Meliponicultura

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    PROJETO FRONTEIRA

  • CAMPUS SO GABRIEL DA CACHOEIRA - AM Tunui Cachoeira

    REALIZAO:

    COLABORAO:

    FOMENTO:

    CRDITOS DAS FOTOS:

    Acervo Grupo de Pesquisas em Abelhas (GPA), Carlos Gustavo Nunes da Silva, Hlio Conceio Vilas-Boas, Izaura Bezerra Francini, Kemilla Sarmento Rebelo, Klilton Barbo-sa-Costa, Nelson Zilse, Rinado Sena Fernandes, Jos de Ribamar Silva Barros.

  • MELIPONICULTURANA AMAZNIA

    Gislene Almeida Carvalho-ZilseHelio Conceio Vilas BoasKlilton Barbosa da Costa

    Carlos Gustavo Nunes-SilvaMariana Trindade de Souza

    Rinaldo Sena Fernandes

  • C962 Meliponicultura na Amaznia / Gislene Almeida Carvalho-Zilse ... [et al.]. --- Manaus : [s.n.], 2012. 50 p. : il. color. Elaborao Projeto Fronteiras: Alto Rio Negro; apoio FINEP, Financiadora de Estudos e Projetos. Inclui sugestes de leitura ISBN: 1. Abelhas sem ferro. 2. Meliponicultura. I. Carvalho-Zilse, Gislene Almeida. CDD 19. ed. 595.799

  • CAROS LEITORES

    Esta cartilha fruto da demanda de comunitrios e produtores amazonenses interessados na atividade de Meliponicultura e que partici-param de projetos de pesquisa e atividades de extenso desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisas em Abelhas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amaznia. Foi escrita, propositadamente, em linguagem simples fazendo-se uso de figuras demonstrativas no intuito de fornecer explicaes no for-mato passo a passo, sobre tcnicas usadas na criao e manejo de abe-lhas indgenas sem ferro da Amaznia. Desejamos que as informaes aqui contidas possam atender as duvidas mais comuns dos criadores e motivar a profissionalizao da Me-liponicultura no Brasil.

    Os autores.

    Manaus, AM - 2012,

    C962 Meliponicultura na Amaznia / Gislene Almeida Carvalho-Zilse ... [et al.]. --- Manaus : [s.n.], 2012. 50 p. : il. color. Elaborao Projeto Fronteiras: Alto Rio Negro; apoio FINEP, Financiadora de Estudos e Projetos. Inclui sugestes de leitura ISBN: 1. Abelhas sem ferro. 2. Meliponicultura. I. Carvalho-Zilse, Gislene Almeida. CDD 19. ed. 595.799

  • DEDICATRIA

    Esta cartilha dedicada aos professores Warwick Estevam Kerr, Paulo Nogueira Neto e Pe. Jesus Santiago Moure pela contagiante dedi-cao ao conhecimento, uso e conservao das abelhas e, especialmente, pela motivao e auxilio aos criadores de abelhas indgenas sem ferro em todo o Brasil.

    Os autores.

    Da esquerda para a direita: Prof. Paulo Nogueira Neto; Prof. Jesus Santiago Moure e Prof. Warwick Estevam Kerr por ocasio do VII Encontro sobre Abelhas, Ribeiro Preto SP, Brasil, em 2006. Cortesia da foto: Dr. Bruno de Almeida Souza.

    IMPORTNCIA DAS ABELHAS

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    SUMRIOImportncia das abelhas......................................................................... 11As abelhas sem ferro............................................................................. 12A vida em sociedade............................................................................... 13Meliponicultura........................................................................................ 16Colmia-padro....................................................................................... 21Instalao do meliponrio........................................................................ 24Transferncia de colnia para caixa-padro........................................... 27Multiplicao de colmias....................................................................... 30Alimentao complementar..................................................................... 32Produtos e colheita.................................................................................. 35Pastagem meliponicola........................................................................... 40Reviso das colmias............................................................................. 42Inimigos naturais..................................................................................... 45Termos usados na meliponicultura......................................................... 50Sugestes de leitura................................................................................ 51

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    As abelhas prestam servios ambientais essenciais para a manuteno da floresta amaznica

    As abelhas nativas vivem na floresta construindo seus ninhos em ocos nos troncos das rvores ou no solo. Elas sobrevivem da floresta se alimentando de nctar e plen das flores e de gua limpa. Tambm utilizam barro, restos vegetais e resinas para construir, calafetar e defender suas colmeias.

    Ao voar de flor em flor entre as rvores e at a colmeia, as abelhas promovem servios ambientais floresta: a polinizao e a disperso de sementes.

    A polinizao possibilita que as plantas produzam sementes que daro origem a novas plantas. Estas sementes podem ainda ser transportadas, sendo assim dispersas pelas abelhas, favorecendo ainda mais o sucesso reprodutivo da planta.

    Abelha uruu visitandoflor de jurubeba

    POLINIZAO

    o transporte dos gros de plen da parte masculina (estames) de uma flor para a parte feminina (estigma) da mesma ou de outra flor.

    Abelha jupar carregandosemente de angelim

    rajado

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    outros. Muitas abelhas do grupo trigona constroem o tubo de entrada da colnia usando apenas cera, por vezes, misturada a prpolis (formando o cerume). Quanto a distribuio geogrfica, estas abelhas ocupam as regies tropicais e subtropicais do planeta e a maior diversidade de espcies est na regio amaznica. H registros de quase 200 espcies de abelhas sem ferro na Amaznia brasileira, das quais pouco se conhece a biologia e reproduo. Em consequncia disto, menos de uma dezena de espcies so utilizadas na Meliponicultura amaznica.

    As demais so abelhas que vivem em colnias pouco ou alta-mente organizadas, com os mais diversos comportamentos sociais. Dentre as abelhas eussociais, algu-mas espcies possuem ferro. No entanto, cerca de 400 espcies no possuem ferro funcional e esto reunidas num grupo denominado Meliponnios. Os Meliponnios ou abe-lhas indgenas sem ferro, didatica-mente, se dividem em dois subgru-pos: o grupo Melipona e o grupo Trigona. As meliponas so abelhas grandes (chegam a medir 1,5 cm), comumente chamadas de uru-u (que na lngua tupi significa: ira=abelha; au=grande), jandara, abelha mel-de-pau, abelha p-de--pau, uruuzinha, jandara amarela. A maioria das espcies constroem a entrada dos ninhos usando barro e prpolis, mistura denominada geoprpolis. J as abelhas do grupo tri-gona so pequenas, muito defensi-vas, algumas se enrolam nos cabe-los e plos, sendo, por isso mesmo, conhecidas como abelhas enrola cabelo, canudo, irapu, entre

    AS ABELHAS SEM FERRO

    As abelhas fazem parte da vida humana desde as civilizaes mais antigas fornecendo alimento e materiais teis ao homem. Estima-se que existam mais de 20 mil espcies de abelhas no mundo sendo em sua maio-ria abelhas solitrias, ou seja, abelhas que no formam colnias sociais.

    Abelha uruu visitandoflor de urucum

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    A VIDA EM SOCIEDADE

    As abelhas vivem em colnias ou colmeias formadas por indivduos fmeas e machos que se organizam em funes especficas para o bom desenvolvimento dessa sociedade. As fmeas se subdividem em duas castas: operrias e rainhas.

