ÔMEGA-3 NA PREVENÇÃO DA HIPERCOLESTEROLEMIA NO...

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ÔMEGA-3 NA PREVENÇÃO DA HIPERCOLESTEROLEMIA NO ADULTO OMEGA -3 IN HYPERCHOLESTEROLEMIA PREVENTION IN ADULT PEREIRA, Greissica dos Santos 1 PEIXOTO, Iris custódio Borel 2 TAVARES, Warlen de Souza 3 BINDACO, Érica Sartório 4 RESUMO Enfatizada pelo forte crescimento, a Hipercolesterolemia é uma dislipidemia que está relacionada com o aumento da taxa de colesterol no sangue. Para isso é preciso se ater sobre como atuar frente à prevenção ou quando já instalada fazer tratamento de uma patologia com tantos agravos e de multifatores. Este artigo tem por razão destacar, assim como também, fazer entendimento os aspectos necessários ao tratamento da hipercolesterolemia, alertando através de uma revisão bibliográfica feita em artigos e diretrizes, as patologias associadas e colocando em voga a utilização do Ômega- 3 como alimento funcional para melhorar os níveis séricos de colesterol de boa qualidade no organismo. Como resultado pode-se compreender que a alimentação e a qualidade, na qual está prescrito os lipídeos no plano alimentar, dando-se preferência ao consumo de Omega-3 contribui para uma melhora relevante para os pacientes que desenvolvem o quadro de dislipidemia o que é de grande contribuição na atuação de profissionais da área de saúde. Palavras-chave: Dislipidemia; Hipercolesterolemia; Ômega-3. ABSTRACT 1 Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected]. 2 Graduando do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected]. 3 Graduando do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected]. 4 Professor orientador:Nutricionista e especialista em fitoterapia aplicada a nutrição clinica, Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected]. Cachoeiro de Itapemirim ES.

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  • ÔMEGA-3 NA PREVENÇÃO DA HIPERCOLESTEROLEMIA NO

    ADULTO

    OMEGA -3 IN HYPERCHOLESTEROLEMIA PREVENTION IN ADULT

    PEREIRA, Greissica dos Santos1

    PEIXOTO, Iris custódio Borel2 TAVARES, Warlen de Souza3

    BINDACO, Érica Sartório4

    RESUMO Enfatizada pelo forte crescimento, a Hipercolesterolemia é uma dislipidemia que está relacionada com o aumento da taxa de colesterol no sangue. Para isso é preciso se ater sobre como atuar frente à prevenção ou quando já instalada fazer tratamento de uma patologia com tantos agravos e de multifatores. Este artigo tem por razão destacar, assim como também, fazer entendimento os aspectos necessários ao tratamento da hipercolesterolemia, alertando através de uma revisão bibliográfica feita em artigos e diretrizes, as patologias associadas e colocando em voga a utilização do Ômega- 3 como alimento funcional para melhorar os níveis séricos de colesterol de boa qualidade no organismo. Como resultado pode-se compreender que a alimentação e a qualidade, na qual está prescrito os lipídeos no plano alimentar, dando-se preferência ao consumo de Omega-3 contribui para uma melhora relevante para os pacientes que desenvolvem o quadro de dislipidemia o que é de grande contribuição na atuação de profissionais da área de saúde.

    Palavras-chave: Dislipidemia; Hipercolesterolemia; Ômega-3. ABSTRACT

    1Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected].

    2Graduando do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected].

    3Graduando do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES, [email protected].

    4Professor orientador:Nutricionista e especialista em fitoterapia aplicada a nutrição clinica, Centro Universitário São

    Camilo-ES, [email protected].

    Cachoeiro de Itapemirim – ES.

