Metodo Goodwill Ufrgs

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO (EA) DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS (DCA) COMISSÃO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (COMGRAD – ADM) Giseli Dias Boff AVALIAÇÃO DO GOODWILL DOS MAIORES BANCOS PRIVADOS BRASILEIROS PORTO ALEGRE 2010

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metodo goodwill para avaliacao de empresas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO (EA)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS (DCA) COMISSÃO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO (COMGRAD – ADM)

Giseli Dias Boff

AVALIAÇÃO DO GOODWILL DOS MAIORES BANCOS PRIVADOS BRASILEIROS

PORTO ALEGRE 2010

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Giseli Dias Boff

AVALIAÇÃO DO GOODWILL DOS MAIORES BANCOS PRIVADOS BRASILEIROS

Trabalho de conclusão de Curso de Graduação apresentado ao Departamento de Ciências Administrativas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Administração.

Orientador: Prof. José Eduardo Zdanowicz

PORTO ALEGRE

2010

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GISELI DIAS BOFF

AVALIAÇÃO DO GOODWILL DOS MAIORES BANCOS PRIVADOS

BRASILEIROS

Trabalho de conclusão de Curso de Graduação

apresentado ao Departamento de Ciências

Administrativas da Universidade Federal do Rio Grande

do Sul, como requisito parcial para a obtenção do grau

de Bacharel em Administração.

Conceito Final: ................................

Aprovado em...........de............................de............

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________

Prof. José Eduardo Zdanowicz – EA/UFRGS

_______________________________________________

Prof. ______________________– EA/UFRGS

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2

Dedicatória

Aos meus pais, Antônio e Rosângela, e a minha irmã

Caroline, aos quais sou grata pela confiança e apoio.

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AGRADECIMENTOS

Ao prof. Dr. José Eduardo Zdanowicz por todo apoio e paciência, tanto nesta

orientação quanto nas suas enriquecedoras aulas. À amiga Juliana de Gusmão, que

mesmo a distância, disponibilizou seu conhecimento e apoio. À amiga Karina

Klockner pelo apoio e incentivo que foram de grande valia nestes últimos meses.

Agradeço, ainda, a família, amigos e colegas de faculdade pela colaboração,

compreensão e companheirismo de sempre.

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RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso objetiva verificar a importância da

mensuração e do tratamento contábil do goodwill e verificar se reflete diretamente e

proporcionalmente às condições financeiras das companhias. Para tanto, foi

realizado estudo teórico acerca do goodwill, das normas contábeis e indicadores

econômicos. Por fim, estes resultados são analisados e confrontados a fim de

verificar a necessidade e importância da adoção deste índice.

Palavras chave: Ativos Intangíveis, goodwill, análise financeira, bancos

privados brasileiros

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – TRATAMENTO CONTÁBIL DO GOODWILL 20

TABELA 2– ATIVOS INTANGÍVEIS (MIL REAIS) 56

TABELA 3 – MÉDIA DO LUCRO NORMAL (EM MILHÕES DE REAIS) 59

TABELA 4 – REMUNERAÇÃO DOS ADMINISTRADORES (EM MILHÕES DE REAIS) 60

TABELA 5 – CÁLCULO DO GOODWILL (EM MILHÕES DE REAIS) 61

TABELA 6 – CÁLCULO EBITDA E EVA 63

TABELA 7 – CÁLCULO EBITDA E EVA 65

TABELA 8 – CÁLCULO EBITDA E EVA 67

TABELA 9 – VALORES EBITDA E EVA 69

TABELA 10– COMPARAÇÃO EBITDA, EVA E GOODWILL 70

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LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

CS – contribuição social CP – Curto prazo EBIT - Earnings Before Interest and Taxs EBITDA - Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and Amortization EVA - Economic Value Added IAS - Internacional Accounting Standads IASB - Internacional Accounting Standads Board IFRS - International Financial Report Standard IR – imposto de renda LP – Longo prazo NOPAT - Net Operational Profit After Taxes

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 1

2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA 3

3 JUSTIFICATIVAS 6

4 OBJETIVOS 8

4.1 OBJETIVO GERAL 8 4.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS 8

5 REVISÃO TEÓRICA 10

5.1 OS ATIVOS 10 5.1.2 Avaliação e Mensuração dos Ativos 11 5.2 OS ATIVOS INTANGÍVEIS 11 5.2.1 Registro e Mensuração dos Ativos Intangíveis 12 5.3 GOODWILL 13 5.3.1 Histórico 14 5.3.2 Definição 15 5.3.3 Natureza do Goodwill 16 5.3.4 Classificação 18 5.3.5 Tratamento Contábil 19 5.4 CONTABILIDADE 21 5.4.1 Normas de Contablidade 22 5.4.2 IAS 22 5.4.3 IFRS 23 5.4.3.1 IFRS 3 24 5.4.4 CPC 25 5.4.4.1 A identificação de um ativo intagível no CPC 04 27 5.4.4.2 Reconhecimento de um ativo intagível 27 5.4.4.3 Mensuração do valor justo de ativo intagível adquirido em combinação de negócio 28 5.5 MÉTODOS DE MENSURAÇÃO DO GOODWILL 30 5.5.1 Método LAWRENCE R. DICKSEE 31 5.5.2 Método NEW YORK 32 5.5.3 Método de HATFIELD 32 5.6 ACORDO DE BASILÉIA 33 5.7 ANÁLISE FINANCEIRA 34 5.7.1 Informação 34 5.7.2 Importância da análise gerencial dos balanços 35 5.7.3 Análise por meio de Índices 35 5.7.3.1 Índices de liquidez 37 5.7.3.2 Índices de Rentabilidade 38

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5.7.3.3 Índices de Estrutura ou Endividamento 39 5.7.3.4 Índices de Lucratividade 40 5.7.4 EBITDA 40 5.7.5 EBIT 41 5.7.6 EVA 42 5.8 AQUISIÇÕES E FUSÕES 43

6CENÁRIO ECONÔMICO BANCÁRIO 44

6.1 ITAÚ-UNIBANCO 45 6.2 BRADESCO 48 6.3 SANTANDER 50

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 52

7.1 AMOSTRA 53 7.2 VARIÁVEIS 54

8 ANÁLISE DOS RESULTADOS 55

8.1 MENSURAÇÃO DOS ATIVOS TANGÍVEIS 55 8.2 CÁLCULO DO FATOR MULTIPLICATIVO 58 8.3 REMUNERAÇÃO DOS ADMINISTRADORES (RA) 60 8.4 CÁLCULO DO GOODWILL 60 8.5 ANÁLISE FINANCEIRA 61 8.5.1 Itaú-Unibanco 62 8.5.2 Bradesco 65 8.5.3 Santander 66 8.6 COMPARACAO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS 68 8.6.1 Comparação entre a análise financeira e o goodwill 70

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS 72

REFERÊNCIAS 74

GLOSSÁRIO 77

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1 INTRODUÇÃO

Com os mercados globalizados os trabalhos em função de negociações têm

sido realizados quase que de forma ininterrupta. As expectativas que são criadas no

mercado geram desafios e controvérsias sobre os ativos intangíveis para a Teoria

Contábil.

Usuários de Demonstrações Financeiras têm percebido que os ativos

intangíveis vêm se tornando recursos com grau cada vez mais elevado de

importância; sua proporção está aumentando em relação aos demais ativos. Este

processo é mais freqüente ainda em aquisições, fusões e incorporações de

companhias.

Conseqüentemente, a melhor informação sobre os ativos intangíveis torna-se

imprescindível. A perda ou ausência da qualidade da informação é prejudicial. É

nessa linha que os órgãos reguladores da Contabilidade têm investido em novos

pronunciamentos acerca dos intangíveis.

O crescimento constante é estratégia vista como bom caminho para a

perpetuidade do negócio. O aumento das companhias pode ser uma forma de

sobrevivência. A partir daí é que se iniciam diversos processos de fusões, aquisições

e combinação de negócios.

O que pode diferenciar as companhias as é sua capacidade de

competitividade e sobrevivência. Conhecimento, idéias passam a ser uma nova

riqueza. Nesse contexto podemos verificar que empresas que trabalham com

serviços tais como publicidade, auditoria, consultoria estão sendo mais valorizadas,

visto que nelas o intelecto vale muito mais produtos.

Nos dias de hoje, há uma tendência de transferência do valor de ativos

tangíveis para intangíveis. A partir da década de 1990 o peso dos intangíveis vem

aumentando consideravelmente e percebe-se então que os ativos intangíveis

participam mais na determinação do valor das empresas. Neste novo cenário é que

se torna mais importante e freqüente a avaliação dos intangíveis da companhias.

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A determinação de valor das empresas começa a ganhar mais importância e,

a considerar os ativos intangíveis, uma vez que estes vêm participando cada vez

mais da composição do ativo total das companhias. Em muitas delas, os ativos

intangíveis superam o valor dos tangíveis.

Mais difícil que registrar, é mensurar o potencial de benefícios futuros dos

ativos. Cada avaliador pode ter enfoque e interpretação diferente, visto que não há

uma forma considerada certa e padrão para a mensuração. Por se tratarem de

ativos não materializáveis, não há uma regra de contabilização, visto que não

ocorreu um custo direto a este ativo.

A partir daí surgem questionamentos de como mensurar ou prever os

potencias que são cultivados dentro da empresa. Desta forma, é imprescindível que

todos esses ativos intangíveis sejam levados em conta e devidamente calculados.

Todavia, ainda não temos em nosso país um índice oficialmente aceito para

tal cálculo. Com base nesta questão são muitos os autores que assumiram a tarefa

de comprovar a necessidade e importância deste índice, o goodwill. A mensuração

dos ativos intangíveis tem sido dispensada pelas empresas nacionais por se tratar

de um assunto de difícil definição. As organizações utilizam-se dos Demonstrativos

Financeiros e os índices provenientes deles para suas análises e projeções.

Os ativos intangíveis representam desafio para os administradores, visto que

a definição, identificação e mensuração deles ainda são pouco compreendidas e não

há um consenso de como registrá-los contabilmente.

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2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

No atual cenário econômico globalizado, que implica em maior

competitividade entre as empresas, o interesse pelo padrão contábil internacional

também é crescente, a fim de atender às exigências de captação de recursos

estrangeiros, das matrizes e de possíveis parcerias com companhias internacionais.

Neste novo ambiente internacional que busca a convergência das normas

contábeis no âmbito global temos como referência internacional o IASB

(Internacional Accounting Standards Board) e, como referência nacional temos o

CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), o Conselho Monetário Nacional

(CMN), através da resolução nº 3.78 de 24 de setembro de 2009 informa sobre a

elaboração e divulgação de demonstrações contabéis baseadas no padrão contábil

internacional emitido pelo IASB para instituições financeiras e demais instituições

autorizadas pelo Banco Central do Brasil que são companhias abertas (ou

companhias fechadas liberadas por instituição sob forma de companhia aberta), ou

ainda as organizações que sejam obrigadas a constituir um comitê de auditoria.

Todas estas companhias devem, a partir da data-base de 31 de dezembro de 2010,

elaborar e divulgar anulamente demonstrações contábeis conforme o padrão

contábil internacional, de acordo com os pronunciamentos da IASB.

Como idéia principal dessa padronização internacional o IASB trancreve:

The IASB is committed to developing, in the public interest, a single set of high quality, understandable and enforceable global accounting standards that require transparent and comparable information in general purpose financial statements. In addition, the IASB co-operates with national accounting standard-setters to achieve convergence in accounting standards around the world.(IASB, www.iasb.org).

A adoção deste padrão contábil internacional tem como um de seus objetivos,

normatizar o registro de operações, bem como garantir o uso de critérios

consistentes que possibilitem a análise e comparação entre demonstrações de

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empresas distintas (e até de diferentes países) e que a informação seja

disponibilizada aos seus stakeholders retratando piamente a real situação

patrimonial da empresa. Um dos temas que se vinculam diretamente as alterações

das condições de mercado é a avaliação dos ativos.

Esta avaliação de ativos era tratada de forma divergente pelos normativos de

diferentes países. Tal avaliação não deve ser apenas um simples resultado do custo

de aquisição descontado a depreciação. Faz-se necessária uma avaliação

específica sobre os ativos para que seja exposto nas demonstrações contábeis o

valor justo destes.

A equiparação competitiva entre as companhias de mesmo setor faz com que

o mercado dirija parte de sua atenção para a avaliação de seus ativos intangíveis.

A má avaliação destes ativos, ou ainda, a ausência desta avaliação aponta a

necessidade de um padrão contábil que possibilite a demonstração do valor real dos

ativos intangíveis, provenientes de uma aquisição ou fusão ou ainda, gerado na

organização.

No âmbito de uma aquisição ou fusão é comum que o preço pago pelo

adquirente esteja muito acima do valor líquido dos ativos da empresa adquirida. Esta

diferença entre o valor pago e o valor líquido, na maioria da das vezes, refere-se aos

ganhos futuros superiores àqueles que seriam proporcionados apenas pelos

elementos patrimoniais e, é denominado goodwill, que representa o valor intangível

do negócio, que pode estar atrelado ao valor da marca, carteira de clientes, relações

com fornecedores e outros tipos de vantagens consideradas como intangíveis.

Todavia, medir o goodwill e transformá-lo em valor monetário é difícil e tema de

grandes discussões.

Nos dias de hoje, há uma tendência de transferência do valor de ativos

tangíveis para intangíveis. O peso dos intangíveis vem aumentando

consideravelmente e percebe-se então que os ativos intangíveis participam mais na

determinação do valor das empresas. Como exemplo, temos a Nike e McDonald’s

que possuem valor de mercado quase quatro vezes o equivalente ao seu balanço

contábil. Essa valorização deve-se aos seus ativos intangíveis, valores que têm

aumentando em velocidade muito maior do que os valores dos ativos reais. A partir

daí surgem questionamentos de como mensurar ou prever os potencias que são

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cultivados dentro da empresa. Desta forma, é imprescindível que todos esses ativos

intangíveis sejam levados em conta e devidamente calculados.

Todavia, ainda não temos em nosso país um índice oficialmente aceito para

tal cálculo. A mensuração dos ativos intangíveis tem sido dispensada pelas

empresas nacionais por se tratar de um assunto de difícil definição. No entanto, com

a adoção da padronização do IFRS muitas empresas brasileiras que possuem

relações ou interesses internacionais estão se preparando para a nova norma em

que devem reconhecer e mensurar o ágio por rentabilidade futura (goodwill), que

usualmente, não eram reconhecidos.

A adoção da mensuração e reconhecimento do goodwill vem acrescentar

mais segurança aos stakeholders em um momento em que a informação fidedigna é

de grande valia. A consideração destes ativos pode mostrar o valor real dos

intangíveis provenientes de aquisição ou fusão ou gerados internamente na

instituição e, ainda assume importância na mensuração da perspectiva de

crescimento do negócio.

Os ativos intangíveis representam desafio para os administradores, visto que

a definição, identificação e mensuração deles ainda são pouco compreendidas e não

há um consenso de como registrá-los contabilmente.

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3 JUSTIFICATIVAS

A ausência de um consenso quanto à definição e forma de mensuração do

goodwill é fato. Desta forma, o intuito do trabalho é levantar definições estudos já

realizados acerca do assunto e demonstrar a aplicação destes como ferramenta de

trabalho.

Neste estudo será evidenciada a importância de definir, mensurar, divulgar e

contabilizar o goodwill nas demonstrações contábeis, bem como pode ser

considerados na tomada de decisões e projeções. Para tanto, iremos considerar os

novos padrões de contabilidade internacional. Consideraremos, para nosso estudo,

algumas definições da norma internacional IAS 38, que referente ao tratamento

contábil dos ativos intangíveis, bem como as definições presentes no IFRS 3,

direcionado ao estudo do goodwill.

Finalizada a fase de levantamento de estudo das definições, iniciaremos a

aplicação destas teorias nos resultados das instituições bancárias nacionais

escolhidas, de maneira a demonstrar a realização do cálculo e seus impactos e

importância.

Ao final do estudo será realizada uma comparação entre os resultados e

análise obtidos com conceito utilizado pelas empresas e investidores atualmente.

Para alcançar bons resultados, neste estudo foram escolhidas três grandes

instituições que sofreram muitas mudanças nos últimos anos, envolvendo aquisições

e fusões.

Desta forma, o estudo terá o intuito de levantar e defender a necessidade da

mensuração dos ativos intangíveis através do cálculo do goodwill e demonstrar que

refletem diretamente às condições financeiras das organizações, além de ser mais

uma ferramenta para planejamento e projeção de crescimento.

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Este estudo é dirigido à comunidade acadêmica, administradores, contadores,

e economistas e àqueles que buscam melhor entendimento e estudo dos ativos

intangíveis.

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4 OBJETIVOS

4.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo deste trabalho é estudar a necessidade da mensuração de ativos

intangíveis e levantar o que as atuais normas de contabilidade informam sobre o

tratamento deste ativo. Para tanto, foi escolhido o setor bancário, considerando que

fazem parte das empresas que precisarão adotar as normas internacionais de

contabilidade. O setor bancário torna-se importante neste estudo, pois tem passado

por muitas mudanças nos últimos anos, incluindo aquisições e fusões. Desta forma,

escolhemos os três maiores bancos privados brasileiros.

O estudo é realizado através de análise financeira e cálculo do goodwill das

três instituições bancárias selecionadas.