    A rainha a fmea frtil da colnia, responsvel pela postura dos ovos aps ser fecundada pelo macho (na maioria das vezes por apenas um macho). Aps vo nupcial, a rainha retorna colnia e inicia o processo de postura at o final de sua vida, cerca de dois anos. Em Meliponrios na Amaznia possvel encontrarmos rainhas fecundadas com at nove anos de idade e, ainda, em plena atividade de postura. As operrias so responsveis pela manuteno geral da colnia e no so fecundadas pelos machos. Elas trabalham na colnia realizando diferentes tarefas de acordo com a idade. Quando ainda no conseguem voar, trabalham produzindo e manipulando cera para construo de clu-las de cria e potes para armazenamento de mel e plen, ajudando a rainha na postura e realizando a limpeza interna da colnia. medida que vo

    Abelha operria

    Rainha virgem

    Rainha fecundada

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    envelhecendo iniciam os trabalhos fora da colnia em busca de nctar, p-len, gua, resina (prpolis), sementes e barro. Elas vivem cerca de 60 dias e, quase sempre, morrem durante o trabalho fora da colmia. Os machos permanecem dentro da colnia at atingirem a idade adulta (10 a 15 dias) onde alguns manipulam cera ajudando na constru-o da estrutura do ninho. Aps sarem da colnia, em geral, formam agregados de machos espera de rainhas virgens para cruzamento. Aps fecundar a rainha, o macho morre em poucas horas, pois perde parte do seu aparelho reprodutor e abdome.

    ESTRUTURA DOS NINHOS Os ninhos das abelhas indgenas sem ferro so estruturados com base em cera misturada a prpolis (cerume) e/ou barro. Em sua maio-

    Abelha operaria

    Unha simples(operria)

    Unha dupla (macho)

    Abelha macho

    Veja abaixo outras diferenas entre operria e macho que podem ser ob-servadas. Para olhar a unha vale utilizar uma lupa de aumento:

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    ria, esto alojados em cavidades existentes como ocos de rvo-res, galhos, paredes, no cho, entre outros. As entradas so caractersticas de cada espcie e, em muitos casos, so a origem dos nomes comuns que essas abelhas receberam dos indge-nas. Nas colnias, as abelhas demonstram um cuidado espe-cial com as crias, que so alo-jadas em clulas individuais de cerume (alvolos), onde se dis-pem em discos de cria (favos) circulares, sobrepostos (ou em espiral) ligados por pilastras de cerume, ou, ainda, na forma de cachos de uva ou de pitomba. Muitas vezes, os discos de cria so cobertos com lminas de ce-rume (invlucro) para melhor manuteno da temperatura. Ao redor dos discos, ficam distribudos os potes de cerume, contendo plen ou mel, podendo tambm ser encontrado gua armazenada. Geralmente, na parte inferior da colnia, h um espao reservado para o lixo. As abelhas ao coletarem nctar nas flores trazem-no dentro de um papo ou estmago de mel e o depositam nos potes dentro da colnia. A partir da, inicia-se um longo processo de desidratao desse nctar (geralmente com 80% de gua) expondo-o gota a gota ventilao produzida por outras operrias. Ao engolir, a abelha aquece o nctar e, em seguida, coloca novamente a gota para fora, permitindo a evaporao do excesso de gua at que o mel atinja cerca de 20 a 35% de gua. Durante este processo as abelhas mascam o nctar misturando enzimas salivares que fazem a transformao em mel. Quando o mel est pronto (maduro) as operrias fecham o pote onde ele est armazenado. Portanto, os potes abertos indicam que o mel ainda no foi, totalmente, processado e no deve ser colhido.

    Estrutura interna de uma colnia de Melipona interrupta (jupar)

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    Meliponicultura: a atividade de criao de abelhas indge-nas sem ferro em caixas-padro e sob manejo tcnico.

    Legislao

    As abelhas nativas podem ser exploradas por meio de tcnicas de manejo que respeitem as condies biolgicas necessrias para o seu de-senvolvimento e, ao mesmo tempo, permitem a colheita do excesso de produtos armazenados para fins de uso e comercializao. importante saber que para iniciar a atividade de Meliponicul-tura necessrio conhecer as exigncias legais para criao de animais silvestres. Especialmente trs documentos so essenciais: Portaria Ibama 117 de 15 de outubro de 1997; Resoluo Conama 346 de 06 de julho de 2004 e Instruo Normativa Ibama 169 de 20 de fevereiro de 2008. Deve--se observar ainda os Regulamentos Tcnicos de Fixao de Identidade e Qualidade dos produtos apcolas vigentes no Brasil: Instruo Normativa 11 de 20 de outubro de 2000 e Instruo Normativa n. 3, de 19 de janeiro de 2001. Como iniciar a criao de abelhas sem ferro?

    Os trs pilares que garantem o sucesso da atividade de Melipo-nicultura so: manejo, gentica e pasto meliponcola. Portanto, antes de iniciar sua criao, recomendamos que o interessado busque informaes sobre a atividade de Meliponicultura participando de um curso para ini-ciantes ou, pelo menos, consultando outros criadores, associaes ou ins-tituies que conheam as tcnicas iniciais para criao e manejo destes animais.

    A Meliponicultura deve ser praticadacomo uma atividade coletiva!

    A troca de experincias iniciais, bem comoa possibilidade de organizar-se em associaes ou

    produo em maior escala, pode ser uma boaestrategia para o fortalecimento do

    pequeno criador.

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    INICIANDO A CRIAO

    Apesar de serem abelhas dceis por no possurem ferro, os meliponnios necessitam de cuidados primordiais para seu manejo ade-quado. A primeira recomendao nunca comear a criao com muitas colnias. De preferncia, inicie com at 10 colmeias a fim de que possa conhecer as abelhas e, aos poucos, dominar as tcnicas de manejo. Esse simples cuidado inicial poder evitar prejuzos e desnimo com a atividade, alm de promover o intercmbio com criadores mais experientes.

    A escolha da espcie a ser criada Para a escolha da(s) espcie(s) adequada(s) necessrio levar em considerao algumas questes:

    Objetivo da criao: antes de escolher a espcie, deve ser defi-nida a vocao do Meliponrio, ou seja, qual o objetivo da criao, se produo de mel, de plen, de prpolis ou ainda polinizao. A espcie adequada aquela que produz o produto que se espera dela. Regio de ocorrncia da espcie: o ideal que a espcie esco-lhida para atender a vocao do Meliponrio seja nativa do local ou regio em que o Meliponrio ser instalado. Espcie com manejo conhecido: de preferncia, que esta esp-cie j seja criada de forma tcnica o que facilita sua explorao. Espcie mais produtiva: levar em considerao a capacidade produtiva da espcie quanto ao produto esperado.

    bom pensar direitinho antesde escolher a melhor espcie para o seu Me-liponrio! Para isso aconselhamos que antes de iniciar na Meliponicultura voc consulte

    centros especializados, associao de criado-res ou Meliponicultores experientes.

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    PRINCIPAIS ESPECIES CRIADAS NO AMAZONAS

    Grupo MELIPONA

    Melipona interrupta(jupar ou abelha preta)

    Melipona eburnea(uruu beio)

    Melipona lateralis(narizde-anta)

    Scaptotrigona xanthotricha(abelha canudo)

    Melipona rufiventris(uruu boca-de-ralo)

    Melipona fulva(jandara amarela)

    Melipona seminigra(uruu boca-de-renda)

    Grupo TRIGONA H diferentes espcies de abelhas do grupo das melponas criadas pelos Meliponi-cultores na rea urbana e rural das cidades do Amazonas. Cada uma apresenta uma manei-ra peculiar de construo de suas entradas, o que ajuda na identificao dessas abelhas pelos criadores. A maioria constri a entrada dos ninhos usando geoprpolis. Para as espcies do grupo das trigo-

    nas comum encontrarmos entradas de ninhos construdas com cerume. Geralmente, so entradas em forma de tubo, arejado por perfuraes ao longo de seu comprimento.

