Metodos estudos biblicos

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Índice

___________________________________________________________________________ A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO PESSOAL DA BÍBLIA.......................................................................03 1 . A Bíblia pode e deve ser estudada...................................................................................................O3 2. Resultados do estudo bíblico.............................................................................................................08 3. Manuseie com cuidado!......................................................................................................................11 4. A necessidade de métodos para estudar a Bíblia..............................................................................13

PASSOS PARA O ESTUDO DA BÍBLIA..............................................................................................15 I. OBSERVAÇÃO...................................................................................................................................15 A. O valor da observação....................................................................................................................15 B. Aprenda a ler o texto bíblico...........................................................................................................16 1. Estratégias para uma leitura do texto bíblico..............................................................................16 a. Ler com atenção, repetidas vezes, pacientemente e aquisitivamente.....................................17 b. Ler com oração e meditativamente..........................................................................................17 c. Ler seletivamente: seis perguntas básicas...............................................................................18 d. Ler descobrindo o propósito através da estrutura gramatical e literária..................................18 2. Elementos a procurar (desvendar) no texto bíblico em estudo..........................................................23 a. Elementos que são enfatizados.....................................................................................................24 b. Elementos que se repetem.............................................................................................................24 c. Elementos que são relacionados....................................................................................................25 d. Elementos semelhantes e diferentes.............................................................................................26 e. Elementos que são da vida real.....................................................................................................27 II. INTERPRETAÇÃO.............................................................................................................................34 A. O valor da interpretação.................................................................................................................34 B. Chaves para a interpretação do texto bíblico em estudo...............................................................39 1. Conteúdo...................................................................................................................................39 2. Contexto....................................................................................................................................40 3. Antecedentes históricos e culturais...........................................................................................42 4. Consulta a fontes secundárias..................................................................................................43 III. CORRELAÇÃO.................................................................................................................................48 A. Definição e objetivos da correlação...................................................................................................48 B. Meios para fazer a correlação bíblica do texto em estudo.................................................................48 1. Referências bíblicas.......................................................................................................................48 2. Versões bíblicas.............................................................................................................................49 3. Esboço minucioso..........................................................................................................................49 4. Gráficos..........................................................................................................................................50 C. Juntando as partes............................................................................................................................51 IV. APLICAÇÃO.....................................................................................................................................58 A. O valor da aplicação..........................................................................................................................58 B. Passos para fazer uma boa aplicação do texto bíblico estudado......................................................60 1. Conheça o texto e conheça a si mesmo........................................................................................60 2. Relacione a verdade à própria experiência....................................................................................62 3. Medite.............................................................................................................................................63 4. Pratique: a. A importância de princípios; b. O processo de mudança............................................65 V. MÉTODOS DE ESTUDO DA BÍBLIA................................................................................................75 1. MÉTODO DEVOCIONAL...............................................................................................................75 2. MÉTODO BIOGRÁFICO................................................................................................................81 3. MÉTODO ANALÍTICO...................................................................................................................83 4. MÉTODO TÓPICO.........................................................................................................................86 5. MÉTODO LIVRO POR LIVRO.......................................................................................................88 ANEXO: Programas de leitura e de estudo da Bíblia.............................................................................91 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................96

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UNIDADE I

___________________________________________________________________________

A importância do estudo pessoal da Bíblia

1. A Bíblia pode e deve ser estudada

Os cristãos são o povo do livro — isto é, da biblioteca de 66 livros conhecida como a Bíblia. A inspiração divina desta obra múltipla a eleva para sua posição central e fundamento inabalável da fé cristã. Durante séculos seguidos a Bíblia ficou na situação ambígua de ser a narração dos fatos em que a Igreja colocava sua fé salvadora e ao mesmo tempo o livro virtualmente desconhecido. Desde os séculos V e VI depois de Cristo, quando Jerônimo traduziu a Bíblia do hebraico e grego para o latim, até o trabalho pioneiro de Wycliffe e Lutero, a Bíblia foi destinada a ser cada vez menos lida e entendida. O latim, que há 1500 anos atrás foi a língua do povo d Europa ocidental, transformou-se num véu cada vez mais espesso para os povos que falavam as línguas românicas, italiano, espanhol, francês, português e outras. A vantagem do latim se baseava na possibilidade de manter comunicação entre povos que falavam línguas distintas. Por outro lado, os analfabetos, que constituíam a maioria da população européia, não entendiam o latim. A Vulgata, traduzida por Jerônimo, era a versão aceita oficialmente pela igreja Católica Romana, mas o conteúdo das suas páginas ficou desconhecido pela maioria. Assim se deu a oportunidade de criar e aumentar as tradições dogmáticas sem interferência séria da Bíblia. A própria Igreja Romana achou por bem seqüestrar a Bíblia do povão. Dessa maneira os ensinamentos do magisterium (órgão oficial para a determinação do ensino bíblico aceitável à Igreja) se transformaram “no que a Bíblia disse”, segundo os mestres autorizados pela hierarquia em Roma. Paulatinamente, na era das trevas, ou período medieval, a Bíblia ficou cada vez mais distante do povo – era vista apenas na biblioteca dos mosteiros e das universidades ou entre as pessoas de recursos. Quem teria coragem de colocar em dúvida as interpretações eclesiásticas oficiais? Quem quer que fosse e publicamente desafiasse as tradições era tachado de “herege” e morto ou banido juntamente com suas obras. Assim, duas barreiras ofuscavam a mente do “cristão” típico antes da Reforma do sáculo XV: 1) A língua latina que não se entendia. 2) Uma ameaça física e espiritual, efetivamente obscureceu as mentes dos católicos. Torturas e martírio pela fogueira intimidavam qualquer interessado no restabelecimento da religião bíblica como aconteceu com Jan Hus e Savanarola. Muitos certamente discerniam os interesses humanos que os principais líderes da Igreja tinham para manter os membros dependentes e obedientes às ordens eclesiásticas. Além destas formidáveis barreiras que mantiveram os católicos na ignorância das Escrituras, houve mais uma: a produção de livros dependia de papel rude e caro, chamado papiro. Aos poucos foi sendo substituído por pergaminho, feito de peles de ovelhas e cabras, por volta do

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século X. Mais ainda, a reprodução realizou-se por escrito com pena e tinta. Quantas centenas de horas se gastaram para copiar um exemplar da Bíblia?

Como seria possível buscar nela o amor de Deus e a Sua perfeita vontade? A Reforma é que fez dela um livro popular. Foi a convicção de que a Bíblia traz ao coração fiel a legítima Palavra de Deus que tornou os reformadores ousados na insistência em que o Livro fosse aberto todos os homens. “É uma espécie de impiedade não ler aquilo que por nós e para nós escreveu a mão do próprio Deus. Que ninguém incorra nesta falta, tendo ao seu alcance a leitura da Bíblia.”, afirmou Santo Agostinho. “Quero saber de uma só coisa – o caminho para o Céu; como desembarcar em segurança nessa praia feliz. O próprio Deus dignou-se em ensinar-nos o caminho: foi com essa finalidade que Ele desceu do Céu. Escreveu as instruções em um livro. Ó, dê-me esse livro! A qualquer preço, dê-me o livro de Deus! Eu o tenho: tem conhecimento suficiente para mim. Quero ser um homem de um só livro.”, expressou John Wesley. “A grande necessidade da hora presente entre as pessoas espiritualmente famintas é dupla: Primeiro, conhecer as Escrituras, sem as quais nenhuma verdade salvadora será concedida por nosso Senhor; segundo, ser iluminado pelo Espírito, sem Quem as Escrituras não serão compreendidas.”, era a convicção de A. W. Tozer. O Cristianismo é peculiarmente religião de um só livro. A Bíblia é o meio pelo qual Deus decidiu apresentar Sua revelação ao homem através de sucessivas eras. A Bíblia é a Palavra de Deus. Isto quer dizer muita coisa. Significa que ela encerra a auto-revelação de Deus e expressa a vontade toda de Deus em matéria de fé e conduta. É a informação segura quanto a Deus, quanto à vida e quanto à eternidade. Você tem em sua própria língua um livro de texto e de devoção que encerra o programa todo de Deus, uma espécie de enciclopédia que fornece toda sorte de informação teológica necessária, um manual de avaliação que mostra a diferença entre o certo e o errado.

A prática da leitura e do estudo da Palavra de Deus é a arte de procurar o Senhor nas páginas das Sagradas Escrituras até achar, a arte de enxergar a riqueza toda que está atrás da mera letra, de ouvir a voz de Deus, de relacionar texto com texto e de sugar todo o leite contido na Palavra revelada e escrita, tanto nas passagens mais claras como nas passagens aparentemente menos atraentes, através de uma leitura responsável e do auxílio do Espírito Santo. A Bíblia foi escrita para pessoas comuns. Se desejarmos ser crentes felizes, vitoriosos e frutíferos, teremos que nos alimentar regularmente da Palavra de Deus.1 Depois que nos convencemos de que podemos estudar a Palavra de Deus por nós mesmos, a nossa vida espiritual toma uma nova dimensão. Deus quer encontrar você pessoalmente na Sua Palavra. Você tem o direito de estudar pó si mesmo. O pastor Gordon MacDonald avaliou: “Os pastores gastam muito tempo estudando a Bíblia para o seu povo... Francamente, uma das minhas maiores tristezas em 25 anos de pregação é que acho que não ensinei os membros da minha congregação a estudarem a Bíblia sozinhos, seja individualmente ou em grupo. Penso que fui um pregador relativamente

1 Uma pesquisa Gallup nos EUA, na década de 1990, mostrou que embora 82% dos americanos acreditem que a Bíblia é a palavra “literal” ou “inspirada” de Deus, só 21% estão envolvidos no estudo bíblico. (Citado por James C. Denison. 7

Questões Cruciais sobre a Bíblia. Bom Pastor Editora, 1995, p. 239.

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bom. As pessoas faziam anotações e aceitavam bem o que eu pregava. Julgo então que a minha pregação estava definitivamente satisfazendo uma necessidade. Mas agora, quando olho para trás, sinto que eu estava estudando a Bíblia pelas pessoas. Estamos avançando para um ponto onde existem apenas alguns comunicadores fortes estudando a Bíblia por nós todos. O que deveria ter feito é ajudá-los a compreender como eu estudei e como eles podiam aprender a estudá-la por si mesmos.”2 Iluminação e Convicção.3 O conhecimento dos cristãos a respeito das coisas divinas é mais do que um conhecimento das palavras e das idéias teológicas da Bíblia. É uma compreensão da realidade e da relevância das obras de Deus testemunhadas pelas Escrituras. O “homem natural” (I Co 2:14), que não tem o Espírito, mesmo que esteja familiarizado com idéias cristãs, ainda padece da falta dessa compreensão mais profunda e é como um cego que conduz outro cego (Mt 15:14). Só o Espírito Santo, que “a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus” (I Co 2:10), pode levar essa compreensão às mentes e corações obscurecidos pelo pecado. Isto é chamado de “entendimento espiritual”, porque é uma compreensão dada pelo Espírito Santo (Cl 1:9; cf. Lc 24:25; I Jo 5:20). Aqueles que, além de um conhecimento correto das Escrituras, possuem “unção que vem do Santo...” e conhecem todas as coisas (I Jo 2:20). A obra do Espírito Santo em comunicar essa compreensão, é chamada de “iluminação” ou esclarecimento. Não é uma nova revelação, mas uma obra dentro de nós, que nos capacita a compreender e a afirmar a revelação da Bíblia, quando é lida, pregada e ensinada. O pecado obscurece nossa mente e vontade, de modo que perdemos e resistimos à força das Escrituras. O Espírito, contudo, abre e desanuvia nossa mente e põe o nosso coração em sintonia, de modo a podermos entender aquilo que Deus tem revelado (II Co 3:14-16; 4:6; Ef 1:17-18; 3:18-19). Iluminação é a aplicação da verdade revelada de Deus ao nosso coração, de modo que nós passamos a entender como realidade para nós o que o texto sagrado revela. É através da iluminação do Espírito que o ministério da Palavra realiza a chamada eficaz para a salvação. Embora a iluminação pelo Espírito comece o processo ou seqüência da salvação (Hb 6:4; 10:32), ela continua durante toda a vida do crente. O Espírito Santo conduz-nos a uma mais profunda compreensão de Deus (Jo 16:13), levando-nos tanto ao arrependimento dos pecados que cometemos quanto à segurança da graça de Deus e à certeza da nossa eleição. Recebemos essa iluminação através do ministério da Palavra, da oração e da meditação a respeito de Deus e de sua revelação e do esforço para viver nossa vida de modo coerente com a revelação.

2 Citado por James Denison. 7 Questões Cruciais da Bíblia. Editora Bom Pastor, p. 86. 3 Bíblia de Estudo de Genebra, pág. 1348.

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“Os cristãos são o povo do Livro — isto é, da biblioteca de 66 livros conhecida como a Bíblia. A inspiração divina desta obra múltipla a eleva para sua posição central e fundamento inabalável da fé cristã.” — Russell P. Shedd

Qualificações do livro sagrado 1. É Palavra de Deus (II Tm 3:16; II Pe 1:20-21). As Escrituras emanam de Deus; são uma inspiração divina. Deus ama sua Palavra e está moralmente comprometido a falar através dela! 2. A Bíblia é um livro igualmente humano e divino. Os cristãos não procuram ocultar sua natureza humana. Sabemos que ela foi escrita por homens e que não desceu do Céu numa bandeja de ouro. Todavia, também cremos que os homens que a escreveram estavam sob a inspiração de Deus, conduzidos pelo Espírito Santo. A Palavra de Deus nos é dada nas palavras desses autores humanos e por meio delas. 3. Sua preservação é um milagre. 4. A Bíblia é tanto histórica quanto contemporânea. É um livro arraigado nas culturas, nas línguas e nas tradições da Antigüidade. Mesmo assim é também um livro poderoso para tocar a vida dos leitores de hoje (Mt 24:35). 5. É completo (Ap 22:18-19). 6. A Bíblia é singular em sua universalidade cósmica (reflete a glória de Deus sobre todo o universo) e em sua universalidade social (dirige-se a todos os membros da sociedade humana, a povos de todas as raças). É singular no impacto histórico, quanto à iniciativa de Deus, ao poder de Deus e à vitória de Deus na história: é o único livro que descreve uma história mundial com início e conclusão definidos no ato divino de revelação. A história é a estrada que vai do primeiro jardim do Éden à gloriosa cidade chamada Nova Jerusalém. É

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singular na comunicação: compreendida pela fé e compreendida pela iluminação. E nos confronta com a vontade de Deus para nossa vida. Temos de decidir favoravelmente ou contra a mensagem que recebemos. 7. Sua preeminência na literatura, em línguas e dialetos (Is 56:7; At 2:8; Ap 7:9). 8. A Bíblia é tanto um livro simples quanto complexo. As crianças podem desde cedo começar a estudá-la e a amá-la, e milhões de crianças o fazem. Mas alguns dos mais capacitados estudiosos em todo o mundo gastam a vida inteira estudando a Bíblia e mesmo assim confessam ter somente um conhecimento superficial desse livro maravilhoso. A Bíblia é o livro mais estudado em todo o mundo, assim como também o mais publicado, e quase certamente o livro mais apreciado do mundo. 9. É uno em coesão de pensamentos (Is 7:14; Mq 5:2; Mt 1:23; 2:6). 10. Sua adaptabilidade alcança a todos (Lc 4:17-18; At 4:13; 8:27-28). 11. Sua eficácia, efeitos reais e eternos (At 17:11-12; II Rs 22:13; 23:4-25). 12. A Bíblia é um livro de pesquisa ímpar e indispensável para o cristão e para a igreja. É luz para o nosso caminho (Sl 119:105). Ler suas palavras em voz alta é como saborear o mel (Sl 119:103). É uma arma na luta por uma fé mais robusta (Ef 6:17). A vida do cristão é moldada pela Bíblia, e ela é lida, ensinada, pregada, cantada, crida e amada na igreja. A Bíblia concede aos cristãos uma visão de mundo. Fornece-lhes um conjunto de valores morais. Propicia-lhes experiências com Deus. Transmite-lhes o sentido da vida. Todo cristão pode afirmar como o salmista: “Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia” (Sl 119:97).

Que retrato a Bíblia traça de si mesma? É necessário considerar sobre as metáforas que a Escritura utiliza de si mesma para que se crie um compromisso mais forte com o estudo da mensagem que Deus inspirou e os autores bíblicos escreveram. Estas figuras literárias parecem as mais apropriadas para descrever a Palavra em sua vitalidade e poder. Grandes lições são colhidas quando se permite que Deus use essas metáforas para convencer seus servos da importância do estudo e da exposição bíblica. Espelho. A Bíblia é como um espelho no sentido de refletir com precisão nossa aparência espiritual. Espada. A Bíblia é como uma espada no sentido de poder ser utilizada como arma de defesa e de ataque contra o inimigo (Hb 4:12; Ef 6:12, 17). Luz. A Bíblia é como luz no sentido de nos capacitar a enxergar na escuridão da vida, manter-nos no caminho certo e evitar os perigos. A frase “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra” (Sl 119:105) deve ser entendida como o ganho da perspectiva de Deus nas decisões que uma pessoa tome. Água. A Bíblia é como água no sentido de saciar nossa sede e nos purificar as impurezas espirituais (Jo 15:3; 13:10; IJo 1:9; Ef 5:25-27). Alimento. A Bíblia é como alimento no sentido de satisfazer nossa fome espiritual e fazer-nos crescer espiritualmente.

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A Semente (IPe 1:23-25). A palavra de Deus tem vitalidade quando ela é aplicada pelo Espírito divino. Martelo e Fogo. O “martelo que esmiúça a penha” (Jr 23:29) sugere que eventos, completamente inesperados, ocorram quando Deus decide comandar transformações pela sua Palavra. A “palha”, isto é, mensagens sem qualquer respaldo na revelação divina, será queimada. Arma (IICo 10:3-5). As armas “poderosas em Deus” referem-se à verdade revelada, escrita e canonizada, à clara e inabalável Palavra de Deus explicada e sabiamente aplicada, a única arma segura para explodir os “sofismas” e “fortalezas” mentais, desvios doutrinários que dão brechas para o usurpador.

2. Resultados esperados do estudo da Bíblia Quais os benefícios do estudo bíblico? O que há nele para mim? Se eu investir meu tempo nisso, que vantagem terei? Que diferença isso fará em minha vida? Há diversos benefícios que você pode esperar quando investe no estudo da Palavra de Deus. Estes benefícios não se encontram em nenhum outro lugar; e, francamente, eles são reais necessidades do cristão. Não é uma opção – é essencial estudar a Bíblia. Veja três passagens que conspiram para edificar um caso convincente pelo qual devemos estudar a Bíblia:

O estudo bíblico é essencial para o crescimento “Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que por ele vos seja dado crescimento para salvação.” (1 Pd 2:2). Os ensinamentos das Escrituras são os elementos da nutrição espiritual. A primeira razão para se estudar as Escrituras é que este é um meio de crescimento espiritual. Não há crescimento fora da Palavra. Ela é o instrumento primário de Deus para o desenvolvimento como indivíduo. O segredo do sucesso na vida cristã, em grande parte, depende da avidez com que o leitor busca ao Senhor e a Sua vontade nas Escrituras.

O estudo bíblico é essencial à maturidade espiritual

“A esse respeito temos muitas cousas que dizer, e difíceis de explicar,porquanto vos tendes tornado tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes novamente necessidade de alguém que vos ensine de novo quais são os princípios elementares dos oráculos de Deus; assim vos tornastes como necessitados de leite, e não de alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite, é inexperiente na palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos, para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercidas para discernir não somente o bem, mas também o mal.” (Hb 5:11-14)

A Bíblia é o meio divino de desenvolver a maturidade espiritual. Não nos podemos satisfazer com um êxito parcial, e nem com o crescimento espiritual obtido ontem. Diz o autor que você é maduro se treinou a si mesmo através do uso constante das Escrituras não só para distinguir o bem do mal mas também para saber aplicar a Palavra a si mesmo, para praticar o

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bem, obtendo progresso espiritual em sua vida. A marca da maturidade espiritual não é o quanto você entende, mas o quanto você usa. Na esfera espiritual, o oposto de ignorância não é sabedoria, mas obediência. A verdade fortalecedora torna ainda mais fortalecido o cristão que já é forte.

O estudo bíblico é essencial à eficácia espiritual “Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” (2 Tm 3:16-17).

Este texto fundamenta o papel das Escrituras na orientação da Igreja e na vida do cristão para que correspondam à vontade de Deus. Baseado na origem divina das Escrituras, Paulo declarou a utilidade delas para: Doutrina ou ensino – Isto é, ela irá estruturar seu pensamento. Isto é crucial porque se você não estiver pensando corretamente, não estará vivendo corretamente. Aquilo em que você acredita determina seu comportamento. Repreensão – Isto é, ela dirá onde você está fora dos limites; ela produz convencimento, convicção. É como um árbitro; ela mostra o que é pecado. Mostra o que Deus quer para sua vida. Ele provê seus padrões. O endurecimento do coração reflete na falta de preocupação com a voz viva do Espírito em nosso íntimo. Correção – Isto é, ela abre as portas de sua vida e provê uma dinamite purificadora para o ajudar a limpar o pecado e a aprender a se conformar à vontade de Deus. O estudo das Escrituras eleva os desejos dos regenerados a se voltarem para o Senhor e mostra o caminho de volta à verdade. A alegria se seguirá à obediência. O ensino só se efetua quando o aluno muda de comportamento. Treinamento para uma vida de justiça – Deus a usa para mostrar como se deve viver: a expressão prática de sua fé. Tendo-o corrigido nos aspectos negativos, Ele dá a você orientação positiva a se seguir na vida. Não basta alguém ser bom; é mister também praticar o bem. Qual o propósito global da Bíblia? Equipar-nos para toda boa obra. Você alguma vez já disse: “Gostaria que minha vida fosse mais eficaz para Jesus cristo?” Se já, o que tem feito para se equipar? O estudo bíblico é um meio primário pelo qual podemos nos tornar servos eficazes do Senhor Jesus. Deus talvez não possa usá-lo mais do que Ele quer porque pode bem ser que você não esteja preparado. Talvez você tenha freqüentado igreja por cinco, dez, até vinte anos, mas nunca abriu a Bíblia para preparar-se eficazmente como instrumento de Deus. Você esteve debaixo da Palavra, mas não a estudou por si mesmo. Agora é a sua vez; Deus quer se comunicar com você no século vinte e um. Ele escreveu Sua mensagem em um Livro e pede que você venha e estude este Livro por três razões que nos impelem: É essencial ao crescimento. É essencial à maturidade. É essencial para equipá-lo e treiná-lo a fim de que você possa ser um instrumento disponível, limpo e preciso nas mãos dele, para cumprir os Seus propósitos.

Mais benefícios do estudo bíblico na vida pessoal:

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1. Promove sabedoria, que é a aplicação do conhecimento; um homem sábio é aquele que sabe distinguir o fundamental do trivial, que sabe o que é a vida e que age adequadamente, sejam quais forem as circunstâncias (Sl 119:98-100). A sabedoria que se propõe aos discípulos, como aquela que se harmoniza com o reino de Deus, não é mero bom senso humano. O sábio é aquele que faz a vontade do Senhor (Mt 7:24) – a sabedoria do crente se acha na sua obediência. 2. Segurança pessoal (Sl 119:72). 3. A imagem do Filho no coração do homem (I Pe 3:9). 4. Estar ligado na videira (Jo 15:5) 5. Comunhão com Deus (I Jo 1:6) 6. Abertura do entendimento para as Escrituras (Sl 119:18 e 130; Lc 24:31; 45) 7. Ter o coração aberto (At 16:14) 8. Ter a revelação do Espírito Santo (Lc 2:26) 9. Confiança. “O Deus cuja Palavra eu louvo, neste Deus ponho a minha confiança” (Sl 56:4, 10-11). Como observou A. W. Tozer: “O quanto conhecemos da Palavra é o quanto conhecemos do Deus da Palavra”. Tim Lahaye, no livro “Como Estudar a Bíblia Sozinho”, relaciona os seguintes pontos sob o título: O que o estudo bíblico fará por você: 1. Ela nos tornará crentes mais fortes (I Jo 2:14b). 2. Ela nos assegura a certeza da nossa salvação (I Jo 5:13) 3. Ela nos dará confiança e poder na oração (Jo 15:7) 4. Ela nos adverte contra o pecado, nos indica a purificação e nos faz saber quando estamos perdoados (Jo 15:3). 5. Ela nos dará alegria (Jo 15:11). 6. Produzirá paz (Jo 16:33).4 7. Ela nos orientará nas decisões da vida (Sl 119:105). 8. Ela nos capacitará a testemunhar de nossa fé (I Pe 3:15). 9. Será uma garantia de sucesso (Js 1:8). Bryan Jay Bost, no livro Do Texto à Paráfrase enfatiza cinco vantagens e bons resultados obtidos pelo estudo cuidadoso das Escrituras:

1. Teremos mais fé.

4 A Bíblia não é um sedativo. Ela não tranqüiliza. No entanto, ao lê-la, você encontrará paz. “Grande paz têm os

que amam a tua lei” (Sl 119:165). Os tranqüilizantes químicos podem agir minimizando o impacto que a realidade exerce sobre as pessoas; as Escrituras, não. Elas transmitem paz ao mostrar-lhe como resolver qualquer conflito interior que destrua essa paz. A paz é mais do que ausência de ansiedade. É uma qualidade positiva que brota da harmonia interior. Uma paz que é destruída por ameaças externas não é autêntica. A paz de Deus, que aumenta à proporção que se compreendem as Escrituras, desafia a incerteza e o perigo. Esta é a paz profunda com a qual os cristãos romanos enfrentaram leões famintos, nas antigas arenas, e com a qual os cristãos da Europa Oriental, num passado recente, enfrentaram prisões, torturas e ameaças contra suas famílias. Esta é uma paz que vem da convicção de que Deus permanece no controle, você lhe pertence, e o caos e a incerteza ao seu redor representam apenas a superfície nebulosa da realidade. E essa paz melhora o seu bem-estar físico; é “a medula dos ossos”.

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2. Teremos mais o que dizer. 3. Teremos a certeza de ensinar a são doutrina. 4. Teremos mais condições de prosseguir. 5. Teremos mais influência do Espírito Santo sobre nós.

Howard e William Hendricks, em seu livro Vivendo na Palavra, relacionam três outras vantagens do estudo bíblico pessoal: 1. Você ganhará um valioso senso de autoconfiança em sua habilidade de manusear as Escrituras. 2. Você experimentará a alegria da descoberta pessoal (as pesquisas vêm mostrando reiteradas vezes que as pessoas aprendem mais e se lembram melhor quando participam elas mesmas do processo de descoberta). 3. Você irá aprofundar seu relacionamento com Deus.

3. Manuseie com cuidado! “Se você crê naquilo que nos evangelhos é de seu agrado e rejeita aquilo de que não gosta, não é nos evangelhos que você crê – mas em si próprio.” – Agostinho.

Já lhe aconteceu de ler um livro, um capítulo ou um versículo da Bíblia e, cinco minutos depois, não conseguir lembrar nada do que leu? Muitas vezes lemos a Bíblia com os olhos; mas não com a mente. Há muitas explicações para isso. Ou pensamos que a Palavra de Deus deixará de forma mágica uma marca indelével em nós, sem nenhum esforço nosso, ou não acreditamos poder entender de fato o que lemos, ou esperamos que o pastor pregue sobre a passagem para sabermos seu significado. Muitas vezes, porém, esquecemos a leitura feita simplesmente por não saber como ler e estudar o texto bíblico.

Modos pelos quais a Bíblia pode ser mal empregada Devemos estar sempre atentos para os métodos que se usam para invalidar a Palavra de Deus: esquecimento, reinterpretação, racionalização, ignorância, desobediência. Existe perigo no mal uso da Bíblia, quando se despreza o seu estudo sistemático e metódico e quando não se discerne o espírito com que devemos lidar com ela (Jo 5:39; Mt 22:29). Cuidado com essas armadilhas quando estudar a Bíblia: 1. Má leitura do texto. 2. Interpretar por idéia própria ou superficialmente. 3. Distorção do texto. Forçar uma passagem a dizer o que ela não diz. Tomar um texto fora do seu contexto. 4. Enfatizar indevidamente minúcias insignificantes. 5. Contradição do texto. Equivale a chamar Deus de mentiroso. A ilustração clássica é Satanás no jardim no Éden (Gn 3:1-4).

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6. Ignorar a íntegra de determinada doutrina bíblica. Tentar levar Deus a satisfazer a vontade humana, em vez de desejar aquilo que Ele quer que seja feito. 7. Julgar as Escrituras – isso leva a perder a fé. Alguns se consideram mais inteligentes do que os escritores inspirados. No estudo bíblico, bem como na vida, o orgulho antecede a queda. A sabedoria envaidece (ICo 8:1). Pode fazê-lo arrogante e resistente ao ensino. 8. Supervalorizar dogmas religiosos que não traduzem preceitos bíblicos (Mt 15:1-3). 9. Subjetivismo. 10. Relativismo. 11. Estudar inutilmente (há aqueles que ficam se preparando a vida toda, e nunca estão prontos para agir). Nossos estudos da Palavra devem levar geralmente a propósitos de aprendizado, ensino, evangelização e, sobretudo, obediência. 12. Tomar cuidado para que o estudo não “suba à nossa cabeça” e comecemos a julgar-nos melhores que outros. Quando isto ocorre, o orgulhoso não gosta de ouvir os “irmãos mais simples” falando, e passa a ser um juiz do conhecimento alheio, ao invés de acolher a palavra de Deus. 13. Querer ser original demais. É muito comum ver alguém querendo marcar época na igreja por ensinar algo completamente novo. Cautela! O estudo bíblico trará sem dúvida novos conhecimentos, mas o amor da novidade para engrandecimento pessoal ou para levantar polêmica é sempre pernicioso. Infelizmente, quase todas as “grandes novidades” não passam de ressurreição de velhas heresias (Ec 12:12-13). 14. Não aplicar a Palavra a si próprio. Você deslizará para o legalismo, ou para a tradição que invalida a verdade, ou para algum estilo de vida extravagante que tenha um ar de religiosidade, mas seja contrário a um relacionamento correto com Deus. 15. Segundo observou Russell Shedd, “Há duas tentações que todo leitor da Bíblia deve procurar vencer. A primeira é ler a Palavra como um manual de sugestões. Conselhos para viver bem no mundo não devem ser desprezados. A Bíblia não convida o homem a fazer o que Deus manda somente se se sentir disposto a obedecer. Ordens divinas são obrigatórias, não opcionais. O leitor bíblico deve aproximar-se da Palavra como quem se apresenta para um patrão honrado. “Que queres que eu faça; eu vim para fazer a tua vontade!” (Hb 10:7) é a única atitude apropriada. A segunda tentação conduz o leitor com tendências legalistas a pensar em seguir os mandamentos bíblicos ao ‘pé da letra’.” 5

Análise de um caso de má interpretação e distorção bíblica — Oração (cf. Jo 14:13): Primeiro contexto, Jo 15:7 (permanência em Jesus e vice-versa) Segundo contexto, Jo 15:16 (frutificação permanente) Terceiro contexto, I Jo 5:14 (segundo a vontade de Deus) Quarto contexto, Sl 104:27 (tempo oportuno) Quinto contexto, Tg 4:3 (pelo motivo certo)

5 Russell P. Shedd. A Bíblia e os Livros. Abec, 1993, p. 12.

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Quinto contexto, Sl 104:13,14,23 (Deus não faz o que o homem pode fazer. Há necessidade de semear para depois colher)

Exemplos resultantes de uma exata interpretação e aplicação bíblica: 1. Caso de Matias, At 1:16-26; Sl 109:8 2. Caso do Pentecostes, At 2:14-17 3. Caso dos diáconos, At 6:1-3; Êx 18:18-21 4. Caso do Primeiro Concílio, At 15:13-19 5. Caso de Apolo, At 18:24-28 6. Caso de Beréia, At 17:10-11 7. Caso de Roma, At 28:22-29 IMPORTANTE: Faça distinção entre o texto e afirmações sobre o texto. Aprenda a discernir entre: 1. Um fato textual ............................................................ o que a Bíblia realmente diz. 2. Conhecimento geral................................................ o que se sabe de outras fontes. 3. Uma implicação ................................. os fatos naturalmente levam a concluir que... 4. Uma opinião ................................................................................ um ponto de vista. 5. A imaginação............................................. o que podemos visualizar mentalmente. 6. Uma interpretação ...........................o que se entende com base nos fatos textuais. 7. Uma aplicação.................................................como podemos praticar este ensino. 8. Uma identificação ............................................................. com pessoas ou atitudes. 9. Uma especulação...................... teorização, sem quase nenhuma base verdadeira. 10. Uma espiritualizaçãoa mudança da realidade concreta para o simbolismo fantasioso.

