Mente Hebraica x Grego.pdf

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Mente Hebraica x Greco-Romana Publicado em outubro 12, 2013 por raízes hebraicas Lógica em bloco Mente Hebraica x Grego-Romana Com referência ao artigo “Mente Hebraica x Grego-Romana (integra)” http://raizeshebraicas.com/2013/10/12/mente-hebraica-x-grego-romana-integra/ esse artigo expande um pouco mais o aspeto: “lógica em bloco” A mente Greco-Romana que influenciou de forma significativa todos os aspetos da vida ocidental deste a religião até a construção civil, como regra argumenta problemas começando com uma premissa. A premissa em lógica é um conjunto de uma ou mais de uma sentença declarativa que é acompanhada de uma outra frase declarativa que é a conclusão. A verdade da conclusão é uma consequência lógica das premissas que a antecederam. Toda premissa, pode ser verdadeira ou falsa, bem como a conclusão, não aceitando jamais a ambiguidade. Portanto, as frases que apresentam uma premissa são referidas como verdadeiras ou falsas válidas ou inválidas, portanto, devem ser portadoras da verdade. Portanto resultado é preto ou branco, não há espaço para ambiguidade ou área cinza. Em contraste a mente Hebraica também faz uso da lógica em bloco, cada assunto é expressado em unidades individuais mas esses blocos não necessariamente se encaixam logicamente or harmoniosamente com outros aspetos da vida especialmente quando se trata da perspetiva do homem em relação a verdade e a perspetiva divina. Esse forma de pensamento cria a tendência para o paradoxo, antinomia ou aparente contradição, o bloco se mantém em constante tensão, frequentemente nos parece irracional e cria-se a polaridade, o resultado tornando-se cinza em vez de preto e branco, resultando em ambiguidade. Essa tensão é particularmente rejeitada pela mente ocidental cujo padrão de pensamentos foram influenciados pela lógica Grego-Romana. Quando abrimos as escrituras hebraicas somos convidados a mergulhar no mundo oriental do oriente médio, precisamos passar por uma “conversão” intelectual a fim de fazer algum sentido dos textos, de outra forma inevitavelmente equívocos de interpretação irão ocorrer e consequentemente erros no comportamento. Vamos observar alguns exemplos de lógica em bloco na perspetiva hebraica: Êxodo 8:15, 7:3 diz que Faraó endureceu o coração mas também diz que o Senhor endureceu o coração de Faraó. Isa 45:7, Hab 3:2 os profetas dizem que o Senhor é misericordioso e se ira. João 1:29, 36, Apoc 5:5 se referem a Jesus como “cordeiro de D-us” e “leão da tribo de Judá”. Judas 1:13, Apoc 19:20 se referem ao inferno como “negrura das trevas” e “logo de fogo ardente”

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Mente Hebraica x Greco-Romana

Publicado em outubro 12, 2013 por raízes hebraicas

Lógica em bloco

Mente Hebraica x Grego-Romana

Com referência ao artigo “Mente Hebraica x Grego-Romana (integra)”

http://raizeshebraicas.com/2013/10/12/mente-hebraica-x-grego-romana-integra/ esse artigo

expande um pouco mais o aspeto: “lógica em bloco”

A mente Greco-Romana que influenciou de forma significativa todos os aspetos da vida

ocidental deste a religião até a construção civil, como regra argumenta problemas começando

com uma premissa. A premissa em lógica é um conjunto de uma ou mais de uma sentença

declarativa que é acompanhada de uma outra frase declarativa que é a conclusão. A verdade

da conclusão é uma consequência lógica das premissas que a antecederam. Toda premissa,

pode ser verdadeira ou falsa, bem como a conclusão, não aceitando jamais a ambiguidade.

Portanto, as frases que apresentam uma premissa são referidas como verdadeiras ou falsas

válidas ou inválidas, portanto, devem ser portadoras da verdade. Portanto resultado é preto

ou branco, não há espaço para ambiguidade ou área cinza.

Em contraste a mente Hebraica também faz uso da lógica em bloco, cada assunto é

expressado em unidades individuais mas esses blocos não necessariamente se encaixam

logicamente or harmoniosamente com outros aspetos da vida especialmente quando se trata

da perspetiva do homem em relação a verdade e a perspetiva divina. Esse forma de

pensamento cria a tendência para o paradoxo, antinomia ou aparente contradição, o bloco se

mantém em constante tensão, frequentemente nos parece irracional e cria-se a polaridade, o

resultado tornando-se cinza em vez de preto e branco, resultando em ambiguidade.

Essa tensão é particularmente rejeitada pela mente ocidental cujo padrão de pensamentos

foram influenciados pela lógica Grego-Romana. Quando abrimos as escrituras hebraicas somos

convidados a mergulhar no mundo oriental do oriente médio, precisamos passar por uma

“conversão” intelectual a fim de fazer algum sentido dos textos, de outra forma

inevitavelmente equívocos de interpretação irão ocorrer e consequentemente erros no

comportamento.

Vamos observar alguns exemplos de lógica em bloco na perspetiva hebraica:

Êxodo 8:15, 7:3 diz que Faraó endureceu o coração mas também diz que o Senhor endureceu o

coração de Faraó.

Isa 45:7, Hab 3:2 os profetas dizem que o Senhor é misericordioso e se ira.

João 1:29, 36, Apoc 5:5 se referem a Jesus como “cordeiro de D-us” e “leão da tribo de Judá”.

Judas 1:13, Apoc 19:20 se referem ao inferno como “negrura das trevas” e “logo de fogo

ardente”

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Em relação a salvação o Senhor Jesus disse: “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a

mim de maneira nenhuma o lançarei fora”João 6:37 e “Ninguém pode vir a mim, se o Pai que

me enviou o não trouxer” João 6:44.

