MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

15
7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 1/15 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID 1 Daniele Tavares Figueira 2 Escola Municipal de Ensino Fundamental Bento Tenório Resumo  Nas últimas décadas, dentre os vários aspectos ligados à orma!"o de proessores, uma vertente tem se destacado, visto #ue tem tomado como escopo de rele$"o o discurso dos próprios docentes como ponto de partida para pensar o e$erc%cio do magistério nos mais diversos seguimentos de ensino& ' corpus para tais estudos é o mais diverso( v%deo)*iograias, narrativas, relatos auto*iográicos, memórias dentre outros& +, pois, em meio a esse cenário em #ue situo a mina proposta de tra*alo, visto #ue partirei de minas memórias como *olsista do -rograma .nterinstitucional de Bolsas de .nicia!"o à Doc/ncia 0-.B.D1 a im de reletir até #ue  ponto a mina participa!"o em tal programa *em como o compartilamento de e$peri/ncias com os *olsistas e coordenador de área do -.B.D tem contri*u%do para n"o só para a rele$"o em torno de meu aer pedagógico como, so*retudo, para a ressigniica!"o de mina prática  pedagógica, principalmente no #ue tange à necessidade, como docente, de estar em cont%nuo e cotidiano processo de orma!"o& Nesse sentido, espero #ue o presente tra*alo contri*ua para a rele$"o acerca da import3ncia do -.B.D n"o só para osproessores em orma!"o inicial *em como para os #ue, 4á 5ormados6, est"o em sala de aula e n"o sa*em, ainda, como ressigniicar o tra*alo #ue vem desenvolvendo& Palavas!"#ave: Memórias Docentes, 7utorrele$"o, -rática docente, -.B.D& Paa $%&"$o 'e "o%vesa ' -.B.D 0-rograma .nstitucional de Bolsas de .nicia!"o à Doc/ncia1 é um  programa do governo ederal #ue oportunia situa!"o para um melor conecimento e maior pro*lematia!"o da realidade escolar, *em como a eetiva!"o de práticas didáticas conte$tualiadas e din3micas so*re o ensino, no meu caso, em espec%ico, so*re o ensino de l%ngua materna& ' -.B.D tem sido, pois, um importante instrumento de rele$"o e meloria da mina prática docente&  Nas institui!8es escolares onde atua o programa, este se estrutura a partir da igura do coordenador de área, #ue direciona o tra*alo, dos licenciandos, #ue eetivam as propostas didáticas no am*iente de sala de aula, e da proessora da escola pú*lica 1  Tra*alo desenvolvido so* a orienta!"o do pro& Dr& Marcelo Medeiros da 9ilva& 2 :raduada em ;etras com a*ilita!"o em l%ngua portuguesa e em -edagogia, especialista em estudos lingu%sticos e literários, pela <niversidade Estadual da -ara%*a&

Transcript of MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

Page 1: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 1/15

MEMÓRIAS DOCENTES:

REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID1

Daniele Tavares Figueira2

Escola Municipal de Ensino Fundamental Bento Tenório

Resumo Nas últimas décadas, dentre os vários aspectos ligados à orma!"o de proessores, uma vertentetem se destacado, visto #ue tem tomado como escopo de rele$"o o discurso dos própriosdocentes como ponto de partida para pensar o e$erc%cio do magistério nos mais diversosseguimentos de ensino& ' corpus  para tais estudos é o mais diverso( v%deo)*iograias,

narrativas, relatos auto*iográicos, memórias dentre outros& +, pois, em meio a esse cenário em#ue situo a mina proposta de tra*alo, visto #ue partirei de minas memórias como *olsista do-rograma .nterinstitucional de Bolsas de .nicia!"o à Doc/ncia 0-.B.D1 a im de reletir até #ue ponto a mina participa!"o em tal programa *em como o compartilamento de e$peri/nciascom os *olsistas e coordenador de área do -.B.D tem contri*u%do para n"o só para a rele$"oem torno de meu aer pedagógico como, so*retudo, para a ressigniica!"o de mina prática pedagógica, principalmente no #ue tange à necessidade, como docente, de estar em cont%nuo ecotidiano processo de orma!"o& Nesse sentido, espero #ue o presente tra*alo contri*ua para arele$"o acerca da import3ncia do -.B.D n"o só para osproessores em orma!"o inicial *emcomo para os #ue, 4á 5ormados6, est"o em sala de aula e n"o sa*em, ainda, como ressigniicar otra*alo #ue vem desenvolvendo&Palavas!"#ave: Memórias Docentes, 7utorrele$"o, -rática docente, -.B.D&

Paa $%&"$o 'e "o%vesa

' -.B.D 0-rograma .nstitucional de Bolsas de .nicia!"o à Doc/ncia1 é um

 programa do governo ederal #ue oportunia situa!"o para um melor conecimento e

maior pro*lematia!"o da realidade escolar, *em como a eetiva!"o de práticas

didáticas conte$tualiadas e din3micas so*re o ensino, no meu caso, em espec%ico,so*re o ensino de l%ngua materna& ' -.B.D tem sido, pois, um importante instrumento

de rele$"o e meloria da mina prática docente&

 Nas institui!8es escolares onde atua o programa, este se estrutura a partir da

igura do coordenador de área, #ue direciona o tra*alo, dos licenciandos, #ue eetivam

as propostas didáticas no am*iente de sala de aula, e da proessora da escola pú*lica

1 Tra*alo desenvolvido so* a orienta!"o do pro& Dr& Marcelo Medeiros da 9ilva&2

:raduada em ;etras com a*ilita!"o em l%ngua portuguesa e em -edagogia, especialista em estudoslingu%sticos e literários, pela <niversidade Estadual da -ara%*a&

