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Marrocos Ficha de Mercado Setembro 2016
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Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
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Índice
1. Dados Gerais 03
2. Economia 05
2.1. Situação Económica e Perspetivas 05
2.2. Comércio Internacional 10
2.3. Investimento 12
2.4. Turismo 14
3. Relações Económicas com Portugal 15
3.1. Comércio de Bens e Serviços 15
3.1.1. Comércio de Bens 16
3.1.2. Serviços 20
3.2. Investimento 21
3.3. Turismo 22
4. Condições Legais de Acesso ao Mercado 23
4.1. Regime Geral de Importação 23
4.2. Regime de Investimento Estrangeiro 27
5. Informações Úteis 30
6. Contactos Úteis 32
7. Endereços de Internet 34
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1. Dados Gerais
Mapa:
Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU)
Área: 710 850 km2 (incluindo o Sahara Ocidental, que ocupa 252 120 km
2)
População: 33 848 242 habitantes (2014, Haut Commissariat au Plan)
Densidade populacional: 48 habitantes por km2
(2014)
Designação oficial: Reino de Marrocos
Chefe do Estado: Rei Mohammed VI
Primeiro-Ministro: Abdel-Ilah Benkiran (PJD)
Data da atual constituição: Julho de 2011
Principais partidos políticos: Partido da Justiça e Desenvolvimento (PJD) – islamita moderado; Partido
Istiqlal; Congregação Nacional dos Independentes; Partido da Autenticidade e
da Modernidade; União Socialista das Forças Populares; Movimento Popular;
União Constitucional; Partido do Progresso e do Socialismo. As eleições
legislativas irão ter lugar em outubro de 2016 (Câmara dos Representantes)
Capital: Rabat – 578 mil habitantes (Haut Commissariat au Plan)
Outras cidades importantes: Casablanca (3 360 mil hab.), Fés (1 112 mil hab,), Tanger (948 mil hab.),
Marrakech (929 mil hab.), Salé (890 mil hab.) e Meknés (632 mil hab.)
Religião: A religião oficial é o islamismo; a maioria da população é muçulmana
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Língua: A língua oficial é o árabe, embora uma minoria significativa da população fale
o berbere. O francês (língua usada predominantemente nos negócios e na
administração) e o castelhano são também utilizados
Unidade monetária: Dirham marroquino (MAD)
1 EUR = 10,8677 MAD (BdP – final agosto 2016)
Risco do país: Risco geral - BB (AAA = risco menor; D = risco maior)
Risco de estrutura económica - B
Risco político – B
(The Economist Intelligence Unit - EIU)
Risco de crédito: 3 (1 = risco menor; 7 = risco maior) – COSEC, setembro 2016
Política de cobertura de risco: Mercado prioritário: Operações de Curto prazo – Aberta sem condições
restritivas; Médio/Longo prazo – Garantia bancária ou garantia soberana –
COSEC, setembro 2016
Principais relações internacionais e regionais:
Marrocos integra, entre outros, o Banco Árabe para o Desenvolvimento
Económico em África (Arab Bank for Economic Development in Africa –
BADEA), o Banco Islâmico de Desenvolvimento (Islamic Development Bank –
IDB), o Fundo Árabe para o Desenvolvimento Económico e Social (Arab Fund
for Economic and Social Development – AFESD), o Banco Africano de
Desenvolvimento (African Development Bank – AfDB), o Banco Europeu para
a Reconstrução e Desenvolvimento (European Bank for Reconstruction and
Development – EBRD) e a Organização das Nações Unidas (United Nations
– UN) e suas agências especializadas (Specialized Agencies, Related
Organizations, Funds, and Others). Este país é, ainda, membro da
Organização Mundial do Comércio (World Trade Organization – WTO), desde
1 de janeiro de 1995. A nível regional faz parte da União Africana (African
Union – AU), da Liga dos Estados Árabes (League of Arab States – LAS), da
União do Magreb Árabe (Arab Maghreb Union – AMU) e do Fundo Monetário
Árabe (Arab Monetary Fund – AMF). Este país assinou vários acordos de
comércio livre, como, por exemplo, o Acordo de Agadir (Arab Mediterranean
Free Trade AgreemenT – Agadir Agreement), o Acordo Panárabe de Livre
Comércio (Pan Arab Free Trade Area, também conhecido pela designação
Greater Arab Free Trade Area), o acordo com os Emiratos Árabes Unidos e o
Acordo de Livre Comércio com os EUA. Este último representa uma
importante alavanca para o comércio externo marroquino, ao permitir exportar
produtos industriais e bens de consumo para aquele mercado com eliminação
de direitos aduaneiros. Esta vantagem competitiva também pode ser
aproveitada pelas empresas portuguesas instaladas em Marrocos.
Relacionamento com a UE:
O relacionamento entre Marrocos e a União Europeia (UE) rege-se,
fundamentalmente, pelo Acordo de Associação Euro-Mediterrânico, assinado
em 1996 e em vigor desde 1 de março de 2000, que estabelece a
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liberalização comercial recíproca, através da criação progressiva de uma
zona de comércio livre durante um período de transição com duração
máxima de 12 anos (o desmantelamento tarifário para os produtos industriais
já está concluído, embora ainda subsistam alguns bens sujeitos a tributação
aduaneira; o novo Acordo Agrícola foi ratificado pelo Parlamento Europeu em
fevereiro de 2012, o que vem facilitar as transações nesta área, embora
estejam previstas várias listas de produtos sensíveis para os quais são
estabelecidos contingentes anuais e direitos aduaneiros). Em 1 de março de
2013 iniciaram-se as negociações entre as partes com vista à celebração de
uma Deep and Comprehensive Free Trade Area (DCFTA) que visa introduzir
uma dimensão mais ambiciosa no relacionamento Marrocos e UE, regulando
áreas como os serviços, o investimento, a contratação pública, a propriedade
intelectual e almejando uma integração gradual da economia marroquina no
Mercado Único europeu ao nível da regulamentação técnica e qualidade dos
produtos, medidas sanitárias e fitossanitárias (para informações sobre o
estado das negociações consultar Ongoing Negotiations / Overview of FTA
and Other Trade Negotiations, Updated September 2016, no site da
Comissão Europeia).
Mais informação sobre o relacionamento bilateral pode ser consultada no
Portal European External Action Service (EEAS) – Morocco and the EU ou
no site da Comissão Europeia EU-Morocco Trade Relations / Euro-
Mediterranean partnership.
Ambiente de Negócios:
Competitividade (Rank no Global Competitiveness Index 2016/17) 70º Facilidade de Negócios (Rank no Doing Business Rep. 2016) 75º
Transparência (Rank no Corruption Perceptions Index 2015) 88º Ranking Global (EIU, entre 82 mercados) 64º
2. Economia
2.1. Situação Económica e Perspetivas
Com cerca de 33,8 milhões de habitantes1 (60% corresponde a população urbana e 40% a população
rural), dos quais 53,3% tem menos de 30 anos, Marrocos caracteriza-se por ter uma maior
estabilidade política, social e económica face a outros países da região.
As reformas económicas introduzidas ao longo dos últimos anos, a crescente abertura ao exterior, o
assinalável investimento em infraestruturas e a aposta num conjunto de setores considerados
estratégicos para o desenvolvimento e modernização do país (energia, agricultura, indústria e
turismo), mudaram de forma muito positiva a face económica de Marrocos, que se traduziu numa
notável evolução do setor financeiro, dos serviços e da indústria.
1 De acordo com o último censo (2014) do Haut Comissariat au Plan.
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Apesar disso, a realidade económica marroquina caracteriza-se ainda por uma significativa
volatilidade do seu crescimento em virtude da excessiva dependência do setor agrícola, que
representa entre 13% e 16% do produto interno bruto (PIB)2 e emprega cerca de 40% da população
ativa, sendo que fracos desempenhos neste setor, que depende muito das condições climáticas,
provocam efeitos nefastos, sobretudo ao nível do consumo privado.
De forma gradual, os restantes setores de atividade têm vindo a registar um maior desenvolvimento,
nomeadamente a indústria, que contribui com cerca de 29% para o PIB e absorve 13% da população
ativa, destacando-se a indústria transformadora, nomeadamente os produtos agroalimentares,
produtos químicos, o têxtil e o couro. Tem sido preocupação do Governo diversificar a economia,
apostando na promoção de indústrias de maior valor acrescentado - automóvel, aeronáutica, elétrica
e eletrónica -, em torno de grandes projetos integradores como os da Renault, da PSA e Bombardier.
De salientar que foi lançada uma nova estratégia industrial para sete anos (2014-2020), com um
ambicioso programa que visa reforçar a contribuição da indústria para o aumento do PIB e para a
criação de emprego. De referir ainda que o tecido industrial é caracterizado pelo peso das PME, que
representam cerca de 85% do setor (93% no caso da indústria transformadora), existindo um
pequeno grupo de grandes empresas industriais no setor privado.
O setor dos serviços continua a ter um papel predominante na economia do país (56,3% do PIB em
2015), com o turismo, os transportes e comunicações, e os serviços de intermediação financeira e
imobiliária a assumirem particular destaque. De salientar o elevado investimento público que foi feito
em infraestruturas (estradas, autoestradas, portos, aeroportos, linhas de alta velocidade, zonas
industriais, entre outras) de que se destaca a expansão do porto Tanger Med com repercussões no
desenvolvimento dos serviços de logística.
Muito embora o desempenho da economia marroquina tenha registado grandes flutuações ao longo
dos últimos anos, em grande parte devido à evolução do setor agrícola, às oscilações do preço do
petróleo (produto que mais pesa nas importações do país)3, à flutuação dos preços dos fosfatos
4 e à
conjuntura económica internacional, sobretudo da União Europeia (principal parceiro em termos de
comércio, investimento e turismo), é de assinalar que no período 2000-2012, o crescimento médio
anual do PIB foi superior a 4%.
Em 2013 a atividade económica registou um aumento de 4,5%, em linha com o bom desempenho do
setor agrícola (+19%) e da procura interna, beneficiando ainda de uma envolvente externa mais
favorável. O menor crescimento verificado em 2014 (2,6%) deveu-se sobretudo a um pior
desempenho do setor agrícola (já que os restantes setores evoluíram favoravelmente, com destaque
para o setor mineiro) e a um abrandamento da atividade económica na Zona Euro.
2 Segundo estimativas do Haut Commissariat au Plan, em 2015 o setor agrícola representou 14,5% do PIB do país (13,5% no
ano anterior). 3 Marrocos tem uma taxa de dependência de energia primária superior a 97%.
4 Marrocos é o principal produtor e exportador de fosfatos a nível mundial, detendo cerca de 30% das reservas mundiais.
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Fruto de um forte aumento do valor acrescentado do setor agrícola (+12,8%) e de um ritmo de
crescimento moderado das atividades não agrícolas (1,9%), o produto interno bruto registou um
aumento de 4,5% em 2015. De salientar que este crescimento foi significativamente impulsionado
pelo setor externo, tendo as exportações de bens e serviços aumentado 6% face a 2014, enquanto as
importações registaram uma diminuição de 3,1%.