4.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS

Como objetivos específicos, temos:

a) definir conceitos para suporte do estudo;

b) definir conceito de ativos intangíveis e goodwillI, assim como suas mensurações;

c) apontar características de pronunciamentos contábeis referente ao tratamento do

goodwill;

d) apontar os principais métodos de cálculo do goodwill;

e) escolher um dos métodos e mensurar o goodwill das três instituições escolhidas;

f) comparar o goodwill das empresas selecionadas;

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g) verificar se há relação do resultado do goodwill com outros indicadores

financeiros;

h) avaliar os benefícios da mensuração do goodwill.

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5 REVISÃO TEÓRICA

Este capítulo tem como objetivo apresentar conceitos que devem ser

conhecidos e compreendidos para interpretação e entendimento deste trabalho. A

literatura consultada refere-se a definições de termos e das normas contábeis

internacionais.

Há pouca bibliografia nacional disponível acerca do tema proposto, visto que

ainda é um tema pouco estudado no Brasil. Para a construção do trabalho foram

utilizadas referências do meio acadêmico, pronunciamentos de órgãos de

Contabilidade e demonstrações contábeis das três companhias selecionadas.

5.1 OS ATIVOS

Na corrente era econômica em que as empresas têm se tornado cada vez

mais competitivas, buscando sempre estar bem equipadas e atualizadas em relação

aos concorrentes. O que realmente as diferencia, atualmente, é sua capacidade de

adaptação e sobrevivência. A economia entra na era da intelectualidade, a nova

riqueza passa a estar nas idéias, no conhecimento, no poder da marca e na rede de

relacionamento com fornecedores e clientes.

É nesse contexto em que verifica o crescimento da importância e da

participação dos intangíveis nas Demonstrações Contábeis das companhias.

Para que estes ativos possam ser registrados contabilmente devem ser, antes

de tudo, identificados e mensurados. O ativo, em si, possui características que o

habilitam a ter um potencial de benefícios futuros.

A definição de ativo é feita por diversos autores com diferentes conceitos, por

isso, esta definição bem como sua mensuração é complexa. Todavia, em geral, a

maioria deles vincula a definição de ativo como geradores de algum benefício futuro.

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5.1.2 Avaliação e Mensuração dos Ativos

Em geral, o padrão adotado pelas entidades é de registrar seus ativos pelo

seu custo histórico. No entanto, a contabilidade oferece outras formas de de

avaliação, como pelos valores de entrada ou valores de saída.

“As medidas de entrada representam o volume de dinheiro, ou o valor de alguma outra forma de compensação, pago quando um ativo ou seus serviços ingressa na empresa por meio de uma troca ou conversão”. Em relação a valores de saída o autor menciona que “os preços de saída representam o volume de caixa, ou o valor de algum outro instrumento de pagamento, recebido quando um ativo ou seu serviço eixa a empresa por meio de troca ou conversão”( HENDRIKSEN1, e BREDA 1999:306)

A forma mais utilizada é registrar os valores de entrada pelo seu custo

histórico. Todavia há quem use a avaliação pelos custos futuros descontados, de

forma a considerar o somatório a ser pago no futuro, porém, trazendo para valor

presente.

Para valores de saída, o método tradicional é considerar o valor realizável

presente , equivalente corrente de caixa, de forma a demonstrar o real valor de

caixa.

5.2 OS ATIVOS INTANGÍVEIS

A preocupação da diferença entre valor econômico e valor contábil têm

aumentado em função da importância que os ativos intangíveis vêm assumindo nos

últimos anos em função da relevância assumida por estes ativos na composição

patrimonial das empresas, nas incorporações, nas fusões, e nas aquisições de

marcas famosas.

Patentes, marcas, carteira de clientes, cadeia de fornecimento. Todos eles

são uma forma de evidenciar os intangíveis. O grande desafio da contabilidade é

encontrar as melhores formas de mensuração destes ativos.

A falta de evidenciação faz nos depararmos com entidades de valor

patrimonial inferior ao valor que o mercado está disposto a pagar pela mesma.

1 HENDRIKSEN, Eldon S., BREDA, Michael F. Teria da Contabilidade. 5ª edição .

São Paulo: Atlas, 1999, pág. 306..

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Os ativos intangíveis formam uma das áreas mais complexas da teoria da Contabilidade, parte em virtude das dificuldades de definição, mas principalmente por causa das incertezas a respeito da mensuração de seus valores e da estimação de suas vidas úteis. (HENDRIKSEN2, 1992:632 apud MARTINS, 2002:81)

Os ativos intangíveis não são os objetos físicos, mas a representação dos

benefícios econômicos esperados. Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke(2008), os

ativos intangíveis são direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à

manutenção da companhia e são agregados de benefícios futuros.

Os ativos intangíveis podem ser agrupados em quatro categorias:

1) ativos relacionados a inovação, pesquisa e desenvolvimento de produto;

2) ativos associados à marca, que possibilita que o produto seja vendido com

preço mais alto que a concorrência;

3) ativos estruturais, que refere-se a melhores maneiras de diferenciar o

negócio da empresa dos seus concorrentes;

4) ativos intelectuais, que podem referir-se a direitos autorais.

Todavia, dissociar o ativo tangível do intangível é de extrema

complexibilidade, visto que, muitas vezes, é a combinação de ambos que

define o real valor de uma empresa. Quando um intangível é bem trabalhado,

ele pode agregar valor ao capital tangível e aumentar o valor da companhia.

No Brasil, os intangíveis são reconhecidos na consolidação do Balanço

Patrimonial e classificados no Ativo Diferido conforme dispõe o Art. 179, inc. V, da

Lei das Sociedades por Ações conforme as Normas Brasileiras de Contabilidade que

estão de acordo com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). (COELHO, 2006).

Em geral, os ativos intangível contabilizáveis são registrados somente quando

são realizados, mesmo que o gasto já tenha incorrido no passado e, geralmente

avaliados pelo custo de aquisição.

5.2.1 Registro e Mensuração dos Ativos Intangíveis

A dificuldade de reconhecimento dá-se devido ao grau de subjetividade e

também pelo fato de que e, algumas vezes, é difícil separar o tangível do intangível.

Conforme Kayo (2002), “ É extremamente difícil dissociar o ativo tangível do

2 MARTINS, Vinicius Aversari. Contribuicao à avaliação do goodwill: Depósitos Estáveis, um Ativo Intangível. São Paulo: USP, 2002.

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intangível. A combinação dos dois é que define o valor efetivo de uma empresa. O

capital intangível bem empregado pode fazer o capital intangível render muito mais,

e assim, conjuntamente, maximizar o valor da empresa”.

Para alguns autores como Hendriksen e Breda, podemos realizar os mesmos

testes de reconhecimento aplicados aos ativos tangíveis para os intangíveis.

Basicamente, deve ser correspondente à definição, ser mensurável, relevante e

preciso.

Na prática, é comum encontrarmos ativos intangíveis serem lançados como

despesas. É o caso de treinamentos para funcionários, que pode ter um potencial de

ganho futuro relevantes, o que permite ser apresentando como ativo.

Quando o ativo intangível é de difícil identificação e separação, sua

mensuração também se torna difícil. Hendriksen e Breda denfendem que devem ser

registrado pelo custo de aquisição se não há evidências que seu valor agregado é

diferente.

5.3 GOODWILL

Goodwill é uma palavra de origem inglesa sem tradução literal. Uma definição

aceitável é a sua correspondência com a possibilidade ganho futuro, que pode ser

decorrente da diferença entre o valor atual da empresa como um todo, em termos de

capacidade de geração de lucro, e o valor econômico dos ativos apresentados.

O número de empresas que possui cada vez mais valor de intagíveis é

crescente. A informação, a marca, o conhecimento, a capacidade de criação e

inovação vão se sobrepondo ao imobilizado. Como exemplo, podemos citar os

bancos comerciais em que credibilidade, fidelização da carteira clientes são seus

intangíveis de maior valor.

Podemos conceituar:

O goodwill de uma empresa comercial é um conceito que a maioria das pessoas parece entender, mas muitas vezes é difícil conseguir determinar um montante exato de dólares para o goodwill. As várias definições do goodwill geralmente incluem referencias a um “valor” extra ligado a uma empresa que se situa ou acima do valor liquido do ativo tangível ou acima de uma taxa regular de lucros para o tipo de negocio

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envolvido. Esse valor extra existe por causa de uma base estabelecida de clientes ou fluxo de clientes que foi desenvolvido durante a vida da empresa. (FENTON, Van ALST e ISAACS3. 1991:602 apud Coelho, 2006:23)

Este conceito, basicamente, considera os possíveis lucros futuros baseiam-se

na adoção de prováveis lucros futuros auferidos por um determinado período,

relacionando o goodwill aos demais intangíveis de difícil identificação. Nessa mesma

linha, podemos afirmar que as empresas são avaliadas pela sua receita atual, mas

também considerando receitas e lucros futuros. O goodwill visa determinar esse

valor, além de poder definir a potencialidade de geração de lucro pela empresa.

Em oposição ao goodwillI, temos o badwill que é resultado de ativos com

valor superiores ao valor da companhia.

No Brasil o goodwill é considerado como um ágio proveniente da diferença

entre o valor pago na aquisição do investimento e o valor de mercado proporcional

dos ativos e passivos identificados da coligada ou controlada adquirida. conforme a

Instrução 247/96 da CMV.

Todavia, percebemos um interesse, dos órgãos reguladores da contabilidade,

como o IASB, no IFRS, de tentar atribuir uma melhor definição que não seja a

simples diferença entre o valor de aquisição e o valor contábil. Basicamente, a

tentativa é de mostrar uma essência econômica quando é defendido com um

pagamento antecipado de benefícios econômicos futuros de ativos que não são

capazes de serem individualmente identificados e mensurados.

A análise dos intangíveis ganhou peso no processo de tomada de decisão de

diversas empresas, visto que têm significativa importância na projeção de valores

futuros e performance nos negócios.

5.3.1 Histórico

A questão da avaliação do goodwill é muito antiga e, há muito tempo já era

aplicada em questões jurídicas. Os primeiros registros foram na Inglaterra, em 1571.

3 COELHO, Juliana Dal Soglio. . Goodwill – A avaliação dos ativos intangíveis nas empresas aéreas brasileirasContribuicao à avaliação

do goodwill. Porto Alegre, UFRGS, 2006.

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Segundo PREINREICH (1936:361 apud Santos 2005:3), que elaborou estudo sobre

o goodwill no campo jurídico, as decisões foram sofrendo mudanças partindo do

valor relativo à terra, incluindo o valor referente à localização dos negócios.

Posteriormente passou a considerar clientela, marca, até chegar ao conceito atual.

Na área contábil, temos registros dos primeiros indícios de consideração do

goodwill no século XIX, datando de 1884 a publicação da revista The Accountant de

um artigo intitulado “Goodwill”, referente ao seu uso com o surgimento das

sociedades por ações. Em 1987, Lawrence R. Dicksee publicava em Londres

“Goodwill and its treatment in accounts”, dando maior enfoque o tratamento contábil,

mensurando os riscos de sua utilização como ferramenta, propondo a imediata

liquidação em contrapartida ao Patrimônio Líquido e citando, também, a

remuneração dos acionistas no cálculo.

Conforme COELHO (2006) no Brasil temos registro do estudo sobre goodwill

na data de 1972, quando Eliseu Martins apresentou sua tese de doutorado intitulada

“Contribuição à avaliação do ativo intangível” na FEA-USP e que acabou tornando-

se um marco na literatura brasileira sobre o tema.

Atualmente, o goodwill é discutido por contadores, economistas, advogados,

administradores a acionistas. O grande avanço esperado quanto a este tema é a

evidenciação deste nos demonstrativos das companhias.

5.3.2 Definição

Goodwill trata-se de uma forma de mensuração contábil dos ativos intangíveis

da empresa. O valor do goodwill é a diferença entre o valor da empresa e o seu valor

de mercado. O registro é feito em uma conta contábil classificada como um ativo

intangível. Segundo Schmidt (2002) pode ser definido como a “diferença entre o

valor subjetivo da entidade em determinado momento e o valor da aquisição dos

ativos, ou também como a capacidade de a entidade gerar lucros que superem o

custo de oportunidade baseado no investimento inicial a valores de realização.”

O fato de o goodwill ter uma definição muito subjetiva e muito discutida é um

grande obstáculo para a avaliação e registro. Já no caso de goodwill adquirido, que

geralmente é registrado contabilmente, e é gerado basicamente pelo ágio na

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16

aquisição de investimentos. Alguns autores, como SCHIMIDT (2002), defendem

que nesses casos pode existir o falso goodwill, que é derivado de valores de

mercado. O goodwill verdadeiro seria derivado da expectativa de resultados futuros.

Todas estas questões encontradas na avaliação deste exemplo de goodwill é

o principal fato que o leva a não ser registrado contabilmente. Ao contrário do

goodwill adquirido que é registrado pela Contabilidade.

5.3.3 Natureza do Goodwill

Schmidt relaciona os seguintes itens como fatores para surgimento deste

índice:

a) know-how: é difícil saber quanto vale a fórmula para elaboração do

refrigerante Coca-Cola, por exemplo, e é por isso que a mesma, mesmo

após tantos anos desde a invenção da fórmula mantêm-se como líder em

seu segmento;

b) propaganda eficiente: citando o mesmo exemplo da Coca-Cola: percebe-

se que ultimamente o logotipo da marca não tem sido apresentado por

completo nas peças publicitárias e isso se deve ao fato de que a

propaganda extensiva realizada pela empresa ao longo dos anos foi tão

eficiente que a simples reprodução de uma parte do logotipo já remete os

consumidores à associação da marca como um todo, um perfeito exemplo

do ativo intangível. Quanto se pagaria por isso?

c) localização geográfica: é outro elemento que pode ser contabilizado como

goodwill uma vez que a localização privilegiada é um diferencial altamente

competitivo. Pode-se relacionar às lojas de grife localizadas na Bond

Street em Londres, só o fato de uma loja estabelecer-se nesse ponto já

agrega valor à marca;

d) habilidade administrativa fora dos padrões comuns: quanto vale ter o Sr.

Jorge Gerdau Johanpeter na direção de uma empresa? A consagração de

um Administrador excepcional, que se traduz em excelência da empresa

no atingimento de seu objeto acarreta em uma valorização da instituição

perante o mercado;

Page 27: Metodo Goodwill Ufrgs

17

e) treinamento eficiente dos empregados: as franquias do grupo McDonalds

são, por excelência, eficientes em seus treinamentos aos funcionários,

pois se o treinamento não é efetivo a empresa não estará alcançando seu

objetivo que é servir lanches rápidos, o que depende diretamente da

agilidade dos atendentes;

f) relações públicas favoráveis: uma boa interação da instituição perante a

comunidade em que atua traduz-se em boa imagem, acarretando em uma

percepção positiva pelo público e conseqüente valorização da empresa;

g) crédito proeminente: a expectativa de concessão de crédito a uma

empresa também agrega valor ao seu goodwill uma vez que é gerada uma

expectativa de saúde financeira;

h) processos secretos de fabricação: neste caso, novamente, podemos nos

validar do exemplo da Coca-Cola. A qual produz seu componente principal

nos Estados Unidos e o envia para os outros países sem que sua

formulação seja divulgada;

i) clientela estabelecida, tradicional e contínua: uma carteira de clientes

formada e consolidada tem grande valor nos dias de hoje. Ao passo que

cadastros de pessoas físicas e jurídicas potenciais clientes são vendidos

aos lotes, a empresa que possui sua clientela fiel agrega grande valor a

instituição. E este é um elemento que deve ser levado em conta e

devidamente valorizado quando da venda ou compra da instituição;

j) boas relações com os empregados: instituição que possui canal aberto e

valoriza a individualidade de seus colaboradores. Esse é o principal

componente que faz com que a empresa obtenha o respeito e o

comprometimento dos funcionários. Como exemplo, podemos citar a Dell

Computadores, que nos últimos anos vem aparecendo nas pesquisas de

mercado como uma das melhores empresas para se trabalhar no país;

k) associação favorável com outras companhias: não devemos esquecer,

contudo, que apesar de ser um ativo intangível, a visão contábil do

goodwill é temporal e limitada, baseada na idéia de amortização e é

justamente por esse motivo que podemos distingui-lo do capital intelectual;

Page 28: Metodo Goodwill Ufrgs

18

l) legislação favorável: os benefícios oferecidos pelos governos às empresas

para que elas se instalem em seus territórios. Para explanar essa situação

podemos citar a redução de impostos, oferecidos à Dell Computadores

para se implantasse a fábrica no Rio Grande do Sul;

m) tecnologia de ponta: a tecnologia apresentada pela fábrica da General

Motors no Rio Grande do Sul, por exemplo, é uma das mais modernas

apresentadas no setor automotivo.

n) condições monopolísticas: a implantação de uma fábrica de determinado

produto em uma região onde não existem concorrentes é um exemplo de

condição monopolística pois não existem concorrentes do produto;

o) fraqueza na administração dos concorrentes: divulgação de decisões

importantes antes que elas sejam aplicadas pode significar que a empresa

atua no mercado com transparência;

p) prestígio e renome de negócio: para elucidar esse item podemos citar

novamente marcas como a Coca-Cola, Dell, General Motors.

