MEMBRANAS COMPOSTAS DE POLIURETANO PARA FRACIONAMENTO DE...

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MEMBRANAS COMPOSTAS DE POLIURETANO PARA FRACIONAMENTO DE MISTURAS BENZENO/HEXANO POR PERVAPORAÇÃO Laís de Oliveira Ramos Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Engenharia Química, COPPE, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia Química. Orientador: Alberto Claudio Habert Rio de Janeiro Março de 2012

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MEMBRANAS COMPOSTAS DE POLIURETANO PARA FRACIONAMENTO DE

MISTURAS BENZENO/HEXANO POR PERVAPORAÇÃO

Laís de Oliveira Ramos

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-graduação em Engenharia

Química, COPPE, da Universidade Federal do

Rio de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de Mestre em

Engenharia Química.

Orientador: Alberto Claudio Habert

Rio de Janeiro

Março de 2012

MEMBRANAS COMPOSTAS DE POLIURETANO PARA FRACIONAMENTO

DE MISTURAS BENZENO/HEXANO POR PERVAPORAÇÃO

Laís de Oliveira Ramos

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO

LUIZ COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA

(COPPE) DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE

DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA QUÍMICA.

Examinada por:

________________________________________________

Prof. Alberto Claudio Habert, Ph.D.

________________________________________________ Prof. Cristiano Piacsek Borges, D.Sc.

________________________________________________ Dr. Valnei Smarçaro Cunha, D.Sc.

________________________________________________ Dr. Carlos Alberto de Araújo Monteiro, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO DE 2012

iii

Ramos, Laís de Oliveira

Membranas compostas de poliuretano para

fracionamento de misturas benzeno/hexano por

pervaporação/ Laís de Oliveira Ramos. – Rio de Janeiro:

UFRJ/COPPE, 2012.

X,102 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Alberto Claudio Habert

Dissertação (mestrado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de

Engenharia Química, 2012.

Referências Bibliográficas: p. 87-96.

1. Membranas compostas. 2. Poliuretano. 3.

Pervaporação. I. Habert, Alberto Claudio. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia

Química. III. Título.

iv

“Para aprender a sabedoria e o ensino; para entender as palavras de inteligência;

para obter o ensino do bom proceder, a justiça, o juízo e a equidade; para dar aos

simples prudência e aos jovens, conhecimento e bom siso. Ouça o sábio e cresça em

prudência; e o instruído adquira habilidade para entender provérbios e parábolas, as

palavras e enigmas dos sábios. O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os

loucos desprezam a sabedoria e o ensino.”

Provérbios 1:2-7

v

A Deus, meu amigo e mestre de todas as horas.

Aos meus pais, Neuma e Roberto, e a minha irmã Sheila pelo apoio incondicional.

vi

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus por ter me sustentado durante todo esse tempo

e, mesmo quando todas as circunstâncias diziam que não, Ele sempre falava em meu

coração que tudo eu poderia realizar, pois era Ele quem me fortalecia.

A toda minha família, em especial aos meus pais, Neuma e Roberto, por me

apoiarem sempre e não medirem esforços pra tornar meus sonhos possíveis; a minha

irmã e meu cunhado, Sheila e Everaldo, pelo amor, pela paciência, pela motivação e

pela cumplicidade de sempre. Amo muito vocês.

Ao meu orientador, Alberto Claudio Habert, por todos os ensinamentos, pelas

longas conversas e principalmente por ter acreditado em mim. Mais que um professor,

ele tornou-se um amigo.

A toda equipe do laboratório PAM, pela ajuda inestimável, pelos ensinamentos e

pelos bons momentos. Aos amigos Jader, Joel, Aline (a melhor IC de todos os tempos!),

Sandrinha, Mari, Beth, Bob (nenhuma tese do PAM seria concluída sem você!) e Felipe

que me ajudaram diretamente na realização deste trabalho. Agradeço a minha amiga

Catia pelas conversas e pelo incentivo. Em especial, agradeço a Liliane Pollo pela

contribuição irrefutável para conclusão deste trabalho, pela orientação nos mais

variados assuntos e pela amizade.

À turma de mestrado PEQ/2010, por tornar esses dois anos mais agradáveis e

mostrar que, entre um ponto experimental e outro, ainda é possível se divertir. Aos

meus amigos Luiz, Rodrigo e Thiago; obrigada por estarem sempre por perto quando

precisei... cada um de vocês teve uma contribuição muito singular e especial na minha

vida nesse período, seja com uma palavra de incentivo, compartilhando bons momentos

ou com longas conversas nas horas difíceis. Tenho certeza de que tudo teria sido muito

mais difícil sem vocês.

A todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste meu projeto.

A CAPES pela bolsa de mestrado.

vii

Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

MEMBRANAS COMPOSTAS DE POLIURETANO PARA FRACIONAMENTO DE

MISTURAS BENZENO/HEXANO POR PERVAPORAÇÃO

Laís de Oliveira Ramos

Março/2012

Orientador: Alberto Claudio Habert

Programa: Engenharia Química

No presente trabalho foram fabricadas membranas compostas nas formas plana e

de fibra oca com espessura de pele variando de 1,0 a 17,5 µm. Em ambos os casos, a

camada seletiva era composta de poliuretano e o suporte microporoso de poli(fluoreto

de vinilideno). Avaliou-se o desempenho das membranas na pervaporação de misturas

de benzeno e n-hexano. Para as membranas planas, foi avaliado o efeito da

concentração de alimentação variando de 10% m/m a 90% m/m, gerando fluxo

permeado na faixa de 0,31 a 4,58 kg/m²h e seletividade entre 8,1 e 2,8. O aumento da

temperatura resultou em um aumento no fluxo permeado e na redução da seletividade.

Foram produzidas membranas planas híbridas de poliuretano e β -ciclodextrina e

observou-se uma melhora no desempenho da pervaporação gerando um fluxo permeado

normalizado (J10) de 0,09 kg/m²h e seletividade de 9,9 para uma alimentação de 8,4%

m/m de benzeno. A pervaporação utilizando o módulo de fibras ocas gerou fluxo

permeado de 0,12 kg/m²h e seletividade de 8,4. Os resultados apresentados mostraram

que as membranas compostas permitem a obtenção de fluxos permeados mais elevados

graças à redução de espessura, mantendo a seletividade inerente do poliuretano. A

utilização de fibras ocas mostra-se como uma alternativa promissora para a melhora do

desempenho do processo de pervaporação na separação de misturas orgânicas.

viii

Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

POLYURETHANE COMPOSITE MEMBRANES

FOR FRACTIONATION OF BENZENE/HEXANE MIXTURES

BY PERVAPORATION

Laís de Oliveira Ramos

March/2012

Advisor: Alberto Claudio Habert

Department: Chemical Engineering

In this work, composite membranes were manufactured in flat and hollow fibers

geometries with skin thickness in a range of 1.0 µm to 17.5 µm. In both cases, the

selective layer was composed of polyurethane and the microporous support of poly

(vinylidene fluoride). The membranes performance was evaluated through

pervaporation of mixed benzene and n-hexane. For flat membranes, the effect of feed

concentration was evaluated in a range of 10 to 90 wt% resulting in permeate flow from

0.31 to 4.58 kg/m²h and selectivity from 8.1 to 2.8. Concerning non-isothermal

experiments, increasing temperature resulted in higher permeate flow and lower

selectivity. Hybrid polyurethane/β-cyclodextrin flat membranes were also prepared.

These last membranes showed better pervaporation performance, with a normalized

permeate flow of 0.09 kg/m²h and selectivity of 9.9, for an 8.4wt% of benzene. A

module of hollow fiber membranes generated a permeate flow of 0.12 kg/m²h and

selectivity of 8.4. The results showed that the composite membranes provided higher

permeated flows due to the reduced skin thickness, keeping the inherent selectivity of

polyurethane. The use of hollow fiber shows itself as a promising alternative in

improving the performance of pervaporation process.

ix

Sumário

1. Introdução ....................................................................................................................... 1

1.1. Contextualização e justificativa ........................................................................................ 1

1.2. Objetivos .......................................................................................................................... 4

1.3. Organização da dissertação ............................................................................................. 4

2. Revisão bibliográfica e fundamentos teóricos ............................................................... 6

2.1. Fundamentos dos processos de separação com membranas ......................................... 6

2.2. Membranas poliméricas ................................................................................................... 8

2.2.1. Técnicas de preparo de membranas poliméricas .................................................... 11

2.2.1.1. Inversão de fases ..................................................................................................... 11

2.2.1.1.1. Mecanismo de separação líquido-líquido e transferência de massa ................ 13

2.2.1.2. Recobrimento .......................................................................................................... 17

2.3. Módulos de membranas ................................................................................................ 17

2.4. Pervaporação ................................................................................................................. 18

2.4.1. Descrição do processo de pervaporação ................................................................. 20

2.4.2. Aplicações da pervaporação .................................................................................... 24

2.5. Separação de líquidos orgânicos por pervaporação ...................................................... 25

2.5.1. Separação de solventes polares e apolares ............................................................. 28

2.5.2. Separação de isômeros ............................................................................................ 29

2.5.3. Separação de aromático/alifático ........................................................................... 29

2.5.3.1. Membranas híbridas: polímero-ciclodextrina ......................................................... 33

3. Materiais e métodos ..................................................................................................... 36

3.1. Fabricação de filmes densos e de membranas compostas ............................................ 36

3.1.1. Materiais .................................................................................................................. 36

3.1.2. Preparo dos filmes poliméricos e das membranas compostas ............................... 37

3.1.2.1. Fabricação de filmes densos por evaporação total do solvente ............................. 38

3.1.2.2. Fabricação de membranas planas por espalhamento seguido de imersão-precipitação ............................................................................................................. 38

3.1.2.3. Recobrimento de suporte ........................................................................................ 40

3.2. Caracterização de membranas ....................................................................................... 41

3.2.1. Solubilidade ............................................................................................................. 41

3.2.2. Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) ................. 41

3.2.3. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ........................................................... 42

3.2.4. Medidas de permeabilidade .................................................................................... 42

x

3.3. Pervaporação ................................................................................................................. 43

3.3.1. Sistema de pervaporação ........................................................................................ 45

3.3.2. Operação da unidade de pervaporação para membranas planas .......................... 47

3.3.3. Operação da unidade de pervaporação para fibras ocas ........................................ 49

3.4. Análise cromatográfica .................................................................................................. 50

4. Resultados e discussão .................................................................................................. 52

4.1. Fabricação de suportes microporosos e de filmes densos ............................................ 52

4.1.1. Seleção do suporte microporoso ............................................................................. 52

4.1.2. Fabricação e caracterização de filmes densos ......................................................... 53

4.1.2.1. Filmes densos contendo β-ciclodextrina ................................................................. 54

4.2. Fabricação e caracterização de membranas planas compostas .................................... 59

4.2.1. Membranas planas compostas com suporte de PES e camada seletiva de PU ...... 59

4.2.1.1. Espalhamento simultâneo com uma frente de precipitação .................................. 60

4.2.1.2. Espalhamento simultâneo com duas frentes de precipitação ................................ 64

4.2.2. Membranas planas compostas com suporte de Nylon e PVDF ............................... 68

4.2.3. Resumo e avaliação dos resultados de síntese de membranas .............................. 71

4.3. Fabricação e caracterização de fibras ocas compostas.................................................. 73

4.4. Pervaporação de misturas benzeno e n-hexano ............................................................ 75

4.4.1. Pervaporação com membranas planas compostas ................................................. 75

4.4.1.1. Efeito da concentração sobre o desempenho da pervaporação ............................. 75

4.4.1.2. Efeito da temperatura sobre o desempenho da pervaporação .............................. 79

4.4.1.3. Pervaporação com membranas híbridas de PU e β-ciclodextrina .......................... 81

4.4.2. Pervaporação com fibras ocas compostas .............................................................. 82

5. Conclusões e sugestões ................................................................................................. 84

5.1. Conclusões ..................................................................................................................... 84

5.2. Sugestões ....................................................................................................................... 85

Referências bibliográficas .................................................................................................... 87

Apêndice A ........................................................................................................................... 97

Apêndice B .......................................................................................................................... 100

Apêndice C .......................................................................................................................... 101

1. Introdução

1.1. Contextualização e justificativa

Os processos de separação, concentração e purificação atualmente utilizados na

indústria química e petroquímica são processos que demandam grande quantidade de

energia. Além disso, o rigor das normas ambientais exige cada vez maior especificidade

dos processos utilizados no tratamento de rejeitos industriais. Os Processos de

Separação com Membranas (PSM) surgem como uma possível solução a estas

deficiências industriais, pois demandam menos energia que os processos convencionais,

em muitos casos têm maior seletividade na separação, são de operação relativamente

simples e permitem conveniente ampliação de escala.

Os PSM ganharam um lugar importante nos processos de separação, possuindo

uma ampla gama de aplicações. A propriedade chave que é explorada nesses processos

é a capacidade de controlar a taxa de permeação de uma espécie química através de uma

membrana; em termos práticos, o objetivo é permitir que um componente de uma

mistura permeie mais facilmente a membrana, enquanto a permeação de outros

componentes é dificultada (BAKER, 2004).

Por definição membrana é uma barreira que separa duas fases e restringe o

transporte de várias espécies químicas de uma maneira bastante específica; além disso,

ela pode ser classificada de acordo com sua composição química como homogênea ou

heterogênea, conforme sua morfologia como simétrica ou assimétrica, pode ser sólida

ou líquida e eletricamente neutra ou não (PORTER, 1990).

Os estudos sistemáticos sobre membranas começaram no século XVIII, porém a

primeira aplicação significativa foi ao término da segunda guerra mundial em 1945,

quando foram desenvolvidos filtros para a produção de água potável; mais tarde esta

tecnologia viria a ser explorada e desenvolvia pela Millipore Corporation, a primeira e

maior produtora de membranas de microfiltração dos EUA (BAKER, 2004). Da década

de 60 o desenvolvimento de membranas assimétricas por LOEB e SOURIRAJAM

(1962) incentivou o estudo dos PSM, porém estes ainda eram considerados pouco

competitivos e confiáveis tendo em vista apresentarem problemas como baixa

seletividade, alto custo e baixo fluxo permeado (MULDER e SMOLDERS, 1984). No

1  

entanto investimentos em pesquisa e desenvolvimento permitiram avanços nesta

tecnologia tornando os processos de separação com membranas mais comuns.

A pervaporação (PV) tem sido conhecida pelo mundo científico desde o início

do século XX quando em 1906, KAHLENBERG (1906) relatou algumas observações

qualitativas sobre o transporte seletivo de misturas de hidrocarbonetos e álcoois através

de filmes de borracha. Desde então outros trabalhos foram desenvolvidos, até que em

1942 foi publicada a primeira pesquisa de pervaporação no Brasil (FONSECA, 1942).

Mais tarde, ao término da década de 60, atividades sistemáticas de pesquisa foram

iniciadas com a criação do Laboratório de Permeação através de Membranas (PAM),

vinculada ao Programa de Engenharia da COPPE/UFRJ (HABERT, 1971; LEITÃO e

SANTOS, 1972 e 1973).

No processo de pervaporação, uma mistura líquida é posta em contato com uma

membrana polimérica densa e, devido a um gradiente de potencial químico, ocorre o

transporte seletivo de componentes que são recolhidos em fase vapor à jusante da

membrana. Por se tratar de uma membrana densa, o mecanismo de transporte é sorção-

difusão; desta forma o enriquecimento do permeado em determinado componente está

intrinsecamente relacionado à afinidade deste pelo polímero (sorção) e à mobilidade

permitida no interior da matriz polimérica (difusão).

A separação de misturas orgânicas é um dos problemas industriais para o qual

tem se buscado soluções mais satisfatórias visto que a separação de componentes com

características físico-químicas semelhantes exige processos altamente dispendiosos e,

muitas das vezes, pouco eficientes. Mais especificamente, a separação de

hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos é de extrema importância em diversos processos

de refinarias e petroquímicas, como por exemplo a reforma catalítica da nafta, produção

de ciclo-hexano e remoção de compostos sulfurosos da gasolina (BRIISCHKE, 1995;

HAMID e ALI, 1996; WHITE e WILDEMUTH, 2006, LIN et al, 2009). Os processos

convencionais como destilação e extração líquido-líquido são processos altamente

dispendiosos em termos de consumo energético, além de serem pouco eficientes para

esse tipo de separação quando a concentração de aromáticos na corrente de alimentação

é menor que 20% (MEIDERSMA et al, 2005; WHITE, 2006; VILLALUENGA e

MOHAMMADI, 2000). A pervaporação é um dos PSM que se inserem bem neste

contexto, representando uma boa alternativa para a separação de líquidos orgânicos com

composição azeotrópica ou pontos de ebulição próximos. Como vantagem, o processo

2  

de pervaporação apresenta melhor desempenho em baixas concentrações além da

redução do consumo de energia se comparado a processos convencionais (NAKATANI

et al, 1991).

Apesar do grande interesse na separação de líquidos orgânicos, principalmente

para a produção de solventes com baixa concentração de aromáticos, ainda são

necessárias pesquisas para o desenvolvimento de membranas adequadas para a

pervaporação, com alto desempenho em termos de fluxo e seletividade (CUNHA et al,

2002) e para o desenvolvimento de módulos mais adequados a realidade industrial.

Assim como nos demais PSM que utilizam membranas densas, a busca por novos

materiais tem sido um dos principais focos de estudo no processo de pervaporação.

Existem três tipos de membranas usadas em pervaporação, são elas: membranas

hidrofílicas, membranas hidrofóbicas e membranas organofílicas (LI et al, 2008). No

presente trabalho utilizou-se uma membrana de poliuretano, considerada uma

membrana organofílica por ser capaz de separar solventes orgânicos entre si.

O grande desafio é desenvolver membranas de pervaporação que sejam

altamente seletivas e permeáveis, mas também robustas e estáveis para aplicações

industriais. Apesar de um dos fatores determinantes para garantir a seletividade consistir

na interação entre o material polimérico da membrana e os componentes da mistura a

ser separada, a eficiência do processo de pervaporação pode ser consideravelmente

melhorada em termos de fluxo pelo uso de membranas compostas (ULBRICHT e

SCHWARZ, 1997). Nestas membranas é possível obter camadas densas com espessuras

reduzidas depositadas sobre um suporte microporoso, aumentando o fluxo permeado e

mantendo-se a seletividade e a resistência mecânica. Algumas formas de se produzir

estes tipos de membranas são abordadas na literatura tais como laminação de filme,

revestimento de polímero, polimerização de cura ou enxerto de radiação (HIROTSU,

1991; ZHANG e DRIOLI, 1995), além da foto-polimerização (PARTHASARATHY et

al, 1994).

