Método Dader-Manual de Seguimento Farmacoterapeutico 2014

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    MTODO DDERMANUAL DE SEGUIMENTO

    Daniel Sabater HernndezMartha Milena Silva CastroMara Jos Faus Dder

    Terceira Edio(Verso em portugus)

    2014

    FARMACOTERAPUTICO

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    Daniel Sabater HernndezLicenciado em FarmciaMaster Universitario en Atencin Farmacutica.

    Responsvel do Programa Dder de Seguimento Farmacoteraputico.Membro do Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica.Universidade de Granada

    Martha Milena Silva CastroQumica Farmacutica. Universidade Nacional de ColombiaFarmacutica HospitalarMaster Universitario en Atencin Farmacutica.Membro do Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica.Universidade de Granada.

    Mara Jos Faus DderDoutorada em FarmciaProfessora Titular de Bioqumica e Biologia MolecularResponsvel do Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica.Universidade de Granada.

    Traduo:Luciene Alves Moreira MarquesRicardo Radighieri Rascado

    Reviso tcnica e adaptao:Paula Iglsias Ferreira*Henrique Jos Santos**Instituto Pharmcare

    Traduzido do original em espanhol:Mtodo Dder. Gua de Seguimiento Farmacoteraputico, 2007

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico, 2014, verso em portugusdo Brasil (acordo ortogrco)

    dos textos: Dos autores da edio:Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica (CTS-131). Universidad de Granada.Desenho e diagramao: Jos P. Garca CorpasImpresso: digitalPrimeira edio, Alfenas, MG.I.S.B.N.: 978-8-63473-14-1Depsito Legal: Fundao Biblioteca NacionalTraduo, 2014

    A U T O R E S

    Agradecimento ao Dr. Tarcsio Jos Palhano (Conselho Federal de Farmcia - Brasil) pelas valiosas consideraes.

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    4.6.1. Caractersticas e generalidades do plano de atuao ...............................

    4.6.2. Etapas para desenhar o plano de atuao ................................................

    4.6.2.1. Denir objetivos....................................................................................

    4.6.2.2. Hierarquizar as prioridades..................................................

    4.6.2.3. Determinar as intervenes farmacuticas.....................................

    4.6.2.4. Planejamento das intervens farmacuticas..................

    4.7. Entrevistas farmacuticas sucessivas (resultado da interveno

    farmacutica)...............................................................................................................

    4.7.1. Registro das entrevistas sucessivas..................................................................

    4.7.2. Registro das intervenes farmacuticas.......................................................

    4.7.2.1.Folha de interveno farmacutica para registrar os RNM

    4.7.2.2. Folha de interveno farmacutica para registrar....

    resultados positivos..........................................................................................................

    5. CASO PRTICO ORIENTADO DE ACORDO COM O MTODO DDER ........................

    5.1. Oferta do servio ....................................................................................................

    5.2. Entrevista farmacutica: primeira entrevista ......................................................

    5.3. Primeiro estado de situao ................................................................................

    5.4. Fase de estudo ........................................................................................................

    5.5. Fase de avaliao ..............................................................................................................

    5.6. Fase de interveno: plano de atuao ...........................................................

    5.6.1. Denio e hierarquizao por prioridade dos objetivos. Intervenes

    farmacuticas: planicao...................................................................................

    5.6.2. Relatrio ao mdico .......................................................................................

    5.7. Entrevistas sucessivas (resultado da interveno) .................................................

    5.7.1. Novos estados de situao gerados no SF ..................................................

    5.7.2. Nova fase de estudo .....................................................................................

    5.7.3. Novas entrevistas com o paciente e novos estados de situao:

    avaliao das intervenes ..................................................................................

    5.7.4. Fase de interveno: novas consideraes no plano de atuao .............

    5.7.5. Agenda do paciente ........................................................................................

    5.7.6. Registro das intervenes farmacuticas ...................................................

    6. B I B L I O G R A F I A ..................................................................................................

    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.

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    1 . A b r e v i a t u r a s

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011 7

    AINE: anti-inamatrio no esteroidal

    AMPA: automedio da presso arterialARAII:antagonistas do receptor tipo 2 da angiotensina

    CF: cuidados farmacuticos

    DCV: doena cardiovascular

    E: efetividade

    EpS: educao para a sade

    ES: estado de situao

    FRCV: fator de risco cardiovascular

    HBP:hipertroa benigna da prstata

    HTA: hipertenso arterial

    IAM: infarto agudo do miocrdio

    IECA:inibidores da enzima conversora de angiotensina

    IF: interveno farmacutica

    IMC: ndice de massa corporalKg: quilograma

    m: metro

    N: necessidade

    PA: presso arterial

    pa: princpio ativo

    PRM: problema relacionado com os medicamentos

    PS: problema de sadeRCV: risco cardiovascular

    RNM: resultado negativo associado medicao

    S: segurana

    SF: seguimento farmacoteraputico

    THS: teraputica hormonal de substituio

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    2 . I n t r o d u o

    O objetivo que se pretende alcanar com a utilizao de medicamentos melhorara qualidade de vida dos pacientes, atravs da cura das doenas ou, quando isto

    no possvel, controlando as suas consequncias e os seus sintomas.

    A importncia deste objetivo justica a existncia de um grande nmero de medica-

    mentos, cada vez com mais qualidade, ecazes e seguros, que constituem a arma

    teraputica mais usada para manter ou melhorar a sade da populao.

    Contudo, nem sempre que um paciente utiliza um medicamento o resultado bom.

    Em muitas ocasies a farmacoterapia falha. Isto acontece quando os medicamen-

    tos causam dano (no so seguros) e/ou quando no atingem o objetivo para o

    qual foram prescritos (no so efetivos).

    Estes fracassos da farmacoterapia foram publicados em numerosos estudos e atual-

    mente no existem dvidas de que provocam perdas na sade dos pacientes e per-

    das econmicas ao conjunto da sociedade1-3. No obstante, tambm se demons-

    trou que os fracassos da farmacoterapia so, em grande percentagem, evitveis4,5.

    Este fato justica o desenvolvimento do conceito de Ateno Farmacutica (AF),

    que pretende trazer solues para este problema de Sade Pblica e constituir uma

    resposta efetiva para detectar, prevenir e resolver estes fracassos da farmacoterapia.

    A Ateno Farmacutica engloba todas as atividades assistenciais do farmacutico

    orientadas para o paciente que utiliza medicamentos. Entre estas atividades, o se-

    guimento farmacoteraputico (SF)apresenta uma efetividade maior para atingir os

    melhores resultados em sade possveis, quando se utilizam medicamentos.

    Em traos gerais, o SF uma prtica clnica que pretende monitorar e avaliar, conti-

    nuamente, a farmacoterapia do paciente com o objetivo de melhorar os resultados

    em sade. Atualmente, no h dvida, de que dentro da equipe de sade que

    atende o paciente, o prossional mais qualicado para realizar SF o farmacutico,

    pela sua formao especca em medicamentos, pela sua acessibilidade e pela sua

    motivao para que o seu trabalho assistencial seja reconhecido.

    Em resumo, a existncia de um problema de sade pblica (os fracassos da far-

    macoterapia), que produz diminuio da qualidade de vida e perdas econmicas,

    requer um trabalho do farmacutico (de modo assistencial), prestando Ateno Far-

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    macutica e, especialmente, SF, para tentar diminuir a morbi-mortalidade relaciona-

    da com o uso dos medicamentos, assim como aproveitar ao mximo esta oportuni-

    dade para realizar um trabalho assistencial.

    2.1. APROXIMAO AO CONCEITO DE SEGUIMENTO FARMACOTERAPUTICO (SF)

    Na legislao espanhola, o SF tem duas implicaes claras: um servio essencial que

    se deve prestar ao paciente e pressupe uma responsabilidade que o farmacutico

    tem de cumprir.

    Tudo isto est na Ley 29/2006, de 26 de julio, de garantas y uso racional de los

    medicamentos y productos sanitarios6. Nesta lei est exposto que o trabalho que

    os farmacuticos e outros prossionais de sade realizam nos procedimentos de

    Ateno Farmacutica tem uma importncia fundamental, uma vez que asseguraa acessibilidade ao medicamento, oferecendo, em coordenao com o mdico,

    aconselhamento em sade, seguimento farmacoteraputicoe apoio prossional aos

    pacientes. Esta lei refere ainda que se deve estabelecer um sistema para o seguimento

    dos tratamentos aos pacientes, que se deve realizar como parte dos procedimentos

    de Ateno Farmacutica, contribuindo para assegurar a efetividade e segurana

    dos medicamentos.

    Anteriormente a esta lei, em 2001, o Ministerio de Sanidad y Consumo de Espaa,

    atravs do Documento de Consenso en Atencin Farmacutica7

    , estabeleceuos procedimentos de Ateno Farmacutica como as atividades assistenciais do

    farmacutico orientadas para o paciente e determinou que o SF era uma destas.

    Atualmente dene-se seguimento farmacoteraputico (SF) como o servio

    prossional que tem como objetivo detectar problemas relacionados com

    medicamentos (PRM), para prevenir e resolver os resultados negativos associados

    medicao (RNM)". Este servio implica compromisso e deve ser disponibilizado de

    um modo contnuo, sistemtico e documentado, em colaborao com o paciente

    e com os prossionais do sistema de sade, com a nalidade de atingir resultados

    concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente8.

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    atividade.

    2.2. DOCUMENTAO DO SEGUIMENTO FARMACOTERAPUTICO

    Na Espanha, como qualquer prossional que pratica uma atividade assistencial, ofarmacutico est obrigado a cumprir os deveres de informao e de documen-

    tao clnicaa estabelecidos na Ley 41/200213. Esta obrigao est destacada e

    exposta novamente na Ley 29/2006, de 26 de julio, de garantas y uso racional de

    los medicamentos y productos sanitrios6.

    Em relao documentao clnica, importante assinalar o seguinte:

    Os prossionais de sade que desenvolvem a sua atividade de modo individual

    (privado) so responsveis pela gesto e pela guarda da documentao

    clnicaque produzem durante o processo assistencial.

