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Mente Hebraica x Greco-Romana
Publicado em outubro 12, 2013 por raízes hebraicas
Lógica em bloco
Mente Hebraica x Grego-Romana
Com referência ao artigo “Mente Hebraica x Grego-Romana (integra)”
http://raizeshebraicas.com/2013/10/12/mente-hebraica-x-grego-romana-integra/ esse artigo
expande um pouco mais o aspeto: “lógica em bloco”
A mente Greco-Romana que influenciou de forma significativa todos os aspetos da vida
ocidental deste a religião até a construção civil, como regra argumenta problemas começando
com uma premissa. A premissa em lógica é um conjunto de uma ou mais de uma sentença
declarativa que é acompanhada de uma outra frase declarativa que é a conclusão. A verdade
da conclusão é uma consequência lógica das premissas que a antecederam. Toda premissa,
pode ser verdadeira ou falsa, bem como a conclusão, não aceitando jamais a ambiguidade.
Portanto, as frases que apresentam uma premissa são referidas como verdadeiras ou falsas
válidas ou inválidas, portanto, devem ser portadoras da verdade. Portanto resultado é preto
ou branco, não há espaço para ambiguidade ou área cinza.
Em contraste a mente Hebraica também faz uso da lógica em bloco, cada assunto é
expressado em unidades individuais mas esses blocos não necessariamente se encaixam
logicamente or harmoniosamente com outros aspetos da vida especialmente quando se trata
da perspetiva do homem em relação a verdade e a perspetiva divina. Esse forma de
pensamento cria a tendência para o paradoxo, antinomia ou aparente contradição, o bloco se
mantém em constante tensão, frequentemente nos parece irracional e cria-se a polaridade, o
resultado tornando-se cinza em vez de preto e branco, resultando em ambiguidade.
Essa tensão é particularmente rejeitada pela mente ocidental cujo padrão de pensamentos
foram influenciados pela lógica Grego-Romana. Quando abrimos as escrituras hebraicas somos
convidados a mergulhar no mundo oriental do oriente médio, precisamos passar por uma
“conversão” intelectual a fim de fazer algum sentido dos textos, de outra forma
inevitavelmente equívocos de interpretação irão ocorrer e consequentemente erros no
comportamento.
Vamos observar alguns exemplos de lógica em bloco na perspetiva hebraica:
Êxodo 8:15, 7:3 diz que Faraó endureceu o coração mas também diz que o Senhor endureceu o
coração de Faraó.
Isa 45:7, Hab 3:2 os profetas dizem que o Senhor é misericordioso e se ira.
João 1:29, 36, Apoc 5:5 se referem a Jesus como “cordeiro de D-us” e “leão da tribo de Judá”.
Judas 1:13, Apoc 19:20 se referem ao inferno como “negrura das trevas” e “logo de fogo
ardente”
Em relação a salvação o Senhor Jesus disse: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a
mim de maneira nenhuma o lançarei fora”João 6:37 e “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que
me enviou o não trouxer” João 6:44.
Em Mateus 10:39, “Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de
mim, achá-la-á.
Em 2 Coríntios 12:10, “Porque quando estou fraco então sou forte”
Em Lucas 14:11, “Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que
a si mesmo se humilhar será exaltado”
Em Romanos 9:13 “Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú” como referencia ao texto
original em Malaquias 1:3 “E odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua
herança aos chacais do deserto” muitos mais outros exemplos podem ser achados tanto no
“velho” como no novo testamento.
Algumas considerações da lógica me bloco podem levar ao leitor a ter a impressão que a
soberania de D-us e a responsabilidade humana são incompatíveis. Para a mente hebraica
entretanto tal violação não ocorre pois eles veem suas escolhas sendo uma forma de
cumprimento da “vontade” divina. Nos trechos bíblicos que tratam da “predestinação-eleição”
e “livre arbítrio” não podemos desconsiderar que D-us é soberano e ao mesmo tempo homem
é senhor (soberano) do seu “destino” porque D-us nunca o forcará a servi-lo.
Samuel Sandmel em seu livro “Judaism and Christian beginnings” pagina 226, ele diz:
“A visão de que o destino de cada ser humano é destinado por D-us é superficialmente similar
a visão grega de “sorte”. Conforme definição grega, sorte é uma forca sega que dita o que
acontece aos homens assim como aos deuses gregos e que não pode ser alterada. De forma
similar a predestinação condena ou salva alguém, a diferença é que essa força é chamada D-
us.
A visão hebraica, talvez podemos chamar de providencia, nunca conclui que o futuro é
inalterado porque esse visão contraria a omnipotência e misericórdia de D-us, nem tira a
responsabilidade do livre arbítrio do homem.
Como o Rabbi Akiba disse: (Tudo dependente da providência de D-us ao mesmo tempo o
homem tem livre arbítrio). O Destino do homem é proposto por D-us mas pode ser alterado, a
oração é uma forma de alteração”
A mente hebraica é capaz de administrar bem essa tensão dinâmica e paradoxal sem ter que
dar uma resposta exata, preto ou branco. A ambiguidade é bem-vinda.
Atenta para a obra de Deus; porque quem poderá endireitar o que ele fez torto? Eclesiastes
7:13
Baseado do Livro “Our Father Abraham” de Marvim R Wilson. pg 150.
