Memorial da Resistência de São Paulo PROGRAMA LUGARES … · 2 com o nome do estudante 2. As...

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1 Praça Alexandre Vannucchi Leme Endereço: Praça Alexandre Vannucchi Leme, s/n Sorocaba, SP Classificação: Logradouro. Identificação numérica: 203-13.019 No dia 07 de outubro de 1978, no encontro da Avenida Afonso Vergueiro com a Rua Amazona, no centro de Sorocaba (SP), foi inaugurada uma praça em homenagem a um dos mortos da ditadura civil-militar que se instaurou no Brasil entre 1964-1985. O homenageado era o sorocabano, estudante de 22 anos do curso de geologia da Universidade de São Paulo, Alexandre Vannucchi Leme – preso, torturado e morto no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) em março de 1973. O local escolhido para a homenagem era um antigo campinho de terra onde, durante a infância, Alexandre e seus amigos jogavam futebol. Naquele dia se reuniram na Praça cerca de 500 pessoas para acompanhar a cerimônia, que era parte da Semana Sorocabana pela Anistia. Além de familiares e amigos de Alexandre Vannucchi, estiveram presentes o reverendo Jaime Wright, o jornalista e então deputado estadual, Fernando de Morais, representantes do Comitê Brasileiro pela Anistia, alguns vereadores de Sorocaba, dentre eles João dos Santos Pereira – autor da indicação do nome de Alexandre à praça –, o prefeito da cidade, José Theodoro Mendes, e três policiais 1 . A arrecadação do dinheiro para o monumento foi feita por meio de contribuições populares. Algumas doações vieram, no entanto, com a ressalva de que não fossem identificados os nomes dos doadores, pois, como avalia a mãe de Alexandre, Dona Egle, as pessoas tinham medo de estarem associadas a uma praça 1 Reportagem de Jorge Luiz Zappia e Marco Antonio Zanfra. A Praça Proibida. Folha de São Paulo, São Paulo, Folhetim, 03 de junho de 1979, p.11. Memorial da Resistência de São Paulo PROGRAMA LUGARES DA MEMÓRIA

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1

Praça Alexandre Vannucchi Leme

Endereço: Praça Alexandre Vannucchi Leme, s/n

Sorocaba, SP

Classificação: Logradouro.

Identificação numérica: 203-13.019

No dia 07 de outubro de 1978, no encontro da Avenida Afonso Vergueiro com a

Rua Amazona, no centro de Sorocaba (SP), foi inaugurada uma praça em

homenagem a um dos mortos da ditadura civil-militar que se instaurou no Brasil entre

1964-1985. O homenageado era o sorocabano, estudante de 22 anos do curso de

geologia da Universidade de São Paulo, Alexandre Vannucchi Leme – preso, torturado

e morto no Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de

Defesa Interna (DOI-Codi) em março de 1973. O local escolhido para a homenagem

era um antigo campinho de terra onde, durante a infância, Alexandre e seus amigos

jogavam futebol.

Naquele dia se reuniram na Praça cerca de 500 pessoas para acompanhar a

cerimônia, que era parte da Semana Sorocabana pela Anistia. Além de familiares e

amigos de Alexandre Vannucchi, estiveram presentes o reverendo Jaime Wright, o

jornalista e então deputado estadual, Fernando de Morais, representantes do Comitê

Brasileiro pela Anistia, alguns vereadores de Sorocaba, dentre eles João dos Santos

Pereira – autor da indicação do nome de Alexandre à praça –, o prefeito da cidade,

José Theodoro Mendes, e três policiais1.

A arrecadação do dinheiro para o monumento foi feita por meio de

contribuições populares. Algumas doações vieram, no entanto, com a ressalva de que

não fossem identificados os nomes dos doadores, pois, como avalia a mãe de

Alexandre, Dona Egle, as pessoas tinham medo de estarem associadas a uma praça

1 Reportagem de Jorge Luiz Zappia e Marco Antonio Zanfra. A Praça Proibida. Folha de São Paulo, São Paulo, Folhetim, 03 de junho de 1979, p.11.

Memorial da Resistência de São Paulo

PROGRAMA

LUGARES DA MEMÓRIA

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com o nome do estudante2. As doações, no entanto, foram suficientes para se

assentar, no centro da pequena praça, um bloco de mármore lapidado com duas

placas de bronze que trazem as inscrições: “Mártir sorocabano das lutas pela

liberdade” e os versos.

Hei de fazer que a voz torne a fluir Entre os ossos... E farei que a fala Torne a encarnar-se... Depois que se perca esse tempo E um novo tempo amanheça3...

Imagem 01: Fotografia recente do monumento da Praça Alexandre Vannucchi Leme, 2015. Foto: Rafael Barbi. Fonte: Acervo Museu da Cidade de Salto “Ettore Liberalesso”.

A praça, uma homenagem à memória do jovem Alexandre, quando inaugurada,

ainda durante a ditadura civil-militar, foi uma ação de resistência ao governo por ser

um espaço público que recebeu o nome de um preso político torturado e morto pelos

agentes da repressão. Hoje, esse espaço ainda retoma a história de luta dessa

geração.

