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    GRADUAO2011.2

    METODOLOGIA DA PESQUISAE ESTATSTICA ELEMENTAR

    AUTORA: FABIANA LUCI DE OLIVEIRA

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    Sumrio

    Metodologia da Pesquisa e Estatstica Elementar

    UNIDADE 1: CINCIA E MTODO CIENTFICO ............................................................................................................... 8

    UNIDADE 2: PESQUISA EMPRICA MTODO E TCNICAS ..........................................................................................17

    UNIDADE 3: ANLISE DE DADOS E ESTATSTICA.........................................................................................................33

    UNIDADE 4 :COMUNICAO ACADMICA ................................................................................................................. 42

    ANEXO I. AS RELAES ENGANOSAS....................................................................................................................... 45

    ANEXO II. O USO DE ESTATSTICAS E MATEMTICA NOS TRIBUNAIS ................................................................................ 48

    ANEXO III: FUNCIONAMENTO DO JUDICIRIO ........................................................................................................... 51

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    1 GIL, Antonio Carlos (1999). Mtodos eTcnicas de Pesquisa Social. So Paulo:Editora Atlas.

    2 Citao extrada da obra O Discurso

    do Mtodo, publicada em 1637 verDESCARTES Coleo Os Pensado-res, Editora Nova Cultural, 2004.

    I. APRESENTAO DO CURSO

    O curso de Metodologia de Pesquisa uma introduo linguagem cientfca eacadmica, e s bases metodolgicas da pesquisa em cincias humanas e sociais, entreas quais est o Direito.

    E o que pesquisa? Numa acepo simples, pesquisa a busca por respostas paraperguntas propostas. Segundo Gil (1999)1, o ser humano valendo-se de suas capaci-dades e dos seus sentidos sempre procurou conhecer o mundo, a natureza das coisase o comportamento das pessoas. E para isso ao longo dos sculos vem desenvolvendosistemas mais ou menos elaborados que o permitam atingir esse objetivo.

    Mas tanto os questionamentos levantados quanto o caminho para se responder sindagaes propostas devem ser sistemticos para produzir conhecimento cientfco.

    A pesquisa se constitui, portanto, em uma orma de produo de conhecimentocientfco. A partir da percepo de um problema terico ou prtico, o pesquisadorparte para a busca por conhecimento j produzido relacionado a este problema e suasistematizao, levantando questes e ormulando hipteses a serem testadas, az obser-vaes e coleta dados, para ento tirar concluses e produzir conhecimento novo.

    O curso objetiva justamente o desenvolvimento das competncias essenciais para oprocesso de pesquisa e produo de conhecimento, no se reduzindo apenas s habili-dades de interpretao, escrita e apresentao de trabalhos acadmicos.

    Ao aprendizado destas competncias chamaremos treinamento em metodologia depesquisa. A metodologia de pesquisa implica conhecimentos e habilidades necessrios

    ao pesquisador para a orientao do processo de planejamento e construo do pro-blema, investigao, seleo de conceitos, hipteses, tcnicas de coleta e observao dedados adequados.

    A pesquisa baseia-se em um mtodo. O mtodo o caminho a ser seguido parase atingir um determinado objetivo. A palavra mtodo de origem grega, methodos(composta de meta, que signifca atravs de, por meio de, e de hodos, que signifcacaminho).

    Mtodo implica, assim, a ordenao de um caminho, a adoo de procedimentos etcnicas de orma racional e sistemtica. As tcnicas de pesquisa proporcionam ormasadequadas de coletar e tratar os dados isto a operacionalizao.

    Na defnio do flsoo Ren Descartes O mtodo so regras precisas e ceis, a partirda observao exata das quais se ter certeza de nunca tomar um erro por verdade, e, sema desperdiar inutilmente as oras de sua mente, mas ampliando seu saber por meio de umcontnuo progresso, chegar ao conhecimento verdadeiro de tudo do que se capaz2.

    Neste curso ocaremos: compreenso, interpretao, desenho, planejamento e im-plementao de pesquisas empricas e tambm algumas tcnicas de anlise, abordandoconceitos bsicos de estatstica.

    O curso no vai ensinar tudo o que o aluno precisa saber, mas vai sim prepar-lopara saber como aprender a identifcar e decirar o que precisar saber.

    importante ressaltar que existe uma dierena entre a prtica profssional e a pes-quisa acadmica. E que no transcorrer da ormao em Direito o aluno ser exposto aestas lgicas distintas.

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    3 FREIDSON, Eliot. (1996). O Renasci-mento do Profssionalismo. So Paulo:Edusp.

    4 EPSTEIN, Lee & Gary King (2002).The Rules o Inerence. University oChicago Law Review. 69 (1): 1-133.Disponvel em http://epstein.law.northwestern.edu/research/rules.pd(acesso em 03/01/2011)

    5 NOBRE, Marcos (2003). Apontamentos

    sobre a pesquisa em Direito no Brasil.Novos Estudos Cebrap. So Paulo, jul.,p.145-154, p. 06

    Segundo o socilogo Eliot Freidson (1998)3, nas diversas profsses h uma distin-

    o entre os membros a partir das atividades por eles desenvolvidas. As profsses, assim,se dierenciariam internamente em administradores (que determinam como e onde ospraticantes podem atuar no caso das profsses do direito temos a OAB), pratican-tes (que divulgam a profsso, se relacionando diretamente com os clientes juzes,promotores, advogados, etc.) e acadmicos (que produzem o conhecimento abstrato eormal no qual a profsso se apia juristas, proessores).

    Muitas vezes um mesmo profssional az parte de mais de um destes grupos, poden-do mesmo ser administrador, praticante e acadmico ao mesmo tempo. Neste cursotrataremos da linguagem, dos mtodos e das tcnicas utilizadas por acadmicos.

    A dierena entre o advogado praticante e o acadmico que o advogado pratican-

    te busca deender uma causa ou tese, ele o advogado da hiptese. J o advogadoacadmico busca testar uma hiptese e testar implica em que tal hiptese possa sercomprovada ou derrubada. Nas palavras de Lee Epstein e Gary King4(2002),

    Enquanto um acadmico ensinado a submeter a sua hiptese a todos os testes

    e onte de dados possveis, buscando todas as provas e evidncias possveis contra sua

    teoria, um advogado praticante ensinado a acumular todas as provas para compro-

    var a sua hiptese e desviar a ateno de qualquer coisa que possa ser vista como uma

    inormao contraditria. Um advogado que trata um cliente como uma hiptese se-

    ria expulso, um acadmico que deende uma hiptese como um cliente seria ignorado.

    (Epstein and King, 2002: 9-10)

    O compromisso do advogado pesquisador com a descoberta e a verdade. O com-promisso do advogado praticante com o seu cliente. Nas palavras do pesquisadorMarcos Nobre5 (2003),

    O advogado (ou o estagirio ou estudante de direito) az uma sistematizao

    da doutrina, jurisprudncia e legislao existentes e seleciona, segundo a estratgia

    advocatcia defnida, os argumentos que possam ser mais teis construo da tese

    jurdica (ou elaborao de um contrato complexo) para uma possvel soluo do

    caso (ou para tornar eetiva e o mais segura possvel a realizao de um negcio).(...) No caso do parecer, o jurista se posiciona como deensor de uma tese sem in-

    teresse ou qualquer inuncia da estratgia advocatcia defnida. Assim, a escolha

    dos argumentos constantes da doutrina e da jurisprudncia, combinada com a in-

    terpretao da legislao, seria eita, por assim dizer, por convico. Ocorre que,

    mesmo concedendo-se que o animus seja diverso, a lgica que preside a construo

    da pea a mesma. O parecer recolhe o material jurisprudencial e doutrinrio e os

    devidos ttulos legais unicamente em uno da tese a ser deendida: no recolhe todo

    o material disponvel, mas to-s a poro dele que vem ao encontro da tese a ser

    deendida. O parecer no procura, no conjunto do material disponvel, um padro

    de racionalidade e inteligibilidade para, s ento, ormular uma tese explicativa, oque seria talvez o padro e o objetivo de uma investigao acadmica no mbito do

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    6 Ver OLIVEIRA, Luciano (2004), NoFale do Cdigo de Hamurabi. In: SuaExcelncia o Comissrio e outros en-saios de sociologia jurdica. Rio deJaneiro, Letra Legal

    7 LARENZ, Karl (1991). Metodologiada Cincia do Direito. Lisboa, FundaoCalouste Gulbenkian.

    direito. Dessa orma, no caso paradigmtico e modelar do parecer, a resposta vem de

    antemo: est posta previamente investigao. (Nobre, 2003: 2)

    O advogado que tem como causa questionar a constitucionalidade de uma determi-nada poltica pblica, por exemplo, apresentar em sua petio apenas decises avor-veis a sua causa, ou seja, citar apenas a jurisprudncia que seja no sentido de corroborara sua posio. O advogado escrevendo um trabalho acadmico, por sua vez, deve sope-sar as diversas posies, contrrias e avorveis a sua tese6.

    Feita a distino entre academia e prtica, outra delimitao se az necessria. KarlLarenz7 (1991) afrma que cada cincia lana mo de determinados mtodos e tcnicascom a fnalidade de obter as repostas s questes por ela suscitadas. O Direito, quebusca solues para questes jurdicas dentro de um ordenamento jurdico especfco e

    historicamente constitudo teria a jurisprudncia como mtodo por excelncia.No curso no alaremos em pesquisa de jurisprudncia, de doutrina, hermenutica, re-

    construo dogmtica, etc. Focaremos antes em mtodos e tcnicas de pesquisa emprica.Por pesquisa emprica entende-se aqui a investigao que se baseia em observaes sobre

    o mundo, em dados e atos (Epstein and King, 2002). Sendo que dados no so necessa-riamente quantitativos (ou seja, numricos), podendo assumir tambm a orma qualitativa.

    importante termos em mente tambm que o dado no ala por si s, mas simatravs de teoria. O papel da teoria central. a partir dela que se constri a questo aser pesquisada o problema de pesquisa e ornece tambm pistas para a construodas hipteses a serem testadas.

    II. ESTRUTURA DO CURSO

    O curso est estruturado em quatro unidades. Em cada unidade teremos como exi-gncia a leitura da bibliografa obrigatria indicada, e a sugesto de leitura de umabibliografa complementar (para os alunos que queiram se aproundar no assunto).

    Esta apostila apenas um apoio ao contedo do curso, servindo como umguia paraos estudos sendo essenciala leitura dos textos obrigatrios indicados.

    No curso esto previstas 15 aulas em sala (incluindo aulas expositivas, discusso em

    grupo e seminrios) e 6 aulas em laboratrio (realizao de exerccios prticos).Alm das aulas, leituras e exerccios, o curso prev a realizao de uma pesquisa em-

    pricae a apresentao dos resultados da pesquisa no ormato de relatrio a ser entregueao fnal do curso.

    A distribuio das aulas poder variar de acordo com o andamento e rendimentodo curso.