4. A necessidade de métodos para estudar a Bíblia

A. Definição de Método O estudo bíblico efetivo requer um método, ou seja, uma diretriz, estratégia ou linha de ação, um plano que produzirá resultados máximos para seu investimento de tempo e esforço. Definição: “Método é metodicidade, com perspectiva de se tornar receptivo e reprodutivo, por meio de contato direto com a Palavra.” Esta definição, apresentada por Hendricks, tem três desdobramentos: a. Envolve dar certos passos em uma certa ordem para garantir um certo resultado. Não somente qualquer passo; não somente qualquer ordem; não somente qualquer resultado. O resultado governa tudo. Qual o produto do estudo bíblico metódico? O que você é após ele? Lembre-se: o estudo bíblico pessoal tem um objetivo muito específico – a saber, mudança de vida. Então como chegar lá? Que processo levará a tal resultado? São propostos quatros passos essenciais executados em uma ordem específica: Observação (O que vejo?), Interpretação (O que isto significa?), Correlação e Aplicação (Como isto funciona?). b. Quando a Palavra de Deus e um indivíduo receptivo e obediente se juntam, atenção! Esta é uma combinação que pode transformar a sociedade. É para isso que o estudo bíblico pessoal foi designado – para transformar sua vida, e como resultado, transformar seu mundo. Você quer causar impacto em sua sociedade? Primeiro, as Escrituras têm causar impacto em você.

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c. Não há nada que supere a exposição pessoal prolongada à Bíblia. É vital. Sem ela, você nunca estará diretamente envolvido com o que Deus tem a dizer. tendo sempre que depender de um intermediário. Não há substituto para a exposição direta à Sua Palavra.

B. Princípios gerais de estudo pessoal da Bíblia O conceito bíblico do sacerdócio do crente significa que todos os cristãos têm o direito e a responsabilidade de alimentar-se da Palavra de Deus. Walter A. Henrichsen, no livro Métodos de Estudo Bíblico reforça a importância de recorrer às Escrituras como a fonte primária do cristão e lista cinco princípios que devem ser incluídos no estudo bíblico pessoal, independentemente do método adotado. 1. Fazer investigação original – É importante que a convicção da sua fé se forme com o que a Bíblia ensina; é a autoridade da infalível Palavra examinada pessoalmente que permanece. Há algo novo e edificante acerca de uma verdade ensinada pelo Espírito Santo durante o tempo que você passar pessoalmente com a Palavra de Deus. 2. Habituar-se a fazer anotações do seu estudo – Este exercício ajuda a desembaraçar os pensamentos e armazenar conteúdos e conhecimentos das Escrituras. 3. Estudar constante e sistematicamente – Estabeleça um programa de estudo da Bíblia que lhe desenvolva um equilibrado entendimento de toda a Palavra de Deus. 4. Aplicar o estudo à vida – É importante a aplicação na perspectiva de Deus. Ele espera que a sua Palavra seja encarada com seriedade. 5. Comunicar o conteúdo estudado – A intenção de Deus é, não só de que cresçamos e amadureçamos em nosso andar com Ele, mas também de que ajudemos outros a desenvolverem ao máximo o seu potencial em prol de Jesus Cristo.

3. A qualidade dos estudos bíblicos O trabalho de estudar a Bíblia é um grande projeto, a ser conduzido com zelo e perseverança. Excelência e compenetração são o mínimo que se pode almejar no estudo do livro inspirado pelo Deus Altíssimo. Nosso trabalho para o Senhor Deus deve ser caracterizado pela alta qualidade. Na aprendizagem, na exposição e no ensino de Sua Palavra, esta alta qualidade só é atingida com empenho pessoal e a ajuda do próprio Espírito Santo. O lema de J. A. Bengel, um dos maiores expositores de todos os tempos, também deve ser o nosso: “Aplica-te totalmente ao texto: aplica-o totalmente a ti”. 2 Timóteo 2:15 diz que o obreiro deve MANEJAR BEM a palavra da verdade. O modo correto deste obreiro lidar com a revelação divina (a palavra da verdade) é o critério principal para averiguar a qualidade dele. “Manejar bem” é a principal qualidade do obreiro que Deus quer desenvolver entre o seu povo. As traduções sugeridas pelos lexicógrafos para esta expressão são: “guiar por uma estrada reta”; “ensinar corretamente”; “expor de maneira sadia”; “pregar destemidamente”; “utilizar bem, sem desvios nem distorções, tanto em sua análise quanto em sua apresentação”. O contexto mostra como “manejar mal” a palavra nos versos 14,16-18 e 23; “manejar bem” está descrito nos versos 15,21,24-27. A Palavra de Deus e a nossa palavra. A Escritura é inspirada por Deus; nossos escritos não. Ou dizemos: “Assim diz o Senhor...” ou é melhor não dizer nada, menos ainda dizer: “Eu

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acho...” A maior parte dos desvios da verdade está na confusão entre a palavra dos homens e a Palavra de Deus. Pelo estudo bíblico devemos nos assegurar de transmitir a mais pura vontade divina, e não apenas nossa opinião sobre ela. Incertezas e inescrutabilidades. Existem coisas que não saberemos nunca (Dt 29:29). Submissão piedosa é necessária ao lidar com o que não é claramente revelado na Bíblia. Conjecturar e construir suposições sobre textos e assuntos obscuros é como construir na areia. Muitas coisas foram guardadas sob o conhecimento apenas de Deus (Atos 1:7, por exemplo), e é bom não procurar falar o que Deus não disse. Não devemos fugir de nenhuma parte da Bíblia: fácil ou difícil, ela foi escolhida pelo Espírito para nossa instrução. Por outro lado, qualquer temeridade no tratamento da mesma é reprovável. A orientação divina no estudo. Deus quer ajudar-nos no estudo da sua Palavra. Sem essa ajuda o trabalho seria impossível. É a iluminação divina que faz a diferença maior para o estudante (Ef 1:17-18; 3:18-19), no sentido de que ele entenda o que Deus disse. Isso não quer dizer que o estudante vá ter visões e revelações independentes da Bíblia. Também não significa que não precisa estudar. Mas, sim, que é impossível tentar entender a Palavra de Deus sem a ajuda de Deus (I Co 2:10-16). Dependa totalmente do Espírito Santo. João 16:13-15 diz que quem nos guia em toda a verdade e nos revela as coisas de Deus é o Espírito Santo, nosso Mestre que habita em nós. O Espírito Santo não prescinde do estudo escrupuloso das Escrituras. Pelo contrário, seu esclarecimento só pode ser assimilado espiritualmente quando nos dedicamos ao exame criterioso da Bíblia. Então peça a Deus, por seu Espírito, que o guie em toda a verdade e abra os olhos “a fim de que possa contemplar as maravilhas” de sua Palavra. Comece com oração — e continue em atitude de oração.

Passos para o estudo da Bíblia Quatro partes essenciais compõem o fundamento de todo estudo da Bíblia – observação, interpretação, correlação e aplicação. Estas são partes básicas para empregar no seu estudo da Palavra, independentemente da espécie de estudo em que você está empenhado (tais como, devocional, biográfico, analítico, tópico e livro por livro), é necessário examinar cada uma individualmente, com profundidade. Observação (Descubra o que o texto diz!) – O passo da OBSERVAÇÃO requer que você assuma o papel de detetive bíblico, procurando pistas quanto ao significado do texto. Aprender nunca é fácil. Exige um ato de vontade: você precisa ter a disposição e o desejo de aprender. Exige persistência, diligência e disciplina. Exige registro; anote tudo que achar importante, mas não se perca nas minúcias.

A. O valor da observação Observar significa estar mentalmente ciente do que se vê. “O propósito da observação no estudo da Bíblia é saturar-se do conteúdo da passagem6 da Escritura, ficar tão familiarizado quanto possível com tudo que o escritor bíblico está dizendo, explícita ou implicitamente.” O primeiro passo para o estudo bíblico é a Observação, onde perguntamos e respondemos a questão: “O que vejo?” Quando o salmista orou: “Desvenda os meus olhos, para que eu

6 Texto ou passagem refere-se a qualquer trecho da Bíblia que está em estudo. Na língua portuguesa, a palavra “texto” tem a mesma raiz de “textura” e “tecido”. E a idéia é exatamente essa: um texto é formado por fios que se cruzam e entrelaçam.

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contemple as maravilhas da tua lei” (Sl 119:18), ele estava orando para ser capaz de fazer a observação. Estava pedindo a Deus que abrisse seus olhos para que pudesse ver com visão e discernimento a verdade que Deus revelara. “A primeira habilidade que você precisa desenvolver é a capacidade de enxergar com a mente sempre que ler um texto bíblico – observar cuidadosamente as palavras, atento aos detalhes. Muitas pessoas têm o hábito de ler as Escrituras sem enxergar muito, sem refletir nas palavras enquanto lêem. Lemos palavras, mas não refletimos no que querem dizer. Às vezes nem vemos todas as palavras de uma passagem. Somos observadores preguiçosos! Por causa da observação descuidada e inadequada, muitas vezes fazemos interpretações errôneas e aplicações fracas.” – Oletta Wald. O que faz uma pessoa ser melhor estudante da Bíblia do que outra? A prática e a concentração são os dois ingredientes que aguçarão a sua perícia. A habilidade de observar é um processo desenvolvido. Você pode aumentar seu poder de observação quando lê as Escrituras. Suas observações formarão a base de informações a partir da qual você construirá o significado do texto.

B. Aprenda a ler o texto bíblico

1. Estratégias para uma leitura do texto bíblico

Muitas pessoas não lêem bem, pois nem sempre entendem o que estão lendo ou não vão se lembrar de muita coisa que leram – e poderiam ser ajudadas com a obra A Arte de Ler, de Mortimer J. Adler, Editora Agir, ou Técnicas para uma leitura rápida e eficaz, de Donald Weiss, Editora Nobel. Ler é a atividade básica do aprendizado. Se quisermos estudar a Bíblia, temos que formar o hábito7 de ler longas passagens das Escrituras. Tim LaHaye afirma: “A pessoa que não adquiriu o hábito de ler regularmente a Bíblia, nunca cultivará o de estudá-la. Na verdade, geralmente, a prática constante da leitura das Escrituras é que leva a pessoa a se tornar um estudioso desse livro. Nunca encontrei uma pessoa que apreciasse o estudo bíblico, que não houvesse antes aprendido a cultivar o hábito de ler as Escrituras com regularidade.” Uma das vantagens da leitura corrente da Bíblia é que o estudante não fica amarrado às complexidades da análise de textos e versos, e assim não perde o sentido geral da passagem ou o propósito do autor. Enquanto o leitor não estiver bem familiarizado com o tema central (e isso só é possível pela leitura do livro todo), não deve iniciar a aplicação dos métodos de estudo detalhado que examinaremos mais adiante. O dr. G. Campbell Morgan, conhecido comentarista bíblico da geração passada, costumava dizer que não se lançava ao ensino de qualquer livro da Bíblia enquanto não o houvesse lido pelo menos cinqüenta vezes.8 Ele cria que precisava de lê-lo pelo menos esse número de vezes para entender bem cada parte e relacioná-la ao todo. A Bíblia deve ser cuidadosamente lida para ser entendida. A seguir, a sugestão de algumas estratégias para dar ao leitor as pistas sobre o que o texto significa:

7 “Semeai um ato, e colhereis um hábito; semeai um hábito, e colhereis um caráter; semeai um caráter, e colhereis um destino.” – G. D. Boardman 8 Citado por Tim LaHaye. Como estudar a Bíblia sozinho. Editora Betânia,1984 (5ª ed.), p. 22.

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a. Leia a Bíblia com atenção – A leitura atenta envolve estudo. Quando você se aproxima da Bíblia, concentre-se totalmente. A Bíblia não produz seu fruto ao preguiçoso. Provérbios 2:4 faz um apanhado interessante das riquezas da Palavra de Deus, assemelhando a sabedoria bíblica a minérios preciosos, não encontrados na superfície, mas num nível mais profundo. A própria Palavra de Deus está lá, capaz de transformar sua vida; mas você tem que se aprofundar por ela. Tem que penetrar a superfície com mais do que uma simples olhada apressada. Em outras palavras, você precisa programar sua mente com a verdade de Deus. E isto começa com a primeira estratégia de leitura bíblica: leia atentamente.

Exercício

O projeto a seguir o ajudará a cultivar a habilidade de ler as Escrituras atentamente e

envolverá o curto livro de Filemom, no Novo Testamento, com apenas vinte e cinco versículos. Filemom registra o conselho de Paulo a um velho amigo cujo escravo, Onésimo, havia fugido. Onésimo encontrou-se com Paulo em Roma, tornou-se cristão e agora Paulo o envia de volta a seu mestre com a carta em mãos.

Leia Filemom aplicando os princípios da leitura atenta. Bombardeie o texto com perguntas. O que é possível descobrir sobre os relacionamentos entre Paulo, Filemom e Onésimo? Reconstrua a situação. Que sentimentos estavam envolvidos? Que considerações práticas? Que perguntas permanecem sem respostas conforme você lê a carta? Que problemas isto gera? Sobre quais questões fala? Por que você acha que a carta é significativa o suficiente para ser incluída na Bíblia? Como você comunicaria a alguém este livro e as perspectivas que ganhou dele?

b. Leia a Bíblia repetidamente – A genialidade da Palavra de Deus é que ela tem poder sustentador, podendo resistir a exposição repetida. Leia-a repetidas vezes, e ainda verá coisas que você não tinha visto em suas leituras anteriores. George Müller, famoso pregador e filantropo inglês, leu a sua Bíblia cerca de duzentas vezes. Algumas idéias para ajudar você na leitura repetida e imaginativa da Bíblia: – Leia livros inteiros de uma só vez – Comece pelo início do livro – Leia a Bíblia em diferentes versões e paráfrases – Leia as Escrituras em uma língua diferente – Ouça fitas das Escrituras – Leia ou peça alguém que leia o texto em voz alta. 9 – Varie seu ambiente onde ler a Palavra – Estipule um plano de leitura para um ano (Ver sugestão no Anexo).

Exercício 1. Está convencido do valor da leitura repetida da Bíblia? Eis um exercício que irá dispersar qualquer dúvida que ainda permaneça: leia o livro inteiro de Ester, no Velho Testamento, uma vez ao dia por sete dias seguidos. Deve levar meia hora por dia, aproximadamente. Use algumas das sugestões acima, como ler em voz alta ou talvez até ouvir fitas das Escrituras. É claro, você deve também usar as outras habilidades de Observação mencionadas anteriormente. Veja quantas coisas novas pode ver em cada dia sucessivo. Faça uma lista de suas observações, ou registre-as em sua Bíblia. No fim da semana, veja se pode reconstruir a história clara e precisamente, contando-a a alguém. Que perspectivas ganhou da história? 2. Eis uma chance de alongar sua criatividade. Veja o que pode fazer com estes projetos na leitura imaginativa da Bíblia: Atos 16:16-40 — Esta é uma vívida narrativa de Paulo e Silas em Filipos. Leia cuidadosamente e 9 Certa vez, G. Campbell Morgan leu a Bíblia toda em voz alta, em 96 horas, numa velocidade usada para a leitura bíblica no púlpito. (Mencionado por John White. A Luta. ABU Editora, 1991, p. 44.)

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observe os eventos que ocorrem nesta seção, e então dramatize-os com família ou amigos. 1 Samuel 17 — Esta é uma narrativa épica de Davi e Golias. Entretanto, apesar da maioria das pessoas saberem desta história, conhecem pouco do que realmente acontece nela. Leia o capítulo cuidadosamente, então reescreva-o de modo que se refira a uma gangue de adolescentes das ruas da cidade. Atos 15:22-29 — Lucas reimprime uma carta que o conselho de Jerusalém enviou aos novos crentes em Fenícia e Samaria. Estude o contexto cuidadosamente, então reescreva esta passagem como um fax para uma reunião de um novo grupo de crentes no centro da cidade.

c. Leia a Bíblia pacientemente – Numa época em que você tem tudo num instante, a tendência é querer ter instrução instantânea. Todavia, a verdadeira aprendizagem toma muito tempo. Não use atalhos no processo da aprendizagem; os caminhos aparentemente mais curtos levam a resultados vãos. O fruto da Palavra leva tempo para amadurecer. Se você é impaciente, é provável que desista cedo e perca uma rica colheita. Muitas pessoas fazem isso; se desiludem com o processo. Talvez estejam procurando um passatempo ao invés de esclarecimento. Outros desistem do texto bíblico e se voltam para fontes secundárias, antes de embeberem suas mentes no que o texto bíblico diz. Você tem que desenvolver persistência, poder de resistência para insistir com um texto até que comece a fazer progresso. Não se esqueça de que um bom pregador tem estudado as Escrituras diligentemente por anos. Não há meio pelo qual um novato possa começar já neste nível. Seja paciente com o texto e consigo mesmo. A verdade de Deus está lá, e você a encontrará se tão-somente der tempo a si mesmo para ler pacientemente. d. Leia a Bíblia aquisitivamente – Isto é, leia-a não apenas para receber informação, mas para reter; não meramente para tomar conhecimento, mas para tomar posse. Reivindique os seus direitos sobre o texto; faça dele sua propriedade particular. Como isso pode acontecer? A chave é o envolvimento pessoal e ativo no processo de estudo. Há um antigo provérbio para tal efeito: “Quando ouço, esqueço. Quando vejo, lembro. Quando faço, entendo”. Este é o objetivo desta apostila: ajudar você na sua iniciativa própria de estudar a Bíblia, visando mudança de vida como resultado de sua interação pessoal com a Palavra de Deus.

Exercício Eis uma idéia para fazer com que você se aproprie de uma passagem das Escrituras. Abra a Bíblia em Números 13, na história dos espias enviados por Moisés à Terra Prometida. Leia o relato cuidadosamente, usando todos os princípios cobertos até aqui. Então, escreva sua paráfrase da histó-ria. Eis algumas sugestões: 1. Decida qual o ponto principal da história. O que acontece? Por que o incidente tem significado? 2. Pense sobre quaisquer paralelos ao que acontece aqui na história de sua família, igreja, nação ou sua própria vida. 3. Decida sobre o “ângulo” que quer usar. Por exemplo: o relatório de uma força-tarefa para uma organização (ângulo de negócios); um concílio tribal (ângulo indígena); um debate político entre duas facções (ângulo político ou governamental). O ponto é: escolha algo que se adapte à situação e faça este incidente memorável para você. 4. Reescreva a história de acordo com o ângulo escolhido. Utilize uma linguagem condizente com o tema. Faça com que os personagens pareçam reais. Mude nomes e lugares para condizer com o estilo. 5. Quando terminar, leia sua paráfrase a um amigo ou parente.

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e. Leia a Bíblia com oração – Leia conhecendo o Autor do Livro, que está presente e pode explicá-lo melhor. A oração é uma chave para o estudo bíblico efetivo. Aprenda a orar antes, durante e após a leitura das Escrituras. Comece com adoração, ocupe-se com quem é Deus (ore sempre com base nas promessas de Deus – e o ponto chave em qualquer promessa é quem a fez). Isto o conduzirá à confissão porque você se verá pela perspectiva adequada. Então estará pronto para pedir a Deus o que precisa. Exemplo: Salmo 119 é um brilhante exemplo de estudo bíblico com oração. Muitos versículos se referem especificamente à leitura das Escrituras acompanhada de oração. O salmista usa a Palavra para louvar a Deus (v. 12); pede a Deus que o ajude a se tornar um leitor observador (v. 18); ora por entendimento da verdade de Deus (v. 27 e 34); pede ajuda para aplicar a verdade à sua vida (v. 33, 35-36, 133); menciona que a lei de Deus está sendo quebrada; portanto, é hora de Deus agir (v. 126). Ele ora por misericórdia com base no caráter de Deus (v. 132), baseia suas petições nas promessas de Deus (v. 169-170) e ora por perdão após refletir nos mandamentos de Deus (v. 176).

Exercício

Filipenses 4:8-9 – Aqui está um conjunto de promessas — e condições — que você pode ler e estudar em forma de oração. Reveja a lista de qualidades de Paulo e pergunte-se a si mesmo: que ilustrações disso têm na minha vida? Então com base no versículo 8: o que preciso começar a praticar para conhecer a paz de Deus? Fale com Deus sobre as coisas mencionadas nestes versículos e sua reação a eles. Em que áreas Deus precisa mudar seu ser? Você precisa de Sua ajuda para cultivar que atitudes e pensamentos? f. Leia a Bíblia meditativamente. Isto é, aprenda a refletir na Bíblia. Existe uma íntima conexão entre a meditação na Palavra de Deus e a ação por ela. A freqüência com a qual a verdade bíblica deve permear sua mente é: “dia e noite” (Js 1:8). É uma disciplina mental que você pratica por todo o seu dia. É uma mentalidade e um estilo de vida no qual a Palavra percorre sua mente. E você se torna aquilo que pensa. Esta característica da leitura será enfatizada no passo Aplicação e no Método Devocional. g. Leia a Bíblia seletivamente – seis perguntas básicas. Observamos a Bíblia quanto adotamos uma estratégia que nos force a examinar um texto mais de perto. Não leia com a mente vazia. Leia à procura de respostas. Ao estudar um texto você deve interrogá-lo como faz o detetive com uma testemunha a fim de descobrir os pormenores que envolvem um fato em questão, ou como faz o jornalista para entender e reportar uma história por inteiro. Quando você sabe que perguntas fazer, as respostas são em geral mais satisfatórias. À medida que você for lendo, pergunte: Quem? – Quem escreveu? É sempre proveitoso para o leitor procurar conhecer o autor humano dos livros bíblicos: seu modo de viver, pensar e trabalhar. – Quem está recebendo (ou deveria receber) a mensagem? É o exercício de identificar os prováveis leitores originais (os destinatários da mensagem ou do livro bíblico). Outra variação desta pergunta é: A quem se fala? ou A quem se dirige esta palavra? – Quem são as pessoas no texto? Ao identificar quem está na passagem (quem está falando ou quem é retratado), procure saber:

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a. O que se diz a respeito da pessoa ou pessoas? Note bem cada vez que se diz algo sobre uma pessoa. Certifique-se de consultar outras passagens para aprender tudo que puder sobre a pessoa mencionada. b. O que a pessoa diz? O quê? – O que está acontecendo neste texto? Quais são os eventos? Em que ordem ocorrem? O que acontece com as personagens? Ou, se for uma passagem que discute um ponto: Qual o argumento? Qual o ponto? O que o escritor está tentando comunicar? – O que está errado nesta situação? Onde? – Onde a narrativa está acontecendo? Onde estão as pessoas na história? De onde estão vindo? Para onde vão? Onde está o escritor? Onde estavam os leitores originais do texto? Esta pergunta fornece o local. Mapas que mostram onde os eventos bíblicos aconteceram podem ajudar você obter as respostas. Quando? – Quando os eventos do texto aconteceram? Quando ocorreram em relação a outros eventos nas Escrituras? Quando acontecerá? Quando o autor escreveu? Esta é a pergunta que indica tempo. Palavras que geralmente dão a dica para o leitor observar o tempo: depois disto, quando, até, então, etc. Por quê? – Por que esse “ensino” em particular foi apresentado? Por que foi colocado aqui? Por que vem depois daquilo? Por que precede aquilo? Por que esta pessoa diz isso? Por que aquela pessoa não diz nada? A questão “Por quê?” busca por significado ou propósito; ela investiga o texto mais do que qualquer outra pergunta. Fazê-la, inevitavelmente conduzirá você a novas perspectivas em seu estudo bíblico.

Para quê? – Que diferença isso faria se eu fosse aplicar esta verdade? “Para quê” é a pergunta que nos faz começar a praticar algo sobre o qual lemos. Lembre-se, a Palavra de Deus não foi escrita para satisfazer nossa curiosidade; mas para mudar nossas vidas. Assim, em qualquer passagem das Escrituras, precisamos perguntar: e daí? Quando chegarmos ao passo da Aplicação, você verá maneiras de se responder a esta pergunta. Também pode ser usada a pergunta Como? – Como as coisas se deram? Qual foi o resultado? Que método foi utilizado? Como isso é feito? Como aconteceu? Como essa verdade é exemplificada?

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Exercícios

1. Use o capítulo 1 e I Tessalonicenses para exercitar a responder esta série de perguntas iniciais. 2. As seis perguntas da leitura bíblica seletiva são especialmente divertidas quando se estudam as histórias das Escrituras. Lucas 24:13-35 registra uma das mais fascinantes — a narrativa de Jesus, encontrando dois de Seus discípulos na estrada para Emaús após Sua ressurreição. Leia este trecho duas ou três vezes, e então investigue-o com as seis perguntas apresentadas neste capítulo. Não se esqueça de escrever suas observações.

h. Leia a Bíblia descobrindo o propósito do texto através da sua estrutura gramatical e literária Toda Escritura é dada por inspiração divina e “útil”, isto é, serve a quatro propósitos: ensino, repreensão, correção e instrução para uma vida de justiça. Portanto, um dos aspectos essenciais da leitura é procurar pelo propósito do autor no texto em estudo. Não há um versículo das Escrituras que tenha sido lançado nelas por acidente. Toda palavra contribui para o significado do texto. Seu desafio como leitor é discernir tal significado, é entender o propósito de um autor. Você deve fazer a si próprio indagações do tipo: Como o escritor trata o conteúdo? Que forma ou estrutura emprega? Como fazê-lo? Uma das chaves é atentar pra a estrutura gramatical e literária do texto.

1. Propósito através da estrutura gramatical Precisamos prestar cuidadosa atenção nos seguintes aspectos gramaticais do texto: Verbos – são as palavras de ação ou movimento que nos dizem quem está fazendo o quê. Examine-os com toda atenção e questione: Que espécie de ação os verbos expressam? A maioria está na voz ativa ou passiva? Os verbos estão no imperativo – dão ordens? Quais verbos se repetem? Que significam? Sujeito e objeto – o sujeito de uma sentença executa a ação e o objeto sofre a ação. É importante não confundi-los. Modificadores – são as palavras descritivas como os adjetivos e advérbios. Eles ampliam o significado das palavras que modificam e muito freqüentemente fazem toda a diferença. Entre elas, estão os termos de conclusão e conseqüência – veja, por exemplo, II Tm 1: v.4 (para que); v.6 (por cujo motivo ou por esta razão); v.7 (porque); v.8 (portanto); v.12 (por isso; porque). Frases preposicionais – preposições são pequenas palavras que nos dizem onde a ação acontece: em, sobre, através, para etc. Conjunções – são palavras que unem duas orações ou dois termos semelhantes da oração: e, mas, portanto, porém, enquanto, ainda, a fim de que etc.

2. Propósito através da estrutura literária Na Interpretação, veremos como tipos diferentes de literatura utilizam vários tipos de estrutura literária. Por enquanto, eis cinco tipos a serem procurados:

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Estrutura biográfica – comumente encontrada nos livros narrativos, a estrutura biográfica se baseia nas pessoas chaves da história. Por exemplo, Gênesis 12—50 destaca quatro gerações de líderes. Estrutura geográfica – aqui a chave é o lugar. Estrutura histórica – eventos chaves são a base da estrutura histórica. O livro de Josué foi elaborado com o relato de diferentes acontecimentos. Estrutura cronológica – as expressões de tempo (então, quando, antes, neste tempo, enquanto, até, depois disto etc.) nos ajudam a perceber quando algo aconteceu. Proximamente relacionada à estrutura histórica está a estrutura cronológica, onde o autor organiza material com base em tempos chaves. Geralmente as narrativas são assim. Estrutura ideológica – argumentação estruturada em redor de idéias e conceitos, o que facilita a sumarização de um livro pelo entendimento do seu tema e propósito. A maior parte das epístolas do NT são desenvolvidas desta forma: começam com a apresentação da verdade espiritual e doutrinária. O resto do texto fala sobre como nossa vida deve ser transformada por esta verdade.

As Leis da Estrutura LEI DESCRIÇÃO EXEMPLOS Causa e efeito

Um evento, conceito ou ação que causa outro (termos chaves: portanto, então, assim, resultado).

Mc 11:27—12:44 Rm 1:24-32; 8:18-30

Clímax

Uma progressão de eventos ou idéias que atingem um certo ponto alto antes de regredir.

Êx 40:34-35; 2 Sm 11; Mc 4:35—5:43

Comparação

Dois ou mais elementos que são semelhantes ou dissimilares (termos chaves: como, assim como, também, de igual maneira).

Sl 1:3-4; Jo 3:8, 12, 14; Hb 5:1-10

Contraste

Dois ou mais elementos que são semelhantes ou dissimilares (termos chaves: mas, ainda).

Sl 73; At 4:32—5:11; Gl 5:19-23

Explicação ou razão

Apresentação de uma idéia ou evento seguida por sua interpretação.

Dn 2, 4, 5, 7—9 Mc 4:13-20 Atos 11:1-18

Intercâmbio

Quando a ação, conversação ou conceito muda para outro, então volta novamente.

Gn 37—39; 1 Sm 1—3; Lc 1—2

Introdução e resumo

Observação na abertura ou conclusões sobre um assunto ou situação.

Gn 2:4-25; 3 Js 12; Mt 6:1

“Pivô” ou eixo Mudança súbita de direção ou fluxo do contexto; um clímax menor.

2 Sm 11—12 Mt 12; Atos 2

Proporção Ênfase indicada pela quantidade de espaço que o escritor dedica a um assunto.

Gn 1—11; 12—50 Lc 9:51—19:27 Efésios 5:21—6:4

Propósito Declaração das intenções do autor. Jo 20:30-31; At 1:8; Tito 1:1

Pergunta e resposta

Uso de perguntas ou perguntas e respostas. Malaquias Mc 11:27—12:44 Lucas 11:1-13

Repetição Termos ou frases usados duas ou mais vezes. Sl 136; Mt 5:21-48 Hebreus 11

Específico para geral, geral para específico

Progressão de pensamento de um único exemplo para um princípio geral, ou vice-versa.