(Encorajo aos que entendem inglês a ler esse livro)
Tradução livre A.S.A.
Mente Hebraica x Mente Grego-Romana
Introdução:
A Bíblia no original é, humanamente falando, um produto da mente hebraica. A primeira
manifestação original do que hoje chamamos de “Igreja” foi também uma expressão da mente
hebraica. Em algum ponto na história eclesiástica, alguém abandonou o projeto inicial dentro
do contexto hebraico comum aos dias de Yeshua e o substituiu por um não-hebraico,
precisamente Grego/Romano. Como resultado, o que foi construído desde então tornou-se
uma caricatura do que se pretendia. Em muitos aspectos tornou-se antagônica aos milênios de
historia, cultura e tradição oral herdada por gerações anteriores.
Vamos analisar algumas das diferenças fundamentais na mentalidade dos hebreus dos tempos
bíblicos em contraste com a forma helenística (grego-romana) de pensar que deu surgimento a
maior parte da teologia cristã.
William Barrett, explica diferenças fundamentais entre a mente Hebraica e Helenística: Fazer x
Saber. Diz Barrett, “A distinção … é decorrente da diferença entre o fazer e o saber, a Hebraica
está preocupada com a prática do comportamento correto que é de suma relevância, em
contraste, a Helenística se preocupa com o conhecimento, o saber tem relevância sobre o
fazer. Sendo assim a Hebraica exalta as virtudes morais como uma substância superior para
uma vida significativa, e a Helenística exalta as virtudes intelectuais, o contraste é entre a
prática e a teoria, entre o homem moral e o homem teórico-intelectual.
Isso talvez ajude a explicar o por que para muitas igrejas cristãs seu foco está nas questões
ortodoxas doutrinaria, o número de denominações cristãs que existe é uma prova concreta
disso. Todas crêem nos mesmos princípios básicos, mas divergem e se separam ao ponto de
não terem comunhão pelas mínimas diferenças doutrinarias, mostrando que a “doutrina
correta” e mais importante do que comunhão com um irmão de uma persuasão diferente da
sua.
No judaísmo bíblico, é justamente o oposto. Como Dennis Prager escreveu:
“… a crença em D-us e o agir eticamente deve ser indissociáveis, indispensável… D-us exige um
comportamento correto mais do que qualquer outra coisa, incluindo liturgia a crença correta.”
Foram cristãos gentios influenciados pela filosofia grega que intelectualizaram e
sistematizaram a doutrina cristã. O pior de tudo e que eles mudaram essa doutrina de forma
radical. Os hebreus dos dias de Yeshua e logo a seguir a era apostólica da Igreja Judaica não
tinham teologia formal ou sistematizada. A “igreja primitiva” não tinha hierarquia arraigada ou
magistério por meio do qual toda a doutrina tinha de ser filtrada e aprovada.
O que os apóstolos ensinavam sobre um determinado assunto era aprendido diretamente de
Yeshua que por sua vez tinha retirado da Torah ou Lei de Moisés, como também aprendido
com as tradições orais e experiências coletivas do povo judeu. Eles determinavam Halacha
(como andar) diretamente das interpretações dos mestres em suas comunidades. A medida
que as circunstâncias mudavam eles recorriam a interpretação da Torah (Pentateuco) e
determinavam a ação a ser tomada (Halacha) (cf. Mateus 18:18). Atos 15 fornece um relato de
como, no mínimo, um ensinamento sobre requisitos para crentes gentios foi formado por volta
de 50 e.c. Observe a natureza participativa da discussão, todos os membros da Congregação
Nazarena participaram (Atos 15:4,12,22), e não apenas uma elite estava envolvida nas
decisões.
Em círculos cristãos tradicionais muitas vezes é mais importante acreditar e abraçar “a coisa
certa ou doutrina correta”, do que viver da maneira certa. Alguns são obcecados com credos,
declarações doutrinais, teologia sistemática e ortodoxia contra a heresia, esse modo de pensar
é 100% helenístico.
Para muitos de nós, ocidentais, a mentalidade hebraica é tão estranha e impossível de
compreender que ao estudar as escrituras hebraicas rapidamente pulamos de volta para a
zona de conforto do molde helenístico. Naturalmente ao tentarmos interpretar o texto
hebraico com nossa ótica ocidental (helenística) de interpretação consequentemente será no
mínimo distorcida. Note que a maior parte do Tanach ou velho testamento foi escrito em
hebraico e há fortes indícios de que os evangelhos foram originalmente escritos em
hebraico/aramaico e depois traduzidos para grego, de qualquer forma todos os livros do novo
testamento foram escritos por judeus, portanto foram escritos por pessoas que pensavam de
forma hebraica apesar de terem usado outra língua (grego).
Por exemplo, em termos de tempos “proféticos” aqui novamente mostra-se o conceito
helenístico de tempo – Inicio-meio-fim – pontos numa trajetória linear. Queremos saber a
ordem sequencial quando D-us vai agir, criamos um cronograma pré-ordenado dos
acontecimentos e queremos eliminar os eventos do nosso “calendário profético” a medida que
eles vão acontecendo. Essa mentalidade é alienígena para a mente hebraica, para ela, não
interessa a seqüência exata dos acontecimentos, o que interessa é que D-us vai agir, a leitura
do tempo é cíclica e não linear.