    As quatro unidades esto estruturadas da seguinte maneira:

    1) Cincia e Mtodo CientficoNesta unidade discutiremos a linguagem cientfca, a defnio de cin-

    cia e do mtodo cientfco. rabalharemos os mtodos de abordagem dainvestigao cientfca (dialtico, enomenolgico, dedutivo, indutivo e

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    hipottico-dedutivo). A unidade se encerra com a discusso crtica do fl-me E a vida continua.

    2) Pesquisa Emprica Mtodo e cnicasNesta unidade discutiremos os undamentos da pesquisa emprica em ci-ncias humanas e sociais. rabalharemos os tipos de pesquisa (de acordocom a orma de abordagem do problema, os objetivos e procedimentostcnicos adotados). Conceitos e variveis. A elaborao de um problemade pesquisa, o planejamento da pesquisa, a construo dos instrumentosde coleta de dados e a coleta em si (campo). Como o oco principal docurso ser na pesquisa quantitativa, trabalharemos os aspectos essenciaise os principais elementos na conduo deste tipo de pesquisa, incluindo

    noes bsicas de amostragem. A unidade se encerra com o planejamen-to da pesquisa a ser conduzida pelos alunos: a) defnio do problema;b) defnio dos objetivos; c) identifcao da populao e amostra; d)elaborao do instrumento de coleta de dados; e) planejamento e coleta(realizao do campo).

    3) Anlise de Dados Quantitativos e EstatsticaNesta unidade trabalharemos com noes introdutrias de estatstica,ocando na descrio e explorao de dados. O oco ser em distribuiode reqncia, organizao e apresentao dos dados (tabelas e grfcos),

    medidas de posio (mdia, mediana e moda), medidas de disperso(amplitude, desvio padro e varincia) e medidas de associao (corre-lao). A unidade se encerra a partir da tabulao e anlise dos dadoscoletados pelos alunos na pesquisa de campo realizada na unidade dois.

    4) Comunicao AcadmicaPor fm, na ltima unidade do curso trabalharemos a comunicao es-crita dos resultados de pesquisas empricas e a orma de estruturar umrelatrio de pesquisa. A unidade se encerra com a apresentao do re-latrio da pesquisa conduzida na unidade dois e da anlise de dados

    conduzida na unidade trs.

    III. FORMAS DE AVALIAO

    A avaliao ser eita a partir de trs itens:

    1. Leitura dos textos, presena e participao em sala de aula, incluindo apre-sentao de seminrios;

    2. Prova cobrindo o contedo terico do curso;

    3. Entrega de trabalho fnal.

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    O trabalho fnal ser baseado na realizao de um exerccio de pesquisa emprica.O exerccio consistir na defnio de um problema de pesquisa, na construo do ins-

    trumento de coleta de dados, na coleta e anlise de dados e na redao do relatrio depesquisa o detalhamento do exerccio ser dado nas unidades dois e trs do curso.

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    8 BABBIE, Earl (1999). Mtodos dePesquisas de Survey. Belo Horizonte:Ed. UFMG.

    UNIDADE 1

    CINCIA E MTODO CIENTFICO

    O comeo de todas as cincias o espanto de as coisas serem o que so.Aristteles, Metafsica

    A crena, ou o valor subjetivo do juzo, com relao convico (que tem aomesmo tempo um valor objetivo), apresenta os trs graus seguintes: a opinio, a e a cincia. A opinio uma crena que tem conscincia de ser insufciente tanto

    subjetiva quanto objetivamente. Se a crena apenas subjetivamente sufciente e se

    ao mesmo tempo considerada objetivamente insufciente, chama-se. Enfm, acrena sufciente tanto subjetiva quanto objetivamente chama-secincia.

    Emmanuel Kant, Crtica da Razo Pura

    BIBLIOGRAFIA OBRIGATRIA

    1) LAKAOS, Eva Maria; MARCONI Marina de Andrade (1997). Metodolo-gia Cientfca: Cincia e Conhecimento Cientfco. So Paulo: Atlas cap-tulo 3: Cincia e Conhecimento Cientfco

    1. INTRODUO

    O que cincia e o que o mtodo cientfco? Iniciamos reetindo sobre a colocaoeita por Earl Babbie8 (1999)

    Basicamente, toda cincia pretende entender o mundo ao redor. rs componen-

    tes principais constituem esta atividade: descrio, a descoberta de regularidades e

    a ormulao de teorias e leis. Primeiro, cientistas observam e descrevem objetos

    e eventos que aparecem no mundo. Isto pode envolver a medio da velocidade de

    um objeto que cai, o comprimento de onda de emisses de uma estrela distante ou

    a massa de uma partcula subatmica. ais descries so guiadas pelos objetivos

    da exatido e da utilidade. Segundo, cientistas procuram descobrir regularidades e

    ordem no caos por vezes alucinante e estonteante da experincia. Em parte, isto pode

    envolver a coincidncia ou correlao de certas caractersticas ou eventos. Assim, por

    exemplo, voc pode notar que presso atmosrica se correlaciona com altitude ou que

    a aplicao de ora a um objeto resulta na modifcao de sua velocidade. Terceiro,

    cientistas tentam ormalizar e generalizar as regularidades descobertas em teorias eleis. So exemplos disto a lei da gravidade de Newton e as teorias gerais e especiais da

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    9 POPPER, Karl (1959). A Lgica daPesquisa Cientfca. So Paulo: EditoraCultrix.

    10 KUHN, Thomas (1962). A Estruturadas Revolues Cientfcas. So Paulo:Editora Perspectiva.

    11 LAKATOS, Eva Maria; MARCONI Ma-

    rina de Andrade (1997). MetodologiaCientfca: Cincia e ConhecimentoCientfco. So Paulo: Atlas.

    relatividade de Einstein. eorias e leis so, em geral, enunciados lgicos de relaes

    entre caractersticas e eventos que oerecem explicaes para uma ampla aixa de

    ocorrncias empricas. (Babbie, 1999: 30)

    A partir desta colocao podemos perceber que a cincia antes de tudo uma ormade conhecimento.

    Existem diversos tipos de conhecimento, sendo os mais comuns o conhecimentopopular (vulgar, ou senso comum), o conhecimento religioso (teolgico), o conheci-mento flosfco e o conhecimento cientfco.

    O conhecimento popular aquele que vem da experincia do dia-a-dia, da vidacotidiana, no metdico e que transmitido de gerao em gerao.

    A religio, por sua vez, um conhecimento doutrinrio, contendo proposies sa-

    gradas no passveis de verifcao nem alseabilidade. Assim, apresenta princpios everdades indiscutveis.

    O conhecimento flosfco tambm apresenta verdades e proposies que no sopassveis de verifcao, mas no por serem sagradas e sim por no serem possveis dese observar.

    J o conhecimento cientfco aquele obtido de mediante a aplicao de procedi-mentos sistemticos e rigorosos (mtodos e tcnicas).

    A cincia, como todo tipo de conhecimento, no una no existe uma defnioconsensual sobre a cincia e o mtodo cientfco.

    Para Karl Popper9 (1959), por exemplo, a cincia o conhecimento que pode ser

    alseado. A cincia progride de maneira contnua, a partir de apereioamentos quevo sendo adicionados por sucessivos cientistas, e avana a partir do ensaio ao erro, sconjecturas e reutaes.

    Tomas Kuhn10 (1962), outro historiador e flsoo da cincia, afrma que o pensa-mento cientfco est em constante ebulio e no evolui de orma contnua havendo simsaltos, revolues. Kuhn desenvolve, assim, a idia de ruptura de paradigmas cientfcos.

    De acordo com Lakatos e Marconi11 (1997), em decorrncia da complexidade dosenmenos do universo e da sociedade que os homens buscam entender e explicar, acincia acabou originando diversos segmentos de estudo. As cincias so divididas basi-camente em ormais e actuais.

    As cincias ormais estudam idias, que no havendo relao com a realidade obser-vvel e desta orma no se valendo da realidade para convalidar suas rmulas.

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    12 KNELLER, George. A Cincia como Ati-vidade Humana. Rio de Janeiro: ZaharEditores.

    Figura 1. Classifcao e Diviso da Cincia. Fonte: Lakatos e Marconi (1997)

    As cincias actuais por sua vez tratam dos atos, recorrendo aos dados obtidos atra-vs da observao e da experimentao para validar suas hipteses.

    O conhecimento cientfco se dierencia dos demais basicamente pelas tcnicas e

    processos sistemticos utilizados tanto para ormular quanto para resolver os problemaspropostos.

    Apesar de no haver um mtodo nico, at mesmo por haver diversas cincias, existeum ciclo comum de atividades, uma espcie de sequncia de atos que orientam o m-todo cientfco.

    George Kneller12 (1980) apresenta em seu A Cincia como Atividade Humanauma histria de um problema prtico que para ser resolvido seguiu a estrutura do pen-samento cientfco. O problema a seguir exemplifca bem uma sequncia de atos queorientam uma pesquisa cientfca.

    Numa certa cidade, oi construda uma nova estrada, e a taxa de acidentes re-gistrou uma subida extraordinria. Houve protestos pblicos e seguiu-se uma inves-

    tigao. Os investigadores comearam com a hiptese mais bvia: a de que a nova

    estrada aumentou o trego, o que, por seu turno, aumentou o nmero de acidentes.

    Mas verifcaram que os acidentes tinham crescido de orma desproporcional. Conjec-

    turaram ento que numa nova estrada os motoristas so mais descuidados. Mas as

    estatsticas reerentes a outras estradas novas desmentiam essa hiptese. Admitiram,

    portanto, que a causa era a velocidade. Entretanto, de acordo com os registros poli-

    ciais, menos motoristas tinham sido multados do que o habitual. Estivera a polcia

    menos ativa? No, o mesmo nmero de agentes estivera prestando servio. Ento os

    investigadores notaram que a maioria dos acidentes tinha ocorrido em apenas trslocais da estrada, pelo que recomendaram novas regras de trnsito para esses pontos.

    Cincias

    Naturais

    Direito

    Sociologia, etc.

    Fsica

    Biologia, etc.

    Qumica

    Economia

    Lgica

    Matemtica

    Sociais

    Formais

    Factuais

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    Depois disso, o nmero de acidentes caiu muito abaixo da norma. O problema tinha

    sido resolvido (Kneller, 1980: 99).

    De orma bastante simplifcada, a estrutura bsica de pesquisa (a sequncia de atos)consiste em quatro passos: 1) identifcar um problema, 2) levantar hipteses para ex-plicar este problema, 3) observar sistematicamente a realidade em busca de evidncias,dados e inormaes para verifcar e validar a hiptese e 4) comunicar os resultados detal orma que a pesquisa possa ser replicada.

    Ainda de acordo com Kneller (1980), o pesquisador observa atos e registra-os naorma de dados. Essa observao mais cuidadosa e meticulosamente do que a eitapelo homem comum. O pesquisador procura pelo inesperado e no deixa passar desper-cebidas as excees. A observao cientfca caracteriza-se por ser sistemtica (controla-

    da por hipteses), pormenorizada (uso de instrumentos) e variada (observa enmenoou ato sob diversas condies).

