Metodologia de Investigação Científica

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1 METODOLOGIA DE INVESTIGAÇAO METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA Tipos de conhecimento Sobre o conhecimento… Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer. O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos. Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento, de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos. Existem diferentes tipos de conhecimento: Conhecimento Empírico Conhecimento Filosófico Conhecimento Teológico Conhecimento Científico 1- Conhecimento Empírico (ou senso comum)

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M.I.C

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METODOLOGIA DE INVESTIGAÇAO

ME TODOLOGIA DE INVE STIGA ÇÃ O C IE NTÍF ICA

Tipos de conhecimento

Sobre o conhecimento…

Conhecer é incorporar um conceito novo, ou original, sobre um fato ou fenômeno qualquer.

O conhecimento não nasce do vazio e sim das experiências que acumulamos em nossa vida cotidiana, dos relacionamentos interpessoais, das leituras de livros e artigos diversos.      

  Entre todos os animais, nós, os seres humanos, somos os únicos capazes de criar e transformar o conhecimento, de aplicar o que aprendemos, por diversos meios, numa situação de mudança do conhecimento; somos os únicos capazes de criar um sistema de símbolos, como a linguagem, e com ele registrar nossas próprias experiências e passar para outros seres humanos.

Existem diferentes tipos de conhecimento:

Conhecimento Empírico

Conhecimento Filosófico

Conhecimento Teológico

Conhecimento Científico

1- Conhecimento Empírico (ou senso comum)

      O conhecimento empírico surge da relação do ser com o mundo.

Todo ser humano apodera-se gradativamente deste conhecimento, ao passo que lida com sua realidade diária.

Não há uma preocupação direta com o ato reflexivo, ocorre espontaneamente. Não está calcada em investigações.

É o conhecimento obtido ao acaso, após inúmeras tentativas, ou seja, o conhecimento adquirido através de ações não planejadas.

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Exemplo:

      A chave está emperrando na fechadura e, de tanto experimentarmos abrir a porta, acabamos por descobrir (conhecer) um jeitinho de girar a chave sem emperrar.

2- Conhecimento Filosófico

         É fruto do raciocínio e da reflexão humana.

É o conhecimento especulativo sobre fenômenos, gerando conceitos subjetivos.

Busca dar sentido aos fenômenos gerais do universo, ultrapassando os limites formais da ciência.

Surge da relação do homem com seu dia-a-dia, porém preocupa-se com respostas e especulações destas relações. É um estudo racional, porém não há uma preocupação de verificação e comprovação.      

Exemplo:

"Teme a velhice, pois ela nunca vem só". (Platão)

  "O homem é a ponte entre o animal e o além-homem" (Friedrich Nietzsche)

3- Conhecimento Teológico

      Conhecimento revelado pela fé divina ou crença religiosa.

Não pode, por sua origem, ser confirmado ou negado.

Depende da formação moral e das crenças de cada indivíduo. Acredita-se que o conhecimento é explicado pela religião.

Tudo partes do religioso, os valores religiosos são incontestáveis.

     

 Exemplo:

      Acreditar que alguém foi curado por um milagre; ou acreditar em Duende; acreditar em reencarnação; acreditar em espírito etc..

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4- Conhecimento Científico

    É o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade.

Sua origem está nos procedimentos de verificação baseados na metodologia científica. O conhecimento científico precisa ser provado.

Surge da dúvida e é comprovado concretamente, gerando leis válidas. É passível de verificação e investigação, então acaba encontrando respostas aos fenômenos que norteiam o ser humano.

    

  Exemplo:

      Descobrir uma vacina que evite uma doença; descobrir como se dá a respiração dos peixes.

PARA SABER MAIS…

Empirismo

Movimento que acredita nas experiências como formadoras de idéias.

Defende que as teorias devem ser baseadas na observação do mundo.

John Locke, defensor do empirismo, acredita que a mente humana é como uma “tabula rasa”, que vai sendo marcada, registrada, de acordo com as experiências que vivemos.

Senso Comum

É a primeira suposta compreensão do mundo resultante da herança de um grupo social e das experiências actuais que continuam sendo efetuadas.

O senso comum descreve as crenças e proposições que aparecem como normais, sem depender de uma investigação detalhada para alcançar verdades mais profundas como as científicas.

Filosofia

Do grego : philos - que ama + sophia - sabedoria, « que ama a sabedoria » é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais.

A filosofia surgiu nos séculos VII-VI a.C. nas cidades gregas situadas na Ásia Menor.

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Começa por ser uma interpretação des-sacralizada (= tirar o caráter religioso/sagrado) dos mitos cosmogônicos (cosmogonia=teoria que tem por objetivo explicar a formação do mundo) difundidos pelas religiões do tempo.

Teologia

Estudo das questões referentes ao conhecimento da divindade, de seus atributos e relações com o mundo e com os homens, é a verdade religiosa.

Parte da fé, apoiando-se em uma crença religiosa marcada por valores absolutos e incontestáveis, relativos às coisas sagradas.

Ciência

É o conhecimento ou um sistema de conhecimentos que abarca verdades gerais ou a operação de leis gerais especialmente obtidas e testadas através do método científico.

Investigação racional ou estudo da natureza, direccionado à descoberta da verdade. Tal investigação é normalmente metódica, ou de acordo com o método científico – um processo de avaliar o conhecimento empírico;

O corpo organizado de conhecimento adquirido por tal pesquisa.

DIRETRIZES, PARA A LEITURA, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS

JOÃO MAKUÉDIA

[email protected]

INTRODUÇÃO

 

Habituados a abordagem de textos literários, os estudantes, ao se defrontarem com textos científicos ou filosóficos, encontram dificuldades logo julgadas insuperáveis e que reforçam a atitude de desanimo e de desencanto, geralmente acompanhada de um juízo de valor depreciativo em relação ao pensamento teórico.

