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Ficha técnica: Título: Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa Convenção OSPAR Autoria: Agência Portuguesa do Ambiente Laboratório de Referência do Ambiente Sandra Fonseca Raquel Serrano Susana Ferreira Rosa Fontinhas Edição: Agência Portuguesa do Ambiente Data de edição: Novembro de 2009 Local de edição: Amadora
Tiragem: [nº.] exemplares
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »3
Índice Geral
Índice Geral 3
Índice de Figuras 4
Índice de Quadros 5
Lista de acrónimos e símbolos 6
Resumo 7
1. Introdução 8
2. Metodologia 9
2.1 Amostragem 9
2.1.1 Caracterização das amostras 9
2.1.2 Locais e períodos de Amostragem 10
2.2 Procedimento de conservação, depuração e pré-tratamento das amostras 11
2.2.1 Depuração e preparação dos mexilhões 11
2.2.2 Determinação da % de humidade dos mexilhões 14
2.2.3 Digestão das Amostras 16
2.3. Análise química 17
3. Resultados 19
4. Discussão 30
Bibliografia 32
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Índice de Figuras
Figura 1 Localização dos locais de amostragem na Costa Continental Portuguesa 11
Figuras 2 e 2A Tinas de depuração dos mexilhões e processo de arejamento 12
Figura 3 Medição do comprimento do mexilhão com craveira 12
Figura 4 Abertura das conchas 13
Figura 5 Descarte do líquido presente no manto 13
Figura 6 Remoção das partes moles do interior das conchas 13
Figura 7 Pool de amostras em placa de Petri 13
Figura 8 Liofilizador 14
Figura 9 Triturador de mandíbulas 14
Figura 10 Sistema Microondas ETHOS PLUS, Millestone 16
Figura 11 Amostras após pré-tratamento de digestão 16
Figura 12 ICP-MS XSerieII, Thermo Unicam 17
Figura 13 ICP-OES 2000DV, Perkin Elmer 17
Figura 14 Analizador de Mercúrio AMA254, LECO 17
Figura 15 Concentrações de Arsénio, em mg/Kg de peso húmido, nas amostras das várias
campanhas de amostragem 22
Figura 16 Concentrações de Cádmio, em mg/Kg de peso húmido, nas amostras das várias
campanhas de amostragem 23
Figura 17 Concentrações de Chumbo, em mg/Kg de peso húmido, nas amostras das várias
campanhas de amostragem 24
Figura 18 Concentrações de Crómio, em mg/Kg de peso húmido, nas amostras das várias
campanhas de amostragem 25
Figura 19 Concentrações de Cobre, em mg/Kg de peso húmido, nas amostras das várias
campanhas de amostragem 26
Figura 20 Concentrações de Mercúrio, em mg/Kg de peso húmido, nas amostras das várias
campanhas de amostragem 27
Figura 21 Concentrações de Níquel, em mg/Kg de peso húmido, nas amostras das várias
campanhas de amostragem 28
Figura 22 Concentrações de Zinco, em mg/Kg de peso húmido, nas amostras das várias
campanhas de amostragem 29
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »5
Índice de Quadros
Quadro 1 Nº de indivíduos amostrados por ponto de amostragem e respectivo tamanho médio 9
Quadro 2 Coordenadas GPS dos pontos de amostragem 10
Quadro 3 Média da Percentagem de Humidade nas amostras dos vários pontos de amostragem,
por campanha. 15
Quadro 4 Resultados de % de peso seco obtidos no exercício de Intercomparação laboratorial
do programa QUASIMEME Round 58 BT-1 e respectivos Z-score 15
Quadro 5 Comparação entre os valores certificados (mg/kg peso seco) para o MRC NIST2976
e os valores obtidos pelo laboratório 18
Quadro 6 Resultados obtidos no exercício de Intercomparação laboratorial do programa
QUASIMEME Rounds 56 BT-1 e 58 BT-1 e respectivos Z-scores 19
Quadro 7 Concentrações obtidas em mg/kg de peso húmido para os pontos de amostragem
na 1ªcampanha de 2008 (Março/Abril) 19
Quadro 8 Concentrações obtidas em mg/kg de peso húmido para os pontos de amostragem
na 2ªcampanha de 2008 (Setembro) 20
Quadro 9 Concentrações obtidas em mg/kg de peso húmido para os pontos de amostragem
na 1ªcampanha de 2009 (Março) 21
Quadro 10 Média e desvio padrão das concentrações (mg/kg peso húmido) de metais pesados
no total das campanhas por ponto de amostragem 30
»6 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
Lista de acrónimos e símbolos APA Agência Portuguesa do Ambiente
LRA Laboratório de Referência do Ambiente
JAMP Joint Assessment and Monitoring Programme
OSPAR Convention for the Protection of the Marine Environment
of the North-East Atlantic
ICP-MS Espectrometria de Massa Acoplado a Plasma Indutivo
ICP-OES Espectrometria de Emissão Atómica com Acoplamento Indutivo de Plasma
NIST National Institute of Standards and Technology
QUASIMEME Quality Assurance of Information for Marine Environmental
Monitoring in Europe
MRC Material de Referência Certificado
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »7
Resumo:
Mexilhões da espécie Mytilus galloprovincialis foram utilizados como bioindicadores de contaminação por metais
pesados na costa continental portuguesa. Foram colhidas amostras de M. galloprovincialis em 12 estações de
amostragem em Março e Setembro de 2008 e em Março de 2009 somente em 11 estações, para monitorização
espacial e temporal de metais pesados (As, Cd, Cr, Hg, Pb, Ni, Cu e Zn). A análise destes elementos foi realizada
por Espectrometria de Massa Acoplada a Plasma Indutivo (ICP-MS), Espectrometria de Emissão Atómica com
Acoplamento Indutivo de Plasma (ICP-OES) e Espectrometria de Absorção Atómica com Decomposição Térmica e
Amálgama.
