Metais Pesados e Seus Efeitos

21
PESQUISA: METAIS PESADOS NOME: JAKELINE A. SILVA 73290

Transcript of Metais Pesados e Seus Efeitos

Page 1: Metais Pesados e Seus Efeitos

PESQUISA: METAIS PESADOS

NOME: JAKELINE A. SILVA 73290

Page 2: Metais Pesados e Seus Efeitos

Metais Pesados e seus efeitos

    Acredita-se que os metais talvez sejam os agentes tóxicos mais conhecidos pelo homem. Há aproximadamente 2.000 anos a.C., grandes quantidades de chumbo eram obtidas de minérios, como subproduto da fusão da prata e isso provavelmente tenha sido o início da utilização desse metal pelo homem.Os metais pesados diferem de outros agentes tóxicos porque não são sintetizados nem destruídos pelo homem. A atividade industrial diminui significativamente a permanência desses metais nos minérios, bem como a produção de novos compostos, além de alterar a distribuição desses elementos no planeta.A presença de metais muitas vezes está associada à localização geográfica, seja na água ou no solo, e pode ser controlada, limitando o uso de produtos agrícolas e proibindo a produção de alimentos em solos contaminados com metais pesados.Todas as formas de vida são afetadas pela presença de metais dependendo da dose e da forma química. Muitos metais são essenciais para o crescimento de todos os tipos de organismos, desde as bactérias até mesmo o ser humano, mas eles são requeridos em baixas concentrações e podem danificar sistemas biológicos.

Os metais são classificados em:1. elementos essenciais: sódio, potássio, cálcio, ferro, zinco, cobre, níquel e magnésio;2. micro-contaminantes ambientais: arsênico, chumbo, cádmio, mercúrio, alumínio, titânio, estanho e tungstênio;3. elementos essenciais e simultaneamente micro-contaminantes: cromo, zinco, ferro, cobalto, manganês e níquel.

    Os efeitos tóxicos dos metais sempre foram considerados como eventos de curto prazo, agudos e evidentes, como anúria e diarréia sanguinolenta, decorrentes da ingestão de mercúrio. Atualmente, ocorrências a médio e longo prazo são observadas, e as relações causa-efeito são pouco evidentes e quase sempre subclínicas. Geralmente esses efeitos são difíceis de serem distinguidos e perdem em especificidade, pois podem ser provocados por outras substâncias tóxicas ou por interações entre esses agentes químicos.A manifestação dos efeitos tóxicos está associada à dose e pode distribuir-se por todo o organismo, afetando vários órgãos, alterando os processos bioquímicos, organelas e membranas celulares.

    Acredita-se que pessoas idosas e crianças sejam mais susceptíveis às substâncias tóxicas. As principais fontes de exposição aos metais tóxicos são os alimentos, observando-se um elevado índice de absorção gastrointestinal.Em adição aos critérios de prevenção usados em saúde ocupacional e de monitorização ambiental, a biomonitorização tem sido utilizada como indicador biológico de exposição, e toda substância ou seu produto de biotransformação, ou qualquer alteração bioquímica observada nos fluídos biológicos, tecidos ou ar exalado, mostra a intensidade da exposição e/ou a intensidade dos seus efeitos.

    Recentemente, tem sido noticiado na mídia escrita e falada a contaminação de adultos, crianças, lotes e vivendas residenciais, com metais pesados, principalmente por chumbo e mercúrio. Contudo, a maioria da população não tem informações precisas sobre os riscos e as conseqüências da contaminação por esses metais para a saúde humana.

    O caso fatídico em Bauru, SP, é um dos exemplos dessa contaminação. A Indústria de Acumuladores Ajax, uma das maiores fábricas de baterias automotivas do país localizada no km 112 da Rodovia Bauru-Jaú, contaminou com chumbo expelido pelas suas chaminés 113 crianças, sendo encontrados índices superiores a 10 miligramas/decilitro (ACEITUNO, 18-04-2002).Foram constatados ainda a contaminação de animais, leite, ovos e outros produtos agrícolas, resultando em um enorme prejuízo para os proprietários. Um dos casos mais interessantes foi o de uma criança de 10 anos, moradora de um Núcleo Habitacional localizado próximo à fonte poluidora. Desde os 7 meses de idade sofria de diarréia e de deficiência mental. Somente após suspeitas dessa contaminação, em 1999, quando amostras do seu sangue foram enviadas a dois centros toxicológicos nos Estados Unidos, é que foi constatada a intoxicação por chumbo, urânio, alumínio e cádmio (ACEITUNO, 18-04-2002).A cidade de Paulínia, em SP, e o bairro Vila Carioca também foram contaminados pela Shell Química do Brasil. Em Paulínia, dos 166 moradores submetidos a exames, 53% apresentaram contaminação crônica e 56% das crianças revelaram altos índices de cobre, zinco, alumínio, cádmio, arsênico e manganês. Em adição observou-se também, a incidência de tumores hepáticos e de tiróide, alterações neurológicas, dermatoses, rinites alérgicas, disfunções gastrointestinais, pulmonares e hepáticas (GUAIUME, 23-08-2001).

Page 3: Metais Pesados e Seus Efeitos

Dos 2,9 milhões de toneladas de resíduos industriais perigosos gerados anualmente no Brasil, somente 600 mil toneladas recebem tratamento adequado, conforme estimativa da Associação Brasileira de Empresas de Tratamento, Recuperação e Disposição de Resíduos Especiais (ABETRE). Os 78% restantes são depositados indevidamente em lixões, sem qualquer tipo de tratamento (CAMPANILI, 02-05-2002).Recentemente a companhia Ingá, indústria de zinco, situada a 85 km do Rio de Janeiro, na ilha da Madeira, que atualmente está desativada, transformou-se na maior área de contaminação de lixo tóxico no Brasil. Metais pesados como zinco, cádmio, mercúrio e chumbo continuam poluindo o solo, a água e atingem o mangue, afetando a vida da população. Isso ocorreu porque os diques construídos para conter a água contaminada não têm recebido manutenção há 5 anos, e dessa forma os terrenos próximos foram inundados, contaminando a vegetação do mangue.

