Medidas Preventivas para desvios posturais: Intervenção · expressões, o que levará o aluno a...

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Medidas Preventivas para desvios posturais: Intervenção

Pedagógica com alunos do 6º ano de um Colégio Estadual

de Curitiba

Luciane Salete Tereski Gabardo 1

Sérgio Roberto Abrahão 2

Resumo

O presente artigo descreve a experiência, a produção pedagógica e o processo de

implementação do material didático, focando na preocupação com o estilo de vida

dos alunos e das posturas inadequadas adotadas por eles no ambiente escolar. Este

problema foi o que levou a autora deste estudo a desenvolver um programa de

medidas preventivas para desvios posturais, as quais foram implementadas com

alunos do 6º ano do Ensino Fundamental de um Colégio Estadual de Curitiba PR. O

objetivo foi fazer com que o aluno conheça seu corpo e exerça ações que o proteja

contra as deformidades na coluna vertebral. As aplicações das atividades foram

feitas de forma lúdica facilitando esta aprendizagem. O presente trabalho contribuiu

para melhorar a compreensão da importância de se manter uma postura adequada

na realização das atividades diárias, promovendo hábitos saudáveis aos estudantes

tanto no ambiente escolar como fora dele. Para tanto, pretende-se dar continuidade

a este estudo, incluindo o tema Educação Postural ao planejamento anual da

disciplina de Educação Física para todas as séries do Colégio.

Palavras-chave: Educação Física; prevenção; postura; desvios posturais.

1- Professora do Colégio Estadual Pedro Macedo – Curitiba – PR – Professora PDE/2012.

2- Professor Orientador da UFPR.

Abstract

This article describes the experience, pedagogical production and implementation

process teaching material, focusing on concern for the lifestyle of students and

postures adopted by them in the school environment. This problem was what allowed

the author of this study to develop a program of preventive measures for postural

deviations, which were implemented with students in a State School 6th grade of

elementary school in Curitiba, Paraná State. The goal was to make the student

knows his body and exert actions that protect him against spinal deformities. The

activities applications were done in a playful manner facilitating this learning. This

work has contributed to improving the understanding of importance of maintaining

proper posture in daily activities, promoting healthy habits for students both at school

and outside. Therefore, it is intended continue this study, including the theme

Education Postural to planning annual in Physical Education for all series of the

College.

Keywords: Physical education, prevention, posture, postural deviations.

Introdução

Este estudo teve como objetivo trabalhar uma proposta de Educação Postural

para escolares. Tendo como finalidade a prevenção contra deformidades na coluna

vertebral, investigando os hábitos posturais dos alunos do 6º ano do Ensino

Fundamental de um Colégio da Rede Pública na cidade de Curitiba PR, e orientá-los

com medidas preventivas contra possíveis desvios posturais, ocasionados por suas

ações inadequadas no dia-a-dia.

Nos dias atuais é muito preocupante o estilo de vida das pessoas. O stress

diário faz com que se esqueçam dos cuidados com o corpo, que só é lembrado

quando as dores acusam que algo não vai bem.

Uma questão que afeta as crianças e adolescentes e que vem agravando a

cada dia são os problemas com a coluna vertebral, que quando aparecem na fase

escolar tendem a permanecer na fase adulta.

O ambiente escolar contribui de forma significativa no aprendizado e

desenvolvimento do aluno, por isso, a escola deverá estar adequada,

proporcionando a este educando um desenvolvimento integral onde, este aluno

possa estar integrando e interligando suas práticas corporais de forma mais reflexiva

e contextualizada.

Levando-se em conta que os alunos desenvolvem uma jornada de estudo de

quatro horas diárias, nas mais diversas posições na sala de aula, prevalecendo a

posição sentada, em uma cadeira que muitas vezes não é adequada ao seu

tamanho, causando com isso, problemas a sua coluna vertebral e a sua saúde.

Os problemas posturais não ficam restritos à sala de aula ou à escola, mas

eles referem-se também a outras atividades praticadas pelos alunos quando estes

não se encontram no ambiente escolar, quando ficam, por exemplo, sentados de

maneira incorreta em frente ao computador ou assistindo televisão. Outro fator que

se pode agregar é o sedentarismo, caracterizado pela pouca ou nenhuma prática de

atividade física no dia a dia do indivíduo, que somado a uma alimentação

inadequada pode provocar a obesidade, que também é um dos agravantes de uma

má postura.

Um dos problemas que também preocupa bastante, ao qual é preciso ficar

atento é quanto ao uso das mochilas com o material escolar carregadas de forma

incorreta e com excesso de peso, causando com isso dores nas costas, nos ombros,

ocasionando assim deformidades na coluna vertebral dos estudantes, conforme

indica Perez (2002). Cabe aos pais observarem e ficarem atentos quanto aos

materiais supérfluos que seus filhos carregam e ao tipo de mochila adequada ao uso

escolar.

