Mediunidade e doutrina

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Estudos sobre Mediunidade e Doutrinação A DOR DO PRÓXIMO TAMBÉM É NOSSA IDF/JF – Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora-MG CVDEE – Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo: http://www.cvdee.org.br Comunidade Virtual Espírita Joanna de Angelis Grupo Fraternidade Leopoldo Machado http://www.espirito.com.br

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Apostila de Estudos sobre a Mediunidade e Doutrinação

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Estudos sobre

Mediunidade

e Doutrinação

A DOR DO PRÓXIMO TAMBÉM É NOSSA

IDF/JF – Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora-MG CVDEE – Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo: http://www.cvdee.org.br Comunidade Virtual Espírita Joanna de Angelis Grupo Fraternidade Leopoldo Machado http://www.espirito.com.br

Os que ensinam, com exceções louváveis, quase sempre se caracterizam por dois modos diferentes de agir. Exibem certas atitudes quando pregam, e adotam outras quando em atividade diária. Daí resulta a perturbação geral, porque os ouvintes se sentem à vontade para mudar a “roupa do caráter”.

Espírito : Emmanuel.

Psicografia: Francisco Cândido Xavier

Livro: Caminho, Verdade e Vida - Cap. 38

SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS .............................................................................................................................. 7 Doutrina Espírita.. ............................................................................................................................................ ....7 Os Obreiros do Senhor ........................................................................................................................................ 8 Advento do Espírito de Verdade .......................................................................................................................... 8 ESTUDOS SOBRE MEDIUNIDADE .................................................................................................................10 A PRECE ........................................................................................................................................................... 11 1 CONCENTRAÇÃO - NOÇÕES GERAIS...................................................................................................... 12 1.1 Concentração ............................................................................................................................................ 12 2 O PERISPÍRITO ........................................................................................................................................... 13 2.1 A Visão do Perispírito antes do Espiritismo .............................................................................................. 13 2.2 A Visão Espírita do Perispírito ................................................................................................................... 13 3 OS FLUIDOS ESPIRITUAIS ........................................................................................................................ 15 3.1 Conceitos Básicos ..................................................................................................................................... 15 3.2 Mecanismo de Formação .......................................................................................................................... 16 3.3 A Aura .......................................................................................................................................................16 3.4 Características dos Fluidos ....................................................................................................................... 17 3.5 Fluidos e Perispírito ................................................................................................................................... 17 4 OS CENTROS DE FORÇA E A GLÂNDULA PINEAL ................................................................................. 18 4.1 A Glândula Pineal ...................................................................................................................................... 20 5 O PENSAMENTO: IDEOPLASTIA E CRIAÇÕES FLUÍDICAS ................................................................... 22 5.1 O Cérebro .................................................................................................................................................23 5.2 O Pensamento ........................................................................................................................................... 23 5.3 Ideoplastia ................................................................................................................................................. 25 5.3.1 Mecanismo e Duração ............................................................................................................................ 25 5.3.2 Classificação ........................................................................................................................................... 25 5.4 Licantropia (Zooantropia) .......................................................................................................................... 26 5.5 Recursos ideoplásticos nas Reuniões Mediúnicas ................................................................................... 26 6 FLUIDOTERAPIA ......................................................................................................................................... 27 6.1 O Passe ....................................................................................................................................................27 6.2 Água Fluida ................................................................................................................................................ 29 6.3 Irradiação ... ............................................................................................................................................... 29 6.4 Passe a Distância ...................................................................................................................................... 29 6.5 Sessões Mediúnicas .................................................................................................................................. 29 7 A MEDIUNIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS .............................................................................................. 30 7.1 Índia ..........................................................................................................................................................30 7.2 Egito ..........................................................................................................................................................31 7.3 China..........................................................................................................................................................31 7.4 Israel ..........................................................................................................................................................31 7.5 Grécia ........................................................................................................................................................31 7.6 Jesus .........................................................................................................................................................32 7.7 Idade Média ............................................................................................................................................... 32 7.8 O Espiritismo ............................................................................................................................................. 32 8 MÉDIUM: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO ................................................ 32 8.1 Médium e Mediunidade ............................................................................................................................. 32 8.2 Classificação Geral dos Médiuns .............................................................................................................. 33 8.3 Desenvolvimento Mediúnico ...................................................................................................................... 34 8.3.1 Por que desenvolver a mediunidade? .................................................................................................... 35 8.3.2 Etapas do Desenvolvimento Mediúnico ................................................................................................. 35 9 CLASSIFICAÇÃO DOS FENÔMENOS MEDIÚNICOS SEGUNDO SEUS EFEITOS .......................................... 37 9.1 Fenômenos Objetivos ................................................................................................................................ 37 9.2 Fenômenos Subjetivos .............................................................................................................................. 38 9.3 Teoria das Manifestações Físicas ............................................................................................................. 38 9.3.1 Manifestação Físicas Espontâneas ........................................................................................................ 39 10 AS COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS ........................................................................................................ 39 10.1 A Natureza das Comunicações ............................................................................................................... 40 10.2 Da Identidade dos Espíritos .................................................................................................................... 40

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10.3 Perguntas aos Espíritos .......................................................................................................................... 41 10.4 Evocações ............................................................................................................................................... 42 10.5 A Caridade no Intercâmbio com os Espíritos Desencarnados ................................................................ 43 10.6 Fraudes, Mistificações, Contradições ..................................................................................................... 44 10.6.1 Fraudes ................................................................................................................................................44 10.6.2 Mistificações ......................................................................................................................................... 44 10.6.3 Contradições ......................................................................................................................................... 45 10.7 Abusos no Exercício da Mediunidade ..................................................................................................... 46 11 INFLUÊNCIA MORAL DO MÉDIUM E DO MEIO ...................................................................................... 46 11.1 Afinidade Fluídica e Sintonia Vibratória .................................................................................................. 47 11.2 O Médium na Reunião Mediúnica ........................................................................................................... 47 11.3 O Meio ....................................................................................................................................................49 12 O PAPEL DO MÉDIUM NAS COMUNICAÇÕES ....................................................................................... 53 13 MÉDIUNS ESCREVENTES E FALANTES ................................................................................................ 55 13.1 Conceitos e Objetivos .............................................................................................................................. 56 13.2 Classificação dos Médiuns Escreventes Segundo o Modo de Execução ............................................... 56 13.3 lassificação dos Médiuns Falantes Segundo a Mecânica do Processo Mediúnico ............................................. 56 13.4 Classificação dos Médiuns Segundo o Grau de Desenvolvimento da Faculdade .................................. 57 14 PERIGOS E INCONVENIENTES, PERDA E SUSPENSÃO DA FACULDADE MEDIÚNICA........................................ 57 14.1.1 Mediunidade e Estados Patológicos .................................................................................................... 59 14.1.2 Mediunidade na Infância ...................................................................................................................... 60 14.2 Perda e Suspensão da Faculdade Mediúnica ......................................................................................... 60 15 AS MANIFESTAÇÕES VISUAIS, BICORPOREIDADE E TRANSFIGURAÇÃO ....................................... 62 15.1 Das Manifestações Visuais ..................................................................................................................... 62 15.2 Bicorporeidade......................................................................................................................................... 63 15.3 Transfiguração ......................................................................................................................................... 64 16 MEDIUNIDADE DE CURA ......................................................................................................................... 65 16.1 Modalidades de Terapia Espiritual .......................................................................................................... 65 16.2 Espiritismo e Médium Curador ................................................................................................................ 66 16.3 Finalidade das Curas Espirituais ............................................................................................................. 67 17 DESDOBRAMENTO, CATALEPSIA E LETARGIA .................................................................................... 67 17.1 Desdobramento (Sonambulismo) ............................................................................................................ 67 17.2 Catalepsia e Letargia ............................................................................................................................... 68 18 OBSESSÃO: CONCEITO E CAUSAS ....................................................................................................... 69 18.1 Patologias ................................................................................................................................................ 70 18.2 Causas ....................................................................................................................................................70 19 OBSESSÃO: CLASSIFICAÇÃO ................................................................................................................. 71 19.1 Obsessão Simples ................................................................................................................................... 71 19.2 Fascinação .............................................................................................................................................. 72 19.3 Subjugação .............................................................................................................................................. 72 20 OBSESSÃO: TRATAMENTO, PROGNÓSTICO E PROFILAXIA .............................................................. 73 20.1 Tratamento .............................................................................................................................................. 73 20.2 Prognóstico .............................................................................................................................................. 76 20.3 Profilaxia .................................................................................................................................................76 21 AS DOENÇAS MENTAIS ........................................................................................................................... 77 21.1 Classificação ............................................................................................................................................ 77 21.2 Diagnóstico Diferencial ............................................................................................................................ 78 21.3 Tratamento .............................................................................................................................................. 78 22 PARAPSICOLOGIA E ESPIRITISMO ........................................................................................................ 79 22.1 Fenômeno Anímico e Mediúnico ............................................................................................................. 79 22.2 Principais Fenômenos Anímicos ............................................................................................................. 79 22.3 Análise Crítica da Divisão Anímico-Mediúnico ........................................................................................ 80 22.4 O que é a Parapsicologia ........................................................................................................................ 80 22.5 A História do Psi ...................................................................................................................................... 81 22.6 Os Fenômenos Psi-Gama ....................................................................................................................... 81 22.7 Os Fenômenos Psi-Kapa ........................................................................................................................ 82 22.8 Os Fenômenos Psi-Teta .......................................................................................................................... 82 22.9 A Memória Extra Cerebral ....................................................................................................................... 82 23 A DISCIPLINA COMO A BASE DA CARIDADE ........................................................................................ 83 23.1 Da Reunião Propriamente Dita ................................................................................................................ 83 23.2 Dos Componentes da Reunião Mediúnica .............................................................................................. 85 23.3 Outros Aspectos Importantes .................................................................................................................. 86

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A NOVA ERA ..................................................................................................................................................... 87 ESTUDOS SOBRE DOUTRINAÇÃO ................................................................................................................ 88 24 CONCENTRAÇÃO/PRONTIDÃO PARA OUVIR ....................................................................................... 90 24.1 Formando a corrente ............................................................................................................................... 90 24.2 Mantendo a vibração ............................................................................................................................... 91 24.3 Prontidão para ouvir ................................................................................................................................ 91 24.4 Relacionamento Médium/Doutrinador ..................................................................................................... 92 25 PRÁTICA DA DOUTRINAÇÃO .................................................................................................................. 93 25.1 Influências do médium e da mediunidade ............................................................................................... 93 25.2 As fases da comunicação mediúnica ...................................................................................................... 93 26 ESCALA ESPÍRITA: TIPOS DE COMUNICANTES ................................................................................... 95 26.1 Terceira Ordem - Espíritos Imperfeitos ................................................................................................... 95 26.2 Segunda Ordem - Bons Espíritos ............................................................................................................ 95 26.3 Primeira Ordem - Espíritos Puros ............................................................................................................ 96 26.4 Características dos espíritos ................................................................................................................... 96 26.4.1 Espíritos Que Não Conseguem Falar .................................................................................................. 97 26.4.2 Espíritos que desconhecem a própria situação ................................................................................... 98 26.4.3 Espíritos suicidas .................................................................................................................................. 98 26.4.4 Espíritos alcoólatras e toxicômanos ..................................................................................................... 98 26.4.5 Espíritos que desejam tomar o tempo da reunião ................................................................................ 99 26.4.6 Espíritos irônicos .................................................................................................................................. 99 26.4.7 Espíritos desafiantes ............................................................................................................................ 99 26.4.8 Espíritos descrentes ........................................................................................................................... 100 26.4.9 Espíritos dementados ......................................................................................................................... 100 26.4.10 Espíritos amedrontados .................................................................................................................... 100 26.4.11 Espíritos que auxiliam os obsessores .............................................................................................. 101 26.4.12 Espíritos vingativos ........................................................................................................................... 101 26.4.13 Espíritos mistificadores ..................................................................................................................... 101 26.4.14 Espíritos obsessores inimigos do espiritismo ................................................................................... 102 26.4.15 Espíritos galhofeiros, zombeteiros ................................................................................................... 102 26.4.16 Espíritos ligados a trabalhos de magia, terreiro, etc ........................................................................ 102 26.4.17 Espíritos sofredores .......................................................................................................................... 102 27 A NATUREZA DOS ESPÍRITOS .............................................................................................................. 104 27.1 Como avaliar a natureza de um espírito? (lm) ...................................................................................... 104 27.1.1 Nas comunicações instrutivas ............................................................................................................ 104 27.2 Guias e protetores ................................................................................................................................. 104 27.3 A filtragem da manifestação .................................................................................................................. 105 27.3.1 Diferença nas atitudes dos bons e dos maus espíritos ...................................................................... 105 27.4 Fases da doutrinação ............................................................................................................................ 106 27.4.1 Abertura .............................................................................................................................................106 27.4.2 O diálogo ...........................................................................................................................................108 27.4.3 As ameaças ........................................................................................................................................ 109 27.4.4 Propostas e acomodações ................................................................................................................. 110 27.4.5 Desvio de atenção .............................................................................................................................. 111 27.5 Duplicidade de doutrinadores ................................................................................................................ 112 27.6 Fixações mentais ................................................................................................................................... 112 27.7 Perguntas ao comunicante .................................................................................................................... 113 27.8 Cacoetes/mutilações/deformações ....................................................................................................... 113 27.9 Comunicações “simultâneas” pelo mesmo médium.............................................................................. 114 27.10 Linguagem enérgica ............................................................................................................................ 114 27.11 Tempo de doutrinação ......................................................................................................................... 115 27.12 Força física .......................................................................................................................................... 115 27.13 Dificuldade de se expressar em nossa língua ..................................................................................... 116 27.14 Espíritos ligados à umbanda ............................................................................................................... 116 27.15 Oferendas materiais/objetos/alimentos ............................................................................................... 117 27.16 O fechamento da comunicação ........................................................................................................... 117 28 TÉCNICAS COMPLEMENTARES ........................................................................................................... 118 28.1 A prece .................................................................................................................................................118 28.2 O passe ................................................................................................................................................119 28.3 O choque anímico ................................................................................................................................. 122 28.4 As sessões práticas do espiritismo ....................................................................................................... 123 28.5 A regressão de memória ....................................................................................................................... 124 28.6 Hipnose .................................................................................................................................................125 28.6.1 Fenômenos hipnóticos ....................................................................................................................... 125

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28.6.2 Terapia dos fenômenos hipnóticos .................................................................................................... 125 28.6.3 Pensamento/vontade - pensar/agir .................................................................................................... 125 29 PROBLEMAS E SOLUÇÕES ................................................................................................................... 126 29.1 Contradições e mistificações ................................................................................................................. 126 29.2 Animismo ............................................................................................................................................... 126 29.2.1 Animismo e mediunidade ................................................................................................................... 127 29.2.2 Como reconhecer a produção anímica? ............................................................................................ 127 29.3 Os recém-desencarnados ..................................................................................................................... 128 29.4 Informação sobre a morte ..................................................................................................................... 129 29.5 Charlatanismo e embuste ...................................................................................................................... 129 29.6 Médiuns iniciantes ................................................................................................................................. 130 29.7 Médium de desdobramento ................................................................................................................... 131 29.8 Doutrinador e consultas ......................................................................................................................... 131 29.9 Doutrinador e vaidade ........................................................................................................................... 131 29.10 Orientações finais ................................................................................................................................ 132

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Doutrina Espírita

Toda crença é respeitável. No entanto, se buscaste a Doutrina Espírita, não lhe negues fidelidade.

Toda religião é sublime. No entanto, só a Doutrina Espírita consegue explicar-te os fenômenos

mediúnicos em que toda religião se baseia.

Toda religião é santa nas intenções. No entanto, só a Doutrina Espírita pode guiar-te na solução dos

problemas do destino e da dor.

Toda religião auxilia. No entanto, só a Doutrina Espírita é capaz de exonerar-te do pavor ilusório do

inferno, que apenas subsiste na consciência culpada.

Toda religião é conforto na morte. No entanto, só a Doutrina Espírita é suscetível de descerrar a

continuidade da vida, além do sepulcro.

Toda religião apregoa o bem como preço do paraíso aos seus profitentes. No entanto, só a Doutrina

Espírita estabelece a caridade incondicional como simples dever.

Toda religião exorciza os Espíritos infelizes. No entanto, só a Doutrina Espírita se dispõe a abraçá-los,

como a doentes, neles reconhecendo as próprias criaturas humanas desencarnadas, em outras faixas de

evolução.

Toda religião educa sempre. No entanto, só a Doutrina Espírita é aquela em que se permite o livre

exame, com o sentimento livre de compressões dogmáticas, para que a fé contemple a razão, face a face.

Toda religião fala de penas e recompensas. No entanto, só a Doutrina Espírita elucida que todos

colheremos conforme a plantação que tenhamos lançado à vida, sem qualquer privilégio na Justiça Divina.

Toda religião erguida em princípios nobres, mesmo as que vigem nos outros continentes, embora nos

pareçam estranhas, guardam a essência cristã. No entanto, só a Doutrina Espírita nos oferece a chave precisa

para a verdadeira interpretação do Evangelho.

Porque a Doutrina Espírita é em si a liberdade e o entendimento, há quem julgue seja ela obrigada a

misturar-se com todas as aventuras marginais e com todos os exotismos, sob pena de fugir aos impositivos da

fraternidade que veicula.

Dignifica, assim, a Doutrina que te consola e liberta, vigiando-lhe a pureza e a simplicidade, para que não

colabores, sem perceber, nos vícios da ignorância e nos crimes do pensamento.

“Espírita” deve ser o teu caráter, ainda mesmo te sintas em reajuste, depois da queda.

“Espírita” deve ser a tua conduta, ainda mesmo que estejas em duras experiências.

“Espírita” deve ser o nome de teu nome, ainda que respires em aflitivos combates contigo mesmo.

“Espírita” deve ser o claro adjetivo de tua instituição, ainda mesmo que, por isso, te faltem as passageiras

subvenções e honrarias terrestres.

Doutrina Espírita quer dizer Doutrina do Cristo. E a Doutrina do Cristo é a doutrina do aperfeiçoamento

moral em todos os mundos. Guarda-a, pois, na existência, como sendo a tua responsabilidade mais alta,

porque dia virá em que serás naturalmente convidado a prestar-lhe contas.

EMMANUEL – Psicografado por F. C. Xavier - Livro “Religião dos Espíritos” - Ed. FEB.

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Os Obreiros do Senhor

Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade.

Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a

caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado.

Ditosos os que hajam dito a seus irmãos: "Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o

Senhor, ao chegar, encontre acabada a obra", porquanto o Senhor lhes dirá: "Vinde a mim, vós que sois bons

servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias, a fim de que daí não viesse

dano para a obra!"

Mas, ai daqueles que, por efeito das suas dissensões, houverem retardado a hora da colheita, pois a

tempestade virá e eles serão levados no turbilhão! Clamarão: "Graça! graça!" O Senhor, porém, lhes dirá: "Como

implorais graças, vós que não tivestes piedade dos vossos irmãos e que vos negastes a estender-lhes as mãos, que

esmagastes o fraco, em vez de o amparardes? Como suplicais graças, vós que buscastes a vossa recompensa nos

gozos da Terra e na satisfação do vosso orgulho? Já recebestes a vossa recompensa, tal qual a quisestes. Nada

mais vos cabe pedir; as recompensas celestes são para os que não tenham buscado as recompensas da Terra."

Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo

devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não

recuarem diante de suas tarefas é que ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo

Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: "Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino

dos céus."

O Espírito de Verdade. (Paris, 1862.)

(ESE - Cap. XX - item 5)

Advento do Espírito de Verdade

Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O

Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a

imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a

doutrina divinal. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: «Vinde a mim,

todos vós que sofreis.»

Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e

enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-

vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais

mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra,

a clamar: Orai e crede! pois que a morte é a ressurreição, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes

que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro.

Homens fracos que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afastais o facho que a clemência

divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.

Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de

entender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai,

meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as

verdades. Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-

se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que

julgáveis o nada, vozes vos clamam: «Irmãos! nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores

da impiedade.»

O Espírito de Verdade. (Paris, 1860).

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Venho instruir e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes que elevem a sua resignação ao nível de

suas provas, que chorem, porquanto a dor foi sagrada no Jardim das Oliveiras; mas, que esperem, pois que também

a eles os anjos consoladores lhes virão enxugar as lágrimas.

Obreiros, traçai o vosso sulco; recomeçai no dia seguinte o afanoso labor da véspera; o trabalho das vossas

mãos vos fornece aos corpos o pão terrestre; vossas almas, porém, não estão esquecidas; e eu, o jardineiro divino,

as cultivo no silêncio dos vossos pensamentos. Quando soar a hora do repouso e a trama da vida se vos escapar

das mãos e vossos olhos se fecharem para a luz, sentireis que surge em vós e germina a minha preciosa semente.

Nada fica perdido no reino de nosso Pai e os vossos suores e misérias formam o tesouro que vos tornará ricos nas

esferas superiores, onde a luz substitui as trevas e onde o mais desnudo dentre todos vós será talvez o mais

resplandecente.

Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são bem-amados meus. Instruí-

vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos mostra o sublime objetivo da provação humana. Assim

como o vento varre a poeira, que também o sopro dos Espíritos dissipe os vossos despeitos contra os ricos do

mundo, que são, não raro, muito miseráveis, porquanto se acham sujeitos a provas mais perigosas do que as

vossas. Estou convosco e meu apóstolo vos instrui. Bebei na fonte viva do amor e preparai-vos, cativos da vida, a

lançar-vos um dia, livres e alegres, no seio dAquele que vos criou fracos para vos tornar perfectíveis e que quer

modeleis vós mesmos a vossa maleável argila, a fim de serdes os artífices da vossa imortalidade.

O Espírito de Verdade. (Paris, 1861).

Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. Os fracos, os sofredores e

os enfermos sãos os meus filhos prediletos. Venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais

oprimidos, e sereis aliviados e consolados. Não busqueis alhures a força e a consolação, pois que o mundo é

impotente para dá-las. Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por meio do Espiritismo. Escutai-o.

Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade. São monstros que

sugam o vosso mais puro sangue e que vos abrem chagas quase sempre mortais. Que, no futuro, humildes e

submissos ao Criador, pratiqueis a sua lei divina. Amai e orai; sedes dóceis aos Espíritos do Senhor; invocai-o do

fundo de vossos corações. Ele, então, vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e dizer estas boas

palavras: Eis-me aqui; venho até vós, porque me chamastes.

O Espírito de Verdade. (Bordéus, 1861).

Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha pedem. Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte,

junto de cada lágrima o colocou um bálsamo que consola. A abnegação e o devotamento são uma prece contínua e

encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos

sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem contra suas dores, contra os sofrimentos morais que

neste mundo vos cabem em partilha. Tomai, pois, por divisa estas duas palavras: devotamento e abnegação, e

sereis fortes, porque elas resumem todos os deveres que a caridade e a humildade vos impõem. O sentimento do

dever cumprido vos dará repouso ao Espírito e resignação. O coração bate então melhor, a alma se asserena e o

corpo se forra aos desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se sente, quanto mais profundamente

golpeado é o Espírito.

O Espírito de Verdade. (Havre, 1863).

(“O Evangelho segundo o Espiritismo” - Cap. VI - 5, 6, 7 e 8.)

ESTUDOS SOBRE MEDIUNIDADE

Colocamos à disposição dos companheiros do Instituto de Difusão Espírita de Juiz de Fora-MG, a

apostila com os Estudos sobre Mediunidade.

Este é um trabalho despretensioso, cujo objetivo não é esgotar os assuntos, mas apresentar as idéias

básicas necessárias em um estudo sobre a Mediunidade. Não se trata de um livro espírita: as obras

doutrinárias, em especial “O Livro dos Médiuns”, são de leitura obrigatória!

Este curso, baseado no COEM do Centro Espírita Luz Eterna (Paraná), tem enriquecido a formação

espírita de trabalhadores da área mediúnica, bem como de expositores, doutrinadores, plantonistas, etc.

Após cada capítulo, apresentamos uma breve bibliografia que deve ser consultada sempre que possível.

Esperamos que este trabalho seja proveitoso a todos.

IDE-JF/CVDEE

A PRECE

Há quem conteste a eficácia da prece, com fundamento no princípio de que, conhecendo Deus as nossas

necessidades, inútil se torna expô-las. Este argumento não oferece muita lógica porque, independente de Deus

conhecer as nossas necessidades, a prece proporciona, a quem ora, um bem-estar incalculável já que aproxima a

criatura do seu Criador.

A prece é o orvalho divino que aplaca o calor excessivo das paixões. Filha primogênita da fé, ela nos

encaminha para a senda que conduz a Deus. Não existe qualquer fórmula para orar. O Espiritismo reconhece como

boas as preces de todos os cultos, quando ditas de coração e não de lábios somente. A qualidade principal da prece

é ser clara, simples e concisa. A prece pode ter por objeto um pedido, um agradecimento, ou uma glorificação. As

preces feitas a Deus escutam-nas os Espíritos incumbidos da execução de suas vontades.

Pela prece, obtém o homem o concurso dos bons Espíritos que acorrem a sustentá-lo em suas boas

resoluções e a inspirar-lhe idéias sãs. Ele adquire, desse modo, a força moral necessária a vencer as dificuldades e

a volver ao caminho reto, se deste se afastou. Por esse meio, pode também desviar de si os males que atrairia pelas

suas próprias faltas.

Quando Jesus nos disse: “tudo o que pedirdes com fé, em oração, vós o recebereis” [Mateus-21:22] revelou-

nos que o ato de orar é algo muito profundo do que se pode observar à primeira vista. Desta máxima: “concedido vos

será o que quer que pedirdes pela prece”, fora ilógico deduzir que basta pedir para obter e fora injusto acusar a

Providência se não acede a toda súplica que se lhe faça, uma vez que ela sabe, melhor do que nós, o que é para o

nosso bem. É como procede um pai criterioso que recusa ao filho o que seja contrário aos seus interesses.”

Devemos cultivar o hábito de orar, porque a prece, inegavelmente, tem sua eficácia. O santuário doméstico

que encontre criaturas amantes da oração e dos sentimentos elevados, converte-se em campo sublime das mais

belas florações e colheitas espirituais. A prece não é movimento mecânico de lábios, nem disco de fácil repetição no

aparelho da mente. É vibração, energia, poder. A criatura que ora, mobilizando as próprias forças, realiza trabalhos

de inexprimível significação. Semelhante estado psíquico descortina forças ignoradas, revela a nossa origem divina e

coloca-nos em contato com as fontes superiores.

Os raios divinos, expedidos pela oração santificadora, convertem-se em fatores adiantados de cooperação

eficiente e definitiva na cura do corpo, na renovação da alma e iluminação da consciência. Toda prece elevada é

manancial de magnetismo criador e vivificante e toda criatura que cultiva a oração, com o devido equilíbrio do

sentimento, transforma-se, gradativamente, em foco irradiante de energias da Divindade. Compreende-se também

que, além da importância do cultivo da oração, devemos aprender a orar e a entender as respostas do Alto às

nossas súplicas. Exporemos em prece ao Senhor os nossos obstáculos, pedindo as providências que se nos façam

necessárias à paz e à execução dos encargos que a vida nos delegou; entretanto, suplicaremos também a Ele nos

ilumine o entendimento, para que lhe saibamos receber dignamente as decisões. Entre o pedido terrestre e o

Suprimento Divino, é imperioso funcione a alavanca da vontade humana, com decisão e firmeza, para que se efetive

o auxílio solicitado.

Confiemos em Deus e supliquemos o amparo de Deus, mas, se quisermos receber a Benção Divina,

procuremos esvaziar o coração de tudo aquilo que discorde das nossas petições, a fim de oferecer à Benção Divina

clima de aceitação, base e lugar. Em verdade, todos nós podemos endereçar a Deus, em qualquer parte e em

qualquer tempo, as mais variadas preces; no entanto, nós todos precisamos cultivar paciência e humildade, para

esperar e compreender as respostas de Deus.

Bibliografia 1) O Livro dos Espíritos - Allan Kardec 2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allan Kardec

1 CONCENTRAÇÃO - NOÇÕES GERAIS

Em Nos Domínios da Mediunidade o Instrutor Albério esclarece André Luiz: “Precisamos considerar que

a mente permanece na base de todos os fenômenos mediúnicos...”. É através da mente que se manifestam os

valores adquiridos pelo Espírito, as experiências acumuladas, as virtudes, os conhecimentos, os defeitos, os

dramas vividos, as afeições, o rancor, a bondade, o ressentimento, a compreensão, a vingança, a alegria, a

tristeza, o amor e o ódio. Todas estas características intrínsecas do Espírito exteriorizam-se através da mente,

definindo o grau de evolução em que nos encontramos e a faixa vibratória em que vivemos.

Deus fez o homem para viver em sociedade. Nenhum homem possui faculdades completas - somente

pela união social é que elas se completam, umas às outras. Dependemos dos nossos semelhantes, e

constantemente agimos e reagimos uns sobre os outros. Estabelecemos laços, formamos grupos e nos

influenciamos mutuamente. A natureza dos nossos pensamentos, as nossas aspirações, o nosso sistema de

vida, a se expressarem através de atos, palavras e pensamentos, determinam a qualidade dos Espíritos que,

pela lei de afinidades, serão compelidos a sintonizarem conosco nas tarefas cotidianas e, especificamente, nas

práticas mediúnicas.

No LM [it 232] somos alertados:

Fora erro acreditar alguém que precisa ser médium para atrair a si os seres do mundo invisível. Eles povoam o espaço; temo-los incessantemente em torno de nós, intervindo em nossas reuniões, seguindo-nos ou evitando-nos, conforme os atraímos ou repelimos, A faculdade mediúnica em nada influi para isto: ela mais não é do que um meio de comunicação.

Por isso a afirmativa: Mediunidade não basta só por si. O importante é a utilização que fazemos da

faculdade.

1.1 Concentração

Existe um estado da mente em que ela se atém àquilo que a atrai naturalmente ou para o que ela se

propõe a fazer, estado este que chamamos concentração. Este estado mental é alcançado de duas formas:

a) espontânea - inconsciente, involuntária;

b) programada - fruto de esforço e de exercício continuado, tendo em vista um objetivo (adaptação

psíquica).

No caso do médium, o conhecimento deste mecanismo é fundamental. É através desta atitude mental

que se abrirão as portas que permitem o trânsito do plano físico para o espiritual e vice-versa, ou seja, é um

estado mental de predisposição perceptiva de outras condições vibracionais que não sejam as dos sentidos

físicos.

Podemos utilizar alguns métodos que facilitam alcançar este estado. Através de exercícios respiratórios,

de música, de leituras edificantes, nos predispomos a um relaxamento físico e mental. Físico, em relação à

musculatura do corpo físico; mental, em relação à abstração dos problemas que não dizem respeito à

finalidade do momento.

Na concentração o médium cria um campo em torno de si, que exerce influência sobre si próprio. Emite

vibrações que se estendem pelos espaços e, por um processo natural de sintonia, atuam em outras mentes

que lhe são equivalentes, estabelecendo-se uma ligação com estas mentes.

O improviso nesta atividade mental, a invigilância, a falta de evangelho, a ociosidade mental e física irá

provocar o cansaço psíquico, a inquietação em decorrência da instabilidade de pensamentos, a polivalência de

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idéias. Por isso é necessária uma constante preparação íntima, conseguida através da prece, de leituras

salutares, do cultivo de pensamentos equilibrados, do trabalho no bem e dos cuidados com a saúde física.

Bibliografia O Livro dos Médiuns - Allan Kardec Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier

2 O PERISPÍRITO

2.1 A Visão do Perispírito antes do Espiritismo

Através das épocas mais remotas, as religiões e as filosofias procuraram um elemento fluídico ou

semimaterial que pudesse servir de traço de união entre o corpo físico - material, e o Espírito - quintessenciado

e sutil, donde resultou, para o perispírito, uma variada e complexa sinonímia.

No Egito, a mais antiga crença, a dos “começos” (5.000 a.C.) já acreditava na existência de um corpo

para o Espírito, denominado "kha", que quer dizer “o duplo”. Na Índia, o livro sagrado dos Vedas refere em

seus cânticos ao "Linga Sharira". Na China, Confúcio falava sobre "corpo aeriforme". Para os antigos hebreus

era o "Nephesch", que levava no seu íntimo o sopro Divino. Na Grécia, os filósofos adotavam variada

nomenclatura para designarem o envoltório do Espírito; Pitágoras - "carne sutil da alma"; Aristóteles - "corpo

sutil ou corpo etéreo"; Hipócrates - "Eidolon".

Paracelso, precursor da Química moderna, deu-lhe o nome de "corpo astral", baseado na sua cor

prateada e luminosidade própria. Para os pensadores da Escola de Alexandria, era denominado, "Astroidê",

"corpo aéreo" e "veículo da alma".

Paulo em uma epístola [I Coríntios-cap 15 v.42,44] refere-se ao "corpo espiritual" ou "corpo incorruptível".

Tertuliano chama-lhe de "corpo vital da alma". Santo Agostinho, São Bernardo, Santo Hilário e São Basílio,

identificaram-no como invólucro da alma, "Pneuma".

2.2 A Visão Espírita do Perispírito

O termo perispírito foi criado por Allan Kardec: "Envolvendo o gérmen do fruto, há o perisperma; do

mesmo modo, uma substância que, por comparação, se pode chamar de perispírito, serve de envoltório ao

Espírito" [LE - qst 93]

É Allan Kardec que explica ser o perispírito laço de união entre a alma e o corpo físico, laço este

semimaterial, ou seja, de natureza intermediária entre o Espírito e o corpo físico.

Assim, podemos dizer que o homem é formado de três partes essenciais:

a) O corpo físico, ou seja, corpo material, análogo ao dos animais;

b) A alma, o Espírito encarnado, que tem no corpo sua habitação, o princípio inteligente, em que residem

o pensamento, a vontade e o senso moral;

c) O perispírito, substância semimaterial que serve de envoltório ao Espírito, ligando a alma ao corpo

físico.

A morte é a destruição do invólucro mais grosseiro, o Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um

corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, mas que pode tornar-se visível e mesmo tangível, como

sucedem nos fenômenos das aparições.

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O Dr. Encause, escritor neo-espiritualista, que foi médico e professor da Escola de Paris, sugere em Alma

Humana uma engenhosa comparação, própria para a sua época, mas muito explicativa: o homem encarnado é

comparado a uma carroça puxada por um animal. O carro da carroça, que por sua natureza grosseiramente

material e por sua inércia, corresponde bem ao nosso corpo físico. O cavalo seria nosso perispírito, que unido

por tirantes ao carro e por rédeas ao cocheiro, move todo o sistema, sem participar da resolução da direção. O

cocheiro é o Espírito, que dirige e orienta a direção e a velocidade. O Espírito quer, o perispírito transmite, e o

corpo físico executa a ordem na matéria.

O perispírito, ou corpo fluídico do Espírito, é um dos mais importantes produtos do Fluido Cósmico

Universal; é uma "condensação" desse fluido em torno de um foco inteligente. Sabemos que o corpo físico tem

o seu princípio de origem nesse mesmo fluido, condensado e transformado em matéria tangível. No perispírito,

a "transformação molecular" se opera diferentemente, porquanto, o fluido conserva a sua imponderabilidade e

suas qualidades etéreas. O corpo perispiritual e o corpo carnal tem, pois, origem no mesmo elemento primitivo

- ambos são matéria - ainda que em dois estados diferentes.

Do meio onde se encontra, é que o Espírito extrai do Fluido Cósmico Universal o seu perispírito, dos

fluidos do ambiente. Resulta daí que os elementos constitutivos do perispírito, naturalmente variam conforme o

mundo.

A natureza do envoltório fluídico, está em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito: nos

Espíritos puros será belo e etéreo; nos Espíritos infelizes materializado e grosseiro. O Espírito forma o seu

perispírito das partes mais puras ou mais grosseiras do FCU peculiar ao mundo onde vive. Daí deduzirmos que

a constituição íntima do perispírito não é a mesma em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que

formam a humanidade terrestre. Como afirma Allan Kardec: "O perispírito passa por transformações

sucessivas, tornado-se cada mais etéreo, até a depuração completa, que é a condição dos Espíritos puros."

O perispírito não está absolutamente preso ao corpo do encarnado, irradia mais ou menos fora dele,

segundo a sua pureza, com diâmetros variáveis de indivíduo para indivíduo, em cores e aspectos diferentes,

constituindo a "aura do homem encarnado". Toda a sensação que abala a massa nervosa do corpo físico,

desprende uma energia, uma vibração, à qual se deu muitos nomes: fluido nervoso, fluido magnético, força

psíquica, etc. Esta energia age sobre o perispírito, para comunicar-lhe o movimento vibratório particular,

segundo o território cerebral excitado, de maneira que a atenção da alma seja acordada e que se produza o

fenômeno de percepção; o Espírito emite então a ordem da resposta, que, através do perispírito atinge o corpo

e efetuará a manifestação material da resposta.

Estímulo → → → → Corpo

Físico Fluido

Nervoso Perispírito Espírito Resposta ← ← ← ←

A vibração causada no perispírito pelo fluido nervoso ficará armazenada durante algum tempo em nível

consciente, para posteriormente passar ao nível inconsciente. Temos assim, no perispírito, um arquivo de

todas as experiências do corpo físico, desde o momento da concepção até a desencarnação.

Durante o processo reencarnatório, à medida que o novo corpo vai se formando, a união com o perispírito

ocorre molécula a molécula, célula a célula. Assim, o perispírito vai moldando o corpo físico que se forma,

funcionando, segundo Emmanuel, como o "Mantenedor de união molecular que organiza as configurações

típicas de cada espécie."

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Outra função importante do perispírito é na mediunidade. Um Espírito só consegue se manifestar em

nosso meio, através da combinação de seus fluidos perispirituais com os fluidos perispirituais do médium, que

passam a formar uma espécie de "atmosfera fluídico-espiritual" comum às suas individualidades, atmosfera

esta que torna possível os fenômenos mediúnicos nos seus diferentes tipos.

Resumindo, as principais funções do perispírito são: servir de veículo de união do corpo físico com o

Espírito; arquivar nas suas camadas sutis e permanentes, os conhecimentos adquiridos através de nossa

evolução individual; irradiar-se em volta do corpo físico, interpenetrando-o, constituindo um dos componentes

da aura humana; servir de molde para a formação do corpo físico; permitir a ocorrência dos fenômenos

mediúnicos. "Tão arrojada é a tentativa de transmitir informes sobre a questão aos companheiros encarnados, quão difícil se faria esclarecer à lagarta com respeito ao que será ela depois de vencer a inércia da crisálida colocada no chão, arrastando-se pesadamente, o inseto não desconfia que transporta consigo os germes das próprias asas." (Emmanuel)

Bibliografia O Livro dos Espíritos - Allan Kardec A Gênese - Allan Kardec Obras Póstumas - Allan Kardec Antologia do Perispírito - José Jorge Correnteza de Luz - José Raul Teixeira Alma Humana - Antônio Freire

3 OS FLUIDOS ESPIRITUAIS

O estudo dos fenômenos espíritas fez-nos conhecer estados de matéria e condições de vida que a

Ciência havia longo tempo ignorado.

Ficamos sabendo que, além do estado radiante, a matéria, tornada invisível e imponderável, se encontra

sob formas cada vez mais sutis que se denominam fluidos. À medida que se rarefaz, adquire novas

propriedades e uma capacidade de irradiação sempre crescente; torna-se uma das formas da energia.

Esta força, gerada pelo próprio Espírito encarnado ou desencarnado, tem sido designada sob os nomes

de força ódica, fluído magnético, força elétrica, força psíquica e, mais recentemente, de Bioenergia. É através

dessa energia específica que os Espíritos interagem uns com os outros e exercem a sua influência no mundo

corpóreo.

3.1 Conceitos Básicos

Em LE [qst 27] dizem os benfeitores espirituais que todas as coisas que existem no Universo podem ser

sistematizadas em três elementos fundamentais denominados de TRINDADE UNIVERSAL. Esses elementos

são:

DEUS - ESPÍRITO – MATÉRIA

Deus: a causa primária, a inteligência suprema, cuja natureza não nos é dada conhecer agora;

Espírito: o princípio inteligente, uma "energia pensante", com inteligência e moralidade próprias;

Matéria: que na definição espírita é "tudo sobre o qual o Espírito exerce a sua ação."

Observa-se, portanto, que o conceito espírita de matéria transcende à definição da física oficial (tudo que

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tem massa e ocupa lugar no espaço). Se retirarmos do Universo os Espíritos e Deus, tudo o que restar é

matéria.

Reconhece-se três tipos de matéria:

a) Matéria Ponderável: é a matéria do mundo físico, que preenche o mundo dos encarnados e dá origem

aos corpos físicos;

b) Matéria Imponderável: é a matéria do mundo espiritual, num tônus vibratório mais elevado que não

nos é dado perceber. Forma o perispírito, as construções do mundo espiritual e os fluidos espirituais.

c) Fluido Cósmico Universal (FCU): é a matéria elementar primitiva, dispersa por todo o Universo. Uma

matéria extremamente sutil, cujas modificações e transformações vão constituir a inumerável variedade dos

corpos da natureza. É nesse elemento primordial para a vida, que vibram e vivem todos os seres e todas as

coisas: constelações e sóis, mundos e almas (como peixes no oceano). A manipulação desse fluido pelos

Espíritos através de seus pensamentos e sentimentos, vai dar origem aos fluidos espirituais.

3.2 Mecanismo de Formação

O benfeitor André Luiz define Fluido Espiritual como sendo

um fluido vivo e multiforme, estuante e inestancável, a nascer-lhe da própria alma, de vez que podemos defini-lo até certo ponto, por subproduto do fluido cósmico, absorvido pela mente humana, em processo vitalista semelhante do Criador, esparsa em todo o cosmos, transubstanciando-a, sob a própria responsabilidade, para influenciar na Criação, a partir de si mesma.

Observa-se pela definição de André Luiz que todo um processo dinâmico e complexo envolve a formação

dos Fluidos Espirituais. Ao ser absorvido pelo corpo espiritual, o Fluido Universal será manipulado na mente. A

mente humana, sediada no Centro Coronário é um brilhante laboratório de forças sutis, onde o pensamento

e a vontade estão aglutinando as partículas do Fluido Cósmico Universal e dando a elas as suas próprias

características. O Fluido Espiritual específico da individualidade, será distribuído por todos os centros de força, ocupará as regiões mais íntimas do perispírito e ao se exteriorizar para fora da organização espiritual

irá constituir a aura, distribuindo-se, logo após, pelo ambiente, formando a atmosfera espiritual do local.

3.3 A Aura

A aura é o resultado da difusão dos fluidos espirituais para além da organização perispiritual. Forma em

torno do Espírito um envoltório fluídico, de cerca de 20 a 25 cm a partir da superfície do corpo, segundo

Hernani Guimarães de Andrade, e vai se constituir no retrato de nosso mundo íntimo. O que somos, o que

pensamos e o que sentimos será fielmente retratado em nosso campo áurico.

Todos os elementos da natureza possuem a sua aura típica, mas será no homem, devido aos seus

diversos estados de sensibilidade e afetividade, que as irradiações áuricas irão sofrer as mais profundas

modificações.

No ano de 1939, o técnico em Eletricidade Semyon Kirlian, coadjuvado por sua esposa Valentina, na

Rússia, construiu uma câmara elétrica de alta freqüência na qual se pode obter fotografias das auras.

Denomina-se KIRLIANGRAFIA a técnica que hoje estuda e interpreta a aura humana. Nos dias atuais, existem

muitos trabalhos de registro dessas irradiações áuricas, mostrando, muitos deles, as mudanças do campo

áurico relacionadas aos diversos estados emocionais, como também as mudanças relacionadas às condições

de saúde e enfermidade.

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Acredita-se que, no futuro, o estudo da aura, através da fotografia Kirlian, venha a ser de grande utilidade

na Medicina, na Psicologia e em muitas outras áreas da Ciência oficial, no entanto, no presente momento,

apesar "De inúmeras observações ainda não se chegou a conclusões precisas de como interpretar as

modificações desses campos e seus respectivos reflexos na zona física, principalmente em suas posições

patológicas." (Jorge Andréa)

3.4 Características dos Fluidos

Os fluidos espirituais não possuem qualidade sui generis, mas sim, qualidades do indivíduo que os

elaborou. Em decorrência então da evolução espiritual e das peculiaridades particulares de cada pessoa, os

fluidos irão assumir características diversas:

a) Pureza: varia ao infinito e depende do grau de evolução moral que a criatura já alcançou. Os fluidos

menos puros, densos, grosseiros, formam a atmosfera espiritual do planeta, em decorrência do atraso

espiritual que ainda caracteriza a população de Espíritos vinculados ao orbe terrestre. Os fluidos espirituais vão

se eterizando e se sutilizando à medida que se afastam da crosta, assumindo um grau de pureza sempre

crescentes. As esferas espirituais mais afastadas da superfície da Terra são formadas dos fluidos mais puros

em virtude de serem habitadas por entidades moralmente mais elevadas.

b) Propriedades Físicas: os fluidos espirituais apresentam características físicas como: odor, coloração,

temperatura, etc. Pessoas portadoras de sensibilidade mediúnica podem perceber essas características.

c) Qualidade dos Fluidos: têm conseqüências de importância capital a qualidade dos fluidos espirituais.

Sendo esses fluidos formados a partir do pensamento e, podendo este modificar-lhes as propriedades, é

evidente que eles devem achar-se impregnados das qualidades boas ou más dos pensamentos que os fazem

vibrar.

Será, portanto, a soma dos sentimentos da individualidade, o "raio da emoção", na expressão de André

Luiz, que irá qualificar o fluido, dando a ele potencialidades superiores ou inferiores.

Nesse sentido, os fluidos vão trazer o cunho dos sentimentos de ódio, inveja, ciúme, hipocrisia, de

bondade, de paz, etc. A qualidade dos fluidos será, em síntese, o reflexo de todas as paixões, das virtudes e

dos vícios da humanidade.

Assim sendo, encontrar-se-á fluidos balsamizantes, alimentícios, vivificadores, estimulantes,

anestesiantes, curativos, soníferos, enfermiços, etc.

3.5 Fluidos e Perispírito

Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica a dos fluidos espirituais, ele os assimila com

facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação

tanto mais direta, quanto por sua expansão e sua irradiação com eles se confunde. Atuando esses fluidos

sobre o perispírito, este, a seu turno reage sobre o organismos materiais com que se acha em contato íntimo.

Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão

é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas e mentais

das mais sérias. Muitas enfermidades têm sua gênese nesta absorção de natureza infeliz.

Bibliografia A Gênese - Allan Kardec No Invisível - Léon Denis Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier

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4 OS CENTROS DE FORÇA E A GLÂNDULA PINEAL

Sabemos que os Espíritos encarnados e desencarnados são dotados de um corpo fluídico, semimaterial,

isto é, composto de fluidos em diferentes estados de condensação. Esse corpo fluídico é o perispírito ou corpo

espiritual.

O perispírito está intimamente regido por vários centros de força que trabalham vibrando uns em sintonia

com os outros, sob o poder diretor da mente. A mente é que determina o funcionamento mais ou menos

equilibrado destes centros de força e são eles que dão condições para que o perispírito desempenhe as suas

várias funções.

A localização desses centros de força no perispírito corresponde a dos plexos no corpo físico, com

exceção dos que estão no crânio perispiritual, o coronário e o frontal, que se ligam aos centros encefálicos.

Plexos são feixes nervosos do corpo físico onde há maior concentração de nervos.

Os centros de força são também denominados de discos energéticos e centros vitais, mas são

vulgarmente conhecidos pelo nome de chacras, por causa das filosofias orientais.

Chacra é palavra sânscrita que significa “roda”, pois eles têm forma circular com mais ou menos 5 cm de

diâmetro, possuem vários raios de ação que giram, incessantemente, com a passagem da energia, lembrando

um ventilador em movimento.

Cada um tem as suas cores próprias, características. Quanto mais evoluída a pessoa, mais brilhantes

são essas cores, alcançam maior diâmetro e os seus raios giram com maior desenvoltura.

São eles que distribuem, controlam e dosam as energias que o nosso corpo físico necessita, como

também regulam e sustentam os sentimentos, as emoções, e alimentam as células do pensamento.

É através dos centros de força que são levadas as sensações do corpo físico para o Espírito, pois são

eles que captam as energias e as influências exteriores.

O Fluido Cósmico Universal ao ser absorvido é metabolizado pelo centro coronário, em fluido espiritual -

uma energia vitalizadora - imprescindível para a dinâmica do nosso corpo físico, sentimentos, emoções e

pensamentos.

Após a metabolização, essa energia circula pelos outros centros de força e é canalizada através da rede

nervosa para todo o organismo com maior ou menor intensidade de acordo com o estado emocional da

criatura, porque eles estão subordinados a impulsos da mente, irradiando-se, posteriormente, em seu derredor,

formando a nossa aura, que é uma espécie de espelho fluídico capaz de refletir o que se passa no campo

psíquico. Ela reflete o nosso estado de Espírito.

Hábitos, conduta e ações nocivas, todos os atos contrários às Leis Divinas, tornam os chacras

desequilibrados e comprometem o funcionamento harmonioso do conjunto.

Tal seja a viciação do pensamento, tal será a desarmonia no centro de força correspondente que reagirá

sobre o corpo físico.

Exemplo:

- maledicência, calúnia -> desequilibra o centro de força laríngeo;

- sentimentos inferiores (inveja, ciúme, egoísmo, vaidade, mágoa) -> desequilibram o centro de força

cardíaco;

- sexo sem amor, sem respeito ou sem responsabilidade -> desequilibra o centro de força genésico.

Quanto mais equilibrados e harmônicos entre si, mais saúde física e psíquica para a criatura e maior

carga de energias ou forças vitalizadoras teremos para doar no processo de irradiação.

O equilíbrio para os nossos chacras conseguiremos através da reforma íntima, pela reforma moral,

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através do burilamento das nossas facetas negativas, procurando desfazer-nos das imperfeições que ainda

trazemos dentro de nós.

São em número de sete os principais centros de força:

a) Centro Coronário: é o mais importante pelo seu alto potencial de radiações.

Nele se assenta a ligação com a mente. Relaciona-se materialmente com a epífise ou glândula pineal,

ligando os planos espiritual e material.

Recebe, em primeiro lugar, os estímulos do Espírito comandando os demais, vibrando, porém, com eles

em regime de interdependência, isto é, são ligados entre si, obedecem ao comando do coronário, mas cada um

tem a sua função própria. É como se todos formassem uma orquestra e o coronário fosse o regente.

Dele emanam as energias de sustentação de todo o sistema nervoso. É o grande assimilador das

energias solares e captador dos raios que a espiritualidade superior envia para a Terra, capazes de favorecer a

sublimação das almas. Esse centro de força desenvolve-se na proporção da evolução espiritual.

b) Frontal ou Cerebral: tem grande influência sobre os demais.

Relaciona-se materialmente com o córtex cerebral. Trabalha em movimentos sincrônicos e de sintonia

com o centro coronário, do qual recolhe os estímulos mentais, transmitindo impulsos e anseios, ordens e

sugestões aos órgãos e tecidos, células e implementos do corpo por que se expressa.

É responsável pelo funcionamento dos centros da inteligência. Comanda os 5 sentidos: visão, audição,

tato, olfato e paladar.

Comanda através da hipófise todo o sistema glandular interno, com exceção do timo, tireóide e

paratireóide.

Administra todo o sistema nervoso. O coronário fornece as energias e ele administra.

É por este centro de força que podemos, segundo a nossa vontade, irradiar calma, alívio, equilíbrio,

conforto a quem esteja necessitando, bastando usar a força do pensamento. É responsável pelos poderes

mentais.

c) Laríngeo: controla os órgãos da respiração, da fala e as atividades do timo, da tireóide e paratireóide.

Relaciona-se com o plexo cervical. É um centro de força muito desenvolvido nos grandes cantores e oradores.

d) Cardíaco: controla, regula as emoções. Comanda os sentimento. É responsável pelo funcionamento

do coração e do aparelho circulatório. Relaciona-se materialmente com o plexo cardíaco.

e) Esplênico: responsável pelo funcionamento do baço, pela formação e reposição das defesas

orgânicas através do sangue. Relaciona-se materialmente com o plexo mesentérico e baço.

f) Gástrico ou Umbilical: responsável pelos aparelhos digestivos. Relaciona-se com o plexo solar.

Responsável pela absorção dos alimentos.

g) Genésico ou Básico: relaciona-se com os plexos sacro e lombar. Responsável pelos órgãos

reprodutores e das emoções daí advindas. Como diz André Luiz, nele se assenta o santuário do sexo. É

responsável não só pela modelagem de novos corpos físicos como pelos estímulos criadores com vistas ao

trabalho, à associação e a realização entre as almas. São essas energias sexuais, quando equilibradas, que

levam os homens a pesquisar no campo da Ciência, da tecnologia com vistas a descobrir remédios, vacinas,

inventar aparelhos, máquinas que visem a melhorar a qualidade de vida dos homens.

Levam também as pessoas a criarem no ramo das Artes, da Literatura ou em qualquer outro ramo

cultural ou educacional. Quando equilibradas, levam as pessoas a se dedicarem a obras beneméritas, a se

associarem para promover os homens socialmente, para estabelecerem a paz e a concórdia entre a

humanidade, defenderem a natureza, etc.

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Quanto mais evoluída a pessoa, mais ampliação terá das forças sexuais em inúmeras atividades para o

bem. Vai havendo maior diversificação na canalização dessas energias. Elas deixam de ser canalizadas

somente para o erotismo, como acontece nas pessoas menos evoluídas. As que já conseguem viver em

regime de castidade sem tormento mental podem canalizar estas energias para o trabalho em benefício do

próximo, para o campo da Ciência, da Cultura, da Mediunidade.

4.1 A Glândula Pineal

Jorge Andréa, médico psiquiatra, expositor e escritor espírita, que há muitos anos tem se dedicado aos

estudos da mediunidade e das obsessões, afirma-nos em Nos Alicerces do Inconsciente:

A tríade por excelência, da mais alta expressão no mecanismo mediúnico,seria representada: a) pela glândula pineal; b) pelos centros de energia vital ou chacras; c) pelo sistema neuro-vegetativo.

Como podemos notar, a glândula pineal e o sistema neuro-vegetativo são órgãos do corpo físico e os

centros de energia vital são órgãos do corpo perispiritual.

A glândula pineal foi bastante conhecida dos antigos, fato observado através de descrições existentes. A

escola de Alexandria participou ativamente dos estudos da pineal que achavam-se ligados a questões

religiosas. Os gregos conheciam-na como conarium, e os latinos como pinealis, semelhante a uma pinha.

Estes povos, em suas dissertações, localizavam na pineal o centro da vida. Mais tarde, os trabalhos sobre a

glândula pineal se enriqueceram com estudos de De Graff, Stenon e Descartes que, em 1677, fez uma

PituitáriaPineal

Tireóide e Paratireóide

Pâncreas

Supra-renais

Baço

Cóccix

Coração e Timo

Frontal ou Cerebral

Coronário

Laríngeo

Cardíaco

Esplênico

Gástrico ou Umbilical

Genésico ou Básico

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minuciosa descrição da glândula, atribuindo-lhe papel relevante que se tornou conhecida até os nossos dias.

