 em setembro de 2005.

Concluídas estas paradas, os estudos, a estratégia e as decisões

adotadas para a manutenção das plantas mostraram-se corretos porque

bem sucedidas e as moagens recuperaram as suas capacidades de

produção nominais, passando a operar de acordo com todos os parâmetros

de projeto, de acordo com os valores mostrados no Gráfico 3 do Capítulo II.

Na verdade, os resultados obtidos foram bem melhores do que os

programados, pois foram alcançados patamares estáveis e inusitados de

produção com a qualidade requerida de até 65 t/h em cada uma das

moagens.

A ilustração conclusiva deste resultado é o Gráfico 6 da próxima

página que mostra que a Moagem 2 após a parada de março de 2005, além

de voltar a operar com uma taxa de 60 t/h, produziu carvão pulverizado com

uma granulometria até maior do que a especificação máxima, quer dizer,

este resultado precisou ser posteriormente ajustado para pior, sob o ponto

de vista de capacidade de moagem, a fim de voltar a atender à faixa máxima

especificada pelo cliente, ou seja, ( 56,5 a 66,5 ) % < 75 µm.

Além dos resultados citados anteriormente, consideramos expressivos

também a definição de uma nova sistemática de manutenção, a recuperação

por soldagem in situ e a economia na despesa de manutenção, cujo valor,

por questões de estratégia comercial da COSIPA, não é divulgado.

Page 78: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

78

GRÁFICO 6 – Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão

pulverizado pelo Moinho 2 antes da parada programada para manutenção em

03/03/2005 e após a parada, a partir de 05/03/2005.

Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da

COSIPA. Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

Quanto às considerações finais, a primeira diz respeito ao

desenvolvimento da ferramenta de análise esmiuçada no Capítulo III, na

verdade, uma combinação em sinergia de três conceitos clássicos,

concebida para atender à conjuntura atual, em que a extrema exigência de

competitividade empresarial requer dos profissionais decisões e ações de

resultados rápidos e com a mínima de margem para erros.

A metodologia das três ferramentas, entretanto, consideradas em

separado, não foi desenvolvida para efetuar análises apressadas,

superficiais e de visão de curtíssimo prazo, típicas dos tempos modernos,

Granulometria conforme ensaio ASTM D197- 02 do carvão

pulverizado pelo Moinho 2 entre 24/02 a 11/03/2005

40

45

50

55

60

65

70

75

80

23/2

/2005

24/2

/2005

25/2

/2005

26/2

/2005

27/2

/2005

28/2

/2005

1/3

/2005

2/3

/2005

3/3

/2005

4/3

/2005

5/3

/2005

6/3

/2005

7/3

/2005

8/3

/2005

9/3

/2005

10/3

/2005

11/3

/2005

12/3

/2005

DATA

% <

75 µ

m

Page 79: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

79

em que um ditado em rima de camponeses medievais expressa tão bem

esta onipresente urgência de tudo e esta permanente pressa de todos:

“Amanhã... Amanhã? O carneiro perde a lã! 46

Assim, os autores não recomendam o uso indiscriminado desta, ou de

qualquer outra ferramenta técnica, sem um adequado embasamento teórico

ou sem o uso da metodologia recomendada. Como analogia, lembramos que

a tecnologia, a sabedoria e a prudência permitem usar o arsênico em doses

homeopáticas e, neste caso, é remédio e cura. Em dosagem inadequada, é

veneno e mata!

A segunda consideração final diz respeito à resposta da terrível

pergunta, freqüentemente dirigida aos profissionais de manutenção:

Por que os equipamentos falham, quebram? 47

A atividade de operação e de manutenção de qualquer equipamento

pode envolver uma grande complexidade, quando tomamos as tarefas como

46

Segundo as estórias de Dona Anna Victória de Jesus, a Don’Anna ( 1908 – 1996 ), transmitidas de boca a ouvido, nas antigas sociedades campesinas de pastoreio de ovelhas para a produção de lã, a tosquia deveria ser feita no final do período de seca, exatamente quando o produto adquiria as suas mais valiosas características, fios de comprimento máximo, secos e de textura e alvura de máxima qualidade. Ao se postergar a tosquia para amanhã, amanhã, corria-se o risco de que uma chuva antecipada ou imprevista pusesse a perder o valor da lã, por encharque, por sujeira ou por lama. De acordo com os ensinamentos inesquecíveis desta digna e sábia senhora, a lã molhada torna a tosquia uma tarefa demorada e de difícil execução. 47

As falhas e as quebras de máquinas, peças ou equipamentos são definidas na teoria de manutenção como acontecimentos indesejáveis e imprevistos, que interrompem a disponibilidade do equipamento para a operação ou para a produção.