2 Entrevista de Egle Maria Vannucchi Leme ao Folhetim. Folha de São Paulo, São Paulo, 03 de junho de 1979, p.12. 3 O trecho que homenageia Alexandre é um fragmento do “Hino dos Mortos dos Guaranis”, utilizado pelo escritor paraguaio Augusto Roa Bastos (nascido em Assunção em 1917) como a epígrafe de seu livro Hijo de Hombre (Filho do Homem, na versão em português da Editora Civilização Brasileira de 1965). Publicado em 1960 durante o exílio de Roa Bastos na Argentina, o livro é um retrato da realidade social paraguaia da primeira metade do século XX. O “Filho do Homem” foi um presente de Alexandre Vannucchi Leme para sua mãe, e dele veio a inspiração para a inscrição na placa de bronze da Praça. Para a declaração de Dona Egle Maria sobre o livro, conferir a entrevista com Fernanda Ikedo no documentário Porque Lutamos! Resistência à ditadura militar!, 2008. Minutagem:49:25 - 49:50.

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A MORTE DE UM ESTUDANTE Alexandre Vannucchi Leme nasceu em Votorantim, então distrito de Sorocaba,

no dia 05 de outubro de 1950. Em 1970, aos 20 anos de idade, se muda para São

Paulo e ingressa no curso de geologia da USP, onde passa a ser conhecido também

pelo apelido “Minhoca” (por ser um garoto franzino e apaixonado pela terra)4.

Na Universidade, Alexandre ajudou a criar o Centro Acadêmico de Geologia,

do qual fez parte da diretoria, e foi representante discente na Congregação do Instituto

de Geociências. Quando foi preso e morto em 1973, trabalhava para reconstruir o

DCE da universidade5. Como membro da comunidade acadêmica da USP, Alexandre

e seus colegas, principalmente Alberto Alonso Lázaro (Babão) e Adriano Diogo (Mug),

realizavam um trabalho cultural e político de conscientização da comunidade

acadêmica e da periferia de São Paulo6. Além dessa atuação, os três eram vinculados

à Ação Libertadora Nacional (ALN), uma organização de resistência ao governo,

voltada, principalmente, para ações de luta armada7.

Em relação ao ambiente universitário, é importante considerar que as

universidades, naquele período, eram espaços estratégicos do ponto de vista da

repressão. Como avalia o historiador Rodrigo Patto “parcela expressiva dos militantes

das organizações revolucionárias clandestinas era recrutada nas universidades, bem

como atuava nos meios acadêmicos a maioria dos intelectuais responsáveis por

municiar de argumentos os críticos do regime militar”8. A vigilância desses locais era,

portanto, fundamental aos militares. Dentro deste contexto, as participações ativas de

Alexandre no meio estudantil, associada à sua participação na ALN, fizeram com que

o universitário fosse identificado como um importante opositor da ditadura civil-militar.

4 Informação disponível no livro de Aldo Vannucchi. Alexandre Vannucchi Leme. Jovem, estudante, morto pela ditadura. São Paulo: Editora Contexto, 2014, p.134. 5 Nair Heloisa Bicalho de Sousa, hoje professora da UnB, era membro do DCE-USP na gestão 1969-1973, e explica, em um texto de sua autoria, como como era a atuação de Vannucchi nesse processo de reorganização do movimento estudantil na universidade. “A proposta de recriação do movimento estudantil na USP precisava ser criativa e com chance de sucesso. Alexandre animava nossas discussões e ao final decidimos utilizar a arte como instrumento da política: construir o Diretório Central dos Estudantes e encaminhar uma recepção dos calouros, denominada “Bichusp”, com apresentação de peças de teatro na FAU/USP.” Blog O Direito Achado na Rua. Alexandre Vannucchi Leme: um companheiro alegre e destemido. Disponível em: < http://odireitoachadonarua.blogspot.com.br/2013/03/alexandre-vannucchi-leme-um-companheiro.html>. Acesso em 29/04/2015. 6 Informação disponibilizada no voto do relator José Carlos Moreira da Silva Filho na 68º Caravana da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça sobre Alexandre Vannucchi Leme. 7 A ALN era liderada por Carlos Mariguella e surgiu em 1967 como dissidência do Partidão (o Partido Comunista Brasileiro). Para mais informações, conferir o glossário “As organizações de esquerda” do livro-relatório Direito à Memória e à Verdade da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), 2007. 8 Para mais informações sobre a relação das Universidades com a ditadura civil-militar, destacamos o livro de Rodrigo Patto Sá Motta. As universidades e o regime militar: cultura política brasileira e modernização autoritária. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

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No dia 16 de março de 1973, por volta das 11h, Alexandre Vannucchi foi preso

na Cidade Universitária por agentes do DOI-Codi do II Exército de São Paulo9. Às 17h

do dia seguinte ele já estava morto em decorrência das torturas sofridas.

