Métodos de Pesquisa - Unid II

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53 MÉTODOS DE PESQUISA Unidade II Nesta unidade, apresentaremos as linhas específicas de um projeto de pesquisa, sua organização e estrutura, trabalhando os métodos de pesquisa, visto que não há somente um método a seguir. Nesse sentido, você terá contato com assuntos relacionados à estrutura do trabalho de pesquisa, sua escolha e delimitações do assunto, bem como com os tipos de pesquisa (estudos de caso, bibliográficas, descritivas, correlacionais), a análise, o tratamento e a interpretação dos dados. A unidade avança para os movimentos, formatos e possibilidades de publicação da pesquisa, partindo, portanto, do projeto ao relatório da pesquisa, suas formas da apresentação dos resultados, não deixando de considerar as normas de citações e referências. 5 MéTODOS DE PESQUISA: ESTRUTURAçãO E ORGANIZAçãO O que chamamos de ciclo da pesquisa e aprendizagem privilegia a dimensão didático-pedagógica na própria prática social da pesquisa, principalmente, no âmbito universitário, em que ocorre o aprendizado metodológico e em que é produzida grande parte das pesquisas. Neste tópico, o foco recai na estrutura e na organização da pesquisa, de seu planejamento, bem como nos aspectos específicos do projeto. Continuamos com o assunto dos métodos de pesquisa, agora esclarecendo o modo pelo qual os métodos se articulam num fio condutor como síntese. Síntese esta proporcionada pelas dimensões subjetiva do pesquisador (abarcando de desejos a crenças); e objetiva dos recursos e instrumentos reunidos pela experiência, assimilação e reflexão, num método, nele combinados; o que supõe articulação de raciocínios e procedimentos que, sozinhos, não nos levam muito longe, por serem incompletos. Recorremos, continuamente, de diferentes modos, à pergunta fundamental: o que é pesquisa, afinal? 5.1 A pesquisa Pesquisar é, de forma bem simples, procurar respostas às indagações. Procurar o que não se tem: uma resposta satisfatória. É a insatisfação que motiva a pesquisa; que somente ocorrerá se a curiosidade não estiver satisfeita, e as dúvidas, por ora, não justificarem novas buscas. Da pesquisa em geral passamos à pesquisa acadêmica e científica, em particular. Pesquisa científica é, portanto, realização teórica e prática de uma investigação ordenada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela ciência para a avaliação desse processo de aprendizagem. Trata-se de uma atividade voltada para a solução contínua de problemas, por meio do emprego de procedimentos científicos. Os problemas não terminam, tornam-se mais complexos,

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53Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAUnidade IINesta unidade, apresentaremos as linhas especcas de um projeto de pesquisa, sua organizao e estrutura, trabalhando os mtodos de pesquisa, visto que no h somente um mtodo a seguir. Nesse sentido, voc ter contato com assuntos relacionados estrutura do trabalho de pesquisa, sua escolha e delimitaes do assunto, bem como com os tipos de pesquisa (estudos de caso, bibliogrcas, descritivas, correlacionais), a anlise, o tratamento e a interpretao dos dados. A unidade avana para os movimentos, formatos e possibilidades de publicao da pesquisa, partindo, portanto, do projeto ao relatrio da pesquisa, suas formas da apresentao dos resultados, no deixando de considerar as normas de citaes e referncias.5 MTODOS DE PESQUISA: ESTRUTURAO E ORGANIZAOO que chamamos de ciclo da pesquisa e aprendizagem privilegia a dimenso didtico-pedaggica na prpria prtica social da pesquisa, principalmente, no mbito universitrio, em que ocorre o aprendizado metodolgico e em que produzida grande parte das pesquisas. Nestetpico,ofocorecainaestruturaenaorganizaodapesquisa,deseuplanejamento,bem como nos aspectos especcos do projeto.Continuamoscomoassuntodosmtodosdepesquisa,agoraesclarecendoomodopeloqualos mtodossearticulamnumocondutorcomosntese.Snteseestaproporcionadapelasdimenses subjetivadopesquisador(abarcandodedesejosacrenas);eobjetivadosrecursoseinstrumentos reunidos pela experincia, assimilao e reexo, num mtodo, nele combinados; o que supe articulao de raciocnios e procedimentos que, sozinhos, no nos levam muito longe, por serem incompletos.Recorremos, continuamente, de diferentes modos, pergunta fundamental: o que pesquisa, anal?5.1 A pesquisaPesquisar , de forma bem simples, procurar respostas s indagaes. Procurar o que no se tem: uma resposta satisfatria. a insatisfao que motiva a pesquisa; que somente ocorrer se a curiosidade no estiver satisfeita, e as dvidas, por ora, no justicarem novas buscas. Da pesquisa em geral passamos pesquisa acadmica e cientca, em particular.Pesquisa cientca , portanto, realizao terica e prtica de uma investigao ordenada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas pela cincia para a avaliao desse processo de aprendizagem. Trata-se de uma atividade voltada para a soluo contnua de problemas, por meio do emprego de procedimentos cientcos. Os problemas no terminam, tornam-se mais complexos, 54Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIassim como os instrumentos utilizados para resolv-los. Esse movimento do conhecimento que se vai escapando quando se lhe parece agarrar rene conjuntos de procedimentos sistemticos, baseados em raciocnios lgicos, que tm por objetivo formular problemas e encontrar sucessivas solues, mediante o emprego de mtodos cientcos.Apesquisatemsualinguagemprpria,quechamamosmetodolgica,eintegraosmomentosdo processo. A integrao ocorre desde o mbito terico e conceitual das representaes e vises de mundo das formas prescritas pelas normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) at as relaes por elas visadas (atividades acadmicas, em sua maioria), desdobrando-se em tcnicas e instrumentos coerentes de coleta de dados e validao das informaes. Antes do detalhamento do projeto, cabe apresentarmos os motivos da pesquisa cientca.5.1.1 As razes de ser da pesquisa cientcaPor qual motivo se faz uma pesquisa cientca? H vrios deles, para diferentes pessoas e diferentes oportunidades.Basicamente,apesquisacientcaserveparaqueopesquisadorbusquerespostas para aquilo que o inquieta, aquilo que o incomoda. O incmodo aqui colocado aquele gerado pela necessidade de buscar respostas para aquilo de que ainda no se tem certeza ou para o qual a certeza no seja permanente. Enm, afora aqueles motivos que fazem da pesquisa a evoluo das cincias, as razes de ser da pesquisa cientca, dentre outras tantas, podem ser expressas por:exercitar e estruturar a inquietude, os impulsos, a curiosidade do estudante (pesquisador), indo alm do lugar em que se est, procurando coisas novas, novos olhares e novos usos para aquelas existentes;descobrir, inventar e melhorar tcnicas e tecnologias;explorar o conhecido, estimulando a intuio do pensamento cientfco quanto ao desconhecido, assumindo-o;aprender sobre a natureza e geri-la de modo representativo, responsvel e sustentvel;entender os sistemas socioambientais;produzir democraticamente inovaes;buscar o desenvolvimento endgeno e comunitariamente sustentvel;aumentar produtividade e competitividade, garantindo retorno sociedade, em geral;gerar universalmente investimento, emprego e renda;buscar coletivamente solues para os problemas sociais;procurar caminhos diferentes (novas variveis e novos valores para os debates, segundo a viso sistmica) para antigos e novos problemas.55Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAExemplo de aplicaoE voc: qual sua razo de efetuar uma pesquisa? Quais suas motivaes? J pensou nisso?5.1.2 O que convm pesquisar? Escolheroquepesquisarnoumatarefadasmaisfceis.Envolvedeciso,oramotivadapelo prprio pesquisador, ora a ele imposta. O fato que, como aluno-pesquisador, de que forma se escolhe o tema de um projeto de pesquisa? H vrias formas de escolher o tema de um projeto de pesquisa: escolha motivada pela paixo por assunto ou fato especfco;escolhamotivadapelosimplesincmodoemesmoporumainsatisfaocomasrespostasat ento oferecidas;escolha pela instituio;escolha baseada na rea de especializao do pesquisador;escolha decorrente de lacuna na formao;escolha baseada na relevncia para uma determinada rea;escolha visando reviso de aspectos tericos ou prticos;escolha baseada na aplicabilidade.Otemaopontodepartidadotrabalhodepesquisa.Delimitaumcampodeestudonointerior de uma grande rea de conhecimento e deve ser escolhido de acordo com as tendncias e aptides do pesquisador. Encontradaumareadoconhecimentodeinteresse,deve-seidenticarumtemaplausvel.Para avaliar a consistncia de um tema, podem-lhe ser dirigidas perguntas:Trata-se de um problema original e relevante?Ainda que seja interessante, adequado para mim?Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?Existem recursos (fnanceiros, materiais, humanos...) para o estudo?H tempo sufciente para investigar tal questo?Quais so as partes do seu tema?Qual o contexto do tema?56Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIQual a importncia do seu tema?Quem deu contribuies relevantes ao tema? Como outros autores abordaram o assunto?O que resta por investigar no tema?A aferio da consistncia de um tema pode iniciar com tais perguntas e prosseguir na construo da problemtica, ou problematizao do tema da pesquisa, como exemplicado na seo especca do projeto.Conforme bem explica Severino (2000, p. 74), [...]tratando-sedetrabalhosacadmicos,comnalidadesdidticase propeduticas,otemaescolhidooudelimitadodevedeixarmargem paraapesquisapositiva,bibliogrca,oudecampo,comanecessria aprendizagem desses mtodos de pesquisa, no sendo, portanto, o trabalho uma pura criao mental do aluno. Por isso, escolhe-se um tema j abordado poroutros,anteriormente,emboradeoutrasperspectivas,paraquehaja obras a respeito dele, podendo o aluno pesquisar e consultar documentao paraarealizaodoseutrabalho.Poroutrolado,avisoclaradotema do trabalho, do assunto a ser tratado, a partir de determinada perspectiva, deve completar-se com sua colocao em termos de problema. O raciocnio parteessencialdeumtrabalhonosedesencadeiaquandonose estabelecedevidamenteumproblema.Emoutraspalavras,otemadeve ser problematizado. Toda argumentao, todo raciocnio desenvolvido num trabalho logicamente construdo, uma demonstrao que visa solucionar determinadoproblema.Agnesedessaproblemticadar-se-pela reexo surgida por ocasio das leituras, dos debates, das experincias, da aprendizagem, enm, da vivncia intelectual no meio do estudo universitrio e no ambiente cientco e cultural.5.1.3 O porqu da pesquisa ou as suas justicativasToda pesquisa deve apresentar uma justicativa, pois, do contrrio, a atividade no faria sentido. No se pesquisa por nada. A justicativa mostra a relevncia da pesquisa baseada no tema e nos objetivos propostos,identicandoquaisseroascontribuiesprincipaisesecundriasaoentendimentoe intervenonarealidadepesquisada.aparteemqueopesquisadordemonstraroalcanceea efetividade da proposta de investigao. Arelevnciaqueseestabelecepelacoernciadeumprojetonuncaestarsomentenelemesmo, apenas na vontade do pesquisador ou no ineditismo do trabalho; deve-se cumprir com as intenes, um circuito que vai at os frutos, os benefcios sociais do trabalho de pesquisa tomado como processo. Deoutraforma,umapesquisanodeveprestar-sesomenterealizaodopesquisador,mas,sim, apresentar-se com um apelo aplicativo, que dela algum possa fazer uso em benefcio da evoluo da cincia.57Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISA ObservaoA justicativa de um projeto est na contribuio para o