Memórias de um ferreiro

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    Romance espritaDitado pelo esprito LeonardoLenice A. Moreira... LADY LEN

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    Captulo IAndando pela fazenda que fora outrora desua propriedade, Leonardo contava ao seu amigoMarcelo relembrando com carinho seu passadoainda encarnado:Vamos nos sentar aqui neste banco pertodo lago e lhe conto como vivi aqui amigo Marcelo...Sentemos amigo Leonardo! Naquela manh de primavera fuidespertado por minha amada esposa Mariana sseis horas da manh com beijos em meu rosto: Vamos meu grando levanta, prepareinosso gostoso caf da manh!Abracei-a com amor desejando-lhe bom diacom um beijo em seus lbios:Bom dia querida, o que fez pro caf?Claro que fiz o que voc mais gosta Leo,como sustentar 1,95 com alimentos leves?

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    Ri do comentrio dela derrubando-a na camacom beijos de quem pedia por algo alm do caf.Sorrindo falou saber o que significava aquelesbeijos. Fizemos amor fazendo nossas almas sedespedirem por um determinado tempo, um atbreve que para mim pareceu uma eternidade porno crer em vida alm da morte naquela poca.Conhecimento espiritual zero, justo por nocrer na existncia dos espritos e veja quem sou euhoje, um esprito em busca da evoluo. Semprefui temente a Deus, seguia minha religio onde eraquando solteiro catlico e depois casado comMariana, tornei-me luterano devoto. Qual religiono importa se nos conduz a Deus, meu problemafoi no crer que o dia que meu corpo tivesse mortoa vida teria continuidade como agora.Depois de termos nos amado por horastomamos banho me preparando para o dia puxadode trabalho.

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    Sentados a mesa Mariana elogiou-me:Sou grata a Deus por t-lo como marido,o amo tanto Leonardo e no sei viver sem vocmeu grando, por acaso lembra que dia hoje?Falei dia, ms e ano perguntando o porqu desua indagao. Sorriu triste pensando eu no ter

    lembrana daquela data que nunca me esquecia, odia em que nos casamos. Fazia um ano e novemeses de casados e desejei fazer-lhe uma surpresadiferente das que sempre eu fizera neste poucotempo de casado com a mulher que amava e me fizde esquecido.H dias eu preparava um trofu com umhomem alto eu, e uma mulher, ela. Ambos num beijode amor, hoje eu sei que isto se chama obra dearte, a fiz sem saber ser isto naquela poca ondepoderia dizer que eu era um analfabeto.Sem estudos nem meu nome sabia escrevermuito menos ler uma s frase, claro agora eu seipor ter estudado no alm.

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    Nunca tive preguia de trabalhar na profissoque meu pai me ensinou e a segui com orgulho portoda minha vida terrena. Sabia matemtica quemeu pai me ensinou do seu jeito, o necessrio paraser bom ferreiro dizia ele. De fato, o que aprendicom ele fora suficiente para nunca conseguirem metrapacear nos negcios da ferraria que montei numdos celeiros da fazenda que comprei com meu suordesde jovem trabalhando de ferreiro com meu pai.Orgulhoso me dizia sempre:

    Filho quem guarda tem pro futuro e quemcasa quer casa, um dia vai formar sua famlia e vaidesejar dar conforto a sua esposa e filhos, pensenisso e no jogue dinheiro fora, oua seu pai!Eu nunca deixei de ouvi-lo, o admirava pelainteligncia, esperteza nos negcios, cultura quetinha sem ter estudos e por vezes perguntavaadmirado com sua sabedoria:

    Pai, o senhor no sabe ler e escrever, como que sabe cada nome existente na constelao?

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    Respondia rindo que a vida o ensinara e eraverdade, um pesquisador estudioso vindo dacidade veio saber sobre ele. Eu me lembro tersado l de casa, perplexo dos conhecimentosdele. Concluso, como esprito eu aprendi ele tersido um esprito evoludo reencarnado, que viverana terra trazendo conhecimentos que fascinavamclientes da ferraria e nossos amigos. Por istotantos conhecimentos que emanavam dele e nemele sabia explicar como sabia tantas coisas.Mariana entristeceu por pensar eu teresquecido nosso aniversrio de casamento,levantou da mesa me dando um beijo:

    Vai trabalhar que eu tenho muito trabalho afazer na casa hoje meu grando, s 10 horas eu televarei nosso lanche no celeiro.

    Mariana?Rpido virou-se com um ar de sorriso:Eu te amo, pra sempre!Eu te amarei pra sempre Leonardo.

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    Saiu se dirigindo ao nosso quarto para trocarroupas de cama. Rindo me levantei indo ao jardim etirei duas rosas vermelhas colocando sobre a mesaem um vaso, sinal que eu no havia esquecido eficaria menos triste at 10 horas quando fosselevar nosso lanche para lancharmos juntos, erasempre assim desde que nos casamos.No celeiro eu fazia bancos de ferro parajardins de uma famlia da cidade quando ouvi ocavalgar e relinchos de um cavalo, sa atender aspalmas, mais encomenda de artefatos em ferro.No me faltava trabalho nem bons clientes quepagavam certinho por cada trabalho feito.Mariana se encarregava de me ajudar a pintar osbancos de jardins entre outras tantas coisas queeu fazia com ferro.Um jovem rapaz amigo antigo da famlia quesempre me pedia que ensinasse trabalhar comferro, lembrando-me dele, o contrataria...