  • Emphasized strong growth, hypercholesterolemia, dyslipidemia is one which is related to increased cholesterol levels in the blood. For this we need to stick on how to act against the prevention or when already installed to treat a condition with many injuries and multifactor. This article is right to emphasize, as well, to understand the aspects necessary for the treatment of hypercholesterolemia, warning through a literature review made in articles and guidelines, associated pathologies and putting in vogue the use of omega-3 as a functional food for improve serum levels of good quality cholesterol in the body. As a result one can understand that the power and quality, which is prescribed lipids in food terms, giving preference to the Omega-3 consumption contributes to a significant improvement for patients who develop dyslipidemia framework which is great contribution to the work of health professionals.

    Keywords: Dyslipidemia; hypercholesterolemia; Omega 3. INTRODUÇÃO

    Ao passar do século é notório a mudança do perfil humano com relação à nova

    visão de mundo e aspectos sociais, a saúde, por exemplo, se tornou ainda mais

    essencial devido ao fator alimentação que tem contribuído muito para um bom estado

    de vida, tanto em seu aspecto fisiológico, psicológico e também social. Muitas doenças

    surgiram e outras se agravaram, no caso destas, será discutido neste artigo a

    Hipercolesterolemia que é um tipo de dislipidemia.

    A Hipercolesterolemia é uma enfermidade que pode ter predisposição genética

    ou não, porém está relacionada com o aumento da taxa de colesterol no sangue

    podendo ser acompanhada pelo sedentarismo, obesidade e também está ligada aos

    casos de doenças cardiovasculares (DCV) que tem aumentado significativamente por

    diversos fatores, o que eleva a preocupação dos orgãos de saúde, bem como dos

    profissionais envolvidos.

    Logo, quando um paciente é diagnosticado com esta dislipidemia, através de

    exames bioquimicos, precisa procurar o mais rápido possivel o tratamento, seja ele

    medicamentoso ou não, o que vai depender do estágio em que se encontra e até

  • mesmo das complicações advindas de tal patologia, que é silenciosa e pode ser

    detectada muitas vezes, apenas quando já se tem sinais de complicações aparentes,

    como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), entre outras.

    Mesmo com tantas divergências, ainda é possível um tratamento preventivo, seja

    através de uma reeducação alimentar saudável, com alimentos funcionais (capazes de

    auxiliar a redução da absorção do colesterol pelo intestino), ou também com a prática

    regular de atividade fisica que pode auxiliar os pacientes com predisposição genética a

    terem seus niveis de colesterol reduzidos, mesmo sendo usuários de medicamentos.

    Desta forma o presente artigo objetiva-se conceituar o Ômega-3 como nutriente

    funcional para a melhora dos níveis séricos de colesterol de boa qualidade no

    organismo e contribuir para o tratamento e prevenção da dislipidemia em adultos.

    METODOLOGIA

    Para a realização deste trabalho foi feita uma pesquisa bibliografica por artigos

    publicados após 2005 pelo google acadêmico, e site da Scielo, com as palavras

    chaves: Dislipidemia, hipercolesterolemia, ômega-3. Com os materiais encontrados foi

    selecionado os artigos com o conteúdo necessário mais relevantes para o estudo. Os

    resultados obtidos estão no decorrer deste artigo.

    DESENVOLVIMENTO

  • A dislipidemia é definida como um distúrbio que altera os níveis séricos dos

    lipídeos (gorduras). Os componentes implicados na sua manifestação muitas vezes são

    difíceis de separar, por possuirem uma base multifatorial tanto genética como

    ambiental, a classificação é feita de acordo com a sua etiologia em: primários, “[...]

    interação entre fatores genéticos e ambientais que determina o fenótipo dos perfis

    lipídicos [...]” (SPOSITO, 2007, p. 4) e secundários, causados pelo uso de

    medicamentos ou por outras doenças (SPOSITO, 2007).

    Dentre as principais dislipidemias primárias encontram-se: hipertrigliceridemia

    comum e hipercolesterolemia comum de causas poligênicas ou seja, causadas por

    fatores genéticos e ambientais; e ainda, hipercolesterolemia familiar, hiperlipidemia

    familiar combinada, disbetalipoproteinemia e síndrome de quilomicronemia, causados

    por fatores genéticos. Já as dislipidemias secundárias pode-se citar como exemplo as

    causadas pelo hipotiroidismo, diabetes mellitus, obesidade e alcoolismo (XAVIER H. T.

    et al, 2013).