conhecimento sobreumtema,entretantonopodemosapenasserguiadospelo utilitarismo que se esquece da participao das cincias bsicas no edifcio. Paraquequeclaro,naredaodajusticativa,opesquisadordeverlanarmodabibliograa principal e da motivao (pessoal ou no), que ampara a iniciativa. Na justicativa, apresenta-se o que foi obtido, bem como as faltas, nos estudos at ento realizados. Sua contribuio ser preencher tais lacunas ou demonstrar, de forma crtica, conrmando aquilo que se entendia at ento, como certo ou errado, dependendo dos resultados da pesquisa.O teor bsico das justicativas de pesquisa passa pelas seguintes questes:Que motivos justifcam um projeto de pesquisa?Qual a atualidade do tema, sua insero no contexto atual?H ineditismo do trabalho ou agregao de valor aos estudos sobre o tema?Qual o interesse e quais os vnculos do autor com o tema e os objetivos declarados?Qual a relevncia, a importncia cientfca, social, educacional do tema?Qual a pertinncia, a contribuio do tema para a soluo de um problema atual?Oferecemos a voc um exemplo de justicativa do tema de pesquisa.Quadro 1 Tema e sua justicativaProblema de pesquisa do projeto JusticativaEstudo sobre as perdas sociais com a reduo das experincias do gosto (consideradas, principalmente as possibilidades modernas no realizadas) na sociedade moderna e as transformaes do sabor.H necessidade de se estabelecer a importncia cultural da experincia da dvida losca no aprendizado infanto-juvenil, com reexo constante, abandonando a saciedade com as informaes dadas sobre servios, mercadorias e objetos, em geral.Mostrar caminhos de aprendizado tradicional para valorizar a histria das experincias e resgatar valores que podem nos ensinar a rever a natureza da relao dos seres humanos com seus produtos.O resultado desse trabalho poder ultrapassar os limites acadmicos, tornando-se uma efetiva contribuio para a elaborao de polticas que regulem a educao formal, alm de criar programas que estimulem sua via informal.58Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIPara Salomon (2000, p. 221), a justicativa um elemento que jamais poder faltar num projeto de pesquisa. Para ele:[...]frequentemente,justificaoeobjetivosformamumasfasedo projeto,talaafinidadedesuarelao.Maspossvelquasesempre distingui-los, reservando, para objetivos, os fins tericos e prticos que sepropemalcanarcomapesquisa,eparajustificao,asrazes, sobretudotericas,quelegitimamoprojetocomotrabalhocientfico. Emjustificao,entraadefesadoprojeto,cujoreferencialhde serarelevnciadoproblema:aterica,ahumana,aoperacional,a contempornea.Completaajustificaoaexposiodeinteresses envolvidos(ostericos,ospessoais,osdaequipedepesquisadores), comoosrelacionadoscominiciaocientfica,aperfeioamento, especializao, titulao acadmica, descoberta cientfica etc.5.1.4 Para que pesquisar? Os objetivosTodapesquisadeveterumobjetivodeterminadoparasaberoquesevai procurareoquesepretendealcanar.[...]Oobjetivotornaexplcitoo problema,aumentandoosconhecimentossobredeterminadoassunto.[...] Osobjetivospodemdeniranaturezadotrabalho,otipodeproblemaa ser selecionado, o material a coletar. [...] Respondem s perguntas: por qu? Para qu? Para quem? (LAKATOS; MARCONI, 2007, p. 158-9).Desta forma, os objetivos da pesquisa procuram:propiciaravanoseefcincianasatividadescientfcas,valorizandotambmasperguntas pendentes, demandantes por respostas;responderaperguntasdointeressedacomunidadecientfca,quedeveestaralinhadas necessidades da sociedade que integra, de modo geral;oferecernovospontosdevistaepermitirqueseretomeaquelesqueforamprecocemente descartados, sem a pretenso de resolver plenamente os problemas ou apenas conrmar hipteses;empreenderpesquisasderelevnciaeinteressesocial,principalmente,nocasodas tecnologias;ineditismo em sua rea do conhecimento.A contribuio pode ser tanto terica, nas denominadas cincias bsicas ou puras, quanto baseada em experimentao ou melhoria de tcnicas existentes, as aplicadas, desde que os casos tenham seus resultados generalizados.59Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAOs objetivos so o que no temos e que esperamos que a pesquisa nos d. Indicam aonde queremos ir,oquequeremosconhecer,melhorare/outransformar,adotandometasparamonitoraremedir progressos no andamento. LembreteOsobjetivossoafacedamoedaquedooutroladotemahiptese; enquanto esta o que eu tenho (o que eu acho ou penso, com aquilo que j sei, at com muito de preconceitos), o objetivo o no tenho do objeto de interesse. Dividem-seosobjetivosemduasfrentes,empregando-seaterminologiadeobjetivosgeraise especcos. Os objetivos gerais indicam uma ao muito ampla, resultado pretendido, por exemplo: Melhorarodesempenhodoestudanteuniversitrionasvriasdimenses(aulas,exercciose atividades extrassala) do aprendizado escolar. J os objetivos especcos procuram descrever aes pormenorizadas ou aspectos detalhados que levaro realizao dos objetivos gerais, por exemplo:Identifcar fatores que difcultam a aprendizagem e em qual aspecto ou dimenso.Propor mecanismos que mitiguem, minimizem esses fatores.Aplicar procedimentos metodolgicos que garantam a melhoria da aprendizagem.Descrever o perfl dos alunos que utilizam computadores.Os objetivos dependem do tipo de pesquisa que realizada, e, como foi dito, da concepo demundo(nvelterico).Porexemplo,umprojetorealizadopeloMinistriodaSade,cujo problemaestariaemprocurarcaracterizaroperfilsocialdascomunidadesemquehcasos declera,teriacomoobjetivoorientarapolticapblicanareadesade,visandocontera doena.Nocasodepesquisaacadmica,oobjetivomaiorsertrazerumacontribuioao tema. Isso posto: Objetivos gerais: referem-se a uma contribuio terica que se espera alcanar com a pesquisa (por exemplo, reviso de um conceito). Objetivosespecficos:apresentamoresultadoimediatodotrabalhocientfico (apresentaodeumabibliografiaatualizadasobreotema,compilaodenovosdados sobre um assunto).60Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IISeguimos oferecendo exemplo de declarao de objetivos.Quadro 2 Declarao dos objetivos da pesquisaObjetivo geral Objetivos especcosEste trabalho sobre mtodos de pesquisa deseja recuperar os saberes e os fazeres esquecidos, o conhecimento que est nas coisas. Refnamento dos principais conceitos, questes, momentos e instrumentos da pesquisa. Alcanar consistncia com uma proposta diferente, partindo das situaes descritas e analisadas na Unidade I. Criar um frum de discusses para os resultados prticos e retorno por parte dos alunos. Leitura obrigatriaConvidamos voc a acessar a Minha Biblioteca e ler o livro Elaborao dePesquisaCientca,deJosdeSordi(SoPaulo:Saraiva,2013). Olinkqueolevarobra:. Acesso em: 22 maio 2014.5.1.5 Como pesquisar? O mtodo orientado metodologicamenteA metodologia o empreendimento de avaliao que deve situar minuciosamente toda ao prevista e desenvolvida no trabalho de pesquisa. Para Lakatos e Marconi (2007, p. 83), Todas as cincias caracterizam-se pela utilizao de mtodos cientcos; em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes mtodos socincias.Dessasarmaespodemosconcluirqueautilizaode mtodos cientcos no da alada exclusiva da cincia, mas no h cincia sem o emprego de mtodos cientcos. Assim, o mtodo o conjunto das atividades sistemticas e racionais que, com maior segurana e economia, permitealcanaroobjetivoconhecimentosvlidoseverdadeiros, traando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decises do cientista.O mtodo descreve, com vistas ao aprimoramento e ecincia, as estratgias de pesquisa, desde sua concepo coleta de dados necessrios, a m de averiguar as proposies, testar a hiptese ou hipteses formuladas. Isto , aceitar e colocar os preconceitos como ponto de partida para o dilogo, que a prpria pesquisa. Em outras palavras, trata-se do estabelecimento dos parmetros metodolgicos da pesquisa que norteia: 61Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAa escolha do tema e a identifcao dos campos sociais (reas, interesses e agentes) envolvidos; os detalhamentos e a avaliao da escolha e dos procedimentos para a identifcao, tomando como critrio a coerncia com os objetivos declarados;o acompanhamento da hiptese, questes ou dvidas colocadas, de modo que as racionalize e facilite a execuo da pesquisa no que se refere a recursos e tempo;crivar os instrumentos de coleta de dados e informaes arrolados ou elaborados para utilizao com indagaes de abilidade e adequao entre concepo terica e tcnicas e procedimentos propostos;confrontar todos os passos de realizao da pesquisa com seu projeto, propondo parmetros e promovendo ajustes, quando necessrio;checar a reprodutibilidade dos resultados. Exemplo:noestabelecimentodosparmetrosmetodolgicosdeumapesquisasobreopapel dos movimentossociaisurbanosnalutapelodireitouniversalmoradiaenaspolticaspblicas demoradia,podem-secombinarmtodosetcnicasqualitativos,comoahistriadevida,com mtodos quantitativos, como a elaborao de um ndice de casas atendidas pelo sistema habitacional correlacionado ao ndice de membros dos movimentos, a partir de dados retirados de uma amostra de moradores dos bairros A, B e C. A metodologia ordena:o tipo de pesquisa; o instrumental utilizado (questionrio, entrevista, entre outros); o cronograma; a equipe de pesquisadores e a coordenao do trabalho; a escolha e a utilizao dos recursos; as formas de tabulao e tratamento dos dados;tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa. 5.1.6 Quanto s classicaes e aos tipos de pesquisaToda classicao , a um s tempo, processo intelectual e expresso de poder, posto que sua vigncia seja em si uma consequncia de posio social de seu autor ou grupos de autores.62Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IISo exemplos os argumentos de autoridade (uns nomes sustentam, mais que outros, os sistemas de classicao, tipologias e tipicaes) e os projetos polticos dos eleitos (tm respaldo na escolha, e no na estritamente na lgica); respectivamente amparados na racionalidade de escolas ou grupos e na representatividade do sufrgio. Ou seja, em algumas vezes sero processos internos prpria cincia; em outras, no.Ademais, a classicao que segue, e de resto todas as outras, deve ser objeto de reexo e mesmo decontestao,antesquesejaadotada.Reexoparaenxergaralmdesuaconsistncia(ecincia, bomfuncionamento),procurandotestartambmsuacoerncia(eccia,ocumprimentodemetase objetivos estabelecidos pelo projeto). Contestao quanto adequao dos aspectos do modelo que no servirem sua pesquisa, o que confere personalidade pesquisa.Trazendo mais luz ao conceito, classicao, para Tristo, signica: [...] ordenar e dispor em classes. Uma classe consiste de um nmero de elementos quaisquer(objetoseideias)quepossuemalgumacaractersticacomumpela qual devem ser diferenciados de outros elementos e, ao mesmo tempo, constitui sua prpria unidade. A determinao e a seleo das classes que compreendem umesquemadeclassicaoestoessencialmenterelacionadascomas necessidades de utilizao de cada esquema (apud BEZERRA, 2006, p. 13).As classicaes seguem a lgica exposta por Fabola Maria Pereira Bezerra, com base em Prithvi N. Kaula e Ingetraut Dahlberg (BEZERRA, 2006, p. 13-4):Kaula considera a classicao como um dos mais importantes ramos do conhecimento e justica sua armao quando diz que a mente humana, de uma forma consciente ou inconsciente e independente do m, desenvolve a ao de classicar objetos, quando rene coisas semelhantes e separa os outros no diretamente relacionados. Neste processo mental, natural e automtico de classicao dos entes, dos fatos e dos acontecimentos, Pombo deniu como pontos estveis, que permitem ao ser humano uma orientao em relao ao mundo sua volta, estabelecendo