Page 80: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

80

um todo harmônico e consideramos todos os seus aspectos, mas a resposta

à pergunta citada, de forma simples, é muito clara.

Qualquer equipamento, máquina ou peça contém em si mesmo uma

tecnologia de concepção, ou projeto, uma técnica de confecção, ou

manufatura, uma metodologia de montagem, uma técnica prevista de

operação e outra de manutenção, todas, visando uma adequação ao uso,

projetando um determinado desempenho, com a necessidade de dispêndio

de um determinado recurso e especificando uma vida útil.

Quase todas as falhas e quebras nos equipamentos ocorrem quando

fazemos um projeto inadequado à necessidade ou o uso inadequado, tendo

em vista o projeto, exigindo um desempenho fora do previsto, despendendo

recursos inadequados ou insuficientes, ou ainda, não respeitamos os limites

de vida útil.

A terceira consideração final referencia o status da atividade

manutenção nas Empresas.

Segundo diversos artigos especializados da revista periódica

MANUTENÇÃO da Associação Brasileira de Manutenção - ABRAMAN,

redigida por competentes e experientes especialistas que labutam na

atividade, infelizmente, por falta de embasamento teórico em economia e

estratégia empresarial, a manutenção ainda é vista em algumas empresas

como uma mera despesa indesejável que costuma ser subestimada e, por

isso, em se tratando de estruturação das atividades de manutenção, nelas

reina uma permanente confusão conceitual sobre o que seja despesa, custo,

desembolso e investimento. As decisões tomadas mostram claramente

Page 81: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

81

quando não se consegue distinguir com clareza uma coisa da outra, mas os

equipamentos “sentem” e “respondem” aos que também não os entendem

com falhas, quebras e interrupções da estabilidade dos processo. Isto causa

dois tipos de prejuízo, o lucro cessante e a despesa imprevista em reparo

emergencial que, aliás, por si só, custa no mínimo 60% a mais do que se

fosse feito com a estratégia, a tática e a metodologia apropriada.

Por outro lado, a atividade da manutenção em equipamentos, em todos

os segmentos econômicos de alta densidade e competência tecnológica, é

reconhecida como um investimento para a proteção do patrimônio e uma

atividade inerente ao esforço de maximização dos lucros, ou seja, é uma

atividade com alto potencial de adicionar valor com a maior garantia da

estabilidade dos processos, colaborando assim na permanente luta para a

sobrevivência perene no mercado e para a busca do crescimento

sustentável das empresas.

Especificamente no setor siderúrgico, classificado como indústria de

base, de capital intensivo, de alto investimento, de média rentabilidade e a

longo prazo, um descuido técnico, administrativo ou estratégico que impacte

negativamente a eficácia global da manutenção, é capaz de por em risco a

lucratividade e a sobrevivência da empresa.

Page 82: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 83: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

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Referências Bibliográficas

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[A5] STANDART TEST METHOD FOR GRINDABILITY OF COAL BY

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Standarts, Volume 05.06, Standart D 409-02, Pages 225 to 233,

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VGB KRAFTWERKSTECHNIK, Volume 61, n° 4, Pages 328 to 333,

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85

[B4] EICKE, G. & SCHWENDIG, G., CONSTRUCTION AND SAFETY OF

CENTRAL GRINDING PLANT FOR PULVERIZING COAL. ZKG

INTERNATIONAL, Volume 35, n° 5, Pages 239 to 245, Wiesbaden DE,

1982.

[B5] HARDGROVE, R. M., GRINDABILITY OF COAL. Conshohocken PA :

Transactions ASME, Volume 54, F.S.P., page 37, 1932.