A seletividade da pervaporação pode ser esquematicamente decomposta em duas

partes: seletividade por sorção (αS) e a seletividade difusiva (αD). Segundo CHEM et al

(1985), αS constitui a principal contribuição da seletividade quando se trata do

fracionamento de líquidos orgânicos, tendo em vista que αD é considerada muito baixa,

a julgar pelo tamanho molecular dos penetrantes. No entanto, quando o polímero

utilizado na síntese da membrana é um polímero vítreo, αD apresenta valores mais

3  

expressivos. Quando há afinidade excessiva entre o polímero e um componente ocorre

um significativo inchaço das membranas resultando em perda de seletividade e de

resistência mecânica (TANIHARA et al, 1995). Este tem sido uma dos principais

desafios encontrados nesta linha de pesquisa.

1.2. Objetivos

Esta dissertação foi desenvolvida no Laboratório de Processos com Membranas

e Polímeros (PAM) do PEQ/COPPE/UFRJ e está inserida na linha de pesquisa de

síntese de membranas aplicáveis ao processo de pervaporação. Desta forma, esta

dissertação dá continuidade às dissertações de mestrado (CUNHA, 1997) e doutorado

(CUNHA, 2001) desenvolvidas no PAM que utilizaram filmes poliméricos densos a

base de poliuretano para separação de líquidos orgânicos. Mais especificamente o

objetivo deste trabalho é o desenvolvimento de membranas compostas com camada

seletiva de poliuretano, aplicadas a separação de benzeno e n-hexano por pervaporação.

Pretende-se melhorar o desempenho do processo de pervaporação aliando-se o alto

fluxo permeado, decorrente do uso de membranas compostas com camadas seletivas de

espessuras reduzidas, à seletividade a compostos aromáticos, característica do

poliuretano.

1.3. Organização da dissertação

Esta dissertação está dividida em cinco capítulos, sendo o primeiro uma

introdução sobre os processos de separação com membranas, contendo um breve

histórico e um resumo sobre o uso de membranas na pervaporação.

O segundo capítulo apresenta os fundamentos teóricos dos PSM e do processo

de pervaporação. Além disso, é apresentada também a revisão bibliográfica com o

estado da arte do processo de pervaporação e sua aplicação na separação de líquidos

orgânicos, mais especificamente na separação de compostos aromáticos e alifáticos.

No terceiro capítulo constam todos os materiais e metodologias utilizados nos

experimentos e no quarto capítulo os resultados obtidos são apresentados, discutidos e

comparados com dados da literatura.

4  

Finalmente, o Capítulo 5 expõe as conclusões alcançadas através da análise dos

experimentos e algumas sugestões para trabalhos futuros. Nos apêndices são expostos

os dados gerados durante a realização deste trabalho (gráficos e tabelas).

5  

2. Revisão bibliográfica e fundamentos teóricos

2.1. Fundamentos dos processos de separação com membranas

Os processos de separação, concentração e purificação constituem etapas vitais

para a maioria das indústrias químicas e petroquímicas. Considerando a grande

diversidade de processos existentes, é necessário que haja um critério de escolha dos

processos de separação a fim de otimizar o desempenho e garantir o lucro dessas

indústrias; alguns desses critérios são:

• Eficiência - seletividade

- produtividade

• Custo operacional minimização de consumo energético

• Impacto ambiental geração mínima de resíduos

• Viabilidade econômica

• Propriedades dos componentes a serem separados

Considerando estes critérios, pode-se situar os processos de separação com

membranas como sendo processos energeticamente favoráveis; ambientalmente mais

adequados, pois podem operar em condições brandas de pressão e temperatura; são

processos de fácil escalonamento por serem utilizados equipamentos modulares; podem

ser combinados com outros processos de separação convencionais e podem ser

ajustadas para diversos tipos de aplicação. A Figura 2.1 representa de forma

simplificada os PSM sendo Qa, Qp e Qc as vazões das correntes de alimentação,

permeado e concentrado respectivamente, e Ca, Cp e Cc suas respectivas concentrações.

Figura 2.1: Representação esquemática do PSM

6  

O fluxo permeado (equação 2.1) é um parâmetro de desempenho normalmente

utilizado nos PSM e expressa de forma quantitativa o rendimento da operação. Ele é

calculado pela razão entre a massa permeada através da membrana e o produto da área

de permeação com o tempo de operação. A seletividade, o fator de separação, o

coeficiente de rejeição e o grau de recuperação são parâmetros que expressam a

qualidade do permeado (equações 2.2, 2.3, 2.4, 2.5).

2.1 ,⁄⁄ 2.2 2.3

, ,

, 2.4 2.5

JP – fluxo permeado (kg/m2h)

mP – massa permeada (kg)

Am – área de membrana disponível para permeação (m2)

top - tempo de operação (h)

i, j – componentes

αi,j – seletividade

βi – fator de separação

x – fração mássica dos componentes na alimentação

y – fração mássica dos componentes no permeado

R – coeficiente de rejeição

CA,i – concentração do componente i na corrente de alimentação

CP,i – concentração do componente i na corrente de permeado

GR – grau de recuperação

QP – vazão da corrente de permeado (kg/h)

QA – vazão da corrente de alimentação (kg/h)

7  

A escolha do PSM adequado deve ser feita considerando-se as características

dos componentes e as propriedades que serão exploradas para se promover a separação.

A Tabela 2.1 lista de forma simplificada esta correlação.

Tabela 2.1: Diferença de propriedades dos componentes de uma mistura que define a

aplicação de alguns PSM

Propriedade dos componentes PSM

Tamanho molecular Microfiltração, Diálise, Ultrafiltração

Pressão de vapor Pervaporação

Afinidade (solubilidade) Pervaporação, Permeação Gasosa,

Osmose Inversa

Carga elétrica Eletrodiálise

2.2. Membranas poliméricas

RAUTENBACH (1989) define membrana como uma barreira seletiva ao

transporte de matéria e energia entre duas fases. Uma definição complementar seria a

apresentada pelos autores HABERT, BORGES e NOBREGA (2006) que definem

membrana como uma barreira entre duas fases e que, em presença de um gradiente de

potencial, permite a passagem das espécies presentes com velocidades distintas.

Alguns fatores podem ser apontados como prioritários na escolha da membrana,

são eles: seletividade, permeabilidade, estabilidade mecânica, estabilidade térmica,

resistência química, hidrofobicidade e custo (MALDONADO, 1991). Desta forma é de

se esperar que o bom desempenho dos PSM esteja intrinsecamente relacionado ao

material da membrana e sua morfologia.

As membranas utilizadas são normalmente membranas sintéticas, produzidas a

partir de um polímero ou material inorgânico. De modo geral a morfologia dessas

membranas pode ser classificada em dois grandes grupos: isotrópicas, que possuem

características morfológicas constantes ao longo da espessura, e anisotrópicas, que tem

8  

morfologia variável ao longo da espessura (HABERT, BORGES e NOBREGA, 2006).

Estes grupos ainda podem ser subdivididos em membranas porosas e membranas

densas, integrais e compostas. Na Figura 2.2 são representadas de forma simplificada as

diversas morfologias de membranas sintéticas.

Figura 2.2: Representação da seção transversal dos diferentes tipos de morfologia de

membranas sintéticas (HABERT, BORGES e NOBREGA, 2006).

O mecanismo de transporte de materiais depende diretamente da estrutura da

membrana. Para membranas porosas o transporte é dito convectivo e se dá

predominantemente por exclusão de tamanho. Já para as membranas densas o transporte

é difusivo, passando pelas etapas de sorção e difusão.

Em processos que utilizam membranas densas, a escolha do material da

membrana é de suma importância, isto porque nesses casos não basta apenas ser

resistente mecânica e quimicamente, é necessário também que haja afinidade entre o

material da membrana e o componente a ser permeado. Essa afinidade refere-se à

solubilidade do componente no polímero e pode ser expressa em termos do parâmetro

binário de interação de Flory-Huggins (equações 2.6 e 2.7), sendo que quanto mais

próximo estiver do valor de 0,5, maior a afinidade entre o componente e o polímero.

9  

1ln

12.6

⁄∑ ⁄ 2.7

– parâmetro binário de interação de Flory-Huggins

– Fração volumétrica do componente na mistura

x – fração mássica

ρ – densidade

i – penetrante

j – polímero

k – componente (1-penetrante, 2-polímero)

Um fenômeno que é usualmente observado nos PSM que utilizam membranas

densas é a plastificação do polímero. Conforme afirmou-se anteriormente, é importante

que haja a interação entre polímero e penetrante, porém o excesso de afinidade faz com

que ocorra uma incorporação deste componente dentro da matriz polimérica

(inchamento) aumentando a mobilidade segmental das cadeias de polímero e

modificando as propriedades mecânicas e a permeabilidade da membrana. Quando isso

ocorre, o componente que originalmente ficava retido passa a ter maior facilidade para

permear a matriz polimérica (acoplamento de fluxos), mesmo tendo baixa afinidade.

Desta forma observa-se a competição dos seguintes efeitos antagônicos: o aumento do

fluxo gerado pela maior afinidade polímero-penetrante e a redução da seletividade,

gerada pelo inchamento. A reticulação do polímero é uma das maneiras de prevenir o

efeito da plastificação, porém existem técnicas de preparo de membrana que ajudam a

restringir o inchamento do polímero.

A operação dos PSM depende da aplicação de uma força motriz e, nos casos dos

processos que utilizam membranas densas, o mecanismo de transporte é a sorção-

difusão. A etapa de sorção é uma etapa termodinâmica que ocorre na superfície da

membrana e está intimamente relacionada à afinidade entre penetrante e polímero. A

etapa de difusão é uma etapa cinética e refere-se à mobilidade dos componentes no

interior da matriz polimérica. Existem diversos modelos, mecanicistas e

10  

fenomenológicos, que descrevem bem a etapa de difusão; porém devido à grande

complexidade do sistema de pervaporação, os modelos fenomenológicos são quase que

exclusivamente utilizados (CUNHA, 1997). A lei de Fick, por exemplo, é um modelo

simples que descreve bem a etapa difusiva do processo de transferência de massa; de

modo geral ela utiliza uma constante de proporcionalidade, a difusividade, para

descrever a relação entre o fluxo permeado e a força motriz, potencial químico (µ),

permitindo ainda a expressão deste em termos de gradiente de concentração (ΔC) ou de

pressão (ΔP).

2.2.1. Técnicas de preparo de membranas poliméricas

A morfologia da membrana polimérica está diretamente relacionada à técnica de

preparo da mesma. As principais técnicas são: a sinterização, estiramento, irradiação,

inversão de fases, extrusão de polímero fundido e recobrimento de suporte poroso.

Como neste trabalho foram utilizadas as técnicas de inversão de fases e de

recobrimento, estas serão mais detalhadas.

2.2.1.1. Inversão de fases

A maioria das membranas poliméricas comercialmente disponíveis é produzida

pela técnica de inversão de fases (HABERT, BORGES e NOBREGA, 2006). Esta

técnica consiste na indução da separação de fases em uma solução polimérica

homogênea, sendo esta indução promovida por uma mudança de temperatura, pela

imersão da solução polimérica em um banho de não solvente ou pela exposição a uma

atmosfera de não solvente (ou inerte) (NUNES e PEINEMANN, 2001). Em termos

termodinâmicos pode-se dizer que o objetivo é modificar a condição de equilíbrio do

sistema polímero/solvente através da desestabilização do mesmo, passando por um

estado de supersaturação até alcançar a nova condição de equilíbrio com o polímero já

precipitado. No estado de supersaturação ocorre a separação da solução polimérica em

duas fases líquidas, sendo a fase mais concentrada em polímero a precursora da

estrutura da membrana e fase menos concentrada responsável pela formação dos poros

(HABERT, BORGES e NOBREGA, 2006).

11  

No processo de indução térmica, o preparo da solução polimérica se dá em altas

temperaturas e em seguida é resfriada. Durante a redução de temperatura, a solução

pode tornar-se instável, iniciando o processo de separação de fases (HABERT,

BORGES e NOBREGA, 2006). Frequentemente, neste caso a membrana formada é

microporosa isotrópica (NUNES e PEINEMANN, 2001).

A utilização de um banho de não solvente permite gerar membranas

anisotrópicas densas ou porosas. Nesta técnica, também conhecida como precipitação

por imersão, a instabilidade da solução polimérica é causada pela imersão da mesma em

um banho de não solvente seguido do processo de transferência de massa entre a

solução e o banho devido ao gradiente de potencial químico. Desta forma inicia-se o

fluxo difusivo dos componentes de baixa massa molar e, dependendo da relação entre

estes fluxos, diferentes morfologias de membrana serão geradas.

A última técnica de indução citada refere-se à precipitação devido à exposição

da solução a uma atmosfera de não solvente ou a uma atmosfera inerte. O processo de

separação de fases está diretamente relacionado à volatilidade do solvente de modo que

à medida que este evapora, o sistema polímero/solvente torna-se instável e mais

concentrado em polímero até que ocorra a precipitação devido à presença do não

solvente. Esta técnica também é chamada de precipitação por evaporação total do

solvente.

A morfologia obtida nas membranas geradas pelo processo de inversão de fases

está intrinsecamente relacionada ao mecanismo de transferência de massa. O diagrama

de fases ternário de um sistema polimérico permitiria uma análise preliminar das regiões

de equilíbrio, do mecanismo de separação e da morfologia final da membrana. No

entanto, devido à complexidade inerente ao processo de inversão de fases e aos diversos

fenômenos de transporte envolvidos, não é possível obter diagramas ternários para

todos os sistemas estudados.

12  

2.2.1.1.1. Mecanismo de separação líquido-líquido e transferência de

massa

Através de uma análise termodinâmica do processo de inversão de fases, é

possível descrever os mecanismos responsáveis pela formação de membrana através da

equação 2.8.

∆ . ∆ ∆ 2.8

Onde: ΔGm – variação da energia livre de Gibbs de mistura

T – temperatura

ΔSm – variação da entropia de mistura

ΔHm – variação da entalpia de mistura

Sabendo-se que a obtenção de um ΔGm mínimo é um critério de estabilidade

termodinâmico, é possível estabelecer duas premissas que permitirão ou não a separação

de fases em um sistema polimérico. São elas:

a) Se a separação de fases conduzir o sistema a um (ΔGm)2f menor que o (ΔGm)1f de

um sistema homogêneo, haverá separação de fases;

(ΔGm)2f (ΔGm)1f (2.9)

b) A segunda derivada do (ΔGm) deve ser positiva.

, ,0 2.10

Desta forma é possível construir gráficos que relacionem estas propriedades à

fração volumétrica de mistura, de modo a estabelecer três regiões distintas de

estabilidade que darão origem a diferentes morfologias de membrana (Figura 2.3).

13  

Figura 2.3: (a) Variação da energia livre de Gibbs (a) e propriedade parcial molar do

potencial químico (b) para um sistema polimérico parcialmente miscível. φp é a fração

volumétrica de polímero (CARVALHO, 2005)

Na Figura 2.3, os pontos A, B e C representam pontos de mínimo, tangente e

pontos de inflexão respectivamente, e delimitam as regiões de estabilidade. Antes de A1

e depois de A2 encontra-se a região na qual há apenas uma fase presente; note que os

critérios estabelecidos pelas equações 2.9 e 2.10 indicam que nestas condições não

ocorre separação de fases. As regiões entre B1 e C1 e entre C2 e B2 são ditas

metaestáveis e levam à separação do sistema polimérico em uma fase rica em polímero

e uma fase pobre em polímero; neste caso ocorre a formação de membrana pelo

mecanismo de nucleação e crescimento, gerando uma morfologia com poros em forma

de células fechadas. Finalmente, entre os pontos C1 e C2 encontra-se a região dita

instável, na qual há separação de fases, porém não há formação de núcleos; o

mecanismo de formação é espinodal e gera uma membrana com poros interconectados.

Ainda na Figura 2.3 é possível observar que os pontos A1 e A2 representam

composições de equilíbrio na separação de fases, com ΔGm mínimo e igualdade de

potencial químico. Além disso, a reta tangente à curva de ΔGm nestes pontos, chamados

pontos binodais, é uma linha de amarração do sistema e permite conhecer a composição

das fases em equilíbrio. Os mecanismos de formação de membrana são apresentados

mais claramente do diagrama de fases ternário (Figura 2.4) onde cada vértice representa

14  

um componente puro e P, S e NS representam polímero, solvente e não solvente,

respectivamente. No diagrama estão representadas as curvas binodal e espinodal, entre

as quais o mecanismo de formação é nucleação e crescimento e a composição pode ser

obtida por uma linha de amarração.

Figura 2.4: Esquema simplificado dos possíveis caminhos cinéticos do diagrama

ternário (CARVALHO, 2005)

Partindo-se de uma solução polimérica com concentração conhecida, há pelo

menos quatro caminhos possíveis até atingir a nova condição de equilíbrio, a depender

da composição inicial e do fluxo dos componentes de baixa massa molar.

Na Figura 2.4, a solução inicial pode seguir o caminho até o ponto A e a

membrana será formada pelo mecanismo de separação por nucleação e crescimento, no

qual ocorre a formação de núcleos na fase pobre em polímero e, devido aos gradiente de

potencial químico, inicia-se o processo de transferência de massa entre a fase mais

concentrada e menos concentrada. À medida que a concentração de polímero aumenta

em uma das fases, o sistema é conduzido à região de efeitos viscosos e, ao atingi-la,

ocorre a precipitação. Note que o ponto A situa-se na região metaestável, entre a curva

binodal e espinodal.

15  

No mecanismo de separação espinodal, a solução é levada diretamente à região

de instabilidade e a precipitação ocorre de forma instantânea, sem a formação de

núcleos (PEISINO, 2009). Os poros formados são altamente interconectados (ponto B).

Existe ainda a possibilidade de a solução passar direto para a região de efeitos viscosos

(ponto C). Neste caso, não há separação de fases e ocorre a formação de uma membrana

densa (isotrópica ou anisotrópica).

Os pontos A, B e C são casos onde a região de separação de fases foi atingida

acima do ponto crítico (ponto de interseção entre as curvas binodal e espinodal),

representado no diagrama por Cr. Quando a solução percorre um caminho abaixo de Cr

(ponto D), a fase a ser nucleada é a fase rica em polímero e resulta na formação de um

látex ao invés da formação de uma membrana (DUARTE, 2003).

Existem situações onde a utilização de um aditivo na solução polimérica é

necessária, a fim de modificar as características morfológicas na membrana obtida.

Entretanto, a presença de um quarto componente promove mudanças nas interações

entre os componentes da solução alterando as características de separação de fases do

sistema. Nesses casos, pode-se representar o sistema por um diagrama de fases

quaternário, porém, devido à complexidade do mesmo, frequentemente utiliza-se um

diagrama pseudo-ternário, onde polímero e aditivo são considerados como um único

componente (PEISINO, 2009; DUARTE, 2003).