5.3.4 Classificação

Segundo Coelho há duas correntes quanto à classificação de goodwill. Na

primeira, este indicador pode ser classificado em cinco categorias, conforme descrito

a seguir:

a) comercial: criado em função da empresa como um todo,

independentemente das pessoas ou proprietários;

b) pessoal: decorrente de uma ou várias pessoas que integram a entidade

(proprietários ou administradores);

c) profissional: desenvolvido por uma classe de profissionais que cria a

imagem que a distingue dentro da sociedade, propicia condições de alta

remuneração, como no caso dos médicos, advogados e contadores em

alguns países;

Page 29: Metodo Goodwill Ufrgs

19

d) evanescente: característico de produtos que a moda cria, portanto,

possuem curta duração;

e) nome ou marca comercial: ocasionado pelo nome da empresa que produz

o produto ou pela marca sob o qual é comercializado. Distingue-se do

anterior pela durabilidade.

E na segunda é classificado como:

a) comercial: decorrente de serviços colaterais, como: equipe amável de

vendedores; entregas convenientes; facilidade de crédito; espaço físico

apropriado para serviços de manutenção; atributo de qualidade de produto

em relação ao preço; atitude e habito do consumidor como fruto de nome

comercial e marca tornados proeminentes em função da propaganda

persistente; localização da entidade;

b) industrial: função de altos salários, baixa rotatividade de empregados,

oportunidades internas satisfatórias para as posições hierárquicas

superiores, serviço médico, sistema de segurança adequado, quando

esses fatores contribuem para a boa imagem da entidade e redução do

custo unitário da produção gerado pela forca de trabalho que opera

nessas condições;

c) financeiro: oriundo da atitude de investidores, fontes de financiamento e de

crédito em função de a entidade possuir sólida situação para cumprir suas

obrigações e manutenção de sua imagem, ou ainda, captar recursos

financeiros que lhe permitam aquisições de matérias-primas ou

mercadorias em melhores termos e preços;

d) político: é aquele que surge em decorrência de um bom relacionamento

com o governo.

5.3.5 Tratamento Contábil

São muitos os países que realizam o tratamento contábil do goodwill.

Todavia, há uma variedade muito grande deste tratamento. Conforme Coelho, a

Page 30: Metodo Goodwill Ufrgs

20

maioria dos países contabilizam-no como ativo sujeito à amortização ou baixam seu

valor diretamente contra o Patrimônio Líquido. Somente em poucos países como

Suíça e EUA, é permitida sua capitalização sem que haja sua amortização em um

segundo momento. Contudo, nos EUA deve ser realizado, no mínimo uma vez por

ano, um teste de impairment (comparação, contraposição) para verificar se o valor

lançado na conta goodwill é recuperável.

A tabela a seguir relaciona os países que capitalizam o goodwill e a forma que

o fazem:

Tabela 1 – Tratamento Contábil do goodwill

Paises Capitalizam o goodwill Tempo

Escrituram diretamente contra reservas

África do Sul Sim Sim

Alemanha Sim Sim

Austrália Sim 20 anos Não

Brasil Sim 10 anos Não

Canadá Sim 40 anos Não

Espanha Sim Não

EUA Sim sem amortização Não

Filipinas Sim 40 anos Não

França Sim Não

Grécia Sim Sim

Holanda Sim Sim

Hong Kong Sim Sim

IASB Sim 20 anos Sim

Inglaterra Sim Sim

Itália Sim Sim

Japão Sim 5 anos Sim

Nigéria Sim Sim

Quênia Sim Sim

Suécia Sim 20 anos Não

Suíça Sim sem amortização Sim

Tailândia Sim Sim

União Européia Sim Sim Fonte: extraído de Schmidt (2002 p. 47)

Na tabela temos listrados os países que contabilizam o goodwill e como

realizam a amortização.

Page 31: Metodo Goodwill Ufrgs

21

Percebe-se que na maioria dos países a capitalização do goodwill é feita

através da amortização. De acordo com Coelho (2006), maioria dos países não

seguem a determinação do IASB, que recomenda a amortização, em no máximo 20

anos. Isso ocorre, pois em grande parte dos casos, o goodwill que foi adquirido e

que, presume-se que com o passar do tempo o seu valor diminuiria, é substituído

pelo goodwill gerado internamente e que deveria ser contabilizado paralelamente.

Devido a questão de de amortização do custo inicial do goodwill ao longo de

períodos determinados por cada país, faz com que o tratamento contábil do goodwill

não seja considerado como confiável. É por este motivo que os órgão reguladores

da contabilidade têm publicado pronunciamentos para acabar com a arbitrariedade

de amortização do goodwill.

Desta forma, a recomendação é que estes ativos não sejam amortizados e

que sofram outro tratamento, o impairment test (teste de recuperabilidade do custo

registrado). Basicamente, este teste, que é feito anualmente, verifica se os

benefícios futuros esperados serão suficientes para suportar a amortização do custo

do ativo. Através deste processo, quando há evidência da queda do potencial

econômico desses intangíveis seus valores serão ajustados de acordo para refletir

essa queda.

Pronunciamentos como os realizados pelo IASB visam dar mais confiança e

importância das informações provenientes dos ativos intangíveis.

5.4 CONTABILIDADE

A contabilidade sempre buscou registrar o valor das transações das

instituições baseando-se no custo.

Esta ciência estuda fatos patrimoniais através de registros e demonstrações a

fim de prover informações que possam auxiliar na tomada de decisões pela gestão

da entidade.

Para garantir a boa prática da contabilidade para que esta contabilidade

cumpra seu objetivo, que é de avaliar o patrimônio e promover estas informações à

sociedade, os órgãos competentes criaram pronunciamentos e normas contábeis.

Page 32: Metodo Goodwill Ufrgs

22

5.4.1 Normas de Contabilidade

Os normativos são pronunciamentos que visam regular o modo como uma

entidade registra seus ativos. Conforme estes pronunciamentos, a análise específica

sobre o real valor dos ativos é necessária para determinar o valor a ser expresso nas

demonstrações contábeis. Neste estudo, identificamos as regulamentações abaixo,

que formalizam o tratamento de ativos intangíveis:

- IAS 38 (International Accounting Standard – Intagible Assets)

- CPC 04 (Comitê de Pronunciamentos Contábeis – Ativo Intangível)

- IAS 36 (International Accounting Standard – Impairment of Assets)

- IFRS 3 (International Financial Report Standard – Business Combination).

Não usamos nenhum um tipo de generalização sobre o tema, considerando

que estas normas são convergentes em torno de um tema que nem sempre é

tratado da mesma forma.

5.4.2 IAS

O International Accounting Standards são normas de contabilidade formadas

por um conjunto de pronunciamentos contábeis publicados e revisados pela IASB

(Internacional Accounting Standads Board).

Estas normas foram adotadas pelos países da União Européia, em 2005 com

o intuito de padronizar as demonstrações financeiras consolidadas das empresas

européias de capital aberto. Todavia, toda a comunidade financeira adotou estas

normas em seus projetos de convergência de normas contábeis.

Conforme Diagnóstico da Convergência às Normas Internacionais do Banco

Central do Brasil, acerca do IAS 38:

O IAS 38 Intangible Assets estabelece procedimentos a serem adotados na contabilização de ativos intangíveis, que não sejam tratados em outros pronunciamentos específicos, bem como na avaliação desses ativos e sua divulgação em notas explicativas, ficando expresso que a norma se aplica também aos caos de gastos com publicidade, com

Page 33: Metodo Goodwill Ufrgs

23

pesquisa e desenvolvimento, além de formação e início de atividades empresariais.

No IAS 38 encontramos descrito no parágrafo 31 os critérios de

reconhecimento de ativos intangíveis, nas normas internacionais:

a) um adquirente reconhece um ativo intangível quando encontra os critérios

de reconhecimento estabelecidos nos parágrafos 19 e 20 do IAS 38,

mesmo que o ativo intangível não tenha sido reconhecido nas

Demonstrações Financeiras da investida;

b) se o valor justo de um ativo intangível adquirido como parte de uma

combinação de negócios do tipo aquisição do controle acionário não puder

ser mensurado com confiança, esse ativo não é reconhecido como um

ativo intangível separado, mas incluído no goodwill.

Todavia, ainda há uma discussão se este pronunciamento deve ser aplicado

ao goodwill adquirido numa concentração de atividades financeiras, que pode ser

enquadrado na IFRS 3 Business Combinations.

5.4.3 IFRS

As Normas Internacionais de Contabilidade são elaboradas pelo International

Accounting Standards Board (IASB), entidade responsável pela padronização das

normas contábeis cujos procedimentos são denominados de IFRS (Standard

International Financial Reporting).

A fim de que as Demonstrações Financeiras sejam facilmente compreendidas

e de fácil comparação com qualquer outra companhia, as empresas brasileiras de

capital aberto e instituições financeiras estão aderindo ao padrão IFRS, que já é

usado por diversos países, principalmente, na Europa.

Conforme é informado na homepage da IFRS, o objetivo principal das

demonstrações financeiras em IFRS é padronizar o modo como as informações

sobre posição financeira, resultados das entidades, de forma que sejam úteis e de

fácil entendimento por todos seus stakeholders. Além disso, objetiva garantir a

confiabilidade, compreensibilidade e a comparabilidade das informações

apresentadas pelas companhias.

Page 34: Metodo Goodwill Ufrgs

24

Para a IFRS, os elementos que compõem as demonstrações financeiras são:

a) balanço patrimonial;

b) demonstração de resultados;

c) demonstração de fluxo de caixa;

d) informações do segmento;

e) notas explicativas.

Conforme publicação da PwC (Pricewaterhouse Coopers), as companhias

brasileiras de capital aberto já estão em fase avançada na transição de suas

demonstrações financeiras para o padrão IFRS, em especial, os bancos.

Basicamente, a metodologia de conversão para IFRS, tem sido composta de

um estudo preliminar, e posteriormente, é realizada a configuração do projeto de

forma a avaliar os componentes e resolver possíveis problemas antes de iniciar a

conversão.

5.4.3.1 IFRS 3

Conforme publicação da KPMG no Valor Ecônomico:

A IFRS 3 (2008) é resultado da segunda fase do projeto de combinações de negócios do IASB e do Conselho Norte-Americano de Normas de Contabilidade Financeira (FASB), conduzido como projeto conjunto dos Conselhos. A primeira fase do projeto resultou na emissão da IFRS 3 (2004) e da norma norte-americana SFAS 141 Combinações de Negócios (2001). A segunda fase do projeto reconsiderou a aplicação da contabilização de aquisição referente a combinações de negócios.

Basicamente, a IFRS 03 especifica que as concentrações de atividades

empresariais necessariamente devem ser contabilizadas pelo método de compra,

reconhecendo ativos, passivos e passivos contingentes da adquirida sempre pelos

seus valores justos à data da aquisição. Quanto ao goodwill, ele é reconhecido e

testado quanto a imparidade, o que substitui a sua amortização.Em geral, a melhor

prova do valor justo é o preço publicado na data da troca.

A IFRS 3 foi aprovada em março de 2004, a fim de substituir a IAS 22

(International Accounting Standard). Na IAS 22 o goodwill deveria ser amortizado

numa base sistemática durante sua vida útil, considerando a presunção de que a

vida útil não ultrapassaria 20 anos. A IFRS 3, substitui essa amortização pelo teste

Page 35: Metodo Goodwill Ufrgs

25

de imparidade com periodicidade anual, a fim de quantificar possíveis perdas. Para

justificar o uso desse teste, a IFRS 3 considera que o goodwill é um ativo com vida

econômica indefinida e, por isso, não é amortizável. Desta forma, deverá

periodicamente ser testada a capacidade de produção de benefícios para verificar se

houve perda de utilidade.

Conforme a IASB, há razões para a IFRS 3 mudar o tratamento do goodwill:

These factors, combined with the prohibition of the pooling of interests method in Australia, Canada and the United States, prompted the International Accounting Standards Board to examine whether, given that few combinations were understood to be accounted for in accordance with IAS 22 using the pooling of interests method, it would be advantageous for international standards to converge with those in Australia and North America by also prohibiting the method.

Neste caso a IASB esclarece que que a intenção é melhorar o o tratamento

contábil a respeito do goodwill.

Se compararmos tanto a IFRS 3 quanto a IAS 36, que tratam do impairment

test com o CPC 01, verificaremos que a diferença relevante é que na norma

brasileira o goodwill ainda é passível de amortização. De acordo com as normas

internacionais, este ativo não deve ser amortizado. Logo, é possível constatar que

haverá diferença entre o valor contábil do goodwill quando divulgado em IFRS e

quando divulgado conforme normas brasileiras.

5.4.4 CPC

O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da

união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades:

-ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias abertas);

- APIMEC NACIONAL (Associação dos Analistas e Profissionais de

Investimentos do Mercado de Capitais);

Page 36: Metodo Goodwill Ufrgs

26

- BOVESPA (Bolsa de Valores de São Paulo, atualmente nomeada

BM&Fbovespa);

- CFC (Conselho Federal de Contabilidade);

-FIPECAFI(Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras);

e

- IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil).

Em função das necessidades de:

- convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de

elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e

decisões, redução de custo de capital);

- centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas

entidades o fazem);

- representação e processo democráticos na produção dessas informações

(produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia,

governo).

O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas, deliberando por

2/3 de seus membros. O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura

necessária.

As seis entidades compõem o CPC, mas outras poderão vir a ser convidadas

futuramente. Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria Contadores, não

auferem remuneração.

Além dos 12 membros atuais, serão sempre convidados a participar

representantes dos seguintes órgãos:

- Banco Central do Brasil;

- Comissão de Valores Mobiliários (CVM);

- Secretaria da Receita Federal;

- Superintendência de Seguros Privados (SUSEP).

Page 37: Metodo Goodwill Ufrgs

27

Outras entidades ou especialistas poderão ser convidados. Poderão ser

formadas Comissões e Grupos de Trabalho para temas específicos.

Conforme o próprio pronunciamento técnico CPC 04 – Ativo intagível :

O objetivo do presente Pronunciamento Técnico é o de definir o tratamento contábil dos ativos intangíveis que não são abrangidos especificamente em outro Pronunciamento. Este Pronunciamento estabelece que uma entidade deve reconhecer um ativo intangível apenas se determinados critérios especificados neste Pronunciamento forem atendidos. O Pronunciamento também especifica como mensurar o valor contábil dos ativos intangíveis, exigindo divulgações específicas sobre esses ativos.

Na seqüência, detalharemos as formas de mensuração citadas pelo CPC 04.

5.4.4.1 A identificação de um ativo intagível no CPC 04

Pelo CPC 04 a definição de ativo intangível requer que ele seja identificável,

para diferenciá-lo do ágio derivado da expectativa de rentabilidade futura (goodwill).

O ágio derivado da expectativa de rentabilidade reconhecido em uma

combinação de negócios é um ativo que representa benefícios econômicos futuros

gerados por outros ativos adquiridos em uma combinação de negócios, que não são

identificados e reconhecidos separadamente. Tais benefícios econômicos futuros

podem advir da sinergia entre os ativos identificáveis adquiridos ou de ativos que,

individualmente, não se qualificam para reconhecimento em separado nas

demonstrações contábeis.

5.4.4.2 Reconhecimento de um ativo intangível

E quanto ao reconhecimento, a CPC 04 informa que um ativo intangível deve

ser reconhecido apenas se:

(a) for provável que os benefícios econômicos futuros esperados atribuíveis

ao ativo serão gerados em favor da entidade; e

(b) o custo do ativo possa ser mensurado com segurança.

Page 38: Metodo Goodwill Ufrgs

28

A entidade deve avaliar a probabilidade de geração dos benefícios econômicos

futuros utilizando premissas razoáveis e comprováveis que representem a melhor

estimativa da administração em relação ao conjunto de condições econômicas que

existirão durante a vida útil do ativo.

A entidade utiliza seu julgamento para avaliar o grau de certeza relacionado

ao fluxo de benefícios econômicos futuros atribuíveis ao uso do ativo, com base nas

evidências disponíveis no momento do reconhecimento inicial, dando maior peso às

evidências externas.

Um ativo intangível deve ser reconhecido inicialmente ao custo.

5.4.4.3 Mensuração do valor justo de ativo intangível adquirido em combinação

de negócio

Se um ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios for

separável ou resultar de direitos contratuais ou outros direitos legais, considera-se

que o seu valor justo pode ser mensurado com segurança. Quando, para as

estimativas utilizadas na avaliação do valor justo de ativo intangível, existir uma

gama de resultados possíveis, com diferentes probabilidades, a incerteza passa a

fazer parte da determinação do valor justo. Se um ativo intangível adquirido em uma

combinação de negócios tiver vida útil definida, haverá a presunção de que o valor

justo possa ser estimado com segurança.

Um ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios pode ser

separável, em determinadas circunstâncias, apenas conjuntamente com os ativos

tangíveis ou intangíveis relacionados. Por exemplo, o título de uma revista pode não

ser negociável separadamente da base de dados de assinantes ou uma marca de

água mineral de determinada fonte não pode ser vendida sem a própria fonte.

Nesses casos em que o valor justo individual de cada ativo do grupo não

puder ser medido com segurança, o adquirente deve reconhecer um grupo de ativos

como um único ativo separadamente do ágio derivado da expectativa de

rentabilidade futura (goodwill).