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    AQUISIO DE COLMEIAS

    Depois de definir a vocao do Meliponrio e a(s) espcie(s)

    adequada(s) que, preferencialmente, ocorram naturalmente na regio onde instalar o Meliponrio, o passo seguinte a aquisio das primeiras col-nias. Lembre-se que um princpio bsico para o sucesso na atividade evitar prejuzos com espcies trazidas de outras regies e que no sejam

    adaptadas ao clima ou as floradas disponveis na localidade e, especialmen-te, a introduo de pragas ou inimigos que danifiquem as colnias.

    Os criadores iniciantes podero adquirir suas colnias de diferen-tes maneiras:

    Comprando colnias de criadores registrados junto ao IBAMA e que realizam a multiplicao de suas colmeias;

    Resgatando ninhos em reas de desmatamento autorizadas pelo IBA-MA;

    Usando caixas iscas para atrair colnias naturais; Comprando troncos com abelheiras em madeireiras autorizadas pelo

    IBAMA.

    Para estes procedimentos, consultar a Resoluo N 346, de 06 de julho de 2004, do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e a Instruo Normativa IBAMA 169 de 20 de fevereiro de 2008 que tratam do registro do Meliponrio junto ao IBAMA e dos aspectos legais da criao.

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    MATERIAL NECESSARIO

    Os tens bsicos necessrios para manejo de colnias de abelhas sem ferro so:

    Alm destes, outros tens podem ser muito teis para o manejo e acompanhamento das colmeias:

    EsptulaColmeia-padro Fita adesiva

    Machadinha Tbua suporte Faca serreadaTorqus

    Formo

    Item Utilidade

    gua limpa Limpeza em geral

    Acar cristal Alimentao complementar

    Caneta e caderno Anotar informaes sobre as colmeias

    Porta filme fotogrfico Confeco de caa-fordeos

    Espuma em tiras Proteo contra formigas

    leo queimado (de motor), andirobaou copaba

    Proteo contra formigas, cupins, etc

    Pano limpo ou papel absorvente Limpeza em geral

    Vinagre Atrativo para as armadilhas de fordeos

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    COLMEIA-PADRO

    Recomendamos o uso de caixa de madeira padronizada, que seja, preferencialmente, vertical para imitar a posio do ninho natural que as abelhas constroem.

    Aqui, apresentaremos um modelo vertical, dividido em alas, onde cada repartio diferenciada para atender as necessidades da colnia. Esse modelo, que foi largamente testado no Meliponrio do Grupo de Pesquisas em Abelhas do Instituto Nacional de Pesquisas do INPA e em Meliponrios rurais do Amazonas, serve para espcies de abelhas melipo-nas e trigonas que constroem discos de cria sobrepostos. Neste modelo de caixa-padro, as partes articuladas permitem o manejo da colmeia com manipulao mnima dos discos, dos potes e das abelhas. Isto garante um melhor e mais rpido desenvolvimento das col-nias. As alas podem ser manejadas (adicionadas ou removidas) de acordo com o desenvolvimento da colnia ou com o interesse do meliponicultor.

    Colmeias-padro

    Meliponrio rural com caixas padronizadas

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    Por exemplo, assim que uma colnia formada, no h neces-sidade de acrescentar melgueira. Tambm se o interesse do criador for apenas multiplicar as colmeias, no h necessidade de colocar a melgueira, o que diminuir o tempo entre as multiplicaoes das colmeias. Caso o seu interesse seja produo de mel, ento a melgueira deve ser acrescentada apenas quando a colnia estiver forte e em poca de florada. A lixeira pode ser adicionada ou removida para limpeza das caixas. Vale lembrar que ela deve ser utilizada apenas em espcies de abelhas que apresentem muita umidade dentro da colnia (por exemplo, uruu boca-de-renda Melipona seminigra; uruu boca-de-ralo M. rufiventris). Outras abelhas, como a jupa-r - M. interrupta) e a canudo (Scaptotrigona xanthotricha) no tem necessidade de lixeira.

    COLMIA-PADRO (vertical com alas)

    1. Lixeira

    Colmeia-padro montada

    2. Ninho

    3. Sobreninho

    4. Melgueira

    5. Tampa

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    Este modelo de caixa-padro permite o ajuste do volume ideal para cada espcie de abelha sem ferro com a simples reduo ou aumento da largura interna das alas:

    COLMEIA-PADROlargura x comprimento x altura

    Independente da espcie de abelha a ser criada, a espessura da ma-deira para confeco da colmeia-padro deve ser de, no minimo, 2,5 cm, o que proporciona conforto trmico para as abelhas e, portanto, permite que as abelhas invistam energia na produo. importante ressaltar que a madeira utilizada para a confeco das colmeias deve ser preferencialmente adquirida de peas recicladas, uma vez que so recortadas e fica fcil conseguir material que possa ser reutilizado. Evite retirar madeira virgem para confeccionar sua colmeia. Uma outra observao importante no utilizar madeiras com cheiro for-te, como louros e outros. Da mesma forma no utilize madeira que foi tra-tada com inseticida, cupinicida ou foi pintada com tintas de cheiro forte a base de derivado de petrleo, como tinta a leo. Isso poderia retardar o crescimento ou at mesmo matar a colmeia. Aqui apresentamos as dimenses sugeridas (sem considerar a espessura de 2,5 cm de madeira em cada lado da pea) para a espcie Melipona seminigra (uruu boca-de-renda):

    Espcie Nome comum Medidas internas (em cm)largura x comprimento x altura

    Melipona interrupta jupar 1 5 X 1 5 X 7

    Melipona seminigra uruu boca-de-renda 25 X 25 X 7

    Melipona lateralis nariz-de-anta 21 X 21 X 7

    Melipona rufiventris uruu boca-de-ralo 1 5 X 1 5 X 7

    Melipona eburnea uruu beio 21 X 21 X 7

    Melipona fulva jandara amarela 1 5 X 1 5 X 7

    Scaptotrigona xanthotricha abelha canudo 25 X 25 X 5

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    TAMPA - pea de madeira de 25 X 25 cm e espessura de 2,5 cm, com duas ripas pregadas nas extremidades, que serviro de apoio no mo-mento da abertura da caixa. Uma das ripas deve ter 0,5 cm a mais que a outra, a fim de apoiar a telha de cobertura, deixando-a, ligeiramente, incli-nada para escoar gua da chuva. MELGUEIRA 20 X 20 cm (medida interna), altura de 7 cm, contendo duas pequenas tbuas horizontais na parte inferior, deixando trs aberturas, na base, como frestas de acesso entre melgueira e outras partes da caixa. SOBRENINHO 20 X 20 cm (medida interna), altura de 7 cm, com um buraco em forma de losango no centro e duas frestas laterais na base da pea, alm de um furo de ventilao (2,5 cm de dimetro) na pare-de traseira da caixa que servir para ventilao da colmeia. NINHO 20 X 20 cm (medida interna), altura de 7 cm, com uma pea de madeira 18 X 21 X 1 cm, na parte inferior, deixando em cada lado, uma fresta de 1 cm, que permitir a passagem das abelhas entre a lixeira e o ninho. Faa o furo de entrada da caixa com 1 cm de dimetro. LIXEIRA 20 X 20 cm (medida interna), altura de 1 cm, com duas ripas pregadas sob a pea, em cada uma das extremidades, que servi-ro de suportes (ps) colmeia evitando umidade embaixo da caixa.