ARSÊNICO (As)

O arsênico é um metal de ocorrência natural, sólido, cristalino, de cor cinza-prateada. Exposto ao ar, perde o brilho e torna-se um sólido amorfo de cor preta. Esse metal é utilizado como agente de fusão para metais pesados, em processos de soldagens e na produção de cristais de silício e germânio. O arsênico é usado na fabricação de munição, ligas e placas de chumbo de baterias elétricas. Na forma de arsenito é usado como herbicida e como arsenato, é usado nos inseticidas.No homem produz efeitos nos sistemas respiratório, cardiovascular, nervoso e hematopoiético. No sistema respiratório ocorre irritação com danos nas mucosas nasais, laringe e brônquios. Exposições prolongadas podem provocar perfuração do septo nasal e rouquidão característica e, a longo prazo, insuficiência pulmonar, traqueobronquite e tosse crônica.No sistema cardiovascular são observadas lesões vasculares periféricas e alterações no eletrocardiograma. No sistema nervoso, as alterações observadas são sensoriais e polineuropatias, e no sistema hematopoiético observa-se leucopenia, efeitos cutâneos e hepáticos. Tem sido observada também a relação carcinogênica do arsênico com o câncer de pele e brônquios.

CHUMBO (Pb)

Há mais de 4.000 anos o chumbo é utilizado sob várias formas, principalmente por ser uma fonte de prata. Antigamente, as minas de prata eram de galena (minério de chumbo), um metal dúctil, maleável, de cor prateada ou cinza-azulada, resistente à corrosão. Os principais usos estão relacionados às indústrias extrativa, petrolífera, de baterias, tintas e corantes, cerâmica, cabos, tubulações e munições.O chumbo pode ser incorporado ao cristal na fabricação de copos, jarras e outros utensílios, favorecendo o seu brilho e durabilidade. Assim, pode ser incorporado aos alimentos durante o processo de industrialização ou no preparo doméstico.Compostos de chumbo são absorvidos por via respiratória e cutânea. Os chumbos tetraetila e tetrametila também são absorvidos através da pele intacta, por serem lipossolúveis.O sistema nervoso, a medula óssea e os rins são considerados órgãos críticos para o chumbo, que interfere nos processos genéticos ou cromossômicos e produz alterações na estabilidade da cromatina em cobaias, inibindo reparo de DNA e agindo como promotor do câncer.A relação chumbo - síndrome associada ao sistema nervoso central depende do tempo e da especificidade das manifestações. Destaca-se a síndrome encéfalo-polineurítica (alterações sensoriais, perceptuais, e psicomotoras), síndrome astênica (fadiga, dor de cabeça, insônia, distúrbios durante o sono e dores musculares), síndrome hematológica (anemia hipocrômica moderada e aumento de pontuações basófilas nos eritrócitos), síndrome renal (nefropatia não específica, proteinúria, aminoacidúria, uricacidúria, diminuição da depuração da uréia e do ácido úrico), síndrome do trato gastrointestinal (cólicas, anorexia, desconforto gástrico, constipação ou diarréia), síndrome cardiovascular (miocardite crônica, alterações no eletrocardiograma, hipotonia ou hipertonia, palidez facial ou retinal, arteriosclerose precoce com alterações cerebrovasculares e hipertensão) e síndrome hepática (interferência de biotransformação).

CÁDMIO (Cd)

O cádmio é encontrado na natureza quase sempre junto com o zinco, em proporções que variam de 1:100 a 1:1000, na maioria dos minérios e solos. É um metal que pode ser dissolvido por soluções ácidas e pelo nitrato de amônio. Quando queimado ou aquecido, produz o óxido de cádmio, pó branco e amorfo ou na forma de cristais de cor vermelha ou marrom. É obtido como subproduto da refinação do zinco e de outros minérios, como chumbo-zinco e cobre-chumbo-zinco.A galvanoplastia (processo eletrolítico que consiste em recobrir um metal com outro) é um dos processos industriais que mais utiliza o cádmio (entre 45 a 60% da quantidade produzida por ano). O homem expõe-se ocupacionalmente na fabricação de ligas, varetas para soldagens, baterias Ni-Cd, varetas de reatores, fabricação de tubos para TV, pigmentos, esmaltes e tinturas têxteis, fotografia, litografia e pirotecnia, estabilizador plástico, fabricação de semicondutores, células solares, contadores de cintilação,

Page 4: Metais Pesados e Seus Efeitos

retificadores e lasers.O cádmio existente na atmosfera é precipitado e depositado no solo agrícola na relação aproximada de 3 g/hectares/ano. Rejeitos não-ferrosos e artigos que contêm cádmio contribuem significativamente para a poluição ambiental. Outras formas de contaminação do solo são através dos resíduos da fabricação de cimento, da queima de combustíveis fósseis e lixo urbano e de sedimentos de esgotos.Na agricultura, uma fonte direta de contaminação pelo cádmio é a utilização de fertilizantes fosfatados. Sabe-se que a captação de cádmio pelas plantas é maior quanto menor o pH do solo. Nesse aspecto, as chuvas ácidas representam um fator determinante no aumento da concentração do metal nos produtos agrícolas.A água é outra fonte de contaminação e deve ser considerada não somente pelo seu consumo como água potável, mas também pelo seu uso na fabricação de bebidas e no preparo de alimentos. Sabe-se que a água potável possui baixos teores de cádmio (cerca de 1 mg/L), o que é representativo para cada localidade.O cádmio é um elemento de vida biológica longa (10 a 30 anos) e de lenta excreção pelo organismo humano. O órgão alvo primário nas exposições ao cádmio a longo prazo é o rim. Os efeitos tóxicos provocados por ele compreendem principalmente distúrbios gastrointestinais, após a ingestão do agente químico. A inalação de doses elevadas produz intoxicação aguda, caracterizada por pneumonite e edema pulmonar.

MERCÚRIO (Hg)

A progressiva utilização do mercúrio para fins industriais e o emprego de compostos mercuriais durante décadas na agricultura resultaram no aumento significativo da contaminação ambiental, especialmente da água e dos alimentos.Uma das razões que contribuem para o agravamento dessa contaminação é a característica singular do Ciclo do Mercúrio no meio ambiente. A biotransformação por bactérias do mercúrio inorgânico a metilmercúrio é o processo responsável pelos elevados níveis do metal no ambiente.O mercúrio é um líquido inodoro e de coloração prateada. Os compostos mercúricos apresentam uma ampla variedade de cores.Nos processos de extração, o mercúrio é liberado no ambiente principalmente a partir do sulfeto de mercúrio. O mercúrio e seus compostos são encontrados na produção de cloro e soda caústica (eletrólise), em equipamentos elétricos e eletrônicos (baterias, retificadores, relés, interruptores etc), aparelhos de controle (termômetros, barômetros, esfingnomanômtros), tintas (pigmentos), amálgamas dentárias, fungicidas (preservação de madeira, papel, plásticos etc), lâmpadas de mercúrio, laboratórios químicos, preparações farmacêuticas, detonadores, óleos lubrificantes, catalisadores e na extração de ouro.O trato respiratório é a via mais importante de introdução do mercúrio. Esse metal demonstra afinidade por tecidos como células da pele, cabelo, glândulas sudoríparas, glândulas salivares, tireóide, trato gastrointestinal, fígado, pulmões, pâncreas, rins, testículos, próstata e cérebro.A exposição a elevadas concentrações desse metal pode provocar febre, calafrios, dispnéia e cefaléia, durante algumas horas. Sintomas adicionais envolvem diarréia, cãibras abdominais e diminuição da visão. Casos severos progridem para edema pulmonar, dispnéia e cianose. As complicações incluem enfisema, pneumomediastino e morte; raramente ocorre falência renal aguda.Pode ser destacado também o envolvimento da cavidade oral (gengivite, salivação e estomatite), tremor e alterações psicológicas. A síndrome é caracterizada pelo eretismo (insônia, perda de apetite, perda da memória, timidez excessiva, instabilidade emocional). Além desses sintomas, pode ocorrer disfunção renal.

