Mestrado em Ciências da Educação - Música Unidade Curricular: Ensino, Aprendizagem e Avaliação...

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Mestrado em Ciências da Educação - Música Unidade Curricular: Ensino, Aprendizagem e Avaliação I Dânia Araújo Abril de 2012 O sistema educativo atual e a mudança das práticas de ensino: avaliação autêntica e avaliação tradicional

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Mestrado em Ciências da Educação - Música

Unidade Curricular: Ensino, Aprendizagem e Avaliação I

Dânia Araújo

Abril de 2012

O sistema educativo atual e a mudança das práticas de ensino:

avaliação autêntica e avaliação tradicional

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Trabalho 3

A partir das leituras recomendadas na bibliografia, ARENDS, R. I. (2008); CONDEMARÍN, M. & MEDINA, A. (2000) e FERNANDES, D. (2005), explicitar:

a) Os princípios e os fundamentos teóricos da avaliação autêntica, segundo os olhares destes três investigadores.

b) Porque é que a avaliação tradicional dificulta a mudança das práticas, em especial no ensino artístico?

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Sistema educativo atual

Grande desafio: melhorar a

qualidade do processo de

ensino-aprendizagem

Ensino

AvaliaçãoAprendizagem

Construir uma nova cultura de avaliação

A AVALIAÇÃO COMO PARTE INTEGRANTE E

NATURAL DO PROCESSO DE

ENSINO-APRENDIZAGEM

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A avaliação “não é uma mera questão técnica, não é uma mera questão de

construção e de utilização de instrumentos, nem um complicado

exercício de encaixar conhecimentos, capacidades, atitudes ou motivações dos alunos numa qualquer categoria de uma qualquer taxonomia” (Fernandes, 2005,

p.71)

“Saber algo no significa recibir pasivamente y memorizar nueva información; significa ser

capaz de organizarla, interpretarla y utilizarla a la luz de los conocimientos y experiencias previas, la propia identidad y las necesidades personales; significa también procesar las ideas de diversas

formas, de modo de construir niveles progresivamente mayores de comprensión y utilizar esta nueva información para revisar la

propia comprensión del mundo” (Condemarín, M. & Medina, A., 2000, p.6).

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Avaliação autêntica: alternativa ao modelo de avaliação tradicional

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Avaliação das aprendizagens e dos saberes em utilização – avaliação in loco

Professor Aluno

ObjetivosConteúdo

s curricular

es

Estratégias

pedagógicas

Sistemas de

avaliação

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Avaliação

autêntica

O aluno com um papel central -

princípio de que todos

podem aprender

Permite regular e

melhorar a qualidade do ensino e das aprendizagen

s

Avalia os saberes em ação: saber algo não

significa receber passivamente a informação e

armazená-la, mas sim mobilizar todo o

conhecimento, integrando-o e aplicando-o em

contextos reais e significativos

A avaliação como construção social:

valoriza os contextos vividos

pelos professores e pelos alunos, assim como os processos cognitivos, sociais e culturais da sala

de aula

Valoriza a autonomia e a responsabilidade dos

alunos no desenvolvimento das suas aprendizagens –

modelo de ensino interativo,

colaborativo, participativo, com a autoavaliação como

forma de autorregulação

Avaliação centrada nos pontos fortes dos

alunos: os seus conhecimentos, mas

também os seus desempenhos, as suas capacidades, as suas

atitudes e competências – não se

cinge a procedimentos

rotineiros (testes de lápis e papel)

Tem como ponto de partida o próprio

aluno, os seus conhecimentos

prévios, o seu estádio de desenvolvimento, as suas capacidades

cognitivas – motivações, processos

de pensamento, estilos e ritmos de

aprendizagem muito diversificados num

corpo de alunos heterogéneo

Não se limita a quantificar as

aprendizagens, as aptidões ou as

inteligências dos alunos - não é padronizada,

técnica ou comparativa

(escala de bom, médio ou mau)

Valoriza o crescimento pessoal dos

alunos e desenvolve a sua

capacidade de refletir sobre os

seus trabalhos de forma crítica, consciente e sistemática

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Avaliação

autêntica

Deteta as dificuldades dos alunos durante e

não após o processo de

ensino-aprendizagem

Maior transparência: definir de forma clara

os critérios de avaliação,

partilhando-os e discutindo-os com os alunos – considerar a

avaliação um processo complexo e mesmo subjetivo, que deve ser o mais justa

e clara possível

Avaliar um ensino de natureza

transversal, que vai para além

da aquisição de conhecimentos

sobre conteúdos

específicos de uma

determinada disciplina

Considera os erros uma oportunidade de

aprendizagem: o aluno precisa de

processar o conhecimento, o que implica obstáculos,

retrocessos, desvios, logo, é preciso

entender a lógica dos erros, encontrar o

seu significado, analisá-los e superá-

los

Processo multidimensional, diversidade de espaços e de

tempos: avaliar em momentos diversificados e

com atividades de exploração, de procura de

informação e de comunicação de novos conhecimentos pelos

alunos: trabalhos individuais e em grupo,

observações sistemáticas, entrevistas, pesquisas,

apresentações, debates, pequenos relatórios,

portefólios, etc.

