MECANISMO ASSISTIVO PARA MEMBRO SUPERIOR...
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MECANISMO ASSISTIVO PARA MEMBRO SUPERIOR
FABRICADO POR MANUFATURA ADITIVA
Pedro Humberto de Accioly Costa
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Mecânica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Engenheiro.
Orientador: Max Suell Dutra
RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL
DEZEMBRO DE 2017
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
MECANISMO ASSISTIVO PARA MEMBRO SUPERIOR FABRICADOR POR MANUFATURA ADITIVA
Pedro Humberto de Accioly Costa
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA MECÂNICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL
DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO MECÂNICO.
Aprovado por:
Prof. Max Suell Dutra
Prof. Vitor Ferreira Romano
Prof. Ricardo Cunha Michel
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
DEZEMBRO DE 2017
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Costa, Pedro Humberto de Accioly
Exoesqueleto para Reabilitação de Membro Superior
Fabricado por Prototipagem Rápida / Pedro Humberto de
Accioly Costa. – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola Politécnica,
2017.
X, 40 p.: il. 29,7 cm
Orientador: Max Suell Dutra
Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica /
Curso de Engenharia Mecânica, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 65
1. Exoesqueleto 2. Manufatura Aditiva 3. Membro Superior
4. Reabilitação. I. Dutra, Max Suell. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Mecânica. III. Exoesqueleto para Reabilitação de Membro
Superior Fabricado por Manufatura Aditiva.
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“Bem-aventurado o homem que acha sabedoria,
e o homem que adquire conhecimento.”
Provérbios 3. 13
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado o dom da vida, por me dar
saúde, paz e capacidade para compreender o conhecimento que adquiri nesta jornada,
e por Seu amor incondicional ao ponto de dar Seu único filho para que todo aquele
que nEle crer não morra, mas tenha a vida eterna.
Aos meus pais Humberto e Mônica que nunca mediram esforços para me
proporcionar uma educação de qualidade e por serem um exemplo de vida, ética e
compromisso com tudo que se dispõem a fazer.
A minha irmã Paula que sempre esteve ao meu lado, com quem sempre converso
e me divirto. A minha namorada Sara Antunes por seu apoio que vem desde antes de
ingressar a faculdade, sendo um exemplo de perseverança e empenho. Ambas servem
de motivação e de parâmetro para eu me espelhar.
Agradeço a meu professor orientador Max Suell Dutra, por todo conhecimento
transmitido, suporte e disponibilidade sem os quais não seria possível a realização desse
trabalho.
Agradeço também aos amigos que estiveram comigo, me acompanharam e
torceram pelo meu sucesso, o meu muito obrigado.
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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheira Mecânica.
MECANISMO ASSISTIVO PARA MEMBRO SUPERIOR
FABRICADO POR MANUFATURA ADITIVA
Pedro Humberto de Accioly Costa
Dezembro/2017
Orientador: Max Suell Dutra
Curso: Engenharia Mecânica
O projeto tem base na concepção de mecanismo fabricado por manufatura aditiva
de baixo custo que auxilie no movimento de flexão do braço, visando ajudar no processo
de reabilitação, servindo como equipamento fisioterapêutico acessível à população. Tal
dispositivo será otimizado através de análise estrutural além de cálculos teóricos,
levando em conta máquina e insumo de baixo custo, populares e de interface amigável,
disponibilizando o arquivo de computador com o modelo tridimensional para ser
fabricado massivamente por todos que tenham acesso a esta tecnologia, com custo de
fabricação muito inferior ao valor cobrado pelos exoesqueletos presentes no mercado.
Com o envelhecimento da população, concomitantemente a popularização da impressão
3D devido a queda dos preços, aumento da velocidade e precisão, será possível
impactar a vida de milhares de brasileiros que possuem esta perda de tônus muscular
do movimento de flexão do braço. O estudo, então, compromete-se a estabelecer um
exoesqueleto confiável, leve e de baixo custo, identificando os parâmetros de maior
influência em esforços mecânicos. A meta é apresentar método alternativo mais rápido
e barato para o uso deste mecanismo, com bom grau de confiabilidade, e que substitua
as opções mais dispendiosas tradicionais, utilizando para isso simulações
computacionais.
Palavras-chave: Exoesqueleto, Manufatura Aditiva, Membro Superior, Reabilitação.
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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a parcial fulfillment of
the requirement for the degree of Mechanical Engineer.
MECHANISM FOR TOP MEMBER
MANUFACTURED BY ADDITIVE MANUFACTURE
Pedro Humberto de Accioly Costa
December/2017
Advisor: Max Suell Dutra
Course: Mechanical Engineering
The project is based on the design of mechanism manufactured by inexpensive additive manufacture that assists in the movement of arm flexion, aiming to assist in the process of rehabilitation, serving as physiotherapeutic equipment accessible to the population. Such device will be optimized through structural analysis in addition to theoretical calculations, considering low-cost, popular and user-friendly interface machine, providing the computer file with the three-dimensional model to be manufactured massively by all who have access to this technology, with manufacturing cost much lower than the value charged by the exoskeletons present in the market. With the aging population, concomitantly the popularization of 3D printing due to falling prices, increased speed and accuracy, it will be possible to impact the lives of thousands of brazilians who have this loss of muscle tone of arm flexion. The study, therefore, undertakes to establish a reliable, lightweight and inexpensive exoskeleton, identifying the parameters of greatest influence on mechanical stress. The goal is to present a faster and cheaper alternative method to use this mechanism, with a good degree of reliability, and to replace the more expensive traditional options, using computational simulations. Keywords: Exoskeleton, Additive Manufacture, Arm, Rehabilitation. .
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SUMÁRIO
1. Introdução 12
1.1 Motivação 12
1.2 Objetivo 13
1.3 Contextualização 14
1.3.1 Exoesqueleto 14
1.3.2 Exoesqueleto no Brasil 17
2. Manufatura Aditiva 19
2.1. História e Desenvolvimento 19
2.2. Panorama Atual 23
2.3. Principais Técnicas de Manufatura Aditiva 23
2.3.1. Estereolitografia 23
2.3.2. Sinterização Seletiva à Laser 25
2.3.3. Fabricação por Filamento Fundido 26
2.4. Escolha da Técnica de Impressão para o projeto 27
2.5. Filamento 28
2.6. Filamento Escolhido 29
3. Fundamento Teórico 30
3.1. Estrutura Usual do Exoesqueleto 31
3.1.1. Magic Arms 32
3.1.2. Rede e-nable 33
3.2. Desenvolvimento da Concepção 34
3.2.1. Cuidados na Fabricação por FFF 34
3.2.2. Características de um projeto fabricado por FFF 36
4. Estudo do Movimento (Cinemática) 39
4.1. Graus de Liberdade 40
4.2. Ângulos Limítrofes 41
4.3. Modelo Simplificado 41
5. Projeto 43
5.1. Esforços 43
5.2. Modelagem Tridimensional 50
5.3. Manufatura Aditiva 62
6. Conclusão 64
6.1. Trabalhos Futuros 64
7. Referências Bibliográficas 65
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Primeiro exoesqueleto patenteado
Figura 2 – Hardiman
Figura 3 – Kinematic Walker Figura 4 – Exoesqueleto BLEEX da DARPA
Figura 5 – Exoesqueleto FORTIS
Figura 6 – Exoesqueleto ReWalk
Figura 7 – Exoesqueleto WREX
Figura 8 – Exoesqueleto BRA-Santos Dumont 1
Figura 9 – Chute de abertura da Copa do Mundo de 2014
Figura 10 – Reportagem sobre exoesqueleto desenvolvido no Brasil
Figura 11 – Charles Hull, inventor da Estereolitografia
Figura 12 – Scott Crump, fundador da Stratasys
Figura 13 – Gráfico do Google Trends sobre busca do termo “Impressão 3D”
no Google
Figura 14 – Impressora 3D da Reprap
Figura 15 – Formlabs, impressora de Estereolitografia
Figura 16 – Limpeza de peça recém impressa por máquina de SLS
Figura 17 – Impressora compacta Makerbot
Figura 18 – Monoprice Mini 3D Printer
Figura 19 – Stella – Impressora 3D Nacional
Figura 20 – Filamentos
Figura 21 - Magic Arms, exoesqueleto com partes impressas
Figura 22 - Melhoria na qualidade de vida através do exoesqueleto
Figura 23 - Prótese impressa inspirada no Homem de Ferro
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Figura 24 - Uma das técnicas para melhorar a aderência é o uso de cola
bastão
Figura 25 - Problema de contração da base da peça e descolamento de
camadas
Figura 26 - Influência da orientação do filamento depositado na resistência
da peça
Figura 27 - Material impresso com suporte e sua progressiva remoção
Figura 28 - Utilização de chanfro para evitar uso de suporte
Figura 29 - Ângulos superiores a 45 graus devem apresentar suporte
Figura 30 - Graus de Liberdade do Membro Superior
Figura 31 - Modelo de Esforços Simplificado
Figura 32 - Primeira Concepção do Exoesqueleto
Figura 33 - Versão Final do Exoesqueleto
Figura 34 - Versão Final sem apoio para mão
Figura 35 - Vista de Corte
Figura 36 – Ângulos máximo e mínimo
Figura 37 – Malha do Pino]
Figura 38 – Análise Estática do Pino
Figura 39 - Impressora 3D Ultimaker Original Plus
Figura 40 – Haste Impressa
Figura 41 – Software Cura
Figura 42 – Suporte e Infill
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LISTA DE TABELA
Tabela 1 – Tipos de Juntas do Membro Superior
Tabela 2 – Informação de malha de Elementos Finitos
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1. INTRODUÇÃO
1.1 Motivação
A distrofia muscular afeta muitas pessoas, as causas da perda de tônus
são variadas, trazendo grandes dificuldades motoras para estes indivíduos. Esta
disfunção independe de gênero, faixa etária e classe social, porém nos idosos há
maior incidência e com o envelhecimento gradual da população este problema se
torna cada vez mais presente.
O exoesqueleto é uma eficiente alternativa para atenuar estes sintomas,
porém a maioria dos exoesqueletos presentes no mercado tem alto custo e
grande parte da população não tem condição financeira de adquiri-lo. Neste
cenário, a fabricação deste produto por prototipagem rápida se mostra
interessante devido ao baixo custo comparado a outros métodos de fabricação,
além de permitir a personalização de acordo com as características de cada
paciente.