    As alterações do perfil lipídico podem incluir colesterol total (CT) alto,

    triglicerídeos (TG) alto, níveis elevados de colesterol de lipoproteína de baixa densidade

    (LDL-c), e colesterol de lipoproteína de alta densidade baixo (HDL-c) (BRASIL, 2011).

    O acúmulo de quilomícrons (lipoproteína rica em TG, maiores e menos densas)

    e/ou de VLDL (lipoproteínas de densidade muito baixa ou verylowdensitylipoprotein)

    resulta em hipertrigliceridemia, decorrente de redução da hidrólise de TGs ou acúmulo

    de síntese de VLDL. A hipercolesterolemia é resultado do acúmulo de lipoproteínas

    ricas em colesterol como a LDL (lowdensitylipoprotein) no compartimento plasmático

    (XAVIER H. T. et al, 2013).

    A hipercolesterolemia tem como caracteristica o aumento das taxas sanguíneas

    de triglicérides, que podem formar placas de gordura que se acumulam nas paredes

    das artérias, dificultando assim a circulação, esse é um dos principais fatores da

    ocorrência de doenças cardiovasculares (DCV) e cerebrovasculares, aterosclerose e

    infarto agudo do miocárdio (BRASIL, 2011).

  • “A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial que

    ocorre em resposta à agressão endotelial [...]” (SPOSITO, 2007, p. 4), a camada íntima

    de artérias de médio e grande calibre são as principais acometidas.

    Um dos principais objetivos para os doentes com diagnóstico concreto de

    hipercolesterolemia, é induzir a regressão da aterosclerose, como forma de previnir

    infartos (SILVA; TORRES, 2015).

    Na população brasileira a mudança no estilo de vida da população, devido aos

    impactos da vida moderna, são avaliados como influentes fatos na mudança de hábitos

    nurtricionais, adotando uma dieta rica em gordura e açucares e pobre em fibras. Efeitos

    que trazem acréscimo ao desenvolvimento das várias formas de dislipidemias. Estudos

    apresentam uma taxa de presença de dislipidemias próxima a 16,5%, com base em

    dados de 49.395 adultos residentes nas capitais brasileiras e no Distrito Federal, “[...]

    evidenciando o grande desafio a ser enfrentado pela saúde pública brasileira.”

    (FERNANDES et al, 2011, p. 318).

    O acréscimo da inscidência de dislipidemias no Brasil expõe a necessidade de

    um diagnóstico adequado, para que haja uma resposta mais significativa ao tratamento,

    sendo realizado através de um exame bioquimico.

    A avaliação do perfil lipídico é feita através das determinações bioquímicas do

    CT, TG, HDL-C e LDL-C feitas após jejum de 12 a 14 horas o que é recomendado. O

    indivíduo deve evitar a ingestão de álcool e a prática de exercício físico nas 72 e 24

    horas que antecedem a coleta de sangue, além de “[...] manter a alimentação habitual,

    estado metabólico e peso estáveis, por pelo menos duas semanas antes da realização

    do exame.” (SPOSITO, 2007, p. 5 ).

    Segue na tabela 1. Os valores de referência do perfil lipídico para adultos

    maiores de 20 anos.

  • TABELA 1. Valores de referência do perfil lipídico para maiores de 20 anos.

    Fonte: Xavier H. T. et al (2013).

    A dislipidemia pode ser classificada de acordo com o tipo de alteração dos níveis

    séricos de lipídeos, em: hipertrigliceridemia isolada (TGs ≥ 150 mg/dl),

    hipercolesterolemia isolada (LDL-C ≥ 160 mg/dl), e hiperlipidemia mista com valores

    aumentados de LDL-C (≥ 160 mg/dl) e TG (≥ 150 mg/dl), e HDL-C baixo. (BRASIL,

    2011). A redução do HDL-C é diferente para os sexos sendo em homens < 40 mg/ dl e

    mulheres < 50 mg/dl, podendo ser isolada ou em associação a aumento de LDL-C ou

    de TG. “Valores de LDL-C > 190 mg/dl e TG > 800 mg/dl, isoladamente ou associados,

    caracterizam uma dislipidemia grave.” (Xavier H. T. ET AL, 2013, p. 14).

