Método Psicologia
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Metodologia Da Investigação Científica (Questões epistemológicas típicas das ciências humanas)
As ciências humanas têm um problema, epistemologicamente decisivo, na sua raiz:
A proximidade / identidade entre o objecto de estudo e o sujeito que investiga.
O homem estuda o homem
"Sou humano, e nada do que é humano me é estranho“ Terêncio
Esta proximidade entre sujeito e objecto levanta uma série de problemas que pode constituir um sério obstáculo à investigação:
• Perigo de contaminação dos dados observacionais com elementos “subjectivos”, ou seja, inerentes ao observador e à forma como ele reage emocionalmente ao observado.
• Possibilidade de adulteração dos dados observacionais com valorações decorrentes de sistemas valorativos inerentes à cultura do observador.
• Incapacidade do observador se desligar do observado, por viver no mesmo contexto histórico (sócio-cultural).
• Perigo de alteração da situação observada, quando há uma interacção entre o observador e o observado.
• Dificuldade (ou impossibilidade, ética ou funcional) de comprovar experimentalmente as hipóteses.
• Dinamicidade das situações observacionais: a realidade humana está em constante transformação.
• Condicionamento dos comportamentos observados – as pessoas se se souberem objecto de investigação, podem alterar, mesmo que inconscientemente, os seus comportamentos.
• A extrema complexidade dos fenómenos humanos (cada homem é, em si mesmo, um universo imenso), torna muito difícil isolar variáveis que permitam uma análise estrutural desses mesmos fenómenos, bem como a formulação de uma explicação (causal) para a sua ocorrência.
As ciências humanas são
INTERSUBJECTIVAS
Ou seja:
O observador e o observado não são independentes: partilham a mesma natureza e são ambos seres dotados duma consciência intencional, estando por isso em constante interacção.
Ou seja:
O observador e o observado são ambos sujeitos, conscientes e agentes que interagem numa mesma situação, embora assumam papéis diferentes.
Assim,
A base das ciências naturais é a explicação,
enquanto que, nas ciências humanas, é a compreensão.
Explicar é estabelecer nexos causais entre os fenómenos, é responder à questão “Porquê?” – é indicar, para cada conjunto de fenómenos, a causa que os produz e que, por isso, é a sua razão de ser.
A generalização é, por esta razão, inerente à explicação: uma vez descoberta a causa de um fenómeno particular, ficamos a conhecer a causa de todos os fenómenos do mesmo tipo (do tipo a que pertence o fenómeno particular cuja causa descobrimos).
Compreender é ser capaz de estabelecer nexos significativos entre os fenómenos humanos (que são sempre culturais) e entre estes e o observador, sem anular a singularidade, mas antes, procurando iluminá-la a partir dum contexto que permita interpretá-la sem a deturpar e sem a reduzir.
Procura-se assim encontrar formas de enquadrar a singularidade num quadro geral, sem que se perca de vista a riqueza e a complexidade dos fenómenos humanos.
Os actos humanos, sendo intencionais, não têm apenas um «porquê?» , mas também, um «para quê?» (e, muitas vezes um «para quem?» ), não podendo ser explicados, como se explicam os fenómenos naturais…
Por isso,
As ciências humanas recorrem a uma ampla gama de métodos de investigação e de intervenção…