    No SF, tal como no mbito da assistncia mdica, rege o princpio do paciente

    em toda a sua extenso. Entre as suas repercusses, o consentimento

    informadob uma das mais importantes, tratando-se de um expoente

    claro da dignidade pessoal, que reconhece a autonomia do indivduo para

    eleger, entre as diversas opes vitais que se lhe apresentem, de acordo

    com os seus prprios interesses e preferncias14.

    Os prossionais de sade tm de cumprir as suas responsabilidades notratamento dos dados de carter pessoal do paciente. Para isto, seria

    necessrio solicitar um consentimento especco em matria de proteo

    de dados de carter pessoal, onde se informe o paciente sobre a nalidade,

    obrigatoriedade e direitos que tem sobre os seus dados de sade na

    documentao clnica; tal como se estabelece na Ley Orgnica 15/1999,

    de Proteccin de Datos de Carcter Personal15.

    a Documentao clnica: suporte de qualquer tipo ou classe que contm um conjunto dedados e informaes de carter assistencial. Ley 41/2002, de 14 de noviembre, bsica

    reguladora de la autonoma del paciente y de derechos y obligaciones en materia de

    informacin y documentacin clnica. BOE 2002; 274: 40126-40132.

    b Consentimento Informado: conformidade livre, voluntria e consciente de um paciente,

    manifestada em pleno uso das suas faculdades, depois de receber a informao ade-

    quada, para que ocorra uma atuao que afeta a sua sade. Ley 41/2002, de 14 de

    noviembre, bsica reguladora de la autonoma del paciente y de derechos y obligacio-

    nes en materia de informacin y documentacin clnica. BOE 2002; 274; 40126-40132.

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    Tendo em conta o estabelecido nesta lei, que considera os dados em sade

    especialmente protegidos e sensveis, a gesto e o tratamento destes dados

    exige a aplicao de certas medidas de segurana, documentao

    clnica15,16. Estas medidas esto estabelecidas no regulamento de medidas

    de segurana dos arquivos informatizados que contenham dados de carter

    pessoal.

    No que diz respeito especicamente ao SF, a necessidade de document-lo est

    referida no Documento de Consenso sobre Atencin Farmacutica17, onde est ex-

    posto que a realizao de SF implica uma srie de exigncias e requisitos inevitveis,

    entre eles a documentao e registro da atividade, quer das intervenes realiza-

    das, como dos resultados obtidos.

    No contexto europeu, esta responsabilidade do farmacutico encontra-se na Re-

    comendao do Conselho da Europa de 200118

    , relativamente ao papel do farma-cutico no mbito da segurana em sade. Nesta, declara-se que o SF inclui, entre

    outras armaes, a criao de um relatrio farmacutico que inclua o histrico do

    paciente, os medicamentos receitados, as informaes clnicas, os resultados tera-

    puticos e biolgicos disponveis, assim como as recomendaes feitas ao pacien-

    te.

    Toda a necessidade gerada em torno da documentao do SF assume que o far-

    macutico deve adotar uma postura pr-ativa na concepo e na implementao

    dos sistemas de documentao19,20. Apenas registrando e comunicando os resul-

    tados obtidos se pode demonstrar o benefcio e a efetividade da interveno do

    farmacutico na sade do paciente. Por outro lado, a informao registrada deve

    servir para avaliar os procedimentos realizados durante o SF. Este aspecto determi-

    nante para melhorar a prtica diria, para conseguir um progresso da atividade e/

    ou para atingir a sua implementao adequada.

    Em resumo, uma boa documentao um suporte essencial para que tanto a prti-

    ca, quanto a investigao nesta rea se transformem em realidade21. Com o objeti-

    vo de promover o registro da informao durante o desenvolvimento do SF, o Mto-do Dder considera que a elaborao da histria farmacoteraputicado paciente

    deve constituir o ponto de partida e a base de trabalho do farmacutico.

    2.3. HISTRIA FARMACOTERAPUTICA DO Paciente

    A histria farmacoteraputica o conjunto de documentos, elaborados e/ou

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    reunidos pelo farmacutico durante o processo de assistncia ao paciente, que

    contm os dados, opinies (pareceres clnicos) e informaes de qualquer ndole,

    destinados a monitorar e a avaliar os efeitos da farmacoterapia utilizada pelo

    paciente.

    Em linhas gerais, na histria farmacoteraputica recolhe-se informao sobre:

    Motivo da oferta do servio de SF.

    Problemas de sade e efeitos ou resultados devidos utilizao da

    farmacoterapia. A histria farmacoteraputica deve conter a informao

    clnicacque permita avaliar o estado de sade do paciente e as alteraes

    que ocorrem, em consequncia do uso dos medicamentos:

    Medies clnicas (ex.: valores de glicemia, presso arterial, etc.)

    Sintomas e sinais

    Eventos clnicos

    Outras apreciaes que o paciente possa fazer sobre a evoluo dos

    seus problemas de sade.

    A importncia desta informao reside no fato de ser necessria para avaliar

    os efeitos da farmacoterapia.

    Farmacoterapia do paciente. Inclui a informao sobre datas de incio e

    m de uso dos medicamentos, ajustes nas doses e esquemas teraputicos,

    alteraes da forma farmacutica e via de administrao, mdicosprescritores, etc..

    Apreciaes do farmacutico. Na histria farmacutica devem estar todos

    os pareceres elaborados pelo farmacutico acerca do estado de sade e

    da farmacoterapia do paciente. Estas apreciaes podem constituir, em

    muitas ocasies, o fundamento das decises tomadas durante o SF.

    Planejamento, evoluo e resultado das intervenes farmacuticas

    realizadas para melhorar ou preservar os resultados da farmacoterapia. Trata-

    se de toda a informao relacionada com as aes empreendidas pelo

    cInformao clnica: qualquer dado, em qualquer que seja a sua forma, classe ou tipo,

    que permite adquirir ou ampliar conhecimentos sobre o estado fsico e a sade de uma

    pessoa, ou a forma de preserv-la, cuid-la, melhor-la ou recuper-la. Ley 41/2002

    reguladora de la autonoma del paciente y de derechos y obligaciones en materia de

    informacin y documentacin clnica. BOE 2002; 274: 40126-40132.

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    farmacutico para atingir os objetivos acordados com o paciente durante o

    SF. Anotam-se as alteraes produzidas na conduta e nos comportamentos

    do paciente, as decises mdicas tomadas em resposta s intervenes

    realizadas, assim como a informao que permita determinar a evoluo

    do estado de sade do paciente, aps as intervenes.

    Consentimento informado, relatrios para o mdico e outros prossionais de

    sade.

    Dados de contato do paciente.

    Para facilitar a elaborao da histria farmacoteraputica, o Mtodo Dder prope

    utilizar uma srie de documentos de registro, que permitem recolher a informao

    gerada durante o SF, de forma ordenada e estruturada. Entre estes documentos de

    registro, encontram-se:

    1. A pasta da histria farmacoteraputica, que serve de capa para todos os

    documentos que vo se acumulando durante o processo assistencial ao

    paciente. Alm disto, servir para anotar o motivo da oferta do servio e do

    incio do SF.

    2. As folhas da entrevista farmacutica, que permitem recolher informao

    sobre os problemas de sade, os medicamentos e os parmetros clnicos

    (mensurveis) do paciente.

    3. O estado de situao, destinado anlise do caso e avaliao da

    farmacoterapia.

    4. As folhas do plano de atuao, onde se denem os objetivos a atingir

    com o paciente e onde se programam as intervenes farmacuticas

    empreendidas que devem se concretizar.

    5. As folhas das entrevistas sucessivas, onde se anotar a informao

    proveniente dos encontros reiterados com o paciente.

    6. As folhas de interveno, que resumem as intervenes realizadas para

    melhorar ou preservar o estado de sade do paciente e servem como

    sistema de noticao com o programa Dder de SF.

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    Pasta da histria farmacoteraputica. Fonte: Programa Dder. Grupo de Investigacin enAtencin Farmacutica. CTS-131 Universidad de Granada.

    DADERp r o g r a m a

    Seguimento Farmacoteraputico

    pro

    DADER

    grama

    Grupo deinvestigacin enAtencin Farmacutica (CTS-131)

    Universidad deGranada

    Histria farmacoteraputica

    Paciente:

    Cdigo Dder:

    Dados de contato

    Endereo residencial:

    e-mail:

    Telefone:

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Todos estes documentos podero ser arquivados, como parte da histria

    farmacoteraputica do paciente (dentro da pasta desenhada para tal), juntamente

    com outros documentos de origens diversas (ex.: relatrios mdicos, anlises

    laboratoriais, documentos de registro da dispensao e da indicao farmacutica,

    entre outros).

    A histria farmacoteraputica pode ser de grande utilidade e contribuir para o trabalho

    de outros prossionais de sade que atendem o paciente, pois recolhe informao

    especca sobre a farmacoterapia e sobre o estado de sade do paciente, em

    consequncia do uso dos medicamentos. Portanto, a histria farmacoteraputica

    constitui uma parte especca, e tambm um valioso complemento da histria

    clnica do paciente.

    De acordo com a legislao vigente na Espanha, a gesto e a guarda da histria

    farmacoteraputica so de responsabilidade do farmacutico e/ou do servio defarmcia que atende o paciente. Cada estabelecimento onde se realize o servio

    de SF tem que estabelecer normas e uma ordem para o adequado arquivamento e

    acesso informao da histria farmacoteraputica 13,15.

    conveniente que a informao contida na histria farmacoteraputica possa

    ser acessada, de forma ecaz, para sua consulta. Idealmente, deve ser registrada

    em formato informatizado.22 Com este propsito e o de informatizar a histria

    farmacoteraputica dos pacientes, o Programa Dder de SF desenvolveu uma

    aplicao denominada DaderWeb.

    O DaderWeb23 um sistema web online que incorpora vrias utilidades (mdulos)

    concebidas para apoiar, facilitar o trabalho e favorecer a comunicao dos

    farmacuticos que realizam SF. Entre estas utilidades, encontra-se uma destinada

    a elaborar e gerir a histria farmacoteraputica informatizada do paciente

    (evita-se o registro da informao em papel). Alm disto, esta gesto da histria

    farmacoteraputica foi pensada para poder desenvolver as distintas fases do

    Mtodo Dder de SF: elaborao e avaliao dos estados de situao do paciente,

    desenho do plano de atuao, etc.

