Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal...

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Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria Pedro Neto Brito da Luz Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia Mecânica Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva Júri Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva Vogal: Eng. Rui Pedro Antunes Fragoso Maio 2015

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Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria

Pedro Neto Brito da Luz

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Mecânica

Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva

Júri

Presidente: Prof. Mário Manuel Gonçalves da Costa

Orientador: Prof. Carlos Augusto Santos Silva

Vogal: Eng. Rui Pedro Antunes Fragoso

Maio 2015

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de expressar o meu agradecimento a todos os que me incentivaram, motivaram,

apoiaram e contribuíram de alguma forma para o desenvolvimento e conclusão deste projecto.

Agradeço ao Prof. Carlos Santos Silva pela sua orientação e por ter prestado uma grande

motivação e interesse. Por todas as sugestões imprescindíveis para a realização deste estudo.

Um agradecimento especial à Eng.ª Ana Gonçalves, responsável pela manutenção técnica do

Hotel InterContinental Lisbon. Pelo seu exemplo e paciência, pela cedência de todos os dados que

necessitava e por me ter ampliado a visão do pensamento técnico e prático no seio da engenharia

actual. A toda a equipa de manutenção, a sua inegável disponibilidade e companheirismo.

Ao Eng.º Nuno Clímaco da ADENE, Eng.ª Ana Oliveira da empresa ENFORCE e a todas as

entidades das unidades hoteleiras que contactei, por demonstrarem disponibilidade, apoio científico e

por partilharem o interesse mútuo no desenvolvimento do projecto.

Agradeço de uma maneira muito especial à minha família pelo seu apoio incondicional e pelo

incentivo constante que me deram. Pelo tempo que me dedicaram, pela crítica exaustiva, pelo apreço

ao detalhe e à excelência.

Agradeço a Deus, porque sem Ele e através deles, nada do que foi feito se fez.

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RESUMO

O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia

nacional e para a divulgação da sua cultura e tradição. O elevado crescimento do turismo e os

grandes consumos energéticos que estão associados aos edifícios de hotelaria exigem às entidades

gestoras uma leitura consistente do desempenho energético de cada unidade e um enquadramento

com o panorama energético nacional, de modo a proporcionar maiores níveis de competitividade e a

motivar a adopção de solução energéticas mais eficientes, respeitando a qualidade e os padrões de

serviço e conforto.

Esta dissertação tem como objectivo o desenvolvimento de uma ferramenta destinada aos

gestores de energia de um hotel que analisa e calcula um quadro de indicadores de desempenho

integral do edifício, baseada no preenchimento dos consumos internos e dos perfis de ocupação. A

ferramenta foi desenvolvida na folha de cálculo EXCEL©Microsoft para permitir a sua utilização

generalizada. Este modelo foi validado pormenorizadamente para um caso de estudo no Hotel

InterContinental Lisbon. Foi realizado ainda um inquérito a 13 unidades hoteleiras que permitiu aplicar

a ferramenta a um universo de 5 unidades hoteleiras de 4 estrelas e a 8 de 5 estrelas. O uso prático

desta ferramenta permite aferir quanto a um desempenho individual de cada hotel e a comparação

com um perfil médio do quadro de indicadores resultante para cada tipologia.

Os resultados da ferramenta foram ainda comparados com o resultado dos certificados

energéticos de unidades hoteleiras de vários concelhos para permitir a definição de valores padrão a

nível nacional. O tamanho da população estudada não é suficientemente relevante para concluir

quanto a um valor padrão médio nacional destes indicadores mas permite observar que o consumo

específico total se situa num intervalo entre os 150-220 kWh/m2.ano. Os perfis de consumo dos hotéis

de 5 estrelas (196,0 kWh/m2.ano) são superiores aos de 4 estrelas (165,9 kWh/m

2.ano), devido ao

maior peso ao nível dos serviços de iluminação e do aquecimento ambiente. Conclui-se ainda quanto

à necessidade dos hotéis mapearem de um modo mais detalhado o registo dos seus consumos

internos, sobretudo para os empreendimentos turísticos de 4 estrelas. A partilha dos resultados

estatísticos com outras associações resultou na publicação de um capítulo no relatório do projecto

Turismo 2015 e na possibilidade do uso e integração da informação do perfil de indicadores médios

para a ADENE.

Palavras-chave: eficiência energética, edifícios de hotelaria, gestão de energia, indicadores

de desempenho, levantamento estatístico.

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ABSTRACT

The tourism sector in Portugal plays an important role to the national economy and largely

contributes to the dissemination of the culture and country‟s tradition. The high growth of tourists and

the large energy consumption associated with the hotel buildings requires to the management entities,

a consistent reading of the energy performance of each unit and a framework with national energy

landscape. As a result it can provide greater levels of competitiveness, motivate the adoption of more

energy efficient solutions and at the same time not compromising the quality and service standards.

This thesis aims at developing a tool in EXCEL©Microsoft intended for energy managers of a

hotel unit. The tool analyzes and calculates a full performance indicator framework of the building,

based on the fulfillment of internal consumption and occupancy parameters. This model was validated

in detail with a case study on the InterContinental Lisbon Hotel. A statistical survey on 13 luxury units

has been carried out and results are reported to assess energy performance of hotel buildings. The

practical use of this tool allows the measurement of an individual performance and the comparison

with an average national profile for the resulting benchmarks.

The tool results were compared with the energy certificates from each unit to determine

national standard profiles. The size of the population surveyed was not sufficiently relevant to

conclude on a national average standard value for performance indicators, however, a range of the

total specific consumption of 150-220 kWh/m2.year was calculated. Consumption profiles of five-star

hotels (196,0 kWh/m2.year) are superior than four-star (165,9 kWh/m

2.year). It was further found that

lighting and heating systems represents the larger consumptions after breakdown of different energy

types for the surveyed units. The study points out the need of hotels to map with more detail the

registration of their internal consumption, especially for the four-star units. The sharing of statistical

results with other associations resulted in the publication of a chapter on the Tourism 2015 report and

raises the possibility to be used by ADENE as to integrate the average indicators profile values.

Key-words: energy efficiency, hotel buildings, energy management, energy use index,

statistical survey.

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ÍNDICE

ÍNDICE ............................................................................................................................... VIII

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................1

1.1 Motivação ................................................................................................................ 1

1.2 Objectivos ................................................................................................................ 2

1.3 Contribuições ........................................................................................................... 2

1.4 Estrutura da tese ...................................................................................................... 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................5

2.1 Eficiência energética e sua importância .................................................................... 5

2.1.1 Metas Europeias .................................................................................................5

2.1.2 Metas Nacionais ..................................................................................................6

2.2 Eficiência energética na hotelaria ............................................................................. 7

2.3 Modelos de gestão energética em hotelaria .............................................................. 8

2.3.1 Simulação Térmica Dinâmica ..............................................................................8

2.3.2 Sistema de Certificação Energética em Portugal..................................................9

2.3.3 Gestão baseada em indicadores de monitorização ............................................ 10

2.3.4 Parâmetros que influenciam o consumo geral de um hotel................................. 15

2.4 Caracterização de requisitos e serviços nos hotéis ................................................. 16

3 MAPA DE INDICADORES ............................................................................................. 19

3.1 Dados de entrada ................................................................................................... 20

3.1.1 Consumo facturado ........................................................................................... 20

3.1.2 Consumo previsto na certificação energética ..................................................... 21

3.1.3 Informação técnica e de padrões de utilização do hotel ..................................... 23

3.2 Dados de saída ...................................................................................................... 24

3.2.1 Matriz de indicadores de desempenho com base nos valores facturados ........... 24

3.2.2 Matriz de indicadores de desempenho com base nos valores previstos na

certificação energética............................................................................................................... 25

3.2.3 Matriz “Cliente Tipo” .......................................................................................... 26

3.2.4 Comparação entre os consumos facturados e os previstos ................................ 27

4 APLICAÇÃO A UM CASO DE ESTUDO ........................................................................ 29

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4.1 Descrição sumária do edifício em estudo ............................................................... 29

4.2 Recolha de dados pela certificação energética de 2011 ......................................... 30

4.3 Indicadores de desempenho na certificação energética de 2011 ............................ 32

4.4 Comparação dos indicadores com valores facturados ............................................ 33

4.5 Recolha de dados pela Adenda energética de 2012 ............................................... 34

4.6 Indicadores de desempenho na Adenda de 2012 e comparação com 2011-2013 ... 36

4.7 Comparação dos indicadores com valores facturados ............................................ 37

4.8 Comparação do desempenho energético nas duas certificações ............................ 38

4.8.1 Análise de consumos médios anuais ................................................................. 39

4.8.2 Análise de consumos médios mensais .............................................................. 41

4.9 Parâmetros que mais influenciam o consumo geral do hotel ................................... 45

4.10 O “Cliente Tipo” .................................................................................................. 47

5 LEVANTAMENTO ESTATÍSTICO DE VÁRIOS CASOS DE ESTUDO............................ 49

5.1 Recolha de dados .................................................................................................. 49

5.2 Análise da certificação energética .......................................................................... 50

5.3 Análise dos dados do inquérito ............................................................................... 53

5.3.1 Pressupostos de cálculo e limitações................................................................. 55

5.3.2 Resultados e discussão ..................................................................................... 57

5.3.3 Indicadores gerais de desempenho ................................................................... 58

5.3.4 Indicadores de desempenho do “Cliente Tipo” ................................................... 64

5.3.5 Indicadores de desempenho por unidade de área útil ........................................ 67

5.3.6 Desvio relativo obtido para os casos de estudo ................................................. 70

6 CONCLUSÕES.............................................................................................................. 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 77

ANEXO A – FERRAMENTA DE CÁLCULO EXCEL ............................................................... A

ANEXO B .............................................................................................................................. D

ANEXO C .............................................................................................................................. E

ANEXO D .............................................................................................................................. F

ANEXO E .............................................................................................................................. G

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Indicadores energéticos de gestão em hotéis ................................................................ 13

Tabela 2.2 - Comparação de indicadores de desempenho seleccionados na literatura ...................... 14

Tabela 2.3 - Parâmetros gerais que influenciam o consumo total de um hotel ................................... 16

Tabela 2.4 - Requisitos mínimos de classificação de hotéis (seleccionado) ....................................... 17

Tabela 3.1 - Indicadores de desempenho com base nos valores facturados ...................................... 25

Tabela 3.2 - Indicadores de desempenho obtidos por simulação nos diversos usos de energia e para

cada tipologia de estudo ................................................................................................................... 25

Tabela 3.3 - Indicadores de desempenho normalizados pelo número de clientes ............................. 26

Tabela 4.1 - Consumos energéticos obtidos pela análise de facturas, perfis nominais e reais

relativamente ao período de 2007-2009 ............................................................................................ 30

Tabela 4.2 - Distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação com

base nos perfis nominais e reais ....................................................................................................... 31

Tabela 4.3 - Repartição do consumo de água total pelos Quartos, Cozinha e Outros Serviços.

(Legenda: AQ-água quente e AF- água fria) ...................................................................................... 32

Tabela 4.4 - Indicadores de desempenho facturados no período 2007-2009 ..................................... 32

Tabela 4.5 - Indicadores de desempenho previstos para a tipologia "Hotel de 4 e 5 estrelas" no

período 2007-2009 ............................................................................................................................ 33

Tabela 4.6 - Comparação de resultados entre indicadores simulados e facturados para o período

2007-2009 ........................................................................................................................................ 33

Tabela 4.7 - Consumos energéticos obtidos pela análise de facturas e perfis nominais relativamente

ao período de 2011-2013 .................................................................................................................. 35

Tabela 4.8 - Distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação

dinâmica com base no perfil nominal na Adenda do Relatório Energético de 2012 ............................ 35

Tabela 4.9 - Indicadores de desempenho facturados no período 2011-2013 ..................................... 36

Tabela 4.10 - Indicadores de desempenho previstos para a tipologia "Hotel de 4 e 5 estrelas" no

período 2011-2013 ............................................................................................................................ 37

Tabela 4.11 - Comparação de resultados entre indicadores simulados e facturados para o consumo

eléctrico no período 2011-2013 ......................................................................................................... 37

Tabela 4.12 - Resumo da variação percentual dos indicadores de desempenho normalizados por

cliente após 2011 .............................................................................................................................. 41

Tabela 4.13 - Indicadores do consumo do hotel nas vertentes energéticas e usos de energia por

cliente ............................................................................................................................................... 47

Tabela 4.14 - Indicadores "Cliente Tipo Inverno" e "Cliente Tipo Verão ............................................. 48

Tabela 5.1 - Delta característico entre o consumo médio específico e as unidades dotadas de

serviços especiais ............................................................................................................................. 52

Tabela 5.2 - Consumos específicos médios para os hotéis de tipologia "4 ou mais estrelas" em

Portugal ............................................................................................................................................ 53

Tabela 5.3 - Inserção de parâmetros internos para cada unidade hoteleira........................................ 54

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Tabela 5.4 - Inserção de parâmetros estimados pela certificação energética para cada hotel ............ 55

Tabela 5.5 - Características médias entre os empreendimentos turísticos de 4 e 5 estrelas .............. 57

Tabela 5.6 - Resultados dos indicadores de desempenho para os hotéis de tipologia 5 estrelas ....... 58

Tabela 5.7 - Resultados das variáveis estatísticas para os hotéis de tipologia 5 estrelas ................... 59

Tabela 5.8 - Resultados dos indicadores de desempenho para os hotéis de tipologia 4 estrelas ....... 60

Tabela 5.9 - Resultados das variáveis estatísticas para os hotéis de tipologia 4 estrelas ................... 61

Tabela 5.10 - Indicadores complementares para o spa/piscinas ........................................................ 63

Tabela 5.11 - Resultado dos indicadores do "Cliente Tipo" para os hotéis de 5 e 4 estrelas .............. 64

Tabela 5.12 - Resultados das variáveis estatísticas para o "Cliente Tipo" para os hotéis de 5 e 4

estrelas ............................................................................................................................................. 65

Tabela 5.13 - Resultado dos indicadores dos consumos específicos para os hotéis de 5 e 4 estrelas 67

Tabela 5.14 - Resultados das variáveis estatísticas dos consumos específicos para os hotéis de 5 e 4

estrelas ............................................................................................................................................. 67

Tabela 5.15 - Desvio relativo calculado para cada unidade hoteleira ................................................. 71

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XII

LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Evolução das emissões de CO2 por sector energético, na Europa até 2050. (Fonte:

Relatório EU Energy, Transport and GHG emissions trends to 2050) ..................................................6

Figura 3.1 - Estruturação da ferramenta de cálculo para inserção de dados e apresentação de

resultados ......................................................................................................................................... 19

Figura 3.2 - Exemplo das tabelas de inserção dos valores facturados de electricidade e gás natural . 20

Figura 3.3 - Exemplo da tabela de inserção dos valores facturados de água e divisão percentual

estimada ........................................................................................................................................... 21

Figura 3.4 - Exemplo da tabela de inserção dos consumos energéticos previstos para as

necessidades de Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e Outros ........................................ 23

Figura 3.5 - Processo de comparação de resultados indicadores facturados vs. indicadores simulados

......................................................................................................................................................... 28

Figura 4.1 - Fotografia de apresentação oficial do Hotel InterContinental Lisbon (Fonte: www.ihg.com)

......................................................................................................................................................... 29

Figura 4.2 - Evolução do consumo anual de energia eléctrica por unidade de área útil ...................... 39

Figura 4.3 - Evolução do consumo anual de energia eléctrica por cliente .......................................... 39

Figura 4.4 - Evolução do consumo anual de água por unidade de área útil ........................................ 40

Figura 4.5 - Evolução do consumo anual de água por cliente ............................................................ 40

Figura 4.6 - Evolução do consumo mensal de energia eléctrica por unidade de área útil ................... 42

Figura 4.7 - Evolução do consumo mensal de energia eléctrica por cliente ........................................ 42

Figura 4.8 - Evolução do consumo mensal de gás natural por quarto ocupado .................................. 43

Figura 4.9 - Evolução do consumo mensal de gás natural por unidade de área útil ........................... 44

Figura 4.10 - Evolução do consumo mensal de água por unidade de área útil ................................... 44

Figura 4.11 - Indicador de desempenho eléctrico (a) e de gás natural (b) normalizados pela área útil

em função da taxa de ocupação do hotel .......................................................................................... 45

Figura 4.12 - Indicador de desempenho eléctrico (a) e de gás natural (b) normalizados pelo número

de quartos ocupados em função da taxa de ocupação do hotel ......................................................... 46

Figura 4.13 - Indicador de desempenho de gás natural (a) e de água (b) normalizados pelo número de

refeições em função da taxa de ocupação do hotel ........................................................................... 46

Figura 5.1 - Distribuição dos consumos específicos médios de energia para Aquecimento e

Arrefecimento em Portugal ................................................................................................................ 50

Figura 5.2 - Zonas climáticas de Inverno e de Verão (Fonte: Despacho n.º 15793-F/2013) ................ 50

Figura 5.3 - Consumos específicos para Aquecimento e Arrefecimento nas unidades hoteleiras

seleccionadas ................................................................................................................................... 51

Figura 5.4 - Distribuição dos consumos específicos por município para os hotéis de tipologia "4 ou

mais estrelas" ................................................................................................................................... 53

Figura 5.5 - Consumo por unidade de área útil vs consumo por quarto ocupado ............................... 62

Figura 5.6 - Emissões por unidade de área útil vs emissões por quarto ocupado ............................... 63

Figura 5.7 - Perfil do "Cliente Tipo" médio para hotéis de 5 estrelas .................................................. 65

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Figura 5.8 - Comparação do consumo total de energia por entre as unidades hoteleiras de 4 e 5

estrelas ............................................................................................................................................. 68

Figura 5.9 - Intervalo do indicador total de energia facturada para as unidades hoteleiras de 4 e 5

estrelas ............................................................................................................................................. 68

Figura 5.10 - Consumos médios desagregados para os hotéis de tipologia 4 estrelas ....................... 69

Figura 5.11 - Consumos médios desagregados para os hotéis de tipologia 5 estrelas ....................... 70

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XIV

LISTA DE ACRÓNIMOS

ADENE Agência para a Energia

AHP Associação da Hotelaria de Portugal

AQS Águas Quentes Sanitárias

ASHRAE American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers

AVAC Aquecimento Ventilação e Ar Condicionado

BES Banco Espírito Santo

CE(„s) Certificado(s) Energético(s)

DGEG Direcção Geral de Energia e Geologia

EEIB Energy Efficiency Index for buildings

EUI Energy Use Index

GDA Graus-dia de aquecimento

GEE Gases de Efeito de Estufa

GES Grande Edifício de Serviços

IEE Indicadores de Eficiência Energética

NUTS Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos

nZEB nearly Zero-Energy Buildings

PCS Poder Calorífico Superior

PIB Produto Interno Bruto

PNAEE Plano Nacional de Acção para a Eficiência Energética

PNAER Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis

REH Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Habitação

RECS Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços

RSECE Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização em Edifícios

SCE Sistema de Certificação Energética

WUI Water Use Index

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Motivação

A crescente preocupação com o futuro do planeta e a sustentabilidade dos seus recursos

motivam cada vez mais as empresas a recorrerem a estratégias para actuarem de maneira eficiente e

a perspectivarem o consumo energético de uma forma mais limpa, económica e sustentável. A

responsabilidade e o envolvimento de Portugal no quadro das metas europeias definidas para o

desenvolvimento sustentável estimula os maiores sectores responsáveis pela produção e consumo

de energia a identificarem soluções de poupança e de gestão de recursos. O sector dos edifícios, por

representar um dos principais sectores de consumo energético do país, apresenta uma potencial

fonte de poupança o que requer a implementação de instrumentos e políticas específicas para o

aumento da eficiência energética. Os hotéis diferenciam-se de outros edifícios comerciais ou

habitacionais pelas suas especificidades de operação, variedade de áreas funcionais de serviço

associadas a dormidas, restauração e trabalho ou lazer e por estruturas de operacionalidade diária e

permanente. A hotelaria portuguesa, reconhecida internacionalmente pela sua qualidade e tradição,

revela-se assim como um ponto de interesse na procura de uma gestão energética inovadora que

estimule maiores níveis de competitividade e um modelo exemplar para toda a comunidade nacional

e internacional.

De modo a justificar uma tomada de decisão de investimento num hotel, é do maior interesse

que todo o quadro administrativo esteja consciente da dinâmica dos consumos e de que maneira as

metas ambicionadas vão ao encontro de uma necessidade de gestão energética eficiente. Neste

esforço, os processos de certificação energética permitiram dar a conhecer aos hotéis se o

desempenho energético se encontra dentro dos parâmetros regulamentares da lei actual e da

necessidade ou não de maiores reestruturações que apontem para o cumprimento integral dos

regulamentos.

Contudo, para a implementação de um modelo de gestão energética mais detalhado, torna-se

necessário conhecer, de forma particular, o desempenho segmentado de todas as vertentes

energéticas dos hotéis e permitir o acesso de informação relevante e clara aos órgãos de decisão.

Convêm então que não apenas a(s) entidade(s) responsáveis pela Direcção de Manutenção de um

hotel estejam devidamente informadas, mas que seja também disponibilizada informação útil,

simplificada e de carácter observável para que o restante quadro administrativo compreenda

facilmente a importância de investir numa remodelação ou priorizar o investimento num sistema

técnico. Estas tomadas de decisão visam a redução dos parâmetros energéticos indicados e,

consequentemente, um maior nível de competitividade.

No intuito de sensibilizar os clientes dos hotéis para a eficiência energética, torna-se também

interessante possibilitar-lhes o acesso sobre alguns índices de desempenho referentes ao hotel onde

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optaram passar a sua estadia. A disponibilização de informação útil e perceptível para o cidadão

comum pode incentivar a prática de acções ambientais mais conscientes, melhorar a imagem de

confiança entre o hotel e o cliente e proporcionar alguns benefícios aos clientes que consumirem

menos do que um perfil médio tipo.

Um último factor motivacional deste projecto está relacionado com a possibilidade de

comparar um quadro de indicadores médios de desempenho de estatística nacional, com o respectivo

quadro de desempenho individual de cada unidade hoteleira. Os hotéis de segmentos de

operacionalidade semelhantes poderiam utilizar este recurso para perceber, de maneira global, o

desvio dos seus consumos nas diferentes vertentes energéticas para um valor padrão médio

correspondente no mercado português. Os resultados obtidos neste estudo podem constituir um

contributo importante para associações portuguesas ligadas ao sector hoteleiro.

1.2 Objectivos

O objectivo deste trabalho é desenvolver uma metodologia integrada de gestão de energia no

ramo hoteleiro. Em particular, consiste em desenvolver uma ferramenta que permita a análise do

consumo energético em diversos casos de estudo, tratamento da informação disponível e

criação/sistematização de uma matriz de indicadores de referência de desempenho energético

adequados às especificidades de operação e apoio à decisão de medidas de eficiência energética em

Portugal. Será também efectuado um caso de estudo detalhado a um hotel em Lisboa com o

objectivo de tornar consistente este tipo de análise para gestores de energia através da

implementação de indicadores de desempenho, sistematização de boas práticas, e motivar a

comparação da matriz interna de cada hotel com o quadro de indicadores estatísticos. Com base na

mesma ferramenta de cálculo será solicitado um inquérito a vários hotéis portugueses para

preenchimento dos consumos internos, comparação com os certificados de desempenho energéticos

e definição de valores padrão de referência nacional.

1.3 Contribuições

De modo a tratar os dados disponibilizados e a analisar a informação resultante, foi

desenvolvida uma ferramenta de cálculo em EXCEL. Esta ferramenta permite a introdução de

múltiplas variáveis de consumos energéticos dos consumos e devolve uma matriz de indicadores de

desempenho como base de apoio de compreensão e decisão para as entidades do quadro

administrativo de um hotel. A matriz serve também como apoio à referenciação e comparação entre

subgrupos de unidades hoteleiras com características homogéneas.

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O levantamento de uma análise estatística a diversos hotéis de tipologia de 4 e 5 estrelas

permitiu assim ambicionar a sistematização de um quadro de indicadores médios nacionais e motivar

a comparação entre as unidades hoteleiras com os valores característicos da sua tipologia. Os

resultados provenientes desta recolha estatística foram facultados às unidades hoteleiras

participantes e a entidades nacionais que desenvolvem importantes estudos nesta área,

nomeadamente, a AHP-Associação da Hotelaria de Portugal, em parceria com a empresa ENFORCE

e a Turismo de Portugal, I.P, e a ADENE – Agência para a Energia.

Os resultados obtidos foram publicados pela ENFORCE no Relatório “Diagnóstico das

necessidades do sector do Turismo em Portugal” no âmbito do projecto Pólo de Competitividade e

Tecnologia Turismo 2015. Está a ser preparado um artigo científico para publicação.

1.4 Estrutura da tese

Este documento encontra-se estruturado em 6 capítulos. O presente capítulo (capítulo 1) é

constituído por uma introdução ao tema, os objectivos e as contribuições do trabalho efectuado.

O capítulo 2 pretende realizar uma revisão do conceito de eficiência energética e a sua

importância no sector hoteleiro a nível nacional e internacional. São apresentados alguns modelos de

gestão, certificação e monitorização encontrados na literatura, que servem de base de caracterização

do desempenho energético dos hotéis.

No capítulo 3 é explicado o funcionamento da ferramenta de cálculo que serve para

introdução dos dados de consumo interno e devolve os resultados através de uma matriz de

indicadores. Neste capítulo são desenvolvidos os pressupostos e as limitações de cálculo da

ferramenta.

O capítulo 4 apresenta o caso de estudo do Hotel InterContinental Lisbon que serviu como

base exemplificativa do processo de cálculo da ferramenta desenvolvida e de análise e

caracterização de um hotel através da leitura dos indicadores de desempenho resultantes.

No capítulo 5 é descrito o levantamento estatístico para os diversos casos de estudo, bem

como o enquadramento a nível nacional dos hotéis de tipologia de 4 e 5 estrelas, apresentando os

seus consumos baseados em indicadores de desempenho. É discutida a utilidade dos diversos

indicadores e quais são os que apresentam maior relevância no processo de comparação e

referenciação.

Finalmente, no capítulo 6, são tecidas as conclusões finais relativamente aos resultados

obtidos nos capítulos anteriores e as sugestões para trabalhos futuros.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Eficiência energética e sua importância

O aumento da procura mundial de energia para disponibilizar um maior número de produtos e

serviços às populações requer uma utilização mais responsável deste recurso para combater as

taxas de emissões de gases poluentes, o efeito de estufa e garantir a própria sustentabilidade do

planeta. Na generalidade, as sociedades são hoje também mais exigentes nos seus padrões de

conforto.

Neste panorama, as questões energéticas devem estar relacionadas com uma utilização mais

eficiente e responsável dos recursos energéticos, com soluções que possam enquadrar

compromissos com estratégias ambientais, económicas e sociais, desenvolvidas muitas vezes com

objectivos em conflito. O desenvolvimento dos países e a maior disponibilização e diversidade de

serviços obriga a um aumento da capacidade de agir de um modo energeticamente mais eficiente

sem aumentar o consumo (Guia da Eficiência Energética 2013).

No ramo da hotelaria urge implementar boas práticas de gestão eficiente. Este sector, pelas

suas particularidades de operação, expõe muitos dos possíveis conflitos que surgem ao implementar

políticas de gestão ou políticas ambientais. Um exemplo é o próprio serviço aos clientes. A

capacidade de agir de uma maneira sustentável e a tentativa de reduzir os consumos associados não

devem comprometer a expectativa sobre a qualidade do serviço prestado.

As políticas de acção e gestão ambiental podem ser hierarquizadas a nível global, nacional,

responsabilidade da empresa e responsabilidade local (Kirk 1997).

2.1.1 Metas Europeias

A União Europeia definiu um quadro de objectivos para 2020 que visam a redução em 20%

das emissões de gases de efeito de estufa (GEE) relativamente ao ano de 1990, o aumento em 20%

da utilização de energia renováveis e a redução em 20% do consumo de energia primária. As metas

destacadas projectam-se na perspectiva de um aumento de eficiência energética no contexto

europeu.

Metas ainda mais ambiciosas estabelecidas pela União Europeia prendem-se com a redução

das emissões de GEE em 80-95% até 2050, comparativamente aos valores de 1990 para o sector

residencial. O sector dos edifícios incorpora actividades muito relevantes no consumo de energia dos

países sendo este um “sector-chave” para o desenvolvimento sustentável (Tsoutsos et al. 2013).

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A Figura 2.1 apresenta respectivamente, o cenário tendencial de evolução e cotas

percentuais da evolução das emissões de CO2 (em Mt – megatoneladas) por sectores a nível

europeu até 2050, publicados no relatório “EU Energy, Transport and GHG emissions trends to 2050”

com o ano de 2013 como referência (European Comission Market observatory & Statistics 2013).

A observação da Figura 2.1 denota uma descida acentuada nas emissões de CO2 associadas

às centrais de geração de energia e aquecimento urbano. O sector terciário (actividades de comércio

de bens e prestação de serviços) apresenta uma evolução praticamente constante de 6% das

emissões europeias. Face às metas europeias dos 20%, Portugal apresentou no ano de 2013 uma

redução em 8% das emissões de GEE (Plano de Ação Regional de Lisboa 2014-2020).

2.1.2 Metas Nacionais

Em resolução do Conselho de Ministros nº20/2013 de 10 de Abril de 2013 foram revistos e

aprovados para execução, ao longo do período 2013-2016: 1) o Plano Nacional de Acção para a

Eficiência Energética (PNAEE) e 2) o Plano Nacional de Acção para as Energias Renováveis

(PNAER). As linhas orientadoras destes instrumentos estratégicos reforçam o papel de Portugal na

aplicação de regulamentações para apoiar uma crescente eficiência nos consumos de energia e a

dinamização de um “modelo energético com racionalidade económica, que assegure custos de

energia sustentáveis, que não comprometam a competitividade das empresas nem a qualidade de

vida dos cidadãos” (Resolução do Conselho de Ministros 2013, p.2022).