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    No vencia sozinho tantas encomendas, diaseguinte buscaria Fabrcio que iria morar no outroceleiro onde havia cmodos de uma casa paraabrigar duas pessoas. Dez da manh, eu ouviaMariana vir cantando a msica que eu tantogostava. Encostei-me a porta esperar por ela porque a cada vez eu tinha de esperar na porta, porisso vinha cantando to alto cada vez.Lembro certa ocasio numa brincadeira comela ouvi e no esperei na porta, ela ficou rouca detanto gritar a cano para que eu a ouvisse. Saem gargalhadas na porta a olhando se espremertoda se encolhendo de tanta fora que fazia aosberros na msica. Parando de cantar olhou-me ebrava me jogou a cesta de piquenique no peitocorrendo pra casa chorando. Corri atrs aerguendo no colo e a levei para casa, bravaesperneou por todo trajeto e eu em crise de risosdas reclamaes dela que a largasse por que euestava me aproveitando do meu tamanho.

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    Mariana perto de mim sempre fora na alturauma baixinha invocada, a minha baixinha, quantasboas recordaes de um casamento feliz que tive.Fora a nica vez que fiz aquela brincadeira defazer de conta no ouvi-la cantando, por ter ficadozangada dois dias comigo.Encostei-me na porta a vendo vir sorridentecom aquele vaso com as rosas que deixei sobre amesa pra ela em uma das mos e na outra trazia acesta de lanches saltitando como uma menina felizem meio aos pastos e ovelhas. Ao ver-meaguardando por ela na porta, correu at meusbraos a ergui girando-a em um beijo.Arrumando uma mesa que fiz para ns doislancharmos todos os dias juntos me falou olhando-

    me de canto, eu estava me lavando:Grando?Que baixinha?!No sou baixinha e sabe disso Leo! sim, a minha baixinha!

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    Chato voc Leo.Levei uma toalha embolada nas costas, claroque eu rindo dei um abrao e sentamos lanchar:Como vai minha engenhoca, Leo?Somente sua Mariana?Nossa eu sei amor, mas fui eu que desenheie voc a construiu.Est certa, funciona bem e logo precisa dealguns ajustes. Tem momentos que parece quenossa inveno vai se desmontar em duas partes

    ao cortar as barras de ferro mais grossas. Pensarei numa melhora pra engenhoca, oque importa que reduziu seu esforo em 10%,vem cansando menos depois da nossa criao decortar os ferros mais espessos.Verdade Mariana, me ajuda em 30%, nosomente o que falou!Que bom Leonardo, eu vou pensando emalgo a ser melhorado nela pra que te auxilie mais.

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    Ahm, delcia seu bolo de milho, Mariana!Obrigada amor, fiz pelo dia de hoje, porque mentiu no se lembrar do nosso casamento?Levantei buscando a obra de arte que fiz:Queria fazer surpresa at hora do nossolanche onde te presentearia com isto!O que ?Tire o leno, veja se gosta do que fiz!Descobrindo abriu sua boca por ter umamistura que fiz em bronze deixando a pea aindamais vistosa, abraou-me feliz aos beijos:Eu achei linda estatueta de ferro banhadaa bronze, colocarei no nosso quarto perto denossa cama, ser o smbolo do nosso amor Leo! Eu bem que prefiro ter um filho ou filhacomo smbolo do nosso amor Mariana!Eu tambm meu grando e sabe que fazmeses que no nos cuidamos, quem sabe j papai?! Nunca se sabe, no meu grando?

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    Quem me dera ser pai! Sinto que em breve voc ser papai,senhor Leonardo, eu sei ser o seu maior desejo!O que vamos ter pro almoo de hoje futuramame dos meus filhos? Pernil a pururuca com aluschki, no soualem como voc grando, uma boa italiana sabecozinhar de tudo ao seu marido e para o jantarser surpresa!Sorriu... Eu desconhecia um sorriso como da

    minha Mariana:No vejo hora do nosso jantar Mariana!Um forte abrao com todo nosso amor, elaseguiu para casa e continuei meu rduo trabalhoat a hora que ouvi as primeiras badaladas do sinoavisando-me o almoo estar pronto. Assim eracombinado, cdigos nas badaladas do sino davaranda de casa. Passei no jardim que ela cuidavacom amor suas flores e apanhei um ramalhete de

    mosquitinho branco com uns ramos verdes.