Devido ao baixo custo de máquinas fabricadas no Brasil como a Stella,
comercializada por volta de R$2000,00, é esperado um aumento na aquisição de
máquinas por parte da população, as pessoas terão uma impressora 3D em suas
residências, como ocorre hoje com o computador e/ou a impressora
convencional. A Manufatura Aditiva movimentará $5.2 bilhões em 2017 segundo
dados da Associação Brasileira de Distribuidores de Tecnologia de Informação
(Abradisti) e obteve crescimento de 106% em 2016, ou seja, as projeções são
animadoras para esta tecnologia.
O grande desafio é produzir um exoesqueleto barato e leve que possa ser
utilizado por todo o tipo de pessoa, independentemente de suas características
físicas, sendo necessário apenas pequenos ajustes nas dimensões do modelo
para torná-lo compatível ao corpo do usuário. O modelo tridimensional
computacional seria então disponibilizado gratuitamente em uma página da web
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que contém bibliotecas de arquivos para prototipagem rápida, com uma breve
instrução de como ajustá-lo ao usuário.
1.2 Objetivo
O objetivo principal deste projeto é produzir um exoesqueleto de baixo
custo, visando viabilizar a aquisição desta ferramenta pelas pessoas de baixa
renda que apresentem distrofia muscular, proporcionando-as maior qualidade de
vida através de um tratamento de qualidade que retarde a evolução ou até mesmo
regrida a distrofia.
Neste projeto foi desenvolvido um exoesqueleto para reabilitação de
membro superior, projetado especificamente para ser fabricado por manufatura
aditiva em máquinas de mesa (desktop), por processo de Fabricação por
Filamento Fundido (Fused Filament Fabrication – FFF), também conhecido por
Modelagem por Deposição de Filamento (Fused Modeling Deposition – FDM).
A parte majoritária do projeto foi feita com o auxílio do programa de
computador SOLIDWORKS em sua versão estudantil, presentes no LEPAC,
laboratório da UFRJ disponível para os alunos. Desde a modelagem tridimensional
e criação dos desenhos de fabricação, à otimização da estrutura através de
análise estrutural computacional, realizados no programa SOLIDWORKS, a
preparação do modelo para impressão foi feita através do programa Cura. Sendo
concluído com a análise experimental de modelo físico fabricado em impressora
de propriedade do autor deste projeto, cujo modelo é Ultimaker Original Plus, da
marca Ultimaker.
Após conclusão do estudo, o modelo tridimensional foi disponibilizado em
websites onde o usuário pode baixar o arquivo gratuitamente, fazer ajustes para
adaptar o produto às condições físicas do usuário de acordo com as instruções
presentes em um manual e então fabricá-lo em uma impressora 3D.
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1.3 Contextualização
Para compreender o projeto, é fundamental conhecer o conceito de
exoesqueleto, bem como sua história e então focar no estudo desta tecnologia em
âmbito nacional. Isto irá facilitar a absorção do processo de desenvolvimento do
mecanismo realizado.
1.3.1 Exoesqueleto
Trata-se de uma estrutura externa que auxilia e protege o corpo de um ser.
Deve ser compatível com os movimentos do usuário e proporcionar, pelo menos,
parte da energia necessária para realizá-los.
1.3.1.1 História dos Exoesqueletos
Os exoesqueletos já existem a algum tempo, a primeira patente foi feita em
1890, por Yagn (Fig. 1), trata-se de um dispositivo que aprimorava a corrida e o
salto do usuário. Outro exoesqueleto marcante na história foi o Hardiman (Fig. 2),
uma enorme máquina hidráulica que potencializava a força dos braços e pernas
do usuário. Outro exemplo que deve ser citado são os exoesqueletos criados pelo
Instituto Mihailo Pupin em Belgrado no fim dos anos 60 e início dos anos 70. A
primeira máquina criada por Miomir Vukobratovic neste instituto, o “kinematic
walker” (Fig. 3), é um dos mais documentados entre os exoesqueletos do passado.
Muitos estudos foram feitos a partir deste primeiro conceito e a tecnologia avançou
consideravelmente graças a este projeto que já utilizava atuadores e juntas
similares aos utilizados em exoesqueletos modernos.
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Atualmente os exoesqueletos têm se dividido em duas vertentes, a
potencialização e reabilitação dos movimentos. Exemplos de máquinas que
potencializam o movimento são mecanismos bélicos, como o BLEEX (Fig. 4) do
programa americano DARPA, e mecanismos que auxiliam no desempenho de
diversas atividades físicas como aumento da força, agilidade, melhora na
ergonomia, entre outros; o FORTIS (Fig. 5), é um bom exemplo disto.
Na área de reabilitação há máquinas específicas para ajudar na
recuperação de uma determinada função do usuário como o ReWalk (Fig. 6) que
ajuda pessoas com dificuldade de locomoção a se levantar, caminhar e subir
degraus, e o WREX (Fig. 7) que auxilia na movimentação dos membros superiores
de pessoas com pouco tônus muscular. Serão tratados de forma mais detalhada
os dois últimos exemplos dados.
Fig. 1 Primeiro exoesqueleto patenteado
Fig. 2 Exoesqueleto Hardiman Fig. 3 Kinematic Walker
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Fig. 4 Exoesqueleto BLEEX da DARPA
Fig. 6 Exoesqueleto ReWalk
O ReWalk possibilita a usuários, que sofreram alguma lesão na medula os
levando a perder o movimento das pernas, voltar a andar. É necessário que a
pessoa tenha controle das mãos e dos ombros para auxiliar no equilíbrio para
Fig. 5 Exoesqueleto FORTIS
Fig. 7 Exoesqueleto WREX
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realização de uma caminhada por exemplo, portanto depende do grau da lesão.
O problema deste exoesqueleto é seu alto custo que inviabiliza seu uso de forma
mais abrangente, ele acaba se tornando restrito a classes sociais mais altas, mas
a empresa responsável pelo seu desenvolvimento tem buscado parceria com
seguradores e outras prestadoras de cuidados de serviço de saúde para expandir
o número de usuários.
Desenvolvido pela empresa JAECO, o WREX (Wilmington Robotic
EXoskeleton) é uma órtese para membros superiores que auxilia na
movimentação de pessoas com deficiência neuromuscular ajudando em sua
reabilitação. Este mecanismo é bem leve, com custo relativamente baixo e com
seus elásticos ajuda nos movimentos realizados no sentido contrário a atuação da
gravidade. Além disso, o WREX vem com um sistema que possibilita ser acoplado
em grande parte dos modelos de cadeiras de rodas.
Prótese: dispositivo permanente ou transitório que substitui total ou parcialmente
um membro, órgão ou tecido. Podendo ser interna ou externa.
Órtese: dispositivo permanente ou transitório, utilizado para auxiliar as funções de
um membro, órgão ou tecido, evitando deformidades ou sua progressão e/ou
compensando insuficiências funcionais. Podendo ser interna ou externa.
1.3.1.2 Exoesqueleto no Brasil
O Brasil também tem trabalhado com exoesqueletos, entre diversas
pesquisas, artigos, teses e projetos, o BRA-Santos Dumont 1 (Fig. 8) é o trabalho
mais divulgado. A frente deste exoesqueleto está Miguel Nicolelis, seu projeto
permitiu um indivíduo com paralisia em ambas as pernas realizar o chute de
abertura da Copa do Mundo de 2014 no Maracanã (Fig. 9). Esta sofisticada
máquina recebe comandos em tempo real lendo a atividade cerebral através do
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sistema EEG (eletroencefalograma) e então possibilita o movimento das pernas
do usuário que sofreu uma lesão medular.
Fig. 8 Exoesqueleto BRA-Santos Dumont 1
Fig. 9 Chute de abertura da Copa do Mundo de 2014
A experiência de Nicolelis não é a única sendo feita no Brasil. Na UFRJ há
o LabRob, por exemplo, que realiza projetos nessa área. “Enquanto nos EUA, no
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Japão e na Alemanha o nível de automação industrial já permite a produção de
robôs em larga escala, no Brasil a área de robótica ainda se desenvolve. Mas nem
por isso estamos atrasados quando o assunto é inovação tecnológica: empresas
e centros de pesquisa têm investido na elaboração de protótipos multifuncionais
cada vez mais avançados para realização de tarefas repetitivas e/ou de risco para
seres humanos”. Neste trecho da reportagem feita pelo jornal O Globo (Fig. 10),
conclui-se que o Brasil vem buscando inovações tecnológicas a fim de facilitar
atividades dos seres humanos.
Fig. 10 Reportagem sobre exoesqueleto desenvolvido no Brasil
2. Manufatura Aditiva
Segunda Volpato [10], técnicas de fabricação que utilizam arquivos de
computador, geralmente modelos tridimensionais gerados por programas CAD
(Computer Aided Design) e formam a peça a partir da adição de material,
normalmente pela sobreposição de camadas, são denominados de manufatura
aditiva ou impressão tridimensional, sendo usados nos processos conhecidos como
prototipagem rápida e/ou fabricação digital.
2.1 História e Desenvolvimento
Em 1984, Charles Hull (Fig. 11) inventou a estereolitografia (nome que deu
origem ao formato de arquivo .stl, também criado por ele), uma técnica da
manufatura aditiva. A máquina criada tinha como principal função produzir peças a
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partir da solidificação de resina exposta a luz. Considerado o precursor da
prototipagem rápida, este norte-americano é co-fundador da 3D Systems, uma das
maiores empresas do ramo e que deu início a esta indústria. Desde então a
impressão 3D vem crescendo e nova técnicas são criadas e aprimoradas.
Fig. 11 Charles Hull, inventor da Estereolitografia
Outro nome crucial para esta indústria é Scott Crump (Fig. 12), inventor da
técnica de Modelagem por Deposição de Filamento, FDM (Fused Deposition
Modeling), em 1988, e co-fundador da Stratasys que introduziu o primeiro
termoplástico no processo de prototipagem rápida, em 1994, e se tornou a maior
empresa do setor após fusão com a empresa Objet em 2012. A Objet havia, no
ano 2000, apresentado a primeira máquina de manufatura aditiva baseada na
tecnologia Polyjet.