Conforme depoimento dos presos políticos que se encontravam nas celas do

DOI-Codi quando Alexandre chegou, ele foi levado imediatamente para a tortura, que

se estendeu até o outro dia às 12h. Às 17h o carcereiro que o conduziria para uma

nova sessão chamou pelo estudante na frente da cela forte onde ele estava – a cela,

também conhecida como x-zero, era uma sala fria e totalmente escura. Ao não obter

resposta, o carcereiro entrou e verificou que Alexandre havia morrido. Aos gritos

comunicava: “O homem morreu”10. Neste instante os policiais de plantão se dirigem

para a x-zero.

Os presos políticos recebem ordem de ficar no fundo das celas para nada verem [...]. Alexandre é retirado da cela, que em seguida é lavada. Todas as outras são revistadas à procura de objetos cortantes. O carcereiro diz que Alexandre tentou o suicídio e fora levado ao hospital11.

Aldo Vannucchi, tio de Alexandre, informa no livro que escreveu em memória

ao sobrinho que no dia 20 de março de 1973 a família recebeu uma ligação anônima

dizendo que Alexandre estava preso no DOPS e que eles deveriam vir à São Paulo

buscá-lo. O pai de Alexandre procura pelo filho em diversos órgãos policiais: no

Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), no Departamento Estadual de

Investigações Criminais (DEIC), no Instituto Médico Legal (IML) e no DOI-Codi. Todos

os órgãos negaram saber o seu paradeiro.

A notícia da morte de Alexandre Vannucchi Leme foi veiculada nos grandes

jornais do país no dia 23 de março de 1973 e informavam que ele tinha sido morto por

atropelamento ao tentar fugir da polícia. O pai de Alexandre, no entanto, ao procurar o

Deops na noite desse mesmo dia, foi informado pelo delegado diretor, Edsel Magnotti,

9 O DOI-Codi era considerado um dos piores destinos para os presos políticos. Em sua sede na rua Tutóia, nº 921, muitos civis foram torturados, mortos e alguns seguem desaparecidos. Aconselhamos a leitura do documento produzido pelo Memorial da Resistência que apresenta um pouco da história deste local. Programa Lugares da Memória. OBAN/DOI-Codi. Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível no site da instituição. Para informações detalhadas, conferir a pesquisa de Mariana Joffily. No centro da engrenagem: os interrogatórios na Operação Bandeirantes e no DOI de São Paulo (1969-1975). Tese (Doutorado em História Social). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. 10 Disponível no livro-relatório Direito à Memória e à Verdade da CEMDP da SEDH/PR, 2007, p.338. O relatório também traz os nomes das testemunhas, que prestaram depoimento oficial sobre o caso na 1ª Auditoria Militar de São Paulo em julho de 1973. 11 Registro de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio no livro Dos filhos deste solo - mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar: a responsabilidade do Estado. São Paulo: Perseu Abramo, 2008. O trecho foi citado pelo relator José Carlos Moreira da Silva Filho durante o voto na 68º Caravana da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça sobre Alexandre Vannucchi Leme.

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que o jovem havia sido preso e recolhido na rua Tutóia e que se suicidara na cela com

uma lâmina de barbear12.

Uma das estratégias dos militares em relação aos presos políticos mortos sob

tortura era apresentar versões distintas para a causa mortis, amenizando ou eximindo

os agentes policiais de qualquer responsabilidade. O repertório de versões para essas

mortes não era muito extenso, como destaca a historiadora Mariana Joffily, que em

sua pesquisa relaciona as versões mais comuns oferecidas pelos agentes para as

mortes ocorridas dentro das dependências do DOI-Codi. As explicações mais

utilizadas eram: suicídio, tentativa de fuga – às vezes seguida de atropelamento –,

resistência à prisão e morte em tiroteio com os agentes da ordem. Sob o “sucesso”

dessa última versão, Joffily destaca que “em caso de tiroteio, os agentes do DOI não

eram obrigados a manter intacta a cena do crime, para a investigação da perícia, o

que lhes permitia forjar tiroteios sem grandes preocupações de verossimilhança”13.

Associada a esta possibilidade de forjar causas de morte, os agentes da repressão

contavam ainda com o aval técnico de médicos-legistas que reproduziam as

informações oferecidas pelos militares e produziam laudos e atestados de óbito falsos.

A atuação desses legistas era importante também junto ao IML, principalmente para

os casos de desaparecimento de corpos, quando eles faziam os necessários

encaminhamentos para o sepultamento de presos políticos como indigente, impedindo

a identificação das vítimas pelos familiares14.

Para o caso de Alexandre, a versão que prevaleceu diante das duas histórias

contraditórias foi a de atropelamento. Isso porque no dia 31 de março de 1973 foi feito

um pronunciamento das autoridades, buscando “esclarecer” os fatos. Neste dia, o

Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, o general Sérvulo da Motta

Lima, em resposta a uma solicitação de informação por parte do reitor da USP,

professor Miguel Reale, redigiu uma nota oficial na qual explica as circunstâncias do

atropelamento do estudante ocorrida em uma rua muito movimentada no bairro do

Brás15. A nota também tinha por objetivo tentar controlar a agitação no meio estudantil

causada após a morte de Alexandre, principalmente na USP, que havia decretado o

luto na universidade.