Na teologia ocidental, às vezes abandona-se a interpretação literal das Escrituras em favor de
interpretações alegóricas. Isso também é tipicamente grego-romano. Interpretação alegórica
abre portas para uma infinidade de exposições “criativas” que deixam o estudante das
Escrituras confuso e desorientado.
Mente Hebraica x Mente Grego/Romana Parte 2
Principais diferenças entre mente Grego-Romana e Hebraica.
Obs:. Legendas: GR= Mente Grego/Romana; H= Mente Hebraica
GR – A vida é analisada em categorias precisas.
H – Toda a vida se mistura em todos aspectos.
GR – Uma divisão clara entre o natural e o supernatural
H – O supernatural afeta toda a vida.
GR – Lógica linear.
H – Lógica em bloco e ciclica.
GR – Individualismo
H – Importância em ser parte do grupo
GR – Igualdade das pessoas
H -Valor vem de um lugar em hierarquias
GR – A concorrência é boa
H – A competição é mal (melhor cooperação)
GR – Universo é centrado no homem
H – Universo é centrado em D-us-tribo-família
GR - Valor da pessoa com base em dinheiro-bens materiais-poder
H – Valor derivado das relações familiares
GR – Vida biológica é sagrada
H – A vida social extremamente importante
GR – Aleatoriedade + causa & efeito determinam o que acontece na vida
H – D-us causa tudo em seu universo
GR – Homem domina natureza através da compreensão e aplicação das leis da ciência
H – D-us domina tudo, portanto, relacionamento com Ele determina o resultado dos
acontecimentos.
GR – Poder é obtido por meio dos negócios, da política e influências.
H – Poder social é resultado de padrões pré-ordenados por D-us.
GR – Tudo o que existe é o material
H – O universo está repleto de seres espirituais poderosos
GR – O Tempo é linear e dividido em segmentos precisos. Cada evento é um novo
acontecimento.
H – O Tempo é cíclico. Eventos similares constantemente reaparecem, (O que foi, isso é o que
há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Ecl 1:9)
GR – A História grava fatos objetivos e cronológicos.
H – A história é uma tentativa de preservar verdades significativas de forma significativa e
memorável, não necessariamente fatos são objetivos.
GR – Orientação para o futuro próximo.
H – Orientação para as lições da história.
GR – A mudança é progresso = bom.
H – A mudança é ruim = destruição das tradições.
GR – Universo evoluiu pelo acaso.
H – Universo criado por D-us.
GR – Universo é dominado e controlado pela ciência e tecnologia
H – D-us deu ao homem domínio sobre sua criação, mas haverá Prestação de contas a D-us.
GR – Bens materiais = medida de realização pessoal.
H – Bens materiais = bênção de D-us para ser compartilhado com outros.
GR – A fé é cega
H – A fé é baseada no conhecimento – experiência pessoal e em grupo
GR – Tempo como pontos em uma linha reta, inicio-meio-fim (“neste momento no tempo …”)
H – Tempo determinado pelo conteúdo (“No dia em que o Senhor fez …”)
Mente Hebraica x Mente Grego/Romana Parte 3
Ao abordarmos as Escrituras Hebraicas com nossa mente Grego-Romana que é altamente
científica sem a devida consideração podemos produzir distorções exegéticas grotescas. Ao
tentar entender a cultura hebraica dos dias bíblicos assim como aqueles que viviam nesse
tempo vamos experimentar um choque cultural devido a diferença cultural e visão do mundo,
seus padrões de pensamento eram bastante distinta do nosso, seus valores e percepções eram
radicalmente diferente. A Bíblia foi escrita em uma era pré-científica. A língua hebraica em si é
bastante diferente do nosso em muitos aspectos infelizmente muito foi perdido na tradução.
Quando estudamos as Escrituras, ou quando consideramos a natureza do início do Novo
Testamento na comunidade nazarena, temos de levar em conta as diferenças entre o
pensamento hebraico e helenístico. Intelectualmente, nós somos gregos, não hebreus. Nós
aplicamos raciocínio baseado nas teorias de Aristóteles e Sócrates em quase tudo que
analisamos, mesmo não tenho consciência, devido ao método de ensino que fomos
submetidos toda a nossa vida através da cultura em que vivemos. É extremamente difícil se
desvincular desses padrões e entrar na mente hebraica. Temos uma certa insistência em
analisar tudo em padrões logicamente consistentes, em sistematizá-los, em organizá-los,
teologias cuidadosamente fundamentadas. Não conseguimos conviver com inconsistência ou
contradição confortavelmente. A Divindade tem que ser bem definida e estruturada
rejeitamos a idéia hebraica de que D-us é simplesmente inefável, e que o Seu livro não se
encaixa em nossa sistematização. Como Abraham Heschel escreveu:
“Ao tentar sistematizar a Bíblia, que é cheia de vida, drama e tensão, a uma série de princípios
seria como tentar reduzir uma pessoa viva a um diagrama” – Livro – D-us em Busca do Homem
por Abraham Heschel, p. 20.
