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Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque

(Organizadores)

Meio Ambiente:os

desafios do mundo contemporâneo

IMEA

João Pessoa - PB 2018

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Instituto Medeiros de Educação Avançada - IMEA

Editor Chefe

Giselle Medeiros da Costa One

Corpo Editorial Beatriz Susana Ovruski de Ceballos

Giselle Medeiros da Costa One Helder Neves de Albuquerque

Maria Luisa Souto Porto

Revisão Final EdniceFideles Cavalcante Anízio

FICHA CATALOGRÁFICA Dados de Acordo com AACR2, CDU e CUTTER

Laureno Marques Sales, Bibliotecário especialista. CRB -15/121

Direitos desta Edição reservados ao Instituto Medeiros de Educação Avançada - IMEA

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

One, Giselle Medeiros da Costa. O59s Meio Ambiente: os desafios do mundo contemporâneo./ Giselle Medeiros da

Costa One; Helder Neves de Albuquerque. Orgs. IMEA, 2018. 515 fls.

Prefixo editorial: 53005 ISBN: 978-85-53005-00-0 (on-line) Modelo de acesso: Word Wibe Web <http://www.cinasama.com.br> Instituto Medeiros de Educação Avançada – IMEA – João Pessoa - PB

1. Meio Ambiente 2. Água 3. Sustentabilidade 4. Alterações ambientais I. Giselle Medeiros da Costa One II. Helder Neves de Albuquerque III. Meio Ambiente: os desafios da do mundo contemporâneo.

IMEA CDU: 911

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IMEA Instituto Medeiros de Educação

Avançada -

Proibida a reprodução, total ou parcial, por qualquer meio ou processo, seja reprográfico, fotográfico,

gráfico, microfilmagem, entre outros. Estas proibições aplicam-se também às características gráficas e/ou

editoriais. A violação dos direitos autorais é punível como Crime

(Código Penal art. 184 e §§; Lei 9.895/80), com busca e apreensão e indenizações diversas (Lei

9.610/98 – Lei dos Direitos Autorais - arts. 122, 123, 124 e 126)

Todas as opiniões e textos presentes

neste livro são de inteira responsabilidade de seus autores, ficando o organizador

isento dos crimes de plágios e informações enganosas.

IMEA Instituto Medeiros de Educação Avançada

Av Senador Ruy Carneiro, 115 ANDAR: 1; CXPST: 072;

Joao Pessoa - PB 58032-100

Impresso no Brasil

2018

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Aos participantes do CINASAMA pela

dedicação que executam suas atividades e

pelo amor que escrevem os capítulos que

compõem esse livro.

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" Sem sonhos, a vida não tem brilho. Sem metas, os sonhos não têm alicerces. Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais. Sonhe, trace metas, estabeleça prioridades e corra riscos para executar seus sonhos. Melhor é errar por tentar do que errar por se omitir!”

Augusto Cury

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PREFÁCIO

O livro “MEIO AMBIENTE: os desafios do mundo

contemporâneo” tem conteúdo interdisciplinar,

contribuindo para o aprendizado e compreensão de varias

temáticas dentro da área em estudo. Esta obra é uma

coletânea de pesquisas de campo e bibliográfica, fruto dos

trabalhos apresentados no Congresso Nacional de Saúde e

Meio Ambiente realizado entre os dias 17 e 18 de novembro

de 2017 na cidade de João Pessoa-PB.

O CINASAMA é um evento que tem como objetivo

proporcionar subsídios para que os participantes tenham

acesso às novas exigências do mercado e da educação. E ao

mesmo tempo, reiterar o intuito Educacional, Biológico,

Nutricional e Ambiental de direcionar todos que formam a

Comunidade acadêmica para uma Saúde Humana e

Educação socioambiental para a Vida.

Os eixos temáticos abordados no Simpósio Nacional de

Saúde e Meio Ambiente e nos livros garantem uma ampla

discussão, incentivando, promovendo e apoiando a pesquisa.

Os organizadores objetivaram incentivar, promover, e apoiar

a pesquisa em geral para que os leitores aproveitem cada

capítulo como uma leitura prazerosa e com a competência,

eficiência e profissionalismo da equipe de autores que muito

se dedicaram a escrever trabalhos de excelente qualidade

direcionados a um público vasto.

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Esta publicação pode ser destinada aos diversos

leitores que se interessem pelos temas debatidos.

Espera-se que este trabalho desperte novas ações,

estimule novas percepções e desenvolva novos humanos

cidadãos.

Aproveitem a oportunidade e boa leitura.

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SUMÁRIO

SAÚDE E MEIO AMBIENTE ____________________________________ 13

CAPÍTULO 1 ________________________________________________ 14

QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E SUA CORRELAÇÃO

COM AS DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS NO MUNICÍPIO DE GUARABIRA,

PARAÍBA. __________________________________________________ 14

CAPÍTULO 2 ________________________________________________ 35

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBEDOUROS EM ESCOLAS

MUNICIPAIS DE CABEDELO – PB ________________________________ 35

CAPÍTULO 3 ________________________________________________ 51

25 ANOS DO DIA MUNDIAL DA ÁGUA: UMA ANÁLISE NO CONTEXTO

SOCIAL ATUAL ______________________________________________ 51

CAPÍTULO 4 ________________________________________________ 75

RIACHO REGINALDO: ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA, TÓXICA E

MICROBIOLÓGICA ASSOCIADA A BIORREMEDIAÇÃO _______________ 75

CAPÍTULO 5 ________________________________________________ 93

BALNEABILIDADE NO IGARAPÉ DO ACARÁ E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE:

ESTUDO DE CASO EM MANAUS – AM ____________________________ 93

CAPÍTULO 6 _______________________________________________ 114

POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES SOCIOESPACIAIS ASSOCIADAS À

FORMAÇÃO DE RISCO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO TARUMÃ EM

MANAUS - AM _____________________________________________ 114

CAPÍTULO 7 _______________________________________________ 134

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VETORES DE DOENÇAS ASSOCIADOS AO LIXO URBANO: ESTUDO DE CASO

COM ESTUDANTES DE ENSINO SUPERIOR _______________________ 134

CAPÍTULO 8 _______________________________________________ 155

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NAS INTERNAÇÕES POR

MICOSES NO ESTADO DO MARANHÃO _________________________ 155

CAPÍTULO 9 _______________________________________________ 176

A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA:

VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

_________________________________________________________ 176

CAPÍTULO 10 ______________________________________________ 194

EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA

FORMAÇÃO EDUCACIONAL __________________________________ 194

CAPÍTULO 11 ______________________________________________ 222

IMPACTOS AMBIENTAIS E À SAÚDE DA COMUNIDADE CAUSADOS POR

UMA MINERADORA NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB ____________ 222

CAPÍTULO 12 ______________________________________________ 241

DIAGNÓSTICO DA PERCEPÇÃO TURÍSTICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO

AMBIENTAL NA FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO, EM PIAÇABUÇU-AL ____ 241

CAPÍTULO 13 ______________________________________________ 259

IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO

DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL. _______________________________ 259

CAPÍTULO 14 ______________________________________________ 280

ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE

DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS ______________ 280

CAPÍTULO 15 ______________________________________________ 298

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CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DA ATENÇÃO

BÁSICA À SAÚDE DE CAMPINA GRANDE-PB SOBRE A DESTINAÇÃO FINAL

DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS _________________________ 298

CAPÍTULO 16 ______________________________________________ 315

AÇÕES ECOLÓGICAS VISANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL ___________ 315

CAPÍTULO 17 ______________________________________________ 332

SEMANA INTEGRADA DO MEIO AMBIENTE: UMA EXPERIÊNCIA

MOBILIZADORA NO CCHSA/UFPB _____________________________ 332

CAPÍTULO 18 ______________________________________________ 348

SOBREPRODUÇÃO DE GLICERINA: UMA TENDÊNCIA MUNDIAL E

ALTERNATIVAS PARA SEU APROVEITAMENTO ___________________ 348

CAPÍTULO 19 ______________________________________________ 369

TRILHA E SEU PAPEL ECOLÓGICO NA FORMAÇÃO DE SUJEITOS CRÍTICOS

_________________________________________________________ 369

CAPÍTULO 20 ______________________________________________ 386

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM

HIV/AIDS NA PARAÍBA ______________________________________ 386

CAPÍTULO 21 ______________________________________________ 403

USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE

EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS ________________ 403

CAPÍTULO 22 ______________________________________________ 419

USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE

ENFERMAGEM _____________________________________________ 419

CAPÍTULO 23 ______________________________________________ 436

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM

SISTEMA HIDROPONICO _____________________________________ 436

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS _______________________________ 454

CAPÍTULO 24 ______________________________________________ 455

ATITUDE DO CONSUMIDOR REFERENTE À UTILIZAÇÃO DE SACOLAS

PLÁSTICAS NO MUNICÍPIO QUEIMADOS, RJ______________________ 455

CAPÍTULO 25 ______________________________________________ 474

DESCARTE DE MEDICAMENTOS DE USO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE

QUEIMADOS/RJ ___________________________________________ 474

DIREITO AMBIENTAL ________________________________________ 493

CAPÍTULO 26 ______________________________________________ 494

O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE

SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS _____________________________ 494

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SAÚDE E MEIO AMBIENTE

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QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E SUA CORRELAÇÃO COM AS DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS NO MUNICÍPIO DE GUARABIRA,

PARAÍBA.

14

CAPÍTULO 1

QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E SUA CORRELAÇÃO COM AS

DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS NO MUNICÍPIO DE GUARABIRA, PARAÍBA.

Anna Stella CYSNEIROS PACHÁ¹ Cristine HIRSCH MONTEIRO²

1. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente; ² Orientadora/Professora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente da Universidade Federal da Paraíba. [email protected]

RESUMO:O crescimento desordenado das populações, vem provocando um desequilíbrio ambiental decorrente pela exploração excessiva dos recursos naturais, agravado pela escassez de água e degradação dos mananciais, gerandodesafios de gestão das águas e ameaçando a sustentabilidade ambiental, o desenvolvimento socioeconômico e a qualidade de vida. Para ser ofertada à população, a água, deverá estar livre de toxinas e microrganismos, com suas características preservadas.A água de má qualidade é um vetor potencial para enfermidades. A diarreiaé a segunda causa de morte infantil no mundo. No Brasil, segundo o DATASUS/MS, nos anos de 2013 e 2014, ocorreram 483.117 hospitalizações e 104.232 óbitos por diarreia, sendo 26,3% dos óbitos na região Nordeste. O trabalho, objetivouavaliar a correlação entre o consumo de água proveniente de Soluções Alternativas Coletivas de Abastecimento monitoradas pelo SISAGUA e a correlação das doenças diarreicas agudas pelo SIVEP_DDA em Guarabira - PB, utilizando indicadores ambientais, no período de 2014 a 2016, buscando evidenciar coerência entre

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QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E SUA CORRELAÇÃO COM AS DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS NO MUNICÍPIO DE GUARABIRA,

PARAÍBA.

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as informações dos dois Sistemas de Informação em Saúde. Nos resultados foi possível correlacionar a elevação de casos por diarreia com a água distribuída devido aos números positivos de Escherichia coli, coliformes totais e a curva endêmica para diarreia nos anos estudados. PALAVRAS-CHAVE:Saúde pública. Indicadores de saúde. Doença diarreica.

1 INTRODUÇÃO

Água, componente essencial à vida, precisa ser

preservada por todos, pois apenas 0,3% do volume total do

planeta pode ser aproveitado para consumo. Sendo assim, para

manter sua qualidade e disponibilidade, a água deve ser usada

com bom senso e precisa ser monitorada para estar livre de

agentes patogênicos e toxinas (BRASIL, 2006). No entanto, o

crescimento veloz e desordenado das populações vem

ocasionando um desequilíbrio ambiental devido à geração

maciça de resíduos sólidos decorrente do aumento de consumo

e pela exploração excessiva dos recursos naturais, agravado

pela escassez de água e degradação dos mananciais (Papini,

2012).

Diante desta problemática, organizações de todo o

mundo têm se mobilizado para promover um desenvolvimento

sustentável e um meio ambiente equilibrado. A influência do

homem no meio ambiente tem sido catastrófica devido ao

crescimento populacional, o uso de tecnologias e a urbanização

global, causando desequilíbrio sobre os ecossistemas e

gerando graves problemas que ameaçam o planeta como um

todo (Papini, 2012).

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QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E SUA CORRELAÇÃO COM AS DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS NO MUNICÍPIO DE GUARABIRA,

PARAÍBA.

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu o

Objetivo do Desenvolvimento Sustentável (ODS) número

6:Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e

saneamento para todos. Contudo, milhares de pessoas no

mundo se tornam vulneráveis ao adoecimento devido ao

acesso e consumo de água de má qualidade, higiene

inadequada e condições deficientes de saneamento básico

(OMS, 2015). Diante da estimativa de crescimento do PIB

globalde 1,5% em 2015, foi idealizado que, para cada dólar

investido em saneamento básico e tratamento de água, seriam

economizadosU$4,3 em gastos com saúde no mundo. Por isso

a água foi um dos temas priorizados na agenda de

desenvolvimento pós-2015 pela OMS(OMS, 2015).

Considerado uma medida eficaz de saúde pública, o

saneamento básico tem grande potencialna prevenção

demorbidadesde veiculação hídricacausadoras de doenças

diarreicas, como: infecções bacterianas - cólera,leptospirose,

febre tifoide, Shigella, Escherichia coli; viroses -hepatite

A,Rotavírus, Norovírus, Poliovíruse até mesmo apoliomielite, já

erradicada no Brasil, além de parasitoses - ameba, giárdia,

Cryptosporidium,dentre outros(BRASIL, 2014). De acordo com

estudos realizados pela OMS, a diarreia tem sido um quadro

clínico responsável pela segunda principal causa de

mortalidadeinfantil no mundo e no Brasil(OMS, 2015). Seja o

tratamento completo ou, até mesmo, o tratamento dos mais

simples da água para consumo humano, que é o processo de

desinfecção, são primordiais para evitar o adoecimento das

populações e merecem ser prioridade dosgestores com vistas

à saúde pública, pois segundo a Fundação Nacional de Saúde,

estima-se que em um curto espaço de tempo, parte da

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QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E SUA CORRELAÇÃO COM AS DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS NO MUNICÍPIO DE GUARABIRA,

PARAÍBA.

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população dos países em desenvolvimento terá, pelo menos,

um episódio de diarreia (BRASIL, 2014).

A Escherichia coli é considerada a bactéria principal do

grupo coliforme, isso devido a facilidade de detecção e

quantificação em qualquer tipo de coleção hídrica, associado ao

uso de técnicas laboratoriais mais simples e custos menores,

favorece às análises nos laboratórios de Referência em Saúde

Pública (Brasil, 2013).

Portaria doMinistério da Saúde (MS) estabeleceuações

de controle da qualidade da água para consumo humano a fim

de assegurar que a água produzida e distribuída atenda a

padrõesde qualidade e de potabilidade estabelecidos na

legislação vigente, determinandoque toda água destinada ao

consumo humano, distribuída a população por meio de Sistema

da Abastecimento Alternativo - SAA ou pelo Sistema de

Abastecimento Coletivo - SAC, deveter sua qualidade

monitorada pelos setores de vigilância em saúde nos três níveis

da gestão pública – municipal, estadual e federal (BRASIL,

2011).

A existência de condições adequadasde saneamento é

requisito indispensável para aproteção da saúde humana,

assim como medidafundamental para a proteção do ambiente;

satisfaz necessidades de conforto às populações e éelemento

indissociável do planejamento e desenvolvimentosustentável

nos meios urbano e rural(BRASIL, 2006, apud PEREIRA;

OLIVEIRA, 2014).

Segundo informaçõesretiradas do DATASUS/MS, nos

anos de 2010 a 2016, ocorreram no país

574.937hospitalizações por doenças diarreicas agudas,

levando a um custo total de R$386.431.101,33 referentes aos

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serviços hospitalares realizados e 7.904 óbitos por

diarreia,sendo 42,4% dos óbitos ocorreram na região

Nordeste(BRASIL, 2017). Segundo dados coletados no

SIVEP/DDA/PB, no período de 2010 a 2016, o Estado da

Paraíba, registrou575.747 casos de diarreia. Destes, 39.300

geraram hospitalizações, com 522registros de óbitos

informados no TABNET/PB(PARAÍBA, 2017).Esses são dados

de grande relevância para a saúde pública, explicando assim, a

necessidade de aprofundar e investigar a problemática acerca

da associação entre o consumo de água proveniente de

Soluções Alternativas Coletivas de Abastecimento (SAC) por

ser uma modalidade de abastecimento coletivo destinada a

fornecer água potável, com captação subterrânea ou

superficial, com ou sem canalização e sem rede de distribuição,

sendo esta de qualidade suspeita, e a ocorrência das Doenças

Diarreicas Agudas (DDA) (BRASIL,2015).

Após a sétima pandemia de cólera no Brasil, o Ministério

da Saúde (MS) identificou a necessidade da monitorização os

casos de doenças diarreicas agudas, utilizando o sistema de

informação criado (SIVEP_DDA) como instrumento indicativo

de alteração dos padrões comportamento das diarreias,

sinalizando assim um possível surto de cólera ou de outros

agravos (BRASIL, 2010).A notificação dos casos é realizada

pelos serviços de saúde consideradas Unidades Sentinelas que

têm o objetivo de realizar a vigilância da morbimortalidade,

como também agir para a identificação de agentes etiológicos

de interesse para a saúde pública, de acordo com o

preconizado na Portaria MS nº 205/16 (BRASIL, 2016).

O registro da ocorrência de casos é feito no serviço de

saúde, por meio de formulário específico para posterior

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inserção no Sistema Informatizado de Vigilância

Epidemiológica das DDA (SIVEP-DDA). Quando identificado

surto, a notificação deve ser feita no Sistema de Informação de

Agravos de Notificação (Sinan NET) e indicado como síndrome

diarreica. Todos os dados levantados durante a investigação

também precisam ser registrados, compondo a notificação do

surto (BRASIL, 2010).

O principal objetivo da monitorização de um sistema de

informação em saúde, é a identificação precoce de

comportamentos atípicos de agravos e alterações no ambiente,

estabelecendo a magnitude e o grau de prioridade,

caracterizando o perfil epidemiológico de determinado evento,

além de avaliar indicadores de morbimortalidade e mudanças

nas condições sanitárias da população, por meio da análise

permanente das informações registradas pelas Secretarias

Municipais de Saúde. Subsidiando o planejamento de ações

estratégicas para medidas de controle, seguindo normas,

protocolos e demais recomendações vigentes (BRASIL,

2010).No entanto,os sistemas de informações em saúde,

apesar de ter como objetivo a coleta de dados oportunos e

qualificados, que subsidiam a análise, o monitoramento e o

planejamento de ações pertinentes e efetivas, tratam de

assuntos distintos, não estando compatibilizados,

necessitando serem complementados com outros dados de

outros sistemas, fragilizando a vigilância em saúde,

prejudicando a realização de análises mais precisas e os

planejamentos de ações estratégicas, fazendo assim, que não

desempenhem o papel proposto (ALEXANDRE, 2012).

A presente pesquisa se propôs aavaliar a correlação

entre o consumo de água proveniente de Soluções Alternativas

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Coletivas de Abastecimento (SAC), monitoradas pelo SISAGUA

- Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água

para Consumo Humanoe a ocorrência das Doenças Diarreicas

Agudas (DDA) registradas pelo SIVEP_DDA na cidade de

Guarabira - PB, utilizando indicadores ambientais, no período

de 2012 a 2016, buscando evidenciar coerência e/ou correlação

entre as informações dos dois Sistemas de Informação em

Saúde.

2 MATERIAIS E METODOS

Trata-se de uma pesquisa avaliativa qualiquantativa, do

tipo retrospectiva, realizada por meio de análise dosdados

secundários disponíveis nos sistemas oficiais de informações

em um período detrês anos, referentes ao município de

Guarabira/PB. A escolha de trabalhar as informações deste

município, se deu ao avaliar os dados dos sistemas de

informações do SISAGUA e SIVEP_DDA. Identificou-se que

para os anos que foram avaliados (2014, 2015 e 2016), houve

uma alimentação regularde informações nos sistemas referidos,

como também, apresentou incidência média anual acima de 30

casos de DDA por cada 100.000 habitantes no período de 2012

a 2016 (SES-PB, 2017), subsidiando a análise.

O município de Guarabira, está localizado na Região do

Brejo paraibano, com área territorial de 165,744 (Km²) e sua

população é estimada em 58.881 habitantes. Apresenta taxa de

mortalidade infantil média na cidade de 17.4 para 1.000

nascidos vivos. As internações devido a diarreias são de 0.6

para cada 1.000 habitantes. Considerando domicílios com

rendimentos mensais de até meio salário mínimo por pessoa,

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QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E SUA CORRELAÇÃO COM AS DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS NO MUNICÍPIO DE GUARABIRA,

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foram 42.9% da população nessas condições. Sua incidência

de pobreza é de 53,95% (IBGE, 2016).

No que diz respeito aos casos e/ou surtos de DDA

notificados por faixa etária para o município escolhido, foi

coletado a partir do Sistema de Vigilância Epidemiológica para

as Doenças Diarreicas Agudas – SIVEP-DDA as seguintes

informações: ano de ocorrência; distribuição dos casos

segundo faixa etária; plano de tratamento por semana

epidemiológica de ocorrência.

Os dados, referentes à presença de coliformes totais e

Escherichia coli em soluções alternativas coletivas de

abastecimento (SAC), coletado a partir do Sistema de

Informação de Qualidade da Água para Consumo Humano –

SISAGUA, de acordo com formulário único de amostras

analisadas pela vigilância ambiental contendo as seguintes

informações de campo sobre amostra de água: data da coleta

de água; pontos de coleta; coliforme total e coliforme

termotolerante ou Escherichia coli; tipo de manancial

(superficial ou subterrâneo); tipo de suprimento/fonte SAC

(caminhão pipa, chafariz, fonte, barco, carroça e agua de

chuva). A consolidação dos dados e a análise, através de

estudo epidemiológico descritivo, realizada visando o

delineamento do perfil espaço-temporal-demográfico da

ocorrência das doenças diarreicas agudas no município

elencado.

Os dados aquiutilizados foram liberados por meio do

Termo de Anuência e extraídos dos sistemas de informações

do SIVEP_DDA e do SISAGUA, ambos provenientes da

Secretaria Estadual da Saúde da Paraíba (SES-PB), mediante

apresentação de Certidão de Aprovação do Comitê de Ética em

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QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO E SUA CORRELAÇÃO COM AS DOENÇAS DIARREICAS AGUDAS NO MUNICÍPIO DE GUARABIRA,

PARAÍBA.

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Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade

Federal da Paraíba – CEP/CCS, referente ao Projeto de

Pesquisa de Mestrado da Rede PRODEMA, intitulado “A

Qualidade da Água para Consumo Humano na Paraíba:

avaliando Sistemas de Informações para fins de Vigilância e

Controle das Doenças Diarreicas Agudas”. Prot. nº 0189/17.

CAAE: 6786217.0.0000.5188.O presente trabalho, segue o

preconizadona Resolução CNS nº 466/2012 e está

devidamente credenciado junto à Comissão de Ética em

Pesquisa (CONEP) e à SES-PB.

3 RESULTADOS E DISCUSSÂO

Segundo o Núcleo de Doenças Transmissíveis Agudas

da Secretaria Estadual de Saúde da Paraíba, o coeficiente de

incidência, índice usado para medir o risco de adoecimento de

uma população em um determinado período/lugar, subsidia a

análise das informações para a obtenção de um diagnóstico de

saúde deste município, apresentou valores acima de 30 casos

para cada 100.000 habitantes entre os anos de 2012 e 2016

(Tab. 1).

Tabela 1. Incidências anuais de 2012 a 2016 e média no

período de Doença Diarreica Aguda em Guarabira/PB.

Ano 2012 2013 2014 2015 2016 Média

Incidência* 75,2 65,5 72,1 66,0 72,4 70,2

Fonte: Núcleo de Doenças Transmissíveis Agudas – SES/PB, 2017.* por

100.000 habitantes

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As atividades da Vigilância em Saúde Ambiental

relacionadas à qualidade da água e a saúde humana são de

grande relevância por propiciarem ações contínuas garantindo

à população o acesso à agua potável,água de qualidade com o

padrão de potabilidade definido pela atual legislação, gerando

saúde pública.O Programa Nacional de Vigilância da Água,

conhecido como VIGIAGUA, atua de forma tripartite(Federal,

Estadual e Municipal) e em todas as Unidades Federadas do

país, seguindo orientações do Ministério da Saúde com base

nas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)(Daniel;

Cabral, 2011).

Dessa forma, os municípios precisam cadastrar suas

fontes de coleta considerando todas as formas de

Abastecimento de Água (Sistemas de Abastecimento de Água

– SAA, Soluções Alternativas Coletivas – SAC e Soluções

AlternativasIndividuais– SAI) no Sistema de Informação

SISAGUAe realizar o número mínimo de coletas pré-

estabelecidos mensalmente.

O SISAGUA é uma ferramenta importante de

monitoramento para averiguação e constatação da qualidade

da água para o consumo humano, identificando o padrão de

potabilidade existente no produto analisado, como também, da

rede pública de abastecimento, pois possibilita a caracterização

dos riscos e as condições sanitárias em determinada

localidade.

Quanto ao abastecimentofeito viaSAC, o SISAGUA

informou 296 fontes diversas cadastradas nomunicípio de

Guarabira – PBem 2016 (Fig. 1). No que se refere às formas de

abastecimento, o poço, acisterna e o açude foram as fontes

mais encontradas, havendoapenas um cadastro para cada

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PARAÍBA.

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fonte do tipo caixa d’água e carro-pipa cadastrados para coletas

e análises do SISAGUA. A caixa d’água tem a função de

armazenar a água para abastecer um imóvel ou uma

comunidade inteira,assim como, escolas, hospitais, creches,

asilos, entre outros, não diferenciando muito da população

atendida por carros-pipas. Deste modo, é de suma importância

a realização frequente de análise da água ofertada por nesses

tipos de reservatórios, podendo ser um potente disseminador

para doenças de veiculação hídrica, devido ao grande número

de pessoas que podem ser contaminadas em um único

fornecimento. De acordo com essas considerações, o número

insuficiente de cadastro de fonte do tipo caixa d’agua e carro-

pipa, não permite aos técnicos de vigilância em saúdedo

município um monitoramento adequado (Fig. 3), favorecendo

assim, a ocorrência de surtospor esse tipo de abastecimento

formando grupos de risco (Fig. 4 e 5).

Figura 1: Fontes cadastrados de acordo com a forma de

abastecimento (SAC) no SISAGUApara a cidade

deGuarabira/PB, 2016.

Fonte: SISAGUA SES PB, 2017.

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De acordo com o IBGE (2016), o município de

Guarabira/PB possui apenas11,2% de domicílios urbanos em

vias públicas com urbanização adequada (presença de bueiro,

calçada, pavimentação e meio-fio) e 69% dos domicílios com

esgotamento sanitário adequado(IBGE, 2016). Cerca de 70%

doshabitantesresidiam emzona urbana, enquanto apenas,

9%residiam na zona rural(IBGE, 2016).

Nos anos de 2014, 2015 e 2016 foram identificados

números menores de coletas realizadas na zona rural: 17, 71 e

40 respectivamente. Ficando a zona urbana com os maiores

quantitativos, 24, 98 e 61, consequentemente, com maior

número de fontes monitoradas. Analisados em conjunto –

urbanização inadequada para a maioria dos domicílios e baixa

frequência na coleta e análise da qualidade da água – torna-se

necessário um diagnóstico mais aprofundado da situação da

população dessas localidades, sendo as comunidades carentes

as mais vulneráveis, estejam elas na zona urbana ou rural.

Nessa conjuntura, é necessário o desenvolvimento de

atividades para prevenção, promoção e atenção à saúde, como

também, intervir junto aos técnicos da vigilância ambiental,

qualificando-os para o reconhecimento de fontes importantes

de abastecimento, cadastramento, análise adequada dos

resultados e intervenções pertinentes. Ações intersetoriais de

gestão não devem ser negligenciadas, com foco no

saneamento básico e na qualidade da água para consumo

humano.

A Portaria MS nº 2.914/2011,admite apenas que5% das

amostras mensais em sistemas ou soluções coletivas que

abastecem mais de 20.000 habitantes. Refere ainda, quetoda

água destinada ao consumo humano precisa ser tratada e

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PARAÍBA.

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monitorada para que a potabilidade seja garantida à população.

Os exames microbiológicos são de grande importância, pois

identifica a presença de micro-organismos e/ou substâncias

químicas na água geradoras de doenças causadas pela

contaminação por meio das fezes de origem animal que pode

ser prejudiciais à saúde humana. Os coliformes totais, podem

ser encontrados nos ambientes e servem como um indicador da

integridade do sistema de distribuição, pois são bactérias que

não representam problemas para a saúde (BRASIL, 2013).Das

amostras coletadas, análisadas e informadas no SISAGUA por

Guarabira, identifica-se que no ano de 2014, 50,8% (n=30) das

amostras foram positivas para coliformes totais, em 2015 o

resultado foi positivo para 57,9% (n=98) das amostras e em

2016,44,3%(n=74)também foram positivas (Fig. 2).Pode-se

constatar, que este parametro encontra-se fora do padrão de

potabilidade devido a alta presença de coliformes totais,

demonstrando fragilidades na manutenção da rede de

abastecimento e a necessidade de correções imediatas.

inação da água potável por esgoto sanitário, tornando-se

patogênicas quando em concentrações elevadas,

consequentemente, com maior grau de infecção, podendo

representar riscos à saúde. A Escherichia coli faz parte do grupo

de doenças causadoras da diarreia, que pode ter sintomas de

leve, moderado a grave e chegar a causar quadros importantes

de agravamento como desidratação, desnutrição energético-

proteica e óbito (SILVA, 2017).

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Figura 2:Presençade coliformes totais nas amostras de SAC

coletadas em Guarabira/PB entre 2014 e 2016.

Fonte: SISAGUA SES PB,2017.

As bactérias coliformes termotolerantes sinalizam a

contam

No período de 2014 a 2016, foram analisadas 365

amostras cadastradas no VIGIAGUA de Guarabira, destas 202

tiveram positividade para Escherichia coli (Fig. 3). Foram

presentes em 44% (n=26) das amostras em 2014, 44,5% (n=

74) em 2015 e 30% (n=30) em 2016.Esses dados trazem uma

grande preocupação, pois mostram que a água distribuída à

população não é de boa qualidade, sendo necessário a

realização de trabalhos educativos que levem às pessoas a

utilizarem filtros, fervura da água e/ou solução de 2,5% de

hipoclorito de sódio para tratamento adequado da água

deixando-as livre de patógenos.

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Figura 3:Frequência de Escherichia colinas amostras de SAC

coletadas em Guarabira/PB entre 2014 e 2016.

Fonte: SISAGUA SES PB, 2017

A diarreia aguda é uma doença reconhecida como

importante causa de morbimortalidade no Brasil e no mundo.

Acomete pessoas de todas as faixas etárias, com maior

incidência nas classes sociais mais baixas commás condições

sanitárias,higiene precária, baixo nível de conhecimento e de

escolaridade(BRASIL, 2010).

O número anual de casos de DDA ocorridos no município

de Guarabira forneceu subsídios para avaliação referente ao

aumento de casos(Fig. 4). Sendo identificado uma alteração

considerável no comportamento das doenças diarreicas nos

últimos cinco anos, após avaliação dos dados extraídos do

SIVEP_DDA. Observa-seque houve um incremento de 2.580

casos em 2013, quando comparado aoregistro de 2012

com1.045casos notificados, caracterizando um processo

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epidêmico em curso.Ao compararmos novamente o ano de

2013 com3.625 casos, o incremento foi de 367 casos para

2014, seguindo com o aumento de 387 casos para 2015

totalizando4.379casos e em 2016, deu-se início a um leve

declínio, encerrando o ano com 373 casos a menoschegando

a4.006 pessoas acometidas por diarreia.Os dados encontrados

são preocupantes, por sinalizarem um processo epidêmico em

andamento por quatro anos seguidos, havendo a necessidade

de um olhar mais cauteloso e direcionado dos gestores de

saúde para essa situação e assim, que seja colocado em

prática imediatamente ações intersetoriais de prevenção e

controle, envolvendo toda a comunidade das áreas de risco e o

nível estadual.

Figura 4:Distribuição doscasos de diarreia segundo o ano

de ocorrência. Guarabira/PB, entre 2010 e 2016.

Fonte: SIVEP_DDA SES PB, 2017.

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4 CONCLUSÕES

A gestão pública é responsável pelo sistema de

distribuição canalizada de água potável nas cidades, estando a

solução alternativa coletiva a mais indicada, por ser passível de

monitoramento e controle referente a qualidade da água para

consumo humano proveniente de diferentes tipos de fontes de

captação, que advêmda área urbana e da rural, com custos

divididos entre todos que a utilizam. (BRASIL, 2006).

De acordo com a LEI 8080/90, a situação de saúde de

uma determinada sociedade está diretamente relacionada a

fatores determinantes e condicionantes, entre eles podemos

destacar principalmente: o saneamento básico, a moradia, o

meio ambiente, a renda, a educação e a alimentação que

quando não estão em conformidade podem contribuir para a

ocorrência de enfermidades, expressando a situação de saúde

e a organização social.

Ao avaliamos os resultados dos exames microbiológicos

realizados em Guarabira, identificamos uma fragilidade na

vigilância municipal, tendo em vista o número alto de coliforme

total e Escherichia coli existentes na água distribuída para

consumo humano, o que leva a uma grande preocupação

quanto a degradação e contaminação dos mananciais que

abastecem a cidade. Os dados sugerem que os casos de

diarreia ocorridos durante os anos de 2014 a 2016 podem ter

correlação com a agua fornecida, tendo em vista a grande

exposição da população aos micro-organismos veiculados pela

água e a curva epidêmica coincidir com os números positivos

encontrados para coliformes totais e Escherichia colinos anos

estudados e também, por ser a água, um excelente e rápido

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condutor de patógenos, podendo atingir um grande número de

pessoas ao mesmo tempo e em lugares distintos.Porém, há

necessidade de aprofundar os estudos realizando comparativos

de amostras coproscopicas, para identificação microbiológica.

As análises aqui apresentadas indicam a viabilidade do

uso dos Sistemas de Informações como fonte estratégica de

vigilância em saúde para identificação de indicadores de saúde

para a tomada de decisões na gestão. Os dados deverão

orientar os gestores na construção do perfil epidemiológico, no

fortalecimento das ações de vigilância epidemiológica,

ambientale assistencial, além de subsidiar ações de

intervenção no processo saúde-doença, diminuindo a

morbimortalidade por doenças diarreicas agudas, melhorando

a qualidade de vida da população abrangida, como também,

auxiliar na reestruturação das Unidade de Saúde para o

atendimento das doenças diarreicas agudas. Sugere-se

algumas ações a curto prazo, que possam gerar impacto na

população, diminuindo o risco de adoecimento:monitorar e

avaliar diariamente o SIVEP_DDA para identificação oportuna

na mudança do padrão epidemiológico das doenças diarreicas

agudas; monitorar a qualidade da água (SISAGUA) com maior

frequência nas áreas com resultados positivos para coliformes

totais e Escherichia coli, repetindo essas de forma

subsequente, nas fontes com resultados positivos até obter dois

resultados consecutivos com ausência de Escherichia

coli;divulgar notas informativas conjuntas com resultados

encontrados nas análises da água para consumo humanoe do

número de casos de doenças diarreicas para conhecimento

público; realizar ações de educação em saúde para fomentar o

uso de outras formas de tratamento da água diminuindo a

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ocorrência de enfermidades;qualificar equipes de saúde para

melhor compreensão das atividades epidemiológica e

assistencial a serem desenvolvidas frente a casos de diarreia e

estabelecer medidas de intervenção para promoção da

qualidade da água e garantir a potabilidade.

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBEDOUROS EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE CABEDELO – PB

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CAPÍTULO 2

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBEDOUROS EM ESCOLAS MUNICIPAIS

DE CABEDELO – PB

Rafaela Alves MELO 1

Tarsus Klynger Sabino dos SANTOS 1 Helena Lima da Silva NETA 2

Priscilla Anne Castro de ASSIS3 Rui de OLIVEIRA4

1 Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental, UEPB; 2 Doutora em Inovação Terapêutica/ UFPE; 3 Professora do DFP/ UFPB; 4 Orientador/Professor do DESA/UEPB.

[email protected]

RESUMO: A água utilizada para consumo humano no Brasil deve atender o padrão de potabilidade estabelecido pela Portaria MS 2.914/2011, para que não haja riscos à saúde. Sabendo-se que crianças e adolescentes passam um tempo considerável do dia no ambiente escolar, e que nesses ambientes a disponibilização de água ocorre geralmente por meio de bebedouros, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica e físico-química da água de bebedouros de 6 escolas da Rede Municipal de Cabedelo, Paraíba, Brasil. Entre os meses de Março e Novembro de 2015, foram realizadas 30 análises para os indicadores físico-quimicos temperatura, pH, Cloro residual livre (CRL) e turbidez; além das análises para alumínio e fluoreto, para coliformes totais, e para coliformes termotolerantes e bactérias heterotróficas. O conjunto de dados amostrais foi submetido à análise de estatística descritiva para verificação da conformidade ou não com o estabelecido pela Portaria MS 2.914/2011. Os resultados observados para CRL, fluoreto, turbidez e cor aparente, assim como para coliformes totais e Escherichia coli obedeceram os VMP estabelecidos pela

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBEDOUROS EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE CABEDELO – PB

36

Portaria MS 2.914/2011. Os valores para a contagem padrão de bactérias heterotróficas também satisfizeram o recomendado. Entretanto, para a concentração de alumínio, todos os valores obtidos ultrapassaram o VMP de 0,2 mg/L. Para os indicadores pH e CRL foram obtidos valores abaixo do recomendado pela Portaria 2.914/2011. Palavras-chave: Escola. Água potável. Indicadores da

qualidade.

1 INTRODUÇÃO

A água é um recurso natural essencial para a ocorrência

da vida, bem como para o desenvolvimento do ser humano de

maneira ampla. Entretanto, com o crescente aumento da

população mundial, acarretando o maior consumo deste

recurso, concomitantemente há a ocorrência de mais fontes de

poluição, além do desperdício, fatos que tornam a água

escassa ou imprópria para o consumo humano (FIOCRUZ,

2014).

A existência de sistemas de tratamento da água e

métodos de higiene são condições indispensáveis para o

controle e erradicação de doenças. Neste intuito, foi

desenvolvido o conceito de água saudável, considerando-se

apenas a cor e o sabor. Entretanto, este conceito tem se

tornado mais criterioso nas últimas décadas, havendo o

aumento da exigência acerca da qualidade da água para

consumo humano (FUNASA, 2015).

A percepção da relação entre a água contaminada e

doenças possibilitou que, no final do século XIX, a qualidade da

água passasse a ser tratada como uma questão de saúde

pública (ARAÚJO et al., 2014).

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Considerando que, a água representa um importante

meio de transmissão de patógenos, incluindo principalmente

patógenos entéricos, responsáveis por 1,8 milhões de mortes

anuais na infância, particularmente em países em

desenvolvimento (WHO, 2008). E, no Brasil, foram relatados

aproximadamente 4,3 milhões de casos de diarreia aguda em

2010, ocorrendo quase o total de 4000 mortes (BRASIL, 2012).

Desta maneira, se fazem necessárias medidas sanitárias para

que haja fornecimento de água com qualidade para o consumo

humano.

A exigência da qualidade da água objetiva a proteção à

saúde. E, os critérios utilizados para garantir esta qualidade

possibilitam o desenvolvimento de ações que garantam a

segurança da água fornecida, minimizando a concentração ou

eliminando os constituintes perigosos à saúde (JÚNIOR et al.,

2012).

Atualmente, a água utilizada para consumo humano

deve atender o padrão de potabilidade estabelecido pela

Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde (BRASIL, 2011),

para que não haja riscos à saúde.

Nessa Portaria, são instituídas a determinação da

presença de coliformes totais e Escherichia coli, necessitando

haver ausência em 100 mL destes indicadores, e, a contagem

de bactérias heterotróficas, não deve ultrapassar 500 UFC/mL.

Em relação ao padrão químico de potabilidade é estabelecido,

entre outros, que em toda a extensão do sistema de distribuição

haja a manutenção da concentração mínima de cloro residual

livre de 0,2 mgCl2/L, e, a concentração máxima de 2,0 mgCl2/L

cloro residual livre; e, a para a concentração de fluoreto é

estabelecido um VMP 1,5 mgCl2/L. Como parâmetros do

padrão organoléptico de potabilidade, é estabelecido um VMP

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBEDOUROS EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE CABEDELO – PB

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de 5 uT para a turbidez; e de 15 uH para a cor aparente, quanto

ao alumínio, é estabelecido um VMP de 0,2 mgAl/L. Para o pH

é recomendado que compreenda valores entre 6 e 9,5.

Ainda nesta Portaria, é estabelecida a responsabilidade

dos serviços de abastecimento quanto ao controle da qualidade

da água, e as autoridades sanitárias governamentais são

incumbidas da vigilância desta qualidade.

Os responsáveis pelos sistemas de abastecimento

também devem contribuir com órgãos ambientais e gestores de

recursos hídricos na promoção de ações que visem à proteção

dos mananciais de abastecimento e das bacias hidrográficas

(FUNASA, 2013).

De acordo com Diretriz nacional do plano de amostragem

da Vigilância em Saúde Ambiental relacionada à qualidade da

água para consumo humano, locais frequentados por grupos

humanos vulneráveis, como hospitais, creches e escolas são

tidos como locais estratégicos, devendo ser incluídos como

pontos de coleta Vigiagua (BRASIL, 2006).

Considerando o exposto, há a necessidade de

monitoramento das águas de abastecimento público, para que

possa ser verificar se atendem às condições de potabilidade de

forma a não oferecer risco à saúde da população (SOUZA et

al., 2012).

Nos prédios de estabelecimentos escolares podem

ocorrer falhas na limpeza dos reservatórios (caixas d’água),

danos na rede hidráulica, ou manipulação de torneiras e

bebedouros sem os cuidados necessários com a higiene que

podem comprometer a qualidade da água nesses

estabelecimentos após a passagem por estes possíveis pontos

de contaminação (FARIA, 2013).

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AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBEDOUROS EM ESCOLAS MUNICIPAIS DE CABEDELO – PB

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Desta maneira, o monitoramento das condições

sanitárias da água para consumo humano é um meio de realizar

um controle efetivo, visto que ações que buscam a promoção

de vigilância rotineira da sua qualidade são relevantes para

determinar a segurança para o consumo, ensejando proteção à

saúde pública (SOUZA, 2012).

Sabendo-se que crianças e adolescentes passam um

tempo considerável do dia no ambiente escolar, sendo

necessária a disponibilização contínua deste recurso nas

instituições escolares, e que esta disponibilização ocorre

geralmente por meio de bebedouros, a análise da qualidade

dessa água fornecida aos alunos, de acordo com a norma

brasileira vigente, contribui com ações de vigilância,

possibilitando a detecção da inadequação da água fornecida

em relação ao padrão de potabilidade, apresentando dados e

análises que contribuem para a solução das falhas e para a

busca de proteção à saúde humana (LISBOA, 2015).

A agua apesar de essencial a vida também pode ser local

de microrganismos associados a doenças que muitas vezes

são oriundos de fezes de seres humanos ou de animais,

podendo ser uma fonte de bactérias patogênicas, vírus,

protozoários e helmintos (WHO, 2008).

Em bebedouros, são fontes de contaminação de forma

direta ouindireta a partir, do contato com o aparelho, onde

muitas pessoas utilizam com hábitos desconhecidos (ARAÚJO

et. al., 2014).

Este trabalho buscou avaliar a qualidade da água

fornecida por meio de bebedouros à comunidade escolar

quanto a parâmetros microbiológicos e físico-químicos, tendo

como área de estudo seis escolas municipais do município de

Cabedelo.

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2 MATERIAIS E MÉTODO

O município de Cabedelo compreende uma planície

arenosa costeira, com área de 31,91 km2 , no litoral do estado

da Paraíba, com latitude 6° 58’ 21” S e longitude 34° 50’ 18” W.

O total de habitantes é 57944, aproximadamente, atendidos por

30 unidades educacionais da rede municipal de ensino, das

quais 22 são escolas e 8 creches (IBGE, 2015). O

abastecimento de água do município é realizado pela

Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Gerência Regional

Litoral), havendo 16134 ligações de água e 519 ligações de

esgoto.

O desenvolvimento das análises da qualidade da água

previstas no presente trabalho contemplou bebedouros

localizados em seis escolas municipais de Cabedelo, visto que

estes equipamentos representam o principal meio de

fornecimento de água potável para os alunos.

As coletas de amostras de água de bebedouros nas seis

escolas ocorreram entre Março e Outubro de 2015. Os

indicadores considerados foram temperatura, pH, cloro residual

livre, alumínio, turbidez, cor aparente, fluoreto, coliformes totais,

coliformes termotolerantes, e bactérias heterotróficas.

Foram realizadas 30 coletas e determinações de

temperatura, pH e cloro residual livre in loco; sendo 500 mL da

água armazenados e transportados ao laboratório em frascos

de politereftalato de etileno envolvidos com fita isolante, para

determinação da turbidez e cor.

Para análises de fluoreto e alumínio, eram coletados 500

mL de água em recipientes de polietileno, tendo ocorrido 10

coletas para estes indicadores. Foram realizadas 20

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amostragens para análise de coliformes termotolerantes e

bactérias heterotróficas, já para coliformes totais foram

coletadas 8 amostras.

Quanto às análises microbiológicas, eram coletados 350

mL de água, armazenados em frascos de vidro estéreis,

autoclavados a 121° C por 20 minutos, com tiossulfato de sódio

a 10%. As amostras refrigeradas eram transportadas em caixa

isotérmica para o Laboratório de Saneamento da Universidade

Federal de Campina Grande (UFCG), Campus I, onde eram

analisadas, no tempo máximo de 6 horas após a coleta.

Para efetivação das coletas, era realizada a assepsia das

saídas de água dos bebedouros, com álcool a 70%, seguida de

descarga da água durante 2 min.

Os procedimentos de coleta e preservação das

amostras, bem como os métodos utilizados para realização das

análises microbiológicas, atendem às especificações do

Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater (APHA; AWWA; WEF 2012). O métodos analíticos

utilizados foram: Ph Eletrométrico (pHmetro TECNAL TEC

3MPp); Cloro (Método DPD (Dietil1-4 fenileno) - aparelho

AquaColor Cloro – Policontrol); Turbidez (Método nefelométrico

– dispositivo óptico (2100P TURBIDIMETER, HACH); Cor

aparente (Método colorimétrico - Colorímetro Q406, QUIMIS);

Fluoreto (Método colorimétrico SPADNS, utilizando o

espectrofotômetro Coleman Modelo 35 D); Alumínio (Método

colorimétrico Eriochrome Cyanine R, utilizando o

espectrofotômetro Coleman Modelo 35 D); Coliformes totais

(Método do substrato cromogênico); Coliformes

termotolerantes (Membrana filtrante, utilizando o meio m-FC

Agar); Escherichia coli (Método do substrato cromogênico) e

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Contagem padrão de bactérias heterotróficas (método vertido

em placa (pour plate), utilizando o meio Plate Count Agar).

O conjunto de dados amostrais foi submetido à análise

estatística descritiva, sendo determinadas média, maior e

menor valor, e desvio padrão.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Cada escola selecionada possuía um bebedouro

suspenso, localizado no refeitório ou pátio, próximo à cozinha

da escola. A água fornecida pelos bebedouros era advinda da

rede geral de abastecimento, passando por um equipamento

denominado central de água que refrigerava a água e tinha a

capacidade de armazenar em torno de 180L de água.

A Tabela 1 apresenta as médias e desvios padrões (x ±

σn-1) e as amplitudes (min-max) amostrais das determinações

dos indicadores temperatura, pH, Cloro residual livre (CRL) e

turbidez das águas dos bebedouros das escolas investigadas.

A Portaria 2.914/2011 não apresenta Valor máximo

permitido (VMP) de temperatura, entretanto, este inicador está

relacionado com a aceitação da água para consumo pelos

alunos.

A variação de temperatura da água nos bebedouros

esteve relacionada com o funcionamento dos refrigeradores

das centrais de água. O bebedouro B, e E tinham centrais de

água inoperantes e apresentaram as maiores temperaturas.

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Tabela 1. Resumo descritivo das medições para os parâmetros temperatura, pH, CRL e Turbidez.

Fonte: Pesquisa direta (2017).

De acordo com a Portaria 2.914/2014 o pH da água

potável deve estar situada no intervalo de 6,0 a 9,5. Nas

amostras analisadas, para as escolas A, B, D foram observados

valores abaixo do mínimo recomendado. Embora estes valores

sejam favoráveis ao aumento da ação desinfetante do cloro

residual, possibilitando a formação de uma fração significativa

de HOCl, eficaz contra microrganismos, representam risco de

agressividade aos materiais das tubulações, podendo diminuir

sua vida útil, como deteriorar a qualidade da água a partir da

dissolução de produtos da corrosão ou do meio externo quando

ocorre a quebra da estanqueidade das tubulações (FREITAS et

al., 2001).

A turbidez, além de representar um indicador

organoléptico, é também um indicador sentinela, fornecendo

informações acerca da vulnerabilidade à contaminação por

microrganismos (BRASIL, 2011). Em todos as escolas foram

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verificadas amostras com valores de turbidez abaixo do VMP

estabelecido pela Portaria 2.914/2011 que é 5 uT.

A concentração mínima de cloro residual livre deve ser

0,2 mgCl2/L e máxima de 2 mgCl2/L em toda a rede de

distribuição, de acordo com a Portaria 2914/2011.

Nas escolas B, D e E foram detectados valores para o

cloro residual livre abaixo do mínimo estabelecido, o que indica

suscetibilidade à proliferação de microrganismos, já nas

escolas C, F foram observadas concentrações acima do

recomendado pela Portaria, mas não acima do VMP de 5

mgCl2/L.

A Tabela 2 apresenta as médias com desvios padrões (x

± σn-1) e as amplitudes (min-max) amostrais das

determinações dos indicadores cor, Fluoreto e Alumínio das

águas dos bebedouros das escolas investigadas.

Tabela 2. Resumo descritivo das medições para os parâmetros cor, Fluoreto e Alumínio.

Fonte: Pesquisa direta (2017).

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A cor é uma característica que pode evidenciar uma

possível contaminação, tendo sido estabelecido um VMP de 15

uH pela Portaria 2.914/2011. Neste contexto, todas as amostras

analisadas tiveram valores de acordo a Portaria.

As concentrações de fluoreto variaram de 0,0 a 3,3 µg

F/L, bem abaixo do VMP de 1,5 mg/L, indicando que a

concentração detectada está relacionada com a ocorrência

natural deste íon na água.

Apesar da Portaria MS 2914/2011 não estabelecer valor

mínimo de flúor, a fluoretação representa uma relevante medida

de saúde pública, devido à abrangência coletiva desse método

de controle da cárie dentária (LISBOA, 2015). A ausência de

concentração significativa de fluoreto em todas as amostras

ressalta a perda do benefício da fluoretação para a saúde

pública no município de Cabedelo.

De acordo com Ramires e Buzalaf (2007), quando os

teores de flúor ficam abaixo do recomendado, por interrupção

temporária ou definitiva da fluoretação, ocorre a perda do

benefício por parte da população. Como consequência, após

cinco anos, o aumento da prevalência da cárie pode ser de 27%

para a dentição decídua e de quase 35% para a dentição

permanente.

O teor ótimo de flúor na água de abastecimento deve ser

definido de acordo com a temperatura de cada região e o

consumo médio diário por pessoa.

Frazão et al. (2011), considerando a temperatura

máxima diária de João Pessoa (30° C), no ano de 2008,

estimaram o valor de 0,692 mg F/L para a concentração ótima

de fluoreto, conforme fórmula recomendada pela Portaria

635/1975 do Ministério da Saúde que estabelece as normas e

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padrões sobre a fluoretação da água, tendo em vista a Lei n.º

6050/1974 .

Todos os resultados obtidos para a concentração do

alumínio estão acima do VMP de 0,2 mgAl/L estabelecido pela

Portaria MS 2914/2011. Esta alta concentração é

provavelmente derivada do coagulante utilizado na ETA, o

sulfato de alumínio.

Figueiredo (2004), ao avaliar a presença de alumínio na

água de abastecimento da Grande João Pessoa, detectou

concentrações acima dos padrões para água potável, e, atribuiu

esse resultado às manobras de operação e ao regime de

lavagem da ETA de Pedras de Fogo, que lança seus despejos

diretamente no Riacho Avenca, localizado a montante de

reservatórios do Sistema Gramame/Mamuaba, manancial do

sistema de abastecimento de Cabedelo.

A manutenção de uma concentração menor que 0,2 mg

Al/L é importante visto a potencialidade de neurotoxicidade

desse elemento, além de contribuir com a potencialização da

coagulação para prevenir a contaminação microbiana, e

minimização da deposição de flocos de alumínio o sistema de

distribuição (WHO, 2008; LISBOA, 2015).

Há várias abordagens que buscam minimizar a

concentração de alumínio residual na água tratada, como

otimização do pH no processo de coagulação, otimização da

velocidade das pás durante a floculação e filtração eficiente dos

flocos de alumínio (WHO, 2011).

Os resultados obtidos para as análises microbiológicas

são apresentados na Tabela 3. Todas as amostras de água

estiveram de acordo com o padrão de potabilidade quanto à

ausência de coliformes totais, coliformes termotolerantes.

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Segundo Rocha et al. (2011), a contaminação

microbiana pode estar associada à má condição de higiene da

tubulação e dos reservatórios (caixas d’água) que

acondicionam a água e alimentam as torneiras, já que, esses

reservatórios algumas vezes permanecem anos sem

manutenção, criando condições favoráveis para a presença e

sobrevivência de microrganismos patógenos. Como a água dos

bebedouros era advinda diretamente da rede, este fato pode ter

prevenido a contaminação com coliformes.

A Portaria MS 2914/2011 recomenda que a contagem de

bactérias heterotróficas não ultrapasse o limite de 500 UFC/mL,

e, alterações bruscas ou acima do usual devem ser

investigadas (BRASIL, 2011). Todas as análises de contagem

padrão de bactérias heterotróficas não ultrapassaram o limite

recomendado.

Tabela 2. Resultados obtidos nas análises de bactérias heterotróficas e coliformes termotolerantes e coliformes totais nas amostras coletadas.

Fonte: Pesquisa direta (2017).

Ações de vigilância da qualidade da água possibilitam a

avaliação do atendimento da água para abastecimento humano

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ao padrão de potabilidade, compreendendo uma medida de

proteção à saúde.

4 CONCLUSÕES

Neste trabalho pode-se constatar que o padrão químico

de potabilidade para CRL e fluoreto, assim como o padrão

microbiológico para coliformes totais e E. coli obedeceram os

VMP estabelecidos pela Portaria MS 2.914/2011. Os valores

observados para os indicadores turbidez e cor aparente,

componentes do padrão organoléptico de potabilidade também

atenderam à Portaria 2.914/2011. Entretanto, para a

concentração de alumínio, todos os valores obtidos

ultrapassaram o VMP de 0,2 mg/L. Este fato está

provavelmente relacionado ao uso do sulfato de alumínio na

ETA, havendo a necessidade de revisão das operações de

tratamento da água pela empresa responsável pelo sistema de

abastecimento.

Para os indicadores pH e CRL foram obtidos valores

abaixo do recomendado pela Portaria 2.914/2011. O pH abaixo

de 6, verificado nas escolas A, B e D, apesar de benéfico para

a ação desinfetante do cloro, é agressivo para as tubulações.

Já a baixa concentração do CRL pode indicar suscetibilidade a

contaminações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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25 ANOS DO DIA MUNDIAL DA ÁGUA: UMA ANÁLISE NO CONTEXTO SOCIAL ATUAL

51

CAPÍTULO 3

25 ANOS DO DIA MUNDIAL DA ÁGUA: UMA ANÁLISE NO CONTEXTO SOCIAL ATUAL

Juliana Edelvacy Lima PINTO1

Ana Karolyne Gonçalves dos SANTOS1

Eveline de Arruda MARTINS1 Lucas Silva BRITO1

Rafael de Almeida TRAVASSOS2

1 Discentes do Curso de Biotecnologia da Universidade Federal da Paraíba; 2 Orientador/ Professor do Departamento de Biologia Celular e Molecular da UFPB;

[email protected]

RESUMO: Aproximadamente 97% da água disponível no planeta é salgada enquanto apenas 3% é água doce. Deste total, dois terços encontram-se nas geleiras, lençóis freáticos profundos e calotas polares e o restante nos corpos hídricos superficiais. Não obstante, a maior parte possui potabilidade duvidosa para atender uma população de mais de 7 bilhões de pessoas, já que milhares de crianças morrem diariamente por doenças relacionadas à água, e cerca de 20% da população mundial não tem acesso ao produto potável, prevendo-se um colapso de distribuição por volta da década de 2050. Dada esta magnitude, em 1992 a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou o dia 22 de março como o dia Internacional da água. O programa tem por finalidade conscientizar a população mundial e alertar os Estados sobre a má distribuição e problemas relacionados à contaminação desse recurso, em 2017 foram celebrados os 25 anos deste projeto. O acesso à água limpa e ao saneamento básico são direitos garantidos por lei, e a conscientização quanto a administração desse recurso é de vital importância para a saúde dessa e da próxima geração. Neste contexto, este capítulo faz uma retrospectiva sobre a data

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proposta pela ONU, bem como perspectivas para o futuro com relação ao tema. Palavras-chave: Dia Internacional da Água. Organização das Nações Unidas. Conscientização.

1 INTRODUÇÃO

A água é um elemento fundamental que garante a vida

de todos os organismos no planeta (SILVA, 2017). A sua

importância para a atividade humana é um tema crucial mesmo

antes da história escrita. Tales de mileto (625 a.C. – 558 a.C.)

foi o primeiro pensador a relacionar a água como origem de

todas as coisas, por meio de suas eternas transformações,

ressaltando uma linha de raciocínio mais voltada ao misticismo

do que ao cientificismo. Hoje, temos evidências que comprovam

a sua importância no desenvolvimento dos primeiros seres

vivos, há cerca de 3,5 bilhões de anos (FRAZÃO, 2017).

Além da importância vital, a água é um recurso

necessário para a realização de várias atividades humanas. Na

atualidade, um homem consome para suas necessidades

básicas, cerca de 300 litros de água diariamente. Por exemplo,

para a produção de 1 kg de papel, são gastos 540 litros de água,

1 t de aço, despendem 4000 litros de água e 1 kg de carne, de

20 a 60 mil litros (PORTAL, 2015).

À medida que a população cresce, as fábricas e

irrigações consomem cada vez mais o recurso, o qual já se

encontra escasso (0,04% da água doce, não congelada e não

subterrânea do planeta disponível na superfície). Além da

escassez de água, em algumas regiões, ainda existe o

problema da baixa qualidade. A poluição causada pelas

atividades humanas faz com que a água esteja disponível,

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porém imprópria para o consumo. Estima-se que 20% da

população mundial não tenha acesso à água limpae,segundo a

UNICEF, Fundo da ONU para a infância, cerca de1400 crianças

menores que cinco anos de idade morrem todos os dias em

decorrência da falta de água potável, saneamento básico e

higiene (SANTOS, 2017).

Tendo em vista esse cenário, em 1992, na Conferência

das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

(UNCED) no Rio de Janeiro, ficou decidido celebrar a partir de

22 de março do ano seguinte o Dia Internacional da Água, como

um meio de chamar atenção para a importância do acesso de

água potável para todos e defender uma gestão correta deste

recurso (ONU, 2017).

Para oficializar a comemoração, em 22 de dezembro de

1992, as Nações Unidas adotaram a resolução A/RES/47/193.

Em conjunto também foi criada a Declaração Universal dos

Direitos da Água, que está ordenada em dez artigos e a Agenda

21. A Agenda 21 foi um documento criado em 14 de junho de

1992, no Rio de Janeiro, composto por 178 países signatários,

podendo ser definida como um instrumento de planejamento

participativo visando o desenvolvimento sustentável (ONU,

2015).

Em 2010, a Assembleia Geral das Nações Unidas,

publicou uma nova resolução, A/RES/64/292, assegurando que

água limpa e o saneamento básico são direitos humanos.

Sendo assim, a água de qualidade e o saneamento básico

passaram a ser um direito garantido por lei. (SANTOS, 2017).

Em comemoração aos 25 anos em que o dia Mundial da

Água é celebrado, este trabalho tem como objetivo promover

uma recapitulação dos temas anuais publicados e fazer uma

comparação com o contexto social atual.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

Este estudo constitui-se de uma revisão bibliográfica

descritiva, limitada à obras e estudos publicados entre 2012 e

2017, em inglês e português. Foram utilizados vários portais

nacionais e internacionais, como o do Ministério do Meio

Ambiente, Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF),

Organização das Nações Unidas para a Agricultura e

Alimentação (FAO), Organização das Nações Unidas (ONU),

ANA (Agência Nacional das Águas), e EMBRAPA (Empresa

Brasileira de Pesquisa Agropecuária); artigos e revistas

científicas de plataformas online, SciELO e Science Direct; e

fontes de notícia sobre eventos e ocorrências atuais ao redor

do mundo envolvendo os temas do Dia Mundial da Água (DMA),

tais como British Broadcasting Corporation (BBC), Folha de São

Paulo, Federação Nacional das Associações do Pessoal da

Caixa Econômica Federal (FENAE) e Instituto Trata Brasil.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Cuidar da água é função de cada um

No ano de 1994 foi comemorado o primeiro Dia Mundial

da água (DMA) com o tema: “Cuidar de nossos recursos

hídricos é função de cada um”. Esse primeiro evento teve como

principal objetivo destacar a importância do uso consciente da

água e salientar que sim, existe água suficiente no mundo para

suprir as necessidades de crescimento, caso seja associada ao

uso consciente e a mudanças no seu uso e gerenciamento

(BRASIL, 2015).

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De acordo com o instituto Trata Brasil, a perda de

faturamento com a distribuição de água no Brasil em 2013 foi

de 39,07%, equivalente a 6,52 bilhões de m³ ao ano, volume de

água equivalente ao necessário para preencher 7.154 piscinas

olímpicas (OLIVEIRA et al., 2015), deixando clara a

necessidade do cuidado com a água de forma eficiente.

3.2 Mulheres e Água

Em 1995 o tema escolhido pela ONU foi Mulheres e

Água, afora o tema principal, dois subtemas foram escolhidos

pela ONU para guiar a campanha de 1995: a poluição da água

e a degradação ambiental (DIA, 2016). Ressaltou-se o papel

das mulheres na gestão da água. Estudos em 45 países em

desenvolvimento mostraram que mulheres e crianças têm as

responsabilidades primárias de armazenamento de água em

76% das residências (ONU, 2013).

Todavia, segundo a ONU, cerca de 70% das pessoas

que vivem em situação de pobreza são mulheres. Vale ressaltar

que as mulheres não sofrem apenas com pobreza e

discriminação. Segundo o documento da Anistia, organização

que realiza ações e campanhas a favor dos direitos humanos,

as mulheres são as mais afetadas pela violência, degradação

do meio ambiente, enfermidades e pelos conflitos armados

(FÓRUM, 2013). Portanto, esse tema serve não apenas para

despertar a atenção das autoridades, mas também para

melhorar as questões da igualdade de decisões em todos os

aspectos da sociedade.

3.3 Água para cidades sedentas

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A campanha de 1996 enfatizou a crescente demanda por

água em cidades ao redor do mundo, daí se derivou o tema:

Água para cidades sedentas. A urbanização é uma das

tendências mais significativas do século XXI, afetando o

desenvolvimento econômico global, uso de recursos naturais, e

o bem-estar humano. Atualmente, cerca de 3,6 bilhões de

pessoas vivem em áreas urbanas, e acredita-se que nas

próximas décadas ocorrerá o período mais rápido de

crescimento urbano na história, com 2.6 bilhões de habitantes

esperados em 2050.

Para isso, regiões com limitações geográficas como o

norte da China e a parte ocidental dos Estados Unidos,

necessitam de uma gestão regional melhor e regiões escassas

de água precisam fazer seu uso de forma mais eficiente, como

a utilização de água reciclada e aumentar a eficiência da

irrigação (MCDONALD et al., 2014). Deixando evidente a

necessidade do controle adequado desse recurso pelos

gestores de cidades ameaçadas.

3.4 Águas do mundo: há o suficiente?

Em 1997 a água foi apontada como fundamento básico

para toda a vida, realçando a lacuna entre a sua demanda e

fornecimento. Recentemente, os recursos hídricos estão

enfrentando demandas cada vez maiores, e a concorrência

entre os usuários não para de crescer. Uma pesquisa recente

estima que a quantidade de água retirada irá crescer de 4500

bilhões m3/ano para 6900 bilhões m3/ano em 2030. Os maiores

fatores que acarretam nesse cenário são: crescimento

populacional, crescimento econômico, mudanças nos padrões

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de produção e de consumo e o aumento da demanda dos

setores agrícolas e industriais (ERCIN, 2014).

3.5 Água subterrânea: o recurso invisível

Durante o século XX, a captação de água subterrânea no

mundo aumentou explosivamente, motivada pelo crescimento

da população, progresso tecnocientífico, desenvolvimento

econômico e a necessidade por comida e renda. Haja visto, em

1998, a discussão do DMA demonstrou uma preocupação

quanto ao seu uso e poluição, salientando formas conscientes

de ultilizá-lo (UN-WATER, 2012). Nos últimos 50 anos, a taxa

de captação triplicou e continua aumentando à uma taxa anual

entre 1% e 2%. O maior consumidor é a Ásia, com Índia, China,

Paquistão, Irã e Bangladesh (SHEH et al., 2007 apud VAN DER

GUN, 2012).

3.6 Todos vivem rio abaixo

Para o ano de 1999, o tema escolhido refletiu as

inundações excessivas dos principais rios do mundo no ano

anterior, resultando em milhares de mortes e grandes danos na

China, Bangladesh e Índia, onde quase metade da população

do mundo vive. Estas tragédias não são resultado apenas do

excesso de chuvas, mas também da interferência humana nas

bacias dos rios (UN-WATER, 2012). Atualmente, esse ainda é

um problema sério, em 2017 a Índia, Bangladesh e Nepal

sofreram com inundações que foram descritas, pela Cruz

Vermelha, como as piores em décadas, com mais de 1000

mortos e milhões de desabrigados (BBC, 2017).

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Ademais, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE) constatou que 40,9% dos municípios brasileiros

sofreram, nos últimos cinco anos, pelo menos um desastre

natural. Foram 2.276 cidades atingidas por inundações

graduais, enxurradas bruscas e/ou deslizamentos de encostas

entre 2008 a 2013. A maior concentração de alagamentos

aconteceu nas regiões Sudeste (45,2%) e Sul (43,5%) e a

menor no Centro-Oeste (19%). Em todo o país, 97,4% dos

municípios com mais de 500 mil habitantes tiveram

alagamentos (GRID, 2013).

3.7 Água para o século XXI

O ano 2000 iniciou um ciclo visando as crises

relacionadas à água que ocorrerão mesmo se as condições

atuais se mantiverem no futuro (UN-WATER, 2012). Em 2050,

prevê-se um aumento da demanda hídrica mundial de 55%.

Para suprir essa necessidade, a agricultura precisará produzir

globalmente 60% a mais de alimentos, e 100% a mais nos

países em desenvolvimento (UN-WATER, 2015).

Além da demanda crescente por água, as mudanças

climáticas adicionam diversas alterações negativas. As

projeções atuais indicam importantes mudanças na distribuição

temporal e espacial dos recursos hídricos, e um aumento

significativo na frequência e intensidade dos desastres

relacionados a eventos hidrológicos críticos, com o aumento

das emissões de gases de efeito estufa (GEE), (UN-WATER,

2015).

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3.8 Água e saúde

O início do milênio enfatizou a ligação entre água potável

e a melhoria da saúde, sendo tema do DMA em 2001 (UN-

WATER, 2012). Cerca de 91% da população global utiliza uma

fonte melhorada de água potável e 68%, instalações melhores

de saneamento básico (UNICEF; WHO, 2015).

De acordo com Prüss-Üstün et al. (2016), a falta de

sanitização e de um correto tratamento da água está

relacionada a doenças diarreicas, infecções por nematódeos

intestinais, malária, tracoma, esquistossomose, filariose

linfática, oncocercose e dengue. Além disso, segundo a

Organização Mundial da Saúde (WHO, 2012), a taxa de

mortalidade atribuível a água insegura, saneamento e higiene

(por 100.000 habitantes) foi de 1,1 no Brasil, 0,6 nos Estados

Unidos, menos que 0,1 em países como Austrália e Grécia,

chegando a 111,2 na Angola.

3.9 Água para o desenvolvimento

Em 2002, o tema abordado foi a demanda por um

planejamento e gerenciamento integrado dos recursos hídricos

(UN-WATER, 2012). O progresso em cada uma das três

dimensões do desenvolvimento sustentável, social e

econômico, está vinculado às restrições impostas por recursos

hídricos limitados e, muitas vezes, vulneráveis, e à forma como

tais recursos são geridos para provisionar serviços (UN-

WATER, 2015). No Brasil, em 2010, a retirada total de água

corresponde a 0.9% do volume total disponível (2.373 m³/s)

crescendo em quase 30% nos últimos cinco anos. Sendo que

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apenas 50% da água captada é efetivamente consumida, ou

seja, não volta para o rio (ANA, 2014).

3.10 Água para o futuro

Os recursos hídricos do planeta são limitados e exigem

atenção quanto ao seu consumo. Esta preocupação inspirou o

DMA de 2003. Muitos dos problemas atuais como o

crescimento populacional, a diminuição das chuvas e

comportamentos climáticos diferentes dos registrados podem

ocasionar a escassez de água (UN-WATER, 2012).

Tendo em vista isso, o tratamento e a reutilização são

pontos importantes que tendem a diminuir esse acréscimo na

demanda de água com o passar dos anos. O tratamento de

águas residuais, por exemplo, gera benefícios para o ambiente,

além de reduzir o uso de água potável. De forma geral, isso só

se torna economicamente viável quando a taxa de reuso está

próximo da de produção (UN-WATER, 2017).

3.11 Água e desastres

O tema de 2004 abordou as mudanças climáticas,

relacionando-as diretamente com a quantidade de água potável

e sua disponibilidade ao redor do globo. Com o passar dos

anos, o crescimento populacional e econômico aumentou a

liberação de gases do efeito estufa, gerando um aumento da

temperatura do planeta assim como, variações na atmosfera

terrestre (IPCC, 2014).

Essas variações estão diretamente relacionadas ao

aumento de enchentes e inundações, causando desastres e

problemas de saúde pública principalmente em zonas precárias

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de saneamento básico. O excesso de precipitação em zonas

urbanas, associado ao mau planejamento urbano, gera o

aumento nos rios, córregos e lagos, que muitas vezes causam

desastres ambientais sérios (CÉSAR, 2015).

Além disso, os danos materiais causados por essas

enchentes e inundações tendem a causar contaminação

biológica e química do solo, alimentos e água. Isso compromete

os serviços de saneamento ambiental e altera ciclos ecológicos

e exposições humanas. Assim, ações como aumentar o

monitoramento do clima de locais propícios e com saneamento

precário é de grande importância para evitar esse tipo de

problema (FREITAS et al., 2012).

3.12 Água para a vida

A água é o recurso natural mais utilizado pelos seres

vivos sendo algo de importância não só para a manutenção da

vida, mas também para geração de energia, produção de

alimentos e para as culturas ao redor do mundo (COSTA, 2012).

O tema do DMA da água em 2005 teve como principal objetivo

a preservação dos recursos hídricos, que podem ser afetados

de diferentes maneiras, como já citado anteriormente, tendo um

impacto negativo na saúde, ocasionando fome, desnutrição e

doenças e na economia com desastres naturais. Então, sua

valorização e preservação são muito importantes para o bem

da humanidade (LIMA; FERREIRA, 2015).

A falta de gestão da água potável acaba gerando um

estresse onde centros urbanos acabam ficando sem, e a

poluição vinda de indústrias e esgotos domésticos reduzem

ainda mais a quantidade disponível. Além disso, há uma má

distribuição ao redor do planeta onde, em algumas áreas é

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retirado mais do que se tem causando um desequilíbrio

(COSTA, 2012).

3.13 Água e cultura

A cultura dos povos foi lembrada na campanha de 2006.

De acordo com Dictoro e Hanai (2017), os valores simbólicos,

religiosos, culturais e místicos sempre fizeram parte da cultura

de muitos povos, sendo exaltados e preservados, não obstante,

a relação humana com a água, principalmente nas sociedades

modernas, evidencia a apropriação desse recurso, sendo

necessário superar esse entendimento restrito de sentido

utilitarista.

Atualmente, existem práticas ritualísticas que se utilizam

de formas diferentes a água buscando fortalecer sua fé com

uma força divina. Sendo um exemplo de que esse quadro pode

ser alterado, através da associação deste elemento com a vida

e utilização para a purificação mental e espiritual (CORDEIRO,

2012).

3.14 Lidando com a Escassez de Água

O tema de 2007 alertou para o fato da escassez de água

não atingir apenas países pobres, mas também países

desenvolvidos, afetando diretamente a produção de alimentos

(BEUKES, 2013). O problema é global e necessita de

cooperação entre as nações com o intuito de mitigar os efeitos

que agravam esse problema e suas consequências para a

sociedade. Os EUA umas das grandes economias mundiais,

senão a maior, sofreu em 2012 com a queda da precipitação

pluviométrica e o aumento das temperaturas. Isso afetou

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diretamente os preços dos alimentos, exercendo uma pressão

sobre o custo de vida e influenciando de forma negativa a

segurança alimentar (FAO, 2013).

O Brasil sofreu em 2014 uma crise de abastecimento

devido à estiagem prolongada tanto no estado de São Paulo

como na região nordeste do país (ONUBR, 2013). Para

(ZOCCHIO, 2017) eventos históricos de seca no país e o clima

propício, mostram um atraso quanto à adoção de métodos

eficazes de administrar melhor e de forma mais sustentável os

recursos hídricos.

3.15 Saneamento

No ano de 2008, a ONU escolheu como temática para

ser abordado no DMA, o saneamento. Esse mesmo ano

coincidiu com o Ano Internacional do Saneamento, estabelecido

pela organização servindo para lançar um alerta quanto a falta

do recurso que ainda atinge inúmeras pessoas ao redor do

planeta.

Cerca de 4,5 bilhões de pessoas no mundo - bem mais

da metade da população global atual de 7,6 bilhões de

habitantes - não têm acesso a saneamento básico seguro,

segundo relatório recente divulgado pela Organização Mundial

da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a

Infância (UNICEF, 2017). Uma pesquisa realizada em 2013

mostrou que cerca de 3,5 milhões de pessoas morrem todos os

anos em decorrência a falta desse recurso (ÉPOCA, 2013).

Com isso, observa-se que o número de vítimas pela falta

de saneamento básico teve aumento consideravelmente de

2008 até o ano atual e é necessário tomar medidas para

reverter esse quadro.

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3.16Águas Transfronteiriças: a água da partilha, partilha de

oportunidades

O tema de 2009 trouxe a pauta da cooperação pela água,

que assume muitas formas, desde a cooperação através de

fronteiras para o manejo de aquíferos subterrâneos e bacias

fluviais compartilhados, ao intercâmbio de dados científicos

(UNESCO, 2012). Com isso, em 2009, a ONU adotou como

temática para o DMA, a importância da partilha, buscando

estimular a construção do respeito mútuo, da compreensão e

da confiança entre os países na promoção da paz a fundação

para um desenvolvimento sustentável. Pois a humanidade não

pode prosperar sem a cooperação no manejo da água.

3.17 Água limpa para um mundo saudável

Além da escassez de água em algumas regiões, o

mundo ainda enfrenta o problema da baixa qualidade. A

poluição causada pelas atividades humanas faz com que a

água esteja disponível, porém, não esteja própria para o

consumo (FENAE, 2017). Estima-se que 20% da população

mundial não têm acesso à água limpa e, segundo a UNICEF

(2016), e milhares de crianças morrem todos os anos pela falta

de água. Diante da importância da água para a nossa

sobrevivência e da necessidade urgente de manter esse

recurso disponível, a ONU, celebrou no ano de 2010, a

importância da Água Limpa Para Um Mundo Saudável.

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3.18 Água para as cidades: desafio urbano

O tema de 2011 contextualizou a água nos centros

urbanos, com objetivo de atentar a população mundial para o

impacto do rápido crescimento demográfico urbano, da

industrialização e de incertezas causadas pela mudança do

clima, conflitos e desastres naturais nos sistemas urbanos

(CEBS, 2017).

Além da falta de água, as enchentes atingem

constantemente os centros urbanos. A água que inunda é tão

poluída, que não pode ser aproveitada e a que se consome tem

que ser buscada a longas distâncias. É um fato bem evidente

no Brasil, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo

Horizonte e outros grandes centros urbanos (MEIO AMBIENTE,

2013).

3.19 Água e segurança alimentar

Em 2012, visando expor a situação da alimentação

sustentável e a segurança da água, a ONU dedicou o DMA a

esse tema. Segundo a BBC (2017), a falta de água ameaça a

segurança alimentar no Brasil. A crise hídrica que o Brasil

atravessa põe em risco não só o abastecimento de suas

cidades, mas também a oferta de alimentos nos mercados do

país, diz o brasileiro José Graziano da Silva, diretor-geral da

agência da ONU para a FAO (BBC, 2017).

Neste cenário, o Brasil terá que ampliar seus estoques

de alimentos e privilegiar culturas mais resistentes a secas,

fenômeno que deve se tornar cada vez mais frequente por

causa das mudanças climáticas. Assim, a ONU orienta todos

a, seguir algumas ações que podem fazer a diferença como:

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seguir uma dieta mais saudável e sustentável, consumir menos

produtos que utilizam muita água em sua produção e reduzir o

enorme desperdício de alimentos (DOCOL, 2012).

Em todas as etapas da cadeia de consumo, dos

produtores aos consumidores, ações podem ser realizadas

para promover a economia de água e um maior acesso à

comida.

3.20 Cooperação pela água

No ano de 2013 a campanha coincidiu com a

promulgação do Ano Internacional das Nações Unidas para a

Cooperação pela Água, com base em uma proposta de um

grupo de países iniciada pelo Tajiquistão (UNESCO, 2012).

A ONU deixou como mensagem final que o acesso à

água pode ser fonte de conflito, mas também é um catalisador

de cooperação e construção da paz. A cooperação por uma

questão tão prática e vital quanto o manejo da água pode ajudar

a superar tensões culturais, políticas e sociais, e pode criar

confiança entre diferentes grupos, comunidades, regiões ou

estados (UNESCO, 2015).

3.21 Água e energia

A água e a energia estão intimamente interligadas e são

interdependentes, já que a geração hidrelétrica, nuclear e

térmica precisa de recursos hídricos. Assim, no ano de 2014, o

tema escolhido para o DMA foi Água e Energia. Para comprovar

o fato, segundo dados da Agência Internacional de Energia, um

aumento nominal de 5% do transporte rodoviário no mundo até

2030 poderia aumentar a demanda por água em até 20% do

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recurso utilizado na agricultura, devido ao uso de

biocombustíveis (ANA, 2013).

