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Uma nova sede para o Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, Tatuí-SP:projetando para a preservação do patrimônio industrial paulista.

Aluna: Maíra de Camargo Barros TFG 2010 Orientadora: Profª Drª Regina Andrade Tirello

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AGRADECIMENTOS

A todos os funcionários do Conservatório Dramático

e Musical “Dr. Carlos de Campos” que tão atenciosamente me

receberam e me permitiram as frequentes visitas e questionamentos,

indispensáveis para conhecer um pouco desse mundo tão amplo e

complexo da música.

Aos muitos tatuianos que me apoiaram no desenvolvimento

deste estudo, com livros, histórias e a vontade de reavivar este

patrimônio esquecido na cidade de Tatuí.

Aos professores Daniel Moreira, Stellamaris Rolla e Francisco

Borges Filho, pelo apoio e pronto atendimento nos momento de

dúvidas.

A todos os meus, que respeitaram os momentos difíceis, de

isolamento e de ausências.

A minha mãe, Dona Marisa, que esteve sempre tão presente,

nas visitas à campo, nas correções dos textos, nos questionamentos

e nas incertezas.

A professora Regina Tirello, por ter acreditado desde 2008

neste trabalho, pela dedicação constante e por ter me ensinado a

amar o patrimônio.

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SUMÁRIO

Apresentação ......................................................................................................................................................................................................................09

Introdução ..........................................................................................................................................................................................................................11

Capítulo 1: Síntese teórica e metodologia de projeto

1.1 Linhas de Abordagem Teórica............................................................................................................................................................................15

1.2 Proposta............................................................................................................................................................................................................17

1.3 Metologia..........................................................................................................................................................................................................19

Capítulo 2: A cidade de Tatuí

2.1 A cidade de Tatuí e seu passado fabril.................................................................................................................................................................25

2.2 A cidade de Tatuí e a música...............................................................................................................................................................................29

2.3 A cidade de Tatuí hoje........................................................................................................................................................................................38

2.4 A situação do patrimônio na cidade de Tatuí......................................................................................................................................................40

Capítulo 3: O conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho

3.1 Os “tipos”que compõem a Companhia..............................................................................................................................................................45

3.2 A divisão do processo fabril..............................................................................................................................................................................65

3.3 Mosaicos Fotográficos.......................................................................................................................................................................................67

3.4 Levantamento Métrico......................................................................................................................................................................................74

3.5 Legislação incidente sobre o patrimônio ............................................................................................................................................................79

Capítulo 4: Projetando para a preservação do pré-construído

4.1 A área de intervenção: conclusões.....................................................................................................................................................................84

4.2 Programa de Necessidades................................................................................................................................................................................87

4.3 Referências Projetuais.......................................................................................................................................................................................89

4.4 Diretrizes...........................................................................................................................................................................................................95

4.5 O Projeto...........................................................................................................................................................................................................97

Capítulo 5: Referências Bibliográficas e Créditos de Imagens

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APRESENTAÇÃO Este Trabalho Final de Graduação tem como interesse a restauração

e revitalização do conjunto das históricas edificações fabris que compõem

a Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, localizada na área

central da cidade de Tatuí-SP, adequando-as para novos usos. Para tanto,

visando à preservação destes bens e ao exercício de projeto sobre o pré-

construído, proponho a instalação, neste conjunto fabril, de uma nova sede

para o Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, também

localizado na cidade de Tatuí.

O projeto proposto une a necessidade de uma nova sede para a escola de

música à preservação do patrimônio fabril, os principais marcos histórico e

cultural da cidade de Tatuí.

A Companhia é composta de 43 edifícios, distribuídos em uma

área de aproximadamente 47.000m², que juntos representam um raro e

importante conjunto fabril paulista do final do século XIX. De excepcional

interesse arquitetônico, este conjunto testemunha a organização industrial

e modos de construir da época do processo de industrialização do estado

de São Paulo.

Atualmente, apesar do abandono, este conjunto ainda encontra-se em

razoável estado de conservação, podendo ser perfeitamente aproveitado

para outras atividades contemporâneas e reinserido na vida da cidade.

Meu interesse pela recuperação destes antigos edifícios é

decorrência de pesquisas realizadas em 2008 no âmbito de uma iniciação

científica1 intitulada “Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho,

Tatuí- SP: pré-inventário arquitetônico das habitações do conjunto fabril”,

na qual realizei o levantamento das edificações residenciais, que somam

41 construções, as quais nunca antes tinham sido estudadas sob o ponto

de vista arquitetônico.

A época, registrei e avaliei o estado de conservação geral das

fachadas das construções relacionadas à sede da fábrica, bem como a

tipologia formal e programáticas características, os elementos componentes

principais dessas edificações, deixando de fora o grande prédio principal,

cujo acesso não me foi permitido.

Com este trabalho, dou continuidade aos estudos iniciados

no ano de 2008, atentando-me de modo especial aos galpões fabris da

Companhia.

Entre os muitos desafios representados pelo projeto sobre o

pré- construído a que este Trabalho Final de Graduação se propõe, está

o levantamento métrico- arquitetônico e avaliação crítica das reformas

de adequação predial que a sede da fábrica sofreu ao longo de sua vida.

Esta premissa é fundamental para o desenvolvimento de uma proposta

de intervenção baseada nas diretrizes internacionais de restauração

1 Esta iniciação científica teve apoio da agência financiadora PIBIC-UNICAMP/SAE e

orientação da Prof. Dr. Regina Andrade Tirello.

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arquitetônica.

Os objetivos principais do trabalho são: recuperar e requalificar

o patrimônio arquitetônico-cultural existente em Tatuí, hoje em completo

abandono, evidenciando a importância histórica desse conjunto fabril

como marco crucial para o desenvolvimento e configuração atual da cidade;

e ao mesmo tempo, dar instalações melhores e mais adequadas para o

desenvolvimento das atividades artísticas e didáticas do Conservatório

Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, uma instituição de referência

internacional, que “fisicamente” espalha-se em quase uma dezena de

construções inadequadas e improvisadas na cidade.

Acredita-se que este projeto possa proporcionar um pleno

uso cultural desta grande área central da cidade, hoje improdutiva,

assegurando a preservação das construções históricas e, ao mesmo tempo,

uma estrutura física melhor e mais adequada à escola de música.

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INTRODUÇÃO Nas últimas décadas tem aumentado progressivamente o número

de áreas fabris abandonas. As causas deste processo são diversas e tangem

as esferas econômica, política e social.

Estes conjuntos fabris, agora improdutivos, apesar de

testemunharem o processo industrial protagonizado pelo estado de São

Paulo, estão fadados ao desuso, contribuindo assim, para a formação de

áreas degradadas, ociosas e ermas. Exemplos de tal situação são os bairros

da Mooca e do Brás na cidade de São Paulo e, mais recentemente, a região

das indústrias automobilísticas do Grande ABC paulista.

Tais áreas, por geralmente se localizarem em regiões de expansão

territorial, são freqüentemente alvo de especulação imobiliária, o que

acaba por impossibilitar ainda mais a adaptação destes edifícios para

novos usos. Afinal, para o proprietário, é mais vantajoso deixar o edifício se

deteriorar à espera da valorização.

Dentre tantos conjuntos industriais abandonados, as excepcionais

iniciativas de restauração, acabam por não preservar as características

inerentes ao patrimônio fabril- edifícios brutos, de estruturas aparentes.

Tais iniciativas de preservação, amadorísticas, contribuem

significativamente para a progressiva e maciça destruição e

descaracterização do patrimônio industrial paulista.

Diante desta realidade, faz-se necessário o aumento de estudos

específicos e pesquisas acadêmicas para individualizar diretrizes para

tratamento e preservação dos bens remanescentes e desenvolvimento de

projetos arquitetônicos para o pré-construído.

Neste sentido, a proposta de trabalho que apresentamos sobre

a Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho tem como interesse

auxiliar na conservação de bens do patrimônio industrial. Este conjunto

fabril, o primeiro a se instalar na cidade de Tatuí, apresenta, em geral, uma

arquitetura bastante expressiva tanto em sua tipologia de implantação

quanto em suas estruturas fabris. Poucos são os estudos a seu respeito e

os existentes, dedicam-se à história de seus fundadores.

Sendo assim, o levantamento deste grande aglomerado de

edificações atualmente improdutivas, bem como o projeto de adequação

de suas construções para um novo uso, feito à luz das diretrizes

contemporâneas para o restauro do patrimônio arquitetônico, é relevante,

pois permite a perpetuação deste significativo conjunto para as futuras

gerações e assegura a requalificação deste espaço urbano.

Do mesmo modo que a restauração do conjunto fabril da

Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, a necessidade de

uma nova sede para o Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de

Campos” se faz urgente. Hoje, além da sede, vários edifícios são alugados

na cidade para atender as demandas da instituição, o que não oferece aos

estudantes, um ambiente propício ao aprendizado em plenitude.

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1- Síntese Teórica e Metodologia de Projeto

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1.1 Linhas de abordagem teórica

“O valor afetivo e simbólico associado a determinadas atividades produ-

tivas e ao trabalho, a vinculação de variadas comunidades com seu passado in-

dustrial e o potencial político e econômico das transformações, possuem grande

relevância e devem ser devidamente examinados e ponderados.”1

Beatriz Mugayar Külh

O patrimônio industrial edificado no estado de São Paulo tem

sido amplamente descaracterizado e destruído nos últimos anos, principal-

mente pela falta de competência profissional e pelo interesse especulativo.

Deste modo, faz-se urgente a preservação deste patrimônio

apoiada nas linhas contemporâneas de restauro arquitetônico, calcadas

em princípios estabelecidos pelos orgãos competentes. Pois, tal tipo de

construção- edifícios fabris- não são somente testemunho da arquitetura

que se praticava em finais do XIX ou marco do apogeu industrial paulista.

Estes remanescentes industriais também permitem compreender o siste-

ma de produção, trabalho, o modo de viver da época, e ainda, conhecer

um pouco da história da localidade em que está inserido.

Neste sentido, não apenas os edifícios de caráter extraordinário

1 KUHL. Beatriz Mugayar. Preservação do Patrimônio Ar-

quitetônico da Industrialização. Cotia-SP: Ateliê Editorial, 2009.

devem ser considerados monumentos e portanto preservados, mas todos

os que de alguma forma narram a história humana: “Para Riegl, monu-

mentos históricos não eram somente as obras de arte, mas qualquer obra

humana com certa antiguidade, ou seja, os testemunhos da operosidade

humana”.2

A Carta de Nizhny Tagil , neste sentido, afirma que: (...) “o pat-

rimônio industrial compreende os vestígios da cultura industrial que pos-

suem valor histórico, tecnológico, social, arquitetônico ou científico” e que

(...) “os exemplos mais significativos e característicos devem ser inventari-

ados, protegidos e conservados”3.