A mente ocidental, quando procura compreender as Escrituras ou o que significa ser um
“cristão”, cria seus próprios dilemas exegéticos e teológicos. (“Se D -us é todo-poderoso,
poderia ele criar uma pedra tão pesada que não conseguiria levantar?” Ou “Se D -us é amor,
então por que ele permite que o mal aconteça …?”) Incansavelmente tentamos organizar tudo
em blocos gerenciáveis e estruturas intelectuais, queremos que todas as perguntas sejam
respondidas, todos os problemas sejam resolvidos, e todas as contradições resolvidas.
Em nossa busca incessante de transformar as Escrituras em um livro sistematizado de
respostas teológicas sobre D-us, acabamos distorcendo seu conteúdo. Procuramos entender o
incompreensível, D-us; tentamos transformar o abstrato em concreto. Mas, “Para a mente
judaica, o entendimento de D-us não é alcançado referindo-se dentro do modo grego de
qualidades intemporais de um ser supremo, ou idéias de bondade e perfeição mas sim
experimentando Seu cuidado no nosso dia-a-dia, Sua atenção aos pormenores de nossa vida
de forma dinâmica. Não ha muita importância em falar de sua bondade mas a ênfase é posta
em Sua compaixão para com o homem individualmente.”(Heschel, p. 21). Em outras palavras,
D-us não é “conhecido” no abstrato, mas em situações específicas em que Ele afirma -se como
D-us sobre a vida de cada um. D-us é o que Ele se revelou, não o que teorizamos a Seu
respeito. Vemos Sua interação com o povo de Israel por milhares de anos baseado em
experiências tangíveis na vida de indivíduos.
Se quisermos entender a Bíblia, e o que significa ser um seguidor de Yeshua haMashiach,
então teremos que entende-la Hebraicamente, não Helenisticamente. Isso vai exigir uma
mudança de paradigma filosófico e intelectual de nossa parte, isso vai significar abordar as
escrituras a partir de um ângulo totalmente diferente.
Heschel também escreve: “Os gregos aprendiam a fim de compreender. Os hebreus
aprendiam a fim de reverenciar. O homem moderno aprende a fim de usar” (ibid., p. 34).
Mente Hebraica x Mente Grego/Romana Parte 4
CONCLUSÃO:
Queremos uma religião de utilidade. Queremos técnicas que podem ser aplicadas conforme
cada situação que experimentamos. Nós vemos muito “técnica orientadas” na igreja hoje em
dia, como: 3 passos para crescer espiritualmente, 10 mais de ter um bom relacionamento,
etc…
Queremos técnicas para a compreensão, sistematização e estruturação do “calendário
profético” para que possamos saber “o que vai acontecer a seguir”. Algumas pessoas querem
saber para que elas possam ter algo para comercializar a outros cristãos que também querem
saber. Estes são os que procuram ganhar com a “piedade” ou religião (cf. I Timóteo 6:5).
Buscamos “técnicas cristãs” de cura interior, cura exterior, prosperidade financeira, ou para
receber poder espiritual. Esta maneira de pensar é alheia a mente hebraica.
Em nossa cultura, temos comercializado tudo, incluindo o cristianismo. Infelizmente não
pregamos o Evangelho, curamos os enfermos, expulsamos os demônios e fazemos discípulos –
muitos aplicam boa partes dos seus esforços vendendo parafernália “cristã” folhetos e
bugigangas. Fazemos música, não para adorar a Deus, mas para vender CDs. Evangelistas são
escolhidos para pregar porque “sabem atrair multidões”, o poder ministerial foi
comercializado e politizado, tanto quanto a de políticos regulares. Editoras cristãs publicar
livros de celebridades cristãos – não porque eles são bem escritos, ou porque dizem algo
importante, mas porque eles vão vender e fazer dinheiro.
Nos dias em que o movimento de Yeshua era conhecido como a “seita dos nazarenos” (Atos
24:5,14), ser um nazareno(Notzeri em hebraico) estava relacionado diretamente com sua
proximidade com D-us e com o próximo (Mateus 22:36-38; João 13:34-35). Nos séculos
posteriores entretanto demos menos importância aos relacionamentos e ao mesmo tempo
intelectualizamos e politizamos a fé. Essas influências deletérias mudaram radicalmente a
natureza da Igreja. O espírito anti-judaísmo e mais tarde o anti-semitismo destruiu a
personalidade original da igreja em muitos aspectos. Isso explica por que é tão difícil para
muitos entender a Bíblia como um todo, velho e novo Testamento em harmonia.
Surpreendentemente no meio cristão sabe-se muito pouco sobre os 4 primeiros séculos da
historia da igreja, que era predominantemente composta de Judeus que continuavam a
guardar o sábado e ir as sinagogas, celebrar as Festas bíblicas e eventos relacionados à cultura
judaica assim como Yeshua o fez toda a sua vida. Nos seminários dá-se muita ênfase a historia
da igreja depois do quarto século, período em que boa parte da sua essência fora corrompida
por vários fatores históricos e culturais, um deles em destaque foi a “cristianização” do
império romano por Constantino em 321 por intermédio do Édito de Constantino que
determinou oficialmente o domingo como dia de “santo”, dia do deus sol (padroeiro de
Constantino) venerado por povos pagãos desde o Egito antigo.
Para realmente entender o que significa ser um seguidor de Yeshua, deve-se voltar às raízes
hebraicas de seu movimento, e dos documentos que agora se referem como “O Novo
Testamento” que na verdade eram conhecidos no período dos apóstolos como Ketuvim
Notzerim(escritos nazarenos).
