METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL PG

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA CHIARA GAMA LEONARDO DIAS THALES ROSA METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL E SUA APLICAÇÃO NO PARQUE MUNICIPAL DAS MANGABEIRAS Belo Horizonte 2012

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

CHIARA GAMA

LEONARDO DIAS

THALES ROSA

METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL

E SUA APLICAÇÃO NO

PARQUE MUNICIPAL DAS MANGABEIRAS

Belo Horizonte

2012

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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

CHIARA GAMA

LEONARDO DIAS

THALES ROSA

METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL

E SUA APLICAÇÃO NO

PARQUE MUNICIPAL DAS MANGABEIRAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Aperfeiçoamento em engenharia Ambiental Integrada do IETEC, como requisito para a obtenção do título de Especialização em Engenharia Ambiental Integrada.

Orientador Prof. Dr. Luiz Ignácio Loyolla

Belo Horizonte

2012

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CHIARA GAMA

LEONARDO DIAS

THALES ROSA

METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL

E SUA APLICAÇÃO NO

PARQUE MUNICIPAL DAS MANGABEIRAS

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Aperfeiçoamento em Engenharia Ambiental Integrada do IETEC, como requisito para a obtenção do título de Especialização em Engenharia Ambiental Integrada.

Orientador Prof. Dr. Luiz Ignácio COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Dr. Luiz Ignácio

Belo Horizonte, 14 de Março de 2012

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Sumário

Sumário ................................................................................................................................................... 8

1. Introdução ....................................................................................................................................... 5

1.1. Tema ........................................................................................................................................ 5

1.2. Objetivos ................................................................................................................................. 5

1.2.1. Objetivo Geral .............................................................................................................. 5

1.2.2. Objetivo Específico ...................................................................................................... 5

1.3. Justificativa ............................................................................................................................. 5

2. Desenvolvimento ............................................................................................................................. 7

2.1. Metodologia ............................................................................................................................ 7

2.1.1. A relevância da valoração econômica do meio ambiente ............................................ 7

2.1.2. O Parque Municipal das Mangabeiras .......................................................................... 8

2.2. Revisão bibliográfica............................................................................................................. 10

2.2.1. Economia do Meio Ambiente..................................................................................... 10

2.2.2. Valor econômico total - o início do processo de valoração ........................................ 12

2.2.2.1. Valor de uso: .............................................................................................................. 13

2.2.2.2. Valor de não-uso: ....................................................................................................... 13

2.2.3. Métodos de valoração econômica ambiental .............................................................. 15

2.2.3.1. Método Avaliação por Componente (MAC) .............................................................. 16

2.2.3.2. Método Teoria das Opções Reais (TOR) ................................................................... 17

2.2.3.3. Método Custos Evitados (MCE) ................................................................................ 18

2.2.3.4. Método de Valoração Contingente (MVC) ................................................................ 18

2.2.3.5. Método de Preços Hedônicos (MPH) ......................................................................... 19

2.2.3.6. Método dos Custos de Viagem (MCV) ...................................................................... 20

2.2.3.7. Método de Custo de Oportunidade (MCO) ................................................................ 20

2.2.3.8. Método Custo de Reposição (MCR) .......................................................................... 21

3. Resultados e discussão .................................................................................................................. 22

4. Conclusão ...................................................................................................................................... 28

5. Referências bibliográficas .............................................................................................................. 28

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6. Anexo ............................................................................................................................................. 30

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1. Introdução

1.1. Tema

Valoração Econômica Ambiental aplicada à área verde urbana.

1.2. Objetivos

1.2.1. Objetivo Geral

Apresentar os métodos de valoração econômica do meio ambiente mais difundidos, aplicar

aquele mais adequado à valoração do Parque Municipal das Mangabeiras.

1.2.2. Objetivo Específico

Verificar o valor de DAP e o custo de oportunidade da área ocupada pelo parque. Comparar

os resultados de DAP, escolaridade e renda.

1.3. Justificativa

Nunca se falou tanto da necessidade de preservação do meio ambiente como nos dias de hoje,

a natureza contribui para a vida humana de diversas maneiras, inclusive economicamente. A

natureza é capaz de gerar o suporte a vida no planeta através da geração de recursos naturais e

dos serviços ecossistêmicos.

