M+¦dulo I APOSTILA I SENAC ASPECTOS FONOAUDIOL+o_GICOS

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Comunicação CURSO DE APERFEIÇOAMENTO PARA LOCUTOR APRESENTADOR SENAC/ABLAP - EAD ASPECTOS FONOAUDIOLÓGICOS NA LOCUÇÃO DE RÁDIO E TV Autor: Henrique Martins – Fonoaudiólogo/Radialista

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SENAC ASPECTOS

Transcript of M+¦dulo I APOSTILA I SENAC ASPECTOS FONOAUDIOL+o_GICOS

  • Comunicao CURSO DE APERFEIOAMENTO PARA

    LOCUTOR APRESENTADOR

    SENAC/ABLAP - EAD

    ASPECTOS FONOAUDIOLGICOS NA LOCUO DE RDIO E TV

    Autor: Henrique Martins Fonoaudilogo/Radialista

  • Henrique Martins

    APOSTILA I

    ASPECTOS FONOAUDIOLGICOS NA LOCUO DE RDIO E TV

  • SUMRIO

    1. INTRODUO................................................................................................... 4

    2. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA VOZ ................................................................ 5

    3. O PROCESSO INTERATIVO DA COMUNICAO.........................................17

    4. BASES PARA A REEDUCAO DA VOZ E DA FALA... .............................. 19 4.1 Relaxamento ................................................................................................. 19 4.2 Conhecimento do Espao ........................................................................... 20 4.3 Mobilidade e Tonicidade dos rgos Fonoarticulatrios......................... 20 4.4 Respirao.................................................................................................... 22 4.5 Ressonncia ................................................................................................. 24 4.6 Articulao.................................................................................................... 26 4.7 Equilbrio e Postura Corporal...................................................................... 29 4.8 Inflexo.......................................................................................................... 29 4.9 Ritmo ............................................................................................................. 31

    5. HIGIENE VOCAL ............................................................................................. 32 6. EXERCCIOS PRTICOS PARA IMPOSTAO DE VOZ E DICO............33

    7. RESPIRAO NA LEITURA........................................................................... 39

    8. CANAIS DA COMUNICAO VERBAL E NO-VERBAL............................. 39

    9. FONTICA DA LNGUA PORTUGUESA........................................................ 40

    10. EXERCCIOS PRTICOS PARA LEITURA ............. ERRO! INDICADOR NO DEFINIDO.

    11. DICAS PARA DAR BOAS ENTREVISTAS EM RDIO E TV ....................... 50

    12. REFERNCIAS.............................................................................................. 46

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    1. INTRODUO

    A IMPORTNCIA DA ATUAO FONOAUDILOGICA NA VOZ DO LOCUTOR

    A Fonoaudiologia a cincia que tem como objeto de estudo a comunicao humana no que se refere ao seu desenvolvimento, aperfeioamento, distrbios e diferenas, em relao aos aspectos envolvidos na funo auditiva perifrica e central, na funo vestibular, na funo cognitiva, na linguagem oral e escrita, na fala, na fluncia, na voz, nas funes orofaciais e na deglutio. No apenas os distrbios da linguagem so do interesse da fonoaudiologia, como tambm o modo de comunicao sadio e eficaz.

    O fonoaudilogo atua em pesquisa, preveno, avaliao e terapia fonoaudiolgica na rea da comunicao oral e escrita, voz e audio. Pode atuar sozinho ou em conjunto com outros profissionais de sade em clnicas, creches, escolas (comuns e especiais) e comunidades, incluindo o Programa de Sade da Famlia, unidades bsicas de sade, hospitais, emissoras de rdio e televiso, teatro, atendimento domiciliar, empresas de prteses auditivas, indstrias, centros de reabilitao, entre outros.

    Alm disso tambm trabalha com distrbios na alimentao, como disfagia e outras dificuldades alimentares. ele quem reabilita pacientes neuropatas na rea de linguagem e alimentao bem como deficientes auditivos. Realiza exames audiomtricos, sendo o profissional especializado na audio e na reabilitao de voz.

    O profissional que atua nessa rea pode no s prevenir os distrbios da voz como aperfeio-la. Como quando se torna spera, rouca ou de difcil emisso. Tambm trabalha com idosos, ensinando-lhe exerccios para estimular e tonificar a musculatura facial, qualidade da voz e o uso adequado da respirao ao falar e ensinar tcnicas que auxiliem a correta postura e seu uso quanto a respirao e impostao vocal por exemplo para quem trabalha na rea de telemarketing e nos meios de comunicao, como o Rdio e TV.

    Nos ltimos tempos, vem surgindo uma grande demanda pelo trabalho do fonoaudilogo nessa rea mais especfica dos meios de comunicao. E por ser a voz um dos aspectos do objeto de estudo da Fonoaudiologia, e sendo esta sua especialidade e habilitao profissional legal, sua presena como especialista, conhecedor, pesquisador, avaliador, orientador, aperfeioador e teraputa da palavra e da voz, se torna imprescindvel para conduzir com eficincia e de forma saudvel a comunicao verbal e no-verbal dos que atuam como profissionais da voz, principalmente daqueles que usam diariamente os microfones para exercer seu ofcio.

    Ciente do poder e da importncia de se ter um acompanhamento de um especialista nessa rea, apresentamos esta Apostila, a qual tem o intuito de enriquecer e esclarecer mais ainda os conhecimentos relativos comunicao

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    verbal e no-verbal, bem como tambm quanto prtica dos exerccios destinados a manter uma comunicao saudvel e eficaz.

    A presente Apostila tem como objetivo principal fazer com que conheamos de forma especfica a anatomia e fisiologia do Aparelho Fonador, bem como os aspectos relacionados emisso da voz buscando assim, utiliz-lo da maneira correta e saudvel para uma melhor produo da voz e da fala.

    Distribumos o material de maneira didtica, clara e objetiva em tpicos especficos e relativos a cada aspecto da comunicao oral e relacionando-os sempre com a prtica dos exerccios que visam o aperfeioamento da fonao.

    Cada tpico refere-se a pontos especficos e visa o conhecimento de um aspecto relativo comunicao oral e ao aperfeioamento da fonao, como: anatomia e fisiologia do aparelho fonador; o processo interativo da comunicao; as bases para a reeducao da voz e da fala; relaxamento; conhecimento do espao; mobilidade e tonicidade dos rgos fonoarticulatrios, respirao, ressonncia; articulao; equilbrio e postura corporal; inflexo; ritmo; higiene vocal, exerccios prticos para impostao da voz e dico; respirao na leitura, canais da comunicao verbal e no-verbal; fontica da lngua portuguesa; exerccios prticos para leitura e dicas para dar boas entrevistas em Rdio e TV.

    Cada tpico dever ser lido e estudado semanalmente conforme orientao do manual do aluno, bem como a realizao dos exerccios sugeridos para cada aspecto abordado.

    Temos a conscincia de que a voz tem um papel fundamental na comunicao e no relacionamento humano, pois ela enriquece a transmisso da mensagem articulada, acrescentando palavra o contedo emocional, a entoao, a expressividade, identificando o indivduo tanto quanto sua fisionomia e impresses digitais. De seu uso satisfatrio depende o xito pessoal e profissional.

    Figura 11

    1 www.fonoaudiologia.com.br

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    2. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA VOZ

    A ANATOMIA DA VOZ

    A voz humana produzida pelo Aparelho Fonador, o qual composto por rgos dos sistemas respiratrio e digestrio (digestivo). Portanto, os rgos do aparelho fonador so os seguintes: Pulmes; Traqueia; Laringe (cordas vocais e glote); Lbios; Dentes; Alvolos; Palato duro; Palato mole (vu palatino e vula); Parede rinofarngea; pice da lngua e Raiz da lngua.

    Figura 22

    Para produzir a voz o Aparelho Fonador funciona da seguinte forma: o ar expelido dos pulmes por via dos brnquios, penetra na traquia e chega laringe, onde, ao atravessar a glote, costuma encontrar o primeiro obstculo sua passagem. A glote fica na altura do pomo de Ado ou gog a abertura entre duas pregas musculares das paredes superiores da laringe, conhecidas com o nome de cordas vocais. O fluxo de ar pode encontr-la aberta ou fechada. Se estiver aberta, o ar fora a passagem atravs das cordas vocais retesadas, fazendo-as vibrar e produzir o som musical caracterstico das articulaes sonoras. Se estiver fechada, relaxada as cordas vocais, o ar se escapa sem vibraes da laringe. As articulaes produzidas, denominam-se surdas.

    Ateno: a distino entre surda e sonora pode ser muito bem percebida na pronncia de duas consoantes que no mais se identificam. Assim: /p/ p ( = surdo); /b/ b ( = sonoro) /t/ t ( = surdo); /d/ d ( = sonoro)

    A corrente expiratria, ao sair da laringe, entra na cavidade da faringe que lhe oferece duas vias de acesso ao exterior o canal bucal e o nasal com a finalidade de determinar o som oral (= bucal) e o som nasal (= nasal). Veja a pronncia das vogais: /a/ (oral), // (nasal) Conforme as palavras: /a/ l (oral), // l (nasal) /a/ mato (oral), // manto (nasal).

    2 www,musicaeadoracao.com.br

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    Vamos conhecer agora de forma mais especfica, as estruturas e como funcionam os rgos do Aparelho Fonador.

    Sistema Respiratrio

    Sistema respiratrio o conjunto de rgos responsveis pelas trocas gasosas do organismo dos vertebrados com o meio ambiente, possibilitando a respirao celular. O processo de troca gasosa no pulmo, dixido de carbono por oxignio, conhecido como hematose pulmonar. Os rgos do sistema respiratrio, alm de dois pulmes, so: fossas nasais, boca, faringe (nasofaringe), laringe, traquia, brnquios (e suas subdivises), bronquolos (e suas subdivises), diafragma e os alvolos pulmonares reunidos em sacos alveolares.

    Figura 33

    Em condies normais de respirao, o ar passa pelas fossas nasais, onde filtrado pelos plos e muco e aquecido pelos capilares sanguneos do epitlio respiratrio (tecido altamente vascularizado). Passa ento pela faringe, laringe, traquia, brnquios, bronquolos, depois pelos alvolos (onde ocorre a hematose).

    3 www. corovozescelestiais.kit.net

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    A funo do sistema respiratrio basicamente garantir as trocas gasosas com o meio (hematose), mas tambm ajuda a regular a temperatura corprea, o pH do sangue e liberar gua. Os componentes so nasofaringe, laringe, traquia e os pulmes.

    A inspirao e a expirao so processos passivos do pulmo j que ele no se movimenta, isso fica a cargo do diafragma, dos msculos intercostais e da expansibilidade da caixa torcica, que garante a conseqente expanso do pulmo graas coeso entre a pleura parietal (fixa na caixa torcica) e a pleura visceral (fixa no pulmo).

    O ar inspirado, rico em oxignio, passa pelas vias respiratrias, sendo filtrado, umedecido, aquecido e levado aos pulmes. No ntimo pulmonar o oxignio do ar inspirado entra na circulao sangunea e o dixido de carbono do sangue venoso liberado nos alvolos para que seja eliminado com o ar expirado. O ar expirado pobre em oxignio, rico em dixido de carbono e segue caminho oposto pelo trato respiratrio.

    Figura 44

    Vias respiratrias

    So assim denominadas as estruturas responsveis pelo transporte do ar aos pulmes no organismo humano. Essas estruturas so anatomicamente separadas em: Fossas Nasais (nasofaringe); Faringe; Laringe; Traquia; Brnquios; Bronquolos e Alvolos.