Uma solução para melhorar o gerenciamento desses

recursos energéticos, seria a promoção de mecanismos de

comunicação para construir um diagnóstico compartilhado entre

as instituições para evitar tendências insustentáveis (ONU,

2014).

3.22 Água e desenvolvimento sustentável

Segundo o relatório da UNESCO, em até 2030 o planeta

enfrentará um déficit de água de 40%, a menos que seja

melhorada dramaticamente sua gestão (UNESCO, 2015).

Tendo em vista isso, no ano de 2015, o tema abordado foi Água

e Desenvolvimento Sustentável

O relatório também enfatiza o papel das autoridades

públicas para influenciar as escolhas estratégicas que

garantirão um futuro duradouro para os nossos recursos

hídricos. A transição para modelos mais sustentáveis de

produção tem um custo, mas tais investimentos são parte de

um círculo que trará um retorno positivo (UNESCO, 2015).

3.23 Água e emprego: investir em água é investir em emprego

A edição de 2016 abordou o tema da água e emprego,

ressaltando que metade dos trabalhadores de todo o mundo –

1,5 bilhão de pessoas – está empregada em oito indústrias

dependentes de recursos hídricos e naturais (ANA; UNESCO,

2016).

Criar condições para melhorar a produtividade hídrica e

favorecer a transição para uma economia verde, assim como

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formar mais trabalhadores qualificados para atender às

crescentes demandas por trabalho no setor hídrico, são pontos

que traz à luz para que governos respondam adequadamente

às exigências dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

das Nações Unidas sobretudo o artigo 6, especialmente

dedicado à água e ao saneamento (ANA; UNESCO, 2016).

3.24 Águas Residuais

No ano de 2017, o tema escolhido é sobre águas

residuais, relacionado aos resíduos descartados pela indústria,

setor de serviços, domicílios e agropecuária. Segundo o

Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2017), ao redor do

mundo, apenas 20% desses recursos passam por tratamento

sanitário. O resto volta à natureza, poluindo os recursos

hídricos.

A preocupação, segundo a ONU BRASIL (2017), é que

o volume de água residual a ser tratada aumentará

consideravelmente em um futuro próximo, especialmente em

países em desenvolvimento, cuja população cresce

rapidamente, agravando o problema e a questão do

desperdício.

4 CONCLUSÕES

Portanto, é evidente que o século XXI será decisivo

quanto à adoção de manejos sustentáveis dos recursos

hídricos. A água é vital para a vida, e em todos os cenários

mencionados, lidar com água demanda colaboração. É apenas

por meio da cooperação pela água que se pode obter sucesso

ao gerenciar as fontes finitas e frágeis, que estão sob crescente

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pressão exercida pelas atividades agrícolas, industriais,

poluição, urbanização, mudanças ambientais e climáticas em

uma população mundial que já ultrapassa sete bilhões de

pessoas.

Para tentar conscientizar a população desse fato a

campanha do Dia Mundial da Água visa mudar os hábitos e

atitudes, conscientizando a população da importância do uso

consciente da água para que elas passem essa cultura para as

próximas gerações. Se a redução no consumo e no desperdício

não for iniciada com mais intensidade, é provável que em pouco

tempo a população mundial sofrerá com os racionamentos e a

escassez de água.

Conforme a Declaração Universal dos Direitos da Água,

publicado pela Organização das Nações Unidas, em 1992, a

água faz parte do patrimônio do planeta sendo cada cidadão

responsável por este recurso.

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PODEM SER IMPLANTADAS NO RIACHO REGINALDO

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CAPÍTULO 4

RIACHO REGINALDO: ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA, TÓXICA E MICROBIOLÓGICA

ASSOCIADA A BIORREMEDIAÇÃO

Marília Cristiny Marques LOPES 1

Nathalia Maria Rogério Malta de OLIVEIRA1

Eliane Costa SOUZA 2 Paulo Rogério Barbosa de MIRANDA 3

Fabíola de Almeida BRITO 4

1 Graduandos do curso de Biomedicina, CESMAC; 2 Coorientadora/Professora de microbiologia do CESMAC Eliane Souza; 3 Coorientador /Professor de química do CESMAC

Paulo Miranda; 4 Orientadora/Professora de biologia celular e molecular do CESMAC Fabiola Brito.

[email protected]

RESUMO: Nos últimos anos, Maceió tem evidenciado um crescimento populacional muito acelerado que acarretou na formação de aglomerados em grandes partes da cidade e a maioria desses sofrem por falta de infraestrutura local, incluindo a falta esgotamento sanitário. A carência desse atendimento em boa parte da população levou alguns riachos urbanos a exercerem um papel de esgotos. O riacho Reginaldo ou popularmente chamado de Salgadinho nem sempre foi poluído como hoje em dia, mas acabou se tornando um esgotamento sanitário devido à falta de saneamento de muitos bairros. Neste artigo iremos relatar os resultados das análises físico-químicas (pH, temperatura, acidez, sólidos dissolvidos e cloreto), microbiológica (coliformes totais e fecais) e tóxica (Ferro, Maganês, Zinco, cádmio, cobre e cromo) que foram realizadas em três pontos escolhidos estrategicamente. Com os resultados das análises e de acordo com a literatura, Foram pesquisadas plantas, bactérias e ou fungo que se adequeriam de forma

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PODEM SER IMPLANTADAS NO RIACHO REGINALDO

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comensal a situação atual do riacho Reginaldo, ajudando na biorremediação do mesmo. Palavras-chave: Biorremediação. Fitorremediação. Análise de água.

1 INTRODUÇÃO

Capital do estado de Alagoas, Maceió tem uma

estimativa de comportar 1.021.709 habitantes no ano de 2016

(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA -

IBGE, 2016). O nome Maceió é de origem tupi, "Maçayó" ou

"Maçaio-k" que significa "o que tapa o alagadiço", pois na época

de sua descoberta era uma região rodeada por rios, lagunas e

também pelo oceano Atlântico. Por esses motivos, a cidade

ficou conhecida como “paraíso das águas” (PREFEITURA DE

MACEIÓ, 2014). Com crescimento populacional a cidade

ganhou vida e ao mesmo tempo preocupações.

Nos últimos anos, Maceió tem evidenciado um

crescimento populacional muito acelerado que acarretou na

formação de aglomerados em grandes partes da cidade e a

maioria desses sofrem por falta de infraestrutura local, incluindo

a falta esgotamento sanitário. A carência desse atendimento

sanitário em boa parte da população levou alguns riachos

urbanos a exercerem um papel de esgotos. A questão é que os

coletores sanitários da cidade só atingem um pequeno

percentual de 35,4% da população, deixando a maioria sem

esse privilégio. Desse modo, criaram-se bacias de

esgotamentos sanitários, tornando o riacho Reginaldo uma

delas. (COMPANHIA DE SANEAMENTO DE ALAGOAS –

CASAL).

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PODEM SER IMPLANTADAS NO RIACHO REGINALDO

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O riacho Reginaldo ou popularmente chamado de

Salgadinho, esse que nem sempre foi poluído como hoje em

dia, acabou se tornando um grande problema para cidade de

Maceió. Além de servir como esgoto para muitas famílias, ainda

há a realidade em que os próprios moradores descartam seus

lixos domésticos e outros tipos de lixos, transformando-se

também numa espécie de “lixão” (CONSELHO REGIONAL DE

ENGENHARIA E AGRONOMIA DE ALAGOAS – CREA-AL,

2015).

Por esses motivos, hoje o riacho tem sua qualidade

alterada e está totalmente inviável para qualquer tipo de

atividade. A qualidade da água pode ser analisada de acordo

com sua destinação, seja para recreação, preservação do

ambiente aquático, entre outras categorias que são

apresentadas pela resolução do CONAMA N° 357 em março de

2005.

Segundo Braga et al. (2005), é necessário que a água

possua condições físico-químicas adequadas para o uso de

seres humanos, que esteja isenta de substâncias prejudiciais

ao organismo. Galdino et al. (2010) fala que, analisar os

parâmetros físico-químicos, tóxicos e microbiológicos levantará

informações sobre a qualidade da água, o que nos possibilita o

monitoramento de organismos e concentrações alteradas de

substâncias. Para quê esse monitoramento aconteça, é

necessário que seja discutida uma época do ano, já que

Almeida et al. (2003) aponta o fator sazonal como um

determinante muito importante que causa variações

significativas nos valores dos parâmetros analisados.

Através dos resultados adquiridos pelas análises, de

acordo com a literatura foram pesquisados micro-organismos

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PODEM SER IMPLANTADAS NO RIACHO REGINALDO

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que possuem a capacidade de ploriferação na situação do

riacho Reginaldo. Esses micro-organismos são chamados de

biorremediadores e podem ser bactérias, fungos e/ou plantas

escolhidos conforme os contaminantes presentes (SOARES, I.

A. et al, 2011).

A biorremediação é um processo do qual organismos

vivos são utilizados tecnologicamente para remover ou reduzir

(remediar) poluentes no ambiente (MANFIO, G. P. et al, 2005).

Embora seja um processo lento e que requer

conhecimento da área, dependendo das características do meio

contaminado, dos contaminantes, da localização, infraestrutura

do local, recursos e tempo disponível, é uma alternativa bem

indicada para o tratamento de solos e águas contaminadas por

metais tóxicos e moléculas de difícil degradação, podendo ser

utilizada de forma “ex situ”, quando a água é bombeada para

locais fora da zona contaminada para haver o tratamento, ou

“in-situ”, quando a água passará por três processos, que são:

biorremediação natural, bioestimulação e bioaumento

(ANDRADE, J. A. et al, 2010), neste caso a água do Riacho

Reginaldo passaria por um tratamento in situ.

O objetivo geral da pesquisa consiste em sugerir técnicas

de biorremediação mais adequadas para mitigar a poluição do

riacho Reginaldo. Tendo como objetivos específicos as analises

dos parâmetros físico-químicos (pH, temperatura, sólidos

dissolvidos, acidez e cloreto); parâmetros tóxicos (ferro,

manganês, cádmio, zinco, cromo e cobre) da água;

Identificação e quantificação de coliformes fecais e totais e por

final a susgestão de um método de biorremediação para o

riacho.

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2 MATERIAIS E MÉTODO

A coleta foi realizada nos meses de julho e agosto do ano

de 2017 em época de chuva, fator sazonal importante que pode

acarretar diferenças nas análises caso realizados em outra

época. Para a análise tóxica e físico-química foram utilizados

três galões de plástico com capacidade de 5L, já estéreis,

sendo lacrados e identificados após cada coleta. Para as

análises microbiológicas foram coletadas em erlenmeyers de

250 mL com tampa, posteriormente esterilizados em autoclave,

para evitar qualquer tipo de contaminação na amostra. Os

erlenmeyers foram identificados e após a coleta, lacrados e

armazenados para transporte em caixa de isopor refrigerada

com gelo. As amostras foram transportadas ao Centro

Universitário CESMAC, onde passaram por dois tipos de

análises. Começando com as análises físico-químicas

realizadas em triplicata, sendo observado a temperatura com o

termômetro e o pH de cada ponto no momento da coleta pelo

método direto usando as fitas de pH. Em laboratório, foram

separados dois erlenmeyers para cada ponto de coleta, onde

adicionamos 100 mL da água em cada um deles para realizar o

teste que definiu que entre a acidez e alcalinidade, a acidez

deveria ser determinada. O seguinte teste foi realizado com os

indicadores fenolftaleína e alaranjado de metila, que em meio

ácido ficam respectivamente incolor e amarelado. Em cada

ponto foi adicionado três gotas de fenolftaleína no primeiro

erlenmeyer e três gotas do alaranjado de metila no segundo

erlenmeyer, confirmando a acidez da amostra.

A determinação da acidez foi realizada por titulação,

onde foi feita a padronização do hidróxido de sódio (titulante)

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com biftalato de potássio (titulado) e o indicador fenolftaleína.

Após a padronização do hidróxido de sódio, foi determinada a

acidez por titulação com a água coletada, utilizando o mesmo

indicador. O ponto de titulação ocorreu quando o hidróxido de

sódio igualou o pH da amostra ao seu, tornando-a alcalina.

Devido a isso, a água passou para uma coloração rósea, pois a

fenolftaleína quando se encontra em meio alcalino ocorre essa

mudança de cor.

A análise do cloreto também foi executada por titulação.

Foi feita a padronização do nitrato de prata (titulante) com

cloreto de sódio (titulado), utilizando o indicador cromato de

potássio. Foi determinado o cloreto na a água coletada com o

mesmo indicador. O ponto final da titulação ocorreu quando o

os íons de Ag+ se depositaram em forma de AgCl e houve a

precipitação de cromato de prata, conferindo uma cor marrom-

avermelhada (Manual de determinação de cloreto em água:

método de Mhor).

Na análise de sólidos dissolvidos, foi utilizado nove

cápsulas de porcelana, cada ponto possuindo três cápsulas

contendo 50 mL da água filtrada em cada. Foram registrados os

pesos das cápsulas antes e depois da adição da água. As

mesmas ficaram na estufa numa temperatura de 100°c até a

secagem completa durante quatro horas. A pesagem final foi

quando a cápsula esfriou totalmente, determinando então a

quantidade de cloreto presente na amostra.

A análise microbiológica foi efetuada através da técnica

de número mais provável (NMP) ou chamada de método de

tubos múltiplos para detecção de coliformes totais e coliformes

termotolerantes. Nesta técnica a amostra após ser coletada

logo foi distribuída em tubos contendo Caldo Lauril Triptose

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(LST) com tubos de Durhan invertidos. Para cada ponto foram

distribuídos 15 tubos, sendo cinco de concentração dupla

(diluição 1:1) e os dez restantes de concentração simples, com

diluições de 1:10 e 1:100. Foi encubado por 24/48 horas na

estufa numa temperatura de 35ºC a 37ºC. Após 24 horas todos

apresentaram positividade, ou seja, formação de gás. As

amostras foram semeadas com a alça de platina, previamente

flambada e fria em caldo verde brilhante com tubos de Durhan

invertidos, que foi encubado por 24/48 horas numa temperatura

de 35ºC a 37ºC. Por fim, todos os tubos mostraram positividade

no caldo verde brilhante, onde foram transferidos com alça de

platina flambada e fria para tubos contendo caldo Escherichia

coli, meio confirmatório para coliformes termotolerantes.

Diferente dos caldos previamente mencionados o caldo

Escherichia coli foi encubado numa temperatura de 45º C por

48 horas.

Já para as análises tóxicas foram separadas três

garrafas de vidro estéreis com a água coletada e, por falta do

equipamento necessário para sua realização no centro

universitário CESMAC, foram encaminhadas para Central

Analítica de Maceió localizada no bairro de Jaraguá, onde os

metais pesados, tais como: ferro, manganês, cromo, zinco,

cádmio e cobre foram avaliados

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Conselho nacional do meio ambiente – CONAMA

estabelece requisitos para qualquer tipo de utilização da água,

classificando os corpos hídricos em classes. A pesquisa em

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questão teve como base de comparação os parêmetros de

balneabilidade pelo fato do riacho já ter sido utilizado como

fonte de pesca e recreação, além de que um dos pontos

analisados localizado onde o riacho é despejado na praia da

avenida, sendo ainda um local onde existe o contato direto da

água com os banhistas.

Balneabilidade é a medida das condições sanitárias das

águas destinadas à recreação de contato primário, onde seus

parâmetros são apresentados na resolução nº 274/00 do

CONAMA. Com base nessa resolução e resoluções

complementares a essa houve a comparação dos resultados

apresentados nesta pesquisa.

O cloreto é um sal inorgânico que pode ser encontrado

em vários tipos de água, sua importância nesta pesquisa foi

determinar o nível de salinidade do riacho Reginaldo com o

objetivo de classifica-lo entre as três classes preconizadas no

CONAMA, representado na classe de águas doces, como

mostra o resultado da salinidade na tabela (1).

Tabela 1. Valores de salinidade

Variáveis Cloreto

Salinidade %

Ponto 1 1,287 g/L 0,0000376068%

Ponto 2 0,117 g/L 0,0000034188%

Ponto 3 0,122 g/L 0,0000035897%

O potencial hidrogeniônico (pH), temperatura, acidez,

cloreto e os sólidos dissolvidos foram os parâmetros de possível

acesso por esta pesquisa que foram analisados de acordo com

a importância de suas alterações no riacho Reginaldo.

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O pH da água depende de sua origem e características

naturais, mas variações podem indicar contaminação

principalmente de efluentes industriais, além de que podem

ajudar na dissolução de metais pesados. MAIER (1987) diz que

as águas dos rios brasileiros apresentam pH com tendência

neutra a ácida e a vida aquática depende muito disso, variações

nesse parâmetro pode afetar o metabolismo de várias espécies,

desse modo a resolução do CONAMA 357/05 estabelece que

para a proteção da vida aquática o pH deve estar entre 6 e 9.

A temperatura da água é influenciada por fatores tais

como radiação disponível, latitude, altitude, estação do ano,

período do dia, taxa de fluxo e profundidade (ZUMACH, 2003).

Durante o ano, essas variações são decorrentes de forma

natural, mas em alguns casos o aumento desse parâmetro se

dá devido ao lançamento inadequado de efluentes com altas

temperaturas causando impactos significativo a qualidade da

água.

A importância da determinação da acidez se prende ao

fato de que sua variação brusca pode se caracterizar o

lançamento de algum resíduo industrial (ANDRADE e

MACÊDO, 1996). Alterações nesse parâmetro pode acontecer

de acordo com a época do ano, em período de chuva os riachos

tendem a diminuir seu pH.

A determinação dos sólidos dissolvidos está diretamente

ligada à identificação de poluição. A concentração desse

parâmetro indica a quantidade de matéria orgânica ou

inorgânica que está presente na amostra.

De acordo com os parâmetros citados acima, os

resultados das análises físico-química estão representados na

tabela (2).

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Tabela 2. Valores dos parametros fisico-quimicos

Variáveis pH Temperatura Acidez Sólidos dissolvidos

Ponto 1 6,0 28ºC 0,79 g/L 931400 mg/L

Ponto 2 6,0 28ºC 0,085 g/L 931400 mg/L

Ponto 3 7,0 30ºC 0,065 g/L 936400 mg/L

CONAMA 6,0 – 9,0 < 40ºC ----- 500 mg/L

Os coliformes são bactérias indicadores de

contaminação fecal tanto no alimento, como na água, e são

divididos em coliformes totais e coliformes fecais ou

termotolerantes. Os coliformes totais são bactérias gram-

negativas que podem ser aeróbias ou anaeróbias e fermentam

lactose produzindo gás em sua temperatura ótima de 35/37°C.

Já os coliformes termotolerantes são bactérias gram-negativas,

em forma de bacilos, que também fermentam lactose, mas em

temperatura de 44/45°C. Neste grupo há uma bactéria de muita

importância conhecida como Escherichia Coli, bactéria que

normalmente é encontrada no intestino humano e de alguns

animais, por esses motivos, a presença de E. coli na água indica

a contaminação fecal. A avaliação dessa bactéria é importante,

pois com a prevenção da mesma pode-se evitar doenças, como

verminoses. Para o uso da água de contato primário deve ser

obedecido os padrões de qualidade de balneabilidade que

resolução 274/00 do CONAMA preconiza, estabelecendo o

valor máximo de 1000 coliformes fecais (termotolerantes) ou

800 Escherichia coli por 100 mililitros. Os valores analisados

estão sendo representados na tabela (3).

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Tabela 3. Valores da pesquisa de coliformes.

Variáveis NMP/100ML

Ponto 1 1600

Ponto 2 1600

Ponto 3 1600

CONAMA 1000

Os metais pesados são elementos com grande potencial

bioacumulativo, alguns deles em concentrações que não são

nocivas aos organismos são considerados nutrientes para

plantas e seres vivos, outros são encontrados comumente em

na natureza como em solos, água ou ar, mas a concentração

desses metais é um fator importante já que há estudos que

comprovam que baixas concentrações ou o excesso desses

elementos podem resultar em efeitos tóxicos, ou até mesmo

letais (MARTIN & SIGEL, 1980 apud SILVA, 2002).

Os metais pesados, ferro, manganês, zinco, cádmio,

cobre e cromo, foram analisados nesta pesquisa de acordo com

sua importância e seu indicativo de poluição em águas doces.

O ferro é um elemento que é natural em águas e contribui

para nutrição plantas e animais, mas pode ser um fator limitante

para o crescimento de algumas algas e plantas. Altas

concentrações permite o desenvolvimento de bactérias que

provocam odores fétidos na água e alteração de cor.

O manganês está frequentemente relacionado ao ferro,

altas concentrações podem ser letais para algumas espécies da

vida aquática.

O zinco e o cromo são elementos essenciais para

nutrição dos seres vivos, mas concentrações elevadas podem

ser limitantes para alguns peixes e organismos aquáticos.

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O cádmio é um metal que pode ser usado em processos

de galvanização, pigmentação, baterias e outros, dependendo

de sua concentração pode indicar o descarte indevido de

matérias como estes.

Como o ferro, o cobre pode ocorrer em águas naturais

em quantidades traços, mas em quantidades elevadas pode ser

tóxico.

Os valores dos metais analisados estão sendo

representados na tabela (4).

Tabela 4. Resultados das análises tóxicas em mg/L.

Variáveis Ferro Manganês zinco cadmío Cobre

Cromo

Ponto 1 < 0,001 0,016 < 0,001 0,024 0,007 0,015

Ponto 2 < 0,001 0,045 < 0,001 0,003 < 0,001 < 0,001

Ponto 3 0,073 0,044 < 0,001 0,016 0,003 < 0,001

CONAMA 5,0 0,5 5,0 0,01 0,5 0,05

Segundo o CONAMA 274/00 a definição de águas doce

são guas com salinidade igual ou inferior a 0,5%,de acordo com

os resultados apresentados na tab. (1), sobre os valores de

salinidade, nota-se que os três pontos de água coletadas

apresentaram niveis de salinidade extremamente baixos ao que

preconiza na resolução classificando-o na classe de águas

doce.

A tabela (2) mostra os resultados das analises fisico-

quimicas, onde pode-se observar que o pH dos três pontos em

questão estão dentro dos padrões (entre 6,0 e 9,0)

disponibilizados pelo CONAMA 274/00. A temperatura dos três

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pontos foram inferiores ao indicado pelo CONAMA 430/11

(inferior a 40°C), que fala sobre as condições e padrões de

lançamento de efluentes. Os valores de acidez estão

relacionados ao pH e não se encontram fora das normalidades.

Já os níveis de sólidos dissolvidos deram intensamente

elevados quando comparados ao valor máximo (500 mg/L)

indicado pelo CONAMA na resolução 357/05. Isso indica que o

nível de poluição devido a quantidade de resíduos descartados

no riacho Reginaldo.

A tabela (3) mostra o número mais provável de coliformes

existententes nas amostras coletadas, execendo o valor

máximo de coliformes permitido pelo CONAMA 274/00,

comprovando que sua utilização é imprópria.

Na tabela (4) todos os metais analisados apresentaram

em seus níveis quando comparados ao Conselho Nacional do

Meio ambiente – CONAMA N° 20/86 na classe 3 de águas

doces, com exceção do cádmio que se mostrou elevado nos

pontos um e três, sinal de que o nível de contaminação depende

da localidade dos pontos.

Como medidas alternativas para se minimizar a poluição

encontrada em riachos urbanos, com aglomerações de

residências vulneráveis, a biorremediação pode ser uma

alternativa eficaz para essa minimização. Biorremediação é

caracterizada como uma técnica que tem por objetivo

descontaminar o solo e água por meio da utilização de

organismos vivos, como microrganismos e plantas (PIRES et al,

2003). Na biorremediação existe a fitorremediação, uma área

bastante visada, utilizando plantas que descontaminam

ambientes poluídos, principalmente por poluentes orgânicos e

metais pesados (TAVARES, 2009). Um dos indicativos para a

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seleção de plantas para este processo é o potencial para

fitorremediação, esse potencial indica que a planta tem mais

capacidade de absorção do que outras, além de viverem bem

em situações de extrema poluição. As características de

desenvolvimento dessas plantas são estudadas, assim

qualquer fator que possa ocasionar alguma interferência

negativa no desempenho da planta deve ser minimizado para

favorecer sua ação descontamiante (BAKER, 1981).

Com os resultados obtidos, foi possível chegar à

conclusão que a fitorremediação é uma possível opção para as

condições em que se encontra o riacho Reginaldo, pois é um

mecanismo mais fácil e com poucos custos.

Visto isso, a Lenma valdiviana é uma planta aquática da

família Lemnaceae que absorve com eficácia os compostos

nitrogenados e fosfatados dos corpos d’água, reduzindo assim

os coliformes fecais e sólidos dissolvidos. Essa planta pode ser

encontra em corpos d’água com baixa salinidade (4 g/L). Por

esses motivos, passou a ser mais estudada para sua utilização

em águas doces. Já a Lemna minor, pertencente à família

Araceae, possui um tipo fisionômico hidrófilo e vive ar margens

de rios. Já é utilizada em estações de tratamento de outros

países por possuir uma capacidade de diminuir de 15% a 20%

da carga orgânica de esgotos domésticos, além de remediar

alguns metais, entre eles o cádmio. Acredita-se que no

Nordeste essas plantas tenham um bom desenvolvimento, pois

só precisa de área, sol e nutrientes. A temperatura é ideal e a

carga orgânica serve como alimento.

Ambas, são pequenas e frequentemente confundidas com

algas e geralmente se proliferam rápido colonizando

rapidamente os rios.

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4 CONCLUSÕES

Com base no objetivo geral da pesquisa e com os

resultados apresentados acima, foi realizado um levantamento

bibliográfico buscando possíveis plantas, bactérias e/ou fungos,

que teriam a capacidade de mitigar a poluição do riacho

Reginaldo.

De acordo com o que se foi analisado a água do riacho

Reginaldo está principalmente poluída por coliformes fecais,

sólidos dissolvidos e altas concentrações de cádmio em dois

pontos, visto isso, o tipo de biorremediação a ser indicada por

essa pesquisa foi selecionado em cima desses parâmetros que

se destacaram.

Conclui-se então, que a fitorremediação com plantas dos

gêneros Lemna valdiviana e Lemna minor são de possível

aplicação no riacho Reginaldo, sabendo que suas

características de proliferação e exigências nutritivas cabem ao

que se foi analisado nos parâmetros físico-químicos,

microbiológicos e tóxicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS - ANA Portal de qualidade das águas: disponível em: < http://portalpnqa.ana.gov.br/indicadores-indice-aguas.aspx >. Acesso em: 29 set. 2017. ALMEIDA, J. C. Avaliação do índice de qualidade da água na lagoa dos patos. 2013. 52 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em engenharia ambiental e sanitária) – Universidade federal de Pelotas, centro de engenharia, Pelotas, 2013. AMBIENTE ÁGUA BRASIL. Balneabilidade: Disponível em: < http://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/artigos_agua_salgada/balneabilidade.html >. Acesso em: 29 set. 2017. 20:00:27

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ANDRADE, N. J.; MACÊDO, J. A. B. Higienização na indústria de alimentos. São Paulo: Varela, 1996. 189 p. ANDRADE, J. A. Biorremediação de solos contaminados por petróleo e seus derivados. Eclética química, Campinas, v. 35, n. 3, p. 17-43, 2010. ARAÚJO, M. C. et al. Análise da qualidade da água do riacho Cavouco – UFPE. 2012. 8 f. projeto de Iniciação Científica (mestrando em bioquímica e fisiologia -Universidade Federal de Pernambuco- UFPE. Recife, 2012. BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. In:______. O desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall. 2005. p. 305. BRASIL. CONAMA. Conselho nacional do meio ambiente. Resolução nº 20, de 18 de junho de 1986 - Dispõe sobre a classificação das águas doces, salobras e salinas essencial à defesa de seus níveis de qualidade, avaliados por parâmetros e indicadores específicos, de modo a assegurar seus usos preponderantes. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res2086.html>. Acesso em: 14 out 2017. BRASIL. CONAMA. Conselho nacional do meio ambiente. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005-Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências, nº 053, de 18/03/2005. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>. Acesso em: 29 out 2016. BRASIL. CONAMA. Conselho nacional do meio ambiente. Resolução nº 274, de 20 de novembro de 2000- considerando que a Política Nacional do Meio Ambiente, a Política Nacional de Recursos Hídricos e o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC) recomendam a adoção de sistemáticas de avaliação da qualidade ambiental das águas, Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res00/res27400.html>. Acesso em: 30 set 2017. BRASIL. CONAMA. Conselho nacional do meio ambiente. Resolução nº 430, de 13 de maio de 2011 - Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>. Acesso em: 01 out 2017.

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PODEM SER IMPLANTADAS NO RIACHO REGINALDO

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MACEIÓ, PARAÍSO DAS ÁGUAS: ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS, TÓXICAS E BIOLÓGICAS PARA POSSÍVEIS TÉCNICAS DE BIORREMEDIAÇÃO QUE

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CAPÍTULO 5

BALNEABILIDADE NO IGARAPÉ DO ACARÁ E SEUS IMPACTOS NA SAÚDE: ESTUDO DE CASO EM MANAUS – AM

Gerliane de Sousa CASTRO 1

Luam da Silva da CONCEIÇÃO 2

Rebeca Teixeira DANTAS 3

Andrei Tavares FERNANDES 4

Flávio WACHHOLZ ¹

1, 3 Graduanda em Geografia pela UEA; 2,4 Graduado em Geografia pela UEA, ¹Professor do Curso de Geografia da UEA e do Mestrado Profissionalizante de Gestão e

Regulação dos Recursos Hídricos (ProfAgua) [email protected]

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo analisar a qualidade da água do igarapé do Acará a partir das variáveis limnológicas (Temperatura, pH, Condutividade elétrica, TDS e Turbidez) e sua influência nos índices de balneabilidade. As coletas e análises laboratoriais foram realizadas conforme especificações da Associação Brasileiras de Normas Técnicas e Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras, como procedimento metodológico foi realizado um levantamento bibliográfico, trabalhos de campo para coleta da água e realização das entrevistas. Foram coletadas 18 amostras que após serem analisadas, as variáveis limnológicas apresentaram valores díspares ao longo do canal do igarapé Acará, sendo que a medida que as atividades antrópicas se intensificam, os valores tendem aumentar, como foi registrado pelas variáveis turbidez, apresentando amostras de coliformes fecais e chorume nos pontos em que são utilizados como balneários para os moradores das imediações do igarapé. Através das entrevistas realizadas identificamos as concepções tidas pelos

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moradores a cerca da balneabilidade e qualidade da água no igarapé no igarapé do Acará se modificou ao longo do tempo, uma vez que estão introduzidos nessas áreas e convivem com tais práticas, já dos banhistas estão mais relacionadas ao fim recreativo do ambiente, visto que com a expansão da cidade e as condições climáticas faz-se necessário a busca por esses novos espaços herdados pela natureza e metamorfoseado pelo homem. Palavras-chave: Poluição Hidríca. Variavéis limnológicas. Doenças de veiculação hídrica.

1 INTRODUÇÃO

A água tem diversas utilidades na natureza, é

caracterizada como um componente físico da natureza, a água

no estado de vapor “pode manter a temperatura global em

níveis que condicionam a vida, assim como o uso para mover

turbinas de usinas hidrelétricas para obtenção de energia”

(BRANCO, 2003). Complementa que, quando considerada

como fator indispensável para manutenção da vida, este fato

está ligado a capacidade de a água transportar substâncias e

sedimentos, sendo assim escultura do relevo.

Com isso, sua importância não está atrelada apenas aos

ambientes aquáticos, uma vez que também é usada na

navegação, irrigação, pesca, geração de energia, consumo

doméstico e industrial.

Diversas doenças estão relacionadas com a qualidade

da água, o crescimento urbano e populacional está intimamente

ligado a qualidade dos recursos hídricos, ocasionando

problemas a saúde humana, onde no meio urbano é causado

principalmente por poluição dos esgostos domésticos. A alteração da qualidade da água em corpos d’água, proveniente de despejo de esgoto

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doméstico pode trazer uma série de problemas à população, tais como a proliferação de doenças de transmissão hídrica, proliferação de insetos, ocorrência de odores entre outros (SPERLING, 2005, p.55)

O Instituto Trata Brasil (2016), explica que saneamento

básico é de suma importância para garantir o bem-estar social

e qualidade de vida dos indivíduos, uma vez que através da

adoção de um conjunto de medidas visa fazer alterações no

meio tomando o devido cuidado para evitar doenças, promover

a saúde, consequentemente, melhorar a produtividade da

população.

No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007 como o conjunto dos serviços, infraestrutura e instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais (INSTITUTO TRATA BRASIL, 2012).

A água é usada em diversas atividades, logo, é

caracterizada como um produto e pode receber tratamentos

especiais. E dependendo dessa atividade que ela será utilizada,

a mesma pode divergir nos parâmetros físicos e químicos.

Como por exemplo no uso recreacional, conforme Lopes et al.

(2013) apud Campos (2015):

O uso recreacional das águas das praias demanda requisitos específicos de qualidade, ou seja, que atendam às condições de balneabilidade, considerando o risco oferecido à saúde humana pela exposição direta e prolongada à organismos patogênicos, cianotoxinas, insetos vetores, metais

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pesados, óleos e graxas, presentes em corpos contaminados (LOPES et al. 2013, p.43).

Aureliano (2000) enfatiza que a balneabilidade é um

instrumento de “verificação de uso” para a qualidade da água

nos espaços de uso recreacional hídrico, onde para a

verificação desses dados se utiliza de métodos estatiticos para

verificar esse “controle de qualidade”, tornando esse assunto de

grande interesse social, devido sua realação com os problemas

de saúde pública e a degradação do meio natural (ANDRADE

et al. 2012)

Entretanto, ocupações em áreas próximas a cursos

d’água, moradias sem qualquer tratamento ou coleta de

efluentes domésticos e sem o devido saneamento básico,

acarreta danos intensos químicos e físicos aos igarapés

modificando a vida aquática. Áreas de fragmento florestal

dentro de cidades, como a Reserva Florestal Adolpho Ducke

(Manaus – AM), protege nascentes das alterações oriunda das

ações antrópica, além do favorecimento no que diz respeito ao

microclima.

As ocupações irregulares existentes em Áreas de

Preservação Permanente (APP), degradam a vida aquática e

transforma os ciclos naturais dos organismos, uma vez que o

seus efluentes doméstico e esgoto sanitário são direcionados,

sem qualquer tipo de tratamento, aos corpos hídricos (TUNDISI;

MATSUMURA, 2008).

No Estado do Amazonas, a fixação da Zona Franca de

Manaus-ZFM na década de 1970 deu início a expansão

populacional e urbana da cidade, sendo que as aglomerações

nas zonas Norte,Leste e Oeste prosperaram. No entanto,

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ocupações irregulares ocorreram em diferentes espaços,

mesmo em APP ou em áreas adjacências à rede de drenagem.

A cidade de Manaus apresenta densa malha hídrica e é

formada por quatro bacias hidrográficas: Educandos, São

Raimundo, Tarumã e Puraquequara (OLIVEIRA; ALVES 2010).

De modo geral, o uso urbano imprimiu mudanças significativas

nas propriedades físicas e químicas dos ambientes aquáticos.

Segundo o IBGE (2010), o município de Manaus possui

1.802.014 habitantes, com área total da unidade

correspondente a 11.401,092 km², apresentando densidade

demográfica de 158,06 hab./km². Porém, no perímetro urbano,

a população corresponde a 1.792.881 habitantes, concentrada

em área de 229,504 km², a densidade demográfica no

perímetro urbano corresponde a 7.811, 98 hab./km².

Antes da “explosão” populacional essas áreas próximas

a igarapés eram utilizadas pela população local para fins

recreativos, uma vez que, tais ambientes aquáticos ainda não

sofriam agressões antrópicas severas. As ocupações

existentes nas áreas distantes do centro da cidade de Manaus

não contam com saneamento básico, os efluentes domésticos

produzidos por essa população não recebem tratamento

adequado antes de serem despejados nos corpos hídricos, a

exemplo o igarapé Acará.

Toda a atividade humana produz impactos, direta ou

indiretamente aos corpos hídricos, uma vez que é na superfície

terrestre, onde se encontra a bacia hidrográfica, que o homem

habita e constrói sua moradia. A intensificação do uso da água,

nas mais variadas atividades, sem que haja tratamento desses

efluentes produzidos antes de serem devolvidos ao sistema

hídrico, a poluição tende modificar química e fisicamente o

ambiente aquático (TUNDISI; MATSUMURA, 2008).

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O trabalho justifica-se devido o Igarapé Acará sofrer

influência em suas propriedades físicas e químicas. A medida

que as margens são ocupadas, as atividades antrópicas

tendem a modificar as propriedades da água. A retirada da

cobertura vegetal para construção civil, fixação de moradia em

áreas verdes de forma irregular, lançamentos de efluentes

domésticos sem o devido tratamento, produção de resíduos

sólidos, são exemplos de como isso influencia na qualidade da

água dos corpos hídricos.

O objetivo deste trabalho foi analisar a qualidade da água

do igarapé do Acará a partir dos parâmetros limnológicos

(Temperatura, pH, Condutividade elétrica, TDS e Turbidez) e

sua influência nos índices de balneabilidade.

2 MATERIAIS E MÉTODO

A área de estudo e a sub-bacia hidrográfica do Igarapé

Acará que está situada nas zonas Norte e Oeste da cidade de

Manaus. Parte da área de estudo encontra-se nas

dependências da Reserva Florestal Adolpho Ducke, bairro

Cidade de Deus que pertence a zona Norte. O restante da sub-

bacia, dentro do perímetro urbano, está situado nas

dependências do bairro Lago Azul, zona Norte.

Neste estudo para atingir o objetivo da pesquisa houve a

necessidade de realizar visitas de reconhecimento a área de

estudo no dia 29 de junho de 2017, e também foram realizadas

o levantamento do material fotográfico e aquisição de

coordenadas geográficas no GPS. No dia13 de julho de 2017

foram coletadas amostras de água na área de estudo em 18

pontos, distribuídos ao longo do canal principal e afluentes da

margem esquerda e direita.

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Os dados limnológicos foram coletados em 18 pontos

amostrais no dia 13 de julho de 2017, com pontos previamente

estabelecidos em gabinete assim como o itinerário de visita aos

locais de coleta. Foi utilizada planilha confeccionada no

software do pacote Office Microsoft Excel para preencher com

dados obtidos. O horário da coleta teve início às 9:30 da manhã

no primeiro ponto. A variável quantificada em loco foi a

temperatura, as medidas foram obtidas através do aparelho

termômetro digital portátil (Tipo espeto Instrutherm - TE 400),

com tempo de resposta do display em 1s, apresenta resolução

de 0,1°C e precisão de 0,5°C.

Dados relacionados com as condições do tempo foram

obtidas através do aparelho digital Thermo-Hidro-Anemômetro

Luxímetro. Com este aparelho foi possível quantificar variáveis

como: Velocidade do vento (em km/h, resolução 0.1 m/s),

Umidade do Ar (em %, resolução 0.1% RH), Nebulosidade (em

LUX, resolução 1 LUX / 1 Ft-cd) e Temperatura Ambiente (em

°C, resolução 0.1°C).

Para as variáveis condutividade elétrica, pH, Turbidez,

TDS as amostras foram coletadas em reservatório plástico

(garrafas de Polietileno Tereftalato-PET) de pequeno porte

devidamente esterilizado e resistente, devidamente

identificados com os números dos pontos. No transporte, as

amostras foram armazenadas em caixa térmica onde as

garrafas foram fixadas, a fim de não sofrer quebra e perda de

material até o laboratório de Geografia da Escola Normal

Superior – ENS, conforme especificações da Associação

Brasileiras de Normas Técnicas (ABNT, 1987) e Guia Nacional

de Coleta e Preservação de Amostras (BRANDÃO et al., 2011).

No laboratório foram realizadas as análises das 18 amostras

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quanto as variáveis pH, Condutividade Elétrica, Sólidos Totais

Dissolvidos e Turbidez ao longo do igarapé do Acará.

Foram realizadas 30 entrevistas com perguntas abertas

e fechadas, sendo 15 entrevistas com os moradores do Viver

Melhor II (região no entorno do igarapé do Acará nos dias 09 e

26 de julho entre os horários das 9:00 até as 10:30 da manhã,

pois entre esses horários foi detectado uma permanência maior

dos moradores em suas residencias possibilitando que as

entrevistas fossem realizadas com calma. Outro publico

entrevistado 15 banhistas, nos dias 09 e 26 de julho, entre os

horários das 11:00 até as 14:00 da tarde, horário que os

mesmos utilizam o balneário para o almoço e fins recreativos.

Buscou-se entrevistar tanto os banhistas quanto os

moradores, de forma igualitária quanto: ao sexo, a idade, o

poder aquisitivo e a localidade, de modo a evitar privilegiar

grupos sociais específicos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao longo dos pontos do canal principal a temperatura

mostrou-se em constante elevação. Do mesmo modo, as

variáveis limnológicas Condutividade elétrica, TDS e Turbidez

obtiveram valores em constante crescimento. Fato está ligado

a presença antrópica, a retirada da cobertura vegetal de ambas

as margens e outras atividades humanas, assim como o

transporte de sedimentos que por sua vez altera os parâmetros

considerados normais (figura 1).

Figura 1 – Variavéis limnológicas registradas em campo e dividida por setores

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Fonte: Trabalho de campo, 2017.

A figura 1 compreende o trabalho de campo dividido em

três etapas: canal principal, margem esquerda e margem

direita, os pontos de balneários encontrados além do balneário

do igarapé do Acará (destacado em amarelo) estão em

vermelho. Os pontos de balneários no canal principal

antecedem o balneário do Igarapé do Acará no bairro Viver

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Melhor, quando comparado os três pontos (4,5 e 6), o ponto 6

(amarelo) apresenta pouca oscilação das variáveis limnológicas

em relação aos demais. Tais fatores foram analisados

isoladamente:

Temperatura

A temperatura da água do Igarapé Acará medida em loco

oscilou de 25,2 a 31,7 °C. A temperatura mais amena foi

registrada nas dependências da Reserva Florestal Adolpho

Ducke (ponto 1), onde a Cobertura Vegetal é densa e

preservada da ação antrópica, essa condição oferece proteção

contra a influência direta dos raios solares, recebendo apenas

a luz difusa.

A mais elevada foi registrada no ponto 12, 31,7 °C,

localizado em um afluente da margem esquerda nas

proximidades do Residencial Viver Melhor. Possivelmente, o

que explica a temperatura elevada é o fato de ao longo do canal

principal há a recebimento de águas servidas e aporte de

esgoto.

Potencial Hidrogeniônico

O pH evidencia a acidez ou a basicidade de soluções

líquidas (ESTEVES, 2011). As águas da região amazônica,

dando destaque para as pretas, naturalmente como o nome diz,

apresenta coloração escura devido a alta taxa de material em

decomposição, o que explica a acidez que varia entre 3,8 e 5

(ZEIDERMANN, 2001).

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A variável pH demonstrou valores em queda entre os

pontos 1 a 7, no primeiro ponto o valor do pH é de 6,0, a amostra

no ponto 7 registrou 5,6, tornando-se mais ácida. A partir do

ponto 8, os valores apresentam crescimento evidente,

consequentemente, tornando a solução aquosa básica.

Possivelmente, este fenômeno pode estar ligado ao fato do

canal principal do Igarapé Acará receber aporte de efluentes

domésticos de residências na bacia hidrográfica, esgoto

sanitário e chorume do Aterro Sanitário Municipal. Os valores

da variável pH estão semelhantes aos encontrados no trabalho

de Santana e Barroncas (2007).

Condutividade Elétrica - Ao longo do canal principal do Igarapé

Acará, os valores obtidos da variável em questão

demonstraram crescimento constante, conforme demonstrado

no gráfico . Entre os pontos 1 a 11 é visível o crescimento da

capacidade da água conduzir eletricidade. A disparidade é

evidenciada nos pontos 12 e 15.

O ponto 12 está situado no Residencial Viver Melhor em

um afluente da margem esquerda, o valor 444,0 µS/cm é reflexo

do aporte de esgoto e efluentes domésticos. O ponto 15

localizado no igarapé Matrinchã, afluente da margem direita do

Igarapé Acará, sofre influência direta do Aterro Sanitário

Municipal da cidade por parte do chorume produzido no local.

O valor de 704,0 µS/cm é reflexo da alta concentração de íons

presente na amostra, uma vez que o local de coleta fica a

jusante do Aterro.

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Sólidos Dissolvidos Totais – TDS

São o somatório de todas as partículas em suspensão no

substrato aquático, sejam orgânicas e inorgânicas, que podem

ser quantificadas levando em consideração seu volume e

concentração (TUNDISI e MATSUMURA, 2008).

Como nas demais variáveis aqui descritas, as amostras

que se destacaram com dados mais elevados foram as

coletadas nos pontos 12 e 15. O primeiro ponto citado, dado

elevado nível de efluentes domésticos e esgoto que é

despejado ao curso d’água, apresentou TDS de 222,0 mg/L. O

segundo ponto, por receber o chorume do Aterro Sanitário

Municipal, apresentou TDS de 353,0 mg/L.

Turbidez

A variável limnológica Turbidez até o ponto 6 obteve

relativo aumento, fato que pode estar ligado a presença de

balneários no decorrer desse trecho onde foram colhidas as

amostras de água, assim como áreas sem cobertura vegetal.

Seguindo o curso do igarapé, os valores nos pontos 7, 8, 9, 10,

11 apresentam valores mais elevados. Tais pontos estão a

jusante de uma Estação de Tratamento de Efluentes (ETE),

localizada no Residencial Viver Melhor.

Os pontos 12 e 15 foram os que apresentaram maiores

valores. Os dados obtidos no ponto 12 são oriundos do afluente

da margem esquerda do Igarapé Acará. Este curso d’água

recebe aporte de efluentes domésticos e esgoto sanitário de

uma área de ocupação irregular (Área de Proteção

Permanente-APP), situada a montante do ponto de coleta da

amostra.

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O ponto 15, situado a margem direita do igarapé Acará,

no afluente denominado igarapé do Matrinchã, apresentou

33,24 NTU, localizado a jusante do Aterro Sanitário Municipal,

recebe o chorume produzido pela decomposição dos resíduos

sólidos. Após precipitações pluviométricas, este exemplo de

poluição pontual é transportado ao canal alterando gravemente

as propriedades físicas e químicas do ambiente aquático em

questão. De todos os pontos de coleta tabulados, o ponto 15 se

mostrou o mais alterado por atividades antrópicas.

A fim de melhor representação da disparidade dos dados

obtidos e identificar a partir de que ponto de fato a qualidade da

água do igarapé Acará demonstra alterações consideráveis em

seus valores limnológicos, foi adotada a técnica de

Normalização de dados. Esta técnica compreende colocar os

dados em uma faixa de valores, assim, a possibilidade de

representação em gráficos ou tabelas. O gráfico representado

na figura (2) apresenta os dados normatizados das 5 variáveis

limnológicas analisadas em laboratório: Temperatura, pH,

Condutividade Elétrica, TDS e Turbidez.

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Figura 2 - Gráfico da normalização dos valores limnológicos

Fonte: Tabulação de dados, 2017.

Ao analisar o gráfico da figura 2 nota-se que os valores,

após aplicação da técnica de normalização dos dados, os

valores são constantes e demostram pouca variação até o

ponto 6. Os pontos de 1 a 6 estão localizados na primeira seção

do igarapé Acará. O ponto 1 está situado no interior da Reserva

Florestal Adolpho Ducke, livre da ação antrópica, logo, como

apresentado anteriormente, os dados obtidos são considerados

normais. Os pontos de 2 a 6, fora do perímetro da Reserva

Ducke, apresentam modificações, visto que as margens são

usadas para recreação, confome.

À medida que a concentração da ocupação antrópica se

eleva na bacia hidrográfica, os dados tendem a alterar. A partir

do ponto 7, onde a cobertura vegetal dá lugar a Terra Exposta

e Área Construída, a exemplo o Residencial Viver Melhor (ponto

12) situado na margem esquerda do Igarapé Acará, os

efluentes domésticos e esgoto sanitário são despejados nos

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corpos hídricos, evidenciando o crescimento das variáveis

limnológicas estudadas, assim como o recebimento do chorume

produzido pelo Aterro Municipal (ponto 15).

De acordo Eiger (1999) uma área de balneário

contaminado pode provocar na contração de doenças. a probabilidade de um banhista contrarir uma doença banhando-se em águas contaminadas aumenta com a concentração dos organismos patogênicos, com o tempo de exposição, com a forma com que se expõe ao meio aquático e com

o seu nível de imunidade. Como já foi apresentado a medida que o igarapé do

Acará saí da sua área de preservação e percorre pelas áreas

ocupadas ele recebe efluentes oriundos dessa ação antrópica,

o que comprometi a qualidade da água.

Os pontos (4,5,6,18) que representam locais de

balneabilidade para a população residente próxima ao igarapé

apresentam indícios na sua composição de coliformes fecais e

do chorume colocando em risco a saúde dos banhistas que

frequentam esses pontos (figura 3).

O mosaico das fotos A e B evidenciam o que já foi

mostrado nas amostras limonologicas onde mostram as

disparidades da água ao longo do igarapé, que

consequentemente afetam a qualidade da água nos pontos de

balneabilidade, como é visto nas fotos C e D.

.

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Figura 3: Mosaico ao longo do Igarapé do Acará

Fonte: SILVA, 2017.

Através das entrevistas identificamos que as percepções

dos moradores e dos banhistas, que em determinado momento

se complementam, ora se refutam. O conhecimento sobre os

processos e as práticas espaciais que pluralizam o ambiente

citadino e a manifestação dos problemas socioambientais são

decorrentes da ação sociedade e natureza, são desconhecidos

pelos grande maioria dos moradores e banhistas entrevistados.

Conforme podemos identificar nos seguintes relatos: “ Seria um lugar próprio para a recreação com a família. Porém utilizam porque é o principal destino dos efluentes domestico” (Morador 1) “ A água é limpa, vejo como um lugar saudável para recreação e os almoços de domingo, a água não está contaminada apesar do esgoto está máximo ao residencial ’’ (Morador 2)

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“ (...) antes utilizavamos para a recreação o balneário, as crianças faziam castelo nas margens, era o nosso destino rotineiro de finais de semana, até as crianças contraírem cólera” (Morador 3)

O mesmo se identificou com os relatos dos banhistas:

“Venho nesse balneário com bastante frequência, principalmente nos meses onde a cidade está muito quente, pois é um local acessível para me refrescar junto com a minha família” (Banhista 1) “ Eu gosto de tomar banho nesse igarapé, porque eu vejo esse lugar é bem limpo, já que Manaus já não encontramos mais os igarapés limpos, e a Ponta negra precisa pegar ônibus” (Banhista 2) “ Gosto de vim pra cá, mais eu tenho visto que as pessoas não sabem usar esse local, deixando seu lixo pra trás, daqui a algum tempo vamos perder esse lugar e não teremos mais opções de banho para a nossa família” ( Banhista 3)

Dessa forma, as concepções tidas pelos moradores a

cerca da balneabilidade e qualidade da água no igarapé no

igarapé do Acará se modificou ao longo do tempo, uma vez que

estão introduzidos nessas áreas e convivem com tais práticas,

ainda identificamos alguns moradores que mesmo conhecendo

a dinâmica aos serviços de infraestrutura ubana no residencial

Viver Melhor como por exemplo, a demora na limpeza das

fossas sépticas possibilita a criação de novas tubulações com

destino do balneário do igarapé do Acará.

Quanto aos banhistas, segundo as respostas obtidas

identificamos que os mesmos possuem uma ideia de “paraíso”

ou mesmo de “refúgio”, por se constituir em um igarapé cuja

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engenharia feita pelos os moradores para torna-lo balneário só

gerou melhorias para a população que desfruta hoje de um

lugar para a recreação.

A ausência de banhos “naturais” oriundos nas margens

dos igarapés na cidade, é uma das realidades que o povo da

cidade enfrenta tendo que se deslocar muitas das vezes para

cidades próximas para a busca de desfrutar desses benefícios.

O fato de acreditarem que os igarapés funcionam como pontos

isolados, não pertencente a um sistema maior denominado

bacia hidrográfica possibilita uma visão única em uma dada

complexidade.

As doenças de veiculação hídrica, se constituem como

um fator de risco para a população que usa esse espaço. Parte

dos entrevistados já identificaram as fontes poluidoras e dos

efeitos que as mesmas podem gerar ao ser humano, como a

cólera que acometeu as crianças de um banhista entrevistado.

Outros ainda utiizam, e por não ter coloração aparente ou não

identificaram nenhum “rejeito” acreditam que a qualidade da

água ainda permanece boa.

4 CONCLUSÕES

Os dados limnológicos se mostram extremos em pontos

de coleta onde a densidade populacional é elevada. O ponto 12,

situado a jusante do Aterro Sanitário Municipal, apresentou

valores elevados pois recebe aporte do chorume, resultado da

decomposição dos resíduos sólidos produzidos na capital da

cidade. O ponto 15, localizado no Residencial Viver Melhor,

apresentou valores exorbitantes a montante do curso, devido a

ocupação irregular que disponibiliza efluentes domésticos e o

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esgoto sanitário pelos indivíduos que ali fixaram moradia, são

direcionados ao corpo hídrico.

Nas entrevistas realizadas no trabalho de campo foi

identificado que parte dos moradores do Residencial Viver

Melhor não utilizam mais o Igarapé Acará para a recreação,

estarem ciente das fontes que poluem o igarapé, tais como a de

efluente doméstica, ou como alternativa para a precariedade de

serviços como a limpeza de fossas sépticas.

Já os banhistas tem uma outra visão no que se refere ao

balneário, por serem em sua maioria de outras áreas da cidade

utilizam esse ambiente como refúgio, pois a cidade não

apresenta outros balneários “naturais” por conta da poluição

exarcebada.

Diante destes fatos, faz-se necessário uma melhor

efetivação quanto aos serviços de infraestrutura urbana seja

estendido a todos os bairros de Manaus, e de fato os efluentes

sejam tratados em sua totalidade antes de serem despejados

na rede de drenagem. E, ainda os fragmentos florestais,

principalmente nas margens de cursos d’água devem ser

preservados sem ocupação antrópica.

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CAPÍTULO 6

POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES SOCIOESPACIAIS ASSOCIADAS À FORMAÇÃO DE RISCO NA BACIA

HIDROGRÁFICA DO TARUMÃ EM MANAUS - AM

Rebeca Teixeira DANTAS1

Marcela Beleza de CASTRO2

Reinaldo Correa COSTA3 1 Graduanda do curso de Geografia, UEA e aluna do Laboratório de estudos sociais, INPA;

2Graduada em Geografia, UFAM e aluna do Laboratório de estudos sociais, INPA; 3Professor Doutor em Geografia, USP. Orientador no Laboratório de Estudos Sociais, INPA.

[email protected]

RESUMO: O presente estudo objetiva identificar e analisar as potencialidades e fragilidades ambientais decorrente nas dinâmicas climáticas na formação de áreas de risco de alagação e dengue na bacia hidrográfica do Tarumã (BHT) nos anos de 2013 a 2015.A partir de análises sistêmicas a complexidade dos condicionantes da dengue, fundamentados no Sistema Ambiental Urbano (SAU) e no Sistema de Clima Urbano (SCU), como procedimentos metodológicos foi realizado um levantamento bibliográfico acerca da temática, além da coleta de dados climáticos e das Secretárias de Saúde e Defesa Civil. O ano de 2013 foi evidenciado pois trata-se de um ano de risco de alagação e dengue, com respectivamente 73 ocorrências de alagação e 4660 casos notificados na área da BHT. No contexto climático regional ficou evidenciou a ocorrência de duas sazonalidades climáticas o verão e inverno amazônico, onde as maiores notificações de dengue assim como as ocorrências de dengue foram nos meses de janeiro a maio com chuvas bem distribuídas com 10mm e intervalos

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pequenos e temperaturas variando entre 28° a 34°C favorecendo o desenvolvimento do vetor. Dessa forma, identificou-se que o clima embora tenha grande influência na disseminação da dengue, se configura como um dos potencializadores da doença que associado a ineficiência de estruturas urbanas resulta em espacialidades de riscos com condições ideais para desenvolvimento do vetor. Palavras-chave:Variabilidade climática. Processo saúde-doença. Inundações urbanas.

1 INTRODUÇÃO

A complexidade da problemática (social e ambiental) dos

riscos permite atribuí-los como um sistema de práticas de

gestão, grupos sociais e seus espaços, aplicados em diferentes

escalas (global, regional e local). Os processos de formação

das áreas de risco se instauram, não somente por aspectos de

ordem natural (dinâmica climática e processos

hidrogeomorfológicos), mas, sua gênese está nos aspectos de

ordem social (cultural, econômico, político e tecnológico).

As áreas de risco se configuram nas diferentes formas

de uso e ocupação do solo, que potencializam a distribuição

espacial do risco, evidenciando diferentes graus de

vulnerabilidades que refletem os processos expressos na

paisagem. Bertrand (1972) define a paisagem como:

Determinada porção do espaço, que resulta na combinação dinâmica, mas instável, que é composta de elementos físicos, biológicos e antrópicos no qual reagem dialeticamente, uns sobre os outros, e fazem a paisagem indissociável, sendo um único conjunto que está em constante evolução (BERTRAND, 2009, p.04).

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As disparidades paisagísticas que constituem a cidade

retratam as desigualdades (sociais, culturais e econômicas)

materializadas nas diferentes estruturas dos ambientes

fragilizados, com a falta e/ou ineficiência de equipamentos

urbanos, refletindo as heterogeneidades em diferentes

territorialidades.

De acordo com Veyret (2007), há diversos tipos de

riscos, mas nem todos são tratados pela Geografia. Os riscos

cuja percepção e gestão são acompanhadas de uma dimensão

espacial são abordados pela ciência geográfica, e classificados

conforme os processos que os instauram. Nesse contexto, aqui

se compreende risco segundo Costa (2012):

O Risco é como uma probabilidade de perigos, desastres, danos e catástrofes em diferentes escalas e impactos, afetando algum indivíduo ou grupo social, já que é imprescindível o elemento humano na caracterização do risco, caso contrário seria apenas um evento da natureza. (COSTA, 2012, p.13).

O conjunto de processos e práticas espaciais que

pluralizam o ambiente citadino e constituem o metabolismo

urbano, concebe a cidade como área de risco, por meio das

articulações de suas atividades que produzem e/ou reproduzem

as desigualdades e injustiças espaciais. De acordo com

Rodrigues (1998), a cidade é fruto do processo de

desenvolvimento capitalista que é em essência desigual.

Santos (1994) refere-se à cidade como “um meio ambiente

construído, que é o retrato da diversidade das classes, das

diferenças de renda e dos modelos culturais”.

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Os processos multivariados de urbanidade nas bacias

hidrográficas, impulsionados pelos potencializadores

(ambientais, sociais, econômicos e políticos) (re) criaram

paisagens diversificadas em sua forma e/ou função. Estes

processos se constituíram a partir da apropriação dos espaços

herdados da natureza pela sociedade sem planejamento

ambiental, onde as populações com menor poder aquisitivo,

ocupam essas áreas não inclusas no mercado imobiliário ou

quando está inclusa agrega-se baixíssimo valor (social,

econômico e político); são situadas em sua maioria, em fundo

de vale e encostas, onde o saneamento básico muitas das

vezes é inexistente.

Dentre os principais fatores que impulsionaram a

expansão urbana, destacam-se: 1) a implantação da Zona

Franca de Manaus em 1967 que desencadeou migrações

(interestaduais e intermunicipais), e 2) o surgimento de

ocupações não oficiais que se integraram a dinâmica da

espacialidade de Manaus; através da mercantilização dos

espaços (especulação imobiliária) e a luta de diferentes sujeitos

(políticos, empresas imobiliárias, movimentos sociais entre

outros) pela terra urbana (COSTA, 2015).

Cruz et al (2009) define a bacia hidrográfica no ambiente

urbano como:

Uma unidade territorial de administração em que atuam diferentes classes, grupos e categorias sociais, cada um com uma lógica própria e muitas vezes oposta a outras, mas em todos há o valor do solo urbano como elemento constituinte da lógica das paisagens. Planos de administração, gestão, infraestrutura, saúde pública, circulação e moradias estão no conjunto de preocupações de

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quem pensa uma bacia no meio urbano (CRUZ, CASSIANO & COSTA, 2009)

Desse modo, a identificação de áreas vulneráveis

potencializa os problemas socioambientais urbanos, uma vez

que evidenciam a homogeneidade e heterogeneidade de sua

ocorrência na produção social dos riscos associados a aspectos

físicos e sociais. Confalonieri (2003), atribui considerável

importância ao conceito de vulnerabilidade nos problemas

ambientais urbanos, destacando que:

O conceito de vulnerabilidade social de uma população tem sido utilizado para a caracterização de grupos sociais que são mais afetados por estresse de natureza ambiental, inclusive aqueles ligados ao clima. Os principais conceitos da vulnerabilidade têm vindo da comunidade científica que estuda os efeitos e a prevenção de impactos dos chamados desastres naturais (CONFALONIERE, 2003, p.03).

Os problemas socioambientais urbanos resultam do

modo de produção capitalista que se concretizam de diversas

formas e aplicado a várias escalas (espacial e temporal),

envolvendo os sujeitos e/ou sujeitante que pluralizam os

espaços antes não ocupados, por consequência, alteram o

clima urbano. Segundo Monteiro (1976), no ambiente urbano o

clima é considerado um regulador dos processos urbanos. Além

de agente de impactos afetando diretamente na qualidade

ambiental, conforto térmico e no regime hídrico das

precipitações pluviais, seus efeitos podem ser direto ou

indiretamente na produção do espaço urbano materializado

através dos processos e estruturas espaços-temporais

(SANTANNA, 1998) ocasionando uma diversidade de

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problemas como: inundações, poluição e desenvolvimento de

doenças.

Coelho (2001, p.23) menciona que “a incidência das

inundações motivou as classes médias e altas a se afastarem

das áreas urbanas delimitadas como áreas de risco. As

inundações continuam a vitimar as classes pobres”, o que está

associada à desvalorização do espaço devido à proximidade

dos leitos de inundação dos igarapés e pela suscetibilidade das

populações aos fenômenos de gênese ambiental. Ao se referir

sobre inundação nas áreas urbanas, Zanella (2006) ressalta:

A ocorrência de inundações em áreas urbanas resulta por si só em impactos socioeconômicos. Quando associada a outros problemas urbanos, tais como a falta de saneamento básico, a pobreza da população, a ocupação de áreas ribeirinhas, etc., tende a gerar novos agravantes, destacando-se os de saúde pública (ZANELLA, 2006, p. 44).

Na saúde pública, as doenças associadas à pobreza

perpetuam o ciclo, uma vez que, por causarem de alguma forma

exclusão socioeconômica (FARIA, 2008) criando grupos de

populações vulneráveis devido às desigualdades. Dessa forma,

a Organização Mundial da Saúde (2000) classifica como

doenças negligenciadas, as doenças associadas aos

ambientes marcados pela exclusão social, dentre as quais

formam um conjunto de 17 enfermidades que afetam pessoas

especialmente que vivem nos trópicos, dentre elas, a dengue.

A multicausalidade da dengue dar-se-á por fatores de

diferentes ordens (física, biológica, social, econômica e cultural)

cujo principal vetor é o mosquito Aedes Aegypti, que se adaptou

ao meio urbano e ao clima tropical. Concomitantemente, o

modo de vida urbano, a urbanização acelerada nas últimas

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décadas e os novos hábitos de consumo (a produção cada vez

maior de lixo), propiciam ambientes favoráveis ao

desenvolvimento do mosquito (ARAUJO, 2013).

Deste modo, o objetivo desse estudo é analisar as

potencialidades e fragilidades ambientais decorrente nas

dinâmicas climáticas na formação de áreas de risco de

inundação e dengue na bacia hidrográfica do Tarumã nos anos

de 2013 a 2015.

2 MATERIAIS E MÉTODO

A unidade espacial de análise desse estudo é a parte

urbanizada da Bacia Hidrográfica do Tarumã (BHT), localizada

na cidade de Manaus-AM. A área da BHT abrange os bairros:

Colônia Terra Nova, Nova Cidade, Santa Etelvina, Lago Azul e

Monte das Oliveiras que se localizam na zona norte e Tarumã

na zona oeste em sua totalidade. Os demais bairros somente

parte do bairro constitui a espacialidade da bacia sendo estes:

Cidade Nova, Cidade de Deus, Novo Israel e Colônia Santo

Antônio que se situam na zona norte. O bairro Tarumã na zona

Oeste, e os bairros Planalto e Redenção na zona Centro-Oeste.

A bacia urbanizada do Tarumã é considerada uma bacia

mista, por se constituir parte na área urbana e parte na área rural

do município de Manaus. Os bairros que compõe a BHT, na área

urbana em sua maioria são bairros localizados na zona norte de

Manaus, que concomitantemente é a zona de maior densidade

populacional da cidade, cuja concretude resulta em um mosaico

de áreas de risco, advindo dos processos e práticas sociais

nessas áreas fragilizadas ambientalmente em constituir moradias.

A partir do decreto da Lei Municipal n° 1.401 do ano de 2010 os

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bairros Nova Cidade, Cidade de Deus e Tarumã-Açu foram

oficializados e desmembrados dos bairros: Cidade Nova e

Tarumã.

Nesse estudo a técnica de pesquisa utilizada baseou-se

em dados primários referente aos trabalhos de campo nos

bairros, cujo critério deu-se através dos dados levantados pelas

secretárias que possibilitaram o percurso através de pontos

estratégicos (rua e/ou bairro) com maior número de ocorrência

de alagação e/ou dengue especificada nos índices de

infestação e depósitos predominantes.

Em relação aos dados epidemiológicos, os dados foram

secundários constituído pelas notificações diárias de dengue

por endereçamento, foram coletadas na Secretária Municipal de

Saúde (SEMSA) assim como os dados referentes ao

Levantamento Rápido do Aedes Aegypti (LIRAa). A base

cartográfica foi disponibilizada pelo Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) assim como as variáveis

socioeconômicas utilizadas (domicílios com abastecimento de

água e domicílios com coleta de lixo). Os dados referentes ao

clima foram fornecidos pelo Instituto Nacional de Meteorologia

(INMET), utilizados neste estudo referem-se às variáveis

climáticas, de pluviosidade, temperaturas e umidade relativa

diárias.

A análise rítmica, proposta por Monteiro (1971) foi

empregada nessa pesquisa para compreensão da variabilidade

climática regional, expressa através da sazonalidade (verão e

inverno amazônico) e sua relação com os casos notificados de

dengue. Para os dados de alagação a correlação deu-se

através da variável pluviométrica que apresenta maior

correlação, visto que o acúmulo de água em ambientes urbanos

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gera vários impactos em diferentes magnitudes, que se

estruturam associado a problemas de infraestrutura, falta de

obras de engenharia, ocupações nas margens de córregos

dificultam a drenagem urbana.

A análise sistêmica desse estudo baseou-se nos

sistemas propostos a partir da Teoria do Geral dos Sistemas, o

Sistema de Clima Urbano (SCU) proposto por Monteiro (1971)

e o Sistema Ambiental Urbano (SAU) proposto por Mendonça

(2004).

O SAU é um sistema teórico-metodológico proposto por

Mendonça (2004), para o estudo e gestão das cidades.

Mendonça (2009) afirma que a gestão socioambiental urbana

se tornou um desafio premente em países como o Brasil, nos

quais a densidade e magnitude da rede urbana e das cidades

são marcadas por problemas de toda ordem, dentre os quais se

sobressai a intensificação dos riscos e vulnerabilidades

socioambientais. De maneira esquemática o SAU é composto

pelos subsistemas natural e construído que interagem entre si

e resultam nos problemas socioambientais urbanos advindo

dessas interações nas cidades, como por exemplo as

inundações e a dengue.

Monteiro nas suas análises do SCU, baseou-se também

nas proposições de Sorre (1951) relativas ao fenômeno

climático, quando o mesmo afirmou que o clima se constitui uma

série de estados da atmosfera em sua sucessão habitual num

determinado local, sendo o tempo atmosférico um desses

estados considerado isoladamente, mas que compõe o caráter

dinâmico do clima. Dessa forma, o SCU visa compreender o

clima como um sistema dinâmico e adaptativo a partir da

organização climática no ambiente urbano.

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A análise rítmica ou ritmo climático tem como objetivo

compreender a dinâmica atmosférica através dos elementos

climáticos (temperatura, pluviosidade, umidade) e sua relação

com os problemas socioambientais, de maneira que

correlacione a dinâmica dos processos com a variabilidade

climática (habitual e/ou excepcional) durante um período de

tempo. Como salienta Monteiro (1971, p.18) a “análise rítmica

consiste na representação contínua e simultânea dos

elementos básicos do clima, fato que poderia contribuir para

estudos do ritmo climático relacionado a problemas urbanos”.

Nesse estudo a utilização da analise rítmica visou

correlacionar o comportamento atmosférico com os casos

notificados de dengue nos anos de 2013, 2014 e 2015.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com um estudo realizado por Macena (2016)

sobre as áreas de risco nas bacias urbanizadas na cidade de

Manaus, os índices mensais de alagações em 2013, foram

maiores que em 2012 (ano marcado pela grande cheia que

atingiu a marca de 29,97m).

Segundo dados da Defesa Civil, na cidade de Manaus

em 2012 as alagações foram registradas 332 ocorrências, e em

2013 foram registradas 423 ocorrências de alagações. Em 2014

o Rio Negro atingiu um regime de cheia excepcional, sendo

considerada como a 6º maior cheia com 29,50m, em

decorrência disso esse ano foi o que registrou o maior número

de ocorrências no total foram 1.782, com destaque para os

meses de maio com 463 ocorrências e junho com 1.050

ocorrências.

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O cenário hidrológico em 2015, para oRio Negro no foi

também de cheia excepcional superando a cheia de 2014 com

29,66 m. Apesar de ser um ano marcado por grandes períodos

chuvosos, o número de ocorrências de alagação foram 263, o

mês com maior expressividade em ocorrências foi maio com

115 ocorrências.

Ao correlacionar o total das ocorrências na cidade de

Manaus com as ocorrências na área da BHT, identificou-se que

das 423 ocorrências registradas em Manaus no ano de 2013,

73 ocorrências foram na BHT. Em 2014 das 1.782 ocorrências

em Manaus, 73 ocorrências foram na BHT e em 2015 das 263

ocorrências, 15 foram na área da BHT. No qual identificou-se

as especificidades climáticas, contabilizando os maiores índices

trivialmente indicaram que o período chuvoso (janeiro a maio)

que corresponde ao inverno amazônico, apresentou máxima no

ano de 2013 em março com 14 ocorrências, em 2014 em maio

com 21 ocorrências, e em 2015 em março com 8 ocorrências.

A distribuição mensal das ocorrências de alagação

durante os anos de 2013 a 2015 apresentou variação mediante

a sazonalidade peculiar da Amazônia ao longo do ano que

corresponde ao período chuvoso (com os picos de chuvas mais

sucessivos e intensos) e o período de estiagem (com raras

chuvas e quando chove é com menor intensidade).

Os meses de janeiro a maio foram os que registraram

maiores ocorrências nos anos analisados em 2013 durante esses

meses foram registradas 40 ocorrências, em 2014 (58

ocorrências), e em 2015 (28 ocorrências). Nos meses de junho a

setembro as ocorrências começam a diminuir registrando em

2013 (15 ocorrências), em 2014 (7 ocorrências) e em 2015 (6

ocorrências). Nos meses de outubro a dezembro os registros

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125

aumentam novamente registrando em 2013 (22 ocorrências) em

2014 (12 ocorrências) e em 2015 (10 ocorrências).

Através da correlação entre o elemento climático

pluviosidade e as ocorrências de alagação na BHT (Fig.1), foi

identificado que no ano de 2013, nos meses de novembro a

maio com picos de 90,120,140 mm, nos meses de junho a

outubro a variabilidade dos picos de chuva diminuem, as

chuvas durante esse período são raras e com menor

intensidade. Dessa forma, os meses de fevereiro, maio,

setembro e novembro foram os que apresentaram maior

correlação na distribuição da chuva com as ocorrências de

alagação, já nos meses de maio e junho os picos de chuva

foram bem concentrados predominando raras e/ou inexistentes

em maior parte dos dias.

Figura 1. Correlação da pluviosidade diária com as ocorrências

de alagação nos anos de 2014 e 2015.

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POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES SOCIOESPACIAIS ASSOCIADAS À FORMAÇÃO DE RISCO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO TARUMÃ EM MANAUS -

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Figura 1. Correlação da pluviosidade diária com as ocorrências de alagação nos anos de 2014 e 2015 (cont.)

Fonte: INMET, SEMDEC – 2016.

No ano de 2014 e 2015, a intensidade e distribuição da

pluviosidade diminuiu quando comparado ao ano de 2013, os

meses que registraram maior quantidade de registros de

alagação foram os meses de janeiro a maio assim como os

maiores índices pluviométricos distribuído ao longo dos meses,

sendo os meses de julho a outubros os meses que registraram

menores índices e consequentemente menores ocorrências de

alagação.

A distribuição mensal das notificações de dengue

durante os anos de 2013 a 2015 também apresentou variação

mediante a sazonalidade peculiar da Amazônia ao longo do ano

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que corresponde aos períodos de verão e inverno amazônico

(período de estiagem e período chuvoso).

Diante disso, os meses de janeiro a maio foram os que

registraram maiores noticações (Fig.2).No ano de 2013 foram

registradas 3819 notificações. Em 2014 registrou 1037

notificações e em 2015 somaram 356 casos de dengue nesse

período. Em contrapartida, nos meses de junho a outubro esses

casos começam a diminuir.

Figura 2. Correlação da pluviosidade diária com as ocorrências

de alagação nos anos de 2014 e 2015.

Fonte: SEMSA, 2016.

As especificidades climáticas da região durante esse

período inibem grande parte da eclosão de novos vetores que

não se adaptam climatologicamente. A temperatura, a

precipitação e a umidade são os que apresentam maior

correlação com a proliferação do vírus da dengue, pois a

variabilidade climática existente na região apresenta condições

propícias à adaptabilidade e desenvolvimento do mosquito.

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Na Figura 3 identificamos que o comportamento da

temperatura máxima variou entre 28 e 36 °C, a média variou

entre 25 a 31 °C ea mínima entre 22 a 29 °Cao longo do ano. A

oscilação das temperaturas foi constante principalmente nos

meses de janeiro a segunda semana de junho, máxima entre

28 a 34 ° C, média entre 25 a 28 °C, mínima entre 22 a 26 °C,

enquanto que no final de junho a segunda semana de dezembro

a oscilação foi baixa, máxima entre 33 a 36 °C, média entre 26

a 29 °C e mínima entre 23 e 26 ° C.

Figura 3. Ritmo climático e a ocorrência de dengue na BHT.

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Figura 4. Ritmo climático e a ocorrência de dengue na BHT.

(Cont.)

Fonte: INMET e SEMSA, 2016.

Diante disso, identificou-se que a ocorrência de dengue

também varia de acordo com as sazonalidades climáticas

regionais, as proporções dos casos diminuíram principalmente

entre os meses de junho a setembro. O ano de 2013 configura-

se como um ano epidêmico que registrou cerca de 4660 casos

notificados, em 2014 foram 1432 casos e em 2015 somaram-se

866 casos notificados em bairros pertencentes a área da BHT.

A formação de áreas de risco epidemiológico deve-se a

inúmeros fatores dentre os quais os aspectos climáticos atuam

como potencializador e não como determinanteno processo

saúde-doença da dengue, outros potencializadores são os

aspectos socioambientais (sociais, políticos e econômicos)

como por exemplo: serviços de saneamento básico (domicílios

com coleta de lixo, esgoto a céu aberto e domicílios com

abastecimento de água) e campanhas de saúde (prevenção).

Esses potencializadores atuam sistemicamente e

quando associado a ambientes fragilizados produzem e/ou

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POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES SOCIOESPACIAIS ASSOCIADAS À FORMAÇÃO DE RISCO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO TARUMÃ EM MANAUS -

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reproduzem áreas de risco, expressos a partir da ineficiência

e/ou ausência de equipamento urbano possibilitam retratam as

desigualdades espaciais como na distribuição da dengue, visto

que esses casos de dengue não são homogêneos em toda a

bacia do Tarumã, mas sim em espaços heterogêneos

produzindo diferentes territorialidades de riscos.

A dengue se constitui em uma doença negligenciada isso

deve-se os fatores que a potencializam encontrarem maior

desenvolvimento em áreas desprovidas de saneamento urbano

que são as áreas de risco, constituída por pessoas de baixo

poder aquisitivo. E a sazonalidade climática anual da região

potencializa esses criadouros que eclodem sobre essas

estruturas ocasionando diferentes graus de vulnerabilidades a

população.

4 CONCLUSÕES

Os aspectos climáticos no desenvolvimento da dengue e

nas ocorrências de alagação na Bacia do Tarumã-Açu, ficou

explicito a sazonalidade climática, expressa pelo verão

amazônico (meses de julho a outubro) e inverno amazônico

(meses de novembro a maio), e concomitante a expressividade

de casos e ocorrências em 2013 que o constituiu como ano de

risco epidemiológico (dengue) e hidrogeomorfológicos

(alagação) evidenciando a vulnerabilidade da população

através da relação sociedade e natureza.

No contexto tanto da alagação quanto da dengue

ocorridas na BHT durante o período as maiores ocorrências

registradas são no primeiro semestre do ano. Mediante a

distribuição de chuvas distribuídas com intervalos curtos mais

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de grande intensidade e temperaturas oscilando entre máximas

e mínimas de 28 a 34ºC as estruturas urbanas que não

possuem redes de drenagens e saneamento básico em

condições mínimas de funcionamento se constituem como

ambientes favoráveis ao desenvolvimento do mosquito visto

que depois da alagação esses ambientes tornam-se depósitos

predominantes para o vetor que juntamente com outros

potencializadores (clima e políticas públicas de saúde) atuam

no aceleramento ou retardamento do ciclo do aedes aegypti.

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CAPÍTULO 7 CAPÍTULO 1

VETORES DE DOENÇAS ASSOCIADOS AO LIXO URBANO: ESTUDO DE CASO COM

ESTUDANTES DE ENSINO SUPERIOR

Maria Julia Navarro KASSIM1 Zuleica Oliani ROSSI2

Paulo Renato Matos LOPES3 1 Graduando do curso de Enfermagem (UNIFADRA); ² Professora/Orientadora da

UNIFADRA; ³Professor/Orientador (FCAT/UNESP).

E-mail: [email protected]

RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar o conhecimento e a participação da comunidade acadêmica da União das Faculdades de Dracena (UNIFADRA) quanto ao conhecimento de doenças relacionadas aos resíduos sólidos urbanos e a respeito da coleta seletiva, por meio de uma pesquisa exploratória e descritiva. Os resultados demonstraram que os acadêmicos recebiam ate 4 salários mínimos ao mês, fator esse importante, pois interfere positivamente no grau de instrução e conhecimento do aluno. Já em comparação ao nível de conhecimento em relação à coleta seletiva presente em sua cidade, os entrevistados abordaram ter conhecimento dessas praticas em seu município. Houve o conhecimento positivo de que o descarte incorreto do lixo poderia provocar doenças, porém quando correlacionamos os resíduos sólidos com as doenças, percebemos que ainda ¼ da população acadêmica não sabe dessa correlação. Quando se trata do grau de importância das doenças em relação aos resíduos sólidos urbanos, foi notório que mais de 70% dos entrevistados, julgam importante ou muito importante à relação das doenças com o lixo, em se tratando a respeito das doenças e os seus

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respectivos vetores, apenas metade havia conhecimento das doenças e seus vetores. Tais resultados são essenciais no diagnóstico da população para estabelecer estratégias de educação ambiental e de combate a problemas de saúde. Palavras-chave: Educação ambiental. Saúde Publica. Resíduos sólidos urbanos.