CROMO (Cr)

O cromo é obtido do minério cromita, metal de cor cinza que reage com os ácidos clorídrico e sulfúrico. Além dos compostos bivalentes, trivalentes e hexavalentes, o cromo metálico e ligas também são encontrados no ambiente de trabalho. Entre as inúmeras atividades industriais, destacam-se: galvanoplastia, soldagens, produção de ligas ferro-cromo, curtume, produção de cromatos, dicromatos, pigmentos e vernizes.A absorção de cromo por via cutânea depende do tipo de composto, de sua concentração e do tempo de contato. O cromo absorvido permanece por longo tempo retido na junção dermo-epidérmica e no estrato superior da mesoderme.A maior parte do cromo é eliminada através da urina, sendo excretada após as primeiras horas de exposição. Os compostos de cromo produzem efeitos cutâneos, nasais, bronco-pulmonares, renais, gastrointestinais e carcinogênicos. Os cutâneos são caracterizados por irritação no dorso das mãos e dos dedos, podendo transformar-se em úlceras. As lesões nasais iniciam-se com um quadro irritativo inflamatório, supuração e formação crostosa. Em níveis bronco-pulmonares e gastrointestinais produzem irritação bronquial, alteração da função respiratória e úlceras gastroduodenais.

Page 5: Metais Pesados e Seus Efeitos

MANGANÊS (Mn)

O manganês é um metal cinza semelhante ao ferro, porém mais duro e quebradiço. Os óxidos, carbonatos e silicatos de manganês são os mais abundantes na natureza e caracterizam-se por serem insolúveis na água. O composto ciclopentadienila-tricarbonila de manganês é bem solúvel na gasolina, óleo e álcool etílico, sendo geralmente utilizado como agente anti-detonante em substituição ao chumbo tetraetila.Entre as principais aplicações industriais do manganês, destacam-se a fabricação de fósforos de segurança, pilhas secas, ligas não-ferrosas (com cobre e níquel), esmalte porcelanizado, fertilizantes, fungicidas, rações, eletrodos para solda, magnetos, catalisadores, vidros, tintas, cerâmicas, materiais elétricos e produtos farmacêuticos (cloreto, óxido e sulfato de manganês). As exposições mais significativas ocorrem através dos fumos e poeiras de manganês.O trato respiratório é a principal via de introdução e absorção desse metal nas exposições ocupacionais. No sangue, esse metal encontra-se nos eritrócitos, 20-25 vezes maior que no plasma.Os sintomas dos danos provocados pelo manganês no SNC podem ser divididos em três estágios: 1º: subclínico (astenia, distúrbios do sono, dores musculares, excitabilidade mental e movimentos desajeitados); 2º: início da fase clínica (transtorno da marcha, dificuldade na fala, reflexos exagerados e tremor), e 3º: clínico (psicose maníaco-depressiva e a clássica síndrome que lembra o Parkinsonismo). Além dos efeitos neurotóxicos, há maior incidência de bronquite aguda, asma brônquica e pneumonia.

Bibliografia1. ACEITUNO, J. Mais 22 crianças estão contaminadas com chumbo em Bauru. O ESTADO DE SÃO PAULO. 12-04-2002.2. ACEITUNO, J. Já são 76 crianças contaminadas por chumbo em Bauru. O ESTADO DE SÃO PAULO. 18-04-2002.3. ACEITUNO, J. Ministério inspeciona atendimento aos contaminados por chumbo. O ESTADO DE SÃO PAULO. 07-05-2002.4. CAMPANILI, M. Apenas 22% dos resíduos industriais têm tratamento adequado. O ESTADO DE SÃO PAULO. 02-05-2002.5. Descoberta a maior área de contaminação de lixo químico do Brasil. JORNAL NACIONAL. 09-04-2002.6. GUAIME, S. Laudo comprova contaminação dos moradores de Paulínia. O ESTADO DE SÃO PAULO. 23-08-01.7. MUNG, M. CPI vai pedir interdição de terminal da Shell em SP. O ESTADO DE SÃO PAULO. 03-05-2002.8. SALGADO, P. E. T. Toxicologia dos metais. In: OGA, S. Fundamentos de toxicologia. São Paulo, 1996. cap. 3.2, p. 154-172.9. SALGADO, P. E. T. Metais em alimentos. In: OGA, S. Fundamentos de toxicologia. São Paulo, 1996. cap. 5.2, p. 443-460.10. TREVORS, J. T.; STRATDON, G. W. & GADD, G. M. Cadmium transport, resistance, and toxicity in bacteria, algae, and fungi. Can. J. Microbiol., 32: 447-460, 1986.11. ZIMBRES, E. www.meioambiente.pro.br

Dr. Mario Julio Avila-Campos (Professor Associado do Depto. Microbiologia - USP)

http://www.mundodoquimico.hpg.ig.com.br/metais_pesados_e_seus_efeitos.htm

Page 6: Metais Pesados e Seus Efeitos

Toxicologia dos metais pesados

3. Metais Pesados em Águas

 3.1. Definição

Metais pesados são elementos químicos que apresentam número atômico superior a 22. Também podem ser definidos por sua singular propriedade de serem precipitados por sulfetos. Entretanto, a definição mais difundida é aquela relacionada com a saúde pública: metais pesados são aqueles que apresentam efeitos adversos à saúde humana.

3.2. Fontes de metais pesados nas águas naturais

Os metais pesados surgem nas águas naturais devido aos lançamentos de efluentes industriais tais como os gerados em indústrias extrativistas de metais, indústrias de tintas e pigmentos e, especialmente, as galvanoplastias, que se espalham em grande número nas periferias das grandes cidades. Além destas, os metais pesados podem ainda estar presentes em efluentes de indústrias químicas, como as de formulação de compostos orgânicos e de elementos e compostos inorgânicos, indústrias de couros, peles e produtos similares, indústrias do ferro e do aço, lavanderias e indústria de petróleo.

