MEDIAÇÃO DOCENTE: PERCEPÇÕES DOS CURSISTAS EM … · A galáxia da internet: ... FREIRE, P....

22
MEDIAÇÃO DOCENTE: PERCEPÇÕES DOS CURSISTAS EM UMA EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA Maria Esther Provenzano Doutoranda da Universidade Estácio de Sá Orientador Prof. Marco Silva

Transcript of MEDIAÇÃO DOCENTE: PERCEPÇÕES DOS CURSISTAS EM … · A galáxia da internet: ... FREIRE, P....

MEDIAÇÃO DOCENTE: PERCEPÇÕES DOS CURSISTAS EM UMA

EXPERIÊNCIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

Maria Esther ProvenzanoDoutoranda da Universidade Estácio de Sá

Orientador Prof. Marco Silva

Palavras-chave

Formação de professores; mediação docente; docência online.

Objetivo

Como os cursistas concebem a docência em ambiente virtual de aprendizagem?

Cenário

Curso de Especialização em Educação Tecnológica,

desenvolvido pelo CEFET/RJ, no âmbito da

Universidade Aberta do Brasil (UAB), de forma

semipresencial, nos polos do Consórcio Fundação

Centro de Ciências e Educação Superior a

Distância do Estado do Rio de Janeiro

(CEDERJ/CECIERJ).

Sujeitos da pesquisaMetodologia

36 cursistas, num total de 74 concluintes.

Quatro polos do CEDERJ: Campo Grande, Macaé, Volta Redonda e Angra dos Reis.

Questionário, com questões abertas e fechadas e entrevistas como reforço e enriquecimento de algumas questões.

As respostas dos participantes foram submetidas a dois tipos de tratamento: quantitativo e qualitativo.

DESAFIOS DOCENTES

O CURSO NA INSTITUIÇÃO

elaboração dos módulos;

mudança de uma cultura de ensino/aprendizagem analógica para digital;

compreensão da evasão dos alunos em uma comunidade de aprendizagem virtual;

entendimento do significado do silêncio virtual;

falta de tempo;

gestão da UAB.

Pressupostos teóricos

formação das comunidades virtuais de aprendizagem (COLL e MONEREO, 2010);

relação dialógica (FREIRE, 1983,1987,1999,1996);

Interatividade (SILVA, 1999, 2003, 2010);

sociedade em rede (CASTELL, 2003);

perspectiva transdisciplinar (MORIN, 2001);

intelectual transformador (GIROUX, 1997, 1992);

linguagem analógica e digital, (LEVY, 1993);

saberes da docência (TARDIF, 2000);

teoria da ação comunicativa (HABERMAS, 1990,2003);

pesquisa-ação (BARBIER, 2007), entre outros.

OS PROTAGONISTAS DO CURSO:

PERCEPÇÕES DOS CURSISTAS

Três tipos de mediadores de aprendizagem, com suas respectivas competências: professor-pesquisador; tutor a distância e tutor presencial.

Levantar as percepções que os cursistas fazem do exercício da docência no ambiente de aprendizagem virtual.

Dados de Aprendizagem

Cont...

Cont...

Sobre o Moodle

De uma certa forma, sim. No entanto, acho a plataforma Moodle instável, e isso, algumas vezes, dificultou a navegação.

A plataforma é um pouco confusa, porém, não dificulta a aprendizagem.

Sim, porém considero que poderia ser mais interativa, e que o volume de textos a serem impressos seja um dificultador.

Não. Acho que a mediação mais importante é feita pelo tutor, a plataforma apenas serviu como um recurso, que se não for bem utilizado não faz diferença.

Sobre o Moodle Gostei muito de utilizar essa plataforma. O acesso é fácil,

possibilita uma rápida ambientação. Além disso, proporciona interação rápida com colegas e tutores nos fóruns e chats.

Muito, é intuitiva, acessível e reúne todos os requisitos necessários à prática de pesquisa.

Sim, a plataforma contribuiu para a aprendizagem ao longo do curso, na medida em que as participações aconteciam e as dúvidas e as soluções eram debatidas.

Sim, pois a plataforma Moodle era a forma que tínhamos para esclarecer dúvidas com o tutor a distância, enviar materiais (atividades a distância) e ter acesso a informações sobre o curso e o material dos módulos que foi disponibilizado por ela.

Quem é o docente?

Respostas dos cursistas

Todos nós estávamos envolvidos no processo. Os professores, nos encontros, foram fundamentais; os tutores e os próprios colegas que deram o tom ao curso.

Àqueles que de alguma forma deram retorno às questões que precisavam de mais esclarecimento (professores conteudistas e colegas de curso).