Para o corrente ano, deverá verificar-se um menor dinamismo da atividade económica, devido
sobretudo a um menor contributo do setor agrícola, apontando as projeções da EIU (Economist
Intelligence Unit) para uma taxa de crescimento de 1,8%, enquanto o Haut Commissariat au Plan
prevê 1,5%5. As projeções da EIU para os próximos anos (ver quadro abaixo), apontam para uma
taxa de crescimento do PIB superior a 3%, suportada por melhores desempenhos do setor dos
serviços e da indústria transformadora, embora se espere uma menor procura por parte da União
Europeia, particularmente devido aos previsíveis efeitos do Brexit.
Principais Indicadores Macroeconómicos
Unidade 2013a 2014
a 2015
a 2016
b 2017
b 2018
b
População Milhões 33,5 33,9 34,4 34,8 35,2 35,7
PIB a preços de mercado1 10
9 MAD 897,9 923,7 982,2 1 020,0 1 081,5 1 150,2
PIB a preços de mercado1 10
9 USD 107,1 110,2 100,9 102,7 108,0 120,0
PIB per capita USD 3 200 3 250 2 930 2 950 3 060 3 360
Crescimento real do PIB Var. % 4,5 2,6 4,5 1,8 3,3 3,5
Consumo privado2 Var. % 2,6 4,1 4,6 2,2 3,1 3,2
Consumo público2 Var. % 4,2 1,8 1,9 3,0 2,2 2,8
Formação bruta de capital fixo2 Var. % -0,5 -2,1 1,5 1,9 4,0 4,5
Taxa de desemprego % 9,2 9,7 9,7 9,9 9,8 9,8
Taxa de inflação (média) % 1,9 0,4 1,6 1,8 2,4 2,6
Dívida pública % do PIB 73,6 75,2 75,7c 77,0 76,2 75,3
Dívida externa % do PIB 36,6 38,8 41,9c 41,8 41,4 38,6
Saldo do setor públicod % do PIB -5,1 -5,5 -4,9 -4,1 -3,8 -3,7
Saldo da balança corrente 106
USD -8 692 -6 267 -1 923 -2 421 -3 356 -4 970
Saldo da balança corrente % do PIB -8,1 -5,7 -1,9 -2,4 -3,1 -4,1
Taxa de câmbio (média) 1USD=xMAD 8,38 8,38 9,74 9,93 10,02 9,59
Taxa de câmbio (média) 1EUR=xMAD 11,13 11,14 10,80 10,78 10,74 10,69
Fonte: The Economist Intelligence Unit (EIU) – ViewsWire August 2016
Notas: (a) Valores efetivos; (b) Previsões; (c) Estimativas; (d) Excluindo receitas de privatizações
(1) Preços correntes; (2) Preços constantes; MAD – Dirham Marroquino
A taxa de inflação tem-se mantido controlada, devido, particularmente, a subvenções por parte do
Estado a um conjunto de produtos básicos, através do mecanismo da Caixa de Compensação, que
5 Note de synthèse du budget économique exploratoire 2017.
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tem limitado as repercussões das variações de preços a nível internacional no mercado interno. No
entanto, nos últimos anos têm vindo a ser tomadas medidas tendo em vista reduzir o montante das
subvenções6. Os dados relativos a 2015 indicam que o índice de preços ao consumidor subiu para
1,6% (0,4% em 2014), em virtude do incremento dos preços dos produtos alimentares (2,7%), e as
projeções para 2016 apontam para um agravamento deste indicador (1,8%). Esta tendência deverá
manter-se nos próximos anos, em consequência da recuperação dos preços das commodities,
particularmente do petróleo.
A taxa de desemprego atingiu 9,7% da população ativa em 2015, devendo aumentar ligeiramente no
ano em curso (9,9%), em linha com o desempenho da atividade económica. De salientar que a
metodologia utilizada para o apuramento deste indicador, inclui no conceito de emprego tanto o
trabalho remunerado como o não remunerado (aprendizes e trabalho familiar), sendo que este último
assume uma expressão muito significativa nos meios rurais. O desemprego atinge sobretudo os
jovens entre os 15 e os 24 anos, os diplomados de nível superior e os que procuram o primeiro
emprego.
Ao longo de 2015 continuou o processo de redução do défice da balança corrente, o qual atingiu um
montante superior a 1,9 mil milhões de USD, correspondente a 1,9% do PIB, o que representou um
desagravamento face ao exercício anterior (5,7% do PIB). A melhoria verificada no último ano deriva
dos bons resultados alcançados pelas novas indústrias, especialmente o setor automóvel, e da
descida do preço do petróleo. As projeções para 2016 apontam para um défice da balança corrente
da ordem de 2,4% do PIB, em consequência de um acentuado aumento das importações de produtos
alimentares (particularmente trigo), apesar de uma redução da dependência das importações de
petróleo7 e da previsível diminuição dos preços desta commodity. Ao longo dos próximos anos deverá
assistir-se a um agravamento do défice da balança corrente (4,1% do PIB em 2018, segundo
projeções da EIU), em virtude de um previsível agravamento do défice comercial (em linha com o
aumento do preço das commodities) e de menores excedentes das transferências correntes (onde se
destacam as remessas de emigrantes, grande parte deles a trabalhar na Europa).
Em termos de finanças públicas, há que salientar a redução do défice orçamental para 4,9% do PIB
em 2015 (excluindo receitas de privatizações), que compara com 5,5% em 2014. O saldo primário
(não tem em conta os juros da dívida) registou um défice correspondente a 1,5% do PIB, quando em
2014 representou 2%. Esta redução do défice deveu-se fundamentalmente à diminuição do valor das
subvenções pela Caixa de Compensação (-57,2% face a 2014), fruto da eliminação das subvenções
da gasolina e do gasóleo. As projeções para o corrente ano revelam a continuação desta tendência,
apontando a EIU para um défice orçamental da ordem de 4,1% do PIB.
6 Em 2008, quando os preços do petróleo e dos produtos alimentares registaram uma subida acentuada, o montante dos
subsídios correspondeu a 5% do PIB, tendo baixado para 2,5% do PIB em 2010; o Governo tem-se empenhado na diminuição deste montante, tendo vindo a ser tomadas medidas para o efeito. Atualmente são apenas subvencionados os preços do gás butano e de alguns produtos alimentares básicos, como a farinha e o açúcar. 7 Marrocos está a apostar nas energias renováveis (solar, eólica e hídrica).
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O peso da dívida pública continuou a aumentar em 2015, alcançando 75,7% do PIB, enquanto a
dívida externa se fixou em 41,9% do PIB. As projeções apontam para um agravamento da dívida
pública em 2016 (77% do PIB), devendo verificar-se uma inversão desta tendência nos anos
seguintes. De referir que em agosto de 2012 o FMI aprovou uma linha de crédito (PLL –
Precautionary Liquidity Line) de 6,2 mil milhões de USD, a dois anos, que permitiu às autoridades
marroquinas fazer face às necessidades de financiamento e prosseguir a sua agenda de reformas
estruturais, visando o desenvolvimento da economia do país. À luz desta experiência positiva, as
autoridades marroquinas solicitaram a assinatura de um novo acordo, por um período de dois anos
(aprovado em julho de 2014), que pudesse constituir um fator de segurança face a riscos externos e
permitisse dar continuidade ao programa de reformas estruturais. Em 22 de julho de 2016, o FMI
aprovou uma terceira PLL, a dois anos, no montante de 3 470 milhões de USD.
O Bank al-Maghrib (banco central) mantem o dirham indexado a um cabaz de divisas em que o peso
relativo de cada divisa é teoricamente determinado pela sua importância no comércio externo de
Marrocos. Em abril de 2015, o Bank Al-Maghrib decidiu atualizar a ponderação do dihram face ao
euro e ao dólar, passando de 80%-20% para 60%-40% respetivamente, o que representou um
primeiro passo para um modelo de taxas de câmbio mais flexível.
Embora persistam alguns indicadores mais desfavoráveis8, é de salientar que, como já referimos,
Marrocos tem feito um esforço no sentido da diversificação da sua economia, do desenvolvimento e
modernização das suas infraestruturas e tem registado progressos assinaláveis ao nível das
condições de vida da sua população. Em termos do setor industrial, o Governo apostou na criação de
22 plataformas integradas (incluindo setores especialmente vocacionados para a exportação), a
agricultura foi reorganizada em fileiras (setor de grande importância, objeto de um plano denominado
Marrocos Verde) e o país deu mostras de um estilo de vida moderno e urbano, com o setor da
logística, centros comerciais e franchising a registarem grande desenvolvimento. Também na área da
distribuição foi criado o Plano de Ação Rawaj, com o objetivo de modernizar o comércio interno em
termos de infraestruturas, regulamentos e boas práticas, com vista a reduzir o comércio informal que
ainda representa cerca de 80% do total, de acordo com as estimativas existentes.
Os objetivos da política económica a curto/médio prazo passam pela continuação do processo de
reformas económicas estruturais, iniciadas em 2013 com a indexação dos preços dos produtos
energéticos (atualmente só o gás butano é subvencionado) e com a reforma do sistema de pensões,
que permita ir corrigindo paulatinamente a dualidade económica existente, mediante ganhos de
produtividade.
De salientar ainda que, de acordo com diversos relatórios de organizações internacionais – Fórum
Económico Mundial, Banco Mundial e The Heritage Foundation – é possível identificar importantes
avanços ao nível da estabilidade política, do quadro macroeconómico, do sistema financeiro, da
abertura da economia, da facilidade de constituição de empresas e dos procedimentos aduaneiros.
8 Nomeadamente em termos de uma economia informal muito significativa (que prejudica seriamente as finanças públicas), de um setor público sobredimensionado e de um rendimento per capita ainda baixo.
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Os relatórios sublinham, no entanto, que certos constrangimentos entravam a competitividade do
país, como sejam a justiça, o mercado de trabalho, a burocracia, a proteção dos investidores, a
inovação, pesquisa e desenvolvimento e a qualidade do sistema de ensino e formação profissional.
2.2. Comércio Internacional
As transações comerciais marroquinas registaram, ao longo dos últimos 10 anos, um crescimento
muito significativo, impulsionadas pelo desenvolvimento económico do país e pela sua integração nos
mercados internacionais. Apesar disso, Marrocos assume ainda um lugar relativamente modesto no
comércio mundial, particularmente na qualidade de exportador, ocupando, em 2015, a 67ª posição do
ranking da Organização Mundial do Comércio (OMC), com uma quota de 0,13% das exportações
mundiais, e a 57ª enquanto importador, com uma quota de 0,22%.
A economia apresenta um grau de abertura assinalável, representando as transações comerciais de
bens (exportações + importações) cerca de 60,5% do PIB em 2015. No entanto, essa abertura teve
como consequência o agravamento do défice comercial, situação que se começou a inverter a partir
de 2013, tendo-se fixado em 15,6 mil milhões de USD em 2015, o valor mais baixo dos últimos anos
(-29% face ao ano anterior).
