Meio Ambiente e Trabalho

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Transcript of Meio Ambiente e Trabalho

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C a d e r n o s d e

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LE ÇÃO

Meio Ambiente e Trabalho

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A o longo de sua história, o Brasil tem enfrentado o problema da exclusão social que

gerou grande impacto nos sistemas educacionais. Hoje, milhões de brasileiros ainda

não se beneficiam do ingresso e da permanência na escola, ou seja, não têm acesso a um

sistema de educação que os acolha.

Educação de qualidade é um direito de todos os cidadãos e dever do Estado; garantir o

exercício desse direito é um desafio que impõe decisões inovadoras.

Para enfrentar esse desafio, o Ministério da Educação criou a Secretaria de Educação

Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad, cuja tarefa é criar as estruturas necessárias

para formular, implementar, fomentar e avaliar as políticas públicas voltadas para os grupos

tradicionalmente excluídos de seus direitos, como as pessoas com 15 anos ou mais que não

completaram o Ensino Fundamental.

Efetivar o direito à educação dos jovens e dos adultos ultrapassa a ampliação da oferta

de vagas nos sistemas públicos de ensino. É necessário que o ensino seja adequado aos que

ingressam na escola ou retornam a ela fora do tempo regular: que ele prime pela qualidade,

valorizando e respeitando as experiências e os conhecimentos dos alunos.

Com esse intuito, a Secad apresenta os Cadernos de EJA: materiais pedagógicos para o

1.º e o 2.º segmentos do ensino fundamental de jovens e adultos. “Trabalho” será o tema da

abordagem dos cadernos, pela importância que tem no cotidiano dos alunos.

A coleção é composta de 27 cadernos: 13 para o aluno, 13 para o professor e um com

a concepção metodológica e pedagógica do material. O caderno do aluno é uma coletânea

de textos de diferentes gêneros e diversas fontes; o do professor é um catálogo de ativi-

dades, com sugestões para o trabalho com esses textos.

A Secad não espera que este material seja o único utilizado nas salas de aula. Ao con-

trário, com ele busca ampliar o rol do que pode ser selecionado pelo educador, incentivan-

do a articulação e a integração das diversas áreas do conhecimento.

Bom trabalho!

Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – Secad/MEC

Apresentação

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Sumário

TEXTO Subtema

1. RRR: As três letras que podem salvar a natureza 6

2. Pequenos produtores contestam ciclo da monocultura da soja 10

3. Futuro submerso Diversidades regionais 12

4. Medicinas silvestres Maturidade social 14

5. É preciso saber usar Miscigenação 16

6. Agressão e consciência Crítica social 18

7. Uma lição da nação Ianomâmi Trabalhadores 20

8. Protocolo de Kyoto Cultura suburbana 22

9. Economia do Pantanal a luta dos negros 24

10. Em busca do selo verde Ambiente de trabalho 26

11. O planeta água pode secar Identidade nacional 28

12. Niquel Nausea / Gente que fazAmbiente de trabalho 37

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13. Forças da natureza Índios do Brasil 38

14. Por que o planeta está esquentandoImigração e culinária 42

15. Uma atividade ameaçada Direitos civis 45

16. Mas eles resistem Origens dos trabalhadores 46

17. Restos alimentam plantasÍndios do Brasil 47

18. Uma atividade típica do século XV 49

19. O maracatu atômico que protege o mangue Olhos da alma 50

20. A palavra da Constituição Arte culinária 52

21. Efeito estufaArte culinária 54

22. Reserva Chico MendesArte culinária 57

23. Um amor, uma cabana Arte culinária 58

24. The end of the night sky Arte culinária 62

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Tratamento de l ixoTEXTO 1

• Meio Ambiente e Trabalho66

OBrasil e o mundo produzem diaria-mente verdadeiras cordilheiras delixo. Segundo as estatísticas ambien-

tais, cada habitante do país joga no lixo emmédia um quilo de resíduos a cada dia, oque representa perto de 180 mil toneladas.E só 10 por cento dos mais de 5 mil muni-cípios brasileiros dispõem de aterros sani-tários e uma proporção ainda menor contacom usinas de tratamento e purificação; naesmagadora maioria dos casos toda essasujeira vai parar em lixões a céu aberto,com substâncias tóxicas que, atingindodiretamente as populações vizinhas, sãolevadas pelos rios e córregos e pelos ven-tos a regiões distantes, afetando pratica-mente todos os habitantes do país.

Para combater essa situação, os ecolo-gistas propõem os 3Rs, ou RRR, mas não sãoRonaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho eRivaldo, como na Seleção pentacampeãmundial de 2002, e sim representam as pala-vras Reduzir, Reciclar e Reutilizar.

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AS TRÊS LETRAS QUE PODEMSALVAR A NATUREZARenato Pompeu

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REDUZIROs restos de comida, segundo a AssociaçãoBrasileira de Empresas de Limpeza Públicae Resíduos Especiais, constituem metadedo lixo doméstico. Assim, basta reduzir odesperdício de alimentos nos lares brasilei-ros para não só diminuir drasticamente ovolume de lixo, como também disponibili-zar comida para os mais carentes, os des-nutridos e famintos. Também as embala-gens constituem perto de 45% do lixo nascidades maiores, e aqui igualmente caberiauma redução significativa, se os estabeleci-mentos comerciais voltassem a utilizarvasilhames retornáveis e a vender a granelalimentos e outros artigos, conforme aindaocorre em muitas feiras-livres.

RECICLARComo já acontece com os papéis e as gar-rafas de plástico PET, além de objetos demadeira e metal, é possível, com procedi-mentos técnicos de transformação, reapro-veitar grande parte dos materiais hoje descartados. Convém notar que existe,principalmente em países europeus, o “fair

trade” (“comércio justo”) que são redes deconsumidores que utilizam, por exemplo,só papéis reciclados, ainda que eles sejammais caros.

REUTILIZARAlém dos vasilhames retornáveis, a reutili-zação envolve pilhas, baterias, lâmpadasfluorescentes, que, quando já usadas, nãodevem ser jogadas no lixo, inclusive porconterem substâncias altamente tóxicas, esim devolvidas aos pontos de venda, que seencarregarão de encaminhá-las aos fabri-cantes, que poderão utilizar pelo menosparte de seus componentes.

Prefira, entre produtos semelhantes:

• Embalagens menores

• Garrafas retornáveis

• Produtos marcados como recicláveis

• Pilhas e baterias recarregáveis

• Eletrodomésticos e eletroeletrônicos comprazo maior de garantia

• Lâmpadas fluorescentes

RReefflleettiirr (sobre o sistema produtivo como um todo)RReeppeennssaarr (sua necessidade real de consumo)

RReedduuzziirr (o consumo)RReeuuttiilliizzaarr (antes de descartar)RReecciiccllaarr (como última etapa)

OOuuttrrooss eerr rreess aaddiicciioonnaaiiss

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• Entre dois produtos similares,escolha o que tiver embalagemmenor. Garrafas retornáveis sãopreferíveis às descartáveis. Ve-rifique se os produtos têm osímbolo de reciclável na em-balagem:

• Prefira pilhas e baterias recar-regáveis: elas são mais econô-micas e poluem menos.

• Escolha eletrodomésticos comgarantia mais longa, pois sãomais duráveis.

• Para prolongar a vida útil depneus, calibre-os semanalmente.

• Prefira as lâmpadas fluorescentes:elas duram mais e consomem me-nos energia.

• Aproveite o lixo orgânico da suacasa para fazer um ótimo adubopara horta, jardim e vasos (vejacomo fazer isso no quadro).

• Explique aos seus familiares, vi-zinhos e colegas de trabalho aimportância de diminuir a quan-tidade de lixo e de separar osresíduos recicláveis.

TTeexxttoo 11 / Tratamento de l ixo

• Meio Ambiente e Trabalho88

Veja como diminuir a produção de lixo

Aproveite

• Os restos orgânicos de seu lixo para fazeradubos para vasos, jardim, horta e pomar(veja o quadro na página ao lado).

• Verifique pelo menos uma vez por sema-na a calibragem dos pneus do seu carro.

• Reutilizando os restos de comida.

Texto divulgado pela EPA – Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Adaptado.

Coleta seletiva: 76% de todo o lixo residencial do país acaba nos lixões.

Foto: Oslaim Brito / AE

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VVeejjaa ccoommoo éé ssiimmpplleess::11)) Um trecho de terra nua de um

metro quadrado já é o suficien-te. O primeiro passo é ergueruma cerca nos quatro lados, atéum metro de altura, com ripasde madeira, telas de plástico ouarame.

22)) O segundo passo é forrar umacamada de dez centímetros dealtura com lixo bem seco, comopão duro, pó de café já passa-do, folhas secas, galhos secos.

33)) O terceiro passo é colocar lixoúmido, como restos de comida,papel molhado, esterco. Nãoponha carne, que atrai insetose roedores.

44)) A cada camada que se despe-jar de lixo úmido, deve-se pôrem cima uma camada de lixoseco, como a utilizada no início.

55)) A cada semana, remexa as ca-madas que já estão colocadas,antes de pôr sobre elas outrascamadas.

66)) A cada mês e meio, retire amistura das camadas inferiores,que já poderá ser usada comoadubo, no jardim, na horta ouno pomar.

Basta ter um pequeno pedaço de quintal ou jardim para rea-proveitar como adubo os restos de comida, evitando assimatrair os insetos e roedores tão indesejáveis.

O lixo orgânico pode virar adubo

Renato Pompeu é escritor e jornalista.

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A monocul tura degradando o meio ambienteTEXTO 2

• Meio Ambiente e Trabalho1100

SOJAPPEEQQUUEENNOOSS PPRROODDUUTTOORREESSCCOONNTTEESSTTAAMM CCIICCLLOO DDAA MMOONNOOCCUULLTTUURRAA DDAA

Os fatoressão muitos,mas os gasesestufa são o

principal

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Em março de 2006, a cidade de Lucasdo Rio Verde, em Mato Grosso, foi pulverizada com uma nuvem de agro-

tóxicos, que dizimou plantas ornamentais,medicinais e a produção de pequenos pro-dutores.

Como o problema já vem acontecendohá quatro anos, as entidades sindicais eoutros representantes da sociedade civilreivindicam que seja convocada uma au-diência pública com toda a população paradebater o problema. Querem que seja cria-do um fórum permanente de discussãosobre os rumos do desenvolvimento domunicípio. Também querem que as autori-dades municipais se comprometam a tomarmedidas efetivas para prevenção e fiscaliza-ção dos acidentes com agrotóxicos.

Os representantes do Sindicato dosTrabalhadores Rurais de Lucas do Rio Ver-de reconhecem que, com a soja, o municí-pio conseguiu conquistar uma qualidade devida razoável, uma ótima infra-estruturaurbana e, agora, tem que discutir comomanter e melhorar a qualidade de vida e adistribuição da renda. Alegam que sãoapenas os grandes produtores que se bene-ficiam do modelo de desenvolvimentobaseado no agronegócio – enquanto unspoucos ganham, a maioria perde.

Os sindicalistas acreditam que a solu-ção está na diversificação da produção domunicípio, no fortalecimento da agricul-tura familiar e da produção orgânica, pois,

de acordo com eles, o agronegócio empre-ga pouco, concentra a renda na mão dosgrandes fazendeiros, degrada o meio am-biente com o uso intensivo de fertilizantesquímicos, agrotóxicos e de maquináriopesado que compacta o solo, impedindo ainfiltração da água e causando erosão.Também constataram que o agronegóciodevastou as matas do município, acaboucom a diversidade de espécies vegetais eanimais da região, contaminou os rios eas lagoas e ameaça a saúde e a qualidadede vida dos habitantes.

Meio Ambiente e Trabalho • 1111

AAdaptado de http://ambientebrasil.com.br/noticias/index

Grandes áreas de floresta nativa são desmatadasno norte de Mato Grosso para o plantio de soja.

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Degradação ambienta lTEXTO 3

• Meio Ambiente e Trabalho1122

Elevação do nível do mar ameaça

ilhas e cria nômades marítimos

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Milhares de ilhas e ilhotas espalha-das pelo planeta já sofrem os efei-tos da expansão térmica dos ocea-

nos e da conseqüente elevação do nível domar provocados pelo aquecimento globaldo clima. A situação se torna ainda maisdramática quando esses pequenos pedaçosde terra são habitados e suas populaçõesobrigadas a viver na condição de nômadesdo mar.

É isso que acontece com os 11 milhabitantes das ilhas Tuvalu, uma minúscula nação formada por trinta ilhasdo oceano Pacífico próximas da NovaZelândia. Diariamente, eles são atingidospelo aumento de até 1 metro no volumeda maré, o que faz com que a água salga-da inunde as áreas mais baixas e conta-mine a água potável e as terras agrícolasdo país.