1 INTRODUÇÃO

O crescimento da população e a melhora da sua

qualidade de vida implicam no aumento descontrolado do

consumo humano, gerando por fim, acumulo de resíduos. Na

maioria das vezes, por falta de conhecimento ou gestão, estes

materiais vão parar em locais incorretos, o que ocasiona um

grave problema de saúde pública em virtude da disseminação

de diversos tipos de vetores que contribuem para a propagação

de doenças (DALL'AGNOL et al, 2016).

Como fator agravante, há um desinteresse muito grande

pelos gestores públicos de países em desenvolvimento, no que

se referem às questões associadas aos resíduos sólidos

urbanos e às doenças relacionadas, tal fato que afeta

diretamente o meio ambiente e a saúde publica e poucos

investimentos e soluções vêm sendo abordadas nesses países

(BRINGHENTI, 2004).

Segundo a Norma brasileira (NBR 10004,1987, p.63), os

resíduos sólidos definem-se como:

“aqueles resíduos nos estados sólido e semi-

sólido, que resultam de atividades da

comunidade de origem industrial, doméstica,

hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de

varrição. Ficam incluídos nesta definição os

lodos provenientes de sistemas de tratamento de

água, aqueles gerados em equipamentos e

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instalações de controle de poluição, bem como

determinados líquidos cujas particularidades

tornem inviável o seu lançamento na rede pública

de esgotos ou corpos de água, ou exijam para

isso soluções técnicas e economicamente

inviáveis em face de melhor tecnologia

disponível”.

A lei nº 12.305/2010 BRASIL (2010), que instituiu a

Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), cujo

assunto é responsável por tratar da gestão de resíduos, de

como podem ser realizadas a sua destinação e como

minimizar o efeitos gerados pelo descarte incorreto dos

resíduos, proporcionando informações e uma visão mais

critica a respeito de meio em que vivemos.

Já a lei nº 9.795/99 BRASIL (1999), que instituiu a

Política Nacional de Educação Ambiental, que define o conceito

a população a respeito do conhecimento e aprendizado com

relação ao meio ambiente, sendo obrigatória a introdução

desses assuntos em todos os níveis de ensino, contribuindo

assim para o aprendizado e conduta das pessoas.

De acordo com Araujo e Ramos (2014), é insuficiente a

prática de educação ambiental em universidades. Contudo,

estão sendo introduzidas disciplinas relacionadas à

sustentabilidade e o meio ambiente, visando à introdução de

novos programas curriculares.

Ainda se tratando de nível de ensino superior, tem-se

observado alguns obstáculos de construção de projetos

institucionais que visam à educação ambiental como um

processo educativo, sendo apenas praticada de modo pontual

e não como um projeto pedagógico da maioria das

universidades (BATISTA; RAMOS, 2011).

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Destaca-se que este assunto no país tem preocupação

recente sendo que o prazo para a elaboração de plano de

gestão racional de resíduos sólidos urbanos era ate o final de

2013. Porém, ainda há o descarte em lixões que, de acordo com

a lei nº 12.305/2010 BRASIL (2010), deveria ser extintos a

partir de 02/08/2014. Caso não fosse obedecida à

legislação, os municípios não poderiam solicitar recursos

da União para limpeza urbana.

Neste sentido há o projeto de lei 2289/2015, aprovado no

Senado e em tramitação na Câmara dos Deputados, que visa à

prorrogação do uso de lixões até 2021. Tal aprovação pelos

senadores demonstra à falta de planejamento de gestão

pública, uma vez que o prazo previamente estabelecido não foi

capaz de suportar as demandas municipais, cujos locais de

destinação correto do lixo eram geralmente a céu aberto

(BRASIL, 2015).

Além disso, a maioria dos municípios não tem

conhecimento técnico cientifico para a aplicação literal da

PNRS. Há um despreparo grande quando o assunto se trata da

sua implantação já que os custos são elevados e, muitas vezes,

utilizados para soluções paliativas (CORRÊA; CORRÊA, 2011).

Logo, um instrumental essencial da Política Nacional de

Resíduos Sólidos é a educação ambiental. Como exemplo,

pode-se citar o programa de coleta seletiva em alguns

municípios pela efetiva participação da sociedade, que permite

o reaproveitamento de materiais que iriam diretamente aos

lixões, a geração de fonte de renda para cidadãos e a valoração

de resíduos com potencial de reuso. Neste sentido, a coleta

seletiva começa dentro da própria residência, pela

conscientização dos moradores que participação da separação

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138

dos resíduos e encaminham para o descarte correto

(BRINGHENTI, 2004).

De acordo com Ribeiro e Besen (2006), apenas 451

municípios brasileiros desenvolvem programas de coleta

seletiva. Destes 8,2% do total de municípios, a maioria está

localizada nas regiões Sul e Sudeste do país. Seu êxito está

inicialmente pelo volume considerável de materiais recicláveis

desviados dos aterros e/ou lixões, aumento o tempo de vida útil

destas instalações. Além disso, este montante torna-se

significativo se somado aos materiais coletados nas ruas por

catadores e cooperativas.

Dentre as barreiras encontradas na implantação de

programas de coleta seletiva nos municípios, encontram-se o

custo elevado, o tempo para alcançar resultados expressivos e,

principalmente, a mobilização e participação social. É

necessário um planejamento abrangente envolvendo as

pessoas, sensibilizando-as de importância em conhecer quais

os resíduos gerados e quais as características dos lugares de

armazenamento, dar ênfase no mercado de recicláveis e, por

fim, a tomada de decisão pelos próprios cidadãos (VILHENA,

2014).

Portanto, a adesão popular é um desafio grande

justificada por diversos fatores, como: a falta de tempo, a falta

de conhecimento e o desinteresse da gestão municipal em

assistir algumas regiões carentes (BRINGHENTI, 2004).

Conforme a lei nº 5.318/1967, que institui a Política

Nacional de Saneamento e cria o Conselho Nacional de

Saneamento, há menções a respeito da poluição do lençol

freático devido ao descarte incorreto do “lixo urbano”. Baseado

nesta legislação, a PNRS foi criada visando minimizar os

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139

fatores condicionantes de transmissão de doenças (BRASIL,

1967).

Com a falta de políticas publicas na gestão de resíduos

sólidos urbanos, o acúmulo em lugares inapropriados atraem

diversos animais, cujo potencial de disseminação de doenças

tornam-lhes importantes vetores. Assim, muitos patógenos

entram em contato direto com a população, o que pode refletir

em epidemias ou endemias. Ademais, há o agravante da

poluição de águas superficiais e subterrâneas pelo chorume,

que é o liquido proveniente da decomposição desses resíduos

(GOUVEIA, 2012).

Portanto, as doenças que provem com o mau

gerenciamento dos resíduos podem são potencializadas pela

ambiente propício de transmissão pela água, pelos resíduos

acumulados e/ou pelos animais. Como exemplo, pode-se citar:

diarreia, febres entéricas, hepatite A, dengue, febre amarela,

leishmanioses, filariose linfática, malária, doença de Chagas,

esquistossomose, leptospirose, doenças dos olhos, tracoma,

conjuntivites, micoses, helmintíases, teníases, dentre outras

(BRINGHENTHI, 2004).

A Constituição Federal de 1988, em seus artigos 196 a

200, define que a saúde é um direito de todos e dever do

estado, compreendendo o ser humano em sua universalidade,

integridade e igualdade. E as suas ações devem promover,

proteger e recuperar a saúde dos indivíduos e da coletividade

de forma regionalizada, hierarquizada, descentralizada e de

participação social e compete ainda a este sistema, prover e

executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica para

colaborar na proteção do meio ambiente (BRASIL, 1988).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde OMS

(2011), o mosquito Aedes aegypti é um dos principais

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140

problemas de saúde publica do Brasil, pois a sua picada

transmiti diversos tipos de doenças como, por exemplo, a

dengue, a febre amarela, febre chikungunha e o zika vírus,

acarretando assim investimentos notórios em suas campanhas.

Assim, nota-se um dos fatores importantes para o

surgimento de doenças é a degradação do meio ambiente que

está intrinsecamente ligada ao descarte inadequado dos

resíduos sólidos urbanos. A preocupação ambiental torna-se

significativa no sentido de contribuir com uma boa saúde

pública e ambiental para os munícipes (SCHMIDT, 2007).

A partir disso, houve a preocupação em verificar a

relação entre as doenças veiculadas pelos resíduos sólidos

urbanos com o impacto no meio ambiente. Deste modo, pode-

se fomentar a elaboração de instrumentos de políticas de saúde

pública e de saneamento ambiental. Portanto, o presente

trabalho torna-se uma importante ferramenta futura para definir

estratégias com enfoque na gestão de resíduos para a

diminuição de doenças relacionadas a ele e informar a

população seus respectivos veículos de transmissão e o

descarte correto dos diferentes tipos de resíduos.

O objetivo do trabalho foi analisar a compreensão da

comunidade acadêmica da Unifadra na gestão de resíduos

sólidos urbanos, bem como investigar as doenças relacionadas

ao saneamento ambiental.

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141

2 MATERIAIS E METODOS

A pesquisa foi realizada no município de Dracena-SP,

localizado a latitude 21º48’48’’ S e longitude 51º53’55’’ W, na

Faculdade de Dracena (UNIFADRA/FUNDEC). Os estudantes

foram escolhidos de acordo com suas diferenças de perfis

socioeconômicos e cultural.

O método baseou-se em uma pesquisa exploratória e

descritiva pela aplicação de um questionário referente à gestão

dos resíduos nas residências, ao seu mau gerenciamento e às

doenças relacionadas a esses materiais. Assim, foram

estabelecidas relações entre os hábitos dos diferentes

estudantes em relação ao seu perfil socioeconômico e cultural,

além de demonstrar os motivos mais relevantes pelos quais as

pessoas participam ou não do programa de coleta seletiva do

município e se eles conseguem associar as doenças veiculadas

pelos resíduos.

O questionário foi distribuído e coletado de sala em sala,

posteriormente, os dados foram analisados e interpretados a

fim de diagnosticar os principais problemas e desenvolver

estratégias direcionadas quanto à destinação adequada dos

resíduos sólidos urbanos e medidas de políticas publicas com

as doenças veiculadas.

Participaram da pesquisa 184 acadêmicos da

UNIFADRA. Um questionário com 24 questões foi aplicado,

abrangendo 135 pessoas do sexo feminino e 49 do sexo

masculino.

Para este trabalho foram consideradas as questões 4,

6, 13, 14, 15, 16,17,18,19,20 apresentadas abaixo:

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4. Renda familiar

( ) até 2 SM ( ) 2 a 4 SM ( ) 4 a 10 SM

( ) 10 a 20 SM ( ) 20 SM ou mais

6. Você sabe se o município realiza coleta

seletiva?

( ) Sim ( ) Não ( ) Nunca me propus a saber

13. Você sabia que o descarte incorreto de

lixo pode provocar doenças?

( ) Sim ( ) Não

14. Você conhece alguma doença relacionada

com o lixo?

( ) Sim ( ) Não

15. Qual o grau de importância das doenças abaixo

em relação aos resíduos sólidos urbanos (lixo)?

*responder os itens de A a E de acordo com a escala:

Sem importância (Muito fraco), Pouca importância (Fraco),

Neutra (Médio), Importante (Forte) e Muito importante (Muito

forte).

A. Giardíase

B. Hantavírus

C. Leishmaniose

D. Leptospirose

E. Toxoplasmose

16. Qual o grau de importância das doenças abaixo

em relação aos seus respectivos vetores?

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143

*responder os itens de A a E de acordo com a escala:

Sem importância (Muito fraco), Pouca importância (Fraco),

Neutra (Médio), Importante (Forte) e Muito importante (Muito

forte).

A. Giardíase- vetor barata

B. Hantavírus- vetor rato

C. Leishmaniose-vetor mosquito

D. Leptospirose-vetor rato

E. Toxoplasmose-vetor animais de estimação

17. Dentre as doenças acima, houve casos

recentes em seu bairro?

( ) Sim ( ) Não

18. Você já ouviu falar dessas doenças:

dengue, febre chikungunya, zika vírus e febre amarela?

( ) Sim ( ) Não

19. Qual o grau de importância das doenças

abaixo em relação aos resíduos sólidos urbanos (lixo)?

*responder os itens de A a D de acordo com a escala:

Sem importância (Muito fraco), Pouca importância (Fraco),

Neutra (Médio), Importante (Forte) e Muito importante (Muito

forte).

A. Dengue

B. Febre chikungunya

C. Zika vírus

D. Febre amarela

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144

20. Qual o seu nível de conhecimento a respeito

das doenças e os seus respectivos vetores?

*responder os itens de A a D de acordo com a escala: Sem

importância (Muito fraco), Pouca importância (Fraco), Neutra

(Médio), Importante (Forte) e Muito importante (Muito forte).

A. Dengue/ vetor – mosquito

B. Febre chikungunya/ vetor – mosquito

C. Zika vírus/ vetor – mosquito

D. Febre amarela/ vetor – mosquito

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em relação ao grau social dos entrevistados, percebeu-

se que 85% dos acadêmicos recebiam ate 4 salários mínimos

ao mês, um fator esse importante, pois interfere positivamente

no grau de instrução e conhecimento do aluno “Figura (1)”

Figura 1. Relação de salários mínimos entre os estudantes

universitários entrevistados.

Fonte: Proprio autor.2017

Já quando comparamos o nível de conhecimento

acadêmico em relação à coleta seletiva presente em sua

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cidade, 89% dos entrevistados abordaram ter conhecimento

dessas praticas em seu município “Figura (2)”.

Figura 2. Relação do conhecimento acadêmico a respeito da

coleta seletiva em seu município.

Fonte: Proprio autor.2017

Em 96% dos entrevistados ouve o conhecimento positivo

de que o descarte incorreto do lixo poderia provocar doenças

“Figura (3)”.

Figura 3. Relação do conhecimento acadêmico a respeito do

descarte incorreto de lixo e sua capacidade de provocar

doença.

Fonte: Proprio autor.2017

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Quando correlacionamos os resíduos sólidos com as doenças,

percebemos que ainda ¼ da população acadêmica não sabe

dessa correlação.

Em se tratando do grau de importância das doenças em

relação aos resíduos sólidos urbanos “lixo”, (Questão 15), foi

perceptível notar que mais de 70% dos entrevistados, julgam

importante ou muito importante à relação das doenças com o

lixo “Figura (4)”.

Figura 4. Grau de importância de cinco importantes doenças em

relação aos resíduos sólidos urbanos (lixo). (A) Giardíase; (B)

Hantavírus; (C) Leishmaniose; (D) Leptospirose; (E)

Toxoplasmose.

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147

Fonte: Proprio autor.2017

Quando comparamos o nível de conhecimento a respeito

das doenças e os seus respectivos vetores, (Questão 16), foi

notado que 30% dos alunos estavam neutros a esse

conhecimento e cerca de 50% tinham conhecimento das

doenças e seus vetores “Figura (5)”.

Figura 5. Nível de conhecimento a respeito de cinco

importantes doenças e os seus respectivos vetores. (A)

Giardíase - Barata; (B) Hantavírus - Rato; (C) Leishmaniose

- Mosquito; (D) Leptospirose - Rato; (E) Toxoplasmose -

Animais de estimação.

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Fonte: Proprio autor.2017

Ao perguntamos se houve caso dessas doenças no

bairro 29% dos entrevistados afirmaram que sim “Figura (6)”.

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Figura 6. Relação do conhecimento acadêmico a respeito

das doenças abaixo acometidas no bairro.

Fonte: Proprio autor.2017

Quando abordamos a respeito da dengue, febre chikungunya, zika virus e febre amarela (Questão 18) são notórias o conhecimento acadêmico a respeito das respectivas doenças “Figura (7)”.

Figura 7. Relação do conhecimento acadêmico a respeito das

doenças abaixo.

Fonte: Proprio autor.2017

Quando relacionado o grau de importância das doenças

dengue, febre chikungunya, zika vírus e febre amarela em

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150

relação aos resíduos sólidos urbanos (Questão 19), foram

observadas que a maioria dos entrevistados, com índices

maiores que 80%, consideraram esta associação importante ou

muito importante. “Figura (8)”.

Figura 8. Nível de conhecimento a respeito de quatro

importantes doenças em relação aos resíduos sólidos

urbanos (lixo). (A) Dengue; (B) Febre chikungunya; (C) Zika

vírus; (D) Febre amarela.

Fonte: Proprio autor.2017

Semelhantemente, a análise da Questão 20 revelou que

o seu nível de conhecimento a respeito das doenças e os seus

respectivos vetores foi bom. Com o mínimo observado de 70%

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151

dos acadêmicos considerando importante ou muito importante

para ambas as universidades, tem-se satisfatório resultado na

instrução dos entrevistados quanto aos vetores “Figura (10)”.

Figura 10. Nível de conhecimento a respeito de quatro

importantes doenças em relação aos seus vetores. (A)

Dengue- mosquito; (B) Febre chikungunya- mosquito; (C)

Zika vírus- mosquito; (D) Febre amarela- mosquito.

Fonte: Proprio autor.2017

4 CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos, concluiu-se que, dentre

estudantes universitários entrevistados, há relativa consciência

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152

quanto às doenças ligadas diretamente à má gestão dos

resíduos sólidos urbanos.

Em relação às doenças avaliadas, a leishmaniose e a

leptospirose representaram maior conhecimento quanto à sua

transmissão ligada ao lixo e aos animais vetores. Porem, a

giardíase foi à enfermidade que os entrevistados tiveram tem

menor consciência de sua relação com RSU e também quanto

ao animal transmissor.

Deve-se destacar o fator neutro considerado por 19,8%

a 28,6% relacionados ao nível de conhecimento das pessoas

quanto às cinco doenças avaliadas.

Logo, o trabalho expõe um diagnóstico sobre uma

parcela de população com bom nível de instrução

(universitários) que revela o desconhecimento das pessoas

quanto à saúde pública ligada ao saneamento ambiental e à

gestão dos resíduos sólidos urbanos (lixo).

Além disso, foi observado que os entrevistados

consideraram importantes os vetores e a relação dos resíduos

sólidos urbanos com as doenças dengue, febre chikungunya,

zika vírus e febre amarela.

Neste sentido, torna-se essencial a criação de instrumentos que

fomentem a implantação de políticas de saúde pública e o

desenvolvimento de ações diretas de conscientização e

medidas preventivas para população.

REFERÊNCIAS

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INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NAS INTERNAÇÕES POR MICOSES NO ESTADO DO MARANHÃO

155

CAPÍTULO 8

INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NAS INTERNAÇÕES POR MICOSES NO ESTADO DO MARANHÃO

Letícia Chagas da Silva1

Jessflan Rafael Nascimento Santos1 Ruana Andrea Frazão Moraes1

Fabrício Brito Silva2

Julliana Ribeiro Alves dos Santos2 1 Mestrandos em Meio Ambiente, Universidade CEUMA; 2Docente do Mestrado em Meio

Ambiente da Universidade CEUMA;. [email protected]

RESUMO: O Maranhão é um dos estados brasileiros que apresenta endemicidade para doenças infecciosas como a tuberculose, leishmaniose, hanseníase e micoses sistêmicas. As infecções fúngicas são fortemente moduladas por fatores ambientais referentes ao clima, uso e ocupação do solo, desenvolvimento urbano, saneamento ambiental, entre outros aspectos. O objetivo deste estudo é caracterizar as relações entre as variáveis climáticas e as internações por micoses no Estado do Maranhão no período de 2008 a 2016. Neste artigo, identificamos fatores que correlacionem os fatores climáticos ao cronograma sazonal e os surtos de micoses sistêmicas no Estado. Foi realizado um levantamento do quantitativo de internações por micoses sistêmicas registradas no estado do Maranhão no período de 2008 a 2016. Os dados climatológicos foram adquiridos a partir de 12 estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia – INMET. Foram utilizados registros anuais de precipitação e temperatura de 2008 a 2016 e identificados 28 municípios responsáveis por 79,26% do total de internações por micoses no Maranhão, durante o período

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INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NAS INTERNAÇÕES POR MICOSES NO ESTADO DO MARANHÃO

156

avaliado. Os dados apresentados confirmam que o surto de internações por micoses são modulados pelas condições climáticas, uma vez que os agentes etiológicos das micoses sistêmicas estão presentes no ambiente o que ressalta a importância de estudos como este, que possibilitarão aos gestores públicos a adoção de medidas de mitigação dos impactos ambientais para a prevenção de micoses sistêmicas. Palavras-chave: Micoses. Temperatura. Precipitação.

1 INTRODUÇÃO

O Maranhão é um dos estados brasileiros que apresenta

endemicidade para doenças infecciosas como a tuberculose,

leishmaniose, hanseníase e micoses sistêmicas.Os fungos são

comumente subestimados como agentes de doenças humanas

e, por isso, mortes resultantes de infecções fúngicas são muitas

vezes negligenciadas, representando assim um problema de

saúde pública (BROWN, 2012).

Dados do Sistema de Internação Hospitalar do Sistema

Único de Saúde –SIH-SUS mostram que, no Brasil, as

principais micoses sistêmicas responsáveis por internações são

a criptococose, a coccidioidomicose, a paracoccidioidomicose e

a histoplasmose. Estas doenças também são consideradas

micoses sistêmicas causadas por fungos patogênicos e que

têm como porta de entrada o trato respiratório, a partir de onde

podem disseminar para outros órgãos e tecidos (SUVISA,

2012).

Desde 1961, o Ministério da Saúde do Brasil estabeleceu

uma lista de doenças humanas que exigem notificação

compulsória. Apesar de uma expansão da lista nos últimos

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157

anos, refletindo a incorporação de novos desafios para o

sistema de saúde pública, doenças fúngicas invasivas não têm

sido objeto de vigilância epidemiológica nacional (TEIXEIRA,

2014).

A incidência de infecções fúngicas varia de acordo com

as condições socioeconômicas, fatores geoclimáticos, hábitos

culturais e o número de condições individuais de risco para a

aquisição dessas infecções. No Brasil, um país continental com

uma população atualmente superior a 200 milhões de pessoas,

a única infecção fúngica humana que passou, recentemente, a

compor a lista de doenças oficialmente notificáveis foi a

esporitrocose, no Estado de Pernambuco. Essa situação

dificulta a aquisição de dados epidemiológicos e mascara a

incidência real de infecções fúngicas superficiais e / ou

invasivas no país (GIACOMAZZI, 2016).

Para a maioria das infecções fúngicas no Brasil, poucas

informações epidemiológicas estão disponíveis, o que ajuda

pouco na prestação de informações precisas sobre a carga de

doença, uma vez que os diagnósticos são freqüentemente

perdidos, notadamente em relação à aspergilose invasiva e à

pneumonia causada por Pneumocystis (Dignani,2014). A fim

de confirmar estes números alarmantes, tanto os estudos de

vigilância comunitárias quanto hospitalares são urgentemente

necessários.

No Brasil, entre as micoses sistêmicas, a criptococose

tem sido relatada como a mais prevalente em termos de

internação. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil predomina a

criptococose associada à AIDS, em homens, causada pela

espécie C.neoformans, sendo a letalidade de cerca de 35 a

40%. Casos por espécie C.gattii importados ou não de outras

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158

regiões do país ocorrem esporadicamente também nas regiões

Sul e Sudeste (SUVISA, 2012).

A criptococose é a terceira infecção oportunista

associada à AIDS (ALMEIDA & MACHADO, 2014). Embora a

alimentação de pombos em vias públicas, passeios públicos e

praças da cidade seja proibida pela lei 10.003/2007,

recentemente foi observado um aumento na proliferação destas

aves em praças públicas do centro e nas regiões da orla da

cidade de São Luís (MA), o que aumenta os riscos de infecções

pelos agentes da criptococose.

Outra micose sistêmica responsável por internações é a

coccidioidomicose, adquirida por meio da inalação de

artroconídios de fungos do gênero Coccidioides, com dois

principais representantes: C. immitis e C. posadasii, que são

espécies saprófitas do solo. É uma infecção restrita a regiões

de clima árido e semi-árido, principalmente solo alcalino e de

baixo índice pluviométrico. No Brasil, o primeiro caso da doença

foi descrito no final da década de 70 e desde então, foram

descritos casos em regiões semi-áridas do Piauí, Bahia, Ceará

e Maranhão, com microepidemias, principalmente entre

caçadores de tatu (DEUS FILHO et al., 2010, MACÊDO et al.,

2011).

A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose

sistêmica, causada por Paracoccidioides brasiliensis ou P. lutzii

que acomete órgãos nobres como os pulmões e pode ser

disseminada para outros sistemas. A PCM parece estar mais

bem associada com o solo e o cultivo de café, devido a maior

incidência da doença em trabalhadores rurais na monocultura

(BAGAGLI et al., 2009).

A principal rota de contágio da micose é a respiratória,

por meio da inalação de propágulos fúngicos provenientes do

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159

solo, vegetais ou água, durante o estágio de saprobiose

(BOCCA et al., 2013). Foi realizado um estudo no município de

Botucatu (São Paulo) com a avaliação de uma série de casos

agudos/ subagudos, como resultado da variablidade climática

(BARROZO et al., 2009) e no ano seguinte, foi descrito o

primeiro grupo de casos da forma aguda de

paracoccidioidomicose relacionado à uma anomalia climática

(BARROZO et al., 2010).

A histoplasmose por sua vez, é uma micose sistêmica

que tem como principal agente etiológico,

Histoplasmacapsulatumvar.capsulatum, presente em solo rico

em excrementos de morcegos e pássaros. Tem larga

distribuição mundial, com casos descritos em todo Brasil, porém

o Estado do Rio de Janeiro é responsável pelo maior de número

de relatos. A infecção também ocorre por via respiratória, por

meio da inalação de propágulos fúngicos presentes no

ambiente (AIDÉ, 2009). Assim como em relação às outras

micoses sistêmicas, as flutuações temporais da incidência de

histoplasmose disseminada podem também ser explicadas por

variações climáticas (HANF et al., 2012).

A cromoblastomicose é uma micose subcutânea que

afeta principalmente homens trabalhadores rurais, cujo

principal agente etiológico é o fungo Fonsecaeapedrosoi, que

pode penetrar na pele do indivíduo, após uma implantação

traumática. A região amazônica é considerada endêmica para

esta micose e muitos casos já foram descritos no Estado do

Maranhão, principalmente entre os queimadores do coco

Babaçu (NASCIMENTO et al., 2015).

Um dos principais desafios em relação às micoses

sistêmicas é o estabelecimento de uma terapia adequada após

o diagnóstico que, na maioria das vezes, é tardio. As opções

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160

terapêuticas são restritas a poucas classes de antifúngicos

como derivados azólicos, poliênicos, alilaminas e

equinocandinas. Somado ao arsenal limitado de drogas, a

resistência a estes fármacos limita a terapia antifúngica.

Acredita-se que uma das causas da resistência aos antifúngicos

está associada ao uso de agrotóxicos que causam uma pressão

seletiva nos fungos presentes no ambiente e possibilitam a

disseminação de estirpes resistentes aos antigúngicos de uso

clínico (CHOWDHARY et al., 2013).

Sabe-se que cerca de 14.000 espécies de fungos

existem no Brasil, o que representa aproximadamente 14% da

diversidade mundial. Os números são mais representativos na

Mata Atlântica, seguidos pela Caatinga, Amazônia e Cerrado.

Entre as regiões do Brasil, o Nordeste e o Sudeste possuem a

maior diversidade de espécies fúngicas, com destaque para

Pernambuco e São Paulo. No entanto, o Maranhão e o Espírito

Santo são os locais onde ainda se conhece pouco sobre a

diversidade micológica (MAIA & CARVALHO JÚNIOR, 2010).

De acordo com os dados do Sistema de Internação

Hospitalar do Sistema Único de Saúde (SIH – SUS), as micoses

foram responsáveis por um maior número de internações no

Estado do Maranhão, no período de Abril a Junho de 2016 (com

um pico no mês de Maio). Além disso, a proliferação de pombos

nas áreas urbanas reacende uma questão de educação

ambiental.

Estes dados despertam o interesse para avaliação dos

fatores ambientais que podem influenciar as variações

temporais da incidência de infecções fúngicas no Estado do

Maranhão. As infecções fúngicas são fortemente moduladas

por fatores ambientais referentes ao clima, uso e ocupação do

solo, desenvolvimento urbano, saneamento ambiental, entre

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161

outros aspectos (BARROZO et al., 2010; MACÊDO et al., 2011;

HANF et al., 2012; UEJIO et al., 2015). Em um estudo realizado

recentemente por Silva e colaboradores (2016), foi evidenciado

que as mudanças climáticas ocorrem diferentemente no Estado

do Maranhão, não obrigatoriamente influenciadas pelo bioma,

o que pode influenciar a proliferação e disseminação dos

agentes fúngicos no ambiente em diferentes regiões do Estado.

É importante ressaltar que além da ausência de

notificação compulsória, as micoses são acompanhadas por

alta letalidade (30-70%). Além disso, não se distribuem

homogeneamente nas áreas endêmicas, o que compromete o

conhecimento do número real de casos, destacando a

importância deste estudo, principalmente para a região

Nordeste do Brasil.

O objetivo deste estudo é caracterizar as relações entre

as variáveis climáticas e as internações por micoses no Estado

do Maranhão no período de 2008 a 2016.Neste artigo,

buscamos identificar fatores que correlacionem os fatores

climáticos ao cronograma sazonal e os surtos de micoses

sistêmicas no Estado.Os resultados permitirão delimitar as

áreas e os períodos com maior propensão à dispersão dos

agentes fúngicos no ambiente, possibilitando às autoridades de

saúde pública a adoção de medidas preventivas apropriadasa

fim de controlar o foco e a frequência destas doenças.

2 MATERIAIS E MÉTODO

O Maranhão está situado em uma área de transição

entre a região Nordeste e a Região Amazônica. O Estado

encontra-se numa posição entre três macrorregiões brasileiras:

Nordeste, Norte e Centro Oeste e abrange uma área de

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162

331.935,5 km2De acordo com dados do IBGE (2010),

apopulação atual é de 6.574.789 e a densidade populacional é

igual a 19,81 hab./km2, com 63,1% (4.147.149habitantes) da

população vivendo em áreas consideradas urbanas.

Inicialmente, foi realizado um levantamento do

quantitativo de internações por micoses sistêmicas registradas

no estado do Maranhão no período de 2008 a 2016. Estas

informações foram coletadas na base de dados do

Departamento de Informática e Sistema de Internação

Hospitalar-SUS(DATASUS/ SIH - SUS).

Os dados climatológicos foram adquiridos a partir de 12

estações meteorológicas do Instituto Nacional de Meteorologia

– INMET, distribuídas no Estado do Maranhão. Foram utilizados

registros anuaisde precipitação, temperatura máxima e mínima,

no período de 2008 a 2016.

Após coleta dos dados anuais das internações por

micoses nos municípios, foram identificados os 10 municípios

com maior incidência de internações por micose. Estes foram

tabelados em planilhas juntamente com os dados das

precipitações e médias da temperatura máxima e temperatura

mínima anual de cada estação climática na qual o município

está localizado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos dados do SIH-DATASUS, os municípios do

Estado do Maranhão com maior incidência de internações por

micoses (2008-2016) estão apresentados na Figura 1.

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163

Figura 1Municípios do Estado do Maranhão com maior incidência de internações por micoses (2008-2016).

Estes 28 municípios foram responsáveis por 79,26% do

total de internações por micoses no Estado do Maranhão,

durante o período avaliado. Os 10 municípios com o maior

número de casos de internações por micoses foram: São Luís

(10,28%), Governador Luiz Rocha (8,53%), São Pedro dos

Crentes (7,93%), São Pedro da Água Branca (7,90%), Vila

Nova dos Martírios (4,91%), Presidente Dutra (4,87%),

Palmeirândia (3,81%), Joselândia (3,41%), Timbiras (3,31%) e

Santa Inês (2,82%) (Figura 1). Vale ressaltar que os municípios

com maior número de casos de internações por micoses estão

distribuídos nas diferentes regiões do Estado, com destaque

para a capital, São Luís, além dos municípios de Governador

Luiz Rocha (Região Leste do Estado), São Pedro dos Crentes,

na região meso-Sul e São Pedro da Água Branca, na região

Oeste do Maranhão.

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INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NAS INTERNAÇÕES POR MICOSES NO ESTADO DO MARANHÃO

164

Os dez municípios foram selecionados para análise com

os dados climáticos (precipitação e temperatura). Esta análise

resultou em uma série temporal da incidência de internações

por micose. Foram gerados gráficos que correlacionaram estas

incidências, com a precipitação e a temperatura máxima e

mínima das estações climáticas dos municípios no período

estudado.

No município de Timbiras, houve um pico de internações

por micoses em 2008 (95 casos) registrados em temperaturas

acima de 36°c (Fig.2 a) e durante altos níveis de precipitação

(Fig.2.b). Após 2008, houve uma queda no número de

internações por micoses, coincidindo com uma redução nos

níveis de precipitação neste município.

Tem sido especulado há muito tempo que os

mecanismos mediados pelo meio ambiente causam flutuações

sazonais e interanuais significativas na incidência de infecção

por micoses. Um mecanismo proposto sugere que a

precipitação modifica a adequação do meio ambiente para o

crescimento de fungos. Outros autores concordando com esta

hipótese, mostram que existem várias relações identificadas

entre as taxas de caso e a precipitação precedente tambémno

Estado do Arizona, EUA. (KOLIVRAS, 2003).

Além disso, um maior armazenamento de água no solo2

anos antes da exposição, pode explicar a relação sugerida

entre P. brasiliensis e precipitação / umidade

(BARROZO,2009).

Por outro lado, em Joselândia houve um aumento dos

níveis de precipitação, durante o período avaliado (Fig. 2 d), o

que resultou em um aumento das internações por micoses em

períodos com baixas temperaturas (Fig.2 c).

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165

Além de influenciar a presença de Coccidioides spp. no

solo, a ausência de precipitação pode fazer com que o fungo

esporule e aerossolize mais prontamente. Vários estudos

apontam para uma associação negativa entre a sazonalidade

dos casos e a precipitação como suporte desta afirmação.

(COMRIE,2013).É possível que a precipitação não atue

diretamente no fungo, mas catalisa eventos no ambiente que

produzem condições favoráveis, posteriormente (TAMERIUS,

2011).

A precipitação facilita o crescimento do fungo, enquanto

as subseqüentes condições secas e quentes resultam em

esporulação e permitem que os esporos se tornem aéreos,

resultando em exposições humanas, juntos esses mecanismos

constituem a hipótese de "crescer e soprar”.Se a umidade

absoluta for alta o suficiente naquele momento, os esporos são

molhados e depois liberados e aerossolizados,

corelacioanado,assim também, a temperatura do ambiente. A

alta freqüência de pessoas que vivem em áreas endêmicas que

não desenvolve a doença pode representar ocasiões em que a

pessoa está exposta a quantidades insuficientes de esporos

para anular a resposta imune do hospedeiro, resultando em

uma infecção "abortiva". (COMRIE ,2007).

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Figura 2 Incidências por micoses no município de Timbiras co

relacionadas com as temperaturas máxima e mínima - estação

climática Balsas. IM: Internações por micoses. Tmin

(Temperatura mínima) e Tmax (Temperatura máxima) (a);

Internações por micoses no município de Timbiras co

relacionadas com a precipitação - estação climática Balsas. IM:

Internações por micoses. PPT: precipitação (b);Incidências de

internações por micoses no município de Joselândia

relacionadas com as temperaturas máxima e mínima - estação

climática Barra do Corda. (c);Incidências por micoses no

município de Joselândia relacionadas com a precipitação -

estação climática Barra do Corda. IM: Internações por no

município de Joselândiaco relacionadas com a precipitação.

PPT: precipitação (d).

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167

Em Palmeirândia, durante o período de alta precipitação,

foi observada uma considerável redução nas internações por

micoses, seguida por um pico de 82 casos no ano de 2013

quando foi registrado 1,541 mm de precipitação (Fig. 3 b).

GIACOMAZZI et al, 2016, também sugeriu uma possível

correlação entre os casos de paracoccidioidomicose e a

precipitação anual no ano anterior ao diagnóstico na Colômbia,

de 1979 a 1984. Quanto a correlação entre as internações com

a temperatura, foi observada uma baixa incidência em períodos

com temperaturas abaixo de 24°C e não ultrapassando o limite

de 14 internações registradas em 2008 (Fig.3a). Observa-se

também uma máxima de 32.96°C no ano de 2013 quando

ocorreram 82 casos de internações por micoses (Fig. 3a).

Em Presidente Dutra, o maior número de casos de

internações foi registrado em 2011 com 56 casos notificados

durante pico de precipitação (1473.2 mm) (Fig. 3d) e

temperatura máxima acima de 33°c (Fig. 3c), antecedida por

uma queda na quantidade de internações durante o mais alto

pico de chuvas (2009) durante todo o período estudado.

Figura 3 Incidências por micoses no município de

Palmeirândiaco relacionadas com as temperaturas máxima e

mínima - estação climática Zé Doca. IM: Internações por

micoses. Tmin (Temperatura mínima) e Tmax (Temperatura

máxima) (a); Internações por micoses no município de

Palmeirândiaco relacionadas com a precipitação - estação

climática Zé Doca. (b); Incidências de internações por micoses

no município de Presidente Dutra relacionadas com as

temperaturas máxima e mínima - estação climática Barra do

Corda. (c); Incidências por micoses no município de Presidente

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168

Dutra relacionadas com a precipitação - estação climática Barra

do Corda (d).

Em São Luís, o maior número de internações foi registrado

no ano de 2010 (62 casos), mediante picos de precipitação no

ano anterior, em 2009 (Fig.4b), período em que pode ter

ocorrido o contato com o agente fúngico, uma vez que o período

de incubação das micoses sistêmicas pode variar de dias a

anos. Em 2012, nota-se uma considerável queda nos níveis de

chuvas, enquanto ainda neste ano, houve uma redução nos

casos notificados que foram registrados com picos de 32°c de

temperatura (Fig.4a).

No município de São Pedro da Água Branca foi

observada uma forte incidência em períodos de queda na

precipitação e altas temperaturas durante os anos estudados.

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No ano de 2015, foram registrados 94 casos de internações por

micoses com registro de temperaturas acima de 34°C (Fig.4c).

Entre o período de 2013 a 2015, nota-se um declínio da

precipitação seguido por um aumento de internações (Fig. 4d).

Resultado semelhante foi encontrado no município de Santa

Inês. No ano de 2012, durante um período de declínio nos níveis

de pluviosidade, houve um pico de internações (48 casos) Fig.

(5b) antecedido por queda de notificações e um pico no nível de

precipitação. Um maior número de internações foi registrado no

ano de 2012 com temperatura máxima acima de 30°c Fig.(5a).

Figura 4 Incidências por micoses no município de São Luísco

relacionadas com as temperaturas máxima e mínima - estação

climática São Luís. IM: Internações por micoses. Tmin

(Temperatura mínima) e Tmax (Temperatura

máxima)(a).Internações por micoses no município de São

Luísco relacionadas com a precipitação - estação climática São

Luís. (b); Incidências de internações por micoses no município

de S. Pedro da Agua Branca relacionadas com as temperaturas

máxima e mínima - estação climática Imperatriz(c); Incidências

por micoses no município de S. Pedro da Agua Branca

relacionadas com a precipitação - estação climática Imperatriz

(d).

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Em São Pedro dos Crentes, o maior número de

internações foi registrado no ano de 2015 e 2016, com 132 e

107 casos respectivamente. Neste mesmo ano, ocorreu queda

dos níveis de precipitação Fig.(5d) e uma das maiores

temperaturas registradas em todo o período estudado naquela

cidade, 34°c Fig. (5c).

Resultado similar foi observado no município de Vila

Nova dos Martírios, onde um considerável número de

internações por micoses ocorreuno ano de 2015 (80 casos)

associado à diminuição nos níveis de precipitação Fig.(6b).

Também, em 2015, houve um pico na temperatura máxima

(35°C). Poucos casos registrados foram registrados em

períodos com temperatura mínima de 21°C Fig. (6a).

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INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NAS INTERNAÇÕES POR MICOSES NO ESTADO DO MARANHÃO

171

É importante salientar que o município de São Pedro dos

Crentes, localizado na região meso-sul é um dos menos

populosos do Estado, com uma população estimada de 4.600

habitantes e com um IDH de 0,6. O alto número de internações

por micoses neste município ressalta a necessidade de

investigar os fatores ambientais que possam influenciar o

potencial de ocorrência destes fungos patogênicos no

ambiente, de forma a propor medidas preventivas para evitar

possíveis surtos de micoses sistêmicas nestas regiões.

Figura 5Incidências por micoses no município de Santa Inêsco

relacionadas com as temperaturas máxima e mínima - estação

climática Zé Doca. IM: Internações por micoses. Tmin

(Temperatura mínima) e Tmax (Temperatura máxima)(a).

Internações por micoses no município deSanta Inês co

relacionadas com a precipitação - estação climática Zé Doca

(b); Incidências de internações por micoses no município de S.

Pedro dos Crentes relacionadas com as temperaturas máxima

e mínima - estação climática Balsas (c); Incidências por

micoses no município de S. Pedro dos Crentes relacionadas

com a precipitação - estação climática Balsas (d).

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INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NAS INTERNAÇÕES POR MICOSES NO ESTADO DO MARANHÃO

172

Figura 6Incidências por micoses no município de Vila Nova dos Martíriosco relacionadas com as temperaturas máxima e mínima - estação climática Imperatriz. IM: Internações por micoses. Tmin (Temperatura mínima) e Tmax (Temperatura máxima)(a). Internações por micoses no municípioVila Nova dos Martírios de co relacionadas com a precipitação - estação climática Imperatriz (d).

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INFLUÊNCIA DAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS NAS INTERNAÇÕES POR MICOSES NO ESTADO DO MARANHÃO

173

4 CONCLUSÕES

Os dados apresentados confirmam que o surto de

internações por micoses são modulados pelas condições

climáticas, uma vez que os agentes etiológicos das micoses

sistêmicas estão presentes no ambiente. Esta modulação é

acompanhada por uma distribuição heterogênea dos fungos,

uma vez que municípios de diferentes regiões do Estado

apresentaram picos de internações por micoses, com variação

temporal. Neste contexto, a sazonalidade das infecções

fúngicas pode ser influenciada pelos fatores geoclimáticos, o

que ressalta a importância de estudos como este, que

possibilitarão aos gestores públicos a adoção de medidas de

mitigação dos impactos ambientais para a prevenção de

micoses sistêmicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

176

CAPÍTULO 9

A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA

PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

Dreyc Henrique dos SantosXIMENES1

Naiara Fernanda Melô D’ALBUQUERQUE1

Thais Grilo Moreira XAVIER2

Daniela Dias QUIRINO3

1Residentes em saúde da criança, SES/PB; 2Mestre em Enfermagem/UFPB; 3Orientadora/Mestre em Enfermagem/UFPB.

[email protected]

RESUMO: O uso de agrotóxicos no campo brasileiro tem trazido sérios impactos para o meio ambiente e a sociedade. Seu uso desenfreado que estabiliza o país na categoria de maior consumidor mundial repercute de modo negativo na vida das pessoas, sobretudo na do trabalhador rural. Além de líder no ranking de consumo, dos 50 ingredientes ativos mais utilizados no nosso país, 22 são proibidos na União Europeia. O presente estudo foi delineado pela abordagem bibliográfica para compreender como é o contexto do uso dos agrotóxico no país e os dados de compra e de intoxicações na Paraíba. Vários estudos mostram os efeitos nocivos a curto e longo prazo do uso de agrotóxico para o ambiente, as pessoas e o trabalhador rural. Esse, por sua vez, se encontra como o maior vulnerável desse modelo pois lida diariamente com esses compostos sem receber treinamento adequado e atenção à saúde necessária, além de exercer função social de consumidor. No que tange à intoxicações, o Brasil enfrenta uma vultosa subnotificação, em que para cada caso notificado há 50 outros subnotificados.

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

177

Portanto, essa problemática compromete a construção de políticas públicas de atenção à saúde para a nossa população. Palavras-chave: Agrotóxico. Intoxicações. Saúde.

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a lei federal nº 7.802, de 11 de julho de

1989, regulamentada pelo decreto nº 4.074, de 4 de janeiro de

2002, os agrotóxicos são produtos e componentes de

processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso

nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de

produtos agrícolas, nas pastagens, na produção de florestas

nativas ou implantadas, e em outros ecossistemas e também

ambientes urbanos, hídricos e industriais; cuja finalidade seja

alterar a composição da flora e da fauna, a fim de preservá-las

da ação danosa de seres vivos considerados nocivos (BRASIL,

2002).

O uso do solo para cultivo de alimentos acompanha a

história da humanidade que desde a Antiguidade clássica

desenvolvia maneiras de combater insetos, plantas e outros

seres vivos que se difundem nos cultivos, competindo, assim,

pelo produto (CALDARTI, et al., 2012).

Embora, vejamos que o homem desde sempre encontrou

meios de combater pragas e vetores, o uso intensivo de tais

produtos cresceu em velocidade exponencial há

aproximadamente 50 anos. Após o fim da Primeira e da

Segunda Guerra Mundial, a lucrativa indústria química,

fornecedora de armas químicas e pesticidas com finalidade

bélica percebendo seu crescimento ameaçado, iniciou

propaganda ostensiva para vencer a fome mundial por meio do

aumento de produção de alimentos (ABREU, 2014).

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

178

Reconhecida como “Revolução Verde”, o movimento

iniciado no Estados Unidos a partir da década de 1950 para

modernizar e tornar mais produtiva a agricultura, a partir da

inserção de insumos de origem industrial e agroquímicos,

chegou ao Brasil na década de 1960 e ganhou força em meados

da década de 1970 com a criação do Programa Nacional de

Defensivos Agrícolas (PNDA) (PREZA; AUGUSTO, 2012).

Esse modelo químico-dependente adotado nas políticas

agrícolas brasileiras na década de 60 e intensificado na década

de 70 através do PNDA, impulsionou o uso de agrotóxicos nos

campos brasileiros. Dessa forma, o crescimento do consumo de

agrotóxico no país foi rápido, e em 1987 já compreendia o maior

consumidor entre os países em desenvolvimento e o quinto

maior mercado do mundo, depois, apenas, dos EUA, do Japão,

da França e da União Soviética. (PREZA; AUGUSTO, 2012).

Em 2008, O Brasil alcançou o primeiro lugar no ranking

mundial de consumo de agrotóxico, apesar de não ser o

principal produtor agrícola mundial. A liderança em consumo de

agrotóxico se deu a um custo de 190% de incremento desse

mercado no cenário nacional nos últimos dez anos que equivale

a um consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por

habitante (LONDRES, 2015). Não obstante esses números, o

Brasil ainda mantém a comercialização de produtos que foram

banidos em vários países. De acordo com documento publicado

pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO), dos

50 ingredientes ativos mais utilizados no nosso país, 22 são

proibidos na União Europeia (CARNEIRO, et al., 2015).

Com o desenvolvimento e a liberação dos organismos

transgênicos, a apropriação do capital perpassa desde a

aquisição das sementes até a compra dos agrotóxicos, pois a

indústria de determinada semente transgênica é a mesma que

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

179

desenvolve os fertilizantes e os agrotóxicos específicos para

aquela produção, restando o produtor subordinado à esse

grande mercado que tem a finalidade única de lucrar

(BOMBARDI, 2011). Para Delgado (2011) e Augusto (2012)

resta clara a prática de venda casada entre sementes

transgênicas e agrotóxicos por parte das corporações

transnacionais que dominam o mercado. De acordo com o

Instituto Nacional do Câncer (INCA) (2015) a liberação do uso

de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis

por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de

agrotóxicos.

Nesse panorama de repercussão do modelo de

produção baseado no uso intensivo de agrotóxicos, a produção,

diametralmente oposta, da agroecologia baseado na satisfação

das necessidades alimentícias, socioeconômicas e culturais da

população, dentro dos limites biofísicos que estabelece o

correto funcionamento dos sistemas naturais, encontra

fortalecimento nas ações ligadas à segurança alimentar que

foram definidas de forma ampla pela Lei nº 11.346/2006, que

criou o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional

(SISAN), tendo por objetivo assegurar o direito humano à

alimentação adequada. De acordo com a referida lei, a

segurança alimentar será incentivada por meio da

implementação de políticas públicas e estratégias sustentáveis

e participativas de produção, comercialização e consumo de

alimentos, respeitando-se as múltiplas características culturais

do País (SARADÓN, 2014).

Brauner e Graff (2015) entendem que o direito à

alimentação deve coexistir de forma harmônica com o direito a

saúde, meio ambiente, trabalho, cultura, etc. E que as ações

governamentais não deve considerar a segurança alimentar

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

180

apenas a necessidade de facilitar o acesso da população aos

alimentos, mas de priorizar as formas de produção de alimento,

que deverão ser ambiental, culturalmente, economicamente e

socialmente sustentáveis.

Entretanto, o Estado brasileiro tem se mostrado muito

ágil e eficiente em apoiar a produção das monoculturas para

exportação, mas frágil para regular o uso de agrotóxicos, e lento

para instituir políticas de apoio à agricultura familiar e aos povos

e comunidades tradicionais e para incorporar a agroecologia

nas políticas e programas públicos (LONDRES, 2015).

Diante do exposto, o objetivo desse estudo é viabilizar o

entendimento do contexto do uso do agrotóxico e a repercussão

na saúde da população.

2 MATERIAIS E MÉTODO

O estudo hora apresentado compreende-se em uma

pesquisa exploratória por meio de revisão de literatura que

segundo Gil (2008) é elaborada a partir de material já

construído, que englobam livros e artigos científicos. Além

dessas fontes, foram realizadas buscas em sítios eletrônicos da

Internet como Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), Sistema Nacional de Informações Tóxico-

Farmacológica (SINITOX),Instituto Nacional do Câncer (INCA),

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA), Departamento de Informação do Sistema

Único de Saúde (DATASUS) Fundação Oswaldo Cruz

(Fiocruz). Os descritores utilizados foram: agrotóxicos,

intoxicação exógena, saúde e saúde do trabalhador. Todos os

estudos selecionados foram inicialmente analisados pelos

revisores segundo os seus resumos e qualidade metodológica.

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

181

Não foi realizado restrição em termos de período de publicação,

pois o intuito foi de reunir um bom acervo que abrangesse a

temática proposta. Foi feita uma leitura superficial dos artigos,

em seguida uma leitura exploratória de todo material

encontrado, leitura seletiva e seleção das informações

encontradas. Após esses momentos da pesquisa foi realizado

análise e compreensão do material envolvido para a construção

final do texto apresentado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com Carneiro et al. (2015), as evidências

científicas sobre utilização de agrotóxicos comprovam que

estes fazem mal ao meio ambiente e à saúde. Por isso, a

sociedade, como um todo precisa mobilizar-se para enfrentar

esta situação e buscar estratégias para reduzir a utilização

dessassubstâncias nos campos. Araújo et al. (2007), diz que a

conscientização dos agricultores e consumidores quanto aos

elevados riscos da utilização de agrotóxicos para o meio

ambiente é fundamental para mudar essa realidade

Sabemos que a utilização desses produtos em sistemas

abertos (meio ambiente) impossibilita qualquer medida efetiva

de controle, mas isso também não é levado em consideração.

Não há como enclausurar essas fontes de contaminação e

proteger os compartimentos ambientais (água, solo, ar) e os

ecossistemas. De forma difusa e indeterminada, os

consumidores e os trabalhadores são expostos a esses

venenos, que, de modo geral, estão presentes na alimentação

da população e no ambiente de trabalho do agricultor

(CARNEIRO et al., 2015).

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Segundo o IBGE (2012), cerca de 70 milhões de

brasileiros vivem em estado de insegurança alimentar e

nutricional, sendo que um terço dos alimentos consumidos

cotidianamente pelos brasileiros está contaminado pelos

agrotóxicos. Em termos proporcionais é como se cada cidadão

utilizasse 8,3 litros de veneno a cada ano (ABRASCO, 2016).

O modelo instalado no país polui o solo, o ar, mananciais

de água e lençol freático. Os agricultores padecem de

intoxicação aguda, coceiras, dificuldades respiratórias,

depressão, convulsões, entre outros males que podem levar à

morte, além dos efeitos crônicos. E os consumidores podem ter

intoxicação crônica, que demora vários anos para aparecer,

resultando em infertilidade, impotência, cólicas, vômitos,

diarreias, espasmos, dificuldades respiratórias, abortos,

malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal,

efeitos sobre o sistema imunológico e câncer. O impacto na

saúde da população é tamanho que a Fundação Oswaldo Cruz

calcula que para cada dólar gasto com agrotóxicos em 2012

correspondeu a U$ 1,26 gasto no Sistema Único de Saúde

(SUS) (TAVARES, 2015).

Faria, Rosa e Facchini (2009) e Araújo et al. (2007)

demonstram relação dos agrotóxicos com várias doenças,

principalmente intoxicações agudas, caracterizando os

agroquímicos como um dos mais importantes fatores de risco

para a saúde humana.

Pignati e Machado (2011) acrescenta que as aplicações

de agrotóxicos nas plantações de monoculturas, produzidas em

larga escala, são realizadas utilizando tratores e aviões que

pulverizam as lavouras, atingindo não apenas as plantas onde

encontram-se as pragas, mas também os trabalhadores, o ar,

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solo e a água, os moradores vizinhos, os animais e a vegetação

que rodeiam o alvo inicial da aplicação.

Associados à esses eventos, em muitos casos a

utilização em variedades agrícolas para os quais o produto não

é indicado e o desconhecimento do período de carência se

traduz em uma violação da legislação, requerendo, assim,

fiscalização e orientação técnica extensiva, uma vez que

osalimentos estão chegando ao consumidor com níveis

residuais de agrotóxicos acima do limite permitido ou com

produto não permitido para aquele tipo de alimento. Como

exemplo, tivemos os resultados de 2009 do Programa de

Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA)

demostrando que 38,4% das amostras de alface e 44,2% das

de couve continham resíduos de agrotóxicos não autorizados

para estas culturas (PREZA; AUGUSTO, 2012).

De acordo com o relatório das análises de amostras

monitoradas no período de 2013 a 2015 pela ANVISA, 2.371

(19,7%) foram consideradas insatisfatórias. Essas amostras

foram consideradas insatisfatórias não apenas pela

concentração maior que o LMR (limite máximo de resíduo)

permitido, mas também por conter agentes que não são

indicados para aquele cultivo, ou ainda quando apresentou

mais de um agente detectado, que podem atuar sinergicamente

aumentando os efeitos nocivos do agrotóxico para a saúde

humana (ANVISA, 2016). Além da constatação de presença de

ingrediente em processo de banimento pela ANVISA, ou que

nunca tiveram registro no país (INCA, 2016).

A luta contra os agrotóxicos, portanto, deve ser pauta

permanente e estratégica para muitos grupos que atuam na

defesa da saúde pública e do fortalecimento do SUS, de

ambientes preservados e equilibrados, de povos e

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comunidades tradicionais da segurança e soberania alimentar

e nutricional, da agroecologia e da defesa dos direitos do

consumidor (Carneiro et al., 2015). O uso de agrotóxico, deve

ser debatido e discutidos, uma vez que ele é violador de direitos

fundamentais, como o direito à alimentação adequada e meio

ambiente saudável, além da proteção ao ambiente de trabalho.

A proteção integral à saúde da população, com base em

ampla segurança, resta dificultada e fragilizada pelos interesses

do mercado. Interesses que se apoiam em um alicerce

institucional e legislativo que fornece meios necessários para

manter o ciclo virtuoso de sua economia com o apoio dos

governos (CARNEIRO et al., 2015). Esse construto da

sociedade moderna confere uma situação potencial de risco,

típico da sociedade moderna, em que o lucro sobrepõe o direito

a saúde dos seres humanos e do meio ambiente diante do uso

intensivo de agrotóxicos associado à expansão do agronegócio

que além de intoxicar a população, está contaminando os

alimentos, as águas e o ar (LONDRES, 2015).

Para ilustrar os agravos à saúde acarretados pelos

agrotóxicos, quanto à praga que se destina a eliminar, grupo

químico do qual pertence o agrotóxico e sintomas de

intoxicação agudos e crônicos, apresentamos a tabela abaixo:

Os riscos trazidos pelo uso dos agrotóxicos envolvem

toda a sociedade em uma malha unida e vulnerável aos efeitos

agudos e, sobretudo, tardios desses compostos químicos. No

entanto, é o agricultor, a pessoa que lida dia a dia com os

agrotóxicos, que manipula desde o acondicionamento,

preparação, aplicação até a colheita dos produtos e o descarte

das embalagens utilizadas. Além da gravidade que compromete

a saúde e a vida desses trabalhadores, torna-se de fundamental

importância o controle da morbimortalidade, por meio de um

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

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sistema de vigilância epidemiológica efetivo e integrado. Esse

controle poderá estruturar o SUS para o desenvolvimento e

estruturação de polícias de saúde de proteção, prevenção e

recuperação da saúde dessa população vulnerável.

Tabela 1. Classificação e efeitos e/ou sintomas agudos e crônicos dos agrotóxicos

Praga que controla

Grupo químico Sintomas de intoxicação

aguda

Sintomas de intoxicação

crônica

Inseticidas Organofosfora-dos e carbamatos

Fraqueza, cólicas

abdominais, vômitos,

espasmos musculares e convulsões

Efeitos neurotóxicos retardados, alterações

cromossomiais e dermatites de

contato

Organoclorados Náuseas, vômitos,

contrações musculares involuntárias

Lesões hepáticas, arritmias

cardíacas, lesões renais e

neuropatias periféricas

Piretroides sintéticos

Irritações das conjuntivas,

espirros, excitação, convulsões

Alergias, asma brônquica,

irritações nas mucosas,

hipersensibili-dade

Fungicidas Ditiocarbamatos Tonteiras, vômitos, tremores

musculares, dor de cabeça

Alergias respiratórias, dermatites, doença de Parkinson, cânceres

Fentalamidas - Teratogêneses

Herbicidas Dinitroferóis e pentaciclorofe-nol

Dificuldade respiratória, hipertermia, convulsões

Cânceres (PCP-formação de

dioxinas), cloroacnes

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Fenoxiacéticos Perda de apetite, enjoo,

vômitos, fasciculação

muscular

Indução da produção de

enzimas hepáticas, cânceres,

teratogêneses

Dipiridilos Sangramen-to nasal,

fraqueza, desmaios,

conjuntivites

Lesões hepáticas, dermatites de

contato, fibrose pulmonar

Fonte: CARNEIRO et al., 2015

Brauner e Graff (2015) relataram que a estimativa anual

de intoxicação por agrotóxicos é de cerca de sete milhões,

sendo os países de baixa e média renda responsáveis por pelo

menos metade dessas intoxicações, e de 75% das mortes por

agrotóxicos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)

estimam a ocorrência de, aproximadamente, 20.000 mortes de

trabalhadores expostos todos os anos, a maioria nos países

mais pobres, bem como uma taxa de intoxicações por

agrotóxicos de duas a três pessoas por minuto. (PORTO;

MILANEZ, 2009).

Nesse contexto destaca-se ainda a ocorrência de

doenças crônicas associadas aos agrotóxicos. Os sintomas e

doenças tardias, aparentes após vários anos de exposição, não

tem o necessário reconhecimento pelos profissionais de saúde,

nem tampouco o registro nos sistemas de informação ligados

ao Ministério da Saúde (BRAUNER; GRAFF, 2015).

Outro desafio imposto aos países em desenvolvimento

diz respeito ao sistema de vigilância e sua insuficiência de

informações que contribuem para a dificuldade de estimar o

número de intoxicações por agrotóxicos. No Brasil a

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

187

problemática da subnotificação mostra um panorama que não

reflete a realidade de intoxicações por agrotóxicos. A estimativa

é de que para cada caso notificado de intoxicação, existam 50

casos não notificados (PIRES; CALDAS; RECENA, 2005;

PREZA; AUGUSTO, 2012).

No caso de intoxicação por agrotóxicos o SINITOX é uma

referência importante que tem base de dados alimentada por

formulários preenchidos pela rede em 32 Centros de Controle

de Intoxicações existentes em 18 Estados. Por não se tratar de

um sistema universal há dificuldade em caracterizar a epidemia

desses fenômeno, bem como traçar políticas para essa

atenção. Em 2004 foi publicada a portaria 777 do Ministério da

Saúde (MS) que orienta sobre a notificação compulsória de

intoxicações exógenas, inclusive as causadas por agrotóxicos.

Essa obrigatoriedade de notificação em todos os níveis de

atenção à saúde no SUS pode ampliar a cobertura de

notificação, com a consequente melhoria na identificação dos

agravos à saúde e nos estudos e pesquisas (SILVA, et al.,

2005).

Bombardi (2011) apresentou dados do Sistema Nacional

de Informações Tóxico-Farmacológicas

(SINITOX/MS/FIOCRUZ) compreendidos de 1999 a 2009.

Durante esse período houve 62 mil intoxicações por agrotóxicos

de uso agrícola. Ao distribuir esses números no período, pode

se entender que houve, aproximadamente, 5.600 intoxicações

por ano no país. Entretanto, por mais grave que pareçam estes

números e apesar de haver portaria sobre exigibilidade de

notificação de intoxicação pelos serviços de saúdea, realidade

é que eles estão muito aquém de representar o número real das

intoxicações por agrotóxico de uso agrícola.

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

188

No período analisado por Bombardi (2011) foram

notificados 1876 casos de morte por intoxicação com

agrotóxicos registrados pelo SINITOX. Isto significa que foram

cerca de 170 mortes por ano. Sendo que foram Nordeste e

Centro Oeste. E a ocorrência de mais de duas centenas de

mortes foi notificada nos estados do Ceará e de Pernambuco

na região Nordeste. Há um grande percentual de óbitos por

intoxicação por agrotóxicos na região Nordeste, uma vez que

esta não é a região que mais concentra casos de intoxicação

notificados pelo SINITOX. Esse elevado número de mortes

pode estar associado ao grande número de tentativas de

suicídio em relação ao número total de intoxicações

(BOMBARDI, 2011).

A primeira hipótese, no sentido de compreender tal vulto

no número de suicídios relacionado à intoxicação por

agrotóxico, diz respeito a transtornos psíquicos causados pela

exposição aos agrotóxicos, especialmente organofosforados

(BOMBARDI, 2011). Há uma compreensão de que o contato

com agrotóxicos é responsável por neuropatologias

relacionadas ao enorme número de suicídios, nos quais os

próprios instrumentos de trabalho são utilizados para ceifar a

própria vida (BOMBARDI, 2011).

Segundo o SINITOX, foram registrados, no período de

2007 a 2011, 26.385 casos de intoxicações por agrotóxicos de

uso agrícola, dos quais 863 incorreram em óbitos, perfazendo,

dessa forma 39,4% de mortes no período. Em relação aos

óbitos ocorridos é necessário reiterar que a região nordeste

apresenta um número preocupante de mortes, sobretudo nos

estados do Ceará e Pernambuco.

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

189

Tabela 2. Venda de agrotóxicos no Estado da Paraíba x Intoxicação exógena x Óbitos

Ano Quantidade (toneladas)

Casos Notificados SINAN\PB

Óbitos por agrotóxico de uso

agrícola

2009 212,24 02 03

2010 273,22 04 09

2011 418,08 13 04

2012 549,60 61 02

2013 710,67 84 02

2014 654,20 63 05

2015 Sem registro 56 Sem registro Fonte: IBAMA. 2014;SINITOX. 2017; DATASUS. 2017

Nesse cenário, faz-se importante atentar para o

incremento na venda de agrotóxicos versus o número de

intoxicação notificados pelo Estado da Paraíba. De acordo com

dados disponíveis no site do IBAMA localizados na área de

“Relatório de Agrotóxicos”, e no DATASUS na área

“Informações de Saúde” possível observar o aumento da

notificação de intoxicação e o uso de agrotóxico no Estado.

Associado à notificação de intoxicações, trouxemos os dados

disponíveis pelo SINITOX acerca do número de óbitos

notificados relacionados com agrotóxicos de uso agrícola.

Os dados sobre venda de agrotóxicos na Paraíba

acompanham o aumento que ocorre no Brasil, bem como o

número de casos de notificação por intoxicações exógenas por

esses produtos no Estado. No ano de 2009 houve uma venda

de 212,24 toneladas de agrotóxicos enquanto que em 2014

foram 654,20 toneladas, ou seja, o uso de agrotóxicos no

Estado triplicou em um intervalo de tempo de sete anos,

enquanto isso o número de notificações por intoxicação por

agrotóxico em 2009 foram 2 casos, em 2013 chegou a 84 casos.

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

190

Esse incremento no númeor de intoxicações ocorreu

justamente quando observamos a maior venda de agrotóxicos

nos últimos anos.O número de intoxicações se mantém

significativo em comparação com as toneladas vendidas, no

entanto, observamos que o número de notificação de óbitos por

agrotóxico não acompanhou o aumento do consumo, nem

tampouco o de intoxicação. Diante desses números e dos

argumentos que foram apresentados anteriormente acerca dos

sistemas de informação, resta inferir que uma parcela

importante de intoxicação e óbitos estão sendo subnotificados,

o que confere maior problema para adoção de políticas de uso

de agrotóxicos nos campos brasileiros.

4 CONCLUSÕES

A problemática do uso de agrotóxicos atualmente deveria

ser pauta de discussões diárias nos meios de comunicação e

nas rodas de conversas, uma vez que o seu uso desequilibra o

ambiente e causa doenças.

Diante dos precedentes registros de doenças, mortes e

degradação ambiental é fundamental que as autoridades

competentes imponham um maior rigor no procedimento de

registro, e, após esse registro, as pesquisas devem continuar

acerca da segurança, se assim podemos considerar, do uso

daquele princípio ativo. No entanto, o que percebemos é que no

Brasil a legislação e as normas regulamentadoras acerca do

uso do agrotóxico não apresentam a eficácia necessária para

controlar o uso dessas substâncias. Assim como os sistemas

de informação de intoxicação não espelham o que realmente

ocorre no campo e não revela a verdadeira morbimortalidade

do uso de agrotóxicos.

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A PROBLEMÁTICA DO USO DE AGROTÓXICOS NO BRASIL E NA PARAÍBA: VULNERABILIDADE HUMANA E FRAGILIDADES NAS POLITICAS PÚBLICAS

191

Acreditamos que uma nova forma de enfrentar esse

problema trará construções de políticas mais justas e efetivas

que tenham por finalidade a promoção da saúde por meio de

uma alimentação saudável e livre de contaminantes, e pela

promoção de um ambiente de trabalho menos insalubre para

àqueles responsáveis por trazer comida para a cidade.

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

194

CAPÍTULO 10

EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO

EDUCACIONAL

Fabiane Verônica da SILVA 1

Claudia Moreira de LIMA 2

Sue Ellen Ferreira Modesto Rey de FIGUEIREDO 3

1 Graduanda em Enfermagem da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). 2Enfermeira Mestranda do Programa Ambiente e Saúde, Universidade de Cuiabá (UNIC).

3Psicóloga Doutora, Docente da Universidade de Cuiabá (UNIC). E-mail: [email protected]

RESUMO: A questão ambiental está diretamente relacionada à possibilidade de construção de uma vida com qualidade e saúde. Nessa perspectiva, ações em educação ambiental, pautadas em metodologias da educação em saúde, apresentam-se, dentre outros fatores, como uma perspectiva multidisciplinar de melhoria nos ambientes de vida. O objetivo deste conteúdo é apresentar uma revisão integrativa, tendo como base publicações de artigos científicos recentes sobre a interface educação em saúde, meio ambiente e graduação, trazendo a discussão as necessidades desta relação visando um bem-estar global, orientados pela pergunta norteadora: Como se apresenta a interação entre o ensino, a saúde e meio ambiente nos periódicos brasileiros dos últimos 5 anos? Os dados foram coletados entre setembro e outubro de 2017 nas bases de dados portal da Biblioteca Virtual em Saúde, portal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior. Após a análise emergiram 3 categorias de resultados e discussão 1) Educação ambiental; 2) Educação em saúde e 3) Interface entre saúde, meio ambiente e educação superior.

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

195

Enfatiza-se a partir do estudo a necessidade de reforçar as ações que incluam a responsabilidade ambiental no meio universitário, visando debates conceituais e críticos, ampliando a discussão da temática no cenário atual, proporcionando conhecimento e responsabilidade socioambiental a sociedade acadêmica. Palavras-Chave: Educação em Saúde. Educação Ambiental. Bacharelado em enfermagem. 1 INTRODUÇÃO

A relação entre ambiente e saúde vem sendo abordada

desde os primórdios da humanidade, sendo consolidado no

ocidente após a descrição clínica das associações por

Hipócrates. A partir de então, diversos conceitos foram

desenvolvidos como forma de integrar a complexa subjetividade

do que é saúde, estabelecendo um nexo do contexto sócio

histórico das temáticas saúde/ambiente (PINHÃO; MARTINS,

2012).

No Brasil a preocupação referente a relação entre os

problemas ambientais e as distinções socioeconômicas

passaram a ser estudadas pela saúde coletiva no início do

século XX, por meio das pesquisas desenvolvidas por Oswaldo

Cruz, cientistas e sanitaristas da época (REIGOTA, 2017).

Os impactos da situação ambiental sobre a saúde

humana ampliaram-se durante as décadas de 60-70, visto a

repercussão da expansão da industrialização e urbanização na

época. Tendo em vista o panorama de morbimortalidade da

população no respectivo período, a área da saúde passou a

investir na educação da população quanto às condições de vida

e as consequências da influência do homem sob o meio

ambiente. Este ato expandiu as temáticas debatidas no âmbito

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

196

da saúde direcionando-as para o meio ambiente

(CAMPONOGARA, 2012).

Neste sentido, Pinhão; Martins (2012), caracterizam a

associação dos problemas ambientais e de saúde, a partir de

três paradigmas básicos: o biomédico, devido aos estudos

parasitológicos; saneamento e ambiente; e o da medicina

social, instituída no início dos anos 70 quando a saúde coletiva

passou a ser referência em saúde no País.

A saúde ambiental corresponde a uma subárea da saúde

pública, a qual foi criada com o intuito de desenvolver

estratégias específicas para resolução dos problemas de saúde

e ambiente. Com isso, a saúde ambiental visa controlar e

minimizar os impactos dos fatores potencialmente prejudiciais à

saúde. A implantação desta área fundamenta-se nas bases

teóricas da epidemiologia clássica, na qual se refere aos fatores

causais (REIGOTA, 2017).

Partindo do contexto apresentado, Camponogara et al.,

(2012, p. 3), consideram que “tratar a questão ambiental

assume relevância fundamental na atualidade, principalmente

para os trabalhadores de saúde, pois o viver saudável depende

intrinsecamente da qualidade de vida humana e ambiental”.

A educação ambiental tem por finalidade a promoção da

qualidade de vida e a transformação social, buscando garantir

a preservação ambiental e toda complexidade das relações

humanas sob este, promovendo debates entre a comunidade e

as instituições sobre as possíveis estratégias de remodelar as

ações sob o meio ambiente e assim diminuir os impactos desta,

na saúde (PORCIUNCULA; PORTO, 2014).

Destarte a necessidade de interação entre ensino, saúde

e meio ambiente o objetivo do trabalho é fomentar as

discussões crítico reflexivas a respeito desta interface,

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

197

considerando que o meio ambiente e o conhecimento são

determinantes de saúde os quais exercem forte influência na

qualidade de vida da população.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Estudo de base secundária, proveniente de estudos

primários, sistematizado de forma a responder o

questionamento da pesquisa. Como se apresenta a interação

entre o ensino, a saúde e meio ambiente nos periódicos dos

últimos 5 anos.” Neste sentido, optou-se pela realização de

uma revisão integrativa, acerca da educação em saúde

ambiental no contexto da graduação.

A revisão integrativa corresponde a um método de

pesquisa amplo e flexível, visto que possibilita inserir no estudo,

bibliografias teóricas e empíricas (subjetivas), com distintas

abordagens metodológicas (quanti ou qualitativa). A

necessidade de sistematizar a amostra a partir de categorias

contribui com o leitor na compreensão da temática (SOARES et

al., 2008).

Assim, a pesquisa foi realizada com suporte em artigos

disponíveis na base de dados portal da Biblioteca Virtual em

Saúde (BVS), no portal da Coordenação de Aperfeiçoamento

de Pessoal do Nível Superior (CAPES), a busca se deu por

meio dos descritores: “Educação em Saúde, Educação

Ambiental e bacharelado em enfermagem”, constituiu-se como

estratégia de pesquisa o conector booleano: “AND”.

Obteve-se como critérios de elegibilidade: artigos e

livros, em português, disponíveis na íntegra, publicados nos

últimos seis anos (2012-2017), que atendesse a proposta do

estudo respondendo à pergunta norteadora do trabalho: “Como

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

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se apresenta a interação entre o ensino, a saúde e meio

ambiente nos periódicos brasileiros dos últimos 6 anos?”

Os critérios de exclusão foram: estudos duplicados,

livros, monografias e dissertações, bem como artigos que

reproduziam informações opostas a proposta do estudo e

periódicos publicados anteriores há 2012.

A busca revelou uma amostra de 1.799 artigos no

periódico da CAPES e na BVS um quantitativo de 1.126

estudos, totalizando 2.925 materiais para analise primária.

Quando aplicado os critérios de inclusão um total de 105 destes

periódicos foram previamente selecionados a partir do título, em

seguida foram submetidos à leitura dos seus resumos, por

seguinte os 38 permaneceram e foram submetidos à leitura de

seu conteúdo no integra possibilitando compreender a temática

e identificar as informações necessárias para o estudo.

O método de análise utilizado para o desenvolvimento do

trabalho foi a análise de conteúdo ao qual, corresponde a uma

ferramenta metodológica, de frequente mudança, que busca

analisar diferentes fontes de conteúdo (verbais ou não-verbais).

Diante desse contexto, o método comporta três etapas que

comprovam a fidedignidade dos dados coletados (MINAYO,

2010).

Sendo a primeira caracterizada como pré- análise, nesta

fez-se a sintetize da amostra por meio do quadro teórico

definindo os indicadores para a transcrição das informações,

destarte a fase é caracterizada pela leitura na integra da

amostra (MINAYO, 2010).

Por conseguinte, sucedeu-se a exploração do material,

através do recorte de informações, classificação e agregação

destas em categorias temáticas. A terceira fase caracteriza-se

pela interpretação e descrição dos dados, por intermédio da

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

199

análise comparativa que se deu a partir da justaposição das

categorias existentes, ponderando os aspectos afins e os

opostos (MINAYO, 2010).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Após análise crítica e reflexiva, foram exclusos 71

artigos, devido a indisponibilidade das informações necessárias

para fundamentação dos resultados e discussão,

impossibilidade de obtenção do arquivo completo, artigos

duplicados, onde encontravam-se presentes na BVS e CAPES,

logo, utilizou-se apenas um deles.

Assim, obteve-se como amostra final 34 artigos e 2 (dois)

livros, estes foram analisados a partir dos aspectos: a)

Educação Ambiental; b) Educação em Saúde; c) Interface entre

saúde, meio ambiente e educação superior. Como resultado da

análise emergiram 3 categorias de resultados e discussão: 3.1

Educação ambiental; 3.2 Educação em saúde e 3.3 Interface

entre saúde, meio ambiente e educação superior.

Para melhor discussão dos dados apresentados

utilizamos interlocutores teóricos como artigos publicados entre

o ano de 2010 a 2011, uma vez que estes apresentam

informações complementares as das pesquisas selecionadas

entre 2012 e 2017, suprindo a falta de informações como

contextualização histórica político dos aspectos analisados.

3.1 Educação ambiental

A inclusão do ambiente como determinante do processo

de saúde-doença foi apontada pela primeira vez no Relatório de

Lalonde no ano de 1974, que foi publicado pelo Ministério de

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200

Bem-Estar e Saúde do Canadá, e o alegado documento é

referência na construção e fomento da promoção da saúde

(MOISÉS et a., 2010; GRESSLER; GÜNTHER, 2013;

CORRÊA; BASSANI, 2015).

Demais aspectos como: sociais, políticos, culturais,

ambientais e econômicos foram incluídos como determinantes

no processo de saúde-doença da população a partir da

Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários em

Saúde, de 1978, sendo este, resultado da I Conferência

Internacional sobre Cuidados Primários à Saúde, realizada em

Alma-Ata na Rússia. Sendo que por intermédio deste, teve-se

o fortalecimento e renovação da Atenção Primária em Saúde

(MOISÉS et a., 2010; GRESSLER; GÜNTHER, 2013;

CORRÊA; BASSANI, 2015).

No Brasil a preocupação com as questões ambientais

ganharam mais atenção nas primeiras décadas do século XX,

período caracterizado pelo avanço econômico e industrial,

todavia, não avançou quanto desenvolvimento social, fato este,

justificado pelas epidemias que prevaleciam na época, sendo

que somente quando estas passaram à ameaçar a política

agroexportadora do país, que deu-se início há métodos de

enfrentamento dos determinantes da ocorrência das epidemias,

sendo este os problemas sanitários, como ausência de

saneamento básico (MOISÉS et a., 2010; GRESSLER;

GÜNTHER, 2013; CORRÊA; BASSANI, 2015).

No contexto de saúde pública a inserção da vigilância

ambiental no campo das políticas públicas de saúde foi o “ponta

pé” inicial para as discussões do ambiente como determinante

de saúde. Rholfs et al., (2011) ressalta que a vigilância

ambiental é um tanto quanto recente no Brasil, tendo em vista

que suas ações estão comumente direcionadas ao Sistema

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

201

Único de Saúde (SUS), sendo por vez, pautadas no princípios

e diretrizes e recentemente foi criado uma área especifica para

desenvolver tais atribuições.

Partindo de um retrospecto histórico acerca a inclusão da

vigilância ambiental no contexto de saúde, contata-se que

desde a década de 1990, o propósito de implantar mecanismos

capazes de interferir nos fatores de risco ambiental já se

encontrava prevista na Lei nº 8.080, a qual fomenta as

discussões a respeito da vigilância ambiental. Entretanto, as

discussões referentes a área de vigilância ambiental na esfera

do MS se consolidaram a partir da elaboração da Política

Nacional de Saúde Ambiental, em 1998, está por vez, é

considerada a principal iniciativa em relação à temática saúde

e ambiente no País (QUANDT et al., 2014, OLIVEIRA; CRUZ,

2015).

Ao final dos anos 90, com o financiamento do Banco

Mundial, teve-se o fortalecimento da Estruturação do Sistema

Nacional de Vigilância em Saúde (VIGISUS), que culminou na

ampliação do movimento de inclusão de ações cuja finalidade

fora de minimizar os impactos ambientais de um dado território,

dispensando ao município que comporta o território a

responsabilidade de implantar mecanismos de controle dos

efeitos ambientais na saúde. Nesse momento as ações

desenvolvidas estavam subordinadas à vigilância sanitária

(ROHLFS et al., 2011; QUANDT et al., 2014).