Tendo como base tais conceitos, o conjunto arquitetônico da

Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, composto por 43 edi-

fições com quatro tipologias distintas, uma das dez primeiras indústrias do

estado de São Paulo e a primeira da cidade de Tatuí, é digno de destaque,

estudo e preservação, pois é um “testemunho das tradições seculares”4.

Sua instalação na cidade foi determinante para o desenvolvim-

ento urbano daquela localidade, alterando significativamente o curso de

sua história.

Hoje, o conjunto fabril, um dos poucos exemplos ainda existentes

do apogeu industrial paulista do início do século XX, encontra-se parcial-

2 idem, pág. 34.3 Carta de Nizhny Tagil sobre o patrimônio industrial, TICCIH, 2003.4 Carta de Veneza, ICOMOS, 1964.

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mente abandonado, fadado a depreciação.

Portanto, concluímos que o complexo arquitetônico da Compan-

hia de Fiação e Tecelagem São Martinho agrega valores histórico- culturais

ao conjunto de edifícios, que precisam ser preservados também para as

futuras gerações. São destacados também os valores simbólicos deste con-

junto, enquanto bem cultural, conforme, na medida em que significam e

representam um pouco da história da própria industrialização do Estado

de São Paulo das últimas décadas do século XIX. Industrialização essa que

alterou o curso da história econômica e social não só daquela região, mas

também do país.

Logo, para o exercício de projeto para a preservação do pré-con-

struído- a adequação do conjunto fabril para sediar o Conservatório de

Tatuí- exige-se um aprofundado e cauteloso estudo de permanências e al-

terações de fachadas, volumetria e divisões internas. Só assim será possível

conceber um espaço adequado a seus novos usos, porém que assegure a

leitura da arquitetura fabril da época para seus visitantes e usuários, tendo

como base a mínima intervenção neste bem cultural.

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1- Síntese Teórica e Metodologia de Projeto

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1.2 Proposta

“A cultura é concebida como um segmento da vida à parte, embora nobil-

itado e nobilitante, e que, por isso, deve receber atenção e uso “compatível”.”1

Ulpiano T. Bezerra de Menezes.

Bem cultural trata-se de algo que possui valor atribuído pela sua re-

lação com a cidade, com seus habitantes e com a história de cada localidade.

No entanto, apesar do senso comum de “bem” como algo positivo

e que deve ser preservado- preceitos estes inerentes ao conceito de pat-

rimônio- boa parte das pessoas tendem ainda a considerar os objetos da

história intocáveis.

Não são poucos os exemplos de edifícios relevantes para a história

e a arquitetura brasileira, que são tombados, protegidos, restaurados e que

tem novo uso. No entanto, este novo uso sempre esbarra numa certa “mitifi-

cação” com relação ao patrimônio. Na maior parte das vezes ele restringe-se

a atividades que pouco se aproximam da população.

Desta forma, mesmo que protegido pelos meios legais e tendo uso,

o patrimônio acaba fadado à morte. Afinal, apesar de o espaço ter memória

e história, a falta de apropriação deste, pela ausência de identificação, gera,

1 MENESES. Ulpiano T. B. De. A cidade como bem cultural. In: Pat-

rimônio Cultural. Práticas, métodos, políticas. São Paulo: CONDEPHAAT, 2003.

da mesma maneira, deterioração. Portanto, o patrimônio só tem verdadeiro

valor se há identificação entre ele e o público que o utiliza.

Deste modo, quando se trata da preservação de um bem cultural

tão importante para a cidade de Tatuí, como é a Companhia de Fiação e

Tecelagem São Martinho, ainda hoje, apesar de abandonado, valorado pela

população local, é preciso cautela. Qualquer apropriação indevida do pat-

rimônio pode fadá-lo a morte.

Por isso, propõem-se a instalação de uma nova sede para Conser-

vatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, outro grande orgulho

da cidade, nos galpões fabris da Companhia.

O Conservatório de Tatuí é a única escola livre de música pública

em todo o país, uma instituição tão reconhecida, geradora de cultura e lazer.

No entanto, seja pela falta de divulgação, de hábito ou pela dificul-

dade de acesso por parte da população a este tipo de cultura, a maior parte

dos tatuianos, pouco conhece ou freqüenta os eventos promovidos pela es-

cola.

Portanto, acreditamos que, unindo-se os dois principais marcos

da cidade, será possível valorar e permitir a apropriação deste bem cultural

pela população local e ainda fornecer um espaço de melhor qualidade física

e acústica para os usuários do Conservatório de Tatuí.

Com este passo inicial, cria-se um maior dinamismo na área, contri-

buindo para um ambiente seguro, propício ao estudo e fundamentalmente

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1.3 Metodologia

Na pesquisa histórica e arquitetônica do patrimônio, as maiores

dificuldades são a falta de informações sobre o tema estudado e o difícil

acesso ao escasso material existente, seja por se tratarem de acervos

privados ou por burocracias existentes.

Tendo em vista tais circunstâncias, que por vezes impedem o

estudo de determinado objeto, buscou-se elaborar uma metodologia

de trabalho e pesquisa para este Trabalho Final de Graduação, afim

de conhecer profundamente a Companhia de Fiação e Tecelagem São

Martinho, e assim, desenvolver-se o exercício de projeto sobre o pré-

construído de maneira plena.

Tal metodologia foi dividida em quatro etapas:

ETAPA 01- RECONHECIMENTO DO EDIFÍCIO.

PESQUISA HISTÓRICA E ICONOGRÁFICA

Na busca de documentação acerca da Companhia, foram visitados

na cidade de Tatuí: o 2° Cartório de Notas, a biblioteca e a prefeitura

municipais.

As poucas publicações, textos e estudos encontrados, elaborados

por moradores locais, tinham como foco Manoel e Martinho Guedes Pinto

de Mello, fundadores da antiga tecelagem.

Neste momento da pesquisa foram encontradas duas fotografias1

da Companhia, datadas de 1910, as quais foram de grande valia para a

elaboração do estudo cronológico que será comentado na etapa 02.

Os únicos trabalhos acadêmicos encontrados, que abordavam

o conjunto do ponto de vista do patrimônio, foram: a tese de mestrado

da arquiteta Helena Saia e a livre docência da Prof. Eva Blay. No entanto,

ambos atinham-se à importância deste como marco histórico no processo

de industrialização que ocorreu no estado de São Paulo, não abrangendo os

aspectos físico-construtivos e arquitetônicos das construções componentes

do conjunto fabril.

PRODUÇÃO DE MOSAICOS FOTOGRÁFICOS DO CONJUNTO

Neste período foram elaborados mosaicos fotográficos,

com o mínimo de distorções possíveis, usando-se dos princípios da

fotogrametria digital, importante ferramenta no levantamento métrico

e na documentação dos edifícios. Tal técnica exige métodos específicos.

Para tanto, além da experiência que havia adquirido através da iniciação

1 Tais fotos pertencem ao acervo pessoal do falecido Sr. Erasmo Peixoto, comerciante local, conhecido por sua vasta coleção de fotografias que registram um pouco da história da cidade de Tatuí.

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científica desenvolvida em 2008, busquei aperfeiçoamento nesta área2 .

O material produzido através desta técnica tornou-se importante

instrumento de análise crítica das fachadas do edifício fabril, viabilizando os

estudos cronológico e de envasaduras, que serão comentados a posteriori.

LEVANTAMENTO MÉTRICO

Do ponto de vista construtivo e arquitetônico, não há qualquer

tipo de documentação. Até mesmo a prefeitura de Tatuí não dispõem de

quaisquer plantas ou mapas do conjunto em seu arquivo, que indiquem

alguma reforma ou ampliação. Deste modo, todo o levantamento técnico

existente nesta pesquisa, fundamental para o desenvolvimento do projeto

sobre o pré-construído, é fruto de medições, desenhos e comparações

realizados pela autora.

ETAPA 02- DIAGNÓSTICO DE CONSERVAÇÃO

ESTUDO DE ENVASADURAS

Tendo como ponto de partida os mosaicos fotográficos elaborados

na primeira etapa do trabalho, foi possível encontrar indícios nas fachadas

2 Participei do curso “Tecnologias Digitais na documentação do Patrimônio Arquitetônico”, em maio de 2010, ministrado pelo Prof. Arivaldo Amorim, na UNICAMP, como parte da disciplina IC-076/E, de responsabilidade da Profª. Drª. Regina A. Tirello, orientadora desse Trabalho Final de Graduação.

da fábrica, tais como alterações de esquadrias, argamassas, revestimentos

e materiais, além de patologias diversas, que não só sinalizaram alterações

de envasaduras e caixilharia, como também contribuíram significativamente

para o desenvolvimento do estudo cronológico.

ESTUDO CRONOLÓGICO

O estudo da cronologia arquitetônica do edifício baseou-se na

comparação entre os mosaicos e registros fotográficos do estado atual

do conjunto, com as duas fotos antigas encontradas. A análise crítica dos

documentos de 1910, com os atuais, produzidos ao longo deste trabalho,

foi determinante para que se entendesse como as alterações e anexações

ao edifício fabril se deram.

Devido ao pouco material existente, foi impossível precisar a

data de cada uma das intervenções a que os galpões industriais foram

submetidos, conseguindo-se apenas estabelecer quatro períodos

construtivos (que serão apresentados no capítulo 03).

ETAPA 03- DIRETRIZES PROJETUAIS

A partir do estudo cronológico elaborado na etapa 02, estabeleceu-

se as diretrizes projetuais, buscando-se assegurar a preservação do

patrimônio fabril existente na cidade de Tatuí e também oferecer um

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CAPÍTULO

1- Síntese Teórica e Metodologia de Projeto

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ambiente propício ao aprendizado em plenitude para os alunos e

professores do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”.

ETAPA 04- DESENVOLVIMENTO DO PROJETO PARA O PRÉ-

CONSTRUÍDO

Com a conclusão das etapas 01, 02 e 03, partiu-se para o

desenvolvimento do projeto para o pré-construído, a partir das diretrizes

de projeto pré-estabelecidas (capítulo 04).

1.2.1 Conclusões

O estabelecimento de princípios metodológicos, que norteassem

a pesquisa e o levantamento acerca da Companhia de Fiação e Tecelagem

São Martinho, foi fundamental para que se conseguisse um resultado final

satisfatório.

