METAFORIZAÇÃO EM DISCURSOS JORNALÍSTICOS: UMA …Centro de Educação Superior Norte – RS...

73
TCC I Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte RS Departamento de Ciências da Comunicação Curso de Comunicação Social Jornalismo 08 de outubro a 20 de outubro de 2012 METAFORIZAÇÃO EM DISCURSOS JORNALÍSTICOS: UMA ANÁLISE DO JORNAL TRIBUNA DO PARANÁ FABIANA PELINSON Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social Jornalismo como requisito para aprovação na Disciplina de TCC I, sob orientação do Prof. Elias José Mengarda e avaliação dos seguintes docentes: Prof. Elias José Mengarda Universidade Federal de Santa Maria Orientador Prof. José Antonio Meira da Rocha Universidade Federal de Santa Maria Prof. Andréa Weber Universidade Federal de Santa Maria Prof. Janaína Gomes Universidade Federal de Santa Maria (Suplente) Frederico Westphalen, 08 de outubro de 2012. CESNORS Centro de Educação Superior Norte -

Transcript of METAFORIZAÇÃO EM DISCURSOS JORNALÍSTICOS: UMA …Centro de Educação Superior Norte – RS...

  • TCC I – Trabalho de Conclusão de Curso I Universidade Federal de Santa Maria Centro de Educação Superior Norte – RS Departamento de Ciências da Comunicação Curso de Comunicação Social – Jornalismo 08 de outubro a 20 de outubro de 2012

    METAFORIZAÇÃO EM DISCURSOS JORNALÍSTICOS:

    UMA ANÁLISE DO JORNAL TRIBUNA DO PARANÁ

    FABIANA PELINSON

    Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social – Jornalismo como

    requisito para aprovação na Disciplina de TCC I, sob orientação do Prof. Elias José

    Mengarda e avaliação dos seguintes docentes:

    Prof. Elias José Mengarda

    Universidade Federal de Santa Maria

    Orientador

    Prof. José Antonio Meira da Rocha

    Universidade Federal de Santa Maria

    Prof. Andréa Weber

    Universidade Federal de Santa Maria

    Prof. Janaína Gomes

    Universidade Federal de Santa Maria

    (Suplente)

    Frederico Westphalen, 08 de outubro de 2012.

    CESNORS Centro de Educação Superior Norte -

  • 1

    Metaforização em discursos jornalísticos: uma análise do jornal Tribuna do

    Paraná1

    Fabiana Pelinson2

    Elias José Mengarda3

    RESUMO

    Este artigo dialoga sobre a utilização de metáforas em discursos jornalísticos nas

    páginas do jornal impresso Tribuna do Paraná. Para tanto, optou-se por compor um

    corpus das edições no período de 26 a 31 de março de 2012. Assim, foi verificada se as

    metáforas são utilizadas em discursos, como o jornalístico, e investigada a incidência de

    metáforas em manchetes, chamadas, aberturas e títulos. Foram utilizados os conceitos

    propostos por Lakoff e Johnson (2002), partindo da Teoria da Metáfora Conceptual

    (TMC). Os resultados comprovam a TMC e confirmam que a visão tradicional é

    reducionista. As metáforas são utilizadas neste discurso jornalístico e constituem um

    recurso linguístico. Além disso, representaram um uso expressivo, pois foram

    encontradas em todas as edições, editorias e divisões que nos propusemos analisar.

    PALAVRAS-CHAVE: jornalismo impresso; Teoria da Metáfora Conceptual;

    jornalismo literário; Tribuna do Paraná; linguística

    INTRODUÇÃO

    A maioria dos jornalistas busca uma prática jornalística que revele um mundo

    subjacente àquele que encontramos todos os dias nas páginas dos jornais. Um

    jornalismo que fuja da superficialidade e que humanize os fatos objetivos que por eles

    são contados. Informações fragmentadas e objetivas fazem parte do atual jornalismo

    convencional, características que são justificadas pelo pouco tempo que os leitores

    destinam ao exercício da leitura. Assim, os jornalistas devem despertar a curiosidade do

    leitor num primeiro momento, fazendo com que ele se interesse e se identifique com a

    experiência do outro. O diferente, o novo, o não usual é o que chama a atenção e aguça

    o interesse do leitor.

    Muitas são as formas pelas quais os jornalistas procuram despertar o interesse de

    seus leitores e fugir da mesmice dos meios de comunicação. O texto é um dos recursos

    1Artigo científico apresentado ao Curso de Comunicação Social – Jornalismo como requisito para aprovação na

    Disciplina de TCC I do Centro de Educação Superior Norte do RS da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)

    2 Acadêmica do 7º semestre do curso de Comunicação Social – habilitação Jornalismo da UFSM/FW

    3Orientador desta pesquisa e professor do curso de Comunicação Social – habilitação Jornalismo da UFSM/FW

  • 2

    mais utilizados, principalmente quando falamos em mídia impressa. Textos que

    exploram o lado criativo de cada jornalista e a procura pela subjetividade por trás de

    acontecimentos objetivos são os mais almejados por profissionais que buscam romper

    com o jornalismo engessado atual. Características, estas, que fazem parte da prática do

    texto jornalístico mesclado com elementos da literatura. Além da profunda observação e

    fartura de detalhes, o jornalismo literário também faz uso das metáforas. No jornalismo

    atual, ainda vicejam algumas características desta modalidade jornalística.

    Propomo-nos romper com a visão tradicional da metáfora e o seu uso a partir da

    tese de Lakoff e Johnson (2002), onde a metáfora representa uma figura de pensamento,

    que subjaz nossa linguagem e também nossas ações. Dessa forma, as metáforas

    representam um fenômeno central da linguagem e do pensamento, constituindo assim

    um processo de criação cognitiva do redator.

    Com esta pesquisa pretende-se constatar a utilização das metáforas, como forma

    de estruturar o discurso nos meios de comunicação, mais especificamente no jornal

    impresso, refletindo sobre o que essas metáforas indicam e qual a incidência em que

    foram utilizadas. Assim, a presente pesquisa tem por objetivo geral verificar se as

    metáforas, conforme Lakoff e Johnson (2002) são utilizadas em discursos, como o

    jornalístico e se constituem um recurso linguístico utilizado no meio impresso. Para

    tanto, analisou-se a incidência de metaforização das manchetes, chamadas, aberturas e

    títulos no jornal Tribuna do Paraná.

    A pesquisa justifica-se por se tratar de um assunto abordado, em sua maioria,

    pela visão tradicional. Assim, torna-se necessário explorar as metáforas sob outro

    aspecto. Até porque, hoje o uso da metaforização tornou-se tão corriqueiro que, durante

    a leitura, não percebemos as construções metafóricas, de que forma e com que efeitos

    são utilizadas.

    Optou-se pelo jornal Tribuna do Paraná por este se tratar de um veículo de

    circulação diária que atua em Curitiba e Região Metropolitana, com triagem e

    circulação nesta região. Os temas veiculados são de cunho popular, com foco principal

    em segurança pública, variedades e esporte. O periódico apresenta-se como um jornal

    diferenciado, interpretativo e crítico que faz uso de uma linguagem informal e popular.

    Diante disso, as questões que queremos refletir é a seguinte: a metáfora é um

    recurso utilizado neste jornal impresso? Qual a incidência de utilização de metáforas

    nas manchetes, chamadas, aberturas e/ou títulos no jornal Tribuna do Paraná? As

  • 3

    metáforas são exclusivas de somente uma editoria? Somente uma categoria de metáfora

    é utilizada? E diante dessa utilização, o que essas metáforas indicam?

    Os primeiros estudos deram-se por meio da leitura de materiais que

    compartilham de ideias que nos levam à hipótese de que, hoje, os meios de

    comunicação utilizam naturalmente as metáforas. Assim, as metáforas conceituais

    encontram-se em diversas formas de discurso, pois estão presentes no processo de

    comunicação humana. Parte-se da suposição de que esse recurso linguístico não é

    privilégio de somente uma editoria ou de apenas algum elemento do jornalismo, como

    as manchetes, por exemplo.

    A criatividade e o estilo dos textos jornalísticos mudam conforme o tempo e

    algumas técnicas literárias são utilizadas nas construções narrativas. No entanto, há que

    se estudar, em que medida, essa ampliação de uso é utilizada e se beneficia ou prejudica

    o mais interessado no resultado final de todo esse processo, no caso, o leitor.

    1 CONCEPÇÕES DE LÍNGUA E LINGUAGEM

    A língua é um conjunto organizado e estruturado das nossas vivências. Exterior

    aos indivíduos, individualmente não se pode criá-la ou modificá-la, pois a língua só

    existe em decorrência de um contato coletivo e evolui de geração em geração. Dessa

    forma, língua e sociedade se inter-relacionam de maneira tão incisiva que não existem

    separadamente, conforme Bakhtin (1988).

    Parte social da linguagem, a língua é, como afirma Saussure (2002), um sistema

    de signos. Saussure (2002) defendeu que a linguagem é um sistema social e não

    individual e que quando falamos uma língua estamos ativando a ampla gama de

    significados que já estão inclusos em nossos sistemas cultural e linguístico. Conforme

    explica Alvarez (2008), para Saussure os significados das palavras não estão fixos em

    uma relação fechada com objetos ou eventos do mundo exterior à linguagem. Os

    significados surgem nas relações de similaridade e diferenças que as palavras mantêm

    com outras palavras.

    Segundo Bakhtin (1988), a relação do homem com o mundo só pode ocorrer

    através do signo. Como atividade essencialmente humana, a linguagem perpassa todas

    as fases da vida e se faz presente em quase todas as atividades, sejam elas individuais ou

    coletivas. Desse modo, os significados de uma língua não são estáticos e se

    transformam dependendo do contexto do seu uso.

  • 4

    A linguística cognitiva vê a linguagem como interagindo com outras faculdades

    mentais, como percepção, visão, memória e habilidades sensório-motoras. A linguagem

    é um instrumento de transmissão, ação e interação que possibilita a prática de diversos

    tipos de atos e que reflete no pensamento e no conhecimento dos interlocutores, como

    afirmam Passos e Fonseca (2011).