Mt 6:1-18 Atos 1:8; Tiago 2

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Exercício

Os livros da Bíblia estão repletos de declarações que expressam o propósito dos escritores. João 20:30-31 é uma das mais diretas. Outras são menos óbvias, mas um leitor observador normalmente poderá encontrá-las. Eis abaixo algumas declarações de propósito. Leia cada uma cuidadosamente, depois folheie o restante do livro no qual se encontra. Veja como o escritor cumpre o seu propósito na maneira em que apresenta seu material. Deuteronômio 1:1; 4:1; 32:44-47 Provérbios 1:1-6 Eclesiastes 1:1-2; 12:13-14 Isaías 6:9-13 Malaquias 4:4-6 Lucas 1:1-4 II Coríntios 1:8; 13:1-10 Tito 1:5; 2:15 II Pedro 3:1-2 I João 5:13

3. Elementos a procurar (desvendar) no texto em estudo – padrões estruturais

Na OBSERVAÇÃO se pergunta e responde à questão: “O que vejo”? O leitor assume o papel de detetive bíblico, à procura de pistas, e nenhum detalhe é trivial; anota e faz uma lista dos detalhes e das relações que encontra, para reflexão e comparação nos passos seguintes do estudo.10 Há seis pistas importantes a se observar nas Escrituras. Você acha uma mina toda vez que as nota. a. Elementos que são enfatizados. Há quatro maneiras pelas quais os escritores bíblicos enfatizam seus pontos:

– Quantidade de espaço utilizado ao assunto que se deseja enfatizar. Exemplo: No livro de Êxodo, os capítulos 25—40 ocupam-se do tabernáculo, com detalhes minuciosos sobre a sua construção, e também com o sacerdócio. Uma das razões para tal quantidade de material sobre o tabernáculo é certamente impressionar-nos com a importância que Deus dá à adoração; Ele desejou relacionar-se com o seu povo, um relacionamento somente estabelecido e mantido na base do sacrifício de sangue.

10 “A inspiração de Deus não chega ao homem que espera sentado, de braços cruzados, com a mente ociosa, senão à mente que pensa, busca e investiga.” – William Barclay.

“Devemos abrir nossa mente de acordo com a grandeza dos mistérios divinos, e não limitar estes mistérios à pequenez do nosso entendimento.” – Francis Bacon.

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– Propósito expresso ou declarado no próprio texto. Exemplos: Pv 1:2-6; João 20:30-31. – Ordem ou seqüência estratégica daquilo que se deseja enfatizar. Pela escolha de onde colocar as pessoas, os eventos, as idéias e assim por diante, um escritor pode chamar a atenção para algo. Assim, atente para a ordem dada. Ela pode revelar importantes critérios no texto. Isto se manifesta por meio de cadeias de pensamentos associados ou progressões de idéias numa passagem. Exemplo: Observe a progressão do pensamento de Paulo sobre não se envergonhar do evangelho (II Tm 1): v. 8 “não te envergonhes.”; v. 12 “não me envergonho...”; v. 16 “Onesíforo... nunca se envergonhou...” – Movimento do menor para o maior, e vice-versa. Um escritor irá freqüentemente desenvolver o texto até chegar ao clímax (ponto de interesse máximo), onde apresenta informações chaves. Exemplo: Êxodo é um exemplo de clímax; podemos vê-lo acentuadamente em 40:34-35. Depois da narrativa da partida de Israel do Egito, do recebimento da Lei, das instruções, dos detalhes do tabernáculo, finalmente a nuvem de glória cobre a congregação de Israel, e a presença deslumbrante do Senhor enche o tabernáculo. Esse é o clímax do livro.

Exercício

Eis uma seção das Escrituras em que você pode observar coisas enfatizadas: I e II Samuel.

Desenvolva um quadro genérico destes dois livros, mostrando o espaço relativo dedicado aos personagens fundamentais: Samuel, Saul e Davi. (Veja o exemplo do quadro “Lucas – lei de proporção”, na página 44.) Que personagem era o mais importante para o escritor? O que isso diz sobre o propósito de I e II Samuel?

b. Elementos que se repetem. É provável que não haja ferramenta de ensino mais poderosa do que a repetição – ela reforça, enfatiza a importância do assunto em estudo. Em quase todas as passagens que estudar há palavra, frase, idéia ou conceito importante repetido. Determine por que se repetem e como se relacionam. Em algumas categorias de repetição a se procurar no texto:

Termos, expressões e orações. Exemplos: a) Salmo 136: “porque a sua misericórdia dura para sempre”. b) Hebreus 11: “pela fé” aparece dezoito vezes. O escritor fala sobre pessoas diferentes, vivendo em épocas diferentes, sob circunstâncias diferentes. Mas todos eles tiveram o mesmo estilo de vida “pela fé”. c) Em I Coríntios 15:12-38, Paulo usa sete vezes a palavra “se” para enfatizar o fato de tudo que cremos ser condicionado à ressurreição de Cristo. d) Observando as repetições em I Ts 3:

PALAVRA OU FRASE Nº DE REPETIÇÕES VERSÍCULOS USADOS Fé 5 2, 5, 6, 7, 10 Tribulação 2 3, 7

Observando que a palavra fé aparece cinco vezes nesse trecho, você poderia perguntar: “Por que a fé é mencionada tantas vezes?” Vendo a repetição da palavra tribulação, poderia concluir que a fé fortalecida pela correta reação à tribulação. Personagens. Exemplo: Barnabé (Atos 4:36; 9:27; 11:22 e 15:36-39). Incidentes e circunstâncias. Exemplos: a) No livro de Juízes, o escritor começa cada seção com as palavras: “Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor”. b) No

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decorrer do evangelho de Mateus, o autor desenvolve uma tensão entre Jesus e os fariseus, e usa tais incidentes para chamar a atenção para a luta pelo poder que acontecia entre o antigo sistema de legalismo autojustificado e o novo caminho de salvação em Cristo. Padrões. Exemplos: a) Paralelos entre a vida de José e a vida de Jesus. b) Em I e II Samuel o escritor usa justaposições para mostrar que Saul era a escolha do povo para rei, enquanto Davi era escolha de Deus. O uso de passagens do AT no NT. Se o Espírito de Deus compele um escritor do Novo Testamento a recordar uma passagem do Antigo Testamento, é provável que seja porque Ele quer enfatizar aquela porção das Escrituras. Exemplos: a) Mateus 12:39-41 cita Jonas. b) Hebreus cita Levítico. c) Romanos 10 cita Levítico e Deuteronômio.

Exercício

A repetição é um dos meios de dar ênfase mais freqüentemente usados na Bíblia. Aproveite a

sugestão de alguns projetos que o ajudarão a estudar porções da Palavra, procurando por coisas repetidas. Salmo 119 – Neste salmo, Davi se refere à Palavra de Deus em todos os versículos. Observe o salmo cuidadosamente, e catalogue todas as coisas que Davi diz sobre as Escrituras. Mateus 5:17-48 – Observe como Jesus usa a fórmula “Ouvistes o que foi dito... Eu, porém, vos digo...” nesta porção do Sermão do Monte. Que estrutura esta expressão dá à passagem? Por que é significante que Jesus diga isso? Aritmética em Atos – Use uma concordância para procurar todas as expressões “aritméticas” no livro de Atos — números de pessoas sendo “acrescentados” à igreja. os crentes se “multiplicando”. Há até mesmo algumas “divisões” e “subtrações”. Você pode encontrá-las? Como Lucas usa tais termos para descrever o crescimento da igreja primitiva? 1 Coríntios 15:12-19 – Investigue a importância da pequena palavra “se” para o argumento de Paulo. c. Elementos que são relacionados (que têm alguma conexão ou interação). Procure três tipos de relacionamento em seu estudo das Escrituras: Movimento do geral ao específico. Entre um todo e suas partes, entre uma categoria e seus membros individuais, entre o quadro geral e os detalhes. Quando você se deparar com uma declaração ampla e genérica nas Escrituras, procure perceber se o escritor prossegue com detalhes específicos. Exemplos: a) Gênesis 1:1 dá uma visão geral; o restante do capítulo provê informações específicas. b) Mateus 6:1 dá um princípio geral; vs. 2-4, 5-15 e 16-18 dão três ilustrações específicas. Perguntas e respostas. Exemplos: a) Jó 38—39; às vezes, a pergunta carrega em si mesma tanto peso que não necessita de resposta. b) Romanos 3:31; 6:1,15; Gl 3:5; Ml 1:2, 6-8, 13; c) Perguntas penetrantes que o Senhor lança aos discípulos (Mt 6:27; 26:40; Mc 4:40). Causa e efeito. Exemplos: a) Neemias 1, o povo desobedeceu (isso foi a causa), e Deus permitiu que os babilônios os levassem cativos (isso foi o efeito). b) Atos 8:1-4, a perseguição era a causa, e a pregação, o efeito. c) Salmo 1, há um elo direto de causa-efeito entre as Escrituras e a bênção de Deus.

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d. Elementos semelhantes e diferentes. As coisas que são semelhantes e as que são diferentes fazem uso da forte tendência humana de comparar e contrastar. Conforme você estudar as Escrituras, atente para a voz dentro de sua mente, que diz: “Ei! Isto é igual à passagem que li ontem” ou “Esta parte é diferente de tudo neste livro”. Esses são claros sinais de que o autor está usando coisas semelhantes e diferentes para comunicar a sua mensagem. Semelhanças se destacam ao leitor observador por meio de duas “figuras de linguagem” 11 (são desvios das formas gerais da linguagem; servem para dar maior brilho e ênfase à comunicação):

Símiles – é uma imagem de palavra que evoca uma comparação entre duas coisas. Duas palavras mais comuns a se procurar são “tão” e “como”. Exemplos: a) Salmo 42:1. b) II Tm 2:3; c) I Pedro 2:2. d) Isaías 44:6-7. e) João 3:14 usa símile por meio da expressão “do modo por que”. f) I Ts 2:7, 11. São usadas para este mesmo recurso as palavras: semelhantemente, assim também. Metáforas – Todo emprego de palavra fora do seu sentido normal, por efeito da analogia ou ilustração, constitui uma metáfora. Exemplos: a) Jesus diz: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15:1). Ele está falando figuradamente, não literalmente. b) Jesus usa uma metáfora quando fala com Nicodemos (Jo 3). c) Em I Ts 5:2, o uso que Paulo faz da figura de um ladrão de noite ilustra a necessidade de estarmos preparados; a da mulher tendo filho (vers. 3) ilustra a subitaneidade. Os contrastes se destacam ao leitor observador por meio de: Uso de mas e porém – A palavra mas ou porém é uma pista que indica que uma mudança de direção está para acontecer. Ao encontrá-las no texto, pare e pergunte que contraste está sendo feito. Exemplos: a) Mateus 5: “Ouviste o que foi dito... Eu, porém, vos digo...”. b) Atos 1:8. c) Atos 8:5-8 e 26. d) Gálatas 5:19 e 22. e) I Ts 2:4; 5:6. As palavras de outra forma, pelo contrário, nem, entretanto, podem nos dar pista de contrastes. Metáforas – Assim como as coisas que são semelhantes podem ser mostradas através de metáforas, também o podem as coisas que são diferentes. Exemplos: a) Na parábola do juiz iníquo, em Lucas 18, a chave é notar que Jesus está estabelecendo um contraste efetivo entre um juiz humano e Pai celestial. b) I Ts 5:5. Ironia – É a expressão de um pensamento em palavras que, literalmente entendidas, exprimem o pensamento oposto. Exemplos: a) Mt 27:40. b) Em Lucas 8, o contraste irônico acontece com a interrupção brusca da caminhada de Jesus para perguntar à multidão: “Quem me tocou?” Este é o contraste que Lucas quer que vejamos: no meio de uma crise, em meio a uma multidão, uma mulher desconhecida se aproxima privativa e quietamente em fé – e Jesus reconhece isso. Ela se destaca da multidão por causa de sua fé. Lucas narra o fato para que a notemos e nos beneficiemos pelo seu exemplo.

Exercício

11 Observar os recursos literários que o autor empregou em sua obra é também parte da boa observação da estrutura do texto. Recomendamos que o estudante saiba identificar figuras de linguagem no texto (figuras de palavras, de construção e de pensamento). É útil recordar este assunto em uma gramática. Esta compreensão ajuda a não perder a mensagem do escritor por não entender o veículo que ele utiliza para transmiti-la.

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João 11:1-46 traz um importante estudo em comparação e contraste. É a história da ressurreição de Lázaro, mas ele é na verdade, apenas um personagem secundário. João focaliza suas lentes nas duas irmãs de Lázaro: Marta e Maria. Leia o relato cuidadosamente, e considere perguntas como: qual o relacionamento entre Jesus e estas duas mulheres? há outros textos que dão luz a esta pergunta? como as irmãs se aproximam de Jesus? como Ele reage a elas? o que Ele diz? Compare e contraste a fé destas duas mulheres. Como elas se comparam aos discípulos e às pessoas que observavam o incidente? Obs.: O ponto alto do contraste não consiste na palavra que o indica, mas na diferença das qualidades acentuadas. Procure observar contrastes, por exemplo, no Salmo 1 ou no capítulo 7 de Hebreus.

e. Elementos que são da vida real. Há um toque de autenticidade nos relatos dos personagens bíblicos – suas experiências de vida são cortadas do mesmo rolo de tecido humano. O que a passagem diz sobre a realidade? Que aspectos do texto se repercutem em minha própria existência?

Obviamente vivemos em uma cultura dramaticamente diferente das culturas da época bíblica. Mas as mesmas coisas que os personagens bíblicos experimentaram, nós experimentamos. Sentimos as mesmas emoções que sentiram. Temos as mesmas dúvidas que tinham. Eles eram reais, pessoas vivas que enfrentavam as mesmas lutas, os mesmos problemas e as mesmas tentações que você e eu enfrentamos. Assim, quando ler sobre eles nas Escrituras, você precisa perguntar: Quais eram as ambições desta pessoa? Quais os seus objetivos? Que problemas estava enfrentando? Como se sentia? Qual a sua reação? Qual seria a minha reação? Freqüentemente estudamos ou ensinamos a Escritura como se fosse uma lição acadêmica, e não vida real. Não se admira que tantos de nós nos sintamos entediados com nossas Bíblias. Estamos perdendo as melhores lições da Palavra de Deus quando deixamos de considerar as experiências de pessoas nela.

NOTA: Marque sua Bíblia enquanto a lê e estuda.

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NOTA: Marque sua Bíblia enquanto a lê e estuda.

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Como estudar uma seção Recapitulação e sugestões sobre como compilar o máximo de uma seção das Escrituras. 1. Leia a seção toda completamente. Aliás, tente lê-la duas ou três vezes, talvez em diferentes traduções, se possível. 2. Identifique os parágrafos e ponha um rótulo ou título em cada um deles. Lembre-se de que o parágrafo é a unidade básica do estudo. Por isso, é importante entender a idéia ou tema principal de cada parágrafo, e então expressá-la em uma ou duas palavras. 3. Avalie cada parágrafo à luz de outros parágrafos. Use as seis pistas dadas anteriormente para procurar relacionamentos. 4. Avalie como a seção como um todo se relaciona com os restante do livro, usando os mesmo princípios (coisas enfatizadas, repetidas, e assim por diante). 5. Tente expressar o ponto principal da seção. Veja se consegue reduzi-lo a uma palavra ou frase pequena que resume o conteúdo. 6. Mantenha uma lista de observações na seção. Melhor ainda, registre-as em sua Bíblia, usando palavras breves e descritivas. 7. Estude as pessoas e os lugares mencionados. Veja o que pode aprender sobre eles que possa dar luz à seção como um todo. 8. Mantenha uma lista de perguntas não respondidas e de problemas não resolvidos. Estes se tornam avenidas para investigações adicionais. 9. Pergunte:se o que vi nesta seção que desafia meu modo de viver? Que questões práticas se refere a passagem? Que mudança preciso considerar à luz deste estudo? Que oração preciso fazer como resultado do que estudei? 10. Compartilhe os resultados de seu estudo com alguém.

Resumo – exemplo da observação A observação é necessariamente o passo básico do estudo bíblico, porque nos leva a desco-brir o que o texto realmente diz acerca dos fatos, dos personagens, da importância de certos acontecimentos e declarações. Não é difícil, mas exige bastante atenção e uma mente aberta para não chegar a conclusões baseadas nos preconceitos ou influências não bíblicas que têm penetrado o pensamento dos cristãos. Há muitas atitudes diante da vida, do corpo, do dinheiro etc., nas igrejas, que estão hoje baseadas em filosofias e ideologias que nada têm a ver com o que a Bíblia ensina. O estudo bíblico nos ensina a ver os fatos e as idéias de acordo com os valores da própria Palavra de Deus. Ao observar os fatos da Bíblia afirmamos: “O texto diz que... (um fato explícito)”. Ou: Este e aquele fato, juntos, implicam que... (fato oculto, ou implicação)”.

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Olhe até descobrir quais são os fatos significativos. Pergunte até observar conscientemente todos os fatos importantes. Observe até descobrir a ênfase do autor e a maneira como ele organizou a apresentação de suas idéias.12

A. Olhe! Tomemos como exemplo Lucas 5:1-11. Veja: 1. a forma literária: é uma narrativa, que enfatiza os acontecimentos? uma mensagem discursiva, que enfatiza as idéias? um texto poético, que enfatiza a intuição? um texto filosófico, que enfatiza as percepções? ou ainda um texto profético, que enfatiza a revelação? Exemplo: Lc 5.1-11 é uma narrativa, parte do relato sobre a vida e obra de Jesus. 2. a estrutura: quais são as divisões principais? Como as idéias e ações se desenvolvem até chegar a um clímax ou a um desafio? Exemplo: Em Lc 5:1-3 Simão Pedro escuta uma mensagem de Jesus. Em Lc 5.4-l0a Jesus desafia Simão Pedro pela primeira vez. Em Lc 5:l0b-11 Jesus desafia Simão Pedro pela segunda vez. 3. o contexto: De que maneira as informações obtidas de passagens bíblicas relacionadas com o texto, ou de informações históricas da época em que o livro foi escrito nos ajudam a entender a mensagem, o conflito, as dificuldades e soluções? a) histórico (informações sobre o contexto social e espiritual em que a mensagem foi proferida). Exemplo: Em Lucas 5 vemos o conflito interno de Pedro. Ele era um pescador experiente, que havia se dedicado à pesca durante as horas mais propícias (de noite), sem obter resultados. Agora Jesus, que não é pescador, manda que saia de novo, numa hora imprópria para pescar. Vemos, também, em Pedro, a atitude característica de um judeu piedoso, quando recebia uma revelação de Deus: um sentimento forte de ser indigno, diante da santidade do Senhor (Veja Êx 24:9-11 e Is 6:1-7). b) textual imediato (vínculos com o texto que vem antes e depois). Exemplo: Este incidente ocorre no início do ministério de Jesus, quando a equipe de discípulos ainda não era formada. O texto 4:31 a 44 mostra que Simão já conhecia pessoalmente a Jesus: já tinha ouvido o seu ensino; observado vários de seus sinais poderosos como a libertação de um endemoninhado e a cura de sua própria sogra e lhe oferecido sua hospitalidade. Lucas 5:29-35 mostra que já havia uma equipe de discípulos que andava com Jesus e em Lucas 6:12-16 vemos a designação e formação definitiva desta equipe. e) textual mais amplo (alguns esclarecimentos importantes, em textos paralelos, passagens com mensagens complementares e a localização do texto no contexto do livro do qual faz parte).

12 Este Resumo-exemplo da Observação e o Resumo-exemplo da Interpretação (página ...) foram usados pela professora Antonia Leonora van der Meer (Tonica), na obra O Estudo Bíblico Indutivo. ABU Editora, 1999 (4 ª ed.), p. 9-14 e 16-18.

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Exemplos: a) João 1:35-42 relata o primeiro encontro de Jesus e Simão. E mostra que já havia uma fé incipiente em Simão: ele já conhecia as mensagens de João Batista a respeito de Jesus e tinha certas expectativas em relação a Ele. b) Mateus 4:18-22 e Marcos 1:16-20 relatam o que foi provavelmente a primeira vez em que Jesus chamou a Pedro e seus companheiros para segui-lo. É possível que sejam relatos abreviados do mesmo acontecimento relatado em Lucas 5 ou que só após essa convicção profunda de ser pecador, e do Senhorio de Jesus, o compromisso em segui-lo se tomou mais forte. 4. as chaves gramaticais (observe o uso dos verbos): a) Os tempos (presente/passado/futuro), os modos (indicativo, subjuntivo, imperativo, infinitivo, gerúndio e particípios) e a voz (ativa e passiva). Exemplo: Ef 5:18-21 – “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor, com hinos e cânticos espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo”. Neste texto há dois imperativos: não vos embriagueis e enchei-vos. Os verbos dos versículos 19-21 estão no gerúndio. Isto mostra que se trata de conseqüências do encher-nos continuamente do Espírito. b) O sujeito/objeto no singular ou no plural (Isto inclui a mudança no uso dos pronomes; quem é o sujeito ou o objeto deste verbo?). Exemplo: Jo 1:50-51 — “Ao que Jesus lhe respondeu: Por que te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores cousas do que estas verás. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem”. No versículo 50, Jesus faz uma promessa a Natanael, que no versículo 51 é estendida a todos os discípulos. Exemplo: Lucas 5:1-11 – Qual é o verbo principal no versículo 1? Quem é o sujeito das ações principais nos versículos 1 a 4 e nos versículos 5 a l0a? O que Lucas nos diz, por meio desta mudança, sobre a maneira pela qual Jesus atrai Simão Pedro para sua obra? c) que mudanças no pensamento do autor vêm à tona através do uso das conjunções e das preposições, como: “mas” , “para”, “porque”, “se”, “ainda que”, “quando”, “de modo que”, “e portanto” etc. Exemplo: Que aparente conflito indica o “mas” de Simão Pedro, no versículo 5? Que outras palavras indicam mudanças no pensamento do autor (ou da pessoa que fala)?

B. Pergunte Comece com as perguntas básicas: quem? onde? quando? o quê? como? por quê? 1. Passagens narrativas a) Personagens: Quem são? O que esta passagem mostra acerca deles? Como reagem e interagem entre si? Em quem se concentra a atenção?

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b) Circunstâncias. Onde estão? Por que estão ali? Por que o lugar é significativo? Qual é a atmosfera emocional/psicológica? Quando o fato acontece? Caso se mencione o momento (direta ou indiretamente), como isso contribui para a nossa compreensão? e) Fato central. Qual é o acontecimento central? Como é descrito? Como as ações anteriores culminam nele? Como as ações e as palavras das pessoas revelam seu caráter e suas possíveis motivações? Por que isso acontece? Há razões expressas ou implícitas? d) Conseqüências. Quais são os resultados? Eram esperados? Que outras implicações há? 2. Passagens discursivas a) Personagens: Quem é o escritor e quem são os leitores; ou o orador e os ouvintes? Que relação existe entre eles? Que outras pessoas são mencionadas? Por quê? b) Circunstâncias: Onde está o escritor? Por que está ali? Onde estão os leitores? Quando a carta foi escrita (ou o discurso pronunciado)? e) Mensagem central: Qual é a idéia central? Como o escritor ou orador tenta persuadir os ouvintes na verdade? Que razões, ilustrações, experiências ou outros meios utiliza? Por que está tão desejoso de que a entendam e creiam nela? d) Conseqüências: Quais seriam os resultados, caso aceitem sua mensagem? E em caso contrário?

C. Observe Examinemos Lucas 15 para descobrir o magistral método de ensino de Jesus, usando os seguintes princípios literários: 1. Observe a ênfase do escritor (ou do orador): a) Pela repetição de certas palavras, frases, idéias, personagens, ações. Exemplo: Jesus usa “perder”, “perdido/a” sete vezes, “encontrar”, “achar” ou “achado” sete vezes, mas “pecador/pecadores” só duas vezes e “arrependimento/se arrepende” só três vezes. Diante dos fariseus Ele enfatiza não o arrependimento do pecado, mas enfatiza seu resultado natural: a alegria e a celebração! Observe que Ele fala dez vezes de “júbilo”, “alegrar-se” e “regozijar-se”; quatro vezes de “comer” e “fazer festa”; três vezes de “matar o novilho cevado” e que fez outras referências à mesma idéia: “o abraçou e beijou”; “a melhor roupa... um anel no dedo.., a música e as danças...” b) Pela comparação de idéias com coisas conhecidas, vinculando coisas semelhantes entre si. Exemplo: Jesus compara a Deus com que personagens familiares? O que a ovelha, a moeda e o filho têm em comum? Com quem se comparam? Com quem Jesus compara o filho mais moço? Que semelhança há entre o filho mais velho nos versículos 11 a 32, e os críticos de Jesus nos versículos 1 e 2? c) Pelo contraste entre coisas opostas, da mesma categoria, mas não semelhantes. Exemplo: Qual a diferença entre o valor das três coisas perdidas? Qual a diferença entre o filho mais moço e o seu irmão? E entre o filho mais velho e o pai? O que distingue a terceira

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parábola das outras duas? d) Pela proporção do espaço dado a pessoas ou idéias-chave. Exemplo: Quem é o personagem central de cada parábola: “o perdido que foi achado” ou aquele que o encontra? Qual é a parábola mais extensa? O que Jesus nos diz com esta proporção? 2. Observe a organização das idéias do escritor (orador) pelo seu uso de: a) Relações de causa e efeito: Quando uma coisa é uma conseqüência natural da outra. Exemplo: O que causou a busca diligente do dono? E qual foi o resultado do encontro do objeto (ou da pessoa) perdido/a? O que Jesus está dizendo aos fariseus, com respeito à atitude deles? b) Relação entre os meios e o fim. Exemplo: Por que Jesus usou parábolas para responder aos seus críticos? c) Progressão do pensamento: uma série de idéias e ações que progride em direção a um clímax ou desafio. Exemplo: Observe na ordem das parábolas como Jesus passou do simples ao complexo, do conhecido ao desconhecido, dos valores inferiores (as coisas) ao valor maior (as pessoas). d) Uma declaração geral no começo, seguida por explicações ou evidências específicas ou uma declaração conclusiva no fim, precedida por uma série de idéias. Exemplo: 0 que encontramos no ensino de Jesus neste capítulo?

Exercício Observe esta seção: Mateus 13:1-23, a parábola do semeador. Abaixo há um quadro de divisões para ajudar você a começar, o qual considera quatro questões para cada um dos quatro tipos de solo: como Jesus descreve o solo? Que tipo de crescimento acontece? Quais os obstáculos ao crescimento? Qual a conseqüência ou resultado do ato de plantar? SOLOS DESCRIÇÃO CRESCIMENTO OBSTÁCULOS RESULTADOS

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Interpretação (Descubra o que o texto significa!) O significado de determinada passagem na Bíblia nem sempre é claro. Existem razões para isso: 1) Trazemos à interpretação certas pressuposições provavelmente incorretas – podem ser conhecimentos, atitudes e convicções próprios sobre Deus, religião e “realidade”, que influenciam nossa maneira de entender o significado do texto bíblico. 2) Uma grande separação de tempo, cultura e linguagem faz com que certas coisas escritas na Bíblia sejam incompreensíveis para nós, dois mil anos mais tarde.

O valor da interpretação Interpretar é explicar ou esclarecer o “significado claro” da passagem que já passou pela sua fase da Observação. O objetivo primário da Interpretação é compreender o sentido que a passagem tinha para o autor quando ele a comunicou às pessoas do seu tempo. Quando o salmista orou a Deus: “Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei; de todo o coração a cumprirei” (Sl 119:34), ele estava batendo à porta da interpretação. Ele sabia que, sem entendimento do significado do texto, não poderia haver aplicação da Palavra em sua vida. Por outro lado, uma vez que o Espírito abrisse a porta da percepção, ele estaria preparado para agir de acordo com o que Deus havia dito. E você? Qual o seu alvo ao abrir as Escrituras? Mudança de vida? Se for, então prepare-se para a ação, porque Deus sempre abre a porta àquele que bate com essa intenção. “Queremos saber o que a Bíblia significa para nós – e isso é certo. Não podemos, no entanto, fazê-la significar qualquer coisa que nos agrada, e depois dar ao Espírito Santo o “crédito” por ela. O Espírito Santo não pode ser conclamado para contradizer a Si mesmo, e Ele é Aquele que inspirou a intenção original. Logo, Sua ajuda para nós será na descoberta daquela intenção original, e em orientar-nos enquanto procuramos fielmente aplicar aquele significado às nossas próprias situações. Quanto à seguinte questão deve haver concordância: Um texto não pode significar o que nunca significou. Ou, colocando a coisa de modo positivo, o significado verdadeiro do texto bíblico para nós é o que Deus originalmente pretendeu que significasse quando foi falado/escrito pela primeira vez. Este é o ponto de partida.” 13

Gêneros literários da bíblia Os livros bíblicos apresentam diversos gêneros literários; e, dentro de um mesmo livro, de texto para texto, o autor pode ter usado estruturas literárias diferentes. Exemplo: Embora Gálatas seja uma epístola, traz narrativa, discussão teológica, alegoria e exortação. Esta subclassificação de gêneros literários é também a resposta para entender a pergunta “Como o autor escreveu?” ou Que tipo de literatura ele estava escrevendo? Que forma literária empregou? O tipo literário é a chave para não tratar um Salmo da mesma forma que se trata uma epístola; esta faz declarações diretas, literais, orientadas diretamente para comunicar um conceito. Já o Salmo é poético, alcançando a mente através do coração, é cheio de metáforas e cada frase faz parte do arranjo poético, não tendo significado quando isolada. Devemos nos aproximar do texto conforme ele foi construído: para tanto é necessário determinar o seu gênero literário. 13 Gordon D. Fee & Douglas Stuart. Entendes o que lês? Edições Vida Nova, 2000 (2ª ed., reimp.), p. 26.

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No VT há vários tipos de literatura: leis, história ou narrativas, poesia sapiencial, poesia musical, poesia profética, profecias, visões, crônicas históricas. No NT temos epístolas, evangelhos e narrativas, e um representante da literatura apocalíptica. O estudante deve procurar determinar com clareza as características da obra que estuda para poder dar-lhe um tratamento adequado.

Quais são as diretrizes básicas para interpretar gêneros específicos de literatura que Deus usou para comunicar Sua mensagem? 14 Cada gênero literário tem regras próprias que devem ser seguidas para a correta interpretação. A seguir, tipos de escrita que aparecem na Bíblia e como eles influenciam nosso entendimento.

GÊNEROS LITERÁRIOS DA BÍBLIA

GÊNERO

CARACTERÍSTICAS

EXEMPLOS BÍBLICOS

Apocalíptico

Material dramático, altamente simbólico; imagens mentais vívidas; contrastes perfeitos; eventos acontecem em escala global; narrado freqüentemente em primeira pessoa como testemunha ocular; retrata luta cósmica entre o bem e o mal. — Observe a estrutura do livro. Que movimento há do começo ao fim? Que mudanças acontecem? Para quem o material é escrito? Em que contexto histórico e cultural o escritor trabalhou? Como isso pode ter influenciado seu método de comunicação?

Apocalipse

Biografia

Visão de perto da vida de um indivíduo; sujeito freqüentemente retratado em contraste com outra pessoa; eventos selecionados revelam desenvolvimento do personagem, quer positiva (comédia) ou negativamente (tragédia).

Abraão, Isaque, Jacó, José, Moisés, Saul, Davi, Eliseu, Jesus etc.

Encômio

Presta alto louvor a alguém ou alguma coisa; recita em brilhantes termos as origens, atos, atributos ou superioridade do sujeito; exorta o leitor a incorporar os mesmos traços à sua própria vida.

I Sm 2:1-10 Salmo 19 Salmo 119 Pv 8:22-36 Pv 31:10-31 Cantares Salomão João 1:1-18 I Cr 13 Cl 1:15-20 Hebreus 1-3

Exposição (instrução formal ou escrito didático).