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    Na verdade um desajeitado ramalhete que fizdando a ela no nosso almoo, o que a fez ter crisede risos olhando meu ramalhete desengonado.Almoamos e ficamos namorando na sala entrebeijos e carcias at perto das 13 horas onderetornei para o celeiro trabalhar.Olhando-me sair ela chamou:Meu grando?Virei-me atend-la:Diga amor!Hoje vamos ter nossa vigsima primeira luade mel depois do jantar a luz de velas.Vigsima primeira?Sim Leo, um ano e nove meses de casados

    hoje, a cada ms temos uma nova lua de mel! Ser sempre assim Mariana, vivemos emlua de mel graas a Deus, nossa vida juntos puromel e nunca se esquea que voc me faz ser ohomem mais feliz do mundo por ser minha esposa!

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    Que lindo o que disse Leonardo, sabe queeu o amo muito mais do que voc me ama!Andando rumo ao celeiro distante da casa elagritava que me amava mais e eu retrucava que aamava mais que ela me amava e somente paramosde gritar um ao outro depois de no ouvirmos maisnada. Havamos combinado que neste dia eulargaria bem mais cedo do meu trabalho indo paranossa casa s 16 horas onde ficaria o restante dodia com ela nos preparando jantar a luz de velas.Na fazenda ainda no havia luz eltrica eusvamos lampio a querosene, ouvi agitao dosanimais da fazenda passando frente porta daferraria disparados nos pastos em direesopostas numa confuso total, gansos, galinhas,patos, marrecos, cisnes, cavalos, vacas, ovelhas,bois, cada qual gritando, correndo de algumacoisa bastante assustados.

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    Fui porta olhar o que acontecia imaginadoser algum bicho que corria atrs deles em busca dealimento, isso era normal acontecer na fazenda.Tive crise de risos ao ver ser Mariana que corriaatrs dos patos, no me viu, ela corria na tentativade pegar um deles pro jantar surpresa com certezae era mesmo. O vento fazia voar a barra do vestidorodado abaixo dos joelhos e avental correndoatrs de um dos patos, tropeou levando umtombo no meio dos pastos. Assustado eu corrisocorr-la por no se levantar de imediato,perguntei se ela havia se machucado.Rindo me disse que no e que era somentemanha para que eu fosse ajud-la se levantar.Puxou-me pela mo e deitados no pasto verdinhonos amamos sem pressa. Depois de termos nosamado controlei minhas gargalhadas lembrando-medo seu tombo, fui ajud-la, um pouco de milho namo chamando-os, vieram comer e peguei um deles:

    Aqui est o pato, o que vai fazer com ele?!

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    Era surpresa pro nosso jantar, noconsegui pegar sozinha, correram demais!Mariana era s ter tratado deles como eufiz e pegar um, se machucou naquele tombo?No grando, ca no macio dos pastos!Por tempo nos beijamos:Leonardo no esquece de que vou bater osino s 16 horas hoje e voc vai para casa, assimaproveitamos nosso dia especial juntinhos.Combinado e no vou me atrasar querida.Vou preparar o pato que era uma surpresa,agora no ser mais j que foi voc quem o pegou!Rimos nos despedindo em um beijo e ela foipara casa preparar o pato que eu gostava muito

    deste prato feito por Mariana. s 16 horas emponto ela tocou o sino, apressado ajeitei o celeiroe fechei. Soltei os ces que cuidavam da ferrariae fui para casa passar o restante do dia com minhaMariana no dia que fazia um ano e nove meses deum feliz e abenoado casamento.

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    Em casa tomei um banho, barba feitaperfumado como se fosse no tempo de solteiro, euia namor-la. Ela j com um belo vestido quecomprei a ela de cor amarelinha com detalhes embranco que eu gostava muito, realando sua belasilueta feminina. Mariana tinha olhos azuis, cabelolongo bem abaixo da cintura, castanho escuro,cacheados nas pontas, usava naquele momento,solto como eu gostava que usasse quando saamospassear todo fim de semana.Olhando-me com um doce sorriso estendeusuas delicadas mos me pedindo para quedanssemos com msica tocada no gramofone,maravilhosa sensao de amar e ser amado porinteiro, ela tentou me contar algo:

    Meu grando, eu quero contar uma coisa!Pode contar Mariana!Silenciou resmungando um... Depois meugrando! Apertando-me contra seu corpodanamos algumas msicas mais...

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    Tomamos vinho antes do jantar comemorandoquela data especial a ns dois e depois de umlongo beijo de nosso amor lembrei que fechei tudome esquecendo de bater o cadeado da portaprincipal do celeiro e no poderia deix-la aberta.Sabendo que Mariana ficaria brava pelo meuesquecimento, fui logo me desculpando:

    Mariana, eu vou mais volto logo!Aonde vai e por que Leonardo? Esqueci de bater cadeado na porta do

    celeiro vou at l e volto logo, prometo amor!Parou de danar me olhando na alma, elaentristecida por que meu esquecimento quebrounosso momento de amor... Estava to gostoso danar e namorar,voc tinha de esquecer grando? T bom,desculpa Leonardo, vai que te espero aqui, masantes quero que voc prove um pedao do patoque fiz por voc gostar do meu pato assado.Amor, eu vou e provo depois que voltar!