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Fig. 12 Scott Crump, fundador da Stratasys
Em 2011, com a queda das patentes e consequente entrada de máquinas
mais acessíveis no mercado, houve um crescimento substancial no interesse das
pessoas por esta tecnologia. Além disso, em 2005, o projeto comunitário Reprap,
apresentou a primeira máquina de uma linha de Impressoras 3D de baixo custo e
código aberto, Fig. 14, com todas as peças disponíveis em sites de venda pela
internet possibilitando ao usuário fabricar sua própria impressora. Sua estrutura
pode ser feita com parte das peças sendo impressas em outra impressora 3D,
permitindo o usuário produzir uma segunda impressora 3D investindo menos na
compra de peças.
Além disso, a empresa disponibiliza vários tutoriais em formato de vídeo
na internet, além de ter criado fóruns de discussão sobre o tema e indiretamente,
através da comunidade colaborativa, ter contribuído para a criação da plataforma
gratuita Repetier, pela Hot-World GmBH & Co., que possibilita o posicionamento
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do arquivo .stl, geração do código G e acionamento da máquina para que a
impressão 3D ocorra.
Estes acontecimentos contribuíram para alavancar o setor, vide Fig. 13,
que desde então tem ganho espaço nas mídias e redes sociais. O aquecimento
do setor acelerou o desenvolvimento das diferentes técnicas de manufatura
aditiva, permitindo o indivíduo produzir em sua residência uma vasta gama de
produtos ao invés de comprá-los, impactando diversos setores.
Fig. 14 Impressora 3D da Reprap
Fig. 13 Gráfico do Google Trends sobre busca do termo “Impressora 3D” no Google
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2.2 Panorama Atual
Atualmente, a manufatura aditiva apresenta diversas aplicações, sendo
encontrada, por exemplo, em peças de automóveis, aviões, aparelhos médicos,
brinquedos e peças decorativas, como dizem Gorni e Volpato ([1], [2] e [4]). Trata-
se de um conjunto de tecnologias que apresenta muitas vantagens a processos de
fabricação tradicionais quanto a pequenos lotes e protótipos.
A impressão tridimensional pode produzir peças de geometrias complexas,
com pequenas tolerâncias e utilizando cores e materiais variados. Porém apresenta
algumas limitações devido baixa velocidade de fabricação que prejudica seu uso
para produção de grandes lotes de peças.
Estas características fizeram com que a impressão tridimensional se
estabelecesse em projetos de protótipos e de produtos personalizados, fabricados
em pequena escala. Porém, com o aprimoramento das técnicas, novos setores vêm
aderindo a esta tecnologia. Ela agrada a projetistas e designers devido, dentre
outros, a modelagem tridimensional computacional em detrimento a desenhos de
fabricação bidimensionais. Estes são normalmente necessários na maioria dos
outros processos tradicionais.
2.3. Principais técnicas de manufatura aditiva
Existem diversas técnicas de manufatura aditiva. A seguir serão
apresentadas e discutidas algumas das mais importantes.
2.3.1 Estereolitografia
Também conhecida como SLA ou SL (Stereolitography Apparatus e
Stereolitography, respectivamente), utiliza um recipiente contendo fotopolímero
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líquido que é parcialmente solidificado ao ser atingido por um feixe de raios
ultravioletas. Existem algumas outras técnicas como a DLP e a CLIP que
apresentam grandes semelhanças à Estereolitografia. O raio é direcionado para
solidificar a resina, camada por camada (normalmente as camadas contém
espessura entre 0,05 à 0,15 mm), definidos através de programa de computador
formando assim gradualmente o objeto.
Há uma plataforma móvel, onde a camada solidificada se apoia, conforme
a solidificação de uma camada é concluída a base se movimenta e o feixe
ultravioleta acionado gerando uma nova camada, esta não mais apoiada à
plataforma, mas diretamente acima da camada anterior. Tal processo é repetido o
número de vezes necessário até conclusão da peça.
A Estereolitografia é caracterizada por um produto com ótimo acabamento
superficial. Devido a esta característica é muito utilizada para projetos artísticos,
para decorações, prototipagem de jóias e uma variedade de outros trabalhos de
design, além de estar ganhando espaço nas clínicas odontológicas para a
confecção de implantes. A Fig. 15 serve para ilustrar esta técnica.
Fig. 15 Formlabs, impressora de Estereolitografia
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2.2.2 Sinterização Seletiva a Laser
Também conhecida como SLS (Selective Laser Sintering), a Sinterização a
Laser utiliza um laser de CO, por exemplo, para aglutinar a matéria-prima que se
encontra em forma de grânulos (pó), camada por camada, até a fabricação
completa do processo. Existem algumas outras técnicas como DMLS e SLM que
apresentam grande semelhança à SLS, porém sendo otimizadas para metais.
Todos esses processos são de alto custo, diferente da Estereolitografia e
Fabricação por Filamento Fundido que podem ser encontrados por preços mais
acessíveis.
As máquinas que utilizam esta tecnologia podem ser muito diferentes umas
das outras de acordo com a composição do material que utilizam. Dentre as
matérias-primas existentes há, por exemplo, o pó metálico, cerâmico e polimérico,
tais materiais geram produtos finais com características distintas, porém a técnica
empregada para sua fabricação segue o mesmo princípio.
O processo SLS produz peças de alta resistência mecânica, sendo um dos
processos mais utilizados para fabricação de produtos finais dentre as técnicas
populares de manufatura aditiva, diferentes de outros que geralmente são utilizados na
confecção de protótipos. A Fig. 16 serve para ilustrar esta técnica.
26
Fig. 16 Limpeza de peça recém impressa em máquina de SLS
2.2.3 Fabricação por Filamento Fundido (FFF)
Fabricação por Filamento Fundido é a tradução de Fused Filament
Fabrication, cuja sigla é FFF, porém a sigla mais utilizada é FDM, abreviatura para
Fused Deposition Modeling (FDM), termo criado por Scott Crump que foi registrado
pela Stratasys Inc. anteriormente, por isso o termo Fused Filament Fabrication
(FFF) foi criado pelos membros da RepRap para ser utilizado sem restrições de
registro.
O FFF é uma das técnicas de fabricação por manufatura aditiva mais
utilizadas. Esta técnica se popularizou nos últimos 10 anos devido a criação de
máquinas compactas e mais simples de usar, sendo mais acessíveis para uso
doméstico e de micro e pequena empresas (Fig. 17). Tais máquinas podem utilizar
diferentes tipos de filamentos termoplásticos, com diferentes características
mecânicas. O filamento é fundido no bico extrusor e então depositado na mesa de
acordo com o código G gerado no software. Após finalizada a camada, o bico
extrusor se eleva e começa a depositar uma segunda camada, este processo é
realizado sucessivamente até a finalização da peça.
27
Fig. 17 Impressora 3D compacta Makerbot
2.4 Escolha da técnica de impressão para o projeto
Como o intuito do presente projeto é viabilizar os exoesqueletos de
reabilitação para as populações de baixa renda, é necessário que a técnica
escolhida seja de baixo custo, de fácil manuseio, popular e que tenha condições de
fabricar produtos com características mecânicas necessárias para aguentar os
esforços aos quais serão submetidos.
Devido a estas necessidades, foi escolhida a técnica de fabricação por filamento
fundido - FFF. Como dito anteriormente esta técnica é a mais popular, apresenta
modelos de baixo custo como a Monoprice Mini 3D Printer (Fig. 18) que custa em torno
de $180,00 nos EUA, e o modelo nacional Stella (Fig. 19) que custa em torno de
R$2.000,00. A Stella, e muitas outras máquinas nacionais, apresentam volume de
impressão em torno de 200 milímetros de comprimento, largura e altura, medidas
suficientes para a fabricação das peças que compõem o exoesqueleto.
Além disso, o filamento pode ser encontrado na faixa de R$100,00/kg (o valor
pode variar consideravelmente dependendo do tipo de material e fornecedor), no Brasil,
28
Fig. 19 Stella - Impressora 3D Nacional
e existem materiais com características que viabilizam o projeto, como será evidenciado
posteriormente.
Para embasar ainda mais a escolha da técnica, será discutido mais
profundamente suas características e o processo de impressão por FFF, em sequência.
Fig. 18 Monoprice Mini 3D Printer
2.5 Filamento
A tecnologia de impressão pelo método FFF utiliza de filamentos termoplásticos
para o deposito de material. Os tipos filamento mais utilizados no mercado são: ABS
(Acrilonitrila butadieno estireno) e PLA (Poliácido Láctico), porém existem muitos outros
como o Nylon, PET e até mesmo plásticos flexíveis, que podem ser encontrados em
diferentes cores, existindo até fluorescentes, com aparência de madeira ou cobre, por
exemplo. Eles vêm normalmente em bobinas com 1 kg de polímero (Fig. 20).
29
Fig. 20 Filamentos
Filamento ABS
Acrilonitrila butadieno estireno, o ABS, é um terpolímero composto pela
combinação de acrilonitrila, butadieno e estireno. O ABS é um termoplástico
derivado do petróleo e por isso deve ser utilizado em ambientes arejados devido à
exaustão de gases durante a extrusão. O ABS é um plástico muito resistente a
esforço mecânico, mas possui um coeficiente de contração muito alto o que dificulta
muito a impressão de peças grandes, as quais tendem a se deformar (Warp), rachar
e descolar da mesa durante a impressão. A temperatura de extrusão é de 220°C em
média e a mesa deve permanecer acima da temperatura de transição vítrea, Tg, do
material durante toda a impressão para garantir a aderência da peça a mesa.
Segundo o fabricante Ultimaker, seu ABS apresenta resistência a tração de
aproximadamente 33,9 Mpa e alongamento em torno de 4,8%.
Filamento de PLA
O poliácido láctico, o PLA é um polímero do tipo poliéster. O PLA é um
termoplástico feito a partir de fontes renováveis como o milho, sendo biodegradável
e atóxico. A principal vantagem do PLA é que possui um baixo coeficiente de
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contração ao esfriar, por isso é bem menos suscetível a empenamentos (Warp),
delaminação e descolamento da mesa, por isso é mais indicado para impressão de
peças de grande formato, além disso requer menor temperatura para ser extrusado
(190ºC) e pode inclusive ser impresso com mesa “fria” (temperatura ambiente)
sendo mais indicado por fabricantes a 60ºC, o que reduz o custo de produção da
peça em termos de economia de energia e tempo de preparo, além de ser um
processo menos suscetível a falhas.