    4 www.pulmon.org/images/

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    O epitlio respiratrio a mucosa que reveste boa parte do trato respiratrio, estendendo-se das fossas nasais at os brnquios. Esse epitlio responsvel pela filtrao, aquecimento, e umidificao do ar inspirado. A filtrao possvel graas presena de muco secretado pelas clulas caliciformes e dos clios que orientam seus batimentos em direo faringe, impedindo a entrada de partculas estranhas no pulmo; enquanto o aquecimento garantido pela rica vascularizao do tecido, principalmente nas fossas nasais.

    A LARINGE

    A laringe um rgo fibromuscular, situado entre a traquia e a base da lngua. Consiste em uma srie de cartilagens, como a tiride, a cricide e a epiglote e trs pares de cartilagens: aritnide, corniculada e cuneiforme, todas elas revestidas de membrana mucosa que so movidas pelos msculos da laringe. As dobras da membrana mucosa do origem s pregas vocais; as de cima, falsas; as de baixo, verdadeiras.

    Figuras 5 e 65

    5 Figuras 5 e 6 www. neoclinicajau.com.br

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    A laringe tem importante funo ao impedir a entrada de alimento nas vias areas inferiores e garantir a fonao. No homem, formada por nove peas de cartilagem: a cartilagem tireide, localizada anteriormente e em forma de duas placas formando um diedro, esta a cartilagem da laringe que forma a proeminncia larngea ou pomo-de-ado; inferiormente instala-se a cartilagem cricide, que possui um formato de anel e conecta-se com a extremidade superior da traquia; posteriores cartilagem tireide est o par de cartilagens aritenides, que so presas regio supero-posterior da cartilagem cricide; fixas sobre cada cartilagem aritenide encontra-se uma cartilagem corniculada; anteriores s cartilagens aritenides e posteriores cartilagem tireide encontram-se as duas cartilagens cuneiformes; e por cima da estrutura da laringe se encontra a cartilagem epigltica, mobilizvel pelos msculos da laringe para fechar a epiglote durante a deglutio. Todas essas cartilagens so unidas por tecido fibroso e msculos. As pregas vocais (cordas vocais) so duas pregas msculo-membranosas presentes na parede posterior da cartilagem tireide, que aumentam ou reduzem a luz da rima da glote (abertura entre as pregas vocais) produzindo sons durante a passagem de ar. Resumidamente, podemos dizer que a laringe um tubo muscular que permite a passagem de ar para a traquia.

    A traquia formada por anis incompletos de cartilagem em forma de "C", feixes musculares lisos, uma capa interna de epitlio respiratrio, e mais externamente de tecido conjuntivo que envolve todas essas estruturas. Inferiormente se subdivide e da origem a dois brnquios que penetram no pulmo pelo hilo do pulmo.

    Os brnquios, medida que penetram no pulmo, vo sofrendo sucessivas ramificaes at virarem bronquolos terminais.

    PREGAS VOCAIS (Cordas Vocais) - As pregas vocais ou cordas vocais esto situadas no interior da laringe e se constituem em um tecido musculoso com duas pregas. O expulsar do ar por elas as faz vibrarem produzindo o som pelo qual nos comunicamos. As pregas so fibras elsticas que se distendem ou se relaxam pela ao dos msculos da laringe com isso modulando e modificando o som e permitindo todos os sons que produzimos enquanto falamos ou cantamos.

    Pregas vocais (cordas vocais)

    Figura 76

    7 www. sorocaba.pucsp.br

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    Todo o ar inspirado e expirado passa pela laringe e as pregas vocais, estando relaxadas, no produzem qualquer som, pois o ar passa entre elas sem vibrar. Quando falamos ou cantamos, o crebro envia mensagens pelos nervos at os msculos que controlam as cordas vocais que fazem a aproximao das cordas de modo que fique apenas um espao estreito entre elas. Quando o diafragma e os msculos do trax empurram o ar para fora dos pulmes, isso produz a vibrao das cordas vocais e conseqentemente o som. O controle da altura do som se faz aumentando-se ou diminuindo-se a tenso das cordas vocais.

    Extenso vocal

    A frequncia natural da voz humana determinada pelo comprimento das cordas vocais. Assim mulheres que tm as pregas vocais mais curtas possuem voz mais aguda que os homens com pregas vocais mais longas. por esse mesmo motivo que as vozes das crianas so mais agudas do que as dos adultos. A mudana de voz costuma ocorrer na puberdade que provocada pela modificao das pregas vocais que de mais finas mudam para uma espessura mais grossa. Este fato especialmente relevante nos indivduos do sexo masculino. O comprimento e a espessura das cordas vocais determinam, tanto para o sexo masculino, como para o feminino, a extenso vocal---i.e. o registro de alcance das notas produzidas vocalmente.

    A laringe e as pregas vocais no so os nicos rgos responsveis pela fonao. Os lbios, a lngua, os dentes, o vu palatino e a boca concorrem tambm para a formao dos sons, como veremos mais adiante.

    O DIAFRAGMA

    O diafragma um msculo estriado esqueltico em forma de cpula e principal responsvel pela respirao humana (tambm auxiliado pelos msculos intercostais e outros msculos acessrios); serve de fronteira entre a cavidade torcica e a abdominal; est coberto pelo peritnio em sua face inferior, e adjacente pleura parietal em sua face superior. O diafragma possui tendes perifricos que se ligam anteriormente ao osso esterno ou ao processo xifide do esterno; lateralmente s seis costelas inferiores (7, 8, 9 e 10 costelas, e pices das 11 e 12 que so as costelas flutuantes) e s cartilagens costais correspondentes; e posteriormente s trs vrtebras lombares superiores.

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    Figura 87

    Movimentos diafragmticos

    Durante a inspirao, a cpula diafragmtica se contrai e desce, reduzindo a presso intratorcica e comprimindo as vsceras abdominais. Esta manobra auxilia a entrada do ar nos pulmes e tambm a circulao sangunea na veia cava inferior (que passa pelo forame da veia cava no diafragma). A descida do diafragma resulta tambm no aumento do dimetro vertical do trax. Na expirao ocorre o processo inverso, o diafragma relaxa e sobe, aumentando a presso intratorcica e expulsando o ar dos pulmes.

    Seus movimentos so importantes para a tosse, espirros, parto e defecao. Alm de poder determinar desordens respiratrias como o soluo que consiste em espasmos involuntrios do diafragma com consequente entrada rpida de ar nas vsceras respiratrias e fechamento espasmdico da glote (abertura da laringe), gerando o som caracterstico.

    Figura 9

    7 Figuras 8 e 9 www. cefala.org

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    O SISTEMA DIGESTRIO

    A CAVIDADE ORAL - A boca a abertura anterior do tubo digestivo dos animais e onde se inicia o processo da digesto no homem. De fato a boca simplesmente uma cavidade, a cavidade oral, porm essa cavidade est rodeada de estruturas dinmicas que lhe conferem propriedades distintas de outras estruturas do corpo, mais ainda, quando a boca est situada na face, integrando a unidade crnio-facial, que caracteriza um indivduo, especialmente no relativo a suas funes de relacionamento com o ambiente, constitudo, principalmente, por outros indivduos da mesma espcie humana. Isso significa que a boca cumpre um importante papel na vida de relacionamento.

    A boca humana constituda pelos dentes e pela lngua, que misturam e transformam os alimentos em bolo alimentar, ao envolv-los em saliva. Os dentes no so todos iguais. Conforme a sua funo cada dente tem uma forma diferente. Podemos distinguir os incisivos, cuja misso cortar os alimentos; os caninos, encarregados de rasgar os alimentos, e os pr-molares e molares, que servem a triturao dos mesmos. Os dentes encontram-se situados nos dois maxilares, constando a dentio permanente de 4 incisivos. 2 caninos. 4 pr-molares e 6 molares em cada maxilar.

    Figura 108

    A lngua o rgo que recebe os estmulos responsveis pela sensao do sabor dos alimentos. na lngua que se situam a maioria das papilas gustativas.

    8 www.cefala.org

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    Ao redor da boca humana existem as glndulas salivares que produzem a saliva. A sua funo de transformar o amido em produtos mais simples. Depois de formado, o bolo alimentar passa para a faringe (deglutio).

    LBIOS - Os lbios (superior e inferior) so as bordas de mucosa que revestem a boca humana. So uma semimucosa. O lbio humano composto por uma parte externa, essa parte onde pode haver plos (barba e bigode),uma parte rosada e uma parte interna. Dentro do lbio existe uma parte que funciona como esqueleto do lbio, dando resistncia ao lbio, que o msculo esqueltico.

    A parte externa do lbio segue-se a uma zona rosada e esta a parte interna do lbio. A parte externa do lbio tem que ter um conjuntivo denso. O conjuntivo da parte interna do lbio o conjuntivo mais frouxo dessa estrutura labial com trs regies. A parte interna tem mais conjuntivo frouxo e a parte externa mais resistente e portanto tem mais conjuntivo denso.

    LNGUA E DENTES Na fonao, a lngua adquire diferentes formas e faz vrios movimentos que em contato com os dentes realiza os pontos articulatrios que permitem produzir os distintos sons da voz e da articulao das palavras.

    Figura 119

    PALATO DURO - O palato duro uma fina camada ssea do crnio, localizada no teto da boca. Ele separa a cavidade oral da poro nasal da faringe.

    PALATO MOLE - O palato mole, vu palatino ou palato muscular a parte posterior do palato que importante para a fonao.

    11 www. fonoaudiologia.com

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    A FISIOLOGIA DA VOZ

    A fonao o trabalho muscular realizado para emitir sons inteligveis, isto , para que exista a comunicao oral. O grande objetivo da fonao a articulao de palavras, atravs do processo pelo qual se modifica a corrente de ar procedente dos pulmes e da laringe nas cavidades supraglticas como consequncia das mudanas de volume e de forma destas cavidades. O conjunto das cavidades supraglticas podem se dividir em trs partes: a faringe, a cavidade bucal e a cavidade nasal. O sistema fontico vincula-se com outros sistemas. A interao destes parte ativa na funo fontica, que regulada pelo sistema nervoso central e perifrico.

    Figura 1210

    A voz humana produzida pela vibrao do ar que expulso dos pulmes pelo diafragma e que passa pelas pregas vocais e modificado pela boca, lbios e a lngua. A voz humana produzida pelas cordas vocais.

    10 www.fonoaudiologia.com

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    A voz uma caracterstica humana intimamente relacionada com a necessidade do homem de se agrupar e se comunicar. Ela produto da nossa evoluo, um trabalho em conjunto do sistema nervoso, respiratrio e digestivo, e de msculos, ligamentos e ossos, harmoniosamente atuando para que se possa obter uma emisso eficiente. importante sabermos que as cordas vocais (ou pregas vocais), que so dois pares de msculos (formando o treo-aritenideo) que, primordialmente, no foram feitos para o uso da voz. Esta foi uma funo na qual a laringe (local onde se encontram as pregas vocais) se especializou. Mas estes msculos foram desenvolvidos, em primeiro lugar para as funes de respirao, alimentao e esficteriana.

    A voz est associada fala, na realizao da comunicao verbal, e pode variar quanto intensidade, altura, inflexo, ressonncia, articulao e muitas outras caractersticas.

    emisso de uma voz saudvel, damos o nome de eufonia. A uma voz doente, ou seja, com alguma de suas caractersticas alteradas, damos o nome de disfonia. A disfonia pode ser orgnica, funcional ou mista (orgnica-funcional). Ela no uma doena, mas o sintoma, uma manifestao de um mau funcionamento de um dos sistemas ou estruturas que atuam na produo da voz.

