Melhoramento Genético

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FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS MEDICINA VETERINÁRIA MELHORAMENTO GENÉTICO 5º Período B Melhoramento Genético Aplicado à Produção Animal Acadêmico: Paulo Henrique Silva Miranda RA: 1001800027 Professor: João Nélson

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FACULDADE ANHANGUERA DE ANÁPOLIS

MEDICINA VETERINÁRIA

MELHORAMENTO GENÉTICO

5º Período B

Melhoramento Genético Aplicado à Produção Animal

Acadêmico: Paulo Henrique Silva Miranda

RA: 1001800027

Professor: João Nélson

Anápolis - GO

Junho/2011

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Conteúdo

Frequência Gênica.............................................................................................................3

Ação gênica aditiva e ação gênica não aditiva.......................................................4

Variância, Herdabilidade e Repetibilidade................................................................4

Seleção e auxílios a seleção..........................................................................................5

Consanguinidade...............................................................................................................7

Heterose e Cruzamentos................................................................................................9

Cruzamentos.....................................................................................................................11

Melhoramento Genético de Suínos............................................................................12

Referências Bibliográficas............................................................................................15

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Frequência Gênica

Na teoria sintética, a evolução é definida como a alteração na frequência de genes da população. Se no "pool" genético a frequência dos alelos não se alteram então podemos dizer que esta população também não evolui.

Vemos então que é crucial, para o estudo da evolução, instrumentos conceituais que possam avaliar estas frequências. A parte da genética que estuda as relações entre as frequências gênicas, genotípicas e fenotípicas é conhecida como "Genética de Populações".

O estudo das doenças hereditárias, uma importante área da medicina, também se beneficiou muito dos avanços teóricos desta área, pois, a partir da frequência fenotípica podemos calcular as frequências genotípicas e destas as frequências gênicas com o qual se faz aconselhamento genético.

Consideremos um gene com dois tipos de alelos: O alelo 'A' e o alelo 'a'. No caso de haver mais de um alelo, para o gene em estudo, poderemos separar estes alelos em dois grupos ('A' e 'a') e proceder da mesma maneira.

Considere uma população sexuada com a seguinte distribuição genotípica em relação aos alelos 'A' e 'a':

GENÓTIPO Número de Pessoas

Freqüência Genotípica

'AA' 100 48% ( =100/210 )

'Aa' 60 28% ( =60/210 )

'aA' 40 19% ( =40/210 )

'aa' 10 5% ( = 10/210 )

Total 210 100%

Dada a Freqüência genotípica (F) poderemos calcular a freqüência gênica correspondente considerando-se que :

Os portadores do genótipo 'AA' (homozigotos) carregam o alelo 'A' em duplicidade e os portadores do alelo 'aa' carregam o alelo 'a' em duplicidade.

Os portadores do genótipo 'Aa' e 'aA' (heterozigotos ) carregam um alelo de cada tipo.

Com base nestas informações podemos calcular a freqüência gênica desta população.

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O número de alelos 'A' será então 2*100 + 60 + 40 = 300 , e o número de alelos 'a' será 2*10 + 60 + 40 = 120, e o Total de alelos será = 300+120 = 420

ALELO Quantidade Freqüência Gênica

'A' 300 71% ( =300/420 )

'a' 120 29% ( =120/420 )

Total 420 100%

 

Ação gênica aditiva e ação gênica não aditiva

Tipo de ação gênica na qual o fenótipo do heterozigoto corresponde à média dos valores fenotípicos dos genitores.

Cada gene dos que constitui o fenótipo provoca acréscimo no valor fenotípico do indivíduo, independentemente dos outros genes presentes. Não há dominância entre os alelos e o efeito de cada gene adiciona-se aos demais.

Suponha-se um par de genes A e a e três genótipos:AA, Aa, aa

AA +A Aa -A aaDenomina-se d o efeito aditivo do Alelo A e tem-se o genótipo

Aa como referência.Ação gênica na qual não há dominância, o fenótipo do

heterozigoto é intermediário entre os fenótipos dos genitores puros.