Deste modo, acreditamos que o levantamento aqui apresentado

tem informações e qualidades suficientes para o desenvolvimento pleno

do exercício projetual proposto, ponderando-se que existem imprecisões

decorrentes da falta de equipe, maquinário e softwares especializados,

imprescindíveis em pesquisas dessa natureza.

ETAPA 01

reconhecimento do edifício

ETAPA 02

diagnóstico de conservação

ETAPA 03

diretrizes projetuais

ETAPA 04

desenvolvimento de projeto

Figura 1. Etapas metodológicas usadas para o desenvolvimento deste trabalho final de graduação

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2.1 A Cidade de Tatuí e seu passado fabril

A cidade de Tatuí tem suas origens no povoado de São João

do Benfica. Sua fundação data de 11 de agosto de 1826, a partir do

parcelamento das terras doadas por Brigadeiro Jordão, militar reformado

do exército imperial.

Na década de 1860, chegaram à cidade as primeiras sementes

do algodão herbáceo, importadas dos Estados Unidos da América, que

mudariam para sempre sua história. Devido a boa adaptação ao clima e

a pronta aceitação por parte dos agricultores, em pouco tempo aquela

localidade tornou-se, segundo os historiadores locais, a maior produtora

do chamado “Ouro Branco”1 ou ainda “Algodão Tatuí”2 no sul do país.

Em consequência desta próspera cultura surgiram em Tatuí,

três importantes tecelagens: a “Companhia de Fiação e Tecelagem São

Martinho” , a “Fiação Santa Cruz”- também conhecida como Campos

Irmãos- e a “Fiação Santa Izabel” (Figura 02-Figura 04), as quais foram,

por muitos anos, responsáveis pela manufatura do algodão produzido na

cidade.

A partir da instalação da Companhia São Matinho, a primeira

tecelagem da cidade e uma das dez primeiras do estado, a produção

1 CAMARGO, Renato Ferreira de. Almanach Tatuhyense. Rotary Club de Tatuí. Tatuí: 1998.2 idem.

Figura 2. Vista frontal da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho, 1910.

Figura 3. Fiação Campos Irmãos

Figura 4. Fiação Santa Izabel

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as primeiras sementes de algodão herbáceo, vindas dos Estados Unidos

da América, distribuindo-as entre os agricultores locais. Dava-lhes as

sementes, ensinava-lhes o plantio e dividia com eles os lucros da produção.

Sua primeira fazenda produtora de algodão, a Fazenda Pederneiras,

pertence hoje à Ford do Brasil S.A.

Para facilitar o manuseio da grande quantidade de algodão

cultivado, mecanizou o beneficiamento do algodão, produzindo maquinaria

adequada para limpeza e pesagem. Era o início de seu projeto de construção

de uma fábrica de fios e tecidos em Tatuí.

Com o falecimento de Martinho Guedes, Manoel, um de seus seis

filhos, assume os negócios da família e, mantendo o empreendedorismo

de seu pai, contrata o engenheiro Otto Andersen3 para dar início a

construção da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho em 1881,

“(...)a primeira fábrica paulista a ostentar tanto nas soluções de espaços

internos quanto nos desenhos de fachadas, uma linguagem que identifica

o uso industrial.”4 (Figura 05) .

Com o passar dos anos, a fábrica inicial, que começou a produzir

os manufaturados do algodão em 1883, cresceu até formar um grande

3 CAMARGO, Renato Ferreira de. Achegas para a História Tatuiense. Gráfica PJ, Tatuí: 2000. Pág. 64.4 SAIA, Helena. Arquitetura e Indústria – Fábricas de Tecido de Algodão em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989. Pág. 170.

algodoeira se desenvolve tão rápida e vultuosamente que em 1889 a

Estrada de Ferro Sorocabana chegou à Tatuí, facilitando o transporte da

produção, antes feito em lombos de burros até o Porto de Santos.

No entanto, com o passar dos anos, a produção algodoeira deixou

de representar parte significativa da econômia nacional, e tal situação

refletiu-se também na cidade de Tatuí, as tecelagens locais entraram em

franco declínio, fechando suas portas na década de 1970.

Apesar da atual desindustrialização da cidade, parte do patrimônio

fabril edificado no final do século XIX e início do século XX ainda encontra-se

lá- em razoável estado de conservação, apesar das alterações e mutilações

sofridas- a testemunhar fisicamente o pioneirismo industrial da cidade.

2.1.1 A Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho: sua

história e de seus fundadores

A história do crescimento de Tatuí é indissociável do personagem

que a promoveu, o Sr. Martinho Guedes Pinto de Mello, responsável pela

introdução da cultura do algodão herbáceo na cidade.

Nascido em 1827 na Freguesia de Sobre- Tamega, Portugal,

Martinho Guedes refugiou-se no Brasil devido ao quadro político de seu

país na época. Instala-se em Tatuí e inicia o comércio de manufaturados.

Foi na década de 1860 que Pinto de Mello começou a importar

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conjunto fabril na área central da cidade: diversos galpões, o casarão do

proprietário, a casa de morada do administrador e 39 casas operárias

destinadas ao abrigo dos funcionários mais antigos e de melhor cargo

(Figura 06).

Técnicos norte-americanos foram contratados para implantar

a indústria têxtil na cidade, todo o maquinário comprado para sua

inauguração foi transportado em carros-de-boi de Santos até Tatuí; trajeto

este que levava até seis meses.

Manoel Guedes foi também quem criou a primeira máquina de

tração motorizada do país que se tem notícia. A “Maxambuxa”, como era

conhecida, fazia o transporte de suprimentos para a fábrica dentro da

cidade.

Desde o início de seu funcionamento, a tecelagem tinha como

funcionários apenas homens livres, pois Manoel Guedes era um notório

ativista do movimento abolicionista.

Segundo dados do Almanach Tatuhyense5 a indústria começou

sua produção com 54 teares e em 1900 já possuia 264 funcionários, sendo

60 homens, 144 mulheres e 60 crianças, quase todos tatuianos, os quais

trabalhavam dez horas diárias.

Os conhecidos médicos Emílio Ribas e Marcondes Machado

residiram em Tatuí, trabalhando no atendimento dos operários da

5 CAMARGO, Renato Ferreira de. Almanach Tatuhyense. Rotary Club de Tatuí. Tatuí: 1998. Pág. 56.

Figura 5. Entrada de funcionários na Companhia, 1902.

Figura 6. Maquete vitual do conjunto de edificações que compõem da Companhia.

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Companhia.

A Companhia de Força e Luz (Figura 07), inaugurada em 1911,

foi outro empreendimento promovido por Guedes para modernizar a sua

fábrica, com o uso da energia elétrica. Esta iniciativa terminou beneficiando

toda a cidade e, em 1920, as vizinhas Pereiras e Conchas também passaram

a ser atendidas pela companhia elétrica localizada na Fazenda Vitória, na

cidade de Cerquilho.

Além da Companhia de Força e Luz e da Companhia de Fiação

e Tecelagem São Martinho, Guedes ainda possuía a Fábrica de Manilhas,

que fornecia tubos para a instalação do esgoto na cidade de São Paulo, a

Fábrica de Sabão e Óleo Vitória, que aproveitava os resíduos da produção

têxtil, a Fábrica de Telhas Francesas e Cerâmicas, além de um armazém

para atender a seus funcionários.

Como grande empreendedor que foi, Manoel Guedes adquiriu o

primeiro projetor de filmes do estado e o segundo automóvel do Brasil.

Doou à Santa Casa de Misericórdia de Tatuí o terreno onde até hoje ela se

encontra instalada e proveu a construção do Teatro São Martinho, demolido

em 1953. As apresentações de filmes, peças de teatro eram corriqueiras no

auditório, sendo bastante conhecido no meio artístico da época.

Em 1927, Manoel Guedes falece, deixando seus filhos na adminstração

da Companhia. Posteriormente todo o conjunto fabril foi vendido para a

Família de Dario Meirelles. Atualmente toda a área é de propriedade da Família

Chammas, que na década de 1980 fechou a indústria, após franco declínio.

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2.2 A cidade de Tatuí e a música

A cidade se insere no panorama nacional atualmente a partir do

Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, o maior centro

público de estudos de música da América Latina. Este, instalado naquela

localidade há 54 anos, conferiu a ela o titúlo de “Capital da Música”, o qual

foi oficializado em 30 de janeiro de 2007, através da lei estadual 12.554.

O Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos” foi

criado por lei estadual, em 13 de abril de 1951 e oficialmente inuagurado

em 11 de agosto de 1954- data do aniversário da cidade de Tatuí.

O deputado estadual Narciso Pieroni, detentor de grande eleito-

rado em Tatuí, teve papel decisivo para tornar a cidade a “Capital da Músi-

ca”. Em seu projeto de lei diz: “Tatuí é uma das cidades interioranas que

com mais carinho se cultiva a arte entre seus filhos. Grande é o número

de jovens tatuianos que buscam entre os poucos e modestos professores

da localidade aprimorar seus conhecimentos artísticos. Findo os estudos

rudimentares com grande sacrifício, dispêndio de tempo e dinheiro em

viagens, se locomovem duas ou três vezes por semana, para a capital, bus-

cando nos conservatórios particulares ou no oficial, concluir os estudos

iniciados.”1 .

E ainda declara: “É de notar, também que a criação de um con-

1 Projeto de Lei 694/1950. In: www.conservatoriodetatui.org.br/historico.php, acesso em 13 de abril de 2010.

servatório dramático e musical em Tatuí virá beneficiar todo o sul paulista

cujas cidades (Tatuí, Apiaí, Porangaba, Porto Feliz, Tietê, etc) ora mandam

estudantes para a Capital, superlotadas as escolas freqüentáveis, o que re-

dunda em prejuízo para os educandos”2 .

A primeira sede da escola de música foi improvisada. Instalou-se

em um casarão antigo, à Rua José Bonifácio, nº245, cedido pela prefeitura

local que o alugava e ali permaneceu até que os espaços tornaram-se insu-

ficientes para as atividades da instituição.

No ano de 1968, novamente a prefeitura oferece um imóvel ao

Conservatório, agora o recém-construído prédio da câmara dos vereadores,

situado a Rua São Bento, nº 415, que apesar de maior era igualmente inad-

equado para o exercício da música.

O que antes era a câmara dos vereadores (Figura 7) recebeu, com

o passar dos anos, além de reformas e adequações, recebeu anexos em

seu lote, formando improvisado conjunto de três edificações que compõe,

ainda hoje, a sede da escola de música.

