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MENSAGEM DO EXÍLIO  

 

Cesar Nascimento    

 

Copyright 2013 by Cesar Nascimento    

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ÍNDICE   ENTREGUE-­‐SE  AO  TEMPO   1  LIÇÃO  DE  VIDA   2  CONTRA  O  CÉU  VAZIO   3  TERREMOTO   4  DESPRENDIMENTO   5  CICLO   6  CERRADO   7  DÂMOCLES   8  O  TEMPO   9  OS  DADOS  ESTÃO  LANÇADOS   10  BARRO   11  CONSUMAÇÃO   12  FICÇÃO  CIENTÍFICA   13  LIVRE  ARBÍTRIO   14  PEQUENA  PRECE   15  PEQUENO  TRATADO  TEOLÓGICO   16  SONETO  DE  SOLIDÃO   17  JÁ  ERA   18  INTUIÇÃO   19  ODE  AO  FILHO  MORTO   20  MARCHA  FÚNEBRE   21  CAMPANHA   22  DEZENOVE  ANOS:  PÚRPURA   23  RESTOS   24  LIÇÃO  DE  CASA   25  MULHER   26  SOBRA   27  MUITO  FELIZ   28  CARTA  À  POSTERIDADE   29  SOBRE  O  AUTOR   30  

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ENTREGUE-SE AO TEMPO

Não tenha medo de morrer Não tenha pressa Viva seu termo com calma Não tenha pressa Aproveite o momento Mas faça seus planos Nem tudo acaba agora Procure o mais lento Espalhe-se sobre os anos Conquiste o futuro Não tenha tantos amores Que não lhe sobre tempo Proteja-se do medo De estar perdendo Se a vida lhe apressar Jamais se apavore Só há uma vida, só uma Mas uma é bastante Perceba que a calma é virtude Que afasta o sofrimento Evite os abandonos amiúde E entregue-se ao tempo

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LIÇÃO DE VIDA

Sou muito feliz assim, sozinho. Sinto a solidão como uma estrada, Que do meu vazio leva a nada. Nunca alguém se põe no meu caminho.

Posso mais querer que o passarinho, Que não tem amor, ciúme ou pranto? Sem poder sofrer tal desencanto, Largo eu vôo e plácido definho.

Tenho mil razões para esse jeito Meu de ser assim tão afastado Das mais vis tristezas que não tive.

Mas não conto – eu, que sou calado – Como se alcança o fim perfeito. Não vou te ensinar como se vive!

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CONTRA O CÉU VAZIO

Solidão é uma estrela Que brilha sem firmamento E espelha sobre si mesma A luz do seu desalento

Assim vaga alheio o astro Por dentro do céu vazio Como um galho sobre o rio Ignorado e sem rastro

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TERREMOTO

A terra treme sob meus pés Mas não vejo o mundo tremer O mundo é sólido E o pavimento não cede A bebida repousa no copo E só meu corpo hesita Só meus pés vacilam Meus braços ocos se inclinam Procurando o que agarrar

O mundo resiste ao tremor Que faz minha carne tombar Nada sai do seu lugar Nada se inquieta por mim A luz em meus olhos cintila Como a luz que aparece no fim E todo o universo rutila E ao menor átomo rejubila Pois vai quebrar-se meu marfim

Procuro apoio com torpor Na massa concreta da mobília E uma peça rejeitada da família Protege meus ossos do chão Equilibro-me qual gato sagaz E escapo da ruína, que se desfaz Na reconquista tênue de mim O terremoto quase me acabou Mas ainda não cheguei ao fim

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DESPRENDIMENTO

Nada te é dado, nada; Tudo te é negado. E o que quer que venha Ou que um dia se vá, Desdenha, Dá.

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CICLO

O tempo são as colheitas, O repetido canto dos pássaros. O tempo é a vida, as coisa feitas, O recomeço dos mesmos passos.