O quadro fica ainda pior quando aelevação do nível do mar vem acompanha-da da lua cheia – que amplia a magnitudedas marés –, de tempestades e de ciclonestropicais. Nessas condições, a ilha pode sercompletamente coberta pela água, a exem-plo do que ocorreu em 2001.

As autoridades de Tuvalu já avisaramque até amanhã (20/2/2004) a maré vai

superar a marca dos 3 metros e provocarondas gigantes que devem alagar a maiorparte da superfície da ilha, que está a poucomenos de 4,5 metros acima do nível domar. Mais uma vez, os nômades do mardeixarão seu país para só retornar quandoa água voltar a seu nível normal.

Segundo o pesquisador Carlos AugustoSampaio França, do Instituto Oceanográfi-co da Universidade de São Paulo (USP), osgases de efeito estufa lançados diariamen-te na atmosfera estão provocando o aque-cimento de todo o planeta. Esse aqueci-mento, explica, provoca a expansão tér-mica da massa líquida dos oceanos e oaumento gradual do nível das águas.

De acordo com França, estima-se quenos últimos cem anos o nível do mar tenha subido entre 10 e 20 centímetros, ea projeção para o próximo século é dealgo em torno de 50 centímetros, poden-do chegar a até 1 metro. Com isso, váriasilhas com cotas máximas de até 4,5metros acima do nível do mar, como é ocaso da capital, poderão ser literalmenteengolidas pelas águas.

AUSTRÁLIA

ILHAS SALOMILHAAS ASHASLLIILLL ASSSAAAASASAS ÃO

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PALAU Micronésia(EUA)(EUA)

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ILHAS COOK

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Oceano PacíficoOceano Pacífico

Mar de Coral

Mar de Coral

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Ilhas Tuvalu, umaminúscula nação

do oceano Pacífico,próxima da Nova Zelândia.

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Agência Brasil (19/2/2004)

Info

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Los grupos autóctonos que poseen cono-cimiento íntimo de los ecosistemas a sualrededor dependen de la naturaleza

para muchos aspectos de supervivenciadiaria, incluso sus medicinas. Los médicosoccidentales deben mucho más a estospueblos de lo que generalmente reconocen.

Los pueblos amazónicos en el Brasil yel Perú, por ejemplo, llevan mucho tiempousando las raíces de la enredadera Chon-drodendron para el tratamiento de fiebres y mordeduras de serpiente, y como arma.

Los cazadores usan flechas sumergidas enun líquido extraído de sus raíces. Cuandoes herida, la presa cae desplomada al sueloy muere en cuestión de segundos. Los cien-tíficos occidentales han adaptado la droga,llamada curare, para fabricar anestésicosmodernos, y para el tratamiento de escle-rosis múltiple y la enfermedad de Parkinson.

Remedios antiguos

De igual manera, los pueblos autóctonosdel Brasil llevan mucho tiempo empleando

MEDICINAS SILVESTRESDicen que cuando la esposa de uno de los virreyes españoles delPerú cayó enferma con malaria en el siglo XVII, un curanderoindígena la trató con la corteza de un árbol llamado quino. Si la historia es cierta o no, la droga fue adoptada luego por loseuropeos, que la llamaron “quinina”, y desde entonces ha venidousándose para tratar la enfermedad hasta nuestros días.

O trabalho em harmonia com a naturezaTEXTO 4

• Meio Ambiente e Trabalho14

Adaptação de AnaRoman

Sugestões da arte:

desenho antigo de

catalogação de plantas

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el jaborandi para fines medicinales. Actual-mente se la usa en la medicina occidentalpara tratar pacientes de cáncer que sufrende sequedad en la boca y la garganta aconsecuencia de la radioterapia. La plantatambién ayuda a relajar los músculosoculares, y ha sido adaptada para uso encirugía oftálmica y en el tratamiento deenfermedades de la vista.

Cultivando para la salud

Las medicinas locales pueden culti-varse, o pueden recolectarse como plantassilvestres. Muchas tribus de los bosquestropicales mantienen jardines para cose-char plantas importantes, y en Sudáfrica lagente cultiva árboles turbintos y jengibreafricano para uso medicinal.

Aproximadamente el 25 por ciento delas drogas farmacéuticas usadas en Occi-dente hoy día provienen de plantas, y mu-chas otras están desarrollándose comomedicinas del futuro.

Alrededor del 80 por ciento de los habi-tantes del mundo dependen de los cono-cimientos de su propia cultura sobre medi-cinas obtenibles de la naturaleza. Muchosno se pueden permitir el lujo de usar medi-cinas químicas modernas, pero los trata-mientos locales a menudo pueden serigualmente eficaces o mejores.

La riqueza de biodiversidad en loslugares más silvestres de nuestro planetabien podría ofrecer a la medicina moderna

muchas de las curas del futuro, a la vezque siguen sirviendo a quienes viven enesta biodiversidad y la conocen mejor quenadie.

Meio Ambiente e Trabalho • 15

GLOSARIO

A menudo. com freqüência, amiúdeA la vez. ao mesmo tempoAutóctonos. autóctone, natural dolugar em que habitaCorteza. cascaCosechar. colherDesarrollar. desenvolver, desenvolver-seDesplomarse. cair sem vida, desmoronar-seEnredadera. trepadeiraLujo. luxoNadie. ninguémSequedad. securaSiglo. séculoSuelo. solo, chãoSupervivencia. sobrevivênciaVirreyes. vice-reis

Extraído de www.ourplanet.com/tunza/issue0202sp/pages/medicines.html

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Atividades econômicas podem ser en-corajadas em detrimento dos recursosnaturais dos países, do qual dependem nãosó a existência humana e a diversidadebiológica, como o próprio crescimentoeconômico. O desenvolvimento sustentá-vel sugere, de fato, qualidade em vez dequantidade, com a redução do uso dematérias-primas e produtos e o aumentoda reutilização e da reciclagem.

Os modelos de desenvolvimento dos paísesindustrializados devem ser seguidos?

O desenvolvimento econômico é vitalpara os países mais pobres, mas o cami-nho a seguir não pode ser o mesmo adota-do pelos países industrializados. Mesmoporque isso não seria possível. Caso associedades do hemisfério sul copiassem ospadrões das sociedades do norte, a quan-tidade de combustíveis fósseis consumidaatualmente aumentaria dez vezes, e a derecursos minerais, duzentas vezes. Em vez

É PRECISO SABER USARSe fossem seguir o caminhodos já desenvolvidos, os paísesem crescimento esgotariam osrecursos do planeta

TEXTO 5

• Meio Ambiente e Trabalho16

Adefinição mais aceita para desenvol-vimento sustentável é o desenvolvi-mento capaz de suprir as necessida-

des da geração atual, sem comprometer acapacidade da natureza de atender asnecessidades das futuras gerações. É odesenvolvimento que não esgota os recur-sos para o futuro.

Essa definição surgiu na ComissãoMundial sobre Meio Ambiente e Desenvol-vimento, criada pelas Nações Unidas paradiscutir e propor meios de harmonizar doisobjetivos: o desenvolvimento econômico ea conservação ambiental.

O que é preciso fazer para alcançar o desen-volvimento sustentável?

Para ser alcançado, o desenvolvimen-to sustentável depende de planejamentoe do reconhecimento de que os recursosnaturais são finitos, o que representa umanova forma de desenvolvimento econômi-co, que leva em conta o meio ambiente.

Muitas vezes, desenvolvimento é con-fundido com crescimento econômico, quedepende do consumo crescente de energiae recursos naturais. Esse tipo de desenvol-vimento tende a ser insustentável, pois levaao esgotamento dos recursos naturais dosquais a humanidade depende.

Desenvolv imento sustentável

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Meio Ambiente e Trabalho • 17

Fonte P Extraído de: www.wwf.org.br

de aumentar os níveis de consumo dospaíses em desenvolvimento, seria precisoreduzir os níveis observados nos paísesindustrializados.

Os crescimentos econômico e popula-cional das últimas décadas têm sido marca-dos por disparidades. Embora os países dohemisfério norte possuam apenas um quin-to da população do planeta, eles detêmquatro quintos dos rendimentos mundiaise consomem 70% da energia, 75% dosmetais e 85% da produção mundial demadeira.

Conta-se que Mahatma Gandhi, ao serperguntado se, depois da independência, aÍndia perseguiria o estilo de vida britânico,teria respondido: “... a Grã-Bretanha preci-sou de metade dos recursos do planetapara alcançar sua prosperidade; quantosplanetas não seriam necessários para queum país como a Índia alcançasse o mesmopatamar?”

A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento precisam mudar.Os estilos de vida das nações ricas e aeconomia mundial devem ser reestruturados

para levar em consideração o meio ambiente.

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Degradação ambienta lTEXTO 6

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O garimpo de ouro de Serra Pelada,no Pará (foto de novembro de 1996),foi um exemplo clássico de destruiçãoambiental.

CONSCIÊNCIA

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• Meio Ambiente e Trabalho18

AGRESSÃO

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Meio Ambiente e Trabalho • 19

Ohomem é o único animal quemodifica a natureza, muitas vezesde forma irreversível. Faz isso

desde que aprendeu a construir sua ca-sa, cultivar alimentos, domesticar ani-mais e explorar minerais. A sociedademoderna intensifica de tal forma esseprocesso que compromete a vida no pla-neta. O objetivo? Aumentar o lucro – oque faz todo sentido no modelo socialcapitalista.

Ao mesmo tempo, cresce a tomada deconsciência ecológica e se desenvolve alegislação ambiental. Em algumas regiões,a destruição vem sendo interrompida oumesmo revertida. O conhecimento de queas substâncias descartadas, que poluem omeio ambiente, são matérias-primas eenergia desperdiçadas faz a reciclagemganhar espaço. Processos industriaislimpos – por exemplo, com o uso de filtrospara evitar a poluição atmosférica –podem até significar economia para asempresas.

Os interesses econômicos imediatos,no entanto, continuam a estimular agres-sões ao ambiente, muitas vezes com aconivência dos órgãos públicos e dos meiosde comunicação. A saúde do planetadepende de uma ampla mudança dementalidade. É preciso exigir investimen-tos de grandes proporções na prevenção de

acidentes ambientais e em tecnologias paraa utilização racional de energia e água epara a redução do descarte de efluentes.

A Revolução Industrial acelerou a degradaçãoda natureza, com o uso de combustíveis fósseis(inicialmente carvão, hoje petróleo e gás). O cresci-mento das áreas cultivadas e a extração mineraldestruíram vegetações nativas e florestas. Em con-seqüência, os rios foram afetados, com reduçãodo volume e da qualidade das águas. Inúmerasespécies animais e vegetais foram extintas. Muitasáreas foram destruídas em nome da urbanizaçãoe do crescimento.

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Industrialização em São Paulo no início do século XX: vista do Brás, 1910, com o moinho Mariângela, das indústrias Matarazzo, em primeiro plano.

Trecho extraído do texto O que Agride a Natureza, Agride oHomem, de 2000, da Cartilha “Trabalho e Meio Ambiente” da CUT- RJ, encontrado no site: www.sindipetro.org.br

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Quando, no fim dos anos 1980, houvea grande invasão de 40 mil garim-peiros no território ianomâmi, em

Roraima, morreram – por doenças e violên-cias na disputa de terras – cerca de 1.300indígenas, em particular muitos líderesespirituais, os xamãs. Em relação ao totalda população ianomâmi, que era de 12 milpessoas, o número de mortos foi trágico(mais de 10%). Além das mortes, deu-seoutra catástrofe: a poluição da rede hidro-gráfica e o desmatamento indiscriminadoresultaram no aniquilamento da atividadeprodutiva no Estado. Diante dos mortos edesse estrago sanitário e ambiental, insta-lou-se entre os ianomâmis a idéia de queestava chegando o fim do mundo.

A representação do ouro e dos metaiscomo algo negativo sempre esteve presentena mitologia ianomâmi. Segundo a crença,o Deus criador do Universo, Omama,escondeu os metais embaixo da terra paraproteger os humanos de uma fumaçamaligna que eles produzem. Quando osbrancos remexeram tudo, liberaram a

fumaça e provocaram as muitas mortesentre os ianomâmis – na verdade, a doen-ça que os atacava era a malária, fatal paraos povos indígenas de pouco convívio comos brancos.

A fumaça capaz de produzir doença, deacordo com a mitologia ianomâmi, tem oaspecto de gente comum, ou seja, indíge-na, mas por trás dela está o mau espírito,que tem a aparência de homem branco.Conhecido como Xawarari, o mau espíritoé muito assustador e anda em grupos.Chegam às aldeias matando todo mundo,fritando os índios em panelas, arrancando-lhes a pele para fazer rede e jogando asentranhas aos seus cães de guarda. Antro-pólogos dizem que essa representação“canibalista” simboliza a fome dos brancospela riqueza material.