Diante de exposições teóricas, como em geral são as encontradas em textos filosóficos e em textos científicos relativos a pesquisas teóricas, conta-se tão somente com as

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possibilidades da razão reflexiva, o que exige muita disciplina intelectual para que a mensagem possa ser compreendida com o devido proveito e para que a leitura se torne menos insípida.

Por isso é preciso criar condições de abordagem e de inteligibilidade do texto, aplicando alguns recursos que , apesar de não substituírem a capacidade de intuição do leitor na apreensão da forma lógica dos raciocínios em jogo, ajudam muito na analise e interpretação dos textos.

DELIMITAÇÃO DA UNIDADE DE LEITURA

A Primeira medida a ser tomada pelo leitor é o estabelecimento de uma unidade de leitura. Unidade é um setor do texto que forma uma totalidade de sentido.

A Leitura de um texto deve ser feita por etapas, ou seja, após terminada a análise de uma unidade e que se passará a seguinte.

O estudo da unidade deve ser feito de maneira contínua, evitando-se intervalos de tempo muito grandes entre as várias etapas da análise.

ANÁLISE TEXTUAL

 

Procede-se com a leitura seguida e completa da unidade do texto em estudo, a fim de tomar contato com toda a unidade selecionada, para ter uma visão de conjunto do raciocínio do autor.

O primeiro esclarecimento a buscar, são os dados do autor do texto, que fornecerá elementos úteis para uma elucidação das ideias expostas na unidade.

A seguir, deve-se assinalar o vocabulário, fazendo um levantamento dos conceitos e termos que sejam fundamentais para a compreensão do texto ou que sejam desconhecidos do leitor.

Percorrida a unidade e levantados todos os elementos para esclarecimentos, interrompe-se a leitura do texto e procede-se a uma pesquisa prévia em busca desses informes.

A análise textual pode ser encerrada com uma esquematização do texto cuja finalidade é apresentar uma visão de conjunto da unidade.

A utilidade do esquema está no fato de permitir uma visualização global do texto. A melhor maneira de se proceder é dividir inicialmente a unidade nos três momentos redacionais: introdução, desenvolvimento e conclusão.

ANÁLISE TEMÁTICA

A análise temática procura ouvir o autor, sem intervir no conteúdo de sua mensagem.

Busca-se saber do que fala o texto, a resposta a esta questão revela o tema ou assunto da unidade.

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Avançando um pouco mais na tentativa de apreensão da mensagem do autor, capta-se a problematização do tema, o que provocou o autor a escrever o texto.

Pergunta-se ao texto em estudo: Como o assunto está problematizado? Qual dificuldade deve ser resolvida? Qual o problema a ser solucionado? A formulação do problema nem sempre é clara e precisa no texto, em geral é implícita, cabendo ao leitor explicitá-la.

Captada a problemática, a terceira questão surge espontaneamente: o que o autor fala sobre o tema, ou seja, como responde a dificuldade, ao problema levantado? Que posição assume, que idéia defende, o que quer demonstrar? A resposta a esta questão revela a idéia central, proposição fundamental ou tese, defendida pelo autor naquela unidade.

A quarta questão é como o autor demonstra sua tese, sua ideia, qual foi o seu raciocínio, a sua argumentação?

É através do raciocínio que o autor expõe, passo a passo, seu pensamento e transmite sua mensagem. O raciocínio, a argumentação, é o conjunto de ideias e proposições logicamente encadeadas, mediante as quais o autor demonstra sua posição ou tese.

A análise temática serve de base para o resumo ou a síntese. Quando se pede o resumo de um texto, o que se tem em vista é a síntese das idéias do raciocínio e não a mera redução dos parágrafos. Daí poder, o resumo, ser escrito com outras palavras, desde que as idéias sejam as mesmas do texto.

ANÁLISE INTERPRETATIVA

Interpretar, é tomar uma posição própria a respeito das idéias enunciadas, é superar a estrita mensagem do texto, é ler nas entrelinhas, é forçar o autor a um diálogo, é explorar toda a fecundidade das idéias expostas, é dialogar com o autor.

O que se visa é a formulação de um juízo crítico, de uma tomada de posição. Tal avaliação tem duas perspectivas: de um lado o texto pode ser julgado levando-se em conta sua coerência interna, de outro lado, pode ser julgado levando-se em conta sua originalidade, alcance, validade e a contribuição que dá a discussão do problema.

Do primeiro ponto de vista, busca-se determinar até que ponto o autor conseguiu atingir, de modo lógico, os objetivos que se propusera alcançar, pergunta-se até que ponto o raciocínio foi eficaz na demonstração da tese proposta e até que ponto a conclusão a que chegou está fundada numa argumentação sólida e sem falhas, coerente com as premissas e com várias etapas percorridas.

A partir do segundo ponto de vista, formula-se um juízo crítico sobre o raciocínio em questão: até que ponto o autor consegue uma colocação original, própria, pessoal, superando a pura retomada de textos de outros autores, até que ponto o tratamento dispensado por ele ao tema é profundo e não superficial, trata-se de saber ainda qual o alcance, ou seja, a relevância e contribuição do texto, para o estudo do tema abordado.

PROBLEMATIZAÇÃO

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Retoma-se todo o texto, tendo em vista o levantamento de problemas relevantes para a reflexão pessoal e principalmente para a discussão em grupo.

O debate e a reflexão são essenciais à própria atividade filosófica e científica.

SÍNTESE PESSOAL

Elaborar um novo texto, com redação própria, com discussão e reflexão pessoais.

Prova sobre o primeiro modulo

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