    Para a visão cognitivista, a comunicação é entendida como uma atividade que

    compartilha e integra os fenômenos ocorridos na linguagem, o que alude a uma série de

    atividades praticadas em conjunto que levam a uma compreensão mútua entre os

    interlocutores. Nesse processo, a significação é ajustada em situação de contextos

    específicos que possibilitam a adaptação dos elementos linguísticos em diferentes

    intenções comunicativas favorecendo a flutuação de sentidos, como as construções

    metafóricas (PASSOS e FONSECA, 2011).

    1.1 Linguagem literária e linguagem não literária

    A fala ou discurso é um instrumento de informação e ação e quase não exige, no

    uso cotidiano, interpretação. Assim, a significação das palavras tem por base o jogo de

    relações configuradoras do idioma que falamos, segundo Filho (1986). Conforme o

    autor, a fala comum se configura pela transferência, e o mesmo não acontece com o

    discurso literário, que se caracteriza pela criação artística. Segundo Filho (1986), o

    código em que se pauta o discurso literário guarda íntima relação com o código do

    discurso comum, mas apresenta uma série de caracteres distintivos.

    1.1.1 Complexidade

    Conforme Filho (1986), a primeira diferença singularizadora entre o discurso

    literário e o discurso comum seria a complexidade. O discurso não literário caracteriza-

    se pela significação singular dos signos, marcado pela transparência. Ou seja, o sentido

    denotativo das palavras remete aquele retratado pelo dicionário. Já o texto literário

    ultrapassa os limites da simples reprodução. Em certo sentido, a linguagem literária

    produz, e a não literária reproduz. Logo, a linguagem literária está relacionada às

    múltiplas interpretações a uma dada expressão, tendo em vista nosso instinto subjetivo,

    o qual está intrinsecamente ligado às nossas percepções individuais.

    1.1.2 Multissignificação

    Os signos linguísticos no texto literário assumem significados múltiplos. Nesse

    sentido, Filho (1986) situa o distanciamento que a linguagem literária assume em

  • 5

    relação ao chamado grau zero da escritura. Filho (1986, p. 38) explica que o grau zero é

    entendido como “o discurso preocupado, sobretudo com a plena clareza da

    comunicação nele veiculada e com a obediência às normas usuais da língua”. Dessa

    forma, a linguagem literária apresenta seus próprios meios de expressão.

    1.1.3 Predomínio da conotação

    Segundo Filho (1986), a linguagem literária é eminentemente conotativa,

    resultante de uma criação feita de palavras. O arranjo das palavras faz surgir os sentidos

    múltiplos que caracterizam o texto literário. Conforme o autor, os signos verbais,

    produzidos pelo processo criativo do escritor, “revelam-se carregados de traços

    significativos que a eles se agregam a partir do processo sociocultural complexo a que a

    língua se veicula” (Filho, 1986, p. 40).

    1.1.4 Liberdade na criação

    As utilizações da linguagem literária podem envolver adesão, transformação ou

    ruptura em relação às tradições linguísticas, conforme afirma Filho (1986). Essa

    modalidade de linguagem se caracteriza pela invenção de novas expressões ou novas

    utilizações de recursos linguísticos. Oposto a isso, o texto não literário obedece algumas

    normas reguladoras sob pena de ruídos na comunicação. Filho (1986, p. 42) diz que “no

    texto literário a criação estética autoriza qualquer transgressão nesse sentido”.

    1.1.5 Variabilidade

    O texto literário, assim como propõe Filho (1986), se vincula a um universo

    sociocultural e a dimensões ideológicas. Logo, sua natureza envolve mutações no tempo

    e no espaço, tem uma língua como ponto de partida e de chegada e essa língua

    acompanha as mudanças culturais.

    2 JORNALISMO E LINGUAGEM LITERÁRIA

    Conforme Necchi (2007), as influências da literatura no jornalismo provêm dos

    séculos XVIII e XIX, justamente quando os jornais passam a aderir às características

    que conhecemos hoje. Nesse período, alguns escritores passaram a participar ativamente

    na rotina dos jornais. Esses escritores além de comandar as redações dos jornais,

    passaram a determinar a linguagem e o conteúdo que seria veiculado. Essa influência

    dos escritores no jornalismo propiciou a modificação do jornal que se tornou mais

    variado, e passou a apresentar um olhar mais sutil sobre a sociedade.

  • 6

    Como afirma Pena (2006), o jornalismo literário não rompe definitivamente com

    o jornalismo diário, ele apenas proporciona outras visões, ultrapassando os limites dos

    acontecimentos cotidianos. Os conceitos sobre jornalismo literário são muito amplos.

    Para Pena (2006), essa modalidade não apenas potencializa os recursos do jornalismo,

    ela dá criatividade, elegância e estilo, aplicando técnicas literárias de construção

    narrativa.

    Assim, defino Jornalismo Literário como linguagem musical de

    transformação expressiva e informacional. Ao juntar os elementos presentes

    em dois gêneros diferentes, transformo-os permanentemente em seus

    domínios específicos, além de formar um terceiro gênero, que também segue

    pelo inevitável caminho da infinita metamorfose. Não se trata da dicotomia

    ficção ou verdade, mas sim de uma verossimilhança possível. Não se trata da

    oposição entre informar ou entreter, mas sim de uma atitude narrativa em que

    ambos estão misturados. Não se trata nem de Jornalismo, nem de Literatura,

    mas sim de melodia (PENA, 2006, p. 21).

    Necchi (2007) aponta alguns recursos característicos do jornalismo literário,

    como a profunda observação, imersão na história a ser contada, fartura de detalhes e

    descrições, textos com traços autorais, reprodução de diálogos e uso de metáforas,

    digressões e fluxo de consciência. Em função da padronização, os recursos utilizados no

    jornalismo literário vêm combater a monotonia do texto jornalístico, tornando o texto

    sedutor e agradável.

    As composições textuais e as modalidades da língua que podem ser utilizadas

    são aspectos determinantes na produção do texto em jornal impresso. Lage (1997)

    afirma que a linguagem jornalística ideal deve conciliar comunicação eficiente com

    aceitação social. Conforme o autor, no jornalismo impresso a linguagem utilizada deve

    ser um denominador comum para que todos os leitores possam compreender o que o

    jornalista diz. Tanto o menos letrado quanto o mais culto deve compreender a

    linguagem utilizada e é crucial que a notícia seja entendida pelo leitor. Como o jornal é

    direcionando para pessoas de todas as classes sociais e de todos os níveis de

    escolaridade, sua escolha de palavras deve ser criteriosa e se aproximar do popular.

    Necchi (2007) afirma que os recursos típicos da literatura estão presentes

    principalmente em revistas. No entanto, alguns recursos como a reprodução de diálogos,

    o uso de metáforas, digressões e o fluxo de consciência são comuns em textos

    jornalísticos no impresso. O autor analisa ainda que o lead e a impessoalidade são uma

    espécie de camisa de força porque tiram a criatividade do redator.

    2.1 Componentes do texto jornalístico no impresso

  • 7

    A estrutura das notícias e reportagens obedece algumas regras jornalísticas.

    Além do lead, podem estar presentes os títulos, manchetes, aberturas e chamadas.

    Segundo Rabaça e Barbosa (2001), manchete é o título principal, de maior destaque, no

    alto da primeira página de jornal ou revista, que indica o fato jornalístico de maior

    importância entre as notícias contidas na edição. Cada edição possui apenas uma

    manchete, que é o título com maior destaque. Na primeira página, ainda consta as

    chamadas que são definidas por Rabaça e Barbosa (2001), como um pequeno título e/ou

    resumo de uma matéria, com o objetivo de atrair o leitor e remetê-lo para a matéria

    completa, apresentada no interior do jornal.

    Nas páginas internas, o título mais destacado recebe o nome de abertura. E os

    títulos, segundo Rabaça e Barbosa (2001), definem, geralmente, o assunto ou o teor da

    obra, e a distingue das demais palavras ou frase, geralmente composta em corpo maior

    do que o utilizado no texto, e situada com destaque no alto da notícia para indicar

    resumidamente o assunto da matéria e chamar a atenção do leitor para o texto.

    3 METÁFORA COMO FIGURA DE LINGUAGEM

    As figuras de linguagem, segundo Bastos (1997), são recursos expressivos

    usados para imprimir mais força, vivacidade e colorido ao pensamento. Ou seja,

    representam recursos não convencionais que o falante ou escritor cria para dar maior

    expressividade à sua mensagem.

    As figuras de palavras consistem na substituição de uma palavra por outra, isto

    é, no emprego figurado, seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por

    uma associação ou comparação. Segundo Bastos (1997), esses dois conceitos básicos –

    contiguidade e similaridade – permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de

    palavras: a metáfora e a metonímia.

    A metáfora, conforme Martins (1989) consiste em utilizar uma palavra no lugar

    de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude de que o indivíduo se associa e

    depreende entre elas, semelhanças.

    Garcia (2006) define a metáfora como a figura de significação que consiste em

    dizer que uma coisa (A) é outra (B), em virtude de qualquer semelhança percebida pelo

    espírito entre um traço característico de A e o atributo predominante, atributo por

    excelência, de B. Assim, a metáfora é, em essência, uma comparação implícita. Ainda

  • 8

    segunda a visão tradicional, as metáforas estão presentes apenas em romances, contos,

    crônicas, textos literários e poesias.

    4 TEORIA DA METÁFORA CONCEPTUAL

    O uso repetitivo de metáforas na veiculação de notícias e, principalmente, na

    fala cotidiana, desfaz a perspectiva de existência da metáfora somente em textos

    literários. Esta ideia é movida pelos estudos de Lakoff e Johnson (2002), em que a

    metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na linguagem, mas também no

    pensamento e na ação.

    4.1 Processo de metaforização

    Tradicionalmente, as metáforas são consideradas um recurso linguístico

    utilizadas apenas em textos literários e poemas. Assim, as metáforas são utilizadas para

    expressar ideias que seriam difíceis de serem explicadas de forma literal.

    Ao contrário da perspectiva tradicional, Lakoff e Jonhson (2002) acreditam que

    as metáforas estão presentes na linguagem cotidiana e, por vezes, estão tão enraizadas

    em nossa cultura, que passam despercebidas aos nossos olhos. Essa visão tradicional,

    por anos, tem sido alvo de crítica por parte de muitos pesquisadores contemporâneos,

    que veem a teoria como simplista e redutora, por ser baseada exclusivamente na lógica.

