Meditações para Maltrapilhos

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Devocional de Brennan Manning

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Copyright © 1998 por Brennan ManningPublicado originalmente por Harper San Francisco, uma divisão da Harper Collins Publishers, New York, EUA

Editora responsável: Silvia JustinoEditora assistente: Tereza GouveiaSupervisão editorial: Ester TarroneAssistente editorial: Miriam de AssisRevisão: Polyana LimaCoordenação de produção: Lilian MeloColaboração: Pâmela MouraCapa: Douglas LucasImagem: Photodisc

Os textos das referências bíblicas foram extraídos da Nova Versão Internacional (NVI), da Sociedade Bíblica Internacional, salvo indicação específi ca.

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19/02/1998.É expressamente proibida a reprodução total ou parcial deste livro, por quaisquer meios (eletrônicos, mecânicos, fotográfi cos, gravação e outros), sem prévia autorização, por escrito, da editora.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Manning, Brennan,

Meditações para maltrapilhos / Ann McMath Weinheimer, org.; traduzido por Fabiani Medeiros — São Paulo: Mundo Cristão, 2008.Título original: Refl ections for Ragamuffi ns

ISBN 978-85-7325-548-5

1. Calendários devocionais 2. Conduta de vida 3. Espiritualidade 4. FéI. Weinheimer, Ann McMath II. Título.

08-06837 CDD-242.2

Índice para catálogo sistemático:1. Fé: Refl exões: Calendários devocionais: Cristianismo 242.2Categoria: Devocional

Publicado no Brasil com todos os direitos reservados por:Editora Mundo Cristão Rua Antônio Carlos Tacconi, 79, São Paulo, SP, Brasil, CEP 04810-020 Telefone: (11) 2127-4147Home page: www.mundocristao.com.br

1ª edição: novembro de 2008

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Para Paul Sheldon, por uma amizadecomo aquelas que só ocorremuma vez em toda uma vida.

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Antes de começar...

Os dicionários defi nem maltrapilho como “esfarrapado”, “roto”, “pelintra”, “men-digo”, “pedinte”. Mas a defi nição bíblica de maltrapilho vai muito além, como mostra qualquer exame rápido das Escrituras.

Ao passearmos tranqüilamente pelos corredores da história da salvação, obser-vamos que Deus sempre demonstrou um afeto especial pelos pobres e pequeninos, pelos humildes de coração. Desde o instante em que a teocracia é formada, no monte Sinai, Javé quis de Israel a compreensão de que ele esperava algo mais de seu povo eleito que a mera observância externa à lei mosaica. Com o passar dos anos, foi fi cando cada vez mais evidenciado para os israelitas o fato de serem exatamente os maltrapilhos (os anawim — literalmente, “pequenos e pobres” —, como eram chamados em hebraico) o objeto especial da ternura e da compaixão de Deus.

A princípio, o termo maltrapilho tinha contornos somente sociológicos ou eco-nômicos. Os maltrapilhos eram os desabrigados, os sem-terra, os meninos e as me-ninas de rua, os despojados, a quem um dia Deus tornaria novamente prósperos. Mais tarde, com a infl uência do profeta Isaías, o termo adquiriu sentido espiritual de enorme profundidade. O ministério de Isaías iniciou-se com uma visão de Deus “assentado num trono alto e exaltado [...]. Acima dele estavam serafi ns [...]. E proclamavam uns aos outros: ‘Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos...’”. A visão deixou em sua alma uma marca incandescente e indelével: Deus é totaliter aliter, Totalmente Outro. Os sentimentos humanos não podiam tocá-lo, e o pen-samento humano não era capaz de contê-lo. Como Charles de Foucauld aprendeu no momento de sua conversão: “Deus é tão grande que há uma distância infi nita entre Deus e tudo o que não é Deus”.

A idéia do mistério é ainda desconcertante para boa parte das mentes moder-nas, mas constitui a pulsação dos profetas e dos santos de todas as eras. Eles sabem que Deus pode fazer qualquer coisa e agirá desde que os homens e as mulheres sejam sufi cientemente humildes para reconhecer que necessitam dele.