O general, além de informar sobre as circunstâncias da morte, escreveu

também sobre o seu sepultamento, justificando a rapidez com que o corpo foi

enterrado.

12 Aldo Vannucchi, op. cit., p. 38. 13 Mariana Joffily, op. cit., p.272. Outra importante leitura sobre o assunto é o relatório da CNV. Volume 1. Parte III. Capítulo 11. Execuções e mortes decorrentes de tortura, 2014. Disponível em < http://www.cnv.gov.br/>. Acesso em 30/04/2015. 14 Relatório da CNV. Volume 1. Parte III. Capítulo 9. Tortura. 2014, p.294. 15 A nota oficial foi reproduzida no livro de Aldo Vannucchi, p.39.

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Após o prazo de 24 horas decorridas a contar de sua morte, não tendo sido o corpo reclamado, foi enterrado. Tal praxe, utilizada quando se trata de terroristas mortos, prende-se ao antecedente, já havido no Recife, onde terroristas da mesma organização realizaram uma ação no IML, visando a resgatar um corpo para posterior exploração do fato16.

A família de Vannucchi, alguns dias antes, havia sido informada no IML que o

estudante estava enterrado como indigente no Cemitério de Perus17. Conforme

relatório produzido pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos

(CEMDP), Alexandre foi enterrado sem caixão em uma cova rasa, forrado com cal

para acelerar o processo de decomposição e encobrir as marcas da tortura18. Sua

entrada foi registrada no Livro de Óbitos nº 6 do Cemitério.

Aos 18 de março de 1973 foi sepultado o cadáver de Alexandre Vannucchi Leme, na sepultura 172 da quadra nº 8, gleba nº 2, falecido aos 17.03.1973, às 17 horas, filho de José Oliveira Leme e de Egle Maria Vannucchi Leme, do sexo masculino, cor branca, com 22 anos de idade, natural de Sorocaba, São Paulo, tendo como causa da morte lesões traumáticas cranioencefálicas, conforme atestou o Dr. Isaac Abramovitc19.

Em relação ao corpo, a família, apesar de ter contratado um advogado

imediatamente após saber da prisão de Alexandre, somente após 10 anos, ou seja,

em 1983, conseguiu transladar os restos mortais do ente querido para a sua cidade

natal. Aldo Vannucchi relembra a cerimônia realizada na Catedral da Sé por Dom

Paulo Evaristo Arns, quando foi rezada uma missão diante dos restos mortais de

Alexandre e de Frei Tito20.

No dia 25 de março de 1983, em uma única e emocionante celebração, efetuada a pedido da família de Alexandre e dos

16 Sérvulo da Motta Lima. Secretaria de Segurança explica a morte de estudante paulista. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 01/04/1973, p. 31. 17 O Cemitério Dom Bosco foi construído pela prefeitura de São Paulo em 1971 e foi criado com a finalidade de sepultar corpos de indigentes e indivíduos pobres sem identificação da periferia de São Paulo, mas também abrigou, ainda que secretamente, os corpos de militantes opositores da ditadura. Entidades de defesa dos Direitos Humanos e familiares dos desaparecidos já haviam denunciado, na segunda metade dos anos 1970, a existência de uma vala comum neste Cemitério, mas ela só foi descoberta em 1990. Mais informações podem ser consultadas no documento produzido pelo Memorial da Resistência. Programa Lugares da Memória. Cemitério Dom Bosco. Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo, 2014. Disponível no site da instituição. 18 Livro-relatório Direito à Memória e à Verdade da CEMDP da SEDH/PR, 2007, p.338. 19 Livro de Registros do Cemitério Dom Bosco, em Perus, folha nº 134. Documento reproduzido por Aldo Vannucchi, op. cit., p. 38. 20 O frei dominicano Tito de Alencar foi preso em novembro de 1969 e torturado ininterruptamente durante três dias pelo DEOPS/SP. Em dezembro de 1970 foi um dos presos políticos trocados pelo embaixador suíço, Giovani Enrico Bücker. Em 1971 foi para Roma e, em seguida, para Paris, onde se suicidou por não conseguir conviver com os traumas provocados pela repressão. Hoje se encontra enterrado no cemitério São João Batista, em Fortaleza.

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dominicanos do Brasil, dois jovens tombados pela Ditadura, Alexandre Vannucchi Leme e Frei Tito de Alencar Lima, tiveram seus restos mortais trasladados para a Catedral da Sé lotada, em São Paulo. Eram mais de 5 mil pessoas participantes. Diante das duas urnas, postas aos pés do altar, cobertas pela bandeira nacional e por arranjos de flores, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns oficiou a cerimônia, iniciada às 18h30. [...]. Após a missa, o coral Luther King cantou com Sérgio Ricardo o seu poema “Calabouço”, enquanto as urnas eram retiradas rumo a Fortaleza, a de Frei Tito, e a de Alexandre, a Sorocaba21.

Imagem 02: Missa celebrada por Dom Paulo Evaristo Arns na Catedral da Sé diante dos restos mortais de Frei Tito de Alencar Lima e Alexandre Vannucchi Leme. 25/03/1983. Foto: Douglas Mansur. Fonte: Exposição "Os Caminhos de Dom Paulo em São Paulo".