    Pollio, Smith e Pollio (1990) explicitam os pressupostos do modelo tradicional

    por mediação dos seguintes postulados que se referem à linguagem figurada, em

    especial à metáfora:

    a) figuras de linguagem como a metáfora, metonímia símile, oxímoro,

    ironia etc. – elementos linguísticos especiais – não ocorrem

    frequentemente quando falamos, escrevemos ou pensamos;

    b) o uso figurado não é conceitualmente útil, porque é utilizado para

    enganar o pensamento racional e embelezar ideias comuns ou

    vulgares;

    c) a linguagem figurada, anomalia, nonsense e uso literal são

    categorias de linguagem psicologicamente distintas;

    d) a linguagem figurada depende ou é derivada da linguagem literal

    (POLLIO, SMITH e POLLIO, 1990, p. 03).

    A ruptura com o paradigma tradicional deu-se em 1980, a partir da publicação

    do livro Metaphors we live by, desenvolvida por Lakoff e Johnson. Com esse estudo, os

    autores comprovaram a onipresença das metáforas no discurso cotidiano e introduzem

  • 9

    sua tese de que as metáforas não seriam uma mera figura de linguagem e sim uma

    figura de pensamento.

    A metáfora é, para a maioria das pessoas, um recurso da imaginação

    poética e um ornamento retórico – é mais uma questão de linguagem

    extraordinária do que de linguagem ordinária. Mais do que isso, a

    metáfora é usualmente vista como uma característica restrita à

    linguagem, uma questão mais de palavras do que de pensamento ou

    ação. Por essa razão, a maioria das pessoas acha que pode viver

    perfeitamente bem sem a metáfora. Nós descobrimos, ao contrário,

    que a metáfora está infiltrada na vida cotidiana, não somente na

    linguagem, mas também no pensamento e na ação. Nosso sistema

    conceptual ordinário, em termos do qual não só pensamos, mas

    também agimos, é fundamentalmente metafórico por natureza

    (LAKOFF e JOHNSON, 1980, p. 45).

    Assim, conforme os pesquisadores, sem a atuação constante da metáfora o

    pensamento seria impossível. Essa teoria ficou conhecida como a Teoria da Metáfora

    Conceptual (TMC).

    Desenvolvida por Lakoff e Johnson em 1980, a Teoria da Metáfora Conceptual

    transfere o local da metáfora da linguagem para o pensamento. Desse modo, a metáfora

    tem por função estruturar a relação e a percepção de mundo dos falantes. Como explica

    Alvarez (2008), a metáfora linguística está na linguagem conceptual que, por sua vez, é

    gerada a partir das vivências do homem com seu próprio corpo com relação ao ambiente

    em que vive. O papel fundamental da linguagem seria, então, a estruturação do

    pensamento sobre o que se estrutura a comunicação.

    De acordo com Lakoff e Johnson (2002), os sujeitos pensam conceitos

    metaforicamente estruturados, baseados nas suas interações com o meio social. Ou seja,

    o sistema conceitual de cada um é compreendido em termos de outros conceitos. Passos

    e Fonseca (2011) partem dessa compreensão e afirmam que o conhecimento da

    realidade é tido como uma construção mental, resultado de uma ação individual que

    depende da interação com o contexto sociocultural e também do conhecimento do

    indivíduo.

    Interligada à vida humana, a metáfora faz com que as experiências sejam

    organizadas e uma operação cognitiva seja sistematizada, pois perpassa do simples

    anunciado para compreender uma coisa em termos de outra. (PASSOS e FONSECA,

    2011). Os conceitos abstratos são metafóricos e estabelecem conexões entre domínios

    cognitivos, isso é convencionado pelos cognitivistas como projeção entre domínios.

    As metáforas funcionam, segundo Lakoff e Johnson (2002), pela “exportação”

    de um domínio-fonte, em geral mais concreto, para um domínio-alvo, em geral mais

  • 10

    abstrato. Assim, a Teoria da Metáfora Conceptual une a razão e a imaginação de modo

    que corpo e mente não são separados, permitindo que muitos conceitos sejam

    compreendidos a partir de metáforas construídas com base na experiência corporal.

    Portanto, o experiencialismo resgata a imaginação e o corpo.

    O pensamento é concebido, segundo a semântica cognitiva, como esquemas

    imagéticos mapeados por diferentes domínios conceptuais que numa relação metafórica

    favorece a extensão de conceitos de tempo e espaço para outros campos semânticos.

    Dentro desse processo, surge a categorização e a projeção de informações entre

    domínios cognitivos (PASSOS e FONSECA, 2011).

    Segundo os autores, a categorização constitui uma das capacidades cognitivas do

    processo mental, “uma das condições de possibilidade da linguagem em classificar,

    identificar e agrupar diferentes entidades em uma mesma categoria” (Passos e Fonseca,

    2011, p. 03).

    Essa categorização se organiza em torno de um núcleo prototípico, no qual se

    agrupam diferentes membros ou propriedades marcados por similaridades parciais ou

    "parecenças-de-família" assim os limites entre si, bem como entre as diferentes

    categorias são, frequentemente, imprecisos (PASSOS e FONSECA, 2011).

    Com base no que afirma Lakoff e Johnson (2002), os esquemas imagéticos são

    estruturas conceituais abstratas surgidas da experiência física e social de cada um que

    moldam as experiências perceptuais e influenciam o processamento da informação.

    Passos e Fonseca (2011) acrescentam que essas estruturas organizam o nosso

    pensamento projetando-se aos usos diários da linguagem.

    4.4 Categorias de metáforas

    Na Teoria da Metáfora Conceptual, Lakoff e Johnson (2002) postulam três tipos

    de metáforas: Metáforas Estruturais, Orientacionais e Ontológicas.

    2.4.1 Metáforas estruturais

    Para Lakoff e Johnson (2002), as metáforas estruturais inserem-se no grupo em

    que um conceito é estruturado metaforicamente em termos de outro. Desse modo, a

    metáfora parte de um domínio fonte, mais concreto, para um domínio alvo, mais

    abstrato.

  • 11

    Um exemplo descrito pelos autores explica o funcionalismo das metáforas

    estruturais. Na metáfora TEMPO É DINHEIRO, estruturada por Lakoff e Johnson

    (2002), podemos perceber como os conceitos dinheiro, trabalho e tempo estão

    associados à determinada cultura. De acordo com os autores,

    Essas práticas são relativamente novas na história da humanidade e não

    existem em todas as culturas. Elas surgiram nas modernas sociedades

    industrializadas e estruturam profundamente nossas atividades cotidianas

    básicas. Pelo fato de que agimos como se o tempo fosse um bem valioso –

    um recurso limitado, como o dinheiro – nós o concebemos dessa forma.

    Logo, compreendemos e experienciamos o tempo como algo que pode ser

    gasto, desperdiçado, orçado, bem ou mal investido, poupado ou liquidado

    (LAKOFF e JOHNSON, 2002, p. 51).

    Outro exemplo é a metáfora DISCUSSÃO É GUERRA. Conforme Lakoff e

    Johnson (2002), quando estamos em meio a uma discussão racional, a experienciamos

    como se ela fosse uma guerra e a partir disso, proferimos enunciados, como: Seus

    argumentos são indefensáveis e Ele atacou todos os pontos fracos da minha

    argumentação (Lakoff e Johnson, 2002, p. 46).

    Utilizamos essas expressões provenientes do vocabulário bélico porque agimos e

    pensamos assim: há uma disputa com vencidos e vencedores, como em uma batalha.

    Logo, nesse tipo de estruturação existe um domínio alvo, abstrato – a discussão – e um

    domínio fonte, concreto – a guerra. Passos e Fonseca (2011) afirmam que esse processo

    de estruturação de um domínio pelo outro ocorre por meio do mapeamento de algumas

    características do domínio fonte (nesse caso, guerra) que ajuda a compreender o

    conceito relativo ao domínio mais abstrato (nesse caso, discussão). O domínio alvo

    parece ocupar o nível abstrato, enquanto que o domínio fonte encontra-se na forma

    concreta. Como explicam Lakoff e Johnson (2002), são coisas completamente

    diferentes – discurso verbal e conflito armado – mas, o conceito, a atividade e a

    linguagem são metaforicamente estruturados.

    4.4.2 Metáforas Orientacionais

    As orientacionais são aquelas que organizam todo um sistema de conceitos em

    relação a outro sistema de conceitos e têm a ver com a Orientação Espacial (LAKOFF e

    JOHNSON, 2002). Ou seja, esse tipo de metáfora envolve direção. O sistema de

    conceitos é organizado a partir de outro sistema, que “tem como origem a noção de

    orientação espacial que os indivíduos desenvolvem a partir da observação do

  • 12

    funcionamento do corpo humano e do meio em que vivem” (Passos e Fonseca, 2011, p.

    05).

    As orientações espaciais decorrem do funcionamento do corpo humano e do

    ambiente que o rodeia. São mobilizados esquemas imagéticos que se organizam a partir

    de oposições espaciais, como: Para cima/para baixo, dentro/fora, frente/trás, em cima

    de/fora de, fundo/raso e central/periférico.

    Passos e Fonseca (2011) asseguram que conceitos associados a sentimentos bons

    e agradáveis normalmente estão associados às orientações espaciais: para cima, para o

    alto, para frente; as orientações temporais, para o futuro; Já os sentimentos negativos e

    desagradáveis estão relacionados às orientações: para trás, baixo, dentro, fora e passado.

    Conforme afirmam os autores, as orientações não são arbitrárias, “pois surgem

    diretamente das experiências físicas e culturais do indivíduo, ou seja, as metáforas

    variam culturalmente” (Passos e Fonseca, 2011, p. 05).

    De acordo com Lakoff e Johnson (2002, p. 67), “nossa experiência física e

    cultural proporciona muitas bases possíveis para as metáforas de espacialização e, por

    essa razão, sua escolha e sua importância relativa podem variar de cultura para cultura”.

    Para eles, projetamos metaforicamente nossa experiência concreta de deslocamento

    espacial para a nossa experiência mais abstrata, que seria a vida emocional, por

    exemplo.

