Metáforas e Entrelinhas da Profissão Docente

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Autora: Marilda da Silva

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Repressão, licenciosidade, tabus, medos, o desvendar do mundo das letras por trás da porta e das palavras sopradas pelo professor leigo que ministrava aulas em casa. Esse é o mundo experienciado pela autora, que nos conta a história de uma época em que o desejo de aprender a ler e escrever implicava incorrer em um dos pecados capitais, imputado às poucas mulheres que se lançavam em tal aventura. Isto porque, embora hoje se propague que estamos na era do conhecimento, há muito se sabia que o saber era o passa-porte para a liberdade...

A autora recria, com detalhes, a trajetória docente que vai das aulas à lam-parina, em que o recurso didático eram a lousa e o giz, até os dias atuais, mostrando como a história de escolarização pode influenciar a formação e a prática docentes. Discute, entre outros assuntos, a lógica das letras em ambientes iletrados e a contribuição da escola primária na formação docen-te; a força que a escola tem na sociedade; o papel dos professores das quatro primeiras séries do ensino fundamental na formação das representações que os alunos constroem sobre a escola, o conhecimento, a profissão docente e o professor como sujeito social; e as particularidades dos diferentes modos da prática docente.

Destina-se a alunos e profissionais da área de Educação.

Aplicações

Outras Obras

Analfabetismo FuncionalDaniel Augusto Moreira

Caminhos do EnsinoNélio Parra

Educando para o PensarEder Alonso Castro e Paula Ramos-de-Oliveira

Formação Continuada de Professores: uma releitura das áreas de conteúdoAnna Maria Pessoa de Carvalho (coord.)

Formação em ContextoJúlia Oliveira-Formosinho eTizuko Morshida Kishimoto (orgs.)

História da Educação Brasileira: leiturasMaria Lucia Spedo Hilsdorf

O Gestor Educacional de uma Escola em MudançaClóvis Roberto dos Santos

Revisitando a Prática Docente: interdisciplinaridade, políticas públicas e formaçãoJoão Gualberto de Carvalho Meneses e Sylvia Helena S. S. Batista (coords.)

Marilda da Silva

Doutora em Didática pela Faculdade de Educação da USP e professora junto ao Departamento de Didática da Faculdade de Ciências e Letras – campus de Araraquara/UNESP.

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Silva, Marilda da Metáforas e entrelinhas da profissão docente / Marilda da Silva.-- São Paulo : Pioneira Thomson Learning, 2004.

Bibliografia.ISBN 978-85-221- -

1. Educação – História 2. Memórias autobiográficas 3. Prática de ensino 4. Professores – Formação profissional 5. Silva, Marilda da I Título.

03-4947 CDD-370.92

Índices para catálogo sistemático:

1.Docentes : Memórias autobiográficas : Educação 370.92

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Metáforas e entrelinhas da profissão docente

Marilda da Silva

Gerente Editorial: Adilson Pereira

Editor de Desenvolvimento: Marcio Coelho

Produtora Editorial: Ada Santos Seles

Produtora Gráfica: Patricia La Rosa

Copidesque: Ornilo Alves da Costa Jr.

Revisão: Danae Stephan

Composição e Capa: LUMMI Produção Visual e Assessoria Ltda.

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ISBN 13: - - - -ISBN 10: - - -

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Introdução

V

Ao Carlinhos, meu irmão, calado por um AVCI sem deixar de sorrir.

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Introdução

VII

A multiplicidade dos professores era surpreendente; é a primeira vez de que se é consciente na vida.

Que eles ficassem por tanto tempo parados à nossa frente, expostos em cada um de seus movimentos, sob incessante observação, hora após hora o verdadeiro objeto de nosso

interesse, sem poderem se afastar durante um tempo precisamente delimitado; a sua superioridade, que não queremos reconhecer de uma vez por todas e que nos torna perspicazes, críticos e maliciosos; a necessidade

de acompanhá-los sem que queiramos nos esforçar demais, pois ainda não nos tornamos trabalhadores dedicados

e exclusivos; também o mistério que envolve sua vida fora da escola, quando não estão à nossa frente como atores, representando a si próprios; e, mais ainda, a alternância

dos personagens, um após outro, no mesmo papel, no mesmo lugar e com a mesma intenção, portanto

eminentemente comparáveis – tudo isso, em seu efeito conjunto, é outra escola, bem diferente da escola formal, uma escola que ensina a diversidade dos seres humanos;

se a tomarmos um pouco a sério, resulta a primeira escola em que conscientemente estudamos o homem.