Este estudo foi realizado pelo Núcleo Operacional de Química Inorgânica do Laboratório de Referência do
Ambiente (LRA), como contributo para o programa JAMP (Joint Assessment and Monitoring Programme) de forma
a cumprir os compromissos assumidos na Convenção OSPAR (Convention for the Protection of the Marine
Environment of the North-East Atlantic).
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1 . Introdução
Os Metais pesados são um dos mais importantes grupos de poluentes ambientais das zonas costeiras.
Considerados poluentes graves devido à sua toxicidade, não degradibilidade e persistência no ambiente, a sua
importância nos ambientes costeiros deriva não só dos seus potenciais efeitos tóxicos mas da presença de
excessivas fontes antropogénicas que podem igualar ou exceder a sua entrada natural, como resultado da
actividade vulcânica e erosão das rochas. Podem ser encontrados no ambiente marinho em três formas distintas:
dissolvida, particulada e coloidal. Poucos metais se encontram no mar na sua forma iónica, e alguns formam
complexos inorgânicos, ligando-se à matéria orgânica particulada e dissolvida.
Metais como o Cobre e o Zinco são considerados essenciais na manutenção do metabolismo dos organismos,
podendo ser tóxicos em concentrações elevadas. Outros, como o Cádmio não são essenciais, sendo tóxicos
mesmo a baixas concentrações.
Para o estudo de monitorização marinha de organismos sedentários capazes de acumular metais, são empregues
organismos amplamente distribuídos geograficamente a fim de reflectir as diferentes condições ambientais.
Os moluscos bivalves, especialmente os mexilhões, cumprem todos os requisitos acima mencionados e, por
conseguinte, são adequados para actuar como indicadores biológicos da poluição.
A sua adequação é universalmente reconhecida, sendo incluídos na maior parte dos programas de
acompanhamento da poluição marinha nacionais e internacionais.
Os mexilhões são usados como bioindicadores da poluição por metais pesados em zonas costeiras porque têm a
capacidade de concentrar estes elementos, fornecendo uma indicação, espacial e temporal, da contaminação
ambiental sendo que, as concentrações de contaminantes presentes nos tecidos dos bivalves reflectem a
magnitude da contaminação do local em que se encontram.
A implementação de programas de monitorização e pesquisa de metais em amostras ambientais marinhas
resultam da necessidade de avaliar e controlar a poluição marinha por estas substâncias devido à
sobreacumulação e efeitos tóxicos, particularmente nos organismos aquáticos e nos seres humanos que os
consomem.
Estes organismos acumulam a maioria dos contaminantes em níveis muito superiores aos encontrados na coluna
de água e são representativos da poluição de uma dada área, por essa razão permitem monitorizar a qualidade
das águas costeiras.
De acordo com as directrizes estabelecidas para o Programa Joint Assessment and Monitoring Programme
(JAMP) da Convenção OSPAR, os mexilhões são usados como um organismo bioindicator para identificação de
áreas poluídas por metais pesados e avaliar sua tendência temporal. No entanto, deve ser tida em conta que a
concentração de metais encontrada nos mexilhões por si só não reflecte o seu nível na zona costeira onde eles se
encontram, mas existem uma série de outros factores que influenciam a acumulação de um elemento em que se
incluem a biodisponibilidade do metal, a estação do ano em que é realizada a amostragem, a hidrodinâmica do
ambiente, o tamanho, sexo, alterações na composição dos tecidos e ciclo de reprodução.
O estudo contínuo das condições nos ecossistemas marinhos é uma das tarefas que todos os países devem
realizar para prevenir e eliminar a poluição. A monitorização efectuada no âmbito do programa JAMP tem a
finalidade de avaliar a eficácia das medidas adoptadas para a redução da poluição marinha (acompanhamento
das tendências temporais) uma vez que alterações em fontes de contaminação reflectem-se nas concentrações
de contaminantes no biota ao longo do tempo e de avaliar, também, o nível de contaminação marinha existente
(controlo da distribuição espacial) visto que, a monitorização de concentrações de contaminantes em espécies
marinhas podem ser usadas como indicador de diferenças regionais de contaminação.
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »9
Neste trabalho apresenta-se a análise comparativa da evolução temporal e espacial da concentração em Arsénio
(As), Cádmio (Cd), Crómio (Cr), Chumbo (Pb), Mercúrio (Hg), Níquel (Ni) e Zinco (Zn) em mexilhões da espécie
Mytilus galloprovincialis da costa portuguesa nos anos de 2008 e 2009.