Os recursos naturais estão divididos em dois grupos: os renováveis e os recursos naturais não

renováveis. Os recursos naturais renováveis são mais importantes para o suporte a vida como

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exemplos recursos renováveis: água e alimentos. Já os recursos naturais não renováveis são

mais importantes para a economia do planeta, exemplos: petróleo1, ferro e ouro.

Os recursos naturais não renováveis são caracterizados como escassos são limitados e tem

acesso “controlado”, recursos renováveis possuem seu próprio ciclo de renovação. Este ciclo

tem sido encurtado perigosamente com a finalidade de suprir as necessidades de uma

população mundial crescente aliada ao crescimento econômico dos países até então

subdesenvolvidos. Esta perigosa relação fez surgir o maior problema no século XXI: Como

manter o crescimento econômico e ao mesmo tempo preservar a natureza? A resposta parece

simples para a economia, basta utilizar estes recursos de forma mais racional, mas como

podemos racionalizar o consumo destes recursos sem saber seu real valor, seu valor

econômico?

A valoração econômica ambiental nos fornece meios para conhecer o valor da natureza, seu

objetivo é estimar o valor econômico dos bens e serviços ambientais. Esta estimativa ganha

extrema importância, uma vez que o “valor” da natureza nem sempre se demonstra

explicitamente. Nesse sentido, a valoração econômica associa valores à sustentação da vida,

dos bens e serviços provisionados pelos ecossistemas naturais para fins recreativos e culturais,

incluindo-se também nessa perspectiva, o seu valor ecológico.

Entretanto estes valores nem sempre são financeiros, são valores de existência do meio-

ambiente e que precisamos quantificar para saber o quanto estamos perdendo quando não

preservamos a natureza.

Existem alguns métodos, de eficácia comprovada, para estimar o valor da natureza. Estes

serão apresentados neste trabalho e o método mais adequado a situação será utilizado para

realizar a valoração do Parque Municipal das Mangabeiras, situado na região sul da cidade de

Belo Horizonte em Minas Gerais.

1 Petróleo: Embora seja um recurso renovável, seu ciclo pode levar milhares de anos. Podemos dizer que

economicamente o petróleo é um recurso não renovável.

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2. Desenvolvimento

2.1. Metodologia

O primeiro objetivo deste estudo é apresentar os métodos de valoração econômica do meio

ambiente mais utilizados:

• Método Avaliação por Componente (MAC)

• Método do Fluxo de Caixa Descontado (ou Avaliação Valor Presente Líquido (VPL))

• Teoria das Opções Reais (TOR)

• Método Custos Evitados (MCE)

• Método de Valoração Contingente (MVC)

• Método de Preços Hedônicos (MPH)

• Método dos Custos de Viagem (MCV)

• Método de Custo de Oportunidade (MCO)

• Método Custo de Reposição (MCR)

Após apresentação dos métodos, foi definido que o Método de Valoração Contingente (MVC)

é o mais adequado para valorar a área verde urbana denominada Parque Municipal das

Mangabeiras (PMM).

Para aplicar do MVC foi necessário elaborar um questionário socioeconômico com o objetivo

de definir a Disposição a Pagar das pessoas que frequentam o PMM. A pesquisa foi realizada

com 50 frequentadores do parque para manter a margem de erro dentro de 10%, segundo

informações da PBH o parque recebe entre 500 e 1000 visitantes por sábado (dia em que a

pesquisa foi realizada).

Os resultados da pesquisa realizada poderão ser verificados mais adiante.

2.1.1. A relevância da valoração econômica do meio ambiente

A maioria dos ativos ambientais não tem substitutos (MARQUES E COMUNE, 1995, p.633).

A falta de bens substitutos acarreta em uma falta de sinalização de “preços”, o que não tem

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preço não tem valor para a maioria das pessoas. A ausência de preços de alguns recursos

ambientais gera um problema: uso excessivo dos recursos.

Vivemos em um planeta com recursos naturais escassos. Escassos porque mesmo os recursos

naturais renováveis possuem uma capacidade de regeneração limitada, esta capacidade vem

sendo desrespeitada frequentemente. Existem relatos de espécies de peixes que tiveram sua

resiliência quebrada, causando graves problemas à população que vive da pesca em

determinada região do planeta.