hbitos,anidadesedivergncias.Possibilitaaindareconheceroslugares,os espaos, os seres, os acontecimentos; orden-los, agrup-los, aproxim-los uns dos outros, mant-los em conjunto ou afast-los irremediavelmente. Kaulaarmaaindaqueautilizaodaclassicaojeraaplicadapor grandes lsofos no processo de compreenso e anlise do conhecimento. ReferequeAristteles(382-322a.C.)concebeuaclassicaocomo umprocessomental,dividindooriginalmenteoconhecimentoem5 categorias.Posteriormenteestascategoriasiniciaisforamdesenvolvidase reconhecidas por Aristteles e seus seguidores, em outras 10 categorias, em 63Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAquerepresentaramouqualicaramasdiversasreasdoconhecimento. Enquanto Kaula, em seu artigo, associa o comeo do estudo da classicao, a partir de Aristteles, Dahlberg j arma que a histria das classicaes to antiga como a histria da humanidade, citando como exemplo a enciclopdia do egpcio Amenope no ano 1250 a.C., embora, na poca, fosse reconhecida apenas como a arte de classicar, no podendo ser considerada ainda como cincia, pois no havia um embasamento terico. Segundo o autor, todos os trabalhos desenvolvidos na poca foram organizados sistematicamente, i. e., o conhecimento neles apresentado era organizado segundo alguma ideia preconcebida, sendo que a sistematizao do conhecimento no era feita da maneira esquemtica como hoje se apresenta. Estabelecidasasconcepeseaspossibilidadesdaclassicaonessetrabalho,seguimoscom oscritriosdeclassicaodaspesquisas;ecomrelaospesquisas,hoempregogenricoda classicao com base em seus objetivos gerais. Desse modo, classicam-se as pesquisas em exploratrias, descritivas e explicativas, como segue, com base em Gil (2002).Exploratrias:cujoobjetivotatearoquantopossvelembuscadequaisquerelementos quepossamesclarecerquestes(hipteses),problemas,mostrandoalgoaindanoapontado. Envolvem,geralmente,levantamentobibliogrcoedocumental,muitoutilizadascomoetapa inicial de um processo de pesquisa, j que se caracterizam por esclarecer certos temas e assuntos. ObservaoAspesquisasexploratriassorealizadasparaatenderadiferentes objetivos, que vo da busca por conhecimento sobre determinado assunto, para avanar sobre bloqueios e limites aproximao de um fato ou tema, conhecer aspectos obrigatrios de nosso entorno. Descritivas e observacionais: foco na observao, no levantamento e no inventrio de questes (dados e informaes) com vistas integrao e articulao dos elementos dos conjuntos estudados, de modo que conra sentido s relaes aparentemente disparatadas nos momentos anteriores pesquisa. A descrio o momento mais rico do conhecimento, pois assume a imensa inuncia que recebe das vises de mundo particulares, assim como a grandeza do real, apresentando-o por dentro, de modo dinmico e inacabado; pesquisas que chamamos de descritivas requerem muita maturidade pessoal e acadmica, posto que no do a ltima palavra, como quer o discurso explicativo. Aqui, h o predomnio da razo subjetiva, conforme foi denida.Explicativas:coraodapesquisapositivamoderna,postoqueotermojremeteacerto distanciamentodopesquisador,mostrandocomoascoisasfuncionam.Naspesquisas denominadasexplicativas,pesquisamosparadescobrirosfatoresquedeterminamosfatos oucolaboramparasuaocorrncia,queseroapresentadoscomosistemasosmaisfechadose controlados possvel. Aqui, h o predomnio da razo objetiva, conforme foi denida.64Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IITambmpossvelclassicaraspesquisasconformeoempregodeinstrumentos,quedevemser alinhados aos procedimentos tcnicos, segundo Gil (2002, p. 43), que inspira as descries seguintes. Bibliogrcas:assimcomoapesquisadocumental,apesquisabibliogrcadesenvolvida com base em material j elaborado, constitudo principalmente de textos (laicos, religiosos, leis diversas, cartas, livros, artigos cientcos etc.). passo inicial em quase todos os estudos, havendo pesquisasdesenvolvidasexclusivamenteapartirdefontesbibliogrcas.Documentos,paraa pesquisadocumental,sofontesoriginaisquenosofreraminterveno,cujossentidossero reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa, enquanto o objeto da pesquisa bibliogrca variado e j reproduzido, conforme as pesquisas que dele decorreram.Estudosdecampo:solevantamentosqualitativosquecolocamopesquisadoremmeioao objeto pesquisado, sejam relaes sociais, sejam aspectos fsicos e biolgicos; h certa comunho entresujeitoeobjeto,quenosextremospodemvariardoscasosemqueasfronteirasentre ambos so bem visveis quelas em que desaparecero. H uma marca subjetiva nesses estudos, compreocupaocomaobjetividade.Trabalhosdecamposolevantamentosdeimerso,de participao, enquanto os levantamentos de dados para tabulao so instrumentos quantitativos, sendo usados, um e outro, conforme a fundamentao terica (viso de mundo) e a metodologia (encadeamentoecientedospassosnotrabalho)dapesquisaencaminhada.Oslevantamentos estatsticos oferecem maior distanciamento dos fatos, sendo mais ao gosto da cincia tradicional edoplanejamento,emparticular,emvirtudedeseusatributosmatemticos.Porm,seuuso adequadonodevevirdaprefernciapeloinstrumento,masdasdeterminaesecoerncia metodolgicas. Estudos de caso: indicam o privilgio da profundidade e do detalhe, numa escala de observao deobjetocontrolado,numlugarconcretoounoplanoterico,quepodeserumbairro,uma empresa e at mesmo um trao de personalidade, desde que o enfoque esteja cravado. Os estudos de caso tm larga utilizao nas cincias biomdicas (casos clnicos), com emprego nas cincias sociais aplicadas (administrao e economia). Observaoprecisonoconfundirotratamentobanaldequalquercasocom estudos de profundidade, que levam tempo para maturar e se desenvolver; meses, pelo menos.Experimental:demodogeral,oexperimentorepresentaomelhorexemplodepesquisa cientca.Essencialmente,apesquisaexperimentalconsisteemdeterminarumobjetode estudo, selecionar as variveis que seriam capazes de inuenci-lo, denir as formas de controle e de observao dos efeitos que a varivel produz no objeto. O cientista manipula diretamente asvariveisrelacionadasaoobjetodeestudo,procurandoidenticarcausaseefeitose modalidadesdeocorrnciadoevento;criasituaesdecontroleparaevitarinterferncias nas relaes de causa-efeito identicadas na amostra, como o uso do placebo. Resumindo, a 65Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISApesquisaexperimentalconsisteemdeterminarumobjetodeestudo,selecionarasvariveis que seriam capazes de inuenci-lo e denir as formas de controle e de observao dos efeitos que a varivel produz no objeto. A pesquisa experimental pode ou no ser feita em laboratrio, desde que preencha os requisitos de: 1) manipulao de algum aspecto ou varivel do objeto; 2) controle da situao experimental, sobretudo, criando um grupo de controle (de referncia, para comparao e anlise); 3) distribuio aleatria dos elementos que faro parte dos grupos experimentaisedecontrole.Osestudosocorrerocomgruposcoordenadosoucomsujeito nico.Estudosdecoorte,prospectivos,longitudinaisoudeincidncia:oconceitodecoorte empregado, na maioria das vezes, na rea da sade, em observaes clnicas, na descrio de um grupo de indivduos que possuem algo em comum, normalmente, a idade, mas tambm residncia, permanncia, exposio a agente contaminante etc. So, assim, reunidos e passam por observao durante perodos determinados, a m de que sejam avaliadas as ocorrncias em cada indivduo. A periodizao das observaes deve ser criteriosa, e os dados pertinentes histria natural do problema em questo devem ser considerados (doena, vetores de contaminao, entre outros). Osestudosdecoortepodemserprospectivos(contemporneos)eretrospectivos(histricos). Oestudodecoorteprospectivoelaboradonopresente,comprevisodeacompanhamento determinado,segundooobjetodeestudo.SegundoGil(2002),suaprincipalvantagemade propiciarumplanejamentorigoroso,oquelheconfereumrigorcientcoqueoaproximado delineamento experimental. O estudo de coorte retrospectivo elaborado com base em registros do passado com seguimento at o presente. S se torna vivel quando se dispe de arquivos com protocolos completos e organizados.Anlise dos dados, tratamento estatstico ou levantamento: segundo Gil (2002), as pesquisas dessetipocaracterizam-sepelainterrogaodiretadaspessoascujocomportamentosedeseja conhecer. Basicamente, procede-se solicitao de informaes a um grupo signicativo de pessoas acercadoproblemaestudadopara,emseguida,medianteanlisequantitativa,obterem-seas concluses correspondentes aos dados coletados. Pesquisaexpostfactoecorrelacionais:atraduoliteraldaexpressoexpostfactoa partir do fato passado. Conforme Gil (2002, p. 49), a pesquisa ex post facto uma investigao sistemticaeemprica,naqualopesquisadornotemcontrolediretosobreasvariveis independentes,porquejocorreramsuasmanifestaes,ouporquesointrinsecamenteno manipulveis;signicaquenessetipodepesquisaoestudofoirealizadoapsaocorrnciade variaesnavariveldependentenocursonaturaldosacontecimentos.TambmsegundoGil, uma importante modalidade de pesquisa ex post facto, muito utilizada nas cincias da sade, a pesquisa caso-controle.Apesar das semelhanas com a pesquisa experimental, o delineamento ex post facto no garante que suas concluses relativas a relaes do tipo causa-efeito sejam totalmente seguras. O que geralmente se obtm nessa modalidade de delineamento a constatao da existncia de relao entre variveis. Por isso que essa pesquisa, muitas vezes, denominada correlacional (GIL, 2002, p. 49).66Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIOpropsitobsicodessapesquisaomesmodapesquisaexperimental:vericaraexistnciade relaes entre variveis. Seu planejamento tambm ocorre de forma bastante semelhante. A diferena mais importante entre as duas modalidades est em que, na pesquisa ex post facto, o pesquisador no dispe de controle sobre a varivel independente, que constitui o fator presumvel do fenmeno, porque ele j ocorreu. O que o pesquisador procura fazer nesse tipo de pesquisa identicar situaes que se desenvolveram naturalmente e trabalhar sobre elas como se estivessem submetidas a controles.Pesquisa-ao: quando o pesquisador no apenas observador exterior aos fatos, mas assume a necessidade de fazer parte deles. Nas palavras de David Tripp (2005, p. 445-6): importantequesereconheaapesquisa-aocomoumdosinmeros tipos de investigao-ao, que um termo genrico para qualquer processo que siga um ciclo no qual se aprimora a prtica pela oscilao sistemtica entreagirnocampodaprticaeinvestigararespeitodela.Planeja-se, implementa-se,descreve-seeavalia-seumamudanaparaamelhoriade suaprtica,aprendendomais,nocorrerdoprocesso,tantoarespeitoda prtica quanto da prpria investigao.Pesquisa participante: a pesquisa participante, assim como a pesquisa-ao, caracteriza-se pela interao de pesquisadores e membros das situaes investigadas. Saiba maisConvidamos a ler o livro:ADORNO, R. C. F. et al. O conhecimento e o poder: de quem a palavra. Relatodeumaexperinciadepesquisaparticipante.Rev.SadePblica, So Paulo, v. 21, n. 5, out. 1987. Disponvel em: . Acesso em: 23 mar. 2014.H autores, como Serva (1995, p. 69-70) que tambm tratam da pesquisa participante:A observao participante refere-se, portanto, a uma situao de pesquisa em que observador e observados encontram-se numa relao face a face, e em que o processo da coleta de dados se d no prprio ambiente natural de vida dos observados, que passam a ser vistos no mais como objetos de pesquisa, mas como sujeitos que interagem em um dado projeto de estudos. [...]67Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAAoresgatedasubjetividade,pelainserodopesquisadornumarelao direta e pessoal com o observado, corresponde a abertura para a emoo, o sentimento e o