Por seguinte, no ano de 2000 que o Sistema Nacional de

Vigilância Ambiental em Saúde (SINVAS) implantado pelo MS

com suas competências direcionadas a âmbito federal, estadual

e municipal, co-responsabilizando todas as esferas pela

vigilância ambiental (OLIVEIRA; CRUZ, 2015)

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

202

Neste sentido, Reis et al., (2013) dispõe que Vigilncia

Ambiental envolve um conjunto de ações que propiciam

conhecimento e identificação de fatores de risco ao ambiente

como também a saúde humana, envolvendo vários setores que

estudam as inter-relações entre homem, ambiente e vice-versa.

Em virtude dos impactos ambientais desfavoráveis sob a

saúde a vigilância ambiental em saúde tornou-se indispensável

no SUS, corroborando assim, com o desenvolvimento de

estratégias que minimizam a exposição humana a fatores

ambientais prejudiciais à saúde. As intervenções dessa

vigilância são divididas em fatores biológicos como: vetores,

hospedeiros, reservatórios e animais peçonhentos, assim como

os fatores não biológicos, tais como: à água, o ar, o solo, os

contaminantes ambientais, os desastres naturais e os acidentes

com produtos perigosos, fundamentadas na relação do risco de

efeitos desfavoráveis a saúde da população

(COMPONOGARA, 2014).

Neste sentido, Oliveira e Cruz (2015), dispõe que a

vigilância ambiental tem papel integrador tanto inter quanto intra

setorial, assim sendo necessário articulação entre outros

setores de vigilância presente no sistema de saúde.

A relação entre meio ambiente e a saúde nem sempre foi

bem estabelecida, sendo que em até meados de da década de

40 os estudos estabeleciam essa relação através das questões

referente a água potável e saneamento básico. Este, modificou-

se quando a Organização Mundial de Saúde (OMS), conceituou

saúde num contexto mais integralizado “Saúde é o estado

completo de bem-estar físico, mental e social, não sendo

apenas a mera ausência de doença ou enfermidade.” A partir

desse momento, os determinantes de saúde passaram a ser

discutidos, dentre eles as questões ambientais.

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

203

A temática passou a ser amplamente discutida na

metade do século XX, a nível internacional, onde que os

debates se voltavam sob duas perspectivas a primeira

denominado movimento verde, aos quais os debates referiam-

se acerca da ação do homem sob o meio ambiente, o

desenvolvimento sustentável, a dinâmica demográfica a

erradicação da camada de ozônio, desmatamento e outros

aspectos associados ao meio ambiente a estratégias de

sustentabilidade como enfrentamento da crise ambiental

existente. A segunda movimento azul, neste, o enfoque é nos

efeitos do meio ambiente sobre a saúde e o bem-estar da

humanidade, caracterizando-se como saúde ambiental

(WEIHS; MERTENS, 2013).

Com isso, em 1989, o conceito de saúde ambiental é

dividido em duas óticas, sendo a primeira teórica, dispondo

sobre os aspectos de saúde determinados pelo meio ambiente,

e a segunda prática, na qual,” amplia-se o conceito de

avaliação, correção, controle e prevenção dos fatores

ambientais que podem afetar de forma adversa a saúde do

presente e das futuras gerações” (WEIHS; MERTENS, 2013, p.

4).

Os debates sobre os impactos do ambiente sob a saúde

foram amplamente discutidos na Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD ou

Rio-92), realizada no Rio de Janeiro em 1992, momento em que

se firmou o compromisso da elaboração e adesão de um

conjunto de políticas de meio ambiente e de saúde, partindo da

necessidade do desenvolvimento sustentável (WEIHS;

MERTENS, 2013; SOUZA; ANDRADE, 2014).

Durante a Rio-92, foi construída a Agenda 21, que consta

como documento norteador acerca da “Proteção e Promoção

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

204

das Condições da Saúde Humana”, dispondo de informações

pertinentes a relação saúde, meio ambiente e desenvolvimento

sustentável. A Agenda ainda apresenta táticas para os serviços

de saúde para a promoção do desenvolvimento

socioeconômico sustentável, garantindo qualidade de vida e

preservação dos ecossistemas (SOUZA; ANDRADE, 2014).

Por seguinte a implantação da vigilância ambiental, em

2007, foi instituída a Política Federal de Saneamento Básico,

regulamentada pela Lei 11.445 de 05/01/2007. A política tem

como finalidade a capacitação de recursos humanos para o

planejamento e controle do abastecimento de água, o

esgotamento sanitário, a limpeza urbana e manejo dos resíduos

sólidos realizados de formas adequadas à saúde pública e à

proteção do meio ambiente (REICO et al, 2015).

“Em complementação a Política Nacional de

Saneamento Básico foi lançado o Programa de Educação

Ambiental e Mobilização Social em Saneamento (PEAMSS)”

(REICO et al, 2015, p. 8). Sendo que com intuito de consolidar

o programa, o Ministério das Cidades e a Secretaria Nacional

para o Saneamento Ambiental, construiu o Caderno

Metodológico para Ações de Educação Ambiental e

Mobilização Social em Saneamento (BRASIL, 2009; apud

REICO et al, 2015).

No contexto socioambiental atual distintas inciativas são

fomentadas e discutidas em diferentes locais, de forma a

compreender a relações socioambientais e estabelecer atitudes

sustentáveis. A relação do homem com o meio ambiente

historicamente repercutiu em problemas ambientais,

comumente interligados aos aspectos sociais, culturais,

econômicos e políticos. Tornando a temática da

sustentabilidade o mais discutido pela sociedade, em virtude da

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

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crise ambiental global (TRISTÃO, 2012; MATTA; SCHIMIDT,

2014).

3.2 Educação em saúde

Define-se educação em saúde como: “Processo

educativo de construção de conhecimentos em saúde que visa

à apropriação temática pela população [...]” (FALKENBERG et

al, 2014, p. 2). Assim sendo, corresponde a um compilado de

práticas cujo a finalidade fora favorecer o empoderamento e a

autonomia da população, no que se refere ao autocuidado e as

discussões com profissionais e gestores na efetivação de uma

assistência à saúde de acordo com os princípios da

integralidade e equidade (CEVERA; PERREIRA; GOULART, 2011;

FALKENBERG et al, 2014, MATOS; MUGIATTI, 2017).

A educação ocorre por meio de três segmentos: sendo o

primeiro os profissionais da saúde que fomentam a prevenção

e a promoção e cura; segundo os gestores que subdsiam as

ações dos profissionais e terceiro a sociedade ao qual necessita

ampliar o conhecimento e ter autonomia no autocuidado e na

coletividade (MALLMANN; et al., 2013; GAZZINELLI et al,

2013).

O conquanto esse padrão de educação centrado no

modelo hegemônico pautado no biologicismo, onde o processo

de saúde-doença é percebido apenas por seu cunho biológico

e individual, persistindo até os dias atuais como orientador de

diversas práticas educativas (CAMPONOGARA, 2012; SILVA

et al., 2016).

Frente a conjuntura citada, Gazzinelli et al, (2013),

descreve que as representações sociais são caracterizadas por

um conjunto de conhecimento construído por meio de vivências

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

206

passadas de gerações a gerações, constituída por informações,

crenças, opiniões e atitudes acerca de um determinado objeto

social ou situação, que fundamenta a organização de um dado

grupo.

Uma vez que as representações sociais possibilitam

analisar a interação entre o indivíduo e a coletividade, onde o

sujeito passa a ser percebido como um ser psicossocial, já que

este se apropria de um conhecimento, adapta-o a seu modo e

partilha ao grupo que pertence (FERNANDES; BACKES, 2010;

COUTO et al., 2013).

Nesta lógica, compreende-se a educação em saúde,

como objeto de representação social, já que fora através deste

objeto que os profissionais da saúde buscam explicar assuntos

dentro do contexto social ao qual o sujeito e/ou a comunidade

encontra-se inserida (FERNANDES; BACKES, 2010; COUTO

et al., 2013).

Assim sendo, “a educação em saúde consiste no campo

de teorias e práticas que se ocupa das relações entre o

conhecimento e os processos de saúde e doença dos

indivíduos e da coletividade.” (FALKENBERG et al, 2014, p. 5).

Diante disso, corresponde à estruturação de um conhecimento

fundamentado na cientificidade, sujeito a adaptações conforme

a realidade e construindo uma interface entre o individual e o

coletivo, de forma que os conhecimentos específicos de cada

sujeito envolvido sejam compartilhados.

Alves e Aerts (2011) apud Falkenberg et al, (2014) afirma

que comumente tem-se o uso do termo educação e saúde,

como sinônimo de educação em saúde, entretanto, os termos

têm instrumento de trabalho distinto, visto que a educação se

refere a um conjunto de métodos pedagógicos que corroboram

na modificação do comportamento humano, já a saúde

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

207

corresponde ao conhecimento dos fatores de risco a saúde bem

como os instrumentos capazes de intervir sobre as doenças.

Destarte, para efetivar a realização e eficácia da

educação em saúde, é indispensável que se tenha a educação

voltada aos profissionais de saúde, que corresponde aos atores

que realizam a ação, dado tal necessidade, atualmente tem-se

discutido muito as questões acerca da educação na saúde

(SALCI et al, 2013; SILVA et al., 2016).

A educação na saúde consiste na produção e na

sistematização do conhecimento concernentes à graduação,

podendo estar ligada as práticas de ensino, aperfeiçoamento

didático e/ou curricular (GAZZINELLI et al, 2013).

Uma vez que o cenário de atuação dos profissionais da

saúde encontra-se em constante transformação, exige-se

destes o desenvolvimento do conhecimento cientifico, critico-

reflexivo e emocional e relações interpessoais, de forma que

este possa desempenhar uma assistência integral, equitativa e

resolutiva (SALCI et al, 2013; GAZZINELLI et al, 2013; SILVA

et al., 2016).

3.3 Interface entre saúde, meio ambiente e educação superior Os problemas ambientais é resultado do intenso e rápido

processo de urbanização e industrialização do mundo. Sendo

que Após a Segunda Guerra Mundial (1970), se iniciou as

discussões de cunho ecológico, tendo em vista que os

problemas ambientais passaram a obter uma proporção global,

onde a Educação Ambiental consolidou-se ao longo dessa

década como prática educativa nas distintas áreas de

conhecimento, uma vez que fora por meio da irracionalidade da

exploração do homem sob a natureza que desencadeou tal

problemática (BERNARDES; PIETRO, 2010; REIS et al., 2013).

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

208

Por esse motivo que Camponogara et al., (2012);

Zamberlan et al., (2012) e Guimarães et al, (2013), acreditam

que a inclusão dos debates referente a problemática ambiental

no contexto educacional universitário, fora indispensável, visto

que o local é favorável para o desenvolvimento de discussões

críticas-reflexivas acerca da complexidade que permeia a crise

ambiental, permitindo redimensionar e problematizar o

processo de saúde/doença, fomentando assim, novos olhares,

aos quais contribuirão com a substituição de hábitos e

reduzindo os impactos ambientais a partir do estabelecimento

de uma relação sustentável e saudável do homem com o

ambiente.

Pignatti, (2003), apud Pinhão; Martins (2012), ao expor

um retrospecto histórico acerca da relação ambiente e saúde

demonstra que uma das primeiras associações entre ambos

aspectos na área da ciência, se deu no campo da Saúde

Pública e Ecologia Humana, justificando-se pois anteriormente

a este momento tal ligação era estabelecida por meio de

momentos sócio históricos. Os estudos nos referidos campos

passam a se expandir e se relacionam a partir dos anos 70,

quando se tem o crescimento da industrialização e da

urbanização, bem como seus impactos à saúde.

Constata-se que, a educação ambiental surge dentro da

saúde pública como forma de controlar os problemas

ambientais potencialmente prejudiciais à saúde, passando a ser

inserida nas ciências sociais, de forma que passa a

compreender e qualificar a influência do contexto social,

econômico e cultural nas as questões de saúde e ambiente

frente a sociedade (SOUZA; ANDRADE, 2014).

Por seguinte a ampliação estudos quanto à associação

de saúde e ambiente, as discussões sobre a temática foram

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

209

fortemente consolidadas por meio dos encontros internacionais,

conferências e movimentos sociais, onde foram postos escopos

e estabelecidos compromissos, cujo objetivo fora desmistificar

e ampliar o entendimento de uma problemática de cunho social

(PINHÃO; MARTINS, 2012)

O primeiro grande momento que concretizou a

importância das discussões acerca dos problemas ambientais

ocorreu em 1972, quando ocorreu a primeira Conferência

Mundial sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo na

Suécia, onde teve como pauta as questões quanto às

atribuições mundiais e nacionais para mitificar impactos

ambientais (PINHÃO; MARTINS, 2012)

A conferência resultou na construção de um plano de

ação mundial denominado “Programa Internacional de

Educação Ambiental (PIEA)” além de incentivar a realização de

encontros nacionais e internacionais visando ressaltar a

indispensabilidade da Educação Ambiental como instrumento

principal no fomento de mudanças nas relações com o meio

ambiente (BERNARDES; PIETRO, 2010; QUANDT, 2014).

Posterior a conferência, diversos eventos solidificaram

Educação Ambiental no contexto de saúde, nessa perspectiva,

no ano de 1977, realizou-se a primeira Conferência

Intergovernamental sobre Educação Ambiental em Tbilisi

(Geórgia, então União Soviética) (NOVICKI; SOUZA, 2010).

Após dez anos, em 1987, realizou-se o primeiro o

Congresso Internacional sobre Educação e Formação Relativa

ao Meio Ambiente, em Moscou, seguido da Rio-92, em 1992,

ao qual somente durante a Conferência das Nações Unidas

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Educação

Ambiental foi consolidada como um instrumento de

transformação social, visto seu caráter de fomento crítico sobre

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

210

as relações do homem com o ambiente, através do Tratado de

Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e

Responsabilidade Global (NOVICKI; SOUZA, 2010; TRISTÃO,

2012).

No Brasil, a Educação Ambiental foi instigada a partir de

diversos momentos de debates entre educadores e

representantes do poder público, os quais evidenciaram a

necessidade da construção de programas governamentais

onde se desenvolva estratégias de práticas educativas

abordando as questões de Educação Ambiental durante o

processo de ensino e formação pessoal (TRISTÃO, 2012,

CAMPONOGARA et al., 2012).

A primeira conferência intergovernamental sobre

Educação Ambiental realizada pela Organização das Nações

Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em

1977, em Tbilisi culminou em diversas recomendações a serem

seguidas, na qual a recomendação n.º 01 se refere a Educação

Ambiental como o fruto da orientação e articulação de diversas

disciplinas e vivências educativas que corroboram na

compreensão integral do meio ambiente, possibilitando assim,

o desenvolvimento de estratégias efetivas e eficaz ao

atendimento das necessidades sociais que permeia tal temática

(ADAMS, 2012).

Para tanto se faz necessário uma maior proximidade

entre educação ambiental, processos educativos e realidade,

devendo as ações desenvolvidas em torno de problemas reais

com estratégias de uma perspectiva interdisciplinar e

globalizada, assim possibilitando maior compreensão da

temática (BERNARDES; PIETRO, 2010).

Na recomendação n.º 02, tem-se a apresentação dos

princípios básicos para a efetivação da prática educativa sobre

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

211

o meio ambiente de forma interdisciplinar, já que comumente

este, é abordado em distintas matérias, contribuindo para que

o sujeito tenha uma visão holística, global e equilibrada sobre o

meio ambiente (ADAMS, 2012, ZAMBERLAN et al., 2012).

A inserção da educação ambiental como ferramenta da

Política Educacional no Brasil, se deu por intermédio das

recomendações internacionais, caracterizando-se assim, como

um componente interdisciplinar no sistema educacional que se

baseou nas diretrizes do PIEA de 1975 e da Conferência de

Tbilisi (BOTON et al., 2010; PONCIANO; SANTOS; OLIVEIRA,

2014).

A Lei 9.795, de 27.04.1999, regulamenta a Política

Nacional de Educação Ambiental, ao qual tem por finalidade

possibilitar que através da inserção da educação ambiental no

processo de ensino está, fomente a construção e reconstrução

de valores, conhecimentos, habilidades no que se refere a

preservação do meio ambiente, de forma que se garanta a

qualidade de vida da população e a sustentabilidade do meio

ambiente (BOTON et al., 2010; PONCIANO; SANTOS;

OLIVEIRA, 2014).

Neste sentido a Lei 9.795/99 em seu artigo 1º apresenta

a definição de educação ambiental:

Art. 1º. Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

212

Já em seu 2º artigo traz que a Educação Ambiental deve

ser exteriorizada em todos os níveis de educação. Partindo

deste contexto, constate-se que a Educação Ambiental é

caracterizada como um processo, relativamente complexo,

devendo ser realizada a partir de uma prática educativa

integrada, contínua e permanente, devendo ser discutida em

disciplinas da graduação através do estabelecimento de um

nexo entre o conteúdo da disciplina e a temática meio ambiente

Para esclarecer melhor, a Lei 9.795/99 em seu artigo

nº10 dispõe que:

Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. §1º. A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino. §2º. Nos cursos de pós-graduação, extensão e nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental, quando se fizer necessário, é facultada a criação de disciplina específica. §3º. Nos cursos de formação e especialização técnico profissional, em todos os níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades profissionais a serem desenvolvidas.

O modelo de ensino ambiental preconizado na Lei

9.795/99, no Brasil, foi fortalecido pelo Ministério do Meio

Ambiente e do Ministério da Educação, a partir do Programa

Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), os Parâmetros

Curriculares Nacionais (PCN) e as resoluções do Conselho

Nacional de Educação (CNE), os quais, ressaltam que a

educação ambiental trata-se de um tema transversal que deve

ser trabalhado de forma interdisciplinar desde a educação

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

213

infantil até a pós- graduação (BOTON et al., 2010; PEREIRA,

2014).

Partindo da conjuntura supracitada e o disposto nas

recomendações da Conferência de Tbilisi e lei Lei 9.795/99, faz

necessário abordar tal temática durante a formação profissional

seja ela qual for área, uma vez que as universidades que por si,

tem o objetivo de formar seres humanos a partir de um

posicionamento crítico e reflexivo, instigando a mudança de

paradigmas científicos tradicionais e a promoção de novos

conhecimentos a partir da associação de diversos saberes em

conjunto a participação social (NOVICKI; SOUZA, 2010;

SOUZA; ANDRADE, 2014; PONCIANO; SANTOS; OLIVEIRA,

2014).

Sendo assim, a educação em todas as suas etapas

obtém papel fundamental na multiplicidade de informações

associados aos problemas sociais (COMPAGONARA et al.,

2012).

Reigota (2017, p. 9.), define “educação ambiental como

educação política”, assim sendo, considera-se que a educação

ambiental corresponde à análise das relações políticas,

econômicas, sociais e culturais, entre sociedade, natureza bem

como o vínculo com os seres humanos.

Neste sentido pressupõe-se que fora inviável dissociar a

educação ambiental da educação política, visto que estes

corroboram com a compreensão dos impactos das relações

humanas na sociedade e no meio ambiente.

Assim como apresentado por Porciuncula; Porto, (2014,

p. 4), ao articular os conceitos de envelhecimento, meio

ambiente e educação ambiental, onde estes devem estar

voltados a preservação do natural, com qualidade de vida,

assim fazendo deste um elemento relevante e emancipatório

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

214

interferindo positivamente na formação dos sujeitos e na

construção de saberes de forma significativa.

Logo, por meio da associação da educação ambiental

com a educação política é possível fomentar uma expansão das

condições dos cidadãos, no que se refere à liberdade da

autonomia e da intervenção direta destes na procura de

resultados alternativos que contribua com o equilíbrio

harmônico das relações (QUANDT, 2014; REIGOTA, 2017).

Para além disso, a educação ambiental deve fomentar a

reflexão sobre as ações e relações individuais e coletivos do

homem com o meio ambiente, visando favorecer e ampliar as

possibilidades de estabelecer coletivamente uma sociedade

com justiça social e cidadanias, por meio da autogestão e ética

nas relações sociais e com a natureza (BESERRA, 2010;

GUIMARÃES et al, 2013; REIGOTA, 2017).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo discutiu artigos produzidos entre 2010 e

2017, apresentando uma reflexão acerca da educação

ambiental, educação em saúde e a inter-relação ambiente,

saúde e formação profissional. A partir das reflexões realizadas

neste estudo, fora possível estabelecerem algumas afirmações

acerca da relação ambiente e saúde.

É indispensável expandir os debates teóricos acerca da

relação saúde e ambiente, de forma que se possa, ampliar e

fortalecer as estratégias que visam a substituição das ações do

homens sobre o meio ambiente. Por seguinte, foi possível

constatar que o meio ambiente obtém forte influência na

qualidade de vida do ser humano, correspondendo ao

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

215

determinante social de saúde que tem origem das construções

sociais da relação entre o homem e o ambiente.

Para além disso, considera-se conveniente uma

abordagem socioambiental como estratégia de

empoderamento da sociedade em geral e a educação

ambiental no contexto de formação profissional seja ela em

disciplina especifica ou de caráter transversal, afim de que se

modifique as relações negativas do homem sobre o ambiente,

por meio de ações baseadas na responsabilidade social e na

sustentabilidade do meio ambiente.

Identificou-se ainda, que a expansão da urbanização,

industrialização desordenada, o uso inadequado dos recursos

naturais, e outros fatores, corresponde a aspectos

potencialmente prejudiciais ao meio ambiente e

consequentemente a saúde. Logo, faz-se necessário a

intensificação das ações da vigilância ambiental de forma

efetiva e articulada a outros setores, já que as questões de

cunho ambiental correspondem a uma propedêutica de

responsabilidade social.

Os achados referentes à educação em saúde,

comportaram o maior número de publicações nas bases de

dados, achado este, que se justifica devido a temática estar

inserida em uma área com constante atualização cientifica

desde os primórdios da urbanização e industrialização.

Quanto as publicações referentes à relação ambiente e

saúde obteve-se um número relativamente expressivo, fator

este justificado por esta associação estar sendo realizada há

vários anos a qual se tem expandido em decorrência aos

diversos movimentos que surgiram nos últimos 20 anos e ao

avanço da medicina que conseguiu provar cientificamente os

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EDUCAÇÃO, SAÚDE E MEIO AMBIENTE: PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

216

impactos potencias do meio ambiente sob a saúde da

população.

No que se refere às publicações sobre a educação

ambiental no contexto da graduação, o número foi reduzido,

hipotetizando a partir das informações contidas nos periódicos,

que a temática é relativamente nova no processo de formação,

na qual não se tem ainda uma apresentação especifica quanto

disciplina durante a graduação, somente durante a pós-

graduação.

Diante de todos os argumentos expostos, enfatiza-se a

necessidade de reforçar as ações que incluam a

responsabilidade ambiental no meio universitário, visando

debates conceituais e críticos, ampliando a discussão da

temática no cenário atual, proporcionando conhecimento e

responsabilidade a sociedade acadêmica. E, está por sua vez,

promove o empoderamento e responsabilidade social na

preservação do meio ambiente, por meio de atitudes

sustentáveis.

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IMPACTOS AMBIENTAIS E À SAÚDE DA COMUNIDADE CAUSADOS POR UMA

MINERADORA NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB

222

CAPÍTULO 11

IMPACTOS AMBIENTAIS E À SAÚDE DA COMUNIDADE CAUSADOS POR UMA

MINERADORA NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB

Jaine Roberta de SOUZA1

Anderson Ricardo da SILVA2

Bruno Rafael da SILVA3 Cristiano Lucas FARIAS4

Lucilla Vieira CARNEIRO5 1Graduanda do curso de Enfermagem, FPB; 2 Graduando do curso de Engenharia Ambiental,

FPB; 3 Graduando do curso de Enfermagem, FPB; 4Graduando do curso de Enfermagem 5Orientadora. Mestre em Enfermagem pela UFPB/Docente da FPB.

[email protected]

RESUMO: As extrações de minérios interferem no meio ambiente, bem como na qualidade de vida da comunidade circunvizinha às empresas de mineração. Desse modo, o objetivo geral deste trabalho foi analisar os impactos ambientais e à saúde da comunidade causada por uma mineradora no município de Gurinhém-PB. Tratou-se de uma pesquisa documental quantiqualitativa, desenvolvida no período de janeiro a setembro de 2017, onde foram analisados os atendimentos de duas UBS do Município de Gurinhém. A alta exposição à sílica e os silicatos, advindos da extração de minérios podem resultar em várias doenças, sendo principais aquelas que acometem o sistema respiratório. Os resultados comprovam que a comunidade circunvizinha da mineradora sofre mais impactos negativos, relacionados à saúde, sendo necessário a elaboração de políticas públicas, com o intuito de solucionar ou diminuir tais impactos. Uma forma preventiva é informação e orientação, grandes ferramentas, principalmente

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IMPACTOS AMBIENTAIS E À SAÚDE DA COMUNIDADE CAUSADOS POR UMA

MINERADORA NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB

223

quando advém dos profissionais de saúde que regem aquela determinada área. Outra medida mitigadora, visando a proteção ambiental, seria o uso da barreira vegetal, que consiste na plantação de mudas em todo perímetro da pedreira dificultando a passagem do particulado e contribuindo para a harmonia paisagística. Palavras-chave: Doença ocupacional. Meio ambiente.

Comunidade. Prevenção à saúde.

1 INTRODUÇÃO

As questões ambientais vêm sendo discutidas desde a

publicação do livro Primavera Silenciosa (Silente Spring) em

1962, até os dias atuais. A autora Rachel Carson discutia as

questões ambientais relacionadas aos pesticidas que

influenciavam diretamente na saúde dos seres vivos (CARSON,

1964).

Com o surgimento das discussões em torno dos

problemas ambientais, na década de 80 surge no Brasil a

Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), onde destaca-se

a necessidade do aparecimento do termo impacto ambiental.

Hoje regulamentada pela resolução Conama nº 1/86,

artigo 1º que considera impacto ambiental qualquer alteração

das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambientecausada por qualquer forma de matéria ou energia

resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,

afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II

- as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as

condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e V - a

qualidade dos recursos ambientais (BRASIL, 1986).

Os impactos ambientais podem ser divididos em:

impactos positivos, como a criação de emprego, que influencia

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IMPACTOS AMBIENTAIS E À SAÚDE DA COMUNIDADE CAUSADOS POR UMA

MINERADORA NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB

224

direta e indiretamente na economia de uma cidade; e os

impactos negativos, com conceitos diferentes de poluição,

como por exemplo, o caso relatado neste trabalho, que trata as

alterações ocasionadas na vivência de uma comunidade, pela

emissão de particulados que advém da mineradora.

Segundo a Lei 6938/81, o conceito de poluição é definido

como a degradação da qualidade ambiental resultante de

atividades que direta ou indiretamente prejudicam: a saúde, a

segurança e o bem-estar da população; criam condições

adversas às atividades sociais e econômicas; afetam

desfavoravelmente a biota; afetam as condições estéticas ou

sanitárias do meio ambiente; lançam matérias ou energia em

desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (BRASIL,

1981).

No Brasil, as doenças causadas pela poluição

atmosférica vêm crescendo com o passar dos tempos, devido

ao grande aumento da industrialização, ou formação de

pequenas indústrias, que muitas vezes ocasionam uma

ineficiente eliminação de resíduos por conta da falta de políticas

de controle de poluição, junto a isto cresce também o número

de doenças ocupacionais se tornando um grande problema de

saúde pública.

A doença ocupacional não se restringe apenas aos

trabalhadores que atuam na área de serviços que provocam a

poluição atmosférica, mas também atinge comunidades que

residem à margem de tais indústrias e construtoras.

Conforme a Norma Regulamentadora, NR-09 do

Ministério do Trabalho, o programa de prevenção de riscos

ambientais tem como objetivo à preservação da saúde e da

integridade dos trabalhadores, visando através de

reconhecimento, de forma avaliativa a antecipação e

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IMPACTOS AMBIENTAIS E À SAÚDE DA COMUNIDADE CAUSADOS POR UMA

MINERADORA NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB

225

consequentemente o controle das ocorrências de riscos

ambientais existentes ou que por sua vez venham existir no

ambiente de trabalho, devendo a mesma estar articulado com

o disposto nas outras NR's, em especial com o Programa de

Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, previsto na

NR-7 com o objetivo de promoção e preservação da saúde, a

elaboração desse programa que deverá ter caráter de

prevenção, rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à

saúde relacionados ao trabalho, inclusive de natureza

subclínica conforme costa na sua NR (SZABÓ JÚNIOR, 2016).

O autor supracitado segue afirmando que embora essas

medidas sejam implantadas em seu local de trabalho, deverá

atentar para as origens e extensões de todos os seus riscos,

sejam eles de caráter químico, físico ou biológico. Pois embora

seus trabalhadores façam uso de equipamentos de proteção

individual e coletiva os mesmos só irão dar suporte aos

trabalhadores da empresa. No entanto, existe o impacto

ambiental que acomete a população que reside às margens

destas empresas.

Sabe-se que as extrações de minérios interferem no

meio ambiente, bem como na qualidade de vida da comunidade

circunvizinha. Desse modo, o desenvolvimento deste trabalho

justifica-se pela importância de se discutir os impactos

causados por uma mineradora ao meio ambiente e à saúde da

população, tendo em vista que vários aspectos da pedreira

influenciam diretamente nos impactos ambientais causados por

ela.

Assim, temos como objetivo geral analisar os impactos

ambientais e à saúde da comunidade causada por uma

mineradora no município de Gurinhém-Pb. E como objetivos

específicos: destacar a influência da exposição à sílica e aos

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silicatos no surgimento de distúrbios respiratórios na

comunidade; listar os principais problemas respiratórios

apresentados pela população e como essa exploração intervém

no meio ambiente desta região.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa documental quantiqualitativa.

De acordo com Gil (2002, p.62-3), a pesquisa documental

apresenta algumas vantagens por ser “fonte rica e estável de

dados”: não implica altos custos, não exige contato com os

sujeitos da pesquisa e possibilita uma leitura aprofundada das

fontes. Ela é semelhante à pesquisa bibliográfica, segundo o

autor, e o que as diferencia é a natureza das fontes, sendo

material que ainda não recebeu tratamento analítico, ou que

ainda pode ser reelaborado de acordo com os objetivos da

pesquisa.

Para Brüggemann e Parpinelli (2008), no campo da

saúde, os estudos quantitativos estão geralmente submetidos

aos cânones da epidemiologia, e os qualitativos aos das

ciências sociais, mas apoiam-se nos quadros teóricos das

disciplinas de referência para a construção do escopo de cada

uma das abordagens.

Brüggemann e Parpinelli (2008) ainda afirmam que a

abordagem quantiqualitativa é a combinação dos métodos

quantitativos e qualitativo produz a triangulação metodológica,

que numa relação entre opostos complementares, busca a

aproximação do positivismo e do compreensivíssimo. Assim, a

triangulação é uma estratégia de pesquisa que contribui para o

conhecimento sobre o determinado tema, alcançar os objetivos

traçados, observar e compreender a realidade estudada.

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A pesquisa foi realizada por meio dos dados fornecidos

pela Unidade de Básica de Saúde do Conjunto Jardim da

Esperança (UBS III), e pela Unidade de Saúde Básica do

Centro (UBS – CENTRO), ambas localizadas no município de

Gurinhém–PB-Brasil, onde foram utilizados os registros de

atendimentos médicos da população de janeiro a setembro de

2017. Destaca-se que o acesso aos prontuários de atendimento

das UBS’s foi previamente autorizado pela Secretaria Municipal

de Saúde do referido município.

Além disso, foram usados outros achados na literatura,

como: capítulos de livros, artigos em revistas profissionais e

materiais disponibilizados pela internet, em alguns sites (Scielo

e BVS), onde para a pesquisa destes artigos foram utilizadas as

palavras-chaves: doença ocupacional, qualidade do meio

ambiente e prevenção à saúde.

O trabalho foi realizado no município de Gurinhém-PB

no período de janeiro a setembro de 2017, onde a investigação

ocorreu em três etapas. A primeira constituiu-se da coleta de

dados, por meio de consulta ao prontuário de atendimento da

referida UBS abstraindo apenas os registros de atendimento

médico deste período. A segunda etapa foi a de identificar o

diagnóstico médico a cada atendimento feito, e a terceira foi a

de identificação dos diagnósticos de distúrbios respiratórios que

foram possivelmente evidenciados pela exposição à sílica e aos

silicatos da mineradora existente no município de Gurinhém-

PB.

Foi utilizado o método de análise de conteúdo do material

coletado, feito isso também por etapas: A primeira foia

categorização dos dados, onde os mesmos foram organizados

de maneira lógica e sistematizada. A segunda etapa, onde os

dados foram identificados, observando se há lacunas de dados,

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e se há alguma necessidade de esses serem colhidos

novamente, o que não foi necessário neste estudo. Após a

coleta e validação dos dados foi feita uma análise crítica,

observado que os mesmos apresentam os resultados

compatíveis com o esperado.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com o último censo IBGE (2010), no município

de Gurinhém-PB existem 13.872 habitantes, e está estimado

para 2017 cerca de 14.134 habitantes. Segundo CUNHA

(2017), a área da mineradora citada neste estudo, está situada

próxima a zona urbana de Gurinhém-PB, na Mesorregião do

Agreste Paraibano, pertencendo à Microrregião de Itabaiana-

PB, conforme podemos observar na Figura 1, a seguir.

Fonte: Autores, 2017

A partir da análise dos dados coletados nas duas

Unidades Básicas de Saúde (UBS’s) foi possível construir duas

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formas de apresentações desses dados. A seguir, temos os

dados referentes aos atendimentos médicos realizados na

Unidade de Saúde Básica do Conjunto Jardim da Esperança

(UBS III) no período de janeiro a setembro de 2017. Esta

Unidade atende 357 famílias cadastradas. Destaca-se que a

UBS III fica a 1,2 km de distância da Mineradora, na cidade de

Gurinhém –PB-Brasil.

Fonte: Autores, 2017.

Como podemos observar nos dados acima não foi

registrado atendimento médico no mês de maio de 2017 devido

a ausência deste profissional neste período.

De acordo com o período que foram colhidos os dados,

totalizam-se 1.984 atendimentos de janeiro de 2017 a setembro

de 2017, com exceção de maio, pelo motivo já citado acima.

Percebe-se que a quantidade de atendimentos é quase o dobro

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da quantidade de habitantes que vivem na comunidade, logo

constata-se que a prevalência dos distúrbios respiratórios é de

aproximadamente dois atendimentos por habitante.

Destaca-se que a maior queixa sobre as patologias

apresentadas pela comunidade é a de distúrbios respiratórios,

sendo os mais comuns e frequentes: gripe, rinite alérgica,

obstrução nasal, insuficiência respiratória, tosse secretiva ou

não acompanhada de febre, dispneia, doença pulmonar

obstrutiva crônica (DPOC) e crises de asma. Observando os

dados, ressalta-se que no mês de julho/2017 houve um

aumento bem considerável comparado aos meses anteriores,

tal fato pode ter sido influenciado pelo aumento de produção na

mineradora e até mesmo pelo clima, por este ser um mês mais

úmido e chuvoso.

Vale salientar, que segundo Brunner e Suddarth (2016),

a tosse acompanhada de febre, seja ela secretiva ou não, a

dispneia, obstrução do fluxo aéreo são achados comuns para

um quadro de silicose aguda, ou uma silicose inicial.

A seguir, temos os dados referentes aos atendimentos

médicos realizados na UBS – CENTRO, também realizados no

período de janeiro a setembro de 2017, com sua localização a

2,1 km da Mineradora, na qual foram usados os mesmos

critérios de coleta. Esta Unidade atende 688 famílias

cadastradas. Destaca-se que não foi registrado atendimento

médico nos meses de abril, maio e junho de 2017 devido a

ausência deste profissional neste período.

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Fonte: Autores, 2017

De acordo com os dados acima, percebe-se que a

demanda de atendimentos na UBS–CENTRO é bem maior

quando comparada com a UBS-III. Foram totalizados 2.334

atendimentos médicos, de janeiro a setembro de 2017, com

exceção dos meses de abril, maio e Junho, onde não houveram

atendimento médico pelo motivo citado anteriormente.

Fonseca e Vasconcelos (2011) afirmam que as doenças

respiratórias constituem um problema de saúde pública,

ocupando posição de destaque entre as principais causas de

internação no Sistema Único de Saúde (SUS). Os distúrbios respiratórios mais comuns na UBS–Centro

foram a DPOC, rinites alérgicas e asma, sendo esses com baixa

frequência e muitas vezes associadas a uma outra patologia de

base, como uma HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica), ou à um

quadro de virulência relacionado a mudança climática.

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Avaliando comparativamente as duas apresentações

dos dados, logo percebe-se uma grande diferença nos dados

em relação ao quantitativo de usuários que deram entrada nas

UBS’s com diagnósticos de distúrbios respiratórios. A

quantidade de pessoas que deram entrada com estes tipos de

distúrbios foi bem maior na UBS III que é localizada próxima a

mineradora e, consequentemente, sofre mais impactos que a

UBS Centro.

Observa-se na primeira apresentação que mesmo a UBS

Centro apresentando um número bem maior de atendimentos,

a quantidade de casos diagnosticados como distúrbios

respiratórios cai quase pela metade quando comparado aos

números da UBS III. Tal fato comprova que a comunidade

circunvizinha a mineradora sofre mais impactos negativos,

relacionados a saúde da comunidade. Evidenciando, assim, a

necessidade da elaboração de políticas públicas com o intuito

de solucionar ou minimizar os impactos causados à saúde da

população que reside próximo a mineradora.

Segundo CUNHA (2017), de modo geral, os efeitos

gerados pela exploração de recursos minerais e

consequentemente da mineração são sentidos por todo o meio

ambiente, que atinge consequentemente direta ou

indiretamente a flora, a fauna e os aspectos socioeconômicos

daquela região.

Além dos problemas respiratórios advindos da

mineradora, a população ainda apresenta outras patologias

causadas pelos ruídos, ou seja, a poluição sonora, gerando

estresse e outros agravos à comunidade.

Através da exposição destes dados, percebe-se que os

casos de atendimentos por causa dos distúrbios respiratórios

perduraram durante todos os meses estudados, tendo uma

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maior incidência nos três últimos meses (julho, agosto e

setembro).

Para Sánchez (2013), impacto ambiental é um conceito

mais amplo e substancialmente distinto de poluição. Enquanto

poluição tem somente conotação negativa impacto ambiental

pode ser benéfico ou adverso (positivo e negativo). Toda

poluição (ou seja, emissão de matéria ou energia além da

capacidade assimilativa do meio) causa impacto ambiental,

mas nem todo impacto ambiental tem a poluição como causa.

A extração de substâncias minerais possui uma

importância significativa para a sociedade, pois nenhuma

civilização pode se desenvolver sem uso dos bens minerais,

principalmente quando se pensa em qualidade de vida, uma vez

que as necessidades básicas do ser humano são alimentação,

moradia e vestuário, e são atendidas essencialmente por

recursos naturais. Representa uma atividade de relevante

importância socioeconômica (NOBRE FILHO, 2009).

A mineração chega a representar 60% do produto

interno bruto nacional (PIB), se somada às indústrias de

transformação mineral e aos bens de capital e consumo

derivados da atividade (IBRAM, 1992).

Bomfim et al. (2009), destacam que essa atividade é

considerada, por muitos, como fundamental para o

desenvolvimento econômico dos países, tendo em vista que os

minerais são essenciais para a atividade industrial moderna.

Mechi et. al. (2010) afirmam que de modo geral, a

mineração causa impacto significativo ao meio ambiente, pois

quase sempre o desenvolvimento dessa atividade implica

supressão de vegetação, exposição do solo aos processos

erosivos com alterações na quantidade e qualidade dos

recursos hídricos superficiais e subterrâneos, além de causar

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poluição do ar, entre outros aspectos negativos. As atividades

de extração mineral são de grande importância para o

desenvolvimento social, mas também são responsáveis por

impactos ambientais negativos muitas vezes irreversíveis.

A alta exposição à sílica e os silicatos, advindos da

extração de minérios podem acometer várias doenças, sendo

as principais àquelas que arremetem ao sistema respiratório,

dentre essas se destacam a silicose, que é manifestada através

de uma alta e longa inalação destes componentes. A silicose é

uma doença pulmonar que causa fibrose nos pulmões, pois são

inaladas partículas de sílica fibrogênicas, produzindo lesões

nodulares nos pulmões, e conforme a exposição estes nódulos

tendem a aumentarem e se colabam, não existe o tratamento

específico, porque o processo fibrótico do pulmão é irreversível

(BRUNNER; SUDDARTH, 2016).

Alguns sinais e sintomas são acusados quando se está

exposto a esses silicatos, como: tosse, febre, dispneia, muitas

vezes devido à obstrução das vias aéreas. Tais problemas

foram encontrados neste estudo.

4 CONCLUSÕES

Através deste trabalho e de acordo com os objetivos

traçados, conclui-se que a extração de minérios causa impactos

significativos de caráter negativo tanto ao meio ambiente, como

a saúde da população que vive próxima a esta localidade.

Foi possível identificar que a alta exposição à sílica e aos

silicatos está associada ao aparecimento e aumento de casos

de distúrbios respiratórios na comunidade da UBS – III,

diminuindo a qualidade de vida, principalmente dos grupos mais

susceptíveis a essas consequências, como a comunidade

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circunvizinha a mineradora e os habitantes que já possuem uma

doença respiratória de base.

Os principais diagnósticos respiratórios apresentados pela

população nos atendimentos médicos realizados nas duas

UBS’s foram rinites alérgicas, asma, gripe, obstrução nasal,

insuficiência respiratória, tosse secretiva ou não, acompanhada

de febre, dispneia e crises de DPOC. Todos esses achados

propõem um pensamento reflexivo a respeito de complicações

futuras, pois todos eles são sintomas iniciais de uma silicose

aguda, podendo evoluir ao longo dos anos de maneira

irreversível.

Sabe-se também que a informação é uma grande

ferramenta para a prevenção, principalmente quando estas

orientações advêm dos profissionais de saúde que regem

aquela determinada área. Por isso, a equipe de saúde que

compõe a Unidade Básica de Saúde (médico, enfermeiro,

técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde e

agentes ambientais) possuem importante papel e

responsabilidade de orientar à comunidade a respeito dos

riscos e agravos que a exposição à sílica e aos silicatos podem

causar na qualidade de vida de cada um.

Ressalta-se que a presença de uma mineradora na

comunidade pode trazer alguns impactos positivos como a

oportunidade de emprego para os moradores da cidade e até

das cidades circunvizinhas, a economia da cidade também é

influenciada direta e indiretamente, existindo um aumento no

PIB municipal e a visão de desenvolvimento é corroborada.

Contudo, os impactos negativos sobressaem, com isso

algumas medidas mitigadoras poderiam ser tomadas. O

zoneamento ambiental que tem como princípio organizar o

território, organizar todo uso e ocupação do solo, e a gestão

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ambiental seria uma maneira de não haver casas próximas a

mineradora evitando os problemas de saúde ocasionados pela

modificação no ar.

Uma medida mitigadora para uma mineradora já

implementada que esteja próximo à residências seria o uso da

barreira vegetal, que consiste na plantação de mudas em todo

perímetro da pedreira para que as árvores, sejam elas de médio

à alto porte, se tornem verdadeiras barreiras dificultando a

passagem do particulado e contribuindo para a harmonia

paisagística. Outra medida seria o monitoramento, importante

instrumento para que se possa ter ideia da qualidade do ar e se

ele encontra-se de acordo com as normas padrão

estabelecidas.

Portanto, conclui-se que este estudo tem como uma de

suas finalidades a de alicerçar demais estudos referentes ao

tema e ser causador de mudanças benéficas para a

comunidade, para os profissionais, para as instituições e para a

própria saúde, na perspectiva da educação ambiental, do bem-

estar e da qualidade de vida.

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MINERADORA NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB

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IMPACTOS AMBIENTAIS E À SAÚDE DA COMUNIDADE CAUSADOS POR UMA

MINERADORA NO MUNICÍPIO DE GURINHÉM-PB

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DIAGNÓSTICO DA PERCEPÇÃO TURÍSTICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NA FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO, EM PIAÇABUÇU-AL

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CAPÍTULO 12

DIAGNÓSTICO DA PERCEPÇÃO TURÍSTICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO

AMBIENTAL NA FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO, EM PIAÇABUÇU-AL

Anderson GonçalvesRAMOS1

Alan César Vanderlei MOURA1

Fabíola de AlmeidaBRITO2

1Mestrandos do Curso de Mestrado Profissional em Análise de Sistemas Ambientais, do

Centro Universitário CESMAC; 2Professora do Curso de Mestrado Profissional em Análise de

Sistemas Ambientais do CESMAC.

[email protected]

RESUMO:Piaçabuçu é um município alagoano que fica situado às margens do rio São Francisco, essa região faz parte de uma APA. Nesse trabalho de pesquisa buscou-se analisar de que forma se dá a percepção turística na Área de Proteção Ambiental na Foz do rio São Francisco em Piaçabuçu-AL. Foi realizado um estudo transversal descrito com abordagem quali-quantitativa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário CESMAC, sob CAAE: 60278216.6.0000.0039. A aplicação dos questionários se deu na Foz do rio São Francisco, totalizando 160 voluntários que foram divididos em dois grupos: G1 (visitantes excursionistas) e G2 (trabalhadores do turismo). Constatou-se que a percepção varia dependendo da origem, faixa etária, gênero, profissão, escolaridade, e renda familiar. Do ponto de vista da responsabilidade ambiental, a maioria dos indivíduos abordados levou um saco plástico para o depósito do lixo gerado durante o passeio na Foz, sobretudo, verificou-se que 98,13% disseram ter simpatia pelas causas ambientais. Ainda, 35,51% concordam que a preservação do atrativo natural da

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DIAGNÓSTICO DA PERCEPÇÃO TURÍSTICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NA FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO, EM PIAÇABUÇU-AL

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Foz está ótima e 55,14% boa. Cada indivíduo possui diferentes percepções sobre determinados temas, desse modo, os visitantes excursionistas e os trabalhadores do turismo da Foz, enxergam nesse atrativo turístico natural uma oportunidade de progresso econômico mais rápido e maiores benefícios na qualidade de vida da população local. Palavras-chave:Visitantes Excursionistas. Trabalhadores do

Turismo. Piaçabuçu.

1 INTRODUÇÃO

Ao longo da história o turismo firmou-se como um

fenômeno mundial desencadeando transformações sócio-

espaciais e ecológicas. Acredita-se que essas mudanças

contribuem para a melhoria da qualidade de vida das

populações em diversos aspectos: conservação ambiental,

geração de renda, emprego e educação. (RIBEIRO; HIGUCHI,

2008).

O município de Piaçabuçu situa-se as margens do rio

São Francisco, com aproximadamente 18 mil habitantes e cerca

de 140 Km de distância da capital Maceió, possuidor de um dos

maiores atrativos turísticos de Alagoas, toda essa riqueza

ambiental é responsável por uma parcela da economia da

cidade (IBGE, 2010; HISTÓRIA DE PIAÇABUÇU,

PIAÇABUÇU, 2016).

Essa região do São Francisco é formada por um

ecossistema rico em dunas, mangues, vegetação de mata

atlântica, coqueirais, aves migratórias e tartarugas

marinhas(BRASIL, 2000), o que lhe conferiu o enquadramento

em Unidade Conservação de Uso Sustentável(BRASIL, 1983),

intitulada Área de Proteção Ambiental – APA de

Piaçabuçu.(CABRAL; JÚNIOR; LARRAZÁBAL, 2006).

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A cidade recebe anualmente inúmeros turistas de

diversos lugares do mundo que se encantam com o encontro

das águas, clima tropical e também com o estilo de vida calmo

da população local, culinária típica e artesanatos (FOZ DO RIO

SÃO FRANCISCO ENCANTA TURISTAS; SERGIPE, 2015).

Desse modo, existem variações na opinião dessas pessoas, no

que diz respeito à interpretação da paisagem e qualidade de

vida dos trabalhadores locais que fazem da atividade turística

seu meio de sobrevivência, como também de seus visitantes.

Assim, tem sido cada vez mais alvo de práticas

questionáveis em termos da percepção ambiental, tanto dos

visitantes como também dos atores que dão suporte à

operacionalização da atividade turística. Informalmente,

observa-se que esta percepção dos trabalhadores e

excursionistas, que se utilizam de pacotes turísticos, se dá de

variadas formas, de acordo com a sua origem, faixa etária,

gênero, profissão, escolaridade, e renda familiar.

Dessa forma, segundo Villar et al. (2008),a percepção

pode ser apresentada como sendo uma apoderação de cuidado

com as problemáticas relativas ao ambiente, isto é, o ato de

perceber o ambiente em que se está inserido, se permitindo a

preservá-lo e protegê-lo.

Com isso, percebe-se a necessidade de entender como

os visitantes desse ecossistema ficam sabendo desse passeio

a Foz do rio São Francisco e, como consequência, será

necessário investigar qual a forma de compra do mesmo.

A pesquisa pretende colaborar com os gestores

responsáveis pela estruturação da área turística da cidade, na

intenção de promover algumas reflexões sobre o

direcionamento do turismo na região visando o

desenvolvimento econômico e a preservação ambiental. Além

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disso, é uma análise que também procura entender o fato de

Piaçabuçu estar aumentando gradativamente o fluxo do turismo

para aquele ecossistema através da dinâmica dos visitantes

excursionistas1 no âmbito natural.

Portanto, é de fundamental importância conhecer a

realidade do local a ser estudado, para consequentemente

comparar com os dados quali-quantitativos obtidos através da

realização da pesquisa. Dessa maneira, o turismo pode ser

considerado uma atividade essencialmente humana, pois a

viagem cria intrínsecas relações do resultado do encontro entre

os visitantes e visitados. (SAMPAIO; ZAMIGMAN, 2012)

O presente trabalho teve como objetivo analisar de que

forma se dá a percepção turística na Área de Proteção

Ambiental na Foz do rio São Francisco, em Piaçabuçu-AL.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Tratou-se de um estudo transversal descritivo, com

abordagem quali-quantitativa. Conforme a Resolução nº 466,

de 12 de dezembro de 2012 (BRASIL, 2012), o trabalho foi

submetido em 08 de setembro de 2016 ao Comitê de Ética e

Pesquisa do Centro Universitário CESMAC, e aprovado em 09

de novembro 2016, sob CAAE: 60278216.6.0000.0039.

O projeto de pesquisa foi desenvolvido na Foz do Rio

São Francisco, no município de Piaçabuçu-AL, onde há uma

1 Neste trabalho está sendo trabalhado o conceito de visitante excursionista, que segundo a ONU/OMT (apud DIAS, 2008 p. 45) é uma categoria que “compreendem todos os visitantes que não permanecem mais de 24 horas no local visitado, não ocupando consequentemente um alojamento coletivo ou privado para passar a noite”. A utilização deste conceito dá-se pelo fato das características inerentes a viagem, ou seja, os mesmos não utilizam dos recursos turísticos da localidade objeto deste estudo.

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grande procura por parte dos visitantes excursionistas. Foram

aplicados os questionáriossemi-estruturados previstos no

período de Novembro de 2016 a Junho de 2017.

Até o presente momento, essa pesquisa foi realizada

com 107 visitantes e 53 trabalhadores (6 motoristas, 7

barqueiros, 10 informantes, 10 guias, 10 comerciantes e 10

barqueiros).

Todos os procedimentos foram desenvolvidos somente

após a aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa. Os

voluntários receberam as informações necessárias sobre o

projeto de pesquisa e os que aceitaram participar, assinaram o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Vale destacar que esse trabalho apresenta elementos

metodológicos utilizados por Padilha (2011), que permitiu

investigar a percepção ambiental e turismo.Revelam-setambém

estudos para identificar opiniões e atitudes explícitas dos

grupos relativas a análise estrutural e a percepção geográfica

do turismo, tendo como modelos os trabalhos desenvolvidos

porXavier (2007), Bonfin (2007), e Beni (2002). Ainda assim,

acrescenta-se a isso a investigaçãoproduzida por Takahashi e

Milano (2002) percepção dos visitantes sobre os impactos

ambientais. Os seis questionários são direcionados e divididos

para os dois grupos G1 (visitantes excursionistas) e G2

(trabalhadores do turismo).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Constatou-se que os resultados da pesquisa na Área de

Proteção Ambiental na Foz em Piaçabuçu-Alagoas em relação

a percepção turística foram traçados através dos questionários

aplicados aos trabalhadores envolvidos com a atividade do

turismo e visitantes.

Nesse sentido, através desses resultadostemos a

disposição orientações para melhoria da qualidade de vida e

promoção do turismo sustentável na APA. Um modelo de

desenvolvimento turístico que obteve êxito na medida em que

a percepção da localidade foi considerada tanto por moradores

ligados ao turismo, quanto por visitantes excursionistas.

(ASSUNÇÃO, 2012)

Sendo assim, conseguiu-se traçar o perfil dos voluntários

a partir dos itens: origem, faixa etária, gênero, profissão,

escolaridade, e renda familiar. Os dados obtidos foram

tabulados e convertidos em tabelas e gráficos na planilha

eletrônica do Microsoft Office Excel® versão 2013 e

armazenados na ferramenta Google Drive®, cujo acesso é de

responsabilidade dos pesquisadores.

Nesse contexto, não basta à elaboração de projetos

turísticos que não aproxime as realidades locais, eles precisam

ser elaborados com vistas a respeitar os valores locais,

baseados nas relações sociais estabelecidas principalmente

pela comunidade, pois se esses fatores não forem

considerados, dificilmente alcançarão seus objetivos

(PORTUGUEZ; SEABRA; QUEIROZ, 2012)

Foi surpreendente a construção dos diferentes olhares e

apreciações, por parte de todos os envolvidos com a atividade

turística na região da Foz. Desse modo, foi de fundamental

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relevância nesse trabalho entender que a percepção de cada

um desses atores diferencia-se a partir do momento e lugar em

que se está inserido. Conforme acrescenta Tuan (2012 p.6):

A superfície da terra é extremamente variada. Mesmo um conhecimento casual com sua geografia física e a abundância de formas de vida, muito nos dizem. Mas são mais variadas as maneiras como as pessoas percebem e avaliam essa superfície. Duas pessoas não veem a mesma realidade. Nem dois grupos sociais fazem exatamente a mesma avaliação do meio ambiente.

Partindo desse pressuposto, entende-se que a

percepção turística desses atores está relacionada a imagem

desse atrativo. Ou seja, a forma como o mesmo pode ser

interpretado a partir da perspectiva de cada indivíduo.

Para melhor entender o conceito de imagem, Kotler e

Gertner (2002, p. 251) definem imagem como sendo:

O conjunto de crenças e impressões que as pessoas possuem sobre lugares. Imagens representam a simplificação de uma grande quantidade de associações e informações relacionadas a um lugar. Elas são um produto da mente que tenta processar informações essenciais de uma grande quantidade de dados sobre um lugar.

Para muitos autores, apresentar a definição de imagem

é tarefa quase impossível, pois, ao longo dos tempos, variadas

formas de se imaginar ou avaliar determinado lugar ocorre de

forma bastante diferenciada. Nesse contexto, Bignami (2002)

acrescenta que a imagem nos conduz a vários significados, que

também pode ser associada a um conjunto de percepções a

respeito de algo, compondo uma representação de um objeto

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ou ser, uma projeção futura, e, até mesmo, uma lembrança ou

recordação passada.

Quando questionados “se havia uma relação e

integração com o meio ambiente natural”, (76,64%) dos

visitantes excursionistas abordados, responderam que sim, fato

esse percebido também por grande parte das classes dos

trabalhadores do turismo “Tabela(1)”.

- Aspectos de preservação dos atrativos naturais Tabela (1): Se sente parte integrante desse meio

Classe Sim (%)

Não (%)

Não desejo responder (%)

Barqueiros 71,43 28,57 ---------

Comerciantes 70,00 10,00 20,00

Guias 90,00 10,00 ---------

Informantes 90,00 10,00 ---------

Visitantes excursionistas 76,64 11,21 12,15

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

A partir desse contexto, pode-se acrescentar que a

percepção e o pertencimento da paisagem vão variar de acordo

com cada partícipe, origem, faixa etária, gênero, profissão,

escolaridade, e renda familiar. Cada pessoa vai perceber a

paisagem de forma diferenciada, pois o que se observa hoje

recebe influência do mundo exterior, e consequentemente o

inverso. Com isso, a visão de mundo é percebida tanto dentro

quanto fora da realidade local que se vive.

Com relação aos conceitos fundamentais do que é

paisagem, principalmente no que tange aos aspectos temporais

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e a concepção “geográfica” da mesma, temos para Schier

(2003, p. 80): Hoje, a ideia de paisagem merece mais atenção pela avaliação ambiental e estética. Neste sentido, depende muito da cultura das pessoas que a percebem e a constroem. Ela é, assim, um produto cultural resultado do meio ambiente sob ação da atividade humana. O aspecto cultural tem desempenhado um papel importante na determinação do comportamento das pessoas em relação ao meio ambiente. Determinadas paisagens apresentam, na sua configuração, marcas culturais e recebem, assim, uma identidade típica. A problemática ambiental moderna está ligada à questão cultural e leva em consideração a ação diferenciada do homem na paisagem. Desta forma, a transformação da paisagem pelo homem representa um dos elementos principais na sua formação.

Naturalmente, a interpretação da paisagem é apreciada

de forma mais consistente por Schier (2003), através da

avaliação estética e ambiental, visto que essas expressões

podem ser utilizadas nas mais diversas situações, pois marcas

e identidades culturais são atributos essenciais no que tange a

percepção e avaliação de uma determinada paisagem. Nesse

sentido, cada pessoa irá perceber e construir a sua

representação do ambiente.

Dessa maneira, para Santos (1991, p. 61), paisagem é:

Tudo aquilo que nós vemos, o que nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser definida como o domínio do visível, aquilo que a vista abarca. Não é formada apenas de volumes, mas também de cores, movimentos, odores, sons, etc.

Para Tuan (2012, p. 11), a paisagem:

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Não significa uma unidade funcional, como uma fazenda ou um município, não podendo ser definida apenas por especificação de suas partes. Paisagem é mais do que isso. É como uma imagem, uma construção da mente e dos sentimentos. As imagens que temos sobre paisagens são infinitas, pois existem perspectivas estéticas, funcionais e morais. Paisagem é uma combinação de pontos de vista objetivos e subjetivos, que tem lugar no “olho da mente”. Ela nos aparece mediante um esforço de imaginação, exercido sobre uma forma altamente selecionada, a partir de um sentido determinado.

Desse modo, na atualidade o conceito de paisagem está

ligado ao cotidiano e herança de cada pessoa, pois a partir do

momento em que se vivencia ou até mesmo interage com

culturas e localidades diferentes de seu entorno, o homem

consegue adentrar em um cotidiano diferente, assim, sentir-se

parte integrante de determinado lugar visitado.

Quando se perguntou “o que pensa em relação ao

aspecto de preservação do atrativo natural Foz do rio São

Francisco”, a grande maioria (55,14%) respondeu que é bom e

uma outra parcela (35,51%) que considera ótimo.

Dessa forma, considera-se bastante relevante a

avaliação sobre a preservação desse atrativo por parte dos

grupos “G1” e “G2”, afinal, através disso é que entendemos o

elo que os partícipes da pesquisa tem com a natureza, e

principalmente,atenção com a preservação da localidade.

Espectador da natureza, o homem encontra o equilíbrio no

mundo natural, e esse universo pode constituir-se em elemento

útil para o turismo. A procura por locais mais preservados

constitui hoje uma parcela importante da atividade turística

mundial (ASSUNÇÃO, 2012).

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Os voluntários que participaram desse estudo também

disseram que tem simpatia pelas causas ambientais (98,13%).

Essa análise confirma a preocupação desses indivíduos com o

aspecto de preservação do ambiente turístico, e ainda

demonstra a necessidade de se desenvolver um projeto de

educação ambiental, para estimular valores e

responsabilidades, visto que a percepção se dá pelas

experiências vivenciadas e também está relacionada com ação

e cultura da população local (CARVALHO; RODRIGUES,

2015).

Em seguida os voluntários participantes da pesquisa,

responderam sobre a destinação dada ao lixo gerado durante o

passeio, assim esses resultados são evidenciados através da

“Tab.(2)”,ou seja, esses dados mostram que eles tinham

responsabilidade com as causas ambientais, mais

especificamente em manter o ambiente conservado.

- Responsabilidade ambiental

Tabela (2): Durante a visitação a Foz do Rio São Francisco, o que você fez com o seu “lixo”

Classe

Guardou

no bolso

(%)

Levou

um

saquinho

(%)

Lixeira

(%)

Não

desejo

responder

(%)

Barqueiros --------- 90,00 10,00 ---------

Comerciantes 10,00 60,00 30,00 ---------

Guias --------- 90,00 10,00 ---------

Informantes --------- 90,00 10,00 ---------

Visitantes

excursionistas 25,23 36,45 37,38 0,94

Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

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Dessa maneira, o potencial de desenvolvimento turístico

oferece ao mesmo tempo oportunidade e desafio para a

execução de ações de proteção ao meio ambiente e de

promoção do seu uso economicamente sustentável, com

respeito aos costumes regionais, viabilizando grandes avanços

na inclusão social e na distribuição da riqueza.(MTUR, 2013).

Por conseguinte, sobre à questão de ver o turismo como

um meio de desenvolver a região, trazendo melhoria nas

condições de vida para populares, e gerando progresso mais

rápido para a localidade, 76,64% dos avaliados acreditam que

sim,que essa possibilidade existe.Dessa forma, o turismo

constitui uma atividade econômica com grande potencial de

alavancar e contribuir para a consolidação do desenvolvimento

socioeconômico equilibrado. (MTUR, 2013)

Diante desse contexto,o turismo apresenta-se como uma

atividade organizada, capaz de acarretar em ganhos

bastanteposivitos, gerando qualidade de vida para os que

oferecem os serviços, como também satisfação para os que

usufruem, conforme comprovado através de dados obtidos

nessa pesquisa. De acordo com Leff (2010), a economia está

fortemente ligada ao crescimento e progresso, e a racionalidade

ambiental é capaz de construir novas economias.

Dessa forma, sobre a satisfação com o roteiro visitado,

foi utilizada uma escala de valores variável entre 1 (totalmente

insatisfeito) e 5 (totalmente satisfeito). (MASUTTI, 2017) Assim,

verificou-se consonância na percepção dos atores, pois 84,12%

se sentiram totalmente satisfeitos, e apenas14, 01%

parcialmente satisfeitos. A “Tab. (03)” sintetiza os resultados

das variáveis avaliadas pelos voluntários.

Tabela 3: Opinião sobre a visitação na Foz do Rio São

Francisco?

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Fonte: Dados da Pesquisa, 2017.

Diante do que foi apresentado, constata-se a

aceitabilidade dos visitantes em relação ao potencial turístico

dessa localidade. Ademais, pode-se dizer que a satisfação

desencadeia conseqüências positivas ao passo que a

insatisfação traz resultados indesejados. Os destinos turísticos

que se preocuparem em promover níveis elevados de

satisfação possivelmente terão visitantes em seus atrativos por

muito tempo garantindo a sustentabilidade econômica e social

dos empreendedores e das comunidades. (MESQUITA;

ROCHA 2009)

Partindo desse pressuposto, percebe-se que o município

de Piaçabuçu vem cada vez mais se desenvolvendo em relação

ao turismo, visto que antes disso as economias que dominavam

eram o plantio do arroz e a pesca. Essas últimas atividades

econômicas ainda se concentram nas mãos de grande parte

dos trabalhadores do lugar, no entanto, principalmente os

pescadores atualmente apostam no turismo como fator de

melhoria e qualidade de vida de sua família e população.

Classe Totalmente satisfeito (%)

Parcialmente satisfeito (%)

Totalmente insatisfeito (%)

Barqueiros 84,12 14,01 1,87

Comerciantes 84,12 14,01 1,87

Guias 84,12 14,01 1,87

Informantes 84,12 14,01 1,87

Visitantes excursionistas

84,12 14,01 1,87

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Conforme complementa um pescador em relato (54 anos, em

questionário aplicado2):

Antes de o Turismo chegar, eu tinha um barquinho para pescar, hoje como a pescaria está bem devagar, eu juntei um dinheirinho e reformei meu barco para poder levar os turistas para Foz e mostrar as belezas das dunas e o encontro do rio com o mar.

Partindo dessa premissa, Xavier (2007, p. 12) afirma

que:

As populações desses espaços esperam do Turismo e da recreação oportunidades para melhorar seu sustento e a qualidade de vida da comunidade. Isso se torna viável utilizando-se dos valores locais, do saber fazer, dos sentimentos e relações com a natureza e com a cultura local.

Acrescenta-se a essa afirmação, o fato de que grande

parte dos trabalhadores na Foz em Piaçabuçu entendem que o

Turismo atual é capaz de transformar o seu cotidiano,

ocasionando em ganhos como: melhoria na qualidade de vida

e geração de emprego e renda.

Por fim, sobre a percepção dos motoristas, os aspectos

avaliados se restringem ao deslocamento de Maceió à

Piaçabuçu-Alagoas, onde 33,34% deles consideravam o

passeio à Foz ótimo; 50% acreditavam que a melhor forma de

preservar o meio ambiente da Foz seria a fiscalização e a

educação ambiental.

2 Dado coletado de pesquisa de campo (2016/2017).

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DIAGNÓSTICO DA PERCEPÇÃO TURÍSTICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NA FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO, EM PIAÇABUÇU-AL

255

4 CONCLUSÕES

Existem diferentes maneiras de percepção, podendo ser

individual ou coletiva. Assim, através dessa pesquisa percebeu-

se que esses fatores influenciam na forma como se observa

uma determinada paisagem, tanto para guias e informantes de

turismo, motoristas, comerciantes, barqueiros, como também

para os visitantes do lugar. Nesse contexto, constatou-se a

existência de variadas formas de se avaliar a paisagem da Foz,

sobretudo, por conta dos múltiplos perfis de todos os

entrevistados.

Sendo assim, conclui-se que o passeio da Foz do rio São

Francisco é um destino que vem sendo percebido por parte dos

profissionais e visitantes, como uma localidade que proporciona

oportunidades e melhorias na qualidade de vida de todos os

envolvidos com a atividade do turismo. De modo geral, entender

como se dá a percepção turística na Área de Proteção

Ambiental da Foz por meio dos trabalhadores e excursionistas

é extremamente importante e necessário.

Partindo desse pressuposto esse artigo é um pequeno

passo para as possibilidades existentes às questões ambientais

e melhorias de condições de vida, e ao mesmo tempo tem um

caráter conscientizadorpara os que visitam e trabalham nesse

atrativo turístico, com a intenção de adequar a forma de avaliar

e perceber uma determinada paisagem, nesse caso, a imagem

da Foz do rio São Francisco. Assim, conseguiu-se compreender

a importância da metodologia aplicada aqui nesse trabalho para

novos estudos exploratórios, bem como para futuras pesquisas

de interpretação da paisagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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DIAGNÓSTICO DA PERCEPÇÃO TURÍSTICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NA FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO, EM PIAÇABUÇU-AL

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DIAGNÓSTICO DA PERCEPÇÃO TURÍSTICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NA FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO, EM PIAÇABUÇU-AL

257

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DIAGNÓSTICO DA PERCEPÇÃO TURÍSTICA NA ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL NA FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO, EM PIAÇABUÇU-AL

258

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IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

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CAPÍTULO 13

IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE

MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

Alan César Vanderlei MOURA(1)

Nathalia Maria Rogerio Malta de OLIVEIRA(2)

Marília Cristiny Marques LOPES (2)

Anderson Gonçalves RAMOS (1)

Fabíola de Almeida BRITO(3)

(1) Mestrandos em Análise de Sistemas Ambientais pelo Centro Universitário Cesmac. Maceió, Alagoas.

(2) Graduandas em Biomedicina do Centro Universitário Cesmac. Maceió, Alagoas. (3) Professora do Mestrado em Análises de Sistemas Ambientais do Centro Universitário

Cesmac. Maceió, Alagoas. [email protected]

RESUMO: Este artigo analisou os Impactos advindos da atividade hoteleira com influências no Meio Ambiente, mais precisamente no espaço compreendido entre as praias de Ponta Verde e Cruz das Almas – Maceió/AL. A metodologia utilizada foi de um estudo transversal descritivo, com abordagem quali-qualitativa, a natureza da investigação, a abordagem foi do tipo não probabilística por conveniência, com aplicações de questionários nos meios de hospedagem que aceitaram participar da pesquisa de forma voluntária. Os meios de hospedagens exercem grande influência sobre a população autóctone e turística, sendo responsáveis por inúmeros aspectos positivos e negativos, onde o tratamento dispensado ao destino dos resíduos sólidos e líquidos foram objetos de pesquisa, bem como a Identificação das formas de descartes dos resíduos sólidos e líquidos, o grau de interesse dos turistas pela destinação dos resíduos produzidos pelos meios de hospedagens, Identificação das ações de preservação,

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IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

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conservação e sustentabilidade ambiental, desenvolvimento de palestras proferidas ao trade hoteleiro com objetivo de contribuir para um maior esclarecimento e divulgação das formas adequadas de consumo, tratamento e descarte de resíduos oriundos das atividades desenvolvidas pelos meios de hospedagens, com a elaboração de uma cartilha ilustrativa com informaçãoes relevantes ao tema pesquisado e classificar os principais tipos de resíduos líquidos e sólidos. Palavras-chave: Meio de hospedagem. Sustentabilidade ambiental. Resíduos.

1 INTRODUÇÃO

O turismo como setor econômico apresenta-se com

duplicidade de sentido, dependendo da forma que é explorado.

Preserva ou destrói a ecologia e os valores socioculturais;

valoriza o patrimônio histórico-cultural ou depreda-o; auto-

realiza ou aliena o homem; integra populações ou segrega-as

(PAIVA, 1998). Este é o setor que mais emprega pessoas em

todo o mundo, que realiza investimentos sólidos para manter

aatividade e que apresenta as melhores perspectivas de

expansão nos próximos anos, principalmente em função das

novas formas de organização do trabalho, que permitirão que o

homem tenha mais horas para o desfrute do lazer (DIAS, 2008).

Os meios de hospedagens exercem grande influência sobre a

população autóctone e turística, sendo responsáveis por

inúmeros aspectos positivos e negativos, onde o tratamento

dispensado ao destino dos resíduos sólidos e líquidos serão

pesquisados. A demanda turística tornou-se mais exigente,

variada e variável. Ela tende a se focar cada vez mais sobre a

qualidade e exprime as necessidades da cultura e do meio

ambiente (BARTHOLO; ROBERTO; SANSOLO; DAVIS

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IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

261

GRUBER E BURSZTYN; IVAN, 2009). Em face à raridade de

elementos de pesquisas e estudos continuados acerca da

geração e manejo de resíduos sólidos e líquidos gerados no

âmbito dos meios de hospedagem no cenário nacional, é

importante analisar as contribuições de Mandelli (1997).

O autor afirma que lidar com esses resíduos exige

esforços integrados e multiprofissionais e, salienta a

importância da identificação das situações de manejo de

resíduos sólidos no âmbito da fonte geradora, no sentido de

auxiliar na compreensão dos problemas relacionados ao

manejo e destino final dos mesmos. Sendo os resíduos sólidos

produtos resultantes das atividades diárias desenvolvidas nos

meios de hospedagem do município de Maceió, mais

precisamente no destino turístico compreendido entre as praias

de Ponta Verde e Cruz das Almas, considera-se relevante o seu

estudo nos processos de investigação científica nos tipos de

Meios de hospedagens inseridos neste espaço geográfico.

Como contribuição a este trabalho Rues (1995)

acrescenta que o mau uso ou o uso inadequado de materiais e

os resíduos das indústrias de serviço se converteram no

“inimigo número um” do meio ambiente e produziram uma das

maiores perdas econômicas nas duas últimas décadas.

Ações como o uso errôneo dos recursos naturais, por

meio da atividade do turismo, são responsáveis pelos

desequilíbrios ambientais ocasionados às regiões afetadas

(ALMEIDA, 2012). Essas questões motivaram o interesse pela

pesquisa sobre o impacto que a atividade hoteleira exerce

sobre o meio ambiente, onde o cenário objeto de estudo é a

capital do Estado de Alagoas, município de Maceió, localizada

no nordeste do Brasil, pertencente ao projeto Arranjos

Produtivos Locais – APL, Costa dos corais.

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262

A investigação constará exatamente do estudo de como

esses materiais são descartados, qual o destino, se é adequado

ou não e se oferece risco à saúde. Que tipo de

contaminação/malefícios, dificuldades, avanços, políticas

públicas aplicadas ou aplicáveis.

A pesquisa tem como objetivo geral analisar o

desenvolvimento da hotelaria com influências no Meio

Ambiente, mais precisamente no espaço compreendido entre

as praias de Ponta Verde e Cruz das Almas – Maceió/AL e

dentre os objetivos específicos:

• Identificar as formas de descartes dos resíduos sólidos e

líquidos;

• Mensurar o grau de interesse dos turistas pela

destinação dos resíduos produzidos pelos meios de

hospedagens;

• Verificar os impactos, nos âmbitos socioeconômico,

cultural e ambiental para o profissional da hotelaria.

• Contribuir para um maior esclarecimento e divulgação

das formas adequadas de tratamento e descarte de

resíduos oriundos da atividade hoteleira.

• Classificar os principais tipos de resíduos líquidos e

sólidos;

2 MATERIAIS E MÉTODO

Local da coleta

A pesquisa foi desenvolvida no espaço geográfico

compreendido entre as praias de Ponta Verde e Cruz das

Almas, no município de Maceió, AL, que tem uma extensão de

aproximadamente cinco quilômetros conforme foto abaixo,

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IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

263

onde há uma grande concentração de Meios de Hospedagens.

Os questionários foram disponibilizados e aplicados aos

indivíduos sujeitos da pesquisa entre os dias 30 de maio e 15

de agosto de 2017.

Figura 1. Mapa da orla de Maceió (revivendoviagens.com/2014)

Os sujeitos pesquisados foram divididos em dois grupos,

no grupo I foram aplicados aproximadamente 250 questionários

para os Hóspedes, e no grupo II foram 50, distribuídos entre

osHoteleiros (10), que são os responsáveis pela gestão dos

meios de hospedagens, e (40) aos demais trabalhadores da

hotelaria “staff” (governantas, camareiras, recepcionistas e

pessoal operacional) .

Os grupos foram abordados da seguinte forma: os

Hóspedes/Turistas, sendo recrutados no hotel, no momento do

check-in, onde foram informados pela recepção, que havia um

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IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

264

questionário disponível sobre a pesquisa em andamento, sendo

possível responder em sua unidade habitacional.

Os hoteleiros foram convidados a participarem do estudo

nas dependências de seus escritórios em horários por eles

definido; os demais profissionais da hotelaria foram abordados

de forma rápida e direta em seu ambiente de trabalho em

horários pré-estabelecidos conforme a conveniência destes,

onde receberam dos pesquisadores as explicações sobre os

objetivos da pesquisa.

Os pesquisadores apresentaram aos participantes a

presente pesquisa, incluindo os objetivos, benefícios, riscos.

Posteriormente, os indivíduos foram convidados de forma

espontânea a ler e/ou ouvir o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE), onde as informações foram detalhadas

para evitar constrangimentos ou dúvidas, deixando ele livre

para aprovar ou não sua decisão de participação.

Os indivíduos que aceitaram participar registraram sua

assinatura em duas cópias do TCLE, onde uma será entregue

ao participante e outra ficará guardada sob responsabilidade

dos pesquisadores.Os 300 questionários foram disponibilizados

e aplicados aos indivíduos sujeitos da pesquisa entre os dias 30

de maio e 15 de agosto de 2017, onde 210 foram devolvidos

devidamente preenchidos, sendo 181 hóspedes, 25

colaboradores e 4 gestores.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram realizadas entre 4 e 6 visitas em cada meio de

hospedagem onde os questionários foram distribuídos e

coletados, tendo as suas respostas consignadas abaixo.

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265

Dos meios de hospedagens visitados nos bairros da

Ponta Verde, Jatiúca e Cruz das Almas, 3 concordaram em

participar da pesquisa, onde cada meio de hospedagem

representa um bairro acima citado. Foram distribuídos 6

questionários, sendo devolvidos 4 devidamente respondidos

pelos gestores, onde um é sócio proprietário, um sub gerente

operacional, um gerente geral e um gerente operacional.

Os questionários foram separados e tabulados da

seguinte forma:

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS GESTORES HOTELEIROS

A pesquisa mostra o resultado da percepção ambiental

dos gestores hoteleiros, através do preenchimento de 27

perguntas objetivas, sendo 1 Subgerente, 1 Gerente Geral, 1

Sócio Proprietário e 1 Gerente Operacional onde foi possível

atestar diante das respostas que todos reconhecem o que são

resíduos sólidos, fator muito importante para o segmento

hoteleiro, onde os mais descartados são restos de comida,

embalagens, restos de varrição, poda de galhos e gramas, onde

o volume recolhido mensalmente indicado pela maioria foi de

até 3 toneladas. Esses resíduos sólidos são recolhidos pelo

caminhão de lixo da prefeitura de Maceió, excetuando-se

apenas um gestor que alegou que a coleta é executada por uma

empresa terceirizada e apesar de todos alegarem saber o que

é a coleta seletiva e sua importância, apenas um dos

estabelecimentos possui esse meio de separação de lixo. A

frequência na coleta direta de lixo varia de acordo com o as

respostas dadas pelos gestores nos questionários, onde 1 disse

que é feita diariamente, 2 afirmam que a coleta dos resíduos se

dá 3 vezes por semana, e por fim, 1 atesta que os resíduos são

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IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

266

recolhidos em mais de 3 dias por semana em seu meio de

hospedagem.

O destino do resíduo sólido apontado pelos gestores é o

aterro sanitário. Houve unanimidade sobre a importância da

coleta seletiva para o meio ambiente e sobre por que as lixeiras

seletivas são coloridas e para que servem, porém não há coleta

seletiva de resíduos em todos os estabelecimentos

pesquisados.Segundo Spillmann (2010, p. 37), a coleta seletiva

no Brasil ainda é incipiente, para o autor, poucos foram os

municípios que já implantaram suas políticas próprias de gestão

de resíduos. Metade dos estabelecimentos declarou já ter feito

algum tipo de reciclagem dos resíduos sólidos gerados no seu

estabelecimento, onde os principais materiais utilizados foram

óleo de cozinha, caixas de leites, latinhas, garrafas, rolo de

papel higiênico e plásticos, essa prática indica uma mudança

positiva em relação a preocupação com o reaproveitamento de

resíduos gerados pelos meios de hospedagens, com novas

atitudes de conservação, apontando para uma nova cultura

sócio ambiental. De acordo com gestores, os resíduos

orgânicos (restos de alimentos, restos de peixes e crustáceos

tratados, restos de vegetais etc) mais comuns nos meios de

hospedagens não são reutilizados, isso pode causar sérios

transtornos ao próprio estabelecimento e ao entorno, caso não

seja acondicionado de forma adequada até o descarte final. Os

gestores afirmaram nos questionários que não existe nenhum

tipo de reclamação ou solicitação sobre o manejo de resíduos

sólidos por parte dos hóspedes em seu estabelecimento nem

por parte da vizinhança do seu estabelecimento. A Prefeitura

não possui nenhum programa social para a preservação do

meio ambiente, como programa de educação sanitária e/ou

ambiental, programa de mutirão, reuniões com moradores

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IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

267

e/comerciantes. 3 gestores hoteleiros desconhecem se o

Município de Maceió possui um Sistema de Informações

Ambientais, com dados sobre a Gestão de Resíduos Sólidos

disponível e 1 marcou o item que indica que o município não

possui. A Política de Gestão de Resíduos existente no

município foi avaliada de forma ruim por 3 dos voluntários, onde

apenas 1 indicou que a política praticada pelo município é

regular, onde eles opinaram sobre as principais deficiências e o

que precisa melhorar na Gestão de Resíduos na região do seu

estabelecimento:

1. Conscientização não adianta fazer sem utilizar a própria

comunidade. E assim teremos cidadãos conscientes do

seu papel na sociedade.