    Os atos observados pelo pesquisador so coisas que acontecem, enmenos, eventos,estados. E estes atos so representados simbolicamente como dados. Os dados devemser objetivos (ou seja, qualquer pesquisador executando as mesmas operaes chegaraos mesmos dados), idneos (recebem descrio que qualquer pesquisador observandoo ato, pode aceitar) e precisos (devem descrever o ato de modo a dierenci-lo o maispossvel de atos semelhantes). A interpretao de atos e dados dada por conceitos.

    2. MTODOS DE ABORDAGEM

    Os principais mtodos de abordagem que ornecem as bases lgicas investigaocientfca e que levam a ormao de hipteses so: indutivo, dedutivo, hipottico-de-dutivo, dialtico e enomenolgico (LAKAOS e MARCONI, 1997; GIL, 1999).

    O mtodo dialtico o mtodo do dilogo, atravs do qual se busca a verdadeormulando-se perguntas e respostas, argumentos e contra-argumentos. No mtododialtico proposto por Hegel h a apresentao de uma tese, a qual se contrape umaanttese e do embate terico entre as duas, chega-se a uma concluso, ou uma sntese.

    Tese Anttese Sntese

    Pretensoda verdade

    Negaoda teseapresentada

    Resultadodo embateentre tese eanttese

    Figura 2. Mtodo dialtico.

    Fonte: elaborado com base em Demo (1995)

    A dialtica pressupe que o mundo social um conjunto de processos, em que nadase encontra pronto, ou acabado, mas sim em processo de ormao e transormao.

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    Nada neste mundo existe de orma isolada, atos e enmenos esto ligados entre si in-teragindo, e a interao implica transormao. E a transormao no mtodo dialtico

    se d pela negao.O mtodo enomenolgico o que se volta ao estudo dos enmenos humanos, tais

    como vivenciados e experimentados, considerando o que est imediatamente renteda conscincia, o objeto. A realidade no nica: existem tantas quantas orem as suasinterpretaes e comunicaes. O sujeito/ator reconhecidamente importante no pro-cesso de construo do conhecimento (GIL, 1999).

    O mtodo dedutivo o que parte do geral e vai para o particular. O racioc-nio dedutivo o silogismo, que composto de trs partes: uma premissa maior (ouseja, um enunciado geral), uma premissa menor (ou seja, um enunciado particu-lar de aplicao individual) e uma concluso que resulta dos enunciados anteriores.

    odo homem mortal.Pedro homem.

    Logo, Pedro mortal.

    Figura 3. Mtodo dedutivo. Fonte: Gil (1999)

    Popper (1959) ez diversas crticas ao mtodo dedutivo, sendo as duas principaisdelas a de que ele tautolgico (ele repete no predicado o que j disse no sujeito) e teriaum carter apriorstico (ao partir de um enunciado geral implica que j se tenha umconhecimento prvio).

    J o mtodo indutivo o inverso do dedutivo, ele parte do particular e vai para o geral.O raciocnio indutivo baseia-se em premissas verdadeiras que levam a concluses

    provveis. Por exemplo, o cisne um branco. O cisne dois branco. O cisne trs bran-co. O cisne n branco. Logo, sou levado a concluir que todo cisme branco. Ou seja,partir da observao dos atos az-se uma generalizao atravs da lgica.

    Antnio mortal.Benedito mortal.Carlos mortal.

    Zzimo mortal....

    Ora, Antnio, Benedito, Carlos, Zzimo,so homens.

    Logo, todos os homens so mortais.

    Figura 4. Mtodo indutivo. Fonte: Gil (1999)

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    13 DEMO, Pedro (1995). MetodologiaCientfca em Cincias Sociais. So Pau-lo: Editora Atlas.

    Popper (1959) tambm criticou o mtodo indutivo, afrmando que ele leva a umaregresso ao infnito, ou seja, para poder sustentar a afrmao de que todos os cisnes

    so brancos seria preciso observar todo e qualquer cisne possvel. Ao criticar os mtodosdedutivo e indutivo, Popper deende o mtodo hipottico dedutivo.

    O mtodo hipottico-dedutivo oi defnido por Popper como aquele que consistena construo de hipteses que devem ser submetidas ao conronto com de atos parasua comprovao.

    A sequncia do mtodo hipottico-dedutivo, segundo Popper (1959), parte de co-nhecimento prvio (teorias existentes), a partir do qual se identifca uma lacuna, con-tradio ou problema; propor uma soluo para este problema no ormato de hiptese;testar a hiptese; analisar os resultados rente aos quais h duas situaes: ou ocorreuo esperado (hiptese corroborada) ou no ocorreu o esperado (hiptese reutada). Em

    caso de reutao, volta-se a ormular nova hiptese que explique satisatoriamente oproblema inicial.

    Figura 5. Mtodo hipottico dedutivo.

    Fonte: elaborado com base em Popper (1959), Demo13 (1995) e Gil (1999).

    Para Popper a principal caracterstica do conhecimento cientfco sua testabilidadee consequentefalseabilidadee refutabilidade. Assim, para o autor os resultados cient-fcos so sempre provisrios.

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    3. DIREITO E CINCIA

    Discutimos at aqui o que cincia e o que o mtodo cientfco, considerando queeste mtodo oi pensado para e largamente utilizado pelas cincias naturais e ormais.Mas e no caso do Direito? H uma discusso at mesmo sobre se podemos afrmar sero direito uma cincia ou no. Voltamos aqui para a questo posta inicialmente sobre adifculdade de defnio consensual sobre a cincia e seu(s) mtodo(s).

    Lakatos e Marconi (1997) afrmam que todas as cincias caracterizam-se pela utiliza-o de mtodos cientfcos, mas que em contrapartida, nem todos os ramos de estudosque empregam esses mtodos so cincias, concluindo da que a utilizao de mtodoscientfcos no alada exclusiva da cincia, mas que no pode haver cincia sem o em-prego dos mtodos cientfcos.

    A cincia implica o critrio de objetividade, de considerar, observar e descrever osenmenos como eles so e no como deveriam ser. A cincia implica, portanto, neu-tralidade axiolgica, aastando-se assim dos valores.

    O direito como norma implicaria numa diretiva, descrevendo como os enmenos de-veriam ser. Da muitos afrmarem que o Direito no pode ser considerado como cincia.

    H mesmo uma disputa e uma discusso epistemolgica sobre os ramos de conheci-mento que poderiam ou no ser cincia, com os mais radicais afrmando que apenasas naturais e ormais seriam cincias (as hard sciences). Excluindo-se, portanto, todasas cincias sociais.

    Nossa perspectiva neste curso de que, se por cincia entendermos a busca e a pro-

    duo de conhecimento a partir da observao, pesquisa e sistematizao de enmenose atos do mundo social, a partir do emprego de um mtodo, no h porque no seconsiderar o direito como cincia.

    Boaventura Sousa Santos, em Um Discurso sobre as Cincias (1988), discute a crisedos paradigmas da cincia moderna e deende uma nova ordem cientfca emergente. Oautor expe de orma bastante crtica esta questo, a partir de uma leitura sobre a ormacomo o pensamento cientfco se desenvolveu e como nos sculos XVIII e XIX esse pen-samento passou a inuenciar as cincias sociais.

    E o que um paradigma? Podemos defnir paradigma, de orma simples e direta,como um modelo de representao da realidade. Um conjunto de princpios e de teorias

    para explicar a realidade, os atos e enmenos.Nesta explicao, a crtica que Boaventura az ao paradigma dominante que ele

    baseado em observao e experimentao, em quantifcao, e no estabelecimento deleis universais - sendo que em ltima anlise o que no quantifcvel cientifcamenteirrelevante.

    No paradigma dominante as reas do conhecimento que se dedicam ao estudo dosenmenos sociais poderiam ser classifcadas como cientifcamente irrelevantes, umavez que os enmenos sociais so historicamente condicionados e culturalmente deter-minados (ver Ernest Nagel, 1961, Te Structure o Science).

    Mas Boaventura prope um novo paradigma, um modelo emergente, denominado pa-radigma de um conhecimento prudente para uma vida decente. Segundo este paradigma:

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    14 Trecho extrado do texto Coronis eBurocratas no Brasil Imperial: CrnicaAnaltica de uma Sntese Histrica. In:

    Nunes, Edson Oliveira. (1978). A Aven-tura Sociolgica. Rio de Janeiro, JorgeZahar Ed.

    (1) Conhecimento cientfco-natural cientfco-social;(2) Conhecimento local e total;

    (3) Conhecimento autoconhecimento;(4) Conhecimento cientfco visa constituir-se em senso comum.

    Com base nestas quatro caractersticas Boaventura procura valorizar as cincias que sededicam ao estudo dos enmenos sociais.

    4. ENCERRAMENTO DA UNIDADE

    Questo para discusso: A cincia neutra? Existe neutralidade na pesquisa e na

    produo de conhecimento?

    Est ora de dvida que a reexo crtica sobre a metodologia da investigao

    emprica e, em particular, sobre as continuidades e descontinuidades entre cnones

    metodolgicos e comportamento prtico de pesquisa constitui um bom indcio do

    grau de maturidade alcanado por uma disciplina acadmica. De ato, uma reexo

    de tal natureza evidentemente implica a rtil premissa de que a empresa cientfca

    no se exaure ou no est totalmente contida na aplicao ormal de princpios me-

    todolgicos e, em consequncia, tambm na importante proposio de que a empresa

    cientifca ela mesma to histrica quanto os objetos aos quais ela se aplica. Em

    outras palavras, que a apropriao do objeto de pesquisa por parte do sujeito tem asua prpria histria, seus eurekas e serendipities. Existe ademais outra implicao

    que de particular relevncia dentro do contexto atual, a saber, a conscincia de

    que o processo de criao cientfca tambm compartilha de uma dimenso esttica:

    existe na obra da cincia como na obra de arte um ingrediente de subjetividade, de

    iniciativa individual, de interpretao original que no esto contidas a priori nas

    rmulas e nos procedimentos de mtodo. Fora de dvida est tambm que a necessi-

    dade de reetir criticamente sobre as tenses e descontinuidades entre mtodo ormal

    e investigao emprica deve-se em parte ao ormalismo e mitifcao do mtodo pelos

    quais o treinamento acadmico to responsvel. O divrcio ordinrio entre teoria

    e prtica, divrcio dolorosamente experimentado pelo estudante, tem levado a umaconcepo do mtodo como um conjunto de rmulas cuja aplicao mecnica abra-

    cadabriza os achados. (Fernando Uricoechea14, 1978: 201-202)

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    Discusso do Filme

    E a vida continua (And the band played on)

    EUA. Dirigido por Roger Spottiswoode (1993).