Segundo o fabricante Ultimaker, seu PLA apresenta resistência a tração de
aproximadamente 36,3 MPa e alongamento em torno de 2,8%.
2.6 Filamento Escolhido
Como há um número razoável de máquinas de baixo custo que não possuem
mesa aquecida, com o intuito de facilitar a fabricação caseira e de forma barata do
exoesqueleto, foi optado pelo filamento PLA. Como foi informado anteriormente, ele
pode ser impresso com mesa a temperatura ambiente, além de ser atóxico,
facilitando a impressão caseira e possui características mecânicas que viabilizam o
projeto. Tais características serão expostas no Modelo Teórico, onde serão
evidenciadas as cargas que o exoesqueleto irá sofrer, mas é perceptível que sua
resistência a tração é levemente superior ao do ABS.
Vale ressaltar que peças impressas pela tecnologia FFF apresentam
anisotropia (variação das propriedades mecânicas entre planos), vide referência [6].
3. FUNDAMENTO TEÓRICO
Serão expostos fundamentos teóricos da estrutura de exoesqueletos,
bem como exemplos de produtos que serviram como inspiração para o
desenvolvimento do mecanismo em questão.
31
3.1 Estrutura Usual do Exoesqueleto
Os exoesqueletos podem ser divididos em suas partes mecânicas e
eletrônicas (alguns, como o WREX, não possuem parte eletrônica). A parte
mecânica é composta normalmente de eixos e hastes metálicas que são unidas
por elos e/ou juntas que irão definir os graus de liberdade do conjunto. Para gerar
o movimento são usados geralmente atuadores que quando acionados geram
movimento pelo deslocamento do pistão no tambor, mas o WREX por exemplo
utiliza um sistema de elásticos que armazenam energia ao serem tracionados.
A parte eletrônica pode ser dividida na captação do sinal e em sua
decodificação para, por exemplo, acionamento de um pistão. A captação do sinal
pode ser feita de diversas formas, sendo as mais usadas o método EMG e o EEG.
O sinal eletroneuromiográfico (EMG) é emitido pelos músculos antes e durante
sua contração. A eletromiografia consiste na leitura deste sinal, enviado pela
contração voluntária ou involuntária de um músculo, que é feita através de um
eletrodo. Vale frisar que a leitura pode variar de acordo com os parâmetros (tipo
de músculo, tensão muscular, profundidade de músculo, dentre outros) assim
como o eletrodo utilizado que pode ser de superfície ou agulha. O sinal de EEG
(eletroencefalograma), por sua vez, é adquirido a partir de um exame no qual são
colocados eletrodos de superfície sobre o couro cabeludo do paciente, que
analisam a atividade cerebral espontânea (o EEG pode ser feito em pacientes de
todas as idades). Esse tipo de sinal possui componentes com várias frequências.
Para algumas aplicações, é interessante separar essas faixas de frequência
utilizando filtros passa-baixa, que podem ser usados para estimar a intensidade
dos componentes de cada faixa de frequência.
Entretanto esta configuração convencional dos exoesqueletos disponíveis
no mercado os torna de alto custo, além de apresentarem peso maior que um
mecanismo feito em plástico e que não utilizem componentes eletrônicos. Vale
32
ressaltar que para acionar os atuadores são utilizados motores que além de
agregarem peso ao produto também o limitam no quesito autonomia, pois há a
necessidade de carregar a bateria que alimenta o sistema. A seguir serão
apresentados dois exemplos de dispositivos que inspiraram este projeto. Ambos
possuem uma montagem relativamente complexa, a ideia deste projeto é fazer um
exoesqueleto ainda mais simples e totalmente impresso em 3D.
3.1.1 Magic Arms
Fig. 21 Magic Arms, exoesqueleto com partes impressas
Magic Arms (Fig. 21) foi o carinhoso nome dado ao exoesqueleto de Emma
que nasceu com artrogripose múltipla congênita (AMC). A história desta menina
ficou famosa por seu exoesqueleto ter sido fabricado pelo processo de
prototipagem rápida que mudou sua vida e vem melhorando a de muitas outras
crianças com certas deficiências nos membros superiores, como se pode ver na
Fig. 22. Este exoesqueleto nada mais é do que o modelo WREX fabricado por
uma impressora 3D da marca Stratasys. A utilização da prototipagem rápida é uma
boa alternativa para exoesqueletos mais simples, pois é um processo de
fabricação barato, que produz um produto leve e altamente personalizado. Além
disso, caso no futuro, a maioria das pessoas tenha sua própria impressora 3D, a
manutenção do exoesqueleto poderá ser feita com total autonomia, casa com a
33
reposição de peças danificadas por exemplo por manufatura aditiva, além de ser
possível personalizar os componentes com desenhos e cores do gosto do cliente.
Fig. 22 Melhoria na qualidade de vida através do exoesqueleto
3.1.2 Rede e-NABLE
A e-NABLE é uma rede de pessoas de diferentes áreas que se juntam para
contribuir, de alguma forma, com a produção e com o desenvolvimento de
próteses infantis feitas por impressoras 3D. No site da e-NABLE é possível baixar
os arquivos para fabricação, além de vídeos que ensinam a montar o mecanismo
de forma gratuita.
Este é apenas mais um exemplo de muitas iniciativas que utilizam o potencial da
impressora 3D para ajudar pessoas que não teriam condições de adquirir produtos
produzidos da forma convencional. Além disso, com a impressora 3D são produzidos
exoesqueletos mais leves, de fácil manutenção e personalizáveis. Muitas crianças, por
exemplo, recebem próteses inspiradas em super-heróis, como a prótese que Alex Pring
ganhou das mãos de Robert Downey Jr., inspirada no homem de ferro (Fig. 23).
34
Fig. 23 Prótese impressa inspirada no Homem de Ferro
3.2. Desenvolvimento da concepção
Para desenvolver um mecanismo cujo produto final será fabricado por FFF, é
necessário ter certos cuidados devido as peculiaridades desta tecnologia, isto será
explorado a seguir.
3.2.1 Cuidados na fabricação por FFF
Para obter uma boa impressão são necessários alguns cuidados com a
máquina. Antes de imprimir, é necessário limpar a base da impressora. Após isso, é
importante checar a calibração do bico extrusor com a mesa, caso a distância entre
os mesmos seja muito pequena, impedindo o filamento de sair do bico, ou maior que
0,3 mm, haverá problemas na impressão. Esta distância é usualmente ajustada por
parafusos presentes na parte inferior da mesa, responsáveis por seu
posicionamento, porém há máquinas onde esta calibração é automática. Uma boa
calibração é fundamental para boa aderência das primeiras camadas e nivelamento
da peça que será impressa.
35
Em alguns casos, para ajudar na aderência, após limpeza da máquina é
utilizado um spray fixador, cola bastão (Fig. 24) ou fita adesiva, por exemplo, para
garantir a aderência. Além disso, nas impressoras que contém mesa aquecida, é
possível ajustar através do software a temperatura da mesa para ajudar na adesão.
No caso do PLA, o recomendado é que a mesa esteja a 60°C, e para o ABS a
temperatura deve estar em torno de 90°C.
Fig. 24 Uma das técnicas para melhorar a aderência é o uso de cola bastão
Outro fator importante são as condições do ambiente como temperatura,
umidade e deslocamento de ar. As máquinas mais robustas que apresentam um
encapsulamento do volume de impressão reduzem os problemas com o ambiente,
pois há um ambiente interno controlado, porém as impressoras de baixo custo, na
maioria dos casos, possuem aberturas laterais que levam a peça a contato direto
com o ambiente.
Fig. 25 Problema de contração da base da peça e descolamento de camadas
36
Em temperatura ambiente, há uma abrupta variação de temperatura do
polímero que sai do bico extrusor com temperatura superior a 180°C, com isso ela
pode se contrair levando ao empenamento da peça. A alta umidade também pode
ser absorvida pelo polímero que ao passar pelo bico extrusor pode o entupir, pois
ao absorver a água terá um aumento de seu diâmetro, outro problema que a
absorção de umidade gera é tornar o filamento quebradiço, podendo se partir no
caminho da bobina ao bico extrusor, com isso a impressão pode ser perdida. Além
disso, haverá alterações das propriedades mecânicas da peça, podendo surgir
bolhas que prejudiquem a estética e acabamento superficial da peça além da
ligação entre camadas depositadas. Correntes de ar também devem ser evitadas,
pois estas irão resfriar ainda mais a peça podendo gerar empenamento e
descolamento de camadas. Portanto ambientes abertos ou uso de ventiladores ou
ar condicionados que direcionem vento à máquina devem ser evitados, pois
dificulta a aderência do material na mesa, aumenta a contração da peça e dificulta
a adesão das camadas, como vemos na figura 25.
3.2.2 Características de um projeto fabricado por FFF
A fabricação por impressão 3D tem certas peculiaridades. Serão abordados
alguns fatores a serem considerados para peça impressa pela técnica de FFF que
será a utilizada neste projeto.
Estudos mostram que a resistência mecânica na direção do filamento
depositado é superior à entre camadas, isto ocorre, pois, as ligações ao longo do
polímero depositado são mais fortes que a ligação entre camadas, de acordo com
[6]. Com isto em mente, ao projetar uma peça, é necessário analisar a direção dos
esforços aos quais a peça será submetida para então decidir como a peça deve ser
apoiada na mesa virtual que irá definir a orientação das camadas em sua fabricação
(Fig. 26). Há estudos e fichas técnicas de filamentos que apresentam as
37
propriedades mecânicas das peças e seus correspondentes materiais, presentes em
anexo.