2. Educação dos moradores para não jogar lixo na rua e

punição aos carroceiros que cobram para fazer

descartes, principalmente de restos de construção e

jogam em qualquer lugar, isso é um problema cultural

grave.

3. Melhorar coleta. Instalação de containers para

recicláveis. Campanha de educação da comunidade.

Coleta de lixo a noite.

4. Coleta seletiva

Consta nos resultados que apenas dois dos meios de

hospedagens é interligado a rede de esgoto da Companhia de

Abastecimento de Alagoas – CASAL, os demais, um declarou

não ter conhecimento sobre o assunto e outro marcou a opção

que não está interligado a rede de esgoto oficial do Estado.

No Brasil, uma das questões fundamentais do momento

relativas às políticas sociais é o acesso universal ao

saneamento básico com qualidade, equidade e continuidade.

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IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

268

Foi aprovada a Lei 11.445/07 com este propósito. A

Universalização do Saneamento Básico foi assumida como

compromisso de toda a sociedade brasileira e é um esforço de

reforma institucional que envolve governos, prestadores de

serviços, indústria, agentes financeiros e sociedade por meio de

suas organizações e dos canais de participação.

Os resultados mostram que esses meios de

hospedagens tem um consumo grande de água potável,

variando entre 30 e 50 mil litros por mês e nenhuma delas

desenvolve tratamento para fazer o reuso dessa água. Houve

dentro de um mesmo estabelecimento informação divergente

com relação ao consumo mensal de água potável, denotando

uma falta de unanimidade no acompanhamento desse recurso.

Para Taríet al. (2010, p. 508), as ações ambientais (redução de

consumo de energia, redução do uso de combustíveis fosseis,

redução no consumo de água e avaliação de consumo)

apresentam direta relação com a redução dos custos dos meios

de hospedagem.Como ponto minimizador, os estabelecimentos

usam meios que sinalizam para os hóspedes o uso racional da

água e da energia, com a instalação de adesivos nos banheiros

para economia de água, alongamento do período de troca das

toalhas de banho e rosto, instalação de dispositivos para

economia de água e sensores de movimento.

Em análise, estes resultados, apontaram ainda que há

conhecimento básico por parte dos gestores sobre o descarte

de resíduos sólidos e líquidos, mas nota-se que há pouca

prática de implantação de ações de sustentabilidade ambiental

dos estabelecimentos, uma vez que a maioria não conhecem a

Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos

Sólidos (PNRS).

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PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS COLABORADORES

DOS MEIOS DE HOSPEDAGENS

A percepção ambiental dos colaboradores voluntários à

pesquisa foi mensurada através do preenchimento de um

questionário com 16 perguntas objetivas. 25 colaboradores,

sendo 1 governanta, 8 recepcionistas, 10 camareiras, 2

jardineiros, 4 auxiliares de cozinha declararam que sabem o

que são resíduos sólidos e líquidos. Em concordância com as

informações dadas pelos gestores hoteleiros, sendo 1

subgerente, 1 gerente geral, 1 sócio proprietário e 1 gerente

operacional indicaram que os principais tipos de resíduos

sólidos descartados continuam sendo embalagens, restos de

varrição, poda de galhos, gramas, restos de comida e restos

orgânicos.

Em relação aos resíduos líquidos foi declarado que os

mais descartados são provenientes dos ralos de cozinha,

banheiros e demais áreas.

Dos 25 colaboradores, a maioria (18) informou que os

resíduos sólidos recolhidos são destinados ao aterro sanitário.

Tanto o turismo quanto a hotelaria são os segmentos que têm

registrado um elevado índice de crescimento de forma rápida,

por todo o mundo (GUZZO; NASCIMENTO, 2013). E é desse

modo que ambos estão intimamente ligados à contribuição para

os efeitos ambientais às destinações turísticas.

A geração de resíduos sólidos e efluentes líquidos

constituem fatores suficientes para alavancar os impactos

ambientais resultantes da sua atividade.

Para Erdogan e Baris (2007, p. 604), estes atores são

fundamentais no tocante à conservação ambiental. Nesse caso,

as interferências ambientais geradas pela atividade hoteleira

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270

costumam estar presentes na história desses

estabelecimentos. Nesse contexto, os meios de hospedagem

figuram como empreendimentos estruturantes para o turismo.

A cadeia produtiva do turismo é inserida nesse contexto de

comprometimento ambiental (NOVAES, 2013).

A coleta seletiva de resíduos é feita nos meios de

hospedagens de acordo com a declaração de 10 dos 25

colaboradores voluntários da pesquisa, sendo que 9 disseram

que não há coleta seletiva e 6 afirmaram não ter conhecimento

sobre o assunto. A coleta direta de resíduos sólidos nos

estabelecimentos alvo da pesquisa, em sua maioria é feita 3

vezes por semana segundo 16 dos 25 colaboradores.

De acordo com as respostas apresentadas, apenas 7 de

25 funcionários passaram por treinamentos sobre o impacto

ambiental gerado por resíduos sólidos. 20 de 25 funcionários

afirmam saber por que as lixeiras seletivas são coloridas e para

que servem. Todos disseram que acham importante a coleta

seletiva para o meio ambiente.

A reciclagem praticada pelos colaboradores dos meios de

hospedagens é ainda algo muito pouco presente, uma vez que

apenas 10 dos 25 voluntários afirmaram que Já fizeram algum

tipo de reciclagem dos resíduos sólidos gerados no seu

estabelecimento, onde os principais materiais utilizados são

garrafas plásticas, latinhas, caixa de leite, papelão. Ainda sobre

a reciclagem, 10 colaboradores declararam que nunca o

fizeram, outros 5 optaram por não responder a esta pergunta.

Bernardes e Ferreira (2005), ao se referirem às mudanças de

atitude das pessoas, em função dos movimentos ecológicos,

dizem que o consumo de mercadorias ecológicas está

aumentando, há um crescimento de agências governamentais

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271

relacionadas à questão ambiental e há um aumento de leis

ambientais.

Os resíduos orgânicos (restos de alimentos, restos de

peixes e crustáceos tratados, restos de vegetais etc)não são

reutilizados pelos meios de hospedagens, essa foi a declaração

da maioria dos colaboradores, corroborando com o que foi

declarado pelos gestores.

Não há nenhum tipo de reclamação ou solicitação sobre

o manejo de resíduos sólidos por parte dos hóspedes, conforme

as respostas de 20 dos 25 voluntários. 5 responderam que

desconhecem se há em seu estabelecimento reclamação ou

solicitação sobre o manejo de resíduos sólidos por parte dos

hóspedes. 15 dos 25 colaboradores afirmaram que existe algum

tipo de programa ou ação que tenha como objetivo o uso

racional da água potável em seu em seu estabelecimento e que

a ação desenvolvida é a colocação de avisos nos banheiros de

como utilizar água, 5 responderam, 2 disseram não saber e

3 afirmaram que não há nenhuma ação sendo desenvolvida

objetivando o consumo racional da água potável.

Programa ou ação que tenha como objetivo o uso

racional da energia elétrica também se faz presente nos meios

de hospedagem, pois 14 dos 25 voluntários disseram que

existem sensores de movimentos e que quandoa pousada está

com poucos hóspedes, os freezers são desligados.

Dispõem ainda de Geradores e lâmpadas com diodo emissor

de luz - LED. O sistema de energia é desativado na ausência

do hóspede nos quartos, isso gera uma economia significativa

na conta a ser paga pelos meios de hospedagens, bem como,

influencia diretamente na imagem positiva sobre a preocupação

ambiental empregada pelo estabelecimento.

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Abreu (2001, p. 36) e Dias (2003, p. 86) compartilham da

idéia de que o relacionamento do turismo com o meio ambiente

é bastante complexo. Esses autores consideram como impacto

ambiental negativo as atividades, os produtos e serviços

relacionados com o segmento hoteleiro, que podem causar

modificações adversas ao meio ambiente.

Reportando-se aos serviços de hospedagem, Bohdanowicz,

Simonic e Martinac (2005, p.1643) argumentam que existe um

crescente número de hoteleiros tendo cada vez mais

consciência que o meio ambiente e a sua proteção são cruciais

para o desenvolvimento e desempenho da indústria hoteleira.

Diante das respostas, percebe-se que há consciência

dos colaboradores sobre a questão dos impactos gerados pelos

resíduos sólidos no Meio Ambiente, porém ainda há uma falta

de treinamento sobre o assunto, onde apenas 7 indivíduos de

um total de 25 alegaram ter tido algum tipo de treinamento sobre

o tema.

PERCEPÇÃO AMBIENTAL DOS HÓSPEDES

Através do preenchimento de um questionário com 11

perguntas objetivas foi possível verificar apercepção ambiental

de 181 hóspedes.58 hóspedes utilizam meios de hospedagens

uma vez ao ano, 38 duas vezes, 53 três vezes ao ano ou mais

e 32marcaram a opção “Não desejo responder”. A renda

mensal foi perguntada aos voluntários, com o objetivo de traçar

um perfil socioeconômico entre os turistas que se hospedam na

orla de Maceió, assim as respostas se deram da seguinte forma:

37 tem uma remuneração mensal de até um salário mínimo, 56

de um a três, 25 de três a cinco, 22 de cinco a dez salários, 19

acima de dez salários mínimos, e 22 não responderam.

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Cento e vinte um (121) hóspedes afirmam que o cuidado

com o meio ambiente influencia na escolha do seu destino

turístico, 36 alegam não se importarem com o cuidado ao meio

ambiente no momento de escolher seu destino de viagem, 15

marcaram a opção “pouco” e 9marcaram a opção “Não desejo

responder”.No que tange aos segmentos ligados ao ambiente,

a rede hoteleira é o setor que vem iniciando processos de

adequações às normas e demonstrando preocupações com as

questões ambientais.“Em especial, quando esta faz uso dos

recursos naturais que a cercam para desenvolvimento da sua

carteira de clientes e desdobramento do seu portfólio de

serviços.” (JERONIMO, 2013, p. 67).

Ao analisar as condições básicas para a qualidade de

serviço, Erdogan e Baris (2007, p. 604) também afirmam que o

ambiente limpo é componente básico para a qualidade do

serviço prestado em favor dos segmentos de viagens, turismo

e hotelaria. Erdogan e Baris (2007, p. 605) afirmam que:

[...] os custos com a preservação ambiental nos empreendimentos hoteleiros é visto como o principal entrave para transformação da consciência ambiental em uma prática contínua nos meios de hospedagem. Pois, para agir de acordo com os princípios da sustentabilidade, é necessário haver mudanças no padrão de consumo dos recursos naturais; gerenciamento de resíduos perigosos e resíduos sólidos, reutilização de produtos, reciclagem e gerenciamento do reuso da água.

A definição de resíduos sólidos é feita pela Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), na Norma Brasileira NBR

10.004. Esta define resíduos sólidos‖ como resíduos nos estados

sólido e semissólido que resultam de atividades de origem industrial,

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doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.

São várias as maneiras de se classificarem os resíduos sólidos, em

função da origem e de sua possível degradabilidade.

A ABNT elaborou e vinculou a NBR 10.004 às NBRs 10.005,

10.006 e 10.007, criando um conjunto de critérios e ensaios para

classificação dos resíduos sólidos, A maioria dos voluntários

marcou a opção SIM na pergunta: Você sabe o que são

resíduos sólidos?, 52 marcaram que NÃO e 14 Não

responderam. O destino dos resíduos sólidos gerados pelo

Meio de hospedagem preocupa a maioria dos hóspedes, pois

104 marcaram a opção Sim, 41 marcaram que Não se

preocupam e 36 não responderam. 152 hóspedes afirmam

saber por que as lixeiras seletivas são coloridas e para que

servem, 19 alegaram desconhecimento sobre o assunto e 10

não responderam a esta questão. Segundo 144 hóspedes,

procuram descartar o seu resíduo gerado nos meios de

hospedagens em locais adequados, denotando que a maioria

absoluta têm em seu cotidiano a prática do descarte em locais

adequados, onde apenas 21 confessaram que não se importam

aonde vão desprezar os resíduos gerados no meio de

hospedagem e 16 não quiseram responder.

Sobre a importância da coleta seletiva para o meio

ambiente, 169 hóspedes responderam que acham o tema

relevante, que se importam com o assunto, apenas 4 hóspedes

não se importam com a coleta seletiva e 8 indivíduos marcaram

a opção “Não desejo responder”. A implantação de um

programa de coleta seletiva em estabelecimentos hoteleiros

não requer grandes investimentos financeiros. Os

investimentos são aplicados em vasilhames apropriados,

placas informativas, folders e material didático. No que se refere

ao custo operacional, há que se levar em conta a contratação

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de um funcionário específico para cuidar do programa, além dos

treinamentos dos funcionários(SPILLMANN, 2010, p.79).

Produtos oriundos do reaproveitamento de resíduo sólido ainda

não fazem parte dos pertences da maioria dos hóspedes

voluntários da pesquisa, uma vez que apenas 47 indicaram que

possui algum objeto de natureza de resíduos sólidos, 29 não

responderam e a maioria absoluta dos 181 indivíduos, ou seja,

105 responderam que não têm. O uso da água potável e da

energia elétrica de forma racional também foi perguntado aos

voluntários, onde 106 afirmaram que se importam com o uso

racional da água, 21 não se importam e 10 não responderam

sobre o assunto.

105 hóspedes atestaram usar a energia elétrica de forma

racional, 41 disse que usa as vezes, 21 não usam e 12 não

responderam.

Nota-se com muita clareza, diante das respostas que a

grande maioria dos hóspedes possui conhecimento e

consciência de como devem ser tratados os resíduos gerados

e o meio ambiente para que possamos desfrutar de um cenário

urbano mais agradável. A falta de informação e compreensão

do turista faz com que ocorram diversos danos culturais e

ambientais nas destinações, desta forma, um modo de evitar

esses impactos negativos pode ser a divulgação de

informações simples e baratas aliadas às técnicas de

comunicação (BLANGY; WOOD, 2002, p. 62).

4 CONCLUSÕES

Quando se fala em meio ambiente, passam

despercebidas oportunidades de negócios ou de redução de

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custos. Sendo o meio ambiente um potencial de recursos mal

aproveitados, sua inclusão no horizonte de negócios pode gerar

atividades que proporcionem lucro ou pelo menos se paguem

com a poupança de energia, de água, ou de outros recursos

naturais.

As informações obtidas com a pesquisa subsidiarão

ações que favorecerão ao trade hoteleiro e hóspedes na

adoção de mecanismos eficazes em seu cotidiano objetivando

a conservação e preservação do Meio Ambiente, contribuindo

de forma significativa com a política de turismo.

Dentre as providências a serem adotadas pela equipe de

pesquisadores estão a elaboração de palestras destinadas aos

integrantes do trade hoteleiro sobre práticas de preservação e

conservação do Meio Ambiente e a elaboração de uma Cartilha

ilustrativa com informações sobre uso racional da água,

energia, procedimentos adequados de descartes dos resíduos

sólidos e líquidos, tempo que os principais materiais usados na

hotelaria levam para se decomporem na natureza, os riscos que

o descarte indiscriminado dos resíduos acarreta a saúde

pública, as sanções aplicáveis a quem não respeita a legislação

do Meio Ambiente em vigor no Brasil, reaproveitamento e

reciclagem de resíduos sólidos e líquidos.

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IMPACTOS DA ATIVIDADE HOTELEIRA NO MEIO AMBIENTE NO MUNICÍPIO DE MACEIÓ - ALAGOAS, BRASIL.

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

280

CAPÍTULO 14

ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE

DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

Marcela Beleza de CASTRO1

Rayane Brito de ALMEIDA2 Rebeca Teixeira Dantas 3

Reinaldo Corrêa COSTA4

1Geógrafa, Laboratório de Estudos Sociais LAES- INPA; 2Mestranda em Geografia na Universidade Federal do Amazonas, UFAM; Graduanda em Geografia na Universidade

Estadual do Amazonas (UEA); 4Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e professor do Programa de Mestrado em Geografia

[email protected]

RESUMO: O estudo objetiva identificar e analisar a formação de riscos e vulnerabilidades ambientais urbanas na formação de epidemias de dengue na Região Metropolitana de Manaus (RMM). O estudo foi desenvolvido com embasamento teórico especializado na temática, dados primários como trabalhos de campo e secundários como séries históricas dos casos notificados e confirmados de dengue fornecidos pela FVS e SEMSA. Em seguida foram elaborados mapas sobre a espacialização dos casos de dengue e a identificação dos seus potenciais criadouros. Os resultados evidenciaram uma maior relação entre os casos de dengue com as áreas constituídas por serviços precários de abastecimento de água, coleta e destino dos resíduos sólidos urbanos, o que potencializa na formação de criadouros durante o período chuvoso.As desigualdades socioespaciais existentes no processo de formação das epidemias de dengue, se refletem na heterogeneidade das estruturas urbanas, nos lugares e, que

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

281

tem como gênese o processo de produção e constituição da metropole. Palavras-chave:Dengue. Epidemias. Região Metropolitana de

Manaus.

1 INTRODUÇÃO

A dengue tornou-se um problema de saúde pública em

todo o país devido às precariedades sanitárias e deficiência dos

poderes públicos no combate à dengue, a formação de uma

epidemia ocorre em diferentes contextos sociais, econômicos e

políticos. No contexto da fragilidade ambiental urbana a dengue

é constituída como um risco urbano. Conforme Costa (2009):

“A cidade cresce e com ela a espacialidade dos riscos. As atividades se ligam umas às outras combinando riscos das mais diferentes atividades. As atividades industriais, os aterros sanitários (lixões), as condições sociais (áreas de pobreza, ausência de infraestrutura, migrações)”.

Com a expansão da região metropolitana ocorre o

processo de descentralização de áreas e de serviços públicos

como os postos de saúde, abastecimento de água, tratamento

e coleta de resíduo sólido, assim conforme Costa (2012) ao

conceituar o risco epidemiológico:

“São aqueles eventos que se instauram na vulnerabilidade socialmente produzida em que elementos da natureza com ecologia específica, como mosquito e vírus, se aproveitam de condições criadas por setores fracos em economia e política da sociedade vive em condições sanitárias com fraca infraestrutura e se reproduzem aumentando índices de doenças.”

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

282

A ocorrência epidêmica comumente está associada às

alterações na predominância do sorotipo local, justamente pela

entrada de novos sorotipos em lugares onde antes era indene.

Mendonça et. al. (2009), aponta outros fatores para a

recorrência de epidemias de dengue:

“[...] a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, modos de vida na cidade, a debilidade dos serviços e campanhas de saúde pública, até mesmo o despreparo de agentes de saúde e da população para o controle da doença”.

A identificação da socioespacialidade no contexto

urbano evidencia o meio heterogêneo favorável ao

desenvolvimento do vetor da dengue e a produção social do

risco dar-se-á na forma da vulnerabilidade ambiental.A

multicausalidade da dengue pode ser tanto de ordem física,

biológica, social e econômica, os contrastes da organização

(social, ambiental, predial entre outras) dos espaços urbanos

favorecem a dispersão do Aedes aegypti.

No Amazonas, foram notificados quase 60 mil casos de

dengue no ano de 2011, concentrando 90% dos casos na

cidade de Manaus, capital do Estado. O circuito e a circulação

de pessoas entre Manaus e as demais cidades da região

metropolitana é constante, pelo fato da capital proporcionar

melhores condições de emprego, serviços de saúde e

educação, nesse circuitomigratório ocorrem os casos

importados de dengue. Em relação aos outros municípios que

compõem a Região Metropolitana de Manaus (RMM), estes

apresentaram médio e alto risco epidêmico de dengue

conforme o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

283

Aedes Aegypti (LIRAa) realizado em janeiro e novembro do ano

de 2015.

O estudo objetiva identificar e analisar a formação do

risco epidemiológico e vulnerabilidade ambiental urbanano

desenvolvimento de epidemias de dengue na Região

Metropolitana de Manaus.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

A unidade espacial de análise deste estudo é a Região

Metropolitana de Manaus,formada pelos municípios de

Autazes, Careiro Castanho, Careiro da Várzea, Iranduba,

Itacoatiara, Itapiranga, Manacapuru, Manaquiri, Manaus, Novo

Airão, Presidente Figueiredo, Rio Preto da Eva e Silves. Figura

(1).

Figura 1. Unidade espacial de análise – Região Metropolitana de Manaus (RMM).

Fonte: IBGE, 2010. Elab. Almeida, R.B. 2016.

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

284

O estudo foi desenvolvido com base na coleta e

tratamento dos dados referente aos casos notificados e

confirmados, identificação de áreas vulneráveis ao risco de

dengue (potenciais criadouros) por meio de trabalhos de campo

em seis municípios, tais como: Iranduba, Itacoatiara, Manaus,

Manacapuru, Presidente Figueiredo e Rio Preto da Eva. A

escolha destes municípios foi com base na evolução do seu

grau de risco conforme a série histórica do LIRAa 2013-2016.

Além disso, foram obtidos dados relacionados ao saneamento

básico, especificamente, formas de abastecimento de água,

coleta e destino dos resíduos sólidos.

Os resultados foram analisados conforme o Sistema

Ambiental Urbano (S.A.U.) e sua peculiaridade para a Região

Metropolitana de Manaus (MENDONÇA: 2004; MORAES:

2006; PEREIRA: 2009).O Sistema Ambiental Urbano faz uma

abordagem sobre os problemas socioambientais urbanos

abrangendo todas as variáveis que estão em permanente

relação dentro do ambiente urbano, desde atividades

econômicas até tomadas de decisão do poder público, sem

desconsiderar os aspectos naturais como o relevo/topografia,

vegetação, bacia hidrográfica e clima.

Nesse sentido, Mendonça (2004) afirma que o S.A.U. é

constituído por três subsistemas, sendo estes:

“Sistema Natural e pelo Subsistema Construído – ambos formando o input do S.A.U., e o Subsistema Social como sendo aquele no qual se dá dinâmica do sistema a partir das ações humanas (atributos do sistema); a dinâmica da natureza, dimensão supra-humana, a qual suplanta os controles exercidos pela sociedade quando se manifesta em episódios extremos e impactantes”.

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

285

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura (2) ilustra o mapeamento referente à

espacialização dos casos confirmados de dengue nos

municípios que constituem a Região Metropolitana de Manaus,

a escala temporal abrange os anos de 2007 a 2014 obtidos no

banco de dados do Sistema Nacional de Agravos de

Notificações (SINAN).

Foi identificado que houve uma evolução do número de

casos confirmados de dengue nesta temporalidade. Nos anos

de 2007 e 2009, o maior número de casos se concentrou em

Manaus. Em 2008 os casos confirmados de dengue variaram

entre 94 a 209 nos municípios de Careiro Castanho e

Manacapuru, e 1.609 em Itacoatiara. A partir de 2010 os casos

se mantiveram mais elevados em quase todos os municípios da

Região Metropolitana, a entrada de novos sorotipos como DEN-

4 em Manaus, Itacoatiara e Manacapuru no ano de 2011 se

configurou como a maior epidemia (SEMSA, 2015).

A cidade de Manaus registrou os maiores casos

confirmados de dengue em relação aos demais municípios da

Região Metropolitana de Manaus: 2007 (1.677), 2008 (7.243),

2009 (588), 2010 (3.377), 2011 (50.809), 2012 (2.925), 2013

(2.108) e 2014 (1.635). Os municípios de Itacoatiara,

Manacapuru, Careiro e Itapiranga acompanharam o aumento

dos casos de dengue em Manaus, evidenciando uma escala

espacial maior de municípios em processo de formação de

epidemia.No mapeamento da espacialização dos casos

confirmados de dengue foi incluído os casos importados

(indivíduo que adquiriu dengue em outro município, todavia foi

notificado no município residente) e autóctones (casos

notificados no município residente).

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

286

Figura 2.Espacialização dos casos confirmados de dengue na Região Metropolitana de Manaus, 2007 a 2014.

Fonte: SINAN/SEPLAN. 2016. Elab. Almeida, R. B. 2016.

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

287

Conforme os trabalhos de campo realizados na SEMSA

e FVS, os casos confirmados de dengue para as cidades de

Presidente Figueiredo e Iranduba foram importados da cidade

de Manaus.

Os casos de dengue importados são registrados em

períodos específicos. Em Itacoatiara, os casos de dengue

importados ocorrem durante o período festas tradicionais no

município.A exemplo de Presidente Figueiredo, os casos são

100% importados devido ao grande fluxo de pessoas para fins

turísticos que é a principal atividade econômica na cidade

balneário. Por exemplo, um indivíduo que reside no município

X, mas que fora infectado no município Y, os primeiros sintomas

da doença surgem após 7/10 dias (período de incubação) no

seu retorno ao município X, neste contexto o indivíduo procura

os primeiros atendimentos nos postos de saúde e se

confirmado, este se configura como importado.

O fator migração infere nas necessidades da sociedade,

no caso da saúde, os indivíduos na maioria dos municípios da

Região Metropolitana que foram infectados pelo vírus da

dengue são encaminhados à Manaus por ter serviços

emergenciais com melhores estruturas.

Os registros de dengue coletados pelas secretarias de

saúde dos municípios da Região Metropolitana são trabalhados

em Manaus, pois somente a capital possui laboratórios

estruturados com agentes de saúde capacitados (cursos duas

vezes por ano) nos exames laboratoriais da dengue, como o

isolamento do vírus, detecção do genoma viral e sorologia.

Segundo as informações dos coordenadores e agentes

de saúde obtidas em trabalhos de campo nos municípios de

Itacoatiara, Manacapuru e Manaus, as campanhas de

combates foram intensificadas devidas às ocorrências dos

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

288

casos de Chikungunya e ZikaV e pelo fato de já terem registrado

a maior epidemia no ano de 2011.

Cabe ressaltar que os casos não se limitam somente aos

limites do sítio urbano, local de maior predominância de casos,

em Manacapuru, por exemplo, na zona rural houve registros de

até 50 casos só nos primeiros meses (janeiro a abril) de 2013.

E, nesses respectivos primeiros meses, a zona rural de

Itacoatiara registrou 60 casos em 2014.

Escalas, contextos urbanos e a dengue em Manaus

A dimensão de um processo epidêmico só ganha

idiograficidade em determinadas escalas, onde seus

potencializadores (ambientais, sociais, econômicos e políticos)

também variam mediante as mudanças de escalas geográfica

de análise.A unidade espacial bairro pode ser caracterizada por

elementos físicos, históricos, culturais e afetivos que estão

vinculados à sociedade de determinada área.

A articulação da cidade com escalas maiores reflete nas

interações espaciais, que segundo Catão e Guimarães (2009)

são fatores importantes que inferem no processo de atuação de

uma doença, tais como: sua posição na rede urbana,

características do processo de construção da cidade,

distribuição de bens, serviços e equipamentos, características

climáticas e políticas públicas de saúde no combate ao vetor da

doença.

A Figura (3) corresponde a série histórica dos casos

notificados e confirmados de dengue para a cidade de Manaus.

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

289

Figura 3.Série histórica dos casos de dengue em Manaus.

Fonte:SEMSA. 2015. Elab. Beleza, M.C. 2016.

Foi identificado que as maiores epidemias acima de

10.000 casos ocorreram nos anos de 2001 (18.583 notificações/

18.412 confirmações), 2011 (55.879 notificações/ 51.437

confirmações) e 2013 (16.634 notificações / 13.543

confirmações).

A Figura (4) refere-se às notificações de dengue da

epidemia de 2011 e 2013na cidade Manaus, onde foi

identificado que a zona norte, leste e centro-sul têm o maior

registro de casos de dengue.

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

290

Figura 4. Espacialização dos casos notificados de dengue para

os anos epidêmicos 2011 e 2013 no perímetro urbano de

Manaus.

Fonte:SEMSA/FVS. 2015. Elab. Beleza, M.C. 2017.

No mapa da epidemia de 2011(Fig. 4.1), Cidade Nova e

Jorge Teixeira foram os bairros que mais registraram dengue,

com variação entre 2.066 e 5.488 casos notificados,

configuraram-se como os mais epidêmicos.Os bairros Alvorada,

Cidade de Deus, Novo Aleixo, São José Operário, Tancredo

Neves, Coroado, Japiim, Petrópolis e Zumbi dos Palmares

registraram entre 1.000 e 2.065 casos notificados,

caracterizaram-se como o segundo mais epidêmico.

Em relação à epidemia de 2013 (Fig. 4.2), foi identificado

a mesma configuração espacial das notificações de dengue do

ano de 2011. Os bairros Cidade Nova e Jorge Teixeira

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

291

novamente foram os mais epidêmicos, com variação entre 767

e 2.022 casos notificados.

Cabe ressaltar que na área rural foram registradas 59

notificações de dengue e 1.014 casos de dengue não foram

identificados devido ao fato da auto-identificação do indivíduo à

sua unidade espacial de referência (bairro, rua) ou pela forma

de preenchimento dos dados por parte do funcionário de saúde.

Com base nestes mapas, foi possível identificar que a

homogeneidade e heterogeneidade dos casos de dengue

variam mediante aos fatores de vulnerabilidade ambiental como

aspectos físicos, demografia, serviços e infraestrutura urbana.

A vulnerabilidade infere nas condições propícias que os

ambientes apresentam no desenvolvimento de uma doença e

no seu grau de risco à saúde humana, cujo vetor é um mosquito.

A dengue não é decorrência de um único agente e sim da

interação de fatores de ordem física, biológica e social.

As variáveis sociais e econômicas são importantes no

contexto do desenvolvimento epidêmico da dengue, onde a

população total de um bairro indica a quantidade de pessoas

vulneráveis ao Aedes aegypti, a renda média familiar e a

educação indicam a capacidade de resiliência de uma

sociedade em se proteger aos ataques do vetor, com maiores

condições no quesito de limpeza e manutenção domiciliar,

desinsetização entre outros. E, por último o tipo habitacional

revelando ou não padrões em certos ambientes urbanos.

O contexto das condições sanitárias e socioeconômicas

desses ambientes urbanos revelam estruturas propícias no

desenvolvimento da dengue, ambientes marcados por um

saneamento básico precário, particularmente, o abastecimento

de água, coleta de lixo e esgotamento sanitário.

Áreas vulneráveis ao risco de dengue na RMM.

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

292

No contexto social e epidemiológico apresentado, a

Figura7 refere-se ao mapeamento das áreas vulneráveis ao

risco de dengue nos seguintes municípios: Iranduba,

Itacoatiara, Manaus, Manacapuru, Presidente Figueiredo e Rio

Preto da Eva. Os trabalhos de campo foram realizados em

bairros com alto risco de dengue, baseado no primeiro LIRAa

do ano de 2016, juntamente com os agentes de saúde nos

domicílios. A morfologia espacial desses ambientes é

caracterizada por condições irregulares de saneamento básico,

particularmente, abastecimento de água e as formas de

descarte dos lixos domiciliares e comerciais.

Os principais criadouros de dengue identificados no

bairro Cidade de Deus (Manaus) e no distrito de Cacau Pirera

(Iranduba) foram em lixeiras viciadas,situadas nos finais e em

frente dos logradouros e em terrenos baldios, entulhos de

materiais eletrônicoscomo máquinas de lavar, fogões,

microondas, tonéis, baldes (materiais estes usados na

construção de lixeiras inapropriadas no ponto de vista

ambiental) e pneus com acúmulo de água.

No município de Itacoatiara foi identificado o descuido

com o armazenamento de água em caixa d’água a nível do solo

e grande quantidade de criadouros e oficinas mecânicas nos

bairros Santa Luzia, Santo Antônio, São Francisco e Mutirão.

No bairro Centro de Manacapuru e Rio Preto da Eva, e nos

bairros Tancredo Neves e Ainda Mendonça no município

dePresidente Figueiredo, os criadouros foram encontrados em

restos de materiaisde construção (lonas, tijolos, latas, entre

outros) de áreas destinadas à obras da prefeitura, que

atualmente se encontram abandonadas, servindo como destino

de resíduos sólidos dos domicílios no entorno.

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

293

Figura 7.Áreas vulneráveis ao risco de dengue na RMM.

Fonte: Almeida, R.B.; Beleza, M.C.,2016.

4 CONCLUSÕES

As áreas vulneráveis ao risco de dengue na Região

Metropolitana de Manaus configuram-se por multiplos e

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ESTRUTURAS URBANAS E PROCESSOS NA FORMAÇÃO DE EPIDEMIAS DE DENGUE NA REGIÃO METROPOLITANA DE MANAUS

294

recorrentes processos de injustiças e desigualdades

socioespaciais urbanas, onde a ausência e precariedade das

estruturas fisicas e equipamentos públicos urbanos, a exemplo

do saneamento básico, esgoto a céu aberto, irregularidade no

abastecimento de água, coleta e destino dos resíduos sólidos

urbanospotencializam a elevada magnitude da doença e se

concretizaem forma de epidemias urbanas. As desigualdades

socioespaciais estruturalmente discrepantes no processo de

formação das epidemias de dengue, se refletem na

heterogeneidade das estruturas urbanas,nos lugares e, que

tem como gênese no processo de produção e constituição da

metropole manauara.A relação sociedade e natureza encontra

no exemplo da distribuição espacial da dengue na região

metropolitana de Manaus um exemplo da heterogenidade das

escalas de impactos e como são as respostas aos eventos ante

as fragilidades ambientais urbanas.

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CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE DE CAMPINA GRANDE-PB SOBRE A DESTINAÇÃO FINAL

DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

298

CAPÍTULO 15

CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DA ATENÇÃO BÁSICA À

SAÚDE DE CAMPINA GRANDE-PB SOBRE A DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS

DAS SALAS DE VACINAS

Ana Cristina Rodrigues Luna e SILVA¹

Cristine Hirsch MONTEIRO² 1 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente -

PRODEMA;2 Departamento de Fisiologia e Patologia – CCS/UFPB, Professora Colaboradora do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente - PRODEMA.

[email protected]

RESUMO:Os Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) tem sido, de forma genérica, chamados de “lixo hospitalar”. Os resíduos da sala de vacina também estão enquadrados como RSS e podem ser classificados como perigosos ou comuns. O presente trabalho tem como objetivo investigar o saber dos profissionais de enfermagem que atuam nas salas de vacinas, acerca do processo de geração, gerenciamento e destinação final dos resíduos das salas de vacinas, que compõem a atenção básica no município de Campina Grande-PB. A pesquisa está sendo realizada nas salas de vacinas da atenção básica do município de Campina Grande que integram a assistência à saúde pelo SUS. A amostra desta pesquisa inclui 60% dos profissionais de saúde que atuam nas 78 salas de vacinas do município de Campina Grande que estão cadastradas no Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização – SIPNI, até o momento foram entrevistados 27% do proposto, uma amostra de 17,3% dos profissionais que compõem o quadro de enfermagem das salas de vacinas do município. Nesta etapa do trabalho, foram coletados 27

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CONHECIMENTO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE DE CAMPINA GRANDE-PB SOBRE A DESTINAÇÃO FINAL

DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

299

formulários e as análises iniciais apontam que, no que se refere ao gerenciamento de resíduos das salas de vacinas, a maioria dos profissionais demostraram insegurança em suas respostas e incertezas quanto à maneira correta de gerenciar os resíduos das salas de vacinas nas quais atuam. Palavras-chave: Atenção básica. Saber dos profissionais. Vacinação.

1 INTRODUÇÃO

Os Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) são de forma

genérica chamados de “lixo hospitalar”, no entanto, eles podem

ser originários dos mais diversos locais, quais sejam:centros de

pesquisa, desenvolvimento ou experimentação na área de

farmacologia e saúde; medicamentos e imunoterápicos

vencidos ou deteriorados; necrotérios; funerárias e serviços de

medicina legal e os produzidos em barreiras sanitárias

(OLIVEIRA, 2014).

O Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

(GRSS) é entendido como o conjunto de ações de gestão

planejadas, implantadas e implementadas, com bases técnico-

cientificas, normativas e legais, objetivando minimizar a

produção de resíduos gerados e adequar um encaminhamento

seguro, de forma eficiente, tendo em vista à proteção dos

trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos

naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2013). Neste contexto,

segundo o manual de normas e procedimentos para vacinação,

o descarte e a destinação final de frascos, seringas e agulhas

utilizados, seguindo as normas técnicas vigentes, constituem

competência da esfera municipal (BRASIL, 2014).

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

300

O processo do gerenciamento dos resíduos dos serviços

de saúde deve seguir normas técnicas legais, com o objetivo de

minimizar a produção de resíduos e proporcionar aos resíduos

gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,

visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde

pública, dos recursos naturais e do meio ambiente,

contemplando as etapas dentro e fora do estabelecimento de

saúde no gerenciamento de RSS, as quais envolvem as fases

de segregação, acondicionamento, identificação, transporte

interno, armazenamento temporário, armazenamento externo,

coleta externa, tratamento e disposição final, onde todo gerador

deve ter um Plano de Gerenciamento de Resíduos dos Serviços

de saúde PGRSS (ANVISA RDC 306, 2004).

O Sistema único de Saúde (SUS) está hierarquizado em

níveis de atenção, sendo eles atenção primária, secundária e

terciária.A vacinação constitui ação prioritária de Atenção

Primária à Saúde (APS) e é de grande impacto nas condições

gerais de saúde da população. Contudo, apesar dos bons

resultados do Programa Nacional de Imunização (PNI), estudos

apontam deficiências em salas de vacina, no Brasil (OLIVEIRA,

2014).

Diversos tipos de resíduos são gerados, o manejo, a

segregação, a coleta, o tratamento (aplicação de método que

modifique as características dos resíduos, diminuindo ou

eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais

ou de dano ao meio ambiente), o transporte e a destinação final

desses resíduos merecem especial atenção tanto em face dos

riscos sanitários envolvidos quanto devido às normas legais

vigentes no País. A Rede de Frio é composta pelas instâncias

Nacional, Estadual, Regional, Municipal e Local, sendo essa

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

301

última à instância final, destinada às atividades operacionais de

vacinação, que está em contato direto com o usuário (BRASIL,

2014).

Cerca de 45% dos municípios brasileiros não possuem

coleta especial para resíduos de serviços de saúde. O lixo

produzido pelo descarte inadequado dos resíduos dos serviços

de saúde (RSS) tem sido associado à falta de saneamento

básico muito comum nos municípios brasileiros. Os dados

mostraram que 80% das doenças e 65% das internações

hospitalares por diarreia são o resultado desta associação.

Dentre os diversos grupos que compõem os resíduos sólidos

contaminantes em saúde, os imunobiológicos merecem

destaque e precisam passar por tratamento prévio especial

antes do descarte final (ASSUNÇÃO, 2014).

Apesar da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –

ANVISA, por meio da RDC 306/04, e o Conselho Nacional do

Meio Ambiente – CONAMA, pela Resolução CONAMA 358/05,

regulamentarem o gerenciamento dos RSS (REIS, 2013), a

questão da destinação final dos resíduos no Brasil, não está

resolvida na maioria das cidades, estima-se que haja mais de

100 mil unidades de saúde produzindo resíduos (MAGALHÃES,

2014).

Esse artigo apresenta um recorte dos resultados

encontrados, na coleta de dados do projeto de mestrado do

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente – PRODEMA da Universidade Federal da Paraíba –

UFPB.

Esse trabalho discutirá os resíduos do grupo A1, que são

os frascos de vacinas, cujo tratamento é a autoclavação; os

resíduos do grupo A5, que contemplam aqueles resultantes da

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

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atenção à saúde de indivíduos ou animais com suspeita ou

certeza de contaminação por agentes infectantes (príons, vírus,

fungos, bactérias ou parasitas) e; o grupo E, que abrange os

materiais perfurocortantes (agulhas e ampolas de vidros)

(ANVISA RDC 306, 2004).

Para tanto, o objetivo desse artigo é investigar o nível de

conhecimento dos profissionais que atuam nas salas de

vacinas, acerca do processo de geração, gerenciamento e

destinação final dos resíduos das salas de vacinas, que

compõem a atenção básica no município de Campina Grande-

PB.

2 MATERIAIS E MÉTODO

A presente pesquisa apresentou recorte metodológico

com abordagem descritiva da problemática. É um estudo

transversal, com abordagem quanti-qualitativa.

Os formulários utilizados para coleta de dados incluíram

perguntas objetivas e subjetivas abordando conhecimento dos

profissionais acerca das etapas do processo de geração,

gerenciamento e destinação final dos resíduos das salas de

vacinas, além do conhecimento sobre a legislação vigente,

aplicabilidade na prática e sobre as consequências do processo

de gerenciamento e destinação final dos resíduos, para a

qualidade de vida do trabalhador.

A pesquisa, devidamente autorizada pela Secretaria de

Saúde do Município de Campina Grande, vem se

desenvolvendo desde agosto de 2017, sendo realizada nas

salas de vacinas da Atenção Básica à Saúde do município de

Campina Grande, que possui 78 salas de vacina cadastradas

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

303

no Sistema de Informação do Programa Nacional de

Imunização (SIPNI), sendo 8 na zona rural e 70 na zona urbana

da cidade.

A população alvo desta pesquisa inclui profissionais de

saúde (enfermeiros, técnicos e/ou auxiliares de enfermagem)

que atuam nas 78 salas de vacinas da atenção básica no âmbito

do SUS do município de Campina Grande que estão

cadastradas no SIPNI (incluindo cerca de 156 profissionais de

enfermagem), localizadas nas zonas urbana e rural. A amostra

foi composta por amostragem probabilística, aleatória simples,

buscando alcançar 60% desta população, nesse artigo

descrevemos os resultados para uma amostra correspondente

a 17,3% da população.

Como critérios de inclusão na pesquisa selecionamos os

profissionais de saúde que atuam nas salas de vacinas da

atenção básica (Enfermeiros/Enfermeiras e Técnico/Técnica ou

Auxiliar de Enfermagem) no âmbito do SUS do município de

Campina Grande/PB e que aceitaram participar da pesquisa

assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, para

tanto, estarão exclusos da pesquisa profissionais de saúde que

atuam nas salas de vacinas da atenção básica no âmbito do

SUS com outra formação profissional (que não sejam da

Enfermagem) ou da unidade de saúde que não atuem nas salas

de vacinas, além dos profissionais que não aceitarem participar

da pesquisa.

Para coleta de dados foi utilizado como instrumento, um

formulário semiestruturado, abordando questões sobre

Resíduos do Serviço de Saúde, dividido em três blocos, onde o

primeiro bloco trata sobre como são realizadas as etapas do

descarte dos RSS; a segunda parte versa sobre o

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304

conhecimento dos profissionais quanto ao gerenciamento dos

RSS e; a terceira parte avalia as consequências do processo de

gerenciamento dos resíduos, para a qualidade de vida do

trabalhador.

As questões sobre o nível de conhecimento dos

profissionais, que fazem parte do recorte desse artigo,

investigam sobre o saber do entrevistado no que se refere ao

acondicionamento correto dos resíduos gerados nas salas de

vacinas, a exemplo de seringas, agulhas, frasco de diluentes e

frascos contendo resíduos de imunobiológico, oferecendo como

opções de respostas, acondicionamento em garrafas, latas, lixo

comum ou recipiente destinado a coleta de material

perfurocortante.

O formulário aborda ainda sobre o saber desses

profissionais, a respeito capacidade de utilização da caixa

destinada a coleta de material perfurocortante, tendo os

entrevistados entre as opções de escolhas: utilização da caixa

até a metade da capacidade total, utilização da caixa até a

marca indicada, utilização da caixa até o seu limite máximo ou

até chegar uma nova caixa.

Os entrevistados foram questionados ainda sobre a

necessidade de programação para o recolhimento externo

desses resíduos e a periodicidade como essa coleta externa

deve ocorrer.

Entre as questões abordadas aos profissionais

entrevistados, investigou-se ainda sobre o conhecimento deles

quanto à necessidade de lacrar as caixas destinadas a coleta

de material perfurocortante após utilização, além do

acondicionamento em saco plástico após o lacre, bem como

sobre a necessidade de identificação dessas caixas.

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

305

Também fizeram parte das questões referentes ao

conhecimento dos profissionais, o julgamento deles sobre quem

deve manipular as caixas de recipientes destinados a coleta de

material perfurocortante após a utilização e após o lacre,

oferecendo como possibilidades de respostas: os profissionais

de enfermagem, profissionais da higienização e profissionais da

empresa contratada.

Foram realizadas visitas às salas de vacinas com

entrevistas e aplicação do formulário de coleta de dados junto

aos profissionais que atuam nas salas de vacinas da atenção

básica no município pesquisado.

Realizar-se-á o tratamento estatístico dos dados

coletados utilizando-se do software EPIINFO 8.0, além da

literatura pertinente.

A pesquisa é fundamentada e delimitada pela Resolução

CNS Nº. 466/12 que regulamenta a pesquisa com seres

humanos e aplica as normas necessárias ao desenvolvimento

da mesma. Os pesquisadores, responsáveis pela coleta,

análise e publicação dos dados fundamentarão seu trabalho

nos princípios da bioética, como autonomia; beneficência; não-

maleficência e justiça.

O projeto para pesquisa foi exposto e aprovado à

avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa- CEP da

Universidade Federal da Paraíba – CEP/UFPB.

Como reza a Resolução CNS Nº. 466/12, será garantido

sigilo de toda e qualquer informação referente aos sujeitos da

pesquisa que dela participarão de modo voluntário, podendo se

desligar a qualquer momento, sem qualquer prejuízo (BRASIL,

2013).

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

306

Os sujeitos da pesquisa foram convidados a participar e,

após devido esclarecimento de todas as etapas da pesquisa,

assinaram duas vias do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido – TCLE, uma das quais permanecendo em poder

do sujeito, contendo as informações relevantes sobre a

pesquisa, como identificação dos pesquisadores, objetivos e

procedimentos, explicitação dos possíveis desconfortos e riscos

decorrentes da participação na pesquisa, além dos benefícios

esperados, segurança no consentimento de voluntariedade e

livre participação, estabelecendo que a qualquer momento,

poderá sair da pesquisa, sem prejuízo.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados aqui apresentados correspondem aos

resultados parciais do Projeto de Pesquisa de mestrado, do

Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente – PRODEMA, referem a 17,3% da população alvo.

Até o momento foram entrevistados 27 profissionais de

Enfermagem, distribuídos por seis dos oito Distritos Sanitários

que compõem a Atenção Primária à Saúde no município de

Campina Grande.

Os profissionais entrevistados (n=27) foram na sua

maioria mulheres, técnicos de enfermagem ou enfermeiros e

apresentaram mais de 5 anos de serviço (Fig.1).

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

307

Figura 1. Perfil da amostra (n=27) quanto ao gênero (A), função na sala de vacina (B) e tempo de serviço (C).

Fonte: Análise dos questionários.

Conforme orientações do Ministério da Saúde, as

atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela Equipe

de Enfermagem, formada pelo Enfermeiro, que é o responsável

pela supervisão do trabalho na sala de vacina, e pelo Técnico

ou Auxiliar de Enfermagem, treinados e capacitados para os

procedimentos de manuseio, conservação, preparo e

administração, registro e descarte dos resíduos resultantes das

ações de vacinação, incluindo a destinação adequada dos

resíduos da sala de vacinação (BRASIL, 2014).

Os profissionais da área da saúde estão sujeitos a

diversos fatores que são inerentes ao cotidiano desses

trabalhadores e que podem influenciar sua qualidade de vida.

Esta temática que vem despertando crescente interesse nos

últimos anos, tendo em vista a importância dos fatores

envolvidos no contexto do trabalho (BORGES, 2015).

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

308

O acondicionamento incorreto de materiais

perfurocortantespodem contribuir para a ocorrência de

acidentes, entre os profissionais que trabalham com

administração de vacinas, uma vez que os profissionais

suscetíveis estão se expondo, potencializando os riscos de

contaminação (MACÊDO, 2013).

Os profissionais dos seis Distritos Sanitários

entrevistados (n=27) demonstraram apresentar noção

adequada quanto à maneira de se acondicionar seringas,

agulhas, frascos utilizados de diluentes ou de imunobiológicos,

pois poucos indicarama possibilidade da utilização de latas ou

garrafas (Fig. 2). Houve ainda uma resposta incluindo o

processo de esterilização ainda na unidade de saúde como

alternativa de uso para destinação desses resíduos. Outros

entrevistados acrescentaram que o uso do recipiente destinado

à coleta de material perfurocortante deveria ser diferente para

seringas e frascos, enquanto que outro entrevistado sugeriu o

recolhimento dos frascos dos imunobiológicos pela

coordenação de imunização, ao invés da empresa contratada.

Nestes casos, fica clara a necessidade de providenciar

capacitação sobre o assunto para tais profissionais (Fig.2).

A Resolução CONAMA Nº. 358/2005 estabelece a

destinação final dos resíduos dos serviços de saúde e afirma

que devem ser acondicionados em caixas coletoras específicas

para material perfurocortante, os frascos vazios de

imunobiológicos, seringas e agulhas usadas(CONAMA, 2005).

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309

Figura 2. Distribuição das respostas dos profissionais de Enfermagem das salas de vacina da -Atenção Básica à Saúde do Município de Campina Grande-PB (n=27) quanto ao acondicionamento dos resíduos das salas de vacinas.

Fonte: Análise dos questionários.

Apesar da maioria dos entrevistados afirmarem conhecer

o limite de um terço, indicado na caixa destinada à coleta de

material perfurocortante, um entrevistado afirmou que a caixa

deve ser utilizada até a metade da sua capacidade total e outros

dois, até o seu limite máximo, o que indica fragilidade no

conhecimento dos entrevistados. Todos os entrevistados

afirmaram acertadamente que os recipientes destinados à

coleta de material perfurocortante devem ser lacrados após o

uso, embora a adequação das respostas não seja a mesma

sobre a necessidade de disposição das caixas em saco plástico

após lacradas, onde um terço dos entrevistados afirmou a não

necessidade desse procedimento, já no que se refere a

05

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Acondicionamento deseringas e agulhas

Acondicionamento defrascos vazios/ diluentes

Acondicionamento defrascos dos

imunobiológicos

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310

identificação das caixas após o lacre, apenas dois dos

entrevistados negaram essa necessidade (Fig. 3).

Figura 3. Distribuição das respostas dos profissionais de Enfermagem das salas de vacina da Atenção Básica à Saúde do Município de Campina Grande-PB (n=27) quanto aos cuidados com o recipiente de descarte dos RSS.

Fonte: Análise dos questionários.

Durante a coleta de dados foi observado importante

insegurança por cerca de 50% dos entrevistados que, por

vezes, respondiam ao questionário com novas perguntas, como

por exemplo: “É preciso colocar em saco plástico? Mas a caixa

não já tem o saco?...”. A maioria deles também afirma a

necessidade de identificar a caixa após o uso, embora a caixa

possua identificação própria de infectante, assim como o saco

no qual deverá ser acondicionada a caixa coletora apóslacrada,

tais respostas demonstram a falta de conhecimento dos

profissionais no que se refere ao acondicionamento correto dos

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Limite de utilização das caixascoletoras

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311

resíduos das salas de vacinas e reforçam a necessidade de

educação permanente das equipes envolvidas no processo de

vacinação da atenção básica no município de Campina Grande.

Embora para Oliveira (2014) os RSS perfurocortantes

possam ser acondicionado em qualquer recipiente que atenda

às características de resistência à perfuração, estanqueidade e

impermeabilidade e deve ser recipientes apropriados para

evitar acidentes. A Resolução CONAMA Nº. 358/2005

estabelece a destinação final dos resíduos dos serviços de

saúde (CONAMA, 2005), que antes devem ser acondicionados

em caixas coletoras específicas para material perfurocortante,

frascos vazios de imunobiológicos, seringas e agulhas usadas.

As caixas coletoras deverão ser acondicionadas em

sacos plásticos na cor branco leitosa e serem encaminhados

para a Central de Material e Esterilização (CME) na própria

unidade de saúde ou em outro serviço de referência a fim de

que os resíduos sejam inativados por autoclavagem (15

minutos x 121°c e 127°c) (BRASIL, 2014).

Para Oliveira (2014), o lixo produzido por serviços de

saúde acentua os riscos à saúde da população bem como ao

meio ambiente, tendo em vista seu alto risco de contaminação,

e as falhas ocorridas no gerenciamento desses resíduos podem

acarretar problemas ambientais e na própria saúde do

trabalhador. O gerenciamento dos resíduos sólidos no âmbito

hospitalar sempre teve mais destaque com maior número de

publicações, enquanto em unidades básicas de saúde o

assunto é pouco discutido, sendo esse tipo de serviço um

produtor considerável de resíduos sólidos, inclusive os das

salas de vacinas.

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

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Segundo a RDC ANVISA 306/04, os serviços geradores

de RSS devem manter um programa de educação continuada,

independente do vínculo empregatício dos profissionais,

visando conscientizar, orientar, motivar, e informar

permanentemente a todos os envolvidos sobre os riscos e

procedimentos adequados de manejo, em acordo com as

regras do gerenciamento de resíduos (BRASIL, 2004).

4 CONCLUSÕES

A maioria dos profissionais demonstra conhecimento

adequado no que se refere à destinação correta dos resíduos

provenientes das salas de vacinas. Aproximadamente 50% dos

entrevistados desconhecem a legislação específica e

consequentemente contribuem para a destinação inadequada

dos resíduos gerados nas salas de vacinas, pondo em risco a

saúde da população, deles mesmos e do meio ambiente.

Faz-se necessária a realização de atividades de

educação permanente para a qualificação dos profissionais

envolvidos no processo de geração e gerenciamento dos

resíduos das salas de vacinas, assim como a adequação do

Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde no

município de Campina Grande, colaborando assim com a

preservação da saúde pública e a qualidade do meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSUNÇÃO, J. C. et al. Plano de Gerenciamento dos Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde de uma unidade de Saúde da Família. Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário, Brasília, v. 2, n. 2, p. 977-983, 2014. Disponível em:

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

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DOS RESÍDUOS DAS SALAS DE VACINAS

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OLIVEIRA, V. C. et al. Avaliação da qualidade de conservação de vacinas na atenção Primária à saúde. Revista Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 9, p. 3889-3898. 2014. Disponível em: <http:// dx.doi.org/10.1590/1413-81232014199.12252013>. Acesso em: 4 jul. 2016. REIS, A. et al. Conhecimento, prática e percepção sobre o gerenciamento

de resíduos de serviços de saúde em estabelecimentos médicos veterinários

de Salvador, Bahia. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal,

Salvador, v. 14, n. 2, p.287-298, 2013. Disponível em: <http://revistas.bvs-

vet.org.br/rbspa/article/view/12521>. Acesso em: 9 jul. 2016.

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AÇÕES ECOLÓGICASVISANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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CAPÍTULO 16

AÇÕES ECOLÓGICAS VISANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Damiana Justino ARAÚJO 2

Cosma Justino ARAÚJO2 João Henrique Constantino Sales SILVA1

Vênia Camelo de SOUZA3

Gilvaneide Alves de AZEREDO4

1Graduandas do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias/ UFPB; 2 Graduando do curso de Bacharelado em Agroecologia, UFPB; 3Colaboradora/Professora do DCBS/ UFPB;4

Orientadora/Professora do DA/UFPB. [email protected]

RESUMO: A educação ambiental é um tema que merece ser discutido nas escolas de forma interdisciplinar com o intuito de provocar mudanças de atitude e a adoção de novas posturas por parte do corpo discente diante do meio que nos cerca. Espécies vegetais estão se extinguindo e a iniciativa de se produzir mudas de espécies florestais nativas a partir de sementes coletadas em fragmentos de mata é algo que deve ser valorizado e multiplicado por discentes e a comunidade em geral. Diante do exposto, este trabalho objetiva relatar a experiência vivenciada através do Projeto Probex/UFPB/2017 com uma escola pública localizada no município de Bananeiras-PB e discentes graduandos da UFPB. A produção de mudas realizada com as turmas resultou na produção de aproximadamente 400 mudas nativas de nove espécies florestais das quais, algumas, foram utilizadas na recuperação do Bosque do Futuro, no CCHSA onde anualmente são plantadas mudas de diferentes espécies florestais nativas, por ocasião do Trote Verde. Durante essa prática foram utilizados saquinhos plásticos coletados no próprio restaurante universitário, mostrando aos discentes o quanto é fácil realizar tal atividade apenas com materiais alternativos que seriam

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descartados. Além disso, os discentes puderam conhecer na prática as etapas envolvidas na produção de mudas e os cuidados necessários durante esse processo. As atividades desenvolvidas pelo projeto foram de fundamental importância no processo de conscientização ambiental e na formação de indivíduos ativo-críticos, uma vez que possibilitaram aos envolvidos um contato diferenciado com o meio ambiente. Os discentes envolvidos demonstraram bastante interesse nas atividades envolvidas e nas questões abordadas durante estas atividades, contribuindo de forma participativa e crucial para o desenvolvimento do projeto. Palavras-chave:Discentes. Educação ambiental. Espécies florestais. 1 INTRODUÇÃO

As questões ambientais vêm adquirindo uma grande

importância na nossa sociedade. Estudos acerca dos

problemas ambientais surgem a partir de novos paradigmas

que visam uma direção mais sistêmica e complexa da

sociedade. Tomando-se como referência o fato de a maior parte

da população brasileira viver em cidades, observa-se uma

crescente degradação das condições de vida, refletindo uma

crise ambiental (GEORGIN; OLIVEIRA, 2014).

Todos os dias surgem nos jornais, revistas e programas

de TV reportagens que alertam sobre os problemas ambientais,

como: o aumento da temperatura global, o derretimento das

geleiras polares, poluição dos corpos hídricos, a poluição do

solo, o desmatamento de áreas de preservação (MARQUES,

2014). A Educação Ambiental, a partir dessa realidade,

apresenta-se como uma das mais importantes ferramentas,

senão a mais importante, para diminuir os impactos causados

pelas alterações climáticas e ambientais. Os problemas de

poluição e degradação que o mundo enfrenta, incentivados por

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um consumismo desenfreado, especialmente em países

emergentes, tornam o quadro ambiental ainda mais delicado

(RIBEIRO, 2013).

As questões relacionadas ao reflorestamento de áreas

degradadas pelo desmatamento têm sido amplamente

discutidas nos últimos anos, tendo em vista a grande

importância das plantas na existência de vida no planeta

(SOUZA, 2016).

A eliminação de complexos biomas pelas atividades

agropecuárias tem levado a uma drástica redução na base

genética de espécies nativas. Entretanto, nos últimos anos, tem

aumentado o interesse pela propagação destas espécies, em

razão da necessidade de recuperação de áreas degradadas e

recomposição da paisagem (LENHARD, 2013).

Neste sentido, é necessário sensibilizar a comunidade

desde muito cedo, para que se tornem cidadãos envolvidos com

a preservação do meio ambiente. E o melhor local para

desenvolver estas atividades é, sem dúvida, a escola, onde com

o auxílio de professores envolvidos com a educação de seus

alunos, pode-se criar espaços interativos para mostrar a

importância de plantar uma árvore (SOUZA, 2016).

Sendo assim a educação ambiental é um assunto que

deve ser abordado continuamente pelos diversos setores da

sociedade, e a Escola, é apenas um dos locais em que essa

temática dever ser trabalhada de forma a despertar o senso

crítico das crianças e jovens de maneira a sensibilizá-los às

práticas de conservação e respeito ao espaço coletivo em que

vivem, conscientizando que dependemos do ambiente para

nossa sobrevivência (CABRAL, 2015).

Portanto, por meio da implantação da Educação

Ambiental no cotidiano, através de informações constantes,

campanhas, eventos e mobilizações que chamem a atenção da

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população, espera-se criar condições favoráveis para garantir o

envolvimento e a participação de todos, utilizando para isso

diversas ações que visam melhorar a qualidade de vida dos

indivíduos, e orientar o uso racional dos recursos e serviços que

a natureza oferece (MARQUES, 2014).

Diante do exposto, este trabalho objetiva relatar a

experiência vivenciada através do Projeto Probex/UFPB/2017

com a comunidade escolar externa e interna da UFPB.

2 MATERIAIS E MÉTODO As atividades desenvolvidas fizeram parte do projeto de

extensão-PROBEX/2017, denominado: Interagindo com a

Ecologia: produção de mudas de espécies florestais nativas

visando à conscientização ambiental. As atividades envolveram

discentes do Colégio Antônio Coutinho de Medeiros localizado

no município de Bananeiras-PB e discentes do Curso de

Licenciatura em Ciências Agrárias do Campus III. A seguir, as

descrições de cada uma das atividades desenvolvidas com os

discentes:

Atividade 1: Visita ao Fragmento de Mata no Campus III pelos

alunos de Graduação

Discentes do 5° período do Curso de Licenciatura em

Ciências Agrárias, do Campus III da Universidade Federal da

Paraíba, realizaram uma trilha no fragmento de mata da

Universidade com o objetivo de conhecerem as espécies

florestais nativas presentes na mata; realizar a coleta de

sementes dessas espécies como também aquelas não

identificadas para posterior produção de mudas e possível

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319

identificação, bem como, a exposição das sementes coletadas

em eventos.

Atividade 2: Produção de mudas no Viveiro de Produção de

Mudas do Campus III pelos discentes de Graduação

Os discentes da disciplina de Ecologia e Meio Ambiente,

do Curso de Licenciatura em Ciências Agrárias foram

conduzidos até o Viveiro de Produção de Mudas do Setor de

Agricultura do Campus III, Bananeiras onde puderam produzir

mudas de espécies florestais nativas, utilizando as sementes

coletadas na trilha e, também, sementes obtidas através de

doação.

Atividade 3. Aula Prática no Bosque do Futuro no Campus III

pelos discentes de Graduação

Os discentes foram levados até uma área do Campus III

denominada Bosque do Futuro, onde na ocasião, foi realizada

uma aula prática com os discentes do Curso de Licenciatura em

Ciências Agrárias, UFPB.

Atividade 4: Produção de mudas pelos discentes de Escola

Pública no Viveiro de Produção de Mudas do Campus III

Alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I da Escola

Antônio Coutinho de Medeiros localizada no município de

Bananeira-PB foram levados até o viveiro de mudas no Setor

de Agricultura do Campus III, onde tiveram a oportunidade de

conhecer algumas espécies florestais nativas e produzir mudas

dessas espécies.

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AÇÕES ECOLÓGICASVISANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Atividade 1: A trilha realizada no fragmento de mata visando a

coleta de sementes possibilitou aos discentes um maior contato

com a natureza, possibilitando aos mesmos conhecer a

diversidade vegetal, principalmente as espécies nativas

presentes no fragmento “Fig. (1)”.

Figura 1.Trilha no fragmento de mata do Campus III-UFPB, para coleta de sementes.

Fonte: próprio autor.

A coleta de sementes contribuiu para que os alunos

conhecessem as diversas formas com que as sementes podem

ser encontradas na mata, algumas vezes, em locais distantes

da planta, por meio da dispersão pelo vento, ação de animais

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ou através de mecanismos próprios dos frutos. Esta atividade

foi também importante para que atentassem para a

necessidade de fazer a coleta dessas sementes enquanto as

mesmas ainda se encontravam viáveis para a propagação; daí

a importância de se conhecer as épocas de frutificação das

espécies que se deseja coletar para posterior semeadura.

Avaliando as falas dos participantes, percebeu-seque grande

parte dos discentes nunca havia participado de uma trilha pela

mata e que não conhecia a maioria das espécies vegetais

existentes no fragmento, inclusive aquelas mais populares.

Importante ressaltar que todos ficaram impressionados com a

grande variedade e tipos de frutos e sementes encontradas e

coletadas, evidenciando o pouco conhecimento que esses

discentes tinham a respeito da rica diversidade vegetal

existente ali em termos de plantas e animais como aranhas,

formigas, besouros, etc.

Como afirma Santos et al. (2012) as trilhas, como meio

de interpretação ambiental, não visam apenas a transmissão de

conhecimento, mas também propiciam atividades que revelam

os significados e as características do ambiente por meio de

usos dos elementos originais, por experiência direta e por meios

ilustrativos, sendo assim, encaixa-se como um instrumento

básico de educação ambiental.

Costa et al. (2014) acredita que as aulas de campo

desenvolvidas nas áreas verdes da escola podem ser

instrumentos didáticos importantíssimos para facilitar a

aprendizagem de conceitos ecológicos de difícil compreensão,

por despertar nos jovens um interesse maior em estudar os

conceitos científicos inerentes à ecologia, tais como: meio

ambiente; cadeia alimentar e suas relações ecológicas, e, por

conseguinte, podem vir a gerar mudanças conceituais,

procedimentais e atitudinais visando à sensibilização ambiental.

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Atividade 2. Para a produção das mudas no Viveiro do Campus

III, foram utilizadas as sementes de Jatobá; Guapuruvú;

Timbaúba; Tento; Mulungú; Pau Ferro; Sabiá; Chichá; Madeira

nova, Aroeira e Saboneteira. Todas foram submetidas a

tratamentos pré-germinativos, neste caso, a abrasão sobre uma

superfície áspera, denominado escarificação mecânica. Este

processo foi feito utilizando lixas e, esse procedimento se faz

necessário, para facilitar a absorção de água pelas sementes

de tegumento impermeável, ou seja, aquelas com casca dura,

o que dificulta a absorção de água e/ou oxigênio. Facchinello

(2012) comenta que cerca de dois terços das espécies arbóreas

possuem algum tipo de dormência, cujo fenômeno é comum

tanto em espécies de clima temperado, quanto nas de clima

tropical e subtropical. Esse mecanismo impede a germinação,

mas é uma adaptação para a sobrevivência das espécies em

longo prazo, permitindo que as plantas germinem na estação

mais propícia ao seu desenvolvimento, buscando, através

disso, a perpetuação da espécie ou colonização de novas áreas

(SILVA, 2015).

Para o plantio das mudas foram utilizados saquinhos

plásticos de 1kg coletados semanalmente no Restaurante

Universitário (RU); nesses saquinhos foi colocado um substrato

obtido e preparado no próprio Setor de Agricultura constituído

deterra e esterco na proporção 3:1.

Durante o desenvolvimento desta atividade, os discentes

foram orientados a fazer furos na base dos saquinhos para

facilitar a drenagem da água em excesso proveniente da rega

evitando encharcamento das plantas. Depois disso,

preencheram os saquinhos com o substrato previamente

peneirado constituído de terra, esterco, de modo que ficassem

totalmente cheios. Após preenchimento, todos os sacos foram

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levados a um canteiro onde foram colocados enfileirados para

que não ocorresse o tombamento. Antes de realizar a

semeadura, os saquinhos foram irrigados para reduzir a

temperatura do substrato, facilitar a abertura de orifícios para a

colocação da semente e para aumentar a aderência das

sementes no substrato. Foi aberto um orifício em cada saco

numa profundidade um pouco superior ao diâmetro da semente,

procedendo-se a semeadura e o fechamento destes. Os

saquinhos foram regados mais uma vez, explicando aos

discentes o porquê da necessidade de irrigar os saquinhos

antes e depois da semeadura bem como da importância de se

semear na profundidade indicada, uma vez que plantios muito

profundos dificultam a emergência das plântulas.

Atividade 3. No Bosque do Futuro existem dezenas de plantas

nativas plantadas com o intuito de recuperar a área

anteriormente desmatada. Na ocasião, os alunos realizaram

tratos culturais nas plantas, com o objetivo de melhorar o

desenvolvimento das espécies ali plantadas, visando a sua

sobrevivência e a posterior recuperação da área. Durante a

atividade, os alunos realizaram o coroamento das plantas com

o auxílio de enxadas visando a retirada das plantas

espontâneas no raio de 1 metro da planta arbórea ou arbustiva,

reduzindo, assim, a competição por água e nutrientes entre

elas. O controle de plantas daninhas na linha de plantio,

mediante o coroamento, também foi observado no trabalho de

Eloy et al. (2014).

Em seguida, foi feita uma adubação orgânica nas plantas

através da aplicação de esterco bovino e caprino previamente

curtido, obtido no setor de Bovinocultura e Caprinovinocultura

do Campus pelos próprios discentes. A aplicação de esterco é

uma prática muito importante que age suprindo as reservas do

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solo que já foram consumidas pelas plantas, oferecendo os

nutrientes necessários para um bom desenvolvimento do

vegetal. O adubo orgânico é um forte aliado da natureza, pois é

de baixo custo e muitas vezes sem valor algum, sendo

preparado com restos de alimentos que são jogados no lixo. Ele

repõe nutrientes necessários para o solo, tornando-o fértil,

saudável e produtivo (FALCAO et al., 2016). Em seus trabalhos,

Ogawaet al. (2015) e Araújo et al. (2014) relataram que todas

as mudas plantadas foram adubadas, nas covas, com

composto orgânico. Posteriormente, foi realizado o tutoramento

das plantas, prática que objetiva orientar o crescimento e

impedir o tombamento da planta através de sua amarração em

uma estaca (tutores) fincada ao seu lado. Para os autores

citados anteriormente, o tutoramento das mudas foi feito com

estacas de bambu. Os tratos culturais realizados foram de muita

importância para a manutenção das mudas plantadas na área,

uma vez que as práticas de tutoramento, coroamento e

adubação são totalmente indispensáveis para o

desenvolvimento adequado das plantas “Fig. (2)”.

Os alunos, além de conhecerem a área de recuperação

vegetal, puderam ver de perto como ocorre o processo de

recuperação de áreas desmatadas e os cuidados necessários

para que se tenha êxito a implantação do Bosque. Essa

atividade teve como intuito conscientizar os discentes sobre a

existência de uma área degradada e em processo de

recuperação no Campus III, uma vez que parte dos alunos já

tinha ouvido falar da referida área, porém, nunca tinham

visitado, e outra parte nem sequer sabia da existência da

mesma. Dessa forma, visou não somente apresentar o bosque

aos discentes, mas também, aproximá-los dos processos e

práticas necessárias para a recuperação de uma área

desmatada.

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Figura 2. Práticas ecológicas no Bosque do Futuro (CCHSA/UFPB).

Fonte: próprio autor.

Segundo Souza (2016) é fundamental o

desenvolvimento de práticas no âmbito escolar que instiguem o

aprendizado dos alunos, portanto, o professor deve estar

sempre buscando por novas metodologias que sejam

significativas para desenvolver com suas turmas, e

consequentemente, estimular os jovens a desenvolverem um

pensamento crítico em relação a questões ambientais sérias,

como é o caso do desmatamento e o reflorestamento de áreas

degradadas.

Atividade 4. Antes de dar início a atividade de produção de

mudas com os discentes da Escola Antônio Coutinho foram

apresentadas, à turma, as mudas das espécies existentes no

viveiro, explanando o conceito de plantas nativas e a

importância dessas para o Bioma. Durante o plantio, surgiram

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por parte dos discentes questionamentos como, “o que é

semeadura?”, “por que tem que furar os saquinhos?”, “se em

um saquinho de feijão onde foi plantada uma semente tiver uma

semente de feijão, vai atrapalhar o desenvolvimento da que foi

semeada?” Todas essas dúvidas foram sanadas por meio de

uma breve explicação, através de uma linguagem simples,

buscando facilitar o entendimento das crianças, sendo

explicado que semeadura, nada mais é, que a colocação da

semente no substrato, que os sacos precisam ser furados para

que haja escoamento da água proveniente da irrigação,

evitando encharcamento das plantas e que se houvesse uma

semente de feijão no saquinho onde foram semeadas as outras

espécies certamente estariam no fundo dos sacos o que

provavelmente impediria sua germinação e não impediria a

germinação da semente que se deseja obter.

A produção de mudas realizada pelas turmas do Ensino

Fundamental I e Ensino Superior “Fig. (3)” resultou na produção

de 400 mudas de nove espécies florestais nativas das quais

algumas foram utilizadas na recuperação do Bosque do Futuro

por ocasião do trote verde. Durante essa prática, os jovens e

crianças puderam conhecer na prática as etapas envolvidas na

produção de mudas e os cuidados necessários durante esse

processo; além disso, a produção de espécies nativas chama a

atenção para a importância dessas espécies e para a

necessidade de preservação das mesmas, atentando para os

benefícios de se plantar nativas ao invés de exóticas. As plantas

exóticas não apresentam predadores e o seu ciclo reprodutivo

favorece a maior produção e dispersão de sementes, colocando

em risco a biodiversidade local com a invasão de áreas verdes

próximas (LEITE, 2015).

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Figura 3. Produção de mudas com discentes do Ensino Fundamental I.

Fonte: próprio autor.

Durante essa atividade, notou-se que havia por parte dos

discentes pouco ou até nenhum conhecimento quanto aos

conceitos do que seriam plantas nativas e exóticas e, tão pouco,

o que estas podem representar para um bioma. Considerando

a tendência atual, é inevitável a constatação de que cada vez

mais a conservação dos recursos naturais exigirá não apenas

a proteção dos remanescentes de vegetação nativa, mas

também a recuperação do que já foi perdido (OLIVEIRA, 2016).

Portanto, é importante que seja trabalhada a diferenciação da

flora nativa e exótica nas instituições de ensino, livros didáticos

e atividades de conscientização ambiental, agregando

importância e valorização da flora brasileira e incentivando a

preferência por plantas nativas, uma vez que são adaptados

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para harmonizarem com a natureza da qual fazem parte

essencialmente.

Neste caminho, Constantino (2013) comenta que o

processo de sensibilização da sociedade deve começar na

escola, fomentando iniciativas que sensibilizem o ambiente

escolar, atingindo tanto a comunidade na qual a escola está

inserida como as mais afastadas nas quais residam alunos,

professores e funcionários, potenciais multiplicadores de

informações e atividades relacionadas e, para tanto, é

importante explorar a educação ambiental nos níveis de

educação formal, com a finalidade de desenvolver o senso

crítico em todos os períodos de escolarização.

Serviços de alimentação originam muitos resíduos,

incluindo embalagens de alimentos, que causam danos ao meio

ambiente (SANTOS, 2016). A grande produção e utilização de

plásticos, leva ao volumoso descarte, que na maioria das vezes

é desordenado, o que contribui para o impacto ao meio

ambiente. É visível atualmente, principalmente nas grandes

cidades, problemas com inundações decorrentes do descarte

incorreto desses materiais, devido à ausência de consciência

da própria população, das indústrias e dos sistemas ineficientes

de coletas de lixo (LANDIM, 2016).

A utilização dos saquinhos plásticos coletados no

restaurante universitário para a produção de mudas, além de

visar o aproveitamento de material reutilizável, que certamente

seria jogado em lixões, reduzindo a poluição e a degradação

ambiental, visou conscientizar os participantes, por meio da

prática, da possibilidade de se produzir mudas, utilizando

materiais alternativos de diversas origens que podem ser

facilmente encontrados em suas próprias casas, nos vizinhos,

na escola e até mesmo na rua, de modo a contribuir para a

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preservação ambiental tanto através da coleta de resíduos

sólidos quanto através do plantio de árvores.

Foram produzidas 400 mudas envolvendo as espécies:

Jatobá (HymenaeacourbarilL.); Guapuruvú

(SchizolobiumparahybaVell.); Timbaúba

(EnterolobiumcontorstisiliquumVell.); Tento

(Adenantherapavonina Linnaeus); Mulungú (Erythrina velutina

Wilid); Pau Ferro (CaesalpiniaferreaMart.); Sabiá

(Caesalpinialeiostachyassaram(Benth.) Ducke);

Chichá(SterculiastriataA. St. Hill &Naudin.); Madeira nova

(PterogynenitensTul.) e Aroeira (SchinusterebinthifoliaRaddi) e

Saboneteira (Sapindussaponaria L.).

Para que tenham um bom desenvolvimento, as mudas

necessitam de cuidados diários. Assim, todos os dias no Viveiro

do Campus, as mudas são irrigadas nos horários mais frios e,

sempre que necessário, é feita a retirada das ervas daninhas

que surgem ao seu redor.

4 CONCLUSÕES

As atividades desenvolvidas pelo projeto foram de

fundamental importância no processo de conscientização

ambiental e na formação de indivíduos ativo-críticos, uma vez

que possibilitaram aos envolvidos um contato diferenciado com

o meio ambiente, diferindo dos outros contatos involuntários na

medida em que houve um direcionamento à criticidade e

problematização a respeito dos problemas ambientais e de sua

importância para os seres vivos, dentre os quais, os seres

humanos. Os discentes envolvidos demonstraram bastante

interesse nas atividades envolvidas e nas questões abordadas

durante estas atividades, contribuindo de forma participativa e

crucial para o desenvolvimento do projeto.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AÇÕES ECOLÓGICASVISANDO A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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na formação da Consciência Ecológica. Cadernos de graduação, ciências exatas e tecnológicas. Maceió, v. 1, n.1, p.11. 18, 2014. OGAWA, C.C.; SIQUEIRA, A.J.C.; FERREIRA, A.A.de A.; FABRIN, B.P. et al. Educação ambiental e arborização urbana: transformando o espaço social. IN: Congresso de Extensão Universitária da UNESP, 58. Anais...2015. 1-5p. OLIVEIRA, M.C.de. Manual de viveiro e produção de mudas: espécies arbóreas nativas do Cerrado. Editora: Rede de sementes do cerrado. Brasília-DF, 2016. RIBEIRO, P. da C; ARAUJO, L.E.B.de. O papel do ministério público na educação ambiental por meio do termo de ajustamento de conduta. In: Congresso Internacional de direito ambiental e ecologia política-UFSM. Revista Eletrônica do Curso de Direito da UFSM. v.8, 2013. SANTOS, A.V. dos; STRASBURG, V.J.Caracterização e análise dos resíduos de embalagens gerados na produção de refeições de um hospital público de porto alegre, RS. Revista Estudo & Debate, Lajeado, v.23, n.2, 2016. SANTOS, M.C. dos; FLORES, M.D; ZANI, E.M.Educação ambiental por meio de trilhas ecológicas interpretativas com alunos NEES. Monografias ambientais, v.5, n.5, p.982-991, 2012. SILVA, D. G ; Batista D.A. ; FONSECA, M.C ; PEREIRA, M.de.Q ; FERREIRA, V.H ; MACHADO, V.de M. Quebra de dormência das sementes de “guapuruvu” (Schizolobiumparahyba) na região de patos de minas – MG. In: Congresso Mineiro de Engenharia e Arquiteturas, Patos de Minas, v.1 n.1, 2015. SOUZA, F. F.; BEZERRA, J. J. L; ALMEIDA NETO, J. X. de; SANTOS, M. G. Produção de mudas na escola: sensibilizando os alunos sobre a importância do reflorestamento de plantas nativas no semiárido. IN: Congresso Internacional da Diversidade do Semiárido, 1. Diversidade: aprender o semiárido, no semiárido e com o semiárido, Campina Grande-PB, 2016.