Em Sorocaba, familiares, amigos e representantes do Comitê Brasileiro pela

Anistia passaram a noite em vigília em torno da urna de Alexandre. Pela manhã se

dirigiram para a praça com o seu nome, onde se realizou um ato público em sua

homenagem. De lá, foram para o Cemitério da Saudade, onde agora descansam os

restos mortais do jovem junto ao jazigo da família. Na lápide, a inscrição: “Aqui vigia

Alexandre Vannucchi Leme 5/10/1950, assassinado pelo regime militar em

17/03/1973, à espera do tempo da justiça”.

Durante esses 10 anos, nos quais a família buscou trazer os restos mortais de

Alexandre para Sorocaba, muitos momentos de solidariedade foram organizados em

21 Aldo Vannucchi, op. cit., p. 138-139.

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sua homenagem (como missas e passeatas), mas também muitas manifestações

ocorreram em reação às versões falsas oferecidas pelas autoridades a respeito da

morte do estudante. Em abril de 1978, por exemplo, o ministro do Superior Tribunal

Militar (STM), o general Rodrigo Octávio Jordão Ramos, tentou reabrir o processo

iniciado em 1973, na II Auditoria Militar, por testemunhas da morte de Alexandre nas

dependências do DOI-Codi. Por 13 votos a 1, Rodrigo Octávio foi vencido ao pedir a

apuração das denúncias de tortura em Alexandre. Em seu voto, o general destacou o

contraste entre a coerência dos depoimentos dos companheiros de cárcere de

Alexandre com a falta de entrosamento dos depoimentos prestados pelas poucas

testemunhas que foram arregimentadas pela polícia. O caso, no entanto, foi arquivado

sem solução22.

Também em 1978, como mencionado no início deste texto, em Sorocaba foi

inaugurada a praça em homenagem à Alexandre. Uma praça que significou um

espaço de luto para a família, que ainda buscava pelo corpo junto ao Cemitério Dom

Bosco; e um espaço para a comunidade sorocabana relembrar a morte prematura do

jovem. Mas, na mesma época, essa praça foi alvo, também, de inquérito policial e

ações de depredação, numa tentativa de intimidar quem se opunha ao governo.

A PRAÇA COMO LUGAR DE MEMÓRIA

Em agosto de 1978 um grupo de sorocabanos instalou na cidade um núcleo do

Comitê Brasileiro pela Anistia, cujo objetivo era programar uma semana de estudos e

conferências sobre a anistia. Numa das reuniões foi sugerida a inauguração de uma

via pública com o nome de Alexandre. Esse grupo procurou o então vereador pelo

MDB23, João dos Santos Pereira, que encaminhou a proposta ao prefeito da cidade.

Destacamos o trecho de uma entrevista com a Folha de São Paulo na qual o ex-

vereador explica os termos da indicação feita.

Eles [o Comitê Brasileiro pela Anistia] sugeriram e eu, de imediato, como democrata que sou, encampei a iniciativa de sugerir ao prefeito a denominação da praça. A indicação estava vazada nesses termos: (Lê a cópia de sua propositura, na qual ele considera que) “sem motivos justificados, ele (Alexandre Vannucchi Leme) foi preso, espancado e torturado barbaramente até a morte, sendo enterrado como indigente” e que “Sorocaba estará desta forma, embora modestamente, reconhecendo o verdadeiro valor moral de seu filho

22 Livro-relatório Direito à Memória e à Verdade da CEMDP da SEDH/PR, 2007, p.338. 23 Em 1965, o general Castelo Branco decretou o AI-2, que, dentre outras providências, extinguia os partidos políticos no país, adotando o bipartidarismo. Os dois únicos partidos permitidos eram a Arena (Aliança Renovadora Nacional), de apoio ao governo, e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro), que aglutinava as diversas oposições. O bipartidarismo só foi extinto no final de 1979.

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jovem, que morreu com 23 anos, pelo único crime de pensar em um Brasil democrático e soberano para todos”. [A indicação] Foi subscrita por todos os vereadores.24

A mãe de Alexandre, Dona Egle, também foi entrevistada pela Folha nessa

mesma oportunidade e, sobre a proposta da nomeação da praça, declara:

Eles [o Comitê Brasileiro pela Anistia] queriam um fato assim, vamos dizer, de impacto. Nos procuraram e, é claro, era uma forma de homenagear nosso filho. A gente procurou não se envolver muito, para que não parecesse promoção da família. A inauguração até teve uma certa repercussão. Estiveram presentes pessoas representando entidades [...]. Depois da inauguração da praça teve um ato ecumênico, no salão da Escola Normal Getúlio Vargas, que é municipal25.

