MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

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MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO FINANCEIRO E CRIAÇÃO DE VALOR Gisele Dos Santos Ferreira Universidade Presbiteriana Mackenzie Curso in Company Unibanco/Itaú Especialização em Gestão Empresarial TURMA I (1/3) Disciplina: Tópicos de Finanças Professor: Alexandre Mandaji O trabalho busca verificar quais as medidas utilizadas pelas empresas para avaliar o desempenho financeiro. Na pesquisa participaram 91 empresas do setor indústria, de várias áreas de atuação. O setor químico e petroquímico representou 13,2% dos questionários respondidos, seguido dos setores farmacêuticos, e veículos e autopeças, com 9,9% cada. Para identificar as medidas utilizadas pelas empresas para avaliar o desempenho financeiro, apresentou-se uma listagem com 8 medidas: seis medidas contábeis e duas medidas de valor adicionado e solicitou-se ao respondente que indicasse as medidas utilizadas por sua empresa para avaliar o desempenho financeiro. As medidas listadas eram: ROI (retorno sobre investimento), ROA (retorno sobre os ativos), ROE (retorno sobre patrimônio líquido), RONA (retorno sobre ativos líquidos), Lucro por ação, Índice preço/lucro, EVA (valor econômico adicionado) e MVA (valor de mercado adicionado). As medidas contábeis de avaliação de desempenho são: Retorno sobre investimento (ROI return on investment): é o quociente entre o lucro e o investimento (FRIEDLOB & PLEWA, 1996).

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ROI (retorno sobre investimento), ROA (retorno sobre os ativos), ROE (retorno sobre patrimônio líquido), RONA (retorno sobre ativos líquidos), Lucro por ação, Índice preço/lucro, EVA (valor econômico adicionado) e MVA (valor de mercado adicionado).

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MEDIDAS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

FINANCEIRO E CRIAÇÃO DE VALOR

Gisele Dos Santos Ferreira

Universidade Presbiteriana Mackenzie

Curso in Company – Unibanco/Itaú Especialização em Gestão Empresarial – TURMA I (1/3)

Disciplina: Tópicos de Finanças

Professor: Alexandre Mandaji

O trabalho busca verificar quais as medidas utilizadas pelas empresas

para avaliar o desempenho financeiro.

Na pesquisa participaram 91 empresas do setor indústria, de várias

áreas de atuação. O setor químico e petroquímico representou 13,2% dos

questionários respondidos, seguido dos setores farmacêuticos, e veículos e

autopeças, com 9,9% cada.

Para identificar as medidas utilizadas pelas empresas para avaliar o

desempenho financeiro, apresentou-se uma listagem com 8 medidas: seis

medidas contábeis e duas medidas de valor adicionado e solicitou-se ao

respondente que indicasse as medidas utilizadas por sua empresa para avaliar

o desempenho financeiro. As medidas listadas eram: ROI (retorno sobre

investimento), ROA (retorno sobre os ativos), ROE (retorno sobre patrimônio

líquido), RONA (retorno sobre ativos líquidos), Lucro por ação, Índice

preço/lucro, EVA (valor econômico adicionado) e MVA (valor de mercado

adicionado).

As medidas contábeis de avaliação de desempenho são:

Retorno sobre investimento (ROI – return on investment): é

o quociente entre o lucro e o investimento (FRIEDLOB & PLEWA, 1996).

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Retorno sobre o ativo (ROA – return on assets): é o

quociente entre lucro operacional e o ativo total. Essa taxa mostra como

os administradores estão utilizando os ativos(FRIEDLOB & PLEWA,

1996).

Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE – return on

equity): é o quociente entre lucro líquido e patrimônio líquido. Mede a

rentabilidade sobre os recursos investidos pelos proprietários (KASSAI

et al., 2000).

Retorno sobre os ativos líquidos (RONA – return on net

assets): é a relação entre NOPAT (lucro operacional líquido após

imposto de renda) e o total de ativos.

Lucro por ação – LPA (EPS – earnings per share): é a

relação entre o lucro líquido e o número de ações da empresa

(FRIEDLOB & PLEWA, 1996).

Índice preço/lucro – P/L (PE – price-earnings ratio): é a

razão entre o preço de mercado da ação e o lucro por ação.

As medidas contábeis de desempenho consideram que estes métodos

são ineficientes, pois os lucros contábeis e o fluxo de caixa não são iguais, e é

o fluxo de caixa que é importante para a criação de valor para o acionista.

Os números contábeis não refletem o risco das operações, o custo de

oportunidade do capital próprio e não consideram o valor do dinheiro no tempo.

As medidas de valor adicionado são:

Valor de Mercado Adicionado (MVA - Market Value Added)

Para as medidas de valor adicionado, a empresa está criando valor,

quando os retornos obtidos superam todos os custos, inclusive o custo de

capital próprio (PETERSON & PETERSON, 1996).