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SEMANA INTEGRADA DO MEIO AMBIENTE: UMA EXPERIÊNCIA MOBILIZADORA NO CCHSA/UFPB

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CAPÍTULO 17

SEMANA INTEGRADA DO MEIO AMBIENTE: UMA EXPERIÊNCIA

MOBILIZADORA NO CCHSA/UFPB

Josivania Ribeiro da SILVA1

Gilvaneide Alves de AZEREDO2

João Henrique Constantino Sales SILVA3 Damiana Justino ARAÚJO4

Vênia Camelo de SOUZA5

1Professora do DCBS/UFPB; 2Colaboradora/Professora do DA/ UFPB; 3Graduando do Curso de Bacharelado emAgroecologia/UFPB; 4 Graduanda do Curso de Licenciatura em Ciências

Agrárias/UFPB;5 Orientadora/Professora do DCBS/UFPB. [email protected]

RESUMO: A educação ambiental é uma prática necessária e crescente diante da necessidade de preservação do meio ambiente, explorado de modo desmedido e inadequado nos últimos anos. Tem-se a idéia que o meio ambiente está a serviço do homem. Esse modo de agir e pensar tem causado impactos ambientais danosos e despertado uma preocupação coletiva que busque meios de melhorar a relação do homem com o meio ambiente, propiciando assim uma melhor qualidade de vida no presente e no futuro. Isso se faz importante em todos os níveis de processo educativo, sobretudo nas escolas, para a formação de cidadãos conscientes desde os primeiros anos de vida. O presente trabalho relata a experiência vivenciada pela coordenação do meio ambiente durante as atividades realizadas na Semana Integrada do Meio Ambiente desenvolvida no Centro de Ciências Humanas, Sociais e Agrárias, em conjunto com o Colégio Agrícola Vidal de Negreiros, ambos pertencentes à Universidade Federal da Paraíba, Campus - III, em sintonia com as cidades de Solânea e Bananeiras - PB. A semana tinha como objetivo desenvolver

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atividades diversificadas que sensibilizassem a comunidade acadêmica e seus entornos, para uma melhor consciência ambiental. A pluralidade das atividades propostas pela programação promoveu um envolvimento satisfatório,atingindo os objetivos propostos. Palavras-chave:Conscientização. Práticas sustentáveis.

Preservação.

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o pensamento de que a natureza

existe para servir ao ser humano vem se estabelecendo com

maior ênfase. Essa forma de pensar tem ocasionado vários

problemas ambientais, a ponto de afetar os recursos naturais e

as condições de vida. Por outro lado, a causa ambiental se

encontra vinculada aos processos socioeconômicos

responsáveis pela apropriação e uso dos recursos naturais e

pelos problemas ambientais decorrentes dessa relação

(FEITOSA et al., 2017).

Atualmente, as questões ambientais têm sido alvo de

preocupação não apenas de ambientalistas, ONGs

(Organizações Não Governamentais), como também de

especialistas. Estão cada vez mais presentes no cotidiano das

pessoas e esbarram não apenas nas informações de seu

cotidiano, mas em suas obrigações como cidadãos. O poder

público também tem apresentado preocupação, contudo, isto se

dá muito mais em vista de obrigações legais do que por

preocupação dos benefícios que a consciência ambiental pode

trazer (REIS et al., 2012).

Uma das principais decisões que a humanidade tem que

tomar atualmente versa sobre a qualidade de vida entre as

gerações. Pensar nas gerações futuras, de pronto, não parece

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algo tão improvável se não fosse a grande mudança que a

sociedade moderna teria que assumir: a mudança de seu estilo

de vida. Imbricados numa rede onde a qualidade de vida é

medida pelo poder de consumo, os recursos naturais para

suprir toda essa demanda pela qualidade são irrevogavelmente

degradados, tornam-se cada vez mais escassos e seus

resíduos se acumulam no meio ambiente(ALENCAR et al.

2013).

As preocupações coletivas referentes à Educação

Ambiental revelam não somente o desrespeito do ser humano

perante a natureza, mas também a falta de estrutura para tratar

desta temática. Diante disso, discussões e ações em Educação

Ambiental têm sido cada vez mais pregadas e inflamadas,

sobretudo pelas recentes pesquisas relacionadas à atuação

prejudicial do ser humano, ao Meio Ambiente (BOSA e

TESSER, 2014).

A Educação Ambiental se constitui numa forma

abrangente de educação, que se propõe atingir todos os

cidadãos, através de um processo participativo permanente que

procura incutir uma consciência crítica sobre a problemática

ambiental. A atual problemática ambiental revela uma crise da

própria civilização. Não é a natureza que se encontra em

desarmonia - é a própria sociedade. É fundamental para todo o

ser humano cumprir com suas obrigações e cuidar bem da

natureza (SILVA, 2012).

Neste contexto, a educação ambiental se insere como

ponto fundamental para a conscientização das pessoas, para

que os recursos naturais sejam utilizados de forma sustentável

garantindo que estes possam ser utilizados pelas gerações

presentes e futuras, buscando mudanças de hábitos e atitudes,

formando um equilíbrio entre a sociedade e a natureza,

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garantindo qualidade de vida, sem desrespeitar o meio

ambiente (ASANO e POLETTO, 2017).

O processo de Educação Ambiental se faz importante em

todos os níveis dos processos educativos e, em especial, nas

escolas, sendo mais fácil conscientizar as crianças sobre as

questões ambientais do que os adultos. Essa formação facilita

no crescimento de cidadãos conscientes, aptos para decidirem

e atuarem na realidade socioambiental de um modo

comprometido com a vida, bem-estar e a sociedade (TEIXEIRA

et al., 2017). A respeito desta questão, Santos e Silva (2017)

afirmam que a educação ambiental é um tema que precisa ser

trabalhado desde cedo com todos, e principalmente com os

pequenos nas escolas. Ela precisa ser entendida como uma

forma de vida e que irá auxiliar a viver com o meio ambiente

que o cerca. Nas escolas, os educadores devem contribuir para

a formação de uma geração consciente em associação ao seu

papel como cidadão voltado para uma valorização tanto ética,

social e ambiental.

A Educação Ambiental deve ser abordada na escola, de

forma sistemática e transversal, em todos os níveis de ensino,

assegurando a presença da dimensão ambiental de forma

interdisciplinar nos currículos das diversas disciplinas e das

atividades escolares. Assim, sendo a escola um espaço social

é o local onde o aluno será sensibilizado para as ações

ambientais e fora do âmbito escolar ele será capaz de dar

sequência ao seu processo de socialização. Comportamentos

ambientalmente corretos devem ser aprendidos na prática, no

cotidiano da vida escolar, contribuindo para a formação de

cidadãos responsáveis (ASANO e POLETTO, 2017).

Para que a educação ambiental seja efetiva e contribua

com a formação de uma cidadania pautada na sustentabilidade,

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toda a comunidade precisa se unir à construção de um

ambiente escolar agradável, sendo assim incubadora de

mudanças concretas na realidade social (SILVA et al., 2017).

Nesse contexto, esse trabalho visa descrever as

atividades realizadas durante a“Semana Integrada do Meio

Ambiente”que ocorreu noCampus III da Universidade Federal

da Paraíba (UFPB) em conjunto com o Colégio Agrícola Vidal

de Negreiros, Bananeiras/PB. Tais ações visaramsensibilizar a

comunidade acadêmica pertencente ao Campuse a

comunidade externa, para uma Educação ambiental tão

necessária para a sustentabilidade, conservação e preservação

dos Recursos naturais.

2 MATERIAIS E MÉTODO

As atividades foram desenvolvidasno Centro de Ciências

Humanas, Sociais e Agrárias (CCHSA/UFPB) no período de

cinco a sete de Junho de 2017 sob a orientação da Professora

Vênia Camelo de Sousa, Coordenadora da Comissão deMeio

Ambiente desse Campus, em parceria com a Secretaria de

Meio Ambientedas cidades de Solânea e Bananeiras-PB.

Para dar início às atividades da Semana de Meio

Ambiente foi apresentado o Plano de Gerenciamento de

Resíduos Sólidos do CCHSA, para toda a comunidade

acadêmica, sob a responsabilidade da Profª Terezinha

Domiciano Dantas, diretora do Campus, evidenciando a

necessidade de mudança de hábitos e novas posturas por parte

da comunidade acadêmica e administrativabem como

descreveu as metas a serem atingidas para se alcançar

melhoriasem termos de qualidade ambiental no CCHSA.

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Em um segundo momento, realizou-se uma palestra

intitulada Amazônia: desafios e potencialidades, proferida pelo

Prof. Dr. George Queiroga Estrela, pertencente a Universidade

Federal de Rondônia. Nesta, foi apresentadaa realidade da

Amazônia e, de modo comparativo, apresentou aos presentes,

uma rica contribuição à análise das potencialidades ambientais,

econômicas e territoriais e, a partir disso, o desafio de despertar

para o desenvolvimento em busca da sustentabilidade

ambiental.

Promoveu-se ainda uma caminhada ecológica no interior

do Campus, do portão de acesso a cidade de Bananeiras até a

ADUFPB com a participação de docentes, discentes e

servidores técnico administrativo. Esta açãoenvolvendotodos

os setores do Campus promoveu uma sensibilização da

comunidade quanto às questões ambientais e, possivelmente,

a adoção de novas posturas que preservem o meio

ambiente.No final da caminhada, foi oferecido um lanche

ecológico aos presentes na ADUFPB. Logo após esta atividade,

foi feita uma visitação às salas de aula,objetivando expor aos

docentes e discentes aspectos relevantes sobre a importância

de se pensar e discutir sobre várias questões a exemplo: do uso

racional de material de expediente, de água, energia elétrica,

descartáveis, bem como, pequenas mudanças de hábito

adotadas no nosso dia-a-dia e que podem fazer a diferença em

termos de economia e melhor reutilização de material. Esta

atividade foi realizadaem parceria com a CREDUNI e a

ADUFPB- Bananeiras e contou com a orientação do servidor

Edmilson Costa da Silva UFPB/CCHSA.

Tendo em vista a necessidade de partilhar práticas

sustentáveis desenvolvidas no Campus, com a comunidade

interna e externa, também foi oferecido um minicurso de

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produção de sabão ecológico, com reaproveitamento de óleo

de cozinha. As vagas foram disponibilizadas aos discentes do

Campus e também aos docentes de Bananeiras.

O consumo de óleo de cozinha no Brasil tem sido

crescente ao longo dos anos e grande parte do óleo de cozinha

usado não é reciclado atualmente. A população descarta o

produto de forma incorreta, lançando-o no solo, na pia ou

simplesmente no lixo, podendo elevar os índices de

contaminação dos recursos hídricos e consequente impacto

ambiental e econômico.O minicurso foi de responsabilidade do

Professor Dr. Max Rocha Quirino UFPB/DCBS/CCHSA.

Realizou-se também uma palestra com o propósito de

despertar a comunidade acadêmica um olhar diferenciado para

as unidades de conservação que estão localizadas nas

proximidades do Campus. São duas: A Área de Proteção

Ambiental (APA) do roncador localizada entre os municípios de

Bananeiras e Pirpirituba com 6.113 hectares e a ÁRIE- Área de

relevante Interesse Ecológico Mata Goiamunduba com 67

hectares. A palestra foi proferida por Simone Porfírio de

Souza/SUDEMA.

O Colégio Agrícola Vidal de Negreiros (CAVN/UFPB),

atendendo a proposta da Comissão do Meio Ambiente do

referido Campus, promoveu durante a semana do meio

ambiente, a Olimpíada do Meio ambiente do CAVN sob a

responsabilidade do Prof. Dr. Alex da Silva Barbosa e da

direção escolar. Esta teve como objetivo avaliar o conhecimento

dos alunos no que diz respeito às questões ambientais, bem

como apontar caminhos para melhor norteamento das

atividades voltadas ao meio ambiente Os discentes do CAVN

realizaram inscrição para participar desta atividade que

consistiu em uma prova com questões abordando a temática

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ambiental. Ficou estabelecido nas normas da Olimpíada que a

classificação seria até o vigésimo lugar. Os participantes

vencedores foram premiados com uma viagem para visitação

do Jardim Botânico Benjamim Maranhão, Parque Ecológico

Arruda Câmara e a Estação Ciência, todos localizados na

cidade de João Pessoa - PB. Os discentes foram

acompanhados do Coordenador de Ensino, Prof. Dr. Alex da

Silva Barbosa e discentes da graduação participantes do

projeto intitulado “Educação ambiental no Campus III:propostas

de ações para formação de cidadãos conscientes”.

Por ocasião da Semana do Meio Ambiente, dia 07 de

junho de 2017, foi realizada no CCHSA, UFPB uma “Trilha

Ecológica” que envolveu a participação dos moradores de

Solânea e de Bananeiras-PB, dos discentes, docentes e

servidores deste Campus. Esta trilha ecológica iniciou-se no

fragmento de mata da UFPB, CCHSA, com destino a um ponto

denominado Bica das Almas, nascente de água mineral,

localizada em Bananeiras, bastante conhecida e visitada pela

população da região.

O objetivo dessa atividade foi apresentar a trilha aos

participantes, bem como recolher resíduos sólidos/lixo deixados

na mata e na nascente, bem como sensibilizar a comunidade a

respeito dos problemas causados pelo acúmulo desses

resíduos na mata e na nascente e da importância da

preservação desta (Bica das Almas), considerando que, nos

últimos anos, a mesma sofreu considerável diminuição na sua

vazão, decorrente do grande acúmulo de lixo deixado em seu

entorno. A trilha foi conduzida por um guia turístico do município

de Bananeiras, Washington Luiz Cirne, e contou com a

participação de aproximadamente 60 pessoas.

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a semana do meio ambiente participaram

discentes das turmas do Colégio Agrícola Vidal de Negreiros

dos cursos técnicos de Agroindústria e Agropecuária integrado

e Pós Médio, turma de Ciências do Ambiente do curso

Bacharelado em Agroindústria, Licenciatura em Ciências

Agrárias, técnicos administrativos e docentes.

Na programação ainda contemplou-se a caminhada

ecológica no interior do Campus e a trilha ecológica na bica das

almas que fica localizada no interior do Campus III. Esta

atividade, a exemplo da trilha ecológica da bica das almas é

uma ação ambiental de extrema importância, pois ao longo da

trilha foram feitas várias observações como as espécies

vegetais nativas presentes, os tipos de solo, os resíduos sólidos

presentes, sendo relevante, ainda, a fonte natural existente na

própria bica.

De acordo com Silva et al. (2012), percorrer uma trilha

ecológica possibilita a leitura e interpretação da natureza

fornecendo desta maneira uma prática ambiental comprometida

com a educação ambiental visando à sustentabilidade.

Portanto, as trilhas ecológicas podem ser consideradas como

praticas de educação ambiental na medida em que se tornam

uma estratégia de aprendizagem com dinâmicas participativas,

oferecendo informações sobre o meio, recursos naturais,

exploração racional, conservação e, aliada ao turismo rural

ocasiona, a valorização e preservação ambiental.

Ao chegar à Bica foi feito um momento de reflexão, onde

na ocasião foi discutido por todos o recorrente problema do lixo

deixado na bica e as possíveis formas de solucioná-lo. Nesse

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momento, o presidente da Associação dos Catadores do

município de Bananeiras-CATABANS relatou sua experiência

como catador, explicando os problemas que os resíduos sólidos

causam quando mal destinados, levando em conta o tempo que

levam para se decompor, e as diversas formas de reutilização

e reciclagem dos mesmos, sugerindo ou indicando a coleta

seletiva como alternativa para minimizar esse processo de

destruição ao meio ambiente.

Nesse sentido, Eisenlohret al., (2013) aponta para as

trilhas ecolológicas como um meio de aproximação do homem

com o ambiente em que faz parte, emanando-se do princípio

que é necessário conhecer para preservar. Logo, inserem-se na

educação ambiental num sentido completo, pois proporcionam

a aquisição do conhecimento através de experiências práticas

em que as vivências do mundo real sejam complementares as

teorias, além de que a interação do homem com a natureza

exerce um papel fundamental na conjuntura dos meios

possibilitando a desenvoltura do respeito à natureza.

Ao final da trilha, tendo em vista a quantidade de lixo

coletado na nascente e no decorrer de todo o trajeto percorrido,

pode-se concluir que há uma grande falta de consciência por

parte da população quanto à destinação correta dos resíduos e

quanto aos danos que estes podem causar ao meio ambiente,

mas que tal problema pode ser minimizado através de ações a

exemplo da trilha ecológica, que propicia um contato direto com

a mata e com a sua biodiversidade, aproximação esta que leva

a uma sensibilização e a mudanças de atitude em relação à

necessidade de preservação do ambiente que nos cerca.

Diante disso, Lima et al. (2015) infere que a Educação

Ambiental necessita responder ao desafio ambiental

contemporâneo, difundindo a compreensão dos problemas

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ambientais e alternativa para uma mudança radical dos valores

da sociedade atual que resulte numa transformação que

assegure a própria sobrevivência da espécie humana e da vida

em todos os seus aspectos.

A semana integrada foi encerrada com a olimpíada do

meio ambiente no CAVN como uma forma de conscientização

ambiental dos discentes e incentivo a preservação dos recursos

naturais e a prática da sustentabilidade.

Baseado nesse recurso metodológico de ensino-

aprenzigem que foi a olimpíada do meio ambiente, Pessoa et

al. (2013) afirmam que o desenvolvimento de práticas de

educação ambiental coloca-se como estratégia para a reversão

de processos de degradação, assim como na construção de

valores, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente (PESSOA et al.,

2013).

A programação da Semana do Meio Ambiente “Quadro

(1)” consistiu num conjuto de atividades práticas que

abrangeramdiveras temáticas relacionadas à Educação

Ambiental e assuntos similares.

A Educação Ambiental se constitui numa forma

abrangente de educação, que se propõe atingir todos os

cidadãos, através de um processo participativo permanente que

procura incutir uma consciência crítica sobre a problemática

ambiental. A atual problemática ambiental revela uma crise da

própria civilização. Não é a natureza que se encontra em

desarmonia - é a própria sociedade. É fundamental para todo o

ser humano cumprir com suas obrigações e cuidar bem da

natureza (SILVA, 2012).

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Quadro 1. Programação da “Semana Integrada do Meio Ambiente: Pensar no Futuro é agir agora!”.

5/6/17 -9:00h

Auditório do CAVN

Apresentação do plano de Resíduos sólidos do CCHSA– Profa. Terezinha Domiciano Dantas

Martins (UFPB/CCHSA)

5/6/17 -10:00h

Auditório do CAVN

Palestra: Amazônia: Desafios e potencialidades–

Prof.Dr. George Queiroga Estrela/ Universidade Federal de Rondônia

06/06/17 às 8:00h

CCHSA/UFPB

Caminhada Ecológica - Edmilson Costa da Silva UFPB/CCHSA

06/06/17 às 14:00h

Auditório do CAVN

Palestra: Unidades de Conservação: APA do Roncador e Goiamunduba– Simone Porfírio de

Souza/SUDEMA

7/6/17 às 8:00h

CCHSA/UFPB

Inscrição: Secretaria do CAVN

Trilha ecológica na Bica das Almas CCHSA/UFPB (coleta de resíduos e plantio de árvores)

Responsável: Washington Luiz Cirne

8/6/17 às 8:30h

Laboratório de Química do CCHSA

Inscrição: Secretaria do CAVN

Oficina: produção de sabão ecológico 15 vagas - Prof. Dr.Max Rocha Quirino UFPB/CCHSA

8/6/17 às 9:00h

CAVN/UFPB

Inscrição: Secretaria do CAVN

Olimpíada do Meio ambiente do CAVN (Prof. Alex da Silva Barbosa e Direção CAVN)

Fonte: próprio autor

São vários os problemas de ordem ambiental:

aquecimento global, mudanças climáticas, escassez de

recursos naturais, resíduo. Em resposta a essas questões, têm

sido gerados novos saberes no campo da ciência, tecnologia e

educação chamada ambiental de modo a se proporem

alternativas para que o homem possa relacionar-se com o

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ambiente de maneira sustentável, e a mídia tem contribuído

sobremaneira na veiculação desses conhecimentos

(SULAIMAN, 2011).

Atualmente, as questões ambientais têm sido alvo de

preocupação não apenas de ambientalistas, ONGs

(Organizações Não Governamentais), como também de

especialistas. Estão cada vez mais presentes no cotidiano das

pessoas e esbarram não apenas nasinformações de seu

cotidiano, mas em suas obrigações como cidadãos. O poder

público também tem apresentado preocupação, contudo, isto se

dá muito mais em vista de obrigações legais do que por

preocupação dos benefícios que a consciência ambiental pode

trazer (REIS et al., 2012).

A Coordenação de Meio Ambiente do CCHSA contribuiu

de forma ativa no processo de efetivação da conscientização e

a preservação do meio ambiente junto aos membros da

instituição: discentes do ensino médio, graduandos, docentes,

técnicos e servidores.

No Campus III, a Coordenação de Meio Ambiente

instituída mediante Portaria GD/036/2013 desenvolve

semestralmente diversas atividades (trote verde, coleta

seletiva, oficinas, Semana de Meio Ambiente, conscientização

ambiental, etc)com o envolvimento de discentes, docentes e

servidores técnicos-administrativos e todas essas ações visam

sensibilizar a comunidade do CCHSA sobre a necessidade

urgente de mudança de comportamento em relação ao que está

ao nosso redor a fim de que adotemos novas posturas,como

indivíduos, quanto nas nossas relações com os outros e com o

ambiente. Neste contexto, este trabalho relata a experiência

vivida pela coordenação do meio ambiente durante a Semana

do Meio Ambiente realizada na Universidade Federal da

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SEMANA INTEGRADA DO MEIO AMBIENTE: UMA EXPERIÊNCIA MOBILIZADORA NO CCHSA/UFPB

345

Paraíba campus III, Centro de Ciências Humanas Sociais e

Agrárias, em conjunto com o Colégio Agrícola Vidal de

Negreiros, ambos em Bananeiras – PB. As ações ambientais

realizadas temcomo objetivo desenvolver nos discentes,

docentes e Técnico-administrativos a sensibilização

ambientalno meio acadêmico e uma conscientização ambiental

necessária durante toda a caminhada na vida acadêmica no

CCHSA/UFPB.

4 CONCLUSÕES

É necessária uma articulação dinâmica entre os diversos

segmentos da UFPB que possa envolver a participação da

comunidade acadêmica para as práticas ambientais.

É possível despertar para uma consciência ambiental

utilizando várias metodologias, palestras, caminhada e trilha

ecológica,Olimpíada e oficina como aconteceu na Semana

Integrada do Meio Ambiente do CCHSA/CAVN/UFPB. O

publico alvo determina a metodologia escolhida porque a

variação de faixa etária exige essa dinâmica para que as

práticas tenham eficácia quanto aos seus objetivos.

As ações dessa semana foram práticas efetivadas pela

Coordenação de Meio Ambiente de educação ambiental da

comunidade acadêmica do CCHSA/CAVN/UFPB.

A mediação das ações pela equipe foram fundamentais

para que novos direcionamentos fossem dados às atividades

de melhoria no que diz respeito à educação do campus.

É preciso tempo para perceber que as práticas de

sensibilização surtem efeito porque sugerem mudança de

comportamento e incorporação de novos hábitos previamente

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SEMANA INTEGRADA DO MEIO AMBIENTE: UMA EXPERIÊNCIA MOBILIZADORA NO CCHSA/UFPB

346

enraizados ou pela educação recebida ou por uma adaptação

cultural.

O meio ambiente é bem comum, coletivo e toda prática

de sensibilização será em beneficio de toda a comunidade por

tempo indeterminado.

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SEMANA INTEGRADA DO MEIO AMBIENTE: UMA EXPERIÊNCIA MOBILIZADORA NO CCHSA/UFPB

347

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SOBREPRODUÇÃO DE GLICERINA: UMA TENDENCIA MUNDIAL E ALTERNATIVAS PARA SEU APROVEITAMENTO

348

CAPÍTULO 18

SOBREPRODUÇÃO DE GLICERINA: UMA TENDÊNCIA MUNDIAL E ALTERNATIVAS

PARA SEU APROVEITAMENTO

LizethYulianaAcevedo JARAMILLO1

Diogo Simas BernardesDIAS2

DouglasGuedes FERREIRA1 Ulrich VASCONCELOS3

Eliana Flavia Camporese SERVULO4

1Doutorando Escola de Química, Curso TPQB, UFRJ; 2Pesquisador,Bolsista PCI/CNPq,CETEM; 3Professor AdjuntoIII do DB/UFPB;4 Professora Adjunta do DEB/UFRJ.

[email protected]

RESUMO: O incremento mundial da produção de biodiesel tem levado a cogeração e acúmulo de grandes quantidades de glicerina bruta, afetando negativamente o mercadode glicerol e pondo risco à sustentabilidade da indústria dobiodiesel. Aglicerina brutaapresenta impurezas que diminuem seu valor comercial elimita sua aplicão em indústrias tradicionais. Dado que sua purificação apresenta custo elevado, torna-se nescessário o desenvolvimento de novos processosvisando o aproveitamento efetivo daglicerina bruta, reduzindo os ricosambientais pelo acúmulo e inadequada disposição de grandes volumes de glicerina e fortalecendo a cadeia produtiva do biodiesel e do mercado do glicerol. Este trabalho apresenta o panorama de geração de glicerina bruta associado à produção de biodiesel, a qual representa cerca de 65% daglicerina gerada mundialmentee onde os processos de purificação tradicionais não se mostram viáveiseconomicamente. Assim, processos biotecnológicos se apresentam como boas alternativas, abrindo frentes de pesquisa e desenvolvimento, uma vez aglicerinapode ser

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SOBREPRODUÇÃO DE GLICERINA: UMA TENDENCIA MUNDIAL E ALTERNATIVAS PARA SEU APROVEITAMENTO

349

aproveitada na forma bruta ou ainda parcialmente purificada na conversão por diferentes agentes biológicos em produtos com alto valor agregado. Palavras-chave:Glicerina bruta. Sustentabilidade. Biodiesel.

Reuso de coproduto.

1 INTRODUÇÃO

A atividade humana e industrial, especialmente

associada à queima de combustíveis fósseis causa diferentes

perturbações ambientais, tornando urgente o desenvolvimento

de processos alternativos visando diminuir os impactos

negativos (BABAJIDE, 2013;ANITHA et al., 2016; HE et al.,

2017). Neste cenário, o mercado mundial de biocombustíveis

tem sido estimulado ao longo das últimas décadas, promovendo

o desenvolvimento de processosbiotencológicos para produção

de compostos de interesse industrial a partir de matérias-primas

alternativas (GARGALO et al., 2016).

Na tentativa de reduzir os impatos ambientais, acordos

de trabalho e cooperação internacionais tem sido assinados,

com destaque ao mais recente, contra o aquecimento global

ocorrido em dezembro de 2015 em Paris,com a participação de

195 países, incluindo o Brasil, comprometendo-se em reduzir

as emissões de gases de efeito estufa. Isto implica profundas

transformações industriais, econômicas, políticas e sociais, as

quais incluem o aumento da participação da bioenergia e dos

biocombustíveis nas matrizes energéticas(MMA, 2016).

Neste contexto, dentre os processos produtivos de

biocombustíveis já consolidados, inseridos na matriz energética

de diversos países, destaca-se o biodiesel (MARX, 2016). Este

biocombustivel é produzido a partir de matérias-primas

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SOBREPRODUÇÃO DE GLICERINA: UMA TENDENCIA MUNDIAL E ALTERNATIVAS PARA SEU APROVEITAMENTO

350

renováveisque contenham triglicerídeos ou ácidos graxos em

sua composição, tais como vegetais oleaginosos. Sua

produção tradicional por meio de reações de transesterificação

apresenta a cogeração deglicerina bruta, em quantidade

equivalente a 10% do volume total de biodiesel produzido (HU

et al., 2012;ANITHA et al, 2016).

A composição química daglicerina bruta depende do tipo

de matéria-prima e as característicasde como o processo de

produção do biodiesel ocorreu. De forma geral, aglicerina bruta

pode conter em torno de 70% de glicerol e impurezas como

água, sais, ésteres, álcool e óleo residual, que a torna imprópria

para a maioria das aplicações industriais tradicionais,nasareas

farmacêutica e cosmética (HU et al., 2012;ANITHA et al., 2016;

KONG et al., 2016).

Tendo em conta as projeções de aumento mundial da

produção de biodiesel, destaca-se o emergente de acúmulo de

grandes quantidades de glicerina bruta coproduzidas, tornando

mandatório seu aproveitamento,evitando o desequilíbrio

econômico e ambiental da indústria do biodiesel(LEONETI et

al., 2012; BABAJIDE, 2013;GARGALO et al., 2016; ANITHA et

al.,2016).Assim, se fazem necessárias ações que valorizem

efetivamente este resíduo, visando suaconversão emprodutos

de alto valor agregado, por meio do desenvolvimento de

processos biotecnológicos,os quais, de forma

paralelairãocontribuir efetivamente para a sustentabilidade da

cadeia produtiva do biodiesel(GUPTA e KUMAR, 2012;

CLOMBURG e GONZALEZ, 2013;BABAJIDE, 2013; HE et al.,

2017).

Neste trabalho objetivou-se apresentar um panorama do

excesso de produção de glicerina bruta associada

principalmenteà indústria do biodiesel, suas principais

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SOBREPRODUÇÃO DE GLICERINA: UMA TENDENCIA MUNDIAL E ALTERNATIVAS PARA SEU APROVEITAMENTO

351

caracteristicas físico-químicas e as alternativas de

aproveitamento incluindo os processos do contexto da

denominada química verde.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Foi realizada uma revisão bibliografica direcionada a

identificar o panorama da cogeração de glicerina bruta,

especialmente oriunda da produção de biodiesel, bem como

algumas alternativas para seu aproveitamento. A revisão foi

baseada em artigos e dados de revistas e agências nacionais e

internacionais. Foram abordados temas relacionados com:a

produção, a caracterização daglicerina eo aproveitamento

daglicerina bruta, incluindo a produção microbiana de

compostos valor agregado. A partir das informações coletadas

foi construído um texto unificado que permite ao leitor, uma

visão global do tema em questão, sendo o suporte inicial para

pesquisas na área de aproveitamento biotecnológico

deglicerina.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Glicerina da produção de biodiesel Aglicerinabrutapode ser obtidapor diferentes processos

como a produção de detergentes, ácidos e esteresgraxos e a

produção de biodiesel (ANITHA et al.,2016; KONG et al., 2016).

Atualmente as maiores quantidades de glicerina são oriundas

do processo de produção deste último, representado mais do

65% daglicerina bruta produzida mundialmente (ANITHA et al.,

2016; LUO et al., 2016).

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SOBREPRODUÇÃO DE GLICERINA: UMA TENDENCIA MUNDIAL E ALTERNATIVAS PARA SEU APROVEITAMENTO

352

A produção tradicional de biodiesel ocorre por meio de

reações de transesterificação. Neste processo, um triglicerídeo

ou ácido graxo reage com um álcool de cadeia curta (metanol

ou etanol), formando ésteres, que constituem o biodiesel, e do

subproduto glicerina (BABAJIDE, 2013; HU et al., 2012;MARX,

2016). Assim, aglicera bruta é o principal subproduto da

produção deste biocombustível, com um volume gerado

equivalente a cerca de 10% do volume total de biodiesel

produzido (TAN et al., 2013;BABAJIDE, 2013).

Por conta das características do biodiesel e tratados

ambientais, o número de países que tem inserido este

biocombustível nas suas matrizes energéticas tem aumento ao

longo das últimas décadas e em geral sob a forma de misturas

com o diesel do petróleo (BABAJIDE, 2013). No Brasil,

atualmente são adicionados adicionados 7% de biodiesel ao

óleo diesel (B7). De acordo com Lei nº 13.263, de 23 de março

de 2016, o índice de biodiesel no diesel passará dos atuais 7%

para 8% em 2017; 9%, até 2018; e 10%, até 2019 (BRASIL,

2016). A norma ainda assinala que o percentual poderá

alcançar 15% nos anos seguintes, desde que sejam feitos

testes em motores e haja aprovação do CNPE, Conselho

Nacional de Política Energética.

Atualmente, a União Europeia (EU) é o principal produtor

de biodiesel e por consequência o principal gerador de glicerina

bruta, com podução a escala industrial desde 1992. Na EU

existem cerca de 120 fábricas produtoras de biodiesel

localizadas principalmente na Alemanha, Holanda, França,

Itália, Áustria, e Suécia (EBB, 2016). De acordo com a agência

europeia de biodiesel,European Biodiesel Board (EBB), em

2014 foram produzidos cerca de 23 milhões de toneladas de

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353

biodiesel, equivalendo a aproximadamente 2,6 milhões de

m3 de glicerina.

Depois da EU, Os Estados Unidos são o segundo maior

produtor de biodiesel e glicerina no mundo, que de acordo com

a agência estadounidense do biodiesel, National Biodiesel

Board (NBB), no último ano produziram-se 2.8 bilhões de

galões de biodiesel (em torno de 1,1 milhões de m3 de

glicerina). O país conta com 186 plantas de produção com

capacidade de 13,6 milhões de m3 de biodiesel e tem como

meta para o ano 2022, alcançar uma produção de 4,0 bilhões

de galões de biodiesel, equivalentes a aproximadamente 1,5

milhões de m3 de glicerina (NBB, 2016).

No Brasil, de acordo com a Agência Nacional do

Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2015, a

produção de biodiesel foi de 3,9 milhões de m3e foram gerados

cerca de 347 mil m3de glicerina (ANP, 2016). Para 2016, dados

preliminares mostram uma produção 2.857 milhões de m³ de

biodiesel, com estimativa de aproximadamente 285 mil m3 de

glicerina produzidos de janeiro a setembro de 2016 (MME,

2016).

Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), em

setembro de 2016 havia 48 plantas produtoras de biodiesel

capazes de operar comercialmente, do ponto de vista legal e

regulatório, com uma capacidade média instalada por planta de

152 mil m³/ano (423 m³/dia), localizadas principalmente nas

regiões Sul e Centro-oeste (MME, 2016), indicando alta

disponibilidade de glicerina bruta principalmente nestas

regiões.

Desta forma, existe uma ligação direita entre produção

de biodiesel e o acúmulo de glicerina, tendo-se previsão de

serem produzidos 2,63 bilhões de kg de biodiesel em 2020

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354

(AYOUB e ABDULLAH, 2012; VALERIO et al., 2015).Há que se

considerar ainda o risco ambiental, visto que o Brasil e muitos

outros países não dispõem de legislação própria para o

descarte deste resíduo, cuja composição química é

reconhecidamente poluente (TAN et al., 2013; GARGALO et al.,

2016; LUO et al., 2016; SIVASANKARAN, et al.,2016).

Por outra parte, o aumento da produção global de

glicerina brutanos últimos dez anos com a consequente

saturação do mercado, provocou uma queda nos preços de

glicerol (GARGALO et al., 2016; MARX, 2016) de US$ 1.200/t

em 2003 para US$ 600/t em 2006 e menos de US$ 200/t em

2011, considerando os valores de mercado referentes aos

principais produtores: EU, Estados Unidos e outrospaíses, tais

como Malásia, Índia, China, Indonésia, Brasil (QUISPE et al.,

2013).

No Brasil, os preços da glicerina bruta em 2008eram em

torno de US$ 62, já aglicerina destilada (96% de pureza)

eraUS$ 1253/t e do glicerolUS$1470/t. Cinco anos mais tarde,

em 2013, o Brasil exportava glicerina bruta com preço entre

US$ 50-70/t (QUISPE et al., 2013). Os preços atuais da

glicerina bruta, glicerina loira e glicerol ficam em torno de R$

75/t, R$ 250/t e R$ 650/t respectivamente. Esta diferença reflete

as diferenças dos graus de pureza destes produtos e aos custos

dos processos relacionados a purificação (CREFBio, 2017).

Tendo em conta este panorama, torna-se necessário

desenvolver mercados alternativos para aglicerina a fim de

manter a sustentabilidade econômica e ambiental da produção

de biodiesel (BABAJIDE, 2013;GARGALO et al., 2016; LUO et

al., 2016). Segundo Ayoub (2102) é possível reduzir 25% dos

custos de produção de biodiesel com o aproveitamento e

valorização daglicerina bruta. Além disso, a conversão deste

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SOBREPRODUÇÃO DE GLICERINA: UMA TENDENCIA MUNDIAL E ALTERNATIVAS PARA SEU APROVEITAMENTO

355

subproduto de baixo valor comercial em produtos de valor

agregado geraria um balanço no mercado de produção e

consumo de glicerina (GUPTA e KUMAR, 2012;BABAJIDE,

2013).

3.2Caracteristicas da glicerina oriunda da produção de

biodiesel

Neste ponto é importante esclarecer que o termo glicerol

é aplicado ao composto orgânico com grau de pureza ≥99%,

enquanto os compostos com graus de pureza inferiores são

denominados glicerina(QUISPE et al., 2013). A molécula de

glicerol é um tri-álcool constituído de 3 átomos de carbono e

três grupos hidroxila, os quais são responsáveis pela natureza

higroscópica da molécula e pela sua solubilidade em água

(AYOUB e ABDULLAH, 2012; KONG et al., 2016).

Desta forma, as características físico-químicas da

glicerina brutadependem da matéria-prima e do processo

catalíticoempregados na produção de biodiesel (ALMEIDA et

al.,2012; LUO et al., 2016).De forma geral, qualquer matéria

orgânica que contenha triglicerídeos ou ácidos graxos em sua

composição química pode ser usada para a produção de

biodiesel, porém o óleo obtido a partir da extração de vegetais

é de longe a matéria-prima mais utilizada mundialmente já que

é disponibilizado filtrado, limpo, praticamente isento de água e

outras impurezas (HU et al., 2012). No Brasil, de 2006 a 2016,

o óleo de soja tem sido a principal matéria-prima para a

produção de biodiesel, representando 78,52%(ANP, 2016).

Aglicerina bruta resultante da produção de biodiesel

contém em média entre 60-70% de glicerol e impurezas, como

água, sais, ésteres, álcool e óleo residual, que diminuem seu

valor comercial(HU et al., 2012, TAN et al., 2013; ANITHA et

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SOBREPRODUÇÃO DE GLICERINA: UMA TENDENCIA MUNDIAL E ALTERNATIVAS PARA SEU APROVEITAMENTO

356

al.,2016, MARX , 2016). Na Tabela(1)está apresentada a

composição geral da glicerina brutacogeradana produção de

biodiesel, a partir de diferentes materiais, sendo observado que

em alguns casos se tem mais de 80% de glicerol.

Tabela 1. Composição química da glicerina brutaoriunda da produção

de biodiesel a partir de diferentes matérias-primas

Matéria-prima Glicerol

(% )

Metanol

(%)

Sabão

(%)

MONG

(%)

Óleo de soja (OS) 62,0 12,8 25,2 n.r

Gordura frango/OS

(50/50) 62,3 14,4 23,2 n.r

Óleo de canola 56,5 28,3 15,3 n.r

Óleo de girassol 75,0 1,0 9,3 n.r

Óleo de girassol 90,0 <1,0 n.r n.r

Óleo de sementes 62,5-

76,6 n.r n.r n.r

Óleo de soja 63,0 6,2 n.r n.r

Óleo de soja 22,9 10,9 26,2 23,5

Óleo de soja 33,3 12,6 26,2 22,3

Residuos de óleo vegetal 27,8 8,6 20,5 38,8

Óleo de Jatropha 18,0-

22,0 14,5 29,0

11,0-

21,0

Óleo de palma 80,5 0,5 n.r <2,0

MONG: material orgânico não glicerol; n.r: não reportado

Fonte: LUO et al.,2016

Visando o aproveitamento tecnológico da glicerina bruta

como substrato alternativo, é importante conhecer que na sua

composição é provável encontrar elementos como fósforo,

enxofre, magnésio, cálcio e sódio, que poderiam ser utilizados

como macro e micronutrientes por micro-organismos durante

processos fermentativos para a obtenção de bioprodutos de alto

valor agregado (TAN et al., 2013; QUISPE et al., 2013). As

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357

quantidades desses elementos se encontra usualmente na

faixa de 4-163 mg/L,entretanto o sódio pode chegar até 1% da

composição total (AYOUB e ABDULLAH, 2012). Na Tabela (2)

composições médias deste elementos em amostras de glicerina

bruta são apresentados, a partir de diferentes matérias-primas.

Tabela 2.Elementos químicos encontrados naglicerina bruta obtida

durante a produção de biodiesel a partir de diferentes matérias-

primas

Elementos

químicos

Matérias-primas

Mostard

a

Colz

a

Cramb

e

Canol

a Soja ROV

Ca (mg/L) 23,0 24,0 163,3 19,7 11,0 n.r

K (mg/L) n.r n.r 216,7 n.r n.r n.r

Mg (mg/L) 6,6 4,0 126,7 5,4 6,8 0,4

P (mg/L) 48,0 65,0 136,7 58,7 53,0 12,0

S (mg/L) 16,0 21,0 128,0 14,0 n.r 19,0

Na (mg/L) 1,23 1,06 1,10 1,07 1,20 1,4

C (%m/m) 24,3 25,3 24,0 26,3 26,0 37,7

N (%m/m) 0,04 0,05 0,06 0,05 0,04 0,12

ROV: resíduos de óleo vegetal usado; n.r: não reportado

Fonte:QUISPEet al., 2013

3.3 Aproveitamentotradicional e potenciais aplicações da

glicerina bruta

A forma tradicional deaproveitamento daglicerinabruta

consiste na sua purificação, no intuito da obtenção de glicerina

refinada eglicerol, cujas maiores aplicações estão nas

indústrias farmacêutica, cosmética e de alimentos, as quais

requerem alto grau de pureza entre 95,5 e 99,0% (BABAJIDE,

2013, ANITHA et al., 2016). Os processos de purifição

envolvem de forma geral três etapas:(i) neutralização e

remoção de sabão e sais; (ii) remoção de álcool e água;e (iii)

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358

refinação profunda (LUO et al., 2016). Estas etapas requerem

o uso de vários métodos, dependendo do grau de pureza

requerido. Diversos processos de purificação podem ser

empregados, tais como, destilação simples, destilação à vácuo,

filtração, tratamento químico, adsorção, troca iônica, extração,

decantação e cristalização, dentre outros(TAN et al., 2013; LUO

et al.,2016; SIVASANKARAN, et al.,2016).

Embora a refinação da glicerina brutaseja a via

tradicional, poucas plantas de biodiesel no mundo contemplam

sua purificação, em razão dos altos custos operacionais, baixa

demanda mundial e ao baixo custo comercial do glicerol (TAN

et al., 2013; ANITHA et al., 2016; LUO et al., 2016). Em alguns

casos, aglicerina brutapode sofreracidificação/neutralização

para ajuste do pH e evaporação/destilação para separação de

agua e álcool, obtendo-se umaglicerina loira, parcialmente

purificada (QUISPE et al.,2013).

Além da purificação, várias outras alternativas para

transformação e aproveitamento daglicerina bruta podem ser

utilizadas, cujos processos podem se classificar em três grupos:

aplicação direta, transformação termoquímica e conversão

biológica(AYOUB e ABDULLAH, 2012; LUO et al.,

2013;ANITHA et al., 2016; LUO et al., 2016). Desta forma é

possivel a obtenção de diversos produtos químicos e

combustiveis, bem como ração animal e seu uso em processos

biotecnologicos que incluem tratamento de águas residuárias,

fermentação e biorremediação(VASCONCELOS et al., 2013;

YANG et al., 2012; ANITHA et al., 2016).

No caso da combustão por queima

direitadaglicerinabruta, em fornos para obtenção de energia,

não é necessária a purificação prévia, podendo reduzir os

custos de compra e venda, alem de diminuir o uso de outros

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359

combustíveis fosseis(QUISPE et al., 2013; CORONADO et al.,

2014). Entretanto, esta aplicação se vê limitada

devidoadeterminados fatores, tais como: baixo poder calorífico

resultante da presença de água; maior temperatura de

ignição;alta viscosidade eformação de acroleína durante a

queima, composto fortemente tóxico (QUISPE et al., 2013;

KONG et al, 2016). Adicionalmente, deve-se considerar sua

corrosividade, inflamabilidade e periculosidade, uma vez que o

glicerina brute é tido como resíduo perigoso (ABNT, 2004).

Umaotra opção de uso direito é como simples fonte de

carbono na alimentação de ruminantes, porcos e peixes, sendo

preciso o controle da concentração de impurezas para não

gerar prejuízos à saúde animal. Neste caso só é possível

usarglicerina oriunda de processos a partir de óleos vegetais

(QUISPE et al., 2013; KASS et al., 2012; KIM et al., 2013).

Já os processos de transformação termoquímica da

glicerinapara produção de comoditiescompreendem oxidação,

redução, decomposição, gaseificação, hidrogenação, hidrólise,

cloração, eterificação, esterificação, desidratação catalítica,

pirólise, entre outros, sendo necessárias etapas de purificação

(LUOet al., 2013, KONG et al., 2016; NANDA et al., 2016).

Alguns exemplos são a transformação para produção de

acroleína, ácido tartárico, ácido oxálico, gliceraldeído, di-

hidroxiacetona, propilenoglicol, ácido glicérico, ácido

mesoxálico, ácido acrílico, epicloroidrina, éteres de glicerol,

poligliceróis, esteres de glicerol, dioxano, carbonato de glicerol,

poliésteres ehidrogênio, entre outros.A maior desvantagem

ocorre porque muitos destes processos requerem de

catalisadores metálicos onerosose intermediários tóxicos

podem ser formados (LUO et al., 2013, CHENG et al, 2013;

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360

QUISPE et al., 2013; HU et al., 2014; ANITHA et al.,2016;

KONG et al., 2016, SUN et al., 2017).

A conversão microbiológica daglicerina bruta se

apresenta como uma alternativa mais viável, comparada as

citadas anteriormente, visto ser possível reduzir os problemas

relacionados à baixa especificidade, requerimentos energéticos

e uso de pré-tratamentos e catalisadores de alto custo. Em

alguns casos, pode optarse pela purificação ainda parcial da

glicerina e uma ampla gama de produtos de valor agregado,

incluindo compostos considerados blocos de construção e

combustíveis, podem ser formados a traves de processos

fermentativos (LIet al., 2013; BAGHERI et al., 2015,

SIVASANKARAN, et al.,2016).

3.4 Glicerol e glicerinanos processos biotecnológicos

Quando comparada com outras matérias-primas e

substratos tradicionais, tais como glicose e sacarose,

aglicerinabrutase apresenta como uma fonte de carbono de

baixo custo e não compete como fonte nutricional para

alimentação de humanos (SIVASANKARAN, et al.,2016). Neste

contexto, a glicerina bruta é considerada como uma fonte de

carbono alternativa e promissoria para processos

biotecnológicos(AYOUB e ABDULLAH, 2012).

De esta forma asmoleculas de glicerol são consideradas

uma fonte de carbono altamente assimilável por bactérias,

fungos filamentosos e leveduras, para a obtenção de energia

sob condições aeróbicasou anaeróbica. Este composto

funciona como regulador de diferentes mecanismos

bioquímicos, incluindo a regulação do potencial redox e

reciclagem de fosfato inorgânico. Adicionalmente, nos micro-

organismos, o glicerol constitui o principal composto formado

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361

para regular as variações de atividade de água em ambientes

altamente osmofílicos (YANG et al., 2012).

O elevado grau de redução (k) dos átomos de carbono

em relação ao número de elétrons disponíveis por unidade de

carbonodo glicerol oferecem uma vantagem sobre alguns

substratos tradicionais, como glicose, sendo o kglicerol=4,67 e

kglicose=4. Assim, o consumo de um mol de glicerol gera dois

moles de NADH, enquanto o consumo de meio mol de glicose

(equivalente a 3 carbonos) resulta em apenas um mol de NADH

(LIet al., 2013).

O glicerol pode ser catabolizado por diferentesmico-

organismos por meio de diferentes rotas metabólicas dando

origem a uma miríade de compostos com diferentes aplicações

em diversos setores industriais (BAGHERI et al., 2015; LOU et

al., 2016; SIVASANKARAN, et al.,2016; HE et al., 2017). Uma

destaspossiveis rotas é apresentada na Fig. (1), nesta rota de

fermentação bacteriana, diversos ácidos orgânicos e álcoois

são produzidos. Assim, o glicerina bruta constituium precursor

potencial para a geração de uma ampla variedade de

metabólitos de interesse industrial (BAGHERI et al., 2015).

Dentre os diferentes compostos produzidos via

microbiana encontram-se: 1,3-propanodiol, 1,2-propanodiol,

2,3-butanodiol, etanol, di-hidroxiacetona, n-butanol,2,3-

butanediol e ácidos orgânicos, por exemplo, cítrico, lático,

propiônico, succínico, glicérico e oxálico. Adicionalmente,

outras substâncias de interesse industrial são resultantes deste

processo, entre elas: pigmentos, biossurfatantes, poli-

hidroxialcanoatos (PHAs), polióis, D-xilulose, ácidos graxos

poli-insaturados (DHA), bio-hidrogênio e metano (BABAJIDE,

2013, CLOMBURG e GONZALEZ, 2013; BAGHERI et al.,

2015;SIVASANKARAN, et al.,2016; HE et al., 2017).

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362

Figura 1. Fermentação anaeróbica de glicerolpara sintesede produtos de interesse industrial

1,3-PDO: 1,3-propanodiol; 1.2-PDO: 1,2-propanodiol; DHAP:dihidroxi-acetona-fostato; PEP:fosfato-piruvato

Fonte: Clomburg e Gonzalez, 2013.

Alguns gêneros bacterianos, como por exemplo,

Bacillussp., Enterobactersp., Clostridiumsp., Lactobacillussp.,

Klebsiellasp., Citrobactersp. e Escherichia coli apresentam

capacidade efetiva para fermentação direita da glicerinabruta,

sob condições anaeróbicas e microaeróbicas, usando

diferentes estratégias de operação, resultando diferentes

produtos de interesse como indicado anterioremente(KHANNA

et al., 2014, ANITHA et al., 2016; LUO et al., 2016).

A maioria dos processos fermentativos a partir da

metabolização do glicerol emprega micro-organismos

facultativos, embora o potencial de alguns deles, em escala

industrial possa ser limitado, em função da sua patogenicidade,

exigência de condições anaeróbicas estritas, e a necessidade

de suplementação nutricional. Segundo Clomburg e Gonzalez

(2013), parte das pesquisas tem se direcionado ao uso de

fontes alternativas de glicerol, como a glicerina e ao

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363

desenvolvimento de especiesmodificadas geneticamente para

aumento das taxas de conversão (LOACESet al., 2016LUO et

al, 2016).

Entre os produtos de grande interesse que podem ser

obtidos a partir de fermentação da glicerinabrutapor micro-

organismos naturais e modificados encontram-se ácidos

orgânicos e alcóois, especialmente, etanol e butanol

(MORGUNOVet al., 2013; VARRONEet al., 2013,ADNANet al.,

2014, PACHAPURet al.,2015). Recentemente, o bio-hidrogênio

tem tomado destaque, pois é considerado como uma fonte

limpa de energia, seu único subproduto é agua e diferentes

processos fermentativos podem ser empregados para sua

obtenção usando consorcios microbianos(LIU et al., 2012;

TRCHOUNIAN e TRCHOUNIAN, 2015; PACHAPURet al.,

2016).

Outro grupo microbiano que pode serutilizado para o

aproveitamento de glicerasão as microalgas. Algumas delas,

por exemplo, Aurantiochytriumlimacinume

Schizochytriumlimacinum podem produzir e acumular ácidos

graxos poli-insaturados (DHA)utilizando glicera bruta (LUO et

al., 2016). Ácidos graxos também podem ser produzidos por

procariotos e alguns fungos, a partir da fermentação da glicerina

bruta, como nos casos das linhagens de Pythiumirregularena

produção de ácido eicosapentaenoico e poli-hidroxialcanoatos

(PHAs) por Pseudomonassp., Cupriavidusnecator,

Zobellelladenitrificans e diferentes consórcios microbianos

(LUO et al., 2016).

Também há interesse pelo aproveitamento da glicerina

bruta por digestão anaeróbica para produção de biogás,

especialmente metano, empregando consórcios microbianos

ou linhagens isoladas (BABA et al., 2013; ANITHA et al., 2016).

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364

Finalmente, avaliações e estudos economicos para a

bioconversão de glicerina, mostram seu potencial para

obtenção de produtos de valor gregado como indicado

anteriormente (ANITHA et al., 2016), oferecendo-se um

panorama favorecedor para pesquisa e desenolvimento.

4 CONCLUSÕES

O aumento mundial da produção de biodiesel pela sua

inserção em diversas matrizes energéticas tem levado a

geração de grandes quantidades de glicerina bruta que

precisam ser aproveitadas para manter a sustentabilidade deste

biocombustível. Os procesos químicos podem servir como

alternativa de aproveitamento deste resíduo, no entanto

necessitam etapas de purificação e uso de catalizadores

onerosos que limitam o processo do ponto de vista econômico.

Por outro lado, os processos biotecnológicos, visandoprodução

de combustíveis e compostos de valor agregado a partir da

utilização microbiana da glicerina bruta apresentam um forte

apelo e grande potencial de pesquisa e desenvolvimento no

contexto da quimica verde.

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TRILHA E SEU PAPEL ECOLÓGICO NA FORMAÇÃO DE SUJEITOS CRÍTICOS

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CAPÍTULO 19

TRILHA E SEU PAPEL ECOLÓGICO NA FORMAÇÃO DE SUJEITOS CRÍTICOS

João Henrique Constantino Sales SILVA1

Damiana Justino ARAÚJO2

Cosma Justino ARAÚJO2 Vênia Camelo de SOUZA3

Gilvaneide Alves de AZEREDO4

1 Graduando do curso de Bacharelado em Agroecologia, UFPB; 2Graduandas do curso de Licenciatura em Ciências Agrárias/ UFPB; 3Colaboradora/Professora do DCBS/ UFPB;4

Orientadora/Professora do DA/UFPB. [email protected]

RESUMO: No Brasil, a população urbana constitui-se em um número superior ao da população rural. Visto que se trata de uma tendência mundial de distribuição populacional, nota-se a necessidade de um contato mais efetivo do homem com a natureza. Nesse contexto, foi realizada uma Trilha Ecológica na Reserva Florestal da Universidade Federal da Paraíba – CCHSA/Bananeiras-PB, que teve como objetivo a sensibilização e conscientização ambiental dos discentes e docentes envolvidos através de uma vivência prática de coleta de frutos e sementes de espécies florestais nativas e o seu posterior beneficiamento. Ao longo do percurso foram trabalhados alguns conceitos referentes à morfologia dos frutos e sementes, bem como a classificação dos mesmos quanto à maturação e dispersão. Percebeu-seno local a presença de algumas espécies arbóreas nativas e exóticas, bem como a vasta biodiversidade do fragmento florestal. Outro fato observado, e não menos importante, foramalguns sinais de degradação antrópica. Ao final, constatou-se que foi coletada uma variedade de nove espécies florestais de frutos e sementes.Em linhas gerais, a experiência direta com a natureza possibilitou aos discentes e docentes conhecerem melhor o

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lugar onde vivem, estudam e trabalham. A trilha possibilitou a construção de uma visão crítica por parte dos visitantes diante dos impactos causados ao meio ambiente devido às ações antrópicas e uma maior conscientização em relação à necessidade de conservação e preservação dos ecossistemas. Palavras-chave:Conscientização ambiental. Ecossistemas. Reserva florestal.

1 INTRODUÇÃO

Com o passar dos séculos, a compreensão do homem

como centro do universo se acentuou, principalmente na Idade

Moderna. Tecnologias foram desenvolvidas aumentando a

produção de bens de consumo, proporcionando o

desenvolvimento urbano e o crescimento econômico; porém, a

degradação ambiental também cresceu na mesma proporção.

Vive-se uma crise ambiental nunca vista antes na história da

humanidade. Cursos de rios foram alterados, interferiu-se na

composição de solos e devastaram-se florestas, o que está

causando a extinção de espécies, mudanças climáticas, entre

outros problemas ambientais (NEUENFELDT; MARTINS,

2016).

O pensamento de que a natureza existe para servir ao

ser humano vem se estabelecendo com maior ênfase. Essa

forma de pensar tem ocasionado vários problemas ambientais,

a ponto de afetar os recursos naturais e as condições de vida.

Por outro lado, a causa ambiental se encontra vinculada aos

processos socioeconômicos responsáveis pela apropriação e

uso dos recursos naturais e pelos problemas ambientais

decorrentes dessa relação (FEITOSA et al., 2017).

Educação Ambiental é um tema amplamente debatido na

atualidade, juntamente com a ideia de “sustentabilidade”. E

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para a garantia de uma relação sustentável da sociedade com

o ambiente, o desenvolvimento de práticas de educação

ambiental coloca-se como estratégia para a reversão de

processos de degradação, assim como na construção de

valores, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências

voltadas para a conservação do meio ambiente (PESSOA et al.,

2013).

Para Asano e Poletto (2017), a Educação Ambiental

surgiu em resposta à crise ambiental sofrida pela sociedade

contemporânea, recebendo várias definições ao longo dos

tempos, sendo caracterizada como a prática de atividades

relacionadas aos temas da natureza, sobretudo,

reflorestamento e preservação ambiental. Ela passa a ser o

principal instrumento para a “conscientização” dos sujeitos. Ela

servirá para preparar os indivíduos para que eles possam, a

partir das informações e conhecimentos adquiridos, agir

corretamente em relação ao ambiente.

Com a urbanização, a interação planta-homem foi

distanciada cada vez mais das pessoas. As informações foram

apenas registradas, armazenadas em livros e outros

documentos. O arquivo, e não mais a natureza, passou a ser a

fonte de informação para os muitos interessados

(FIGUEIREDO, 2012). Para Semprebon e Santos (2016), as

aulas nas quais haja materiais palpáveis, são importantes no

diz respeito às demonstrações, em que o aluno possa observar

e visualizar as estruturas formando um conceito mais sólido não

baseado somente em imagens livrescas.

As aulas em campo, segundo Neves (2014),

desempenham papel importante no desenvolvimento e na

construção do conhecimento dos alunos. Os educandos e

educadores devem reconhecer a importância de trabalhar com

o ambiente local, inserindo a Educação Ambiental no cotidiano

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escolar como prática que contribuam para que os indivíduos

possam refletir, compreender e atuar sustentavelmente no meio

em que estão inseridos, formando cidadãos críticos e ativos

perante as diversas situações do dia a dia que englobam as

questões ambientais.

É fundamental dinamizar e utilizar recursos

metodológicos multivariados, capazes de proporcionar,

inclusive, o contato direto com as plantas em seu ecossistema

natural, destacando as suas funções, os seus aspectos

ecológicos, a sua distribuição, a diversidade e características

morfológicas, dentre outros aspectos que geralmente são

colocados de forma maçante na teoria e não são vistos na

prática (MELO, 2012). O autor ainda ressalta nesses casos, as

dificuldades que os alunos podem apresentar quando apenas

um recurso didático é utilizado, e a importância de levar em

consideração as diferentes percepções que cada recurso pode

proporcionar, facilitando tanto o ensino quanto a aprendizagem.

Portanto, a experiência com a natureza é fundamental,

visto que, não aprenderemos a gostar da natureza apenas

lendo livros, mas, sim, a partir de experiências vividas, que nos

possibilitam construir laços afetivos através das nossas

sensações e impressões obtidas durante nossas vivências. As

experiências vividas e sentidas através do corpo são

fundamentais no processo de Educação Ambiental, ou seja,

aquilo que nos toca, nos sensibiliza, modifica nosso

comportamento, nossos pensamentos e nos prepara para

enfrentar os problemas ambientais vividos na atualidade

(NEUENFELDT; MAZZARINO, 2016).

Nesse sentido, desde que a ideia de se fazer trilhas por

caminhos ainda não explorados se espalhou, elas continuam

paulatinamente ganhando inúmeros adeptos mundo a fora. No

Brasil não seria diferente, se tornando de certa forma um

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modismo, que hoje pode ser mais bem aproveitado se bem

explorado. Podemos entender a importância das trilhas

ecológicas para o meio ambiente e para o ser humano como um

todo, a partir dos benefícios que elas podem nos proporcionar

através da relação homem-natureza (EISENLOHR et al., 2013).

No entanto, as trilhas representam uma interferência

direta do homem na natureza. Provocam tanto impactos físicos,

comportamentais, visuais, sonoros e olfativos. A preparação de

uma trilha deve levar em consideração alguns fatores na hora

da confecção das mesmas: segurança, conforto, redução do

impacto ambiental e instalação de equipamentos necessários

para cada tipo de trilha e publico alvo (SILVAet al., 2012).

Dessa forma, as trilhas devem ser bem planejadas, de

modo que o ecossistema natural não seja prejudicado em

decorrência da presença de agentes estrangeiros, os humanos.

Visto que apenas a presença do homem num ambiente natural,

já é, por si só, prejudicial para o meio ambiente, devido à

degradação e desgaste do percurso causado pelo pisoteio

desgovernado dos trilheiros. Por essa razão, é importante que

estudos sejam desenvolvidos sobre como utilizar uma trilha

numa reserva florestal de maneira devidamente correta

(EISENLOHR et al., 2013).

Percorrer uma trilha ecológica possibilita a leitura e

interpretação da natureza fornecendo desta maneira uma

prática ambiental comprometida com a educação ambiental

visando à sustentabilidade. Portanto, as trilhas ecológicas

podem ser consideradas como praticas de educação ambiental

na medida em que se tornam uma estratégia de aprendizagem

com dinâmicas participativas, oferecendo informações sobre o

meio, recursos naturais, exploração racional, conservação e,

aliada ao turismo rural ocasiona, a valorização e preservação

ambiental (SILVA et al., 2012).

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As trilhas ecológicas promovem esta aproximação do

homem com o ambiente em que faz parte, emanando-se do

princípio que é necessário conhecer para preservar. Logo,

inserem-se na educação ambiental num sentido completo, pois

proporcionam a aquisição do conhecimento através de

experiências práticas em que as vivências do mundo real sejam

complementares as teorias, além de que a interação do homem

com a natureza exerce um papel fundamental na conjuntura dos

meios possibilitando a desenvoltura do respeito à natureza

(SILVAet al., 2012; EISENLOHR et al., 2013).

Diante do exposto, o presente trabalho tem como

objetivo relatar a experiência vivida numa Trilha Ecológica na

Reserva Florestal do CCHSA/UFPB, junto a discentes e

docentes da instituição, através de um exercício prático de

coleta de frutos e sementes de espécies florestais nativas e

discutir a contribuição que essa prática teve na formação de

sujeitos ecológicos visando um mundo ambientalmente

sustentável em todos os aspectos.

2 MATERIAIS E MÉTODO

A Trilha Ecológica ocorreu no dia 06 de Outubro/2017 no

remanescente de Floresta Ombrófila Aberta, pertencente a

Reserva Florestal da Universidade Federal da Paraíba –

CCHSA/UFPB e teve como objetivo geral a sensibilização e

conscientização ambiental dos discentes envolvidos através de

uma vivência prática de coleta de frutos e sementes de

espécies florestais nativas, bem como seu posterior

beneficiamento.

O fragmento de mata pertencente ao Campus III possui

uma vegetação predominante característica de Brejos de

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Altitudes Nordestinos, que são áreas que apresentam

microclimas dissociantes do contexto onde estão inseridos

(semiárido). Suas formações florestais são disjunções de

floresta atlântica, ilhadas pela vegetação da caatinga, condição

que torna esses remanescentes áreas de elevada

biodiversidade. O solo predominante na região é o Latossolo

Amarelo Distrófico, textura franco arenosa a franco argilosa

(EMBRAPA, 2013).

A trilha contou com a participação de dois docentes e 11

discentes dos cursos de Licenciatura em Ciências Agrárias e do

Bacharelado em Agroecologia, ambos do CCHSA/UFPB. O

local de concentração foi a pracinha da ADUF/PB/Bananeiras,

de onde se iniciou a coleta. A trilha teve duração de

aproximadamente 2h30min, abrangendo um percurso médio de

1,5 km.

Foi solicitado aos participantes que eles viessem

vestidos com calças compridas e camisetas de manga longa,

bonés; que deveriam levar garrafinhas de água, etc. Cada

participante carregava também consigo sacolas plásticas para

transportar os frutos e sementes a serem coletados no decorrer

da trilha.A coleta foi realizada de duas maneiras: no chão e

diretamente das árvores. Esta última, contou com o auxílio de

um podão, instrumento utilizado na coleta de frutos na copa de

árvores mais altas.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Antes de entrarmos na trilha, mas já nas

proximidades,eram perceptíveis alguns sinais de degradação

antrópica, como o descarte inadequado de resíduos sólidos, a

exemplo de garrafas plásticas, recipientes de vidro, lataria de

veículos e utensílios domésticos, em um ecossistema natural,

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evidenciando a necessidade urgente de uma coleta seletiva nas

imediações do fragmento de mata.

De acordo com Landim (2016), a grande produção e

utilização de plásticos, leva ao volumoso descarte, que na

maioria das vezes é desordenado, o que contribui para o

impacto ao meio ambiente. É visível atualmente, principalmente

nas grandes cidades, problemas com inundações decorrentes

do descarte incorreto desses materiais, devido à ausência de

consciência da própria população, das indústrias e dos

sistemas ineficientes de coletas de lixo. Santos (2016) infere

que os serviços de alimentação, principalmente, originam

muitos resíduos, incluindo embalagens de alimentos, que

causam danos ao meio ambiente.

Durante o percurso na trilha, o grupo pôde observar a

geografia do local, que dispõe de reservatórios d’água,

clareiras, morros e paredões rochosos que tornam o cenário

gracioso. Em decorrência da atual estação do ano (primavera),

foi possível examinar atentamente a floração de várias espécies

florestais e arbustivas de pequeno porte. Observou-se também

a biodiversidade faunística da área, a exemplo das formigas,

vespas, borboletas, lagartas e aranhas.

O grupo, logo no início da trilha, caminhava de forma

atenta, mantendo o olhar fixado também no chão, a fim de

observar se havia sementes sendo dispersas das árvores ou se

era constatado alguma espécie arbustiva ou arbórea

frutificando.

Conforme Silva et al. (2012), as trilhas desempenham

importantes funções e, entre estas, destaca-se a de conectar os

visitantes com o lugar, criando maior compreensão e

apreciação dos recursos naturais e culturais. Ainda segundo o

mesmo autor, as trilhas exercerem um importante papel no

processo de conservação da natureza, pois, ao facilitar o

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acesso de pessoas a locais naturais, comumente, a interação

resultante desse contato direto, repercute em mudança de

comportamento na relação homem-natureza.

É válido ressaltar que,durante a coleta diretamente nas

árvores “Fig. (1)”, alguns conceitos referentes à morfologia

externa das folhas, frutos e sementes, foram explorados. No

que diz respeito às folhas, foi feita uma comparação entre folhas

simples e compostas; entre compostas e recompostas,

caracterizando as principais diferenças entre uma e outra, bem

como a caracterização de estruturas como as nervuras, limbo

foliar e pecíolo. Além disso, foi enfatizado que algumas

espécies apresentam alguns ‘pelos’ denominados tricomas,

presentes tanto nas folhas, como no próprio caule, e a função

que eles desempenham para a sobrevivência do vegetal, assim

como a cutícula (camada de cera) presente nas folhas.

Figura 1. Coleta do Coaçu (TriplarissurinamensisCham.)no remanescente de Floresta Ombrófila Aberta do Campus III, Bananeiras – PB.

Fonte: próprio autor

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Para Semprebon e Santos(2016),a aula prática

experimental exige a contextualização para uma eficiente

aprendizagem, através da qual os alunos têm a oportunidade

de tocar, ver e identificar as partes da planta.

Durante a coleta “Fig. (2)”, também foram contemplados

conceitos referentes à classificação dos frutos e sementes

quanto à maturação e dispersão, nesse momento, foramusados

como exemplares as espécies: Madeira Nova e Coaçu, como

amostras de frutos alados (dispersados pelo vento). No que se

refere à dispersão dos frutos foram usados os frutos da

Sapucaia como exemplo de fruto seco deiscente (abre-se

facilmente quando maduro) e o fruto do Jatobá, como modelo

de fruto seco indeiscente (não se abre quando maduro). Este

último apresenta uma polpa comestível e cascas com

propriedades medicinais, segundo relato de um dos discentes

participantes da trilha.

Figura 2. Coleta de frutos e sementes no fragmento florestal do CCHSA/UFPB.

Fonte: próprio autor

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Esse é um fato importante, pois, segundo Semprebon e

Santos (2016), uma maneira de aproximar os conteúdos de

ensino à realidade do aluno é levar em consideração que ele já

possui um conhecimento do senso comum, portanto, partir

desse conhecimento prévio do aluno para instigá-lo a refletir e

se apropriar deste, poderá permitir que o aluno compreenda

mais facilmente os conceitos científicos, sendo desta forma

capaz de relacioná-los ao seu cotidiano.

Os estudantes e professores perceberam também a

presença de algumas espécies arbóreas nativas, a exemplo do

Cajueiro (Anacardiumoccidentale L.) e da Paineira (Ceiba

speciosa (St.-Hill.) Ravena). Sendo esta última uma espécie

pioneira no processo de sucessão natural e de fundamental

importância na recuperação de áreas historicamente

degradadas. Observou-se também a predominância de

algumas espécies exóticas, a exemplo do Eucalipto (Eucalyptus

spp.), o que evidencia ainda mais a histórica atividade humana

na área com a introdução de espécies arbóreas de grande porte

para fins madeireiros.

Partindo dessa observação, Silva et al. (2012) infere que

as trilhas visam não somente a transmissão de conhecimentos,

bem como propiciam atividades que revelam os significados e

as características do ambiente por meio do uso dos elementos

originais, por experiência direta e por meios ilustrativos, sendo

assim instrumento básico de programas de educação ao ar

livre.

Houve trechos em que o percurso se estreitava, o

caminho não era tão uniforme, havia subidas e descidas. Nos

trajetos próximos a grandes barreiros, os discentes notavam

facilmente as diferenças entre os horizontes do solo, em função

da diversidade de cores. Nessa perspectiva, segundo Aiolfiet al.

(2011), dentre as várias metodologias utilizadas na

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implementação da educação ambiental, a trilha ecológica

adentra como ferramenta auxiliar para o ensino de solos, já que

a partir da experiência prática, proporcionada com a

visualização do comportamento de diferentes solos num

mesmo ambiente, é possível a obtenção de um entendimento

mais amplo da dinâmica dos ecossistemas.

Diante de tantas observações, outra não menos

importante, foi a abundância de serapilheira depositada no solo

da mata. Ela abrange toda a matéria orgânica (folhas, galhos,

frutos e sementes) que se deposita gradativamente na

superfície do solo, formando uma camada amortecedora e rica

em nutrientes. Além de reter a umidade do solo, a serapilheira

possui uma importância singular no que diz respeito à proteção

do solo contra os processos erosivos e a ciclagem de nutrientes,

disponibilizando-os de volta aos vegetais, através da ação dos

microrganismos decompositores.

Durante a caminhada, os participantes ansiavam por

conhecer o tão falado “paredão”, uma formação rochosa

propícia para escaladas “Fig. (3)”, estando entre os pontos

turísticos mais frequentados do munícipio, por aventureiros.

Parte das sementes coletadas “Tab.(1)” na trilha será

propagada no Viveiro de Produção de Mudas do CCHSA,

enquanto que as outras ficarão em exposição durante a

EXPOTEC 2017 (evento anual consolidado na área de

popularização e socialização de conhecimentos técnico-

científicos, promovido pelo Colégio Agrícola Vidal de Negreiros

– CAVN). Ao final da trilha, os discentes e docentes envolvidos

voltaram para o ponto de partida, onde ocorreu uma pausa para

descanso. Nesse último momento, houve um “coffee break” no

qual os participantes degustaram alguns lanches e socializaram

as experiências vivenciadas ao longo do percurso.

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Figura 3.Corpo discente e docente na encosta do “paredão”.

Fonte:próprio autor

Tabela 1. Espécies coletadas durante a Trilha Ecológica.

Nome popular Nome científico

Angico Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan

Calumbi Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.

Cedro CedrelafissilisVell.

Coaçu TriplarissurinamensisCham.

Jatobá HymenaeacourbarilL.

Madeira Nova Pterogynenitens Tull.

Sapucaia LecythispisonisCambess.

Senegália Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose

Timbaúba Enterolobiumcontortisiliquum(Vell.) Morong

Fonte: próprio autor

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O beneficiamento dos frutos e sementes ocorreu no

Laboratório de Tecnologia de Sementes do CCHSA, durante o

desenvolvimento de uma aula prática, ocasião em que os

discentes constataram a variedade de sementes de

Angicocoletadas por uma discente em função da diversidade de

cores e formato dos frutos coletados. Além disso, os discentes

também perceberam o aroma exalado das sementes de Cedro

e o associaram ao cheiro dos temperos sintéticos.

Simultaneamente ao beneficiamento, muitos conceitos foram

trabalhados no que se refere a morfologia dos frutos. Nesse

momento, um dos discentes com necessidades educacionais

específicas (em razão das suas limitações visuais), pôde sentir

e compreender as estruturas morfológicas dos frutos e

sementes através do contato físico direto com os mesmos.

Merece destaque uma observação feita por esse mesmo

discente, no que se diz respeito a uma estrutura presente nas

sementes, denominada de tegumento, afirmando que as

mesmas possuiam um envoltório rígido.De acordo com Santos

Júnior e Silva (2016), a presença do tegumento dificulta a

germinação das sementes, o que é denominamos de período

de “dormência da semente”. No entanto, quando se trata de

produção de mudas, a dormência precisa ser superada, visto

que é um fenômeno que restringe a multiplicação destas

espécies em viveiros.

O beneficiamento consistiu na retirada das sementes de

dentro dos frutos, bem como o descarte das partes indesejáveis

(galhos, folhas, sementes murchas e furadas). As sementes

destinadas à exposição foram armazenadas em pequenos

frascos de vidro, que quando próximos uns aos outros, causam

um efeito visual deslumbrante em função da variedade de

cores. Já as sementes que serão posteriormente plantadas

foram armazenadas na câmara fria, uma sala climatizada capaz

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de propiciar uma longevidade maior às sementes armazenadas,

garantindo a sua qualidade e o seu potencial germinativo.

Essa prática contou com o auxílio do técnico

administrativo do laboratório, o qual fez uso de algumas

ferramentas manuais a exemplo do martelo e da marreta, que

ajudaramtambém na quebra dos frutos de Jucá/Pau Ferro

(Caesalpinia férrea Mart. Ex.Tul.) e Canafístula (Cassia

brasilianaLam.) trazidos pelos discentes das suas comunidades

de origem.

Após a retirada das sementes, ocorreu uma seleção

manual, sendo descartadas as sementes com danos físicos ou

apresentando sinais patogênicos, visto que, a qualidade das

sementes é fundamental para a produção de mudas com boa

qualidade fisiológica. Dessa forma, o lote de sementes

apresentará maior pureza física e consequentemente, melhor

qualidade fisiológica(SILVA et al., 2016). Quanto aos resíduos

do beneficiamento, como cascas, sementes furadas e demais

partes dos frutos, foram despejadas nas composteiras

orgânicas do Setor de Agricultura do CCHSA.

4 CONCLUSÕES

A experiência direta com a natureza permitiu aos

discentes e docentes conhecerem melhor o lugar onde vivem,

estudam e trabalham. Além disso, a trilha possibilitou a

construção de uma visão crítica por parte dos visitantes diante

dos impactos causados ao meio ambiente devido às ações

antrópicas, e umamaior conscientização em relação à

necessidade de conservação e preservação dos ecossistemas.

Não obstante, despertou nos sujeitos ecológicos o sentimento

de entusiasmo e contemplação da natureza, fazendo-os pensar

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nas gerações futuras a partir da mudança de hábitos, bem como

a reflexão da relação deles com o meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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TRILHA E SEU PAPEL ECOLÓGICO NA FORMAÇÃO DE SUJEITOS CRÍTICOS

385

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

386

CAPÍTULO 20

PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS

NA PARAÍBA

Andrea Fernanda Ramos PAULA1

Alane Renali RamosToscano BRITO2 Claudenice Rodrigues NASCIMENTO3

Carmem Gabriela GomesFIGUEIREDO4 Cristine Hirsch MONTEIRO 5

1,3 Mestranda em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, PRODEMA/UFPB; 2

Enfermeira Residente em Saúde Mental CCS/UFPB;4 Mestre em Biologia Celular e Molecular Aplicada UPE; 5 Orientadora/Professora do DFP/UFPB.

[email protected]

RESUMO: O acesso a medicação antirretroviral e acompanhamento clínico adequado têm aumentado tanto a expectativa quanto a qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), trazendo novos desafios para a promoção da saúde do indivíduo, relacionados ao bem-estar físico, psicológico, espiritual, social e ambiental. Este estudo teve por objetivo compreender a percepção da qualidade de vida em um grupo de PVHA assistidos por Hospital de referência para HIV/Aids na Paraíba. Os dados,coletados por meio de formulários estruturados aplicados a uma amostra de 200 PVHA, foram tabulados e analisados através de estatística descritiva, utilizando o programa Microsoft Office Excel 2007.As variáveis sociodemográficas apontaram predominância para o gênero masculino, solteiros, com média de idade 41 anos, baixa escolaridade e residentes em cidades distantes ao local de tratamento. A percepção da qualidade de vida foi classificada como boa, bem como o estado de saúde e acesso aos serviços médicos. O convívio social foi avaliado como satisfatório, enfatizando a importância do apoio familiar e amigos. A maioria

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

387

das PVHA propiciam pouco tempo destinado às atividades de lazer, mais que, na maioria das vezes têm contribuído para melhoria da qualidade de vida dos mesmos. Palavras-chave:Qualidade de vida. Percepção. PVHA.

1 INTRODUÇÃO

Estratégias a nível global e local vêm sendo

implementadas para reduzir a incidência de HIV/Aids na

população.Estimativas epidemiológicas no mundo indicam

redução de morte por Aids, de 1,9 milhão em 2015 para 1,8

milhão em 2016, redução esta associada às ações no

tratamento da doença (UNAIDS,2017).

No entanto, o progresso é variável para cada região, a

perpectiva epidemiológica para HIV/Aids no Brasil aponta

aumento de novas infecções, em 2016estima-se que tenham

ocorrido 48 mil novas infecções pelo HIV, que havia 830 mil

pessoas vivendo com HIV/Aids(PVHA) e número de morte

relacionado à Aids estimado em 14 mil (UNAIDS,2017).

Segundo dados do Boletim Epidemiológico de HIV/Aids,

desde o início da epidemia no Brasil (1980), até dezembro de

2015, foram identificados mais de 300 mil óbitos cuja causa

básica foi Aids, no intervalo de 10 anos, foi observado uma

queda no coeficiente de mortalidade de 5% em relação a 2006,

chegando a 5,6/100 mil habitantes em 2015 (BRASIL, 2016).

Na Paraíba a taxa de mortalidade por Aids comparada

no mesmo período aumentou de 3,0 para 3,9 óbitos/100 mil

habitantes (DATASUS, 2016).

Dentre os países de baixa e média renda, o Brasil foi um

dos países pioneiros a adotar a política de acesso universal

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

388

para fornecer tratamento gratuito as PVHA, independente de

critérios clínicos e epidemiológicos.