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    No senhor Leonardo, agora, rpido e jsente se est bom tempero!Para no deix-la ainda mais triste, sentei ecomi um, dois, trs pedaos de pato e ela rindo:Agora sim pode ir grando e volta logo!Pedi desculpas por acabar sem desejar comnosso clima romntico pelo meu esquecimento.Abracei-a forte sem vontade de larg-la: Peo perdo, prometo voltar correndopros seus braos!Beijei-aSaindo Mariana me chamou:Leonardo?Diz Mariana!Voc precisa ir mesmo? Eu no... Querida fala como se eu fosse viajar tedeixando, eu j volto, vou fechar a porta daferraria e volto logo.Quero beijo antes de voc ir meu grando!

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    Por minutos de um longo e apaixonado beijo,senti ser uma estranha despedida entre ambos eat Mariana abraou-me forte: Estranho meu grando, sinto que vocest se distanciando de mim, bobeira minha, vai!Vou ao celeiro e volto em breve Mariana.No me abandone Leo?!Achei ela estar brincando comigo, a olheiestava chorando e tive de acalm-la antes de ir:Que isso?! Vamos junto ento Mariana!Se eu pudesse iria junto bobeira,grando coisa de mulher sensvel, eu ando assim!Por que no pode ir junto comigo amor?Tem razo meu grando, eu vou junto no

    demoramos, certo?Concordei passando o brao no seu ombroela agarrada a minha cintura e estvamos a 300metros da nossa casa quando paramos:

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    Leonardo, voc comeu o pato e coloqueide volta dentro do forno e nem precisava assarmais, est sentindo o cheiro de quase queimado?Busquei farejando no ar e concordei, disseque a esperava. Correndo em direo a nossacasa gritou que eu fosse e voltasse rpido ela iriacuidar do pato, longe parou gritando:

    Grando... Eu te amooo... No s eu, nste amamooos meu grando?!Ns? Ns quem Mariana?Longe que mal ouvi:O pato... Depois eu conto grando!Fui rindo para o celeiro por entender que elae o pato me amavam. Entrei procurando ondehavia deixado, tive de abrir janela clareando local.Olhei avistando o cadeado sobre a engenhocaque Mariana desenhou e eu constru. Andavadando uns estalos fortes na mquina de cortarferros em pedaos menores, melhor para trabalhar

    o ferro dependendo do que eu fosse fazer dele.

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    Peguei o cadeado e ao me virar no sei exatose enrosquei a perna da cala ou se realmente sesoltou sozinho a alavanca da engenhoca meatingindo. Como navalha cortou-me a pernaesquerda por trs exato na dobra do joelhoatorando nervos, enfim, me esva em sangue emminutos cado ao cho sem fora para reagir.Mariana deve ter achado que demoreiretornar para casa indo atrs de mim, longe ouviagritando meu nome chegando perto da ferraria.Esforcei-me para responder aos chamadosdo meu nome pela Mariana, fora em vo.Eu pensei ter desmaiado...Ao abrir meus olhos ouvia, sentia os toquesperfeitamente de Mariana debruada agarrada emmim aos prantos em desespero. Nervoso eulembrei-me da perna e no queria assust-la aindamais e levantei-me falando com ela:

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    Mariana eu s cortei a perna, se acalmeamor e vamos at a cidade no mdico, no choreassim minha querida como se eu tivesse morrido.Eu havia morrido, mas eu no sabia por queeu me via vivo como pouco tempo antes estava. Odesespero dela era tanto que eu no conseguia

    compreender que havia acontecido comigo, algodesconhecido e anormal aos meus olhos naqueletempo sem crer em vida aps a morte. Estavadesencarnado sem saber estar, pensava convictoestar ainda encarnado, ferido, dores na perna edesespero por ela no responder-me...Percebi algo estar estranho ao tentar abraarMariana na tentativa de acalm-la e pareceupassar minhas mos por dentro do seu trax ondeexaminei em pnico minhas mos de ambos oslados tentando compreender o que aconteceracomigo.Mariana gritando por socorro naesperana de algum aparecer me socorrer.Tarde demais e nem eu sabia...

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    Num estalo eu olhei-a me abraando deitadocom a cabea no seu colo. Eu estava de ccorasfrente a ela gritando para que me ouvisse, portanto impossvel estar deitado com a cabea emseu colo, nada fazia sentido e no conseguiaraciocinar naquele momento.Foi onde em choque me levantando de pfrente a ela olhando-a e me olhando deitadoplido com ela me beijando sem parar aos gritos dedor de me perder, me embalando aos gritosimplorando ajuda de Deus, sem saber o que fazercomigo estirado ao cho.Seu vestido amarelinho agora mergulhadonuma poa que meu sangue formara ao nossoredor. Ouvi ces latindo, eu estava to morto que

    corri olhar da porta do celeiro e vinha o vizinho acavalo por ter ouvido os gritos de Mariana, saltouapavorado tentando ajudar-me.Olhando Mariana:

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    Senhora Trunswankel, nada mais poderser feito, seu esposo est morto, meus pesares!Gritei apavorado com o senhor Pedro: No verdade, estou aqui olha pramiiiiiiim seu Pedrooooooo, aquiii olhaaa pra mim!Nenhum me dava ateno e meu desesperotendia aumentar quando se abriu um claro muitoforte de uma luz esbranquiada onde avisteialgumas pessoas sorrindo amigveis a mim.Olhei Mariana berrando descontrolada

    agarrada em meu pescoo dizendo que Deus aodiava me tirando dela daquela maneira...A ltima lembrana foi ter ouvido distanteMariana em um longo grito com muito eco pelomeu nome dizendo me amar onde senti um fortesono e devo ter adormecido. Pareceu-me nosaber onde estava, o que estava fazendo alinaquele hospital e deveria ser pelo acidente, nemsabia se desmaiei ou dormi por vrios dias.

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    O estranho foi olhar na minha perna queainda doa um pouco, mais estranho era no havernem se quer um arranho, quanto mais pernapraticamente decepada como acontecera.Ouvi Mariana chorar me chamando dizer meamar para sempre. Levantei ansioso ouvindoMariana chorar, forte sono tomou conta de mimnovamente e adormeci sem ter reao alguma.Na segunda vez que acordei, havia um homemao meu lado lendo um livro e chamei-o:

    Senhor?Ol meu amigo, como se sente Leonardo?No sei... Minha esposa veio me visitar?Um momento, deite-se que eu vou chamaruma pessoa e conversar com voc meu jovem.Imaginei ser Mariana que ele traria para ver-me, entrou uma moa, parecia eu a conhecer e nolembrava, mesmo assim fui educado com ela:Ol, como se sente de volta em casa?

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    Como de volta em casa se no moro aqui?!Ambos se entre olharam e ela falou voltar maistarde para conversar comigo. Concordei e numainsistncia e agitao da minha parte que desejavaver Mariana, o homem imps suas mos sobreminha cabea e adormeci novamente.Ao acordar, parecia fazer alguns dias quedormi sem despertar de um longo sono, agora semdor alguma.Sentei-me na cama olhando ao redor e no

    havia ningum, fui at a janela observando lindosjardins de beleza jamais vista antes.Pessoas passeavam em paz demonstrando emseus rostos a felicidade, eu no poderia sentir-mefeliz sem ver Mariana lembrando que a deixei emprantos e exatamente no aniversrio do nossocasamento, s no compreendia por que a ouviachorando em desespero.Sem dores na perna perfeitamente bem e nohavia por que permanecer no hospital eu pensava.

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    Precisava cuidar da minha Mariana que porcerto queria ver-me bem e de volta em casa juntodela. Ansioso eu tirei pijama que deveria ser dohospital, meu no era, colocando a roupa queusava no dia do acidente, espantado examinei asroupas, minha cala social sem estar cortado otecido, camisa sem sangue assim como a cala...No me ative por tempo naqueles pormenores, eu precisava ver minha Mariana que mechamava chorando repetindo me amar parasempre, que eles me amavam...Sa em busca de algum que me contasse quehospital era quele, no parecia ser da minhacidade no Mato Grosso do Sul. Andando peloscorredores, eu me sentia assustado pelodesconhecido, pessoas me cumprimentandosorridentes. Esforava um rpido sorriso educadocom gesto de cabea continuando buscar pelasada do hospital, sem compreenso alguma de terdesencarnado.

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    Eu ouvi discreta correria pelos corredoresatrs de mim, uma sutil sirene soando e assustadoeu me encostei parede do corredor para que orapaz passasse e atrs dele vinham enfermeiros.Passando por mim um rapaz maltrapilho, sujo,olhou-me dizendo que eu fugisse daquele hospitalonde eu permaneceria preso por anos, que mefariam dormir me prendendo ali por anos.Como havia acontecido em terem me feitodormir por vezes seguidas e na hora errada e localerrado eu encontrei o rapaz, acreditei nele...Entrei num quarto e muito assustado, osenfermeiros no me achariam por al, fugiria de l oquanto antes e o fiz...Fora do hospital me esquivando desconfiadode todos consegui chegar a uma espcie deportaria na sada e falei com um senhor de boaaparncia, muito simptico:

    Senhor, eu preciso sair, por favor, abre!

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    Ol amigo, quer entrar para conversarmosantes de voc sair? Creio ser novo por aqui nosabendo das normas locais!Normas? ... Eu... S quero ir at minhaesposa, nada mais senhor e volto em breve!Voltar? Acho que no meu jovem!Eu tinha apenas 28 anos...Ele percebeu eu estar mentindo e certamentefugindo do local, a calma dele me desesperavamais, me descontrolei o agarrando pelo colarinho: Abre este porto por bem ou por mal,quero minha esposa, ela est em desespero mechamando senhor, abra agora ou eu... Jovem se acalme, se precisa ir, nada euposso fazer, pois existe o livre arbtrio. Sei ser umbom homem, mas desconhece sua atual realidade.Vai amigo, no precisa usar de agressividade comningum daqui e no d ouvidos a quem no deve.Aberto porto eu sa em disparada sem

    conhecer aquele lugar.