[B6] ISHIKAWA, Kaoru, TQC TOTAL QUALITY CONTROL –

ESTRATÉGIA E ADMINISTRAÇÃO DA QUALIDADE. São Paulo SP: IM&C

Editora, 1986.

[B7] JURAN, J. M., QUALITY CONTROL HANDBOOK. New York NY:

McGraw Hill, 4th Edit., 1988.

[B8] MARANHA, Sílvio P.D., ANÁLISE SISTEMÁTICA DO PROCESSO

DE CARVÃO. Cubatão SP: COSIPA, Documento de circulação interna e

restrita, 2004 / 2005.

[B9] MATTIUZ, Marco A., ANÁLISE SISTEMÁTICA DO PROCESSO DE

CARVÃO PULVERIZADO. Cubatão SP: COSIPA, Documento de circulação

interna e restrita, 2004 / 2005.

Page 86: Mba Unip Rev. 05 Nov 2006

86

[B10] OGATA, Katsuhito, MODERN CONTROL ENGINEERING. Englewood

Cliffs NJ: Prentice Hall Inc., 1970, page 750.

[B11] SÉRATES, Jonofon, RACIOCÍNIO LÓGICO. Brasília DF: Ed. Jonofon

Ltda., 1998, Páginas 21 a 28.

[B12] SPARKS, A. J. & STEKLY, J. J. K., THE MINIMIZATION OF WEAR

OF MATERIALS IN THE MINING AND MECHANISMS OF DEGRADATION.

Cambridge GB: Department of Materials, Science and Metallurgy, The

University of Cambridge, 2000.

[B13] KASSEK, Klaus. & SALEWSKY, Gerhard, COAL GRINDING BY

ROLLER GRINDING MILLS FOR PULVERIZED COAL INJECTION IN

BLAST FURNACES. Warrendale PA: Iron and Steel Engineer, October,

1995, Pages 29 to 33.

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87

ANEXOS

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88

RELAÇÃO DE ANEXOS

1. Desenho COSIPA E33M013-0018 – Moinho Löesche 26.30 D –

Vista em corte

2. Desenho COSIPA E33M013-0017 – Moinho Löesche 26.30 D –

Vista superior

3. CARTA GRÁFICA 1 de controle de vibração de moinho LM 26.30 D –

Exemplo de operação com estabilidade e vibração entre ( 2 ± 1 ) mm/s.

4. CARTA GRÁFICA 2 de controle de vibração de moinho LM 26.30 D –

Exemplo de operação com instabilidade intermitente, com vibração entre

( 8,0 ± 6,0 ) mm/s e com a ocorrência de picos de 20 mm/s.

5. CARTA GRÁFICA 3 de controle de vibração de moinho LM 26.30 D –

Exemplo de operação com alta instabilidade e vibração entre

( 10 ± 6 ) mm/s.

6. Demonstração do Índice de Ociosidade das Moagens de Carvão

Pulverizado

7. Relatório interno COSIPA retratando a situação crítica da mesa do

Moinho 1 com 43,3 % de perda de massa em 05 de janeiro de 2005.

8. Desenho R60C013HEM002 Rev. B indicando a perda de massa de 32 %

na mesa do Moinho 2 e a recuperação da sua planicidade in situ.

9. Fotos ilustrativas das mesas de moagem.

10. Fotos ilustrativas dos rolos de moagem.

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ANEXO 1 – Desenho COSIPA E33M013-0018 – Moinho Löesche 26.30D Vista em corte ( autorização de reprodução restrita ao TCC – UNIP )

Fonte: SED – Sistema Eletrônico de Documentação COSIPA

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ANEXO 2 – Desenho COSIPA E33M013-0017 – Moinho Löesche 26.30D Vista superior ( autorização de reprodução restrita ao TCC – UNIP )

Fonte: SED – Sistema Eletrônico de Documentação COSIPA

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91

ANEXO 3 – Carta gráfica de controle de vibração de moinho LM 26.30 D Exemplo de operação com estabilidade, com vibração entre ( 2 ± 1 ) mm/s.

CARTA GRÁFICA DE CONTROLE 1 – Vibração de moinho LM 26.30 D –

Exemplo de seis horas de operação do processo de moagem com

estabilidade e com vibração entre ( 1,8 ± 0,6 ) mm/s.

Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da

COSIPA. Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

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ANEXO 4 – Carta gráfica de controle de vibração de moinho LM 26.30 D Exemplo de operação com instabilidade intermitente, com

vibração entre ( 8,0 ± 6,0 ) mm/s e com a ocorrência de picos de 20 mm/s.

CARTA GRÁFICA DE CONTROLE 2 – Vibração de moinho LM 26.30 D –

Exemplo de operação do processo de moagem com instabilidade

intermitente: dez horas de operação estável com vibração entre ( 2,0 ± 1,0 )

mm/s, seguido de quatorze horas de operação instável, com vibração entre

( 8,0 ± 6,0 ) mm/s e com a ocorrência de picos de 20 mm/s.

Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da

COSIPA. Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

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ANEXO 5 – Carta gráfica de controle de vibração de moinho LM 26.30 D Exemplo de operação com alta instabilidade, com vibração entre ( 10 ± 6 ) mm/s.

CARTA GRÁFICA DE CONTROLE 3 – Vibração de moinho LM 26.30 D –

Exemplo de operação do processo de moagem com alta instabilidade: vinte

e quatro horas de operação com vibração entre ( 10 ± 6 ) mm/s e com a

ocorrência de picos de 20 mm/s.

Fonte: WebRed – Computador de processo da moagem de carvão pulverizado da

COSIPA. Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão SP, 2005.

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ANEXO 6 - DEMONSTRAÇÃO DO ÍNDICE DE OCIOSIDADE

DAS MOAGENS DE CARVÃO PULVERIZADO

Neste Anexo 6, demonstraremos como paradoxalmente a alta

ociosidade das moagens eclipsou a perfeita percepção da causa verdadeira,

ou causa fundamental, da limitação de produção com a qualidade desejada

dos moinhos de carvão pulverizado da COSIPA, verificada entre o último

trimestre de 2004 e o primeiro de 2005.

O paradoxo citado no parágrafo anterior é a já mencionada conjuntura

enganosa, em que plantas que têm capacidade de produzir 30 % a mais do

que os 46,6 t/h preconizados no projeto apresentem dificuldade de manter

uma taxa de produção com qualidade 25 % a menos do que este mesmo

valor.

A despeito de qualquer demonstração, mas lembrando do nosso

discurso lógico, a prova da declaração abaixo já foi demonstrada pela

própria produção das plantas, após as paradas de março e de maio de 2005:

P13 = “Os equipamentos de moagem disponíveis são tais que

garantem uma capacidade de produção no mínimo 30% maior do que as

46,6 t/h de carvão pulverizado preconizadas pelo projeto”.

A solução deste paradoxo foi encontrada brilhantemente por

MATTIUZ, Marco A. ao questionar e analisar a ociosidade mensal média das

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95

moagens e a taxa de produção média horária em um mês, no período entre

janeiro de 2002 a dezembro de 2005.

Definindo a Ociosidade Mensal Média como o “total de horas em

relação ao tempo calendário do mês em que as plantas permanecem sem

produzir por falta de demanda de carvão pulverizado pelo cliente” e Taxa de

Produção Média Horária em um mês como “a média da taxa efetiva de

produção horária nos intervalos de tempo em que a moagem produz

efetivamente”, MATTIUZ, Marco A. usando os dados de processo mostrados

no Gráfico 7 da próxima página, nos chama a atenção ao fato de que:

1. Em um primeiro período, até maio de 2003, há uma ociosidade de no

mínimo 25 % no índice de funcionamento e de 30 % no regime de

funcionamento, por falta de demanda de carvão pulverizado pelo

cliente.

2. Em um segundo período, após setembro de 2003, mantém-se uma

ociosidade de 20 % no regime de funcionamento, uma vez que a taxa

de produção média horária nunca ultrapassou a 80 % da capacidade

nominal dos moinhos, apesar de que a ociosidade no índice de

funcionamento ter se mantido praticamente em zero 48.

48

É interessante ressaltar que MATTIUZ, Marco A. usou com muita propriedade a média móvel, uma ferramenta matemática capaz de ressaltar a tendência de uma série de dados, apesar de uma aparente dispersão de seus valores absolutos.