Assim, a balança comercial marroquina é estruturalmente deficitária, com uma taxa de cobertura das
importações que passou de valores próximos de 70% na década de 90 para 48,6% em 2013, ou seja,
as exportações representavam menos de metade das importações do país. Nos últimos dois anos
verificou-se uma melhoria deste indicador, tendo alcançado 58,3% em 2015 (um ganho de 6,3 pontos
percentuais relativamente a 2014).
Evolução da Balança Comercial
(106
USD) 2011 2012 2013 2014 2015
Exportação 21 654 21 446 21 972 23 826 21 886
Importação 44 272 44 872 45 190 45 832 37 514
Saldo -22 618 -23 426 -23 218 -22 006 -15 628
Coeficiente de cobertura (%) 48,9 47,8 48,6 52,0 58,3
Posição no “ranking” mundial
Como exportador 70ª 71ª 71ª 70ª 67ª
Como importador 56ª 57ª 56ª 55ª 57ª
Fonte: Organização Mundial de Comércio (OMC)
Segundo dados da OMC, em 2015 as exportações atingiram perto de 21,9 mil milhões de USD, o que
representou uma diminuição de 8% face a 2014, enquanto as importações alcançaram 37,5 mil
milhões de USD, refletindo um decréscimo de 18%, em resultado da diminuição da fatura energética
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(em queda pelo terceiro ano consecutivo) e de menores necessidades de compra de trigo9. De
salientar que as importações de produtos energéticos e de cereais são responsáveis por cerca de
dois terços do défice comercial, pelo que a queda do preço do petróleo e um bom ano agrícola
tiveram um impacto muito forte na redução do valor das importações.
Dados do Haut Commisariat au Plan (Nota de Conjuntura de julho 2016), indicam que no segundo
trimestre do corrente ano, face ao período homólogo de 2015, as exportações aumentaram 0,3%,
enquanto as importações recuaram 0,8%, o que se traduziu numa melhoria do défice comercial e
num aumento da taxa de cobertura das importações que se fixou em 59,9%.
A União Europeia (UE) é o principal parceiro comercial de Marrocos (representou 63,6% das
exportações do país e 52,7% das importações em 2015), impondo-se as razões históricas que fazem
de Espanha e França os seus principais mercados de exportação e importação. De salientar que em
2014 Espanha passou a ser o principal cliente de Marrocos (lugar até então ocupado por França),
sendo que em 2012 já se tinha constituído como principal fornecedor. Segundo dados do International
Trade Centre relativos a 2015, estes dois países foram o destino de cerca de 42,8% das vendas e a
origem de 26,5% das compras marroquinas ao exterior. Cabe ainda destacar a consolidação da
China como terceiro fornecedor, posição que ganhou aos Estados Unidos da América em 2014.
Em termos de comércio externo marroquino por país, é de sublinhar que os principais défices
comerciais dizem respeito à balança com a China, Estados Unidos da América, Alemanha, Itália,
Rússia, Turquia, Arábia Saudita e Portugal.
Em 2015 Portugal ocupou o 12º lugar do ranking de clientes e o 9º do ranking de fornecedores, com
quotas de mercado de 1,3% e 2,7%, respetivamente. De salientar que, relativamente a 2014, o nosso
país subiu quatro lugares na tabela de fornecedores. No contexto da UE, Portugal posicionou-se em
8º lugar enquanto cliente e em 5º como fornecedor (7º em 2014).
Principais Clientes
Mercado 2013 2014 2015
Quota (%) Posição Quota (%) Posição Quota (%) Posição
Espanha 18,9 2ª 21,9 1ª 22,6 1ª
França 21,5 1ª 20,8 2ª 20,2 2ª
Itália 3,8 5ª 4,3 4ª 4,4 3ª
Índia 3,7 6ª 3,6 5ª 3,9 4ª
Estados Unidos da América 4,2 4ª 3,6 6ª 3,5 5ª
Portugal 1,3 14ª 1,2 13ª 1,3 12ª
Fonte: International Trade Centre (ITC)
9 Por outro lado, dados provisórios disponibilizados pelo Office des Changes de Marrocos relativos ao último ano, indicam que
as exportações aumentaram 6,6%, enquanto as importações diminuíram 5,6%.
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Principais Fornecedores
Mercado 2013 2014 2015
Quota (%) Posição Quota (%) Posição Quota (%) Posição
Espanha 13,5 1ª 13,3 2ª 13,9 1ª
França 12,9 2ª 13,5 1ª 12,6 2ª
China 6,9 4ª 7,6 3ª 8,4 3ª
Estados Unidos da América 7,5 3ª 7,0 4ª 6,5 4ª
Alemanha 4,8 7ª 5,2 6ª 5,8 5ª
Portugal 2,3 12ª 2,0 13ª 2,7 9ª
Fonte: International Trade Centre (ITC)
O Acordo de Associação com a UE (abolição de direitos aduaneiros para produtos industriais com
certificado Euro 1), reforçado com a adoção do Estatuto Avançado, continuará a assegurar a posição
especial da União no comércio marroquino, embora os acordos de livre comércio assinados entre
Marrocos e os EUA, bem como com diversos outros Estados, nomeadamente a Turquia, ajudem
gradualmente a diversificar mercados.
Dados do International Trade Centre (ITC) revelam que as exportações marroquinas são constituídas
fundamentalmente por máquinas, aparelhos e materiais elétricos (15,5% do total em 2015), veículos
automóveis e partes (11,9%)10
, vestuário e seus acessórios, exceto de malha (9,3%), adubos e
fertilizantes (8,4%) e produtos químicos inorgânicos (7,6%) que, em conjunto, representaram 53%
dos produtos vendidos ao exterior em 2015.
De acordo com o Office des Changes, a estrutura das exportações marroquinas é constituída,
basicamente, por três grandes grupos de produtos: bens de consumo não-alimentares (28,9% em
2014), produtos semiacabados (24,2%) e produtos alimentares (17,7%).
Principais Produtos Transacionados – 2015
Exportações / Setor % Importações / Setor %
Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 15,8 Combustíveis e óleos minerais 18,1
Veículos automóveis e partes 11,9 Máquinas, aparelhos e materiais elétricos 9,6
Vestuário e seus acessórios, exc. de malha 9,3 Máquinas e aparelhos mecânicos 8,5
Adubos e fertilizantes 8,4 Veículos automóveis e partes 8,1
Produtos químicos inorgânicos 7,6 Plásticos e suas obras 4,6
Fonte: International Trade Centre (ITC)
10
Em 2013 foi o 4º grupo de produtos mais exportado, representando 7,5% das vendas do país ao exterior.
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
13
Por outro lado, as importações são constituídas fundamentalmente por combustíveis e óleos minerais
(18,1% do total em 2015 e 23,9% em 2014), máquinas e equipamentos mecânicos e elétricos
(18,1%), veículos automóveis e partes (8,1%) e plásticos e suas obras (4,7%) que, em conjunto,
representaram 48,1% das compras ao exterior em 2015.
De acordo com o Office des Changes, em 2015 verificou-se uma diminuição acentuada das
importações de produtos energéticos (-28,1% face a 2014) e de cereais (-24,2%), enquanto as
importações de bens de equipamento e de produtos semiacabados registaram aumentos de 6,1% e
4,8%, respetivamente.
2.3. Investimento
De acordo com o World Investment Report 2016 publicado pela UNCTAD, os dados relativos aos
fluxos de investimento direto estrangeiro (IDE) revelam que Marrocos não é um player a nível mundial
nesta área, ocupando posições modestas nos respetivos rankings, e recebe maiores fluxos de
investimento estrangeiro do que aqueles que emite. No entanto, nos últimos anos, o país registou
aumentos significativos de IDE, o qual totalizou cerca de 3,2 mil milhões de USD em 2015 (-11,2%
face ao ano anterior), colocando Marrocos no 56º lugar do ranking mundial enquanto recetor.
Investimento Direto
(106
USD) 2011 2012 2013 2014 2015
Investimento estrangeiro em Marrocos 2 568 2 728 3 298 3 561 3 162
Investimento de Marrocos no estrangeiro 179 406 332 436 649
Posição no “ranking” mundial
Como recetor 64ª 68ª 55ª 54ª 56ª
Como emissor 72ª 68ª 64ª 60ª 56ª
Fonte: UNCTAD - World Investment Report 2016
Entre 2011 e 2015 Marrocos recebeu uma média anual de 3,1 mil milhões de USD de investimento
direto estrangeiro e, segundo dados da EIU referentes ao último ano, o stock total de IDE ascende a
cerca de 48,7 mil milhões de USD, correspondendo a 48,3% do PIB e a 1 416 USD per capita.
Ao analisarmos o investimento direto estrangeiro por países de origem, dados disponibilizados pelo
Office des Changes relativos a 2014, revelam a preponderância da França, seguida pelos Emirados
Árabes Unidos, Arábia Saudita e Estados Unidos da América.
No que se refere aos setores de atividade, em 2014 o IDE dirigiu-se fundamentalmente para o setor
imobiliário, a indústria transformadora, o turismo e o setor financeiro.
Ao longo dos últimos anos foram concretizados importantes projetos de investimento em diversos
setores de atividade, particularmente na indústria transformadora (com destaque para os setores
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
14
automóvel e componentes, aeronáutica, agroalimentar e farmacêutica), na energia, na banca e
seguros, no comércio, no imobiliário (com destaque para os diversos investimentos dos países do
Golfo através dos respetivos fundos soberanos), no turismo, nas telecomunicações e na saúde.
A política de promoção do investimento desenvolvida através do Plano Estratégico de Aceleração
Industrial, continua a constituir um dos eixos fundamentais da estratégia de desenvolvimento do país,
tendo em conta o seu papel determinante na concretização dos objetivos nacionais, sobretudo em
termos de crescimento económico sustentado e da criação de empregos.
Relativamente ao investimento direto de Marrocos no estrangeiro, é de salientar que, com a abertura
económica do país e as medidas de flexibilização de operações de capital adotadas pelo Office des
Changes, o mesmo tem vindo a ganhar expressão ao longo dos últimos anos. O World Investment
Report 2016 revela que o investimento direto marroquino atingiu 649 milhões de USD em 2015 (+48%
face ao ano anterior), o valor mais elevado dos últimos cinco anos, e que coloca o país na 56ª
posição a nível mundial enquanto mercado emissor.
A França é um recetor habitual de investimento direto marroquino, seguida do Reino Unido e de
Espanha, mas nos últimos anos o continente africano tem assumido uma posição mais relevante,
com destaque para a África Ocidental, nomeadamente os seguintes países: Costa do Marfim,
Senegal e Gabão. A banca e seguros, as atividades imobiliárias, a indústria e o comércio são as
áreas que atraíram maiores fluxos de investimento marroquino.
2.4. Turismo
O turismo é um dos principais motores de crescimento da economia marroquina (representa cerca de
7% do PIB) e tem um papel fundamental no equilíbrio da balança de pagamentos e enquanto
atividade empregadora (gera cerca de 505 mil empregos diretos), continuando a ser considerado
pelas autoridades como um setor prioritário. Neste sentido, foi lançado o ambicioso Plano Estratégico
Vision 2020 (que surge na sequência do anterior Vision 2010, iniciado em 2001), com o objetivo de
duplicar a dimensão do setor turístico e colocar Marrocos entre os vinte principais destinos turísticos
mundiais.