Hoje se procura romper a maneira tradicional de como eram abordados os

conteúdos da Educação Física com os alunos na escola. Não se pode falar em

corpo de uma maneira isolada ou apenas teoricamente, é preciso fazer uma relação

com o cotidiano e as vivências do aluno. Oportunizando dessa forma, trabalhar com

os elementos articuladores, propostos nas Diretrizes Curriculares, com conteúdos

significativos como conhecimentos sobre o corpo, a saúde, os movimentos, as

expressões, o que levará o aluno a um melhor entendimento sobre a cultura

corporal, adotando uma postura adequada, com perfeito equilíbrio entre as partes do

corpo.

Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Física do Estado do Paraná

(2008), é preciso levar em conta o que o aluno traz como referência, dentro do

conteúdo proposto.

Sendo assim, neste contexto, é que a população escolar merece uma

atenção especial quando se pretende trabalhar com o corpo. Sendo esse corpo, ao

mesmo tempo, modo e meio de integração do indivíduo à realidade, ele é

necessariamente carregado de significados. As posturas, as atitudes, os gestos e,

sobretudo o olhar, exprimem melhor do que as palavras. Emoções e sentimentos

demonstram o que vive este individuo em determinada situação.

Precisa-se saber fazer uma ligação do conhecimento, corpo, expressões e

atitudes, e notando esta dificuldade, é que se fez necessário trabalhar com os

alunos sobre a educação postural, dentro e fora da escola.

Através da experiência de muitos anos, trabalhando com crianças e

adolescentes, e conhecendo suas queixas, e por saber que há um alto índice de

alterações posturais nesta fase escolar, pode-se afirmar que a participação da

escola é fundamental neste problema. É preciso ações que envolvam a todos neste

processo, ou seja, com um programa de educação postural preventivo para os

alunos, onde todos os professores, direção, coordenação, seriam os orientadores de

condutas positivas a postura corporal, dentro da realidade escolar. Abordando

também neste programa preventivo, a temática saúde, como um bem social,

procurando com isso, fazer algo para diminuir estes problemas de alterações

posturais na escola. Mas para que este tipo de programa preventivo tenha sucesso,

são necessários à participação conjunta da sociedade, pais, alunos, escola e

governo.

Pretende-se neste estudo igualmente, a conscientização dos professores das

demais disciplinas escolares e, em especial, aos de Educação Física e de Ciências,

de que é necessário inserir no seu planejamento anual, os conteúdos Educação

Postural e prevenções contra desvios posturais, e que sejam trabalhados em todas

as séries do Ensino Fundamental.

Dessa forma, almeja-se trabalhar com a Educação Postural de forma

preventiva, com o propósito de sensibilizar o aluno sobre a importância de conhecer

e cuidar do seu corpo, evitando danos à sua saúde, levando assim este aprendizado

a todos os ambientes em que está inserido.

Fatores importantes a serem considerados para uma postura adequada dos

escolares.

Para que se possa tentar expor algumas ideias a respeito do tema abordado

neste trabalho, é preciso refletir sobre uma série de pontos na visão diferente de

diversos autores, conseguindo com isso debater com as várias perspectivas que

auxiliam as suas interpretações sobre este assunto.

A disciplina de Educação Física precisa realizar na escola, um trabalho

educacional que enfatize a postura corporal dos alunos, dando assim a sua

contribuição para a formação deste aluno como um ser integral. Sendo assim, esta

pesquisa pretende colaborar com essa formação, e para isso destaca-se a seguir

alguns temas abordados neste estudo.

Ginástica e saúde

É preciso enfatizar a ginástica como conhecimento historicamente produzido,

com ricos significados culturais. Ela foi uma das primeiras formas de encarar o

exercício físico de forma diferenciada, contribuindo também com sua prática, para a

construção de um vocabulário motor apropriado.

A ginástica tem grande relação com conhecimento sobre o corpo, uma vez

que nesta manifestação da cultura corporal, as questões da corporeidade se

evidenciam, tendo em vista os vários movimentos que esta modalidade proporciona.

Ela deve ser trabalhada nas aulas de Educação Física, devendo possibilitar a

vivência das diversificadas experiências corporais dos diferentes termos da cultura.

Articulada com os conteúdos das disciplinas de Ciências e Biologia, é importante

ressaltar que, anatomicamente, como frisa Guiselini (2004, p.71) “O corpo humano

foi feito para o exercício, e tanto a falta deste, quanto a sua prática regular,

resultarão em alterações relacionadas às dimensões morfológicas, funcional-

motoras, fisiológicas e comportamentais do indivíduo”.

A ginástica pode desenvolver a saúde, a condição física e a interação social,

contribuindo desta forma para o bem-estar físico e psicológico do aluno, portanto é

importante abordar este conteúdo estruturante de Educação Física, para

desenvolver no aluno, atitudes que possam melhorar sua qualidade de vida e a

manutenção da mesma no seu cotidiano. Sendo assim, é preciso esclarecer para o

aluno sobre a importância da prática consciente da ginástica na escola, para que ele

possa ter conhecimento do seu próprio corpo, mantendo uma relação de prazer e

resgatando noções de postura, saúde e higiene.

É necessário ressaltar que a ginástica, enquanto conteúdo referendado pelas

Diretrizes Curriculares da Educação Física do Estado do Paraná, é componente

indispensável para a construção do conhecimento e formação de um aluno crítico e

consciente da importância da prática de atividades corporais regulares para a

promoção da saúde.