O fluxo de componentes de baixa massa molar, solvente e não solvente, depende

da interação entre os componentes presentes no diagrama ternário. A boa interação entre

solvente e não solvente é favorável ao processo de precipitação, pois nestes casos há um

aumento da região de instabilidade e a presença de polímero na fase menos concentrada

torna-se menos expressiva (PEISINO, 2009). Deve haver interação entre polímero e

solvente para que ocorra a formação da solução polimérica, todavia sua estabilidade

deve ser suficientemente sensível às mudanças de composição causada pela presença do

não solvente. A interação polímero e não solvente deve ser baixa a fim de promover a

rápida separação de fases e consequente precipitação polimérica.

16  

2.2.1.2. Recobrimento

A técnica de recobrimento é relativamente mais simples se comparada à inversão

de fases. Nesta técnica um suporte microporoso obtido comercialmente ou sintetizado

em laboratório é recoberto com uma solução polimérica que dará origem à pele densa da

membrana anisotrópica final. A formação da camada seletiva se dá por evaporação total

do solvente e pode ser feita com exposição direta ao ambiente ou em atmosfera inerte.

2.3. Módulos de membranas

As membranas podem ser produzidas na forma plana ou cilíndrica e, a depender

da forma de apresentação, podem ser dispostas em diferentes módulos de permeação.

A densidade de empacotamento fornece a relação entre a área superficial da

membrana disponível para permeação e o volume do módulo (A/V) (HABERT,

BORGES e NOBREGA, 2006). Para a realidade industrial é importante que essa

relação seja a maior possível, pois desta forma torna-se viável a obtenção de alto fluxo

permeado utilizando-se um equipamento que ocupe pouca área. Pelos dados da Tabela

2.2 verifica-se que o módulo de fibra oca é o mais adequado para ser utilizado na

indústria.

Tabela 2.2: Densidade de empacotamento de diferentes módulos de membranas

(HABERT, BORGES e NOBREGA, 2006)

Tipo de Módulo Densidade de empacotamento (m²/m³)

Tubular 30

Placa/Quadro 500

Espiral 900

Capilar 1.000

Fibra oca 10.000

17  

2.4. Pervaporação

O termo pervaporação foi introduzido por KOBER (1917) quando publicou um

artigo onde relatava que quando uma mistura de tolueno e água era confinada em um

pequeno saco confeccionado por uma membrana natural de “collodium” (nitrato de

celulose), sendo em seguida exposto a ventilação forçada, havia uma passagem

preferencial de água; por esta observação KOBER percebeu que havia neste

experimento um potencial para separar misturas líquidas de difícil separação em

condições moderadas através de uma membrana (NUNES e PEINEMANN, 2001).

No final da década de 50, estudos voltados para síntese de membranas e

aplicação do processo de pervaporação foram desenvolvidos por BINNING e JAMES

(1958) visando às separações de líquidos orgânicos pertinentes à indústria petroquímica;

mais tarde, este mesmo autor viria a submeter a primeira patente relacionada ao tema

(BINNING, 1961).

Embora as pesquisas em pervaporação datem do início do século XX, apenas na

década de 80 o avanço na tecnologia de membranas permitiria a construção de sistemas

de pervaporação economicamente viáveis. Paralelamente, o avanço nas pesquisas sobre

pervaporação pode ser constatado pelos dados apresentados na Figura 2.5, que mostram

o crescente número de artigos publicados na área. No início da década de 80 foi

desenvolvido e comercializado pela GFT (atual Sulzer) o primeiro sistema de

pervaporação para remover água de líquidos orgânicos, sendo implantada no Brasil uma

planta piloto em uma usina de açúcar e álcool. A partir de 1989, a GFT implantou

algumas unidades industriais na Europa (NUNES e PEINEMANN, 2001). Em 1999

cientistas da Petro Sep. Membrane Technologies Inc. produziram um novo tipo de

membranas de pervaporação, mais robusta e quimicamente mais resistente, disponíveis

na forma de membrana plana e fibra oca (LI et al, 2008).

18  

Fonte: Web of Science, 2010 Palavra-chave para pesquisa: “Pervaporação”

Figura 2.5: Artigos científicos publicados desde a década de 80

No Brasil os estudos relacionados aos processos de separação com membranas

tiveram início no final da década de 60 com a criação do Laboratório de Permeação

através de Membranas (PAM), vinculado ao programa de Engenharia Química da

COPPE/UFRJ. Desde estão, muitos estudos voltados para permeação de gases e

pervaporação foram desenvolvidos como, por exemplo, os trabalhos de HABERT

(1971), PIERZINSKI (1973) e CAMPELLO (1981), voltados para o fracionamento de

líquidos orgânicos. Outros trabalhos de grande relevância foram os de PEREIRA

(1995), que avaliou o mecanismo de transferência de massa no processo de

pervaporação, e de PESSOA (1983), que testou membranas de poliuretano para o

fracionamento de misturas etanol/água. Foram utilizadas também técnicas para

modificação superficial da membrana nos trabalho de VILLANI (2006) e VIDAURRE

(2001) que propuseram modificações pela tecnologia de irradiação por plasma. Em

1995 CHAMBERLAIN et al (1995) propuseram o uso da pervaporação em processos

híbridos para desidratação de óleo fúsel de correntes industriais. Mais tarde,

SHEPHERD (2000) desenvolveu um estudo para aplicação do processo de

pervaporação na recuperação de aromas de suco de laranja. Algumas pesquisas foram

desenvolvidas para aplicação do processo de pervaporação na área ambiental como foi o

caso do trabalho de ALMEIDA (2007). Trabalhos mais recentes foram desenvolvidos

19  

por FERNANDES (2010) no sentido de buscar em polímeros naturais novos materiais

para síntese de membranas para desidratação de etanol por pervaporação. CUNHA

(1997 e 2001) desenvolveu filmes densos a base de poliuretano para separação de

misturas de líquidos orgânicos bicomponentes e multicomponentes. Ainda na separação

de líquidos orgânicos têm-se os trabalhos de FIGUEIREDO (2004) e de OLIVEIRA

(2008) que propuseram o uso da pervaporação associada à esterificação para purificação

de ácidos orgânicos.

As membranas hidrofílicas foram as primeiras a serem utilizadas no processo de

pervaporação, sendo a desidratação de solventes a área mais difundida industrialmente

(SHEPHERD, 2000). A maioria das membranas hidrofílicas comerciais é à base de poli

(álcool vinílico) (PVA), reticulado ou não, sendo esta uma boa opção para extração de

água de solventes orgânicos.

As membranas hidrofóbicas por sua vez permitem o tratamento de efluentes para

retirada de espécies orgânicas. Atualmente o principal campo de aplicação destas

membranas encontra-se na recuperação de componentes de aromas; o processo de

pervaporação constitui uma alternativa promissora devido à alta seletividade e

possibilidade de operação em temperaturas moderadas. Este último aspecto, em

particular, é especialmente importante no caso de compostos de aroma sensíveis ao

calor, além de implicar um menor consumo de energia. (AROUJALIAN e RAISI, 2007;

BAUDOT et al, 1999).

2.4.1. Descrição do processo de pervaporação

Pervaporação é um processo que envolve a transferência de massa de uma fase

líquida para uma fase gasosa através de uma membrana densa, sendo o único processo

com membranas onde ocorre mudança de fase quando os componentes da mistura

passam da alimentação para o permeado. Tal processo só é possível devido a uma

diferença de pressão parcial entre as fases separadas pela membrana, sendo necessário

que a pressão aplicada ao permeado seja menor que a pressão de vapor dos

componentes da mistura.

Atualmente utilizam-se três métodos para provocar a remoção do permeado

(NIJHUIS, 1990). São eles:

20  

A) Utilização de uma bomba de vácuo no lado permeado, fazendo com que

a pressão relativa seja menor que a pressão de saturação dos

componentes;

B) Passagem de gás inerte no lado permeado da membrana de forma

transversal ao fluxo;

C) Aumento de temperatura da alimentação. Neste caso, o aumento de

temperatura provocará um aumento do coeficiente de atividade dos

componentes e facilitará a passagem dos compostos menos solúveis na

solução de alimentação para a forma vapor.

Os três métodos apresentados acima possuem um custo energético. No entanto é

possível obter uma melhor relação custo/eficiência na utilização de bomba de vácuo.

Embora esta possua um custo operacional mais elevado, os fluxos alcançados nesta

técnica são bem maiores e não há resistência adicional na etapa de condensação dos

permeantes (o gás inerte dificulta a transferência de calor tornando a etapa de

condensação mais onerosa) (NIJHUIS, 1990). Em escala laboratorial usualmente

utiliza-se uma bomba de vácuo acoplada à saída da célula de permeação;

industrialmente é realizado um resfriamento no vapor permeado que, devido à

condensação espontânea, estabelece um vácuo parcial (BAKER, 2004).

A força motriz do processo de pervaporação é representada pela diferença de

potencial químico entre as fases da alimentação e do permeado. Na pervaporação a

principal contribuição ao potencial químico está relacionada à atividade do componente

e o aumento da pressão da alimentação pouco contribui para a alteração da força motriz,

ou seja, na atividade em líquidos (NIJHUIS, 1990). No entanto, a utilização de vácuo no

lado permeado intensifica a diferença de pressão parcial dos componentes, ou seja,

intensifica o gradiente de atividade.

Usualmente os fluxos permeados no processo de PV são relativamente baixos

(de 0,1 a 5 kg/m²h) tornando-o mais atrativo quando a solução de alimentação possui

pequenas quantidades do componente a ser removido da fase líquida (HABERT,

BORGES e NOBREGA, 2006).

As membranas utilizadas são membranas do tipo densas e o mecanismo de

transporte se dá por sorção-difusão. Inicialmente ocorre a sorção dos componentes que

21  

possuem maior afinidade com a membrana. Nesta etapa, devem ser considerados alguns

parâmetros como solubilidade que representam uma medida de “afinidade” do

componente pelo material polimérico que constitui a membrana. A próxima etapa

corresponde à difusão na membrana; este mecanismo considera parâmetros como

coeficiente de partição e coeficiente de difusão, além do gradiente de concentração

(potencial químico) nas superfícies da membrana. A terceira e última etapa corresponde

a dessorção dos componentes na forma de vapor; nesta etapa as moléculas que chegam à

“jusante” da membrana deparam-se com uma pressão mais baixa que sua pressão de

vapor e por isso vaporizam.

Na Figura 2.6, onde é apresentado o mecanismo de sorção-difusão, o gradiente

de potencial químico estabelecido entre as duas superfícies da membrana é representado

graficamente por uma linha contínua e indica que o transporte vai da região de maior

para o menor potencial. No entanto quando este mesmo potencial é expresso em termos

de concentração, há uma descontinuidade na interface de ambas as fases com a

membrana isto porque os coeficientes de atividade dos componentes nas fases

envolvidas são diferentes.

As etapas de sorção e difusão determinam o fluxo através da membrana e por

isso a permeabilidade dos componentes resulta de contribuições dessas duas etapas. Já a

etapa de dessorção não representa uma resistência significativa ao processo e só é

considerada no equacionamento dos modelos de transporte quando a pressão do

permeado é maior que a pressão de vapor dos componentes.

Figura 2.6: Representação do mecanismo de sorção-difusão no processo de

pervaporação

22  

Os principais fatores que afetam o desempenho da membrana no processo de

pervaporação são (SMITHA, 2004):

i. Composição e concentração da alimentação, que afetam diretamente

o mecanismo de sorção;

ii. Gradiente de pressão parcial dos componentes na alimentação e no

permeado (força motriz do processo);

iii. Temperatura (T) – considera-se que o fluxo permeado aumenta

exponencialmente, seguindo uma variação tipo Arrhenius, sendo

positiva a influen tividade; cia de T no fluxo e negativa na sele

· ⁄ 2.11

– energia de ativação para a permeação

– parâmetro da equação

– constante universal dos gases

iv. Concentração de polarização

O processo de pervaporação possui algumas peculiaridades que influenciam

diretamente o seu desempenho. Dois parâmetros são importantes para avaliar o

desempenho do processo: o fluxo permeado e a seletividade (equações 2.1 e 2.2).

O fenômeno da polarização de concentração (formação de um gradiente de

concentração entre o seio da mistura líquida e a superfície da membrana) influencia

diretamente esse fluxo. Ocorre durante o período inicial do processo, denominado de

regime transiente, onde irá acontecer a formação de um perfil de concentração

perpendicular à superfície da membrana. Ele é decorrente da permeação preferencial

dos componentes e promove, próximo à superfície da membrana, um aumento da

concentração da espécie retida e a diminuição da concentração do componente que

permeia preferencialmente pela membrana. O estabelecimento de um gradiente de

concentração provoca uma resistência adicional à transferência de massa, levando à

diminuição do fluxo permeado. Uma forma de reduzir este efeito está relacionada às

condições de escoamento dentro da célula de permeação; quanto maior o número de

Reynolds (proporcionado por vazões de alimentação mais elevadas) menor o efeito da

polarização de concentração.

23  

2.4.2. Aplicações da pervaporação

As aplicações do processo de pervaporação podem ser divididas em três grandes

grupos:

• Desidratação de solventes orgânicos

É a área de aplicação mais difundida do processo de pervaporação, podendo se

subdividir em desidratação de misturas binárias, desidratação de misturas orgânicas

multicomponentes e remoção de água de misturas reacionais (CUNHA, 2001).

Pelo número de publicações na área, constata-se que a desidratação de misturas

binárias do tipo álcool/água é a aplicação mais importante, o que pode ser comprovado

também pelo número de unidades de pervaporação em funcionamento para este fim

(ZHANG e DRIOLI, 1995).

• Remoção de compostos orgânicos voláteis (COV)

Embora seja uma área de aplicação recente, tem mostrado grande evolução e

interesse por parte das indústrias devido à rigidez nas normas ambientais. O processo de

pervaporação mostra-se eficiente nesse tipo de remoção principalmente por se tratar de

efluentes com baixa concentração de compostos a serem removidos (na faixa de mg/L).

De acordo com NIJHUIS (1990), esta técnica mostra-se mais economicamente

viável que os processos tradicionalmente utilizados. Em 1992, BORGES (1993) estudou

a remoção de COV de soluções aquosas por pervaporação. Em 2011, BRAGA JUNIOR.

(2011) mostrou em seu trabalho bom desempenho para recuperação de hidrocarbonetos

voláteis através de permeação em membranas compostas com camada seletiva de

poliuretano e suporte de poli(éter-sulfona).

• Separação orgânico-orgânico

A separação de líquidos orgânicos representa um grande potencial de uso da

pervaporação devido à formação de misturas com composição azeotrópica ou

características físico-químicas muito semelhantes. Embora o uso industrial deste

processo ainda não seja aplicado para este fim, vem sendo realizados diversos estudos

no intuito de obter membranas com desempenho adequado em termos de seletividade e

24  

fluxo, a fim de promover a separação de líquidos orgânicos de modo mais eficiente e

econômico que os processos utilizados atualmente (HUANG, 1991).

2.5. Separação de líquidos orgânicos por pervaporação

Os produtos derivados da indústria química e petroquímica são de extrema

importância para a sociedade em sua totalidade. Essas indústrias são caracterizadas

principalmente por serem indústrias de transformação e por isso tem como etapas vitais

processo de separação, concentração e purificação.

A separação de líquidos orgânicos está inserida neste contexto, sendo a

destilação, absorção e extração os processos mais utilizados para este fim. Esses

processos convencionais, embora amplamente utilizados, apresentam desvantagens

como alto custo energético, grande esforço em termos de projeto, alto impacto

ambiental, além de que parte das misturas de líquidos orgânicos não é processada de

forma eficiente devido à formação de azeótropo ou por seus componentes possuírem

pontos de ebulição muito próximos (BAKER, 2004). A pervaporação mostra-se como

uma alternativa para viabilizar esse tipo de separação, podendo ser aplicada de forma

isolada ou em processos híbridos (PSM e processo convencional). A maioria das

pesquisas nessa área tem como objetivo principal a procura de novos materiais

poliméricos para uma separação específica, visto que há muitas possibilidades de

aplicação (CUNHA, 2001).

As misturas orgânicas podem ser divididas em três grandes categorias: polar/

apolar, aromático/alifático e isômeros. Em todas as categorias encontram-se compostos

importantes para a indústria, como é o caso do metil terc-butil-éter (MTBE), composto

amplamente utilizado para aumento da octanagem da gasolina e que, durante sua

síntese, resulta na formação de azeótropo com o metanol (CUNHA, 1997).

A indústria de refino de petróleo utiliza atualmente uma gama de processos

chamados “Complexo aromático” para produzir os intermediários petroquímicos

básicos (BTX – benzeno, tolueno, xileno) que darão origem aos produtos finais; o

benzeno, por exemplo, é um dos aromáticos mais versáteis utilizados para gerar mais de

250 produtos (MEYERS, 2003). O Complexo mais simples utilizado para produzir BTX

consiste em três processos: Hidrotratamento da nafta, para remoção de compostos

sulfurados e nitrogenados; Reforma catalítica, onde são produzidos os compostos

25  

aromáticos; e Extração de aromáticos, para a extração de BTX (MEYERS, 2003). Além

da obtenção de BTX representado na Figura 2.7, outras rotas mais complexas são

utilizadas na indústria petroquímica e todas elas passam por etapas onde a separação de

líquidos orgânicos é essencial, reforçando assim a necessidade de processos cada vez

mais eficientes.

Figura 2.7: Complexo aromático simples para obtenção de BTX (MEYERS, 2003)

Conforme apresentado nos fundamentos teóricos, a seleção do material da

membrana é de extrema importância para o bom funcionamento do processo de

pervaporação. Nas últimas décadas um grande número de produção bibliográfica foi

gerado com o intuito de produzir membranas adequadas para separação de

hidrocarbonetos por pervaporação; porém a baixa representatividade no número de

patentes nesta bibliografia (apenas um terço do total) mostra que as pesquisas ainda são

predominantemente de cunho científicos e não comercial (SEMENOVA, 2004).

A separação de líquidos orgânicos tem sido tema de estudo de diversos artigos

científicos. Muitos autores focam suas pesquisas em busca de novos materiais para

fabricação de uma membrana com desempenho adequado tendo em vista que o uso das

membranas poliméricas comercialmente disponíveis não tem atendido às necessidades

industriais devido ao alto grau de inchamento da membrana e a sua degradação (FENG

e HUANG, 1997).

Uma alternativa é a síntese de membranas inorgânicas com maior controle do

tamanho de poros; neste tipo de membrana a camada seletiva polimérica governa o

26  

mecanismo de separação enquanto o suporte inorgânico é responsável pela integridade

mecânica da mesma (YOSHIDA e COHEN, 2003). Este tipo de membrana composta é

reconhecido por apresentar estabilidade mesmo quando em contato com líquidos nos

quais o polímero puro seria completamente solúvel isto porque ocorrem reações de

reticulação entre o material orgânico e inorgânico no momento da síntese da membrana

(SMITHA et al, 2004).

Outro tipo de membrana que vem sendo explorada em diversos trabalhos são

membranas contendo zeólitas. Estes materiais são conhecidos por facilitar a separação

de orgânicos devido ao mecanismo de sorção preferencial, difusão preferencial ou

peneira molecular (MOHANTY e MCCORMICK, 1999).