    INSTALAO DO MELIPONRIO

    Um local de fcil acesso para facilitar o manejo; Permitir boa vigilncia a fim de evitar roubo de colmeias; Afastado de outras criaes domsticas (galinhas, porcos, gado; entre outros), pois algumas abelhas podem coletar fezes e lixo que so

    O Meliponrio deve estar localizado, preferencialmente,em zona rural, sendo importante que seja:

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    prejudiciais a sade humana; No exposto, diretamente, ao Sol e protegido de ventos fortes; As caixas no devem ser instaladas embaixo de rvores com frutos grandes, tais como: jaqueira, castanheira, etc; Ter gua limpa e disponvel para as abelhas numa distncia m-xima de 200 metros; Longe de plantaes (mais de 3.000 metros) onde se usa agro-txicos para evitar que as abelhas utilizem as flores das culturas pulveriza-das ou mesmo que o vento leve os agrotxicos para dentro das colmeias; Ter abundncia de plantas que floresam e que sejam visitadas pelas abelhas para coleta de plen e nctar (pasto meliponcola) ao longo do ano.

    Meliponrio em terra firme

    Meliponrio em rea de vrzea

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    INSTALAO DAS COLMEIAS

    As caixas podem ser instaladas em suportes individuais, com dis-tncia mnima de 1,50 m entre eles, com a devida cobertura. Os cavaletes devero possuir altura que permita ao Meliponicultor ter facilidade para fazer o manejo de sua criao (altura da cintura). As colmeias tambm podem ser alojadas em suporte coletivo (pra-teleiras), devidamente coberto, mas o Meliponicultor deve ter o cuidado de no colocar colmeias de espcies diferentes ao lado uma da outra. O melhor que cada prateleira possua apenas colmeias de uma mesma esp-cie de abelhas. As prateleiras no devem ser muito altas para no dificultar o manejo das colmeias. Tanto nos suportes individuais quanto nos suportes coletivos, as colmeias no devem estar expostas diretamente ao Sol ou chuva. Portanto, devem ser cobertas individual ou coletivamente com telhas (sem amian-to) que sejam ligeiramente maiores que as colmeias, a fim de proteger as colnias de abelhas tambm contra a incidncia direta da chuva, contra a presena de galhos das rvores que podem atingir as colnias e, desta forma, contribuindo para a durabilidade das caixas-padro.

    Suportes individuais

    Suporte coletivo

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    TRANSFERNCIA DE COLNIAPARA CAIXA-PADRO

    Quando as colnias so obtidas em cortio (tronco) ou esto em caixas rsticas (no padronizadas) estas devem ser transportadas at o lo-cal definitivo e mantidas na mesma posio em que estavam originalmente a fim de evitar perda da cria (veja seo Transporte de colmeias). Para a transferncia das abelhas e crias para a caixa-padro, siga os seguintes passos: Passo 1: Antes de iniciar a trans-ferncia de um ninho de abelhas de um cortio ou caixa rstica para uma caixa -padro, deve-se preparar todo o mate rial necessrio para o processo (veja a seo Material Necessrio). Tambm deve-se lavar as mos com gua e sabo. Ento, preparar a caixa-padro que receber a colnia de abelhas, unindo a lixeira e ninho com fita adevisa, e fechar o furo de ventilao na ala sobreninho usando tela e fita adesiva. Passo 2: Fazer a abertura do tronco ou da caixa rstica, com o m-ximo cuidado, para no danificar os dis-cos de cria. Se possvel, encontrar a rai-nha fecundada e captur-la (veja como na seo Introduo de Rainha) para, ao final do processo de transferncia, devolv-la colmeia. Passo 3: Aps abertura do cortio, o que geralmente causa o der-rame de mel, deve-se, imediatamente, cuidar dos discos de cria. Colocar algumas bolinhas de cerume no assoalho da ala ninho. Em seguida, reti-rar os discos de cria com a mo e colocar na ala ninho da nova caixa na mesma posio em que estavam no cortio. Os discos com postura nova (discos escuros) devem ser colocados sobre os discos de cria nascente (discos claros). Mas cuidado: nunca se deve transferir discos de cria que estejam abertos e vazando alimento!

    Preparao da caixa-padro

    Cortio

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    Sequncia de transferncia de material do cortio (ou caixa rstica) para caixa-padro.

    ATENO: Tomar o cuidado em deixar um espao entre os discos de cria para que as abelhas possam circular e tambm para que as novas abelhas, ao nascerem, possam sair do interior das clulas. Para isso, utilizar bolinhas de cerume e fazer pilastras entre os discos para que os mesmos no fiquem colados. Somente aps transferir todos os discos de cria que se deve proceder a transfe-rncia dos potes com mel e plen (no rachados) para a nova caixa.

    Passo 4: Depois de ter transferido os discos de cria e os potes de alimento intactos, proceder a colocao da rainha fecundada capturada sobre um disco de cria com o mximo de cuidado, evitando pegar a rainha diretamente com a mo (usar um pedao de cerume). Em seguida a col-

    mia deve ser tampada e as alas da colmeia unidas com fita adesiva.

    Para estimular a entrada das abelhas na nova morada coloque um pouco de ceru-me retirado do ninho original, na entrada da caixa-padro. Dessa forma, as abelhas reco-nhecero, pelo cheiro, o novo endereo de

    sua casa e entraro na caixa. Se possvel, a nova caixa deve ser colocada no mesmo local de onde foi retirado o ninho para capturar o mximo de abelhas campeiras. Passo 5: Aps colocar a nova colmeia no local definitivo deve-se proceder a limpeza do tronco ou caixa rstica. Para isto, as abelhas jovens, que ainda no conseguem voar, devem ser coletadas e colocadas na caixa padro (agora com abelhas).

    Cerume na entrada

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    MELIPONICULTURA NA AMAZNIA

    Em seguida, o mel e plen existen-tes no cortio podem ser coletados com au-xilio de seringa descartvel e colher limpa. Aps a colheita, o tronco ou caixa rstica devem ser lavados com gua para retirar o odor da colnia de abelhas (o que evita que as abelhas fiquem revoando sobre o local antigo) e deve ser levado para o mais longe possvel do local de origem. Coleta do mel do cortio

    TRANSPORTE DE COLMEIAS

    Se precisar transportar suas colmeias (ou ainda cortios) para outro local, deve-se tomar os seguintes cuidados:

    Passo 1: Fechar a entrada da colmeia com tela galvanizada ou de alumnio (telas plas-ticas so destruidas facilmente pelas abelhas); Passo 2: Transportar a colmeia, na mesma posio que estava, evitando solavan-cos ou queda. Caso o transporte dure mais de um dia, deve-se alimentar a colnia um dia an-tes do transporte, injetando, pela entrada da co-lnia, um pouco de xarope de gua com acar com o auxlio de uma seringa descartvel; Passo 3: A colmeia deve ser aberta somente 2 horas aps estar alojada no local definitivo para as abelhas se acalmarem e evitar grande revoada e brigas. No entanto, o ideal que a abertura seja realizada noite. Retirar a tela cuidadosamente. No retirar as telas de todas as colmeias ao mesmo tempo. Deve-se intercalar a retirada da tela entre colmeias muito proximas, e, de preferencia, deixar um intervalo de 10 em 10 minutos para retirar as telas entre uma colmeia e outra. As abelhas trabalham, desde as primeiras horas do dia, em busca de alimento na natureza. Desta maneira, o perodo ideal para transporte das colnias durante noite.

    Tela fechando entradada colmeia

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    ATENO: importante lembrar que a rainha realiza a postu-ra de um ovo sobre o alimento pre-viamente colocado dentro da clula de cria. Desta maneira, deve-se evitar, ao mximo, que as caixas ou cortios sejam inclinados, batidos ou sofram eventuais balanos para que os ovos e larvas no gorem, ou seja, que se afundem no alimento e no permita o desenvolvimento da larva.