O PNAEE, na tentativa de controlar e reduzir as emissões de gases de efeito de estufa,

estabelece um conjunto de medidas e comportamentos, determinante para que venham a ser

alcançadas as metas e compromissos internacionais a que se propôs, identificando: 1) algumas

barreiras existentes, 2) as potenciais melhorias de eficiência energética e 3) o impacto económico das

soluções preconizadas. No sector “Residencial e Serviços” o PNAEE estabelece o objectivo de

certificar, até 2020, cerca de metade dos edifícios de serviços com classe energética B- ou superior

Figura 2.1 - Evolução das emissões de CO2 por sector energético, na Europa até 2050. (Fonte: Relatório EU Energy, Transport and GHG emissions trends to 2050)

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ao abrigo dos valores padrão estabelecidos pelo Sistema de Certificação Energética (SCE). O

objectivo geral do PNAEE para Portugal é conseguir, até 2016, uma redução do consumo energético

em 8,2%, comparativamente à média de consumo verificada no período entre 2001 e 2005,

verificando-se, mais especificamente, uma redução em 42% na área “Residencial e Serviços”

relativamente à energia final.

O SCE é fiscalizado pela Direcção Geral de Energia e Geologia (DGEG) e gerido pela

ADENE – Agência para a Energia. Este sistema pretende contribuir para o incentivo e aumento da

eficiência energética e a utilização de energias renováveis em Portugal apresentando-se como uma

ferramenta de certificação e de informação sobre o desempenho dos edifícios.

A revisão da legislação e sistematização ao abrigo da Directiva n.º 2010/31/EU para o

Decreto-Lei n.º 118/2013 permitiu a reformulação dos anteriores documentos do Sistema Nacional de

Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior dos Edifícios (Decreto-Lei n.º 78/2006), do

Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios (Decreto-Lei n.º 79/2006) e do

Regulamento das Características de Comportamento Térmico dos Edifícios (Decreto-Lei n.º 80/2006)

para um único documento contemplando os novos regulamentos nomeadamente, o Sistema de

Certificação Energética (SCE), o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de

Habitação (REH) e o Regulamento de Desempenho Energético dos Edifícios de Comércio e Serviços

(RECS). Além da redefinição dos princípios e parâmetros de avaliação da eficiência dos edifícios,

este novo Regulamento pretende definir um pensamento evolutivo baseado nos padrões traçados

para 2020. Um exemplo é o surgimento do conceito de “edifício com necessidades quase nulas de

energia” ou nearly zero-energy buildings (nZEB) como um padrão para as novas construções a partir

de 2020 ou referência para intervenções em edifícios existentes. Para a categoria “Edifícios de

Comércio e Serviços”, onde se inserem as unidades do sector hoteleiro, têm-se notabilizado o esforço

para o cumprimento de um dos eixos de actuação dos nZEB, nomeadamente, na criação de

estratégias de redução de consumos de energia (Decreto-Lei n.o 118/2013).

2.2 Eficiência energética na hotelaria

A indústria hoteleira é responsável por 2% das emissões globais de CO2. Portugal é o 7º

menor consumidor específico (por metro quadrado) de energia no sector não residencial na Europa e

o sector do turismo representa mais de 9% do PIB português (Oliveira 2015). A indústria hoteleira

desempenha um papel fundamental na redução de energia no sector dos edifícios. As vantagens

competitivas dos hotéis que implementam medidas pioneiras representam um incentivo para outros

estabelecimentos adoptarem igualmente soluções eficientes (Tsoutsos et al. 2013).

Na comunidade hoteleira destacam-se os processos e as soluções que têm contribuído de

forma assinalável para o desenvolvimento crescente de políticas e práticas fundamentadas na

sustentabilidade técnica, socioeconómica e ambiental. Por exemplo, o foco na certificação ambiental

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envolve um importante esforço de promoção de responsabilidades sociais junto dos seus clientes,

trabalhadores e investidores. Existem então diversos factores que contribuem para que os

estabelecimentos no ramo da hotelaria sigam orientações de sustentabilidade, tais como: 1) a

localização das unidades hoteleiras, 2) o compromisso com os valores da cadeia a que pertencem, 3)

a sensibilidade do próprio director geral e, 4) a promoção da satisfação crescente dos seus

colaboradores e investidores. Ainda assim, os benefícios financeiros e o aumento da competitividade

são, actualmente, as principais razões para os hotéis exercerem essas políticas (Geerts 2014).

Nesse estudo é também salientado o exemplo de alguns hotéis que têm reforçado a aposta

em mecanismos de actuação específicos de sensibilização dos clientes durante a sua estadia,

visando objectivamente a redução dos consumos de electricidade e de água, no contexto de medidas

potencialmente eficazes de poupança.

Carvalho (2012) salientou ainda a importância da mudança do paradigma do comportamento

humano como uma “parte essencial de qualquer projecto sobre eficiência energética” podendo este

não atingir o seu potencial máximo de poupança só à custa de instalação de novos equipamentos.

2.3 Modelos de gestão energética em hotelaria

Os edifícios de hotelaria apresentam tendencialmente indicadores que reflectem apenas os

grandes consumos energéticos. A operacionalidade das infraestruturas enquadra determinadas

condições que fomentam a recomendação e a implementação de programas de eficiência energética,

com especificidades direccionadas para uma gestão monitorizada, detalhada e actualizável. São

apresentados alguns modelos actuais e indicadores normalizados da maior utilidade na avaliação do

comportamento energético de hotéis, com o objectivo de interpretar a dinâmica envolvida na análise

de consumos. Neste tipo de abordagem são de destacar também as vantagens a obter a prazo, pela

verificação das condições que podem ser ambicionadas com uma melhoria da gestão.

2.3.1 Simulação Térmica Dinâmica

A simulação térmica dinâmica permite prever as necessidades de energia correspondentes

ao funcionamento do edifício e respectivos sistemas energéticos. Estas ferramentas são utilizadas

para se realizar o dimensionamento dos sistemas na fase de projecto e construção, mas também

para estimar os consumos para efeitos de certificação energética de edifícios.

Como exemplo de aplicação da simulação térmica dinâmica no sector de hotelaria, Gonçalves

(2010) desenvolveu uma simulação dinâmica do comportamento térmico do Hotel Sheraton Lisboa

utilizando o programa de cálculo Energy Plus. Este software permite realizar a simulação energética

de um edifício utilizando modelos de aquecimento, refrigeração, ventilação, iluminação, entre outros,

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e devolver resultados variados desde: 1) consumos totais e parciais, 2) flutuações horárias, 3)

simulação de cargas térmicas, 4) desempenho dos sistemas de climatização e 5) necessidades de

ventilação desagregadas por espaços. É possível acoplar ao software uma interface gráfica para

construir uma modelação geométrica do edifício em estudo e delinear cenários com informação

sobre: 1) detalhes de construção, 2) actividades de diversos tipos realizadas no edifício, 3) consumos

de água quente sanitária (AQS), 4) equipamentos de Aquecimento Ventilação e Ar Condicionado

(AVAC) e necessidades de aquecimento ou arrefecimento, 5) quantidade de ar novo insuflado, 6)

densidade de iluminação e luz natural, etc. Os resultados do processo de cálculo desta ferramenta

permitem prever um comportamento energético (simulado) do hotel, dimensionar sistemas de

climatização e estudar potenciais medidas de melhoramento. A simulação dinâmica é de grande

utilidade, no entanto, preconiza uma análise complexa ao edifício e requer bastante tempo para a

recolha de quantidades significativas de informação das características da envolvente do edifício,

consumos, necessidades de operação, perfis de utilização, actividades e serviços.

Existem outras ferramentas de cálculo para previsão das necessidades de energia

correspondentes ao funcionamento do edifício e respectivos sistemas energéticos simulando também

a viabilidade económica de soluções de investimento (Rodrigues 2011).

2.3.2 Sistema de Certificação Energética em Portugal

Em Portugal, o Sistema de Certificação Energética revisto perspectiva melhorias não só ao

nível de informação útil para os profissionais, mas, sobretudo, ao nível de informação mais orientada

para o consumidor final. Neste sentido, adequa aos objectivos o uso de uma linguagem menos

teórica e descritiva, e mais sintética, incorporando padrões de referência e normas de avaliação com

expressões qualitativas (Vídeo “Novo Certificado Energético” em www.adene.pt/sce).

O Certificado Energético (CE) para “Grandes Edifícios de Comércio e Serviços” inclui

Indicadores de Desempenho (kWh/m2.ano) dos edifícios categorizados em quatro áreas de avaliação:

“Aquecimento Ambiente”, “Arrefecimento Ambiente”, “Iluminação” e “Água Quente Sanitária”. Os

valores observados na utilização de energia nestas categorias são comparados com um valor de

referência (baseado no RECS) que permite percepcionar o nível de eficiência obtido. Também são

incluídos no CE os Indicadores de Eficiência Energética (IEE) calculados através do consumo de

energia primária anual por unidade de área útil de pavimento (kWhEP/m2.ano) (Exemplar “Certificado

Energético Grande Edifício de Comércio e Serviços” em www.adene.pt/sce).

Estes indicadores caracterizam globalmente o edifício segundo os seus consumos

específicos. Destacam-se os seguintes indicadores:

IEES - Indicador de Eficiência Energética de Consumos do tipo S (kWhEP/m2.ano);

IEET - Indicador de Eficiência Energética de Consumos do tipo T (kWhEP/m2.ano);

IEEren - Indicador de Eficiência Energética Renovável (kWhEP/m2.ano);

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IEE – Indicador de Eficiência Energética global (kWhEP/m2.ano);

IEEef – Indicador de Eficiência Energética efectivo (kWhEP/m2.ano);

IEEpr – Indicador de Eficiência Energética previsto (kWhEP/m2.ano);

IEEref – Indicador de Eficiência Energética de referência (kWhEP/m2.ano);

Os consumos de energia do tipo S são os consumos considerados para efeitos de cálculo da

classificação energética, nomeadamente os que são associados aos sistemas de controlo de carga

térmica, ventilação e bombagem dos sistemas de climatização, iluminação interior e produção de

AQS. Os consumos de ventilação e bombagem não associados ao controlo de carga térmica, de

iluminação exterior ou pontual, elevadores e diversos equipamentos eléctricos e de frio são

denominados do tipo T, não considerados para efeito de classificação energética. O IEE global

contabiliza os consumos agregados do tipo S e T, subtraindo os consumos a partir de fontes de

energias renováveis (IEEren).

Distinguem-se ainda dois tipos de indicadores de eficiência energética que traduzem o

consumo anual de energia do edifício: 1) IEE efectivo (IEEef) que representa os valores efectivos de

consumo obtidos com base no histórico de facturas de energia, avaliação realizada ao edifício ou com

no sistema de gestão de energia, e 2) IEE previsto (IEEpr) dos sistemas técnicos calculado por via de

simulação dinâmica multizona ou cálculo dinâmico simplificado. Os resultados obtidos são

comparados com valores de referência (IEEref). As soluções de referência têm por base as

características dos elementos da envolvente e dos sistemas técnicos (Tabela I.07 da Portaria n.º 349-

D/2013) e são definidos pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas de energia e

segurança social, para efeitos de certificação e determinação da classe energética do edifício

(Despacho n.o

15793-J/2013). Assim, considera-se a sua utilização no âmbito de uma grande

intervenção, numa fase de projecto de novos edifícios ou ainda como método alternativo para

edifícios existentes, de acordo com os procedimentos estipulados pela DGEG. Os IEEpr são

comparados com os IEEref para cumprimento de requisitos mínimos aprováveis (Decreto-Lei n.o

118/2013).

O desenvolvimento de ferramentas de referência (em inglês benchmarking) tem utilidade na

criação de modelos de apoio à gestão do consumo de energia, tanto para entidades do sector privado

como para instituições governamentais. O recurso a índices de referência permite destacar os

principais pontos de consumo, caracterizá-los e monitorizar eventuais mudanças de acção política

para um uso eficiente de energia em edifícios (Chung et al. 2006)

2.3.3 Gestão baseada em indicadores de monitorização

Na procura por modelos simples de simulação energética para análise estatística em edifícios

de hotelaria, foi desenvolvida uma ferramenta de simulação de fluxo de energia tendo por base um

conjunto de 10 hotéis, na região mediterrânica da Grécia, de diferentes categorias e tipologias. Para a

determinação do fluxo são introduzidos, como dados de entrada na interface do hotel, os valores do

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consumo de energia inicial e os consumos desagregados por utilizador final (sistemas AVAC,

iluminação, consumo de água quente). Da fase de processamento do modelo são calculados os

indicadores energéticos, que reportam resultados finais em kWh/dormidas, categorizados por quartos,

restauração, serviços e lazer (Karagiorgas et al. 2007). O modelo, embora simplificado, exige uma

recolha exaustiva de dados baseados em auditorias energéticas nos hotéis.

Xin et al. (2012) propuseram um modelo mais simplificado baseando-se numa amostra

detalhada em 19 dos 54 hotéis de luxo de 4 e 5 estrelas analisados na província de Hainan, China.

Este estudo identificou como suficiente o índice do consumo total por unidade de área (kWh/m2.ano),

normalizado por um método de ajuste climático a graus-dia, o Energy Use Index (EUInorm). O índice

serviu como base de análise estatística para o enquadramento de cada hotel na região através da

sua quota de consumo de energia relativamente a um intervalo em percentil do padrão médio. Este

modelo fornece informação estatística base, requerida para uma gestão preliminar do hotel

enquadrada no contexto da região turística avaliada. Em 2013 foi elaborada uma análise mais

detalhada em 27 hotéis da mesma província, utilizando índices normalizados a um ajuste climático.

Para o desenvolvimento dos procedimentos, o consumo total foi desagregado em três indicadores:

EUI1,EUI2, EUI3 (por unidade de área útil, número total de quartos e número de noites vendidas,

respectivamente), e o consumo de electricidade desagregado em 4 tipos de consumo final: EUIAC,

EUILR, EUIMS, EUISA (AVAC, Iluminação, Equipamentos de Serviço como elevadores e sistema de

bombagem e Zonas Especiais como cozinhas ou lavandaria). Estes indicadores integraram a

formulação de um quadro estatístico de valores médios, possibilitando a apresentação de resultados

mais específicos relativos a vários pontos de consumo no hotel (Lu et al. 2013).

Um estudo elaborado em Singapura em 29 hotéis, 11 dos quais de 5 estrelas, teve como

metodologia a recolha de informação sobre o consumo mensal de electricidade e gás, a

decomposição em consumo por consumidores finais e serviços e apurou através de uma análise de

regressão quais as correlações mais fortes entre consumo e parâmetros de edifícios. Concluíram

igualmente que a área útil apresenta o melhor grau de correlação com o consumo de electricidade e

que para o consumo de gás o número de refeições servidas constitui um forte parâmetro de

monitorização. Sugeriram que a recolha de informação deveria ser esquematizada em sub-grupos de

hotéis com características homogéneas, podendo revelar padrões distintos de comportamento e,

consequentemente contribuir para a acção e identificação de medidas de eficiência mais precisas

(Priyadarsini et al. 2009).

González et al. (2011) sugeriram que o índice de consumo energético kWh/m2, apesar de ser

um parâmetro consistente de análise e comparação, é também redutor na medida em que se baseia

na hipótese de que cada m2 do edifício consome a mesma energia e emite a mesma quantidade de

CO2. Nesse sentido, propuseram um índice adicional standard, actualizável on-line, que ofereça uma

percepção do grau de eficiência energética de cada hotel. Em concreto, relacionam o rácio entre o

consumo de energia do edifício (kWh ou CO2) com um consumo referência (kWhref ou CO2,ref) desse

tipo de edifício (EEIB – Energy Efficiency Index for buildings). A fácil obtenção de valores do consumo

real de energia e CO2 de um hotel pela simples análise das suas facturas mensais contrasta com a

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dificuldade de regularização de um valor referência fiável e actualizável que consiga englobar de

forma criteriosa a heterogeneidade das estruturas e serviços (e correspondentes especificidades) dos

grupos hoteleiros a nível nacional.

Deng & Burnett (2002) sugeriram que o estudo do consumo total de água em hotéis está

intrinsecamente ligado à gestão energética, dada a importância do recurso em si mesmo e o impacto

dos níveis de consumo elevados. Salientaram a falta de monitorização precisa do consumo de água

nos diferentes serviços dos hotéis e apresentaram um estudo em 17 estabelecimentos em Hong

Kong, estabelecendo um quadro de comparação estatístico baseado no indicador geral Water Use

Index (WUI) (m3/m

2.ano) como base de estudo estatístico de comparação.

Diversos estudos assentam a sua investigação na identificação e utilização de sistemas de

indicadores de consumo energético total anual por unidade de área, na base de ferramentas de apoio

à decisão, envolvendo quadros de classificação e análises estatísticas. De acordo com Wang (2012)

com esses indicadores torna-se possível estudar a influência das características operacionais dos

hotéis, incluindo diversos factores particulares de cada país/região e estabelecer um padrão geral de

consumo nas unidades hoteleiras locais. O consumo médio padrão de energia difere muito entre

países e, mesmo dentro de cada país ou região. O consumo médio é também variável entre as

cadeias hoteleiras dependendo dos modos de operação e de gestão de cada unidade.

Na Europa, em 184 hotéis das cadeias Hilton International e Scandic, um estudo de base

estatística relativo ao consumo de energia e água identificou e sistematizou os factores determinantes

na referenciação e normalização individual das unidades hoteleiras, em contraste a uma análise

redutora baseada apenas no consumo geral de edifícios (Bohdanowicz & Martinac 2007). Estes

factores são aqui apresentados:

Padronização de hotéis: medida de classificação ao nível da quantidade e diversidade na

utilização de energia e água para os seus serviços;

Área total do edifício;

Condições climáticas: influência da temperatura exterior e ajuste a graus-dia;

Número de noites vendidas (níveis de ocupação);

Número de refeições servidas;

Outros parâmetros: existência ou não de salas de conferência e número de eventos e

participantes, existência de piscina, spa, sistema de lavandaria ou outros serviços particulares

que se diferenciam entre hotéis.

Bohdanowicz & Martinac (2007) estudaram a relação entre a análise do consumo de energia

eléctrica e de água segundo indicadores de maior relevância, como: 1) o consumo de energia por

área útil, 2) número de quartos, e 3) número de noites vendidas. A água consumida foi normalizada

pelo número de quartos e noites vendidas. O nível de importância dos indicadores de consumo e

respectiva normalização teve por base uma análise do coeficiente de correlação na escolha dos

indicadores mais adequados para comparação. Com base na análise estatística efectuada foram

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extrapoladas algumas conclusões. Verificaram-se, sobretudo, algumas dificuldades em estabelecer

padrões/referências globais dentro de uma mesma cadeia de hotéis, dado que existem parâmetros

físicos e operacionais da padronização de cada cadeia e mesmo próprios de cada unidade hoteleira.

Concluíram sobre a importância crescente das ferramentas de benchmarking para “verificar e

promover o envolvimento das empresas pró-ambientais neste sector”. Dada a heterogeneidade de

hotéis e serviços, sugeriram que se procedesse a uma optimização do desempenho de cada unidade

através da padronização do consumo médio desagregado em áreas de consumo de características

semelhantes. Assim conseguir-se-iam melhorias ao nível de referências económicas e ambientais

face aos indicadores gerais de consumo. Destacaram também a importância de se utilizarem outros

factores de carácter qualitativo como a consciencialização ambiental de clientes e do pessoal do

hotel, que podem ter influência nos níveis de consumo energético.

É levantada então a necessidade de uma matriz sistematizada de ferramentas de

parametrização e caracterização da dinâmica energética do edifício e serviços que sejam

instrumentos precisos de leitura comum para a sensibilização e formação do quadro administrativo de

gestão, de funcionários e até de clientes dos hotéis (Geerts 2014).

Na Tabela 2.1 encontram-se sistematizados os indicadores energéticos de monitorização

encontrados na literatura no âmbito da análise integral de gestão energética em edifícios de hotelaria:

Consumo energético normalizado (ou específico) Unidades

(kWhe ou kWht ou kWhtotal)

Por unidade de área útil (EUI) kWh/m2

Por unidade de área útil e afectado de um factor clima (EUInorm) kWh/m2

Pelo número de noites vendidas (quartos ocupados) kWh/quarto

Pelo número de clientes kWh/cliente

Pelo número de refeições servidas kWh/refeição.mês

Por um valor de referência (kWh/kWhref ou CO2/CO2,ref)

Consumo total de água Unidades

(m3 ou litros)

Por unidade de área (WUI) m3/m

2.ano

Pelo número de noites vendidas m3/quarto

Pelo número de clientes m3/cliente

Pelo número de refeições servidas m3/refeição

Em caso de haver uma lavandaria interna, pelo número de noites vendidas

m3

lavandaria/dormida

Indicadores no âmbito do SCE Portugal Unidades

IEE(S,T,ren,pr,ef,ref) kWhEP/m2.ano

Aquecimento ambiente kWh/m2.ano

Arrefecimento ambiente kWh/m2.ano

Iluminação kWh/m2.ano

Águas Quentes Sanitárias (AQS) kWh/m2.ano

Tabela 2.1 - Indicadores energéticos de gestão em hotéis

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Todos estes indicadores (à excepção dos apresentados nos certificados energéticos) podem

ser de base anual ou mensal. Os indicadores “por quarto” referem-se por noite de quarto ocupado e

“por cliente” referem-se por estadia diária de um cliente. Os indicadores “consumo energético

normalizado” (ou específico) podem corresponder a energia eléctrica (kWhe), não eléctrico (gás

natural ou outros - kWht) ou a soma das duas (kWhtotal). O valor de energia pode estar associado ao

valor do consumo geral facturado do hotel ou ser desagregado pelas áreas de utilizador final (p.e

AVAC, Iluminação, Equipamentos de Serviço – elevadores, sistema de bombagem - e Outros

Serviços – equipamentos de cozinhas ou lavandaria, piscina).

A Tabela 2.2 apresenta um conjunto de valores médios comparativos de indicadores

seleccionados da literatura para enquadramento inicial de consumos típicos esperados. Para revisão

em detalhe são mencionadas as fontes de onde se retiraram os dados.

País (ano) Energia total (kWh/m2.ano) (kWh/cliente.ano) Fonte

Portugal (1999) 5 estrelas 4 estrelas

290 220

DGE (2002)

Singapura (2008) [264,71 - 592,33], média 426,96

Lu et al. (2013)

Itália (2001) [249 - 436], média 364,4

Espanha (2003) 4 estrelas

199,8

Taiwan (2010) [123,7 – 567,7], média 285 106

Hainan, China (2012) [69,23 – 96,75] Xin et al. (2012)

Hong Kong (2000) 342

Wang ( 2012) Nova Zelândia (2000) 159

Tunísia (2002) 171

UK (2009) 368

Chipre (1991) 5 estrelas 4 estrelas

278,8 222,2

55,6 55,6

Naukkarinen

(2012)

Água total (l/cliente.ano) (kWh/cliente.ano) Fonte

Europa (2004) Hilton Scandic

393 203

79,5 45,4

Bohdanowicz &

Martinac (2007)

Hong Kong (2003) 283 m3/m

2 Deng (2003)

Surge também neste sentido a necessidade perceber que factores influenciam o consumo de

energia eléctrica, consumo de gás e de água nos hotéis, qual a sua relevância relativa, quais são os

que exercem maior influência no desempenho do edifício e que podem portanto criar indicadores

específicos de maior utilidade no processo de gestão de energia (González et al. 2011).

Tabela 2.2 - Comparação de indicadores de desempenho seleccionados na literatura

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2.3.4 Parâmetros que influenciam o consumo geral de um hotel

Rodrigues (2011) desenvolveu um modelo de avaliação de necessidades energéticas

baseando-se na análise de várias unidades hoteleiras do Grupo Pestana Portugal para “aferir de

forma rápida sobre o potencial de investimento em medidas activas de eficiência energética”. No

âmbito deste modelo, a recolha de dados preliminares baseou-se em informação relativamente ao

edifício, perfis de utilização, registo de equipamento, categorização e medição de consumo em tempo

real. Neste projecto foi sistematizada a informação em “perfis de consumo de electricidade e gás

mensais em função da ocupação do edifício” e “perfis de consumo por ocupante em função da

ocupação”. Foi concluído que o perfil de consumo geral para edifícios de média dimensão apresenta

relações mais evidentes quando parametrizando os “consumos por zona climática” em vez de

“consumo por ocupação”.

Lu et al. (2013) concluíram, no estudo a um conjunto de hotéis de luxo na província de Hainan

na China, através de resultados baseados análise de regressão entre os indicadores energéticos

normalizados com parâmetros influenciadores de desempenho energética, que a melhoria da

eficiência energética "dependia primariamente" na melhoria da percentagem de consumo de energia

eléctrica por consumidor final, e na importante relação com taxa de ocupação de quartos.

O nível de classificação dos hotéis, bem como a sua internacionalização, influencia

grandemente os parâmetros indicadores do uso de energia devido às diferenças na qualidade e

complexidade dos serviços prestados (Wang 2012). Por exemplo, o tamanho de quartos standard

difere entre hotéis de diferentes classes e contribui significativamente para as diferenças globais dos

consumos (Deng 2003). Os consumos de energia e água normalizados por cliente podem ser

indicadores insuficientes pela sua generalização, dependendo das actividades internas nos hotéis

que não estejam relacionadas com alojamentos (por exemplo: número de conferências, feiras,

exposições comerciais) ou dos espaços físicos que o hotel integra como a extensão de áreas

ajardinadas e piscinas (Warnken et al. 2005).

Bohdanowicz & Martinac (2007) adiantaram a classificação de parâmetros físicos e

operacionais de maior influência no perfil energético das unidades hoteleiras. Podem ser

sistematizados do seguinte modo (Rodrigues 2011):

Parâmetros físicos estão relacionados com a estrutura, dimensão e idade de construção dos

edifícios, zonamento climático, ou os equipamentos técnicos de climatização e AQS.

Parâmetros operacionais estão relacionados com o funcionamento do edifício, flutuação dos

níveis de ocupação mensal, horário e agendamento de serviços de cozinha, lavandaria,

limpezas, banquetes, piscina e spa.

Deng (2003) sugeriu então que os consumos de energia, gás e água nos hotéis fossem

correlacionados com parâmetros operacionais e físicos através de uma análise de regressão

estatística permitindo destacar os parâmetros mais relevantes para cada tipo de consumo e

desagregando o estudo estatístico em edifícios com características semelhantes. Por exemplo, para

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16

se realizar um estudo mais eficaz dos índices específicos de consumo de água, os hotéis teriam de

ser separados em hotéis com e sem lavandaria. Dentro destas duas categorias, identificar-se-iam

quais os parâmetros de maior influência - neste estudo foi feito um levantamento a um grupo de 36

hotéis em Hong Kong e destacaram-se os índices por número de refeições servidas e número de

hóspedes. Baseando-se nestes índices seria possível então formular um ranking de desempenho. A

mesma metodologia é proposta para o consumo de energia eléctrica e de gás natural.

Na Tabela 2.3 encontram-se sistematizados os parâmetros que mais influenciam os

consumos de energia, água e gás natural de um hotel encontrados na literatura e que poderão servir

como base de análise desagregada em hotéis de características semelhantes:

Estrutura e dimensão do edifício (área útil disponível)

Localização climática/geográfica (GDA)

Taxa de ocupação do hotel (número de quartos vendidos e de clientes)

Número de refeições servidas

Classificação do hotel relacionada com a qualidade/complexidade de serviços prestados e modo de funcionamento

Espaços e actividades de não-alojamento (salas de conferência, actividades comerciais)

Extensão de áreas ajardinadas, existência de piscina, spa, ginásio e lavandaria interna

2.4 Caracterização de requisitos e serviços nos hotéis

A classificação dos estabelecimentos hoteleiros pelo número de estrelas caracteriza-se pela

qualidade/complexidade das instalações e do serviço prestado. Ao abrigo do Decreto-Lei n.º 39/2008

de 7 de Março e publicado no Anexo I da Portaria n.º 327/2008 de 28 de Abril, foram estabelecidos

requisitos mínimos obrigatórios e opcionais específicos para cada categoria de instalação,

classificação e funcionamento. O cumprimentos dos requisitos impõem uma classificação por pontos

que permite atribuir cada estrela consoante o número de pontos mínimos acumulados. Na Tabela 2.4

são apresentados alguns desses requisitos que servem de caracterização e diferenciação entre

hotéis e que estão directamente relacionados com consumos significativos de energia. Pode-se assim

obter uma percepção geral das funcionalidades específicas requeridas aos estabelecimentos

hoteleiros. Salienta-se ainda que os padrões de cada cadeia ou grupo hoteleiro podem exigir recursos

energéticos adicionais para responderem a requisitos e serviços opcionais dos previstos pela lei.