Embora tradicionalmente o PVA seja utilizado para desidratação, MANDAL e

BHATTACHARYA (2008) aplicaram este material para fracionamento de líquidos

orgânicos. Neste trabalho os autores verificaram que houve uma sorção preferencial do

PVA por benzeno e que, apesar do baixo fluxo permeado obtido (0,06 kg/m²h), a

seletividade pode alcançar valores em torno de 30 a partir de uma alimentação de 40%

de aromático. Considerando que neste trabalho foi utilizado um filme denso, é

justificável o baixo fluxo obtido.

Outra abordagem muito comum no uso de materiais poliméricos é tentar

melhorar as propriedades de determinado polímero através da técnica de

copolimerização. Utilizando-a é possível aliar as melhores características dos polímeros

envolvidos de modo a evidenciá-las na membrana produzida. MATSUI e PAUL (2002,

2003) produziram filmes densos a partir de poli (metacrilato de metila-co-ácido acrílico)

e conseguiram reduzir o inchamento da membrana sem afetar significativamente o

desempenho da mesma.

A técnica de reticulação também é muito utilizada, pois para fracionamento de

líquidos orgânicos, o problema do inchamento é frequentemente constatado. ROIZARD

et al (2001) sintetizaram filmes de poliuretano reticulado a fim de reduzir o efeito da

plastificação na pervaporação de mistura tolueno/ n-heptano; embora tenha verificado o

efeito do acoplamento de fluxo dos componentes ocasionado pelo inchamento, o autor

alcançou bom desempenho nos experimentos.

O uso de membranas compostas vem sendo abordado na literatura visando

aumentar o fluxo permeado sem prejudicar a seletividade da membrana. Ainda neste

27  

contexto, alguns autores optam por fazer modificações na camada seletiva dessas

membranas de modo a otimizar o desempenho das mesmas.

Encontram-se também registrados na literatura alguns trabalhos que propõem a

fabricação de membranas compostas pela técnica de preenchimento de poros. LI et al

(2011) propuseram o preenchimento dos poros de uma membrana de ultrafiltração de

poliacrilonitrila (PAN) através da técnica de irradiação por plasma de monômeros de

polietilenoglicol (PEG); além de ter controlado o efeito de inchamento, obteve-se um

bom desempenho na pervaporação de uma mistura tolueno/n-heptano, conseguindo um

fator de separação de 7,8 e fluxos permeados maiores que 1,62 kg/m2h.

2.5.1. Separação de solventes polares e apolares

A primeira aplicação da pervaporação para este tipo de separação data da década

de sessenta e foi desenvolvida por BINNING et al (1961). Neste trabalho foram

utilizadas membranas hidrofóbicas de polietileno (PE) e polipropileno (PP) para separar

álcool e tolueno. No entanto os resultados obtidos não foram satisfatórios, pois a

membrana selecionada não possuía nenhum grupo funcional que permitisse a sorção

preferencial de um dos componentes.

Outras pesquisas foram realizadas no intuito de obter bom desempenho da

pervaporação para separação de compostos polares e apolares e obtiveram resultados

promissores. APTEL et al (1976) utilizaram membranas de politetrafluoretileno (PTFE)

enxertado para separar metanol de tolueno e obtiveram boa seletividade porém baixo

fluxo permeado.

MANDAL e PANGARKAR (2002, 2003) avaliaram o desempenho de

membranas de celulose e PVA para a separação de misturas metanol/benzeno e

metanol/tolueno obtendo bons resultados de fluxo e seletividade.

Outro tipo de mistura muito comum e de grande interesse por parte da indústria

é a separação de MTBE/metanol para a qual vem sendo estudado o uso de diversos

materiais poliméricos (DOGIHERE et al, 1994; SANO et al, 1995), inclusive polímeros

naturais (YONG e LEE, 1999), para viabilizar sua separação por pervaporação.

28  

2.5.2. Separação de isômeros

Na área de isômeros de xilenos várias pesquisas foram realizadas após o trabalho

pioneio de BINNING (1961), no entanto sem registro de fatores de separação que

estimulassem a aplicação industrial. Destaca-se entre as pesquisas recentes o uso de β-

ciclodextrina em membranas de PVA para o fracionamento de misturas de p-xileno/m-

xileno por pervaporação (CHEM et al, 2000); neste trabalho o uso da β-ciclodextrina

tinha como principal objetivo aumentar a seletividade das membranas de PVA.

2.5.3. Separação de aromático/alifático

A mistura de aromático/alifático representa um dos grandes desafios no processo

de separação por pervaporação, haja vista o número de trabalhos publicados com esse

foco. A separação de benzeno/ciclo-hexano, benzeno/n-hexano e tolueno/n-heptano são

frequentemente utilizadas para representar esse tipo de mistura.

Neste trabalho a mistura padrão utilizada foi benzeno/n-hexano tendo em vista o

grande número de processos onde esses solventes estão envolvidos. O n-hexano é

utilizado como solvente, na indústria de tintas e borracha, e na extração de óleo

vegetais, na indústria alimentícia. Atualmente o n-hexano é obtido a partir da etapa

catalítica de hidrogenação de uma corrente oriunda do processo de destilação do

petróleo. Esta etapa é altamente dispendiosa em termos de capital e de energia além de

requerer alta eficiência na conversão dos compostos aromáticos, principalmente para o

uso na indústria alimentícia onde é exigido grau zero de benzeno.

É possível também encontrar um padrão no que tange aos polímeros que

constituem a membrana. De modo geral eles se dividem em duas categorias (MATSUI e

PAUL, 2002):

Polímeros vítreos como poli(tereftalato de etileno) (PET), poli(tereftalato

de etileno)-glicol (PETG) (SARTORI e HO, 1990), policarbonato (PC)

(SARTORI et al, 1991) e poliimidas (HAO et al, 1997; FANG et al,

1999)

Copolímeros com segmentos rígidos e flexíveis como uretano, amida,

imida, ligações éster (SCHUCKER, 1991; THALER et al, 1991; HO et

al, 1990; HO et al, 1991)

29  

As pesquisas nessa área começaram no início da década de sessenta, com muitos

estudos voltados para a separação de benzeno e ciclo-hexano. Em 1961, MARTIN e

KELLY (1961) usaram uma membrana a base de ésteres de celulose modificada com

20% m/m de éster polifosfonado para separar uma mistura com 50% m/m de benzeno

chegando a uma concentração de 73% m/m deste componente no permeado com fluxo

de 1 kg/m²h. Os bons resultados obtidos serviram de base para outros autores que

utilizando a mesma membrana porém contendo 50% de éster polifosfonado e chegaram

a uma concentração de 90% de aromáticos no permeado e fluxo de 1,6 a 2 kg/m²h

(CABASSO et al, 1974).

A separação de benzeno e n-heptano pelo uso de membranas à base de polímeros

elastoméricos, como a borracha polibutadieno-acrilonitrila (NBR) e polibutadieno-

estireno (SBR), foi proposta por BRUN (1976). Os autores obtiveram altos valores de

seletividade (70% de aromáticos no permeado) e fluxo de 0,5 kg/m²h. Desta forma

despertou-se o interesse no meio científico pelo uso de elastômeros e outras misturas

com polímeros elastoméricos.

O uso de membranas de poliuretano foi introduzido por ELFRET et al (1978)

quando propuseram o uso de um filme de PU com 10 µm de espessura para separar

aromático de alifático por pervaporação; partindo-se de uma solução com 20% de

aromáticos, chegaram a fluxos de 0,3 kg/m²h e uma concentração de 58% de aromático

no permeado. CUNHA (1997) também utilizou filmes densos de poliuretano para

fracionar misturas de benzeno e n-hexano, obtendo fluxo permeado de 0,42 kg/m²h e

seletividade de 4,6 para uma alimentação de aproximadamente 50% de aromáticos,

operando em temperatura ambiente.

Considerando o efeito do inchamento neste tipo de processo, iniciou a busca por

técnicas de preparo de membrana que inibissem ou limitassem este efeito e assim

fossem obtidos melhores fluxos permeados e seletividades. CABASSO et al (1974) e

INUI et al (1999) utilizaram a técnica de copolimerização e obtiveram excelentes

valores de seletividade.

AOUINTI et al (2009) investigaram o uso de uma membrana híbrida a base de

policloreto de vinila (PVC) para separação de tolueno e n-heptano. Neste trabalho, o

autor comparou o desempenho de uma membrana densa de PVC (polímero

comercialmente disponível e com grande afinidade para solventes aromáticos) com uma

membrana híbrida contendo nanopartículas de argila (NANOCOR 130) objetivando

30  

aumentar a área superficial de sorção para compostos aromáticos. Partindo de uma

alimentação de 50% m/m de tolueno a 74°C, observou-se que o fluxo permeado

aumentou aproximadamente seis vezes após a adição da nano-partícula, chegando a 1,4

kg/m²h.

O desempenho da pervaporação para a mesma solução de tolueno e n-heptano

foi estudada por SCHWARZ e MALSCH (2005), utilizando uma membrana híbrida

com polieletrólitos. Foi avaliado o desempenho de uma membrana composta com uma

pele densa SEC (sulfo-etil celulose) reticulada com surfactante catiônico, suportada por

uma membrana de ultrafiltração de poliacrilonitrila (PAN). Para uma alimentação de

20% m/m de tolueno a 80°C obteve-se um fluxo de 0,98 kg/m²h e seletividade de 4,2. É

importante destacar que a alta temperatura de operação contribui positivamente para

obtenção de alto fluxo permeado.

Na Tabela 2.3 encontram-se os dados da literatura para comparação dos

resultados.

31  

Tabela 2.3: Dados da literatura para pervaporação de misturas aromático/alifático

Referência Camada

seletiva

Alimentação

(% m/m)

Temperatura

(°C) J10 (kg/m²h)

Seletividade

(α)

MARTIN e KELLY (1961)

éster de celulose +

éster fosfonado

(50%)

50% benzeno –

ciclo-hexano

80 10 2,7

CABASSO et al (1974)

éster de celulose +

éster fosfonado

(50%)

50% benzeno –

ciclo-hexano

80 0,16 9,0

BRUN (1976) NBR e SBR

20% benzeno – n-heptano

30 0,5 9,3

ELFRET et al (1978) PU

20% benzeno –

ciclo-hexano

25 0,3 5,5

CUNHA (1997) PU

50% benzeno – n-hexano

28,5 3,26 4,6

INUI et al (1999)

DSDA-DDBT

60% benzeno –

ciclo-hexano

78 0,09 32

AOUINTI et al (2009)

PVC + nanopartícula

de argila

50% tolueno – n-heptano 74 1,4 2,0

SCHWARZ e MALSCH

(2005)

SEC + polieletrólito

18,9% tolueno – n-

heptano 80 0,49 - 1,5 4,2

32  

2.5.3.1. Membranas híbridas: polímero-ciclodextrina

Em vias de melhorar o desempenho das membranas poliméricas, vem sendo

utilizados misturas entre os materiais poliméricos e outros compostos que viriam a

aumentar a superfície de sorção ou a seletividade inerente do material. A ciclodextrina

(CD) vem sendo utilizada com esse fim, pois as características morfológicas desta

molécula favorecem a captura de compostos aromáticos.

Atualmente, além dos processos de separação com membranas, as ciclodextrinas

são utilizadas em inúmeras áreas, incluindo as indústrias agroquímica, farmacêutica,

cosmética, alimentar, têxtil, entre outras (OLIVEIRA et al, 2009). Ciclodextrinas são

carboidratos cíclicos de origem natural que possuem uma estrutura tridimensional com

uma cavidade hidrófoba, permitindo a formação de complexos de inclusão com uma

grande variedade de moléculas (ANDREAUS et al, 2010). A formação destes

complexos está diretamente relacionada à capacidade de ajuste (polaridade, tamanho,

geometria) da molécula hóspede na cavidade da ciclodextrina. Compostas por unidades

de glicose, as CD’s podem receber diferentes nomenclaturas a depender do número de

meros de glicose presente (Figura 2.8).

Figura 2.8: Estrutura química da α, β e γ-ciclodextrinas com 6, 7 e 8 unidades de glicose

respectivamente (ANDREAUS et al, 2010)

Existem duas formas de funcionalizar a superfície de um polímero pelo uso das

CD’s, são elas: a fixação temporária que ocorre geralmente através de interações fracas

como interações iônicas e forças de Van der Waals, e normalmente podem ser rompidas

em presença de água devido à hidrossolubilidade da molécula de CD; a fixação

permanente que depende da formação de ligações mais fortes como ligações covalentes

33  

que poderiam ser estabelecidas pelo processo de reticulação, por exemplo

(ANDREAUS et al, 2010).

A CD mais utilizada nos trabalhos de separação de compostos aromáticos e

alifáticos é a β-ciclodextrina devido ao fato de seu diâmetro interno ser muito próximo

ao diâmetro cinético da molécula de benzeno (5,85 Å) como é mostrado na Tabela 2.4.

No entanto o uso de outros tipos de CD’s também é verificado na literatura, dependendo

especificamente do tipo de aplicação e do tamanho da molécula a ser complexada.

Tabela 2.4: Propriedades físico-químicas das ciclodextrinas

CD Nº de unidade de glicose Diâmetros da cavidade

interna (Å)

α-CD 6 4,7 – 5,3

β-CD 7 6,0 – 6,5

γ-CD 8 7,5 – 8,3

Outra abordagem também muito utilizada é o uso da ciclodextrina modificada ou

reativa. Estas modificações, que podem ser feitas pela inclusão de diferentes radicais na

molécula de CD, podem diminuir as interações entre uma molécula e outra de CD,

alterar sua solubilidade em água e em diferentes solventes orgânicos (ANDREAUS et

al, 2010). A presença de grupos catiônicos ou aniônicos pode facilitar o “ancoramento”

desta molécula em diversos polímeros.

LUE e PENG (2003) propuseram a síntese de uma membrana de poliuretano

híbrida com uma β-ciclodextrina hidroxipropilada (HP-β-CD) para separação de

benzeno e ciclo-hexano por pervaporação. Para uma alimentação de 50% m/m,

observou-se que o fluxo permeado aumentou 5 vezes e a seletividade aumentou

aproximadamente 75% em relação a membrana de PU pura, isenta de CD.

Em 2005, PENG et al (2006) estudaram o desempenho da pervaporação de

benzeno/ciclo-hexano utilizando membranas reticuladas de PVA/β-ciclodextrina e

34  

obtiveram um aumento de aproximadamente 62% no fator de separação e de 34% no

fluxo permeado.

Outro trabalho mais recente para a separação de aromáticos e alifáticos foi

desenvolvido por RÖLLING et al (2010) que estudaram o fracionamento de misturas de

tolueno e ciclo-hexano por pervaporação, utilizando membranas reticuladas formadas a

partir de acrilato de ciclodextrina. Os resultados obtidos mostraram que para 10% m/m

de aromáticos na alimentação, obteve-se seletividade de 14, aproximadamente o triplo

da seletividade para membranas sem ciclodextrina.

Desta forma, os resultados obtidos na literatura mostram-se promissores quanto

ao uso da ciclodextrina associada a membranas poliméricas no processo de

pervaporação.

Os dados obtidos na literatura mostram que o fracionamento de compostos

aromáticos e alifáticos por pervaporação ainda precisa ser estudado em vias de se obter

um melhor desempenho do processo. Neste trabalho pretende-se desenvolver

membranas anisotrópicas compostas com camada seletiva de poliuretano, sendo a

obtenção de fluxos permeados mais elevados o principal objetivo a ser alcançado pela

espessura de pele reduzida proporcionada por membranas compostas.

Sendo assim, a partir da revisão bibliográfica realizada e da fundamentação

teórica apresentada, foi estabelecida a metodologia a ser utilizada na realização deste

trabalho.

35  

3. Materiais e Métodos

Neste capítulo serão apresentados todos os materiais e metodologias utilizadas

na fabricação e na caracterização das membranas poliméricas. Serão descritos também

os procedimentos realizados nos ensaios de pervaporação utilizando membranas planas

compostas e fibras ocas compostas.

3.1. Fabricação de filmes densos e de membranas compostas

3.1.1. Materiais

Foi utilizado no preparo das membranas um copolímero em bloco na forma de

grânulos, pertencente à classe dos poliuretanos elastoméricos e de nome comercial

Elastollan C70A15W (fornecido pela Sociedade Fabricadora de Elastômeros-Cofade).

Este copolímero tem como base o poliol poliéster linear (poliadipato) e bifuncional,

MDI (4-4’-di-isocianato de difenil metileno) e 1,4-butanodiol como extensor de cadeia.

Algumas de suas propriedades físico-químicas são apresentadas na Tabela 3.1.

Tabela 3.1: Propriedades físico-químicas do poliuretano Elastolan C70A15W

Polímero  Ligação uretano  Densidade 

(kg/m³) 

MM  Viscosidade 

intrínseca [η] 

Poliuretano  1,18  180000  0,85 

A escolha deste polímero deve-se às fortes interações existentes entre ele e

compostos aromáticos, sendo esta a principal justificativa para o bom desempenho

obtido em diversos trabalhos que utilizaram membranas de poliuretano (PU) para

separação de aromáticos e não aromático (CUNHA, 1997 e 2000; CUNHA et al, 2002;

LUE e PENG, 2003; VILLANI, 2006).

36  

Os filmes densos eram constituídos apenas por PU. Já as membranas

anisotrópicas compostas tinham a camada seletiva (pele) constituída de PU e a camada

microporosa (suporte) de outro polímero. Tendo em vista o tipo de separação

pretendida, era importante garantir que não só o PU, mas que também os suportes

seriam resistentes a compostos aromáticos. Desta forma tornou-se necessário avaliar a

resistência do suporte ao ataque químico de compostos aromáticos, visto que um dos

componentes a ser separado era o benzeno. Verificou-se também a aderência entre o

suporte e a camada seletiva, a resistência mecânica e a morfologia, a fim de garantir a

obtenção de uma membrana composta adequada ao processo de pervaporação e que não

oferecesse resistência ao transporte durante a permeação.

Para a síntese de membranas anisotrópicas planas compostas foram estudados

quatro tipos de suporte, dois produzidos a partir de soluções dos polímeros poli(éter-

sulfona) (PES, fornecido pela BASF) e polissulfona (PSf, fornecido pela Solvay

Veradel 3000P), e outros dois a partir de membranas microporosas de Nylon (marca GE

Healthcare, nome Amersham Hybond-N, diâmetro de poro de 0,45 µm) e de

poli(fluoreto de vinilideno) (PVDF, Koch Flat Sheet Membranes , HFM-180). Nos

testes realizados com fibras ocas utilizaram-se como suporte apenas fibras de PVDF

adquiridas de um módulo da Motimo®. Para o preparo das soluções foi necessário o uso

de polivinilpirrolidona como aditivo (PVP tipo K90, fornecido por Sigma Aldrich),

além dos solventes tetrahidrofurano (THF, fornecido pela Tedia) e N-metil-2-

pirrolidona (NMP, fornecido pela Vetec). Para algumas técnicas de preparo de

membranas, foi utilizado etanol 95% e hexano (mistura de isômeros), ambos da Vetec.