    4.4.3 Metáforas Ontológicas

    A base para as metáforas ontológicas são as experiências com objetos físicos e

    com o corpo humano. Essas experiências fornecem segundo Lakoff e Johnson (2002) e

    Passos e Fonseca (2011), formas de conceber eventos, atividades, emoções, ideias,

    como entidades e substâncias. Baseadas nas experiências físicas das pessoas, os

    conceitos ocorrem em termos de direções espaço-temporal.

    Da mesma forma que as experiências básicas das orientações espaciais

    humanas dão origem a metáforas orientacionais, as nossas experiências com

    objetos físicos (especialmente com nossos corpos) fornecem a base para uma

    variedade ampla de metáforas ontológicas, isto é, formas de se conceber

    eventos, atividades, emoções, ideias etc. como entidades e substâncias

    (LAKOFF e JOHNSON, 2002, p. 76).

    Para a Teoria da Metáfora Conceptual, o uso da metaforização tem o intuito de

    facilitar a compreensão de conceitos abstratos ou complexos, que são mais bem

    compreendidos em termos de domínios concretos. Os estados emocionais são um

  • 13

    exemplo, expressões como A tristeza está sufocando você expressam bem o porquê da

    utilização das metáforas ontológicas.

    Ainda para os autores, outro tipo específico de metáfora ontológica é concebida

    em termos de características e atividades humanas. “O domínio de origem é PESSOA,

    trata-se aqui não de coisificação, mas de personificação” (Lakoff e Johnson, 2002, p.

    75-89). A metáfora ontológica específica é classificada como personificação. A

    metáfora ontológica INFLAÇÃO É UMA ENTIDADE nos faz pensar na inflação como

    uma “pessoa” e proferir, por exemplo, a sentença: A inflação roubou minhas economias.

    5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

    Para realização desta pesquisa, será analisada a ocorrência de metáforas na

    criação de manchetes, chamadas, aberturas e títulos no jornal Tribuna do Paraná. A

    metodologia consistiu em duas etapas. Primeiramente, foram identificadas e analisadas

    as metáforas conceptuais presentes nas manchetes, chamadas, títulos e aberturas

    jornalísticas do jornal paranaense. Nesta primeira etapa, realizou-se a contagem das

    manchetes, chamadas, títulos e aberturas metafóricas, separando-as por editoria e

    classificando-as de acordo com a tipologia proposta por Lakoff e Johnson (2002). Os

    resultados foram analisados conforme incidência metafórica em todo objeto analisado e

    editorias, além das ocorrências das categorias metafóricas. Foram analisadas seis

    edições do jornal Tribuna do Paraná, no período de 26 a 31 de março de 2012.

    Na segunda etapa, foram selecionadas, considerando as diferentes características

    entre elas, as manchetes e duas chamadas, aberturas e/ou títulos de cada edição do

    jornal que faziam uso de metáforas, contabilizando assim um corpus de 17 ocorrências

    metafóricas. A partir desta seleção, as expressões foram categorizadas e analisadas

    conforme as realizações metafóricas que lhe estão associadas, com base na Teoria da

    Metáfora Conceptual proposta por Lakoff e Johnson (2002).

    A análise dos dados (metáforas) do jornal Tribuna do Paraná visa responder se

    as metáforas são utilizadas neste discurso jornalístico, se constituem um recurso

    linguístico utilizado no jornal impresso e qual a incidência de uso metafórico nas

    manchetes, chamadas, títulos e aberturas jornalísticas do periódico. Serão analisados,

    ainda, qual tipologia é mais utilizada, em qual editoria esse uso é mais frequente e o que

    essas metáforas indicam.

  • 14

    Para tanto, utilizamos as categorias metafóricas desenvolvidas por Lakoff e

    Johnson (2002), que postulam três tipos de metáforas: as estruturais, as orientacionais e

    as ontológicas, além de estudos de Passos e Fonseca (2011).

    6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

    A seguir, serão analisados os dados obtidos a fim de verificar qual a utilização

    das metáforas nas manchetes, chamadas, títulos e aberturas do jornal Tribuna do Paraná.

    De acordo com a tipologia descrita por Lakoff e Johnson (2002), apresentaremos

    quadros demonstrativos das ocorrências metafóricas.

    6.1 Análise de ocorrências metafóricas

    Apresentamos no Apêndice R a totalidade de manchetes, chamadas, aberturas e

    títulos encontrados no jornal Tribuna do Paraná no período de 26 a 31 de março de

    2012, a fim de comparar qual a incidência do uso metafórico nestes espaços.

    O Apêndice S apresenta as ocorrências metafóricas encontradas nas manchetes,

    chamadas, aberturas e títulos do jornal no período considerado. Analisando o quadro,

    constatamos que as metáforas não são exclusivas de um só item que nos propormos

    analisar, estando presente, em maior ou menor quantidade, em todos eles. Logo,

    comprova-se que o uso metafórico não está presente somente em locais de maior

    destaque no jornal, como a capa, por exemplo, mas que também ocupam outros espaços,

    como é o caso dos títulos nas páginas internas. Ainda que, a maior incidência

    metafórica encontrada tenha sido nas manchetes e aberturas, com 83,3% e 37,9%,

    respectivamente, o uso também se faz presente nas chamadas e nos títulos, com 20,8% e

    10,6%. Em todas as edições analisadas, as aberturas foram as que apresentaram maior

    incidência metafórica, assim como as manchetes. De seis capas analisadas, apenas uma

    edição não apresentou manchete com metaforização.

    Conforme Rabaça e Barbosa (2001), a manchete é o título de maior destaque na

    capa e a abertura é o que recebe maior destaque nas páginas internas. Assim, conclui-se

    que, apesar do uso metafórico também estar presente nas chamadas e títulos, foram os

    títulos de mais destaque no jornal impresso – manchete e aberturas – que apresentaram

    maior incidência. Por meio desses dados, conclui-se que o redator utiliza as metáforas

    como recurso linguístico para chamar a atenção do leitor. Logo, pode-se concluir,

  • 15

    conforme afirma Abreu (1995), que as metáforas são utilizadas no intuito de chamar a

    atenção do leitor, instigando-o a descobrir sobre o que se trata determinada matéria e/ou

    reportagem. Para Coimbra (1999), a metáfora destaca-se no que diz respeito à

    linguagem dos títulos, como as manchetes, pela sua versatilidade e facilidade em

    transmitir ideias complexas associando-as às vivências, conhecimentos e imagens

    previamente adquiridos e interiorizados.

    De acordo com Apêndice T, as metáforas estiveram presentes em todas as

    editorias do jornal impresso analisado. Assim, os dados comprovam que o uso

    metafórico não é exclusivo de somente uma editoria, mas que estão presentes em todas

    elas. Para Queiroz (2007), a metaforização é utilizada no esporte principalmente para

    descrever algumas jogadas, pois a maioria não dispõe de uma palavra técnica, de modo

    que sua descrição se faz através do uso metafórico. A editora de Esporte foi a que

    apresentou maior incidência metafórica, seguida da editoria Segurança Pública.

    Na editoria de Esporte, as metáforas mais utilizadas foram as estruturais,

    conforme Apêndice BB e na Segurança Pública, as mais utilizadas foram as metáforas

    ontológicas de personificação (vide Apêndice CC).

    Queiroz (2007) afirma que os esportes de massa, como o futebol, recebem uma

    abordagem entusiasta por profissionais de imprensa. Nos Apêndices HH e II, pode-se

    notar a presença de metáforas estruturais na editoria esportiva, em que FUTEBOL É

    GUERRA. Segundo Queiroz (2007), é comum o uso de metáforas bélicas na linguagem

    esportiva, pois, historicamente, existe uma estreita relação entre a prática do futebol e a

    guerra. Ainda conforme o autor, a imprensa emprega de forma indiscriminada um

    vocabulário repleto de designações bélicas, enfatizando o conceito de que o jogo de

    futebol é uma guerra, como a abertura encontrada na editoria de Esporte no jornal

    Tribuna do Paraná do dia 28/03, “Batalha no Paraguai”.

    Todas as categorias de metáforas propostas por Lakoff e Johnson (2002) foram

    encontradas no objeto de estudo. Conclui-se que, o uso de expressões metafóricas, não é

    exclusivo de apenas uma tipologia. No entanto, as que mais se destacaram foram as

    metáforas estruturais e as ontológicas de personificação (vide Apêndice U). Isso ocorre,

    pois segundo Aldrigue e Espíndola (2011), o ser humano tem a necessidade de se fazer

    compreender utilizando conceitos concretos. Ou seja, é mais fácil falar das nossas

    ideias, tratando-as como algo concreto, do que abstrato, como analisado na metáfora

    “Troca de ideias”, presente no Caderno especial Curitiba 319 anos, na edição do dia

  • 16

    26/03. Já a utilização das metáforas ontológicas de personificação, segundo Passos e

    Fonseca (2011), permite que o redator aproxime do receptor o que é dito,

    personificando objetos e/ou eventos de qualquer natureza. Com isso, o receptor se

    identifica com a informação, pois aquilo também é humano. Como exemplo, podemos

    citar a metáfora “Cigarro mata”, utilizada na editoria de Segurança pública, no dia

    27/03. Aqui, o cigarro assume a capacidade de matar, aguçando a curiosidade do leitor e

    fazendo com que ele queira descobrir, de que modo, um objeto adquire a capacidade de

    realizar uma ação humana.

    Em todas as categorias dos jornais analisados foram utilizadas 23,1% de

    metáforas no período considerado, conforme Apêndice S. A utilização do uso

    metafórico nos permite afirmar que as metáforas constituem um recurso linguístico

    utilizado no jornal impresso. Embora o percentual seja modesto, a utilização é

    expressiva, já que na presente análise foram consideradas só as manchetes, chamadas,

    aberturas e títulos, sem levar em consideração a linha de apoio, lide e o corpo do texto.

    Além do mais, a percentagem se mostra significativa, quando se leva em consideração

    que, pela visão tradicional, a metáfora, como figura de linguagem, só é utilizada em

    poemas e textos literários. Logo, os 23,1% de metáforas utilizadas nas edições

    analisadas vêm comprovar a Teoria de Lakoff e Johnson (2002), de que com maior ou

    menor proeminência, as metáforas são encontradas no discurso cotidiano e no discurso

    jornalístico. Assim, segundo a teoria de Lakoff e Johnson (2002), as metáforas fazem

    parte do dia a dia e estão presente em uma série de discursos.