Tabela 2.3 - Parâmetros gerais que influenciam o consumo total de um hotel

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17

Descrição de requisitos

1. Instalações Elevador se o edifício tiver mais de 2 pisos, incluindo rés-do-chão

Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório

Área ou áreas de uso comum onde possam ser prestados serviços de refeições, pequenos-almoços ou bar

Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório

Área de estar equipada (mesas e sofás ou cadeiras) Opcional Obrigatório Obrigatório Obrigatório

Instalações sanitárias Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório

Acesso vertical de serviço aos pisos de alojamento independente do acesso dos clientes

Opcional Obrigatório Obrigatório Obrigatório

Cozinha, ou copa se apenas forem servidos pequenos-almoços

Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório

Área destinada ao pessoal, composta pelo menos por instalações sanitárias e zona de vestiário

Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório

100% dos quartos com instalações sanitárias privativas constituídas no mínimo por sanita, lavatório, duche ou banheira

Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório

Área mínima dos quartos individuais 9-10,5 m2 12 m

2 14,5 m

2 17,5 m

2

Área mínima dos quartos duplos 11,5-13,5m2 17 m

2 19,5 m

2 22,5 m

2

Suites constituídas por quarto e zona de estar equipada com área mínima de 10 m

2

Opcional Opcional Opcional Obrigatório

2 suites

Garagem ou parque de estacionamento com capacidade

para um número de veículos correspondente a 20% dos quartos, situado no hotel ou na sua proximidade

Opcional Opcional Opcional Obrigatório

2. Sistemas de climatização activos ou passivos

Climatização das áreas comuns que garantam o conforto térmico

Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório

Climatização dos corredores de hóspedes que garantam o conforto térmico

Opcional Opcional Opcional Opcional

Climatização de quartos que garantam o conforto térmico Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório

50% dos quartos com sistemas de climatização que

garantam o conforto térmico de intensidade regulável pelo cliente em cada ciclo

Opcional Opcional Opcional Obrigatório

3. Equipamento de quarto Interruptor de iluminação geral junto da cama, minibar e

zona de estar ou zona de trabalho

Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório

4. Serviços Limpeza a arrumação diária dos quartos

Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório

Mudança de toalhas pelo menos duas vezes por semana e sempre que mude o cliente

Obrigatório Obrigatório Obrigatório Obrigatório

Mudança de toalhas a pedido do cliente Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório

Serviço de refeições 7 dias por semana Opcional Opcional Opcional Obrigatório

Horas de room service de bebidas e refeições ligeiras Opcional Opcional Obrigatório (16h)

Obrigatório (24h)

Pequeno-almoço à-la-carte nos quartos Opcional Opcional Opcional Obrigatório

Serviço de lavandaria e engomadoria (em hotéis de 5 estrelas obrigatório ser entregue antes das 9 e pronto no

mesmo dia excepto ao fim de semana)

Opcional Opcional Obrigatório Obrigatório

Tabela 2.4 - Requisitos mínimos de classificação de hotéis (seleccionado)

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5. Lazer Área bruta privativa de equipamentos complementares (health club, spa, business center, ginásio, piscina interior,

exterior ou aquecida, campo de ténis, squash, golf, etc)

Opcional Opcional Opcional Opcional

Área bruta privativa para reuniões (atribuição de ponto consoante m

2 de área de reuniões/quarto)

Opcional Opcional Opcional Opcional

Em conformidade com os objectivos traçados no subcapítulo 1.2, a metodologia de trabalho

que se propôs de seguida foi a construção de uma ferramenta de cálculo que disponibilizasse os

resultados dos indicadores mais representativos do desempenho energético de um hotel achados na

literatura (Tabela 2.1) após a inserção dos consumos facturados e dos consumos previstos nos

diplomas de certificação energética. O funcionamento desta ferramenta será explicado na próxima

secção (Capítulo 3) e irá posteriormente ser aplicada a um caso de estudo específico (Capítulo 4)

onde se pretende também entender de que forma os parâmetros que mais influenciam os consumos

totais de um hotel são perceptíveis para este tipo de análise (Tabela 2.3). A influência dos diferentes

padrões de qualidade de serviços assegurados pelos hotéis e as especificidades que os distingue

(Tabela 2.4) será integralmente percebida após a análise a diversos casos de estudo para

levantamento estatístico no Capítulo 5.

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3 MAPA DE INDICADORES

No presente capítulo será descrita a metodologia de cálculo e de tratamento de informação

para a criação de uma ferramenta de análise simplificada do desempenho energético dos edifícios de

hotelaria. Foi criada uma ferramenta EXCEL constituída por um “mapa de entradas” de dados e um

“mapa de saídas” de resultados.

No mapa de entradas são inseridos os dados relativos ao consumo facturado e ao consumo

simulado obtido através do processo de certificação energética. É solicitada também a inserção da

informação relativa aos padrões de utilização do hotel, nomeadamente o número de quartos

vendidos, número de clientes e perfis de ocupação numa base mensal ou anual para um período de 3

anos consecutivos.

No mapa de saídas é devolvido um quadro de indicadores de desempenho nas vertentes da

energia eléctrica, térmica, consumo de água e emissões de CO2 calculados com base na facturação

do edifício e comparados com os valores simulados. É disponibilizada também a tabela “Cliente Tipo”,

sistematizando todos os indicadores normalizados por cliente do hotel.

O diagrama da Figura 3.1 esquematiza o processo de cálculo e o tratamento de informação

da ferramenta criada. Nos subcapítulos subsequentes são explicados, em maior detalhe, o modo de

funcionamento da ferramenta, os pressupostos de cálculo, imposições necessárias no levantamento

de dados e as limitações detectadas para a criação de um modelo de análise.

Figura 3.1 - Estruturação da ferramenta de cálculo para inserção de dados e apresentação de resultados

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20

3.1 Dados de entrada

3.1.1 Consumo facturado

O mapa de entradas representa a interface inicial entre a ferramenta de cálculo e o utilizador.

Nesta folha é solicitada a inserção dos dados facturados relativos ao consumo do hotel na vertente de

energia eléctrica, gás natural (por definição) e água numa base mensal ou anual para 3 anos

consecutivos. Para efeitos de comparação com os consumos simulados, é necessária a inserção dos

valores respectivos aos anos considerados na certificação energética do edifício. A inserção de dados

em base mensal é opcional mas permite posteriormente um maior detalhe na análise de flutuação de

resultados.

A Figura 3.2 apresenta um exemplo das tabelas de inserção de dados do consumo de

electricidade e de gás natural.

O consumo de electricidade corresponde ao seu valor total facturado (kWh). O consumo de

gás natural é inserido em unidades de m3 (metro cúbico de gás natural facturado). No exemplo da

Figura 3.2 o consumo de gás natural é desagregado nas vertentes de gás para Cozinha, Central

Térmica e Lavandaria. Esta divisão de consumos torna-se necessária e suficiente para a obtenção de

indicadores de desempenho detalhados para o número de refeições e para os níveis de ocupação do

hotel. Na ausência de valores concretos é solicitada a inserção percentual estimada do consumo de

gás por estes sectores de serviço.

O consumo facturado de gás natural em unidades de energia final (kWh) a partir dos valores

em m3 é calculado através do termo de conversão de valor 11,91. Este termo varia mensalmente

consoante a flutuação dos valores do Poder Calorífico Superior (PCS) do gás natural disponibilizados

pela REN (https://www.ign.ren.pt/). O valor usado na ferramenta de cálculo corresponde ao valor

médio nos últimos 3 anos.

Para a introdução do consumo de água é igualmente solicitado o valor facturado de água

para “Quartos + Outros”, Cozinha, Piscina/SPA e Lavandaria em valores unitários de m3. Caso não

Figura 3.2 - Exemplo das tabelas de inserção dos valores facturados de electricidade e gás natural

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seja possível inserir os valores detalhados, é pedida uma estimativa da divisão de consumos e, se

possível, a divisão por águas quentes ou frias. Caso haja uma lavandaria no hotel e, se possível, é

solicitada a inserção dos valores associados ao seu funcionamento. O parâmetro “Quartos + Outros”

é o valor resultante que preenche o consumo total depois de retirados os consumos desagregados

para os outros sectores.

Na Figura 3.3 é apresentado um exemplo das tabelas de inserção do valor facturado de água

no hotel.

3.1.2 Consumo previsto na certificação energética

De acordo com a Figura 3.1, é também necessário inserir no mapa de entradas os valores do

consumo energético simulado. Estes valores estão associados aos resultados obtidos por via da

simulação dinâmica detalhada no processo de certificação energética do edifício. O desempenho

energético de um edifício é determinado através do IEE. O valor deste indicador corresponde ao

somatório dos consumos de energia anuais considerados para efeitos de cálculo convertidos para

unidades de energia primária e por unidade de área útil. No anterior Regulamento, o RSECE, o

IEEnom traduzia o consumo nominal específico de um edifício durante um ano tipo tendo por base

condições nominais. Estes perfis determinam o consumo de energia necessária em condições

convencionadas, baseados em parâmetros geográficos e climatéricos, padrões de utilização dos

espaços, horário de funcionamento e eficiência dos sistemas técnicos (sistemas de climatização,

produção de águas quentes sanitárias e piscinas, iluminação, etc). Na nova legislação, o RECS

define o Indicador de Eficiência Energética previsto (IEEpr) com base em perfis reais de utilização. O

cálculo do consumo anual de energia é determinado com recurso a programas de simulação

dinâmica multizona, como mencionado no subcapítulo 2.3.1.

Tanto o RSECE como o RECS destacam a necessidade da realização de simulações

dinâmicas detalhadas usando os perfis reais de utilização do edifício. Estes perfis dependem

maioritariamente dos padrões de comportamento de cada edifício e são calculados com base em

perfis que estejam de acordo com as facturas energéticas. Na nova legislação o indicador de

desempenho real (agora denominado de efectivo, IEEef) é calculado com base em valores

provenientes das facturas de energia, de uma análise aos sistemas de gestão centralizados ou nos

Figura 3.3 - Exemplo da tabela de inserção dos valores facturados de água e divisão percentual estimada

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resultados de uma avaliação energética. A sua metodologia ainda está por definir em despacho da

DGEG. Os pressupostos de cálculo e soluções de referência para a obtenção da classe energética de

edifícios de comércio e serviços (onde se inserem os edifícios hoteleiros) são disponibilizados na

Portaria n.º 349-D/2013 ao abrigo do Decreto-Lei n.º 118/2013 de 20 de Agosto.

No mapa de entradas é necessário então o preenchimento dos parâmetros previstos relativos

ao desempenho energético do edifício para os diversos usos de energia apresentados nos CE‟s.

Preferiu-se esta opção por facilitar a comparação dos indicadores obtidos para diferentes edifícios da

mesma tipologia. Assim, de um modo quantitativo, é possível reduzir as variáveis que distinguem os

edifícios, calculando os indicadores com base nos aspectos técnicos mais relevantes (por exemplo as

características dos sistemas técnicos, perfis de densidade de iluminação ou de ocupação).

Os diversos usos de energia agrupam-se nos seguintes parâmetros, conforme estipulado pelo

RECS:

Consumo de energia associada às necessidades para Aquecimento;

Consumo de energia associada às necessidades para Arrefecimento;

Consumo de energia associada aos sistemas de Iluminação interior;

Consumo de energia para produção de AQS;

Consumo de energia para restantes sistemas de utilização (diversos equipamentos eléctricos,

iluminação exterior, elevadores, ventilação e bombagem não associados ao controlo de carga

térmica), denominados de “Outros Consumos”.

É necessário também desagregar percentualmente estes consumos por tipologias ou

fracções do edifício – “Hotel de 4 e 5 estrelas”, “Restaurante”, “Estacionamento”, “Cozinha”. A recolha

de informação ao abrigo da antiga legislação exige um esforço adicional no reagrupamento dos

consumos com base nos relatórios detalhados de certificação. Nos CE‟s ao abrigo do RECS, essa

divisão percentual já se encontra detalhada na secção “Consumos estimados por tipologia”.

A Figura 3.4 apresenta as células de inserção para preenchimento dos consumos específicos

por uso de energia, obtidos por via da certificação energética, e um extracto da matriz de divisão

percentual dos consumos para a tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”.

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23

O Anexo A apresenta o mapa de entradas completo da ferramenta de cálculo em ficheiro

EXCEL.

3.1.3 Informação técnica e de padrões de utilização do hotel

Para finalizar a recolha de informação é ainda necessário inserir os dados relativos aos

padrões de ocupação. É solicitada à direcção técnica do hotel a informação sobre o número de

quartos vendidos, número de clientes, número de couverts confeccionados e dos perfis de ocupação,

com base mensal (preferencialmente) ou anual para o período de 3 anos consecutivos. Entenda-se

por couvert qualquer refeição confeccionada na cozinha ou no bar, seja para o restaurante, serviço de

quartos ou banquetes. Há couverts que não exigem o uso de gás natural (por exemplo os snacks

servidos) que são contabilizados nas fichas de gestão. No entanto, ao servir uma refeição completa é

utilizado gás natural para confeccionar os diferentes pratos. A falta de detalhe na contabilização de

couverts (daqui para a frente mencionados por refeições) que exigem o uso de gás natural pressupõe

uma estimativa de erro não quantificável no cálculo de indicadores de desempenho normalizados por

refeição. Este factor será explorado adiante, no subcapítulo 4.4 “Comparação dos indicadores com

valores facturados”.

Relativamente às conclusões do estudo sobre os parâmetros que mais influenciam o

consumo geral de um hotel e que servem de determinantes de normalização e referenciação das

unidades hoteleiras (subcapítulo 2.3.4) é solicitada a inserção de: 1) valor da área interior útil de

pavimento e 2) parâmetros climatéricos relativamente ao número de graus-dias de aquecimento

(GDA) do município onde se encontra o edifício em estudo.

Figura 3.4 - Exemplo da tabela de inserção dos consumos energéticos previstos para as

necessidades de Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e Outros

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O valor dos GDA é útil para calcular o indicador de desempenho normalizado pela área útil e

pelo número de graus-dias (Wh/m2.ºC.ano), ajustando assim as variáveis climáticas que diferem entre

as regiões das diferentes unidades hoteleiras. Optou-se por calcular este indicador em unidades de

Wh por facilidade de leitura dos valores. Utilizaram-se os mesmos dados climáticos do RECS por

conformidade aos valores recolhidos nos CE‟s.

No caso de haver piscina, spa ou lavandaria, são apontados os consumos de energia

eléctrica, térmica e da água que satisfazem as necessidades de funcionamento destes sistemas

como sendo complementares. Estes valores são subtraídos tanto às parcelas dos consumos

facturados e não considerados nos previstos para efeitos de homogeneização dos hotéis. Isto, porque

seria desfavorável equiparar os hotéis dotados destes sistemas, com aqueles (da mesma tipologia)

que não o são. No caso de haver fontes de energia renováveis, estas são subtraídas aos consumos

previstos para o uso desagregado de energia correspondente.

3.2 Dados de saída

De acordo com o diagrama apresentado na Figura 3.1, após a inserção dos dados

relativamente aos consumos energéticos e dos padrões de utilização do hotel, segue-se o processo

de cálculo e normalização resultando nos indicadores de desempenho. Os indicadores segundo o

consumo facturado representam o consumo geral do edifício. Os indicadores obtidos por simulação

caracterizam a unidade com maior detalhe pois estão desagregados pelos diversos usos e por

tipologia. Nos próximos subcapítulos é apresentado o processo de cálculo para a obtenção da matriz

de indicadores final com base nos valores facturados e simulados.

3.2.1 Matriz de indicadores de desempenho com base nos valores

facturados

A Tabela 3.1 sistematiza os indicadores de desempenho dos consumos facturados médios

para 3 anos consecutivos nas vertentes de electricidade, gás natural, água e consequentes emissões

de CO2. Os indicadores são obtidos por normalização de acordo com os parâmetros determinantes

mencionados no subcapítulo 3.1.3.

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Energia eléctrica

Área útil (kWh/m

2.ano)

Área útil – factor clima (Wh/m

2.ano.ºC)

Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)

Número de clientes (kWh/cliente.ano)

Gás Natural

Área útil (kWh/m

2.ano)

Área útil – factor clima (Wh/m

2.ºC.ano)

Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)

Número de clientes (kWh/cliente.ano)

Número de refeições (kWh/refeição.ano)

Água

Área útil (m

3/m

2.ano)

Quartos ocupados (m

3/quarto.ano)

Número de clientes (m

3/cliente.ano)

Número de refeições (m

3/refeição.ano)

Emissões de CO2

Área útil (m

3/m

2.ano)

Quartos ocupados (m

3/quarto.ano)

Número de clientes (m

3/cliente.ano)

Número de refeições (m

3/refeição.ano)

Caso a informação disponível seja em base mensal é possível obter a matriz de resultados e

analisar a flutuação dos consumos mensais ao longo do ano tipo de uma forma mais detalhada. Os

indicadores de desempenho normalizados pela área útil e pelo GDA (“factor clima”) servem sobretudo

para efeitos de comparação geral entre unidades hoteleiras e de diferentes regiões do país.

Relativamente às emissões de gases de efeito de estufa, nomeadamente as emissões de

CO2 associadas ao consumo de energia, os factores de conversão usados são os referenciados no

Despacho n.o

15793-D/2013. Para o consumo de electricidade e de gás natural são usados 0,144 e

0,202 kgCO2/kWh, respectivamente.

3.2.2 Matriz de indicadores de desempenho com base nos valores previstos

na certificação energética

A Tabela 3.2 sistematiza os indicadores de desempenho dos consumos obtidos por

simulação dinâmica nos usos de energia para Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e

Outros. Os indicadores são obtidos por normalização de acordo com os parâmetros determinantes

mencionados no subcapítulo 3.1.3.

Tipologia

Área útil

(kWh/m2.ano)

Área útil – factor clima

(Wh/m2.ºC.ano)

Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)

Número de clientes (kWh/cliente.ano)

Número de refeições

(kWh/refeições.ano)

Aquecimento

Arrefecimento

Iluminação

AQS

Outros

Tabela 3.1 - Indicadores de desempenho com base nos valores facturados

Tabela 3.2 - Indicadores de desempenho obtidos por simulação nos diversos usos de energia e para cada tipologia de estudo

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Para cada tipologia do edifício (descritas no subcapítulo 3.1.2), é criada uma matriz de

desempenho. O cálculo dos indicadores é baseado nos valores obtidos pela certificação energética

para um ano tipo.

A análise do indicador “factor clima” revela um maior interesse para a tipologia “Hotel de 4 e 5

estrelas” uma vez que esta é a tipologia de maior peso no consumo geral de energia. O indicador

normalizado pelo número de refeições é calculado apenas para a tipologia “Cozinha”. Na tipologia de

“Estacionamento” é usado apenas o indicador normalizado pela área útil, uma vez que não tem

sentido contabilizar o consumo despendido nesta tipologia por cliente ou por quarto registado.

A categoria “Outros” inclui os consumos de ventilação e bombagem não associados ao

controlo de carga térmica, iluminação exterior ou pontual, elevadores e diversos equipamentos

eléctricos e de frio. Como mencionado no subcapítulo 2.3.2 estes consumos são denominados

“consumos do tipo T”, não considerados para efeito de classificação energética. Não obstante, como

referido na “Tabela I.01 – Consumos de energia a considerar no IEES e no IEET” da Portaria n.º 349-

D/2013, parte destes consumos serão considerados para efeitos de certificação a partir de 1 de

Janeiro de 2016.

3.2.3 Matriz “Cliente Tipo”

Além das duas matrizes de desempenho apresentadas nos dois subcapítulos anteriores, o

programa também devolve um conjunto de informação normalizada pelo número de clientes que o

hotel registou durante o período de 3 anos. A particularização destes indicadores pode representar

uma base primária de referenciação para a própria gestão interna, ou de análise comparativa entre

unidades hoteleiras. A Tabela 3.3 sistematiza os indicadores de desempenho por cliente, simulando

assim um “Cliente Tipo” do hotel em estudo.

Electricidade kWh/cliente Aquecimento kWh/cliente

Gás Natural kWh/cliente Arrefecimento kWh/cliente

Água m3/cliente Iluminação kWh/cliente

Emissões kgCO2/cliente AQS kWh/cliente

Devido à falta de monitorização específica nos quartos ou da falta de implementação de

sistemas de gestão centralizados mais detalhados, estes indicadores não representam o consumo

efectivo de cada cliente mas sim quanto é que o hotel tem de consumir energeticamente por cliente

alojado.

Esta matriz poderia ser usada como modelo base de discussão dentro do quadro

administrativo, usando estes valores para melhor percepção e leitura dos registos energéticos. Ou

Tabela 3.3 - Indicadores de desempenho normalizados pelo número de clientes

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seja, é conveniente que não seja apenas o/a Engenheiro/a responsável pela manutenção da unidade

mas também o restante quadro administrativo a compreender o significado real destes valores

através da sua forma simplificada. Consequentemente seriam mais facilmente considerados ou

priorizados investimentos, por exemplo, numa remodelação de um sistema técnico que vise a

melhoria dos valores indicados e um maior nível de competitividade da unidade hoteleira.

Este indicador de desempenho é útil para referenciação e comparação na eficiência no uso

dos sistemas técnicos entre unidades hoteleiras. A utilidade desta matriz é acrescida pela análise de

comparação entre subgrupos de hotéis com características homogéneas. Pode servir para evidenciar

padrões de consumo, níveis de eficiência ou mesmo atribuir uma classificação do hotel por

desempenho do seu “Cliente Tipo”. Esta classificação poderia ser disponibilizada, por exemplo, na

internet em motores de pesquisa ou em sites de reserva de hotéis, podendo o usuário ordenar os

resultados de escolha por hotéis mais “eficientes por cliente.”

É interessante também representar o “Cliente Tipo” em diferentes alturas do ano,

nomeadamente nas estações onde se verificam maiores picos de consumo. A ferramenta de cálculo

apresenta também as matrizes “Cliente Tipo de Inverno” e “Cliente Tipo de Verão” para os consumos

facturados, caso haja informação disponível em base mensal. Na matriz de Inverno foi considerado o

período Dezembro-Janeiro e para a matriz de Verão o período Junho-Setembro.

A matriz do “Cliente Tipo” poderia também ser usada como forma de sensibilização aos

próprios clientes do hotel. Por exemplo, nos quartos poderia ser fornecida sob a forma de um folheto

de desempenho apresentando os diversos consumos (Iluminação, Arrefecimento, etc.) em números

energéticos de leitura comum (por exemplo, em número de horas médio de um microondas ligado).

Desta forma a informação seria disponibilizada ao cliente de forma prática, incentivando-o também a

adoptar um comportamento energético mais consciente durante a sua estadia. Idealmente, nos hotéis

que tivessem implementado um sistema de monitorização por quarto, no final da estadia do cliente

seria possível comparar os indicadores de desempenho desta matriz com os obtidos durante a

estadia e, caso resultassem em valores menores dos da matriz, o cliente seria recompensado pelo

seu comportamento exemplar.

3.2.4 Comparação entre os consumos facturados e os previstos

Uma observação que é comum nos diplomas de certificação é de que, de maneira geral, os

consumos efectivos do edifício podem divergir dos consumos previstos na certificação, pois

dependem da ocupação e padrões de comportamento real dos utilizadores. O processo de

comparação adoptado entre os indicadores de desempenho previstos e os indicadores facturados é

feito ao nível dos consumos de electricidade e de gás natural, representado pelo diagrama da Figura

3.5.

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O desvio relativo percentual é calculado através da Equação 3.1 onde se considera o valor

aproximado como o valor dos indicadores de desempenho previstos na simulação dinâmica e o valor

exacto equivalente aos indicadores de desempenho facturados.

O valor total aproximado ( ), de acordo com a Equação 3.2, corresponde à soma das

distribuições de consumos ( ) desagregados pelos diversos usos de energia (Aquecimento,

Arrefecimento, AQS, Iluminação, Outros), subtraindo as contribuições das energias renováveis

( ), para cada tipologia (k) , de consumo total ( ).

O valor exacto ( ), de acordo com a Equação 3.3, corresponde à soma dos consumos

facturados para os sectores de serviço (j) do edifício e para as duas fontes (i) de energia: eléctricas e

não eléctricas (gás natural ou outros) e subtraindo os consumos complementares ( ).

O desvio percentual é comparado para cada fonte de energia e o seu resultado permite

comparar o grau fiabilidade dos indicadores obtidos por certificação face aos consumos efectivos de

cada hotel, e ainda perceber o grau de impacto de medidas de racionalização energética que o hotel

tenha adoptado motivado pelo processo de certificação.

(3.1)

[∑(∑( )

)

]

(3.2)

(3.3)

Figura 3.5 - Processo de comparação de resultados indicadores facturados vs. indicadores simulados

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29

4 APLICAÇÃO A UM CASO DE ESTUDO

4.1 Descrição sumária do edifício em estudo

Para este trabalho foi elaborado um caso de estudo detalhado no Hotel InterContinental

Lisbon. Foi facultado o acesso ao local, aos dados internos dos consumos energéticos facturados e

aos registos da direcção de gestão técnica. Os objectivos do presente caso de estudo expressam-se

pelos seguintes pontos: 1) validar a ferramenta de cálculo dos indicadores de desempenho energético

facturados através da comparação com os valores obtidos pela certificação energética feita ao hotel

para condições nominais e reais, 2) demonstrar e clarificar a mais-valia da utilização integral do

quadro de indicadores como parâmetros detalhados de análise do desempenho energético de um

hotel e 3) perceber as influências no comportamento energético do hotel após a tomada de decisão

de medidas importantes de racionalização ao nível da gestão técnica.

O edifício em estudo é um hotel de luxo de 5 estrelas de nome Hotel InterContinental Lisbon.

Abriu portas inicialmente como Le Meridien Lisboa em 1985, pertencente ao grupo Hotelgal,

Sociedade de Hotéis de Portugal, S.A. Em 2008, após a renegociação de um novo contrato com a

GLOBAL Hotels & Resorts passou a designar-se Hotel Tiara Park Atlantic Lisboa. Após nova

celebração de contrato entre a Hotelgal e a IHG InterContinental Hotels Groups em 2014, passou a

designar-se pelo nome actualmente conhecido.

Este edifício é categorizado, de acordo com o Decreto-Lei n.º 118/2013, como sendo um

“Grande Edifício de Comércio e Serviços - GES” pois apresenta uma área útil de pavimento superior

a 1.000 m2. O Hotel é um imóvel com 19 andares acima do solo, 3 no subsolo e um bloco anexo com

2 níveis acima do solo e 3 níveis no subsolo. Localizado no centro de Lisboa e a situação geográfica

classifica-o como zona climática I1 no Inverno e no Verão V2 - Sul.

O edifício perfaz uma área útil de 21.295 m2

(considerando a área de pavimento do edifício

nas tipologias de “Hotel de 4 e 5 estrelas” e “Restaurante”). A Figura 4.1 apresenta uma fotografia da

fachada principal do edifício.

Figura 4.1 - Fotografia de apresentação oficial do Hotel InterContinental Lisbon (Fonte: www.ihg.com)

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30

Em 2010, no âmbito do SCE e na aplicação dos requisitos previstos no RSECE (Decreto-Lei

n.º 79/2006), foi realizado um processo de certificação ao hotel e emitido, em 2011, o certificado de

desempenho no qual obteve o nível C de classificação energética. Foi elaborado um Relatório de

Auditoria Energética e da Qualidade do Ar Interior relativo ao processo de certificação. Em Novembro

de 2012 foi emitida uma Adenda ao relatório inicial para contabilizar o efeito das novas considerações

relativamente a melhorias energéticas adoptadas após a certificação inicial. Da análise das soluções

em curso e de outras medidas propostas para o edifício, o hotel foi reclassificado para o nível B-. Esta

reclassificação foi assente nos novos pressupostos de cálculo em condições nominais para as

soluções mais relevantes de redução da factura energética.

Neste caso de estudo pretende-se validar os indicadores de desempenho energético médios

do hotel para período correspondente à sua certificação, comparando os valores facturados com os

valores obtidos por simulação em condições nominais e reais. Pretende-se também estudar a relação

entre as medidas de redução energética que foram adoptadas e de que forma os indicadores servem

para demonstrar o peso dessas medidas no desempenho energético.

4.2 Recolha de dados pela certificação energética de 2011

A auditoria energética realizou-se entre os meses de Outubro e Novembro de 2010. Este

processo de certificação analisou os consumos médios energéticos relativos ao período 2007-2009.

Neste processo de certificação foram realizadas duas simulações dinâmicas: uma em condições

nominais para determinar a classificação energética do edifício (comparando o IEEnom obtido com um

valor de referência IEEref) e outra em condições reais (utilizando perfis de utilização de acordo com as

facturas energéticas). Ambas as simulações foram feitas recorrendo ao programa EnergyPlus.

Na Tabela 4.1 são apresentados os valores dos consumos energéticos médios facturados e

os valores obtidos com base nas simulações efectuadas:

Consumo energético facturado [MWh/ano]

Consumo simulação nominal [MWh/ano]

Consumo simulação real [MWh/ano]

Gás Natural 1.555,2 1.546,0 1.017,6

Electricidade 4.551,1 4.449,8 4.048,8

Total 6.106,3 5.995,8 5.066,4

Para o caso da simulação do funcionamento do hotel com base em perfis reais de utilização,

o consumo obtido é inferior ao consumo originado pela simulação com perfis nominais. O consumo

nominal simulado é, aproximadamente, 1,8 % menor do que o consumo obtido por análise das

facturas energéticas.

Tabela 4.1 - Consumos energéticos obtidos pela análise de facturas, perfis nominais e reais relativamente ao período de 2007-2009

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31

No relatório obtido pelo processo de auditoria e certificação é apresentada a divisão estimada

dos consumos de energia para as diferentes tipologias do edifício, nomeadamente, “Hotel de 4 e 5

estrelas”, “Restaurante”, “Estacionamento” e “Cozinha”. É também apresentada a desagregação da

energia pelos diferentes usos segundo as condições de utilização dos sistemas técnicos. A Tabela

4.2 representa a distribuição percentual do consumo total das necessidades resultantes das

simulações em condições nominais e reais. Estes valores são introduzidos como dados de entrada

simulados por tipologia na folha de cálculo. No Anexo B é representada a distribuição detalhada do

consumo de energia por tipologia do hotel.