O xamã Davi Kopenawa, porta-voz dosianomâmis, ensina que a conseqüência dapropagação da fumaça maligna é o exter-mínio de líderes espirituais, como elepróprio. Com isso, os espíritos, tornadosórfãos, se enfurecem e reagem atacando o

UMA LIÇÃO DA NAÇÃOIANOMÂMI

O trabalho em harmonia com a naturezaTEXTO 7

• Meio Ambiente e Trabalho20

Os espíritos diante da tragédia humana e ambiental

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Page 21: Meio Ambiente e Trabalho

céu com suas armas sobrenaturais, até queo céu ceda ao próprio peso e desabe sobrea terra. Os xamãs são os únicos capazes deconter as forças agressivas e manter o equi-líbrio do mundo, controlar a queda do céu,a ação dos espíritos maléficos e as doenças.

Foi a partir desse mundo espiritualque os ianomâmis interpretaram a catás-trofe sanitária e ambiental produzida pelogarimpo. Era natural que vissem nos mor-tos pela fumaça maligna, que a ação dosbrancos liberou, um indício forte de fimdo mundo. Para eles, o mundo só estáfuncionando porque os xamãs trabalhamo tempo todo, como é seu papel. Diz oxamã Davi Kopenawa: “Deve-se manterrelações de troca espiritual com todas asforças e entidades do Universo para elefuncionar de uma maneira ordenada e ahumanidade ficar com o seu espaço segu-ro e tranqüilo”.

Um ambientalista assinaria embaixo.

Meio Ambiente e Trabalho • 21

AMAZONASAMAZONAS

RORAIMARORAIMA

RESERVA IANOMAMIRESERVA IANOMAMI

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Helicópteros do Exército tiveram de combaterincêndio que ameaçou os ianomâmis, em Roraima, no ano de 1998.

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Adaptado do texto O Mundo, para os Ianomâmis, já está acabando, de Julia Contier, publicado na revista Caros Amigos, especial Terra em Transe, abril de 2005

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PROTOCOLO DE KYOTO

A luta para sa lvar o p lanetaTEXTO 8

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Em 1990, a Organização das Nações Unidas – ONU – iniciou umtrabalho mundial visando à adoção de uma série de medidaspara resolver o grave problema dos efeitos das mudanças climáticas no nosso planeta. Desde então, especialistas do mundointeiro têm se reunido para debater o assunto e estabelecer um programa de redução de emissão de gases que aumentam o efeitoestufa, principal responsável pelo desastre ecológico.

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Numa reunião realizada na cidadejaponesa de Kyoto, em 1997, cercade 10 mil delegados, observadores

e jornalistas do mundo todo participaramde um evento de alto nível onde foi apro-vado um documento denominado Protoco-lo de Kyoto.

Essa reunião foi mais uma dentreoutras já ocorridas desde a Conferênciadas Nações Unidas sobre Meio Ambientee Desenvolvimento, realizada no Rio deJaneiro, em junho de 1992 (ECO 92).

O Protocolo de Kyoto é um instrumen-to para implementar a Convenção dasNações Unidas sobre Mudanças Climáticas.Seu objetivo é que os países industrializa-dos (com a exceção dos EUA, que se recu-sam a participar do acordo) reduzam (econtrolem), entre 2008 e 2012, as emissõesde gases que causam o efeito estufa emaproximadamente 5% abaixo dos níveisregistrados em 1990. Importante ressaltar,no entanto, que os países assumiram dife-rentes metas percentuais dentro da metaglobal combinada. As partes do Protocolode Kyoto poderão reduzir as suas emissõesem nível doméstico e/ou terão a possibili-dade de aproveitar os chamados “mecanis-mos flexíveis” (Comércio de Emissões,

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo eImplementação Conjunta). Esses mecanis-mos servirão também para reduzir as me-tas de carbono absorvido nos chamados“sorvedouros”, tais como florestas e terrasagrícolas. Os países que não conseguiremcumprir as suas metas estarão sujeitos apenalidades.

Os países terão de mostrar “progressoevidente” no cumprimento de suas metasaté 2005. Considerando o tempo necessá-rio para que a legislação passe a vigorarefetivamente, é importante que os gover-nos atuem rapidamente para que o proto-colo entre em vigor. O Protocolo de Kyotonão possui novos compromissos para ospaíses em desenvolvimento além daque-les estabelecidos na Convenção sobre oClima das Nações Unidas de 1992. Issoestá de acordo com a Convenção, para aqual os países industrializados – os prin-cipais responsáveis pelas emissões quecausam o aquecimento global – devem seros primeiros a tomar medidas para con-trolar suas emissões.

Adaptado por Página Viva de textos de www.wwf.org.br/participe/minikioto_protocolo.htm//www.eduquenet.net/protokioto.htm

Meio Ambiente e Trabalho • 23

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Desde meados dos anos 70 intensificou-se no Pantanal a economia agropecuá-ria. Hoje, com cerca de 4 milhões de

cabeças de gado, a região tornou-se impor-tante produtora de carne. De maneira geral,a cultura do gado não é considerada preju-dicial ao ambiente. A imprevisibilidade dasgrandes enchentes, no entanto, limita otamanho dos rebanhos e os mantém dentrodos limites de uma economia ecologicamen-te sustentável. Na ausência de outros mamí-feros pastadores, além dos poucos cerví-deos, os bois nelore não são competidoresda fauna original: eles se tornaram parteintegral da paisagem pantaneira.

As culturas de arroz, cana-de-açúcar esoja prejudicaram o ambiente pantaneiro.Barragens, canais e aterros que drenamterrenos para a agricultura, além do desma-tamento do cerrado; levam ao assoreamen-to de rios, como o Taquari; e interferem napiracema. Ultimamente, várias ervas exóti-

cas são espalhadas por semeadura aérea,tais como a brachiaria africana, paraaumentar o rendimento do pasto.

O Pantanal é uma grande bacia decaptação e evaporação de águas, e várioscuidados devem ser tomados para preser-vá-lo da poluição. Um exemplo é o queocorre com o mercúrio utilizado na lava-gem de ouro pelos garimpeiros do rio Poco-né: seus sais tóxicos acumulam-se nas baíasem quantidades cada vez maiores; os pei-xes do Pantanal espalham o mercúrio, e ataxa deste metal prejudicial à saúde nostecidos dos peixes aumenta a cada ano. Avinhaça das usinas de álcool de Mato Gros-so e a poluição na metrópole de Cuiabátambém se acumulam nessa grande baciade sedimentação.

Um dos grandes perigos ambientaispara o Pantanal inteiro é o projeto da hidro-via, planejada conjuntamente por Brasil,Bolívia, Paraguai e Argentina. Para facilitar

ECONOMIA DOPANTANAL

Ecoss is temas bras i le i rosTEXTO 9

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Baías e vazantes do rio Negro, em Aquidauna, MS, atestam a fragilidade do ecossistema ameaçado por práticas agroindustriais impróprias.

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o acesso da navegação marinha e fluvial atéCáceres, no Alto Rio Paraguai, a calha dorio deverá ser aprofundada, os meandros,cortados, e o contato entre o rio e os pânta-nos, restringido por diques.

Para garantir a saúde desse ecossiste-ma é fundamental manter e ampliar suasáreas preservadas. Existem, atualmente,uma pequena estação ecológica, a da ilhade Taiamã, e o Parque Nacional do Panta-nal. A fiscalização dessas imensas áreas édifícil, principalmente pela falta de recur-sos financeiros e de pessoal adequado.

Uma atividade promissora e compatí-vel com a sobrevivência desse ambienteúnico é o chamado turismo ecológico. Arodovia Transpantaneira, parcialmentecompleta, assim como a estrada Miran-da–Corumbá facilitam o acesso de milha-res de turistas e possibilitam o desfruteda fauna e das paisagens do Pantanal. Aindústria turística é um meio de desper-tar o interesse dos pantaneiros pela sobre-vivência da fauna e da flora de sua região.O crescente número de fazendas turísti-

cas e de pousadas constitui bom exemplode integração entre o turismo e a preser-vação ambiental do ecossistema.

As terras alagadas, no mundo inteiro,são sempre ricas em fauna. No caso espe-cial do Pantanal, a vizinhança com a Amazô-nia e as características do meio físico otornam uma das áreas de maior valor turís-tico e ecológico do Brasil. Atividades comocriação de gado, capivaras ou jacarés sãocompatíveis com a preservação da área. Poroutro lado, a ação de garimpeiros e inicia-tivas individuais que alteram a ecologia dapaisagem, por meio da drenagem de pânta-nos e aterros extensos, entre outros, impos-sibilitam a manutenção da fauna e da floraabundantes e do potencial turístico. Consi-derado um dos paraísos terrestres, é defundamental importância a manutenção eampliação de suas áreas preservadas.

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Cuiabá

MS

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Porto Murtinho

Corumbá

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Campo Grande

CoximRio Verde do Mato Grosso

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BOLÍVIA

PARAGUAI

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Rio ParaguaiRio Paraguai

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Rio Cuiabá

Rio São Lourenço

Rio São Lourenço

Rio Miranda

Rio Miranda

Rio Taquari

Rio Taquari

Reserva do Pantanal

Um dos sistemas mais ricos (e frágeis) do paísestá ameaçado pela poluiçãoe por práticas agrícolascriminosas

Adaptado por Página Viva do texto de Francis Dov Por, Vera LúciaImperatriz Fonseca e Frederico Lencioni Neto, disponível emhttp://www.mre.gov.br

Info

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OAcre, definitivamente, não é umEstado símbolo da produção de mó-veis do país. Na capital, Rio Branco,

por exemplo, são apenas 55 as empresasdo ramo. A produção é tímida, o mercadoconsumidor é o local e a palavra exporta-ção mal é pronunciada. Mas é de lá quevem um dos melhores exemplos do paísquando se trata de produzir sem devastar.

O governo estadual conseguiu cons-cientizar fabricantes de que devem usarapenas as madeiras certificadas pelo ForestStewardship Council (em tradução literal,Conselho de Administração Florestal),organização internacional que detém oselo FSC, também chamado de “seloverde”, reconhecido mundialmente comogarantia de preservação ambiental.

Usar uma madeira FSC significa traba-lhar com material saído de manejo flores-tal, que, no caso, é o seguinte: uma áreaplantada de 300 hectares é dividida emtrinta partes. A cada ano, dez hectares sãoexplorados. E assim sucessivamente. Notrigésimo ano, a parte explorada noprimeiro ano já estará recomposta e pron-ta para ser explorada de novo. Para super-visionar esse trabalho e dar força à produ-ção industrial do Estado, o governo crioua Secretaria da Floresta, a única do país,cujo objetivo é fomentar o desenvolvimen-to sustentável da região.

A secretaria monitora o manejo emtrês tipos de florestas: as públicas, as priva-das e as reservas extrativistas, onde ficamos seringueiros e os pequenos agricultores.

EM BUSCA DOSELO VERDE

O Acre implanta sistema de extração de madeira sustentável

O trabalho em harmonia com a naturezaTEXTO 10

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O projeto de retirada da madeira contacom um mapeamento completo das re-giões que serão exploradas: quantas árvo-res de uma determinada espécie existemnaquele terreno e quais delas podem serderrubadas. Se uma espécie está em extin-ção, como o mogno, é feita uma pesquisapara saber qual madeira pode substituí-lo.

Herdeiros de Chico Mendes

Para os seringueiros, o manejo florestalvirou uma solução alternativa de renda. Osherdeiros da luta de Chico Mendes, líderseringueiro assassinado em 1988, começa-ram a abandonar a floresta ao longo dosanos 1990, quando a extração da borrachajá não dava mais dinheiro. Hoje, muitosdeles intercalam a atividade madeireira

com a extração da borracha, da castanha ede óleos. Alguns também trabalham comgado e cultivam pequenos roçados.

Existem no Acre onze comunidades,mais da metade já certificadas – ou seja, jáforam treinadas para fazer o manejo flores-tal – e outras que estão em processo decertificação.

Segundo a Cooperfloresta, a madeiraretirada pelos cooperados é de grande valia,material nobre, típico da floresta amazônicae com o “selo verde”. Os principais compra-dores são os moveleiros de São Paulo.

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Adaptado por Página Viva do texto de Débora Rubin, disponível emwww.anba.com.br/especial

Toda a madeira retirada das áreas controladas recebe o “selo verde” da FSC.

Foto: Sebastião Moreira / AE

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Nada é mais abundante em nossoplaneta do que a água. Por isso, édifícil imaginar que sua escassez

possa causar mortes, conflitos internacio-nais, ameaças à sobrevivência de animaise plantas e comprometer alguns setores daeconomia. Entretanto, tal cenário é cadavez mais recorrente. Apenas um quarto dahumanidade terá água para as suas neces-sidades mínimas em 2025. A estimativa éda ONU, que considera os recursos hídri-cos uma de suas preocupações prioritárias.