    A disfonia pode e deve ser tratada. O profissional habilitado e responsvel pela interveno das disfonias o fonoaudilogo, sendo que geralmente este profissional trabalha em conjunto (no caso da voz) com o otorrinolaringologista ou o laringologista.

    A voz sofre muita influncia de hormnios e de nossas emoes. comum ouvir pessoas que esto muito tristes ou nervosas, roucas. A rouquido um tipo de disfonia.

    Nunca devemos esquecer-nos de que falamos para o outro. A comunicao, a linguagem verbal, o uso da voz, isso s tem sentido quando temos o outro e quando nos fazemos entender para este outro. A voz um recurso importante para esse entendimento. Ela pode dizer quando estamos interessados em algum, quando estamos cansados, quando estamos tristes, alegres, nervosos, quando acabamos de acordar, quando estamos em um ambiente ruidoso, quando estamos calmos ou quando estamos exercendo uma atividade em que a voz o diferencial.

    A voz produzida quando o ar expiratrio (vindo dos pulmes) passa pelas pregas vocais, e por nosso comando neural, por meio de ajustes musculares, faz presses de diferentes graus na regio abaixo das pregas vocais, fazendo-as vibrarem. Esse mecanismo se assemelha ao balo, quando o secamos apertando sua "boca", provocando um rudo agudo, fruto da vibrao da borracha.

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    Figura 1311

    Aparelho fonador pregas vocais

    No podemos esquecer que voz som, e som igual a onda sonora. O ar expiratrio, que fez as pregas vocais vibrarem, vai sendo modificado e os sons vo sendo articulados (vogais e consoantes). Depois, emitidos pela boca, fazem a onda sonora que vai atingir a cclea do ouvinte. A que a voz ouvida.

    As pregas vocais vibram muito rapidamente. Nos homens, esse nmero de ciclos vibratrios fica em torno de 125 vezes em 1 segundo. Na mulher, que tem voz, geralmente, mais aguda, o nmero aumenta para 250 vezes por segundo. A essa caracterstica damos o nome de freqncia. Vale recordar que as pregas vocais do homem tm mais massa e so menos esticadas que as da mulher (como no violo, as cordas mais esticadas so mais agudas e vibram mais que as cordas mais graves. Da, inclusive, que vem a expresso "pregas vocais").

    O Timbre da Voz Humana

    O timbre da voz humana depende das vrias cavidades que vibram em ressonncia com as pregas vocais. A se incluem as cavidades sseas, cavidades nasais, a boca, a garganta, a traquia e os pulmes, bem como a prpria laringe. Os seis timbres vocais mais conhecidos sao os de baixo, bartono e tenor para os homens e soprano, mezzo e contralto para mulheres, apesar da existencia do baritenor, do contra-tenor, entre outros.

    A Freqncia da Voz Humana

    A mais baixa freqncia que pode dar a audibilidade a um ser humano mais ou menos a de 20 hertz (vibraes por segundo), enquanto a mais alta se encontra entre 10 000 e 20 000 hertz, o que depende da idade do ouvinte (quanto mais idoso menores as freqncias mximas ouvidas).

    11 www.brasilfonoaudiologia.com.br

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    A freqncia comum de um piano de 40 a 4000 hertz e a da voz humana se encontra entre 60 e 1300 hertz.

    3. O PROCESSO INTERATIVO DA COMUNICAO A habilidade de falar to importante que se torna difcil conceber a vida

    sem linguagem. Conforme a fonoaudiloga Mara Behlau, a voz uma das extenses mais fortes da nossa personalidade, nosso sentido de inter-relao, de comunicao interpessoal, enfim, um meio essencial de atingir o outro.

    Nada assusta mais do que encontrar pelas ruas algum que fala sozinho. Imediatamente a pessoa considerada louca, nica e exclusivamente porque no existe o outro. E a voz s existe porque existe o outro. A voz cumpre o seu papel bsico de transmisso da mensagem verbal e emocional de um indivduo.

    por meio da linguagem que expressamos nossos sentimentos, emoes, idias, intenes e desejos.

    Epa! Espere um pouco! Mas Voz, Fala e Linguagem no so a mesma

    coisa?

    3.1 Recursos da Comunicao Interpessoal

    Os recursos que dispomos para nos comunicarmos so trs: voz, que so os sons produzidos atravs da laringe; fala, a articulao, a emisso dos fonemas; e linguagem, que o todo necessrio para a comunicao de nossos pensamentos e idias. Em outras palavras:

    a) voz = produo sonora; sonoridade; elemento fsico da linguagem;

    Figura 14 b) fala = articulao de fonemas e palavras; voz articulada; combinao de

    sons com significado;

    Figura 1512 12 www.redeparede.pt

  • 19

    c) linguagem = meio de comunicao ou comunicao por qualquer meio

    (oral, escrita, gestual); expresso de conceitos; troca de idias e experincias; faculdade que o ser humano possui de expressar de forma ordenada o pensamento; voz e fala organizada em pensamento.

    Figura 1613

    13 www. redeparede.pt

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    4. BASES PARA A REEDUCAO DA VOZ E DA FALA

    Vamos trabalhar com os seguintes elementos bsicos para adquirirmos uma bela voz: relaxamento, respirao, ressonncia, articulao, postura corporal e propriocepo.

    Exerccios iniciais para relaxamento: a) relaxar bem o corpo balanando e soltando braos e pernas suavemente

    (em p); b) mover lentamente a cabea para direita e esquerda, para cima e para

    baixo (5x); c) girar lentamente a cabea no sentido horrio e anti-horrio (5x).

    Exerccios iniciais para respirao: a) inspirar e expirar profundamente soltando o ar pela boca lentamente

    (5x); b) inspirar e expirar profundamente soltando o ar pela boca com sopro (5x); c) inspirar lentamente levantando os braos e expirar lentamente baixando

    os braos (5x); d) inspirar profundamente e expirar emitindo o som da letra S (5x)

    secando pneu; e) inspirar profundamente e expirar emitindo o som da letra Z (5x) vo do

    besouro. 4.1 Relaxamento

    O nosso corpo e os nossos rgos fonoarticulatrios devem estar num estado equilibrado de tenso para que a produo da voz e a articulao das palavras ocorra de forma clara e precisa. Os exerccios tm o objetivo de perceber estados de tenso no nosso corpo e aprender a reequilibr-los.

    Devemos fazer o relaxamento de olhos abertos da seguinte forma: a) lngua repousada; b) olhos descontrados; c) eixo corporal equilibrado.

    Relaxamento Especfico

    Pescoo: a) sentado, mover lentamente a cabea para a direita e esquerda, para

    cima e para baixo acompanhando com o olhar (5x); b) inclinar lentamente a cabea para a direita e para a esquerda (5x); c) girar lentamente a cabea fazendo rotao para direita e esquerda (5x).

    Ombros: a) elevar e baixar os ombros lentamente (5x); b) elevar lentamente e soltar rapidamente (5x); c) girar os ombros lentamente para frente e para trs (5x).

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    Mandbula, lbios, lngua, palato: a) abrir e fechar a boca lentamente (5x); b) abrir a boca lentamente e fechar rapidamente (5x); c) abrir a boca rapidamente e fechar lentamente (5x); d) movimentar lentamente a mandbula para a direita e esquerda (10x); e) movimentar lentamente a mandbula para frente e para trs (10x); f) inspirar pelo nariz abrindo a boca lentamente, bocejando e soltando o ar

    pela boca (10x); g) bocejar com a boca fechada (5x); h) estalar a lngua lentamente movimentando a mandbula (20x); i) inspirar pausar soltar e vibrar os lbios suavemente (10x); j) inspirar pausar vibrar a lngua com som contnuo e forte de rrrrrrr; k) inspira pausar vibrar a lngua com som contnuo e suave de rrrrrr.

    4.2 Conhecimento do Espao

    Para nosso estudo, o espao o lugar onde nos encontramos e pode ser aberto ou fechado. Qualquer que seja a extenso, aquele que est em volta do corpo e constitui seu ambiente. Temos de tomar conhecimento do espao para poder domin-lo e atingir o todo. Conforme a fonoaudiloga Glria Beuttenmller, em princpio, o espao o todo, o global, o total, o indefinido. Porm, iremos dividi-lo em:

    a) espao pessoal: o espao ocupado por ns da pele para dentro ou vice-versa;

    b) espao parcial: o espao ocupado pelo corpo sem se deslocar. Pode ser mximo se estivermos de pernas distendidas e mnimo se estivermos de braos e pernas junto ao corpo;

    c) espao global: aquele que queremos atingir. Devemos saber dar aquele abrao sonoro, ao qual chamamos de envolvimento sonoro, e a nasce o espao sonoro.

    Exerccios 1) Andar sentindo os ps no cho. 2) Andar na ponta dos ps. 3) Andar nos calcanhares. 4) Andar nas bordas internas dos ps. 5) Andar nas bordas externas dos ps. 6) Andar sentindo os ps pesados e presos ao cho. 7) Andar sentindo os ps fora do cho, flutuando. 4.3 Mobilidade e Tonicidade dos rgos Fonoarticulatrios

    Agora que j estamos com a tenso muscular equilibrada, vamos aperfeioar a mobilidade e o tnus da musculatura orofacial para que possamos ter uma fala bem articulada e uma dico clara e firme.

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    Figura 1714

    Exerccios 1) Com mandbula cerrada, juntar os lbios fazendo bico e separar sem mostrar

    os dentes (10x). 2) Com mandbula cerrada, juntar os lbios fazendo bico e separar mostrando os

    dentes (10x). 3) Abrir e fechar a boca ampla e rapidamente (20x). 4) Inspirar pausar vibrar os lbios fortemente (10x). 5) Abrir a boca e estirar a lngua para fora e para dentro (10x). 6) Estalar a lngua com os dentes ocludos (20x). 7) Tocar as bochechas com a ponta da lngua (20x). 8) Inspirar pausar vibrar a lngua sem som (10x). 9) Inspirar pausar vibrar a lngua com som (10x). 10) Tocar os lbios lateralmente com a ponta da lngua (20x). 11) Tocar os lbios superior e inferior com a ponta da lngua (20x). 12) Passar a ponta da lngua em volta dos dentes no sentido horrio e anti-horrio

    (10x). 13) Afilar e alargar a lngua (20x). 14) Canelar a lngua (10x). 15) Estalar a lngua com a boca aberta sem movimentar a mandbula (10x). 16) Encher os lbios de ar (10x). 17) Pressionar os lbios suavemente (10x). 18) Pressionar os lbios fortemente (10x). 19) Encher as bochechas de ar e soprar (10x). 20) Encher as bochechas e passar o ar de um lado a outro (10x). 21) Sugar as bochechas (10x). 22) Emitir a vogal /a/ passando para // sem movimentar a mandbula (15x). 23) Emitir o fonema /k/ vrias vezes. 24) Encher os lbios de ar e soltar soprando (10x).

    14

    blogs.myspace.com

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    4.4 Respirao

    um dos elementos bsicos na comunicao verbal que tem como funo primordial promover as trocas gasosas, fornecendo energia ao organismo e purificando o sangue. A fora do ar expiratrio que faz vibrar as cordas vocais, produzindo a voz.

    Nesta etapa, vamos reeducar a forma de respirar, aumentar a capacidade respiratria e aprimorar a coordenao pneumo-fonoarticulatria, com o intuito de produzir uma voz firme e constante e uma fala mais prolongada.

    Nas figuras abaixo podemos vera movimentao correta dos msculos envolvidos na respirao correta para a fala, conhecida como intercostal diafragmtica, na qual, h uma movimentao total da musculatura respiratria, indicada na figura pela letra C.