Para as membranas híbridas, além do poliuretano utilizou-se a β-ciclodextrina

fornecida pela Sigma-Aldrich.

3.1.2. Preparo dos filmes poliméricos e das membranas compostas

Todos os polímeros utilizados na fabricação das membranas foram mantidos em

frascos de vidro e armazenados na estufa a 60°C por no mínimo 24 h para retirar toda a

umidade do material. Após esse tempo o polímero era colocado num dessecador para

então ser utilizado no preparo das soluções.

37  

3.1.2.1. Fabricação de filmes densos por evaporação total do solvente

Inicialmente preparou-se uma solução utilizando-se PU e THF, na concentração

10% m/m de polímero e em temperatura ambiente. Após permanecer sob agitação

magnética durante aproximadamente 24h, a solução foi vertida em uma placa de petri

que, em seguida, foi parcialmente tampada. Este procedimento visa tornar o ambiente

próximo à membrana mais concentrado em THF, viabilizando uma evaporação mais

lenta do solvente e, ao término do processo, a formação de um filme polimérico isento

de defeitos. Foram sintetizados também filmes de PU a partir de solução 15% m/m de

polímero. Nestes casos imediatamente após o espalhamento, a membrana era colocada

na estufa a uma temperatura de 50°C, com passagem de ar. Desta forma foram obtidos

os filmes densos pela técnica de evaporação total do solvente.

3.1.2.2. Fabricação de membranas planas por espalhamento seguido de

imersão-precipitação

A síntese de membranas compostas foi realizada de duas formas distintas a

depender do material utilizado como suporte. Nos casos em que foram utilizadas

soluções de PES preparou-se soluções de PES/PVP/NMP em diferentes concentrações

(15%/10%/75% e 20%/7%/73% m/m) que permaneceram sob agitação por

aproximadamente 24h em temperatura ambiente. A adição do PVP foi realizada para

promover a formação de suporte altamente poroso e com poros interconectados

(BORGES, 1993). Seguindo o mesmo procedimento, os experimentos realizados

utilizando solução de PSf partiu de soluções PSf/PVP/NMP nas proporções

15%/6,5%/78,5% m/m.

Partindo destas soluções, foram fabricadas membranas anisotrópicas integrais

pela técnica de espalhamento, seguido de imersão-precipitação. Nesta técnica uma

pequena quantidade de solução é vertida e espalhada sobre uma placa de vidro com o

auxílio de um espalhador (“faca” de espalhamento) de espessura conhecida; em seguida

o sistema “placa-solução polimérica” é imerso em um recipiente com água (banho de

não solvente) provocando assim a precipitação do polímero. Após a membrana formada

desprender-se da placa de vidro, troca-se a água do banho de precipitação e coloca-se o

recipiente na estufa a 60°C por 24h. A membrana já formada passa ainda por dois

banhos de troca de solvente, o primeiro de etanol 95% e o segundo de hexano (mistura

38  

de isômeros), durando 2 horas cada um e em seguida é exposta ao ambiente para

secagem. O objetivo desta troca de solvente é substituir toda a água de dentro da matriz

polimérica por um não solvente de menor tensão superficial, impedindo assim os poros

da membrana de colapsarem durante a secagem.

Para a síntese de membranas compostas utiliza-se a técnica de espalhamento

simultâneo seguido de imersão-precipitação (Figura 3.1). De modo geral o

procedimento é semelhante ao descrito para membranas anisotrópicas integrais, porém

neste caso é realizado o espalhamento de duas soluções poliméricas simultaneamente,

vertendo-se primeiro a solução do suporte e paralelamente verte-se a solução de PU

para a formação da camada seletiva; o espalhamento é realizado através de dois

espalhadores com espessuras diferentes (0,20 mm para o suporte e 0,55 mm para a

solução de PU) para permitir que as soluções fiquem sobrepostas. Vale ressaltar que em

ambos os casos pode-se proporcionar um tempo de exposição ao ambiente antes da

imersão no banho de precipitação a fim de permitir a evaporação do solvente e

consequentemente a formação de uma região com poros menores ou uma região

totalmente densificada na superfície da membrana.

De modo geral a técnica de espalhamento simultâneo é realizada com apenas

uma frente de precipitação, já que uma superfície da membrana é exposta ao banho de

precipitação e a outra fica aderida a placa vidro até finalizar a troca de solvente.

Entretanto neste trabalho foi proposta uma variação desta técnica, utilizando duas

frentes de precipitação. Para isto foi fixado sobre a placa de vidro um papel de filtro e

sobre este foi realizado o espalhamento simultâneo; ao imergir este sistema no banho de

precipitação, a transferência de massa entre banho e solução pôde ser realizada tanto

pela superfície exposta ao banho quanto pela superfície aderida ao papel, já que este é

altamente poroso.

39  

Figura 3.1: Espalhamento simultâneo seguido de imersão-precipitação (CUNHA et al,

2002)

3.1.2.3. Recobrimento de suporte

Para membranas produzidas utilizando os suportes comerciais de Nylon e de

PVDF, a técnica utilizada foi recobrimento. No caso de membranas planas, inicialmente

fixou-se o suporte sobre a placa de vidro e em seguida espalhou-se a solução de PU

(10% m/m) sobre o mesmo utilizando para isto uma “faca” de espalhamento de

espessura 0,55 mm. Após o espalhamento o sistema “placa de vidro-membrana” era

parcialmente tampado para uma evaporação controlada do solvente.

O preparo das fibras ocas compostas utilizou um módulo de vidro próprio para

recobrimento; dentro deste módulo era colocada uma estrutura de aço na qual eram

fixadas as fibras de PVDF. A solução de PU era bombeada para dentro do módulo

através de tubulações de Taygon® conectadas a uma bomba peristáltica, sendo invertido

o sentido do fluxo para promover a retirada da solução. Tal estrutura encontra-se

apresentada na Figura 3.2.

40  

Figura 3.2: Sistema de recobrimento de fibras ocas

3.2. Caracterização das membranas

3.2.1. Solubilidade

As membranas foram caracterizadas quanto à solubilidade em benzeno com o

propósito de garantir a resistência química e, consequentemente, a integridade da

membrana durante todo o processo de pervaporação. Como a resistência do PU ao

benzeno já é comprovada na literatura, avaliou-se apenas o desempenho do suporte

frente a este solvente. Para isto foram cortadas amostras de aproximadamente 4 cm² de

cada suporte e estas foram colocadas em cadinhos contendo benzeno. Os recipientes

permaneciam vedados durante 24h quando então eram abertos para a retirada das

amostras e avaliação visual da estrutura dos mesmos. Após esse tempo, o procedimento

era repetido com as mesmas amostras por mais 48h.

3.2.2. Espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier

(FTIR)

A caracterização por FTIR visa verificar se a estrutura química dos suportes foi

de alguma forma alterada por possíveis reações com o benzeno. Mais especificamente, o

objetivo desta análise era verificar a presença de grupos funcionais que indicassem a

formação de ligações entre o polímero constituinte da membrana e o benzeno. A

importância desta caracterização reside no fato de que uma modificação da estrutura

41  

química pode comprometer características mecânicas da membrana ou modificar a

afinidade do polímero por cada componente da solução de alimentação.

As análises de FTIR foram conduzidas em um espectrômetro FTIR, Spectrum

100 (Perkin Elmer). A resolução empregada foi 4 cm-1 com 16 varreduras para cada

amostra.

3.2.3. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Todas as membranas fabricadas foram caracterizadas pela técnica de

microscopia eletrônica de varredura (MEV) a fim de realizar uma análise morfológica

das mesmas. As amostras destinadas a análise de superfície eram cortadas e coladas

sobre suportes metálicos. Já as amostras destinadas a análise da seção transversal eram

congeladas em nitrogênio líquido e em seguida eram fraturadas para evitar

deformações; só então eram coladas no suporte. Após fixar as amostras nos suportes, as

membranas eram submetidas a uma metalização com ouro em um metalizador Jeol,

modelo JFC-1500 Ion Sputtering Device.

3.2.4. Medidas de permeabilidade

As membranas foram caracterizadas quanto à permeabilidade e seletividade dos

gases CO2 e N2 com o objetivo de verificar se a camada seletiva de PU era isenta de

defeitos.

Para as membranas planas as medidas foram realizadas em um sistema de

permeação constituído por uma célula de permeação com 8,042 cm² de área com uma

linha de alimentação do gás fixada na parte superior da célula e um transdutor de

pressão conectado a parte inferior. O mesmo sistema era utilizado para análise em

fibras, sendo diferenciado apenas pela célula de permeação que era substituída por um

módulo próprio para uma fibra oca.

A operação do sistema de permeação iniciava sempre com a aplicação de vácuo

ao sistema durante 15 minutos a fim de eliminar qualquer resíduo de gás na linha de

alimentação e na matriz polimérica (plastificação); este procedimento era repetido cada

vez que o gás de alimentação era modificado. Em seguida iniciava-se a permeação com

N2 e por último a permeação com CO2 sendo que cada permeação durava

42  

aproximadamente 30 minutos e a coleta de dados era programada para cada 30

segundos.

A permeabilidade é calc ada ela equação abaixo: ul p

· · · ·1

3.1

O

- espessura da camada seletiva (cm)

nde: – permeabilidade em Barrer (cm³/s.cm.cmHg)

- pressão de operação (cmHg)

- tempo (s)

- volume do sistema (cm³)

- área de permeação (cm²)

- temperatura de operação na cntp (273,15 K)

- temperatura de operação (298,15 K)

– pressão de operação na cntp (76 cmHg)

Na coleta de dados do sistema de permeação, é obtida a variação do sinal do

transdutor (em ampère ou volts) com o tempo . A partir da razão entre e , sendo

este último termo obtido através da calibração do sistema de permeação, é possível

obter o termo da equação 3.1.

A seletividade ideal é obtida através da razão entre as permeabilidades do CO2 e

N2.

3.3. Pervaporação

Para os ensaios de pervaporação foram montadas duas unidades de bancada,

uma para membrana plana e outra para fibra oca. Na alimentação utilizaram-se soluções

padrão de benzeno (Reagen e Vetec) e n-hexano (Vetec). Na Tabela 3.2 são

apresentadas as propriedades físico-químicas do benzeno e do hexano.

43  

Tabela 3.2: Propriedades físico-químicas do benzeno e n-hexano

Massa

molar

Densidade

(g/cm³)

Ponto

de

ebulição

Pressão

de

vapor

χi,j *

Composição

azeotrópica

(68,5°C)

Benzeno 78,11 0,879 80,1°C 95,2

mmHg 0,6 4,7 %m/m

n-hexano 86,17 0,659 69,0°C 122

mmHg 2-2,9 95,3 %m/m

* χi,j - parâmetro de interação binário de Flory-Huggins entre o penetrante (i- benzeno

ou hexano) e o polímero (j-poliuretano)

Em escala de bancada o processo de PV pode ser representado pela Figura 3.3.

Nela observa-se a presença de algumas estruturas essenciais para o funcionamento deste

processo: um balão de alimentação onde é colocada a mistura a ser fracionada, uma

célula de PV no interior da qual encontra-se a membrana, dois cristalizadores que

permitem a operação continua do processo, a bomba de recirculação da alimentação e a

bomba de vácuo. Para garantir baixas temperaturas no cristalizador é utilizado

nitrogênio líquido à -196°C.

Figura 3.3: Representação do sistema de pervaporação (CUNHA et al, 2002)

44  

3.3.1. Sistemas de pervaporação

Na unidade de membrana plana, utilizou-se uma célula de pervaporação de aço

inoxidável composta por dois compartimentos separados por um meio poroso de aço

sinterizado sobre o qual a membrana foi colocada. A vedação dos compartimentos foi

realizada utilizando dois “o-rings” de teflon a fim de reduzir o efeito do inchamento

nestas estruturas (Figura 3.4).

Figura 3.4: Representação da célula de pervaporação

Além da célula, a unidade era composta por um balão volumétrico de 250 mL,

um condensador, uma bomba de recirculação (Gear Pump Drive, Console – Cole-

Parmer), uma grade de vidro própria para pervaporação, um pirani, quatro

cristalizadores de vidro e uma bomba de vácuo. Considerando que um dos componentes

da mistura padrão é o benzeno, optou-se pelo uso do Taygon® para as tubulações

utilizadas na circulação da alimentação, visto que este é um material mais resistente ao

ataque de compostos aromáticos. A Figura 3.5 apresenta o sistema de PV para

membranas planas.

45  

Figura 3.5: Sistema de pervaporação utilizando membranas planas

Para a unidade de fibra oca, apenas substituiu-se a célula por um módulo de

fibras ocas. Este, por sua vez, foi construído com conexões de aço inoxidável e no seu

interior foram colocadas paralelamente 5 fibras dispostas na forma longitudinal ao

longo da estrutura (Figura 3.6).

Figura 3.6: Módulo de fibras ocas

46  

3.3.2. Operação da unidade de pervaporação para membranas planas

Inicialmente preparou-se uma mistura padrão de concentração conhecida de

benzeno e n-hexano e em seguida, acondicionou-se esta solução no balão volumétrico.

Através do uso da bomba de recirculação, a alimentação era enviada para célula a uma

vazão fixa de 15,8 L/h e retornava ao balão, permitindo uma alimentação contínua. A

fração da alimentação que permeava a membrana seguia na forma de vapor até os

cristalizadores onde eram condensados devido à baixa temperatura proporcionada pelo

uso de nitrogênio líquido (-196°C).

Neste sistema foram avaliados os efeitos de concentração e de variação de

temperatura. No primeiro caso manteve-se a temperatura do sistema em torno de 25 °C,

variando-se apenas a concentração da solução de alimentação. No segundo caso,

utilizou-se uma solução com concentração próxima à concentração azeotrópica,

variando-se a temperatura da alimentação; Para isto foi utilizado uma placa de

aquecimento e banho a base de glicerol (Vetec). A Tabela 3.3 detalha as condições

descritas acima.

Tabela 3.3: Condições dos ensaios de pervaporação com membranas planas

Temperatura (°C)  25 

Concentração 

(%m/m) 

0  10  20  30  50  70  90 

Temperatura (°C)  25  40  50  60 

Concentração 

(%m/m) 

Durante o processo de pervaporação utilizaram-se quatro cristalizadores os quais

eram substituídos a cada 30 minutos, sendo este o tempo necessário para a obtenção do

regime estabelecido. Desta forma, descartava-se o permeado coletado no primeiro

cristalizador e os demais seguiam para análise cromatográfica a fim de verificar a

composição dos mesmos. Para determinar a composição da alimentação, coletavam-se

47  

amostras no início e no término do processo, determinava-se a composição por análise

cromatográfica e obtinha-se a média desses valores. Vale ressaltar que a fim de se obter

maior confiabilidade nos resultados gerados, cada condição foi realizada em triplicata

de modo que os dados obtidos são resultados da média aritmética de cada ensaio.

Os parâmetros de desempenho avaliados neste trabalho foram seletividade e

fluxo permeado, cujas equações encontram-se no capítulo de Revisão bibliográfica e

fundamentos teóricos. O valor da massa utilizada no cálculo do fluxo pôde ser obtido

pela diferença entre as massas do cristalizador antes e depois de cada teste (medição

realizada em balança analítica, Adventurer – Ohaus). Como foi utilizada mais de uma

membrana composta ao longo dos testes e estas por sua vez não possuíam a mesma

espessura de camada seletiva, optou-se por normalizar os fluxos obtidos para uma

espessura de 10 µm a fim de permitir comparação entre todos os resultados (equação

3.2).

10 10 3.2

J10 – Fluxo permeado normalizado para 10 µm (kg/m²h)

J – Fluxo permeado (kg/m²h)

e – Espessura da camada seletiva da membrana (µm)

m – Massa de permeado (kg)

A – Área de membrana (m²)

t – Tempo de corrida (h)

48  

3.3.3. Operação da unidade de pervaporação para fibras ocas

De modo geral a operação deu-se de forma semelhante à realizada na unidade de

membrana plana, porém nesta etapa foram feitos apenas ensaios a 25°C com

concentração de benzeno na alimentação de 20% m/m.

As características do módulo de pervaporação e as condições de operação foram

definidas considerando três aspectos:

• Cada fibra possui uma área disponível para permeação em torno de nove

vezes menor que a área da membrana plana utilizada na outra unidade

• A camada seletiva da fibra é aproximadamente quatro vezes maior que a

pele da membrana plana.

• O comprimento das fibras disponíveis exigia a construção de um módulo

pequeno, com volume de 13,35 cm³.

O módulo foi construído com cinco fibras, o que corresponde a

aproximadamente metade da área de permeação de uma membrana plana. Considerando

esta redução de área e a maior espessura da camada seletiva, foi estabelecido um tempo

de experimento de 1 hora e 30 minutos. A Tabela 3.4 apresenta as especificações do

módulo.

Tabela 3.4: Especificações do módulo de fibras ocas

Diâmetro externo da fibra 872,12 µm

Comprimento da fibra 17 cm

Área superficial de cinco fibras 23,29 cm2

Espessura da camada seletiva da fibra 17,48 µm

Diâmetro do modulo 1 cm

Comprimento do modulo 17 cm

Densidade de empacotamento 1,74 cm²/cm³

49  

A Figura 3.7 apresenta a unidade de pervaporação utilizando o módulo de fibras

ocas.

Figura 3.7: Sistema de pervaporação com módulo de fibras ocas

3.4. Análise Cromatográfica

Durante os ensaios de pervaporação foram coletadas amostras da alimentação e

do permeado para serem posteriormente analisadas por cromatografia e desta forma

obter a concentração percentual de benzeno e n-hexano em cada uma delas. Para isso

utilizou-se um cromatógrafo Perkin Elmer, modelo Clarus 600, dotado de detector de

ionização de chama (FID). As condições de operação encontram-se na Tabela 3.5.

Construiu-se uma curva de calibração com diferentes concentrações da mistura

de benzeno e n-hexano para a implementação do método que seria utilizado nas análises

(Apêndice B).

50  

Tabela 3.5: Condições de operação - Cromatografia

Cromatógrafo Clarus 600

Gás de arraste He

Comprimento da coluna 30 m

Pressão de entrada da

coluna 10 bar

Temperatura do forno 200 °C

Temperatura do detector 150 °C

Temperatura do injetor 150 °C

Volume de amostra 0,5 µL

Número de injeções 3 

51  

4. Resultados e discussão

4.1. Fabricação de suportes microporosos e de filmes densos

A síntese de membranas compostas é uma etapa fundamental neste trabalho

tendo em vista que a obtenção de membranas adequadas para a separação de líquidos

orgânicos, com alto fluxo permeado e alta seletividade, tem sido tema de diversas

pesquisas. Desta forma, o principal objetivo era obter membranas compostas, tipo pele

sobre substrato poroso, para otimizar o desempenho da mesma no processo de

pervaporação. Lembrando que em membranas compostas normalmente a camada

seletiva é mais fina do que me filmes integrais densos e, por este motivo, possibilitam

fluxos permeados mais elevados.