    MULTIPLICAO DE COLMEIAS

    Para aumentar o nmero de colmeias no Meliponrio, deve-se re-alizar a multiplicao das mesmas. Este processo consiste em usar uma colmeia povoada e uma vazia e distribuir as alas ninho e sobreninho po-voados entre as duas caixas, conforme demonstrado nas figuras abaixo:

    ANTES DA MULTIPLICAOCaixa escura (com abelhas)e caixa clara (sem abelhas)

    DEPOIS DA MULTIPLICAOAlas claras (sem abelhas)

    e alas escuras (com abelhas)

    Disco de cria com clula aberta mostrando um

    ovo sobre o alimento em colnia de jupar

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    MELIPONICULTURA NA AMAZNIA

    Antes de iniciar o processo, deve-se preparar todo o material (veja seo Material Necessrio) e seguir os passos demonstrados a seguir:

    Passo 1: Preparar a nova caixa-padro que receber a colnia de abelhas, unindo a lixei ra e o ninho com fita adesiva, e fechar o furo de ventilao da ala sobreninho com tela. Passo 2: Escolher uma colnia forte (ver seo Reforo para Colnias) a ser multiplica-da (caixa me). Abrir entre as alas ninho e sobreninho com auxlio do formo. Passo 3: Verificar o estado geral da col-

    nia a ser multiplicada. Conferir se h discos de cria tanto na ala do ninho quanto do so-breninho. Condio ideal para multiplicao: cria nascente (discos mais claros), tanto no ninho quanto no sobreninho. Passo 4: Observar onde se encontra a rainha fecundada.

    Geralmente ela fica sobre os discos de cria novos (cor escura).

    Passo 5: Transferir a ala sobreninho (que deve possuir discos de

    Abertura dacaixa me

    Ninho e sobreninho com discos de cria

    Cria nova(cerume escuro)e cria nascente(cerume claro)

    No caso de abelhas do grupo Melipona, se a rainha ficar numa caixa, deve-se certificar que na outra caixa h discos de cria nascente (cor clara) para garantir o nascimento de outra rainha.

    No caso de abelhas do grupo Trigona, na caixa que ficar sem rainha deve-se conferir que h pelo menos uma rainha virgem ou uma realeira para certi-ficar o sucesso da multiplicao. Realeira na borda do disco em

    colnia de abelha canudo.

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    cria nascente) e a melgueira (se houver) da caixa povoada para caixa vazia, ou seja, colocar a ala sobreninho povoada sobre a ala ninho vazia. Passo 6: Colocar a ala sobreninho da nova caixa (vazia) sobre a ala ninho da caixa povoada. Passo 7: Unir todas as alas das caixas com fita adesiva para evitar a entrada de inimigos naturais. Passo 8: Alojar a caixa recm formada filha (sem rainha) no local de origem da caixa me que foi multiplicada, para receber as abelhas campeiras. Passo 9: Levar a caixa me a uma distncia mnima de 10 metros do local de origem.

    Colmeias me e filhaColmeia filha(recm formada) Colmeia me

    ALIMENTAO COMPLEMENTAR

    Como a Meliponicultura deve ser considerada uma atividade da pecuria, importante fornecer alimentao complementar para que as colnias se mantenham bem e cheguem fortes at a prxima florada. Nesse momento, devemos aliment-las com um complemento que ir suprir essa falta, momentnea, de alimento.

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    Devemos considerar dois tipos de alimentao:

    1 Alimentao complementar de subsistncia

    a alimentao a base de xarope (gua e acar) para manter as colmeias no periodo de baixa ou ausncia de florada. O preparo do ali-mento de subsistncia consiste em colocar um litro de gua na panela para aquecer. Quando comear a fazer bolhas acrescentar um kilo de acar. Desligar o fogo. Mexer a mistura at dissolver completamente o acar. A mistura deve ser resfriada at a temperatura ambiente. Caso o alimento no seja totalmente utilizado ele pode ser guar-dado no congelador da geladeira, para ser utilizado na alimentao seguinte. No se recomenda guardar o alimento artificial por mais de dois dias na condio de geladeira, pois ocorre a fermentao deste alimento. Experincias nos mostram que a mistura do alimento artificial pode permanecer vivel por meses, se armazenado em freezer. Basta retir-lo e, aps 2 horas, ser fornecido as abelhas.

    ATENO: As colnias devem ser alimentadas quinzenalmente em quantidade a ser consumida em 2 dias (cerca de 80 mL ou dois copinhos plsticos para caf). Qualquer tipo de alimentao complementar deve ser interrompida pelo menos 90 dias antes do inicio da proxima florada para colheita de mel. IMPORTANTE: Suplementos vitamnicos podem ser usados desde que no contenham hormnios na sua formulao.

    2 - Alimentao complementar estimulante

    a alimentao a base de xarope (gua, acar) enriqueci-do com plen da prpria espcie para que as colmeias aumentem a postura e cheguem populosas proxima florada.

    Alimentao desubsistncia:

    Deve ser iniciada cerca de um ms aps a ltima colheita de mel e ser con-tinuada at 120 dias antes

    da alta florada.

    Alimentao estimulante:

    Deve ser iniciada 120 dias antes da alta florada e encerrada 90 dias

    antes da proxima alta florada.

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    Para isto, prepare normalmente o alimento de subsistncia. Aps o aucar estar dissolvido, acrescente uma colher (sopa) de polen e mexa at dissolver completamente. Este alimento no deve ser guardado por mais de 2 dias em geladeira ou freezer.

    Como fornecer o alimentos abelhas?

    Para fornecer o alimento complementar utilizar alimentadores externos acoplados colmeia, ou ali-mentador interno confeccionado com copinhos descartveis de caf ou de iogurte, tomando o cuidado de no deixar que as abelhas se afoguem no xarope. Para isso, coloque dentro do alimentador um pedao de cerume ou gravetos para as abelhas se apoiarem e no se afogarem. Despeje o alimen-to at a metade do recipiente e introduza-o no sobreninho ou melgueira da caixa.

    Alimentador interno

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    PRODUTOS E COLHEITA

    As abelhas sem ferro processam diferentes materias primas co-letadas na natureza para gerar produtos a serem utilizados na construo de suas colnias e na alimentao. Das flores elas coletam nctar e plen, processando-os para produzir o mel e o plen apcola, respectivamente. Elas tambem podem fazer mel a partir de secrees no florais. De resinas vegetais elas processam o geoprpolis, aglutinando secrees salivares e barro. As abelhas tambm produzem cera a partir da secreo de suas glandulas cerigenas, no precisando de materia prima vegetal, mas sim de uma boa alimentao e sendo ainda jovens. As abelhas sem ferro produ-zem ainda a gelia real que adicionada ao alimento larval (mel + plen + gelia real) a ser provisionado pelas abelhas adultas na celula de cria para as larvas comerem.

    importante lembrar que, dife-rentemente de Apis mellifera (a abelha africanizada, com ferro), as abelhas sem ferro separam as crias (dispostas em dis-cos ou favos) dos depsitos de alimento (potes de cerume para armazenamento de mel e polen, e em alguns casos, gua). Para obter mel ou plen, o Melipo-nicultor precisa selecionar suas melhores

    Do nctar das flores (ou secrees extraflorais)

    elas fabricam o mel.

    Do plen das floreselas produzemplen apcola

    Organizao interna de uma colnia de Melipona seminigra

    com as crias ao centro e potes com mel ou plen ao redor

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    colnias e reserv-las para a produo, no podendo mais multiplic-las. Aps encerrar a alimentao estimulante (ver seo Alimentao Com-plementar), o Meliponicultor deve acrescentar uma ala melgueira s suas colmeias escolhidas para produo.

    QUANDO E COMO COLHER MEL?

