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    Mtodos e tcnicas depesquisa: uma introduo

    Jos Mrcio de Castro

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    Pontifcia Universidade Catlica deMinas Gerais

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    Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais

    Castro, Jos Mrcio de

    C355m Mtodos e tcnicas de pesquisa:uma introduo / Jos Mrcio de Cas-tro. Belo Horizonte: PUC Minas Vir-tual, 2003.

    50 p.Bibliografia.1. Pesquisa - Metodologia. 2. Direi-

    to Metodologia. 3. Redao tcnica Direito. I. Pontifcia Universidade Ca-tlica de Minas Gerais. II. Ttulo.

    CDU: 001.8

    Bibliotecria - Eunice dos Santos - CRB 6/1515

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    sumrioMapa do texto ......................................................................................... 5

    1. Noes preliminares .............................................................................. 7

    1.1. Tipos de conhecimento.................................................................. 7

    1.1.1. Conhecimento emprico ............................................................ 8

    1.1.2. Conhecimento filosfico............................................................ 8

    1.1.3. Conhecimento teolgico............................................................ 8

    1.1.4. Conhecimento cientfico ........................................................... 8

    1.2. Pesquisa cientfica........................................................................ 8

    1.2.1. Critrios de demarcao cientfica .............................................. 10

    1.3. Mtodos de raciocnio................................................................... 10

    1.3.1. Mtodo indutivo..................................................................... 10

    1.3.2. Mtodo dedutivo..................................................................... 10

    1.3.3. Mtodo hipottico-dedutivo....................................................... 10

    1.4. Teoria e fato ............................................................................... 11

    1.5. Observao sistemtica ................................................................. 12

    2. O projeto de pesquisa ............................................................................ 15

    2.1. Consideraes gerais..................................................................... 15

    2.2. Etapas de um projeto de pesquisa .................................................... 16

    2.2.1. Termos substanciais de um projeto de pesquisa ............................... 16

    2.2.2. Termos formais de um projeto de pesquisa..................................... 16

    3. Leitura e documentao: redao do trabalho cientfico ................................ 31

    3.1. Fundamentao terica: consideraes gerais ..................................... 31

    3.2. A pesquisa bibliogrfica ................................................................ 32

    3.2.1. Etapas da pesquisa bibliogrfica .................................................. 33

    3.2.2. Regras para a insero de citaes ............................................... 38

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    3.2.3. Sistemas de indicao de fontes ................................................. 40

    3.2.4. Normas para referncias bibliogrficas ......................................... 40

    3.3. As partes genricas de um trabalho cientfico..................................... 43

    3.4. Estilo do trabalho cientfico ........................................................... 44

    4. Publicaes cientficas ........................................................................... 47

    4.1. Comunicao cientfica ................................................................. 47

    4.2. Tipos de comunicao cientfica...................................................... 48

    Referncias bibliogrficas.......................................................................... 49

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    mapa do textoGuia para busca interativa de assuntos

    1.Noes preliminares

    1.1.Tipos de conhecimento

    1.1.1Conhecimento emprico

    1.1.2. Conhecimento filosfico

    1.1.3. Conhecimento teolgico

    1.1.4. Conhecimento cientfico

    1.2. Pesquisa cientfica

    1.2.1. Critrios de demarcao cientfica

    1.3. Mtodos de raciocnio

    1.3.1. Mtodo indutivo

    1.3.2. Mtodo dedutivo

    1.3.3. Mtodo hipottico-dedutivo

    1.4. Teoria e fato

    1.5. Observao sistemtica

    2. O projeto de pesquisa

    2.1. Consideraes gerais

    2.2. Etapas de um projeto de pesquisa

    2.2.1. Termos substanciais do projeto

    2.2.2. Termos formais de um projeto

    2.2.1.1 Significado dos termosdo projeto

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    3. Leitura e documentao: redao do trabalho cientfico

    3.1. Fundamentao terica: consideraes gerais

    3.2. A pesquisa bibliogrfica

    3.2.1. Etapas da pesquisa bibliogrfica

    3.2.1.1. 1 ETAPA: Levantamento bibliogrfico

    3.2.1.2. 2 ETAPA: Fichamento bibliogrfico

    3.2.1.3. 3 ETAPA: Plano de assunto

    3.2.1.4. 4 ETAPA: Documentao da leitura

    3.2.1.5. 5 ETAPA: Crtica da documentao

    3.2.1.6. 6 ETAPA: Construo do texto

    3.2.1.7. 7 ETAPA: Redao do texto

    3.2.2. Regras para a insero de citaes

    3.2.3. Sistemas de indicao de fontes

    3.2.4. Normas para referncias bibliogrficas

    3.3. As partes genricas de um trabalho cientfico

    3.4. Estilo do trabalho cientfico

    4. Publicaes cientficas

    4.1. Comunicao cientfica

    4.2. Tipos de comunicao cientfica

    4.2.1. Artigos cientficos

    4.2.2. Informe cientfico

    4.2.3. Resenha crtica

    Referncias bibliogrficas

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    1. Noes preliminares1

    1.1. Tipos de conhecimento

    1.1.1. Conhecimento emprico

    O conhecimento emprico, tambm chamado de conhecimento vulgar, adquirido ao aca-

    so. o conhecimento popular, obtido aps inmeras tentativas (senso comum) de acerto.

    ametdico e assistemtico.

    Enquanto conhecimento emprico, o senso comum um conjunto de informaes no sis-

    tematizadas. Essas informaes so, em geral, fragmentadas e podem incluir fatos histricos

    verdadeiros, superties, informaes cientficas popularizadas pelos meios de comunicaode massa, assim como a experincia pessoal acumulada ao longo dos anos. Quando emiti-

    mos opinies, lanamos mo dessa bagagemda maneira que nos parece mais apropriada pa-

    ra justificar e tornar nossos argumentos aceitveis.

    De acordo com Cervo e Bervian (1983, p. 8),

    Pelo conhecimento emprico, o homem simples conhece o fato e a sua ordem

    aparente, tem explicaes concernentes razo de ser das coisas e dos homens e

    tudo isso obtido das experincias feitas ao acaso, sem mtodo, e de investigaes

    pessoais feitas ao sabor das circunstncias da vida ou ento sorvido do saber dos

    outros e das tradies da coletividade ou, ainda, tirado da doutrina de uma reli-

    gio positiva.

    O senso comum, embora seja assistemtico, serve de base para a construo das teorias cien-

    tficas, uma vez que o conhecimento cientfico procura exatamente confirmar ou rejeitar o

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    1 PUCMINAS, 2003

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    conhecimento baseado no senso comum. Nesse movimento, o conhecimento cientfico in-

    terage com o senso comum e modifica-o ao longo do tempo, incorporando novas informa-

    es e eliminando aquelas que contrariam ou no esto de acordo com as novas teorias e

    descobertas.

    1.1.2. Conhecimento filosfico

    O conhecimento filosfico distingue-se do cientfico pelo objeto de investigao e pelo m-

    todo. O objeto da filosofia constitudo de realidades no perceptveis pelos sentidos, isto

    , ultrapassam a experincia.

    1.1.3. Conhecimento teolgico

    um conjunto de verdades a que os homens chegaram no com o auxlio de sua intelign-

    cia, mas mediante a aceitao dos dados da revelao divina.

    1.1.4. Conhecimento cientfico

    O conhecimento cientfico vai alm do emprico procurando conhecer, alm do fenme-

    no, suas causas e leis (Cervo e Bervian, 1983, p. 8). um conhecimento metdico e sis-

    temtico, que se refere sempre aos fatos da realidade emprica.

    1.2. Pesquisa cientfica

    O objeto da pesquisa cientfica o conhecimento da realidade emprica. Por realidade po-

    de-se entender tudo que existe, e emprico tudo aquilo que se refere experincia. Ou se-

    ja, realidade emprica tudo que existe e pode ser percebido, conhecido por intermdio da

    experincia. tudo que pode ser experimentado, que se revela por meio de fatos.

    Pode-se dizer que grande parte dos esforos da cincia destina-se ao conhecimento dos fatos

    que j existem, e que soproduzidos pela natureza, os quais o homem desconhece ou, pelo

    menos, no sabe todo o alcance de suas implicaes. Nesse caso, a pesquisa utilizada para

    fazer descobertas.

    Cabe esclarecer, no entanto, que fato diferente de fenmeno, apesar de um certo uso in-

    distinto. O fato acontece independente de haver ou no quem o conhea, j o fenmeno a

    percepo do fato pelo observador.

    No entanto, o objetivo principal dacincia, mais do que a mera descrio de fenmenos

    empricos, estabelecer, mediante leis e teorias, os princpios gerais com os quais se pode

    Noes preliminares 8 Jos Mrcio de Castro

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    explicar e prognosticar esses fenmenos. A cincia est preocupada com generalizaes e no

    com casos particulares, mas dedica-se a casos particulares para fazer generalizaes.

    1.2.1. Critrios de demarcao cientfica

    Foi feita uma distino anterior entre os diversos tipos de conhecimento para, exatamente,

    demarcar as caractersticas do conhecimento cientfico. Porm, algumas questes ainda sus-

    citam polmica, uma vez que nem tudo o que chamado de cientfico, de fato pode ser to-

    mado como tal. preciso elucidar melhor o problema da neutralidade cientfica, da subjeti-

    vidade, na tentativa de demarcar alguns critrios daquilo que seentende por conhecimento

    cientfico.

    A neutralidade (ou a objetividade) para os positivistas poderia, grosso modo, ser obtida

    mantendo-se uma distncia entre sujeito e objeto. Cabe observar que, ao escolher um tema,

    tal escolha j vem permeada por valores;logo, a questo da objetividade deve ser discutida

    para alm da simples distncia entre sujeito e objeto.

    Na verdade, no se trata de opor objetividade e subjetividade, nem de dizer que existe uma

    subjetividade boa e outra m. No tocante subjetividade, deve-se levar em conta, inclu-

    sive, o contexto onde produzido o conhecimento. De qualquer forma, os riscos da subjeti-

    vidade existem.O primeiro passo reconhecer a possibilidade de subjetividade, sem reco-

    nhecer: como se ela no existisse; e, se ela no existe, por quese preocupar?Assim, reco-

    nhecendo o problema da subjetividade, pode o pesquisador envidar esforos no sentido de

    super-la ou minimiz-la. Nas cincias sociais, por exemplo, a busca de objetivida-de/objetivao concentra-se no esforo do pesquisador em relao aos quadros tericos uti-

    lizados e no controle dos experimentos, dentre outros aspectos.