Page 2: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 2/15

#ue, atuando como supervisora dos demais integrantes, possi*ilita a inser!"o dos

licenciandos nas salas de aula e no cotidiano escolar& No meu caso especiicamente,

atuo como supervisora em uma escola municipal, da ona rural, de um munic%pio do

cariri parai*ano, na #ual rece*o toda semana cinco licenciandos= e #ue possui em torno

de >2? crian!as matriculadas, do @A ao A ano do ensino undamental&

 Nesse conte$to, o presente estudo está centrado nas minas memórias como

supervisora do -.B.D e visa reletir acerca das implica!8es e contri*ui!8es desse

 programa para a mina proiss"o& Desse modo, o*4etivo reletir so*re até #ue ponto a

 participa!"o no -.B.D *em como o compartilamento de e$peri/ncias com os *olsistas

e coordenador de área do programa tem contri*u%do n"o só para a rele$"o em torno de

meu próprio aer pedagógico como, so*retudo, para a ressigniica!"o de mina prática pedagógica, principalmente no #ue tange à necessidade, como docente, de estar em

cont%nuo e cotidiano processo de orma!"o&

Em conson3ncia com o e$posto acima, as sec!8es a seguir est"o voltadas para

uma discuss"o cr%tica acerca das categorias narrativas autobiográficas, memórias de

 professores e  formação docente com vistas a evidenciar até #ue ponto estas categorias

 podem contri*uir para uma rele$"o cr%tica so*re o aer pedagógico do docente e,

conse#uentemente, promover mudan!as signiicativas nas minas a!8es em sala de aula&

Uma vol(a ao )assa'o: e"o'a* e)e%sa e (a%s+oma

 No conte$to de sala de aula, o meu olar de proessor, por vees, está voltado

 para a igura do outro, o aluno& Nesse sentido, é comum me #uestionar por #ue este n"o

aprende um dado conteúdo, n"o presta aten!"o, é indisciplinado, n"o sa*e ler e escrever,

dentre outros #uestionamentos #ue omentam muitas das angústias do ser proessor& Emmeio a estas indaga!8es, surge automaticamente a necessidade de atri*uir a

responsa*ilidade de tal situa!"o para algo ou alguém 0a am%lia, a escola, ao am*iente

social, ao sistema de ensino1&

3Considerando as especiicidades da escola em #uest"o e das demandas apresentadas pela e#uipe docentelogo nos primeiros diálogos, organiamos o tra*alo dos *olsistas da seguinte orma( tr/s icaramresponsáveis por ministrar aulas em turmas regulares e dois icaram incum*idos de desenvolver 

atividades de ala*etia!"o e letramento para alunos com diiculdades de leitura e escrita *astanteacentuadas&

Page 3: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 3/15

Todavia, na maioria das vees, e$imo)me dessa 5culpa6 e n"o relito so*re a

mina parcela de participa!"o para a manuten!"o dessa realidade marcada por altos

%ndices de reprova!"o, de evas"o e de insatisa!"o dos alunos e minas tam*ém& 7o agir 

assim, evidencio #ue, para mim, o meu tra*alo tem sido muito *em desenvolvido e,

 portanto, n"o á nada a ser mudado ou repensado& 7 partir do momento #ue n"o coloco

a mina prática em #uestionamento, #ue n"o relito so*re minas a!8es, estou perdendo

uma cance valiosa de ressigniicar o meu tra*alo e de oerecer ao aluno outras

 possi*ilidades de aprendiagem(

&&& na orma!"o permanente dos proessores, o movimento undamental é oda rele$"o cr%tica so*re a prática& + pensando criticamente a prática de o4e

ou de ontem #ue se pode melorar a pró$ima prática& ' próprio discursoteórico, necessário à rele$"o cr%tica, tem de ser de tal concreto #ue #uase seconunda com a prática& ' seu distanciamentoG epistemológico da práticaen#uanto o*4eto de sua análise deve dela apro$imá)loG o má$imo& Huantomelor a!a essa opera!"o tanto mais intelig/ncia gana de prática em análisee maior comunica*ilidade e$erce em torno da supera!"o da ingenuidade pelarigorosidade& -or outro lado, #uanto mais me assumo como estou sendo e

 perce*o a ou as ra8es de ser de por#ue estou sendo assim, mais me tornocapa de mudar, de promover)ver, no caso, do estado da curiosidade ing/nua

 para o da curiosidade epistemológica& N"o é poss%vel a assun!"o #ue o su4eitoa de si numa certa orma de star sendo sem a disponi*ilidade para mudar&-ara mudar e de cu4o processo se a necessariamente su4eito tam*ém0FIE.IE, 2??>, p& J=)JJ1&

-ensando na import3ncia de o docente voltar)se para si próprio e reletir so*re

suas a!8es, estudos recentes ocaliam o desenvolvimento de pes#uisas calcadas em

narrativas auto*iográicas& De acordo com 7*ra"o 02??J, p& 2?21, 5a pes#uisa

0auto1*iográica é uma orma de istória autorreerente, portanto, plena de signiicado,

em #ue o su4eito se desvela, para si, e se revela para os demais&6 + nesse reencontro

consigo mesmo #ue ele pode analisar a sua postura en#uanto docente, perce*endo o #ue

 pode ser melorado&7ssim, a partir do momento em #ue o proessor tem como reerente a si próprio

e n"o mais o aluno, ele passa a perce*er os diversos nuances #ue permeiam suas a!8es,

tendo a oportunidade de #uestioná)las, uma ve #ue o resgate do #ue 4á oi vivido

 possi*ilita uma reavalia!"o de determinadas atitudes #ue precisam ser repensadas& -ara