Nos experimentos realizados foram avaliados alguns aspectos das membranas,

tais como morfologia, espessura da camada seletiva e adesão entre pele e suporte.

Algumas etapas foram necessárias para a seleção do suporte e, consequentemente, para

a seleção da membrana composta mais adequada a ser utilizada no processo de

pervaporação de misturas binárias benzeno e n-hexano. Inicialmente realizaram-se

ensaios de solubilidade em benzeno seguidos da análise de FTIR nos suportes de PES,

PSf, PVDF e Nylon a fim de verificar a resistência química desses materiais. Foram

realizados também ensaios de permeação de gases em filmes densos a fim de obter um

parâmetro de comparação para os resultados obtidos nas membranas compostas.

Finalizando esta etapa avaliou-se a morfologia das membranas compostas obtidas,

principalmente a estrutura do suporte e a uniformidade da camada seletiva.

4.1.1. Seleção do suporte microporoso

Conforme mostrado na Tabela 4.1, os ensaios de solubilidade permitiram uma

análise preliminar da resistência do polímero ao benzeno. Desta forma verificou-se que

dentre as membranas porosas avaliadas, apenas a PSf solubilizou quando em contato

com o benzeno. Por este motivo descartou-se a possibilidade de utilizá-la como suporte

das membranas compostas.

52  

Tabela 4.1: Resistência ao benzeno de várias membranas - suporte

Membranas porosas

PES PSf PVDF Nylon

Solubiliza em benzeno Não Sim Não Não

Modifica estrutura química (FTIR) Não - Não Não

Em um segundo momento, as membranas foram submetidas à análise de FTIR a

fim de verificar se os polímeros que não solubilizaram em benzeno sofreram qualquer

alteração em sua estrutura química, alteração esta que pode ser verificada pelo

desaparecimento de grupos funcionais, pelo deslocamento de banda ou pelo

aparecimento de novos picos de absorção no espectro. A presença de qualquer uma

dessas alterações indicaria a necessidade de um estudo que avaliasse as consequências

destas sobre as características inerentes do polímero (resistência mecânica e química),

garantindo a integridade da membrana ao longo do processo de pervaporação. Os

espectros obtidos são apresentados no Apêndice A e mostram que não houve alteração

na estrutura química das membranas gerando assim espectros praticamente idênticos

antes e depois do contato com benzeno.

4.1.2. Fabricação e caracterização de filmes densos

Os filmes densos de poliuretano foram produzidos, pela técnica de evaporação

total do solvente, a partir de uma solução polimérica na proporção de 10% PU e 90%

THF. Na capela, verteu-se esta solução em uma placa de petri que, em seguida, foi

parcialmente tampada, possibilitando assim a evaporação lenta do solvente por 24 h. Os

filmes foram caracterizados pela técnica de permeação de gases a fim de garantir a

ausência de poros dos mesmos e estabelecer um parâmetro de comparação para as

membranas compostas que seriam produzidas no decorrer do trabalho. A seletividade

CO2/N2 obtida apresentou valores compatíveis com dados da literatura para filmes de

PU base éster (PEISINO, 2009; COUTINHO et al, 2004). As permeabilidades e as

53  

seletividades ideais obtidas para um filme típico, denso de poliuretano, com 20,98 µm

de espessura, medidas a 3,0 bar de pressão, são apresentadas na Tabela 4.2.

Tabela 4.2: Permeabilidade de membranas densas de PU

Referência P (Barrer) N2 P (Barrer) CO2 Seletividade CO2/N2

Este trabalho 0,42 11,71 26,01

Este trabalho 0,63 12,17 20,80

Este trabalho 0,63 11,12 19,00

Peisino, 2009 - - 28,21

Coutinho et al, 2004 - - 31,30

1Barrer = 10-6

cm3/cm.s.cmHg

4.1.2.1. Filmes densos contendo β-ciclodextrina

A inclusão de materiais orgânicos e inorgânicos na matriz polimérica para a

formação de membranas híbridas para pervaporação tem sido estudada por diversos

pesquisadores com o intuito de aumentar a seletividade. Dependendo do material

utilizado, pode ser aumentada a superfície de sorção ou, através da inclusão de um

agente de transporte facilitado, a seletividade da membrana pode ser aumentada pela

“captura” preferencial de um dos componentes. A β-ciclodextrina (β-CD) funciona

como um agente de transporte facilitado pois devido à propriedade intrínsecas da

molécula é possível formar complexos β-ciclodextrina-aromáticos cujas ligações podem

ser facilmente rompidas pela força motriz do processo de pervaporação.

Estudou-se a possibilidade de aumentar a seletividade do poliuretano a

compostos aromáticos através da inclusão da β-ciclodextrina hidroxipropilada (HP-β-

CD) na matriz polimérica. Muitos trabalhos na literatura mostram que esta molécula

tem bom desempenho para este fim (LUE e PENG, 2003; PENG et al, 2006; RÖLLING

et al, 2010; CHEN et al, 2000), porém na maioria dos casos a inclusão da ciclodextrina

na matriz polimérica é realizada ainda no momento da polimerização, como extensor de

54  

cadeia. No presente trabalho a HP-β-CD utilizada na forma de pó foi inclusa como um

aditivo durante o preparo da solução polimérica; como não foram encontrados trabalhos

na literatura que houvessem adicionado a ciclodextrina nesta etapa, fixou-se dois

critérios para garantir a disponibilidade das moléculas para formação dos complexos: (i)

é necessário que a molécula seja solúvel no solvente da solução polimérica e (ii) após a

evaporação deste solvente para a formação da membrana, a ciclodextrina deveria

permanecer ligada covalentemente à cadeia de PU.

Inicialmente foi avaliada a solubilidade da HP-β-CD nos solventes utilizados a

fim de garantir que durante o processo de pervaporação a molécula não fosse extraída

juntamente com o permeado. Desta forma, verificou-se que a HP-β-CD é insolúvel em

benzeno e n-hexano. Verificou-se também que a HP-β-CD era insolúvel em THF e

solúvel em NMP.

Foram preparados filmes poliméricos, pela técnica de evaporação total do

solvente em estufa a 50°C, a partir de soluções de 15% PU/10%NMP/75%THF com 5%

m/m de HP-β-CD em relação à massa de PU. Observou-se que o filme denso formado

tinha uma coloração esbranquiçada, sendo isto atribuído à presença da ciclodextrina. No

entanto, na superfície da membrana era possível observar a presença de pontos brancos

atribuídos à solubilização incompleta do pó. Considerando que a presença destes

aglomerados poderia ser prejudicial ao desempenho da membrana já que, além de

representarem um impedimento físico ao fluxo permeado, as cavidades da molécula de

ciclodextrina poderiam não estar totalmente disponíveis para complexação, apontou-se

como alternativa para solucionar este problema o uso do sonicador (Sonics - Vibra Cell

750W, 20 kHz) para homogeneizar a solução polimérica, sendo o tempo de operação de

15 minutos, com 20% de amplitude. Obteve-se uma aparente melhor solubilização

perceptível pela redução dos pontos brancos na membrana, no entanto pela

fotomicrografia deste filme, ainda é possível observar a presença desses aglomerados da

ordem de 5-10 µm, dispersos na matriz polimérica (Figura 4.1).

55  

Figura 4.1: Superfície do filme denso de PU contendo HP-β-CD

Os filmes fabricados foram analisados pela técnica de FTIR objetivando detectar

nos espectros a presença de grupamentos característicos da ciclodextrina e confirmar a

presença da mesma nos filmes de PU. Segundo LUE e PENG (2003) não há diferença

perceptível entre os espectros do poliuretano puro e do modificado pela inclusão de

ciclodextrina, entretanto, no presente trabalho foi possível observar modificações nos

espectros (Figuras 4.2, 4.3 e 4.4). Os picos de C=O (~1715 cm-1), C-O (~1070 cm-1), C-

H (2800-3000 cm-1), C6H4 (660-1400 cm-1) e N-H (~3300 cm-1) são comuns a ambos os

espectros; no entanto, comparando-se os espectros da membrana de PU/HP-β-CD com o

da HP-β-CD, é possível observar que o alargamento do pico próximo a 3300 cm-1

(representa o pico mais estreito de N-H do PU sobreposto pelo pico mais largo de O-H

resultante de associação da CD ao polímero), o surgimento do pico de 1025,92 cm-

1(característico do grupamento éter da CD) e alterações entre as faixas de absorção de

800 a 1200 cm-1(deslocamento e desaparecimento de alguns picos de absorção) são

decorrentes da presença da CD na matriz polimérica, além de indicar a ocorrência de

interações entre a CD e as cadeias de poliuretano.

56  

4000.0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650.038.0

40

42

44

46

48

50

52

54

56

58

60

62

64

66

68

70

72

74

76

78

80

82

84

86

88

90

92

94

96

98

100.0

cm-1

%T

3332.03

2953.47

1720.93

1597.54

1529.34

1451.64

1414.34

1390.72

1356.02

1312.16

1271.96

1253.39

1220.44

1171.09

1140.31

1112.44

1069.86

1025.92

981.93

848.43

816.97

771.29

712.31

687.41

675.17

Figura 4.2: Espectro do filme denso de poliuretano

 

4000.0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650.041.0

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

105

107.0

cm-1

%T

3332.80

2947.14

1725.17

1597.99

1529.50

1451.81

1414.37

1364.25

1312.63

1254.65

1221.39

1161.87

1070.821025.52

848.18

816.53

770.31

711.99

687.07

Figura 4.3: Espectro da membrana híbrida PU/HP-β-CD

 

57  

4000.0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650.034.0

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

102.0

cm-1

%T

3338.89

2927.87

1644.35

1332.41

1151.36

1079.87

1022.23

946.99

849.55

755.11

Figura 4.4: Espectro da HP-β-CD

O teste de permeação de gases mostrou que a membrana de PU/HP-β-CD possui

seletividade para N2 (αN2/CO2 = 6,2), indicando que de alguma forma a presença da CD

pode ter aumentado a permeabilidade difusiva do N2 e reduzido a solubilidade de CO2

na superfície da membrana. A permeabilidade do N2 foi maior que a permeabilidade do

CO2. Sabendo que o diâmetro cinético do N2 (3,16 Å) é muito menor que o diâmetro da

cavidade estrutural da CD, é possível que estas cavidades tenham funcionado como

caminhos preferencias a passagem de N2. Embora o diâmetro do CO2 também seja

muito pequeno, ele é mais condensável que o N2 e por esse motivo a etapa de sorção do

CO2 tem uma contribuição maior.

Tendo em vista os resultados obtidos, foram produzidas membranas compostas

com camada seletiva de PU contendo HP-β-CD a fim de avaliar seu desempenho na

pervaporação.

58  

4.2. Fabricação e caracterização das membranas planas compostas

Foram sintetizadas diversas membranas compostas utilizando diferentes

técnicas, a depender do material do suporte selecionado. Para os suportes comerciais de

PVDF e Nylon, a técnica utilizada foi recobrimento utilizando uma solução de

poliuretano 10% m/m em THF. No caso da PES, utilizou-se a técnica do espalhamento

simultâneo utilizando duas facas de espalhamento com espessura conhecida de 0,30 mm

e 0,20 mm; neste caso foram abordados os seguintes aspectos: a variação das

concentrações das soluções de PU e de PES, o tempo de evaporação permitido após o

espalhamento e o efeito de duas frentes de precipitação proporcionado pelo uso do papel

de filtro.

4.2.1. Membranas planas compostas com suporte de PES e camada

seletiva de PU

Foram preparadas separadamente duas membranas, uma a partir da solução de

PU/THF (contendo 10% m/m de PU) pela técnica de evaporação total do solvente e

outra a partir da solução de PES/PVP/NMP (na proporção 20% m/m de PES, 7% m/m

PVP e 73% NMP) pela técnica de inversão de fases por imersão e precipitação. Tal

etapa destina-se a obtenção de informações sobre a morfologia de cada filme sem a

influência da transferência de massa entre as soluções no preparo das membranas

compostas. Na Figura 4.5 são apresentadas as fotomicrografias das seções transversais

das membranas formadas.

(b) (a)

Figura 4.5: Fotomicrografias das seções transversais das membranas planas obtidas a

partir das soluções de (a) PU/THF e (b) PES/PVP/NMP

59  

No caso do filme denso de PU observa-se que há a formação de uma camada

totalmente isenta de poros, sendo esta a morfologia esperada para a pele das membranas

compostas. Para o suporte de PES é possível observar a formação de uma camada

densificada decorrente da precipitação instantânea da superfície, sendo esta induzida

pela forte interação entre o NMP e a água do banho de precipitação; em decorrência

desta barreira física, a transferência de massa entre o banho de precipitação e as

camadas mais internas do filme de PES é dificultada e dá origem ao processo de

formação de poros. Para a membrana em questão, a presença de poros interconectados

indica que o mecanismo de separação foi espinodal (DUARTE, 2003).

Tendo estas informações sobre a pele e o suporte, as membranas compostas

foram sintetizadas utilizando a técnica de espalhamento simultâneo seguido do processo

de imersão-precipitação, sendo o conhecimento prévio desta técnica adquirido de outros

trabalhos desenvolvidos no laboratório PAM (CARVALHO, 2005; BRAGA JUNIOR,

2007). Embora originalmente esta técnica proporcione apenas uma frente de

precipitação, o presente trabalho abordou também o uso de duas frentes de precipitação

lançando mão do uso de papel de filtro como uma superfície de espalhamento. A seguir

serão apresentados os resultados obtidos para ambos os casos.

4.2.1.1. Espalhamento simultâneo com uma frente de precipitação

No espalhamento simultâneo com uma frente de precipitação, duas soluções

poliméricas são espalhadas simultaneamente sobre uma placa de vidro de modo a

sobrepor os filmes poliméricos formados. Utilizando esta técnica, foram testadas

algumas condições para a síntese de membranas compostas utilizando soluções de PU e

PES nas proporções de 15%PU/85%THF e 20%PES/7%PVP/73%NMP,

respectivamente. Observou-se o efeito da temperatura do banho de precipitação e a

variação do tempo de exposição ao ambiente. Na Tabela 4.3 são apresentadas as

diversas condições testadas.

60  

Tabela 4.3: Condições de preparo de membranas de 15% PU / 20% PES no

espalhamento simultâneo com uma frente de precipitação

Membrana

Temperatura do

banho de

precipitação

Tempo de

exposição ao

ambiente

M-25-0 25ºC 0s

M-25-15 25ºC 15s

M-25-30 25ºC 30s

M-60-0 60ºC 0s

M-60-15 60ºC 15s

M-60-30 60ºC 30s

Sabendo que no processo de espalhamento simultâneo há a presença de duas

soluções poliméricas com solventes diferentes e ainda há a presença da água como não

solvente, devem ser considerados e avaliados os possíveis sentidos dos fluxos dos

componentes de baixa massa molar (Figura 4.6). Os fluxos de água e dos solventes das

soluções poliméricas devem-se principalmente aos gradientes de concentração

estabelecidos no momento da imersão no banho de precipitação. No entanto, o processo

de transferência de massa do THF inicia-se antes mesmo da imersão; devido à alta

volatilidade deste solvente e ao gradiente de concentração entre a solução e o ar, este

começa a evaporar da solução de PU logo após o espalhamento. Após a imersão no

banho de precipitação há um fluxo de água do banho em direção aos filmes, porém

outros fluxos passam a influenciar o processo de transferência de massa. Considerando

que a interação do THF com a água é menor que a sua interação com o NMP, pode-se

dizer que, além da saída de THF para o banho, deve haver um fluxo de THF da solução

de PU para a solução de PES. Da mesma forma, o fluxo de NMP ocorre no sentido da

solução de PU. O fluxo difusivo do polímero (componente de alta massa molar) é

considerado nulo.

61  

Figura 4.6: Representação esquemática dos sentidos dos fluxos dos componentes de

baixa massa molar após a imersão no banho de precipitação, com uma frente de

precipitação

Na Figura 4.7encontram-se as fotomicrografias das membranas M-25-0 e M-25-

30 (ver Tabela 4.3). É possível observar que ocorreu boa adesão entre a pele e o suporte,

gerando uma membrana composta com duas camadas bem distintas. Embora a

morfologia do suporte tenha se mantido praticamente inalterada em todas as condições,

a morfologia da pele sofre modificações apresentando uma superfície externa cada vez

menos porosa à medida que o tempo de exposição ao ambiente aumentava. Sabe-se que

há fluxo de THF em direção ao suporte devido ao gradiente de concentração, porém o

fluxo para o ambiente é maior devido à alta volatilidade deste solvente. Desta forma,

tempos de exposição maiores permitem que antes mesmo da imersão, haja uma redução

da concentração de THF na camada de PU e consequentemente um aumento da

concentração de polímero na superfície da mesma, favorecendo a formação de uma

camada densa mais uniforme.

(a) (b)

Figura 4.7: Seção transversal de membranas compostas de PU / PES fabricadas pela

tecnica de espalhamento simultâneo com 0s (a) e 30s (b) de exposição ao ambiente

62  

Ao imergir a membrana no banho de não solvente, ocorre uma rápida

precipitação na interface do filme polimérico com a água e a transferência de massa

entre o banho e o filme é reduzida. No entanto, a fotomicrografia indica que o não

solvente atingiu camadas mais profundas da membrana e permitiu a formação de

núcleos de fase diluída ao longo da espessura da fase líquida original da membrana. A

formação de células fechadas na camada microporosa evidencia que a precipitação

ocorreu antes que esses núcleos crescessem. Porém fica sugerido que alguns núcleos

tenham coalescido formando “bolhas” com solvente residual dentro da solução

polimérica. No equilíbrio, estas bolhas liberam o solvente residual gerando macroporos,

detectáveis visivelmente, cuja dimensão chega a alcançar a toda a espessura da

membrana composta formada. (Figura 4.8).

(a) (b)

Figura 4.8: Seção transversal (a) e superfície (b) da membrana composta com formação

de macroporos

Com o objetivo de tentar impedir a formação desses macroporos, utilizou-se um

banho de não solvente com temperatura mais elevada (60°C). A princípio o efeito

desejado seria acelerar a cinética de precipitação de modo a impedir que os núcleos de

fase diluída coalescessem. No entanto, observou-se mudança apenas na morfologia da

superfície da membrana que, por precipitar mais rapidamente, tornou-se menos rugosa

que as obtidas à temperatura ambiente.

63  

4.2.1.2. Espalhamento simultâneo com duas frentes de precipitação

A técnica de espalhamento simultâneo é usualmente realizada utilizando-se

apenas uma frente de precipitação. Visando minimizar a coalescência dos núcleos de

fase diluída e o aparecimento de defeitos na superfície da membrana, neste trabalho

abordou-se uma variação desta técnica utilizando duas frentes de precipitação e

promovendo uma transferência de massa mais efetiva entre banho e solução polimérica.