 3.3. Importância nos estudos de controle de qualidade das águas

 Os metais pesados constituem contaminantes químicos nas águas, pois em pequenas concentrações trazem efeitos adversos à saúde. Desta forma, podem inviabilizar os sistemas públicos de água, uma vez que as estações de tratamento convencionais não os removem eficientemente e os tratamentos especiais necessários são muito caros. Os metais pesados constituem-se em padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria 1.469 do Ministério da Saúde. Devido aos prejuízos que, na qualidade de tóxicos, podem causar aos ecossistemas aquáticos naturais ou de sistemas de tratamento biológico de esgotos, são também padrões de classificação das águas naturais e de emissão de esgotos, tanto na legislação federal quanto na do Estado de São Paulo. Nesta última, são definidos limites para as concentrações de metais pesados em efluentes descarregados na rede pública de esgotos seguidos de estação de tratamento de forma diferenciada dos limites impostos para os efluentes lançados diretamente nos corpos receptores, que são mais rígidos.

 Os metais pesados atingem o homem através da água, do ar e do sedimento, tendendo a se acumular na biota aquática. Alguns metais são acumulados ao longo da cadeia alimentar, de tal forma que os predadores apresentam as maiores concentrações.

 O que é bioacumulação?

As características gerais dos principais metais pesados são apresentadas a seguir:

 a) Chumbo

 O chumbo está presente no ar, no tabaco, nas bebidas e nos alimentos, nestes últimos, naturalmente, por contaminação e na embalagem. Está presente na água devido às descargas de efluentes industriais como, por exemplo, os efluentes das indústrias de acumuladores (baterias), bem como devido ao uso indevido de tintas e tubulações e acessórios à base de chumbo. Constitui veneno cumulativo, provocando um envenenamento crônico denominado saturnismo, que consiste em efeito sobre o sistema nervoso central com conseqüências bastante sérias.

 O chumbo é padrão de potabilidade, sendo fixado o valor máximo permissível de 0,01 mg/L pela Portaria 1.469 do Ministério da Saúde, mesmo valor adotado nos Estados Unidos. É também padrão de emissão de esgotos e de classificação das águas naturais. Nestes, para as classes mais exigentes os valores estabelecidos são tão restritivos quanto os próprios padrões de potabilidade, prevendo-se que o tratamento convencional de água não remove metais pesados consideravelmente. Aos peixes, as doses fatais, no geral, variam de 0,1 a 0,4 mg/L, embora, em condições experimentais, alguns resistam até 10 mg/L.. A ação sobre os peixes é semelhante à do níquel e do zinco.

Page 7: Metais Pesados e Seus Efeitos

 b) Bário 

O bário pode ocorrer naturalmente na água, na forma de carbonatos em algumas fontes minerais. Decorre principalmente das atividades industriais e da extração da bauxita. Não possui efeito cumulativo, sendo que a dose fatal para o homem é considerada de 550 a 600 mg. Provoca efeitos no coração, constrição dos vasos sanguíneos elevando a pressão arterial e efeitos sobre o sistema nervoso. O padrão de potabilidade é 0,7 mg/L (Portaria 1.469).

 Os sais de bário são utilizados industrialmente na elaboração de cores, fogos de artifício, fabricação de vidro, inseticidas, etc..

c) Cádmio 

O cádmio se apresenta nas águas naturais devido às descargas de efluentes industriais, principalmente as galvanoplastias. Apresenta efeito agudo, sendo que uma única dose de 9,0 gramas pode levar à morte e efeito crônico, pois concentra-se nos rins, no fígado, no pâncreas e na tireóide. Estudos feitos com animais demonstram a possibilidade de causar anemia, retardamento de crescimento e morte. O padrão de potabilidade é fixado pela Portaria 1.469 em 0,005 mg/L.O cádmio ocorre na forma inorgânica, pois seus compostos orgânicos são instáveis; além dos malefícios já mencionados, é um irritante gastrointestinal, causando intoxicação aguda ou crônica sob a forma de sais solúveis. A ação do cádmio sobre a fisiologia dos peixes é semelhante às do níquel, zinco e chumbo.

 d) Arsênio

 Traços deste metalóide são encontrados em águas naturais e em fontes termais. É usado como inseticida, herbicida, fungicida, na indústria da preservação da madeira e em atividades relacionadas com a mineração e com o uso industrial de certos tipos de vidros, tintas e corantes. Em moluscos, até 100 mg/Kg, sendo que a ingestão de 130 mg é fatal. Apresenta efeito cumulativo, sendo carcinogênico. O padrão de potabilidade é 0,01 mg/L, estabelecido pela Portaria 1.469 do Ministério da Saúde.

 e) Selênio

 Este não-metal se apresenta nas águas devido às descargas de efluentes industriais. É tóxico tanto para o homem quanto para os animais. Provoca a chamada “doença alcalina” no gado, cujos efeitos são permanentes. Aumenta e incidência de cáries dentárias e suspeita-se que seja potencialmente carcinogênico, de acordo com os resultados de ensaios feitos com cobaias. O padrão de potabilidade é 0,01 mg/L (Portaria 1.469).

 f) Cromo hexavalente

 O cromo é largamente empregado nas indústrias, especialmente em galvanoplastias, onde a cromeação é um dos revestimentos de peças mais comuns. Pode ocorrer como contaminante de águas sujeitas a lançamentos de efluentes de curtumes e de circulação de águas de refrigeração, onde é utilizado para o controle da corrosão. A forma hexavalente é mais tóxica do que a trivalente. Produz efeitos corrosivos no aparelho digestivo e nefrite. O padrão de potabilidade fixado pela Portaria 1.469 é 0,05 mg/L.

 O que o Cromo Hexavalente tem a ver com a Julia Roberts?

  g) Mercúrio

 O mercúrio é largamente utilizado no Brasil nos garimpos, no processo de extração do ouro (amálgama).

 Porque o mercúrio no garimpo é um problema ocupacional e também ambiental?

 O mercúrio é também usado em células eletrolíticas para a produção de cloro e soda e em certos praguicidas ditos mercuriais. Pode ainda ser usado em indústrias de produtos medicinais, desinfetantes e pigmentos.

 É altamente tóxico ao homem, sendo que doses de 3 a 30 gramas são fatais. Apresenta efeito cumulativo e provoca lesões cerebrais.

Page 8: Metais Pesados e Seus Efeitos

CURIOSIDADE: É bastante conhecido o episódio de Minamata no Japão, onde grande quantidade de mercúrio orgânico, o metil mercúrio, que é mais tóxico que o mercúrio metálico, foi lançada por uma indústria, contaminando peixes e habitantes da região, provocando graves lesões neurológicas e mortes.