    O uso do DaderWeb gratuito e independente. Os nicos requisitos para a utilizao

    desta ferramenta pelos farmacuticos so um computador com ligao Internet,

    um navegador WWW e a inscrio ser aceita pela coordenao do Programa

    Dder.(www.daderweb.es)

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    3. Resultados negativos associados medicao (RNM)

    3.1. PROBLEMAS RELACIONADOS COM OS MEDICAMENTOS (PRM) NO SEGUNDO CONSENSO DE

    GRANADA (2002).

    Em 1990, Strand e col24 publicaram o primeiro artigo no qual se abordou

    conceitualmente o termo drug-related problems, traduzido para o espanhol como

    Problemas Relacionados com os Medicamentos (PRM). Desde ento, e at o ano

    2007, o debate acerca da idoneidade e do signicado deste termo permaneceu

    em aberto.

    Na Espanha, o termo PRM deniu-se pela primeira vez em 1998, no primeiro

    Consenso de Granada, sobre Problemas Relacionados com Medicamentos25.

    Diferentes interpretaes da denio original levaram a que o conceito fosse

    revisto novamente no ano de 2002, no Segundo Consenso de Granada26, no qual

    nalmente cou denido como problemas de sade, entendidos como resultados

    clnicos negativos, devidos farmacoterapia que, provocados por diversas causas,

    conduzem ao no alcance do objetivo teraputico ou ao aparecimento de efeitos

    no desejados.

    necessrio estar atento a certos aspectos desta denio:

    De acordo com a WONCA27, resultado dene-se como uma alterao do

    estado de sade anterior, e atribuvel interveno em sade. Outros

    autores, como Bada e Bigorra28, denem resultado, de forma semelhante

    anterior, como o efeito atribuvel a uma interveno, ou sua ausncia,

    dEstado de sade: descrio e/ou medida da sade de um indivduo ou populao

    num momento concreto, segundo normas identicveis, habitualmente com referncia

    a indicadores de sade. Referncia: adaptada do Glossrio de Termos usados na srie

    Sade para Todos N 9, OMS, Genebra, 1984.

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.20

    sobre um estado de sade prvio.

    Ao falar-se de PRM como ...resultados..., devidos farmacoterapia...,

    entende-se que estes eram uma consequncia (mudana no estado de

    sade) do uso (ou desuso) dos medicamentos que, neste caso, constituiriam

    a interveno em sade. Por isto, os PRM no deviam ser confundidos comos problemas que podem aparecer ou produzir-se durante o processo de

    uso dos medicamentos que, em todo o caso, poderiam ser as causas dos

    PRM (ex.: Sobredose de um medicamento)

    Os PRM consideravam-se ...resultados clnicos negativos.... Em 1993,

    Kozman y col.29deniram, no chamado modelo ECHO, os distintos tipos de

    resultados que devem ser esperados de qualquer atividade em sade e

    classicaram-nos em: humansticos, econmicos e clnicos. Por denio, os

    PRM pertenciam a este ltimo grupo de resultados em sade.

    Na sequncia do comentado anteriormente, a WONCA27dene resultadoclnico como um estado de sade, num momento determinado, em

    consequncia de uma interveno/situao clnica prvia (doena,

    tratamento, experincia, etc.) .

    No que diz respeito aos PRM, a palavra negativos d motivo para que

    o estado de sade do paciente seja entendido como algo no desejado,

    como um desvio da normalidade, quer dizer, tal e qual se enunciou na

    denio do Segundo Consenso de Granada: os PRM como problemas de

    sadee.

    Elementos do processo deuso dos medicamentos

    Interveno

    Medicamento

    Resultados do uso dosmedicamentos

    Dosagem do medicamento

    Consideraes das precaues econtraindicaes

    Presena das interaes

    Necessria e correta prescrio/indicao do medicamento

    Cumprimento das normas deutilizao e administrao

    Adeso ao tratamento

    Duplicidade

    Etc.

    Positivos

    Negativos

    PRM

    SintomasSinais

    Eventos Clnicos

    Medies fisiolgicas

    ou metablicas

    Morte

    eProblema de sade: qualquer queixa, observao ou fato que o paciente e/ou m-

    dico percebem como um desvio da normalidade que tenha afetado, possa afetar ou

    afete a capacidade funcional do paciente.

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    Para medir os resultados clnicos e, em consequncia, as mudanas no

    estado de sade, existem diferentes tipos de variveis. Consequentemente,

    estas variveis tambm serviriam para medir resultados clnicos negativos

    devidos farmacoterapia (PRM).

    Os tipos de variveis clnicas utilizadas para medir resultados clnicos so:os sintomas (ex. dor) e sinais (ex.: tosse), os eventos clnicos (ex.: enfarte

    agudo do miocrdio), as medidas siolgicas ou metablicas (ex.: nveis de

    glicemia) e a morte28.

    Frequentemente, estas variveis clnicas so utilizadas em investigao como

    medidas de resultado para avaliar o funcionamento ou a efetividade de uma

    determinada interveno ou tratamento (neste caso, os medicamentos).

    3.2. A EVOLUO DO TERMO PRM

    3.2.1. Resultados negativos associados medicao

    Como j se viu anteriormente, um dos pontos-chave na denio de PRM dada pelo

    Segundo Consenso de Granada que os PRM eram resultados(clnicos negativos),

    pelo que no deviam confundir-se com falhas ou problemas que pudessem aparecer

    ou produzir-se durante o processo de uso dos medicamentosque, em todo caso,

    poderiam ser causas de PRM.

    Um exemplo que permitir entender esta distino, entre causas e resultados,observa-se com a sobredose (excesso de quantidade do frmaco que se administra

    de uma vez). Se considerarmos a sobredose, um PRM assumiria, por denio, ser

    um problema de sade, ou seja, um resultado clnico negativo. Contudo, isto no

    assim. E, no o porque a sobredose no se mede utilizando uma varivel clnica

    (que, como se comentou anteriormente, medem resultados clnicos); a sobredose

    mede-se, por exemplo, atravs da quantidade de frmaco que se administrou. Est

    errado pensar que se podia medir a sobredose atravs da monitorizao de um

    determinado parmetro (ex.: modicaes da presso arterial), uma vez que, o que

    se estaria fazendo, seria determinar o possvel efeito da sobredose numa varivelclnica.

    Em concluso e de acordo com o Segundo Consenso de Granada, a sobredose podia

    ser a causa do aparecimento de um PRM, mas nunca um PRM, pois um elemento do

    processo de uso dos medicamentos, e no,um resultado deste processo de uso.

    Este mesmo raciocnio poderia aplicar-se no adeso, interao farmacolgica,

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.22

    duplicidade, etc. Todos estes, tal como a sobredose, so problemas que podem

    aparecer durante o processo de uso dos medicamentos e inuir sobre as variveis

    clnicas do paciente.

    Em 2005, Fernndez-Llims e col30publicaram um artigo no qual reviram o conceito de

    problemas relacionados com os medicamentos e de problemas da farmacoterapiae as suas relaes com outros conceitos, tal como os resultados negativos da

    medicao.

    Neste trabalho, os autores explicam como o termo PRM amplamente utilizado

    na literatura, mas nem sempre signicando o mesmo conceito. Devido s diversas

    denies e classicaes de PRM, misturou-se processo (causas) com resultados.

    Neste sentido, destacam-se as classicaes de alguns grupos e sociedades

    cientcas de referncia, como por exemplo: a do PI-doc31

    , a da American Societyof Health System Pharmacists32, a proposta por Cipolle e col33ou, mais recentemente,

    a da PCNE v.4.034, e a publicada por Abu Ruz35. Nestas classicaes, as interaes, o

    no cumprimento (falta de adeso ao tratamento) ou a subdosagem, entre outros,

    aparecem como PRM. De acordo com o Segundo Consenso de Granada, estes

    so problemas ou falhas do processo de uso dos medicamentos e seriam causas do

    aparecimento de PRM.

    No obstante, este fato no se limita apenas a algumas classicaes aceitas ou

    adotadas por certos grupos ou sociedades cientcas, mas tambm se reete numa

    grande quantidade de artigos publicados por muitos outros autores, que misturam

    elementos do processo de uso dos medicamentos com resultados. Por exemplo,

    Alegre e col36consideram os erros na administrao ou a duplicidade como PRM.

    Outro fato que est exposto no trabalho de Fernndez-Llims e col30 a diversidade

    de termos que se chegaram a utilizar, sobretudo na literatura anglo-saxnica, para

    referir os PRM. Isto pode tornar ainda mais difcil a possibilidade de concretizar de

    maneira uniforme um conceito. Alguns exemplos so: drug-related problems (DRP),

    drug therapy problems (DTP), medicine-related problems (MRP), medication-related

    problems (MTP), pharmacotherapy failures, drug treatment failure e pharmacotherapy

    problem.

    Entre os principais problemas originados pela existncia desta diversidade de termos,

    utilizados para denominar os efeitos negativos produzidos pelos medicamentos

    que, alm disso, no tm um signicado comum, encontra-se a diculdade, que vai

    existir, para conhecer a sua incidncia reale para comparar os resultadosobtidos

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    nos diferentes estudos.

    Toda esta confuso que o termo PRM gerava tornou mais premente a necessidade

    de se utilizar termos biomdicos que, sendo comumente aceitos, trazem uma

    maior especicidade e no so refutveis. Neste sentido, Fernndez-Llims e col30,37

    propuseram a utilizao de: resultados clnicos negativos da medicao.

    O uso desta nova terminologia para designar os PRM foi posteriormente acordado

    por consenso num grupo de peritos (Terceiro Consenso de Granada sobre PRM e

    RNM) que, por m, adotou o termo resultados negativos associados ao uso dos

    medicamentos; de forma abreviada, resultados negativos associados medicao

    (RNM)8.