“É imprescindível estimar os custos de oportunidade de exploração dessas riquezas para evitar

os “erros dispendiosos” cometidos no passado nos países industrializados, reduzindo

antecipadamente os custos sociais totais em vez de adotar medidas corretivas a posterior”i

(HUFSCHMIDTET al.1983, p.6). “O meio ambiente gera as condições necessárias de suporte

a vida, este deve ser o principal e mais relevante motivo que nos leva a real necessidade de

valorar o meio ambiente afinal não se pode controlar o que não se pode medir”. – Lord Kelvin

2.1.2. O Parque Municipal das Mangabeiras

O Parque Municipal das Mangabeiras (PMM) se localiza na Região Sul de Belo Horizonte na

divisa municipal com a cidade de Nova Lima. É a maior Unidade de Conservação gerida pela

Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), com uma área de 2.417.000 m².

Possui 57 nascentes na bacia do Córrego da Serra, afluente da margem direita do Ribeirão

Arrudas e subafluente do Rio das Velhas a uma altitude de 1.000 a 1.300 metros, o clima é

ameno.

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Fonte: PBH

A vegetação predominante é a Floresta Estacional Semidecidual, com existência de

SavanaGramínio-Lenhosa nas altas vertentes. Essa classificação é dificultada, porém, pela

complexidade da região que consiste em uma Área de Tensão Ecológica (IBGE, 2004). O

interior do Parque apresenta inúmeras áreas de vegetação com alto grau de preservação,

intervaladas pelas estruturas de lazer e pelas estradas.

A flora apresenta vegetação nativa composta de exemplares típicos de campo, como

bromélias e canelas-de-ema; de Cerrado, barbatimão e pequi; vestígios da Mata Atlântica,

como o jequitibá e o pau-d’oleo, além de outras espécies, como o jacarandá, sucupira do

cerrado, pau-de-tucano, aroeira, corticeira, pau-ferro, candeia, caviúna, pau-santo e gabiroba.

A fauna é composta por 29 espécies de mamíferos, como esquilos, gambás, tapitis, micos,

tatus, quatis; 160 espécies de aves: andorinhas, bico de veludo, cambacicas, marias-pretas,

sanhaços, caras sujas, azulões, pica-paus; 20 espécies de répteis e 19 anfíbios, como a

rã Hylodes uai, que tem em seu nome uma homenagem a Minas Gerias.

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O Parque das Mangabeiras é uma opção de lazer para cerca de 30 mil pessoas por mês, além

de gerar uma série de serviços ecossistêmicos que beneficiam diretamente ou indiretamente a

população de Belo Horizonte. Os serviços ecossistêmicos mais evidentes são de regulação do

clima e de absorção, armazenagem e filtragem da água das chuvas.

Fonte: Wikimapia

2.2. Revisão bibliográfica

2.2.1. Economia do Meio Ambiente

A economia ambiental possui duas correntes de pensamento: Economia Ambiental

Neoclássica e Economia Ecológica.

• Economia Ambiental Neoclássica: Considera o meio ambiente benigno e estuda os

impactos ambientais causados pelo sistema econômico. A teoria não nega que

impactos causam danos ao meio ambiente e geram repercussões negativas a sociedade,

porém os danos são considerados como possíveis de serem revertidos sem maiores

problemas, desde que sejam adotadas medidas de estímulo de mercado para remoção

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de fatores que os causaram. As técnicas de valoração do meio ambiente derivam da

economia Ambiental Neoclássica.

• Economia ecológica: rejeita a ideia de que o meio ambiente não possui capacidade

ilimitada de recomposição e de absorver impactos do sistema econômico. A teoria

trata o sistema econômico como um serviço que constantemente troca energia e

matéria. A teoria também considera que a escala do sistema econômico e natureza de

seus impactos são tais que se sua expansão continuar a resiliência do meio ambiente

será seriamente afetado.

De acordo com os fundamentos da Economia Ambiental Neoclássica, os recursos naturais não

são finitos, o que faz com que não existam maiores preocupações acerca da impossibilidade

de manutenção do ritmo das atividades produtivas. A princípio os recursos naturais nem eram

considerados como fatores de produção e, portanto, não faziam parte da função de produção,

conforme evidenciado na função de produção que se segue:

Y = f (K, L)

Onde: Y = produto; K = capital; L = trabalho.