Shalom Alecha!
Autor: Brian Knowles
Tradução: A S A
Por Rosh Notzeri: Yosef Ben Avraham
Mente Hebraica x Grego-Romana (integra)
Publicado em outubro 12, 2013 por raizes hebraicas
Mente Hebraica x Grego-Romana
Parte 1
A Bíblia no original é, humanamente falando, um produto da mente hebraica. A primeira
manifestação original do que hoje chamamos de “Igreja” foi também uma expressão da mente
hebraica. Em algum ponto na história eclesiástica, alguém abandonou o projeto inicial dentro
do contexto hebraico comum aos dias de Jesus e o substituiu por um não-hebraico,
precisamente Grego/Romano. Como resultado, o que foi construído desde então tornou-se
uma caricatura do que se pretendia. Em muitos aspectos tornou-se antagônica aos milênios de
historia, cultura e tradição oral herdada por gerações anteriores.
Vamos analisar algumas das diferenças fundamentais na mentalidade dos hebreus dos tempos
bíblicos em contraste com a forma helenística (grego-romana) de pensar que deu surgimento a
maior parte da teologia cristã.
William Barrett, explica diferenças fundamentais entre a mente Hebraica e Helenística: Fazer x
Saber. Diz Barrett, “A distinção … é decorrente da diferença entre o fazer e o saber, a Hebraica
está preocupada com a prática do comportamento correto que é de suma relevância, em
contraste, a Helenística se preocupa com o conhecimento, o saber tem relevância sobre o
fazer. Sendo assim a Hebraica exalta as virtudes morais como uma substância superior para
uma vida significativa, e a Helenística exalta as virtudes intelectuais, o contraste é entre a
prática e a teoria, entre o homem moral e o homem teórico-intelectual.
Isso talvez ajude a explicar o por que para muitas igrejas cristãs seu foco está nas questões
ortodoxas doutrinaria, o número de denominações cristãs que existe é uma prova concreta
disso. Todas crêem nos mesmos princípios básicos mas divergem e se separam ao ponto de
não terem comunhão pelas mínimas diferenças doutrinarias, mostrando que a “doutrina
correta” e mais importante do que comunhão com um irmão de uma persuasão diferente da
sua.
No judaísmo bíblico, é justamente o oposto. Como Dennis Prager escreveu: “… a crença em D -
us e o agir eticamente deve ser indissociáveis, indispensável… D-us exige um comportamento
correto mais do que qualquer outra coisa, incluindo liturgia a crença correta.”
Foram cristãos gentios influenciados pela filosofia grega que intelectualizaram e
sistematizaram a doutrina cristã. O pior de tudo e que eles mudaram essa doutrina de forma
radical. Os hebreus dos dias de Jesus e logo a seguir a era apostólica da Igreja não tinham
teologia formal ou sistematizada. A “igreja primitiva” não tinha hierarquia arraigada ou
magistério por meio do qual toda a doutrina tinha de ser filtrada e aprovada.
O que os apóstolos ensinavam sobre um determinado assunto era aprendido diretamente de
Jesus, aprendido com as tradições orais e experiências coletivas do povo judeu. Eles
determinavam Halakha (como andar) diretamente das interpretações dos mestres em suas
comunidades. A medida que as circunstâncias mudavam eles recorriam a interpretação da
Torá (Pentateuco) e determinavam a ação a ser tomada (Halakha) (cf. Mateus 18:18). Atos 15
fornece um relato de como, no mínimo, um ensinamento sobre requisitos para crentes gentios
foi formado por volta de 50 DC. Observe a natureza participativa da discussão, todos os
membros da Igreja participaram (Atos 15:4,12,22), e não apenas uma elite estava envolvida
nas decisões.
Em círculos cristãos tradicionais muitas vezes é mais importante acreditar e abraçar “a coisa
certa ou doutrina correta”, do que viver da maneira certa. Alguns são obcecados com credos,
declarações doutrinais, teologia sistemática e ortodoxia contra a heresia, esse modo de pensar
é 100% helenístico.
Para muitos de nós, ocidentais, a mentalidade hebraica é tão estranha e impossível de
compreender que ao estudar as escrituras hebraicas rapidamente pulamos de volta para a
zona de conforto do molde helenístico. Naturalmente ao tentarmos interpretar o texto
hebraico com nossa ótica ocidental (helenística) de interpretação consequentemente será no
mínimo distorcida. Note que a maior parte do velho testamento foi escrito em hebraico e há
fortes indícios de que os evangelhos foram originalmente escritos em hebraico e depois
traduzidos para grego, de qualquer forma todos os livros do novo testamento foram escritos
por judeus, portanto foram escritos por pessoas que pensavam de forma hebraica apesar de
terem usado outra língua (grego).
Por exemplo, em termos de tempos “proféticos” aqui novamente mostra-se o conceito
helenístico de tempo – Inicio-meio-fim – pontos numa trajetória linear. Queremos saber a
ordem sequencial quando D-us vai agir, criamos um cronograma pré-ordenado dos
acontecimentos e queremos eliminar os eventos do nosso “calendário profético” a medida que
eles vão acontecendo. Essa mentalidade é alienígena para a mente hebraica, para ela, não
interessa a seqüência exata dos acontecimentos, o que interessa é que D-us vai agir, a leitura
do tempo é cíclica e não linear.