Variância, Herdabilidade e Repetibilidade

Variância

Em genética quantitativa, a variância genética corresponde a variância devido às diferenças genéticas existente entre os indivíduos da população.

Herdabilidade

No tocante ao melhoramento genético, a herdabilidade de uma característica é uma de suas propriedades mais importantes.

A herdabilidade é representada por h2 e expressa a proporção da variância total que é atribuível aos efeitos médios dos genes, ou seja, à variância genética aditiva. No estudo de características quantitativas, a principal função da herdabilidade é seu caráter

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preditivo, ou seja, ela expressa o grau de confiança do valor fenotípico como indicador do valor genético. 

Em outras palavras, a herdabilidade mede o grau de correspondência entre fenótipo e valor genético que é, em última instância, aquilo que influencia a próxima geração.

Pode, ainda, ser definida de acordo com a variância genética envolvida, sob dois pontos de vista, herdabilidade no sentido amplo e herdabilidade no sentido restrito.

A primeira definição envolve uma razão entre variância genética total e variância total, h2 = sg2/(sg2 + se2). A segunda é representada pela razão entre a variância genética aditiva e a variância total, h2 = sa2/(sg2 + se2), onde sg2 = sa2 + sd2, sendo sa2 e sd2 as variâncias genética aditiva e de dominância, respectivamente.

Repetibilidade

A repetibilidade expressa a proporção da variância fenotípica total que é devida às diferenças genética e de ambiente permanente, estabelecendo o limite superior para o grau de determinação genética e para a herdabilidade. Aumentando-se o número de medidas de qualquer característica reduz-se a quantidade de variância devida ao ambiente especial na variância fenotípica. Esta redução representa o ganho em acurácia. A vantagem do ganho em acurácia, para programas de melhoramento é o aumento da proporção da variância genética aditiva. Quando a repetibilidade é alta, a variância devida ao ambiente especial é pequena e o aumento do número de medidas implica em pequeno ganho em acurácia. Quando a repetibilidade é baixa, a repetição das medidas conduz a um ganho significativo em acurácia.

Seleção e auxílios a seleção

Seleção auxiliada

Em melhoramento animal, o termo seleção refere-se a taxas reprodutivas diferentes entre os indivíduos de diferentes genótipos, de uma dada população, isto é, o numero médio de filhos que atingem a idade de reprodução varia entre os diferentes indivíduos. Portanto o efeito primário da seleção é o de aumentar a freqüência gênica favorável, consequentemente, reduzindo a freqüência dos genes de efeitos desfavoráveis.

O efeito favorável da seleção está na dependência direta da existência de suficiente variação genética entre os indivíduos, da freqüência gênica na característica e da intensidade de seleção, maior ou menor, exercida sobre a característica. Estes aspectos

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regulam o progresso genético que pode ser obtido através da seleção artificial.

A atuação do selecionador ao valorizar indivíduos geneticamente superiores ou portadores de melhores combinações genéticas pode por em risco a perda do valor adaptativo do individuo. Pode-se admitir que os genes remanescentes em nossas populações animais atuais são aqueles que sobreviveram aos processos de seleção e limitações impostas pela seleção natural. Na medida em que a seleção artificial muda o perfil genético dos indivíduos,valorizando aqueles mais produtivos e detentores de melhores combinações genéticas, conjura-se que o processo pode implicar em perdas genéticas de combinações associadas à resistência e tolerância aos ambientes.

Seleção Natural

Enquanto a seleção natural proposta por Darwin, postula que as espécies que habitaram e habitam o nosso planeta não foram criadas independentemente, mas descendem umas das outras, ou seja, estão ligadas por laços evolutivos. Esta transformação, denominada evolução das espécies, foi apresentada e explicada satisfatoriamente por Charles Darwin, no seu tratado A origem das espécies, em 1859.