Tei$eira 02?>2, p& >2@1, 5a narrativa auto*iográica indu a repensar o passado,

redimensioná)lo rente às circunst3ncias do presente e às e$pectativas so*re o uturo6&

Page 4: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 4/15

' autor o*serva #ue e$iste um elo muito orte entre passado, presente e uturo&

Huando relem*ramos a!8es, tendemos a notar com mais clarea o #ue oi positivo e

negativo& De posse dessa avalia!"o, podemos apresentar mudan!as em nossas atitudes

atuais #ue, por conse#u/ncia, acarretar"o outros resultados no uturo& Na rele$"o

docente isso é *em n%tido( #uando alo da mina tra4etória de vida, principalmente a

docente, detecto as minas alas durante o percurso e posso adotar novas posturas

didáticas e metodológicas #ue, por sua ve, poder"o traer altera!8es na aprendiagem

do meu alunado&

7cerca do #ue veno e$pondo, posso aplicar certo discurso recorrente no

imaginário comum( 5#uem sa*e mais da mina vida do #ue eu mesmoK6 Em termos

acad/micos, podemos reiterar #ue, na auto*iograia, o su4eito tem a oportunidade deescrever so*re a própria istória de vida e n"o mais a de outrem, como ocorre na

 *iograia& No caso do proessor, a tra4etória escolar, acad/mica e proissional possi*ilita

a compreens"o do aer pedagógico e a rele$"o so*re a prática& + neste conte$to #ue a

narrativa so*re a prática gana relev3ncia e se torna cada ve mais necessária& -ara

9oua 02??J1, no conte$to da educa!"o, a escrita auto*iográica surge a partir de

#uestionamentos su*4etivos acerca do sentido da vida, das aprendiagens e e$peri/ncias

e sugere rele$8es ontológicas, culturais e valorativas a partir da e$peri/ncia de cadaindiv%duo& 7ssim sendo, cada narrativa é única e revela ormas distintas de compreens"o

da realidade docente&

Huando pensamos nessas narrativas, logo vem a nossa mente a ideia de

memória, 4á #ue precisamos a#uec/)la para aermos este resgate de a!8es #ue 4á

vivenciamos& -ara ;opes 02??J, p& 22@1, a palavra memória possui várias acep!8es,

 porém, 5memória é tam*ém rela!"o, relato, narra!"o 0&&&1&6 Entretanto, em*ora

auto*iograia e memórias este4am vinculadas à ideia de narrativa, elas, segundo ;opes02??J1, s"o dierentes& -ara a reerida autora, a auto*iograia só pode ser escrita uma só

ve, tendo em vista #ue é um só autor, uma só vida e, portanto, uma só graia& 7s

memórias, por sua ve, podem ser escritas e reescritas& 7lém disso, a memória J  5é

desdo*rável e su4eita às provoca!8es, estimula!8es e à su*4etividade #ue tornam as

memórias incontroláveis& N"o se lem*ra o #ue se #uer lem*rar, assim como n"o se

4 Doravante, para evitar conus"o entre termos, sempre utiliarei a palavra memória no singular para

reerir)me à capacidade cognitiva de lem*rar)me de algo& Lá, #uando eu me valer do reerido vocá*ulo no plural, a!o)o para me reerir às narrativas de e$peri/ncias vividas&

Page 5: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 5/15

es#uece o #ue se #uer es#uecer, inelimente6 0;'-E9, 2??J, p&2=J1& Nesse sentido, a

auto*iograia é menos le$%vel no sentido de #ue só temos uma istória de vida para

contar, porém temos inúmeras memórias a relatar&

Em am*as as ormas de narrativas, as memórias e a auto*iograia, algo cama

aten!"o( a escola do #ue será relatado& -or #ue alar isto e n"o a#uiloK -ara ;opes

02??J, p& 2J?1, 50&&&1 a istória é escola& 7 escola em dei$ar isto ou a#uilo de ora

 poderá privar este ou a#uele da possi*ilidade de sim*oliar o seu lugar, de situar)se

numa comple$a rede de or!as e de analisar suas rela!8es&6 Desse modo, #uando alo de

mina vida e a!8es, escolo o #ue irei alar e como alar& Em meio a essa discuss"o

so*re ormas de alar da mina vida e de mina prática, o*servo #ue, se todos nós

 parássemos por alguns instantes e iéssemos esse flashback  de nossas a!8es cotidianasem sala de aula, talve n"o comet/ssemos os mesmos e#u%vocos, as mesmas

incoer/ncias&

7 t%tulo de e$empliica!"o, recorrendo ao meu campo de atua!"o, o ensino de

l%ngua materna, ao rememorar uma aula na #ual e$pli#uei uma determinada regra

gramatical para o meu aluno ou o #ue signiica determinado termo e as suas

classiica!8es, como o su4eito, sem #ue se tena avido uma conte$tualia!"o e uma

rele$"o so*re o uso deste termo em dierentes situa!8es de comunica!"o, perce*o #ue omeu aluno preocupou)se apenas em decorar o #ue este termo signiica, mas n"o se

atentou para as diversas situa!8es em #ue ele pode utiliá)lo& 7ssim como o oco estava

no conceito e na regra, eles n"o puderam ir além, tampouco perce*er #ue no seu dia)a)

dia eles recorrem a dierentes tipos de su4eito para alar e interagir com o outro&