Para ele: "A alma é o misterioso hóspede da glândula pineal."

No início do séc. XIX, embriologistas relacionaram a pineal ao terceiro olho de alguns répteis lacertídeos

da Nova Zelândia e passaram a considerá-la como um órgão vestigial, abandonado pela natureza, o que

atrasou, em muito, os estudos sobre a pineal. Porém, em 1954, vários estudiosos publicaram um livro como o

somatório crítico de toda a literatura existente sobre a glândula pineal, chegando a algumas conclusões que

foram comprovadas em trabalhos subseqüentes. Dentre estas:

que a glândula pineal passou de um órgão sensorial a uma glândula de secreção endócrina,

entretanto, permanece sofrendo influência da luz, ou seja: a luz inativa a pineal e a ausência de luz,

ativa a pineal;

a pineal teria influência sobre o amadurecimento das glândulas sexuais - ovários e testículos; quando

atuante, a pineal inibiria o desenvolvimento destas glândulas, e a inatividade da pineal permitiria o seu

desenvolvimento ocorrendo assim o aflorar da sexualidade;

seus hormônios favoreceriam o sono, diminuiriam crises convulsivas, sendo por isso conhecida como

glândula da tranqüilidade;

atuaria ainda como reguladora das funções da tireóide, pâncreas e supra-renais;

seria ainda uma reguladora global do sistema nervoso central.

Temos, até aqui, um ligeiro resumo do que a Ciência oficial conhece hoje sobre a glândula pineal

Busquemos agora, algumas considerações espíritas. Allan Kardec [LM-it 226] questiona aos Espíritos: "O

desenvolvimento da mediunidade guarda relação como o desenvolvimento moral do médium? Não, a faculdade

propriamente dita se radica no organismo não depende da moral."

Tecem a seguir valiosos comentários quanto ao problema do uso da faculdade. Interessa-nos, porém, a

expressão textual dos Espíritos: "a faculdade propriamente dita se radica no organismo", esta afirmação aguça-

nos a sã curiosidade de pesquisar em torno da sede da mediunidade. Qual seria o órgão responsável por tal

aquisição fundamental do Espírito encarnado? Na época em que Kardec codificou o Espiritismo pouco se

conhecia da anatomia e estrutura microscópica da pineal e muito menos ainda de suas funções. Com o avanço

da Ciência, porém, houve condições de recebermos informações mais amplas dos Espíritos através das obras

complementares da codificação. André Luiz, é, sem dúvida alguma, o autor espiritual que mais amplas

elucidações nos faz sobre o assunto.

Em Missionários da Luz [cap I e II] André Luiz estudando um médium psicógrafo com o instrutor

Alexandre, observa a epífise - ou pineal - do médium que está a emitir intensa luminosidade azulada, e o

instrutor Alexandre esclarece:

No exercício mediúnico de qualquer modalidade, a pineal desempenha o papel mais importante. André Luiz observa: - Reconheci que a glândula pineal do médium expedia luminosidade cada vez mais intensa... a glândula minúscula transformara-se em núcleo radiante e ao redor, seus raios formavam um lótus de pétalas sublimes. André Luiz prossegue narrando o que vê: - Examinei atentamente os demais encarnados, em todos eles a pineal apresentava notas de luminosidade, mas em nenhum brilhava como no médium em serviço. Alexandre esclarece: pode reconhecer agora que todo centro glandular é uma potência elétrica. Através de suas forças equilibradas, a mente humana intensifica o poder de emissão e recepção de raios peculiares à nossa esfera espiritual, é na pineal que reside o sentido novo dos homens, entretanto, na grande maioria, a potência divina dorme embrionária.

Em Evolução em Dois Mundos [cap IX], que fala da Evolução do cérebro, André Luiz explica a evolução

da pineal, que deixou de ser um olho exterior, como era nos lacertídeos da Nova Zelândia, para fazer parte do

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cérebro em seu interior na zona mais nobre o tálamo, relacionando às emoções mais sutis. Em Missionários da

Luz, o instrutor Alexandre fornece ainda outras informações a André Luiz:

Não se trata de um órgão morto segundo as velhas suposições, é a glândula da vida mental. Ela acorda no organismos do homem na puberdade, as forças criadoras, e em seguida continua a funcionar como o mais avançado laboratório de elementos psíquicos da criatura terrestre. Aos 14 anos aproximadamente, a glândula reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus maravilhosos mundos de sensações e impressões da esfera emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examinando o inventário de suas paixões vividas em outras épocas, que reaparecem sob fortes impulsos. Ela preside aos fenômenos nervosos da emotividade, como órgão de elevada expressão no corpo etéreo. Desata de certo modo os laços divinos da natureza, os quais ligam as existências umas às outras, na seqüência de lutas pelo aprimoramento da alma e deixa entrever a grandeza das faculdades criadoras de que a criatura se acha investida.

Vemos então atribuídas à glândula pineal funções que só agora estão sendo esclarecidas pela Ciência

oficial. Segundo revelações dos instrutores espirituais, ela domina o campo da sexualidade e estabelece

contato com o mundo extracorpóreo.

Continuando as elucidações doutrinárias, voltemos a Missionários da Luz e vamos encontrar André Luiz

surpreso com a amplitude de funções da pineal, e, a certa altura, interroga Alexandre sobre o papel das

gônadas (testículos e ovários) no desencadeamento e preservação das energias sexuais. Alexandre esclarece:

As glândulas genitais são demasiadamente mecânicas para guardarem os princípios sutis e quase imponderáveis da geração. Acham-se absolutamente controladas pelo potencial magnético de que a pineal é a fonte fundamental. As glândulas genitais segregam hormônios psíquicos ou unidades-força que vão atuar nas energias geradoras. Os cromossomos da bolsa seminal não lhe escapam a influenciação absoluta e determinada.

Alexandre prossegue fornecendo valiosas informações sobe a influência do nosso estado emocional,

sobre as gônadas - via glândula pineal, o que é de grande importância para os padrões de conduta íntima que

devem vigorar em cada um de nós.

Bibliografia Livro dos Médiuns - Allan Kardec Missionários da Luz - André Luiz/Chico Xavier Evolução em Dois Mundos - André Luiz/Chico Xavier Grilhões Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco Entre a Terra e o Céu - André Luiz/Chico Xavier Forças Sexuais da Alma - Jorge Andréa Nos Alicerces do Inconsciente - Jorge Andréa

5 O PENSAMENTO: IDEOPLASTIA E CRIAÇÕES FLUÍDICAS

O Princípio Inteligente (P.I.), através de sua longa viagem pelos Reinos da Natureza, foi desenvolvendo

características e aptidões importantes e indispensáveis para a sua evolução. Funções rudimentares e simples,

se transformaram, com o passar do tempo, em funções cada vez mais especializadas e complexas. Da função

desenvolvida por uma única organela celular tivemos o aparecimento de maravilhosos e competentes

aparelhos e sistemas orgânicos. Tudo isso exigiu um controle eficiente e preciso; assim o P.I. foi

desenvolvendo simultaneamente o sistema nervoso, para desempenhar esta tarefa. Após milênios, de

evolução estava pronto o espetacular órgão do corpo humano, o cérebro, que passou a ser o dirigente e o

gerente de cada repartição do corpo físico do homem.

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5.1 O Cérebro

Ao nascimento, o cérebro humano pesa aproximadamente 500 gramas e possui cerca de 100 milhões de

neurônios (células nervosas). No adulto o cérebro pesa aproximadamente 1500 gramas e tem também cerca

de 100 milhões de neurônios. Sabemos, que a partir do nascimento, o homem vai desenvolvendo cada vez

mais as suas aptidões, e este desenvolvimento, como vimos, não decorre da multiplicação das células

nervosas. Hoje sabemos que este fato se dá pelo aumento crescente da união entre estas células, ou seja, de

sinapses nervosas (nome que a Ciência dá à união entre as células nervosas).

Assim, o que diferencia o cérebro de uma criança do cérebro de um adulto é o número de sinapses

nervosas. A Ciência atual aceita que a maior ou menor aptidão cerebral, se deve ao maior ou menor número de

sinapses nervosas. Podemos também estender estes conhecimentos aos animais, diferenciando-os em

aptidões de acordo com o número de sinapses nervosas.

O que é muito interessante, é que o fator determinante para termos mais ou menos sinapses é

diretamente proporcional ao exercício e ao estímulo constante ao sistema nervoso, e também, que essa

capacidade de formar sinapses, ao contrário que muitos pensam, é a mesma do nascimento ao túmulo, ou seja

independe da idade do indivíduo demonstrando cientificamente que, realmente, nunca é tarde para estudar e

aprender. Qualquer atividade nossa é comandada pelo cérebro, desde as mais simples, como o piscar dos

olhos, até as mais complexas como escrever, falar, etc.

Se acompanharmos a evolução do P.I., vamos observar que as aptidões após serem conquistadas, são

armazenadas como patrimônio eterno do ser. À medida que aptidões mais complexas se desenvolvem, as

mais simples passam ao controle do inconsciente (automatismo). Podemos assim dizer que: o cérebro

comanda o nosso corpo físico utilizando-se de ordens conscientes (falar, escrever, andar, etc.) e ordens

inconscientes (piscar os olhos, bater o coração, respirar, etc.).

A Ciência da Terra consegue explicar como ocorrem as alterações cerebrais diante de um estímulo, qual

a área do cérebro responsável pelo controle de certa função orgânica, explica como a ordem, partindo do

cérebro, atinge o órgão efetor. A Ciência terrena se perde quando não consegue entender o motivo pelo qual, a

um mesmo estímulo, duas pessoas respondem de forma tão diferente em certas circunstâncias. Por que duas

pessoas ao ouvirem uma mensagem ou uma música, uma chega às lágrimas, enquanto a outra mostra-se

indiferente. Para entendermos este aspecto, temos de recorrer à ciência não convencional. O Espiritismo nos

explica este fato com clareza.

Nós espíritas sabemos a diferença entre o Espírito encarnado e o Espírito desencarnado, e entre outras

coisas, que o encarnado, por precisar atuar sobre a matéria densa, necessita do corpo físico. A Doutrina

Espírita, nos ensina que o corpo físico desde o momento da concepção é formado tendo como molde o

perispírito. Nosso corpo físico é uma cópia de nosso corpo perispiritual (réplica rudimentar).

Guardando certos limites, podemos afirmar que o cérebro humano é uma réplica do cérebro perispiritual,

e que este cérebro físico seria rudimentar quando comparado ao cérebro perispiritual, pois nem todas as

características são passadas ao corpo físico, mas apenas as possíveis e necessárias a cada reencarnação.

Seriam dois computadores de gerações diferentes.

5.2 O Pensamento

A ciência espírita nos ensina que a ordem realmente nasce na vontade do Espírito que, por uma

"vibração nervosa", faz vibrar certa região de nosso cérebro perispiritual e este emite uma outra "vibração

nervosa" que faz a área correspondente no cérebro físico emitir uma ordem ao órgão efetor do corpo físico.

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Ou seja, quem realmente responde ao estímulo do meio é o Espírito, e a resposta ganha o corpo físico

através do perispírito. O Espírito pensa e manda, o perispírito transmite e o corpo físico materialmente

responde. No exemplo que citamos, o Espírito ao ouvir a mensagem ou a música responde ao estímulo. após

julgá-lo utilizando-se de todo seu patrimônio moral e intelectual, adquirido em reencarnação sucessivas,

explicando assim a resposta diferente de dois Espíritos ao mesmo estímulo. Ou seja, ocorre na matéria a

exteriorização de tudo aquilo que existe no Espírito como um todo. Albert Einstein afirmava que todos nós

vivemos em um Universo de energias, que a matéria é, na verdade, a apresentação momentânea da energia,

como a água que pode apresentar-se em seus três estados (sólido, líquido e gasoso).

O sábio cientista nos ensinou que toda fonte de energia propaga sua influência no Universo através de

ondas (ex.: fonte de calor com ondas de calor, fonte sonora com ondas sonoras, fonte luminosa como ondas de

luz, etc.), e que esta influência vai até ao infinito. Ao campo de influência, existente ao redor de toda fonte de

energia (matéria), a Ciência deu o nome de "CAMPO DE INFLUÊNCIA DE EINSTEIN". Se analisarmos o

campo de influência de uma fonte de energia, vamos conseguir deduzir aspectos importantes desta fonte,

mesmo sem conhecê-la diretamente (o estudo feito pelos astrônomos com a irradiação emitida das estrelas).

Cada fonte de energia tem o seu campo de influência próprio.

Quando o Espírito pensa, estando encarnado ou não, pois como vimos, quem pensa é o Espírito e não o

cérebro físico, ele funciona como uma fonte de energia, criando as ondas mentais (partículas mentais) gerando

em torno de si o CAMPO DE INFLUÊNCIA DA MENTE HUMANA, conhecido com o nome de hálito mental, como nos ensina o autor espiritual André Luiz. Como cada um de nós pensa de acordo com o seu patrimônio

intelecto-moral, emitimos ondas mentais diferentes, ou seja, cada um de nós tem o seu Hálito Mental próprio -

HÁLITO MENTAL INDIVIDUAL. Projetamos constantemente uma vibração nas partículas que compõem nosso

perispírito de acordo com a nossa evolução (cor, cheiro, sensação agradável) ou desagradável e alguém que

se aproxima de nós. A espiritualidade nos ensina que um grupo de Espíritos (encarnados ou desencarnados)

que pensa da mesma forma (evolução semelhante) formam um Hálito Mental de um Grupo, HÁLITO MENTAL

DE UMA COLETIVIDADE.

Como vimos, a energia de uma fonte se propaga através de ondas. A Física nos ensina que o que

diferencia uma onda de outra, são suas características físicas como: amplitude, freqüência, comprimento, etc.

Assim, uma onda seria luminosa, outra de calor, outra sonora, outra mental, segundo estas características

físicas. Para simplificarmos a análise, utilizaremos apenas a freqüência de uma onda, ou seja, o número de

ciclos em determinado tempo (ciclos por segundo). Assim teríamos ondas de alta, média e baixa freqüência.

A física também nos ensina que o campo de influência das ondas que esta fonte emite é maior quando

maior a freqüência (ex.: emissoras de rádio que emitem ondas de mais elevada freqüência atingem maior

distância de seu sinal). A espiritualidade nos ensina que esta lei é obedecida na Ciência espiritual, ou seja,

quanto mais evoluído moralmente é o Espírito (encarnado ou desencarnado) mais alta a freqüência de suas

ondas mentais. Assim Espíritos muito evoluídos emitem ondas de altíssima freqüência (maior o seu campo de

influência) e Espíritos pouco evoluídos ondas de baixa freqüência (menor o campo de influência). Assim,

obedecendo a uma lei física, podemos afirmar que o poder de influência do Bem é muito maior do que do Mal.

A Física da Terra nos diz que fontes que emitem ondas de freqüências iguais se atraem e fontes que

emitem ondas de freqüência deferentes se repelem. Assim também ocorre com o Espírito, esteja ele

encarnado ou não. O local (dimensão) do Universo onde Espíritos que emitem o mesmo tipo de HÁLITO

MENTAL se encontram recebe o nome de FAIXA VIBRATÓRIA, ou FAIXA DE PENSAMENTO, ou FAIXA DE

INFLUÊNCIA. Quando se acha em uma faixa vibratória, o Espírito que aí está atrai e é atraído para esta faixa,

ou seja, alimenta e é alimentado dos sentimentos dessa faixa de pensamentos ou de sentimentos. Devemos

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nos burilar, no sentido de sempre estarmos em faixas vibratórias mais evoluídas; tudo depende dos

sentimentos (ondas) que criamos diuturnamente.

5.3 Ideoplastia

Ideoplastia - palavra de origem grega que trata do estudo das formas através do pensamento. Na

literatura espírita, também podemos encontrar outras designações com o mesmo significado: criações fluídicas,

formas-pensamento, imagens fluídicas, ou, ainda, construções mentais. Sendo os fluidos espirituais a

atmosfera dos seres espirituais, os Espíritos tiram desse elemento os materiais sobre os quais operam; é

nesse meio que ocorrem os fenômenos perceptíveis a sua visão e a sua audição.

5.3.1 Mecanismo e Duração

Os Espíritos atuam sobre os fluidos espirituais empregando o pensamento e a vontade, seus principais

instrumentos de ação. Por este mecanismo, eles podem imprimir aos fluidos, direção, pode lhes aglomerar,

combinar, dispersar, organizar, podendo também, mudar-lhes as propriedades. É dessa forma que as águas

podem ser fluidificadas, adquirindo certas qualidades curadoras.

O pensamento reflete-se no perispírito, que é sua base e meio de ação; ele reproduz todos os

movimentos e matizes. Na medida em que o pensamento se faz, instantaneamente o corpo fluídico retrata as

formas criadas, deixando de existir tão logo o mesmo pensamento cesse de agir naquele sentido.

Para o Espírito que é, também ele, fluídico, todas as criações mentais são tão reais como eram no estado

material quando encarnado; mas, pela razão de serem fruto do pensamento, sua existência é tão fugidia

quanto a deste. O pensamento pode materializar-se criando formas de longa duração conforme a persistência

da onda em que se expressa.

5.3.2 Classificação

As construções mentais podem resultar de uma intenção (voluntária) ou de um pensamento inconsciente

(involuntária). Basta que o Espírito pense numa coisa para que esta se reproduza. Tenha um homem, por

exemplo, a idéia de matar a outro, embora o corpo material se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é

posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto. A

imagem da vítima é criada e a cena toda é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola na mente.

Isto permite entender por que todo e qualquer pensamento pode tornar-se conhecido: por evidenciar-se

no corpo fluídico, pode ser percebido por outros Espíritos, encarnados ou desencarnados, que estejam

vibrando em sintonia. Mas, é importante considerar que o que realmente é visto pelo observador é a intenção.

Sua execução, todavia, vai depender da persistência de propósitos, de circunstâncias que a favoreçam.

Modificadas as intenções, os planos também sofrerão mudanças.

As criações fluídicas inconscientes retratam as preocupações habituais do indivíduo, seus desejos, seus

projetos, seus anseios, desígnios bom ou maus. Elas surgem e se desfazem alternadamente. As idéias, as

lembranças vividas, em nível inconsciente, também gravitam em torno de quem as elabora. As criações

fluídicas, que são fruto de uma intenção, são programadas com um objetivo específico. Podem ser promovidas

por mentores espirituais ou obsessores. A técnica utilizada, tanto por Espíritos bons quanto por Espíritos

inferiores, é a mesma. Os mentores espirituais atiram as lembranças construtivas e plasmam quadros

superiores que irão gerar renovação e força, equilíbrio, serenidade e confiança em Deus. Durante o passe,

enquanto a pessoa se encontra predisposta, mais eficazmente as construções superiores são registradas.

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5.4 Licantropia (Zooantropia)

Alguns Espíritos podem mostrar-se com a forma semelhante a de determinados animais. São chamados

fenômenos de zooantropia. Nestes casos, é utilizado o poder hipnótico/magnético de uma mente mais

poderosa sobre a outra. A gênese de tais fenômenos encontra-se na consciência culpada da vítima e, a base

de ação, nos elementos plásticos do seu perispírito. Os obsessores aproveitam sempre a idéia traumatizante, o

sentimento de culpa ou o rebaixamento moral voluntário, explorando deslizes presentes ou passados, bem

como a ignorância dos incautos.

5.5 Recursos ideoplásticos nas Reuniões Mediúnicas

Em cada reunião espírita, orientada com segurança, existem Espíritos prestativos e operantes, eficientes

e unidos que manipulam a matéria mental necessária à formação de quadros educativos. São recursos

imprescindíveis à criação de formas-pensamento, com vistas à transformação dos companheiros em

sofrimento e desequilíbrio que se manifestam. Para se recuperarem, é indispensável que recebam o concurso

de imagens vivas sobre as impressões vagas e descontínuas a que se recolhem. Esses operadores agem com

precedência, consultando-lhes as reminiscências, observando-lhes o pretérito e anotando-lhes os labirintos

psicológicos, a fim de que nos santuários mediúnicos, sejam conduzidos a metamorfoses mentais,

imprescindíveis à vitória do bem.

Assim, formam-se jardins, templos, fontes, hospitais, escolas, oficinas, lares e quadros outros em que os

Espíritos comunicantes sintam-se como que tornando à realidade pregressa, através da qual põem-se mais

facilmente ao encontro da realidade espiritual, sensibilizando-os nas fileiras mais íntimas. Pelo mesmo

processo são-lhes revitalizadas a visão, a audição, a memória e o tato.

Importante: pelos mesmos recursos ideoplásticos são criados quadros para ajudar a mente dos

encarnados que operam na obra assistencial dentro do Evangelho de Jesus. Para isso, é necessário oferecer o

melhor material dos nossos pensamentos, palavras e atitudes. Toda cautela é recomendável no esforço

preparatório de uma reunião espírita para socorro a desencarnados menos felizes, mesmo quando não

sejamos portadores de maiores possibilidades; através da oração convertamo-nos em canais de auxílio, apesar

da precariedade dos nossos recursos. É imprescindível tranqüilidade, carinho, compreensão e amor para que a

programação dos companheiros espirituais encontrem em nós base segura na sua realização. O homem é a

sua vida mental. Aquele que se compraz na aceitação da própria decadência acaba na posição de excelente

incubador de bactérias e sintomas mórbidos. Quanto mais largo é o vôo, mais radiosas as claridades, mais

inebriantes as alegrias sentidas, mais poderosas as forças adquiridas, maiores possibilidades de ajuda.

Bibliografia O Livro dos Espíritos - Allan Kardec; O Livro dos Médiuns - Allan Kardec; A Gênese - Allan Kardec; Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier; Correnteza de Luz - José Raul Teixeira; Antologia do Perispírito - José Jorge; Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier; Libertação - André Luiz/Chico Xavier; Sexo e Destino - André Luiz/Chico Xavier

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6 FLUIDOTERAPIA

Fluidoterapia: Tratamento pelo fluido; tratamento através do fluido.

Esboçava Kardec em 1869 uma nova obra, desta vez sobre as relações entre magnetismo e Espiritismo

quando, vitimado pela ruptura de aneurisma, veio a desencarnar. Mas desde o início da codificação, tratou em

suas obras do magnetismo, magnetizador que fora.

Aprendemos então que Magnetismo é fluido. Daí a propriedade que as pessoas tem de irradiar um

fluido ou uma energia que pode influenciar pessoas, animais, vegetais e o meio circundante.

No passado, dois nomes se destacaram no estudo e prática do magnetismo:

* Paracelso (1490-1541) - alquimista, médico que se projetou na Idade Média, chegando a ser afastado

do cargo de professor pelas suas idéias renovadoras.

* Mesmer (1733-1815) - médico alemão que, na Era Moderna, despertou importantes movimentos de

apoio, curiosidade e adesão pelo tratamento das doenças através do fluido.

É importante atentarmos para o fato de que magnetismo e Espiritismo são duas Ciências que se

relacionam. Porém,

Magnetismo Espiritismo

Trabalha-se pela cura através de técnicas; Trabalha-se pela elevação moral da criatura;o indivíduo se habilita pelo conhecimento técnico e pelo preparo físico e mental para atuar no paciente

a criatura se moraliza e procura passar para os que a cercam virtudes de que seja portadora, com o concurso dos Espíritos

Sabemos hoje que realmente existe um tipo de fluido suscetível, passível de receber impressões,

modificações ou qualidades, capazes de serem transferidos de um indivíduo para o outro - o que vem explicar

o mecanismo do passe. Experiências importantes nesse campo vem demonstrando que, de fato, o homem

pode, a partir da sua vontade e do propósito, beneficiar ao outro, transmitir-lhe recursos energéticos que vão

contribuir para suprirem certas deficiências vitais ou promoverem o equilíbrio energético do corpo físico e

perispiritual do doente.

6.1 O Passe

No meio espírita o passe não se restringe ao magnetismo ordinário, material, ao magnetismo

propriamente dito, uma vez que sabemos que os Espíritos promovem recursos de grande valia nos processos

de cura ou de alívio dos pacientes.

O passe espírita resulta, principalmente das faculdades da alma, o corpo é instrumento da ação. Através

de Allan Kardec identificamos a idéia básica, fundamental na doação da bioenergia. Vejamos:

"Apenas sua ignorância lhe faz crer na influência desta ou daquela forma." Revista Espírita [1865-pg

254]

"A Ciência até hoje só conhece as substâncias tangíveis, não compreende a ação de um fluido

impalpável tendo a vontade como propulsor." Revista Espírita [1868-pg 86]

"A vontade é o atributo do Espírito encarnado tanto quanto do Espírito errante, daí a potência do

magnetizador, potência que sabemos estar na proporção da força da vontade." O Livro dos Médiuns

[cap VIII-it 131]

"Quando se diz que um médico cura seu paciente com boas palavras estamos expondo uma verdade

absoluta, pois o pensamento benfazejo, traz consigo fluidos reparadores que atuam sobre o físico

tanto como sobre o moral." A Gênese [cap XIV-it 20]

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"São extremamente variados os efeitos da ação fluídica sobre os doentes de acordo com as

circunstâncias. Algumas vezes é lenta e reclama tratamento prolongado no magnetismo ordinário.

Doutras vezes é rápida como uma corrente elétrica. Há pessoas dotadas de tal poder que operam

curas instantâneas nalguns doentes, por meio apenas da imposição das mãos ou até exclusivamente

por ato da vontade." A Gênese [cap IV-it 31]

"... a fazer passes o médium curador infiltra um fluido regenerador pela simples imposição das mãos,

graças ao concurso dos Espíritos, mas esse concurso só é conhecido à fé sincera e a pureza de in-

tenção." Revista Espírita [1864-pg 7]

"A faculdade de curar pela imposição das mãos tem sem dúvida alguma o princípio numa força

excepcional de expansão, suscetível de ser aumentada por vários motivos, entre os quais predomina

a pureza de sentimentos, desinteresse, benevolência, desejo ardente de aliviar, prece e confiança

em Deus." Obras Póstumas [parte I-it 92]

Deduzimos então, pelas colocações do Codificador, que o passe espírita não precisa de técnicas

sofisticadas.

O passe é a passagem de uma pessoa para outra de uma certa quantidade de energia fluídica,

dependendo esta, do estado de saúde do passista e do seu grau de desenvolvimento. É dado de mente para

mente. É a mente que produz fluidos bons e não as mãos mexendo de baixo para cima, de cima para baixo no

doente.

Desnecessária ainda a chamada "limpeza fluídica", quando, pretendendo retirar fluidos deletérios do

organismo doente, o passista usa gestos de expulsão dos fluidos. Kardec elucida: "O fluido bom expulsa o

fluido ruim."

Os técnicos em magnetismo são os Espíritos. Nós somos instrumentos motivados pelo amor ao nosso

próximo. Há, numa Casa Espírita bem organizada, toda uma equipe espiritual coordenando o trabalho da

bioenergia na sala de passes.

Precisamos dar um sentido ético e uma direção segura à doação fluídica, apenas estendendo as mãos

sobre a cabeça do paciente. As mãos transmitem as energias que a mente do passista fabrica e capta.

A mente age como uma antena quando recebemos os recursos do plano superior e também quando

retiramos estes recursos do próprio organismo.

É importante o passista preparar-se sempre convenientemente, o mais que puder, e encarar a

transmissão do passe como um ato eminentemente fraternal doando o que de melhor tenha em sentimento e

vibração.

Espiritismo é uma doutrina essencialmente consoladora, uma doutrina de reeducação da alma - postula

um novo caminho para o homem se elevar livre de dogmas, de rituais, de esquemas.

É necessário esclarecer o passista sobre esse "folclore", livrando-o desse conjunto de crenças, lendas,

costumes, formados de um aparato mágico supostamente necessário para a transmissão do passe. Embora a

Doutrina Espírita seja contrária a qualquer prática destituída de fundamento, existe, no seu meio, o

freqüentador que, levado por condicionamento viciosos, fica aguardando passe sem qualquer reconhecida

necessidade para isso.

A primeira função do Espiritismo é educar. Os seus princípios convocam a alma humana à luta pelo

próprio desenvolvimento moral e intelectual.

As propostas da Doutrina pairam acima de interesses imediatistas para ao homem acenar com

resoluções mais seguras e definitivas. Ter consciência espírita significa estar se esforçando no curso de cada

dia para viver em amor; meta que pode ser atingida pela autodisciplina. Contudo, um grande número de

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pessoas chegam às Casas Espíritas buscando a saúde do corpo. A abençoada mediunidade de cura chega ao

mundo como instrumento de amparo às criaturas abatidas pelo sofrimento. Curar o corpo é favorecer a alma na

sua caminhada terrena. Mas, à luz da Doutrina Espírita, educar é a finalidade; curar é o meio de se chegar à

finalidade.

6.2 Água Fluida

No capítulo da fluidoterapia temos na água fluidificada outro elemento de valor. É utilizada no meio

espírita como complemento do passe, tornando-se portadora de recursos medicamentosos. Há todo um

manejo de fluidos modificando a água através da química mental. "Coloca o teu recipiente de água cristalina à

frente de tuas orações e espera e confia." Emmanuel/Chico Xavier

6.3 Irradiação

Na irradiação, os fluidos também têm importância real.

Léon Denis No Invisível [cap I] observa: "A força magnética por certos homens projetada pode de perto

ou de longe fazer sentir sua influência, aliviar, curar."

6.4 Passe a Distância

É uma modalidade da irradiação quando a sintonia é condição básica.

Nos Domínios da Mediunidade [cap 17]: "- O passe pode ser dispensado a distância? Sim, desde que

haja sintonia entre o que recebe e o que administra."

6.5 Sessões Mediúnicas

Allan Kardec na Revista Espírita [ano 1866,pg 349] nos diz que: "No passe o fluido age de certo modo

materialmente sob os órgãos afetados, ao passo que, na obsessão, deve agir moralmente sobre o Espírito

obsessor."

Buscando o medianeiro ajuda espiritual, pois sem a assistência dos bons Espíritos fica o médium

reduzido as suas próprias forças, insuficientes por vezes, mas, centuplicadas em poder e eficácia se unidas ao

fluido depurado dos mensageiros de Jesus.

Nesse contexto todo, uma coisa é evidente e fundamental: o sentimento com que a fluidoterapia é

realizada, porque este é um trabalho que jamais deverá ser feito de forma maquinal.

Regra Princípio Segundo Allan Kardec está na evolução moralCódigo Norma Recurso Ajuda Segundo Allan Kardec estão no pensamento, na vontade e no amor Socorro Auxílio

Não podemos mais conviver com teorias estranhas à Doutrina Espírita.

O passe é transmissão de energias humanas somadas com as emanações divinas encontradas nos

reservatórios da natureza. Sustentando-se na prece, o passista é um intermediário consciente que humilde se

ergueu para Deus. Nenhum passista pode dispensar a oração ao reconhecer, na prece, o benefício que ela

30

proporciona. E a oração não tem fórmula, é vibração sincera da alma, e quanto mais sincera for maior teor

vibratório alcança e mais energias soma. A essência do passe é o amor.

Herculano Pires alcança a questão com uma objetividade admirável:

"É tão simples um passe que não podemos fazer mais do que dá-lo." "O passe é um ato de amor."

Bibliografia O Livro dos Médiuns - Allan Kardec Obras Póstumas - Allan Kardec A Gênese - Allan Kardec Passe e Passistas - Roque Jacinto Obsessão - Passe - Doutrinação - Herculano Pires Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier Missionários da Luz - André Luiz/Chico Xavier Mecanismos da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier Estudando a Mediunidade - Martins Peralva A Obsessão, O Passe, A Doutrinação - Herculano Pires

7 A MEDIUNIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS

Estudando as civilizações da Terra, vamos observar que a mediunidade tem-se manifestado, em todos os

tempos e em todos os lugares, desde as mais remotas épocas. A crença na imortalidade da alma e a

possibilidade da comunicação entre os "vivos" e os "mortos" sempre existiu.

Ao observarmos o passado, evocando a lembrança das religiões desaparecidas, das crenças mortas,

veremos que todas elas tinham um ensinamento dúplice: um exterior ou público, com suas cerimônias bizarras,

rituais e mitos, e outro interior ou secreto revestido de um caráter profundo e elevado. Os aspectos exteriores

eram levados ao povo de um modo geral, enquanto que o aspecto interior era revelado apenas a indivíduos

especiais. Chamados "iniciados" por algumas religiões, estes eram preparados desde a infância, às vezes por

20 a 30 anos.

Julgar uma religião, apenas levando em consideração o seu aspecto exterior, será o mesmo que apreciar

o valor moral de uma pessoa por suas vestes. Analisando o aspecto interior destas religiões, observaremos

que todos os ensinamentos estão ligados entre si como uma única doutrina básica, que os homens trazem

intuitivamente, desde um passado longínquo. Vamos observar alguns aspectos interessantes das religiões do

passado.

7.1 Índia

Na Índia, berço de todas as religiões da Humanidade, temos o Livro dos Vedas, datado de

aproximadamente 1.500 a.C., que tem sido reconhecido como o mais antigo código religioso da Humanidade;

são quatro livros cujo conteúdo principal são cânticos de louvor. Os Brâmanes, seguidores dos Vedas,

acreditam que este código religioso foi ditado por BRAHMA. Nos Vedas encontramos afirmativas claras sobre

imortalidade da alma e a recriação: "Há uma parte imortal no Homem, o AGNI, ela é que é preciso rescaldar

com teus raios, inflamar com os teus fogos (...). (...) Assim como se deixam as vestes gastas, para usar novas

vestes, também a alma deixa o corpo usado para recobrir novos corpos."

Ainda na Índia, encontramos KRISHNA, educado por ascetas nas florestas do cume do Himalaia,

inspirador de uma doutrina religiosa, na verdade um reformulador da Doutrina Védica. Deixa claro a idéia da

31

imortalidade da alma, as reencarnações sucessivas, e a possibilidade de comunicação entre vivos e mortos: "O

corpo envoltório da alma, que nele faz sua morada, é uma coisa finita, porém a alma que o habita é invisível,

imponderável e eterna." "Todo renascimento feliz ou infeliz é conseqüência das obras praticadas em vidas

anteriores."

Estes são alguns aspectos dos ensinamentos de KRISHNA, que podem ser encontrados nos livros

sagrados, conservados nos santuários ao sul do Industão.

Também na Índia, 600 a.C., vamos encontrar Siddartha Gautama, o Buda, filho de um rei da Índia, que

certo dia saindo do castelo, onde até então vivera, tem contato com o sofrimento humano e, sendo tomado de

grande tristeza, refugia-se nas florestas frias do Himalaia e, depois de aproximadamente 15 anos de

meditação, retorna trazendo para a Humanidade uma nova crença, toda baseada na caridade e no amor:

"Enquanto não conquistar o progresso (Nirvana) o ser está condenado à cadeia das existências terrestres."

"Todos os Homens são destinados ao Nirvana."

Buda e seus discípulos praticavam o Dhyana, ou seja, a contemplação aos mortos: "Durante este estado,

o Espírito entra em comunicação com as almas que já deixaram a Terra."

7.2 Egito

No Egito, o culto aos mortos foi muito praticado. As Ciências psíquicas atuais eram familiares aos

sacerdotes da época; o conhecimento das formas fluídicas e do magnetismo eram comuns. O destino da alma,

a comunicação com os mortos, a pluralidade das existências da alma e dos mundos habitados eram, para eles,

problemas solucionados e conhecidos. Egiptólogos modernos, estudando as pirâmides, os túmulos dos faraós,

os papiros, deixam claro todos estes aspectos reconhecendo a grande sabedoria deste povo. Como em outras

religiões, apenas os iniciados conheciam as grandes verdades, o povo, por interesse de poder dos soberanos,

praticamente mantinha-se ignorante a este respeito.

7.3 China

Na China, vamos encontrar Lao-Tsé e Confúcio, 600 a 400 a.C., que com os seus discípulos (iniciados),

mantinham no culto dos antepassados a base de sua fé. Neste culto, a idéia da imortalidade e a possibilidade

da evocação dos mortos era clara.

7.4 Israel

Cerca de 15 séculos antes de Cristo, Moisés, o grande legislador hebreu, observando a ignorância e o

despreparo de seu povo, procura através de uma lei disciplinar, educar os hebreus com relação à evocação

dos mortos. Se houve esta proibição, é claro que a evocação dos mortos era comum entre este povo da

Antiguidade. Moisés assim se referiu: "Que ninguém use de sortilégio e de encantamentos, nem interrogue os

mortos para saber a verdade."

Não havia chegado o momento para tais revelações. Estudando a vida de Moisés, vemos que ele era

possuidor de uma mediunidade fabulosa que possibilitou o recebimento dos "Dez Mandamentos", no Sinai, que

até hoje representa a base dos códigos de moral e ética no mundo.

7.5 Grécia

Na Grécia, a crença nas evocações era geral. Vários filósofos, desta progressista civilização, se referem

a estes fatos: Pitágoras (600 a.C.) Astófanes, Sófocles (400 a.C.) e a maravilhosa figura de Sócrates (400

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a.C.). A idéia da unicidade de Deus, da pluralidade dos mundos habitados e da multiplicidade das existências

era por eles transmitidas a todos os seus iniciados. Sócrates, o grande filósofo, aureolado por divinas

claridades espirituais, tem uma existência que em algumas circunstâncias, aproxima-se da exemplificação do

próprio Cristo: "A alma quando despida do corpo, conserva evidentes, os traços de seu caráter, de suas

afeições e as marcas que lhe deixaram todos os atos de sua vida."

7.6 Jesus

Jesus, o Médium de Deus, teve sua existência assinalada por fenômenos mediúnicos diversos. O Novo

Testamento traz citações claras e belas de mediunidade em suas mais diferentes modalidades.

7.7 Idade Média

A Idade Média foi uma época em que o estudo mais profundo da religião era praticado apenas por

sociedades ultra-secretas. Milhares de vidas foram sacrificadas sob a acusação de feitiçaria, por evocarem os

mortos. Nesta época, tão triste para a Humanidade, em vários aspectos, podemos citar como uma grande

figura, Joana D'arc, que guiando o povo francês, sob orientação de "suas vozes", deixou claro a possibilidade

da comunicação entre os vivos e os mortos.

7.8 O Espiritismo

Foi no século XIX (1848), na pacata cidade de Hydesville, no estado de New York (EUA), na casa da

família Fox, que o fenômeno mediúnico começaria a ser conhecido em todo o mundo. Chegara o momento em

que todos as coisas deveriam ser restabelecidas. Foi quando surgiu no cenário terrestre, aquele que deu corpo

à Doutrina dos Espíritos: Hippolyte Léon Denizar Rivail, ou ALLAN KARDEC, como ficou conhecido.

Em 1855, com a idade de 51 anos, Kardec iniciou um trabalho criterioso e científico sobre o fenômeno

mediúnico e após alguns anos de estudos sistematizados lançou, em 18 de abril de 1857, O Livro dos

Espíritos; em 1859 - O Que é o Espiritismo; em 1861 - O Livro dos Médiuns; em 1864 - O Evangelho Segundo

o Espiritismo; em 1865 - O Céu e Inferno e em 1868 - A Gênese. Graças ao sábio lionês tivemos a Codificação

da Doutrina Espírita reconhecida como a Terceira Revelação, o Consolador prometido por Jesus.

Bibliografia Depois da Morte - Léon Denis História do Espiritismo - Arthur Conan Doyle Allan Kardec - Zeus Wantuil e Francisco Thiesen

8 MÉDIUM: CONCEITO, CLASSIFICAÇÃO E DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO

8.1 Médium e Mediunidade

A palavra médium é uma expressão latina que significa "meio" ou "intermediário". Allan Kardec

apropriou-se dessa expressão para designar as pessoas que são portadoras da faculdade mediúnica.

Kardec [LM-cap 32] conceitua:

Médium - pessoa que pode servir de intermediária entre os Espíritos e os homens.

Mediunidade - a faculdade dos médiuns, ou seja, a faculdade que possibilita a uma pessoa servir de

33

intermediária entre os Espíritos desencarnados e os homens.

Assevera ainda Kardec [LM-it 159] que: "todo aquele que sente em qualquer grau a influência dos

Espíritos é médium."

Diante da assertiva do Codificador da Doutrina Espírita poder-se-ia indagar: Somos todos médiuns? De

forma generalizada poderíamos afirmar que sim. Todos os indivíduos possuem rudimentos da faculdade

mediúnica, já que podem ser influenciados pelos Espíritos. Através do pensamento, as entidades da esfera

extrafísica, podem atuar sobre todos nós, de forma imperceptível. Mostram os benfeitores espirituais da

Codificação que esta influência "é maior do que supomos" [LE-qst 459]

Todavia, de forma particular, na prática espírita cotidiana, é não a resposta. Orienta Allan Kardec que se

deve reservar esta expressão apenas para as pessoas que permitem a produção de fenômenos patentes e de

certa intensidade:

Pode-se dizer, que todos são mais ou menos médiuns. Usualmente, porém, essa qualificação se aplica somente aos que possuem uma faculdade bem caracterizada, que se traduz por efeitos patentes de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva. [LM-it 159]

8.2 Classificação Geral dos Médiuns

A faculdade mediúnica não se revela em todos da mesma maneira. Os médiuns tem geralmente aptidão

especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que os divide em tantas variedades quantas são as

espécies de mediunidade, embora nada impeça que um médium venha a possuir mais do que uma aptidão.

Diversas são as classificações propostas, mas de forma bem prática, podemos classificá-los de acordo com o

tipo de mediunidade, nas seguintes categorias:

a) Médiuns de Efeitos Físicos: são aqueles aptos à produção de fenômenos que sensibilizam

objetivamente os nossos sentidos, tais como: movimento de corpos inertes, ruídos, etc. Trata-se de uma

categoria de médiuns bastante infreqüente em nossos dias, mas que teve fundamental importância na fase de

implantação da Doutrina Espírita.

Sub-categorias:

Tiptólogos: os que produzem ruídos e pancadas. Mesmo sem que o médium tome conhecimento, os

Espíritos podem se utilizar de certos recursos fluídicos que eles possuem para produzir o fenômeno;

Motores: os que produzem movimentos dos corpos inertes;

De Translação e Suspensão: os que produzem a translação de objetos através do espaço ou a sua

suspensão, sem qualquer ponto de apoio. Há também os que podem elevar-se a si mesmos (levitação);

De Transporte: os que podem servir aos Espíritos para o transporte de objetos materiais através de

lugares fechados;

Pneumatógrafos: os médiuns que permitem a escrita direta (espécie de mediunidade onde os Espíritos,

utilizando-se do ectoplasma do médium, escrevem sobre determinados objetos sem se utilizarem de lápis ou

caneta);

Pneumatofônicos: os médiuns que permitem a voz direta (fenômeno mediúnico onde os Espíritos emitem

sons e palavras através de uma "garganta ectoplásmica", sem a utilização do aparelho vocal do medianeiro);

De Materialização: são aqueles que doam recursos fluídicos (ectoplasma) para a materialização do

Espírito ou de parte do Espírito, ou, ainda, de certos objetos;

De Bicorporeidade: são aqueles capazes de materializarem seu corpo perispíritico em local FORA do

corpo físico;

34

De Transfiguração: são aqueles aptos a promoverem modificações temporárias em seu corpo físico,

através da vontade e do pensamento.

b) Médiuns Sensitivos: são os médiuns capazes de registrar a presença de Espíritos por uma vaga

impressão. Ora esta impressão é boa ora é ruim, dependendo da natureza da entidade desencarnada. Esta

variedade não apresenta caráter bem definido, pois todos médiuns são mais ou menos sensitivos;

c) Médiuns Intuitivos ou Inspirados: são aqueles que recebem comunicações mentais estranhas às

suas idéias, vindas da esfera imaterial. Na realidade, todos nós somos médiuns intuitivos, pois podemos

assimilar inconscientemente o pensamento dos Espíritos, mas em algumas pessoas, essa capacidade é mais

evidente. Os médiuns de pressentimento são uma variedade dos intuitivos, onde há uma vaga impressão de

acontecimentos futuros;

d) Médiuns Audientes: são os médiuns que ouvem os Espíritos. Em algumas vezes é como se

escutassem uma voz interna que lhes ressoasse no foro íntimo, doutras vezes, é uma voz exterior, clara,

distinta;

e) Médiuns Videntes: são aqueles aptos a verem os Espíritos em estado de vigília. Kardec fazia

referência à raridade desta faculdade e em nossos dias continua pouco comum;

f) Médiuns Falantes ou Psicofônicos: são aqueles que possibilitam aos Espíritos a comunicação oral

com outras pessoas encarnadas, utilizando os recursos vocais do médium. É a variedade de médiuns mais

comum em nossos dias;

g) Médiuns Escreventes ou Psicógrafos: são os médiuns aptos a receberem a comunicação dos

Espíritos através da escrita. Foi pelos médiuns escreventes que Allan Kardec montou os pilares básicos da

Codificação Espírita;

h) Médiuns Curadores: são aqueles aptos a curarem, através do toque, por um ato de vontade e pelo

passe. Em realidade, todos somos capazes de curar enfermidades pela prece e pela transfusão fluídica, mas,

também aqui, esta designação deve ficar reservada para aquelas pessoas onde a capacidade de curar ou

aliviar as doenças é bem evidente;

i) Médiuns Psicômetras: são aqueles aptos a identificarem os fluidos presentes em determinados

objetos e locais (Psicometria);

j) Médiuns Sonambúlicos ou de Desdobramento: são aqueles capazes de emanciparem seu corpo

espiritual deixando a organização física num estado de sonolência ou apatia. Segundo Kardec, estes médiuns

"vivem por antecipação a vida espiritual", pois são capazes de realizar inúmeras tarefas no mundo dos

Espíritos.

8.3 Desenvolvimento Mediúnico

Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, no seu Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua

Portuguesa, desenvolver significa: tirar invólucro, expor minuciosamente, progredir, alargar, instruir-se. E

desenvolvimento é o ato ou efeito de desenvolver. Desenvolvimento Mediúnico é o ato de fazer crescer,

progredir, expor a faculdade que permite aos homens comunicarem-se com os Espíritos.

Se nós falamos somente em desenvolvimento mediúnico e não em “criar” mediunidade ou médiuns, é,

certamente porque esta faculdade não se cria numa determinada pessoa que não a possua. A mediunidade é

uma faculdade tão natural no homem quanto qualquer outro dos cinco sentidos habituais (visão, audição,

olfato, tato e paladar). Tomemos o paladar para exemplo. Ninguém inventa faculdade inata, pronta para ser

utilizada, como que programada por milênios e milênios de existências anteriores, documentada na nossa

memória espiritual. É preciso, contudo, em cada existência que se reinicia, reaprender a utilizá-lo

35

adequadamente para selecionar alimentos, definir preferências ou recusar substâncias prejudiciais. Assim

também é a mediunidade um atributo físico do homem. Os Espíritos afirmam a Kardec [LM-it 226]: "A faculdade

mediúnica se radica no organismo". O médium já nasce médium. Cabe-nos portanto, se possuidores da

faculdade mediúnica, nos esforçarmos por exercê-la com devotamento e humildade.

8.3.1 Por que desenvolver a mediunidade?

De posse destes conceitos, forma-se uma nova dúvida em nossa mente: Por que desenvolver a

mediunidade? Presença de mediunidade significa necessidade de trabalho na Seara Espírita? Nós sabemos

que na Terra estamos rodeados por Espíritos desencarnados que a todo instante, através do pensamento, nos

influenciam e são influenciados por nós. Sendo os médiuns, por características próprias de seu corpo físico,

indivíduos mais sensíveis, captam com maior facilidade a influência dos Espíritos, podendo sofrer, às vezes,

conseqüências desagradáveis em decorrência de possuir em uma faculdade que não conhecem e não

dominam.

Além disso, nós sabemos que da faculdade mediúnica podem dispor-se bons e maus Espíritos, podendo

no caso dos maus, levarem o médium ao desequilíbrio. O Espírito da Verdade afirma [LM-cap 31 it 15]:

"...Todos os médiuns são incontestavelmente chamados a servir à causa do Espiritismo, na medida da sua

faculdade..." Em Nos Domínios da Mediunidade ouvimos as seguintes afirmativas do Espírito Albério (instrutor

de André Luiz): "Mediunidade, por si só não basta. É necessário sabermos que tipo de onda mental

assimilamos, para conhecer a qualidade do nosso trabalho e julgar nossa direção. É perigoso possuir sem

saber usar."

Assim, é a mediunidade uma faculdade inerente à própria vida, sendo semelhante ao dom da visão

comum, peculiar a todas as criaturas, responsável por tantas glórias e por tantos infortúnios na Terra.

Entretanto, ninguém se lembrará de suprimir os olhos, porque milhões de pessoas, em face das circunstâncias

imponderáveis da evolução, tenham se servido dos olhos para perseguir e matar nas guerras de terror e

destruição. É necessário iluminá-los, orientá-los, esclarecê-los.

8.3.2 Etapas do Desenvolvimento Mediúnico

A mediunidade não requisitará desenvolvimento indiscriminado, mas, antes de tudo, aprimoramento da

personalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o médium possa tornar-se um filtro leal das Esferas

Superiores com vistas à ascensão da Humanidade para o Progresso. Mas então, como proceder ao

desenvolvimento mediúnico? Allan Kardec e vários benfeitores espirituais nos orientam que, no

desenvolvimento mediúnico, temos de vencer três etapas: intelectual - material - moral. a) Etapa Intelectual: é representada pela necessidade do estudo. Kardec afirma: "...O estudo preliminar

da teoria é indispensável, se quisermos evitar inconvenientes inseparáveis da inexperiência." [LM-it 211]

O estudo da faculdade mediúnica e o conhecimento da Doutrina Espírita são bases essenciais e

indispensáveis.

b) Etapa Material: é o adestramento, uma forma de treinamento da faculdade mediúnica, uma

familiarização com as técnicas envolvidas no processo da mediunidade.

Na verdade, até hoje, não existe sinal ou diagnóstico infalível para se chegar à conclusão que alguém possua essa faculdade; os sinais físicos nos quais algumas pessoas julgam ver indícios, nada tem de infalíveis. Ela se encontra, nas crianças e nos velhos, entre homens e mulheres, quaisquer que sejam o temperamento, o estado de saúde, o grau de desenvolvimento intelectual e moral. Não há senão um meio para lhes contatar a existência que é o experimentar. [LM-cap 17 it 200]

36

Esta experimentação deve ser: perseverante, assídua, séria, em grupo, local adequado, sob orientação

experiente, desprovida de condicionamentos. O candidato a médium deve ter persistência, exercitando-se para

as comunicações em dias e horários certos da semana, pré-estabelecidos, de preferência em grupo. Kardec

nos orienta [LM-it 207] que a reunião de pessoas com intenção semelhante, forma um todo coletivo onde a

força e a sensibilidade se encontram aumentadas por uma espécie de influência magnética que ajuda o

desenvolvimento da faculdade.

A reunião deste grupo deve ser sob a direção de pessoas experientes, conhecedoras da Doutrina Espírita

e do fenômeno mediúnico. Esta reunião deve ser também feita, de preferência em local apropriado, isto é, no

Centro Espírita, onde estaremos sob o amparo e a orientação de Espíritos Bons, que são responsáveis pelos

trabalhos mediúnicos da Casa. Além disto, todo Centro Espírita tem como que um isolamento magnético que

nos protege espiritualmente durante os trabalhos mediúnicos. É simples compreendermos, pois na Terra

acontece o mesmo. Um acadêmico de Medicina inicia seu treinamento aos doentes num Hospital e sob a

supervisão de um médico experiente para evitar desastres. Se for uma cirurgia será necessário um cuidado

ainda maior - um centro cirúrgico.

O candidato a médium não deve desistir se, após 2, 3 ou 10 tentativas de comunicação com os Espíritos

não obtiver qualquer resultado ou qualquer indício de comunicação. Como vimos, existem obstáculos de-

correntes da própria organização mediúnica em desabrochamento, impedimentos materiais e psíquicos que, só

com o tempo e a dedicação, serão contornados.

Quanto ao médium que já controla bem sua faculdade, que permite aos Espíritos se comunicarem com

facilidade, que seja, em uma palavra, um “médium feito”, seria um erro de sua parte, nos assevera Kardec [LM-

it 216] crer-se dispensado de qualquer outra instrução. Não venceu senão uma resistência material, e é agora

que começa para ele o verdadeiro desafio, as verdadeiras dificuldades: vencer a terceira etapa - a moral. c) Etapa Moral: Allan Kardec define como espírita-cristão ou verdadeiro espírita, aquele que não se

contenta em admirar a moral espírita, mas a pratica e aceita todas as suas conseqüências. Convencido de que

a existência terrena é uma prova passageira, aproveita todos os instantes para avançar no caminho do

Progresso, esforçando-se em fazer o bem e anular seus maus pensamentos. A caridade em todas as coisas é

a regra de sua conduta.

Sob o ponto de vista espírita, a mediunidade é uma iniciação religiosa das mais sérias, é um mandato

que nos é oferecido pela Espiritualidade Superior a fim de ser fielmente desempenhada. Desta forma, o

aspirante à mediunidade - Luz da Doutrina Espírita - deve partir da conscientização de seus ensinamentos e

esforçar-se, desde o início de seu aprendizado, por ser um espírita-cristão. Isto significa trabalhar

incessantemente por nossa reforma moral. Somente nossa evolução moral, nossa melhora e nosso

crescimento para o Bem poderão garantir-nos o assessoramento dos bons Espíritos e o exercício seguro da

mediunidade, por nossa sintonia com o Bem. E esta não é uma tarefa fácil, pois o que mais temos dentro de

nós são sensações e experiências negativas e deformadas trazidas do passado. Por isso para nós ainda é

mais fácil e cômodo, sintonizar com as atitudes negativas do que com as positivas.

E como faremos? Como nos livrarmos de condicionamentos inferiores? Carregamos séculos de erros e

alguns anos de boas intenções. É claro que não podemos mudar sem esforço, temos que trabalhar duro nesta

reforma moral, que só nós saberemos identificar e sentir porque estará marcada em nosso íntimo.

Trabalhemos com exercícios diários e constantes no bem, meditando e orando muito. Jesus, o Médium por

Excelência, sintonizava-se constantemente com Deus, no entanto, após a convivência com o povo, sempre se

afastava para orar e meditar em silêncio e solidão.

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A diferença de um bom médium e um médium desajustado, não está na mediunidade, mas no caráter de

um e de outro; na formação moral está a base de todo desenvolvimento mediúnico. Alguns cuidados devem ser

tomados por todos aqueles que aspiram ao desenvolvimento mediúnico:

* Culto do Evangelho no Lar: ele proporciona a renovação do clima espiritual do lar sob as luzes do

Evangelho Redivivo, porque o lar é a usina maior de energia de que somos carentes, é onde compensamos

nossa vibrações psíquicas em reajustamento.

* Culto de Assistência: rompimento com o egoísmo, interessando-nos pelo próximo, auxiliando-o sempre

em todas as ocasiões, usando ao máximo nossa capacidade de servir desinteressadamente. Participação em

atividades como: campanha do quilo, distribuição de alimentos, visita aos enfermos, idosos e creches, grupos

de costura, evangelização, etc.