Da mesma forma, as expressões “marca” e “nome comercial” costumam ser

utilizadas como sinônimos de marca registrada e de outros tipos de marcas. No

entanto, normalmente as primeiras são os nomes comerciais genéricos, usados

como referência a um grupo de ativos complementares, tais como a marca

Page 39: Metodo Goodwill Ufrgs

29

registrada e o respectivo nome comercial, fórmulas, receitas e especialização

técnica. Caso os valores justos individuais dos ativos intangíveis complementares,

incluindo a marca, não possam ser apurados individualmente, o adquirente

reconhece-os num só ativo. Se for possível mensurar com segurança

esses valores de forma individualizada, o adquirente pode, ainda, reconhecê-los

Exceto o ágio pago por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), o qual

não é parte do alcance deste Pronunciamento como um único ativo se eles tiverem

vida útil semelhante.

Os preços de mercado cotados em mercado ativo oferecem uma estimativa

confiável do valor justo de ativo intangível.O preço de mercado adequado costuma

ser o preço corrente de oferta de compra. Se não estiver disponível, o preço da

operação similar mais recente pode oferecer uma base de estimativa do valor justo,

desde que não tenha ocorrido nenhuma mudança econômica significativa entre a

data da operação e a data em que o valor justo do ativo é estimado.

Se não existir mercado ativo para um ativo intangível, o seu valor justo será o

valor que a entidade teria pago por ele, na data de aquisição, em operação sem

favorecimento entre partes conhecedoras do assunto e dispostas a negociar com

base na melhor informação disponível. Na apuração desse valor, a entidade deve

considerar o resultado de operações recentes com ativos similares.

As entidades habitualmente envolvidas na compra e venda de ativos

intangíveis exclusivos (ou únicos) podem desenvolver técnicas para mensurar

indiretamente os seus valores justos. Essas técnicas podem ser utilizadas para a

mensuração inicial de ativo intangível adquirido em uma combinação de negócios se

o seu objetivo for estimar o valor justo e se refletirem operações correntes no setor a

que esses ativos pertencem. Tais técnicas incluem, conforme o caso:

(a) a aplicação de múltiplos que refletem as atuais operações de mercado a

indicadores que determinam a rentabilidade do ativo (tais como: receitas,

participação de mercado e lucro operacional) ou o fluxo de royalties que pode ser

obtido com o licenciamento do ativo intangível a terceiros em operação sem

favorecimento; ou

(b) a estimativa de fluxo de caixa futuro líquido descontado gerado por esse

ativo.

A grande diferença encontrada entre o CPC 04 e os pronunciamentos

internacionais (IFRS e IAS) refere-se ao fato que, nas normas brasileiras do CPC o

Page 40: Metodo Goodwill Ufrgs

30

goodwill é passível de amortização. De acordo com as normas internacionais, este

ativo não deve ser amortizado e sim submetido ao impairment test. Logo, verifica-se

que pode haver diferença entre o valor contábil do goodwill quando divulgado em

IFRS e quando divulgado de acordo com as normas brasileiras.

5.5 MÉTODOS DE MENSURAÇÃO DO GOODWILL

Apesar de existirem diversas discordâncias acerca do tema goodwill, todos

concordam que devem ser mensurados.

De acordo com Coelho (2006) O American Institute of Certifed Public

Accounting (AICPA) esclarece em definitivo as dúvidas de mensuração de

intangíveis:

O montante inicial atribuído a todos os tipos de intangíveis deve ser o custo [...]. No caso de aquisições sem pagamento em dinheiro, como, por exemplo, intangíveis adquiridos em troca de títulos, o custo pode ser representado pelo valor justo dos títulos, o custo pode ser representado pelo valor justo dos bens ou direitos adquiridos, qualquer que seja o mais evidente (HENDRIKSEN e BREDA4, 1999 apud NEGRA, 2000:5).

Neste contexto é que temos diversas opiniões e sugestões de mensuração e

definição dos ativos intangíveis; várias formas de cálculo foram desenvolvidas para

sua apuração.

Entre os diversos métodos utilizados encontrados foram o Método Lawrende

R. Dicksee, Método New York, Método de Hatfield, Método do Valor Atual dos Super

Lucros, Método de Custo de Reposição ou Custo Corrente, Método do Valor

Econômico e Método do Valor de Realização, todos eles utilizados para calcular o

goodwill.

Abaixo, detalharemos os métodos que são utilizados com mais freqüência.

4 NEGRA, Carlos Alberto Serra; NEGRA, Elizabete Marinho Serra; PIRES, Marco Antonio Amaral; FILHO, Nourival de Souza Resende;

LAGE, Walmir Moreira; COUTINHO, Walter Roosevelt Coutinho. Discussão, Mensuração e Avaliação do Goodwill: da questão teórica à

prática empresarial. PERITOS CONTÁBEIS. Disponível em <http://www.peritoscontabeis.com.br/Maap/TrabalhoM.htm>. Acesso em:

nov. 2006.

Page 41: Metodo Goodwill Ufrgs

31

5.5.1 Método LAWRENCE R. DICKSEE

O Método LAWRENCE R. DICKSEE, descrito a seguir, foi um dos primeiros a

ser utilizado e serviu como embasamento para todos os criado apos a seu

aparecimento. Está baseado no lucro líquido do período anterior a sua apuração, e

de um fator multiplicativo.

Onde:

G = valor do goodwill

LL = lucro líquido

RA = remuneração da administração

i = taxa de juros aplicáveis ao imobilizado tangível

AT = ativos tangíveis

F = ator multiplicativo para obtenção do goodwill

Para essa fórmula considera-se o valor do goodwill (G) como o valor a ser

calculado, ao lucro líquido (LL) o lucro líquido do período anterior a sua apuração.

Define-se a Remuneração dos Administradores (RA) como sendo os valores pagos

aos administradores da companhia. Para a taxa de juros aplicáveis ao imobilizado

tangível (i) considera-se uma taxa de referência no mercado (como exemplo, tava de

juros ou taxa Selic). Os ativos tangíveis (AT) são selecionados a partir dos ativos

tangíveis divulgados no Balanço Patrimonial e nas Demonstrações Financeiras. E

para se achar o Fator de Multiplicação faz-se necessário calcular o Lucro Normal,

que é a média dos lucros dos quatro anos anteriores. A diferença do período

analisado em relação a este resultado será o fator multiplicativo (F).

G = (LL – RA – i * AT) F

Page 42: Metodo Goodwill Ufrgs

32

5.5.2 Método NEW YORK

Onde:

G = valor do goodwill

LL= lucro líquido (média dos últimos cinco anos)

RA = remuneração da administração

i = taxa de juros aplicáveis ao imobilizado tangível

AT = ativos tangíveis

F = ator multiplicativo para obtenção do goodwill

Neste método a fórmula é a mesma apresentada no modelo anterior, com a

diferença de que, neste caso, o lucro líquido é calculado através da média dos

últimos cinco anos.

5.5.3 Método de HATFIELD

Onde:

G = valor do goodwill

LL = lucro líquido

RA = remuneração dos administradores

AT = ativo tangível

J = taxa de capitalização de lucros

Este foi o método que introduz a visão do goodwill como resíduo em relação

aos outros ativos, precursor de diversos modelos mais modernos, representou

grande avanço a sua época. Utiliza-se dos mesmos parâmetros que os citados

G = (LL – RA – i * AT) F

G = LL – RA – AT

J

Page 43: Metodo Goodwill Ufrgs

33

anteriormente com exceção que inclui a taxa de capitalização de lucros (j), utilizadas

no mercado financeiro na data de cálculo em seu cálculo a remuneração da

administração (RA).

Em todos os métodos detalhados acima, todos eles consideram

5.6 ACORDO DE BASILÉIA

O acordo de Basiléia trata-se de um conjunto de regras bancárias prudenciais

divulgado pelo Comitê de Supervisão Bancária da Basiléia em 1988, com o objetivo

de dar maior solidez ao sistema financeiro mundial. Sua principal característica é o

requerimento de um percentual mínimo resultante da divisão do capital social de

uma instituição financeira por seus respectivos ativos ponderados pelo risco a eles

inerentes. O Acordo da Basiléia foi introduzido no Brasil pela Resolução 2.099 do

Conselho Monetário Nacional, de 17 de agosto de 1994, que instituiu valores

mínimos de capital realizado e de patrimônio líquido ajustado pelo grau de risco para

instituições financeiras brasileiras. As regras desse Acordo são constantemente

revisadas e aprimoradas para incorporar as mudanças de cenário de risco

detectadas no mercado. Em janeiro de 2001, o Comitê de Supervisão Bancária da

Basiléia divulgou uma nova versão desse Acordo denominado de Basiléia II. No

Brasil o Conselho Monetário Nacional, emitiu em 29 de agosto de 2007, a Resolução

3.490, em adição à Resolução 2.099, e suas posteriores alterações, que

regulamentam a aplicação das regras do Acordo Basiléia II para o mercado

brasileiro.

É considerando este acordo que em alguns cálculos, como no goodwill em

que a remuneração dos administradores é reduzida do lucro a ser considerado. No

atual momento, pós-crise financeira, boa remuneração dos administradores passa a

ser paga anualmente, após a divulgação dos resultados.

Page 44: Metodo Goodwill Ufrgs

34

5.7 ANÁLISE FINANCEIRA

A análise financeira, que é feita por meio dos demonstrativos contábeis,

analisa as informações obtidas com o intuito de compreender e avaliar aspectos da

empresa, tais como capacidade de pagamento e remuneração, endividamento,

capital de giro, bem como necessidades da empresa. Esta análise visa estudar o

desempenho econômico-financeiro da companhia, para determinado período de

tempo, desta forma ter informações para previsões e tendências futuras da empresa.

Abordaremos os principais conceitos e modos de análise utilizados para

análise econômico-financeira de empresas.

5.7.1 Informação

As informações são fontes importantes e necessárias para a análise do ciclo

de vida e ao processo decisório das organizações. Estas, extraídas dos relatórios

contábeis são de suma importância para a tomada de decisão diária.

As Demonstrações Contábeis contêm uma série de dados que, quando

analisados, tornam-se informações. Por esta razão, é que a análise de balanços

gerencial objetiva extrair informações e não dados.

Os dados são os itens básicos de informação antes de serem processados

por um sistema, ou seja, alimentam e dão entrada no sistema. As informações são

os resultados do processamento dos dados, que podem ser condensados em

relatórios para que sejam utilizados pelo gestor em seu processo de gestão. As

informações são o alvo do gestor. Ele as busca para a sua tomada de decisão, pois

elas irão embasar o seu processo decisório, ao contrário dos dados, que necessitam

ser processados para então serem transformados em informações relevantes e com

significado prático.

Page 45: Metodo Goodwill Ufrgs

35

5.7.2 Importância da análise gerencial dos balanços

A análise financeira e gerencial de balanços pode ser considerada uma das

tarefas mais complexas dentre as inúmeras que os gestores possuem na missão de

gerenciar uma organização.

Mesmo que apurar ou calcular índices seja uma tarefa simplista, tendo em

vista que as fórmulas já se encontram padronizadas, o ponto importante está na

análise e interpretação destes cálculos. O ato de calcular é relativamente simples,

mas não é uma atividade que se encerra em si, pois é necessário saber interpretar

os resultados que foram gerados. Para o gestor é necessário saber qual o

significado do número gerado; qual o sentido do índice calculado e qual a sua

magnitude. Para alguns índices, um valor mais elevado pode ser aceitável, enquanto

que para outros essa regra não pode ser aplicada. Portanto, a interpretação tem um

valor significativo.

A importância não está em calcular dezenas de índices e não realizar a

correlação e a comparação entre eles. A importância está em calcular os índices de

forma consistente, comparando e analisando de período para período e, a partir

desta análise checar quais itens merecem melhor estudo e análise.

A análise dos balanços pode trazer ótimos resultados e ser uma ferramenta

de controle eficaz. Além disso, a análise permite identificar pontos críticos e ter uma

visão dos planos do negócio, permitindo um esboço das prioridades, potencialidades

e estimativas.

5.7.3 Análise por meio de Índices

Os índices estabelecem a relação e a proporção entre duas grandezas, a fim

de analisar a situação econômico-financeira de uma entidade, pelo fato de que a

observação e apreciação de certas relações ou percentuais é mais significativa do

que a apreciação de todos os itens contidos nas demonstrações.

Page 46: Metodo Goodwill Ufrgs

36

A característica fundamental dos índices é oferecer ampla visão da situação

econômica e financeira da empresa. Podemos também, através dos índices, analisar

a situação financeira separadamente da situação econômica para, na conclusão,

juntar essas duas análises.

Os índices financeiros são relações entre contas ou grupos de contas das

Demonstrações Contábeis, que têm por objetivo fornecer informações que não estão

presentes de forma direta nas Demonstrações Contábeis.

A prática de utilização de índices na análise financeira tem mostrado que a

grande contribuição deste tipo de análise está em fornecer avaliações genéricas

sobre diferentes aspectos da organização. Especial importância tem sido dada a

esta análise quando da tarefa de previsão de insolvência.

MATARAZZO (2008) destaca que na análise financeira de uma empresa,

devemos utilizar as informações contábeis obtidas em suas Demonstrações

Contábeis e também o segmento em que a mesma atua, com o intuito de

compreendermos e avaliarmos aspectos como: (1) capacidade de pagamento da

empresa mediante a geração de caixa, (2) capacidade de remunerar os investidores,

(3) nível de endividamento, motivo e qualidade do endividamento, (4) políticas

operacionais e seus impactos na necessidade de capital de giro da empresa e (5)

impacto das decisões estratégicas relacionadas a investimentos e financiamentos,

por exemplo.

A avaliação da empresa através de índices exige que seja realizada uma

comparação com padrões definidos e a fixação da relevância dos mesmos para a

empresa estudada. O índice nada mais é que a relação entre contas ou grupos de

contas das Demonstrações Contábeis, onde se busca localizar aspectos da situação

econômica ou financeira da empresa. Esta análise dos índices vem a complementar

a análise horizontal/vertical para que se consiga saber a real situação econômico-

financeira da empresa. A análise de balanços e dos índices deve ser feita

juntamente com as análises vertical/horizontal para que possam fornecer mais

subsídios para a gestão. Os índices têm por principal finalidade evidenciar aspectos

econômicos e financeiros da empresa, criando um quadro de avaliação.

A análise das Demonstrações Contábeis através de índices pode ser dividida

em análise da situação financeira e análise da situação econômica da organização.

Page 47: Metodo Goodwill Ufrgs

37

No início da análise verifica-se a situação financeira de empresa separadamente da

situação econômica, para no fim estabelecer comparações entre as duas análises.

Para ser realizada esta análise os índices financeiros são divididos entre índices de

estrutura de capitais e índices de liquidez.

Depois de calculados, deve-se realizar a avaliação dos índices utilizados na

análise da empresa. Existem três tipos básicos de avaliação de índices que são:

pelo significado intrínseco, pela comparação ao longo de vários exercícios e pela

comparação com índices de outras empresas – índices padrão.

5.7.3.1 Índices de liquidez

Estes índices evidenciam a base da situação financeira da empresa. Estes se

originam do confronto dos ativos circulantes com as dívidas e procuram medir quão

sólida é a base financeira da empresa. Uma empresa que possua bons índices de

liquidez tem boa capacidade de pagamento, mas pode não estar honrando suas

dívidas no prazo devido a outras variáveis.

Estes índices de liquidez são muito utilizados para avaliar o nível de solvência

da empresa sob diferentes horizontes.

As principais medidas de liquidez contábeis são:

a) liquidez geral [(AC + RLP) / (PC + ELP)]: mede a totalidade de bens e

direitos realizáveis face o conjunto de suas dívidas. Retrata a saúde

financeira, indicando quanto a empresa possui no Ativo Circulante e

Realizável a Longo Prazo para cada $ 1 de dívida total para com terceiros.

É importante atentar para o fato de que este índice não revela qualidade

dos itens, mas, de qualquer forma, é valioso no sentido de avaliar se a

empresa está em condições de honrar seus compromissos.

b) liquidez corrente [AC / PC]: indica quanto a empresa possui de ativos de

curto prazo frente os passivos de curto prazo, ou seja, a quantidade de

moeda que possui para quitar cada unidade de obrigação para o mesmo

período. Basicamente, representa o quanto de recursos está disponível

Page 48: Metodo Goodwill Ufrgs

38

no curto prazo para se liquidarem as dívidas também no curto prazo.

MATARAZZO (2008, p. 172) informa: "Eis aí o significado do índice de

Liquidez Corrente: a margem de folga para manobras de prazos visa

equilibrar as entradas e as saídas de caixa”.

c) liquidez seca [(AC – Estoques – Despesas do Exercício Seguinte) / PC]: é

um indicador mais detalhado que o de liquidez corrente possui, excluem

em seu cálculo os ativos menos líquidos bem como aqueles que não

representam valores efetivos a serem recebidos.Basicamente, este índice

vai indicar as chances de a empresa pagar as dívidas com seus

Recebíveis e Disponibilidades, caso a empresa encerrasse as vendas.

d) liquidez imediata [ACF / PC]: reflete o percentual de obrigações de curto

prazo que podem ser pagas com as disponibilidades imediatas. Sua

interpretação pode ser ambígua, pois ao mesmo tempo em que indica a

solvência da empresa, pode também significar uma má gestão de

recursos, representando um excesso de dinheiro em caixa ou aplicado no

mercado financeiro.