Em Mateus 10:39, “Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de

mim, achá-la-á.

Em 2 Coríntios 12:10, “Porque quando estou fraco então sou forte”

Em Lucas 14:11, “Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que

a si mesmo se humilhar será exaltado”

Em Romanos 9:13 “Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú” como referencia ao texto

original em Malaquias 1:3 “E odiei a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua

herança aos chacais do deserto” muitos mais outros exemplos podem ser achados tanto no

“velho” como no novo testamento.

Algumas considerações da lógica me bloco podem levar ao leitor a ter a impressão que a

soberania de D-us e a responsabilidade humana são incompatíveis. Para a mente hebraica

entretanto tal violação não ocorre pois eles veem suas escolhas sendo uma forma de

cumprimento da “vontade” divina. Nos trechos bíblicos que tratam da “predestinação-eleição”

e “livre arbítrio” não podemos desconsiderar que D-us é soberano e ao mesmo tempo homem

é senhor (soberano) do seu “destino” porque D-us nunca o forcará a servi-lo.

Samuel Sandmel em seu livro “Judaism and Christian beginnings” pagina 226, ele diz:

“A visão de que o destino de cada ser humano é destinado por D-us é superficialmente similar

a visão grega de “sorte”. Conforme definição grega, sorte é uma forca sega que dita o que

acontece aos homens assim como aos deuses gregos e que não pode ser alterada. De forma

similar a predestinação condena ou salva alguém, a diferença é que essa força é chamada D-

us.

A visão hebraica, talvez podemos chamar de providencia, nunca conclui que o futuro é

inalterado porque esse visão contraria a omnipotência e misericórdia de D-us, nem tira a

responsabilidade do livre arbítrio do homem.

Como o Rabbi Akiba disse: (Tudo dependente da providência de D-us ao mesmo tempo o

homem tem livre arbítrio). O Destino do homem é proposto por D-us mas pode ser alterado, a

oração é uma forma de alteração”

A mente hebraica é capaz de administrar bem essa tensão dinâmica e paradoxal sem ter que

dar uma resposta exata, preto ou branco. A ambiguidade é bem-vinda.

Atenta para a obra de Deus; porque quem poderá endireitar o que ele fez torto? Eclesiastes

7:13

Baseado do Livro “Our Father Abraham” de Marvim R Wilson. pg 150.

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(Encorajo aos que entendem inglês a ler esse livro)

Tradução livre A.S.A.

Mente Hebraica x Mente Grego-Romana

Introdução:

A Bíblia no original é, humanamente falando, um produto da mente hebraica. A primeira

manifestação original do que hoje chamamos de “Igreja” foi também uma expressão da mente

hebraica. Em algum ponto na história eclesiástica, alguém abandonou o projeto inicial dentro

do contexto hebraico comum aos dias de Yeshua e o substituiu por um não-hebraico,

precisamente Grego/Romano. Como resultado, o que foi construído desde então tornou-se

uma caricatura do que se pretendia. Em muitos aspectos tornou-se antagônica aos milênios de

historia, cultura e tradição oral herdada por gerações anteriores.

Vamos analisar algumas das diferenças fundamentais na mentalidade dos hebreus dos tempos

bíblicos em contraste com a forma helenística (grego-romana) de pensar que deu surgimento a

maior parte da teologia cristã.

William Barrett, explica diferenças fundamentais entre a mente Hebraica e Helenística: Fazer x

Saber. Diz Barrett, “A distinção … é decorrente da diferença entre o fazer e o saber, a Hebraica

está preocupada com a prática do comportamento correto que é de suma relevância, em

contraste, a Helenística se preocupa com o conhecimento, o saber tem relevância sobre o

fazer. Sendo assim a Hebraica exalta as virtudes morais como uma substância superior para

uma vida significativa, e a Helenística exalta as virtudes intelectuais, o contraste é entre a

prática e a teoria, entre o homem moral e o homem teórico-intelectual.

Isso talvez ajude a explicar o por que para muitas igrejas cristãs seu foco está nas questões

ortodoxas doutrinaria, o número de denominações cristãs que existe é uma prova concreta

disso. Todas crêem nos mesmos princípios básicos, mas divergem e se separam ao ponto de

não terem comunhão pelas mínimas diferenças doutrinarias, mostrando que a “doutrina

correta” e mais importante do que comunhão com um irmão de uma persuasão diferente da

sua.

No judaísmo bíblico, é justamente o oposto. Como Dennis Prager escreveu:

Page 4: Mente Hebraica x Grego.pdf

“… a crença em D-us e o agir eticamente deve ser indissociáveis, indispensável… D-us exige um

comportamento correto mais do que qualquer outra coisa, incluindo liturgia a crença correta.”

Foram cristãos gentios influenciados pela filosofia grega que intelectualizaram e

sistematizaram a doutrina cristã. O pior de tudo e que eles mudaram essa doutrina de forma

radical. Os hebreus dos dias de Yeshua e logo a seguir a era apostólica da Igreja Judaica não

tinham teologia formal ou sistematizada. A “igreja primitiva” não tinha hierarquia arraigada ou

magistério por meio do qual toda a doutrina tinha de ser filtrada e aprovada.

O que os apóstolos ensinavam sobre um determinado assunto era aprendido diretamente de

Yeshua que por sua vez tinha retirado da Torah ou Lei de Moisés, como também aprendido

com as tradições orais e experiências coletivas do povo judeu. Eles determinavam Halacha

(como andar) diretamente das interpretações dos mestres em suas comunidades. A medida

que as circunstâncias mudavam eles recorriam a interpretação da Torah (Pentateuco) e

determinavam a ação a ser tomada (Halacha) (cf. Mateus 18:18). Atos 15 fornece um relato de

como, no mínimo, um ensinamento sobre requisitos para crentes gentios foi formado por volta

de 50 e.c. Observe a natureza participativa da discussão, todos os membros da Congregação

Nazarena participaram (Atos 15:4,12,22), e não apenas uma elite estava envolvida nas

decisões.