    OsRNM so problemas de sade, alteraes no desejadas no estado de sade do

    paciente atribuveis ao uso (ou desuso) dos medicamentos. Para medi-los, utiliza-

    se uma varivel clnica (sintoma, sinal, evento clnico, medio metablica ou

    siolgica, morte), que no atinge os objetivos teraputicos estabelecidos para o

    paciente

    Recorda-se a denio de PRM do Segundo Consenso de Granada (PRM: entendidos

    como resultados clnicos negativos), nesta parte do texto, pode-se observar que

    o conceito de resultado clnico se mantm (prevalece), independentemente do

    termo empregado para o designar (PRM vs. RNM).

    3.2.2. O termo PRM atualmente

    Uma vez esclarecida a necessidade de utilizar termos de maior especicidade

    (RNM), que se prestem a menor confuso possvel, preciso comear a aplic-los.

    No obstante, este passo no fcil de dar. Isto se deve fundamentalmente ao fato

    de o termo PRM se encontrar muito enraizado e difundido no mbito prossional

    farmacutico, como se pode deduzir pela quantidade de anos de trabalho na

    Espanha e em outros pases do mundo.

    Apesar desta diculdade, a transio de um termo a outro torna-se cada vez maisindispensvel, j que, alm de ser uma mudana apropriada, o termo PRM deixou

    de ser equivalente a RNM e passa a ser utilizado para denir um novo conceito.

    Este novo conceito de PRM foi proposto desde o Foro de Atencin Farmacutica38.

    Esta instituio poltica e das cincias relacionadas com o mundo da Farmcia,

    consciente da importncia de uma linguagem comum, assumiu o compromisso de

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.24

    consensualizar um conjunto de denies, de modo a que todos os prossionais que

    esto relacionados, de qualquer forma, com a Ateno Farmacutica, utilizem os

    mesmos termos com signicado idntico.

    As distintas instituies e sociedades cientcas que constituem o Foro so: o Ministerio

    de Sanidad y Consumo, o Consejo General de Colegios Ociales de Farmacuticos,

    as Sociedades Cientcas de Atencin Primaria (SEFAP), de Farmacia Comunitria

    (SEFaC), e de Farmacia Hospitalaria (SEFH), a Fundacin Pharmaceutical CareEspaa, o Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica de la Universidad de

    Granada e a Real Academia Nacional de Farmcia.

    No que diz respeito ao termo PRM, o Foro prope que passem a denominar-se PRM

    aquelas situaes que causam ou podem causar o aparecimento de um resultado

    negativo associado ao uso dos medicamentos. Portanto, os PRM passam a ser

    todas as situaes que colocam o usurio de medicamentos em maior risco de sofrer

    um RNM. Neste momento, os PRM deixam de ser conceitualmente equivalentes aos

    RNM, cando perfeitamente diferenciados.

    Alm disto, o Foro prope uma listagem, no exaustiva nem excludente, de PRM,

    que podem ser apontados como possveis causas de um RNM:

    Administrao errada do medicamento

    Caractersticas pessoais

    Conservao inadequada do medicamento

    Elementos do processo deuso dos medicamentos

    Dosagem do medicamento

    Consideraes das precaues econtraindicaes

    Presena das interaes

    Necessria e correta prescrio/indicao do medicamento

    Cumprimento das normas deutilizao e administrao

    Adeso ao tratamento

    Duplicidade

    Etc.

    PRM

    Interveno

    Medicamento

    Resultados do uso dosmedicamentos

    Positivos

    Negativos

    RNM

    SintomasSinais

    Eventos Clnicos

    Medies fisiolgicasou metablicas

    Morte

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    Contraindicao

    Dose, esquema teraputico e/ou durao no adequada

    Duplicidade

    Erros na dispensao

    Erros na prescrio

    No adeso

    Interaes

    Outros problemas de sade que afetam o tratamento

    Probabilidade de efeitos adversos

    Problema de sade insucientemente tratado

    Outros

    3.3. IMPORTNCIA DOS RESULTADOS NEGATIVOS ASSOCIADOS MEDICAO

    Considere o caso de um paciente hipertenso, corretamente diagnosticado, tratado

    com o frmaco que mais se adequa sua situao clnica, que foi corretamenteinformado sobre o uso do medicamento e que apresenta uma adequada adeso

    s instrues recebidas e ao esquema teraputico prescrito. A pergunta : todosestes fatos garantem que a presso arterial do paciente esteja controlada durante

    as 24 horas do dia? Responder que sim seria arriscado, j que so numerosos os casos

    nos quais, por diversos motivos, no se atingem os resultados desejados.

    preciso entender que garantir o processo de uso de um medicamento no assegura

    que se atinjam resultados positivos no paciente.

    Relao entre processo de uso dos medicamentos e resultados negativos associados medicao.

    Bom processo de uso

    Resultados positivos

    Resultados negativos

    Resultados negativos

    Resultados positivos

    Mau proceso de uso

    Aumenta a probabilidade

    Aumenta a probabilidade

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.26

    Esta falta de correlao entre o processo de uso dos medicamentos e os

    resultados obtidos torna necessrio que qualquer prtica assistencial seja

    centrada, invariavelmente, nos resultados na sade do paciente, que so os que

    verdadeiramente determinam o grau de benefcio ou dano para o paciente.

    Em todas as situaes, essencial assegurar ou garantir um correto processo deuso dos medicamentos, uma vez que, sem dvida, isto aumenta notavelmente a

    probabilidade de sucesso no resultado.

    Pelo seu elevado interesse e relevncia, necessrio que os resultados em sade

    devidos a qualquer atividade assistencial farmacutica sejam devidamente

    avaliados e medidos. S deste modo se poder avaliar e demonstrar o benefcio

    e a efetividade da interveno do farmacutico na sade do paciente. Por vezes,

    a ausncia de resultados ou a ausncia de melhoria foi usada como argumento

    contra o benefcio da interveno do farmacutico. Em investigao, no mediros resultados clnicos de uma interveno ou tratamento considerado uma

    debilidade, em qualquer estudo sobre uma prtica assistencial.

    O fato de se conferir tanta importncia aos resultados da farmacoterapia no

    implica negligenciar a ateno ou no tentar solucionar as incidncias que

    possam detectar-se no processo de uso dos medicamentos (PRM). De fato, estes

    problemas podero ser identicados com maior facilidade e frequncia do que os

    prprios resultados negativos, sobretudo durante processos assistenciais como o da

    dispensao, no qual h que assegurar que o paciente conhece o modo correto de

    uso e de administrao dos medicamentos.

    3.4. SUSPEITAS DE RESULTADOS NEGATIVOS ASSOCIADOS MEDICAO

    De acordo com a denio, SF8: o servio prossional que tem como objetivo a

    deteo de Problemas Relacionados com Medicamentos (PRM), para a preveno

    e resoluo de Resultados Negativos associados Medicao (RNM). Este servio

    implica compromisso que deve ser disponibilizado de modo contnuo, sistemtico e

    documentado, em colaborao com o paciente e com os prossionais do sistema desade, com a nalidade de atingir resultados concretos que melhorem a qualidade

    de vida do paciente.

    A partir desta denio deduz-se que:

    O SF procura resolver RNM manifestados no paciente. Estes podero ser

    detectados, pois existem variveis clnicas que permitem conrmar a sua

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    presena.

    O SF tambm deve prevenir o aparecimento ou a manifestao de RNM

    no paciente. Estes RNM podem no ter aparecido, mas apresentam uma

    elevada probabilidade de se manifestar, ou ento no existe a possibilidade

    de conrmar a sua presena, por no se dispor de uma varivel clnica quepermita avaliar o seu estado (existe o problema de sade, mas no pode ser

    medido).

    Nestes casos, embora no se possa conrmar a presena do RNM, ser

    possvel identicar a(s) situao(es) de risco (PRM ou outras causas) que

    aumenta(m) a probabilidade do RNM aparecer ou se manifestar. Estes casos

    sero designados por suspeitas de resultados negativos da medicao.

    Em suma, considera-se que existe uma suspeita de RNM quando se identica

    uma situao na qual o paciente est em risco de sofrer um problema de sadeassociado ao uso dos medicamentos, geralmente pela existncia de um ou mais

    PRM, que podem ser considerados fatores de risco dos RNM.

    Para entender este conceito, apresenta-se o seguinte exemplo: paciente com

    diabetes tipo 2, que no cumpre o seu tratamento antidiabtico oral. Identica-

    se um PRM (a no adeso ao tratamento), que corresponde situao de risco

    que aumenta a probabilidade de que se manifeste o problema (RNM): aumento

    dos valores de glicemia e de hemoglobina glicosilada A1c (HbA1c). Antes de se

    manifestar o RNM, a presena do PRM (no adeso) pode gerar o aparecimento de

    uma suspeita de RNM, sobre a qual o farmacutico poder intervir (ex.: promovendo

    a adeso) para evitar (prevenir) que o problema de sade (aumento da glicemia)

    se manifeste.

    3.5. CLASSIFICAO DOS RESULTADOS NEGATIVOS ASSOCIADOS MEDICAO

    A classicao dos resultados negativos da medicao semelhante estabelecida

    para os PRM no Segundo Consenso de Granada26.

    Para classicar os RNM, necessrio considerar as trs premissas que a farmacoterapiautilizada pelos pacientes deve cumprir: ser necessria (deve existir um problema de

    sade que justique o seu uso), ser efetiva (deve atingir os objetivos teraputicos

    planejados) e ser segura (no deve produzir nem agravar outros problemas de

    sade). O medicamento que origina um RNM no cumpriu, pelo menos, uma destas

    premissas.

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    O Mtodo Dder de Seguimento Farmacoteraputico um procedimento operativo

    simples que permite realizar SF a qualquer paciente, em qualquer mbito assistencial,

    de forma sistematizada, continuada e documentada. A sua aplicao permite

    registrar, monitorar e avaliar os efeitos da farmacoterapia utilizada por um paciente,

    atravs de procedimentos simples e claros.