 Nesse sentido, deendo #ue é importante #ue o proessor perce*a nessas duas

narrativas 0auto*iograia e memória1 possi*ilidades de rele$"o so*re a sua prática e #ue

consiga apontar caminos para a supera!"o de limita!8es& + no reconecimento dasnossas alas e na procura por saná)las #ue aprendemos, ganamos e$peri/ncia e

transormamos nossas a!8es& 9a*emos #ue as narrativas so*re a prática partem da

e$peri/ncia do indiv%duo, de suas a!8es em sala de aula& -ara Tei$eira 02?>2, p& >>1, o

sa*er da e$peri/ncia é *astante peculiar tendo em vista #ue é(

0&&&1 um sa*er #ue diere da#uele relacionado à ci/ncia e ao dom%nio dainorma!"o e remete a uma prá$is #ue n"o é a#uela da técnica e do

tra*alo& + um sa*er #ue se constitui na media!"o entre conecimentoe vida umana& ' sa*er da e$peri/ncia se ad#uire conorme os su4eitos

Page 6: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 6/15

v"o respondendo ao #ue se les acontece e ao modo como v"o dandosentido a tudo isso 0TE.E.I7, 2?>2, p& >>1&

Como airma o autor, o sa*er da e$peri/ncia é um tanto #uanto peculiar, pois

cada um aprende com suas próprias viv/ncias em*ora nesse processo as e$peri/ncias do

outro n"o se4am descartadas& Nesse sentido, o docente, por e$emplo, #uando sai da

universidade, 5ormado6, com conecimentos diversos so*re sua área de atua!"o,

 precisa socialiar suas aprendiagens com o alunado e nessa troca de conecimentos á

sempre uma aprendiagem para am*os& Nesse contato com a realidade escolar, o

docente, aos poucos, gana e$peri/ncia e tem mais maturidade para encarar os desaios

da proiss"o& Muitos se e#uivocam, porém, #uando acreditam #ue apenas a e$peri/ncia

é suiciente para a meloria das a!8es pedagógicas ou até mesmo para o e$erc%cio da

doc/ncia& -elo contrário, e$peri/ncia e conecimento cient%ico devem caminar 4untos&

Desse modo, devemos sempre estar em orma!"o cont%nua, pois n"o estamos e nem

nunca estaremos 5ormados6, 5prontos6, como muitos atestam&

.númeras vees, damo)nos por satiseitos com uma orma!"o acad/mica #ue nos

conere apenas o t%tulo, dando)nos a possi*ilidade de ministrar aulas em determinadas

etapas escolares& Todavia, n"o nos damos conta de #ue este curso é apenas o primeiro

 passo e de #ue devemos estar constantemente nos atualiando e nos capacitando& 7

respeito da orma!"o docente, Tei$eira 02?>2, p& >2>1 deende(

a orma!"o deve ser um processo cont%nuo integrado no dia a dia dos proessores e das escolas, durante o #ual os proessores devem secolocar como protagonistas n"o só da sua prática como tam*ém da suaorma!"o, o #ue implica compreender o enga4amento pessoal #ue cadaum tem como pessoa e como proissional no processo educativo&

+ na nossa orma!"o acad/mica *ásica ou cont%nua #ue ad#uirimos sa*eres

cient%icos so*re a nossa área de atua!"o, as novas propostas de ensino, as recentes

a*ordagens de ensino da leitura e da escrita& Entretanto, devemos compreender #ue estes

conecimentos por si só n"o s"o suicientes, tendo em vista #ue a sala de aula é um

espa!o din3mico e imprevis%vel& + a e$peri/ncia #ue vai consolidando as nossas a!8es,

através da uni"o teoria e prática& 7ssim, é na atua!"o em sala de aula #ue nos

constitu%mos proessores e #ue consolidamos a nossa identidade docente&

Page 7: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 7/15

7lém disso, as nossas a!8es precisam urgentemente ser revisitadas,

rememoradas, para podermos perce*er o #ue de ato estamos aendo em sala de aula,

como estamos aendo e #ue *ene%cios estamos propiciando para a aprendiagem dos

nossos alunos& 7ssim como disse no t%tulo desta sec!"o, precisamos voltar ao passado

 para recordarmos as nossas a!8es, repensá)las, #uestioná)las e procurarmos meios de

a4ustá)las, possi*ilitando a transorma!"o da nossa prática docente e a evolu!"o pessoal

e intelectual dos discentes& Ciente da necessidade dessa rele$"o como docente de

l%ngua portuguesa, evidenciarei a seguir as minas memórias so*re o tra*alo

desenvolvido na disciplina #ue leciono& -ara tanto, arei um contraponto entre os

momentos anteriores e posteriores à mina participa!"o no -.B.D& ' intuito é

evidenciar, a partir do recurso à memória, #uais as implica!8es para a mina prática pedagógica o reerido programa trou$e e como isso tem contri*u%do para o meu aer 

em sala de aula da educa!"o *ásica&

Pelas le%(es 'a mem,$a: ol#aes 'e uma 'o"e%(e so-e o e%s$%o 'e L&%.ua

Po(u.uesa

 Na mina orma!"o acad/mica, tive a oportunidade de conecer diversas teorias

so*re o ensino de l%ngua portuguesa, perce*endo a relev3ncia de uma a*ordagem

conte$tualiada e voltada para os usos sociais da linguagem& Nesse sentido, o oco n"o é

o ensino puro de gramática, mas o tra*alo com diversos g/neros te$tuais utiliados no

nosso dia a dia e #ue representam práticas eetivas de uso da nossa l%ngua na sociedade