Hotel de 4 e 5 estrelas

Nominal | Real Restaurante

Nominal | Real Estacionamento

Nominal | Real Cozinha

Nominal | Real

Aquecimento 5,3% 8,2 % 7,3% 5,7% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Arrefecimento 20,3% 25,9% 27,9% 18,2% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Iluminação 22,9% 27,8% 31,5% 18,4% 26,5% 33,3% 5,4% 5,4%

AQS 20,9% 11,2% 28,7% 52,4% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Outros 30,7% 27,0% 4,6% 5,3% 73,5% 66,7% 94,6% 94,6%

Verificou-se uma diferença significativa entre a divisão percentual dos consumos sobretudo

para a produção de AQS nas tipologias de serviços. No mapa de entradas são inseridos os consumos

mensais registados nas facturas relativamente ao consumo de energia eléctrica (kWh/mês), consumo

de gás natural (m3/mês) e de água (m

3/mês). São também inseridos o número total de quartos

registados, clientes, perfil de ocupação e número de refeições confeccionadas para o período de 3

anos consecutivos. Os dados mensais dos vários parâmetros foram cedidos cordialmente pela

direcção de manutenção técnica do hotel.

O registo do consumo de água total é feito através de um contador geral e, internamente,

existe um contador próprio de água fria e outro de água quente para a cozinha. O consumo de água

nos quartos é estimado através da medição do valor registado num contador proveniente de um

“quarto modelo” 1210 e extrapolado para todos os outros quartos. Esta extrapolação não é muito

precisa dado que o consumo de um quarto para todo o hotel não é uma amostra suficientemente

representativa. Neste quarto modelo é possível contabilizar o consumo de água quente e de água fria

através de contadores próprios. Não existindo preferencialmente uma monitorização da contagem de

água por quarto do hotel ou mesmo por andar, opta-se por realizar uma divisão percentual

aproximada, como apresentada na Tabela 4.3. Esta divisão de consumos corresponde a uma análise

qualitativa baseada em estudos anteriores elaborados pelo próprio hotel para o período em

consideração.

Tabela 4.2 - Distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação com base nos perfis nominais e reais

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32

Quartos Cozinha Outros serviços

Consumo total 64% 8% 28%

AQ AF AQ AF

38% 62% 76% 24%

O consumo de água nos “Outros Serviços” inclui os gastos na área técnica (balneário de

colaboradores, serviços de limpeza), área administrativa e casas de banho públicas. O seu valor é o

resultado da diferença que preenche o consumo total.

Relativamente ao consumo de gás natural no hotel, este é desagregado da seguinte forma:

Gás natural usado nas caldeiras para produção de AQS e auxiliar o sistema de climatização;

Gás utilizado no uso particular nos fogões e outros aparelhos a gás na cozinha para confecção de alimentos;

Os consumos internos de gás natural no hotel são registados num contador geral e num

contador próprio para a cozinha. A diferença na contagem resulta na quantidade de gás para as

caldeiras.

4.3 Indicadores de desempenho na certificação energética de 2011

O perfil energético do hotel para o período de 2007-2009 é estabelecido através dos

resultados dos indicadores de desempenho obtidos para este período. A apresentação de resultados

é dividida em duas matrizes de desempenho: 1) indicadores facturados, e 2) indicadores resultantes

do processo de certificação através de simulação dinâmica detalhada em condições nominais e reais.

Na Tabela 4.4 são apresentados os indicadores resultantes de desempenho médio anual,

facturados nas vertentes do consumo de energia eléctrica, gás natural e água.

Área útil

(kWh/m2.ano)

Área útil – factor

clima (Wh/m

2.ºC.ano)

Quartos ocupados

(kWh/quarto.ano)

Número de clientes

(kWh/cliente.ano)

Número de

refeições (kWh/refeição.ano)

Energia eléctrica

214,0 180,0 57,5 39,0 -

Gás Natural

52,2 44,0 14,0 9,5 2,4

Área útil

(m3/m

2.ano)

Área útil – factor clima

(Wh/m2.ºC.ano)

Quartos ocupados

(m3/quarto.ano)

Número de clientes

(m3/cliente.ano)

Número de refeições

(m3/refeição.ano)

Água 1,27 - 0,34 0,23 0,018

Tabela 4.3 - Repartição do consumo de água total pelos Quartos, Cozinha e Outros Serviços. (Legenda: AQ-água quente e AF- água fria)

Tabela 4.4 - Indicadores de desempenho facturados no período 2007-2009

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33

Na Tabela 4.5 são apresentados os indicadores desempenho normalizados do consumo

estimado para a tipologia de “Hotel de 4 e 5 estrelas” e desagregados para os usos de

“Aquecimento”, “Arrefecimento”, “Iluminação”, “AQS” e “Outros” em condições nominais e reais

através da simulação detalhada pelo processo de certificação energética.

Área útil

(kWh/m2.ano)

Nominal | Real

Área útil – factor clima (Wh/m

2.ºC.ano)

Nominal | Real

Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)

Nominal | Real

Número de clientes (kWh/cliente.ano)

Nominal | Real

Aquecimento 13,8 17,5 11,6 14,7 3,7 4,7 2,5 3,2

Arrefecimento 52,9 55,4 44,5 46,6 14,1 14,8 9,6 10,1

Iluminação 59,7 59,5 50,2 49,9 15,9 15,9 10,9 10,8

AQS 54,5 23,9 45,8 20,1 14,6 6,4 9,9 4,4

Outros 80,0 57,8 67,2 48,5 21,4 15,4 14,5 10,5

Os valores destes indicadores por si só não permitem avaliar de forma qualitativa o

desempenho energético do hotel. Neste sentido, torna-se necessário validar os indicadores através

da comparação entre os valores facturados e os valores resultantes da simulação calculando o desvio

percentual de desvio dos resultados.

4.4 Comparação dos indicadores com valores facturados

O cálculo dos desvios relativos é feito de acordo com a metodologia apresentada no

subcapítulo 3.2.4.

A comparação de resultados para o período 2007-2009 é apresentada na Tabela 4.6,

calculando o desvio relativo percentual simulado em condições nominais e reais com o valor

facturado para o consumo eléctrico e de gás natural.

ELECTRICIDADE GÁS NATURAL

Total simulado

Nominal Total simulado

Real Total simulado

Nominal Total simulado

Real

Área útil -0,6% -9,5% 32,9% -14,6%

Quartos ocupados -1,2% -10,0% 32,5% -14,7%

Número de clientes -1,1% -9,9% 32,6% -14,7%

O cálculo do desvio relativo normalizado segundo o número de quartos ocupados ou de

clientes é redundante, uma vez que a soma dos indicadores normalizados será igual para os três

casos. Assim, será apresentado adiante apenas o desvio relativo com base nos indicadores

Tabela 4.5 - Indicadores de desempenho previstos para a tipologia "Hotel de 4 e 5 estrelas" no período 2007-2009

Tabela 4.6 - Comparação de resultados entre indicadores simulados e facturados para o período 2007-2009

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34

normalizados pela área útil interior. O sinal negativo (-) significa que a soma dos indicadores dos

consumos desagregados de energia previstos é menor do que o indicador total facturado resultante.

Pela análise de resultados obtêm-se menores desvios relativos para os consumos eléctricos do que

para os consumos de gás natural. O desvio associado à simulação dinâmica para perfis nominais

eléctricos é muito reduzido comparativamente aos perfis reais de utilização dos sistemas técnicos,

verificando-se o contrário para o caso do gás natural. Pelos valores tabelados se conclui que a

diferença dos consumos de gás natural previstos entre os perfis nominais e reais é bastante

significativa, estando os consumos nominais sobredimensionados. No entanto a simulação dos

consumos eléctricos obteve desvios reduzidos. Estes resultados perspectivam um grau maior de

fiabilidade na comparação entre hotéis da mesma tipologia usando os indicadores de desempenho

para um ano tipo obtidos com base na certificação.

No próximo subcapítulo é elaborada novamente a recolha e análise da informação para o

período de 2011-2013, na tentativa de validar os valores relativos à reclassificação energética do

hotel.

4.5 Recolha de dados pela Adenda energética de 2012

Aquando da emissão do Relatório da Auditoria Energética em 2011 foi apresentado também o

Relatório de Melhoria Energética. Esta Adenda foi emitida em Novembro de 2012 para justificar as

medidas adoptadas, nomeadamente, a alteração da iluminação existente para iluminação mais

eficiente e a introdução de melhorias ao nível do consumo de água nos quartos. O hotel

comprometeu-se a executar algumas das medidas de intervenção propostas, sendo justificado na

Adenda que, com base na realização de simulação nas novas condições, iria assim obter uma

melhoria da classe energética para o nível B-.

As três grandes medidas de intervenção executadas foram:

Alteração da iluminação da zona de circulação dos corredores de quartos das lâmpadas do tipo

halogéneo de 20W por lâmpadas do tipo LED de 3W;

Redução da densidade de iluminação nas zonas técnicas do edifício e no estacionamento

através da adaptação para um circuito permanente e outro não permanente;

Colocação de redutores de caudal nas torneiras da cozinha e quartos.

Serve o presente subcapítulo para apresentar os resultados das novas medidas propostas

através dos indicadores de desempenho relativos ao período compreendido entre 2011 e 2013. Deste

modo, o novo cálculo dos indicadores de desempenho permite estimar, de uma maneira simplificada,

a redução energética do hotel consequente das acções de eficiência energética tomadas. Permite

também identificar padrões de consumo e analisar a flutuação do perfil de consumos entre os meses

homólogos nos dois períodos em estudo.

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35

Estas medidas começaram a ser executadas em Julho de 2011 e tiveram um tempo de

implementação muito variável pois dependiam da ocupação do hotel. No final de 2011 estes

processos já tinham sido concluídos, pelo que o efeito na redução da facturação energética é mais

perceptível a partir de 2012. No entanto, optou-se por representar a média de consumos

compreendidos entre 2011 e 2013 de modo a apresentar a versão mais actual do desempenho

energético do hotel e comparar estes valores com os pressupostos da Adenda através do cálculo

simulado para condições nominais, validando assim o novo desempenho energético atribuído.

Na Tabela 4.7 são apresentados os valores dos consumos energéticos médios facturados

entre 2011-2013 e os valores obtidos com base na simulação efectuada na Adenda.

Consumo energético facturado [MWh/ano]

Consumo simulação nominal [MWh/ano]

Gás Natural 1.606,3 815,2

Electricidade 4.202,9 4.117,8

Total 5.809,2 4.933,0

O consumo energético simulado do funcionamento do hotel com base nos padrões nominais

é inferior em, aproximadamente 15% do valor verificado através da facturação energética. Esta

diferença deve-se sobretudo aos pressupostos assentes na Adenda de que a redução em 50% no

consumo de AQS teria implicações significativas no consumo de gás natural. No entanto essa

redução não se verificou no período subsequente. Obteve-se um erro de estimação do consumo de

gás natural em 45%. Este erro irá ser estudado no próximo subcapítulo, sobre a análise de

comparação entre os indicadores de desempenho energético facturados e os indicadores previstos

por simulação.

A nova distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação

com base em perfis nominais é apresentada na Tabela 4.8.

Hotel de 4 e 5

estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha

Aquecimento 7,4% 5,9% 0,0% 0,0%

Arrefecimento 18,8% 18,7% 0,0% 0,0%

Iluminação 22,5% 24,0% 14,9% 6,2%

AQS 7,5% 25,2% 0,0% 0,0%

Outros 43,8% 26,3% 85,1% 93,8%

Relativamente ao período de 2007-2009, a redução prevista do valor simulado no sector da

“Iluminação” não seria muito significativa (de 22,9% para 22,5%). Estimou-se ainda que a alteração

da iluminação na zona de circulação de quartos trouxesse consequentemente uma redução

Tabela 4.7 - Consumos energéticos obtidos pela análise de facturas e perfis nominais relativamente ao período de 2011-2013

Tabela 4.8 - Distribuição percentual dos consumos estimados por tipologia através da simulação dinâmica com base no perfil nominal na Adenda do Relatório Energético de 2012

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percentual das necessidades de arrefecimento do edifício em 1,5% (de 20,3 para 18,8%). Destaca-se

também a redução prevista para o consumo energético na produção de AQS (20,9 para 7,5%) na

tipologia de “Hotel de 4 e 5 estrelas”. Esta redução não se verificou ao nível do consumo de gás

natural facturado para o período 2011-2013, como se conclui pela Tabela 4.7. No Anexo D é

apresentada a distribuição detalhada do consumo de energia por tipologia do hotel.

4.6 Indicadores de desempenho na Adenda de 2012 e comparação

com 2011-2013

O perfil energético para o período 2011-2013 é então estabelecido através dos resultados dos

indicadores de desempenho obtidos pela mesma metodologia abordada no subcapítulo 4.2 e 4.3. As

duas matrizes de desempenho dos indicadores facturados e simulados são apresentadas sob a forma

da Tabela 4.9 e Tabela 4.10, respectivamente.

Área útil

(kWh/m2.ano)

Área útil – factor clima

(Wh/m2.ºC.ano)

Quartos ocupados

(kWh/quarto.ano)

Número de clientes

(kWh/cliente.ano)

Número de refeições

(kWh/refeição.ano)

Energia eléctrica

197,4 165,9 49,5 32,3 -

Gás

Natural 54,1 45,1 13,6 8,8 2,7

Área útil

(m3/m

2.ano)

Área útil – factor clima

(Wh/m2.ºC.ano)

Quartos ocupados (m

3/quarto.ano)

Número de clientes (m

3/cliente.ano)

Número de refeições

(m3/refeição.ano)

Água 1,22 - 0,30 0,20 0,02

Relativamente ao período facturado de 2007-2009 (Tabela 4.4) é perceptível a redução do

consumo de energia eléctrica através do indicador de desempenho normalizado por unidade de área

útil (214 para 197 kWh/m2.ano) e o (não expectado) aumento do consumo de gás natural (52,2 para

54,1 kWh/m2.ano). É possível verificar também a redução do consumo de água (1,27 para 1,22

m3/m

2.ano). A introdução de redutores de caudal não teve um impacto directo na redução de gás

natural como inicialmente projectado. Conclui-se que a redução de gás natural apresentada na

Adenda para a produção de AQS está de facto incorrecta. Os indicadores de desempenho

relativamente ao consumo total de água no hotel revelaram um decréscimo pouco expressivo. Desta

forma, a introdução de redutores de caudal nos quartos e nas torneiras da cozinha não podem ser a

única forma de justificar a consequente redução no consumo de gás natural, como interpretado pelos

valores apresentados na Adenda.

A Tabela 4.10 apresenta os indicadores de desempenho simulados para o período 2011-2013

na tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”.

Tabela 4.9 - Indicadores de desempenho facturados no período 2011-2013

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Área útil

(kWh/m2.ano)

Área útil – factor clima (Wh/m

2.ºC.ano)

Quartos ocupados (kWh/quarto.ano)

Número de clientes (kWh/cliente.ano)

Aquecimento 15,6 13,1 3,9 2,6

Arrefecimento 39,7 33,3 9,9 6,5

Iluminação 47,5 39,9 11,9 7,8

AQS 15,8 13,3 4,0 2,6

Outros 92,4 77,6 23,2 15,1

O consumo previsto para a tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas” relativamente ao período de

2007-2009 (Tabela 4.5) também apresenta reduções significativas para o período de 2011-2013,

nomeadamente, nas necessidades de “Arrefecimento” (52,9 para 39,7 kWh/m2.ano), “Iluminação”

(59,7 para 47,5 kWh/m2.ano) e na produção de AQS (54,5 para 15,8 kWh/m

2.ano).

O valor dos indicadores previstos deve ser comparado com o facturado para o período

homólogo. Deste modo poderá ser atribuído um maior grau de fiabilidade a estes valores e concluir

quanto ao impacto das medidas tomadas no desempenho energético do hotel.

4.7 Comparação dos indicadores com valores facturados

O desvio relativo é calculado segundo o mesmo processo de comparação adoptado no

subcapítulo 4.4 para os consumos de electricidade e gás natural. Na Tabela 4.11 é apresentado o

desvio relativo percentual simulado em condições nominais da Adenda com o valor facturado para o

consumo eléctrico.

ELECTRICIDADE GÁS NATURAL

Total simulado

Nominal Total simulado

Nominal

Área útil 0,77% -39,6%

A estimativa do desvio relacionado com o consumo de gás natural agrava-se com o aumento

do consumo facturado face ao período de 2007-2009. Admite-se também que o pressuposto para

consumo na produção de AQS na Adenda está errado, evidenciado também através do desvio

relativo calculado para o gás natural. O valor obtido para o desvio relativo de electricidade é muito

satisfatório. Permite assim, tal como foi concluído para o período de 2007-2009, validar a simulação

apresentada na Adenda para o período de 2011-2013. Com excepção ao consumo de gás natural

para a produção de AQS, pode-se concluir que a previsão do comportamento energético do hotel no

Tabela 4.10 - Indicadores de desempenho previstos para a tipologia "Hotel de 4 e 5 estrelas" no período 2011-2013

Tabela 4.11 - Comparação de resultados entre indicadores simulados e facturados para o consumo eléctrico no período 2011-2013

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38

período após a nova classificação energética foi confirmada com êxito. Deste modo reúnem-se as

condições necessárias para comparar o desempenho energético nos dois períodos em estudo.

No próximo subcapítulo é apresentado com maior detalhe o comportamento dos indicadores

de desempenho para cada período e para meses homólogos. São identificados os impactos

resultantes das medidas de acção tomadas através da análise dos valores obtidos pelos indicadores

e de que forma o manuseamento desta ferramenta é útil para a gestão administrativa do hotel.

4.8 Comparação do desempenho energético nas duas certificações

Os dois processos de certificação energética a que o hotel foi sujeito – classificação em 2011

com a classe energética de nível C relativamente ao período de consumo médio entre 2007-2009 e a

reclassificação para a classe energética de nível B-

em 2012 – foram validados através da

comparação entre os indicadores de desempenho simulados e os valores facturados para os

períodos respectivos.

Torna-se útil comparar os consumos entre os dois períodos e analisar o impacto das medidas

energéticas adoptadas, relacionada com a variação dos indicadores de desempenho. Deve-se

reconhecer no entanto que o valor dos indicadores não são totalmente suficientes para explicar todas

as variações no consumo geral do edifício e que existem outros factores não quantificáveis (por

exemplo os consumos relacionados com logística de manutenção e número de eventos e

conferências).

O objectivo prende-se sobretudo em perceber de que forma a análise simplificada dos

indicadores de desempenho pode ser rapidamente perceptível e conclusiva quanto ao efeito das

medidas de acção tomadas, quais os parâmetros que mais influenciam o consumo geral do hotel e

como relacioná-los com modos de operação. A análise que se segue é dividida por consumos médios

anuais e flutuações médias mensais para efeitos de comparação dos períodos 2007-2009 e 2011-

2013, nas vertentes de electricidade, gás natural e água.

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39

4.8.1 Análise de consumos médios anuais

A Figura 4.2 e a Figura 4.3 apresentam os indicadores de desempenho do consumo anual de

energia eléctrica normalizados pela área útil e pelo número de clientes, respectivamente.

Pela análise das duas figuras identificou-se qual foi o grau de impacto na redução do

consumo energético através da introdução de iluminação mais eficiente na zona de circulação de

quartos. Verificou-se uma redução do consumo de electricidade normalizado pela área útil de 2011

para 2013 em 13,6% (214 para 185 kWh/m2.ano) e uma redução de 13,4% (35,0 para 30,3

kWh/cliente.ano), relativamente ao consumo por cliente. A redução energética prevista pela Adenda

para a parcela da “Iluminação” é de 13% confirmada através dos valores facturados. A introdução de

lâmpadas mais eficientes na zona de circulação dos quartos, bem como a sensibilização da equipa

técnica para um comportamento energeticamente mais moderado, são apontados como os factores

Figura 4.3 - Evolução do consumo anual de energia eléctrica por cliente

Figura 4.2 - Evolução do consumo anual de energia eléctrica por unidade de área útil

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40

mais relevantes, uma vez que não ocorreram outras alterações nos equipamentos técnicos e a

diminuição da taxa de ocupação é pouco significativa.

Entenda-se ainda que o número de conferências e de eventos anuais, bem como o fecho

pontual dos pisos para manutenção produzem um efeito integrado nestes consumos mas que não é

possível de quantificar.

A Figura 4.4 e a Figura 4.5 apresentam os indicadores de desempenho do consumo anual de

água normalizados por área útil e pelo número de clientes, respectivamente.

A introdução de redutores de caudal permitiu, entre 2011 e 2013, uma redução aproximada

em 9% do consumo de água por unidade de área e 9,5% por cliente. Estes valores traduzem-se

numa redução aproximada de 3.833.900 litros de água por ano. Em edifícios de grandes consumos,

pequenas alterações que não requerem grandes exigências logísticas podem surtir resultados

significativos. Surpreendentemente, o valor do indicador de desempenho em 2012 é igual ao de 2013.

Figura 4.5 - Evolução do consumo anual de água por cliente

Figura 4.4 - Evolução do consumo anual de água por unidade de área útil

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41

A Tabela 4.12 resume, através do indicador de desempenho normalizado por cliente, a

variação percentual do consumo de energia eléctrica, gás natural e água com base no ano de 2011

para os anos seguintes.

Consumo/cliente.ano 2011 2012 2013

Electricidade [kWh/cliente.ano]

35,0 -10,3% -13,4%

Gás Natural [m

3/cliente.ano]

0,69 +8,7% +13,0%

Água

[m3/cliente.ano]

0,21 -9,5%

Taxa Ocupação 71,7% -1,7% -2,3%

Relativamente ao consumo de água, a Adenda previa uma redução em 50% do consumo de

energia para produção de AQS. Esta redução não se verificou nos valores facturados de gás natural

para o período subsequente, dado o facto de em 2012 e 2013 se terem registado maiores valores no

número de GDA e ter-se ocasionado uma avaria numa das caldeiras em Novembro de 2013. Conclui-

se também que o impacto das medidas adoptadas para melhoria da classificação energética teve um

impacto mais significativo do que o decréscimo da taxa de ocupação verificada. Estes valores

sugerem que o hotel adquiriu um comportamento mais eficiente, pois consumiu menos energia e

água para a mesma exigência de ocupação.

Na secção seguinte, é analisado o impacto das medidas de racionalização energética através

de indicadores de base mensal ao invés de indicadores de base anual.

4.8.2 Análise de consumos médios mensais

Dada a possibilidade de serem inseridos na ferramenta de cálculo os consumos facturados

em base mensal, consegue-se identificar a flutuação do valor dos indicadores para os meses

homólogos. A análise que se segue tem como objectivo definir padrões de consumo mensais e

sazonais. Propõem-se utilizar os indicadores para efeitos de comparação e de relação com a taxa de

ocupação, considerando a influência dos factores exteriores ao funcionamento do edifício.

A Figura 4.6 apresenta o consumo mensal de electricidade normalizado pela área útil, para

uma taxa de ocupação média calculada nos período 2007-2009 e para os anos 2011, 2012 e 2013.

Tabela 4.12 - Resumo da variação percentual dos indicadores de desempenho normalizados por cliente após 2011

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42

A análise da Figura 4.6 permite concluir que, comparativamente a Julho de 2011 (quando se

começou a implementar medidas de eficiência energética na iluminação), o consumo de electricidade

do hotel registou uma redução nos meses homólogos seguintes. Os maiores valores de consumo de

electricidade por unidade de área útil correspondem aos do ano de 2011. Nota-se também a relação

entre a flutuação do consumo de electricidade com o perfil de ocupação de hotel, padronizando assim

um “envelope” anual do comportamento eléctrico. O aumento médio do consumo de electricidade

relaciona-se, naturalmente, com os meses com maiores necessidades de arrefecimento do edifício e

taxa de ocupação.

A Figura 4.7 apresenta o indicador de desempenho normalizado pelo número de clientes e a

comparação com um valor padrão médio dos 3 meses de maior severidade da estação de

aquecimento (Dezembro a Janeiro do ano seguinte) e da estação de arrefecimento (Julho a

Setembro).

Através deste tipo de análise é possível estabelecer padrões de consumo baseados em perfis

médios sazonais dos indicadores de desempenho facturados. Neste caso, para a estação de

Figura 4.6 - Evolução do consumo mensal de energia eléctrica por unidade de área útil

Figura 4.7 - Evolução do consumo mensal de energia eléctrica por cliente

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43

aquecimento calculou-se o valor de 39,9 kWht/cliente.mês e para a estação de arrefecimento 30,9

kWhe/cliente.mês.

A Figura 4.8 apresenta o consumo mensal de gás natural normalizado pelo número de

quartos ocupados para os anos 2011, 2012 e 2013, relacionando com o número de graus-dias de

aquecimento (GDA) registados.

O número de GDA foi calculado pelo método da norma ASHRAE (Borah et al. 2015) com

temperatura base de 18 ºC (estipulado pelo RECS). O seu valor é igual ao somatório para cada ano

das diferenças positivas (+) registadas entre o valor da temperatura de base ( ) e a diferença da

temperatura média diária ( ), expresso na Equação 4.1.

Onde é calculado diariamente pela média entre a temperatura máxima ( ) e a

temperatura mínima ( ), expresso na Equação 4.2.

Apesar do decrescente número de clientes e de quartos ocupados desde 2011 até 2013,

verifica-se um acréscimo do consumo em m3 de gás natural em meses homólogos. Este aumento

está relacionado com o aumento do número de GDA que se traduz em maiores necessidades de

aquecimento do edifício.

A Figura 4.9 apresenta os valores mensais do consumo de gás natural normalizado pela área

útil. Semelhantemente à análise apresentada pela Figura 4.7, é utilizado um indicador de

desempenho sazonal, flexibilizando a preferência do tipo de indicadores usados para o objectivo

pretendido.

∑( )

(4.1)

( )

(4.2)

Figura 4.8 - Evolução do consumo mensal de gás natural por quarto ocupado

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44

A Figura 4.10 apresenta o consumo mensal de água normalizado por área útil para os anos

2011, 2012 e 2013 e para efeitos de comparação do impacto das medidas em meses homólogos.

Semelhantemente à análise apresentada pela Figura 4.6 é possível perceber o decréscimo do

consumo mensal de água após a implementação de redutores de caudal a partir da segunda metade

do ano de 2011. Os níveis médios mensais do indicador de consumo por unidade de área útil

permitem também perceber que os meses de maior consumo de água são os meses

correspondentes à estação de aquecimento, possivelmente devido a um maior consumo de água

quente para banhos.

O objectivo desta extensa análise anual e mensal pretendeu sobretudo realçar a flexibilidade

no uso dos diferentes indicadores para gerir informação, conhecer e traçar um comportamento

padrão energético do edifício. O uso dos indicadores relevantes demonstra ser da maior importância

consoante o objectivo ambicionado pelo quadro administrativo para análise da dinâmica de consumos

e tomadas de decisão. É necessário ainda conhecer quais os parâmetros de maior influência no

consumo geral do hotel.

Figura 4.10 - Evolução do consumo mensal de água por unidade de área útil

Figura 4.9 - Evolução do consumo mensal de gás natural por unidade de área útil

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45

4.9 Parâmetros que mais influenciam o consumo geral do hotel

Relacionando o perfil de consumos de electricidade e gás natural normalizados pela área útil

e pelo número de quartos ocupados com a taxa de ocupação do hotel, é possível atestar quanto ao

grau de correlação que existe entre estes perfis e o factor de normalização através da curva de

tendência obtida. A análise que se segue sugere uma relação importante entre os valores expectados

de desempenho com o perfil de ocupação para o período entre 2011 e 2013.

A Figura 4.11 apresenta a relação entre o indicador de desempenho normalizado por área útil

com a taxa de ocupação do hotel, para a vertente energética de electricidade e de gás natural.

O consumo de electricidade aumenta com o nível de ocupação do hotel mas o consumo de

gás natural diminui. Existe uma forte relação entre o consumo de electricidade e a taxa de ocupação

(R2=0,87) sobretudo porque os maiores níveis de ocupação verificam-se durante o verão que é o

período com maiores necessidades de arrefecimento. O aumento acentuado do consumo de

electricidade traduz-se num uso menos eficiente por unidade de área útil. Este indicador é importante

de forma a concluir quanto ao nível de eficiência dos equipamentos usados para efeitos de

climatização ou para iluminação.

Para o consumo de gás natural o factor de correlação é menor (R2=0,69). O indicador de

desempenho do consumo de gás natural por unidade de área útil não permite aferir conclusões tão

evidentes como o do consumo eléctrico. No entanto, o decréscimo do consumo de gás natural para

maiores taxas de ocupação sugere um aumento na eficiência dos sistemas de armazenamento de

águas quentes. Para efeitos de climatização, o calor de recuperação de um dos chillers é aproveitado

ao pré-aquecer a água dos depósitos de inércia através de um permutador de placas. Assim os

períodos de maior ocupação no Hotel verificam-se durante a estação de arrefecimento e um maior

aproveitamento do calor de recuperação do chiller traduz-se numa redução do tempo de

funcionamento da caldeira.

A Figura 4.12 apresenta a relação entre o indicador de desempenho normalizado por quarto

ocupado com a taxa de ocupação, para a vertente energética eléctrica e de gás natural.

Figura 4.11 - Indicador de desempenho eléctrico (a) e de gás natural (b) normalizados pela área útil em função da taxa de ocupação do hotel

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O indicador de desempenho normalizado pelo número de quartos para as vertentes de

electricidade e gás natural apresenta uma correlação forte com a taxa de ocupação do hotel,

expresso pelo valor de R2 de 0,74 e 0,88 respectivamente.

