Memorial profissional do josé antônio pereira

5
MEMORIAL PROFISSIONAL Quando é solicitado à descrição dessas etapas da vida, a princípio parece que será rapidamente relatado em poucas linhas, mas, ao pensar nos detalhes, começa-se a revê-los passo a passo. Como num filme retornam à mente e nos possibilitam reviver essas experiências com riqueza de detalhes que livro algum conteria cada uma delas. Até parece que acabaram de acontecer. A minha trajetória em sala de aula como professor começou bem antes de iniciar um Curso Superior. No ano de 1998, aos 22 anos de idade, recém formado no 2° Grau do Ensino Médio pela Fundação Bradesco Escola de Canuanã, no município de Formoso do Araguaia, comecei a trabalhar com a disciplina de Química na Escola Estadual Anita Cassimiro Moreno. Era um professor que além da Química, lecionava outras disciplinas como, por exemplo: Matemática, Ciências, Educação Física e até Ensino Religioso, tudo para completar a carga horária de 40 horas-aulas. Durante o ano de 1998 muitas dificuldades enfrentadas, tudo era novo e difícil para mim, pois, na Fundação Bradesco não tive nos 4 anos de estudos a disciplina Química. E começar desta forma. Pense no que foi barra! Os alunos não queriam me aceitar como professor, porque eu era muito novo e para eles eu não sabia de quase nada, outra, porque nós éramos muitos colegas de brincar de bola na rua e quadras, antes de ir estudar na Fundação Bradesco. Estudava muito o livro didático, queria decorar o que iria passar no dia seguinte, para mostrar que eu sabia dos conteúdos e estava preparado para tais perguntas dos alunos. Quando chegava a hora da aula, fazia aquelas saudações de bom dia, boa tarde e boa noite e começava a fazer chamadas, uma confusão terrível de indisciplina acontecia. Depois começava a copiar no quadro a giz os conteúdos, copiava, copiava, depois explicava fragmentos dos conteúdos copiados. Vocês acreditam que os alunos participavam fazendo perguntas, imagine eu do outro

Transcript of Memorial profissional do josé antônio pereira

Page 1: Memorial profissional do josé antônio pereira

MEMORIAL PROFISSIONAL

Quando é solicitado à descrição dessas etapas da vida, a princípio parece que será

rapidamente relatado em poucas linhas, mas, ao pensar nos detalhes, começa-se a revê-los passo a

passo. Como num filme retornam à mente e nos possibilitam reviver essas experiências com riqueza

de detalhes que livro algum conteria cada uma delas. Até parece que acabaram de acontecer.

A minha trajetória em sala de aula como professor começou bem antes de iniciar um Curso

Superior. No ano de 1998, aos 22 anos de idade, recém formado no 2° Grau do Ensino Médio pela

Fundação Bradesco Escola de Canuanã, no município de Formoso do Araguaia, comecei a trabalhar

com a disciplina de Química na Escola Estadual Anita Cassimiro Moreno.

Era um professor que além da Química, lecionava outras disciplinas como, por exemplo:

Matemática, Ciências, Educação Física e até Ensino Religioso, tudo para completar a carga horária

de 40 horas-aulas. Durante o ano de 1998 muitas dificuldades enfrentadas, tudo era novo e difícil

para mim, pois, na Fundação Bradesco não tive nos 4 anos de estudos a disciplina Química. E

começar desta forma. Pense no que foi barra!

Os alunos não queriam me aceitar como professor, porque eu era muito novo e para eles eu

não sabia de quase nada, outra, porque nós éramos muitos colegas de brincar de bola na rua e

quadras, antes de ir estudar na Fundação Bradesco.

Estudava muito o livro didático, queria decorar o que iria passar no dia seguinte, para mostrar

que eu sabia dos conteúdos e estava preparado para tais perguntas dos alunos. Quando chegava a

hora da aula, fazia aquelas saudações de bom dia, boa tarde e boa noite e começava a fazer

chamadas, uma confusão terrível de indisciplina acontecia.

Depois começava a copiar no quadro a giz os conteúdos, copiava, copiava, depois explicava

fragmentos dos conteúdos copiados. Vocês acreditam que os alunos participavam fazendo

perguntas, imagine eu do outro lado respondendo todas, chegava às vezes responder sem ter

certeza dos fatos.

Os alunos não estavam muitos satisfeitos com as minhas aulas e faziam provocações.

Estouravam bombinhas, levavam pó de mico e tudo isso acontecia na minha sala de aula. Chamava

a equipe da coordenação e direção para conversar com os alunos e o caso aos poucos

momentaneamente paravam só que eles insistiam o tempo todo, era uma confusão daquelas!

Com toda essa situação caótica, eu ainda enfrentava os alunos dando o troco pelo o que eles

faziam, como por exemplo: fazendo bombinhas e levando o pó de mico e colocando nas carteiras

dos mesmos antes que eles chegassem a Escola. Difícil!

No ano de 1999, comecei refletindo toda a prática pedagógica do ano anterior e planejei

várias estratégias de ensino, para aos poucos conquistar o meu aluno. Já conhecia mais afundo os

conteúdos, até porque vivia querendo decorar o livro de química.

Page 2: Memorial profissional do josé antônio pereira

Nessa época eu ainda não era formado e a experiência foi muito frustrante, pois eu não

conseguia passar os conteúdos de uma forma que os alunos pudessem entender e assimilar. Hoje

sei que o principal motivo de meu fracasso deveu-se à inexperiência em trabalhar com adolescentes.