Questionada sobre como a família recebeu essa homenagem, Dona Egle disse

que a família a considerou muito justa “porque afinal de contas ele é filho daqui, é uma

pessoa que deu um testemunho”. E sobre o contexto da indicação do nome de

Alexandre à praça e a inauguração da mesma, acrescenta:

Houve uma declaração do próprio prefeito, mostrando a simplicidade, a legalidade da coisa. É comum isso. Os próprios familiares podem pedir a indicação. Agora, pelo fato de ser o Alexandre... A gente pensou que já não poderia ser permitida aquela inauguração. Mas foi. Pensei que o prefeito talvez se esquivasse. Mas não, ele trabalhou muito para terminar a praça, falou, esteve presente. Foi até bem contundente. A intenção dele (João dos Santos Pereira) foi homenagear Alexandre, homenagear e dar um consolo à família. Uma vez que nós não recebemos o corpo até hoje, seria uma maneira de a gente ter um lugar onde homenagear26.

Em 07 de outubro de 1978 a praça foi inaugurada com 500 pessoas. Neste dia

o jornalista Fernando Morais trouxe, para os presentes, uma mensagem inesperada.

Ele, que havia se encontrado com Gabriel García Marquez, o havia convidado para a

inauguração, mas o escritor colombiano, não podendo comparecer, escreveu algumas

linhas que foram lidas durante o evento. Segue a mensagem:

Companheiros estudantes:

O pouco tempo que estive no Brasil não me permitiu aceitar o convite que vocês me fizeram para a inauguração da Praça Alexandre Vannucchi Leme. Apesar da ausência pessoal, quero que saibam

24 Entrevista de João dos Santos Pereira ao Folhetim. Folha de São Paulo, São Paulo, 03 de junho de 1979, p.11. 25 Entrevista de Egle Maria Vannucchi Leme ao Folhetim. Folha de São Paulo, São Paulo, 03 de junho de 1979, p.12. 26 Idem.

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que estou aí, junto com vocês, na mesma dura luta que vocês enfrentam pela democracia e pelo respeito dos direitos humanos.

Saibam que vocês não estão sozinhos nessa luta. Na Nicarágua ensanguentada por Somoza, no Chile ensanguentado por Pinochet, em toda a nossa América Latina ensanguentada por tantos opressores, ficará sempre a voz de um Alexandre Vannucchi Leme clamando pela liberdade e pela democracia.

Peço-lhes, pois, que aceitem a minha solidariedade27.

Imagem 03: Praça Alexandre Vannucchi Leme durante a inauguração em 1978. Foto: Autor desconhecido. Fonte: Frame do documentário "Porque Lutamos! Resistência à ditadura militar!", de Fernanda Ikedo (2008).

Dentre os presentes havia também três policiais, que foram os responsáveis

pelo envio de um relatório da Delegacia Regional de Polícia de Sorocaba à Secretaria

da Segurança Pública, indicando quem eram as pessoas que haviam feito discursos

durante aquele evento. O relatório daria início a um inquérito policial que em abril de

1979 convocou, por telefone, 16 vereadores da cidade – 9 do MDB e 7 da Arena –

para explicar o porquê da Praça. A reportagem da Folha de São Paulo averiguou com

os vereadores e constatou que os convocados não sabiam por determinação de quem

estavam sendo chamados. Antonio Orlando Rago, delegado responsável pelo DOPS

de Sorocaba afirmou, na época, desconhecer qualquer movimentação policial nesse

sentido, mas informou que as investigações vinham sendo conduzidas pelo delegado

Rubens Palma, designado pelo seccional Cássio Salermo que, por sua vez, se negou

27 A mensagem segue traduzida e reproduzida no livro de Aldo Vannucchi, op.cit, p.134-135.

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a prestar esclarecimentos, afirmando apenas que esse era “um processo sigiloso que

veio de São Paulo”, não sabendo, entretanto, dar precisão de qual órgão havia aberto

o inquérito28.

João dos Santos Pereira, vereador que propôs o nome da praça ao prefeito, foi

indiciado por apologia a “autor de crime” e afirma que, de acordo com seu advogado, o

inquérito surgiu de uma petição da 14ª Circunscrição do Serviço Militar (CSM) de

Sorocaba, que solicitou uma investigação ao Ministério da Justiça29.

Chamado para depor e questionado sobre os seus motivos para a indicação do

nome de Alexandre à praça, João dos Santos declarou para os policiais que a sua

proposta era homenagear um estudante de uma família tradicional e católica de

Sorocaba e que a homenagem seria prestada na data do aniversário dele. E ainda

afirma: “Eu não fiz a indicação para fazer apologia de criminoso porque eu não

reconhecia crime nenhum no Alexandre. No processo que foi instaurado, os corréus

(processados juntamente com o estudante) foram todos absolvidos”30.

O inquérito foi arquivado em 4 de julho de 1979 e o motivo de sua abertura,

acredita-se, que tenha sido uma tentativa de intimidação dos envolvidos. A Folha de

São Paulo levantou, na época, a possibilidade de que o inquérito fosse um alerta para

que não se falasse do problema das torturas, ao que João dos Santos responde:

Eu não posso responder com certeza porque eu não sei onde a Justiça quer chegar. Eu não sei se eles querem atingir a família do Alexandre, se eles querem atingir o Legislativo de Sorocaba, se eles querem atingir o vereador proponente. Se eles querem atingir o Executivo na pessoa do prefeito que fez o decreto, ou se eles querem atingir tudo ao mesmo tempo. Eu não sei onde eles querem chegar. Se eles querem punir o vereador, é uma injustiça. Se eles querem punir a família, eles devem primeiro apurar se ele era mesmo criminoso e apurar as verdadeiras causas de sua morte. Se eles querem atingir o Legislativo sorocabano, eles vão atingir o poder legislativo de uma forma geral. É uma medida que implica na hierarquia dos poderes constituídos. Uma interferência inaceitável31.