Avaliação pedagógica,

associada a um desenvolviment

o académico, social, cultural

e pessoal

Avaliar para ensinar

melhor e para

aprender melhor

Enfatiza os processos de

ensino (progressos e dificuldades,

sucessos e insucessos) e a sua qualidade e

não tanto os produtos – avaliar

de fora para dentro e não de dentro para fora

Avaliar não é classificar – afastamento da conceção de que os testes medem

com rigor e de forma objetiva os saberes dos alunos e são uma fonte

segura para a atribuição de classificações – modificar os testes

(melhorar a natureza das questões, relativizar o seu

peso no contexto dos elementos de avaliação)

para demonstrarem o que os alunos sabem, o que são capazes de fazer e o

que ainda lhes falta aprender

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Partilha de responsabilidades - a avaliação como um processo compartilhado entre o professor e o aluno

•O professor como formador e não como examinador ou certificador

•O professor reflexivo (autoavaliação): procura entender a sua prática e melhorá-la – forma de inovação e de mudança, de procura de soluções para os desafios emergentes

•Utiliza um feedback formativo, deliberado e bem estruturado, com orientações que regulam a aprendizagem, melhoram a motivação intelectual e a autoestima dos alunos

•Diferencia estratégias, técnicas e instrumentos•Seleciona e organiza cuidadosamente as tarefas, adequando os propósitos, os conceitos e os procedimentos às necessidades dos alunos

•Cria ambientes de aprendizagem adequados na sala de aula, que promovam a mobilização do conhecimento

Professor

•Aprende melhor e com compreensão•Participa ativamente na avaliação do seu próprio trabalho (autoavaliação e autorregulação)

•Julga, pensa e revê (auto-observação) de forma crítica, consciente e sistemática as suas próprias aprendizagens, utilizando o feedback do professor

•Formula as suas próprias ideias (pensa por si mesmo), faz as suas escolhas e não apenas se limita a cumprir as prescrições do professor

•Alcança uma maior interação com o professor: mostra as suas dificuldades e o professor ajuda na sua superação

Aluno

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Segundo Condemarín, M. & Medina, A. (2000), as bases teóricas que fundamentam a avaliação autêntica são:

Avaliação formativa

• Opõe-se a uma avaliação sumativa.• Permite melhorar a qualidade das aprendizagens dos alunos, pois promove a utilização de uma pedagogia diferenciada: considerar os ritmos de aprendizagem e as necessidades de cada aluno.• Promove a autonomia dos alunos, a autoavaliação e a autorregulação, através de um feedback dado pelo professor.

Modelos holísticos e de

destrezas

• O modelo de destrezas procura avaliar as aprendizagens através de um conjunto de mecanismos, ordenados do mais simples até ao mais complexo, de forma sequenciada e em contextos significativos.• O modelo holístico defende que o professor deve avaliar o aluno enquanto observa e interage com ele. O melhor modelo de avaliação é o que implica interação e envolvimento.

Teoria do esquema

• Os conhecimentos estão organizados em esquemas cognitivos, tornando-se a aprendizagem mais eficaz se a nova informação for assimilada dentro de um esquema cognitivo prévio.• O professor apoio os alunos a construir uma base de conhecimentos e a estabelecer relações entre os seus conhecimentos prévios e o que está a ser aprendido.

Perspetiva ecológica ou

sociocognitiva

• Valoriza o contexto das aprendizagens, assim como as relações que se estabelecem entre a aprendizagem, os processo sociais e os processos cognitivos.• Perspetiva que contempla a interação e a observação, pois certos fenómenos do comportamento humano não podem ser medidos através de métodos quantitativos.

Construtivismo • A aprendizagem é um processo construtivo, em que os alunos participam de forma ativa na construção das suas aprendizagens, servindo-se das suas experiências e dos seus conhecimentos prévios para incorporar, relacionar e dar significado à nova informação.• O professor deve valorizar os pontos de vista dos alunos e partilhar com eles os processos de avaliação.

Prática pedagógica

reflexiva

• O professor deve estar em constante diálogo com a sua prática, refletindo, de forma a compreendê-la e a melhorá-la. Também os alunos se devem autoavaliar, refletindo sobre o seu próprio trabalho.

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Avaliação tradicional: adequada à mudança

das práticas de ensino?