    Os valores metodolgicos so os que nos fazem estimar que o saber construdo

    de maneira metdica, especialmente pela pesquisa, vale a pena ser obtido, e que

    vale a pena seguir os meios para nele chegar. Isso exige curiosidade e ceticismo, a

    confiana na razo e no procedimento cientfico e, tambm, a aceitao de seus

    limites...(Leville e Dionne, 1999, p. 96).

    Demo (1995), sugere alguns critrios internos e externos para demarcar o que seja um tra-balho cientfico. Nestes termos, qualquer trabalho cientfico tem algumas caractersticas in-

    ternas que se esperam encontrar, quais sejam, a coerncia, consistncia, originalidade e a ob-

    jetivao.

    No entanto, embora relevantes, os critrios internos podem ser verificados em trabalhos que

    no so cientficos. Ento, paralelo aos critrios internos, o autor prope o denominado cri-

    trio externo. Tal critrio trata exatamente da avaliao da produo cientfica pela comu-

    PUC Minas Virtual 9 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    nidade cientfica. Chamada de intersubjetividade, um trabalho cientfico adquire maior va-

    lidade na medida em que aceito por esta comunidade. (Demo, 1995)

    1.3. Mtodos de raciocnio

    1.3.1. Mtodo indutivo

    a lgica que parte do particular para o geral. Permite fazer generalizaes a partir de certos

    estudos individualizados.

    Induo um processo mental atravs do qual, partindo de dados particulares suficiente-

    mente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal no contida nas partes exami-

    nadas. Portanto, o objetivo dos argumentos levar a concluses cujo contedo seja muito

    mais amplo do que o das premissas nas quais se basearam.

    Exemplo: Pedro estudioso e aluno desta classe. Antnio estudioso e aluno desta clas-

    se... Logo, todos os alunos desta classe so estudiosos.

    1.3.2. Mtodo dedutivo

    Parte do geral para o particular. Permite certas relaes a partir de um conhecimento geral.

    Reformula ou enuncia, de modo explcito, a informao j contida nas premissas. O mto-

    do dedutivo tem o propsito de explicitar o contedo das premissas.

    Exemplo: Todos os alunos desta classe so inteligentes. Joo aluno desta classe... Logo, Jo-

    o inteligente.

    1.3.3. Mtodo hipottico-dedutivo

    O mtodo hipottico-dedutivo parte dos seguintes elementos:

    PROBLEMA: Toda investigao cientfica parte de um problema, fato ou conjunto de fatos

    para o qual no temos explicao aceitvel.

    HIPTESES PRELIMINARES: Um problema uma dificuldade, uma lacuna existente no qua-

    dro de conhecimento. As hipteses preliminares so solues provisrias para o problema

    formulado.

    FATOS ADICIONAIS: As hipteses preliminares levam o cientista a procurar fatos adicionais,

    surgindo, assim, novas hipteses que, por sua vez, podem levar a novos fatos adicionais e as-

    sim por diante.

    Noes preliminares 10 Jos Mrcio de Castro

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    HIPTESE: Dentre as diversas hipteses preliminares, o pesquisador opta pela mais veross-

    mil, para submet-la a testes de experincia.

    DEDUO DAS CONSEQNCIAS: Das hipteses deduzem-se as conseqncias que devero

    ser testadas pela observao, pela teoria ou por ambas.

    APLICAO: Como tudo que cientfico, os resultados e as conseqncias devem ser aplica-

    dos na prtica, servindo de pauta para premissas de problemas semelhantes.

    1.4. Teoria e fato

    A teoria um modo de organizar os fatos, explicando-os, explicitando-os, estabelecendo

    relaes entre eles e dando-lhes oportunidade de serem utilizados para previso e prognsti-

    co da realidade.

    Embora a criatividade seja um elemento importante, bom registrar que a pesquisa cientfi-

    ca no pode ser fruto apenas da espontaneidade e da intuio. Ela exige submisso a mto-

    dos e tcnicas cientficas. Uma boa pesquisa comea com um projeto de pesquisa bem deli-

    neado.

    O trabalho de pesquisa no de natureza mecnica, mas requer imaginao cri-

    adora e iniciativa individual. Entretanto, a pesquisa no uma atividade feita ao

    acaso, porque todo trabalho criativo pede o emprego de procedimentos e disci-plinas determinadas. (Van Dalen e Meyer2apud Rudio, 1991, p. 14)

    ParaAbramo (1979), a tentativa de estabelecer uma supremacia da teoria sobre o fato, ou

    vice-versa, revela uma falsa dicotomia, uma vez que teoria e fato se interligam e se interde-

    pendem.

    Nesses termos, existem alguns aspectos da relao entre teoria e fato que merecem ser desta-

    cados. Dentre eles:

    (...) a) a teoria serve como orientao para restringir a amplitude dos fatos a se-rem estudados;

    b) a teoria serve como sistema de conceptualizao e de classificao dos fatos;

    2VAN DALEN, Deobold B., MEYER, William J.Manual de tcnica de la investigacin educacional.Barcelona: EdicionesOmega, 1971.

    PUC Minas Virtual 11 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    c) a teoria serve para resumir, sinteticamente, o que j se sabe sobre o objeto de

    estudo atravs das generalizaes empricas e das inter-relaes entre afirmaes

    comprovadas;

    d) a teoria, baseando-se em fatos e relaes j conhecidos, serve para prever no-

    vos fatos e novas relaes;

    e) a teoria serve para indicar os fatos e as relaes que ainda no esto satisfatori-

    amente explicados, e as reas da realidade que demandam pesquisas (Goode e

    Hatt3apud Abramo, 1979, p. 26).

    Alm disso, como observam Goode e Hatt (apud Abramo, 1979, p. 27), a relevncia dos

    fatos em relao teoria deve-se s seguintes causas:

    (...) a) um fato novo, uma descoberta, pode provocar o incio de uma nova teo-

    ria;

    b) os fatos podem provocar a rejeio ou a reformulao de teorias j existentes;

    c) os fatos redefinem e esclarecem a teoria previamente estabelecida no sentido

    de que afirmam em pormenores o que a teoria afirma em termos mais gerais; e,

    d) os fatos, conduzindo criao, rejeio, reformulao ou redefinio de teori-

    as, levam descoberta de novos fatos.

    1.5. Observao sistemtica

    O campo especfico da cincia a realidade emprica, da a importncia da observao. A

    observao no trata apenas de ver, mas de examinar. No se trata somente de entender,

    mas de auscultar. Trata-se, tambm, de ler documentos (jornais, livros, impressos diversos)

    para se informar dos resultados da observao e pesquisa obtidos por outros e, alm disso,

    da reao dos autores (Minon apud Rudio, 1991, p. 32). Por ser ampla, a observao a-

    brange, de uma forma ou de outra, todos os procedimentos utilizados em pesquisa.

    De acordo com Rudio (1991), a observao sistemtica a observao planejada, estrutura-

    da ou controlada. a que se realiza em condies controladas para responder a propsitos

    que foram anteriormente definidos. Requer planejamento e necessita de operaes especfi-

    cas para o seu desenvolvimento.

    3GOODE, W. J., HATT, P. K. Mtodos em pesquisa social.So Paulo: Ed. Nacional, 1960.

    Noes preliminares 12 Jos Mrcio de Castro

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    Na observao sistemtica deve-se considerar os seguintes pontos:

    por que observar? (planejamento e registro da observao)

    para que observar? (objetivos)

    como observar? (instrumentos a utilizar)

    o que observar? (o campo da observao)

    quem observa? (o observador)

    Assim, a observao sistemtica:

    a) deve ser planejada;

    b) deve tercomo objetivo obter informaes da realidade emprica;

    c) deve utilizar, a fim de obter informaes, um instrumento ou vrios instru-

    mentos;

    d) necessita indicar e limitar a rea da realidade emprica onde as informaes

    podem e devem ser obtidas;

    e) exige que o observador seja competente para observar e obter os dados com

    imparcialidade, sem contamin-los com juzo de valor.

    No sentido restrito, somente a observao sistemtica pode ser usada como tcnica cientfi-

    ca. A observao sistemtica pressupe, pelo menos, trs elementos:

    a) populao (o que ou quem observar);

    b) circunstncia (quando observar);

    c) local (onde observar).

    Exemplo: Anlise da evoluo do perfil da delinqncia juvenil em Belo Horizonte nos l-

    timos 10 anos.

    PUC Minas Virtual 13 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    Rigorosamente, a observao deve se referir, apenas, a fatos existentes na realidade emprica.

    No sentido mais amplo, pode-se aplic-la, tambm, ao uso da biblioteca, porque na bibli-

    oteca encontram-se as observaes e experincias realizadas por outros, assim como as bases

    conceituais sem as quais no pode haver uma verdadeira observao cientfica. (Rudio,1991)

    Alm do mais, no se pode fazer uma pesquisa vlida sem consultar livros e outras obras, em

    cada uma das fases do processo. Na prpria escolha e definio do tema, necessrio recor-

    rer biblioteca; no apenas para buscar subsdios que orientem a escolha e ajudem a elabo-

    rar o enunciado, mas tambm para verificar se o assunto que se pretende estudar j foi, ou

    no, motivo de outras pesquisas.

    Noes preliminares 14 Jos Mrcio de Castro

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

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    2. O projeto de pesquisa4

    2.1. Consideraes gerais

    Para realizar uma pesquisa cientfica necessrio, em primeiro lugar, um projeto de pesqui-

    sa articulado. Antes de executar qualquer pesquisa, deve-se elaborar um projeto que estabe-

    lea as bases do planejamento dessa pesquisa.

    O Projeto de Pesquisa uma das etapas componentes do processo de elaborao, execuo e

    apresentao da pesquisa. necessrio que seja planejado com extremo rigor, caso contrrio

    o investigador, em determinadomomento, encontrar-se- perdido num emaranhado de da-

    dos, sem saber como dispor dos mesmos ou at desconhecendo seu significado e importn-

    cia. Em suma, o projeto o planejamento da pesquisa. Pesquisa no improvisao, nem

    obra do acaso. Desde a escolha do tema, fixao dos objetivos, determinao da metodolo-

    gia, coleta de dados, anlise e interpretao para o relatrio final - tudo deve ser previsto no

    projeto de pesquisa.

