Menino Maluquinho

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INTRODUÇÃO O cinema e as histórias em quadrinhos são formas de expressão que possuem muitos pontos em comum e permitem abertura de um para o outro, sendo que as imagens são o germe do filme. Estas linguagens possuem entre si aspectos de similaridade. São linguagens semiológicas, nas quais apresentam o mesmo fator de ligação: a sequência. Entretanto, o que as difere no campo da sequencialidade é a velocidade entre ambas. A língua é múltipla por definição: existe um grande número de línguas diferentes. Não existe linguagem cinematográfica própria de uma comunidade cultural. (MARTIN, Marcel, 2003: p. 305). O cinema possui uma linguagem própria, que contém elementos heterogêneos, como por exemplo: as anotações escritas, as imagens em movimento e os sons, estes incluindo trilha sonora, diálogo e ruídos. Os registros pictóricos produzidos pelo homem pré- histórico, a escrita hieroglífica egípcia, tapeçarias medievais e as pinturas já usavam representar de forma sequencial, porém a banda desenhada só se firmou enquanto arte com o advento da imprensa (GUIMARÃES, Cláudia, 2007: p. 34). Como podemos observar, o quadrinhos, denominado de nona arte, tem um início mais antigo do que se imagina. As sequências vêm desde a antiguidade, para então depois surgirem como arte.

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INTRODUÇÃO

O cinema e as histórias em quadrinhos são formas de expressão que

possuem muitos pontos em comum e permitem abertura de um para o outro, sendo que

as imagens são o germe do filme. Estas linguagens possuem entre si aspectos de

similaridade. São linguagens semiológicas, nas quais apresentam o mesmo fator de

ligação: a sequência. Entretanto, o que as difere no campo da sequencialidade é a

velocidade entre ambas.

A língua é múltipla por definição: existe um grande número de línguas

diferentes. Não existe linguagem cinematográfica própria de uma comunidade cultural.

(MARTIN, Marcel, 2003: p. 305). O cinema possui uma linguagem própria, que contém

elementos heterogêneos, como por exemplo: as anotações escritas, as imagens em

movimento e os sons, estes incluindo trilha sonora, diálogo e ruídos.

Os registros pictóricos produzidos pelo homem pré-histórico, a escrita

hieroglífica egípcia, tapeçarias medievais e as pinturas já usavam representar de forma

sequencial, porém a banda desenhada só se firmou enquanto arte com o advento da

imprensa (GUIMARÃES, Cláudia, 2007: p. 34). Como podemos observar, o

quadrinhos, denominado de nona arte, tem um início mais antigo do que se imagina. As

sequências vêm desde a antiguidade, para então depois surgirem como arte.

As histórias em quadrinhos e o cinema são linguagens que emergiram

praticamente juntas, no final do século XIX. Tendo como período referencial a

Revolução Industrial, que favoreceu os avanços necessários para esse surgimento.

Para falar sobre essas duas linguagens, este estudo utilizará o quadrinho e

filme “O menino maluquinho”, de Ziraldo Alves Pinto, em que primeiramente foi

publicado o quadrinho, no ano de 1980, para que posteriormente o filme fosse lançado,

no ano de 1994.

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DESENVOLVIMENTO

Enredo

A história “O menino maluquinho”, narra um menino alegre, cheio de

imaginação e muito peralta, que adora aprontar e viver aventuras com os amigos, e que

faz as coisas com muita criatividade. Ele tem como uma de suas manias, usar um

panelão na cabeça, o que o torna diferente dos demais. Com bom humor e inteligência,

Ziraldo conta a história, abordando a infância e aspectos que cada um de nós vive

enquanto passa por ela.

 Personagens

Personagem principal, Maluquinho é um menino muito travesso, alegre e

criativo. Segundo Ziraldo, “Ele era muito sabido, ele sabia de tudo, a única coisa que ele

não sabia era como ficar quieto.” (PINTO, Ziraldo, 1980: p. 14). O Menino Maluquinho

é uma criança que vive dando trabalho, aprontando por onde passa, seja em casa, na

escola, ou na rua com seus amigos. Seu comportamento é alvo das constantes broncas

que sua mãe, a qual vive pedindo para que ele arrume a bagunça do seu quarto, e seu pai

a chamar a atenção dele, em relação ao paletó que o Menino que já havia se acostumado

a usar.