    Figuras 18 e 1915

    15 www. pulmon.org

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    Exerccios 1) Com as mos sobre as ltimas costelas, de braos cruzados, faa os exerccios preliminares. a) Inspirar pelo nariz pausar expirar pela boca com alvio (5x). b) Inspirar pelo nariz pausar expirar pela boca lentamente (5x). c) Com a boca aberta, inspirar pelo nariz pausar expirar pela boca (5x). d) Inspirar pelo nariz pausar expirar pelo nariz, continuando pela boca (5x). e) Inspirar pelo nariz pausar expirar como um pneu esvaziando (5x). 2) Faa os seguintes exerccios: a) Inspirar lentamente pelo nariz pausar expirar lentamente pela boca

    soprando (5x). b) Inspirar pausar expirar pausar expirar soprando (5x). c) Inspirar pausar expirar pausar expirar pausar expirar soprando (3x). d) Inspirar pausar expirar emitindo som de /s/ prolongado, secando pneu (5x). e) Inspirar pausar emitir sssss pausar emitir sssss (5x). f) Inspirar pausar emitir sssss pausar emitir sssss pausar emitir sssss

    (3x). g) Inspirar pausar expirar emitindo som de /z/ prolongado, besouro voando

    (5x). h) Inspirar pausar emitir zzzzz pausar emitir zzzzz (5x). i) Inspirar pausar emitir zzzzz pausar emitir zzzzz pausar emitir zzzzz

    (3x). j) Inspirar pausar emitir ssssszzzzzzzzzz suavemente (3x). k) Inspirar pausar expirar emitindo as vogais sem som (uma de cada vez). l) Inspirar pausar emitir as vogais com som (uma de cada vez).

    Os exerccios apresentados a seguir servem para ampliar a capacidade e o

    controle pneumo-fonoarticulatrio (flego). 3) Dizer com apenas uma inspirao e uma expirao as seguintes frases (uma de cada vez): a) O Pedro tem cuidado com a capa belga de cor preta que comprou do Conde

    Tadeu que andou longo tempo na Blgica comprando quadros do colega pintor Gaspar e tambm pintando quadros ganhando bastante prtica com os estudos adquiridos.

    b) A pomba branca bicou o dedo de Paquito que correndo de dor tropeou perto do banco da casa de campo de Guido quebrando o p que durante trinta dias o privou de brincar de papagaio com o Braga na beira da ponte perto do lago onde tambm passeiam pescando bacuris.

    c) O palacete tombado no pntano era pouco parecido ao portento que o pacato padrinho po-duro conseguia pagar compadecimento, prebendas e pacincias. Nas paredes perdidas um petulante papagaio particular perseguia os papa-moscas para poder atender o paladar em pandarecos desde a partida do padre Paladino na padiola tocando pandeiro.

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    4) Inspire e leia o poema numa nica expirao.

    Quadrilha Carlos Drummond de Andrade

    Joo amava Tereza que amava Raimundo Que amava Maria que amava Joaquim que Amava Lili que no amava ningum Joo foi para os Estados Unidos Tereza para o convento Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que no tinha entrado na histria.

    4.5 Ressonncia

    A ressonncia feita com o uso das cavidades ressoadoras do aparelho fonador, que empresta o timbre voz, a identidade vocal do indivduo. Significa vibrao sonora, retumbncia, amplificao da voz e aumento das vibraes areas.

    Os exerccios que faremos a seguir tm como objetivo explorar de forma adequada e equilibrada o uso destas caixas de ressonncia, amplificando e tornando a voz mais forte, bela e cheia.

    Figura 2016

    16 www.unl-fcsh.3forum.biz

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    Exerccios 1) Faa estes exerccios com zumbido, como se tentasse pronunciar o fonema /m/ continuamente com os lbios unidos, sem abrir a boca. a) Com as mos entrelaadas sobre a nuca emitir o som zumbido (hummmmmm)

    com percepo desta parte do corpo. b) Realizar o mesmo exerccio com as mos sobre a cabea. c) Realizar o mesmo exerccio com percepo no nariz. d) Realizar o mesmo exerccio com percepo no queixo. 2) Diga: a) Morummmmm Torummmmm Sorummmmm (com todas as consoantes). b) Mummmmmm Tummmmmm Dummmmm (com todas as consoantes). c) Inspirar pausar emitir /m/ mmmmmaaaaaa (com todas as vogais). d) Inspirar pausar emitir mmmmm (com todas as vogais nasais). e) Combinar as vogais nasais prolongando a emisso: ininenun. f) Inspirar pausar emitir /n/ nnnnnnaaaaaa (com todas as vogais). g) Inspirar pausar emitir nnnnnnn (com todas as vogais nasais). h) Leia as seguintes frases sustentando a emisso nos fonemas /m/ e /n/:

    Sinto uma profunda alegria na minha existncia. Minha amiga, minha me, era bondade, carinho e amor. Homens passem bem junto s montanhas, bem rente mesmo, a fim de no

    carem no abismo. Nos bancos do jardim da manso de Mansito esto os canteiros de

    samambaia. Quebraram os dentes do pente de Maria Angelina. Gente de bem tem sempre novidades a contar nas reunies noturnas. Tenho uma sensao de profundo relaxamento. Vamos tentar ganhar um joguinho de ping-pong. Marcos, Maria e Fernanda foram ao cinema. Ponha a sardinha na cozinha e lembre-me de molhar a galinha com o

    molho. Eu sempre serei um vencedor enquanto pensar positivamente.

    4.6 Articulao

    a produo de sons da fala por meio da interrupo ou constrio da

    corrente de ar expiratria, sonorizada ou no, ocasionada pelos movimentos de lbios, lngua e vu. Realiza-se de forma automtica mas pode ser controlada ou monitorada atravs de sensaes tteis e sinestsicas (feedback). Est relacionada dico, que a pronncia dos sons da palavra; maneira e arte de dizer; de recitar.

    Ter boa dico pronunciar bem as palavras, articulando os fonemas de

    forma ampla e coordenada; tornar fcil de ser entendida. Para tanto, faz-se necessrio treinar e praticar bastante os exerccios com os rgos fonoarticulatrios para que possamos falar com clareza, com menor esforo, pronunciando corretamente os fonemas e alcanando o sucesso nos nossos empreendimentos.

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    Exerccios 1) Abrir e fechar a boca ampla e lentamente (10x). 2) Abrir e fechar a boca ampla e rapidamente (10x). 3) Abrir a boca lentamente e fech-la rapidamente (10x). 4) Abrir a boca rapidamente e fech-la lentamente (10x). 5) Inspirar pausar expirar emitindo as vogais bem articuladas at acabar o ar

    (5x). 6) Inspirar pausar pronunciar continuamente PA TA KA (com todas as

    vogais). 7) Inspirar pausar pronunciar continuamente BA DA GA (com todas as

    vogais). 8) Inspirar pausar pronunciar continuamente FA SA XA (com todas as

    vogais). 9) Inspirar pausar pronunciar continuamente MA DA NHA (com as

    vogais). 10) Inspirar pausar pronunciar continuamente VA ZA JA (com todas as

    vogais). 11) Inspirar pausar pronunciar continuamente LA - RRA RA LHA (com

    vogais). 12) Pronunciar a seqncia horizontal, seguindo de forma vertical:

    Bra Bre Bri Bro Bru Bla Ble Bli Blo - Blu Pra Pre Pri Pro Pru Pla Ple Pli Plo Plu Dra Dre Dri Dro Dru Dla Dle Dli Dlo Dlu Tra Tre Tri Tro Tru Tla Tle Tli Tlo Tlu Vra Vre Vri Vro Vru Vla Vle Vli Vlo Vlu Fra Fre Fri Fro Fru Fla Fle Fli Flo Flu

    13) Pronunciar a seqncia anterior de forma alternada, ex.: Bra Bla. 14) Pronunciar a seguinte seqncia:

    Sbra Sbre Sbri Sbro Sbru Sbla Sble Sbli Sblo Sblu Spra Spre Spri Spro Spru Spla Sple Spli Splo Splu (completar a seqncia) (etc.)

    15) Pronunciar as seqncias rapidamente e com preciso na emisso de cada

    slaba: a) ragracla regrecle rigricli rogroclo rugruclu b) tratlatar tretleter tritlitir trotlotor trutlutur c) glaprazarra gleprezerre gliprizirri gloprozorro glupruzurru d) manharatla menheretle minhiritli monhorotlo munhurutlu e) larala lerele lirili lorolro lurulu f) praglatarlha pregleterlhe priglitirlhi proglotorlho prugluturlhu g) rarrala rerrele rirrili rorrolo - rurrulu 16) Dizer articulando: a) Um prato de trigo para trs tigres tristes.

    Trs pratos de trigo para trs tigres tristes.

    b) Uma rua paralelepipezada por um bom paralelepipezador.

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    Quem quiser desparalelepipez-la, bom desparalelepipezador ser. 17) Leia as seguintes frases exagerando bem na articulao das palavras e na

    entonao:

    B Baslio Bernardes Barbosa brinca batendo bastante bola. Bernadete belisca Belmiro. P Pedro Pepe pulou o ptio para penetrar paulatinamente no palcio para

    pegar papagaios, periquitos e pipas. Patrcio partiu para o Par. Pedro parecia preocupado, por isso perguntou a Paulo como poderia ele

    tambm parar no Par. O papagaio picou a prateleira perto da porta. M Maria Madalena, me de Margarida, machucou a mo martelando

    madeira macia. Mdico mandou massagens moderadas. T Tereza Tavares trancou Tnia tendo tambm trancado todos os

    travessos: Tristo, Tlio e Tadeu. D Doutor Dcio Durval, deputado dinmico, desmentiu as declaraes dos

    diplomatas Dirceu e Dlio, dizendo das discordncias dos dois. Dezoito de dezembro, domingo, dia de descanso. Dona Dulce, datilgrafa do doutor Domingos, distraiu-se danando

    divertindo-se demoradamente na Dinamarca. V Vilma varre vagarosamente a vasta varanda. Vera vestia vestido vermelho vivo. Voc vai voando no volante do seu veculo novo para o Vasco. RR Reboque rompeu na rua Ramalho Ricardo rolando ribanceira retardando

    recepo da requintada revista. R Vera, Sara e Clara adquiriram arara rara. L Leontina, Lcia e Lina lindas lavadeiras lavavam lenis de labirinto no

    lago. Leila e Lourdes liam livros lamentando leitura lacnica. Calmaria, sol flgido no natal do meu Brasil. Hilda calou calado de salto alto. LH O palhao fazia palhaada com o chapu empalhado com palha da

    palhoa do Palhares. Est o cu enladrilhado. Oh! Quem o enladrilhou? Oh! Quem o

    desenladrilhar? O mestre que o desenladrilhar, bom desenladrilhador ser.

    S Sandra salpica salsa na salada de Snia. Santinha suspirando suando sobre sua sensvel sorte. Z Zlia e Zulmira zangaram com Zenaide Zez, Zuzu e Z estavam no zoolgico. QC Catarina comprou copos caros. Quarenta cavalos de corrida correram caprichosamente na quinta. O cumprimento corts de Carolina conquistou o cavaleiro Carlos. Costa Cardoso de considervel classe causando comentrios. Cmara Couto comprou na confeitaria Carioca coisas como cajus, cocos,

    cuscuz e canjicas de custo caro. X Xavier chegou da pesca cheio de peixes. CH Ch da China chegou em caixes de charo. N Nem Nair nem Neide nadam nada.