Em círculos cristãos tradicionais muitas vezes é mais importante acreditar e abraçar “a coisa

certa ou doutrina correta”, do que viver da maneira certa. Alguns são obcecados com credos,

declarações doutrinais, teologia sistemática e ortodoxia contra a heresia, esse modo de pensar

é 100% helenístico.

Para muitos de nós, ocidentais, a mentalidade hebraica é tão estranha e impossível de

compreender que ao estudar as escrituras hebraicas rapidamente pulamos de volta para a

zona de conforto do molde helenístico. Naturalmente ao tentarmos interpretar o texto

hebraico com nossa ótica ocidental (helenística) de interpretação consequentemente será no

mínimo distorcida. Note que a maior parte do Tanach ou velho testamento foi escrito em

hebraico e há fortes indícios de que os evangelhos foram originalmente escritos em

hebraico/aramaico e depois traduzidos para grego, de qualquer forma todos os livros do novo

testamento foram escritos por judeus, portanto foram escritos por pessoas que pensavam de

forma hebraica apesar de terem usado outra língua (grego).

Por exemplo, em termos de tempos “proféticos” aqui novamente mostra-se o conceito

helenístico de tempo – Inicio-meio-fim – pontos numa trajetória linear. Queremos saber a

ordem sequencial quando D-us vai agir, criamos um cronograma pré-ordenado dos

acontecimentos e queremos eliminar os eventos do nosso “calendário profético” a medida que

eles vão acontecendo. Essa mentalidade é alienígena para a mente hebraica, para ela, não

Page 5: Mente Hebraica x Grego.pdf

interessa a seqüência exata dos acontecimentos, o que interessa é que D-us vai agir, a leitura

do tempo é cíclica e não linear.

Na teologia ocidental, às vezes abandona-se a interpretação literal das Escrituras em favor de

interpretações alegóricas. Isso também é tipicamente grego-romano. Interpretação alegórica

abre portas para uma infinidade de exposições “criativas” que deixam o estudante das

Escrituras confuso e desorientado.

Mente Hebraica x Mente Grego/Romana Parte 2

Principais diferenças entre mente Grego-Romana e Hebraica.

Obs:. Legendas: GR= Mente Grego/Romana; H= Mente Hebraica

GR – A vida é analisada em categorias precisas.

H – Toda a vida se mistura em todos aspectos.

GR – Uma divisão clara entre o natural e o supernatural

H – O supernatural afeta toda a vida.

GR – Lógica linear.

H – Lógica em bloco e ciclica.

GR – Individualismo

H – Importância em ser parte do grupo

GR – Igualdade das pessoas

H -Valor vem de um lugar em hierarquias

GR – A concorrência é boa

H – A competição é mal (melhor cooperação)

GR – Universo é centrado no homem

H – Universo é centrado em D-us-tribo-família

GR - Valor da pessoa com base em dinheiro-bens materiais-poder

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H – Valor derivado das relações familiares

GR – Vida biológica é sagrada

H – A vida social extremamente importante

GR – Aleatoriedade + causa & efeito determinam o que acontece na vida

H – D-us causa tudo em seu universo

GR – Homem domina natureza através da compreensão e aplicação das leis da ciência

H – D-us domina tudo, portanto, relacionamento com Ele determina o resultado dos

acontecimentos.

GR – Poder é obtido por meio dos negócios, da política e influências.

H – Poder social é resultado de padrões pré-ordenados por D-us.

GR – Tudo o que existe é o material

H – O universo está repleto de seres espirituais poderosos

GR – O Tempo é linear e dividido em segmentos precisos. Cada evento é um novo

acontecimento.

H – O Tempo é cíclico. Eventos similares constantemente reaparecem, (O que foi, isso é o que

há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Ecl 1:9)

GR – A História grava fatos objetivos e cronológicos.

H – A história é uma tentativa de preservar verdades significativas de forma significativa e

memorável, não necessariamente fatos são objetivos.

GR – Orientação para o futuro próximo.

H – Orientação para as lições da história.

GR – A mudança é progresso = bom.

H – A mudança é ruim = destruição das tradições.

GR – Universo evoluiu pelo acaso.

H – Universo criado por D-us.

GR – Universo é dominado e controlado pela ciência e tecnologia

H – D-us deu ao homem domínio sobre sua criação, mas haverá Prestação de contas a D-us.

GR – Bens materiais = medida de realização pessoal.

H – Bens materiais = bênção de D-us para ser compartilhado com outros.

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GR – A fé é cega

H – A fé é baseada no conhecimento – experiência pessoal e em grupo

GR – Tempo como pontos em uma linha reta, inicio-meio-fim (“neste momento no tempo …”)

H – Tempo determinado pelo conteúdo (“No dia em que o Senhor fez …”)

Mente Hebraica x Mente Grego/Romana Parte 3

Ao abordarmos as Escrituras Hebraicas com nossa mente Grego-Romana que é altamente

científica sem a devida consideração podemos produzir distorções exegéticas grotescas. Ao

tentar entender a cultura hebraica dos dias bíblicos assim como aqueles que viviam nesse

tempo vamos experimentar um choque cultural devido a diferença cultural e visão do mundo,

seus padrões de pensamento eram bastante distinta do nosso, seus valores e percepções eram

radicalmente diferente. A Bíblia foi escrita em uma era pré-científica. A língua hebraica em si é

bastante diferente do nosso em muitos aspectos infelizmente muito foi perdido na tradução.