Em algumas partes do planeta, a crisejá começou. Nos quarenta países maissecos, a maioria deles na Ásia e na África,um cidadão tem direito a, no máximo, oitolitros de água por dia. É muito pouco. Pelos

cálculos da ONU, um indivíduo adultoprecisa de algo em torno de cinqüenta litrosdiários para viver, ou seja, para ingestão,preparo de alimentos, diluição de esgotos ehigiene pessoal. O cálculo não inclui deze-nas de milhares de litros gastos na agricul-tura, na pecuária ou na indústria.

Como já declarou Koichiro Matsuura,diretor geral da Unesco, órgão da ONU quecoordenou um dos maiores estudos já reali-zados sobre a situação da água no mundo,nenhuma região será poupada do impactodessa crise que afeta todos os aspectos davida, da saúde das crianças à capacidadedas nações de providenciar comida.

De fato, no mundo moderno, é maisfácil morrer por falta de água ou de sanea-

Na África e na Ásia ela já é recurso escasso

Degradação ambienta lTEXTO 11

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PODE SECARO PLANETA ÁGUA

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mento do que de Aids, tuberculose oudoenças infantis, como o sarampo. Pelomenos 6 mil pessoas, na sua maioria crian-ças expostas à água não-potável, morrem acada dia em decorrência de diarréias queculminam em desidratação fatal. Isso semcontar outras doenças de origem hídrica,como a malária e a esquistossomose, trans-mitidas respectivamente por mosquitos ecaramujos que proliferam na água.

A degradação da água não comprome-te apenas a qualidade de vida humana. Elatambém põe em risco a sobrevivência deinúmeras espécies animais e vegetais. Pelomenos 20% das cerca de 10 mil espéciesde peixes de água doce estão ameaçadasou em vias de desaparecer. De acordo coma FAO, 69% dos estoques pesqueiros mari-nhos estão totalmente explorados, expos-tos à sobrepesca, degradados ou em lentarecuperação.

Animais terrestes enfrentam declíniosimilar. Aproximadamente 24% dos mamí-feros e 12% das aves estão na lista de espé-cies que correm risco de extinção. Um dosprincipais motivos é que eles já não encon-tram as condições mínimas para sobrevi-ver e se reproduzir devido à destruição deseus hábitats, aí incluídos lagos, rios emares.

Inúmeros fatores contribuíram paratornar rara uma substância tão essenciale, até recentemente, presente em quasetodos os lugares: a água. Os principais são

o crescimento populacional, a poluiçãopor falta de saneamento, o desmatamen-to, a construção de hidrelétricas – capa-zes de mudar o curso original dos rios –,o desperdício e as mudanças climáticasque fazem chover onde já é úmido,enquanto aumenta a seca dos desertos.

2,4 bebês por segundo

A humanidade levou milhões de anospara chegar ao contingente de 1 bilhãode indivíduos, fato ocorrido em 1830.Menos de um século depois, em 1927,chegou ao seu segundo bilhão. O tercei-ro bilhão veio em 33 anos e o quartochegou em 1974, apenas catorze anosdepois. Desde então, o planeta ganhou2,1 bilhões, chegando aos atuais 6,1bilhões. E a metade dessa multidão vivecom menos de 2 dólares diários.

O ritmo dessa expansão preocupa osestudiosos do assunto desde 1798, quandoo economista britânico Thomas Malthus(1766-1834) previu que o crescimentopopulacional acabaria por suplantar oritmo de ampliação da oferta de alimentose água. Desde então, muitos têm tentadocalcular qual a população máxima que oplaneta pode suportar. Os mais pessimistaschegam a falar num limite máximo de 2bilhões de pessoas – quase um terço daatual – caso o mundo inteiro adotasse osaltos padrões de consumo dos norte-ameri-canos e dos países europeus mais ricos.

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A população mundial exerce umapressão sobre os mananciais de água docee também sobre os oceanos. Isso porquepelo menos a metade dos habitantes doplaneta vive numa faixa costeira que seestende até 200 quilômetros rumo ao inte-rior. A boa notícia é que o ritmo de cresci-mento populacional está caindo na maiorparte do planeta. Nos países em desenvol-vimento, onde o Brasil se inclui, a médiade filhos por mulher atualmente é umpouco inferior a três – aproximadamentea metade da taxa de fertilidade registradano fim dos anos 1960. Hoje, o planetaganha 78 milhões de habitantes por ano,bem menos que os 90 milhões do começoda década de 1990.

Um rio chamado esgoto

Nos países pobres, as principais cida-des são banhadas por rios que mais pare-cem esgotos a céu aberto. A mistura deefluentes agrícolas, industriais e residen-ciais inclui matéria orgânica, metais pesa-dos e outros resíduos químicos que, na faltade coleta e tratamento adequados, acabamsendo arrastados para os cursos de água.Isso é especialmente grave em regiões quefazem baixos investimentos em saneamen-to básico e, de modo geral, é o que ocorrenos países em desenvolvimento.

A quantidade de resíduos sólidos quebóia nos rios asiáticos quadruplicou desdeo fim dos anos 1970 e chega a ser vinte ve-zes maior que a sujeira dos rios de países

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Peixes mortos em um dos trechos mais ricos do rio Paraíba do Sul, contaminado por indústria de celulose em 2003.

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ricos. A América Latina não fica muitoatrás. Só 2% de todo o esgoto produzidono subcontinente passa por algum tipo detratamento. Em suma: os mananciais domundo recebem nada menos que 2 milhõesde toneladas de esgotos todos os dias.

Os lençóis freáticos, que pareceriammais protegidos por fluir no subsolo, tam-bém estão com freqüência contaminados.As águas subterrâneas de Mérida, noMéxico, estão tão degradadas por esgotose pela sujeira do solo arrastada pelaschuvas, que já ameaçam contaminar ospoços que abastecem a cidade. O mesmoocorre no Sri Lanka e em várias cidadesindianas. Jacarta, a capital da Indonésia,que tem quase 1 milhão de fossas sépticas,segue pelo mesmo caminho.

Os oceanos, apesar da abundância desuas águas, também enfrentam problemassimilares, associados a derramamentos depetróleo, ao despejo de esgotos por emissá-rios submarinos e ao escoamento de conta-minantes presentes na costa. Pelo menosmetade das áreas costeiras do planetaenfrenta pressões ambientais entre mode-radas e extremas, devido ao crescimentopopulacional e aos projetos de desenvolvi-mento. Um exemplo é o ocorrido na GrandeTóquio, que, com seus quase 26,4 milhõesde habitantes, é a maior aglomeraçãohumana do mundo. A necessidade de abri-gar tal multidão – quase um quarto dapopulação japonesa – impôs o avanço das

construções sobre as praias da baía deTóquio, que virtualmente desaparecem.

O desmatamento

A vegetação que margeia rios e lagos,conhecida como mata ciliar ou mata degaleria, ajuda a segurar suas margens paraque estas não desbarranquem. Quando talvegetação é removida, o solo fica expostoà chuva e ao vento e, com freqüência, éarrastado para o corpo de água. Esseacúmulo de sedimentos no fundo de umrio é conhecido como assoreamento, umfenômeno que faz com que o rio fiquemais raso e com menor capacidade deescoamento.

Em áreas urbanas, a derrubada damata ciliar costuma ser acompanhada deuma ocupação indevida das margens, oque agrava o problema. Imóveis são cons-truídos em áreas que são inundadas peri-odicamente, na época das chuvas. Alémdisso, o solo é em geral pavimentado,não conseguindo, assim, absorver aságuas pluviais, que escorrem rapidamen-te para as áreas mais baixas, arrastandoas impurezas acumuladas nas ruas. Asbocas-de-lobo, que deveriam recolher aenxurrada, muitas vezes estão entupidase não dão conta do volume que recebem.Nas baixadas, a água da chuva encontrao rio, que não tem capacidade de recebê-la e transborda, invadindo ruas e casas eparando o trânsito.

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Mudanças de curso

Cerca de 60% dos 227 maiores rios domundo estão completamente fragmentadospor barragens, canais e desvios. É o caso doNilo, Ganges, Mississippi, Danúbio, cujoscursos sofreram inúmeras modificações aolongo dos séculos. Existem pelo menos 800mil barragens no planeta, na sua maioriade pequeno ou médio portes. Juntas, elasinundam uma superfície semelhante à daEspanha. Suas finalidades: gerar energia,promover a irrigação, distribuir água econtrolar enchentes. Como qualquer super-fície hídrica, as barragens ficam expostas àirradiação solar e à evaporação, que égigantesca: são 200 quilômetros cúbicos deágua por ano, o que equivale a 7% de todaa água doce consumida pelas atividadeshumanas no mesmo período.

Embora essas águas acabem por seprecipitar em forma de chuva, tal desvioimplica um impacto considerável no balan-ço hídrico do planeta. Barragens e represastambém podem modificar a composição, atemperatura e o ritmo do escoamento daágua.

O consumo abusivo

Hoje consumimos seis vezes mais águadoce do que em 1900 – embora a popula-ção mundial não tenha crescido na mesmaproporção ao longo do século. Os altospadrões de consumo hídrico estão associa-dos sobretudo à irrigação dos campos –geralmente perdulária e responsável pormais de 70% da água doce empregada – eàs indústrias, que utilizam outros 22%. Háestimativas de que o consumo industrial vai

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pelo menos dobrar até 2025, com umaumento de até quatro vezes nas suas emis-sões poluentes nos corpos de água.

O dispêndio doméstico também temsua parte na responsabilidade. Eletrodo-mésticos de alto consumo, como máquinasde lavar louça e roupas, e práticas poucorecomendáveis, como a lavagem de auto-móveis e quintais com mangueira, multi-plicam o volume de água de que as popu-lações necessitam no cotidiano.

Em conseqüência, os lençóis freáticosestão baixando dezenas de metros em vá-rias partes do mundo, exigindo a escava-ção de poços cada vez mais profundos. EmGujarat, na Índia, os excessos no bombea-mento do lençol freático fizeram com queseus níveis descessem até 40 metros. Issoacabou agravando as disparidades sociais,por privar os produtores rurais mais pobresdo acesso à água, que só é possível paraquem pode pagar pelos equipamentos deperfuração. Em algumas partes do Estadonorte-americano do Texas o rebaixamentochegou a 50 metros em meio século.

Mudanças climáticas

A Terra está se aquecendo lentamen-te. Os anos 1990 foram os mais quentesdesde que as temperaturas do planetacomeçaram a ser monitoradas, no séculoXIX. Os 2.500 cientistas que compõem oIPCC (Painel Intergovernamental deMudanças Climáticas) calculam que a

temperatura ainda vai subir cerca de 3 °Cao longo do próximo século.

Tal fenômeno muda toda a dinâmicado planeta. Por causa do derretimento dasgeleiras, os oceanos já se elevaram entre 10e 20 centímetros desde 1990. Doençastropicais associadas à temperatura, comomalária e febre amarela, têm ocorrido emre- giões onde até então não eram regis-tradas. Isso porque os mosquitos que astransmitem já conseguem sobreviver emaltitudes mais elevadas, que ficaram maisquentes.

Os desastres naturais também semultiplicaram. Todos os anos, a ressegu-radora alemã Munich Re levanta o volu-me de indenizações pagas por catástrofesligadas ao clima, como tornados e mare-motos. Ela constatou que, ao longo dadécada de 1990, as indenizações ficaramna casa dos 608 bilhões de dólares – trêsvezes mais do que o valor pago nos anos1980.

Os recursos hídricos são particular-mente afetados pelo aquecimento global.Desde 1996, o número de desastres deorigem geofísica, como terremotos e desli-zamentos de terra, permaneceu estável,mas as ocorrências associadas à água,como secas e enchentes, mais que dobra-ram. Ao longo da última década, 665 milpessoas morreram devido a desastres natu-rais, mais de 90% delas em inundações esecas prolongadas.

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Avanço do deserto

A Terra é coberta por uma camada desolo, essencial à prática da agricultura, quepode ser facilmente destruída se não formanejada adequadamente. Esse risco émaior em locais onde a água não é abun-dante, como as regiões áridas e semi-áridas. Elas representam mais de um terçoda superfície terrestre e abrigam pelomenos 1 bilhão de pessoas.

O processo de desertificação costumaenvolver a perda de vegetação e a erosãodo solo. Dentre suas principais causas estãoas variações climáticas naturais e as ativi-dades humanas. Os excessos cometidos namineração, na agropecuária intensiva e nairrigação – que promove a salinização dossolos – estão entre os maiores responsáveispela degradação das regiões mais áridas,que perdem sua capacidade produtiva,tanto no sentido ambiental quanto noeconômico.