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    Naturalmente as novidades de natal na nossa nao so necessrias. Num ninho de magagafos tinham seis magagafinhos, quem os

    desmagagafizar, bom desmagagafizador ser. Dicas para uma articulao correta:

    a) Saber articular todas as slabas que formam as palavras; b) Saber sustentar as demoras nos acentos tnicos e dar-lhes vivncia. Ex.

    mara(vi)lha; c) Saber erguer a voz nas consoantes finais das slabas e das palavras.

    Ex. carta, festa; d) Saber que jamais as consoantes podem ter durao maior que as

    vogais. Ex. d(e)z; e) A articulao deve ser observada, cuidada, ouvida e sentida.

    4.7 Equilbrio e Postura Corporal

    O equilbrio vocal e corporal to importante que, de modo geral, se no conseguirmos o equilbrio exterior por meio da voz e do corpo, tambm no conseguiremos o equilbrio interior e vice-versa.

    Atitudes bsicas: a) ps: confortavelmente separados. O peso do corpo deve estar

    igualmente distribudo pela borda externa e interna, na ponta do p e no calcanhar;

    b) msculos: relaxados; c) cabea: ereta; d) queixo: paralelo ao cho; e) cintura plvica e escapular: descontrada; f) linha da cabea: a cabea deve manter a linha como se estivesse

    suspensa por um fio de cabelo na parte do redemoinho. Exerccios 1) Com atitude de equilbrio, em p, procurar deslocar o eixo corporal para a direita, para a esquerda, para frente e para trs, e depois circulando. 2) Deslocar-se com passos pequenos, aumentar gradativamente at chegar a passos largos. Ao conseguir o meio passo sem perder o equilbrio, comear a diminu-los gradativamente at parar naturalmente. 4.8 Inflexo

    Entende-se inflexo como a nfase que deve ser ressaltada, de acordo com as idias que queremos transmitir, ou o termo usado para designar movimento gradual da altura durante uma emisso. Para termos uma comunicao efetiva, ou seja, para nossas idias serem entendidas, precisamos saber dar o colorido nas emisses, variando a intensidade, a altura da voz, bem como a velocidade e a qualidade da fala. necessrio sabermos dar emoo a

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    nossa voz, at para podermos convencer os outros sobre nossas intenes. Voz emoo!

    Exerccios 1) Faa os exerccios de inflexo, dando nfase nas palavras que julgar necessrias: a) Quando deso o morro sinto que quase morro. b) Sujei de manga a manga do meu palet. c) Jos Maria no nada nada. d) A mulher do caixa da Caixa Econmica perdeu sua caixa de jias. e) A plstica na cara da gr-fina saiu muito cara. f) Maria casa em casa. g) Leve o que leve e deixe o que pesado. h) A nossa casa no vale do rio Paraba vale muito. i) O guarda est de guarda na esquina. j) Sinto um mal-estar por meu cinto estar apertado. k) A parada militar est parada h uma hora. l) Pelo que ouvi o plo da escova est gasto. m) Lus Carlos deu a entrada na entrada do teatro. n) Quebraram o banco do Banco Municipal. o) Jos mata o gato na mata. p) Eu no me fio nesse fio pois est fraco. q) As palmas da palmeira batem palmas. r) Jos se balana na balana. s) Como rpido como voc. 2) Leia o poema abaixo dando inflexo de acordo com os sentimentos.

    Cartas de Amor Fernando Pessoa

    Todas as cartas de amor so ridculas. (SINCERA) No seriam cartas de amor se no fossem ridculas. (FRANCA) Tambm escrevi em meu tempo cartas de amor, como as outras, ridculas. (SONHADORA) As cartas de amor, se h amor, tem de ser ridculas. (CONVICO) Mas, afinal, s as criaturas que nunca escreveram cartas de amor que so ridculas. (IRONIA) Quem me dera no tempo em que escrevia sem dar por isso cartas de amor ridculas. (PASSADO) A verdade que hoje as minhas memrias dessas cartas de amor que so ridculas. (PASSADO PRESENTE) Todas as palavras esdrxulas, como sentimentos esdrxulos, so naturalmente ridculas. (CONCLUSO)

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    3) Emita as vogais com expressividade fisionmica correspondente s emoes sentidas, observando os apelos interjetivos: a) Admira-se com.................Ah! b) Tem-se alvio com ...........Ah! c) Espanta-se com.................Oh! d) Entristece-se com..............Oh! e) Vaia-se com.......................Uh! f) Instiga-se com....................Ih! g) Adverte-se com..................Eh! h) Descontrai-se com..............Eh!

    Exerccio de inflexo

    1) Nas frases abaixo, faa as devidas inflexes vocais no levando em considerao o contexto da informao. FRASE 1 Apesar de toda polmica em torno da reeleio, o presidente Luis Incio Lula da Silva j anunciou que NO ser mais candidato. FRASE 2 Apesar de toda polmica em torno da reeleio, o presidente Luis Incio Lula da Silva J ANUNCIOU que no ser mais candidato. FRASE 3 Apesar de TODA polmica em torno da reeleio, o presidente Luis Incio Lula da Silva j anunciou que no ser mais candidato. FRASE 4 Apesar de toda polmica em torno da reeleio, o presidente LUIS INCIO LULA DA SILVA j anunciou que no ser mais candidato.

    4.9 Ritmo

    No ser humano o ritmo est presente desde o momento em que nasce, no

    apenas atravs das batidas do corao, mas em todos os movimentos do corpo. Na fala, est relacionado tanto a inteligibilidade como tambm a expressividade, a velocidade da emisso. Precisamos treinar e saber adequar o ritmo da nossa fala de acordo com as situaes vividas para que nossas idias possam ser compreendidas com clareza. Exerccios 1) Exerccios de ritmo a) Bater os ps. b) Bater os calcanhares. c) Bater palmas fortes e suaves. d) Bater sobre um objeto (batucando). e) Bater em partes do corpo. 2) Exerccios de sons com a boca a) Lngua: estalar a lngua variando a velocidade. b) Lbios: soltar beijos, assoviar, bufar, soprar em vrios ritmos. c) Boca: abrir e fechar a boca fazendo barulho, mastigando os sons. 3) Exerccios para ritmo corporal e vocal

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    Pode ser feito batendo palmas, trocando as mos, batendo os ps. a) Emitir variando a velocidade: Pa-ca-t Pe-que-t Pi-qui-t Po-co-t

    Pu-cu-t b) Emitir mudando a inflexo: Pa-c-ta Pe-qu-te Pi-qu-ti Po-c-to

    Pu-c-tu c) Emitir mudando a inflexo: P-ca-ta P-que-te P-qui-ti P-co-to

    P-cu-tu d) Emitir variando a ordem silbica: Ca-ta-p Ta-ca-p etc. 4) Exerccios para dico e ritmo Leia as frases com encontros consonantais em ritmo lento, mdio e rpido, articulando bem os fonemas e slabas. BR As bruzundangas do bricabraque do Brando abrangem broqueis de bronze brunido, brocados bruxuleantes, broxuras, brevirio, abraxas, brases, abrigos e brinquedos. CR O acrstico cravado na cruz de crislidas da criana acriana criada na creche o credo cristo. DR A hidra, a hadre e o drago, ladres do dromedrio do druida foram apedrejados. FR A frota de frgeis fragatas fretadas por frustrados franco atiradores enfreados de frio naufragou na refrega com frementes frecheiros africanos. GR O grumene desgrenhado gritava na gruta de granito, gracejando com o grupo grotesco de grilheiros. TR A entrada triunfal da tropa de trezentos truculentos troianos em trajes tricolores, com seus tabucos, trombonese e tringulos transformou o trfego outrora tranqilo. PR O prato de prata premiado precioso e sem preo, foi presente do preceptor da princesa primognita, Probo Primaz, procurador da Prcia. VR O lavrador lavrense estudou as livrilhas e as lavrascas no livro do livreiro de lavras. FL A flmula flexvel no florete do flibusteiro flutuava florescente na floresta de Flandres. GL A aglomerao da gleba glacial glosava a inglesa glamorosa que glissava com o gladiador Gluto. BL No tablado oblongo os emblemas das blusas das oblatas estavam obliteradas pela neblina oblqua. CL O clamor dos clarins dos ciclistas do clube ecltico eclodia no claustro.

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    PL Na rplica a plebe pleiteia planos de pluralidade plausveis na plataforma do diplomata plenipotencirio. TL O atleta atravessou o atlntico com o atlas. GN O magnetismo ignorado do insignificante gnomo gnatodos da gnaisse maligno. 5. HIGIENE VOCAL

    Existem algumas normas bsicas que auxiliam a preservar a sade da voz e a prevenir o aparecimento de alteraes e doenas vocais. Essas normas so denominadas de sade vocal ou higiene vocal. A seguir, daremos algumas orientaes que o ajudaro a manter uma boa qualidade vocal.

    Veja algumas dicas de como cuidar da sua voz:

    a) no gritar ou falar durante muito tempo; b) no se expor a mudanas de temperatura ambiental, tomando cuidado

    inclusive com bebidas muito geladas; c) no pigarrear ou tossir, pois este hbito promove atrito entre as pregas

    vocais. Engolir saliva ou tomar gua; d) evitar bebidas alcolicas, pois atuam como anestsicos, melhorando a

    voz aparentemente e mascarando seu abuso. O mesmo acontece com sprays e pastilhas;

    e) Beber sempre bastante gua, principalmente em ambiente com ar condicionado;

    f) fazer gargarejos suaves com gua morna e pouco sal; g) no falar em ambientes muito ruidosos, evitando competir com os

    outros; h) no caso de ser alrgico, evitar exposio poeira, gs e cheiros muito

    fortes; i) no fumar, pois o fumo irrita a mucosa de todo o aparelho fonador,

    especialmente as pregas vocais, e pode causar cncer; j) cuidar da sade como um todo, pois qualquer problema no corpo pode

    influenciar na produo da voz; k) mastigar bem os alimentos, dar preferncia aos leves e evitar os muito

    temperados; l) evitar alimentos achocolatados e derivados de leite, principalmente

    antes do uso profissional da voz, pois estes aumentam a secreo no trato vocal;

    m) enquanto estiver falando, manter a postura do corpo reta, no eixo, porm relaxada, principalmente a cabea;

    n) no usar roupas apertadas, principalmente na regio do pescoo e da cintura; dar preferncia a tecidos mais leves e naturais;

    o) prestar ateno ao tipo de calado: saltos altos prejudicam a postura e solas grossas de borracha impedem o fluxo natural das energias;

    p) realizar exerccios de aquecimento vocal orientados pelo fonoaudilogo, principalmente no momento que antecede o uso profissional da voz;

    q) procurar um profissional especializado quando perceber alguma alterao como ardncia e dor na garganta, perda da voz ou rouquido.

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    A consulta com um otorrinolaringologista necessria caso os sintomas permaneam por mais de dez dias.