A partir desse fracasso, toda vez que preparo uma nova aula, procuro utilizar uma metodologia que

leve em conta o público que quero atingir.

No ano de 2000 ingressei na UNITINS (Universidade do Tocantins), que fica na cidade de

Gurupi, onde tive a oportunidade de fazer Licenciatura Plena em Ciências Químicas, com habilitação

para o ensino da Química. Este curso era feito nos períodos de férias para não atrapalhar os alunos

em sala de aula. Oportunidade dada pelo Governo do Estado para Professores em Regime Especial

para conclusão no nível superior.

Trabalhava e morava em Aliança e ainda enfrentava um percurso de 50 km todos os dias nos

períodos de férias e alguns feriados, juntamente com os amigos da cidade que também faziam

outros cursos (Física e Normal Superior). Pouca ajuda por parte dos líderes políticos de nossa

cidade, tudo isso foi alcançado graças a nossa força de vontade de vencer, como foi vencido.

Poucas vezes a prefeitura de Aliança nos ajudava com o carro (Kombi) e petróleo, a maioria

dessa jornada era por conta própria de cada um e de sua família que sempre fez presente nestes

momentos.

As aulas que tínhamos na Faculdade começaram ajudar o meu trabalho em sala de aula na

Escola que trabalhava, começava uma maior postura minha nas aulas e nos conteúdos que eu

planejava, criava novas metodologias de ensino e aos poucos os alunos começaram a me aceitar e

procurar uma zona de proximidade comigo, depositando mais confiança no meu trabalho.

Dentro do período de 4 anos de Faculdade, fui convidado pelo professor do Curso e diretor

do Colégio Ômega, Antônio Demori Neto para lecionar Química nas turmas do Ensino Médio, isso já

no ano de 2002. Percebia que as portas estavam se abrindo para a minha carreira e para o meu

sucesso profissional. Inesquecível!

Continuei morando em Aliança e vinha para Gurupi lecionar aulas de Química no Colégio

Ômega, inclusive cursinho pré-vestibular, mostrei coragem e acima de tudo força de vontade para

conseguir confiança pelos alunos, uma vez que o diretor já me conhecia na Faculdade. Terminei o

Curso, agradeci a Diretora do Anita Cassimiro Moreno pela oportunidade e mudei para a cidade de

Gurupi para ficar de vez no colégio ômega e em outras escolas que aparecessem.

Dada essa oportunidade pelo diretor do colégio ômega o meu trabalho começou a dar uma

boa repercussão na cidade, preparei vários currículos e deixei pelas Empresas e Instituições

Escolares. Logo estava trabalhando no SESI e SESC além do Colégio Ômega. Começava a

realização do meu sonho, tornar um Profissional da Educação reconhecido pelo que fazia que era

frustrante no início e hoje é considerado uma honra ao mérito de prestígio pelo empenho e

determinação.

Page 3: Memorial profissional do josé antônio pereira

No colégio ômega estou até aos dias de hoje (2010) trabalhando como professor de Química

e já se passaram 7 anos de carreira. No total são 12 anos de experiências profissionais em sala de

aula.

Passei por várias Escolas Estaduais de Gurupi, como por exemplo: CEM de Gurupi, Escola

Estadual Presidente Costa e Silva, Castelinho, Global Centro de Estudos (cursinho pré-vestibular)

Colégio Objetivo, Colégio Moderno, Escola Municipal Antônio Lino de Sousa, Escola Municipal José

Pereira da Cruz, Escola Estadual Tarso Dutra (na cidade de Cariri do Tocantins a 22 km de Gurupi).

Hoje estou como Assessor de Currículo de Química na DRE (Diretoria Regional de Gurupi),

onde tenho 30 escolas no qual faço acompanhamento dos professores da disciplina de Química,

sugerindo novas propostas de metodologias de ensino.

“Ser professor é fazer por merecer; façamos sempre o bem para poder merecer sempre”.

Em agosto de 2010, comecei a minha Especialização em Metodologia do Ensino da Química,

pela Faculdade Integrada de Jacarepaguá no Rio de Janeiro (FIJ-RJ) e que no mês de março de

2011 estarei com mais um sonho realizado.

Sou casado com uma educadora graduada e pós-graduada em Letras e Literatura,

Claudilene dos Santos Almeida, que atualmente está também ocupando uma cadeira de Assessor

de Currículo de Língua Portuguesa na DRE (Diretoria Regional de Ensino de Gurupi), e tenho duas

filhas, uma acadêmica do 6° período de Farmácia na UNIRG, Thaynnara Almeida de Carvalho e a

outra concluinte do 2° grau, Lorrayne Almeida de Carvalho.

O Curso ofereceu um conjunto de componentes curriculares que foi significativo para a

elaboração de uma visão complexa sobre o fenômeno educativo na contemporaneidade. O passeio

pelos fundamentos da educação através de disciplinas relacionadas com a Filosofia, a História, a

Sociologia e a Psicologia foi fundamental para a ampliação da perspectiva multidimensional como

base para compreensão dos nexos da educação, provocada pelo acesso e interpretação do

conhecimento sistematizado nessa área.

Para onde a minha vida caminhar, sei que haverá lugar para a jornada da alma, para a

memória-sonho e para a construção de utopias. Vejo o término desse memorial, a realização do

concurso de titular como uma transição para um momento de renovação pessoal.

Tenho certeza que a vida ainda me reserva tempo para a perseguição dos meus ideais:

conhecimento e sabedoria.

Que a espontaneidade, a emoção e a vontade de viver não se dispersem em um mundo

subterrâneo nessa nova caminhada.