inesperado. [...][...]aopopelautilizaodaobservaoparticipantedprimazia experinciapessoalvividanocampo,evitandooaprisionamentodo pesquisador em apriorismos. Por outro lado, isso no signica, em absoluto, que no se disponha de quadros referenciais tericos slidos. Observao muito importante esclarecer que, na prtica, esses tipos no devem anteceder as escolhas e decises de pesquisar, posto que so consequncias do exerccio real do mtodo como o condutor das aes; exceo no caso depropostasdetemaseprocedimentosdeterceiroscomocondio pesquisa.5.1.7 A formulao do problema de pesquisa Muitos estudantes consideram inconveniente a assertiva que lhes dirigimos nas aulas: at para no sabermos,precisosaberalgumacoisa,isto,quandoalgumarmaquenadasabesobrealgo,no contexto da pesquisa cientca, a condio para tal desconhecimento a de que tenhamos conhecimento prvio acerca desse assunto e, desse modo, percebamos que o trabalho de formular problemas e hipteses, bem como a tarefa de descrever e/ou explicar as variveis com as quais trabalhamos como pesquisadores, pede certo conhecimento sobre o assunto que queremos aprender e manejar. Normalmente,ospesquisadoresjacumulamconhecimentosucienteparaelaborarproblemase hipteses. Quando eles imaginam pesquisar determinado assunto, j leram e reetiram sobre o tema o suciente para, com segurana, elaborar o seu problema e a hiptese da sua investigao.No caso de trabalhos escolares, muitas vezes, o prprio professor da disciplina d aos alunos algumas informaesbsicassobreotemapropostoparaumapesquisamaisaprofundada,complementare mesmo suplementar s aulas.Como deveremos proceder se nos for solicitada uma pesquisa sobre um assunto que desconhecemos? E se devemos elaborar um problema de pesquisa e hipteses pertinentes a esse problema, no caso de um tema que no dominamos?recomendaobsica,erequisitofundamental,quefaamosumestudoprviosobreotema denossointeresse,paraquepossamosformularumproblemadepesquisaquesejapertinente,mas, sobretudo, coerente.68Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIEsseestudoprviopodeenvolverleituradejornais,enciclopdias,stiosdainterneteorientao ouconversascompessoasquesabemosdominarotema(ouquepossuemumconhecimentomais aprofundado sobre o assunto que vamos investigar).Muitas vezes, dada a vastido do tema e o nosso desconhecimento sobre o assunto estudado, esse estudo prvio acaba se transformando em uma pesquisa bibliogrca, momento de qualquer pesquisa, alm de modalidade importantssima quando o objetivo for levantamento dos atributos (propriedades fsicas, qumicas, sociolgicas, mdicas etc.) e explorao das diversas dimenses de temas (histricas, geogrcas, econmicas, culturais, polticas, ambientais, entre outras).Pesquisamosamdedescobrirrespostasparaproblemas.Nocampodametodologiacientca (conjunto de tcnicas e mtodos consagrados pelo trabalho de pesquisa cientca), denimos problemas comoquestesnoresolvidasequesecolocamcomocentrodediscussoeinvestigao.Deforma bastante simplicada, o problema da pesquisa resume o que nos inquieta, o que nos motiva a levantar informaes, a respeito do que queremos saber mais. Lembrete preciso saber algo do assunto que se deseja pesquisar. Problemadepesquisa,paraGil(2002,p.23),comrecursoaodicionrio,questonosolvidae que objeto de discusso, em qualquer domnio do conhecimento, pois a que mais apropriadamente caracteriza o problema cientco. Justica a seleo da acepo pela clareza de que nem todo problema passveldetratamentocientco.EreiteraqueIstosignicaque,paraserealizarumapesquisa, necessrio, em primeiro lugar, vericar se o problema cogitado se enquadra na categoria de cientco. Esse autor reitera que:toda pesquisa se inicia com algum tipo de problema, ou indagao. Todavia, a conceituao adequada de problema de pesquisa no constitui tarefa fcil, em virtude das diferentes acepes que envolvem este termo (GIL, 2002, p. 23).Gilajuda-nosnatarefadeclassicaremanejarasquestesdapesquisaemfunodesua vericabilidade. Arma ele que, nas perguntas como esta: como posso viver melhor e qual a maneira correta de viver?, elaboram-se, respectivamente, problemas tecnolgicos e morais (segundo o autor, de engenhariaedevalor),contudonosoproblemascientcos,porquenaprpriaperguntanoh variveis (acontecimentos cujo valor poderia mudar em funo de inmeros fatores) que possam ser testadas objetivamente (2002, p. 24). Em outras palavras:Problemasdevaloroudeengenharianopodemserproblemas cientcos.Elesnosocienticamentetestveis.Noconseguimos levantar evidncias fortes o suciente que possam responder s questes formuladasdessamaneira.Podemosatnosaproximarderespostas 69Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAprovveis,masdicilmentepodemoschegaraumaconclusocom segurana e neutralidade (GIL, 2002, p. 24).Mais:Umproblemacientcoumproblemaqueapresentaumasituaoque pode ser testada. Se um problema uma questo que mostra uma situao necessitadadediscusso,investigao,decisoousoluotemosqueter condies efetivas de discuti-lo, investig-lo e solucion-lo (GIL, 2002, p. 24).Segundo vrios pesquisadores e cientistas, a etapa mais difcil e trabalhosa do processo de pesquisa a denio do problema. Vamos pesquisar o qu? Vamos responder a qual questo? desse momento que depende todo o restante do trabalho de pesquisa. Se no formulamos adequadamente o problema, toda a nossa pesquisa est comprometida. Se no denimos o rumo, vamos com certeza nos perder. O erro mais comum em pesquisa inici-la sem ter claro o problema a ser resolvido. Temos tantas ideias, queremos saber tantas coisas, que erroneamente consideramos que est claro o que queremos saber. Esse o maior engano. Muitas vezes, no est claro nem para ns mesmos. Imaginem ento para os outros.Seguem alguns exemplos de formulao de problemas de pesquisa.Quadro 3 Exemplos de problemas de pesquisaTemtica Problematizao do tema de pesquisa proposto no projeto.Qualidade de vidaAvaliar se a educao escolar com preceitos mdico-ambientais, jurdicos, polticos, logo nos primeiros anos do Ensino Fundamental, transforma hbitos alimentares e de higiene pessoal (prolaxia mdica); conhecimento das normas essenciais, das leis bsicas (comeando pela Constituio Federal), participao nas decises, na vida institucional das organizaes, principalmente as pblicas (participao poltica). Tudo isso de modo ldico, brincando, jogando. Projeto de longa durao, com grupo-controle.A utilizao da informtica no aprendizado escolar.Vericar a eccia da utilizao de jogos eletrnicos (games variados, feitos com propsito educativo ou no) no aprendizado das diversas disciplinas, como sociologia, poltica, estatstica, ecologia e todas as demais reas de estudo. Projeto de curta durao, com possibilidades de testes qualitativos sobre o aprendizado.A crise da hegemonia das reas de denominao geogrca controlada, da vitivinicultura europeia.Vericar se a presena de timas condies ambientais e culturais dos terroirs (clima, relevo, nutrientes no solo, saberes, tradies etc.) na vitivinicultura realmente so nicas, ou se as variedades de uvas vinferas podem ser cultivadas em quaisquer reas cujas condies sejam aproximadas e articialmente produzidas (varietais dos Estados Unidos, Chile e Nova Zelndia, por exemplo). Exemplo da champagne, que o nico vinho espumante que pode receber esse nome por ser da regio de Champagne, sendo o vinho que passa por processos similares denominado simplesmente espumante. Projeto de mdia durao e interdisciplinar, de instrumental mltiplo, para escapar das amarras tecnicistas. Pesquisa bibliogrca, videogrca (documentrios e dramas) e cartogrca.A distribuio espacial da renda nas regies metropolitanas brasileiras, associada aos problemas ambientais e de infraestrutura.Vericar se a concentrao de renda, alm de estar associada ao acesso s melhores reas das cidades (tambm do campo), tambm explica a distribuio dos benefcios e problemas ambientais.70Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade II Saiba maisVocpodebuscarasseguintesfontesparaobtermaisconhecimento sobre o assunto: CASTROA.A.Formulaodaperguntadepesquisa.In:CASTRO,A.A. Reviso sistemtica com e sem metanlise. So Paulo: AAC, 2001. Disponvel em: . Acesso em: 20 maio 2014.Essecaptulofazpartedeumasriedemanuscritosqueoriginouo curso, aberto e gratuito, de reviso sistemtica e metanlise, disponibilizado pela Unifesp Virtual. (.). HEGENBERG, L. et al. (Org.). Mtodos de pesquisa: de Scrates a Marx e Popper. So Paulo: Atlas, 2012.LIMA, T. C. S.; MIOTO, R. C. T. Procedimentos metodolgicos na construo do conhecimento cientco: a pesquisa bibliogrca. Katlysis, Florianpolis, v. 10, 2007. Nmero especial. Disponvel em: . Acesso em: 23 mar 2014. Algumas consideraes sobre o problema de pesquisa so necessrias: Uma pesquisa s ser necessria se existir uma insatisfao com as solues oferecidas, dvida ou dvidas a serem esclarecidas. Aproblemticaaevoluometodolgicadoencaminhamentodadvidainicialquemotiva eorientaapesquisa;nopodemosperderdevistaessaorigem,que,segundoospreceitos loscos geralmente aceitos, deve sempre sediar seu ciclo no senso comum, isto , estabelecer seus horizontes no mundo da vida humana. Deve ser escrito de forma clara e argumentativa: qual a questo, e seus parmetros, para a qual se busca uma resposta? Pode-se, ainda, qualicar os problemas quanto: relevncia: isso quer dizer que o problema de pesquisa precisa, de alguma forma, representar uma indagao ou questionamento que tenha importncia no contexto histrico na construo doconhecimento,nopodendosermedidoapenaspelaaplicaodasconclusessquais chegarmos. , ento, uma questo de coerncia de todo o ciclo da pesquisa, desde as concepes tericas, tcnicas, s ticas, que devem ser fundantes da ao.71Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAclareza:issosignifcaquenopodehaverdvidasnoencaminhamentodapesquisasobrea questo da pesquisa que se ir realizar.possibilidadederealizao:devemosnosproportrabalhosfactveis,praticveis,noquediz respeito a alcance dos objetos de interesse, acesso aos recursos em geral, alm de ambiente de pesquisa.Aosinteresseseprefernciasdopesquisador:semprequepudermos,devemosescolhernossos temas de pesquisa. Na vida escolar (tambm na prossional), principalmente quando as pesquisas soexercciosdeaprendizagemmetodolgica,ostemassosecundriosourestritosprtica exploratria e ao domnio da reproduo do assunto antes de nele criar. Ou melhor, temos de fazer pesquisas em temas que no so os de nossa preferncia, apesar de estarmos mais interessados em outros assuntos. Devemos procurar escolher assuntos que nos sejam interessantes, a respeito dos quais temos muita curiosidade. especifcidade: na defnio do problema principal de nossas pesquisas, temos de ser bastante especcos quanto ao estabelecimento dos objetivos e de sua hierarquia, pois devem ser precisados os aspectos (as variveis) que podero (devero) ser vericados. Os temas muito amplos e fracionados podem apresentar-se como de difcil soluo, e, se no definirmos exatamente o que queremos, provavelmente perderemos o foco em meio ao material bibliogrfico(grficosemgeral,documentos,enciclopdiaseartigoscientficos).Devemos continuamenteajustaraproblemtica(oquestionamento)dapesquisacomosefosseabusca pelaslentesadequadasquenospermitiroenxergarmelhornossoalvo;maisoumenoscomo fazemos naqueles exames oftalmolgicos. Logo, quanto mais especco for o problema formulado, mais fcil ser empreender buscas e aferir aconsistnciadassoluesencontradas.Quantomaisespeccoforoproblema,maissentidoter nosso trabalho de pesquisa. Esse um trabalho que costumamos denominar recorte do tema. Como se estivssemos diante de uma enorme folha de jornal recheada de assuntos interessantes e resolvssemos recortar um artigo