* Freqüência ao Centro Espírita: nas reuniões públicas e outras atividades oferecidas pelas Casas

Espíritas, aprenderemos a viver em grupos Humanos que nos permitirão o exercício da humildade. Evitemos

as sessões mediúnicas nos lares; organização espiritual não se improvisa.

* Estudo Coletivo: reunidos aos companheiros para o estudo das obras espíritas, evitemos as falsas

interpretações. Assimilando as experiências de companheiros, estaremos alongando nossa visão e nossa

percepção dos conteúdos espíritas; o que se torna mais difícil numa leitura solitária.

* Reforma Íntima: revisão e reconstrução de nossos atos e hábitos, permutando vícios por virtudes

legitimamente cristãs que são as únicas que sobreviverão eternamente.

Como nos diz o instrutor Albério: "...elevemos nosso padrão de conhecimento pelo estudo bem conduzido

e apuremos a qualidade de nossa emoção pelo exercício constante das virtudes superiores..."

Dentro destes critérios de desenvolvimento da mediunidade, mesmo que nenhuma faculdade venha a

desabrochar, tenhamos a certeza que estaremos desenvolvendo-nos espiritualmente e capacitando-nos para o

exercício da mediunidade com Jesus.

Bibliografia Livro dos Espíritos - Allan Kardec Livro dos Médiuns - Allan Kardec Obras Póstumas - Allan Kardec Médium: Quem é, Quem não é? - Demétrio Pavel Diversidade dos Carismas - Hermínio Miranda Missionários da Luz - André Luiz/Chico Xavier Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier Desenvolvimento Mediúnico - Roque Jacinto

9 CLASSIFICAÇÃO DOS FENÔMENOS MEDIÚNICOS SEGUNDO SEUS EFEITOS

Segundo os efeitos que produzem, podemos classificar os fenômenos mediúnicos em: fenômenos de

efeitos materiais, físicos ou objetivos: são os que sensibilizam os nossos sentidos físicos, podendo se

apresentarem de variada forma; fenômenos de efeitos inteligentes ou subjetivos: são os que ocorrem na esfera

subjetiva, não ferindo os cinco sentidos, senão a racionalidade e o intelecto.

9.1 Fenômenos Objetivos

a) Materialização: fenômeno em que ocorre a materialização ou formação de objetos e de Espíritos,

utilizando-se uma energia esbranquiçada que o médium emite através dos orifícios de seu corpo, chamada

ectoplasma. Esta denominação foi dada por Charles Richet, quando estudava este fenômeno. Como exemplo

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mais eloqüente podemos citar as experiências de William Crookes com a médium Florence Cook possibilitando

a materialização do Espírito Katie King de 1870 a 1874;

b) Transfiguração: modificação dos traços fisionômicos do médium. O Espírito utiliza fluidos do mundo

espiritual e os expelidos pelo próprio médium e os manipula envolvendo o rosto do médium com uma capa

fluídica sobre a qual modela sua fisionomia;

c) Levitação: erguimento de objetos e pessoas contrariando a lei da gravidade. Crawford, que estudou

estes fenômenos, classificou-os como resultantes da sustentação sobre colunas de fluidos condensados

erguidas para suportar o peso dos objetos e erguê-los. São conhecidos por "colunas de Crawford";

d) Transporte: entrada e saída de objetos de recintos hermeticamente fechados;

e) Bicorporeidade: aparecimento do Espírito do médium em outro local de forma materializada;

f) Voz Direta: vozes de Espíritos que soam no ambiente, independentemente do médium, através de

uma garganta ectoplásmica.

g) Escrita Direta: palavras ou frases escritas diretamente pelos Espíritos;

h) Tiptologia: sinais ou pancadas formando palavras e frases inteligentes;

i) Sematologia: movimento de objetos sem contato físico, traduzindo um desejo, um sentimento.

9.2 Fenômenos Subjetivos

a) Intuição: é o mecanismo mediúnico mais evoluído da espécie humana. O médium consegue captar

conteúdos mentais da dimensão espiritual e de lá retirar imagens, idéias ou grupos de pensamentos;

b) Vidência: é a percepção visual dos fatos que se passam na dimensão espiritual;

c) Audiência: pode-se ouvir através dos órgão auditivos do corpo físico vozes, mensagens bem

caracterizadas ou dentro do cérebro onde as vibrações atingem os centros nervosos ou, ainda, em alguma

zona espiritual;

d) Desdobramento: o Espírito do médium desloca-se em desdobramento perispiritual às regiões

espirituais ou aqui mesmo na Terra, mas sem se materializar;

e) Psicometria: é a faculdade mediúnica onde o indivíduo torna-se capaz de registrar e identificar os

fluidos de objetos e locais;

f) Psicografia: manifestação mediúnica através da escrita. Pode ser observada em graus e aspectos

diversos:

g) Psicofonia: é a manifestação mediúnica através da fala.

9.3 Teoria das Manifestações Físicas

Se temos um efeito - o fenômeno físico - ele deve ter uma causa. Vamos analisar os fenômenos

mediúnicos produzidos pelos Espíritos desencarnados buscando saber como se opera esta ação, qual o seu

mecanismo.

Notemos que estas teorias não nasceram de cérebros humanos, mas foram eles próprios, os Espíritos

desencarnados, que as deram. Fizeram-nos conhecer primeiro a sua existência, sua sobrevivência,

independentemente do corpo físico ou carnal. Em segundo lugar, a existência de um invólucro semimaterial

que lhes serve de corpo no mundo espiritual e que tem possibilidades de ação sobre a matéria física. É o

perispírito, termo criado por Allan Kardec para designar o corpo perispiritual - a condensação do fluido (que tem

origem no Fluido Cósmico Universal - FCU) em torno de um foco de inteligência que é o Espírito. O perispírito é

um subproduto do FCU e é variável em sua maior ou menor condensação. O que lhe dá propriedades

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especiais para agir sobre a matéria. O perispírito é o intermediário entre o Espírito e corpo físico, formando

assim o complexo humano: 1 – Espírito; 2 – perispírito; 3 - corpo físico

O fenômeno mediúnico de efeito físico, isto é, aquele que sensibiliza nossos sentidos físicos, tem sua

explicação na ação do perispírito. Para atuar sobre um objeto inanimado, o Espírito desencarnado combina o

seu fluido perispiritual com o fluido que escapa do médium, satura os espaços interatômicos e intermoleculares

da matéria e, com a força do pensamento, agindo como deseja. Temos como exemplo a movimentação de

objetos e a comunicação por pancadas.

9.3.1 Manifestação Físicas Espontâneas

Em alguns lugares, tal como aconteceu com as irmãs Fox, em Hydesville, em 1848, observam-se

fenômenos mediúnicos ostensivos, como batidas ou levantamento de objetos, sem que nenhuma pessoa

tivesse intenção de consegui-lo. Ocorrem espontaneamente, e muitas vezes ao dar origem aquilo que se

costuma denominar de "casa mal assombrada".

Devemos analisar, primeiramente, se fenômenos como esses não são: frutos da imaginação ou

alucinações; de causa física conhecida; mistificações, fraudes de pessoas inescrupulosas.

Excluídas as causas acima, iremos analisar o motivo pelo qual os fenômenos ocorrem ou são

provocados: perseguição de Espíritos; desejo de comunicar-se com a finalidade de expor alguma preocupação

ou intenção; brincadeiras para assustar; intenção de provar sua sobrevivência e que o Espírito é uma

realidade.

Como agir? Não dar atenção quando o fenômeno for produzido por Espíritos brincalhões; orientar,

quando produzidos por Espíritos perturbadores e vingativos; atender às solicitações, quando justas, daqueles

Espírito dentro de nossas possibilidades; orar. A prece sincera e partida do íntimo da alma, tocar-lhes-ão o

coração e os ajudarão naturalmente.

Bibliografia Livro dos Médiuns - Allan Kardec No Invisível - Léon Denis O Fenômeno Espírita - Gabriel Dellane A História do Espiritismo - Arthur Conan Doyle Nos Alicerces do Inconsciente - Jorge Andréa

10 AS COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS

Nos momentos iniciais da Codificação Espírita, quando começaram a chegar até Allan Kardec as

primeiras mensagens do além-túmulo, algo despertou a atenção do Codificador: verificou Allan Kardec a

grande diversidade de caracteres, de tendências e de estilos que estavam presentes nas comunicações

mediúnicas. O Codificador, desde as horas iniciais, percebeu que muito cuidado deveria ser tomado por todos

aqueles que passassem a se dedicar ao mister mediúnico, no sentido de tentarem identificar a natureza das

diversas mensagens dos desencarnados. Kardec afirmava que, depois da obsessão, a identificação da

natureza dos Espíritos comunicantes era o maior escolho da prática espírita. Além disso, vários outros

aspectos deveriam ser levados em consideração no intercâmbio com os Espíritos desencarnados.

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10.1 A Natureza das Comunicações

a) Grosseiras: são aquelas comunicações que contêm expressões que ferem o decoro ou agridem os

princípios da moral. Repugnam a toda pessoa que tenha um mínimo de sensibilidade. São, às vezes,

obscenas, insolentes ou arrogantes; quase sempre malévolas, denotando a presença de uma entidade de

natureza inferior, Espíritos viciosos ou vingativos. São comunicações de fácil identificação;

b) Frívolas: estas comunicações não são de Espíritos necessariamente maus, mas de Espíritos vadios,

levianos, inconseqüentes. São comunicações que versam sobre assuntos insignificantes, vazios, inúteis,

vinculados às puerilidades do dia a dia. Algumas vezes, são entidades espirituosas, engraçadas, e que por

terem uma conversação divertida, agradam às pessoas, tomando o tempo da reunião. O certo é que nada

acrescentam de útil, pois partem de entidades que nada têm a nos ensinar e nada querem aprender;

c) Instrutivas: as comunicações instrutivas são aquelas que têm por finalidade veicular ensinamentos.

São comunicações de almas elevadas, dotadas de altos valores morais e intelectuais e versam sobre temas

científicos, filosóficos ou morais. Lembra Allan Kardec que, para uma mensagem ser considerada

INSTRUTIVA, é imperioso que ela seja verdadeira, vincule pensamentos corretos e, de alguma forma, objetive

o crescimento das pessoas ou da sociedade.

d) Sérias: são as comunicações que tratam de assuntos graves e de maneira ponderada. Excluindo-se

as comunicações grosseiras, as frívolas e as instrutivas, todas as outras poderiam ser incluídas nesta

categoria. É importante frisar que nem toda comunicação séria é necessariamente verdadeira, pois, muitas

vezes, Espíritos mistificadores se utilizam de um estilo grave, sério e ponderado para veicularem mentiras e

discórdias, gerando embaraço para as pessoas e as reuniões.

Lembra Kardec a necessidade de examinar-se com atenção a linguagem do Espírito comunicante, ou

seja, as características de sua mensagem, o conteúdo de suas idéias. Objetivando facilitar esta tarefa, o

Codificador vai apresentar no LM [cap XXIV] algumas "regras" que, se bem examinadas, poderão contribuir na

distinção que devemos sempre fazer entre uma comunicação de Espírito bom e de Espírito inferior.

10.2 Da Identidade dos Espíritos

a) A linguagem dos Espíritos superiores é sempre digna, elevada, nobre e sem qualquer mistura de

trivialidade;

b) Os Espíritos bons só ensinam o bem. Todo conselho que não for estritamente conforme a mais pura

caridade evangélica não pode provir de Espíritos bons;

c) Os Espíritos bons jamais se ofendem, somente os maus se melindram;

d) Os Espíritos bons só dão conselhos racionais. Toda recomendação que se afaste da linha reta do bom

senso ou das Leis imutáveis da Natureza acusa a presença de um Espírito estreito. Toda heresia científica

notória, todo princípio que choque o bom senso revela a fraude;

e) Os Espíritos levianos são reconhecidos pela facilidade com que predizem o futuro. Todo anúncio de

acontecimento para uma época certa é indício de mistificação;

f) Os Espíritos superiores se exprimem de maneira simples, sem prolixidade, eles possuem a arte de

dizer muito em poucas palavras;

g) Os Espíritos bons jamais dão ordens: não querem impor-se, apenas aconselham e se não forem

ouvidos se retiram. Os maus são autoritários, dão ordens, querem ser obedecidos e não se afastam facilmente;

h) Os Espíritos bons não fazem lisonjas. Os maus exageram nos elogios, excitam o orgulho e a vaidade e

procuram exaltar a importância pessoal daqueles que desejam conquistar;

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i) Desconfiai das comunicações que revelam um caráter místico e estranho ou que prescrevem

cerimônias e práticas bizarras. Há sempre nesses casos legítimo motivo de suspeita;

j) Os Espíritos nobres dizem tudo com simplicidade e modéstia; nunca se vangloriam, não fazem jamais

exibição do seu saber nem de sua posição entre os demais.

10.3 Perguntas aos Espíritos

A comunicação entre o Espírito encarnado e o Espírito desencarnado vem ocorrendo desde as mais

remotas épocas. Na história de todos os povos encontramos provas irrefutáveis deste fato.

Estando o Ser Humano, encarnado na Terra, na faixa evolutiva própria de nosso planeta, não é de se

estranhar que logo visse na possibilidade de comunicação com os "mortos" uma maneira de tirar algum

proveito. A evocação era praticada por alguns povos da Antiguidade, sem o verdadeiro respeito, afeição ou

piedade; era, antes, um recurso para brincadeiras e adivinhações, exploradas pelo charlatanismo e pela

superstição. Por este motivo, o legislador hebreu, Moisés, 1500 a.C., para educar o seu povo, utilizou-se de

uma Lei Disciplinar e proibiu a comunicação com os mortos.

Muitas religiões do passado, tinham no culto e comunicação com os mortos, a base de sua Doutrina.

Entretanto, somente os ditos iniciados poderiam praticar o intercâmbio com os mortos, o povo em geral era

proibido de conhecer ou exercitar esta prática. Na Idade Média, como em outras épocas, os feiticeiros e bruxos

eram queimados em praça pública, como um exemplo para amedrontar o povo.

Allan Kardec [LM-cap XXVI] estuda detalhadamente a comunicação entre os "vivos e os mortos", e esta

análise recebeu o nome de: "Perguntas que se podem fazer aos Espíritos". É importante, para todos nós,

analisarmos alguns aspectos, do sábio estudo do mestre lionês.

Quando nos dirigimos a algum Espírito para perguntar-lhe algo, dois fatos importantes devem estar em

nossa mente para que a comunicação seja eficiente. O primeiro deve ser a forma pela qual interrogamos. Esta

forma deve obedecer uma clareza e uma precisão; quando vamos responder a uma pergunta, respondemos

melhor se tivermos entendido claramente a pergunta. Outro aspecto também importante na forma, é obedecer

a uma ORDEM lógica, quando estudamos os livros da codificação, nos encantamos com a ordem das

perguntas colocadas por Allan Kardec, facilitando-nos a compreensão dos fatos.

Além da forma, o fundamento da questão é o outro fato importante. A natureza da pergunta pode

provocar uma resposta exata ou falsa. Devemos nos lembrar que existem perguntas que os Espíritos não

podem responder, por três motivos principais: não sabem a resposta; não querem responder; e não têm

permissão para responder. Quando insistimos nestas perguntas, os Espíritos sérios se afastam e os Espíritos

inferiores podem, às vezes, responder. Vamos analisar alguns pontos importantes, colocados por Allan Kardec:

a) Os Espíritos sérios respondem de bom grado às perguntas que têm por objetivo o nosso progresso e o

bem da Humanidade, os Espíritos infelizes respondem a tudo.

b) Uma pergunta séria não nos dará a certeza de uma resposta também séria.

c) Não é a pergunta que afasta o Espírito leviano, mas o caráter moral daquele que pergunta.

Vejamos agora alguns tipos de perguntas:

Perguntas Sobre o Futuro: grande é a curiosidade do Homem em saber o seu futuro. Mesmo não

vivendo de maneira adequada o seu presente e tendo motivos para arrepender-se muito de seu passado, o

Homem quer conhecer o seu futuro. Este tipo de comportamento tem facilitado, desde as épocas mais remotas

e até os dias atuais, o charlatanismo. Muitas pessoas aceitam de bom grado a "adivinhação do futuro", com o

uso de artifícios variados, como jogo de cartas, de conchas, bolas de cristal, etc. O Codificador do Espiritismo

deixa claro vários aspectos relacionados à previsão do futuro:

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a) em princípio, o futuro é sempre oculto ao Homem; excepcionalmente permite Deus seja ele revelado.

b) o conhecimento do futuro pode ser extremamente prejudicial ao Homem.

c) o futuro depende forçosamente de nosso presente, e nosso presente não é fruto do acaso, mas sim da

utilização de nosso livre arbítrio.

São características das predições falsas: feitas a toda hora e em qualquer local, feitas sempre que

solicitadas, marcam o momento exato dos acontecimentos previstos, respondem a solicitações pueris.

Perguntas sobre Existências Passadas: a curiosidade do Espírito encarnado em saber o que foi em

existências anteriores, não é menor. Espera que tenha sido um sábio, um grande cientista, um rei. A lógica nos

mostra que a natureza não dá saltos e, sendo assim, estudando o nosso comportamento atual, nossas

tendências e sentimentos, com certa facilidade poderemos imaginar o que fomos no passado. As perguntas

sobre nossas vidas passadas dificilmente serão respondidas pela Espiritualidade Maior; quando isso ocorre,

quase sempre se faz de modo espontâneo e com finalidade superior.

Perguntas sobre a Sorte dos Espíritos: todo aquele que se distância, momentaneamente de um ente

querido que desencarnou, fica ansioso para receber deste um conselho, um consolo, uma notícia. É comum

pessoas procurarem os Centros Espíritas em busca de informações (o nosso Chico Xavier, se defrontava com

milhares de pessoas a procurá-lo em busca de boas notícias). Sobre isso, vejamos alguns aspectos

importantes: muitas vezes o Espírito que desencarnou necessita de algum tempo para re-equilibrar-se antes de

se comunicar; às vezes, a separação temporária é necessária e importante para ambos. A insistência em

conseguir notícias poderá gerar sofrimento para o Espírito desencarnado, como também gerar a oportunidade

de falsas notícias, trazidas por Espíritos levianos. A orientação é ter paciência, orar muito, pois, se for possível

e útil, a notícia virá espontaneamente e em ocasião oportuna. O tempo e o espaço são grandezas

insignificantes quando comparadas ao poder do amor.

Perguntas Sobre a Saúde: Qual o remédio a tomar? Qual exame a fazer? Operar ou não operar? São

perguntas freqüentes à espiritualidade. Algumas pessoas se esquecem que a doença do corpo é, muitas

vezes, o remédio para a cura do Espírito e querem, de qualquer forma, a cura do corpo sem saber que podem

estar desprezando a cura do Espírito. Devemos lembrar sempre que a medicina da Terra não compete e não é

inimiga da medicina espiritual, elas se somam e se completam. Se a medicina da Terra cresceu em

conhecimento e recursos, é porque isso é necessário a todos nós. Da mesma forma, como aqui na Terra,

algumas pessoas têm a capacidade de prescrever, orientar e esclarecer sobre este aspecto, também no

Mundo Espiritual existem Espíritos capazes de desenvolverem tal tarefa. No entanto, se interrogarmos sem

critério, seremos vítimas de Espíritos levianos. As orientações virão obedecendo nosso merecimento, nossa

real necessidade e pela misericórdia do Pai. Existem ainda neste capítulo do LM outros esclarecimentos,

outros tipos de perguntas que merecem ser lidas e estudadas.

10.4 Evocações

Muitos médiuns interrogam quanto a prática das evocações nas reuniões mediúnicas.

Diz-se evocar um Espírito quando, em uma reunião, nós o chamamos para manifestar-se, não esperando

que isso ocorra espontaneamente. Na época da codificação, este fato se fazia necessário, pois Allan Kardec

elaborou detalhadamente todo o estudo que se fazia necessário para o conhecimento da Terceira Revelação,

tudo isso com a permissão prévia da Espiritualidade Superior, e assim, naquela ocasião, as evocações eram

fato comum.

Nas reuniões mediúnicas de auxílio a desencarnados, mais comuns nos dias atuais, evitamos as

evocações, deixando a cargo da Espiritualidade Superior, que dirige os trabalhos, o planejamento da mesma,

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pois torna-se difícil, ou, às vezes impossível, sabermos qual o Espírito que pode ou não se manifestar. Vários

fatores podem impedir a manifestação de um Espírito, tais como:

- falta de afinidade e/ou sintonia vibratória entre o Espírito desencarnado e o médium;

- falta de permissão da espiritualidade superior para tal (época inoportuna, falta de motivo útil, falta de

preparo do Espírito comunicante, etc.);

- favorecimento das mistificações, etc.

Esclarecimentos sobre o assunto, dados pelo Espírito Emmanuel, orientam:

"- O Homem pode desejar isso ou aquilo, mas há uma Providência que dispõe o assunto ... qualquer comunicado com o Invisível deve ser espontâneo ... quando e como julgar melhor os Mentores Espirituais... não somos dos que aconselham a evocação direta e pessoal, em caso algum... podereis objetar que Allan Kardec se interessou pela evocação direta, procedendo a realizações dessa natureza, mas precisamos ponderar, no seu esforço, a tarefa excepcional do Codificador..."

Como regra geral, as evocações devem ser evitadas nas reuniões mediúnicas.

10.5 A Caridade no Intercâmbio com os Espíritos Desencarnados

Na época da Codificação do Espiritismo, a mediunidade desempenhou basicamente a finalidade de

esclarecimento aos Homens sobre a verdade dos ensinamentos de Jesus. Aos poucos, toda a Doutrina

Espírita foi revelada. Após este período, além de exercer a função de esclarecimento, através de psicografia de

livros doutrinários, a mediunidade veio ter também a missão da prática da caridade. Nas reuniões mediúnicas,

os Espíritos desencarnados em sofrimento, doentes, revoltados, se comunicam buscando consolo,

esclarecimento e carinho. Se no início do Espiritismo prevalecia o verbo receber, hoje prevalece ou deveria

prevalecer o verbo doar, sendo que receber vem como conseqüência.

A prática da caridade necessita disciplina, como afirma Emmanuel. Assim, analisemos alguns aspectos

necessários de serem obedecidos nas reuniões mediúnicas:

1 - Afastar a curiosidade no intercâmbio com os Espíritos desencarnados. Estamos reunidos para auxiliar,

curiosidade não trará qualquer benefício;

2 - Manter respeito em todos os intercâmbios. Todos nós estamos situados no local característico de

nossa evolução; o que nos parece absurdo hoje, era aceitável ontem e o que nos parece certo hoje, poderá ser

motivo de arrependimento no futuro. Os Espíritos, muitas vezes, nos vêem como juízes; devemos fazê-los ver

que somos, na verdade, irmãos e que também carregamos muitos erros e defeitos;

3 - Ter paciência, pois necessitamos de tempo para mudar situações alicerçadas por passado longínquo;

4 - Estudar sempre. O conhecimento doutrinário nos permite usar a palavra certa no momento adequado.

Dedicação constante no estudo aumentará muito a nossa possibilidade de auxílio;

5 - Valorizar o trabalho em grupo. Seremos mais fortes, mais eficientes, quando somarmos nossas

forças. A reunião mediúnica é um grupo de trabalhadores em constante sintonia;

6 - Lembrar que mais importante no intercâmbio com as pessoas, sejam elas encarnadas ou

desencarnadas, é o trabalho com AMOR. A palavra consola, o conhecimento esclarece, mas é o amor que

realmente conquista o Espírito necessitado, estimulando-o à reforma. Algumas vezes, diante do Espírito em

grande sofrimento, as palavras e argumentos não serão suficientes. Nestes casos, só a vibração do amor

verdadeiro poderá operar verdadeiros prodígios de consolo e de transformação espiritual, fazendo brilhar a luz

do amor de Jesus no mais escuro dos corações.

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10.6 Fraudes, Mistificações, Contradições

10.6.1 Fraudes

A significação do termo é burla, logro, engano. Pressupõe uma atitude pensada previamente com a

finalidade de fazer parecer verdadeira uma coisa que é falsa.

Os que não admitem os fenômenos espíritas tendo como causa uma inteligência invisível, ou melhor, um

Espírito desencarnado, atribuem-lhes como causa a fraude. Mas temos que levar em consideração que

ninguém iria falsificar uma coisa que não existisse realmente, e toda fraude pressupõe uma intenção de ganho,

de lucro. Nas fraudes, podemos considerar que elas podem ser produzidas por:

- Falsos médiuns: espertalhões e pessoas pouco escrupulosas que usam a falsa mediunidade para

explorarem as pessoas que os procuram. Utilizam a prestidigitação, o ilusionismo, auferindo lucros materiais e

vantagens pessoais.

- Verdadeiros médiuns: indivíduos que apesar de realmente possuírem a faculdade mediúnica, sem

qualidades morais que enobrecem este dom, não medem esforços em "ajudar" a realização dos fenômenos

quando os Espíritos não os provocam, ou, ainda, quando demoram a agir ou se ausentam.

As fraudes acontecem mais freqüentemente na realização dos fenômenos objetivos ou efeitos físicos, tais

como: materialização, transporte, transfiguração, operações espirituais, etc.

Pelo fato de pessoas inescrupulosas utilizarem o dom mediúnico para fraudarem, ou falsos médiuns

falsearem manifestações dos Espíritos, não é argumento suficiente para dizer que a mediunidade não existe.

Outro fator importante é analisarmos se existe o interesse pessoal ou vantagens financeiras, pois como afirma

Allan Kardec [LM-it 314] "Onde nada há a ganhar, nenhum interesse há em enganar."

Garantias contra as fraudes:

a) Desinteresse material e pessoal na realização dos fenômenos ou prática mediúnica;

b) Conhecimento do Espiritismo que explica o mecanismo das comunicações e o intercâmbio entre os

dois planos material e espiritual;

c) Moralidade notória dos médiuns;

d) Estudo prévio da Doutrina Espírita para todos os que vão participar de atividades mediúnicas;

e) Ausência de todas as causas de interesse material ou de amor próprio estimulando a provocação dos

fenômenos.

10.6.2 Mistificações

Mistificar significa enganar, burlar, ludibriar, abusar da credulidade dos outros. O exercício correto da

mediunidade requer determinadas normas e disciplinas, seriedade e propósitos elevados para que o fenômeno

seja equilibrado e produtivo. Porque a faculdade mediúnica está radicada no organismo humano, seu uso

deverá ser controlado, regular, sem abusos. Embora todos os cuidados que o exercício da mediunidade

exigem, nenhum médium está isento de ser mistificado.

Nas mistificações, o medianeiro é colocado em situações ridículas, apresentando comunicações

absurdas, mentirosas, vazias em seu conteúdo. Os Espíritos agem e o médium não participa da farsa. Ele

poderá, algumas vezes, deixar passar informações de seu próprio inconsciente, sem a presença de entidades

espirituais, mas, neste caso, é um fenômeno anímico e não se trata de mistificação (este fenômeno será

examinado no item "Parapsicologia e Espiritismo").

Geralmente, as mistificações ocorrem com maior freqüência nos fenômenos subjetivos, de natureza

inteligente, como a psicofonia e a psicografia. Allan Kardec nos aconselha:

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"Como garantia contra a mistificações, não devemos exigir do Espiritismo, senão o que ele pode e deve nos oferecer; seu fim é a melhoria moral da humanidade; se nós não nos afastarmos deste ponto, jamais seremos enganados, porque não há duas maneiras de compreender a verdadeira moral, aquela que pode ser admitida por todo homem de bom senso."

E continua a nos orientar: "O papel dos Espíritos não é de ensiná-los as coisas deste mundo, mas de

guiá-los de modo seguro naquilo que lhes pode ser útil no outro."

Em LM [it 303] Kardec indaga:

"Por que Deus permite que pessoas sinceras e que aceitam o Espiritismo de boa fé, sejam mistificadas, isto não lhes acarretaria o inconveniente de abalar a crença?" R - "Se isto lhes abalar a crença, é porque sua fé não é muito sólida, quem renuncia ao Espiritismo por um simples desapontamento prova que não o compreende e não o toma em sua parte séria. Deus permite as mistificações para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que fazem do Espiritismo um objeto de divertimento."

As mistificações mais comuns são: revelação de tesouros ocultos; anúncios de herança ou outras fontes

de riqueza; predição com épocas determinadas; indicações relativas a interesses materiais; teorias ou sistemas

científicos ousados. Enfim, tudo o que se afasta do objetivo moral das comunicações.

10.6.3 Contradições

São pontos de atrito, de divergências nos ensinos dos Espíritos. As contradições podem ser: devidas aos

homens; em virtude de ensinos dos Espíritos.

Devemos considerar que as divergências devidas aos homens são decorrentes de nossa condição moral.

Há diversos graus de evolução e o conhecimento humano é diferenciado pela compreensão e interpretação

dos ensinos dados pelos Espíritos. Tudo o que for elaborado pela mente humana e não estiver coerente com

os ensinos dados pelos Espíritos superiores na codificação espírita, deverá ser rejeitado. Mas as divergências

doutrinárias ainda existem em virtude de nossa pouca evolução espiritual.

As contradições devidas aos ensinamentos dos Espíritos é conseqüência também dos diferentes graus

de evolução que apresentam. Na escala espírita, somente os Espíritos perfeitos possuem a sabedoria e a

superioridade moral.

Assim como na Terra existem os falsos sábios, também no mundo espiritual há os pseudo-sábios, semi-

sábios denotando sua inferioridade moral.

Allan Kardec [LM-it 299] diz:

"As contradições de origem espírita não têm outra causa senão a diversidade das inteligências, os conhecimentos, o raciocínio e a moralidade de certos Espíritos que ainda não estão em condições de tudo conhecer e de tudo compreender."

As contradições que se apresentam nas comunicações espíritas podem ser devidas às causas seguintes:

- Ignorância de certos Espíritos;

- Velhacaria de Espíritos inferiores usurpando nomes, etc.;

- À interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma explicação segundo seus preconceitos;

- À insuficiência dos meios de comunicação que sempre permite ao Espírito transmitir todo o seu

pensamento;

- À insuficiência da linguagem humana para expressar o que existe no mundo espiritual.

Recomenda-nos Allan Kardec [LM-it 302], "O estudo, a observação, a experiência e abjuração de todo

sentimento de amor-próprio são os únicos que podem ensinar a distinguir estes diversos matizes."

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10.7 Abusos no Exercício da Mediunidade

Sabemos que os objetivos da Faculdade Mediúnica são:

a) Progresso moral da humanidade;

b) Ensejo de evolução e resgate do próprio médium;

c) Prática do bem desinteressado.

Para atender a tão nobres objetivos, o médium deverá ter um comportamento moral elevado buscando

sua reforma íntima e adequar-se ao exercício de sua faculdade com esclarecimentos constantes e estudo sério

e metódico.

São as seguintes as características de quem abusa do exercício mediúnico:

- Acreditar-se privilegiado;

- Não estudar a Doutrina Espírita;

- Achar que o guia sabe tudo;

- Não ter horário para trabalhar mediunicamente;

- Fazer trabalhos mediúnicos, habitualmente, em casa domiciliar;

- Cobrar monetária ou moralmente pelos bens que eventualmente possa obter através da faculdade

mediúnica.

Vianna de Carvalho [Médiuns e Mediunidades] nos diz:

Face ao mau uso, quando se apresentam os desconcertos mediúnicos, sejam por indução obsessiva ou decorram da indisciplina moral de intermediário, a marcha na direção do abismo é lamentável e quase sempre irreversível. Médiuns, pois, que vivem em situações psíquicas de altos e baixos, no exercício do ministério a que se prestam, destrambelham a faculdade abençoada que deveriam dignificar, porque, sem exceção, pediram-na antes do renascimento por saberem que o seu uso correto lhes concederia a palma da vitória, num retorno à Pátria em paz, o que, face à leviandade e à loucura de que se deixam possuir, não se dará, impondo-lhes futuras experiências no corpo sob o açodar de dores inomináveis, que agora poderiam evitar.

Bibliografia Livro dos Médiuns - Allan Kardec Médiuns e Mediunidades - Vianna de Carvalho/Chico Xavier O Céu e o Inferno - Allan Kardec Estudando a Mediunidade - Martins Peralva Diálogo com as Sombras - Hermínio C. Miranda O Consolador - Emmanuel/Chico Xavier

11 INFLUÊNCIA MORAL DO MÉDIUM E DO MEIO

Allan Kardec [LM-it 226] propõe aos benfeitores espirituais a seguinte indagação:

- O desenvolvimento da mediunidade está em relação como o desenvolvimento moral do médium? R. Não. A faculdade propriamente dita é orgânica, não depende da moral, mas o mesmo acontece com o seu uso, que pode ser bom ou mal, dependendo dos valores morais do medianeiro.

A assertiva dos benfeitores coloca a mediunidade como uma função neutra, como um sentido (o sexto

sentido, na expressão de Charles Richet); por si só, a faculdade mediúnica não depende da moral, da

inteligência e da cultura, e isto ocorre, porque ela é orgânica, radicada no organismo físico do intermediário. No

entanto, o que se pode conseguir com a mediunidade, os efeitos dela decorrentes, irão sofrer uma influência

decisiva dos valores éticos do medianeiro. Quando perguntaram ao benfeitor Emmanuel qual era a maior

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necessidade do médium, ele disse: "A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo." e

"vence nos labores mediúnicos o médium que detiver a maior carga de sentimento."

11.1 Afinidade Fluídica e Sintonia Vibratória

Os benfeitores espirituais nos fazem ver que os fenômenos mediúnicos também são regidos por leis

severas, inflexíveis, qual ocorre com as demais e que se não submetem as nossas vontades.

Allan Kardec orienta que "Para se comunicar, o Espírito desencarnado se identifica com o Espírito do

médium." Esta identificação não se pode verificar, se não houver entre um e outro, simpatia, e, se assim é lícito

dizer-se, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito livre uma espécie de atração ou de repulsão, conforme o

grau de semelhança existente entre eles.

Esta afinidade ou simpatia apresenta duas condições distintas:

- afinidade fluídica;

- sintonia vibratória (afinidade moral).

a) Afinidade Fluídica: é de natureza estrutural, uma disposição inata do organismo, não dependendo

dos valores morais, gostos, tendências do Espírito e médium.

A facilidade das comunicações depende da categoria de semelhança existente entre os dois fluidos, que

também vai estabelecer a intensidade da assimilação fluídica e a maior ou menor impressão causada ao

médium. Assim, determinado médium pode ser um bom instrumento para um Espírito e mau para outro. Disso

resulta que de dois médiuns igualmente bem dotados e postos um do lado do outro, um Espírito que se dispõe

à comunicação mediúnica se manifestará por meio de um, e não do outro médium, aonde não encontra a

aptidão orgânica necessária. Mas, à proporção que o médium exercita-se no trabalho mediúnico, desenvolve e

adquire qualidades necessárias para a realização dos fenômenos e entre em relação com um número maior de

Espíritos comunicantes, com muita freqüência, o contato entre Espírito e médium se faz gradativamente, com o

tempo; raramente se estabelece desde o primeiro momento. E o contato antecipado, que ocorre antes mesmo

da sessão mediúnica, tem o propósito de provocar e ativar a assimilação fluídica, fase esta que o Espírito

Manoel Philomeno de Miranda denomina de "fase de pré-imantação fluídica", e que vem atenuar as

dificuldades existentes.

b) Sintonia Vibratória (Afinidade Moral): pessoas de moral idêntica se atraem e de moral contrária se

repelem. Fundamenta-se esta lei no princípio de que para um Espírito assimilar os pensamentos de outro,

necessita estar emitindo ondas mentais na mesma freqüência vibratória. A afinidade moral depende

inteiramente das condições éticas, que se referem à conduta humana, suscetível de qualificação do ponto de

vista do bem e do mal. Através da afinidade moral, o Espírito comunicante e o médium se fundem na unidade

psico-afetiva da comunicação. O Espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais.

11.2 O Médium na Reunião Mediúnica

Procuremos examinar de que forma os esforços que o medianeiro empreende em seu crescimento íntimo

- os seus dotes morais - estarão influenciando nos labores mediúnicos.

a) Na Autenticidade da Comunicação: a autenticidade de uma comunicação é um dos maiores

escolhos à prática mediúnica. Não a autenticidade no sentido de se saber quem é o Espírito comunicante, mas

no sentido de saber o que é o Espírito. Se é um Espírito sério ou zombeteiro, leviano ou interessado em

aprender, bondoso ou irresponsável. E só existe uma forma de se reconhecer a natureza de um Espírito:

através da impressão que os seus fluidos causam no medianeiro. Isto porque os Espíritos podem falsear a sua

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aparência, a sua voz, o seu estilo, mas jamais poderão falsificar os seus fluidos. Os Espíritos bons fabricam

bons fluidos que causam no médium uma impressão agradável, prazerosa, de bem estar. Os Espíritos

inferiores, por sua vez, produzem fluidos pesados, densos que vão proporcionar ao médium uma impressão

desagradável. No entanto, para registrarmos as características de um fluido espiritual é necessário que nós

comparemos esses fluidos com os nossos próprios fluidos. É necessário que haja um "choque de impressões"

para que possamos registrar qualquer acontecimento exterior.

Assim sendo, um médium excessivamente ligado à usura, ao apego às coisas materiais, que venha a

receber a comunicação de um Espírito avarento, nada de penoso sentirá com a aproximação desse Espírito,

pois, os seus fluidos se equivalem.

Podemos então deduzir que quanto mais elevado moralmente for o médium, mais facilmente identificará

os fluidos dos Espíritos desequilibrados, caracterizando a sua natureza.

Verificamos, portanto, que o grave problema das mistificações espirituais está diretamente vinculado às

condições morais dos médiuns.

b) Na Comunicação de Espíritos Superiores: para que um Espírito se comunique em uma reunião

mediúnica, precisa encontrar um médium que se ache em sintonia com as suas vibrações mentais. Do

contrário, o intermediário não conseguirá assimilar suas idéias e seus pensamentos. Os Espíritos superiores

vibram em uma freqüência mental muito alta, daí a necessidade de médiuns bem equilibrados, sadios

eticamente para que possam permitir a sintonia vibratória e a comunicação torne-se uma realidade.

Muitas vezes os bondosos mentores de nossos grupos mediúnicos desejam dar uma mensagem de

incentivo, de estímulo, mas não conseguem encontrar um médium em condições morais que permita a

comunicação. Algumas vezes, quando estas mensagens são muito importantes, o Espírito superior pode atuar

à distância, tendo como intermediário um outro Espírito em condições vibratórias menos elevadas.

Denomina-se este processo de Telemediunidade:

Espírito Superior “joga a idéia”

⎪Espírito do médium capta a idéia e reduz a freqüência das ondas mentais

⎪Médium encarnado consegue assimilar a mensagem

c) Na Qualidade da Comunicação: O Espírito Erasto no item 230 do Livro dos Médiuns, compara a

mediunidade com uma máquina de transmissão telegráfica, afirmando que, da mesma forma que as influências

atmosféricas atuam negativamente nas transmissões telegráficas, os recursos morais do médium poderão

perturbar a transmissão das mensagens de além-túmulo.

Vamos então verificar que a moralidade do médium, seus recursos intelectuais, sua cultura, são

elementos que terão uma participação efetiva nas comunicações espirituais. Sabemos que os Espíritos se

utilizam dos valores do médium na elaboração de sua mensagem. Assim sendo, quanto mais aproximados

forem esses recursos, mais facilidade vai encontrar o Espírito.

Se foi possível a concretização das obras notáveis de André Luiz, Emmanuel e outros, isto se deve à

condição moral de Chico Xavier que deu condições espirituais para que os livros fossem ditados.

d) No Estado Geral do Médium: o estado físico-psíquico do médium durante a comunicação mediúnica

e, principalmente, ao término da comunicação, depende, também, intimamente dos esforços empreendidos por

49

ele em seu progresso espiritual. A sensação de mal estar, de medo, de angústia, as emoções desagradáveis

que acompanham a comunicação, surgem em função da absorção de fluidos deletérios emitidos pela entidade

em sofrimento.

Só existe uma forma de dissolver os fluidos ruins: antepondo-lhes fluidos bons. Os fluidos bons têm uma

ação desagregadora das moléculas dos fluidos negativos.

Portanto, quanto mais sadia, do ponto de vista moral, for a vida do médium, melhores serão os seus

fluidos que, mais rapidamente, irão neutralizar as vibrações pestilentas dos comunicantes, devolvendo ao

medianeiro a sensação de bem estar e de tranqüilidade íntima.

e) Na Doação de Fluidos Salutares: quando uma entidade sofredora é levada a uma reunião de labores

mediúnicos, deseja-se, obviamente, que ela seja orientada e esclarecida pelos doutrinadores. No entanto,

deseja-se também que esta entidade venha a receber energias boas, fluidos salutares do grupo mediúnico,

mas, principalmente, do médium. Denomina-se este encontro Espírito sofredor + fluidos do médium de choque anímico.

Essas energias sadias absorvidas pela entidade durante a comunicação, terão um papel fundamental em

sua recuperação espiritual "limpando" os seus centros de força e revigorando suas forças combalidas pelos

pensamentos deprimentes.

Todavia, para que o medianeiro passa doar fluidos bons, é preciso que tenha fluidos bons, e, só tem

fluidos bons, quem vive bem.

f) Na Obsessão: A obsessão é um problema que o médium vai se defrontar durante toda a sua vida. Há

Médiuns notáveis, portadores de faculdade mediúnicas extraordinárias e que vieram a cair drasticamente por

influenciação obsessiva.

Só existe uma forma de precatar-se de um processo obsessivo: vivendo de tal forma que os Espíritos da

sombra não possam atuar em nossos campos mentais.

A atitude mental superior, a prática constante do bem, o combate às viciações estarão elevando as

nossas vibrações espirituais e nos colocando fora da faixa de influência dos Espíritos obsessivos.

Divaldo Franco assim se manifesta: "Nosso caráter é a nossa defesa."

11.3 O Meio

Existem três fatores básicos na comunicação mediúnica: o Espírito, o médium e o meio. Vamos analisar o

meio em seus dois aspectos: material e espiritual.

a) Meio Material: local em que se desenrola o trabalho mediúnico. Fatores a serem observados:

- Área física;

- Componentes encarnados: dirigente, doutrinadores e médiuns.

b) Meio Espiritual: conjunto de fatores predisponentes que facilitam e orientam o trabalho mediúnico:

- Espíritos orientadores;

- Espíritos em tratamento;

- Fluidos resultantes das emanações dos dois planos (espiritual e material);

- Intenções dos participantes.

Segundo Manoel Philomeno de Miranda, Nos Bastidores da Obsessão, os fatores citados acima são

requisitos para uma reunião séria, desde a área física, até as intenções e vibrações dos componentes.

Em LM [it 231,qst 1] Allan Kardec pergunta: "O meio, no qual se acha o médium, exerce uma influência

nas manifestações? Todos os Espíritos que cercam o médium o ajudam tanto no bem como no mal."

Em emas da Vida e da Morte, Manoel Philomeno de Miranda diz:

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Que o meio ambiente exerce efeitos e predisposições nos seres vivos. Embora o meio sócio-cultural seja conseqüência da ação do homem, torna-se-lhe fator de vigorosos efeitos no comportamento, o que tem levado muitas pessoas a concluir que - o homem é o produto do meio - salvo as inevitáveis exceções.

É compreensível, portanto, que a influência do meio moral e emocional seja prevalente nos fenômenos

mediúnicos. Além da inevitável influência do médium, em decorrência dos seus componentes íntimos, o

psiquismo do grupo responde por grande número de resultados nos cometimentos da mediunidade.

Do ponto de vista moral, os membros que constituem o núcleo, atraem, por afinidade, os Espíritos que

lhe são semelhantes, em razão da convivência mental já existente entre eles. Onde quer que se apresentam os

indivíduos, aí também estarão seus consórcios espirituais.

Assim, fica fácil entender o poder da associação de pensamento dos assistentes. Se o Espírito for, de

qualquer maneira, atingido pelo pensamento, como nós somos pela voz, vinte pessoas unidas numa mesma

intenção terão, necessariamente, mais força que uma só. Mas, para que todos os pensamentos concorram

para o mesmo fim, é necessário que vibrem em uníssono, que se confundam por assim dizer em um só, o que

não poderá acontecer sem concentração.

Para bem compreender o que se passa nestas circunstâncias, é importante se conhecer a influência do

meio. É necessário representar cada indivíduo como que cercado por um certo número de companheiros

invisíveis que se identificam com o seu caráter, os seus gostos e as suas tendências. Allan Kardec [LM-it 331]

diz: "Uma reunião é um ser coletivo cujas qualidades e propriedades são a soma de todas as dos seus

membros, formando uma espécie de feixe; ora este feixe terá tanto mais força quanto mais homogêneo for."

Todos os componentes da reunião são acompanhados de Espíritos que lhe são simpáticos. Segundo o

seu número e a sua natureza, esses companheiros podem exercer sobre a reunião ou sobre as comunicações

um influência boa ou má. Uma reunião perfeita seria aquela em que todos os seus membros, animados do

mesmo amor pelo bem, só levassem consigo Espíritos bons. Na falta da perfeição, a melhor reunião será

aquela em que o bem supera o mal.

Por outro lado, o Espírito chegando a um meio que lhe é inteiramente simpático sente-se mais à vontade.

Contudo, se os pensamentos forem divergentes, provocam um entrechoque e idéias desagradáveis para o

Espírito e, portanto, prejudicial à comunicação. Sendo os Espíritos desencarnados muito impressionáveis,

sofrem acentuadamente a influência do meio. Toda reunião espírita deve, pois, procurar a maior

homogeneidade possível. O êxito das sessões espíritas se encontra na dependência dos fatores objetivos que

as produzem, das pessoas que as compõem e do programa estabelecido nos dois planos (material e

espiritual):

a) As Intenções: As intenções, fundamentadas nos preceitos evangélicos do amor e da caridade, do estudo e da aprendizagem, são as que realmente atraem os Espíritos superiores, sem cuja contribuição valiosa, os resultados decaem para a frivolidade, a monotonia e não raro para a obsessão. (Manoel Philomeno de Miranda)

b) O ambiente ou Meio Espiritual:

Não sendo apenas o de construção material, o ambiente deve ser elaborado e mantido por meio de leitura edificante e da oração, debatendo-se os princípios morais capazes de criar uma atmosfera pacificadora, otimista e refazente. (Manoel Philomeno de Miranda)

c) Os Membros Componentes: os médiuns, segundo Emmanuel,

em sua generalidade, não são missionários na acepção comum do termo; são almas que fracassaram desastradamente, que contrariaram, sobremaneira, o curso das leis divinas e que resgatam, sob o peso de severos compromissos e ilimitadas responsabilidades, o passado obscuro e delituoso.

51

Assim, todo médium deve resguardar-se na humildade, na modéstia, convicto de que é uma alma em

processo de redenção e aperfeiçoamento, pelo trabalho e o estudo.

A seriedade de uma reunião, entretanto, não é sempre suficiente para haver comunicações elevadas. É

indispensável a harmonização dos sentimentos e o amor para atrair os bons Espíritos. Por isso os

componentes da reunião devem esforçar-se por manter os requisitos mínimos, instruindo-se e elevando-se

moralmente.

Os médiuns deverão manter disciplina interior, equilibrando suas emoções, seus pensamentos, palavras

e atos para se tornarem maleáveis às instruções dos Espíritos superiores. A faculdade mediúnica não os isenta

das responsabilidades morais imprescindíveis à própria renovação e esclarecimento, o que irá facilitar a

sintonia com os mentores da reunião e melhores condições de exercerem a enfermagem libertadora aos

Espíritos trazidos para tratamento.

O Dirigente deverá possuir os requisitos mínimos para liderar o grupo mediúnico que são: amor, boa

vontade, estudo e atitudes corretas. Segundo André Luiz [Nos Domínios da Mediunidade], o dirigente deverá

ter: "devoção à fraternidade, correção no cumprimento dos deveres, fé ardorosa, compreensão, boa vontade,

equilíbrio, prudência e muito amor no coração."

Os Doutrinadores devem, igualmente, evangelizar-se estudando a Doutrina e capacitando-se para

entender e elaborar nos diversos misteres do serviço de esclarecimento e tratamento Espiritual.

Na mesma linha de deveres dos médiuns, não poderão descurar do problema psíquico da sintonia, a fim

de estabelecerem contato com o dirigente do plano espiritual que supervisiona os empreendimentos de tal

natureza.

O doutrinador exerce a posição de elemento-terra, o mediador consciente da Espiritualidade, que deverá

analisar os problemas e as idéias de modo equilibrado e inteiramente lúcido, revestindo-as com as luzes do

Evangelho de Jesus e em coerência com os ensinamentos codificados por Allan Kardec.

Não poderemos deixar de analisar a influência dos Espíritos que são trazidos em tratamento às reuniões

mediúnicas.

Invariavelmente, aqueles que sabem perseverar, sem adiarem o trabalho de edificação interior, se fazem

credores da assistência dos Espíritos interessados nas sementeira da esperança e da felicidade na Terra -

programa sublime presidido por Jesus, das altas esferas.

Nas reuniões sérias, os seus membros não podem compactuar com a negligência aos deveres

estabelecidos em prol da ordem geral e da harmonia, para que a infiltração dos Espíritos infelizes não as

transformem em celeiros de balbúrdia, de desordem e perturbação.

Para que uma sessão espírita possa interessar aos instrutores espirituais, não poderá abstrair do elevado padrão moral de que se devem revestir todos os participantes, (...) principalmente o médium onde a exteriorização dos seus fluidos, isto é, a vibração do seu próprio Espírito, que é resultante dos atos morais praticados, o distingue das diversas criaturas, oferecendo material específico aos instrutores espirituais para as múltiplas operações que se realizam nos abençoados núcleos espiritistas sérios, que têm em vista o santificante programa de desobsessão espiritual.(Allan Kardec, Livro dos Médiuns, Cap. XXIX). A influência do meio decorre dos Espíritos e da maneira porque agem sobre os seres vivos. Dessa influência cada qual pode deduzir por si mesmo as condições mais favoráveis para uma sociedade que aspire atrair a simpatia dos Espíritos bons, obtendo boas comunicações e afastando as más.

Essas condições dependem inteiramente das disposições morais dos assistentes.

Podemos resumi-las nos seguintes pontos:

- perfeita comunhão de idéias e sentimentos;

- benevolência recíproca entre todos os membros;

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- renúncia de todo sentimento contrário à verdadeira caridade cristã;

- desejo uníssono de se instruir e de melhorar-se pelo ensinamento dos Espíritos bons e aproveitando os

seus conselhos;

- exclusão de tudo o que, nas comunicações solicitadas aos Espíritos, só tenha por objetivo a

curiosidade;

- concentração e silêncio respeitosos durante as conversações com os Espíritos;

- concurso de todos os médiuns com renúncia a qualquer sentimento de orgulho, de amor próprio e de

supremacia, com o desejo único de se tornarem úteis.

Se cumpríssemos estes itens teríamos a "reunião ideal", dentro do que preceitua a codificação espírita.

As condições do meio serão tanto melhores, quanto maior homogeneidade houver para o bem, com mais sentimentos puros elevados, mais sincero desejo de ajudar e aprender, sem segundas intenções. (Livro dos Médiuns, Cap. XXI, item 233).

A lógica e o discernimento nos aconselham prudência, disciplina e equilíbrio para que sejamos bem

orientados espiritualmente, já que a influência do meio, isto é, a conseqüência da natureza dos Espíritos e de

seu modo de ação sobre os seres vivos nos fará deduzir em quais condições obteremos resultados mais

favoráveis, em nossa reuniões mediúnicas. Vamos seguir as diretrizes traçadas por Allan Kardec e termos

reuniões mais produtivas, mais disciplinadas e harmônicas.

Tendo por objetivo a melhoria dos homens, o Espiritismo não vem procurar os perfeitos, mas os que se esforçam em o ser, pondo em prática os ensinos dos Espíritos. O verdadeiro espírita não é o que alcançou a meta, mas o que seriamente quer atingi-la. (Allan Kardec, Revista Espírita, 1861, pág. 394, item 11). Estudem antes de praticar porque é a única forma de não adquirirem experiência através do próprio sofrimento. (Allan Kardec)

A mediunidade bem exercida é roteiro de iluminação que proporciona aventuras inimagináveis, quando a

afeição e o amor a abraçam em favor da humanidade. Assim considerada e vivida, serão superados os fatores

do meio que, ao invés de influenciar sempre, passam a sofrer-lhe a influenciação, estabelecendo-se psicosfera

benéfica quão salutar para todos aqueles que constituem o grupo no qual ela se desdobra.

Cabe ao médium sincero sobrepor-se às influências do meio onde opera as suas conquistas pessoais,

gerando, em sua volta, uma psicosfera positiva quão otimista sob todos os aspectos propícios à execução do

compromisso a que se dedica.

Não se descarte, pois, a influência do meio, que deve ser superior, nem a do médium, que se deve apresentar equipado dos recursos próprios, de modo que se recolham boas e proveitosas comunicações, ampliando-se o campo de percepção do mundo espiritual, causal e pulsante, no qual se encontra mergulhado em escala menor, o físico, por onde se movimentam homens, no processo de crescimento e evolução. (Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco, Temas da Vida e da Morte).

Bibliografia Livro dos Médiuns - Allan Kardec Nos Bastidores da Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier Tramas do Destino - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo Franco Diversidade dos Carismas - Hermínio Miranda

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12 O PAPEL DO MÉDIUM NAS COMUNICAÇÕES

Em que pese o fato do Espiritismo ser uma Ciência experimental, valorizando todas as pesquisas, com

base na fé raciocinada, um elementar raciocínio nos diz que, para uma campo novo de estudo, teremos novas

leis a observar.

E assim como na Química e na Física, há que se considerar criteriosamente determinadas leis materiais:

a questão da temperatura, pressão, luminosidade e certos elementos a combinar para se obter os resultados

desejados no trato com as coisas espirituais, necessário se faz buscar as condições vibratórias suficientes,

entender e orientar pelas leis que regem os mecanismos da comunicação entre os dois planos - material e

espiritual.

Já sabemos que existem três fatores básicos a observar na comunicação mediúnica: o Espírito, o meio

e o médium. Vamos analisar um destes fatores isoladamente, verificando o papel do médium nas

comunicações.

O apóstolo Paulo [II Coríntios-4:7] afirma: "Temos este tesouro em vaso de barro, para que a excelência

do poder seja de Deus e não nosso."

Exalta, assim, a responsabilidade e a renúncia com que se deve revestir a tarefa mediúnica.

A mediunidade funciona como um refletor da vida espiritual. Quanto melhores as condições do aparelho,

tanto mais fiéis as impressões transmitidas. O oposto, igualmente ocorre, gerando imperfeições e distorções na

transmissão da mensagem.

O médium é a fonte receptora que irá transmitir conforme as suas condições e capacidades moral,

cultural e emocional. A fonte transmissora é o Espírito comunicante que projeta as vibrações com limpidez e vai

depender do médium a transmissão do seu pensamento.

Segundo estas condições do receptor, teremos a comunicação mediúnica com maior ou menor nitidez e

fidelidade.

O médium sempre participa do fenômeno mediúnico e é importante o seu papel no desempenho dessa

faculdade. Em LM [cap XIX] Allan Kardec se dedica ao estudo do papel do médium na comunicação.