Tempo

Na obra, o tempo realizava-se de modo cronológico que é, de acordo com

Cândida Gancho, “o nome que se dá ao tempo que transcorre na ordem natural dos fatos

no enredo isto e do começo para o final.” (GANCHO, Cândida, 2004: p. 12). O

“Menino Maluquinho” segue uma linearidade dos fatos, e nesse caso, é observado na

história em quadrinhos e no próprio filme. A sequência dos quadrinhos possui uma

velocidade menor em relação ao cinema, ao passo que na linguagem cinematográfica, é

necessário a observação dos fotogramas, na qual a seqüência toma uma forma de

continuidade, sendo que este, por mais simples que seja, necessita de centenas para que

seja representado. Podemos observar essas diferenças no “Menino Maluquinho”, em

que o quadrinho é (VER NEYARA)

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(MCCLOUD, Scot., 2005: p. 08)

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LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA

Espaço; ambiente; narrador.

O cinema é uma arte que conseguiu assegurar com plenitude a questão do

espaço. A nossa imaginação realiza um exercício

GUIMARÃES, Cláudia. Cadernos da Escola de Comunicação, Curitiba, 07: 33-38 vol.

1. ISSN 1679 – 3366.

CANDIDO, Antonio. A personagem de Ficção. 3º edição. São Paulo. Perspectiva.

GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. São Paulo: Editora Ática,

2004.

MARTIN, Marcel. A linguagem cinematográfica. Rio de Janeiro: Brasiliense, 2003.

MCCLOUD, Scot. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: M. Books do Brasil

Editora Ltda, 2005.

PETERS, J.M.L. A educação cinematográfica. Ed. IBECC, Rio de Janeiro, 1964.

TARKOVSKI, Andreaei Arsensevich. Esculpir o Tempo. São Paulo: Martins Fontes,

1998.

(...) se é preciso possuir a fundo a linguagem verbal para ler com facilidade

um livro, da mesma forma é preciso possuir a linguagem das imagens para

poder seguir o ritmo das narrações cinematográficas, cuja rapidez confunde,

é certo, muitas vezes, os adultos que vão, raramente, ao cinema. (PETERS,

J.M.L, 1964, p. 47).

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Em outras palavras, é necessário conhecer o rumo da linguagem

cinematográfica, para então compreender os deslocamentos da câmera, os

enquadramentos e situar-se quanto à temporalidade do filme, todos estes elementos

realizados em um filme.

O cinema nasceu como meio de registrar o movimento da realidade: concreto,

específico, no interior do tempo e único: de reproduzir indefinidamente o momento,

instante após instante, em sua fluida mutabilidade. A imagem cinematográfica consiste

na observação dos eventos da vida dentro do tempo, organizados de forma a não

descurar suas próprias leis temporais (TARKOVSKI, 1998, pág.110).

“Formas diferentes de contar a mesma história trazem também a habilidade de expressar

o tempo. Para qualquer narrativa visual, a compreensão desta dimensão possibilita ao

espectador reconhecer e compartilhar emocionalmente experiências. Nas artes gráficas,

tais experiências são expressas por meio do uso de ilusões e símbolos e do seu

ordenamento. O tempo é relativo à posição do observador; o ato de enquadrar ou

emoldurar a ação não só define seu perímetro, mas estabelece a posição do leitor em

relação à cena e indica a duração do evento. Na verdade ele “comunica” o tempo,

afirma Eisner. Suportes que carregam suas especificidades, características e leis:

quadrinhos e cinema. Enquanto o primeiro lida com o movimento de imagens no

espaço, criando eventos que são encapsulados dentro de quadrinhos decompostos em

segmentos seqüenciados, o segundo materializa o movimento em fotogramas exibidos

num fluxo continuo, o que caracteriza o espaço de outra forma.

(http://apps.unibrasil.com.br/revista/index.php/comunicacao/article/viewFile/382/302)