5.7.3.2 Índices de Rentabilidade

Os índices de rentabilidade procuram demonstrar o retorno sobre os capitais

investidos, quanto renderam e qual o grau de êxito econômico da empresa. Eles

evidenciam qual foi a rentabilidade dos capitais investidos, ou seja, o resultado das

operações realizadas por uma organização, por isso, preocupam-se com a situação

econômica da empresa. Desta forma, a literatura apresenta inúmeros índices, sendo

que serão apresentados os principais.

a) margem líquida [Lucro líquido / Receita Operacional Líquida] calcula a

rentabilidade líquida, ou seja, quanto se obtém de lucro líquido por

unidade vendida.

Page 49: Metodo Goodwill Ufrgs

39

b) margem operacional [Lucro Operacional / Receita Operacional Líquida]:

calcula a rentabilidade operacional, quanto se obtém de lucro operacional

por unidade vendida.

c) retorno sobre o Patrimônio Líquido [Lucro líquido / PL – Lucro líquido]:

indica a rentabilidade sobre o capital próprio da empresa.

d) retorno sobre o ativo [Lucro líquido / Ativo total]: mede a capacidade de

geração de lucros com relação ao ativo investido.

e) giro do ativo [Receita Operacional Líquida / Ativo total]: mede o volume de

vendas com relação ao capital total investido, ou seja, a parte do ativo

comprometida para sustentar um nível específico de vendas.

Estes índices, basicamente definem a capacidade da companhia em dar

retorno financeiro. No caso dos índices de rentabilidade, assim como dos demais,

dizer que um indicador encontrado é alto ou baixo vai depender das características

do empreendimento, tais como segmento de mercado, porte e tempo de existência.

5.7.3.3 Índices de Estrutura ou Endividamento

Os índices deste grupo mostram as linhas de decisões financeiras, em termos

de obtenção e aplicação de recursos pela empresa.

a) participação de capitais de terceiros [(PC + ELP) / PL]: indica o grau de

alavancagem financeira da empresa.O índice de Participação de Capital

de Terceiros deve ser interpretado sob o ponto de vista financeiro para se

detectar o risco de insolvência, e não em relação ao lucro.

b) imobilização do capital próprio [AP / PL]: Trata-se de um quociente cujo

intuito é revelar qual é a porcentagem dos recursos próprios que está

imobilizada ou que não está em giro.

c) imobilização dos recursos permanentes [AP / ELP + PL]: indica quanto de

capital não circulante está investido no ativo permanente.

Page 50: Metodo Goodwill Ufrgs

40

d) composição do endividamento [PC / (PC + ELP)]: indica a proporção das

obrigações entre curto e longo prazo. Este índice revela o grau de

endividamento da empresa. A análise desse indicador por diversos

exercícios mostra a política de obtenção de recursos da empresa, isto é,

se a empresa vem financiando o seu Ativo com Recursos Próprios ou de

Terceiros e em que proporção.

5.7.3.4 Índices de Lucratividade

Lucratividade é o resultado positivo, após deduzir do faturamento custos e

despesas, indica o percentual de ganho obtido sobre as vendas realizadas. O

cálculo da lucratividade é obtido dividindo o resultado líquido pelas vendas (receita

operacional líquida) [LL /ROL].

5.7.4 EBITDA

O EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and

Amortization), ou LAJIDA (Lucro antes dos juros, impostos (sobre lucros),

depreciações/exaustões e amortizações), retrata o fluxo de caixa operacional da

empresa, apurado antes do cálculo do imposto de renda, revelando assim, “a

genuína capacidade operacional de geração de caixa de uma empresa, ou seja, sua

eficiência financeira determinada pelas estratégias operacionais adotadas”.(ASSAF

NETO, 2003, p. 207).

Para o cálculo do EBITDA das três instituições analisadas, realizaremos a

soma do lucro líquido com as provisões de imposto de renda e contribuição social,

bem como os impostos devidos sobre as operações do período e as depreciações e

amortizações. Esta conta permite avaliar o lucro referente apenas ao negócio,

descontando qualquer ganhos não operacionais.

O EBITDA é muito útil quando se analisa a lucratividade e é ótima

ferramenta de medição da eficiência e produtividade de um ano em relação a outro.

Page 51: Metodo Goodwill Ufrgs

41

De acordo com COELHO (2006) nos últimos anos, esse indicador passou a

ser amplamente utilizado pelas empresas de capital aberto e pelos analistas de

mercado como a principal avaliação de desempenho e do valor das companhias. Isto

porque leva em conta o desempenho operacional e deixa de lado o chamado

resultado financeiro, considerado o ponto fraco das companhias no pós-

desvalorização.

Logo, o EBITDA mensura o real potencial de caixa gerado pelo ativo

operacional da companhia, não sendo levando em conta eventos extraordinários ou

ganhos e perdas não operacionais.

É importante mencionar que o EBIT (Earnings Before lnterest and Taxes) não

se trata do mesmo indicador que o EBITDA. EBIT nada mais é que o lucro

operacional líquido menos os impostos ajustados, para o regime de caixa.

5.7.5 EBIT

O Earnings Before Interest and Taxs, traduzido como Receitas Antes da

Dedução de Juros e Impostos, abrange lucros operacionais e não operacionais da

distribuição dos resultados e da dedução dos impostos.

O cálculo do EBIT não considera custos; apenas mede o ganho de uma

companhia nas operações ongoing (em andamento), excluindo renda e despesas

não correntes.

Para obtenção do EBIT, basicamente usamos o valor da Receita Operacional

Líquida, subtraídas as Despesas Operacionais (ROL - DO). Desta forma, qualquer

efeito de estrutura de capital, impostos, despesas não concorrentes são anulados.

Com a eliminação destes é possível demonstrar a real habilidade da entidade em

gerar lucro.

Page 52: Metodo Goodwill Ufrgs

42

5.7.6 EVA

O Economic Value Added é nomeado no Brasil Valor Econômico Agregado.

Trata-se de uma forma de medir, quantitativamente, o montante de valor que foi

criado ou destruído em determinado período , pela companhia.

Este indicador, que é marca registrada da Stern Stewart & Co., empresa de

consultoria americana que define o EVA como “ medida de desempenho voltada

para a criação de riqueza dos acionistas”, permite medir o lucro real obtido pelas

atividades da empresa. São deduzidas a remuneração das fontes de financiamento,

inclusive o capital dos investidores. Basicamente, o cálculo do EVA mostra o

verdadeiro retorno produzido pela empresa .

Para STEWART (1991), o “Eva é uma medida de renda residual que subtrai o

custo de capital dos lucros operacionais gerado no negócio”.

É afirmando por COELHO (2006) que o EVA é muito mais do que uma

simples medida de desempenho, é a estrutura para um sistema completo de

gerência financeira e remuneração variável que pode orientar cada decisão tomada

por uma empresa. Além disso, a criação de valor para os acionistas passou a ser a

meta da administração.

A vantagem do uso do EVA é o fato de reconhecer o Custo de Capital Próprio

(CPC), que é aonde estão considerados riscos pertinentes ao negócio, conhecido

como custo de oportunidade. Este indicador tem sido largamente utilizado devido a

facilidade de entendimento e por refletir a realidade econômica.

Conceitua-se o EVA como sendo o resultado do lucro operacional após as

taxas (NOPAT – Net Operational Profit After Taxes) menos o custo de capital (C%)

multiplicado pelo capital total (K).

O NOPAT corresponde ao lucro operacional líquido após a tributação, sendo

que C% refere-se ao percentual de capital, e K é o capital total. Desta forma,

podemos estimar o verdadeiro lucro econômico.

EVA=NOPAT – C%(K)

Page 53: Metodo Goodwill Ufrgs

43

5.8 AQUISIÇÕES E FUSÕES

Considerando a nova ordem econômica mundial e a globalização é

compreensível que as sociedades adaptem-se a este novo cenário, utilizando-se, em

muitos casos de reorganização societária.

Encontramos na Lei 6.404/76 a informação que as sociedades podem se

reorganizar através de fusões, aquisições e incorporações. Estas operações

objetivam, basicamente, melhorar o negócio das companhias envolvidas.

Esta nova ordem trouxe mudanças significativas no comportamento das

empresas,através do aumento da competitividade.. Com este cenário, aumentou a

necessidade de estratégia de concentração e reestruturação de sociedades

(SANTOS e SCHMIDT, 2009).

Desta forma, tais reorganizações societárias podem ser vistas como uma

maneira de se “reestruturar” e crescer em velocidade maior , aproveitando também

possíveis oportunidades de novos mercados.

Na concepção de Iudicibus, Martins e Gelbcke (2007), reorganizações

societárias são operações que permitem as empresas a qualquer momento, efetuar

reformulações apropriadas, podendo ser de natureza e objetivos distintos. Desta

forma, percebe-se que a sinergia proveniente de uma fusão é um grande avanço

tanto para reestruturar quanto para avançar nos mercados.

Page 54: Metodo Goodwill Ufrgs

44

6 CENÁRIO ECONÔMICO BANCÁRIO

No atual sistema financeiro do nosso país, cinco principais instituições detém

dois terços do mercado. Todos estes ativos e empréstimos estão sob a

responsabilidade dos bancos: Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander e Caixa

Econômica Federal. A concentração bancária costuma ser observada pelos ativos –

que são os créditos, direitos, bens e valores a receber que o banco detém. Por essa

característica, a participação dos cinco grandes bancos passou de 45,6% em 2000

para 64,9% em junho de 2010. Em ritmo semelhante, as operações de crédito desse

grupo saltaram de 49,2% para 65,5% de todo o sistema financeiro no mesmo

período.

A concentração no sistema bancário brasileiro aumentou na saída da crise

financeira, no ano passado, quando grandes bancos voltaram às compras e foram

fechadas grandes fusões e aquisições. Na última década o Brasil acompanhou uma

série de aquisições e fusões de bancos dentro de seu mercado. Nos últimos anos,

os mais chamativos foram a incorporação da Nossa Caixa ao Banco do Brasil, o que

contribuiu para que ele se tornasse o maior do País, e a fusão do Unibanco e do

Itaú, formando uma das maiores empresas do setor financeiro da América Latina.

O País acompanhou grandes movimentações das empresas no final dos anos

90, quando o HSBC entrou no mercado com a compra do Bamerindus, o Excel se

firmou com a compra do Econômico e depois se juntou ao BBVA e o Bradesco

adquiriu o BCN, começando uma série de compras que se estendeu até 2002,

quando comprou o Banco Mercantil de São Paulo, a quinta incorporação em seis

anos.

Nos últimos anos, as aquisições foram cruciais para definir o posicionamento

das instituições no ranking de maiores empresas financeiras da América Latina,

liderada por brasileiros. O Bradesco, que era o maior banco privado, foi ultrapassado

pelo Itaú Unibanco. Este, que foi criado em 2008, também ultrapassou o Banco do

Brasil (BB), que retomou a ponta meses depois, comprando a Nossa Caixa e o

Banco Votorantim.

Page 55: Metodo Goodwill Ufrgs

45

Todos estes processos de fusões e aquisições tem motivação econômica:

maiores, os bancos têm o chamado ganho de escala, que é a redução proporcional

do custo de sua operação. Eles conseguem ainda economizar em operações mais

simples, como a de compra de material de escritório, e na montagem dos complexos

sistemas de tecnologia da informação.“Esse processo acontece não apenas no

sistema financeiro. Para serem mais competitivos, muitos setores passaram por

grande concentração”comenta o presidente da Austin Rating, Erivelton Rodrigues.

“É um ciclo que se auto-alimenta. Maiores, os bancos têm mais fôlego para comprar

outros ou crescer organicamente.”

O professor de finanças da Escola de Administração da Fundação Getúlio

Vargas (FGV-SP), José Pereira da Silva, afirma que essa concentração é resultado

de um movimento amplo, iniciado há quase duas décadas. Em meados dos anos 90,

após a criação do Plano Real, o governo decidiu reestruturar e fortalecer o sistema

financeiro com a ajuda dos recursos públicos para impedir que a economia se

contaminasse com eventual debilidade dos bancos. Em meio ao movimento, muitos

bancos estaduais foram comprados.

6.1 ITAÚ-UNIBANCO

O banco Itaú propriamente dito foi fundado, em 1944 em Minas Gerais. Já

nos anos 60 e 70 foram marcados por aconteceram crescimento ao banco. A

primeira aquisição foi a do Banco Paulista de Comércio, em 1961. Houve a fusão

dos bancos União de Crédito e o Itaú América.

Em 1973, após outras mudanças de nome, o banco passa a se chamar

apenas Banco Itaú.Em 1974, foi criada a Itaúsa - Investimentos Itaú, holding que

detém controle acionário do banco e de outras empresas.

A partir de meados dos anos 1990, o governo do presidente Fernando

Henrique Cardoso iniciou o processo de privatização de bancos estatais, o qual,

juntamente com outras aquisições de empresas privadas do setor bancário e

correlatas (como de seguros) alavancaram enormemente a expansão do Itaú na

última década. Nesse período, o Itaú adquiriu o Banco Banerj S.A (junho de 1997),

Bemge - Banco do Estado de Minas Gerais S.A (1998), o Banestado - Banco do

Page 56: Metodo Goodwill Ufrgs

46

Estado do Paraná S.A. (outubro de 2000) e o BEG - Banco do Estado de Goiás S.A.

(2001).

O Bemge foi uma transação de R$ 583 milhões. A instituição adquirida

possuía ativos bons de R$ 3,2 milhões e quase um milhão de clientes. No

Banestado, o preço de aquisição, com pagamento à vista, foi de R$ 1,6 bilhões,

correspondendo a um ágio de 303% sobre o preço mínimo fixado para o leilão.

Em 1998, a compra do Banco Del Buen Ayre, incorporado ao Itaú Argentina,

atual Itaú Buen Ayre, reforçou a atuação do Itaú Holding Financeria no Mercosul.

Em dezembro de 2002, houve a aquisição de 96% do antigo Banco BBA-

Creditanstalt (que tinha como sócio minoritário um grupo austríaco) por R$ 3,3

bilhões, liquidada financeiramente em fevereiro de 2003 – levando junto os R$ 7

bilhões de ativos da financeira Fináustria. A maior parte do ágio sobre o valor

patrimonial pago na aquisição foi exatamente pela Fináustria, já que o prêmio num

banco de atacado é pequeno, porque este não tem agências, clientes cativos e

marcas fortes. Mais precisamente, o preço pago pela Fináustria foi de três vezes o

seu patrimônio líquido, cerca de R$ 650 milhões. Pelo banco de atacado, foi de 1,3

vezes o seu patrimônio líquido, ou cerca de R$ 1,85 bilhões. A tesouraria custou

pouco mais de R$ 100 milhões. O novo Itaú BBA opera com alguma independência

do Banco Itaú.

Também como resultado da aquisição das atividades brasileiras de Private

Banking do centenário grupo britânico Lloyds TSB no segundo semestre de 2001, e

do canadense Banco Brascan no primeiro semestre de 2002, os clientes pessoa

física do Lloyds TSB e do Banco Brascan são agora atendidos pelo Itaú Private

Bank.

Em março de 2003, em outra ação estratégica de marketing para atender a

um público (nicho) específico, a holding Itausa fez a aquisição de 99,99% do capital

do Banco Fiat. A compra foi realizada por intermédio do Banco Itaú junto a Fiat, e

custou R$ 897 milhões, valor que representa um ágio de R$ 462 milhões ou 1,06

vezes o valor do patrimônio líquido da instituição.

Em maio de 2006, o Grupo Itaúsa comprou, por 2,2 bilhões de dólares, as

operações do BankBoston (subsidiário do Bank of America no Brasil, com opção

para adquirir as operações do Chile e Uruguai).

Page 57: Metodo Goodwill Ufrgs

47

Um dos pioneiros em segmento de atendimento personalizado para público

de alta renda no Brasil, oferece atendimento personalizado a pessoas físicas com

renda mensal mínima de R$ 7.000, e que desejam obter uma maior assessoria

financeira. Seus serviços abrangem ações, produtos financeiros, fundos,

previdência, crédito e seguros.

No Brasil o banco Itaú-Unibanco é o atual líder do mercado nacional e este

vem crescendo significativamente, sendo em 2009 a empresa no setor que mais

cresceu no mundo (cerca de seis vezes mais que o segundo colocado), segundo o

jornal Folha de São Paulo. Isso se tornou possível graças à união com o Unibanco,

em 2008 e com a chegada maciça de investimentos no país.

A idéia da fusão entre Itaú e Unibanco vinha sendo discutida há dez anos,

quando o banco holandês ABN anunciou a compra do Real, e foi retomada assim

que saiu o anúncio da compra do ABN Real pelo espanhol Santander. Com esta

aquisição, pela primeira vez um banco estrangeiro seria capaz de inverter a mão da

história da consolidação dos bancos brasileiros e ultrapassar a participação de

mercado de instituições nacionais de peso. Um movimento que unisse o Itaú,

segundo maior banco privado do país, ao Unibanco, quarto da lista, mudaria o jogo.

E foi o que aconteceu.

O Itaú soube aproveitar melhor as oportunidades trazidas pela privatização

dos bancos estatais, na década de 90. Sua capacidade de enxergar essas

oportunidades era resultado de um posicionamento claro que tinha o objetivo de

ganhar mercado integrando bancos. O Itaú, internacionalmente é conhecido como

exemplo de empresa que adota a estratégia de esperar ativamente, preparado para

realizar a ação certa, na oportunidade certa. Foi o que aconteceu entre 1995 e 2002,

quando Itaú comprou oito bancos grandes, mostrando-se bem mais agressivo que

seus concorrentes. Itaú desenvolveu um sistema muito eficiente de sondar o

mercado e assegurar acesso a um fluxo adequado de informações, aguçando a sua

capacidade de identificar as oportunidades certas.