Quando estudamos as Escrituras, ou quando consideramos a natureza do início do Novo

Testamento na comunidade nazarena, temos de levar em conta as diferenças entre o

pensamento hebraico e helenístico. Intelectualmente, nós somos gregos, não hebreus. Nós

aplicamos raciocínio baseado nas teorias de Aristóteles e Sócrates em quase tudo que

analisamos, mesmo não tenho consciência, devido ao método de ensino que fomos

submetidos toda a nossa vida através da cultura em que vivemos. É extremamente difícil se

desvincular desses padrões e entrar na mente hebraica. Temos uma certa insistência em

analisar tudo em padrões logicamente consistentes, em sistematizá-los, em organizá-los,

teologias cuidadosamente fundamentadas. Não conseguimos conviver com inconsistência ou

contradição confortavelmente. A Divindade tem que ser bem definida e estruturada

rejeitamos a idéia hebraica de que D-us é simplesmente inefável, e que o Seu livro não se

encaixa em nossa sistematização. Como Abraham Heschel escreveu:

“Ao tentar sistematizar a Bíblia, que é cheia de vida, drama e tensão, a uma série de princípios

seria como tentar reduzir uma pessoa viva a um diagrama” – Livro – D-us em Busca do Homem

por Abraham Heschel, p. 20.

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A mente ocidental, quando procura compreender as Escrituras ou o que significa ser um

“cristão”, cria seus próprios dilemas exegéticos e teológicos. (“Se D -us é todo-poderoso,

poderia ele criar uma pedra tão pesada que não conseguiria levantar?” Ou “Se D -us é amor,

então por que ele permite que o mal aconteça …?”) Incansavelmente tentamos organizar tudo

em blocos gerenciáveis e estruturas intelectuais, queremos que todas as perguntas sejam

respondidas, todos os problemas sejam resolvidos, e todas as contradições resolvidas.

Em nossa busca incessante de transformar as Escrituras em um livro sistematizado de

respostas teológicas sobre D-us, acabamos distorcendo seu conteúdo. Procuramos entender o

incompreensível, D-us; tentamos transformar o abstrato em concreto. Mas, “Para a mente

judaica, o entendimento de D-us não é alcançado referindo-se dentro do modo grego de

qualidades intemporais de um ser supremo, ou idéias de bondade e perfeição mas sim

experimentando Seu cuidado no nosso dia-a-dia, Sua atenção aos pormenores de nossa vida

de forma dinâmica. Não ha muita importância em falar de sua bondade mas a ênfase é posta

em Sua compaixão para com o homem individualmente.”(Heschel, p. 21). Em outras palavras,

D-us não é “conhecido” no abstrato, mas em situações específicas em que Ele afirma -se como

D-us sobre a vida de cada um. D-us é o que Ele se revelou, não o que teorizamos a Seu

respeito. Vemos Sua interação com o povo de Israel por milhares de anos baseado em

experiências tangíveis na vida de indivíduos.

Se quisermos entender a Bíblia, e o que significa ser um seguidor de Yeshua haMashiach,

então teremos que entende-la Hebraicamente, não Helenisticamente. Isso vai exigir uma

mudança de paradigma filosófico e intelectual de nossa parte, isso vai significar abordar as

escrituras a partir de um ângulo totalmente diferente.

Heschel também escreve: “Os gregos aprendiam a fim de compreender. Os hebreus

aprendiam a fim de reverenciar. O homem moderno aprende a fim de usar” (ibid., p. 34).

Mente Hebraica x Mente Grego/Romana Parte 4

CONCLUSÃO:

Queremos uma religião de utilidade. Queremos técnicas que podem ser aplicadas conforme

cada situação que experimentamos. Nós vemos muito “técnica orientadas” na igreja hoje em

dia, como: 3 passos para crescer espiritualmente, 10 mais de ter um bom relacionamento,

etc…

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Queremos técnicas para a compreensão, sistematização e estruturação do “calendário

profético” para que possamos saber “o que vai acontecer a seguir”. Algumas pessoas querem

saber para que elas possam ter algo para comercializar a outros cristãos que também querem

saber. Estes são os que procuram ganhar com a “piedade” ou religião (cf. I Timóteo 6:5).

Buscamos “técnicas cristãs” de cura interior, cura exterior, prosperidade financeira, ou para

receber poder espiritual. Esta maneira de pensar é alheia a mente hebraica.

Em nossa cultura, temos comercializado tudo, incluindo o cristianismo. Infelizmente não

pregamos o Evangelho, curamos os enfermos, expulsamos os demônios e fazemos discípulos –

muitos aplicam boa partes dos seus esforços vendendo parafernália “cristã” folhetos e

bugigangas. Fazemos música, não para adorar a Deus, mas para vender CDs. Evangelistas são

escolhidos para pregar porque “sabem atrair multidões”, o poder ministerial foi

comercializado e politizado, tanto quanto a de políticos regulares. Editoras cristãs publicar

livros de celebridades cristãos – não porque eles são bem escritos, ou porque dizem algo

importante, mas porque eles vão vender e fazer dinheiro.

Nos dias em que o movimento de Yeshua era conhecido como a “seita dos nazarenos” (Atos

24:5,14), ser um nazareno(Notzeri em hebraico) estava relacionado diretamente com sua

proximidade com D-us e com o próximo (Mateus 22:36-38; João 13:34-35). Nos séculos

posteriores entretanto demos menos importância aos relacionamentos e ao mesmo tempo

intelectualizamos e politizamos a fé. Essas influências deletérias mudaram radicalmente a

natureza da Igreja. O espírito anti-judaísmo e mais tarde o anti-semitismo destruiu a

personalidade original da igreja em muitos aspectos. Isso explica por que é tão difícil para

muitos entender a Bíblia como um todo, velho e novo Testamento em harmonia.