Na teologia ocidental, às vezes abandona-se a interpretação literal das Escrituras em favor de
interpretações alegóricas. Isso também é tipicamente grego-romano. Interpretação alegórica
abre portas para uma infinidade de exposições “criativas” que deixam o estudante das
Escrituras confuso e desorientado.
Parte 2
Principais diferenças entre mente Grego-Romana e Hebraica.
GR – A vida é analisada em categorias precisas.
H – Toda a vida se mistura em todos aspectos.
GR – Uma divisão clara entre o natural e o supernatural
H – O supernatural afeta toda a vida.
GR – Lógica em bloco com uma única solução como resultado final .
H – Lógica em bloco com varias soluções como resultado final dependendo da perspectiva.
GR – Leitura do tempo linear.
H – Leitura do tempo em forma ciclica.
GR – Orientação para o futuro próximo.
H – Orientação para as lições da história.
GR – O Tempo é linear e dividido em segmentos precisos. Cada evento é um novo
acontecimento.
H – O Tempo é cíclico. Eventos similares constantemente reaparecer, (O que foi, isso é o que
há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Ecl 1:9)
GR – Individualismo
H – Importância em ser parte do grupo
GR – Igualdade das pessoas
H -Valor vem de um lugar em hierarquias
GR – A concorrência é boa
H – A competição é mal (melhor cooperação)
GR – Universo é centrado no homem
H – Universo é centrado em D-us-tribo-família
GR – Valor da pessoa com base em dinheiro-bens materiais-poder
H – Valor derivado das relações familiares
GR – Vida biológica é sagrada
H – A vida social extremamente importante
GR – Aleatoriedade + causa & efeito determinam o que acontece na vida
H – D-us causa tudo em seu universo
GR – Homem domina natureza através da compreensão e aplicação das leis da ciência
H – D-us domina tudo, portanto, relacionamento com Ele determina o resultado dos
acontecimentos.
GR – Poder é obtido por meio dos negócios, da política e influências.
H – Poder social é resultado de padrões pré-ordenados por D-us.
GR – Tudo o que existe é o material
H – O universo está repleto de seres espirituais poderosos
GR – A História grava fatos objetivos e cronológicos.
H – A história é uma tentativa de preservar verdades significativas de forma significativa e
memorável, não necessariamente fatos são objetivos.
GR – A mudança é progresso = bom.
H – A mudança é ruim = destruição das tradições.
GR – Universo evoluiu pelo acaso.
H – Universo criado por D-us.
GR – Universo é dominado e controlado pela ciência e tecnologia
H – D-us deu ao homem domínio sobre sua criação mas haverá Prestação de contas a D-us.
GR – Bens materiais = medida de realização pessoal.
H – Bens materiais = bênção de D-us para ser compartilhado com outros.
GR – A fé cega
H – A fé é baseada no conhecimento – experiência pessoal e em grupo
GR – Tempo como pontos em uma linha reta, inicio-meio-fim (“neste momento no tempo …”
H – Tempo determinado pelo conteúdo (“No dia em que o Senhor fez …”)
Parte 3
Ao abordarmos as escrituras Hebraicas com nossa mente Grego-Romana que é altamente
científica sem a devida consideração podemos produzir distorções exegéticas grotescas. Ao
tentar entender a cultura hebraica dos dias bíblicos assim como aqueles que viviam nesse
tempo vamos experimentar um choque cultural devido a diferença cultural e visão do mundo,
seus padrões de pensamento eram bastante distinta do nosso, seus valores e percepções eram
radicalmente diferente. A Bíblia foi escrita em uma era pré-científica. A língua hebraica em si é
bastante diferente do nosso em muitos aspectos infelizmente muito foi perdido na tradução.
Quando estudamos as Escrituras, ou quando consideramos a natureza do início do Novo
Testamento na comunidade messiânica, temos de levar em conta as diferenças entre o
pensamento hebraico e helenístico. Intelectualmente, nós somos gregos, não hebreus. Nós
aplicamos raciocínio baseado nas teorias de Aristóteles e Sócrates em quase tudo que
analisamos, mesmo não tenho consciência, devido ao método de ensino que fomos
submetidos toda a nossa vida através da cultura em que vivemos. É extremamente difícil se
desvincular desses padrões e entrar na mente hebraica. Temos uma certa insistência em
analisar tudo em padrões logicamente consistentes, em sistematizá-los, em organizá-los,
teologias cuidadosamente fundamentadas. Não conseguimos conviver com inconsistência ou
contradição confortavelmente. A Divindade tem que ser bem definida e estruturada
rejeitamos a idéia hebraica de que D-us é simplesmente inefável, e que o Seu livro não se
encaixa em nossa sistematização. Como Abraham Heschel escreveu: “Ao tentar sistematizar a
Bíblia, que é cheia de vida, drama e tensão, a uma série de princípios seria como tentar reduzir
uma pessoa viva a um diagrama” – Livro – D-us em Busca do Homem por Abraham Heschel, p.
20.