Setubal e Moreira Salles, controladores do Itaú-Unibanco, sabem que o banco

criado por eles estabelece um novo patamar de concorrência no setor – não apenas

para os outros, mas principalmente para eles mesmos. A nova instituição nasce com

Page 58: Metodo Goodwill Ufrgs

48

36% do mercado de cartões de crédito, 24% do de previdência privada, 20% do total

de ativos, 19% dos empréstimos e 18% dos correntistas. Além disso, a oportunidade

de negócios criada pela crise favorece o Itaú-Unibanco, pois mesmo as grandes

instituições financeiras, como Citigroup, Goldman Sachs e Morgan Stanley, estão

fragilizadas.“O cenário global sinaliza que haverá mais regulamentação – na prática,

as autoridades vão exigir dos bancos mais volume, mais capital e mais solidez”, diz

Eduardo Oliveira, diretor-executivo do UBS Pactual no Brasil. “Esse cenário é um

convite à formação de um sistema financeiro com um número menor de bancos cada

vez maiores.”

A estratégia do Itaú-Unibanco para a sua internacionalização será prospectar

mercados emergentes, iniciando pela América Latina. Os países já anunciados –

México, Colômbia, Peru e Chile – foram escolhidos por suas vantagens políticas,

econômicas e culturais. “

A estrutura de controle foi dividida em partes iguais pelos atuais

controladores do Itaú (as famílias Setubal e Villela) e os do Unibanco (a família

Moreira Salles). Ao final do terceiro trimestre deste ano, os ativos do Itaú

representavam mais que o dobro dos do Unibanco. Eram R$ 396,6 bilhões, ante R$

178,5 bilhões.

6.2 BRADESCO

O Banco Bradesco foi fundado em 1943 como um banco comercial. As

atividades foram expandidas pelo país durante a década de 70, conquistando

mercados brasileiros urbanos e rurais.

Segundo informações publicadas pela Superintendência de Seguros

Privados, conhecida como “SUSEP” e pela Agência Nacional de Saúde

Suplementar, conhecida como “ANS”, Bradesco é a maior operadora de seguros,

previdência complementar e títulos de capitalização, em termos de prêmios de

seguros, contribuições de previdência complementar e receitas de títulos de

capitalização, em bases consolidadas. Bradesco é o segundo maior banco privado

do Brasil (em ativos totais), e cresceu principalmente através de fusões e aquisições.

Page 59: Metodo Goodwill Ufrgs

49

Em 1995, a Visa Internacional em conjunto com o Banco Bradesco, Banco

Real, Banco do Brasil e o Banco Nacional, decidem criar a processadora dos

Cartões de Crédito da bandeira VISA. Nasce a CBMP (Companhia Brasileira de

Meios de Pagamento) ou Cielo, atualmente a empresa líder no mercado brasileiro de

meios eletrônicos de pagamentos.

A estratégia direta de aquisições foi utilizada tanto para o aumento da base de

ativos, de clientes e de negócios bancários, como para os outros serviços agregados

dentro do sistema financeiro, principalmente os de seguros e previdência privada.

Em março de 2002, após longas negociações, o Bradesco adquire por R$

1,36 bilhões o tradicional Finasa .Em 2002, também foram adquiridos os ativos do

Deutsche Bank Investimentos, que transferiu à BRAM - Bradesco Asset

Management a administração de R$ 2,16 bilhões em fundos de investimento e em

carteiras administradas.

O ano de 2003 começou com novas ações estratégicas envolvendo ao

mesmo tempo uma fusão parcial e mais uma aquisição: em janeiro, o Bradesco

adquiriu as operações do Banco Bilbao Vizcaya, pertencentes ao espanhol Banco

Bilbao Vizcaya Argentaria, por R$ 2,7 bilhões (585 milhões de dólares em dinheiro e

mais a transferência de uma fatia de 4,5% do capital do Bradesco).

No início de novembro de 2003, o Bradesco celebrou, por meio do Banco

Finasa S.A a compra da totalidade do capital social do Grupo Zogbi, pelo valor de R$

650 milhões. A Zogbi atuava na atividade de financiamento, mantendo forte

presença nas áreas de crédito direto ao consumidor, pessoal, cartão e veículos. A

aquisição representou um importante passo estratégico do Bradesco em um setor

com grande potencial de crescimento. Foram acrescentados ao grupo na ocasião:

Ativos totais de R$ 833 milhões.

Em fevereiro de 2004, retomando a linha da aquisição de bancos estaduais, o

banco também adquiriu da União Federal o controle acionário do Banco do Estado

do Maranhão S.A. - BEM, e suas controladas BEM Distribuidora de Títulos e Valores

Mobiliários Ltda., BEM Vigilância e Transportes de Valores S.A. e BEM Serviços

Gerais Ltda. A operação envolveu a compra de 89,957% do capital social do BEM,

pelo valor de R$ 78 milhões.

Page 60: Metodo Goodwill Ufrgs

50

No fim do primeiro semestre de 2004, foi a vez da aquisição das atividades de

gestão de recursos do centenário grupo norte-americano JP Morgan, envolvendo a

transferência de recursos administrados da ordem de R$ 7 bilhões.

Em abril de 2005, foi a vez de o Bradesco comprar a rede e a carteira de

clientes do Banco Morada, instituição carioca especializado em crédito pessoal e

crédito direto ao consumidor (CDC), por R$ 80 milhões.

Em continuação à estratégia de aquisições para atalhos nos ganhos de

mercado em nichos específicos, em dezembro de 2005 o Bradesco adquiriu em

leilão o BEC (Banco do Estado do Ceará), por um preço de R$ 700 milhões, o que

representou um ágio de 28,98% sobre o preço mínimo, fixado em R$ 542,7 milhões.

Em março de 2006, o Bradesco pagou US$ 490 milhões (R$ 1 bilhão) para

assumir as operações brasileiras da empresa de cartões de crédito American

Express, especializada no nicho de cartões pessoais para pessoas de alta renda, e

cartões corporativos para grandes empresas. Passam a pertencer ao Bradesco as

empresas brasileiras da American Express (Amex) que atuam no ramo de cartões de

crédito, corretagem de seguros, serviços de viagens, de câmbio no varejo e

operações de crédito direto ao consumidor.

Em junho de 2009, o Bradesco fechou a compra do Banco Ibi, ligado à rede

varejista holandesa C&A, em um negócio de R$ 1,4 bilhão. Após essa aquisição

Bradesco segue como segundo maior banco privado brasileiro, atrás do Itaú-

Unibanco.

6.3 SANTANDER

O Grupo Santander é o quarto maior banco do mundo em lucros e o oitavo

em capitalização de mercado. De origem espanhola, com grande presença na

Europa e América.

Em 1997, o grupo Santander, no Brasil, adquiriu o Banco Geral do Comércio

S.A.. As três aquisições feitas nos anos subseqüentes fizeram com que o Grupo

Santander ganhasse posição entre os maiores grupos financeiros do setor no Brasil.

Page 61: Metodo Goodwill Ufrgs

51

Em 1998 foi comprado o Banco Noroeste S.A., e em janeiro de 2000

Financeiro Meridional foi adquirido (Bancos Meridional e Bozano, Simonsen). Em

novembro do mesmo ano, o Santander comprou o controle do Banespa.

Dessa forma, com todas as aquisições, o conglomerado financeiro Santander

Banespa foi formado em 2001, com reestruturação societária. Do Banco Santander

Hispano, as ações do Banespa se tornaram propriedade do Santander S.A.

Em 2008 o Grupo comprou a operação do holandês ABN Amro Bank na

América Latina, controlador do Banco Real, tornando-se Brasil, o terceiro maior

banco em ativos.

A maior aquisição da história do setor bancário mundial foi realizada pelo

consórcio formado pelos bancos Royal Bank of Scotland, Fortis e Santander .O

negócio fez parte da compra do banco holandês ABN Amro.. No negócio, o

Santander ficou com as unidades italiana e brasileira do ABN, o que deu ao

Santander fôlego necessário para disputar de igual para igual o mercado brasileiro

com os principais bancos locais (Itaú, Bradesco e Banco do Brasil).

Atualmente, o Santander é o terceiro banco privado por volume de ativos (no

Brasil) e o primeiro entre os bancos internacionais. A base de clientes ultrapassa 6,7

milhões. A maioria dos clientes do banco é formada por funcionários ativos e

inativos do Estado de São Paulo, provindos do Banco Banespa.

Page 62: Metodo Goodwill Ufrgs

52

7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A necessidade de avaliação dos intangíveis vem ganhando importância na

avaliação do real valor das empresas. É através do goodwill é que iremos verificar a

necessidade da avaliação destes ativos.

Inicialmente foi realizada uma breve pesquisa sobre o problema definido, a

fim de identificar qual melhor mercado e companhias a analisar. A partir daí, a

pesquisa trata de estudar a efetividade do método, nesse caso, de mensuração do

goodwill.

O método é dedutivo, uma vez que são analisadas informações do geral para

o específico a fim de obter uma conclusão a respeito da premissa.

O aprofundamento do estudo do assunto foi buscado na revisão bibliográfica,

normas contábeis e nas publicações das companhias.

Tanto no meio acadêmico como no meio profissional não há registro de uma

fórmula global para o cálculo do goodwill. Baseado nas teorias mencionadas neste

trabalho optamos pelo método NEW YORK para a realização do cálculo. A escolha

deve-se a tradicionalidade do método, que há muito anos vem sendo utilizado como

base para outras fórmulas. Esta metodologia de cálculo considera o fator de

multiplicação.

G = (LL – RA – i * AT) F

Onde:

G = valor do goodwill

LL = lucro líquido (média dos últimos cinco anos)

RA = remuneração da administração

i = taxa de juros aplicáveis ao imobilizado tangível

AT = ativos tangíveis

F = ator multiplicativo para obtenção do goodwill

Neste método, o lucro líquido é calculado através da média dos últimos cinco

anos.

Page 63: Metodo Goodwill Ufrgs

53

Para o cálculo Fator de Multiplicação será necessário calcular o Lucro Normal

dos últimos 5 anos das companhias em questão, a diferença do período analisado

em relação à média do lucro normal, será o fator multiplicativo (F). Após este cálculo

é feita a media dos resultados obtido entre as empresas como forma de assumir um

valor em comum que poderia ser caracterizado como lucro médio do setor no

período auditado.

Através dos websites das instituições estudadas, obtivemos Demonstrativos

Contábeis e informações financeiras para a viabilização da análise. Nosso estudo

terá alguns indicadores principais como: liquidez, rentabilidade, EBITDA, lucro e

EVA.

Depois de calculados todos os pontos levantados nesta sessão, serão

analisados os resultados financeiros e o valor encontrado para o goodwill de modo a

justificar a realização deste trabalho.

7.1 AMOSTRA

Para o estudo, foram considerados os três maiores bancos privados

brasileiros: Itaú-Unibanco, Bradesco e Santander. O setor bancário foi o escolhido

considerando que é um dos setores mais significativos da economia brasileira nos

últimos anos que têm passado por significativas transformações, em que hã forte

influência das fusões e aquisições.

A partir da definição do setor e companhias, obtivemos os Demonstrativos

Contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstrativo de Resultados do Exercício) das

respectivas empresas referentes aos períodos de dezembro de 2003 a setembro de

2010. A utilização das demonstrações do período até setembro/2010 deve-se ao fato

de que as companhias ainda não fecharam o ano de 2010.

Page 64: Metodo Goodwill Ufrgs

54

7.2 VARIÁVEIS

Nossa análise financeira, para este estudo comparativo com o goodwill

resumir-se-á em EBITDA, EVA, visto que estes visam demonstrar e analisar

algumas formas de análise dos Demonstrativos Contábeis.

Com esta análise financeira será possível comparar os números entre as

instituições e verificar a real necessidade do cálculo do goodwill .

Page 65: Metodo Goodwill Ufrgs

55

8 ANÁLISE DOS RESULTADOS

8.1 MENSURAÇÃO DOS ATIVOS TANGÍVEIS

A tabela a seguir demonstra os dados e os valores que serão levados em

conta para o cálculo dos ativos tangíveis a serem considerados no cálculo do

goodwill:

Page 66: Metodo Goodwill Ufrgs

56

Tabela 2– Ativos Intangíveis (mil reais)

Page 67: Metodo Goodwill Ufrgs

57

R $ mil ATI VOS TANGÍV EIS I ta ú - Unibanc oBrade sco S antander

DIS PONIB ILIDADE S 1 1.7 29 9. 66 9 4 .1 08

APLICAÇÕE S I NTE RFI NANCE IRAS DE LIQ UI DE Z (CP e LP) 11 1.8 16 92. 56 7 29 .7 32

TÍTULOS E V ALORES M OBILIÁRI OS E I NS TRUM ENTOS FINANCEIROS DERIVATIVO S (CP e LP ) 14 1.8 78 1 96. 08 1 80 .0 09

RELAÇÕ ES INTE RFINANCE IRAS (CP e LP) 6 6.1 68 50. 53 0 32 .1 61

RELAÇÕ ES INTE RDE PE NDÊNCIAS (CP e LP ) 73 25 1 2

OP ERAÇÕE S DE CRÉ DI TO, ARRE NDAME NTO M ERCANTI L FINANCEIRO (CP e LP) 30 6.8 64 1 84. 80 8 150 .2 82

OUTROS VALO RE S E BENS (CP e LP ) 3.5 11 1. 83 2 1 .0 49

OUTROS CRÉ DI TO S 3 3.9 27 65. 44 2 15

INV ESTIME NTOS 2.2 26 1. 61 6 1 85

IM O BI LI ZADO DE US O 4.6 97 3. 39 6 4 .1 89

IM O BI LI ZADO DE ARRENDAM ENTO M ERCANTIL O PERACI ONAL 4 5 0

T OT AL 68 2.8 93 6 06. 19 7 301 .7 32

* val or ac umula do até set /1 0

R $ mil ATI VOS TANGÍV EIS I ta ú - Unibanc oBrade sco S antander

DIS PONIB ILIDADE S 1 0.5 94 6. 94 6 5 .6 23

APLICAÇÕE S I NTE RFI NANCE IRAS DE LIQ UI DE Z (CP e LP) 13 9.1 94 1 10. 79 6 30 .1 73

TÍTULOS E V ALORES M OBILIÁRI OS E I NS TRUM ENTOS FINANCEIROS DERIVATIVO S (CP e LP ) 12 0.1 88 1 47. 26 9 79 .6 89

RELAÇÕ ES INTE RFINANCE IRAS (CP e LP) 1 4.5 12 18. 48 2 8 .8 87

RELAÇÕ ES INTE RDE PE NDÊNCIAS (CP e LP ) 57 23 9 6

OP ERAÇÕE S DE CRÉ DI TO, ARRE NDAME NTO M ERCANTI L FINANCEIRO E O UTROS CRÉ DITOS (CP e LP )27 8.2 10 11. 74 7 123 .0 21

OUTROS VALO RE S E BENS (CP e LP ) 4.3 56 1. 91 6 9 87

OUTROS CRÉ DI TO S 3 0.8 61 20. 46 9 18 .1 26

INV ESTIME NTOS 3.3 60 2. 01 2 2 07

IM O BI LI ZADO DE US O 4.3 53 3. 40 6 3 .6 57

IM O BI LI ZADO DE ARRENDAM ENTO M ERCANTIL O PERACI ONAL 6 1 1 0

T OT AL 60 5.6 91 3 23. 29 3 270 .3 76

R $ mil ATI VOS TANGÍV EIS I ta ú - Unibanc oBrade sco S antander

DIS PONIB ILIDADE S 1 5.8 47 9. 29 5 5 .0 87

APLICAÇÕE S I NTE RFI NANCE IRAS DE LIQ UI DE Z (CP e LP) 12 4.5 46 74. 19 0 37 .2 66

TÍTULOS E V ALORES M OBILIÁRI OS E I NS TRUM ENTOS FINANCEIROS DERIVATIVO S (CP e LP ) 13 8.3 43 1 33. 58 3 55 .8 24

RELAÇÕ ES INTE RFINANCE IRAS (CP e LP) 1 4.2 25 14. 28 7 7 .6 80

RELAÇÕ ES INTE RDE PE NDÊNCIAS (CP e LP ) 41 5 5 12

OP ERAÇÕE S DE CRÉ DI TO, ARRE NDAME NTO M ERCANTI L FINANCEIRO E O UTROS CRÉ DITOS (CP e LP )29 9.1 38 1 95. 47 6 169 .2 30