Os profetas posteriores, seguindo os passos de Isaías, chamaram a essas pes-soas simples e humildes anawim ou, transpondo para um conceito que possamos entender hoje: “maltrapilhos”. Foi assim que os vocábulos relacionados à pobreza deixaram de ter sentido exclusivamente econômico para também abarcarem nu-anças espirituais. No alicerce dessa mutação, estava o princípio de Isaías: Deus

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executa seus atos divinos somente quando as pessoas reconhecem a insufi ciência humana delas próprias (ou, no linguajar dos AA, sua “impotência humana”). Os verdadeiros amigos de Deus foram aqueles que se sentiram realmente pobres diante dele. Perceberam que o ato mais fundamental da religião era o fato de deverem a vida e o próprio ser a Outro. A dependência e a rendição amorosa consistiam para eles próprio fôlego de vida. Os maltrapilhos eram os pobres em espírito, pequenos aos próprios olhos, cientes de sua nudez e pobreza diante de Deus, por isso mesmo entregando-se sem reservas a sua misericórdia.

Era esse o espírito que Deus procurava em seu povo; é a única atitude que con-diz com a condição de criatura própria do ser humano. Alia um senso de impotên-cia da pessoa com uma confi ança infalível no amor de Deus e uma rendição total à orientação de sua vontade. Os maltrapilhos eram na realidade o remanescente, o verdadeiro Israel para quem as promessas messiânicas haviam sido feitas.

Quando por fi m o Filho de Deus abre as cortinas da eternidade e lá em Belém fi nca o pé na história humana, os que dão o passo de encontrá-lo são os verda-deiramente pobres em espírito: José, Zacarias e Isabel, Simeão e Ana, os pastores e os magos. Esses formaram sua corte, o remanescente sagrado de maltrapilhos prometido pelos profetas. Muito antes, porém, o olhar de Deus havia repousado com afeição especial sobre Maria, a jovem judia de Nazaré. Ninguém era mais ver-dadeiramente pobre em espírito, tão profundamente ciente de necessitar dele, tão inteiramente rendido a sua vontade. Foi por isso que ele a escolheu para ser a mãe do Messias — o menor e mais humilde na longa sucessão de maltrapilhos.

Como era de esperar, quando Jesus começa seu ministério profético, de imedia-to identifi ca o espírito de maltrapilho que havia nele: “... aprendam de mim, pois sou manso e humilde de coração...”. E que dizer do primeiro grupo chamado para o reino? “Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos céus.”

Meditações para maltrapilhos consiste numa série de refl exões escritas num espaço de 22 anos — anos de alegria e sofrimento, de fi delidade e infi delidade, de compromisso intenso e graves recaídas, de vida desordenada e esforço intenso por ser fi el a Jesus. Compartilho essas refl exões com um alvo específi co em men-te: não desejando transmitir pensamentos inspiradores, mas esperando despertar, ressuscitar e reavivar uma confi ança radical e inamovível no Deus representado em forma corpórea no Carpinteiro de Nazaré.

Creio piamente que o esplendor de um coração humano que confi e na verdade de ser amado de modo incondicional confere maior prazer a Deus e lhe traz mais deleite do que a catedral mais magnífi ca jamais erigida ou o órgão mais estrondoso jamais tocado.

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Confi ar de forma inabalável hoje num maltrapilho é algo extraordinário, por-que em geral exige um grau de coragem que chega às raias do heroísmo. Quando a sombra da cruz de Cristo recai sobre as pessoas na forma de fracassos, pesares, re-jeição, abandono, desemprego, solidão, depressão, a perda de um querido; quando fi camos surdos a tudo o mais, exceto ao bramido estridente da nossa própria dor; quando o mundo ao redor repentinamente se apresenta como um lugar ameaçador e hostil, bem podemos bradar de angústia: “Como um Deus de amor permite que isso aconteça?”. E assim é lançada a semente da desconfi ança, obrigando-nos a uma situação de escolha: nos afastaremos de Deus, ou nos voltaremos em direção a ele mesmo quando a escuridão o esconde de nossa visão? Escolher a luz de Deus na noite escura do desespero é um ato heróico de coragem.

Continuo a deparar com essa escolha nos momentos mais sombrios, solitários e desalentadores de minha vida. Ao convidá-lo a unir-se comigo nessa viagem de maltrapilho, não peço mais de você do que peço de mim mesmo: que confi e no amor de Deus não importando o que nos aconteça.