    Um planejamento de pesquisa, at alcanar a forma de projeto, passa pelas seguintes fases:

    a) estudos preliminares buscando o equacionamento geral do problema;

    b) anteprojeto que se constitui numa primeira verso, ainda em bases gerais;

    c) projeto final ou definitivo;

    d) montagem e execuo, isto , colocao em funcionamento;

    e) funcionamento normal.

    4 PUCMINAS, 2003

    PUC Minas Virtual 15 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

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    Um iniciante em pesquisa pode supor que elaborar projetos perder tempo e que melhor

    comear imediatamente o trabalho de pesquisa. No entanto, a experincia vai lhe ensinar

    que iniciar uma pesquisa sem projeto lanar-se improvisao, tornando o trabalho con-

    fuso, gerando insegurana, o que vai lev-lo a refazer permanentemente a pesquisa.

    Fazer um projeto de pesquisa traar um caminho eficaz que conduza ao fim que se pre-

    tende atingir, livrando o pesquisador do perigo de se perder antes de t-lo alcanado. Assim,

    planejar significa traar um curso de ao a ser seguido para atingir as finalidades desejadas.

    E, enquanto planejamento, um projeto de pesquisa serve essencialmente para responder s

    seguintes questes:

    a) o que fazer?

    b) por que, para que, para quem fazer?

    c) onde fazer?

    d) como, com que e quando fazer?

    e) com quanto fazer?

    f) como pagar?

    g) quem vai fazer?

    2.2. Etapas de um projeto de pesquisa

    2.2.1. Termos substanciais de um projeto de pesquisa

    Em termos substanciais, um projeto deve conter:

    a) o que pesquisar?

    b) por que pesquisar o que se est propondo?

    c) em que perspectiva pesquisar?

    d) como pesquisar?

    2.2.2. Termos formais de um projeto de pesquisa

    Em termos formais, a estrutura de um projeto de pesquisa deve conter:

    Capa;

    Folha de rosto;

    O projeto de pesquisa 16 Jos Mrcio de Castro

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

    17/50

    Instituio;

    Ttulo da pesquisa;

    Coordenador/autor/pesquisador; Participantes (se for o caso);

    Local e data.

    1) TTULO DA PESQUISA

    2) INTRODUO

    3) PROBLEMA DE PESQUISA

    4) JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

    5) FUNDAMENTAO TERICA

    6) HIPTESES DA PESQUISA7) OBJETIVOS DA PESQUISA

    8) METODOLOGIA DA PESQUISA

    9) CRONOGRAMA

    10) ORAMENTO11) REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    2.2.2.1. Significado dos termos do projeto

    1) TTULO DA PESQUISA

    O tema o assunto que se deseja investigar. O ttulo uma decorrncia direta do tema e re-

    flete a tentativa do pesquisador de delimitar a questo em estudo.

    Um bom ttulo o que sintetiza a idia principal do trabalho. Deve ser atrativo, sem cair,

    contudo, no sensacionalismo, no uso excessivo de metforas. Deve ser conciso e explicativo

    e evitar o uso de palavras desnecessrias, tais como: Estudos em..., Investigaes..., Pes-

    quisa sobre problemas em....

    2) INTRODUO

    Na introduo, o pesquisador, de modo sucinto, deve:

    situar rapidamente o tema no contexto terico da rea (atualidade) e na rea-

    lidade scio-econmica (possveis implicaes prticas);

    PUC Minas Virtual 17 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

    18/50

    situar a questo (problemtica) no tema. Por exemplo: dentro desse tema,

    uma questo que tem merecido ateno ...pelas razes...;

    explicitar o objetivo do projeto de pesquisa, em termos bem gerais;

    explicitar qual a unidade emprica de anlise (grupos, organizaes, etc)

    destacando brevemente os aspectos que justificam tal escolha.

    3) PROBLEMA DE PESQUISA

    O problema levantado pela pesquisa, incio de todo processo, nasce freqentemente da in-

    tuio de alguma dificuldade existente na realidade de determinada teoria. Essa dificuldade,

    em geral percebida casualmente, fruto da ateno, perspiccia e discernimento de quem

    capaz de selecion-la dentre muitas outras, que eventualmente poderiam ser vistas ou esco-lhidas.

    "(...) O que mobiliza a mente humana so problemas, ou seja, a busca de um mai-

    or entendimento de questes postas pelo real, ou ainda a busca de solues para

    problemas nele existentes tendo em vista a modificao para melhor..." (Leville e

    Dionne, 1999, p. 85)

    Para Moreira(2001), antes de iniciar a elaborao do primeiro documento de intenes do

    projeto de uma dissertao, necessrio tomar contato com o tema da pesquisa, tomar co-

    nhecimento das definies de conceitos-chave, tomar conhecimento de autores do tema es-colhido, ter o primeiro contato com as indagaes ligadas ao tema escolhido e ter material

    suficiente para elaborar seu prprio projeto. Fazem parte dessa etapa inicial as consultas ao

    orientador, entrevistas com especialistas e pesquisadores do tema tratado.

    A formulao do problema considerada, segundo Rudio (1991), o ponto de partida de

    toda pesquisa, ou o motor do processo investigatrio. a dvida que suscita a necessidade

    da pesquisa.

    Formular o problema consiste em dizer, de maneira explcita, clara, compreen-

    svel e operacional, qual a dificuldade com a qual nos defrontamos e que preten-demos resolver, limitando o seu campo e apresentando suas caractersticas. Desta

    forma, o objetivo da formulao do problema de pesquisa torn-lo individuali-

    zado, especfico, inconfundvel. (Rudio, 1991, p. 75)

    O projeto de pesquisa 18 Jos Mrcio de Castro

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

    19/50

    Existem alguns pontos que devem ser considerados na eleio de um tema para a pesquisa

    ou tese:

    Necessidade da pesquisa;

    Capacidade de ser realizada em tempo razovel;

    Simetria de resultados potenciais;

    Correspondncia com a capacidade e interesse do aluno;

    rea de desenvolvimento profissional;

    Disponibilidade/facilidade para pesquisa e/ou dados.

    Definir o problema consiste em delimitar o assunto de que trata a pesquisa.

    "(...) A fase do estabelecimento e de clarificao da problemtica e do prprio pro-

    blema freqentemente considerada como a fase crucial da pesquisa (...) ela que

    serve para definir e guiar as operaes posteriores, como uma espcie de piloto au-

    tomtico, uma vez que tenha sido bem planejada" (Leville e Dionne, 1999, p.

    85).

    3.1. Qualidades de uma formulao de problema de pesquisa

    1. Verificar se o que se pensou realmente um problema cientfico. Se a solu-

    o cientfica impossvel, claro est que o problema no cientfico; o

    problema deve ser definido de tal forma que a soluo seja possvel por meio

    da pesquisa.

    2. O problema deve ser formulado sob a forma de pergunta,uma vezque cla-

    rifica para o autor, e para o leitor, o que se deseja saber.Deve-se apresent-

    lo em forma de pergunta, como por exemplo: Como acontece ou aconte-

    ceu alguma coisa? Em que medida tal coisa contribui para outra coisa? As-

    sim feito, torna-se evidente para o autor, e para o leitor, o que se deseja sa-

    ber;

    3. A pergunta deve ser redigida de forma clara e concisa;

    4. O problema deve ser definido de tal forma que a soluo seja possvel. De-

    ve-se estabelecer corretamente a situao-problema, isto , situar bem a pro-

    blemtica como condio bsica na delimitao do problema de pesquisa;

    PUC Minas Virtual 19 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

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    5. O problema deve ser colocado dentro de um tamanho que contribua para a

    factibilidade da soluo. A escolha do tema e problema de pesquisa pode pa-

    recer difcil, mas no formular um problema corretamente, nem delimit-lo,

    andar s cegas, no escuro. Na verdade, no se pode realizar uma pesquisasem a existnciade um problema, devidamente enunciado, para ser resolvi-

    do. Melhor dizendo, no h resposta sem uma pergunta anterior.

    Descobrir os problemas que o assunto envolve, identificar as dificuldades que ele sugere e

    formular as perguntas (adequadas ou pertinentes), significa abrir as portas pelas quais o pes-

    quisador entrar no terreno do conhecimento cientfico.

    3.2. Consideraes na eleio do tema e problema de pesquisa

    Ao eleger um tema/problema de pesquisa, o pesquisador deve:

    observar suas preferncias e inclinaes em relao aos assuntos;

    observar se o problema relevante, se merece ser investigado cientificamente

    e se tem condies de ser formulado e delimitado tecnicamente em funo

    da pesquisa.

    3.3. Guia para o iniciante (fontes de busca para novos assuntos em pesquisa)

    Levantar um assunto interessante e relevante de pesquisa uma das partes mais difceis de

    um projeto de pesquisa, e alguns alunos tendem a gastar um tempo enorme at se fixarem

    em algum assunto em particular. Por isso, voc no deve desanimar. No raro o iniciante

    sentir dificuldades nesta fase de definio da pesquisa. Porm, todo o desenvolvimento da

    pesquisa depende, obviamente, da escolha do assunto: se for feliz ao escolher o seu tema, te-

    r mais condies de xito; se infeliz, estar fadado ao fracasso.

    Seguem abaixo, segundo Salomon (1991), algumas sugestes de fontes para o pesquisador

    encontrar um tema relevante de pesquisa:

    a. a observao direta do comportamento dos fenmenos ou fatos;

    Observar o comportamento dos fenmenos ou fatos poder representar umaexcelente

    oportunidade para se encontrar um bom tpico de pesquisa. Depender da curiosida-

    de, e da capacidade do pesquisador, a descoberta de um problema que merea ser in-

    vestigado.