Argumento ou explicação cuidadosamente fundamentada; bem organizada; fluxo lógico; termos são cruciais; se desenvolve até um clímax lógico e constrangedor; o objetivo é concordância e ação. — Estude o desenvolvimento lógico do argumento, tente entender o esboço inerente à passagem. Estude a situação por trás das afirmações.

Epístola aos Hebreus, Tiago, 1 e 2 Pedro 1, 2 e 3 João e Judas

Narrativa

Categoria ampla na qual a história é proeminente; inclui relatos históricos; estrutura transmitida por enredo; personagens se submetem a desenvolvimento psicológico e espiritual; eventos selecionados para transmitir significado; eventos justapostos para contraste e comparação. — Preste atenção ao enredo. Como é o progresso da história? O movimento do livro é principalmente físico, espiritual, geográfico, político ou de relacionamento? O que mudou no final do livro? Por quê? — Preste atenção às contribuições que as personagens e o panorama (tempo, geografia e costumes sociais) fazem ao enredo. Que verdades teológicas o autor tentou transmitir por meio de sua seleção de materiais? Como essas verdades podem ser aplicadas à vida das pessoas do nosso tempo e da nossa cultura?

Gênesis, Os evangelhos e Atos

14 Na interpretação de diferentes gêneros literários recomendamos a obra Entendes o que lês?, de Fee e Stuart, Edições Vida Nova. Para o estudo das parábolas, leia a obra As Parábolas de Lucas, de K. Bailey.

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Oratória

Apresentação oral estilizada de um argumento; usa convenções formais de retórica e oratória; cita freqüentemente autoridades bem conhecidas pelos ouvintes; normalmente pretende exortar e persuadir.

João 13—17 Atos 7 Atos 17:22-31 Atos 22:1-21 Atos 24:10-21 Atos 26:1-23

Parábola

Breve história ilustrando um princípio moral; a verdade conta freqüentemente com personagens de repertório e estereótipos; apresenta cenas e atividades comuns à vida diária; estimula a reflexão e auto-avaliação. — A interpretação da parábola leva em conta os pontos de referência que os ouvintes originais tinham; isto é, são aquelas partes da história que trazem o ouvinte para dentro dela, com as quais deve identificar-se de alguma maneira à medida que a história prossegue. A lição da história acha-se na resposta pretendida. São os costumes culturais que ajudam a dar às histórias originais seu aspecto vivo.

IISm 12:1-6 Ec 9:14-16 Mateus 13:1-53 Marcos 4:1-34 Lucas 15:1—16:31

Pastoral

Literatura que lida com temas rurais e rústicos, especialmente pastores; densamente descritiva, pouca ação; freqüentemente meditativa e calma; com ênfase no laço entre pastor e suas ovelhas; apresentação idealizada da vida distante dos males urbanos.

Salmo 23 Isaías 40:11 João 10:1-18

Poesia

Verso escrito para ser declamado ou cantado, em vez de lido; ênfase na cadência e nos sons de palavras; imagens e símbolos vívidos; apela às emoções e à imaginação; pode empregar características de encômio, pastoral e outros estilos literários; no V.T., denso uso de paralelismos e hipérbole. — Quem compôs o material? Dá para determinar por quê? Qual o tema central do poema? Que emoções o verso transmite, e que reação produz? Que perguntas faz? Quais responde, e quais deixa sem resposta? O que o poema diz sobre Deus? E sobre as pessoas? Que imagens o poeta usa para acender a imaginação? Há referências a pessoas, lugares ou eventos que você não conhece? Se sim, o que é possível descobrir sobre eles em outras passagens das Escrituras ou através de fontes secundárias?

Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cantares de Salomão

Profecia

Apresentação estridente e autoritária da vontade e das palavras de Deus; com freqüente intenção de correção; escrito para motivar mudança através de avisos; prevê os planos de Deus em resposta às escolhas humanas. — Estude o contexto e o sentido literal. Identifique para quem a passagem foi escrita e sobre o que ela fala. O objetivo fundamental da profecia é desenvolver a vida santa e não aguçar a curiosidade.

Isaías a Malaquias

Provérbio (sabedoria proverbial)

Declaração curta e substanciosa de uma verdade moral; reduz a vida a categorias branco-e-preto; dirige-se freqüentemente a jovens; emprega paralelismos constantemente; direciona os leitores ao que é correto e distante do mal; uso denso de metáforas e símiles. — Cada provérbio inspirado deve ser equilibrado com outros e entendido em comparação com o restante das Escrituras (o contexto global é essencial na interpretação).

Provérbios

Sátira

Expõe e ridiculariza o vício e a insensatez humana; é empregada por vários estilos literários, especialmente narrativa, biografia e provérbio; adverte os leitores através de um exemplo negativo.

Prov. 24:30-34 Ezequiel 34 Lucas 18:1-8 2Co 11:1—12:1

Tragédia

Relata a queda de uma pessoa; usa eventos selecionados para mostrar o caminho à ruína; problemas normalmente revolvem em torno de uma falha crítica no caráter e escolhas morais da pessoa; adverte aos leitores através do exemplo negativo.

Ló Sansão Saul Atos 5:1-11

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Literatura de Sabedoria

Ampla categoria na qual uma pessoa mais velha e amadurecida narra a sabedoria a uma mais jovem; pode usar parábolas; provê observações em áreas fundamentais da vida, como nascimento, morte, trabalho, dinheiro, poder, tempo, a terra, e assim por diante; apelo com base na experiência humana. — Somente quando a sabedoria como uma perícia é subordinada à obediência a Deus é que realiza suas finalidades apropriadas no sentido objetivado no AT.

Jó Provérbios Salmo 37 Salmo 90 Eclesiastes

Figuras de linguagem Antropomorfismo — Atribuição de características ou ações humanas a Deus. “Eis que a mão do Senhor não está encolhida para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido para não poder ouvir” (Is 59:1). Apóstrofe — Referência a uma coisa como se fosse uma pessoa, ou a uma pessoa ausente ou imaginária como se estivesse presente. “Onde está, ó morte, a tua vitória? onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (I Co 15:55). Eufemismo — Uso de uma expressão menos ofensiva para indicar uma mais ofensiva. “Oxalá até se mutilassem os que vos incitam à rebeldia” (Gl 5:12). Hipérbole — Exagero em dizer mais do que o significado literal. “Despojei outras igrejas, recebendo salário, para vos poder servir” (II Co 11:8). Hipocatástase — Comparação na qual a semelhança é implícita, não diretamente declarada. “Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lc 12:1). Idioma — Expressão peculiar de um povo. “Entrarei [Sansão] na câmara de minha mulher” (Jz 15:1). Merismo — Substituição de duas partes contrastantes ou opostas pelo todo. “Sabes quando me assento e quando me levanto” (Sl 139:2). Metáfora — Comparação na qual uma coisa representa outra. “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5:14). Paradoxo — Declaração que parece absurda, autocontraditória ou contrária ao pensamento lógico. “Portanto, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á” (Mt 16:25). Personificação — Atribuição de características ou ações humanas a objetos inanimados ou animais. “A lua se envergonhará, e o sol se confundirá” (Is 24:23). Pergunta retórica — Pergunta que não requer resposta, mas obriga a responder mentalmente e a considerar suas ramificações. “Neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que pode me fazer o homem?” (Sl 56:11). Símile — Comparação usando “como” ou “tal”. “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas” (Sl 1:3).

Cuidados na interpretação da linguagem figurada 1. É necessário conhecer a substância da figura usada na comparação. Exemplo: “O Senhor é meu pastor...” (Sl 23). Em todo este Salmo devemos buscar informações sobre o comportamento do pastor israelita contemporâneo de Davi. É nisto que se baseia a figura. Quanto melhor compreendermos o que está sendo usado como figura, melhor compreenderemos o sentido da lição figurada.

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2. Não exagerar nos detalhes que se podem obter com a linguagem figurada. O ideal é usar a idéia central da figura, a idéia que melhor se aplica ao significado do texto. Exemplo: A vinda de Cristo é descrita várias vezes como a vinda de um “ladrão de noite” (I Ts 5:2). A figura quer falar sobre o inesperado de sua volta e não do seu caráter ou de seus propósitos. 3. A linguagem figurada apresenta apenas uma parte da verdade. A linguagem figurada não pode ser tomada como se fosse uma descrição completa das realidades que pretende ilustrar. Exemplo: Deus é luz (I Jo 1:5), mas esta é apenas uma forma de ilustrá-lo. Existem muitas outras.

Guia para a Interpretação de Textos Bíblicos Descritiva

O que significa? Racional

Por que isso foi dito aqui? Conclusiva

Qual é a importância? Termos O que se quer dizer com o

termo? Como ele funciona nesta sentença? Que palavras-chave carecem de um estudo aprofundado?

Por que este termo é usado? (de modo geral) Por que este termo é usado? (de modo específico) Por que este é um termo-chave na passagem?

Quais são as verdades dominantes ensinadas na passagem? O que essas verdades indicam sobre como Deus age ou quer que os crentes ajam?

Estrutura Que tipo de frase é esta? Que leis estruturais são utilizadas? Contraste causa/efeito comparação síntese/explicação repetição pergunta/resposta proporção geral/específica clímax permuta/inversão Quais são as principais palavras de ligação?

Por que foi usado este estilo de frase? Quais são as causas, efeitos ou propósitos refletidos nas cláusulas? Por que é usada esta ordem de palavras, expressões ou cláusulas? Por que os relacionamentos declarados são como são?

Quais são as verdades permanentes ensinadas nas principais afirmações? Que grandes motivações ou promessas revelam as cláusulas subordinadas? Que idéias centrais são enfatizadas por meio da ordem das palavras ou das expressões? Que limitações são encontradas?

Forma Literária

Que forma literária é utilizada? Quais são as suas características? Como esta forma literária transmite o sentido do autor? A linguagem é literal ou figurada?

Por que é empregada esta forma literária? Por que as figuras são usadas como são?

Qual é a importância desta forma de literatura em relação à verdade transmitida? Que luz é lançada sobre a verdade pelas figuras de linguagem utilizadas?

Atmosfera Que aspectos da passagem revelam a atmosfera? Que palavras que transmitem emoção são usadas? Como se desenvolve no texto a atitude do autor? e a dos leitores?

Por que esse tipo de atmosfera domina esta passagem específica? Por que essa atmosfera é essencial para a apresentação eficaz desta passagem?

Qual é a importância da atmosfera para a argumentação da passagem? O teor dominante da passagem é de encorajamento ou repreensão?

Exemplo: Leia Oséias 5:8-10, um oráculo breve, completo em si mesmo, agrupado com vários outros oráculos naquele capítulo. Um bom comentário identificará para você o fato de que este oráculo está na forma de um oráculo de guerra, um de um tipo (forma) que proclama o julgamento divino levado a efeito através da batalha. Os elementos usuais de tal forma são: a chamada ao alarme, a descrição do ataque e a predição da derrota. Da mesma maneira que é útil reconhecer a forma, também é útil reconhecer o contexto específico.

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A data é 734 a.C. O auditório consiste em israelitas do norte (aqui com o nome de “Efraim”) aos quais Oséias pregava. Especificamente, a mensagem era dirigida a certas cidades no caminho da capital de Judá, Jerusalém, para o centro do falso culto israelita, Betel. A situação é guerra. Judá fez um contra-ataque a Israel depois de Israel e a Síria terem invadido Judá (ver IIRs 16:5). A invasão fora repelida com a ajuda da super-potência, Assíria (II Rs 16:7-9). Deus, através de Oséias, soa o alarme metaforicamente nas cidades localizadas no território de Benjamim (v. 8), que fazia parte do reino do norte. A destruição é certa (v. 9) porque Judá tomará o território que invadir (“mudando os marcos”, por assim dizer). Mas Judá, também, receberá seu merecido castigo. A ira de Deus cairá sobre as duas nações por este ato de guerra e pela sua idolatria (cf. IIRs 16:2-4). Judá e Israel estavam obrigados à aliança divina que proibia semelhante guerra mutuamente destrutiva. Sendo assim, Deus castigaria esta violação da Sua aliança. Conhecer estes poucos fatos faz muita diferença na nossa capacidade de apreciar o oráculo em Oséias 5:8-10. Refira-se aos comentários ou aos manuais enquanto ler os Profetas, e, como sempre, procure ter consciência da data, do auditório, e da situação dos oráculos que lê.

Exercício

Esta é uma chance de você mesmo tentar “entender o figurativo”. Leia e estude o Salmo 139, um dos mais profundos e íntimos de todos os salmos. Ele está repleto de linguagem figurada. Use os princípios abordados na Interpretação para interpretar o que Davi está dizendo. Consulte a lista de “Figuras de Linguagem”, mais um auxílio no reconhecimento e entendimento da imaginação de Davi. (Não se esqueça de começar pelo passo da Observação.)

As três partes do processo interpretativo são: Propósito – determinar por que o escritor levanta o assunto. Pensamento-chave – enunciar (numa sentença) o tema ou a essência da passagem. Fluxo – descobrir o movimento (o desenrolar natural) da argumentação, narrativa ou ensino.

Chaves para a interpretação do texto bíblico em estudo A seguir, cinco princípios básicos de Interpretação. 1. CONTEÚDO Há uma relação direta de causa e efeito entre o conteúdo e o significado. O conteúdo de uma passagem é a matéria prima, a base de informações, com a qual você irá interpretar o texto. Por causa de seu trabalho na Observação, você já sabe bastante sobre como determinar o conteúdo de uma passagem. Lembre-se, procuramos por termos, estrutura, forma literária e atmosfera. Fizemos uma série de perguntas penetrantes, como: quem, o que, onde, quando, por quê, e qual a razão. Procuramos por coisas enfatizadas, repetidas, relacionadas, semelhantes, diferentes e da vida real.

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Resumindo, obstruímos o texto com várias estratégias que visavam responder a pergunta: o que vejo? Se você fez bem sua lição de casa, descobriu o conteúdo da passagem. Em outras palavras, respondeu a pergunta; sabe o que o autor está dizendo. Assim, todo o seu cuidadoso estudo na fase da Observação proverá conteúdo básico a partir do qual você interpretará o significado do texto.

Exercício

Vimos a primeira das cinco chaves da interpretação, o conteúdo. É válido você começar um estudo interpretativo que irá prosseguir pelos próximos tópicos desta apostila. A seção sugerida para sua consideração é Daniel 1—2, uma das passagens mais instrutivas para o crente de hoje, especialmente para o que enfrenta o mercado de trabalho.

Comece observando o conteúdo de Daniel 1—2. Use todas as ferramentas discutidas anteriormente. Lembre-se de que seu trabalho neste estágio é determinante para o que você irá interpretar mais tarde. Suas observações formarão a base de informações a partir da qual você construirá o significado do texto.

Neste primeiro contato com Daniel 1—2, invista o máximo de tempo que puder respondendo as perguntas da leitura seletiva: Quem? O que? Onde? Quando? Por quê? E qual a razão? 2. CONTEXTO O que quer dizer contexto? O contexto se refere ao que vem antes e ao que vem depois de algo. Todas as principais seitas são formadas a partir da violação do princípio do contexto: textos são arrancados do seu contexto e apresentados de maneira que o significado original seja totalmente distorcido. O manuseio honesto do texto no contexto é a maior ajuda que alguém pode dar a si mesmo, no sentido de compreender a mensagem da Bíblia. Quando estudar um versículo, parágrafo, seção, ou até um livro inteiro – consulte sempre os vizinhos daquele versículo, parágrafo, seção ou livro. Quando se perder, suba numa árvore contextual e ganhe visão. Há vários tipos de contexto. Cada um expressa um ponto de vista diferente sobre a passagem que se está considerando.

Contexto literário – O contexto literário de qualquer versículo é o parágrafo do qual faz parte, a seção da qual o parágrafo é parte, e o livro do qual a seção é parte. E devido à unidade das Escrituras, o contexto definitivo de qualquer livro é a Bíblia toda. Contexto histórico – Quando o fato está acontecendo? Onde na história a passagem se encaixa? O que está acontecendo no mundo na mesma época? Quais são as influências sociais, políticas e tecnológicas sobre o autor e sobre aqueles para quem escreve? Contexto cultural – A cultura tem poderosa influência sobre todas as formas de comunicação, e as culturas nos tempos bíblicos tiveram profundo efeito na criação da Bíblia. Assim, quanto mais você souber sobre culturas antigas, mais visão terá do texto. Contexto geográfico – A investigação do contexto geográfico (geografia das terras bíblicas) responde perguntas como: Como era o terreno? Que características topográficas faziam a região especial? Como era o clima? Qual a distância entre essa cidade e os lugares mencionados no texto? Quais eram as rotas de transporte para o povo? Qual o tamanho da cidade? Como era a planta da cidade? Por que tipo de coisa o local era conhecido?

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Contexto teológico – A questão aqui é: O que este autor sabia sobre Deus? Qual o relacionamento de seus leitores com Deus? Como o povo adorava a Deus na época? A que partes das Escrituras o escritor e sua audiência têm acesso? Que outras religiões e visões de mundo competem com influência? O problema central aqui é: Onde a passagem se encaixa na expansão das Escrituras? Você sabe, a Bíblia não caiu do céu como obra completa. Cerca de 1.600 anos foram necessários para formá-la. Durante esse tempo, Deus revelou progressivamente Sua mensagem aos autores. Por isso, é importante localizar a passagem no fluxo das Escrituras. Exemplo: Se você estiver estudando Noé, em Gênesis, estará antes dos Dez Mandamentos, antes do Sermão da Montanha e antes de João 3:16. Na verdade, Noé não tinha nenhum fragmento de texto bíblico para consultar. O que isso lhe diz quando lê que “Noé achou graça diante do Senhor” (Gn 6:8).

A importância do contexto 1. Ajuda a não torcer a Palavra de Deus. 2. O sentido correto da Bíblia vem do contexto (cuidado com as associações de certos textos com outros que nunca foram escritos para serem ligados com eles; as associações só devem ser feitas quando o texto indica e justifica claramente a ligação, sempre em harmonia com os contextos). 3. O sentido correto das palavras vem do contexto. 4. O contexto é a garantia da verdade na Escritura. 5. Passagens difíceis são aquelas em que o contexto original é desconhecido para nós ou difícil de precisar. A. Berkeley Mickelsen destaca a importância do contexto: “O contexto é importante porque os pensamentos geralmente se expressam em uma série de idéias relacionadas. Às vezes a pessoa faz uma pausa ou se afasta radicalmente do fluxo de pensamentos que porventura se desenvolveu. Ás vezes os pensamentos são reunidos de forma solta, em um tema geral. Entretanto, sejam as idéias unidas assim, por lógica, sejam as proposições principais desenvolvidas pela repetição, o significado de qualquer elemento particular é quase sempre controlado por aquilo que o precede e o segue.”.

Exercício

No último tópico você começou um estudo de Daniel 1—2, observando o conteúdo e prestando particular atenção nas perguntas: quem? o quê? onde? por quê? e qual a razão? Suas observações desse exercício lhe darão uma base de informações. A partir delas, você será capaz de interpretar o texto.

Agora é hora de prosseguirmos para o contexto. Uma vez que Daniel 1 inicia o livro, você terá de voltar e ler II Reis 24—25 e II Crônicas 36 para obter o contexto precedente. Daí, verifique os

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capítulos posteriores de Daniel para ver o que vem depois desta seção.

3. Antecedentes histórico-culturais Há interação entre a cultura e a história e não podemos considerar uma sem levar em conta a outra – a história e a cultura se sobrepõem. Alguns dos fatores histórico-culturais de um povo são nacionalidade, política/governo, religião, idioma, literatura, costumes, vida sócio-econômica, objetivos, aspirações, ambiente físico, localização geográfica e relacionamento com as nações vizinhas (circunstâncias gerais nas quais viveram e os diversos problemas que enfrentaram). Circunstâncias histórico-culturais deixaram sua marca nos diferentes livros da Bíblia. James Braga considera: “A Bíblia é pródiga em aspectos de importância cultural. Estamos, porém, tão distantes das pessoas dos tempos bíblicos que é difícil para a atual geração compreender as maneiras ou mesmo os padrões de pensamento e crença daquela época. Entretanto, se quisermos entender corretamente a Bíblia, é necessário aprendermos o máximo sobre a cultura dos diversos grupos raciais, religiosos e sociais registrados na Bíblia. É impossível conhecer todas as peculiaridades, crenças, tradições e outros aspectos das civilizações antigas. Entretanto, quanto mais soubermos acerca dessas civilizações, tanto maior será a nossa capacidade de compreender as Escrituras, pois estas foram originalmente escritas para eles e sobre eles.” A interpretação de uma passagem deve harmonizar-se com a situação histórica e cultural do livro. Você deve observar a passagem contra o fundo certo, com a luz certa acesa sobre ela, para captar seu significado. Prestar atenção no contexto cultural e histórico – nos fatores que levaram à escrita da passagem, as influências que tiveram sobre o texto e o que acontece como resultado da mensagem. Certifique-se em verificar o pano de fundo, recrie a cultura e o texto passará a ter vida hoje. Walter C. Kaiser Jr. considera que algumas referências à cultura são neutras e descritivas. Outros fatos culturais são veículos da revelação divina e a verdade prescrita neles não pode ser reduzida arbitrariamente a “um mero relato de uma situação hoje extinta”. O estudante não pode se atrapalhar com a natureza histórica ou culturalmente condicionada de algumas exigências éticas ou ensinos gerais da Bíblia. Em outras palavras, a história e a cultura submetem-se às Escrituras. Pelo fato de ser a Palavra de nosso Criador soberano, a Bíblia interpreta a história e a cultura, não vice-versa. O estudante da Bíblia deve procurar familiarizar-se com a história bíblica do Velho Testamento e do Novo, conhecendo a cronologia dos principais eventos. Todo conhecimento histórico sobre o período transforma-se em ferramenta de interpretação. Só podemos entender o livro de Juízes se antes lermos Josué, que, por sua vez, tem suas raízes no Pentateuco. Muitos dos oráculos dos profetas só podem ser entendidos se os lermos à luz dos acontecimentos históricos descritos nos livros de I e II Reis e I e II Crônicas, quando se conhece as condições políticas, militares, religiosas e sociais do povo de Israel e dos povos vizinhos. É em Atos que lemos sobre as condições da época em que as epístolas de Paulo foram escritas, ou sobre o que aconteceu na fundação das igrejas. O estudante que fizer uso inteligente de dados culturais e históricos enriquecerá sua compreensão da passagem. Exemplos:

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1. Importância dos antecedentes históricos e culturais no estudo de Rute: a) Não podemos entender o livro de Rute sem compreender o direito e a responsabilidade que um parente próximo tinha de resgatar a terra do parente morto e proporcionar um filho à viúva. b) No primeiro verso encontram-se as palavras: “Nos dias em que julgavam os juízes, houve fome na terra.” Essa informação nos remete a Juízes, livro anterior ao de Rute. Deste modo, para obtermos uma visão exata da época em que viveram os personagens do livro de Rute, necessitamos conhecer as condições da terra de Israel descritas em Juízes. Ao lermos esse livro, especialmente os capítulos 17 a 21, concluímos que o país era um caos, pois cada pessoa fazia “o que achava mais reto”. Entretanto, no meio de tais lamentáveis circunstâncias, vemos no livro de Rute a mão de Deus a mover-se silenciosa e discretamente a fim de cumprir o seu propósito em duas pessoas piedosas: Boaz e Rute. Assim, o contexto histórico de Rute revela Deus no controle de tudo o que acontece aos seus, e que, apesar das condições adversas, Ele é o todo-poderoso para executar os seus desígnios naqueles que lhe pertencem. 2. Não é suficiente apenas ter consciência dos fatos históricos e dos costumes de determinada cultura; o intérprete da Bíblia deve ter também consciência do impacto que a mensagem teria sobre o público original. Uma platéia atual não se surpreende diante da idéia de um “bom samaritano”; nos dias de Jesus, porém, havia uma animosidade tão grande por parte dos judeus para com os samaritanos, que tal alusão seria tão inconcebível quanto uma referência hoje a um terrorista bom. 3. Saber que César enviou um destacamento especial de 300 soldados com suas famílias, para “romanizar” a cidade de Filipos, é algo que dá vida ao estudo da Epístola aos Filipenses. Você pode imaginar as ordens dadas àquelas tropas de ocupação: “Insistam para que o povo de Filipos fale a mesma língua de Roma. Exijam que adorem o imperador. Matem-nos se eles não proclamarem religiosamente: ‘César é senhor’. Àquele minúsculo grupo de crentes em Filipos, Paulo escreve: “Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo” (1:27). O verbo “vivei” tem origem na palavra grega politeuomai e significa agir como um cidadão. Aqueles poucos cristãos eram membros de um reino maior que o de Roma. Eles tinham um Senhor maior do que César. Sim, eles deviam ser bons cidadãos dos dois reinos, mas Cristo receberia prioridade. Mesmo que isto significasse prisão ou morte, eles colocariam Jesus Cristo acima do imperador. Nos dias de hoje, os cristãos verdadeiros constituem uma minoria. Constantemente eles são tentados a assumir compromisso com o secularismo. Quando insistem em falar sobre moralidade e ética cristã nos negócios ou na política, quase sempre são ridicularizados e marginalizados.

Como encontrar os fatos e dados históricos e culturais relativos ao texto em estudo? Há dois recursos: a. Recurso de natureza interior, relacionado com o espírito do estudante: trata-se de uma disposição disciplinada de ler – o espírito de preguiça milita contra a leitura. Mas o bom estudante bíblico irá cultivar o bom hábito de leituras amplas. b. Suprimento mínimo de livros técnicos sobre a Bíblia (ver mais detalhes a seguir).

4. Consulta a fontes secundárias No estudo do cenário histórico-cultural retiramos informações não somente da própria Bíblia, mas também de fontes seculares dignas de confiança. Recursos secundários podem trazer luz ao texto.

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As escavações de arqueólogos e as pesquisas de muitos eruditos têm contribuído para um maior conhecimento das antigas civilizações do Egito, da Grécia, de Roma e do Oriente Próximo. Descobertas recentes de cavernas e túmulos em terras bíblicas, bem como a interpretação de documentos cuneiformes e hieroglíficos de grandes bibliotecas antigas aumentam constantemente o acervo de informações sobre a história e a cultura desses povos. Grande parte dessas informações tem sido reunida em manuais bíblicos, dicionários e enciclopédias, bem como em obras arqueológicas e em introduções ao Antigo e ao Novo Testamento. Essas fontes contêm o resultado do trabalho de arqueólogos, lingüistas, historiadores, geógrafos e muitos outros. Com tanto material à disposição, é possível a qualquer estudante da Bíblia obter conhecimento razoável dos fundos histórico-culturais. Você pode avançar consultando fontes secundárias, ou seja, usando a contribuição de estudiosos da Bíblia que trilharam o mesmo caminho antes de nós e nos deixaram ajudas valiosas. Não é assim com livros e o Livro, pergunta Russell Shedd: “Deus revelou Sua perfeita vontade por meio de culturas pecaminosas e costumes falhos humanos, relatadas na Bíblia inspirada e perfeita. Livros cristãos, mesmo sendo falhos, como são seus autores, podem refletir em parte a glória da revelação escriturística (cf. I Co 13:12). Paulo não limitou seu pedido a Timóteo à Bíblia. Quis os “livros” e os “pergaminhos” (II Tm 4:13). Por meio deles também receberia ajuda e inspiração na prisão úmida, fria e solitária de Roma”.15

Mas uma palavra de cautela: quando puser essas ferramentas para funcionar, cuidado para não confiar demais nas informações secundárias. O uso de recursos extrabíblicos nunca deve ser um substituto do estudo pessoal da Bíblia, mas um estímulo a ele. A ordem é sempre a mesma: primeiro a Palavra de Deus; depois as fontes secundárias. Ir para as fontes secundárias sem nem mesmo consultar o texto deixa pouco espaço para a Palavra de Deus. É por isso que a primeira coisa que você precisa, antes de obter qualquer recurso mencionado abaixo, é de uma boa Bíblia de estudo. Comece por ela. Depois, enquanto for prosseguindo, poderá acrescentar mais livros à sua biblioteca. Há algumas ferramentas especialmente úteis que servirão para o início da construção de uma valiosa caixa de ferramentas para você usar no trabalho de interpretação.

TIPO DE RECURSO

DESCRIÇÃO USE-O PARA SUPERAR...

Atlas Coleção de mapas que mostram lugares mencionados no texto, e talvez descrição de sua história e significado. Contém mapas e outras informações para quem quer investigar o contexto geográfico bíblico.

Barreiras geográficas

Dicionários de palavras bíblicas

Explicam origem, significado e uso de palavras e termos chaves no texto.

Barreiras lingüísticas

Manuais bíblicos

Apresentam informação útil sobre assuntos do texto. Um manual bíblico é um tipo de enciclopédia; menciona livro por livro de toda a Bíblia, provendo todos os tipos de material de pano de fundo.

Barreiras culturais

Comentários bíblicos

Apresentam o estudo de um erudito bíblico. Um comentário oferece a você opiniões de um erudito que passou sua vida inteira investigando o texto bíblico. As opiniões do comentário também podem ajudar você a avaliar seu próprio estudo pessoal. Entretanto, você não pode ficar dependente dos comentários, ao invés de se familiarizar com o texto bíblico.

Barreiras lingüísticas, culturais e literárias

Textos Traduções com o texto grego ou hebraico posicionado entre as Barreiras

15 Russell P. Shedd. A Bíblia e os livros. Abec, 1993, p. 18.

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interlineares linhas para comparação. lingüísticas Concordâncias (Chave Bíblica)

Depois da Bíblia de estudo, esta é a ferramenta mais essencial ao estudo bíblico. Uma concordância é como um índice da Bíblia. Ela alista todas as palavras do texto alfabeticamente, com as referências de onde aparecem, e algumas palavras ao redor delas para prover um pouco do contexto.

É útil para o estudo de palavras e para localizar uma passagem quando não se lembra da referência.

Recursos adicionais

Sugestões: História de Israel no Antigo Testamento, de Eugene H. Merrill (CPAD); Introdução ao Antigo Testamento, de William Lasor (Edições Vida Nova); Introdução ao Novo Testamento, de D. A. Carson (Edições Vida Nova). A Vida Diária nos Tempos de Jesus, de Henri Daniel-Rops (Edições Vida Nova).

Exercício Como está indo seu estudo de Daniel 1—2? Aprendeu alguma coisa útil sobre o pano de fundo em seu estudo com concordância de Daniel, Nabucosonosor, Babilônia e sonhos? Agora você está pronto para fazer uso de outros recursos além do texto bíblico, como dicionários e manuais da Bíblia, que outras informações encontradas podem trazer luz a Daniel 1—2.

Princípios Walter A. Henrichsen, no livro “Princípios de Interpretação da Bíblia”, relaciona 24 leis ou regras de interpretação, agrupadas em quatro categorias:16 Princípios Gerais de Interpretação – são os que tratam da matéria global da interpretação. São princípios universais em sua natureza, não se limitando a considerações específicas, incluídas estas nas outras três seções.

1. Estude partindo do pressuposto de que a Bíblia é a autoridade suprema em questões de religião, fé e doutrina. 2. A Bíblia é a melhor intérprete de si mesma; portanto, compare Escritura com Escritura. 3. Dependa da fé salvadora e do Espírito Santo para compreender e interpretar bem as Escrituras. 4. Interprete a experiência pessoal à luz das Escrituras, e não as Escrituras à luz da experiência pessoal. 5. Os exemplos bíblicos só têm autoridade prática quando amparados por uma ordem que os faça mandamento universal. 6. O propósito primário da Bíblia é mudar as nossas vidas, e não aumentar nossos conhecimentos. 7. Cada cristão tem o direito e a responsabilidade de investigar e interpretar pessoalmente a Palavra de Deus, seguindo princípios universalmente aceitos pela ortodoxia bíblica. 8. A História da Igreja é importante, mas não é decisiva na interpretação da Escritura. 9. As promessas divinas, exaradas na Bíblia, estão disponíveis ao Espírito Santo para aplicá-las a favor dos crentes de todas as gerações. Princípios Gramaticais de Interpretação – são os que tratam do texto propriamente dito. Estabelecem as regras básicas para o entendimento das palavras e sentenças da passagem

16 Todos os princípios de Interpretação são vistos com profundidade na disciplina denominada Hermenêutica Bíblica, que é o estudo do significado da linguagem da Bíblia.