Os litígios da memória em torno da representação da história de atuação

política de Alexandre, consolidada através da homenagem de nomeação da praça, se

fizeram evidentes naqueles primeiros anos. O jornal Diário de Sorocaba, em sua

edição do dia 18 de agosto de 1979, escreve sobre as depredações que aquele

espaço público de luto e homenagem vinha sofrendo. Segundo o jornal, “já tentaram

28 Reportagem de Jorge Luiz Zappia e Marco Antonio Zanfra. A Praça Proibida. Folha de São Paulo, São Paulo, Folhetim, 03 de junho de 1979, p.11. 29 Idem. 30 Entrevista de João dos Santos Pereira ao Folhetim. Folha de São Paulo, São Paulo, 03 de junho de 1979, p.11. 31 Idem, p.12.

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arrancar os marcos da praça, além da tentativa de quebra de suas árvores”. E que,

durante a última ação dos opositores, a placa denominativa da praça havia sido

alvejada com vários tiros. A Folha de São Paulo também noticia as depredações

contra a praça e afirma, que, as ações ocorreram num curto intervalo de dois meses e

que, em Sorocaba, os moradores não acreditam que essa seja apenas uma ação de

vândalos, mas, sim, de motivações políticas. O vereador João dos Santos Pereira,

diante dos fatos, denunciou a depredação da Praça Alexandre Vannucchi Leme tanto

na tribuna da Câmara quanto na imprensa. E, em 1979, durante a Semana das

Liberdades promovida pelo Gabinete de Leitura Sorocabana, pediu às autoridades a

apuração das responsabilidades e chamou a população para atuar em defesa da

praça, que deveria ser encarada como uma conquista da população de Sorocaba, por

representar uma iniciativa bastante inédita: homenagear publicamente, ainda durante

a ditadura, alguém identificado como “inimigo de regime”32.

Mesmo diante de ações dos que não desejavam a memória pública de

Alexandre Vannucchi, a praça, que já havia sido um campinho de futebol que reunia,

quando criança, Alexandre e seus amigos, foi proposta, inaugurada e atuou como um

espaço de memória das lutas contra a repressão.

Imagem 04: Detalhe da inscrição do monumento em homenagem a Alexandre Vannucchi Leme. 2015. Foto: Rafael Barbi. Fonte: Acervo Museu da Cidade de Salto “Ettore Liberalesso”.

32 A notícia do Diário de Sorocaba está reproduzida no livro de Aldo Vannucchi. Já a reportagem “Praça Vannucchi sobre depredação” foi publicada na edição da Folha de São Paulo, 15 de agosto de 1979.

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ATUALMENTE E/OU ACONTECIMENTOS RECENTES: O nome de Alexandre Vannucchi Leme, mártir estudantil da luta contra a

ditadura civil-militar brasileira, além de denominar a praça em Sorocaba, nomeia outra

praça no bairro Jardim Catanduva na grande São Paulo, uma Escola Municipal em

Ibiúna (SP) e uma Escola Municipal de Ensino Fundamental na cidade de São Paulo.

A homenagem também se estende ao nome de ruas em Campinas, Osasco, São

Paulo, Ribeirão Preto, Itaquaquecetuba (todas em SP) e Bangu, no Rio de Janeiro. E

vale destacar ainda que várias organizações estudantis relembram Alexandre como

um importante referencial de resistência política à ditadura civil-militar e, por isso, seu

nome foi atribuído, por exemplo, ao Diretório Central dos Estudantes da USP quando,

após uma assembleia feita em 26 de março de 1976 com o objetivo de retomar o

movimento estudantil na universidade, os estudantes reorganizaram o DCE e o

batizaram como “DCE-Livre Alexandre Vannucchi Leme”; já em Sorocaba a

homenagem parte do Centro Acadêmico de Direito da UNISO (Universidade de

Sorocaba), o Grêmio dos alunos do Colégio Objetivo e mais recentemente, a Câmara

Municipal da cidade, que criou uma Comissão da Verdade denominada “Comissão da

Verdade Alexandre Vannucchi Leme”.

Em dezembro de 2013, a pedido da Comissão Nacional da Verdade (CNV), a

2ª Vara de Registros Públicos do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou, em

sentença proferida pela juíza Renata Mota Maciel Madeira Dazem, a retificação da

causa da morte do estudante Alexandre Vannucchi. A CNV, acolheu o pedido feito por

familiares de Alexandre, e apresentou documentos que comprovam que a causa da

morte do jovem foi por lesões decorrentes de tortura.