No Brasil em 1988, a Constituição Federal passou a definir Saúde como: um

direito de todos e um dever do Estado, garantindo políticas sociais e econômicas

que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos.

Para se entender melhor o que é saúde, a definição segundo a OMS

(Organização Mundial da Saúde) é como “o estado de completo bem-estar físico,

mental e social e não apenas a ausência de doenças”. A saúde está relacionada ao

estilo de vida do individuo. Para que se tenha uma boa saúde é preciso adotar

práticas saudáveis, como exercícios físicos, higiene pessoal, cuidados médicos e

equilíbrio das atividades diárias.

De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Física do Estado do

Paraná (2008, p. 55), o elemento articulador cultura corporal e saúde, permite

entender a saúde como construção que supõe uma dimensão histórico-social. Ela

enfoca a importância de abordar a temática saúde às práticas corporais, tendo em

vista as necessidades sociais. Sendo assim, este estudo, visa contribuir para um

processo social educacional com um propósito preventivo dos cuidados posturais,

com transmissão de conhecimentos e atitudes que auxiliem aos educando intervirem

na sua realidade pessoal e social.

É necessário que o aluno saiba identificar os diversos fatores que podem

contribuir para o surgimento das alterações posturais nas atividades do dia a dia,

principalmente no período escolar. O educando precisa compreender que seu corpo

e sua mente recebem informações que influenciam no seu comportamento e nas

suas atitudes, por isso, as prevenções devem ocorrer, evitando assim que más

influências posturais tornem-se um hábito.

A escola e os vícios posturais

As posturas inadequadas que o indivíduo assume durante a vida escolar

podem permanecer na vida adulta, e torna-se o reflexo do que o indivíduo é. A

escola tem uma grande parcela de responsabilidade quanto às posturas

inadequadas adquiridas pelo aluno, pois ele passa um longo período da sua vida,

em um ambiente desfavorável as suas condições posturais e de saúde.

Algumas das atividades escolares favorecem a constituição de maus hábitos

posturais, devido à necessidade de algumas ações que o sistema determina, ou

seja, ações cobradas por regras que a escola impõe aos alunos como, ficar muito

tempo sentado durante as aulas, carregar muitos livros nas mochilas, mobiliário

antigo e desconfortável nas salas de aula entre outros. Portanto entende-se que o

corpo necessita de movimento e, no entanto, o que se faz na escola, é o inverso do

que o corpo pede e precisa.

Quem tem o controle do corpo, tem o controle das ideias e dos sentimentos.

Quem fica confinado em salas apertadas, sentado e imóvel em carteiras,

milhares de horas durante boa parte da vida, aprendem a ficar sentados nas

cadeiras, de onde talvez nunca mais venha se erguer. (FREIRE, 1993,

p.114).

As posições inadequadas adotadas pelo aluno, podendo também ser

chamadas de vícios posturais, vão se tornando comuns nesta fase da adolescência,

e o aluno nem percebe o mal que causa a sua coluna, isto acontece pela falta de

informações, tanto na escola como em casa, e também por não haver uma

consciência corporal.

Os problemas posturais também podem ser desencadeados por outros

fatores como: traumatismos, emocionais, socioculturais, hereditários, obesidade,

vestuário e por outro fator quase não percebido pelo indivíduo, a timidez.

A timidez ou vergonha das alterações que ainda não são aceitas ao padrão

estipulado pela sociedade, na escola é muito comum de acontecer. Mudanças

rápidas que acontecem com o corpo dos adolescentes, o medo, a insegurança, tudo

isso gera um corpo retraído que resulta em uma má postura.

Quando a criança ou o adolescente adota posturas corporais inadequadas,

por qualquer razão, em casa ou na escola, e estas não são percebidas e corrigidas

pelos pais e professores, com o tempo podem causar um desequilíbrio na

musculatura afetada, produzindo possíveis alterações posturais. Também nesta fase

da adolescência acontecem outras alterações repentinas e desordenadas como o

estirão de crescimento, podendo ser outro fator agravante para o aparecimento das

deformidades na coluna.

Observa-se que as relações humanas constituem-se pelo corpo, através de

um movimento, expressões ou por um gesto significativo. Entende-se que só pode

haver desenvolvimento do indivíduo, se este colocar em suas ações, suas

experiências com seu próprio corpo no mundo. E é aí que a escola tem um papel

fundamental, oportunizando ao aluno o conhecimento sobre seu corpo e a prática de

atividades corporais diversas.

Todos os conhecimentos adquiridos na escola são colocados em prática

através de uma integração do aluno com seu corpo e no meio em que vive. Enfim, o

corpo humano pode ser entendido, seguindo a ideia de que:

[...] um corpo que sente, percebe, fala, chama a atenção para o corpo que somos e vivemos. O corpo é a presença concreta no mundo, porque vei cula gestos, expressões e comportamentos das ações individuais e cole

tivas de um grupo, comunidade ou sociedade. (GALLO,2000, p,67).