Entretanto, esse processo tambémpode ocorrer naturalmente. Hoje há evi-dências de que o deserto do Saara, no norteda África, tornou-se árido entre 7 mil e 3mil anos atrás, devido a uma pequenamudança no eixo de órbita da Terra. Rever-ter esse quadro custa caro. É necessáriopromover o reflorestamento, estabilizardunas e escarpas (declives íngremes quefavorecem a erosão) e implantar novastécnicas agrícolas. Bilhões de dólares tive-

ram de ser investidos nos anos de 1930para controlar a devastação causada pelochamado Dust Bowl – literamente, tigelade pó. O fenômeno – gigantescas tempes-tades de poeira, associadas a longa estia-gem e a práticas agrícolas inadequadas –acabou dando o nome a um largo trechodo Meio-Oeste norte-americano, incluindoparte do Estado do Texas.

Muita para uns, pouca para outros

A água não está distribuída igualmen-te entre todos os países. As regões maisricas costumam dispor de maiores índicesde pluviosidades e de tecnologias maisavançadas que permitem utilizar os recur-sos hídricos de forma eficiente. Em con-traste, muitos países mais pobres estão emregiões áridas ou ilhas, onde os manan-ciais são raros. Outros têm uma distribui-ção desigual das chuvas ao longo do ano,o que impede uma utilização mais eficien-te. É o que ocorre na Índia, que tem 90%de suas precipitações concentradas naestação das monções, que vai de junho asetembro. Nos oito meses restantes, prati-camente não chove nem uma gota.

O Kuwait – país com os maiores esto-ques de petróleo per capita do mundo –é, ironicamente, o que dispõe da menoroferta de água. Ele oferece 10 mil litrosanuais a cada um de seus habitantes,muito menos do que o recomendado pelaONU. A lista das nações com maior penúria

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hídrica inclui também Emirados Árabes,Bahamas, Catar, Ilhas Maldivas, Líbia, ArábiaSaudita, Malta e Cingapura.

Alguns países até têm água em quan-tidade razoável, mas a sua contaminaçãoé tamanha, que acaba comprometendo oabastecimento. Essa categoria é lideradapela Bélgica, devido aos altos índices depoluição industrial e ao saneamento bási-co insuficiente, seguida por Marrocos,Índia e Sudão, dentre outros. Em contras-te, os recursos hídricos são particularmen-te abundantes na Guiana Francesa, com812 mil litros anuais por habitante, se-guida pela Islândia. A água também nãoé problema para Guiana, Suriname,Congo, Papua-Nova Guiné, Gabão, IlhasSalomão, Canadá e Nova Zelândia – nasua maioria, países pouco populosos.

Briga de vizinhos

A progressiva escassez faz com que aágua seja tão cobiçada quanto o petróleo.Por isso, o direito de construir barragens eexplorar rios ou lençóis freáticos tem causa-do tensões internacionais ao longo da histó-ria. O quadro se complica pelo fato de quemais de duzentas grandes bacias atraves-sam mais de um país.

Os conflitos derivados da construçãoda barragem indiana de Farakla são bastan-te ilustrativos. Ela desvia as águas do rioGanges para Calcutá, impedindo que elesiga seu curso natural, rumo a um país vizi-

nho, Bangladesh. As tensões geradas porsua construção, iniciada em 1962, repercu-tiram por mais de trinta anos, até que osdois países assinaram um tratado quedeterminou a formação de um comitê con-junto para a tomada de decisões e estabe-leceu alguns parâmetros (a disponibilidadede água para Bangladesh não pode desceralém de determinado limite). Mas o Orien-te Médio é a região onde a briga pela águaé mais recorrente, agravando um ambientejá bastante turbulento.

No início dos anos 1970, o Iraque amea-çou bombardear a barragem síria de Al-Thawra e deslocou tropas para a fronteira,alegando que a obra reduziu o volume deágua que fluía pelo rio Eufrates. Em 1975,a disputa chegou ao auge, mas uma bem-sucedida mediação da Arábia Sauditaimpediu que houvesse uma guerra. Duasdécadas depois, o Iraque voltou a se envol-ver numa briga por recursos hídricos, dessavez contra a Turquia, que terminava asobras da barragem de Ataturk, e interrom-peu o fluxo de água do Eufrates por ummês. Egito e Etiópia também enfrentaramlongos períodos de tensão na disputa pelaságuas do Nilo. Um dos rios que lhe dãoorigem, o Nilo Azul, nasce na Etiópia, e estepaís decidiu construir uma série de barra-gens em suas cabeceiras. No auge da crise,em 1979, o então presidente do Egito,Anuar Sadat (1918-1981), chegou a decla-

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rar: “O único motivo que poderia levar oEgito à guerra novamente é a água”.

Rixa semelhante envolve o rio Jordão.Suas águas são disputadas há décadas porisraelenses e palestinos e têm de ser nego-ciadas com seus vizinhos, principalmenteJordânia, Síria e Líbano, com os quaiscompartilham alguns mananciais. Dianteda escassez hídrica na região, Israel impõepesadas metas de economia à sua própriapopulação, bem como um controle severodos aqüíferos em território dos palestinos,que têm contestado tal direito.

Soluções

A ONU estima que seria preciso inves-tir pelo menos 180 milhões de dólaresanuais nos países em desenvolvimento paragarantir um amplo acesso à água potávelnos próximos 25 anos. Hoje, tais investi-mentos não ultrapassam 80 bilhões dedólares por ano.

Diante desse quadro, a comunidadeinternacional tem assumido reiterados com-promissos de investir na democratização doacesso à água de qualidade. Em 2000, aONU organizou a chamada Cúpula do Milê-nio, que, dentre outras resoluções, determi-nou que até 2015 se reduza à metade onúmero de pessoas sem acesso à água potá-vel. Posteriormente, em setembro de 2002,a Rio+10 – conferência das Nações Unidassobre o desenvolvimento sustentável pro-movida na África do Sul – propôs a exten-

são desse compromisso, reduzindo à meta-de o número de indivíduos sem acesso aosaneamento básico, no mesmo prazo. Entre-tanto, os países que assinaram os dois docu-mentos não definiram como pretendemcumprir tais metas, nem os valores que vãodesembolsar para alcançá-las.

O fato é que a escassez de água de boaqualidade exige um ataque em váriosfronts. Primeiro é necessário reduzir osfatores que comprometem os estoquesdisponíveis, co- mo o desmatamento, oconsumo excessivo e a poluição. Depoispode-se apelar para uma série de soluçõestecnológicas já disponíveis, como a dessali-nização da água do mar ou a reciclagemdos esgotos tratados, que podem ser usadosem para jardins, para lavar ruas ou aindaem processos industriais.

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Texto 11 / Degradação ambienta l

Trecho extraído do livro, Como cuidar da nossa água, da coleçãoEntenda e Aprenda (BEI), São Paulo, 2003.

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Meio Ambiente e Trabalho • 37

Tratamento do l ixoTEXTO 12

NÍQUEL NÁUSEA FERNANDO GONSALES

GENTE QUE FAZ

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Agricultores e pecuaristas nos EstadosUnidos estão descobrindo que pos-suem não apenas a terra, mas tam-

bém os direitos eólicos que acompanham asua propriedade. Um fazendeiro em Iowaque arrenda um quarto de acre (poucomais de 1.010 m2) de milho à concessioná-ria local para instalação de uma turbinaeólica pode ganhar 2 mil dólares por anoem royalties pela eletricidade gerada. Numano bom, essa mesma área pode produzir100 dólares de milho.

O controle do vento tem se tornadocada vez mais lucrativo. A American WindEnergy Association (Associação America-na de Energia Eólica) informa que o custopor quilowatt/hora da eletricidade eólicacaiu de 38 centavos de dólar, no início dadécada de 1980, para 3 a 6 centavos hoje,a depender principalmente da velocidadedo vento no local. Já competitivo, o custoda eletricidade eólica deverá continuar acair. Esses custos declinantes, facilitadospelos avanços no desenho de turbinas eóli-cas, ajudam a explicar a expansão rápida

FORÇAS DA NATUREZA

Produção conjunta demilho e energia eólica por fazendeirosamericanos aumenta arenda rural e mantémqualidade do ar

Energia l impaTEXTO 13

• Meio Ambiente e Trabalho38

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da energia eólica além dos seus domíniosoriginais, na Califórnia. À medida que asfazendas eólicas vão entrando em ativida-de nos Estados agrícolas e pecuários deMinnesota, Iowa, Texas e Wyoming, ageração da energia eólica subiu vertigino-samente, elevando a capacidade de gera-ção dos Estados Unidos de 1.928 megawattsem 1998 para 2.490 megawatts em 1999– um acréscimo de 29%.

Contrariamente ao que se pensa, opotencial da energia eólica é gigantesco.Um inventário realizado pelo Departa-mento de Energia dos Estados Unidosconstatou que três Estados – Dakota doNorte, Kansas e Texas – possuem energiaeólica controlável suficiente para atenderàs necessidades energéticas de toda a nação.

Numa época em que os agricultoreslutam pela sobrevivência, com os preçosdos grãos nos níveis mais baixos em duasdécadas, alguns encontram salvação nes-sa nova “lavoura”. É como encontrar pe-tróleo, com a diferença de que o ventonunca se exaure.

Para um pecuarista em Great Plains,1 acre (4.046 m2) de pasto pode gerar 25dólares de carne por ano, um valor que éminimizado pelo potencial de renda eóli-ca da mesma área de terra. O mesmoocorre com os produtores de trigo quecolhem 120 dólares de grão por acre. Parapecuaristas com áreas nobres de vento, a

receita eólica pode facilmente ultrapassaraquela da pecuária.

Um dos atrativos da energia eólica éque as turbinas alinhadas através de umafazenda não interferem com o uso do solopara a agricultura ou pecuária. Os fazen-deiros podem, literalmente, “levar vanta-gem em tudo”.

Outro atrativo é que a maior parte dareceita gerada permanece na comunidadelocal, enquanto na energia oriunda deuma termelétrica a petróleo o dinheirogasto com eletricidade pode acabar noOriente Médio. Uma única turbina eólicade porte pode gerar 100 mil dólares deeletricidade ao ano. E não são apenas asfazendas eólicas que geram renda, empre-gos e receita fiscal. A primeira fábrica deturbinas eólicas em nível de serviços públi-cos a ser implantada fora da Califórniainiciou suas operações recentemente emChampaign, Illinois, no coração do Cintu-rão do Milho.

O valor das terras agrícolas poderárefletir em breve essa nova fonte de renda.O meteorologista eólico que identificar osmelhores locais para as turbinas estarádesempenhando um papel na emergenteeconomia eólica comparável ao do geólogode petróleo na velha economia energética.A simples presença de um meteorologistaeólico instalando instrumentos de mediçãode vento numa comunidade poderá elevaros preços das terras.

Meio Ambiente e Trabalho • 39

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O atendimento da demanda energéti-ca local pelo vento não é o fim da história.A eletricidade barata gerada pelo ventopode ser utilizada para eletrolisar a água,produzindo hidrogênio, hoje largamenteconsiderado o combustível do futuro. Comos automóveis movidos a motores de célu-las de combustível sendo esperados nomercado nos próximos anos, e com ohidrogênio como o combustível seleciona-do para esses novos motores, um imensomercado está se abrindo. A Royal DutchShell, líder nessa área, já abriu postos dehidrogênio na Europa. William Ford, dire-tor-presidente da Ford Motor Company,declarou que espera presidir o funeral domotor de combustão interna.

As fazendas poderão, um dia, produziro hidrogênio que moverá a frota de veícu-los do país, fornecendo aos Estados Unidosa fonte energética necessária para sua

declaração de independência ao petróleodo Oriente Médio.

Preocupados com a queima de com-bustíveis que desestabilizam o clima, osgovernos em todos os níveis estão incen-tivando o desenvolvimento de fontesbenéficas de energia renovável. Emalguns Estados, as comissões dos servi-ços públicos exigem das concessionáriasque ofereçam a seus clientes opções de“energia verde”. Embora isso possa signi-ficar um aumento na conta mensal deenergia, muitos consumidores preocupa-dos com a mudança climática estãoadotando a energia verde. No Colorado,a oferta de escolha de energia eólicatanto para as residências quanto para ocomércio já motivou a implantação de 20megawatts de capacidade de geraçãoeólica – uma quantidade que deveráduplicar em breve.

Texto 13 / Energia l impa

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Turbina eólica instalada na Ilha de Fernando deNoronha/PE, pertencente ao CBEE/UFPE, com capacidade para gerar 275 kW.

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Muitos governos estaduais estão to-mando a iniciativa. No Texas, leis obrigamque 2 mil megawatts de capacidade gera-dora provenham de fontes renováveis até2009, devendo a maior parte ser geradapelos ventos abundantes desse Estado.