    O projeto de pesquisa 20 Jos Mrcio de Castro

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

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    b. a reflexo;

    Quem sabe pensar encontra em si mesmo um rico manancial de assuntos que oferecem

    inmeras possibilidades de serem explorados. Pela reflexo que surgem as relaes

    mais imprevistas, as dvidas dignas de atendimento, a descoberta de falhas em certas

    teorias e tantas outras questes relevantes.

    c. o senso comum;

    O pesquisador voltado para a descoberta de generalizaes mais amplas ou em oposi-

    o a um grupo de generalizaes existentes v, em muitos contedos de senso co-

    mum, autnticos estmulos para a investigao.

    d. a experincia pessoal;

    Todos ns temos maneiras peculiares de reagir no s s situaes concretas da vida,

    mas tambm s influncias culturais, cientficas e ideolgicas. A experincia de vida

    pode constituir uma rica fonte para se encontrar bons temas de pesquisa.

    e. as analogias;

    Muitos modelos e teorias pertinentes a uma cincia derivam de analogias com outras

    cincias. Pode-se dizer, por exemplo, que a Teoria dos Sistemas (Ciberntica) faz uma

    analogia explcita com a Biologia dos organismos vivos.

    f. a observao documental;

    Os documentos, no sentido mais amplo, constituem, sem dvida, um terreno frtil de

    assuntos cientficos para quem os sabe usar com inteligncia e agudeza, sobretudo na

    leitura de trabalhos e revistas especializadas.

    g. os seminrios e as controvrsias;

    Quando bem dirigidos, os seminrios costumam ser um campo propcio para idias

    novas.

    interessante notar que os temas mais fecundos tm origem nas controvrsias. Preste

    ateno aos debates e s controvrsias! No confronto de idias pode estar latente um

    bom tpico de pesquisa.

    PUC Minas Virtual 21 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    22/50

    h. fatos atuais.

    A leitura e o acompanhamento dos fatos ocorridos, atravs de jornais, revistas etc., po-

    de ser uma boa maneira de se encontrar um assunto atual e interessante como objeto

    de pesquisa.

    Concluindo, a verdade que no faltam assuntos para pesquisa, a questo est em de-

    cidir-se por um deles.

    4) JUSTIFICATIVA DA PESQUISA

    Para apresentar a justificativa do seu projeto de pesquisa, o pesquisador deve procurar res-

    ponder POR QUE importante investigar a questo, ou o problema proposto. Em outras

    palavras, o pesquisador deve destacar quais as contribuies tericas e/ou prticas a respostaao problema formulado poder trazer.

    A justificativa deve responder se a pesquisa importante ou significativa o bastante para jus-

    tificar sua execuo. Nenhuma pesquisa ou tese pode pretender ser a melhor do mundo,

    mas nenhuma tambm deve trabalhar com um assunto trivial ou inconseqente.

    Dentre outros, deve-se considerar como aspectos importantes:

    a atualidade do tema;

    as possveis contribuies tericas do estudo;

    as possveis implicaes prticas do estudo;

    a relevncia da populao estudada.

    Em sntese, a justificativa implica relacionar as razes tericas e prticas que legitimam e

    do significado realizao do esforo de pesquisa. Implica defender o projeto do ponto de

    vista terico, pessoal, operacional, etc. Ainda na justificativa, cabe a exposio de interesses

    envolvidos em relao pesquisa.

    5) FUNDAMENTAO TERICA

    A finalidade da fundamentao terica (reviso da literatura) estabelecer a perspectiva a

    partir do qual se situa, isola-se o problema e so fixadas as referncias que nortearo a anli-

    se dos dados, assim como o planejamento da coleta de dados.

    A fundamentao terica fixa, tambm, o campo no qual iro recair as hipteses da pesquisa.

    O projeto de pesquisa 22 Jos Mrcio de Castro

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

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    A esse respeito, no deixe tambm de ler o tpico leitura e documentao.

    6) HIPTESES DA PESQUISA

    Uma vez delimitado teoricamente o estudo e formulado o problema, com a certeza de ser

    cientificamente vlido, o pesquisador dever propor uma suposta resposta, provvel e

    provisria, ao problema formulado, isto , uma hiptese.

    Portanto, uma hiptese uma afirmao provisria acerca da realidade que, tendo em vista

    o campo terico estabelecido, pretende dar uma resposta ao problema formulado. A funo

    da hiptese orientar o investigador quanto aos dados que ele deve dar importncia e quais

    abandonar, desconhecer, por serem irrelevantes.

    Assim, ao se enunciarem hipteses para uma pesquisa, o pesquisador deve ter claramentediante dos olhos a dupla funo que elas desempenham, ou seja:

    a) dar explicaes provisrias;

    b) servir de guia na busca de informaes/dados para verificar a validade das

    explicaes.

    A formulao de hipteses para ser vlida deve obedecer alguns parmetros, tais como:

    a) deve ser plausvel (isto , passvel de ser admitida);

    b) deve ter consistncia (isto , no contrariar uma teoria aceita);

    c) deve ser especfica (isto , identificar bem o que vai se observar);

    d) deve ser verificvel;

    e) deve ser clara, simples e econmica;

    f) deve ser explicativa (isto , tentar explicar o fenmeno em questo).

    Nem todos os tipos de pesquisa necessitam de formulao de hipteses. Todavia, nos estu-

    dos em que h possibilidade de enunci-las, obtm-se vantagens metodolgicas uma vez que

    as hipteses tambm possuem a funo, como dito anteriormente, de orientar e balizar o

    pesquisador na conduo do trabalho.

    s vezes, o problema e os objetivos da pesquisa permitem a formulao de hipteses; em

    outros casos, isso no possvel.No sendo possvel formular uma hiptese, recomenda-se

    que oproblema seja formulado o mais claramente possvel.

    PUC Minas Virtual 23 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    7) OBJETIVOS DA PESQUISA

    Os objetivos de uma pesquisa decorrem diretamente do problema e das hipteses formula-

    das. Indica aquilo que se vai investigar para responder o problema, o que, em ltima instn-

    cia, vem delimitado pelas hipteses formuladas.

    Em alguns casos, til fazer uma distino entre objetivos gerais e objetivos especficos.

    8) METODOLOGIA DA PESQUISA

    A metodologia , por assim dizer, o plo tcnico da pesquisa. na metodologia que o pes-

    quisador responde como ser realizada a pesquisa. oespao onde se deve traar os meios

    necessrios para uma observao da realidade de modo sistemtico e disciplinado, no senti-

    do de observar os fatos, analisar as relaes entre eles e finalmente responder ao problemada pesquisa que representa, para o pesquisador, uma lacuna no conhecimento.

    Para a elaborao do plano metodolgico da pesquisa, sugere-se alguns passos (estratgias)

    principais para a investigaodo problema:

    Primeira Etapa: Definio do tipo de pesquisa e sua estratgia

    De modo geral, importante estabelecer e justificar a escolha do tipo e da estratgia de pes-

    quisa a serem adotados na investigao de determinado problema. Isso implica em se in-

    formar a respeito do grau de profundidade, assim como da forma genrica segundo a qual oproblema ser abordado.

    A deciso em relao ao tipo de pesquisa implica avaliar as seguintes possibilidades:

    Pesquisas exploratrias. O objeto de investigao desconhecido ou pouco

    explorado. As pesquisas exploratrias visam formulao e/ou sistematizao

    desse objeto; de todos os tipos de pesquisa, essas so as que apresentam me-

    nor rigidez no planejamento. Em geral, envolvem levantamento bibliogrfi-

    co e documental, entrevistas no padronizadas e estudos de casos;

    Pesquisas descritivas: O objeto de investigao parcialmente conhecido.

    Pesquisas dessa natureza tm por objetivo a descrio das caractersticas de

    determinada populao ou fenmeno, e o estabelecimento de relaes entre

    variveis. Em geral, implicam em planejamento mais rigoroso da coleta de

    dados e envolvem a utilizao de tcnicas padronizadas de coleta de dados;

    O projeto de pesquisa 24 Jos Mrcio de Castro

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    25/50

    Pesquisas explicativas:Este o tipo de pesquisa que mais aprofunda o co-

    nhecimento acerca da realidade. um tipo de pesquisa em que o objeto de

    investigao suficientemente conhecido para que se elabore hipteses cau-

    sais. Nesse tipo de pesquisa, o interesse explicar a razo, o porqu das coi-sas.

    A deciso em relao estratgia de pesquisa implica avaliar as seguintes possibilidades:

    Pesquisa qualitativa: preocupa-se com a percepo da realidade. Preocupa-se

    em apreender os fatos e fenmenos, e no meramente registr-los ou descre-

    v-los. O tipo mais comum de pesquisa qualitativa em cincias sociais o es-

    tudo de caso;

    Pesquisa quantitativa: expressa uma forte preocupao com a mensurao e

    o estabelecimento de relaes e determinaes de alguns fatos, ou fenme-

    nos, da realidade social sobre outros;

    A seguir, deve-se explicitar o mtodo adotado que, de certa forma, j traz implcita a defini-

    o das tcnicas de coleta e anlise de dados que se pretende usar. importante, ainda, que

    fique clara a justificativa da escolha do mtodo adotado.

    Segunda Etapa: Definio do mtodo de pesquisa

    De uma forma geral, a escolha do mtodo no aleatria, estando vinculada natureza doproblema que est sendo investigado. A deciso em relao ao mtodo de pesquisa implica

    avaliar as seguintes possibilidades:

    Estudo de caso: uma categoria de pesquisa cujo propsito o estudo de

    uma unidade emprica que se analisa profundamente. Visa o exame detalha-

    do de um ambiente, de um sujeito ou de uma situao em particular. O es-

    tudo de casos organizacionais e as histrias de vida so exemplos desse tipo

    de estudo;

    Estudos monogrficos e de profundidade: pesquisa de um tema ou um pro-blema especfico, incluindo anlise do maior nmero possvel de variveis

    que interfiram no tema ou no problema de pesquisa;

    Levantamentos, sondagens, surveys: caracterizam-se, em geral, como pes-

    quisas de grande extenso geogrfica e superficial (no sentido de abordar

    poucos assuntos), para obter dados que permitam construir quadros de refe-

    PUC Minas Virtual 25 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    rncia e formular hipteses a serem utilizados posteriormente em pesquisas

    de maior profundidade; (Abramo, 1979)

    Terceira Etapa: Definio da(s) unidade(s) emprica(s) de anlise(se for o caso)

    De modo geral, em se tratando do mtodo de pesquisa do tipo Estudo de Caso (seja caso

    nico, sejam casos mltiplos), relevante descrever e tipificar cada unidade emprica, objeto

    do estudo, e explicar as razes de sua escolha para o estudo. Isso porque tal mtodo torna-se

    muito mais importante quando a escolha recai sobre casos tpicos, ou que tenham uma sin-

    gularidade que requeira o seu estudo.