2. Metodologia
2.1 Amostragem
2.1.1 Caracterização das amostras
Para minimizar a variabilidade natural e de acordo com as orientações descritas no procedimento do programa
JAMP os mexilhões amostrados apresentavam tamanhos compreendidos entre os 30 e os 60 mm (Quadro 1) com
as conchas inteiras e sem incrustações. Optou-se por não se considerarem sub-amostras das diversas classes
uma vez que o número de mexilhões compreendido dentro das outras classes era insuficiente, facto que poderia
pôr em causa a quantidade de amostra necessária para as determinações analíticas pretendidas. Foram
amostrados entre 200 a 400 indivíduos por local de amostragem.
Na campanha de Março/2009 optou-se por não se colher amostras de mexilhões na Praia da Luz uma vez que
estes se apresentavam em número bastante reduzido e com um tamanho inferior ao pretendido.
Quadro 1
Nº de indivíduos amostrados por local de amostragem e respectivo tamanho médio
Local de A most ragem Tamanho méd io ( mm) nº ind ividuos Tamanho méd io ( mm) nº ind ividuos Tamanho méd io ( mm) nº ind ividuos
Praia de M oledo - Caminha 44,2 203 42,0 427 44,1 400
Praia do Norte - Viana do Castelo 40,5 240 44,2 240 52,0 400
Praia do Cabo do M undo - M atosinhos 42,9 194 46,2 400 44,9 400
Praia da Barra - Aveiro 55,5 200 53,9 199 49,8 400
Praia de Buarcos - Fig. Da Foz 39,8 202 39,8 400 42,4 400
Praia de São Lourenço - Ericeira 32,6 171 34,0 400 31,8 252
Porto de Pescas - Sines 44,1 221 52,2 177 48,7 400
Praia da Zambujeira do M ar - Odemira 42,3 271 36,6 446 38,2 400
Praia do Zavial - Vila do Bispo 40,4 320 41,2 400 44,12 400
Praia da Luz - Lagos 36,7 202 33,0 288 / /
Praia da Baleeira - Albufeira 37,2 215 43,2 400 47,6 400
V. Real de Santo António 41,8 282 54,4 277 47,6 400
M arço / A bril 2 0 0 8 Set embro 2 0 0 8 M arço 2 0 0 9
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2.1.2 Locais e períodos de amostragem
A escolha dos locais de amostragem foi condicionada pela existência ou não de comunidades de mexilhão de
tamanho homogéneo que permitissem:
Uma melhor representatividade da amostra;
A colheita de um número de indivíduos suficiente para a realização dos estudos analíticos, não pondo em
causa a sua viabilidade;
Abranger toda a costa continental portuguesa (Quadro 2 e Figura 1).
Em 2008, foram efectuadas duas colheitas, uma no final do Inverno/início da Primavera (Março) e outra no final
do Verão (Setembro). Em 2009 apenas foi possível realizar a campanha de Inverno (Março), de forma a encontrar
os mexilhões fora do período de desova, a qual é expectável acontecer no território Português entre Abril e Junho.
Quadro 2
Coordenadas GPS dos locais de amostragem
Local de Amostragem N W
Praia de Moledo - Caminha 41º50'40,76'' 8º52'15,35''
Praia do Norte - Viana do Castelo 41º42'01,02'' 08º51'22,62''
Praia do Cabo do Mundo - Matosinhos 41º13'29,37'' 8º43'02,40''
Praia da Barra - Aveiro 40º38'26,24'' 8º45'02,97''
Praia de Buarcos - Fig. Da Foz 40º08'47,37'' 8º52'23,46''
Praia de São Lourenço - Ericeira 39º00'48,79'' 9º25'19,9''
Porto de Pesca - Sines 37º57'05,26'' 8º51'52,27''
Praia da Zambujeira do Mar - Odemira 37º31''27,43'' 8º47'16,73''
Praia do Zavial - Vila do Bispo 37º02'45,40'' 08º52'23,16''
Praia da Luz - Lagos 37º05'06,79'' 08º43'44,25''
Praia da Baleeira - Albufeira 37º05'06,49'' 08º15'18,63''
V. Real de Santo António 37º10'20,28'' 07º25'18,85''
Coordenadas GPS
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »11
Figura 1
Localização dos pontos de amostragem na Costa Continental Portuguesa
2.2 Procedimento de conservação, depuração e pré-tratamento das
amostras
2.2.1 Depuração e preparação dos mexilhões
Á chegada ao laboratório, e após limpeza da maior parte das impurezas presentes nas conchas, os mexilhões
foram mantidos em depuração durante 24h com recurso a arejamento (Figuras 2 e 2A), em água do mar colhida
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no mesmo local de amostragem e posteriormente filtrada no laboratório, de modo a eliminar totalmente o
conteúdo intestinal (pseudofaeces).
Figuras 2 e 2A
Tinas de depuração dos mexilhões e processo de arejamento
Terminado o período de depuração mediram-se os mexilhões com o auxílio de uma craveira (Figura 3), procedeu-
se à sua abertura (Figura 4) e removeu-se o bisso (estrutura de fixação), posicionando os mesmos, sobre papel
absorvente, com as conchas completamente abertas e colocadas numa posição vertical, permitindo o descarte do
líquido presente na cavidade do manto (Figura 5).