O consumo de electricidade por quarto ocupado estabiliza a, aproximadamente, 70% do nível

de ocupação do hotel. Este comportamento permite concluir que, para maiores níveis de ocupação, é

implicada indirectamente uma margem de lucro superior para o hotel por quarto ocupado.

Relativamente ao consumo de gás natural, o aumento da taxa de ocupação resulta numa

diminuição do valor dos indicadores de desempenho. Este resultado é esperado, uma vez que as

maiores ocupações do hotel verificam-se para os períodos onde as necessidades de aquecimento

ambiente são menores.

A Figura 4.13 apresenta a relação entre o indicador de desempenho normalizado por refeição

com a taxa de ocupação do hotel, para a vertente energética de gás natural e água.

Existe uma forte relação entre o consumo de gás natural por refeição e a taxa de ocupação

do hotel (R2=0,87). Naturalmente, é solicitado um maior tempo de funcionamento dos equipamentos a

gás da cozinha, proporcional ao número de pedidos para o número de refeições a confeccionar no

restaurante, bar ou serviço de quartos. A diminuição do consumo de gás para maiores taxas de

ocupação entende-se também como uma maior eficiência nas operações de cozinha, onde para o

mesmo tempo de funcionamento de fogões ou fornos, são cozinhadas mais refeições. O consumo de

água não apresenta uma relação tão forte (R2=0,62) para o número de refeições confeccionadas. A

água facturada não corresponde apenas para efeitos de confecção de alimentos mas também para

Figura 4.12 - Indicador de desempenho eléctrico (a) e de gás natural (b) normalizados pelo número de quartos ocupados em função da taxa de ocupação do hotel

Figura 4.13 - Indicador de desempenho de gás natural (a) e de água (b) normalizados pelo número de refeições em função da taxa de ocupação do hotel

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equipamentos de lavagem nas copas. O comportamento deste perfil permite concluir que a região

onde o índice de consumo de água é mais constante e eficiente encontra-se numa gama de

ocupação entre os 60-70%. Este factor poderá estar relacionado com o modo de operação na

cozinha e na copa do hotel, onde a exigência do cumprimento do tempo de espera e da qualidade de

confecção influência o uso e o desperdício de água.

4.10 O “Cliente Tipo”

Uma outra forma de utilizar o valor dos indicadores de desempenho energético para

caracterizar o perfil do hotel é através da construção de uma matriz “Cliente Tipo”. Devido à

dificuldade de monitorização detalhada dos consumos, os índices apresentados não representam o

valor real que cada cliente gasta, mas sim uma estimativa de quanto é que tem de despender

energeticamente por cada cliente diário que aloja. A matriz contempla também o indicador de

emissões de CO2 por cliente relacionado com os consumos energéticos. A Tabela 4.13 apresenta os

indicadores médios de desempenho por cliente para este caso de estudo no período 2011-2013,

desagregado para as diferentes vertentes energéticas e usos na tipologia de “Hotel de 4 e 5 estrelas”.

Electricidade 32,27 kWh/cliente Aquecimento 2,55 (13,2%) kWh/cliente

Gás Natural 8,84 kWh/cliente Arrefecimento 6,48 (33,5%) kWh/cliente

Água 0,20 m3/cliente Iluminação 7,76 (40,0%) kWh/cliente

Emissões 13,40 kgCO2/cliente AQS 2,59 (13,3%) kWh/cliente

Os dados tabelados por si só, não permitem concluir se são valores elevados ou não para as

exigências de funcionamento de um hotel desta categoria. Permitem apenas ter uma visão

desagregada dos consumos e categorizar o hotel pelos mesmos. Será mais útil perceber quais são

os usos de energia mais solicitados por cliente de forma percentual.

Um “cliente tipo” deste hotel exige, em média, maiores necessidades de Arrefecimento

(33,5%) do que de Aquecimento (13,2%). A Iluminação representa o sector mais significativo em

relação ao consumo de energia total (40,0%). Neste parâmetro estão contabilizados não só a

iluminação dos quartos, mas também a iluminação geral nos corredores e acessos.

Para este caso de estudo, como havia sido disponibilizada a informação mensal dos

consumos facturados, foi possível também elaborar a matriz do “Cliente Tipo de Inverno” e “Cliente

Tipo de Verão”, como apresentado na Tabela 4.14.

Tabela 4.13 - Indicadores do consumo do hotel nas vertentes energéticas e usos de energia por cliente

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Cliente Tipo Inverno Cliente Tipo Verão

Electricidade 36,56 kWh/cliente Electricidade 31,05 kWh/cliente

Gás Natural 15,44 kWh/cliente Gás Natural 5,86 kWh/cliente

Água 0,21 m3/cliente Água 0,20 kWh/cliente

Emissões 16,28 kgCO2/cliente Emissões 12,36 kWh/cliente

Apesar de o consumo geral de electricidade aumentar consideravelmente no período de

arrefecimento, o indicador de desempenho normalizado no Verão é menor do que no Inverno. Apesar

do aumento geral no consumo de electricidade durante o período de Verão (Figura 4.6) o valor é

afectado pela normalização do número de clientes. A taxa de ocupação registou uma subida

percentual média de 24,5% no Verão relativamente ao Inverno. O consumo de gás natural é,

naturalmente, mais elevado durante o Inverno para uma menor taxa de ocupação devido às elevadas

necessidades de aquecimento. O consumo de água do cliente no período de Inverno ou Verão é

praticamente igual, concluindo assim que a variação climática não tem grande efeito nos hábitos

comportamentais do cliente de hotel. É possível também concluir que, consequentemente ao uso de

electricidade e gás natural, um cliente no Verão é energeticamente mais ecológico do que o cliente de

Inverno.

Os valores tabelados somente para um hotel não permitem concluir de um modo preciso o

nível de eficiência por cliente para os padrões de funcionamento que são exigidos. Surge então a

necessidade de comparar estes valores com um valor padrão estatístico de outros hotéis de

características e padrões de funcionamento semelhantes. No próximo capítulo é apresentado um

estudo estatístico a 5 unidades hoteleiras de categoria de 4 estrelas e a 8 unidades de 5 estrelas.

A comparação do quadro de desempenho característico de um hotel com um quadro de

indicadores médios nacionais poderá motivar a gestão da unidade hoteleira à adesão de soluções

tecnologias mais adequadas ou a empregar métodos logísticos que a torne mais competitiva em

termos de eficiência energética.

Tabela 4.14 - Indicadores "Cliente Tipo Inverno" e "Cliente Tipo Verão

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49

5 LEVANTAMENTO ESTATÍSTICO DE VÁRIOS CASOS DE

ESTUDO

5.1 Recolha de dados

A criação de um modelo estatístico, baseado na caracterização de unidades hoteleiras

através de uma matriz de indicadores, deve estar em conformidade com o panorama actual do

desempenho energético no ramo da hotelaria em Portugal. Assim, foi necessário enquadrá-lo com o

conhecimento já existente neste sector.

A recolha de dados foi feita de três formas distintas: contacto pessoal com os hotéis, com o

apoio da AHP-Associação da Hotelaria de Portugal, em parceria com a empresa ENFORCE e com a

ADENE- Agência para a Energia.

Durante o desenvolvimento deste projecto foi possível entrar em contacto presencial com

algumas entidades responsáveis da gestão técnica das unidades hoteleiras para apresentar os

objectivos e solicitar os dados necessários. É de salientar também o esforço acrescido relativamente

ao tempo de espera na resposta aos e-mails enviados, a disponibilidade dos hotéis para recolherem

os dados necessários, esclarecimento de dúvidas e de informações processuais, que resultou numa

limitação do número de casos de estudo e numa população estatística mais reduzida do que era

inicialmente ambicionado.

A AHP é uma associação orientada para a inovação, conhecimento e mercado para grandes

e pequenos grupos hoteleiros. Tem actualmente cerca de 550 associados, representando mais de

60% do contributo económico da hotelaria no mercado português. Desenvolve diversos serviços,

entre estudos estatísticos, formações e eventos de apoio à gestão e ao investimento. Em parceria

com o Gabinete de Estudos e Estatísticas da AHP e com a ENFORCE, teve-se acesso a um conjunto

de dados recolhidos para três unidades hoteleiras de 4 estrelas, nomeadamente relatórios de

peritagem dos trabalhos de auditoria, facturação dos consumos internos, perfis de ocupação e os

respectivos certificados energéticos.

Os resultados obtidos nesta tese foram também partilhados com a ENFORCE, que os

publicou no Capítulo 3.8 “Indicadores de consumos de Hotéis de 4 e 5 estrelas em Portugal” do

Relatório “Diagnóstico das necessidades do sector do Turismo em Portugal” promovido pela Turismo

de Portugal, I.P no âmbito do projecto Pólo de Competitividade e Tecnologia Turismo 2015.

A ADENE facultou um vasto conjunto de informação para os empreendimentos de “3 ou

menos estrelas” e de “4 ou mais estrelas”, constante na base de dados do SCE do novo

Regulamento. Dos 317 certificados disponibilizados, seleccionaram-se 55 unidades da tipologia “4 ou

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50

mais estrelas” entre 9 municípios. Dentro da lista disponibilizada, encontraram-se algumas unidades

comuns que depois se estudaram em maior detalhe, como se verá no subcapítulo 5.3.2. Para efeitos

de cálculo, só se consideraram os municípios com mais do que uma unidade hoteleira certificada.

Seleccionaram-se os consumos energéticos desagregados para Aquecimento e Arrefecimento

ambiente, Iluminação e AQS (em unidades de kWh/m2.ano de energia final). Para cada hotel foi

também identificado o seu zonamento climático baseado na Nomenclatura das Unidades Territoriais

para Fins Estatísticos (NUTS) de nível III (Despacho n.o 15793-F/2013). A disponibilização à ADENE

dos resultados finais deste estudo estatístico pode servir para calibrar metodologias de cálculo

através da comparação dos dados reais com a certificação para os empreendimentos turísticos

destas tipologias.

5.2 Análise da certificação energética

A Figura 5.1 mostra uma distribuição nacional dos consumos energéticos associados às

necessidades de Aquecimento e Arrefecimento, resultante da selecção de hotéis de “4 ou mais

estrelas” da lista fornecida pela ADENE. A Figura 5.2 mostra a distribuição continental das zonas

climáticas de Inverno e de Verão.

Os valores do consumo médio e do desvio padrão resultaram do cálculo do indicador

normalizado (kWh/m2.ano) para os municípios que continham mais do que um hotel certificado. Para

as zonas climáticas, quanto mais frio o clima maior é o valor de GDA. "I1, I2 ou I3" variam consoante

Figura 5.1 - Distribuição dos consumos específicos médios de energia para Aquecimento e

Arrefecimento em Portugal

Figura 5.2 - Zonas climáticas de Inverno e de Verão (Fonte: Despacho n.º 15793-F/2013)

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um clima mais ameno ou mais agreste no Inverno. Comparando a Figura 5.1 com a Figura 5.2,

verifica-se que os municípios classificados com climas mais agrestes resultam em consumos médios

de energia para Aquecimento mais elevados. Respectivamente para as zonas climáticas de Verão

"V1, V2 ou V3” verifica-se, regra geral, maiores necessidades de energia para Arrefecimento para os

municípios que registam temperaturas médias mais elevadas.

A Figura 5.3 apresenta, com maior detalhe, o consumo específico das necessidades

energéticas para Aquecimento e Arrefecimento para cada unidade certificada nos municípios

correspondentes.

Os municípios foram ordenados por ordem crescente do número de GDA de referência do

NUTS III, conforme consta na respectiva legenda. Observa-se, através da linha de tendência, a

relação entre a intensificação nos consumos de energia para Aquecimento proporcional ao aumento

do número de GDA para as zonas climáticas que apresentam maior severidade de clima no Inverno.

As zonas do Algarve, Grande Lisboa e Porto registam climas mais quentes no Verão e são as que

apresentam maior adesão de turistas apresentando, consequentemente, maiores necessidades no

consumo energético para Arrefecimento (Oliveira 2015), em conformidade com os resultados obtidos

na amostra estudada. É possível identificar também algumas unidades com valores muito afastados

do conjunto nuclear expectável para cada município. Estes valores discrepantes sugerem três

conclusões:

1) Os estabelecimentos turísticos oferecem serviços que os distingue das outras unidades

cumprindo requisitos mais complexos e mais luxuosos;

2) Indício de algum erro associado no processo de certificação destes parâmetros;

3) Má gestão energética da unidade hoteleira ou anomalia no funcionamento de algum dos seus

sistemas de climatização.

Calculou-se o valor do consumo específico médio para Aquecimento e Arrefecimento em 23,9

e 22,3 kWh/m2.ano, respectivamente. Para cada município seleccionaram-se as unidades que

apresentaram um valor mais elevado do que o consumo médio, para perceber e enumerar quais os

Figura 5.3 - Consumos específicos para Aquecimento e Arrefecimento nas unidades hoteleiras seleccionadas

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52

serviços específicos que operam e que as podem distinguir das outras que apresentaram valores

inferiores à média. De facto, todas são dotadas de instalações específicas de spa (serviços de

massagens, tratamentos cosméticos, piscinas interiores, sauna, banho turco, jacuzzi), instalações

desportivas internas como ginásios ou áreas de relaxamento e um número variado de salas de

reuniões/conferências com sistemas de climatização. Alguns estabelecimentos apresentaram mais do

que um restaurante. Outros hotéis estavam dotados de caldeiras a gasóleo para efeitos de

climatização. Foi assim possível estabelecer um intervalo padrão para os consumos específicos de

Aquecimento e Arrefecimento que expressam o consumo adicional médio dos hotéis com as

características enumeradas. O delta característico médio de cada intervalo é apresentado na Tabela

5.1.

Consumo específico médio (kWh/m

2.ano)

Gama dos consumos adicionais verificados (kWh/m

2.ano)

Delta característico médio (Δ)

Aquecimento 23,9 [12,3 – 97,2] + 28,1

Arrefecimento 22,3 [0,7 – 41,7] + 16,0

Para o cálculo de cada valor foram retiradas as unidades que apresentassem o valor mais

discrepante em relação ao conjunto geral de dados (para o Aquecimento a unidade do município 3 –

Porto e para o Arrefecimento a do município 2–Lisboa). Para efeitos de Aquecimento, o valor do delta

adicional é maior do que a própria média calculada, o que revela um consumo significativo de energia

para satisfazer este tipo de serviços. No entanto, encontraram-se algumas unidades (no município 6 e

7) que também são dotadas destes serviços luxuosos e de salas de conferência climatizadas mas

que apresentavam valores extremamente reduzidos ou quase nulos. Assim, a conclusão sugerida no

ponto 2) de que poderá ser necessário reavaliar algumas indicadores apresentados nos CE‟s é

fundamentada tanto pelos valores muito reduzidos de consumo em unidades dotadas dos mesmos

serviços ou pelos valores extremamente elevados nas que foram retiradas no cálculo do delta

característico e que em muito influenciariam o resultado final médio.

É importante destacar que, para uma análise mais equitativa dos consumos específicos para

um conjunto de hotéis, a comparação directa entre um valor médio com os consumos calculados para

uma unidade particular deverá respeitar os seus serviços internos existentes. Ou seja, um hotel que

assegure um clube desportivo com piscina/spa ou lavandaria apresentará, naturalmente, consumos

de energia e água mais elevados do que um hotel que não seja dotado desses serviços. Assim, para

a condução de um estudo estatístico com o objectivo de promover uma comparação integral dos

hotéis da mesma tipologia, o procedimento de cálculo dos indicadores deverá ser “filtrado” o mais

detalhadamente possível de maneira a que todas as unidades em estudo sejam comparadas

segundo uma base de cálculo aproximadamente homogénea.

O cálculo dos indicadores médios normalizados (kWh/m2.ano) para a produção de AQS e

para Iluminação não apresentaram qualquer relação relevante com o zonamento climático.

Tabela 5.1 - Delta característico entre o consumo médio específico e as unidades dotadas de serviços especiais

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53

Por necessidade de abreviar, optou-se então por representar neste documento, a distribuição

estimada de consumos específicos calculados para os municípios seleccionados na Figura 5.4.

É possível verificar que, excepto para os municípios com climas mais extremos, os maiores

consumos estão relacionados com a produção de AQS e Iluminação. Estes resultados reforçam a

importância da reavaliação das centrais térmicas dos hotéis ou a adopção de tecnologia de

iluminação mais eficiente. Calcularam-se os valores específicos médios (em kWh/m2.ano), para

“empreendimentos turísticos de 4 ou mais estrelas” em Portugal expressos na Tabela 5.2.

Aquecimento Arrefecimento AQS Iluminação

23,9 22,3 30,2 29,6

Após uma breve contextualização do panorama actual das necessidades energéticas no

sector do turismo em Portugal, sugere-se a necessidade de diferenciar entre hotéis de 4 e os de 5

estrelas. A caracterização de cada um na respectiva tipologia terá por base o mesmo quadro de

indicadores de desempenho adoptado para o caso de estudo do Capítulo 4. Os consumos dos

diferentes serviços serão filtrados de modo a obter uma base de comparação o mais homogénea

possível entre as unidades estudadas. Para a criação de um modelo estatístico mais completo, até à

data de entrega deste projecto, foram estudadas 5 unidades hoteleiras de 4 estrelas e 8 de 5 estrelas.

5.3 Análise dos dados do inquérito

Procedeu-se ao contacto com várias unidades hoteleiras solicitando a disponibilização de

informação interna relativa ao consumo anual facturado de electricidade, gás e água para os anos de

2012, 2013 e 2014, bem como a informação relativamente ao número de quartos, número de clientes

e de refeições para os respectivos anos.

Tabela 5.2 - Consumos específicos médios para os hotéis de tipologia "4 ou mais estrelas" em Portugal

Figura 5.4 - Distribuição dos consumos específicos por município para os hotéis de tipologia "4 ou mais estrelas"

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54

O objectivo deste estudo consistiu na criação de um modelo estatístico dos indicadores de

desempenho por forma a padronizar uma matriz completa de valores médios em Portugal,

enquadrando-a com a base de dados já existente. Desta forma, é apresentada a informação do

consumo típico de energia para as tipologias estudadas possibilitando a comparação de cada

unidade hoteleira com a sua matriz interna. Procedeu-se a uma abordagem inicial básica quanto ao

nível de eficiência de cada unidade que motive a adesão de novas tecnologias ou de

comportamentos de operação mais rigorosos.

A Tabela 5.3 corresponde ao inquérito dos parâmetros internos que são inseridos no mapa de

entradas como consumos facturados.

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 kWh/ano 2013 kWh/ano 2014 kWh/ano

GÁS NATURAL, Outros

2012 - kWh/ano 2013 - kWh/ano 2014 - kWh/ano

Cozinha m3/ano Cozinha m

3/ano Cozinha m

3/ano

Central

Térmica m

3/ano

Central

Térmica m

3/ano

Central

Térmica m

3/ano

Outros m3/ano Outros m

3/ano Outros m

3/ano

ÁGUA

2012 m3/ano 2013 m

3/ano 2014 m

3/ano

Divisão percentual do consumo total de água no

hotel [%]

Quartos Cozinha Outros SPA Lavandaria

INFORMAÇÃO DIRECÇÃO TÉCNICA Quartos Clientes Taxa de Ocupação [%] Couverts

2012

2013

2014

Foi também requerido o envio do relatório da certificação energética em formato digital para

extrair as informações dos consumos previstos diferenciados nas necessidades de energia para

Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e Outros Equipamentos. Isso permitiu a comparação

dos resultados facturados com os resultados previstos através do desvio relativo associado.

A Tabela 5.4 resume os parâmetros a extrair do CE, calculados em unidades de energia final

e desagregados pelas diferentes tipologias do hotel.

Tabela 5.3 - Inserção de parâmetros internos para cada unidade hoteleira

Page 71: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

55

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5

estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha

Tipologia Consumo

[kWh/ano] [%]

Consumo

[kWh/ano] [%]

Consumo

[kWh/ano] [%]

Consumo

[kWh/ano] [%]

Aquecimento

Arrefecimento

Iluminação

Ilum. Exterior

Equip.Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS

TOTAL

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

Piscina/SPA

Lavandaria

Sistema Fotovoltaico

Solar Térmico

Estes dados são inseridos no mapa de entradas como consumos previstos. No Anexo E

encontram-se as tabelas preenchidas dos consumos reais e estimados para cada unidade hoteleira

estudada. Os “consumos complementares” são os parâmetros para preencher nos casos que

possuam este tipo de serviços. Os valores associados à Piscina/SPA e Lavandaria são retirados aos

consumos facturados e os consumos provenientes de fontes de energia renováveis são retirados aos

previstos para que todos os hotéis sejam comparados uns com os outros como se não fossem

dotados destes serviços.

5.3.1 Pressupostos de cálculo e limitações

Dada a heterogeneidade de hotéis e serviços, foi necessário proceder à normalização do

desempenho de cada unidade padronizando assim o consumo médio desagregado em tipologia de

características semelhantes. De modo a não inviabilizar o estudo dos que ainda estão certificados ao

abrigo do antigo Regulamento, adoptaram-se alguns pressupostos que possibilitaram uma análise

equitativa para todos os casos estudados.

Em Anexo E é explicado com maior detalhe qual a abordagem adoptada para cada hotel e as

limitações consequentes da falta de informação disponível. São aqui apresentadas duas

considerações gerais importantes:

Optou-se por retirar aos consumos anuais facturados os consumos associados ao

funcionamento de lavandarias, piscinas, spa e grandes espaços ajardinados (consumos

Tabela 5.4 - Inserção de parâmetros estimados pela certificação energética para cada hotel

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56

complementares). Mediante o detalhe dos mapas de consumos internos ou dos relatórios de

certificação, foi possível identificar estes valores e subtraí-los ao valor facturado de

electricidade e gás natural. Do mesmo modo, a divisão percentual de água facturada

solicitada na Tabela 5.3 serve para eliminar os consumos associados a estes sectores;

Para uniformizar o cálculo dos indicadores normalizados pela área útil interior, foi necessário

recalcular o valor da área dos hotéis ao abrigo da antiga certificação. No Regulamento em

vigor desde 2006 até Dezembro de 2013 (Decreto-Lei n.º 78-80/2006) a área útil compreendia

apenas os espaços climatizados e/ou com ocupação humana “permanente” ou considerada

“significativa”. As áreas comuns (zonas de circulação, recepção, restaurantes), os quartos,

cozinhas e lavandarias, entravam por norma na área útil. No entanto os estacionamentos,

mesmo que interiores, zonas de armazenamento e áreas técnicas eram considerados “área

não útil” e contabilizados à parte. No Regulamento em vigor a partir de Dezembro de 2013

(Decreto-Lei n.º 118/2013) são consideradas “áreas úteis” todas as áreas (cobertas/fechadas)

com consumos energéticos (ainda que não de climatizadas), incluindo estacionamentos,

armazéns e áreas técnicas. Assim, por forma a tornar a abordagem comparável à actual, foi

somado ao valor da área útil o valor das áreas complementares apresentadas nos certificados

energéticos.

O tratamento da informação recolhida levantou algumas dificuldades e limitações na tentativa

de homogeneização das unidades hoteleiras, nomeadamente as relacionadas com a falta de detalhe

nos mapas de consumos internos facultados. Para cada caso estudado são apresentadas, no Anexo

E, algumas notas explicativas do processo de associação dos consumos facturados às tipologias de

cada hotel e as limitações relevantes. São aqui apresentadas algumas notas mais comuns:

Alguns hotéis possuem apenas contadores gerais de gás natural e de água, não permitindo

desagregar os consumos para a central térmica, cozinha ou para a lavandaria. Na tentativa

de os conseguir desagregar com maior detalhe foram feitos alguns contactos para

esclarecimento com as unidades respectivas, solicitando, por exemplo, um valor estimado na

divisão dos mesmos. Em alguns casos, contudo, não foi possível desagregar estes consumos

e portanto, os indicadores de desempenho calculados “por cliente”, “por quarto ocupado” ou

“por refeição” entendem-se como sobredimensionados;

Em algumas unidades foi impossível recolher informações mais recentes relativamente aos

perfis de ocupação. Alguns resultados apresentados dependiam dos valores facultados pelos

hotéis já estudados pela AHP, que também expressou a dificuldade e o tempo de resposta na

disponibilização destes dados. Para não inviabilizar o estudo dessas unidades, optou-se por

realizar a análise de estudo salientando o erro associado;

O critério de contabilização do número de clientes pode diferir de hotel para hotel. De um

modo geral, registam cada cliente por estadia, independentemente do número de dias em que

ficou hospedado. Detectou-se no entanto que há casos que contabilizam cada um que utiliza

isoladamente os serviços de restauração, spa ou ginásio. Os hotéis que fazem os seus

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57

registos desta maneira estão devidamente identificados. Para estes, o indicador “por quarto

ocupado” terá mais significado do que “por cliente registado”;

O factor limitativo mais relevante está relacionado com possíveis equívocos nos valores

apresentados nos relatórios de certificação dos edifícios, sobretudo os que ainda estão ao

abrigo do antigo Regulamento. A falta de uniformização de apresentação dos dados,

principalmente na secção “Outros Consumos”, onde são descritas as soluções adoptadas

para as diferentes tipologias, levou a um esforço adicional na tentativa de perceber quais as

tipologias a que esses consumos estavam associados. A ausência de valores e de campos

não preenchidos trouxe, consequentemente, uma maior dificuldade na comparação com a

análise dos consumos estimados. Ao abrigo da nova metodologia definida pelo Decreto-Lei

n.º118/2013 esse erro foi colmatado pela criação da secção “Consumos estimados por

tipologia” onde claramente os consumos são desagregados nos diversos usos para cada

sector;

Para o cálculo dos valores estatísticos (média, mediana, desvio padrão, intervalo de amostras

e coeficiente de variação de Pearson), optou-se por retirar as observações extremas

resultantes ou porque em muito influenciariam o resultado final, ou por serem casos com

consumos poucos detalhados, sendo identificadas para cada situação.

5.3.2 Resultados e discussão

Os resultados apresentados neste subcapítulo referem-se ao estudo conduzido a 8 unidades

hoteleiras de 5 estrelas e a 5 de 4 estrelas. Os casos investigados são localizados maioritariamente

no interior da zona urbana de Lisboa. Os edifícios estudados enquadram-se, segundo a definição

atribuída pelo RECS (Decreto-Lei n.º118/2013), na categoria de “grande edifício de serviços”.

A Tabela 5.5 apresenta algumas características diferenciadoras entre as tipologias dos

empreendimentos turísticos de 4 e de 5 estrelas, para o número de casos de estudo levantados.

4 Estrelas 5 Estrelas

Área útil 3.266 – 10.795 m2 11.290 – 46.769 m

2

Número de quartos 50 – 153 70 – 518

Número médio diário de quartos ocupados 38 176

Número médio diário de clientes 82 clientes/dia 278 clientes/dia

Número médio diário de refeições servidas 129 (1,6 refeições/ cliente) 590 (2,1 refeições/ cliente)

A dimensão do edifício e das áreas de serviço, os valores dos registos internos de ocupação

e os padrões de funcionamento são factores expectáveis de influência no consumo global, como será

analisado adiante.

As seguintes tabelas apresentam os resultados dos indicadores de desempenho calculados

para as unidades em estudo. Os valores estão associados ao consumo de energia eléctrica, não

Tabela 5.5 - Características médias entre os empreendimentos turísticos de 4 e 5 estrelas

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58

eléctrica (gás natural ou outros), água, emissões de CO2 e normalizadas pela área útil interior

(ajustados ao clima local), número de quartos, clientes registados e pelo número de refeições

servidas. São também determinadas as variáveis estatísticas relevantes para a obtenção de dados a

nível nacional. Estes são agrupados em três categorias: 1) “Indicadores gerais de desempenho”, 2)

“Indicadores do Cliente Tipo” e 3) “Indicadores de desempenho por unidade de área útil”, de forma a

facilitar o processo de análise de resultados.

Devido ao compromisso de confidencialidade estabelecido com os hotéis para este projecto,

os hotéis não são identificadas pelos respectivos nomes dos empreendimentos. As de 5 estrelas são

identificadas pelas letras A – H e as de 4 estrelas de I – M. Os resultados finais foram cedidos a cada

unidade hoteleira identificando somente o próprio hotel.

5.3.3 Indicadores gerais de desempenho

A Tabela 5.6 apresenta os resultados de todos os indicadores de desempenho anuais

calculados para as unidades hoteleiras de 5 estrelas. Os valores não preenchidos resultam da falta

de informação disponibilizada.