    Quarta Etapa: Definio da estratgia (instrumentos) de coleta de dados

    importante, tambm, juntamente com a definio da amostra, definir os instrumentos de

    coleta de dados que sero utilizados. Nestes termos, o pesquisador dever considerar as se-

    guintes tcnicas:

    a) Levantamento Documental

    b) Levantamento Bibliogrfico

    c) Questionrio

    d) Entrevista

    e) Observao(participante / no participante)

    a) Levantamento documental: observao indireta. Pressupe a coleta de

    dados em fontes documentais, tais como arquivos, registros estatsticos, jor-

    nais, revistas etc.

    b) Levantamento bibliogrfico: observao indireta. Toda pesquisa requer

    algum tipo de pesquisa bibliogrfica; algumas, porm, baseiam-se exclusiva-

    mente em dados bibliogrficos. Pressupe a coleta de dados em fontes bibli-

    ogrficas constitudas principalmente de livros e artigos cientficos;

    c) Questionrio: observao indireta. uma tcnica de investigao com-

    posta por um conjunto de questes apresentadas por escrito para os partici-

    pantes da pesquisa e tem por objetivo o conhecimento de opinies, crenas,

    sentimentos, interesses, expectativas, situaes vivenciadas etc. Pode ser do

    tipo fechado, semifechado e aberto. Requer um teste-piloto para verificao

    de sua adequabilidade;

    O projeto de pesquisa 26 Jos Mrcio de Castro

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

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    d) Entrevista: observao indireta. uma tcnica em que o pesquisador inte-

    rage com o participante da pesquisa formulando-lhe perguntas cujo objetivo

    a obteno de dados para a investigao. uma das tcnicas mais utilizadas

    em pesquisa social. Pode ser do tipo aberta, semi-aberta e fechada. Requerum teste-piloto para verificao de sua adequabilidade;

    e) Observao participante: observao direta. O pesquisador participa ati-

    vamente da situao de pesquisa. O pesquisador, nesse tipo de pesquisa, as-

    sume de certa forma o papel de membro do grupo ou comunidade que est

    sendo observada;

    Observao no participante: observao direta. um tipo de observao

    em que o pesquisador assemelha-se mais a um espectador. Permanece alheio

    situao de pesquisa e se limita a observar e registrar os fatos observados.Pode ser do tipo sistemtica, isto , o pesquisador planeja com antecedncia

    quem observar, o que observar, quando observar, quanto observar e para que

    observar. Pode ser uma fonte rica de dados, se for bem planejada.

    Evidentemente, toda pesquisa , na verdade, uma combinao de diversas tcnicas de coleta

    de dados e, portanto, cabe ao pesquisador em face do problema formulado, estabelecer

    quais as tcnicas necessrias para obter os dados de que necessita.

    Quinta Etapa: Definio das unidades de observao

    Implica estabelecer, para fins de coleta de dados, quem sero os respondentes da pesquisa.

    Sexta Etapa: Definio do universo e a amostra da pesquisa (se for o caso)

    Aps a definio dos instrumentos de coleta de dados, importante definir o universo e a

    amostra da pesquisa. Evidentemente, nem todo estudo implica em seleo de amostra, mas,

    se for este o caso, o pesquisador dever considerar:

    Amostra intencional: as unidades que compem a amostra da pesquisaso escolhidas intencionalmente pelo pesquisador, na pretenso de que

    representem o universo pesquisado;

    Amostra aleatria:as unidades so escolhidas inteiramente ao acaso, isto

    , cada unidade do universo pesquisado tem a mesma chance de fazer

    parte da amostra e, portanto, representam as mesmas caractersticas en-

    contradas no universo pesquisado.

    PUC Minas Virtual 27 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

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    Stima Etapa: Pr-teste dos instrumentos de coleta de dados

    Uma vez terminado o projeto de pesquisa definitivo, a tentao de iniciar imediatamente a

    pesquisa muito grande. Porm, deve-se considerar que muitos aspectos nos instrumentos

    de pesquisa podem estar incompletos ou inadequados e, nesse caso, todo um esforo de

    pesquisa pode ser desperdiado. Recomenda-se, portanto, um pr-teste (teste-piloto) dos

    instrumentos de coleta de dados, cujo propsito validar o instrumento de pesquisa.

    Aps o teste, se necessrio, reescreve-se o instrumento, adequando-o s dificuldades obser-

    vadas durante o teste.

    Oitava Etapa: Definio da estratgia de anlise de dados

    Por ltimo, em funo do tipo de pesquisa, do mtodo e dos instrumentos de coleta de da-dos, o pesquisador dever definir qual tipo de anlise de dados ser delineada na pesquisa.

    Para isso, dever considerar os principais tipos:

    Anlises descritivas (mensuraes);

    Anlises explicativas (relaes, tendncias, probabilidades);

    Construo de tipos;

    Construo de modelos;

    Classificao de tipologias.

    A base para a organizao de respostas do tipo qualitativa (entrevistas abertas, por exemplo)

    o seu agrupamento em categorias de anlise. A base para se decidir quais categorias so

    mais significativas para o estudo encontra-se nas perguntas, ou nas hipteses formuladas

    A tabulao (mais aplicada a dados quantitativos) uma forma de organizao e anlise, es-

    pecificamente, para dados estatsticos. Essencial na tabulao a contagem, para se deter-

    minar o nmero de dados que se encontra em cada categoria.

    9) CRONOGRAMA

    O cronograma visa a planejar o trabalho em funo do tempo. Pode parecer bvio, mas

    quando no se estabelece um cronograma para o incio e o fim dos trabalhos(principalmen-

    te quando os prazos so pr-determinados), comum o pesquisador desperdiar tempo ou

    mesmo no ter uma percepo exata do tempo necessrio para desenvolver cada uma das a-

    tividades.

    O projeto de pesquisa 28 Jos Mrcio de Castro

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

    29/50

    No caso da pesquisa bibliogrfica, o cronograma deve apresentar um planejamento de tem-

    po necessrio para cada atividade, isto , levantamento bibliogrfico, pr-leitura e leitura pa-

    ra documentao, documentao, seleo e anlise do material documentado, elaborao do

    texto, redao, e assim por diante.

    Em se tratando de pesquisa de campo, o pesquisador deve demarcar osprazos, principal-

    mente para a fundamentao terica (reviso da literatura). A seguir, deve determinar o

    tempo necessrio para a consecuo da pesquisa de campo, isto , a elaborao dos instru-

    mentos de coleta de dados, pr-teste, execuo da coleta de dados, tabulao/organizao

    dos dados, anlise e interpretao dos dados e redao do relatrio de pesquisa.

    10) ORAMENTO

    O oramento diz respeito aos custos do desenvolvimento da pesquisa que, em geral, envol-vem material de consumo, equipamentos, pessoal, material bibliogrfico etc. Normalmente,

    a elaborao de um oramento de pesquisa obrigatria quando se trata de projetos finan-

    ciados, nos quais h uma prestao de contas entidade financiadora. Em caso de pesquisas

    com oramentos prprios, o oramento importante como instrumento de planejamento e

    controle de despesas.

    11) REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    Referncia bibliogrfica a relao de fontes/bibliografia utilizada formalmente (referencia-

    das no texto) pelo pesquisador, e que deve ser listada no final do relatrio de pesquisa em

    ordem alfabtica, pelo sobrenome do autor da obra.

    A bibliografia uma relao de fontes/bibliografia recomendadas pelo pesquisador que, se-

    gundo sua percepo, complementam as referncias bibliogrficas.

    As referncias bibliogrficas devem ser apresentadas separadamente das bibliografias reco-

    mendadas ou consultadas pelo pesquisador.

    PUC Minas Virtual 29 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    3. Leitura e documentao: redao do trabalho cientfico5

    3.1. Fundamentao terica: consideraes gerais

    Aps definir o material de pesquisa, deve-se proceder leitura. O mais indicado comear

    pelos textos mais recentes e gerais, indo para os mais antigos e particulares. As obras mais

    recentes geralmente retomam as contribuies significativas do passado. Observar que as

    obras clssicas dificilmente perdem seu valor de atualidade. (Severino, 2000).

    A fundamentao terica deve refletir, teoricamente, o problema representado pelo pesqui-

    sador no mbito de sua pesquisa. A fundamentao terica poder ser encontrada com ou-

    tras denominaes, como referencial terico, marco terico ou reviso da literatura. Mas, a

    sua funo ser sempre a mesma, ou seja, a de permitir a familiarizao com o assunto que

    interessa ao pesquisador. Pode ser parte de uma pesquisa de campo ou a prpria pesquisa,

    quando se tratar de pesquisa bibliogrfica.

    A fundamentao terica permite, tambm, descobrir as ligaes do assunto que interessam

    ao pesquisador com outros problemas, o que, sem dvida alguma, ampliar a viso sobre o

    tpico que se pretende estudar.

    A esse respeito, convm fazer duas consideraes:

    no possvel interpretar e compreender a realidade sem uma base concep-

    tual que permita explicar os fatos e fenmenos (veja Teoria e Fato);

    a teoria no um modelo, uma luva, qual a realidade deve se adaptar. Pelo

    contrrio, a realidade que aperfeioa freqentemente a teoria, sendo que

    algumas vezes a invalida totalmente, ou exige reformulaes fundamentais.

    5 PUCMINAS, 2003

    PUC Minas Virtual 31 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    Deve-se ainda assinalar que, de fato, o importante a definio de um eixo terico, uma de-

    limitao terica que seja explicativa daquela realidade que se est estudando. Na verdade, a

    questo da fundamentao terica refletir e compreender formalmente o estado da arte

    em relao ao problema de pesquisa.

    Portanto, a fundamentao terica dever refletir:

    a. a opo do pesquisador dentro do universo ideolgico e terico existente;

    b. a sntese a que chegou, aps as anlises crticas a que submeteu os textos li-

    dos e consultados;

    c. o conjunto de conceitos que constituem o arcabouo terico onde se situam

    suas preocupaes cientficas;

    d. a relevncia contempornea (atualizao) exigida em toda pesquisa;

    e. o balizamento terico em que se dar a delimitao do problema e com o

    qual procurar explic-lo;

    f. a base e o referencial da metodologia de pesquisa, isto , da coleta e anlise

    dos dados.