    O Mtodo Dder baseia-se em obter informao sobre os problemas de

    sade e sobre a farmacoterapia do paciente para ir elaborando a histria

    farmacoteraputica. A partir da informao contida na histria, elaboram-se os

    estados de situao do paciente, que permitem visualizar o panorama sobre a sua

    sade e o seu tratamento em distintos momentos, assim como avaliar os resultados

    da farmacoterapia. Em consequncia da avaliao e da anlise dos estados desituao, estabelecido um plano de atuao com o paciente, onde caro

    registradas todas as intervenes farmacuticas que se considerem oportunas para

    melhorar ou preservar o seu estado de sade.

    Apesar de o Mtodo Dder estabelecer normas bsicas para a realizao do SF,

    este mtodo caracteriza-se por ser adaptvel e por se ajustar s particularidades do

    local assistencial onde se pode realizar39,40.

    Por outro lado, o Mtodo Dder tambm se distingue por evoluir (melhorar) e

    adequar-se s necessidades de uma atividade clnica - o SF, que est em contnuo

    desenvolvimento. Isto quer dizer que o mtodo tende a sofrer reformas ou inovaes

    (atualizaes) devidas experincia adquirida com a prtica do SF que, por sua

    vez, levam a contnuas revises do mtodo12, 41-43, como por exemplo, a presente.

    As modicaes no mtodo so, fundamentalmente, baseadas na experincia

    acumulada pelos farmacuticos que o utilizam, nas investigaes realizadas

    graas ao envio das intervenes farmacuticas para o Programa Dder e em

    outros raciocnios realizados em consequncia do trabalho assistencial, docente e

    investigador de muitos prossionais.

    A utilidade deste procedimento manifesta-se quando se percebe o elevado

    nmero de farmacuticos, de diversos pases do mundo, que o pem em prtica44-47. Igualmente, destaca-se a sua capacidade de aplicao em distintos contextos

    assistenciais 48-54.

    4. Mtodo Dder de Seguimento Farmacoteraputico

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    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.30

    Em suma, apresenta-se o seguinte esquema que resume as sete etapas do Mtodo

    Dder de SF:

    Motivo daconsulta

    Programao daentrevista

    Plano de atuao

    1

    2

    3

    4

    5

    6

    7

    O pacienteaceita o SF?

    Intervenoaceita?

    Oferta doservio

    Estado de situao

    Fase de estudo

    Fase de avaliao

    Fase de interveno

    Entrevistas sucessivas

    Identicaode RNM e outrasnecessidades do

    paciente

    No

    No

    Sim

    Sim

    Entrevista farmacutica(primeiras entrevistas)

    Sada doservio

    P.S.controlado

    P.S. nocontrolado

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    4.1. OFERTA DO SERVIO

    Em linhas gerais, a oferta do servio consiste em explicar, de forma clara e concisa,

    a prestao dos cuidados de sade que o paciente vai receber: o que , o que

    pretende e quais so as suas caractersticas principais. Obviamente, que o seu

    propsito ser convidar e incluir o paciente no servio de SF.

    O destinatrio indiscutvel da oferta do servio o paciente. Este quem vai receber

    a assistncia e, por isto, quem deve tomar a deciso de aceitar ou no, o servio

    que lhe foi oferecido.

    Contudo, em certos contextos assistenciais, a oferta do servio ao paciente inicia-

    se com a oferta do servio a outros prossionais de sade (geralmente mdicos,

    responsveis diretos pela sade do paciente, no mbito onde exercem), que

    decidiro previamente se conveniente proporcionar-lhe este novo servio de

    sade. Isto ocorre em hospitais, em lares de idosos ou em centros de cuidados

    primrios de sade. importante que, ao oferecer o servio a estas pessoas, se

    apresente documentao de apoio, contendo informao essencial sobre o servio

    que se pretende prestar.

    Sem dvida, que a farmcia comunitria o contexto assistencial por excelncia

    onde a oferta do servio realizada diretamente ao paciente. Neste mbito, o

    farmacutico o prossional de sade mais acessvel e prximo do paciente, e no

    existe nenhum membro da equipe de sade que possa interferir na aceitao do

    servio.

    Geralmente, o servio de SF oferecido quando se percebe alguma necessidade do

    paciente relacionada com os seus medicamentos. Algumas situaes que podem

    reetir esta necessidade e dar lugar oferta do servio so:

    O paciente pergunta algo sobre um medicamento, um problema de sade,

    um parmetro bioqumico ou um relatrio sobre a sua sade.

    O farmacutico recebe uma queixa sobre algum medicamento prescrito

    ou detecta algum PRM (ver subcaptulo 3.2.2) durante o processo de

    dispensao de medicamentos.

    O paciente manifesta alguma preocupao sobre algum dos seus

    medicamentos ou problemas de sade.

    O farmacutico observa algum parmetro clnico diferente do valor

    esperado para o paciente.

    O paciente solicita o servio de SF.

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Isto pode demorar algum tempo, pelo que teremos de continuar a ver-

    nos.

    Ao concluir a oferta do servio, importante, para que a entrevista farmacuticadecorra satisfatoriamente, combinar com o paciente o seguinte:

    O dia e a horaem que vai ocorrer o primeiro encontro (primeira entrevistafarmacutica). Tambm, pode ser adequado indicar a durao aproximada

    da entrevista.

    Que traga a sacola de medicamentos. Quer dizer, que traga todos osmedicamentos que tem em sua casa, quer os que utiliza atualmente, quer

    os que j no usa. Isto permite eliminar os medicamentos que o paciente j

    no utiliza e/ou no necessita.

    Que traga toda a documentao clnicadisponvel (recordar-lhe que no se

    esquea da que for mais recente). Por exemplo, relatrios com diagnsticos,anlises laboratoriais, medies feitas em casa. Toda esta informao

    objetiva sobre os problemas de sade do paciente permite esclarecer e

    completar a informao obtida durante a entrevista pessoal.

    Quem deve ser o primeiro paciente em SF?

    Embora o SF permita trabalhar com qualquer paciente que utilize medicamentos,

    aconselha-se comear com pacientes cujos problemas de sade possam ser

    tratados e monitorados na farmcia (ex.: pacientes com hipertenso, com diabetes,

    com dislipidemia).

    Este tipo de paciente possibilita trabalhar com os recursos disponveis na farmcia,

    como o esgmomanmetro e aparelhos de medio do colesterol, da glicemia e

    outros. Deste modo, pode-se monitorar os dados clnicos do paciente que permitiro

    saber se os problemas de sade esto controlados e avaliar a efetividade dos

    tratamentos. Isto confere uma grande autonomia no trabalho e permite ir ganhando

    conana para futuros pacientes. Por outro lado, so pacientes que precisam

    de intervenes nos estilos de vida e em outras medidas higinico-dietticas. Isto

    favorece a interveno educativa direta do farmacutico e o trabalho conjuntocom o paciente, que se prolongar inevitavelmente no tempo, por se tratar de

    problemas de sade crnicos.

    Outro aspecto importante a considerar para selecionar o primeiro paciente que

    apresente alguma queixa ou preocupao. Esta necessidade do paciente pelo

    servio faz com que tenha uma maior predisposio em colaborar.

    Em geral, deve-se tentar evitar que os primeiros pacientes em SF apresentem as

    seguintes caractersticas:

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.34

    Utilizem muitos medicamentos (mais de 5 ou 6).

    Padeam de doenas psiquitricas.

    Apresentem diculdades de comunicao.

    Estes pacientes podero ser abordados posteriormente, quando se dominar o

    processo.

    4.2. ENTREVISTA FARMACUTICA: PRIMEIRA ENTREVISTA

    As entrevistas farmacuticas com o paciente constituem a base do SF. O progressoe os resultados desta prtica assistencial dependem, em boa medida, de como o

    farmacutico e o paciente se comunicam entre si56.

    Nas entrevistas, o paciente revela a sua viso sobre os problemas de sade de que

    sofre e o seu tratamento, aportando informao valiosa (informao subjetiva), que

    o farmacutico vai recolher, compreender e interpretar57. importante ter presente

    e entender que as entrevistas com o paciente constituem a principal fonte de

    informao durante o SF.

    No obstante, em qualquer entrevista clnica58, ouxo da informao bidirecionale, portanto, o farmacutico no se limita a observar ou a tomar notas do que o

    paciente refere. A entrevista serve para recolher informao importante sobre

    o paciente ou para desencadear aes destinadas a melhorar ou a preservar o

    estado de sade do paciente.

    Embora os encontros com o paciente se repitam periodicamente durante este

    processo assistencial, o objetivo dos mesmos pode variar. Na primeira entrevista,

    Exerccio 1. Escolhamos um paciente.

    Para aprender a fazer SF, preciso superar os receios e escolher o primeiro pa-

    ciente. importante que saibamos que o propsito para trabalhar com o primei-

    ro paciente aprender, e que provavelmente no conseguiremos ajud-lo tanto

    quanto desejaramos ou que poderemos fazer quando dominarmos o processo.

    Escolha um paciente que se adeque s metas estabelecidas e proponha-lhe o

    servio de SF. No se esquea de marcar uma data para a primeira entrevista

    e diga-lhe para trazer a sacola com os medicamentos e os documentos de que

    disponha.

    Boa sorte!

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    35

    o objetivo consiste em obter a informao inicial do paciente e abrir a histria

    farmacoteraputica. Habitualmente, nesta primeira entrevista, o uxo da informao

    predominante do paciente para o farmacutico.

    Nas entrevistas posteriores (sucessivas) incerto o que se vai realizar: obter informao

    que possa faltar sobre o paciente, efetuar educao para a sade, propor um planode trabalho ao paciente, iniciar uma interveno concreta, obter informao sobre

    o desenrolar de uma interveno, etc. Nestes encontros sucessivos, o farmacutico,

    que j realizou a fase de estudo e que analisou o caso, poder aconselhar, instruir e

    fornecer muita informao ao paciente.

    Tal como ocorre com a oferta, dependendo do contexto onde se presta o servio de

    SF, podem existir diferenas quanto informao que se pode obter dos pacientes

    (diagnsticos mdicos, medicao anterior, dados clnicos, exames mdicos, etc.).