Elias Canetti

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Sumário

IX

Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

Capítulo 1 – Os Primeiros Esteios Submersos da Formação Docente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Parte I – A Lógica das Letras em Ambientes Iletrados . . . 9 Parte II – Contribuição da Escola Primária na Formação Docente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Um Parêntese: A Transição da Escola Primária para o Ginásio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Capítulo 2 – O Ginásio e o Colegial: Minha Prática Docente em Perspectiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Parte I – O Ginásio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Parte II – O Colegial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

Capítulo 3 – A Formação Profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

Capítulo 4 – A Formação Professoral . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

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Introdução

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Metáforas e entrelinhas da profissão docente teve sua versão inicial escrita em meados de 1997 como memorial para efeito de meu concurso de efetivação na disciplina didática no Departa-mento de Didática da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP de Araraquara (SP). Mas o que me inspirou na escolha da forma-conteúdo de tal registro foi o texto de Elias Canetti intitulado A língua absolvida,1 do qual extraí a epígrafe que abre este do cu-

1 O conhecimento dessa obra se deu no curso que que fiz em 1995, na Faculdade de Educação da USP, denominado Docência, Memória e Gênero, ministrado pelas pro-fessoras Belmira Oliveira Bueno, Denice Barbara Catani e Maria Cecília C. C. Souza.

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men to. Esse texto levou-me a pensar o quanto havia de minha história de escolarização que influenciava mi-

nha formação de professora e, conseqüentemente, minha prática docente. Somaram-se a isso as informações advindas

das investigações produzidas no âmbito do Gedomge2 e dos tra-balhos de origem francesa e portuguesa nos quais fundamentava-se o respectivo grupo.

Neste momento, o objetivo é ratificar o que foi dito em 1997. Trata-se, assim, de relatos de vida e da história de escola-rização, que servem de base à formulação de um entendimento das práticas pedagógicas, bem como dos instrumentos didáticos imprescindíveis à sua efetivação. Nessa medida, o que está em jogo é o fato de os relatos autobiográficos evidenciarem as con-fluências entre o eu pessoal e o eu profissional, como já apontou, entre outros, António Nóvoa (1992).

Contudo, não posso deixar de registrar a preocupação que tenho no que diz respeito à dinâmica autobiográfica como ins-trumento de sistematização de uma idéia.3 E, nesse particular, os riscos são inúmeros. Alguns deles dizem respeito diretamente às fragilidades da natureza do método propriamente dito, que esti-mula as seguintes avaliações estruturais: este relato é um artifí-cio do exibicionismo da autora; este relato foi organizado com o intuito de a autora dar ordem à sua vida pessoal; este relato pode ter sido utilizado como instrumento de alívio de tensão profissio-

2 Grupo de Estudos sobre Docência, Memória e Gênero, que, a partir de 1990, reunia professoras e alunos da Feusp e professoras e professores da rede pública de ensino do Estado de São Paulo em torno das problemáticas da formação e da atuação de professores, tendo em conta as relações estabelecidas entre docência, memória e gênero.

3 Nesse caso, pode-se dizer que se trata, do ponto de vista metodológico, de um regis-tro autobiográfico tematizado. A exemplo de uma explicação sobre os diversos tipos de pesquisa a partir de dados biográficos e autobiográficos oferecidos por Marie-Christine Josso em seu livro intitulado Experiências de vida e formação (2002).

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Introdução

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nal; e daí por diante. A respeito desses eventuais comentários, não tenho nada a dizer, até porque tudo isso e muito mais pode ser responsável pelo registro das memórias que aqui priorizei. Nesse caso, não me adiantaria muito, ou nada, ficar explicando onde me localizo nessa banda larga psicológica.

Outra problemática que pode ser apontada refere-se à tipo-logia dos episódios relatados. Sobre isso, tenho uma explicação que vem das idéias divulgadas por Marie-Christine Josso. Em seu livro Experiências de vida e formação (2002), a partir dos estudos que vem realizando com a elaboração de biografias e so-bretudo autobiografias acerca da formação profissional por dife-rentes profissionais, essa investigadora observa que os episódios que os sujeitos escolhem para tornar público o que direta e/ou indiretamente diz respeito ao exercício da profissão que praticam constituem recordações-referências que podem ser qualificadas como experiências formadoras.

Segundo ela, quando optamos por determinados relatos é porque eles constituem esteios submersos da nossa formação pro-fis sional, na medida em que com eles aprendemos experien cial-men te e é exatamente por isso que os priorizamos. Se não tenho solução para todas as implicações da sistematização de uma idéia a partir dos fragmentos que dizem respeito à minha história de for-mação em sentido amplo, penso que esse procedimento, pelo últi-mo comentário, possui também virtudes a serem consideradas.