A base da evolução biológica é a existência da variedade, ou seja, as diferenças individuais entre os organismos de uma mesma espécie. Na grande maioria das vezes, os indivíduos produzem uma grande quantidade de descendentes, dos quais apenas uma parte sobrevive até a fase adulta. Assim, por exemplo, a cada ano, o salmão põe milhares de ovos, uma ave produz vários filhotes,. No entanto, as populações das espécies em um ecossistema em equilíbrio não crescem indiscriminadamente. Isto significa que os indivíduos são selecionados na natureza, de acordo com suas características. Freqüentemente menos de 10 % da prole sobrevive. Os indivíduos que apresentarem características vantajosas para a sua sobrevivência, como por exemplo, maior capacidade de conseguir alimento, maior eficiência reprodutiva, maior agilidade na fuga de predadores, têm maior chance de sobreviver até a idade reprodutiva, na qual irá passar estas características individuais vantajosas à prole. Isto ocorre porque todas as características estão imprensas nos genes do indivíduo. Este é o princípio da seleção natural de Darwin.

Darwin mostrou que a seleção natural tende a modificar as características dos indivíduos ao longo das gerações, podendo gerar o aparecimento de novas espécies.

A partir desta teoria pode-se estudar sob o aspecto evolutivo todo o parentesco entre os seres vivos da Terra, o que culminou em uma árvore genealógica da vida. Nela, os organismos unicelulares semelhantes às bactérias foram os primeiros seres vivos, surgidos a 3 bilhões de anos nos mares primitivos.

Toda a informação genética dos seres vivos está registrada no DNA, a proteína que constitui os genes e cromossomos. Durante o

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processo de reprodução, a replicação destes genes sofre alterações denominadas mutações genéticas. Quando as mutações começaram a ocorrem nos primeiros seres vivos do planeta, iniciou-se o processo de evolução, através do aparecimento das citadas variações individuais na mesma espécie. A evolução é então impulsionada pelo fenômeno da seleção natural, através das centenas de milênios do tempo geológico.

A história da evolução da vida está documentada através do registro dos fósseis encontrados pelos arqueólogos e evolucionistas.

A pressão gerada pelo ambiente sobre os seres vivos representa uma das principais causas da evolução. Ambientes naturais geralmente apresentam fatores negativos e limitantes, além de realidades difíceis como a predação e a competição. Ambientes hostis e instáveis impulsionam o processo evolutivo, uma vez que selecionam fortemente apenas a sobrevivência dos mais aptos.

Como conseqüência da pressão ambiental e da existência das mutações genéticas, a vida evoluiu e se especializou, criando toda esta gama de diferentes biomas e ecossistemas que constituem a biosfera. Só o grupo dos animais conta atualmente com mais de 1 milhão de espécies descritas. No topo da linha evolutiva, encontram-se os animais mais complexos e elaborados, os vertebrados, representando apenas 5 % do total.

Consanguinidade

Parentesco no melhoramento genético, por definição, é a existência de laço genético entre indivíduos. Indivíduos aparentados têm maiores semelhanças entre si, em comparação ao resto da população e isso ocorre por compartilharem mais genes parecidos entre si do que o resto dos indivíduos. Esses genes em questão foram herdados de seus pais, metade dos genes herdados do pai e a outra metade da mãe o que explica porque animais aparentados são parecidos e demonstram comportamentos semelhantes de produção. Além do grau de parentesco, animais da mesma raça também compartilham mais genes semelhantes do que animais de raças distintas.