O acesso a Terapia Antirretroviral (TARV) pelas PVHA,

têm modificado a perspectiva da Aids de doença letal para

crônica controlada, somado a outros benefícios: nos aspectos

biológicos, o controle da proliferação do vírus e o

prolongamento da vida; socioeconômicos, na gratuidade da

medicação; operacionais, no atendimento clínico, atenção

durante a consulta e preocupação por parte dos médicos

(GALVÃO et al., 2011).

Granjeiro (2016) relata a existência de um contingente

expressivo de pessoas infectadas pelo HIV ainda

desconhecedoras do status sorológicos, taxas de prevalência

do HIV em regiões com alto grau de urbanização e populações

específicas, proporções de diagnóstico tardio, perda de

seguimento clínico de pacientes em uso de antirretrovirais, que

podem ultrapassar um terço dos casos conhecidos, refletindo-

se em uma mortalidade por Aids elevada e persistente, dados

estes subnotificados.

É notório pensar que a melhoria destes indicadores

poderiam ser ainda maiores, caso novas infecções pelo vírus

tivessem sido evitadas, ou seja, parte expressiva dos

investimentos, hora destinados ao tratamento, fossem

direcionados às ações de prevenção, através de políticas

públicas que dialoguem com a realidade, principalmente entre

classes mais vulneráveis, como jovens e adolescentes.

Entender a dinâmica do HIV/Aids, bem como controlar a

sua expansão na população, constitui um importante desafio de

saúde pública, que não se refere apenas a estratégias na

eficácia de tratamentos para prolongar a vida, mas, sobretudo,

para melhorar a qualidade de vida das PVHA, trazendo novos

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

389

desafios para a promoção da saúde do indivíduo em toda a sua

integralidade, no que remete ao bem-estar físico, psicológico,

espiritual, social e ambiental.

A Organização Mundial da Saúde, através do Grupo

World Health Organizativo Quality of Life Measures ou

WHOQOL, define qualidade de vida sob a ótica da percepção

do indivíduo quanto a sua posição na vida, considerando os

aspectos culturais, seus valores, expectativas, padrões e

preocupações (FLECK, 2008).

A concepção de qualidade de vidadiferencia-se de

pessoa para pessoa e tende a mudarao longo da vida de cada

um, em decorrência dainserção do próprio indivíduo na

sociedade, associada a parâmetros socioambientais, como

moradia, assistência médica, condições de trabalho e

remuneração, educação e opções de lazer (NAHAS,2012).

Segundo Almeida e Labronici (2007), o diagnóstico de

HIV/Aids desorganiza o “eu” frente as relações pessoais em

sociedade, principalmente com pessoas mais próximas, como

a família, amigos e paixões. Essa constatação é acompanhada

de muitas incertezas, gerando ansiedade, insegurança, medo e

sentimento de perda de uma situação a princípio conhecida

para um futuro desconhecido e assustador, no confronto com

essa nova realidade, a pessoa passa a vivenciar momentos de

grande sofrimento.

As PVHA são desafiadas a enfrentar uma nova postura

de vida frente à sua situação de saúde, em virtude de suas

rotinas de tratamento, medicamentos periódicos, visitas

constantes ao médico, relações interpessoais no ambiente

familiar e de trabalho, além de baixa autoestima para

desenvolver atividades, o que faz com que muitas se isolem,

haja vista que são evidentes as dificuldades surgidas para o

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

390

compartilhamento do estado sorológico com outras pessoas e

o temor de serem rejeitadas nos relacionamentos afetivos,

sociais e sexuais, o estigma de ser portador da enfermidade o

leva muitas vezes a ser vítima do preconceito e da exclusão

social.

Dessa forma, este estudo teve por objetivo compreender

a percepção da qualidade de vida, no que remete ao estado de

saúde, assistência médica, apoio familiar e atividades de lazer,

em um grupo de PVHA assistidos por Hospital de referência na

Paraíba.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo analítico, transversal, descritivo

com abordagem quantitativa, desenvolvido no Complexo

Hospitalar de Doenças Infectocontagiosas Dr. Clementino

Fraga (HCF), localizado no município de João Pessoa - PB,

após prévia autorização do setor responsável.

O local foi escolhido por ser considerado um hospital de

referência no Estado da Paraíba para PVHA e outras doenças

infecciosas, como tuberculose e hanseníase, assiste cerca de

4.000 indivíduos portadores de HIV/Aids, dos quais 95% são

maiores de 18 anos.

Os dados foram coletados no período de julho a

setembro de 2017 por meio de formulários disponibilizados aos

interessados, previamente convidados a participar da pesquisa,

durante o momento em que aguardavam ou saíam de

atendimento médico na unidade.

Aamostrafoi composta por 200 PVHA, atende a 5% de

perda potencial e fornece um nível de confiança de 95%.

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

391

Os formulários foram estruturados com 12perguntas de

múltipla escolha, com questões que envolveram características

sociodemográficas e qualidade de vida, elaborados a partir de

adaptação de questionários já padronizados (WHOQOL-HIV

BREF, 2002).

As características sociodemográficas analisadas

incluíram gênero, idade, estado civil, escolaridade e cidade de

residência. A percepção da qualidade de vida foram

relacionadas ao estado de saúde, assistência médica, relação

familiare atividades de lazer.

Foram incluídos no estudo as PVHA independente do

estágio da infecção pelo HIV (assintomático, sintomático e/ou

aidéticos), de ambos os gêneros com idade igual ou superior a

18 anos assistidos no HCF, e que concordassem em participar

da pesquisa, assinando o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido – TCLE.

As variáveis de interesse foram agrupadas por

categorias e organizadas em banco de dados, e posterior

analisadas através de estatística descritiva, utilizando o

programa Microsoft Office Excel 2007.

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da

Paraíba – CEP/CCS código de protocolo nº 0187/17, CAAE:

67130017.9.0000.5188, bem como etendeu as disposições

éticas preconizadas pela Resolução Nº. 466/12 do Conselho

Nacional de Saúde (CNS).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram deste estudo 200 PVHA que, de acordo

com análise das variáveis sociodemográficas, foramem sua

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

392

maioria do gênero masculino (n=135, 67,5%) e solteiros

(n=82,41,0%), predominantemente nas faixas etárias dos 27-32

(n=38, 19,0%) e 37-46 anos (n=33, 6,5%), com média de idade

(41,0) anos,Tabela (1).

Os dados epidemiológicos nacionais indicam uma

tendência no aumento de casos de Aids entre jovens do gênero

masculino. No perído de 2006 a 2015, a taxa detectável entre

aqueles de 15 a 19 anos mais que triplicou (de 2,4 para 6,9

casos/100 mil hab.) e dobrou (de 15,9 para 33,1 casos/100 mil

hab.) entre os de 20 a 24 anos. No entando, em 2015, a maior

taxa foi observada entre aqueles com 35 a 39 anos (58,3

casos/100 mil hab.) (BRASIL, 2016).

A maior incidência de HIV/Aids em homens jovens pode

estar relacionado à práticas sexuais de risco sem uso de

preservativos e falta de informação, que se fossem praticadas

poderiam evitar possíveis reinfecções e transmissão do vírus

HIV.

Tabela 1.Perfil sociodemográfico com relação ao gênero, faixa etária e

estado civil das pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), Paraíba, 2017

(n=200).

Faix

a e

tári

a

(an

os)

17-26 0 (0,0) 17 (8,5)

27-36 11 (5,5) 38 (19,0)

37-46 32 (16,0) 33 (16,5)

47-56 14 (7,0) 28 (14)

57-66 8 (4,0) 15 (7,5)

67-76 0 (0,0) 4 (2,0)

Variáveis Feminino Masculino

n (%) n (%)

Gênero 65 (32,5) 135 (67,5)

Idade Média+DesPad (anos) 43,7+9,6 41,0+13,2

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

393

Esta

do

civ

il Casado (a) 7 (3,5) 26 (13,0)

Com companheiro (a) 14 (7,0) 18 (9,0)

Separado (a) 8 (4,0) 7 (3,5)

Solteiro (a) 30 (15,0) 82 (41,0)

Viúvo (a) 6 (3,0) 2 (1,0)

Fonte: dados da pesquisa,2017.

Em estudo realizado no Serviço de Assistência

Especializado no atendimento as PVHA, situado no nordeste do

Brasil, das 300 PVHA (79,0%) relataram o uso do preservativo

nas relações sexuais nos últimos três meses, sendo esta prática

predominante entre as mulheres (51,3%), maiores de trinta

anos (75,3%). Constatou-se que os solteiros tinham menor

chance de usarem preservativo que os casados (SILVA et al.,

2015).

Os dados da Tabela(2) mostramque a maioria das PVHA

(n=102, 51,0%) residem em cidades distantes do hospital, que

se localiza na capital de João Pessoa-PB. Este fato, pode ser

prejudicial para permanência no tratamento, pois a maioria dos

usuários necessitam de deslocamento diário para consultas

médicas, realização de exames e recebimento de medicações.

Quanto a escolaridade das PVHA, verifica-se a

prevalência do nível de formação na educação básica, ensino

fundamental completo (n=56, 28,0%), seguido do ensino médio

completo (n=48, 24,0%), Tabela (2).

A maioria dos participantes alegou possuir filhos (n=109,

54,5%), destes (n=58, 53,2%) com margem entre 1 a 2 filhos, e

(n=82, 75,2%) tiveram os mesmos antes de contrair o HIV,

Tabela (2).

Segundo Garcia e Souza (2010), o nível de escolaridade

influencia nas características sociodemográficas como renda,

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

394

emprego, tipo de acesso aos cuidados de saúde e fatores como

a qualidade de vida, impactando de forma significativa no

próprio enfrentamento da condição de saúde.

A baixa escolaridade pode significar em menor acesso à

informação e dificuldades na interpretação das informações

passadas pela equipe de saúde, desencadeando em maiores

riscos quanto a transmissão do HIV, menor adesão e

compreensão da terapêutica no tratamento.

Tabela 2. Características socidemográficas com relação a cidade onde

reside, escolaridade e quantidades de filhos das pessoas vivendo com

HIV/Aids (PVHA), Paraíba 2017 (n=200).

Variávies n (%)

Cidade onde reside

Outras cidades da Paraíba 102 (51,0) Capital, João Pessoa- PB 86 (43,0) Outros estados 12 (6,0)

Esco

lari

dad

e

Analfabeto 8 (4,0)

Ensino fundamental completo 29 (14,5)

Ensino fundamental incompleto

56 (28,0)

Ensino médio completo 48 (24,0)

Ensino médio incompleto 11 (5,5)

Ensino técnico 3 (1,5)

Graduação 28 (14,0)

Graduação em formação 10 (5,0)

Mestrado 6 (3,0)

Doutorado em formação 1 (0,5)

Possui filhos Sim 109 (54,5)

Não 91 (45,5)

Qu

an

tos

filh

os

1-2 58 (53,2)

3-4 41 (37,6)

5-6 8 (7,3)

7-9 2 (1,8)

Antes 82 (75,2)

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395

Período que teve

filhos/infecção pelo HIV

Depois 16 (14,7)

Antes e Depois 9 (8,3)

Não sabe infomar 16 (14,7)

Fonte: dados da pesquisa,2017.

No estudo realizado em mulheres submetidas ao teste

sorologia anti-HIV em Ribeirão Preto-SP, foi

identificadasignificância na associação entre baixa

escolaridade e soropositividade, com probabilidade de 4,3

vezes maior para as mulheres que estudaram de 0 a 4 anos e

2,5 para as mulheres que estudaram de 5 a 8 anos (GASPAR

et al., 2011).

A Tabela (3) mostra a relação entre à percepção da

qualidade de vida e estado de saúde, verifica-se que a maioria

dos participantes relataram estar em bom estado de

saúde(n=82, 43,0%), valor similar encontrado pela maioria que

avaliam a qualidade de vida como boa (n=84, 42,0%),

sugerindo-se que um bom estado de saúde pode estar

associado a uma boa qualidade de vida.

Tabela 3. Relação entre apercepção do estado de saúde e qualidade de vida das pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), Paraíba 2017 (n=200).

Estado de saúde n(%)

Muito bom

Bom Estável Ruim Muito ruim

Total

Muito boa 22

(11,0) 8

(4,0) 3

(1,5) 0

(0,0) 0

(0,0) 33

(16,5)

Qu

ali

da

de d

e

vid

a

Boa 15

(7,5) 49

(24,5) 19

(9,5) 1

(0,5) 0

(0,0) 84

(42)

Indiferente 2

(1,0) 23

(11,5) 29

(14,5) 9

(4,5) 1

(0,5) 64

(32,0)

Ruim 0

(0,0) 4

(2,0) 4

(2,0) 6

(3,0) 0

(0,0) 14

(7,0)

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

396

Fonte: dados da pesquisa,2017.

No que remete a avaliação dos serviços de assistência à

saúde, quanto ao acesso ao diagnóstico, exames de rotina,

consulta periódica aos médicos e outros profissionais de saúde,

a maioria classifica-os como bom (n=104, 52%), que pode estar

remetido a percepção da boa qualidade de vida relatado pela

maioria das PVHA (n=84, 42,0%), Tabela (4).

Tabela 4. Relação entreassistência aos serviços de saúde e qualidade de

vida das pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), Paraíba 2017 (n=200).

Fonte: dados da pesquisa,2017.

Resultados semelhantes também foram encontrados em

outro estudo com PVHA, alegando que os usuários mais

Muito ruim 0

(0,0) 2

(1,0) 0

(0,0) 1

(0,5) 2

(1,0) 5

(2,5)

Total 39

(19,5) 82

(43,0) 55

(27,5) 17

(8,5) 3

(1,5) 200

(100,0)

Assistência aos serviços de saúde n(%)

Muito bom

Bom

Indiferente

Ruim Muito ruim

Total

Qu

ali

da

de d

e v

ida

Muito boa 20

(10) 11

(5,5) 1

(0,5) 1

(0,5) 0

(0,0) 33

(16,5)

Boa 40

(20,0) 42

(21,0) 0

(0,0) 1

(0,5) 1

(0,5) 84

(42,0)

Indiferente 12

(6,0) 42

(21,0) 9

(4,5) 1

(0,5) 0

(0,0) 64

(32,0)

Ruim 5

(2,5) 6

(3,0) 2

(1,0) 1

(0,5) 0

(0,0) 14

(7,5)

Muito ruim 2

(1,0) 3

(1,5) 0

(0,0) 0

(0,0) 0

(0,0) 5

(2,5)

Total 79

(39,5) 104

(52,0) 12

(6,0) 4

(2,0) 1

(0,5) 200

(100,0)

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

397

satisfeitos com os serviços de saúde em comparação com os

usuários pouco satisfeitos, apresentaram médias mais

satisfatórias em sua qualidade de vida geral e nos domínios

físico, psicológico e ambiental (MEDEIROS et al., 2013).

Nas relações sociais com os amigos e familiares,

observa-se o predomínio na classificação como boa (n=132,

66,0%). Na associação deste resultado com o encontrado no

apoio familiar, quanto à descoberta da soropositividade,

registra-se como todo tempo (n=123, 61,5%), Tabela (5).

Tabela 5. Relação social e apoio familiar na descoberta da soropositividade

em pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), Paraíba 2017 (n=200).

Fonte: dados da pesquisa,2017.

Os dados do presente estudo mostrou que maioria das

PVHA estão satisfeitas com seu convívio social e tiveram

significante apoio familiar quanto à descoberta da

Apoio familiar quando à descoberta da soropositividade n(%)

Todo

tempo

A maior parte do tempo

Parte do

tempo

Pouco tempo

Nunca Total

Rela

çõ

es

s

oc

iais

Muito boa 9

(4,5) 2

(1,0) 1

(0,5) 1

(0,5) 2

(1,0) 15

(7,50)

Boa 86

(44,0) 9

(4,5) 14

(7,0) 2

(1,0) 21

(10,5) 132

(66,0)

Indiferente 17

(8,5) 4

(2,0) 1

(0,5) 4

(2,0) 8

(4,0) 34

(17,0)

Ruim 7

(3,5) 0

(0,0) 0

(0,0) 2

(10,0) 3

(1,5) 12

(6,0)

Muito ruim 4

(2,0) 0

(0,0) 0

(0,0) 0

(0,0) 3

(1,5) 7

(3,5)

Total 123

(61,5) 15

(7,5) 16

(8,0) 9

(4,,5) 37

(18,5) 200

(100,0)

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

398

soropositividade, ressaltando a importância da família no

suporte frente as adversidades.

Nas relações sociais as PVHA são vítimas de

preconceito e exclusão social, convivem com sentimentos de

culpa, julgamento, tristeza, impotência e medo do abandono,

que levam muitas vezes a negação da realidade, com a omição

da situação de saúde, podendo interferir negativamente na

qualidade de vida.

Os resultados recentes de um estudo mostram que as

melhores avaliações com relação a qualidade de vida foram

associadas à percepção de sentido da vida, reavaliação da

opinião sobre a morte, a descoberta de novas relações com

Deus e no apoio advindo das relações sociais (HIPOLITO et al.,

2017).

Outro estudo sobre qualidade de vida, também

apresentou média mais elevada para o domínio que remete às

relações pessoas, atividade sexual, suporte familiar e inclusão

social (FILHO et al., 2014).

Com relação a frequência com que realiza atividades

destinadas ao lazer, verifica-se que metade dos participantes

(n=100, 50%) propiciam pouco tempo, seguido de parte do

tempo (n= 46, 23%). Na relação entre atividades de lazer e

melhoria na qualidade de vida, a maioria (n=76, 38%) relatam

contrubuir todo tempo, Tabela (6).

Estudo realizado em instituição estadual de saúde,

localizada em Fortaleza-CE, com 39 mulheres que foram

entrevistadas sobre a suas atividades de lazer após o

diagnóstico sorológico para o HIV (SILVAet al., 2013)

evidenciou que 38,4% delas (n=15) referiram não sair mais de

casa, 33,3% frequentavam missa ou culto religioso (n=13), e

28,2% continuavam fazendo as mesmas coisas (n=11), como ir

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

399

à praia, cinema, festas, visitas a casas de parentes e amigos,

entre outros após o diagnóstico.

Tabela 6. Relação entre atividade de lazer e melhoria na qualidade de vida

em pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHA), Paraíba 2017 (n=200).

Fonte: dados da pesquisa,2017.

O pouco tempo dedicado ao lazer apontadono presente

estudoTab. (6) pode estar relacionado à falta de motivação com

relação à vida, repercutindo em isolamento do convívio social,

fator que pode ser comprometedor à percepção da qualidade

de vida.

Frequencia que realiza ou propicia atividades de lazer n(%)

Todo tempo

A maior parte do tempo

Parte do

tempo

Pouco tempo

Nunca Total

Todo tempo

13 (6,5)

11 (5,5)

17 (8,5)

31 (15,5)

4 (2,0)

76 (38,0)

Me

lho

ria

na

qu

alid

ad

e d

e v

ida

A maior parte do tempo

0 (0,0)

4 (2,0)

17 (8,5)

34 (17,0)

4 (2,0)

59 (29,5)

Parte do tempo

0 (0,0)

0 (0,0)

9 (4,5)

22 (11,0)

4 (2,0)

35 (17,5)

Pouco tempo

0 (0,0)

0 (0,0)

3 (1,5)

11 (5,5)

12 (6,0)

26 (13,0)

Nunca 0

(0,0) 0

(0,0) 0

(0,0) 2

(1,0) 2

(1,0) 4

(2,0)

Total 13

(6,5) 15

(7,5) 46

(23,0) 100

(50,0) 26

(13,0) 200

(100,0)

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

400

4 CONCLUSÕES

Neste estudo, as variáveis sociodemográficas

mostraram predominância de PVHA do gênero masculino,

solteiros, com média de idade 41 anos.

A maioria dos participantes residiam em cidades

distantes do hospital onde realizam o tratamento, e apresentam

baixa escolaridade, fatores que podem comprometer tanto

aadesão e quanto a compreensão da terapêutica para o

tratamento da doença.

Para a maioria dos entrevistados, apercepção da

qualidade de vida foi classificada como boa, bem como o estado

de saúde e assistência pelos serviços de saúde, no que se

refere ao acesso ao diagnóstico, exames de rotina, consulta

periódica aos médicos e outros profissionais de saúde.

Os dados mostraram que a maioria das PVHA estão

satisfeitas com seu convívio social, ressaltando a importância

do apoio da família e amigos.Apesar disso, a maioria dos

entrevistados tem dedicado pouco tempo para atividades que

propiciam lazer, mas manifestaram, na maioria das vezes,

queestes momentos contribuíram para a melhoria na percepção

da qualidade de viva dos mesmos.

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

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PERCEPÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DAS PESSOAS QUE VIIVEM COM HIV/AIDS NA PARAÍBA

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UNAIDS/BRASIL. Resumo global da epidemia de AIDS/2016. Disponível em: http://unaids.org.br/estatisticas/. Acesso em 15 de agosto de 2017.

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

403

CAPÍTULO 21

USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE

EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

Sarah Maciel Cavalcanti de ARRUDA1

Natália Paes SANTANA1

Leonildo Santos do NASCIMENTO JUNIOR2

Eleazar Marinho Freitas de LUCENA2 1Graduando do curso de Fisioterapia, Unipê;

2Professores/orientadores do curso de fisioterapia-Unipê. [email protected]

RESUMO: A propagação do uso de plantas medicinais e fitoterápicos, deve-se a valorização do saber popular, como alternativa natural, de fácil acesso e de baixo custo à grande parcela da população. Materiais e método: Este trabalho teve como objetivo desenvolver ações que privilegiam o quadro apresentado, envolvendo uma equipe multidisciplinar na capacitação de Agentes e líderes comunitários da Unidade Básica de Saúde do município de Cabedelo/PB, para o reconhecimento, manejo e o uso de plantas medicinais. Resultados e discussão: A utilização de plantas como uma alternativa terapêutica vem desde os tempos mais remotos da civilização. Dentre as diversas culturas, destacam-se as orientais, a exemplo da medicina tradicional chinesa. A atividade propôs a promoção do uso racional de plantas medicinais na comunidade, orientando sobre benefícios, riscos existentes e possíveis danos relacionados a essa utilização. Através da oficina, proporcionou uma troca de saberes na atenção básica, aliando o aporte teórico sobre o tema e a

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

404

prática, proporcionando a construção coletiva da consciência sobre saúde, utilizando a fitoterapia como base desse contexto. Conclusão: Através da metodologia empregada, que envolveu a participação dos profissionais e de usuários de uma Unidade Básica, pode-se partilhar saberes sobre a importância da substituição medicamentos alopáticos por fitoterápicos. Com isso, os líderes e agentes comunitários serão multiplicadores de informações. Considerando-se uma alternativa eficaz na promoção e recuperação da saúde na comunidade. Palavras-chave: Plantas medicinais. Fitoterápicos. Atenção

básica.

1 INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade, há aproximadamente 12 mil anos

atrás, pessoas manipulavam plantas, cascas, sementes, raízes

com o proposito não só para se alimentar, mas também como

fonte para curar e tratar enfermidades, como finalidade

terapêutica. Principalmente em comunidades tradicionais onde

o conhecimento sobre as espécies vegetais são repassadas

através das gerações de maneira oral.

A propagação do uso de plantas medicinais e

fitoterápicos, deve-se a valorização do saber popular, como

alternativa natural, de fácil acesso e de baixo custo à grande

parcela da população (SANTOS et al, 2011). Em contraponto,

ao uso de alopáticos, os quais, muitas vezes são de elevado

custo financeiro, pois são oriundos de industrias farmacêuticas,

que detem as patentes e assim, manipulam os valores

comercializados dos remédios.

A compreensão sobre as plantas medicinais e

fitoterápicos simbolizam muitas vezes, o principal recurso

terapêutico de muitas comunidades de classes sociais

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

405

inferiores. O uso de plantas é tão antigo quanto a espécie

humana, utilizados com diversas finalidades, incluindo a de fins

terapêuticos e de cura de enfermidades (MACIEL et al, 2002).

No século XX, a Fitoterapia começou a entrar em declínio com

a intensificação do uso dos medicamentos industrializados

(BRUNING et al., 2012).

No entanto, essa prática tem sofrido com inúmeros

fatores que sufocam ações terapêuticas que envolvam o saber

popular e o uso de plantas medicinais. No Brasil, atualmente,

existe uma farmácia (ou drogaria) para cada 3.300 habitantes e

o País está entre os dez que mais consomem medicamentos no

mundo, segundo dados do Conselho Federal de Farmácias. O

acesso a farmácias e drogarias, onde a facilidade na aquisição

de medicamentos no popularmente conhecido "balcão da

farmácia", promovem um aumento no consumo de

medicamentos pela maioria da população brasileira. Alia-se a

isso, interesses comerciais cada vez mais presentes no setor

saúde, e que desempenharam um importante papel na

desvalorização do uso dos Fitoterápicos (BRASIL, 2010;

FIGUEREDO, GURGEL; GURGEL JÚNIOR, 2011).

Diante da biodiversidade do Brasil, com cerca de 300 mil

espécies, sendo 200 com o potencial fitoterápico já reconhecido

(FLORA DO BRASIL, 2017) e com objetivo de melhorar a saúde

da população, o Ministério da Saúde vem investindo no uso da

fitoterapia como complemento para o Sistema Único de Saúde

(SUS).

No entanto, para que isso ocorra de forma correta e,

principalmente, segura é necessário ter profissionais

capacitados, que compreendam composição química,

toxicologia e farmacologia das plantas medicinais e princípios

ativos sem desconsiderar o conhecimento popular. Destaca-se

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

406

principalmente na região do Nordeste brasileiro, em que a

cultura conserva uso das mesmas para a preparação chás,

remédios caseiros e alternativas alopáticas de maneira natural

e menos agressivo ao organismo humano (FONTENELE, 2013)

A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos

(PNPMF) foi aprovada no ano de 2006, por isso o Ministério da

Saúde disponibiliza opções terapêuticas e preventivas aos

usuários do SUS, dentre elas o uso de plantas medicinais e

medicamentos fitoterápicos além de afirmar, baseado em

levantamento realizado em 2004, que 116 municípios de 22

estados brasileiros fazem uso da fitoterapia (BRASIL, 2006;

BRASIL, 2007).

A criação de uma política em contexto nacional para a

utilização das plantas medicinais e dos fitoterápicos, foi o

resultado de uma luta referente à época anterior à criação do

SUS, no qual diversos atores, como gestores, pesquisadores,

profissionais de saúde e usuários tiveram papel indispensável

(BRASIL, 2006).

A criação de uma política nacional voltada para a

Fitoterapia no SUS é de grande importância para o país,

levando em consideração o que propõe esta política e o seu

contexto econômico, social, cultural, científico e sanitário

presentes no Brasil. Em uma das diretrizes da PNPMF e da

PNPIC está o Incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de

plantas medicinais e de fitoterápicos, priorizando a abundante

biodiversidade do país (BRASIL, 2006).

Segundo a ANVISA, Planta Medicinal é toda e qualquer

planta, ou partes dela, que contenham substâncias ou classes

de substâncias responsáveis pela ação terapêutica (BRASIL,

2010). As plantas medicinais e a fitoterapia compõem a

medicina popular, que são constituídas por um conjunto de

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

407

saberes internalizados por praticantes e usuários desse meio

natural. Com o avanço da industrialização, as plantas que eram

cultivadas e utilizadas para fins terapêuticos foram perdendo

lugar para os medicamentos manipulados em laboratório

(BRUNING et al., 2012).

A crença popular em que uma planta simples funcionaria

para tratamento de doenças foi aos poucos sendo substituída

pela forte propagação dos remédios alopáticos, que causavam

maior afeição nos pacientes devido à sua promessa de sanar e

tratar de maneira rápida e completa. Mas esse conceito vem

passando por transformações, já que os fitoterápicos têm

alcançado um espaço cada vez maior no mercado de

comercialização de medicamentos naturais (TOMAZZONI,

2006 apud BRUNING et al., 2012).

Tem-se visto um expressivo número de ações que

valorizam o uso de plantas medicinais no cuidado de

populações assistidas pela Atenção Básica em Saúde, pois

neste nível de atenção há a fundamentação de que as suas

práticas devem envolver interações entre diferentes

conhecimentos, como estratégia de cuidado, assim como

elemento norteador das ações de promoção e prevenção

(PEREIRA e ALBIERO, 2015).

Almeja-se que a PNPMF seja executada nos locais de

atenção primária a saúde e que se atendem ao SUS, permitindo

uma diminuição dos gastos com saúde no Brasil. Em que o

grande problema enfrentado pelas UBS são a falta de

medicamentos, e através da implementação dessa politica na

maioria das unidades, esse problema poderá ser amenizado,

efetuando a complementação do medicamento convencional

pelo fitoterápico, mediante uma orientação adequada (LEITE,

2000).

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

408

Com isso, esse trabalho pretendeu promover o uso

racional de plantas medicinais na comunidade, orientando

sobre benefícios, riscos existentes e possíveis danos

relacionados a essa utilização através da oficina teórica,

proporcionando a construção coletiva de uma consciência

sobre saúde, utilizando a fitoterapia como base desse contexto,

ampliando a participação popular nos cuidados em saúde.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um relato de experiência, resultante das

atividades desenvolvidas na Estratégia Saúde da Família

(ESF), na Unidade Básica de Saúde Oceania, localizada no

município paraibano de Cabedelo, frente às discussões entre a

equipe e os estagiários sobre o elevado número de uso de

medicamentos alopáticos como recurso terapêutico único e

primaz no cuidado à saúde.

Essa ação foi construída pela equipe multidisciplinar de

atenção à saúde da UBS, em associação com os docentes e

estagiários do curso de Fisioterapia e de Enfermagem do

Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ e foi dirigida aos

Agentes Comunitários de Saúde (ACS’s) e a líderes

comunitários, convidados pelos respectivos ACS’s da área em

que estão adscritos, que já possuem em seus domicílios algum

tipo de horta ou fazem cultivo de plantas, caracterizadas como

medicinais ou não.

Essa metodologia teve como perspectiva a partilha de

conhecimentos e saberes sobre plantas medicinais através da

participação numa Oficina de Chás Terapêuticos, bem como

foram partilhadas mudas dos fitoterápicos que foram abordados

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

409

na referida oficina, tornando-os agentes multiplicadores do

conhecimento e das plantas apresentadas. Pretendia-se,

através da oficina, desenvolver habilidades quanto ao plantio, a

coleta, a secagem, o armazenamento e o preparo correto de

chás que poderiam se tornar elementos terapêuticos.

A oficina que foi realizada na própria Unidade Básica,

fomentando a construção da saúde com a participação de

vários atores sociais. O grupo foi formado por cinco ACS’s que

convidaram, cada uma, dois usuários da área de sua adscrição.

Os facilitadores foram os profissionais que atuam na UBS, onde

incluem-se enfermeiros, médica, fisioterapeuta, dentista e

nutricionista, assim como os estagiários dos cursos

anteriormente citados. A oficina foi realizada em Junho de 2017.

A opção por esta metodologia de oficina, deveu-se a

visão de que fosse garantido um espaço de debate e a

construção de conhecimentos e propostas para melhoria da

assistência em saúde com o uso de plantas medicinais através

de uma perspectiva dialógica e participativa, já que as mesmas

foram implementadas mediante metodologia em que os

participantes se viram envolvidos em partilha de vivências e

dinâmicas de grupo.

O principio metodológico apresentado por Paulo Freire,

importante educador popular brasileiro, que privilegia as

estratégias que valorizam a pessoa como sujeito do processo

educativo em saúde (FREIRE, 2001)

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A atividade proposta da oficina teórica para a promoção

do uso racional de plantas medicinais na comunidade do

município de Cabedelo-PB, orientando sobre benefícios, riscos

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

410

existentes e possíveis danos relacionados a essa utilização

através da oficina teórica e, através disso, proporcionar a

construção coletiva de uma consciência sobre saúde, utilizando

a fitoterapia como base desse contexto, ampliando a

participação popular nos cuidados em saúde.

Nessa perspectiva, a proposta da atividade foi convidar

moradores que pudessem ser multiplicadores desse saber na

comunidade. Araujo e Cardoso (2014) apresentam o papel do

multiplicador como elemento chave em ações de educação em

saúde, pois, como membros participantes da vida comunitária,

estes têm a possibilidade de promover o trânsito das

informações de forma muito particular, pois incluem seus

próprios sentidos ao conteúdo a que são responsáveis por

transmitir.

Aos convidados, foi oferecida uma oficina que buscou

uma sensibilização sobre os usos das plantas medicinais, assim

como partilhar informações sobre as indicações, contra-

indicações e cuidados com as plantas.

Participaram da oficina 30 pessoas, onde incluem-se os

facilitadores e os participantes da mesma. Inicialmente foi

realizada a dinâmica denominda “teia de aranha”, onde os

participantes se apresentavam, relatassem o uso de plantas

medicinais e seu conhecimento sobre as mesmas.

Após isso, os participantes foram motivados a

apresentarem as plantas que trouxeram como elemento de

partilha, destacando os benefícios, os possíveis riscos

existentes no uso das mesmas e a forma de preparo do chá

com o fitoterápico. Arnous, Santos e Beinner (2005) chamam a

atenção para a participação efetiva da população, através de

metodologias dialógicas, nas ações voltadas ao uso racional

das plantas medicinais e desenvolvidas na atenção básica.

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

411

Figura 1 – Dinâmica da Teia de Aranha aplicada durante a

oficina na comunidade de Cabedelo-PB, 2017

Fonte: Os Autores, 2017.

Freire (2001) refere que há uma tendência a resultados

positivos com este tipo de abordagem na educação, pois nessa

perspectiva, os facilitadores e os participantes possuem

conhecimentos e experiências prévias que devem ser

consideradas durante ações educativas.

As principais plantas partilhadas pela comunidade

estudada foram: hortelã (Mentha piperita L.), com indicação de

uso para melhora de sintomatologia gripal e no combate a

verminoses; erva-cidreira (Melissa officinalis L.), com uso

terapêutico para o alívio da cólica intestinal e combate a

ansiedade; chambá ou anador (Justicia pectoralis Jacq.), que

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

412

possue ação broncodilatadora, analgésica e anti-inflamatória,

sendo utilizada em tratamentos de dores no corpo, asma,

bronquite e tosse; mirra (Commiphora myrrha (Nees) Engl.),

que pode ser indicada em casos de infecções orais e bucais,

atuando como antisséptico bucal; alecrim (Rosmarinus

officinalis L.), que combate a tosse, facilita a digestão e reduz

dores reumáticas; erva de são joão (Artemisia vulgaris L.), que

pode ser utilizado como antidepressivo; cana do brejo

(Costusspicatus Sw), que é indicada como efeito analgésico e

anti-inflamatório. (SAAD et al., 2009)

Durante as apresentações das plantas medicinais, pelo

participante que a trouxe, os outros participantes foram

motivados a utilizar o sentido tátil e olfativo, experienciados

através da manipulação e do cheiro das plantas, para que

pudessem reconhecer o fitoterápico através de vários

estímulos.

Sobre o uso medicinal de cada uma delas, foram

relatadas as comprovações cientificas de cada uma delas, uma

vez que os membros da equipe de saúde da família que

subsidiou a oficina foram motivados a realizar uma pesquisa

prévia sobre as plantas que iriam trazer para a partilha, assim

como sobre fitoterápicos utilizados como terapia nas patologias

mais prevalentes na área adscrita.

Sobre a questão apresentada acima, Almeida et al.

(2013) difundem a ideia de que o profissional de saúde, ao

incentivar o uso de plantas medicinais na atenção básica, deve

buscar argumentos que comprovem o saber popular e

tradicional, aliando o saber cientifico a tais práticas, pois existe

a crença de que o uso de fitoterápicos não trazem problemas

ou complicações. No entanto, há que se ter um cuidado, pois

como todo fármaco, produzem efeitos adversos e inesperados.

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

413

Figura 2 – Partilha de Saberes sobre as plantas medicinais na

comunidade de Cabedelo-PB, 2017

Fonte: Os autores, 2017.

Na sequência das ações da oficina, foi conduzida a Feira

de Plantas Medicinais, onde os participantes foram motivados

a fazer trocas de plantas que já possuíam por plantas que

julgavam necessário manter, através do plantio da muda, em

sua casa.

Aos que fizeram partilha das mudas, foram feitas

orientações sobre o manejo e o cultivo das mesmas, para que

fossem realizado o plantio em suas próprias residências,

facilitando o acesso da comunidade. Foram feitos, ainda,

registros por parte dos ACS’s do membro da comunidade que

ficou responsável pelo cultivo das plantas partilhadas na oficina,

para que se tornassem agentes informadores, quando da

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

414

necessidade do fitoterápico como remédio ou de mudas para

um novo plantio.

Figura 3 – Feira de Plantas Medicinais na Unidade Básicas de

Saúde da comunidade de Cabedelo-PB, 2017

Fonte: Os autores, 2017.

Diante do que foi visto e referido pelos profissionais,

agentes comunitários de saúde e pelos usuários participantes

da oficina realizada, podemos julgar como forma alternativa

para tratamento de paciente, o uso de Plantas medicinais, onde

possibilita aos profissionais de saúde outras formas para

tratamento e com custos financeiros reduzidos a população,

proporcionando um menor acarretamento de reações adversas

pelo uso continuado de alopáticos.

A Oficina de Chás permitiu a disseminação do

conhecimento popular aliado ao saber cientifico sobre a

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

415

terapêutica alternativa utilizada através de plantas medicinais e

fitoterápicos. Essas práticas poderão contribuir de maneira

positiva na comunidade, auxiliando assim, para a redução do

uso de medicamentos industrializados (alopáticos), e ao mesmo

tempo, induzindo o uso de fitoterápicos, além de garantir um

melhor custo beneficio aos usuários.

4 CONCLUSÕES

A intervenção foi realizada em uma Unidade Básica de

Saúde localizada no município de Cabedelo-PB, com o intuito

de expor, através de uma relação dialógica, a partilha de

saberes sobre a eficácia das plantas medicinais e de

fitoterápicos, com a participação dos usuários e profissionais de

saúde da área correspondente a referida unidade.

Foram transmitidas, de forma clara, acessível e precisa,

os benefícios que a manutenção de uma horta caseira poderá

trazer, para os que ali queiram desfrutar ou necessitam, um

recurso barato e de resolutividade para problemas de saúde.

Diante da pesquisa realizada, foi possível avaliar que os

usuários relataram que a maior forma de utilização das plantas

medicinais e fitoterápicos são através de chás, em que se passa

a tradição pelos seus antepassados como meio terapêutico

para tratar algumas doenças, e/ou evitar sua evolução/piora.

Através do relato, evidencia-se que é importante que

oficinas, cursos de capacitação ou ações de educação em

saúde com temática voltada à plantas medicinais e os

fitoterápicos sejam realizadas na Atenção Básica. As plantas

medicinais, além de ampliarem as opções terapêuticas com um

conceito positivo na saúde, podem promover a aproximação

entre os profissionais e a comunidade.

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USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO BÁSICA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA OFICINA DE CHÁS TERAPÊUTICOS

416

Esta visão coloca o usuário como elemento ativo no

processo de cuidado em saúde, de maneira legitima como um

cidadão consciente e responsável por sua saúde e pelos outros

membros de sua comunidade. É encontrado os pressupostos

de promoção da saúde e prevenção de agravos, com o princípio

de integralidade, através do Sistema Único de Saúde (SUS).

O enfoque se deu através da utilização de chás e

fitoterápicos como forma de tratamento e/ou prevenção pelos

usuários das unidades de atenção básica do município de

Cabedelo no trabalho apresentado. Fora observado que os

profissionais e usuários tinham desconhecimento da Política

Nacional de Práticas Integrativas e Complementares onde estar

introduzido a Política Nacional de Plantas Medicinais e

Fitoterápicos.

O devido estudo tem como proposta trazer mais

informações e conhecimento sobre esta politica, para os

profissionais que trabalham na atenção básica do município de

Cabedelo sejam incentivados a fazer cursos de capacitação e

que possa estabelecer um maior bem estar para seus usuários,

de forma a suprir a falta de medicamentos que é constante, e

achando alternativas viáveis nas plantas medicinais e

fitoterápicas.

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

419

CAPÍTULO 22

USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE

ENFERMAGEM

Marciele Rosendo Pessoa CABRAL1

Anna Cláudia Freire de Araújo PATRICIO2

Carla Braz EVANGELISTA3 Brenda Feitosa Lopes RODRIGUES4

Richardson Augusto Rosendo DA SILVA5

1 Enfermeira,Centro Universitário de João Pessoa- UNIPÊ; 2Doutoranda em Enfermagem/UFRN.; 3Enfermeira, Professora do Centro Universitário de João Pessoa-

UNIPÊ; 4 Graduanda em Enfermagem, Centro Universitario de João Pessoa- UNIPÊ; 5Orientador/ Doutor em Enfermagem,Universidade Federal do Rio grande do Norte- UFRN.

[email protected]

RESUMO:O uso de meios de contrastes pode desencadear sequelas e efeitos graves ao indivíduo, gerando transtornos ou morte. Para evitar este agravo é preciso que os centros de diagnóstico por imagem possuam uma equipe de enfermagem qualificada.Objetivo: Analisar o conhecimento de estudantes de enfermagem sobre o uso de meios de contrastes. Metodologia:Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quanti-qualitativa realizada com 57 alunos do curso de enfermagem de uma instituição do município de João Pessoa no período de março e abril de 2016. Para coleta de dados utilizou-se um questionário sociodemografico e um roteiro de entrevista. A pesquisa recebeu parecer favorável com CAAE nº 51771515.7.0000.5176. Resultados: Da análise do material empírico emergiram nove categorias: Vias de administração, Tipos e exames com meios de contrastes, Realização de testes alérgicos, Sistematização da Assistência de Enfermagem aos pacientes submetidos ao contraste, Exames laboratoriais,

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

420

Contraindicações absolutas para uso de contraste, Fatores que aumentam o risco de reações anafilactoides ou quimiotóxicas, Principais reações adversas/alérgicas, Observação do paciente após uso de meio de contraste. Conclusão: Os estudantes de enfermagem entrevistados possuem défict no conhecimento sobre meios de contraste. É preciso conscientizar os profissionais e estudante de enfermagem sobre a necessidade de embasamento teórico e prático na assistência ao paciente submetido ao meio de contraste. Palavras-chave: Enfermagem. Conhecimento. Meio de

contraste.

1 INTRODUÇÃO

Em 1895, na Alemanha, Wilhelm Conrad Rontgen

realizou a descoberta dos raios X desde então a imaginologia

vem se desenvolvendo e ampliando os campos de atuação na

medicina. Na área da oncologia, a imagem vem

desempenhando papel fundamental ao fornecer informações

valiosas para o melhor manejo das pessoas diagnosticadas

com neoplasias (Guimaraes, 2014).

As ações do enfermeiro transcendem os cuidados

tradicionalmente conhecidos e por ter um trabalho diversificado

deve buscar continuamente atualizações dentro da área

tecnológica e clínica. O Conselho Federal de Enfermagem

(COFEN) regulamenta através da Resolução nº 04/2016 a

atuação do enfermeiro nos serviços de radiodiagnóstico. Nesta

instrução são descritas as atividades de competência do

enfermeiro e do técnico de enfermagem, além de informações

referentes ao treinamento dos profissionais para o uso correto

dos equipamentos de proteção individual e radioproteção

(COREN-SE, 2016).

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

421

Quanto ao tempo decorrido após a administração do

contraste, as reações podem ser agudas ou imediatas, que têm

início nos primeiros 20 minutos da administração do contraste.

Destaca-se que 80% a 90% das reações ocorrem durante este

período. As reações tardias geralmente ocorrem dentro 30 a 60

minutos, porém existem registros de reações muitas horas após

a administração do contraste ( DIAS, 2013)

O aparecimento das reações adversas está atrelado

aos fatores de risco que são determinantes para que o evento

ocorra. Estudos apontam os fatores de risco que contraindicam

o uso do contraste e destacam: a insuficiência renal, cardiopatia

grave, pacientes em uso de substância à base de metformina,

história de asma e hipersensibilidade e/ou alergia ao contraste

( DIAS, 2013)

Os meios de contrastes mais utlizados são

gadolíneo(Gd), bário, iodo. A ressonância magnética nuclear,

por exemplo, é um procedimento em que se utiliza meio de

contraste a base de gadolínio. Este é um agente de contraste

específico para hepatócitos, e é utilizado para a detecção e

caracterização de lesões hepáticas focais, como a modalidade

de diagnóstico por imagem principal para o diagnóstico não

invasivo de Hepatocelular Carcinoma(HCC) ( JOO et al., 2016).

Meios de constrastes iodados e à base de gadolínio são

usados rotineiramente na maioria das práticas de radiologia e

podem ocasionar reações fatais. O declínio da função renal é a

que mais ocorre, sendo a reação após a administração

intravenosa mal compreendida pelo fato de ser multifatorial,

podendo ser subestimada pelo profissional. Portanto, é

essencial para profisisonais e estudantes de enfermagem ter

conhecimento sobre as reações a agentes de contraste e como

tratá-los prontamente (BECKETT et al., 2015).

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

422

Diante do surgimento de novas tecnologias e aparelhos

utilizados em centros de diagnósticos por imagem, observou-se

a necessidade de um profissional de enfermagem atuante nesta

área. Mediante esta realidade, o estudo teve com fio condutor

o seguinte questionamento: Quais os conhecimentos dos

estudantes de enfermagem sobre meios de contraste?

Sendo assim, o referido estudo buscou analisar o

conhecimento de estudantes de enfermagem sobre o uso de

meios de contrastes.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de um estudo descritivo, de abordagem quanti-

qualitativa, realizado com estudantes de enfermagem

matriculados no Curso de Bacharelado em Enfermagem de

uma Instituição Particular na cidade de João Pessoa,

Paraíba,Brasil. Quanto aos critérios de inclusão foram

estabelecidos: estar devidamente matriculado no curso e ter

sido aprovado na disciplina Imagenologia e Exames

laboratoriais. Para os critérios de exclusão foram considerados:

pessoas que não encontrassem regularmente matriculadas no

Curso de Bacharelado em Enfermagem e que não assinasseem

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O período de

coleta de dados ocorreu em março à abril de 2016.

Compreendeu a população do estudo 60 sujeitos. Para

determinar a amostra foi realizado cálculo amostral com o

auxílio do Programa Standisk versão 11.1.0 USA, com o nível

de confiança de 95% e 3% de margem de erro, resultou-se em

uma amostra de 57 estudantes.

O instrumento para coleta de dados consistiu em um

questionário sociodemográfico e outro referente aos meios de

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

423

contrastes com questões abertas, aplicadas em forma de

entrevista, referentes ao conhecimento sobre o objeto de

estudo, como: Quais meios de contrastes você conhece? Quais

orientações são passadas ao paciente submetido ao meio de

contraste? Quais exames laboratoriais são solicitados para

verificar se é possível utilizar o meio de contraste? Quais as

contraindicações absolutas para o uso de contrastes? Quais

fatores aumentam o risco de reações anafilactóides ou

quimiotóxicas no uso de meios de contraste? Para pacientes

insuficientes renais quais cuidados de enfermagem são

realizados ao administrar meio de contraste? Quais as

principais reações alérgico-adversas ocorrem nos pacientes

que utilizam meios de contrastes? Quais os principais cuidados

da enfermagem no paciente submetido ao meio de contraste?

Há Sistematização da Assistência de Enfermagem aos

pacientes submetidos ao meio de contraste? A

operacionalização da coleta de dados foi iniciada com

consentimento da responsável pelo local de coleta de dados,

onde a pesquisadora apresentou-se aos participantes da

pesquisa e revelou as etapas metodológicas e respeito ético,

além da solicitação em colaborar respondendo aos

instrumentos.

Os dados sociodemográficos foram transcritos no

Programa Excel e processados no SPSS versão 19.0 através

da estatística descritiva e frequência. O material empírico

produzido pelos discursos dos participantes da entrevista foi

transcrito na íntegra, constituindo o corpus e seguiu com as

demais etapas preconizadas pela Análise de Conteúdo de

Bardin (2011): Pré analise; exploração do material com

codificação e categorização; tratamento dos resultados e

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

424

interpretação. As categorias estão expressas através das falas

dos entrevistados enumerados da seguinte forma: E1...E57.

A pesquisa seguiu os princípios éticos estabelecidos

pela Resolução 466/2012 de Pesquisas Envolvendo Seres

Humanos do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2012) e

recebeu parecer favorável sob CAAE de nº

51771515.7.0000.5176.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As informações sociodemográficas dos participantes da

pesquisa ecnontram-se expostas na Tabela 1.

Tabela 1: Dados sociodemográficos dos voluntários da

pesquisa. João Pessoa/PB, 2016. (N=57)

Variável N % M DP

Gênero

Feminino 53 93%

Masculino 4 7%

Estado Civil

Solteiro 40 7,2%

Casado 16 28,1%

Divorciado 1 1,8%

Idade

27 7,5

19-25 anos 33 57,9%

26-30 anos 11 19,3%

31-35anos 3 5,3%

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

425

36-40 anos 5 8,8%

Mais de 40

anos

5 8,8%

Fonte: Dados da pesquisa, 2016. M= média DP= desvio padrão.

Da análise do material empírico emergiram nove

categorias: Vias de administração, Tipos e exames com meios

de contrastes, Sistematização da Assistência de Enfermagem

aos pacientes submetidos ao contraste, Contraindicações

absolutas para uso de contraste, Fatores que aumentam o risco

de reações anafilactoides ou quimiotóxicas, Principais reações

adversas/alérgicas.

Vias de administração

Os estudantes de enfermagem ao serem indagados

sobre os meios de contrastes que conheciam, afirmaram:

[...] via oral [...]endovenosa[...] (E1...E57)

Estes conceitos remetem sobre duas vias que são

utilizadas para obtenção do diagnóstico por imagem com auxílio

do meio de contraste. Cumpre assinalar que o uso de contraste

negativo por via oral, não é bem indicado devido à baixa

tolerância e pelos decorrentes efeitos colaterais, sendo

importante atentar para o volume a ser administrado. No

entanto, para alguns exames como colagio-RM, a via oral é a

mais indicada devido a melhor visualização de estruturas como:

ductos biliares e pancreáticos. No entanto é imprescindível

considerar a dose, na perspectiva de reduzir efeitos colaterais

e aumento da tolerância (TORRES et al,2013).

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

426

A via de acesso endovenoso é costumeiramente utilizado

para procedimento, diagnósticos e terapêuticos percutâneos.

Isto pelo fato desta proporcionar mais conforto ao paciente e

diminuir o risco de sangramento, complicações vasculares e o

tempo de internação hospitalar. No entanto, é importante o

conhecimento sobre as vias corretas para bbbbadministração

de contraste, quantidade a ser administrada e condições do

paciente devido à exposição prolongada de radiação ionizante

(VARGAS et al,2014).

Tipos e exames com meios de contrastes

Encontraram-se registros referentes aos tipos e exames

com meios de contrastes, sendo representado pelas falas:

E. 1 ao E. 50

[...] iodo [...] fluoresceína [...]bário [...] gadolínio [...] ressonância

magnética [...] tomografia computadorizada [...] cintilografia

E.51 ao E.57

[...] exames de hemodinâmica [...] raio x [...] doppler [...]

ultrassonografia [...] angiografia/exame no olho [...] cateterismo

cardíaco [...] mamografia [...] endoscopia [...] colonoscopia [...]

petscon [...][...] tomografia[...]

Pode-se observar a carência de respostas completas,

indicando um déficit de conhecimento. Os meios de contrate a

base de Gd são mais utilizados para exames de ressonância

magnética, através de qualatos ion paramagnético. O bário

outro tipo de contraste registrado pelos estudantes

entrevistados, contribui pra detecção de achados radiológicos,

sendo seus efeitos colaterais relacionados à repetição de seu

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

427

uso. A reincidência na ingestão contribui no aumento de

sensibilidade, tosse crônica, infiltração pulmonar, bronquite e de

forma geral as Doenças Pulmonares Obstrutivas Crônicas (NIN

et al.,2013).

Detecta-se que os estudantes afirmaram a utilização de

meios de contrastes em alguns exames como: Doppler, Petson,

Ultrassonografia, Endoscopia e Colonoscopia. O

É o exame de imagem que permite maior contato entre

o paciente e o radiologista, o que propicia uma maior obtenção

de dados clínicos e ajuda a focar a pesquisa ultrassonográfica.

Permite a obtenção de imagens em diversos planos; com o

advento do Doppler, pode-se estudar o perfil hemodinâmico de

uma estrutura. É seguro, pois não utiliza radiação, como outros

exames e possui a grande vantagem de ser um exame em

tempo real, onde a imagem é obtida no mesmo instante,

permitindo ao operador ter uma noção funcional do órgão, além

da realização de manobras que auxiliem no estudo anatômico

e patológico, como A compressão de veias, inspirações

profundas (MASSELI et al.,2013).

Estudo realizado com profissionais da

enfermagempossibilitou avaliar o nível de conhecimento a

respeito do meio de contraste, sendo esse insatisfatório

corroborando com a presente pesquisa. Tal fato denota a

importância desta modalidade de exame diagnóstico, e se dar

a necessidade de um melhor preparo dos profissionais

envolvidos (SANCHES; MELO, 2016).

Assistência de Enfermagem aos pacientes submetidos ao

contraste

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

428

Apresenta os depoimentos dos estudante acerca da

assistência conforme evidenciado nos trechos a seguir:

E.1 ao E. 45

[...] informar/orientar sobre as possíveis reações, alertar quanto

a importância de verbalizar se sente algum efeito colateral

[...] jejum

O paciente e seus familiares devem ser orientados

quanto aos aspectos gerais do procedimento e obter maiores

esclarecimentos sobre a via de acesso para realização do

procedimento. Há também necessidade de esclarecer sobre os

riscos de complicações, as reações adversas e possíveis

sintomas que poderá ocorrer ao ser injetado o contraste na via

de acesso, esclarecer quanto a necessidade de repouso após

o procedimento, o tempo de permanência no local até o retorno

para residência (AQUINO et al.,2014).

Neste contexto, a categoria acima mencionada foi

importante, pois possibilitou analisar a importância das

condutas de enfermagem em centro de diagnóstico por

imagem, uma vez que é de suma importância a implementação

da assistência sistematizada da enfermagem.

A equipe de enfermagem que atua em Centro de

Diagnóstico por Imagem tem fundamental papel na assistência

dos pacientes, na medida em que realiza avaliação,

orientações, preparo para os exames, posicionamento no

tomógrafo e acompanhamento do paciente durante a realização

do exame. Também, prevê e provê materiais e medicamentos

necessários, além de realizar a administração do meio de

contraste. Assim sendo, são profissionais que necessitam de

critérios claros e bem definidos que propiciem segurança na

administração do agente de contraste (ACAUAN et al.,2015).

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

429

Para o uso isento de possíveis riscos e danos aos

pacientes que recebem dose intravenosa do meio de contraste

iodado, cabe destacar a importância do aquecimento do

medicamento para diminuir sua viscosidade, reduzindo a dor no

momento da administração. No entanto, alguns profissionais

expressaram dúvidas quanto ao valor ideal da temperatura

(ACAUAN; RODRIGUES, 2015).

Conforme estabelecido da Resolução COFEN 04/2016 o

enfermeiro deve realizar a Sistematização da Assistência de

Enfermagem direcionada aos usuários de meios de contraste,

sendo assim, observa-se lacunas nestes relatos. Dentre os

cuidados, é preciso: observar os níveis de creatinina; histórico

de hipersensibilidade e/ou alergia ao meio de contraste;

necessidade de hidratação pré e pós o exame, conforme o

estado clínico do paciente; tempo de pausa nas medicações

nefrotóxicas; tempo de suspensão do uso de metformina para

os diabéticos e reintrodução das medicações excretadas pelos

rins são orientações relevantes que o enfermeiro deve dar aos

pacientes. A falta de conhecimento por parte dos enfermeiros

dificulta a sua atuação quanto ao julgamento clínico das

respostas do paciente frente ao estado de saúde deste

(AQUINO et al.,2014)

Contraindicações absolutas para uso de contraste

A categoria evidencia as contraindicações relatadas por

estudantes de enfermagem para o uso de contraste:

E.37 ao E. 57

[...] os exames tem risco e benefícios e o paciente for suscetível

pode ter alergias.

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

430

Proteger o paciente dos riscos e acidentes ao ambiente

e exames radiológicos depende de entendimento dos efeitos

biológicos do campo eletromagnético, bem como, dos riscos

que envolvem a presença de diversos tipos de implantes,

aparelhos e acessórios médicos implantados dentro deste

ambiente. Desta forma, é necessário um minucioso

rastreamento a respeito dos aparatos, sendo obrigatório o

respeito às recomendações e normas de segurança (GUERRA

et al.,2012).

As contraindicações ao uso de contraste consistem em:

doença renal pré-existente (valores de creatinina superior a 1,5

mg/dL); diabetes mellitus; desidratação; doença cardiovascular;

idade avançada (maior de 70 anos); mieloma múltiplo;

hipertensão; hiperuricemia e uso de drogas nefrotóxicas

(GUERRA et al.,2012).

Também é necessário remover aparelhos auditivos.

Entretanto o implante auditivo do tipo sistema BAHA não é

contraindicado desde que se remova o ímã/bateria externo.

Implantes otológicos, como tubos de ventilação, são feitos de

titânio, teflon ou silicone e podem ser utilizados a depender da

marca e modelo. Isto também é válido para algumas próteses

de cadeia ossicular. Não há necessidade de suspender a

amamentação após a injeção de contraste. Menos do que

0,0004% do gadolínio injetado na mãe será absorvido pelo

organismo da criança no período da amamentação nas

primeiras 24horas (GUERRA et al.,2012).

Cabos de marcapasso epicárdico sem o aparelho

conectado são considerados seguros. Cabos de marcapasso

intravenosos, mesmo isolados, são contraindicados, assim com

cânula de traqueostomia metálica (trocar por cânula plástica),

claustrofobia (depende do tipo de exame, possibilidade de

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

431

sedação e tamanho do tubo), preferencialmente realizar nos

aparelhos Espree (Jardins e Ibirapuera) e ou da Unidade

Perdizes; Clipes de aneurisma cerebral fracamente

ferromagnéticos (checar data de colocação, modelo, etc). A

falta dessa contra indica a realização do exame (GUERRA et

al.,2012).

Estas medidas podem ser: uso de protetores de chumbo

sobre o abdómen ou a colimação adequada do feixe de raios X,

utilizando equipamentos devidamente calibrados. Doses de

exposição ao embrião/feto superiores, também as radiografias

simples do abdómen e da coluna lombar podem ser realizadas

sem risco para este, devendo reduzir-se a dose de radiação ao

mínimo indispensável para obtenção de imagens com

qualidade diagnóstica. Com exceção dos clisteres opacos e dos

trânsitos baritados do intestino delgado, a maioria dos exames

fluoroscópicos resultam em doses de radiação ionizante para o

feto. (BAPTISTA et al, 2014).

Fatores que aumentam o risco de reações anafilactoides ou

quimiotóxicas

Os registros encontrados quanto ao aspecto acima

foram:

E.31 ao E.57

[...] taquicardia, edema de glote, bradicardia, dispneia,

sudorese, hipotensão [...] via de administração errada [...]

Cerca de dois minutos após a administração intravenosa

do meio de contraste ocorre difusão de 70% da dose injetada

do plasma para o espaço intersticial. O equilíbrio completo entre

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

432

plasma e o espaço intersticial ocorre cerca de duas horas após

a injeção. As moléculas do meio de contraste não são

metabolizadas antes de sua eliminação, sendo a via renal, a

principal via de eliminação (99%). Após a injeção intravenosa,

ocorre eliminação contínua do plasma para a urina por meio da

filtração glomerular, sem reabsorção tubular. Somente 1% é

excretado extra-renal(biliar, lacrimal e sudorípora) constatando-

se maior eliminação hepática em casos de insuficiência renal

grave (MARTIN et al.,2014)

Martin et al (2014), acrescenta ainda que se a função

renal for normal, a meia-vida do meio de contraste é cerca de

duas horas, sendo que em quatro horas 75% da dose

administrada é excretada e em 24 horas 98% é eliminado.

Quando a taxa de filtração glomerular estiver reduzida, a

excreção prolonga-se por semanas, tornando-se mais

relevantes as vias de eliminação biliares e intestinas. Isso

significa mais chance de reações adversas.

Reações anafilactóides ou idiossincráticas assemelham-

se às reações alérgicas ou reações de hipersensibilidade a uma

substância em particular e não dependem da concentração de

iodo, das propriedades químicas do contraste e do fluxo ou

volume de solução injetada. Estas reações não são anafiláticas

verdadeiras porque podem ocorrer em pacientes que nunca

estiveram expostos ao meio de contraste previamente. Os

sintomas incluem urticária, prurido, tosse, angioedema, coriza

nasal, náusea, vômito, hipotensão com taquicardia,

broncoespasmo e edema laríngeo, podendo evoluir para

choque e insuficiência respiratória severa. Estudo realizado nos

Estados Unidos mostrou que 92% das reações adversas

ocorridas enquadravam-se como reações anafilactóides

(MARTIN et al.,2014).

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

433

Principais reações adversas/alérgicas

Também foram registrados as falas:

E.39 ao 57

[...] náuseas, vômitos, sonolência [...] prurido, hiperemia,

urticaria, cafaleia, edema de glote

A medida que o uso de meios de contrastes alcançam

grandes proporções, maior a possibilidade de ocorrência de

reações adversas. Deve-se salientar que o profissional

responsável pela administração intravenosa do meio de

contraste deve ter a capacidade de reconhecer as reações

adversas (MARTIN et al.,2014).

As reações autolimitadas são aquelas que cedem

espontaneamente e não requerem terapêutica medicamentosa,

sendo necessária apenas observação. Podem manifestar-se

como prurido, urticária leve, náuseas, vômitos, tontura,

exantema. As reações moderadas exigem tratamento

farmacológico e observação cuidadosa no serviço de radiologia,

mas não requerem hospitalização. São caracterizadas por

vômitos persistentes, urticária difusa, cefaleia, edema facial e

de laringe, broncoespasmo ou dispneia, taquicardia ou

bradicardia, hipo ou hipertensão transitória (GUERRA et al.,

2012).

As reações graves requerem suporte terapêutico de

emergência e o paciente é hospitalizado para

acompanhamento. Os sintomas de reações graves incluem

arritmias com repercussão clínica, hipotensão, broncoespasmo

severo, convulsão, edema pulmonar, síncope, fibrilação atrial

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

434

ou ventricular e parada cárdio-respiratória (GUERRA et al.,

2012).

4 CONCLUSÕES

Os resultados deste estudo revelaram déficit de

conhecimento de estudantes de enfermagem sobre meios de

contraste. Desse modo, a pesquisa possibilitou enxergar a

necessidade de uma formação acadêmica que inclua este

espaço de campo de trabalho no currículo e/ou planos de

ensino de disciplinas do curso de graduação em enfermagem,

na perspectiva de minimizar erros da equipe de enfermagem

acerca da utilização do contraste, possibilitando uma

assistência de qualidade aos pacientes submetidos ao uso de

contrastes.

Os resultados apontaram para necessidade de orientar

graduandos de enfermagem e futuros profissionais sobre os

cuidados de enfermagem que devem ser realizados em centros

de diagnóstico por imagem essenciais e o processo de

enfermagem também se faz necessário de forma ampla,

garantindo os cuidados necessários e imprescindíveis que

fazem o diferencial na tomada de decisão, evitando reações

adversas e morte.

Portanto, é de fundamental importância que os

profissionais e estudantes de enfermagem tenham

embasamento científico e prático na assistência ao paciente

submetido ao meio de contraste.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS AQUINO, E.M. ROEHRS, H. MÉIER, M.J. Diagnóstico de enfermería en pacientes sometidos a un cateterismo cardíaco en una unidad de

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USO DE MEIOS DE CONTRASTE: CONHECIMENTO DE ESTUDANTES DE ENFERMAGEM

435

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

436

CAPÍTULO 23

DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA

HIDROPONICO

Josilda de França XAVIER 1;

Carlos Alberto V. de AZEVEDO 2;

Márcia Rejane de Queiroz A. AZEVEDO 3; 1Gestão Unificada-GU Estação Experimental Emepa, Lagoa Seca-PB,

[email protected];

2DEAG/CTRN/UFCG, [email protected]; 3DAA/CCAA Campus II, Lagoa Seca-PB, [email protected];

RESUMO: A alface (Lactuca sativa L.) é uma planta herbácea, originária de clima temperado, certamente uma das hortaliças mais populares e consumidas no mundo e no Brasil. O objetivo foi determinar os teores de vitamina C e nitrato nas três cultivares da alface em sistema hidropônico utilizando água residuária e água de poço. O experimento foi conduzido em sistema hidropônico adotando-se a técnica do fluxo laminar de nutrientes em ambiente protegido da Universidade Estadual da Paraíba-Campus II, no município de Lagoa Seca-PB com as seguintes coordenadas geográficas: 7° 10′ 15″ S, 35° 51′ 14″ W. O delineamento experimental foi em blocos casualizados com os tratamentos em parcelas subdivididas em esquema fatorial 7 x 3, com três repetições cujos fatores foram 7 soluções hidropônicas e três cultivares de alface. A parcela experimental foi constituída pelas soluções nutritivas (S). (S1=solução de Furlani; S2=água residuária domestica; S3=água residuária domestica otimizada; S4=água de poços; S5=água de poços otimizada; S6=solução água residuária do reator UASB e S7=solução água residuária do reator UASB otimizada e a subparcela pelas três cultivares de alface (Verônica, Vanda e

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

437

Thais) cada sub parcela foi composta por seis plantas (duas de cada cultivar). A cultivar Thaís apresentou menor teor de vitamina C com a solução S1. As cultivares Thaís e Verônica apresentaram os maiores teores de nitrato (NO3 g kg-1).

Palavras-chave: água residuária, hidroponia, Lactuca sativa L

1 INTRODUÇÃO

A alface (Lactuca sativa L.) é uma planta herbácea,

originária de clima temperado, certamente uma das hortaliças

mais populares e consumidas no mundo e no Brasil. O cultivo

de alface em sistemas hidropônicos é já amplamente difundido

no Brasil, especialmente por fácil, combinado com seu ciclo

curto. O cultivo de plantas em meio líquido (hidropônica),

usando esgoto tratado como solução nutritiva, tem sido

estudado por vários pesquisadores como relatam Andrade Neto

et al., (2003).

A Vitamina C possui ação antioxidante onde estes

compostos químicos podem prevenir ou diminuir os danos

oxidativos de lipídios, proteínas e ácidos nucleicos causados

por espécies de oxigênio reativo, que incluem os radicais livres,

ou seja, os antioxidantes possuem a capacidade de reagir com

os radicais livres e assim restringir os efeitos maléficos ao

organismo (COUTO & CANNIATTI-BRAZACA, 2010).

O consumo de alimentos ricos em vitamina C combate a

ação dos radicais livres responsáveis pela oxidação das

células, evita rugas, clareia e firma a pele, previne gripes e

resfriados por agir no sistema imunológico e ajuda na absorção

de ferro e cálcio pelo organismo (EDUQUIM, 2012).

A alface possui grande habilidade em acumular nitrato

(N-NO3-) em suas folhas e, quando em excesso resulta num

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

438

decréscimo na qualidade da mesma visto que, quando

consumido em quantidades elevadas, pode causar sérios

danos à saúde humana, tais como a formação de nitrosaminas,

uma substância potencialmente cancerígena (FAQUIN &

ANDRADE, 2004).

O nitrato presente nos vegetais pode ter origem do nitrato

adicionado como fertilizante ou formado, no substrato, pela

mineralização ou nitrificação (MAYNARD et al., 1976).

Richardson & Hardgrave (1992) concluíram que diferentes

fontes de nitrogênio aplicadas no solo não influenciaram o teor

de nitrato nas plantas. Os limites máximos de nitrato permitidos

não estão bem definidos e são muito divergentes entre diversos

autores e países, mas a Organização Mundial para Agricultura

e Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)

estabeleceram como admissível a dose diária de 3,65 mg do

íon NO3- e 0,133 mg do íon NO2

-.kg-1 de peso corporal.

A aplicação dos esgotos tratados pode representar uma

fonte de água e nutrientes disponível na agricultura, mesmo

durante os períodos de estiagem (SHAER BARBOSA et al.

2014). Por outro lado, a segurança da reutilização dessas

águas residuárias para fins de irrigação é motivo de cautela.

A utilização de águas residuárias além de minimizar

problemas ambientais, pode reduzir o uso de adubos minerais

e de água limpa na agricultura irrigada em regiões semiáridas.

Esta redução no uso de adubos minerais é possível em

decorrência da elevada concentração de nutrientes na águas

residuárias (VARALLO et al., 2012), desde que a mesma seja

manejada de forma criteriosa (MATOS et al., 2013). O uso das

águas não apenas por servir como fonte extra de água, mas

também de nutrientes para as residuárias tratadas na

agricultura é imprescindível culturas.

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

439

Nesta perspectiva o trabalho teve como objetivo

determinar os teores de vitamina C e nitrato nas três cultivares

da alface em sistema hidropônico utilizando água residuária e

agua de poço.

2 MATERIAIS E MÉTODO

O experimento foi conduzido em sistema hidropônico

adotando-se a técnica do fluxo laminar de nutrientes Fluxo

Laminar de Nutrientes – NFT em ambiente protegido da

Universidade Estadual da Paraíba, Campus II situado no

município de Lagoa Seca, PB com as seguintes coordenadas

geográficas: 7° 10′ 15″ S, 35° 51′ 14″ W, clima caracterizado

como tropical úmido (As’), com temperatura média anual em

torno de 22°C, sendo a mínima de 18°C e a máxima de 33°C

Köppen-Geige (Brasil, 1971).

Durante a condução desta pesquisa, registrou-se

diariamente os valores da temperatura mínima, média, máxima

e no horário das 6:00hs, cujos dados estão demonstrados na

Figura 1.

O delineamento experimental foi em blocos casualizados

com os tratamentos em parcelas subdivididas em esquema

fatorial 7 x 3, com três repetições cujos fatores foram 7 soluções

hidropônicas e três cultivares de alface.

As soluções nutritivas otimizadas foram formuladas

tomando-se como referencia a solução nutritiva de Furlani. A

parcela experimental foi constituída pelas soluções nutritivas

(S). (S1 = solução de Furlani; S2 = água residuária domestica; S3

= água residuária domestica otimizada; S4 = água de poços; S5

= água de poços otimizada; S6 = solução água residuária do

reator UASB e S7 = solução água residuária do reator UASB

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

440

otimizada e a subparcela pelas três cultivares de alface do

grupo Repolhuda Crespa (Verônica, Vanda e Thais) cada sub

parcela foi composta por seis plantas (duas de cada cultivar)

com espaçamento de 0,30m x 0,3m.

Figura 1. Dados de temperatura máxima (T. Máx.), temperatura mínima (T. Mín.), temperatura média (T. Méd.) e temperatura registrada as 6:00hs durante a condução do experimento.

As mudas de alface das cultivares de alface foram

produzidas em espuma fenólica utilizando-se uma mesa para

germinação, semeando-se uma semente peletizada por

cavidade; após a emergência da plântula (EP), a água de

abastecimento utilizada na irrigação foi substituída

gradativamente pelas soluções nutritivas (33,33%, 66,66% e

100% a cada quatro dias); após 25 dias da EP as mudas foram

transplantadas para os perfis definitivos (Figuras 2 e 3).

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

441

Figura 2. Vista geral do experimento no primeiro dia de tranplantio das cultiares

Figura 3. Vista geral do experimento com 28 dias de tranplantio das cultiares

A formulação das soluções otimizada foi realizada

utilizando-se a ferramenta SOLVER; para isto, montou-se uma

planilha eletrônica no Microsoft Office Excel contendo a

composição química da água residuária domestica; água de

poço salina; solução água residuária provenientes do reator

UASB e dos sais inorgânicos (nitrato de cálcio, nitrato de

potássio, fosfato de potássio, fosfato monoamônico, cloreto de

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

442

potássio, sulfato de magnésio e na forma de sulfato, os

micronutrientes cobre, zinco, manganês e ferro).

Tabela 1 – Quantitativo dos fertilizantes minerais utilizados na confecção das soluções nutritivas minerais

Solução

Sais Furlani

g 1000 L-1 de água

Ca (NO3)2.6H2O 1000

MAP 150

DAP -

H2PO4 -

KH2PO4 -

KCl 150

KNO3 600

MgSO4.7H2O 250

MnCl.H2O 2,34

Mn SO4.H2O -

ZnSO4.7H2O 0,88

CuSO4.5H2O 0,2

H3BO3 2.04

Na2MoO4.2H2O 0,26

Fe-EDTA 1000 mL

Ca (NO3)2.6H2O- nitrato de cálcio; MAP- fosfato monoamônio; ; DAP- fosfato diamônio; H2PO4- ácido fosfórico; KH2PO4- fosfato monopotássico; KCl- cloreto de potássio; KNO3- nitrato de potássio; MgSO4.7H2O- sulfato de magnésio; MnCl.H2- O cloreto de manganês; Mn SO4.H2O- sulfato de manganês; ZnSO4.7H2O- sulfato de zinco; CuSO4.7H2O- sulfato de cobre; H3BO3- ácido borico; Na2MoO4.2H2O- molibidato de amônio; Fe-EDTA- ferro EDTa

As soluções nutritivas S3, S5 e S7 foram preparadas

conforme metodologia proposta por Furlani (1995). Os

quantitativos dos fertilizantes minerais e da composição

química da solução nutritiva mineral esta disposto na Tabela 1

para isto, utilizou-se a ferramenta Solver do Microsoft Office

Excel; todas as soluções foram preparadas para 200 L.

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

443

Uma vez formuladas, os ingredientes orgânicos foram

misturados, durante a condução do experimento as soluções

foram calibradas realizando-se leituras de condutividade

elétrica (CE) e pH utilizando-se um condutivímetro portátil, além

de um peagâmetro; a CE foi mantida a aproximadamente 1,7 ±

0,3 dS cm-1 e o pH entre 6,0 e 7,0; independente dos

tratamentos, as soluções nutritivas foram trocadas em períodos

equidistantes de 7 dias.

O manejo da solução nutritiva foi realizado diariamente

através da reposição da água consumida, do acompanhamento

da condutividade elétrica (CE) e do potencial hidrogeniônico

(pH) mantendo-o próximo à neutralidade, com a utilização de

uma solução de NaOH ou HCL (1mol L-1).

As águas utilizadas no experimento foram provenientes

de água da chuva armazenada em cisterna (para a solução S1),

do esgoto bruto da cidade de Lagoa Seca, PB, água de poço

tubular da zona rural do município Lagoa Seca-PB, e água

residuária provenientes do reator UASB da Estação

Experimental de Tratamento Biológico de Esgotos Sanitários

(EXTRABES) Campina Grande-PB e que foram encaminhadas

para análise química no Laboratório de Irrigação e Salinidade

(LIS/DEAg/UFCG) e no Laboratório de Análises de Solo, Água

e Planta da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande

do Norte S/A – EMPARN. Tabela 3

Tabela 2. Caracterização físico-química das águas utilizadas nas irrigações do cultivo hidropônico

10 Experimento 20 Experimento

Determinaçõe

s

Poço Esg.

bruto

Extrabe

s

Poço Esg.

bruto

Extrabe

s

pH 7,7 7,4 7,2 7,4 8,0 8,2

CE (dS.m-1) 0,957 2,133 2,502 1,002 2,368 2,409

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

444

Ca(mmolc/L) 3,62 3,98 5,98 1,98 4,55 2,40

Mg(mmolc/L) 0,75 3,47 3,42 1,88 2,25 4,60

Na (mmolc/L) 3,94 10,57 15,55 4,69 12,32 13,48

K (mmolc/L) 0,38 1,26 0,01 0,41 1,39 0,89

Cl- (mmolc/L) 6,42 9,99 23,23 6,43 9,28 12,76

CO3-

2(mmolc/L)

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

HCO3

mmolc/L)

1,31 10,95 3,25 1,26 13,98 9,66

P (mg L-1) 4,51 29,30 4,14 1,83 19,02 13,41

NO3- (mg L) 16,73 0,00 1,03 15,23 0,00 0,00

NH3 (mg L-1) 0,61 1,27 58,6 0,11 1,19 52,46

RAS 2,57 6,93 8,53 3,02 9,59 8,15

Classe de

água para

irrigação

C2S1T

2

C3S1T

3

C3S1T3 C2S2T

2

C3S1T

3

C3S1T3

Relação de adsorção de sódio (RAS); Condutividade elétrica = CE; Cálcio

=Ca; Magnésio = Mg; Sódio = Na; Potássio = K; Cloreto= Cl-; Carbonatos =

CO3-2; Bicarbonato = HCO3 Fósforo = P; Nitrato (NO3

-); Amônia (NH3);

Para determinar o teor de nitrato foi utilizado o método

de análise proposto por Cataldo et al. (1975), baseado na

complexação do ácido salicílico pelo íon nitrato, com algumas

modificações: a secagem das amostras foi efetuada em estufa

a 50 ºC durante 48 horas, ou até obtenção de peso constante.

O material seco foi moído em moinho tipo Willey. Quanto à

leitura, esta foi feita em absorbância no espectofotômetro, no

comprimento de onda de 410nm.

A determinação do teor de vitamina C usou-se 15 g de

amostra integral. Utilizou-se as seguintes soluções: I-Solução

de ácido oxálico 1% (pesou-se 1 g de ácido oxálico PA e diluiu-

se em água deionizada até 100m1); II-Solução de ácido

ascórbico padrão 1 mg.ml-1 (pesou-se com precisão 0,05 g de

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

445

ácido ascórbico padrão, estocado abrigado da luz. A solução foi

preparada na hora do uso) e III-Solução padrão de 2,6

diclorofenol indofenol (pesou-se 0,05 g de dicloroindofenol, que

foi estocado em dessecador com soda e dissolveu-se com 50

ml de água deionizada em balão volumétrico de 200 ml. Ambas

as análises foram realizadas no laboratório de Irrigação e

Salinidade (LIS) da Universidade Federal de Campina – UFCG.

Os dados obtidos foram submetidos à análise da

variância pelo teste F a 1 e 5% de probabilidade. Quando

verificado efeito significativo na análise da variância, as médias

obtidas nos diferentes tratamentos foram comparadas pelo

teste de Tukey até 5% de probabilidade utilizando-se o software

estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observa-se na Tabela 3 que o teor de vitamina C (TVC)

no fator cultivar (C) apresentou efeito significativo a nível de 5%

de probabilidade (p < 0,05). Quando analisando os resultados

da interação da solução nutritiva dentro de cultivares e vice

versa observa-se que teores de vitamina C (TVC) apresentaram

efeito significativo a nível de 1% de probabilidade (p < 0,01)

(Tabela 3).

Verifica-se na Tabela 3 que o teor de nitrato (NO3-) da

massa fresca (MF) das três cultivares da alface apresentaram

efeito significativo a nível de 1% de probabilidade (p < 0,01)

para o fator solução (S) nos dois experimentos. Quando

analisado o fator cultivar (C) verificou-se que houve efeito

significativo a nível de 1% de probabilidade (p < 0,01) no

segundo experimento para o teor de nitrato (NO3-) da massa

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

446

verde (MV), já no primeiro experimento o efeito significativo a

nível de 5% de probabilidade (p < 0,05).