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CERRADO

É o ocaso do ocaso, Que, antes de acabar Com a vida, se foi Num rio raso e, depois, Valente o trovão, Trazendo sobre nós A vida reformada, Que despeja no chão Cada gota da enxurrada, Anuncia com estrondo: Adiado o fim do mundo.

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DÂMOCLES

Acabou-se teu tempo na terra – Mas quem sabe outro tempo não há? – Acabou-se, por fim, tua guerra. De Caronte não vais escapar.

Haverá outro azul, outro mar? Haverá algo bom ou ruim? Não se sabe ou, quem sabe, haverá Outra vida, outra morte, outro fim.

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O TEMPO

A morte é tão distante que não vem. O tempo, quem é esse que a detém?

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OS DADOS ESTÃO LANÇADOS

O lado sombrio da alma Nega a luz que vem de Deus Essa é a sina dos ateus Cuja vida nunca é calma Cujos dias descobertos São mais longos que os desertos E seus peitos descampados Batem forte feito um bumbo Ao saber que o fim do mundo Para ímpios ou prelados É um só destino e certo

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BARRO

Somos todos nós iguais Sendo mesmo assim diversos Enquadrados ou perversos Tendo tão pouco ou demais Uns são prosa, outros, verso Um, a cara, outro, escarro E até o homem mais raro Como igual contabiliza Pois seremos todos cinza Como um dia fomos barro

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CONSUMAÇÃO

O vento assombra o bebê no quarto A sombra enerva o pedê no porto A porta eriça o pêlo do gato O medo é a alma de cada corpo O sonho olvida o terror do fato A luz apaga o temor do outro O susto extingue-se no contato A paz é o prêmio de cada morto

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FICÇÃO CIENTÍFICA

O universo se expande E cria seu próprio espaço. O todo se alarga. Tudo se basta.

Nada é exógeno.

Essa gestação é casta, Mas nunca virgem. E do fim dessa vertigem E por todo seu compasso, A fé será amarga Para quem o investigar E, não tendo o que encontrar, Se curvar sob o cansaço, Sucumbir por essa carga.

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LIVRE ARBÍTRIO

Deus é a razão Por trás de tudo Que se vê, Tudo em que se crê Ou não. Deus e seu sermão São verdade, São justiça. Mas se por medo, Dor, cobiça, Negando-O, te mato, Aponta-me teu dedo, Publica meu retrato. Sou a causa primeira Dos meus atos.

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PEQUENA PRECE

Perdido, lamento o destino E afago, enganado, meu ego.

Eu trago esse horror de menino E digo o que, por dentro, nego.

A Deus caberá ser clemente: Sou desses cordeiros doentes.

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PEQUENO TRATADO TEOLÓGICO

§1. Deus existe. §2. Acreditem.

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SONETO DE SOLIDÃO

Através dos anos e das derrotas, Erros se acumulam em meu redor. E após muito riso e mais chacotas, Aprendi o que é ser sempre o pior.

O tempo, que compara e elimina, Me poda a esperança: um não uníssono. Acertos acontecem por equívoco. E aceito humilhado minha sina.

A mim, não mais importa o que vier. A vida poluiu minha lembrança. Então, não resta sonho ou esperança,

Só o fardo que trago do caminho, E a morte, que me achará sozinho, Sem jamais haver amado uma mulher.

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JÁ ERA

Não há o que houve, se houvera; O que foi já é ido, já era. Ser é a quem foi a quimera De querer o que quis, quisera.

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INTUIÇÃO

Tudo que sou ou Que outrora fui É o erro que Qualquer idiota intui

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ODE AO FILHO MORTO

Um vento frio e vagaroso afronta A chuva fina e quase lhe desfaz As magras gotas que ela ao chão aponta, Contra o sepulcro onde meu filho jaz.

Tal como o vento, eu vagaroso deixo Ao pé da cova meu adeus fugaz. E as frias rosas e o chão rijo beijo, E dou-me conta do que é o jamais.

Assim tranqüilo e conformado choro, Deixando o morto, que não chora mais. Então percebo o quanto vivo e imploro Que o choro acabe, como nós, mortais.