Figura 3
Medição do comprimento do mexilhão com craveira
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »13
Figuras 4 Figura 5
Abertura das conchas Descarte do líquido presente no manto.
Depois deste processo, e apenas quando o aspecto do interior do manto se apresentou seco, as partes moles
foram removidas e agrupadas (Figura 6), por local de amostragem, na mesma placa de Petri devidamente
identificada com o nº de amostra e a designação do respectivo ponto de colheita (Figura 7).
Figura 6 Figura 7
Remoção das partes moles do interior das conchas Pool de amostras em placa de Petri
As caixas de Petri contendo as amostras foram pesadas individualmente para determinação da percentagem de
humidade (Quadro 3) e congeladas até ao processo de liofilização. Depois de liofilizadas (Figura 8), as amostras
foram moídas num triturador de mandíbulas (Figura 9) para, em forma de pó, serem submetidas ao processo de
digestão.
»14 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
Figura 8 Figura 9
Liofilizador Triturador de mandíbulas
2.2.2 Determinação da % de humidade dos mexilhões
Para determinação da percentagem de humidade, as caixas de Petri foram pesadas vazias e com o conteúdo do
pool de amostras de mexilhão, registando-se os respectivos pesos. As placas com as amostras foram seladas e
congeladas. Após congelação foram submetidas ao processo de liofilização, de forma a eliminar completamente a
água contida nos tecidos, seguidamente as caixas foram novamente pesadas obtendo-se, assim o peso seco das
amostras. Este procedimento foi efectuado para cada uma das caixas de Petri utilizadas para o mesmo ponto de
colheita calculando-se posteriormente a médias dos valores obtidos. O resultado final dos contaminantes é
expresso em peso húmido (mg/Kg) de amostra pelo que se calculou o factor médio para conversão do peso seco
em peso húmido através da fórmula:
% humidade = x 100
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »15
Quadro 3
Média da Percentagem de Humidade nas amostras dos vários pontos de colheita, por campanha.
Local de Amostragem Março/Abril 2008 Setembro/2008 Março/2009
Praia de Moledo - Caminha 83% 78% 84%
Praia do Norte - Viana do Castelo 82% 78% 82%
Praia do Cabo do Mundo - Matosinhos 63% 79% 83%
Praia da Barra - Aveiro 62% 78% 84%
Praia de Buarcos - Fig. Da Foz 82% 79% 83%
Praia de São Lourenço - Ericeira 83% 81% 82%
Porto de pesca - Sines 81% 76% 81%
Praia da Zambujeira do Mar - Odemira 85% 78% 80%
Praia do Zavial - Vila do Bispo 81% 78% 82%
Praia da Luz - Lagos 79% 79% /
Praia da Baleeira - Albufeira 80% 78% 84%
V. Real de Santo António 76% 74% 80%
Médias das percentagens de Humidade
Paralelamente, foi determinado pelo mesmo processo a % de peso seco de duas amostras do exercício de
intercomparação laboratorial do programa QUASIMEME (Quality Assurance of Information for Marine
Environmental Monitoring in Europe), Round 58 BT-1 obtendo-se resultados com valores de Z-score
satisfatórios.(Quadro 4)
Quadro 4
Resultados de % de peso seco obtidos no exercício de Intercomparação laboratorial do programa
QUASIMEME Round 58 BT-1 e respectivos Z-score
V alor ref ª ( % peso seco) V alor obt ido ( % peso seco) Z- score
QTM 083BT 21,33 22 0 ,2
QTM 084BT 25,25 26 0 ,2
QU A SIM EM E round 58
»16 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
2.2.3 Pré-Tratamento das amostras
Na preparação prévia das amostras para posterior determinação analítica utilizou-se o método de digestão ácida
via húmida em sistema microondas (Figura 10).
Pesou-se aproximadamente 1,0 g de amostra liofilizada à qual se adicionou, num vaso de digestão, 10 mL de
ácido nítrico destilado e digeriu-se de acordo com o procedimento estabelecido para esta matriz ambiental. Após
a digestão e o arrefecimento, decantou-se o sobrenadante límpido para balão volumétrico de 50 mL (Figura 11) e
ajustou-se o volume até ao traço com água ultra pura (Milli-Q) transferindo-se imediatamente para um frasco de
plástico apropriado em polipropileno (PP) ou polietileno (HDPE ou LDPE).
Figura 10
Sistema Microondas ETHOS PLUS, Millestone.
Figura 11
Amostras após pré-tratamento de digestão
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2.3. Análise química
A determinação dos metais Arsénio, Cádmio, Chumbo, Crómio, Níquel e Cobre foi realizada por Espectrometria de
Massa Acoplada a Plasma Indutivo (ICP-MS), XSerieII da Thermo Unicam (Figura 12), sendo o Zinco o único
elemento quantificado por Espectrometria de Emissão Atómica com Acoplamento Indutivo de Plasma (ICP-OES),
ICP2000DV da Perkin Elmer (Figura 13) devido à sua elevada concentração nas amostras. Estas duas técnicas
analíticas permitem a determinação multielementar de metais nas gamas ultra-traço e traço respectivamente. O
Mercúrio foi analisado directamente na amostra liofilizada através de Espectrometria de Absorção Atómica com
Decomposição Térmica e Amálgama, AMA254 da LECO (Figura14), método EPA 7473.