A mente ocidental, quando procura compreender as Escrituras ou o que significa ser um
“cristão”, cria seus próprios dilemas exegéticos e teológicos. (“Se D -us é todo-poderoso,
poderia ele criar uma pedra tão pesada que não conseguiria levantar?” Ou “Se D -us é amor,
então por que ele permite que o mal aconteça …?”) Incansavelmente tentamos organizar tudo
em blocos gerenciáveis e estruturas intelectuais, queremos que todas as perguntas sejam
respondidas, todos os problemas sejam resolvidos, e todas as contradições resolvidas.
Em nossa busca incessante de transformar as Escrituras em um livro sistematizado de
respostas teológicas sobre D-us, acabamos distorcendo seu conteúdo. Procuramos entender o
incompreensível, D-us; tentamos transformar o abstrato em concreto. Mas, “Para a mente
judaica, o entendimento de D-us não é alcançado referindo-se dentro do modo grego de
qualidades intemporais de um ser supremo, ou idéias de bondade e perfeição mas sim
experimentando Seu cuidado no nosso dia-a-dia, Sua atenção aos pormenores de nossa vida
de forma dinâmica. Não ha muita importância em falar de sua bondade mas a ênfase é posta
em Sua compaixão para com o homem individualmente.”(Heschel, p. 21). Em outras palavras,
D-us não é “conhecido” no abstrato, mas em situações específicas em que Ele afirma -se como
D-us sobre a vida de cada um. D-us é o que Ele se revelou, não o que teorizamos a Seu
respeito. Vemos Sua interação com o povo de Israel por milhares de anos baseado em
experiências tangíveis na vida de indivíduos.
Se quisermos entender a Bíblia, e o que significa ser um seguidor de Yeshua ha Mashiach
(Jesus, o Messias), então teremos que entende-la Hebraicamente, não Helenisticamente. Isso
vai exigir uma mudança de paradigma filosófico e intelectual de nossa parte, isso vai significar
abordar as escrituras a partir de um ângulo totalmente diferente.
Heschel também escreve: “Os gregos aprendiam a fim de compreender. Os hebreus
aprendiam a fim de reverenciar. O homem moderno aprende a fim de usar” (ibid., p. 34).
Parte 4
Queremos uma religião de utilidade. Queremos técnicas que podem ser aplicadas conforme
cada situação que experimentamos. Nós vemos muito “técnica orientadas” na igreja hoje em
dia, como: 3 passos para crescer espiritualmente, 10 mais de ter um bom relacionamento,
etc…
Queremos técnicas para a compreensão, sistematização e estruturação do “calendário
profético” para que possamos saber “o que vai acontecer a seguir”. Algumas pessoas querem
saber para que elas possam ter algo para comercializar a outros cristãos que também querem
saber. Estes são os que procuram ganhar com a “piedade” ou religião (cf. I Timóteo 6:5).
Buscamos “técnicas cristãs” de cura interior, cura exterior, prosperidade financeira, ou para
receber poder espiritual. Esta maneira de pensar é alheia a mente hebraica.
Em nossa cultura, temos comercializado tudo, incluindo o cristianismo. Infelizmente não
pregamos o Evangelho, curamos os enfermos, expulsamos os demônios e fazemos discípulos –
muitos aplicam boa partes dos seus esforços vendendo parafernália “cristã” folhetos e
bugigangas. Fazemos música, não para adorar a Deus, mas para vender CDs. Evangelistas são
escolhidos para pregar porque “sabem atrair multidões”, o poder ministerial foi
comercializado e politizado, tanto quanto a de políticos regulares. Editoras cristãs publicar
livros de celebridades cristãos – não porque eles são bem escritos, ou porque dizem algo
importante, mas porque eles vão vender e fazer dinheiro.
Nos dias em que o movimento de Jesus era conhecido como a “seita dos nazarenos” (Atos
24:5,14), ser um “cristão” estava relacionado diretamente com sua proximidade com Deus e
com o próximo (Mateus 22:36-38; João 13:34-35). Nos séculos posteriores entretanto demos
menos importância aos relacionamentos e ao mesmo tempo intelectualizamos e politizamos a
fé. Essas influências deletérias mudaram radicalmente a natureza da Igreja. O espírito anti-
judaísmo e mais tarde o anti-semitismo destruiu a personalidade original da igreja em muitos
aspectos. Isso explica por que é tão difícil para muitos entender a Bíblia como um todo, velho e
novo Testamento em harmonia.
Surpreendentemente no meio cristão sabe-se muito pouco sobre os 4 primeiros séculos da
historia da igreja, que era predominantemente composta de Judeus que continuavam a
guardar o sábado e ir as sinagogas assim como Jesus o fez toda a sua vida. Nos seminários dá-
se muita ênfase a historia da igreja depois do quarto século, período em que boa parte da sua
essência fora corrompida por vários fatores históricos e culturais, um deles em destaque foi a
“cristianização” do império romano por Constantino em 321 por intermédio do Édito de
Constantino que determinou oficialmente o domingo como dia de “santo”, dia do deus sol
(padroeiro de Constantino) venerado por povos pagãos desde o Egito antigo.
Para realmente entender o que significa ser um seguidor de Yeshua, (Jesus) deve-se voltar às
raízes hebraicas de seu movimento, e dos documentos que agora se referem como “O Novo
Testamento”.