O Espírito do médium é o filtro do pensamento do Espírito comunicante.

Allan Kardec faz uma comparação do Espírito do médium como sendo o intérprete do Espírito que deseja

comunicar, porque está ligado ao corpo que serve para falar e por ser necessário um elo entre o médium e o

Espírito, como é necessário um fio elétrico para comunicar a grande distância uma notícia, e na extremidade do

fio ou aparelho, uma pessoa inteligente que receba e transmita. Os fenômenos mediúnicos são regidos por leis

severas que não se submetem aos caprichos e exigências dos participantes.

A organização neuropsíquica do médium deve ajustar-se às leis de sintonia e afinidade, acionando

amplos equipamentos, para que a comunicação seja equilibrada e atinja o objetivo.

Jorge Andréa nos fala que a tríade do mecanismo mediúnico é composta de:

Perispírito: afinização fluídica e vibratória; Sistema Neuro Vegetativo: antenas da mediunidade Glândula pineal: aferição das vibrações energéticas

Allan Kardec inicia o LM [cap XIX] com a seguinte indagação: "O médium, no momento em que exerce a

sua faculdade está num estado perfeitamente normal? Está num estado de crise mais ou menos pronunciado

(...). Na maioria das vezes seu estado não difere do normal, principalmente nos médiuns escreventes."

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Crise é tudo aquilo que foge aos parâmetros da normalidade. Estado de crise denota uma situação que

está além do estado de transe ou de exteriorização perispiritual. São inúmeras as variações estudadas por

Allan Kardec, no Cap. XIV, do Livro dos Espíritos, quando trata da emancipação da alma e explica os

fenômenos de sonambulismo e êxtase.

Este estado de crise ou de exteriorização perispiritual é muito importante para a compreensão do estado

do médium e sua participação no fenômeno mediúnico. Dependendo do grau de exteriorização perispiritual a

faculdade mediúnica apresentará diferentes graus de percepção. Na psicofonia, nos médiuns com grande

exteriorização do perispírito, que Kardec chamava de sonambúlicos, poderá ocorrer com maior freqüência o

fenômeno de animismo - em que o médium poderá ser médium de si mesmo.

Em LM [it 223] Kardec indaga: "As comunicações escritas ou verbais podem provir do próprio Espírito do

médium? A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra. Se ela goza de algum grau de liberdade,

recobra a sua qualidade de Espírito."

E prossegue Kardec indagando: "Como distinguir se a comunicação é do próprio médium ou de Espírito

desencarnado? Pela natureza das comunicações. Estudem as circunstâncias e linguagem e vocês distinguirão.

Estudar e observar."

Em torno deste estudo Allan Kardec tece importantes considerações sobre o papel do médium nas

comunicações:

- Qualquer que seja a natureza das comunicações, elas se processam através da irradiação do

pensamento.

- O Espírito que se comunica requer elementos necessários para dar vestimenta a este pensamento. Não

há linguagem articulada no mundo espiritual.

- A comunicação terá a forma e a "cor" do pensamento do médium.

Ele cita o exemplo das lunetas coloridas: é como se observássemos paisagens diferentes através de

lunetas verdes, azuis e brancas. Embora as paisagens sejam diversificadas, terão a coloração da luneta com

que se observe.

Outro exemplo é de um músico que, para executar determinada melodia, dispusesse de um violino, uma

flauta, um piano e um assobio barato. Sua execução seria de diferentes níveis se utilizasse o violino ou o

piano, ou se apenas contasse com o assobio.

Com relação aos médiuns que não estejam em condições ideais para transmitir uma mensagem por falta

de conhecimento, Kardec nos diz em Obras Póstumas [qst 51]:

Por ser o instrumento para receber e transmitir o pensamento do Espírito, segundo a impressão mecânica que lhe é dada, poderá o médium produzir o que está fora da órbita de seus conhecimentos se for dotado de flexibilidade e aptidão mediúnica necessárias. É por esta lei que existem médiuns desenhistas, pintores, músicos alheios a estas artes. É ainda por esta lei que quem não sabe ler ou escrever pode receber mensagens psicográficas.

Erasto [LM-cap XIX] diz:

Assim quando encontramos um médium com o cérebro cheio de conhecimento anterior latente, dele nos servimos de preferência, porque com ele, o esforço da comunicação nos é muito mais fácil do que com um médium cuja inteligência fosse limitada e cujos conhecimentos anteriores tenham sido insuficientes. Certamente que poderemos falar de Matemática através de médiuns que desconheçam esta matéria, na atual encarnação, mas, freqüentemente, o Espírito deste médium já passou este conhecimento em forma latente, isto é, pessoal ao ser fluídico e não ao ser encarnado ... Enfim, temos o meio de elaboração penosa ao usar médiuns completamente estranhos ao assunto tratados, ajuntando as letras e as palavras como em tipografia.

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Kardec acrescenta as seguintes observações: "O Espírito comunicante tira do cérebro do médium não

suas idéias, mas o material necessário para exprimi-las; quanto mais rico for este cérebro, mais fácil é a

comunicação."

E com relação a uma língua estranha ao médium, diz:

Se o Espírito fala numa língua familiar ao médium, ele irá encontrar em seu cérebro as palavras formadas para revestir a idéia; Se é numa língua estranha, o Espírito comunicante não encontra as palavras, mas simplesmente as letras, no caso do médium saber ler e escrever; Se a língua é estranha ao médium e este não sabe ler e nem escrever, o cérebro não possui nem as letras e o Espírito comunicante terá que conduzir a mão do médium como se faz com um escolar ao ser alfabetizado.

Vimos como o médium participa do fenômeno mediúnico e muitas vezes ao iniciarmos o

desenvolvimento, quando estamos começando a dar as primeiras comunicações, somos assaltados com

indagações e dúvidas: "Como saberá o médium se o pensamento é seu ou do Espírito comunicante?"

Martins Peralva [Estudando a Mediunidade] nos diz:

Com o estudo edificante, a meditação e o discernimento adquiriremos a capacidade de conhecer a nossa freqüência vibratória. Saberemos comparar o nosso próprio estilo, pontos de vista, hábitos e modos, com os revelados durante o transe mediúnico, ou a simples inspiração quando escrevemos ou pregamos a doutrina. Não será problema tão difícil separar o nosso, do pensamento do Espírito comunicante. A aplicação aos estudos espíritas, com sinceridade, dar-nos-á, sem dúvida, a chave de muitos enigmas.

Bibliografia Livro dos Espíritos - Allan Kardec Livro dos Médiuns - Allan Kardec Obras Póstumas - Allan Kardec Revista Internacional do Espiritismo, 06/92 - Lauro F. de Carvalho Médiuns e Mediunidades - Vianna de Carvalho/Divaldo P. Franco Nos Alicerces do Psiquismo - Jorge Andréa Estudando a Mediunidade - Martins Peralva

13 MÉDIUNS ESCREVENTES E FALANTES

Os Espíritos podem manifestar-se entre os encarnados através de inúmeras maneiras. A primeira

condição para que haja um intercâmbio entre as duas esferas da vida, é que o encarnado seja portador da

capacidade mediúnica. Faculdade essa, que não se revela da mesma maneira em todos. Geralmente, os

médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta ou daquela ordem, donde resulta que formam

tantas variedades quantas são as espécies de manifestações.

Segundo o Instrutor Aulus [Nos Domínios da Mediunidade] "cada vaso recebe de conformidade com a

estrutura que lhe é própria", ou seja, o médium em atividade mediúnica é envolvido pela emissão mental do

Espírito comunicante, a se registrar sob a forma de impressões. Essas impressões se apóiam nos centros de

força do perispírito que, de imediato atingem os cabos do sistema nervoso e, simultaneamente, o cérebro -

onde encontram os centros motores em cujos comandos se processam as ações e reações mentais e físicas.

As impressões agem como estímulos a acionarem no psiquismo do médium os mecanismos das aptidões já

desenvolvidas ou em desenvolvimento. São funções automáticas que se refletem nos sentidos e órgãos,

realizando assim, as várias formas de manifestações mediúnicas. Cabe ao sistema nervoso a dupla função de

condutor das impressões recebidas e das ordens a serem realizadas.

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13.1 Conceitos e Objetivos

a) Psicografia: meio de comunicação mediúnica a se traduzir através da escrita. Tem a vantagem de

assinalar, de modo mais material, a intervenção de uma força oculta. Faculta a análise da comunicação e a

devida apreciação do seu valor. Tem como objetivo instruir a humanidade, informar e consolar os encarnados

acerca dos seus entes queridos já desencarnados, bem como inspirar e sensibilizar o homem através da arte.

Desenvolve-se pelo exercício.

b) Psicofonia: intercâmbio mediúnico a se realizar através da fala. Objetiva acelerar o progresso do

médium com o auxílio que presta a Espíritos em sofrimento. Essa forma de manifestação também permite a

assistência e orientação a grupos mediúnicos e Casas Espíritas pelos Espíritos Superiores.

13.2 Classificação dos Médiuns Escreventes Segundo o Modo de Execução

a) Médiuns Escreventes Mecânicos: a aptidão do médium permite ao Espírito comunicante atuar

diretamente no centro motor correspondente à mão, impulsionando-a de modo independente da sua vontade. A

mão se move sem interrupção e sem embargo. O que caracteriza o fenômeno é o total desconhecimento do

médium sobre o que escreve. É uma faculdade preciosa, pois não deixa dúvida alguma sobre a independência

do pensamento daquele que se comunica. O papel do médium mecânico se assemelha ao de uma máquina

copiadora. São raros os médiuns portadores dessa capacidade.

b) Médiuns Escreventes Semimecânicos: o médium sente que a sua mão uma impulsão é dada, mau

grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve à medida que as palavras se formam. É

mais comum esse tipo de capacidade.

c) Médiuns Escreventes Intuitivos: aqueles com quem os Espíritos se comunicam pelo pensamento e

cuja mão é conduzida voluntariamente. O médium sente sua vontade dirigida por outra, sua postura é mais

atuante. O papel do médium então, é o de transmitir o pensamento do Espírito, livre como o faria um intérprete.

Tem plena consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento. No princípio do

desenvolvimento da faculdade, o médium tem dificuldade em distinguir o que é seu e o que não é. Segundo

Kardec, é possível reconhecer-se o pensamento sugerido, por não ser nunca preconcebido, nasce à medida

que a escrita vai sendo traçada e, algumas vezes, é contrária à idéia que antecipadamente se formara.

Tem como característica a espontaneidade da comunicação e, após o intercâmbio, mesmo que o médium

tenha conhecimento do assunto, dificilmente ele se lembrará das palavras textuais ou da sua ordem, perdendo-

se, assim, a beleza da mensagem.

Podemos também ser intuídos ou inspirados nos trabalhos de Evangelização de crianças, na doutrinação

em reuniões mediúnicas, nas orientações do Atendimento Fraterno, nas Palestras e etc.

13.3 Classificação dos Médiuns Falantes Segundo a Mecânica do Processo Mediúnico

a) Médiuns Falantes Inconscientes: a psicofonia inconsciente se processa sem a ligação dos centros

conscientes do cérebro mediúnico à mente do hóspede que a utiliza. Este psiquismo mediúnico cede

espontaneamente seus recursos ao Espírito comunicante, sem qualquer dificuldade para desligar-se, de

maneira automática, do campo sensório, perdendo, provisoriamente, o contato com os centros motores da vida

cerebral. Por isso é que o Espírito comunicante tem maior possibilidade de intervenção "material", tais como:

alteração no tom de voz, caracterização de sotaque, podendo até alterar momentaneamente a fisionomia do

médium que, ao sair do transe, não guardará lembrança do ocorrido no momento do fenômeno. O médium

pode permanecer mais próximo e atento ao organismo físico ou mais tranqüilo e afastado, embora sempre

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presente e responsável. O que determina o maior ou menor afastamento é o estado de equilíbrio e o grau

evolutivo do Espírito comunicante.

Importante: a psicofonia inconsciente se evidencia em duas condições:

1º - aos médiuns que possuam méritos morais suficientes à própria defesa;

2º - nos obsessos que se renderam às forças vampirizadoras.

b) Médiuns Falantes Semiconscientes: o médium cederia ao Espírito comunicante o comando do

centro motor correspondente à fala, mas se manteria informado do fenômeno, ou seja, teria de forma mais ou

menos lúcida, consciência do que o Espírito estaria falando ou fazendo através do seu corpo. Os médiuns

semiconscientes costumam guardar com maior clareza as sensações e as emoções. Com relação às palavras

a lembrança é mais vaga. Esta faculdade aparece com mais freqüência.

c) Médiuns Falantes Conscientes: os centros motores cerebrais do médium permanecem no comando

das suas funções e o médium se mantém informado de tudo o que acontece, podendo conhecer as palavra na

sua formação, arquivando-as de maneira automática, no centro da memória.

13.4 Classificação dos Médiuns Segundo o Grau de Desenvolvimento da Faculdade

a) Médiuns Novatos: são inseguros, resistentes aos fenômenos ou descontrolados. As faculdades não

devidamente adestradas traduzem as comunicações de forma lenta, destorcidas, mal filtradas. O médium tem

maior dificuldade de refazimento. Geralmente duvida da veracidade da comunicação.

b) Médiuns Experimentados: a transmissão das comunicações é feita com facilidade e presteza, sem

hesitação. Concebe-se que este seja resultado de exercício metódico, continuado e regular. O médium

experimentado tem condições de fazer distinção dos Espírito comunicantes. É resultado de um estudo sério de

todas as dificuldades que se apresentam na prática do Espiritismo.

Segundo Kardec, o mal é que muitos médiuns confundem experiência - fruto do estudo, com aptidão -

produto da organização física.

c) Médiuns Improdutivos: os que não chegam a obter mais do que coisas insignificantes, monossílabos,

traços ou letras sem conexão, frases incompletas, idéias corriqueiras, etc... Por outro lado, também podem ser

prolixos, com comunicações sobrecarregadas de repetições e termos impróprios. "O médium por si mesmo

nada representa, e jamais deverá adotar a pretensão de realizar isto ou aquilo sem antes observar se, real-

mente, é influenciado pelas verdadeiras forças espirituais superiores." (Yvonne A. Pereira)

bibliografia Livro dos Médiuns - Allan Kardec Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier Memórias de um Suicida - Yvonne A. Pereira Recordações da Mediunidade - Yvonne A. Pereira

14 PERIGOS E INCONVENIENTES, PERDA E SUSPENSÃO DA FACULDADE MEDIÚNICA

Após uma centena de anos recebendo os mais variados ataques, que iam da fraude às manifestações

demoníacas, surgem novos opositores que não discutem quanto à existência do fenômeno mediúnico espírita,

somente acham que a prática da mediunidade é suscetível de levar para caminhos perigosos quem a ela se

dedicar. Não se pode negar que o Espiritismo, na sua parte prática, realmente oferece perigos aos imprudentes

que, sem estudo e preparo, sem método adequado e sem proteção eficaz, se lançam a aventuras

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experimentais por passatempo ou frívola diversão, atraindo, para si, elementos inferiores do mundo invisível

cuja influência maléfica fatalmente sofrerão.

Estes perigos, no entanto, são por demais exagerados pelos detratores da Doutrina Espírita, a fim de

desestimular a aproximação do homem da fonte capaz de matar-lhe a sede de conhecimento acerca de seu

destino futuro, terreno este, que foi monopolizado pelas religiões tradicionalistas, as quais não suportam o mais

leve exame da lógica e da razão.

Há necessidade de precaução em toda prática ou experimentação que se faça. Ninguém, por exemplo,

sem ter conhecimento, pelo menos rudimentar, sobre Química, entraria em um laboratório e se poria a

manipular substâncias desconhecidas, a não ser que quisesse colocar em risco sua segurança e a sua saúde.

Qualquer coisa poderá ser boa ou má, conforme o uso que se lhe der. É injusto, porém, ressaltar os possíveis

perigos da mediunidade sem assinalar os extraordinários benefícios que propicia, dentre os quais, a

comprovação da imortalidade da alma, ponto que sozinho é suficiente para anular a angústia natural do

homem, transmitindo-lhe a certeza da continuidade da vida após a sepultura.

Nenhum progresso, nenhum avanço, nenhuma descoberta se alcança sem esforço, sem sacrifícios e

sem certos riscos. Se os grandes navegadores não tivessem tentado suas viagens através dos oceanos,

enfrentando o desconhecido e as forças naturais, até hoje, permaneceríamos vivendo em núcleos isolados

ainda de forma primitiva, porque a falta de entrosamento e de troca de experiência nos manteria nos limites

tradicionalistas, herdados de nossos antepassados. No oceano do mundo invisível palpitam outros seres,

outras sociedades, outros mundos que estão à nossa espera, e dos quais nos chegam os informes, pelo

correio da mediunidade, para que deles usufruamos a experiência vivida.

Deus nos colocou em um verdadeiro oceano de vida, que é um reservatório inesgotável de energias e,

dando-nos a inteligência, a consciência e a razão, quis Ele que conhecêssemos essas forças e aprendêssemos

a manipulá-las convenientemente para nosso benefício espiritual. Este exercício constante permite que nós

mesmo nos desenvolvamos até alcançar o império sobre a Natureza, o domínio do Espírito sobre a matéria.

Essa conquista é o mais elevado objetivo a que possamos consagrar a nossa vida. Em vez de afastar dele o homem, ensinemos-lhe a caminhar ao seu encontro, sem hesitação. Estudemos, escrutemos o Universo em todos os seus aspectos, sob todas as formas. (No Invisível, Cap. XXII)

As dificuldades da experimentação mediúnica estão em proporção com o desconhecimento das leis

psíquicas que regem os fenômenos, desconhecimento este que mergulha o homem em um lago de ignorância

ou no estímulo para a criação de crendices e absurdos nas quais procura se agarrar.

Em tais condições, pode acontecer que a experimentação espírita reserve numerosas ciladas, muito mais, entretanto, aos médiuns que aos observadores. O médium é um ser nervoso, sensível, impressionável; e envolto numa atmosfera de calma, de paz e benevolência, que só a presença dos Espíritos adiantados pode criar. A prolongada ação fluídica dos Espíritos inferiores lhe pode ser funesta, arruinar-lhe a saúde, provocando os fenômenos de obsessão e possessão... (No Invisível, Cap. XXII)

Todo cuidado que tomarmos, incentivando-nos ao conhecimento pelo estudo e ao aperfeiçoamento moral

pela prática das virtudes cristãs, será o cumprimento tão somente dos nossos deveres perante a mediunidade.

É necessário adotar precauções na prática da mediunidade. As vias de comunicação que o Espiritismo facilita entre o nosso mundo e o mundo oculto, podem servir de veículos de invasão às almas perversas que flutuam em nossa atmosfera, se lhes não soubermos opor resistência vigilante e firme. Muitas almas sensíveis e delicadas, encarnadas na Terra, têm sofrido em conseqüência de seu comércio com esses Espíritos maléficos, cujos desejos, apetites e remorsos os atraem constantemente para perto de nós. (No Invisível, Cap. XXII)

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Pela lei de afinidade vibratória que condiciona o enlace psíquico entre a criaturas, criando a simpatia e a

antipatia, constantemente estamos rodeados de entidades atraídas a nós pelo nosso "hálito mental", que, se

mau, atrairá os maus, se bom, atrairá os bons.

As almas elevadas sabem mediante seus conselhos, preservar-nos dos abusos, dos perigos, e nos guiar pelo caminho da sabedoria; mas sua proteção será ineficaz, se por nossa parte não fizermos esforços para nos melhorarmos. É destino do homem desenvolver suas forças, edificar ele próprio sua inteligência e sua consciência. É preciso que saibamos atingir um estado moral que nos ponha ao abrigo de toda agressão das individualidades inferiores. Sem isso, a presença de nossos guias será impotente para nos salvaguardar. (No Invisível, Cap. XXII)

Assim, pois, não basta apenas que os mentores nos queiram defender; antes de mais nada, é preciso

que saibamos nos conservarmos em permanente elevação de propósitos, de pensamentos, de idéias e de

ações. Caso contrário, estaremos sujeitos à obsessão, que é a ação persistente de um mau Espírito

determinando uma influência perniciosa sobre o estado de equilíbrio psíquico da criatura e até sobre sua saúde

física. É a moral descuidada e menosprezada gerando estados lastimáveis de Espírito e de corpos também.

14.1.1 Mediunidade e Estados Patológicos

No início do Movimento Espírita, observações superficiais, constatando o grande número de pessoas

desequilibradas, levantaram a hipótese de que a mediunidade seria um estado patológico, ou seja, doença da

mente do médium. Perguntados sobre a questão, eis como os Espíritos responderam: a faculdade mediúnica é

um estado anômalo, às vezes, porém, não patológico; há médium de saúde robusta; os doentes os são por

outras causas." [LM-cap XVIII]

Acreditava-se também que o exercício prolongado da faculdade mediúnica produzia alguma fadiga sobre

o médium e que isto podia ser motivo de contra-indicar o seu uso. Note-se, porém, que o uso de qualquer

faculdade por tempo prolongado causa o cansaço e a fadiga, porém, estes serão do corpo, do organismo do

intermediário e nunca do Espírito, que até se fortalecerá de acordo com a natureza do trabalho que efetue.

Atualmente, as pesquisas no campo da Parapsicologia já evidenciaram o fato aceito e preconizado pelo

Espiritismo há mais de cem anos: "Os fenômenos paranormais não são patológicos" [Robert Amadou -

Parapsicologia, VI parte, Cap. IV, nº 5]; "Até hoje nada indicou qualquer elo especial entre funções

psicopatológicas e parapsicológicas" [J.B. Rhine, Fenômenos e Psiquiatria, pg 40].

Poderia a mediunidade produzir a loucura? R. Não mais do que qualquer outra coisa, desde que não haja pré-disposição para isso, em virtude de fraqueza cerebral. A mediunidade não produzirá a loucura, quando esta já não exista em gérmen; porém, existindo este, o bom-senso está a dizer que se deve usar de cautelas, sob todos os pontos de vista, porquanto qualquer abalo pode ser prejudicial. [LM-capXVIII]

O que se observa na prática é a existência de inúmeros casos, que são rotulados como doença mental

segundo os cânones científicos, e que nada mais é que simples perturbação espiritual, que tratada

convenientemente, cede por completo.

Há casos em que a mediunidade não encarada como merecedora de cuidados especiais, gera

obsessões de curto, médio e longo cursos, que somente um tratamento adequado e paciencioso poderá

resolver. Assim, nem todos os que apresentam sintomas de desequilíbrio psíquico devem ser encarados como

médiuns em potencial, e até, pelo contrário, não se deve estimular o exercício mediúnico nas pessoas de

caracteres impressionáveis e fracos, a fim de evitar conseqüências desagradáveis.

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Do seu exercício cumpre afastar, por todos os meios possíveis, as que apresentem sintomas, ainda que mínimos, de excentricidade nas idéias, ou de enfraquecimento das faculdades mentais, porquanto, nessas pessoas, há pré-disposição evidente para a loucura, que se pode manifestar por efeito de qualquer sobreexcitação. (LM-capXVIII)

14.1.2 Mediunidade na Infância

Outro perigo e inconveniente da mediunidade é estimulá-la nas crianças. Embora boa parte do material

que serviu para fundamentar a Doutrina Espírita tenha vindo através da mediunidade de inocentes jovens,

despreparadas intelectualmente para desempenharem papel ativo nas comunicações, devemos levar em conta

que o fato se dava à revelia das próprias médiuns, pois os fenômenos tinham caráter eminentemente

espontâneo. Aquelas crianças que manifestarem espontaneamente a faculdade, devem ser cercadas de

cuidados especiais, procurando, por todos os meios, evitar seu incentivo, buscando instruí-las e formar sua

personalidade. Somente depois que elas venham a amadurecer orgânica e psicologicamente é que se deve

orientar o seu desenvolvimento mediúnico propriamente dito.

Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças? R. Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas idéias, ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das conseqüências morais. (LM-capXVIII)

14.2 Perda e Suspensão da Faculdade Mediúnica

As características de quem abusa do exercício mediúnico são: acreditar-se privilegiado por possuir a

faculdade; não atender às solicitações de estudo da Doutrina; achar que o guia espiritual ensina tudo; não ter

horário para trabalhar mediunicamente, entregando-se à prática a qualquer hora, ocasião e local; fazer

trabalhos mediúnicos habitualmente em casa domiciliar; cobrar monetária ou moralmente pelos bens que

eventualmente possa obter pela faculdade mediúnica.

O médium que emprega mal a sua faculdade está se candidatando: a ser veículo de comunicações

falsas; a ser vítima dos maus Espíritos; à obsessão; a se constituir em veículo de idéias fantasiosas nascidas

de seu próprio Espírito orgulhoso e pretensioso; à perda ou suspensão da faculdade mediúnica.

A faculdade mediúnica pode ser retirada em determinadas circunstâncias da vida? Eis a resposta de

Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier:

Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade, da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos. [O Consolador - qst 389]

Existem casos em que a interrupção demonstra uma prova de benevolência do Espírito protetor para com

o médium, segundo nos esclarece Allan Kardec [LM-it 220]. Nesta situação, há três aspectos a considerar:

1º - Quando o Espírito amigo e protetor quer provar que a comunicação mediúnica não depende dele,

médium, e que assim, este não se deve vangloriar ou envaidecer;

2º - Quando o médium está debilitado fisicamente e precisa de repouso;

3º - Quando se fizer necessário por à prova a paciência e a perseverança do médium ou lhe dar tempo

para meditar nas instruções recebidas dos Espíritos.

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Como vemos, a mediunidade pode ser considerada como verdadeiro instrumento de redenção da criatura

humana, que, ao usá-la com dignidade e coração, tem oportunidade de exercitar as virtudes cristãs como a

humildade, o perdão, o amor e a caridade.

Sendo uma faculdade como as outras que possuímos, pode de uma hora para outra sofrer interrupções.

Isto acontece porque a produção mediúnica ocorre através do concurso dos Espíritos, sem eles nada pode o

médium; a faculdade continua a existir em essência mas os Espíritos não podem ou não querem se utilizar

daquele instrumento mediúnico.

Os bons Espíritos se afastam dos médiuns por vários motivos.

Analisemos alguns:

a) Advertência: quando o médium se serve da faculdade mediúnica para atender a coisas frívolas ou

com propósitos ambiciosos e desvirtuados. Como coisas frívolas, citamos a prática dos "ledores da sorte".

Infelizmente, este desvirtuamento da verdadeira prática mediúnica existe em larga escala, e, mais cedo ou

mais tarde, tais médiuns terão que prestar contas ao Senhor da aplicação feita dos talentos recebidos. Os

chamados "profissionais da mediunidade" não se agastam em receber pagamentos, quer sob a forma de

dinheiro, presentes, favores, privilégios ou até mesmo dependência afetiva ou emocional.

Recordemos as palavras do Espírito Manoel Philomeno de Mianda:

...o médium, habituando-se aos negócios e interesses de baixo teor vibratório, embrutece-se, desarmoniza-se (...). A mediunidade com Jesus, liberta, edifica e promove moralmente o homem, enquanto que, com o mundo, aturde, escraviza e obsidia a criatura. [Seara do Bem, Profissionais da Mediunidade]

Quando os Espíritos que sempre se comunicam por um determinado médium deixam de o fazer, o fazem

para provar ao médium e a todos que eles são indispensáveis, e que, sem o seu concurso simpático, nada se

obterá. Muitas vezes, tal atitude se prende à forma pela qual o médium vem se conduzindo, deixando a desejar

sob o ponto de vista moral e doutrinário.

Geralmente, este tipo de suspensão é por algum tempo e a faculdade volta a funcionar, cessada a causa

que motivou a suspensão.

b) Benevolência: quando as forças do médium estão esgotadas e seu poder de defesa fica reduzido,

para que não caia como presa fácil nas mãos de obsessores, sua faculdade é suspensa, temporariamente, até

que volte aos seu estado normal e possa exercitar com eficiência. Assim,

A interrupção da faculdade nem sempre é uma punição, demonstra às vezes a solicitude do Espírito para com o médium, a quem consagra afeição, tendo por objetivo proporcionar-lhe um repouso material de que o julgou necessitado, e neste caso não permite que outros Espíritos o substituam. [LM-it 220]

Léon Denis [No Invisível-cap IV] afirma que:

A intensidade das manifestações está na razão direta do estado físico e mental do médium. A saúde do médium parece-nos ser uma das condições de sua faculdade. Conhecemos um grande número de médiuns que gozam perfeita saúde; temos notado mesmo que, quando a saúde se lhes altera, os fenômenos se enfraquecem e cessam de se produzir.

Por que sinal se pode reconhecer a censura na interrupção da mediunidade?

Que interrogue o médium a sua consciência e pergunte a si mesmo que uso tem feito da sua faculdade, que benefícios têm resultado para os outros, que proveito tem tirado dos conselhos que lhe deram, e terá a resposta. [LM-it 220]

Vianna de Carvalho nos diz que o mau uso da faculdade mediúnica pode entorpecê-la e até mesmo fazê-

la desaparecer, tornando-se para o seu portador, um verdadeiro prejuízo, uma rude provação. Algumas vezes

como advertência, interrompe-se-lhe o fluxo medianímico e os Espíritos superiores, por afeição ao médium,

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permitem que ele perceba, a fim de mais adestrar-se, buscando descobrir a falha que propiciou a suspensão,

restaurando o equilíbrio; outras vezes, é-lhe concedida com o objetivo de facultar-lhe algum repouso e

refazimento.

c) Provação: quando o médium, apesar de se conduzir com acerto, ter o merecimento por boa conduta

moral e não necessitar de descanso, tem suas possibilidades mediúnicas diminuídas ou interrompidas, Allan

Kardec nos diz que:

Servem para lhes por a paciência à prova e para lhes experimentar a perseverança. Por isso é que os Espíritos nenhum termo, em geral, assinam, à suspensão da faculdade mediúnica; é para verem se o médium desanima. Muitas vezes, serve também para lhes dar tempo de me-ditar as instruções recebidas. Outra causa é quando o médium não aproveita as instruções nem os conselhos que os protetores espirituais propiciam. O Espírito protetor aconselha sempre para o bem, sugerindo bons pensamentos ou amparando nas aflições o seu tutelado mas, em situação alguma, desrespeita o livre-arbítrio de quem quer que seja. (...) Afasta-se, quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem que tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame. [LE-qst 495]

No caso de não mais funcionar a faculdade mediúnica, isto jamais se deve ao fato de o médium ter

encerrado a sua missão, como se costuma dizer, porque toda missão encerrada com sucesso é prenúncio de

nova tarefa que logo se lhe segue, e assim, sucessivamente. O que ocorre nestes caso é a perda por abuso da

mediunidade ou por doença grave.

Bibliografia Livro dos Médiuns - Allan Kardec Livro dos Espíritos - Allan Kardec No Invisível - Léon Denis Médiuns e Mediunidades - Vianna de Carvalho/Chico Xavier O Consolador - Emmanuel/Chico Xavier

15 AS MANIFESTAÇÕES VISUAIS, BICORPOREIDADE E TRANSFIGURAÇÃO

15.1 Das Manifestações Visuais

Por sua natureza e em seu estado normal o perispírito é invisível, tendo isso em comum com uma

imensidade de fluidos que sabemos existir e que não vemos, por exemplo, o ar atmosférico. Pode também,

como alguns fluidos, sofrer modificações que o torna visível, quer seja por uma espécie de condensação (por

falta de um termo mais apropriado), quer por uma mudança em sua disposição molecular.

Pode mesmo adquirir as propriedades de um corpo sólido e tangível, para retomar, em seguida, seu

estado etéreo e invisível. É possível fazer-se idéia desse efeito pelo que acontece com o vapor (vapor-água-

gelo).

Esses diferentes estados do perispírito resultam da vontade do Espírito, e não de uma causa física

exterior, como é o caso dos gases. Quando um Espírito desencarnado faz-se visível, este condensa o seu

perispírito num estado próprio para torná-lo visível; mas, nem sempre basta a vontade para que ele torne-se

visível: é preciso o concurso de outras circunstâncias, que não dependem dele.

É preciso ainda, que ao Espírito seja permitido tornar-se visível a tal pessoa, o que nem sempre lhe é

concedido. Necessita ainda, no caso de ser um Espírito desencarnado, da participação de um médium, que

deverá ceder fluidos necessários ao processo, pois a modificação no perispírito opera-se mediante uma

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combinação deste com o fluido peculiar ao médium. Essa combinação nem sempre é possível, o que explica

não ser generalizada a visibilidade dos Espíritos.

Assim, não basta que o Espírito queira mostrar-se nem tampouco que uma pessoa queira vê-lo, é

necessário que entre eles haja uma espécie de afinidade, e também, que a emissão de fluidos da pessoa seja

suficientemente abundante para operar a transformação do perispírito e, provavelmente, que se verifiquem

outras condições que ainda desconhecemos. Pode pois, numa reunião, mostrar-se a apenas a uma pessoa ou

a diversas que nela estejam presentes. Daí resulta que, se duas pessoas igualmente dotadas desta aptidão se

encontrarem juntas, pode o Espírito operar a combinação fluídica com apenas uma das duas, a quem ele

queira mostrar-se ou com aquele que a combinação fluídica se opere mais facilmente.

As manifestações visuais ocorrem na maioria das vezes durante o sono, por meio do que chamamos

muitas vezes de sonhos: são as visões. Quando as manifestações visuais ocorrem no estado de vigília,

chamamos de aparições.

Podendo assumir todas as aparências, o Espírito se apresenta da forma que mais se torne reconhecível,

se o quiser. Apresenta-se em geal de forma vaporosa e diáfana, algumas vezes vaga e imprecisa, e outras de

formas nitidamente desenhadas, de modo que uma pessoa pode, diante de um Espírito nestas condições,

supor tratar-se de um encarnado, sem sequer suspeitar que tem diante de si um Espírito. As aparições não

constituem novidades, pois em todos os tempos se produziram e delas temos vários exemplos na história.

15.2 Bicorporeidade

Este fenômeno é uma variedade das manifestações visuais e baseia-se no princípio das propriedades do

perispírito, quer se encontre no mundo dos Espíritos, quer se encontre no mundo dos encarnados.

A faculdade que possui o Espírito encarnado de emancipar-se e de desprender-se do corpo durante a

vida, pode permitir a ocorrência de fenômenos análogos aos que os Espíritos desencarnados produzem.

Enquanto o corpo se acha sob o efeito do sono, o Espírito pode transportar-se revestido pelo perispírito a

lugares diversos, tornando-se visível e aparecendo a outros indivíduos, quer estejam estes acordados ou

dormindo, pelo mesmo processo de condensação ou de transformação já estudados. Além de visível torna-se

também tangível, de uma forma tão próxima da realidade que permite aos indivíduos afirmarem tê-lo visto em

dois lugares ao mesmo tempo. Ele realmente estava em ambos, mas apenas num se achava o corpo material,

achando-se no outro o Espírito. Ao despertar o indivíduo, os dois corpos se reúnem e a vida volta ao corpo

material. A este fenômeno denominamos bicorporeidade.

Por mais que possa parecer extraordinário, este fenômeno, como tantos outros, está na ordem dos

fenômenos naturais, pois que depende de propriedades do perispírito e de uma lei natural, e tem sua

explicação nas propriedades de condensação e transformação do perispírito.

Deste fenômeno temos vários exemplos amplamente comprovados e divulgados, tanto na literatura

Espírita quanto Eclesiástica.

Santo Alfonso de Liguori foi canonizado antes do tempo necessário por ter se mostrado em dois lugares

ao mesmo tempo, o que se passou como sendo um milagre. Enquanto os seus companheiros o viam em sua

cela, em estado de êxtase, em Arienzo, na província de Nápoles, ele era visto simultaneamente em Roma

assistindo ao Papa Clemente XIV, em seus últimos minutos, e ao despertar deu aos colegas de convento a

notícia da desencarnação do Papa, que foi confirmada bem mais tarde por notícias oficiais, em decorrência da

distância que separava os dois lugares.

Santo Antônio de Pádua, estava na Espanha e enquanto aí pregava, seu pai, que estava em Pádua, ia ao

suplício, acusado de uma morte. Neste momento, Santo Antônio aparece, demonstra a inocência de seu pai e

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revela o verdadeiro culpado que, mais tarde, sofre o castigo. Foi constatado que neste momento, Santo

Antônio não havia deixado a Espanha.

Eurípedes Barsanulfo, notável médium que viveu em Sacramento - MG, dotado de moral irrepreensível,

por várias vezes se fez notar no fenômeno da bicorporeidade. Encontramos alguns relatos bastante

interessantes, principalmente por terem sido presenciados por testemunhos nem sempre afeitos à Doutrina dos

Espíritos. Eurípedes era professor, sendo o fundador do Colégio Allan Kardec em Sacramento (o primeiro

colégio espírita em todo o mundo). Era médium dotado de variados tipos de mediunidade, destacando-se a

mediunidade de cura e o receituário mediúnico. Muitas vezes entrava em transe durante uma aula e se

prestava a socorrer necessitados através da bicorporeidade; certa vez, após um transe, dirige-se aos alunos e

diz: - Prestem atenção. Acabo de fazer um parto difícil, numa residência atrás da Igreja do Rosário. O marido não sabe que a criança já nasceu e está a caminho daqui, para solicitar ajuda. Quando ele entrar na sala os senhores devem ficar de pé para o cumprimentarem. E o homem entrou logo em seguida, muito aflito, de roupa de montaria e chapéu, pedindo a Eurípedes que fosse até a sua residência, com urgência fazer o parto pois sua mulher estava muito mal e a parteira não estava conseguindo resolver o caso. - Acalme-se, respondeu o médium sorrindo, já fiz o parto há 5 minutos atrás... - Não é possível disse o homem, há 5 minutos eu o teria visto no caminho. - O senhor não me viu porque eu fui em Espírito, mas eu vi o senhor, respondeu Eurípedes, e pode voltar para sua casa sossegado, a menina que nasceu é linda e forte. O homem porém duvidou e só saiu dali com Eurípedes junto. Chegando a casa se deparou com a esposa que segurava no leito a filhinha. A parturiente ao ver o médium exclamou: - O senhor não precisava vir de novo seu Eurípedes, eu e o bebê estamos passando muito bem! Em várias outras ocasiões este médium pôde ser visto simultaneamente em dois lugares.

Os livros Eclesiásticos relatam a história de Maria D'Agreda, que ainda muito jovem tornou-se superiora

do convento de Imaculada Conceição de Maria na Espanha. Maria D'Agreda era um Espírito nobre e

extremamente preocupado com a salvação do próximo, e, em suas preces, pedia ardentemente a Deus que

permitisse a ela fazer algo pela salvação destas almas que não conheciam a Deus. Certo dia, durante seus

momentos de oração, ela se viu arrebatada em êxtase a uma região longínqua de clima e vegetação diversos

do clima espanhol, sendo esta região reconhecida como o Novo México, na América do Norte. Neste local

Maria d'Agreda encontrou uma nação indígena que passou a catequizar, durante estes períodos de êxtase que

se repetiram por cerca de 8 anos com aproximadamente 500 êxtases, seguidos do fenômeno de

bicorporeidade. Maria d'Agreda exerceu assim seu apostolado doutrinário em região muito distante da Espanha

sem de lá se afastar em corpo físico, apenas o fazendo em corpo espiritual. (Vide Revista Espírita de novembro

de 1860).

15.3 Transfiguração

O fenômeno da transfiguração decorre do princípio de que pode o Espírito dar ao seu perispírito a

aparência que desejar; que mediante modificações na disposição molecular, pode dar-lhe visibilidade,

tangibilidade e a opacidade; que o perispírito de um encarnado possui as mesmas propriedades, que essa

mudança se opera pela combinação dos fluidos.

Imaginemos pois o perispírito de um encarnado, não desprendido do corpo, mas exteriorizado em volta

de seu corpo, de maneira a envolvê-lo como uma espécie de vapor. Neste estado se torna passível das

mesmas modificações de que o seria se estivesse separado do corpo. Poderá então o perispírito mudar de

aspecto, tornar-se brilhante, se tal for a vontade do Espírito ou se ele dispuser de poder para tanto. Um outro

Espírito, combinando seus fluidos com os dele poderá, a essa combinação de perispíritos, dar a forma que

desejar, mudando temporariamente a forma original e assumindo aquela da entidade espiritual que sobre ele

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atua. Esta parece ser a causa do fenômeno da transfiguração. Allan Kardec relata no Livro dos Médiuns vários

casos de transfiguração. Um dos mais belos exemplos de transfiguração encontra-se no Evangelho [Marcos-

IX,2-8]: "Jesus tomou consigo a Pedro, a Tiago e a João e os levou em particular ao Monte Tabor. E foi

transfigurado diante deles, suas vestes tornaram-se resplandecentes e muito brancas, como nenhum lavadeiro

sobre a Terra as pode alvejar."

Eliseu Rigonatti, médium, escritor e expositor espírita conta em O Evangelho das Recordações, um caso

bastante ilustrativo do fenômeno da transfiguração. Segundo este autor, uma das médiuns participantes da

reunião mediúnica por ele dirigida naquela ocasião era muito estrábica do olho direito, a ponto de aparecer

apenas a esclerótica, com pequena parte da íris, num cantinho da pálpebra. O olho esquerdo era normal. Certo

dia ela comunicou ao dirigente que faltaria por uma semana, pois iria a São Paulo submeter-se a uma cirurgia

corretiva para o problema. Mas no sábado seguinte lá estava ela para os trabalhos mediúnicos, e durante uma

comunicação Eliseu notou que a jovem mantinha os olhos bem abertos e que eles estavam normais, sem

qualquer sinal do estrabismo. Ao final da reunião entretanto, quando ele se dirigiu à jovem para comemorar o

sucesso da cirurgia, notou que a jovem mostrava o mesmo estrabismo de sempre e ela lhe disse que por

motivos econômicos tivera que adiar a viagem, e que durante a comunicação mediúnica, sentira um forte

pressão nos olhos.

Vimos assim, de forma sucinta, alguns esclarecimentos básicos para se entender os fenômenos da

bicorporeidade e da transfiguração. Para aumentar os seus conhecimentos no assunto, sugerimos que leia a

bibliografia recomendada abaixo. Bibliografia O Livro dos Espíritos - Allan Kardec O Livro dos Médiuns - Allan Kardec Obras Póstumas - Allan Kardec A Gênese - Allan Kardec Revista Espírita - novembro de 1860 O Evangelho das Recordações - Eliseu Rigonatti O Apóstolo da Caridade - Eurípedes de Barsanulfo Parábolas e Ensinos de Jesus - Cairbar Schutel

16 MEDIUNIDADE DE CURA

Aquilo que está realmente acontecendo neste mundo é bem diferente do que parece estar ocorrendo, tal

como se expressa nas manchetes dos jornais ou em textos convencionais. E o que na realidade está

ocorrendo é uma ansiosa busca de espiritualidade. Quer aprovem todas as pessoas ou não aprovem, estamos

hoje em meio a um processo de transição para uma nova era, aquilo que muitos estudiosos chamam de

"despertar espiritual".

Este encontro do Homem contemporâneo com o pensamento metafísico têm-se acompanhado de uma

insistente busca da Medicina alternativa. Acupuntura, Medicina Antroposófica, Bioenergética e principalmente,

as terapias ditas espirituais. Milhares e milhares de pessoas decepcionadas com a Medicina Convencional têm

buscado nos Centros Espíritas, ou em outras correntes religiosas, o restabelecimento de sua saúde. Daí a

importância do estudo das diversas modalidades terapêuticas oferecidas pela Casa Espírita.

16.1 Modalidades de Terapia Espiritual

a) Fluidoterapia Convencional: trata-se do Passe Magnético, da água fluidificada e da irradiação a

distância. São modalidades terapêuticas onde se trabalha com fluidos curadores, encontradas em quase todos

os centros espíritas;

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b) Assistência Através de Médiuns Receitistas: o médium receitista, segundo Allan Kardec (que os

denominava também de médiuns medicinais), são aqueles cuja especialidade é a de servirem mais facilmente

aos Espíritos que fazem prescrições médicas. Lembra o codificador que não se deve confundi-los com os

médiuns curadores, porque nada mais fazem do que transmitir o pensamento do Espírito e não exercem, por si

mesmos, nenhuma influência. Benfeitores espirituais dotados de conhecimentos sobre Medicina, que ditam

através do médium (geralmente por psicografia) os medicamentos e as orientações que deve seguir para o seu

restabelecimento. A maioria deles trabalha com Medicina Homeopática, lançando mão também de chás, ervas

e drogas ditas naturais;

c) Assistência Espiritual Direta: consiste na atuação terapêutica dos Espíritos sem a participação direta

de médiuns. Talvez seja a mais comum das modalidades terapêuticas espíritas, onde os Benfeitores estarão

mobilizando recursos fluídicos específicos em benefício dos necessitados sem que eles, muitas vezes,

percebam. Esta modalidade pode desenrolar-se nos centros espíritas ou mesmo nas residências dos

enfermos. Em determinadas situações o doente é levado em corpo espiritual a certos hospitais do mundo

extrafísico e lá são submetidos a complexos processos de reparação perispiritual;

d) Operações Espirituais: essa modalidade terapêutica caracteriza-se pela atuação de Espíritos

desencarnados incorporados e médiuns específicos. No Brasil, ganhou muito destaque a partir dos médiuns

José Arigó e Edson Queirós. Utilizando-se das mãos do médium ou de instrumentais cirúrgicos, os cirurgiões

desencarnados mobilizam recursos fluídicos diretamente junto ao corpo físico e espiritual do doente.

Interrogado quanto à utilização desses instrumentos cirúrgicos neste tipo de assistência espiritual, o expositor

Divaldo Franco assim se expressou:

Na minha forma de ver, trata-se de ignorância do Espírito Comunicante, que deve ser esclarecido devidamente, e de presunção do médium, que deve ter alguma frustração e, se realiza desta forma, ou de uma exibição, ou ainda para gerar melhor aceitação do consulente, que condicionado pela aparência, fica mais receptivo. Já que os Espíritos se podem utilizar dos médiuns que, normalmente não os usam, não vejo porque recorrer à técnica humana quando eles a possuem superior. (Diretrizes de Segurança).

O Dr. Jorge Andréa, médico e escritor espírita, adverte quanto à generalização deste tipo de modalidade

terapêutica: "existem desajustes na prática desse tipo de tratamento que devem merecer, por parte dos

solicitante, uma análise cautelosa, porquanto os abusos são inúmeros e as mistificações, consciente ou

inconscientes, abundantes." (Psicologia Espírita)

Com relação aos resultados destas operações espirituais, o Dr. Jorge Andréa esclarece que eles vão

depender de fatores ligados ao médium e ao doente. Os primeiros se relacionam à seriedade, honestidade de

princípios e moralidade. Os fatores relacionados aos doentes são a fé, o merecimento e a programação

cármica.

16.2 Espiritismo e Médium Curador

A mediunidade curadora deve ser examinada tal qual qualquer outra modalidade mediúnica. Nesse

sentido o médium de cura deve procurar canalizar seus recursos fluídicos para o bem, sustentado pelos

princípios espíritas e pela moral evangélica. Aquele que se vê com esses dotes mediúnicos deve procurar

nortear sua conduta a partir dos seguintes itens:

a) Vinculação a um Centro Espírita: a maior parte dos problemas observados com os médiuns

curadores reside no fato de não se submeterem aos regimes doutrinários de um Centro Espírita. Muitas vezes

optam por um trabalho isolado, quando não constroem seu próprio centro espírita, estruturado em idéias

errôneas e práticas inadequadas. Muitos inconvenientes seriam evitados se ele se integrasse a um Centro

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Espírita como qualquer outro trabalhador de Jesus e amparado pelas forças dos companheiros encarnados e

desencarnados sofreria uma proteção muito mais efetiva;

b) Estudo Sistemático Do Espiritismo: não se pode separar a prática mediúnica do estudo constante

dos postulados espíritas. Sem esse conhecimento doutrinário, facilmente o médium cairá nas malhas dos

Espíritos da sombra ou de pessoas inescrupulosas e aproveitadoras;

c) Gratuidade Absoluta: a Doutrina espírita não se coaduna com qualquer tipo de cobrança para

prestação de serviço espiritual. A gratuidade está também relacionada com a questão melindrosa dos

"presentes" e das "doações para instituições" que muitas vezes nada mais são do que formas disfarçadas de

cobrança;

d) Exercício Constante da Humildade: Allan Kardec assevera que o maior escolho à boa prática

mediúnica é a vaidade e o orgulho. Nesse sentido, o médium de cura deve se conscientizar de que ele é

apenas um elemento na complexa engrenagem organizada pelo mundo maior, engrenagem esta, que vai

encontrar no Cristo o seu condutor maior.

16.3 Finalidade das Curas Espirituais

Sabemos que o grande papel desempenhado pelo Espiritismo está relacionado à moralização da

humanidade. Assim sendo, pergunta-se porque assume a Doutrina Espírita compromissos com as curas

espirituais? Qual a finalidade da existência de médiuns curadores? Quem responde é Divaldo Franco: A prática do bem, do auxílio aos doentes. O apóstolo Paulo já dizia: Uns falam línguas estrangeiras, outros profetizam, outros impõe as mãos... Como o Espiritismo é o Consolador, a mediunidade, sendo o campo e a porta pelos quais os Espíritos Superiores semeiam e agem, a faculdade curadora é o veículo da misericórdia para atender a quem padece, despertando-o para as realidades da Vida Maior, a Vida Verdadeira. Após a recuperação da saúde, o paciente já não tem direito de manter dúvidas nem suposições negativas ante a realidade do que ex-erimentou. O médium curador é o intermediário para o chamamento aos que sofrem, para que mudem a direção do pensamento e do comportamento, integrando-se na esfera do bem.

Bibliografia Diretrizes de Segurança - Divaldo e Raul Teixeira Psicologia Espírita - Dr. Jorge Andréa Mãos de Luz - Dra. Barbara Brenan

17 DESDOBRAMENTO, CATALEPSIA E LETARGIA

17.1 Desdobramento (Sonambulismo)

O fenômeno de desdobramento espiritual, denominado também "experiência fora do corpo" ou "projeção

do eu" e que Allan Kardec reconhecia com o nome de "Sonambulismo", é uma condição relativamente

freqüente e que tem sido muito estudada nos dias de hoje.

A quantidade de obras e artigos não espíritas ou mesmo espíritas já publicadas sobre o tema é imensa.

Seu número cresce dia a dia, pois é um assunto de magna importância e que tem indiscutível implicação na

questão da sobrevivência após a morte.

O médium sonambúlico (de desdobramento), segundo Kardec, é aquele "que vive por antecipação a vida

dos Espíritos". Ele desfruta da capacidade de desprender-se do seu corpo físico, deixando-o num estado de

sonolência, e desloca-se no espaço apenas com seu perispírito. Durante o desdobramento, o Espírito pode sair

para longe de seu corpo e visitar locais distantes, conhecidos ou não. Estes locais poderão encontrar-se em

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nosso plano físico ou nas esferas espirituais. Podem, também, entrar em contato com outros Espíritos, visitar

enfermos, assistir Espíritos perturbados, etc.

A faculdade sonambúlica, lembra Kardec "é uma faculdade que depende do organismo e nada tem a ver

com a elevação, o adiantamento e a condição moral do sujeito." No entanto, os esforços que o medianeiro

empreende em sua melhoria pessoal deverão ser responsáveis pelo tipo de atividade que irá desenvolver em

"suas viagens".

Com relação ao grau de consciência, os médiuns de desdobramento podem ser classificados em três

tipos: conscientes, semiconscientes e inconscientes. Os primeiros lembram-se perfeitamente de tudo o que

realizaram durante o desdobramento, os segundos têm uma recordação relativa, mas os terceiros nada

recordam.

O desdobramento pode ser ainda: natural ou provocado (magnético). No primeiro caso, o médium afasta-

se de seu corpo sem que seja necessária a atuação de uma outra pessoa. Pode verificar-se em função de uma

enfermidade, do sono, prece ou meditação. O desdobramento magnético ou provocado é aquele produzido

pela ação fluídico-magnética de outra pessoa, encarnada ou desencarnada. Os médiuns adestrados são

muitas vezes afastados de seu corpo por seus mentores espirituais, durante o sono físico e levados para

reuniões de estudo e trabalho no mundo espiritual. Pode acontecer também, que o desdobramento seja

provocado por Espíritos viciosos, que desejam envolver o medianeiro em atitudes infelizes, promovendo,

muitas vezes, processos obsessivos graves.

Allan Kardec dá o nome de "êxtase" a um tipo de desdobramento mais apurado, onde a alma do médium

tem maior grau de independência e pode deslocar-se para locais muitos distantes.

17.2 Catalepsia e Letargia

A catalepsia e a letargia derivam do mesmo princípio, que é a perda temporária da sensibilidade e do

movimento do corpo físico, diante de um estado de emancipação profunda da alma (desdobramento). Não são

enfermidades físicas, mas uma faculdade que, como qualquer outra faculdade mediúnica insipiente ou

incompreendida, ou ainda descurada e mal orientada, torna-se prejudicial ao seu possuidor. Caracteriza-se a

catalepsia pela suspensão parcial ou total da sensibilidade e dos movimentos voluntários, acompanhada de

extrema rigidez dos músculos, acarretando a conservação passiva das atitudes dadas aos membros, ao tronco

ou à face. Assim, se lhe for erguido um braço, nesta posição ficará indefinidamente. Nesse estado, os olhos

permanecem grandemente abertos, fixos, com semblante imobilizado, apresentando o paciente uma fisionomia

impassível, sem emoção e sem fadiga. A catalepsia pode ocorrer naturalmente, sem uma causa aparente, ou

pode ser provocada (hipnotismo ou obsessão). Neste último estado, embora o paciente não possa ter atividade

alguma voluntária, age, no entanto, sob a sugestão do operador.

A letargia é uma apresentação mais profunda que a catalepsia. O letárgico nada ouve, nada sente, não

vê o mundo exterior, a própria consciência se lhe apaga, fica num estado que se assemelha à morte. O

paciente jaz imóvel, os membros pendentes, moles e flácidos, sem rigidez alguma e, se erguidos, quando

novamente soltos recaem pesadamente; sua respiração e o pulso são quase imperceptíveis, as pupilas mais

ou menos dilatadas, não reagem mais à luz; o sensório está totalmente adormecido e a inércia da mente

parece absoluta. É exatamente dentro da letargia que se incluem os casos de mortes aparentes registradas no

Novo Testamento (ressurreição de Lázaro, da filha de Jairo e do filho da viúva de Naim).

Entre os casos que constituem exemplos clássicos de letargia cita-se o do Cardeal de Donnet, que quase

foi enterrado vivo em virtude de estado letárgico que nele se manifestou, conforme relata José Lapponi

[Hipnotismo e Espiritismo]:

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Em 1826 um jovem padre, quando pregava no púlpito de uma igreja, cheia de devotos, foi imprevistamente acometido de um desmaio. Um médico o declarou morto e deu licença para as horas fúnebres no dia imediato. O bispo da catedral, onde se verificara o caso, já tinha recitado as últimas orações ao pé do morto, já haviam sido tomadas as medidas do ataúde e se aproximava a noite, no começo da qual se devia consumar o enterramento. São fáceis de imaginar as angústias do jovem padre, que, estando vivo, recebia nos ouvidos os rumores de todos esses preparativos. Afinal, ouviu a voz comovida de um seu amigo de infância, e essa voz, provocando nele uma crise sobre humana, produziu maravilhoso resultado. No dia seguinte, o jovem padre voltava ao seu púlpito.