Figura 12 Figura 13
ICP-MS XSerieII, Thermo Unicam ICP-OES 2000DV, Perkin Elmer
Figura 14
Analizador de Mercúrio AMA254, LECO
»18 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
Todo o trabalho analítico foi realizado sob um rigoroso controlo de qualidade analítico interno e externo de forma
a verificar e garantir a precisão, exactidão e robustez do mesmo. Na avaliação indirecta dos resultados foram
utilizados estudos de quantificação (curvas de calibração, gama de trabalho e sensibilidade), estudos de
especificidade e selectividade (interferências e ensaios de recuperação) e estudos de precisão e exactidão
(repetibilidade, reprodutibilidade e precisão intermédia). Para a avaliação do processo de digestão foram
utilizados brancos de digestão, de forma a despistar possíveis contaminações provenientes deste processo,
amostras digeridas e analisadas em duplicado e amostras digeridas reforçadas com concentrações conhecidas de
padrão multielementar para a realização de ensaios de recuperação.
A avaliação directa foi efectuada por recurso a Material de Referência Certificado (MRC) do “National Institute of
Standards and Technology”, NIST2976 (Mussel tissue) (Quadro 5) e de amostras de mexilhão de exercícios de
intercomparação laboratorial do programa QUASIMEME (Quality Assurance of Information for Marine
Environmental Monitoring in Europe), Rounds 56 BT-1 e 58 BT-1 (Quadro 5), sendo estas últimas submetidas aos
mesmos processos de preparação (congelação, liofilização, trituração e digestão) e análise que as amostras reais.
Os resultados das amostras foram expressos em mg/kg de peso húmido, após a conversão do resultado obtido
em peso seco, por recurso ao factor apurado no ensaio de determinação da % de humidade.
Quadro 5
Comparação entre os valores certificados (mg/kg peso seco) para o MRC NIST2976 e os valores obtidos pelo
laboratório
M arço / A bril 2 0 0 8 Set embro 2 0 0 8 M arço 2 0 0 9
M et al V alor cert if icado ( mg/ kg peso seco)
Arsénio 13,3 ± 1,8 12,8 13,5 13,6
Cádmio 0,82 ± 0,16 0,78 0,80 0,87
Chumbo 1,19 ± 0,18 1,16 1,11 1,11
Cobre 4,02 ± 0,33 4,12 3,69 4,00
Crómio 0,50 ± 0,16 0,52 0,56 0,58
Níquel 0,93 ± 0,12 0,90 0,99 0,97
Zinco 137 ± 13 138 148 146
V alor ob t ido ( mg / kg peso seco)
Da análise dos resultados apresentados no quadro 4 observou-se que os valores obtidos se encontravam dentro
do intervalo de valores certificados para o MRC. Os resultados obtidos revelaram a eficiência e eficácia do
processo de digestão, garantindo desta forma, a qualidade e robustez dos resultados analíticos obtidos nas
amostras submetidas ao mesmo processo.
No quadro 6 apresentam-se os resultados obtidos para o programa QUASIMEME Round 56 (Janeiro/Abril 2009) e
Round 58 (Junho/Outubro 2009), os quais apresentam valores de Z-score (factor de desempenho) satisfatórios
(Z-score ≤ |2|), reflectindo a performance de todo o processo analítico e a consequente garantia de veracidade
ou justeza das quantificações analíticas.