    O flme quase um documentrio, e baseado nolivro And the Band Played On: Politics, People, and the

    AIDS Epidemic, escrito por Randy Shilts. Retrata osprimeiros momentos da epidemia da AIDS a partir dahistria de pesquisadores que buscam identifcar a doen-a, a construo de hipteses, a busca por evidncias, asdisputas entre pesquisadores, a escassez de recursos, ques-tes ticas e os diversos empecilhos no desenvolvimento

    de pesquisas.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

    1. KUHN, Tomas (1979). A uno do dogma na investigao cientfca.In: DEUS, Jorge Dias de (org). A crtica da cincia: sociologia e ideologia dacincia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.

    2. BOURDIEU, Pierre (1983). O campo cientfco. In: ORIZ, Renato

    (org). Sociologia. So Paulo: tica.

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    UNIDADE 2

    PESQUISA EMPRICA MTODO E TCNICAS

    Cada pea acrescentada a um mosaico contribui um pouco para a nossa com-preenso do quadro como um todo. Quando muitas peas j oram colocadas, po-demos ver, mais ou menos claramente, os objetos e as pessoas que esto no quadro,e sua relao uns com os outros. Dierentes ragmentos contribuem dierentementepara a nossa compreenso: alguns so teis por sua cor, outros porque realam oscontornos de um objeto. Nenhuma das peas tem uma uno maior a cumprir...

    Howard Becker, A Histria de Vida e o Mosaico Cientfico

    BIBLIOGRAFIA OBRIGATRIA:

    Aulas tericas:

    1) QUIVY, Raymond; CAMPENHOUD, LucVan (1992). Manual de inves-tigao em cincias sociais. Lisboa: Gradiva. Primeira Etapa (Pginas 27 a44) e erceira Etapa (Pginas 90 a 106).

    2) RICHARDSON, R. J. (1985). Pesquisa social. Mtodos e tcnicas. So Pau-lo: Atlas. Captulo 7. Formulao de hipteses e Captulo 8. Variveis.

    Seminrios:

    1) CUNHA, Luciana Gross. Bueno, Rodrigo De Losso Silveira. Oliveira, Fa-biana Luci. Morita, Rubens. Pupo, Silvia.(2010), ndice de Confana na

    Justia. Relatrio ICJBrasil 3 rimestre.

    2) CUNHA, Gross Luciana Maria da Gloria Bonelli, Fabiana Luci de Oliveira eMaria Natlia B. da Silveira (2007) SOCIEDADES DE ADVOGADOS EENDNCIAS PROFISSIONAIS revista direito GV V. 3 N. 2. P. 111 138.

    3) PANDOLFI, Dulce (1999). Percepo dos direitos e participao social. IN:CIDADANIA, JUSIA E VIOLNCIA, Ed. Fundao Getulio Vargas.

    4) SADEK, Maria ereza (2006). Magistrados. Uma imagem em movimento.Rio de Janeiro, Editora FGV. Captulo 2: Magistrados: uma imagem em

    movimento.

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    1. PENSANDO A PESQUISA EMPRICA

    Existem cinco pontos centrais quando alamos em pesquisa emprica.O primeiro deles o problema de pesquisa, ou seja, a defnio da questo que a

    pesquisa pretende responder. Mais especifcamente, a defnio do objetivo e do pro-blema de pesquisa.

    O problema de pesquisa pode ser ormulado como pergunta para acilitar o desen-volvimento da pesquisa. Esse procedimento acilita a identifcao do que eetivamentese deseja pesquisar.

    Por exemplo, se estou interessado na no uncionamento do juizado especial cvel, or-mular este problema em orma de pergunta torna meu objetivo de pesquisa mais claro:

    PERGUNTA:Como unciona o juizado especial cvel?

    Esta uma pergunta genrica, ampla demais e sugere apenas um interesse descritivo.E tambm a pergunta no apresenta recorte temporal e espacial ou seja, de que

    juizado especial civil estou alando? E em que momento da histria?Um problema emprico de pesquisa IMPLICA uma problematizao e mais, um

    recorte temporal e espacial. Por exemplo:

    Pergunta:A instalao do juizado especial cvel do Rio de Janeirocontribuiu para uma atuao mais efciente do Poder Judicirio

    junto populao carente?

    Note que esta pergunta de pesquisa envolve uma decomposio de questes:

    O que ser entendido por atuao efciente do Poder Judicirio? Qual a defnio de populao carente utilizada? Que tipo de servios judicirios a populao carente do Rio de Janeiro tinha antes

    da instalao do juizado especial civil? Qual o tipo de atuao do juizado especial civil do Rio de Janeiro junto populao

    carente? etc.

    Uma vez defnidos o objetivo e o problema de pesquisa, preciso pensar em comovou responder a questo (ou s questes) proposta(s). Ou seja, que caminho metodo-lgico vou adotar.

    Defnido o caminho metodolgico, tenho mais clareza de quais dados sero obtidose qual o tipo de dados com o qual trabalharei.

    endo sido defnido o tipo de dado com o qual trabalharei, tenho que pensar naorma de coletar estes dados, ou seja, na tcnica de coleta a ser adotada. cnicas comoentrevista em proundidade (natureza qualitativa), entrevista estruturada a partir de

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    15 RAGIN, Charles (1994). ConstructingSocial Research: The Unity and Diversityo Method. Pine Forge Press.

    16 RICHARDSON, Roberto J. (2010).Pesquisa Social Mtodos e Tcnicas.So Paulo: Editora Atlas.

    questionrio (natureza quantitativa), grupo de discusso ocal (natureza qualitativa),documentos (natureza mista, podendo ser quantitativa ou qualitativa), observao par-

    ticipante (natureza qualitativa), etc.E por fm, aps defnida a orma de coleta dos dados, preciso pensar o plano de

    anlise, ou seja, como os dados sero trabalhados para chegarmos s respostas que bus-camos.

    Charles Ragin (1994)15 apresenta um modelo analtico de planejamento da pesquisaemprica muito apropriado. Segundo o autor, aps a defnio do problema de pesqui-sa, o pesquisador deve responder a dez questes para elaborar seu plano de trabalho:

    1. Isso um caso de que tipo? Defnio e delimitao do objeto

    2. Quais so as questes envolvidas?3. Quais os problemas que suscita?4. Qual a importncia disso?5. O que j oi dito e pesquisado sobre isso?6. Quais so as comparaes relevantes?7. Quais so as caractersticas relevantes?8. O que est altando?9. Quais respostas preciso dar?10. Quais perguntas devem ser eitas para se chegar a essas respostas?

    Figura 6. Modelo analtico proposto por Ragin (1994)

    2. TIPOS DE PESQUISA

    Considerando aforma de abordagem do problema, as pesquisas podem ser classif-cadas basicamente em dois tipos: qualitativas e quantitativas.

    Apesquisa qualitativa, na defnio de Richardson16 (2010), a busca por umacompreenso detalhada dos signifcados e caractersticas situacionais dos enmenos.

    Ela tem carter eminentemente exploratrio, procurando os aspectos subjetivos dos

    enmenos e as motivaes no explcitas dos comportamentos.Seu enoque o da proundidade, ressaltando as particularidades e a complexidade

    dos enmenos, comportamentos e situaes. A pesquisa quali no busca a generali-zao, mas sim o entendimento das singularidades.

    Na perspectiva qualitativa de abordagem do problema h o pressuposto da existnciade um vnculo indissocivel entre o mundo objetivo dos enmenos e a subjetividade dosujeito subjetividade esta que no pode ser traduzida em nmeros.

    As principais caractersticas da pesquisa qualitativa podem ser resumidas nos seteitens seguintes:

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    1. Busca proundidade;

    2. Busca descobrir coisas comuns entre nmero pequeno de casos;3. em como metas primrias interpretar signifcados, dar voz, avanar teo-

    rias novas;4. em como metas secundrias testar ou refnar teoria, explorar a diversida-

    de, identifcar padres amplos;5. rabalha com um arcabouo analtico uido pergunta este um caso

    de que?6. Procura abarcar um enmeno como um todo;7. Aplica bastante a induo analtica busca explicar tudo.

    Figura 7. Caractersticas da pesquisa qualitativa

    A pesquisa quantitativa tem como oco a dimenso mensurvel dos enmenos,buscando traduzir em nmeros opinies e inormaes. utilizada quando se sabe pre-cisamente o que deve ser perguntado para atingir os objetivos da pesquisa.

    A pesquisa quanti permite a realizao de projees e generalizaes, viabilizando,tambm o teste de hipteses da pesquisa de orma precisa. Implica no uso de tcnicasestatsticas.

    Na perspectiva quantitativa de abordagem do problema h uma grande preocupaocom mensurao, demonstrao de causalidade, generalizao e reaplicao.

    As principais caractersticas da pesquisa quantitativa podem ser resumidas nos noveitens seguintes:

    1. Busca descobrir e explicar a covarincia entre variveis a partir de umgrande nmero de casos;

    2. Condensa dados para isso a parcimnia undamental;3. em como metas primrias identifcar padres amplos, testar e refnar

    teoria, azer predies;

    4. em como metas secundrias explorar a diversidade e avanar teorias novas;5. rabalha com um arcabouo analtico fxo;6. Covarincia no quer dizer causao, obviamente, mas insinua essa possi-

    bilidade;7. Preocupao em medir variveis corretamente validade e confana

    (validity and reliability)8. Busca por modelos causais multivariados (caminho esquemtico);9. Defne vetor de erro explcito.

    Figura 8. Caractersticas da pesquisa quantitativa

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    Muitos autores defnem a pesquisa quantitativa por oposio qualitativa. Mas se-gundo Goode e Hatt (1996) a pesquisa moderna deve rejeitar como uma alsa dicoto-

    mia a separao entre estudos qualitativos e quantitativos, ou entre o ponto de vistaestatstico e no estatstico. Alm disso, no importa o quo precisas sejam as medi-das, o que medido continua a ser uma qualidade (1996: 398).

    Richardson (2010) lembra que, independente do tipo de pesquisa a ser utilizado emrelao abordagem seja quantitativa ou qualitativa indispensvel pesquisacumprir dois requisitos: o da confabilidade e da validade.

    Por confabilidade entenda-se a capacidade que devem ter os instrumentos utili-zados de produzir medies constantes quando aplicados a um mesmo enmeno. Aconfabilidade externa reere-se possibilidade de outros pesquisadores, utilizando ins-trumentos semelhantes, observarem atos idnticos e a confabilidade interna reere-se

    possibilidade de outros pesquisadores azerem as mesmas relaes entre os conceitoscoletados com iguais instrumentos. (Richardson, 2010: 87).

    J a validade implica na capacidade do instrumento produzir medies adequadase precisas para chegar-se a concluses corretas. Ou seja, temos o instrumento ade-quado para a questo proposta? A validade interna reere-se exatido dos dados e aadequao das concluses. A validade externa reere-se possibilidade de generalizar osresultados a outros grupos semelhantes (Richardson, 2010: 87).