Vejamos agora o que disseram os Espíritos, respondendo às perguntas formuladas por Allan Kardec

sobre esse interessante assunto:

Os letárgicos e os catalépticos, em geral, vêem e ouvem o que em derredor se diz e faz, sem que possam exprimir o que estão vendo ou ouvindo. É pelos olhos e pelos ouvido que têm essas percepções? Não. É pelo Espírito. O Espírito tem consciência de si, mas não pode comunicar-se. [LE-qst 422] Na letargia pode o Espírito separar-se inteiramente do corpo, de modo a imprimir-lhe todas as aparências da morte e voltar a habitá-lo? Na letargia o corpo não está morto, porquanto há funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente, porém, não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha ligado. Em se rompendo, por efeito da morte real e pela desagregação dos órgãos, os laços que prendem um ao outro, integral se torna a separação e o Espírito não volta mais ao seu envoltório. Desde que um homem, aparentemente morto, volve à vida, é que não era completa a morte. [LE-423]

Sendo a catalepsia e a letargia uma faculdade, patrimônio psíquico da criatura e não propriamente uma

enfermidade, compreender-se-á que nem sempre a sua ação comprova inferioridade do seu possuidor, pois

que uma vez adestrados, ambos poderão prestar excelentes serviços à causa do bem, tais como as demais

faculdades mediúnicas que, não adestradas, servem de pasto a terríveis obsessões. Um Espírito encarnado,

por exemplo, já evoluído, ou apenas de boa vontade, poderá cair em transe letárgico ou cataléptico

voluntariamente, alçar-se ao espaço para desfrutar o convívio dos amigos espirituais, dedicar-se a estudos

profundos, colaborar com o bem e depois retornar à carne, reanimado e apto a excelentes realizações. Bibliografia Livro dos Espíritos - Allan Kardec Magnetismo Espiritual - Michaelis Hipnotismo e Espiritismo - José Lapponi Recordações da Mediunidade - Yvonne A. Pereira Diversidades dos Carismas - Hermínio C. Miranda Nos Domínios da Mediunidade- André Luiz/Chico Xavier

18 OBSESSÃO: CONCEITO E CAUSAS

Allan Kardec define obsessão como sendo a "ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um

indivíduo." [ESE-cap XXVIII].

Esta definição apresentada pelo Codificador dá margem a vários comentários:

- A obsessão é sempre um processo mantido, contínuo, persistente onde as forças em litígio estão se

enfrentado num processo bem estabelecido. Não se reconhece como obsessão aquelas condições fortuitas,

ocasionais, onde assimilamos pensamentos infelizes de forma breve e sem grandes conseqüências.

- A qualificação de Espírito mau, apresentada por Kardec, deve ser bem entendida. O obsessor, na

realidade, não é um Espírito mau, como se entende este adjetivo, mas sim, uma entidade em sofrimento, com

defeitos e virtudes, capaz de grandes atitudes afetivas para com outras pessoas. É, sobretudo, alguém que foi

ferido, magoado, humilhado no passado e que por sofrer tanto, quer fazer os outros sofrerem também.

- Em muitas oportunidades a obsessão não estará sendo organizada por um único Espírito, mas sim, por

uma falange de Espíritos.

70

- A obsessão pode atingir não apenas um indivíduo, mas toda uma coletividade, uma família, uma cidade.

- A definição apresentada restringe a obsessão a apenas uma de suas formas, quando um Espírito estará

desenvolvendo o processo obsessivo em direção a um encarnado. Pode ocorrer o inverso, quando um

encarnado passa a subjugar o Espírito.

Pode-se observar também obsessão entre encarnados e entre desencarnados.

18.1 Patologias

Como se desenvolve a "ação" a que se referia Allan Kardec?

- O Espírito infeliz estará atuando sobre o encarnado em dois níveis:

* Mente a mente: constrição mental;

* Perispírito a perispírito: envolvimento fluídico.

a) Constrição Mental: o obsessor instala a sua onda mental na mente da pessoa visada. Forma-se uma

ponte magnética, através da qual, o perseguidor vai enviando os seus pensamentos e suas idéias, promovendo

uma verdadeira hipnose:

Você é infeliz... Sua vida não presta... Mate-se...

A princípio o indivíduo pode reagir fugindo da faixa de atuação do obsessor. No entanto, se ele se

entrega àquelas idéias ou se compraz com este conúbio mental, o processo pode agravar-se, chegando ao

grau máximo de obsessão, que é a subjugação moral, onde o obsediado perde completamente o seu livre-

arbítrio.

Depois que o cerco se completa, pode tornar-se desnecessária presença do obsessor ao lado do

encarnado, pois ele pode continuar exercendo o domínio psíquico a distância.

É o que André Luiz denomina de "loucura por telepatia alucinatória."

Algumas vezes, coadjuvando o processo de constrição mental, os Espíritos obsessores poderão se

utilizar de certos "aparelhos especiais" para manter o processo. Manoel Philomeno de Miranda fez referência a

um pequeno aparelho, semelhante à um "micro-gravador" que os Espíritos introduziram no cérebro do

encarnado e que objetivava reforçar o processo de hipnose mental.

b) Envolvimento Fluídico: ao envolver o indivíduo, o perseguidor identifica os seus fluidos com os dele,

há uma aproximação das auras, os perispíritos se assimilam. Este convívio perispiritual vai permitir ao Espírito

sugar energias vitais do encarnado, o que vai contribuir para o emagrecimento, o cansaço e as infecções que

acompanham com freqüência as vítimas da obsessão. O envolvimento fluídico vai permitir também que o

Espírito transmita para o encarnado fluidos deletérios fabricados por ele.

18.2 Causas

Sinteticamente, podemos reconhecer quatro causas fundamentais, envolvendo as obsessões:

a) Ódio ou Vingança: na maioria das vezes a obsessão é uma vingança exercida por um Espírito que foi

prejudicado e que sofreu muito nas mãos do atual obsediado. Este Espírito pode ter sido prejudicado numa

outra encarnação onde eles estiveram juntos, ou nessa mesma existência.

O aborto criminoso é um acontecimento que muitas vezes responde por obsessões graves cuja causa

está na mesma encarnação;

b) Carência Afetiva: é uma causa de obsessão, muitas vezes inconsciente, denominada comumente de

71

"encosto". São Espíritos que desencarnam sem uma preparação espiritual adequada e que, ao despertarem no

mundo dos Espíritos, se vêem desorientados, perdidos, angustiados. Ao identificarem um indivíduo que se

afinize com eles, podem aproximar-se dele e iniciar uma obsessão, muitas vezes, inconsciente.

Geralmente, são processos de fácil tratamento, pois não há vínculo de ódio entre os seres envolvidos;

c) Vampirismo: o vampirismo é uma causa de obsessão relacionada à satisfação de vícios e paixões.

Vampiro, na definição de André Luiz: "é toda entidade ociosa que se vale indevidamente das possibilidade

alheias". O vampirismo vai caracterizar aqueles Espíritos viciosos, apegados a certas emoções materializadas,

que se aproximam dos encarnados, portadores dos mesmos vícios, para absorverem as suas emanações

fluídicas. Existem vampiros do fumo, do álcool, da gula, dos tóxicos, do sexo, etc.;

d) Orgulho do Falso Saber: esta expressão é utilizada por Allan Kardec para caracterizar certos

Espíritos vaidosos, orgulhosos, falsos-sábios que desenvolvem uma obsessão do tipo fascinação.

Iludem determinados médiuns para que, por seu intermédio, possam disseminar idéias falsas,

sistemáticas e em contradição com os princípios espíritas.

Bibliografia Livro dos Médiuns - Allan Kardec A Gênese - Allan Kardec Dramas da Obsessão - Bezerra de Menezes/Yvonne A. Pereira Obsessão - Desobsessão - Suely Caldas Schubert Nos Bastidores da Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco

19 OBSESSÃO: CLASSIFICAÇÃO

Embora os conceitos iniciais da doença obsessão (enfermidade de caráter espiritual) já houvessem sido

abordadas por Kardec, em 1857 no Livro dos Espíritos, a descrição completa da obsessão só foi publicada por

Kardec em 1861, no Cap. XXIII do Livro dos Médiuns, onde ele define a doença, enumera suas causas,

classifica seus diferentes tipos e propõem uma terapêutica eficiente.

Afirmava Kardec que a obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir, e que resultam

do grau de constrangimento e da natureza dos efeitos que produz. A palavra obsessão é um termo

genérico, pelo qual se designa esta espécie de fenômeno, cujas principais variedades são: a obsessão

simples, a fascinação e a subjugação.

19.1 Obsessão Simples

Na obsessão simples o Espírito inferior procura, através de sua tenacidade e persistência, intrometer-se

na vida do obsediado, dando-lhe sugestões que, na grande maioria das vezes, são contrárias a sua forma

habitual de pensar. Quando se trata, por exemplo, de um médium acometido por obsessão simples, o Espírito

inferior se intromete nas suas comunicações e o impede de se comunicar com outros Espíritos, ou se

apresenta substituindo e se fazendo passar por outros. Entretanto, esclarece Kardec, ninguém está obsediado

pelo fato de ser enganado por um Espírito mentiroso. A obsessão consiste na ação persistente de um Espírito,

e do qual não se consegue desembaraçar, à pessoa sobre quem ele atua. O melhor médium pode ser

enganado, sobretudo no começo, que lhe falta a experiência necessária: pode-se pois, ser enganado sem ser

obsediado.

O Espírito Manoel Philomeno de Miranda afirma-nos: "A obsessão simples, é uma parasitose comum em

72

quase todas as criaturas, considerando o natural intercâmbio psíquico existente em todos os setores do

Universo."

Entretanto, o problema reside na fixação, pois o próprio significado da palavra obsessão, como vimos,

revela idéia fixa, o que caracteriza o instalação do processo obsessivo. Surgem, assim, como sinais e

sintomas da obsessão simples, as desconfianças excessivas, os estados de insegurança pessoal, as

enfermidades sem causas definidas, etc. Observamos também, mudanças algo súbitas no temperamento

habitual do obsediado, em razão das mensagens telepáticas emitidas pelo obsessor e reforçadas nos clichês

mentais que ressurgem dos arquivos do inconsciente. Podemos incluir nessa categoria os casos de obsessão

de efeitos físicos, isto é, a que consiste nas manifestações ruidosas e obstinadas de alguns Espíritos, que

fazem se ouçam, espontaneamente pancadas, ruídos. Pelo que chamamos manifestações físicas espontâneas

ou obsessão de efeitos físicos.

19.2 Fascinação

Na fascinação, as conseqüências são mais sérias. É uma ilusão, produzida pela ação direta do Espírito

obsessor sobre o pensamento do médium, e que, de certa maneira, lhe paralisa o raciocínio e o seu julgamento

relativamente às comunicações.

O fascinado não acredita que o estejam enganando e o Espírito fascinador tem a capacidade de lhe

inspirar confiança cega, que o impede de compreender o absurdo do que escreve ou fala, ainda que este

absurdo esteja claro a todos os que os cercam. A ilusão pode mesmo ir ao ponto de fazê-lo ver o sublime na

linguagem mais ridícula. O fascinado não se sente incomodado com a presença e a influência do obsessor,

muitas vezes até gosta, e forma-se então o verdadeiro processo de simbiose psíquica. O médium fascinado se

acredita guiado por uma entidade espiritual de alto gabarito, pois que usa nome de personagens famosos ou

de Espírito de valor.

O Espírito obsessor nesses casos é hábil, astuto e profundamente hipócrita, pois usa uma imagem que

esconde suas verdadeiras intenções. Usa com freqüência as palavras caridade, humildade e amor a Deus

como credenciais, mas, através de tudo, deixa transparecer sinais de inferioridade. A fascinação é difícil de ser

tratada porque o obsediado recusa orientação e tratamento, pois não acredita estar sob influência obsessiva, e

até, às vezes, acredita que todos os demais é que se encontram obsediados, magoa-se e afasta-se das

pessoas que o podem esclarecer. Geralmente, os médiuns fascinados vagueiam de um centro ao outro e,

muitas vezes, terminam por criarem seus próprios centros espíritas onde serão onipotentes.

19.3 Subjugação

A subjugação é o tipo de obsessão em que existe a paralisia da vontade do obsediado e o obsessor

assume o domínio completo de sua vítima, que é escravizada, perdendo a vontade própria. A subjugação pode

ser moral ou corporal (física). Na subjugação física, o Espírito obsessor atua sobre os órgãos materiais e

provoca atos motores involuntários, variando, desde situações, como por exemplo, necessidade de escrever

nas horas mais inoportunas até situações ridículas como gestos involuntários, etc. Na subjugação física, o

indivíduo age contra a sua vontade e tem consciência do ridículo a que se expõe e que não consegue evitar,

sofrendo muito com isso. Pode, algumas vezes, praticar atos violentos. Na subjugação moral ou psíquica, o

subjugado é levado a tomar resoluções freqüentemente absurdas e comprometedoras, muito diversas da sua

vontade, que, por uma espécie de ilusão, ele crê sensatas.

O paciente subjugado vai sendo dominado mentalmente, tombando em estado de passividade,

73

geralmente sob tortura emocional, chegando a perder por completo a lucidez (consciência).

O subjugado perde temporária ou definitivamente, durante a sua atual reencarnação, o controle sobre a

área da consciência, não podendo se expressar livremente.

A visão, a audição e os demais sentidos confundem a realidade objetiva. Por fim, o obsessor toma conta

dos centros de comando motor e domina fisicamente a vítima que lhe fica inerte, subjugada moral e

fisicamente, agindo como um louco vulgar.

A subjugação é de mais fácil reconhecimento, mas de difícil tratamento, e é raro haver cura sem deixar

seqüelas. Não devemos supor na subjugação que o Espírito obsessor tome lugar no corpo do obsediado, há,

sim, uma supremacia da sua vontade dominando completamente a do médium.

Lembramos ainda que a obsessão é o peso que tomba sempre sobre os ombros das consciências

comprometidas.

A Doutrina Espírita veio desvendar o processo de nossa libertação, revelando que a cura só ocorrerá se

os envolvidos no processo, reconhecendo seus débitos, procurarem a melhora. Vem demonstrar que a nossa

libertação deve ser conquistada a cada dia com o empenho de todas as nossas energias e o selo de nossa

responsabilidade. Dos tormentosos processos obsessivos o homem só se libertará quando compreender o

quanto é responsável pelo próprio tormento, e pelos que causa, aos que hoje lhe batem às portas do coração,

roubando a paz que julgava merecer. Liberdade e responsabilidade. Para merecermos a primeira temos que assumir a segunda!

Bibliografia Livro dos Médiuns - Allan Kardec A Gênese - Allan Kardec Nas Fronteiras da Loucura - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco Grilhões Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz/Chico Xavier Ação e Reação - André Luiz/Chico Xavier

20 OBSESSÃO: TRATAMENTO, PROGNÓSTICO E PROFILAXIA

Antes de Jesus, os obsediados eram marginalizados; objetos de curiosidade e de terror. Isolados pelos

próprios familiares, padeciam sob a ação ainda maior dos "inimigos" espirituais. Com a vinda do Mestre,

chegou a lição do amor. Como remédio e como alimento para ambos os doentes: obsessor e obsediado. O

verdadeiro trabalho de desobsessão se iniciou com Jesus ensinando aos homens que o amor deve ser o

alicerce de toda terapêutica.

Com o passar dos tempos, os homens se esqueceram, deturparam também estes ensinamentos e foi

necessária a vinda da terceira revelação, o Consolador Prometido, para que a luz novamente se fizesse. Foi a

Doutrina Espírita que realmente traçou diretrizes lógicas, seguras e eficazes para o tratamento da obsessão.

O processo obsessivo, para realmente ser resolvido, necessita a atuação terapêutica no obsessor e no

obsediado.

Poderíamos dividir o estudo do tratamento da obsessão, analisando a terapêutica espírita e a terapêutica

médica, que devem ser avaliadas adequadamente.

20.1 Tratamento

a) Reforma Moral (Autodesobsessão): "No que diz respeito ao problema das obsessões espirituais, o pa-

74

ciente é, também, o agente da própria cura." (Manoel Philomeno de Miranda)

A reforma moral ou autodesobsessão é o ato de promover a própria pessoa a sua desobsessão, através

da auto-evangelização.

Muitas pessoas pensam, erroneamente, quando imaginam que o Centro Espírita pode libertar o

obsediado de todos os males, pensam que o Centro Espírita resolverá todos os problemas, como por encanto.

Ao procurarem o Centro Espírita, passam para os Espíritos toda a responsabilidade do tratamento, mas,

ao verificarem que seus problemas não estão sendo resolvidos com a rapidez que imaginavam, desiludem-se e

vão buscar ajuda em outro Centro Espírita, ou em outras religiões.

É fundamental esclarecermos ao paciente e a sua família quanto a sua participação é importante, o

quanto é condição básica para êxito do tratamento. A falta de participação do enfermo é, muitas vezes, a causa

de quadros obsessivos de difícil resolução, às vezes, atravessando uma ou mais encarnações.

A autodesobsessão tem um item óbvio que é a reforma moral do obsediado. É um trabalho consciente e

necessário, de mudanças de hábitos e pensamentos. Substituindo os hábitos por pensamentos e sentimentos

de elevado conteúdo moral. Como sabemos, a conduta e os hábitos do obsediado atuam como causa

secundária, facilitando a instalação do processo obsessivo, em conjunto com a causa primária (débito do

passado).

A reforma moral é esta auto-educação de valores e sentimentos. O meio mais fácil de atingir este objetivo

é pela prática da caridade com Jesus. A caridade é terapia. Conseguirá o obsediado, aos poucos, convencer o

seu obsessor de sua renovação moral e também desfrutará de elevadas companhias espirituais.

b) Fluidoterapia: "O obsediado fica envolto e impregnado de seu fluido pernicioso... é deste fluido que

importa desembaraçá-lo." (A Gênese, Cap. XIV, item 46)

O obsessor envolve fluidicamente o obsediado, absorvendo-lhe os fluidos benéficos, substituindo-os por

fluidos deletérios.

Só existe um meio de retirarmos estes maus fluidos, é substituindo-os por bons fluidos, como afirmava o

sábio mestre lionês. Para isso, é fundamental a fluidoterapia, feita pelo passe e pela água fluidificada.

c) Freqüência ao Centro Espírita: a freqüência do obsediado ao Centro Espírita é muito importante no

tratamento: permite a instrução espírita, facilita o hábito de bons pensamentos, permite a prática da caridade

com Jesus, permite o acesso mais fácil à fluidoterapia, etc.

Um fato importante, é que em grande número de casos, quando o obsediado penetra no Centro Espírita,

leva consigo o seu obsessor(es), fato permitido pela espiritualidade maior, para propiciar o auxílio renovador

também para o "irmãozinho perseguidor".

A freqüência ao Centro Espírita deverá ser recomendada ao obsediado e também à sua família.

d) Culto no Lar: Joanna de Ângelis afirma que o lar é como o porto para um navio, local de reparos,

repouso e preparação para enfrentar o oceano bravio, daí, o papel importante do equilíbrio no lar, como base

para o equilibro de todos nós. O obsediado, mais do que ninguém, precisa de um porto seguro e bem

aparelhado. Como sabemos, é muito comum o envolvimento dos familiares do obsediado no quadro obsessivo,

pois, muitas vezes, são grupos de Espíritos devedores que se reúnem para enfrentarem o mesmo problema

expiatório. O culto do evangelho no lar facilita a freqüência de bons Espíritos no lar do obsediado, permite a

penetração do Evangelho de Jesus na vida de todos, e é também, um elemento importante na fluidoterapia,

pela água fluidificada.

Todos esses elementos envolverão obsediado(s) e obsessor(es), em um clima de amor, base

fundamental para a recuperação de ambos.

e) Laborterapia: todos nós já enfrentamos momentos de tédio, já tivemos a mente invadida de maus

75

pensamentos, tudo isso fruto do "não fazer nada".

Quando trabalhamos, seja qual for o tipo de trabalho, ocupamos nossa mente, e os maus pensamentos,

a influência dos Espíritos menos felizes, são repelidas. Mãos ocupadas, eis um bom antídoto contra a

obsessão. É importante libertar o obsediado da falsa impressão de que, por estar enfermo, é preciso ficar em

repouso. É fundamental ocupar a mente do obsediado, e a forma mais fácil e eficaz é ocupar as suas mãos.

f) Participação da Família: não somente o obsediado deve ser conscientizado da importância de sua

participação na terapêutica desobsessiva, mas também os seus familiares. Muitas vezes, o desequilíbrio do

obsediado chega a tal ponto que a participação da família assume ainda maior importância.

Outro fator importante, como já mencionamos, é o fato do quadro obsessivo, muitas vezes, envolver toda

a Família, ou seja, todo o grupo errou, todos precisam reparar o erro. É nítido o resultado mais positivo, nos

casos em que toda a família participa da ajuda ao obsediado.

g) Apoio de Um Grupo Mediúnico: a ação da equipe espiritual de ajuda, se tornará mais evidente,

quando houver a participação de um grupo mediúnico sério. Ambos Espíritos envolvidos serão beneficiados. O

envolvimento carinhoso, o esclarecimento evangélico e doutrinário, realizado por um grupo mediúnico, serão

extremamente benéficos ao obsessor e ao obsediado.

Importante enfatizar, que a presença do obsediado à reunião mediúnica é dispensável e até mesmo

prejudicial. A freqüência de uma pessoa desequilibrada na reunião mediúnica é muito danosa, entre outros

inúmeros fatores, quebra a harmonia do grupo, fator fundamental para um trabalho eficiente de desobsessão.

O aposento destinado à reunião de desobsessão sempre deve ser dentro do Centro Espírita, ambiente

preparado pela espiritualidade maior para este fim. A reunião de desobsessão é um pronto socorro para os

doentes morais e, como um pronto socorro, deve estar localizado em região adequada para isso. A sala

reservada para tais atividades, foi comparada por André Luiz a uma sala cirúrgica, "que requer isolamento,

respeito, silêncio, assepsia, isolada de olhos indiscretos, curiosos e despreparados". Por isso, jamais devem

ser abertas ao público, e nunca deve ser trabalho para iniciantes. O trabalho exige grupo preparado, harmônico

e local adequado para isso.

h) A Terapêutica Médica: algumas pessoas têm a falsa idéia que a terapêutica médica e a terapêutica

espírita estariam chocando uma contra a outra, quando fossem utilizadas no auxílio ao quadro obsessivo.

A terapêutica desobsessiva deve sempre ser orientada tendo como base estes dois aspectos: a

terapêutica espiritual e a terapêutica médica, pois a não utilização de uma delas pode levar a um tratamento

ineficiente e incompleto.

Como Espírito encarnado, possuindo Espírito, perispírito e corpo físico, o obsediado terá alterações

psíquicas e orgânicas variadas e importantes, desde o início do quadro e no decorrer do mesmo. Para o

equilíbrio, o êxito, a terapêutica desobsessiva deve estar alicerçada sobre dois suportes:

A TERAPÊUTICA MÉDICA E A ESPIRITUAL

O uso de medicamentos psiquiátricos são vistos, algumas vezes, com certa restrição pela população

geral, inclusive pelo obsediado e seus familiares. Isto é fruto da má informação e de idéias falsas pré-

concebidas. Hoje, com o progresso da farmacologia, dispomos de muitos medicamentos seguros, eficientes e

com efeitos colaterais inexistentes ou controláveis. O medicamento é extremamente importante para muitos

obsediados pois permite sua socialização, a sua reintegração familiar, o retorno ao trabalho, sua melhora

íntima, dispensando alguns internamentos, etc.

76

A psicoterapia e o internamento em alguns quadros de obsessão assumem papel muito importante.

Sempre que indicados pelo médico assistente devem ser incentivados e respeitados por nós.

20.2 Prognóstico

A palavra prognóstico, sob o ponto de vista médico, significa a mensuração da evolução de uma doença,

tentando prever o seu final.

Para o prognóstico de uma doença física, entre vários fatores, três são os principais para serem

avaliados: a capacidade do agente causador da doença, a resistência do paciente à doença e a ação do meio

onde ocorre o quadro. Naturalmente, inúmeros fatores irão contribuir para um bom ou mau prognóstico de um

quadro obsessivo. Para resumir, poderíamos, comparativamente com uma doença física, avaliar também três

fatores:

1) a persistência, a inferioridade moral, a capacidade intelectual e a intensidade do ódio do obsessor;

2) a resistência física, psíquica e moral do obsediado;

3) a utilização eficaz da terapêutica espírita e médica.

Salientamos aqui, o valor da vontade do obsediado, o "querer melhorar", pois todos os outros dependem

sobretudo desta disposição do doente.

Para completar, faríamos as observações:

1) quadros obsessivos existem, que levarão mais de uma encarnação para terem sua solução;

2) que nunca devemos desanimar, pois tudo que fizermos estará contribuindo para a redução de tempo,

e também, amenizando sofrimentos;

3) que mais cedo ou mais tarde, todos os quadros de obsessão - por mais grave que sejam - serão

solucionados, pois o amor sempre vencerá o ódio;

4) que o obsessor e o obsediado nem sempre se curam simultaneamente.

20.3 Profilaxia

Profilaxia é o conjunto de medidas que tentam evitar, prevenir o aparecimento de certa doença.

Existe obsessão porque existe inferioridade em nós, porque fizemos sofrer e sofremos, porque temos

dificuldade de perdoar.

O caminho eficiente para evitarmos obsessões, é aquele que leva a Jesus. "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." A única profilaxia eficaz é a do Evangelho, é praticar o bem e ser bom. O amor é o único

antídoto realmente infalível.

Quando aprendemos a amar sem reservas, sem interesse, sem exigências, quando houver em nós o

amor em toda sua plenitude, então não haverá mais lugar para ódios, maldades, disputas e muito menos ob-

sessões.

Bibliografia O Livro dos Médiuns - Allan Kardec Grilhões Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco Obsessão e Desobsessão - Suely Caldas Schubert Diálogo com as Sombras - Hermínio C. Miranda

77

21 AS DOENÇAS MENTAIS

Dados estatísticos recentes informam que cerca de 25% da população mundial sofre de algum problema

relacionado ao sistema nervoso.

Nos Estados Unidos da América, 25% da verbas liberadas pelo Congresso Americano destinam-se às

Neurociências (ramo da medicina que engloba a Psiquiatria, a Neurologia e a Psicologia). De cada dois leitos

hospitalares, um é ocupado pela Psiquiatria.

Essas informações dão-nos uma pálida idéia da importância das enfermidades mentais na sociedade

contemporânea: milhares e milhares de pessoas têm vivenciado problemas diversos vinculados à função

psíquica. No entanto, apesar de todo o interesse que estas enfermidades têm despertado, não se vislumbra

ainda o instante em que as ciências oficiais deverão estudá-las com a sonda reencarnatória.

Somente o conhecimento de que já vivemos, a idéia precisa das vidas sucessivas, levará o homem às

causas fundamentais das doenças mentais. Somente a Psicologia integral (expressão de Gabriel Delanne),

aquela que vê no homem os seus três elementos (corpo, Espírito e perispírito) poderá, definitivamente,

equacionar o problema sério das perturbações psíquicas.

21.1 Classificação

Sob uma visão espírita podemos sistematizar as doenças mentais em três grupos:

Doenças Mentaisdoenças orgânicas

auto-obsessãoobsessões

a) Doenças Orgânicas: são as doenças mentais onde se observa um fundamento orgânico. São as

enfermidades em que há uma evidente lesão física que justifica as alterações do psiquismo. Muitas condições

patológicas podem acompanhar-se de alterações psíquicas, como aneurismas cerebrais, tumores,

arteriosclerose dos vasos cerebrais, sífilis cerebral, oligofrenias, etc.

Nesse grupo de enfermidades psíquicas o Espírito poderá encontrar-se lúcido, ciente do problema que o

acomete, já que a lesão é eminentemente física.

As faculdades intelectuais do Espírito estão perfeitas. O que ocorre é um bloqueio à manifestação destas

faculdades em decorrência de um cérebro doente.

Allan Kardec estuda este grupo de doenças no Livro dos Espíritos (2ª parte - Idiotia e Loucura).

b) Auto-Obsessões: em Obras Póstumas, há uma passagem em que Allan Kardec afirma que muitas

vezes "o Espírito pode ser o obsessor de si próprio'. E esta condição, bastante freqüente, estará respondendo

por parcela significativa dos casos de enfermidades mentais.

São casos de perturbações emocionais ou psíquicas, às vezes configurando a loucura propriamente dita,

onde não se encontra uma lesão em nível físico, nem se observa, tampouco, a atuação maléfica de Espíritos

desencarnados. O indivíduo, por si mesmo, apresenta suas faculdades psíquicas alteradas. Os quadros de

auto-obsessões estão quase sempre vinculados a faltas sérias cometidas pelo Espírito em vivências anteriores

no orbe. Algumas vezes a falta responsável pelo aparecimento da enfermidade encontra-se na mesma

existência. Podemos entender as auto-obsessões como sendo a "liberação de um inconsciente culpado", pois

na base deste grupo de doenças estará quase sempre o "complexo de culpa".

Feridas morais sérias insculpidas no inconsciente que passam a emitir vibrações deterioradas, que ao se

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chocarem com a consciência atual vão se manifestar sobre a forma de angústia, de depressão, de fobias, de

delírios, etc.

Devemos lembrar, no entanto, que muitas vezes algumas distonias emocionais (ansiedade e depressão,

principalmente) estarão surgindo sem grandes vínculos com existências pretéritas, mas como resultado de

conflitos íntimos atuais. Fazendo parte do grupo das auto-obsessões vamos encontrar as enfermidades

descritas pela Psiquiatria como sendo as neuroses e as psicoses.

c) Obsessões: segundo o psiquiatra espírita Dr. Inácio Ferreira cerca de 30% dos casos de loucura

surgem em decorrência de uma atuação espiritual obsessiva. Espíritos perversos ou inconseqüentes que

dirigem suas vibrações de teor enfermiço em direção de mentes culpadas, desencadeando reações emocionais

e psíquicas doentias.

21.2 Diagnóstico Diferencial

A grande questão que se coloca na prática espírita está relacionada aos critérios que vamos utilizar para

distinguirmos os diferentes doentes, enquadrando-os em um dos três grupos citados. As enfermidades do

primeiro grupo (orgânicas) são diagnosticadas facilmente através de exames complementares e não

configuram problemas para a prática espírita.

No entanto, o mesmo não acontece nos grupos de auto-obsessão e de obsessão. Na realidade, não

existem sinais infalíveis que poderão auxiliar-nos nesta diferenciação, pois os doentes portadores de auto-

obsessão e obsessão, propriamente dita, apresentam-se com as mesmas manifestações. O importante então,

não é uma distinção adequada, mas sim um tratamento efetivo. E a terapia espírita será a mesma para os dois

grupos de enfermos.

21.3 Tratamento

Torna-se desnecessário reafirmarmos a importância do acompanhamento médico e psicológico para os

doentes do psiquismo. A Psiquiatria e a Psicologia possuem recursos diversos que deverão ser empregados

nos portadores de perturbações psíquicas. As drogas, a psicoterapia e, algumas vezes, a internação tornam-se

necessárias em muitos doentes.

A contribuição espírita na recuperação destes enfermos consiste nas seguintes medidas:

a) Fluidoterapia através do passe e da água magnetizada;

b) Instituição do culto do evangelho no lar, com o exercício constante da prece e da leitura edificante;

c) Freqüência ao Centro Espírita em reuniões de estudo evangélico-doutrinário (jamais em reuniões de

intercâmbio mediúnico);

d) Ocupação constante do tempo com atividades gratificantes, principalmente aquelas com objetivos

altruístas;

e) Exercício constante de pensamentos elevados, buscando nortear a sua vida de acordo com os

princípios filosóficos apresentados no Evangelho de Jesus.

Bibliografia Loucura e Obsessão - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco Nas Fronteiras da Loucura - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco Grilhões Partidos - Manoel Philomeno de Miranda/Divaldo P. Franco No Mundo Maior - André Luiz/Chico Xavier Visão Espírita das Distonias Mentais - Jorge Andréa

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22 PARAPSICOLOGIA E ESPIRITISMO

22.1 Fenômeno Anímico e Mediúnico

Podemos sistematizar todos os fenômenos da Natureza em dois grandes grupos: fenômenos físicos e

fenômenos psíquicos.

Os fenômenos físicos são aqueles produzidos pelas forças da própria natureza, estudados pelas Ciências

físicas, químicas, astronômicas, biológicas, etc.

Os fenômenos psíquicos, como o nome indica, são aqueles produzidos pelo psiquismo humano

(Psiquê+mente=Espírito).

Hernani Guimarães Andrade, conceituado parapsicólogo espírita, divide os fenômenos psíquicos

produzidos por pessoas hígidas ou sadias em:

a) Fenômenos Psíquicos Normais: aqueles cujo mecanismo causal se enquadra no conjunto das leis

conhecidas. São fenômenos aceitos e estudados pela Ciência convencional.

Ex.: Leitura, agressividade, medo, escrita, etc.;

b) Fenômenos Psíquicos Paranormais: são os fenômenos psíquicos que não encontram ainda uma

explicação plausível, cujo mecanismos ainda não fazem parte do conjunto das leis naturais conhecidas. Esses

fenômenos, pelo fato de não poderem ser explicados, não são aceitos ainda pela Ciência Oficial. Os

fenômenos paranormais são de dois tipos fundamentais: anímicos e mediúnicos.

Anímicos: o termo animismo, já existente, foi utilizado com novo significado por Alexandre Aksakof,

profundo estudioso das Ciências psíquicas, conselheiro científico da Academia Russa de Ciência. Este autor

apropriou-se da expressão latina "anima" (=alma) para designar os fenômenos paranormais que eram

produzidos pela própria alma humana.

Mediúnicos: o termo mediunidade foi usado pela primeira vez por Allan Kardec para designar a

faculdade inerente a todas as pessoas, que as colocavam em comunicação com seres extracorpóreos. Por-

tanto, os fenômenos mediúnicos são aqueles fenômenos paranormais que, para a sua produção, necessitam

da atuação de seres desencarnados.

Fenômeno Anímico Fenômeno Mediúnico

a) Não há interferência de seres espirituais a) Há interferência de seres espirituaisb) Participam do fenômeno um ou mais elementos encarnados

b) Participam do fenômeno pelo menos dois elementos: encarnado e desencarnado

c) agente gerador: sensitivo (metagnomo) c) agente gerador: médium d) Fenômenos estudados pela Parapsicologia d) Fenômenos estudados pelo Espiritismo

22.2 Principais Fenômenos Anímicos

a) Telepatia: consiste na percepção do conteúdo mental ou da emoção de outro indivíduo, ou, como se

diz correntemente, a transmissão do pensamento. A telepatia é um fenômeno quase geral entre os Espíritos

desencarnados, mas quando evidenciada entre dois seres encarnados, vai configurar um fenômeno anímico.

b) Clarividência: consiste na visualização de coisas do mundo físico através de corpos opacos ou a

distância. Através da clarividência, o sensitivo é capaz de identificar aspectos no corpo humano à semelhança

de um aparelho de raios X, identificar cenas que estão se desenrolando em locais distantes e mesmo visualizar

coisas dentro de caixas ou recipientes hermeticamente fechados. Não devemos confundi-la com a VIDÊNCIA,

que é a visualização de cenas ou entidades do mundo espiritual, portanto, um fenômeno mediúnico.

80

c) Clariaudiência: trata-se da percepção paranormal de sons da esfera física. Ruídos, frases, músicas

não audíveis pelas pessoas comuns e que são registrados pelo sensitivo. Difere da audiência, onde são

captados sons do mundo espiritual.

d) Pré-cognição: é o conhecimento antecipado de um fato que ainda não ocorreu. Conhecida também

com o nome de Pressentimento ou Premonição.

e) Retro-cognição: é o registro de um fato acontecido no passado através da percepção extra-sensorial,

ou seja, sem a utilização dos sentidos comuns.

f) Psicocinesia: trata-se da fenomenologia anímica que permite ao sensitivo agir sobre a matéria

utilizando-se apenas da força emitida pela sua mente. Através da energia liberada pela mente do paranormal,

são evidenciadas transformações em objetos, materializações diversas e mesmo modificações na forma e na

fisiologia humanas.

g) Automatismo Psicológico: esta expressão foi empregada por Pierre Janet (considerado o pai da

Psicologia) para designar aquelas situações onde o inconsciente do indivíduo assume a mente consciente e

passa a liberar idéias e emoções lá arquivadas. Podemos encontrar este tipo de fenômeno nos casos de

recordação espontânea de vidas passadas, nos casos raros quando o indivíduo assume personalidades

anteriores (Personalidades múltiplas), ou, ainda, nas reuniões mediúnicas, quando o inconsciente do médium

se comunica através dele. Esta última condição, comumente designada através do termo ANIMISMO, é

relativamente comum nos médiuns iniciantes, e tende à dissolução com progressivo burilamento da faculdade

mediúnica.

22.3 Análise Crítica da Divisão Anímico-Mediúnico

Esta classificação dos fenômenos paranormais em anímicos e mediúnicos é puramente teórica e objetiva

apenas uma sistematização didática para facilitar a compreensão do tema.

O que se observa na prática é que os fenômenos estão comumente interligados.

Nos fenômenos mediúnicos, donde os seres espirituais desempenham papel relevante, o intermediário

(médium) jamais está inativo, participando de forma dinâmica na produção do fenômeno. Com isto, fica claro

que em todo fenômeno mediúnico há um forte componente anímico.

Os fenômenos anímicos, por sua vez, muitas vezes são secundados pelos Espíritos amigos, que

contribuem diretamente na sua produção, o que nos leva a afirmar que muitas vezes nos fenômenos anímicos

se evidencia um envolvimento mediúnico bem definido.

Muitas vezes, portanto, na prática diária torna-se impossível determinar eficientemente se um fenômeno

que nos é apresentado tem um componente anímico ou mediúnico preponderante, pois, teoricamente, poderia

ser classificado em ambas as categorias.

Exemplos de fenômenos que podem ser ora anímicos e ora mediúnicos: intuição, cura, desdobramento,

bicorporeidade, transfiguração, translação de objetos, levitação, psicometria, etc.

22.4 O que é a Parapsicologia

É uma disciplina científica de investigação dos fenômenos inabituais, de ordem psíquica e

psicofisiológica. E uma nova forma de desenvolvimento da Psicologia, pois estuda as fronteiras desconhecidas

da Psicologia. (Psicologia é o estudo das idéias e sentimentos do ser humano, estudando os fenômenos

psíquicos habituais). O objetivo da Parapsicologia é o estudo dos fenômenos psíquicos não habituais, mas

apesar disso, naturais.

81

Não é uma Ciência nova, pois é milenar. Fatos paranormais têm acompanhado o homem desde as mais

remotas épocas. Como Ciência, foi precedida pela Metapsíquica, criada por Charles Richet na Universidade de

Paris, que fez vários estudos de fenômenos paranormais. Poderíamos dizer que a Metapsíquica seria a

Parapsicologia antiga. Outros notáveis metapsiquistas, foram: Willian Crookes, Eugênio Osty, Gustavo Geley,

Alexandre Aksakof, Oliver Lodge, César Lombroso, etc. Suas teorias eram combatidas mais por preconceitos

do que por falta de méritos científicos.

Em 1922, Charles Richet, apresentou em Paris o "Tratado de Metapsíquica", dividindo os fenômenos

metapsíquicos em SUBJETIVOS e OBJETIVOS, que equivalem a PSI-GAMA e PSI-KAPA para a

Parapsicologia.

A Parapsicologia teve sua origem no ano de 1930 com o Professor Joseph Banks Rhine, que dirigiu o

primeiro laboratório de Parapsicologia do mundo, na Duke University, em Carolina do Norte, Estados Unidos da

América. Podemos considerar o Prof. Rhine como o pai da Parapsicologia Moderna, que inicialmente estudou,

com detalhes, a telepatia e a clarividência. Em l940, após dez anos de estudos sérios, o Prof. Rhine, afirmou:

"O Homem pode perceber por outra via que não a dos sentidos físicos. Esta percepção extra-sensorial é

extrafísica, e pode ser estudada em laboratório".

A Parapsicologia moderna, tem duas grandes escolas: ESCOLA DE RHINE, que aceita os fenômenos

parapsicológicos como fenômenos extrafísicos; ESCOLA DE LEONID VASSILIEV (Escola Russa), que aceita

os fenômenos paranormais como de natureza fisiológica (materiais, do corpo físico). Estas discrepâncias não

invalidam nem prejudicam o desenvolvimento da Parapsicologia, que se processa com a mesma rapidez nos

dois campos ideológicos. Assim, poderíamos dizer que a Parapsicologia, estuda os fenômenos paranormais e

discute a sua origem. De acordo com a Escola, a explicação poderia ser ou não simpática à idéia da

sobrevivência espiritual do Homem. A controvérsia existe no campo parapsicológico como em qualquer outro.

22.5 A História do Psi

PSI é uma letra grega, que foi escolhida por Weisner e Thoules para designar, do ponto de vista

científico, os fenômenos paranormais. Era necessário dar a esses fenômenos uma designação livre de

implicações interpretativas. O uso dos termos "fenômeno espiritual", "espiritóide", "metapsíquico", "hipnótico"

seriam aceitos por uns e rejeitados por outros estudiosos, por este fato, escolheram o termo PSI, pois mostra

que se trata de fenômeno paranormal, sem se definir entretanto qual a sua origem.

Os fenômenos PSI dividem-se em dois tipos aceitos por praticamente todos os parapsicólogos:

a)PSI-GAMA: ou os subjetivos de Richet, os efeitos mentais como: telepatia, clarividência, clariaudiência,

xenoglosia, etc.;

b)PSI-KAPA: ou os objetivos de Richet, os efeitos físicos, ação da mente sobre a matéria: como

levitação, transportes, desvios de pequenos corpos, etc.

Alguns parapsicólogos modernos aceitam uma terceira categoria de fenômenos paranormais:

c)PSI-TETA: fenômenos paranormais com interferência do "mundo dos mortos".

22.6 Os Fenômenos Psi-Gama

Os dois efeitos PSI-GAMA mais estudados pela Parapsicologia são: a clarividência e a telepatia.

Clarividência é a capacidade de ver a distância através de objetos. Foi o primeiro fenômeno paranormal

estudado e comprovado pela Parapsicologia - por Rhine em 1940 - utilizando-se de um baralho (Cartas de

ZENER). O paranormal "adivinhava" qual carta apareceria de uma forma estatisticamente significativa. A

82

clarividência está aceita e comprovada por todos os parapsicólogos; o seu mecanismo que é discutido. Seria

de origem física ou extrafísica?

Telepatia é a capacidade de se comunicar a distância, sem o uso da fala. É a linguagem do pensamento.

Tem sido fartamente estudada em todo mundo com vários interesses, inclusive astronáuticos e militares. É

outro fenômeno aceito mundialmente, sendo discutido sua origem, se física ou extrafísica (Escola de Rhine ou

Escola de Vassiliev).

Outro fenômeno estudado e aceito pela maioria dos parapsicólogos modernos é a Regressão de Memória; esta regressão poderá chegar a vida intra-uterina ou mesmo a vidas anteriores. Os primeiros

estudos científicos são de Albert De Rochas, do Instituto Politécnico de Paris, usando o hipnotismo como

método de regressão de memória. Rochas e outros de sua época, foram ridicularizados. A Parapsicologia

moderna aceita e estuda profundamente a regressão de memória, alguns, inclusive, para vidas anteriores. Eis

algumas teorias para explicar o fenômeno paranormal:

1 - Teoria Reencarnatória: o fenômeno seria mesmo a reprodução de outra vida.

2 - Teoria da Memória Genética ou Cromossômica: o sensitivo liberaria uma memória gravada em seus

cromossomos, vivida por seus ancestrais.

3 - Teoria de liberação de Recalques: o sensitivo liberaria seus projetos e desejos recalcados. Existem

ainda várias teorias tentando explicar a Regressão de Memória.

22.7 Os Fenômenos Psi-Kapa

Seriam os fenômenos paranormais evidenciados pelo efeito da mente sobre a matéria. São conhecidos

desde a Antiguidade, como as benzeduras, etc. Para Rhine, o fenômeno Psi-Kapa ocorre sem qualquer fator

intermediário entre a mente e a matéria: "A mente possui uma força capaz de agir sobre a matéria. Produz

sobre o meio físico efeitos inexplicáveis por meio de uma energia ainda desconhecida". Estes estudos tiveram

início na Duke University, em 1934, utilizando-se de dados e de "gotas d'água" que eram manipulados pela

mente, do paranormal. Para alguns outros parapsicólogos, para que a mente, possa agir sobre a matéria,

existiria um agente intermediário, ectoplasma (nome criado por Charles Richet). Carington, Soal, Price,

Thoules, Crawford, Herculano Pires e outros, aceitam a necessidade da interferência do ectoplasma para que o

fenômeno ocorra.

22.8 Os Fenômenos Psi-Teta

É o estudo dos fenômenos paranormais aceitando-se a interferência de "pessoas mortas" para que o

fenômeno ocorra. O grupo de pesquisadores dos fenômenos TETA também surgiu na Duke University, sob a

direção do Prof. Pratt. Escolheram a oitava letra grega, TETA, pois também esta é a letra com que se escreve

a palavra morte. O fenômeno PSI-TETA se revela, ou se mistura, com os outros dois tipos de fenômenos PSI.

Assim temos: TETA-PSI-GAMA, ou seja, clarividência com a participação de pessoas mortas, só assim

tornando o fenômeno possível; TETA-PSI-KAPA, ou seja, psicocinesia com a participação ou interferência de

"mortos".

22.9 A Memória Extra Cerebral

O estudo da Memória Extra Cerebral (M.E.C.), termo criado pelo Prof. Hamendras Nat Barnejee, é a

preocupação mais recente da Parapsicologia. Foi o Prof. Barnejee, na Universidade de Rajasthan, na cidade

Jaipur, Índia, quem primeiro fez estes estudos cientificamente. Até l985, quando faleceu, este eminente

pesquisador tinha em seu fichário aproximadamente 2.000 casos de comprovação de recordação de vidas

83

passadas. A recordação de vidas anteriores, ou seja, o estudo da M.E.C., pode se dar pela recordação

espontânea das reencarnações anteriores (Método utilizado por Barnejee, Stevenson, Hernani Guimarães de

Andrade, etc) ou pelo uso do hipnotismo (Rochas, Raikov, Júlia Prieto Peres, etc).

O estudo da M. E. C. mostra o quanto o estudo da Parapsicologia tem crescido no sentido da verdade da

sobrevivência do Homem. A posição Espírita, tão rejeitada pela Ciência, é a mesma adotada pela Ciência na

atualidade. A reencarnação passa a ser assunto de cientistas e de universidades.

Como vimos, o estudo da Parapsicologia caminha a passos largos para explicar, cientificamente, o que o

Espiritismo afirma há mais de um século. Para os parapsicólogos, o Espiritismo representa uma fase antiga e

superada no trato com o paranormal. Para o Espiritismo, a Parapsicologia representa esforço científico para a

explicação dos fenômenos espíritas, louvável esforço que fará os homens da Ciência compreenderem a

verdade do Espiritismo, dando-lhes uma visão mais bela e mais ampla da vida universal, como afirma

Herculano Pires.

Finalizamos com as palavras do codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, considerado por muitos

estudiosos dos fenômenos paranormais, como um dos mais eminentes parapsicólogos: "Fé inabalável só o é a

que pode encarar frente a frente a razão, em todas as épocas da Humanidade." BIBLIOGRAFIA O Livro dos Médiuns - Allan Kardec Parapsicologia Experimental - Hernani Guimarães Andrade Médium, Quem é e quem não é - Demétrio Pável Diversidade dos Carismas - Hermínio Miranda Parapsicologia Hoje e Amanhã - J. Herculano Pires Enfoques Científicos na Doutrina Espírita - Jorge Andréa

23 A DISCIPLINA COMO A BASE DA CARIDADE

No LM [it 324] Allan Kardec classifica as reuniões mediúnicas em: frívolas, experimentais, instrutivas.

Alerta que as reuniões frívolas são constituídas de pessoas que se interessam, predominantemente, pelo

aspecto de passatempo e divertimento. As reuniões experimentais têm, por finalidade, a produção de

manifestações físicas, de fenômenos ditos objetivos. As reuniões instrutivas, como o próprio nome indica, são

as que ensejam orientações e experiências de crescimento intelectual e moral para as pessoas que delas

participam, tanto encarnados como desencarnados.

Na atualidade, as reuniões instrutivas prevalecem no movimento espírita, conhecidas como reuniões

mediúnicas. Como todas as tarefas espíritas, as reuniões mediúnicas devem ser encaradas com muita

responsabilidade e disciplina, um dos pilares fundamentais ao bom desenvolvimento. Em todos os aspectos da

vida, devemos nos lembrar que a disciplina funciona como peça fundamental na realização de qualquer tarefa.

Emmanuel afirma: "A disciplina é a base na realização da caridade."

A reunião mediúnica é trabalho que se desenvolve entre os dois planos da vida, o espiritual e o físico,

havendo, portanto, duas equipes interagindo para obtenção de bons resultados; ambas as equipes devem

obedecer à disciplina.

23.1 Da Reunião Propriamente Dita

a) A Escolha do Local da Reunião Mediúnica: é a sala de reunião mediúnica de um Centro Espírita,

local de grande importância. Deve ser escolhida com atenção, pois sabemos que o trabalho ali executado não

84

se prende ao momento da reunião, pois o ambiente é preparado antecipadamente. Da mesma maneira, após o

término, muitos permanecerão no recito recebendo tratamento complementar, dialogando com os instrutores

espirituais, recebendo mais carinho. Por este e outros motivos o local é especial; o ambiente deve ficar

protegido de qualquer influência negativa. Se o nosso Centro for espaçoso o suficiente, uma sala deverá ficar

reservada exclusivamente para a reunião mediúnica.

Uma pergunta deve ser analisada: e se o nosso Centro Espírita não for tão grande? E se precisarmos da

sala para outras atividade também importantes, como a evangelização de crianças, reuniões de estudos,

atendimento fraterno? Embora a lógica nos auxilie a resposta, usaremos a autoridade de Divaldo P. Franco e

de Chico Xavier para responder:

"Poucos locais de um Centro Espírita terão o equilíbrio e fluidos tão benéficos como a salinha de

evangelização. Onde trabalharmos em nome de Jesus, o ambiente será sempre o melhor de todos..." O que

vale uma sala vazia se não temos onde estudar, evangelizar ou auxiliar Espíritos encarnados necessitados? O

importante é que nos conscientizemos do respeito necessário, mantendo sempre o padrão positivo de

pensamentos e vibrações.

b) A Música na Reunião Mediúnica: a música verdadeiramente elaborada é fonte de grande

harmonização de vibrações. Nós, Espíritos de pouca evolução, necessitamos muitas vezes de algo que nos

favoreça a elevação de pensamentos e a harmonização de vibrações. É opinião freqüente entre os autores

espíritas, de que a música para preparar o ambiente da reunião é muito importante. Naqueles minutos que

antecedem o trabalho, a música cantada pelos que já chegaram, evitará falatório desnecessário, conversa

perturbante e até comportamento não próprio. É tão comum, e até explicável, que um grupo de amigos, como é

um grupo mediúnico, queira conversar, falar da semana, pois estiveram distantes por alguns dias; isso

certamente atrapalhará o preparo do ambiente.

Importante é escolhermos músicas doutrinárias, cantá-las baixinho, já envolvendo com carinho todos no

ambiente. Muitas letras de músicas doutrinárias são verdadeiras lições de esclarecimento e consolo.

c) O Estudo na Reunião Mediúnica: toda a oportunidade de estudo é importante. Além do benefício do

conhecimento doutrinário, o estudo desempenha outro fatores importantes: a harmonização dos pensamentos

dos presentes e o esclarecimento de muitos Espíritos desencarnados.

Naturalmente que o tempo e o conteúdo do estudo será adequado ao tipo de reunião mediúnica. A

reunião de iniciantes poderá ter um estudo mais prolongado (por exemplo 20 a 30 minutos) e o tema deve ser

mais leve. Já a reunião mais madura, poderá ter um estudo de duração menor (por exemplo 10 a 15 minutos,

levando em consideração que o trabalho mediúnico, propriamente dito, será maior) e com um conteúdo mais

profundo.

d) Duração da Reunião Mediúnica: o tempo de uma reunião, em média, não deve ultrapassar de uma

hora e trinta minutos a duas horas e é importante que seja sempre o mesmo.

Devemos, sempre, realizar a nossa reunião mediúnica, suspendendo-a somente por motivo justo. Feriado

por exemplo, não deve ser motivo de suspensão dos trabalhos. Se todos não puderem estar presentes, os que

estiverem devem realizar o encontro.

e) Importância da Avaliação Final: avaliar um trabalho é verificar se seus objetivos estão sendo

alcançados. A ajuda está sendo proveitosa? A instrução dos médiuns está ocorrendo?

Alguns aspectos devem ser salientados: - todo médium deve dar a sua opinião e fazer a sua auto-

avaliação; avaliar a doutrinação, se tocou ou não o Espírito sofredor; avaliar as impressões por que passou,

etc. Deverá sempre haver franqueza e sinceridade na avaliação, tanto do médium para o doutrinador como

deste para o médium. Não devemos deixar que o melindre e a vaidade ocupem espaço na avaliação. O

85

dirigente, de alguma forma, deverá acompanhar a evolução da faculdade mediúnica de cada membro,

anotando em uma ficha se julgar necessário, para futuras comparações.

23.2 Dos Componentes da Reunião Mediúnica

a) A Formação do Grupo: A reunião mediúnica possui dois grande grupos de trabalho: o grupo dos

desencarnados - que é composto de Espíritos extremamente preparados - e o grupo dos encarnados.

Afirma Hermínio C. Miranda [Diálogo com as Sombras]:

A organização de um grupo mediúnico começa muito antes de dar-se início às suas tarefas propriamente ditas, com o estudo sistemático das obras básicas, e das complementares da Doutrina Espírita... não devemos querer aprender mediunidade na reunião mediúnica, mas estudá-la profundamente ante do início da tarefa.

Um grupo preparado com carinho, com médiuns estudiosos, terá a maior chance de sucesso.

Lembremos da vida: o médico demora aproximadamente 8 anos para poder exercer com segurança a sua

Ciência, o engenheiro de 5 a 6 anos, o dentista de 4 a 5, como querer exercer a faculdade mediúnica sem o

devido preparo?

Daí a necessidade de preparar-se adequadamente os membros da reunião mediúnica, antes de se

iniciarem no intercâmbio com os Espíritos.

b) Número de Médiuns por Reunião Mediúnica: o número exato de médiuns em cada reunião

mediúnica depende de vários fatores, tais como: tipo de reunião mediúnica, o número de reuniões mediúnicas

disponíveis, capacidade do dirigente da reunião, preparo dos médiuns que vão formar o grupo. Devemos nos

lembrar que, o número pequeno dificulta o trabalho, como também, o número exagerado de trabalhadores

pode tornar o trabalho quase impossível.