Parâmetros Climáticos Energia Eléctrica (kWhe) Gás Natural (m3)

Caso Estudo Tipologia Concelho GDA kWh/m2 Wh/m

2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m

3/m

2

m3/

quarto

m3/

cliente

m3/

refeição

Hotel A 5 Lisboa 1136 161,2 141,9 47,3 30,6 3,98 1,17 0,75 0,21

Hotel B 5 Porto 1220 122,5 99,6 45,7 31,7 6,65 2,48 1,73 0,13

Hotel C 5 Lisboa 1136 106,0 93,3 110,6 66,8 5,28 5,57 3,38 0,25

Hotel D 5 Lisboa 1063 114,2 107,4 84,3 57,7 5,60 4,13 2,82 -

Hotel E 5 Lisboa 1018 130,5 128,2 36,5 25,1 7,15 2,00 1,37 0,57

Hotel F 5 Lisboa 989 114,1 115,4 33,2 20,1 7,26 2,12 1,28 0,10

Hotel G 5 Chaves 1553 123,3 79,4 132,1 69,7 18,13 18,92 10,06 0,23

Hotel H 5 Loulé 733 67,2 91,7 60,7 34,3 * * * *

Energia Total (kWhTOTAL) Água (m3) Emissões (kgCO2)

kWh/m2 Wh/m

2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m

3/m

2 m

3/quarto m

3/cliente m

3/refeição

kgCO2

/m2

kgCO2/

quarto

kgCO2/

cliente

kgCO2/

refeição

207,4 182,5 61,2 39,6 1,61 0,30 0,20 0,02 67,57 19,83 12,83 0,51

198,0 164,4 75,3 52,2 0,74 0,28 0,19 0,04 59,73 22,44 15,55 0,32

165,2 145,4 176,9 106,9 0,66 0,68 0,41 0,03 50,86 53,20 32,14 0,59

187,9 176,8 133,4 91,3 0,52 0,35 0,24 - 54,57 40,28 27,57 -

216,5 212,7 60,4 41,4 1,67 0,47 0,32 - 64,15 17,96 12,32 1,37

200,9 203,1 58,4 35,3 - - - - 58,53 17,06 10,31 0,25

299,2 192,7 323,0 171,3 0,64 0,69 0,36 - 81,54 86,11 46,63 0,54

76,1 103,8 68,8 38,8 1,10 - - - 25,15 23,24 13,11 0,29

O perfil do consumo de electricidade normalizado pelo número de quartos ou de clientes é

bastante variado, uma vez que contêm gastos associados às actividades internas não relacionadas

Tabela 5.6 - Resultados dos indicadores de desempenho para os hotéis de tipologia 5 estrelas

Nota: * O “Hotel H” é dotado de duas caldeiras a gás propano, contabilizado em kg de gás.

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59

com alojamentos (por exemplo, número de salas de conferências e eventos) cujo número e nível de

serviço varia de hotel para hotel. O indicador de desempenho normalizado pelo factor clima serve

para efeitos de comparação geral entre unidades hoteleiras de diferentes regiões do país. No entanto,

a maioria das de 5 estrelas estudadas pertencem ao concelho de Lisboa, limitando a relação dos

hotéis com a sua localização climática. O consumo de gás natural no “Hotel B” (no concelho do Porto)

é naturalmente maior do que a maioria dos de Lisboa (à excepção do “Hotel E” que tem instaladas

duas cozinhas e dois restaurantes), visto estar localizado numa região com maior severidade do

clima, necessita assim de maior de Aquecimento. O “Hotel G” apresentou um registo muito elevado

na facturação do gás natural comparativamente aos restantes. Estes valores estão grandemente

relacionados com os múltiplos serviços luxuosos que o hotel dispõe e, dada a sua localização

geográfica e por se tratar de um edifício antigo com particularidades arquitectónicas muito próprias,

regista consumos elevados sobretudo ao nível do Aquecimento ambiente.

A Tabela 5.7 apresenta o cálculo da média, mediana, desvio padrão e o intervalo de amostras

de todos os indicadores de desempenho para as unidades hoteleiras de 5 estrelas estudadas.

Variáveis

Estatísticas

Energia Eléctrica (kWhe) Gás Natural (m3)

kWh/m2 Wh/m

2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m

3/m

2

m3/

quarto

m3/

cliente

m3/

refeição

Média 124,5 107,0 68,8 42,0 5,99 2,91 1,89 0,25

Mediana 122,5 103,5 54,0 33,0 6,13 2,30 1,55 0,21

Desvio Padrão 16,7 19,3 34,2 18,3 1,16 1,48 0,92 0,17

Intervalo de amostras 55,2 63,0 98,9 49,6 3,28 4,40 2,63 0,47

Energia Total (kWhTOTAL) Água (m3) Emissões (kgCO2)

kWh/m2 Wh/m

2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m

3/m

2 m

3/quarto m

3/cliente m

3/refeição kgCO2/m

2 kgCO2/

quarto

kgCO2/

cliente

kgCO2/

refeição

196,0 169,8 90,4 57,9 0,99 0,42 0,27 0,03 54,45 27,72 17,69 0,56

199,5 176,8 69,0 41,0 0,74 0,35 0,24 0,03 58,53 22,44 13,11 0,42

16,3 34,1 42,8 26,8 0,44 0,15 0,08 0,01 12,82 12,68 7,92 0,38

51,3 108,9 119,0 72,0 1,15 0,40 0,22 0,02 41,86 36,14 21,83 1,12

Pela análise da Tabela 5.6 e da Tabela 5.7 é possível verificar um intervalo disperso de

amostras do consumo total de energia e um valor médio de 196,0 kWh/m2.ano. Para melhoria dos

resultados estatísticos, foram retiradas as observações relativamente ao consumo facturados do

“Hotel H” e de gás natural do “Hotel G” por apresentarem valores muito dispersos comparativamente

à restante população. O valor do desvio padrão calculado para o consumo de água é elevado. Este

resultado é consequência de, em três dos oito hotéis estudados não terem sido instalados contadores

parciais de água, e portanto só puderam disponibilizar o consumo total facturado. Os indicadores de

água resultantes apresentam assim muito provavelmente valores sobredimensionados.

O desvio padrão relativamente às emissões de gases poluentes por metro quadrado é

reduzido, o que permite aferir um bom resultado padrão para a tipologia de hotéis de 5 estrelas.

Tabela 5.7 - Resultados das variáveis estatísticas para os hotéis de tipologia 5 estrelas

Page 76: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

60

De uma maneira geral, os valores médios dos indicadores apresentados permitem obter uma

aproximação para hotéis de 5 estrelas. O tamanho da população estudada não é relevante para

concluir quanto a um valor padrão médio nacional destes indicadores, e os valores elevados do

desvio padrão e do intervalo de amostras caracterizam a dispersão de resultados. Estes servem no

entanto, para induzir a um possível enquadramento dos consumos normalizados de outras unidades.

A Tabela 5.8 apresenta os resultados de todos os indicadores de desempenho anuais

calculados para as unidades hoteleiras de 4 estrelas. Os valores não preenchidos resultam da falta

de informação disponibilizada.

Parâmetros Climáticos Energia Eléctrica (kWhe) Gás Natural, outros (kWht)

Caso Estudo Tipologia Concelho GDA kWh/m2 Wh/m

2.ºC kWh/quarto kWh/cliente

kWh

/m2

kWh/

quarto

kWh/

cliente

kWh/

refeição

Hotel I 4 Fundão 1600 113,4 70,9 76,9 51,1 29,7 20,2 13,4 -

Hotel J 4 Covilhã 2537 95,6 37,7 42,0 - 62,9 27,6 - -

Hotel K 4 Covilhã 3049 47,2 15,5 33,0 - 135,3 94,6 - -

Hotel L 4 Lisboa 1071 114,7 107,1 44,4 25,7 83,1 32,3 18,7 -

Hotel M 4 Lisboa 1071 109,5 102,2 22,8 13,7 54,7 11,2 6,7 -

Energia Total (kWhTOTAL) Água (m3) Emissões (kgCO2)

kWh/m2 Wh/m

2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m

3/m

2 m

3/quarto m

3/cliente m

3/refeição

kgCO2/

m2

kgCO2/

quarto

kgCO2/

cliente

kgCO2/

refeição

143,1 89,4 97,1 64,5 - - - - 46,82 31,75 21,10 -

158,5 59,6 69,6 - - - - - 47,39 20,81 - -

182,5 59,8 127,5 - - - - - 145,42 101,64 - -

197,8 180,5 76,7 44,4 0,76 0,29 0,17 - 58,09 22,52 13,02 -

164,2 153,6 34,0 20,4 0,96 0,19 0,12 0,01 50,45 10,46 6,30 -

O reduzido número de dados disponibilizados pelos hotéis de 4 estrelas é relevante para o

processo de análise estatístico. Por exemplo, dos cinco casos estudados não foi possível calcular os

indicadores normalizados pelo número de clientes em dois deles nem de água para três. Salienta-se

também a necessidade dos hotéis instalarem mais contadores parciais para que seja possível estudar

com maior detalhe a distribuição dos seus consumos, sobretudo ao nível do gás natural e de água. O

“Hotel K” destaca-se pelo elevado consumo de energia não eléctrica e consequente emissões de CO2

uma vez que estava dotado de duas caldeiras a gasóleo para Aquecimento ambiente e preparação

de AQS. Só recentemente essas foram substituídas por uma caldeira a biomassa.

A Tabela 5.9 apresenta o cálculo da média, mediana, desvio padrão e o intervalo de amostras

de todos os indicadores de desempenho para as unidades hoteleiras de 4 estrelas estudadas.

Tabela 5.8 - Resultados dos indicadores de desempenho para os hotéis de tipologia 4 estrelas

Page 77: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

61

Variáveis

Estatísticas

Energia Eléctrica (kWhe) Gás Natural, outros (kWht)

kWh/m2 Wh/m

2.ºC kWh/quarto kWh/cliente

kWh

/m2

kWh/

quarto

kWh/

cliente

kWh/

refeição

Média 108,3 66,7 43,8 30,2 57,6 37,2 12,9 -

Mediana 111,5 70,9 42,0 25,7 58,8 27,6 13,4 -

Desvio Padrão 7,6 35,7 18,2 15,6 19,1 29,6 4,9 -

Intervalo de amostras 19,1 91,6 54,1 37,4 53,4 83,3 12,0 -

Energia Total (kWhTOTAL) Água (m3) Emissões (kgCO2)

kWh/m2 Wh/m

2.ºC kWh/quarto kWh/cliente m

3/m

2 m

3/quarto m

3/cliente m

3/refeição

kgCO2/

m2

kgCO2/

quarto

kgCO2/

cliente

kgCO2/

refeição

165,9 108,6 81,0 43,1 0,86 0,24 0,15 - 50,69 21,39 13,47 -

161,4 89,4 76,7 44,4 0,86 0,24 0,15 - 48,92 21,67 13,02 -

20,0 49,7 30,9 18,0 0,10 0,05 0,02 - 4,49 7,56 6,05 -

54,7 120,9 93,5 44,1 0,20 0,10 0,05 - 11,27 21,29 14,80 -

O intervalo de amostras indica uma amostra significativamente heterogénea para ambas as

tipologias de 4 e 5 estrelas. No processo de obtenção de dados facturados registou-se uma

dificuldade da recolha de dados de consumos mais específicos. Salienta-se a necessidade de instalar

mais contadores parciais ao nível dos consumos de gás natural e de água de modo percepcionar

melhor a dinâmica de consumos e o trabalho de gestão interna do hotel.

Um exemplo prático foi relatado pela entidade gestora do “Hotel A”: No ano de 2014 ocorreu

uma fuga de água que fez disparar os valores do consumo geral até 160% acima do normal durante

um período entre 3 a 4 meses. Nesse período não se conseguiu identificar visualmente a fonte do

problema. Porque o hotel estava equipado com vários contadores parciais de água foi possível então

filtrar as opções nos vários pontos de consumo e descobrir qual o sector de distribuição onde se

encontrava a fuga.

De um modo geral os consumos médios das unidades de 5 estrelas são maiores do que das

de 4 estrelas. Na Tabela 2.4 do subcapítulo 2.4 são apresentados alguns requisitos que caracterizam

e diferenciam estas tipologias. Há os de carácter obrigatório para os hotéis de 5 estrelas, que são

opcionais para os de 4 e que sugerem esta diferença de resultados. Por exemplo, ao nível das

instalações, a área mínima das várias tipologias de quartos e a capacidade do parque de

estacionamento resultam numa maior necessidade de Iluminação. A climatização integral de todos os

quartos das unidades de 5 estrelas resulta, naturalmente, em maiores consumos eléctricos e não

eléctricos (gás natural, propano ou outros) associados às necessidades de Aquecimento e

Arrefecimento. A garantia do serviço de quartos e de manutenção 24h por dia em contraste com as

16h nas unidades de 4 estrelas também representará um maior peso na facturação dos hotéis.

Tabela 5.9 - Resultados das variáveis estatísticas para os hotéis de tipologia 4 estrelas

Page 78: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

62

A Figura 5.5 apresenta os resultados dos indicadores de desempenho eléctricos e não

eléctricos normalizados pela área útil e pelo número de quartos ocupados para as unidades

estudadas.

Os resultados médios são combinados por forma a criar os limites representativos num

“envelope estatístico”1 e assim facilitar a sua visualização. O valor dos indicadores médios eléctricos

e não eléctricos, normalizados pela área útil interior, estão assinalados no eixo das abcissas e os

normalizados pelo número de quartos ocupados no eixo das ordenadas. A linha contínua delimita os

valores de electricidade e a linha a tracejado para os não eléctricos. Por exemplo, o limite mais

exterior (linha azul contínua) está relacionado com o consumo médio eléctrico dos hotéis de 5

estrelas normalizado pela área útil (124,5 kWhe/m2.ano), no eixo das abcissas, e pelo número de

quartos (68,8 kWhe/quarto.ano) no eixo das ordenadas. O limite mais interior (linha azul tracejado)

está relacionado com o consumo médio não eléctrico dos hotéis de 5 estrelas, normalizado pela área

útil (62,3 kWht/m2.ano), no eixo das abcissas, e pelo número de quartos (30,8 kWht/quarto.ano) no

eixo das ordenadas. Os valores médios delimitantes do envelope permitem percepcionar a diferença

entre os consumos das tipologias de 4 e 5 estrelas e servem de ponto de referência para a

comparação com os consumos dos indicadores de cada unidade. Por exemplo, para os hotéis de 5

estrelas, o “Hotel F” e o “Hotel H” (identificados na figura) revelam um bom compromisso entre o

consumo eléctrico por unidade de área útil e por quarto ocupado, relativamente ao valor médio dos

restantes para esta tipologia. Já o “Hotel K” (identificado na figura) deverá inspeccionar com maior

atenção os equipamentos associados às necessidades de Aquecimento e de AQS, pois os

indicadores posicionam-se fora do “envelope estatístico”, relativamente ao consumo não eléctrico

para a tipologia de 4 estrelas.

A Figura 5.6 serve-se do mesmo modelo de visualização de resultados para apresentar os

indicadores de desempenho associados às emissões de CO2.

1 Terminologia pessoal para descrever a representação do conjunto de indicadores apurados

Figura 5.5 - Consumo por unidade de área útil vs consumo por quarto ocupado

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63

Consequentemente, as emissões médias de CO2 por m2 dos hotéis de 5 estrelas sãos

maiores do que os de 4 estrelas (diferença nas abcissas de 3,76 kgCO2/m2.ano) e por quarto

ocupado (diferença nas ordenadas de 6,33 kgCO2/quarto.ano). Por exemplo, o “Hotel H“ (identificado

na figura) é o hotel de 5 estrelas que apresenta a menor pegada de carbono, e na tipologia de 4

estrelas o “Hotel M“ (identificado na figura). Os limites apresentados podem sugerir metas de gestão

de operação energética mais eficientes e ecológicas para que as unidades hoteleiras produzam

resultados individuais anuais dentro dos limites médios calculados.

Apesar de se terem apenas conseguido obter os consumos destinados ao funcionamento das

piscinas/spa para três hotéis inquiridos, considerou-se útil distinguir outros dois indicadores que

possam servir de caracterização e comparação entre unidades que disponham destes serviços,

apesar da pouca representatividade neste estudo. Identificam-se os seguintes indicadores

complementares na Tabela 5.10:

Indicadores complementares

kWhspa/piscina/m2.ano kWhspa/piscina/cliente.ano

Hotel B - 2,9

Hotel E 558,5 5,1

Hotel I - 1,1

Como também verificado na análise da Tabela 5.1, os serviços e espaços dedicados ao spa

podem traduzir-se em consumos adicionais significativos para efeitos de Aquecimento ambiente ou

da água das piscinas. A identificação deste tipo de indicadores pode motivar a adopção de medidas

de racionalização energética como uma gestão mais cuidada do tempo de funcionamento destes

serviços e dos equipamentos associados.

Tabela 5.10 - Indicadores complementares para o spa/piscinas

Figura 5.6 - Emissões por unidade de área útil vs emissões por quarto ocupado

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5.3.4 Indicadores de desempenho do “Cliente Tipo”

As Tabela 5.11 e Tabela 5.12 apresentam os resultados dos indicadores de desempenho

anuais normalizados pelo número de clientes e o cálculo da média, desvio padrão e coeficiente de

variação de Pearson para as unidades hoteleiras de 5 e de 4 estrelas.

O coeficiente de variação de Pearson é agora considerado para sustentar de forma mais

particular o grau de dispersão de resultados. Este coeficiente determina o peso relativo do desvio

padrão (σ) em relação ao valor médio (μ) e calcula a razão entre ambos, como apresentado na

Equação 5.1.

Para este estudo, o uso do coeficiente de variação de Pearson e do desvio padrão actuam

como medidas de dispersão para o número de casos observados e são uma forma de perceber a

diferença na qualidade dos resultados entre as tipologias de 4 e 5 estrelas, resultante da falta de

detalhe dos consumos que são registados internamente.

O “CLIENTE TIPO”

5 estrelas Electricidade Não

Eléctrico Água Emissões Aquecimento Arrefecimento Iluminação AQS

Caso Estudo Concelho kWh/cliente kWh/cliente m

3/

cliente

kgCO2/

cliente kWh/cliente kWh/cliente kWh/cliente kWh/cliente

Hotel A Lisboa 30,6 9,0 0,20 12,83 2,6 6,5 7,7 2,6

Hotel B Porto 31,7 20,6 0,19 15,55 5,6 5,4 6,7 2,0

Hotel C Lisboa 66,8 40,2 0,41 32,14 26,3 14,5 10,1 13,2

Hotel D Lisboa 57,7 33,6 0,24 27,57 0,5 7,6 18,1 2,0

Hotel E Lisboa 25,1 16,3 0,32 12,32 8,0 15,9 8,5 14,4

Hotel F Lisboa 20,1 15,2 - 10,31 - - - -

Hotel G Chaves 69,7 101,65 0,36 45,63 21,2 5,4 5,1 10,4

Hotel H Loulé 34,3 4,6 0,56 13,11 9,6 3,0 16,5 6,0

4 estrelas Electricidade Não

Eléctrico Água Emissões Aquecimento Arrefecimento Iluminação AQS

Caso Estudo Concelho kWh/cliente kWh/cliente m

3/

cliente

kgCO2/

cliente kWh/cliente kWh/cliente kWh/cliente kWh/cliente

Hotel I Fundão 51,1 13,4 - 21,10 22,6 2,7 24,1 15,4

Hotel J Covilhã - - - - - - - -

Hotel K Covilhã - - - - - - - -

Hotel L Lisboa 25,7 18,7 0,17 13,0 9,7 4,3 8,9 3,8

Hotel M Lisboa 13,7 6,7 0,12 6,30 6,9 3,9 11,7 14,3

(5.1)

Tabela 5.11 - Resultado dos indicadores do "Cliente Tipo" para os hotéis de 5 e 4 estrelas

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Variáveis

Estatísticas Electricidade

Não

Eléctrico Água Emissões Aquecimento Arrefecimento Iluminação AQS

Média (5*) 41,9 19,9 0,27 17,69 12,2 7,1 10,4 6,0

Média (4*) 30,2 12,9 0,15 13,47 13,1 3,6 14,9 11,1

Desvio Padrão (5*) 18,3 11,9 0,08 7,9 8,6 3,6 4,6 11,14

Desvio Padrão (4*) 5,9 5,9 0,02 3,4 1,4 0,2 1,4 5,3

Coef. variação Pearson(5*) 44% 60% 30% 45% 70% 51% 44% 72%

Coef. variação Pearson(4*) 20% 46% 17% 25% 11% 5% 10% 47%

O resultado esperado de que os consumos médios das unidades de 5 estrelas seriam

maiores do que das de 4 foi sustentado no subcapítulo anterior e baseia-se também na análise da

Tabela 2.4 do subcapítulo 2.4. Para o cálculo das variáveis estatísticas foram retiradas as

observações extremas relativas ao consumo de gás natural facturado do “Hotel G” e o consumo das

necessidades para Aquecimento do “Hotel D”. O valor médio dos gastos eléctricos por cliente é o

dobro dos não eléctricos para ambas as tipologias. Dos gastos eléctricos desagregados nas

diferentes necessidades energéticas, predominam os consumos relativos à Iluminação.

Os resultados referentes para a tipologia de 4 estrelas não são representativos devido à falta

de informação disponibilizada, pois apenas se conseguiu o registo de clientes em três dos cinco

estudados. No restante subcapítulo, opta-se por analisar o “Cliente Tipo” apenas para os hotéis de 5

estrelas apesar da maior dispersão de resultados no número de casos estudados.

A Figura 5.7 sugere um perfil médio do “Cliente Tipo” associado às necessidades de

Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação e AQS para as unidades hoteleiras de 5 estrelas.

Verifica-se que um cliente numa tipologia de 5 estrelas requer maiores necessidades de

Aquecimento e Iluminação na garantia do seu conforto (12,2 e 10,4 kWh/cliente, respectivamente). O

parâmetro do Aquecimento apresenta, no entanto, um maior grau de dispersão de resultados, pois o

seu valor depende em parte da localização geográfica do hotel e do tipo de serviços que este

disponibiliza. Os valores dos indicadores de desempenho normalizados pelo número de clientes

reflectem o consumo que os hotéis despendem por cada cliente alojado, incluindo os consumos

associados aos modos de funcionamento geral, não sendo uma representação exacta do valor real

que cada um gasta. Esta abordagem poderá ser útil para efeitos de comparação entre as unidades

Tabela 5.12 - Resultados das variáveis estatísticas para o "Cliente Tipo" para os hotéis de 5 e 4 estrelas

Figura 5.7 - Perfil do "Cliente Tipo" médio para hotéis de 5 estrelas

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66

hoteleiras sendo possível com os indicadores médios calculados para cada sector energético servir

de incentivo para investir em novos equipamentos específicos para o cumprimento dessas

necessidades ou melhorar a gestão dos mesmos.

Por exemplo comparativamente à média, o “Hotel C” apresenta valores muito superiores. Isto

deve-se ao facto de, embora os níveis de ocupação possam ser reduzidos, são respeitados os

pedidos dos clientes por quartos específicos obrigando assim a manter ligados os sistemas de

climatização e iluminação geral do edifício, cumprindo as exigências de um hotel de luxo. Foi

informado que neste caso, o hotel permanece em funcionamento integral durante o ano mesmo

presenciando níveis de ocupação relativamente reduzidos, em contraste com outros hotéis que em

alturas de menor ocupação optam por fechar os andares para efeitos de manutenção ou de poupança

energética.

Relativamente ao consumo de água os valores não são muito dispersos. É possível

assegurar com maior grau de precisão que um “cliente tipo” de um hotel de 5 estrelas consome, em

média, 290 litros. Como se faz o registo de cada cliente diariamente, este valor reflecte os gastos

diários em banhos, higiene, etc. É característica de alguém que paga um preço elevado por estadia

ter um consumo excessivo para as suas necessidades básicas. No entanto, é de salientar que a

maioria dos hotéis não detalharam com precisão a distribuição percentual de consumos para os

diferentes sectores do edifício por só terem instalado um contador geral. Assim, em alguns casos o

sobredimensionamento deste indicador está relacionado com a inclusão dos consumos na cozinha,

copas, piscina/spa que não estão directamente relacionados com o comportamento individual de

cada cliente.

O uso do quadro de indicadores “Cliente Tipo” poderá dar origem a uma nova forma de

sensibilização dentro da comunidade hoteleira para a eficiência energética. Este perfil poderia ser

disponibilizado em motores de busca e possibilitar a filtragem de resultados por hotéis “mais verdes”.

O crescente interesse pela prática de um turismo ambientalmente mais consciente poderá resultar

num aumento da procura de hotéis que apresentem menores consumos do seu “Cliente Tipo”.

Na revisão da literatura foi concluído que a maioria dos estudos assenta a sua investigação

na identificação de indicadores de consumo energético anual normalizados por unidade de área útil

como a ferramenta de análise e comparação estatística mais consistente.

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67

5.3.5 Indicadores de desempenho por unidade de área útil

As Tabela 5.13 e Tabela 5.14 apresentam os resultados dos indicadores de desempenho

anuais normalizados pela área útil e o cálculo da média, mediana, desvio padrão e coeficiente de

variação de Pearson para as unidades hoteleiras de 5 e de 4 estrelas. Como já foi referido este tipo

de indicadores são os mais comumente usados na literatura e os que melhor reflectem, de maneira

geral, o perfil energético de uma unidade hoteleira.

CONSUMO POR UNIDADE DE ÁREA ÚTIL

5 estrelas Eléctrica Não

Eléctrico Total

Total

(clima) Água Emissões Aquec. Arref. Ilum. AQS

Caso Estudo Concelho kWh/m2

kWh/m2 kWh/m

2 Wh/m

2.ºC m

3/m

2 kgCO2/m

2 kWh/m

2 kWh/m

2 kWh/m

2 kWh/m

2

Hotel A Lisboa 161,2 47,3 207,4 182,5 1,61 67,57 13,6 34,8 43,1 14,5

Hotel B Porto 122,5 79,1 198,0 164,4 0,74 59,73 21,8 21,7 26,7 9,0

Hotel C Lisboa 106,0 62,9 165,2 145,4 0,66 50,86 41,9 23,2 35,2 35,2

Hotel D Lisboa 114,2 66,7 187,9 176,8 0,52 54,57 1,1 17,4 43,4 4,6

Hotel E Lisboa 130,5 85,1 216,5 212,7 1,67 64,15 57,2 103,5 47,9 78,6

Hotel F Lisboa 114,1 86,3 200,9 203,1 - 58,53 - - - -

Hotel G Chaves 123,3 183,8 299,2 192,7 0,64 81,54 38,3 10,1 10,3 21,2

Hotel H Loulé 67,2 9,0 76,1 103,8 1,10 25,71 18,8 5,9 32,4 6,5

4 estrelas Eléctrica Não

Eléctrico Total

Total

(clima) Água Emissões Aquec. Arref. Ilum. AQS

Caso Estudo Concelho kWh/m2 kWh/m

2 kWh/m

2 Wh/m

2.ºC m

3/m

2 kgCO2/m

2 kWh/m

2 kWh/m

2 kWh/m

2 kWh/m

2

Hotel I Fundão 113,4 29,7 143,1 89,4 - 46,82 52,0 6,3 56,9 34,2

Hotel J Covilhã 95,6 62,9 158,5 59,6 - 47,39 43,5 12,6 13,7 37,0

Hotel K Covilhã 53,4 135,3 188,7 61,9 - 147,67 125,3 1,6 5,3 10,8

Hotel L Lisboa 114,7 83,1 197,8 180,5 0,76 58,09 43,3 19,0 39,5 12,2

Hotel M Lisboa 109,5 54,7 164,5 153,6 0,96 50,45 69,6 38,8 177,7 143,8

Variáveis

Estatísticas Eléctrica

Não

Eléctrico Total

Total

(clima) Água Emissões Aquec. Arref. Ilum. AQS

Média (5*) 124,5 71,2 196,0 169,8 1,00 54,45 32,0 18,8 34,0 15,3

Média (4*) 108,3 57,6 165,9 108,5 0,90 50,70 52,3 15,8 28,8 18,1

Desvio Padrão (5*) 16,7 13,8 16,3 34,1 0,40 12,80 15,0 9,4 11,9 10,3

Desvio Padrão (4*) 7,6 19,1 20,0 49,7 0,10 4,50 10,8 13,0 20,8 10,9

Coef. variação Pearson(5*) 13% 19% 8% 20% 45% 24% 47% 50% 35% 67%

Coef. variação Pearson(4*) 7% 33% 12% 46% 12% 9% 21% 82% 73% 60%

A análise das tabelas permite comparar os consumos facturados de cada hotel e emissões de

CO2 desagregados para as diferentes vertentes energéticas, com o respectivo valor médio calculado.

Destacam-se de seguida algumas conclusões consideradas pertinentes para o número de casos

estudados:

Tabela 5.13 - Resultado dos indicadores dos consumos específicos para os hotéis de 5 e 4 estrelas

Tabela 5.14 - Resultados das variáveis estatísticas dos consumos específicos para os hotéis de 5 e 4 estrelas

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O valor médio facturado relativo ao consumo de energia total por unidade de área útil dos hotéis

de 5 estrelas (196,0 kWh/m2.ano) é superior aos hotéis de 4 (165,9 kWh/m

2.ano). A Figura 5.8

apresenta a distribuição resultante do indicador de desempenho total para as unidades

estudadas. Para o cálculo das variáveis estatísticas foram retirados os valores extremos para

Aquecimento do “Hotel D” e “Hotel K”, Arrefecimento e AQS do “Hotel E”, Iluminação e AQS do

“Hotel M”.

Do consumo total indicado, a distribuição percentual de consumos eléctricos facturados

corresponde a 65,3% e 63,5% para as tipologias de 4 e 5 estrelas, respectivamente. Verifica-se uma

descida total significativa em comparação com os valores médios do consumo total registados para

os hotéis de 4 e 5 estrelas em 2002 em Portugal (Tabela 2.2). A visualização simples de resultados

permite que cada hotel faça uma comparação directa com o valor médio para qualquer indicador de

desempenho dentro da sua tipologia correspondente.

Para a maioria das unidades de 4 e 5 estrelas, o valor do indicador de desempenho total

facturado insere-se numa intervalo entre os 150-220 kWh/m2.ano, independentemente do valor

da sua área útil, como se verifica na Figura 5.9.

Figura 5.9 - Intervalo do indicador total de energia facturada para as unidades hoteleiras de 4 e 5 estrelas

Figura 5.8 - Comparação do consumo total de energia por entre as unidades hoteleiras de 4 e 5 estrelas

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69

É possível também detalhar em outros intervalos de indicadores facturados o consumo de

electricidade e/ou gás natural ou ainda os usos desagregados de energia previstos, permitindo obter

mais parâmetros de referência para o ajuste das metodologias de cálculo ou para determinação das

classes energéticas dos edifícios do sector hoteleiro.