A toda equipe que participou do projeto de implantação e desenvolvimento do curso, a coordenação, os responsáveis pelo material didático, os professores, os tutores e o pessoal de apoio.

A todo o processo de EaD. Fica difícil você excluir um componente do curso. Tudo e todos contribuíram para o sucesso do mesmo.

Respostas dos cursistas

Nesse ponto muitas vezes fiquei meio confusa, sem saber a quem recorrer, pois algumas atribuições eram voltadas para o tutor presencial e outras ao tutor a distancia. Em alguns momentos não era muito claro a quem deveríamos recorrer em algumas questões.

O papel de docente neste curso para mim é atribuído a todas as pessoas que participaram da construção do conhecimento, pois todas aprendemos e ensinamos, na medida da possibilidades, a cada um de nós participantes: alunos, professores e tutores.

Os achados da pesquisa

os dados apontam para uma indefinição acerca de quem exerce a mediação docente no ambiente online;

há uma tendência a atribuir o papel docente a todos os “mediadores de aprendizagem”, sugerindo-se que há uma visão por parte desses respondentes de uma docência colaborativa e compartilhada.

também atribui-se o papel docente ao tutor presencial, denotando resquícios de visão presencial de educação por parte dos alunos.

Os achados da pesquisa

Há aqueles que visualizam no papel do professor-pesquisador a incorporação da docência por ser ele que elaborou os módulos, as provas, as atividades e deu as aulas presenciais, demonstrando nessa visão o mestre como aquele que detém maior conhecimento sobre os conteúdos;

Há outros que visualizam no tutor a distância esta docência, percebe-se nestas respostas o peso da avaliação, pois é ele que corrige as atividades e as provas, sendo responsável pelas notas, que impactam os alunos.

Constatações

Nesta pesquisa, constatamos que os cursistas, desejam ver a docência incorporada nos sujeitos do processo. Para tanto, é necessário agir de forma comunicativa. Habermas, formula suas concepções buscando saídas para os dilemas da sociedade contemporânea, mediante a formulação da Teoria da Ação Comunicativa, vislumbrando nessa teoria a possibilidade de “mudança de paradigma da razão centrada no sujeito para a razão comunicacional” (HABERMAS, 1990, p. 281), e, assim, acredita encorajar um contradiscurso para a sociedade centrada no sujeito e não no coletivo.

POR UMA METODOLOGIA DA PESQUISA-AÇÃO

A pesquisa-ação envolve as dimensões de contrato, participação, discurso e ação. Essa metodologia trabalha o individuo e a coletividade. A pesquisa-ação existencial integral faz uso da complexidade, da escuta sensível e da ideia de pesquisador coletivo. O que vem a ser a escuta sensível?

A escuta sensível apoia-se na empatia. O pesquisador deve saber sentir o universo afetivo, imaginário e cognitivo do outro para “compreender do interior” as atitudes e os comportamentos, o sistema de ideias, de valores, de símbolos e de mitos (BARBIER, 2007, p. 94).

Referência Bibliográfica

BARBIER, R. A Pesquisa-Ação. Brasília: Liber Livro Editora, 2007.

CASTELLS, M. A galáxia da internet: reflexões sobre a internet, os negócios e a sociedade. Tradução Maria Luiza X. de A. Borges; revisão Paulo Vaz. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2003.

COLL, C.; MONEREO, C. Psicologia da educação virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. Porto Alegre: Artmed, 2010.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

_____. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

______. A educação na cidade. São Paulo: Cortez, 1999.

______. Educação: o sonho possível. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). O educador: vida e morte. 3. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983.

GIROUX, A. H. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

______. Escola crítica e política cultural. São Paulo: Cortez, 1992.

HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Universitário, 2003.

______. O discurso filosófico da modernidade. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1990.

LÉVY, P. Tecnologia da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. São Paulo: Editora 34, 1993.

MORIN, E. Ciência com consciência. 5. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001.

SILVA, M. Criar e professorar um curso online: relato de experiência. In: SILVA, M (Org.). Educação Online. São Paulo: Edições Loyola, 2003.

______. Um convite à interatividade e à complexidade. In: Gonçalves, M. A. R. (Org.). Educação e cultura: pensando em cidadania. Rio de Janeiro: Quartet, 1999.

______. Sala de aula interativa. São Paulo: Loyola, 2010.

TARDIF, M. Saberes profissionais e conhecimentos universitários: elementos para uma epistemologia da prática profissional dos professores e suas consequências em relação à formação para o magistério. Revista Brasileira de Educação, n. 13, p. 5-24, jan./abr. 2000. Rio de Janeiro, Unesa, 2000.