No entanto, apesar da deficiência de seu espaço físico, por sua

excelência em ensino, o Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de

Campos” tornou-se, no decorrer de sua história, o maior e um dos mais

bem conceituados conservatórios de música da América Latina.

Em passado recente, o Conservatório chegou a ter cerca de 3000

2 Projeto de Lei 694/1950. In: www.conservatoriodetatui.org.br/historico.php, acesso em 13 de abril de 2010.

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estudantes anualmente. No entanto, conforme relato do assessor ped-

agógico da instituição, Professor Antônio Ribeiro, a escola optou, após a

troca de sua diretoria em 2006, por uma nova política: priorizar a formação

de artistas profissionais. Para tanto, além de aumentar a exigência quanto

a freqüência e notas, também se decidiu por trabalhar com um número

menor de alunos, o que possibilita um atendimento mais individualizado e

também otimização do espaço.

Hoje a instituição, que é uma O.S.- Organização Social- gerida pela

“Associação dos Amigos do Conservatório de Tatuí”, conta com 49 cursos

livres e 16 cursos de aperfeiçoamento, que contemplam as áreas de músi-

ca, canto, artes cênicas, luteria e educação musical, e atendem a 2669 alu-

nos (dados do ano de 2010).

O O Conservatório possui, ao lado do prédio-sede, o Teatro

“Procópio Ferreira” (Figura 8), com capacidade para 406 pessoas, reconhe-

cido pelas suas excelentes instalações e acústica.

Este é usado para apresentações de recitais, peças de teatro e de

orquestras da escola, além de cedido para eventos culturais e populares da

cidade.

Como sua própria história demonstra, apesar do bom ensino ofe-

recido, além de instrumentos, salas de aula e alojamento para os alunos,

o edifício sede da instituição está longe de atender completamente às ne-

cessidades específicas que este tipo de escola exige, tais como salas acus-

Figura 7. Antiga câmara dos vereadores de Tatuí, cedida para a escola de Música em 1968.

Figura 8. O Teatro Procópio Ferreira, instalado ao lado da sede do Conservatório

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ticamente tratadas, áreas de convívio e espaços suficientes para estudos e

ensaios (Figura 9).

No presente, a escola conta com seis edifícios, entre casas e pré-

dios alugados para atender suas demandas educacionais. Estes, inadequa-

dos à educação musical, apresentam espaços pequenos, com tratamento

acústico ineficiente ou inexistente (Figura 10).

Destaca-se ainda o problema do alojamento de estudantes, que

apesar de ser propriedade da instituição, localiza-se à beira da Rodovia An-

tônio Romano Schincariol (SP 127), a cerca de 4,5 quilômetros de sua sede

com apenas 100 vagas.

Esta situação gera despesas, dificulta a administração da escola e,

principalmente, não oferece condições ideais de ensino, aprendizagem e

moradia aos estudantes.

Figura 9. Sala de instrumentos do edifício sede do Conservatório.

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Figura 10. A sede do Conservatório de Tatuí e seus anexos dispersos pela cidade.

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2.2.1 Os cursos, as demandas e o perfil dos estudantes

Conforme mencionado, o Conservatório de Tatuí possui 49 cursos

livres destinados à formação de artistas profissionais e ainda 16 outros de

aperfeiçoamento. Os cursos livres tem duração entre 10 e 18 semestres,

enquanto os de aperfeiçoamento duram, geralmente, 4 semestres.

Segundo informações cedidas pelo próprio Conservatório, apesar

de hoje a instituição ter 2669 alunos, apenas 622 são da cidade de Tatuí.

Os demais provêm de vinte estados brasileiros- incluindo-se aqui o estado

de São Paulo- e também de outros sete países sendo, na maioria, jovens.

Os cursos mais procurados são os de guitarra, violão e piano.

Boa parte dos alunos da instituição são de baixa renda, sendo que

muitos deles estudam com bolsa, hoje por volta de 450 reais, oferecida

pela instituição. Em troca, os alunos tocam nas bandas e orquestras da

escola.

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2.3 A cidade de Tatuí hoje

A Tatuí de hoje, outrora fabril, tem cerca de 110 mil habitantes, os

quais vivem, em sua maioria do comércio, de serviços e da agropecuária.

A cidade localizada no centro-oeste do estado de São Paulo, tem

524,16Km², e fica a aproximadamente 140Km da capital paulista, fazendo di-

visa com as cidades de Boituva, Itapetininga, Capela do Alto e Cesário Lange.

Apesar de ser uma cidade de médio porte, ainda apre-

senta ares de interior, com o comércio bastante concentrado, a pra-

ça da Igreja Matriz (Figura 11) e o Largo do Mercado (Figura 12).

Em contrapartida, alguns problemas sociais na cidade lem-

bram as cidades grandes. A violência, decorrente do tráfico de dro-

gas, tem crescido nos últimos anos, assustando os moradores locais.

Do ponto de vista econômico, a cidade tem progredido, com a chegada

de novas empresas de grande porte, no entanto muitos tatuianos instalam-

se em outras localidades em busca de melhores oportunidades de emprego.

A infra-estrutura local foi ampliada, com a construção

de novos postos de saúde e creches. Mas, a cidade ainda é bas-

tante carente no que diz respeito a equipamentos públicos, tais

como parques, praças e áreas para a prática esportiva e o lazer.

Figura 11. Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, primeira igreja matriz da cidade de Tatuí.

Figura 12. O Mercado Municipal da cidade de Tatuí.

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2.4 A situação do patrimônio na cidade de Tatuí

Atualmente a cidade tem passado por um processo de

renovação de suas edificações. Muitos dos edifícios com valor histórico

ou arquitetônico, não protegidos pelos orgãos competentes, vem sendo

demolidos para dar lugar a outros.

Em geral tratam-se de casas ou edifícios de propriedade particular,

dos anos 1940 a 1950.

No entanto os edifícios institucionais de valor patrimonial

relevante, também sem proteção legal, em pleno funcionamento,

apresentam-se, no geral, bastante conservados.

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Figura 13. Os edifícios de valor histórico e arquitetônico da cidade de Tatuí.

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3.1 Os “tipos” que compõem a Companhia

“Pode-se afirmar, sem muita dúvida, que a fábrica São Martinho (...), na

cidade de Tatuí, corresponde ao exemplar mais significativo da moderna indústria

têxtil paulista”1.

Helena Saia

O conjunto arquitetônico da Companhia, está implantado na área

central da cidade de Tatuí, ocupando cerca de 47.000m²; dos quais 13000m²

correspondem aos galpões fabris principais. Os restantes somam 39 casas

operárias, a casa de morada dos técnicos/administrador, o casarão do

proprietário (Figura 13) e terrenos vazios.

O majestoso conjunto de 43 edifícios, distribuídos ao longo de seis

quadras em grande declive, ainda é capaz de testemunhar as relações sociais

hierárquicas determinadas pela produção fabril à época. Ao centro localizam-

se os grandes galpões fabris, com suas portadas e torreão principal.

O casarão do proprietário e a casa do administrador, também destinada

ao abrigo de técnicos e médicos da fábrica, localizam-se na parte mais alta do

terreno. Delas era possível observar tanto a movimentação no pátio de entrada

da tecelagem, como também nas casas operárias, demonstrando-se o controle

1 SAIA, Helena. Arquitetura e Indústria – Fábricas de Tecido de Algodão em São Paulo. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.

Casas operáriasCasa do administradorCasarão do proprietárioGalpões fabris

Figura 14. O conjunto da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho e sua divisão tipológica.

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que exercia o proprietário, detentor do capital, sob seus subordinados, tanto

no ambiente de trabalho, quanto fora dele (Figura 14).

O aluguel destas habitações a baixos preços, o armazém que provinha

os mantimentos e o médico que cuidava dos operários doentes, também são

exemplos desta relação.

Sob o ponto de vista formal e construtivo, as edificações apresentam

diferenças relacionadas ao programa de uso. As moradias operárias são

bastante modestas, sem ornatos ou detalhes decorativos nas fachadas. Já a

casa de morada dos técnicos e do administrador, além de ser bem mais ampla

e confortável, localiza-se em um terreno de esquina, tendo um tratamento

de fachada mais rebuscado, com alguns elementos decorativos. O casarão do

proprietário, de tendência estilística afiliada ao ecletismo, é bastante

imponente, apresentando uma grande riqueza de detalhes e ornamentos.

Todas as construções do conjunto, incluindo-se os galpões fabris, são

edificadas em alvenaria de tijolos portantes rebocados, material regional- a

cidade de Tatuí destaca-se ainda hoje pelo grande número de cerâmicas e

olarias- características típicas dos espaços fabris.

No que diz respeito ao estudo cronólogico do processo de construção

deste conjunto, todo ele foi baseado em indícios, tais como a análise crítico-

comparativa de fotos atuais e antigas e também na análise visual do perímetro

e da volumetria das edificações em seu estado atual.

A seguir, descrevem-se as principais características programáticas

e arquitetônicas das construções que integram o conjunto da Companhia de

Fiação e Tecelagem São Martinho.

Figura 15. Fotografia tirada em 1926 do torreão da Companhia. Em destaque a casa do administrador, no ponto mais alto do terreno.

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CAPÍTULO

3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

São Martinho

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3.1.1 As habitações do conjunto fabril

3.1.1a As casas operárias

As 39 moradias que compõem o grupo de casas operárias

distribuem-se ao longo de três quadras, parte implantadas

em terrenos planos, parte em terrenos em declive (Figura 15).

Construídas em alvenaria de tijolos portantes, suas fachadas

não têm ornatos ou detalhes decorativos relevantes, destacando-se

apenas na superfície murarias, demarcadoras da estrutura (Figura 16).

As portas e janelas de madeira perfazem vãos de

cerca de 90cm, que conferem ritmos previsíveis ao conjunto de

casinhas operárias, as quais, apesar do tempo transcorrido de

sua construção, não apresentam descaracterizações irreversíveis.

A estrutura dos telhados é em madeira serrada, a cobertura

(sem forro), em telhas francesas e o beiral do tipo cimalha de alvenaria.

Quanto à tipologia, apesar de plantas bastante assemelhadas, pode-

se distinguir dois grupos distintos de construção, conforme suas características

de implantação no lote: as casas de meio de quadra e as casas de esquina.

Figura 16. Em destaque as casas operárias do conjunto fabril.

Figura 17. Vista de algumas das casas operárias do conjunto.

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AS CASAS DE MEIO DE QUADRA

As moradas deste grupo somam 35 construções térreas

geminadas, sem recuos frontais, com porão para respiro e

amplo quintal, que ocupa quase metade da área total do lote.