sobre determinado tema. forma, como pergunta: por uma questo de preciso e controle lgico, formulamos o problema como pergunta na forma interrogativa; preciso, em virtude da necessidade da linguagem como instrumento; e controle na vericao das variveis; isto , os termos acessrios do problema que devero ser checados. A ttulo de exemplo, seguem alguns problemas que podem ser considerados cientcos, bem como seus motivos:O horrio eleitoral gratuito (e demais modalidades de campanha) repercute no voto do eleitor? Procura-se aqui inquirir a assistncia e avaliar a extenso de impactos.72Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIOs ndices de desemprego, de dfcit habitacional, da fome e de acesso escola so responsveis pelo crescimento da violncia urbana? O propsito avaliar pelo mtodo comparativo de amostras com diferentes combinaes dos fatores.Que fatores determinam o aumento ou a diminuio dos nveis de poupana de famlias de classe mdia? Aferirosperodoscommenoresauxosdedepsitoempoupanarelacionadosavariveis socioeconmicas de renda, escolaridade, segmentao de mercado etc., conforme as hipteses.A escolha da dieta bsica (e de alimentos particulares) d-se conforme o grau de instruo? Averiguao das dietas bsicas de grupos pesquisados da populao total segundo estratos de escolaridade.Quais os fatores (psquicos, sociais) infuenciadores do hbito de amamentar? Pesquisa bibliogrca e entrevistas com grupos de estratos sociais de renda, educao, domiclio distintos; escolhas com base nas hipteses. Os exames vestibulares refetem o nvel de iniciao leitura dos candidatos? Aferir a relao dos candidatos com a prtica da leitura.Na realizao de atividades por indivduos isolados ou por grupos coordenados, qual modo mais eciente ou produtivo de execuo do trabalho? Aferir e comparar os ciclos de atividades por modalidade.Qual o impacto das atividades humanas no assoreamento dos rios urbanos? Mapear e mensurar os impactos da ocupao do territrio (atividades) na dinmica hidrolgica e no perl hidrogrco da regio estudada.Osproblemasmencionadosanteriormentesocientficos,especficos,atendendoaos requisitos mencionados. Formulado o problema da pesquisa, a elaborao da hiptese a tarefa que,emseguida,faz-senecessria.Jdissemosquesetratadaquiloqueachamos,nossa soluoprecriaparaoproblemaproposto;oquejtemossobreoobjetodapesquisa,o outro lado do objetivo.73Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISA5.1.8 A elaborao das hipteses de pesquisa A hiptese , ento, uma resposta (provvel) ao problema a ser investigado. Em algumas pesquisas, essaelaboraodispensvel,aomenosemtermosdasuaexplicitaoformal(querdizer,dasua declarao). Isso ocorre principalmente nos casos de estudos exploratrios ou descritivos.Deformasimplicada,podemosdizerqueproblemas,objetivosehiptesesestorelacionados. Percebemos diferenas nos seguintes aspectos:enquanto os problemas so sentenas interrogativas, os objetivos so incertos, as hipteses so armativas;as hipteses so to especfcas quanto os objetivos e mais do que os problemas;as hipteses apresentam uma maior preocupao com a operao da pesquisa propriamente dita; assim, se o problema apresenta a questo da pesquisa, a hiptese deve deixar claro qual a forma a ser utilizada para resolver o problema foco de investigao.Ashiptesessoconsequnciasdosobjetivosedosproblemasformulados.Elasfuncionamcomo armaes, procurando deixar evidente como sero respondidas algumas das questes pertinentes aos problemas. Isso ocorre porque, como as hipteses so mais especcas, elas podem estar relacionadas adeterminadosaspectosdoproblema.Portanto,ummesmoproblemapodegerarvriashipteses, eaconstruodeumadeterminadahipteseescolhapessoaldopesquisadoremrelaoavrias possibilidades. Vamos a alguns exemplos, tomados dos que j foram apresentados. Exemplo 1: O tema : a crise da hegemonia das reas de denominao geogrca controlada, da vitivinicultura europeia.Problemaformulado:possvelmanteraqualidadeoriginaldevinhosderegiesespeciaisnos vinhos que mantenham a variedade de uvas em outras partes do mundo? Argumento: vericar se timas condies ambientais e culturais dos terroirs (clima, relevo, nutrientes nosolo,saberes,tradiesetc.)navitiviniculturarealmentesonicas,ouseasvariedadesdeuvas vinferas podem ser cultivadas em quaisquer reas cujas condies sejam aproximadas e articialmente produzidas (varietais dos Estados Unidos, Chile e Nova Zelndia, por exemplo). Exemplo da champagne, que o nico vinho espumante que pode receber esse nome por ser da regio de Champagne; sendo ovinhoquepassaporprocessossimilaresdenominadosimplesmenteespumante.Projetodemdia duraoeinterdisciplinar,deinstrumentalmltiploparaescapardasamarrastecnicistas.Pesquisa bibliogrca, videogrca (documentrios e dramas) e cartogrca.74Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIPodemosformularvriashiptesestomandooproblemapossvelmanteraqualidadeoriginal devinhosderegiesespeciaisnosvinhosquemantenhamavariedadedeuvasemoutraspartesdo mundo? como ponto de partida. Portanto, de um mesmo problema, podemos formular duas ou mais hipteses diferentes. So vrias as possibilidades. Numa delas, ambos os exemplares de vinhos devem ser comparados. A ttulo de exemplo, vamos formular duas hipteses: Hiptese1:umdosdoismelhor,apartirdoscritriosconvencionaisempregadospela arbitragem, desmoralizando um dos argumentos do debate. Hiptese 2: os dois so de alta qualidade, e caem por terra os mitos.Comopossvelobservar,ashiptesessoafirmaesquesefazemnatentativadeobter respostas para a soluo de um determinado problema. Seja l qual for a hiptese escolhida, sua confirmao ou no auxilia na descoberta da resposta ao problema que formulamos. O pesquisador deve escolher aquela hiptese que mais o agrada e que lhe parece mais prxima de responder ao problema formulado. Exemplo 2: O tema : a distribuio espacial da renda nas regies metropolitanas brasileiras e associao aos problemas socioambientais e de infraestrutura.Problema formulado: a distribuio territorial da renda causa principal de processos sociais que armam ou negam a qualidade de vida da populao?Argumento:vericarseaconcentraoderenda,almdeestarassociadaaoacessosmelhores reas das cidades (e do campo), tambm explica a distribuio dos benefcios e problemas ambientais. Para cada um dos fatores, podemos formular uma hiptese correspondente. Hiptese1:opoderaquisitivo;arendadeterminaoacessosmelhoresreasdosespaos urbanos e agrrios. Hiptese2:aconcentraoderendaacompanhadademobilizaoesoluopoltica (lobbies) dos problemas e atendimento de demandas. Hiptese 3: as condies socioambientais em geral expressam o comportamento dos grupos com associao direta a esses espaos.As hipteses anteriores so armaes que fazemos na tentativa de obter respostas para a soluo de um determinado problema, qual seja, o da descoberta dos fatores que esto relacionados ao crescimento da violncia urbana. Seja l qual for a hiptese escolhida, sua conrmao ou no nos permite descobrir se o fator selecionado pode ou no estar vinculado ao crescimento da violncia. O pesquisador deve 75Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAescolherahiptesedesuaprefernciaeaquelheparecemaisprximaderesponderaoproblema formulado. 5.1.8.1 Papel das variveisComo dissemos, na hiptese, estamos imaginando a existncia de alguma relao entre coisas ou fatos. Por exemplo, vamos imaginar o seguinte problema de pesquisa:Problema: a ocorrncia de cries est relacionada ao acompanhamento odontolgico preventivo?.Estamos nos perguntando se o hbito de consultar com frequncia o dentista pode estar relacionado frequncia com que surgem cries. Para esse problema, podemos formular a seguinte hiptese:Hiptese: a frequncia com que surgem cries est relacionada frequncia de acompanhamento odontolgico preventivo. Nessa armao, estamos procurando investigar se frequncia de acompanhamento odontolgico e frequncia de ocorrncia de cries esto relacionadas. Para efeito da nossa pesquisa, frequncia de acompanhamento odontolgico e frequncia de ocorrncia de cries sero as nossas variveis. So as coisas ou os fatos que procuraremos estudar.Quando o pesquisador elabora a hiptese de pesquisa, ele deve esclarecer exatamente o que signicam as variveis com as quais ele ir trabalhar. No exemplo anterior, acompanhamento odontolgico pode ter signicados diferentes para pessoas diferentes. Da mesma forma, pode haver diferentes maneiras de entender o que signica ocorrncia de cries.Asvariveis(ascoisaseosfatossobreosquaisiremostrabalhar)necessitamserdenidas, detalhadamente, pelo pesquisador. No exemplo, as nossas variveis podem ser explicadas da seguinte maneira: Frequncia de acompanhamento odontolgico preventivo: deve ser entendido como nmero de consultas preventivas (excludos os tratamentos) a um prossional especializado em sade dentria (dentista ou ortodontista), no perodo de um ano. Frequncia de ocorrncia de cries: deve ser entendida como o nmero de vezes, ao longo de um ano, correspondente ao surgimento de cries.A partir da denio das nossas variveis, deixamos claro o que iremos pesquisar. A partir da denio dasnossasvariveis,qualquerpessoapodecompreenderexatamentequalarmaoprocuraremos conrmar ou negar.76Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIVamos retomar um exemplo anterior.Oproblemaformulado:serqueapropagandaeleitoralinfuenciadecisivamenteovotodo eleitor?.Hiptese1:nocasodeeleitoresindecisos,assistiraoprogramaeleitoralduranteostrsmeses anteriores eleio pode ajud-los a denir a inteno de voto.As nossas variveis so:Varivel 1: exposio ao programa eleitoral, que ser entendida como o nmero de vezes que o eleitor assistiu/esteve exposto propaganda partidria especialmente elaborada para o perodo de eleies, veiculada por meio da televiso. Varivel 2: inteno de voto, que ser entendida como a declarao espontnea de qual ser o voto quando da eleio.Fica claro tambm, na nossa formulao hipottica, que estaremos investigando essa possvel relao dentre as pessoas declaradamente indecisas (quer dizer, que em um primeiro momento declararam no tercandidatodenido).Tambmestamosesclarecendoqueestudaremosainunciadapropaganda eleitoral nos trs meses anteriores ao pleito (perodo usual em que a propaganda eleitoral veiculada).Vejamos mais um exemplo:Oproblemaformulado:quaisosfatoresquecontribuemparaocrescimentodaviolncia urbana?.Hiptese 1: quanto maior o desemprego, maior ser a violncia urbana. As nossas variveis so:Desemprego,quesercompreendidocomoainexistnciadevnculoempregatcioformal doindivduoduranteumano(querdizer,iremosdefinirqueoindivduoserconsiderado desempregadosenotivertidoalgumtrabalhocomregistroemcarteiranoperodode doze meses).Violncia urbana, que ser entendida como o nmero de crimes (assaltos, roubos, assassinatos) na cidade durante o perodo de um ano.Denidas as variveis, podemos mencionar que as estudaremos a partir de estatsticas fornecidas por determinadas entidades de pesquisa ligadas ao governo municipal. Nosso trabalho ser o de analisar se existe uma associao entre desemprego e violncia urbana, por meio da comparao dos nmeros que tivermos disponveis.77Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAExemplo de aplicaoRetome outros exemplos de problemas mencionados anteriormente. Para cada um deles, formule uma hiptese e dena as variveis de forma que seja possvel conrmar ou no a hiptese formulada.Quefatoresdeterminamoaumentooudiminuiodosnveisdepoupanadefamliasdeclasse mdia?O grau de instruo determina a escolha de determinado tipo de alimento?A condio social dos alunos est relacionada aos resultados de exames vestibulares?A realizao, em grupo, de determinada tarefa pode estar relacionada com a diminuio do tempo de execuo e nalizao da tarefa?Exerccio de aplicaoOferecemosmaisumaoportunidadedecolocaremprticaaquiloqueestamostratando.Vejao roteiro da atividade proposta:1. A partir da bibliograa recomendada (a seguir), apresente a denio de problema de pesquisa (tambmdenominadaproblemticaequestodepesquisa),destacandosuaimportnciano conjunto do projeto. 