Fig. 26 Influência da orientação do filamento depositado na resistência da peça
Outro fator a ser considerado no posicionamento da peça são as partes
que apresentam ângulos superiores a 45° com a mesa de impressão. Dependendo
da geometria da peça e como ela é posicionada na mesa podem existir partes
suspensas ou com ângulos muito agudos que precisam de suporte para dar
sustentação e viabilizar impressão. Normalmente as impressoras conseguem
bons resultados para ângulos de até 45° de partes do objeto impresso com o eixo
vertical da mesa, ângulos acima deste devem apresentar suporte ou haverá
grande risco desta parte não permanecer no posicionamento esperado devido à
falta de sustentação, Fig. 29. Entretanto, é recomendável evitar a uso de suporte
nas máquinas que utilizam o mesmo filamento para fabricação da peça e do
suporte, pois após o término da impressão é necessário retirar o suporte de forma
manual ou com auxílio de alguma ferramenta, mas o acabamento superficial será
comprometido e o tempo gasto em pós processamento pode ser elevado, Fig. 27.
38
Para evitar o suporte é possível alterar o posicionamento da peça na mesa ou
alterar a geometria, criando chanfros ou filetes que suavizem o ângulo, Fig. 28.
Fig. 27 Material impresso com suporte e sua progressiva remoção
Fig. 28 Utilização de chanfro para evitar uso de suporte
39
Cantos vivos também devem ser evitados, pois são pontos críticos para
descolamento, além de levar o bico a mudanças bruscas de direção que podem
aumentar a vibração piorando a tolerância dimensional. Devido a contração da peça,
há variações consideráveis nas dimensões da peça, portanto, deve haver uma folga
entre um eixo e um furo, por exemplo, em torno de 0.5 mm para garantir o
acoplamento. Caso o bico esteja muito próximo da mesa este problema pode ser
ainda mais grave na primeira camada, pois o bico irá pressionar a camada conforme
for depositando material, levando a um aumento do diâmetro do eixo e diminuição
do diâmetro do furo.
4. Estudo do Movimento (Cinemática)
Neste capítulo serão abordados os graus de liberdade do membro superior
do ser humano, assim como seus ângulos de máximo e mínimo que restringem o
movimento, além de tratar das dimensões e peso do braço e antebraço para
podermos definir então tamanhos padrão para facilitar o desenvolvimento do
exoesqueleto para diferentes anatomias.
Fig. 29 Ângulos superiores a 45 graus devem apresentar suporte.
40
4.1 Graus de Liberdade
Na Tabela 1 e figura 30 a seguir, é evidenciado que o membro superior
humano possui em sua totalidade 7 graus de liberdade. Tratando o ombro, cotovelo
e pulso como juntas, temos que o ombro e o pulso são juntas esféricas, ou seja, com
3 graus de liberdade cada, e o cotovelo é uma junta rotacional com um grau de
liberdade.
Tabela 1 Tipos de Junta do Membro Superior
Fig. 30 Graus de Liberdade do Membro Superior
O exoesqueleto projetado tem o intuito de auxiliar o movimento de flexão do
braço, ou seja, auxiliar o movimento rotacional do cotovelo. Portanto, não serão
abordados os movimentos do ombro, pois eles não afetarão o funcionamento do
exoesqueleto. O pulso, entretanto, compromete o projeto pois sua rotação gera uma
torção no antebraço onde uma das hastes do exoesqueleto estará fixada por velcros.
41
Com isso, o movimento do pulso será restringido pelo exoesqueleto, passando a ter
apenas 2 graus de liberdade.
Ainda há no projeto, como é exposto posteriormente, um suporte para o pulso,
acoplável ao exoesqueleto para auxílio de pessoas com dificuldade de conduzir um
talher do prato a boca, por exemplo, porém, este aparato tem como consequência a
restrição dos movimentos do pulso. Entretanto, a perda deste movimento em
detrimento do ganho da firmeza na realização de tarefas como levar o talher com
alimento do prato à boca, trará um ganho superior a perda inerente a barreira física
formada.
4.2 Ângulos Limítrofes
Segundo Marques [7], o ângulo de flexão do cotovelo do ser humano varia em
média de 0° à 145°. Além desta angulação, o movimento radioulnar (um dos
movimentos do pulso que gera uma torção no antebraço) tem uma amplitude angular
de -90° a 90° (supinação e pronação), este movimento é restringido pelo exoesqueleto.
4.3 Modelo Simplificado
Para estudar a dinâmica do movimento, vide [9], será simplificado o modelo
para o caso de uma barra com um ponto de apoio numa extremidade e uma
resistência sendo aplicada na extremidade oposta. Sendo necessário aplicar uma
força suficiente para superar a resistência possibilitando a flexão do braço.
Fig. 31 Modelo de Esforços Simplificado
42
Com isso, o objetivo deste mecanismo é, com a tensão gerada nos
elásticos ao posicionar o braço no ângulo 0°, auxiliar o movimento de flexão do
braço devido a anulação do efeito da gravidade na massa do braço na posição
inicial. A força gerada pelos músculos do braço será usada exclusivamente para
superar a resistência na extremidade do braço ao carregar uma massa, pois o
peso do próprio braço será anulado pelos elásticos na posição de repouso.
Para base de cálculo temos que o comprimento médio do antebraço do
ser humano é de 275 mm. A distância da inserção braquial até o cotovelo varia
de acordo com o ângulo de flexão do braço, é na inserção braquial que devemos
concentrar a força que o corpo irá exercer para flexionar o braço, este ponto
também é chamado de linha de ação. Quando o braço de encontra a 0°, para
uma mesma força de contração muscular, o bíceps produz o torque mínimo pois
a linha de ação do músculo está o mais próximo possível do centro de articulação
(cotovelo).
Portanto, é possível concluir que quanto mais afastado do cotovelo
colocarmos nossos pontos de fixação dos elásticos o torque gerado será maior
e consequentemente sua contribuição para auxiliar a flexão, porém, por questões
visuais, será posicionado de forma a tornar discretos os elásticos, devido ao
interesse maior de melhoria na qualidade de vida do usuário.
Além disso, o peso médio de um brasileiro adulto é de 69,4 kg e 10 a 12%
de seu peso é referente aos seus membros superiores. Por motivos de segurança,
será considerado que o exoesqueleto deva anular o peso de todo o braço, o que
de fato não irá ocorrer pois o peso a anular é apenas de seu antebraço e mão, além
disso, de forma conservadora, é proposto utilizar 6% do peso de um indivíduo com
80 kg para contemplar com o mesmo mecanismo uma porção maior da população
e com maior confiabilidade.
43
5. Projeto A seguir serão expostos a memória de cálculo, vitais para otimizar o
mecanismo e garantir um grau razoável de confiabilidade.
5.1 Esforços
Com base nos dados apresentados nos capítulos anteriores, realizou-se o
diagrama de esforços da concepção do exoesqueleto, onde a força peso do
antebraço será anulada pela força do elástico estendido, de acordo com [8].
São ignorados quaisquer esforços externos, sendo considerada apenas a
força empregada pelo elástico e as reações na junta e região fixada pelo velcro.
Tais dados serão utilizados para otimizar as dimensões do exoesqueleto e garantir
alto coeficiente de segurança, prevenindo acidentes e aumentando a vida útil do
mecanismo.
Cálculo das reações de apoio:
𝐹𝑥: 𝐻𝐵 − 𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 0 (1)
𝐹𝑦: 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 − 𝑉𝐴 − 𝑉𝐵 = 0 (2)
𝑀𝑧 𝐴 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1 − 𝑉𝐵 ∙ 𝐿2 = 0 (3)
Resolvendo a equação (1) para 𝐻𝐵, obtemos:
𝐻𝐵 = 𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃
Resolvendo a equação (3) para 𝑉𝐵, obtemos:
𝑉𝐵 =𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1
𝐿2
Substituindo o valor encontrado anteriormente para 𝑉𝐵 na equação (2),
encontramos que 𝑉𝐴 vale:
𝑉𝐴 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 − 𝑉𝐵 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1
𝐿2= 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −
𝐿1
𝐿2)
Cálculo dos esforços cortantes:
44
Para 𝑥 < 𝐿1:
𝑉𝑥 = 𝑉𝐴 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −𝐿1
𝐿2)
Para 𝐿1 < 𝑥 < 𝐿2:
𝑉𝑥 = 𝑉𝐴 − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −𝐿1
𝐿2) − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙
𝐿1
𝐿2
Diagrama do esforço cortante:
45
Calculo do momento fletor: Para 𝑥 < 𝐿1:
𝑀𝑥 = −𝑉𝐴 ∙ 𝑥 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −𝐿1
𝐿2) ∙ 𝑥
Em 𝑥 = 𝐿1, temos:
𝑀𝑥(𝑥 = 𝐿1) = − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1 (1 −𝐿1
𝐿2)
Para 𝐿1 < 𝑥 < 𝐿2:
𝑀𝑥 = −𝑉𝐴 ∙ 𝑥 + 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ (𝑥 − 𝐿1) = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −𝐿1
𝐿2) ∙ 𝑥 + 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ (𝑥 − 𝐿1)
𝑀𝑥 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1 (1 −𝑥
𝐿2)
Em 𝑥 = 𝐿1, temos:
𝑀𝑥(𝑥 = 𝐿1) = − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1 (1 −𝐿1
𝐿2)
Resultado igual ao esperado. Diagrama do momento fletor:
46
Cálculo das reações de apoio: 𝐹𝑦: 𝑉𝐷 − 𝑉𝐴 − 𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝛼 = 0 (4)
𝐹𝑦: 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 − 𝐻𝐶 − 𝐻𝐷 = 0 (5)
𝑀𝑧 𝐶: 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝐿4 − 𝐻𝐷 ∙ 𝐿5 = 0 (6) Resolvendo a equação (4) para 𝑉𝐷, obtemos:
𝑉𝐷 = 𝐹 ∙ (𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −𝐿1
𝐿2) + 𝑐𝑜𝑠𝛼)
Resolvendo a equação (6) para 𝐻𝐷, obtemos:
𝐻𝐷 =𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝐿4
𝐿5
Substituindo o valor encontrado anteriormente para 𝐻𝐷 na
equação (2), encontramos que 𝐻𝐶 vale:
𝐻𝐶 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 − 𝐻𝐷 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝐿4
𝐿5
= 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 (1 −𝐿4
𝐿5)
Cálculo dos esforços cortantes: Para 𝐿3 < 𝑦 < 0:
𝐻𝑦 = 0
Para 0 < 𝑦 < 𝐿4:
47
𝐻𝑦 = 𝐻𝐶 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 (1 −𝐿4
𝐿5)
Para 𝐿4 < 𝑦 < 𝐿5:
𝐻𝑦 = 𝐻𝐶 − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙𝐿4
𝐿5
Diagrama do esforço cortante:
Calculo do momento fletor: Para 𝐿3 < 𝑦 < 0:
𝑀𝑦 = 0
48
Para 0 < 𝑦 < 𝐿4:
𝑀𝑦 = −𝐻𝐶 ∙ 𝑦 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 (1 −𝐿4
𝐿5) ∙ 𝑦
Para 𝐿4 < 𝑦 < 𝐿5:
𝑀𝑦 = −𝐻𝐶 ∙ 𝑦 + 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ (𝑦 − 𝐿4) = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 (1 −𝐿4
𝐿5) ∙ 𝑦 + 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ (𝑦 − 𝐿4)
𝑀𝑦 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝐿4 (1 −𝑦
𝐿5)
Diagrama do momento fletor:
49
Análise do pino: Cálculo das reações de apoio:
𝐹𝑦: 𝐹 − 𝑉0 = 0 (7)
𝑀𝑧 𝑜: 𝐹 ∙ 𝐿 − 𝑀𝑜 = 0 (8) De (7) temos:
𝑉0 = 𝐹 De (8) temos:
𝑀𝑜 = 𝐹 ∙ 𝐿
Cálculo do esforço cortante:
𝑉𝑥 = 𝑉𝑜 = 𝐹
Diagrama do esforço cortante:
50
Cálculo do momento fletor: 𝑀𝑥 = 𝑀𝑜 − 𝑉𝑜 ∙ 𝑥 = 𝐹 ∙ (𝐿 − 𝑥)
Diagrama do momento fletor:
5.2 Modelagem Tridimensional
A partir dos gráficos e conhecendo o limite de escoamento do material, foi
modelado o exoesqueleto priorizando o design do produto frente a perdas
mecânicas desde que o mesmo tenha coeficiente de segurança razoável.