Os autores também colocam um número variável, uns sugerem 8 a 10, outros de 12 a 15, outros até 20;

poderíamos dizer que a média ideal será de 15 médiuns por cada reunião mediúnica.

c) Da presença de Estranhos e Obsediados: A presença de elemento estranho é totalmente

desaconselhável, quanto mais a presença de um doente como é o obsediado. Curiosidade é quase sempre

sinônimo de irresponsabilidade.

Allan Kardec [LM-it 31] afirma: "... o melhor método do ensino espírita é o que se dirige à razão e não aos

olhos." Divaldo P. Franco [Palavras de Luz] comenta o assunto: "Peço licença para usar um conceito forte: é

um comportamento leviano, de desrespeito..."

O local correto para o curioso ou obsediado em um Centro Espírita, não é na sala de reunião mediúnica,

mas sim, nas reuniões públicas doutrinárias, nos grupos de estudo, na sala de atendimento fraterno, nos

trabalhos de assistência do Departamento de Assistência Social. Preparar-se, equilibrar-se antes do trabalho

mediúnico é obrigatório.

d) Do Dirigente da Reunião Mediúnica: deve ser uma pessoa que conheça profundamente a Doutrina

Espírita, e mais que isso, que procure viver seus postulados, tendo assim a autoridade moral imprescindível

aos trabalhos.

Deve ser alguém que o grupo confie e respeite, e da confiança da direção da casa, que represente no

grupo o verdadeiro sentido de trabalho da casa.

É muito importante que tenha um substituto e que esteja sempre preparando futuros dirigentes de

reuniões mediúnicas.

e) Do Doutrinador: Esclarecer, doutrinar, envolver, exige muitas qualidades, mas acima de tudo, muito

amor. Pois este sentimento sempre vencerá qualquer argumento e qualquer vibração menos feliz.

86

Deverá ter o conhecimento doutrinário evangélico para melhor argumentos possuir na doutrinação.

Hábito freqüente da leitura para usar o argumento mais propício e mais convincente para a ocasião. Para

receber a intuição necessária, dada pelo instrutor espiritual, terá que ter bagagem doutrinária e evangélica. Não

se coloca um disco para tocar, se não houver nele uma música previamente gravada. Como afirma Hermínio C.

Miranda: "evangelho no coração e doutrina no entendimento."

f) Número de Comunicação por Médiuns: Naturalmente que este número deverá variar em função da

quantidade de médiuns psicofônicos de cada reunião, com o tipo de Espírito comunicante, com o tipo da

reunião mediúnica, etc. O número máximo de comunicações por médium, em cada reunião de esclarecimento,

deverá ser de duas. Todos os médiuns, assim, terão chance de participar.

23.3 Outros Aspectos Importantes

a) O preparo para a Reunião Mediúnica: O dia da reunião mediúnica deve ser encarado como um dia

especial por parte do médium. É importante abster-se dos excessos, dos vícios... Seria como se estivéssemos

em estado de pré-operatório, o paciente deve se alimentar levemente, não fumar ou beber, manter-se calmo e

descansado Manoel Philomeno de Miranda afirma que até dormir por mais horas na noite da véspera da

reunião, se possível, deve ser feito.

Devemos enfatizar que se tudo isso tem sua importância, mas o mais importante é a higiene mental (a

leitura e o estudo edificantes, os bons pensamentos e vigília nos atos). Vamos iniciar fazendo isso no dia da

reunião mediúnica até conseguirmos fazer isso diariamente, lembrando que o bom médium pode ser chamado

a trabalhar no sono físico, a qualquer dia e não só no dia da reunião mediúnica.

b) O Uso da Vidência: André Luiz no seu livro Nos Domínios da Mediunidade, explica que a vidência

guarda variações de acordo com o grau de desenvolvimento da faculdade mediúnica de cada vidente; ou seja,

um fato, uma imagem, um paisagem, etc., poderá ser vista de maneira diferente por médiuns videntes

diferentes; isso é explicado como sendo uma questão de sintonia vibratória. Assim, a utilização da faculdade de

vidência pode ser, em muitos casos, perigosa e prejudicial. O doutrinador, os outros médiuns poderão ser

induzidos a ver algo que não é exatamente a verdade. O ideal seria, como afirmam Divaldo P. Franco e Raul

Teixeira, a participação do médium vidente no momento da avaliação final, dizendo o que viu e como viu, e não

durante a realização dos trabalhos.

c) O Quanto Esperar pelo Desenvolvimento da Faculdade Mediúnica: seria produtivo aguardar que

um médium em desenvolvimento ficasse participando da reunião de forma incompleta eternamente?

Psicografando ou tentando psicografar algo não tão proveitoso por anos a fio? Envolvido por Espírito sem nada

produzir? É dúvida comum do dirigente: esperar até quando? Divaldo P. Franco [Palavras de Luz] adverte: "O

médium, que durante certo período não realize maiores progressos, deve passar a controlar as suas

manifestações e a colaborar como médium da caridade, de socorro e pela prece."

Bibliografia Desobsessão - André Luiz/Chico Xavier Estudando a Mediunidade - Martins Peralva Diálogo com as Sombras - Hermínio C. Miranda Palavras de Luz - Divaldo P. Franco Diretrizes de Segurança - Divaldo P. Franco e Raul Teixeira

A NOVA ERA

Disse Jesus que muitos seriam chamados e poucos os escolhidos. Não se trata de nenhuma afirmação

elitista. Os poucos não serão poucos por qualquer privilégio concedido por Deus aos seus eleitos. Poucos

serão porque poucos responderão ao apelo com a consciência plena de suas responsabilidades.

De fato, o Espiritismo é o último chamado que ecoa neste fim e ibício de milênio, convocando os Espíritos

encarnados e desencarnados a assumirem a construção de um mundo melhor, reflexo de um homem melhor.

Mas, é natural que muitos dos que receberam o apelo estejam confusos e atordoados, perdidos, muitas vezes,

no emaranhado de caminhos que se apresentam como alternativas desencontradas de evolução. É

compreensível que o chamado para responsabilidades conscientes, para a busca, para a busca sincera da

Espiritualidade, assuste as almas acostumadas à atitude passiva de ovelhas no rebanho das religiões

institucionalizadas.

Mas, vós que fazeis parte daqueles que pretendem atender sinceramente ao apelo do Alto, não deveis

desanimar ante os espinhos da senda. Porque espíritos afins, almas engajadas nesse processo de redenção

da Humanidade aparecerão do Oriente e do Ocidente, dos quatro cantos da Terra, mesmo das falanges não

diretamente ligadas a Kardec, mas nem por isso deserdadas por Jesus.

A Nova Era já é uma realidade que se delineia no horizonte e felizes os que já fazem coro com as vozes

espirituais que a proclamam! E ai daqueles que se opõem à sua solidificação, porque esses serão levados de

roldão, na correnteza das imigrações planetárias ou serão obrigados ao despertar sob o grande do sofrimento.

E o remédio lhes será amargo. Não porque Deus puna vingativamente a rebeldia dos filhos, mas porque

eles ficarão nostálgicos e melancólicos, por sua própria vontade, proscritos, embora temporariamente, do

Reino de Deus que finalmente será, sim, deste mundo!. . .

LEOPOLDO MACHADO

Página recebida pela médium paulista Dora Incontri, na noite de 21 de novembro de 1987, ao final da

reunião mediúnica do Grupo Samaritano: TEATRO ESPÍRITA LEOPOLDO MACHADO, da Cidade do

Salvador-Bahia. Na ocasião, realizava-se, nesta Capital o Iº Encontro de Mulheres Espíritas da Bahia,

promoção da Bahia, promoção do TELMA.

ESTUDOS SOBRE DOUTRINAÇÃO

Doutrinar é argumentar com lógica e com base no Evangelho, demonstrar que as atitudes incorretas

prejudicam principalmente quem as praticam, levando o necessitado a modificar sentimentos cristalizados,

distorcidos, errôneos.

Por que os Espíritos não são atendidos no plano espiritual?

Por que precisam receber esclarecimento em sessão mediúnica?

Precisamos ressaltar que: os Espíritos são atendidos também no plano espiritual; nem todos estão em

condições de serem socorridos ali, em virtude da grosseira materialidade que lhes flagela o campo mental

tornando-os insensíveis à cooperação de entidades superiores.

O contato com a organização física do médium fá-los-á sentir mais intensamente a ajuda doutrinária e

vibracional destinada ao reajuste. O fluido humano emanado do organismo do médium é-lhes e necessário ao

equilíbrio. Léon Denis esclarece: "Esses Espíritos perturbados pela morte, acreditam ainda muito tempo depois,

pertencerem à vida terrestre. Não lhes permitindo seus fluidos grosseiros o entrarem em relação com Espíritos

mais adiantados, são levados aos grupos de estudo para serem instruídos acerca de sua nova condição".

André Luiz adverte: "São companheiros que trazem ainda a mente em teor vibratório idêntico ao da

existência na carne. Na fase em que estagiam, mais depressa se ajustam com o auxílio dos encarnados, em

cuja faixa de impressões ainda respiram."

Daí, desaparecerem as possíveis dúvidas quanto ao nosso dever de auxiliar o necessitado através do

diálogo em um grupo mediúnico.

Perante os Espíritos perturbados, pensemos primeiro na nossa situação íntima antes de dialogar com

eles - apresentam eles o resultado do desacato às soberanas leis do equilíbrio ora colhidos pela dor.

Vêm em busca de auxílio (embora muitas vezes não tenham consciência disso).

Diante deles, portanto, os desencarnados que sofrem, coloquemo-nos na posição de quem usa a

terapêutica do amor em si mesmo. Eles não são seres diferentes de nós, são iguais, e os problemas por sua

equivalência, merecem o mesmo tratamento. Carregam as mesmas virtudes e defeitos que assinalam a

posição evolutiva de todos nós.

A população da erraticidade inferior difere pouco da população terrestre. Todo conceito nobre ajuda-los-á

se os tivermos incorporados ao nosso comportamento cotidiano, porque eles nos acompanharão a verificarem

se falamos a verdade, se vivemos o que falamos. Não serão apenas as palavras que irão convencer o irmão

obsessor, mas todo sentimento solidário, sincero, amoroso, de todo o grupo.

Nesse trabalho de resgate, a solidariedade precisa ser exercida para que o socorro se efetue real.

Participando das reuniões caridosas de intercâmbio com sofredores desencarnados, aprende-se a aquilatar o

valor do amor. Percebe-se a "não-violência" poderosa do amor, o resultado dos fluidos magnéticos

manipulados pelos sentimentos e, acima de tudo, a magia sublime da presença de Jesus pelos laços criados

através da oração.

É a atividade do coração. Não há espaço para meias-verdades, indiferença ou comodismo.

Em toda doutrinação há de se levar em conta a conduta espírita e a responsabilidade moral do

89

doutrinador, porquanto, a instrução que não se faz acompanhar do exemplo não possui a tônica da verdade.

Colocamos como essenciais as virtudes: formação doutrinária; conhecimento evangélico; autoridade

moral; psicologia cristã; ética e método; paciência e humildade; fato e prudência; fé e serenidade; sensibilidade;

amor. E ainda é preciso que haja, da parte do doutrinador, muita abnegação, a fim de que o trabalho que os

amigos invisíveis realizam por nosso intermédio, tenha base segura.

Na formação dos quadros fluídicos, sentimos essa contribuição. São arquitetos espirituais que fazem

parte de reunião de esclarecimento que quando bem conduzidas, temo-los operantes, eficientes, manipulando

a matéria mental necessária à formação dos quadros educativos, retirando dos médiuns os recursos

imprescindíveis à criação de formas-pensamento quais sejam: paisagens, telas, com objetivo à transformação

dos Espíritos dementados que buscamos socorrer. Muitos necessitam para que se recuperem, do concurso de

imagens vivas sobre as impressões descontínuas, frustrantes, infelizes a que se recolheram. É assim que se

formam jardins, fontes, cachoeiras, quadros outros através da força mental do grupo, que é manipulada pelos

desenhistas na organização de fenômenos que possam revitalizar a visão, a memória, a audição e o tato dos

Espíritos ainda em trevas mentais.

As doutrinações são terapias de longo curso. Só o amor é antídoto para o ódio. O tempo passa e o amor

com que plantamos nossa vida - convence.

Hermínio Miranda encerra Diálogo Com as Sombras com esta frase: "Se me fosse pedido o segredo da

doutrinação diria apenas uma palavra - amor."

Dialoguemos com a ternura de um irmão e o respeito de um amigo. Socorrê-los é o objetivo da doutrinação. O amor que elucida em ti e te apazigua, leni-los-á e o

argumento sincero, sem floreios nem azedume desperta-los-á.

Joanna de Ângelis

24 CONCENTRAÇÃO/PRONTIDÃO PARA OUVIR

Concentração, como já foi visto, é o ato pelo qual fechamos as portas da mente ao exterior e, ativamente,

procuramos atingir determinado objetivo. Muito importante no trabalho mediúnico, é ela que permite a formação

da chamada “corrente” fluídica e a sustenta no decorrer da reunião.

Constantemente devemos cultivar bons hábitos, leituras e diversões sadias (evitar leituras, filmes ou

programas de televisão de teor negativo, isto é, fúteis, imorais, deprimentes), procurar tudo que favoreça a

elevação da mente, exercitar os bons sentimentos.

No dia da reunião, desde o levantar, pela manhã, usar a prece; ter em mente o trabalho espiritual de que

irá participar mais tarde e a importância desse compromisso; evitar emoções violentas, atritos, contrariedades e

discussões que levam à exaltação de ânimo (para tanto exercitar a paciência e a humildade); fugir ao que pode

levar à tensão, procurar manter o equilíbrio físico e espiritual. Alimentar-se frugalmente, para não sobrecarregar

o físico. Não tomar bebida alcoólica nem fumar.

Na hora da reunião:

1. - Quanto ao físico, estar higienizado e vestido com sobriedade (roupas e calçados que não apertem),

sem perfumes fortes (para não perturbar aos outros). Sentar-se em posição cômoda, sem contrair músculos, e

respirar calmamente. O objetivo é facilitar o bem-estar físico, nunca, porém, o desalinho de atitudes, o

relaxamento das boas maneiras. Evitar mexer-se muito, bocejar ou fazer movimentos e ruídos que incomodem

os demais participantes.

2. - Quanto ao psíquico, abstrair-se dos estímulos exteriores (sons, luz, movimentos); serenar o íntimo,

esquecendo preocupações pessoais; sentir-se fraterno e solidário com os demais participantes; focalizar os

objetivos da reunião, isto é, pensar na importância e responsabilidade do ato de voluntariamente ativar o

intercâmbio mediúnico, e lembrar que o objetivo da sessão é aprender e servir, socorrer e socorrer-se, dentro

das leis divinas.

Orar e buscar sintonia com os Espíritos Superiores.

24.1 Formando a corrente

Com a concentração, pouco a pouco, se acalmam as inquietudes e agitações e passam a ser liberados

fluídos e energias positivos, que as mentes de encarnados e desencarnados, em união, trabalham e conduzem

num único sentido.

Quando a conjugação atinge o nível necessário, estabelece-se a ligação entre o Céu e a Terra, num

sublime fluxo de forças fluídicas. O intercâmbio mediúnico se faz, então, ensejando a encarnados e

desencarnados o conforto e o esclarecimento, o despertar e a renovação, o dar e o receber.

A esse processo de ligação espiritual é que popularmente se chama “formar a corrente”. Ela não depende

de formas, rituais, vestes especiais ou lugares determinados. Somente quando ela se faz é que a reunião em

verdade foi “aberta”, pois somente então se inicia a comunhão harmoniosa entre os dois planos.

Quem estiver em concentração, oração e doação, tornar-se-á um elo vivo na corrente espiritual formada.

Quem se alhear, refratário e improdutivo, dela não participará, ainda que fisicamente se encontre no recinto e

até na mesa mediúnica.

91

24.2 Mantendo a vibração

“Aberta” a reunião, o ambiente fluídico precisará ser mantido, sustentado em todo o decorrer do trabalho.

Para tanto, cada participante deve cuidar de estar sempre concentrado nos objetivos da reunião; orar e doar

vibrações, quer em favor dos companheiros do grupo, quer em apoio ao trabalho dos bons espíritos, quer em

socorro a entidades espirituais necessitadas.

Um bom meio é mentalizar as criaturas ligadas à reunião, encarnadas ou desencarnadas, endereçando-

lhes pensamentos bons e envolvendo-as em sentimentos fraternos; ficar meditando em tudo que é bom e digno

diante de Deus (caridade, fé, esperança, alegria, resignação, etc) e procurar emanar forças fluídicas benéficas,

que os bons espíritos utilizarão em benefício geral.

Concentrar-se e manter a vibração normalmente não cansa, porque produz um estado de alma elevado,

no qual recebemos permuta de fluídos superiores pelos que emitimos; e podemos ir variando o tema de nossas

vibrações. Se sentirmos cansaço é porque alguma falha está havendo em nosso modo de concentrar e vibrar

(estamos tensos, aflitos, etc.) ou então o ambiente estará sofrendo grandes interferências contrárias.

24.3 Prontidão para ouvir

“A natureza deu-nos dois ouvidos, dois olhos e uma língua, observa Zenão, velho filósofo grego, para que

pudéssemos ouvir e ver mais do que falar”. E um filósofo chinês fez a seguinte colocação: “O bom ouvinte

colhe, enquanto aquele que fala semeia”. Seja como for, até há bem pouco tempo dava-se pouca atenção à

capacidade de ouvir. A ênfase exagerada dirigida à habilidade de expressão levou a maioria das pessoas a

subestimar a importância da capacidade de ouvir, em suas atividades diárias de comunicação.

Um renomado psicólogo disse que deveríamos olhar para cada pessoa como se a mesma tivesse um

cartaz pendurado no do pescoço, onde se lê: “Quero sentir-me importante”. Sim, todos querem sentir-se

importantes. Ninguém gosta de ser tratado como menos importante. E todos querem ainda que esta

importância seja reconhecida. A própria experiência nos ensina que as pessoas, ao serem tratadas como tais,

sentem-se felizes e procuram realizar e produzir mais. E quem se observa escutado, sente-se gratificado.

Durante cinco anos, o departamento de instrução para adultos, das Escolas Públicas de Minneápolis,

ofereceu diversos cursos com o objetivo de melhorar a maneira de falar e um para melhorar a maneira de

escutar, de ser um bom ouvinte. Os primeiros estavam sempre cheios, tal era a procura. O segundo não

chegou a funcionar por falta de candidatos. Todos desejavam aprender a falar, mas ninguém queria aprender a

ouvir.

O ouvir é algo muito mais complicado do que o processo físico da audição, ou de escutar. A audição se

dá através do ouvido, enquanto que o ouvir implica num processo intelectual e emocional que integra dados

físicos, emocionais e intelectuais na busca de significados e de compreensão. O ouvir eficaz ocorre quando o

receptor é capaz de discernir e compreender o significado da mensagem do emissor. O objetivo da

comunicação só assim é atingido.

Levantamento recente indica que, em média, a pessoa emprega: 9% do tempo, escrevendo; 16% do

tempo, lendo; 30% do tempo, falando; 45% do tempo, escutando. Ouve-se quatro ou cinco vezes mais

depressa do que se fala. As pessoas falam provavelmente à razão de 90 a 120 palavras por minuto e ouvem à

razão de 450 a 600 palavras por segundo. Quer dizer, há um tempo diferencial entre a velocidade do

pensamento para poder pensar, refletir sobre o conteúdo e buscar o seu significado.

Autores há que oferecem diversos princípios para aprimorar as habilidades essenciais para saber ouvir:

1 - Procure ter um objetivo ao ouvir;

92

2 - Suspenda qualquer julgamento inicial;

3 - Procure focalizar o interlocutor, resistindo a toda espécie de distrações;

4 - Procure repetir aquilo que o interlocutor está dizendo;

5 - Espere antes de responder;

6 - Procure recolocar com palavras próprias o conteúdo e o sentimento do interlocutor;

7 - Procure atingir os pontos centrais do que ouve através das palavras;

8 - Use o tempo diferencial para pensar e responder.

24.4 Relacionamento Médium/Doutrinador

Para que o trabalho se desenvolva com segurança e eficácia, esse relacionamento precisa ser

impecável. Tentemos explicar o que significa, no caso, esse adjetivo algo pomposo. Além do seu sentido

etimológico -- incapaz de pecar, não sujeito a pecar – impecável quer dizer perfeito, correto, sem mácula ou

defeito.

Médium e doutrinador devem estimar-se e respeitar-se. Estima sem servilismo e sem fanatismo; respeito

sem temores e sem reservas íntimas. Quando o relacionamento médium-doutrinador é imperfeito ou sofre

abalos mais sérios, põe-se em risco a qualidade do trabalho mediúnico. A razão é simples e óbvia: ao

incorporar-se, o espírito manifestante vem trabalhar com os elementos ou instrumental que encontra no

médium.

Se existe ali alguma reserva com relação ao doutrinador, ou pior ainda, alguma hostilidade mais

declarada, é claro que a sua tarefa negativa será bastante facilitada, da mesma forma que um médium mais

culto fornece melhores recursos para uma manifestação de teor mais erudito ou um médium de temperamento

mais violento oferece condições mais propícias a manifestações violentas. Pela mesma razão, se existe entre

médium e doutrinador um vínculo mais forte de afeição, o espírito agressivo fica algo contido, e ainda que

agrida o doutrinador com palavras ou gestos, não consegue fazer tudo quanto desejava. Muitos são os que se

queixam disso, durante suas manifestações, exatamente porque não logram dar vazão aos seus impulsos e

intenções, porque as vibrações afetivas entre médium e doutrinador arrefecem inevitavelmente tais impulsos.

É preciso ainda considerar que se o médium realiza esse trabalho de impregnação fluídica no perispírito

do manifestante, este também traz uma carga, às vezes, pesada e agressiva que atua energicamente sobre o

perispírito do médium, havendo, portanto, certa “contaminação” mútua, para a qual o médium deve atentar com

toda a sua vigilância, pois, do contrário, o espírito o dominaria e faria com ele o que bem desejasse, como

lamentavelmente acontece com freqüência. Essa contaminação, embora transitória, é demonstrada, sem

sombra alguma de dúvida, nas reações preliminares e posteriores do médium, ou seja, quando ainda se acha

consciente no corpo e depois que o reassume. Com freqüência, os médiuns declaram que, ao sentirem a

aproximação do espírito manifestante, experimentaram tal ou qual sensação: força, ódio, tristeza, angústia ou

amor, paz, serenidade. Da mesma forma, os resíduos vibratórios que permanecem na intimidade do perispírito

do médium, após a desincorporação, são bastante conhecidos, sendo necessário, quase sempre, quando são

desagradáveis e agressivos, dispersá-los por meio de passes, a fim de que o médium se recomponha.

Quando, ao contrário, se trata de um espírito pacificado e bondoso, o médium, desperta, como se

costuma dizer, “em estado de graça”, feliz, harmonizado, comovido, às vezes, até às lágrimas.

Bibliografia Estudos Sobre Mediunidade - 2º Fascículo - Editora do LAR – Campinas Diálogo com as Sombras - H. Correa de Miranda - FEB - Extrato

93

25 PRÁTICA DA DOUTRINAÇÃO

25.1 Influências do médium e da mediunidade

Já é sabido que cada manifestação é diferente. Nunca sabemos, ao certo, as intenções do Espírito que

se aproxima, que problemas nos traz, quais são suas características, qual a razão de sua presença entre nós.

Além do mais, a própria mediunidade não é um instrumento de precisão, como um microscópio ou um relógio,

que funcione, repetidamente, de maneira previsível e controlável. O médium é um ser humano ultra-sensível,

de psicologia complexa, incumbido de transmitir o pensamento de um desencarnado, mas está muito longe de

ser mero aparelho mecânico de comunicação, como um telefone ou um rádio, muito embora se fale em sintonia

e em vibrações, quando a ele nos referimos. Suas faculdades sofrem influências várias, do ambiente, do seu

estado de saúde, da sua problemática íntima, da sua fé ou ausência dela, do seu interesse no trabalho, que

pode flutuar, da sua capacidade de concentração, da sua confiança nos companheiros que o cercam e,

especialmente, no dirigente do grupo e, obviamente, dos Espíritos manifestantes. E mesmo estes, que são

também seres humanos - não nos esqueçamos disto - variam suas apresentações, de uma para outra

manifestação, segundo suas próprias disposições.

Por outro lado, é preciso considerar, também, que há diferentes formas de mediunidade: de incorporação,

ou psicofônica, de vidência, clariaudiência, psicografia, assim como há médiuns que conservam sua

consciência durante a manifestação, e médiuns que passam ao que se convencionou chamar de estado

“inconsciente”.

Devemos abrir um parêntese, para reiterar uma antiga opinião: de minha parte, julga-se inadequada a

expressão “mediunidade inconsciente”. O Espírito do médium não está em estado de inconsciência,

simplesmente porque se afastou do seu corpo físico, para cedê-lo ao manifestante. O máximo que se pode

dizer é que a consciência não está presente no corpo físico, ou, melhor ainda, não se manifesta através do

corpo material, temporariamente manipulado por entidade estranha a si mesmo. Se o médium mergulhasse,

em Espírito, no estado de inconsciência, o manifestante assumiria posse total do seu organismo e faria com ele

o que bem entendesse. Ao escrever isso, não se está esquecendo do fato de que há manifestações violentas

e muito livres, durante as quais os Espíritos incorporados movimentam o instrumento mediúnico aparentemente

à sua vontade, fazendo-o gritar, dar murros, levantar-se, derrubar móveis, rasgar livros e cadernos, e promover

distúrbios semelhantes.

O grupo deve estar, assim, perfeitamente preparado para inúmeras formas de manifestação. Elas são

imprevisíveis e inesperadas.

Vejamos com Allan Kardec o papel do médium na comunicação: (L. M. - Cap. XIX, item 223 - LAKE)

7. O Espírito do médium influi nas comunicações de outros Espíritos que ele deve transmitir? Sim, pois se não há afinidade entre eles, o Espírito do médium pode alterar as respostas, adaptando-as às suas próprias ideais e às suas tendências. Mas não exerce influência sobre os Espíritos comunicantes. É apenas um mau intérprete. 10. Parece resultar dessas explicações que o Espírito do médium não é jamais completamente passivo? Ele é passivo quando não mistura suas próprias idéias com as do Espírito comunicante, mas nunca se anula por completo. Seu concurso é indispensável como intermediário, mesmo quando se trata dos chamados médiuns mecânicos.

25.2 As fases da comunicação mediúnica

O conjunto fenomênico envolve algumas fases que julgamos de utilidade destacar, dentre muitos fatos

acessórios que influenciam no resultado final: a Consumação da Comunicação. São elas: ATRAÇÃO,

APROXIMAÇÃO E ENVOLVIMENTO.

94

ATRAÇÃO - quando o desejo coloca o comunicante e o médium em condições harmônicas. Quando isto

ocorre, o comunicante é atraído, não importando onde se encontre, para a linha de força (freqüência)

correspondente, existente no campo de possibilidades Mento-Magnéticas do Médium (Fig. 1).

Nos Universos existe uma poderosa força que a grande maioria dos homens insiste em ignorar: o

PENSAMENTO. Ele é a força maravilhosa responsável por tudo quanto existe. Tal o ser pensante, tal a obra.

Entretanto, para que o pensamento como força geratriz de algum cometimento possa ser acionado, é

necessário o uso da alavanca do DESEJO, que é representado pela AÇÃO. O pensamento sem o desejo da

Ação, se transforma apenas em sonho. Dito isto, completemos: a atração se dá, quando o pensamento é

acionado pelo desejo da comunicação de ambos os participantes do fenômeno, médium e espírito.

APROXIMAÇÃO - com a presença do comunicante nas proximidades do campo de possibilidades do

médium, onde suas primeiras emoções já se fazem sentir, de maneira pouco perceptível, mas reais.

ENVOLVIMENTO - é quando completa-se o fenômeno. As linhas energéticas harmônicas do

comunicante e do campo de possibilidades do médium se encontram, proporcionando a evidenciação do

fenômeno de forma indiscutível, assumindo o comunicante o comando relativo das ações variando de

influência mental ao domínio total do físico e quase total da mente, guardando o médium, entretanto, o domínio

das últimas decisões. (Fig. 2)

95

Segundo Léon Denis, as vibrações do invólucro fluídico do médium vibra com maior intensidade no

estado de transe (Ex. de 1000 para 1500) e se o Espírito, livre no espaço (Ex. 2000 para 1500), os dois

organismos (perispiritual) vibram então simpaticamente e o ditado do Espírito será percebido e transmitido pelo

médium em transe. Mais adiante falaremos de casos em que não se dão as três fases de maneira harmonizada

e suas conseqüências.

Acompanhemos a opinião do Espírito Erasmo quanto às sensações do Médium no início das

Comunicações:

- Como o médium pode aperceber-se que se inicia o processo de incorporação? - É muito grande a gama de variações, entretanto, o mais comum é a sensação da aproximação de alguém, seguido de fluídos, cuja emanação os médiuns sentem em intensidade diferente, de acordo com suas possibilidades. Sensação de calor ou frio em algumas partes do corpo, principalmente as extremidades, cuja sensação algumas vezes vai se estendendo a todo o corpo. Depois o médium vai sentindo o bloqueio gradativo de seus pensamentos, numa mistura que se processa com pensamentos alheios e logo no estágio imediato, o médium percebe que os pensamentos alheios vão se tornando mais intensos que os seus, indo esse processo até a tomada total do campo mental.

Sentem a seguir uma espécie de sopro quente ou frio, tal seja o caso, em um dos ouvidos ou em ambos,

como se uma corrente de ar se introduzisse pelos mesmos; uma espécie de corrente elétrica percorre todo o

seu corpo, quando se consuma a posse do aparelhamento mediúnico. O espírito toma posse do corpo, ou da

mente, ou ainda, do corpo e da mente, e inicia a fase da comunicação.

26 ESCALA ESPÍRITA: TIPOS DE COMUNICANTES

Podemos dizer que, praticamente, todos os Espíritos podem se comunicar através da mediunidade.

Como já vimos, depende muito das semelhanças vibratórias entre o pensamento do Espírito e o do Médium.

Espíritos nos extremos da escala evolutiva (muito primitivo ou muito evoluído), têm mais dificuldades de

comunicação. Foi por essa razão que Kardec, em O Livro dos Espíritos ao se referir aos Espíritos Puros, a

ordem mais elevada de sua classificação, afirmou: “Podem os homens pôr-se em comunicação com eles, mas

extremamente presunçoso seria aquele que pretendesse tê-los constantemente as suas ordens”.

Isto porque muito difícil é criarmos ambiente para que esses Espíritos cheguem até nós e dispormos de

médiuns suficientemente adestrados e moralmente preparados para tal mister. A referida classificação de

Kardec é essencialmente genérica e está voltada para a definição da condição evolutiva dos Espíritos. Vejamo-

la, em linhas gerais:

26.1 Terceira Ordem - Espíritos Imperfeitos

Engloba os Espíritos propensos ao mal: ignorantes (do ponto de vista espiritual) já que alguns podem se

revelar bastante inteligentes. Predominância da matéria sobre o Espírito do que resulta um acentuar de

paixões. Compreende as classes dos Espíritos Impuros (10ª classe), levianos (9ª), pseudo-sábios (8ª),

Espíritos Neutros (7ª), batedores e perturbadores (6ª). Caracterizando um abrandamento progressivo dos

instintos inferiores de classe para classe até chegar-se à segunda ordem.

26.2 Segunda Ordem - Bons Espíritos

O ingresso nesta ordem assinala o momento evolutivo do despertar da consciência, em que passa a

preponderar sobre a matéria o Espírito. São características dessa ordem o desejo do Bem, a compreensão de

96

Deus. Compõem-na Espíritos Benévolos (5ª classe), Espíritos Sábios (4ª), Espíritos de Sabedoria (3ª) e

Espíritos Superiores (2ª), em todos estes já despertou a sensibilidade para a alegria de construir o Bem e

trabalhar pelo progresso, embora tenham ainda que passar por provas para chegarem à perfeição dos

Espíritos da Primeira Ordem.

26.3 Primeira Ordem - Espíritos Puros

São os redimidos, os que após percorrerem todos os graus da escala se despojaram de todas as

impurezas da matéria gozando de inalterável felicidade, como anotou o Codificador.

O conhecimento desta classificação é de grande importância para doutrinadores e dirigentes de reuniões,

ajudando-os a adequar o diálogo à posição evolutiva de cada Espírito e a perceber estas posições pelas

características de caráter predominantes.

26.4 Características dos espíritos

Quão importante saber, por exemplo, que há mais treva no Espírito que sopra discórdia, que conspira

contra o Bem (10ª classe) do que no irrefletido, zombeteiro (9ª classe); compreender que a pseudo-sabedoria

(8ª classe) é uma posição mais prejudicial à vida do que a neutralidade (7ª classe), que há uma sutileza entre

os Espíritos sábios (4ª classe) e os Espíritos de sabedoria (3ª classe), estes últimos sendo mais evoluídos por

aliarem a capacidade intelectual a um mais aprofundado senso moral.

Em o Céu e Inferno, Kardec aprofunda a sonda da investigação para detalhar o fato, trazer situações

particulares que propiciem a compreensão ampla dos estágios espirituais através dos exemplos que faz

desfilar de Espíritos felizes, de condições medianas, sofredores, criminosos, arrependidos e Espíritos

endurecidos, mostrando sobretudo as influências da vida e da morte no ressurgir deles na erraticidade. Os

diálogos têm um componente muito forte de pesquisa carregados de inquirições o que ecoa absolutamente

necessário ao trabalho do mestre lionês de radiografar os panoramas íntimos das almas a fim de estruturar o

corpo da Codificação. Não faltava porém, para esses comunicantes a consolação auferida do ambiente

saturado de vibrações.

Os estudos dos casos ali anotados são de superior importância para os grupos mediúnicos,

principalmente para dirigentes e doutrinadores que neles encontrarão diagnósticos precisos e informes seguros

sobre problemas e situações com que se depararão em suas tarefas mediúnicas.

Suely Caldas relaciona para nós os tipos de Espíritos que normalmente são trazidos às reuniões de

desobsessão e porque não dizer às reuniões de um modo geral. Ela, praticamente, sem o dizer, separa

Espíritos em dois grandes grupos: os que sofrem e os que fazem sofrer; os primeiros expondo suas feridas

para receber o bálsamo da Reunião e os outros conspirando contra a reunião, por possuírem o sofrimento

maior da ignorância e da rebeldia.

Senão, vejamos:

Espíritos Que Sofrem

• Espíritos que não conseguem falar;

• Espíritos que desconhecem a própria situação;

• Suicidas;

• Alcoólatras e Toxicômanos;

• Sofredores;

• Dementados;

• Amedrontados.

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Espíritos Que Fazem Sofrer

• Os que desejam tomar o tempo da reunião;

• Espíritos irônicos;

• Espíritos desafiantes;

• Espíritos descrentes;

• Espíritos auxiliares de obsessores;

• Espíritos mistificadores;

• Inimigos do Espiritismo;

• Espíritos galhofeiros;

• Espíritos ligados à magia.

As nuances do sofrimento humano são infinitas e se fossem contemplar a todos os dramas a relação dos

tipos de Espíritos sofredores, não teria fim, desde os que apresentam lesões orgânicas em nível de perispírito

até os que as têm psicológicas como os arrependidos, sem reação, revoltados, inadaptados a vida espiritual.

Para cada um dos tipos de Espíritos, Suely Caldas apresenta orientações sucintas de como doutrinar.

Embora saibamos que não existe um caso igual ao outro, esses modelos servem-nos de parâmetro a partir dos

quais iremos acrescentando as nossas próprias experiências.

Vejamos, agora esses tipos:

Esta classificação se baseia no modo como os Espíritos se apresentam nas reuniões de desobsessão e

refere-se apenas aos Espíritos obsessores e necessitados.

Ao incluí-la neste trabalho, nosso intuito é oferecer contribuição aos que se dedicam ao ministério

desobsessivo, sobretudo os que estão iniciando, para que tenham uma visão geral, embora bem simples, dos

principais tipos de Espíritos que se comunicam nestas sessões especializadas, e também, em linhas gerais,

focalizar a abordagem que o esclarecedor pode adotar.

Importa ainda mencionar que alguns desses tipos de entidades aqui relacionadas comparecem também

nas reuniões de educação e desenvolvimento mediúnico (sendo mais comuns nestas), desde que estejam os

médiuns em condições e que haja necessidade dessas manifestações.

26.4.1 Espíritos Que Não Conseguem Falar

São bastante comuns as manifestações de entidades que não conseguem falar. Essa dificuldade pode

ser resultante de problemas mentais que interferem no centro da fala, como também em virtude do ódio em

que se consomem, que, de certa maneira, oblitera a capacidade de: transmitir o que pensam e sentem (Já

recebemos entidades com tanto ódio que pareciam sufocadas, tendo por isto dificuldade de falar, e algumas

outras que choravam de ódio).

Esta classificação, aliás, nada tem de absoluta. Apenas no seu conjunto cada categoria apresenta caráter definido. De um grau a outro a transição é insensível e, nos limites extremos, os matizes se apagam, como nos reinos da natureza, como nas cores do arco-íris, ou, também, como nos diferentes períodos da vida do homem. (LE questão 100)

Em outros casos, pode ser um reflexo de doenças de que eram portadores antes da desencarnação e

que persistem no além-túmulo, por algum tempo, de acordo com o estado de cada uma. Finalmente, existem

aqueles que não querem falar para não deixar transparecer o que pensam, representando essa atitude uma

defesa contra o trabalho que pressentem (ou sabem) estar sendo feito junto deles. Neste último caso, o

médium pode conseguir traduzir as suas intenções, paulatinamente.

98

Não há necessidade de tentar insistentemente que falem, forçando-os com perguntas, pois nem sempre

isso é o melhor para eles. O doutrinador deve procurar sentir, captar os sentimentos que trazem. Geralmente

não é difícil apreendê-los. Os que sofrem ou os que se rebolcam no ódio deixam transparecer o estado em que

se encontram. De qualquer forma são sumamente necessitados do nosso amor e atenção. O doutrinador deve

dizer-lhes palavras de reconforto, aguardando que respondam espontaneamente. Muitos conseguem conversar

ao cabo de alguns minutos, outros não resistem e acabam aceitando o diálogo, cabendo ao doutrinador

atendê-los de acordo com a problemática que apresentam.

Os que têm problema de mudez, por exemplo, conseguirão através de gestos demonstrá-lo. Ciente disso,

o doutrinador pode ir aos poucos conscientizando-o de que esse problema pode ser resolvido, que era uma

conseqüência de deficiência do corpo físico, mas que no estado atual ele poderá superar, se confiar em Jesus,

se quiser com bastante fé, etc. Nesse momento, o passe e a prece ajudam muito.

Em qualquer circunstância deve-se deixar que tudo ocorra com naturalidade, sem querer forçar a reação

por parte dos que se comunicam.

26.4.2 Espíritos que desconhecem a própria situação

Não têm consciência de que estão no plano espiritual. Não sabem que morreram e sentem-se imantados

aos locais onde viveram ou onde está o centro de seus interesses.

Uns são mais fáceis de serem conscientizados e o doutrinador, sentindo essa possibilidade, encaminhará

o diálogo para isso. Outros, porém, trazem a idéia fixa em certas ocorrências da vida física e torna-se mais

difícil a tarefa de aclarar-lhes a situação. Certos Espíritos não têm condições de serem informados sobre a

própria morte, apresentando um total despreparo para a verdade. Essa explicação será feita com tato,

dosando-se a verdade conforme o caso.

Deve-se procurar infundir-lhes a confiança em Deus e noções de que a vida se processa em vários

estágios, que ninguém morre (a prova disso é ele estar ali falando) e que a vida verdadeira é a espiritual.

26.4.3 Espíritos suicidas

São seres que sofrem intensamente. Quando se comunicam apresentam um sofrimento tão atroz, que

comove a todos. Às vezes, estão enlouquecidos pelas alucinações que padecem, em virtude da repetição da

cena em que destruíram o próprio corpo, pelas dores superlativas daí advindas e ao chegarem à reunião estão

no ponto máximo da agonia e do cansaço.

Cabe ao doutrinador socorrê-los, aliviando-lhes os sofrimentos através do passe.

Não necessitam tanto de doutrinação, quanto de consolo. Estão buscando uma pausa para os seus

aflitivos padecimentos. A vibração amorosa dos presentes, os eflúvios balsamizantes do Alto atuarão como

brando anestésico, aliviando-os, e muitos adormecem, para serem levado em seguida pelos trabalhadores

espirituais.

26.4.4 Espíritos alcoólatras e toxicômanos

Quase sempre se apresentam pedindo, suplicando ou exigindo que lhes dêem aquilo de que tanto

sentem falta. Sofrem muito e das súplicas podem chegar a crises terríveis, delírios em que se debatem e que

os desequilibram totalmente. Sentem-se cercados por sombras, perseguidos por bichos, monstros que lhes

infundem pavor, enquanto sofrem as agonias da falta do álcool ou do tóxico.

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De nada adiantará ao doutrinador tentar convencê-los das inconveniências dos vícios e da importância da

temperança, do equilíbrio. Não estão em condições de entender e aceitar tais tipos de conselhos. Deve-se

tentar falar-lhes a respeito de Jesus, de que nEle é que encontramos forças para resistir. De que somente com

Jesus seremos capazes de vencer os condicionamentos ao vício.

Se, entretanto, estiverem em delírios, o passe é o meio de aliviá-los.

26.4.5 Espíritos que desejam tomar o tempo da reunião

Vêem com a idéia preconcebida de ocupar o tempo dos trabalhos e assim perturbarem o seu desenrolar.

Usam muito a técnica de acusar os participantes, os espíritas em geral, ou comentam sobre as comunicações

anteriores, zombando dos problemas apresentados. Tentam alongar a conversa, têm resposta para tudo.

Observando o seu intento, o doutrinador não deve debater com eles, tentando provar a excelência do

Espiritismo, dos propósitos da reunião e dos espíritas, mas sim levá-los a pensar em si mesmos.

Procurar convencê-los de que enquanto analisam, criticam ou perseguem outras pessoas, esquecem-se

de si mesmo, de buscar a sua felicidade e paz interior. Quase nunca são esclarecidos de uma só vez. Voltam

mais vezes.

26.4.6 Espíritos irônicos

São difíceis para o diálogo. E geralmente, sendo muito inteligentes, usam a ironia como agressão. Ferem

o doutrinador e os participantes com os comentários mais irônicos e contundentes. Ironizam os espíritas,

acusando-os de usarem máscara; de se fingirem de santos; de artifícios dos quais, dizem, utilizam para

catequizar os incautos; de usar magia, hipnotismo, etc.

Alguns revelam que seguem os participantes da reunião para vigiar-lhes os passos e que ninguém faz

nada do que prega. Em hipótese alguma deve-se ficar agastado ou melindrado com isso. É, aliás, o que

almejam. Pelo contrário, devemos aceitar as críticas ferinas, inclusive porque apresentam grande fundo de

verdade. Essa aceitação é a melhor resposta. A humildade sincera, verdadeira, nascida da compreensão de

que em realidade somos ainda muito imperfeitos.

Tentar defender-se, mostrar que os espíritas trabalham muito, que naquele Centro se produz muito, é

absolutamente ineficaz. Será até demonstração de vaidade de nossa parte, visto que temos ciência de nossa

indigência espiritual e do pouco que produzimos e progredimos.

E eles sabem disto.

Aceitando as acusações e sentindo, acima de tudo, o quanto existe de razão no que falam, eles aos

poucos se desarmarão. Simultaneamente ir conscientizando-os do verdadeiro estado em que se encontram; da

profunda solidão em que vivem, afastados dos seus afetos mais caros; que, em realidade, são profundamente

infelizes - eis alguns dos pontos que podem ser abordados.

Tais entidades voltam mais vezes, pois esse esclarecimento demanda tempo.

26.4.7 Espíritos desafiantes

Vêm desafiar-nos. Julgam-se fortes, invulneráveis e utilizam-se desse recurso para amedrontar.

Ameaçam os presentes com as mais variadas perseguições e desafiam-nos a que prossigamos interferindo em

seus planos.

Cabe ao doutrinador ir encaminhando o diálogo, atento a alguma observação que o comunicante fizer e

que sirva como base para atingir-lhe o ponto sensível. Todos nós temos os nossos pontos vulneráveis --

100

aquelas feridas que ocultamos cuidadosamente, envolvendo-as na couraça do orgulho, da vaidade, do

egoísmo, da indiferença.

Em geral, os obsessores, no decorrer da comunicação, acabam resvalando e deixando entrever os

pontos suscetíveis que tanto escondem. Aparentam fortaleza, mas, como todos, são indigentes de amor e de

paz. Quase sempre estão separados de seus afetos mais caros, seja por nível evolutivo, seja por terem sido

feridos por eles.

O doutrinador recorrerá à energia equilibrada - dosada no amor -, serena e segura, quando sentir

necessidade.

Espíritos desse padrão vibratório quase sempre têm que se comunicar mais vezes. O que se observa é

que a cada semana eles se apresentam menos seguros, menos firmes e fortes que na anterior. Até que se

atinge o momento do despertar da consciência.

26.4.8 Espíritos descrentes

Apresentam-se insensíveis a qualquer sentimento. Descrêem de tudo e de todos. Dizem-se frios, céticos,

ateus. No entanto, o doutrinador terá um argumento favorável, fazendo-os sentir que apesar de tudo continuam

vivos e que se comunicam através da mediunidade. Também poderá abordar outro aspecto, que é o de dizer

que entende essa indiferença, pois que ela é resultante dos sofrimentos e desilusões que o atormentam. Que,

em realidade, essa descrença não o conduzirá a nada de bom, e sim a maiores dissabores e a uma solidão

insuportável.

O doutrinador deve deixar de lado toda argumentação que vise a provar a existência de Deus, pois

qualquer tentativa nesse sentido não atingirá o objetivo. Eles estão armados contra essa doutrinação e é esta

justamente a que esperam encontrar. Primeiro, deve-se tentar despertá-los para a realidade da vida, que

palpita dentro deles, e da sofrida posição em que se colocam, por vontade própria. Ao se conscientizarem do

sofrimento em que jazem, da angústia que continuadamente tentam disfarçar, da distância que os separa dos

seres amados, por si mesmos recorrerão a Deus. Inclusive, o doutrinador deve falar-lhes que somente o Pai

pode oferecer-lhes o remédio e a cura para seus males.

26.4.9 Espíritos dementados

Não têm consciência de coisa alguma. O que falam não apresenta lógica. Quase todos são portadores de

monoideísmo, idéia fixa em determinada ocorrência, razão por que não ouvem, nem entendem o que se lhes

fala. Devem ser socorridos com passes. Em alguns casos, o Espírito parece despertar de um longo sono e

passa a ouvir a voz que lhe fala. São os que trazem problemas menos graves.

26.4.10 Espíritos amedrontados

Dizem-se perseguidos e tentam desesperadamente se esconder de seus perseguidores. Mostram-se

aflitos e com muito medo. É necessário infundir-lhes confiança, demonstrando que ali naquele recinto estão a

salvo de qualquer ataque, desde que também se coloquem sob a proteção de Jesus.

São vítimas de obsessões, sendo dominados e perseguidos por entidades mais fortes mentalmente, com

as quais se comprometeram. Muitos deles são empregados pelos obsessores para atormentar outras vítimas.

Obrigados a obedecer, não são propriamente cúmplices, mas também vítimas.

101

26.4.11 Espíritos que auxiliam os obsessores

São bastante comuns nas reuniões. Às vezes, dizem abertamente o que fazem e que têm um chefe. Em

outros casos, tentam esconder as suas atividades e muitos chegam a afirmar que o chefe não quer que digam

nada. Também costumam dizer que foram trazidos à força ou que não sabem como vieram parar ali.

É preciso dizer-lhes que ninguém é chefe de ninguém. Que o nosso único “chefe” é Jesus. Mostrar-lhes

também o mal que estão praticando e do qual advirão sérias conseqüências para eles mesmos. É de bom

alvitre mencionar que o chefe no qual tanto acreditam em verdade não lhes deseja bem-estar e alegrias, visto

que não permite que sigam seu caminho ao encontro de amigos verdadeiros e entes queridos.

Quando mencionamos os entes queridos do comunicante, isto não significa forçar a comunicação de um

deles. Inclusive deve-se evitar fazê-lo, pois isto deve ser natural e cabe aos Mentores resolverem. É comum

que se diga ao obsessor: “Lembre-se de sua mãe”. Deve-se evitar isto, pois a resposta poderá ser: “Por quê?

ela não prestava” ou “era pior que eu”, etc. Daí o cuidado.

26.4.12 Espíritos vingativos

São aqueles obsessores que, por vingança, se vinculam a determinadas criaturas. Muitos declaram

abertamente seus planos, enquanto que outros se negam a comentar suas ações ou o que desejam.

Costumam apresentar-se enraivecidos, acusando os participantes de estarem criando obstáculos aos seus

planos. Falam do passado, do quanto sofreram nas mãos dos que hoje são as vítimas. Nesses casos, o

doutrinador deve procurar demonstrar-lhes o quanto estão se prejudicando, o quanto o ódio e a vingança os

tornam infelizes; que, embora o neguem, no fundo, prosseguem sofrendo, já que não encontram um momento

de paz; que o ódio consome aquele que o cultiva. É importante levá-los a refletir sobre si mesmos, para que

verifiquem o estado em que se encontram.

A maioria se julga forte e invencível, mas confessam estar sendo tolhidos pelos trabalhos da reunião, o

que os enfurece. Diante desse argumento, o doutrinador deve enfatizar que a força que tentam demonstrar se

dilui ante o poder do Amor que dimana de Jesus.

Conforme o caso, os resultados se apresentam de imediato. O obsessor, conquistado pelo envolvimento

fluídico do grupo e pela lógica do doutrinador, sente-se enfraquecido e termina por confessar-se arrependido.

Em outros casos, a entidade se retira enraivecida, retornando para novas comunicações, nas semanas

seguintes. Quando voltam, identificam-se ou são percebidos pelos participantes ante a tônica que imprimirem à

conversação.

26.4.13 Espíritos mistificadores

São os que procuram encobrir as suas reais intenções, tomando, às vezes, nomes ilustres ou ares de

importância. Chegam aconselhando, tentando aparentar que são amigos ou mentores. Usam de muita sutileza

e podem até propor modificações no andamento dos trabalhos.

Mistificadores existem que se comunicam aparentando, por exemplo, ser um sofredor, um necessitado,

com a finalidade de desviar o ritmo das tarefas e de ocupar o tempo. O médium experiente e vigilante e o grupo

afinizado os identificarão. Mas não se pode dispensar toda a vigilância e discernimento. Numa reunião bem

orientada, se há comunicação de um mistificador, nem sempre significa que haja desequilíbrio, desorganização

ou invigilância. As comunicações desse tipo são permitidas pelos Mentores, para avaliar a capacidade do

grupo e porque sabem o rendimento da equipe, e que o mistificador terá possibilidades de ser ali beneficiado.

O médium que recebe a entidade detém condições de sentir as suas vibrações. Mesmo que o grupo não

102

perceba, o médium sabe e, posteriormente, após os trabalhos, no instante da avaliação, tem ensejo de declarar

o que sentiu e quais eram as reais intenções do comunicante. Ressalte-se, contudo, que, quando o grupo é

bem homogêneo, todos ou alguns participantes perceberão o fato.

26.4.14 Espíritos obsessores inimigos do espiritismo

São, geralmente, irmãos de outros credos religiosos. Alguns agem imbuídos de boa fé, acreditando que

estão certos. Muitos, todavia, o fazem absolutamente cônscios de que estão errados, pelo simples prazer de

provocar discórdia. Dizem-se defensores do Cristo, da pureza dos seus ensinamentos. Não admitem que os

espíritas sigam Jesus. O doutrinador deve evitar as explanações sobre religião. De nada adiantará tentar

convencê-los de que o Espiritismo é a Terceira Revelação, o Consolador Prometido. É este o caminho menos

indicado. Deve-se evitar comparações entre religiões. A conversação deve girar em torno dos ensinamentos de

Jesus. Comparar-se o que o Mestre ensinou e as atitudes dos que se dizem seus legítimos seguidores. São

muito difíceis de ser convencidos. São cultos e cristalizados em seus pontos de vista.

26.4.15 Espíritos galhofeiros, zombeteiros

Apresentam-se tentando perturbar o ambiente, seja fazendo comentários jocosos, seja dizendo palavras

e frases engraçadas, com a intenção de baixar o padrão vibratório dos presentes. Alguns chegam rindo; um

riso que prolongam a fim de tomar tempo; exasperar e irritar os presentes, ou também levá-los a rir. É preciso

muita paciência com eles e o grupo deve manter elevado o teor dos pensamentos e vibrações. Deve-se

procurar o diálogo no sentido de torná-los conscientes da inutilidade dessa atitude e de que em verdade, o riso

encobre, não raro, o medo, a solidão e o desassossego.

26.4.16 Espíritos ligados a trabalhos de magia, terreiro, etc

Vez por outra surgem na sessão entidades ligadas aos trabalhos de magia, despachos, etc. Podem estar

vinculados a algum nome, a algum caso que esteja sendo tratado pela equipe. Uns reclamam da interferência

havida; outros propõem trabalhos mais “pesados” para resolver os assuntos; vários reclamam de estar ali e

dizem não saber como foram parar naquele ambiente, pedindo inclusive muitos objetos empregados em

reuniões que tais. O doutrinador irá observar a característica apresentada, fazendo a abordagem

correspondente.

26.4.17 Espíritos sofredores

São os que apresentam ainda os sofrimentos da desencarnação ou do mal que os vitimou. Se morreram

em desastre, sentem, por exemplo, as aflições daqueles instantes. Sofrem muito e há necessidade de alivia-los

através da prece e do passe. A maioria adormece e é levada pelos trabalhadores espirituais.

É de bom alvitre que façamos observações, registros e apontamentos, a fim de aprendermos melhor com

cada atendimento. É quando refletiremos sobre as dificuldades, as falhas que cometemos e também fixaremos

a experiência boa de que fomos instrumentos pela via da intuição. Uma providência indispensável na

doutrinação é procurarmos sentir em que posição evolutiva se encontra o sofredor, ou seja, enquadrá-lo na

classificação de “O Livro dos Espíritos”. É necessário ver além do sofrimento, para sentir pela reação do

Espírito onde ele se encontra do ponto de vista evolutivo, a fim de podermos atendê-lo convenientemente.

Acrescentamos as seguintes observações colhidas aqui e ali, nas experimentações práticas a respeito das

presenças amigas em nossas reuniões:

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• Mentores do Trabalho Mediúnico e Benfeitores Espirituais. Quando se comunicam por psicofonia,

normalmente o fazem no princípio ou no final para nos trazer instruções. Não costumam, se comunicar

(psicofonia) enquanto sofredores estão incorporados, por ser necessário que todos nós os escutemos. Pode

acontecer, o que é raro, participarem da Doutrinação.

• Espíritos em Recuperação. Vêm por anuência dos Mentores para, através da constatação dos

benefícios auferidos com a reunião, nos estimularem.

