MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS (1852...

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Professor Kássio MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS (1852 1853)

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Professor Kássio

MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS

(1852 – 1853)

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MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA

“ Vale destacar que Manuel Antonio de Almeida faz parte de um grupo de autores que se notabilizaram por uma

única obra de vulto. No caso, dele talvez isso em parte se deva ao fato de ter morrido jovem (aos trinta anos, num naufrágio). Em parte também porque para ele (apesar da

mestria com que narra) a literatura fosse apenas um hobby. Era médico, funcionário público, tipógrafo, músico e pintor. E não é difícil perceber a influência dessa última faceta em seu trabalho literário. O colorido que se sobressai em seu envolvente descritivismo não deve ser considerado mero

pano de fundo para a ação, mas um dos principais componentes de sua narrativa.”

Material da Cooperativa, sobre a obra.

Manuel Antônio de Almeida trabalhou no Correio Mercantil.

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A ESTRUTURA

• Romance malandro; Romantismo excêntrico.

• Oriundo dos FOLHETINS

• Aspectos – memorialístico; fragmentário-episódico; amoral; popular; um tanto picaresco; realismo (não no sentido de Escola Literária, mas sim de um certo verismo documental na abordagem que se faz dos fatos da vida cotidiana.

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• Narrador – 3a pessoa muito interessante o modo como o autor constrói essa narrativa: por um lado, há o dinamismo de um ‘causo’ contado em prosa cotidiana. O autor simula um ‘bate-papo’, como se o narrador estivesse a dialogar com o leitor. Por outro lado, há como que uma segura condução da narrativa até um desfecho (que não se distancia do típico happy-end folhetinesco). Do qual, bastaria citar o título do último capítulo para se ter um idéia “XLVIII – Conclusão Feliz”

• Linguagem – atípica para o padrão literário de sua época; influenciada pelo dinamismo da linguagem jornalística e pelo padrão da fala, ou seja, linguagem coloquial (embora para um leitor atual possa, às vezes, parecer um tanto formal).

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ESPAÇO

RIO DE JANEIRO

• A obra se difere das outras românticas por suas inversões.

• Se passa no Rio de Janeiro do início do século XIX.

• O espaço onde se passa grande parte da obra é o SUBÚRBIO

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TEMPO

• “Era no tempo do rei...”

• Não é dito claramente, mas pensando que só um rei esteve no Brasil e num tempo próximo ao da produção, trata-se do início do século XIX.

• 1808 – chegada da família real no Brasil.

• Reestruturação do Rio de Janeiro.

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PERSONAGENS

• Leonardo Pataca e Maria da Hortaliça

• Parteira e barbeiro (padrinhos do Leonardinho)

• Leonardinho (protagonista)

• José Manuel (antagonista) e primeiro marido de Luisinha

• Luisinha – grande amor de Leonardinho

• Vidinha – um caso de Leonardinho

• Major Vidigal – representante da autoridade

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ENREDO

I - ORIGEM, NASCIMENTO E BATISMO

Era no tempo do rei. Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse

tempo – O canto dos meirinhos –; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos

dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos

meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável

cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os

terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo. Daí sua

influência moral(...)

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ORDEM X DESORDEM

• Sociedade constituída pelo aparato legal (personificada na figura do Major

Vidigal) – como tal, o universo da classe

dirigente.

• Quem tem domínio das leis.

• A DESORDEM, por sua vez, representada

pelos estratos médios e populares, para quem as leis e os

valores estabelecidos nunca seriam

inflexíveis.

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• “O major Vidigal era o rei absoluto, o árbitro supremo de tudo que dizia respeito a esse ramo de administração; era o juiz que dava e distribuía penas e, ao mesmo tempo, o guarda que dava caça aos criminosos; nas causas da sua justiça não havia testemunhas, nem provas, nem razões, nem processos; ele resumia tudo em si (...)”.

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O MALANDRO

“António Candido para quem o livro de Antonio de Almeida seria uma obra de romantismo atípico ou, nas palavras do crítico,

romantismo excêntrico. O crítico destaca no romance a emergência da malandragem, que representa uma opção de vida

para os pobres livres no século XIX. Segundo ele, existe um universo que parece liberto do peso do erro e do pecado, pois constitui uma representação da sociedade brasileira - a dos

homens livres do Brasil de então - reveladora da vasta acomodação geral que dissolve os extremos. Por isso, a lei e a

ordem perdem o significado pois Manuel Antonio de Almeida, ao não exprimir uma visão da classe dominante, mostra uma

realidade válida para lá, mas também para cá da norma e da lei. Uma realidade que aponta para a fluidez, que é uma das

dimensões fecundas do universo cultural brasileiro, onde a obsessão da ordem só surge como princípio abstrato, e a da

liberdade como capricho...”

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Quem consegue transitar entre a

ordem e a desordem?

O malandro.

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( Bb G7 Cm F Bb)

E malandro é malandro e mané é mané

Podes crer que é...

Malandro é o cara que sabe das coisas

Malandro é aquele que sabe o que quer

Malandro é o cara que ta com dinheiro

E não se compara com um Zé Mané

Malandro de fato é um cara maneiro

E não se amarra em uma só mulher

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ROMANCE ROMÂNTICO?

• A obra do Manuel Antônio de Almeida diverge de Til em

diversos aspectos.