O padrão de potabilidade fixado pela Portaria 1.469 do Ministério da Saúde é de 0,001 mg/L. Os efeitos sobre os ecossistemas aquáticos são igualmente sérios, de forma que os padrões de classificação das águas naturais são também bastante restritivos com relação a este parâmetro.

 h) Níquel

O níquel é também utilizado em galvanoplastias. Estudos recentes demonstram que é carcinogênico. Não existem muitas referências bibliográficas quanto à toxicidade do níquel; todavia, assim como para outros íons metálicos, é possível mencionar que, em soluções diluídas, estes elementos podem precipitar a secreção da mucosa produzida pelas brânquias dos peixes, que  morrem por asfixia. Por outro lado, o níquel complexado (niquelcianeto) é tóxico quando em baixos valores de pH. Concentrações de 1,0 mg/L desse complexo são tóxicas aos organismos de água doce.

 i) Zinco

 O zinco é também bastante utilizado em galvanoplastias na forma metálica e de sais tais como cloreto, sulfato, cianeto, etc.. A presença de zinco é comum nas águas naturais. O zinco é um elemento essencial para o crescimento, porém, em concentrações acima de 5,0 mg/L, confere sabor à água e uma certa opalescência à águas alcalinas. Os efeitos tóxicos do zinco sobre os peixes são muito conhecidos, assim como sobre as algas. A ação desse íon metálico sobre o sistema respiratório dos peixes é semelhante à do níquel, anteriormente citada. As experiências com outros organismos aquáticos são escassas. Entretanto, é preciso ressaltar que o zinco em quantidades adequadas é um elemento essencial e benéfico para o metabolismo humano, sendo que a atividade da insulina e diversos compostos enzimáticos dependem da sua presença. A deficiência do zinco nos animais pode conduzir ao atraso no crescimento. Os padrões para águas reservadas ao abastecimento público indicam 5,0 mg/L como o valor máximo permissível.

  j) Alumínio

O alumínio é abundante nas rochas e minerais, sendo considerado elemento de constituição. Nas águas naturais doces e marinhas, entretanto, não se encontra concentrações elevadas de  alumínio, sendo esse fato decorrente da sua baixa solubilidade, precipitando-se ou sendo absorvido como hidróxido ou carbonato. Nas águas de abastecimento e residuárias, aparece como resultado do processo de coagulação em que se emprega sulfato de alumínio. Pequenas quantidades de alumínio do total ingerido são absorvidas pelo aparelho digestivo e quase todo o excesso é evacuado nas fezes. O total de alumínio presente no organismo adulto é da ordem de 50 a 150 mg. Existem estudos que o associam à ocorrência do mal de Alzheimer, sendo que atualmente seu valor máximo permissível é de 0,2mg/L segundo a Portaria 1.469 do Ministério da Saúde.

l) Prata 

A prata ocorre em águas naturais em concentrações baixas, da ordem de 0 a 2,0 mg/L, pois muitos de seus sais são pouco solúveis; a não ser no caso de seu emprego como substância bactericida ou bacteriostática, ou ainda em processos industriais, esse elemento não é muito abundante nas águas. Esse elemento é cumulativo, não sendo praticamente eliminado do organismo. A dose letal para o homem é de 10 g como nitrato de prata. A ação da prata sobre a fauna ictiológica é semelhante às do zinco, níquel, chumbo e cádmio.

m) Cobre

O cobre ocorre geralmente nas águas, naturalmente, em concentrações inferiores a 20 mg/L. Quando em concentrações elevadas, é prejudicial à saúde e confere sabor às águas. Segundo pesquisas efetuadas, é necessária uma concentração de 20 mg/L de cobre ou um teor total de 100 mg/L por dia na água para produzirem intoxicações humanas com lesões no fígado. No entanto, concentrações de 5 mg/L tornam a água absolutamente impalatável, devido ao gosto produzido. O cobre em pequenas quantidades é até benéfico ao organismo humano, catalisando a assimilação do ferro e seu aproveitamento na síntese da hemoglobina do sangue, facilitando a cura de anemias. Para os peixes, muito mais que para o homem, as doses elevadas de cobre são extremamente nocivas. O cobre aplicado em sua forma de sulfato de cobre, CuSO4.5H2O, em dosagens de 0,5 mg/L é um poderoso algicida. O Water Quality Criteria indica a

Page 9: Metais Pesados e Seus Efeitos

concentração de 1,0 mg/L de cobre como máxima permissível para águas reservadas para o abastecimento público.

 3.5. Remoção de metais pesados das águas

 O processo mais eficiente para a remoção de metais pesados é o que se  baseia no fenômeno de troca iônica, empregando-se resinas catiônicas em sua forma primitiva de hidrogênio ou na forma sódica. Este processo permite uma remoção percentual bastante significativa dos metais presentes na água, viabilizando seu uso para finalidades industriais específicas e permitindo também o reuso de efluentes industriais. O que é troca iônica, como funciona?

Troca iônica é uma troca de íons entre dois eletrólitos ou entre um eletrólito na forma de solução e um complexo. Na maioria dos casos o termo é usado para denotar os processos de purificação, separação, e descontaminação de soluções aquosas e outras contendo íons com sólidos poliméricos ou minerais chamados 'trocadores de íons' (algumas vezes citados como 'cambiadores de íons'), como as resinas trocadoras de íons.

No campo do tratamento de efluentes, o processo mais utilizado é o da precipitação química na forma de hidróxidos metálicos.

 Cada íon metálico tem o seu valor de pH ótimo de precipitação como hidróxido, de forma que, quando se têm misturas de diversos metais, pode ser necessário que se trabalhe em mais de uma faixa de pH. Como normalmente as vazões de efluentes são baixas, os tratamentos são desenvolvidos de forma estática, em regime de batelada, o que facilita o uso de mais de uma faixa de pH. Nos processos contínuos, ter-se-ia que utilizar uma série de sistemas de mistura e decantação.

 Um  problema importante dos processos à base de precipitação química que deve ser levado em consideração é a produção de quantidades relativamente grandes de lodos contaminados com metais. Estes devem ser encaminhados a sistemas adequados de tratamento ou disposição final,  que nem sempre  encontram-se disponíveis.

Os recentes avanços tecnológicos na área do tratamento de águas apontam a possibilidade do emprego de processos de membrana como a osmose reversa para a remoção de metais pesados das águas, o que pode ser usado como tratamento final, ou polimento sequencial a outros processos mais simples, de forma a preservar as membranas do ataque de outros constituintes presentes nos efluentes, reduzindo-se assim os custos operacionais do sistema. 

Você já sabe o que é osmose, como funciona a osmose reversa?

A osmose inversa ou osmose reversa é um processo de separação em que um solvente é separado de um soluto de baixa massa molecular por uma membrana permeável ao solvente e impermeável ao soluto. Isso ocorre quando se aplica uma grande pressão sobre este meio aquoso, o que contraria o fluxo natural da osmose. Por essa razão o processo é denominado osmose reversa.