Têm planta simples: com três dormitórios sem janelas

(alcovas), cozinha, sala e uma fossa séptica ao fundo do lote.

Do ponto de vista construtivo são, quase que na totalidade,

edificadas em alvenaria de tijolos revestidos por argamassa tendo, no

entanto, alguns vedos em taipa de pilão. O telhado, em duas águas, com

cumieira paralela a fachada, é estruturado em madeira serrada e coberto

por telhas francesas, com beiral de cimalha de alvenaria.

Tanto as portas, quanto as janelas eram, originalmente, de

madeira, sendo as portas de duas folhas e janelas tipo guilhotina.

No que diz respeito a fachada, elas podem ser divididas em dois

outros sub-grupos:

Sub-grupo 01: Estas casas apresentam uma fachada que não

ultrapassa os cinco metros, com dois vãos: uma porta e uma janela

Subgrupo 02: A fachada chega a ter 6 metros de extensão, com

uma porta e duas janelas (Figura 17).

Figura 18. Casa pertencente ao sub-grupo 02.

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CAPÍTULO

3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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AS CASAS DE ESQUINA

Este grupo compreende três casas, cujo único recuo é com o

fundo do lote.

Com a mesma planta das casas de meio de quadra- térreas, com

porões não habitáveis, três dormitórios, cozinha, sala e uma fossa séptica

ao fundo do lote- e dimensões bastante semelhantes, este grupo difere-se

no número de envasaduras e ao telhado (Figura 18).

Estas habitações têm janelas laterais nos dormitórios, o que

proporciona uma melhor iluminação e areação, e consequentemente

maior salubridade aos ambientes.

São construídas em alvenaria de tijolos revestidos por argamassa.

Têm telhado, em quatro águas, com estrutura de madeira serrada, coberto

por telhas francesas com cumieira no sentido longitudinal do terreno e

beiral de cimalha de alvenaria.

Todas as casas dessa tipologia têm fachada frontal de cerca de seis

metros de comprimento, com duas janelas tipo guilhotina, sendo a entrada

da edificação pela fachada lateral.

Um dos exemplares deste grupo tem, na fachada frontal, ao invés

das janelas, duas portas de madeira com folha dupla, que indicam uso

misto, ou seja, comercial e residencial, que teria originalmente (Figura 19).

Figura 19. Uma das casas de esquinas.

Figura 20. Casa operária com duas portas frontais, indicativo de possível uso misto.

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ESTADO DE CONSERVAÇÃO DAS CASAS OPERÁRIAS

A maioria das casas operárias do conjunto hoje estão locadas para

moradia, sendo que pequena parte foi adquirida pelos proprietários atuais

por usucapião.

Internamente, as alterações são de ordem diversa, boa parte

decorrente das necessidades de cada morador, bem como das mudanças

no modo de morar ocorridas do início do século passado para os tempos

atuais.

Externamente, boa parte das fachadas sofreram modificações

(Figura 20). No entanto, estas se atem a troca de esquadrias, o que

apesar de alterem um pouco as dimensões das envasaduras originais, não

compromete a leitura do conjunto de casas. Não sendo severas, no caso de

uma intervenção de restauro, pode-se recuperar as aberturas primitivas.

PECULIARIDADES DAS CASAS OPERÁRIAS

Estas moradas operárias, têm uma característica bastante

peculiar, quanto a sua forma de disponibilização. Diversamente da maioria

das habitações operárias da época, de aluguel , essas eram providas pelo

próprio proprietário da indústria.

Poucos são os exemplos deste tipo de habitação no Brasil, dos

quais destacam-se a Vila Maria Zélia (Figura 21), no Bairro Belenzinho e

Figura 21. Em amarelo, exemplo de modificações a que foram submetidas as casas operárias.

Figura 22. Vista de algumas das casas da Vila Maria Zélia, São Paulo-SP, atualmente bastante alteradas

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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a vila para operários da Matarazzo (Figura 22), no Brás, ambas na cidade

de São Paulo e conhecidas por terem como provedor um personagem tão

empreendedor quanto o senhor Manoel Guedes.

Figura 23. Vila para funcionários das fábricas Matarazzo, São Paulo-SP.

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A CASA TIPO

Tendo em vista os dois grupos de casas encontrados, procurou-se

selecionar uma casa emblemática, que pudesse representar o conjunto de

casas operárias sintetizando suas principais características. Para tanto se

selecionou o exemplar com características consideradas mais próximas de

um estado construtivo original e que também mais se assemelhassem a

casas operárias contemporâneas (Figura 23).

A casa selecionada está localizada em meio de quadra, com duas

janelas guilhotina e uma porta em madeira, solução facilmente encontrada

em construções das primeiras décadas do século XX.

A planta, também se aproxima muito da original, afinal, segundo

informações do morador, que vive na casa desde criança, a única interven-

ção pela qual a casa passou foi a anexação de um sanitário aos fundos da

construção (Figura 24).

Figura 24. Casa identificada com características mais próximas de um estado original.

Figura 25. Planta da casa operária tipo.

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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3.1.1b A casa do proprietário

Não há documentação atendível que ateste o ano de construção

do casarão do proprietário. As informações que obtivemos a esse respeito

são indiretas, resumindo-se a poucas fotografias e a um indício construtivo.

Em seu interior, junto a porta principal, há um taco de madeira com a

inscrição “1900”. Sabe-se que antigamente era comum a troca da data de

construção de uma edificação em homenagem à virada do século, fato que

impossibilita que se estabeleça uma data precisa para a mesma.

Este casarão, localizado defronte a fábrica, ocupa um terreno de

aproximadamente 3000m², dividindo-se em três pavimentos: porão, térreo

e superior (Figura 25).

Destaca-se na residência, o grande refinamento construtivo, de

característica eclética: a monumentalidade da construção, a fachada com

ritmo e simetria de portas e janelas, a riqueza e minúcia dos detalhes

ornamentais, a cobertura escondida pela platibanda, a hierarquização dos

espaços internos (Figura 26).

O telhado, em quatro águas, é estruturado em madeira serrada,

e recoberto por telhas francesas, com cumieira perpendicular a fachada

principal da construção.

Os vedos são todos em alvenaria de tijolos argamassados.

No piso térreo, a porta de entrada é o início de um longo corredor

Figura 26. Em destaque o casarão do proprietário e suas dependências de serviço.

Figura 27. A casa do proprietário com sua riqueza de detalhes de vertente eclética.

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por onde se acessam as duas salas de recebimento e a sala de jantar.

Estes ambientes têm piso de tábuas de madeira que formam

interessantes desenhos geométricos e inscrições, como iniciais, estrelas e

engrenagens (Figura 28). O forro, em estuque1, é bastante decorado, com

acabamento em cambotas (Figura 29).

Ainda neste piso estão as escadas que dão acesso ao terceiro

pavimento; a cozinha e também uma ampla varanda. Esta merece especial

atenção, pois circunda a fachada frontal e uma das laterais da edificação,

com pilares de sustentação, gradil e portas de acesso, pré-fabricados em

ferro fundido com grande requinte de detalhes (Figura 31 e 32).

As duas escadas em madeira- uma de uso social e outra de uso

dos empregados- mostram o grande refinamento desta construção. A

escada social, mais ampla, e entalhada, apresenta em toda a sua extensão

pinturas florais (Figura 33).

No piso superior, são 8 dormitórios; todos com piso em madeira

com tabúas corridas, e forros em estuque, com desenhos simples e com

arremate em cambotas . Tanto as portas de uma folha quanto as janelas de

duas, tipo veneziana, são em madeira.

Há também neste piso, quatro sanitários, nítidamente mais

recentes(Figura 34).

1 Tipo de argamassa usada para confeccionar detalhes decorativos e for-ros, a base de cal, água e areia.

Figura 28. Piso de madeira de uma das salas de recebimento: detalhe para a engrenagem.

Figura 29. Forro em estuque com arremate em cambotas de um dos dormitórios da residência.

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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Figura 30. Ampla varanda que circunda parte do pavimento térreo da residência.

Figura 31. Uma das portas, em madeira e ferro fundido, que dá acesso da sala de jantar para a varanda.

Figura 32. Pintura floral da escada social,que dá acesso ao segundo piso, hoje bastante desgastada.

Figura 33. Um dos sanitários encontrados no terceiro pavimento da edificação.

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Ainda destaca-se a riqueza dos pisos hidráulicos, muito belos

e coloridos, que revestem as áreas molhadas e a grande varanda do

pavimento térreo (Figura 35-Figura 37).

Na área externa, há uma construção bastante simples, destinada

ao abrigo dos empregados da casa, um orquidário, com estrutura em ferro

fundido e uma piscina, possivelmente da década de 1950 (Figura 38 e 39).

ESTADO ATUAL DE CONSERVAÇÃO

Há mais de 25 anos, a edificação encontra-se a completamente

abandonada, fator que contribui significativamente para a deterioração do

bem e consequente ruína.

As poucas alterações existentes são fruto de melhorias para

moradia, tais como o uso de sanitários dentro da construção e uma piscina

no jardim lateral. Mesmo assim, a fachada apresenta sua integridade

formal e estilística preservadas.

Figura 34. Piso hidráulico da varanda

Figura 35. Piso hidráulico da cozinha

Figura 36. Piso hidráulico do corredor de serviços

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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Figura 37. Piscina da década de 1950.

Figura 38. Orquidário existente no quintal do casarão.

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Plantas baixas do casarão do proprietário

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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3.1.1c A casa de morada do administrador

A casa de morada do administrador e dos técnicos está implan-

tada num grande terreno de esquina, com cerca de 850m² (Figura 29 e

Figura 30).

É uma casa de médio porte, com dois pavimentos: porão habitável

e térreo.

Sua fachada, já apresenta elementos decorativos rebuscados,

bem como platibanda e ritmo nas envasaduras, características de linha

eclética.

A caxilharia é toda em madeira, sendo as portas de duas folhas e

as janelas tipo guilhotina recobertas por duas folhas venezianas.

A estrutura do telhado é toda em madeira serrada, com cober-

tura em telhas francesas em quatro águas com cumieira no perpendicular

a fachada principal da habitação.

ESTADO DE CONSERVAÇÃO ATUAL

Como as casas operárias, este exemplar encontra-se alugado.

Mesmo assim, a fachada da habitação apresenta-se com poucas alter-

ações, tendo sua integridade formal completamente preservada.

Figura 39. Em detaque, a casa de morada do administrador.