O secretário de Energia dos EstadosUnidos, Bill Richardson, está exigindo que7,5% das compras de eletricidade do seudepartamento sejam de fontes renováveis(excluindo a hidro) até 2010. E a cidade deSanta Mônica, na Califórnia, vai mudartodas as suas instalações municipais para aenergia verde, que será provavelmente eóli-ca. Está surgindo uma grande aliança emapoio à energia eólica. Além dos ambienta-listas, os agricultores, pecuaristas e consu-midores a favor da energia verde estão hojeapoiando o desenvolvimento da riquezaeólica do país, como também os líderespolíticos nos Estados agrícolas e pecuáriosdo Meio-Oeste e Great Plains, muitos dosquais ajudaram a promover leis emWashington para prorrogar o Crédito doImposto de Produção (PTC – ProductionTax Credit) sobre a energia eólica. O inte-resse político no vento está sendo incenti-vado por um fluxo constante de notíciassobre os possíveis efeitos do aquecimentoglobal, tais como ondas de calor e secasrecordes, maiores enchentes destruidoras,degelo polar e das neves de montanhas,como também elevação do nível do mar.

O rápido crescimento da energia eólicanão está limitado aos Estados Unidos. Emtodo o mundo, a geração da eletricidadeeólica em 1999 aumentou num nível sur-preendente de 39%. O vento já fornece 10%da eletricidade da Dinamarca. No estadomais ao norte da Alemanha, Schleswig-Holstein, gera 14% de toda a eletricidade.A província de Navarra, no norte da Espa-nha, obtém 23% de sua eletricidade dovento, contra zero há apenas quatro anos.Na China, que recentemente deu início àsatividades da sua primeira fazenda eólica,no interior da Mongólia, os analistas calcu-lam que o potencial eólico do país é sufi-ciente para duplicar a geração nacional deeletricidade.

O mundo está começando a reconhe-cer o vento pelo que é – uma fonte inesgo-tável de energia que pode suprir o planetatanto de eletricidade como de combustível.Nos Estados Unidos, os agricultores estãoaprendendo que duas lavouras sãomelhores do que uma, e o governo estápercebendo que o controle do vento podecontribuir tanto para a segurança energéti-ca quanto para a estabilidade climática.Essa é uma combinação vencedora, queajudará a transformar a energia eólicanuma pedra angular da nova economiaenergética.

Meio Ambiente e Trabalho • 41

Adaptado por Página Viva do texto de Lester R. Brown, disponívelno site www.worldwatch.org.br/

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POR QUE O PLANETA ESTÁESQUENTANDO

Mudanças c l imát icasTEXTO 14

• Meio Ambiente e Trabalho42

Sugestão de arte:infografia do efeito estufa,

centralizada na página.

Cerca de 30% da radiação infravermelha volta para o espaço

Os oceanos se aquecem, liberando vapor de águaque contribui para o aquecimento da atmosfera

Queima de combustíveis fósseis e emissão de gases pelos veículos automotores

A superfície da Terra irradia calor de volta para a atmosfera

Fábricas liberam dióxido de carbono

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Dez entre dez cientistas que estudamo clima não têm dúvidas: a Terraestá cada vez mais quente desde a

Revolução Industrial. Nos últimos setentaanos, o consumo crescente de energiaproveniente de combustíveis fósseis, odesmatamento e o acúmulo de resíduosorgânicos e químicos fizeram disparar aemissão de alguns gases: dióxido de car-bono, metano, óxido nitroso e outros me-nos conhecidos, todos chamados de gasesdo tipo estufa por reter a radiação térmi-ca e assim impedir que o calor da Terraatravesse a atmosfera e se disperse noespaço. Nesses setenta anos, a temperatu-ra do planeta subiu em média 0,7 grau,como resultado da interferência das ativi-dades humanas na troca energética entrea Terra e o Sol. Para entender o que estáacontecendo e o que pode acontecer se oacordo mundial para baixar as emissõesde gases do tipo estufa – o Protocolo deKyoto, ratificado em fevereiro passado –não conseguir mudar o rumo dessahistória, entrevistamos Carlos Nobre,engenheiro, doutor em meteorologia epesquisador do Centro de Previsão doTempo e Estudos Climáticos do InstitutoNacional de Pesquisas Espaciais e coorde-nador internacional do LBA (Experimentode Grande Escala da Biosfera-Atmosferana Amazônia), financiado pela NASA.

O aquecimento global é o principal desafioambiental do planeta?

Sem dúvida, é o desafio do século. Eé perceptível, o clima já se modificou. Aprimeira evidência é que a compilaçãodos dados da superfície do planeta mostraque a temperatura vem subindo desde,pelo menos, 1870, período da RevoluçãoIndustrial.

Seriam os gases do tipo estufa os responsáveis por esse aquecimento?

As temperaturas do planeta já so-freram oscilações de vários graus em nossopassado climático. A diferença é que essasoscilações eram percebidas em uma escalade milhares de anos, associadas aos perío-dos glaciais, quando a temperatura doplaneta pode cair 6, 7 graus, em média.Também ocorrem variações de tempe-ratura em períodos interglaciais, comoesse que estamos vivendo, mas o queocorre é que o aquecimento atual é muitomais rápido – isso é perceptível quandose acompanham as médias de temperatu-ra principalmente nos últimos cinqüentaanos. O argumento mais poderoso para osque defendem a tese da relação entre osgases do tipo estufa e o aquecimento, noentanto, vem de nosso conhecimento cien-tífico com base nos chamados modelosclimáticos globais, feitos nos computadores.

Meio Ambiente e Trabalho • 43

Os fatores são muitos, mas os gases estufa são o principal

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• Meio Ambiente e Trabalho44

Nesses modelos, podemos simular quaisseriam os efeitos se colocássemos mais oumenos gases na atmosfera, e simular osfatores naturais. Por exemplo, há peque-nas variações da quantidade de radiaçãosolar em nosso planeta porque o fluxo daradiação solar não é constante. Por meiode cálculos astronômicos precisos, pode-mos determinar qual o valor dessas peque-nas variações na energia solar e incluí-lasem nossos modelos. Fazemos isso comtodos os outros fatores que interferem noclima do planeta, como a poeira daserupções vulcânicas muito intensas, queesfriam a superfície da Terra. Assim, dimi-nuímos a margem de erro dos modelos.

E por que a poeira das erupções vulcânicasesfria o planeta e os gases estufa esquen-tam?

No caso das erupções vulcânicas muitointensas, como a que ocorreu em 1991 emPinatubo, nas Filipinas, uma quantidadeimensa de poeira é jogada na estratosferaa 20, 25 quilômetros de altura. Essa poeirafica circulando durante dois a cinco anos ereflete a radiação solar, impedindo que elachegue à superfície. Isso acontece porqueas partículas de poeira são relativamentegrandes e refletem a luz solar. Quando vocêvai à praia com sol forte e olha para a areia,aquilo irrita os seus olhos porque a radi-ação está sendo refletida; é como seestivesse olhando para o Sol, guardadas as

proporções. A areia da praia reflete muitomais, por exemplo, do que a água dooceano. Os grãos da poeira vulcânica tam-bém refletem radiação solar, que por issochega em menor intensidade à superfíciedo planeta, baixando a temperatura. Já nocaso dos gases do tipo estufa, a radiaçãosolar passa por eles sem problemas, porqueos gases não são partículas como a poeira,e eles absorvem a radiação térmica. A radi-ação térmica é radiação do calor, que aTerra libera, devolve para a atmosfera e delá para o espaço. Ela recebe a energia solarna forma de radiação de ondas curtas, osraios ultravioleta, e a manda de volta parao espaço na forma de irradiação de ondaslongas, a irradiação infravermelha. Os ga-ses do tipo estufa funcionam como um co-bertor, impedindo a saída total da radiaçãotérmica, e por isso a superfície aquece, oque é condição para a vida no planeta. Setoda a energia da superfície da Terra fosseirradiada para o espaço, não haveria calorsuficiente para manter a vida como a queconhecemos no planeta. O carbono é umgás natural, que tem esse papel crucial noclima; o problema é a concentração exces-siva desse gás na atmosfera, que faz a Terraesquentar demais, como vem ocorrendoatualmente.

Adaptado por Página Viva do texto de Marina Amaral, publicado naedição especial Terra em transe da revista Caros Amigos, abril de2005

Texto 14 / Mudanças c l imát icas

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Pesca artesanalTEXTO 15

Meio Ambiente e Trabalho • 45

Barcos pesqueiros atracados no porto de Cananéia, litoral sul de São Paulo.

UMA ATIVIDADE AMEAÇADAA pesca industrial reduz a produção dos pequenos pescadores

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Pesca artesanalTEXTO 16

• Meio Ambiente e Trabalho46

MAS ELES RESISTEM

Pesca artesanal no rioSuruí, alimentador dabaía de Guanabara, no Rio de Janeiro.

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Meio Ambiente e Trabalho • 47

Olixo orgânico produzido nos hotéis epousadas da Costa do Sauípe, no lito-ral baiano, passa a ser processado na

primeira usina de adubo orgânico da região.Localizada no município de Entre Rios, naregião do complexo hoteleiro que é o maiorempreendimento turístico da América Lati-na, a usina de adubo orgânico vai processardiariamente oito toneladas de lixo.

A usina integra o Programa Berimbau,programa social sustentável desenvolvidopela Fundação Banco do Brasil, Costa do

Sauípe e Previ, o fundo de pensão dosfuncionários do Banco do Brasil.

Os trabalhadores cooperados da Verde-coop, cooperativa formada por moradoresde comunidades vizinhas ao empreendi-mento Costa do Sauípe – a maior partedeles, desempregados –, vão ser responsá-veis pela gestão e produção da usina, quedeverá produzir mensalmente 200 tonela-das de adubo orgânico.

Além de ser uma alternativa ambien-tal para o problema do armazenamento de

RESTOS ALIMENTAMPLANTAS Usina transforma lixo orgânico

em adubo e gera empregos paraquarenta trabalhadores da Costado Sauípe, na Bahia

Tratamento de l ixoTEXTO 17

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Page 48: Meio Ambiente e Trabalho

resíduos na região, a usina vai gerar qua-renta postos de trabalho diretos e servir deincentivo aos pequenos agricultores rurais,que aumentarão sua produção de frutas,verduras e hortaliças, com a aquisição doadubo produzido pela usina a preços até20% inferior ao que é hoje praticado nomercado.

Com isso, os trabalhadores coopera-dos ganharão em competitividade e volu-me e poderão fornecer seus produtos àsredes de hotéis e pousadas da Costa doSauípe, além de comercializá-los nas pró-prias comunidades.

“Esse é mais um passo na conquista dodesenvolvimento sustentável da região, pormeio de ações que priorizam a criação decadeias produtivas geradoras de trabalho erenda”, lembra o diretor-presidente daCosta do Sauípe, Alexandre Zubaran. “Oprocesso, da captação dos resíduos à entre-

ga dos alimentos, fecha um ciclo de produ-ção completo.”

Além de reduzir o tempo, a tecnologiaque será utilizada na usina tem a vantagemde ser um processo ecologicamente corre-to, já que não utiliza áreas a céu aberto,não gera cheiro nem produz resíduos quepossam atrair insetos e pequenos animais,colocando em risco a saúde da população.

A Usina de Adubo Orgânico vai funcio-nar em um galpão com 1mil e 600 metrosquadrados de área construída, instalado emum terreno de 10 mil metros quadradosque se localiza na Linha Verde, a aproxima-damente 4 quilômetros do empreendimen-to hoteleiro.

Lançado em julho de 2003, o Berimbau é resultadode uma parceria entre a Costa do Sauípe, a FundaçãoBanco do Brasil e a Previ – Caixa de Previdência dosFuncionários do Banco do Brasil.Apoiado pelo International Trade Center – ITC –,organismo subordinado à ONU, na qualidade de pilo-to de desenvolvimento social com base no turismo, oprograma tem o propósito de contribuir para a trans-formação social das comunidades do litoral norte daBahia.

O programa está apoiado na elaboração de cadeiasprodutivas que beneficiem os cerca de 7.000 habi-tantes das comunidades de Areal, Canoas, Curralinho,Diogo, Estiva, Porto Sauípe, Vila Santo Antônio e VilaSauípe, dos municípios de Mata de São João e EntreRios. Ao todo, o Berimbau desenvolve 41 ações e járecebeu investimentos da ordem de 2 milhões de reaispara implementação e realização dessas atividades.

O que é o programa Berimbau?

Extraído de http://www.ambientebrasil.com.br2/1/2005

Texto 17 / Tratamento de l ixo

• Meio Ambiente e Trabalho48

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Inter ferênc ia no ambienteTEXTO 18

UMA ATIVIDADE TÍPICA DO SÉCULO XV

Meio Ambiente e Trabalho • 49

Engenho de açúcar no Nordeste do Brasil – C.J. Visscher, 1640.(Reprodução)

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Ecoss is temas bras i le i rosTEXTO 19

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O MARACATU ATÔMICO

Fotomontagem A+

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Chico Science e Nação Zumbi, Mun-do Livre S/A, Cordel do Fogo En-cantado, Mangue Seco são algumas

das bandas que representaram o movi-mento mais surpreendente da músicapopular brasileira na década de 1990: oMangue beat, movimento artístico surgi-do em Pernambuco que revolucionou aMPB pela sonoridade e, principalmente,pelo engajamento político e a preocupa-ção com o meio ambiente.