  • Para que seja feito o diagnóstico de hipercolesterolemia é necessário que se

    realize duas elevações consecutivas do colesterol sanguíneo. Sendo que os niveis de

    HDL permanecem normais, o que dificulta o diagnóstico (SILVA; TORRES, 2015).

    Após o diagnóstico é feito o tratamento com o objetivo de reduzir os níveis de

    colesterol, consequentemente havendo uma redução no risco de doenças

    cardiovasculares de acordo com o grau de redução do colesterol, o tratamento pode ser

    medicamentoso ou não medicamentoso (BRASIL, 2011).

    Ainda com o autor acima, no tratamento medicamentoso são utilizados

    medicamentos á base de vastatinas ou de estatinas como também é conhecida. As

    estatinas podem diminuir a produção endógena do VLDL, reduzindo os níveis de

    triglicerídeos e apolipoproteína B, as que estão disponíveis no mercado promovem

    reduções de LDL-C de até 55% a 60% em monoterapia (IZAR, 2011), as mais

    conhecidas são: atorvastatina; fluvastatina; lovastatina; pravastatina e rosuvastatina.

    Ao se falar do tratamento não medicamentoso da hipercolesterolemia, segundo

    Santos et al (2013), o colesterol alimentar exerce pouca influência sobre a sua

    concentração plasmática, aproximadamente 56% do colesterol da dieta são absorvidos,

    porém os ácidos graxos exercem maior influência sobre a colesterolemia e seu

    consumo deve ser menor que 7% do VET (Valor Energético Total),

    O autor ainda relata, que o paciente com dislipidemia deve ter uma mudança de

    habito alimentar em busca do controle do perfil lipídico, visando reduzir principalmente a

    ingestão de colesterol e de ácidos graxos saturados, sendo que o paciente com

    hipertrigliceridemia, também deve restringir a ingestão de carboidratos e bebidas

    alcoólicas. Substituir a gordura saturada da dieta por mono e poli-insaturada pode ser

    considerada uma boa estratégia para controlar a hipercolesterolemia e logo reduzir a

    chance de eventos clínicos. Deve-se também ter cuidado com chocolate confeccionado

    com leite, devido quantidade de ácidos graxos mirístico e láurico, conhecidos por serem

    hipercolesterolêmicos.

  • Tabela 2. Recomendações dietéticas para a redução da Hipercolesterolemia

    segundo Santos et al (2013).

    FONTE: Santos et al (2013).

    A tabela acima sugere quantidades de consumo de alimentos, para diferentes

    grupos alimentares, auxiliando numa redução dos niveis de colesterol e TG. Sabe-se

    que alimento industrializados, processados, possuem uma forte contribuição para as

    alterações no perfil lipidico, devido a sua alta concentração de açucares e gorduras.

    Deve-se dar preferência para o consumo de leite desnatado, carne de aves sem

    a pele, carne vermelha magra, carne de peixes, água, fibras, verduras, legumes, frutas,

    óleos vegetais, entre outros alimentos que sejam saudáveis, e que contenham taxas

    significativas de ômega-3 (ω3) (ABADI; BUDEL, 2014).

    Segundo Santos, Bortolozo (2008), os ácidos graxos ω3 são uma classe

    essencial de ácidos graxos poliinsaturados (AGPIs), onde a primeira dupla ligação, a

    partir do grupo metila se encontra no carbono 3, a sua principal fonte encontra-se no

    óleo de peixe.