    O mel comumente colhido aps a florada. No entanto, pode ser colhido mesmo durante a florada se a melgueira estiver cheia de mel. Isso depende da disponibilidade do Meliponicultor e do custo/beneficio para a colheita e armazenamento do mel. Uma estrategia para aproveitar melhor a florada a colocao de uma 2 ala melgueira nas colmeias que j encheram a 1 melgueira.

    A 2 melgueira deve ser colocada entre a ala sobreninho e a 1 melguei-ra. Esse procedimento faz com que as abelhas preencham a melgueira vazia. Quando a 2 melgueira colocada sobre a 1 melgueira j cheia, comum as abe-lhas isolarem esta melgueira vazia recm introduzida (tampando as frestas do seu assoalho com geoprpolis). Deve ser colhido apenas o mel contido nas melgueiras. O mel que as abelhas armazenam nas alas ninho e so-breninho deve ser deixado para alimen-tao da colmeia. O mel no deve ser manipulado

    diretamente com as mos. Portanto, recomenda-se o uso de luvas, msca-ra e touca descartveis e jaleco limpo, para evitar contaminao. A colheita deve ser realizada com auxlio de uma seringa descart-vel ou bomba de suco porttil. O mel no deve ser colhido diretamente na colmeia em campo,

    Indumentria para colheita

    de mel

    Melgueiras com potes de mel(abertos e fechados)

    IMPORTANTE:S deve ser colhido mel de

    potes fechados.

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    pois pode cair restos vegetais ou animais sobre os potes de mel abertos. Tambm a abertura prolongada da colmia atrai predadores e gera briga e saques entre as abelhas, o que pode enfraquecer demasiadamente a popu-lao de abelhas.

    O mel deve ser co-lhido em ambiente hi-gienizado e sobre uma bancada. No entanto, nem sempre o melipo-nicultor tem tal estrutu-ra para a colheita. Uma alternativa o uso de uma cabana telada. Para colher o mel, faa um orifcio nos po-

    tes com uma esptula (faca) higieni-zada e, com a seringa ou bomba de suco, retire todo o mel dos potes e deposite-o em um recipiente limpo e esterilizado.

    HIGIENIZAO DOS UTENSLIOS PARA COLETA:

    Todos os utenslios a serem utilizados para colheita devem ser pre-viamente higienizados (inclusive as embalagens para mel ou plen). Para isso lave-os com sabo neutro e enxgue abundantemente. Em seguida, lave com soluo de hipoclorito de sdio ou gua sanitria (5%). Enxgue em gua corrente e deixe secar em local limpo.

    Cabana telada paracolheita de mel e plen

    Bomba de suco Seringa descartvel

    LEMBRE-SE: Antes de iniciar a colheita deve-se lavar as mos e unhas com sabo

    neutro e escova, sob gua corrente.

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    IMPORTANTE: no recomendado que o mel seja colhido espremen-do-se os potes com as mos ou ainda que os potes sejam furados e a melgueira invertida para que o mel escorra pelas paredes ou assoalho da caixa. Isto pode levar a contaminao e fermentao do mel por contato com impurezas e conse-quente perda da qualidade do produto.

    Deve-se estar atento as condies ideais para conservao da qua-lidade do mel. Assim, aps a colheita, o mel deve ser imediatamente res-friado (em geladeira ou numa caixa de isopor com gelo). Se permanecer em temperatura ambiente o mel comea a estragar em funo do alto teor de umidade. Recomendamos que o mel seja levado a uma sala previamente hi-gienizada onde possa ser submetido ao processo de desumidificao com auxilio de um desumidificador de ar e ar condicionado.

    O mel deve ser desumidificado at atingir 20% de umidade, con-forme estabelecido pelo Regulamento Tecnico de Fixao de Identidade e Qualidade do Mel da Legislao Brasileira. Aps este procedimento, o mel deve ser envasado nos recipientes previamente higienizados, podendo ser embalagens de vidro ou plastico atxico, de preferncia que tenham boca larga para facilitar seu uso. A embalagem no deve ser fechada imediata-mente mas sim algumas horas depois do envase de maneira a permitir a liberao de bolhas de ar que possam ter se formado. O mel deve ento ser estocado em local arejado e no deve ficar exposto a luz. A rotulagem deve seguir as normas brasileiras em vigor.

    Desumidificador e termohigrmetro usadosdurante a desumidificao do mel.

    LEMBRE-SE:O mel um alimento rico em acar, por-tanto, pode se cristalizar naturalmente e, especialmente, em baixas temperaturas.

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    QUANDO E COMO COLHER PLEN?

    Da mesma forma que o mel, o plen deve ser colhido durante ou aps a florada dependendo da disponibilidade do Meliponicultor e do custo/beneficio para a colheita e armazenamento do plen. Assim como para colheita do mel, todo material a ser utilizado na colheita do plen deve ser previa-mente higienizado (seguir as mesmas instrues recomendadas para colhei-ta de mel). Tambm, o plen no deve ser colhido diretamente na colmeia em campo. Pode-se usar a mesma cabana sugerida para colheita de mel. O plen no deve ser manipu-lado diretamente com as mos. Aqui tambem necessario o uso de luvas e touca descartaveis, alm de jaleco limpo. Recomenda-se que os potes com plen sejam abertos com auxilio de faca, e coletado com espatula. No en-tanto, esta coleta pode ser facilitada abrindo-se os potes com as proprias mos usando luvas.

    O plen um alimento rico em proteinas, amino-cidos e outros nutrientes. Ele designado como Plen Apicola quando coletado em sua forma original e Plen Apicola Desidratado quando desidratado at atingir 4% de umidade e em temperatura

    menor que 42C, conforme Regulamento Tcnico para Fixao de Iden-tidade e Qualidade de Plen Apcola. Portanto, para sua desumidificao recomendamos o uso do desumidificador e ar condicionado. Para envase do plen so recomendados os mesmos tipos de em-balagens usadas para mel. Aps ser coletado, desumidificado e envasado, o plen deve ser mantido em local arejado ao abrigo da luz. Os rotulos das embalagens para polen tambm devem atender as exigncias normativas brasileiras em vigor.

    Indumentria paracolheita de plen

    Colheita de plen

    Melgueira com potes de plen

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    PASTAGEM MELIPONICOLA

    As matrias-primas (nctar e plen) para os alimentos que as abe-lhas consomem so retiradas da natureza (flores). Elas podem ser suficien-tes ou no, dependendo do potencial da florada ou poca do ano (pero-do chuvoso ou seco). Assim, torna-se muito importante plantar espcies vegetais que componham uma pastagem que fornea alimento s abelhas (pasto meliponcola) pela maior parte do ano.

    Reforamos o cuidado na escolha do local para implantao do Melipon-rio que deve estar proximo do pasto me-liponcola.

    A capacidade de vo das abelhas para forrageamento variavel. A distncia ideal que devemos considerar para abelhas do grupo Melipona de 500 a 1000 metros, enquanto que para abelhas do grupo Trigona de 200 a 500 metros. Portanto, a rea de pastagem para as abelhas deve atender a estas distncias ao redor do Meliponrio. Uma estratgia para aumentar o alcane das abelhas pela rea de pastagem a distribuio das colmeias na rea ao invs do confinamento. No entanto, deve-se estar atento s possiveis implicaes desta estratgia tais como: possibilidade de roubo das colmeias, custo de transporte/deslocamento, aumento do tempo de trabalho, etc. Outro aspecto que merece ateno a saturao do pasto melipo-ncola, ou seja, se h mais colmeias que pasto disponvel. Devemos con-siderar pelo menos 100 rvores/arbustos para cada colmeia. No entanto, isto pode ser variavel de acordo com a espcie de abelha criada e as esp-cies vegetais disponveis. A observao da diminuio do armazenamento de alimento e da postura em vrias colmeias simultaneamente um forte indicativo de saturao de pasto meliponcola.