OUTROS VALO RE S E BENS (CP e LP ) 5.0 85 1. 79 7 1 .0 36

OUTROS CRÉ DI TO S 2 9.5 46 20. 63 6 32 .1 93

INV ESTIME NTOS 3.3 39 1. 85 4 2 74

IM O BI LI ZADO DE US O 4.0 25 3. 23 6 6 50

IM O BI LI ZADO DE ARRENDAM ENTO M ERCANTIL O PERACI ONAL 0 1 2 0

T OT AL 63 4.1 35 4 54. 42 1 309 .2 52

R $ mil ATI VOS TANGÍV EIS I ta ú - Unibanc oBrade sco S antander

DIS PONIB ILIDADE S 4.2 87 5. 48 6 1 .6 41

APLICAÇÕE S I NTE RFI NANCE IRAS DE LIQ UI DE Z (CP e LP) 5 7.1 84 37. 62 2 25 .3 96

TÍTULOS E V ALORES M OBILIÁRI OS E I NS TRUM ENTOS FINANCEIROS DERIVATIVO S (CP e LP ) 6 1.3 36 1 14. 45 1 23 .8 79

RELAÇÕ ES INTE RFINANCE IRAS (CP e LP) 1 7.6 83 24. 03 6 6 .1 53

RELAÇÕ ES INTE RDE PE NDÊNCIAS (CP e LP ) 42 42 9 1

OP ERAÇÕE S DE CRÉ DI TO, ARRE NDAME NTO M ERCANTI L FINANCEIRO E O UTROS CRÉ DITOS (CP e LP )10 7.6 21 1 16. 25 6 37 .5 89

OUTROS VALO RE S E BENS (CP e LP ) 4.6 09 3. 39 9 1 .6 22

OUTROS CRÉ DI TO S 3 8.5 88 35. 82 9 21 .1 40

INV ESTIME NTOS 1.5 89 1. 09 1 2 21

IM O BI LI ZADO DE US O 2.2 72 2. 28 4 7 06

IM O BI LI ZADO DE ARRENDAM ENTO M ERCANTIL O PERACI ONAL 12 1 1 0

T OT AL 29 5.2 23 3 40. 89 4 118 .3 48

R $ mil ATI VOS TANGÍV EIS I ta ú - Unibanc oBrade sco S antander

DIS PONIB ILIDADE S 3.3 91 4. 76 1 1 .1 79

APLICAÇÕE S I NTE RFI NANCE IRAS DE LIQ UI DE Z (CP e LP) 3 1.4 08 25. 98 9 5 .3 09

TÍTULOS E V ALORES M OBILIÁRI OS E I NS TRUM ENTOS FINANCEIROS DERIVATIVO S (CP e LP ) 4 6.2 35 97. 24 9 40 .8 01

RELAÇÕ ES INTE RFINANCE IRAS (CP e LP) 1 5.5 41 19. 12 4 4 .8 06

RELAÇÕ ES INTE RDE PE NDÊNCIAS (CP e LP ) 35 18 6 2

OP ERAÇÕE S DE CRÉ DI TO, ARRE NDAME NTO M ERCANTI L FINANCEIRO E O UTROS CRÉ DITOS (CP e LP )7 6.7 16 83. 46 5 32 .5 59

OUTROS VALO RE S E BENS (CP e LP ) 1.6 93 1. 97 3 7 58

OUTROS CRÉ DI TO S 3 0.0 79 29. 30 1 7 .5 82

INV ESTIME NTOS 2.3 32 1. 34 7 2 47

IM O BI LI ZADO DE US O 2.4 51 2. 13 6 6 82

IM O BI LI ZADO DE ARRENDAM ENTO M ERCANTIL O PERACI ONAL 15 1 6 0

T OT AL 20 9.8 96 2 65. 54 7 93 .9 25

2006

2008

2007

2010*

2009

Page 68: Metodo Goodwill Ufrgs

58

Fonte: elaborado pelo autor

A escolha dos ativos tangíveis (AT), divulgados na Tabela se deu através de

seu nome contábil. Os valores foram extraídos dos Balanços Patrimoniais de cada

companhia divulgados na BMF&Bovespa.

8.2 CÁLCULO DO FATOR MULTIPLICATIVO

Para o cálculo do Fator Multiplicativo é feito, primeiramente, o levantamento

de valores de lucros provenientes dos Demonstrativos de Resultados do período.

Para tanto, calculamos a média do lucro normal dos últimos cinco anos.

Posteriormente, divide-se o lucro do ano q ser analisado pela média do lucro normal

dos cinco anos antecedentes ao analisado.

Consultando os Demonstrativos disponíveis na BMF&Bovespa foram

encontrados os seguinte resultados, em milhões de reais:

Page 69: Metodo Goodwill Ufrgs

59

Tabela 3 – Média do Lucro Normal (em milhões de reais)

Fonte: elaborado pelo autor

Na Tabela 3 é apresentando os valores dos lucros ou prejuízos das empresas

no intervalo dos anos de 2001 a 2010. Observando que, para 2010, estamos

considerando apenas 9 meses (até setembro) pelo fato, já mencionado de não

termos fechado ainda o exercício de 2010. A partir destes valores, foram calculadas

as médias necessárias para cada período conforme descritos na tabela. Sendo

assim, segue na tabela abaixo o comparativo entre o resultado obtido pelas

empresas:

CÁLCULO F (fator multiplicativo)FATOR MULTIPLICATIVO PARA 2010

dez/05 dez/06 dez/07 dez/08 dez/09 MÉDIA set/10 F

Itaú-Unibanco * 5.251 4.308 8.437 7.803 10.066 7.173 9.433 1,32

Bradesco 5514 5.054 8.009 7.620 8.012 6.842 7.034 1,03

Santander 176 803 1.845 1.580 1.805 1.242 3.032 2,44

FATOR MULTIPLICATIVO PARA 2009dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 dez/08 MÉDIA dez/09 F

Itaú-Unibanco * 3.775 5.251 4.308 8.437 7.803 5.915 10.066 1,70

Bradesco 3060 5.514 5.054 8.009 7.620 5.851 8.012 1,37

Santander -41 176 803 1.845 1.580 873 1.805 2,07

FATOR MULTIPLICATIVO PARA 2008dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 dez/07 MÉDIA dez/08 F

Itaú-Unibanco * 3.151 3.775 5.251 4.308 8.437 4.984 7.803 1,57

Bradesco 2306 3.060 5.514 5.054 8.009 4.789 7.620 1,59

Santander 73 (41) 176 803 1.845 571 1.580 2,77

FATOR MULTIPLICATIVO PARA 2007dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 dez/06 MÉDIA dez/07 F

Itaú-Unibanco * (9) 3.151 3.775 5.251 4.308 3.295 8.437 2,56

Bradesco 2022 2.306 3.060 5.514 5.054 3.591 8.009 2,23Santander 64 73 (41) 176 803 215 1.845 8,58

FATOR MULTIPLICATIVO PARA 2006dez/01 dez/02 dez/03 dez/04 dez/05 MÉDIA dez/06 F

Itaú-Unibanco * 145 (9) 3.151 3.775 5.251 2.463 4.308 1,75

Bradesco 2170 2.022 2.306 3.060 5.514 3.014 5.054 1,68

Santander 43 64 73 (41) 176 63 803 12,75

Page 70: Metodo Goodwill Ufrgs

60

O fator multiplicativo que fora calculado nessa planilha é representando pela

diferença entre o resultado no ano estudado e o lucro normal dos 5 anos

antecedentes.

8.3 REMUNERAÇÃO DOS ADMINISTRADORES (RA)

A remuneração dos administradores, que no nosso cálculo sera diminuída do

lucro normal foi extraída dos Demonstrações de Resultado publicados pelas

empresas, em especial, das Notas Explicativas, em que podemos buscar o valor

pago a “administração-chave” para casa empresa.

Tabela 4 – Remuneração dos Administradores (em milhões de reais)

Fonte: elaborado pelo autor

8.4 CÁLCULO DO GOODWILL

Assumindo que a Selic de setembro de 2010, de 10,75%, consideraremos

este valor para a taxa de juros aplicáveis ao imobilizado tangível (i) e utilizando-se

do Método NEW YORK (G = [LL – RA – i . AT] F), temos:

Remuneração da Administração 2010 2009 2008 2007 2006Itaú-Unibanco * 268 218 100 55 55

Bradesco 258 266 177 170 170

Santander 275 248 223 100 20

Page 71: Metodo Goodwill Ufrgs

61

Tabela 5 – Cálculo do goodwill (em milhões de reais)

Fonte: elaborado pelo autor

A Tabela 5 elucida o os valores utilizados na mensuração do goodwill, bem

como seu resultado, utilizando o método de cálculo NEW YORK, já descrito ao longo

do trabalho.

8.5 ANÁLISE FINANCEIRA

A análise financeira, conforme visto ao longo do trabalho, indica a tendência

da empresa, bem como seu corrente desempenho. A análise financeira é feita a

partir dos Demonstrativos Contábeis, podendo ser considerada como uma análise de

todas as informações presentes em tais demonstrativos.

2 01 0 1 00G ood will LL RA i AT F TotalIt aú-U nibanc o 7 .55 0 268 0, 107 5 6 .82 9 1 ,32 8. 610

B ra de sc o 6 .84 2 218 0, 107 5 6 .06 2 1 ,03 6. 140

S a ntan der 1 .24 2 100 0, 107 5 3 .01 7 2 ,44 1. 996

2 00 9G ood will LL RA i AT F TotalIt aú-U nibanc o 5 .91 5 218 0, 107 5 6 .05 7 1 ,70 8. 587

B ra de sc o 5 .85 1 266 0, 107 5 3 .23 3 1 ,37 7. 172

S a ntan der 8 73 248 0, 107 5 2 .70 4 2 ,44 8 15

2 00 8G ood will LL RA i AT F TotalIt aú-U nibanc o 4 .98 4 100 0, 107 5 6 .34 1 1 ,57 6. 579

B ra de sc o 5 .85 1 177 0, 107 5 4 .54 4 1 ,59 8. 252

S a ntan der 5 71 223 0, 107 5 3 .09 3 2 ,77 4 4

2 00 7G ood will LL RA i AT F TotalIt aú-U nibanc o 3 .29 5 55 0, 107 5 2 .95 2 2 ,56 7. 484

B ra de sc o 3 .59 1 170 0, 107 5 3 .40 9 2 ,23 6. 813

S a ntan der 2 15 100 0, 107 5 1 .18 3 8 ,58 -105

2 00 6G ood will LL RA i AT F TotalIt aú-U nibanc o 2 .46 3 55 0, 107 5 2 .09 9 1 ,75 3. 817

B ra de sc o 3 .01 4 170 0, 107 5 2 .65 5 1 ,68 4. 290

S a ntan der 63 20 0, 107 5 939 12 ,7 5 -739

Page 72: Metodo Goodwill Ufrgs

62

A partir das definições e fórmulas já mencionadas será feita a mensuração

dos indicadores escolhidos e que mais se adequaram as necessidades do tema.

Para a análise das companhias estudadas, usaremos os cálculos de EVA e EBTIDA.

8.5.1 Itaú-Unibanco

Os valores utilizados foram obtidos do Balanço Patrimonial e nas

Demonstrações de Resultado do exercício do período contábil de 2005 a 2010 e que

foram divulgados no website da BM&fBovespa.

Page 73: Metodo Goodwill Ufrgs

63

Tabela 6 – Cálculo EBITDA e EVA

Fonte: elaborado pelo autor

Foram consideradas as seguintes informações para a efetivação dos cálculos:

2010* 2009 2008 2007 2006Lucro líquido 9.433 10.066 7.803 8.437 4.308

Provisão para IR e CS 3.958 7.421 -9.420 4.756 1.436

Depreciação e amortizações 1.669 2.168 1.455 1.088 926

EBITDA 15.060 19.655 -162 14.281 6.670

2010* 2009 2008 2007 2006EBITDA 15.060 19.655 -162 14.281 6.670Depreciações -1.669 -2.168 -1.455 -1.088 -926

EBIT 13.391 17.487 -1.617 13.193 5.744

Imposto de Renda e Contribuição Social -3.958 -7.421 9.420 -4.756 -1.436

NOPAT 9.433 10.066 7.803 8.437 4.308

WACC 5,90% 5,90% 5,83% 6,13% 6,49%

Custo de capital (capital investido *WACC) -209 -198 -195 -97 -151

EVA (NOPAT * custo de capital) 9.224 9.868 7.608 8.340 4.157

2010* 2009 2008 2007 2006capital de 3º 629.059 557.590 593.538 265.907 186.127

passivo total 686.284 608.273 637.202 294.876 209.691

Wd 0,92 0,92 0,93 0,90 0,89

capital próprio 57.225 50.683 43.664 28.969 23.564

Wp 0,08 0,08 0,07 0,10 0,11

Kd 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07

Kp 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20

IRPJ 0,34 0,34 0,34 0,34 0,34

WACC 5,90% 5,90% 5,83% 6,13% 6,49%

Capital Investido -3.546 -3.360 -3.339 -1.589 -2.332

*Até set/10

Composição do EBITDA consolidado (R$ milhões)

EBITDA, NOPAT e EVA (R$ milhões)

Cálculo do WACC

Page 74: Metodo Goodwill Ufrgs

64

Observações impo rtantes:W ACC = W dKd(1-T ) + W pKpW d =percentua l de d ívida em relação à total idade dos resursos u tilizados pelaempresaW P = percen tual de capita l própr io em re lação à to talidade dos recursos u tilizadospela em presa . (no ta : Wd + W P =100% ou 1)Kd = custo do capita l de te rce iros, ou seja, da dívida .

Kp = custo do capita l própr io , ou seja, re to rno exigido pelos acionistas;capi ta l de 3º = passivo to ta l - capital p rópr ioC onsiderando uma rem uneração requer ida de 20%.C onsiderando in tenç ão de m an ter W ACC en tre 10% e 13% a.a.

A Tabela 6 demonstra a evolução do EBIT, EBITDA e EVA de 2006 até

setembro/2010.

Para os anos anteriores a fusão foram usados os valores hipotéticos

publicados no formulário 20F da SEC, em que supõem Itaú-Unibanco como uma

única companhia desde antes da fusão, para fins comparativos com números pós

fusão.

Quanto ao EBITDA, a companhia fechou com valor negativo em

2008.Conforme Notas Explicativas publicadas na BM&FBovespa, no exercício de

2008 a empresa utilizou-se de créditos de IR e CS e, por isso, este valor não gerou

despesa, e sim, um valor de crédito. Este fato impactou diretamente no valor

EBTIDA, uma vez que este índice considera o valor pago destes impostos. Vale

lembrar que 2008 foi ano de crise em que as companhias registraram significativas

perdas, principalmente no mercado bancário, em que bancos encerram suas

atividades.

O pico máximo do EBITDA foi no ano subseqüente à fusão entre Itaú e

Unibanco. Podemos observar que para o EVA e lucro líquido o mesmo ocorreu.

Se considerarmos a variância média que vêm ocorrendo do terceiro trimestre

para o quarto trimestre, que fica na média de 40% de aumento, o lucro pode chegar

próximo ao valor de R$ 13 bilhões. Desta forma, essa progressão indica que a fusão

tem agregado valor aos resultados do grupo. Esse ganho é observado no EBITDA,

que demonstra um crescente desempenho operacional, refletindo positivamente nos

resultados. Na análise de EVA também fica claro que a empresa vem agregando

valor econômico no período pós fusão.

Page 75: Metodo Goodwill Ufrgs

65

2010* 2009 2008 2007 2006Lucro líquido 7.034 8.012 7.620 8.009 5.054

Provisão para IR e CS 3.252 4.082 518 2.523 1.303

Depreciação e amortizações 1.576 1.566 1.398 1.510 968

EBITDA 11.862 13.660 9.536 12.042 7.325

2010* 2009 2008 2007 2006EBITDA 11.862 13.660 9.536 12.042 7.325Depreciações -1.576 -1.566 -1.398 -1.510 -968

EBIT 10.286 12.094 8.138 10.532 6.357

Imposto de Renda e Contribui ção Social -3.252 -4.082 -518 -2.523 -1.303

NOPAT 7.034 8.012 7.620 8.009 5.054

WACC 5,78% 5,89% 5,93% 5,99% 6,20%

Custo de capital (capital investido *WACC) -137 -118 -110 -65 -83

EVA (NOPAT * cus to de capital) 6.897 7.894 7.510 7.944 4.971

2010* 2009 2008 2007 2006capital de 3º 565.790 464.470 420.157 310.827 240.911

passivo total 611.903 506.223 454.413 341.184 265.547

Wd 0,92 0,92 0,92 0,91 0,91

capital próprio 46.113 41.753 34.256 30.357 24.636

Wp 0,08 0,08 0,08 0,09 0,09

Kd 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07

Kp 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20

IRPJ 0,34 0,34 0,34 0,34 0,34

WACC 5,78% 5,89% 5,93% 5,99% 6,20%

Capital Investido -2.379 -2.012 -1.854 -1.091 -1.347

*Até set/10

Composição do EBITDA consolidado (R$ milhões)

EBITDA, NOPAT e EVA (R$ milhões)

Cálculo do WACC

8.5.2 Bradesco

Da mesma forma, como feito para o Itaú-Unibanco, Igualmente fizemos com

o Bradesco. Abaixo, cálculos EBITDA e EVA.

Os valores utilizados também foram fruto do Balanço Patrimonial e nas

Demonstrações de Resultado do exercício do período contábil de 2006 a 2010, que

estão divulgados no website da BM&fBovespa.

Tabela 7 – Cálculo EBITDA e EVA

Page 76: Metodo Goodwill Ufrgs

66

Fonte: elaborado pelo autor

Foram consideradas as seguintes informações para a efetivação dos cálculos:

O bs ervaç ões im po rtantes :W A CC = W dKd(1-T ) + W p KpW d =p ercen tua l de d ívi da em relação à total idade dos resu rsos u tilizado s p elae mp re saW P = p er cen tu al d e capita l própr io em re la ção à to talidade d os recu rsos u tilizad osp ela em presa . (no ta : Wd + W P =100% o u 1 )K d = custo d o capita l de te rce iro s, ou seja, da dívida .