0M7IC<9C., 2??O1& Todavia, aos poucos, vivenciando a realidade de sala de sala de

aula, ui adotando uma prática pedagógica muito direcionada ao ensino tradicional,dando orte /nase ao ensino de regras gramaticais e ado!"o #uase #ue e$clusiva do

;ivro Didático 0;D1&

' ;D de l%ngua portuguesa adotado na escola apresenta sugest8es interessantes

de leitura e preocupa)se em conte$tualiar até certo ponto o ensino de gramática, mas

em alguns momentos ainda é muito direcionado ao ensino de regras gramaticais& Iegras

estas #ue insistimos #ue o aluno aprenda, mas #ue #uase sempre s"o decoradas para

uma atividade avaliativa& 7credito tam*ém #ue a solu!"o n"o é a*olir o ;D, ainal,

Page 8: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 8/15

e$iste todo um investimento nesse material de ensino, além disso, como #uase todos os

alunos o possuem, é uma importante erramenta para acilitar o desenvolvimento de

algumas atividades& ' #ue alta é propor atividades de leitura e de escrita #ue em algum

momento possam interagir com este manual, tendo a preocupa!"o de ampliar essa

 proposta ou até mesmo #uestioná)la, tra*alando a criticidade dos alunos&

Em várias situa!8es, porém, me propus a proporcionar aos meus alunos

momentos de leitura para os #uais i uma sele!"o de te$tos com temáticas #ue, para

mim, eram *astante interessantes, e #ue, para espanto meu, n"o agradavam *oa parte do

alunado& 7lém disso, tive sempre o cuidado de organiar as atividades de leitura e de

escrita em torno de um g/nero te$tual espec%ico cu4a escola era eita por mim mesma

ou a partir da sugest"o do livro didático& Nunca dos alunos& E isso oi uma das coisas#ue a viv/ncia com os licenciandos do -.B.D me ensinou( às vees, o sucesso de nosso

aer pedagógico depende de uma simples conversa com os alunos a im de sondar #ue

te$tos eles gostam de ler, com #uais temáticas mais se identiicam a im de #ue os

alunos possam perce*er #ue eles tam*ém t/m um papel importante nas escolas e nos

materiais #ue circulam em sala de aula(

9e na verdade, o sono #ue nos anima é democrático e solidário, n"o éalando aos outros, de cima para *ai$o, so*retudo, como se Pssemos os portadores da verdade a ser transmitida aos demais, #ue aprendemos aescutar, mas é escutando #ue aprendemos a falar com eles& 9omente #uemescuta paciente e criticamente o outro, ala com ele, mesmo #ue, em certascondi!8es, precise alar a ele& ' #ue 4amais a #uem aprende a escutar para

 poder alar com é alar   impositivamente& 7té #uando, necessariamente, alacontra posi!8es ou concep!8es do outro, ala com ele como su4eito da escutade sua ala cr%tica e n"o como o*4eto do seu discurso& ' educador #ue escutaaprende a di%cil li!"o de transormar o seu discurso, às vees necessário, aoaluno, em uma ala com ele 0FIE.IE, 2??>, p& >2Q)>2R1&

7o ingressar no -.B.D e interagir com os *olsistas e coordenador do programa, pude ter clarea de #ue mina prática precisava ser revista urgentemente& 7ssim,

en#uanto supervisionava o tra*alo dos uturos proessores em orma!"o inicial, notava

a preocupa!"o deles com aplica!"o de procedimentos didáticos din3micos, com a

consulta dos gostos de leitura dos alunos e, principalmente, com a conte$tualia!"o do

ensino de no!8es gramaticais, pois essas eram tra*aladas ao longo do desenvolvimento

da se#u/ncia didática, plane4ada para potencialiar as práticas de leitura e escrita e n"o

 para a decora!"o de uma ta$ionomia gramatical pouco signiicativa para o nosso

Page 9: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 9/15

alunado& Diante das interven!8es da e#uipe do -.B.D da #ual sou supervisora, passei a

me #uestionar so*re a mina metodologia de ensino e i#uei incomodada por ver #ue

muita coisa precisava ser revista& -erce*i #ue eu me esor!ava para acertar e acreditava

está acertando, porém, via #ue algo n"o estava *em&

7 partir de ent"o come!aram a surgir novas ideias e atitudes& <ma delas oi aer 

um acordo com os alunos #uanto ao uso do ;D& 7ntes estes o traiam em todas as aulas,

mesmo #ue eu n"o o utiliasse, ato #ue os incomodava por causa do peso, tendo em

vista #ue eles traiam os livros de outras disciplinas& Conversei com as turmas e

e$pli#uei #ue a partir de ent"o tra*alar%amos com atividades e propostas #ue

necessariamente n"o precisariam ser do ;D e #ue #uando o uso dele osse necessário

avisaria para #ue os alunos o trou$essem& Tal atitude me dei$ou muito satiseita por#uea partir de ent"o comecei a ver com mais clarea outras possi*ilidades de interven!"o

em sala de aula, aendo uso de recursos diversos #ue eu 4á utiliava, porém com pouca

re#u/ncia& Essa descentralia!"o dos ;D de minas aulas permitiu)me enatiar ainda

mais a prática de leitura e escrita a partir de outros materiais, como, por e$emplo, O