Em osmose inversa, as membranas retêm partículas cujo diâmetro varia entre 1 e 10 Å(2). As partículas retidas são solutos de baixa massa molecular como sais ou moléculas orgânicas simples.A pressão osmótica das soluções é proporcional a concentração de soluto. Para que a produção de permeado seja razoável, a diferença de pressão hidrostática através da membrana tem que ser elevada, para água, varia entre 3 e 100 atm(2).

Comparada ao processo de troca iônica, muito utilizado para a remoção de ions em águas industriais, a osmose reversa tem a vantagem de dispensar a etapa de regeneração, um processo que interrompe a produção e ao mesmo tempo consome uma grande quantidade de produtos químicas (ácidos e bases fortes). Como desvantagem existe a geração de um fluxo de rejeito, solução com elevadas concentrações de sais em volumes de até 50% da alimentação total.

A atividade humana vem aumentando os níveis de metais pesados nos ecossistemas aquáticos naturais. Esses metais são provenientes de atividades como a mineração, de indústrias de galvanoplastia, e do despejo de efluentes domésticos.

A principal fonte de contaminação das águas de rios é a indústria, com seus despejos de resíduos ricos em

Page 10: Metais Pesados e Seus Efeitos

metais pesados. Veja os procedimentos causadores da poluição:

As indústrias de tintas, de cloro, de plásticos PVC e as metalúrgicas, utilizam em seus processos metais pesados como o mercúrio e vários outros, esses metais são descartados nos cursos d’água após serem usados na linha de produção. Mas não é só de indústrias que provém esse tipo de contaminação, os incineradores de lixo urbano produzem fumaça rica em metais como mercúrio, cádmio e chumbo, que se volatiliza lançando metal pesado a longas distâncias.

Do ponto de vista químico, a grave conseqüência parece não ter solução, já que esses metais não podem ser destruídos e são altamente reativos. A cada dia se fazem mais presentes em nossas vidas, em aparelhos eletrodomésticos ou eletroeletrônicos e seus componentes, inclusive pilhas, baterias e produtos magnetizados. Mercúrio, chumbo, cádmio, manganês e níquel são alguns dos metais pesados presentes nesses aparelhos. O chumbo é usado na soldagem de computadores, e o mercúrio está no visor de celulares.

Os metais apenas são úteis em pequenas quantidades para o homem, como o ferro, zinco, magnésio, cobalto que constituem a hemoglobina. Mas se a quantidade limite desses metais for ultrapassada, eles se tornarão tóxicos ocasionando problemas de saúde.

 

Por Líria AlvesGraduada em QuímicaEquipe Brasil Escola

Metais PesadosO perigo está no solo, na água e no ar. Quando absorvidos pelo ser humano, os metais pesados(elementos de elevado peso molecular) se depositam no tecido ósseo e gorduroso e deslocamminerais nobres dos ossos e músculos para a circulação. Esse processo provoca doenças

Contaminação por mercúrio - o caso Minamata

Minamata, Japão ano de 1956, dia 1º de maio, quatro pacientes dão entrada em um centro de saúde pública de Kimamoto, apresentando disfunções do sistema nervoso. Neste ano foi estruturado um comitê especialmente voltado a investigar a doença, até então de causa desconhecida. Esta data ficou oficialmente conhecida como a data da descoberta do chamado Mal de Minamata que está relacionada com a doença cerebral causada pela ingestão de mercúrio.

No mesmo ano cerca de 56 pessoas com sintomas semelhantes foram investigadas e constatou-se que os sintomas eram causados pela contaminação por mercúrio. A investigação mostrou que moradores das vizinhanças da Baía de Minamata, cujas dietas eram centralizadas em consumo de peixes e frutos do mar (bioacumuladores), tinham encontrado cristais de mercúrio nos efluentes liberados pela indústria química Chisso.

O mercúrio era despejado em um rio que desaguava no mar, de onde os moradores retiravam a principal fonte de alimentos das comunidades da região. A fauna marinha foi intoxicada e, através da alimentação, o metal altamente tóxico chegou ao homem. As mortes e doenças conseqüentes da contaminação por mercúrio em Minamata são um exemplo de como a ação tóxica dos metais pesados pode entrar na cadeia alimentar do homem e provocar sua intoxicação.

http://ambiente.hsw.uol.com.br/substancias-toxicas4.htm

Vejam a atitude indiferente com relação à terrível tragédia do envenenamento por mercúrio industrial (conhecido como doença de Minamata)1 ocorrida na cidade de Minamata, no Japão, nas décadas de cinqüenta e sessenta. Os responsáveis pela companhia, a burocracia e o governo agiram com uma atitude

Page 11: Metais Pesados e Seus Efeitos

que não demonstrava nenhuma prioridade à vida das pessoas. Tudo que ofereceram foi uma resposta fria e burocrática, colocando os grandes interesses financeiros em primeiro lugar. O consumo de peixe contaminado com mercúrio dos dejetos industriais lançados pela companhia na Baía de Minamata fez com que pessoas saudáveis passassem a sofrer de entorpecimento dos membros, o que as deixava incapazes de coordenar os movimentos musculares voluntários. Seu sistema nervoso foi destruído e algumas pessoas tiveram convulsões e morreram. Crianças nasceram surdas, cegas e com impedimentos da fala. Pessoas inocentes foram forçadas a viver um inferno vivo. No entanto, desde quando apareceram as primeiras vítimas, foram necessários quinze anos para que o governo japonês finalmente reconhecesse que a doença estava relacionada à poluição (em 1968). Por que não foi tomada uma providência imediata? Por que não foram empreendidos esforços imediatos para salvar essas preciosas vidas em vez de desperdiçar tempo com todos os tipos de desculpas e racionalizações?

Metais pesados são metais quimicamente altamente reativos e bioacumuláveis, ou seja, os organismos não são capazes de eliminá-los.

Quimicamente, os metais pesados são definidos como um grupo de elementos situados entre o cobre e o chumbo na tabela periódica tendo pesos atômicos ente 63,546 e 200,590 e densidade superior a 4,0 g/cm3.

Os seres vivos necessitam de pequenas quantidades de alguns desses metais, incluindo cobalto, cobre, manganês, molibdênio, vanádio, estrôncio, e zinco, para a realização de funções vitais no organismo. Porém níveis excessivos desses elementos podem ser extremamente tóxicos. Outros metais pesados como o mercúrio, chumbo e cádmio não possuem nenhuma função dentro dos organismos e a sua acumulação pode provocar graves doenças, sobretudo nos mamíferos.