    6. EXERCCIOS PRTICOS PARA IMPOSTAO DE VOZ E DICO 6.1. Exerccios Gerais para colocao da voz 1) IA- IE- II- IO- IU (subindo e descendo) tornar voz aguda. 2) UA- UE- UI- UO- UU (subindo e descendo) tornar voz grave. 3) MI NI MI NI MI NI MI NI (subindo) ressoante. 4) BLIC BLAC BLOC BLUC BLEC BLOC BLIC BLAC BLUC BLEC BLUC BLEC BLIC BLAC B LUC (voz clara/ articulao) BLOC BLIC BLUC - BLAC BLUC BLAC BLOC BLUC BLIC BLEC 5) DINNNG DANNNG DONNNG DUNNNG DENNNG DONNNG DINNNG DANNNG DUNNNG DENNNG DUNNNG DENNNG DINNNG DANNNG DENNNG (ressonncia) DENNNG DINNNG DUNNNG DANNNG DENNNG 6) UI-UI-UI-UI-UI-UI (trazer a voz para os lbios). 7) L-U-O-A L-U-O-A L-U-O-A L-U-O-A (desembutir a voz). 8) NHIAOU NHIAOU NHIAOU NHIAOU (ressonncia). 9) XIBRABA XIBREBE XIBRIBI XIBROBO XIBRUBU (projetar a voz). 10) A E I O U A E I O U A E I O U A E I O U A E I O U (articulao/ flego). 11) MMMMMMNNNN (ressonncia). 12) Emitir as vogais e projet-las, jogando a voz junto com as mos (posio

    inicial: braos cruzados, mos fechadas sobre o peito). 6.2. Exerccios para dico e articulao a) A abracadabra da gaga macabra na cabala. b) A madrasta falava da sacada da casa da praa. c) A asa do assum sarar salta, assalta com ares de ararima pela area

    manh. d) Clebre sempre reverente perenes mercs celestes. e) Excelente pretendente vem receber presentes resplendentes. f) Z perequet serelepe mequetrefe, p de lebre, leve, mexe e remexe. g) Sem temer berberes rebeldes, Estevez, clebre tenente genebrs, desfere

    fremente ferretes e rebenques. h) Rififi de piquiribi viril chicrim e tiguimirim, inimssimos de pirlimpimpim. 6.3. Exerccios para dico e desinibio com trava-lnguas

    A pata da gata

    A pata da gata ataca a maritaca e a bota da Maricota. A pata da gata bate

    na bola, batuca na lata, luta com a rata, cutuca na nata. A pata da gata ata, ata e desata e no acata as ordens da gata.

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    Pintando o sete

    Um pinguo pega o pito e pita debaixo da pita. A pita, com muita pinta, pinta uma dzia de pintos, com pingos pretos de tinta. E o pinguo? Pinta o sete. Como pinta o sete o pinguo? Pita pinto pinga pita pia pintos pingos pingam pia pia pinto pinto pinga pito pinto pinga pingo pinga pinta pia Depois o pinguo dorme e a lngua morde sonhando que chovem pingos de pinga

    Z

    Z , ducatirib salamacut fifirifif. Cad a Aninha inha, ducatiribinha

    salamacatute fifirififinha? Saiu com Rute ute, ducatiribute salamacatute fifirififute, visitar o Joo o, ducatiribo salamacuto fifirififo.

    O sapo sapucaia

    O sapo sapucaia sempre saia sozinho e a sapa saparinga sentia saudades. Num Sbado de sol, sentado na soleira, a sapa sacou a soluo: um servio secreto. Em segredo e em silncio, sapecou na salada, na sopa e na sobremesa de sorvete do sapo o seguinte: sal, suco de soja, sete sementes de sapoti e sete sardas de serpentes. O sapo saboreou, sentiu-se satisfeito, sorriu e sentou no sof da sala, semanas sem sair!

    6.4. Exerccio para inflexo

    Leia e faa gravaes para sua anlise pessoal das seguintes propagandas de rdio e televiso:

    a) Artigos esportivos Sonoplastia: fundo musical de balano de preferncia nacional/ Locuo: rpida com voz jovem

    A Blok esportes d uma fora para voc. Com a grande promoo de tnis da blok esportes, voc est com nota 10 porque compra um tnis e ganha um par de meias. Na Blok, voc j comea o ano ganhando... .isso a... voc compra um par de tnis e ganha um par de meias! Com o tnis da blok esportes, voc vai longe... b) Bar e restaurante executivo Sonoplastia: solo de piano, msica lenta/ Locuo: lenta acompanhando a melodia do piano Se voc conhece pelo menos duas pessoas de talento, voc a pessoa certa para freqentar Logos... "Logos": bar executivo, msica, ar-condicionado, estacionamento prprio... muito requinte para servir coquetis ou um autntico "scoth"... ponha umas horas gostosas em sua vida. Convide os seus amigos e v ao logos. Rua Ipuaba, 363.

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    c) Casa de carnes Sonoplastia: fundo musical neutro/ Locuo: normal Depois de muitos anos de prtica aliados alta tecnologia que o pessoal da casa de carnes Gois conquistou o mais alto padro de atendimento e higiene. O mais importante: na casa de carnes Gois voc encontra tudo: frangos, carne de porco, picanha e carnes temperadas... a casa de carne Gois nesta nova fase est sensacional! Casa de carne Gois rua Senador Pereira, 762. 6.5. Exerccio em que entram muitas vogais Jaguaribe Herculano Cangaceiro Macaxeira Geografia Meteorologia Brasileiro Paraleleppedo Impermeabilidade Inconstitucionalidade Proporcionalidade Gesticulador Fuxiqueiro Educador Cadeira Faxineira Beneficente Ribanceira Terceiro Meteorologista. 6.6. Frases para treinar a dico a) O prestidigitador prestativo e prestatrio est prestes a prestar a

    prestidigitao prodigiosa e prestigiosa. b) A prataria da padaria est na pradaria prateando prados prateados. c) Os quebros e requebros do samba quebram os quebrantos dos falsos santos. d) Brito britou brincos de brilhantes, brincando de britador. e) Branca branqueia as cabras brabas nas barbas das bruacas e bruxas

    branquejantes. f) Trovas e troves trovejam trocando quadros trocados entre os trovadores

    esquadrinhados nos quatro cantos. g) O dromedrio destruiu as drogas da drogaria Andrmeda, porque foi drogado

    com a droga quadrada. h) As pedras pretas da pedreira de Pedro Pedreiras so os pedregulhos com que

    Pedro apedrejou trs pretas prenhes. i) No quarto do Crato eu cato quatro cravos cravados no crnio da caveira do

    Craveiro. j) O grude da gruta gruda a grua da gringa que grita e, gritando, grimpa a grade

    da grota grandiosa. k) Franqueia-se o frango frito frio frigorificado francesa no frigorfico do frade. l) O lavrador livre na palavra e na lavra, mas no pode ler o livro que o livreiro

    quer vender. m) Plana o planador em pleno cu e, planando por cima do plat, contempla as

    plantas plantadas na plataforma do plantador. n) A laca aplacadora aplaca a dor da placa que a laca aplacou. o) O bluso blasona para a blusa e a luva com blandcia aplaude a blasonada. p) Um atleta atravessa o Atlntico em busca da Atlntida que viu num atlas. q) Quero que o clero preclaro aclare o caso de Clara e declare que Tecla se

    engana no que clama e reclama. r) Agla lava a gleba do globo que havia levado galxia do glabro e galante

    gigante. s) Flamengo inflama. Fluminense influi. Quem a flama inflama, flui e reflui. t) Fraga deflagra um drible, Franco franqueia o campo, o povo se inflama e

    enfrenta o preclaro jri, que declara grave o problema. u) O cricrilar do grilo devido ao atrito de seus litros.

  • 37

    6.7. EXERCCIOS DIRIOS PARA AQUECIMENTO E DESAQUECIMENTO VOCAL, e RELAXAMENTO VOCAL.

    EXERCCIOS AQUECIMENTO E DESAQUECIMENTO VOCAL

    1- Aquecimento vocal: Inspira pelo nariz - pausa - vibrao de lngua do tom grave p/ agudo - (10x) -Inicio das atividades AQUECIMENTO

    2- Aquecimento: Emitir TR..................................terminando num som nasal - Mastigar o m - Mastigar o m colocando as vogais - A ,. . I, , , u - Sibilao: - Execute estas slabas: Zi - Si - Fi - Chi - Vi - Gui - Qui - Z - S - F - C - V FSCH FSCH FSCH VZG VZG VZG Emitir o v.................................hum...................... Emitir o z.................................hum..................... Para articulao dos RR: Bar - Mur - Per - Vur - Der - Xar - Cor -Ter - Quer

    3- Abrir e fechar a boca rapidamente a amplamente (10x) - AQUECIMENTO - Estalar a lngua com a boca aberta e fixa / abrindo e fechando a boca / e com os dentes juntos - Fazer 10 vezes cada tipo separadamente. - AQUECIMENTO - Passar a lngua entre os dentes e os lbios no sentido horrio e anti-horrio (10x cada sentido) - AQUECIMENTO 4- Inspira - pausa - expira pela boca soprando com bico - (10x) - RELAXAMENTO 5- Inspira pelo nariz abrindo a boca e soltando o ar com bocejo - (10x) - RELAXAMENTO 6- Inspirar pelo nariz - pausa - vibrar lngua no seu tom normal (nico), sem variar - RELAXAMENTO 7- Desaquecimento da voz - ao final do dia ou expediente - Inspira pelo nariz - pausa - vibra lngua do tom mdio p/ grave (10x) DESAQUECIMENTO

    8- Voz salmodiada - "voz de padre" (dizer dias da semana ou meses do ano); Bocejo - suspiro; Espreguiar-se suavemente; Repouso vocal. DESAQUECIMEN TO

    OBS.: Esta sequncia pode ser feita diariamente, inclusive durante as pausas do seu trabalho, nas quais voc deve ingerir gua, fazer repouso vocal (no falar nada) e fazer somente os exerccios de relaxamento vocal. Os exerccios de aquecimento e desaquecimento devem ser feitos no incio do dia e no final do dia,

    respectivamente; ou incio e no final das atividades profissionais.

  • 38

    7. Respirao na Leitura

    Da respirao vo depender, na leitura, a facilidade com que realizamos as

    figuras de entonao, por mais longas que sejam, a harmonia e a igualdade de voz, os matizes que com ela realizamos, a qualidade das ligaes, das pausas e dos ritmos acentual e cronal.

    Tudo isto, por sua vez, depende de uma perfeita coordenao fonorrespiratria.

    Para uma leitura correta, convm guiar-se pelas recomendaes sugeridas

    pela mestra Edme Brandi.

    Para pronunciar uma frase com facilidade, quer quanto emisso vocal, quer quanto articulao, eis as principais condies:

    a) abastea-se de ar suficiente para enfrentar qualquer enunciao, por

    mais longa que seja; b) coordene perfeitamente o movimento expiratrio com o enunciado da

    frase sem permitir que o pensamento ou a articulao das palavras desorganize essa importantssima coordenao;

    c) inicie a frase com suavidade, enchendo a boca de ar; d) coordene o incio da frase com o incio da expirao; muitas pessoas,

    depois de inspirarem, deixam escapar uma grande quantidade de ar antes de comear a falar;

    e) acabe a frase, por mais longa que seja, ainda com reserva de ar nos pulmes. No exagere a inspirao a ponto de no poder dosar a quantidade necessria para uma fonao tranqila

    f) controle a quantidade de ar suficiente para produzir voz livre e serena. Voc j sabe que o sopro deve ser dirigido com energia, mas absolutamente sem esforo; embora convenha voc ter uma boa reserva de ar para falar, a voz emitida com grande quantidade de ar mal dirigido no tem o mesmo rendimento, alm de castigar as cordas vocais;

    g) articule nitidamente, mas para isso no se ponha a cortar a frase com golpes secos de glote toda vez que aparece um encontro de vogais;

    h) ligue as slabas entre si unindo as vogais do fim de uma palavra e do incio de outra, a no ser quando a exigncia expressiva pedir outros efeitos.

  • 39

    7.1. PAUSA RESPIRATRIA Quando e onde respirar

    No podemos respirar em todos os sinais grficos. Estes tm uma funo

    sinttica que nem sempre corresponde realidade da fala. Agora voc vai ler os trechos que seguem, respirando apenas onde houver

    indicao de PAUSA RESPIRATRIA. Nas outras PAUSAS, retenha simplesmente o flego como o faz no exerccio de sopro interrompido. Fora disso, no respire nem pause em sinal algum.