Surpreendentemente no meio cristão sabe-se muito pouco sobre os 4 primeiros séculos da

historia da igreja, que era predominantemente composta de Judeus que continuavam a

guardar o sábado e ir as sinagogas, celebrar as Festas bíblicas e eventos relacionados à cultura

judaica assim como Yeshua o fez toda a sua vida. Nos seminários dá-se muita ênfase a historia

da igreja depois do quarto século, período em que boa parte da sua essência fora corrompida

por vários fatores históricos e culturais, um deles em destaque foi a “cristianização” do

império romano por Constantino em 321 por intermédio do Édito de Constantino que

determinou oficialmente o domingo como dia de “santo”, dia do deus sol (padroeiro de

Constantino) venerado por povos pagãos desde o Egito antigo.

Para realmente entender o que significa ser um seguidor de Yeshua, deve-se voltar às raízes

hebraicas de seu movimento, e dos documentos que agora se referem como “O Novo

Testamento” que na verdade eram conhecidos no período dos apóstolos como Ketuvim

Notzerim(escritos nazarenos).

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Shalom Alecha!

Autor: Brian Knowles

Tradução: A S A

Por Rosh Notzeri: Yosef Ben Avraham

Mente Hebraica x Grego-Romana (integra)

Publicado em outubro 12, 2013 por raizes hebraicas

Mente Hebraica x Grego-Romana

Parte 1

A Bíblia no original é, humanamente falando, um produto da mente hebraica. A primeira

manifestação original do que hoje chamamos de “Igreja” foi também uma expressão da mente

hebraica. Em algum ponto na história eclesiástica, alguém abandonou o projeto inicial dentro

do contexto hebraico comum aos dias de Jesus e o substituiu por um não-hebraico,

precisamente Grego/Romano. Como resultado, o que foi construído desde então tornou-se

uma caricatura do que se pretendia. Em muitos aspectos tornou-se antagônica aos milênios de

historia, cultura e tradição oral herdada por gerações anteriores.

Vamos analisar algumas das diferenças fundamentais na mentalidade dos hebreus dos tempos

bíblicos em contraste com a forma helenística (grego-romana) de pensar que deu surgimento a

maior parte da teologia cristã.

William Barrett, explica diferenças fundamentais entre a mente Hebraica e Helenística: Fazer x

Saber. Diz Barrett, “A distinção … é decorrente da diferença entre o fazer e o saber, a Hebraica

está preocupada com a prática do comportamento correto que é de suma relevância, em

contraste, a Helenística se preocupa com o conhecimento, o saber tem relevância sobre o

fazer. Sendo assim a Hebraica exalta as virtudes morais como uma substância superior para

uma vida significativa, e a Helenística exalta as virtudes intelectuais, o contraste é entre a

prática e a teoria, entre o homem moral e o homem teórico-intelectual.

Page 11: Mente Hebraica x Grego.pdf

Isso talvez ajude a explicar o por que para muitas igrejas cristãs seu foco está nas questões

ortodoxas doutrinaria, o número de denominações cristãs que existe é uma prova concreta

disso. Todas crêem nos mesmos princípios básicos mas divergem e se separam ao ponto de

não terem comunhão pelas mínimas diferenças doutrinarias, mostrando que a “doutrina

correta” e mais importante do que comunhão com um irmão de uma persuasão diferente da

sua.

No judaísmo bíblico, é justamente o oposto. Como Dennis Prager escreveu: “… a crença em D -

us e o agir eticamente deve ser indissociáveis, indispensável… D-us exige um comportamento

correto mais do que qualquer outra coisa, incluindo liturgia a crença correta.”

Foram cristãos gentios influenciados pela filosofia grega que intelectualizaram e

sistematizaram a doutrina cristã. O pior de tudo e que eles mudaram essa doutrina de forma

radical. Os hebreus dos dias de Jesus e logo a seguir a era apostólica da Igreja não tinham

teologia formal ou sistematizada. A “igreja primitiva” não tinha hierarquia arraigada ou

magistério por meio do qual toda a doutrina tinha de ser filtrada e aprovada.

O que os apóstolos ensinavam sobre um determinado assunto era aprendido diretamente de

Jesus, aprendido com as tradições orais e experiências coletivas do povo judeu. Eles

determinavam Halakha (como andar) diretamente das interpretações dos mestres em suas

comunidades. A medida que as circunstâncias mudavam eles recorriam a interpretação da

Torá (Pentateuco) e determinavam a ação a ser tomada (Halakha) (cf. Mateus 18:18). Atos 15

fornece um relato de como, no mínimo, um ensinamento sobre requisitos para crentes gentios

foi formado por volta de 50 DC. Observe a natureza participativa da discussão, todos os

membros da Igreja participaram (Atos 15:4,12,22), e não apenas uma elite estava envolvida

nas decisões.

Em círculos cristãos tradicionais muitas vezes é mais importante acreditar e abraçar “a coisa

certa ou doutrina correta”, do que viver da maneira certa. Alguns são obcecados com credos,

declarações doutrinais, teologia sistemática e ortodoxia contra a heresia, esse modo de pensar

é 100% helenístico.

Para muitos de nós, ocidentais, a mentalidade hebraica é tão estranha e impossível de

compreender que ao estudar as escrituras hebraicas rapidamente pulamos de volta para a

zona de conforto do molde helenístico. Naturalmente ao tentarmos interpretar o texto

hebraico com nossa ótica ocidental (helenística) de interpretação consequentemente será no

mínimo distorcida. Note que a maior parte do velho testamento foi escrito em hebraico e há

Page 12: Mente Hebraica x Grego.pdf

fortes indícios de que os evangelhos foram originalmente escritos em hebraico e depois

traduzidos para grego, de qualquer forma todos os livros do novo testamento foram escritos

por judeus, portanto foram escritos por pessoas que pensavam de forma hebraica apesar de

terem usado outra língua (grego).