    Concluindo, a fundamentao terica indica a orientao e as diretrizes da pesquisa a ser

    empreendida. a partir da teoria que se busca explicar os fatos, para racionaliz-los, com-preend-los e domin-los.

    importante reforar, ainda, que uma boa fundamentao terica, ou reviso da literatura,

    comea com um levantamento bibliogrfico inteligente e racional. A instrumentalizao pa-

    ra a elaborao da fundamentao terica ser abordada a seguir.

    3.2.A pesquisa bibliogrfica

    A pesquisa bibliogrfica pode ser realizada como um estudo independente, isto , sendo elaa prpria pesquisa, ou como parte de uma pesquisa de campo que se constitui, ento, como

    a fundamentao terica ou reviso da literatura no relatrio de pesquisa. Em qualquer dos

    casos, exige mtodo, rigor e disciplina.

    De acordo com o que j foi discutido anteriormente, todo o processo de pesquisa se inicia

    com o assunto escolhido. A partir das definies do tema e do problema de pesquisa que

    se comea a explorar a bibliografia disponvel sobre o assunto.

    Leitura e documentao: 32 Jos Mrcio de Castroredao do trabalho cientfico

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    A bibliografia, como a documentao, constitui um ramo auxiliar da cincia, pois nos ensi-

    na a procurar fontes, livros e outros materiais cientficos a serem utilizados nos trabalhos. A

    finalidade principal da bibliografia colocar o pesquisador em contato com tudo o que se

    tem pesquisado sobre o assunto, objeto da pesquisa.

    Quando se fala em pesquisa bibliogrfica, importante fazer uma diferena entre fonte, bi-

    bliografia e documento. Fonte material de primeira mo, original. Quanto bibliografia

    o conjunto de obras derivadas sobre determinado assunto, escrita por diversos autores. J o

    documento constitui-se uma categoria especfica e diz respeito a todo o material encontrado

    nas bibliotecas sob a forma de fotocpias, microfilmagens, ou compilados por computador

    etc.

    3.2.1. Etapas da pesquisa bibliogrfica

    3.2.1.1. 1 ETAPA: Levantamento bibliogrfico

    No que tange preparao e seleo do material de leitura, a observao de Eco (1991, p.

    45) bastante profcua:

    (...) aconselhvel no procurar ler, na primeira assentada, todos os livros en-

    contrados, mas elaborar a bibliografia bsica. Neste sentido, a consulta prelimi-

    nar dos catlogos permitir que se faa pedidos quando j se dispe da lista (...).

    O levantamento bibliogrfico uma etapa fundamental para a pesquisa bibliogrfica. Con-

    siste em identificar os principais materiais publicados a respeito do assunto que est sendo

    investigado. Permite ao pesquisador ter uma idia genrica do conjunto de conhecimentos

    existente a respeito do assunto da sua pesquisa. Para realizar o levantamento bibliogrfico, o

    pesquisador poder:

    recorrer ao material bibliogrfico existente nos catlogos de assuntos das bi-

    bliotecas;

    recorrer bibliotecria;

    recorrer aos sistemas de consultas interbibliotecas (por exemplo: COMUT);

    recorrer a pesquisas eletrnicas, atravs de bases de dados da internet.

    PUC Minas Virtual 33 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

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    Na biblioteca, o pesquisador vai encontrar, pelo menos, 3 (trs) tipos de fichas:

    Ficha de autor

    Ficha de ttulo

    Ficha de assunto

    A consulta a essas fichas fundamental para o incio do levantamento bibliogrfico, princi-

    palmente para os iniciantes que ainda no formularam concretamente o problema de pes-

    quisa, ou que desconhecem a amplitude do assunto que est sendo pesquisado.

    Ao elaborar um levantamento bibliogrfico, a tendncia o pesquisador selecionar todo o

    material relativo ao assunto pesquisado. Porm, antes de comear a leitura, interessante

    que se faa uma triagem desse material bibliogrfico. Certamente, numa segunda seleo, opesquisador ir se deparar com materiais j considerados velhos, outros que no esto rela-

    cionados to diretamente ao assunto e assim por diante. Portanto, uma triagem do material

    levantado fundamental para a crtica e o refinamento do levantamento bibliogrfico.

    3.2.1.2. 2 ETAPA: Fichamento bibliogrfico

    O levantamento bibliogrfico se faz por meio de fichas bibliogrficas, cujo formato interna-

    cional de 12,5 cm X 7,5 cm. Ao preencher uma ficha bibliogrfica, o pesquisador dever

    preocupar-se com a diligncia na transcrio dos dados bibliogrficos, a saber:

    a. palavra de ordem: sobrenome e nome do autor;

    b. ttulo e subttulo do livro ou artigo cientfico;

    c. notas tipogrficas:lugar, editora, edio e data da edio;

    d. notas bibliogrficas:nmero de pginas, nmero de volumes etc.

    Para enriquecimento do seu levantamento, recomendvel procurar as referncias da bibli-

    ografia consultada, com o objetivo de fazer um controle cruzado dos livros ou materiais queforam mais citados, pois com certeza so ttulos de referncia.

    O levantamento bibliogrfico um trabalho metdico e de pacincia. Assim, medida que

    o pesquisador identifica um material de interesse para a sua pesquisa, ele deve abrir uma fi-

    cha bibliogrfica e transcrever os dados da obra para essa ficha e, assim, ir formando o seu

    arquivo de fichas (fichrio).

    Leitura e documentao: 34 Jos Mrcio de Castroredao do trabalho cientfico

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    Por uma questo de cuidado e disciplina, o pesquisador poder, ainda, acrescentar na frente

    ou no verso da ficha os seguintes dados:

    a biblioteca onde se encontra a obra;

    um breve sumrio da obra;

    algum juzo crtico, notas pessoais etc.

    A classificao das fichas bibliogrficas usualmente feita em ordem alfabtica, tendo em

    vista o sobrenome do autor da obra.

    3.2.1.3. 3 ETAPA: Plano de assunto como hiptese de trabalho

    Antes de iniciar qualquer trabalho de pesquisa, convm ao pesquisador elaborar um planode trabalho provisrio, que contenha os captulos (corpo do trabalho) previamente defini-

    dos para servir de fio condutor. Provavelmente, ao chegar ao final do trabalho, a estrutura

    ser um pouco diferente; no entanto, o roteiro provisrio ter sido bastante til para a ela-

    borao da fundamentao terica.

    (...) redigir logo o ndice como hiptese de trabalho serve para definir o mbito

    da tese. Objetar-se- que, medida que o trabalho avana, esse ndice hipottico

    se v obrigado a reestruturar-se vrias vezes, talvez assumindo uma forma total-

    mente diferente. Certo. Mas a reestruturao ser mais bem feita se contar com

    um ponto de partida.(Severino, 2000, p. 73)

    No incio, esse plano de leitura pode ser feito com tpicos bem genricos sobre o assunto e,

    medida que o pesquisador vai dominando o assunto, provavelmente novas idias em ter-

    mos de organizao de leitura devem surgir e adquirir caractersticas prprias. A elaborao

    de um esquema que funcione como um plano provisrio evita muita perda de tempo e, no

    raro, fornece idias para um esquema definitivo.

    Nessa mesma linha, Eco (1991)sugere que uma outra tcnica pode ser utilizada: alm de se

    criar o escopo bsico com as divises, cria-se tambm uma pequena introduo, que vai

    sendo adaptada durante o desenvolvimento do trabalho, servindo inclusive de referncia pa-

    ra que o pesquisador verifique a coerncia na incluso de novas idias, assim criando um n-

    vel de consistncia maior para o trabalho.

    Antes de comear a leitura, o aluno elabora um roteiro de seu trabalho. Trata-se

    de uma primeira estruturao do trabalho, baseada em grandes idias oriundas

    dos vrios aspectos que pode ter um problema referente ao assunto estudado.

    So essas idias que nortearo a leitura e a pesquisa que se iniciam. Essa etapa

    PUC Minas Virtual 35 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    fundamental, pois que sem uma idia-diretriz na mente a leitura e a documenta-

    o no sero suficientemente fecundas. (Severino, 2000, p. 78)

    3.2.1.4. 4 ETAPA: Documentao da leitura

    Com a documentao, o pesquisador atinge a parte mais importante do trabalho de pesqui-

    sa bibliogrfica. A pesquisa bibliogrfica se completa e tem razo de ser com a documenta-

    o. Documentar significa extrair do material estudado aqueles dados ou informaes que

    sero fundamentais para a soluo do problema de pesquisa formulado.

    Em geral, principalmente quando se trata do iniciante em pesquisa, observa-se a ausncia de

    qualquer mtodo em relao ao processo de leitura. comum, nesse caso, uma leitura assis-

    tematizada, sem qualquer vnculo com o processo de documentao do que est sendo lido.

    O pesquisador precisa entender que documentar a leitura armazenar um conjunto de in-

    formaes que mais tarde sero de extrema valia para a redao do texto cientfico.

    A documentao a ser feita no decorrer de uma leitura deve possuir os seguintes requisitos:

    exatido quanto ao contedo e s fontes;

    utilidade para o trabalho;

    integridade, no sentido de no excluir nenhuma informao til.

    medida que a leitura vai sendo feita, os elementos

    (...) julgados vlidos devem ser transcritos nas fichas de documentao. Passa-se

    para a ficha alguma passagem completa do texto em que se l, caso em se deve

    transcrever ao p da letra, colocando-se tudo entre aspas e citando a fonte; em

    outros casos, faz-se apenas a sntese das idias em questo; nesta hiptese, as as-

    pas so dispensadas, mas mantm-se a citao da fonte. Contudo hbito pesso-

    al, a transcrio nas fichas ser feita interrompendo-se a leitura (o que mais a-

    conselhvel) ou, ento, primeiramente ser feita uma leitura completa do texto

    pesquisado, assinalando-se levemente as passagens mais importantes, transcre-

    vendo-as a seguir. (Severino, 2000, p. 81)

    As fichas para documentao podem ter formato maior, e devem ser de trs tipos para cada

    obra a ser lida:

    1) Fichas de citaes;

    2) Fichas de resumo;

    3) Fichas de idias pessoais.