    Mas ateno: o fato de voc no fazer pausa num ponto, ou de fazer pausa sem respirar, no deve modificar a entonao prpria do sinal (por exemplo: no ponto a voz desce e assim deve ser em qualquer caso).

    As confisses de Nelson Rodrigues Captulo CCCLXVI "Nunca houve tamanha solido na terra"

    Outro dia, (PAUSA) aqui mesmo, (PAUSA) dizia eu que S. Paulo (PAUSA

    RESPIRATRIA) ou, mais precisamente, sua capital (PAUSA) no tem horizonte. (PAUSA RESPIRATRIA) E o bvio que ningum v, (PAUSA) porque somos cegos para o bvio. (PAUSA RESPIRATRIA) Mas reparem: - (PAUSA RESPIRATRIA) em S. Paulo o horizonte uma parede (PAUSA) e, depois, outra, (PAUSA) mais outra (PAUSA) outra mais, (PAUSA RESPIRATRIA) enfim, (PAUSA) dezenas de paredes, como no soneto de Raymundo Correia. (PAUSA RESPIRATRIA) Eu no tinha percebido isso. Um dia, (PAUSA RESPIRATRIA) o meu amigo Lus Eduardo Borghert veio ao Rio. (PAUSA RESPIRATRIA).

    Nota: nos prximos trechos, a PAUSA ser representada por uma barra (/) e a PAUSA RESPIRATRIA pelo sinal (-/)

    Diga-se, entre parnteses, / que o Borghert vive em S. Paulo, trabalha em

    S. Paulo, fatura em S. Paulo.-/ E so tais suas responsabilidades / que no pode afastar-se uma polegada do seu emprego. -/ J adquiriu, inclusive, o sotaque paulista. -/ At que, um dia, vou passando pelo Leblon quando o vejo. -/ Mando o txi voltar. / Eis o que, no primeiro lance, imaginei: -/ "Se o Borghert est aqui porque o despediram". -/ A tarde caa, invisvel, sobre tudo, / inclusive o Borghert. -/

    Salto do txi berrando: "Como , Borghert?" -/ Virou-se e nos abraamos,

    patticos e ululantes, como dois italianos de anedota. -/ E, ento, perguntei-lhe: - "Ests fazendo o que?" -/ Olhando o fundo da tarde, disse apenas: -/ "Estou olhando o horizonte". -I Sara de S. Paulo, / largara responsabilidades, horrios, fregueses,-I e tudo para ver um horizonte. -/ A princpio no entendi, como, de certo, o leitor tambm no est entendendo. -/ Mas ele explicou tudo. -/

    Depois que se transferiu para S. Paulo, / ele comeou a sentir uma falta

    desesperadora. -/ E no sabia de qu ou de quem. -/ Era falta de algo transcendente, vital, insubstituvel. -/ At que descobriu o seguinte: -/ na capital paulista, / o sujeito est sempre a cinco metros do horizonte. -/ Exatamente, uma profundidade de cinco metros. / Por outras palavras: -/ o horizonte uma parede. / Para onde se vire, h sempre uma parede. -/ O Borghert / dentro ou fora de

  • 40

    casa, / na rua, ou qualquer lugar, -/ est entre quatro paredes fatais. -/

    Um dia, no agentou mais. / Estava com um cliente importantssimo no seu escritrio. / Disse: -/ "D licena um instantinho.. Volto j". -/ Desceu, / apanhou o automvel e arrancou para o Rio. -/ Veio numa velocidade fulminante. -/ Diro que h horizontes na estrada. / Mas era pouco para o seu apetite visual. -/ Ele sempre achou que o horizonte marinho tem outra profundidade, / sim, / uma profundidade espantosa. -/ Pode-se perguntar: / "E por que no foi a Santos?" -/ Porque profundo o horizonte do Leblon. -/ Dicas

    a) Para efeito de leitura, as pausas na respirao vo depender muito mais de voc do que do texto;

    b) Ponha-se vontade. Procure desinibir-se para ler com calma e segurana;

    c) Leia o trecho silenciosamente, procurando entend-lo bem. Indague de si mesmo: "Ser que eu peguei realmente o que o autor quer dizer?"

    d) No vergonha desconhecer vocbulos. Se o contexto no lhe indicar claramente o significado de uma palavra, procure-o num dicionrio. muito importante compreender o que se est lendo;

    e) Verifique a pronncia das palavras de que tenha dvida (por ex.: plural aberto ou fechado? penltima ou antepenltima slaba acentuada?).

    8. Canais de comunicao verbal e no-verbal

    A forma como voc se apresenta causa mais impacto platia do que as palavras que profere. As pessoas saem da palestra levando no a informao que recebem, mas a impresso que formada pela comunicao verbal e no-verbal.

    Ao dar uma palestra, voc usa tanto o canal verbal como o no-verbal para transmitir a mensagem, sendo a eficincia alcanada quando voc usa habilidosamente os dois canais. O canal verbal (palavras) representa apenas 7% da mensagem, enquanto o no-verbal transmite os 93% restantes. , portanto, este que determina como voc percebido. Para entender melhor como esses canais operam, necessrio identificar e comparar as propriedades de cada um. Algumas propriedades so:

    Canal verbal Canal no-verbal Palavras Linguagem corporal, voz Consciente Inconsciente Descrio da emoo Emoo verdadeira Lgico Intuitivo Formal Informal O verdadeiro contedo pode ser manipulado

    O verdadeiro contedo no pode ser manipulado

  • 41

    8.1. Elementos no-verbais

    Como vimos, a comunicao verbal contm elementos no-verbais. Pesquisas revelam que ela vai muito alm das palavras. Somente 7% da comunicao interpessoal pode ser traduzida por palavras e o resto est contido em elementos no-verbais. Cerca de 55% resultam da expresso facial e de outra linguagem corporal e 38% vm da inflexo da voz. A pesquisa tambm revela que as apresentaes so mais eficazes quando contam com recursos visuais.

    Aps meia hora, o ouvinte comum no se lembrar de 40% do que foi dito.

    No final do dia, 60% sero esquecidos. E depois de uma semana da apresentao ser lembrado apenas 10% do exposto.

    Um comunicador experiente planejar sua apresentao a fim de aumentar

    a memorizao do ouvinte por meio de: a) repetio quanto mais se ouve uma mensagem, mais lembrada ela

    ser; b) proximidade quanto mais recente for a mensagem, mais ser

    lembrada; c) impresso quanto maior impacto emocional a mensagem causar no

    ouvinte, por mais tempo ela ser lembrada; d) simplicidade uma apresentao simples fcil de ser entendida.

    9. Fontica da lngua portuguesa

    A fontica estuda os sons como entidades fsico-articulatrias isoladas (aparelho fonador). Cabe a ela descrever os sons da linguagem e analisar suas particularidades acsticas e perceptivas. Ela fundamenta-se em estudar os sons da voz humana, examinando suas propriedades fsicas independentemente do seu papel lingstico de construir as formas da lngua. Sua unidade mnima de estudo o som da fala, ou seja, o fone.

    O fonema a unidade formal inferior da Fontica. Usamos fonemas com naturalidade em nossa comunicao, mas difcil dizer em que medida os falantes tm uma conscincia natural deles. O que se pode dizer que essa conscincia se firma principalmente durante a alfabetizao em sistemas fonolgicos de escrita. durante a aquisio da escrita que nos aproximamos dos fonemas. Como nos sistemas fonolgicos o grafema geralmente corresponde a um fonema, o falante alfabetizado passa a distinguir com clareza essas unidades mnimas da fala. A conscincia dos fonemas requer, portanto, aprendizado cultural. A histria da escrita nos mostra o longo e rduo caminho percorrido at se chegar a sistemas consistentes de escrita fonolgica. Isso nos d uma idia do esforo envolvido no processo de compreenso do fonema.

    Fonema o mdulo abstrato mnimo da fala em nvel de significante. o tomo de construo do significante do discurso.

  • 42

    Os fonemas so os sons da lngua. Para produzir os sons, o corpo humano no dispe de nenhum rgo especfico, mas utiliza um conjunto de rgos, chamado aparelho fonador. Vejamos no quadro abaixo:

    Aparelho fonador

    Pulmes, brnquios e traquia

    rgos respiratrios que produzem a corrente de ar necessria fonao.

    Laringe e pregas vocais (ou cordas vocais)

    Produzem a vibrao utilizada na fala.

    Faringe, boca e fossas nasais

    Funcionam como caixas de ressonncia. A cavidade bucal possui vrios obstculos passagem do ar, que so responsveis pelos diversos sons da linguagem.

    Como funciona o aparelho fonador

    Como j vimos anteriormente, o ar sai dos pulmes, penetra na traquia e chega laringe, onde se modifica ao passar pelas chamadas pregas vocais (ou cordas vocais). Quando as pregas vocais esto aproximadas, vibram passagem do ar, produzindo sons que so chamados de sonoros.

    Quando as pregas vocais esto relaxadas, o ar escapa sem essas vibraes. Chamamos estes sons de surdos. Ao sair da laringe, o ar passa pela faringe, podendo sair pela boca ou pelo nariz. Os sons que saem pela boca chamamos de "orais" e aqueles que saem pelo nariz chamamos de "nasais".

    Os sons que passam pela cavidade bucal podem ser produzidos de vrias maneiras. A posio da lngua e a posio dos lbios interferem na produo dos sons. Como a lngua um rgo de grande mobilidade, pode tocar o palato e os dentes de diversas formas para modificar o som que vem da faringe.

    Figura 2117

    17 www. fonosul.com.br

  • 43

    Podemos agora conhecer melhor nossos fonemas. Os fonemas se dividem em vogais e consoantes.

    As vogais - Embora usemos apenas cinco letras para representar as vogais, temos 12 fonemas voclicos. Tudo isso?

    Vamos observar melhor. As vogais em portugus podem ser orais ou nasais. As vogais orais (produzidas quando o ar sai pela boca sem obstculos). Observe que as letras E e O representam fonemas abertos e fechados. Temos tambm as vogais nasais (produzidas quando o ar sai pela cavidade nasal). Juntas, as vogais orais e nasais formam o conjunto de 12 fonemas voclicos da lngua portuguesa.