    Isto ocorre, por exemplo, em hospitais, lares de idosos ou centros de sade, onde sepode ter acesso histria clnica do paciente. Consult-la possibilita:

    1.Conhecer os problemas de sade e os medicamentos do paciente antes

    de entrevist-lo, o que ajuda a focar os aspectos que sero abordados

    durante a entrevista.

    2.Vericar e complementar a informao obtida na entrevista

    farmacutica.

    Em resumo, as entrevistas constituem um elemento imprescindvel e fundamentalpara o desenvolvimento do SF. As entrevistas so realizadas tantas vezes quantas

    sejam necessrias, quer dizer, cada vez que se precise da interao comunicativa

    entre o farmacutico e o paciente, seja pelo motivo que for.

    4.2.1. Estrutura e desenvolvimento da primeira entrevista farmacutica

    A nalidade essencial da primeira entrevista obter a informao inicial sobre os

    problemas de sade e os medicamentos do paciente, que permita iniciar a histria

    farmacoteraputica.

    Por outro lado, a primeira entrevista poder servir, por exemplo, para fornecer alguma

    informao de interesse para o paciente e, inclusive, para iniciar determinadas

    aes destinadas a resolver alguma situao indesejada para a sua sade. Desta

    forma, o paciente sentir que j est se beneciando deste seu encontro com o

    farmacutico.No obstante, estas aes devero realizar-se preferencialmente em

    encontros posteriores, aps o caso ter sido estudado detalhadamente.

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.36

    O Mtodo Dder de SF estrutura ou divide a primeira entrevista em trs partes:

    A. Preocupaes e problemas de sade

    B. Medicamentos

    C. Reviso geral por sistemas

    A. Preocupaes e problemas de sade.

    Esta fase da entrevista consiste numa pergunta aberta que pretende indagar sobre

    as preocupaes de sade do paciente. Deve-se procurar que o paciente responda

    amplamente e que realize uma descrio o mais completa possvel sobre os seus

    problemas de sade desde o incio, expondo as suas ideias e as suas dvidas.

    Para iniciar esta parte da entrevista, conveniente comear com algum

    comentrio que quebre o gelo e permita iniciar a conversa, uma vez que compete

    ao farmacutico apresentar-se e estabelecer, de maneira clara, o propsito desta

    entrevista.

    Por exemplo:

    Boa tarde, o meu nome XXX e sou farmacutico. Gostaria de falar um pouco com

    o(a) senhor (a) sobre os seus medicamentos. Mas antes, gostaria que falssemos

    Esquema da primeira entrevista. Pasta da histria farmacoteraputica.Fonte: Programa Dder.Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. CTS-131 Universidade de Granada

    Etapas para realizar a primeira entrevista farmacutica

    Etapa 1. Pergunta aberta sobre as preocupaces de sade. Pretende explorar o que o paciente pensa sobre a sua doena.O objetivo que o paciente faa uma descrio dos problemasde sade desde o seu incio, expondo as suas preocupaes eas suas dvidas.

    Etapa 2. Perguntas semiabiertas sobre os medica -mentos. A informao obtem-se atravs das seguintes

    perguntas:1. Voc usa o medicamento?

    2. Para qu voc usa?

    3. Quem o receitou/indicou?

    4. Desde h quanto tempo usa esse medicamento? Vai us-lo at quando?

    5. Quanto usa?

    6. Esquece-se alguma vez de usar? Quando est bem, deixade usar o medicamento ? E quando se sente mal?

    7. Est melhor (sente o efeito do medicamento?, Comosente o efeito?)

    8. Como o utliza? Tem alguna diculdade em us-lo?, Con -hece alguma precauo? (normas de uso e de administrao)

    9. Nota alguma coisa estranha relacionada com o uso domedicamento?

    Etapa 3. Fase de reviso: realiza-se de acordo com a sequncia, o quepermite fazer uma reviso da cabea aos ps.

    Motivo da oferta do servio

    Cabelo:Cabea:Ouvidos, olhos, nariz, garganta:Boca (aftas, secura...):Pescoo:Mos (dedos, unhas...):Braos:Corao:Pulmes:Barriga:Rins:Fgado:Orgos genitais:Pernas:Ps (dedos, unhas):Msculos:Pele (securas, erupes...):Psicolgico:

    Parmetros quantificveis (PA, colesterol,peso, altura...):

    Estilos de vida (tabaco, lcool, dieta, exercicio...)Vacinas e alergias.

    Reviso:

    Utilize as tabelas-resumo para registar os parmetros dopaciente.

    Problema de Sade:

    Problema de Sade:

    Problema de Sade:Incio:Problema de Sade:

    Informao bsica a obter sobreos problemas desade(P.S.): 1) Preocupaes eexpetativas do pacienteem relao ao P.S., 2) Perceo sobreo controlo do P.S.(sintomas,sinais,parmetros quanticveisassociados evoluo da doena,interpretao dos parmetros quanticveis),3) Situaes ou causas do P.S.no estar controlado., 4) Periodicidadedos controlos mdicos , 5) Estilos devida emedidashigino-dietticasrelacionadas com o problema desade.

    Problema de Sade: Incio:

    Entrevista Farmacutica:Problemas de Sade Data: Folha: /DADERp r o g rama

    Inicio:

    Inicio: Problema de Salud: Inicio:

    Inicio:

    Problema de Sade: Incio:

    Incio:Posologia prescrita

    Posologia utilizada

    Medicamento:

    Substncia ativa:

    P.S. que trata:

    Data deincio

    Posologia prescrita

    Posologia utilizada

    Perceo da efetividade: Est melhor?

    Modo de uso e de administrao

    Observaes

    Prescritor:

    Perceo da segurana: Algo de estranho?

    Entrevista farmacutica:Medicamentos Data: Folha: /

    Medicamento:

    Substncia ativa:

    P.S. que trata:

    Data deincioPerceo da efetividade: Est melhor?

    Modo de uso e de administrao

    Observaes

    Prescritor:

    Posologia prescrita

    Posologia utilizada

    Medicamento:

    Substncia ativa:

    P.S. que trata:

    Data deincioPerceo da efetividade: Est melhor?

    Modo de uso e de administrao

    Observaes

    Prescritor:

    Perceo da segurana: Algo de estranho?

    Perceo da segurana: Algo de estranho?

    DADERp r o g r a m a

    Data Hora PAS PAD Fr.Car

    Parmetros do paciente

    Presso ArterialMedidas antropomtricas

    Glicemia Capilar

    Dados do laboratrio

    D at a H bA 1c Glic.-jj Col- T TG L DLc HDLc

    Data ACM DCM AA DA AJ DJ

    Data Altura Peso IMC C i rc.Abd om . Ind .C int/Quad r i l

    Folha: /

    DADERp r o g rama

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    37

    uns minutos sobre o que mais o preocupa em relao sua sade. Feito isto, o

    paciente deve iniciar a sua resposta.

    Para cada problema de sade referido pelo paciente, o ideal seria obter informao,

    considerada bsica, que facilite a anlise do caso e oriente a tomada de decises.

    Neste sentido, importante:

    Registrar e avaliar a preocupao do paciente pelo problema de sade,

    as expectativas que tem e como convive diariamente com o problema.

    Tudo isto permite relativizar a importncia que o paciente confere a

    cada problema de sade, o qual pode ser determinante na fase posterior

    de interveno, pois possibilita dar prioridade e orientar a atuao do

    farmacutico.

    Conhecer o incio dos problemas de sade, j que isto permite estabelecer

    relaes temporais com a administrao dos medicamentos. Se for possvel,deve-se tentar obter relatrios mdicos que indiquem o diagnstico concreto

    do problema de sade e a sua data de incio.

    Conhecer a perceo do paciente sobre o controle de cada problema de

    sade.Para isto, h que perguntar-lhe sobre:

    Os sintomas, sinais e medidas clnicas que ele relaciona com o controle

    do problema de sade. Se h disponvel alguma medio clnica (ex.:

    valor de colesterol total), seria conveniente que o paciente realizasse a

    interpretao dos dados. Magnitude ou gravidade das manifestaes clnicas quando o problema

    de sade no est controlado.

    Situaes ou causas que associa ao descontrole do problema de sade.

    Periodicidade dos controles mdicos.

    Perguntar sobre os estilos de vida (dieta, exerccio, tabagismo, etc.) e

    medidas higinico-dietticas relacionadas com o problema de sade

    e que integram o tratamento no farmacolgico. importante avaliar o

    conhecimento e o cumprimento que o paciente faz destas recomendaes.

    Habitualmente, a resposta do paciente a esta pergunta aberta no costuma centrar-

    se nos aspectos mencionados. Em geral, recomenda-se deixar que o paciente

    continue at nalizar a sua explicao e ir anotando a informao que tenha

    faltado obter para lhe perguntar posteriormente na fase da reviso. Outra opo

    ir conduzindo a resposta e ir abordando paulatinamente os distintos aspectos dos

    problemas de sade.

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Para conduzir uma conversa com um paciente preciso ter alguma experincia e

    ter a habilidade necessria, para que qualquer comentrio que surja no constitua

    uma interrupo nem seja interpretado, pelo paciente, como um incmodo. Isto

    pode ocasionar diculdades na comunicao.

    Em outros casos, em que o paciente comece a falar de determinados assuntosque desviem e desorientem a entrevista, ser imprescindvel intervir para reconduzir

    a situao, evitando assim que a entrevista se prolongue em excesso e/ou seja

    ineciente.

    Quando se entrevistam pacientes que no sejam excessivamente comunicativos e/

    ou no ofeream uma resposta satisfatria pergunta aberta, d-se continuidade

    entrevista, passando segunda parte:

    B. Medicamentos.

    Para iniciar esta segunda parte da entrevista, centrada na medicao, uma boa

    opo retirar os medicamentos da sacola trazida pelo paciente, um a um, para

    obter a informao oportuna de forma individualizada. Segurar nas embalagens dos

    medicamentos e mostr-las ao paciente, parece ser melhor do que utilizar apenas

    os nomes dos mesmos, pois muitas vezes, o paciente no relaciona os nomes com os

    medicamentos em si. As embalagens podem ser mais familiares.