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    Bastante assustado por no ver grandescoisas a no ser uma penumbra, eu parei olhandotodos os lados, o senhor estava parado no portome olhando serenamente:Quero que me perdoe por agir agressivocom o senhor, mas estou nervoso, muito nervoso e

    preciso cuidar da minha Mariana que me chama, sno sei por onde ir pra casa!Sem nada falar, sorriu bondoso apontandopara onde eu deveria seguir repetindo para nodar ouvidos a estranhos, concordei e fui.Cada vez mais perto ouvia Mariana chorando.Muitos tentaram me chamar para seguir eles indo abordis onde haveria muita bebida, sexo explcito,cigarro e at drogas se eu desejasse. Agradecia eno os dei ateno seguindo os choros deMariana e sem perceber como acontecera eu meencontrava dentro de casa.

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    Sentei ao lado de Mariana na nossa cama, elaestavam deitados em soluos ela sendo amparadospor minha sogra que chorava a dor da filha viva,meus pensamentos olhando Mariana em lgrimasfalando j ter passado mais de trs meses sem mim!O silncio quebrado por gemidos promscuos,conversas banais vindas da sala, fui ver quem haviachegado a nossa casa e minha sogra mais Marianapareciam no ouvir as conversas.Era grupo de desordeiros entre homens emulheres que invadiram, nunca havia os visto eperguntei sem ser gentil:

    Quem so vocs, que deseja aqui em casa?Gargalhadas de todos embriagados:Bela recepo do cavalheiro, sua casa oufoi sua. Ainda acha ser? Voc morreu homem eisso aqui tudo nada mais teu, agora nosso!Nosso?Gargalhadas, todos invadindo o quarto onde

    estava Mariana deitada adoentada, os segui:

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    Olha s o que temos aqui turma, uma velhae um docinho de mulher, uma delcia de mulher, vaidizer que ela tambm sua?Gargalhou minha esposa e dobre sua lngua antesde dirigir sua palavra a ela seu...No esquenta, no somos ciumentos, ns

    dividiremos sua esposa com voc!Gargalhadas de todos zombando de mim elembrei-me dos conselhos do senhor do porto.Era o mesmo rapaz que passara correndo peloscorredores no hospital e lhe perguntei:

    Por que voc fugiu de l?Nada tinha mais a fazer, entrei emprestarcurativos para ela que est machucada faz anos.Eles do se eu fico por l e no quero, quero serlivre e desfrutar agora que posso viajar por todocanto pra onde eu desejar ir, ns voamos sabia?!Voam?Eu disse, ns voamos, voc tambm voa!

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    Virei passarinho e no sei?Quanto mais percebiam minha ignornciasobre a nova realidade de vida mais se faziam deamigos se apoderando do meu antigo lar:Amigo, aprende com o tempo e acreditarque voc virou um esprito, no um pssaro e por

    isso voamos, olha como fcil voar!Ele volitou mostrando, eu me assustei caindosentado na cama, gargalhadas ecoavam pela casa,eles tinham conhecimento de serem espritos,grotescamente sabiam ser volitar e no voar.Contou ter me seguido at meu destino equeriam ver o que eu faria na minha fuga daliberdade. Falei eu ser um homem livre, cadapalavra minha eles achavam graa como se eufosse marionete deles. Nervoso sai at o celeiro,caminhando normal como era antes e no voavacoisa nenhuma, nada de volitar. Se que eupoderia fazer isso, no saberia como e melhor eranem tentar.

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    A caminho do celeiro agradeci a Deus elesvolitando ao meu lado dizendo que ali no tinhagraa alguma no meio do mato e estavam departida em busca de diverso e aventura a todos.Falei que seriam sempre bem vindosamenizando meu receio de que voltassem a minha casa. O rapaz que aparentava ser o chefe daturma agradeceu zombando que eu logo iria atrsdeles em busca de diverso desistindo de amar eno ser mais amado como antes era enquantoencarnado na vida terrena!Iria me enjoar de no ser mais avistado, detocar e no ser tocado pela minha Mariana edesejando eu pensasse nele que ouviria vindo meajudar. Ele no me pareceu de todo mal, masqueria se divertir sem ter regras de boa conduta emoral... Foram todos, eu agradeci a Deus...

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    Agora solitrio eu chego entrando no celeirorelembrando passo a passo do acontecidoconcluindo que eu havia morrido mesmo e dealguma forma permanecia vivo como antes, se nofosse pelo fato de eu no ser visto nem ouvidopela Mariana. Senti muita tristeza do acontecidoe sa caminhar pela fazenda, agora como sendo umesprito teria todo tempo livre segundo o amigo dafuga do hospital, de certa forma errnea, masaprendi algumas coisas com ele.Creio que por no ter o que fazer eu corriadando pulinhos para o alto na tentativa de volitarrelembrando o que o amigo falou ser fcil e eutambm poderia voar... Booom... Eu tentei!Tudo como era antes, fiquei exausto, suandoe bravo fui para meu quarto repetindo que nobastava desejar voar, tinha algo a mais que euno sabia e o rapaz deveria ter escondido de mimpara que eu no conseguisse voar como eles.