Por exemplo, em termos de tempos “proféticos” aqui novamente mostra-se o conceito

helenístico de tempo – Inicio-meio-fim – pontos numa trajetória linear. Queremos saber a

ordem sequencial quando D-us vai agir, criamos um cronograma pré-ordenado dos

acontecimentos e queremos eliminar os eventos do nosso “calendário profético” a medida que

eles vão acontecendo. Essa mentalidade é alienígena para a mente hebraica, para ela, não

interessa a seqüência exata dos acontecimentos, o que interessa é que D-us vai agir, a leitura

do tempo é cíclica e não linear.

Na teologia ocidental, às vezes abandona-se a interpretação literal das Escrituras em favor de

interpretações alegóricas. Isso também é tipicamente grego-romano. Interpretação alegórica

abre portas para uma infinidade de exposições “criativas” que deixam o estudante das

Escrituras confuso e desorientado.

Parte 2

Principais diferenças entre mente Grego-Romana e Hebraica.

GR – A vida é analisada em categorias precisas.

H – Toda a vida se mistura em todos aspectos.

GR – Uma divisão clara entre o natural e o supernatural

Page 13: Mente Hebraica x Grego.pdf

H – O supernatural afeta toda a vida.

GR – Lógica em bloco com uma única solução como resultado final .

H – Lógica em bloco com varias soluções como resultado final dependendo da perspectiva.

GR – Leitura do tempo linear.

H – Leitura do tempo em forma ciclica.

GR – Orientação para o futuro próximo.

H – Orientação para as lições da história.

GR – O Tempo é linear e dividido em segmentos precisos. Cada evento é um novo

acontecimento.

H – O Tempo é cíclico. Eventos similares constantemente reaparecer, (O que foi, isso é o que

há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo debaixo do sol. Ecl 1:9)

GR – Individualismo

H – Importância em ser parte do grupo

GR – Igualdade das pessoas

H -Valor vem de um lugar em hierarquias

Page 14: Mente Hebraica x Grego.pdf

GR – A concorrência é boa

H – A competição é mal (melhor cooperação)

GR – Universo é centrado no homem

H – Universo é centrado em D-us-tribo-família

GR – Valor da pessoa com base em dinheiro-bens materiais-poder

H – Valor derivado das relações familiares

GR – Vida biológica é sagrada

H – A vida social extremamente importante

GR – Aleatoriedade + causa & efeito determinam o que acontece na vida

Page 15: Mente Hebraica x Grego.pdf

H – D-us causa tudo em seu universo

GR – Homem domina natureza através da compreensão e aplicação das leis da ciência

H – D-us domina tudo, portanto, relacionamento com Ele determina o resultado dos

acontecimentos.

GR – Poder é obtido por meio dos negócios, da política e influências.

H – Poder social é resultado de padrões pré-ordenados por D-us.

GR – Tudo o que existe é o material

H – O universo está repleto de seres espirituais poderosos

GR – A História grava fatos objetivos e cronológicos.

H – A história é uma tentativa de preservar verdades significativas de forma significativa e

memorável, não necessariamente fatos são objetivos.

GR – A mudança é progresso = bom.

Page 16: Mente Hebraica x Grego.pdf

H – A mudança é ruim = destruição das tradições.

GR – Universo evoluiu pelo acaso.

H – Universo criado por D-us.

GR – Universo é dominado e controlado pela ciência e tecnologia

H – D-us deu ao homem domínio sobre sua criação mas haverá Prestação de contas a D-us.

GR – Bens materiais = medida de realização pessoal.

H – Bens materiais = bênção de D-us para ser compartilhado com outros.

GR – A fé cega

H – A fé é baseada no conhecimento – experiência pessoal e em grupo

Page 17: Mente Hebraica x Grego.pdf

GR – Tempo como pontos em uma linha reta, inicio-meio-fim (“neste momento no tempo …”

H – Tempo determinado pelo conteúdo (“No dia em que o Senhor fez …”)

Parte 3

Ao abordarmos as escrituras Hebraicas com nossa mente Grego-Romana que é altamente

científica sem a devida consideração podemos produzir distorções exegéticas grotescas. Ao

tentar entender a cultura hebraica dos dias bíblicos assim como aqueles que viviam nesse

tempo vamos experimentar um choque cultural devido a diferença cultural e visão do mundo,

seus padrões de pensamento eram bastante distinta do nosso, seus valores e percepções eram

radicalmente diferente. A Bíblia foi escrita em uma era pré-científica. A língua hebraica em si é

bastante diferente do nosso em muitos aspectos infelizmente muito foi perdido na tradução.

Quando estudamos as Escrituras, ou quando consideramos a natureza do início do Novo

Testamento na comunidade messiânica, temos de levar em conta as diferenças entre o

pensamento hebraico e helenístico. Intelectualmente, nós somos gregos, não hebreus. Nós

aplicamos raciocínio baseado nas teorias de Aristóteles e Sócrates em quase tudo que

analisamos, mesmo não tenho consciência, devido ao método de ensino que fomos

submetidos toda a nossa vida através da cultura em que vivemos. É extremamente difícil se

desvincular desses padrões e entrar na mente hebraica. Temos uma certa insistência em

analisar tudo em padrões logicamente consistentes, em sistematizá-los, em organizá-los,

teologias cuidadosamente fundamentadas. Não conseguimos conviver com inconsistência ou

contradição confortavelmente. A Divindade tem que ser bem definida e estruturada

rejeitamos a idéia hebraica de que D-us é simplesmente inefável, e que o Seu livro não se

encaixa em nossa sistematização. Como Abraham Heschel escreveu: “Ao tentar sistematizar a

Bíblia, que é cheia de vida, drama e tensão, a uma série de princípios seria como tentar reduzir

uma pessoa viva a um diagrama” – Livro – D-us em Busca do Homem por Abraham Heschel, p.