K p = custo d o capita l própr io , ou seja, re to rno exigid o p elo s acioni sta s;capi ta l de 3º = passivo to ta l - ca pital p rópr ioC on side ra nd o u ma r em un eraçã o re qu er ida de 20% .C on side ra nd o in te nç ão de m an te r W A CC en tr e 1 0% e 13% a.a.

A Tabela 7 demonstra a evolução do EBIT, EBITDA e EVA de 2006 até

setembro/2010 para o Banco Bradesco.

O grande crescimento de 2006 para 2007 deve-se ao fato de a companhia ter

comprado e assumido as operações da American Express, empresa especializada

em cartões de crédito para público de alta renda e cartões corporativos.

Para 2010, se a companhia seguir na mesma proporção de 2009 de

crescimento, que é de 38% do terceiro para o quarto trimestre, o EBTIDA pode

fechar em mais de R$ 16 bilhões. Outro fato que pode refletir positivamente no

fechamento de 2010 é compra do Banco Ibi, realizada em 2009.

O maior valor EBITDA, assim como nos outros dois bancos analisados, foi no

exercício de 2009. Este ano, foi o ano de alavancagem e recuperação pós crise para

todos eles. Considerando o constante crescimento de EBITDA, exceto em 2008,

demonstra que as fusões realizadas nos últimos anos têm contribuído

significativamente para o desempenho operacional da companhia.

É interessante analisar que, mesmo sendo um ano de crise, em 2008 o valor

do EVA não sofreu forte impacto negativo. O que pode estar atrelado a este

resultado é a significativa redução de IR e CS neste exercício.

8.5.3 Santander

Page 77: Metodo Goodwill Ufrgs

67

Por último, a análise dos mesmos índices sob a perspectiva dos dados

divulgados no Balanço Patrimonial e nas Demonstrações de Resultado do exercício

do período contábil de 2006 a 2010 e que foram divulgados no website da

BM&fBovespa.

Tabela 8 – Cálculo EBITDA e EVA

Fonte: elaborado pelo autor

Foram consideradas as seguintes informações para a efetivação dos cálculos:

2010* 2009 2008 2007 2006Lucro líquido 3.032 1.805 1.580 1.845 803

Provisão para IR e CS 429 1.047 480 370 -28

Depreciação e amortizações 3.224 4.002 1.396 1.480 1.272

EBITDA 6.685 6.854 3.456 3.695 2.047

2010* 2009 2008 2007 2006EBITDA 6.685 6.854 3.456 3.6 95 2.047Depreciações -3.224 -4.002 -1.396 -1.480 -1.272

EBIT 3.461 2.852 2.060 2.215 775

Imposto de Renda e Contribuição Social -429 -1.047 -480 -370 28

NOPAT 3.032 1.805 1.580 1.845 803

WACC 7,33% 7,52% 6,96% 5,85% 5,97%

Custo de capital (capital investido *WACC) -14 -16 -19 -13 -15

EVA (NOPAT * cus to de capital) 3.018 1.789 1.561 1.832 788

2010* 2009 2008 2007 2006capital de 3º 307.533 277.831 291.879 106.772 94.052

passivo total 373.432 342.323 340.635 116.036 102.027

Wd 0,82 0,81 0,86 0,92 0,92

capital próprio 65.899 64.492 48.756 9.264 7.975

Wp 0,18 0,19 0,14 0,08 0,08

Kd 0,07 0,07 0,07 0,07 0,07

Kp 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20

IRPJ 0,34 0,34 0,34 0,34 0,34

WACC 7,33% 7,52% 6,96% 5,85% 5,97%

Capital Investido -185 -207 -274 -221 -247

*Até set/10

Composição do EBITDA consolidado (R$ milhões)

EBITDA, NOPAT e EVA (R$ milhões)

Cálculo do WACC

Page 78: Metodo Goodwill Ufrgs

68

O bs ervaç ões im po rtantes :W A CC = W dKd(1-T ) + W p KpW d =p ercen tua l de d ívi da em relação à total idade dos resu rsos u tilizado s p elae mp re saW P = p er cen tu al d e capita l própr io em re la ção à to talidade d os recu rsos u tilizad osp ela em presa . (no ta : Wd + W P =100% o u 1 )K d = custo d o capita l de te rce iro s, ou seja, da dívida .

K p = custo d o capita l própr io , ou seja, re to rno exigid o p elo s acioni sta s;capi ta l de 3º = passivo to ta l - ca pital p rópr ioC on side ra nd o u ma r em un eraçã o re qu er ida de 20% .C on side ra nd o in te nç ão de m an te r W A CC en tr e 1 0% e 13% a.a.

A Tabela 8 demonstra a evolução do EBIT, EBITDA e EVA de 2006 até

setembro/2010 para o Banco Santander.

Analisando os valores calculados para o EBITDA, a companhia teve uma

pequena redução no ano da crise, em 2008. Este índice se manteve quase

constante devido aos valores reduzidos de IR, CS, depreciações e amortizações do

referido exercício. O grande salto nos valores de 2008 para 2009, é influenciado não

apenas pelo fato de que o setor teve melhoria nesse período. Visto que seu

crescimento percentual foi muito maior que as demais companhias, podemos

correlacionar aqui a grande aquisição do banco ABN Amro. A aquisição deu fôlego

para que o banco ficasse entre os três maiores banco locais, por volume de ativos.

Se considerarmos a variância média que vêm ocorrendo do terceiro trimestre

para o quarto trimestre, que fica na média de 25% de aumento, o lucro pode chegar

próximo ao valor de R$ 4 bilhões Todavia, considerando que o lucro, até

setembro/2010, já aumentou em mais de 60% comparado a todo o exercício de

2009. Podemos evidenciar que estes crescimentos são impulsionados pela

aquisição do ABN. O EBTIDA não segue o crescimento na mesmo proporção do

lucro, pois os valores IR e CS sofreram grande variação em relação a 2009,

impactando no valor final do EBITDA.

O EVA, assim como o lucro aumentou numa progressão significativa neste

exercício de 2010, demonstrado que a fusão criou significativo valor econômico para

a companhia.

8.6 COMPARACAO ENTRE OS RESULTADOS OBTIDOS

Page 79: Metodo Goodwill Ufrgs

69

2010* 2009 2008 2007 2006Itaú-Unibanco 15.060 19.655 -162 14.281 6.670

Bradesco 11.862 13.660 9.536 12.042 7.325

Santander 6.685 6.854 3.456 3.695 2.047

2010* 2009 2008 2007 2006Itaú-Unibanco 9.224 9.868 7.608 8.340 4.157

Bradesco 6.897 7.894 7.510 7.944 4.971

Santander 3.018 1.789 1.561 1.832 788

Valores EBITDA (R$ milhões)

Valores EVA (R$ milhões)

Nesta sessão analisaremos os resultados obtidos tanto individuais quanto

relacionados entre as companhias.

Tabela 9 – Valores EBITDA e EVA

Fonte: elaborado pelo autor

Na Tabela 9 podemos ter uma melhor visualização de cada empresa quanto

ao resultados de seus indicadores. A partir dos mesmos já podemos ter uma idéia de

qual empresa vem tendo melhor desempenho.

Analisando o EBITDA, que reflete o desempenho operacional, demonstra que

as três empresas vêm seguindo com desempenho equivalente ou superior ao último

exercício. Vale reforçar, que estamos comprando 9 meses contra 12 meses e que,

anteriormente, mencionamos uma possível projeção em que o EBTIDA supera o

valor do exercício anterior para todas as companhias.

Quanto ao EVA, que estima o verdadeiro lucro econômico, Itaú-Unibanco e

Santander já ultrapassaram os números de 2009, sendo que o Bradesco, se seguir

na mesma proporção de crescimento entre os trimestres, também vai avançar.

A tabela nos permite afirmar que, para as três companhias, o ano de 2008,

ano de crise econômica, afetou o valor de EBITDA de todas, mas em proporções

diferentes. Todavia, o EVA mostrou-se menos afetado pela crise, se considerado ao

EBITDA.

Page 80: Metodo Goodwill Ufrgs

70

8.6.1 Comparação entre a análise financeira e o goodwill

Tabela 10– Comparação EBITDA, EVA e Goodwill

Fonte: elaborado pelo autor

Com a visualização dos dados da Tabela 10 podemos fazer nossa análise

entre os indicadores estudados e o goodwill. Apesar de que, em alguns exercícios,

as variações percentuais entre EBITDA, EVA e goodwill serem de valores próximos,

os três indicadores não vão de encontro.

O resultado da análise financeira do Itaú-Unibanco, aproxima-se da análise do

goodwill, em alguns exercício, mas não podemos estabelecer uma relação direta de

proporcionalidade. Goodwill, assim como EVA e EBITDA tiveram queda em 2008,

em diferentes proporções. Todavia, o único que fechou em valor negativo foi o

EBITDA. Goodwill e EVA sofreram redução, mas continuaram positivos e com

valores significativos.

Itaú apresenta o melhor goodwill do setor bancário, mas não é o de maior

crescimento percentual, que é do Santander. Este, tem tido grandes crescimentos

percentuais do seu goodwill, exceto em 2008. Este percentual é bastante superior as

taxas de EVA e EBITDA, apresentando crescimento de mais de 1000% no ano

subseqüente a grande aquisição do ABN Amro. Na linha de aquisições, Bradesco

2010* var% (09-10) 2009 var% (08-09) 2008 var% (07-08) 2007 var% (06-07) 2006Itaú-Unibanco 15.060 -23,38% 19.655 12032,72% -162 -101,13% 14.281 114,11% 6.670

Bradesco 11.862 -13,16% 13.660 43,25% 9.536 -20,81% 12.042 64,40% 7.325

Santander 6.685 -2,47% 6.854 98,32% 3.456 -6,47% 3.695 80,51% 2.047

2010* var% (09-10) 2009 var% (08-09) 2008 var% (07-08) 2007 var% (06-07) 2006Itaú-Unibanco 9.224 -6,53% 9.868 29,69% 7.608 -8,77% 8.340 100,64% 4.157

Bradesco 6.897 -12,63% 7.894 5,11% 7.510 -5,46% 7.944 59,82% 4.971

Santander 3.018 68,68% 1.789 14,64% 1.561 -14,80% 1.832 132,43% 788

2010* var% (09-10) 2009 var% (08-09) 2008 var% (07-08) 2007 var% (06-07) 2006Itaú-Unibanco 8.610 0,27% 8.587 30,52% 6.579 -12,09% 7.484 96,07% 3.817

Bradesco 6.140 -14,39% 7.172 -13,09% 8.252 21,12% 6.813 58,81% 4.290

Santander 1.996 144,91% 815 1752,27% 44 -58,10% 105 114,21% -739

* até setembro 2010

Valores EBITDA (R$ milhões)

Valores EVA (R$ milhões)

Valores Goodwill (R$ milhões)

Page 81: Metodo Goodwill Ufrgs

71

também demonstra sua maior tava de crescimento logo após a aquisição das

operações da American Express.

Para Bradesco, as taxas percentuais de crescimento de goodwill são as que

mais se aproximam das taxas de EBITDA e EVA. A empresa ainda não atingiu o

valor alcançado em 2009; todavia nossa análise nos permite crer que esta será

alcançada, considerando as suas taxas de crescimento histórica e atual cenário do

mercado bancário.

Santander, apesar de estar na posição de terceiro maior banco, considerando

os ativos, é o que vem apresentando maior crescimento percentual do goodwill, o

que pode nos dar suporte para afirmar que tem grande potencial de crescimento e

ganho futuro. Itaú, apesar de ser o maior banco brasileiro e possuir o maior valor

monetário para o goodwill, a taxa de crescimento deste é atraente, mas é a segunda

maior das empresas analisadas.

Bradesco, teve redução do goodwill devido a pequena queda motivada pela

queda na media dos lucros (puxada para baixo devido ao reduzido lucro de 2008).

Todavia, a tendência é que em 2010, considerando aumento no lucro, que em 9

meses já superou o valor do exercício de 2009.

Page 82: Metodo Goodwill Ufrgs

72

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

É importante esclarecer que apesar dos resultados de EVA, EBITDA e

goodwill não irem de encontro e não terem uma relação diretamente proporcional,

este estudo foi válido e satisfatório. Desta forma, podemos afirmar que a

mensuração do goodwill, bem como sua apresentação nas Demonstrações

Contábeis agregariam valor à análise dos investidores e executivos, pois trata-se de

um indicador complementar, que visa demonstrar a possibilidade de ganhos futuros,

que não é mensurados pelos demais índices. Todavia, este indicador não deve ser

analisado exclusivamente e, sim estudando concomitante à análise financeira e

econômica. Este índice pode ainda, balizar a atual situação financeira, uma vez que

considera dados dos cinco anos antecedentes.

Todavia, quando goodwill e situação financeira apresentam direções bastante

opostas pode nos levar a entender que a companhia está numa situação boa no ano

corrente, porém devido a seu histórico e problemas financeiros passados, a sua

capacidade de geração de valor futuro está fraca. Já no caso contrário, em que

goodwill é bom, mas os índices financeiros ruins pode significar que a empresa pode

estar com má situação financeira no período corrente, mas que vem de uma série

histórica com bons resultados, o que pode viabilizar uma boa reação a má situação

corrente.

Para exemplificar, podemos citar o Itaú, que apresentou maior valor de

goodwill na maioria dos exercícios o que indica que sua saúde financeira vem de

longa data, tendo sido afetada, apenas em 2008, ano da crise econômica. Seus

indicadores financeiros têm seguido a mesma linha, de forma a confirmar a boa

situação financeira e capacidade de gerar valor no presente e futuro.

Page 83: Metodo Goodwill Ufrgs

73

No caso do Bradesco, tanto goodwill e indicadores financeiros têm seguido no

mesmo sentido, apesar de ser em diferentes proporções. Bradesco, foi o banco que

apresentou melhor goodwill no ano da crise.

Santander, assim como as outras duas companhias, segue com goodwill e

indicadores financeiros na mesma direção, todavia, o goodwill apresenta

crescimento muito maior que pode estar sendo impulsionado pela amplitude de

crescimento dos seus lucros, ano a ano, demonstrando a sua capacidade de

geração de ganhos futuros.

Finda a análise, podemos afirmar que avaliação de empresas é assunto

complexo, uma vez que se percebe nos dias de hoje, um grande distanciamento

entre valor contábil valor de mercado das companhias. A ausência de padronização

associada ao alto teor de intangibilidade no valor das empresas.

As pesquisas acadêmicas no Brasil acerca desse tema são recentes e ainda

não temos alcançado um entendimento unânime do goodwill. As mais recentes

tentativas de equacionar esta questão de avaliação e reconhecimento deste

intangível foram registradas nos pronunciamentos contábeis mencionados ao longo

do trabalho, mas ainda não surtiram efeito regulador no nosso país. Todavia, se

adotados para as demonstrações de 2010, conforme previsto, estes

pronunciamentos representarão um novo paradigma para o tratamento contábil do

goodwill. Um novo cenário pode estar surgindo a partir da adoção dessas normas e

poderá impulsionar profissionais interessados no assunto.

Não pretendemos esgotar o assunto. Como sugestão para futuros estudos é

estudar os elementos criadores do goodwill para cada setor e verificar se há relação

entre existência deste com a remuneração média dos acionistas do setor.

Page 84: Metodo Goodwill Ufrgs

74

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GLOSSÁRIO

BM&FBovespa - Bolsa de Mercado & Futuros e Valores de São Paulo, Brasil.

Curto Prazo - Período inferior a um ano. Termo usado freqüentemente em referência ao período de duração ou prazo de vencimento de um investimento e/ou linha de crédito.

EBIT -Sigla que vem do inglês "Earnings Before Interest and Taxes". Em português significa lucro antes de juros e impostos e pode ser substituído pela sigla LAJIR. Ver definição de LAJIR.

EBITDA -Sigla que vem do inglês "Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization". Em português significa lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização e pode ser substituído pela sigla LAJIDA. Ver definição em LAJIDA.

Goodwill - uma palavra de origem inglesa sem tradução literal. Refere-se a possobilidade de ganho futuro.

LAJIDA -Sigla que significa "Lucro Antes de Juros, Imposto de Renda, Depreciação e Amortização", e que dá uma idéia da capacidade de geração de caixa operacional de uma empresa. A diferença entre o LAJIR e o LAJIDA é que este último exclui as despesas que não alteram o caixa de uma empresa, como é o caso da depreciação e amortização de ativos.

LAJIR- Sigla que significa "Lucro Antes de Juros e Imposto de Renda", e que reflete o resultado das atividades operacionais da empresa. Ao contrário da definição de lucro operacional no Brasil, o cálculo do LAJIR permite estimar o resultado das operações sem a inclusão das receitas ou despesas financeiras.

Liquidez- No mercado financeiro o termo é usado para determinar a capacidade que um título tem de ser convertido em moeda.

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Longo Prazo- Período superior a um ano. Termo freqüentemente usado em referência ao período de duração ou prazo de vencimento de um investimento e/ou linha de crédito.

SELIC- Taxa referencial de juros da economia brasileira, determinada pelo COPOM (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que é considerada pelo mercado como o principal indicador de política monetária do governo.

Stakeholders - termo inglês que designa uma pessoa, grupo ou entidade com legítimos interesses nas ações e no desempenho de uma organização.

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