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GRÁFICO 7 – Taxa de produção média horária (t/h) e Ociosidade mensal média

(%) das moagens de carvão pulverizado da COSIPA entre janeiro de 2002 e

dezembro de 2005. Reproduzido sob permissão de MATTIUZ, M.A., ANÁLISE

SISTEMÁTICA DE DO PROCESSO DE PCI ( op. cit. )

Isto significa dizer que a ociosidade, durante a maior parte do tempo,

escondeu o problema da produtividade das plantas e da qualidade do

produto. Os desvios podiam ser contornados artesanalmente, abstendo-se

de ajustar as plantas para operar em modo automático, efetuando-se a

operação em modo manual e adaptando-se a relação das variáveis de

estado de projeto mostradas no Gráfico 3 conforme a necessidade do

momento.

Esta situação perdurou até foi alcançado o limite técnico do

equipamento, a partir de meados do ano de 2004, como foi demonstrado no

Capítulo III.

Taxa de Produção Média Horária ( t/h ) e Ociosidade Mensal Média ( % )

da Moagem de Carvão Pulverizado da COSIPA

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

jan/0

2

abr/0

2ju

l/02

out/02

jan/0

3

abr/0

3ju

l/03

out/03

jan/0

4

abr/0

4ju

l/04

out/04

jan/0

5

abr/0

5ju

l/05

out/05

Ocio

sid

ad

e M

en

sal

Méd

ia (

% )

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Taxa d

e P

rod

ução

Méd

ia H

orá

ria (

t /

h )

Taxa de Produção Média Horária ( t/h ) Ociosidade Mensal Média ( % )

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ANEXO 7 – Relatório interno COSIPA retratando a situação crítica da mesa

do Moinho 1 com 43,3 % de perda de massa em 05 de janeiro de 2005.

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98

ANEXO 7 – Relatório interno COSIPA retratando a situação crítica da mesa

do Moinho 1 com 43,3 % de perda de massa em 05 de janeiro de 2005.

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99

ANEXO 7 – Relatório interno COSIPA retratando a situação crítica da mesa

do Moinho 1 com 43,3 % de perda de massa em 05 de janeiro de 2005.

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ANEXO 7 – Relatório interno COSIPA retratando a situação crítica da mesa

do Moinho 1 com 43,3 % de perda de massa em 05 de janeiro de 2005.

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ANEXO 7 – Relatório interno COSIPA retratando a situação crítica da mesa

do Moinho 1 com 43,3 % de perda de massa em 05 de janeiro de 2005.

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ANEXO 8 – Desenho R60C013HEM002 Rev. B indicando a perda de 32 %

da massa da mesa de moagem 2 e a recuperação da sua planicidade in situ,

por soldagem efetuada na parada programada de março de 2005.

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ANEXO 9 – Fotos ilustrativas das mesas de moagem.

FOTO 3 – Aspecto de mesa de moagem após 0,3 M.t moídas.

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2001.

FOTO 4 – Aspecto de mesa de moagem após 1,3 M.t moídas.

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005.

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ANEXO 9 – Fotos ilustrativas das mesas de moagem.

FOTO 5 – Aspecto do perfil de desgaste de mesa de moagem.

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005.

FOTO 6 – Aspecto da execução de soldagem em mesa de moagem.

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005.

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ANEXO 9 – Fotos ilustrativas das mesas de moagem.

FOTO 7 – Aspecto de mesa após aplicação de 333 kg de eletrodo.

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005.

FOTO 8 – Aspecto de mesa recuperada após 0,3 M.t moídas

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2006.

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ANEXO 10 – Fotos ilustrativas dos rolos de moagem.

FOTO 9 – Aspecto do desgaste de rolo após 0,3 M.t moídas.

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005.

FOTO 10 – Aspecto da preparação para soldagem de rolo desgastado.

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005

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ANEXO 10 – Fotos ilustrativas dos rolos de moagem.

FOTO 10 – Aspecto da execução da soldagem de rolo.

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005

FOTO 10 – Aspecto da superfície de rolo após soldagem.

Crédito de: PITZER, Milton J. O., Cubatão, 2005.

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Originais impressos com impressora HP1120

em papel Xerox Ink Jet High Resolution Paper formato A4

Encadernação UNIART Santos em 2006