Um riso tímido em tempo sugere Que é meu direito gargalhar assaz. E esse direito o tempo me confere – Adeus, meu filho. Que descanse em paz!

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MARCHA FÚNEBRE

A marcha fúnebre marcha, marcha, marcha. A banda andando à frente bumba, bumba, bumba.

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CAMPANHA

Faço parte da parte Que não viu da espada O corte que aborta Da vida o forte Como o fraco Que foge da morte E não lhe escapa

Da sorte do ancestral Faminto e escuso Que a arma rejeita Por seu pouco uso De animal tardio Fez-se minha colheita

Todo homem emana Do celeiro fétido Que guarda o grão Não cultivado Ninguém descende de heróis Ou de seu fardo

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DEZENOVE ANOS: PÚRPURA

Quero matar a fome Que tenho de viver Destruir de um golpe A dor que se opuser Quero matar, matar Exterminar a dor Aniquilar a dor Jamais a dor Pode me possuir Pois que se ela vier Sofrerá da espada O aço e a ira Do imperial corpo Que na pira Um dia arderá E não há Para mim outra dor Que a de reinar Como um cômodo E augusto Gladiador

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RESTOS

De nada adianta lutar Nada vale Nada presta Sozinho com os restos Da festa Entendo o que se passou A noite se foi E a vida resta Nenhuma notícia chegou

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LIÇÃO DE CASA

Quero aprender e que você me ensine Quem é você e qual é seu ciúme, Qual seu pavor, e o que mais a fascine, E assim saber o que jamais nos une.

Não quero ter de ter de ouvir seu nome, Ter de saber onde no mundo esteja, Para que o fogo que hoje a mim consome Me feche os olhos e eu assim a veja.

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MULHER

És confusa E misteriosa E meu império Pouco vale Em tua busca Esse mistério De tua mente Tortuosa E tão profusa Deixa a minha Já doente Mais confusa A tentar Talvez saber Por que me foges Como um conto Que outrora Amei de Borges

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SOBRA

Você quer salvar O que quer que tenha Sobrado. Meu irmão, Não se iluda, Toda a sobra Caiu do seu lado.

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MUITO FELIZ

Que você seja feliz! Desejo que seja muito feliz, Pra compensar minha tristeza, Pra sorrir por mim, cantar, viver, Pra gritar pro mundo Que nem tudo é ruim, Nem toda a vida É um rio de lágrimas, Nem tudo é lástima. Seja feliz. Seja feliz por mim, Por nós, pelos que não são felizes, Feliz quando tudo for triste, Quando tudo que existe chorar. Seja feliz. Sorria, que seu sorriso É belo e leve E cheio de amor. Não fui feliz para sempre, Mas seja até o fim Feliz, por favor.

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CARTA À POSTERIDADE

Quando escrevo, Desejo ter meu nome Gravado na História, Mesmo ciente, Entre uma e outra palavra, Disso não ter qualquer conseqüência Para um monte de ossos. Sustento que a vida termina No último suspiro. Em certo sentido, minha Gestação Foi o início da História Universal. Mas nada disso importa a um morto. Então, quando eu morrer, Se tudo continuar por aqui, Podem mesmo esquecer que existi, Até que, um dia, enfim, Vocês não existam também.

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SOBRE O AUTOR

Cesar Nascimento nasceu no Rio de Janeiro, em 1972, e viveu em vários países, como diplomata de carreira. Sua paixão pela literatura vem desde a infância e sua mãe diz que veio dela. Quem saberá a verdade? Publicou seu primeiro volume de poemas, The Remaining Difficulty, em 2012. Além de escrever, é apaixonado por fotografia.

Leia mais poemas em http://cesarnascimento.com/pt/ Visite a página de fotografia em: http://photography.cesarnascimento.com https://www.facebook.com/CesarNascimento.author [email protected]

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Outros livros do autor:

Nuvem

The Remaining Difficulty

Lessness and More