Vale ressaltar que não foi encontrado na literatura este tipo de abordagem para

fabricação de membranas planas e, portanto, não foi possível estabelecer parâmetros de

comparação para os resultados obtidos neste trabalho.

A proposta era substituir a placa de vidro, sobre a qual era realizado o

espalhamento, por uma superfície porosa que permitisse a saída dos solventes;

entretanto esta superfície deve possuir poros suficientemente fechados a fim de impedir

a impregnação da mesma pela solução polimérica. Com este objetivo utilizou-se um

papel de filtro preso nas extremidades sobre a placa de vidro de modo que esta

fornecesse a resistência mecânica necessária para manter a membrana totalmente plana

durante o banho de precipitação e ainda permitisse o acesso da água à superfície do

papel. Desta forma possibilitou-se a transferência de massa entre o filme polimérico e o

banho pela superfície superior e inferior da membrana (Figura 4.9).

Figura 4.9: Representação esquemática dos sentidos dos fluxos dos componentes de

baixa massa molar após a imersão no banho de precipitação, com duas frentes de

precipitação.

64  

As condições avaliadas neste tipo de espalhamento e suas respectivas

fotomicrografias são apresentadas na Tabela 4.4 e na Figura 4.10.

Tabela 4.4: Condições de preparo de membranas PU/PES no espalhamento simultâneo

com duas frentes de precipitação

Solução

de PU

Solução

de PES

Temperatura do

banho de precipitação

Tempo de

exposição ao

ambiente

Papel de

filtro

A 15% PU 20% PES 25ºC 30s Seco

B 15% PU 20% PES 25ºC 30s e 60s Água

C 15% PU 15% PES 25°C 30s NMP

D 15% PU 15% PES 25°C 30s Água

65  

A B

C D

Figura 4.10: Fotomicrografias da seção transversal de membranas fabricadas pela

técnica de espalhamento simultâneo com duas frentes de precipitação (condições de

preparo conforme dados da Tabela 4.4)

Nas condições A e B apresentadas da Figura 4.10 foram mantidas as

concentrações de 15% PU e 20% PES utilizadas no item anterior. Apesar do tempo de

exposição ao ambiente ter variado entre 30 e 60 segundos, não houve mudança

significativa na superfície da membrana. No entanto, a presença de uma segunda frente

de precipitação modificou consideravelmente a morfologia da membrana se comparado

às obtidas pela técnica convencional. Pode-se observar a formação de macrovazios cuja

morfologia indica que o crescimento partiu da superfície em contato com o papel de

filtro para a superfície oposta, evidenciando que houve transferência de massa através

desta superfície. A forma de apresentação do papel de filtro também exerceu forte

influência na morfologia final do suporte; ao umedecer o papel de filtro com água, antes

do espalhamento, possibilitou-se o início da transferência de massa antes mesmo da

imersão do filme no banho de não solvente permitindo que este alcançasse camadas

mais internas da solução de PES. Desta forma a camada de células fechadas entre a pele

e os macrovazios que havia sido formada na condição A, foi reduzida e comparando-se

66  

com a condição B, espera-se que a resistência ao transporte no processo de

pervaporação também seja reduzida.

Durante a síntese de membranas compostas um dos principais objetivos a ser

alcançado era a fabricação de uma membrana que possibilitasse relativamente altos

fluxos permeados proporcionados por espessuras reduzidas de camada seletiva. Embora

a espessura da camada seletiva seja um fator determinante para este objetivo, sabe-se

que a estrutura do suporte também pode influenciar este resultado. Um suporte com

células fechadas oferece maior resistência ao transporte que um suporte com

macrovazios e com poros interconectados. Desta forma, realizaram-se variações nas

condições de espalhamento de modo a produzir membranas com uma estrutura

adequada de poros e com uma pele densa tão fina quanto fosse possível.

Ainda visando obter um suporte mais adequado, com poros interconectados, e de

uma pele densa isenta de defeitos, variou-se novamente as condições de espalhamento;

a redução da concentração da solução de PES foi realizada a fim de deslocar a condição

de equilíbrio deste sistema polimérico e tentar obter poros interconectados pelo

processo de precipitação espinodal. Nota-se pelas fotomicrografias C e D da Figura 4.10

que este objetivo foi alcançado.

Na condição C o papel de filtro foi previamente umedecido com NMP, sendo

esta a pior condição avaliada neste tipo de espalhamento. O NMP é solvente de ambas

as soluções poliméricas utilizadas e por isso acabou por dilui-las. Ao introduzir o filme

no banho de não solvente, a forte interação entre o NMP e água provoca separação de

fases na solução de PU e esta não resulta em uma camada seletiva densa, por apresentar

poros ao longo de sua estrutura.

A última condição avaliada foi com uma concentração de 15% de PES e com o

papel de filtro umedecido com água. Pela fotomicrografia da seção transversal desta

membrana composta foi possível observar que houve formação de uma pele densa e de

um suporte com poros interconectados, sendo está uma morfologia adequada para

aplicação em sistemas de pervaporação. No entanto, ainda observou-se a presença de

defeitos na superfície. Tendo em vista a complexidade inerente dos mecanismos de

transferência de massa na técnica de espalhamento simultâneo e o grande número de

variáveis envolvidas, optou-se por testar a técnica de recobrimento de suporte. Vale

ressaltar que os resultados obtidos para fabricação de membranas planas através do

67  

espalhamento simultâneo com duas frentes de precipitação demonstram que esta é uma

técnica de preparo promissora e que merece ser explorada e estudada detalhadamente.

4.2.2. Membranas planas compostas com suporte de Nylon e de PVDF

Nesta etapa utilizou-se a técnica de recobrimento onde, conforme descrito

anteriormente no capítulo de materiais e métodos, uma membrana microporosa

(suporte) é recoberta com a solução polimérica que formará a camada seletiva da

membrana composta. Foram testados dois suportes diferentes, um à base de nylon e

outro à base de PVDF, ambos de ultrafiltração, enquanto para a formação da pele

utilizou-se uma solução de 10% m/m de PU em THF.

As membranas compostas fabricadas a partir do suporte de nylon apresentaram

pouca adesão entre a pele de poliuretano e o suporte, de modo que durante o

espalhamento da solução já era possível observar que algumas regiões da membrana não

haviam sido recobertas (Figura 4.11).

Desta forma, a heterogeneidade do recobrimento provocou uma descontinuidade

da camada seletiva e por isso o uso desta membrana suportada em nylon ficou

comprometido.

68  

(a) (b)

(c) (d)

Figura 4.11: Membrana composta com suporte de Nylon e pele de PU, sendo “a” e “c”

seções transversais e “b” e “d” as respectivas superfícies de amostras distintas da

mesma membrana

Seguindo a mesma técnica de fabricação, prepararam-se membranas compostas

com suporte de PVDF. Foram realizadas diversas fotomicrografias de regiões distintas

da mesma membrana e foi possível observar que além da boa adesão entre o poliuretano

e o PVDF, a pele formada apresentava espessura em torno de 2,1µm e estava

uniformemente distribuída sobre todo o suporte microporoso (Figura 4.12). É

importante frisar que este é um ganho significativo no que se refere à obtenção de altos

fluxos permeados visto que a maioria das pesquisas publicadas em pervaporação utiliza

filmes densos que possuem espessura muito superior a esta (CUNHA, 1997 e 2001).

69  

Figura 4.12 – Seção transversal da membrana composta PU/PVDF

Tendo em vista os resultados satisfatórios obtidos na análise morfológica da

membrana composta, foram realizados testes de permeação com nitrogênio e dióxido de

carbono a fim de comparar a seletividade desta membrana com os filmes integrais

densos de poliuretano. Vale lembrar que para permeação gasosa, o material da camada

densa de uma membrana é o fator determinante para a seletividade da mesma tendo em

vista que a afinidade entre este material e o penetrante influencia diretamente a

permeabilidade dos componentes. Desta forma pode-se dizer que influência do suporte

de PVDF sobre a permeabilidade é pouco significativa ou nula considerando que este é

um suporte microporoso e que o material do filme denso é o mesmo da camada seletiva

da membrana composta.

Foram realizados três testes de permeação, à pressão de 3,0 bar, e a média das

seletividades ideais CO2/N2 obtida foi de 33,1, valor este maior que o obtido para os

filmes densos integrais previamente testados. Considerando que a seletividade está

intrinsecamente relacionada à permeabilidade do material, esta variação no valor da

seletividade pode ser decorrente de uma redução da mobilidade segmental da matriz

polimérica de PU ocasionada pela adesão entre esta e o suporte de PVDF. Sendo assim

a membrana composta pode ser considerada densa e, portanto própria para ser utilizada

em sistemas de pervaporação.

Foram sintetizadas membranas compostas com suporte de PVDF e utilizando

para a camada seletiva a solução de 10% PU em THF, contendo 5% m/m de β-

ciclodextrina hidroxipropilada. Utilizou-se a técnica de recobrimento seguida de

evaporação total do solvente em estufa a 50°C. A integridade da pele da membrana foi

70  

71  

confirmada pelo teste de permeação de gases, garantindo valores de seletividade em

torno de 6 para N2/CO2,, um indicativo positivo para explorar seu potencial em

pervaporação.

4.2.3. Resumo e avaliação dos resultados de síntese de membranas

De todas as membranas produzidas pode-se afirmar que a mais adequada para

uso imediato neste trabalho foi a membrana composta com pele de PU e suporte de

PVDF. Além de possuir características morfológicas apropriadas para o tipo de

separação pretendida (pele densa isenta de defeitos e suporte com poros interconectados

que oferecem baixa resistência ao transporte), a camada seletiva obtida foi a menos

espessa e, portanto favorece a geração de alto fluxo permeado. Além desta, o

desempenho da membrana composta com camada seletiva híbrida de PU/HP-B-CD

também será avaliado para o processo de pervaporação.

Na Tabela 4.5 são apresentados os resultados obtidos em cada experimento,

considerando cada uma das variáveis avaliadas.

Tabela 4.5: Resumo das condições de síntese e caracterização das membranas compostas de PU

Soluções pele – suporte PU 15% - PES 20% T banho de precipitação (°C) 25 60 25 25

Tempo de evaporação 0, 15, 30 s 0, 15, 30 s 30 s 30, 60 s Papel de Filtro - - Seco Água

Espessura da pele (µm) 36,39 24,71 16,08 - Adesão Boa Boa Boa Boa

Morfologia Pele Rugosa Lisa Rugosa Porosa

Suporte Células fechadas Células fechadas Células fechadas com macrovazios

Células fechadas com macrovazios

Soluções pele – suporte PU 15% - PES 15% PU 10% - Nylon PU 10% - PVDF T banho de precipitação (°C) 25 25 - -

Tempo de evaporação 30 s 30 s 24 h 24 h Papel de Filtro NMP Água - -

Espessura da pele (µm) - 18,88 - 2,11 Adesão Ruim Boa Ruim Boa

Morfologia Pele Muito porosa Lisa Lisa Lisa

Suporte Poros interconectados

Poros interconectados Células fechadas Poros

interconectados

72  

4.3. Fabricação e caracterização das fibras ocas compostas

Após a realização dos testes com membrana plana, foi selecionado o suporte de

PVDF para produzir as fibras ocas compostas pretendidas neste trabalho. Para isto,

foram utilizadas fibras ocas de PVDF (extraídas de um módulo comercial da Motimo®),

e foram recobertas com camada de PU pela técnica de recobrimento.

Conforme descrito no capítulo de materiais e métodos, as membranas foram

fixadas em um suporte e em seguida realizou-se o cobrimento. Foram avaliadas três

níveis de concentração para a solução de PU: 10%, 8% e 5%. Os ensaios com as duas

soluções mais concentradas resultaram em fibras cobertas com espessura da camada

seletiva de aproximadamente 14µm, porém defeitos grosseiros foram observados na

morfologia da pele; devido à alta viscosidade da solução, o espalhamento da solução

sobre o suporte não se deu de forma uniforme gerando algumas regiões com maior

espessura e outras com formação de bolhas de ar entre a pele e o suporte (Figura 4.13).

Figura 4.13: Fotomicrografia da seção transversal da fibra de PVDF recoberta com

solução 10%PU em THF

Os testes com soluções menos concentradas resultaram em membranas com pele

mais uniforme e com espessura em torno de 2,11µm (Figura 4.14). Entretanto os

ensaios de permeação realizados para verificar a integridade da pele revelaram que

havia regiões que não haviam sido cobertas. Uma possível justificativa para isso seria o

inchamento da fibra que foi observado durante o cobrimento. Ao imergir a fibra na

solução de PU, verificou-se um aumento significativo de tamanho quando em contato

com um solvente forte como o THF; após a evaporação de todo o solvente, a fibra

voltava ao seu tamanho original gerando assim defeitos na pele.

73  

Figura 4.14: Fotomicrografia da seção transversal da fibra de PVDF recoberta com

solução 5% PU em THF

Visando corrigir esses defeitos, realizou-se um novo cobrimento destas fibras, de

modo a eliminar os defeitos remanescentes do primeiro cobrimento. A Figura 4.15

mostra a fibra recoberta duas vezes com solução de 5% PU e com espessura de camada

seletiva de 17µm.

Figura 4.15: Fotomicrografia da seção transversal da fibra de PVDF recoberta duas

vezes com solução 5%PU em THF

O teste de permeação gerou seletividade de 28,4, valor compatível com a

seletividade obtida para membranas planas de PU.

74  

4.4. Pervaporação de misturas benzeno e n-hexano

Na etapa anterior, a membrana composta com camada seletiva de PU e suporte

microporoso de PVDF foi selecionada para a realização dos testes de pervaporação.

Estes por sua vez foram conduzidos de forma contínua e a uma vazão de alimentação de

15,8 L/h. Cada ensaio tinha duração de 30 minutos e o vácuo era mantido abaixo de 7,5

mmHg.

4.4.1. Pervaporação com membranas planas compostas

Para esta configuração de membrana, foram avaliados os efeitos da

concentração, da temperatura de operação e da HP-β-CD no desempenho da

pervaporação.

4.4.1.1. Efeito da concentração sobre o desempenho da pervaporação

Avaliou-se o desempenho da pervaporação frente à variação da concentração da

solução de alimentação. Para isto foram preparadas misturas de benzeno e n-hexano nas

proporções de 10, 20, 30, 50, 70 e 90 % m/m de benzeno e estas foram mantidas a

temperatura ambiente (aproximadamente 25°C) durante toda a operação. Os resultados

obtidos são apresentados na Tabela 4.6.

Tabela 4.6: Influência da variação da concentração de alimentação na pervaporação (operando a 25ºC) – valores médios

% Bz na alimentação

% Bz no permeado

Seletividade α J (kg/m²h)

Espessura da pele (µm)

J10 (kg/m²h)

0 0 - 0,25 1,04 0,03 7,7 39,99 8,11 0,31 1,04 0,03

15,65 62,00 9,17 0,57 3,90 0,22 44,45 71,02 3,11 2,77 3,90 1,08 68,54 85,76 2,69 3,41 3,90 1,33 71,47 88,37 3,08 4,32 3,90 1,68 97,10 98,94 2,81 4,58 3,90 1,79

75  

O fluxo permeado obtido para a membrana composta foi alto se comparado ao

fluxo da membrana integral densa utilizada por CUNHA (1997). Isto deve-se

principalmente a redução da espessura da camada seletiva de 50 µm para valores

menores que 4 µm. É importante destacar que ambos os trabalhos foram desenvolvidos

no laboratório PAM e que o poliuretano utilizado foi o mesmo. Evidencia-se pela

Figura 4.16 a vantagem em termos de fluxo em se utilizar membranas compostas, na

qual são obtidos fluxos até 10 vezes maiores devido à redução da espessura da camada

seletiva. Observou-se também que à medida que a concentração de benzeno aumenta, a

diferença entre os fluxos obtidos com as membranas densas compostas e integrais

diminui, sendo esta uma consequência do inchamento que ocorre na camada de PU.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Flux

o (k

g/m

2 h)

Fração mássica de benzeno na alimentação

Cunha [ ]

Este trabalho

CUNHA (1997)

Figura 4.16: Variação do fluxo permeado com a concentração de alimentação para

membranas compostas (este trabalho) e membranas integrais densas de PU (CUNHA,

1997)

Um aspecto a ser observado é a questão da resistência ao transporte oferecida

pela membrana. Idealmente esta resistência deveria ser concernente apenas à camada

densa da membrana de modo que, sob as mesmas condições de operação, o fluxo

permeado fosse diretamente proporcional à espessura desta camada. Entretanto, ao

normalizar os fluxos e comparar com dados da literatura (CUNHA, 1997 e 2001),

observou-se que o fluxo normalizado para a membrana composta foi significativamente

menor que o fluxo normalizado para a membrana densa. Apesar da fotomicrografia da

seção transversal indicar que este possuía uma morfologia menos suscetível a este tipo

76  

de resistência (Figura 4.12), a superfície deste suporte apresenta poros da ordem de

nanômetros que podem ter oferecido resistência adicional ao transporte.

Outra possível justificativa estaria relacionada ao gradiente de pressão parcial

estabelecido entre a alimentação e o permeado; embora a pressão no permeado tenha

sido mantida abaixo da pressão parcial de vapor de cada componente da alimentação, no

trabalho de CUNHA (1997) a força motriz aplicada ao processo era maior, pois o vácuo

estabelecido era abaixo de 5 mmHg enquanto que no presente trabalho só foi possível

garantir que o vácuo estaria abaixo de 7 mmHg.

Os resultados obtidos em termos de fluxo permeado e seletividade são

apresentados nas Figuras 4.17 e 4.18, respectivamente.

0,00

0,50

1,00

1,50

2,00

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Flux

o no

rmal

izad

o (k

g/m

²h)

Fração mássica de benzeno na alimentação

Figura 4.17: Variação do fluxo total normalizado para 10 µm com a fração em massa de

benzeno na alimentação.

77  

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

Sele

tivid

ade

Fração mássica de benzeno na alimentação

Figura 4.18: Variação da seletividade com a fração mássica de benzeno na alimentação

Pela Figura 4.17 pode-se observar que o aumento do fluxo permeado é

diretamente proporcional à concentração de benzeno na alimentação. Isto se deve

principalmente a forte interação do poliuretano com o benzeno, confirmada pelo valor

de 0,61 do parâmetro de interação binário de Flory-Huggins. A afinidade entre o

polímero e o penetrante é o fator responsável pela seletividade do sistema, no entanto o

aumento da concentração do componente preferencialmente permeável gera um

inchamento da matriz polimérica, ou seja, as cadeias poliméricas tentem a aumentar sua

mobilidade segmental permitindo um fluxo maior de ambos os componentes. Desta

forma à medida que a corrente de alimentação torna-se mais rica em benzeno, o fluxo

permeado aumenta e a seletividade diminui.