  • Os ácidos graxos ω3 são compreendidos por: ácido docosaexaenoico (DHA) e

    ácido eicosapentaenoico (EPA), de origem marinha e alfalinolênico (ALA) de origem

    vegetal, como representantes vegetais tem-se: soja (5% a 7%), canola (7% a 10%) e a

    semente de linhaça (58% a 60%), já os de origem marinha são, os peixes de águas

    muito frias e profundas (SANTOS et al, 2013).

    No sistema cardiovascular esses compostos têm efeito antiarritmico e

    antitrombótico, aumentam o tempo de sangramento evitando aderência de plaquetas

    nas artérias, previne a aterosclerose e reduz a concentração de colesterol no plasma.

    Possui ainda ação como antiinflamatório e antialérgico, por aumentar algumas defesas

    do organismo. (DENARDI; SALGADO; MOREIRA, 2009).

    O autor acima ainda descreve a alegação de propriedade funcional do ω3, uma

    informação relativa ao papel fisiológico ou metabólico que o nutriente ou não nutriente

    tem no organismo humano. A alegação de saúde, afirma, implica ou sugere a existência

    da relação entre o alimento ou ingrediente com a diminuição de risco da condição ou

    doença.

    O interesse pela ação dos AG ω3 surgiu a muito tempo devido a baixa incidência

    de doenças coronarianas nos esquimós da Groenlândia (KAYSER et al, 2010).

    Ocasionada pela ingestão regular de peixes.

    Estudos epidemiológicos têm demonstrado que a ingestão regular de peixe na

    dieta tem efeito favorável sobre os níveis de triacilgliceróis. “Um dos efeitos mais

    consistentes de AG ω3 é a redução em jejum e pós-prandial de triglicéridos séricos e

    de ácidos gordos livres.” (TORREJON; JUNG; DECKELBAUM, 2008, p.3).

    A dose recomendada de ingestão em estudos, sugerem que a adição de 0,5 –

    1,8 gramas/dia de derivados marinhos com EPA E DHA, e de 1,5 – 3,0 gramas/dia de

    plantas com alfa-linoleico (DENARDI; SALGADO; MOREIRA, 2009).

    Um estudo publicado na revista The American Journal of Clinical Nutrition feito

    por Ray et al. (2011), mostra uma redução de 27% nos níveis de TG, com tratamento

  • por placebo após dose mais alta de 3,4 gramas por dia de EPA e DHA em pessoas com

    hipertrigliceridemia moderada.

    A suplementação de ω3 reduz tanto o nível de TG em estado pós-prandial

    quanto em jejum por mais de 25% em homens hipertrigliceridêmicos. O mesmo ainda

    reduz a concentração de partículas totais e moléculas densas e pequenas de LDL, e

    partículas remanescentes de quilomícrons. Ômega-3 também pode reduzir a

    concentração de TG através da inibição da síntese e secreção hepática de VLDL, “por

    diminuírem a atividade da diacilglicerolaciltransferase, enzima implicada na síntese

    hepática de triglicérides.” (LOTTENBERG, 2009, p. 601).

    De acordo com Santos et al (2013), existe no mercado várias formulações de

    óleo de peixe rico em ω3, variando a quantidade de EPA e DHA por cápsula, podendo

    alcançar 90% ou 1000mg nas mais concentradas, o restante da capsula compõe-se de

    ácidos graxos poli-insatutrados, monoinsaturados, saturados e veículos como gelatina e

    glicerina. Efeitos colaterais mais relatados da suplementação são os relacionados com

    o trato gastrointestinal nas dosagens < 3g/dia (4%) e até 4g/dia (20%), além da

    sensação de “cheirar peixe”, causando muitas vezes o descontinuo. Congelar o óleo de

    peixe, consumí-lo durante as refeições, modificar o horário ou até mudar a fórmulação

    podem auxiliar numa melhor aderência.