Quando lançados como resíduos industriais, na água, no solo ou no ar, esses elementos podem ser absorvidos pelos vegetais e animais das proximidades, provocando graves intoxicações ao longo da cadeia alimentar.

Principais metais pesados contaminantes

Arsênico

Causa problemas nos sistemas respiratório, cardiovascular e nervoso.

Chumbo

Atinge o sistema nervoso, a medula óssea e os rins.

Cádmio

Causa problemas gastrointestinais e respiratórios.

Mercúrio

Se concentra em diversas partes do corpo como pele, cabelo, glândulas sudoríparas e salivares, tireóide, sistema digestivo, pulmões, pâncreas, fígado, rins, aparelho reprodutivo e cérebro, provocando inúmeros problemas de saúde.

Crómio

Provoca irritação na pele e, em doses elevadas, câncer.

Manganês

Page 12: Metais Pesados e Seus Efeitos

Causa problemas respiratórios e efeitos neurotóxicos.

Obtida de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Metal_pesado"

Mercúrio X Meio Ambiente  

   

 

O ponto mais crítico da poluição através do mercúrio é que esse não é degradável. Mesmo após a interrupção da sua utilização, ele permanece como ameaça à saúde humana devido aos processos de transformação que ocorrem no meio ambiente. Esse problema afeta principalmente as populações ribeirinhas, que se alimentam basicamente de pescado, sua principal fonte de proteínas.

Abaixo é apresentado um esquema ilustrativo dos processos físico, químicos e bioquímico que ocorrem com o mercúrio após a sua emissão para o meio ambiente.

 

   

 

O Caso de Minamata  

   

 Minamata é uma cidade japonesa que sofreu graves conseqüências devido a contaminação por mercúrio. Centenas de pessoas morreram e milhares tiveram anomalias que acabaram passando para as novas gerações.

 

   

   

  Minamata       Na década de 30, uma empresa se instalou na região, a Chisso. A empresa, que fabricava acetaldeído

(usado na produção de material plástico), jogava seus resíduos com mercúrio nos rios, contaminando os peixes. Como a doença leva alguns anos para se desenvolver, somente em 1956 começaram a surgir os primeiros casos da doença. Os hospitais recebiam pessoas com os mesmos sintomas: problemas no sistema nervoso e no cérebro, causando dormência nos membros, fraquezas musculares, deficiências visuais, dificuldades de fala, paralisia, deformidades levando até mesmo à morte.

No princípio as autoridades acreditavam que se tratava de uma epidemia, mas os gatos começaram apresentar doenças com as mesmas semelhanças. Somente de dez anos depois os médicos

Page 13: Metais Pesados e Seus Efeitos

descobriram a causa: o consumo de peixe contaminado por mercúrio, base da alimentação daquela população. Estima-se que a empresa descartou de 200 a 600 toneladas de metilmercúrio na baía da cidade. Depois de várias batalhas judiciais, a empresa foi obrigada a indenizar as vítimas, mas o resultado da contaminação se faz sentir até hoje.

Mercúrio  

   

 

O mercúrio é um metal prateado que foi conhecido pelas antigas civilizações e era usado na fabricação de tintas e pinturas. Os grandes depósitos de minério de sulfeto mercúrio, o cinábio, estão na Espanha e na Itália, sendo os responsáveis pela maior parte da produção mundial do metal.

 

  Cinábio - Minério de sulfeto de mercúrio, principal fonte do metal  

 

O metal é usado na fabricação de termômetro, barômetro, bomba de difusão, lâmpadas fluorescentes, em preparações odontológicas, baterias para filmadoras, calculadoras, computadores, extração do ouro e da prata de seus minérios, pesticidas, fabricação de espelhos entre outros. A grande preocupação é descartar esses resíduos em locais apropriados sem prejudicar o meio ambiente, pois este não é degradável.

O mercúrio pode ser encontrado no meio ambiente sob várias formas, sendo que na forma metálica é que representa o maior problema para a saúde. O contágio pode ser pelo vapor (garimpos) e pela ingestão de alimentos contaminados, como o peixe, principalmente os carnívoros.

 

   

 

Forma química Via de exposição Efeitos sobre a saúde

Mercúrio elementar inalaçãoBronquite pulmonar, distúrbios do comportamento, problemas renais,

tremores

Metil mercúrioIngestão de alimentos contaminados, contato com o produto químico

Desenvolvimento motor alterado, descontrole motor e ataxia em

adultos

 

   

 Classificação das amostras de pescado de acordo com o teor de mercúrio e as recomendações da Organização Mundial de Saúde e Legislação Brasileira

 

   

 

Classificação Teor em ng/g

Próprio para consumo freqüente Menor que 300

Próprio para consumo eventual Entre 300 e 600

Impróprio para consumo Maior que 600

Comercialização permitida Menor que 1000

Desastre de MinamataOrigem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Ir para: navegação, pesquisa

Desastre de Minamata é a denominação dada ao envenenamento de centenas de pessoas por mercúrio ocorrido na cidade de Minamata, no Japão.

A Doença de Minamata é uma síndrome neurológica causada por severos sintomas de envenenamento por mercúrio. Os sintomas incluem distúrbios sensoriais nas mãos e pés, danos à visão e audição, fraqueza e, em casos extremos, paralisia e morte.

Em maio de 1956, quatro pacientes de Minamata, Japão, uma cidade na costa ocidental da ilha de Kyushu, foram internados no hospital. Os médicos ficaram confusos com os sintomas que os pacientes tinham em comum: convulsões severas, surtos de psicose, perda de consciência e coma. Finalmente, depois de febre muito alta, todos os quatro pacientes morreram.Os médicos ficaram chocados pela alta mortalidade da nova doença: ela foi diagnosticada em treze outras pessoas, incluindo alguns de pequenas aldeias pesqueiras próximas de Minamata, que morreram com os mesmos sintomas, assim como animais