Segundo dados da World Tourism Organization (WTO), o número de turistas tem vindo a aumentar
de forma gradual ao longo dos últimos anos, mas em 2015 verificou-se um decréscimo de 1% face a
2014, alcançando 10,2 milhões (abaixo das projeções do Office National Marocain du Tourisme, que
previa a entrada de 10,7 milhões de turistas). Nestes, incluem-se os cidadãos marroquinos residentes
no estrangeiro (MRE, que representaram cerca de 49% do total em 2015), que visitam com
frequência o seu país nas férias de verão e são um importante fator de equilíbrio da balança de
invisíveis correntes. As autoridades têm vindo a promover um programa especial de acolhimento,
para que os MRE não percam o contacto com o seu país de origem, sobretudo as segunda e terceira
gerações.
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
15
Indicadores do Turismo
2011 2012
2013 2014 2015
Turistasa (10
6) 9,3 9,4 10,0 10,3 10,2
Receitasb (10
9 USD) 7,3 6,7 6,9 7,1 6,0
Fonte: WTO – World Tourism Organization
Notas: (a) Inclui visitantes nacionais a residir no estrangeiro
(b) Não inclui as receitas de transporte
De acordo com as estatísticas da WTO, em 2015 Marrocos ocupou a 32ª posição enquanto recetor
de turistas a nível mundial (29ª em 2014) e colocou-se em 42º lugar no que se refere às receitas
provenientes do setor do turismo (39º em 2014).
A taxa de ocupação hoteleira registou um decréscimo de quatro pontos percentuais face a 2014,
situando-se em 40%. França e Espanha são tradicionalmente os mercados emissores mais
representativos, mas em 2015 registaram um contração de 5% e 0,1% (face ao ano anterior)
respetivamente. Pelo contrário, o número de turistas proveniente da Alemanha aumentou 7,5% e os
turistas do Reino Unido aumentaram 5,3%.
3. Relações Económicas com Portugal
3.1. Comércio de Bens e Serviços
Marrocos representa um importante mercado para o comércio internacional português de bens e
serviços, ocupando a 14ª posição no ranking de clientes, em 2015, com uma quota de 0,93% nas
importações. Enquanto fornecedor, a quota de Marrocos não vai além de 0,3%.
Quota de Marrocos no Comércio Internacional Português de Bens e Serviços
Unidade 2011 2012 2013 2014 2015
Marrocos como cliente de Portugal % Export.
0,66 0,73 1,07 0,83 0,93
Marrocos como fornecedor de Portugal % Import.
0,24 0,29 0,27 0,27 0,30
Fonte: Banco de Portugal
A balança comercial de bens e serviços entre Portugal e Marrocos é tradicionalmente favorável ao
nosso país, tendo o saldo alcançado 484,1 milhões de euros em 2015 (+22% face ao ano anterior).
De salientar que no período 2011-2015, o crescimento médio anual das exportações e das
importações foi de 17,3% e 6,5%, respetivamente.
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
16
Um aspeto a salientar nas trocas comerciais com Marrocos é o facto de as exportações serem
fundamentalmente constituídas por bens, existindo um menor desequilíbrio em termos de
importações.
Balança Comercial de Bens e Serviços de Portugal com Marrocos
(106
EUR) 2011 2012 2013 2014 2015 Var%
15/11a
Var%
15/14b
Exportações 408,9 470,3 732,4 586,3 694,9 17,3 18,5
Importações 165,5 186,8 179,3 188,5 210,8 6,5 11,8
Saldo 243,5 283,5 553,2 397,9 484,1 -- --
Coef. Cobertura (%) 247,1 251,8 408,6 311,1 329,7 -- --
Fonte: Banco de Portugal
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2011-2015
(b) Taxa de variação homóloga 2014-2015
Devido a diferenças metodológicas de apuramento, o valor referente a "Bens e Serviços" não corresponde à soma ["Bens" (INE) +
"Serviços" (Banco de Portugal)]. Componente de Bens com base em dados INE, ajustados para valores f.o.b.
3.1.1. Comércio de Bens
No que se refere ao comércio de bens, Marrocos destaca-se enquanto destino das exportações
portuguesas, já que enquanto origem das importações a sua posição é bastante mais modesta.
Em 2015, Marrocos foi o 11º cliente de Portugal (subiu 2 posições face a 2014) e o 4º fora do espaço
europeu, depois dos EUA, Angola e China, representando 1,4% das exportações portuguesas (1,2%
em 2014). Nos primeiros seis meses do corrente ano, Marrocos posicionou-se no 10º lugar do ranking
de clientes, tendo trocado de posição com a China.
Posição e Quota de Marrocos no Comércio Internacional Português de Bens
2011 2012 2013 2014 2015 2016
jan/jun
Marrocos como cliente de Portugal Posição 15ª 13ª 11ª 13ª 11ª 10ª
% Export. 0,91 1,02 1,55 1,22 1,37 1,31
Marrocos como fornecedor de Portugal Posição 37ª 38ª 38ª 40ª 36ª 36ª
% Import. 0,23 0,28 0,25 0,23 0,27 0,27
Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE)
Enquanto fornecedor, Marrocos foi responsável por 0,3% do total das importações portuguesas em
2015 (36ª posição). Até junho do corrente ano, o seu peso no valor global das importações e o
posicionamento no ranking de fornecedores mantiveram-se inalterados.
No contexto do comércio externo marroquino, e de acordo com os dados divulgados pelo
International Trade Centre (ITC) relativos a 2015, verifica-se que Portugal ocupa o 9º lugar enquanto
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
17
fornecedor (13º em 2014), com uma quota de 2,7% nas importações de Marrocos. Como cliente,
Portugal detém também a 12ª posição (13ª em 2014), com uma quota de 1,3% nas exportações
marroquinas.
As transações comerciais entre os dois países são tradicionalmente favoráveis a Portugal, com as
exportações portuguesas a apresentarem, no período 2011-2015, um crescimento médio anual de
18,6%, enquanto as importações registaram um aumento de 4,6%.
No último ano, as exportações portuguesas para o mercado marroquino atingiram 682,7 milhões de
euros, traduzindo-se num crescimento de 16,3% relativamente a 2014 (quando totalizaram 587,2
milhões de euros). Este desempenho deveu-se, fundamentalmente, ao aumento das exportações de
combustíveis minerais (+63,7% face a 2014). Por outro lado, as importações alcançaram 162,2
milhões de euros, o que representou um aumento de 18,8% em relação a 2014. O saldo da balança
comercial ascendeu a 520,5 milhões de euros, o segundo valor mais elevado do período em análise
(2011-2015), a que correspondeu um coeficiente de cobertura das importações de 421%.
Os últimos dados disponíveis, relativos ao primeiro semestre de 2016, e quando comparados com os
do período homólogo do ano anterior, indicam um decréscimo das exportações portuguesas para
Marrocos de 3%, verificando-se uma diminuição mais acentuada das importações (-9,3%).
Balança Comercial de Bens de Portugal com Marrocos
(106
EUR) 2011 2012 2013 2014 2015 Var.%
15/11a
jan/jun 2015
jan/jun 2016
Var % 16/15
b
Exportações 388,0 459,2 732,6 587,2 682,7 18,6 335,0 325,0 -3,0
Importações 139,0 156,6 143,7 136,5 162,2 4,6 89,2 80,9 -9,3
Saldo 249,0 302,6 588,9 450,7 520,5 -- 245,8 244,2 --
Coef. Cobertura (%) 279,1 293,2 509,9 430,2 421,0 -- 375,6 401,9 --
Fonte: INE – Instituto Nacional de Estatística
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2011 – 2015; (b) Taxa de variação homóloga
Período 2011 a 2014 – resultados definitivos; 2015 e 2016 – resultados preliminares
A estrutura das exportações portuguesas para Marrocos, por grandes grupos de produtos, revela uma
predominância dos combustíveis minerais (31,4% do total em 2015), dos metais comuns (20,2%) e
das máquinas e aparelhos (11,1%) que, em conjunto, representaram 62,7% das exportações em
2015 (61,3% em 2014). Das restantes categorias de produtos, destacam-se ainda, em 2015, os
plásticos e borracha (6,8%), veículos e outro material de transporte (4,7%), produtos químicos (4,3%),
madeira e cortiça (4,1%), matérias têxteis (3,8%) e pastas celulósicas e papel (3,8%).
Ao contrário das exportações de combustíveis minerais e de máquinas e aparelhos, que registaram
uma subida em 2015 face ao ano anterior (+63,7% e +2,7%, respetivamente), as exportações de
metais comuns tiveram uma contração de 11,4%. De salientar que, no último ano, Portugal exportou
mais 83,5 milhões de euros em combustíveis para Marrocos relativamente a 2014.
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
18
No primeiro semestre do corrente ano, face ao período homólogo do ano anterior, continuou a
verificar-se um aumento significativo das exportações de combustíveis minerais (+19,8%), mas os
metais comuns e as máquinas e aparelhos tiveram uma evolução negativa (-15,7% e -8,0%,
respetivamente).
Numa análise mais detalhada, a quatro dígitos da Nomenclatura Combinada (NC), verifica-se que, em
2015, os cinco produtos mais representativos, por ordem decrescente, foram os seguintes: óleos de
petróleo ou minerais betuminosos (31,3% do total, com um acréscimo de 65% face a 2014); produtos
semimanufacturados de ferro ou aço não ligado (7,1%, com uma diminuição de 2,7%); fio-máquina de
ferro ou aço não ligado (4,8%, com uma diminuição de 33,9%); fios e outros condutores, isolados
para usos elétricos (3,9%, com um aumento de 6,1%); e barras de ferro/aço não ligadas (2,8%, com
um decréscimo de 43,5%). De referir que as quebras das vendas de ferro e fio-máquina se devem ao
facto de ter entrado em vigor uma medida de defesa comercial aplicada a este produtos de origem
europeia.
Exportações de Portugal para Marrocos por Grupos de Produtos
(106 Euros) 2011
% Total 2011
2014 % Total
2014 2015
% Total 2015
Var % 15/14
Combustíveis minerais 10,7 2,8 131,1 22,3 214,6 31,4 63,7
Metais comuns 80,5 20,7 155,3 26,4 137,6 20,2 -11,4
Máquinas e aparelhos 85,3 22,0 73,9 12,6 75,9 11,1 2,7
Plásticos e borracha 36,0 9,3 51,2 8,7 46,1 6,8 -10,0
Veículos e outro mat. transporte 33,1 8,5 11,0 1,9 32,1 4,7 191,6
Químicos 22,3 5,7 19,9 3,4 29,5 4,3 48,4
Madeira e cortiça 29,3 7,6 27,7 4,7 27,9 4,1 0,8
Matérias têxteis 27,2 7,0 25,2 4,3 25,9 3,8 2,8
Pastas celulósicas e papel 23,4 6,0 23,2 4,0 25,7 3,8 10,6
Minerais e minérios 11,1 2,9 12,2 2,1 17,4 2,6 42,9
Peles e couros 3,9 1,0 10,7 1,8 14,1 2,1 31,8
Agrícolas 2,5 0,6 7,7 1,3 9,3 1,4 20,7
Alimentares 3,9 1,0 5,4 0,9 3,8 0,6 -29,8
Instrumentos de ótica e precisão 3,2 0,8 4,2 0,7 2,9 0,4 -31,4
Calçado 2,0 0,5 1,3 0,2 1,4 0,2 6,4
Vestuário 2,3 0,6 1,1 0,2 1,0 0,1 -7,3
Outros produtos (a) 11,3 2,9 26,3 4,5 17,7 2,6 -32,7
Total 388,0 100,0 587,2 100,0 682,7 100,0 16,3
Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística
Nota: (a) Tabaco, chapéus, guarda-chuvas, pedras e metais preciosos, armas, mobiliário, brinquedos, obras de arte, obras diversas.