O corpo e o movimento estão interligados, e é importante considerar que

ambos fazem parte da vida e do cotidiano do aluno. Sendo que este aluno fica uma

grande parte do seu dia, em um ambiente, que é a sala de aula, que não lhe permite

muitas opções de expressar este corpo. Contudo, é possível repensar então nas

atividades propostas na sala de aula pela maioria das disciplinas curriculares. Essas

exigem muita concentração do aluno, visto que outros mecanismos necessários para

a aprendizagem, também são estimulados como, o visual, auditivo, motor, cognitivo,

e esta exigência leva muitas vezes, o aluno a um estado de fadiga e desmotivação.

Talvez se os conteúdos trabalhados em sala de aula, que enfatizam suas

ações na leitura e escrita, pudessem ser realizados de outras formas, ou lugares

diferentes, permitindo assim aos alunos explorarem suas potencialidades criativas e

suas expressões corporais, tirando-os de períodos prolongados, sentados em

cadeiras desconfortáveis. Talvez assim, a escola tornar-se-ia um ambiente mais

prazeroso e com uma melhor aprendizagem.

Outro fator que afeta a postura dos escolares, comentado por Rebellato,

Caldas e Vitta (1991, p.403), são as consequências do transporte do material

escolar, onde revelam que os alunos sofrem agressões diárias na coluna vertebral.

Fala-se muito neste problema, mas poucas são as soluções.

O aluno deve carregar no máximo um peso referente a 10% do seu próprio

peso, ou seja, uma criança com 50 quilos pode carregar em sua mochila escolar, um

peso equivalente a 5 quilos. Esta criança está em fase de crescimento e os seus

músculos não têm capacidade de suportar muita carga.

Deve-se ressaltar sempre que, a postura envolve uma relação com a

dinâmica, na qual, as partes do corpo se adaptam em respostas aos estímulos

recebidos, de acordo com as experiências vivenciadas, no meio em que está

inserido. Sendo assim, é importante que o aluno tenha uma consciência corporal,

para não permitir que vícios posturais se agreguem ao seu corpo e nele

permaneçam.

O corpo realiza movimentos certos ou errados e esses são determinados

socialmente, indicando o comportamento adequado. O jeito de andar, sentar, os

movimentos com os braços, o olhar, enfim tudo isso tem uma relação com a postura

adotada pelo indivíduo, e é através desta postura que este indivíduo se apresenta

como realmente é. Por isso, ressaltar a importância de se ter uma postura adequada

é fundamental para o aprendizado do aluno, para sua saúde e para sua vida.

É difícil definir qual é a melhor postura, ou a postura correta, pode-se ter uma

ideia de acordo com a definição de alguns autores a seguir.

Postura

A postura bípede do homem resultou da evolução da espécie em milhões de

anos. A espécie humana não tinha, na época do homem primitivo, a postura do

homem contemporâneo. A transformação ocorreu ao longo da história da

humanidade, como resultado da relação do homem com a natureza e com outros

homens. Foi preciso retirar os frutos das árvores para se alimentar, construindo

assim uma nova atividade corporal, o ficar de pé, e a partir daí é que começaram a

aparecer os problemas na coluna vertebral, devido aos maus hábitos posturais,

(COLETIVO DE AUTORES, 1993, p.38).

Segundo Kendall (l955), postura é a posição que envolve o mínimo de

estiramento e de “stress” das estruturas do corpo, com o menor gasto de energia

para se obter o máximo de eficiência, no uso do corpo.

Para Carnaval (2004), postura é aquela em que o indivíduo em posição

ortostática, exige pequeno esforço da musculatura e dos ligamentos para manter-se

nessa posição. Outros autores indicam uma postura adequada como:

a posição do corpo no espaço_não apenas na posição ereta, como também

quando caminha, corre, senta, ajoelha ou deita. A postura não é um

fenômeno determinado. Enquanto realiza uma atividade […] você pode

modificar várias vezes a postura. (MOFFA & VICKERY, 2002, p.125).

Segundo Verderi (2002), a boa postura é aquela que melhor se ajusta ao

sistema músculo esquelético do indivíduo, equilibrando e distribuindo todo o esforço

de suas atividades diárias, de modo a favorecer a menor sobrecarga em cada uma

de suas partes.

Dentre os autores que defendem o bom alinhamento dos segmentos

corporais na posição ortostática como requisito de boa postura, afirmam que a

postura ideal ou padrão é:

a coluna apresenta curvaturas normais e os ossos dos membros inferiores ficam em alinhamento ideal para a sustentação do peso. A posição neutra da pelve conduz ao bom alinhamento do abdome, do tronco e dos membros inferiores. O tórax e a coluna superior ficam em posição que favorece a função ideal dos órgãos respiratórios A cabeça fica ereta em uma posição bem equilibrada que minimiza a sobrecarga sobre a musculatura cervical. (KENDALL, MCCREANY e PROVANCE ,1995, p. 71).

Para se conseguir uma postura adequada, os músculos esqueléticos

precisam responder a estímulos, tendo estes uma relação com as partes do corpo,

portando ocorre um equilíbrio, o qual protegerá as estruturas de sustentação do

corpo e de outras deformidades.

Quando uma pessoa utiliza uma menor quantidade de esforço muscular,

protegendo sua estrutura contra traumas, pode-se dizer que ela tem uma boa

postura, mas quando não há um alinhamento adequado das estruturas do corpo,

surgem então os desvios posturais, provenientes da má postura.