Figura 40. A casa de morada do administrador

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3.1.2 Os galpões fabris da Companhia

Sabe-se que os primeiros galpões fabris, que deram origem a Com-

panhia, tiveram sua construção iniciada em 1881 e concluída em 1883, ano

em que se iniciaram as primeiras atividades fabris naquela localidade.

O conjunto de galpões hoje constituído forma externamente um

grande volume, denso e único, implantado em um terreno em declive, com

mais de 18.000m².

Destaca-se a fachada frontal, com a torre do relógio, marco do

ritmo de trabalho e dos turnos da indústria.

Nas fachadas laterais é possível notar as diversas fases de amplia-

ções e reformas a que o edifício foi submetido, devido aos diferentes rit-

mos e modelos de envasaduras.

Internamente, estas intervenções tornam-se ainda mais eviden-

tes, através das muitas soluções estruturais e de coberturas adotadas.

A partir da análise destes indícios, bem como da documentação

existente, chegou-se a divisão do conjunto de galpões fabris em quatro

fases construtivas.

Tais fases marcam as reformas e ampliações, sofridas pelo edifí-

cio ao longo de sua história, processos comuns neste tipo de indústria, re-

flexo da prosperidade, do aumento, da diversificação e da mecanização da

produção têxtil.

Figura 41. Em destaque, os galpões fabris da tecelagem.

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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3.1.2a Primeiro período

Iniciada no ano de 1881, esta fase marca as primeiras atividades

fabris tanto na Companhia, quanto na cidade de Tatuí.

Possivelmente, os galpões que fazem parte deste período, à épo-

ca da construção, eram térreos, edificados em alvenaria de tijolos argamas-

sada e com telhados estruturados em madeira e cobertos por telhas de

barro. No entanto, a ampliação para um segundo pavimento os atribui hoje

lajes e pilares em concreto.

Apenas a área administrativa, que não foi alvo de ampliações, tem

ainda hoje características mais próximas de um estado original, com estru-

tura do telhado em madeira, recoberto por telhas francesas e forro tipo

paulistinha (década de 1950).

O piso em todos os ambientes desta fase é cimentício e as janelas

em ferro fundido tipo basculante.

Merecem destaque o cômodo destinado ao maquinário de gera-

ção de energia à vapor- primeira força motriz usada no funcionamento da

Companhia- e a torre do relógio, tão emblemática na fachada frontal e que

marca a entrada da edificação.

Figura 42. Em vermelho, primeiro período construtivo da Companhia.

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3.1.2b Segundo período

Esta fase trata das ampliações ocorridas em relação a fachada

frontal, e principal, da fábrica, sendo dois blocos, um a direita e outro a

esquerda dela.

O bloco à direita é de alvenaria de tijolos cobertos por argamassa,

piso cimentício, telhados estruturados em

madeira, coberto por.telhas francesas com forro em madeira tipo pau-

listinha.

O bloco à esquerda também é de alvenaria em tijolos argamassa-

dos e telhado com estrutura em madeira e cobertura em telhas francesas.

Porém, os pilares deste bloco são em madeira, o piso de tijolos cozidos e

não há forros.

Apesar deste conjunto de galpões não ser o mais antigo, como

ele não sofreu alterações posteriores, pode-se considerá-lo, atualmente, o

mais próximo de um grau de originalidade inicialmente existente.

bloco A

bloco B

Figura 43. Em verde, segundo período de construção da tecelagem.

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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3.1.2c Terceiro período

A terceira fase compreende os blocos do segundo pavimento da

fábrica e também um grande bloco que corta o terreno de uma fachada a

outra.

Apesar de possuírem características comuns aos outros períodos,

tais como o uso de alvenaria de tijolos argamassados nos vedos e piso ci-

mentício, nestes trechos as estruturas do telhado são mistas- uso de estru-

tura metálica e madeira- e a cobertura é toda em telhas metálicas.

Estes dois últimos aspectos, bem como os vãos maiores existentes

nestes galpões, sinalizam sua construção mais recente

Figura 44. Em roxo, o terceiro período construtivo da Companhia

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3.1.2d Quarto período

Esta último período difere-se significativamente dos demais

galpões fabris que formam a Companhia.

Estão implantados ao fundo, em três blocos. Os dois menores,

sem qualquer expressividade construtiva, são edificados em alvenaria de

tijolos argamassada, com estrutura do telhado em madeira e cobertura em

telhas francesas.

O terceiro deles, já de maior porte, é também o mais destoante

dos três. Construído em alvenaria de tijolos argamassa, possui estrutura

metálica em todo o telhado.

A cobertura, curva, merece especial destaque, tendo em vista que todas as

demais do conjunto são em duas ou quatro águas.

Figura 45. Em marrom, o quarto período construtivo, bastante

contrastante com o restante do conjunto.

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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3.2 A divisão do Processo Fabril

Afim de facilitar o compreendimento da evolução construtiva da

Companhia, procurou-se, por meio de vestígios construtivos e entrevistas

com antigos trabalhadores, distinguir a função original dos espaços inter-

nos do edifício no processo de produção fabril.

Não foi possível se descobrir a função de alguns blocos, principal-

mente pelas alterações internas descaracterizantes de diversas ordens.

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3.3 Mosaicos Fotográficos

Com o intuito de registrar o estado atual do conjunto fabril e es-

tudá-lo do ponto de vista físico, construtivo, foram elaborados mosaicos

fotográficos baseados nos princípios da fotogametria digital.

Em seguida, apresentam-se os resultados obtidos.

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3.4 LEVANTAMENTO MÉTRICO

Foram realizadas constantes visitas ao objeto de estudo

com o intuito de, em um primeiro momento, levantar o desenho

de plantas da edificação fabril, e posteriormente para aperfeiçoar e

conferir as medidas encontradas.

Para facilitar a compreensão do edifício, que divide-se em 3

níveis, usaremos a seguinte nomenclatura:

NÍVEL 1- cota 0,00

NÍVEL 2- cota 3,65

NÍVEL 3- cota 7,65

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Nível 1- cota 0,00

Escala 1:500

Figura 46. Levantamento Métrico- nível 1

Figura 47. Em vermelho, nível 1.

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Nível 2- cota 3,65

Escala 1:500

Figura 48. Levantamento Métrico- nível 2

Figura 49. Em vermelho- nível 2

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Nível 3- cota 7,65

Escala 1:500Figura 50. Levantamento Métrico- nível 3

Figura 51. Em vermelho- nível 3

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3.5 LEGISLAÇÃO INCIDENTE SOBRE O PATRIMÔNIO

3.5.1 Quanto ao patrimônio fabril

O conjunto arquitetônico correspondente à Companhia de Fiação

e Tecelagem São Martinho esta tombado pelo Governo Estadual, através

de publicação no Diário Oficial em 28 de dezembro de 2007 , após mais de

13 anos de trâmites no CONDEPHAAT- Conselho de Defesa do Patrimônio

Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Governo do Estado de São

Paulo.

A fábrica, bem como as casas operárias, estão tombadas em Grau

de Proteção 2 (GP-2) que lhes assegura a preservação da volumetria e das

fachadas das edificações.

Já a casa de morada do proprietário, está protegida pelo Grau de

Protação 1 (GP-1), que prevê, além da preservação da volumetria e das

fachadas, também a manutenção dos espaços internos originais.

A minuta do processo de tombamento determina os gabaritos

máximo permitidos para as futuras construções na área envoltória do

conjunto (Figura 53).

Porém este documento também assegura que, conforme o decreto

nº 48.137 de 7 de outubro de 2003, a área definida como envoltória pode

ser flexibilizada, desde que cada caso seja previamente analisado pelos

orgãos competentes.

Figura 52. Em destaque os diferentes gabaritos permitidos na envoltória do conjunto.

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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3.5.2 Quanto ao zoneamento urbano

De acordo com a lei Municipal nº 4228, de 27 de julho de 2009, no

que se refere ao zonemento urbano, a área pertencente a Companhia de

Fiação e Tecelagem São Martinho encontra-se no limite entre duas zonas

urbanas, a ZU3 e a ZU6, que tratam das seguintes determinações:

ZU3- Zona Predominantemente Residencial 2- áreas de média

e alta densidade demográfica, com habitações uni e multifamiliares, ad-

mitindo-se comércios locais, geradores de tráfegos de média intensidade e

de ruído diurno.

ZU6- Zona Mista- local em que uma parte destina-se a unidades

habitacionais e a outra parte a unidades comerciais, de serviços ou institu-

cionais (ver figura 60).

Para ambas as zonas admite-se taxa máxima de ocupação de 0,70,

taxa mínima de permeabilidade de 0,10 e recúo frontal mínimo de 4 met-

ros.

Para a ZU3- a testada do lote deve ter 8 metros e área de 240m²,

no mínimo .

Já para a ZU6- a testada deverá ter 10 metros e área de 250m², no

mínimo .

Portanto, pela lei vigente no município de Tatuí, a instalação da

nova sede do Conservatório no conjunto fabril da Companhia fica permi-

tida.

Figura 53. Nota-se que o conjunto fabril encontra-se em uma área de transição entre duas zonas urbanas, no entanto, ambas permitem o funcionamento da escola de música no local.

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3.5.3 Quanto ao uso do solo

A área entorno do conjunto fabril apresenta comércio e serviços

concentrados nas vias principais, de maior fluxo de pedestres e automóveis

(Figura 55).

Quanto ao comércio local, em sua maioria, trata-se de mercear-

ias, oficinas automotivas e micro empresas do ramo alimentício, como piz-

zarias, restaurantes e empórios.

Os edifícios institucionais correspondem a um Posto de Saúde

da Prefeitura Municipal, uma sede dos Correios e Telégrafos, duas igrejas

evangélicas, o campo de futebol do Clube São Martinho, o IDHKL- Instituto

de Desenvolvimento Humano Kathia Lessa- e uma escola de inglês.

Os serviços restrigem-se à Sede da Elektro- companhia de força e

luz que atende a cidade- a um escritório de arquitetura e engenharia e a

algumas oficinas mecânicas.

Portanto, é possível notar que a maior parte das edificações da

área são habitações unifamiliares, as quais apresentam entre um e dois

pavimentos (Figura 56).

Figura 54. Destaca-a grande quantidade de áreas verdes na área, potenciais praças e novos edifícios complementares ao programa da escola de música

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3- conjunto arquitetônico da Companhia de Fiação e Tecelagem

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Figura 55. Nota o predomínio de construções de um pavimento na área mais próxima ao centro, e de dois pavimentos na periferia.