Em termos de grau de intensidade tecnológica, dados do GEE – Gabinete de Estratégia e Estudos
(Ministério da Economia) indicam que a estrutura das exportações de produtos industriais
transformados é dominada pelos bens de média-baixa tecnologia, com 58,6% do total em 2015,
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
19
seguindo-se os produtos de média-alta tecnologia (23,2%), de baixa tecnologia (16,0%) e de alta
tecnologia (2,1%). De assinalar que as exportações de produtos industriais transformados
representaram, no último ano, 97,4% das exportações totais para Marrocos.
De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), ao longo dos últimos anos
registou-se um aumento considerável do número de empresas portuguesas envolvidas na exportação
de bens para Marrocos. Em 2015 estiveram envolvidas 1 239 empresas, mais 34 empresas
comparativamente a 2014.
Relativamente às importações provenientes de Marrocos, assiste-se a uma forte concentração em
dois grupos de produtos - máquinas/aparelhos e produtos agrícolas - que representaram 62% das
importações em 2015. É de salientar que as importações de produtos agrícolas têm vindo a aumentar
de forma significativa ao longo dos últimos anos (+139% em 2015 face a 2014), detendo atualmente
uma quota de 30,1% (10,6% em 2011). As máquinas e aparelhos continuam a ser o principal grupo
de produtos importado, mas no último ano contraíram 3,7% relativamente a 2014.
Das restantes categorias, destacam-se ainda os produtos químicos (9,0% das importações em 2015),
a madeira e cortiça (8,2%) e o vestuário (7,3%). Este último tem vindo a perder peso no conjunto das
importações portuguesas provenientes de Marrocos.
Importações de Portugal Provenientes de Marrocos por Grupos de Produtos
(106 Euros) 2011
% Total 2011
2014 % Total
2014 2015
% Total 2015
Var % 15/14
Máquinas e aparelhos 52,3 37,6 53,7 39,3 51,7 31,9 -3,7
Agrícolas 14,7 10,6 20,4 14,9 48,7 30,1 138,9
Químicos 14,6 10,5 13,1 9,6 14,6 9,0 11,5
Madeira e cortiça 5,4 3,9 11,8 8,6 13,3 8,2 12,8
Vestuário 22,1 15,9 12,7 9,3 11,8 7,3 -6,8
Metais comuns 7,6 5,5 2,7 1,9 4,0 2,5 50,1
Plásticos e borracha 5,3 3,8 5,5 4,0 3,8 2,3 -30,9
Alimentares 4,8 3,4 4,0 3,0 3,2 2,0 -21,4
Minerais e minérios 4,5 3,2 4,3 3,2 3,0 1,9 -29,9
Veículos e outro mat. transporte 2,4 1,8 0,7 0,5 2,8 1,7 282,0
Matérias têxteis 1,8 1,3 1,6 1,2 2,3 1,4 45,3
Peles e couros 1,9 1,3 3,4 2,5 1,7 1,1 -50,4
Instrumentos de ótica e precisão 0,4 0,3 0,4 0,3 0,5 0,3 20,1
Calçado 0,7 0,5 0,2 0,1 0,4 0,2 112,9
Pastas celulósicas e papel 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -85,9
Combustíveis minerais 0,0 0,0 1,7 1,3 0,0 0,0 -100,0
Outros produtos (a) 0,4 0,3 0,1 0,1 0,3 0,2 109,1
Total 139,0 100,0 136,5 100,0 162,2 100,0 18,8
Fonte: INE - Instituto Nacional de Estatística
Nota: (a) Tabaco, chapéus, guarda-chuvas, pedras e metais preciosos, armas, mobiliário, brinquedos, obras de arte, obras diversas.
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
20
No primeiro semestre do corrente ano, continuou a verificar-se o predomínio das importações de
máquinas e aparelhos (37,9%) e dos produtos agrícolas (23,8%), que representaram 62% do total.
Enquanto as aquisições de máquinas e aparelhos aumentaram 19,8% face ao período homólogo de
2014, os produtos agrícolas registaram um decréscimo de 33,1%.
Numa análise mais detalhada (a quatro dígitos da NC), são de destacar os seguintes produtos
importados: fios e outros condutores e cabos de fibras óticas, os quais representaram 31,5% do total
em 2015; moluscos com ou sem concha, vivos (21,2%); adubos, minerais ou químicos c/ azoto,
fósforo e/ou potássio (7,5%); obras de cortiça natural (5,3%); fatos, conjuntos, calças e calções de
uso masculino (3,9%); e peixes congelados exceto os filetes e carne de peixe da pp 0304 (3,9%).
Considerando as importações de produtos industriais transformados por grau de intensidade
tecnológica, verifica-se que a maior representatividade recaiu, em 2015, nos graus baixa, com 60,1%
do total, e média-alta, com 44,2%, seguindo-se a média-baixa intensidade (5,0%) e a alta (0,7%). De
assinalar que as importações de produtos industriais transformados representaram 96,2% das
importações totais.
3.1.2. Serviços
No âmbito dos serviços, e segundo dados do Banco de Portugal, constata-se que Marrocos é mais
importante como fornecedor do que como cliente de Portugal. Em 2015, Marrocos absorveu cerca de
0,2% das exportações portuguesas de serviços (35º lugar no ranking de clientes) e representou 0,5%
das importações (22º lugar).
Quota de Marrocos no Comércio Internacional Português de Serviços
Unidade 2011 2012 2013 2014 2015
Marrocos como cliente de Portugal % Export.
0,16 0,12 0,16 0,16 0,18
Marrocos como fornecedor de Portugal % Import.
0,37 0,42 0,45 0,52 0,49
Fonte: Banco de Portugal
Ao contrário do que acontece no comércio de mercadorias, na área dos serviços a balança bilateral
tem sido desfavorável a Portugal. As exportações de serviços para Marrocos atingiram 45,6 milhões
de euros em 2015 (o que representou um aumento de 17,7% relativamente a 2014), enquanto as
importações alcançaram 63,3 milhões de euros (+23,0%), o que se traduziu num défice de 17,7
milhões de euros.
No período 2011-2015, as exportações portuguesas de serviços para Marrocos registaram um
crescimento médio anual de 13,8%, enquanto as importações tiveram um aumento de 11,6%.
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Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
21
Balança Comercial de Serviços de Portugal com Marrocos
(106
EUR) 2011 2012 2013 2014 2015 Var %
15/11a
Var%
15/14b
Exportações 29,9 23,6 34,7 38,7 45,6 13,8 17,7
Importações 41,5 44,7 49,1 62,9 63,3 11,6 0,5
Saldo -11,6 -21,1 -14,4 -24,2 -17,7 -- --
Coef. Cobertura (%) 72,1 52,8 70,8 61,6 72,1 -- --
Fonte: Banco de Portugal
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2011-2015
(b) Taxa de variação homóloga 2014-2015
3.2. Investimento
Para o mercado marroquino apenas se encontram disponíveis dados sobre o investimento direto de
Portugal no exterior (IDPE), encontrando-se a informação apresentada no âmbito do princípio
direcional.
Ao longo do período 2011-2015, o investimento direto português em Marrocos, em termos líquidos,
apresentou valores maioritariamente negativos, sendo que apenas nos últimos dois anos se
verificaram valores positivos.
No primeiro semestre de 2016 (última informação disponível), o investimento direto português em
Marrocos, em termos líquidos, alcançou 3,6 milhões de euros, o que representou uma variação de
-18,7% face ao mesmo período do ano anterior.
Fluxos de Investimento Direto entre Portugal e Marrocos - Princípio Direcional
2011 2012 2013 2014 2015 Var % 15/11
a
2015 jan/jun
2016 jan/jun
Var % 16/15
b
IDPE -31,5 -3,4 -1,1 9,2 9,7 284,7 4,5 3,6 -18,7
IDE n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. -- n.d. n.d. --
Saldo -- -- -- -- -- -- -- -- --
Fonte: Banco de Portugal
Unidade: Variações líquidas em Milhões de Euros
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2011-2015; (b) Taxa de variação homóloga 2015-2016
Princípio Direcional: reflete a direção ou influência do investimento, isto é, o Investimento Direto de Portugal no Exterior (IDPE) e o
Investimento Direto do Exterior em Portugal (IDE)
n.d. - não disponível
O stock de investimento direto de Portugal em Marrocos atingiu o montante de 61 milhões de euros
em 2015, representando 0,1% do valor global do IDPE. Dados relativos a junho de 2016 indicam que
o stock alcançou 64,8 milhões de euros, o que correspondeu a um acréscimo de 14,7% face ao
período homólogo de 2015.
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
22
Posição (stock) de Investimento Direto entre Portugal e Marrocos - Princípio Direcional
2011 dez
2012 dez
2013 dez
2014 dez
2015 dez
Var % 15/11
a
2015 jun
2016 jun
Var % 16/15
b
IDPE 86,2 63,6 59,2 55,1 61,0 -7,3 56,4 64,8 14,7
% Tot Portugal 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 -- 0,1 0,1 --
IDE n.d. n.d. n.d. n.d. n.d. -- n.d. n.d. --
% Tot Portugal -- -- -- -- -- -- -- -- --
Líquido -- -- -- -- -- -- -- -- --
Fonte: Banco de Portugal
Unidade: Posições em fim de período em Milhões de Euros
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais em 2011 dez-2015 dez; (b) Taxa de variação homóloga 2015 jun-2016 jun
Princípio Direcional: reflete a direção ou influência do investimento, isto é, o Investimento Direto de Portugal no Exterior (IDPE) e o
Investimento Direto do Exterior em Portugal (IDE)
n.d. - não disponível
No entanto, se do ponto de vista estritamente financeiro, o investimento português em Marrocos é
relativamente baixo, tem-se verificado um interesse crescente pelo mercado, sendo de notar o reforço
da tendência para o incremento das pequenas e médias empresas (PME) nacionais em detrimento
das grandes empresas.
Em termos setoriais, a presença nacional é cada vez mais diversificada. Para além da fileira da
construção (construção e obras públicas e materiais de construção), constata-se de forma crescente,
a presença de empresas nas áreas da consultoria e engenharia, confeção, indústria farmacêutica,
energia, agroindústria e serviços, assim como no setor automóvel.
A construção e obras públicas assumem um peso significativo na nossa presença em Marrocos.