• Familiares. Não é comum a comunicação, a menos que estejam em tratamento; quando estão, são

atendidos como os demais. Quando já recuperados ou em recuperação podem assumir o papel de

cooperadores e como tal trazerem mensagens de estímulos.

Um outro autor que se reporta aos tipos de Espíritos que se comunicam é Hermínio de Miranda. O seu é

um trabalho de fôlego. Ele se detém no aprofundamento do perfil psicológico das Entidades que se vinculam às

organizações infelizes do Mundo Espiritual voltadas para o esforço de disseminar o terror e a ignorância como

meios de perpetuarem as estruturas de dominação à frente das quais se colocaram. São os Espíritos que na

Terra se fascinaram pelo poder e o exerceram inescrupulosamente, os quais, de retorno ao Mundo Espiritual

reassumem velhos compromissos com a maldade e o crime, a opressão de consciências.

São os Dirigentes das Organizações voltadas para o Mal, os Planejadores, Juristas, Religiosos (sem

religião), Intelectuais, Obsessores, Vingadores e Magos, todos eles desfilando as suas terríveis contradições a

espera de que o amor regenere as suas almas arrebentando a couraça de fluídos pesados que bloqueiam a

penetração da luz até o âmago de suas consciências, onde dormita a realidade do Espírito imortal e eterno.

Adverte-nos Hermínio que a apreensão aos grupos, muitas vezes é o único meio de que dispõem os Mentores

para trazê-los à doutrinação, já que nem sempre é possível outras motivações nessas almas, senão o rancor e

o ódio. Primeiro vêm suas vítimas, amedrontadas e abatidas, libertadas dessas regiões de sombras pelos

Espíritos superiores.

Logo depois, vêm eles, na tentativa de resgatar da influência superior aquele que dominaram por muito

tempo e se não conseguem, tentarem destruir as lâmpadas e os postes que são os trabalhadores da

mediunidade e as reuniões mediúnicas sérias. Nem todos os grupos estão preparados para lidar com estes

Espíritos, bem o sabemos, enrijecendo fibras no trabalho e na doação. E os Espíritos Superiores sabem o que

cada grupo pode fazer e vão naturalmente fazendo novas expressões de trabalho e de participação à

proporção que os seus membros se fortalecem e se conscientizam de que “a reunião é um ser coletivo” e seus

membros formam um feixe que deve ser o quanto possível resistente e vibrátil.

DEUS Era noite. O Cristo, ladeado pelos discípulos, oferecia a todos as claridades sublimes de sua Doutrina. Aproveitando ligeira pausa, João, um tanto preocupado com questões teológicas pergunta: -- Senhor, que é Deus? O Mestre, calmo e sereno, volve o olhar às estrelas lucilantes, reflete intensamente as harmonias do Céu e, deixando-se banhar em divinas lágrimas, dirige o mesmo olhar ao apóstolo, sem dizer palavra. Naquele exato momento João e os demais companheiros do Messias sentiram a indizível presença de Deus na expressão amorosa e doce do Excelso Amigo.

Emmanuel

Bibliografia O Livro dos Espíritos - Parte 2ª - Cap. 1 - Questões 100 a 113 O Céu e o Inferno - Parte 2ª - Cap. II à VIII Obsessão e Desobsessão - Parte 3ª - Cap. 12 Diálogo com as Sombras - M. C. Miranda - Item 2 - FEB

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27 A NATUREZA DOS ESPÍRITOS

“Se a identidade absoluta dos Espíritos é, em muitos casos, uma questão acessória e sem importância, o

mesmo já não se dá com a distinção a ser feita entre bons e maus Espíritos. Pode ser-nos indiferente a

individualidade deles; suas qualidades, nunca”. (LM Item 262)

É preciso distinguir como os Espíritos são, para podermos tratar com eles. Conforme o caso, advertir,

esclarecer, confortar; ou, então, pedir ajuda e receber instruções.

27.1 Como avaliar a natureza de um espírito? (lm)

Apreciam-se os Espíritos pela linguagem de que usam e pelas suas ações. Estas se traduzem pelos sentimentos que eles inspiram e pelos conselhos que dão. Admitindo que os bons Espíritos só podem dizer e fazer o bem, de um bom Espírito não pode provir o que tenda para o mal. Pelos frutos os conhecereis, ensinava Jesus. Não há outro critério senão o bom senso, para se aquilatar do valor dos Espíritos. Absurda será qualquer fórmula que eles próprios dêem para esse efeito e não poderá provir de Espíritos Superiores. O bom senso não poderá se enganar, se analisarmos o caráter dos Espíritos com cuidado e, principalmente, sob o ponto de vista moral. Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é preciso, primeiro, que cada um saiba julgar-se a si mesmo. (Com retidão de juízo e não por suas idéias, sistemas e preferências).

27.1.1 Nas comunicações instrutivas

Quando o Espírito comunicante quer nos instruir e orientar, é necessário, mais do que nunca:

1) analisar sua mensagem, comportamento e linguagem, para avaliar a sua natureza (saber se é um bom

ou mau espírito);

2) dialogar com ele, pedindo explicações para esclarecermos pontos para nós obscuros;

3) e devemos rejeitar tudo que não nos parecer aproveitável, benéfico, lógico e de bom senso. “Melhor é

repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea”. (Erasto, Cap. 20, item 230, “O

Livro dos Médiuns”).

Não poderemos permitir que o Espírito use um nome querido e venerado (tais como Jesus, Kardec,

Bezerra de Menezes) se não se mostrar à altura da identidade assumida.

Se usar de nomes famosos ou históricos, também é preciso avaliar se o que diz e faz está de acordo com

o nome sob o qual se apresenta.

Mas não basta que um Espírito tenha sido, na Terra, um grande homem para que, no mundo espiritual,

se ache de posse da soberana ciência; pode estar, ainda, sob o império dos preconceitos da vida corpórea.

Não constituem sinal de superioridade os conhecimentos de que alguns Espíritos se enfeitam, se não

acompanhados de pureza de sentimentos morais.

27.2 Guias e protetores

São os que amparam e orientam médiuns ou Centros. Nem sempre são Espíritos Superiores (os da 2ª

classe, que “em si mesmos reúnem a sabedoria e a bondade” e “sua superioridade os torna mais aptos do que

outros a darem noções exatas sobre as coisas do mundo incorpóreo, dentro dos limites do que é permitido ao

homem saber”). Boa parte deles são apenas Espíritos Benévolos (os da 5ª classe, em que a bondade é

qualidade dominante, pois lhes apraz prestar serviços aos homens e protegê-los, mas limitados são os seus

conhecimentos).

105

Muitos pretensos guias e protetores, “espíritos de luz”, nem benévolos são e dominam pessoas e

comunidades que buscam na mediunidade apenas interesses imediatistas. Estes pertencem à categoria dos

Espíritos Imperfeitos, na classe de pseudo-sábios ou na dos neutros.

Pseudo-sábios - Dispõem de conhecimentos bastante amplos, porém crêem saber mais do que

realmente sabem. Na linguagem e conceitos, fazem mistura de algumas verdades com erros grosseiros,

através dos quais penetram a presunção, o orgulho, o ciúme e a obstinação, de que ainda não se puderam

despir.

Neutros -- Nem bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal, não

ultrapassaram a condição comum da Humanidade, tanto no moral quanto na inteligência.

27.3 A filtragem da manifestação

Ao avaliar a produção de um espírito através da mediunidade, é preciso lembrar que médium e meio

sempre exercem influência na manifestação do espírito. Assim, convém levar em conta:

1) as condições do ambiente da reunião e as qualidades do médium que serviu de intermediário;

2) qual o clima mental do médium na oportunidade da comunicação (nem sempre o médium consegue a

melhor sintonia com o espírito). (Item 186, Cap. XVI, 2ª Parte, de “O Livro dos Médiuns”).

Palavrório Jaime Damaceno devia estar conduzindo no seu veículo utilitário nada menos que dez pessoas, sendo a metade gente de sua própria família. Os outros eram passageiros normais. A viagem compreendia o percurso Anápolis/Brasília. Jaime, fervoroso seguidor da Doutrina Espírita, aproveitava o ensejo para fazer comentários combativos ao uso do tabaco. E, percebendo que talvez nenhum dos ocupantes da Kombi tivesse coragem de refutar, fez-se mais vibrante: - O homem que fuma não passa de escravo. O tabagismo só traz prejuízo. Imaginem que o fumante, além de ter o organismo danificado, assume despesas desnecessárias e ainda sofre o incômodo de conduzir sempre nos bolsos pacotes sem qualquer importância para o espírito. E arrematou com ênfase: - Os famosos maços de cigarro e caixas de fósforos de que muita gente não se afasta, são uma prova incontestável de cegueira espiritual. São coisas que não deveriam existir. A noite já dominava os espaços, quando o carro apresenta defeito na máquina, sendo imediatamente estacionado no acostamento. O motorista desce, abre o capô e tenta resolver o problema. Depois de algum tempo, descobre o defeito, porém, na escuridão tudo se torna difícil. Contudo, Jaime, retornando apressadamente à cabine, diz aos passageiros: - Encontrei a causa do enguiço, mas no escuro nada posso fazer. Alguém entre os senhores conduz fósforo? Foi quando um homem, acomodado no banco traseiro, respondeu de pronto: - Sim! eu tenho fósforo. Aliás, o senhor sabe que todo “escravo” do cigarro carrega essa coisa “inútil”. . . Jaime Damaceno, fingindo não entender a sátira, pegou o fósforo, fez luz no lugar próprio e resolveu o problema. Nem tudo que é prejudicial é prejudicial em tudo. O bem pode surgir até mesmo das coisas mais condenáveis. (Hilário Silva)

27.3.1 Diferença nas atitudes dos bons e dos maus espíritos

Livro consultado:

“O Livro dos Médiuns” Cap. XXIV, 2ª parte - Allan Kardec

106

DIFERENÇA NAS ATITUDES DOS BONS E DOS MAUS ESPÍRITOS

OS BONS OS MAUS Só dizem o que sabem; calam-se ou confessam sua ignorância sobre o que não sabem.

Falam de tudo com desassombro, sem se preocuparem com a verdade.

Se conveniente fazem com que coisas futuras sejam pressentidas mas nunca determinam datas.

Os levianos, com facilidade, predizem o futuro; precisam fatos materiais que não temos como verificar, apontam época determinada para um acontecimento.

Nunca ordenam, não se impõem, aconselham; se não escutados retiram-se

São imperiosos, dão ordens, querem ser obedecidos, não se afastam por nada. Exclusivistas e absolutos, pretendem ter o privilégio da verdade. Exigem crença cega e jamais apelam para a razão, pois seriam desmascarados.

Não lisonjeiam, aprovam o bem feito mas sempre com reservas.

Prodigalizam exagerados elogios, estimulam o orgulho e a vaidade, embora pregando a humildade e procuram exaltar a importância pessoal daqueles a que desejam dominar.

Desprezam em tudo as puerilidades da forma.

Ligam importância às prodigalidades mesquinhas incompatíveis com idéias verdadeiramente elevadas. Fazem prescrições meticulosas

São escrupulosos no aconselhar atitudes; quando o fazem objetivam sempre um fim sério e eminentemente útil. Só prescrevem o bem e o que é perfeitamente racional e dentro das leis da natureza.

Dão conselhos pérfidos, aconselham atitudes más, tolas, improdutivas, irracionais, fora do bom senso e das leis da natureza.

Guardam reserva sobre assuntos que possam trazer comprometimento. Repugna-lhes desvendar o mal. Procuram atenuar o erro e pregam a indulgência.

Gostam de por o mal em evidência, exagerando-o e, com insinuações pérfidas, semeiam a intriga e a discórdia.

Atuam com calma e doçura sobre o médium. Tanto os maus como os simplesmente imperfeitos, ao agirem sobre o médium, provocam, às vezes, movimentos bruscos e intermitentes, agitação febril e convulsiva. Para se impor à credulidade e desviar os homens da verdade adotam nomes singulares e ridículos e nomes extremamente venerados. Usam alternativamente de sofismas*, sarcasmos e injúrias e até de demonstrações materiais do poder oculto de que dispõem. Excitam a desconfiança e contra os que lhes são antipáticos e especialmente contra os que lhes podem desmascarar as imposturas.

* Sofisma: raciocínio capcioso, feito com a intenção de enganar; dolo, engano, logro, cavilação. (dic. Michaelis)

27.4 Fases da doutrinação

27.4.1 Abertura

Às vezes, o Espírito começa logo a falar, ou a esbravejar, mas, usualmente, ele precisa de alguns

segundos para apossar-se dos controles psíquicos do médium, e não consegue falar senão depois de se ter

acomodado bem à organização do seu instrumento. O doutrinador deve aproveitar esses momentos para uma

palavra de boas-vindas, saudando-o com atenção, carinho e respeito. Em alguns casos o Espírito somente

consegue expressar-se a muito custo, em virtude de seu estado de perturbação, de indignação, ou por estar

com deformações perispirituais que o inibem. De outras vezes, usando de ardis, ou preparando ciladas,

mantém-se em silêncio, para que o doutrinador se esgote, na tentativa de descobrir suas motivações, a fim de

tentar ajudá-lo, com o que ele se diverte bastante.

Em certas ocasiões, vem ele revestido de um manto de mansidão e tranqüila segurança. Diz palavras

doces, assegura-nos suas boas intenções, dá-nos conselhos. Há os que fingem dores que não sentem, ou

mutilações que não possuem, como cegueira ou falta da língua. Visam, com esses artifícios, a distrair nossa

107

atenção do ponto focal de sua problemática, ou simplesmente entregam-se ao prazer irresponsável de

enganar, mistificar, defraudar, ou então, como alguns dizem, às vezes, de esgotar o médium incumbido de dar-

lhes passes. Riem-se muito dos nossos enganos.

Qualquer que seja a abertura da comunicação, o doutrinador deve esperar, com paciência, depois de

receber o companheiro com uma saudação sinceramente cortês e respeitosa. Seja quem for que compareça

diante de nós, é um Espírito desajustado, que precisa de socorro. Alguns bem mais desarmonizados do que

outros, mas todos necessitados - e desejosos - de uma palavra de compreensão e carinho, por mais que

reajam à nossa aproximação. Os primeiros momentos de um contato mediúnico são muito críticos. Ainda não

sabemos a que vem o Espírito, que angústias traz no coração, que intenções, que esperanças e recursos, que

possibilidades e conhecimentos. Estará ligado a alguém que estamos tentando ajudar? Tem problemas

pessoais com algum membro do grupo? Luta por uma causa? Ignora seu estado, ou tem consciência do que se

passa com ele? É culto, inteligente, ou se apresenta ainda inexperiente e incapaz de um diálogo mais

sofisticado?

Uma coisa é certa: não devemos subestimá-lo. Pode, de início, revelar clamorosa ignorância, e entrar,

depois, na posse de todo o acervo cultural de que dispõe. Dificilmente o Espírito é bastante primário para ser

classificado, sumariamente, como ignorante. Nossa experiência acumulada é muito mais ampla do que

suspeitamos.

Assim, a primeira regra do diálogo, com os nossos irmãos em crise, é esta: paciência e tolerância. Toda

conversa, com eles, é um permanente exercício dessas duas virtudes. As primeiras palavras são de

importância vital; são, às vezes, decisivas, e podem constituir a diferença entre uma oportunidade de

pacificação ou a alienação do companheiro por mais um tempo, indeterminado, em que ele continuará a buscar

alhures o que não encontrou em nós: compreensão para os seus problemas e suas angústias. Muita coisa vai

depender, no desenrolar do trabalho, da maneira pela qual recebemos os nossos irmãos em crise. Nunca é

demais lembrar e insistir: eles precisam de nós, justamente porque não conseguem sair sozinhos das suas

dificuldades, das suas perplexidades, dos seus sofismas, da sua auto-hipnose. Mas nós, por igual, precisamos

deles, porque nos trazem lições, porque nos ajudam na prática da lei suprema da solidariedade que a seu

turno, nos libertará também.

Além disso, não podemos despachá-los, mal enunciaram as primeiras palavras, quando nem sequer

sabemos ainda de suas motivações e de suas dores. Não esperemos, jamais, uma expressão inicial sensata e

equilibrada, amorosa e tranqüila, da parte daqueles que se acham desarmonizados. Se assim fosse, não

precisariam de nós: já teriam encontrado seus próprios caminhos. Esperemos, isto sim, uma eloqüente

manifestação de revolta, rancor, desespero, aflição, desencanto, ou perplexidade, segundo a natureza dos

problemas que os abrasam.

Contemos com mistificações e ardis, com falsidades e subterfúgios, com ódio e agressividade, com

ignorância e má-fé; em suma, com a dor do Espírito aturdido pelo impasse que criou dentro de si mesmo. É

claro que o primeiro impulso de hostilidade, de um Espírito assim, tem de ser contra nós, que o fustigamos,

tentando obrigá-lo a mover-se.

Ele está parado no tempo e no espaço, preso à sua problemática, empenhado numa tarefa que julga do

maior relevo e importância; e aparece um grupo, como o nosso, para tentar arrancá-lo daquilo que constitui o

seu mundo, a sua razão de ser. Não é ele quem nos incomoda e fustiga; somos nós que o agravamos, com a

inadmissível tentativa de fazê-lo desistir dos seus propósitos.

108

27.4.2 O diálogo

É preciso deixá-los falar, pois do contrário, não podemos ajudá-los.

É necessário conhecer a sua história, suas motivações e suas razões.

E ainda que relutem, demorem e usem de mil e um artifícios, eles acabam revelando a razão de sua

presença no grupo. O longo trato com eles nos ensina que têm um hábito peculiar de “pensar alto”. Isto se

deve a um mecanismo psicológico irresistível, do qual muitas vezes eles nem tomam conhecimento, e no qual,

mesmo os mais hábeis e ardilosos deixam-se envolver. É que o médium lhes capta o pensamento, e não a

palavra falada. Se o médium se limitasse a transmitir-lhes a palavra, mesmo assim, eles acabariam por revelar

as suas verdadeiras posições, embora pudessem sonegar a verdade por maior espaço de tempo; mas é do

próprio dispositivo mediúnico converter, em palavras e gestos, aquilo que o Espírito elabora na sua mente. Eles

não conseguirão, por muito tempo, ocultar as verdadeiras causas da sua dor e a razão da sua presença, pois é

isso, precisamente, que os traz a nós. Essas causas estão de tal forma gravadas nos seus Espíritos, que

constituem o centro, o núcleo, em torno do qual gira toda a personalidade e agrupam-se os problemas mais

críticos e mais urgentes. Se conseguirmos desfazer aquele núcleo, que funciona como verdadeiro centro de

aglutinação, a personalidade reagrupa-se em novos equilíbrios redentores.

Insistimos, pois, em afirmar que o médium traduz, em palavras, o que ele sente no Espírito manifestante:

suas emoções, seu temperamento, seus problemas, suas desarmonias, ao mesmo tempo em que lhe reproduz

os gestos, e a voz alteia-se ou sussurra, reflete ódio ou desprezo, ironia ou amargor, perplexidade ou aflição.

Se assim não fosse, teríamos que falar com cada Espírito na sua própria língua, ou seja, na língua que ele

falou por último, na sua mais recente encarnação, e todo médium precisaria ser xenoglóssico.

À medida que ele se desenrola, estejamos atentos, mantenhamo-nos compreensivos e discretos. É uma

tentativa de entendimento, não uma discussão, uma contenda, uma disputa. O que interessa, neste momento,

não é “ganhar a briga”, mas estudar com empatia (novamente a palavra mágica) o drama que aflige o

companheiro. Não importa que ele leve a melhor no debate, que nos agrida, ameace e procure nos intimidar.

Freqüentemente ocorre ser ele muito mais treinado, em pelejas dessas categoria, do que o doutrinador.

Foi tribuno, orador, escritor, pensador, teólogo; enfrentou grandes debatedores, argumentou em causas

importantes, adquiriu cultura e aprendeu a manejar a palavra, como poucos. Leva nítida vantagem sobre o

doutrinador que, por mais bem preparado que seja, está contido pelos dispositivos da encarnação e, na maioria

das vezes, ignorante de fatos importantes, que o Espírito conhece e manipula com inteligência e acuidade.

Seria, pois, ingênua e perigosa imprudência tentar superá-lo numa discussão. Não se esqueça, por outro lado,

de que não pode deixar o Espírito falando sozinho, a não ser em condições muito especiais, que a intuição do

doutrinador deverá indicar.

O Espírito precisa ser atendido com interesse, muito mais que com simples urbanidade. Não apenas se

encontra na condição de visita, por assim dizer, pois veio até a nossa casa, como ele ficará ainda mais irritado,

e difícil, se o recebemos com fria e polida cortesia, ou, pior ainda, quando nos deixamos envolver pela sua

agressividade e respondemos com idêntica hostilidade, que o aliena cada vez mais. Estejamos certos de

encontrar sempre, da parte deles, o desejo de nos arrastar à discussão azeda e violenta. É o clima que convém

aos seus propósitos. Calma, paciência, tolerância. Não altere a voz, não se deixe irritar, não reaja da maneira

que ele espera, pois assim não conseguirá ajudá-lo. Resista, mas resista mesmo, ao impulso de “responder-lhe

à altura”, mesmo que tenha o argumento que pareça decisivo.

De vez em quando, se ele insistir em falar em altos brados, faça-o compreender, em voz baixa e

tranqüila, que não é preciso gritar. Que a gente somente grita quando não tem razão. Ele acabará por

109

convencer-se da justeza dessa observação. Se o doutrinador cai na tolice de gritar-lhe de volta, o clima torna-

se insustentável e a situação difícil de ser contornada.

Procure dirigir a conversação para o terreno pessoal, certo de que o Espírito está negaceando,

precisamente para evitar cair nesse campo, que sabe ser o mais “perigoso”, por ser o único revelador do

núcleo interior de sua problemática. Mas, não o force. Espere o momento oportuno. Aguarde pacientemente.

Siga-o na conversa, sem aumentar sua irritação, sem atritar-se com ele. Não é importante superá-lo na troca

de idéias. Você não está ali para provar que é mais inteligente do que ele, nem mais culto, ou eticamente

melhor do que ele; você está ali para ajudá-lo, compreendê-lo e servi-lo. Não há razão alguma para pensar que

você é um Espírito redimido, e ele um réprobo enredado nos seus crimes.

É certo, ainda, que, durante esse diálogo difícil - em que, tantas vezes, o doutrinador tem de aceitar o

papel de um pobre, infeliz, débil mental, covarde, hipócrita, medroso -, haverá mistificações, propostas,

bravatas, ameaças, ironias, tentativas de intimidação.

Mantenhamos o equilíbrio, atentos, porém, ao fato de que humildade não quer dizer submissão e

aceitação sem exame de tudo quanto nos diz o Espírito manifestante, pois ele se encontra diante de nós

exatamente para que tentemos convencê-lo de seus enganos, fantasias e deformações filosóficas, teológicas e

psicológicas. É a sensibilidade do doutrinador que vai indicar em que ponto e em que momento interferir.

Enquanto esse momento não chega - e geralmente ele não ocorre, mesmo na fase inicial do diálogo -

esperemos com paciência, atentos às informações que o Espírito nos fornece, dado que é com elas que vamos

montando o quadro que nos mostrará o perfil psicológico do comunicante. Atenção com os pormenores que

pareçam irrelevantes: uma referência passageira, o tom de voz, uma lembrança fugaz, uma observação

aparentemente sem importância. Tudo serve para compor o quadro. Lembremo-nos de que o perfil que

procuramos é importante, é essencial ao entendimento da personalidade daquele irmão. Embora dificilmente

admita, ele precisa da nossa ajuda. Se o mencionarmos, porém, ele replicará com toda a veemência, que de

forma alguma precisa de nós. Está muito bem como está. Não poucos serão os que, ao contrário, nos farão

propostas e nos dirão as mais estranhas bravatas.

27.4.3 As ameaças

É comum ouvirmos:

“Vamos tomar providências enérgicas”;

“Vamos botar fogo nesta casa”;

“Vou falar com o chefe”;

“Vou fazer uma petição para a destruição de todos aqui”;

“Como você quer morrer?”;

“Tenho ordens do chefe para acabar com você”;

“Eu lhe conheço não é de agora e sei como lhe atingir”;

“Vigiai e orai disse Jesus... para não cairdes em tentação, pois o Espírito está pronto mas a carne é

fraca”. (Marcos 14:38)

Os seres desencarnados inferiores que nos vigiam, nos espionam e nos assediam, sabem disso, tão bem

ou melhor do que nós, e, enquanto puderem, hão de reter-nos na retaguarda, pelo menos, como disse um

amigo espiritual muito querido, para engrossar as fileiras dos que estão parados.

Mesmo com toda a vigilância, e em prece, continuamos vulneráveis. E “eles” sabem disso: quando o

esquecemos, eles nos lembram: Você pensa que é invulnerável? Quem poderá responder que é? E as nossas

mazelas, os erros ainda não resgatados, as culpas ainda não cobradas, as infâmias ainda não desfeitas?

110

Contudo, temos que prosseguir o trabalho de resgate, a despeito dos espinhos das rosas, das ameaças

e, logicamente, de um ou outro desengano maior. É preciso estarmos, no entanto, bem certos de que, em

nenhuma hipótese, sofreremos senão naquilo em que ofendemos a Lei, e jamais em decorrência do trabalho

de desobsessão, em si mesmo. Seria profundamente injusta a Lei, se assim não fosse. Então, vamos ser

punidos porque estamos procurando, exatamente, praticar a Lei universal do amor fraterno e da solidariedade

que nos recomenda o Cristo? Não aceitaremos a intimidação, mas não a devolveremos com uma palavra ou

um gesto de desafio ou de provocação.

É necessário não intimidar-se diante da bravata, mas sem cometer o engano de ridicularizá-la. Há uma

diferença considerável em ser intimorato e ser temerário. Nossa bagagem de erros ainda a resgatar não nos

permite usar o manto da invulnerabilidade, mas não deve deter os nossos passos na ajuda ao irmão que sofre.

Mesmo que ele nos fira, com a peçonha de seu rancor inconsciente, quando lhe estendermos a mão, para

ajudá-lo a levantar-se, ele nos será muito grato se o conseguirmos e, no fundo, bem no fundo de si mesmo,

ele, mais do que ninguém, deseja e espera que nós consigamos salvá-lo, pois que, por si mesmo, com seus

próprios recursos, ele não o conseguiu ainda. E, afinal de contas, se os espinhos nos ferirem, aqui e ali,

também estaremos nos libertando das nossas próprias culpas.

A regra, portanto, é esta: não ridicularizar a bravata, nem desafiar a ameaça, não responder à ironia com

a mofa; não se intimidar, mas não ser imprudente.

27.4.4 Propostas e acomodações

A proposta pode ser um simples negócio. Estão acostumados a tais ajustes e transações. Acham que

tudo tem seu preço e dispõem-se sempre a pagar o preço combinado por aquilo que lhes interessa. Se podem

comprar nossa desistência, por exemplo, não hesitarão em propor uma barganha: - Está bem. O que você

deseja para parar com isso?

“Parar com isso” é deixá-los fazer o que entendem, encerrar as atividades do grupo ou dedicar-se a

outros afazeres mais inócuos e menos prejudiciais aos seus interesses. Concordarão, por exemplo, em deixar

de atormentar alguém, a que particularmente estejamos dedicados, ou em liberar outros, que mantêm

prisioneiros no mundo espiritual. Ou então nos oferecem coisas mais terra-a-terra, como dinheiro, posição,

prazeres.

De outras vezes a proposição é mais sutil. Começam com elogios, exaltando nossas "fabulosas virtudes”:

Você não sabe a força que tem! Poderia arrastar multidões, dominar mentes...

A um desses respondeu um médium que não sabia, ainda, como dominar a própria mente. E ele,

imperturbável: Sabe, sim. Você sabe... Por que não fazemos um acordo?

Duas observações básicas é preciso ainda fazer, sobre tais propostas e acomodações: a primeira, é mais

do que óbvia, ou seja, as concessões que nos oferecem têm elevado preço, por mais inocentes que se

apresentem, à primeira vista. Além do mais, nada impede que desfaçam o trato, a qualquer tempo, quando não

mais interessar-lhes o nosso concurso ou caducar a razão pela qual se valeram da nossa ingenuidade infantil.

A cobrança virá, então, sobre aquele que concordou com o trato e que, de suposto aliado, passa à vítima

inerme de sua própria tolice. A segunda observação é a de que, quando os nossos irmãos atormentados

propõem semelhantes transações, com a finalidade de nos levarem a abandonar o trabalho, deixar de ajudar

alguém, ou fazer, enfim, qualquer concessão, é porque estão começando a sentir-se algo perplexos, ante a

resistência inesperada à sua vontade. Eles não estão habituados a fazer acordos para obter o que podem

conseguir pela imposição e pela intimidação, ou pelo terror.

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Tenhamos, porém, o bom senso de não procurar tirar partido da situação, imatura e precipitadamente. A

prudência continua a ser a melhor conselheira. Além disso, não podemos permitir-nos utilizar, jamais, métodos

semelhantes aos seus. Eles compreenderão nossos escrúpulos e nosso jogo aberto e acabarão respeitando-

nos por isso, estejam ou não convencidos ante a nossa argumentação. Se a uma proposta, por mais infantil

que seja, da parte deles, tentarmos “virar a mesa”, estaremos sintonizando-nos com o mesmo diapasão ético

com que eles nos experimentam e, com isso, irá por terra a precária ascendência moral que porventura

tenhamos alcançado sobre eles. Não podemos, jamais, esquecer-nos de que são pobres irmãos

desorientados, desesperados, dispostos a tudo, mas que necessitam de nós. Buscam aflitivamente alguém que

não possam corromper com suas propostas, alguém que prove ser pelo menos um pouco melhor do que a

média humana, com a qual estão acostumados a lidar.

Não alimentemos a ilusão de demonstrar-lhes que, diante de nós, são simples vermes infestados de

culpas, voltados à maldade intrínseca, e nós, seres redimidos, que condescendemos em estender-lhes a mão

salvadora que, depois, iremos desinfetar. Absolutamente. É bem possível que sejam mais atilados psicólogos

do que nós, mais experimentados do que nós, nessas duvidosas transações. Encaram suas tarefas deploráveis

como complexas partidas de xadrez, nas quais têm, às vezes, que sacrificar uma dama, ou um bispo valioso,

para dar o xeque ao rei. São metódicos, dispõem de amplos e minuciosos planejamentos. Não os

subestimemos jamais, que as conseqüências serão funestas para nós.

Escarnecer de suas propostas, porque sentimos que estão fracos e algo perplexos, pode ser desastroso,

e, além do mais, é desumano. São irmãos doentes, que precisam de ajuda e compreensão, e não de que os

confirmemos nas suas práticas, retrucando aos seus processos ardilosos com ardis de idêntico teor.

Em situações como esta, costuma-se ter uma resposta padronizada. Não recusa-se a proposta, e nem se

aceito. Confesse-se simplesmente incapaz de decidir, o que é estritamente verdadeiro. Usualmente, deve-se

dizer qualquer coisa assim: Não tenho autoridade para tratar com você. Procure um dos nossos companheiros

espirituais, aí no mundo de vocês. O que ele resolver, está bem para mim.

A posição do doutrinador tem que continuar firme, paciente, tranqüila, e até mesmo respeitosa, a não ser

para aqueles que também estejam em desequilíbrio. É preciso respeitá-la. A criatura que está diante de nós,

incorporada ao médium, encontra-se desatinada, necessitada de compreensão e de amparo. Merece nosso

respeito. Seria profundamente desumano negacear com ela, tentando ludibriá-la com os mesmos recursos com

que, no seu desespero, tentou enganar-nos. Que ela tente, isso é compreensível; mas que nós, também,

experimentemos a mesma arma, é inadmissível.

27.4.5 Desvio de atenção

Alguns Espíritos são bem mais artificiosos. Usam da ironia, fogem às perguntas, respondendo-nos com

outras perguntas ou com sutis evasivas, que nada dizem. É comum tentarem envolver o grupo todo na

conversa. Várias artimanhas são empregadas para esse fim. Dirigem perguntas aos demais circunstantes;

dizem gracejos para provocarem o riso; tentam captar a atenção por meio de gestos e toques, nos braços ou

nas mãos dos que lhes ficam mais próximos; ensaiam a indução hipnótica ou o passe magnético. Muita

atenção com estes artifícios. Eles trazem em si uma sutileza perigosa e envolvente, pois constituem uma

técnica de penetrar o psiquismo alheio.

112

27.5 Duplicidade de doutrinadores

Há casos em que o Espírito faz comentário ou gesto engraçado o que provoca riso da parte de algum

componente da equipe encarnada. Com esta correspondência, o Espírito sente-se à vontade para prosseguir,

muitas vezes até agradecendo o apoio dos componentes do grupo (embora o grupo como um todo não o esteja

apoiando, mas certamente favorecendo-o involuntariamente). Assim fortalecido declara que não sairá ou

entabula diálogo com o outro membro (ou doutrinador), a fim de desmoralizar aquele que o está atendendo.

Há, pois, excelentes razões para manter como regra, de raríssimas exceções, o princípio de deixar que

apenas o doutrinador fale com o manifestante. É através daquele que atuam os Espíritos orientadores, que

ficariam com seu esforço dispersado se tivessem que dar atenção e atuar, via intuição, sobre todos os

componentes do grupo incumbidos ou autorizados a falar com o Espírito.

Às vezes, os circunstantes encarnados, não bem afinados afetivamente com o doutrinador, podem

introduzir perigosos fatores de desagregação no grupo, se persistirem em acompanhar mentalmente a

doutrinação, com um senso crítico imprudente, imaginando o que diriam em tais circunstâncias. Os Espíritos

manifestantes têm, freqüentemente, condições de captar-lhes o pensamento e, se o fizerem, certamente tirarão

partido da discrepância, mesmo que ela fique imanifesta. Por isso, tanto se insiste na importância da

fraternidade, entendimento e compreensão entre todos os componentes do grupo encarnado. Não que o

doutrinador seja infalível, perfeito, nem que esteja sempre certo e com a razão; mas ele precisará do apoio e

da compreensão de seus companheiros, ainda que tenha falhado; e, com freqüência, ele falha mesmo, porque

o terreno em que pisamos, no trato com esses irmãos desarvorados, é difícil, imprevisível e traiçoeiro.

Vale salientar que caberá sempre ao Dirigente a tarefa de recomendar outro doutrinador para dar apoio

ou mesmo substituir evangelicamente aquele que está dialogando.

27.6 Fixações mentais

Quais são as fixações do Espírito? Todo processo obsessivo tem o seu núcleo: traição, vingança,

espoliação, desamor. É, quase sempre, um caso pessoal, de conotações essencialmente humanas, com

problemas suscitados no relacionamento. Dificilmente um Espírito obsidia outro apenas porque discorda dele

em questões filosóficas ou religiosas, embora isto também seja possível, em casos extremos de fanatismo

apaixonado.

Deixemo-lo falar, mas não tudo quanto queira, senão ficará andando em círculo, à volta de sua idéia

central. Neste caso, continuará a repetir incessantemente a mesma cantilena trágica: a vingança, o ódio, a

impossibilidade do perdão, o desejo de fazer a vítima arrastar-se no chão, como um louco varrido, e coisas

semelhantes. O doutrinador precisa ter bastante habilidade para mudar o rumo de seu pensamento. Terá que

fazê-lo, não obstante, com muita sutileza, arriscando, aqui e ali, uma pergunta mais pessoal, falando-lhe de

uma passagem evangélica, que se aplique particularmente ao seu caso – e sempre haverá uma ou mais, que

se adaptam perfeitamente às circunstâncias. Deixe-o falar, porém, se grita e esbraveja, procure apaziguá-lo.

Não se esquecer de que, por mais errado que esteja, no seu ódio irracional, ele está convencido dos seus

direitos e, até mesmo, da cobertura divina.

Muitos são os que invocam os dispositivos da Lei Maior, para exercerem suas vinganças e perseguições.

Além do mais - dizem, se podem fazer aquilo, é que Deus o permite. Ele não tem poderes para fazê-lo cessar

tudo? Por que não exerce tais poderes?

Atenção, pois, para essas idéias fixas. Por mais voltas que dê o Espírito, mesmo com a intenção

consciente de ocultar sua motivação, ele não conseguirá isso por muito tempo. No entanto, é preciso ajudá-lo a

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quebrar o terrível círculo vicioso em que se debate. Veja bem: ajudá-lo a quebrar, não quebrar, arrancá-lo à

força. Ele tem que sair com seu próprio esforço. Ajudar a fazer não é o mesmo que fazer, pelos outros, aquilo

que lhes compete realizar.

Por outro lado, a fixação é, às vezes, tão pronunciada e tão absorvente, que o Espírito não tem

condições, sequer, de ouvir o doutrinador, ou, pelo menos, não reage de maneira inteligível ao que este lhe diz.

Isto não significa que o doutrinador deve calar-se; continue a falar-lhe, que as palavras irão insensivelmente se

depositando nele, e mesmo que ele pareça não ouvir - e isso ocorre, mesmo, em certos casos - seu próprio

espírito sente as vibrações fraternas que sustentam as palavras. Se é que o doutrinador realmente sente o que

fala ou, melhor ainda, fala o que de fato sente.

Aguarde-se, pois, o momento de ajudá-lo a sair um pouco de si mesmo. Tem que haver, na sua memória,

outras lembranças, outros sentimentos e até mesmo outras angústias, além daquela que constitui o núcleo da

sua problemática.

27.7 Perguntas ao comunicante

Coloque, de vez em quando, uma pergunta diferente, procurando atraí-lo para outras áreas da sua

memória. Como, por exemplo: teve filhos? Que fazia para viver? Crê em Deus? Onde viveu? Quando

aconteceu o drama? Tem notícias de amigos e parentes daquela época? É claro, porém, que essas perguntas

não devem ser desfechadas numa espécie de bombardeio ou de interrogatório. Ninguém gosta de submeter-se

a devassas íntimas.

Com freqüência, os manifestantes reagem, perguntando se estão sendo forçados a processos

inquisitoriais. Ou, simplesmente, se recusam a responder. Ou dão respostas evasivas. Ou. . . respondem.

Nem sempre estarão prontos para nos ajudarem a ajudá-los, logo nos primeiros contatos. O processo

pode alongar-se por muito tempo, até que adquiram confiança em nós e nas nossas intenções.

O objetivo das perguntas não é, obviamente, o de satisfazer a uma curiosidade malsã e, por isso, devem

limitar-se a conduzir a conversação, fornecendo-lhe pontos de apoio, sobre os quais ela possa expandir-se, a

fim de afastar o pensamento do comunicante, ainda que temporariamente, do núcleo central que o bloqueia e o

impede até mesmo de buscar a saída daquele círculo de fogo e lágrimas em que se encerrou

inadvertidamente. Não nos esqueçamos, porém, de que espontaneamente ele não sairá, não porque não

queira, mas porque não sabe. Sua vingança é a própria razão de ser de sua vida; como vai entregá-la a

alguém - a um desconhecido bisbilhoteiro, como o doutrinador - a troco de uma realidade penosa, que é aquele

momento patético em que ele descobre que a causa da sua dor está em si mesmo, e não na pessoa que ele

persegue e odeia?

27.8 Cacoetes/mutilações/deformações

Hermínio Miranda expõe na sua magnífica obra “Diálogo com as Sombras” algumas situações: Em uma oportunidade, tivemos também um caso, intensamente dramático, de um pobre sofredor, guilhotinado na França, durante a Revolução.

Desde então -- segundo apuramos em seguida -- trazia a cabeça “destacada do corpo”, na mão direita, segura pelos cabelos. O diálogo inicial foi difícil, pois convicto de que estava sem cabeça, ele não tinha condições de falar. A custo, porém, o fui convencendo de que podia falar através do médium. Vivia apavorado ante a idéia de perder de vista a cabeça e nunca mais recuperá-la. Enquanto a tivesse ali, à mão, mesmo decepada, alimentava a esperança de “repô-la” no lugar. Isto foi possível fazer, com a graça de Deus. Oramos e lhe demos passes. Subitamente, ele sentiu que a cabeça voltara à sua posição correta. Louco de alegria, ele apalpava-se e só sabia repetir:

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- Ela está aqui! Ela está aqui!. . . E conferia, com a ponta dos dedos, toda a anatomia facial e craniana: os olhos, o nariz, a boca, as orelhas. Estava tudo lá. E dizia: - Posso falar! Estou falando! Queria saber quem fizera o “milagre” de “colar” a cabeça novamente no lugar próprio. Quanto ao que lhe acontecera, não acreditava que Deus o tivesse feito, para castigá-lo, pois Deus não permitiria que um homem andasse sem cabeça por tanto tempo. Levo-o cautelosamente para uma introspecção, tentando fazer que ele encontre em si mesmo a razão do seu espantoso sofrimento. Explico-lhe que vivemos muitas existências. Em alguma de suas vidas anteriores ele encontraria a explicação. “Provavelmente”, digo-lhe, “você andou também cortando a cabeça de alguém”. É verdade, isso. Ele se lembra, agora, que eram infiéis a Jeová e, depois de condenados, ele os executava. Reviu até a fila de espera. . . Outro sentia, ainda, a dor aguda de uma lança que o penetrara há séculos, quando terminou uma existência de inconcebíveis desatinos. Continuava preso ao local onde exercera um poder discricionário (arbitrário), a ouvir os comentários de visitantes e turistas sobre suas próprias atrocidades. Outro companheiro desorientado conservava feia cicatriz sobre o olho direito, porque ela lhe dava uma aparência terrível, que atemorizava aqueles a quem ele queria perseguir e afligir.

27.9 Comunicações “simultâneas” pelo mesmo médium

Vamos recorrer ao Espírito Erasmo, mais uma vez:

Já verificamos nos trabalhos de assistência, a tomada no campo do mesmo médium, de vários espíritos necessitados de ajuda, pelo grupo assistencial, em tempo relativamente curto. Como é possível? Realmente é o que ocorre. O grupo assistencial se serve da oportunidade da excitação mediúnica, para assistir a todos os necessitados que se encontrem em condições de serem atendidos. Exemplifiquemos. No grupo de trabalho mediúnico, existem os médiuns A, B e C, excitados, respectivamente, nas faixas vibratórias 1, 2 e 3. O grupo assistencial tomará a todos os espíritos que se encontrem na faixa vibratória de intensidade “1” e os precipitará por intermédio do campo do médium “A”; os que se encontram na faixa vibratória “2”, serão tomados por intermédio do médium “B”; os que estiverem na faixa “3”, serão assistidos por intermédio do médium “C” e assim sucessivamente. Tudo se verifica com extrema rapidez para a referência de tempo dos encarnados. Pode ocorrer que, enquanto o doutrinador se entregue ao seu trabalho de doutrinação, mais de um espírito passe pela faculdade mediúnica? Ocorre com mais freqüência do que pode se supor. O espírito só é retido na faculdade mediúnica para ouvir a fala do doutrinador, quando isso é útil e necessário à edificação do mesmo. Se podem passar pela faculdade mediúnica vários espíritos, enquanto o doutrinador se entrega ao seu trabalho, concluímos ser inútil a sua participação no ato. Que se pode dizer? Já dissemos e o repetimos, que nada resulta inútil na criação. Mesmo que seja uma única palavra que venha o espírito a ouvir, um simples pensamento ou mesmo a influência da presença do doutrinador, deixará seus traços de utilidade no campo de apreensão do espírito. Algumas vezes, basta ao espírito, apenas o impacto da presença do campo físico para trazê-lo à realidade. É conveniente acentuar que, também não existem vantagens em doutrinações quilométricas, discursos grandiloqüentes ou outros expedientes que prolonguem a estada do espírito na faculdade pois que, nenhum doutrinador conseguirá mudar as tendências de um espírito endurecido, na parcela de tempo de uma reunião ou mesmo, em alguns casos, na parcela de tempo de uma vida terrena. Assim resultam negativas, as longas dissertações a um espírito endurecido, o que se consegue algumas vezes é extenuar o médium utilizado.(Pequeno Manual dos Médiuns, cap.V)

27.10 Linguagem enérgica

Sem dúvida alguma, a tônica do nosso diálogo com os irmãos desnorteados é a paciência, apoiada na

compreensão e na tolerância. Nada de precipitações e ansiedades. Bastam as ansiedades do irmão que nos

visita e, se pretendemos minorá-las, temos que contrapor, às suas aflições, a nossa tranqüilidade. Se o

companheiro é agressivo e violento, o esforço deve ser redobrado, da nossa parte, em não nos deixarmos

envolver pela sua “faixa”. A voz precisa continuar calma, em tom afável, sem precisar ser melosa; mas é

imprescindível que seja sustentada pela mais absoluta sinceridade e por um legítimo sentimento de amor

fraterno, sem pieguice.

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Isto não exclui, por certo, a necessidade, às vezes, de uma palavra mais enérgica; mas, o momento de

dizê-la tem que ser buscado com extrema sensibilidade, tato e oportunidade. E, se for necessário dizê-la, é

preciso que a voz não se altere a ponto de soar violenta, autoritária ou rude. A energia não está no tom de voz,

mas naquilo que dizemos. Em casos excepcionais, sob condições especiais, mentores espirituais, presentes,

incorporam-se em outros médiuns, para doutrinar o Espírito manifestado. É comum, nestes casos, falarem com

inusitada energia e firmeza, e, no entanto, sem o menor traço de rancor, de impaciência, de agressividade. Um

desses companheiros amados, certa vez disse um “Basta!”, com incontestável autoridade, ao Espírito que

deblaterava com arrogância e impertinência.

O problema da palavra enérgica é, pois, extremamente delicado. Se pronunciada antes da hora, no

momento inoportuno, pode acarretar inconvenientes e perigos incontornáveis, pois que não podemos

esquecer-nos de que os Espíritos desarvorados empenham-se, com extraordinário vigor e habilidade, em

arrastar-nos para a altercação e o conflito, clima em que se sentem muito mais à vontade do que o doutrinador.

Se este “topar a briga”, estará arriscando-se a sérias e imprevisíveis dificuldades. Não pode, por outro lado,

revelar-se temeroso e intimidado. Esse meio-termo, entre destemor e intrepidez, é a marca que distingue um

doutrinador razoável de um incapaz, pois os bons mesmo são raríssimos. E aquele que se julga um bom

doutrinador está a caminho de sua própria perda, pois começa a ficar vaidoso.

Os próprios Espíritos desequilibrados encarregam-se de demonstrar que não há doutrinadores

impecáveis. Muitas vezes envolvem, enganam e mistificam. Se o doutrinador julga-se invulnerável e infalível,

está perdido: é melhor passar suas atribuições a outro que, embora não tão qualificado intelectualmente, tenha

melhor condição, se conseguir manter-se ao mesmo tempo firme e humilde. A interferência enérgica é, pois,

uma questão de oportunidade; precisa ser decidida à vista da psicologia do próprio Espírito manifestante, e da

maneira sugerida pela intuição do momento. Nunca deve ir à agressividade, à irritação, à cólera, e jamais ao

desafio.

Qualquer um de nós redobra suas energias, quando desafiado. É humano, é incontestavelmente

humano, esse impulso. Quando alguém põe em dúvida um, que seja, dos nossos mais modestos atributos,

tratamos logo de provar que, ao contrário, é naquilo que somos bons. Ademais, seria desastroso recuar,

intimidado, depois de uma observação mais enérgica. O Espírito perturbado tiraria disto o melhor partido

possível, para os seus fins. Uma das muitas armas que manipulam, com extrema habilidade, é a do ridículo. Se

cairmos na tolice de dizer-lhes algo que não podemos sustentar, ou em que transpareça uma pequena pitada

de cinismo, de hipocrisia ou de prepotência, estaremos em apuros muito sérios.

27.11 Tempo de doutrinação

Não há regras fixas. Apenas para efeito de conciliação de tempo e recursos da equipe. Ouçamos o

Espírito Odilon Fernandes (Mediunidade e Doutrina, cap. XV): Sendo cada Espírito um mundo por si, a

doutrinação deve ser conduzida naturalmente, não excedendo do prazo de dez minutos, para não cansar o

médium e tomar o lugar de outra entidade que precise externar-se. Esse tempo é reduzido de forma

significativa nas Reuniões de Desobsessão. O médium doutrinador não deve esperar que o Espírito modifique

o seu modo de pensar num diálogo rápido. A sua função básica é fornecer a ela um novo acervo de idéias para

as suas conclusões pessoais. Jamais se esqueça que o Espírito é apenas uma pessoa desencarnada.

27.12 Força física

Voltemos a consultar Erasmo quanto à questão.(Pequeno Manual dos Médiuns, cap. V))

116

Nos casos de comunicações violentas, onde o Espírito, tomando posse do corpo do médium, manifesta a intenção de agredir, correr, etc., será conveniente a contenção física do mesmo pelos demais componentes do grupo? A força física situada na terceira dimensão, tem muito pouco ou nenhuma influência sobre um ser que se encontra pulsando na quarta dimensão. A força que pode atuar sobre o mesmo, é a energia do pensamento. Assim, o desejo de servir emanado de um grupo harmônico e pacífico, além de neutralizar a impetuosidade nociva do Espírito pouco evoluído, oferece condições para a aproximação dos mensageiros assistenciais. A irritação e o uso da violência para conter a violência, apenas provoca uma soma de energias negativas e cria dificuldades para a assistência espiritual. Em tais casos, deve o grupo permanecer em oração, calmo e confiante na assistência que nunca falta aos grupamentos sérios. Por que provoca uma soma de energias negativas, como foi dito acima? No mundo da mente, os contrários se repelem e se anulam e os iguais se atraem e se somam. Obedecendo a essa lei, quando o grupo, para anular a violência faz uso da mesma, o Espírito ao invés de ver anulada a sua energia maléfica, vampiriza a energia idêntica emanada do grupamento e sente crescer a sua capacidade de violência, numa soma de energias negativas, obediente à lei referida.

27.13 Dificuldade de se expressar em nossa língua

Já observou-se várias experiências de dificuldades de expressão, por parte do comunicante, na nossa

língua. Eis algumas delas:

a) O Espírito encontra “material” (palavras, conceitos) na mente do médium compatível com a língua que

habitualmente usava: Médium conhece Inglês e o Espírito ter vivido na Inglaterra ou saber a língua.

b) Espírito e médium terem experimentado encarnação passada juntos. Há no “material” do médium

registros que lhe facultem passar a mensagem do comunicante em língua que atualmente não conheça.

c) O Espírito por mecanismo de “negação” mental não aceita falar em nossa língua, e demore muito

tempo nesta insistência. Comum em entidades ligadas a cultos africanos ou índios cuja experiência passada

junto ao “homem branco” os tenha colocado em situações de humilhação, dor, derrota, etc.

Em todos os casos, exercer pacientemente a Doutrinação, sem “obrigar” ao Espírito a se “enquadrar” à

nossa língua. Eis o que nos diz Kardec:

Como já dissemos, os Espíritos não têm necessidade de vestir os seus pensamentos com palavras. Eles os percebem e os transmitem naturalmente entre si. Os seres encarnados, pelo contrário, só podem comunicar-se pelo pensamento traduzido em palavras. Enquanto a letra, a palavra, o substantivo, o verbo, a frase, enfim, vos são necessários para a percepção, mesmo mental, nenhuma forma visível ou tangível é necessária para nós. (Erasto e Timóteo) OBSERVAÇÃO: Esta análise do papel dos médiuns e dos processos pelos quais se comunicam é tão clara quanto lógica. Dela decorre o princípio de que o Espírito não se serve das idéias do médium, mas dos materiais necessários para exprimir os seus próprios pensamentos, existentes no cérebro do médium, e de que, quanto mais rico for o cérebro, mais fácil se torna a comunicação. Quando o Espírito se exprime numa língua familiar ao médium, encontra as palavras já formadas e prontas para traduzir a sua idéia. Se o faz numa língua estrangeira, não dispõe das palavras, mas apenas das letras. É então que o Espírito se vê obrigado a ditar, por assim dizer, letra por letra, exatamente como se quiséssemos fazer escrever em alemão uma pessoa que nada soubesse dessa língua. Se o médium não souber ler nem escrever, não dispõe nem mesmo das letras em seu cérebro. É então necessários que o Espírito lhe conduza a mão, como se faria a uma criança. Nesse caso há uma dificuldade material ainda maior a ser vencida. (LM, cap. XIX. item 225)

27.14 Espíritos ligados à umbanda

Às vezes, também, embora o grupo não realize nenhum trabalho de Umbanda, surgem Espíritos

acostumados a essas práticas. Suas primeiras manifestações seguem, quase sempre, a técnica a que estão

acostumados. Aguardemos, pacientemente, para saber o que desejam. Nada de expulsá-los sumariamente. Se

os companheiros do mundo espiritual permitiram sua manifestação, num grupo estritamente espírita, orientado

pelos ensinamentos de Allan Kardec, haverá alguma razão para isso.

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27.15 Oferendas materiais/objetos/alimentos

Vejamos a que nos diz o médium J. Raul Teixeira, no livro Diretrizes de Segurança:

É justo que, nas reuniões mediúnicas ou fora delas, se façam oferendas materiais, objetos ou alimentos, no intuito de atender aos caprichos ou aplacar as necessidades que os Espíritos denunciem? A ação espírita junto aos irmãos desencarnados deverá acatar, sempre, os objetivos espíritas, que são os da espiritualização das criaturas. Nossas oferendas aos Espíritos serão, por isso mesmo, em nível vibracional. Nossas orações, que representam emissões de energias da alma em alta freqüência; nossas boas ações diárias, que a eles dedicamos como emissão de carinho e fraternidade, que são, também, fluídos impregnados de nobres qualidades. As Entidades que solicitam ou exigem coisas ou comidas e bebidas, reportando-se a seus gostos ou necessidades, são, indubitavelmente, companheiros desencarnados ainda em grande atraso moral, e os indivíduos que os atendem nessas transações mundanas, passam a se lhes associar, num circuito de interdependência de funestas conseqüências. A Espíritos ofertamos tão só as coisas do Espírito.

27.16 O fechamento da comunicação

Alguns processos de auxílio podem ser utilizados neste momento.

a) A Prece conjunta com o Comunicante;

b) O Passe calmante longitudinal;

c) O pedido aos Mentores da Reunião para provocar a retirada do comunicante para tratamentos

complementares (Ex. Hospitais, Escolas, Câmaras de repouso, etc.);

d) O agradecimento sincero pela presença do Comunicante esclarecendo-o de que poderá voltar em

outras oportunidades;

e) Chamando o médium pelo nome, evitando tocá-lo.

Nestes casos, estaremos diante de desincorporações.

Vejamos o Espírito Erasmo: (Pequeno Manual dos Médiuns, cap. V)

Como se dá o ato da desincorporação? Se dá por um procedimento inverso à incorporação. O ato da incorporação exige uma harmonia de freqüência vibratória entre o médium e o comunicante. Para que ocorra a desincorporação, basta que a desarmonia vibratória seja provocada, quando os dois participantes do fenômeno não terão condições de permanecer no mesmo campo. O que pode provocar a desarmonia vibratória, para que ocorra a desincorporação? Sempre o pensamento, acionado pelo desejo de retornar à normalidade. O simples fato de o médium desejar retomar o seu invólucro físico, colocando-se em atitude de calma confiante, é o bastante para afastar-se do campo vibratório do Espírito e livrar-se de sua influência. Qual o motivo das convulsões verificadas no ato da incorporação e da desincorporação? O exagero, quase sempre corre por conta de uma falta de domínio do médium sobre o seu próprio equipamento. Entretanto, as contrações normais, são decorrência do impacto resultante do encontro das linhas de força do médium e do Espírito. O médium pode eliminar as contrações e as reações que se verificam em tais ocasiões? Àquelas que se verificam como decorrência de seu próprio animismo, podem e devem ser disciplinadas. As que se originam no comportamento do Espírito comunicante, podem ser minimizadas pela educação mediúnica.