Brennan Manning

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O amor de Deus

1º de janeiro

O amor de Deus não depende de coisa alguma, e é o fato de não depender de nada que nos dá segurança. Bastava estarmos fi ados em qualquer coisa que fi zéssemos para que então, desabando essa “coisa qualquer”, o amor de Deus também ruísse. Mas com o Deus de Jesus isso jamais é possível. As pessoas que percebem isso con-seguem viver de modo mais liberto e com mais plenitude. Lembra-se de Atlas, que carrega o mundo inteiro sobre os ombros? Temos também muitos Atlas cristãos que equivocadamente carregam o peso de tentar merecer o amor de Deus. Mesmo a simples observação da vida dessas pessoas é deprimente. Sabe o que eu gostaria de dizer ao Atlas? “Largue esse globo e dance sobre ele.” E para esses Atlas cristãos exaustos? “Largue sua carga e construa a vida sobre o amor de Deus.” Não preci-samos fazer por merecer esse amor; nem somos responsáveis por sustentá-lo. É um dom gratuito. Jesus chama a plenos pulmões: “Venham a mim todos vocês, Atlas, que estão cansados e acham a vida um fardo, e eu os aliviarei”.

O SENHOR lhe apareceu no passado, dizendo:“Eu a amei com amor eterno;

com amor leal a atraí”.

Jeremias 31:3

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A encarnação da compaixão

2 de janeiro

As inúmeras curas físicas realizadas por Jesus com o propósito de mitigar o sofri-mento humano servem apenas de pequena mostra de como o coração do Filho de Deus se angustia pela humanidade ferida. Sua compaixão é visceral, brota do íntimo e opera num grau que nós humanos simplesmente não somos capazes de reproduzir. Jesus era capaz de sentir e compreender as profundezas da tristeza hu-mana. Fez-se perdido com os perdidos, faminto com os famintos e sedento com os sedentos. Na cruz, peregrinou aos longínquos extremos da solidão, de modo que pudesse fi car solitário com os solitários e despojar a solidão de seu poder letal ao participar dela ele mesmo.

Foi o que fez então e continua a fazer mesmo hoje. Jesus vibra diante da es-perança e do temor, das celebrações e dos abatimentos de cada um de nós. Ele é a encarnação da compaixão do Pai. Foi Meister Eckhart, místico do século XV, quem escreveu: “Você pode chamar a Deus de amor, você pode chamar a Deus de bondade, mas o melhor nome para Deus é compaixão”. Quando falamos de Jesus Cristo como Emanuel, Deus conosco, afi rmamos que o maior amante da história sabe o que é que nos fere. Jesus revela um Deus incapaz de se mostrar indiferente diante da agonia humana, um Deus que abraça plenamente a condição humana e mergulha com profundidade em nossa luta humana.

Jesus chamou os seus discípulos e disse:“Tenho compaixão desta multidão; já faz três dias

que eles estão comigo e nada têm para comer.Não quero mandá-los embora com fome,porque podem desfalecer no caminho”.

Mateus 15:32

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O desafio de crescer

3 de janeiro

Deus algumas vezes introduz em nossa vida uma tensão capaz de criar algo, cha-mando-nos, por exemplo, para levantar acampamento, abandonar a segurança e o conforto que experimentamos e embarcar em arriscada liberdade num novo êxodo. É em momentos como esses que nossa insegurança e nossa procrastinação podem concentrar-se somente nas implicações mais difíceis do desafi o e nos fazer mergu-lhar de novo numa culpa nada saudável. Permanecer teimosamente parados onde estamos quando o Senhor claramente nos desafi a ao crescimento é dureza de co-ração, infi delidade e falta perigosa de confi ança. Mas começar a vagar pelo deserto impulsivamente sem a direção da nuvem e do fogo é insensatez inconseqüente. Quando o chamado de Deus não fi ca claro e a voz interior permanece indistinta, nossa inquietação e a ansiedade que experimentamos interiormente podem estar sinalizando um novo êxodo para uma abertura maior, uma vulnerabilidade maior, uma compaixão maior, uma pureza mais profunda de coração, uma mente e um espírito transformados. O cenário geral da igreja está salpicado em toda parte com corpos exauridos e com o aborto de ministérios que nasceram da culpa insalubre e do medo de resistir à vontade de Deus.

Quem nos absolverá da culpa? Quem nos libertará do cativeiro do desejo de projeção, do perfeccionismo e do moralismo? Quem reescreverá o roteiro? Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor!