Page 14: Metais Pesados e Seus Efeitos

domésticos e pássaros. Foi descoberto que o factor comum de todas as vítimas era que todas comeram grandes quantidades de peixes da Baía de Minamata. Pesquisadores da Universidade Kumamoto chegaram à conclusão que o mal não era uma doença, mas sim envenenamento por substâncias tóxicas. Tornou-se claro que o envenenamento estava relacionado à fábrica de acetaldeído e PVC de propriedade da Corporação Chisso, uma companhia hidroeléctrica que produzia fertilizantes químicos. Falar publicamente contra a companhia era proibido já que ela era um empregador importante na cidade. Com o tempo, a equipe de pesquisa médica chegou à conclusão que as mortes foram causadas por envenenamento com mercúrio mediante consumo de peixe contaminado; o mercúrio era usado no complexo Chisso como catalisador. Por isso deve-se tomar cuidado com o destino final dado às lâmpadas fluorescentes e fosforescentes queimadas, pois se lançadas em locais inapropriados podem quebrar-se, libertando vapor de mercúrio e trazendo riscos à saúde e ao meio ambiente....Por anos, a Corporação Chisso escondeu seu uso de mercúrio dos olhos do público. Em 2 de Novembro de 1959, um tumulto de pescadores locais destruiu a propriedade da Chisso Corporation. Este acto de violência teve o efeito de atrair a atenção pública japonesa para o assunto.Em 1968, o governo japonês reconheceu a fonte da contaminação e a contaminação química finalmente parou. A fábrica de PVC não concordou e continuou a produzir mais poluição (um ato irresponsável).No total, mais de 900 pessoas morreram com dores severas devido ao envenenamento. Em 2001, uma pesquisa indicou que cerca de dois milhões de pessoas podem ter sido afetadas por comer peixe contaminado. No mesmo período de tempo, foi reconhecido que 2.955 pessoas sofreram da doença de Minamata. Destas, 2.265 viveram na costa do mar de Yatsushiro.

Toxicologia: Acidente tóxico com mercúrio em Rosana-SP

Escrito por Carlos Eduardo | 18 Outubro 2010

Em notícia divulgada pelo G1, na última sexta, dia 15, a prefeitura de Rosana-SP, foi multada em R$ 83

mil pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), pela disposição do mercúrio, de uso

odontológico, em um terreno de depósito de entulhos. Em julho, quatro crianças encontraram uma sacola

com 20 frascos do produto tóxico, levaram para casa, e numa atitude inocente, provocaram a exposição de

cerca de 100 pessoas. A mãe e mais cinco filhos apresentaram sintomas gástricos, febre e irritação

cutânea. Na ocasião, três casas foram interditadas, e o uso da água, suspenso.Segundo o jornal O Globo,

pelo menos 48 pessoas que foram expostas ao mercúrio no acidente passaram por avaliação neurológica

na última sexta-feira, 15. O secretário de saúde do município, David Rodrigues, afirmou que o exame

neurológico faz parte de um protocolo que está sendo seguido.O produto provavelmente é o amálgama de

mercúrio, utilizado no processo de restauração dentária. O amálgama convencional é preparado pela

mistura de mercúrio com uma liga prata-estanho, produzindo uma massa de rápida fixação na camada

dentária (Philips apud Azevedo, 2001).

Nota-se que além da necessidade de maior fiscalização no sistema de disposição de resíduos tóxicos e

produtos vencidos de diversos setores (área hospitalar, laboratorial, industrial, agrícola, e outros) pelos

responsáveis locais; também é importante incentivar campanhas educativas às famílias sobre os riscos que

são submetidas as crianças, ao manipular produtos de origem desconhecida, mesmo que tenham

características visuais ou olfativas agradáveis. A melhoria na percepção do risco pela população é

fator relevante, na prevenção de acidentes com agentes tóxicos, especialmente em casos como o do

município de Rosana, no qual a exposição poderia ter sido amenizada ou evitada. Brasil, existem

trabalhos publicados sobre os riscos toxicológicos (e ecotoxicológicos) do mercúrio que podem auxiliar

nas medidas preventivas ou de intervenção, no contexto de exposição ao mercúrio.  Citamos aqui,

algumas referências brasileiras:  i) O livro "Toxicologia do Mercúrio" de Fausto Azevedo; e ii) o volume

n.1 dos Cadernos de Referência Ambiental, sob o título de “Ecotoxicologia do Mercúrio e seus

Compostos”, de Alice Chasin e E. Nascimento.

Page 15: Metais Pesados e Seus Efeitos

Fontes:G1 - Prefeitura do interior de SP é multada por contaminação por mercúrio. Acessado em 15 de

outubro de 2010. Disponível em:http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/10/prefeitura-do-interior-de-

sp-e-multada-por-contaminacao-por-mercurio.htmlG1- Duas crianças têm suspeita de contaminação por

mercúrio. Acessado em 15 de outubro de 2010. Disponível

em:http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2010/07/duas-criancas-tem-suspeita-de-contaminacao-por-

mercurio.htmlO Globo – Neurologista já examinou 48 pessoas contaminadas por mercúrio em Rosana,

SP. Acessado em 15 de outubro de 2010. Disponível

em:http://oglobo.globo.com/cidades/sp/mat/2010/10/15/neurologista-ja-examinou-48-pessoas-

contaminadas-por-mercurio-em-rosana-sp-922798687.asp Referência: AZEVEDO, F.A; NASCIMENTO,

E.S; CHASIN, A. (Caderno de Meio Ambiente)Aspectos Atualizados dos Riscos Toxicológicos do

Mercúrio. TECBAHIA R. Baiana Tecnol., v. 16, n. 3, p.87 a 104, 2001.

Grupo 1 (I A) - metais alcalinos: Lítio, sódio, potássio, rubídio, césio e frâncio.

Grupo 2 (II A) - metais alcalino-terrosos: Berílio, magnésio, cálcio, estrôncio, bário e rádio.

Grupo 3 (III B) - grupo do escândio: Escândio, ítrio, lantânio, actínio, lantanídios e actinídeos.

Grupo 4 (IV B) - grupo do titânio: Titânio, zircônio, háfnio e ruterfórdio.

Grupo 5 (V B) - grupo do vanádio: Vanádio, nióbio, tantálio e dúbnio.

Grupo 6 (VI B) - grupo do cromo: Cromo, molibdênio, tungstênio e seabórguio.

Grupo 7 (VII B) - grupo do manganês: Manganês, tecnécio, rênio e bóhrio.

Grupo 8 (VIII B) - grupo do ferro: Ferro, rutênio e ósmio.

Grupo 9 (VIII B) - grupo do cobalto: Cobalto, ródio, irídio e meitnério.

Grupo 10 (VIII B) - grupo do níquel: Níquel, paládio e platina.

Grupo 11 (I B) - grupo do cobre: Cobre, prata e ouro.

Grupo 12 (II B) - grupo do zinco: Zinco, cádmio e mercúrio.

Grupo 13 (III A) - grupo do boro: Boro, alumínio, gálio, índio e tálio.

Grupo 14 (IV A) - grupo do carbono: Carbono, silício, germânio, estanho e chumbo.

Grupo 15 (V A) - grupo do nitrogênio: Nitrogênio, fósforo, arsênio, antimônio e bismuto.

Grupo 16 (VI A) - calcogênios: Oxigênio, enxofre, selênio, telúrio e polônio.

Grupo 17 (VII A) - halogênios: Flúor, cloro, bromo, iodo e astato.

Grupo 18 (VIII A ou 0) - gases nobres: Hélio, neônio, argônio, criptônio, xenônio e radônio.