Programas de melhoramento genético animal tem por objetivo fazer com que animais que apresentem superioridade em determinadas características de interesse comercial sejam selecionados, já que estes indivíduos carregam os genes que nos interessam para posterior reprodução. Geralmente esses animais superiores apresentam semelhanças produtivas, podendo também apresentar alguns genes em comum. Assim quanto maior a seleção de animais parecidos ou aparentados, maior será a fixação de alguns caracteres de interesse comercial, como exemplo caracteres raciais e caracteres produtivos. No entanto tem-se conhecimento que juntamente com estes caracteres de interesse, aumenta-se a

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incidência na população de características nada interessantes, como nascimentos de indivíduos com problemas de locomoção, problemas reprodutivos, natimortos, entre outros. Então aparecem as perguntas. Posso acasalar indivíduos aparentados? E se posso, qual o grau de parentesco? O uso de acasalamentos consangüíneos pode resultar em problemas?

Uso do Parentesco. 

A principal vantagem do uso de acasalamentos consangüíneos ou de indivíduos que mesmo a duas ou três gerações não são aparentados é a fixação de características raciais e formação de linhagens. Em contra partida como já citado anteriormente, junto com elas aparece uma maior freqüência na incidência de características indesejáveis, como o aparecimento de animais com problemas reprodutivos e diminuição de produção. Porém isto está intimamente ligado ao tamanho efetivo de um rebanho já que em rebanhos suficientemente grandes, estes problemas são de menor proporção, quando em rebanhos pequenos, pode ser um grande problema.

No entanto, no uso da consangüinidade nem tudo é ruim. Podemos exemplificar isso destacando o uso do parentesco entre dois ou mais indivíduos para podermos estimar o valor gênico de um com base na informação do parente mais próximo. Uma aplicação prática é a seguinte: deseja-se utilizar um touro como reprodutor no melhoramento genético para a característica produção de leite, entretanto a característica produção de leite não é observada em touros; logo precisa-se de um parente próximo que apresente a característica para podermos avaliar a produção deste touro com base na produção do parente, levando-se em consideração o grau de parentesco existente entre os dois. Por exemplo, a mãe deste animal produz 1000 kg/leite a mais que a média do rebanho, considerando que o touro recebeu metade de seus genes da mãe, pode-se dizer que ele tem potencial genético para produzir aproximadamente 500 kg/leite a mais que a média do rebanho. Vale ressaltar que isso não é tão simples assim, no entanto passa uma idéia do quão é importante o parentesco entre os indivíduos.

Outro exemplo prático é a semelhança entre dois animais que pertencem à mesma raça. Indivíduos de mesma raça compartilham de mais genes em comum que indivíduos de raças distintas, assim em caso de acasalamento entre estes indivíduos pertencentes à mesma raça (mesma raça porém não aparentados) resultará em uma concentração maior de genes parecidos, diminuindo a diversidade genética, e aumentando a ocorrência de determinados genes de interesse nesta população. Este aumento na concentração de alguns genes é benéfico para padronizar um rebanho, fixar características de interesse, reduzir a variabilidade (obtendo animais mais uniformes) e facilitar a observação da ocorrência de genes recessivos indesejáveis (genes que causam problema de baixa

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fertilidade, alta mortalidade, redução do vigor e do poder adaptativo dos animais, etc.).

O uso da consangüinidade também permite formar famílias distintas ou linhagens a partir do acasalamento de indivíduos mais parecidos entre si, eliminando os piores dentro de cada família. Desta forma, ocorre um maior distanciamento de famílias com características distintas, mesmo sendo esta formação realizada a partir de alguns ancestrais em comum.

Consanguinidade como ferramenta.

Muito se tem utilizado a consangüinidade como ferramenta para uniformizar o rebanho, aprimorar raças e produzir linhagens. Em suínos por exemplo, alguns trabalhos foram realizados para avaliar os efeitos da consangüinidade e assim foram desenvolvidas 146 linhagens da raça Large White, atingindo um coeficiente de consangüinidade de 40-50%, altíssimo. Das 146 linhagens, apenas 18 linhagens sobreviveram devido a razões de eliminação como: pequeno número de animais na leitegada; leitegada com baixo peso a desmama; infertilidade; morte de reprodutores; problemas de locomoção entre outras.