Porém, nos últimos anos, verifica-se uma mudança de paradigma nos contratos ganhos por
empresas portuguesas no sentido de projetos mais pequenos, do alargamento a outros segmentos da
construção (forte diminuição das grandes infraestruturas e maior especialização em áreas como o
tratamento de água, estudos e trabalhos de maior complexidade técnica e qualidade), de maior
incorporação tecnológica e destinados a clientes mais diversificados, nomeadamente os privados.
Em paralelo, os serviços em geral, as tecnologias de informação, a construção de infraestruturas
especiais ou os projetos ligados ao saneamento e tratamento de águas e ao ordenamento do
território começam a ter um peso relevante no conjunto dos contratos adjudicados a empresas
nacionais.
Finalmente salienta-se o crescente estabelecimento de empresas portuguesas, produtoras dos mais
variados tipos de bens, algumas com pequenas estruturas comerciais e de armazenagem, o que lhes
permite chegar junto do cliente final sem terem de passar pela habitual e extensa cadeia de
intermediários.
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
23
3.3. Turismo
No que se refere ao turismo de Marrocos em Portugal e com base nas receitas geradas na hotelaria
global, único indicador disponível, verificou-se um crescimento médio anual de 192,3% entre 2011 e
2015, que se ficou a dever ao bom desempenho dos últimos três anos. Em 2015, as receitas
atingiram 5 milhões de euros, o que correspondeu a uma variação de 75,5% face ao ano anterior.
Turismo de Marrocos em Portugal
2011 2012 2013 2014 2015 Var % 15/11
a
Var % 15/14
b
Receitas (106 EUR)
c 0,4 0,2 1,7 2,8 5,0 192,3 75,5
% Totald 0,00 0,00 0,02 0,03 0,04 -- --
Fonte: Banco de Portugal
Notas: (a) Média aritmética das taxas de crescimento anuais no período 2011-2015
(b) Taxa de variação homóloga
(c) Inclui apenas a hotelaria global
(d) Refere-se ao total de estrangeiros
4. Condições Legais de Acesso ao Mercado
4.1. Regime Geral de Importação
As trocas comerciais de Marrocos com o exterior regem-se pelo disposto na Lei n.º 13-89, de 1992
(com alterações posteriores) e no Decreto n.º 2-93-415, de 1993 (com alterações). De acordo com
esta legislação, praticamente todas as mercadorias podem ser importadas livremente mas com
respeito pelos limites impostos à proteção da moral, segurança e ordem públicas, da saúde, da fauna
e flora, do património histórico, arqueológico e artístico nacional, ou para preservar a posição
financeira do país.
Neste contexto, existem produtos cuja importação se encontra proibida e produtos cuja importação se
encontra sujeita a formalidades específicas. Os interessados podem aceder a informação sobre os
bens em causa no site Administration des Douanes et Impôts Indirect, clicando em “Entreprises &
Professionells” / “Entreprises” / “Dédouanement à l’Importation” / “Importations prohibée” ou
“Importations avec formalités”.
No que concerne aos produtos cuja importação é efetuada livremente apenas se exige que o
importador solicite, junto de uma instituição bancária autorizada para o efeito, um Engagement
d’Importation (documento indispensável à tramitação aduaneira e à regularização dos pagamentos
com uma validade de 6 meses / consultar ponto 1, do Guia Procédures d’importation).
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Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
24
No caso dos produtos sujeitos a contingentes pautais, os importadores devem entregar um Demande
de Franchise Douanière junto do Ministère Chargé du Commerce Extérieur; consultar ponto 4, do
Guia Procédures d’importation.
Os produtos alimentares estão sujeitos a rigorosa regulamentação sanitária. Assim, a importação de
animais vivos e produtos de origem animal deve ser acompanhada de um certificado veterinário,
ficando estes ainda submetidos a inspeção prévia, por parte das autoridades locais. No que respeita
aos produtos vegetais, é necessária a apresentação de um certificado fitossanitário, no qual deve
constar que os mesmos se encontram livres de parasitas e foram embalados de acordo com as
normas sanitárias em vigor (consultar ponto 7, do Guia Procédures d’importation). Por sua vez, os
produtos farmacêuticos devem obter a concordância do Ministère de la Santé solicitada pelo
importador.
Nesta sequência, no que diz respeito aos produtos de origem animal (ex.: carnes; lacticínios; ovos) e
de produtos de origem vegetal (ex.: plantas; frutas; sementes; e legumes), as empresas portuguesas
devem previamente inquirir, respetivamente, junto da Divisão de Internacionalização e Mercados e
Direção de Serviços de Sanidade Vegetal, da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV),
sobre a possibilidade de realizar a exportação dos seus produtos para Marrocos.
Com efeito, pode não ser possível, desde logo, exportar produtos de origem animal ou vegetal para
este mercado pelo facto de Portugal não se encontrar habilitado para a exportação (necessidade de
acordo entre os serviços veterinários/fitossanitários de Portugal e país de destino no que se refere ao
procedimento e/ou modelo de certificado sanitário/fitossanitário).
As barreiras não tarifárias às exportações do setor agroalimentar podem ser consultadas no Portal
GlobalAgriMar (ver tema “Facilitação da Exportação” e, depois, “Constrangimentos à Exportação”), do
Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral – GPP, do Ministério da Agricultura,
Florestas e Desenvolvimento Rural. O facto de determinados produtos não constarem na lista de
constragimentos à exportação não significa que Portugal esteja habilitado a exportar para o mercado.
Eventualmente, pode nunca ter existido qualquer intenção de exportação por parte de empresas
portuguesas, condição indispensável para a DGAV iniciar o processo de habilitação.
Para melhor entendimento das várias fases destes processos, consultar, no referido Portal, as
apresentação esquemática sobre os processos de habilitação para a exportação de:
• Animais, produtos animais e produtos/subprodutos de origem animal;
• Vegetais e produtos vegetais com risco fitossanitário.
Importa referir, neste contexto, pela sua importância, a denominada Certificação Halal: significa
"permitido" ou "lícito" em árabe, a qual estabelece que os bens a exportar, sobretudo os produtos
alimentares, não podem contrariar os ditames e princípios da lei islâmica, de modo a poderem ser
introduzidos no consumo (MADB, selecionar Country: Morocco / Country Overview / Foodstuffs). Um
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Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
25
dos produtos alimentares abrangidos por esta certificação é a carne e produtos cárneos, quanto aos
restantes produtos alimentares, a sua identificação depende do seu processo de fabrico e
composição, devendo o exportador contactar os organismos encarregues da Certificação Halal em
Portugal, com a descrição pormenorizada da composição e processo de fabrico do produto, para
apurar da necessidade da referida certificação.
Em Portugal, a Certificação Halal pode ser efetuada junto das seguintes entidades:
• Comunidade Islâmica de Lisboa – Rua da Mesquita nº 2 1007-238 Lisboa, (CIL)11
. Contacto: e-
mail: [email protected]; telefone: 213 874 142 – que necessita, para o efeito, de subcontratar
os serviços da empresa Inedit Utilization, Lda., que está encarregue de efetuar a inspeção e
fiscalização dos bens alimentares a exportar pelos agentes económicos, a respetiva composição
e o processo de fabrico, assim como a elaboração do dossier administrativo a apresentar à CIL.
Deste modo, as empresas portuguesas, quando da exportação destes bens, devem contactar
com a empresa Inedit Utilization, Lda – Rua Cidade de Moçâmedes, Lote 254, 2.º Esq.º,1800-
194 Lisboa. Contacto: Sr. Paulo Vitorino; e-mail: [email protected] (a utilizar de forma
preferencial);
• Instituto Halal de Portugal (IHP) – contacto: Sr. Vali; e-mail: [email protected].
No que se refere à rotulagem dos produtos alimentares em geral, os produtos importados devem
observar o disposto no Décret n.° 2-12-389, alterado e complementado pelo Décret n.º 2-15-218, bem
como no Arrêté conjoint n.° 281-16, que regula as informações nutricionais dos produtos alimentares
pré-embalados. Para mais informações sobre a regulamentação transversal e por produto alimentar
os interessados devem consultar o site do Office National de Sécurité Sanitaire des Produits
Alimentaires.
No que respeita aos requisitos técnicos dos produtos, o quadro legal em vigor em Marrocos sobre a
segurança de produtos e serviços em geral (que abrange os produtos importados) pode ser
encontrado no site do Ministère de l'Industrie, du Commerce, de l'Investissement et de l'Economie
Numérique que, por sua vez, disponibiliza uma lista das normas técnicas marroquinas de aplicação
obrigatória (atualizada a março de 2016). O organismo responsável em Marrocos pela normalização é
o Institut Marocain de Normalisation (IMANOR) que disponibiliza no seu site o Catálogo de Normas
Marroquinas.
A Pauta Aduaneira de Marrocos segue o Sistema Harmonizado de Designação e Codificação de
Mercadorias, até aos 6 primeiros dígitos. A estes 6 dígitos acrescem mais 4 dígitos (classificação
mais desagregada) com base numa classificação interna que nem sempre é coincidente com a
desagregação aplicada na Pauta Aduaneira Comunitária. Por sua vez, os direitos aduaneiros são
calculados numa base ad valorem sobre o valor CIF (custo, seguro e frete) das mercadorias.
11
Após ter sido alvo de um ataque de piratas informáticos, em Setembro passado, o site da CIL foi desativado.
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Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
26
Os produtos comunitários e, como tal, os portugueses, beneficiam de isenções/reduções das taxas
dos direitos de importação, conforme previsto no Acordo de Associação Euro-Mediterrânico.
Para que os bens possam beneficiar do regime preferencial (redução/isenção de direitos aduaneiros)
quando da sua entrada no mercado, a origem comunitária deve ser comprovada mediante a
apresentação do certificado de circulação de mercadorias EUR. 1 (emitido pelas alfândegas do país
de origem) ou de declaração emitida pelo exportador, numa nota de entrega ou em qualquer outro
documento comercial, que descreva os produtos em causa de uma forma suficientemente
pormenorizada para permitir a sua identificação (normalmente designada por declaração na fatura). A
declaração de origem na fatura pode ser feita por qualquer exportador no caso de remessas de
mercadorias cujo valor não exceda 6 000 euros, ou por um “exportador autorizado” no que diz
respeito a remessas de mercadorias de valor superior a esse montante.
Caso o valor da mercadoria seja inferior a 6 000 euros, é aconselhável a utilização da declaração na
fatura por qualquer exportador apenas para envios ocasionais de mercadoria. Se os envios de
mercadorias forem frequentes, mesmo que inferiores a 6 000 euros cada, pode haver problemas no
mercado de destino e ser exigido o estatuto de “exportador autorizado”.
O estatuto de “exportador autorizado” deve ser solicitado por escrito à Diretora-Geral da Autoridade
Tributária e Aduaneira, devendo o pedido ser acompanhado de um dossier, em duplicado, de onde
conste a informação referida no ponto 5.4.5. (página 99) do Manual de Origem das Mercadorias.