    Aqui, o uso metafórico em todas as editorias e em todos os itens que nos

    propomos analisar comprova que a visão tradicional da metáfora é reducionista. Além

    disso, as análises nos permitem concluir que as metáforas são formas de estruturar o

    discurso no meio impresso, constituindo assim, um recurso linguístico do jornalismo.

    6.2 Categorização e análise das metáforas

    Foram selecionadas todas as manchetes e duas aberturas, chamadas e/ou títulos

    para categorização e análise, com o intuito de demonstrar o que a utilização metafórica

    representa em determinada construção narrativa.

    Na edição de segunda-feira, 26 de março, encontramos a abertura metafórica na

    editoria de esporte “Em alta, em baixa, na espera” (Apêndice A). As aberturas referem-

    se aos times Londrina, Coritiba e Atlético Paranaense, respectivamente. Trata-se da

  • 17

    liderança isolada do Londrina no returno do Estadual, a perda da invencibilidade de 48

    jogos do Coritiba e a esperança do Atlético-PR em ganhar o returno e ser campeão

    direto do Campeonato Paranaense.

    A abertura tem como recurso a metáfora orientacional que organiza um sistema

    de conceitos com relação a outro e tem como base nossas experiências culturais e

    físicas, como explicam Lakoff e Johnson (2002).

    Assim, em alta significa bom e em baixa significa ruim. Conforme Lakoff e

    Johnson (2002), os conceitos associados a sentimentos bons e agradáveis estão

    associados às orientações espaciais: para cima, para o alto e para frente. Os sentimentos

    desagradáveis e negativos estão relacionados às orientações: para trás, baixo e fora.

    Assim, feliz para cima; triste para baixo. Nesse caso em específico, em alta é positivo e

    em baixa é negativo.

    Portanto, o time Londrina é avaliado positivamente, pois está em alta, é líder

    isolado no returno do Campeonato Estadual. Já o Coritiba é avaliado negativamente,

    pois está em baixa, perdeu a invencibilidade e se complicou na disputa pelo returno. E o

    Atlético-PR encontra-se estático, em espera, já que não alimenta muitas perspectivas

    sobre a vitória no returno.

    Na edição de segunda-feira, 26 de março, encontramos a abertura metafórica na

    editoria de esporte “Cruzeiro atropela o Bangu” (Apêndice B). A expressão refere-se à

    vitória do time Cruzeiro contra o Bangu, pela Copa Tamandaré. O redator utiliza a

    metáfora orientacional, associando sensações e orientações espaciais e temporais. Como

    já explicitado anteriormente, orientações espaciais como para cima e para frente estão

    associadas a sentimentos ou situações boas. Ou seja, a metáfora orientacional atropela

    refere-se à orientação espacial de seguir em frente, avançar, associado, assim, a algo

    positivo, que é a vitória do Cruzeiro e a continuidade do time na Copa.

    Ainda na segunda-feira, 26 de março, encontramos a manchete metafórica na

    editoria de esporte “Olho gordo” (Apêndice C). A metáfora refere-se ao time de futebol

    Atlético Paranaense que, após vencer o Cianorte, não desistiu do título do returno do

    Campeonato Paranaense e outros times, como o Coritiba e o Londrina, estão atentos a

    trajetória da equipe no Campeonato. Aqui, a expressão olho gordo significa inveja, a

    vontade dos atleticanos de que os outros times percam os próximos jogos. A metáfora

    constitui uma ontológica de personificação, já que o olho assume característica de

  • 18

    pessoa. Um olho não é gordo, um olho não tem a capacidade de invejar, nem de torcer

    pelo fracasso alheio.

    Na edição de terça-feira, 27 de março, encontramos a abertura metafórica na

    editoria de dia-a-dia “Nas mãos da Urbs”(Apêndice D). A abertura refere-se à

    aprovação da regulamentação dos táxis em Curitiba. A decisão de diversos pontos

    polêmicos da regulamentação ficou a cargo da Urbs, empresa de economia mista

    vinculada à administração municipal. Aqui, a metáfora é classificada como ontológica

    de personificação, pois a empresa passa a ser uma pessoa. E como pessoa, a Urbs possui

    qualidade personificada, como mãos. A metáfora refere-se ao fato da empresa poder

    tomar decisões, e assim, a entidade passa a ter qualidades humanas e passa a exercer

    atividades humanas.

    Na terça-feira, 27 de março, encontramos o título metafórico na editoria de

    segurança pública “Cana pro cabeça quente”(Apêndice E). O título refere-se a um

    guarda municipal detido após atirar para o chão durante discussão em um posto de

    combustíveis. O guarda foi preso por disparo de arma de fogo. O recurso aqui utilizado

    é uma metáfora ontológica, a mente é concebida como um recipiente, o quente

    representa preocupação, a contrapor-se ao frescor que representa tranquilidade. Assim,

    temos a metáfora ontológica MENTE É RECIPIENTE.

    Ainda na edição de terça-feira, 27 de março, encontramos a manchete metafórica

    na editoria de segurança pública “Cigarro mata”(Apêndice F). A manchete refere-se a

    um freguês que se negou a apagar o cigarro dentro de uma lanchonete em Pinhais e por

    conta disto foi morto a pancadas pelo garçom. A manchete tem como recurso a metáfora

    ontológica de personificação, quando objetos ganham características de seres humanos.

    Aqui, o cigarro adquire a capacidade de matar, passando de objeto a ser humano. A

    motivação, nesse caso, foi o cigarro, mas quem de fato matou o freguês foi o garçom.

    No entanto, a manchete nos sugere que o cigarro passou a ter a capacidade de tirar a

    vida de outra pessoa, assumindo assim as características e atividades de um ser humano.

    Na edição de quarta-feira, 28 de março, encontramos a abertura metafórica na

    editoria de esporte “Batalha no Paraguai”(Apêndice G). Refere-se ao ambiente hostil

    que espera o Flamengo em Assunção/Paraguai no jogo contra o Olímpia. A vitória do

    time brasileiro vale a liderança do Grupo 2 na Libertadores. A metáfora utilizada é uma

    estrutural. A Teoria da Metáfora Conceptual identifica nesse tipo de estruturação um

    domínio fonte – o futebol e um domínio alvo – a guerra. Assim, a metáfora estrutural

  • 19

    desta abertura é FUTEBOL É GUERRA. Na linguagem bélica, batalha significa um

    combate entre exércitos inimigos, no entanto, relacionado com a frase esportiva, a

    expressão passa a significar a partida de futebol.

    Na edição quarta-feira, 28 de março, encontramos a abertura metafórica na

    editoria de dia a dia “8 kms de amargar”(Apêndice H). Refere-se às obras de duplicação

    da BR-116, entre Curitiba e Fazenda Rio Grande que estão congestionando o trajeto de

    8 kms. A metáfora utilizada é uma ontológica, o amargar é entendido como oposto ao

    doce e que provoca uma sensação desagradável. Assim, o amargar é visto pelo redator

    como metafórico, pois se entende como algo que provoca sensações opostas ao doce, ao

    gostoso e ao agradável. Segundo Lakoff e Johnson (2002), algumas das experiências

    fornecem a base para uma variedade ampla de metáforas ontológicas, isto é, formas de

    conceber atividades, emoções e ideias concebidas por atividades ou por outras emoções.

    Ainda na quarta-feira, 28 de março, encontramos a manchete metafórica na

    editoria de segurança pública “Lição de manguaça”(Apêndice I). A manchete refere-se a

    uma mulher bêbada que colidiu o carro com três motos e dois carros e fugiu correndo

    do local. A metáfora é classificada com uma ontológica de personificação, pois aqui a

    manguaça, que se refere à bebida alcoólica, assume a condição de pessoa. Assim, a

    bebida alcoólica pode dar lição em alguém. Nesse caso, o fato da mulher ter colidido o

    carro representa a consequência por ter bebido. Logo, a bebida foi quem a fez aprender

    a lição de que não se deve dirigir após ingerir bebida alcoólica.

    Na edição de quinta-feira, 29 de março, encontramos a abertura metafórica no

    caderno especial Curitiba 319 anos “Troca de ideias”(Apêndice J). A abertura refere-se

    a uma reportagem especial no qual os moradores de Curitiba abordam diversos temas,

    como educação, saúde, transporte público e trânsito. A metáfora aqui utilizada é uma

    estrutural, que surge na base de mapeamentos entre dois domínios, o fonte e o alvo.

    Neste caso, a metáfora é IDEIA É MERCADORIA, sendo o domínio alvo, as

    ideias, e o domínio fonte, a mercadoria. Analisando a utilização da metáfora nesta

    abertura podemos afirmar que as ideias são mercadorias, justamente porque há uma

    troca entre elas, como se um curitibano realizasse uma troca de ideias com outro. Neste

    caso, o conceito de mercadoria ajuda a entender as diversas ideias expostas por

    diferentes pessoas sobre um mesmo assunto que é Curitiba, mesmo que estas pessoas

    abordem esse assunto sob diversos aspectos, como a saúde em Curitiba ou então a

  • 20

    educação em Curitiba. Ou seja, o domínio mais concreto que é a mercadoria, ajuda

    entender o domínio mais abstrato que são as ideias.

    Na edição de quinta-feira, 29 de março, encontramos a abertura metafórica na

    editoria automóvel “Gol perde liderança”(Apêndice K). A abertura refere-se à perda da

    liderança do carro mais vendido do país. O Gol, modelo da Volkswagen, perdeu a

    liderança para o Fiat Uno. Neste caso, a metáfora aqui presente é uma ontológica de

    personificação. O carro Gol é transformado, pelo redator, em uma pessoa que tem a

    capacidade de perder alguma coisa ou a liderança de algo.

    Ainda na edição de quinta-feira, 29 de março, encontramos a manchete

    metafórica no caderno especial Curitiba 319 anos “Nas ondas do povão”(Apêndice L).

    A manchete refere-se à opinião de oito personagens curitibanos que sugerem soluções

    para alguns problemas da Capital. As matérias fazem parte de um caderno especial

    sobre os 319 anos de Curitiba. Nesse caso, a metáfora estrutural é ONDA É OPINIÃO.