2. Diferencie um problema cientco de um no cientco. 3. Formule um problema cientco seguindo as sugestes (dicas dos autores recomendados) e as regras (condies estritas).4.Respondasquestescorrelatasquelasdaproblematizaodotema,taiscomo:quala relao entre a problematizao e os instrumentos e tcnicas de pesquisa? Qual a relao entre problemtica e resultados da pesquisa? Observaes:oexercciodeveterredaodireta,contemplandojusticativas,devendoser apresentadonascondiesmnimasestabelecidasparatrabalhosacadmicos,noquedizrespeito indicao de fontes e referncias, comeando a empregar ao menos as normas mais elementares, isto : ABNT NBR 6023:2002 Informao e documentao Referncias Elaborao (original); ABNT NBR 10520:2002 Informao e documentao Citaes em documentos Apresentao (original). 78Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade II Saiba maisBibliograa para o exemplo de aplicao:ASSOCIAOBRASILEIRADENORMASTCNICAS.NBR-10520: informao e documentao Citaes em documentos Apresentao. Rio de Janeiro, 2002a.___.NBR-6023:informaoedocumentaoReferncias Elaborao. Rio de Janeiro, 2002b.Ou: GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. So Paulo: Atlas, 2002.HEGENBERG, L. et al. (Org.). Mtodos de pesquisa: de Scrates a Marx e Popper. So Paulo: Atlas, 2012.MEDEIROS, J. B. Redao cientca: a prtica de chamentos, resumos e seminrios. So Paulo: Atlas, 2013.SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho cientco. So Paulo: Cortez, 2000. p. 63-71. 5.1.9 Quando pesquisar? Tempo coberto pelo projetoToda pesquisa tem um incio, um meio e um m. No falamos somente em termos de contedo, mas tambm de tempo de execuo. Quando a pesquisa comea, em quanto tempo se desenvolve e quando ser nalizada? Tratamos, portanto, de um calendrio, de um cronograma. Saiba maisConvidamos voc a ler o artigo Origem e Evoluo do Nosso Calendrio, escrito por Manuel Nunes Marques. Est disponvel em: . Acesso em: 22 maio 2014. Temos certeza de que apreciar a leitura.79Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAFigura 18 O calendrioO cronograma deve obedecer a um calendrio predeterminado pelo agente pesquisador e descrever o tempo necessrio para a realizao de cada uma das partes propostas no projeto. Conforme Salomon (2000, p. 223), um projeto que no se reduz a mero projeto de intenes, uma vez que tem de ser tecnicamente redigido, no pode deixar de conter cronograma e oramento. No cronograma esto representados os elementos constitutivos do processo de pesquisa, tomando como referenciais o tempo e a natureza das atividades. Alm disso, ainda para Salomon (2000, p. 223-4):a concepo do cronograma dinmica e exvel e pode ser mostrada: a) denindo-se a priori que incio, durao, trmino de uma fase ou de uma atividade no ho de ser entendidos rigidamente e de maneira estanque; b) nem sempre o trmino de uma fase condio necessria para o incio de outra subsequente; h possibilidade de imbricao de fases e [de] projeo de uma fase iniciar-se concomitantemente com outra.Asetapaspodemsercoincidentes,masnoexcludentes.Porexemplo,possvelcharumtexto elevantardadossecundriosnomesmoms,masnopossvelfazerumaanlisecomparativadas entrevistas sem t-las terminado. Salomon (2000, p. 223) ensina que: Aformamaisracionaldesefazerumcronogramaassumiromodelo cartesiano de cruzamento de coordenadas ou da tabela cruzada, em que as colunas mostram os perodos e momentos do tempo reservado a cada fase da pesquisa, e as leiras delineiam as fases e tarefas a cumprir. L vai um exemplo:80Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIQuadro 4 Exemplo de cronogramaEtapas Jan Fev Mar Abr Mai JunLeitura e chamentoLevantamento de dados em campoEntrevista com operriosEntrevista com dirigentesAnlise comparativaRedao do texto Saiba maisConsulte o livro de Dlcio Vieira Salomon, Como fazer uma monograa (SoPaulo:MartinsFontes,2000).OCaptulo8apresentaoutrobom exemplo de como se elaborar um cronograma.5.1.10 A pesquisa socioambiental: das cincias bsicas s aplicadasOadjetivosocioambientalsupeajunodosreinosfsico,orgnicoecultural,articulandoas cinciasparcelares(disciplinas)emsuasinterfaces(interseces),demodoquediminuaasredues e o esfacelamento da realidade. Qualquer que seja a pesquisa, sempre ter por objeto eventos sociais (relaes sociais e culturais) e ambientais (trocas de matria e energia); portanto, dirigindo-se juno socioambiental,sejamacontecimentosempricos(cinciassociaisaplicadas,comoasociologiae ageograa),sejanosimaginados(comoageometriaeafsicaterica),nascinciasbsicasounas aplicadas.Anteriormente, tratamos da importncia do trabalho cientco na aquisio de conhecimento e na ampliaodanossacompreensodomundo,focandonosobjetosdeusocotidiano,passandoagora queles mais complexos, infelizmente, restritos aos especialistas. Comovimos,apesquisaoconjuntodeatividadesquetemporobjetivoestudareinvestigar determinadofenmenoselecionado.Issoquerdizerque,escolhidoscertotemaoucertareado nossointeresse,atodasasatividadesquedesenvolveremosparaatingiresseobjetivo(aumentar oconhecimentosobreoassunto)chamamosdepesquisa.Costumamosdizerqueapesquisaum processo,porqueenvolvetrabalhosdesenvolvidosduranteumdeterminadoperododetempoeque, normalmente, cruzam-se e tm uma relao de interdependncia.81Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAA pesquisa cientca tem caractersticas bastante denidas:a pesquisa um processo formal: segue regulamentos e normas claras e explcitas;a pesquisa um processo sistemtico: realizada de forma ordenada, com uma inteno declarada;a pesquisa um processo que se utiliza de metodologia especfca: serve-se de procedimentos e estratgias cienticamente aprovadas.Podemos ento denir pesquisa como o processo formal e sistemtico que, por meio da utilizao dametodologiacientca,permitequeampliemososnossosconhecimentos.Apartirda,como entendermos a pesquisa social avanada e suas ligaes capilares com a pesquisa ambiental?Toda pesquisa , a um s tempo, social e ambiental, posto que dedicada ao estudo da realidade social que se entrelaa com a ambiental (biomas e ecossistemas), realidade essa que envolve inmeros aspectos referentes ao homem em seus relacionamentos com outros homens, com a variedade ambiental (conjunto de formas orgnicas e inorgnicas) e as instituies. Quer dizer que o tipo de pesquisa que encontramos nas mais variadas cincias (geograa, ecologia, sociologia, antropologia, cincia poltica, educao, psicologia etc.).Dentre os vrios temas aos quais se dedica a pesquisa socioambiental, podemos ressaltar alguns:produo do espao geogrfco e degradao ambiental;diagnstico e prognstico socioambiental;planejamento territorial, ambiental, econmico;estudos de polticas pblicas;personalidade humana;famlia,grupos sociais;comportamento individual e coletivo;mudanas sociais;problemas sociais;comportamento poltico;organizao social. 82Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIPelassuascaractersticasetemticasparticulares,asCinciasSociaisnodesfrutamdomesmo prestgio que outras reas das cincias, porm tem havido mudanas positivas com o esclarecimento sobre as interfaces e a maior aceitao das diversas disciplinas, antes descartadas. Algumas das razes desse descarte costumam ser:a realidade social no segue o mesmo padro do universo fsico, sendo impossvel determinar a causalidade (tal fator causar tal fenmeno) e a previsibilidade (se tal fator ocorrer, termos uma chance de tantos por cento de certo fenmeno ocorrer) dos objetos estudados; extremamente difcil quantifcarmos os fenmenos sociais estudados;os pesquisadores sociais lidam com temas com os quais podem estar psicologicamente envolvidos, o que diculta a objetividade nesse tipo de trabalho;geralmente, os fenmenos sociais envolvem tantos aspectos que se torna quase impossvel defni-los e control-los. Adefesamaisfcilseriamostrarmosqueosproblemasanteriormentemencionadostambm ocorrem em diversas pesquisas das cincias naturais. No entanto, a melhor resposta para essas crticas ademonstraodasinmeraspossibilidadesdeexecutarmospesquisacientcacomoobjetivode estudarmos fenmenos sociais.Exemplo de aplicaoFolheandoojornaldirio,podemoslistarumasriedeassuntosetemasdenossointeresse. Dentreessesassuntos,podemosselecionaralgunsquepoderiamserobjetodeestudodepesquisas socioambientais. Faa a leitura de algum jornal. Depois: faa uma lista dos temas de interesse;selecione aqueles que podem ser identifcados como temas de interesse da pesquisa socioambiental;faa um pequeno esboo das justifcativas para uma pesquisa acerca do tema selecionado.6 O PROJETO DE PESQUISAO ciclo da pesquisa constitui-se no caminho de busca calcada no projeto que descreve detalhadamente seus atributos (assunto, objeto de interesse, justicativas da escolha e motivaes do sujeito, alm das refernciasedosrecursosprevistos)enorelatriomonogrco,produzidoemseuamadurecimento com a nalidade de expor os resultados da pesquisa em fruns adequados. Otrabalhodepesquisapressupeumobjetodeestudodenido.Querdizer,sevamospesquisar, temos de denir de maneira bastante precisa o que pretendemos investigar e aonde queremos chegar; esse o papel do projeto, organizar a ao que segue pistas e persegue um ou mais alvos. 83Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAVamos estudar as formas mais adequadas para delimitar problemas, elaborar as hipteses de trabalho e denir as condies variveis que afetam o tema e, portanto, a pesquisa, que deve ser prioritariamente voltada para os interesses coletivos; em qualquer que seja a rea, pois o fundamental melhorar a vida das pessoas, no de algumas, mas de todas as pessoas.Esses procedimentos so fundamentais. Sem eles, samos para pesquisar sem objetivo denido. Sem essa clareza, pesquisamos sem rumo. Se no estabelecemos metas, perdemo-nos em um amontoado de papis e ideias, impossibilitados de investigar qualquer questo e sem ampliarmos o nosso conhecimento sobre o mundo que nos cerca. Essa a diferena entre estudar temas sem comprometimento (o que at pode ser o incio de uma grande pesquisa) e a pesquisa cientca.O projeto de pesquisa tem uma sequncia padronizada que, entretanto, no deve ser absolutamente rgida, mas aberta s transformaes da realidade, s alteraes das condies dadas no momento da formulaodapesquisa.Seguemduassugestesdeformatos,umdeGeraldoIncioFilho,outrode Antnio Carlos Gil. Quadro 5 Sequncia dos momentos do projetoProjeto de pesquisaTtulo1. Tema2. Tipo de pesquisa3. Justicativa4. Objetivos5. Fundamentao terica 6. Metodologia de execuo do projeto7. Cronograma8. Previso de recursos humanos9. Previso de recursos materiaisReferncias bibliogrcasFonte: Incio Filho (1995).Muito prxima da sequncia anterior, de Geraldo Incio Filho, a de Antnio Carlos Gil, que apresenta o seguinte processo de pesquisa, em seu livro sobre elaborao de projetos:84Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIFormulao do problemaElaborao dos instrumentos de coleta de dadosConstruo de hiptesesPr-teste dos instrumentosAnlise e interpretao dos dadosDeterminao do planoSeleo da amostraRedao do relatrio da pesquisaOperacionalizao das variveisColeta de dadosFigura 19 Diagrama da pesquisa segundo Antnio Carlos GilOdiagramaouesquemaanteriormuitoprximodenossalinhaderaciocnio,comeando pelaconstruodasquestesquemotivamejusticamnovapesquisasobreumassuntoqualquer, encerrando-se com a redao nal da