    LEMBRE-SE: Nem todas as flores so visitadas pelas abelhas ou forne-cem nctar e plen simultaneamente! Para formar o pasto meliponcola

    importante conhecer as plantas que as abelhas utilizam e o que elas fornecem:

    nctar, plen e/ou resina.

    Abelha forrageando

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    LISTA DE PLANTAS MELIPONICOLAS(para abelhas sem ferro amaznicas)

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    REVISO DAS COLMEIAS

    Assim como qualquer outra criao animal, as colmeias devem ser revisadas, periodicamente (a cada 15 dias) para limpeza, retirada de inimi-gos, colocao de leo nos suportes, etc. Veja, a seguir, alguns cuidados durante a reviso das colmeias:

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    REFORO PARA COLNIAS

    O Meliponicultor deve estar sempre atento ao bom desenvolvi-mento de suas colmeias. Apesar das diferentes especies apresentarem di-ferentes tamanhos e numero de abelhas, possivel identificar se a colnia est em bom estado de desenvolvimento ou no. Para isto deve-se olhar o estado do cerume do involucro (bri-lhante), a constante movimentao de abelhas na entrada, rainha em postura, discos bem forma-dos e presena de potes de alimento. Este estado geral indica que uma colnia forte. No entanto, devido a escassez de florada, ataque de inimigos ou mesmo ma-nejo inadequado, as colnias podem se tor-nar fracas. Assim, deve-se tentar reforar as colmeias pois, colnias fortes, com muitas abelhas campeiras e postura, possibilita me-lhor defesa da colnia e maior produo. O que fazer se por algum outro motivo a colnia necessite de abelhas cam-peiras, discos de cria, abelhas novas ou rai-nha? Pode-se fornecer reforo de campeiras trocando de lugar a caixa fraca com uma colnia da mesma espcie que tenha boa movimentao de abelhas na entrada. Se est faltando abelhas jovens ou discos de cria nascente, deve--se coletar disco de cria nascente (cor clara) de uma colnia forte e in-troduzir na colnia enfraquecida. Sempre importante capturar algumas

    Colmeias fortes

    Colmeia fraca

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    abelhas novas (que ainda no voam) e introduzir na col-nia fraca. Tambm possivel realizar a troca de rainha fecundada a fim de melhorar a condi-o geral da col-nia, quando a rainha antiga j estiver muito velha (asas desgastadas). Para isto, veja as instrues na seo Introduo de Rainhas.

    INTRODUO DE RAINHAS

    A introduao de rainhas pode ser util em algumas situaes como colnias orfs, seleo gentica ou substituio de rainhas de baixa produ-tividade. Com a seleo de rainhas o Meliponicultor poder alcanar uma melhor produtividade de mel ou plen. Isso pode ser realizado trocando--se rainhas produtivas com outros criadores ou mesmo substituindo rai-nhas ruins por rainhas produtivas entre as colmeias do prprio Melipon-rio.

    COMO CAPTURAR A RAINHA

    Para capturar a rai-nha deve-se utilizar um pedao de ce-rume evitando usar as mos pois isto altera o cheiro da rainha e pode levar a sua rejeio pelas operrias.

    Tubo de cera alveolada para capturar rainha.

    Discos para reforo

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    Sugerimos que a rainha deva ser co-locada em um pe-queno tubo de cera alveolada ou num recipiente com tela (pode ser um por-ta filme fotogrfico aberto nas duas ex-

    tremidades). Deve-se fechar uma das extremidades do tubo com uma pe-quena camada de cerume (da colnia onde a rainha dever ser introduzida) lambuzado com mel e na outra extremidade fechar com tela (veja fotos). Introduzir o recipiente contendo a rainha na caixa que dever receber a nova rainha. A rainha no deve ser libertada diretamente na nova colnia pois pode ser eliminada imediatamente pelas operrias. O tubo contendo a rai-nha deve ser colocado prximo aos discos de cria com postura e a rainha ser libertada pelas prprias operrias.

    Etapas da introduo de rainha fecundada.

    INIMIGOS NATURAIS

    Como todo ser na natureza tem seus predadores naturais, no se-ria diferente com as abelhas sem ferro. Um dos maiores predadores das nossas abelhas nativas o prprio homem, que indiscriminadamente destri as florestas com queimadas e, como conseqncia, elimina as rvo-res cujos ocos abrigam as abelhas e cujas flores lhes fornecem alimentos. Quanto aos inimigos naturais, propriamente ditos, podemos dizer Meliponrio.

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    que eles existem para manter um certo equilbrio das espcies, no chegando a prejudicar as abelhas na natureza. Porm, aos reunir varias colnias em Meliponrios, alguns animais podem se tornar preju-diciais, por isso o Meliponicultor deve estar atento a sapos, largatixas, aranhas, pssaros, macacos, iraras e, principalmente, a formigas, forde-os e abelha-limo. Estes animais tentam invadir as colnias ou ficam espreita na entrada. Apesar de no possurem ferro, as abelhas indigenas possuem excelentes estratgias de defesa, como, por exemplo, camuflar a entrada da colnia.

    ESTRATGIAS DE DEFESA

    Muitas espcies mantm um exrcito de abelhas-guarda na entrada de suas colnias. Outras fazem revoadas em grande nmero de individuos ao redor do agressor, mordiscando e se enrolando no cabelo. H aquelas que usam seu prprio corpo e suas cabeas para impedir a entrada de um invasor. Tem ainda a estrategia de armazenar bolinhas de geoproplis para tampar a entrada da colmeia num momento de invaso, como o caso da uruu boca-de-renda. Mesmo com estas eficazes estratgias, o acmulo de varias col-meias num unico local, facilita as tentativas dos inimigos e, por isso, o Meliponicultor pode ajudar as abelhas usando algumas tcnicas.

    Abelhas guarda em abelha

    canudo

    Bolinhas de geoprpolisem uruu

    boca-de-renda

    Cabeasbloqueando

    a entrada (jupar)

    Defensividadede uruu

    boca-de-renda

    Entrada camuflada decolnia de jupar.

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    TCNICAS PARA CONTROLE DE INIMIGOS

    FORMIGAS

    As formigas so atradas para as colmeias em bus-ca de mel. Elas podem ainda atacar e matar as lar-vas, abelhas e rainha. Portanto, o Meliponicultor deve cuidar para no deixar restos de mel nas fer-ramentas, no suporte ou em qualquer parte externa da colmeia. Sempre que o Meliponicultor observar formigas no Meliponrio deve elimin-las. O cuidado comea nos suportes de instala-o das colmeias. Uma espuma embebida em leo queimado (de motor) ou leo de andiroba ou copa-ba deve ser enrolada no p do suporte individual ou coletivo evitando as formigas e cupins. O Meliponicultor pode tambm construir uma estrutura de cimento ao redor dos ps do suporte

    para armazenar o leo. Ainda, possvel usar um suporte em tubo PVC, preenchido com cimento at quase a borda para permitir a colocao do leo embaixo de uma cruzeta de ferro sobre a qual se colocar a colmeia.