    Simplifcando

    Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa

    Busca extenso X Busca profundidade

    Parte de aspectos objetivos X Parte de aspectos subjetivos

    Trabalha com amostra extensa,

    calculada a priori e seleciona as

    unidades pesquisadas de forma

    no intencional

    X

    Trabalha com amostra mais restri-

    ta, muitas vezes calculada duran-

    te o prprio campo e seleciona as

    unidades de forma intencional

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    Pesquisa Quantitativa Pesquisa Qualitativa

    Trabalha com quantidades, nme-

    ros, indicadores e tendnciasX

    Trabalha esmiuando valores,

    crenas e representaes.

    Faz inferncia X D voz

    Figura 9. Dierenas entre pesquisa quantitativa e qualitativa

    A pesquisa tambm pode ser classifcada de acordo com os seus objetivos. De acordocom Gil (1991) so basicamente trs os principais objetivos das pesquisas:

    1) Proporcionar maior conhecimento e amiliaridade com o enmeno ou pro-blemapesquisa exploratria;

    2) Descrever as caractersticas do enmeno ou problema pesquisa descritiva;3) Identifcar os elementos que contribuem e explicam a ocorrncia do enme-

    no ou problema, identifcando seus porquspesquisa explicativa.

    ainda possvel classifcar as pesquisas em tipos a partir dos procedimentos tcnicosadotados (tcnicas de coleta de dados).Alguns exemplos so:

    Pesquisa Bibliogrfica: elaborada a partir de material j publicado (livros, arti-gos, teses, etc.), revisando de orma intensa a literatura existente sobre determi-nado assunto em questo.

    Pesquisa Documental: elaborada a partir da anlise de documentos que noreceberam tratamento analtico.

    Pesquisa Experimental: consiste na realizao de experimentos, a partir da de-fnio, observao e controle de variveis e sua inuncia sobre determinadoobjeto.

    Levantamento ou survey: elaborada a partir do levantamento de dados via ins-trumento de coleta padronizado (questionrio ou roteiro), aplicado em contatodireto com a populao (amostra ou censo) cujo comportamento se deseja co-

    nhecer.

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    17 O IBGE (Instituto Brasileiro de Ge-ografa e Estatstica) o rgo de es-tatsticas ofciais do pas. o principalprovedor de dados e inormaes dopas. No que se reere s estatsticaspopulacionais ornece os dados ofciaissobre: 1)Perfl demogrfco da popu-lao brasileira (nmero de habitan-tes no pas, principais caractersticas

    da populao sexo, cor, aixa etria,escolaridade, trabalho e rendimento,condies de moradia, nupcialidade eecundidade, migrao, caractersticasdos domiclios, etc.) CENSO DEMO-GRFICO (realizado a cada 10 anos)e PNAD (Pesquisa por amostragemdomiciliar eita anualmente). 2)Indicadores sociais (intermediaopoltica, crianas e adolescentes, edu-cao e trabalho, mortalidade inantil,indicadores sociais mnimos, mercadode trabalho, mobilidade social, popu-lao jovem, sntese de indicadoressociais, indicadores culturais, etc.). 3)Pesquisas suplementares (por exem-

    plo Vitimizao e Justia 2010;Acesso a Transerncias de Renda deProgramas Sociais 2006; Acesso Internet e posse de teleone mvelcelular para uso pessoal 2005; Aces-so e Utilizao de Servios de Sade 2003; Trabalho Inantil 2001).4) Pesquisa de oramento amiliar(Anlise da disponibilidade domiciliarde alimentos e do estado nutricional noBrasil; Aquisio alimentar domiciliarper capita Brasil e Grandes Regies;Medidas Antropomtricas de Crianase Adolescentes; Perfl das Despesasno Brasil - indicadores selecionados;Primeiros resultados - Brasil e GrandesRegies). Todas essas bases de dados

    podem ser acessadas via o seguinte linkno site do IBGE: http://www.ibge.gov.br/home

    Estudo de caso: elaborado a partir de um estudo proundo e exaustivo de um oupoucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.

    Pesquisa-Ao: realizada com vistas a uma ao para a resoluo de um proble-ma coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situao ou doproblema esto envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

    Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interao entre pesqui-sadores e membros das situaes investigadas.

    3. DEFINIO DE CONCEITOS E VARIVEIS

    O que um conceito? Conceito a defnio de um determinado termo, um ormade buscar uma mediao entre o mundo da linguagem e o mundo das coisas. em comoobjetivo representar o mundo do enmeno da orma mais acurada possvel.

    Por exemplo, o conceito de populao economicamente ativa (PEA). Segundo oIBGE (Instituto Brasileiro de Geografa e Estatstica17) populao economicamente ati-va so as pessoas ocupadas na semana de reerncia (da entrevista) e as pessoas deso-cupadas nessa semana com procura de trabalho no perodo de reerncia de 30 dias.

    Nota-se que para defnir PEA, o IBGE considera os conceitos de pessoas ocupadase desocupadas. Por pessoas desocupadas o IBGE entende pessoas que no trabalharam

    na semana de reerncia, tomaram providncia eetiva para conseguir trabalho no pe-rodo de reerncia de 30 dias e estavam disponveis para assumir um trabalho naquelasemana.

    Pessoas ocupadas so as pessoas que exerceram um trabalho remunerado (em di-nheiro, mercadorias ou benecios) ou sem remunerao em ajuda a membro da unida-de domiciliar que era empregado, conta-prpria ou empregador, durante pelo menosuma hora, na semana de reerncia

    Estes so os conceitos, mas para realizarmos uma pesquisa precisamos saber comotransormar este conceito em uma medida, ou seja, precisamos medir a populao eco-nomicamente ativa, operacionalizar o conceito. Operacionaliz-lo implica em trans-

    orm-lo em uma varivel. Uma observao se az importante: um conceito pode sermensurado por uma ou mais variveis.

    E o que uma varivel? Varivel um aspecto ou caracterstica de interesse que medida em cada caso da amostra ou populao. Como o prprio nome diz, os valoresdas variveis variam.

    H diversas ormas de classifcar as variveis. Quando comeamos a pensar em umproblema, e na orma de operacionaliz-lo, pensamos tambm nas variveis a seremobservadas e medidas.

    Assim, uma primeira classifcao possvel se d em termos da posio da varivel narelao. Elas podem ser independentes ou dependentes.

    Varivel independente a que aeta outras variveis (a varivel dependente). Elaexplica a(s) varivel(eis) dependente(s) cujos eeitos queremos medir.

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    18 BARBETTA, Pedro Alberto. EstatsticaAplicada s Cincias Sociais. Florian-polis: Editora UFSC

    J a varivel dependente aquela explicada ou aetada pela varivel independente. aquela cujo eeito esperado de acordo com as causas. Ela se situa, usualmente, no

    fm do processo causal e defnida na hiptese ou na questo de pesquisa. De ormasimplifcada, a varivel dependente o que se quer explicar e a varivel independente o que explica.

    Depois, podemos classifcar as variveis de acordo com o nvel de mensurao. Elaspodem ser qualitativas, ou seja, so variveis cujas respostas so encaixadas em cate-gorias. Ou quantitativas, ou seja, variveis cujas respostas so quantidades numricas.

    As variveis qualitativas ou categricas podem ser classifcadas em nominais, quan-do cada uma das respostas possveis ou categorias independente, sem ter nenhumarelao com as outras. Por exemplo, sexo (categorias so: masculino ou eminino); raa(categorias so: branco, preto, pardo, amarelo ou indgena). E podem ser tambm or-

    dinais, ou seja, quando cada uma das respostas possveis ou categorias mantm umarelao de ordem com as outras. Por exemplo, classe social (categorias podem ser: alta,mdia, baixa ou ainda A, B, C, D ou E).

    As variveis quantitativas so divididas em discretase contnuas. As variveis dis-cretas so aquelas cujos valores so inteiros, sendo que cada valor resulta de contagem,e ela constitui um conjunto fnito de valores. Por exemplo, idade em anos completos,nmero de flhos, nmero de processos em uma vara. As variveis contnuas podemtomar valores infnitos. Por exemplo, a pontuao numa escala de atitude, a nota nadisciplina de mtodos de pesquisa.

    Figura 10. Defnio e classifcao das variveis.

    Fonte: Desenvolvido com base em Barbetta18 (2005)

    Como defnir uma varivel na prtica? A defnio prtica da varivel se d pelasua operacionalizao e para isso necessrio observar a varivel de orma homognea,manter a mesma unidade de medida e estabelecer respostas mutuamente exclusivas.

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    4. OPERACIONALIZAO DE VARIVEIS

    Um exemplo: vamos considerar o caso de populao economicamente ativa. Comomensurar? Na fgura sete vemos o exemplo de como o IBGE coleta esta inormao, ouseja, como operacionaliza o conceito, transormando em uma inormao quantifcvel.

    PE1) O(A) Sr(a) poderia me dizer se trabalha, mesmo que no tenha carteiraassinada, ou mesmo que o pagamento no seja em dinheiro? (SE SIM,CIRCULE CDIGO 1 ABAIXO)

    PE2) (SE NO) Mas o(a) Sr(a) por acaso trabalha, mesmo sem receber paga-mento, pelo menos 15 horas por semana, em alguma instituio religio-sa, benefcente, de cooperativismo, ou ento como aprendiz, ou mesmoajudando em algum negcio da sua amlia? (SE SIM, CIRCULE C-DIGO 2 ABAIXO)

    PE3) (SE NO) E o(a) Sr(a) chegou a trabalhar em algum momento durantea ltima semana, ou chegou a tomar alguma providncia para conseguirtrabalho na ltima semana? (SE SIM, CIRCULE CDIGO 3 ABAIXO)

    PE4) (SE NO, LEIA OS IENS A SEGUIR QUE SE APLIQUEM) E o(a)Sr(a) ... [desempregado(a) / dona de casa / aposentado(a) / estudante]?(CIRCULE CDIGO ABAIXO, DE 4 A 7, CONFORME A RES-POSA)

    1 Trabalha, mesmo sem carteira assinada (PEA)

    2 Trabalha como aprendiz, ajudante, etc. (PEA)

    3 Trabalhou ou tentou na ltima semana (PEA)

    4 Desempregado(a) (NO PEA)

    5 Dona de casa que no trabalha fora (NO PEA)

    6 Aposentado(a) / no seguro (NO PEA)

    7 Estudante que no trabalha (NO PEA)

    Figura 11. Questo para mensurar situao econmica do respondente. Fonte: IBGE

    No restante do curso vamos trabalhar mais detidamente com a pesquisa quantitativa.Mas antes de seguirmos aremos um exerccio prtico de identifcao dos elementos es-senciais de uma pesquisa.

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    EXERCCIO PRTICO 1

    Com base na leitura do trecho abaixo, extrado de um artigo de Srgio Adorno(Adorno, Srgio. (1994). CRIME, JUSIA PENAL E DESIGUALDADE JURIDI-CA. Revista USP, Dossi Judicirio, n.21.) identifque:

    a) O problema de pesquisa do autor;b) Uma possvel hiptese que pode ser inerida com base no texto;c) As variveis dependente(s) e independente(s) para testar tal hiptese.