O nome do movimento musical, Man-gue beat, inspirou-se no manguezal, biomaresponsável pela reprodução de dois terçosde toda a vida marinha e que no entanto,com toda essa importância, nunca recebeuatenção a não ser dos especialistas emquestões ambientais. E é tal preocupaçãoque diferencia o movimento. Para o voca-lista da banda Mangue Seco, AironMangueboy, existe uma relação íntimaentre as características do bioma mangue-zal e do movimento musical: “O Manguebeat nasceu da junção de várias influências.O frevo, o maracatu e o samba misturaram-se com o punk. O mangue serve como umcorredor da vida, filtrando aquilo que é

interessante. Ele é importante para váriosbiomas diferentes”, diz Airon.

O Brasil tem uma das maiores exten-sões de manguezais do mundo. Os man-gues cobrem uma superfície de aproxima-damente 20 mil quilômetros quadrados,do Amapá a Santa Catarina. Eles se desen-volvem principalmente nos estuários e nasfozes dos rios, onde há água salobra.Bioma que não recebeu a devida atenção,o manguezal tem sofrido com o cresci-mento desordenado das cidades brasilei-ras. A poluição dos esgotos domésticos,por exemplo, é das principais responsáveispela destruição de grande parte dos man-gues do nosso litoral. Sem contar com aconstrução de portos, balneários e rodo-vias costeiras.

“A única solução para minimizar oimpacto é a educação ambiental”, diz obiólogo Orlando Couto Jr., professor daUniversidade Santa Cecília, de Santos, “pormeio da sensibilização das comunidadesque vivem em regiões ou em áreas próxi-mas de manguezais.”

Meio Ambiente e Trabalho • 51

QUE PROTEGE O MANGUEBandas nordestinas criam movimento de proteção aos manguezais

Extraído de www.mundoambiente.com.br

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CAPÍTULO I

DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA

Art. 170. A ordem econômica, funda-da na valorização do trabalho humano e nalivre iniciativa, tem por fim assegurar atodos existência digna, conforme os dita-mes da justiça social, observados os seguin-tes princípios:

I – soberania nacional;II – propriedade privada;III – função social da propriedade;IV – livre concorrência;V – defesa do consumidor;VI – defesa do meio ambiente, inclusive

mediante tratamento diferenciado confor-me o impacto ambiental dos produtos eserviços e de seus processos de elaboraçãoe prestação; (Redação dada pela emendaconstitucional no 42, de 19/12/2003.)

CAPÍTULO VI

DO MEIO AMBIENTE

Art. 225. Todos têm direito ao meioambiente ecologicamente equilibrado, bemde uso comum do povo e essencial à sadiaqualidade de vida, impondo-se ao PoderPúblico e à coletividade o dever de defen-dê-lo e preservá-lo para as presentes e futu-ras gerações.

§ 1º. Para assegurar a efetividade dessedireito, incumbe ao Poder Público:

I. preservar e restaurar os processosecológicos essenciais e prover o manejoecológico das espécies e ecossistemas;(Regulamento)

II. preservar a diversidade e a integri-dade do patrimônio genético do País e fis-calizar as entidades dedicadas à pesquisa emanipulação de material genético; (Regu-lamento)

A luta pelo desenvolv imento sustentávelTEXTO 20

• Meio Ambiente e Trabalho52

A PALAVRA DACONSTITUIÇÃO

A Carta Magna brasileira promete o céu ambiental, mas não reflete a realidade

DA ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA

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Page 53: Meio Ambiente e Trabalho

III. definir, em todas as unidades daFederação, espaços territoriais e seuscomponentes a serem especialmente pro-tegidos, sendo a alteração e a supressãopermitidas somente através de lei, veda-da qualquer utilização que comprometa aintegridade dos atributos que justifiquemsua proteção; (Regulamento)

IV. exigir, na forma da lei, para insta-lação de obra ou atividade potencialmen-te causadora de significativa degradaçãodo meio ambiente, estudo prévio de im-pacto ambiental, a que se dará publicida-de; (Regulamento)

V. controlar a produção, a comerciali-zação e o emprego de técnicas, métodos esubstâncias que comportem risco para avida, a qualidade de vida e o meio ambien-te; (Regulamento)

VI. promover a educação ambiental emtodos os níveis de ensino e a conscientiza-ção pública para a preservação do meioambiente;

VII. proteger a fauna e a flora, veda-das, na forma da lei, as práticas que colo-

quem em risco sua função ecológica, provo-quem a extinção de espécies ou submetamos animais a crueldade. (Regulamento)

§ 4º. Aquele que explorar recursos mi-nerais fica obrigado a recuperar o meioambiente degradado, de acordo com solu-ção técnica exigida pelo órgão públicocompetente, na forma da lei.

§ 3º. As condutas e atividades conside-radas lesivas ao meio ambiente sujeitarãoos infratores, pessoas físicas ou jurídicas, asanções penais e administrativas, indepen-dentemente da obrigação de reparar osdanos causados.

§ 4º. A Floresta Amazônica brasileira,a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Panta-nal Mato-Grossense e a Zona Costeira sãopatrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condiçõesque assegurem a preservação do meioambiente, inclusive quanto ao uso dosrecursos naturais.

§ 5º. São indisponíveis as terras devo-lutas ou arrecadadas pelos Estados, porações discriminatórias, necessárias à prote-ção dos ecossistemas naturais.

§ 6º. As usinas que operem com reatornuclear deverão ter sua localização defini-da em lei federal, sem o que não poderãoser instaladas.

Meio Ambiente e Trabalho • 53

Extraído da Constituição Federal Brasileira de 1988, capítulo I

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Dá-se o nome de efeito estufa aoaquecimento anormal da Terra re-sultante de fenômenos naturais e,

também, daqueles provocados pela açãohumana por causa do consumo, cada vezmais alto, de combustíveis fósseis como opetróleo, o carvão e o gás natural.

O efeito estufa é um fenômeno queocorre naturalmente. Alguns gases comoo vapor de água, o dióxido de carbono(CO2) e o metano (CH4) são chamados degases do efeito estufa porque são capazesde reter o calor do Sol na atmosfera. Semesses gases, a radiação solar se dissipariano espaço e nosso planeta seria cerca de30 °C mais frio.

Mudanças c l imát icasTEXTO 21

• Meio Ambiente e Trabalho54

O aumento crescente das temperaturas do globo promete gerarverdadeiras tragédias ambientais

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Com o efeito estufa, parte do calor doSol refletido na superfície terrestre fica“preso” na atmosfera, mantendo a tempe-ratura necessária para a existência degrande parte da vida no planeta. O fenô-meno é semelhante ao ocorrido em umaestufa, que mantém o calor preso dentrode um ambiente específico. Daí o nome de“efeito estufa”.

Se o efeito estufa é natural,qual o problema?

Há claros sinais de que atividadeshumanas estão aumentando a emissãodos gases que causam o efeito estufa.Com isso, a Terra está ficando mais quente.As últimas décadas do século XX tiveramas mais altas temperaturas médias. Nosúltimos cinqüenta anos, os Alpes na Eu-ropa perderam 50% de sua cobertura degelo. Dados sobre amostras profundas degelo sugerem que vivemos o século maisquente dos últimos seiscentos anos. Hoje,a temperatura média do planeta está 4 °Cacima do que era na última idade do gelo,uns 13 mil anos atrás.

Mas recentemente houve uma acele-ração nessas variações climáticas. Cientis-tas afirmam que o aquecimento é resulta-do da intensificação do efeito estufa devidoàs atividades dos mais de 6 bilhões de sereshumanos que habitam o planeta.

O problema se agrava cada vez quedirigimos um automóvel, tomamos um

avião ou queimamos madeira. As árvoressão grandes armazéns naturais de dióxidode carbono (CO2). Bilhões de toneladas deCO2 da atmosfera são absorvidos pelasflorestas do planeta, que, dessa forma,ajudam a estabilizar o clima mundial. Mas,quando florestas são queimadas, a substân-cia retida volta à atmosfera.

Quais os principais gases que causam oaumento do efeito estufa?

O dióxido de carbono é o principalagente do aquecimento global. A emissãodesse gás ocorre devido ao uso de com-bustíveis fósseis, assim denominados por-que foram criados milhões de anos atráspela lenta decomposição subterrânea davegetação e de outras matérias vivas. Ostrês combustíveis fósseis são o carvão, opetróleo e o gás natural.

O mundo começou a liberar CO2 naatmosfera há duzentos anos, com a Revo-lução Industrial, e desde então sua concen-

Meio Ambiente e Trabalho • 55

Caracarai, em Roraima, só ganhou ligação terrestre com a capital, Boa Vista, e com Manausno fim dos anos 1970, mas já é uma das áreasmais atingidas pelas queimadas anuais.

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tração cresceu mais de um terço. O CO2 eoutros gases que provocam o efeito estufa,incluindo o metano, o óxido nitroso (N2O,gerado por atividades como a deposiçãodo lixo, a pecuária e o uso de fertilizantes)e os clorofluorcarbonos (CFCs) agoraenvolvem a Terra como um cobertor, aque-cendo mais e mais o planeta.

As pessoas que vivem nos países desen-volvidos queimam muito mais combustíveisfósseis do que as dos países em desenvolvi-mento. Em média, a cada ano um americanoadiciona à atmosfera mais de 5 toneladas decarbono, e a contribuição do europeu e dojaponês chega a 3 toneladas. Mais de 90%do CO2 produzido por atividades humanasprovém da Europa e da América do Norte.

O que pode acontecer se o efeito estufa seagravar?

A temperatura média da Terra au-mentará ainda mais. À medida que o plane-ta esquenta, a cobertura de gelo dos pólosSul e Norte derrete. Quando o calor do Solatinge essas regiões, o gelo reflete a radiaçãode volta para o espaço. Se a cobertura degelo derreter, menos calor será refletido. Éprovável que isso torne a Terra ainda maisquente.

Na medida em que o gelo das calotaspolares derrete, o nível do mar se eleva,provocando a inundação de terras maisbaixas e, talvez, a submersão de ilhas (paí-ses) no oceano Pacífico (veja a matéria

“Futuro submerso” na página 12). Oderretimento de geleiras das montanhaspoderá provocar avalanches, erosão dossolos e mudanças dramáticas no fluxo dosrios, aumentando o risco de enchentes.Haveria grandes variações no ritmo dechuvas. Furacões e tormentas, de um lado,e secas graves, de outro. Os cientistasacreditam que os desertos poderão crescere que as condições de tempo nas regiõessemi-áridas, como o Nordeste do Brasil,serão ainda mais críticas.

Tudo isso poderá repercutir negativa-mente na produção de alimentos, poisáreas agrícolas serão afetadas. As alte-rações climáticas podem reduzir a popu-lação ou levar à extinção de muitas espé-cies que não seriam capazes de se adap-tar às novas condições ambientais, afe-tando o equilíbrio de diversos ecossis-temas. Além disso, o calor facilita a ocor-rência de epidemias de doenças transmi-tidas por insetos. Aumentam as chancesde sobrevivência dos germes, bactérias,esporos e outros organismos prejudiciaisà saúde humana.

• Meio Ambiente e Trabalho56

Extraído de www.wwf.org.br

Texto 21 / Mudanças c l imát icas

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Areserva extrativista Chico Mendes,em Xapurí, no estado do Acre, foi cri-ada em 1990, em homenagem ao

líder dos seringueiros assassinado em1988no auge de sua luta pela preservação da flo-resta e a exploração sustentada dos recur-sos renováveis, como o látex das seringuei-ras ou a castanha nativa.

A reserva de Xapuri, que recebeu onome de Mendes, tem 970 mil hectares ocu-pados por cerca de 9 mil habitantes. Cadafamília da reserva ocupa uma área médiade 500 hectares para a criação, agriculturade subsistência e moradia.

As terras das reservas pertencem àUnião e são usufruto dos que nelas traba-lham. Elas foram criadas pelo governo fede-ral para proteger a natureza e as atividadestradicionais dos povos extrativistas.

Em maio de 2006, os governos estaduale federal anunciaram a construção da pri-meira fábrica de preservativos a utilizarcomo matéria-prima a borracha nativa deXapuri. Embora a indústria tenha geradointensa polêmica, pois especialistas tememque a mão-de-obra local não seja adequadaà manipulação de amônia, essencial para obeneficiamento da borracha, os governosmantêm a expectativa de aumentar a rendalocal, com a venda de produto beneficiado,e suprir a campanha nacional de preservati-vos gratuitos, iniciada em 1997 com a dis-tribuição de 13,4 milhões de unidades e quedeve chegar ao fim de 2006 com 1 bilhãode camisinhas distribuídas em todo o país.