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A Praça Alexandre Vannucchi Leme, hoje, apesar de ter sido cortada ao meio

para dar vasão ao trânsito local33 permanece como espaço de homenagem ao jovem

sorocabano e a tantos outros que morreram por lutar pela democracia durante os anos

ditatoriais de 1964-1985.

No dia 01 de abril de 2012 (dia de descomemoração do Golpe de 1964) um

grupo formado por dez militantes do Partido Socialismo e Liberdade (Psol) prestaram

uma homenagem a todos os perseguidos pelo regime. Os participantes depositaram

rosas no monumento a Alexandre e afixaram cartazes com citações que criticavam o

governo dos militares. A solenidade também realizou um ato que simbolizou a

lavagem do sangue que foi derramado por aqueles que lutaram contra o período.

33 Informação disponibilizada por Dona Egle, mãe de Alexandre, durante entrevista feita a Fernanda Ikedo para o documentário Porque Lutamos! Resistência à ditadura militar!, 2008. Minutagem: 44:56 - 45:12.

Imagem 05: Atestado de óbito de Alexandre Vannucchi Leme retificado para informar a real causa de sua morte: lesões causadas por tortura nas dependências do DOI-Codi. Fonte: Rede Democrática.

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"Aqui não há festa. Queremos contrapor todos aqueles que fizeram ou fazem neste dia

reverência ao golpe militar. Muitos foram os que morreram nos porões da ditadura",

ressaltou um dos participantes, o ex-vereador Osvaldo Noce34.

Imagem 06: Ato de descomemoração à ditadura civil-militar na Praça Alexandre Vannucchi Leme em Sorocaba. Os participantes lavam, simbolicamente, o sangue dos que foram mortos pela repressão. 01/04/2012. Foto: Erick Pinheiro. Fonte: Jornal Cruzeiro do Sul.

FILMES E/OU DOCUMENTÁRIOS

Documentário: Porque Lutamos! Resistência à ditadura militar!. Direção de

Fernanda Ikedo. 2008. Sinopse: por meio de depoimentos, o documentário narra a

história de luta e sobre a morte de Alexandre Vannucchi Leme. Traz também

entrevistas com outras sete pessoas que falam de suas trajetórias pessoais durante o

período e contam o que representou a morte de Alexandre em 1973.

Documentário: Vala Comum. Direção de João Godoy. 1994. Sinopse: o

documentário realiza entrevistas com familiares de mortos políticos encontrados na

vala comum do Cemitério Dom Bosco, em Perus. A 'vala comum' encontrada em 1990

abrigava 1.049 ossadas que estão em processo de reconhecimento.

34 Ato homenageia perseguidos pelo regime militar. Jornal Cruzeiro do Sul. Sorocaba. 01/04/2012. Disponível em <http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/376399/ato-homenageia-perseguidos-pelo-regime-militar>. Acesso em 29/04/2015.

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REMISSIVAS: Universidade de São Paulo (USP); Praça da Sé; Departamento de

Operações Internas do Centro de Operações para a Defesa Interna (DOI-Codi);

Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (Deops/SP);

Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção de São Paulo - Catedral da Sé;

Instituto Médico Legal (IML/SP); Cemitério Dom Bosco – Vala de Perus.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Direito à Memória e à Verdade. Comissão Especial sobre Mortos e

Desaparecidos Políticos (CEMDP). Secretaria Especial dos Direitos Humanos da

Presidência da República (SEDH/PR). 2007. Disponível em <

http://cemdp.sdh.gov.br/modules/news/index.php?storytopic=3&storynum=10>. Acesso

em 29/04/2015.

FOLHA DE SÃO PAULO. Praça Vannucchi sobre depredação. Folha de São Paulo,

São Paulo, 15 de agosto de 1979.

LEME, Egle Maria Vannucchi. Entrevista ao Folhetim. Folha de São Paulo, São

Paulo, 03 de junho de 1979, p.12.

LIMA, Sérvulo da Motta. Secretaria de Segurança explica a morte de estudante

paulista. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 01/04/1973, p. 31.

PEREIRA, João dos Santos. Entrevista ao Folhetim. Folha de São Paulo, São Paulo,

03 de junho de 1979, p.11.

SILVA FILHO, José Carlos Moreira. Voto 68º Caravana da Comissão de Anistia.

Ministério da Justiça. Tema. Alexandre Vannucchi Leme. Data: 15 de março de

2013. Documento disponível em <http://verdadeaberta.org/upload/005-Voto-

Alexandre-Vannucchi-Leme.pdf>. Acesso em 29/04/2015.

VANNUCCHI, Aldo. Alexandre Vannucchi Leme. Jovem, estudante, morto pela

ditadura. São Paulo: Editora Contexto, 2014, p.134.

ZAPPIA, Jorge Luiz & ZANFRA, Marco Antonio. A Praça Proibida. Folha de São

Paulo, São Paulo, Folhetim, 03 de junho de 1979, p.11.

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COMO CITAR ESTE DOCUMENTO: Programa Lugares da Memória. Praça

Alexandre Vannucchi Leme. Memorial da Resistência de São Paulo, São Paulo,

2015.