monograa. A sequncia dos quadrinhos no deve ser tomada de modo rgido, pois a redao no comea no nal, nem a gama de instrumentos surge depois de todo ocampodapesquisaserdemarcado(identicaodevariveisouaspectosdotema),oqueseriao correto, pois no so neutros aos nossos olhos; temos preferncias que, embora devam ser domesticadas, esto presentes. Enm, o que determinamos como a linha mais correta de raciocnio mais um modelo de planejamento e de trabalho acadmico do que fundao de concepo de plano linear inexvel. Asperguntasdapesquisalevamestruturadoprojeto(so,portanto,estruturadoras)e,assim,o quepesquisarlevadatemtica(areaquesequerpesquisar,demodobemgeral)aotema(dentre osassuntosdatemtica),emsuaextensoouseurecortedisciplinardoshorizontesdapesquisa.A indagao ou o porqu de se pesquisar geram as justicativas; o para qu, os objetivos; o como ou modo, a metodologia; e o quando, o cronograma. Seguemcomentriossobreasfases,oumelhor,osmomentosdoprojetodepesquisa,juntando aquilo que os dois esquemas apresentados tm de melhor, a nosso ver.Ttulo: a denominao do trabalho e uma forma de se apropriar dele; algo como um batismo da relao que se estabelece; em nossa cultura, tudo o que personalizado e deve ser mostrado, partilhado,temnome.Importante:exvelepodemudarduranteapesquisa,atmesmo contando a histria das mudanas das ideias iniciais que culminaro no relatrio monogrco. A maior regra manter-se coerente com o produto nal.Tema: aquilo que nos interessou ou foi imposto como de nosso interesse; todo tema de pesquisa deveserapropriado,mesmoquenotenhasidodenossaescolha;precisoquecomelese estabelea uma relao. Essa fase de formulao do problema sobre o tema.Objetivos:soospseaspernasdotrabalho,acondiodefuturo,oquedmovimento pesquisa; um lado da ao da pesquisa, enquanto o outro o da construo de hipteses, que , ao contrrio dos objetivos, a organizao do que j temos.85Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISATipo de pesquisa: produto de classicaes conforme o que se pesquisa (objeto) e as tcnicas e procedimentos; importa saber a categoria de pesquisa como uma espcie de rtulo para facilitar a indexao e a procura por parte dos futuros leitores. Justicativa: escolha do tema; enm, alm do que foi escrito h pouco, mostra o grau de anao com as escolhas, ou seja, quanto o pesquisador tomou a atividade para si.Fundamentao terica da pesquisa: apresenta os autores e as ideias que mais inuenciaram a busca, o mtodo, as tcnicas e os instrumentos empregados. o momento de maior reexo dotrabalho,ocoraoeaautoriadotrabalho,oquevaidistingui-lodequalqueroutro; determinante das outras fases, de todos os procedimentos. Aqui se identica o campo de estudos, oselementos(valoresetransformaes)ehorizontesdapesquisa,paraalguns,osistemacom suas variveis. Metodologiadeexecuodoprojeto:omomentoemquesedevemexplicarasequncia, oinstrumentaleosrecursosdapesquisa,enm,aquiseatribuisentidoaociclodapesquisa particular que se est realizando.Devem-secorrelacionarosestabelecimentostericos(asvisesdemundo)doitemprecedente com esse momento da explicitao metodolgica do mtodo, isto : operaes com valores variveis; seleodaamostra;elaboraodosinstrumentosedeterminaodaestratgiadecoletadedados; determinaodoplanodeanlisedosdados;previsodoformatodeapresentaodosresultados; cronograma da execuo da pesquisa; e denio dos recursos humanos, materiais e nanceiros a serem alocados.Seguem as etapas detalhadas na seo sobre a metodologia do trabalho: Cronograma: a distribuio das atividades no tempo.Previsoderecursoshumanosemateriais:aprojeodegastoscomasvriasfasesda pesquisa.Referncias bibliogrcas: so fundamentais para o acompanhamento do dilogo (com outras solues, tcnicas, vises de mundo) que a prpria pesquisa. LembreteDeve-sedistinguiroprocessoglobaldeplanejamento,quesupe todos os momentos da pesquisa, que vai da curiosidade e da inquietao publicao e aos debates acadmicos, do projeto propriamente dito, que a formalizao rigorosa dessas intenes.86Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade II ObservaoToimportantequantooidealdeprevisibilidadenabasedabusca a abertura para a exibilidade, que deve ser incorporada ao projeto e ser constitutiva do plano. Saiba maisNo mercado editorial existem bons livros que abordam o tema projetos de pesquisa. Um deles o livro de Antonio Carlos Gil, Como Elaborar Projetos de Pesquisa (5 ed. So Paulo: Atlas, 2010). Est disponvel em: . Acesso em: 20 maio 2014. Convidamos voc leitura.Uma vez tratados os elementos constitutivos de um projeto de pesquisa, bem como suas caractersticas e ordenamentos, passamos para outra fase de igual importncia: a sintetizao das informaes, bem como a publicao do projeto e da prpria pesquisa.7 SNTESE E PUBLICAOOmovimentodociclodapesquisacaminhoudaorigem,preparaoeelaborao(queestonos tpicos 1 e 2 da unidade I) viabilizao (tpico 3 desta unidade), e agora chega aos seus aspectos mais prticos, os formatos e as possibilidades de desfecho ou publicao. Agora trataremos da construo do trabalho baseando-nos nas relaes acadmicas, clssicas, entre professor-orientador e estudante-pesquisador, bem como com os demais estudantes e entre os estudantes. Desse modo, seguimos pelas regras sobre as partes da monograa, suas sees. O trabalho do pesquisador projeta-se para alm da prpria pesquisa e envolve processos acadmicos, polticos,prossionais,sejamcotidianosoueventuais.Complementa-secolocando-separaopblico interessado. trabalho que no termina, encerram-se as pesquisas em virtude de clculos institucionais. Apublicaooudivulgaodosresultadosdepesquisafaseessencial,domesmomodoquese descobriu recentemente a importncia da divulgao cientca, dos momentos apresentados do projeto at agora, o relatrio monogrco da pesquisa, com os resultados da pesquisa, quanto e como atingimos os objetivos almejados. Desde psteres, painis, comunicaes cientcas, orais e escritas, passando pelos artigos, at as dissertaes mais elaboradas com funes de relatrios, todos so modos de divulgao do trabalho, complementando-o. 87Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISA Saiba maisDivulgao cientca uma espcie de traduo dos jarges (linguagens caractersticas,especializadas,limitadas)paraalinguagemcorrente,de modo que mais pessoas entendam os trabalhos; trata-se de democratizao dos saberes e do conhecimento. Sobre tal tratamento do assunto, listamos obras relacionadas que podem auxili-lo:BROCKMAN J.; MATSON, K. As coisas so assim. So Paulo: Cia. das Letras, 1997. BROCKMANJ.Einstein,GertrudeStein,WittgensteineFrankenstein. So Paulo: Cia. das Letras, 1989. CAPRA, F. O ponto de mutao. So Paulo: Cultrix, 1986. ___. Sabedoria incomum. So Paulo: Cultrix, 1990. GOULD, S. J. Os dentes da galinha. So Paulo: Paz e Terra, 1996.OLIVA, A. Epistemologia: a cienticidade em questo. Campinas: Papirus, 1990.A divulgao da pesquisa requer tambm que se obedea a alguns critrios, a exemplo da descrio, da narrativa e da dissertao. As guras que se seguem apresentam o que se deve efetuar em cada caso.Descrever PormenorizarVisualizar CaracterizarEnumerarRetratarFotografarDetalharObservarFigura 20 DescrioNarrar AtuarSurpreender DinamizarEnvolverSituarRelatarImaginarContarFigura 21 Narrativa 88Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIDesertar CriticarPosicionar-seExemplicarArgumentarExplicarQuestionar OpinarConvencerExporDiscutirDebaterJusticarFigura 22 DissertaoOciclodapesquisavaidaorigemdacuriosidadeaoprojeto,passandopeladvida,pela pesquisabibliogrfica,quegeranovasdvidascomocondioaodesenvolvimentodoprojeto comsuasmuitasescritaserascunhosquesetornarooprpriorelatrio.Jaescolhados instrumentosdepesquisadecorrentedasopesmetodolgicasdeterminadasquandoda concepo do projeto. Osinstrumentosdecoletaeproduodedadoseinformaesaosquaisnosreferimossoos questionrios, as entrevistas, os croquis, a utilizao de mapas, cartas e plantas, observaes de campo, leituras, interpretaes e anlises de dados estatsticos. O relatrio monogrco a sistematizao de todas as correes e todos os rascunhos nos registros dapesquisaquetemcomonalidadeadivulgaodoprocessodepesquisa.Antesdechegarmosao texto nal de publicao da pesquisa, apresentaremos instrumentos essenciais construo do trabalho, como o processo de orientao, os seminrios, os debates e as entrevistas. Leitura obrigatriaAcesse a Minha Biblioteca e leia o livro de Wilges Bruscato, Quem Tem MedodaMonograa?(2ed.SoPaulo:Saraiva,2010).Olinkdeacesso :.Acesso em: 20 maio 2014. LembreteLembre-se de quando dissemos anteriormente que at para no saber preciso saber alguma coisinha!89Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISA7.1 As orientaes: a relao professor-aluno na pesquisa: caminhos, regras e produtosDentreosinstrumentos,aorientaodetrabalhosacadmicoscomoamonograaumponto culminante. No processo de orientao, tanto o orientador quanto o orientando, em suas reunies de orientao, apresentam, discutem, debatem sobre os instrumentos necessrios ao desenvolvimento da pesquisa;portanto,sobreaessnciadametodologia,quepodesermodicadaseguindoparmetros adotados. A relao aluno-pesquisador/orientador, na base da construo da atividade de ensino-aprendizagem e de pesquisa, parte do suposto de que o pesquisador consiga revelar seus progressos e saiba identicar mudanas necessrias, bem como fazer as perguntas certas ao seu orientador; ou seja, nesse processo, h o entendimento de que o orientando adquira maturidade para bem pensar e desenvolver seu raciocnio metodolgico, de forma que o professor-orientador tenha condies de indicar quais as ferramentas necessrias ao desenvolvimento da pesquisa.O aluno-pesquisador deve ter de forma clara o que pretende com seus estudos. Deve ter certeza do que deve ser explorado, do seu tema, e bem-delineada a problematizao, bem como a hiptese, uma ou mais, se for o caso. Oquesev,muitasvezes,oalunoindagandoaoorientadorseotemafazsentidosemque seapresenteapergunta,aproblematizao.Estamosacostumados,comoorientadoresdetrabalhos acadmicos, a receber alunos que nos informam sobre determinado assunto. Ora, todo e qualquer assunto tem l seu grau de importncia, mas, dissociado de uma problematizao, ca vago e sem sentido. Outro comportamento de alguns estudantes: como a deciso pela pesquisa no algo fcil, como vimos nas pginas anteriores, alguns alunos tomam uma posio mais passiva no processo. Signica que, em vez de propor um tema para discusso e anlise, procuram por nossas sugestes. Pergunta clssica: - Professor: que tema interessante de se investigar?O que mais recomendamos aos alunos quando nos procuram por sugestes na escolha do tema: - Veja o mundo e escolha o que quer entender e mudar! Esta, normalmente, a resposta do professor.precisomaisdoquemotivaroestudante-pesquisadoraentrarnosprocessosdepesquisa; necessriodeslumbr-locomaspossibilidadesdoconhecimentosemnegarossaberescomunsde quecomunga.Odesaodoprofessor-cientista(quetambmpodesercriativocomooartista)no hierarquizar os saberes do mundo da vida (para aonde todos os especialistas voltam), de reas ou ramos do conhecimento distintos do seu. Esta uma lio de casa que todos devemos fazer: criar um ambiente de respeito acadmico nas relaes complementares de ensino-aprendizagem-pesquisa. Nesse aspecto, asorientaescoletivas,quandotratadasdeassuntocomum,oferecemaoestudantecondiesde debater com seus pares o que est pensando, bem como ter acesso s pesquisas de colegas.90Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIOs aspectos da orientao do professor e o aprendizado envolvido geram processos criativos. O maior desao do professor-orientador provocar o sentido exploratrio da atividade para que os orientandos possam, no gnero de exposio