O consumo de água (0,86 e 0,99 m3/m

2.ano) para as tipologias de 4 e 5 estrelas respectivamente

são praticamente semelhantes, apesar dos hotéis de 5 estrelas apresentarem maiores taxas de

ocupação (diferença de 138 quartos ocupados diariamente, comparativamente aos de 4 estrelas).

Este resultado indica um maior uso eficiente da água;

Relativamente aos diferentes usos de energia para satisfazer as necessidades de Aquecimento,

Arrefecimento, Iluminação e AQS, não se considerou pertinente realizar uma comparação directa

entre as tipologias. O segmento de hotéis de 5 estrelas encontra-se maioritariamente no concelho

de Lisboa. Naturalmente, a menor severidade do clima, comparativamente aos casos dos hotéis

de 4 estrelas na Covilhã e no Fundão, afecta os consumos associados sobretudo às

necessidades de Aquecimento e Arrefecimento. O pequeno número de casos de estudo

disponibilizados não confere uma consistência de resultados suficientemente relevante. Os

elevados valores do desvio padrão sustentam também a heterogeneidade das

características/modos de funcionamento dos hotéis;

Embora não seja apresentado na Tabela 5.13, é também calculado o parâmetro “Outros

Consumos” que totaliza o consumo total de energia. Este valor é contabilizado para efeitos de

certificação de acordo com a metodologia de cálculo adoptada pelo SCE actual (subcapítulos

2.3.2 e 2.3.3);

A Figura 5.10 e a Figura 5.11 apresentam o valor dos consumos específicos desagregados

nas diferentes vertentes energéticas para os hotéis de tipologia 4 e 5 estrelas,

respectivamente.

Figura 5.10 - Consumos médios desagregados para os hotéis de tipologia 4 estrelas

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Comparativamente aos dados fornecidos pela ADENE para os “Empreendimentos Turísticos

de 4 ou mais estrelas” (Tabela 5.2), verificam-se diferenças acentuadas no peso dos consumos para

cada tipologia. Nos hotéis de 4 estrelas o parâmetro do Aquecimento foi o que ganhou maior

relevância (23,9 para 52,3 kWh/m2.ano). No entanto, a maioria das unidades desta tipologia inserem-

se em municípios de climas mais agrestes durante o período de Inverno. Nos hotéis de 5 estrelas a

produção de AQS deixou de ser o maior consumo para ser o menor e destaca-se a Iluminação como

a maior fonte de consumo. Estas conclusões reforçam a importância de se dividir a tipologia de “4 ou

mais estrelas” para duas tipologias, uma vez que cada uma pode representar diferenças acentuadas

nos diversos usos de energia, consoante a qualidade de serviços, especificidades de operação e

tipos de sistemas técnicos que os distingue.

Os CE‟s ao abrigo do novo Regulamento incorporam no seu layout informação mais

simplificada com base nestes indicadores energéticos e a comparam-nos com valores de referência.

Torna assim a leitura mais perceptível e promove a sensibilidade do usuário para o desempenho do

edifício estudado. Como referido no subcapítulo 2.3.2, os valores de referência para cada hotel

calculados durante a certificação têm por base as características dos elementos da envolvente e dos

seus sistemas técnicos. Uma vantagem da apresentação desagregada dos indicadores de

desempenho neste tipo de quadros é a possibilidade de se desenvolverem estudos focalizados em

soluções específicas nas vertentes energéticas com base na informação estatística disponibilizada.

O resultado do desvio relativo calculado sugere outra forma de analisar o grau de fiabilidade

dos CE‟s ou o impacto das medidas de racionalização adoptadas pelos hotéis após o processo de

certificação.

5.3.6 Desvio relativo obtido para os casos de estudo

Para cada caso é calculado o desvio relativo entre o valor facturado e o valor previsto através

da soma dos usos de energia desagregados (Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação, AQS e

Outros). A Tabela 5.15 apresenta os resultados do desvio relativo.

Figura 5.11 - Consumos médios desagregados para os hotéis de tipologia 5 estrelas

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ELÉCTRICO

5 estrelas 4 estrelas

A B C D E F G H I J K L M

6,0% 11,6% 2,9% 6,3% 60,4% - -5,2% 25,1% 59,2% 7,0% -11% -15,2% 338%

Desvio médio relativo Desvio médio relativo

16,8% 23,0%

NÃO ELÉCTRICO (gás natural, propano ou outros)

5 estrelas 4 estrelas

A B C D E F G H I J K L M

-40,7% -61,1% 22,7% -91,4% 59,6% - -68% 27,5% -58,4% -41% 0,6% -33,2% 163%

Desvio médio relativo Desvio médio relativo

46,5% 33,4%

O sinal negativo (-) significa que a soma dos indicadores dos consumos desagregados de

energia previstos é menor do que o indicador total facturado resultante. Pela análise de resultados,

obtêm-se desvios relativos para os consumos eléctricos menores do que para os não eléctricos, para

ambas as tipologias. Estes resultados podem estar relacionados com a estimativa dos perfis de

ocupação e do gasto de água para a metodologia de simulação e previsão dos consumos. Como

referido no subcapítulo 4.4, os consumos reais do edifício podem divergir dos consumos previstos na

certificação, pois dependem da ocupação e dos padrões de comportamento real dos utilizadores,

sendo esta diferença contabilizada pelo desvio relativo calculado. Os indicadores previstos, na

maioria dos casos, estão subdimensionados relativamente ao consumo real facturado, observando-se

um maior número de desvios com sinal positivo. Dois motivos são apontados para esta causa: 1)

após a certificação, os hotéis podem ter sido motivados a adoptar medidas de racionalização de

energia, reduzindo os assim seus consumos, ou ainda 2) falta de detalhe da informação

disponibilizada ou o registo pouco pormenorizado dos consumos internos nos hotéis que resulta num

cálculo sobredimensionado dos indicadores respectivos.

São aqui apresentados dois exemplos práticos que podem ilustrar outras causas destes

desvios relativos: Na Tabela 5.13, são destacados (a sombreado) dois hotéis, “Hotel D” e “Hotel M”,

que apresentam resultados não expectáveis. Por exemplo, o valor para o Aquecimento do “Hotel D” é

extremamente reduzido (1,1 kWh/m2.ano). Este foi extraído directamente do certificado energético. O

valor do indicador de gás natural facturado (5,6 m3/m

2.ano) inclui-se dentro da gama de valores dos

outros hotéis da mesma tipologia, esperando-se assim que os indicadores associados ao consumo de

gás natural (para as necessidades de Aquecimento ambiente e produção de AQS) também se

encontrem perto da média. Relativamente ao valor associado para Aquecimento para os hotéis de 5

estrelas estudados, este representa aproximadamente 32% do consumo total, o que resulta num

valor expectável médio de 21,2 kWh/m2.ano, muito diferente do valor registado na certificação do

“Hotel D” (1 kWh/m2.ano). Considera-se assim um equívoco da informação disponibilizada no CE

deste hotel. No caso do “Hotel M”, o CE foi elaborado quando um edifício já existente sofreu uma

Tabela 5.15 - Desvio relativo calculado para cada unidade hoteleira

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72

grande remodelação nas suas infraestruturas para se adaptar a uma unidade hoteleira. São

apresentados os valores nos indicadores previstos para Iluminação (118 kWh/m2.ano) e AQS (144

kWh/m2.ano), que se destacam significativamente do valor médio para esta tipologia, apesar do

edifício ter instalado soluções tecnologicamente eficientes. No Anexo E é explicado em pormenor a

nota correctiva para estes dois casos. Estas discrepâncias são identificadas pelo resultado do desvio

relativo correspondente (a sombreado) para estes hotéis e foram retiradas de maneira a não afectar o

do cálculo da média final.

Pretende-se com exemplos particulares vincar a importância de disponibilizar este tipo

informação na forma de indicadores estatísticos à ADENE (agência gestora do sistema de

certificação em Portugal). A análise dos resultados poderá levar à detecção de possíveis equívocos e

motivar uma verificação de dados ou ajustamento nos certificados energéticos dos hotéis cujos

indicadores de desempenho se destaquem do valor médio calculado.

Assim, é sugerido neste projecto a disponibilização para cada hotel e para a ADENE do

quadro de indicadores individual e estatístico. Para os hotéis cria-se uma maior capacidade do

processo competitivo pela disponibilização de modelos de referenciação e o incentivo a práticas de

desempenho mais sustentáveis. Para a ADENE, a análise conjunta dos dados de referência em cada

certificado com os que resultam de um quadro de indicadores de desempenho estatístico para as

diferentes tipologias hoteleiras, poderá resultar numa simbiose que possibilite a afinação das

metodologias de cálculo actuais e produza uma caracterização mais precisa para cada uma delas.

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73

6 CONCLUSÕES

A revisão e a análise de diversos estudos assentes na temática da eficiência energética no

sector da hotelaria internacional possibilitaram a sistematização de um conjunto de indicadores

relevantes que caracterizam, de forma global, o desempenho energético de um hotel. Estes edifícios

são dotados de especificidades de serviços e aspectos técnicos que exigem elevados consumos de

energia e água. A normalização estabelecida, através de parâmetros físicos e operacionais,

nomeadamente, pela área interior útil, pelos níveis de ocupação (número de quartos ocupados,

clientes registados, número de refeições) resultou na elaboração de um quadro de indicadores de

desempenho. Obteve-se um instrumento de leitura simplificada e de ferramentas de referência

adequadas para a caracterização de cada unidade e a promoção de padrões de consumo. Destacam-

se os indicadores energéticos anuais normalizados por unidade de área útil como o parâmetro de

análise mais utilizado e consistente em processos de benchmarking. Conclui-se também da

importância de normalizar estes indicadores pelo número de GDA, por forma a adequar o consumo

dos hotéis com a sua respectiva zona climática. O quadro de indicadores de desempenho proposto

desenvolve-se em duas componentes gerais:

1) Valor dos indicadores tendo por base o consumo interno facturado;

2) Valor previsto por simulação dos consumos do edifício, desagregado pelos diversos usos e por

tipologia.

Para responder às necessidades de obtenção de uma leitura adequada do desempenho

energético de cada hotel, foi desenvolvida uma ferramenta de cálculo em EXCEL©Microsoft,

denominada “Mapa de Indicadores”. Após a recolha dos dados de entrada são devolvidos os

resultados na forma de um quadro de indicadores de base anual e/ou mensal para as vertentes da

energia eléctrica e não eléctrica (gás natural ou outros), para o consumo de água e para as emissões

de CO2. A aplicação da metodologia de tratamento de informação revelou-se uma solução adequada,

na medida em que é solicitada uma introdução de um conjunto de dados, de uma forma expedita,

tendo por base os registos internos dos consumos facturados, dos perfis de ocupação e a selecção

dos diversos usos de energia: Aquecimento, Arrefecimento, Iluminação e AQS para as diferentes

tipologias do edifício. Destaca-se uma nota apreciativa ao novo Regulamento do SCE, em vigor

desde 2013, que incorpora nos certificados energéticos uma apresentação e leitura da informação

mais ajustada para o consumidor final.

No entanto, a ferramenta de cálculo apresenta alguns obstáculos de operação, entre as quais

as seguintes limitações:

1) Tratamento prévio de informação para os hotéis certificados ao abrigo do antigo Regulamento

para preenchimentos dos campos relacionados com os consumos nominais;

2) Dependência do grau de detalhe da informação interna disponível, relativamente aos consumos

facturados, para o cálculo devidamente dimensionado dos indicadores energéticos.

Page 90: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

74

Na persecução do objectivo de validar a metodologia de cálculo da ferramenta, esta foi

aplicada detalhadamente ao caso de estudo do Hotel InterContinental Lisbon. A validação de

resultados através da comparação entre os indicadores de desempenho facturados com os previstos

na certificação, revelou-se bastante satisfatória registando-se desvios relativos para os consumos

eléctricos de 9,5% e 0,77%, para os dois períodos de estudo 2007-2009 e 2011-2013

respectivamente. A estimativa do desvio aumentou para o consumo de gás natural devido à

identificação de um erro nos valores apresentados para as necessidades de Aquecimento no

certificado energético do Hotel. Entende-se que a validade de 6 anos atribuída aos certificados

energéticos garante a fiabilidade de resultados, durante este período, relativamente ao desvio

comparativo entre os indicadores facturados e previstos.

Concluiu-se também da relevância da leitura integral dos consumos de um hotel.

Recomenda-se a aplicação de um quadro de indicadores de desempenho, para apoio à gestão e

decisão por parte dos órgãos administrativos, considerando-se as seguintes linhas gerais destacadas

pelo caso de estudo:

1) Identificação de padrões ou perfis de consumos sazonais e anuais;

2) Relação entre a flutuação de consumos, relativos às necessidades de energia e água, e a

variação das condições climáticas ao longo do ano;

3) Avaliação da eficiência do funcionamento dos sistemas técnicos e logísticas de operação em

função das exigências de ocupação;

4) Percepção do impacto resultante de tomadas de decisão para a eficiência energética através da

análise comparativa da flutuação dos indicadores em meses homólogos.

No diagnóstico dos processos envolvidos deve-se reconhecer que o consumo total de um

hotel também engloba os gastos não quantificáveis, associados a factores internos (logísticas

próprias de operação nas cozinhas ou copas, serviços de manutenção, número de conferências e

eventos) que estabelecem acréscimos ao valor dos indicadores. Recomenda-se aos hotéis, para uma

quantificação mais precisa dos indicadores de desempenho, a instalação de um maior número de

contadores parciais para registo detalhado dos consumos internos.

A sistematização de uma matriz “Cliente Tipo”, baseada nos consumos normalizados pelo

número de clientes, não representa o valor real que cada um gasta, mas sim a estimativa de quanto é

que o hotel tem de disponibilizar por cada cliente que aloja. A sua utilidade pode expressar-se em

quatro áreas:

1) Maior flexibilidade na categorização de perfis específicos e na leitura perceptível dos níveis de

eficiência e desempenho energético para apoio à tomada de decisão;

2) Uso da matriz como base de referenciação e comparação entre unidades de diferentes

tipologias;

3) Incorporação de informação que esteja ajustada a um nível de maior sensibilização ambiental

dos clientes. Na escolha de um hotel, a apresentação de um perfil mais ecológico traduz-se

também num comportamento mais responsável durante a sua estadia

Page 91: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

75

Pela análise do panorama nacional actual para os “empreendimentos turísticos de 4 ou mais

estrelas” concluiu-se que as unidades localizadas nos municípios mais a norte do país apresentam

maiores consumos específicos para satisfazerem as necessidades de Aquecimento e Arrefecimento,

em resultado de condições climatéricas mais adversas. Verificou-se também que, salvo raras

excepções, os hotéis que são dotados de serviços de spa, de instalações desportivas, de ginásios e

grandes espaços para eventos e conferências, distinguem-se naturalmente dos que não possuem

esses serviços. Em termos comparativos expressam-se por um consumo adicional de 118% nos

consumos para Aquecimento e 72% para Arrefecimento. Estes valores estão associados a estruturas

e serviços técnicos de climatização e produção de AQS e podem sustentar a iniciativa de uma

avaliação mais exaustiva da eficiência dos sistemas de produção de energia térmica por partes das

unidades hoteleiras.

O estudo realizado com um levantamento estatístico, que incidiu em 13 unidades hoteleiras

de 4 e 5 estrelas, conduziu a uma percepção da importante complementaridade deste projecto. Esta

abordagem permite aos hotéis compararem os resultados da sua matriz interna com um quadro de

indicadores de desempenho de um perfil médio de referência para a respectiva tipologia, contribuindo

para a definição de eixos de actuação. Com base nos estudos de caso é possível tecer algumas

considerações importantes sobre os dados estatísticos apurados, nomeadamente:

1) Os consumos específicos dos hotéis de 5 estrelas são, em média, superiores aos hotéis de 4

estrelas, resultado de taxas médias de ocupação diárias amplamente superiores e do

compromisso com requisitos de serviços mais exigentes;

2) Os gastos de energia eléctrica representam em média 64% dos consumos totais facturados;

3) Calculou-se um intervalo do consumo específico total facturado entre os 150-220 kWh/m2.ano

com uma média de consumos de 196,0 kWh/m2.ano para os hotéis de 5 e 165,9 kWh/m

2.ano

para os de 4 estrelas;

4) Os consumos específicos de Iluminação e Aquecimento destacam-se como determinantes no

padrão de consumo energético para os hotéis de 5 e 4 estrelas;

5) O tamanho da população estudada para as duas tipologias não foi relevante para concluir com

precisão quanto a um valor padrão médio nacional dos indicadores calculados;

6) A falta de contadores parciais para um registo dos consumos internos, sobretudo nos hotéis de 4

estrelas, resulta numa menor capacidade de entender o desempenho energético do edifício e

adopção de estratégias de racionalização energética mais eficientes.

Em trabalhos futuros sugere-se a aplicação a mais casos de estudo e em diferentes cenários,

de modo a obter-se uma população estatística mais relevante, resultando, consequentemente, numa

confiança acrescida na qualidade de resultados. Seria importante conseguir mais exemplos de hotéis

em diversos municípios do país, para traçar um mapa energético nacional completo e realçar a

importância de normalização em função da variabilidade climática. Uma análise mais aprofundada

permitirá destacar a relação com outros parâmetros de influência tais como: número de eventos e

conferências, zonas de lazer/desportivas em função do espaço dedicado, e a correspondência com

as regiões onde há maior oferta de quartos, mais estabelecimentos turísticos ou, ainda, com os

Page 92: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

76

meses de maior adesão de turistas. Alguns aspectos poderão ser aprofundados tais como os “deltas

característicos” que diferenciam as unidades de 4 e 5 estrelas para os diversos usos de energia.

Sugere-se também a atribuição de uma classificação ao hotel segundo o desempenho

“Cliente Tipo” e a disponibilização junto das entidades consumidoras, como, por exemplo, em sites de

reserva de hotéis podendo o usuário filtrar e ordenar os resultados da sua pesquisa por hotéis mais

“eficientes por cliente”. Ainda, outro aspecto importante para efeitos de sensibilização dos clientes

para um conjunto de boas práticas ambientais, que durante a sua estadia, lhes fosse permitido o

acesso a informações sobre alguns indicadores de desempenho do hotel, melhorando a relação de

confiança entre o hotel e o cliente. Caso haja um sistema de monitorização detalhado por quarto, no

final da estadia seria possível comparar os seus consumos com os indicadores de desempenho

médios do hotel e, caso resultassem em valores menores, o cliente seria recompensado pelo seu

comportamento exemplar.

Finalmente propõem-se a recolha da opinião das entidades gestoras dos hotéis quanto à

utilização desta ferramenta de cálculo, às mais-valias identificadas e a sugestões de melhoria.

A disponibilização deste tipo de informação a entidades gestoras como a ADENE poderá

levar ao reajuste das metodologias de cálculo e à detecção de possíveis equívocos, motivando a

reavaliação, ou ajustamento de alguns parâmetros nos certificados energéticos dos hotéis cujos

valores dos indicadores se destaquem de forma não expectável, face a um valor médio calculado

para a respectiva tipologia.

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77

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A

ANEXO A – FERRAMENTA DE CÁLCULO EXCEL

Figura A.1 - Folha de inserção de consumos facturados

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B

Figura A.2 - Folha de inserção de consumos nominais obtidos por certificação energética

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C

Figura A.3 - Folha da matriz de indicadores de desempenho final

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D

ANEXO B

InterContinental Lisboa (consumo nominal, classe energética C)

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS

(RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante

Tipologia Consumo

[kgep/ano]

Percentagem

[%]

Consumo

[kgep/ano]

Percentage

m [%]

Aquecimento 25.284 2,0 446 1,1

Arrefecimento 326.604 25,2 5.760 13,6

Iluminação 367.827 28,4 6.487 15,3

Ilum. Exterior 63.407 4,9 1.153 0,0

Equip.Eléctricos 61.681 4,8 0 0,0

Equip. Gás 10.138 0,8 0 0,0

Elevadores 222.387 17,2 0 63,7

Ventilação (UTAs + VC) 53.635 4,1 946 2,2

Bombas 64.560 5,0 0 0

AQS 99.636 7,7 1.757 4,1

Área [m2] 20.589,3 Área [m

2] 363,1

Espaço Complementar - Estacionamento

Certificação Horas Func. Consumo

[W/m2]

Consumo

[kWh/ano]

Percentage

m [%]

Iluminação 3640 13 45.336 26,5

Equipamentos 3640 7 24.412 14,3

Ventilação 3640 29 101.135 59,2

TOTAL 170.883 kWh/ano Área [m2] 3.487,4

Espaço Complementar - Cozinha

Certificação Horas Func. Consumo

[W/m2]

Consumo

[kWh/ano]

Percentage

m [%]

Iluminação 2184 32 10.966 5,4

Equip.Eléctricos 2184 348 119.260 58,5

Equip. Gás 2184 198 67.855 33,3

Ventilação 2184 17 5.826 2,9

TOTAL 203.907 kWh/ano Área [m2] 342,7

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5

estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha

Tipologia Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%]

Aquecimento 294.002 5,3 5.186 7,3 0 0,0 0 0,0

Arrefecimento 1.126.220 20,3 19.863 27,9 0 0,0 0 0,0

Iluminação 1.126.369 22,9 22.370 31,5 45.336 26,5 10.966 5,4

Ilum. Exterior

1.702.810 30,7 3.261 4,6 125.546 73,5 192.940 94,6

Equip.Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 1.158.554 20,9 20.433 28,7 0 0,0 0 0,0

TOTAL 5.549.955 92,6 71.113 1,2 170.883 2,9 203.907 3,4

Notas:

1) Os valores de Iluminação interior e exterior estavam trocados entre si. São apresentados no “Anexo VII – Resultados da Simulação Nominal (Software DesignBuilder/ EnergyPlus)”, pág. 199 do relatório de Auditoria Energética e da QAI.

2) Consumo associado aos sistemas de bombagem na tipologia de “Hotel de 4 e 5 estrelas” extraído da Tabela 2.2.2 – Desagregação dos Consumos Energéticos por Utilizador Final (condições nominais), pág. 103, por não se encontrar inserido no Anexo VII.

3) Consumos energéticos de Ventilação como a soma dos consumos associados às UTA‟s e VC. 4) Consumos dos Elevadores na tipologia “Restaurante” considerados como

equívoco na apresentação de resultados, pois o restaurante do hotel não

possui nenhum elevador. Foram somados aos consumos de energia para a

tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”.

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E

ANEXO C

InterContinental Lisboa (consumo real, classe energética C)

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante

Tipologia Consumo [kgep/ano]

Percentagem [%]

Consumo [kgep/ano] Percentagem

[%]

Aquecimento 32.019 2,8 582 2,6

Arrefecimento 341.745 30,0 6.212 27,9

Iluminação 367.720 32,3 6.306 28,3

Ilum. Exterior 23.107 2,0 0 0,0

Equip.Eléctricos 105.749 9,3 0 0,0

Equip. Gás 0 0,0 0 0,0

Elevadores 10.963 1,0 0 0,0

Ventilação (UTAs + VC)

100.562 8,8 1.820 8,2

Bombas 113.761 10,0 2.031 9,1

AQS 43.790 3,8 5.315 23,9

Área [m2] 20.589,3 Área [m

2] 363,1

Espaço Complementar - Estacionamento

Certificação Horas Func. Consumo

[W/m2]

Consumo [kWh/ano]

Percentagem [%]

Iluminação 3640 18 62.773 33,3

Equipamentos 3640 7 24.412 13,0

Ventilação 3640 29 101.135 53,7

TOTAL 188.320 kWh/ano Área [m2] 3.487,4

Espaço Complementar - Cozinha

Certificação Horas Func. Consumo [W/m2]

Consumo [kWh/ano]

Percentagem [%]

Iluminação 2184 32 10.966 5,4

Equip.Eléctricos 2184 349 119.602 58,7

Equip. Gás 2184 197 67.512 33,1

Ventilação 2184 17 5.826 2,9

TOTAL 203.907 kWh/ano Área [m2] 342,7

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5

estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha

Tipologia Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%]

Aquecimento 372.313 8,2 6.768 5,7 0 0,0 0 0,0

Arrefecimento 1.178.430 25,9 21.422 18,2 0 0,0 0 0,0

Iluminação 1.128.000 27,8 21.745 18,4 62.773 33,3 10.966 5,4

Ilum. Exterior

1.228.180 27,0 6.277 5,3 125.546 66,7 192.940 94,6

Equip.Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 509.189 11,2 61.803 52,4 0 0,0 0 0,0

TOTAL 4.556.112 89,9 118.015 2,3 188.320 3,7 203.907 4,0

Notas:

1) Ao contrário da análise nominal para o hotel, no “Anexo VIII – Resultados da Simulação Real (Software DesignBuilder/ EnergyPlus)” não foi considerado o consumo de iluminação exterior na tipologia “Restaurante”. De facto, verificou-se que à entrada do restaurante do hotel possui iluminação exterior durante aproximadamente 6 horas diárias. A quantidade de iluminação e o número de horas por ano é considerado um valor residual.

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F

ANEXO D

InterContinental Lisboa (consumo nominal, classe energética B-)

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5

estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha

Tipologia Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%]

Aquecimento 330.673 6,9 5.422 5,6 0 0,0 0 0,0

Arrefecimento 370.326 / 1.178.430

7,7 / 24,4

21.422 22,2 0 0,0 0 0,0

Iluminação 1.011.352 21,0 22.174 23,0 22.214 14,9 12.353 6,2

Ilum. Exterior 117.882 2,4 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Equip.Eléctricos 1.203.516 24,9 20.231 21,0 25.385 17,0 67.795 34,0

Equip. Gás 0 0,0 0 0,0 0 0,0 119.483 59,9

Elevadores 43.795 0,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Ventilação 403.342 8,4 4.046 4,2 101.541 68,1 0 0,0

Bombas 199.991 4,1 0 0,0 0 0,0 0 0,0

AQS 336.338 7,0 23.269 24,1 0 0,0 0 0,0

TOTAL 4.825.319 91,6 96.564 1,8 149.140 2,8 199.631 3,8

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 4.100.985 kWh/ ano

2013 3.945.859 kWh/ano

2014 3.934.349 kWh/ano

GÁS NATURAL

2012 1.655.885 kWh/ ano

2013 1.623.517 kWh/ano

2014 1.516.941 kWh/ano

Cozinha 40.698 m

3/

ano Cozinha 34.424

m3/

ano Cozinha 32.378 m

3/ano

Central Térmica

98.452 m

3/

ano Central Térmica

102.006 m

3/

ano Central Térmica

95.096 m3/ano

Outros - m

3/

ano Outros -

m3/

ano Outros - m

3/ano

ÁGUA

2012 39.285 m

3/

ano 2013 39.248

m3/an

o 2014 41.486 m

3/ano

Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]

Quartos Cozin

ha Outros SPA

Lavandaria

64% 8% 8% - -

Notas:

1) Área interior útil: 24.782 m2

2) Detectou-se um erro relativamente ao consumo associado às necessidades de arrefecimento na tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”, na “Adenda n.º1 do Relatório de Auditoria Energética e da QAI”. Nesta Adenda, o valor assumido para o é de 370.326 kWh/ano, equivalendo a uma redução muito significativa das necessidades de arrefecimento somente por acção consequente da alteração da iluminação proposta. Entendeu-se que este valor era um equívoco e considerou-se o valor para o Arrefecimento de 1.178.430 kWh/ano que é o valor original do Relatório de Auditoria para a simulação real. Apesar de este valor poder estar sobredimensionado, é substancialmente mais próximo do valor real.

3) Na Adenda é apresentado um consumo energético devido aos sistemas de bombagem para a tipologia “Restaurante”. Além de não fazer sentido associar este valor à tipologia do Restaurante, nas simulações nominais e reais apresentadas no Relatório de Auditoria ele nunca o é apresentado. Assim, o consumo das “Bombas” foi somado à tipologia “Hotel de 4 e 5 estrelas”.

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G

ANEXO E

- HÓTEIS DE TIPOLOGIA 5 ESTRELAS –

Hotel B

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante

Tipologia Consumo [kgep/ano]

Percentagem [%]

Consumo [kWh/ano] Percentagem

[%]

Aquecimento 38.900 4,8 5.422 5,6

Arrefecimento 125.908 15,6 21.422 22,2

Iluminação 156.176 19,3 22.174 23,0

Ilum. Exterior 12.007 1,5 0 0,0

Equip.Eléctricos 231.446 28,6 20.231 21,0

Equip. Gás 0 0,0 0 0,0

Elevadores 6.423 0,8 0 0,0

Ventilação (UTAs + VC)

80.531 9,9 4.046 4,2

Bombas 143.872 17,8 0 0,0

AQS 14.251 1,8 23.269 24,1

Área [m2] 18.500,74 Área [m

2] 253,77

Espaço Complementar - Estacionamento

Certificação [kgep/ano] [kWh/ano] Área [m

2]

30.459 105.031 1.940,49

Espaço Complementar - Cozinha

Certificação Horas Func. Consumo [W/m2]

Consumo [kWh/ano]

Percentagem [%]

Iluminação 2.200 32 21.366 11,0

Equip.Eléctricos 2.200 159,8 106.695 55,1

Equip. Gás 2.200 90,2 60.225 31,1

Ventilação 2.200 8 5.341 2,8

TOTAL 193.627 kWh/ano Área [m2] 303,49

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5

estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha

Tipologia Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%]

Aquecimento 452.320 14,0 5.422 5,6 0 0 0 0

Arrefecimento 434.166 13,5 21.422 22,2 0 0 0 0

Iluminação 538.538 16,7 22.174 23,0 105.031 100 21.366 11,0

Ilum. Exterior

1.635.445 50,7 24.277 25,1 0 0 172.261 89,0

Equip.Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 165.713 5,1 23.269 24,1 0 0 0

TOTAL 3.226.182 89,1 96,564 2,7 105.031 2,9 193.627 5,3

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 2.484.818 kWh/ ano

2013 2.291.091 kWh/ ano

2014 2.880.357 kWh/ ano

GÁS NATURAL

2012 1.910.6

93 kWh/ ano

2013 1.927.1

66 kWh/ ano

2014 1.752.0

01 kWh/ ano

Cozinha 16.706 m3/ano Cozinha 17.593 m

3/ano Cozinha 16.781 m

3/ano

Central Térmica

143.857

m3/ano

Central Térmica

144.354 m3/ano

Central Térmica

130.446 m3/ano

Outros - m3/ano Outros - m

3/ano Outros - m

3/ano

ÁGUA

2012 20.100 m3/ano 2013 19.675 m

3/ano 2014 21.413 m

3/ano

Divisão percentual do consumo total de

água no Hotel [%]

Quartos Cozinha Outros SPA Lavand.