Os direitos aduaneiros cobrados na entrada dos produtos comunitários em Marrocos, bem como a
documentação exigida, podem ser consultados no site Market Access Database (MADB), da
responsabilidade da Comissão Europeia (clicar em Tariffs e Procedures and Formalities12).
Aos produtos originários da União Europeia aplicam-se os direitos aduaneiros (residuais no que
respeita aos produtos industriais, em virtude do Acordo de Associação Euro-mediterrânico celebrado
com a União Europeia) da coluna EU (European Union).
Também no site da Alfândega marroquina através, do sistema ADIL (Assistant au Dédouannement
des marchandises à l'Importation en Ligne), é possível aferir quais os valores a pagar para o
desalfandegamento de mercadorias.
Para além destes encargos, no ato do desalfandegamento, os produtos estão ainda sujeitos ao
pagamento do Imposto sobre o Valor Acrescentado, de acordo com as seguintes taxas: normal de
20% (generalidade dos bens e prestações de serviços); 14% (manteiga, à exceção da manteiga de
fabrico artesanal e energia elétrica); 10% (sal de cozinha, arroz, patés e óleos alimentares; entre
12
Os critérios de pesquisa são os seguintes: selecionar o mercado Country / Morocco; introduzir as posições pautais dos
produtos Product Code a 4 ou 6 dígitos e clicar em Search.
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Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
27
outros); reduzida de 7% (alguns produtos alimentares; farmacêuticos e escolares, entre outros). Há,
ainda, alguns produtos sujeitos a taxas específicas (ex: Impostos Especiais sobre o Consumo), tais
como as bebidas alcoólicas e não alcoólicas, o tabaco, as obras de ouro, platina e prata (consultar,
no site da Administration des Douanes et Impôts Indirects, o tema Réglementation des Douanes et
Impôts Indirects, Título 3, Capítulo 4, Secção 1, sobre as taxas do IVA e o Título 3, Capítulo 8,
Secção 2 sobre as taxas dos Impostos Especiais sobre o Consumo).
Finalmente importa referir que não obstante a livre circulação das mercadorias comunitárias, ao
abrigo do já mencionado Acordo de Associação Euro-mediterrânico, o mercado marroquino tem vindo
a estabelecer nos últimos anos várias medidas protecionistas que têm dificultado o acesso ao mesmo
por parte das empresas portuguesas (ex.: obstáculos no setor do aço/ferro decorrentes da avaliação
aduaneira, existência de uma tabela confidencial que impõe preços mínimos de importação sobre os
quais são aplicados os direitos aduaneiros e IVA, taxa de câmbio aplicada e base de cálculo para
pagamento do IVA, assim como de procedimentos de certificação e exigência de realização de
análises laboratoriais para aferir se os produtos estão conformes com as normas técnicas locais;
legislação que impõe quotas e limites na recolha e venda de matéria-prima Agar-Agar/algas;
aplicação de medidas anti-dumping e medidas de salvaguarda; dificuldades na certificação de
produtos; vários entraves de ordem burocrática) e de outros países comunitários.
Os agentes económicos podem consultar alguns dos entraves sentidos pelas empresas europeias no
relacionamento com Marrocos no tema Trade Barriers, do site da MADB.
4.2. Regime de Investimento Estrangeiro
A “Carta de Investimento” (Charte de L’Investissement – Lei-Quadro n.º 18-95), em vigor desde 1 de
janeiro de 1996, veio diminuir e simplificar os procedimentos administrativos referentes à realização
de investimentos, tendo adotado incentivos comuns para todos os setores, à exceção do setor
agrícola, cujo regime fiscal é objeto de legislação específica. Este quadro legal será brevemente
sujeito a uma reforma profunda com o objetivo, entre outros, de facilitar o ambiente de negócios para
os projetos de investimento, simplificar procedimentos e encorajar o investimento público e privado
(Le plan de réforme de l’Investissement dévoilé).
Ao investidor estrangeiro é concedido idêntico tratamento que aos nacionais, praticamente para todos
os setores de atividade, podendo as empresas ser detidas na totalidade por capital externo.
No entanto, a exploração de certos recursos está vedada à participação estrangeira, uma vez que
são considerados estratégicos (por exemplo, a exploração de fosfatos, cujo monopólio é detido pelo
Office Chérifien des Phosphates – OCP). Por outro lado, a propriedade de terrenos agrícolas está
reservada a cidadãos marroquinos ou a sociedades cujos sócios tenham todos a nacionalidade
marroquina. De referir, ainda, que o investidor estrangeiro tem a possibilidade de arrendar, por
período não superior a 30 anos (regra), estes terrenos; o prazo pode ser prorrogado até ao limite
aicep Portugal Global
Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
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máximo de 90 anos. O setor das pescas está igualmente restrito, exigindo a lei, quando da obtenção
pelo investidor externo da respetiva licença, uma participação de 50% de cidadãos de nacionalidade
marroquina.
O Estado garante o repatriamento total do capital investido e reinvestido sem limite dos rendimentos,
dos dividendos, parte dos lucros e royalties, dos rendimentos prediais auferidos pelos beneficiários
estrangeiros não residentes, dos lucros realizados pelas sucursais marroquinas das sociedades
estrangeiras, de todos os resultados distribuídos pelos acionistas ou associados não residentes e dos
proveitos resultantes da cessação ou liquidação total ou parcial do investimento, incluindo as mais-
valias.
Com o objetivo de captar investimento foram adotadas, entre outras medidas: a redução da carga
fiscal nas operações de aquisição de bens de equipamento, materiais e ferramentas necessários à
realização do investimento, nomeadamente com a aplicação de direitos aduaneiros mais baixos e de
isenção de IVA; a redução da taxa de imposto que recai sobre o rendimento e o lucro; a isenção do
imposto referente aos registos e taxas locais no âmbito da aquisição de terrenos ou ampliação de
estruturas já existentes; a aplicação de um regime preferencial em favor do desenvolvimento regional;
e a promoção de praças financeiras off shore, de zonas francas de exportação e de um regime franco
de entreposto industrial. Algumas regiões, como Tânger, têm um regime especial de redução
tributária.
Para além destas vantagens, que são comuns ao investidor nacional e estrangeiro, as empresas
cujos projetos de investimento se revelem de grande importância em função do montante e do
número de trabalhadores (nomeadamente de valor igual ou superior a 100 milhões de dirhams
investidos e 250 ou mais postos de trabalho criados – o valor do investimento baixou de 200 milhões
de dirhams para 100 milhões de dirhams através do artigo 5.º da Loi de Finances pour 2015), se
realizem em determinadas províncias ou municípios, assegurem transferência de tecnologias e
contribuam para a proteção do ambiente, podem, ainda, mediante a celebração de contratos
individualizados/convénios com o Estado, usufruir de apoios/vantagens especiais.
Também no caso de investimentos nos setores da indústria automóvel, aeronáutica, eletrónica,
química, farmacêutica, entre outras (ao abrigo do Fonds Hassan II pour le Développement
Économique et Social) o Estado pode assumir alguns custos dos projetos (ex.: na aquisição de
equipamentos; construção; etc.).
No que se refere a Zonas Francas (Zones Franches) Marrocos conta com: duas zonas francas de
exportação, situadas em Tânger e Kénitra, com as empresas aí instaladas a beneficiarem de
condições especiais para o desenvolvimento de atividades industriais e comerciais, nomeadamente
em termos fiscais e de comércio externo; duas zonas francas “tradicionais” em Tanger Med Ksar el
Majaz Mellousa 1 e 2 e em Dakhla et de Laayoune e uma zona franca para armazenagem de
hidrocarbonetos em Kebdana-Nador.
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Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
29
Em termos de organismos de apoio ao investimento, a Agence Marocaine de Développement des
Investissements (AMDI) é a entidade responsável pela promoção e prospeção de novos
investimentos, pelo desenvolvimento de zonas de atividade para os setores do comércio, indústria e
novas tecnologias e, ainda, pela coordenação dos investimentos a nível nacional e internacional. No
âmbito do plano de reformas em matéria de investimento, apresentado pelo Governo marroquino em
julho de 2016, já foi aprovado o projeto de lei que cria uma nova Agência, a Agence Marocaine de
Développement des Investissements et des Exportations (AMDIE), que irá fundir a AMDI com a Maroc
Export e o Office des Foires et Expositions Commerciales (OFEC).
De destacar que o site da AMDI disponibiliza informações sobre:
• Quadro Legal do Investimento / ambiente de negócios (Cadre Légal de l’investissement /
Climat des Affaires);
• Proteção do investidor (Protection de l’investisseur);
• Os passos a seguir para a criação de empresas (Créer son Entreprise);
• Fiscalidade (Fiscalité);
• Incentivos existentes ao investimento estrangeiro (Mesures Incitatives);
• Ajudas às PME (Aide aux PME);
• Zonas Especiais de Investimento (Zones d’Investissement);
• Diversas matérias, incluindo um Guide de l’Investisseur atualizado em julho de 2015
(Publications).
De acordo com a localização do investimento, os promotores devem contactar com o respetivo Centre
Régional d’Investissement (CRI). Os CRI (instituídos em 2002) têm como funções essenciais
disponibilizar ajuda à criação de empresas e apoiar os investidores na realização dos seus projetos
de investimento, assim como promover a atratividade das regiões nos setores de forte potencial.
Existem CRI nas principais Províncias.
Importa, também, referir o papel da Agence Nationale pour la Promotion de la Petite et Moyenne
Entreprise (ANPME) que tem por missão promover o desenvolvimento e a modernização das
pequenas e médias empresas, nomeadamente através da criação de programas de apoio e
assistência técnica e da implementação de medidas de simplificação administrativas, fiscais e
jurídicas. Ao nível das parcerias público-privadas Marrocos dispõe de um novo quadro jurídico desde
junho de 2015.
No âmbito dos concursos públicos internacionais foi publicado novo quadro legal (Décret n.º 2-12-
349, 20 mars 2013, relatif aux marchés publics) que entrou em vigor a 1 de setembro de 2013 e que
visa estabelecer uma maior liberalização e transparência nos procedimentos; não obstante a defesa
destes princípios, assim como da igualdade de tratamento entre concorrentes, o artigo n.º 155
permite a aplicação de uma preferência nacional a favor de empresas de obras públicas e gabinetes
de estudos marroquinos no âmbito de concursos públicos a serem lançados. Esta preferência
concedida às empresas nacionais traduz-se numa majoração automática de 15% sobre as ofertas
das empresas estrangeiras concorrentes.
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Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
30
Esta medida, que resulta num constrangimento adicional para as empresas estrangeiras, e
naturalmente portuguesas, a operar em Marrocos (desde que não operem através de sociedades de
direito marroquino), é o resultado das fortes pressões das empresas locais da área das obras
públicas que têm, de há longo tempo a esta parte, manifestado o seu desagrado pela alegada
concorrência desleal movida pelas empresas estrangeiras que as afastam dos grandes e médios
concursos públicos.
Constituem exceção à aplicação desta medida, os concursos públicos financiados por empréstimos
internacionais ou doações que imponham expressamente a igualdade de tratamento entre
concorrentes estrangeiros e nacionais.