    Leitura e documentao: 36 Jos Mrcio de Castroredao do trabalho cientfico

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    1) Fichas de citao

    Fichas de citao so aquelas em que o pesquisador, durante a leitura, registra alguma cita-

    o importante de um determinado autor em determinada obra, e que ele julga interessante

    e til para a anlise do problema de pesquisa formulado. A anotao dessas citaes em fi-

    chas exclusivas para cada obra vai facilitar sobremaneira o trabalho de construo posterior

    do texto cientfico.

    2) Fichas de resumo

    As fichas de resumo tm por funo buscar condensar a exposio do autor em sua obra.

    Trata-se de uma sntese da obra. Do mesmo modo que a anterior, esta ficha tem um signifi-

    cado muito grande na construo da pesquisa bibliogrfica.

    3) Fichas de idias pessoais

    Fichas de idias pessoais so aqueles em que o pesquisador registra as idias, crticas e asso-

    ciaes que realiza durante a leitura de determinada obra. Por isso mesmo, tal ficha pertence

    ao leitor e no ao autor da obra.

    3.2.1.5. 5 ETAPA: Crtica da documentao

    Esta fase refere-se ao prprio exame do contedo do documento, seu significado. Corres-

    ponde realizao da crtica do material que foi documentado, a saber:

    crtica de interpretao, ou seja, interpretar o sentido exato do que o autor

    da obra quer dizer;

    crtica de contedo, ou seja, qual o valor das idias contidas no documento.

    nesse momento que o pesquisador determina, de fato, os fundamentos tericos do seu

    trabalho. Nessa etapa,o pesquisador deve estabelecer o quadro de referncia, a conexo en-

    tre as teorias existentes e a novidade que trar com seu trabalho.

    Aps cumprir as etapas descritas anteriormente, o pesquisador contar em seus arquivoscom, no mnimo, trs tipos de fichas para cada obra lida, a partir das quais desenvolver a

    sua pesquisa bibliogrfica ou fundamentao terica. So elas:

    fichrio bibliogrfico;

    documentao de fontes e bibliografias (fichas de citao e de resumo);

    anotaes e crticas pessoais (fichas de idias pessoais).

    PUC Minas Virtual 37 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    3.2.1.6. 6 ETAPA: Construo do texto

    O trabalho de construo nada mais do que a coordenao das diversas categorias de fi-

    chas e sua utilizao. Trata-se, ento, de ordenar os elementos numa construo bem arqui-

    tetada que responda, plenamente, s exigncias e objetivos do prprio estudo.

    Assim, todo o acervo de arquivos (fichas) recolhido e ordenado em torno da idia domi-

    nante e cada elemento vai sendo destinado para o seu lugar prprio. Nesse processo, fun-

    damental aquele plano provisrio de assunto, discutido anteriormente.

    Essa construo se realiza concomitantemente, ou seja, seleo ou apurao do material, e

    sntese dos dados colhidos.

    A seleo consiste em separar aquilo que til e orden-lo de acordo com o esquema ouplano de assunto. Durante esse processo, as fichas podero ter os seguintes destinos:

    algumas sero eliminadas fatalmente, pela inutilidade;

    outras sero destinadas ao incio do trabalho;

    outras iro para o corpo do trabalho (captulo 1, captulo 2 etc.).

    Desse modo, por um esforo de reflexo, crtica e inveno, vai a mente assimilando pro-

    gressivamente os dados do problema, descobrindo-lhes a complexidade, comparando-os. dessa atividade que surgem as relaes possveis, provveis e certas. Pouco a pouco, as pers-

    pectivas se desenham, a harmonia estabelecida e a unidade feita. Depois do processo de

    anlise (separao do material), a sntese (juno do que foi ou estava separado) deve ser rea-

    lizada. A sntese final o plano definitivo da pesquisa ou dissertao.

    3.2.1.7. 7 ETAPA: Redao do texto

    A redao o refinamento ltimo do trabalho. Compreende duas etapas:

    redao provisria: um primeiro rascunho do texto;

    redao definitiva.

    3.2.2. Regras para a insero de citaes

    As citaes so idias de outros autores (informaes colhidas em outras fontes) que o pes-

    quisador inclui no seu texto para reforar a argumentao. Num trabalho muito interessan-

    Leitura e documentao: 38 Jos Mrcio de Castroredao do trabalho cientfico

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    te, Eco (1993)sugere um conjunto de regras para o uso correto de citaes. Especificadas,

    abaixo, algumas delas:

    as citaes devem dizer algo de novo ou relevante;

    o pesquisador deve compartilhar da idia expressa na citao;

    as citaes devem incluir informaes sobre a obra/autor citado;

    o autor estrangeiro deve ser citado na lngua original (quando for o caso);

    a citao com at trs linhas poder ser inserida no corpo do pargrafo;

    a citao acima de trs linhas dever vir em destaque;

    as citaes devem ser fiis ao texto etc.

    Existem dois tipos de citao, a saber:

    1) Citao direta ou textual

    A citao direta ou textual quando feita a transcrio literal de palavras, outextos, de um

    autor. Nesse caso, a citao deve aparecer entre aspas e destacada tipograficamente.

    2) Citao indireta ou livre

    Este tipo de citao ocorre quando as idias de um autor so reproduzidasno texto sem se-

    rem transcritas totalmente.

    Em termos de regras gerais para se usar as citaes, destacam-se as seguintes:

    a) quando h necessidade de supresso de texto, utilizam-se as reticncias entre

    parnteses no lugar do texto omitido;

    b) quando h necessidade de salientar trechos ou palavras da citao, direta ou

    textual, elas so sublinhadas ou escritas em negrito na citao, ao final daqual escreve-se a expresso grifo nosso, entre parnteses;

    c) quando se tratar de texto traduzido por quem faz a citao, a mesma dever

    vir seguida da expresso traduo nossa, entre parnteses;

    PUC Minas Virtual 39 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    d) quando se quer citar informaes colhidas de canais no escritos, informais,

    tais como palestras, debates, entrevistas, deve-se usar a expresso informa-

    o verbal, seguida da data entre parnteses;

    e) quando o texto citado foi retirado de outra citao, escreve-se o sobrenome

    do autor do texto original seguido da expresso latina apud (citado por), o

    sobrenome do autor da obra consultada, o ano da publicao dessa mesma

    obra e a pgina de onde foi retirada a citao;

    f) indispensvel indicar os dados completos das fontes de onde foram extra-

    das as citaes, utilizando-se no decorrer do texto um nico sistema de refe-

    rncia, que pode ser do tipo alfabtico ou numrico.

    3.2.3. Sistemas de indicao de fontes

    Existem dois sistemas que podem ser empregados no relatrio de pesquisa, ou em qualquer

    outro tipo de produo cientfica, para a indicao de fontes. So eles:

    1) SISTEMA ALFABTICO: emprega-se o sobrenome do autor seguido da data

    da edio da obra e, no caso de citaes diretas ou textuais, indica-se, tam-

    bm, a pgina inicial de onde foi retirada a citao;

    2) SISTEMA NUMRICO: a indicao dos documentos feita por chamadas

    numricas, em algarismos arbicos. As chamadas numricas podem ser re-

    metidas para as referncias bibliogrficas ou para as notas de rodap, no

    final do texto ou da seo.

    importante lembrar que qualquer um dos dois sistemas pode ser usado, mas nunca se de-

    ve misturar os dois sistemas em um mesmo trabalho cientfico.

    3.2.4. Normas para referncias bibliogrficas

    Existe um conjunto de normas emanado da ABNT (Associao Brasileira de Normas Tc-

    nicas), que rege a apresentao das referncias bibliogrficas. Eis algumas dessas normas:

    1) OBRA NICA DE UM AUTOR

    Sobrenome do autor, seguido do nome; Ttulo da obra (em destaque); Edio (se for a primeira no necessrio fazer a referncia); Local da edio;

    Leitura e documentao: 40 Jos Mrcio de Castroredao do trabalho cientfico

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    Editor;

    Ano da edio;

    Nmero de pginas e volumes (se for o caso).

    Exemplo:

    TRIVIOS, Augusto N. S. Introduo pesquisa em cincias sociais: a pesquisa qua-

    litativa em educao. So Paulo: Atlas, 1987.

    2) OBRA NICA COM DOIS OU TRS AUTORES

    Sobrenomes dos autores, seguidos dos nomes;

    Ttulo da obra (em destaque); Edio (se for a primeira no necessrio fazer a referncia);

    Local da edio;

    Editor;

    Ano da edio;

    Nmero de pginas e volumes (se for o caso).

    Exemplo:

    LAVILLE, Christian, DIONNE, Jean.A construo do saber:manual de metodologia

    da pesquisa em cincias sociais. Porto Alegre: Editora Artes Mdica Sul Ltda, 1999.

    3) OBRA NICA COM MAIS DE TRS AUTORES

    Sobrenome do autor (principal), seguido do nome e da expresso et al (que substi-

    tui o nome dos outros autores);

    Ttulo da obra (em destaque);

    Edio (se for a primeira no necessrio fazer a referncia);

    Local da edio;

    Editor;

    Ano da edio;

    Nmero de pginas e volumes (se for o caso).

    Exemplo:

    PAGS, Max et al. O poder nas organizaes: a dominao das multinacionais sobre o

    indivduo. So Paulo: Atlas, 1987.

    PUC Minas Virtual 41 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

  • 7/24/2019 Metodos Tecnicas Pesquisa Uma Introduo

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    4) OBRA EM SEPARADO DE VRIOS AUTORES

    Sobrenome e nome do autor do captulo, artigo ou ensaio;

    Ttulo do captulo, artigo ou ensaio;

    Nome (s) do(s) organizador(es), precedido da expresso In: e da expresso(Org.) ou (Coord.);

    Ttulo da obra (em destaque);

    Edio (se for a primeira no necessrio fazer a referncia);

    Local da edio;

    Editor;

    Ano da edio;

    Nmero de pginas e volumes (se for o caso);

    Intervalo de pginas que contm o captulo, artigo ou ensaio.

    Exemplo:

    SEGNINI, Liliana Rolfsen P. Taylorismo: uma anlise crtica. In: BRUNO, Lcia,

    SACCARDO, Cleusa. (Org.). Organizao, trabalho tecnologia. So Paulo: Atlas,

    1986, p. 81-88.

    5) OBRA DE RESPONSABILIDADE DE RGOS OU EMPRESAS

    Nome do rgo, empresa ou entidade; Nome da obra;

    Local da edio;

    Ano da edio;

    Nmero de pginas e volumes (se for o caso).