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em estudo. As Escrituras devem ser interpretadas em consonância com as regras básicas da gramática, incluindo questões como sintaxe e estilo.

10. A Escritura tem somente um sentido, e deve ser tomada literalmente. 11. Interprete as palavras do texto bíblico no sentido que tinham no tempo do autor. 12. Interprete as palavras em relação à sua sentença e ao seu contexto. 13. Interprete a passagem em harmonia com o seu contexto. 14. Quando um objeto inanimado é usado para descrever um ser vivo, a proposição pode ser considerada figurada. 15. Quando uma expressão não caracteriza a coisa descrita, a proposição pode ser considerada figurada. 16. As principais partes e figuras de uma parábola representam certas realidades. Considere somente essas principais partes e figuras quando estiver tirando conclusões. 17. Interprete as palavras dos profetas no seu sentido comum, literal e histórico, a não ser que o contexto ou a maneira como se cumpriram indiquem claramente que têm sentido simbólico. O cumprimento delas pode ser por etapas, cada cumprimento sendo uma garantia daquilo que há de seguir-se. Princípios Históricos e Culturais de Interpretação – são os que tratam do substrato ou contexto em que os livros da Bíblia foram escritos. As situações políticas, econômicas e culturais são importantes na consideração do aspecto histórico do seu estudo da Palavra de Deus.

18. Uma vez que as Escrituras se originaram de modo histórico, elas devem ser interpretadas à luz da história. (Como revelação sobrenatural de Deus, ela contém elementos que transcendem os limites do contexto histórico.) 19. Embora a revelação de Deus nas Escrituras seja progressiva, tanto o Antigo Testamento como o Novo são partes essenciais desta revelação e formam uma unidade harmônica. 20. Os fatos ou acontecimentos históricos se tornam símbolos de verdades espirituais, somente se as Escrituras assim os designaram.

Princípios Teológicos de Interpretação – são os que tratam da formação da doutrina cristã; desempenham papel de profunda relevância na obra de dar forma àquele corpo de crenças a que você chama suas convicções. São, por necessidade, regras “amplas”, pois a doutrina tem de levar em consideração tudo que a Bíblia diz sobre dado assunto.

21. Você precisa compreender gramaticalmente a Bíblia, antes de compreendê-la teologicamente. 22. Uma doutrina não pode ser considerada bíblica, a não ser que resuma e inclua tudo o que as Escrituras dizem sobre ela. 23. Quando parecer que duas doutrinas ensinadas na Bíblia são contraditórias, aceite ambas como escriturísticas, crendo confiantemente que elas se explicarão dentro de uma unidade mais elevada. 24. Um ensinamento simplesmente implícito nas Escrituras pode ser considerado bíblico quando uma comparação de passagens correlatas o apóia.

Exercício

Você trabalhou anteriormente com uma concordância no estudo de Daniel 1—2; e na

última parte, você consultou um dicionário da Bíblia e um manual bíblico. Agora você tem dois recursos adicionais a considerar — atlas e comentários.

Consulte um atlas que mostre a Babilônia nos tempos de Nabucodonosor. Qual era a

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sua relação com Israel? Que país ocupa aquela área hoje em dia? Consulte também um comentário geral do Antigo Testamento e talvez um comentário de

um só volume sobre o livro de Daniel. Que perguntas estas fontes respondem para você? Que informações adicionam?

Aliás, pode ser também que você queira voltar ao dicionário da Bíblia e ao manual bíblico para procurar outros itens relacionados ao texto, como: o governo na Babilônia, os caldeus, “zigurates”, Ciro e comidas no mundo antigo.

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Correlação ou comparação (deixe a escritura interpretar a escritura!)

“Se o Espírito Santo nos guia em tudo, Ele irá fazê-lo de acordo com as Escrituras,

e nunca de maneira contrária a elas.” – George Müller

A. Definição e objetivos da correlação. Nesta fase, o estudante compara o texto bíblico em estudo com outras porções das Escrituras. E isto provê uma grande rede de segurança, porque a Bíblia é uma revelação sem contradição – o maior intérprete das Escrituras são as próprias Escrituras. Quanto mais se compara Escrituras com Escrituras, mais se evidencia o significado da Bíblia; as partes adquirem significado à luz do todo. “Desde que a Bíblia é verdade, e que toda a verdade, devido à sua origem divina, é una, é importante relacionar várias passagens, umas com as outras. Isto mostra a coerência das Escrituras e ajuda o estudante a harmonizar-se com o que o restante da Bíblia diz sobre qualquer assunto dado.” Lembre-se, embora tenha por volta de quarenta diferentes autores humanos, os 66 livros são definitivamente o resultado de um Autor primário, o Espírito Santo, que coordenou a mensagem toda; Seu Livro é integrado, é unido. Kay Arthur adverte: “Quando atribuímos a uma passagem um significado que o autor não pretendeu, estamos assumindo autoridade equivalente à do autor. E o autor de toda a Escritura é na verdade Deus. Seja muito cauteloso se, em seus estudos, encontrar algo que ninguém jamais viu antes. Não é possível que Deus tenha cegado, quanto à verdade, homens consagrados por quase dois mil anos para, de repente, revelá-la a você.” E sugere uma lista de conferência, para você usar quando estiver tirando conclusões de sua interpretação: 1. Não contradiga o contexto do livro, do capítulo ou da passagem que está estudando. O contexto sempre rege a interpretação: ele dita as regras. 2. Não infrinja o tema geral do livro que está estudando. 3. Verifique se suas conclusões estão em harmonia ou de acordo com o que o autor disse em outros livros que escreveu. 4. Certifique-se de que suas conclusões não infringem outras verdades bíblicas. 5. Certifique-se de que suas conclusões não sejam “tendenciosas” a favor de uma doutrina ou escola de teologia em particular, pois isso muitas vezes torce a interpretação.

B. Meios para fazer a correlação bíblica do texto em estudo A comparação destaca a grande necessidade de se ter uma Concordância Bíblica ou Chave Bíblica – ferramenta que ajuda o estudante a encontrar termos, conceitos e informações correlacionados em toda a Bíblia. 1. Referências bíblicas. A correlação por meio das referências bíblicas consiste em comparar uma palavra, um versículo, uma idéia, um acontecimento ou uma história com outra porção das Escrituras. Com freqüência, o conteúdo de uma passagem ajudará a esclarecer o conteúdo de outra. Vários tipos de referências bíblicas estão disponíveis ao estudante:

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Referências de palavras (estrategicamente importante em seus estudos tópicos e biográficos). Exemplo: Digamos que você está lendo a Epístola de Paulo a Tito e encontra a frase: “Estas coisas são excelentes e proveitosas” (3:8). A partir daí você pode descobrir várias coisas excelentes ao correr da Bíblia: o mais excelente nome (Hb 1:4), o mais excelente sacrifício (Hb 11:4), o mais excelente óleo (Am 6:6), o mais excelente caminho (I Co 12:31), a excelência do episcopado (I Tm 3:1), o espírito excelente de Daniel (Dn 5:12), e a menção a Rúben, “o mais excelente em altivez, e o mais excelente em poder” contudo “impetuoso como a água” (Gn 49:3-4). Ora, este esforço é altamente compensador. Esclarece, edifica, enriquece e lhe dá uma visão global das Escrituras. Referências paralelas. Trata-se de versículos ou pensamentos bastante semelhantes, muitas vezes com terminologia e contextos ligeiramente diversos. Exemplos: Nos evangelhos e em algumas das epístolas de Paulo, este tipo de referência é muito usado. Veja Ef 5:19 e Cl 3:16. A parábola do semeador em Mateus 13:3-23 pode ser estudada com as referências dos relatos paralelos de Marcos 4:3-20 e Lucas 8:4-15. Referências correspondentes. Podem ser uma citação do Velho no Novo Testamento (o estudo do contexto da passagem citada muitas vezes é útil para a compreensão do objetivo perseguido pelo autor) ou quando outra porção das Escrituras se refere ao mesmo acontecimento (por exemplo, veja I Ts 2:1 e Atos 17:1-10). Referências de idéias. Aqui você se esforça para captar o pensamento do autor no versículo ou parágrafo em estudo, e o compara com um pensamento semelhante localizado em qualquer outra parte da Bíblia. Exemplo: O pensamento chave de I Pedro 1:23 é que a pessoa precisa nascer de novo, mediante a Palavra eterna de Deus. Quando você comparar a referência com João 3:1-8, verá Jesus dizendo que a pessoa precisa nascer de novo, mediante o Espírito Santo. Por que a diferença? Isto é, por que Pedro diz que é pela Palavra, e Jesus pelo Espírito? Porque o Deus vivo se revela na Bíblia, pela ação do Espírito Santo. Ambos são inseparáveis (ver Hb 4:12-13). A Palavra de Deus é usada pelo Espírito Santo como instrumento que leva pecadores ao conhecimento da graça de Deus em Cristo. Referências de contraste. Exemplos contrastantes na Bíblia ajudam o estudante a fixar a ação certa, bem como pôr em equilíbrio a adequada compreensão daquilo que a Bíblia ensina sobre dado assunto. Exemplos: a) Contraste como Jesus lidou com a tentação em Mt 4, com a maneira pela qual Adão lidou com ela em Gn 3. O “primeiro Adão” enfrentou Satanás, e foi derrotado; o “segundo Adão” enfrentou Satanás, e saiu vitorioso. b) Obras da carne e Fruto do Espírito (Gl 5:16-24). 2. Versões bíblicas. 3. Esboço minucioso. É um resumo em tópicos. Inclui todas as idéias mencionadas no trecho que você está estudando, sem omitir nenhum pormenor. O esboço é uma maneira fácil e concisa de identificar visualmente os pontos principais e a progressão das idéias principais de um livro ou passagem da Escritura.

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Exemplo da forma estrutural de um esboço:

TÍTULO I. Tópico principal A. Subtópico B. Subtópico 1. subponto 2. subponto II. Tópico principal A. Subtópico 1. subponto

a. subponto b. subponto

1) subponto 4. Gráficos ou Quadros. O gráfico é um eficiente meio de captar a unidade da passagem, livro ou tópico cooperando para propiciar ao estudante uma visão geral dos pensamentos principais e, assim, relacioná-los uns com os outros. O gráfico utilizará o esboço do seu estudo. Use a sua criatividade pessoal e desenhe gráficos de modo que lhe sejam da maior utilidade para correlacionar o conteúdo do seu estudo bíblico, comparar e contrastar pessoas e fatos e classificar acontecimentos cronologicamente. A metodologia é para ajudar você a conseguir captar a passagem em estudo.

Talvez você responda algumas delas, fazendo uma pequena comparação do texto com outras porções das Escrituras. Usando uma concordância, procure os quatro itens que se seguem abaixo. Cada um deles é crucial para o entendimento da passagem. Veja o quanto pode aprender sobre eles lendo outras partes das Escrituras.

Exercício 1. Neste momento, você já deve ter verificado o conteúdo e o contexto de Daniel 1—2. Está começando a ter uma idéia do que se passa na história? Que perguntas você tem como resultado de seu estudo?

O que vem abaixo faz parte deste quadro

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Daniel Nabucodonosor

Babilônia sonhos

2. Nesta última parte do estudo de Daniel 1—2, faça dois estudos de palavras que têm importantes implicações na interpretação desta passagem. a) A primeira palavra é “contaminar”, em Daniel 1:8 – “Resolveu Daniel firmemente não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar-se.” b) O segundo termo é “últimos dias”, em Daniel 2:28 – “Mas há um Deus nos céus, o qual revela os mistérios; pois fez saber ao rei Nabucodonosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça quando estavas no teu leito são estas .” Use uma concordância para localizar outros usos destas palavras na Bíblia. O que você pode aprender com estes textos adicionais? Então procure “contaminar” e “últimos dias” no dicionário bíblico para ver o que mais você pode descobrir sobre o significado destes termos.

Juntando as partes Resuma suas descobertas na fase da Observação e as informações obtidas na fase da Interpretação e junte as partes do seu estudo bíblico. Como organizar o material para fazer uso eficiente dele? Resuma suas observações num Quadro. Muito volume de material fica resumido de maneira clara, que ajuda a recapitular o conteúdo da seção estudada (você não tem de começar do zero a cada vez que voltar à passagem nem tem de confiar só em sua memória). O quadro usa o poder da ilustração e tende a ser memorável. Eles podem mostrar os relacionamentos entre versículos, parágrafos, seções e até livros. Com o uso de um quadro, você poderá compreender o propósito e a estrutura de uma porção das Escrituras num relance. O quadro pode ilustrar as partes à luz do todo. Pode salientar idéias ou personagens importantes. Pode demonstrar contrastes e comparações. Pode destacar termos e expressões chaves. E pode trazer um esboço da estrutura, que é crucial para o propósito do autor. Assim, o quadro é uma ferramenta para ajudar a investigar o texto e é um modo de manusear a informação que você seleciona do texto bíblico em estudo. A seguir, algumas sugestões de como começar a produzir quadros efetivos e alguns exemplos de quadros já prontos.

Como começar a fazer quadros Você está pronto para pôr mãos a obra, fazendo um quadro? Algumas sugestões válidas:

1. Quando estudar um texto, atribua ao conteúdo títulos e rótulos que resumam o material. Seja criativo. Lembre-se da leitura bíblica aquisitiva, em que você se apropria do texto. Colocar seus próprios títulos nos versículos, parágrafos, seções e livros da Bíblia é uma maneira de fazer isso. Eles o ajudam a reter suas opiniões em pacotes organizados.

2. Enquanto visualizar seu quadro, pergunte: Quais são os relacionamentos? O que estou tentando mostrar? Sobre o que é este quadro? Quando o terminar, como o usarei?

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3. Mantenha seus quadros simples. Você sempre poderá acrescentar detalhes; o desafio é eliminar a desordem. Que idéias, personagens, temas, versículos, termos e outros dados chaves do texto devem ter prioridade? Qual é a idéia geral? Que estrutura precisa ser mostrada? Que material você quer ver num relance?

4. Se você achar que tem muito material para incluir num quadro, divida-o e faça outros quadros. Aliás, muitos dados sem relação são um bom indício de que você precisa voltar ao texto e fazer mais observações.

5. A seguir há exemplos de um punhado de possibilidades. Há outras maneiras de se mostrar relacionamentos no texto. Solte sua imaginação. Desenhe ilustrações ou símbolos, se isso ajudar. É o seu quadro, faça-o trabalhar por você.

6. Revise seus quadros à luz de seu estudo. Nenhum quadro pode resumir tudo. Enquanto continuar a estudar a passagem, você ganhará novas percepções que devem fazer com que você revise ou mesmo refaça seu quadro. Lembre-se, quadros são um meio para se chegar a um fim, não um fim em si mesmos. São úteis na proporção em que representarem precisamente o que está contido no texto bíblico.

NOTA: Esta visão geral do evangelho de Lucas ilustra a proporção do espaço dedicado aos assuntos.

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NOTA: Quadro sintético de um livro bíblico.

Marcos 4:35—5:43

Milagre Esfera Pessoa Meio Resultados Fé Tempestade acalmada

Físico Discípulos Jesus

Fala Grande bonança Sem fé Só medo

Endemoninhado Mental Jesus Homem População

Fala Normalidade (sentado, vestido, em perfeito juízo)

Reconhecimento Desejo de seguir

Mulher com fluxo de sangue

Física Emocional

Jesus Mulher Discípulos

Toque Cura imediata Sua fé a curou

Filha de Jairo Física Emocional Espiritual

Jesus Filha de Jairo Discípulos Pranteadores

Toque Fala

Fica em pé, anda e come

Grande fé

O livro de Rute

NOTA: Quadro sintético de um livro bíblico.

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NOTA: Este gráfico combina elementos horizontal e vertical. Epístola aos Tessalonicenses

NOTA: Gráfico ilustrativo, incluindo o conteúdo da passagem em estudo.

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NOTA: Gráfico ilustrativo temático.

NOTA: Exemplo do uso de gráfico no estudo biográfico.

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NOTA: Exemplo do uso de gráfico no estudo biográfico.

Resumo – exemplo da interpretação

Interpretar é explicar ou mostrar o significado de algo. Não o que significa para nós, mas o que significava para o autor, O propósito da interpretação é entender a mensagem central da passagem. A interpretação da mensagem bíblica é uma tarefa importante que deve ser feita em oração com seriedade, humildade e cuidado. Por um lado é verdade que a Bíblia é o livro que comunica a uma variedade muito maior de pessoas que qualquer outro. Pense nas épocas da história e na grande variedade de povos hoje: grupos indígenas, povos orientais, africanos e europeus, cujas vidas têm sido transformadas pela sua mensagem. E pessoas simples, sem estudo formal, podem ter uma sabedoria bíblica profunda. Isto não significa, no entanto, que podemos anular nossas faculdades mentais quando estudamos a Bíblia. Jesus diz que devemos amar a Deus com todo o nosso entendimento também (Mt 22:37). A interpretação não é um jogo inteligente em que colocamos o significado que mais nos atrai. Devemos sempre interpretá-la dentro do contexto textual e histórico, com oração e dependência do Espírito Santo.

A. Analise o significado das palavras e frases chaves.

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1. Busque o significado natural. Geralmente isso significa entender as palavras literalmente, especialmente em textos históricos. Mas muitas vezes o significado natural exige que se tome as palavras simbolicamente, porque se reconhece que foram usadas como linguagem figurada. Exemplo: Em Mt 5:27-30 Jesus está se referindo ao desejo sexual. Qual é o significado natural de “olho direito” e de “mão direita” neste contexto?

2. Busque o significado original. O que o autor ou orador quis comunicar? Como os leitores ou ouvintes entenderam os termos que usou? O significado de algumas palavras, como “amor”, “comunhão” e “humildade” mudou na linguagem corrente atual. Exemplo: O que significa “amor” hoje? O que Jesus quis dizer com “amor” em Mt 5:43-48?

3. Busque o significado coerente. Interprete o versículo ou a idéia de maneira que se harmonize, em primeiro lugar com o seu contexto imediato e também com o ensino da Bíblia como um todo. Exemplo: O proceder de Jesus em Mt 15:21-28 parece estar progredindo da indiferença para o exclusivismo racial, até chegar à rejeição da mulher siro-fenícia. Mas quando observamos como no fim Ele louva a fé da mulher, chegamos a uma interpretação mais positiva das atitudes de Jesus, coerente com toda sua vida e ministério, pois Ele valorizava constantemente as pessoas, sem levar em conta sua origem racial. Também não costumava simplesmente “provar” uma pessoa, mas antes desafiá-la à fé nele.

4. Faça uso sábio de recursos bibliográficos. Alguns termos técnicos e costumes sociais só podem ser explicados, consultando dicionários e comentários ou dicionários bíblicos. Examine as passagens paralelas dos evangelhos, ou observe as referências, usando uma concordância. Use também outras versões da Bíblia.

5. Traduza as palavras difíceis numa linguagem atual. Quais são os termos técnicos (ex.: fariseus, zelotes, procônsul etc.), e os conceitos teológicos (ex.: graça, redenção, pecado) usados no texto? O autor usou linguagem figurada (ex.: pão da vida)? Como podemos traduzir estes termos para uma linguagem clara e contemporânea? O que o autor quis dizer com as figuras empregadas e como o uso das mesmas enriqueceu a mensagem? Exemplos: pecador – Uma pessoa falha, fazendo mau uso de si e das coisas que Deus lhe confiou, desobedeceu aos justos mandamentos de Deus e é incapaz de se consertar pela sua própria força ou mérito. pescador de homens – Um pescador é alguém que vai até onde os peixes estão. Não busca em primeiro lugar o seu conforto (sai na hora mais incômoda e fria, suja as mãos e os pés no trabalho), mas luta perseverantemente para alcançar seu objetivo: pegar peixes. Todos estes aspectos mostram qualidades importantes do discípulo quando é chamado para ser pescador

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de homens. Jesus escolhe essa imagem porque faz parte da vida de Pedro e por isso comunica clara e poderosamente.

B. Avalie os fatos Aprenda a dizer: Esta é a idéia mais importante. Estas outras idéias não são tão importantes e o seu valor consiste em ajudar a entender este fato principal. Exemplo: Um estudo superficial dos Evangelhos pode levar a dar o lugar central aos milagres de Jesus, em vez de considerá-los como sinais que indicam realidades maiores. Em Marcos 3:1-6, o fato mais significativo não é a cura do homem da mão ressequida, mas a confrontação aberta de Jesus com seus críticos hostis e a revelação das más motivações destes.

C. Correlacione as idéias Não as deixe como órfãos solitários. O cientista suíço Jean Agassiz costumava dizer: “Os fatos são coisas estúpidas até que os ponhamos em relação com alguma lei geral”. Exemplo: Examine, em Lucas 5:1-11, como todas as ações de Jesus se ligam entre si para mostrar a maneira progressiva que Ele usou para “pescar” Simão Pedro para sua obra.

D. Investigue os pontos difíceis ou incertos Recorra para isto à ajuda de um comentário ou dicionário bíblico. Exemplo: Com base em I João 1:1 somente, não podemos saber que os leitores de João enfrentavam a heresia do gnosticismo. Mas só use as referências externas depois de fazer sua investigação pessoal. Se já começa com os pontos de vista de outro, provavelmente se apoiará demasiadamente neles, e não se enriquecerá com o produto de sua própria meditação e esforço.

E. Resuma a mensagem do autor a seus leitores originais Neste ponto você reúne os detalhes que tem observado, tirando suas próprias conclusões. Não se limite a simplesmente contar a história. Antes pelo contrário, mostre o seu significado único. Use uma linguagem contemporânea. Esta é a prova de que realmente entendeu o texto.

Aplicação (descubra como o texto se aplica!)

“As Escrituras não foram dadas para aumentar nosso conhecimento, mas para mudar nossa vida.” – D. L. Moody

A. O valor da aplicação A Palavra de Deus não produz fruto quando é entendida, apenas quando é aplicada; ela é o instrumento pelo qual o Espírito de Deus transforma o cristão. Por isso é que Tiago nos exorta: “(...) acolhei com mansidão a palavra em vós implantada” (1:21). Em outras palavras, deixe a palavra de Deus criar raízes em sua vida. Como? Provando ser um praticante da palavra, não mero ouvinte (v. 22).

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A verdadeira questão que confronta a pessoa em termos de estudo bíblico é: mesmo se lesse e estudasse a Palavra de Deus fielmente, o que faria a respeito? Que diferença prática deixaria que a Palavra fizesse em sua vida? Aprender é mais fácil que praticar. A aplicação é o estágio mais negligenciado, porém, o mais necessário no processo do estudo bíblico. O entendimento então, é simplesmente um meio que leva a um fim maior – a prática da verdade bíblica na vida diária. A Bíblia não foi escrita para satisfazer a sua curiosidade, foi escrita para transformar sua vida. O objetivo máximo do estudo bíblico não é fazer algo para a Bíblia, mas sim, permitir que a Bíblia faça algo a você, para que a verdade se torne real em sua vida. Como pode ver, nos aproximamos constantemente da Bíblia para estudá-la, ensiná-la, pregá-la, delineá-la – para tudo, exceto para sermos mudados por ela. Gypsy Smith acertou: “O que faz a diferença não é quantas vezes você já se aprofundou na Bíblia, mas quantas vezes e com que intensidade a Bíblia se aprofundou em você.” A verdade atraente (ornada, na expressão usada por Tito 1:10) é a verdade aplicada. Há um perigo inerente no estudo bíblico: pode degenerar num processo intelectualmente fascinante, mas espiritualmente frustrante. Você pode se entusiasmar com a verdade, mas não ser moralmente mudado por ela. Se e quando isso acontecer, saiba que deve haver algo errado com seu estudo da Bíblia. Nossa tarefa então é dupla. Primeiramente, devemos nos envolver com a Palavra de Deus por nós mesmos. Então devemos permitir que a Palavra nos envolva, para fazer diferença permanente em nosso caráter e conduta.

O que acontece quando você deixa de aplicar as Escrituras? O veterano professor Hendricks resumiu quatro substitutos para a aplicação, quatro rotas as quais, infelizmente, muitos cristãos seguem em seu estudo da Palavra. Todas elas são ruas sem saídas: Substituímos a aplicação pela interpretação – É muito fácil ficar contente com o conhecimento, em vez da experiência. O conhecimento deve produzir responsabilidade. Falta de envolvimento não é a perspectiva das Escrituras. De capa a capa, a Bíblia ensina que a partir do momento em que conhece a verdade de Deus, você é responsável por colocá-la em ação. Por isso Jesus dizia sempre que a quem muito é dado, muito será exigido (Mt 13:12; Lc 12:48). E dizia a seus discípulos: “Por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando?” (Lc 6:46). Implicação: pare de me chamar “Senhor”, ou comece a fazer o que eu digo. Substituímos mudança substancial de vida por obediência superficial – Aplicamos a verdade bíblica a áreas onde já a estamos aplicando, não em novas áreas onde não a aplicamos. Resultado: nenhuma mudança digna de nota em nossas vidas. Substituímos arrependimento por racionalização – A maioria de nós tem um sistema embutido de aviso antecipado contra mudança espiritual. No momento em que a verdade chega perto demais, condenatória demais, um alarme soa, e começamos a nos defender, com elaboradas razões pelas quais ela se aplica a todo mundo, menos a nós. Nossa estratégia favorita é racionalizar o pecado ao invés de nos arrepender.

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Substituímos uma decisão volitiva por uma experiência emocional – Estudamos a Palavra de Deus, nos emocionamos com o impacto, ma nenhuma mudança real acontece. Não há nada de errado em reagir emocionalmente à verdade espiritual. Mas se esta for nossa única reação – se tudo o que fazemos é melhorar nossos lenços e soluçar orações pesarosas, daí seguimos contentes o nosso caminho sem que haja a mínima alteração em nosso comportamento – então nossa espiritualidade é reduzida a nada mais do que uma experiência emocional insípida. O que se requer do estudante da Bíblia é que faça decisões substanciais, fundamentais de mudança de vida baseadas no que as Escrituras dizem; que não fiquem satisfeitos com a mera exposição à verdade de Deus, ou a convicção por ela, mas sejam mudados por ela. Que façam uma decisão volitiva em reação ao que ouviram de Deus. É aí que a verdadeira mudança sempre começa – na vontade. B. Passos para fazer uma boa aplicação do texto bíblico estudado O crescimento espiritual é um compromisso com a mudança. Mesmo assim, o coração humano resiste à mudança mais fortemente do que a qualquer outra coisa. Faremos tudo para evitar isso. Nesta etapa, você tem a sugestão de um meio de superar a propensão à inércia espiritual.

Há um processo de quatro passos na Aplicação, quatro princípios que ajudarão você a aplicar as Escrituras em qualquer circunstância; são maneiras de transformar investigações bíblicas em aplicações práticas. Primeiro passo: CONHEÇA Se quiser aplicar a Bíblia, você precisará ter conhecimento de duas coisas: Conhecimento do texto – Há somente uma interpretação definitiva para uma passagem nas Escrituras. O texto não significa uma coisa hoje, e outra amanhã. Seja qual for o seu significado, este o será para sempre. Mas o processo de aplicação da verdade em sua vida jamais cessará. Implicação: tome cuidado com a interpretação; quanto melhor for seu entendimento de uma passagem, melhor será sua capacidade de uso da mesma. Uma aplicação adequada só poderá ser feita depois de você ter interpretado corretamente a passagem. Autoconhecimento – Você não só deve conhecer a interpretação, mas a si mesmo. Paulo adverte a Timóteo: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina” (I Tm 4:16). Note a ordem: cuide de si mesmo primeiro; então cuide da comunicação da verdade a outros. Por quê? Porque se você não conhece a si mesmo, fica difícil ajudar outras pessoas a aplicarem a Bíblia em suas vidas. Na verdade, uma das principais razões pelas quais a aplicação não é mais efetiva para muitas pessoas é que francamente, elas não conhecem a si mesmas. E você? Eis duas perguntas: a) quais as suas habilidades? O que tem acontecido de bom em sua vida? b) quais as suas deficiências? Quais as suas limitações? Qual o seu maior obstáculo ao crescimento? Agora coloque estas duas perguntas juntas, e você verá o valor delas na aplicação. Se conhecer suas habilidades, isso fará desenvolver sua confiança. Se conhecer suas deficiências, sua fé será desenvolvida. Suas vantagens mostram o que Deus tem feito por você, e suas deficiências, mostram o que deus precisa desenvolver em você. A razão pela qual a maioria de nós não cresce é que não sabemos de que precisamos.

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Romanos 12:3 nos dá visão a esse respeito: “Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém, antes, pense com moderação segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um”. Às vezes, temos uma opinião exagerada de nós mesmos. Outras vezes, uma opinião distorcida.

Faça um inventário espiritual Você quer aplicar a Palavra de Deus em sua vida? Comece, conhecendo a si mesmo. Para o ajudar nisso, Doug Sherman, do Ministério de Impacto de Carreiras, 17 desenvolveu um inventário que revê seus hábitos e comportamentos à luz das expectativas de Deus em pelo menos cinco amplas áreas da vida. Eis algumas perguntas a se considerar.

Em sua vida pessoal: • Quais as condições de suas disciplinas espirituais — disciplinas conhecidas por se relacionarem com o crescimento espiritual, como o estudo bíblico, memorização das Escrituras, oração ou leitura de literatura devocional? • E sua condição física, hábitos alimentares, exercícios, sono e descanso? • Que comportamentos você deseja especialmente superar: seu gênio, uma decepção ou uma luxúria sexual? • Que comportamentos você deseja especialmente estabelecer: paciência, hospitalidade ou perseverança?

Em sua vida familiar: • Você tem um horário fixo para chegar em casa, de modo que sua família possa sempre contar com sua presença na hora marcada para sua chegada? • Você “namora” sua esposa regularmente? • Você se desprende emocionalmente de seu trabalho e afazeres para que possa passar um tempo desempedido envolvido com seus filhos? • Você tem preservado suas responsabilidades para com seus pais? Para com os pais de sua esposa? Para com outros parentes?

Em sua vida na igreja: • Com que freqüência você se coloca sob a instrução das Escrituras? • Você doa dinheiro para a causa de Cristo fiel, generosa e alegremente? • Tem orado regularmente por seu pastor e por outros líderes da igreja? • Você sabe qual é seu dom espiritual e o tem usado?

Em seu trabalho: 17 Adaptado de Doug Sherman e William Hendricks, Your Work Matters to God (Colorado Springs: Navpress, 1987), pp. 232-33 (Transcrito de Vivendo na Palavra, p. 290-291).

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• Você dá um dia honesto de trabalho a seu empregador? • Você cumpre os compromissos que faz com os clientes? • Você lê ou se mantém atualizado sobre novos desenvolvimentos, idéias e métodos em seu campo? • Na medida do possível, você mantém um emprego estável através do qual as suas necessidades e as de sua família estejam sendo satisfeitas adequadamente? • Você tem um orçamento familiar? Permanece sempre dentro dele?