    Nesta parte da entrevista, pode-se aproveitar para limpar a sacola de

    medicamentos daqueles que o paciente atualmente no usa e/ou no necessita

    (ex. medicamentos fora do prazo de validade, duplicados, etc.).

    Para cada medicamento, deve-se obter a informao necessria que permita

    identicar o conhecimento e a adeso do paciente, assim como a efetividade

    e a segurana da farmacoterapia. Para se conseguir esta informao sobre os

    medicamentos, propem-se as seguintes perguntas para cada um deles:

    1. Toma/utiliza o medicamento?: pretende saber se o paciente usa o

    medicamento atualmente e se o faz de forma regular.

    2. Para que o toma/utiliza?: procura identicar se o paciente conhece o

    problema de sade para o qual utiliza o medicamento.3. Quem o prescreveu/indicou?:permite conhecer o destinatrio de futuras

    intervenes.

    4. Desde quando utiliza o medicamento?:pretende identicar a data de incio

    da prescrio. Trata-se da data de incio do medicamento novo ou, nos

    casos em que o medicamento j est em uso, a data em que ocorreu a

    ltima modicao de: concentrao, dose, esquema teraputico, forma

    farmacutica, via de administrao, etc. Nesta fase, tambm conveniente

    perguntar at quando deve us-lo?, e determinar se o paciente vai deixar

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    de tomar o medicamento em algum momento determinado ou se vai

    modicar alguns dos aspectos comentados anteriormente

    5. Quanto toma/utiliza?: permite identicar a quantidade de medicamento

    que o paciente toma cada vez que o administra (dose), a frequncia e a

    durao do tratamento, e a distribuio das administraes ao longo do

    dia. Para cada um destes aspectos, dever ser obtida informao acerca

    do modo como foram prescritos pelo mdico e do modo como o paciente

    o faz (posologia prescrita/posologia usada)

    6. Esquece alguma vez de usar? Quando est bem, deixa de usar?, E quando

    se sente mal?: estas perguntas tambm permitem conhecer o cumprimento

    ou a adeso do paciente ao tratamento.

    7. Est melhor?, Sente o efeito do medicamento? (Como o nota?):trata-se de

    indagar sobre o modo como o paciente percebe o efeito do medicamento.

    conveniente que o paciente descreva a evoluo dos sintomas, sinais emedies clnicas que associa ao efeito do medicamento.

    8. Como utiliza? Tem alguma diculdade na administrao do medicamento?

    Conhece a(s) precauo(es) de utilizao?:este conjunto de perguntas

    permite conhecer o modo de uso e de administrao do medicamento:

    conhecimento e cumprimento das recomendaes das normas de uso e

    administrao do medicamento, diculdades com a via de administrao

    ou forma farmacutica e situaes em que deve ter um cuidado especial

    com o medicamento.

    9. Nota algo de estranho relacionado com o medicamento? trata-se deperceber se o paciente considera o medicamento seguro. Vericar se o

    paciente estabelece alguma relao (causal, temporal) entre os problemas

    de sade de que padece e o uso do medicamento.

    C. Reviso geral por sistemas:

    A reviso geral consiste em realizar uma srie de perguntas sobre o funcionamento

    ou estado do organismo, por aparelhos e sistemas, da cabea aos ps.

    Pode-se comear perguntando se toma algo para as dores de cabea; se tem

    problemas de viso ou de audio; se sofre tonturas, etc. Alm disto, servir pararegistrar possveis alergias,assim como o peso e a altura, se no foram anotados

    anteriormente.

    Em linhas gerais, a fase de reviso foi pensada para:

    Descobrir novos problemas de sade e medicamentosque no tenham sido

    mencionados anteriormente.

    Obter informaoque o paciente no tenha fornecido anteriormente.

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Documentos para a entrevista farmacutica. Fonte: Programa Dder.

    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. CTS-131 Universidad de Granada

    Data Hora PAS PAD Fr. Car

    PAS: presso arterial sistlica, PAD: presso arterial diastlica, Fr. Car: frequncia cardaca

    Parmetros do paciente

    Presso arterialMedidas antropomtricas

    Glicemia Capilar

    Dados do laboratrio

    Data HbA1c Glic.-jj Col- T TG LDLc HDLc

    ACM: antes do caf da manh, DCM: aps caf da manh, AA: antes do almoo, DA: depois do almoo, AJ: antes do jantar, DJ: depois do jantar.HbA1c: hemoblogina glicosilada, Glic.-jj: glicemia de jejum, Col-T: colesterol total, TG: triglicrides, LDL-c: colesterol LDL e HDL-c: colesterol HDL.

    Circ. abdom.: circunferncia abdominal, Ind. Cint/Quadril: ndice cintura/quadril.

    Data ACM DCM AA DA AJ DJ

    Data Altura Peso IMC Circ. Abdom. Ind. Cint/Quadril

    Folha: /

    DADERp r o g r a m a

    Posologia prescrita

    Posologia utilizada

    Medicamento:

    Substncia ativa:

    P.S. que trata:

    Data de incio

    Data de fim

    Posologia prescrita

    Posologia utilizada

    Perceo da efetividade: Est melhor?

    Modo de uso e de administrao

    Observaes

    Prescritor:

    Perceo da segurana: Algo de estranho?

    Entrevista fFarmacutica:Medicamentos Data: Folha: /

    Medicamento:

    Substncia ativa:

    P.S. que trata:

    Data de incio

    Data de fim

    Perceo da efetividade: Est melhor?

    Modo de uso e de administrao

    Observaes

    Prescritor:

    Perceo da segurana: Algo de estranho?

    Posologia prescrita

    Posologia utilizada

    Medicamento:

    Substncia ativa:

    P.S. que trata:

    Data de incio

    Data de fim

    Perceo da efetividade: Est melhor?

    Modo de uso e de administrao

    Observaes

    Prescritor:

    Perceo da segurana: Algo de estranho?

    DADERp r o g r a m a

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    Exerccio 2. Comecemos a trabalhar.

    Siga as instrues estabelecidas para realizar a primeira entrevista ao

    paciente. Ao nalizar a entrevista reita sobre os aspectos que poderia

    melhorar, assim como sobre a informao que lhe pode ter faltado

    obter. Isto um bom exerccio para aprender e para ser muito melhor da

    prxima vez.

    transmitir-lhe e fazer-lhe ver que o compreende. Uma atitude emptica por

    parte do farmacutico favorece a comunicao e pode proporcionar

    apoio emocional e tranquilidade ao paciente.

    Neste mesmo sentido, o contato emocional facilita a comunicao.

    Expressar sentimentos de pesar face ao mal-estar do paciente, ou de alegriapelos seus progressos, sem exagero emocional, potencia a sensao de

    conana e compreenso.

    Desde o incio do relacionamento farmacutico-paciente, deve fomentar-

    se a deciso partilhada. O modelo de deciso partilhada o melhor,

    uma vez que adapta a evidncia clnica, proporcionada pelo prossional

    de sade, aos valores e prioridades de cada paciente, que obviamente

    so individuais e, em alguns casos, podem no ser coincidentes com as

    decises dos prossionais60.

    4.3. ESTADO DE SITUAO

    O estado de situao um documento que mostra, resumidamente, a relao entre

    os problemas de sade e os medicamentos do paciente, numa determinada data.

    Trata-se de uma ferramenta que permite analisar a fotograa do paciente, numa

    data concreta.

    O estado de situao elabora-se com a informao da histria farmacoteraputica

    do paciente, que se organiza de forma estruturada num documento. Finalmente,

    obtm-se uma esquematizao dos problemas de sade e dos medicamentos

    do paciente, que permite dispor de uma viso geral sobre o estado de sade

    do mesmo. Para organizar a informao obtida na primeira entrevista e continuar

    adequadamente o processo, recomenda-se que se elabore sempre o estado de

    situao do paciente.

    Em geral, o estado de situao elabora-se com os seguintes ns:

    Avaliar a farmacoterapia do paciente.

    Visualizar o panorama global do estado de sade do paciente.

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    44/128

    Cdigo Dder:

    DATA PARMETROS

    Estado de situao Data: Folha: /

    Sexo: Idade: IMC: Alergias:

    Paciente: Cdigo Dder:

    Problemas de sade Medicamentos Avaliao I.F.

    Incio Problema de sade Controlado Preocupa Desde Medicamento(substncia ativa)

    PosologiaN E S Classif.RNM DataincioPre sc ri ta Uti li zada

    OBSERVAES

    *Diagnstico Mdico Documentado Preocupa: Pouco (P); Regular (R); Bastante (B) Avaliao: Necessidade (N); Efetividade (E); Segurana(S) I.F.: interveno farmacutica

    DADERp r o g r a m a

    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.44

    Expor um caso numa sesso clnica.

    Para que a avaliao da farmacoterapia no apresente diculdades e o processo

    de identicao dos RNM decorra satisfatoriamente (ver subcaptulo 3.5), o estado

    de situao tem que estar corretamente preenchido. Em outras palavras, um estado

    de situao mal preenchido, quer por falta de informao quer por m organizao

    da informao nas tabelas, pode dar lugar a erros e/ou a complicaes na

    identicao dos RNM.

    4.3.1. Estrutura e preenchimento do estado de situao

    Como se pode observar, o estado de situao tem uma congurao de

    emparelhamento horizontal entre os problemas de sade e os medicamentos que o

    paciente est utilizando para esse problema de sade61,62.

    Esta congurao do estado de situao foi desenvolvida para poder concluir o

    processo de identicao dos resultados negativos da medicao, da forma mais

    Modelo de estado de situao. Correr CJ, Melchiors AC, Rossignoli P, Fernndez-LlimsF. Aplicabilidad del estado de situacin en el clculo de complejidad de la medicacinen pacientes diabticos. Seguimiento Farmacoteraputico 2005; 3(2): 103-11

  • 7/24/2019 Mtodo Dader-Manual de Seguimento Farmacoterapeutico 2014

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    45

    ordenada, estruturada e com a maior probabilidade de xito possvel.