Desta forma, temos a primeira concepção (Fig. 32):
Fig. 32 Primeira Concepção do Mecanismo
51
Porém, após análise, concluiu-se que haveria sobreposição dos elásticos,
o movimento teria seu ângulo máximo limitado, o encaixe entre as hastes era
mais frágil, de duas pontas, o exoesqueleto estava fixado ao braço por apenas
duas tiras de velcro e a estrutura, próxima a junta não apresentava reforço. Além
das melhorias adotadas frente aos problemas da primeira concepção expostos
acima, foi introduzido uma configuração que permite a introdução de um apoio
para a mão do usuário para auxiliar na sustentação do mesmo para realização
de determinadas atividades.
Com isso, temos a concepção final, com e sem o apoio para a mão
(Figuras 33 e 34):
Fig. 33 Versão Final do Mecanismo
52
Fig. 34 Versão Final sem Apoio para Mão
Os pinos onde assentam os elásticos e a junta são roscadas e o apoio é
fixado pelo velcro. A vista de corte a seguir facilita a compreensão (Fig. 35):
Fig. 35 Vista de Corte
Os ângulos mínimo e máximo do movimento de flexão também foram
respeitados (Fig. 36):
Fig. 36 Ângulos Máximo e Mínimo
53
Os desenhos de fabricação de todas as peças que compõem o
exoesqueleto seguem em anexo. Foi realizada uma análise estrutural
computadorizada utilizando o software SOLIDWORKS, para garantir que os
pinos suportariam a força que o elástico aplicaria no mesmo. De forma
conservadora, foi assumido que o somatório de forças exercida pelos elásticos
nos pinos é equivalente ao peso do braço de uma pessoa de 80kg, ou seja,
4,8kg. Também foi assumido que os pinos sofreriam o mesmo esforço, 1/3 do
peso, logo foi realizado o estudo com 16N de força. Foram considerados fixos os
valores da base e da área cilíndrica que contém a rosca.
A análise então gerou um relatório presente em anexo com os seguintes
dados (Tabela 2, Fig. 37, 38):
Tabela 2 Informação da Malha de Elementos Finitos
Tipo de malha Malha sólida
Gerador de malhas usado: Malha padrão
Transição automática: Desativada
Incluir loops de malha automáticos: Desativada
Pontos Jacobianos 4 Pontos
Tamanho do elemento 1.46296 mm
Tolerância 0.0731479 mm
Qualidade da malha Alta
Total de nós 10574
Total de elementos 6985
Fig. 37 Malha do Pino
54
Nome Tipo Mín. Máx.
Tensão1 VON: tensão de von Mises
1.2493 N/m^2 Nó: 204
8.33826e+006 N/m^2 Nó: 23
PINO ELASTICO-Análise estática 1-Tensão-Tensão1
Fig. 38 Análise Estática do Pino
Segundo a análise, a tensão máxima de Von Mises é de 8,34 Mpa, muito
inferior aos 36,3 Mpa suportados pelo material PLA. Com coeficiente de
segurança de 4,35.
Da mesma forma, ao substituir os valores de F nos cálculos anteriores
assumindo um ângulo correspondente a situação de 90°temos:
Cálculo das reações de apoio:
𝐹 = 48 𝑁
𝐿1 = 0,065 𝑚 𝐿2 = 0,1475 𝑚 𝜃 = 62,53°
55
𝐻𝐵 = 𝐹 ∙ 𝑐𝑜𝑠𝜃 = 48 ∙ cos(62,53) = 22,14 𝑁
𝑉𝐵 =𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1
𝐿2= 18,77 𝑁
𝑉𝐴 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 − 𝑉𝐵 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1
𝐿2= 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −
𝐿1
𝐿2) = 23,82 𝑁
Cálculo dos esforços cortantes: Para 𝑥 < 𝐿1:
𝑉𝑥 = 𝑉𝐴 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −𝐿1
𝐿2) = 23,82 𝑁
Para 𝐿1 < 𝑥 < 𝐿2:
𝑉𝑥 = 𝑉𝐴 − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −𝐿1
𝐿2) − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙
𝐿1
𝐿2= −18,77 𝑁
Diagrama do esforço cortante:
56
Calculo do momento fletor: Para 𝑥 < 𝐿1:
𝑀𝑥 = −𝑉𝐴 ∙ 𝑥 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −𝐿1
𝐿2) ∙ 𝑥 = −23,82𝑥
Em 𝑥 = 𝐿1, temos:
𝑀𝑥(𝑥 = 𝐿1) = − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1 (1 −𝐿1
𝐿2) = 1,548 𝑁. 𝑚
Para 𝐿1 < 𝑥 < 𝐿2:
57
Em 𝑥 = 𝐿1, temos:
𝑀𝑥(𝑥 = 𝐿1) = − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝜃 ∙ 𝐿1 (1 −𝐿1
𝐿2) = −1,548 𝑁. 𝑚
Diagrama do momento fletor:
Cálculo das reações de apoio:
58
𝛼 = 27,47° 𝐿3 = −0,075 𝑚 𝐿4 = 0,05 𝑚
𝐿5 = 0,0925 𝑚
𝑉𝐷 = 𝐹 ∙ (𝑠𝑒𝑛𝜃 (1 −𝐿1
𝐿2) + 𝑐𝑜𝑠𝛼) = 66,42 𝑁
𝐻𝐷 =𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝐿4
𝐿5= 11,97 𝑁
𝐻𝐶 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 − 𝐻𝐷 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝐿4
𝐿5
= 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 (1 −𝐿4
𝐿5) = 10,17 𝑁
Cálculo dos esforços cortantes: Para 𝐿3 < 𝑦 < 0:
𝐻𝑦 = 0
Para 0 < 𝑦 < 𝐿4:
𝐻𝑦 = 𝐻𝐶 = 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 (1 −𝐿4
𝐿5) = 10,17 𝑁
Para 𝐿4 < 𝑦 < 𝐿5:
59
𝐻𝑦 = 𝐻𝐶 − 𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙𝐿4
𝐿5= −11,97 𝑁
Diagrama do esforço cortante:
Calculo do momento fletor: Para 𝐿3 < 𝑦 < 0:
𝑀𝑦 = 0
Para 0 < 𝑦 < 𝐿4:
60
𝑀𝑦 = −𝐻𝐶 ∙ 𝑦 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 (1 −𝐿4
𝐿5) ∙ 𝑦 = −10,17𝑦
Para 𝐿4 < 𝑦 < 𝐿5:
𝑀𝑦 = −𝐹 ∙ 𝑠𝑒𝑛𝛼 ∙ 𝐿4 (1 −𝑦
𝐿5) = −1,107 (1 −
𝑦
0,0925)
Diagrama do momento fletor:
Análise do pino: Cálculo das reações de apoio:
61
𝐹 = 16 𝑁
𝐿 = 0,0115 𝑚
𝑉0 = 𝐹 = 16 𝑁
𝑀𝑜 = 𝐹 ∙ 𝐿 = 0,184 𝑁. 𝑚 Cálculo do esforço cortante:
𝑉𝑥 = 𝑉𝑜 = 𝐹 = 16 𝑁
Diagrama do esforço cortante:
Cálculo do momento fletor:
𝑀𝑥 = 𝑀𝑜 − 𝑉𝑜 ∙ 𝑥 = 𝐹 ∙ (𝐿 − 𝑥) 𝑀𝑥 = 𝐹 ∙ (𝐿 − 𝑥) = 16(0,0115 − 𝑥)
Diagrama do momento fletor:
62
A maior força de reação é a vertical em D, com 66,42 N, porém tal valor ainda
está dentro do que o material resiste. Portanto pelos cálculos e análise estrutural
podem os assumir que o mecanismo irá resistir aos esforços empregados.
5.3 Manufatura Aditiva
Segue as imagens do processo de impressão tridimensional realizado na
máquina Ultimaker Original Plus (Fig. 39), utilizando o filamento PLA na cor cinza e
amarelo para toda a estrutura (Fig. 40).
Fig. 39 Impressora 3D Ultimaker Original Plus
63
Fig. 40 Haste Impressa
Foi utilizado o software gratuito Cura (Fig. 41) e os únicos parâmetros
alterados foram o infill (preenchimento interno) para 70% e a utilização de suporte
que variou de acordo com cada peça (Fig. 42). As camadas têm altura de 0.1 mm.