Conseguir manter-se bem em uma posição específica, não quer dizer que os

músculos são fortes ou que possui uma boa postura. A postura representa a

dinâmica corporal assumida no dia a dia pelo indivíduo e são determinadas pelas

motivações que o levam a posicionar o corpo naquela maneira. A ideia que o

indivíduo tem de sua postura é a maneira como ele a percebe e infelizmente a

maioria das pessoas, por falta de conhecimento não percebem certos desvios

posturais em sua coluna vertebral.

Os desvios posturais mais comuns são: lordose, cifose e a escoliose. O alvo

mais comum dessas deformidades são os adolescentes, devido à má postura que

adotam ao realizar suas atividades diárias, e também devido a um condicionamento

físico insuficiente (BRACCIALI; VILARTA, 2000, p.14). É nesta fase da adolescência

que a postura sofre grandes transformações na busca do equilíbrio compatível com

as novas proporções do corpo, associado ao surgimento dos hormônios sexuais, a

postura se adapta as atividades que ela está desenvolvendo (FERREIRA, 2009, p.

357). “A compreensão do bom funcionamento do corpo é crucial para o bom

conhecimento de si próprio” (GELB, 1987, p.13).

O número de escolares dentro de qualquer faixa etária, com alterações na

coluna vertebral, vem crescendo a cada dia. A partir desse quadro, o presente

trabalho tem como objetivo orientar o aluno quanto a uma postura adequada na

realização das atividades diárias, no ambiente escolar e fora dele, e também

aprender a como se prevenir contra possíveis desvios posturais na coluna vertebral.

Metodologia

A metodologia escolhida para este estudo é a pesquisa-ação, que aqui tem

como objetivo os procedimentos de entendimento e conhecimento da realidade

educativa em questão para então procurar transformar a própria realidade, partindo

da própria prática educativa (BRACHT, 2005).

Segundo Thiollent (1998, p.14) “a pesquisa-ação é uma pesquisa social,

concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de

um problema coletivo no qual os pesquisadores e os participantes da situação ou do

problema estão envolvidos de modo cooperativo e participativo”.

De acordo com a realidade dos escolares do Colégio onde atua, a professora

autora deste trabalho sentiu-se a necessidade de elaborar um programa com

medidas preventivas contra desvios posturais, o qual iniciado o mais precocemente

possível, ou seja, com alunos do 6º ano do ensino fundamental, vem auxiliar e

interligar os conteúdos estruturantes da disciplina de Educação Física, realizando

assim um trabalho mais completo e eficaz neste contexto.

Sendo assim, para atender a aplicação do Projeto de Intervenção

Pedagógico na escola, escrito na primeira etapa do PDE, foi elaborado um material

didático pedagógico, mais especificamente uma Unidade Didática, a qual apresenta

dez atividades, entre outras sugestões, de modo criativo e lúdico, para se trabalhar

com os alunos, sensibilizando-os a conhecer e entender o corpo prevenindo contra

possíveis deformidades na coluna vertebral.

A amostra para este estudo constituiu-se de trinta e quatro alunos de ambos

os sexos, com idade entre 10 a 12 anos.

Desenvolvimento das atividades

No primeiro semestre de 2012, sob orientação da IES, se procedeu a

elaboração do Projeto de Intervenção Pedagógica.

No segundo semestre de 2012 foi elaborado o Material Didático Pedagógico,

dentro dos objetivos que se buscava para a implementação pedagógica na escola.

Na terceira etapa do PDE, primeiro semestre de 2013, iniciou-se a

implementação pedagógica no Colégio, onde na Semana Pedagógica foi

apresentado este trabalho para a direção, equipe pedagógica e a todos os

professores do Colégio.

No mês de março de 2013, começou a implementação com os alunos. Como

primeiro passo, foi apresentado o trabalho para os alunos, o porquê de se trabalhar

este tema, sensibilizando-os da necessidade de aprender a cuidar do seu corpo.

Com o objetivo de informar ao aluno como é formada a estrutura do corpo

humano, foram aplicadas algumas aulas onde ele conheceu o esqueleto humano,

sabendo a nomenclatura e localização dos ossos, e também de alguns músculos.

Foi usado o laboratório do Colégio, onde há um esqueleto de tamanho natural, foi

também assistido um vídeo sobre o corpo humano, destacando principalmente a

coluna vertebral. Estas aulas despertaram a curiosidade dos alunos, os quais

fizeram vários questionamentos a respeito do esqueleto. Na sequência aplicou-se

uma atividade de caça-palavras em que o aluno procurou o nome dos ossos citados

pela professora e localizou-os em uma figura do esqueleto.

Com a apresentação de slides na atividade seguinte, explicaram-se as

maneiras corretas e incorretas na realização das ações diárias de um indivíduo,

possibilitando ao aluno distinguir o certo do errado em ações como: andar, sentar,

deitar, levantar objetos pesados, carregar mochilas, entre outros.

Nesta mesma atividade o educando foi orientado a observar em casa as

ações realizadas pelos pais, irmãos e analisar se estavam certas ou erradas. Na

sala de aula, analisaram figuras impressas em uma folha, de ações realizadas pelos

indivíduos diariamente, escrevendo a letra C para as corretas e a letra E para as

erradas.