Em sua comunidade: • Você exercita regularmente seu direito e responsabilidade como cidadão de votar conscientemente? • Você paga sua porção justa de impostos? • Quais as condições de seus registros no trânsito? Tem multas e infrações? • Você mantém sua propriedade dentro dos estatutos de sua comunidade? • Você está, de alguma maneira, consciente de e envolvido com a população carente e suas necessidades? Há um grande número de outras perguntas que poderiam ser feitas, mas o objetivo de tal inventário é ajudá-lo na avaliação crítica de si mesmo para determinar as áreas nas quais você precisa crescer espiritualmente. Todas essas aplicações específicas brotam de passagens e princípios bíblicos.

Sugestão: Peça a alguém a quem você conheça bem, como sua esposa ou um amigo íntimo, que faça este inventário e dê sua própria avaliação de como acha que você se sairia em cada área. Então compare suas respostas. Esta é uma ótima maneira de se conseguir objetividade e fazer com que este exercício seja mais útil.

Segundo Passo: RELACIONE Uma vez que conhecemos a verdade da Palavra de Deus, devemos relacioná-la à nossa própria experiência. Na verdade, entende-se melhor o cristianismo como sendo uma série de novos relacionamentos. O padrão bíblico para isso é II Co 5:17 – “E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura: as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas”. Quando você se torna cristão, Jesus Cristo entra em sua vida – e bem no centro dela. Uma vez ali, Ele afeta todas as áreas. Ele melhora sua vida no lar; você se torna mais sensível como parceiro, como pai, como pessoa. Ele fortalece sua vida de pensamento: sua mente habita em coisas construtivas, você desenvolve interesses mais amplos e cultiva valores mais piedosos. Ele renova sua vida social: seus relacionamentos com amigos e associados mudam conforme você começa a tratá-los de maneira cristã. Ele influencia sua vida de negócios, sua área vocacional. Jesus Cristo quer renovar cada área de nossa vida. E, se formos sinceros, todos os dias percebemos que ainda há áreas em nossa vida sobre as quais o Senhor não tem controle. Por isso o crescimento cristão é um processo – um processo dinâmico e a longo prazo. Portanto, o cristão tem de recorrer à Palavra de Deus por toda a sua vida.

A Palavra que funciona

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Uma vez que você perceba que Jesus Cristo quer impactar sua vida de maneira profunda, você precisa procurar por áreas nas quais relacionar a Palavra à vida. Na Observação e na Interpretação, surgem novas visões – coisas que você nunca tinha visto antes. Estas novas visões produzem uma série de novos relacionamentos. Um novo relacionamento com Deus – Você tem um relacionamento pessoal e íntimo com aquele que agora é seu Pai celestial. Ele proveu Seu Filho para a sua salvação e o Espírito Santo para ajudá-lo a crescer e cumprir Seus propósitos. Um novo relacionamento consigo mesmo. Você desenvolve uma nova auto-imagem. Afinal, se Deus o ama, se Cristo morreu por você, se o Espírito Santo lhe deu dons e poder, isso significa que você tem tremendo valor e importância. Sua vida adquire novo significado e propósito. Um novo relacionamento com outras pessoas. Você descobre que as outras pessoas não são inimigos. Elas podem ser vítimas do inimigo, mas são pessoas que Deus colocou em sua vida. Ele o chama para transformá-las de maneira cristã. Um novo posicionamento frente ao inimigo. Quando vem a Cristo, você muda de lado na batalha. Antes, era apenas um joguete do inimigo, que o movia para onde queria que fosse e você não fazia nem idéia de que era tapeado por ele. Agora porém, você descobre que está do lado de Deus. Acredite, o inimigo não está nada feliz com isso. É por isso que sua vida cristã será uma constante batalha. As novas visões que você ganha do estudo das Escrituras precisam ser aplicadas em todas essas áreas de relacionamentos. Note como isso acontece: A Palavra expõe o seu pecado. Lembra-se de II Tm 3:16? As Escrituras têm uma função reprovatória e corretiva. Às vezes as lições do Senhor chegam por meio de condenação e censura. Elas falam quando você ultrapassa os limites com o intuito de limpar o pecado de sua vida. A Palavra lhe dá as promessas de Deus. Ela diz o que você pode esperar de Deus e o que pode confiar que Ele fará. Isso é incrivelmente confortante quando você está enfrentando circunstâncias que fogem de seu controle. A Palavra lhe dá os mandamentos de Deus. Assim como há promessas nas Escrituras, há também condições a serem cumpridas. São estabelecidos mandamentos e princípios que nos levam em direção à saúde e à vida. A Palavra lhe dá exemplos a serem seguidos. Quando você estuda as biografias nas Escrituras, descobre que algumas dão um exemplo positivo a seguir; outras apresentam um exemplo negativo, que precisa evitar. Usando a Palavra que funciona, Jesus Cristo produz mudança de vida naquele que quer aplicar a verdade bíblica. Terceiro Passo: MEDITE O hábito da meditação se tornou uma arte perdida na sociedade contemporânea, exceto dentre os adeptos do misticismo oriental (entretanto, o que eles fazem é uma ginástica mental para esvaziar a mente). A verdadeira meditação é ponderar a verdade, com vistas a deixar

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que ela auxilie e reajuste nossas vidas. Meditar é “cultivar”, “pensar a respeito”; consiste na prática de ouvir atentamente o Senhor. Meditação é “atenção com intenção”, pensando bem profundamente no conteúdo bíblico que você ouve, lê, estuda e memoriza, de maneira que possa ver de modo mais claro o que Deus está-lhe dizendo e como isso se aplica à sua vida diária. Campbell McAlpine ensina que meditar é o ato de pensar, refletir, de analisar versículos das Escrituras, numa atitude de total dependência do Espírito Santo para que Ele nos revele as verdades neles contida, e seu significado, e, pela recepção e obediência a esses versículos, assimilá-los em nosso interior. A assimilação dessa verdade comunica vida e esclarecimento a quem medita, se ele tiver uma atitude de humildade, confiança e obediência. Meditar é receber a verdade no íntimo; é nutrir-se de Cristo, o Pão vivo, a Palavra viva. Larry Coy deu o seguinte testemunho: – Por muitos anos procurei fazer com que a Palavra de Deus fosse real para mim, e também relacioná-la à minha vida prática. Estudei a Bíblia pelos mais diversos métodos e a maior parte deles parecia ter algum valor. Eu tinha, até mesmo, ouvido o termo “meditação” mencionado antes e, certa tarde, fui a passeio até um lugar ermo, tentar fazer o que eu pensava ser uma meditação. Eu achava que significava ficar sozinho e pensar em Deus. Mas como Deus é onipotente, onisciente, onipresente, eu não demorava a esgotar meus pensamentos e por isso desisti da idéia. Um dia, um amigo me esclareceu que meditar não é refletir sobre os meus pensamentos a respeito de Deus, e sim, tomar os pensamentos de Deus e refletir sobre eles. ‘É tal qual um boi ruminando o alimento. Em outras palavras, ele tem que ingerir alimento antes de ter algo para digerir. Na digestão, ele rumina o alimento muitas vezes, até que esteja completamente digerido.’ Deus estabeleceu que “o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem” (Dt 8:3 e Lc 4:4). E definiu: ‘Meditação é o processo espiritual e mental de se digerir os textos bíblicos de tal maneira que eles se tornem uma parte ativa na vida da pessoa.’ 18

A meditação é útil no passo da Observação e absolutamente essencial para o passo da Aplicação. Lembra-se de Josué 1:8 e Salmo 1:1-2? Ambas as passagens falam que a chave para a prosperidade espiritual é a meditação na Palavra de dia e de noite. Em outras palavras, devemos entrelaçar as Escrituras no tecido da vida diária. Você está tirando vantagem dos benefícios da meditação bíblica? “Mas eu tenho dificuldade em pensar” alguém dirá. Não, o problema é que você está deixando seu cérebro morrer de fome. Não o está provendo de nenhum combustível. Como vê, há uma ligação direta entre a meditação e a memória. A memória provê a mente do combustível de que ela precisa para fazer a meditação útil. A memória é a chave para a meditação. E a meditação a chave para a mudança do nosso ponto de vista. Uma das coisas das quais você não haverá de se arrepender é memorizar Escrituras enquanto jovem. Experimente, a partir de hoje mesmo, decorar um versículo por semana. Isso não é muito, mas pare para pensar: se fizer isso por cinqüenta semanas durante um ano, terá cinqüenta versículos das Escrituras sob seu domínio. Charles R. Swindoll sintetizou bem o valor do cristão memorizar as Escrituras: 18 Larry Coy. Curso Conflitos da Vida – Básico. 1988, pág. 94.

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– “Desconheço qualquer outra prática isolada na vida cristã que seja mais recompensadora, falando em termos práticos, do que memorizar as Escrituras. É verdade. Nenhuma outra disciplina isolada é mais útil e gratificante do que essa. Nenhum outro exercício isolado paga maiores dividendos espirituais! Sua vida de oração será fortalecida. Seu testemunho será afiado e tornar-se-á muito eficaz. Seu aconselhamento estará em demanda. Suas atitudes começarão a mudar. Sua mente tornar-se-á alerta e mais observadora. Sua confiança e segurança serão fomentadas. Sua fé será solidificada.”

Exercício

Há uma correlação direta entre a meditação e a memorização. Quanto mais Escrituras você memoriza, mais material terá para meditar.

Infelizmente, a idéia da memorização bíblica tem freqüentemente sofrido pressão negativa. Na verdade, a própria memorização tem recebido pressão negativa. Muitos de nós se lembram da escola primária, onde fomos forçados a memorizar fatos insensatos e números em matérias como história e aritmética. Uma vez formados nesse exercício, juramos nunca mais fazê-lo!

Mas se Deus promete abençoar nossas vidas como resultado da meditação (Js 1:8; Sl 1), e se a meditação depende da memorização, então talvez devêssemos reconsiderar a idéia. Eis um pequeno exercício para sua iniciação. Memorize o Salmo 100:

Salmo de ações de graça

1 “Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras. 2 Servi ao Senhor com alegria,

apresentai-vos diante dele com cântico. 3 Sabei que o Senhor é Deus;

foi Ele quem nos fez e dele somos; somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio. 4 Entrai por suas portas com ações de graça,

e nos seus átrios com hinos de louvor; rendei-lhe graças e bendizei-lhe o nome.

5 Porque o Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre,

e de geração em geração a sua fidelidade.” Este salmo só tem cinco versículos e é um ótimo salmo para se meditar porque eleva o coração

em alegria diante do Senhor. Ele afirma confiantemente o caráter fiel de Deus. Eis algumas sugestões: 1. Leia e estude o salmo, usando Observação e Interpretação. 2. Leia o salmo repetidamente. 3. Concentre-se na memorização de um versículo por vez, em vários dias. Por exemplo, no primeiro dia, memorize o versículo 1. Leia-o várias vezes, daí repita-o para si mesmo várias vezes. Mais ou menos uma hora depois, veja se consegue lembrá-lo. Continue a revisá-lo no decorrer do dia. Então, no dia seguinte, “ataque” o versículo 2 da mesma maneira, mas repita o versículo 1 em adição ao 2. Continue acrescentando versículos no decorrer da semana. 4. Repita o que você memorizou em voz alta para um amigo ou membro da família. Peça que confira a passagem na Bíblia para ter certeza de que você a sabe perfeitamente, palavra por palavra. 5. Se tiver talento para tal, coloque música no salmo e cante-o. (A maioria dos salmos foram originalmente cantados, não lidos.) 6. Continue revisando o salmo mentalmente durante as semanas seguintes, até que tenha certeza de que está alojado em seu cérebro. Quarto Passo: PRATIQUE O objetivo definitivo do estudo bíblico é a prática da verdade.

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Você pode consistentemente aplicar em sua vida algo da verdade que encontrar em seu estudo bíblico. Assim sempre perguntará: Existe alguma área de minha vida na qual esta verdade se faz necessária? Deus nos deu a Palavra para transformar nossa experiência e a nossa fome por esta Palavra existirá em proporção à nossa obediência a ela. Na verdade, há um ciclo: quanto mais você a entende, mais a usa; e quanto mais a usa, mais quer entendê-la. As duas coisas são necessárias. Você sempre encontrará dois lados na vida cristã; você precisa de alimento e de exercício. Comida demais leva à obesidade. Pouca comida faz desenvolver anemia. Mas o alimento é transformado em energia, e a energia o capacita a fazer aquilo que Deus quer faça. Porém no processo, você fica exausto e perde a perspectiva. Então tem de voltar para a Palavra de Deus para ser revigorado. Lembre-se que a Palavra de Deus experimentada é a Palavra de Deus desfrutada.

Perguntas a se fazer na aplicação da Palavra 1. Há um exemplo para eu seguir? Você já notou quanto da Bíblia é biográfico? Isso não é um acidente; é proposital. Deus preenche Sua Palavra com pessoas porque nada ajuda a verdade a se tornar viva como as pessoas. O desafio é traçar paralelos entre a sua situação e a do personagem que está estudando. 2. Há um pecado que eu devo evitar ou confessar? Há uma advertência que devo prestar atenção? Um dos valores da Palavra de Deus é que ela nos desperta a consciência a respeito das questões morais. 3. Há uma promessa a se reivindicar? A Palavra de Deus está repleta de promessas – promessas feitas pela Pessoa que não mente e que é totalmente capaz de cumpri-las. Evidentemente, nem todas as promessas das Escrituras são para você. Algumas promessas foram feitas por Deus a certos indivíduos, não às pessoas em geral; e outras a grupos de pessoas, como a nação de Israel. Não podemos reivindicar promessas que não foram feitas a nós, mas certamente podemos reivindicar as promessas feitas à Igreja, bem como aquelas feitas ao “justo” em Provérbios e em outras porções da literatura de sabedoria. Que necessidades minhas ou de outros Deus pode e quer satisfazer, segundo esta passagem? 4. Há uma oração ou palavra de louvor que devo repetir? Há grandes orações nas Escrituras. Exemplos: a oração de Abraão em Gn 18; a de Neemias; a oração de confissão de Davi no Salmo 51; a oração de agradecimento de Ana após o nascimento de Samuel (I Sm 2:1-10); a oração que Jonas fez de dentro do ventre do peixe (Jn 2); a oração de Maria (Lc 1:46-51); a oração de Paulo pelos efésios (Ef 3:14-21); a oração de Jesus no Jardim do Getsêmani (Mt 26:36-46); a oração do Pai Nosso (Mt 6:5-15). Quando

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estudar estas passagens, pergunte-se: o que contêm estas orações, que eu preciso estar orando? Algum motivo de louvor. O que me transmite alegria? Que nova compreensão eu recebi da grandeza e da bondade de Deus? 5. Há um mandamento para eu obedecer? A Bíblia está repleta de mandamentos. Há 54 deles somente no livro de Tiago. As seções “aplicacionais” das epístolas de Paulo – Romanos 12—15, Gálatas 5—6, Efésios 4—6, Colossenses 3—4 – são primordialmente exortações. Certa vez perguntaram a um velho e sábio erudito como determinar a vontade de Deus. Sua resposta foi simples: “Os mandamentos das Escrituras revelam 95% da vontade de Deus. Se você passar seu tempo cumprindo-os, não terá muito problema em descobrir os outros 5%.” 6. Há uma condição a se atender? Muitas das promessas de Deus são baseadas em condições estabelecidas no texto. 7. Há um versículo para eu memorizar? Obviamente, qualquer versículo das Escrituras pode ser memorizado, mas alguns terão mais significado para você do que outros. 8. Há um erro a se notar? O estudo bíblico pessoal contribui para fortalecer o conhecimento da teologia básica e doutrinária fundamental para edificar a fé. Quando investigar a Palavra de Deus, pergunte-se: Que doutrinas e verdades esta passagem está ensinando? Que erros teológicos expõe? E depois: Que mudanças de pensamento preciso fazer para conformá-lo ao que as Escrituras ensinam? 9. Há um desafio a se enfrentar? Há algo para planejar e pelo que orar? Que ação prática devo empreender? Qual o primeiro passo? Você já leu uma porção da Bíblia e se sentiu convencido da necessidade de agir com base naquilo que leu? O Espírito de Deus o induzirá a isso. Quando ler a Palavra, Ele o desafiará a reagir em alguma área de sua vida, ou em alguma situação que esteja enfrentando. Talvez seja um relacionamento que precise ser restaurado. Talvez um pedido de perdão que precise ser feito. Talvez você precise abandonar algo que o esteja distanciando de Deus. Ou talvez haja um hábito que precise começar a cultivar. O que quer que seja, o Espírito usa as Escrituras para promover mudanças em sua vida. A questão é, você está aberto para tal mudança? Está preparado para enfrentar os Seus desafios? Garanto que se você abordar a Palavra com qualquer grau de honestidade e educabilidade, o Espírito não o deixará desapontado. 10. Há algo que me ajude a entender os cruéis objetivos e os sutis ataques de Satanás? Encher a mente e o coração da Palavra (o Espírito nos fará lembrar dela!) e saber manejá-la para atingir o inimigo na forma em que a tentação nos vem.

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A importância do contexto para a aplicação A Palavra de Deus é eterna e imutável, mas nosso mundo não é; ela é a verdade que nunca muda em um mundo que sempre muda. Como aplicar a fé aos assuntos de hoje? Como fazer a conexão? A sugestão é que se comece pelo contexto – tanto o contexto original das Escrituras quanto o contexto contemporâneo no qual vivemos. O contexto faz uma profunda diferença na maneira como a verdade bíblica é aplicada. Para vivenciar a verdade de Deus é preciso que a conectemos ao nosso conjunto particular de circunstâncias. Mas por favor, note: não mudamos a verdade para adaptá-la à nossa agenda cultural, mas mudamos nossa aplicação da verdade à luz de nossas necessidades. Como pode isso acontecer? Como considerar uma mensagem escrita no ano 100 d.C ou antes, e fazer uso dela no ano 2010 d.C. e depois? A chave é o contexto. Qual era o contexto então? Qual é o contexto agora? Vimos a importância do contexto na Interpretação. Agora descobrimos sua importância para a Aplicação. Precisamos entender a cultura antiga. Quanto mais soubermos sobre a cultura na qual uma determinada passagem foi escrita e à qual foi originalmente aplicada, mais preciso será nosso entendimento e mais capazes seremos de fazer uso dela em nosso próprio contexto cultural. Mas isso não é tudo. Devemos também entender nossa própria cultura. Assim como buscamos uma visão do contexto antigo, precisamos buscar visão de nosso próprio contexto. Onde estão os pontos de urgência? Onde estamos especialmente necessitados da verdade bíblica? Quais as dinâmicas culturais que fazem a prática da verdade bíblica difícil, e às vezes, aparentemente impossível? O que influencia nossas atitudes e comportamentos espirituais? O que os apóstolos nos diriam se estivessem escrevendo para nossas igrejas hoje? Onde Cristo seria ativo se andasse entre nós atualmente? É interessante que quando Davi estava reunindo seu exército para estabelecer o reino, recrutou os filhos de Issacar. O texto os descreve como “conhecedores da época, para saberem o que Israel devia fazer” (I Cr 12:32). Poderíamos usar muito mais os filhos de Issacar no corpo de Cristo hoje – aquelas pessoas que entendem tanto a Palavra quanto o mundo, que sabem o que Deus quer que seja feito em sua sociedade, pessoas que não são apenas bíblicas, mas contemporâneas também.

Estudando a cultura de hoje Entender nossa cultura não é tão fácil quanto se pode pensar. O fato de vivermos nesta sociedade não significa que estamos cientes de como ela funciona. Na verdade, a maioria de nós vive a vida sem notar as forças que nos influenciam. Poderíamos considerar fazer um estudo de nossa cultura assim como estudamos as culturas do mundo bíblico. Os professores Hendricks 19 sugerem perguntas para você fazer enquanto avaliar o contexto cultural de hoje. São pouco mais do que as seis chaves para a observação vistas anteriormente: Quem? O quê? Onde? Quando? Por quê? Qual a razão? Vimos como usá-las no estudo das sociedades do mundo antigo, mas elas também se aplicam à situação moderna. 19 Howard e William Hendricks. Vivendo na Palavra. Editora Batista Regular, 2000 (2ª ed.), p. 308-310.

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Evidentemente, o problema ao fazermos essas perguntas sobre nosso próprio contexto é a tendência de ficarmos satisfeitos com respostas superficiais. Lembre-se, um dos assassinos do estudo bíblico é a atitude: “Já sei isso. Já vi aquilo. Domino esta parte”. O mesmo acontece quando se faz um estudo da própria sociedade. Nunca pense que você entende completamente o mundo em que vive. Há muitas outras questões que se considerar, mas este é um bom começo.

Poder — Onde estão os centros de poder? Quem está no comando? Como adquirem o controle? Como mantêm o domínio? Qual a sua efetividade em manter controle? Onde estão os desafios à sua autoridade? Quem faz as decisões por nossa sociedade como um todo? Quem faz decisões no nível local e individual?

Comunicação — Quais os meios de comunicação? Como as notícias e as informações são distribuídas? Quem tem acesso a elas? Quem tem acesso à mídia? Como nossa sociedade determina a credibilidade e a confiabilidade das informações? Como os meios de comunicação moldam as mensagens que são comunicadas?

Dinheiro — Que lugar o dinheiro ocupa em nossos valores? Como as pessoas ganham suas vidas? Com quem a sociedade comercializa? Que bens são cambiados? Quais são os meios de transporte? Como as pessoas se locomovem? Que recursos temos? Que recursos não temos? Quais os empreendimentos tecnológicos de nossa sociedade?

Etnia — Que pessoas compõem nossa cultura? De onde vêm? Que história e valores trazem? Como nossa sociedade é organizada socialmente? Como é estratificada? Como é determinado o status? Quem está no topo da pirâmide? Quem está na base da pirâmide? Por quê? Quais as barreiras e os problemas raciais com que as pessoas têm de contender? Como isso afeta nossa vida diária? Que tradições e valores caracterizam as várias subculturas?

Sexos — Qual o papel do homem e da mulher? Como os sexos se relacionam? Que problemas confrontam cada um dos sexos?

Gerações — Qual o valor que nossa cultura atribui à família? Como as famílias são estruturadas? Quem são as famílias chaves? Onde moram? Quais as suas histórias? Como mantêm a influência? Como o poder é passado de geração a geração? Como é a vida escolar e social dos jovens? O que se ensina a eles? Quem lhes ensina? Como uma pessoa se torna adulta nesta cultura?

Religião e visão de mundo — Quais as religiões dominantes? De onde vieram? Em que condição se encontram agora? Quais as suas características? Que grupos estão crescendo mais rapidamente? Por quê? A partir de que suposições filosóficas as pessoas agem? Que ponto de vista têm sobre o mundo e a vida? Que exposição esta cultura teve ao Evangelho? Qual tem sido sua reação?

Artes — Que tipo de arte nossa cultura produz? O que a arte nos diz sobre nós mesmos? E sobre o mundo? Que lugar damos ao artista em nossa sociedade?

História e tempo — Que lendas e mitos foram transmitidos? Que histórias são contadas re-petidamente? Quem escreve nossa história? Que histórias não foram contadas? Qual o ritmo de vida de nossa sociedade? Como as pessoas medem o tempo? Que lugar damos aos idosos? O que as crianças representam? Quem representa as crianças dentro do que elas representam?

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Lugar — Onde nossa cultura está situada geograficamente? Que fatores topográficos e climáticos influenciam nosso dia-a-dia? Quão versáteis somos em relação a outras sociedades? Quanto tempo as famílias moram em um lugar? Que terra é transmitida pelas gerações? Que pessoas foram deslocadas? Que lugares têm caracterizado proeminentemente a história de nossa cultura? Onde as guerras foram travadas? Onde foram feitas as celebrações? Que monumentos e memoriais se encontram no local?

Utilizando suas informações Se você responder diligentemente perguntas como estas sobre o mundo a seu redor, desenvolverá profundas visões sobre como nossa sociedade opera. Mas como amarrar estes dados à verdade das Escrituras? Como aplicar a Palavra de Deus ao contexto da sua própria situação? Afinal, não há correspondência direta entre os versículos da Bíblia e a vida diária. Como fazer a conexão? Descubramos no tópico seguinte.

A importância dos princípios O que a Bíblia tem a dizer sobre engenharia genética, energia nuclear; gerenciamento para produtividade; educação pública, seguro de saúde; problemas de transporte e moradia; internet; AIDS, câncer etc.? Se vamos ler com a Bíblia numa mão e o jornal na outra, temos de encarar estes tipos de problemas. Temos de perguntar qual a conexão existente entre a verdade revelada da Palavra e o mundo atual. De outro modo, estaremos achando que a Bíblia tem relevância apenas como guia devocional; sem propósito nos assuntos práticos da vida. Entretanto, qualquer leitor sensato reconhecerá que não há correspondência direta entre os versículos da Bíblia e os assuntos da vida contemporânea. Não podemos simplesmente “ligar os textos bíblicos na tomada” para obter resposta às necessidades e problemas que enfrentamos. A vida é muito mais complexa que isso. A Bíblia não foi escrita com esse propósito. Ela não é um texto de biologia, negócios, economia ou mesmo de história. Quando fala sobre tais áreas, a Bíblia o faz verdadeiramente mas não explicitamente. O assunto principal da Bíblia é Deus e Seu relacionamento com a humanidade; e é nossa grande responsabilidade praticar as implicações disso na vida diária. Temos de pensar nelas e fazer escolhas – escolhas biblicamente informadas. Isso nos faz voltar ao dito mencionado anteriormente: Uma interpretação, várias aplicações. Sem dúvida, há vários problemas específicos que a Bíblia nunca menciona, coisas que nem mesmo eram problemas na época em que foi escrita Mas isso não significa que não tenha nada a dizer sobre eles. Pelo contrário, ela nos fala sobre verdades ou princípios fundamentais que Deus quer que apliquemos, englobando toda extensão da necessidade humana. Um princípio é uma declaração sucinta de uma verdade universal. Quando falamos sobre princípios, partimos do específico para o geral.

Princípios que governam princípios 1. Os princípios devem se correlacionar com o ensino geral das Escrituras

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Devemos aplicar a Palavra sensata e consistentemente. Isso nos traz de volta à prática de comparação de Escrituras com Escrituras. Quando você declara um princípio de uma passagem específica, pense em outras passagens que reforçam aquela verdade. Exemplo: Embora o apóstolo Paulo recomendasse aos efésios, em 6:5, que os escravos fossem obedientes aos seus senhores, ele não estava com isso fechando os olhos à prática da escravidão. Na realidade, os princípios traçados em suas epístolas, especialmente na carta a Filemom, tinham o propósito de um dia acabar com esse cruel tráfico de seres humanos onde quer que o evangelho se estabelecesse. 2. Os princípios devem falar às necessidades, interesses, questões e problemas da vida real de hoje É aqui que o estudo de nossa cultura entra. Se você se tornou um estudante perceptivo de sua cultura, deve saber onde estão as necessidades e os problemas. E, sabendo isto, pode começar a procurar as verdades gerais das Escrituras que possam se aplicar à situação contemporânea. 3. Os princípios devem indicar um curso de ação Os princípios bíblicos para serem eficazes têm de produzir ação. A Palavra de Deus não foi dada para aguçar nossa curiosidade, mas para transformar nossas vidas. Quando trazemos às claras os princípios das Escrituras, precisamos constantemente perguntar o que vamos fazer em relação à verdade encontrada? Onde, quando e como iremos aplicá-la. Exemplos: Texto bíblico Princípio “Porque o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dá graça e glória; nenhum bem sonega aos que andam retamente.” (Sl 84:11)

- O Senhor promete bênçãos aos que cumprem a vontade divina. - Quando andamos em obediência ao Senhor, sentimos a sua bondosa solicitude para conosco.

“E então se dirigiu a seus discípulos: A seara na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores pra a sua seara.” (Mt 9:37-38)

- Oração é o método divino para levantar obreiros para o trabalho do Senhor. - É responsabilidade do povo de Deus apoiar com orações o trabalho missionário.

Primeira Epístola aos Tessalonicenses A segunda vinda de Cristo é a grande esperança da Igreja sob provação.

Certamente devemos investir tempo no estudo intensivo da Palavra de Deus. Mas freqüentemente lidamos com situações inesperadas que não nos permitem o privilégio de refletir, apenas de reagir. Em situações assim, precisamos confiar nos reservatórios de conhecimento e experiência que temos no momento. Então, a questão é, que familiaridade com a Palavra, que base de informações bíblicas trazemos à situação? Não temos tempo para um estudo intensivo. Então o que usaremos no momento? Se estocarmos princípios das Escrituras, teremos um poderoso conjunto de recursos para lidar com praticamente todas as situações da vida. Os princípios nos capacitam a multiplicar a verdade.

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Exercícios A habilidade de declarar princípios das Escrituras é uma das habilidades mais poderosas que se pode desenvolver em termos de Aplicação. Esta o capacitará a relacionar a Palavra de Deus a qualquer situação que enfrentar. Entretanto, aprender a fazê-lo requer um pouco de prática. Não se pode considerar algo que faça sentido para você e abençoá-lo com o prefácio: “A Bíblia diz...”. Não, o manuseio de princípios úteis e precisos requer um entendimento exato do texto e uma visão perceptiva de nosso próprio contexto. Abaixo estão várias perguntas que o ajudarão a desenvolver e aplicar biblicamente princípios legítimos. 1. O que se pode descobrir sobre o contexto original no qual a passagem foi escrita e aplicada? 2. Dado o contexto original, o que o texto significa? 3. Que verdades fundamentais e universais são apresentadas na passagem? 4. Pode-se declarar a verdade em uma ou duas sentenças simples, uma declaração que todos pudessem entender? 5. A que problemas de sua própria cultura e situação se refere esta verdade? 6. Quais as implicações deste princípio quando aplicado à sua vida e ao mundo ao seu redor? Que mudanças ele requer? Que valores reforça? Que diferença faz? Agora use estas perguntas para declarar princípios de aplicação em três passagens das Escrituras: Provérbios 24:30-34; João 13:1-17 e Hebreus 10:19-25.

O processo de mudança de vida Por onde começo? Esta pode ser a pergunta mais determinante a se fazer na Aplicação. Até que responda isso, tudo que você tem são boas intenções, e estas têm praticamente o mesmo valor de um cheque sem fundo. Muitas “aplicações” ficam no nível da boa intenção porque falamos sobre o fim de uma jornada sem especificar quando, onde e como daremos o primeiro passo. Como alguém bem disse: não planejamos falhar, falhamos por não planejar. Às vezes a sua aplicação requererá algo específico; por exemplo, a devolução de um livro que tomou emprestado há meses, ou pedir desculpas a alguém que você ofendeu. Outras vezes a sua aplicação requererá tempo. Talvez seja um hábito que Deus quer que você rompa, ou uma série de passos que tem de dar, como o pagamento de prestações de uma grande conta em atraso. Também haverá ocasiões em que o Espírito Santo lhe dará a cumprir um projeto de longo alcance, como o de desenvolver uma atitude ou uma virtude. Portanto, formule um processo de verificação das mudanças propostas por sua aplicação.