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »19
Quadro 6
Resultados obtidos no exercício de Intercomparação laboratorial do programa QUASIMEME Rounds 56 BT-1 e 58
BT-1 e respectivos Z-scores
M et al V alor ref ª ( peso seco) V alor ob t ido ( peso seco) Z - score V alor ref ª ( peso seco) V alor ob t ido ( peso seco) Z - score
Arsénio 2,43 mg/kg 2,48 mg/kg 0 ,0 4 2,445 2,13 mg/kg - 1,0 0
Cádmio 163 µg/kg 169 µg/kg 0 ,3 3 160,1 141 µg/kg - 0 ,6 0
Chumbo 137 µg/kg 144 µg/kg - 0 ,52 146,0 105,3 µg/kg - 2 ,0 0
Cobre 1147 µg/kg 1150 µg/kg 0 ,3 8 1174 1049 µg/kg - 0 ,6 0
Crómio 154 µg/kg / / 152,4 190,3 µg/kg 1,3 0
Níquel 134 µg/kg 163 µg/kg 1,4 4 125,7 / /
Zinco 37,1 mg/kg 43,8 mg/kg 0 ,4 0 38,1 42,7 mg/kg 0 ,8 0
QU A SIM EM E round 56 ( QTM O8 2 B T) QU A SIM EM E round 58 ( QTM O8 4 B T)
3. Resultados
Os quadros 7, 8 e 9 apresentam as concentrações obtidas, em mg/kg de peso húmido de amostra, para os
metais quantificados nos diferentes locais de amostragem na 1ª, 2ª e 3ª campanha respectivamente
Quadro 7
Concentrações obtidas em mg/kg de peso húmido para os diferentes locais de amostragem na 1ª campanha de
2008 (Março/Abril)
Local de amostragem As Cd Pb Cr Cu Hg Ni Zn
Praia de Moledo - Caminha 5,0 0,34 0,12 0,28 1,2 0,023 0,38 78
Praia do Norte - Viana do Castelo 12 0,31 0,46 0,32 2,6 0,024 0,38 90
Praia do Cabo do Mundo - Matosinhos 6,7 0,35 13 0,53 2,3 0,043 0,63 140
Praia da Barra - Aveiro 5,6 0,38 3,0 0,38 1,5 0,041 0,37 110
Praia de Buarcos - Fig. da Foz 4,5 0,17 2,3 0,19 1,4 0,034 0,28 67
Praia de São Lourenço - Ericeira 4,4 0,20 1,7 0,24 1,2 0,027 0,32 76
Praia da Zambujeira do Mar - Odemira 3,3 0,09 0,15 0,22 0,93 0,015 0,27 23
Porto de Pescas - Sines 6,9 0,14 0,66 0,17 2,8 0,024 0,05 63
Praia do Zavial - Vila do Bispo 4,1 0,10 10 0,16 0,97 0,013 0,17 40
Praia da Luz - Lagos 4,6 0,27 12 0,21 1,0 0,015 0,18 62
Praia da Baleeira - Albufeira 3,8 0,11 5,7 0,18 1,2 0,023 0,15 49
V. Real de Santo António 3,7 0,17 1,8 0,15 2,0 0,031 0,11 45
As concentrações de Cd, Cr, Hg e Ni são as que apresentam menor variabilidade ao longo da costa, para os
diferentes locais. Em oposição, as concentrações de Pb, diferem grandemente, inclusive em ordem de grandeza,
nos diferentes locais de amostragem, o valor mínimo é de 0.12 mg/Kg para a Praia de Moledo e o máximo é de
13 mg/Kg para a Praia de Cabo do Mundo, em Matosinhos.
»20 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
A concentração de As encontrada nos mexilhões da Praia do Norte, Viana do Castelo, 12 mg/Kg, afasta-se
bastante dos valores obtidos para os restantes locais. O Zn apresenta concentrações elevadas ao longo de toda a
costa, sendo os teores maiores, encontrados para os pontos de Aveiro e Porto.
Quadro 8
Concentrações obtidas em mg/kg de peso húmido para os diferentes locais de amostragem na 2ª campanha de
2008 (Setembro)
As concentrações obtidas para os diferentes metais nas amostras desta campanha são significativamente
inferiores aos encontrados na campanha de Março de 2008, reflectindo uma menor dispersão dos resultados
entre os diferentes locais de amostragem da costa continental portuguesa.
Local de amost ragem A s C d Pb C r C u Hg N i Zn
Praia de M o ledo - C aminha 3,5 0,20 0,16 0,21 0,95 0,016 0,32 41
Praia do N ort e - V iana do C ast elo 3,7 0,17 0,33 0,19 0,95 0,021 0,27 50
Praia do C abo do M undo - M at osinhos 2,9 0,19 0,94 0,20 0,87 0,016 0,21 55
Praia da B arra - A veiro 1,6 0,17 0,20 0,11 0,95 0,015 0,13 30
Praia de B uarcos - F ig . da Foz 3,1 0,18 0,57 0,16 0,97 0,035 0,28 51
Praia de São Lourenço - Ericeira 2,8 0,16 0,74 0,15 0,97 0,019 0,35 44
Praia da Zambujeira do M ar - Odemira 3,1 0,15 0,43 0,14 1,0 0,010 0,25 34
Port o de Pescas - Sines 5,0 0,22 0,70 0,15 3,1 0,017 0,08 47
Praia do Zavial - V ila do B ispo 4,4 0,25 2,1 0,14 1,0 0,097 0,17 41
Praia da Luz - Lagos 5,0 0,35 0,3 0,19 0,93 0,010 0,25 52
Praia da B aleeira - A lbuf eira 3,2 0,11 0,67 0,15 0,91 0,013 0,1 31
V . R eal de Sant o A nt ónio 3,0 0,18 0,34 0,18 1,1 0,012 0,1 37
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »21
Quadro 9
Concentrações obtidas em mg/kg de peso húmido para os locais de amostragem na campanha de 2009 (Março)
Local de amostragem As Cd Pb Cr Cu Hg Ni Zn
Praia de Moledo - Caminha 3,5 0,24 0,27 0,23 1,0 0,022 0,47 44
Praia do Norte - Viana do Castelo 3,5 0,17 0,3 0,17 0,94 0,017 0,25 32
Praia do Cabo do Mundo - Matosinhos 3,0 0,22 1,3 0,28 1,0 0,023 0,33 52
Praia da Barra - Aveiro 2,3 0,18 0,23 0,16 0,9 0,017 0,22 37
Praia de Buarcos - Fig. da Foz 3,6 0,19 0,22 0,17 1,00 0,038 0,32 59
Praia de São Lourenço - Ericeira 3,8 0,17 0,18 0,21 1,0 0,025 0,35 52
Praia da Zambujeira do Mar - Odemira 3,3 0,13 0,79 0,14 1,0 0,016 0,38 31
Porto de Pescas - Sines 7,9 0,19 0,20 9,0 0,021 0,10 63
Praia do Zavial - Vila do Bispo 3,2 0,12 0,34 0,11 0,79 0,011 0,19 31
Praia da Baleeira - Albufeira 2,7 0,08 0,42 0,14 0,79 0,015 0,14 35
V. Real de Santo António 2,8 0,11 3,1 0,17 1,4 0,038 0,19 37
Nesta campanha, os valores de concentração obtidos para os diferentes metais, são relativamente próximos dos
obtidos na campanha de Setembro de 2008.