20.

A mente ocidental, quando procura compreender as Escrituras ou o que significa ser um

“cristão”, cria seus próprios dilemas exegéticos e teológicos. (“Se D -us é todo-poderoso,

poderia ele criar uma pedra tão pesada que não conseguiria levantar?” Ou “Se D -us é amor,

então por que ele permite que o mal aconteça …?”) Incansavelmente tentamos organizar tudo

Page 18: Mente Hebraica x Grego.pdf

em blocos gerenciáveis e estruturas intelectuais, queremos que todas as perguntas sejam

respondidas, todos os problemas sejam resolvidos, e todas as contradições resolvidas.

Em nossa busca incessante de transformar as Escrituras em um livro sistematizado de

respostas teológicas sobre D-us, acabamos distorcendo seu conteúdo. Procuramos entender o

incompreensível, D-us; tentamos transformar o abstrato em concreto. Mas, “Para a mente

judaica, o entendimento de D-us não é alcançado referindo-se dentro do modo grego de

qualidades intemporais de um ser supremo, ou idéias de bondade e perfeição mas sim

experimentando Seu cuidado no nosso dia-a-dia, Sua atenção aos pormenores de nossa vida

de forma dinâmica. Não ha muita importância em falar de sua bondade mas a ênfase é posta

em Sua compaixão para com o homem individualmente.”(Heschel, p. 21). Em outras palavras,

D-us não é “conhecido” no abstrato, mas em situações específicas em que Ele afirma -se como

D-us sobre a vida de cada um. D-us é o que Ele se revelou, não o que teorizamos a Seu

respeito. Vemos Sua interação com o povo de Israel por milhares de anos baseado em

experiências tangíveis na vida de indivíduos.

Se quisermos entender a Bíblia, e o que significa ser um seguidor de Yeshua ha Mashiach

(Jesus, o Messias), então teremos que entende-la Hebraicamente, não Helenisticamente. Isso

vai exigir uma mudança de paradigma filosófico e intelectual de nossa parte, isso vai significar

abordar as escrituras a partir de um ângulo totalmente diferente.

Heschel também escreve: “Os gregos aprendiam a fim de compreender. Os hebreus

aprendiam a fim de reverenciar. O homem moderno aprende a fim de usar” (ibid., p. 34).

Parte 4

Queremos uma religião de utilidade. Queremos técnicas que podem ser aplicadas conforme

cada situação que experimentamos. Nós vemos muito “técnica orientadas” na igreja hoje em

dia, como: 3 passos para crescer espiritualmente, 10 mais de ter um bom relacionamento,

etc…

Queremos técnicas para a compreensão, sistematização e estruturação do “calendário

profético” para que possamos saber “o que vai acontecer a seguir”. Algumas pessoas querem

saber para que elas possam ter algo para comercializar a outros cristãos que também querem

saber. Estes são os que procuram ganhar com a “piedade” ou religião (cf. I Timóteo 6:5).

Buscamos “técnicas cristãs” de cura interior, cura exterior, prosperidade financeira, ou para

receber poder espiritual. Esta maneira de pensar é alheia a mente hebraica.

Em nossa cultura, temos comercializado tudo, incluindo o cristianismo. Infelizmente não

pregamos o Evangelho, curamos os enfermos, expulsamos os demônios e fazemos discípulos –

muitos aplicam boa partes dos seus esforços vendendo parafernália “cristã” folhetos e

bugigangas. Fazemos música, não para adorar a Deus, mas para vender CDs. Evangelistas são

Page 19: Mente Hebraica x Grego.pdf

escolhidos para pregar porque “sabem atrair multidões”, o poder ministerial foi

comercializado e politizado, tanto quanto a de políticos regulares. Editoras cristãs publicar

livros de celebridades cristãos – não porque eles são bem escritos, ou porque dizem algo

importante, mas porque eles vão vender e fazer dinheiro.

Nos dias em que o movimento de Jesus era conhecido como a “seita dos nazarenos” (Atos

24:5,14), ser um “cristão” estava relacionado diretamente com sua proximidade com Deus e

com o próximo (Mateus 22:36-38; João 13:34-35). Nos séculos posteriores entretanto demos

menos importância aos relacionamentos e ao mesmo tempo intelectualizamos e politizamos a

fé. Essas influências deletérias mudaram radicalmente a natureza da Igreja. O espírito anti-

judaísmo e mais tarde o anti-semitismo destruiu a personalidade original da igreja em muitos

aspectos. Isso explica por que é tão difícil para muitos entender a Bíblia como um todo, velho e

novo Testamento em harmonia.

Surpreendentemente no meio cristão sabe-se muito pouco sobre os 4 primeiros séculos da

historia da igreja, que era predominantemente composta de Judeus que continuavam a

guardar o sábado e ir as sinagogas assim como Jesus o fez toda a sua vida. Nos seminários dá-

se muita ênfase a historia da igreja depois do quarto século, período em que boa parte da sua

essência fora corrompida por vários fatores históricos e culturais, um deles em destaque foi a

“cristianização” do império romano por Constantino em 321 por intermédio do Édito de

Constantino que determinou oficialmente o domingo como dia de “santo”, dia do deus sol

(padroeiro de Constantino) venerado por povos pagãos desde o Egito antigo.