O experiente professor Hendricks sugere a você uma estrutura simples para uso no planejamento de seu próprio processo de mudança de vida. Obviamente, a vida é complexa, e muitos elementos de crescimento não podem ser facilmente diagramados; por outro lado, muitos cristãos ficam estagnados em seu desenvolvimento espiritual porque não sabem como começar. Eis três passos para traduzir boas intenções em ação de mudança de vida: 1. Decida mudar Em outras palavras, faça uma decisão. Determine que tipo de mudança você precisa fazer, e então escolha buscá-la. Esta é basicamente uma questão de se estabelecer objetivos. Isto é,

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que diferença você apresentará como resultado da operação de tal mudança? Como você será ao final do processo? Quanto mais claros e demonstráveis forem seus objetivos, mais provável será o cumprimento dos mesmos. Objetivos claramente definidos mantêm nossas expectativas realistas, atingíveis; eles também nos ajudam a ver a verdade através de ações, não de abstrações. Portanto, seja específico e pessoal. 2. Estabeleça um plano Este é o passo onde se pergunta como. Como vou cumprir a tarefa? Um plano é um curso específico de ação de como você vai atingir seus objetivos. Planejar um curso de ação significa pensar em meios específicos de se atingir um objetivo e então considerar o que é preciso para praticar o plano. Isso requer nomes, datas, horários e lugares para suas intenções. Quanto mais específico for seu plano, mais provável será o seu sucesso. 3. Vá até o fim Em outras palavras, comece. O primeiro passo é sempre o mais difícil. Mas tome-o. Não o adie. Se você chegou até aqui no processo, recompense seus esforços com uma sólida caminhada até o fim. Dê a si mesmo o respeito de realizar seus compromissos. Três estratégias podem ajudá-lo neste processo: a. Considere o uso de uma lista de verificação, especialmente se seu plano requer atividades repetitivas ou passos progressivos. b. Estabeleça alguns relacionamentos de responsabilidade, que podem ser formais ou informais. Isso pode ser feito de maneira informal com o cônjuge ou um amigo, mediante conversa sobre os alvos, o progresso, as lutas ou com a participação de um grupo formal, ao qual tenha de prestar contas de sua vida. c. Avalie seu progresso. A melhor forma de fazer isso é ter um tempo periódico de reflexão pessoal e avaliação. Utilize registros daquilo que você tem feito durante os últimos meses. Faça perguntas a sim mesmo: Quais tem sido os três maiores desafios em minha caminhada com o Senhor nesse período? Como reagi? Que vitórias tenho a celebrar? Que derrotas preciso considerar? De que respostas específicas a orações posso me lembrar? Mudei para melhor ou para pior? De que maneiras? Em que gastei meu tempo? Meu dinheiro? O que aconteceu em meus relacionamentos? O ponto é: desenvolva maneiras para medir seu progresso enquanto caminha pela vida. Conheça a si mesmo e saiba como Deus tem trabalhado em sua experiência.

Importante: Ao fazer aplicação pessoal, é importante distinguir entre emoção e volição. Muitas vezes, aplicar a Palavra de Deus é uma experiência emocional. Todavia, o que Deus quer é ação, e não apenas sentimento. Na parábola dos dois filhos, Jesus deixa bem claro este ponto (ver Mt 21:28-32). O pai pediu ao primeiro filho que trabalhasse na vinha, mas ele se recusou a ir.

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Mais tarde, mudou de idéia e obedeceu ao pai. O segundo filho concordou prontamente quando foi solicitado, mas nunca se apresentou para o trabalho. “Qual dos dois fez a vontade do pai?”. Você concordaria que foi o primeiro. Idealmente, o Senhor quer ambas as coisas, as suas emoções e a sua volição, mas é quando você faz o que Deus quer, que você faz aplicação. Você tem de assumir a responsabilidade de fazer escolhas e tomar atitudes para crescer como cristão – desenvolver a sua salvação. Porém, nunca esqueça o outro lado: “Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2:13). Enquanto estabelece objetivos, faz planos e os realiza, Deus está bem junto a você. Isso é o que nos encoraja na vida espiritual – nunca estamos sozinhos. Deus provê Seus recursos para nos ajudar no processo. Ele não toma decisões por nós nem faz aquilo que podemos fazer, mas Ele trabalha de maneiras conhecidas e ocultas para nos ajudar a nos tornarmos como Cristo.

Três sugestões para se iniciar: Comece um programa de estudo bíblico pessoal. Forme um grupo pequeno de estudo bíblico. Compartilhe seus resultados com outras pessoas.

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UNIDADE II ___________________________________________________________________________

Métodos de estudo da Bíblia São várias as maneiras de se estudar a Bíblia. Nenhum destes métodos pode ser rigidamente dissociado dos outros, pois suas fronteiras se sobrepõem. Cada um deles, quando devidamente aplicado, tende a compensar as deficiências dos outros. Cada método apresentado a seguir, usará as quatro partes essenciais do estudo da Bíblia, vistas no capítulo anterior: observação, interpretação, correlação e aplicação.

Método Devocional O método devocional de estudo da Bíblia propõe um contato pessoal e direto com as Sagradas Escrituras, a busca da revelação de Deus no contato pessoal e direto com a sua Palavra, mediante a unção que dele recebemos (I Jo 2:20,27). Trata-se de um exercício voluntário, consciente e pessoal, por meio da leitura cuidadosa e regular da Palavra. “Abre bem a tua boca e tá encherei”, diz o Senhor (Sl 81:10). Você precisa aprender a arte de “abrir a boca” para meter a Palavra de Deus dentro do espírito. Uma vez ingerida, isto é, corretamente lida, a Escritura Sagrada provoca uma revolução dentro de você, desce aos lugares mais profundos, mexe em tudo. Estas coisas acontecem por causa do valor intrínseco da Palavra e por causa da operação do Espírito Santo.

Kay Arthur reforça: “Se você anseia por conhecer a Deus, se almeja ter comunhão profunda e permanente com Jesus Cristo, se quer levar a vida cristã com fidelidade, sabendo o que Deus requer de você, é preciso fazer mais que simplesmente ler a Bíblia e estudar o que alguém disse a respeito dela. É necessário você mesmo interagir com a Palavra de Deus, absorvendo sua mensagem e deixando que Deus grave a verdade dele em seu coração, mente e vida. Este é o âmago do estudo indutivo: que a pessoa possa ver a verdade por si mesma, discernindo-lhe o significado e aplicando-o à sua vida (...) Quando nos detemos para refletir sobre o que deus está dizendo e como isso se aplica a nós, é então que o Espírito Santo aviva a Palavra em nosso coração; é então que sabemos que Ele tem uma mensagem especial para nós, num momento específico da vida. Ao mesmo tempo em que estudamos a Bíblia de modo indutivo, devemos lê-la como fonte devocional. Com “devocional” quero dizer: com um coração que deseja ouvir o que Deus lhe está dizendo. Deus nos fala pessoalmente por sua Palavra. Portanto, ao ler e estudar, não deixe de separar tempo para ouvir seu Deus”. 20

A professora Durvalina B. Bezerra reforça: “Meditar é abrir o Livro de Deus, para ouvir a Sua voz, e não para ouvir aquela resposta que já formulamos em nossa mente; para saber como Ele age ou quer agir a nosso respeito, e não para buscar apenas a confirmação de nossos atos; para conhecer a revelação de Sua vontade soberana, de Seu caráter, de Sua verdade. Meditar não é ler a Bíblia na página que for aberta, aleatoriamente, ou ler apenas os Salmos, mas ler seqüencialmente, A revelação divina obedece a uma ordem de princípios, que deve

20 Kay Arthur. Como estudar sua Bíblia pelo método indutivo. Editora Vida, p. 8, 23-24.

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ser entendida parte por parte. Do Gênesis ao Apocalipse, do início de um livro até o seu fim. Meditar na Palavra requer tempo específico e determinado. Precisamos buscar o maná, enquanto o sol não esquenta para derretê-lo. Cumpre-nos empunhar a espada do Espírito (a Palavra de Deus), no início do dia, a fim de estarmos preparados para as lutas do cotidiano. Meditar requer um espírito persistente, que não se deixa vencer pelas dificuldades ou pelos obstáculos da vida cristã. Deus precisa ser conhecido, para que saibamos orar e realizar a Sua obra, segundo o modelo revelado nas Sagradas Escrituras. Precisamos meditar na Palavra para conhecer a vontade divina e obedecê-la.”21

Realize este empreendimento com qualidade aproveitando as seis seguintes providências, sugeridas por Elben Lenz César, no livro “Práticas Devocionais”: 1. Ler. Percorra com os olhos o que está escrito. Tome conhecimento do texto. “Buscai no livro do Senhor e lede” (Is 34:16). O rei de Israel deveria escrever um tratado da lei do Senhor para ler todos os dias da sua vida (Dt 17:18-20). 2. Meditar. Meditar é mais do que ler. Examine o texto lido. Reflita sobre ele. Gaste algum tempo para ficar por dentro da mensagem que o texto encerra. Veja a disposição do salmista: “Os meus olhos antecipam as vigílias noturnas, para que eu medite nas tuas palavras” (Sl 119:148). Só neste Salmo, o verbo meditar aparece seis vezes (v.15,27,48,78,97 e 148). Aquele que medita na lei do Senhor de dia e de noite “é como árvore plantada junto a corrente de águas” (Sl 1:3). 3. Memorizar. Guarde na cabeça o que você leu e meditou. Entregue-o à memória, retenha-o, não o deixe escapar. Decore. Guarde-a na despensa interior. Veja o propósito do salmista: “Induzo o coração a guardar os teus decretos, para sempre, até ao fim” (Sl 119:112). Como está o seu “estoque” mental da Palavra? Se, de repente, você ficasse sem a Bíblia, saberia decorados quantos versículos bíblicos? 4. Inculcar. Enfie bem para dentro a Palavra de Deus. Coloque-a nas entranhas, “no mais íntimo do coração” (Pv 7:1-3); torne-a propriedade pessoal. Provoque uma impregnação da Sagrada Escritura em todo o seu ser. Era isto que Israel deveria fazer com as crianças: “Estas palavras que hoje te ordeno, tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te” (Dt 6:6-9). 5. Conferir. Compare texto com texto. Não só para descobrir o sentido exato da passagem lida, mas também para enriquecer o seu conhecimento de toda a Escritura, consultando outras passagens paralelas. 6. Lembrar. Aprenda a fazer uso prático do que foi guardado na memória e nas entranhas. Retire da despensa o que já foi armazenado, e sirva-se à vontade. Você nunca vai ficar na mão, sem assistência, sem tratamento, sem pão. É só lembrar e aplicar. É nesse sentido que Jesus disse: “Lembrai-vos da mulher de Ló (Lc 17:32). Fez muito bem a Pedro lembrar-se de que Jesus lhe dissera: “Hoje três vezes me negarás, antes que o galo cante” (Lc 22:61).

Sugestões gerais práticas: Por causa do temperamento, do estilo pessoal de ler e de estudar e da disponibilidade de tempo, cada um deve descobrir e adotar, disciplinadamente, a maneira própria mais indicada

21 Citado do seu artigo “Nutrindo a vida espiritual”, publicado na Revista Raio de Luz, edição 105, p. 50-53.

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de ler a Bíblia. Os métodos alheios servem apenas de exemplos. Considere, todavia, mais estas sugestões: 1. Reserve a hora mais propícia do dia para ler a Bíblia22 (o período regular da hora silenciosa, despendida todos os dias com Deus, quando você pode meditar com espírito de oração sobre alguns versículos das Escrituras). Assim como fazia Israel quanto à colheita diária do maná, do crente diligente Deus requer a leitura e o estudo diário da Sua Palavra (Dt 17:19).

Observações: a) É importante definir a hora certa (qualquer que seja ela), pois, se não fizermos isso, nossas boas intenções nunca se concretizarão, e leremos a Bíblia apenas ocasionalmente. b) A melhor hora é aquela em que pudermos sentar-nos aos pés do Senhor, tranqüilos, sem pressa. Não se pode ser dogmático nem legalista nessa questão. Uma senhora que tem filhos pequenos, por exemplo, só poderá fazê-lo já pelo meio da manhã. Aqueles que trabalham em turnos variados terão que adaptar seu horário de acordo com o serviço. Mas como decidimos buscar em “primeiro lugar o seu reino e a sua justiça”, segue-se que a hora devocional deverá ter prioridade em nossa vida, juntamente com as outras formas de estudar a Palavra de Deus. 2. Fazer uma leitura devocional não significa que você tenha de desligar o seu intelecto, mas que a ênfase deve ser dada, com espírito de reverência, a uma aplicação pessoal do trecho lido. 3. A preocupação maior deve ser com a qualidade da leitura e não com a quantidade. Você não precisa ler a Bíblia toda durante o ano, mas precisa ler a Bíblia com proveito o ano inteiro. 4. Procure ler toda a Bíblia — É a única maneira de conhecermos a verdade completa dos assuntos tratados na Bíblia, visto que a revelação de Deus mediante ela é progressiva (Pv 4:4:17; II Pe 1:19). Não necessariamente de Gênesis ao Apocalipse. Leia grupos de livros: os livros poéticos, as Cartas de Paulo, os profetas menores, o Pentateuco, os quatro Evangelhos, os livros históricos e assim por diante. Para seu controle pessoal, coloque a data do início e do final da leitura em cada livro.

22 Tim LaHaye conta: “Quando eu era jovem, recém-ordenado, conheci um missionário cuja vida e persistência eu admirava grandemente. Quando lhe indagaram sobre o segredo de seu sucesso, ele respondeu: ‘Nunca passo um dia sem observar meu momento devocional de oração e estudo da Bíblia, em comunhão com Deus’. Quando perguntei: Como foi que o senhor aprendeu a ser tão persistente?, ele respondeu: ‘Muito simples. Fiz um voto sagrado para com Deus – sem Bíblia, não há café.’ A seguir, explicou que houve dias em que um dos filhos estava doente, ou aconteceram imprevistos que não lhe permitiam passar momentos a sós com a Palavra de Deus. Mas quando isso se dava, ele dizia: ‘Não vou tomar café. Se estou com pressa e sem tempo para alimentar a alma, também não tenho tempo para alimentar o corpo – e durante todos estes anos, só deixei de tomar café, por não ter podido ler a Bíblia, muito poucas vezes’.” “Devo gastar as melhores horas do dia em comunhão com Deus. É minha ocupação mais nobre e mais frutífera, e não deve ser colocada em segundo plano.” — Robert Murray M’Cheyne.

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Outros passos a seguir no desenvolvimento do método devocional: O método devocional permite um certo grau de flexibilidade, podendo aplicar-se a uma só palavra, a uma frase, a um versículo, a um capítulo ou a um livro inteiro da Bíblia. Seu desenvolvimento inclui, ainda:

1. Para o seu estudo devocional diário, faça primeiro uma leitura rápida para ter a idéia geral do texto. (Geralmente, a definição deste texto virá da seqüência do seu próprio plano mensal ou anual de leitura da Bíblia – “Haverá momentos, durante a leitura da Palavra, em que um ou mais versos das Escrituras ganharão vida para nós, e teremos o desejo de parar e pensar um pouco sobre eles para receber toda a mensagem que o Senhor quer comunicar-nos.” Campbell McAlpine) Depois de escolher a porção bíblica na qual você se deterá, comece a lê-la várias vezes com atitude devocional.23

2. A seguir, estude detalhadamente o texto escolhido. É bom adotar algum sistema de marcação da Bíblia, como anotar referências e alguns tópicos na margem, sublinhar, sombrear ou grifar um ou mais versículos ou palavras mais importantes, nos quais deseja concentrar sua meditação. Use sua Bíblia como um banco, guardando nela os tesouros que Deus lhe dá, para que não se percam. Algumas pessoas preferem ter um caderno ou um diário, no qual registram tudo que o Senhor lhes diz e ensina. Já aconteceu com você a experiência de ter recebido de Deus uma idéia, um pensamento, um conceito novo sobre alguma passagem bíblica, e por falta da reprodução escrita, esqueceu? O esforço de escrever as notas torna a leitura e a meditação mais sérias e ajuda a memorizar as lições aprendidas. Além disto, mais tarde você terá condições de retomar estas notas e aprimorar seus estudos. Cada um deve adotar o método que melhor lhe convier, que o ajude a reter o máximo possível. 3. Use o dicionário bíblico para entender toda palavra difícil.

4. Descubra as palavras-chave. Visualize os verbos. Considere comparações, contrastes e repetições.

5. Consulte outras versões.

6. Faça a correlação bíblica.

7. Só consulte as notas de rodapé, comentários e dicionários bíblicos depois do esforço próprio de entender o texto. Evite a preguiça mental.

8. Faça uma PARÁFRASE, isto é, reescreva o texto bíblico em estudo, com suas próprias palavras, primando pela clareza da linguagem, sem mudar o conteúdo. Cada palavra importante do texto bíblico deve ser trocada por outra que lhe seja sinônima dentro da sua compreensão, segundo o curso normal do seu estudo. Como resultado deste esforço, a Palavra de Deus falará pessoalmente a você.

23 Certa vez perguntaram a um missionário que fora muito usado por Deus na China como ele lia a Bíblia. E ele respondeu: “Como bastante batata e um pouco de carne, diariamente.” Pediram-lhe que explicasse essa observação e ele respondeu: “Todos os dias, leio muitas páginas da Bíblia. Isso seria como comer muita batata, que enche o estômago. Mas também medito em um ou dois versos. Isso é a carne; é o que nutre.”

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9. Peça sempre o auxílio do Espírito Santo, por meio de uma oração e por meio de uma atitude de dependência e humildade, para entender as Escrituras e se beneficiar dela. É o Espírito quem levanta o véu e deixa você ver a riqueza toda que está atrás da mera letra. A pessoa que procurar entender a Bíblia somente através da percepção intelectual, muito cedo desistirá disso. Só o Espírito de Deus conhece as coisas concernentes a Deus.

10. APROPRIAÇÃO. À medida que o significado da porção bíblica estudada começa a perpassar todos os ângulos da sua vida, a viva e eficaz Palavra de Deus (que não volta para Ele vazia) lhe revelará realidades pessoais específicas às quais você deve aplicá-la. Ou seja, você então se identifica com a porção bíblica estudada, toma posse do seu significado e faz com que ela seja parte da sua própria experiência de vida. Neste momento, apenas você com suas questões existenciais fica exposto à luz reveladora da santa Palavra (apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração), disposto a desnudar seu íntimo na presença de Deus, ouvir a Sua voz e receber a Sua ministração restauradora. Você se dispõe a mudar seu ponto de vista e atitudes se descobrir que eles estão fora do princípio bíblico. Faz isto com firme decisão de ser transformado e habilitado para toda boa obra, segundo a instrução da Palavra: ela gera conhecimento de Deus e compreensão de nós mesmos; gera fé, convicção e esperança; ela promove comunhão com Deus e comunhão com os homens; ela produz conforto em meio a angústias; ela repreende e corrige; ela exerce poderosa influência nas tomadas de decisão; ela cria uma mentalidade religiosa saudável; ela acomoda nos porões do subconsciente e forma uma bagagem de valor inestimável, que aflora naturalmente nos momentos mais necessários. Deixe a Palavra de Deus prosperar naquilo para que Ele a designou na sua vida, na sua hora devocional. Uma vez tomada a decisão, lembre-se: o Espírito Santo está ao seu lado para fortalecer você em seu compromisso cristão – “(...) aquele que começou boa obra em vós há de completá-la até o Dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6). A perseverança dos santos não acontece sem que Deus os preserve pela graça.

Observação: “A Bíblia é a geografia da alma.” Deus nos conhece, compreende nossas necessidades e problemas. Ele nos possibilita, pelo estudo da Sua Palavra, conhecermos mais a nós mesmos e discernir nossas motivações, anseios e temores mais íntimos. E no processo de nos conhecer melhor e de aplicar especificamente em nós a Palavra de Deus, vamos sendo restaurados em nossa personalidade. Essa é mais uma vantagem da prática constante do estudo bíblico devocional. Uma grande parte da ajuda que alguns cristãos buscam nos psicólogos e psiquiatras (e pela qual pagam caro atualmente) seria desnecessária se adotassem fazer regularmente o estudo devocional da Palavra de Deus.

11. Ame a Palavra: “Quanto amo a tua Lei! É a minha meditação todo o dia” (Sl 119:97). Quanto mais nos alimentamos da Palavra de Deus, maior se torna nosso amor, nosso apetite por ela. Considere a possibilidade de decorar um dos versículos nos quais você meditou e aplicou durante a semana.

12. O seu estudo deve ser transmissível (II Tm 2:2); passe a outros o que tiver o privilégio de aprender.

Observação: A desvantagem de restringir o estudo da Bíblia ao momento devocional está na dieta desequilibrada que ele oferece: muito leite, pouca carne. É preciso então que o estudo seja suplementado de outras maneiras.

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O testemunho de Jorge Muller Deus se dignou ensinar-me uma verdade de cujos benefícios tenho gozado há anos. Entendi, de uma forma muito clara, que o primeiro cuidado que devo ter a cada dia é alegrar minha alma em Deus. Então minha primeira preocupação não era procurar ver quantas tarefas deveria realizar na obra de Deus, mas o que teria de fazer para edificar minha alma no Senhor, e como iria alimentar meu homem interior. Poderia estudar a verdade da Palavra de Deus para apresentá-la aos perdidos, para ajudar os crentes, confortar os aflitos e aprender a me conduzir de maneira mais condizente com um filho de Deus. Contudo, se não me alegrasse no Senhor, se não me fortalecesse interiormente todos os dias, não teria realizado nenhuma dessas coisas com a atitude certa. Anteriormente, eu tinha o hábito de me dedicar à oração assim que me levantava pela manhã. Mas depois entendi que a atividade mais importante era entregar-me à leitura e meditação da Palavra. Desse modo, iria sentir-me confortado, inspirado e instruído. Deus me exortaria e corrigiria, e assim por meio de sua Palavra teria uma comunhão real com o Senhor. Então comecei a meditar sobre o NT, todos os dias pela manhã. Fazia uma breve oração pedindo a bênção dele para sua Palavra, e logo me punha a meditar nela, analisando detalhadamente cada versículo, procurando tirar dele uma bênção... não para benefício de meu ministério público, não para pregar, mas para “alimentar” minha alma. E todos os dias acontecia invariavelmente a mesma coisa. Após alguns minutos, sentia-me compelido a confessar algum pecado, ou a interceder, ou dar graças, ou suplicar alguma bênção. O fato é que logo me sentia inclinado a orar. Depois de alguns instantes de oração, passava às palavras seguintes, transformando-as em oração por mim mesmo ou pelos outros, de acordo com aquela mensagem bíblica. Mas sempre mantinha em mente que o objetivo principal da meditação era buscar alimento espiritual para minha alma.

Exercício

Se você não tem o hábito de ler a Bíblia meditativamente, eis uma sugestão para iniciar: separe um dia em que possa sair da rotina — sem trabalho, interrupções ou compromissos. Talvez você tenha um lugar favorito no campo ou na praia. Onde quer que seja, encontre um lugar em que possa passar várias horas sozinho.

Devote seu tempo à meditação em João 4:1-42, o relato em que Jesus visita Samaria. Comece pedindo a Deus que o ajude a ganhar penetração na Sua Palavra e que mostre como aplicá-la. Então leia a passagem várias vezes. Use as sugestões para leitura bíblica repetitiva.

Examine as seções antes e depois de João 4 para estabelecer o contexto. Daí observe cuidadosamente a passagem para responder a questões como: Quem são as pessoas nesta história? Quem são os samaritanos? Por que era fora do comum para Jesus conversar com tal mulher? Qual foi a reação dos vizinhos dela? E a dos discípulos? O que Jesus diz a eles quando retornam? Que lições esta passagem ensina sobre contar a história do evangelho aos outros?

Depois de ter tido uma compreensão da história, pense sobre que implicações ela pode ter para você. Por exemplo, que tipos de pessoas você normalmente evita? Por quê? Como estas pessoas reagiriam ao Evangelho? Há alguma coisa que você poderia fazer ou dizer que as ajudaria a se aproximarem de Cristo e a confiarem nele definitivamente? Quando se trata de evangelismo, você é semeador ou ceifeiro (vv. 36-38)? Ou nenhum dos dois? Com qual dos personagens da história você se identifica mais? Por quê?

Como você veio a crer em Cristo? Quem falou de Jesus a você? Qual foi a sua reação? Para quem você falou sobre Jesus? O que você disse? Qual foi a resposta? Há princípios nesta história que você poderia usar na próxima vez em que falar a alguém sobre Jesus?

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Você pode fazer perguntas adicionais. O objetivo é mastigar a Palavra, procurando por esclarecimentos, e examinar a si mesmo, procurando por maneiras de aplicar as Escrituras. Certifique-se de escrever tudo o que observar na passagem, bem como suas conclusões. E passe tempo em oração. Com base no que estudou e meditou, o que Deus está lhe dizendo? O que você precisa dizer a Ele? Em que área você precisa de Seus recursos e ajuda? Que oportunidades de evangelismo gostaria que Ele abrisse para você?

Método biográfico de estudo da Bíblia Consiste em estudar a Bíblia procurando conhecer seus personagens (vida, obra e caráter) e retirar para nossa vida exemplos preciosos: “Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos, e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado” (I Co 10:11). As Escrituras mencionam quase 3.000 indivíduos. Eles foram homens e mulheres reais, que tiveram os mesmos desejos e necessidades, objetivos e tentações, esperanças e temores que a humanidade dos nossos dias. Kay Arthur sintetizou bem: “Por meio de sua Palavra, Deus nos tem dado histórias verdadeiras de indivíduos que experimentaram vitórias, derrotas, segundas oportunidades, lutas, êxtases e depressões – gente exatamente como nós. Quando se estudam as interações de Deus com essas pessoas, tanto ao fazerem coisas certas quanto ao agirem ao contrário, pode-se obter uma melhor compreensão da santidade, da soberania, da longanimidade e da justiça de Deus. Ao observar como Ele tratou com as pessoas na Bíblia, você pode ver de que modo Ele trata com as pessoas hoje. É por isso que o estudo das personagens é valioso.”

Precauções: a) Não confundir pessoas com o mesmo nome. b) Não confundir pessoas que aparecem em narrativas semelhantes. c) Certas pessoas nas Escrituras parecem ligadas de modo indissolúvel como resultado de algum incidente, e parece quase impossível considerar uma delas de maneira isolada. Exemplos: Boaz e Rute; Sansão e Dalila; Marta e Maria. d) Alguns personagens abrangem muitos capítulos e até mesmo livros inteiros. Nesses casos de biografias extensas, é melhor manter o estudo em tamanho manejável: estudar certos períodos da vida destes homens ou estudar suas características mais importantes. Exemplos: a) “Moisés durante o êxodo”; b) “Vida de Davi, antes de tornar-se rei”; c) “A vida de Pedro antes de negar a Jesus”; d) “A vida de Paulo antes da sua conversão”; e) “Que diz o Novo Testamento sobre Abraão” etc. A razão é que existem alguns personagens cuja história completa é bastante ampla para ser bem analisada num único estudo.

Passos do método biográfico: 1. Escolher a pessoa que você quer estudar. 2. Reunir toda a informação sobre essa personagem. Faça uma lista de todas as citações sobre essa personagem na Bíblia. Para achar as passagens em que a pessoa é mencionada, use o sistema de referências de sua Bíblia ou uma concordância.

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3. Ler os textos e, ao lado de cada um deles, escrever um resumo da informação a respeito do personagem. 4. Procurar referências extrabíblicas. Depois que tiver encontrado tudo o que puder da Palavra de Deus por conta própria, leia um bom dicionário bíblico ou outros livros de referência para ver o que têm a dizer sobre a pessoa que está estudando. Isso pode ajudar a reforçar o que aprendeu. Entretanto, ao examinar essas referências, não deixe de compará-las ao prumo da Palavra de Deus. 5. Compilação do seu material. Uma vez que tenha completado sua pesquisa, há várias maneiras diferentes de organizar as verdades que descobriu, dependendo do destaque que deseja dispensar. Pode organizá-la: a. Cronologicamente, do nascimento até a morte. Usar variadas perguntas estratégicas que facilitam esta tarefa (ver a lista de perguntas no exemplo seguinte). Não desprezar os detalhes. Nenhum deles é sem importância; se foi registrado na Bíblia, deve haver um propósito. b. De acordo com os acontecimentos mais importantes na vida da pessoa. c. De acordo com os princípios de vida ou do ministério. 6. Registrar virtudes e fraquezas da pessoa. Por que Deus a considerou grande? Quando ela falhou? Exponha a realização ou contribuição que mais se destaca naquela pessoa. 7. Escrever uma breve história do personagem. Tentar recriar os fatos e contá-los com vibração (lembre-se: o personagem bíblico foi um ser humano real). 8. Aplicar. Descubra lições e princípios que podem ser tirados da biografia para aplicá-los em sua vida. Experimente fazer um arquivo com estudos biográficos dos principais personagens bíblicos. Acompanhe, a seguir, um exemplo de estudo biográfico, observando diversas perguntas que você pode fazer para obter o maior número possível de informação sobre o personagem em estudo.

Exemplo: Estudando a vida do profeta Samuel 1. Qual é o seu nome? Samuel. 2. Onde nasceu (localização geográfica)? Em Ramá, uns 10 km ao norte de Jerusalém (I Sm 1:19-20). 3. Quando nasceu (ano, época ou período histórico)? Época do sacerdote Eli (1:9,12). A Palavra do Senhor estava rara, as visões não eram freqüentes (3:1). 4. Há algo diferente quanto ao seu nascimento? Sim; sua mãe era estéril, ele foi resposta de oração (I Sm 1:2,5). 5. Quem foram seus pais? Que tipo de influência os pais exerceram sobre o personagem? Elcana e Ana; Influência boa (1:1-3); Seus pais eram levitas (I Cr 6:33-38). Toda honra à sua mãe, Ana, nobre exemplo de maternidade; seu filho tornou-se um dos homens de caráter mais nobre do Velho Testamento.

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6. Eventos ou circunstâncias que marcaram os primeiros anos de sua vida? Morava em Siló, na casa do sacerdote Eli; cuidava do templo (I Sm 2:18,26; 3:1,15). 7. É casado? Quem foi sua esposa e filhos? Qual a contribuição positiva ou negativa deles ao seu projeto de vida? Sim; a Bíblia não fala o nome da esposa dele, mas diz que ele tinha filhos, então logicamente era casado (8:1-5). Filhos: Joel e Abias. 8. Qual era a sua ocupação principal quando adulto? a. Juiz (I Sm 7:6,15-17; At 13:20). b. Profeta (At 3:24; I Sm 3:20; 9:6,9,15-20,27). c. Sacerdote (I Sm 7:9). 9. Quais foram os acontecimentos principais de sua vida? Faça um gráfico das viagens da pessoa. Aonde ela foi? Por que? Que fez? a. Fundador da Monarquia em Israel (I Sm 8:9-22; 10:25; Dt 17:14-20). b. Fundador da primeira escola de profetas em Ramá (I Sm 19:18-20; 20:1). c. Ungiu o primeiro rei de Israel: Saul (I Sm 10:1-8). d. Ungiu o segundo rei de Israel: Davi (I Sm 16:12-13). 10. Como morreu? De velhice (I Sm 12:2; 25:1). 11. Que influência deixou? Boa. 12. Análise do caráter do personagem, detectando: a. Elementos de poder e de êxito. Foi resposta de oração (I Sm 1:27-28); foi homem de oração (I Sm 7:2-10; 8:6; 12:18-23; 15:11). b. Elementos de fraqueza e fracasso. Talvez não educou bem os filhos (8:2-5). c. Dificuldades vencidas e como venceu; ou: Como reagiu durante tempos de crise? Arca tomada (4:1-5,17; 5:1-12). Venceu com arrependimento, oração, clamor e jejum (7:2-9). d. Privilégios que lhe favoreceram. Nenhum. e. Oportunidades desperdiçadas. Nenhuma. f. Perigos evitados. Deixar Israel derrotado nas mãos dos filisteus (7:5). g. Houve crescimento espiritual em sua vida. Sim (9:6).