 Livrão da Leitura& Feito de cartolina e coneccionado pelos alunos, este livro contém

 páginas dedicadas a cada um dos g/neros te$tuais produidos pelos alunos ao longo de

nossas aulas durante o ano de 2?>O, conorme ilustram otos a*ai$o(

Come!amos o tra*alo com o g/nero te$tual poema com o #ual os alunos muito

se identiicam, contrariando certos discursos de #ue é muito di%cil tra*alar com poesia

em sala de aula& ' poema inicial oi 5Convite6, de Losé -aulo -aes, muito prop%cio para

a ocasi"o& 7ntes mesmo de #ual#uer leitura, e$ploramos o t%tulo e o #ue ele nos a

sugerir& -osteriormente, iemos uma leitura silenciosa, seguida de uma leitura

Page 10: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 10/15

compartilada e, por im, da mina leitura cola*orativa en#uanto proessora&

Ietomamos verso por verso para compreendermos o #ue estava escrito nas linas e

entrelinas tam*ém& ;ogo mais, lemos outro poema, 5;agoa6, de Carlos Drummond de

7ndrade e iemos o mesmo percurso de leitura& 7inda com o mesmo g/nero, em outra

oportunidade, aproveitamos o per%odo 4unino para tra*alar com o poema 5Huadrila6,

tam*ém de Carlos Drummond de 7ndrade, 4á #ue o t%tulo reere)se a uma dan!a muito

comum nessa época e a parte da realidade dos alunos& N"o come!amos com a leitura

do poema, mas com a e$posi!"o de um v%deo animado O& Tendo em vista #ue o nosso

 propósito era suscitar a curiosidade dos alunos so*re o poema e apontar sugest8es so*re

o assunto nele tratado, retiramos o áudio do v%deo, e$pondo apenas as imagens #ue, de

certo modo, retratavam o poema em linguagem n"o)ver*al, conorme imagem a*ai$o(

7pós a e$posi!"o do v%deo, solicitei #ue os alunos escrevessem o #ue eles

entenderam da istória mostrada& Todos se empolgaram e escreveram suas impress8es&

7lguns de orma *em o*4etiva, outros com mais detales& Conclu%da a produ!"o dote$to, realiamos a socialia!"o, durante a #ual #uase todos se dispuseram a ler o #ue

 pensaram& 7lguns por timide se recusaram a participar deste momento& Em*ora com

algumas dieren!as, os te$tos se apro$imaram muito da orma como os atos s"o

tra*alados no poema de Drummond&

Como muito dos te$tos produidos icaram conusos por#ue as ideias n"o

estavam *em e$postas, corrigi)os dando sugest8es para melorias na organia!"o das

5 Dispon%vel em ttps(SS&Uoutu*e&comSatcKvV*rRM.BaUu9.

Page 11: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 11/15

ideias e na revis"o ortográica e os alunos reescreveram o te$to em casa& 7inda antes da

leitura do poema, pedi #ue os alunos respondessem, oralmente e por escrito, a seguinte

indaga!"o( ' #ue é uma 5#uadrila6K 7s repostas oram diversas prioriando a

#uadrila como dan!a e tam*ém como organia!"o criminosa& Considerando a

#uadrila en#uanto dan!a, perguntei como era #ue se dan!ava& Ent"o, nesse momento,

omos para de*ai$o de um pé de árvore, no interior da escola, onde simulamos a dan!a&

'rganiei os alunos em pares e dan!amos *revemente& Dois alunos se recusaram a

 participar& Esse momento oi muito signiicativo por#ue perce*i #ue os alunos icaram

surpresos em ver #ue para a leitura desse poema poder%amos partir de e$peri/ncias t"o

concretas e pró$imas da sua realidade& Em seguida, sentamos ao redor da árvore e

inalmente lemos o poema& Conclu%da a leitura, iemos uma análise oral do poema,relacionando o t%tulo com o #ue está sendo tratado ao longo do te$to e perce*endo a

orma criativa, e cr%tica ao mesmo tempo, como o relacionamento amoroso é

apresentado por Carlos Drummond de 7ndrade& Em sala, sistematiamos o #ue oi visto

através de um estudo dirigido escrito, com sua posterior socialia!"o&

Como os alunos acam muito interessantes os recursos digitais e as redes

sociais@, e$pomos outro v%deo animadoQ  com uma vers"o moderna do poema, citando

várias erramentas digitais e as redes sociais& Todos se identiicaram muito com o v%deo&Ent"o, sugeri #ue eles iessem o mesmo( criassem uma nova vers"o do poema,

utiliando situa!8es e recursos t%picos da atualidade& 7lguns produiram algo muito

id/ntico ao poema original, outros trou$eram inova!8es signiicativas& 9ocialiamos as

 produ!8es e depois a reescrevemos& 7lguns tinam vergona de ler o seu te$to, mas

 pediam #ue eu lesse& Ent"o, tentava conversar e estimular para #ue eles mesmos

realiassem a leitura, porém, #uando n"o tina 4eito, eu ou outro colega lia& -erce*i #ue

esta e$posi!"o do te$to para a turma, dei$ava)os um pouco envergonados, mas, aomesmo tempo, satiseitos por ver #ue outros estavam tendo acesso a essa produ!"o&

-ara prosseguir com a temática do relacionamento amoroso e com a ideia de

5dan!a6, tra*alei com o poema 57 valsa6, de Cassimiro de 7*reu& .niciei indagando

so*re o t%tulo e so*re a dan!a 5valsa6( por #ue esse t%tulo e n"o outroK ' #ue ele nos a

6 7pesar de se tratar de alunos da ona rural, a grande maioria a parte desse mundo virtual, utiliando ainternet com re#u/ncia&7Dispon%vel em &Uoutu*e&comSatcKvVc'QM<pE:J