    Espuma com leo

    Proteo contra formiga: leo ao redor do p do suporte

    Cavalete em tubo PVC contendo leo

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    FORDEOS Os fordeos so moscas peque-nas e ligeiras que invadem as colmeias pela entrada, frestas ou mesmo durante o manejo pelo Meliponicultor. Elas de-positam seus ovos em potes de plen ou sobre o alimento em clulas de cria ainda abertas. Quando eclodem, suas larvas so vorazes em comer plen, mel e fezes das abelhas. Essas larvas cres-cem, infestando e at destruindo toda a colnia. Quando o Meliponicultor ob-servar a presena de alguns forideos voando dentro da colmeia ele deve fazer uso da tela Barreto, colocando--a sobre a colmeia (no lugar da tampa) e soprando para espantar os forideos. Imediatamente deve esmagar os foride-os com a mo, entre a tela e a madeira da caixa. Esse procedimento deve ser re-petido duas a trs vezes ao dia e por mais de um dia, at eliminar todos os forideos. Se a infestao estiver muito intensa ele pode inserir uma armadilha caa-fordeo usando isca de vinagre. A armadilha caa-fordeos con-siste num porta filme fotogrfico com um pequeno furo na tampa onde colocado um canudinho (tipo para re-frigerante) no orifcio da tampa da ar-madilha a fim de permitir a entrada do fordeo e dificultar sua sada. Em seguida, acrescenta vinagre (at 1 cm de altura) como atrativo. Os fordeos que entrarem na armadilha acabam se afogando no vinagre. No reco-mendvel o uso preventivo de armadilha caa-fordeos pois o vinagre um atrativo para fordeos. Assim, se no houver forideos na colmeia, eles sero atrados pelo cheiro intenso do vinagre no caa-fordeos.

    Armadilhas caa-fordeos

    Tela Barreto

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    MELIPONICULTURA NA AMAZNIA

    ABELHA LIMO

    As abelhas limo so abelhas ladras que no produzem mel mas atacam outras colnias de abelhas para roubar mel, plen e cera. Quando espremida entre os dedos exala um cheiro forte parecido limo, da o seu nome. A primeira providencia ao ver uma colmeia sendo invadida por abelhas limo fechar a entrada da colnia atacada com um pedao de tela. Em seguida, o Meliponicultor deve ir matando manualmente as abe-lhas ladras que forem chegando at que no chegue mais abelhas. A colmeia atacada deve permanecer fechada at o dia seguinte e s ento ser reaberta pelo Meliponicultor. Isto, se no houver mais ameaa de abelhas ladras chegando. As abelhas invasoras retornaro para suas col-nias de origem e devido ao odor da caixa que invadiram sero considera-das inimigas provocando brigas e destruio da colnia de abelhas limo. De qualquer maneira, o Meliponicultor deve tentar localizar o ni-nho de abelhas ladras e extermin-lo para evitar futuros prejuzos.

    ATENO: No usar nenhum tipo de inseticida para matar formigas, cupins, fordeos ou abelha limo pois as abelhas tambm so insetos e podem ser exterminadas.

    Entrada de colnia de abelha limo

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    TERMOS UTILIZADOSNA MELIPONICULTURA

    Batume ou geoprpolis: mistura de resina vegetal, barro, saliva das abelhas e, as vezes, restos vegetais ou sementes, em diferentes propores, usada na construo e calafetao das colmeiasCerume: mistura de cera produzida pelas abelhas e resina vegetal, usada na construo da estrutura da colmia (potes, discos, tubo de entrada, etc) Colnia ou colmeia: conjunto de abelhas que vivem em sociedade com diviso de trabalho num mesmo ninho. comum usar o termo colmeiapara designar tambm a caixa de madeira onde se cria as abelhas. Disco de cria nascente: disco de cria contendo abelhas em fase de pupa que esto a poucos dias de nascer. O alimento j foi consumido pelas abelhas e se observa fezes no fundo do alvolo. O disco tem colorao clara pois as abelhas adultas j rasparam quase todo o cerume da construo inicial da clula. Geralmente ha clulas vazias no centro do disco indicando que houve nascimento de algumas abelhas. Disco de cria nova: disco de cor escura, recm construdo com cerume, onde se encontram abelhas em fase de ovo ou larva sobre alimento larval. Geralmente ha clulas em construo vazias na borda do disco. Meliponrio: local de criao ou conjunto de colmeias de abelhas sem ferro Meliponicultor: criador das abelhas sem ferro Nctar: substncia aquosa, rica em aucares, secretada pelas plantas. a matria prima a ser processada pelas abelhas para produo de mel Plen apcola: conjunto de pequenos gros produzidos pelas flores (so os elementos reprodutores masculinos da flor), rico em protenas, aglutinado por secrees salivares das abelhas e utilizado na alimentao das mesmas Polinizao: transporte de gros de plen de um flor para outra Rainha virgem: rainha recm emergida, muito gil, de cor brilhante e que ainda no realizou o vo nupcial. Portanto, seu abdome ainda noest desenvolvido.Rainha fecundada ou fisogstrica: rainha que j realizou o vo nupcial, e est fecundada. Tem seu abdome desenvolvido e realiza postura.

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    SUGESTES DE LEITURA

    Alves, R.M.O.; Souza, B.A.; Carvalho, C.A.L.; Justina, G.D. 2005. Custo de produo de mel: uma proposta para abelhas africanizadas e meliponneos. Serie Meliponicultura N2, UFB/SEAGRI-BA, 14p.

    Bustamante, N.C.R.; Costa, K.B.; Carvalho-Zilse, G.A.; Fraxe, T.J.P.; Hara, F.A.S.; Medeiros, C.M. 208. Conhecer para conservar: manejo de abelhas indgenas sem ferro em Manaus. Coleo Conhecendo a Amaznia. Instituto I-Piatam, Manaus-AM. 48p.

    Carvalho, C.A.L.; Alves, R.M.O.; Souza, B.A. 2003. Criao de abelhas sem ferro: aspectos prticos. Serie Meliponicultura N1, UFB/SEAGRI-BA, 42p.

    Carvalho, C.A.L.; Souza, B.A.; Sodr, G.S.; Marchini, L.C.; Alves, R.M.O. 2005. Mel de abelhas sem ferro: contribuio para a caracterizao fisico-quimica. Serie Meliponicultura N4, UFB/SEAGRI-BA, 32p.

    Carvalho-Zilse, G. A.; Nunes-Silva, C. G.; Zilse, N.; Silva, A. C.; Boas, H. C. V.;Laray, J. P. B.; Freire, D. C. B.; Kerr, W. E. 2005. Criao de abelhas sem ferro. Iniciativas Promissoras 2: Projeto Manejo dos Recursos Naturais da Vrzea. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis-ProVrzea/IBAMA. Braslia: Edies IBAMA. 27p.

    Fonseca, A.A.O.; Sodr, G.S.; Carvalho, C.A.L.; Alves, R.M.O.; Souza, B.A.; Silva, S.M.P.C.; Oliveira, G.A.; Machado, C.S.; Clarton, S. 2006. Qua-lidade do mel de abelhas sem ferro: uma proposta para boas prticas de fabricao. Serie Meliponicultura N5, UFRB/SECTI-FAPESB-BA, 70p.

    Kerr, W.E. 1996. Biologia e manejo da tiba: A abelha do Maranho. Ed. EDUFMA. So Lus MA. 156p.

    Kerr, W.E.; Carvalho, G.A.; Nascimento. 1996. Abelha uruu: biologia, conser-vao e manejo. Ed. Fund. Acanga. Paracatu MG. 142p.

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    AT

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    Nogueira-Neto, Paulo. 1997. Vida e criao de abelhas indgenas sem ferro. Editora Nogueirapis. So Paulo SP, 446p.

    Venturieri, G.C. 2004. Criao de abelhas indgenas sem ferro. Embrapa, Be-lm-PA. 36p.

    Venturieri, G.C.; Oliveira, P.S.; Vasconcelos, M.A.M.; Mattietto, R.A. 2007. Caracterizao, colheita, conservao e embalagem de mis de abelhas indgenas sem ferro. Embrapa, Belm-PA.51p.

    Waldschmidt, A.M.; Costa, P.S.C. 2007. Criao de abelhas nativas sem ferro: uruu, mandaaia, jata e ira. Srie Apicultura UESB/CPT/UFV, Viosa--MG. 200p.