Para realmente entender o que significa ser um seguidor de Yeshua, (Jesus) deve-se voltar às

raízes hebraicas de seu movimento, e dos documentos que agora se referem como “O Novo

Testamento”.

FIM

Autor: Brian Knowles

Tradução: A S A

Mente Hebraica x Grego/Romana Parte 1

A Bíblia no original é, humanamente falando, um produto da mente hebraica. A primeira

manifestação original do que hoje chamamos de “Igreja” foi também uma expressão da mente

hebraica. Em algum ponto na história eclesiástica, alguém abandonou o projeto inicial dentro

do contexto hebraico comum aos dias de Jesus e o substituiu por um não-hebraico,

precisamente Grego/Romano. Como resultado, o que foi construído desde então tornou-se

uma caricatura do que se pretendia. Em muitos aspectos tornou-se antagônica aos milênios de

historia, cultura e tradição oral herdada por gerações anteriores.

Vamos analisar algumas das diferenças fundamentais na mentalidade dos hebreus dos tempos

bíblicos em contraste com a forma helenística (grego-romana) de pensar que deu surgimento a

maior parte da teologia cristã.

Page 20: Mente Hebraica x Grego.pdf

William Barrett, explica diferenças fundamentais entre a mente Hebraica e Helenística: Fazer x

Saber. Diz Barrett, “A distinção … é decorrente da diferença entre o fazer e o saber, a Hebraica

está preocupada com a prática do comportamento correto que é de suma relevância, em

contraste, a Helenística se preocupa com o conhecimento, o saber tem relevância sobre o

fazer. Sendo assim a Hebraica exalta as virtudes morais como uma substância superior para

uma vida significativa, e a Helenística exalta as virtudes intelectuais, o contraste é entre a

prática e a teoria, entre o homem moral e o homem teórico-intelectual.

Isso talvez ajude a explicar o por que para muitas igrejas cristãs seu foco está nas questões

ortodoxas doutrinaria, o número de denominações cristãs que existe é uma prova concreta

disso. Todas crêem nos mesmos princípios básicos mas divergem e se separam ao ponto de

não terem comunhão pelas mínimas diferenças doutrinarias, mostrando que a “doutrina

correta” e mais importante do que comunhão com um irmão de uma persuasão diferente da

sua.

No judaísmo bíblico, é justamente o oposto. Como Dennis Prager escreveu: “… a crença em D-

us e o agir eticamente deve ser indissociáveis, indispensável… D-us exige um comportamento

correto mais do que qualquer outra coisa, incluindo liturgia a crença correta.”

Foram cristãos gentios influenciados pela filosofia grega que intelectualizaram e

sistematizaram a doutrina cristã. O pior de tudo e que eles mudaram essa doutrina de forma

radical. Os hebreus dos dias de Jesus e logo a seguir a era apostólica da Igreja não tinham

teologia formal ou sistematizada. A “igreja primitiva” não tinha hierarquia arraigada ou

magistério por meio do qual toda a doutrina tinha de ser filtrada e aprovada.

O que os apóstolos ensinavam sobre um determinado assunto era aprendido diretamente de

Jesus, aprendido com as tradições orais e experiências coletivas do povo judeu. Eles

determinavam Halakha (como andar) diretamente das interpretações dos mestres em suas

comunidades. A medida que as circunstâncias mudavam eles recorriam a interpretação da

Torá (Pentateuco) e determinavam a ação a ser tomada (Halakha) (cf. Mateus 18:18). Atos 15

fornece um relato de como, no mínimo, um ensinamento sobre requisitos para crentes gentios

foi formado por volta de 50 DC. Observe a natureza participativa da discussão, todos os

membros da Igreja participaram (Atos 15:4,12,22), e não apenas uma elite estava envolvida

nas decisões.

Em círculos cristãos tradicionais muitas vezes é mais importante acreditar e abraçar “a coisa

certa ou doutrina correta”, do que viver da maneira certa. Alguns são obcecados com credos,

declarações doutrinais, teologia sistemática e ortodoxia contra a heresia, esse modo de pensar

é 100% helenístico.

Para muitos de nós, ocidentais, a mentalidade hebraica é tão estranha e impossível de

compreender que ao estudar as escrituras hebraicas rapidamente pulamos de volta para a

zona de conforto do molde helenístico. Naturalmente ao tentarmos interpretar o texto

hebraico com nossa ótica ocidental (helenística) de interpretação consequentemente será no

mínimo distorcida. Note que a maior parte do velho testamento foi escrito em hebraico e há

fortes indícios de que os evangelhos foram originalmente escritos em hebraico e depois

traduzidos para grego, de qualquer forma todos os livros do novo testamento foram escritos

Page 21: Mente Hebraica x Grego.pdf

por judeus, portanto foram escritos por pessoas que pensavam de forma hebraica apesar de

terem usado outra língua (grego).

Por exemplo, em termos de tempos “proféticos” aqui novamente mostra-se o conceito

helenístico de tempo – Inicio-meio-fim – pontos numa trajetória linear. Queremos saber a

ordem sequencial quando D-us vai agir, criamos um cronograma pré-ordenado dos

acontecimentos e queremos eliminar os eventos do nosso “calendário profético” a medida que

eles vão acontecendo. Essa mentalidade é alienígena para a mente hebraica, para ela, não

interessa a sequência exata dos acontecimentos, o que interessa é que D-us vai agir, a leitura

do tempo é cíclica e não linear.

Na teologia ocidental, às vezes abandona-se a interpretação literal das Escrituras em favor de

interpretações alegóricas. Isso também é tipicamente grego-romano. Interpretação alegórica

abre portas para uma infinidade de exposições “criativas” que deixam o estudante das

Escrituras confuso e desorientado.

Autor: Brian Knowles

Tradução: A S A