Tabela 3. Análise de variância dos Teores de vitamina C (TVC) e do nitrato (NO3) na massa fresca (MF) das três cultivares da alface submetido aos diferentes tratamentos no final do cultivo hidropônico

Fonte de

Variação

GL

Quadrado

médio (QM)

TVC (1)

mg.100g-1

NO3- kg-1 na

MF (2)

10 experimento

NO3- kg-1 na

MF (2)

20experimento

Solução (S) 6 271.778,14ns 17,19** 11,11**

Bloco 2 1.332.441,99ns 1,05ns 0,54ns

Resíduo da

parcela

12 425.881,66 1,64 0,20

Cultivar (C) 2 1.698.492,76* 3,52* 4,96**

Cultivar x

Solução

12 5.382.824,10** 5,56** 1,49ns

Resíduo da

subparcela

26 497.970,96 0,99 0,80

CV 1 7,78 69,85 38,30

CV 2 8,42 54,31 76,80

Média geral 8.383,83 1,83 1,16

GL – grau de liberdade; ns não significativo; **significativo a nível de 1% de

probabilidade (p < 0,01); * significativo a nível de 5% de probabilidade (0,01

≤ p < 0,05) pelo teste F; CV= coeficiente de variância

(1) ; (2) ln(x)

Analisando os resultados de teor de nitrato (NO3-) da

massa fresca (MF) da alface da solução nutritiva dentro de

cultivares e vice versa observa-se que houve efeito significativo

12,5

-x2,5

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

447

a nível de 1% de probabilidade (p < 0,01) no primeiro

experimento (Tabela 3).

Figura 4. Determinação do teor de vitamina C (TVC mg.100g-1) em função do desdobramento cultivares de alface crespa Thaís, Vanda e Verônica e soluções ao final do terceiro experimento. Médias seguidas de mesma letra minúscula as soluções não diferem entre si dentro da mesma cultivar e médias seguidas de mesma letra maiúscula as cultivares não diferem entre si dentro da mesma solução

Comparando as soluções observa-se na Figura 4 que a

cultivar Thaís apresentou menor teor com a solução S1 cuja

média não transformada corresponde a (45,78 mg.100g-1). Já

para cultivar Vanda apresentou maior teor de vitamina C (TVC)

com a solução S1 cuja média não transformada corresponde a

(57,33 mg.100g-1). Para a cultivar Verônica, com exceção das

soluções S2, S5 e S6 os teores de vitamina C (TVC) não diferiram

entre as demais soluções.

Com as soluções S2 e S3 os teores de vitamina C (TVC)

das três cultivares não deferem estatisticamente entre si.

0

2000

4000

6000

8000

10000

12000

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7

Solução nutritiva

Cultivar Thaís Cultivar Vanda Cultivar Verônica

Teo

rde

Vita

min

aC

(TV

Cm

g.10

0g-1

)

cB

bB

aABbAB

cB

bB

cBaA

aAaAaA

aA

bA

bA

bA

aAaA

aA

aAaA

bB

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

448

Observa-se ainda na Figura 4, que as cultivares Thais e

Veronica apresentaram teores de vitamina C (TVC)

semelhantes com uso das soluções S4 e S7 (Figura 1).

Comparando os resultados encontrados nesta pesquisa

verificou-se que os teores de vitamina C (TVC) foram superiora

os encontrados por Ohse et al. (2001), onde encontraram em

sua pesquisa teores de vitamina C variou de 41,89 mg.100g-1 a

19,24 mg.100g-1, já Martins & Riella (1993), encontraram 18,0;

7,6 e 9,5 mg.100g-1, respectivamente.

Quanto ao desdobramento cultivar dentro da solução,

observa-se na Figura 5 que os teores de nitrato (NO3- kg-1) das

cultivares Thaís, Vanda e Verônica não diferem entre si com

uso das soluções S1, S3, S4 e S7.

Quando analisado o efeito de solução das cultivares

percebe-se para a alface Thaís que o maior valor de nitrato foi

4,67 g kg-1 na massa fresca foi obtido com a solução S1, para

Veronica as maiores médias foram nas soluções S5 e S1, ou

seja, 4,93 e 3,65 g kg-1 na massa fresca, respectivamente. Já

para a cultivar Vanda, as soluções S1, S4 e S7 foram as que

promoveram os maiores teores de nitrato, 4,61; 3, 32 e 2,64 g

kg-1 respectivamente

Os teores de nitrato em alface variam conforme as

diferentes partes da planta. Lopes et al. (2011) concluíran,

analisando o teor desse ânion em alface da cultivar Verônica,

que os mais altos teores de nitrato foram encontrados no caule,

seguidos das folhas internas e das folhas externas das plantas.

Os limites máximos de nitrato permitidos não estão bem

definidos e são muito divergentes entre diversos autores e

países, mas a Organização Mundial para Agricultura e

Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS)

estabeleceram como admissível a dose diária de 3,65 mg do

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

449

Íon NO3- e 0,133 mg do íon NO3

-.kg-1 de peso corporal também

recomendam que o teor de NO3- na água de consumo seja

inferior a 50 mg.L.

Figura 5. Determinação do teor de nitrato (NO3- g.kg-1 na massa

fresca) em função do desdobramento cultivares de alface crespa Thaís, Vanda e Verônica e soluções ao final do final do primeiro experimento. Médias seguidas de mesma letra minúscula as soluções não diferem entre si dentro da mesma cultivar e médias seguidas de mesma letra maiúscula as cultivares não diferem entre si dentro da mesma solução (Primeiro experimento)

A comunidade europeia estabeleceu como limite máximo

permitido para alface produzida em estufa, teores de NO3- na

massa fresca de 3500 mg.kg- 1 de massa fresca (MF) para o

período de verso, 4500 mg.kg- 1 de (MF) para o período de

inverno e 2500 mg.kg- 1 de MF o limite máximo permitido para

alface produzida a campo aberto McCall & Willumsen, (1998).

Nit

rato

(N

O -

3kg

- 1 )

Cultivar Thaís Cultivar Vanda Cultivar Verônica

0

1

2

3

4

5

6

S1 S2 S3 S4 S5 S6 S7

Solução nutritiva

aA aA

bA

aA

bA

aA

bAbA

aA

bA

bA

cAbB bAB

bA

aA

bA

bAB

bBcB

bB

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

450

Figura 6. Determinação do teor de nitrato (NO3- g. kg-1) em

função do efeito isolado das cultivares de alface crespa Thaís, Vanda e Verônica ao final do segundo experimento. Médias seguidas de mesma letra minúscula as cultivares não diferem entre si

Analisando o efeito isolado das cultivares observa-se na

Figura 6 que as cultivares Thaís e Verônica apresentaram os

maiores teores de nitrato, sendo que esta ultima também não

difere estaticamente da cultivar Vanda.

Quanto ao efeito isolado das soluções os maiores teores

de nitrato (NO3- g kg-1) foram encontrados nas soluções S3

preparada com e S4 cujas medias 2,37 e 2,63 g kg-1 e os menos

teores de nitrato foram S2 e S6 onde as médias 0,08 e 0,04 g

kg-1.

Cultivar Thaís Cultivar Vanda Cultivar Verônica

Nit

rato

(N

O3

-kg

-1 )

0

0,5

1

1,5

2

a

b

ab

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

451

Figura 7. Determinação do teor de nitrato (NO3- g kg-1) em

função do efeito isolado das soluções das cultivares da alface crespa Thaís, Vanda e Verônica ao final do segundo experimento. Médias seguidas de mesma letra minúscula as soluções não diferem entre si dentro da mesma cultivar

4 CONCLUSÕES

A cultivar Thaís apresentou menor teor de vitamina C

(TVC) com a solução S1.

O maior teor de vitamina C (TVC) encontrado foi na

cultivar Vanda utilizando-se a solução S1

A cultivar Verônica os maiores teores de vitamina C (TVC)

foram soluções S1, S2, S3, S4,e S7.

A para a cultivar Vanda, as soluções S1, S4 e S7 foram as

que promoveram os maiores teores de nitrato (NO3 g kg-1)

respectivamente.

As cultivares Thaís e Verônica apresentaram os maiores

teores de nitrato (NO3 g kg-1) quando analisadas isoladamente,

soluções

Nit

rato

(N

O3-

kg-1

)

a

a

c

d

b

c

d0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

1 2 3 4 5 6 7

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

452

sendo que esta ultima também não difere estaticamente da

cultivar Vanda.

Para o efeito isolado das soluções os maiores teores de

nitrato (NO3 g kg-1) foram encontrados nas soluções S3 e S4 e

os menos teores de nitrato foram S2 e S6.

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DETERMINAÇÃO DE TEORES DE NITRATO EM ALFACE CULTIVADA EM SISTEMA HIDROPONICO

453

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454

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

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ATITUDE DO CONSUMIDOR REFERENTE À UTILIZAÇÃO DE SACOLAS PLÁSTICAS NO MUNICÍPIO QUEIMADOS, RJ

455

CAPÍTULO 24

ATITUDE DO CONSUMIDOR REFERENTE À UTILIZAÇÃO DE SACOLAS PLÁSTICAS NO

MUNICÍPIO QUEIMADOS, RJ

Josias de Morais PEREIRA1

Elaine Cristina Emilio de MORAIS1 Fabiana de Carvalho Dias ARAÚJO2

1Gestor ambiental pela Faculdade de Educação Tecnológica do Estado Rio de Janeiro, FAETERJ-Paracambi;2Professora do Departamento de Educação do Campo, Movimentos

Sociais e Diversidade/IE/UFRRJ;. [email protected]

RESUMO: A preservação ambiental é um dos temas mais debatidos no mundo, a exemplo da Rio + 20 que reuniu chefes de estado e autoridades do mundo inteiro para tratar do desenvolvimento sem negligenciar a sustentabilidade. Dessa forma, é fundamental a busca de alternativas para minimizar o impacto da ação humana ao meio ambiente. Ao discutir meio de preservação devem-se destacar ações cotidianas que agridem o meio ambiente, como os problemas causados pela durabilidade do plástico e o seu destino incorreto. Sendo assim, o presente trabalho visa avaliar o comportamento dos consumidores dos principais supermercados da Cidade de Queimados-RJ, no que se refere ao uso de sacolas plásticas. O estudo contou com a participação de 300 consumidores de supermercados. Para tanto, utilizou questionário com questões relacionadas às características demográficas e hábitos dos consumidores quanto ao uso de sacolas plásticas. Os resultados alcançados mostram que os consumidores são favoráveis a inserção de sacolas alternativas, e apesar de levarem em consideração a importância da preocupação dos supermercados com o meio ambiente, desconhecem os danos

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causados pelas sacolas plásticas e o tempo de degradação das mesmas. Palavras-chave: Conscientização; Descarte; Meio Ambiente; Sustentabilidade

2 INTRODUÇÃO

O plástico vem tomando conta do planeta desde 1862,

quando foi inventado pelo inglês Alexander Parkes, reduzindo

os custos comerciais e alimentando os impulsos consumistas

da civilização moderna. Dentre vários produtos originados do

plástico, as sacolas se destacam e foram introduzidas na

década de 1970, onde rapidamente tornaram-se muito

populares, devido sua grande utilidade entre empresas e

consumidores. Além do fato de sua distribuição ser gratuita nas

redes de supermercados e lojas tornando-as extremamente

popular, já que praticamente tudo pode ser embalado não

importando o tamanho do produto que se tenha em mãos. Esse

hábito foi incorporado no dia-a-dia do consumidor, associando

a compra do produto ao uso de sacolas plásticas para viabilizar

o transporte manual da mercadoria (UFCG, 2012).

No Brasil, estima-se que o uso de sacola plástica seja de 41

milhões por dia, 1,25 bilhão por mês e 15 bilhões por ano. Mas

os consumidores brasileiros representam apenas uma parte do

uso mundial do produto. Em todo o mundo são produzidos 500

bilhões de unidades a cada ano, o equivalente a 1,4 bilhão por

dia ou a 1 milhão por minuto (MAZENOTTI, 2012).

Em Função dos estragos causados pelo descarte

indiscriminado de plásticos na natureza, o consumidor tornou-

se um colaborador passivo de um desastre ambiental de

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grandes proporções (FERNANDES, 2006 citado por FABRO;

LINDEMANN e VIEIRA, 2007).

O uso e descarte de sacolas plásticas de forma

desenfreada pelo consumidor vem provocando fóruns de

discussão em todo o mundo para discutir e avaliar os prejuízos

causados ao meio ambiente. Estão em pauta temáticas como:

contaminação do lençol freático em virtude dos metais pesados

que componha o plástico, cuja contaminação pode ser

potencializada quando se considera a durabilidade do plástico,

pois, de acordo com Fabro; Lindemann e Vieira (2007), este é

um material que, mesmo existindo há apenas um século, ainda

não se tem com precisão o tempo de sua decomposição; sabe-

se, porém, que é superior a 100 anos.

A maioria dos sacos plásticos não acondicionados em

lixeiras acaba, mais cedo ou mais tarde, chegando aos rios e

oceanos. Os ambientalistas chamam a atenção, há vários anos,

para este problema e citam o fato de milhares de baleias,

golfinhos, tartarugas e aves marinhas morrerem anualmente

por intoxicação ou asfixiadas por sacolas plásticas. O caso mais

dramático ocorreu em 2002, quando uma baleia anã chegou

morta à costa da Normandia com cerca de 800 kg de sacos de

plástico dentro de seu estômago. Esses animais confundem a

sacola plástica com seu alimento natural, lulas e outros

moluscos e acabam por engolir o material (BARROS, 2008).

Diante da problemática da degradação, autoridades

brasileiras formularam leis para redução de uso das sacolas

plásticas em alguns estados brasileiros. O incentivo à redução

do uso excessivo de sacolas plásticas não está restrito ao

âmbito nacional. Nos últimos anos, nações de todo continente

aboliram ou criaram sanções que restringem o uso ou a

distribuição dos sacos plásticos em seu território. Esta

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problemática é uma questão tão importante no que tange

preservação do meio ambiente que as medidas de redução ao

uso de sacolas plásticas não está restrito a países

desenvolvidos, visto que, em alguns países pobres do

Continente Africano a proibição do plástico tornou-se uma

questão de saúde pública.

Embora não haja nenhum plano global ou modelo, ao

longo dos anos os países foram criando as suas próprias

legislações contra o uso desenfreado das sacolas plásticas, que

vão desde leis estaduais ou federais, restrições de uso, planos

de conscientização ou até mesmo a prisão.

Um dos exemplos de maior sucesso ocorre na Irlanda,

onde uma alternativa chama a atenção desde 2002. Conhecido

como Plas Tax, o imposto recolhe 22 centavos de euro por

sacola utilizada pelo consumidor e pode aumentar de acordo

com o percentual de lixo identificado todos os anos. Somente

no primeiro ano do Plas Tax, houve queda na distribuição de

mais de 90%. Este pode ser considerado um dos exemplos

mais efetivos no banimento dos sacos plásticos pelo mundo

(ESTEVAN, 2012).

No Brasil, embora ainda não haja uma lei nacional,

capitais como São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, João Pessoa

e Palmas já aprovaram leis que proíbem a distribuição gratuita

de sacolas plásticas nos caixas, e outras oito capitais, além dos

estados do Maranhão e do Rio, já aprovaram leis estaduais que

preveem a substituição do plástico por materiais

biodegradáveis. No Rio de Janeiro – o governo estadual,

sensível aos danos que vem sendo causados ao ambiente e,

mais especificamente, aos rios Meriti, Sarapuí, Pavuna e Iguaçu

(Baixada Fluminense), elaborou a lei de nº 5.502 de 15/07/2009

que prevê a substituição de sacos plásticos oferecidos pelos

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estabelecimentos comerciais, por sacolas com materiais

reutilizáveis, em um prazo que varia de seis meses a três anos,

em função do porte da empresa. A lei prevê multa de R$ 500 a

R$ 50 mil aos comerciantes que não atenderem à

determinação, bem como a obrigatoriedade de receber e pagar

(vale-compra ou R$ 0,03/ unidade) pelas sacolas plásticas

trazidas pelos clientes, independentemente do estado de

conservação das mesmas (ROCHA, 2007).

Nos demais países espalhados ao redor do mundo tais

como Estados Unidos, Canadá, Argentina, México, Chile, África

do Sul, as medidas adotados não são tão diferentes como no

Brasil e Irlanda. Em alguns casos, em âmbito nacional, mas em

sua maioria as medidas adotadas valem-se de leis estaduais e

municipais.

A história dos povos antigos revela que os produtos eram

embalados e transportados por cestos, samburás, ânforas,

caixas, potes, barris, barricas, tonéis, balaios, baús, garrafas,

tambores e, também, bujões, bolsas e sacolas; tais objetos

úteis para acondicionar produtos passaram a ser designados

por “embalagens”. Os produtos, incluindo os perecíveis, eram

pesados no balcão e vendidos a granel, sendo o comércio, o

propulsor do desenvolvimento das embalagens, tanto no Brasil

como no resto do mundo. O sistema de compra era muito pobre

e as pessoas que iam fazer suas compras nos armazéns,

pesavam os produtos e usavam um saquinho para levar o

alimento para casa (CAVALCANTI e CHAGAS, 2006; FABRO;

LINDEMANN e VIEIRA, 2007).

É cada vez mais frequente o aparecimento de materiais

alternativos, que possam substituir as sacolas feitas com

plástico convencional e, assim, diminuir o impacto ambiental

(IDEC, 2012). As sacolas de feira (ou mesmo os carrinhos), tão

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usadas por nossas avós, também se encaixam em alternativas

sustentáveis. Quase sempre são feitas de tecido ou de um

plástico mais resistente, e também servem no momento de

transportar compras pequenas.

Uma alternativa é o plástico oxibiodegradável – ou OBP,

como é conhecido entre os especialistas. Trata-se de um

plástico com tecnologia desenvolvida na Inglaterra, pela

empresa Symphony Plastics, que, teoricamente, funciona da

seguinte maneira: para que ele degrade antes do plástico

convencional, adiciona-se, na composição desse tipo de

plástico, aditivos antioxidantes e pró-oxidantes, que garantem a

oxidação do plástico. Isto significa que a sua decomposição no

ambiente é acelerada com duração de, aproximadamente, 18

meses. Mas o grande trunfo do plástico oxibiodegradável diz

respeito à sua capacidade de biodegradabilidade, isto é, de ser

consumido por microrganismos presentes no solo e, assim, se

transformar, basicamente, em carbono e água (SPITZCOVSKY,

2010).

Os plásticos biodegradáveis ainda são muito

dependentes de tecnologia e informação, mas com grandes

oportunidades de inovação. Estes materiais podem aquecer o

fator competitivo de diversos setores que dependem dele ou

estão ligados de alguma forma para que isso aconteça, torna-

se cada vez mais importante conhecer e dominar os métodos

de aplicação e oportunidades oferecidas por estes materiais na

indústria, tendo em vista os novos materiais e processamentos

já existentes ou que ainda estão em desenvolvimento. A

diferença dos plásticos de origem de petróleo está no tempo de

degradação. O tempo para degradar vai depender do que foi

adicionado à resina considerada biodegradável, mas a ordem

de grandeza é de meses (6 a 12 meses) contra 40 a 50 anos ou

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até 200 anos no caso de PET. Os plásticos biodegradáveis

constituem uma família de plásticos que se degradam sob a

ação de organismos vivos e também por meio de reações

abióticas tais como fotodegradação, oxidação e hidrólise, que

podem alterar o plástico devido a fatores ambientais (SCRIBD,

2010).

As propriedades químicas e físicas dos plásticos

biodegradáveis têm características semelhantes às dos

plásticos convencionais, a principal diferença está no tempo de

degradação deles, que podem ser de 12 a 18 meses. O que

facilita essa tarefa é o fato de que muitos micro-organismos,

como fungos e bactérias que se encontram no solo, liberam

algumas enzimas com capacidade de se decompor com o

plástico biodegradável, o que não ocorre com o plástico

convencional.

As sacolas plásticas oxibiodegradáveis contêm o aditivo

D2W que permite a degradação do plástico completamente em

apenas 18 meses e não agride o meio-ambiente. Os exemplos

citados acima são considerados como ótimas alternativas de

preservação do meio ambiente e sustentabilidade, na realidade

um grande exemplo de progresso, aquele que não agride o

meio em que vive (FUNVERDE, 2007).

Diante do exposto, os objetivos do trabalho foram

conhecer a atitude de consumidores quanto ao uso e descarte

de sacolas plásticas e; verificar e sinalizar o caso de uma

possível mudança de conduta do usuário no tocante ao uso de

sacolas plásticas.

4 MATERIAIS E MÉTODO

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Este trabalho foi realizado em parceria entre a Faculdade

de Educação Tecnológica do Estado Rio de Janeiro (FAETERJ-

Paracambi) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Foram realizados pesquisas com um questionário

contendo 11 questões fechadas, de caráter qualitativo, tendo

segundo Bastos e Keller (1992), focando a pesquisa no campo

e interpretação do comportamento dos usuários por meio de

entrevistas.

A pesquisa de campo visa esclarecer, ou obter

conhecimento a respeito de problemas que bem se procuram

as respostas ou então confirmar hipóteses levantadas, com a

finalidade de relacionar os fenômenos ou os próprios fatos

novos e suas respectivas explicações (BASTOS e KELLER,

1992).

A pesquisa baseou-se nos ditos acima, de forma bem

linear, ou seja, esquematizada em uma única fase de caráter

qualitativo. Dessa forma, esta pesquisa procurou desenvolver

um método categórico–dedutivo, procurando identificar

caracteres valorativos da atitude do consumidor frente ao uso

de sacolas plásticas.

Os resultados não são baseados em dados numéricos,

mas em coleta de opiniões e informações dos pesquisados. A

pesquisa qualitativa trata de investigar a opinião do público em

questão, trazendo um espelho que reflete parte da realidade do

envolvimento do consumidor na utilização das sacolas

plásticas e o quanto a temática está latente na rotina diária do

consumidor.

A pesquisa foi realizada com 300 pessoas,

frequentadores de supermercados na cidade de Queimados,

município do Rio de Janeiro, durante o mês de outubro de 2012,

referente ao uso de sacolas plásticas fornecidas pelos

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supermercados locais. Concentrou-se em analisar a atitude do

consumidor em relação ao uso de sacolas plásticas, com

diferentes níveis de escolaridade e ambos os gêneros

frequentadores dos supermercados.

A abordagem foi feita em variados pontos da cidade,

como igreja, praça, vizinhança e familiares. Não houve distinção

para a escolha das pessoas, tendo como único critério que a

idade dos entrevistados fosse igual ou superior a 18 anos.

Localizada a 41 km do Rio de Janeiro, Queimados

emancipou-se na década de 80 do município de Nova Iguaçu,

na data de 26 de novembro de 1991. Queimados possui uma

extensão territorial de 75,6 Km², correspondente a 1,42 % da

área da Região Metropolitana. O município tem uma população

de 137.938 habitantes, correspondentes a 1,16 % do total da

população da Região Metropolitana do Estado do Rio de

Janeiro.

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi seguido um modelo no sentido de enumerar e realizar

o maior número de perguntas possíveis a fim de estabelecer

uma relação dos dados apresentados com os objetivos da

pesquisa, delineadas no reconhecimento do perfil do

consumidor com as características pesquisadas. No decorrer

da pesquisa, percebeu-se que particularidades como, religião,

estado civil, quantidade de filhos, eram de dimensões não

significativas, para o estudo em questão, sendo esclarecidos o

gênero, a escolaridade e faixa etária.

3.1 Características Demográficas

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Do total dos entrevistados, 67% são constituídos por

mulheres e 33% p o r homens. Considerando-se a faixa

etária, 23% dos entrevistados estão na faixa 18 a 30 anos, 38%

na faixa de 30 a 45 anos, 27% na faixa de 45 a 60 anos e 12%

acima de 60 anos.

Em relação a escolaridade da amostra, observou-se

que 13% tinham ensino fundamental incompleto, 18% ensino

fundamental completo, 23% ensino médio incompleto, 34%

ensino médio completo, 7% ensino superior incompleto e 5%

ensino superior completo.

3.2 Hábitos dos Entrevistados Quanto ao Uso de Sacolas

Plásticas

Na Figura (1) encontram-se os dados relacionados à

frequência do usuário ao supermercado. Estes dados referem-

se ao espaço de no máximo uma semana. A pesquisa

demonstra que neste espaço de tempo o número de usuários

que afirmaram ir ao supermercado uma vez por semana

correspondem a um percentual de 62% dos entrevistados,

remetendo ao número de 4 vezes no espaço de 30 dias

corridos.

Figura 1. Frequência de compras no supermercado.

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Dos entrevistados, 27% e 11% alegaram ir ao

supermercado de 2 e 3 vezes por semana, respectivamente.

Em pesquisa realizada por Artmann et al. (2010), 98% dos

entrevistados afirmaram ir ao supermercado de 1 a 3 vezes por

semana.

É importante ressaltar que o percentual dessa

ocorrência viabiliza margens de maior consumo de sacolas

plásticas de polietileno, pois há uma rotina mensal de compras

dos usuários declarados.

Os indicadores percentuais representados na Fig. (2)

mostram que em sua maioria os usuários levam em

consideração a importância da preocupação dos

supermercados com o meio ambiente (97%), o que não supõe

que todos os entrevistados tenham propriedade ou ciência do

real impacto ambiental causado pelo descarte das sacolas

plásticas. Em estudo feito por Silva (2011) encontrou-se que

90% dos entrevistados entendem a importância da preocupação

ambiental por parte do supermercado.

Figura 2. Preocupação dos supermercados com meio ambiente.

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A preocupação com o meio ambiente tem aumentado

devido a diversos problemas ambientais ocorridos e a

divulgação dos mesmos pelos meios de comunicação, que

levam a sociedade a tomar conhecimento dos problemas

ambientais.

Ao ser questionado referente ao conhecimento do termo

“plástico biodegradável” (Fig. 3), ficou evidente que 71% dos

entrevistados nunca ouviram falar do termo. Os entrevistados

afirmaram ter ouvido em meios de comunicação sobre o

plástico biodegradável, porém nunca houve uma definição

concreta desse termo.

A decomposição do plástico biodegradável, de acordo

com os fabricantes, leva cerca de seis meses, e sua

degradação resulta da ação de micro-organismos de ocorrência

natural, tais como bactérias, fungos e algas. Tornando-se

novamente parte integrante do meio ambiente (ARIMA, 2012).

Figura 3. Conhecimento do termo plástico biodegradável.

Queimados, RJ. 2012.

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Referente a pergunta sobre quais as embalagens

utilizadas pelos entrevistados para transportarem suas

compras (Fig. 4) verificou-se que a maioria (74%) utiliza as

sacolas plásticas fornecidas pelo supermercado. Os demais

usam bolsas retornáveis (17%) e caixas de papelão (9%), que

são soluções de menor impacto, tendo em vista os conceitos

de reutilização e reciclagem.

Figura 4. Embalagem utilizada para transportar as compras.

Queimados, RJ. 2012.

Em estudo feito por Almeida et al. (2008), na cidade de

São Paulo, foi verificado que a maioria dos entrevistados (68%)

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utiliza as sacolas plásticas para transportar as compras, e como

opção alternativa às sacolas plásticas, as bolsas retornáveis

(48,54%) e caixa de papelão (21,76%).

Quando questionados se utilizariam outro tipo de sacola,

conhecendo o impacto ambiental da sacola plástica na

natureza (Fig. 5), 100% dos entrevistados afirmaram que

utilizariam outro tipo de sacola.

A Figura (5) mostra que 81% dos entrevistados optaram

pelo uso de sacolas retornáveis e 19% dos entrevistados

utilizariam sacolas biodegradáveis, caso o supermercado as

fornecessem sem nenhum custo adicional ao usuário.

Figura 5. Uso de embalagens alternativas. Queimados, RJ.

2012.

Constatou-se que a maioria dos entrevistados dá

preferência a um produto já experimentado, como as sacolas

retornáveis, com a justificativa de que podem ser usadas para

outras atividades. E as sacolas oxibiodegradáveis não foram

escolhidas por desconhecimento do material.

Chaves et al. (2012) observaram que 71% dos

entrevistados optaram pelo uso de sacolas retornáveis e 20%

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acha viável que sacolas biodegradáveis sejam distribuídas

pelos supermercados.

Na Figura (6) encontra-se a distribuição referente a

utilização das sacolas plásticas para outros fins nas

residências. O resultado encontrado demonstra que 78% dos

entrevistados utilizam sacolas plásticas para outros fins. Algo

muito comum entre os entrevistados é reutilizar as sacolas

como forração de lixeiras (49%).

Estudo semelhante realizado por Bacha (2012)

constatou que 80% das sacolas plásticas são reutilizadas na

forma de sacos de lixo doméstico, ou seja, são reutilizadas

mesmo que não sejam recicláveis.

Figura 6. Utilização de sacolas plásticas com outras finalidades.

Quando indagados sobre a possibilidade do

supermercado cobrar pelas sacolas plásticas (Fig. 7), os

entrevistados 91% alegaram não estar dispostos a pagar mais

para embalar suas compras, ou seja, comprariam em outro

supermercado caso o mesmo cobrasse pelas embalagens.

Segundo pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Datafolha

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(2012) 46% dos respondentes afirmaram comprar em outro

supermercado que distribuísse sacolas plásticas gratuitamente.

Figura 7. Tributação das sacolas plásticas pelos supermercados.

A opinião dos entrevistados em relação a todos os

supermercados cobrarem pela embalagem divergiu (Fig. 8), na

qual 68% dos entrevistados optariam por outro tipo de

transporte, caixa de papelão por exemplo. Já 32% fariam uso

de sacolas do próprio supermercado. No estudo realizado por

Silva (2011), os resultados encontrados foram semelhantes:

58% utilizariam outro tipo de transporte, enquanto 42%

obteriam a embalagem provida pelo supermercado.

Isso pode ser evidenciado analisando a resposta de dois

entrevistados, onde um pesquisado afirmou acreditar ser uma

atitude válida, já que convém preservar o meio ambiente para

as gerações futuras. Em contrapartida na segunda resposta

encontrou-se um revés que entende ser uma atitude que tira a

liberdade de livre escolha do cliente.

Figura 8. Atitude do consumidor frente a cobrança pelas

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embalagens fornecidas pelos supermercados.

5 CONCLUSÕES

Os consumidores levam em consideração a importância

da preocupação dos supermercados com o meio ambiente,

porém desconhecem os danos que as sacolas plásticas

causam ao meio ambiente, bem como o tempo de degradação

das mesmas.

Os consumidores são favoráveis a inserção de sacolas

alternativas, o que representa uma possível mudança na

conduta dos usuários referente ao uso das sacolas plásticas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALERJ. ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. 2009. Lei Nº 5.502. Disponível em: http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/CONTLEI.NSF/c8aa0900025feef6032564ec0060dfff/4157ea791e38b02a832575fb00642460?OpenDocument, acessado em: 02/09/2012 às 14h37. ALMEIDA, S. R.; VIANNA, N. H.; LISBOA, T. C.; BACHA, M. L. Meio ambiente e sacolas plásticas: a atitude do cliente do varejo na cidade de São Paulo. 2008. Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia. Anais... 2008. Disponível em: http://www.aedb.br/seget/artigos08/343_Sacola_Plasticas.pdf, acessado em: 22/08/2012 às 21h55.

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DESCARTE DE MEDICAMENTOS DE USO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE

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CAPÍTULO 25

DESCARTE DE MEDICAMENTOS DE USO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE

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Fabiana de Carvalho Dias ARAÚJO1

Elaine Cristina Emilio de MOIRAS2

Josias de Morais PEREIRA2 1Professora do Departamento de Educação do Campo, Movimentos Sociais e

Diversidade/IE/UFRRJ; 2Gestor ambiental pela Faculdade de Educação Tecnológica do Estado Rio de Janeiro, FAETERJ-Paracambi.

[email protected]

RESUMO: O descarte de medicamentos de uso doméstico é um tema de importante preocupação, pois acontece constantemente e pode ocasionar a contaminação do meio ambiente. Os medicamentos constituem um material tóxico e, deste modo, não devem ter seu destino final no esgoto ou no lixo doméstico. O presente trabalho tem por objetivo verificar como ocorre a destinação final dos medicamentos de uso doméstico efetuado pela população, bem como avaliar a conscientização da mesma em relação ao impacto ambiental causado pelo descarte inadequado. Para tanto, foi utilizado questionário com questões fechadas relacionadas às características demográficas e aos hábitos de consumo dos medicamentos. De acordo com os resultados obtidos pode-se concluir que a população amostrada descarta os medicamentos de maneira incorreta por desconhecimento da forma e do local adequado para descarte, mas tem consciência do impacto causado no meio ambiente proveniente desse descarte. Palavras-chave: Contaminação; Impacto Ambiental; Material

Tóxico; Meio Ambiente.

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1 INTRODUÇÃO

A utilização de medicamentos pela população tem um

papel de inquestionável importância no que se refere à

manutenção da saúde pública, pois eles atuam tanto no

combate de doenças quanto na sua prevenção, o que

proporciona um prolongamento da longevidade de seus

usuários.

O Brasil está entre os países que mais consomem

medicamentos e é o sétimo mercado mundial em volume de

medicamentos vendidos. Entre as causas do alto consumo

estão a mídia que utiliza propagandas induzindo o consumo

indiscriminado do mesmo; a facilidade de aquisição; a

dispensação de medicamentos além da quantidade para o

tratamento do paciente, não correspondente com a duração do

tratamento; a distribuição aleatória de amostra-grátis e a não

introdução do fracionamento dos medicamentos pelas cadeias

farmacêuticas. Tais fatores contribuem para o surgimento de

um estoque domiciliar de medicamentos e calcula-se que, de

10 mil a 28 mil toneladas destes medicamentos, tanto os

vencidos quanto os que sobraram após um tratamento, sejam

descartados no lixo comum, fato que vem agredindo tanto o

meio ambiente quanto comprometendo a saúde do ser humano

(FAVORETTO, 2011).

O estoque doméstico de medicamentos gerado a partir

das sobras que ocorrem após tratamentos de saúde pode

acarretar na perda do prazo de validade dos mesmos, além de

trazer riscos à saúde devido à ingestão acidental por crianças e

idosos. O reuso indevido de sobras de medicamentos também

representa um risco a saúde das pessoas, podendo causar

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DESCARTE DE MEDICAMENTOS DE USO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE

QUEIMADOS/RJ

476

reações adversas graves e intoxicações pela ingestão dos

mesmos.

De acordo com o Sistema Nacional de Informações

Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), os medicamentos ocupam o

primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações em

seres humanos (BRASIL, 2012).

Outro problema é a agressão ao meio ambiente causada

pelo descarte inadequado dos medicamentos que sobram.

Devido à falta de informação por parte da população, os

medicamentos são descartados no lixo comum e esgoto (pia,

tanque ou vaso sanitário), o que pode causar contaminação do

solo e dos recursos hídricos com consequências como: o

aparecimento de várias doenças na população e a eliminação

da fauna e flora do local.

Os medicamentos têm substâncias químicas de difícil

decomposição e são resistentes aos processos de tratamento,

podendo permanecer no meio ambiente por longos períodos e

voltarem para a casa das pessoas, quando descartados

incorretamente. De acordo com Sottoriva (2010), o sistema de

esgoto brasileiro não está preparado para fazer o tratamento

retirando as substâncias tóxicas provenientes de

medicamentos atirados na pia ou no vaso sanitário.

Segundo Bila e Dezotti (2003), os medicamentos são

produzidos para serem persistentes e, dessa forma, conservar

suas propriedades químicas o suficiente para que venham

alcançar o objetivo terapêutico. Sendo assim, muitos resíduos

de medicamentos são submetidos a diversos processos de

tratamento convencional da água e resistem tornando

impossível a total remoção de tais resíduos.

Os resíduos de medicamentos constituem um problema

de saúde pública. E cada vez mais pesquisas provam que em

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QUEIMADOS/RJ

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todo o mundo a água consumida pela população, considerada

potável, está contaminada por diversas substâncias derivadas

de medicamentos como antibióticos, anti-inflamatórios,

analgésicos, hormônios entre outros.

O descarte incorreto dos medicamentos vem ocorrendo

há décadas. Porém, recentemente, foram implementadas

técnicas que possibilitam a detecção de tais substâncias. Os

primeiros estudos a respeito da presença dos medicamentos no

ambiente surgiram na década de 70 em Estações de

Tratamento de Esgoto (ETEs) nos Estados Unidos, onde foi

percebida a presença de ácido clofíbrico, que é um metabólito

de antilipêmicos (usado como redutor do colesterol). Desde

então, pesquisas têm sido realizadas em todo o mundo com o

intuito de detectar quais substâncias são encontradas e seus

efeitos na saúde humana e no meio ambiente (CRESTANA e

SILVA, 2011).

Segundo Walter da Silva Jorge João, Vice-Presidente do

Conselho Federal de Farmácia (CFF), na Alemanha foram

identificados 36 diferentes medicamentos em diversos rios

como antilipêmicos, analgésicos, antipiréticos, anti-

inflamatórios, e anti-hipertensivos. E na Itália, entrevistadores

detectaram a presença de 18 medicamentos, em oito estações

de tratamento de esgoto, como diuréticos, anti-hipertensivos,

anti-inflamatórios, anticonvulsivantes, antilipêmicos e

antibióticos (JOÃO, 2011).

No Brasil não é diferente, no fim da década de 90,

entrevistadores detectaram traços de anti-inflamatórios,

estrógenos e antilipêmicos (combate teor de gordura no

sangue) nas águas dos rios e estações de tratamento de esgoto

no estado do Rio de Janeiro. As concentrações dessas

substâncias foram consideradas relativamente elevadas em

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DESCARTE DE MEDICAMENTOS DE USO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE

QUEIMADOS/RJ

478

comparação às encontradas na Suíça, que era mil vezes

menor. De acordo com cientistas, o fato se deve a ineficiência

das estações de tratamento que não conseguem remover

completamente essas substâncias, bem como a falta de

saneamento básico o que estimula o despejo de esgotos

diretamente nos rios e córregos (YOUNES, 2005).

A partir de 2002, durante um período de quatro anos,

entrevistadores do Instituto de Química (IQ) da Universidade

Estadual de Campinas (UNICAMP) realizaram análises das

amostras do Rio Atibaia, no estado de São Paulo e foram

encontradas, além de substâncias derivadas de produtos de

higiene pessoal, as seguintes substâncias: cafeína, colesterol e

os hormônios estradiol, etinilestradiol e progesterona. Conforme

Gislaine Ghiselli entrevistadora do Instituto de Química (IQ) da

Unicamp, alguns compostos foram encontrados em

concentração maior que em países da Europa (LEVY, 2006).

Alguns grupos de medicamentos merecem uma atenção

especial devido a problemas ambientais que os mesmos podem

causar no meio ambiente. Entre eles estão os antibióticos e os

estrogênios.

Os antibióticos, devido ao potencial em promover o

desenvolvimento de bactérias resistentes e os estrogênios, um

hormônio feminino presente em anticoncepcionais e nos

medicamentos de reposição hormonal, pela capacidade de

afetar contrariamente o sistema reprodutivo de organismos

aquáticos, ocasionando a feminização de peixes machos

(UEDA et al., 2009).

Em relação ao destino final de medicamentos sem

contaminação ao meio ambiente, o Brasil ainda não tem uma

legislação específica de âmbito nacional para o descarte,

recolhimento, transporte e destinação ambientalmente

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adequada dos resíduos domiciliares de medicamentos

vencidos ou em desuso pela população. Porém, o assunto é

abordado pelo Ministério da Saúde e o Ministério do Meio

Ambiente, que de forma distinta apresentam suas atribuições.

O Ministério da Saúde define suas ações referentes ao

descarte de resíduos de medicamentos através da Agência

Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que é uma agência

reguladora, criada em 1999, com o intuito de proteger e

promover a saúde da população garantir a segurança sanitária

de produtos e serviços, bem como participar da construção do

seu acesso (ANVISA, 2012). O gerenciamento de resíduos é

abordado em regulamentos específicos para determinados

setores da cadeia de produção farmacêutica, como a

Resolução RDC nº 306/2004 da ANVISA e Resolução nº

358/2005 do CONAMA (gerenciamento e destinação final de

Resíduos dos Serviços de Saúde) e a RDC nº 17/2010 da

ANVISA (Boas práticas de fabricação de medicamentos).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o

órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio

Ambiente-SISNAMA, foi criado em 1981, e tem como foco o

meio ambiente e o controle da poluição aquática.

Os medicamentos, tema central deste trabalho, bem

como todos os produtos descartados por serviços de saúde,

incluindo os farmacêuticos, se classificam no grupo B dos

Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), que podem apresentar

risco dependendo de suas características de inflamabilidade,

corrosividade, reatividade e toxicidade, segundo Resoluções

RDC 306/2004 da ANVISA e CONAMA 358/2005 classificam os

resíduos de serviço de saúde (BALBINO e BALBINO, 2011).

Esta classificação tem como objetivo orientar o

gerenciamento dos RSS dentro e fora das unidades geradoras,

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referente ao seu descarte, como deve ser corretamente tratado

ou destinado a aterros licenciados.

O descarte feito pela população é o que se apresenta

deficiente na legislação, por não haver uma clara especificação

sobre este assunto, visto que, não é direcionada ao consumidor

final e sim aos estabelecimentos de saúde.

Na Resolução nº44, a ANVISA dispõe no artigo 93 que

fica permitido às farmácias e drogarias participar de programa

de coleta de medicamentos a serem descartados pela

comunidade, com vistas a preservar a saúde pública e a

qualidade do meio ambiente. Entretanto não há legislação

específica que cobre o cumprimento destas campanhas, já que

as farmácias não tem obrigação de receber medicamentos não

mais utilizados pela população (ANVISA, 2009).

Diante do exposto, os objetivos do trabalho foram

verificar como ocorre o descarte de medicamentos de uso

doméstico pela população do município de Queimados-RJ e,

avaliar a conscientização do impacto ambiental causado pelo

descarte inadequado.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Este trabalho foi realizado em parceria entre a Faculdade

de Educação Tecnológica do Estado Rio de Janeiro (FAETERJ-

Paracambi) e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

2.1 Classificação do estudo

A pesquisa foi desenvolvida no mês de outubro de 2012,

e pode ser classificada como uma pesquisa exploratória e

descritiva, e quanto à sua forma de abordagem, representa uma

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pesquisa qualitativa. Sendo assim, foi utilizado questionário

com questões fechadas baseadas nos objetivos do estudo.

a. Local do estudo

O estudo foi realizado no município de Queimados,

localizado no Estado do Rio de Janeiro, distante 41 km da

capital. O município de Queimados possui aproximadamente 40

bairros e de acordo com o Censo 2010, a população consta de

139.188 habitantes.

b. População amostrada

A pesquisa foi efetuada com 300 pessoas selecionadas

aleatoriamente, em diferentes pontos do município. Como

critério de seleção para participar da avaliação, estabeleceu-se

a idade mínima de 18 anos, e não houve limite de idade

superior, sendo considerado apenas que as pessoas

estivessem aptas a responder. Os dados foram obtidos pela

aplicação de um questionário contendo questões relacionadas

às características demográficas e aos hábitos de consumo de

medicamentos.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Características demográficas

Observou-se a predominância de pessoas com idade

entre 30 e 45 anos, representando 47% da amostra, seguido de

36% entre 18 e 30 anos, 12% entre 45 e 60 anos e 5% acima

de 60 anos.

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Em relação ao gênero dos participantes, 195 são do

gênero feminino e 105 masculino, representando 65% e 35%

da amostra, respectivamente. O alto percentual de participantes

do gênero feminino deve-se, provavelmente, ao fato das

mulheres serem mais dispostas a responder os questionários,

bem como, serem as responsáveis pela administração dos

medicamentos e por isso possuírem maior conhecimento sobre

a existência dos mesmos nas residências.

Quanto à escolaridade dos entrevistados, observou-se

que 37% tem ensino médio completo, 33% ensino fundamental

completo, 23% com o ensino fundamental incompleto e

somente 3% tem ensino superior completo.

3.2 Hábitos de consumo de medicamentos

A Figura (1) apresenta a distribuição dos entrevistados

quando questionados sobre a existência de medicamentos na

residência, e verifica-se que a maioria (97%) possui

medicamentos em sua residência.

A grande maioria dos respondentes que possui

medicamentos em sua residência pode ser em consequência

da facilidade de aquisição dos mesmos. Atualmente, os

medicamentos considerados de uso comum são facilmente

comprados sem prescrição médica como os analgésicos,

antitérmicos, entre outros. Fato este, que contribui com o

acúmulo de medicamentos nas residências.

Figura 1. Distribuição da existência de medicamentos em residência. Queimados, RJ. 2012.

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Bueno, Weber e Oliveira (2009) avaliando o acúmulo de

medicamentos em domicílios do município de Ijuí/RS, também

observaram que a maioria (92%) dos entrevistados possui pelo

menos um medicamento em sua residência, reforçando assim

a prevalência da farmácia caseira. Resultados semelhantes

também foram encontrados por Figueiredo et al. (2011) que

verificaram medicamentos em 89% das residências do bairro

Figueirinha, em Xangri-lá/RS.

Na Figura (2) observa-se que 85% dos entrevistados

adquirem medicamentos sem prescrição médica. Os

medicamentos de venda sem prescrição médica são

comprados em farmácias sem a receita médica e são utilizados

pela população para o tratamento de sintomas “mais simples”

sem a intervenção médica.

A automedicação é um fenômeno potencialmente nocivo

à saúde individual e coletiva, pois ao adquirir medicamentos

inadequados há aumento dos riscos de não se tratar os

distúrbios de saúde da maneira correta pelo mascaramento de

sintomas importantes, do aumento de efeitos adversos e de

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gastos desnecessários relevantes para a população com menor

poder aquisitivo (PELICIONI, 2004).

Figura 2. Distribuição referente compra de medicamentos sem prescrição médica.

Referente aos tipos de medicamentos existentes nas

residências (Tab. 1) pode-se observar que a maioria dos

entrevistados (97%) possui analgésicos e antitérmicos e 67%

possuíam anti-inflamatórios.

Resultados como este foram confirmados por outros

estudos como Figueiredo et al. (2011), no qual os analgésicos

foram encontrados em 85% das residências, seguidos de 33%

anti-inflamatórios. E por Schenkel; Fernandes e Mengue (2005),

em que as classes terapêuticas de maior frequência foram os

analgésicos (18%) e anti-inflamatórios (6,5%).

O elevado índice provavelmente se deva ao fato de tais

medicamentos serem de venda livre, o que em conjunto com o

incentivo da mídia colabora para o resultado. A porcentagem

que se refere a outros (15%) representa os antilipêmicos

(usados na redução ao colesterol), anti-hipertensivos e

diuréticos.

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Tabela 1. Distribuição dos tipos de medicamentos existentes em residência.

Tipos de Medicamentos Entrevistados (%)

Analgésicos 97

Antitérmicos 97

Anti-inflamatórios 67

Anticoncepcionais 39

Antibióticos 35

Antialérgicos 29

Vitaminas 27

Sedativos 19

Antieméticos 17

Sedativos de tosse 12

Descongestionantes 12

Antiespasmódicos 9

Tópicos cutâneos 8

Antidiarreicos 3

Outros 15

Os entrevistados foram questionados sobre o costume

de verificação do prazo de validade dos medicamentos (Fig. 3)

e verificou-se que 74% dos entrevistados afirmaram observar a

data de validade dos medicamentos. Durante a aplicação do

questionário percebeu-se que as pessoas estão conscientes da

importância de se verificar o prazo de validade dos

medicamentos.

De acordo com estudo apresentado por Fanhani et al.

(2006) no município de Umuarama/PR, a porcentagem de

entrevistados que observam o prazo de validade é de 68%,

enquanto que mais de 20% respondeu nunca ou raramente

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observam o prazo de validade, o que comprova o resultado

encontrado.

Figura 3. Distribuição do comportamento de verificação do prazo de validade.

Segundo Vaz, Freitas e Ciqueira (2011), a verificação da

data de validade é muito importante, porque este prazo

representa a garantia de que o medicamento esteja em

condições de consumo, caso armazenado adequadamente, até

a data de validade. Quando utilizados fora do prazo de validade

os medicamentos podem oferecer riscos e causar efeitos

indesejados, como por exemplo, intoxicação.

A Figura (4) demonstra o questionamento quanto à forma

de descarte utilizado para as sobras de medicamentos e

observa-se que a maioria (57%) guarda para usar

posteriormente, 28% joga no lixo, 7% doa a amigos, vizinhos e

parentes, 5% joga na pia e 3% joga no vaso sanitário.

Os entrevistados que afirmaram guardar para usar

posteriormente (57%) disseram assim fazê-lo enquanto dentro

do prazo de validade, após este período fazem o descarte no

lixo e no esgoto doméstico (pia e vaso sanitário).

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Na pesquisa realizada por Ueda et al. (2009), 88%

afirmaram fazer o descarte dos medicamentos no lixo

doméstico e 9% fazem o descarte no esgoto. Silva et al. (2010),

em trabalho similar, realizaram pesquisas no centro de Juiz de

Fora/MG e observaram que 96% dos entrevistados utilizavam o

lixo doméstico para descartar os medicamentos tanto na forma

líquida quanto sólida.

Figura 4. Distribuição da forma de descarte das sobras de medicamentos.

Em relação à orientação sobre o descarte de

medicamentos, observa-se que a população é carente de

orientações referente ao descarte correto de medicamentos,

pois todos os entrevistados (300 pessoas) informaram nunca

ter recebido informação sobre o tema. Estudo feito por Hoppe e

Araújo (2012), demonstrou que 70% dos participantes da

pesquisa afirmaram nunca terem sido orientados sobre o

descarte de medicamentos.

A orientação sobre a forma de descarte de

medicamentos apresenta-se deficiente na legislação, já que no

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DESCARTE DE MEDICAMENTOS DE USO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE

QUEIMADOS/RJ

488

Brasil não existe legislação específica direcionada ao

consumidor final.

Quando questionados sobre o conhecimento das

consequências do descarte indevido de medicamentos (Fig. 5),

82% informaram ter consciência que o descarte indevido de

medicamentos traz consequências ao meio ambiente e 18%

desconhecem o assunto.

Figura 5. Distribuição do conhecimento das consequências do

descarte indevido.

Em estudo realizado por Vaz, Freitas e Ciqueira (2011)

67% afirmaram ter conhecimento sobre as consequências do

descarte incorreto. Os dados de Gasparini, Gasparini e Frigieri

(2011), em estudo no município de Catanduva/SP, relatam que

80% dos respondentes tem consciência dos problemas

ambientais causados pelo descarte inadequado dos

medicamentos.

Notou-se que embora saibam que o descarte realizado

não seja o adequado e que tal atitude gera consequências ao

meio ambiente, os entrevistados disseram não saber como agir

de forma correta por não ter informações a respeito do assunto

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DESCARTE DE MEDICAMENTOS DE USO DOMÉSTICO NO MUNICÍPIO DE

QUEIMADOS/RJ

489

e afirmam desconhecerem quais problemas ambientais são

ocacionados em função de tal descarte.

4 CONCLUSÕES

A população amostrada descarta os medicamentos de

uso doméstico de forma adequada. Embora a maioria afirme ter

conhecimento em relação às consequências do descarte

indevido, não o faz de maneira correta por não haver orientação

sobre o mesmo.

As sobras de medicamento acumulados nas residências

contribuem para o aumento de medicamentos a serem

descartados incorretamente.

São necessárias leis mais específicas direcionadas ao

consumidor final e não apenas aos estabelecimentos de saúde,

em conjunto com maior fiscalização no que se refere à

aplicação e fiscalização das leis.

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DIREITO AMBIENTAL

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

494

CAPÍTULO 26

O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

DAS EMPRESAS

Julianne Freitas MORENO

1 Graduação em Direito, UNIPÊ. Advogada. [email protected]

RESUMO: Os conflitos ambientais surgidos mediante o desenvolvimento da sociedade cada vez mais estão sendo discutidos. A legislação busca amparar essas questões e resguardar o direito ao meio ambiente equilibrado, sendo ele um bem da sociedade. Um componente importante dessa questão são as empresas, atuantes no desenvolvimento da sociedade e na utilização de recursos naturais, possuem papel importante na solução desses conflitos. O presente estudo discute acerca do tema, quanto da relação do meio ambiente e o papel das empresas na sociedade, na transformação do pensamento a respeito das empresas que precisam promover uma mudança e desenvolver uma conduta ética perante as questões ambientais, para atingir sua função social, promover qualidade vida para a sociedade e preservação do meio ambiente. Agora, as questões socioambientais precisam ter tanta relevância quanto o lucro almejado pelas empresas, que devem implementar o desenvolvimento sustentável, e caso não o façam, possuem o risco de serem excluídas pelo próprio consumidor que hoje busca um produto limpo, de acordo com os padrões ambientais exigidos pela legislação, cingidos de ética e transparência, não aceitando o desenvolvimento as custas da degradação ambiental. Concluimos que, a legislação se posiciona como protetora do meio ambiente e incentivadora para as mudanças nas empresas, que devem buscar se

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

495

adequar as problemáticas desse século e inserir a gestão ambiental como mecanismo para atingir essa finalidade. Palavras-chave: Direito ambiental. Socioambiental. Empresas. Meio ambiente. Gestão.

1 INTRODUÇÃO

Com o desenvolvimento da sociedade, das indústrias,

tecnologias e a globalização, o mundo hoje não é mais o

mesmo, no entanto, com todo esse desenvolvimento vemos

também o aumento da desigualdade social, da pobreza e

degradação ambiental. A princípio a sociedade não se

importava com essas questões, apenas se estava contente com

o desenvolvimento, mas ao passo houve o desenvolvimento, a

sociedade percebeu-se em alerta quanto às questões

socioambientais, o que proporcionou uma mudança de como se

enxergavam essas questões. Hoje está em evidência à busca

de soluções para a desigualdade social e os danos ao meio

ambiente.

A sociedade luta pela proteção do meio ambiente, bem

como, espera que seus componentes também, incluindo as

empresas. As empresas possuem um papel importante nessa

problemática, uma relação complexa na busca da qualidade de

vida da sociedade, e ao longo da história a relação empresa e

meio ambiente sempre foi conflitante.

Atualmente, se protesta contra empresas não

politicamente corretas para com as questões socioambientais e

se promove as que se importam e cuidam desses problemas.

Além disso, a própria legislação trabalha essas questões,

promove leis de prevenção e proteção a esses direitos, leis

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

496

essas pertinentes à sociedade como um todo, como especificas

para as políticas das empresas.

O consumidor espera que a empresa não apenas

forneça seu produto, mas cumpra sua função social. A empresa

não precisa se esquecer do lucro, mas suas decisões não

devem levar apenas isso em consideração, a primazia deve

estar no bem-estar social.

As questões socioambientais devem estar presentes no

cotidiano da empresa e deve ser norte para suas tomadas de

decisões, essas devem visar o desenvolvimento sustentável e

buscar contribuir para o bem-estar da sociedade. Além disso,

as questões de sustentabilidade crescem porque são

fundamentais para a sociedade, o futuro depende dessas ações

em nosso presente. Se a sociedade não desperta para essas

questões está fazendo mal a si própria.

A globalização chegou sem se pensar na colheita de

determinadas ações, e hoje colhemos a desigualdade social e

degradação ambiental. A sociedade está consciente que para

existir futuro é necessário uma mudança no estilo de vida, e

principalmente quanto às condutas das empresas. O

desenvolvimento econômico e social deve pesar tanto quanto a

preservação e proteção o meio ambiente, gerando assim uma

linguagem voltada para o desenvolvimento sustentável.

As empresas ao despertarem para o desenvolvimento

sustentável quebrarão paradigmas, reconhecendo assim, o

papel de grande influencia que desempenham na sociedade e

com isso a responsabilidade de agir em favor das questões

socioambientais. Dessa forma, o presente estudo busca discutir

sobre o conflito entre o papel exercido pela empresa na

sociedade, sua função social, a necessidade de proteção do

meio ambiente e amparo legal, as questões socioambientais e

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

497

a necessidade de desenvolver nas empresas uma gestão

socioambiental.

2 MATERIAIS E MÉTODO

A presente pesquisa vem a ser uma revisão literária,

possuindo por finalidade a pesquisa pura, esclarecendo sobre

os conflitos entre o meio ambiente e a responsabilidade

socioambiental das empresas, e suas problemáticas

enfrentadas. Utilizando conceitos da maioria doutrinária, e

soluções práticas para o seu problema, sendo assim, uma

pesquisa de resumo de assunto. A temática trata de problemas

atuais que interferem no futuro da sociedade, e nosso objetivo

é explicar, bem como desmitificar. Uma abordagem qualitativa

e uma pesquisa de limites, observando apenas uma avaliação

teórica, abordando os aspectos jurídicos e sociais, e as

possibilidades que a legislação nos oferece quanto ao tema.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com o aumento do aquecimento global e a iminência de

catástrofes naturais deles decorrentes, cresce a preocupação

com a preservação do meio ambiente nas últimas décadas.

(RIBEIRO E VEIGA, 2011). Hoje enfrentamos a problemática

ambiental com seriedade, a sociedade acordou para os

problemas gerados com o decorrer do tempo pelo mau uso dos

recursos naturais, possuindo consciência que o futuro da

humanidade está contido na utilização responsável do meio

ambiente.

Vale salientar, que houve um grande desenvolvimento

mundial com a Revolução Industrial que beneficiou a economia,

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

498

o desenvolvimento das indústrias e o avanço tecnológico, mas

em decorrência disso, a expansão social originou vários

problemas sociais como o uso indiscriminado de recursos

naturais, entre outros, os quais até os dias atuais são

amplamente discutidos (SOUZA, 2008). Dessa forma, com o

crescimento das indústrias, tecnologias e o surgimento da

globalização, apareceram também a desigualdade social e a

degradação ambiental, problemas decorrentes desses avanços

que estamos enfrentando atualmente.

Com isso, surge à necessidade de se discutir esses

assuntos, e promover uma quebra de paradigmas, uma

mudança na mentalidade da sociedade para a preservação do

futuro, surgindo assim a busca de soluções para os problemas

globais, para promover a mudança desses paradigmas e

reconduzir a sociedade em resposta a um mundo melhor para

as futuras gerações. (PINTO, 2011).

A sociedade agora precisaria rever seus conceitos e

valores, criar formas de preservação e incentivo para o meio

ambiente em resposta aos problemas socioambientais, onde

antes, o meio ambiente era apenas um recurso utilizado sem

freios na justificativa de desenvolvimento da sociedade, agora

passa a ser, bem precioso, esgotável e fundamental para o

futuro. Para Cruz (2010), a existência de um meio ambiente

incólume é indispensável para o desenvolvimento de uma

humanidade que se inspira no princípio da dignidade da pessoa

humana.

A definição de meio ambiente está prevista no artigo 3º,

I, da Lei no 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente), que

o define como sendo: “o conjunto de condições, leis, influencias,

alterações e interações de ordem física, química e biológica,

que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”.

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499

E ainda, José Afonso da Silva conceitua meio ambiente

como: “a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais

e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida

em todas as suas formas”. Passamos assim, a entender melhor

a importância e o conceito do meio ambiente, sendo ele tudo

aquilo que está ao nosso redor, e imprescindível a sua

conservação e proteção.

Enquanto que o direito, compreendido como fenômeno

social, cultural e histórico, não pode se manter à margem dos

problemas, sejam morais ou políticos, que afetam a sociedade

(FERNANDEZ GARCIA, 1991). Com isso, se busca amparo

através da lei para a preservação e proteção do meio ambiente.

A lei rege a vida em sociedade, e não é diferente para com o

meio ambiente, sendo ela a reger o relacionamento sociedade

e meio ambiente. Aquilo que a lei não resguarda enseja lacunas

para atitudes prejudicais ao meio ambiente, dessa forma o

direito que solucionas os conflitos da sociedade passa a se

preocupar com os conflitos socioambientais.

Hoje no Brasil, possuímos uma legislação ambiental que

proporciona formas de promover o bem estar do meio ambiente,

que busca se atualizar as novas demandas, e regula a conduta

humana quanto ao meio ambiente, como Constituição Federal

(em seu art. 225), a Lei 8.723/93 (alterada pela Lei 10.696/03,

que dispõe sobre a redução de emissão de poluentes por

veículos automotores); Lei 9.433/97 (Política Nacional de

Recursos Hídricos); Lei 9.795 (Política Nacional de Educação

Ambiental). O problema não está na criação de leis, mas

desenvolver sua prática. A lei não é eficiente se está apenas no

papel, ela precisa ser praticada na sociedade que busca

amparar.

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

500

A própria Constituição Federal de 1988 protege o meio

ambiente, e prevê alguns princípios que regem o direito

ambiental, como a ubiqüidade, a prevenção e o

desenvolvimento sustentável, entre outros.

O princípio da prevenção está expressamente previsto

na Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (1992), que diz:

Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental. (DECLARAÇÃO DO RIO DE JANEIRO, 1992)

O dever de preservar o meio ambiente é inerente a toda

a sociedade, e está previsto no art. 225 da Constituição Federal,

vejamos: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as

presentes e futuras gerações”. Surge aqui a responsabilidade

social para com o meio ambiente.

Com esse debate e a cobrança social, destacamos as

empresas que possuem grande influenciam na sociedade, bem

como, poder para diminuir os impactos ambientais sofridos

através do desenvolvimento econômico e a globalização. De

acordo com Maximiano (2006), “há poucos aspectos da vida

contemporânea que não sejam influenciados por alguma

espécie de organização. A sociedade moderna é uma

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

501

sociedade organizacional”, dessa forma, o meio ambiente é

influenciado pela sociedade e por suas organizações que a

compõem.

Dessa forma, as empresas devem buscar possuírem

uma conduta de responsabilidade socioambiental, se

enxergarmos que as empresas também são afetas pelo meio

ambiente e precisam ir além de resultados econômicos, mas

também contribuirem com objetivos sociais. Essa discussão

sobre a relação da empresa e sociedade, onde a empresa deva

promover uma função social, que atualmente também se

estendende para o direito ambiental, esse visto como um bem

comum da sociedade. Nesse sentido, Comparato afirma:

No Brasil, a ideia da função social da empresa também deriva da previsão constitucional sobre a função social da propriedade (art. 170, inciso III). Estendida à empresa, a ideia de função social da empresa é talvez uma das noções de mais relevante influência prática e legislativa no direito brasileiro. É o principal princípio norteador da “regulamentação externa” dos interesses envolvidos pela grande empresa. Sua influência pode ser sentida em campos tão díspares como direito antitruste, direito do consumidor e direito ambiental. (COMPARATO, 2008)

Essa responsabilidade socioambiental é cobrada para

que a sociedade como um todo a promova. Mas quando se trata

das empresas, como essas atuam ativamente no uso dos

recursos naturais, faz com que uma responsabilidade

socioambiental seja cobrada e que haja uma mudança nas

empresas, fazendo com que elas modifiquem a sua conduta em

relação ao meio ambiente. Cria-se assim o senso de

responsabilidade ambiental, que deve estar contido no dia a dia

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

502

da empresa, em suas estratégias, na sua gestão e em

conformidade com a legislação. A lei busca incentivar que as

empresas busquem uma posição de proteção e preservação, e

punir ações prejudiciais ao meio ambiente.

Especificamente nas empresas, devem cumprir os

mecanismos de defesa que a lei cria para o meio ambiente, para

que se pratiquem determinadas ações para o bem comum

social.

A empresa possui influencia sobre o meio que está

inserida, possuindo uma responsabilidade para consigo e com

a sociedade de gestão responsável e ética, devendo equilibrar

a busca de lucro com a exploração ambiental, o seu

crescimento não deve vir às custas da degradação ambiental,

devendo assim possuir objetivos compatíveis com o

desenvolvimento sustentável da sociedade, buscando

preservar os recursos naturais e respeitar valores socais,

proteger o meio ambiente para as futuras gerações.

Sabemos que o equilíbrio entre meio ambiente e

empresa é bem mais complexo do que obedecer às leis ou

utilizar de marketing para propagar uma boa reputação para a

empresa, existe uma grande dificuldade da conciliação do lucro

com a parte socioambiental.

.Para Martínez-Alier (2007), mesmo que se aborde

modernização ecológica, ecoeficiência ou desenvolvimento

sustentável, devemos reconhecer que há grande complexidade

quando se tenta conciliar expansão econômica e conservação

do meio ambiente, seja para as sociedades modernas

industrializadas como para aquelas em processo de

industrialização, acredita-se ser o crescimento do Produto

Interno Bruto (PIB) a melhor forma de atenuar os problemas

econômicos dos grupos sociais, no entanto quanto aos

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

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problemas ambientais surgem, como considerações de

segunda ou terceira ordem.

Além disso, sempre existem paradigmas a serem

quebrados nessa mudança de pensamento, quanto a

preservação do meio ambiente, visto que o desenvolvimento

surgiu as custas da poluição, da exploração e má utilização do

meio ambiente, equilibrar o seu uso ainda soa para muitos

como reduzir lucros e retroceder o desenvolvimento, como se

desenvolvimento sustentável fosse sonho e não realidade.

Ainda existem posições que defendem o desenvolvimento

prevalecer sobre a preservação ambiental, importando o

crescimento e avanço, que submetem a proteção ambiental a

critérios de natureza econômica (PINHO, 2010). A lógica que

segue é que a busca de crescimento econômico infinito nas

empresas se torna impossível com recursos limitados e

esgotáveis.

Ainda assim, o desenvolvimento sustentável é discutido

e buscado, esse objetivo comporta o desafio de equilibrar as

variáveis econômicas, sociais e ambientais, para que se

preserve o meio ambiente. E para isso, é importante que as

empresas estejam conscientes dos impactos de suas atividades

e desenvolvam uma gestão sustentável.

A empresa precisa entender que os recursos ambientais

tendem a se acabar, precisamos desenvolver políticas de

preservação, mudança no estilo de vida da sociedade, por isso

o princípio do desenvolvimento sustentável é de suma

importância para o meio ambiente e para a sociedade.

Para ocorrer o desenvolvimento sustentável, podemos

destacar um forte fator de exigibilidade de praticas

socioambientais, o consumidor, que espera comprar um

produto de uma empresa ética e consciente, combatente dos

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

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males deste século e protetora do futuro. Essa relação também

deve levar em consideração que cada vez mais a qualidade do

produto está relacionada à relação da empresa com a

sociedade e seu comportamento ético e esses fatores

determinam o comportamento dos consumidores (PAES, 2003),

eles consomem daquelas empresas que passam uma boa

imagem de ética e consciência ambiental.

Com isso, analisamos que a empresa possui uma

responsabilidade ambiental, seja imposta pela legislação ou

pela própria sociedade, que espera comprar de empresas que

possuam um comprometimento com o meio ambiente e a

sociedade. As empresas passam a ter uma função social

relacionada ao meio ambiente e o dever ético de protegê-lo,

possuindo assim uma responsabilidade socioambiental. Essa

responsabilidade social norteia todas as ações que a empresa

pode promover procurando ir além do básico, buscando gerar

benefícios e gerando desenvolvimento à sociedade (JORGE;

CARVALHO, 2008).

Nesse sentido, Kirschner (2006) afirmou em seus

estudos que muitas organizações vêm se movendo para a

idealização de um contexto mais favorável para a sociedade

buscando beneficiar grande parte da população. De acordo com

ele a responsabilidade social e ambiental é uma forma de

agregar valor à empresa, pois funcionários satisfeitos acabam

gerando uma maior qualidade em sua produção, assim como

clientes satisfeitos se tornam fieis à organização e por

consequência atraem ainda mais clientes através das

indicações.

Com isso, surge amparo para promover a quebra de

paradigmas quanto ao equilíbrio do desenvolvimento e a

sustentabilidade. Torna-se mais aceito a implementação de

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

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mudanças e processos produtivos mais limpos, inovando

insumos de produção e materiais, embalagens e meios de

distribuição, as empresas passam a se engajarem efetivamente

em movimentos ecológicos e em prol do desenvolvimento

sustentável” (RIBEIRO, VEIGA, p.5, 2011).

No entanto, ainda se questionam muito a respeito desse

marketing vantajoso e atrativo, onde a empresa muda sua

perspectiva em prol do meio e ambiente e da sociedade,

abrindo mão do lucro, para no fim obter uma boa reputação

perante o mercado, a qual gerará no futuro o almejado lucro.

Leonardo Boff (2012) menciona sobre essa sustentabilidade

como uma “falsidade ecológica”, que ocultam os reais

problemas ambientais, as agressões à natureza, contaminação

química dos alimentos, para que através de um marketing

comercial que promova uma boa imagem tenha apenas o intuito

de vender e lucrar, pois, na maioria das vezes que se anuncia

a sustentabilidade ou algo sustentável isso geralmente, não o

é.

Uma prática comum mencionada por Boff é o greenwash,

ou seja, "pintar de verde" para iludir o consumidor que busca

produtos não quimicalizados, em tese limpos, ecológicos e

saudáveis, quando na verdade essa sustentabilidade está

distante do ideal, devendo se promover um senso crítico maior

quanto o que realmente as empresas tem feito para cuidarem

do meio ambiente que elas utilizam para se tornarem tão

lucrativas.

Além disso, também existe a dificuldade de uma efetiva

fiscalização, levar a lei a ser praticada é mais complexo do

simplesmente escreve-la, o Estado passa a negligenciar aquilo

que deveria proteger. Nesse sentido, Costa (2000) declara:

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

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A despeito dos esforços de alguns órgãos estaduais, as dificuldades encontradas em função das escassas condições para fiscalização e controle de todas as atividades poluidoras vêm colaborando para minimizar a pressão e as exigências sobre as atividades produtivas. São características do sistema, a falta de recursos, a demora na apreciação dos processos e a fraca fiscalização. Este cenário determina que as empresas, de todos os tamanhos e não somente as pequenas acabem cumprindo as determinações da legislação de forma incompleta. (COSTA, 2000, p. 7)

São tantas as dificuldades encontradas na tentativa de

gerar essa mudança nas empresas e por consequência na

sociedade, que dessa forma, recorremos ao amparo legal, para

relembrarmos que a Constituição Federal que possui um

capítulo inteiro sobre o trato das questões ambientais, impõe

um dever jurídico a todos, desde o poder público até a

coletividade, na qual estão inseridas as empresas públicas e

privadas (SAMPAIO, 2010). Dever este que não está na

aparência, mas um senso de responsabilidade real quanto às

questões socioambientais.

Esses princípios constitucionais e essencialmente éticos

devem ser basilares para as empresas, elas devem agir de

modo a exercer influência sobre as estruturas sociais, políticas,

econômicas e ambientais de uma sociedade, deixando claro

que, devem exercer uma função socioambiental que foi

estabelecida na Constituição (OLIVEIRA, 2006).

Vemos assim, que a mudança de conduta das empresas

só se torna possível diante da pressão da sociedade e

imposição da legislação para a promoção da preservação do

meio ambiente.

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

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Com isso, o dever legal de responsabilidade

socioambiental das empresas é imposto, agora as empresas

devem buscar uma gestão socioambiental, que não apenas

satisfaça uma boa reputação, mas que efetivamente promova o

bem social, que resguarde o futuro do meio ambiente e

consequentemente a humanidade.

As empresas são influenciadoras do meio que estão,

detém grande poder econômico e social, atendem as demandas

de consumo da sociedade, e devem passar de vilãs para

aliadas na promoção do desenvolvimento sustentável, sendo

elas partes interessadas na preservação dos recursos naturais.

O Estado impõe a responsabilidade de proteção, como também

promove incentivo, as empresas passam a buscar o

desenvolvimento sustentável como a melhor rota de

crescimento. Rocco também discorre sobre, vejamos:

Por essa linha de pensamento, as empresas, até recentemente consideradas como as eternas vilãs da qualidade ambiental, passam a ser compreendidas como importantes aliadas na construção da gestão participativa, por meio da cooperação com o poder público e com a sociedade civil organizada, pela gradual perda da centralidade estatal e pela busca da qualidade de vida. Hoje, a legislação ambiental estimula a participação do empresariado na implementação das políticas públicas ambientais. A exemplo disso, temos a Lei n.º 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, a Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e a Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação Ambiental. (ROCCO, 2009, p. 87).

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

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De acordo com Gonçalves (2007), as ações das

empresas, da sociedade e do Poder Público, em relação às

questões ambientais, encontram, na atualidade, eficaz apoio no

Direito Ambiental, tanto devida a rica legislação disponível,

mas, também, pelo fato de os operadores dessa nova área do

direito trabalham de forma preventiva, atuando diretamente no

processo de gestão das organizações, o que faz da empresa

objeto do Direito Ambiental.

Além disso, podemos ver fatores que contribuem para

essa mudança nas empresas, os benefícios da imagem da

empresa limpa, com os consumidores que buscam produtos e

processos limpos, as exigências de padrões ambientais para a

tomada de crédito e incentivos fiscais para as empresas que

possuem práticas de desenvolvimento sustentável.

A sociedade e suas organizações precisam influenciar e

desenvolver mecanismos que venham a garantir que as

exigências, sejam elas legais, regulamentos ou de outras

políticas, como por exemplo, práticas empresarias ou diretrizes

específicas do setor atuante, sejam conhecidas, interpretadas,

documentadas e monitoradas pela empresa (CASTRO;

ALMEIDA, 2005, p. 6).

Um grande segredo está na prática da gestão ambiental,

no relacionamento entre o meio ambiente e a sociedade. Nesse

sentido, Theodoro et al. (2004) definem a gestão ambiental em

sentido amplo, como o conjunto de ações que envolvam as

políticas públicas, o setor produtivo e a sociedade, que

busquem o uso racional e sustentável dos recursos ambientais,

englobando as ações de caráter político, legal, administrativo,

econômico, científico, tecnológico, de geração de informação e

de articulação entre estes diferentes níveis de atuação

(THEODORO et al., 2004, p. 9).

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

509

Com isso, a empresa passa a ter um novo pilar, as

questões socioambientais, que passam a nortear as tomadas

de decisão, adotando o desenvolvimento sustentável como

marca da empresa, e a gestão ambiental como uma estratégia

de manutenção e continuidade dos negócios. (QUEIROZ et al.,

2000).

Molda-se um novo pensamento, nasce à quebra dos

paradigmas passados, surgindo o modelo de gestão que

engloba os problemas da atualidade advindos dos avanços da

humanidade, da tecnologia e da globalização. O enfoque estará

na gestão ambiental, as estratégias e o planejamento voltado

para abarcar as demandas socioambientais, e não apenas para

satisfazer exigências legais, argumenta Souza (2002):

As regulamentações aparecem ainda como um dos fatores centrais na condução das estratégias ambientais empresariais. Não só as estratégias das empresas mais passivas, reativas, ou conformistas, que em geral visam apenas a conformidade com as leis, mas também muitas estratégias aparentemente proativas parecem ser, na verdade, respostas às regulamentações, pois visam antecipar normas e padrões e/ou reduzir o risco de a empresa receber qualquer ação punitiva presente ou futura. (SOUZA, 2002, p. 17).

Existem diversas vantagens proporcionadas por uma

atuação em conformidade com a responsabilidade social no

âmbito de atuação das empresas, como a redução da carga

tributária, forma alternativa de recolhimento de alguns tributos,

criação de uma política permanente para a empresa,

incremento do marketing social, redução de custos

operacionais e melhoria dos indicadores de produtividade e

qualidade, lealdade dos clientes; melhoria da imagem da

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

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empresa, divulgação do balanço social e dos indicadores de

responsabilidade social, obtenção de certificados e selos e

preferência nas licitações e contratações com o poder público

(ESTIGARA, 2009).

Com isso, o problema atual já influencia para o

surgimento de uma nova mentalidade na sociedade, que anseia

por empresas éticas e conscientes com os problemas

ambientais. E essas empresas, já buscam não apenas se

encaixarem nos padrões legais, mas implementarem uma

gestão ambiental desenvolvida por operadores do direito dessa

área, atuando diretamente nessa gestão socioambiental. A

discussão já encontra formas para solucionar e prevenir

problemas de ordem socioambiental, atingindo o objetivo

desejado para o desenvolvimento sustentável, resguardando o

futuro das gerações e o equilíbrio entre empresa, sociedade e

meio ambiente.

4 CONCLUSÕES

Os problemas enfrentados atualmente no meio ambiente

são comuns a todos os cidadãos, bem como, o dever de

proteger o meio ambiente, sendo ele protegido já pela

Constituição Federal e pela legislação, mas depende da ação e

conscientização da sociedade. As empresas possuem uma

legislação ambiental eficiente para nortear suas ações e com

isso à sociedade possui uma redução de conflitos entre

empresa e meio ambiente.

O mínimo esperado pelas empresas é que se cumpra a

legislação, mas apenas a legislação não é suficiente, tendo em

vista a dificuldade de fiscalização entre outros problemas, é

necessária uma conscientização das empresas para buscarem

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O CONFLITO ENTRE O MEIO AMBIENTE E A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL DAS EMPRESAS

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uma atuação na prevenção de futuros conflitos, e com isso, a

busca por uma gestão socioambiental.

Diante das questões socioambientais possuírem hoje um

papel importante na sociedade, se cresce a responsabilidade

das empresas em relação a elas, além disso, as empresas

possuem importância como agente de melhorias na qualidade

de vida da sociedade. Com isso, deve-se ter uma mudança de

conduta das empresas, assumindo uma postura de

responsabilidade e preocupação com o meio ambiente, sua

gestão e estratégias devem levar em consideração os impactos

ambientais, promover ações de proteção e prevenção, e buscar

muito além de cumprir a legislação, mas, possuir uma conduta

ética e verdadeiramente cuidar do futuro da sociedade e

produzir a sustentabilidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CONGRESSO NACIONAL DE SAÚDE E MEIO AMBIENTE:

Os desafios do mundo contemporâneo

O CONGRESSO NACIONAL DE SAÚDE MEIO AMBIENTE está

destinado a estudantes e profissionais da área saúde (nutrição, farmácia,

enfermagem, fisioterapia, educação física) e áreas afins e tem como

objetivo de proporcionar, por meio de um conjunto de palestras, mesa

redonda e apresentações de trabalhos, subsídios para que os

participantes tenham acesso às novas exigências do mercado e da

educação no contexto atual. E ao mesmo tempo, reiterar o intuito

Educacional, Biológico e Ambiental de inserir todos que formam a

Comunidade Acadêmica para uma Educação sócio-ambiental para a Vida.

Foram abordados diversos temas durante o evento, entre eles: Saúde

e meio ambiente: os desafios do mundo contemporâneo; Resiliência

agroecologica as mudanças climáticas no Semiárido Brasileiro; Água para o

consumo humano em quantidade e qualidade para comunidades rurais;

Riscos para saúde e meio ambiente das tecnologias utilizadas na produção

de alimentos; As superbactérias: Impacto ambiental e multirresistência aos

antibióticos atuais ; O uso indiscriminado de agrotóxicos e doenças

relacionadas; Uso de plantas transgênicas na produção de alimentos; Uso

das radiações na agricultura e meio ambiente; Gerenciamento de resíduos

e resíduos sólidos de serviço de saúde.

Diante da grandiosa contribuição dos artigos aprovados, os livros

frutos desse Evento: SAÚDE: os desafios desafios do mundo

contemporâneo, NUTRIÇÃO E SAÚDE: desafios do mundo

contemporâneo, MEIO AMBIENTE: desafios do mundo contemporâneo,

e ODONTOLOGIA: desafios do mundo contemporâneo contribuirão para

o conhecimento dos alunos da área de Ciencias biológicas e Saúde.

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Este livro foi publicado em 2018 IMEA

Intituto Medeiros de Educação Avançada Av Senador Ruy Carneiro, 115 ANDAR: 1; CXPST: 072;

Joao Pessoa - PB 58032-100