Já em gado de leite a consangüinidade pode exercer um efeito negativo mais intenso, reduzindo a viabilidade de bezerros, desempenho reprodutivo, crescimento, produção de leite e gordura e aumento na incidência de defeitos causados por genes recessivos, como albinismo, defeitos ou problemas metabólicos, entre outros. Para produção de leite em 305 dias de lactação, em geral existe uma redução de aproximadamente 22,7 kg de leite para cada 1% de aumento da consangüinidade. Em bovinos de corte o acasalamento de animais geneticamente mais próximos ou aparentados gera produções mais modestas quando comparados a animais não aparentados ou mestiços. Isso se deve, por exemplo, a baixa variabilidade genética dos aparentados e a heterose nos mestiços.

Respondendo portanto, às perguntas do início deste texto, destaca-se que sim, pode-se realizar acasalamentos endogamicos, no entanto quanto maior o grau de endogamia (parentesco), maiores as chances de desenvolverem problemas relacionados a este processo. Mesmo com a probabilidade de aparecimento de problemas, o acasalamento de indivíduos mais próximos geneticamente continua sendo uma excelente estratégia para fixar características, homogeneizar rebanhos e padronizar produções. No entanto estes acasalamentos devem ser criteriosamente monitorados e quando praticados devem ser restritos a populações reduzidas e rigorosamente selecionadas.

Heterose e Cruzamentos

Heterose

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Heterose é definida como sendo a diferença entre a média da característica avaliada (fenótipo) nos indivíduos oriundos do cruzamento, os mestiços, e a média desta mesma característica medida nos pais, e é calculada segundo a seguinte fórmula:

  Média dos mestiços - média dos pais

Ht = x 100média dos pais

A teoria que suporta a existência do efeito heterótico define que só haverá heterose quando houver diferença em freqüência gênica entre as raças envolvidas no cruzamento e, o efeito de dominância entre alelos não for zero. Se qualquer destas situações deixar de existir, a heterose será nula. Isto pode ser melhor entendido se considerarmos que as raças, durante o processo de formação, permaneceram geneticamente isoladas, e foram submetidas a pressões de seleção variáveis, tanto artificial, quanto natural. Este processo resultou em alguma consangüinidade, que, juntamente com a flutuação aleatória na freqüência gênica, contribuiu para a fixação de alguns homozigotos. Estes homozigotos produzidos tanto podem ser de genes com efeitos indesejáveis, quanto de genes cuja combinação heterozigótica produz resultados favoráveis.

Assim, parece muito pouco provável que as diferentes raças tenham tido os mesmos alelos indesejáveis fixados na forma homozigótica. Isto será tanto mais verdade quanto mais distantes na origem e mais separadas espacialmente forem as raças.

Desta forma, ao se cruzar raças diferentes, as progênies terão os efeitos deletérios dos genes recessivos encobertos pelos genes dominantes e maior taxa de heterozigose. De fato, resultados experimentais com gado de corte têm possibilitado a conclusão de que a heterose existe em níveis variáveis dependendo da característica, e que é maior quando o cruzamento envolve raças zebuínas com européias. Alguns resultados, principalmente, obtidos no MARC (Meat Animal Research Center - Nebraska, USA) têm sugerido ainda, que a retenção de heterose em gerações sucessivas tem sido proporcional à retenção de heterozigose para a maioria das características de importância econômica em gado de corte. Portanto, conhecendo-se a heterozigose, tem-se uma estimativa da heterose.

A heterozigose pode ser calculada por:

  Hz = Sn S m SiCj

i=1 j=1

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em que i ¹ j

Hz = heterozigose; SnS m = representa o somatório dos produtos da composição genética do pai relativa à raça "i" pela composição genética da mãe relativa à raça "j"; Si = composição genética do pai relativa à raça "i" (i = 1,2...n); Cj = composição genética da mãe relativa à raça "j" (j = 1,2...n).  