    Exemplo:

    IBGE. Relatrio da Diretoria Geral: 1984. Rio de Janeiro: 1985, 40p.

    6) ARTIGO DE PERIDICO

    Sobrenome e nome do autor do artigo;

    Ttulo do artigo;

    Ttulo do peridico (em destaque);

    Local da publicao;

    Nmero do volume;

    Leitura e documentao: 42 Jos Mrcio de Castroredao do trabalho cientfico

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    Nmero do fascculo;

    Pgina inicial e final do artigo;

    Data do volume do fascculo.

    Exemplo:

    MARQUES, Benjamin Campolina de Avelar. Legislao e movimentos pendulares

    ambientais. Revista Mineira de Engenharia. Belo Horizonte, v. 3, n. 6, p. 8-11, out.

    1989.

    7) ARTIGO DE JORNAL

    Sobrenome e nome do autor do artigo; Ttulo do artigo;

    Ttulo do jornal (em destaque);

    Local da publicao;

    Data (dia, ms e ano);

    Nmero ou ttulo do caderno, seo ou suplemento;

    Pgina(s) do artigo referenciado.

    Exemplo:

    FERRAZ, Slvio. Nasce a super Alemanha.Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 1o. de jul.de 1990. Caderno Especial, p. 31.

    3.3.As partes genricas de um trabalho cientfico

    De um modo geral, o trabalho cientfico tem trs partes bsicas. So elas:

    1) INTRODUO

    A introduo tem por finalidade apresentar o problema que o pesquisador est estu-dando, acenar para o seu estgio de desenvolvimento e para a relevncia da pesquisa a

    ser realizada. Mesmo sendo a primeira parte do trabalho, deve ser redigida por ltimo.

    Deve conter os seguintes itens:

    apresentao sumria do estgio de desenvolvimento do assunto mediante

    referncia a tudo que j se escreveu sobre ele;

    PUC Minas Virtual 43 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    referncia s possibilidades de contribuio da pesquisa que est sendo de-

    senvolvida, sem anunciar solues ou concluses;

    enfoque da idia central que presidiu a pesquisa e do roteiro obedecido para

    atingir esse propsito;

    destaque das fontes e bibliografia fundamental pesquisada;

    delimitao clara e precisa do campo de pesquisa e indicao das partes

    componentes do corpo do trabalho.

    2) CORPO DO TRABALHO (DESENVOLVIMENTO)

    O corpo ou desenvolvimento do trabalho constitui-se na parte mais extensa do trabalho ci-

    entfico. Tem por objetivo desenvolver a idia principal, analisando-a, ressaltando os por-menores mais importantes, discutindo hipteses divergentes, reais ou possveis, expondo a

    prpria hiptese e demonstrando-a por meio de documentao.

    Requisitos como clareza, objetividade e simplicidade so essenciais.

    3) CONCLUSES

    A concluso tem por finalidade reafirmar sinteticamente a idia principal e os pormenores

    mais importantes j desenvolvidos no corpo do texto. o momento de retomar o argumen-

    to decisivo do trabalho em seus delineamentos fundamentais. A concluso deve, tambm,ressaltar o alcance e as conseqncias dos esclarecimentos prestados pela pesquisa e o poss-

    vel mrito de seus achados, com sugestes para novas pesquisas.

    3.4. Estilo do trabalho cientfico

    Um relatrio de pesquisa exige certas qualidades em relao ao estilo. Entre as mais impor-

    tantes, pode-se sugerir:

    a) Impessoalidade:deve ser evitado o uso da primeira pessoa do singular. Co-mumente se usa a primeira pessoa do plural ou o sujeito indeterminado,

    impessoal, para a expresso das idias;

    b) Clareza:as idias devem ser apresentadas de maneira que no haja margem

    para ambigidades. A escolha correta de termos muito importante para

    indicar, com exatido, os achados de pesquisa;

    Leitura e documentao: 44 Jos Mrcio de Castroredao do trabalho cientfico

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    c) Preciso:as cincias dispem de terminologias tcnicas especficas, que pos-

    sibilitam a transmisso de idias. O pesquisador no pode ignor-las ao re-

    digir o relatrio de pesquisa;

    d) Conciso: as frases constantes do relatrio de pesquisa devem ser simples,

    evitando-se os perodos longos que dificultam a compreenso e a leitura.

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    4. Publicaes cientficas6

    4.1. Comunicao cientfica

    De acordo com Lakatos e Marconi (1987, p. 80),

    Comunicao cientfica a informao apresentada em congressos, simpsios,

    semanas, reunies, academias, sociedades cientficas, etc., onde se expem os re-

    sultados de uma pesquisa original, indita, criativa, a ser publicada posterior-

    mente em anais ou revistas.

    A comunicao cientfica deve levar em considerao os seguintes aspectos:

    1. Finalidade;

    2. Informaes;

    3. Estrutura;

    4. Linguagem;

    5. Abordagem.

    PUC Minas Virtual 47 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

    6 PUCMINAS, 2003

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    4.2. Tipos de comunicao cientfica

    4.2.1.Artigos cientficos

    Os artigos cientficos so estudos breves, porm completos, que tratam de questes verda-

    deiramente cientficas, mas que, pelo volume, no constituem matriasuficiente que justifi-

    que a publicao de um livro. Apresentam resultados de estudos ou pesquisas e diferem de

    outros tipos de publicao pela reduzida dimenso e contedo. (Lakatos e Marconi, 1987)

    4.2.2. Informe cientfico

    um tipo de relato escrito que divulga os resultados parciais ou totais de uma pesquisa, as

    descobertas ou os primeiros resultados de uma investigao em curso. o mais sucinto dos

    trabalhos cientficos e restringe-se descrio dos resultados obtidos em pesquisa. (Lakatose Marconi, 1987)

    4.2.3. Resenha crtica

    A resenha uma descrio minuciosa de uma obra, compreendendo um certo nmero de

    fatos. Resenha crtica a apresentao do contedo de uma obra que compreende a leitura,

    resumo, crtica e formulao de um conceito de valor do livro, feitos pelo resenhista. (Laka-

    tos e Marconi, 1987)

    A finalidade de uma resenha informar ao leitor, de maneira objetiva e corts, o assuntotratado no livro, evidenciando a contribuio do autor em termos de novas abordagens, no-

    vos conhecimentos e novas teorias. Visa, portanto, a apresentar uma sntese das idias fun-

    damentais da obra. (Lakatos e Marconi, 1987)

    Publicaes cientficas 48 Jos Mrcio de Castro

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    Referncias bibliogrficas

    ABRAMO, Perseu. Pesquisa em cincias sociais. In: HIRANO, Sedi. (Org.). Pesquisa Social: proje-to e planejamento. So Paulo: T. A. Queiroz, 1979, p. 21-88.

    CERVO, A. L., BERVIAN, P. A.Metodologia cientfica. 3. ed. So Paulo: Mac Graw-Hill do Bra-sil, 1983.

    DEMO, Pedro. Metodologia cientfica em cincias sociais. 3. ed. Ver. e ampl. So Paulo: Atlas,1995.

    ECO, Humberto. Como se faz uma tese. Traduo de Gilson Csar C. de Souza. So Paulo: Pers-

    pectiva, 1993.

    LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de A. Metodologia do trabalho cientfico. 2 ed. SoPaulo: Atlas, 1987.

    LEVILLE, Christian, DIONNE, Jean.A construo do saber:manual de metodologia da pesquisaem cincias humanas. Traduo de Helosa Monteiro e Francisco Settineri. Porto Alegre: Editora

    Artes Mdicas Sul Ltda; Belo Horizonte: Editora UFMG, 1999.

    MOREIRA, Daniel A.As dificuldades de uma dissertao de mestrado. So Paulo: Fund. Escola de

    Comrcio lvaro Penteado, 2001. (Dissertao de Mestrado em Administrao)

    RUDIO, Franz Victor. Introduo ao projeto de pesquisa. 16. ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1991.

    SALOMON, Dlcio Vieira. Como fazer uma monografia. 2. ed. So Paulo: Martins Fontes, 1991.

    SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho cientfico. 21. ed. So Paulo: Cortez,2000.

    PUC Minas Virtual 49 Mtodo e tcnicas de pesquisa:uma introduo

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    50/50

    Bibliografia consultada

    ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de ps-graduao: noesprticas. 3. ed. So Paulo: Atlas, 1999.

    ASTI VERA, Armando.Metodologia da pesquisa cientfica. 8. ed. So Paulo: Globo, 1989.

    BRUYNE, Paul et al.A dinmica da pesquisa em cincias sociais. 2. ed. Rio de Janeiro: FranciscoAlves, 1982, p. 133-155.

    FRANA, Jnia Lessa et al.Manual de Normalizao de publicaes tcnico-cientficas. 3. ed. rev.e aum. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996.

    GIL, Antonio Carlos.Mtodos e tcnicas de pesquisa social. 4. ed. So Paulo: Atlas, 1994.

    GODOY, Arilda Schmidit. Introduo pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de Ad-ministrao de Empresas. So Paulo, v. 35, n. 2, p. 57-63, mar./abr. 1995 .HIRANO, Sedi (Org.).Pesquisa social: projeto e planejamento. So Paulo: T.A Queiroz, 1979.

    KUHN, Thomas S. A estrutura das revolues cientficas. 3 ed. So Paulo: Editora Perspectiva,1994.

    LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de A. Tcnicas de pesquisa. 2. ed. So Paulo: Atlas,

    1990.

    MARCONI, Marina de A,LAKATOS, Eva Maria. Metodologia cientfica. 2 ed. So Paulo: Atlas,1991.

    TRIVIOS, Augusto W. S. Introduo pesquisa em cincias sociais: a pesquisa qualitativa emeducao. So Paulo: Atlas, 1987.

    BARROS, Aidil Jesus da Silveira, LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodo-logia cientfica: um guia para a iniciao cientfica. So Paulo: Makron Books, 2. ed. rev. e ampl.,

    2000.

    BASTOS, Llia da Rocha, LYRA, Paixo, LUCIA, (?), Monteiro Fernandes.Manual para a elabora-o de projetos e relatrios de pesquisa, teses e dissertaes. Rio de Janeiro: Zahar, 2. ed.,1981.