Com o tempo, os recursos naturais passaram a fazer parte da função de produção, mas apenas

como fator de perfeita substitutibilidade com os demais fatores de produção (capital e

trabalho), como ilustrado a seguir.

Y = f (K, L, N)

Onde: Y = produto; K = capital; L = trabalho; N = capital natural.

A principal discussão proposta pela Economia Ambiental se refere ao desenvolvimento de

mecanismos que objetivem a alocação eficiente dos recursos naturais. Para tal corrente

teórica, os mecanismos de mercado podem ser aplicados com vistas à determinação de

alocações eficientes dos recursos naturais. Apesar de não existirem mercados para tais ativos,

busca-se, através de métodos que têm como base a economia neoclássica “construir”

mercados hipotéticos para tais recursos, possibilitando assim, a determinação da “alocação

ótima” dos mesmos.

A valoração dos recursos ambientais seria um mecanismo eficaz para refletir no mercado os níveis de

escassez de parte dos recursos naturais, propiciando condições para que a “livre” negociação nos

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mercados de commodities ambientais pudesse definir o nível ótimo de exploração e alocação desses

recursos. (MARTINS E FELICIDADE, 2001).

A convergência de ideias a respeito da valoração econômica do meio ambiente pode ser

verificada consultando diferentes autores.

A valoração econômica ambiental constitui um conjunto de métodos e técnicas cuja finalidade é estimar

valores monetários para bens ambientais. O valor econômico de determinado bem corresponde ao valor

que o indivíduo está disposto a pagar por sua existência e por demais benefícios extraídos de sua

manutenção e extração. (FARIA,1998)

2.2.2. Valor econômico total - o início do processo de valoração

Valor econômico total (VET) é uma estrutura desenvolvida dentro da economia ambiental

com o objetivo de identificar valores associados aos recursos ambientais. “O valor de um bem

ou serviço ambiental pode ser obtido por meio da observação das preferências dos agentes

pela preservação, conservação ou utilização desse bem ou serviço”. (NOGUEIRA

ETALI,2010)

Motta (2006) diz que “o valor econômico ou o custo de oportunidade dos recursos ambientais

normalmente não é observado no mercado por intermédio do sistema de preços”. Porém assim

como os demais bens e serviços presentes no mercado, seu valor econômico deriva de seus

atributos, com a peculiaridade de que estes atributos podem ou não estar associados a um uso.

Na literatura vamos encontrar o conceito de VET com diversos nomes um exemplo é Seroa da

Motta que “trata de VET como VERA (valor econômico dos recursos ambientais)”, porém a

estrutura é a mesma.

A estrutura do VET é composta por valor de uso (VU) e valor de não-uso (VNU) e se

expressa da seguinte forma:

VET = VU + VNU

onde:O valor de uso (VU) é composto pelo valor de uso direto (VUD), valor de uso indireto

(VUI) e valor de opção (VO). O valor de não-uso (VNU) é composto pelo valor de existência

(VE). Sendo assim a expressão do VET se decompõe da seguinte forma:

VET = (VUD + VUI + VO) + VE

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2.2.2.1. Valor de uso:

Valor de uso direto (VUD)–Valor que a sociedade atribui a um recurso ambiental utilizado

diretamente, seja na forma de extração do recurso, alguma atividade de produção ou consumo

direto ou visitação. Como exemplos: extrativismo, turismo, recreação ou atividade de

pesquisa científica.

Valor de uso indireto (VUI)–São valores advindos das funções ecossistêmicas, por exemplo,

regulação do clima e proteção de mananciais. Podem ser também valores derivados de uso

espacial correspondente ao ambiente do recurso, por exemplo, o bem-estar proporcionado

pelo recurso ambiental “floresta” de forma indireta (qualidade da água, ar puro e beleza

cênica) representaria o valor de uso indireto do recurso.

Valor de opção (VO) - Valor que o individuo atribui á conservação dos recursos naturais que

podem estar ameaçados, para uso direto e indireto no futuro. Como exemplo podemos citar o

benefício gerado de terapias genéticas com base em propriedades de genes que ainda não

foram descobertos de plantas em florestas tropicais. Resumindo não há uso direto ou indireto

no presente, mas poderá haver no futuro.