oral de um seminrio, por exemplo, criar snteses a serem coletivizadas pelos grupos interagentes. preciso, nas orientaes, esclarecer os caminhos das recomendaes e das sugestes das pesquisas. O estudante tende a encontrar diculdades mais ou menos recorrentes, como diculdades em observar, descrever, deter-se por longo tempo em fontes complexas, com sites de bancos de dados, a exemplo dos portais do Instituto Brasileiro de Geograa e Estatstica IBGE ou da Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados Seade. Bem, ainda no que diz respeito orientao de pesquisa, preciso rearmar continuamente que os canais de comunicao devem sempre estar limpos, polidos e brilhantes, posto que seja a condio para a qualicao dos trabalhos. Na comunicao, que o primeiro passo para os ajustes seguintes, quanto s regras, o orientador precisa vender ao aluno a ideia de que o emprego das normas no vai tolh-lo, mas lhe dar garantias de riscos mais calculados, dados pela normalizao das prticas da escrita, das referncias s fontes de pesquisa, bem como do correto manuseio do instrumental de apoio (resumos, chamentos, resenhas, anotaes, representaes grcas etc.). preciso deixar bem claro para o estudante-pesquisador que o carter histrico do conhecimento (autoridadesobrigatriasemtodasasreasdoconhecimento)deextremaimportnciaedeveser preservado, o que envolve a questo fundamental da autoria dos trabalhos, dele e daqueles que deve citar como fonte de inspirao positiva e negativa para sua argumentao. Tal assunto to relevante quenegligenci-lopodecongurarplgio(cpiaindiscriminadadeideiaseconceitossemodevido reconhecimento das fontes), caracterizando-se como grave infrao.Comeamos por chamar os alunos que precisam buscar respostas e solues por meio de pesquisa acadmica e recomendar: -Leiamtudoepartilhemestasinformaescomoscolegas,dividamtrabalhoeconversementre vocs para elaborarem esquemas, antes mesmo de me perguntarem! Bom trabalho.Esse costuma ser o essencial do dilogo que pretende convidar os jovens pesquisadores reexo, que deve ser anterior s perguntas sem mtodo. Somente a contnua considerao dos objetivos deve satisfazer o critrio de qualicao do trabalho acadmico; a qualquer passo, devemos consult-lo e analisar se nos aproximamos ou nos afastamos de nossos objetivos estipulados.Trabalhar com grupos envolve o desao de coordenar as atividades de modo a convergirem, para que leiam ou escutem os recados. Asrecomendaesparaqueosprojetossejamaceitoseaprovadosrequeremqueosgrupos trabalhem em conjunto, podendo apresentar minirrelatrios de atividades individuais, com participao 91Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAmaisefetivadecadamembro.Oquenoentenderemdeveroprocuraremdicionrios,naredede computadores, em bibliotecas, e, depois disso, o que ainda no estiver claro, perguntar ao orientador, com identicao dos pontos a serem esclarecidos; mas no se deve esquecer: o projeto um momento no qual pode haver dvidas, que devem ser expressas em seu contedo, sendo momento importante e substancial da pesquisa. As normas da ABNT devem ser consultadas, principalmente, as NBRs 6023, 6028, 10520, 14724, que esto resumidas no livro de Joo Bosco Medeiros, j citado, alm de outros de metodologia da pesquisa. O projeto deve ter capa, sumrio, citaes ao longo do texto e, ao nal, referncias completas.A sequncia do texto (seja artigo cientco, seja um relatrio qualquer, alm do monogrco), com ou sem numerao, representa um raciocnio; portanto, deve ser apresentado na introduo, que, junto com o sumrio, fundamental entrada do leitor no texto. H uma sequncia bsica de projetos que facilita o desenvolvimento do raciocnio da pesquisa e de seus relatos parciais que se vo corrigindo. Diga (nesse rascunho que estar esboando para o orientador, que se tornar o projeto) que vai explorar os aspectos negativos e positivos sobre o tema apresentado para, em seguida, sugerir melhorias. Conclua algo sobre sua experincia. Pronto, acabou... Agora, com mais detalhes.Umaordemlgicatpicadamonograaaapresentaodotema,oassuntoqueestudar, generalizando-o, seguindo as questes especcas da pesquisa (objetivo: o que quer, aonde quer chegar, hiptese: o que acha, o que pensa sobre o tema). Isto , o objetivo o que quer (no tem) e a hiptese o que acha (j tem). Introduopesquisaumacoisa;introduoaotemaoutra.Esta,noprojeto,noprecisaser anunciada,vemlogonocomeodaexposiogeraldotemaedoannciodosobjetivos.Anuncieo objetivo, justique-o, apresentando a hiptese (escreva como entender, sem preocupao excessiva com a clareza, no momento inicial). altamenterecomendvelquenoseconfundatema,assuntojrecortadoparaapesquisa (construo do objeto), com temtica, que conjunto dos temas possveis de uma rea, ou seja, ainda geral. Deve partir para um detalhamento do seu objeto de estudo (fontes variadas e combinadas, mas de acordo com a rea e o ramo de atuao), apontando um setor, ramo, segmento, parte da realidade que se vai estudar.Antes de uma citao de fonte, de qualquer tipo de gura, imagem grca, cartogrca, fotogrca, deve haver um anncio dessa, devendo car claro o porqu de sua apario. Declara-secomalgumareexoqualotipodepesquisa,sesuanfaseestarnomodelo exploratrio,descritivoouexplicativo,ouseja,baseando-seemteorias,materiaisencontradosem campoouracionalistas.Penseediscutaescrevendo,econsideretambmapossibilidadedefazer trabalho de campo. 92Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade II ObservaoReparouquenessesltimospargrafosestamostransferindoa responsabilidade a voc? Qual responsabilidade? A da escrita, o que no um processo muito simples, tambm um momento de aprendizado.Figura 23 E agora, tenho de escreverDisponvel em: . Acesso em 23 de maio de 2014. Leitura obrigatriaLeiaolivroRedaoCientca:comoEntendereEscrevercom Facilidade,deGonzagaFerreira(SoPaulo:Atlas,2011).Olink(acessoem:20 maio 2014) o levar at ele e com certeza o ajudar.Deve justicar as escolhas, o porqu do objetivo. A complexidade maior do trabalho costuma residir nafundamentaoterica,queestabelececomoosautoresconsultadosservemargumentaodo trabalho. Aqui, neste momento, deve-se escrever sobre os tpicos abordados, acrescentando termos essenciais ao desenvolvimento do tema especco do projeto. Os autores arrolados devem ser lidos e citados no corpo do texto, pois sua ausncia desqualica a argumentao.93Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISAA ttulo de exemplo, segue sugesto de ordenamento de texto monogrco. Introduo.Captulo 1. Geral, o tema e a temtica, de modo universal.Captulo 2. Especfco, o tema escolhido destacado da temtica; apresentado metodologicamente (voltam o objetivo, a justicativa etc. tratados no projeto; os dois primeiros captulos j devero estar "prontos" no projeto).Captulo 3. Crtico, implicando posicionamento diante dos anteriores, expondo aspectos positivos enegativosdeseucomportamento.Aquicomeaapartenovadotrabalho,masquejestava implcita nas propostas. Captulo 4. Abordagem dos aspectos levantados, apontando melhorias nas duas frentes.Concluso ou consideraes fnais.Outra sugesto.Introduo.Captulo 1. Reviso terica. Aqui o estudante-pesquisador apresenta o quadro terico que norteia o assunto pesquisado, apresentando as referncias clssicas que fundamentam o tema.Captulo2.Momentoprticodeanlise.Nestemomento,empricoedescritivo,oestudante-pesquisador apresenta os dados e as informaes de que dispe para a realizao de seu recorte temtico, o qual passa a ser cotejado com a realidade.Captulo 3. Sinttico. Cabe aqui a articulao da fundamentao terica com a prtica desenvolvida nomomentoanterior.estemomentoquepermiteaoestudante-pesquisadormostrarseu amadurecimento com a realizao da pesquisa.Concluso ou consideraes fnais. Saiba maisSobre nossa relao com a informao, segue recomendao de texto sobreabusoconscienteounodareproduodeideiasdeterceirosno referenciadas (sem o devido crdito da autoria) e sobre os problemas com os avanos tecnolgicos na rea da comunicao.94Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014Unidade IIABRANCHES, S. P. O que fazer quando eu recebo um trabalho crtl c + ctrl v? Autoria, pirataria, e plgio, na era digital: desaos para a prtica docente. In: SIMPSIO HIPERTEXTO E TECNOLOGIAS NA EDUCAO, 2., 2011, Recife. Anais... Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2011. Disponvel em: . Acesso em: 1 fev. 2014. Wood Jr. ressalta o incmodo com a evoluo e o uso das tecnologias de informao: A edio de julho e agosto da revista The Atlantic traz na capa uma incmoda questo: Estar o Google nos tornando estpidos?. Nicholas Carr assina a matria de 4.193 palavras e muitas provocaes. A perspectiva crtica no nova. Nos anos 1970, a IBM e seus paquidrmicos mainframes serviram de inspirao para o temvel HAL, o computador do lme 2001: Uma Odissia no Espao, de Stanley Kubrick. Nos anos 1990, no faltaram teorias conspiratrias contra a Microsoft oulibeloscontraosefeitosdanososdoPowerPointedoMS-Word.Oalvodo momento a onipresente Google, por seus ambiciosos planos de organizar o conhecimento humano (WOOD JR., 2008). H meios de levar os alunos e os circundantes (funcionrios de apoio da instituio, por exemplo) a qualicar sua participao, e, assim, atividade de estudar e procurar respostas, solues s questes da vida (em suas vrias dimenses), de preferncia, dos arredores, para que a familiaridade traga maior potencial didtico experincia.Algumas portas de entrada para o universo da pesquisa so, alm das clssicas pesquisas bibliogrcas (propedutica, j mencionada, cujo papel municiar o pesquisador de rudimentos sobre o tema), a cartogrca (aspectos bsicos ligados localizao dos fenmenos estudados) e a historiogrca (as relaes e razes histricas implicadas), de onde emergem em importncia seminrios e debates entre estudantes, e tambm as entrevistas com autoridades na rea pesquisada. O primeiro grupo ligado s origens de qualquer trabalho acadmico, fundamental; enquanto as seguintes so formas privilegiadas de aprendizado coletivo, cumprem importantes papis na construo aprofundada do conhecimento e oferecem timas oportunidades de troca e publicao de resultados de modo vivo. Falemos mais um pouco dessas possibilidades.7.2 Preparao de trabalhos: seminrios e apresentaesO pavio da pesquisa o encantamento com a vida; contagiar e interessar os alunos por tudo o que social e ambiental, e assim voltado para o ser humano, logo, tambm s cincias bsicas ou s aplicadas. desse modo que seminrios, debates e entrevistas so timas vias de entrada nos temas que se quer partilhar entre os envolvidos, no apenas na educao, mas tambm na socializao mais democrtica possvel.Partilharinformaeseenvolveraspessoasnalidacomoconhecimentodefontesdiversaso caminho para trocas mais proveitosas e de resultados mais consistentes e duradouros. Alm de todos os benefcios, a construo do conhecimento dessa forma torna o manuseio dos protocolos da pesquisa algo mais corriqueiro como prtica compartilhada. Apresentaremos esses caminhos em seus pormenores.95Reviso: Virgnia - Diagramao: Fabio - 18/06/2014MTODOS DE PESQUISA7.2.1 SeminriosA preparao e a apresentao de seminrios tambm requer mtodo. Do contrrio, para que faz-lo? Dentre os motivos para a execuo de um seminrio, podem-se destacar: O mais importante, aqui, explorar a realidade, levantar questes, problemas, situaes, objetos, relaes, o que for que merea ser estudado, provocar o debate como condio fundamental crtica que se ope aos extremismos, alimentando assim a necessidade de pesquisar. Aprender procedimentos de escuta e participar de exposies orais com aspectos que devem ser juntados para fazer sentido em sua totalidade. Organizar os dados coletados, transf