    Como os personagens das matérias especiais expressam suas opiniões sobre a cidade, a

    palavra ondas vem significar opinião, como se Curitiba estivesse na boca e nas palavras

    do povo. As metáforas surgem de uma experiência concreta que temos com a realidade.

    Na edição de sexta-feira, 30 de março, encontramos a abertura metafórica na

    editoria de esporte “Sete já dançaram” (Apêndice M). Refere-se à troca de técnicos de

    sete clubes que fazem parte do Campeonato Paranaense. A metáfora estrutural na

    presente abertura esportiva é DANÇA É DEMISSÃO. Assim, o redator recorreu ao

    conceito de dança para falar de outro, a demissão dos técnicos. O redator utiliza o

    substantivo dança no intuito de fazer com que o leitor compreenda as sucessivas trocas

    de comando de alguns clubes de futebol.

    Na sexta-feira, 30 de março, encontramos a abertura metafórica na editoria de

    esporte “Mago de molho” (Apêndice N). A abertura refere-se ao jogador palmeirense

    Valdívia que sofreu uma nova lesão muscular e desfalcará o time durante 30 dias. A

    metáfora estrutural aqui presente é MOLHO É ESPERA. Neste caso, molho é o

    domínio fonte, mais concreto, e espera é o domínio alvo, mais abstrato. O conceito de

    molho é utilizado para falar da espera, do tempo de pausa do jogador. As estruturais

    permitem usar um conceito de detalhamento estruturado e delineado de maneira clara,

    para estruturar outro a partir de correlações sistemáticas encontradas em nossa

    experiência.

  • 21

    Ainda na edição de sexta-feira, 30 de março, encontramos a manchete

    metafórica na editoria de segurança pública “Sexo marginal” (Apêndice O). Refere-se a

    uma quadrilha que atraía clientes para um Motel e os assaltavam. Nota-se aqui a

    presença de uma metáfora ontológica de personificação, em que o sexo é considerado

    um ser humano e possui a característica humana de ser marginal. O uso da metáfora

    refere-se às atividades praticadas pela quadrilha, no entanto o sexo aqui é classificado

    como algo que possui características humanas.

    Na edição de sábado, 31 de março, encontramos o título metafórico na editoria

    dia a dia “Caem 13 quadrilhas ligadas ao tráfico” (Apêndice P). O título refere-se à

    apreensão de 77 pessoas acusadas de envolvimento com o tráfico de drogas, em São

    Borja. A metáfora orientacional está presente devido à utilização do caem na frase. O

    caem nesta frase representa que as quadrilhas foram desarticuladas e extintas. Assim, o

    redator utiliza uma orientação espacial que é o cair, para baixo, para se referir ao

    acontecimento com as quadrilhas. As orientacionais não se estabelecem entre dois

    concretos, mas entre os modos de organização de dois sistemas de conceitos.

    Na edição de sábado, 31 de março, encontramos o título metafórico na editoria

    dia a dia “Decisão do STJ preocupa entidades” (Apêndice Q). O título refere-se a uma

    decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de inocentar um acusado de estupro.

    Entidades que zelam pelos direitos de crianças e adolescentes repudiaram a decisão do

    órgão público. Aqui, essas entidades ganham característica de ser humano, exercendo

    atividades próprias do ser humano, como se preocupar. Segundo Lakoff e Johnson

    (2002), a metáfora orientacional de personificação baseia-se na delimitação artificial de

    ideias e eventos representando-as à imagem do ser humano.

    6.3 Metaforização em discursos jornalísticos

    A utilização das metáforas na fala cotidiana é um fato que se constata também

    em jornais, como observado nesta análise, e pode ser considerado uma maneira de dar

    mais vida ao que se fala e chamar a atenção do receptor, conforme afirma Abreu (1995).

    Embora o estilo jornalístico não tenha um compromisso com a estética, ele

    precisa chamar a atenção do receptor e para isso vale-se de mecanismos como as

    metáforas. Como comprovado durante a análise, as metáforas tiveram maior incidência

    nas manchetes e aberturas, títulos que recebem maior destaque no jornal impresso.

  • 22

    Comprova-se, portanto, com esta análise, a existência de metáforas linguísticas para

    além do universo poético e literário, podendo se manifestar na produção escrita

    jornalística.

    A metáfora, conforme Passos e Fonseca (2011) constitui uma ferramenta

    eficiente para a transmissão de informações e para a codificação do conhecimento

    cultural. Nesse sentido, as metáforas possibilitam a compreensão da informação

    extraída por complexos processos de experiências partilhadas culturalmente, uma forma

    da mídia ampliar semanticamente o ato comunicativo e fazer valer seu discurso.

    Categorizando e desconstruindo as metáforas encontradas, confirmou-se a TMC.

    O redator utiliza uma ideia e a conecta com outra, facilitando o entendimento de algo.

    Em diversas construções metafóricas, um conteúdo de origem mais abstrata é tratado

    como se fosse outro, real, tornando a mensagem mais confiável.

    Como vemos, as metáforas conceptuais permeiam nossa comunicação, nosso

    pensamento e nossa ação. O uso das metáforas conceptuais no meio jornalístico

    comprova isso. Se o jornalismo tem o objetivo de fazer com que o leitor compreenda a

    informação por ele escrita, presume-se que os leitores do periódico pensariam do

    mesmo modo que o autor, no momento da construção metafórica. Logo, o uso

    metafórico não se limita apenas à comunicação, mas sim a encadeamentos lógicos e a

    associações que a mente faz. Notadamente, para que os indivíduos possam compreender

    determinado conteúdo é imprescindível que ambos, leitor e redator, compartilhem o

    mesmo background social e linguístico.

    Conforme Lage (1997), as metáforas têm lugar cativo na linguagem jornalística,

    pois desempenham o papel importante de transformar assuntos de cunho científico em

    uma linguagem simples e acessível. Nesse sentido, Coimbra (1999) afirma que as

    restrições de tempo e espaço levam o redator à necessidade de utilizar uma linguagem

    acessível ao público para comunicar ideias complexas. Com base nessas afirmações e

    nos resultados obtidos, é possível, então, concluir que o trabalho jornalístico, em seu

    fazer, tem a preocupação de conceituar metaforicamente a vida cotidiana, nos textos

    direcionados a seu público.

    7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

  • 23

    Decorre da tradição escolar, acreditar que as metáforas fazem parte de

    ferramentas sofisticadas utilizadas somente em poesias e textos literários. No entanto,

    pesquisadores como Lakoff e Johnson (2002), sugerem que a sua utilização vai além do

    universo poético, fazendo parte do discurso cotidiano e também do jornalístico.

    Assim, o presente estudo vem comprovar a Teoria proposta por Lakoff e

    Johnson (2002) de que a metáfora é utilizada no discurso jornalístico. Os resultados do

    estudo comprovaram que as metáforas não são utilizadas somente em textos literários

    e/ou poemas, podendo se manifestar na produção escrita jornalística, assim, a

    metaforização constitui um recurso linguístico no meio impresso.

    A análise do corpus demonstrou que a ocorrência metafórica no jornalismo é

    significativa e que tem como principal funcionalidade estruturar um conceito em termos

    de outro, ou seja, recorrer a um conceito para falar de outro, muitas vezes, com o intuito

    de facilitar a compreensão do leitor. Essa funcionalidade justifica-se pelo expressivo

    uso das metáforas estruturais no objeto de análise. Assim, as metáforas utilizadas na

    prática jornalística possibilitariam a compreensão da informação extraída por

    complexos processos de experiências partilhadas culturalmente.

    Com a utilização das metáforas, o redator cria em seu público o clima necessário

    para causar o efeito pretendido. As metáforas permitem que o redator alcance a

    conotação ou a transferência de sentido. Utilizada como recurso linguístico, elas

    refletem determinados valores socioculturais e para que tenha eficácia é necessária a

    compreensão do enunciado pelo receptor. Essa compreensão pressupõe uma operação

    lógica de inferência pelo leitor, a partir de sua cultura e de seu conhecimento de mundo.

    A metaforização, então, é um processo de captar e produzir conhecimento, a metáfora

    não pode ser considerada uma mera figura de linguagem, mas também um recurso

    linguístico de imaginação com grande influência no pensamento e raciocínio do ser

    humano, como nos sugere Lakoff e Johnson (2002).

    Os objetivos estabelecidos foram alcançados. Comprovou-se a utilização de

    metáforas para além do universo poético e literário, como nos sugere a visão tradicional,

    e a utilização das metáforas como recurso no jornalismo impresso.

    Nota-se que o uso das metáforas no discurso jornalístico é expressivo, utilizado

    em todas as editorias do produto e em todas as divisões em que se propôs analisar. Com

    relação ao que indicam essas metáforas, cada uma delas tem uma relação específica com

    o conteúdo exposto na matéria da qual foi retirada, como do contexto daquela

  • 24

    informação. A respeito da incidência em que foram utilizadas, as metáforas estiveram

    presentes em todas as edições analisadas, o que nos permite concluir que a

    metaforização representa um recurso recorrente e comum no jornal Tribuna do Paraná.

    Como exposto nas análises, nas manchetes o uso foi mais expressivo, assim como na

    editoria de Esporte. A abordagem adotada durante a pesquisa, que busca romper com a

    visão tradicional que considera a metáfora somente um ornamento da linguagem,

    permitiu a descrição metafórica e dos conceitos presentes nas entrelinhas dos textos

    jornalísticos. A partir da leitura das notícias publicadas, foi possível identificar as

    metáforas utilizadas, remetendo a grande maioria delas ao uso linguístico comum no dia

    a dia. A hipótese foi confirmada durante as análises, já que se comprovou o uso

    metafórico no discurso jornalístico, o que nos permite afirmar que as metáforas

    constituem um recurso de linguagem.

    A quantidade de usos metafóricos encontrados demonstrou que as metáforas são

    conhecidas popularmente. Como afirma Lage (1997), a função da linguagem

    jornalística é ser clara, fazer com que o leitor compreenda a informação na primeira vez

    em que a ler. Assim, conclui-se que o jornalista utiliza as metáforas com o intuito de

    facilitar o entendimento de determinado conteúdo. Dessa forma, acredita-se que o leitor

    já tenha conhecimento sobre o que o redator escreve, conhecendo e interpretando

    corretamente as metáforas, pois ele compreende aqueles valores socioculturais e faz

    parte daquele contexto. As metáforas estão tão inseridas no discurso que as expressões

    são lidas como um todo e o leitor não interrompe a leitura para pensar na composição

    daquela expressão.