Orientados pela professora em sala de aula, os alunos realizaram em casa

um teste denominado espelho, espelho, meu...,onde sem ou com pouca roupa,

observaram na posição de frente para o espelho, alguns pontos em seu corpo como:

os ombros estão na mesma altura, o contorno da cintura, posicionamento dos

braços, alinhamento dos joelhos em relação aos pés. Após posicionando de lado

para o espelho observaram se os ombros estavam caídos à frente, curvatura lombar,

braços centralizados ao longo do corpo, entre outros. Após esta observação, o aluno

fez um relatório pontuando o que analisou e levou para ser discutido em sala de aula

com a professora e os colegas. Desta discussão resultou um entendimento que

manter uma postura adequada é um exercício diário, fundamental para a saúde.

Destacar os principais desvios posturais como a cifose, lordose e escoliose

foi a próxima tarefa realizada, a qual através de imagens em vídeos, fotos, puderam

comparar uma coluna considerada normal com outras apresentando os desvios

posturais.Definindo cada um dos desvios posturais e identificando-os através das

imagens, ficando claro para eles essas deformidades na coluna vertebral.Como

verificação, os alunos desenharam em bonecos impressos, curvas simulando uma

escoliose, cifose e lordose.

Conhecendo como fica uma coluna vertebral com desvios posturais, foi a vez

de investigar a posturas dos próprios alunos participantes deste trabalho.

Para esta investigação, foram realizados testes pela professora, onde a turma

foi dividida em duas. Primeiramente com as alunas, e para terem mais privacidade, o

teste foi realizado no laboratório do Colégio. As alunas usaram um top, facilitando

assim a observação da coluna vertebral pela professora.

O teste realizado foi o de Adams em que a professora utilizou uma caneta de

ponta porosa, podendo ser usado também um lápis dermatográfico.

Posição do aluno: pés paralelos, pernas estendidas, tronco flexionado a

frente, braços soltos ao longo de corpo. Foi marcado com a caneta, cada processo

espinhoso da coluna, começando no pescoço até o quadril.

Voltando com o tronco na posição reta, verificou-se a sequência dos

pontinhos marcados na coluna, observando curvaturas acentuadas ou não.

Para o segundo teste, o aluno ficou deitado em um colchonete em decúbito

dorsal, pernas semiflexionadas, pés apoiados no chão. A professora deslizando a

mão entre o colchonete e a coluna lombar do aluno, verificando se esta curva estava

muito acentuada ou não.

Desenhado um campo quadricular na parede com quadrados de cinco

centímetros, tendo um metro quadrado de área, com o aluno posicionado de costas

para este quadro, permitiu-se analisar a linha dos ombros, o posicionamento da

cabeça. Com o aluno de lado para o quadro, observaram-se os ombros, caídos á

frente, como também o posicionamento dos braços ao longo do corpo.

Para o quarto e último teste, o aluno posicionado com pés paralelos, pernas

estendidas, tronco flexionado a frente e braços soltos ao longo do corpo, a

professora posicionada atrás, sentada em uma cadeira a um metro de distância do

aluno, analisa as costas, se um dos lados estiver mais alto, podendo ser uma

gibosidade, devido a uma deformidade na coluna vertebral.

Com esta investigação, conseguiu-se identificar deformidades na coluna

vertebral de alguns alunos, os quais foram orientados pela professora a corrigir a

postura ao realizarem determinadas ações, os pais também foram avisados e

orientados a encaminhar seu filho a um médico especialista.

Conhecendo um pouco mais sobre os desvios posturais, após realizar os

testes, agora foi a vez de aluno investigar posturas inadequadas realizadas no

ambiente escolar.

Com posse de caneta, papel, prancheta, binóculo, saíram pelo colégio

observando as pessoas nos vários ambientes como, sala de aula, corredores, pátio,

quadra esportiva, sala dos professores, anotando o que consideravam inadequado

nas ações realizadas pelas pessoas como, andar, sentar, correr, carregar mochilas,

posturas estáticas e outras.

Após esta investigação, os alunos retornaram à sala de aula onde foi

elaborado um quadro com dois lados A e B. Neste quadro foram listadas as ações

investigadas por eles no lado A e no lado B, como corrigir cada uma das ações. Isto

foi feito após uma discussão da turma com a professora.

Aprender com a prática que carregar a mochila escolar com excesso de peso

é prejudicial para a coluna vertebral, ajudou o aluno a entender que esta ação

realizada por ele todos os dias, necessitava ser corrigida.

Para isto, foi realizada uma atividade: os alunos foram pesados e anotados o

peso em uma ficha. Após foram pesadas as mochilas escolares, anotando também

este dado na mesma ficha.

Com estes dados, foi calculada a porcentagem para o aluno saber se o peso

da sua mochila está dentro dos 10% do seu peso corporal, sugerido como ideal pela

Organização Mundial da Saúde (OMS).

Na sequência foi realizada uma faxina nas mochilas dos alunos, onde eles

separaram os objetos considerados supérfluos para aquele dia de aula. Foram

pesados também estes objetos, mostrando para cada um o quanto de peso a mais

ele carregava em sua mochila todos os dias, prejudicando com isso a sua coluna

vertebral e como consequência a sua postura.