Na Figura 4.18 verifica-se que valores de seletividade entre 7 e 11 são obtidos na

faixa de baixa concentração até 20% m/m de benzeno. Em termos práticos, esses

valores de seletividade indicam que, partindo-se de uma solução binária benzeno/n-

hexano com aproximadamente 10% m/m de benzeno, é possível gerar uma corrente de

permeado com até 40% m/m de benzeno, uma situação favorável quando se deseja

depurar soluções medianamente ou bastante diluídas de componentes aromáticos.

78  

4.4.1.2. Efeito da temperatura sobre o desempenho da pervaporação

Seguindo a metodologia utilizada por CUNHA (1997), os experimentos

realizados para avaliar o efeito da temperatura de operação sobre o desempenho da

pervaporação foram conduzidos sob as mesmas condições de operação descritas no item

anterior (pressão do permeado menor que 7,5 mmHg e vazão de alimentação de 15,8

L/h) e a concentração da solução de alimentação foi fixada em 6% m/m de benzeno,

considerando que há formação de azeótropo benzeno/n-hexano a 68°C na composição

de 4,7% m/m de benzeno (CUNHA, 1997).

Foram realizados ensaios nas temperaturas de 25, 40, 50 e 60°C, garantindo que

não fosse ultrapassada a temperatura de ebulição do n-hexano (69,0°C). Os valores

médios obtidos para cada ensaio realizado encontram-se na Tabela 4.7.

Tabela 4.7: Influência da variação de temperatura no desempenho da pervaporação

(valores médios)

Temperatura (°C)

% Bz na alimentação

% Bz no permeado

Seletividade α

J (kg/m²h)

Espessura da pele (µm)

J10 (kg/m²h)

42 6,28 34,72 7,94 0,53 2,41 0,13 51 6,05 29,06 6,36 0,67 2,41 0,16 59 6,22 26,64 5,47 1,21 2,41 0,29

Os resultados da variação da seletividade com a temperatura são apresentados

nas Figuras 4.19, enquanto que a Figura 4.20 mostra que a variação do fluxo com a

temperatura segue um modelo tipo equação de Arrhenius (equação 2.11).

79  

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

7,0

8,0

9,0

310 315 320 325 330 335

Sele

tivid

ade

Temperatura (K)

Figura 4.19: Variação da seletividade com a temperatura de operação

‐2,50

‐2,00

‐1,50

‐1,00

‐0,50

0,00

2,95 3,00 3,05 3,10 3,15 3,20 3,25

ln (J

10) (kg/m

²h)

1/T * 10³ (K‐1)

Figura 4.20: Variação do fluxo normalizado com o inverso da temperatura de operação

O aumento da temperatura de operação provoca um aumento no fluxo permeado.

Neste caso é importante considerar o efeito da temperatura sobre materiais poliméricos,

em especial elastômeros como é o caso do poliuretano utilizado. A mobilidade

segmental das cadeias poliméricas é afetada diretamente pela temperatura de modo que

em temperaturas mais elevadas os interstícios ou vagas entre as cadeias poliméricas

tornam-se maiores e com isso o fluxo através delas é facilitado.

80  

O efeito contrário é observado na seletividade; como há um aumento do fluxo

difusional para ambos os componentes da alimentação, a membrana acaba tornando-se

menos seletiva. No entanto a queda de seletividade não foi muito acentuada devido à

característica elastomérica do poliuretano, sendo de aproximadamente 25%

comparando-se a maior e a menor temperatura avaliada.

4.4.1.3. Pervaporação com membranas híbridas de poliuretano e β-

ciclodextrina

Os ensaios realizados utilizando membranas compostas planas com camada

seletiva de poliuretano contendo β-ciclodextrina hidroxipropilada foram conduzidos à

temperatura ambiente e a concentração da solução de alimentação utilizada foi de

8,41% m/m de benzeno. A espessura da camada seletiva era de 6,72 µm, seis vezes

maior que a espessura da camada seletiva da membrana composta com pele de PU puro

utilizadas nos testes de PV na mesma faixa de concentração. Obteve-se um fluxo

permeado de 0,13 kg/m²h com concentração de 47,63% m/m de benzeno, traduzindo-se

em um valor de 9,9 de seletividade. Comparando-se com os valores obtidos para a

membrana composta com pele de PU, isento de HP-β-CD, foi observado um aumento

na seletividade e a redução do fluxo permeado pela metade (Tabela 4.8).

Tabela 4.8: Resultados de pervaporação obtidos com as membranas compostas com pele de PU puro e com pele de PU_HP-β-CD

Membrana

Bz na

alimentação

(% m/m)

Seletividade

α

J

(kg/m²h)

Espessura

da pele (µm)

J10

(kg/m²h)

PU-

10/PVDF 7,7 8,1 0,31 1,04 0,03

PU_β-

CD/PVDF 8,41 9,1 0,13 6,72 0,09

81  

No entanto, considerando que ambas as membranas compostas foram

sintetizadas a partir do mesmo suporte e do mesmo polímero base (poliuretano), o fluxo

normalizado permite uma comparação mais adequada do desempenho destas

membranas compostas com diferentes espessuras de pele. Por esta análise, observou-se

que o emprego da CD leva um significativo aumento de três vezes no fluxo permeado.

A literatura mostra que membranas fabricadas com polímeros sintetizados a

partir de ciclodextrina (CD como extensor de cadeia, por exemplo) apresentam bom

desempenho no processo de pervaporação de líquidos orgânicos (LUE e PENG, 2003;

PENG et al, 2006; RÖLLING et al, 2010). No presente trabalho mostrou-se que a

inclusão da ciclodextrina através da solubilização desta na solução polimérica, também

permite a obtenção de seletividade e fluxos mais elevados. No entanto, acredita-se que a

ciclodextrina não tenha solubilizado completamente na solução polimérica, tornando as

cavidades de algumas moléculas de CD indisponíveis para complexação e

comprometendo tanto o fluxo permeado quanto a seletividade. Apesar de não ter sido

ainda testada uma técnica que confirme esta suposição, as análises de FTIR indicam que

a fixação da CD na matriz polimérica foi apenas física.

Os resultados obtidos mostram-se promissores no que se refere à utilização da β-

ciclodextrina no processo de pervaporação, indicando a necessidade de estudar uma

forma de fixar a CD quimicamente por ligações covalentes e tornar as cavidades da

molécula disponíveis para complexação com aromáticos.

4.4.2. Pervaporação com fibras ocas compostas

Para complementar a caracterização das fibras ocas compostas fabricadas com o

intuito de uso em módulos de pervaporação, foram realizados testes utilizando um

módulo contendo 5 fibras fabricado no laboratório PAM. Estes testes foram conduzidos

à temperatura constante e a concentração de alimentação utilizada foi de

aproximadamente 20% m/m de benzeno. Após 1hora e 30 minutos de experimento,

obteve-se um fluxo permeado de 0,12 kg/m²h e seletividade de 8,4.

Comparando-se com os resultados obtidos para membrana plana verifica-se que

o fluxo permeado normalizado é aproximadamente igual na mesma faixa de

concentração. A seletividade também se mantém constante. O fluxo permeado obtido

foi menor para as fibras ocas, porém este fato é justificável pela maior espessura da

82  

camada seletiva em relação a membranas planas compostas. Esses resultados são

apresentados na Tabela 4.9.

Tabela 4.9: Resultados de pervaporação de membranas compostas na forma plana e de fibra oca

Membrana 

composta 

PU/PVDF 

Bz na 

alimentação 

(% m/m) 

Seletividade 

α 

Área de 

membrana 

(m²) 

Espessura 

(µm) 

J10 

(kg/m²h) 

Fibra oca  17,90  8,4  2,33* 10‐3  17,42  0,22 

Plana  15,65  9,2  4,42* 10‐3  3,90  0,22 

A densidade de empacotamento pode ser aumentada se for utilizado mais fibras.

Desta forma, seria possível obter vazões de permeado maiores utilizando o mesmo

módulo.

83  

5. Conclusões e Sugestões

5.1. Conclusões

Este estudo teve como objetivo produzir membranas compostas visando à separação

de misturas orgânicas por pervaporação. Mais especificamente, pretendeu-se alcançar

melhores desempenhos no processo de pervaporação através da redução da espessura da

camada seletiva de membranas compostas. Deste trabalho pode-se concluir que:

Foram obtidas membranas planas compostas com suporte de polifluoreto de

vinilideno (PVDF) e camada seletiva de PU, fabricadas pela técnica de

recobrimento. As fotomicrografias dessas membranas mostraram que sua

morfologia é adequada ao uso no processo de pervaporação, com boa adesão entre

PU e o suporte, e espessuras de peles reduzidas (de 1µm, no melhor resultado).

Os ensaios de pervaporação confirmaram que é possível fracionar misturas de

benzeno/n-hexano a 25ºC utilizando membranas planas compostas de PU/PVDF.

Para carga de benzeno variando de 10% m/m a 90% m/m, o fluxo permeado obtido

variou de 0,31 a 4,58kg/m²h e a seletividade variou de 8,11 a 2,81. A variação mais

acentuada da seletividade em baixas concentrações, até 20% m/m, indica a

possibilidade de utilização destas membranas para depurar soluções medianamente

ou bastante diluídas de componentes aromáticos.

Foi possível fabricar membranas planas híbridas com camada seletiva de PU e β-

ciclodextrina suportadas em PVDF, pela técnica de recobrimento. A partir de uma

alimentação de 8,41% m/m de benzeno, o fluxo permeado gerado foi de 0,13 kg/m²h

e a seletividade foi 9,9. O fluxo normalizado foi três vezes maior que o obtido para a

membrana plana composta de PU pura.

Foi possível obter membranas planas compostas de poliuretano (PU) como camada

seletiva depositada sobre poli (éter-sulfona) (PES) pela técnica de espalhamento

simultâneo com duas frentes de precipitação. A sua caracterização mostra que a

camada seletiva não é totalmente isenta de microporos, no entanto a morfologia do

84  

suporte, com macroporos e poros interconectados, indica que há potencial de

aplicação desta técnica para fabricação de membranas compostas para pervaporação.

A variação da temperatura na faixa de 40ºC a 60ºC gerou fluxos permeados de 0,53

a 1,21 kg/m²h, confirmando a tendência de obtenção de fluxos maiores à custa de

seletividades menores (7,9 a 5,5)

Foi possível obter membranas compostas na forma de fibra oca utilizando suporte

de PVDF e a técnica de recobrimento com PU. A sua caracterização morfológica

indicou estrutura similar as membranas compostas planas, com espessuras de peles

de aproximadamente 17µm.

A avaliação do desempenho das membranas compostas de fibra oca de PU/PVDF

em módulos de pervaporação (escala de laboratório) mostrou que para a mistura

binária padrão benzeno (20%) /n-hexano (80%), o fluxo permeado foi de 0,12

kg/m²h e a seletividade de 8,4 à temperatura de 25°C. Estes resultados confirmam as

propriedades de transporte obtidas com a membrana plana e indicam seu uso

promissor na separação de misturas orgânicas por pervaporação.

5.2. Sugestões

Testar o uso de outros tipos de suporte, com porosidades diferentes, a fim de

verificar o efeito de sua morfologia sobre o desempenho da membrana composta

no processo de pervaporação de misturas benzeno e n-hexano.

Estudar outras formas de fixar a molécula de ciclodextrina na matriz polimérica,

de modo a garantir a disponibilidade das moléculas para complexação com

aromáticos. Embora tenha sido verificada a existência de interação entre a β-

ciclodextrina e o PU, a microscopia da membrana revelou que a solubilização

não foi completa. Uma alternativa seria a modificação da molécula através da

inclusão de um grupo funcional que atuaria como “âncora” para promover a

ligação entre a β-ciclodextrina e a cadeia polimérica de PU.

85  

Estudar a influência da inclusão da ciclodextrina nas membranas de PU sobre o

mecanismo de sorção-difusão das moléculas de CO2 e N2, tendo em vista a

seletividade à N2 da membrana híbrida ser um resultado inesperado.

86  

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96  

APÊNDICE A

ANÁLISES DE FTIR

4000.0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650.013.0

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100.0

cm-1

%T

3410.84 3096.822926.90

1662.87

1576.93

1484.73

1406.01

1320.55

1296.65

1235.83

1146.83 1102.94

1071.68

1011.06

870.80

833.84

797.02

716.66699.04

 

Figura A.1: Espectro da PES antes do teste de solubilidade em benzeno

4000.0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650.013.0

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

99.0

cm-1

%T

3544.733096.40

2924.94

1909.17

1670.55

1576.75

1484.64

1406.14

1320.40

1296.54

1235.76

1146.81

1102.90

1071.58

1010.99

870.79

833.86

796.92

716.56

699.15

Figura A.2: Espectro da PES depois do teste de solubilidade em benzeno

97  

4000.0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650.025.0

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

101.0

cm-1

%T

3019.77 1593.91

1430.99

1400.31

1274.63

1167.85

1071.16

875.13

838.92

740.58

 

Figura A.3: Espectro da PVDF antes do teste de solubilidade em benzeno

 

4000.0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650.026.0

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100.0

cm-1

%T

2923.43

2349.10

1430.99

1400.48

1274.64

1168.52

1071.39

875.65

839.03

740.26

Figura A.4: Espectro da PVDF depois do teste de solubilidade em benzeno

 

98  

4000.0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650.023.0

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100.0

cm-1

%T

3299.66

3073.41

2934.07

2859.84

1631.45 1534.57

1474.61

1464.99

1416.86

1371.13

1275.89

1198.69

1139.42

1042.34

935.14

685.69

Figura A.5: Espectro do Nylon antes do teste de solubilidade em benzeno

 

4000.0 3600 3200 2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 650.022.0

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

104.0

cm-1

%T

3298.60

3075.27

2934.09

2859.91

1631.21 1534.13

1474.581464.95

1416.80

1371.12

1275.76

1198.69

1140.10

1042.59

935.50

906.38

685.49

Figura A.6: Espectro do Nylon depois do teste de solubilidade em benzeno

 

99  

APÊNDICE B

CALIBRAÇÃO DO CROMATÓGRAFO CLARUS 600 PARA A

MISTURA BENZENO/N-HEXANO

Tabela B.1: Dados obtidos na calibração do cromatógrafo

XBz (%)  Área Bz  média 

0%  0  0  0  0 10%  30190,08  36062,95  38679,61  34977,55 20%  75463,74  72430,79  55288,43  67727,65 30%  124287,39  108163,09  115010,85  115820,44 40%  181048,31  154416,54  171399,27  168954,71 50%  230617,22  264104,03  258352,11  251024,45 60%  250427,35  268041,00  317845,18  278771,18 70%  308247,96  337553,23  374126,30  339975,83 80%  387282,06  380186,69  416696,30  394721,68 90%  469044,98  441468,95  481844,88  464119,60 100%  550782,68  558615,97  570573,42  559990,69 

y = 2E-06xR² = 0,9728

0%10%20%30%40%50%60%70%80%90%

100%

0 100000 200000 300000 400000 500000 600000

Con

cent

raçã

o (%

)

Área CG

Figura B.1: Curva de calibração do cromatógrafo para a mistura benzeno/n-hexano

100  

APÊNDICE C

DADOS DOS EXPERIMENTOS DE PERVAPORAÇÃO

Membrana plana composta PU/PVDF

Vazão de alimentação: 15,8 L/h

Área de membrana: 4,42.10-3 m²

Tabela C.1: Influência da variação da concentração de alimentação na pervaporação

(operando a 25ºC)

% Bz na alimentação

% Bz no permeado

Seletividade α J (kg/m²h) Espessura da

pele (µm) J10 (kg/m²h) 0 0 - 0,25 1,04 0,03 0 0 - 0,24 1,04 0,02 0 0 - 0,27 1,04 0,03

7,59 39,96 8,11 0,28 1,04 0,03 7,80 42,00 8,82 0,38 1,04 0,04 7,72 38,01 7,42 0,27 1,04 0,03 15,23 58,84 7,96 0,56 1,04 0,06 16,03 65,95 10,78 0,56 3,90 0,22 15,69 61,20 8,78 0,58 3,90 0,23 39,32 66,39 3,05 2,79 3,90 1,09 46,52 75,55 3,55 2,73 3,90 1,07 47,52 71,12 2,72 2,80 3,90 1,09 69,75 87,59 3,06 3,52 3,90 1,37 67,31 84,06 2,29 3,45 3,90 1,35 68,57 85,64 2,73 3,27 3,90 1,28 70,73 87,66 3,08 4,02 3,90 1,57 71,65 88,43 3,02 4,25 3,90 1,66 72,03  89,01  3,14  4,68  3,90 1,83 98,56 99,49 2,88 4,97 3,90 1,94 95,05  98,20  2,84  4,23  3,90 1,65 97,68  99,13  2,71  4,55  3,90  1,77 

101  

102  

Tabela C.2: Pervaporação com membranas híbridas de poliuretano e β-ciclodextrina

(operando a 25ºC)

% Bz na alimentação

% Bz no permeado

Seletividade α J (kg/m²h) Espessura da

pele (µm) J10 (kg/m²h) 8,39 47,47 9,87 0,13 6,72 0,09 8,20 47,05 9,95 0,14 6,72 0,09 8,63 48,37 9,92 0,13 6,72 0,09 8,41*  47,63*  9,91*  0,13*  6,72*  0,09* 

* valores médios

Tabela C.3: Influência da variação de temperatura no desempenho da pervaporação

Temperatura (°C)

% Bz na alimentação

% Bz no permeado

Seletividade α

J (kg/m²h)

Espessura da pele (µm)

J10 (kg/m²h)

42 6,21 34,68 8,02 0,44 2,41 0,11 40 6,57 37,27 8,44 0,55 2,41 0,13 44 6,07 32,20 7,35 0,61 2,41 0,15 42  6,28*  34,72*  7,94*  0,53*  2,41*  0,13* 50  6,04 29,25 6,43 0,70 2,41 0,17 52 6,06 28,86 6,29 0,63 2,41 0,15 51 6,05*  29,06*  6,36*  0,67*  2,41*  0,16* 60 6,21 26,29 5,39 1,24 2,41 0,30 59  6,32 27,53 5,63 1,26 2,41 0,30 60 6,14 26,11 5,40 1,12 2,41 0,27 59  6,22*  26,64*  5,47*  1,21*  2,41*  0,29* 

* valores médios

-------------------------------------------------------------------------------------------

Fibra oca composta PU/PVDF

Vazão de alimentação: 17,0 L/h

Área de membrana: 2,33.10-3 m²

Tabela C.4: Pervaporação utilizando o módulo de fibras ocas (operando a 25ºC)

% Bz na alimentação

% Bz no permeado

Seletividade α J (kg/m²h) Espessura da

pele (µm) J10 (kg/m²h) 17,68 65,69 8,53 0,12 17,48 0,21 18,02 64,46 8,25 0,13 17,48 0,23 18,01 64,58 8,30 0,12 17,48 0,21 17,90*  64,91*  8,36*  0,12*  17,48*  0,22* 

* valores médios