    Este artigo tem por objetivo problematizar um dos axiomas undamentais de nossamodernidade: aquele que estabelece uma correlao inexorvel e necessria entre justia

    social e igualdade jurdica. legado do pensamento poltico clssico o princpio daigualdade de todos perante as leis, solenemente proclamado na Declarao dos Direitosdo Homem e do Cidado de 1789. Por esse princpio entende-se, por um lado, quetodos os cidados devem estar submetidos s mesmas leis, independentemente de suasdierenas de classe, gnero, etnia, procedncia regional, convico religiosa ou polti-ca; por outro lado, que esses cidados devem gozar dos mesmos direitos asseguradosconstitucionalmente, vale dizer, as leis no podem discriminar privilgios e por essa viapromover a excluso de uns em benecio de outros. (...)

    Nas sociedades modernas onde essa experincia no se verifcou ou no se consoli-dou, o principio da igualdade jurdica, ainda que reconhecido, permaneceu no raro

    contido em sua expresso simblica. Em situaes como esta, a distribuio da justiaacaba alcanando alguns cidados em detrimento de outros, o acesso da populao aosservios judiciais difcultado por razes de diversas ordens e, muito difcilmente, asdecises judicirias deixam de ser discriminatrias.

    Este artigo penetra nesta seara, pretende requalifcar os termos dessa questo, pro-pondo novo enunciado. E o az a partir do exame de prticas de produo de verdade

    jurdica, cujo objeto reside no julgamento de crimes dolosos contra a vida, matria, noBrasil, de competncia do tribunal do jri. A reexo tem por base emprica a anlisede 297 processos penais, instaurados e julgados em um dos tribunais do jri da capitalde So Paulo, no perodo de janeiro de 1984 a junho de 1988. Foram coletados dados

    a respeito do perfl de vtimas e agressores, de testemunhas e do corpo de jurados, bemcomo dados a respeito da dinmica dos acontecimentos, desde a deteco do ato passvelde confsco punitivo at a proclamao da sentena decisria, em primeira instncia. (...)

    A pesquisa privilegiou a comparao entre o perfl social dos condenados e dos absol-vidos, com vistas a verifcar os mveis extralegais que intervm nas decises judicirias (...)

    Neste artigo, as concluses sugerem arbitrariedade na distribuio das sentenas,identifcam grupos preerencialmente discriminados e apontam algumas evidncias dedesigualdade no acesso justia penal.

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    5. ASPECTOS E ELEMENTOS ESSENCIAIS DA PESQUISA QUANTITATIVA

    Quando planejamos uma pesquisa quantitativa preciso considerar, segundo Bar-betta (2005), sete elementos:

    1. Populao assumida como determinada, livre de contexto, bem defnida (entretanto, geralmente no o caso).

    2. Amostra de observaes mltiplas, equivalentes, independentes quantomais melhor entretanto lei de diminuir lucros se aplica em alguns aspec-tos usada para azer concluses sobre populao.

    3. Acessibilidade analtica aspectos podem ser medidos como variveis,quantifcados medidas mutuamente exclusivas e exaustivas.

    4. Confabilidade e validade.

    5. Interesse em variao, particularmente em explicar variao em uma varivel(varivel dependente) atravs da reerenciao de outras variveis (indepen-dentes).

    6. Homogeneidade causal cada causa tem o mesmo impacto em cada caso

    no conjuntural pode ser modifcado um pouco com condies deinterao e outras tcnicas, mas ainda limitada.

    7. Meta de generalizao construir um modelo abstrato que explique todosos casos por uso de um caso genrico idealizado variveis causais so vistasem competio umas com as outras teorias de teste atravs de adjudicao um contra o outro em termos do seu poder explicativo.

    O planejamento da pesquisa quantitativa bem ilustrado pela fgura 10, desen-volvida por Barbetta (2005). Ele consiste em se orientar tanto pela teoria quanto pela

    estatstica: primeiro se defne o problema, passa-se ao planejamento da pesquisa, a suaexecuo que inclui a coleta de dados, na sequncia realiza-se a anlise dos dados e porfm a apresentao dos resultados. Com base nesse esquema, planejaremos uma pesqui-sa emprica.

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    19 O objeto de estudos da estatstica soos enmenos aleatrios. E o que soenmenos aleatrios? Praticamentetodos os enmenos que ocorrem nanatureza so aleatrios: sexo, estatu-ra, profsso, nmero de flhos, etc.

    Estes enmenos se repetem, mas nemsempre sao os mesmos, portanto existeuma variabilidade nos resultados.

    Figura 12. Etapas usuais de uma pesquisa quantitativa. Fonte: Barbetta (2005)

    6. AMOSTRAGEM

    Em toda pesquisa temos uma populao de interesse, ou seja, um conjunto de in-divduos (ou enmenos, objetos) que apresentam pelo menos uma caracterstica emcomum, cujo comportamento deseja-se analisar ou inerir.

    6.1. Como fazer para estudar uma populao?

    Na maioria das vezes no possvel entrevistar todas as pessoas da populao deinteresse (ou todos os objetos). Por isso utilizamos a amostragem. Ou seja, procuramosconhecer o todo, utilizando apenas alguns indivduos desta populao.

    Ao conjunto de todas as repeties possveis de um enmeno aleatrio19 daremos onome de populao. Por exemplo, se queremos estudar um enmeno aleatrio: o tem-po de durao de processos no ribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro.

    Cada processo tem um tempo de durao especfco. O conjunto dos tempos de du-rao dos processos constitui todas as representaes possveis deste enmeno. A todosubconjunto da populao (de processos, neste exemplo) daremos o nome de amostra.

    Em estatstica, populao implica em um conjunto de seres ou um conjunto derepresentaes. A amostragem necessria, pois ela leva a uma econmica de tempo ede dinheiro no estudo da populao. Assim, quando queremos estudar um enmenoaleatrio, retiramos uma amostra da populao e azemos observaes sobre os elemen-tos que a compem.

    Exemplo:

    Objetivo: Estudar a percepo dos usurios do Juizado Especial Civil no Muni-cpio do Rio de Janeiro sobre o atendimento recebido.

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    Pergunta:Como os usurios do JEC do Rio de Janeiro avaliam o atendimento

    recebido quando procuram a justia?

    Populao alvo: moradores do Rio de Janeiro e dos municpios atendidos peloJEC do Rio de Janeiro.

    Populao de estudo: pessoas que j utilizaram o JEC no Rio de Janeiro.

    Amostra: um subconjunto da populao de estudo neste exemplo, umsubconjunto dos usurios do JEC do Rio de Janeiro.

    6.2. Conceitos importantes em pesquisas que envolvam amostragem:

    Parmetro: medida numrica que descreve alguma caracterstica da populao(geralmente desconhecido).

    Exemplo de um parmetro: durao mdia (em meses) de processos judiciais sobredesaposentao.

    Estatstica: uma medida numrica que descreve alguma caracterstica de umaamostra.

    Exemplo de uma estatstica: durao mdia (em meses) de processos judiciais sobredesaposentao, calculada com base em uma amostra de 120 processos que tramita-ram no JRJ.

    6.3. Tipos de Amostra

    Existem dierentes tcnicas de amostragem, isto , dierentes maneiras de escolher oselementos de uma amostra. As amostras resultantes dos dierentes tipos de amostragem

    podem ser classifcadas em probabilsticas e no-probabilsticas.Amostra probabilstica implica que todos os elementos da populao tm probabili-

    dade conhecida, e dierente de zero, de pertencer amostra.J nas amostras no-probabilsticas, no podemos determinar a probabilidade que

    cada elemento tem de pertencer amostra.

    6.4. Erro amostral

    possvel prever o erro amostral, com certo grau de preciso, em amostras probabi-lsticas. Por exemplo, com confana de 95% o erro amostral de +/ 2%

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    Existem vrios outros tipos erros em pesquisa:

    Erro de Cobertura(no temos mecanismos apropriados para selecionar os res-pondentes)

    Erro de Mensurao (perguntas mal ormuladas ou escalas ruins) Erro Sistemtico (excluso de perfs da amostra)

    7. ENCERRAMENTO DA UNIDADE PRIMEIRA ETAPA DO EXERCCIO PRTICO DE

    PESQUISA: DESENHO DO PROBLEMA, FORMULAO DA(S) HIPTESE(S) E COLETA

    DE DADOS

    Utilizando os conhecimentos adquiridos nesta unidade a proposta

    1) Elaborar um problema de pesquisa 2) Levantar hipteses3) Desenhar o instrumento de coleta de dados4) Planejar a coleta de dados

    Por questes operacionais, o exerccio implica a defnio, a priori, da popula-o a ser pesquisada: os alunos do curso de Direito da FGV Direito Rio.

    O problema ou problemas de pesquisa dever ser construdo com base noestudo desta populao de interesse, assim como as hipteses de pesquisa.

    Lembrando a defnio de hiptese de pesquisa, segundo Goode e Hatt (1996:75), uma proposio que pode ser colocada a prova para determinar sua va-lidade. Ou seja, uma suposta resposta dada ao seu problema de investigao.

    O instrumento de coleta de dados neste caso dever ser um questionrio. Etambm por critrios operacionais, devemos ter em mente um questionriode auto preenchimento, ou seja, no h a interao direta entre pesquisador e

    pesquisado (no sero eitas entrevistas pessoais).

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    Dicas para a elaborao do questionrio

    1. Separar as caractersticas a serem levantadas2. Fazer uma reviso da literatura pertinente para verifcar como mensurar

    adequadamente algumas caractersticas (uso do IBGE como reerenciapara variveis socioeconmicas e demogrfcas)

    3. Estabelecer a orma de mensurao das caractersticas a serem levantadas4. Elaborar uma ou mais perguntas para cada caracterstica a ser observada5. Verifcar se a pergunta objetiva e simples (no ambgua)6. Verifcar se a orma de perguntar no est induzindo a uma resposta7. Verifcar se a resposta pergunta no bvia

    8. empo de durao (quanto mais longo, menor tende a ser a confabilidadee a qualidade das respostas)

    9. Forma de aplicao: prezar pela homogeneidade de aplicao10. Pr-testar

    Figura 13. Elaborao de questionrio.

    Dicas elaboradas com base em Ragin (1994) e Babbie (1999)

    Com relao estrutura geral do questionrio importante atentar para contedoe ormato:

    I C0NEDO

    1) Fazer como em redaes: Organizar em tpicos/ordenao lgica Desdobrar cada tpico em pargraos, isto , as perguntas Desenvolver cada pergunta

    2) Cada pergunta deve ter, a priori, uma uno para a anlise. Deve reerir-se ahipteses e objetivos da pesquisa:

    No sucumbir curiosidade! (colocando questes que no sero teis aos obje-tivos da pesquisa)

    Pensar em variveis dependentes e independentes

    3) Guiar-se por trs palavras: SIMPLICIDADE INELIGIBILIDADE CLAREZA

    Diminuir ao mximo o esoro do respondente. Cada entrevistado deve entender

    a pergunta que est sendo eita para ento poder respond-la. E todos os entrevistados

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    devem entender a pergunta da mesma orma, ou seja, deve-se procurar manter uma lin-guagem simples e de cil acepo para que todos entendam a pergunta da mesma orma.