Exemplificando, suponhamos um cruzamento entre touros da raça A com vacas da raça B. Neste caso teremos:

para Si, A = 1 e B = 0para Cj, A = 0 e B = 1,

logo,Hz = (1 x 1) + (0 x 0) = 1 ou 100%

Desta forma, a progênie de tal cruzamento apresentaria 100% de heterozigose. A heterozigose para cruzamentos envolvendo maior número de raças ou envolvendo animais mestiços, apesar de mais complexos, é obtida diretamente pelo uso da fórmula.

É importante salientar, contudo, que ao se promover cruzamentos está-se não só utilizando ou procurando utilizar os benefícios da heterose, mas também, como mencionado anteriormente, combinando, nos produtos, características desejáveis das raças envolvidas. Assim, é que produtos de cruzamentos Bos taurus com Bos indicus incorporam, relativo ao Bos taurus, vantagens como maior precocidade, maior potencial de crescimento, melhor acabamento de carcaça; e com relação ao Bos indicus, maior adaptabilidade, boa habilidade materna, e maior resistência a parasitos. Características estas, que as raças puras de ambas as espécies não apresentam em conjunto.

Cruzamentos

Ao se decidir por cruzamentos, após analisar todas as variáveis, é importante conhecer o que se deseja como produto final e, qual ou quais raças possuem as características desejáveis para que possam se complementar.

Quanto às características gerais, as raças bovinas de corte podem ser divididas em quatro grandes grupos: 1) raças britânicas, 2) raças européias de grande porte ou raças continentais, 3) raças zebuínas e, 4) raças européias adaptadas a clima tropical.

Raças britânicas - representantes deste grupo, quando em ambientes propícios, expressam boa taxa de sobrevivência, apresentam taxas reprodutivas e de crescimento suficientes para produzir carcaças de ótima qualidade. Como desvantagens, pode-se mencionar que elas

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são detentoras de partos distócicos, muita gordura em altos pesos, e a taxa de crescimento é menor que aquela de raças européias continentais. Conseqüentemente, apresentam taxa de conversão alimentar menor, assim como menor peso adulto do que estas últimas. As vacas apresentam cerca de 500 a 600 kg de peso adulto, e os machos, de 800 a 900 kg.

Raças européias de grande porte - este grupo caracteriza-se pelo alto potencial de crescimento, boa conversão alimentar, altos pesos de abate e carcaça com pouca gordura. Entretanto, apresentam partos distócicos e peso adulto elevado; como resultado, são animais de grande exigência de energia para mantença. As vacas apresentam, em média, peso adulto de 700 a 800 kg, enquanto que para os machos, esta média está em torno de 1.000 a 1.200 kg.

Raças zebuínas - os representantes deste grupo comparativamente às raças européias, britânicas ou continentais, apresentam baixas taxas de crescimento, baixos índices reprodutivos, e carcaça com pouca aceitabilidade, principalmente por produzirem carne dura. Por outro lado, apresentam excelente taxa de sobrevivência, boa habilidade materna, e são tolerantes a parasitos e a altas temperaturas. As vacas adultas têm, em média, de 350 a 450 kg e os machos de 600 a 700 kg.

Raças européias adaptadas a clima tropical - neste grupo encontram-se todas as raças chamadas "crioulas" da América do Sul, existindo ainda, representantes em outros continentes. Pelo processo de seleção natural pelo qual passaram por séculos, constituem-se hoje, em animais que associam algumas características comuns a raças européias e outras, principalmente aquelas relacionadas à adaptabilidade de raças zebuínas. As vacas adultas apresentam média de peso de, aproximadamente, 350 a 450 kg e os machos de 600 a 700 kg.

Melhoramento Genético de Suínos

A carne suína é a mais consumida no mundo, visto que representa cerca de 44% de toda carne consumida.