76% 24% - - -

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H

Notas:

1) Área interior útil: 20.999 m2

2) Por falta de informação relativamente ao consumo associado ao Restaurante, optou-se por adoptar os mesmos valores do InterContinental Lisboa, dada a semelhança de área e de standards de funcionamento.

3) No espaço complementar da Cozinha, utilizaram-se os valores padrão de referência de utilização representados no RSECE (Anexo XV), para os perfis de Iluminação e Ventilação e para as Horas de Funcionamento, uma vez que na certificação energética não estavam mencionados os seus valores correspondentes.

4) Na tipologia de Estacionamento, o valor apresentado na certificação não explicita se está relacionado unicamente com a Iluminação. Considerou-se assim este valor, notando que uma parte está relacionada com a Ventilação do espaço.

Hotel C

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 4.851.135 kWh/

ano 2013 4.968.462

kWh/

ano 2014 5.053.236

kWh/

ano

GÁS NATURAL

2012 5.308.340 kWh/

ano 2013 4.589.700

kWh/

ano 2014 4.240.625

kWh/

ano

Cozinha 55.720 m

3/

ano Cozinha 52.851

m3/

ano Cozinha 58.697

m3/

ano

Central

Térmica 295.239

m3/

ano

Central

Térmica 244.403

m3/

ano

Central

Térmica 201.548

m3/

ano

Lavand. 95.120 m

3/

ano Lavand. 88.267

m3/

ano Lavand. 96.110

m3/

ano

ÁGUA

2012 48.517 m

3/

ano 2013 49.349

m3/

ano 2014 50.411

m3/

ano

Divisão percentual do consumo total de

água no Hotel [%]

Quartos Cozi

nha Outros SPA

Lavan

daria

62% 12% - - 17%

Notas:

1) Área interior útil: 46.796,4 m2

2) O hotel não foi certificado energeticamente pois é considerado “monumento nacional”.

3) A partir do mapa detalhado de consumos internos foi elaborado uma análise dos consumos registados e associação aos diferentes usos de energia e necessidades.

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante

Tipologia Consumo [kWh/ano] [%] Consumo [kWh/ano] [%]

Aquecimento 1.961.683 29,3 0 0

Arrefecimento 1.084.912 16,2 0 0

Iluminação 753.881 11,3 894.067 44,3

Ilum. Exterior

1.921.622 28,6 458.222 22,7

Equip.Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 980.841 14,7 664.054 32,9

TOTAL 6.693.939 76,9 2.016.343 23,1

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

Lavandaria (Equip. eléctricos)

- 108.444 -

Lavandaria - - 93.166

SPA - 214.680 -

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I

4) Os consumos complementares de energia eléctrica associados ao funcionamento da lavandaria e SPA e o consumo complementar de gás natural associado ao funcionamento da lavandaria foram retirados aos valores facturados para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.

5) Os mapas de consumo interno não permitem detalhar e separar a quantidade de gás natural utilizado para o funcionamento do SPA. Deste modo, o valor dos indicadores de desempenho de gás natural está sobredimensionado.

6) As caldeiras produzem água quente para consumo e para efeitos de climatização. Não é possível identificar a percentagem associada de gás natural para esses fins. Estimou-se, através dos consumos de pico de Verão, que, estando as condutas de climatização para aquecimento desligadas, os consumos registados relacionam-se directamente com a água quente para consumo. O valor base é estimado para diferentes taxas de ocupação. A diferença é o consumo para climatização. Concluiu-se 1/3 para AQS e 2/3 para climatização.

Hotel D

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante

Tipologia Consumo [kgep/ano]

Percentagem [%]

Consumo [kgep/ano] Percentagem

[%]

Aquecimento 3.393 0,3 0 0

Arrefecimento 175.550 16,3 0 0

Iluminação 416.553 38,7 - -

Ilum. Exterior - - 0 0

Equip.Eléctricos 339.780 31,6 13.999 100

Equip. Gás 0 0 0 0

Elevadores 0 0 0 0

Ventilação (UTAs + VC)

101.921 9,5 0 0

Bombas 12.251 1,1 0 0

AQS 25.559 2,4 0 0

Área [m2] 17.907 Área [m

2] 1.470

Espaço Complementar - Estacionamento

Certificação Consumo [kgep/ano]

Consumo [kWh/ano]

Percentagem [%]

Equip.Eléctricos 21.274 73.359 20,1

Ventilação 84.756 292.262 79,9

TOTAL 365.621 kWh/ano Área [m2] 9.136

Espaço Complementar - Cozinha

Certificação Horas Func. Consumo [kgep/ano]

Consumo [kWh/ano]

Percentagem [%]

Equip.Eléctricos - 33.871 116.797 92,1

Ventilação - 2.899 9.997 7,9

TOTAL 126.793 kWh/ano Área [m2] 571

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5

estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha

Tipologia Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%]

Aquecimento 39.453 1,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Arrefecimento 605.345 15,9 0 0,0 0 0,0 0 0,0

Iluminação 1.436.390 37,7 0 0,0 73.359 16,7 0 0,0

Ilum. Exterior

1.565.352 41,1 48.272 100 365.621 83,3 126.793 100

Equip.Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 159.361 4,2 0 0,0 0 0,0 0 0,0

TOTAL 3.805.900 86,1 48.272 1,1 438.979 9,9 126.793 2,9

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

Piscinas 16.493 173.645 13.938

Lavandaria 28.877 99.576

Solar Térmico - 137.837 11.573

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J

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 - kWh/ ano

2013 3.573.957 kWh/ ano

2014 4.364.208 kWh/ ano

GÁS NATURAL

2012 - kWh/ ano

2013 2.219.005 kWh/ano

2014 2.786.361 kWh/ ano

Cozinha - m3/ano Cozinha 12.388

m3/

ano Cozinha 18.719

m3/

ano

Central Térmica

- m3/ano

Central Térmica

174.083 m

3/

ano Central Térmica

215.429 m

3/

ano

Outros - m3/ano Outros -

m3/

ano Outros -

m3/

ano

ÁGUA

2012 - m3/ano 2013 24.326

m3/

ano 2014 48.376

m3/

ano

Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]

Quartos Cozinha

Outros SPA Lavandaria

50% 50% - - -

Notas:

1) Área interior útil: 34.760 m2

2) Os valores médios são relativos ao ano de 2013 (ano de abertura) e 2014. Optou-se por incluir o hotel no estudo estatístico por representar um modelo recente nas soluções adoptadas de construção e de tecnologias de operação.

3) O valor apresentado na certificação energético relativamente ao consumo de electricidade na iluminação interior é muito elevado. Interpreta-se que, ou se deve a um equívoco e poderá estar contemplado também o consumo da iluminação exterior, ou o valor indicado deveria estar em unidades de energia final. Este hotel destaca-se por adoptar opções de iluminação muito eficientes, através do uso de tecnologia fluorescente e LED.

4) O valor do consumo energético associado às necessidades de Aquecimento é muito reduzido comparativamente ao valor expectável.

5) Não foi possível ceder os dados do consumo facturado de gás natural dividido por consumos na central térmica, cozinhas e spa, etc. O hotel possui apenas dois contadores de gás (para a central térmica e para a Cozinha). Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados.

6) Não havendo possibilidade de desagregar o consumo de gás natural, entende-se que o consumo “por cliente” ou “por quarto” inclui os consumos da lavandaria e das duas piscinas (uma indoor e outra outdoor).

7) Na certificação não são apresentados os consumos associados ao funcionamento dos elevadores.

8) Os dados dos consumos internos fornecidos de electricidade, gás natural e água são muito gerais devido à falta de instalação de contadores no edifício. Deste modo os indicadores de desempenho calculados estão sobredimensionados.

9) Os consumos complementares de energia associados ao funcionamento da lavandaria e piscinas foram retirados ao valor facturado para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.

10) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS

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K

Hotel E

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de

4 e 5 estrelas

Área [m

2] Cozinhas

Área [m

2] Restau.

Área [m

2] Estac.

Área [m

2]

20.823 939 822 1.762

Tipologia Consumo kWh/ano

[%] Consumo kWh/ano

[%] Cons.

kWh/ano [%]

Cons. kWh/ano

[%]

Aquec. 1.069.054 16,0 263.382 15,0 140.281 34,0 0 0,0

Arref. 2.138.108 32,0 403.852 23,0 123.777 30,0 0 0,0

Iluminaçã

o 1.135.870 17,0 52.676 3,0 28.881 7,0 16.759 42,0

Ilum. Exterior

400.895 6,0 948.175 54,0 119.651 29,0 23.143 58,0

Equip. Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 1.937.660 29,0 87.794 5,0 0 0 0 0,0

TOTAL 6.681.587 75,2 1.755.879 19,8 412.591 4,6 39.903 0,4

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

SPA – Eléctrico

- 572.800 -

SPA - Térmico - 117.320 9.851

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 3.350.980 kWh/ano

2013 3.273.621 kWh/ ano

2014 3.461.102 kWh/ ano

GÁS NATURAL

2012 3.737.409 kWh/ano

2013 3.639.841 kWh/ ano

2014 3.769.385 kWh/ ano

Cozinha 128.768 m

3/

ano Cozinha 125.406

m3/

ano Cozinha 129.870

m3/

ano

Central Térmica

185.300 m

3/

ano Central Térmica

180.463 m

3/

ano Central Térmica

186.885 m

3/

ano

ÁGUA

2012 42.157 m3/ano 2013 42.092 m

3/ano 2014 45.116 m

3/ano

Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]

Quartos Coz. Outros SPA Lavand

.

- - - - -

Notas:

1) Área interior útil: 25.768 m2

2) Não foi possível obter os dados do consumo facturado de gás natural dividido por consumos na central térmica e cozinha. A informação facultada refere-se a um único contador geral de gás. Deste modo, adoptou-se o valor energético “Outros consumos” associado aos equipamentos a gás na tipologia Cozinha para calcular uma percentagem estimada de GN facturado.

3) O hotel não possui contadores parciais de água. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.

4) A climatização da sala do tanque de imersão do spa é assegurada por uma bomba de calor com recuperação de energia para o aquecimento da água da piscina e do ar da sala. O consumo eléctrico associado a estas necessidades foi calculado pela soma dos consumos apresentados no certificado energético do hotel para a tipologia “Clubes desportivos com piscina”.

5) Os consumos complementares de energia eléctrica e térmica associados ao funcionamento do spa foram retirados aos valores facturados respectivos para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.

Page 106: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

L

Hotel G

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de

4 e 5 estrelas

Área [m

2]

Cozinhas

Área [m

2] Club.

Desport. Psicina

Área [m

2] Armaz. e

Zonas Técn.

Área [m

2]

5.766 489 1.667 3.368

Tipologia Consumo

[kWh/ano] [%]

Consumo

[kWh/ano] [%]

Consumo

[kWh/ano] [%]

Consumo

[kWh/ano] [%]

Aquecimento 423.379 28,4 8.490 2,2 190.731 19,7 0 0,0

Arrefecimento 108.767 7,3 5.820 1,5 23.086 2,4 0 0,0

Iluminação 102.205 6,9 13.608 3,5 54.311 5,6 0 0,0

Ilum. Exterior

648.250 43,5 333.135 84,6 528.835 54,6 107.529 100

Equip.Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 207.321 13,9 32.579 8,3 180.991 17,7 0 0,0

TOTAL 1.489.922 50,4 393.632 13,3 967.954 32,7 107.529 3,6

Consumos complementares

Consumo eléctrico [kWh/ano] Consumo térmico [kWh/ano] Total [kWh/ano]

Club. Desport. com Piscina

606.182 361.722 967.904

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 1.325.324 kWh/ano

2013 1.440.511 kWh/ano

2014 1.411.726 kWh/ ano

GÁS NATURAL

2012 908.182 kWh/

ano 2013 2.953.022

kWh/

ano 2014 2.700.458

kWh/

ano

Cozinha 6.197 m

3/

ano Cozinha 10.315

m3/

ano Cozinha 11.644

m3/

ano

Central Térmica

100.428 m

3/

ano Central Térmica

268.001 m

3/

ano Central Térmica

245.466 m

3/

ano

Outros - m

3/

ano Outros -

m3/

ano Outros -

m3/

ano

ÁGUA

2012 7.388 m

3/

ano 2013 6.390

m3/

ano 2014 7.853

m3/

ano

Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]

Quartos Cozinha

Outros SPA Lavandaria

- - - - -

Notas:

1) Área interior útil: 11.290 m2

2) O hotel não possui contadores parciais de água. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.

3) Os consumos complementares de energia eléctrica e térmica que estão associados ao funcionamento do “Clube desportivo com piscina” foram retirados aos valores facturados respectivos para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.

Page 107: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

M

Hotel H

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5 estrelas Cozinha

Tipologia Consumo [kWh/ano]

Percentagem [%]

Consumo [kWh/ano] Percentagem

[%]

Aquecimento 773.427 17,3 0 0

Arrefecimento 243.188 5,4 0 0

Iluminação 1.332.797 29,8 - -

Ilum. Exterior 146.842 3,3 0 0

Equip.Eléctricos 706.841 15,8 673.490 95,9

Equip. Gás 0 0,0 0 0

Elevadores 307.126 6,9 0 0

Ventilação (UTAs + VC)

123.617 2,8 28.464 4,1

Bombas 344.828 7,7 0 0

AQS 488.073 10,9 0 0

Área [m2] 32.852,25 Área [m

2] 1.779,02

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

Lavandaria 130.270,94 449.210 -

Solar Térmico - 220.593 -

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 3.026.870 kWh/ano

2013 2.674.378 kWh/ano

2014 2.590.447 kWh/ ano

GÁS PROPANO

2012 1.091.238 kWh/ano

2013 894.266 kWh/ano

2014 887.788 kWh/ ano

Cozinha 52.800 kg/ ano

Cozinha 43.931 kg /ano

Cozinha 44.207 kg/ano

Central Térmica

34.290 kg/ ano

Central Térmica

27.439 kg/ ano

Central Térmica

26.646 kg/ano

Outros - kg/ ano

Outros - kg/ ano

Outros - kg/ano

ÁGUA

2012 43.622 m

3/

ano 2013 44.233

m3/

ano 2014 48.265

m3/

ano

Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]

Quartos Cozi

nha Outros SPA

Lavan

daria

- - - 1,5% -

Notas:

1) Área interior útil: 41.141 m2

2) As necessidades de Aquecimento e a produção de AQS são asseguradas por uma caldeira a gás propano. O factor multiplicativo de kg de gás propano para kWh térmicos é de 12,53. Este valor foi retirado da lista “Equivalências energéticas” do site da EDP Distribuição (www.edpgasdistribuicao.pt/index.php?id=484).

3) O hotel não possui contadores parciais de água. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector. O hotel possui um contador parcial para contagem dos consumos associados ao spa.

4) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS

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N

- HÓTEIS DE TIPOLOGIA 4 ESTRELAS -

Hotel I

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5 estrelas Restaurante

Tipologia Consumo [kgep/ano]

Percentagem [%]

Consumo [kgep/ano] Percentagem

[%]

Aquecimento 156.799 27,5 6.055 56,6

Arrefecimento 18.899 3,3 767 7,2

Iluminação 166.952 29,3 1.764 16,5

Ilum. Exterior 11.855 2,1 0 0,0

Equip.Eléctricos 170.870 30,0 2.105 19,7

Equip. Gás 0 0,0 0 0,0

Elevadores 4.234 0,7 0 0,0

Ventilação (UTAs + VC)

1.280 0,2 0 0,0

Bombas 7.456 1,3 0 0,0

AQS 31.717 5,6 0 0,0

Área [m2] 10.251,99 Área [m

2] 220,9

Espaço Complementar - Estacionamento

Certificação Horas Func. Consumo [kgep/ano]

Consumo [kWh/ano]

Percentagem [%]

Iluminação 4015 8.509 29.342 19,1

Equip.Eléctricos 4015 7.199 24.826 16,2

Ventilação 4015 28.798 99.306 64,7

TOTAL 153.474 kWh/ano Área [m2] 3.091,71

Espaço Complementar - Cozinha

Certificação Horas Func. Consumo [kgep/ano]

Consumo [kWh/ano]

Percentagem [%]

Iluminação 2190 988 3.408 2,3

Equip.Eléctricos 2190 25.591 88.244 58,3

Equip. Gás 2190 4.744 55.168 36,4

Ventilação 2190 1.330 4.589 3,0

TOTAL 151.409 kWh/ano Área [m2] 261,9

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5

estrelas Restaurante Estacionamento Cozinha

Tipologia Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%]

Aquecimento 540.686 24,3 20.878 56,6 0 0,0 0 0,0

Arrefecimento 65.169 2,9 2.646 7,2 0 0,0 0 0,0

Iluminação 575.697 25,9 6.084 16,5 29.342 19,1

3.408 2,3

Ilum. Exterior

674.811 30,3 7.257 19,7 124.132 80,9

148.001 97,7

Equip.Eléctr.

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 368.800 16,6 0 0,0 0 0,0 0 0,0

TOTAL 2.225.163 86,7 36.865 1,4 153.474 6,0 151.409 5,9

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

Piscina 7.456 25.711 -

Lavandaria - 64.817 -

Sistema Fotovoltaico

72.547 250.161 -

Solar Térmico - 260.888 -

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O

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 1.223.918 kWh/ano 2013 - kWh/ano 2014 - kWh/ano

GÁS NATURAL

2012 416.869 kWh/ano 2013 - kWh/ano 2014 - kWh/ano

Cozinha 8.057 m3/ano Cozinha - m

3/ano Cozinha - m

3/ano

Central Térmica

26.974 m3/ano

Central Térmica

- m3/ano

Central Térmica

- m3/ano

Outros - m3/ano Outros - m

3/ano Outros - m

3/ano

ÁGUA

2012 - m3/ano 2013 - m

3/ano 2014 - m

3/ano

Divisão percentual do consumo total de

água no Hotel [%]

Quartos Cozinha Outros SPA Lavandaria

- - - - -

Notas:

1) Área interior útil: 10.795 m2

2) Devido à limitada informação facultada, os valores de consumo facturados, número de quartos ocupados, número de clientes registados e taxa de ocupação são relativos apenas ao ano de 2012.

3) Não foi facultada informação relacionada com o consumo de água facturada, pelo que não foi possível calcular os indicadores desempenho respectivos.

4) As necessidades de aquecimento para climatização são asseguradas por sistemas VRV (Volume de Refrigerante Variável) com consumo eléctrico associado.

5) O sistema solar fotovoltaico funciona desde o final do 1º semestre de 2013 em regime de autoconsumo.

6) O sistema solar térmico funciona para preparação de AQS e apoio de aquecimento da piscina interior.

7) Os consumos complementares do solar térmico e fotovoltaico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS e Outros, respectivamente.

8) Os consumos complementares de energia associados ao funcionamento da lavandaria, piscinas, foram retirados ao valor facturado para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.

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P

Hotel J

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de

4 e 5 estrelas

Área [m2]

Cozinha Área [m

2]

Lavandaria Área [m

2]

3.065,83 148,87 51,74

Tipologia Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%]

Aquecimento 142.193 38,0 0 0,0 0 0,0

Arrefecimento 41.161 11,0 0 0,0 0 0,0

Iluminação 41.161 11,0 2.422 3,0 1.007 16,0

Ilum. Exterior

52.387 14,0 54.906 68,0 5.287 84,0

Equip.Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 97.290 26,0 23.416 29,0 0 0,0

TOTAL 374.191 81,1 80.744 17,5 6.294 1,4

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

Sistema Fotovoltaico

- 174.846 -

Solar Térmico - 20.803 -

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2011 315.783 kWh/ano 2012 299.176 kWh/ano 2013 322.184 kWh/ano

GASÓLEO e GÁS PROPANO

2011 254.516 kWh/ano 2012 217.162 kWh/ano 2013 144.472 kWh/ano

Cozinha - m3/ano Cozinha - m

3/ano Cozinha - m

3/ano

Central Térmica

21.370 m3/ano

Central Térmica

18.234 m3/ano

Central Térmica

12.130 m3/ano

ÁGUA

2011 - m3/ano 2012 -

m3/

ano 2013 -

m3/

ano

Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]

Quartos Cozinha Outros SPA Lavandaria

- - - - -

Notas:

1) Área interior útil: 3.266,44 m2

2) Não foi possível obter os dados do consumo facturado de gás natural dividido por consumos na central térmica e cozinha. A informação facultada refere-se a um único contador geral de gás. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.

3) Não foi facultada informação relacionada com o número de clientes registados nem água facturada, pelo que não foi possível calcular os indicadores desempenho respectivos.

4) As necessidades de aquecimento para climatização são asseguradas por sistemas VRV (Volume de Refrigerante Variável) com consumo eléctrico associado.

5) A preparação centralizada de AQS é através de duas caldeiras de apoio com queimadores a gasóleo e apoiada pelo sistema solar térmico que também garante o aquecimento da piscina.

6) O sistema solar fotovoltaico funciona em ligação à rede para venda. 7) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos

desagregados previstos, na categoria AQS 8) O consumo associado ao funcionamento da lavandaria foi retirado ao consumo

facturado para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.

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Q

Hotel K

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4

e 5 estrelas

Área [m2]

Cozinha Área [m

2]

Lavandaria Área [m

2]

5.181 154 141

Tipologia Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%] Consumo [kWh/ano]

[%]

Aquecimento 672.766 78,0 0 0,0 0 0,0

Arrefecimento 8.625 1,0 0 0,0 0 0,0

Iluminação 25.876 3,0 2.407 2,0 335 1,0

Ilum. Exterior

86.252 10,0 103.515 86,0 33.199 99,0

Equip.Eléctricos

Equip. Gás

Elevadores

Ventilação

Bombas

AQS 69.002 8,0 14.444 12,0 0 0,0

TOTAL 862.521 84,9 120.366 11,8 33.534 3,3

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

Sistema Fotovoltaico - 174.846 -

Solar Térmico - 25.300 -

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2011 - kWh/ ano

2012 - kWh/ ano

2013 286.960 kWh/ ano

GASÓLEO, GÁS PROPANO e BIOMASSA

2011 - kWh/ ano

2012 - kWh/ ano

2013 726.331 kWh/ ano

Cozinha - m3/ano Cozinha - m

3/ano Cozinha - m

3/ano

Central Térmica

- m3/ano

Central Térmica

- m3/ano

Central Térmica

60.985 m3/ano

Outros - m3/ano Outros - m

3/ano Outros - m

3/ano

ÁGUA

2011 - m3/ano 2012 - m

3/ano 2013 - m

3/ano

Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]

Quarto Cozi nha

Outros SPA Lavanda

ria

- - - - -

Notas:

1) Área interior útil: 5.369,20 m2

2) Não foi possível obter os dados do consumo facturado de gás natural dividido por consumos na central térmica e cozinha. A informação facultada refere-se a um único contador geral de gás. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.

3) Devido à limitada informação facultada, os valores de consumo facturados, número de quartos ocupados registados e taxa de ocupação são relativos apenas ao ano de 2013.

4) Não foi facultada informação relacionada com o número de clientes registados nem água facturada, pelo que não foi possível calcular os indicadores desempenho respectivos.

5) A preparação centralizada de AQS e de aquecimento para climatização é através de duas caldeiras de apoio com queimadores a gasóleo, uma caldeira nova de biomassa e apoiado pelo sistema solar térmico.

6) O sistema solar fotovoltaico funciona em ligação à rede para venda. 7) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos

desagregados previstos, na categoria AQS 8) O consumo associado ao funcionamento da lavandaria foi retirado ao consumo

facturado para efeitos de homogeneização entre os hotéis em estudo.

Page 112: Metodologia integrada de gestão de energia em hotelaria · O sector do turismo em Portugal representa uma importante contribuição para a economia ... de modo a proporcionar maiores

R

Hotel L

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5 estrelas

Tipologia Consumo

[kgep/ano]

Percentagem

[%] Consumo [kWh/ano] Percentagem [%]

Aquecimento 30.167 11,1 350.779 27,5

Arrefecimento 44.537 16,5 153.576 12,0

Iluminação 92.870 34,3 320.241 25,1

Ilum. Exterior 11.946 4,4

315.446 24,7

Equip.Eléct 79.533 29,4

Equip. Gás - -

Elevadores - -

Ventilação (UTAs + VC)

- -

Bombas - -

AQS 11.612 4,3 135.023 10,6

Área [m2] 5.076 TOTAL 1.275.065

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

Solar Térmico - 35.873 -

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 1.014.789 kWh/ ano

2013 948.307 kWh/ano

2014 910.844 kWh/ ano

GÁS NATURAL

2012 730.731 kWh/ ano

2013 709.680 kWh/ano

2014 637.078 kWh/ ano

Cozinha - m

3/

ano Cozinha -

m3/

ano Cozinha -

m3/

ano

Central Térmica

61.406 m

3/

ano Central Térmica

59.637 m

3/

ano Central Térmica

53.536 m

3/

ano

Outros - m

3/

ano Outros -

m3/

ano Outros -

m3/

ano

ÁGUA

2012 8.310 m

3/

ano 2013 8.460

m3/

ano 2014 8.424

m3/

ano

Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]

Quartos Cozin

ha Piscina SPA

Lavandaria

73% 17% - - -

Notas:

1) Área interior útil: 8.103 m2

2) O relatório de certificação do hotel só menciona os consumos relacionados com a tipologia “Hotel 4 e 5 estrelas”.

3) O hotel não possui contadores parciais de gás natural. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.

4) O consumo associado à iluminação exterior não é apresentado na certificação energética. Foi calculado com base no valor de potência instalada mencionado na certificação e no horário de funcionamento prestado pelo hotel.

5) O sistema solar térmico apoia a preparação centralizada de AQS. Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS

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S

Hotel M

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS PREVISTOS (RESULTADOS DOS CE’S)

Hotel de 4 e 5 estrelas

Tipologia Consumo

[kgep/ano]

Percentagem

[%] Consumo [kWh/ano]

Percentagem

[%]

Aquecimento 72.391 7,1 249.624 6,5

Arrefecimento 40.357 3,9 139.162 3,6

Iluminação 422.489 41,2 1.456.859 37,8

Ilum. Exterior - -

1.534.755 39,8

Equip.Eléctricos 397.518 38,8

Equip. Gás - -

Elevadores 22.338 2,2

Ventilação (UTAs + VC)

25.223 2,5

Bombas - -

AQS 44.393 4,3 516.198 12,3

Área [m2] 2.522 TOTAL 3.853.859

Consumos complementares

Certificação [kgep/ano] Consumo [kWh/ano] Consumo [m3/ano]

Solar Térmico - 42.739 -

MAPA DE INSERÇÃO DE CONSUMOS FACTURADOS

ELECTRICIDADE

2012 387.832 kWh/ ano

2013 399.987 kWh/ano

2014 390.674 kWh/ ano

GÁS NATURAL

2012 165.017 kWh/ ano

2013 210.368 kWh/ano

2014 213.676 kWh/ ano

Cozinha - m3/ano Cozinha -

m3/

ano Cozinha -

m3/

ano

Central Térmica

13.867 m3/ano

Central Térmica

17.678 m

3/

ano Central Térmica

17.956 m

3/

ano

Outros - m3/ano Outros -

m3/a

no Outros -

m3/

ano

ÁGUA

2012 8.310 m3/ano 2013 8.460

m3/

ano 2014 8.424

m3/

ano

Divisão percentual do consumo total de água no Hotel [%]

Quartos Cozinha

Piscina SPA Lavandaria

74% 13% - - 7%

Notas:

1) Área interior útil: 3.589 m2

2) O relatório de certificação do hotel só menciona os consumos relacionados com a tipologia “Hotel 4 e 5 estrelas”.

3) O hotel não possui contadores parciais de gás natural. A informação interna apresenta apenas os consumos do contador geral. Segundo apurado, o contador é da responsabilidade da entidade fornecedora e não é possível, por motivos de segurança e licenciamento, a instalação de contadores internos. Deste modo, os indicadores de desempenho resultantes estão sobredimensionados pois não é possível aferir os consumos por tipologia ou sector.

4) O valor apresentado na certificação energético relativamente ao consumo de electricidade na iluminação interior é muito elevado. Interpreta-se que, ou se deve a um equívoco e poderá estar contemplado também o consumo da iluminação exterior, ou o valor indicado deveria estar em unidades de energia final. Este hotel destaca-se pelas soluções de sustentabilidade ambientar e por adoptar opções de iluminação muito eficientes, através do uso de tecnologia fluorescente e LED.

5) Os consumos complementares do solar térmico foram retirados aos consumos desagregados previstos, na categoria AQS