Bibliografia Diretrizes de Segurança - Divaldo Franco/Raul Teixeira - Cap. XI - Perg. 104 - Ed. FRATER Hermínio C. Miranda - Cap. IV - FEB Mediunidade e Doutrina - Odilon Fernandes e Carlos Bacceli - Cap. XV - O Grupo Mediúnico No Invisível - 1ª Parte - Cap. VIII - As Leis da Comunicação Espírita - Léon Denis - FEB O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - Cap. XIX - Item 225 - LAKE Pequeno Manual dos Médiuns - Cap. II, IV e V - Erasmo - C.E.I.S.

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28 TÉCNICAS COMPLEMENTARES

28.1 A prece

A fé e o amor são os dois grandes instrumentos de trabalho do doutrinador.

A fé e o amor causam impactos espantosos em nossos irmãos infelizes.

A força e o poder da fé transmitem-se à prece, enunciada com emoção e sinceridade.

Citando os seus amigos espirituais, Kardec escreve, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. (cap. 28):

Os Espíritos hão dito sempre: “A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas

convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras

com as quais nada tenha o coração".

Estes ensinamentos são, na verdade, preciosos, para qualquer tipo de prece, em qualquer oportunidade,

mas são de capital importância na prece que formulamos pelo Espírito desajustado que temos diante de nós,

incorporado ao médium. Kardec torna isto particularmente claro, quando diz, mais adiante, no mesmo capítulo

de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”:

A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa, sem fraseologia inútil, nem luxo de epítetos, que são meros adornos de lantejoulas. Cada palavra deve ter alcance próprio, despertar uma idéia, pôr em vibração uma fibra da alma. Numa palavra: deve fazer refletir. Somente sob essa condição pode a prece alcançar o seu objetivo; de outro modo, não passa de ruído. Entretanto, notai com que ar distraído e com que volubilidade elas são ditas, na maioria dos casos. Vêem-se lábios a mover-se; mas, pela expressão da fisionomia, pelo som mesmo da voz, verifica-se que ali apenas há um ato maquinal, puramente exterior, ao qual se conserva indiferente a alma.

De transcendental importância, para os trabalhos de desobsessão, é a observação de que a prece “deve

fazer refletir”. Muitas vezes, é durante a prece, dita em voz alta pelo doutrinador, ou por alguém por ele

indicado no grupo, que o Espírito manifestante faz uma pequena pausa para pensar. A prece o envolve em

vibrações pacificadoras, em uma ternura que, talvez há muito não experimenta. Ela deve ser elaborada em

torno da própria temática que o companheiro nos tenha revelado, no decorrer do diálogo conosco.

Como tudo o mais que tentamos realizar nos grupos de desobsessão, a prece tem seu momento

psicológico ótimo, que varia, necessariamente, de um caso para outro. Em certas ocasiões, é preciso orar

ainda no princípio da manifestação, em virtude de o estado de agitação, ou de alienação, do Espírito, não nos

permitir colher, antes, um pouco da sua história e da sua motivação. O melhor, no entanto, é esperar um

pouco, aguardar esclarecimentos e informações que - nunca é demais recomendar - não devem ser colhidas

em interrogatórios e através dos artifícios da bisbilhotice.

No momento propício - e mais uma vez temos que recorrer à intuição e ao senso de oportunidade -

convém dirigir-se ao próprio Espírito e propor-lhe a prece. Dificilmente ele recusará, e, ainda que o recuse,

devemos fazê-la, mesmo porque, não devemos pedir-lhe permissão para orar, e sim comunicar-lhe que vamos

fazê-lo. Basta dizer, por exemplo: Vamos orar? Ou: - Agora vou fazer uma prece. Como disse, dificilmente ele

se oporá. Poderá, no máximo, dar um muxoxo desinteressado, ou fazer um comentário condescendente: Pode

orar, se quiser. . .

Curioso, no entanto, que muito raramente eles procuram perturbar a prece. Geralmente ouvem-na em

silêncio, senão respeitoso, pelo menos comedido. Alguns, no entanto, insistem em continuar falando,

zombando ou ridicularizando.

A prece deve ser dita de preferência de pé, ao lado do companheiro manifestado, com as mãos

estendidas para ele, como que a concentrar nele as vibrações e as bênçãos que invocamos. Alguns informam

depois, ou durante a prece, que se acham “defendidos”, “protegidos” por “couraças” e “capacetes” invioláveis,

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nos quais - esperam eles – as energias suscitadas pela prece não poderiam penetrar.

Dirija a sua prece a Deus, a Jesus ou a Maria, pedindo ajuda para o companheiro que sofre. Se já dispõe

de alguma informação sobre ele, fale especificamente de seu problema, como um intermediário entre ele e os

poderes supremos que nos orientam e amparam. Eles se esqueceram, às vezes por séculos, e até milênios, de

que esses canais de acesso estão abertos também a eles. Não têm mais vontade, ou interesse, de se dirigirem

a Deus. Ou lhes falta coragem, por julgarem-se além de toda recuperação, indignos e incapazes de projetarem

o pensamento a tão elevadas entidades.

Em torno da prece A maioria dos crentes espera encontrar na prece um instrumento de libertação do sofrimento, por processo de superação impossível. Ora como se alimenta: para viver bem. Todavia, a prece, diferindo do alimento físico, é estímulo que ajuda o homem a bem viver. Veículo de luz e pão da vida. Quando a alma consegue manter o estado oracional, não pede: doa-se. Não roga liberação do sofrimento, pois nele encontra a lição corretiva da vida, regularizando os compromissos nos quais fracassou. A prece torna-se, então, racional, objetiva. Conduz a alma confiante às nascentes da vida, oferecendo-lhe a força de sustentação para suportar o fardo que deve carregar. A prece constrói a ponte que faculta a conversação com o Senhor, ao invés de somente proporcionar inspiração para libertar o pedinte do fardo do Senhor. A oração pode ser comparada à enxada laboriosamente movimentada no solo, onde se vai semear. É necessário saber conduzi-la bem. Inutilmente rogará o agricultor ao solo que abra seu ventre, para que ali se coloquem sementes produtivas. Também será improfícuo solicitar à Madre Divina que se dilate em bênçãos, sem o laborioso esforço que granjeia o mérito. Busca, assim, o coração de Jesus -- o solo sublime -- atingindo-O com a enxada abençoada da tua prece. Movimenta teus esforços, e as sementes do Céu, através dEle, se transformarão, oferecendo-te o pão necessário para uma vida feliz em teu roteiro de lutas. Ora e suporta as dores. Ora e aceita as correções necessárias. Ora e busca haurir forças para continuar. Orando, chegarás ao Senhor, que te deu, na prece, um meio seguro de comunicação com a Infinita Bondade de Deus, em cujo seio dessedentarás o espírito aflito... Joanna de Ângelis (Divaldo P. Franco, Messe de Amor, pág. 148) Oferta do Centro Espírita “Caminho da Redenção” Rua Jaime Vieira LIMA, 1 - Pau da Lima - Salvador, Bahia

28.2 O passe

A técnica do passe magnético, nas sessões de desobsessão, merece algumas observações específicas.

Observamos que os textos aqui reproduzidos referem-se especificamente ao passe curador, aplicado em

seres encarnados. Como sabemos, porém, o passe é utilizado também para magnetizar, provocando, nesse

caso, o desdobramento do perispírito, e até o acesso à memória integral e conseqüente conhecimento de vidas

anteriores, segundo experiências de Albert de Rochas, reiteradas posteriormente por vários pesquisadores.

Acreditamos que princípios gerais semelhantes a esses aplicam-se também ao estudo do passe, nas

sessões de desobsessão. Ele é realmente o recurso válido e potente, no trato dos nossos irmãos

desencarnados; sua técnica, não obstante, precisa ser desenvolvida com muita prudência e seriedade.

A primeira norma que poderíamos lembrar é a de que não deve ser aplicado a qualquer momento,

indiscriminadamente, e por qualquer motivo. O passe provoca reações variadas no ser humano, encarnado ou

desencarnado. Ele pode serenar ou excitar, condensar ou dispersar fluídos, causar bem-estar ou incômodo,

curar ou trazer mais dor, provocar crises psíquicas e orgânicas, ou fazê-las cessar, subjugar ou liberar,

transmitir vibrações de amor ou de ódio, enfim, construir ou destruir.

Precisamos estar sempre protegidos pela prece e pelas boas intenções, sempre que nos levantamos

para dar passes num irmão desencarnado incorporado. Mas, para que dar passes?

120

Em vários casos ele pode ser aplicado, mas é preciso usá-lo com moderação, para que, ao tentarmos

acalmar um Espírito agitado, não o levemos a um estado de sonolência que dificulte a comunicação com ele,

justamente do que mais precisamos. Se temos necessidade de dialogar, para ajudá-lo, como vamos entorpecê-

lo a ponto de levá-lo ao sono magnético? Às vezes, no entanto, isso é necessário. Já debatemos por algum

tempo o seu problema; o que tinha que ser dito, pelo menos por enquanto, foi dito, e ele continua agitado.

Neste caso, o passe pode ajudá-lo a serenar-se. De outras vezes, é necessário mesmo adormecê-lo, a fim de

que, ao ser retirado pelos mentores, seja recolhido a instituições de repouso, para tratamento mais adequado,

ou trazido na sessão seguinte, em melhores condições de acesso.

O passe ajuda também a desintegrar certos apetrechos que costumam trazer, como “capacetes”,

“couraças”, “objetos” imantados, armas, símbolos, vestimentas especiais. Para isto serão passes de dispersão.

Com o passe, podemos mais facilmente alcançar-lhes o centro da emoção, transmitindo-lhes diretamente

ao coração as vibrações do nosso afeto, que parecem escorrer como uma descarga elétrica, ao longo dos

braços.

Passe cura dores que julgam totalmente “físicas”, pois localizam-se muito realisticamente em pontos

específicos de seus perispíritos. Com passes - e neste caso precisamos também de um médium que tenha

condições de exteriorizar ectoplasma - poderemos reconstituir-lhes lesões mais sérias ou deformações

perispirituais.

Com o passe os adormecemos, para provocar fenômenos de regressão de memória ou projeções

mentais, com as quais os mentores do grupo compõem os “quadros fluídicos”, tão necessários, às vezes, ao

despertamento de Espírito em estado de alienação. Com o passe podemos também ajudá-los a livrar-se da

indução hipnótica alheia, ou própria, isto é, da auto-hipnose.

São mais freqüentes as oportunidades em que é preciso adormecer o Espírito, especialmente ao fim da

conversa, de modo a serem conduzidos pelos trabalhadores desencarnados.

É também comum o trabalho de “desfazer” vestimentas especiais, dentro das quais se julgam protegidos

de nossos fluídos. Certo Espírito, além de capacete e couraça, ligava-se por um fio, segundo nos explicou, ao

seu grupo. Cinqüenta companheiros seus haviam ficado reunidos, em rigorosa concentração, para sustentá-lo

na sua “perigosa” missão junto a nós. O passe pode “desfazer” os fios que ligam Espíritos aos seus redutos.

Desta vez, porém as ligações foram mantidas e, no devido tempo, os mentores do grupo utilizaram-se

daqueles condutos para levar ao grupo deles uma vigorosíssima carga fluídica, que os desarvorou

completamente. Numa dessas ocasiões, o fio também foi preservado, para que, através dele, se

“retransmitisse”, aos comparsas do Espírito manifestado, as palavras que ele ouvia do doutrinador.

Com mais freqüência do que seria de supor-se, somos instruídos a provocar a desintegração de objetos e

apetrechos, como no caso daquele que trouxe, para fins muito bem definidos, um invisível prato de sangue que

depositou sobre a mesa.

São também constantes os fenômenos de regressão de memória, quase sempre reportando-se a vidas

anteriores, nas quais se escondem núcleos de problemas afetivos. O passe ajuda os Espíritos, a despeito

deles mesmos, nesses mergulhos providenciais no passado, mas nem sempre necessariamente em vidas

anteriores.

Sem dúvida alguma, o passe é recurso válido nos labores mediúnicos, mas deve ser empregado com

certas cautelas e com moderação. Nesse campo, definições precisas e definitivas não existem ainda, pelo

simples fato de que o ser humano, além de ser uma organização consciente extremamente complexa, é

imprevisível. O passe, como todos os demais recursos com que procuramos socorrer os nossos irmãos

desencarnados em crise, precisa ser ministrado no momento certo, com a técnica adequada e na extensão

121

necessária. Mas, qual o momento, qual a técnica e qual a extensão, para cada caso? Não podemos ainda - e

creio que não poderemos fazê-lo tão cedo - escrever normas rígidas para a tecnologia do passe sobre os

desencarnados.

No entanto, os amigos espirituais que tão generosamente se colocaram ao nosso lado, para orientar e

apoiar o nosso trabalho de doutrinação, têm-nos trazido sempre o estímulo dos seus ensinamentos, e creio que

algumas observações já estão mais amadurecidas e em condições de mais aprofundados estudos e

desenvolvimento. Nunca é demais lembrar que, neste campo de trabalho, o conhecimento real emerge da

experimentação, de um ou outro engano, de falhas e de êxitos, mas que, em hipótese alguma, deveremos

enveredar imprudentemente pelas trilhas da fantasia, desligados dos conceitos fundamentais da Doutrina

Espírita, tal como codificada por Kardec e suplementada pelos seus continuadores. A teorização somente é

válida quando escorada na experiência, mas não devemos esquecer que a recíproca também é legítima, ou

seja, a experimentação deve balizar-se dentro daqueles conceitos fundamentais que a Doutrina e a lógica já

confirmaram.

Em contraposição a tais processos, a identificarão da mediunidade em potencial e o seu

desenvolvimento, em termos de Doutrina Espírita, devem resultar de cuidadoso planejamento, estudo metódico

e prática bem orientada, mesmo porque, qualquer trabalho mal orientado, nesta fase, pode criar vícios de difícil

erradicação posterior.

Poucos estudos existem, ao que sabemos, sobre o passe aplicado aos seres desencarnados, não

apenas para fins curativos de disfunções perispirituais, como para provocar a regressão de memória. Parece,

no entanto, lógico inferir que o mecanismo é idêntico ao passe aplicado em seres encarnados. Os

ensinamentos de André Luiz permitem-nos concluir assim, quando informam que o passe magnético, apoiado

na prece, constitui poderoso fator de reajustamento para os desencarnados cujos perispíritos se acham

lesados em decorrência de quedas morais.

Em suma: o passe tem importante lugar no trabalho mediúnico, mas precisa ser utilizado com prudência

e sob cuidadosa orientação dos trabalhadores desencarnados. Não deve ser empregado para atordoar o

manifestante, exatamente quando precisamos de sua lucidez para argumentar com ele sobre o seu problema;

mas, às vezes, precisa ser aplicado exatamente para serená-lo e prepará-lo para outra ocasião, em que se

apresentará mais receptivo. Tem-se perfeita consciência das dificuldades que o problema oferece para ser

mais específico na formulação de observações concretas e de normas de ação mais definidas. Em assuntos

dessa natureza, é melhor confessar a escassez de conhecimentos do que arriscar-se a ditar regras que não

estão nitidamente definidas pela experiência. Se pode-se sugerir alguma coisa, é que exercitem com

parcimônia o recurso do passe em Espíritos desencarnados e observem atentamente seus efeitos e

possibilidades. Um dia saberemos mais acerca desse precioso instrumento de trabalho, no campo mediúnico.

Vale salientar que os “Toques” ou pressões nos chakras Frontal, Coronário, Solar, Nuca, etc., são

práticas desnecessárias, aliás, diga-se de passagem, são geradores de irritação e desconcentração do

médium, o qual se vê depois de certos “apertos” com dores locais ou tensões que refletem o estado de

desconforto a que são submetidos.

Vejamos três opiniões de Divaldo Franco e Raul Teixeira no seu livro “Diretrizes de Segurança”.

Para a aplicação do passe, o médium deve resfolegar, gemer, estalar os dedos, soprar ruidosamente, dar conselhos? DIVALDO - Só quando ele estiver cansado é que tal se dará. Todo e qualquer passe, como toda técnica espírita, se caracteriza pela elevação, pelo equilíbrio. Se uma pessoa cortês se esforça para ser gentil, na vida normal, porque, na hora das questões transcendentais, deverão permitir-se desequilíbrios? Se é um labor de paz, não há razão para que ocorram desarmonias ou se dêem conselhos mediúnicos. Se se trata, porém, de aconselhamento mediúnico, não se justificará que haja o passe. É necessário situar

122

as coisas nos seus devidos lugares. A hora do passe é especial. Se se pretende adentrar em conselhos e orientações, tome-se de um bom livro e leia-se, porque não pode haver melhores diretrizes do que as que estão exaradas em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e nas obras subsidiárias da Doutrina Espírita. Na aplicação dos passes, há necessidade de que os médiuns passistas retirem de seus braços, de suas mãos, os adornos, como pulseiras, relógios, anéis? Isto tem alguma implicação magnética, ou é apenas para evitar ruídos e dar-lhes maior liberdade de ação? DIVALDO - Em nossa forma de ver, a eliminação dos objetos de uso e os adornos não têm uma implicação direta no efeito positivo ou negativo do passe. Porque é mais cômodo e evita o chocalhar dos braceletes, das argolas, das pulseiras, que produzem uma sensação desagradável, devem ser retirados. Muitos que aplicam passes, logo após, sentam-se para recebê-los de outros, a fim de se reabastecerem. Que pensar de tal prática? RAUL - Tal prática apenas indicam o pouco entendimento que têm as pessoas com relação ao que fazem. Quando aplicamos passes, antes de atirarmos as energias sobre o paciente, nos movimentos ritmados das mãos, ficamos envolvidos por essas energias, por essas vibrações, que nos chegam dos Amigos Espirituais envolvidos nessa atividade, o que indica que, antes de atendermos aos outros, somos nós, a princípio, beneficiados e auxiliados para que possamos auxiliar, por nossa vez. Incorre numa situação no mínimo bisonha o fato de que aquele que aplicar o passe por último estaria desfalcado, sem condições de ser atendido por outra pessoa.

Não é demais lembrar que há hábitos já enraizados os quais merecem uma revisão de avaliação e

coerência dentro das propostas da FÉ RACIOCINADA e LIBERTAÇÃO DE PRECEITOS E PRECONCEITOS

que o Espiritismo nos propõe:

a) Há doutrinadores que não param de dar passes sucessivos (no médium ou no Espírito comunicante)

enquanto tentam ouvir ou manter um diálogo. Não há necessidade de generalizar. Temos que permitir as fases

da Doutrinação - Abertura, Diálogo e Fechamento - buscando deixar para o final o passe longitudinal calmante

(caso de Espíritos agitados, agressivos) ou longitudinal excitante (caso de Espíritos dementados ou abatidos

energeticamente).

b) O toque no frontal geralmente com pressões é uma atitude de desconhecimento da estrutura fluídica

(energética) dos centros de força a qual DISPENSA a força material. A verdadeira força a influenciar é a

MENTAL.

c) Há médiuns que se condicionaram ao final de cada comunicação virem a ser “tratados” pelos

mentores, geralmente Pretos-Velhos, Caboclos, Índios, Ciganos, etc. Nada temos contra estes Espíritos,

porém, a Educação dos Médiuns viabilizará a confiança e a sintonia com o Mentor Mediúnico quais permitirão

as chamadas “limpezas fluídicas” no médium apenas nos casos de estrita necessidade, ficando o médium

responsável por adquirir autoconfiança e autodefesa psíquica e aplicá-la na grande maioria das situações. Há

vícios que são resultantes da simbiose MÉDIUM-MENTOR-MÉDIUM.

28.3 O choque anímico

Se os Espíritos são sofredores, ressentindo-se, portanto, das marcas da desencarnação ou das seqüelas

das enfermidades que os vitimaram deverão sair aliviados e esperançosos; se são Espíritos que EXPÕEM-SE

AO RIDÍCULO AQUELES QUE DESCONHECEM A DOUTRINA

Sobre o último ponto de que tratamos em o nosso precedente escrito, é ainda o Mestre quem, no “O Livro

dos Médiuns”, elucida a questão do uso abusivo de nomes venerados, por parte de Espíritos mistificadores,

ministrando aos experimentadores conselhos e advertências que, infelizmente, são, as mais das vezes,

desprezados.

Expõe ele, no lanço a que nos referimos, o caso de um Espírito que assinou com o nome de Bossuet

numa comunicação e que, depois, tendo o Espírito de São Luís revelado o embuste, confessou não ser o

Espírito do grande bispo francês.

123

A esse propósito, observou Allan Kardec, em nota que se lê no fim daquele volume, aposta à

comunicação XXXIV, no capítulo XXXI “Dissertações Espíritas”:

Efetivamente a facilidade com que certas pessoas acolhem o que vem do mundo invisível, acobertado por um grande nome, é que anima os Espíritos enganadores. Todo o cuidado e atenção se devem aplicar em lhes frustrar os ardis. Isto, entretanto, não se consegue senão com o auxílio da experiência adquirida mediante um estudo sério. Por isso mesmo, repetimos incessantemente: Estudai, antes de praticar, pois que esse é o meio único de não adquirirdes a experiência à vossa custa.

28.4 As sessões práticas do espiritismo

Desconhecem a sua condição de desencarnados por estarem confusos e iludidos com uma realidade

inesperada, o diálogo e as percepções ambientais que lhes sejam facultadas na reunião prepará-los-ão a fim

de que os Amigos Espirituais, parentes desencarnados ou mesmo os doutrinadores lentamente os esclareçam

com relação à nova condição de vida. Se, porém, negam a condição de desencarnados pelo fascínio do

materialismo, escamoteando a verdade e auto-hipnotizando-se a ponto de passarem a crer na própria ilusão

que construíram serão conduzidos através do choque anímico a “re-morrerem”, vivendo de novo o instante da

desencarnação.

Os amedrontados, perseguidos por outros Espíritos se entregarão confiantes à proteção do grupo. Os

dementados e de mentes avassaladas por sevícias e profundas sugestões hipnóticas desfechadas por seus

algozes vão a pouco e pouco se libertando. A presença de mistificadores não será habitual ocorrendo tão

somente para nossa instrução e objetivando atender o doente no seu mal específico que é o hábito infeliz de

burlar. Os ditos obsessores apresentar-se-ão controlados e alguns deles haverão de se sensibilizar ante os

exemplos que lhes possam ser passados.

Vemos o exemplo do Espírito Ricardo quando buscava perseguir Julinda. (“Nas Fronteiras da Loucura”) o

qual ao ser ajustado ao equipamento mediúnico de Jonas passa pela seguinte situação: psiquicamente, o

Instrutor despertou, por efeito de indução mental, Ricardo, que estranhou o que se passava, após olhar em

derredor, assustado, o Espírito pareceu sentir-se em desconforto.

Obsidiando Julinda, a sua era uma ação que ele provocava ao próprio falante, enquanto que, imantado a

um médium educado psiquicamente, se sentia parcialmente tolhido, com os movimentos limitados e porque

utilizando os recursos da mediunidade, recebia, por sua vez, as vibrações do encarnado que, de alguma forma,

exercia influência sobre ele.

Ao pensar em desvencilhar-se da incômoda situação, percebeu que acionava o corpo físico de que se

utilizava, sem saber como. Pensou em reagir e ouviu a própria voz pelos lábios do médium.

- Que faço aqui? - indagara.

- Visita-nos, por mercê da vontade de Deus - respondeu o doutrinador.

- E onde me encontro? Que se pretende de mim?

- O caro amigo está em casa, em nossa Casa de Oração, onde todos nos preocupamos uns com os

outros, pensando na felicidade geral.

Ricardo encolerizou-se. Tomado pela crueldade que se lhe aninhara n’alma, quis agredir o interlocutor,

acionando o médium, mas não o logrou.

Na mediunidade educada, mesmo em estado sonambúlico, o Espírito encarnado exerce vigilância sobre

o comunicante, não lhe permitindo exorbitar, desde que o perispírito daquele é o veículo pelo qual o

desencarnado se utiliza dos recursos necessários à exteriorização dos sentimentos.

124

Compreendendo que mais nada poderia ser feito naquela conjuntura e inspirado por Dr. Bezerra que

acompanhava a tarefa sob controle, passou a aplicar passes no médium, enquanto o Mentor desprendia

Ricardo, que se liberou, partindo na direção de Julinda, sob a força da imantação demorada a que se fixara,

não se dando conta de como sequer retornava. A etapa inicial do nosso trabalho, no problema Julinda-Ricardo,

coroa-se de bênçãos. “Desejávamos produzir um choque anímico em nosso irmão, para colhermos resultados

futuros. Que o Senhor abençoe nossos propósitos!”.

28.5 A regressão de memória

Levar o Espírito a recordar-se de fatos do seu passado, de suas últimas e anteriores reencarnações

despertando lembranças que jazem adormecidas. Os trabalhadores da espiritualidade, agem acordando as

reminiscências, nos painéis da mente, seja formando quadros fluídicos que evidenciam sua própria

responsabilidade perante os fatos em que se proclamava inocente e vítima.

Na regressão, fatos esquecidos ou aparentemente esquecidos passam a ser conscientes. Quando os

fatos retornam à consciência, o Espírito vê com clareza e objetividade, resultando de plena retomada da sua

ação/atitude mental diante das próprias escolhas. Quando o Espírito amadurece, o processo da auto-

descoberta lhe possibilita enfrentar as suas próprias imperfeições, fazendo esforço para vencer as suas más

tendências e inclinações.

Devemos salientar que tal técnica não deve ser confundida com as Terapias de Vidas Passadas

aplicadas aos encarnados.

Ouçamos Hermínia Prado Godoy, no Livro “Terapia de Vidas Passadas”, página 131:

O terapeuta se vale das técnicas de que dispõe para conduzir o cliente ao passado, obtendo dele as informações que trazem o entendimento, a compreensão e explicação que justificam o padrão de vida que vem adotando. Ajuda o cliente a localizar no passado suas decisões básicas de vida, que relação existe com sua vida presente, e promove, através do processo de re-decisão, uma mudança atual de comportamento. O terapeuta-guia, auxilia e dá suporte ao cliente para que elimine ou suavize a interferência de pensamentos, sentimentos, sensações físicas e comportamentos que lhe foram úteis no passado, mas que hoje, no presente, não condizem com sua forma de vida. Sendo assim, o cliente consegue se liberar do controle que seu passado exerce na sua vida presente. Quando se trabalha com regressão, entra-se num campo que ainda é muito desconhecido. Não temos ainda um embasamento teórico consistente sobre como funciona a memória do inconsciente, como o consciente se comunica com o inconsciente, como se processa o estado alterado de consciência e nem como a hiperconsciência se relaciona com o inconsciente.

Conforme nos ensina Hermínio Miranda, no seu livro “Diálogo com as Sombras”, vários recursos são

empregados, pelos mentores espirituais dos grupos de desobsessão, para obter dos companheiros

desarvorados o mergulho necessário nas lembranças recalcadas.

Um dos mais comuns é o da projeção dos chamados “quadros fluídicos”.

O Espírito vê, diante de si, incoercivelmente, cenas vivas de seu passado, especialmente aquelas que

constituem o núcleo de sua problemática, que precisa ser dispersado, para desatar os laços que o prendem às

suas angústias e ao seu alheamento. É evidente que as cenas não são criadas com a substância evanescente

da fantasia; a matéria-prima, indispensável a essas montagens, encontra-se nos arquivos perispirituais do ser

ali presente. Os técnicos desencarnados limitam-se a manipular, com respeito e dignidade, os recursos

necessários para desencadear o processo terapêutico, como o médico que ministra um remédio amargo,

justificado pela expectativa da cura de seu doente.

Não temos, ainda, os encarnados, condições e conhecimentos para apreender a essência das técnicas

empregadas para a obtenção das projeções. André Luiz deixa-nos entrever tais processos, em “Missionários

da Luz”, quando narra o trabalho de doutrinação junto a um ex-sacerdote desencarnado:

125

... vários ajudantes de serviço - escreve ele, no capítulo 17 - recolhiam as forças mentais emitidas pelos irmãos presentes, inclusive as que fluíam abundantemente do organismo mediúnico, o que, embora não fosse novidade, me surpreendeu pelas características diferentes com que o trabalho era levado a efeito. - Esse material - explicou o instrutor - representa vigorosos recursos plásticos, para que os benfeitores de nossa esfera materializem provisoriamente certas imagens ou quadros, indispensáveis ao reavivamento da emotividade e da confiança nas almas infelizes.

28.6 Hipnose

Vamos passar a analisar o processo de Hipnose como uma das Terapias de Socorro aos Espíritos; para

tal, devemos conhecer o seu mecanismo e utilização.

Todo e qualquer pensamento não é mais que um fenômeno de memória que se resume no despertar ou

no reproduzir de uma sensação anteriormente percebida. Existem agregados de imagens visuais, auditivas,

táteis, olfativas, gustativas, imagens estas que são ao mesmo tempo sensações e são matérias primárias das

operações intelecto-memória-raciocínio-imaginação, que são fenômenos psíquicos. Seguem-se que a

imaginação e a abstração dominam as manifestações do Espírito. Todo pensamento cria uma série de

vibrações, na substância do corpo mental correspondente à natureza do mesmo pensamento. Emitindo uma

idéia, passamos a refletir as que se lhe assemelham se corporificando e tomando formas conforme a

intensidade do pensamento.

28.6.1 Fenômenos hipnóticos

1. Hipnotismo Vulgar - ciência de atuar sobre o Espírito; para que a impressão se faça duradoura, faz-se

necessário a obediência total ao magnetizador.

2. Sugestão - (ato ou efeito de sugerir), inspiração , estímulo , instigação. A sugestão é o fator principal

da hipnose.

3. Hipnotismo sob o ponto de vista da sensibilidade: anestesia (insensibilidade) e hipertesia (sensação à

distância). Chamamos deslocamento da sensibilidade.

4. Hipnotismo sob o ponto de vista motor: (letargia - catalepsia - contraturas).

5. Hipnotismo sob o ponto de vista psíquico: considerável obinubilação da consciência e da vontade

(bloqueio).

28.6.2 Terapia dos fenômenos hipnóticos

Isto se dá por operação de “circuito fechado” - exteriorizando um rigoroso regime de ação e reação, sobre

si mesmo e o outro; isto é SINTONIA e INDUÇÃO - absorção dos agentes mentais e emissão de ondas

mentais com todas as potencialidades criadoras da ideação. E ficam habilitadas as formas-pensamentos que

lhe são sugeridas.

Graus de Passividade: letargia - suspensão das forças vitais(geral); catalepsia - suspensão das forças

vitais(localizada); sonambulismo - estado de independência e emancipação da alma.

O pensamento exterioriza-se e projeta-se formando imagens e sugestões. Quando benigno, ajusta-se às

leis que nos regem criando harmonia/ felicidade.

28.6.3 Pensamento/vontade - pensar/agir

Fatores do comportamento individual a princípio; e coletivo logo depois em que se reúne por grau de

afinidade psíquica e vibram na mesma faixa pensamento, produzindo processos de profunda hipnose, que se

126

despersonalizam e se nutrem reciprocamente.

O Espiritismo oferece princípios de elevação da estrutura moral, facilitando a absorção das idéias

superiores capazes de manter uma higiene psíquica/libertadora. As idéias plasmadas e aceitas pelo psiquismo,

criam painéis delicados com imagens vitalizadoras. As idéias superiores condicionam a libertação e a

regeneração.

29 PROBLEMAS E SOLUÇÕES

29.1 Contradições e mistificações

Para distinguir entre a contradição culposa ou por ignorância e a simples adaptação de conhecimentos e

forma de expressão, é preciso estudo cuidadoso e longo das comunicações, aprofundamento das idéias

expostas pelos Espíritos. E se nos falta tempo ou capacidade para uma análise assim? Um meio há de evitar

que a idéia contraditória do Espírito nos prejudique: fazer o bem e não o mal, porque o bem é um só. A

mistificação consiste em o Espírito comunicante falsear a verdade, dizer-se o que não é, pretender enganar ao

médium e ao grupo.

O meio mais simples de evitá-la: não pedir à prática mediúnica, à relação com os Espíritos, o que ela não

nos pode nem deve dar – a transgressão às leis divinas, o atendimento de interesses egoístas e mesquinhos,

porque a verdadeira finalidade do intercâmbio mediúnico é o melhoramento moral da Humanidade.

Ocorrendo a mistificação, o grupo não deve culpar apenas o médium, pois que o meio-ambiente terá

concorrido para o engano sofrido. E o médium, se se reconhecer em erro, deve emendar-se para evitar novas

mistificações; se for sincero em seu trabalho, não deve se abater pelo acontecido, porque está passando por

um teste de humildade e perseverança.

Os espíritos protetores permitem a mistificação como advertência, alerta e ensino aos participantes da

reunião e seu dirigente.

Alguns grupos mediúnicos exigem a manifestação dos Mentores Espirituais, para declararem iniciados os trabalhos. É isto necessário? DIVALDO - Exigir a manifestação do Mentor é inverter a ordem do trabalho. Quem somos nós para exigir alguma coisa dos Mentores? Quando o trabalho está realmente dirigido, são os Mentores que, espontaneamente, quando convém, se apressam em dar instruções iniciais, objetivando maior aproveitamento da própria experiência mediúnica.

Ocorre que, se condicionar o início do trabalho a incorporações dos chamados Espíritos-Guias, é criar um

estado de animismo nos médiuns que, enquanto não ouçam as palavras sacramentais não se sentem

inclinados a uma boa receptividade. Isso é criação nossa, não é da Doutrina Espírita.

29.2 Animismo

Fenômeno Espírita é o produzido pela ação e manifestação dos espíritos. Chama-se mediúnico quando o

manifestante utiliza um encarnado como seu intermediário.

Fenômeno Anímico é o produzido pelo próprio espírito do encarnado. São fenômenos anímicos, entre

outros, os que relacionamos a seguir (desde que produzidos sem intervenção de outros espíritos):

1) a transmissão ou percepção de pensamentos e impressões à distância (como na telepatia);

2) a ação sobre a matéria à distância (como a movimentação de objetos sem contato aparente);

3) a produção de formas (como aparições, bicorporeidade, materialização e ideoplastias em geral).

127

Quanto maior o grau de expansão do perispírito, mais expressivo pode ser o fenômeno anímico, porque o

espírito do médium desfruta de maior liberdade em relação ao corpo, retomando o exercício mais pleno de

suas faculdades (que o organismo físico vela).

Charles Richet, o criador da Metapsíquica, foi estudioso dos fenômenos anímicos, catalogando-os e

dando-lhes denominação especial. Atualmente, a Parapsicologia também os estuda (como percepção e ação

extra-sensorial) e faz a sua classificação dos fenômenos.

29.2.1 Animismo e mediunidade

Comunicações de vivos Em desdobramento, o espírito encarnado pode influenciar outra pessoa e usá-la como médium,

manifestando-se através dela. Será a comunicação de um encarnado e não de um desencarnado.

OBS.: Durante essa manifestação, o corpo do comunicante, perto ou longe, permanecerá em repouso ou

êxtase.

Comunicações anímicas Em vez de entrar em transe mediúnico, o médium adentra o seu próprio mundo íntimo e dá manifestação.

Mas não está sob a influência de outro espírito; fala e age por si mesmo, de si mesmo, ainda que o faça de

modo diferente do seu normal. E não se trata de fraude (não finge nem quer enganar).

A manifestação anímica poderá ser:

1) como a de um espírito em sofrimento.

Tendo a mente fixada em situações aflitivas íntimas, desta ou de encarnações passadas (em que ele

mesmo se fixou ou entidades adversárias o fixaram), o médium, ao se comunicar animicamente, o fará como

um espírito em sofrimento. Devemos atender essa manifestação com a mesma disposição de ajudar e

reequilibrar que temos para com os desencarnados sofredores. (Vide Cap. 22 de “Mecanismos da

Mediunidade”, de André Luiz, psicografado por Francisco C. Xavier).

2) como a de um espírito superior ao médium.

Ao se desdobrar, o médium recupera a posse de seus conhecimentos espirituais (que estão esmaecidos

pela influência do corpo físico). Neste caso, suas comunicações anímicas demonstrarão as possibilidades

maiores de que ele desfruta na condição de espírito livre, falando melhor e sabendo mais do que normalmente.

Podemos aproveitar essa produção, se ocorrer; mas o médium deve ser orientado e ajudado para que não se

vicie nessa produção anímica, se quiser trabalhar como verdadeiro médium (intermediário de outros espíritos).

3) resultado de uma sugestão ou impressão.

O médium anímico que se sugestione pela idéia de ser intérprete de espíritos elevados, no transe tentará

produzir falas grandiloqüentes e atos grandiosos. Se algum assunto o impressionou ou lhe agrada, pode fixar-

se neles, em vez de produzir mediunicamente. Esse médium deve ser orientado e corrigido, até conseguir

evitar o animismo.

29.2.2 Como reconhecer a produção anímica?

Na produção anímica:

1) há repetição dos estados e personalidades apresentados pelo médium (o comunicante é sempre o

mesmo: o próprio médium);

2) falta “presença” de espíritos junto ao médium (ele age de si mesmo);

Podemos verificar se uma produção é anímica: fazendo análise das comunicações; usando a percepção

128

fluídica; usando a vidência.

O animismo poderá ser: total (quando tudo procede da alma do médium); parcial (quando o médium

mistura parte de seus pensamentos e sentimentos com os do espírito comunicante).

29.3 Os recém-desencarnados

Vejamos a opinião abalizada de José Herculano Pires:

As manifestações de espíritos recém desencarnados ocorrem com freqüência nas sessões destinadas ao

socorro espiritual. Revelam logo o seu estado de angústia ou confusão, sendo facilmente identificáveis como

tal. Muitas vezes são crianças, o que provoca estranheza, pois parecem desamparadas. Quando esses

espíritos se queixam de frio, pondo às vezes, o médium a tremer, com mãos geladas, é porque estão ligados

mentalmente ao cadáver. Se o doutrinador lhes disser cruamente que morreram ficam mais assustados e

confusos.

É necessário cortar a ligação negativa, desviando-lhes a atenção para o campo espiritual, fazendo-os

pensar em Jesus e pedir o socorro do seu espírito protetor. Trata-se a entidade como se ela estivesse doente e

não desencarnada. Muda-se a situação mental e emocional, favorecendo a sua percepção dos espíritos bons

que a cercam. Em poucos instantes a própria entidade percebe que já passou pela morte e que está amparada

por familiares e espíritos que procuram ajudá-la.

Nos casos de crianças desamparadas que chamam pela mãe o quadro é tocante, emocionando as

pessoas sensíveis. Mas, a verdade é que essas crianças estão assistidas. O fato de não perceberem a

assistência decorre de motivos diversos: a incapacidade de compreender por si mesmas a situação, a

completa ignorância do problema da morte em que foram mantidas ou conseqüências do passado

reencarnatório em que abandonaram as crianças ao léu ou mesmo que as mataram. A reação moral da lei de

causa e efeito as obriga a passar pelas mesmas condições a que submeteram outros seres em vida anterior.

O doutrinador deve lembrar, nessas ocasiões, que o Mundo Espiritual é perfeitamente organizado e que

essas provas de resgate e ensino passam rapidamente. Tratados com amor e compreensão, esses espíritos

logo percebem a presença de entidades que na verdade já a socorriam e a levaram à sessão para facilitarem a

sua percepção do socorro espiritual. Ninguém fica ao desamparo depois da morte. Essas mesmas situações

chocantes representam socorro ao espírito para despertar-lhes a piedade que não tiveram em vida.

Quanto às manifestações de crianças que são consideradas como espíritos pertencentes a legiões

infantis de socorro e ajuda, o doutrinador não deve deixar-se levar por essa aparência, mas doutrinar o espírito

para que ele retome com mais facilidade a sua posição natural de adulto, o que depende apenas de

esclarecimento doutrinário. As correntes de crianças que se manifestam nas linhas de Umbanda e outras

formas do mediunismo popular são formadas por espíritos que já estão capazes de ser encaminhados como

espíritos adultos no plano espiritual.

Se lhes dermos atenção, continuarão a manifestar-se dessa maneira, entregando-se a simulações que,

embora sem intenções malévolas, prejudicam a sua própria e necessária reintegração na vida espiritual de

maneira normal. Esses espíritos, apegados à forma carnal em que morreram(como crianças) entregam-se a

fantasias e ilusões que lhes são agradáveis, mas que, ao mesmo tempo, os desviam de suas obrigações de

após-morte.

O mesmo acontece com espíritos que se manifestam como debilóides ou loucos. Precisam ser chamados

à razão, pois entregam-se comodamente a lei de inércia, querendo continuar indefinidamente como eram na

sua encarnação já finda. Ocorre o mesmo no caso de espíritos que se manifestam em condições larvares ou

animalescas. O doutrinador não pode aceitá-los como se apresentam, pois estão simplesmente tentando fugir

129

às suas responsabilidades através de ardis a que se apegam e com os quais muitas vezes se divertem.

Todos os espíritos, ao passarem pela morte, têm o dever de reintegrar-se na posse da sua consciência e

dos seus deveres. Gozando do seu livre arbítrio, apegados a condições que lhes parecem favoráveis para

viverem à vontade, entregam-se a ilusões, e não para serem fixados em suas fantasias. Os espíritos que os

protegem recorrem ao ambiente mediúnico para que eles possam ser mais facilmente chamados à realidade,

graças às condições humanas em que mergulham no fluído mediúnico das sessões.

29.4 Informação sobre a morte

Vejamos Divaldo Franco na questão 62 do seu Livro “Diretrizes de Segurança”:

No atendimento a Espíritos sofredores, o doutrinador deve, antes de mais nada, fazer o comunicante conhecer a sua condição espiritual? DIVALDO - Há que perguntar-se, quem de nós está em condições de receber uma notícia, a mais importante da vida, como o é a da morte, com a serenidade que seria de esperar?

Não podemos ter a presunção de fazer o que a Divindade tem paciência no realizar. Essa questão de

esclarecer o Espírito no primeiro encontro é um ato de invigilância, e, às vezes, de leviandade, porque é muito

fácil dizer a alguém que está em perturbação: você já morreu! É muito difícil escutar-se esta frase e recebê-la

serenamente. Dizer-se a alguém que deixou a família na Terra e foi colhido numa circunstância trágica, que

aquilo é a morte, necessita de habilidade e carinho, preparando primeiro o ouvinte, a fim de evitar-lhe choques,

ulcerações da alma.

Considerando-se que a terapêutica moderna, principalmente no capítulo das psicoterapias, objetiva

sempre libertar o homem de quaisquer traumas e não lhe criar novos, por que, na Vida Espiritual se deverá

usar uma metodologia diferente?

A nossa tarefa não é a de dizer verdades, mas, a de consolar porque, dizer simplesmente que o

comunicante já desencarnou, os Guias também poderiam fazê-lo. Deve-se entrar em contato com a Entidade,

participar da sua dor, consolá-la, e, na oportunidade que se faça lógica e própria, esclarecer-lhe que já ocorreu

o fenômeno da morte, mas, somente quando o Espírito possa receber a notícia com a necessária serenidade, a

fim de que disso retire o proveito indispensável à sua paz. Do contrário, será perturbá-lo, prejudicá-lo

gravemente, criando embaraços para os Mentores Espirituais.

29.5 Charlatanismo e embuste

Charlatões e embusteiros (médiuns ou não) podem simular fenômenos mediúnicos, para explorar a boa

fé do público e se auto-promoverem. As manifestações inteligentes também podem ser limitadas, mas os

fenômenos que mais se prestam a fraudes são os de efeitos físicos, porque: impressionam mais à vista do que

à inteligência; são mais facilmente imitáveis pela prestidigitação; atraem as multidões, oferecendo mais

“produtividade financeira”.

Convém estar de sobreaviso com os médiuns que, categoricamente, afirmam poder produzir este ou

aquele fenômeno, em dias e horas determinados, ou a qualquer momento, porque os espíritos bons não estão

à disposição dos nossos caprichos e nem mesmo os espíritos mistificadores gostam de ser explorados pelos

médiuns. A melhor garantia de veracidade nas comunicações mediúnicas está na moralidade reconhecida dos

médiuns, na perseverança de seu trabalho, anos a fio, sem o estímulo de interesse material ou de satisfação

do amor próprio.

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29.6 Médiuns iniciantes

Cabe ao Doutrinador dar-lhes atenção específica, zelando para que o mesmo adquira autoconfiança,

conseguindo com isso expandir a mente, estabelecendo clima real de “vontade e aceitação” com o que irá

produzir comunicações completas e bem permeáveis, ou seja, seguras.

Alguns cuidados recomendados:

a) Evite a todo custo afirmações tipo “É Animismo”, “Você não está bem”, “Você está obsidiado”, etc.

Você pode estar inibindo uma grande oportunidade de soerguimento espiritual - a Mediunidade com JESUS.

b) Os médiuns costumam apresentar sinais de APROXIMAÇÃO DO COMUNICANTE sem no entanto

ocorrer o ENVOLVIMENTO e COMUNICAÇÃO. Para se aperceber disso, o Doutrinador aguçará sua

percepção psíquica (intuição, geralmente) e tratará de estimular com imposição das mãos a certa distância,

colocando a mão esquerda atrás da cabeça e a direita na frente durante alguns segundos, a fim de auxiliar o

ajuste dos campos do Comunicante e do Médium. Não forçar, mas apoiar. Caso não ocorra a comunicação,

não insistir. Dá passe dispersivo, para o desligamento do comunicante ou chama outro médium já educado,

senta ao lado e pede que se envolva mentalmente com o novato que a equipe espiritual auxiliará na

transferência da comunicação para este.

c) É comum, os médiuns iniciantes penderem o corpo para frente, para o lado, tenderem a ir ao chão, etc.

Em todos os casos, evitar apenas que o mesmo se fira, amparar sem segurar (maioria dos casos) e

conscientizar falando com o Espírito (que o médium geralmente ouvirá) para tomar a posição normal de sentar.

É EDUCAÇÃO. Se tentarmos manter o médium sempre sustentado (como muletas) ele tende a se viciar e não

mais confiará em dar comunicações sem os “Anjos da Guarda Encarnados” do seu lado. Se o médium cai (o

que é viável nas comunicações de obsessores) ampara para que não se fira, atende com doutrinação, passes

longitudinais ativadores ou calmantes (na dúvida impõe as mãos e ora mentalmente) e depois chama-lhe pelo

nome para que haja aprendizado e segurança por parte do médium.

d) Se o médium demonstra medo, o melhor a fazer é procurar a primeira oportunidade de conversar

sobre a Mediunidade com JESUS com o mesmo. Não violentar. Há razões muitas vezes seculares para que o

médium receie não propriamente a mediunidade (pois geralmente ele não conhece em detalhes), mas a

entrega do seu corpo, da sua pessoa para “outros” usarem. É Prudência Evangélica conscientizar com Amor.

Nunca forçar, mas esclarecer e dar opções de trabalho nos quais o médium sirva com alegria o que ajudará

sem dúvida para dar confiança ao mesmo num retorno à prática agora com mais autoconfiança.

e) É comum o médium querer saber o que se passou, quem “falou” que disse, etc. Ao Doutrinador cabe

sempre ser DISCRETO sobre o médium e sobre os Espíritos e suas comunicações. Informar Kardec e JESUS.

Isso é tudo.

f) Ocorre muitas vezes ao médium, por processo de auto-indução levantar para dar passes (geralmente

com grandes gesticulações) sem que o Dirigente o tenha chamado, ou então haver as “COMUNICAÇÕES DO

MENTOR” ou o mesmo começar a “VER” o ambiente ou “SENTIR” os males dos outros, etc. . . É prudente não

estimular nenhum destes sintomas na fase inicial. Ninguém inicia “PRONTO”. Deve-se reconduzir o médium à

consciência da Educação gradual com maneiras Evangélicas, porém, objetivas.

Médiuns novatos costumam apresentar condicionamentos e viciações na manifestação mediúnica,

porque ainda têm pouco esclarecimento doutrinário. Às vezes, médiuns antigos também os apresentam,

porque não foram bem orientados na fase de desenvolvimento de sua faculdade.

Excessos demonstrativos da influenciação Certos médiuns fazem gestos, trejeitos e ruídos vocais excessivos, quando sob a ação dos espíritos.

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Por que o médium age assim? sente percepções e sensações diferentes com a aproximação do espírito

e não sabe como reagir a elas ou como controlá-las; aprendeu imitando outros médiuns considerados

“desenvolvidos” e que assim procediam; quer demonstrar que não é ele quem está se manifestando e, sim, o

espírito; quer fazer o dirigente notar que está envolvido pelo espírito e em fase de manifestação.

Tudo isso, porém, é desnecessário. Um médium bem esclarecido e experiente não apresenta

movimentos desordenados e insistentes (gestos, trejeitos, tremores, contrações musculares bruscas,

pancadas, etc); ruídos vocais importunos e excessivos (assopros, assobios, gemidos, chiados, gagueiras, voz

entrecortada e soturna ou gritada, etc.)

De fato, com a aproximação do espírito os seus fluídos se combinam com os do médium, e este pode ter

percepções diferentes e sensação de frio, calor, dores, ansiedade, medo. Entretanto, com a educação

mediúnica, o médium não reagirá com espalhafato e controlará suas emoções e atitudes. O fenômeno

mediúnico ficará, então, perfeitamente natural, apenas com as características peculiares a cada espírito

manifestante.

Como demonstra o médium que está sob a influência espiritual? Simplesmente dando início à

comunicação (se ela for oportuna e dentro do esquema normal da reunião), ou dizendo-o aos dirigentes, que

autorizará ou não que dê passividade.

Para evitar condicionamentos e viciações como esses, o médium deve: acolher com simpatia as

observações do dirigente da reunião; colocar em prática o que já lhe foi ensinado, a orientação doutrinária

espírita que já recebeu; guardar respeito íntimo, serenidade e ser sincero em tudo que fizer.

29.7 Médium de desdobramento

Caberá ao Doutrinador ir acompanhando as descrições do médium desdobrado e mantê-lo seguro,

confiante no amparo dos mentores desencarnados, sempre dirigindo as possíveis perguntas para o exercício

da caridade a exemplo da assistência a doentes (encarnados ou não), auxílio a momentos de desencarne

(muitas vezes em grupo), a recém-desencarnados, apoio às caravanas desencarnadas no trato com

obsessores, Espíritos dementados, etc.

Haverá casos em que o médium apresenta sinais de receio em prosseguir ou mesmo de iniciar o

processo. Nestes casos, orar e acalmar o médium pedindo auxílio do alto para melhor resolver a situação. O

amparo se fará com estímulos magnéticos ou com o simples abandono do desdobramento. Voltando o médium

para seu estado “natural”.

29.8 Doutrinador e consultas

Caberá a todo praticante espírita evitar as “CONSULÊNCIAS” aos Mentores nas reuniões. Temos que

exercer a fé raciocinada. Os alertas, os conselhos, se tiverem de vir, certamente ocorrerão por amparo dos

amigos espirituais que nos assistem por vias as mais diversas.

A prática de aconselhamentos a certos “Mentores” dos médiuns tem causado sérias MISTIFICAÇÕES e

FRAUDES, quando não cria a figura do famigerado “MÉDIUM PRINCIPAL” - geralmente a principal vítima dos

Espíritos mistificadores. Orar e Vigiar! Esta é a melhor postura.

29.9 Doutrinador e vaidade

Algumas pessoas se sentem amplamente “realizadas” quando encontram tarefas de Doutrinação. Ótimo

quando o fazem com humildade e certeza de que estamos todos aprendendo. Entretanto, há aqueles que já se

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sentem “DOUTORES” no assunto e, sem que percebam, caem em rotinas antidoutrinárias, tais:

a) Não receiam em rapidamente dar o diagnóstico da situação psicológica do Espírito, friamente numa

atitude muito mais de presunção que de estudo e observação;

b) Não mais estudam (ou nunca estudaram) as diversas nuances dos processos mediúnicos e da psique

humana;

c) Costumam se “cansar” rapidamente do diálogo e procuram empurrar a tarefa para outros. É

descaridade dupla: com os desencarnados e com os encarnados;

d) Não são voluntários para outras atividades na Casa Espírita, pois já tem muitas “obrigações”.

Realmente nesses casos, tolerar o diálogo fraterno é OBRIGAÇÃO, JAMAIS PRAZER e SERVIÇO com o

CRISTO!;

e) Costumam conversar com os Espíritos de forma acintosa evidenciando a “distância espiritual” que os

separa. Estão mais para pseudo-sábios do que para reais auxiliares da vida;

f) Adoram falar dos casos atendidos como se mestres fossem, mas sob qualquer ameaça dos

comunicantes tremem de medo e buscam “amparo” dos Mentores para chegar em casa em Paz e lhes dar

“proteção” até a próxima semana;

g) Verdadeiramente, são almas carentes e que precisam evidenciar “poder e mando” em si para

sentirem-se seguros. Estes, na verdade, estão precisando ser Doutrinados e não “estar” como Doutrinadores...

É A VIDA E SUAS RELATIVIDADES.

Bibliografia: Animismo e Espiritismo - Alexandre Aksakof - Cap. IV Animismo ou Espiritismo? - Ernesto Bozzano - Caps. I a IV Apostila de Reciclagem S/Passes 1ª Folha – GFLM 88 Depois da Vida - Divaldo P. Franco - Cap. 3 – Leal Diálogo com as Sombras - Hermínio C. Miranda - Cap. IV - FEB Diretrizes de Segurança - Divaldo P. Franco/Raul Teixeira - Cap. VII - Ed. Cifrater Estudando a Mediunidade - Martins Peralva - Cap. XXVI Estudos sobre a Mediunidade - Cap. 18 - Editora LAR do ABEC Mecanismo da Mediunidade - André Luiz - Cap. XXIII Nas Fronteiras da Loucura - Manoel P. de Miranda e Divaldo Franco - Cap. 25/26 - LEAL Nos Domínios da Mediunidade - André Luiz - Cap. XXII O Livro dos Médiuns - Allan Kardec - Cap. XXIII - 2ª Parte. Obsessão, Passe e Doutrinação - J. Herculano Pires - Págs. 77 à 81 - Edit. Paidéia Pequeno Manual dos Médiuns - Espírito Erasmo - Cap. V - Ed. C.E.I.S. Terapia de Vidas Passadas - Hermínia Prado Godoy

29.10 Orientações finais

Interromper as manifestações mediúnicas no horário de transmissões do passe curativo. Disciplina é alma da eficiência.

André Luiz

Os médiuns passistas não deverão atender a pedidos de orientação ou consultas formuladas pelos enfermos, na hora prevista para aplicação do passe. Todo o trabalho para expressar-se em eficiência e segurança reclama disciplina.

Chico Xavier