FIM
Autor: Brian Knowles
Tradução: A S A
Mente Hebraica x Grego/Romana Parte 1
A Bíblia no original é, humanamente falando, um produto da mente hebraica. A primeira
manifestação original do que hoje chamamos de “Igreja” foi também uma expressão da mente
hebraica. Em algum ponto na história eclesiástica, alguém abandonou o projeto inicial dentro
do contexto hebraico comum aos dias de Jesus e o substituiu por um não-hebraico,
precisamente Grego/Romano. Como resultado, o que foi construído desde então tornou-se
uma caricatura do que se pretendia. Em muitos aspectos tornou-se antagônica aos milênios de
historia, cultura e tradição oral herdada por gerações anteriores.
Vamos analisar algumas das diferenças fundamentais na mentalidade dos hebreus dos tempos
bíblicos em contraste com a forma helenística (grego-romana) de pensar que deu surgimento a
maior parte da teologia cristã.
William Barrett, explica diferenças fundamentais entre a mente Hebraica e Helenística: Fazer x
Saber. Diz Barrett, “A distinção … é decorrente da diferença entre o fazer e o saber, a Hebraica
está preocupada com a prática do comportamento correto que é de suma relevância, em
contraste, a Helenística se preocupa com o conhecimento, o saber tem relevância sobre o
fazer. Sendo assim a Hebraica exalta as virtudes morais como uma substância superior para
uma vida significativa, e a Helenística exalta as virtudes intelectuais, o contraste é entre a
prática e a teoria, entre o homem moral e o homem teórico-intelectual.
Isso talvez ajude a explicar o por que para muitas igrejas cristãs seu foco está nas questões
ortodoxas doutrinaria, o número de denominações cristãs que existe é uma prova concreta
disso. Todas crêem nos mesmos princípios básicos mas divergem e se separam ao ponto de
não terem comunhão pelas mínimas diferenças doutrinarias, mostrando que a “doutrina
correta” e mais importante do que comunhão com um irmão de uma persuasão diferente da
sua.
No judaísmo bíblico, é justamente o oposto. Como Dennis Prager escreveu: “… a crença em D-
us e o agir eticamente deve ser indissociáveis, indispensável… D-us exige um comportamento
correto mais do que qualquer outra coisa, incluindo liturgia a crença correta.”
Foram cristãos gentios influenciados pela filosofia grega que intelectualizaram e
sistematizaram a doutrina cristã. O pior de tudo e que eles mudaram essa doutrina de forma
radical. Os hebreus dos dias de Jesus e logo a seguir a era apostólica da Igreja não tinham
teologia formal ou sistematizada. A “igreja primitiva” não tinha hierarquia arraigada ou
magistério por meio do qual toda a doutrina tinha de ser filtrada e aprovada.
O que os apóstolos ensinavam sobre um determinado assunto era aprendido diretamente de
Jesus, aprendido com as tradições orais e experiências coletivas do povo judeu. Eles
determinavam Halakha (como andar) diretamente das interpretações dos mestres em suas
comunidades. A medida que as circunstâncias mudavam eles recorriam a interpretação da
Torá (Pentateuco) e determinavam a ação a ser tomada (Halakha) (cf. Mateus 18:18). Atos 15
fornece um relato de como, no mínimo, um ensinamento sobre requisitos para crentes gentios
foi formado por volta de 50 DC. Observe a natureza participativa da discussão, todos os
membros da Igreja participaram (Atos 15:4,12,22), e não apenas uma elite estava envolvida
nas decisões.
Em círculos cristãos tradicionais muitas vezes é mais importante acreditar e abraçar “a coisa
certa ou doutrina correta”, do que viver da maneira certa. Alguns são obcecados com credos,
declarações doutrinais, teologia sistemática e ortodoxia contra a heresia, esse modo de pensar
é 100% helenístico.
Para muitos de nós, ocidentais, a mentalidade hebraica é tão estranha e impossível de
compreender que ao estudar as escrituras hebraicas rapidamente pulamos de volta para a
zona de conforto do molde helenístico. Naturalmente ao tentarmos interpretar o texto
hebraico com nossa ótica ocidental (helenística) de interpretação consequentemente será no
mínimo distorcida. Note que a maior parte do velho testamento foi escrito em hebraico e há
fortes indícios de que os evangelhos foram originalmente escritos em hebraico e depois
traduzidos para grego, de qualquer forma todos os livros do novo testamento foram escritos
por judeus, portanto foram escritos por pessoas que pensavam de forma hebraica apesar de
terem usado outra língua (grego).
Por exemplo, em termos de tempos “proféticos” aqui novamente mostra-se o conceito
helenístico de tempo – Inicio-meio-fim – pontos numa trajetória linear. Queremos saber a
ordem sequencial quando D-us vai agir, criamos um cronograma pré-ordenado dos
acontecimentos e queremos eliminar os eventos do nosso “calendário profético” a medida que
eles vão acontecendo. Essa mentalidade é alienígena para a mente hebraica, para ela, não
interessa a sequência exata dos acontecimentos, o que interessa é que D-us vai agir, a leitura
do tempo é cíclica e não linear.
Na teologia ocidental, às vezes abandona-se a interpretação literal das Escrituras em favor de
interpretações alegóricas. Isso também é tipicamente grego-romano. Interpretação alegórica
abre portas para uma infinidade de exposições “criativas” que deixam o estudante das
Escrituras confuso e desorientado.
Autor: Brian Knowles
Tradução: A S A