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4.1 A área de intervenção: conclusões

Hoje, a área proposta para o desenvolvimento deste trabalho final

de graduação, o conjunto fabril da Companhia de Fiação e Tecelagem São

Martinho, encontra-se parcialmente abandonado, em constante processo

de degradação.

Este grande complexo, de aproximadamente 47.000m², localizado

na região central de Tatuí, apesar de testemunhar seu passado fabril, tor-

nou-se uma grande cicatriz urbana, uma região erma e sem vida.

Sua localização é bastante privilegiada, pois se encontra no limite entre a

região central e a periferia da cidade.

É nítido o movimento pendular que existe na área no amanhecer

e entardecer, são pessoas que vão ao centro a pé pela manhã, para trabal-

har, e retornam a suas casas no fim do dia.

Este caminho, um grande aclive, é totalmente inóspito. As pes-

soas caminham entre blocos fabris abandonados, sem qualquer tipo de

infra-estrutura. Não há sequer uma calçada adequada no trajeto.

Deste modo, apesar da situação atual da área, nota-se que ela

apresenta grande potencial devido, principalmente, a sua localização privi-

legiada e ao fluxo de pedestres já existente na área.

Portanto, tem-se como objetivo, a partir do desenvolvimento do

projeto de preservação a que se destina este trabalho, Além de valorar o

patrimônio industrial paulista edificado na cidade de Tatuí e oferecer um

ambiente propicio ao estudo da música, também oferecer uma trajeto

mais seguro e agradável aos pedestres que andam pela área todos os dias

e moradores do entorno próximo.

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CAPÍTULO

4- projetando para a preservação do pré-construído

Figura 56. SITUAÇÃO ATUAL: O conjunto parcialmente abandonado é um espaço ermo e sem vida no limite entre a região central e a periferia de Tatuí. Isso ocasiona um intenso movimento pendular: as pessoas locomovem-se, em geral à pé, da periferia para trabalhar no centro pela manhã, retornando ao final da tarde.

Figura 57. OBJETIVOS: com o novo uso dado ao conjunto fabril, será possível, além de promover um espaço mais completo para o aprendizado, ainda preservar o patrimônio industrial existente na cidade de Tatuí e oferecer as passantes, um ambiente mais agradável e seguro.

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4.2 Programa de Necessidades

Para a elaboração do programa de necessidades, foram feitas

várias visitas ao Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Cam-

pos”, visando compreender as atividades, dinâmicas e necessidades desta

instituição.

A partir de observações in loco e entrevistas informais com alu-

nos, professores e funcionários, nota-se que suas maiores deficiências da

escola dizem respeito a falta de salas de aula e de estudos ideais ao apre-

ndizado e ensino de música: mais amplas, em maior número e acustica-

mente tratadas.

Hoje, o único espaço comum que existe na escola é uma cantina,

bastante simples, que atende os usuários de maneira insatisfatória. Faltam

todo tipo de espaços de convívio, como sala de professores, praças para

ensaio, estudo e descanso, estabelecimentos de alimentação, tendo em

vista que a maior parte dos freqüentadores da instituição não residem em

Tatuí e acabam tendo que passar todo o dia na escola.

A biblioteca da instituição, bem como os espaços para leitura e

estudo teórico estão muito a quem do que merece e necessita uma uma

instituição com 2669 alunos e excelência em ensino como o Conservatório

de Tatuí.

Tendo este conhecimento sobre as necessidades da instituição e

de seus usuários e ainda o edital hoje existente para uma concorrência ab-

erta para uma futura nova sede para a escola em mãos, fez-se uma análise

crítica que priorizou, um programa amplo, condizente com a grandiosidade

da escola e que tivesse como foco principal seus professores, alunos e fun-

cionários.

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4.2.1 Organograma

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4.3 Referências Projetuais

Afim de intervir no edifício fabril de maneira consciente, dando

ênfase a sua história e a seu valor arquitetônico atribuído e ao mesmo tem-

po, promover espaços interessantes e ideais ao ensino e estudo de música,

procurou-se por referências que apropriassem da edificação pré-existente

de maneira cautelosa ou então que apresentassem espaços fluídos, con-

templativos, mas ou mesmo tempo dinâmicos.

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4.3.1 Referências de Patrimônio Edificado

Tate Modern Gallery

Herzog & Meuron, Londres, 2000.

A antiga Central Elétrica Londrina foi adaptada, pelos arquitetos

suíços Herzog & De Meuron para abrigar uma das quatro galerias do grupo

Tate Gallery, a Tate Modern Gallery, em 2000.

Para este projeto, que destacou estes arquitetos no cenário mun-

dial, foi proposta uma intervenção minamista, sendo que poucos fluxos e

acessos foram alterados.

Uma nova cobertura em vidro, com a altura de dois pavimentos,

foi usada para fornecer a iluminação zenital necessária para tornar os am-

bientes internos mais propicios para a boa percepção das obras de arte.

Esta tornou-se um dos grandes atrativos do projeto, instigando os visitan-

tes a fazer todo o percurso da galeria para conhecê-la.

A Casa das Turbinas, que tem cerca de 152 metros de altura, é,

além da entrada do edifício, ponto de referência durante toda a visitação.

Figura 58. Imagem da antiga central elétrica

Figura 59. Vista interna da antiga central elétrica em seu novo uso

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4- projetando para a preservação do pré-construído

Le Silo Auditorium

Studio Andrew Todd, Marselha, 2010.

Este projeto teve como intuito preservar a fachada original deste

grande silo de grãos da década de 1920.

Dentro o espaço é bastante flexível, podendo apresentar-se como:

uma sala para conferências, shows de música e dança para 1000 pessoas,

um espaço de 1500 lugares para concertos de ópera e também um amplo

ambiente para 2200 visitantes com preparação acústica para shows de rock.

Figura 60. Atenção para os balcões inseridos nos antigos silos.

Figura 61. Os materiais simples servem de inspiração para o projeto proposto.

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Parque Paisagistico Duisburg Nord

Latz + Partner, Duisburg, Alemanha.

Este projeto fazem parte de um amplo programa de revitalização

da área industrial degradada as margens do Rio Emscher, pertencente a

bacia do Rio Ruhr.

A proposta trata-se do desenvolvimento de um grande parque

que englobem os galpões da antiga siderúrgica que existia no local, dando-

lhes novos usos: equipamentos e serviços do parque.

Tal combinação- patrimônio industrial e parque público- propor-

cionou áreas exuberantes e acolhedoras que atraem muitos visitantes a

área antigamente degradada e hoje berço de biodiversidade e consciência

ecológica.

Figura 62. Belíssimo jardim sinaliza a intervenção no patrimônio.

Figura 63. Extensão do jardim contemplativo.

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4- projetando para a preservação do pré-construído

Auditorium Paganini

Renzo Piano, Parma, 1997.

O Auditorium Paganini faz parte de um grande projeto de revital-

ização urbana, baseado na adaptação de áreas fabris a novos usos.

A antiga fábrica de açúcar, datada de 1968, foi adaptada para abri-

gar uma sala de concertos de 780 lugares pelo arquiteto Renzo Piano.

Certas construções do complexo foram demolidas para propiciar

uma melhor visão do parque público, com peculiar paisagismo, proposto

em seus arredores.

O delicado tratamento acústico promovido na sala, fez dela uma

das mais reconhecidas do mundo.

Figura 64. Em destaque as alterações de envasaduras a que o edifício pré-existente foi submetido.

Figura 65. Estrutura do telhado exposta.

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Sesc Pompéia

Lina Bo Bardi, São Paulo, 1982.

Neste projeto, Lina Bo Bardi adaptou uma antiga indústria para o

um centro de lazer e cultura do SESC.

Com primazia, ela optou pela substituição dos antigos caixilhos,

por materiais simples e puros.

A troca de parte das telhas cerâmicas por telhas de vidro, é

a grande chave do projeto, oferecendo espaços muito iluminados e

agradáveis ao público.

O mobiliário simples, bem como as soluções práticas de espaços,

são os pontos que fazem o local muito freqüentado.

Figura 66. Porta em madeira, projetada por Lina Bo Bardi.

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4- projetando para a preservação do pré-construído

4.4 Diretrizes

4.4.1 Diretrizes de Projeto

A complexidade do programa do Conservatório de Tatuí, com as

muitas especificidades inerentes a uma instituição deste porte- salas que

vão desde o estudo individual até ensaios para 60, 80 pessoas, biblioteca,

aulas teóricas, administração, convívio, moradia- exige uma hierarquização

de espaços.

Para tanto, propõem-se que a escola seja desmembrada em seis

blocos que, acredita-se, não prejudicarão sua administração pela setoriza-

ção proposta e também pela proximidade entre os edifícios.

No entanto, as áreas necessárias ao bom funcionamento da es-

cola de música, extrapolam as edificações hoje existentes no conjunto da

Companhia. Buscando sanar esse déficit e oferecer espaços de qualidade

para os freqüentadores do Conservatório, indica-se a construção de um

novo edifício, no terreno da própria Companhia, atrás dos galpões da fá-

brica. Neste estariam abrigados o refeitório e suas dependências, salas

de aula teórica, estacionamento e uma ampla praça de convívio.

Deste modo, o programa apresenta-se disposto da seguinte for-

ma:

Moradias estudantis: casas operárias;

Biblioteca: casa do administrador;

Complexo de entretenimento e lazer: casarão do proprietário;

Escola de música: galpões fabris principais;

Auditório de câmara e espaço para eventos: galpões fabris

secundários

Estacionamento, sala de aulas teóricas, refeitório: nova con-

strução em terrenos da própria Companhia.

Para o desenvolvimento do projeto sobre o pré-construído a que

este trabalho final se propõe, atentaremos aos galpões fabris da tecela-

gem, tendo em vista a complexidade do programa estudado, a vasta área

da Companhia e os limites estabelecidos pelo tempo.

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4.4.2 Diretrizes de Intervenção

Após a análise crítica das envasaduras atualmente encontradas na

edificação fabril e do estabelecimento de uma cronologia construtiva, am-

bas baseadas em indícios construtivos e comparação do estado atual com

fotos antigas, foi possível se estabelecer as diretrizes de intervenção sobre

o pré-construído baseada na mínima intervenção sobre o objeto:

PRESERVAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS FABRIS E ARQUITETÔNICAS

MARCANTES

Foram selecionadas as características emblemáticas do edifício,

afim de preservar as características e peculiaridades fabris, ressaltando a

importância da indústria como raro exemplo do apogeu industrial do es-

tado de São Paulo ocorrido em fins do dezenove e início do século XX e

ainda, a significância desta indústria para o desenvolvimento urbano da

cidade de Tatuí.