Segundo Schettino (2005), o peso excessivo das mochilas escolares gera

sobrecarga mecânica no corpo do estudante. A mochila muito pesada leva o

adolescente a fazer um esforço além do que poderia suportar, trazendo transtornos

como estresses e dores.

Mostrar para o aluno que é possível realizar ações diárias de maneira

adequada, evitando os vícios posturais, que nesta atividade foi trabalhado como

realizar algumas ações corretamente, atendendo o objetivo que é dar condições ao

aluno de aprender a posicionar adequadamente sua coluna vertebral.

Através de slides, figuras em livros e revistas e orientações da professora,

foram indicadas então algumas ações diárias realizadas de modo a não prejudicar a

coluna vertebral e a postura. Aprender como andar, sentar, correr, deitar, carregar

mochilas, sacolas, erguer objetos pesados, calçar sapatos, utilizar as carteiras

escolares por um longo período, alongamentos, foram ações executadas pelos

alunos de maneira correta, fixando assim este aprendizado.

Importante destacar que o aluno se conscientizou da necessidade de alongar

o seu corpo todos os dias, conhecendo e realizando os alongamentos nas aulas de

Educação Física, dando possibilidade de execução destes alongamentos nos

intervalos das aulas, dentro mesmo da sala de aula, envolvendo inclusive os

professores de outras disciplinas, estendendo esta prática para casa, com todos os

familiares.

Realizada a implementação das atividades previstas no Material Didático

Pedagógico, foi aplicada para finalizar, uma atividade de avaliação para os alunos.

Devido o material e ao local utilizado para a avaliação, necessitou dividir a

turma em duas partes. A avaliação foi realizada no laboratório de Biologia do

colégio, primeiramente com as alunas.

Esta atividade de avaliação está contida na Unidade Didática, elaborada pela

autora deste trabalho. Teve como finalidade verificar o que de fato o aluno aprendeu

dentro do conteúdo proposto neste estudo.

Realizando esta avaliação de forma lúdica, ou seja, um jogo, onde os alunos

em uma aula anterior a avaliação, ajudaram a confeccionar uma base recortando em

forma retangular uma folha de papel sul fite com tamanho de 20 X 15 cm, dividindo

com linhas na vertical em três partes. Cada parte foi pintada de uma cor, na

sequência, amarelo, verde e azul.

A avaliação foi composta por 16 questões objetivas, onde para cada questão

existiam três alternativas, sendo somente uma a correta. Foi dado apenas o gabarito

da avaliação para os alunos, com o número da questão e as alternativas a, b, c. As

questões foram passadas em forma de slides na TV pendrive, uma a uma. Após a

leitura, os alunos marcaram com um X a alternativa escolhida por eles como correta.

Na sequência, com lápis de cores, amarela, verde e azul, os alunos marcaram

com um X ao lado das alternativas de cada questão, conforme orientação dada pela

professora da sequência das cores. Sempre a alternativa correta foi marcada com a

cor verde. Após os alunos marcarem as questões com as cores, de posse de uma

base e dezesseis toquinhos de madeira, iniciou-se o jogo.

Para cada questão, o aluno colocou um toquinho de madeira sobre a base,

indicando a sua resposta, ou seja, se respondeu a alternativa correta, o toquinho foi

colocado na cor verde, no centro da base, se marcou azul ou amarelo, o toquinho foi

colocado nas laterais e assim sucessivamente.

Este jogo simbolizou uma coluna vertebral, onde o aluno que acertou todas

as questões montou a sua coluna vertebral reta, e aquele que obteve erros, montou

a sua coluna vertebral com desvios.

“Quem deve cuidar de sua coluna é você mesmo” (KNOPLICH, 1984).

Todas as atividades realizadas nesta implementação, teve como objetivo

sensibilizar o aluno da necessidade de conhecer e cuidar do seu corpo, evitando

assim prejuízos a sua coluna vertebral, comprometendo com isso a sua saúde.

Além do trabalho de intervenção com os alunos no Colégio, também durante

a terceira etapa do PDE, foi realizado o Grupo de Trabalho em Rede (GTR), uma

proposta da Secretaria de Educação com o intuito de integrar os professores da

Rede Pública com o mesmo interesse no tema deste estudo. Cada professor PDE,

assumiu como tutor um grupo de professores os quais participaram de discussões,

reflexões e trocas de experiências dentro do tema proposto, colaborando e

enriquecendo este projeto de pesquisa.

Analise e discussão dos dados

Depois de aplicadas as atividades na intervenção pedagógica, foram

levantados dados os quais comprovaram o aprendizado dos alunos no assunto

deste estudo, postura corporal e realizações de atividades diárias dentro do

ambiente escolar de modo inadequado, e as consequências destes hábitos

posturais, já aparentes em alguns alunos.

Na primeira atividade aplicada tendo como objetivo identificar e localizar dez

ossos do esqueleto humano obteve-se os seguintes resultados:

Apenas um aluno teve 100% de aproveitamento, um aluno 90%, quatro alunos 80%,

quatro alunos 70%, sete alunos 60%, um aluno 50%, três alunos 40%, dois alunos

30%, um aluno 20%, três alunos 10%, e cinco alunos sem aproveitamento.