    O estado de situao apresenta cinco partes distintas:

    1.Parte superior.Contm a data do estado de situao, a identicao do paciente

    e outros dados demogrcos e clnicos, como o sexo, a idade, o ndice de massacorporal e as alergias

    2. Corpo central do estado de situao. composto por trs blocos:

    Problemas de sade.Aqui diferenciam-se quatro colunas: incio do problema

    de sade (data de aparecimento), nome do problema de sade (marca-se

    com um asterisco quando corresponde a um diagnstico mdico e quando

    corresponde a uma explicao do paciente deve ser colocado entre

    aspas), controle do problema de sade (indica-se: Sim, No, No se sabe)

    e preocupao (indica-se: P=pouco; R=regular; M=muito).

    Medicamentos.Este bloco tambm apresenta quatro colunas: data de incio

    da prescrio (data de incio do medicamento ou da ltima modicao

    realizada), nome dos princpios ativos do medicamento, esquema teraputico

    prescrito pelo mdico e o esquema teraputico que o paciente utiliza.

    Avaliao. composta por quatro colunas, trs das quais permitem concluir

    a avaliao da farmacoterapia e que esto encabeadas pelas letras

    O nmero que identica cada paciente composto por 18 dgitos:

    Dois dgitos representativos do pas (ex.: Brasil, 55).

    Dois dgitos correspondentes a cada estado: 11- Rondnia, 12- Acre,

    13-Amazonas, 14- Roraima, 15- Par, 16- Amap, 17- Tocantins, 21-

    Maranho, 22- Piau, 23- Cear, 24 Rio Grande do Norte, etc. Ver os

    cdigos regionais em (http://www.daderweb.es/daderweb_gestion_

    codigodader_pais_edit.php?pais=55)

    Sete dgitos que correspondem ao nmero da Autorizaao de

    Funcionamento (AFE) de inscrio da farmcia na Anvisa (ex.:

    0000000).

    Dois dgitos referentes ao farmacutico que realiza SF, que se

    estabelecem segundo o critrio de cada um (ex.: 01).

    Cinco dgitos nais que correspondem ao paciente (ex.: 00056).

    Finalmente, a identicao deste paciente seria: 55/00/0000000/01/00056

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.46

    N (necessidade), E (efetividade) e S (segurana), e uma quarta onde se

    classicaro os RNM detectados.

    3. Quadro de observaes. Inclui-se toda a informao da histria farmacoteraputica

    relevante para entender e analisar a situao do paciente, que no aparece no

    corpo do estado de situao. Pode-se incorporar informao sobre antecedentesdo paciente, como operaes ou medicao anterior, medicamentos de interesse

    que tenha utilizado mas que atualmente no utiliza, hbitos de vida que possam

    inuenciar no controle dos problemas de sade, notas importantes para a resoluo

    do caso, etc.

    4. Tabela de medies clnicas. Incorporam-se dados de anlises laboratoriais,

    medies domiciliares ou outras determinaes realizadas pelo farmacutico, que

    permitam avaliar a necessidade, efetividade e segurana dos medicamentos.

    5. Tabela de RNM.Trata-se de uma tabela-resumo que permite elaborar a lista dos

    RNM detectados na data da avaliao do caso. Na tabela deve-se escrever o

    RNM detectado, o medicamento implicado, a classicao do RNM, a sua causa

    (PRM) e o parecer do farmacutico sobre o aparecimento e o fundamento do RNM

    identicado. O preenchimento desta tabela pressupe que no se perca informao

    da histria farmacoteraputica, na qual necessrio que quem registradas as

    reexes e os pareceres realizados sobre a farmacoterapia do paciente.

    Parte posterior do Estado de Situao. Fonte: Programa Dder. Grupo de Investigacinen Atencin Farmacutica. CTS-131 Universidad de Granada

    RNM Medicamento implicado Classicao RNM Causa (PRM) Observaes (parecer do farmacutico)

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    Formao em SF: Desenho de uma ferramenta docente para o ensino de seguimentofarmacoteraputico segundo o Mtodo Dder. Fonte: Ocaa-Arenas A, Gonzlez-Garca L,Garca-Jimnez E, Garcia Corpas JP, Lpez-Domnguez E. Granada; CAF STADA: 2005.

    No seguinte esquema, mostra-se a informao que deve conter cada uma das

    clulas que compem o estado de situao:

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

    ProblemasdeSade

    Medicamentos

    Avaliao

    I.F.

    In

    cio

    Problemadesade

    Controlado

    Preocu

    pa

    Desde

    Medicamento

    (substnciaativa)

    Posologia

    N

    E

    S

    Classif.

    RNM

    Data

    incio

    Prescrita

    Utiliz

    ada

    DATA

    PARMETROS

    Sexo:

    Idade:

    IMC:

    Alergias:

    Data:

    Grupodeinvestigacinen

    AtencinFarmacutica(CTS-1

    31)

    UniversidaddeGranada

    pro

    DA

    DER

    grama

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    Grupo de Investigacin en Atencin Farmacutica. Universidad de Granada.48

    4.3.2. Normas e recomendaes para elaborar o estado de situao.

    O estado de situao do paciente corresponde a uma data determinada .

    Isto signica que a informao utilizada para sua elaborao deve estar

    vinculada (relacionada) a datas anteriores ou, no mximo, data doestado de situao. Por exemplo, se a data selecionada para o estado

    de situao a mesma data da primeira entrevista, este ser elaborado

    com a informao sobre todos os acontecimentos at esse dia, inclusive.

    Se tivesse faltado obter informao no dia da entrevista (ex.: posologia de

    um medicamento ou medies de presso arterial realizadas dias antes) e

    se se conseguisse obter vrios dias depois, essa informao continuaria a ser

    utilizada para o estado de situao com a data do dia da primeira entrevista,

    uma vez que, apesar de ser uma informao nova, corresponde a uma data

    anterior ao estado de situao. Pelo contrrio, se a informao ou os dadosdo paciente so gerados depois da data da entrevista (ex: medidas de

    presso arterial, modicaes na posologia, anlises laboratoriais, etc.), estes

    no sero includos no estado de situao com data da primeira entrevista.

    O aparecimento desta nova informao obriga a modicaes no estado

    de situao (h que incorporar a informao no local correspondente, por

    exemplo, na tabela de parmetros) e o aparecimento de uma nova datano

    estado de situao (correspondente ltima modicao ou dado novo)

    Cada medicamento ser emparelhado com o problema de sade quetrata.Em geral, o problema de sade que se tem de emparelhar com cada

    medicamento surge da resposta adequada s perguntas: que problema

    de sade o medicamento trata? ou qual o objetivo do medicamento? ou

    que efeito se espera do medicamento?

    Por vezes, conveniente diferenciar as distintas complicaes associadas

    a um problema de sade, para que o emparelhamento se realize de forma

    mais adequada.

    Por exemplo: paciente com hiperplasia benigna da prstata (HBP) em

    tratamento com tamsulosina. Para elaborar o estado de situao, o

    medicamento tamsulosina emparelha-se com o problema de sade que

    est controlando: este medicamento para os sintomas funcionais da HBP

    relacionados com diculdades na mico, gotejamento, mico imperiosa

    e necessidade de urinar frequentemente. Ou seja, a tamsulosina no trata

    o problema de sade HBP e, como tal, no deve emparelhar-se com ele;

    deve ser emparelhada com o problema de sade problemas de mico.

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    Para vericar se o emparelhamento est correto, pode-se questionar a

    efetividade do tratamento (que ser realizada depois, na fase de avaliao):

    no o mesmo formular a pergunta: A tamsulosina efetiva para a HBP?

    do que a tamsulosina efetiva para os problemas de mico? Apenas a

    segunda pergunta pode ser respondida com coerncia.

    Outro exemplo a asma crnica. Este problema de sade pode ter um

    tratamento de manuteno, cujo objetivo est relacionado com manter

    um uxo expiratrio adequado, controlar os sintomas da doena e evitar

    o aparecimento de episdios agudos. Ainda, pode incluir um tratamento

    especco para as crises agudas, que habitualmente distinto daquele de

    manuteno e cujo objetivo est relacionado com a melhoria dos sintomas e

    sinais dos episdios agudos da doena. Nestes casos tambm conveniente

    separar e distinguir as duas situaes do mesmo problema de sade (uma

    crnica e outra aguda), assim como, os tratamentos utilizados para cadauma delas, colocando-as em linhas separadas no estado de situao. Deste

    modo, pode-se avaliar a efetividade dos tratamentos que foram prescritos

    com objetivos distintos.

    No caso de um medicamento que se utilize para mais de um problema de

    sade, este dever aparecer emparelhado com todos os problemas de

    sade para os quais se usa.

    Quando se preenche a coluna do controle do problema de sade, determina-

    se que est controlado quando se atingem os objetivos teraputicospreviamente estabelecidos. No se poder determinar se o problema de

    sade est controlado quando: no se conhecem os objetivos teraputicos,

    no se dispe da informao clnica necessria, os dados que se possuem

    no so conveis ou conclusivos, ou quando no passou o tempo suciente

    para se poder avaliar o controle do problema de sade.

    A data de incio do medicamento aquela em que se iniciou o medicamento,

    se este novo, ou a data em que ocorreu alguma modicao quanto

    sua potncia, dose, posologia, isto, quando o princpio ativo continua a ser

    o mesmo.

    Podem existir problemas de sade para os quais o paciente no esteja

    utilizando medicamentos,pelo que, a clula do medicamento, emparelhada

    com esse problema de sade (na mesma linha), deve car vazia.

    No estado de situao no s devem gurar os problemas de sade

    manifestados, como tambm os no manifestados que apresentam uma alta

    probabilidade de ocorrer.Por outro lado, estes problemas no manifestados

    Mtodo Dder. Manual de Seguimento Farmacoteraputico. Terceira Edio, 2011

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    A informao facilmente acessvel e com evidncia atualizada um padro

    de qualidade dos cuidados de sade.

    O conhecimento assistencial (do farmacutico) requer que ele esteja focado

    na perspetiva da farmacoterapia, e no nas cincias mdicas bsicas. A

    literatura predominante e acessvel est destinada a outros prossionais

    assistenciais e no a farmacuticos.

    Em termos gerais, a fase de estudo