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O Valor de Mercado Adicionado (MVA) é a diferença entre o valor

de mercado de uma empresa e o capital investido. O MVA reflete o valor

presente dos EVAs futuros descontados ao custo de capital.

O Valor Econômico Adicionado (EVA) é o lucro operacional

menos o custo de todo o capital utilizado para que esses lucros fossem

produzidos (STEWART, 1999). Pode ser afetado positivamente pelo

aumento no lucro operacional sem a necessidade de aumento no capital

empregado, e pela utilização de novo capital em projetos que rendam taxas

superiores ao custo total do capital.

Pode ser afetado negativamente se os administradores aceitarem

projetos que rendam menos do que o custo total do capital, e se os

administradores deixarem de aceitar projetos que rendam mais do que o

custo do capital.

Foi observado que muitas empresas utilizam o ROI (retorno sobre

investimento) e o ROE (retorno sobre patrimônio líquido), porém estas medidas

se mostram inapropriadas, pois não medem a criação de valor para os

acionistas, elas não consideram o custo do capital próprio.

O problema da utilização do ROI como medida de avaliação de

desempenho reside no fato de que tanto o numerador quanto o denominador

podem ser afetados pelas práticas contábeis. O ROI reflete o desempenho de

um único período.

A segunda medida mais utilizada pelas empresas, o ROE, apresenta

os mesmos problemas apontados para o ROI, além de ser uma medida

sensível a alavancagem da empresa.

Para a gestão baseada em valor (VBM – Value Based Management),

uma empresa cria valor para seus acionistas quando os retornos obtidos são

superiores aos custos dos capitais utilizados para gerar esses retornos.

As medidas de desempenho são pouco exploradas, porém são as

únicas que levam em consideração o custo do capital, risco e valor do dinheiro

no tempo, se tornando as medidas mais eficazes.

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Muitos autores defendem a utilização de uma medida única para as

operações, o orçamento de capital, o planejamento, a avaliação de

desempenho e a remuneração variável, pois isto alinharia os interesses de

administradores e acionistas, incentivando os primeiros a agirem como

proprietários, levando-os a criar valor.

A utilização de medidas corretas leva ao aumento do valor para o

acionista e seu uso incorreto pode destruir o valor ao acionista.

Segundo Peterson & Peterson (1996), uma empresa deve considerar

os seguintes fatores, ao escolher uma medida de desempenho:

A medida escolhida não deve ser influenciada pelos

métodos contábeis.

A medida deve levar em consideração os resultados futuros

esperados.

A medida deve levar em consideração os riscos.

Young & O’Byrne (2001) classificam as medidas de desempenho

em cinco categorias básicas:

Medidas de lucro residual: cobram pelo custo de capital –

próprio e de terceiros. Não incorporam a opinião do mercado sobre

oportunidades de crescimento futuro. Ex: Valor Adicionado em Caixa

(CVA), Lucro Econômico.

Componentes do lucro residual: são os elementos do lucro

que não incluem os custos do capital. Sua utilização é popular nos níveis

inferiores da estrutura organizacional da empresa. Ex: Lucro Antes do

Imposto de Renda e dos Juros (EBIT); EBITDA, que é o EBIT mais

depreciações e amortizações; Lucro Operacional Líquido Após o

Imposto de Renda (NOPAT); Retorno sobre os Ativos Líquidos (RONA).

Medidas baseadas no mercado: são derivadas do mercado

de capitais. Ex: Retorno Total do Acionista (TSR); Valor de Mercado

Adicionado (MVA); Retorno em Excesso; Valor de Crescimento Futuro

(FGV). As medidas baseadas no mercado só estão disponíveis para as

empresas de capital aberto com ações negociadas no mercado.

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Medidas de fluxos de caixa: são desenhadas para

contornar a influência do regime de competência utilizado na

contabilidade. Ex: Fluxo de Caixa das Operações (CFO); Fluxo de Caixa

Livre (FCL); Retorno do Investimento em termos de Caixa (CFROI).

Medidas de lucro tradicionais: incluem as medidas que os

executivos e os analistas externos têm focado há décadas. Ex: Lucro

Líquido e Lucro por Ação (LPA). Serem apresentadas em unidades

monetárias ou em porcentagem.

Podemos perceber que muitas empresas ainda focam suas

estratégias com base em medidas que não são adequadas, sendo

impossível de analisar se realmente criam valor para o acionista,

pois desprezam o custo de capital próprio e de terceiros,

No entanto há empresas que vem focando a utilização de

medidas de valor adicionado e vem alcançando margens de lucro

além do esperado que é o caso a construtora Gutierrez que reduziu

cerca de 70% o capital empregado no negócio.