    Alguns erros comuns:

    1. Querer que o sujeito pesquisado seja o tomador de deciso ou o ormulador deestratgias e projetos (vale especialmente para governos e empresas)

    2. No investigar possveis ontes de problema, mesmo que preventivamente.3. Assumir entendimento comum sobre palavras/expresses de carter central na

    pergunta (sem certifcar-se disto!)4. Exigir clculos, estimativas, memrias distantes, cobrir grandes perodos (tare-

    as cognitivamente complicadas)5. Lembrar que o processo cognitivo do respondente unciona por tareas. Est-

    gios cognitivos: compreenso, lembrana e julgamento.

    II FORMAO

    1) ORGANIZAO VISUAL Blocos visveis Instrues de campo destacadas Espao para respostas defnido (orma e quantidade) Cdigos (minimizar erros de anotao)

    2) ALGUMAS DECISES DIFCEIS Pergunta Aberta x Pergunta Fechada Ponto neutro na escala ou no No opinio voluntria ou estimulada Leitura e/ou Cartes para estmulo Rodzios Releitura de alternativas Notas/Nmeros ou Categorias/Frases

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

    1. RICHARDSON, R. J. (1985) Pesquisa social. Mtodos e tcnicas. So Pau-lo: Atlas. Captulo. 4. Roteiro de um projeto de pesquisa.

    2. MOLHANO, Leandro (2010). Estudos Empricos no Direito: QuestesMetodolgicas. IN: CUNHA, J Ricardo. Poder Judicirio Novos OlharesSobre Gesto e Jurisdio. Rio de Janeiro: Editora FGV.

    3. BARBEA, Pedro Alberto (2005). Estatstica Aplicada s Cincias Sociais.

    Florianpolis: Editora da UFSC. Captulo 2. Pesquisa e Dados.

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    20 Ver notcia completa em http://g1.globo.com/jornal-nacional/noti-

    cia/2010/12/ibge-registra-menor-taxa-de-desemprego-no-brasil-des-de-2002.html, acesso 22/12/2010

    UNIDADE 3

    ANLISE DE DADOS E ESTATSTICA

    For the rational study o the law the black letter man may be the man o the pre-sent, but the man o the uture is the man o statistics and the master o economics.

    Holmes, Oliver Wendell, Jr. (1897). Te Path of the Law

    It is now generally recognized, even by the judiciary, that since all evidence isprobabilistic there are no metaphysical certainties evidence should not be ex-cluded merely because its accuracy can be expressed in explicitly probabilistic terms.

    Posner, Richard A. (1999).

    An Economic Approach to the Law of Science

    BIBLIOGRAFIA OBRIGATRIA

    1. BARBEA, Pedro Alberto (2005). Estatstica Aplicada s Cincias Sociais.Florianpolis, Editora da UFSC. 12. Anlise de dados categorizados

    2. ROSENBERG, Morris (1968). A lgica de anlise do levantamento de da-dos. So Paulo, Cultrix.Apndice A. Princpios bsicos para leitura de tabelas.

    1. POR QUE ESTUDAR ESTATSTICA?

    Por estatstica entende-se o campo do saber ou cincia de obter inormaes a partirde dados. Dados so observaes ou medidas, expressas na orma de nmeros. A esta-tstica uma orma de quantifcar incertezas.

    A estatstica est por todo canto da vida moderna, e somos diariamente bombardea-dos por inormaes estatsticas de todos os tipos. Por exemplo, em 17 de dezembro de2010 o jornal nacional dava a notcia

    IBGE registra a menor taxa de desemprego no Brasil desde 2002. A taxa caiu

    ao longo de todo o ano e chegou a 5,7% em novembro. No ms passado, 1,3 milho

    brasileiros estavam desempregados. o menor ndice desde maro de 2002, quando

    o IBGE mudou a metodologia da pesquisa mensal de emprego. Por isso no possvel

    azer comparaes com perodos anteriores a este20.

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    21 Ver indicadores em http://www.i b g e . g o v . b r / h o m e / p r e s i d e n c i a /noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1717&id_pagina=1 , acesso22/12/2010

    22 SADEK, Maria Tereza (2008). Acesso

    Justia Viso da Sociedade. Re-vista Justitia. So Paulo, 65 (198), pp.271-279.

    Outras estatsticas ornecidas pelo IBGE21 so:

    axa de ecundidade mdia das brasileiras de 1,94 flhos por mulher (em 2009). Mulheres com at 7 anos de estudo tem, em mdia, 3,19 flhos. Isso quase o

    dobro do nmero de flhos (1,68) daquelas com 8 anos ou mais de estudo. O Brasil tem 94,8 homens para cada 100 mulheres. A taxa de analabetismo das pessoas de 15 anos ou mais de idade baixou de

    13,3% em 1999 para 9,7% em 2009. Em nmeros absolutos, o contingenteera de 14,1 milhes de pessoas analabetas. Destas, 42,6% tinham mais de 60anos, 52,2% residiam no Nordeste e 16,4% viviam com salrio mnimo derenda amiliar per capita.

    85,2% dos adolescentes de 15 a 17 anos requentavam a escola em 2009. Mas

    a taxa de escolarizao lquida (ou seja, o percentual de pessoas que requenta-vam a escola no nvel adequado sua idade, neste caso o ensino mdio) era de50,9%. Ainda assim houve melhora quando consideramos que esse percentualera de 32,7% em 1999.

    Em geral, as mulheres de alta escolaridade (12 anos ou mais de estudo) tem umrendimento mensal que corresponde a apenas 58% do rendimento dos homenscom a mesma escolaridade.

    Em 2009, o total de mulheres ocupadas recebia cerca de 70,7% do rendimentomdio dos homens ocupados. No mercado ormal essa razo chegava a 74,6%,enquanto no mercado inormal o dierencial era maior, e as mulheres recebiam

    63,2% do rendimento mdio dos homens.odos estes dados oram extrados de uma onte ofcial e confvel, que o IBGE.

    H outras ontes importantes de estatsticas, como por exemplo, o Banco Mundial.

    Pas Aes/ 100 mil habitantes Juzes 100 mil habitantes Aes/ juiz

    Itlia 14.000 20 678

    Inglaterra 9.800 11 891

    Alemanha 15.600 23 678

    Frana 6.200 13 477

    Argentina 9.459 10,9 875

    Venezuela 2.375 6,3 377

    Mxico 2.600 4 650

    Brasil 7.161 5,3 1.357

    Figura 14. Dados sobre movimentao processual e juzes.

    Fonte: Banco Mundial, 2007 (Apud SADEK, Maria ereza, 200822)

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    23 No original, There are three kinds olies: lies, damned lies, and statistics.

    24 CHENG, Edward (2009). Law, Statis-tics, and the Reerence Class Problem.Columbia Law Review ( http://www.

    columbialawreview.org/articles/law-statistics-and-the-reerence-class-problem)

    Mas diariamente somos inormados sobre coisas do tipo:

    A efccia mdia dos preservativos como mtodo contraceptivo de 96% As chances de uma pessoa ser assaltada andando sozinha nas ruas do Rio de Ja-

    neiro a noite so duas vezes maiores do que as chances de ser assaltada andandosozinha nas ruas do Rio de Janeiro durante o dia.

    Carros de cor azul, preto e prateado tm probabilidade oito vezes maior deserem roubados do que carros de cor verde, vermelha ou amarela

    Pessoas que consomem 20 ml de vinho tinto por dia conseguem prolongar a suavida em mais dois anos, relativamente aos que no consomem vinho tinto.

    H uma chance de 80% que em uma sala cheia de 30 pessoas que, pelo menos,duas pessoas iro compartilhar o mesmo aniversrio.

    A probabilidade de reincidncia criminal de jovens adolescentes que fcaraminternados em instituies para menores inratores de 25% nos 12 meses apso trmino do perodo de internao ou seja, de cada 100 jovens adolescentesque deixam as instituies, 25 voltam a cometer algum tipo de inrao nos 12meses seguintes a sua sada.

    Como julgar estas estatsticas? Como saber se estas inormaes esto corretas e a-zem sentido? Como saber se estes dados so ou no confveis? A inormao estatstica extremamente poderosa, e perigosa se utilizada de orma equivocada.

    preciso distinguir o raciocnio estatstico correto do alho, para no estarmos sus-

    cetveis e vulnerveis a manipulaes e a decises que no so sejam de nosso interesse.Como se costuma dizer, a estatstica uma erramenta poderosa e necessria para

    reagirmos inteligentemente as inormaes que recebemos diariamente.

    Existem trs tipos de mentiras: mentiras, mentiras deslavadas e estatsticas23.

    Esta rase oi atribuda por Mark wain ao primeiro ministro britnico BenjaminDisraeli (18041881).

    Mas muitas vezes a estatstica no utilizada de orma manipulativa intencional-mente. Algumas vezes o que ocorre mesmo a impercia no seu uso. Vejamos.

    Edward Cheng24 (2009), afrma que dados estatsticos so elementos poderosos nostribunais, usados por exemplo, quando se busca demonstrar que um perfl de DNA muito raro e nico, ou quando se busca demonstrar estimativas de valor dos bensdanifcados, ou ainda determinar a probabilidade de que um ru criminal reincida emseu crime e portanto deende o argumento de que ele deve ser mantido preso. Emboratenham um papel relevante nas cortes, as estatsticas levantam uma srie de desafos parao sistema judicial, incluindo a preocupao de que eles so diceis de entender, e quetem um orte poder de persuaso, recebendo grande deerncia por parte dos jurados.

    As estatsticas so largamente apresentadas visando dar credibilidade a um argumentoou recomendao.

    Mas existe algo chamado problema da classe de reerncia, que resulta, na coloca-o de Cheng (2009), de uma constatao bsica: Quando se az inerncias estatsticas

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    Traduo livre do trecho To illustrate,imagine that plainti contracts cancerater being exposed to a chemical spillo a known carcinogen. To establishthat the spill is the cause o her cancer,plainti attempts to show that hercancer risk doubled ater exposure.2So ar, the litigation seems prettystraightorward, but then we ace a di-lemma. What statistic should we use toestimate plaintis cancer risk? Shouldwe use the risk or the general popu-lation, or should we be more specifc?White emales under the age o fty?Residents o Littleton County withno amily history o cancer? In otherwords, in describing cancer risk, how

    should we break down the population:by age, gender, geography, proession,or something else?

    sobre um caso especfco, as inerncias dependem criticamente sobre como agrupamosou classifcamos o caso. E exemplifca.

    Imagine que o requerente desenvolva um cncer aps ter sido exposto a um va-

    zamento qumico de um conhecido agente cancergeno. Para estabelecer que o vaza-

    mento a causa de sua condio, o requerente procura demonstrar que o seu risco de

    desenvolver cncer dobrou aps a exposio. At aqui, o processo parece bem simples,

    mas ento um dilema se coloca. Que estatstica devemos utilizar para estimar o risco

    de cncer do requerente? Devemos utilizar o risco para a populao em geral, ou

    deveramos ser mais especfcos? Mulheres brancas com idade inerior a cinqenta?