Método analítico de estudo da Bíblia Consiste em analisar cuidadosa e completamente uma passagem bíblica, tendo o cuidado de notar até os seus pormenores. Seu objetivo é reconstruir tão claramente quanto possível o pensamento original do escritor. Nessa reconstrução, o estudante irá encontrar os fatos que levaram o autor a dizer o que disse, da maneira que disse.

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Diretrizes para usar o método analítico: 1. Começar seu estudo com oração e dependência no Espírito Santo. 2. Procurar uma passagem com tema completo (parágrafo, secção ou livro). 3. Anotar toda e qualquer minúcia que notar. 4. Seguir os passos da Observação: a) bombardear a passagem com perguntas: Quem? Quê? Onde? Quando? Por quê? Como? b) Anotar verbos, substantivos e outras palavras-chaves. c) Ler repetidamente até sentir que está de posse do texto e que o texto se apossou de você. d) Resumir a passagem com pequenas sentenças ou fazer uma paráfrase. e) Sublinhar os verbos; focalizar o assunto central. 5. Esboçar o texto. 5. Seguir os passos da Interpretação. 6. Fazer a Correlação bíblica. 7. Extrair o pensamento-chave da passagem e de cada versículo analisado. 8. Aplicar.

Algumas questões para o estudo analítico: 1) Qual é o assunto principal? 2) Quem são as pessoas principais? 3) O que o texto diz a respeito de Cristo? 4) Qual é o versículo-chave ou principal? 5) Qual a lição central? 6) Quais são as principais promessas? 7) Qual o erro apontado que devo evitar? 8) Qual o exemplo que devo seguir? 9) O que há nesta passagem que eu mais preciso aplicar em minha vida? Exemplo: Estudo Analítico de 1 Pd 2:1-25 Vv.1 (Interpretação): Seguir este conselho é alienar-se do mundo, pois é assim que o mundo age. Não segui-lo é alienar-se de Deus. Vv. 2 (Aplicação): Peça com ardor o leite da Palavra. Vv. 3 (Correlação): Salmo 34:8. Vv. 1 e 11 (Observação): A santificação é uma das ênfases de 1 Pedro. Ela deve dar-se em três direções: a. Para com Deus (v. 13) – esperar, ter fé, apropriar-se da graça de Deus; b. Para com os outros (v. 1) – relacionada com os últimos seis dos Dez Mandamentos; c. Para consigo mesmo (v. 11) – estes são pecados que primeiramente ferem a pessoa que os comete.

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Vv. 4-8 (O): Três citações do VT são usadas para explicar o uso de pedra com referência a Jesus Cristo (Is 8:14; 28:16; Sl 118:22). Vv. 9-10 (O): Quem somos? Somos... a. Raça eleita – a palavra eleita (“eleitos”) é empregada em 1:2 também. Fomos eleitos para a obediência (1:2), e fomos eleitos para o serviço (2:9). A santificação é a nossa meta, e a obediência é o processo. b. Sacerdócio real – no vers. 5 é sacerdócio santo; aqui é sacerdócio real, com as figuras provavelmente tomadas de Melquisedeque, o rei-sacerdote do VT (Gn 14). c. Nação santa – coletivamente somos o povo de Deus e formamos uma nação singular, povo cujo carimbo distintivo é a santidade. Nosso alvo é sermos parecidos com Cristo. d. Propriedade exclusiva, peculiar – somos povo especialmente aparelhado para ser possessão de Deus. A palavra peculiar, usada em algumas versões, significa “produzido ou adquirido por alguém para si mesmo” – ou seja, refere-se a algo que é privativo de uma pessoa. Deus nos adquiriu para sermos um povo para Ele. (A) Nem sempre fomos essas quatro coisas, razão por que devemos louvar a Deus porque Ele nos mudou: 1. Das trevas para a luz – do pecado para a gloriosa salvação. 2. Da condição de não povo para a de povo de Deus – da insignificância para propósito e sentido. 3. Da ausência de misericórdia para tê-la em abundância. Vv. 12 - Sendo exemplo diante dos incrédulos. Vv. 13 (O): “toda instituição humana”. Devemos obedecer a todas as leis que não violem as leis de Deus, quer o governo seja favorável, quer seja hostil, e o fazemos por causa do Senhor (ver Atos 4:19; 5:25). Vv. 13,15 (O): as duas ordens dadas nesta parte são sujeição e serviço (“sujeitai-vos”... “pela prática do bem”). Vv. 15,19,20 (O): as duas razões dadas nesta porção para submissão e serviço são: 1. demonstrar ao mundo que a vocação de Deus é para uma vida em prol do bem; 2. a Deus agrada tal conduta, visto que reflete o caráter de Jesus Cristo (vv. 21-25). Vv. 13,14,18 (O): os dois grupos aos quais devemos sujeitar-nos e aos quais devemos servir são o governo e os empregadores. Vv. 25 (O): somos bem parecidos com ovelhas extraviadas, mas Cristo nos trouxe de volta para Si. Isso revela que Ele é:

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a. Pastor: uma das mais antigas descrições de Deus na Bíblia (ver Is 40:11). Ele tomava conta das Suas ovelhas (do Seu povo), melhor do que o pastor da Judéia tomava conta das suas ovelhas (dos animais). b. Bispo ou Supervisor: esta palavra designa aquele que superintende, guarda e protege. É o que Cristo é para Seu povo (ver Mt 28:20).

Método tópico de estudo da Bíblia Consiste em estudar a Bíblia por assuntos ou temas específicos. Exemplo: A Carta aos Romanos, ao desenvolver o seu assunto, toca numa porção de tópicos, tais como, a fé, a graça, o pecado e a justificação. Entretanto, o tratamento que dá a cada um desses tópicos não é completo. No método tópico do estudo da Bíblia você vai selecionar um assunto e investigá-lo em larga escala em grande parte das Escrituras. O tópico pode ser: a. literal, isto é, expresso por uma palavra ou expressão bíblica. Exemplos: Fé, Dízimo, Paz, Esperança, Céu, Inferno, Fidelidade, Graça, Misericórdia, Perseverança, Santificação, Amor, Perdão, Mansidão, Vitória, Adoração, Temor, Hospitalidade etc. b. analógico, isto é, expresso por um conceito ou idéia. Exemplos: “Idoneidade dos oficiais da Igreja”, “Deveres dos pais”, “Divórcio e novo casamento”, “Você é a favor da pena de morte?”

Condutas a seguir no estudo bíblico pelo método tópico: 1. Ter objetividade na escolha do tópico ou tema a ser estudado e delimitar sua extensão ou abrangência. Tratando-se de um assunto muito geral, a tarefa pode ser simplificada tomando-se apenas um aspecto do assunto. Exemplo: Ao invés de estudar o tema “Pecado” em toda a Bíblia, procure examiná-lo num estudo concentrado na Primeira Carta de João. 2. Analisar os desdobramentos do significado do tema escolhido. Exemplos: a) Se escolher estudar “A Lei de Deus”, procurará também referências bíblicas relacionadas às seguintes palavras com idéias semelhantes: estatuto, mandamento, juízo, preceito, testemunho. b) Se escolher o tema “Submissão a Deus”, o dicionário de português lhe dá a dica: Submissão é obediência, humildade, respeito. Assim, você descobre que “submissão” implica alguns comportamentos, os quais devem ser incluídos no estudo. 3. Procurar minuciosamente em toda a Bíblia ou no livro restrito à pesquisa passagens relacionadas ao assunto a ser estudado. Listar essas passagens, em anotação paralela. 4. Escrever resumidamente o teor de cada texto pesquisado (o pensamento-chave), levando em consideração suas anotações obtidas na Observação, Interpretação e Correlação das passagens selecionadas. 5. Ordenar o assunto em forma de esboço, dividindo-o em pontos e sub-pontos. Esta ordem pode ser numérica, cronológica, lógica, comparativa, contrastante, ou ainda qualquer outra, dependendo dos objetivos em mente. Certifique-se de tratar do tópico de modo coerente e completo.

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Exemplo: A palavra “consciência” aparece cerca de 30 vezes na concordância bíblica. Para classificar o material do tópico “consciência” é possível colocá-lo em duas categorias: a. Características de uma consciência insatisfatória: Fraca (1 Co 8:7,12); Cauterizada (1 Tm 4:2); Corrompida (Tt 1:15); Má (Hb 10:22). b. Aspectos de uma consciência satisfatória: Purificada (Hb 9:14); Boa (At 23:1; Hb 13:8); Pura (1 Tm 3:9); Inofensiva (At 24:16). 6. Notar o relacionamento entre o tópico e o contexto. Cada vez que uma porção das Escrituras é retirada do contexto – isto é, das palavras, sentenças e parágrafos à sua volta – essa porção bíblica pode ser mal-interpretada. Portanto, é importante observar o contexto e o verdadeiro sentido do tópico. 7. Buscar conclusões legítimas e práticas (Aplicação), tendo o cuidado de não forçar a Bíblia para sustentar idéias pessoais. Exemplos: 1. Tópico ou tema: “Privilégios que podem pertencer a todos nós”. Pesquisa do tema restrita ao Novo Testamento. Subdivisões possíveis: a) O privilégio de tornar-se filho de Deus (Jo 1:12). b) O privilégio de tornar-se herdeiro de Deus (Rm 8:16-17). c) O privilégio de tornar-se discípulo de Cristo (Jo 8:31). d) O privilégio de tornar-se amigo de Cristo (Jo 15:13-15). e) O privilégio de tornar-se cooperador de Deus (I Co 3:9). 2. Tópico ou tema: “Homens em quem Deus tem prazer”. Pesquisa restrita ao Antigo Testamento. Subdivisões possíveis: a) Deus tem prazer em homens íntegros (Pv 11:20). b) Deus tem prazer em homens tementes a Ele (Sl 147:11). c) Deus tem prazer em homens obedientes (I Sm 15:22). d) Deus tem prazer em homens que falam a verdade (Pv 12:22). 3. Tópico ou tema: “A vontade de Deus”. Procurar na concordância e transcrever para uma folha de papel todas as referências relativas à vontade de Deus. Ver que algumas se repetem. A seguir, ler várias vezes as passagens relacionadas, até perceber que seguem uma certa linha de pensamento. Observar, Interpretar, Correlacionar. Esboçar o estudo, que pode adquirir o seguinte aspecto: I. Deus tem um plano para nossa vida – Salmo 32:8, Is 30:21; 58:11; Rm 12:1-2. II. Exemplos de revelação da vontade de Deus: Cristo – Lc 22:42; Jo 4:34; Davi – At 13:22 e 36. III. A vontade de Deus para todos os homens 1. Que se arrependam e sejam salvos – I Tm 2:4; II Pe 3:9; Mt 18:14; Jo 6:40. 2. Que sejam cheios do Espírito Santo – Ef 5:17-21. 3. Que sua mente esteja sempre cheia da Palavra de Deus – Cl 1:9; 4:12. 4. Que rendam sua vontade e corpo a Ele – Rm 12:1-2. 5. Que sirvam Cristo de coração alegre – Ef 6:6-7 6. Que vivam uma vida santificada e moralmente pura – I Ts 4:3; I Pe 4:2.

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7. Que dêem graças em tudo – I Ts 5:18. IV. Os prêmios para quem faz a vontade de Deus – I Jo 2:17. V. As conseqüências da desobediência à vontade de Deus – Mt 7:21.

Método livro por livro ou Método sintético de estudo da Bíblia Aborda cada livro da Bíblia como uma unidade e procura entender o seu sentido como um todo. Evita minúcias, e estuda os itens mais importantes no escopo global do livro. Com o método analítico você olhou o texto através de um microscópio; com o método sintético livro por livro você olha através de um telescópio. O que o escritor, movido pelo Espírito Santo, tinha em mente quando escreveu? Qual o pensamento-chave ou idéia principal do livro? Como atinge ele o seu objetivo? São desta espécie as questões relevantes para o método sintético. Como em todos os métodos de estudo da Bíblia, você incorpora as quatro partes básicas: Observação, Interpretação, Correlação e Aplicação.

Por que estudar a Bíblia livro por livro? 1. Os livros da Bíblia foram escritos como um todo, sem a separação em capítulos e versículos, conforme temos hoje. 2. Para entender a mensagem do livro, temos de estudá-lo como um todo. 3. A leitura repetida do livro favorece nossa compreensão e assimilação global de seu conteúdo e nos habilita a estudá-lo melhor. 4. Cada livro se relaciona à Bíblia como um todo, isto é, em conexão com as idéias dominantes das Escrituras. A Palavra de Deus é uma produção orgânica e, conseqüentemente, os livros separados que a constituem são organicamente relacionados uns aos outros. O Espírito Santo assim dirigiu os autores humanos na escrita dos livros da Bíblia para que suas produções fossem mutuamente complementares.

Sugestão: Trabalhe com um livro por mês, tempo suficiente para você ler o livro todo várias vezes, observar sua estrutura, identificar os termos chaves, investigar os personagens centrais, fazer trabalho de pano de fundo com fontes secundárias e decidir formas práticas de aplicar as verdades do livro à sua vida. Qualquer livro se encaixará em um plano mensal de estudo, mas algumas sugestões para começar poderiam ser: Neemias, Jonas, o evangelho de Marcos – estes são narrativas fáceis de se ler, com enredo e caracterização – I Coríntios, Filipenses, Tiago ou I Pedro – estes são cartas curtas e práticas a cristãos. Você não terá muito problema em entender o que os escritores estão tentando dizer. Livros mais longos do Antigo Testamento podem ser divididos em partes e lidos em períodos concentrados de tempo. O estudioso da Bíblia deve almejar descobrir não só a mensagem que cada livro contém para os contemporâneos do autor, mas o seu valor permanente, a palavra de Deus transmitida para todas as gerações futuras.

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A visão panorâmica do livro ajudará o estudante a: a. ver a mensagem do livro como um todo, no conjunto; b. compreender o propósito do autor ao escrever; c. identificar o(s) tema(s) principal(is) do livro; d. tomar consciência da estrutura do livro; e. compreender a correlação dos versículos e dos capítulos entre si e com o livro como um

todo; f. ter uma base sólida para a interpretação precisa e para a aplicação correta.

FICHA DE ESTUDO LIVRO POR LIVRO Alguns exemplos de informações a serem reunidas no estudo de um livro da Bíblia

I. O autor do livro. 1. Quem é o autor? 2. Há provas internas e/ou externas de autoria? 3. Quais os outros livros que ele escreveu? 4. Quais os outros livros que mencionam seu nome ou feitos? 5. Qual a sua profissão? 6. Que tipo de pessoa ele era?

II. Os destinatários do livro. 1. A que grupo racial o livro se dirige (judeus, gentios)? 2. Qual a perspectiva religiosa deles? 3. Que palavra (s) é (são) usada(s) para caracterizá-los? 4. Qual era a posição social deles (pobreza, nobreza)? 5. Quem eram seus líderes? 6. De que eles viviam (agricultura etc.)?

III. A data e a época do livro. 1. Em que ano o livro escrito? 2. Que guerra, ação inimiga ou catástrofe natural ameaçava ou aconteceu? 3. Que líder secular dominava o cenário político? 4. Onde o livro se encaixa na seqüência bíblica?

IV. O contexto geográfico do livro. 1. Quais países e cidades se destacam no livro? Que locais específicos são enfatizados? 2. Que rio, montanha ou planície forma o palco onde Deus atuou para se revelar?

V. Confirmações arqueológicas do livro. Quais objetos ou inscrições arqueológicas confirmam os eventos e/ou personagens do livro?

VI. Cenário cultural do livro. 1. Quais superstições, tabus, ou elementos de magia aparecem? 2. Qual o valor conferido à família? 3. Quais costumes aparecem quanto à alimentação, vestuário, comércio, guerra, religião, idioma etc.? 4. Qual o código ético/moral demonstrado?

VII. Conteúdo. 1. Por que o livro foi escrito ou Com que propósito? 2. Quais os principais assuntos e personagens abordados? 3. Que problemas são mencionados e que soluções são propostas?

VIII. Tema teológico do livro. 1. Qual o assunto geral do livro (salvação, santificação, julgamento)? 2. Que frase ou combinação de palavras se repete; que tema isto sugere para o livro? 3. Segundo os livros técnicos, qual seu tema?

IX. Qual a mensagem do livro para nós hoje?

X. Esboço do livro (isto se revelará passo útil para a visão do livro como uma unidade e para comparar as partes entre si). Comentários adicionais e/ou gráfico do livro.

Nota: Você pode extrair muitas destas informações do próprio livro em estudo; para alguma parte terá que recorrer às fontes secundárias. Naturalmente, nem todas as perguntas terão

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respostas. Mas, como estudante desejoso de conhecer cada vez com mais profundidade a Bíblia, você irá continuamente pesquisar o maior número de respostas possíveis.

Outros métodos Além dos cinco métodos de estudo da Bíblia abordados nesta apostila, outros métodos têm sido usados, como:

Método Indutivo. Os raciocínios indutivo e dedutivo são complementares. Precisamos deles em qualquer disciplina. Pelo raciocínio dedutivo, parte-se de uma regra, e provam-se os fatos através dessa regra. O raciocínio indutivo, por outro lado, considera os fatos examinados em busca de regras extraídas deles mesmos. Ao fazerem uso de ambos os raciocínios para interpretar as Escrituras, os estudantes têm ficado admirados com a unidade e coerência dos ensinamentos bíblicos. Quanto aos iniciantes, devem utilizar primeiro o método indutivo. O estudo bíblico indutivo pode ser realizado a sós ou em grupos de pessoas que concordam em estudar o mesmo livro e são capazes de examinar as idéias umas das outras.

Método Tipológico. É o estudo da Bíblia a partir de Tipos ou Tipologia: certas pessoas, acontecimentos, instituições, rituais e objetos do Antigo Testamento prenunciam de maneira expressiva alguma verdade importante do Novo Testamento, e nos ajudam a melhor compreender e amar essas verdades.

Método Doutrinário ou Teológico. É o estudo da doutrina bíblica ou teologia sistemática, que reúne os temas dos grandes fundamentos da fé. Exige habilidade exegética e interpretativa.

Conclusão Os métodos são ferramentas; de maneira alguma devem bitolar o seu comportamento em relação ao estudo da Bíblia. Para tanto, aprenda a manejá-los e use a inteligência e sabedoria para dinamizá-los. Lembre-se: 1. A criança não sabe e sabe que não sabe; 2. O louco não sabe e pensa que sabe;

3. O complexado sabe, mas pensa que não sabe; 4. O sábio sabe que sabe e que precisa saber muito mais. “Da preguiça que aceita meias verdades; da covardia que teme novas verdades; da soberba que pensa saber toda a verdade, LIVRA-ME, SENHOR!” “É imprescindível o preparo de uma nova geração capaz de crer e viver a Palavra como única regra de fé prática.”

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Anexo

Programas de leitura e de estudo da Bíblia É importante que o estudante tenha uma visão geral da Palavra de Deus, para que os métodos de estudo aqui apresentados sejam examinados à luz do todo. Um bom plano de leitura bíblica compreende um sistema bem definido. Há vários programas organizados que você poderá ajustá-los como achar necessário ao seu próprio programa de estudo.

Curiosidades: a. Se lermos a Bíblia durante 15 minutos diariamente, poderemos lê-la toda em menos de um ano. b. Uma leitura ininterrupta deve levar aproximadamente 72 horas (VT entre 52 e 53 horas e NT, entre 18 e 19 horas). c. Se a leitura for por capítulos – por exemplo, 10 deles ao dia – terminaremos a leitura em três meses e meio aproximadamente. d. Se lermos 6 páginas da Bíblia por dia, poderemos lê-la toda 2 vezes num ano. Leitura diária + Estudo bíblico + Memorização = 35 Minutos 15 minutos 15 minutos diários 30 minutos por por dia ou 4 horas ou 30 minutos, 3 semana e depois e 5 minutos por vezes por semana momentos de folga semana

1. Plano de leitura para um ano Sugerido por Hendricks, este plano de leitura para um ano levará você através de onze diferentes tipos de livros: Janeiro: Gênesis Fevereiro: Filipenses Março: Oséias Abril: Salmos 1—75

Maio: Salmos 76—150 Junho: Lucas Julho: I Samuel Agosto: II Samuel

Setembro: Eclesiastes Outubro: I Pedro Novembro: Neemias Dezembro: Atos

2. Plano de leitura bíblica em 52 semanas Sugerido no Manual Bíblico Vida Nova, conduz o leitor uma vez pelo Antigo Testamento e duas pelo Novo Testamento em um ano: 1. Gênesis 1—26 2.Gênesis 27—50 3. Mateus 4. Marcos 5. Êxodo 1—21 6. Êxodo 22—40 7. Lucas 8. João 9. Levítico 10. Atos

11. Números 1—18 12. Números 19—36 13. Romanos, Gálatas 14. I e II Coríntios 15. Deuteronômio 1—17 16. Deuteronômio 18—34 17. Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemom

18. Hebreus, Tiago, I e II Pedro 19. Josué 20. I, II e III João, Judas, Apocalipse 21. Juízes, Rute 22. Jó 1—31 23. Jó 32—42, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos 24. I Samuel

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25. II Samuel 26. Salmos 1—50 27. I Reis 28. II Reis 29. Salmos 51—100 30. I Crônicas 31. II Crônicas 32. Salmos 101—150 33. Esdras, Neemias, Ester 34. Provérbios 35. Mateus 36. Isaías 1—35 37. Isaías 36—66

38. Marcos 39. Lucas 40. Jeremias 1—29 41. Jeremias 30—52, Lamentações 42. João 43. Atos 44. Ezequiel 1—24 45. Ezequiel 25—48 46. Romanos, Gálatas 47. I e II Coríntios 48. Daniel, Oséias, Joel, Amós

49. Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemom 50. Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias 51. Hebreus, Tiago, I e II Pedro 52. I, II e III João, Judas, Apocalipse

3. Plano de um mês do Novo Testamento James C. Denison sugere um plano para ler o Novo Testamento inteiro em um mês. Este tipo de programa intensivo proporciona uma boa visão geral do Novo Testamento, no que diz respeito a seus temas e doutrinas principais. Siga esta regra durante três meses, lendo em três diferentes traduções. Este é o programa:

1. Mateus 1—9 17. Atos 21—28 2. Mateus 10—17 18. Romanos 1—6 3. Mateus 18—24 19. Romanos 7—16 4. Mateus 25—Marcos 4 20. I Coríntios 1—9 5. Marcos 5—10 21. I Coríntios 10—16 6. Marcos 11—16 22. II Coríntios 7. Lucas 1—6 23. Gálatas, Efésios 8. Lucas 7—11 24. Filipenses, Colossenses e I Tessalonicenses 9. Lucas 12—18 25. II Tessalonicenses, I e II Timóteo 10. Lucas 19—24 26. Tito, Filemon, Hebreus 1—9 11. João 1—7 27. Hebreus 10—13, Tiago 12. João 8—14 28. I e II Pedro, I, II e III João 13. João 15—21 29. Judas, Apocalipse 1—11 14. Atos 1—7 30. Apocalipse 12—22 15. Atos 8—14 16. Atos 15—20

Note que você não vai ler o mesmo número de capítulos a cada dia. O programa se destina à leitura de aproximadamente o mesmo número de páginas diariamente, em vista da variação no comprimento dos diferentes capítulos.

4. Plano do Novo Testamento em três meses Um segundo modelo mantém a mesma abordagem geral que o anterior, mas exige menos leitura diária. Este programa tem sido útil para muitos, no sentido de desenvolver disciplina no estudo bíblico. Primeiro Mês Segundo Mês Terceiro Mês 1. Mateus 1—3 1. João 1—2 1. I Coríntios 10—11 2. Mateus 4—6 2. João 3—4 2. I Coríntios 12—13

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3. Mateus 7—9 3. João 5—7 3. I Coríntios 14—16 4. Mateus 10—12 4. João 8—10 4. II Coríntios 1—4 5. Mateus 13—14 5. João 11—12 5. II Coríntios 5—8 6. Mateus 15—17 6. João 13—14 6. II Coríntios 9—13 7. Mateus 18—20 7. João 15—16 7. Gálatas 1—4 8. Mateus 21—22 8. João 17—18 8. Gálatas 5—6, Efésios 1—2 9. Mateus 23—24 9. Atos 1 9. Efésios 3—6 10. Mateus 25—27 10. Atos 2 10. Filipenses 11. Mateus 28—Marcos 1 11. Atos 3—5 11. Colossenses 12. Marcos 2—4 12. Atos 6—7 12. I Tessalonicenses 13. Marcos 5—6 13. Atos 8—10 13. II Tessalonicenses 14. Marcos 7—8 14. Atos 11—12 14. I Timóteo 15. Marcos 9—10 15. Atos 13—14 15. II Timóteo 16. Marcos 11—12 16. Atos 15—16 16. Tito 17. Marcos 13—14 17. Atos 17—18 17. Filemon, Hebreus 1—4 18. Marcos 15—16 18. Atos 19—20 18. Hebreus 5—9 19. Lucas 1—2 19. Atos 21—23 19. Hebreus 10—13 20. Lucas 3—4 20. Atos 24—26 20. Tiago 1—2 21. Lucas 5—6 21. Atos 27—28 21. Tiago 3—5 22. Lucas 7—8 22. Romanos 1—2 22. I Pedro 23. Lucas 9—10 23. Romanos 3—4 23. II Pedro, I João 24. Lucas 11 24. Romanos 5—7 24. II, III João 25. Lucas 12—13 25. Romanos 8—10 25. Judas, Apocalipse 1—3 26. Lucas 14—16 26. Romanos 11—13 26. Apocalipse 11—13 27. Lucas 17—18 27. Romanos 14—16 27. Apocalipse 8—11 28. Lucas 19—20 28. I Coríntios 1—3 28. Apocalipse 12—15 29. Lucas 21—22 29. I Coríntios 4—6 29. Apocalipse 16—19 30. Lucas 23—24 30. I Coríntios 7—9 30. Apocalipse 20—22

5. Sumário de três anos de leitura bíblica A programação de leitura, a seguir, sugerida por Tim Lahaye, tem por objetivo dar forma ao processo de aprendizado a ser seguido pelo recém-convertido. Primeiro ano I João (sete vezes) Evangelho de João (duas vezes) Evangelho de Marcos (duas vezes) Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemom Evangelho de Lucas Atos Romanos Novo Testamento (duas vezes) Segundo ano Um capítulo de Provérbios por dia, durante quatro meses Dois capítulos de outro livro de sabedoria, diariamente (Jó, Salmos, Eclesiastes e Cantares) Ler várias vezes durante um mês: I João Efésios Filipenses Colossenses I Tessalonicenses Tiago

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Romanos 5—8 João 14—17 Terceiro ano De segunda a sábado: Um capítulo do Novo Testamento Dois capítulos do Velho Testamento Aos domingos; Cinco capítulos do Velho Testamento

6. Programa de estudo de longo alcance Walter A. Henrichsen sugere um programa de sete anos, organizado para 45 semanas de estudo por ano.

Estudo Semanas Primeiro ano I Tessalonicenses

I João Filipenses Estudos Tópicos: Salvação Testemunho Seguir a Cristo Evangelho de Marcos Estudo Biográfico: Daniel (Dn 1—6)

7 7 6 2 2 2

18 1

Segundo ano Colossenses Biográfico: Jesus Cristo (divindade, morte, ressurreição) I Timóteo Estudo Biográfico: Timóteo Evangelho de João Estudo Tópico: Oração Estudo Biográfico: Josias (II Rs 22—23; II Cr 34—35) Estudo Analítico: Isaías 52:13—53:12

6 3 8 1

23 2 1 1

Terceiro ano Gálatas Estudo Tópico: O Espírito Santo e o senhorio de Cristo Efésios Estudo Biográfico: Barnabé Romanos Estudo Analítico: Êxodo 20 II Timóteo

8 3 8 1

18 1 6

Quarto ano Estudo Tópico: A Palavra de Deus Tito Estudo Biográfico: Gideão (Juízes 6—8) Estudo Tópico: Obediência Biográfico: José (Gn 28—50) Atos Estudo Analítico: Êxodo 12 Estudo Tópico: Firmando o rumo Estudo Analítico: Gênesis 3 Tópico: Visão Mundial

2 5 1 1 2

30 1 1 1 1

Quinto ano I Pedro Estudo Tópico: Sofrimento Estudo Analítico: Josué 1 I Coríntios Estudo Biográfico: Elias (I Rs 17—22; II Rs 1—2) Tópico: A vontade de Deus Hebreus

7 1 1

18 1 2

15 Sexto ano II Tessalonicenses

Estudo Tópico: Mordomia e Generosidade Estudo Analítico: Gênesis 22 Estudo Tópico: Amor

5 2 1 2

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Estudo Analítico: Salmo 1 Estudo Tópico: A segunda vinda de Cristo Estudo Analítico: Salmo 2 Estudo Biográfico: Ezequias (II Rs 18—20; II Cr 29—32; Is 35—39) Evangelho de Lucas Estudo Tópico: A Igreja

1 3 1 2

26 2

Sétimo ano Tiago Estudo Tópico: A língua Tentação e vitória Pureza Estudo Biográfico: Eliseu (II Rs 1—13) II Pedro Estudo Tópico: Arrependimento Pecado Satanás Estudo Analítico: Salmo 23 Salmo 37 II Coríntios Estudo Analítico: I Samuel 17 II Samuel 7 Estudo Tópico: Disciplina e diligência Boas Obras Estudo Analítico: Provérbios 2 Salmo 78 II João

7 1 1 1 1 5 1 2 2 1 1

15 1 1 1 1 1 1 1

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Bibliografia Consultada ___________________________________________________________________________ ARTHUR, Kay. Como estudar sua Bíblia pelo método indutivo. Editora Vida, São Paulo-SP. 2000 (2ª imp.). BERKHOF, Louis. Princípios de Interpretação Bíblica. Editora Cultura Cristã, São Paulo-SP. 2000 (1ª ed.). BOST, Bryan Jay. Do Texto à Paráfrase: Como Estudar a Bíblia. Editora Vida Cristã, São Paulo-SP. 1992. BRAGA, James. Como Estudar a Bíblia. Editora Vida, São Paulo-SP. 2001 (7ª imp.). CARSON, D. A. A Exegese e suas Falácias. Edições Vida Nova, São Paulo-SP. 1992. FEE, Gordon D. & STUART, Douglas. Entendes o que lês? Ed. Vida Nova, São Paulo-SP. 2000 (2ª ed., reimp.). HENDRICKS, Howard G. & HENDRICKS, William D. Vivendo na Palavra. Editora Batista Regular, Campinas-SP. 2000 (2ª ed.). HENRICHSEN, Walter A. Métodos de Estudo Bíblico. Editora Mundo Cristão, São Paulo-SP. HENRICHSEN, Walter A. Princípios de Interpretação da Bíblia. Editora Mundo Cristão. São Paulo-SP. JACKMAN, David. Descobrindo a Bíblia. Editora ESCALE. Belo Horizonte-MG. 2005. LaHAYE, Tim. Como Estudar a Bíblia Sozinho. Editora Betânia, Belo Horizonte-MG.1984 (5ª ed.). LENZ CÉSAR, Elben M. Práticas Devocionais. Editora Ultimato, Viçosa-MG. 1994 (2ª ed.). McALPINE, Campbell. A Sós com Deus na Meditação da Palavra. Editora Betânia, Belo Horizonte-MG. 1988. MEER, A. L. van der. O Estudo Bíblico Indutivo. ABU Editora, São Paulo-SP. 1999 (4ª ed.). OLIVEIRA, Raimundo de. Como Estudar e Interpretar a Bíblia. CPAD, Rio de Janeiro-RJ. 2001 (9ª ed.).