    A abordagem das metáforas sob o aspecto da visão cognitivista nos mais

    variados discursos ainda é recente e pouco explorada. Portanto, a pesquisa permitiu

    entender conceitos e o processo metafórico, ainda pouco abordado, como recurso

    linguístico no jornalismo.

    Esta análise específica não pode, isoladamente, representar a utilização

    metafórica nos discursos jornalísticos. Para descobrir se esse processo ocorre na maioria

    dos jornais impressos ou em outros meios de comunicação, o estudo requer um

    aprofundamento. Além disso, há que reiterar que a formulação de uma metáfora

    conceitual pode ser expressa de diversas formas, mas o mais importante é que o analista

    respeite o coração de sua estrutura.

  • 25

    REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

    ABREU, M. Leituras do Brasil. Porto Alegre: Mercado Aberto/ALB, 1995.

    ALDRIGUE, N. S.; ESPÍNDOLA, L. Expressões lingüísticas metafóricas como recurso

    argumentativo em folderes turísticos. Disponível em:

    . Acesso em: 14 mar. 2012.

    ALVAREZ, M. L. O. A linguagem metafórica nos textos jornalísticos. Disponível em:

    . Acesso em: 14 mar 2012.

    BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 1988.

    BASTOS, J. L. Meu rico Português: para cursos & concursos. Porto Alegre: Ed. Age, 1997.

    COIMBRA, R. L. Estudo Linguístico dos Títulos de Imprensa em Portugal: A Linguagem

    Metafórica. 1999. 610 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Linguística Portuguesa -

    Doutorado) - Universidade de Aveiro, Portugal, 1999. Disponível em: <

    http://sweet.ua.pt/~f711/tese.htm>. Acesso em: 23 jun. 2012.

    FILHO, D. P. A linguagem literária. São Paulo: Ática, 1986.

    GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2006.

    LAGE, N. A linguagem jornalística. São Paulo: Ática, 1997.

    LAKOFF, G.; JOHNSON, M. Metáforas da vida cotidiana. São Paulo: Educ, 2002.

    MARTINEZ, M. Jornalismo literário: a realidade de forma autoral e humanizada. Disponível

    em: . Acesso em: 08

    de abr. 2012.

    MARTINS, N. S. Introdução à estilística. São Paulo: Edusp, 1989.

    NECCHI, V. A impertinência da denominação “jornalismo literário”. Disponível em:

    . Acesso em: 03 abr. 2012.

    PASSOS, E. S. R.; FONSECA, F. F. Metáfora conceptual: uma análise da ampliação de

    sentidos nas edições online de jornais. Disponível em: .

    Acesso em: 10 abr. 2012.

    PENA, F. Jornalismo literário. São Paulo: Contexto, 2006.

    POLLIO, H. P.; SMITH, M. K.; POLLIO, M. R. Figurative language and cognitive

    psychology. Language and cognitive processes, 1990.

    QUEIROZ, J. M. Emprego de metáforas bélicas na linguagem de futebol. Disponível em:

    . Acesso em: 18 abr. 2012.

    RABAÇA. C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Campus,

    2001.

    SAUSSURE, F. Curso de lingüística geral. São Paulo: Cultrix, 2002.

    http://www.ufjf.br/revistaveredas/files/2011/05/artigo-152.pdfhttp://www.let.unb.br/mlortiz/images/stories/professores/documentos/artigos/artigos_pdf/trabalho_para_apresentar_no_congresso_metafora.pdfhttp://www.let.unb.br/mlortiz/images/stories/professores/documentos/artigos/artigos_pdf/trabalho_para_apresentar_no_congresso_metafora.pdfhttp://www.periodicos.ufsc.br/index.php/jornalismo/article/view/10948http://www.adtevento.com.br/intercom/2007/resumos/R0527-1.pdfhttp://www.cienciasdalinguagem.net/enelinhttp://br.monografias.com/trabalhos2/metaforas-linguagem-futebol/metaforas-linguagem-futebol.shtmlhttp://br.monografias.com/trabalhos2/metaforas-linguagem-futebol/metaforas-linguagem-futebol.shtml

  • 26

    APÊNDICES

    APÊNDICE A – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Segunda-feira

    (26/03/2012)

    Em alta. Em baixa. Na

    espera

    Metáfora orientacional

    Abertura/Esporte

    Quadro 1 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (26 de março de 2012)

  • 27

    APÊNDICE B – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Segunda-feira

    (26/03/2012)

    Cruzeiro atropela o

    Bangu

    Metáfora orientacional

    Abertura/Esporte

    Quadro 2 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (26 de março de 2012)

  • 28

    APÊNDICE C – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Segunda-feira

    (26/03/2012)

    Olho gordo

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Manchete/Esporte

    Quadro 3 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (26 de março de 2012)

  • 29

    APÊNDICE D – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Terça-feira

    (27/03/2012)

    Nas mãos da Urbs

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Abertura/Dia a dia

    Quadro 4 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (27 de março de 2012)

  • 30

    APÊNDICE E – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Terça-feira

    (27/03/2012)

    Cana pro cabeça quente

    Metáfora ontológica

    Título/Segurança

    Pública

    Quadro 5 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (27 de março de 2012)

  • 31

    APÊNDICE F – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Terça-feira

    (27/03/2012)

    Cigarro mata

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Manchete/Segurança

    Pública

    Quadro 6 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (27 de março de 2012)

  • 32

    APÊNDICE G – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Quarta-feira

    (28/03/2012)

    Batalha no Paraguai

    Metáfora estrutural

    Abertura/Esporte

    Quadro 7 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (28 de março de 2012)

  • 33

    APÊNDICE H – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Quarta-feira

    (28/03/2012)

    8 kms de amargar

    Metáfora ontológica

    Abertura/Dia a dia

    Quadro 8 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (28 de março de 2012)

  • 34

    APÊNDICE I – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Quarta-feira

    (28/03/2012)

    Lição de manguaça

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Manchete/Segurança

    Pública

    Quadro 9 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (28 de março de 2012)

  • 35

    APÊNDICE J – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Quinta-feira

    (29/03/2012)

    Troca de ideias

    Metáfora estrutural

    Abertura/Especial

    Curitiba 319 anos

    Quadro 10 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (29 de março de 2012)

  • 36

    APÊNDICE K – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Quinta-feira

    (29/03/2012)

    Gol perde liderança

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Abertura/Automóvel

    Quadro 11 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (29 de março de 2012)

  • 37

    APÊNDICE L – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Quinta-feira

    (29/03/2012)

    Nas ondas do povão

    Metáfora estrutural

    Manchete/Especial

    Curitiba 319 anos

    Quadro 12 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (29 de março de 2012)

  • 38

    APÊNDICE M – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Sexta-feira

    (30/03/2012)

    Sete já dançaram

    Metáfora estrutural

    Abertura/Esporte

    Quadro 13 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (30 de março de 2012)

  • 39

    APÊNDICE N – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Sexta-feira

    (30/03/2012)

    Mago de molho

    Metáfora estrutural

    Abertura/Esporte

    Quadro 14 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (30 de março de 2012)

  • 40

    APÊNDICE O – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Sexta-feira

    (30/03/2012)

    Sexo marginal

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Manchete/Segurança

    Pública

    Quadro 15 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (30 de março de 2012)

  • 41

    APÊNDICE P – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Sábado (31/03/2012)

    Caem 13 quadrilhas

    ligadas ao tráfico

    Metáfora orientacional

    Título/Dia a dia

    Quadro 16 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (31 de março de 2012)

  • 42

    APÊNDICE Q – Metáfora do jornal Tribuna do Paraná

    Sábado (31/03/2012)

    Decisão do STJ preocupa

    entidades

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Título/Dia a dia

    Quadro 17 – Ocorrência metafórica no jornal Tribuna do Paraná (31 de março de 2012)

  • 43

    APÊNDICE R – Ocorrências do jornal Tribuna do Paraná

    Ocorrências do jornal Tribuna do Paraná

    Manchetes Chamadas Aberturas Títulos Total

    06 24 129 178 337

    Quadro 18 - Totalidade de manchetes, chamadas, aberturas e títulos presentes no Tribuna do

    Paraná (26 a 31 de março de 2012)

  • 44

    APÊNDICE S – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná

    Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná

    Manchete Chamadas Aberturas Títulos Total

    05 05 49 19 78

    83,3% 20,8% 37,9% 10,6% 23,1%

    Quadro 19 – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná (26 a 31 de março de 2012)

  • 45

    APÊNDICE T – Quantidade de metáforas em cada editoria

    Quantidade de metáforas utilizadas em cada editoria

    Dia a dia Segurança

    Pública

    Pop Esporte Automóvel Curitiba

    319 anos

    Total

    14 20 02 36 03 03 78

    Quadro 20 – Quantidade de metáforas utilizadas por editoria

  • 46

    APÊNDICE U – Quantidade da tipologia de metáforas

    Quantidade dos tipos de metáforas utilizadas

    Metáfora

    estrutural

    Metáfora

    orientacional

    Metáfora

    ontológica

    Metáfora

    ontológica de

    personificação

    Total

    33 16 06 23 78

    Quadro 21 – Quantidade da tipologia de metáforas utilizadas

  • 47

    APÊNDICE V – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia

    26/03/2012

    Ocorrências metafóricas (Segunda – 26/03)

    Manchete Chamadas Aberturas Títulos

    Total 01 04 25 36

    Presença de

    metáforas

    01 02 12 03

    % de

    ocorrências

    metafóricas

    100% 50% 48% 8,3%

    Quadro 22 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 26/03

  • 48

    APÊNDICE W – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia

    27/03/2012

    Ocorrências metafóricas (Terça – 27/03)

    Manchete Chamadas Aberturas Títulos

    Total 01 06 17 26

    Presença de

    metáforas

    01 01 07 03

    % de

    ocorrências

    metafóricas

    100% 16,6% 41,1% 11,5%

    Quadro 23 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 27/03

  • 49

    APÊNDICE X – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia

    28/03/2012

    Ocorrências metafóricas (Quarta – 28/03)