Fig. 41 Programa Cura
Fig. 42 Suporte e Infill
64
6 Conclusão
O exoesqueleto projetado neste trabalho apresenta características
mecânicas que possibilitam seu uso de forma segura, garantida através de cálculos,
analise estrutural computadorizada e teste experimental. Além das características
mecânicas, foram respeitadas as questões ergométricas e estéticas do projeto
priorizando a experiência do usuário. As peças possuem custo inferior aos
exoesqueletos comerciais além de serem leves, personalizáveis e dar ao usuário
total autonomia para repor peças com defeito. Isto contribuirá para a recuperação de
usuários com pouco tônus muscular, servir como um mecanismo de reabilitação para
atividades como carregar sacolas de compras, escovar os dentes, levar a comida do
prato à boca. Para popularizar o uso do mecanismo, o mesmo será disponibilizado
gratuitamente nas plataformas de arquivos de modelos 3D mais populares como a
Thingiverse, GrabCAD e MyMiniFactory.
Por fim, é esperado que o projeto provoque bem-estar às pessoas,
impactando suas vidas e servindo como referência para o desenvolvimento de outros
mecanismos, pela comunidade acadêmica, prezando pela experiência das pessoas.
6.1 Trabalhos Futuros
A proposta é estudar a incorporação de componentes eletrônicos e atuadores
pneumáticos de baixo custo que tornem o movimento ainda mais natural e possa
auxiliar pessoas com deficiências mais severas. Outra linha de pesquisa é criar um
mecanismo de mesma finalidade, porém sem anular nenhum grau de liberdade do
usuário e/ou auxiliar em outros movimentos como o de adução dos membros
superiores ou tratar de problemas em outras partes do corpo como membros
inferiores. É preciso ainda otimizar mais o protótipo, facilitando o acoplamento dos
pinos na estrutura do braço e antebraço e permitindo a edição do usuário final para,
por exemplo, colocar um texto com informações pessoais em uma das hastes.
65
7. Referências Bibliográficas
[1] Gorni, A. A., Prototipagem rápida, a revolução 3D, Revista Corte & Conformação de Metais – Novembro de 2013 [2] Gorni, A. A. Introdução à Prototipagem Rápida e Seus Processos. Plástico Industrial, Março 2001, 230-239. [3] Huang, S. H. e outros. Additive Manufacturing and its Societal Impact: A Literature Review. International Journal of Advanced Manufacturing Technology, July 2013, 1191-1203. [4] Volpato, N., et al, 2007, Prototipagem Rápida – Tecnologias e Aplicações. 1 ed. São Paulo, Edgard Blucher. [5] Cláudio Sampaio, GUIA MAKER DA IMPRESSÃO 3D TEORIA E PRÁTICA CONSOLIDADAS, http://www.makerlinux.com.br/ebook/ [6] Ahn, S. H., Montero, M., Odell, D., Roundy, S., & Wright, P. K. (2002). Anisotropic material properties of fused deposition modeling ABS. Rapid prototyping journal, 8(4), 248-257. [7] Marques AP. Angulos articulares dos membros superiores. In: Manual da Goniometria. 2 ed. São Paulo: Manole; 2003 [8] SHIGLEY, J. E., Elementos de Máquinas, Vol. 2, 3ed., LTC, Rio de Janeiro, 1984. [9] Tenenbaum, R. A., Dinâmica Aplicada, 3ed, Manole, Rio de Janeiro, 2006. [10] Neri Volpato (Organizador), Manufatura Aditiva: Tecnologias e Aplicações da Impressão 3D, 1ed, Blucher, São Paulo, 2017.
Technical data sheet PLA
Chemical Name
Description
Key features
Applications
Non suitable for
Polylactic acid
Ultimaker PLA filament provides a no-hassle 3D printing experience thanks to its reliability and good surface quality. Our PLA is made from organic and renewable sources. It’s safe, easy to print with and it serves a wide range of applications for both novice and advanced users.
Good tensile strength and surface quality, easy to work with at high print speeds, user-friendly for both home and office environments, PLA allows the creation of high-resolution parts. There is a wide range of color options available.
Household tools, toys, educational projects, show objects, prototyping, architectural models, as well as lost casting methods to create metal parts.
Food contact and in-vivo applications. Long term outdoor usage or applications where the printed part is exposed to temperatures higher than 50 ˚C.
Diameter
Max roundness deviation
Net filament weight
2.85±0.10 mm
0.10 mm
750 g
-
-
-
PLA Green PLA BlackPLA Silver MetallicPLA White PLA Transparent PLA Orange PLA BluePLA Magenta PLA Red PLA Yellow PLA Pearl White
RAL 6018RAL 9005RAL 9006RAL 9010n/aRAL 2008RAL 5002RAL 4010RAL 3020RAL 1003RAL 1013
Filament specifications Value Method
Color Color codeColor information
Technical data sheet — Ultimaker PLA Page. 1
Tensile modulus
Tensile stress at yield
Tensile stress at break
Elongation at yield
Elongation at break
Flexural strength
Flexural modulus
Izod impact strength, notched (at 23˚C)
Charpy impact strength (at 23˚C)
Hardness
Melt mass-flow rate (MFR) Heat deflection (HDT) at 0.455 MPa
Heat deflection (HDT) at 1.82 MPa
Glass transition
Coefficient of thermal expansion (flow)
Coefficient of thermal expansion (xflow)
Melting temperature
Thermal shrinkage
Specific gravity
Flame classification
6.09 g/10min
-
-
60-65 ˚C
-
-
145-160 ˚C
-
1.24
-
ISO 1133 (210 ˚C, 2.16 kg)
-
-
ISO 11357
-
-
ISO 11357
-
ASTM D1505
-
Thermal properties
Mechanical properties (*)
Other properties
Typical value
Typical value
Test method
Test method
Technical data sheet — Ultimaker PLA Page. 2
(*) See notes.
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
2852 MPa
38.08 MPa
36.28 MPa
2.10 %
2.84 %
65.7 MPa
2409 MPa
-
13.1 kJ/m2
-
ISO 527 (1 mm/min)
ISO 527 (50 mm/min)
ISO 527 (50 mm/min)
ISO 527 (50 mm/min)
ISO 527 (50 mm/min)
ISO 178
ISO 178
-
ISO 179
-
Injection molding 3D printing
Typical value Typical valueTest method Test method
Notes
Disclaimer
Properties reported here are average of a typical batch. The 3D printed tensile bars and Charpy impact bars were printed in the XY plane, using an UM2+, a 0.4 mm nozzle, 100% infill, 210 ˚C nozzle temperature, 60 ˚C build plate temperature, 2 shells, layer height of 0.1 mm and all print speeds at 40 mm/s. Ultimaker is constantly working on extending the TDS data.
Any technical information or assistance provided herein is given and accepted at your risk, and neither the Ultimaker or its affiliates make any warranty relating to it or because of it. Neither Ultimaker nor its affiliates shall be responsible for the use of this information, or of any product, method or apparatus mentioned, and you must make your own determi-nation of its suitability and completeness of your own use, for the protection of the environment, and for the health and safety of your employees and purchasers of your products. No warranty is made of the merchantability or fitness of any product; and nothing herein waives any of Ultimaker’s conditions of sale. Specifications are subject to change without notice.
Technical data sheet — Ultimaker PLA Page. 3
VersionDate
Version 3.003
19/10/2016
Technical data sheet ABS
Chemical Name
Description
Key features
Applications
Non suitable for
Acrylonitrile butadiene styrene
Used by an array of industries worldwide, ABS is known for its exceptional mechanical properties. Our ABS is specifically formulated to minimize warping and ensure consistent interlayer adhesion.
Excellent mechanical properties and interlayer adhesion (especially when using the front door add-on), nice aesthetics, minimal warping and reliable bed adhesion.
Visual and functional prototyping and short run manufacturing.
Food contact and in-vivo applications. Long term UV exposure can negatively affect properties of an ABS print. Applications where the printed part is exposed to temperatures higher than 85 ˚C.
Diameter
Max roundness deviation
Net filament weight
2.85±0.10 mm
0.10 mm
750 g
-
-
-
ABS BlackABS WhiteABS RedABS BlueABS SilverABS Pearl GoldABS GreenABS OrangeABS YellowABS Gray
RAL 9017RAL 9003 RAL 3020RAL 5002RAL 9006RAL 1036RAL 6018RAL 2008RAL 1023RAL 7011
Filament specifications Value Method
Color Color codeColor information
Technical data sheet — Ultimaker ABS Page. 1
Tensile modulus
Tensile stress at yield
Tensile stress at break
Elongation at yield
Elongation at break
Flexural strength
Flexural modulus
Izod impact strength, notched (at 23˚C)
Charpy impact strength (at 23˚C)
Hardness
Melt mass-flow rate (MFR) Heat deflection (HDT) at 0.455 MPa
Heat deflection (HDT) at 1.82 MPa
Glass transition
Coefficient of thermal expansion (flow)
Coefficient of thermal expansion (xflow)
Melting temperature
Thermal shrinkage
Specific gravity
Flame classification
41 g/10 min
-
-
97 ˚C
-
-
225-245 ˚C
-
1.10
-
ISO 1133 (260 ˚C, 5 kg)
-
-
ISO 306
-
-
ISO 294
-
ISO 1183
-
Thermal properties
Mechanical properties (*)
Other properties
Typical value
Typical value
Test method
Test method
Technical data sheet — Ultimaker ABS Page. 2
(*) See notes.
2030 MPa
43.6 MPa
-
4.8 %
34 %
-
-
-
58 kJ/m2
97 (Shore A)
1681 MPa
39 MPa
33.9 MPa
3.5 %
4.8 %
-
-
-
-
-
ISO 527 (1 mm/min)
ISO 527(50 mm/min)
-
ISO 527(50 mm/min)
ISO 527(50 mm/min)
-
-
-
ISO 179
-
ISO 527 (1 mm/min)
ISO 527 (50 mm/min)
ISO 527(50 mm/min)
ISO 527(50 mm/min)
ISO 527(50 mm/min)
-
-
-
-
-
Injection molding 3D printing
Typical value Typical valueTest method Test method
Notes
Disclaimer
Properties reported here are average of a typical batch. The 3D printed tensile bars were printed in the XY plane, using the normal quality profile in Cura 2.1, an UM2+, a 0.4 mm nozzle, 90% infill, 250 ˚C nozzle temperature and 80 ˚C build plate temperature. The values are the average of 5 white and 5 black tensile bars. Ultimaker is constantly working on extending the TDS data.