    É preciso cuidados em algumas fontes desse ácido graxo, por exemplo a linhaça

    tem o ω3 contido em seu interior e muitas vezes é vendida já trituradas e em

    embalagens transparentes, o que não é indicado. O ideal é triturar as sementes em

    métodos tradicionais: liquidificador, mixer, pilões. Logo, devem ser armazenados em

    potes que protejam da luminosidade, bem tampados e sob congelador ou geladeira,

    para o uso basta retirar apenas a porção que vai utilizar e guardar novamente

    (SANTOS et al, 2013).

    Cuidados devem ser tomados também no caso de peixes, pois a mesma fonte

    pode variar na concentração como demonstra na tabela 3 a seguir:

  • Tabela 3. Conteúdo médio de ácido graxo poliinsaturado ômega-3 em pescados.

    Fonte: Carrero et al (2005).

    O pescado que mais aprensenta valores significativos de ω3 encontran-se na

    cavala, sendo uma fonte mais abundante desse lipídio para Carrero et al (2005).

    Enquanto para Santos et al (2013), o peixe com melhor teor de ácidos graxos e relação

    ω6 e ω3 é a Pescadinha, podendo observar também elevado teor nos peixes como:

    sardinha em conserva, truta, filhote entre outros.

    Apesar dos benefícios, deve-se ter atenção nas proporções de ômega-6 e

    ômega-3, pois deve ser adequado para que seja benéfica e para garantir equilibrio

    quimico e fisiológico ao organismo. “Quantidades desbalanceadas da razão Ômega-6 /

    Ômega-3 (acima de 7:1) podem exercer grandes danos à saúde, como o agravamento

    de processos inflamatórios de características subclínicas que caracterizam atualmente

    a obesidade” (SANTOS et al, 2013 p. 25).

  • “Através da dieta podem ser consumidos ácidos graxos de 3 diferentes tipos,

    dentre eles ω9, ω6 e ω3. Porém, apenas os dois últimos são considerados essências

    para o organismo.” (KAYSER et al, 2010, p.142). O auto consumo de ω6, auxilia no

    aumento do conteúdo de ácido araquidônico nos fosfolipídios das membranas

    celulares, o que causa aumento na produção de substâncias pró- inflamatórias:

    leucotrienos e prostaglandinas da série par, através das vias lipoxigenases (5-LOX) e

    cicloxigenases (COX) respectivamente (KAYSER et al, 2010).

    A ingestão do ω3 introduz o EPA nos fosfolipídios das membranas inibindo o

    metabolismo do ácido araquidônico por competição pelas mesmas vias enzimáticas,

    formando substâncias menos inflamatórias. “Os ω6 e ω3 competem nas vias

    metabólicas pelas mesmas enzimas por isso o consumo balanceado desses ácidos

    graxos na dieta é de grande importância” (KAYSER et al, 2010, p. 141). Alguns estudos

    demonstram ser satisfatório a relação ω6: ω3 de 10 a 5: 1.

    Mesmo que o filé de peixe seja fonte restrita de ω3, ele tem o consumo

    incentivado, pois é carne magra e pode ser associado ao consumo de vegetais ricos em

    ω3 e então suprirá alguma deficiência desde que também respeitados os limites de

    ingestão de ω6 (SANTOS et al, 2013).

  • Tabela 4. Recomendação de ácido graxo Ômega - 3 em homens e mulheres.

    Fonte: DENARDI; SALGADO; MOREIRA (2009).

    As recomendações variam de acordo com a faixa etária, sendo essencial a sua

    ingestão adequada para cada idade.

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    Levando em consideração todos esses aspectos, fica constatado então, a

    importância e eficácia do uso de Omega 3 no tratamento da hipercolesterolemia que se

    define nos dias atuais como uma das principais patologias crescentes na sociedade e

    visto as diversas implicações a outras patologias.

  • O efeito benéfico do Omega 3 se tornou significativo também por ser de mais

    fácil acesso e estar inserido em alimentos de melhor aceitação em um plano alimentar,

    o que auxilia no seu consumo de acordo com as recomendações.

    Por isso este artigo se torna positivo pois contribuiu para ampliar o

    conhecimento a respeito do tratamento nutricional funcional de dislipidemias e suas

    consequências fisiológicas.

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