»22 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
Figura 15
Concentrações de Arsénio (mg/Kg de peso húmido) nos mexilhões das diferentes campanhas de amostragem
Como se pode observar pelo gráfico, as concentrações mais elevadas de Arsénio foram apuradas nas amostras da
campanha de Março/Abril de 2008, com excepção para as Praias da Luz e Zavial, ambas na Costa Algarvia, nas
quais a concentração de As foi ligeiramente superior nas amostras colhidas durante a campanha de Setembro de
2008.
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »23
Figura 16
Concentrações de Cádmio (mg/Kg de peso húmido) nos mexilhões das diferentes campanhas de amostragem
As concentrações de Cádmio na 1ª campanha (Março/Abril 2008) são mais elevadas para as praias da costa
Norte e Centro de Portugal Continental, com excepção para a Praia de Buarcos enquanto que nas praias a sul do
Tejo as maiores concentrações deste metal foram encontradas nas amostras da campanha de Setembro de 2008.
»24 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
Figura 17
Concentrações de Chumbo (mg/Kg de peso húmido) nos mexilhões das diferentes campanhas de amostragem
Observaram-se concentrações muito elevadas de Chumbo nas amostras da campanha de Março/Abril de 2008
para as praias do Cabo do Mundo, Zavial Luz e Albufeira relativamente aos demais pontos de amostragem.
Apesar deste metal apresentar concentrações mais elevado nas amostras da praia de Vila Real de Santo António
na campanha de Março de 2009, a média de concentrações observada na 2ª e 3ª campanhas são nitidamente
inferiores aos obtidos para a campanha de Março/Abril de 2008.
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »25
Figura 18
Concentrações de Crómio (mg/Kg de peso húmido) nos mexilhões das diferentes campanhas de amostragem
Com excepção para as Praias do Porto de Sines e de Vila Real de Santo António, as concentrações de Crómio são
superiores nas amostras colhidas durante a campanha de Março de 2008, ao longo da costa portuguesa.
»26 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
Figura 19
Concentrações de Cobre (mg/Kg de peso húmido) nos mexilhões das diferentes campanhas de amostragem
Tal como o que foi observado para os outros metais analisados, também as concentrações de Cobre foram
superiores nas amostras da 1ª campanha com excepção, tal como é bem visível no gráfico, para Praia do Porto
de Sines, em que a concentração deste metal é muito superior nas amostras de Março de 2009.
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »27
Figura 20
Concentrações de Mercúrio (mg/Kg de peso húmido) nos mexilhões das diferentes campanhas de amostragem
A tendência de valores mais elevados nos metais analisados nas amostras da 1ª campanha é também observada
para o mercúrio, cujos valores são superiores para esta campanha com excepção para a Praia do Zavial nas
amostras da 2ª campanha e para a praia de Vila Real de Santo António em que o valor obtido é ligeiramente
superior na 3ª campanha.
»28 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
Figura 21
Concentrações de Níquel (mg/Kg de peso húmido) nos mexilhões das diferentes campanhas de amostragem
Relativamente ao Níquel observa-se uma menor concentração deste metal nas Praias da Costa Alentejana e
Algarvia com excepção para a praia da Zambujeira do Mar cujos valores se aproximam dos da costa a Norte do
Tejo.
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »29
Figura 22
Concentrações de Zinco (mg/Kg de peso húmido) nos mexilhões das diferentes campanhas de amostragem
As concentrações de Zinco são extremamente elevadas ao longo de toda a costa, observando-se valores
superiores na 1ªcampanha com excepção para a Praia da Zambujeira do Mar.