RESERVA CHICO MENDESRESERVA CHICO MENDES

Símbolo da luta dos seringueiros pela conservação da Amazônia

Símbolo da luta dos seringueiros pela conservação da Amazônia

Desenvolv imento sustentávelTEXTO 22

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Roberto Manera é escritor e jornalista

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Bombeiro em ação na reserva Chico Mendes, em Xapuri, no Acre, queimada em outubro de 2005.

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Nossos pais diziam que para nos tornar seres completosera preciso escrever um livro, plantar uma árvore e terum filho. Meu pai, que era engenheiro, acrescentava:

construir uma casa. Escrevo livros, até demais, tenho um filhoe plantei uma árvore, no jardim da casa onde cresci, umamuda de pau-rosa, ou flor-do-paraíso, que havia sido esqueci-da ao lado de uma cova estreita e funda, uma muda frágil,com poucas folhas, mais alta do que a menininha que a salvou.A muda cresceu, transformou-se em um majestoso flamboyant,coberto de flores vermelhas.

Mas nunca construí uma casa. Sonho com isso. Gosta-ria de construir uma casa de taipa, com as próprias mãos,amassar o barro, atirar o barro nos enxaiméis e fasquias demadeira. Não se trata de uma idiossincrasia, nem de um gestopoético, muito menos uma visão religiosa. A taipa é um mate-rial apaixonante. Tem uma nobreza histórica. As reforçadascasas e igrejas coloniais brasileiras foram feitas em taipa depilão, há ainda hoje na Alemanha casas em taipa construídasno século XIII, a própria Muralha da China, símbolo de soli-dez, é taipa. A taipa tem mais de 9 mil anos, serviu a constru-ções no Egito e Mesopotâmia.

Um amigo meu, arquiteto, projetou e construiu belíssimascasas de taipa. Ele se chama Cydno da Silveira e o conheci em

UM AMOR,UMA CABANA

O trabalho em harmonia com a naturezaTEXTO 23

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A escritora proclama seu amor pela rústica construçãode taipa, que faz parte da terra, como formigueiro,como disse o arquiteto Lúcio Costa

Ana Miranda

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Brasília, poucos anos depois deplantar meu flamboyant. Cydnoestudava na UnB quando, obser-vando residências rurais, sur-preendeu-se com a quantidade decasas de taipa, feitas de maneiraintuitiva, quase como as abelhasfazem suas colméias. Nunca tinhaouvido falar naquilo em seu cursoe percebeu o quanto era elitista o ensino da arquitetura. Foto-grafou todas as casas de taipa que encontrava. Ele se formou,passou a trabalhar com as técnicas industriais, como concretoarmado, mas nunca esqueceu a taipa. Percebeu que não sabiaconstruir da maneira mais rudimentar e resolveu aprender.Estudou durante anos a técnica. Descobriu taipas diversas,como a de pedra, usada no Piauí, a de madeira com bolas debarro, vista no Maranhão, a taipa de carnaúba, a taipa mistade moldura de tijolos, a taipa feita com sobras de madeira esucata. Descobriu a maleabilidade incrível do barro, novasestruturas, novos dimensionamentos do espaço e imensaspossibilidades de melhoria na técnica tradicional. Estudou acombinação com elementos da cultura industrial, mas semdescaracterizar a antiga construção de estuque.

A casa de taipa nasce do chão, vem da natureza, é cons-truída com o material que está ali, a terra e as árvores, e temuma grande contribuição a dar a um país que não oferecemoradia para todos, como o Brasil. O projeto de casas popula-res, que Cydno afinal desenvolveu, ensina o homem a cons-truir sua própria casa e a cuidar dela. Tem o sentido de manterviva a sabedoria popular da taipa. Está sendo feita uma expe-riência na cidade de Bayeux, Paraíba, para treinamento depessoas no projeto, construção, melhoria e restauração deedificações em taipa e pau-a-pique. Não recebendo a casapronta, mas construindo-a, o dono toma por ela mais amor.

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Casa de pau-a-pique na Serra dePetrópolis no estado do Rio de Janeiro.

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• Meio Ambiente e Trabalho60

Se for privado de sua terra, ele saberá construir uma novahabitação. O saber lhe pode servir como meio de vida, e aprofissão tem um nome: taipeiro.

A casa de taipa é uma grande alternativa para a habi-tação no meio rural e nas periferias urbanas. Típicas daspopulações mais pobres, é uma forma de independência,uma estratégia milenar de abrigo, preservada nos sertõesbrasileiros especialmente pelas mulheres. O sistema de auto-construção elimina a aquisição de material, o transporte, ocrédito, elimina o BNH e o processo industrial de constru-ção, permite o mutirão e, principalmente, educa. É rápida aconstrução, usa-se mão-de-obra não qualificada, e é uminstrumento para a posse imediata da terra. Permite umaconstrução tanto de caráter transitório quanto perene e atécnica pode ser levada a lugares onde não chega o materialindustrializado. Uma simples caiação evita a umidade e bastafechar as frestas onde o barbeiro gosta de fazer seu ninho.Integra a família, as mulheres e crianças trabalham na cons-trução e integra o grupo na sociedade quando em regime demutirão. Apesar de tudo isso, é completamente ignoradapelos meios administrativos, considerada subabitação, nãohá nem mesmo linha de crédito nos órgãos do governo paracasa de taipa. Marcos Freire, antes de morrer, estava tratan-do de corrigir esse lapso. Nas esferas “civilizadas” há dificul-dade em compreender a taipa. Não há legislação nem a favornem contra. Quando da construção de Carajás, Cydno reali-zou um projeto de moradias em taipa de pau-a-pique paraos empregados, utilizando o fartíssimo material do lugar. Seuprojeto não foi aceito e os tijolos, o cimento e o ferro viaja-ram de avião até Carajás.

Na taipa não há desperdício de material nem agressãoecológica, a madeira usada nas estruturas é em quantidadecinco vezes menor do que a necessária na queima de tijolospara uma parede das mesmas dimensões. “A tomada de cons-

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ciências ecológicas, surgida como uma ponte de luz no extre-mo mais estreito do túnel da crise de energia, vai servindopara provar-nos que nem sempre o hábitat humano estácondenado a ser feito de concreto, aço e vidro. Assim, quandotudo em arquitetura parecia dirigir-se para uma negaçãosempre maior da natureza que volta a oferecer uma saídadiante das agruras da crise. E o faz com aquilo que lhe éprimeiro e essencial, a terra, o elemento mais fecundo de tudoo que nos cerca”, escreveu o arquiteto Roberto Pontual.

Quando, nos anos 1930, Lúcio Costa projetou uma vilaoperária, em Monlevade, toda em taipa e pau-a-pique, escre-veu: “... faz mesmo parte da terra, como formigueiro, figueira-brava e pé-de-milho – é o chão que continua... Mas justamentepor isso, por ser coisa legítima da terra, tem para nós, arquite-tos, uma significação respeitável e digna, enquanto que o pseu-domissões, ‘normando ou colonial’, ao lado, não passa de umarremedo sem compostura”. E aconselha: devia ser adotadapara casas de verão e construções econômicas de um modogeral. É uma técnica muito mais barata, atende aqueles casaisremediados que desejam uma casinha de campo. O projeto deLúcio Costa, claro, não foi aceito pela Belgo Mineira.

O Cydno vai projetar a minha casa de taipa. Vou quererna casa uma lareira, um fogão a lenha e uma vassoura daque-las de graveto. Uma árvore frondosa por perto, pode ser umflamboyant, um gramado na sombra para piquenique, contem-plação ou leitura. Também dizia meu pai, nas coisas maissimples está o sentido da vida.

Texto publicado na revista Caros Amigos, no 5, de agosto de 1997

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The increase of artificial illuminationin recent years has been enormous:street lamps, illumination of sports

stadiums and golf courses, illumination ofhistoric buildings, security illumination ofhomes and offices.

Unfortunately, there is so much illumina-tion today that the darkness has practicallydisappeared – and with it our view of thenight sky and the stars, planets and mete-ors that are part of the universe.

Bob Mizon, UK Coordinator for theCampaign for Dark Skies with the British

Astronomical Association (BAA), explainsthe seriousness of the problem:

“Approximately 90% of people in thiscountry have a polluted night sky. And therecent research by Cinzano shows thatmore than 50% of the population of Euro-pe now do not see the Milky Way from theirlocality. We think this is an environmentaldisaster, really. The problem is that the skyis not a private property, so it is difficult tolegislate for its protection.”

Light pollution is artificial human-made illumination. The astronomer, Mizon,

THE END OF THE NIGHT SKY

Degradação ambienta lTEXTO 24

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Hong Kong city, night of July, 6th, 2002.

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Most of the occidntal worlddoesn’t know anymore whatcomplete darkness means. Thelight pollution, besides being anenormous waste, brings longterm effects on human behavior.

is protesting against light pollution since1989. Our galaxy contains approximately150,000 million stars. In a dark night skyin theory it is possible to see 2 or 3 thou-sand stars, but today, in the center ofLondon, it is possible to see only 12 stars.

Meio Ambiente e Trabalho • 63

COMO SE DIZ EM INGLÊS?How do you say in English?Sky. céuIncrease. aumento Lamps. lâmpadas Buildings. edifíciosUnfortunately. infelizmenteDarkness. escuridãoView. vistaStars. estrelasCountry. paísResearch. pesquisaTo show. mostrarMilky Way. Via LácteaEnvironmental. ambientalOnly. somente

Extraído da revista Speak Up edição 210 – novembro/2004.

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ExpedienteComitê Gestor do ProjetoTimothy Denis Ireland (Secad – Diretor do Departamento da EJA)Cláudia Veloso Torres Guimarães (Secad – Coordenadora Geral da EJA)Francisco José Carvalho Mazzeu (Unitrabalho) – UNESP/UnitrabalhoDiogo Joel Demarco (Unitrabalho)

Coordenação do ProjetoFrancisco José Carvalho Mazzeu (Coordenador Geral)Diogo Joel Demarco (Coordenador Executivo)Luna Kalil (Coordenadora de Produção)

Equipe de Apoio TécnicoAdan Luca ParisiAdriana Cristina SchwengberAndreas Santos de AlmeidaJacqueline BrizidaKelly MarkovicSolange de Oliveira

Equipe PedagógicaCleide Lourdes da Silva Araújo Douglas Aparecido de CamposEunice RittmeisterFrancisco José Carvalho MazzeuMaria Aparecida Mello

Equipe de ConsultoresAna Maria Roman – SPAntonia Terra de Calazans Fernandes – PUC-SPArmando Lírio de Souza – UFPA – PACélia Regina Pereira do Nascimento – Unicamp – SPEloisa Helena Santos – UFMG – MGEugenio Maria de França Ramos – UNESP Rio Claro – SPGiuliete Aymard Ramos Siqueira – SPLia Vargas Tiriba – UFF – RJLucillo de Souza Junior – UFES – ESLuiz Antônio Ferreira – PUC-SPMaria Aparecida de Mello – UFSCar – SPMaria Conceição Almeida Vasconcelos – UFS – SPMaria Márcia Murta – UNB – DFMaria Nezilda Culti – UEM – PROcsana Sonia Danylyk – UPF – RSOsmar Sá Pontes Júnior – UFC – CERicardo Alvarez – Fundação Santo André – SPRita de Cássia Pacheco Gonçalves – UDESC – SCSelva Guimarães Fonseca – UFU – MGVera Cecilia Achatkin – PUC-SP

Equipe editorialPreparação, edição e adaptação de texto: Editora Página Viva

Revisão:Ivana Alves Costa, Marilu Tassetto, Mônica Rodrigues de Lima, Sandra Regina de Souza e Solange Scattolini

Edição de arte, diagramação e projeto gráfico: A+ Desenho Gráfico e Comunicação

Pesquisa iconográfica e direitos autorais: Companhia da Memória

Fotografias não creditadas: iStockphoto.com

Apoio

Editora Casa Amarela

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro. SP, Brasil)

Meio ambiente e trabalho / [coordenação do projeto

Francisco José Carvalho Mazzeu, Diogo Joel Demarco,

Luna Kalil]. -- São Paulo : Unitrabalho-Fundação

Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho ;

Brasília, DF : Ministério da Educação. SECAD-Secretraria

de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade,

2007, -- (Coleção Cadernos de EJA)

Vários colaboradores.

Bibliografia.

ISBN 85-296-0060-6 (Unitrabalho)

ISBN 978-85-296-0060-4 (Unitrabalho)

1. Livros-texto (Ensino Fundamental) 2. Meio ambiente

3. Trabalho I. Mazzeu, Francisco José Carvalho.

II. Demarco, Diogo Joel. III. Kalil, Luna.

IV. Série.

07-0391 CDD-372.19

Índices para catálogo sistemático:

1. Ensino integrado : Livros-texto :

Ensino fundamental 372.19

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