    Nos quadros que seguem logo abaixo, poderemos observar melhor como agem os rgos da fala para produzir os fonemas e que posies adquirem para a realizao da fala. Coloque-se diante de um espelho e emita todos os fonemas da lngua portuguesa, um de cada vez, de forma lenta e isolada, e observe se as posies dos seus rgos fonadores so as mesmas indicadas nos quadros abaixo:

    QUADRO DAS VOGAIS

    VOGAIS RGOS FONOARTICULATRIOS Transcrio fonmica

    Correspondente grfico

    Posio da Lngua

    Tenso da Lngua

    Posio de Lbios

    / u / u Posterior-Alta Relativamente Tensa

    Arredondada

    / o / o Posterior-Mdia Tensa Arredondada / / Posterior-Mdia Relativamente

    Relaxada Arredondada

    / a / a Anterior-Baixa Relaxada No arredondada / / Anterior-Mdia Relaxada No arredondada / e / e Anterior-Mdia Tensa No arredondada / i / i Anterior-Alta Tensa No arredondada

  • 44

    QUADRO DAS CONSOANTES I

    ZONA DE ARTICULAO RGOS FONOARTICULATRIOS

    Transcrio fonmica

    Correspondente grfico

    LBIOS DENTES LNGUA PALATO CORDAS VOCAIS

    Bilabiais

    /p / p

    Em extenso, ocluindo a passagem doa ar em direo ao nariz

    Imveis sem vibrao

    / b / b (idem) vibrando

    / m /

    m

    Ocludos opondo resistncia: a corrente de ar vence a resistncia e provoca a exploso

    Ligeiramente separados

    pice (ponta) imvel localizando-se atrs dos incisivos inferiores

    Relaxado, permitindo que o ar saia tambm pelo nariz

    vibrando

    Labiodentais

    /f / f Imveis sem vibrao

    / v / v

    Dentes incisivos superiores sobre o lbio inferior

    pice imvel localizando-se atrs dos incisivos inferiores

    Em extenso, ocluindo a passagem do ar em direo ao nariz

    vibrando

    Linguodentais

    / t / t

    Em extenso, ocluindo a passagem do ar em direo ao nariz

    Imveis sem vibrao

    / d / d (idem) vibrando

    / n /

    n

    Entreabertos, permitindo entrever os dentes incisivos

    Separados, deixando entrever a lngua

    pice apoiado nos incisivos superiores ocluindo o ar entre a lngua e o palato Relaxado,

    permitindo que o ar saia tambm pelo nariz

    vibrando

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    QUADRO DAS CONSOANTES II

    Transcrio fonmica

    Correspondente grfico

    LBIOS DENTES LNGUA PALATO CORDAS VOCAIS

    LINGUOALVEOLARES

    / s /

    s

    Imveis sem vibrao

    / z /

    z

    pice apoiado atrs dos incisivos inferiores; bordos levemente encostados na regio dos molares superiores formando um canal na parte central por onde o ar passar

    vibrando

    / l /

    l

    Entreabertos, permitindo entrever os dentes

    Ligeiramente separados

    pice tocando alvolos dos incisivos superiores permitindo sada do ar lateralmente

    Em extenso, ocluindo a passagem do ar em direo ao nariz

    vibrando

    / r /

    r

    pice tocando alvolos dos incisivos superiores, ocorrendo vibrao da consoante

    / R /*

    rr

    Entreabertos, permitindo entrever os dentes

    Ligeiramente separados pice

    tocando alvolos dos incisivos superiores com maior vibrao que o anterior

    Em extenso, ocluindo a passagem do ar em direo ao nariz

    vibrando

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    10. EXERCCIOS PRTICOS PARA LEITURA

    Leia os textos abaixo, buscando fazer uma leitura interpretativa, ou seja, usando todos os recursos da comunicao eficaz que vimos ao longo do curso e desta Apostila, como: respirao, inflexo, entonao, dico, articulao, pausas, ritmo e emoo. Aproveite e faa gravaes para sua anlise e as repita vrias vezes para buscar sempre o aperfeioamento da sua locuo.

    Texto 1 Receita para a boa comunicao Ingredientes: uma boa dose de autoconfiana uma colher de humildade uma xcara de expresso corporal, acrescida de boa voz riqueza de vocabulrio a gosto e uma colher de fermento marca entusiasmo

    Preparo: Bata a humildade com a expresso corporal e, em seguida,

    misture a simpatia pessoal, naturalmente. Coloque uma pitada de assunto paralelo, sem exagerar. V pondo a postura em todas as fases do preparo e finalmente adicione o fermento do entusiasmo. Unte a frma com bastante expressividade e em seguida derrame massa a sabedoria e deixe-a crescer.

    No descuide um s instante da temperatura do auditrio, conservando-a em nvel bem elevado. Cubra tudo com a calda da expectativa para despertar o interesse, a ateno e a curiosidade dos ouvintes, depois doure no calor do auditrio e saboreie o sucesso.

    Esta a frmula infalvel, uma receita que requer, acima de tudo, estudo e treinamento.

    Gilberto Silva

    Texto 2 Liderana estilo Jesus

    O consultor Ken Blanchard juntou-se a Bob Pike uma das maiores autoridades em tecnologia da educao para trabalhar um paralelo entre a liderana contempornea e ningum menos que Jesus Cristo. Consideramos essa a segunda melhor palestra do evento, perdendo apenas para aquela desenvolvida por Rudolph Giugliani, ex-prefeito de Nova Iorque.

    Os palestrantes americanos utilizam-se de uma postura que poderamos classificar como messinica (ou seja, acoplam a seu discurso profissional uma mensagem de carter mais social). Utilizar Jesus como metfora tem uma inegvel vantagem: todos passam a entender o que queremos dizer. Essa talvez tenha sido a caracterstica marcante da palestra dos dois consultores, cujo ttulo foi Faith at Work (numa traduo livre, A f no trabalho).

    Blanchard e Pike comearam estabelecendo o que chamaram de "Quatro Dimenses da Liderana". So elas: i) a alma, responsvel pela motivao e objetivos do lder; ii) a mente, pelas concepes e crenas do lder; iii) as mos, responsveis pela operacionalizao do que precisa ser feito; iv) os hbitos, responsveis pelo esforo dirio de se manter em direo aos objetivos que a liderana assumiu para si.

  • 47

    Em seguida, definiram as "sete atitudes daqueles que lideram baseados no estilo de Jesus".

    Em primeiro lugar, colocam a pacincia. preciso perseverar e no desistir no meio do caminho, mesmo com as tentaes demonacas.

    Em segundo a proatividade. Os palestrantes mostraram que Cristo no se sentou e esperou que o Pai e o Esprito Santo fizessem seu papel como fazem alguns gerentes , ele assumiu a responsabilidade nesta Trindade e fez a sua parte.

    Confiana em si mesmo foi o terceiro ponto abordado. Se voc no acredita naquilo que faz, quem acreditar? Sem qualquer tipo de arrogncia, Cristo convencia por sua prpria convico.

    Ter expectativas positivas sobre as pessoas tambm uma caracterstica fundamental. Neste quarto ponto, Blanchard coloca que preciso esperar o melhor das pessoas. O filsofo Emerson j havia dito isso, mas ouvindo o veterano consultor colocar a mesma idia em um contexto diferente e inusitado nos levou a refletir que muitos gestores acabam desconfiando da sua prpria equipe. O resultado desse tipo de atitude so pessoas desmotivadas e em permanente estado de alerta contra possveis investidas agressivas de seus superiores.

    O princpio que mais gostamos colocado em quinto lugar foi o da humildade. A forma que Blanchard define humildade simplesmente genial: a capacidade de reconhecer a importncia do outro. Quantos gerentes so capazes de reconhecer que seus sucessos s so obtidos porque contam com uma equipe competente?

    O sexto princpio definido pela expresso capacidade de compreender. Ns costumeiramente chamaramos isso de empatia, mas o sentido que Blanchard d ao tema mais amplo. Ele diz que preciso entender com a mente, o corao e a alma.

    O ltimo princpio manifesta a caracterstica messinica do discurso do consultor. Trata-se de acreditar. Segundo Blanchard, somente quem acredita capaz de fazer acontecer.

    J B Vilhena e L.A. Costacurta Junqueira - Consultores Instituto MVC

    Texto 3 O que labirintite?

    "Labirintite" um termo popular usado geralmente para designar distrbios relacionados ao nosso equilbrio e audio. Sendo assim, uma "labirintite" pode significar tontura, vertigens, zumbido, desequilbrio e vrias outras formas de mal-estar. Na verdade, o termo correto a ser usado "labirintopatia", que significa "doena do labirinto".

    Nosso ouvido possui dois componentes distintos: a cclea (ou caracol), que responsvel pela audio, e o vestbulo, que responsvel pelo equilbrio. Juntos, cclea e vestbulo formam o labirinto. O comprometimento desses componentes, individual ou separadamente, provoca sintomas como tonturas, desequilbrio, surdez ou zumbido.

    Esses sintomas aparecem porque nosso crebro recebe informaes erradas a respeito da nossa posio no espao, geradas pelo labirinto doente, e como resultado, temos uma "alucinao de movimento". Essa alucinao pode sugerir que estamos rodando (vertigem), caindo (desequilbrio), sendo

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    empurrados (desvio de marcha), flutuando (falta de firmeza nos passos) ou ouvindo assobios, motores, etc.(zumbido).

    Texto 4 Inflexo vocal

    Observa-se inflexo vocal em todos os estilos de locuo. A intensidade

    desta variao se d de acordo com o segmento da emissora. Em princpio, locutores de emissoras populares tendem a usar inflexo vocal com maior freqncia. Entretanto, preciso ficar claro que, em qualquer que seja a locuo e o segmento da emissora, a inflexo vocal deve estar presente, em maior ou menor grau.

    Na prtica, a inflexo vocal serve para temperar a locuo. A linearidade da fala muito comum em quem no trabalha com a voz deve ser combatida com certas variaes vocais durante a locuo. Com o passar do tempo, o locutor vai adquirindo uma capacidade natural de fazer inflexo na fala. Para os principiantes, o conhecimento desta variao vocal aliado prtica de alguns exerccios desenvolve uma boa inflexo vocal.

    Texto 5 O mecanismo da respirao

    A cada quatro ou cinco segundos os seus pulmes aspiram ar puro contendo oxignio e exalam resduos venenosos de dixido de carbono. Essa funo respiratria, reflexiva e vital, contnua, consciente e inconsciente, esteja voc em atividade, repouso ou adormecido. a principal motivao do organismo; sem ela, voc sufocaria e morreria.

    Os seus rgos respiratrios incluem o nariz e a boca, a garganta, a traquia, os canais inferiores (brnquios e bronquolos) e os prprios pulmes. Os msculos envolvidos na respirao incluem os do trax. Ele marca a diviso entre a caixa torcica e o abdmen.

    Quando voc inspira, esses msculos expandem os pulmes e inalam o ar para dentro do nariz e boca, que encaminham-no para a traquia. Quando os msculos do trax e do diafragma relaxam, o ressalto flexvel dos pulmes encolhe-os, como bales vazios que expelem o ar ao serem expirados. Esta exalao, quando voc fala ou canta, um processo passivo no-muscular, que se baseia no volume pulmonar naturalmente contrado.

    Texto 6 A produo dos sons voclicos

    Cada instrumento musical possui trs aspectos que, associados, so responsveis pela produo do som. So eles: uma sada, ou fonte de energia; um vibrador, que determina o som e o tom; e os ressonadores, que somam as tonais. Em uma guitarra so o dedo da corda arrancada, a corda e o corpo da guitarra, respectivamente. A sua voz apesar de todos os preconceitos que possa ter pode ser um instrumento musical de grande valia, poder e adaptabilidade. A sua sada o ar exalado pelos pulmes; o seu vibrador so as cordas vocais, em sua caixa torcica ou laringe; e as suas ressonncias so as cavidades de ar e estruturas como: garganta, boca, nariz e cavidades.

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    Similarmente, a vocalizao dividida em trs processos essenciais. So eles a formao, ou produo do som; a ressonncia, ou amplitude harmnica do som; e a articulao o formato, a modelagem e a sada dos sons voclicos, em formas lingsticas conhecidas por palavras.

    Conforme voc realizar os exerccios vocais, voc estar trabalhando as sensaes fsicas da fonao, ressonncia e articulao. Sinta-os como parte de voc. E, acima de tudo, oua-os! O retorno auditivo, atravs das expresses vocais, uma parte vital do processo de vocalizao. Lembre-se: a pessoa, em um todo, que fala e canta.

    Texto 7 As cordas vocais

    As cordas vocais so duas protuberncias brilhantes, aperoladas, situadas em ambos os lados da caixa torcica ou laringe, em seu pescoo. Elas no podem vibrar livremente, como a corda do violino. E so, minuciosamente, descritas como dobras vocais porque se projetam