No Brasil, o melhoramento genético de suínos iniciou-se na década de 70, com a importação de animais da Europa e da América do Norte. Foram construídas, naquela época, as Estações de Testes de Reprodutores Suínos (ETRS) pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS). O principal objetivo das ETRS era realizar o teste de desempenho dos suínos, que consistia na avaliação de machos, provindos das granjas de criadores de raça pura, quanto às características ganho de peso diário e conversão alimentar individual, dos 30 aos 100 kg, e espessura de toucinho, aos 100 kg de peso vivo. Após o encerramento dos testes, os melhores animais retornavam às

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granjas de origem ou eram comercializados pelos criadores ou destinavam-se às Centrais de Inseminação Artificial da ABCS. O grande problema era o pequena capacidade de teste dessas ETRS, o que resultava em pequena intensidade de seleção e, conseqüentemente, em baixo ganho genético. Outro problema era a questão sanitária, visto que se reuniam em uma mesma ETRS animais provenientes de diversas granjas, com diferentes status sanitário, o que colocava em dúvida a qualidade sanitária dos animais ao final do teste.

A partir da década de 80, as ETRS tornaram-se obsoletas e passou-se a dar mais ênfase ao Teste de Granja (TG), que consistia na avaliação de machos e fêmeas, no próprio rebanho em que nasciam no que se refere às características ganho de peso diário, do nascimento aos 154 dias de idade, e espessura de toucinho, aos 154 dias de idade. Nessa mesma época, grandes empresas, como Sadia e Seara, Cooperativas (Coopercentral) e Companhias de Melhoramento (Agroceres PIC) passaram a dominar o mercado de comercialização de reprodutores suínos, e os criadores independentes praticamente encerraram a atividade ou passaram a ser multiplicadores ou produtores comerciais de suínos.

Com isso, diversas adaptações foram feitas aos testes ETRS e TG; alguns programas de melhoramento passaram a adotar o teste ETRS original apenas para machos e o teste de granja para fêmeas; outros começaram a trabalhar com outras características, como, porexemplo, idade para se atingir 100 kg de peso vivo; e alguns passaram a fazer o ETRS apenas nas linhagens paternas (linhas macho). As próprias idades e pesos, para os testes ETRS e TG, ficaram bastante flexíveis, ou seja, para o ETRS, o início passou a ser dos 20 aos 25 ou dos 25 aos 30 kg e o final, dos 85 aos 90 ou dos 90 aos 100 kg; e para o TG, o final passou a ser dos 147 aos 154 ou dos 140 aos 150 dias de idade.Com os avanços genéticos obtidos nessas características, nas duas primeiras décadas, outras características passaram a ser consideradas nos programas de melhoramento. Em alguns destes programas, passou-se a acompanhar o abate dos animais e a medir características de carcaça e, conseqüentemente, utilizá-las no processo de seleção, mediante o desenvolvimento de linhas especializadas em rendimento de carne na carcaça.

Coeficientes de herdabilidade para as principais características de importância econômica

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Passou-se, ainda, a dar ênfase às características de leitegada, principalmente tamanho de leitegada, abandonando o velho jargão de que não compensava fazer seleção com base nessas características, em razão de suas baixas herdabilidades. Mais recentemente, algumas empresas de melhoramento passaram a utilizar as características de qualidade da carne em seus programas de melhoramento genético, e a perspectiva é de que as características de resistência à doença sejam o próximo alvo.

Há de se ressaltar que, com o advento das técnicas moleculares, houve grande impulso nos programas de melhoramento genético de suínos, visto que, com a utilização de marcadores moleculares, pode-se avaliar determinado animal mais cedo, não sendo necessário, por exemplo, que o indivíduo chegue à idade adulta para se obter seu dado fenotípico. Outra vantagem é para as características, cujos valores fenotípicos só podem ser obtidos em um dos sexos ou quando há necessidade de abate dos animais. Com a utilização de marcadores moleculares, podem-se obter as informações sobre determinadas características, como, por exemplo, taxa de ovulação, tamanho da leitegada, produção de leite,

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composição de carcaça ou qualidade da carne, em todos os indivíduos candidatos à seleção.

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Referências Bibliográficas

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