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    Sorte eu ter pensado dessa forma e no fuiatrs deles para me ensinar a voar como eles.Senti-me muito fraco e fui deitar, deitei ao lado deMariana onde era o lugar dela deitar, pois elaagarrada no meu travesseiro chorando deitada dolado que eu me deitava.Abracei-a com lgrimas nos olhos a beijandona testa pensando que Deus sabia o que estavafazendo e no o culparia por ter-me tirado a vidanuma data to maravilhosa na qual foi, mas nodeixasse minha Mariana sem saber que ela naqueleexato momento estava deitava nos meus braos,sem me ver e sentir meu amor por ela eu a cuidava ea cuidaria sempre!Ela acalmou-se adormecendo e fiz o mesmo...Lembro com perfeio eu ter sonhado com elae ela comigo. Neste sonho contei existir outra vidae parecia ser boa de se viver, que pensei estar nocu pela beleza do lugar, mas eu precisava estarperto dela e por isso nunca a abandonaria.

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    Ela fez-me jurar nunca deixar de estar pertodela e jurei a perguntando o porqu daquela jura.Num beijo e forte abrao ela me disse que iria mecontar durante nosso jantar que estava esperandoum filho meu, eu seria pai como sempre desejei ser,mas tudo aconteceu antes do jantar e no mecontou. Juras de amor tanto minhas quanto deMariana e acordei em bicas de suor ainda maisdesorientado e fraco ouvindo longe ela falar queme amava...Novamente eu estava numa cama de hospitale Mariana no estava mais deitada comigo...Ca num choro convulsivo sem me dar contada presena de algum ao meu lado em totalsilncio aguardando eu acalmar meus soluos.

    Enxuguei minhas lgrimas de tristeza semminha Mariana junto de mim me virando para olado de fora da cama e foi onde olhei sentadocalmamente, eu me assustei:Pai?

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    Deus o abenoe meu filho, como se sente?Chorei com minhas lembranas: Infeliz pai sem minha esposa comigo, vouser pai e no posso cuidar da Mariana e do meufilho, como eu posso estar feliz aqui?!Filho, voc ter que aprender sobre a vidaespiritual e s ento no se sentir infeliz...Sou um homem infeliz, sei que morri aos 28anos, eu tinha sonhos, uma vida toda pela frente,uma esposa maravilhosa como mulher que espera

    um filho meu e eu no...No espera mais Leonardo!Queee? Como no? Que houve com meufilho e Mariana como esto? O que aconteceu?Fala pai, eu preciso saber pelo amor de Deus.Se acalme antes da resposta filho, estobem e voc dormiu por muito tempo. Aqui nacolnia temos o tempo diferente do tempo naTerra. Pode parecer que dormiu pouco, mas em

    tempo na terra, voc dormiu meses e meses. Se

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    levante, se troque, tome um banho se desejar, sealimente com a deliciosa sopinha que o trouxerampouco tempo atrs e ento o levo ver Mariana.Promete pai?Prometo meu filho!Enquanto tomei banho, troquei de roupa, mealimentei feliz por que meu pai me levaria ver minhaMariana, pronto a ir ao encontro de Marianaentrou um homem avisando ter visita importante,que desejava me dizer algumas palavras, eu

    consenti receber e entrou o rapaz do voar...Surpreso e agora feliz o abracei forte:Ento, como se sente amigo Leonardo?Fico feliz por estar aqui e nem sei nome.Pedro, queria te dizer que me sinto feliz ehonrado em ter tido ajuda espiritual, graas a voc. A mim? Nada fiz amigo, por sinal tenteivoar sem sucesso, me escondeu algo?Ele ria muito:

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    Tentou volitar? Desculpa amigo, esquecide avisar naquele tempo que usasse seu crebro,fora mental, ir aprender agora!Um dia aprendo a...Volitar amigo, agora eu sei termo correto,aprendi muito depois de ter aceitado a aprender

    sobre esta vida maravilhosa, no roubo curativos,auxilio os necessitados junto do meu professor.Estou feliz com teu progresso!Eu vim despedir-me, estou indo reencarnar

    amigo, s queria que soubesse o quanto o amocomo sendo meu pai em algumas vidas passadas......Sinto-me honrado em reencarnar em seufilho. Sua esposa Mariana est em trabalho departo e dar a luz a uma linda menina que voureencarnar.-No compreendi quase nada meu amigo,mas sei estar feliz por saber que minha filhanascer em breve e saber Mariana estar bem, almde eu estar indo v-la.