Foram priorizadas características arquitetônicas tais como: a

grande caldeira, primeira fonte de energia motriz da Companhia, a laje pro-

tendida, com peculiar travamento, encontrada no segundo piso, os acessos

e os materiais brutos.

Para alguns blocos de edifícios locados mais ao fundo do lote e

nítidamente mais recentes, foi proposta a demolição, tendo em vista que

estes apresentam características bastante distintas do restante do conjun-

to, comprometendo inclusive sua unidade formal.

Por outro lado, a fachada principal da indústria será completa-

mente preservada, com alterações apenas de caixilhos, já que nela estão

os referenciais arquitetônicos mais expressivos do conjunto.

USO DE MATERIAIS CONTEMPORÂNEOS:

Todas as intervenções propostas têm linguagem contemporânea,

buscando distingui-las das características fabris encontradas anterior-

mente no edifício fabril.

No entanto, tais materiais, o alumínio com pintura tipo aço córten

usado nos novos caixilhos propostos e as chapas de madeira laminada que

revestem as salas acusticamente tratadas, não devem se sobressair ao pré-

existente, mas sim ter o mesmo peso, formando um conjunto harmônico e

visualmente agradável.

Page 97: Memorial TFG

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CAPÍTULO

4- projetando para a preservação do pré-construído

4.5 O Projeto

Para o desenvolvimento do projeto de adequação do principal

edifício fabril da Companhia de Fiação e Tecelagem São Martinho à nova

sede do Conservatório Dramático e Musical “Dr. Carlos de Campos”, pro-

curou-se tirar partido das qualidades arquitetônicas da edificação: ilumi-

nação e ventilação natural, espaços amplos e simples e diferentes níveis.

Assim, optou-se por concentrar a circulação e as áreas de con-

vívio nas áreas externas e próximas as janelas, criando espaços agradáveis,

bem ventilados e iluminados, tendo em vista que as salas de aula e es-

tudo, devido a suas especificidades, necessitam ser enclausuradas.

Os níveis possibilitaram a setorização dos espaços, conforme o

número de usuários, a movimentação e os ruídos gerados pelos instru-

mentos.

Deste modo, dividiu-se os usos da edificação da seguinte ma-

neira:

Nível 01- cota 0,00

Acreditando-se os maiores geradores de ruídos na escola são os

instrumentos de peles e as salas de ensaios, optou-se por colocar as salas

de percussão e uma sala de ensaio com capacidade para 90 pessoas neste

nível, visando a menos dissipação possível de ruídos, tendo em vista que

mais difícil o som subir.

Nível 02- cota 3,65

Neste nível encontra-se o acesso principal do edifício, por isto,

decidiu-se por atribuir a ele um caráter mais público. Ficam neste piso:

administração, secretaria escolar e suas dependências, praça de entrada

(completamente permeável), espaço de exposições, recepção, loja de sou-

venires e depósito de instrumentos, áreas de maior fluxo e pessoas, inclu-

sive visitantes exporádicos.

Nível 03- cota 7,65

No terceiro nível, dedicado as atividades de estudo e menor fluxo

de pessoas, foram locadas as salas de aula e estudo para pequenos grupos-

tercetos, quartetos, quintetos entre outros- salas de estudo individual eq-

uipadas com piano vertical e uma sala de estudo coletivo com capacidade

para 63 pessoas.

Como os pés-direitos da edificação são modestos, não ultrapas-

sam os 4 metros, em alguns pontos, nos quais não se considerou necessária

a preservação íntegra das características arquitetônicas originais, optou-se

pela abertura de lajes, criando-se assim um novo eixo de circulação vertical

que abriga, além de escadas, um elevador panorânico em local estratégico,

que permite acesso aos três níveis da edificação.

Ainda a fim de assegurar a acessibilidade universal na edificação

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Capí

tulo

4- P

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ação

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cons

truí

do

buscou-se criar novos percursos rampados quando viável, os quais não ul-

trapassam os seis por cento de inclinação.

Alguns vãos foram abertos, para dar lugar a saídas de emergência,

indispensáveis em construções deste tamanho e desta natureza.

Aproveitando-se dos pátios internos já existentes no edifício,

propõem-se espaços contemplativos e de estar, com embelezamento pais-

agístico. Estes articulam os diferentes blocos do complexo fabril conferindo

fluidez e leveza, se contrapondo a idéia do bloco monolítico que se vê ex-

ternamente.

Acredita-se que tais decisões, árduas e criteriosas, foram determi-

nantes para conferir ao projeto para o pré-construído além da preservação

de suas características emblemáticas, a contemporaneidade necessária

para a adaptação ao novo uso: o estudo da música.

OS USOS NO INTERIOR DO EDIFICIO FABRIL

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CAPÍTULO

4- projetando para a preservação do pré-construído

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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

História

CAMARGO, Renato Ferreira de. Almanach Tatuhyense. Rotary Club de Tatuí. Tatuí:

1998.

CAMARGO, Renato Ferreira de. Achegas para a História Tatuiense. Gráfica PJ,

Tatuí: 2000.

CALDEIRA, João Netto. Album de Tatuhy. Organização Cruzeiro do Sul, São Paulo:

1934.

www.tatui.sp.gov.br, acessado em: 09 de março de 2010.

www.conservatoriodetatui.org.br/index.php, acessado em: 15 de março de 2010.

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BLAY, Eva Alterman. Eu não tenho onde morar: vilas operárias na cidade de São

Paulo. São Paulo: Nobel, 1985.

BONADIO, Geraldo. Sorocaba: a cidade Industrial (espaço urbano e vida social sob

o impacto da atividade fabril). Sorocaba, SP: do Autor, 2004.

CABRITA, Antônio R., AGUIAR, José, APPLETON, João. Manual de Apoio à Reabilita-

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CORREIA, Telma de Barros; GHOUBAR, Khaled; MAUTNER, Yvonne. “Brasil, suas

fábricas e vilas operárias.” In: PÓS – Revista do Programa de Pós-Graduação em

Arquitetura e Urbanismo da FAUUSP/Universidade de São Paulo. Faculdade de

Arquitetura e Urbanismo. Comissão de Pós-Graduação – v.1 (1990) – São Paulo:

FAU, 1990 – n. 20, dez. 2006.

Da redação. Cultura efetiva tombamento de fábricas: Processo inestimável

abrange o complexo das extintas Santa Adélia e São Martinho. In: O Progresso de

Tatuí. Tatuí-SP, 06 de janeiro de 2008, pág. 03.

KUHL. Beatriz Mugayar. Preservação do Patrimônio Arquitetônico da Industrializa-

ção. Cotia-SP: Ateliê Editorial, 2008.

TICCHIC. Carta de Nizhny Tagil sobre o patrimônio industrial, 2003. www.man-

actec.com/TICCIH/imgenes/pdf/NTagilPortuguese.pdf, acessado em: 17 de março

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COMOS. Carta de Veneza, 1964. www.vitruvius.com.br/documento/patrimonio/

patrimonio05.asp, acessado em: 16 de março de 2010.

MENESES. Ulpiano T. B. De. A cidade como bem cultural. In: Patrimônio Cultural.

Práticas, métodos, políticas. São Paulo: CONDEPHAAT, 2003.

MONUMENTA. Coleção Manuais Técnicos, 2006. www.monumenta.gov.br/

site/?p=151

RUFINONI, Manoela Rossinetti. Preservação do Patrimônio Industrial na cidade de

São Paulo. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade de

São Paulo, São Paulo, 2004.

SAIA, Helena. Arquitetura e Indústria – Fábricas de Tecido de Algodão em São Pau-

lo. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e

Urbanismo) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1989.

TIRELLO, Regina A. Notas de Aula- AU814- Técnicas Retrospectivas em Arquite-

tura, 2009.

TIRELLO, Regina A. A Arqueologia da Arquitetura: um modo de entender e conser-

var edifícios históricos. Revista CPC, v. 3, p. 145-165, 2006.

Page 103: Memorial TFG

Capítulo 5- Referências projetuais e créditos de imagens

CRÉDITOS DE IMAGENS

Fig 01- Montagem: da autora

Fig. 02 a 05- Acervo pessoal Erasmo Peixoto

Fig. 06- base: Google Earth

montagem: da autora

Fig. 07-09: In: www.tatui.sp.gov.br

Fig.10: base: Google Earth

montagem: da autora

Fig. 11: autor: João Batista das Dores, In: www.paronamio.com/photo/2443955

Fig. 12: In: www.tatui.sp.gov.br/pontos_turisticos.php

Fig. 13: base: Google Earth

montagem: da autora

Fig. 14: da autora

Fig. 15: Acervo pessoal Erasmo Peixoto

Fig.16-57: da autora

Fig. 58 a 59- In: www.google.com.br, acessado em 18 de abril de 2010

Fig. 60 a 61- In: www.studioandrewtodd.com, acessado em 18 de abril de 2010.

Fig 62 a 63- In: www.latzundpartner.de/projects/detail/17, acessado em 19 de

abril de 2010.

Fig. 64 a 65- www.google.com.br, acessado em 19 de abril de 2010

Fig. 66- acervo da autora.

* Mosaicos Fotográficos: da autora

*Organograma: www-958.ibm.com/software/data/cognos/manyeyes/

PELOTAS, Prefeitura Municipal de. Patrimônio Cultural de Pelotas. Manual do

usuário de imóveis inventariados. Pelotas: Nova Prova, 2008.

MOURA. Rosa M. G. R. SCHLEE, Andrey Rosenthal. 100 Imagens da Arquitetura

Pelotense. Pelotas: Palotti, 2002, 2a ed.

Referências de Projeto

www.vitruvius.es/index.php/revistas/read/arquitextos/01.007/945, acessado em

19 de abril de 2010.

www.tate.org.uk/, acessado em 18 de abril de 2010.

www.studioandrewtodd.com/#/projects/17/, acessado em 18 de abril de 2010.

www.thinklab360.com/parma-virtual-tour/auditorium-paganini-parma-360.html,

acessado em 18 de abril de 2010.

www.latzundpartner.de/projects/detail/17, acessado em 19 de abril de 2010.

LOS, Sergio. Carlo Scarpa. Taschen, 1994.

Referências Acústicas

SILVA, Perídes. Acústica Arquitetônica & Condicionamento de Ar. Belo

Horizonte:EDTAL, 2002.

www.sonex.com.br/ideatec.asp, acessado em 30 de setembro de 2010.

www.knauf.com.br, acessado em 30 de setembro de 2010.