• Nova realidade social e cultural• Novo modelo de sociedade• Mercado de trabalho global e competitivo • Massificação do ensino• Heterogeneidade do público escolar

Ensinar consiste numa ação “intencionalmente dirigida a

promover uma aprendizagem (de qualquer conteúdo curricular) em

alguém” (Roldão, 2009, p.48)

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Avaliação formal, normativa, classificatória e unilateral, que mede os produtos do

ensino

Descontextualizada, pouco integrada no ensino,

destinada essencialmente a informar os alunos e os

encarregados de educação através de uma nota

padronizada (diferenciação entre alunos bons, médios e

maus)

São criadas hierarquias de excelência em que os alunos

acabam por não ser informados sobre os seus

conhecimentos e competências

Não permite a realização de uma pedagogia diferenciada:

as situações de aprendizagem não são diversificadas, nem se

aproximam das necessidades reais dos alunos

A avaliação centrada em testes acaba por não regular

a aprendizagem, pois não fornece informações sobre

os pontos fortes e fracos dos alunos, nem proporciona

informações para se superar as dificuldades e os

erros

O aluno não é o centro da aprendizagem, pois esta avaliação não responde à

heterogeneidade do público escolar atual e não tem em conta as condições de cada

aluno (as experiencias anteriores, as suas

capacidades, as suas práticas culturais) e o

contexto

Os testes, que se pensam medir de forma objetiva e

fiável a aquisição de conhecimentos esperada,

são o principal instrumento de avaliação, considerados

pelos professores como válidos e seguros

Maior ênfase nos produtos do ensino e não nos

processos – avaliação para a classificação ou certificação de um momento terminal, absolutamente dependente da média final dos testes

Participação reduzida dos alunos e pouco envolvimento

no processo de ensino-aprendizagem

Avaliação tradicional

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Avaliar todos os alunos com a mesma pergunta, ao

mesmo tempo e nas mesmas condições – preocupação em

manter igualdade formal, justiça, imparcialidade e

isenção

Avaliação com um caráter unidirecional, da

responsabilidade do professor, em que os alunos

atuam como objetos de avaliação e não como

participantes ativos no processo de elaboração e

interpretação dos resultados

As notas como um atributo do professor acabam por

colocar ansiedade nos alunos, muitas vezes com medo de demonstrarem os seus erros e dificuldades

Os testes ou provas escritas acabam por avaliar

competências básicas, isoláveis e quantificáveis, de

baixo nível taxonómico, e não o pensamento crítico, a capacidade de síntese e de

estabelecimento de relações

Avaliação sumativa: sumariar o desempenho de um determinado aluno num grupo pré-estabelecido de

metas ou objetivos de aprendizagem

Modelo que acaba por promover a competição e a comparação entre alunos

Limita a participação e a voz dos pais na vida escolar

Trabalho na sala de aula baseado num modelo predominantemente

expositivo-transmissivo

A dependência do rigor proporcionado por algumas

ferramentas de avaliação torna os professores inseguros na

hora de implementar atividades inovadoras

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Sala de aula “um espaço em que as aprendizagens se vão construindo em conjunto e/ou individualmente ao ritmo de

cada um, em que se reflecte e se pensa, em que se valorizam as experiências, intuições e saberes de cada

aluno, em que se acredita que as dificuldades podem ser superadas e em que, essencialmente, se ensina e se

aprende. Com mais ou menos esforço, mas sempre com gosto” (Fernandes, 2005, p.88)

No entanto “continuam a prevalecer modelos que dão ênfase ao ensino de procedimentos rotineiros que pouco

mais exigem dos alunos do que a reprodução de informação previamente transmitida. Continuam a

prevalecer modelos de avaliação pouco integrados no ensino e na aprendizagem, mais orientados para a

atribuição de classificações do que para a análise do que os alunos sabem e fazem, para a compreensão das suas

dificuldades e para a ajuda à sua superação” (Fernandes, 2005, p.15)

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Bibliografia:

ARENDS, R. I. (2008). Aprender a ensinar, 7ª Edição. Madrid: McGraw-Hill Interamericana de Espanã, S.A.U CONDEMARÍN, M. & MEDINA, A. (2000). Evaluación des los Aprendijages. Un Medio Para Mejorar Las Competencias Lingüísticas Y Comunicativas. MINEDUC P-900. República de Chile: División de Educación General / Ministerio de Educación.

FERNANDES, D. (2005). Avaliação das aprendizagens: Desafios às Teorias, Práticas e Políticas. Colecção Educação Hoje. Porto: Texto Editores, Lta.

ROLDÃO, M. C. (2009). Estratégias de Ensino. O saber e o agir do professor. Desenvolvimento Profissional dos Professores. V. Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão.

http://www.anqep.gov.pt/default.aspx