Em outra atividade onde os alunos deveriam distinguir nas ações

apresentadas de postura, certas ou erradas, 100% dos alunos souberam distinguir

as ações.

Conhecer e identificar os desvios posturais mais comuns como a cifose,

hiperlordose e escoliose, era o propósito desta atividade. Dos 34 alunos que

realizaram a atividade, quinze alunos identificaram os três desvios posturais, dez

alunos identificaram dois desvios posturais e oito alunos identificaram apenas um

dos desvios posturais.

Realizado os testes práticos com os alunos, para investigar possíveis

alterações na coluna vertebral, verificou-se que:

Três alunos apresentaram o ombro direito mais baixo em relação ao ombro

esquerdo, em sete alunos observou-se o ombro esquerdo mais baixo em relação ao

ombro direito, quatro alunos apresentaram uma curvatura lombar mais acentuada,

dois alunos uma visível escoliose, três alunos com uma leve gibosidade.

Os demais alunos em número de quinze, não apresentaram visivelmente nos testes,

nenhuma alteração.

Os resultados dos testes foram verificados através de observações, podendo

apontar erros se forem analisados por um médico especialista, mas como o objetivo

deste trabalho é a prevenção, os pais dos alunos foram comunicados sobre estes

resultados e orientados a encaminharem seus filhos a um médico especialista, para

uma averiguação.

Na atividade denominada como Faxina, verificou-se o peso das mochilas dos

escolares, apontando os seguintes resultados:

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o peso considerado

como ideal das mochilas dos alunos não deve ultrapassar de 10% em relação ao

seu peso corporal. Dos alunos pesquisados, 80% carregam mochilas escolares com

excesso de peso, 20% dos alunos carregam o peso considerado como ideal nas

mochilas. Foi interessante averiguar que dos 34 alunos pesquisados, 19 deles

carregam além dos materiais escolares, um peso extra, que são os objetos

considerados supérfluos trazidos por eles para a escola, todos os dias.

Considerou-se importante destacar alguns dados como: o aluno A, pesou 37

Kg e sua mochila 8,700 Kg. O aluno B com 44 Kg carrega uma mochila escolar com

10,900Kg e o aluno C com 35 Kg e sua mochila pesou 10,100 Kg.

Estes alunos estão dentro da faixa etária de 10 a 12 anos, ou seja, crianças

carregando um peso de 2 a 3 vezes a mais que o seu corpo suporta.

Na avaliação final composta por 16 questões, os resultados foram:

Quatro alunos obtiveram 100% de acertos, oito alunos 90% de acertos, seis alunos

80% de acertos, quatro alunos 70%, três alunos 60%, quatro alunos 50% e dois

alunos 40% de acertos.

Conclusão Final

A pretensão deste trabalho de pesquisa era de atingir todos os alunos do 6º

ano do Ensino Fundamental do Colégio, porém isto não foi possível devido a

diminuição da carga horária da disciplina de Educação Física para o Ensino

Fundamental, dificultando trabalhar o conteúdo do planejamento bimestral, incluindo

o Projeto de Intervenção Pedagógica.

A solução encontrada foi pedir ajuda aos professores das outras disciplinas

que foram solidários, cedendo algumas de suas aulas.

Outra dificuldade encontrada foi o fato dos alunos não terem a

disponibilidade de coparecerem ao Colégio no contra turno. Contudo, a intervenção

pedagógica aconteceu somente com uma das turmas do 6º ano do Colégio.

Um dos fatores que chamou muito a atenção foram os hábitos posturais não

adequados nas ações realizadas pelos alunos no ambiente escolar, observados pela

autora deste trabalho, a preocupação com o corpo é quase inexistente neste sentido

de uma postura adequada, o que possibilita o surgimento das deformidades na

coluna vertebral e uma má postura. Constatou-se que isto se deve pela falta de

maturidade dos alunos nesta faixa etária.

É preciso salientar que uma boa postura é um hábito que o indivíduo adquire

praticando e que para os alunos nesta faixa etária dos 10 a 12 anos, isto ainda é

difícil de entender.

Ao término da intervenção pedagógica com os alunos, chegou-se a

conclusão que há a necessidade de implementar um programa de atividade física e

educação postural bem orientados na escola, que sensibilize os alunos da

necessidade de modificar ações inadequadas realizadas no seu dia-a-dia, para que

estes não se tornem hábitos na adolescência e na fase adulta. Mas para que esta

ação se torne efetiva e tenha sucesso, é necessária a participação de todos, família,

escola e comunidade.

Este estudo contribuiu para sensibilizar os alunos da necessidade de

conhecer e cuidar do seu corpo, porém como demonstra os resultados, ainda não

foram suficientes para que estas mudanças ocorram nas ações realizadas pelos

alunos, acredita-se que isto se deve pelo fato da pouca idade dos participantes

desta pesquisa.

Sendo assim, faz-se necessário, dar continuidade a este projeto, incluindo

este tema ao planejamento anual da disciplina de Educação Física, possibilitando ao

aluno oportunidades de realizar medidas preventivas contra possíveis desvios

posturais, investigando o seu comportamento preventivo em longo prazo.

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