Quando virem a arca da aliança do SENHOR, o seu Deus, e os sacerdotes levitas

carregando a arca, saiam das suas posições e sigam-na. Mas mantenham a distância de cerca de novecentos metros

entre vocês e a arca; não se aproximem! Desse modo saberão que caminho seguir, pois vocês nunca passaram por lá.

Josué 3:3-4

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Quando somos amados

4 de janeiro

Vários anos atrás, um ministro de Detroit chamado Edward Farrell foi visitar pa-rentes na Irlanda numas férias de verão de duas semanas. Seu único tio vivo ia comemorar oitenta anos. No grande dia, Ed e seu tio se levantaram cedo. Era antes do alvorecer. Saíram para caminhar nas margens do lago Killarney e então pararam para observar o nascer do sol. Ficaram lado a lado por vinte minutos e depois con-tinuaram a caminhada. Ed fi tou o tio, vendo que o rosto deste se abria num grande sorriso. O sobrinho então lhe disse:

— Tio Seamus, você parece tão feliz.— Estou mesmo, rapaz.— Quer me contar por quê? — perguntou Ed.Ao que o tio responde: — O Pai de Jesus gosta muito de mim.Como você responderia se lhe fi zessem a seguinte pergunta: “Você sinceramen-

te crê que Deus gosta de você, e não apenas o ama porque teologicamente tem de amá-lo?” Deus necessariamente ama, porque é de sua natureza; sem a geração in-terior e eterna de amor, ele cessaria de ser Deus. Mas, se você puder responder “O Pai gosta muito de mim”, você receberá uma tranqüilidade, uma serenidade e uma atitude de compaixão para consigo mesmo que refl ete a própria ternura de Deus. Em Isaías 49:15, Deus diz: “Haverá mãe que possa esquecer seu bebê que ainda mama e não ter compaixão do fi lho que gerou? Embora ela possa esquecê-lo, eu não me esquecerei de você!”.

Ninguém conseguirá resistir a você todos os dias da sua vida.Assim como estive com Moisés, estarei com você;

nunca o deixarei, nunca o abandonarei.

Josué 1:5

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Seu amor leal

5 de janeiro

O coração do Pai era o esconderijo de Jesus, um lugar fortalecido e protegido em que Deus se fazia próximo, em que se renovava a intimidade do deserto, onde jamais morriam a confi ança, o amor e a percepção que tinha de si mesmo, sendo todos esses, antes, continuamente reacesos. Em momentos de oposição, de rejei-ção, de ódio e de perigo, ele se retirava para aquele esconderijo em que era amado. Em momentos de fraqueza e temor, nasciam lá uma força e uma inabalável per-severança. Diante das incompreensões e das desconfi anças que só aumentavam, apenas o Pai o compreendia. “... Ninguém sabe quem é o Filho, a não ser o Pai...” (Lc 10:22). Os fariseus conspiraram secretamente para destruí-lo; os amigos das horas boas estenderam a outros seu compromisso de lealdade; um discípulo o ne-gou e outro o traiu; mas nada podia afastar Jesus do amor do Pai. Na reclusão dos lugares desertos, ele marcava encontros com El Shadai, e é difícil imaginar o que aqueles momentos signifi cavam para ele. Mas de uma coisa podemos estar certos: eram profundamente reforçadas a identidade e a percepção — originais, crescentes e defi nitivas — de Jesus como Filho, Servo e Amado do Pai. Nada pode prejudicar a proclamação das boas notícias acerca da vida eterna nem impedir que se ajudem as pessoas num modo de vida que lhes permita crescer em direção à eternidade — um caminho de paz e justiça, com espaço para que a dignidade humana seja reconhecida e o amor fl oresça.

Graças ao grande amor do SENHOR é que não somos consumidos,pois as suas misericórdias são inesgotáveis.

Renovam-se cada manhã; grande é a sua fi delidade!