    Moradores do condado de Littleton, sem histria amiliar de cncer? Em outras pa-

    lavras, ao descrever o risco de cncer, como devemos quebrar a populao: por idade,

    gnero, geografa, profsso, ou outra coisa? (Cheng, 200925)

    preciso saber estatstica para ser capaz de eetivamente interpretar dados, realizara pesquisa, tomar decises, entender e questionar argumentos que nos so apresentadose desenvolver habilidades de pensamento crtico e analtico. A estatstica, de orma bas-tante ampla, implica em entender a coleta, organizao, apresentao e interpretaode dados.

    A estatstica um instrumento de grande utilidade na tomada de deciso. Como dis-se o ministro do ribunal Superior do rabalho (S) e conselheiro Nacional de Justia(CNJ) Ives Gandra Martins Filho em palestra no III Seminrio Justia em Nmeros

    em Braslia (24/09/2010), A inormao correta undamental para o planejamentodas aes do Judicirio... Aquele que tem que decidir tem que ter inormao correta,explicando a necessidade dos tribunais criarem e alimentarem bases de dados correta-mente, para o Judicirio poder contar com inormaes de qualidade.

    Existem dois grandes eixos no estudo da estatstica dos quais trataremos neste curso:a estatstica descritiva, que trata dos procedimentos utilizados na organizao, resumoe apresentao de dados. E a estatstica inerencial, que implica em mtodos e tcnicasutilizados no estudo de uma populao a partir de amostras desta mesma populao.

    A estatstica extremamente til, pois em geral, no h necessidade de se conheceralgumas inormaes individuais. Em pesquisa, estamos na maioria das vezes interessa-

    dos em questes coletivas, por exemplo:

    O que a maioria das pessoas pensa o que sobre o Poder Judicirio? Na percepo das pessoas, a polcia comunitria unciona? Pessoas de dierentes classes sociais vem o Poder Judicirio da mesma orma?

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    2. MEDIDAS BSICAS EM ESTATSTICA

    Vamos considerar o exemplo: sala de aula da FGV Direito Rio, com 10 alunos.

    Nome Aluno Sexo Idade Altura

    Ana Feminino 22 1,60

    Beatriz Feminino 20 1,67

    Benedito Masculino 19 1,72

    Carlos Masculino 21 1,66

    Cludio Masculino 20 1,74

    Camila Feminino 20 1,74

    Clemente Masculino 20 1,70

    Maurcio Masculino 18 1,70

    Paula Feminino 21 1,60

    Wilson Masculino 19 1,74

    a Distribuio de freqncias

    uma contagem de caractersticas de interesse, uma orma de representao da re-qncia de cada valor distinto da varivel em estudo. til para entender e interpretara natureza dos dados.

    Tabela 1. Sexo dos alunos da classe X do curso de Direito

    Sexo Frequncia Percentual

    Homens 6 60%

    Mulheres 4 40%

    Total 10 100%

    Fonte: Secretaria de Graduao Curso de Direito, 2010

    Na unidade 2 discutimos o texto de Srgio Adorno (1994) CRIME, JUSIA PE-NAL E DESIGUALDADE JURIDICA (publicado na Revista USP, Dossi Judicirio,n.21). Agora vamos azer um segundo exerccio prtico com base nesse mesmo texto. Atabela a seguir oi extrada deste mesmo texto de Srgio Adorno.

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    EXERCCIO PRTICO 2

    Tabela 3PERFIL SOCIAL DOS RUS, POR DESFECHO PROCESSUAL

    Municpio de So Paulo 1984-1988

    Desecho Processual

    Perfl Social Condenao % Absolvio %

    Sexo

    Masculino 219 96,90 61 85,92

    Feminino 7 3,10 10 14,08

    Cor

    Branca 110 48,67 33 46,48

    Negra 110 48,67 37 52,11

    Amarela 2 0,88

    Sem informao 4 1,78 1 1,41

    Naturalidade

    Nordeste 62 27,43 31 43,66

    Norte

    Centro-Oeste 3 1,32 1 1,40

    Sudeste 23 10,17 6 8,45

    Sul 10 4,42 2 2,81

    So Paulo 121 53,54 28 39,44

    Outro pas 2 0,88

    Sem informao 4 1,77 3 4,23

    abela extrada de Adorno, Sergio. (1994). Crime, justia penal e desigualdade juridica.

    Revista USP, Dossi Judicirio, n.21.

    Quais so as principais concluses que podemos tirar da leitura desta tabela?

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    b Medidas de Tendncia Central

    Servem para termos uma idia acerca dos valores mdios da varivel em estudo.So usados para sintetizar em um nico nmero os dados observados.

    Mdia A mdia aritmtica calculada somando-se os valores das observaes e di-

    vidindo este valor pelo nmero total de observaes. No exemplo, se queremos sa-ber a idade mdia dos alunos desta classe, somamos a idade dos 10 alunos (22 +20+19+21+20+20+20+18+21+19) e dividimos o total da soma pelo nmero de obser-vaes, ou seja, o nmero de alunos (200/10). A idade mdia neste caso de 20 anos.

    Mediana o valor da observao que separa 50% dos valores mais baixos dos 50% mais altos.

    Para localizar a mediana preciso ordenar as classifcaes:

    18+19+19+20+20+20+20+21+21+22

    Em casos em que o nmero de observaes mpar, existe um valor central e este va-lor a mediana. Como nesse caso o nmero de observaes par, para obter a mediana preciso calcular a mdia entre os dois valores do meio (no caso 20+20/2). Portanto,

    no exemplo, a mediana 20.

    Moda o valor que se repete mais, que aparece com maior requncia. Neste caso tambm

    20 anos.

    Obs.: quando uma varivel tem distribuio simtrica, temos quemdia = mediana = moda

    c Medidas de Disperso

    Indicam o quo nossa amostra (ou populao) heterognea, ou seja, nos d umamedida de variao. O critrio requentemente utilizado o que mede a concentraodos dados em torno da mdia, sendo as medidas mais usadas o desvio mdio, a varinciae o desvio padro.

    VarinciaUsualmente representada por S2, a medida que se obtm somando os quadrados

    dos desvios das observaes da amostra, relativamente sua mdia, e dividindo pelonmero de observaes da amostra menos um.

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    n

    (xi x)2

    (n 1) (n 1)

    s2 = (x1

    x)2 + (x2

    x)2 + (x3

    x)2 +. . . + (xn

    x)2 = i=1

    No exemplo da sala de aula, se quisermos saber a varincia de idade temos o valorde 1.33.

    Desvio Padro

    Vimos que a varincia implica na soma de quadrados, assim, a unidade em que seexprime no a mesma que a dos dados. Portanto, para obter uma medida da variabili-dade ou disperso com as mesmas unidades que os dados, tomamos a raiz quadrada davarincia e obtemos o desvio padro:

    s =

    n

    (xi x)2

    (n 1)

    i=1

    Assim, no caso das idades, temos que o desvio padro de 1.15 anos.

    Amplitude a dierena entre os valores mais alto e mais baixo da amostra. No caso das idades,

    temos a amplitude de 4 (22-18).

    d Medidas de associao e Anlise Bivariada

    Muitas vezes queremos verifcar se h uma relao entre duas variveis (se as variveisso dependentes ou no).

    Podemos construir tabelas de reqncia com dupla entrada. Essas tabelas de dadoscruzados so conhecidas por tabelas de contingncia, e so utilizadas para estudar arelao entre duas variveis.

    CorrelaoMedida utilizada para determinar se h relacionamento entre duas variveis. A pre-

    sena de uma correlao pode conduzir-nos a um mtodo para estimar uma varivel apartir da outra.

    A correlao mede a ora, ou grau de relacionamento entre duas variveis. Quantomaior a correlao, maior a intensidade de relacionamento.

    Correlao positiva: as variveis x e y variam no mesmo sentido, isto , se xaumenta, y tambm aumenta

    Correlao negativa: as variveis x e y variam em sentido contrrio, isto , se xaumenta, y diminui.

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    Obs.: a correlao entre duas variveis apenas mostra que essas variveis esto rela-

    cionadas, no indicando que uma varivel CAUSA a outra correlao no implicacausalidade.

    Qui Quadrado

    Representado por x2, a medida qui quadrado se destina a encontrar um valor da dis-perso para duas variveis qualitativas, avaliando a existncia de associao entre elas. Oqui quadrado compara propores, considerando as requncias observadas e preditaspara certo evento.

    Busca verifcar se a requncia com que um determinado acontecimento observado em

    uma amostra se desvia signifcativamente ou no da requncia com que ele esperado.

    BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

    RIOLA, M.F (1999). Introduo Estatstica. Rio de Janeiro: Editora LC.

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    UNIDADE 4

    COMUNICAO ACADMICA

    Os que escrevem com clareza tm leitores, os que escrevemde maneira obscura tm comentaristas.

    Albert Camus

    A orma pela qual dispomos o material para apresentaosempre aeta o contedo de nosso trabalho.

    Wright Mills, A Imaginao Sociolgica

    Escrever pretender a ateno dos leitores. Isso parte de qualquer estilo.Escrever tambm pretender para si um status pelo menos bastante paraser lido

    Wright Mills, A Imaginao Sociolgica

    BIBLIOGRAFIA OBRIGATRIA

    RICHARDSON, R. J. (1985). Pesquisa social. Mtodos e tcnicas. So Paulo: Atlas.Captulo 19. Relatrio de Pesquisa

    1. RECOMENDAES NA ESTRUTURAO DO TEXTO ACADMICO

    Depois de executar a pesquisa preciso comunicar os resultados. A redao acad-mica muito importante. preciso ser cuidadoso com o ormato, com a linguagem,as citaes, etc.

    A bibliografa indicada trata da estrutura e do ormato da comunicao acadmica.Aqui na apostila indicaremos apenas alguns cuidados e daremos algumas dicas para aboa comunicao do trabalho de pesquisa.

    O objetivo da comunicao acadmica o mesmo do que qualquer outra orma decomunicao: transmitir o seu pensamento, suas idias ou argumentos a outras pessoas.Busca-se na comunicao acadmica convencer o leitor sobre o seu argumento.

    Desta orma clareza, objetividade e consistncia do texto so requisitos undamen-tais. Um texto acadmico procura no deixar margem a interpretaes dierentes daque-las que o autor que comunicar.

    Um bom texto segue uma estrutura, uma seqncia lgica, com incio, meio e fm.Ou introduo, desenvolvimento do argumento (ou o corpo do trabalho) e concluso.Esta a estrutura mais simples.

    Alm de uma boa estrutura, o texto precisa ter unidade, coerncia e coeso.

    Por unidade entenda-se a interligao entre partes do texto, que devero convergirpara um direcionamento nico.

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    A coerncia do texto, implica que as idias apresentadas no sejam contraditrias.E a coeso implica que os elementos do texto, de cada rase, devem estabelecer os

    nexos