    Manchete Chamadas Aberturas Títulos

    Total 01 05 19 25

    Presença de

    metáforas

    01 0 06 02

    % de

    ocorrências

    metafóricas

    100% - 31,5% 8%

    Quadro 24 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 28/03

  • 50

    APÊNDICE Y – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia

    29/03/2012

    Ocorrências metafóricas (Quinta – 29/03)

    Manchete Chamadas Aberturas Títulos

    Total 01 02 32 33

    Presença de

    metáforas

    01 01 11 03

    % de

    ocorrências

    metafóricas

    100% 50% 34,3% 9%

    Quadro 25 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 29/03

  • 51

    APÊNDICE Z – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia

    30/03/2012

    Ocorrências metafóricas (Sexta – 30/03)

    Manchete Chamadas Aberturas Títulos

    Total 01 03 20 27

    Presença de

    metáforas

    01 01 08 02

    % de

    ocorrências

    metafóricas

    100% 33,3% 40% 7,4%

    Quadro 26 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 30/03

  • 52

    APÊNDICE AA – Ocorrências metafóricas no jornal Tribuna do Paraná no dia

    31/03/2012

    Ocorrências metafóricas (Sábado – 31/03)

    Manchete Chamadas Aberturas Títulos

    Total 01 04 16 31

    Presença de

    metáforas

    0 0 05 05

    % de

    ocorrências

    metafóricas

    - - 31,2% 16,1%

    Quadro 27 – Ocorrências metafóricas do jornal Tribuna do Paraná no dia 31/03

  • 53

    APÊNDICE BB – Ocorrências metafóricas na editoria Esporte

    Tipos de metáforas utilizadas na editoria Esporte

    Metáfora

    estrutural

    Metáfora

    orientacional

    Metáfora

    ontológica

    Metáfora

    ontológica de

    personificação

    Total

    17 07 02 10 36

    Quadro 28 – Metáforas utilizadas na editoria de Esporte

  • 54

    APÊNDICE CC – Ocorrências metafóricas na editoria Segurança Pública

    Tipos de metáforas utilizadas na editoria Segurança Pública

    Metáfora

    estrutural

    Metáfora

    orientacional

    Metáfora

    ontológica

    Metáfora

    ontológica de

    personificação

    Total

    07 03 02 08 20

    Quadro 29 – Metáforas utilizadas na editoria de Segurança Pública

  • 55

    APÊNDICE DD – Ocorrências metafóricas na editoria Dia a dia

    Tipos de metáforas utilizadas na editoria Dia a dia

    Metáfora

    estrutural

    Metáfora

    orientacional

    Metáfora

    ontológica

    Metáfora

    ontológica de

    personificação

    Total

    04 04 02 04 14

    Quadro 30 – Metáforas utilizadas na editoria de Dia a dia

  • 56

    APÊNDICE EE – Ocorrências metafóricas na editoria Automóvel

    Tipos de metáforas utilizadas na editoria Automóvel

    Metáfora

    estrutural

    Metáfora

    orientacional

    Metáfora

    ontológica

    Metáfora

    ontológica de

    personificação

    Total

    01 01 - 01 03

    Quadro 31 – Metáforas utilizadas na editoria de Automóvel

  • 57

    APÊNDICE FF – Ocorrências metafóricas na editoria Especial Curitiba 319 anos

    Tipos de metáforas utilizadas na editoria Especial Curitiba 319 anos

    Metáfora

    estrutural

    Metáfora

    orientacional

    Metáfora

    ontológica

    Metáfora

    ontológica de

    personificação

    Total

    03 - - - 03

    Quadro 32 – Metáforas utilizadas na editoria Especial Curitiba 319 anos

  • 58

    APÊNDICE GG – Ocorrências metafóricas na editoria Pop

    Tipos de metáforas utilizadas na editoria Pop

    Metáfora

    estrutural

    Metáfora

    orientacional

    Metáfora

    ontológica

    Metáfora

    ontológica de

    personificação

    Total

    01 01 - - 02

    Quadro 33 – Metáforas utilizadas na editoria de Pop

  • 59

    APÊNDICE HH – Categorização das metáforas no dia 26/03

    Segunda-feira (26/03/2012)

    Metáfora Tipologia

    Olho Gordo

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Manchete/Esporte

    De braços cruzados (p.02)

    Metáfora estrutural

    (BRAÇOS CRUZADOS É

    PARALISAÇÃO)

    Abertura/Dia a dia

    Parado com “olé”

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Chamada/Esporte

    Nem rezando (p. 08)

    Metáfora estrutural (REZAR

    É ABSOLVIÇÃO)

    Chamada/Segurança

    Pública

    De cara no poste (p. 07)

    Metáfora orientacional

    Abertura/Segurança

    Pública

    Roupa suja acumulada (p.

    08)

    Metáfora estrutural (ROUPA

    SUJA É PROBLEMA)

    Abertura/Esporte

  • 60

    Sangue fraterno (p. 09)

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Abertura/Segurança

    Pública

    De virada é melhor (p. 12)

    Metáfora estrutural

    (VIRADA É VITÓRIA)

    Abertura/ Esporte

    Uberlândia vira-vira (p.

    17)

    Metáfora estrutural

    (VIRADA É VITÓRIA)

    Abertura/Esporte

    Seminário também recebe

    “visita” (p. 08)

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Título/Segurança

    Pública

    Em alta. Em baixa. Na

    espera

    Metáfora orientacional

    Abertura/Esporte

    Tubarão imbatível (p. 05)

    Metáfora estrutural (Jogo é

    guerra)

    Abertura/Esporte

    Time “seca” os adversários

    (p. 10 – Esporte de Letra)

    Metáfora ontológica (Secar:

    diminuir, acabar. Exemplo:

    Secou o pranto dos olhos;)

    Título/Esporte

    Ainda na espreita (p.

    Metáfora estrutural (Jogo é

  • 61

    10/11)

    guerra. Espreita = de vigia, à

    espera)

    Abertura/Esporte

    Vasco empata e deixa a

    ponta (p. 12)

    Metáfora orientacional (Ponta

    = liderança = para cima =

    bom)

    Título/Esporte

    Cacá de ponta a ponta (p.

    14)

    Metáfora orientacional (Ponta

    = liderança = para cima =

    bom)

    Abertura/Esporte

    Chegou a hora pra rapaz

    ameaçado (p. 13)

    Metáfora estrutural

    (CHEGAR A HORA É

    MORTE)

    Título/Segurança

    Pública

    Cruzeiro atropela o Bangu

    (p. 19)

    Metáfora orientacional

    (Atropelar = deixar para trás,

    seguir em frente)

    Abertura/Esporte

    Bola cheia (p. 20)

    Metáfora orientacional

    (Cheio = bom; Vazio = ruim)

    Abertura/Pop

    Tabela 1: Ocorrências metafóricas na edição do dia 26/03 do jornal Tribuna do Paraná

  • 62

    APÊNDICE II – Categorização das metáforas no dia 26/03

    Terça-feira (27/03/2012)

    Metáfora Tipologia

    Trem vira tormento

    Metáfora ontológica

    (Tormento = sofrimento,

    aflição)

    Chamada/Dia a dia

    Cigarro mata

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Manchete/Segurança

    Pública

    Nas mãos da Urbs (p. 02)

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Abertura/ Dia a dia

    Pega leve! (p. 05)

    Metáfora orientacional (Pegar

    leve = com calma, ir devagar)

    Abertura/Dia a dia

    Disfarce não “cola” (p. 06)

    Metáfora estrutural (COLAR

    É DAR CERTO)

    Título/Segurança

    Pública

    Cana pro cabeça quente

    Metáfora ontológica (Quente

    representa preocupação.

    Título/ Segurança

  • 63

    (p. 07)

    Frescor é tranqüilidade. =

    Mente é um recipiente)

    Pública

    Perigo mora ao lado (p.

    08)

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Abertura/Segurança

    Pública

    Furacão dos vovôs-garotos

    (p. 13)

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Abertura/Esporte

    Carro a preço de banana

    (p. 08)

    Metáfora estrutural (PREÇO

    É FRUTA)

    Título/ Segurança

    Pública

    Fim da lua de mel (p. 09)

    Metáfora estrutural

    (FUTEBOL É

    CELEBRAÇÃO)

    Abertura/ Esporte

    Vaga no braço (p. 14)

    Metáfora estrutural

    (ELIMINATÓRIA É LUTA)

    Abertura/ Esporte

    Mengão, Lindóia e

    Tanguá, os mais positivos

    (p. 15)

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Abertura/ Esporte

    Tabela 2: Ocorrências metafóricas na edição do dia 27/03 do jornal Tribuna do Paraná

  • 64

    APÊNDICE JJ – Categorização das metáforas no dia 26/03

    Quarta-feira (28/03/2012)

    Metáfora Tipologia

    Lição de manguaça

    Metáfora ontológica de

    personificação

    Manchete/Segurança

    Pública

    Peixes em baixa (p. 05)

    Metáfora orientacional

    Abertura/Dia a dia

    8 kms de amargar (p. 06)

    Metáfora ontológica (Oposto

    ao doce, oposto ao gostoso,

    sensação desagradável)

    Abertura/Dia a dia

    Braços cruzados (p. 02)

    Metáfora estrutural

    (BRAÇOS CRUZADOS É

    GREVE)

    Abertura/Dia a dia

    Virou do avesso (p. 08)

    Metáfora orientacional

    Abertura/ Segurança

    Pública

    Caiu a ficha na Federeca

    (p. 15)

    Metáfora ontológica

    (Sentimentos com relação à

    ideias que apenas ficaram

    claras depois de longos

    momentos; hora de procurar

    saídas)

    Abertura/Esporte

    Animado, Paranavaí quer

    Metáfora ontológica de

    Título/Esporte

  • 65

    se livrar da ZR (p. 16) personificação

    Batalha no Paraguai (p.

    17)

    Metáfora estrutural (JOGO É

    GUERRA)

    Abertura/Esporte

    Fantasma desafia a

    sensação do 1º turno (p.

    17)

    Metáfora estrutural

    (FUTEBOL É DESAFIO)

    Título/Esporte

    Tabela 3: Ocorrências metafóricas na edição do dia 28/03 do jornal Tribuna d