»30 Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR
Quadro 10
Média e desvio padrão das concentrações (mg/kg peso húmido) de metais pesados no total das campanhas por
local de amostragem
Local de amost ragem A s C d Pb C r C u Hg N i Zn
Praia de M o ledo - C aminha 4,0 ± 0,9 0,26 ± 0,07 0,18 ± 0,08 0,24 ± 0,04 1,0 ± 0,1 0,020 ± 0,004 0,39 ± 0,08 54 ± 21
Praia do N ort e - V iana do C ast elo 6,4 ± 4,9 0,22 ± 0,08 0,36 ± 0,09 0,23 ± 0,08 1,5 ± 1,0 0,021 ± 0,004 0,30 ± 0,07 57 ± 30
Praia do C abo do M undo - M at osinhos 4,2 ± 2,2 0,25 ± 0,09 5,1 ± 6 ,9 0,34 ± 0,17 1,4 ±0,8 0,027 ± 0,014 0,39 ± 0,22 82 ± 50
Praia da B arra - A veiro 3,2 ± 2,1 0,24 ± 0,12 1,1 ± 1,6 0,22 ± 0,14 1,1 ± 0,3 0,024 ± 0,014 0,24 ± 0,12 59 ± 44
Praia de B uarcos - F ig . da Foz 3,7 ± 0,7 0,18 ± 0,01 1,0 ± 1,1 0,17 ± 0,02 1,1 ± 0,2 0,036 ± 0,002 0,29 ± 0,02 59 ± 8
Praia de São Lourenço - Ericeira 3,7 ± 0,8 0,18 ± 0,02 0,87 ± 0,77 0,20 ± 0,05 1,1 ± 0,13 0,024 ± 0,004 0,29 ± 0,02 57 ± 17
Praia da Zambujeira do M ar - Odemira 3,2 ± 0,1 0,12 ± 0,03 0,46 ± 0,32 0,17 ± 0,05 0,98 ± 0,04 0,014 ± 0,003 0,30 ± 0,07 29 ± 6
Port o de Pescas - Sines 6,6 ± 1,5 0,18 ± 0,04 0,68 ± 0,03 0,17 ± 0,03 5,0 ± 3 ,5 0,021 ± 0,004 0,08 ± 0,03 58 ± 9
Praia do Zavial - V ila do B ispo 3,9 ± 0,6 0,16 ± 0,08 4 ,1 ± 5,1 0,14 ± 0,03 0,92 ± 0,11 0,040 ± 0,049 0,18 ± 0,01 37 ± 6
Praia da Luz - Lagos 4,8 ± 0,3 0,31 ± 0,06 6 ,2 ± 8 ,3 0,20 ± 0,01 0,97 ± 0,05 0,013 ± 0,004 0,22 ± 0,05 57 ± 7
Praia da B aleeira - A lbuf eira 3,2 ± 0,6 0,10 ± 0,02 2 ,3 ± 3 ,0 0,16 ± 0,02 0,97 ± 0,21 0,017 ± 0,005 0,13 ± 0,03 38 ± 9
V . R eal de Sant o A nt ónio 3,2 ± 0,5 0,15 ± 0,04 1,7 ± 1,4 0,17 ± 0,02 1,5 ± 0,46 0,027 ± 0,013 0,13 ± 0,05 40 ± 5
4. Discussão
O princípio mais importante para a utilização de bioindicadores em estudos de monitorização de contaminação de
ambientes marinhos por metais pesados é o de que os organismos devem reflectir os níveis de contaminantes
presentes no ambiente em que se encontram.
De facto, o organismo utilizado no presente estudo apresenta, para determinados metais, como é o caso do Cd,
Ni e do Hg, ausência de uma contaminação significativa, uma vez que as concentrações obtidas são inferiores a
1,0 mg/Kg em peso húmido (Directiva CE/nº466/2001) não se observando uma grande dispersão dos resultados
entre os vários pontos de amostragem em todas as campanhas realizadas. Por outro lado, verificou-se no caso do
Pb, e para as amostras da 1ª campanha, que 8 dos pontos de amostragem apresentaram concentrações muito
superiores a 1,0 mg/Kg, podendo indicar uma possível contaminação de origem antropogénica, nestes locais, por
bioacumulação. Esta constatação não foi repetida nas campanhas posteriores, atribuindo-se esta ocorrência a
possíveis eventos pontuais que possam ter tido lugar durante o período de amostragem da 1ª campanha.
Relativamente ao Cu, este apresenta nas amostras das diferentes praias e nas várias campanhas, concentrações
aproximadas de 1,0 mg/Kg, tendo-se, no entanto obtido nas amostras do Porto de Pesca de Sines uma
concentração média de 5,0 mg/kg. Estas concentrações significativas de Cu podem dever-se à actividade
piscatória deste local, dado que muitas das tintas utilizadas nas pinturas dos barcos de pesca contêm este metal.
Na análise dos gráficos apresentados identificam-se picos de concentração de determinados metais em diversos
locais, factos que podem ser explicados por alteração nos tipos e volumes de “inputs” antropogénicos do local ou
a mudanças de factores físico-químicos, tais como a salinidade.
A elevada concentração de Zn observada ao longo de toda a costa terá à sua origem não só em inputs
antropogénicos mas também naturais, devendo-se ainda ter em conta que este metal faz parte de cerca de 90
tipos diferentes de enzimas sendo considerado um importante micronutriente para este tipo de organismos.
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »31
Em conclusão pode afirmar-se que o mexilhão Mytilus galloprovincialis pode ser utilizado como bioindicador de
contaminação por metais pesados, porém, é fundamental dar continuidade ao programa de monitorização, a fim
de estabelecer um padrão temporal e espacial de acumulação destes metais nesta espécie.
Metais Pesados em Mexilhões da Costa Continental Portuguesa | Convenção OSPAR »33
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