Any technical information or assistance provided herein is given and accepted at your risk, and neither the Ultimaker or its affiliates make any warranty relating to it or because of it. Neither Ultimaker nor its affiliates shall be responsible for the use of this information, or of any product, method or apparatus mentioned, and you must make your own determi-nation of its suitability and completeness of your own use, for the protection of the environment, and for the health and safety of your employees and purchasers of your products. No warranty is made of the merchantability or fitness of any product; and nothing herein waives any of Ultimaker’s conditions of sale. Specifications are subject to change without notice.
Technical data sheet — Ultimaker ABS Page. 3
VersionDate
Version 3.003
19/10/2016
AA
1
25
3
6
ESCALA 1 : 5
CORTE A-A
4
ÍTEM DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL ARQUIVO
6 APOIO PULSO 1 PLA -5 PINO ELASTICO 10 mm 6 PLA -4 Porca Exoesqueleto 1 PLA -3 Parafuso Exoesqueleto 1 PLA2 HASTE ANTEBRACO 1 PLA -1 HASTE BRACO 1 PLA -
PROJETADODESENHADOREVISADOAPROVADOREVISÃOSUBSTITUI O:SUBSTITUIDO PELO:
CÓDIGO
VISTO DATA
ESCALA
COTAS EM
TÍTULO
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE DESENHOPALAVRA CHAVE 1:PALAVRA CHAVE 2:PALAVRA CHAVE 3:
mm
1:2
EXOESQUELETO-
PEDROPEDRO
23/09/201625/08/2016
ARQUIVO-
UFRJPROJETO FINAL-
PÁG.1 / 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
200
40 30 25
25
3
12
20 20
105
6
6
167,5
74,5
AA
ESCALA 1 : 2
10 4
CORTE A-A
PROJETADODESENHADOREVISADOAPROVADOREVISÃOSUBSTITUI O:SUBSTITUIDO PELO:
CÓDIGO
VISTO DATA
ÍTEM
ESCALA
COTAS EM
TÍTULO
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE DESENHOPALAVRA CHAVE 1:PALAVRA CHAVE 2:PALAVRA CHAVE 3:
DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL ARQUIVO
mm
1 1 PLA
1:1
HASTO DO BRAÇO-
PEDROPEDRO
23/09/201625/08/2016
ARQUIVO-
UFRJPROJETO FINALEXOESQUELETO
PÁG.1 / 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
200
40 19
30° 25 20 20 45
6
6
12
26
20
80 120
38
R = 10
R = 2,5
R = 2
AA
ESCALA 1 : 2
12,
5
30
7,5
50,5
R = 10
25 4
10
CORTE A-A
PROJETADODESENHADOREVISADOAPROVADOREVISÃOSUBSTITUI O:SUBSTITUIDO PELO:
CÓDIGO
VISTO DATA
ÍTEM
ESCALA
COTAS EM
TÍTULO
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE DESENHOPALAVRA CHAVE 1:PALAVRA CHAVE 2:PALAVRA CHAVE 3:
DENOMINAÇÃO QUANT. MATERIAL ARQUIVO
mm
2 1 PLA
1:1
HASTE DO ANTEBRAÇO-
PEDROPEDRO
23/09/201625/08/2016
ARQUIVO-
UFRJPROJETO FINALEXOESQUELETO
PÁG.1 / 1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
24,5
24,5
5
M12
4,2
3
1
R = 0,2
45°
ESCALA 1 : 1
DENOMINAÇÃO
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE DESENHO
mm
TÍTULO
PALAVRA CHAVE 3:PALAVRA CHAVE 2:PALAVRA CHAVE 1:
ESCALA
COTAS EM
2:1
3
ÍTEM
EXOESQUELETOPROJETO FINALUFRJ
MATERIAL
PARAFUSO EXOESQUELETOPÁG.
CÓDIGO
1 / 1
QUANT.
1 PLA
VISTO
ARQUIVOSUBSTITUIDO PELOSUBSTITUI O
APROVADOREVISADO
REVISÃO
DESENHADOPROJETADO PEDRO
PEDRO
DATA
08/11/201708/11/2017
ARQUIVO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
±30'
COMPRIMENTO DO LADO CURTO
TOLERÂNCIA ANGULAR DIN 7168TOLERÂNCIA LONGITUDINAL DIN 7168DIMENSÃO > 0,5
MÉDIO
GRÁU < 3
±0,1
< 6
±0,1
> 3< 30
±0,2
> 6<> 2000
<<
±0,3
120> 30
<
±0,5
315> 120
<> 1000
1000
±0,8
> 315
±1,2
2000DIMENSÃO
FINO/MÉDIO±2
4000 GRÁU 10
±1°
< > 10 120> 50< 50 <
±20'
> 120
±10'
24,5
AA
5
4
M12
CORTE A-A
ESCALA 1 : 1
DENOMINAÇÃO
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE DESENHO
mm
TÍTULO
PALAVRA CHAVE 3:PALAVRA CHAVE 2:PALAVRA CHAVE 1:
ESCALA
COTAS EM
2:1
4
ÍTEM
EXOESQUELETOPROJETO FINALUFRJ
MATERIAL
PORCA EXOESQUELETOPÁG.
CÓDIGO
1 / 1
QUANT.
1 PLA
VISTO
ARQUIVOSUBSTITUIDO PELOSUBSTITUI O
APROVADOREVISADO
REVISÃO
DESENHADOPROJETADO PEDRO
PEDRO
DATA
08/11/201708/11/2017
ARQUIVO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
-
±30'
COMPRIMENTO DO LADO CURTO
TOLERÂNCIA ANGULAR DIN 7168TOLERÂNCIA LONGITUDINAL DIN 7168DIMENSÃO > 0,5
MÉDIO
GRÁU < 3
±0,1
< 6
±0,1
> 3< 30
±0,2
> 6<> 2000
<<
±0,3
120> 30
<
±0,5
315> 120
<> 1000
1000
±0,8
> 315
±1,2
2000DIMENSÃO
FINO/MÉDIO±2
4000 GRÁU 10
±1°
< > 10 120> 50< 50 <
±20'
> 120
±10'
8
10
10
4
R = 2
M12
12
14
ESCALA 1 : 1
DENOMINAÇÃO
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE DESENHO
mm
TÍTULO
PALAVRA CHAVE 3:PALAVRA CHAVE 2:PALAVRA CHAVE 1:
ESCALA
COTAS EM
2:1
5
ÍTEM
EXOESQUELETOPROJETO FINALUFRJ
MATERIAL
PINO 10 mmPÁG.
CÓDIGO
1 / 1
QUANT.
2 PLA
VISTO
ARQUIVOSUBSTITUIDO PELOSUBSTITUI O
APROVADOREVISADO
REVISÃO
DESENHADOPROJETADO PEDRO
PEDRO
DATA
23/09/201625/08/2016
ARQUIVO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
- -
77,
5
R = 2
R = 20
50
20
5 12,5
R = 25
R = 2,5
100
25
15
R = 2
230
5 x 45
12,
5
ESCALA 1 : 5
DENOMINAÇÃO
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE DESENHO
mm
TÍTULO
PALAVRA CHAVE 3:PALAVRA CHAVE 2:PALAVRA CHAVE 1:
ESCALA
COTAS EM
1:2
6
ÍTEM
EXOESQUELETOPROJETO FINALUFRJ
MATERIAL
APOIO PULSOPÁG.
CÓDIGO
1 / 1
QUANT.
1 PLA
VISTO
ARQUIVOSUBSTITUIDO PELOSUBSTITUI O
APROVADOREVISADO
REVISÃO
DESENHADOPROJETADO PEDRO
PEDRO
DATA
07/12/201715/10/2017
ARQUIVO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
- -
±30'
COMPRIMENTO DO LADO CURTO
TOLERÂNCIA ANGULAR DIN 7168TOLERÂNCIA LONGITUDINAL DIN 7168DIMENSÃO > 0,5
MÉDIO
GRÁU < 3
±0,1
< 6
±0,1
> 3< 30
±0,2
> 6<> 2000
<<
±0,3
120> 30
<
±0,5
315> 120
<> 1000
1000
±0,8
> 315
±1,2
2000DIMENSÃO
FINO/MÉDIO±2
4000 GRÁU 10
±1°
< > 10 120> 50< 50 <
±20'
> 120
±10'
OBS.: 1) ACABAMENTO SUPERFICIAL GERAL Ra = 3 0,2µm;2) SUAVIZAR CANTOS VIVOS.
R1
12,5
5 x 45
25
15
80
ESCALA 1 : 2
DENOMINAÇÃO
É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE DESENHO
mm
TÍTULO
PALAVRA CHAVE 3:PALAVRA CHAVE 2:PALAVRA CHAVE 1:
ESCALA
COTAS EM
1:1
8
ÍTEM
EXOESQUELETOPROJETO FINALUFRJ
MATERIAL
ESTRUTURA DO APOIOPÁG.
CÓDIGO
1 / 1
QUANT.
1 PLA
VISTO
ARQUIVOSUBSTITUIDO PELOSUBSTITUI O
APROVADOREVISADO
REVISÃO
DESENHADOPROJETADO PEDRO
PEDRO
DATA
07/12/201712/10/2017
ARQUIVO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
- -
±30'
COMPRIMENTO DO LADO CURTO
TOLERÂNCIA ANGULAR DIN 7168TOLERÂNCIA LONGITUDINAL DIN 7168DIMENSÃO > 0,5
MÉDIO
GRÁU < 3
±0,1
< 6
±0,1
> 3< 30
±0,2
> 6<> 2000
<<
±0,3
120> 30
<
±0,5
315> 120
<> 1000
1000
±0,8
> 315
±1,2
2000DIMENSÃO
FINO/MÉDIO±2
4000 GRÁU 10
±1°
< > 10 120> 50< 50 <
±20'
> 120
±10'
OBS.: 1) ACABAMENTO SUPERFICIAL GERAL Ra = 3 0,2µm;2) SUAVIZAR CANTOS VIVOS.