Page 12: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 12/15

sugerir so*re o poemaK Como é #ue se dan!a a valsaK 'ndeK Depois, encenamos a

dan!a em sala& ;ogo após, solicitei #ue iéssemos uma leitura compartilada& Todos

leram com uma tonicidade #ue n"o e$pressava o ritmo da valsa, ent"o, i uma leitura

em vo alta, respeitando o ritmo do poema& Todos icaram surpresos por#ue n"o tinam

 perce*ido #ue o ritmo potencialiava os sentidos #ue pod%amos atri*uir ao poema&

Finaliada a leitura, omos relendo cada verso e *uscando compreender a

situa!"o retratada no poema& Como a valsa é uma dan!a muito distante da realidade dos

alunos, conorme %amos entendendo a situa!"o, eu procurava e$empliicar a mesma

situa!"o em um orró ou em uma *oate 0tanto esta #uanto a#uele s"o conecidos pelos

alunos, uma ve #ue na regi"o deles e$istem muitos eventos de orró, assim como as

 *oates s"o espa!os de socia*ilidades a #ue eles t/m acesso1, lógico #ue semprerespeitando as peculiaridades tanto da dan!a #ue era tratada no poema, como do

am*iente, da época, dos su4eitos envolvidos& Essa associa!"o gerou uma grande

empolga!"o, por#ue todos tinam situa!8es semelantes para relatar, cocicavam,

davam risadas& Depois #ue analisamos o poema, indaguei oralmente se tina avido

trai!"o ou n"o por parte da muler e pedi #ue eles argumentassem com *ase no #ue

estava e$posto no poema& 7lguns acaram #ue sim e outros acreditaram #ue o omem

era apenas muito ciumento& 7 maioria teve diiculdade em argumentar com *ase no poema, mas e$puseram o #ue acreditavam ser pertinente&

Tendo em vista #ue no poema 5Huadrila6 o autor escreveu em versos livres e

em 57 valsa6 á uma preocupa!"o com a métrica, sendo um poema d%stico, 4ustamente

 para garantir o ritmo do poema, i uma e$posi!"o na lousa so*re rimas, versos,

estroes, métrica e escans"o de versos& -ara sistematiar tais inorma!8es, solicitei #ue

os alunos perce*essem tais aspectos no poema& Conclu%da a atividade, comparamos os

dois poemas, 5Huadrila6 e 57 valsa6, do ponto de vista da temática e da estrutura,destacando semelan!as e distin!8es& -ara inaliar desta#uei para os alunos #ue um

 poema, necessariamente, n"o precisa ter rimas e versos metriicados, pois, muitos

alunos, #uando se trata de poema, tendem a compreend/)lo apenas como um te$to #ue

tem rima e versos com a mesma #uantidade de s%la*as poéticas&

Depois desse, vieram outros momentos de tra*alo com a leitura e a escrita,

alguns *em sucedidos, outros n"o, mas sempre procurando melorar em cada nova

e$peri/ncia& o4e, perce*o #ue ainda á muito #ue melorar, mas minas a!8es em sala

Page 13: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 13/15

de aula est"o muito mais consistentes e coerentes para o #ue se espera de um proessor 

de ;%ngua -ortuguesa, como *em airma Caiero 02?>?, p& RR1(

' tra*alo a ser realiado na sala de aula é grande e sa*emos #ue o

tempo é sempre pouco& .sso por#ue além de desenvolver capacidadesde leitura, precisamos estar atentos tam*ém a outras capacidades naconstru!"o de um su4eito competente no dom%nio da l%ngua& -ara dar conta da dimens"o da tarea, é necessário organia!"o, plane4amentodas a!8es& 7lém disso, é preciso contar com *ons materiais 0ousuportes1 de leitura&

Ciente dessa responsa*ilidade, ve4o #ue o ensino desconte$tualiado da

gramática n"o é o camino tampouco o tra*alo e$clusivo com o ;D ou com te$tos #ue

n"o camam a aten!"o do alunado& Nesse sentido, esor!o)me para propiciar aos meus

alunos momentos praerosos com a leitura e a escrita, promovendo uma intercala!"o

entre o #ue está sendo ensinado na escola e o #ue ele vivencia no seu cotidiano, e isso

a toda a dieren!a&

CONSIDERA/ÕES FINAIS

7s situa!8es rememoradas neste estudo e as rele$8es em torno delas apontam

 para a necessidade de constantemente colocarmos a nossa prática em evid/ncia,

reletindo so*re ela& 7 partir do momento em #ue relem*ramos nossas a!8es temos a

oportunidade de compreender melor as nossas atitudes em sala de aula, *em como de

#uestioná)las, detectando os aspectos #ue precisam ser melorados com vistas à

aprendiagem do nosso alunado&

' contato com o outro, no meu caso com os *olsistas e coordenador de área do

-.B.D, au$iliou no processo de reconecimento das minas limita!8es, *em como

orneceu su*s%dios para a supera!"o das mesmas& 7ssim, ao o*servar as interven!8esdesses proessores em orma!"o, pude perce*er estratégias #ue poderiam e deveriam ser 

incorporadas nas minas aulas de l%ngua portuguesa, possi*ilitando uma maior 

dinamicidade e conte$tualia!"o das atividades por mim desenvolvidas& 7lém disso, as

rele$8es teóricas realiadas 4unto ao coordenador e as conversas cotidianas so*re nossa

 postura em sala a4udam na escola por caminos didáticos e metodológicos mais

signiicativos para o proessor e, em especial, para o aluno #ue, em sala de aula, pouca