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    O senhor que o levou no quarto interferiu:Pedro, ns precisamos ir agora!Abraamo-nos e saiu rumo a Terra, meu paime levou ver Mariana sofri junto dela s dores doparto. Mentalmente de alguma forma entramos eue ela em sintonia e ela me ouviu, me sentiu e me viu.Chorando de dores e felicidade:Meu grando, eu te enxerguei, eu sei queest aqui me cuidando como sempre, te amo muito,voc ser pai dentro de instantes!Eu sei Mariana, te amo e amo nossa filhaque vai nascer, uma menina linda, querida! Menina? Fico feliz amor e vai se chamarcomo voc sempre desejou, Ana Maria.Fomos interrompidos pela parteira que achouMariana estar delirando pelas dores:Senhora Trunswankel, quando sentir dor,faa fora e nasce a criana.

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    Presenciei um momento mgico, o nascimentode minha filha que Mariana deu o nome que eusempre falava que daria de Ana Maria, nasceraminha menina. Agora ela no se sentiria mais tosozinha, tinha de cuidar da nossa filhinha e ela erauma cpia de mim.Deste tempo em diante segui meu caminhoespiritual estudando, aprendendo sempre e cadavez mais auxiliando a quem necessitasse.Nunca deixei de visitar Mariana e minha filhaAna Maria agora j com trs anos de idade,Mariana nunca mais se casou ou teve outro homemna vida terrena at nosso reencontro.Do nada aos meus olhos eu fui proibido devisit-las em uma tarde e sem saber era para evitar

    minha interferncia na passagem das duas para avida aps a morte, devido um acidente com lampioa querosene...Graas a Deus no permitiram eu ver taltragdia... Desencarnaram carbonizadas...

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    Um tempo depois da passagem delas para anova vida, eu atendia uma pessoa amiga nohospital quando fui chamado para visitar umapessoa, ao entrar no quarto corri abraar vendoser minha Mariana.Ela admirada com tanta beleza do local ejardins feliz em me ver, lembrou e queria ver nossafilhinha Ana Maria, como estava e a fizeram dormirem recuperao por estar exaltada demais.Perguntei onde estaria minha pequena AnaMaria e entra sorrindo o meu amigo Pedro:

    Estou aqui pai, retornei minha aparnciade antes, no permaneci como era, uma menininha!Sentirei saudade da sua aparncia comoAna Maria minha filha! Eu sei pai, se a me entender, eupermaneo assim, um rapaz, se no terei de alegr-la como eu era, misso cumprida e breve.

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    Tenho de compreender, mais bem que eugostaria de poder abraar e pegar Ana Maria nosmeus braos uma vez ao menos!Recebida ordem o jovem transformou-se nabela Ana Maria filha do casal onde por tempostiveram permisso em desfrutar daquele deliciosomomento em famlia que encarnados no forapossvel.Brincaram pelos lindos jardins da colnia comsua filhinha amada, Deus to Bondoso que nospermitiu esta graa de eu me sentir pai minhaesposa Mariana me juntos nos amando comnossa filhinha.Aqui no existe um tempo definido, todotempo tempo, mas se fosse na Terra talveztivesse passado uns 5 a 6 anos e chegou oportunidade de minha Mariana reencarnarnovamente e fizemos um juramento um ao outro.

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    Ns nos reencontraramos da forma que fosseeu cuidaria dela para sempre pelo amor que nosprendia um no outro, no exato como eu esperava,mas serviu para outros acertos com outraspessoas. Ela se foi, reencarnou e eu sempre aguiava enquanto podia, mas chegou uma misso deguiar outra menina e fiz com toda ateno ecarinho. Mariana tinha seus mentores para ajud-la, Ana Maria um tempo aps reencarnou sendonovamente filha de Mariana, ambas com nomesdiferentes e descobri passados anos esta notcia.Por tempos tivemos contato, mas eu usavaincorporao da menina que eu cuidava, ela e boamediunidade e dons em ver, ouvir desde seus 5anos de idade foi mais fcil nossa comunicaocom minha Mariana e minha filha Ana Maria, masnem tudo pode ser como desejamos que seja,Deus nos guiou de certa forma distante um dooutro para nosso prprio bem, por estar fugindode nosso controle o amor incondicional, partindo asupostos erros da carne.

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    No poderamos mais, entendi tempos depois,mas minha Mariana e minha filha Ana Maria aindatm permisso em ver quando desejo v-las e felizestou sabendo que busca a Deus, o caminhocorreto na vida terrena dos encarnados na boamoral, na fidelidade e amor entre a famlia queMariana e Ana Maria esto reencarnadas atquando Deus permitir...Eu, vou ajudando, aprendendo sempre ecuidando da menina que hoje uma senhora,posso dizer que foi um prazer t-la protegido ealgum dia ns dois nos encontramos nestadimenso onde vivo nesta colnia atualmente seassim for permitido por Deus e superiores de Luz.Hoje tenho muitas funes, sei ler e escreverque aqui me ensinaram e sou um esprito mais doque feliz onde vivo e como vivo a ajudar a todos!Saudaes e que Deus ilumine a todos!Um esprito amigo...Leonardo