Ainda no âmbito das dificuldades que se verificam quando do estabelecimento de uma empresa em
Marrocos podem ser referidas: a lentidão e o funcionamento burocrático da Administração Pública e
da justiça em geral; deficiente proteção da propriedade intelectual; falta de qualificação da mão-de-
obra local; obstáculos ao nível da regulamentação técnica e do reconhecimento das certificações
europeias; elevados custos dos fatores de produção (ex.: transportes; telecomunicações; e energia).
Em matéria de proteção dos direitos de propriedade industrial (ex.: marcas; patentes; design) as
empresas podem consultar no site do INPI, página “Fichas de Apoio à Exportação”, a “Ficha de
Mercado de Propriedade Industrial: Marrocos”.
De forma a promover o desenvolvimento das relações de investimento entre os dois países, foram
assinados entre Portugal e Marrocos o Acordo sobre a Promoção e a Proteção Recíprocas dos
Investimentos, em vigor desde 22 de março de 1995 (em 2008 foi publicado novo Acordo de
Promoção que aguarda o cumprimento das formalidades necessárias pela parte de Marrocos para a
sua entrada em vigor, substituindo o atual Acordo) e a Convenção para Evitar a Dupla Tributação e
Prevenir a Evasão Fiscal em Matéria de Impostos sobre o Rendimento, em vigor, desde 27 de junho
de 2000.
Para mais informação sobre este mercado, consulte o site da aicep Portugal Global em Mercados Externos ou na “Livraria
Digital”.
5. Informações Úteis
Formalidades na Entrada
Os cidadãos portugueses estão isentos de visto para estadias de turismo até 90 dias. Têm apenas de
ser portadores de um passaporte válido que não expire no prazo de seis meses.
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Marrocos – Ficha de Mercado (setembro 2016)
31
Hora Local
Corresponde ao UTC (Tempo Universal Coordenado). Em relação a Portugal, Marrocos tem a mesma
hora no verão e no inverno.
Horários de Funcionamento
Serviços Públicos:
(de segunda a sexta-feira)
Inverno – 9h00 às 16h30
Verão – 9h00 às 15h00
Ramadão – 9h00 às 15h00
Bancos:
Inverno – 8h15 às 16h00 (de segunda a sexta-feira)
Verão – 8h30 às 15h00 (de segunda a sexta-feira)
Ramadão – 9h00 às 15h00 (de segunda a sexta-feira)
Comércio tradicional:
Inverno – 9h00 às 13h00 / 15h00 ou 15h30 às 19h00 (de segunda-feira a domingo)
Verão – 9h00 às 13h00 / 15h00 ou 15h30 às 20h00 ou 20h30 (de segunda-feira a domingo)
Ramadão – 10h00 às 13h00 / 14h00 às 16h00 (de segunda-feira a domingo)
Em alguns locais o comércio encerra ao domingo.
Feriados
Feriados fixos
1 de janeiro – Dia de Ano Novo
11 de janeiro – Manifesto da Independência
1 de maio – Dia do Trabalhador
30 de julho – Festa do Trono
14 de agosto – Dia de Oued ed-Dahab
20 de agosto – Revolução do Rei e do Povo
21 de agosto – Festa da Juventude
6 de novembro – Aniversário da Marcha Verde
18 de novembro – Festa da Independência
Feriados móveis
Aid al-Fitr – Fim do Ramadão
Aid al-Adha – Festa do Sacrifício
Ano Novo Muçulmano
Aid Al Maoulid - Festa do Nascimento do Profeta
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Corrente Elétrica
220/110 Volts AC, 50Hz.
Pesos e Medidas
Marrocos utiliza o sistema métrico, embora também sejam usadas algumas unidades de medida
locais.
6. Contactos Úteis
Em Portugal
Embaixada do Reino de Marrocos
Rua Alto do Duque, 21
1400-099 Lisboa
Tel.: (+351) 213 008 080 | Fax: (+351) 213 020 935
E-mail: [email protected] | http://www.emb-marrocos.pt
aicep Portugal Global
Rua Júlio Dinis, 748º - 8º Dto
4050-012 Porto
Tel.: (+351) 226 055 300 | Fax: (+351) 226 055 399
E-mail: [email protected] | http://www.portugalglobal.pt
aicep Portugal Global
Av. 5 de Outubro, 101
1050-051 Lisboa
Tel.: (+351) 217 909 500 | Fax: (+351) 217 909 581
E-mail: [email protected] | http://www.portugalglobal.pt
Câmara de Comércio e Indústria Luso-Marroquina
Rua Manuel da Silva Leal, nº1C – Escritório 3
1600-166 Lisboa
Tel.: (+351) 213 970 036 | Fax: (+351) 213 970 588
E-mail: [email protected] | http://www.ccilm.pt/
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COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, SA
Direção Internacional
Av. da República, nº58
1069-057 Lisboa
Tel.: (+351) 21 217 913 700 | Fax: (+351) 21 217 913 720
E-mail: [email protected] | http://www.cosec.pt
Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento
Instituição Financeira de Crédito, S.A. – SOFID
Av. Casal Ribeiro, 14 – 4º
1000-092 Lisboa
Tel.: +351 21 313 7760 I Fax: +351 21 313 7779
E-mail: [email protected] I http://www.sofid.pt/
Em Marrocos
Embaixada de Portugal em Rabat
5, Rue Thami Lamdouar – Souissi
Rabat
Tel.: (+212) 537 75 64 46/47/50 | Fax: (+212) 537 75 64 45
E-mail: [email protected] | http://ambportugalrabat.org/
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Ambassade du Portugal
5, Rue Thami Lamdouar
B. Postale 5050 Souissi
Rabat
Tel.: (+212) 537 752 472 | Fax: (+212) 537 656 984
E-mail: [email protected] I http://www.portugalglobal.pt
Bank Al-Maghrib (Banco Central)
277, Avenue Mohamed V
B. P. 445
Rabat
Tel.: (+212) 537 702 626 | Fax: (+212) 537 706 667
E-mail: [email protected]
Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Portugal em Marrocos (CCISPM)
48 Boulevard de Paris, Casablanca
20250, Morocco
Tel.: (+212) 522 209 018 | Fax: (+212) 522 209 018
E-mail: [email protected]
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7. Endereços de Internet
A informação online aicep Portugal Global pode ser consultada no site da Agência, nomeadamente,
nas seguintes páginas:
• Guia do Exportador
• Guia de Internacionalização
• Temas de Comércio Internacional
• Mercados Externos (Marrocos)
• Livraria Digital
Outros endereços
• Administration des Douanes et Impôts Indirects
• African Development Bank (AfDB)
• African Union (AU)
• Agence Marocaine de Développement des Investissements – AMDI (Investir au Maroc)
• Agence Nationale pour la Promotion de la Petite et Moyenne Entreprise (ANPME)
• ANIMA Investment Network
• Arab Bank for Economic Development in Africa (BADEA)
• Arab Fund for Economic & Social Development (AFESD)
• Arab Maghreb Union (AMU)
• Arab Mediterranean Free Trade Agreement (Agadir Agreement)
• Arab Monetary Fund (AMF)
• Artémis (Services d’Information Juridique)
• Bank Al-Maghrib (Banco Central)
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• Câmara de Comércio e Indústria Luso-Marroquina
• Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Portugal em Marrocos (CCISPM)
• Chambre des Représentants (Parlement)
• Confédération Générale des Entreprises du Maroc (CGEM)
• Conseil National du Commerce Extérieur (CNCE)
• Centres régionaux d'investissement – CRI
• Délégation de l'Union européenne au Royaume du Maroc
• Doing Business in Morocco 2017 / Starting a Business in Morocco 2016 / Business Reforms
in Morocco 2017 / Trading Across Borders in Morocco 2016 / Law Library (Doing Business
Project – World Bank Group)
• Droit-Afrique (Maroc)
• Embaixada de Portugal em Rabat
• Embaixada do Reino de Marrocos em Portugal
• Etablissement Autonome de Contrôle et de Coordination des Exportations (EACCE)
• EUR-Lex (Acesso ao Direito da União Europeia)
• European Bank for Reconstruction and Development (EBRD)
• European External Action Service (EEAS) – Morocco and the EU / EU-Morocco Trade
Relations / Euro-Mediterranean partnership
• Guia Prático – Destacamento de Trabalhadores de Portugal para Outros Países (Instituto da
Segurança Social)
• Institut Marocain de Normalisation (IMANOR)
• Institut National de Statistique et d’Economie Appliquée (INSEA)
• Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) / Fichas de Apoio à Exportação (Ficha de
Mercado de Propriedade Industrial: Marrocos)
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• Islamic Development Bank (IDB)
• Le Chef du Gouvernement
• League of Arab States (LAS)
• Market Access Database – MADB (Tariffs; Procedures and Formalities; Trade Barriers)
• Ministère de l’Economie et des Finances
• Ministère de l’Industrie, du Commerce, de l’Investissement et de l’Economie Numérique
• Ministère de la Santé
• Ministère Délégué auprès du Ministre de l’Industrie, du Commerce, de l’Investissement et de
l’Economie Numérique, Chargé du Commerce Extérieur
• Ministère des Affaires Etrangères et de la Coopération (MAEC)
• Ministère du Tourisme
• Morocco Tourism Investment Forum
• Novo Quadro de Apoio Portugal 2020 / Programa Operacional Competitividade e
Internacionalização (Compete 2020)
• Office des Changes
• Office Marocain de la Propriété Industrielle et Commerciale (OMPIC)
• Office National Marocain du Tourisme (Voyage au Maroc)
• Office National de Sécurité Sanitaire des Produits Alimentaires (ONSSA)
• Overview of FTA and Other Trade Negotiations, Updated September 2016 (European
Commission)
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Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, E.P.E. – Avenida 5 de Outubro 101 – 1050-051 LISBOA
Tel. Lisboa: + 351 217 909 500 Contact Centre: 808 214 214 [email protected] www.portugalglobal.pt
Capital Social – 114 927 979,87 Euros • Matrícula CRC Porto Nº 1 • NIPC 506 320 120
• Portail National du Maroc
• Portail Marocain des Marchés Publics
• Portal das Comunidades Portuguesas (Ministério dos Negócios Estrangeiros) / Trabalhar no
Estrangeiro / Trabalhar no Estrangeiro - Folheto Genérico / Brochura Trabalhar no Estrangeiro
2015 / Conselhos aos Viajantes (Marrocos)
• Portal Europa (Acordos Euro-Mediterrânicos de Associação)
• Portal GlobalAgriMar / Constrangimentos à Exportação, Gabinete de Planeamento, Políticas e
Administração Geral (GPP) / Ministério da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural
• Programme e-gouvernement
• Secrétariat Général du Gouvernement
• Segurança Social (Destacamento de Trabalhadores para Países com os quais foram celebrados
Acordos Bilaterais / Convenções, como é o caso de Marrocos)
• Seguro de Investimento Português no Estrangeiro da COSEC / Formas de Realização de
Investimento / Riscos e Coberturas / Contactos
• United Nations (UN) / Specialized Agencies, Related Organizations, Funds, and Other
• United States – Morocco Free Trade Agreement
• World Trade Organization (WTO)