Page 14: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 14/15

relev3ncia v/ os conteúdos e nas a*ordagens diante das #uais ele #uase n"o participa

ativamente&

 No tocante ao ensino da l%ngua materna, teno ainda mais convic!"o de #ue

este deve se pautar na potencialia!"o das compet/ncias de leitura e escrita dos

discentes, dando)les a oportunidade de interagir socialmente através de diversos

g/neros te$tuais, orais ou escritos& 7inal, como airma Caiero 02?>?1, a escola precisa

assumir o compromisso de garantir ao aluno a aprendiagem da leitura de dierentes

te$tos #ue circulam na sociedade& 7ssim, à medida #ue amplia esses limites de leitura,

contri*ui para #ue a sua capacidade de escrita tam*ém se desenvolva na orma

0compreendendo os aspectos ortográicos, morológicos e sintáticos1 e no conteúdo

0ideias e argumenta!"o1& Desse modo, acredito #ue o tra*alo *em plane4ado com aleitura possi*ilita contemplar os diversos aspectos #ue envolvem a l%ngua materna sem

colocá)los como regras a serem decoradas&

-or im, acreditamos #ue as rele$8es a#ui e$postas poder"o servir para outros

docentes #ue acreditam ser a sala de aula um la*oratório para inindáveis pes#uisas, o

#ue e$ige a consci/ncia de precisar estar em constante orma!"o *em como despertar 

em si o pendor para a pes#uisa a partir do #ue Freire 02??>1 cama de curiosidade

epistemológica& -ara o autor, ensinar e aprender implica um esor!o metodologicamentecr%tico tanto do proessor #uanto do aluno, a#uele no sentido de desvelar a compreens"o

de algoW este no sentido de assumir a postura de su4eito cr%tico da sua aprendiagem

nesse processo de desvelamento& Nesse sentido, a curiosidade epistemológica consiste

na intera!"o entre #uem ensina e #uem aprende, proessor e aluno, e o #ue e como está

sendo ensinado&

  7demais, este estudo reor!a a ideia de #ue en#uanto seres umanos e

 proessores nunca estamos 5prontos6, 5ormados6& -elo contrário, estamos sempre em processo de orma!"o, *uscando novos meios e estratégias para lidar com as

diiculdades impostas no conte$to escolar, com vistas a oertar melores condi!8es para

#ue a aprendiagem dos nossos alunos ocorra de modo satisatório para eles& 7ssim, à

medida #ue reconecemos nossas limita!8es, devemos tam*ém a cada dia *uscar 

maneiras de superá)las&

Page 15: MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

7/23/2019 MEMÓRIAS DOCENTES: REFLEXÕES DE UMA SUPERVISORA DO PIBID

http://slidepdf.com/reader/full/memorias-docentes-reflexoes-de-uma-supervisora-do-pibid 15/15

REFER0NCIAS BIBLIOR2FICAS

7BI7X', Maria elena Menna Barreto& -es#uisa 0auto1*iográica Y tempo, memória

e narrativas& .n( 7BI7X', Maria elena Menna Barreto& Ave%(ua

3au(o4-$o.5+$"a( teoria e empiria& -orto 7legre( ED.-<CI9, 2??J, p& 2?>)22J&

C7F.EI', Delaine& ;etramento e leitura( ormando leitores cr%ticos& .n( I7N:E;,

Egon de 'liveiraW I'L', Io$ane elena Iodrigues& L&%.ua Po(u.uesa( ensino

undamental& Bras%lia( Ministério da Educa!"o, 9ecretaria de Educa!"o Básica, 2?>?,

 p&RO)>?@&FIE.IE, -aulo& Pe'a.o.$a 'a Au(o%om$a( sa*eres necessários à prática educativa&>Q&ed& 9"o -aulo( -a e Terra, 2??>&;'-E9, Eliane Marta Tei$eira& Memória e estudos auto*iográicos& .n( 7BI7X',

Maria elena Menna Barreto& Ave%(ua 3au(o4-$o.5+$"a:  teoria e empiria& -orto

7legre( ED.-<CI9, 2??J, p& 22O)2J2&

M7IC<9C., ;ui 7ntPnio& :/neros te$tuais e ensino( deini!"o e uncionalidade& .n(

D.'NZ9.', [ngela -aivaW M7C7D', 7nna IacelW BE\EII7, Maria 7u$iliadora&

6%eos (e7(ua$s e e%s$%o& J&ed& Iio de Laneiro( ;ucerna, 2??O& p& >)=@&

MEDI7D', Bet3nia -assos& Dimens8es do agir representado em auto*iograias

docentes& .n( I'MEI', Tania Iegina de 9oua& Au(o-$o.a+$as %a 3Re4 "o%s(u89o

'e I'e%($'a'es 'e Po+essoes 'e L&%.uas: ' 'lar Cr%tico)rele$ivo& Campinas, 9-(

-ontes Editores, 2?>?& p&2J=)2@?&

9'<97, Elieu Clementino de& ' conecimento de si, as narrativas de orma!"o eo

estágio( rele$8es teórico)metodológicas so*re uma a*ordagem e$perimental de

orma!"o inicial de proessores& .n( 7BI7X', Maria elena Menna Barreto&

Ave%(ua 3au(o4-$o.5+$"a( teoria e empiria& -orto 7legre( ED.-<CI9, 2??J& p& =RQ)

J>Q&

TE.E.I7, ;enU Iodrigues Martins& 7 orma!"o docente( as narrativas auto*iográicas

como recurso para um eno#ue cl%nico& .n( IEB';', Flavin/sW TE.E.I7, ;enU

Iodrigues MartinsW -EIIE;;., Maria 7parecida 9oua& Do"6%"$a em ues(9o:

discutindo tra*alo e orma!"o& Campinas, 9-( Mercado de ;etras, 2?>2&p& >?)>=J&