Lamentações 3:22-23

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No centro do evangelho

6 de janeiro

Jesus Cristo não só é o centro do evangelho, mas o evangelho como um todo. Os quatro evangelistas nunca se concentram em outra personalidade. Pessoas secundá-rias permanecem em segundo plano; homens marginais permanecem na margem. A ninguém mais se permite que tome o centro do palco. Várias pessoas aparecem somente para interrogar Jesus, responder a ele ou reagir diante dele. Nicodemos, a mulher samaritana, Pedro, Tomé, Caifás, Pilatos e vários outros servem de fundo à pessoa de Jesus. Todos fi cam minúsculos diante dele. E é assim que deve ser, porque o Novo Testamento é oportunidade de salvação. Quando se fecharem as cortinas do último ato, Jesus roubará a cena de todos os famosos, belos e poderosos que ja-mais viveram no curso da história humana. Cada pessoa será vista em sua resposta a Jesus. Como afi rmou T. S. Eliot: “Ó minh’alma, prepara-te para o encontro com aquele que sabe fazer perguntas”. Esse é o correto entendimento teológico do Novo Testamento e do senhorio escatológico de Jesus Cristo.

Se vivemos pelo Espírito,andemos também pelo Espírito.

Gálatas 5:25

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O coração atribulado

7 de janeiro

“O diabo nunca fi ca mais contente”, disse Francisco de Assis, “do que quando rouba a paz do coração de um servo de Deus”. A paz e a alegria fi cam em baixa quando tudo que o coração de um cristão anseia é um sinal após outro do amor misericordioso de Deus. Ele não conta com nada, e nada é recebido com gratidão. Os olhos afl itos e o cenho franzido do crente ansioso são sintomas de um coração em que a confi ança não encontrou morada. O próprio Senhor deve atravessar co-nosco todas as sombras do espectro emocional — desde a fúria até o divertimento, passando pelas lágrimas. Mas permanece a verdade pungente: não confi amos nele. Não temos a mente de Cristo Jesus.

Ele lhes disse: “Por que vocês estão perturbadose por que se levantam dúvidas no coração de vocês?”.

Lucas 24:38

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Apresentando-nos diante de Deus

8 de janeiro

O Senhor ouve o clamor dos pobres. Quando declaramos trégua ao ódio que ali-mentamos por nós mesmos e abraçamos o que realmente somos, inicia-se o pro-cesso da libertação. Mas muitas vezes receamos fazê-lo por temer a rejeição. Como Quasímodo, o corcunda de Notre Dame que se imaginava hediondo, cobrimos com cosméticos e maquiagem espiritual nossa desgraça e suposta feiúra para nos tornarmos apresentáveis diante de Deus. Não é esse o nosso verdadeiro eu. A oração autêntica chama-nos a uma sinceridade rigorosa, a sair do esconderijo, a desistir de procurar parecer impressionantes, a reconhecer nossa total dependência de Deus e a realidade de nossa situação pecaminosa. É um momento de verdade quando as defesas caem e as máscaras são derrubadas num ato instintivo de humildade.

Pois estamos tendo o cuidadode fazer o que é correto,

não apenas aos olhos do Senhor,mas também aos olhos dos homens.

2Coríntios 8:21

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A voz de Deus na oração

9 de janeiro

Talvez o principal motivo por que somos praticantes tão precários da arte de ser-mos humanos, a razão por que tantas vezes fi camos na corda bamba entre o ódio próprio e o desespero, é que simplesmente não oramos. Oramos tão pouco tem-po, tão raras vezes e tão insatisfatoriamente. Para todas as demais coisas temos tempo livre sufi ciente. Visitas, encontros informais, fi lmes, partidas de futebol, concertos, uma noite com amigos, um convite irrecusável — e todas essas coisas são boas, porque é natural e saudável que vivamos em comunidade. Mas, quando Deus requer nosso tempo, empacamos. Será que realmente cremos que ele se de-leita em conversar com seus fi lhos? Se Deus tivesse um rosto, que tipo de expressão ele mostraria a você neste exato momento?

Será que a expressão de seu rosto lhe diria: “Quando vai crescer? Estou farto de você e de suas obsessões. Minha paciência se esgotou. Vamos ter um pequeno ajus-te de contas”? Se Deus dissesse uma única palavra a você, seria “Arrependa-se”? Ou será que ele diria: “Obrigado. Você sabe que alegria é viver em seu coração? Você sabe que eu olhei para você e o amei por toda a eternidade?”? O que Deus diria? Qual é o retorno que você recebe de seu Criador?

Então vocês clamarão a mim,virão orar a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procurarão e me acharão

quando me procurarem de todo o coração.

Jeremias 29:12-13

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