Outrossim, relatos autobiográficos, como já apontaram al-guns estudos, constituem um plano de espelhamento; o que per-mite ao leitor olhar para si por meio das experiências vividas por outra pessoa, tendo em vista as relações e/ou mediações estabe-lecidas entre a história individual e a história coletiva. No caso de Metáforas e entrelinhas da profissão docente, o objetivo é for-mular uma contribuição que sirva para desenvolver reflexões so-bre a formação de professores e sobre os elementos estruturais das práticas docentes de modo geral.

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O Capítulo 1, “Os primeiros esteios submersos da formação docente”, tem duas partes: A Lógica das

Letras em Ambientes Iletrados e Contribuição da Escola Primária na Formação Docente. Na Parte I, o que está em jogo é a força que a escola tem na sociedade, que, para mim, advém da força do conhecimento, e não da força da institucionalidade dessa instituição. No que se refere à Parte II, os relatos foram construídos de modo tal que possibilitam visualizar a força que os professores das quatro primeiras séries do ensino fundamen-tal têm na formação das representações que os alunos constroem sobre a escola, o conhecimento, a profissão docente e o professor como sujeito social.

Depois disso, vem “Um parêntese: a transição da escola primária para o ginásio”, que não faz parte de nenhum dos ca-pítulos, pois se trata da passagem das quatro primeiras séries do ensino fundamental para as quatro últimas. Contudo, os rela-tos que compõem esse momento do texto têm a mesma função e importância dos demais. O leitor observará que essa medida foi tomada para atender à estrutura do texto, tendo em vista sua forma-conteúdo.

O Capítulo 2, “O ginásio e o colegial: minha prática docen-te em perspectiva”, também se divide em duas partes. A primeira denomina-se O Ginásio e a outra, O Colegial. Nesse capítulo, os relatos mostram mais os elementos das práticas docentes pro-priamente ditas e menos o professor como sujeito social, como ocorreu no Capítulo 1. Não sei explicar o motivo de os relatos terem sido assim por mim estruturados, pois só percebi isso no momento de redigir esta introdução. Como não tenho por obje-tivo refletir sobre a banda larga psicológica na qual transitei ao escrever este texto, apego-me à afirmação de Josso de que quan-do os profissionais escolhem os relatos que dizem respeito dire-tamente à sua formação profissional, o fazem a partir de experi-ências-referências, como já explicitei anteriormente.

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Introdução

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No Capítulo 3, “A formação profissional”, os relatos estão voltados para a formação específica e, nesse momento, o interes-se em compreender e mostrar, simultaneamente, as particulari-dades dos diferentes modos de exercer o trabalho docente é visí-vel, tendo como objetivo despertar reflexões sobre a formação de professores de modo geral.

No último capítulo, “A formação professoral”, os relatos vão desaparecendo lentamente para dar maior espaço à análise propriamente dita, cujo foco está voltado para os elementos bási-cos responsáveis pelas estruturas do trabalho docente realizado em sala de aula. Não é sem razão que denominei esse capítulo de formação professoral, que para mim guarda diferenças da forma-ção profissional. Mas essa é uma discussão que ficará para outra oportunidade.

Que esse espelhamento lhe seja leve.

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Repressão, licenciosidade, tabus, medos, o desvendar do mundo das letras por trás da porta e das palavras sopradas pelo professor leigo que ministrava aulas em casa. Esse é o mundo experienciado pela autora, que nos conta a história de uma época em que o desejo de aprender a ler e escrever implicava incorrer em um dos pecados capitais, imputado às poucas mulheres que se lançavam em tal aventura. Isto porque, embora hoje se propague que estamos na era do conhecimento, há muito se sabia que o saber era o passa-porte para a liberdade...

A autora recria, com detalhes, a trajetória docente que vai das aulas à lam-parina, em que o recurso didático eram a lousa e o giz, até os dias atuais, mostrando como a história de escolarização pode influenciar a formação e a prática docentes. Discute, entre outros assuntos, a lógica das letras em ambientes iletrados e a contribuição da escola primária na formação docen-te; a força que a escola tem na sociedade; o papel dos professores das quatro primeiras séries do ensino fundamental na formação das representações que os alunos constroem sobre a escola, o conhecimento, a profissão docente e o professor como sujeito social; e as particularidades dos diferentes modos da prática docente.

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História da Educação Brasileira: leiturasMaria Lucia Spedo Hilsdorf

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Doutora em Didática pela Faculdade de Educação da USP e professora junto ao Departamento de Didática da Faculdade de Ciências e Letras – campus de Araraquara/UNESP.

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ISBN 13 978-85-221-1398-9ISBN 10 85-221-1398-X

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