2.2.2.2. Valor de não-uso:

Valor de existência (VE)–Valor de não-uso de um recurso ambiental está relacionado à

satisfação pessoal em saber que o objeto está lá, sem que o indivíduo tenha vantagem direta

ou indireta dessa presença. Segundo Motta (2011) “Este valor está muito associado à posição

moral, cultural, ética ou altruística em relação aos direitos de existência de outras espécies que

não a humana ou de outras riquezas naturais”. Como exemplos podemos citar os esforços para

preservar os ursos panda, as baleias e a barreira de corais na Austrália.

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Quadro 1

Taxonomia do valor econômico do meio ambiente:

Valor econômico do recurso ambiental

Valor de uso Valor de não-uso

Valor de uso direto Valor de uso Indireto Valor de opção Valor de existência

Bens e serviços ambientais apropriados

diretamente da exploração do recurso e

consumidos hoje

Bens e serviços ambientais que são gerados de funções

ecossistêmicas e apropriados e consumidos

indiretamente hoje

Bens e serviços ambientais de usos

diretos e indiretos a serem

apropriados e consumidos

no futuro

Valor não associado ao uso atual ou futuro e

que reflete questões

morais, culturais, éticas ou

altruísticas

Adaptado de Motta (2006)

Na literatura existem ainda aqueles autores que incluem nos valores de não uso (VNU) mais

um valor para o meio ambiente o valor de legado (VL), valor este que representa o desejo do

individuo de manter certos recursos ambientais para as gerações futuras. Segundo Motta

(2011) “esta é apenas uma questão conceitual e que se torna irrelevante uma vez que para a

valoração ambiental, é importante demonstrar que os indivíduos atribuem valor a recursos

mesmos que deles não façam qualquer uso”.

Ainda segundo Motta (2011):

Os usos e não-usos dos recursos ambientais encerram valores, os quais precisam ser mensurados para se

tomarem decisões informadas quanto aos usos e não-usos diversos e ate mesmo quando são conflitantes,

ou seja, quando um tipo de uso ou de não-uso exclui, necessariamente, outro tipo de uso ou não-uso.

Por exemplo, o uso de uma praia para diluição de esgoto exclui (ou pelo menos limita) seu uso para

recreação. (MOTTA P.182, 2011)

Seguindo nesta direção o autor Figueroa (1996) demonstra da seguinte forma a estrutura do

VET:

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Desta forma, o conceito de VET demonstra que ao preservar, conservar e utilizar de forma

sustentável o meio-ambiente será possível preservar uma ampla variedade de bens e serviços

gerados pelos ecossistemas. A começar pela proteção de bens tangíveis básicos para a

subsistência do homem, como alimentos e plantas medicinais (que implica em preservar

principalmente o solo e o clima), passando pelos serviços ecossistêmicos e terminando com

valores de utilidade simbólica.

O VET nos mostra como a sociedade atribui valor aos recursos naturais, este valor nos

possibilita identificar os benefícios sociais de uma proposta política, por exemplo. Também

possibilita que os economistas decidam qual método de estimativa é mais eficaz para

quantificar os benefícios gerados pelo meio-ambiente. O objetivo é monetizar as mudanças no

valor de uso e de existência que surgem em decorrência da atividade econômica e de

modificações geradas no meio-ambiente.

2.2.3. Métodos de valoração econômica ambiental

A segunda parte da valoração econômica ambiental consiste em, após verificar e classificar os

usos e não-usos e seus respectivos serviços ambientais, selecionar e aplicar os métodos de

valoração dos recursos naturais. Estes métodos de valoração estão inseridos na teoria

econômica, especificamente na parte da microeconomia do bem-estar. Os métodos de

valoração são necessários para avaliar os custos e benefícios sociais gerados nas decisões de

investimentos públicos que alterem nível bem-estar da população.

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É de extrema importância classificar os recursos naturais entre as categorias de uso e não uso,

a partir da classificação pode-se medir qual será o grau de dificuldade em valorar o ativo

ambiental. A variação do grau de dificuldade aumenta à medida que passamos do valor de uso

para não-uso. Como exemplo, podemos facilmente encontrar no mercado valores de uso

direto da madeira ou do quilo de batata. Para valores de não uso a dificuldade aumenta uma

vez que não existe preço fixo para o serviço ecossistêmico de polinização que as abelhas

prestam, por exemplo. Este caso se caracteriza como não uso uma vez que para que as abelhas

continuem polinizando plantações é necessário que seu habitat natural seja preservado.

Cada método de valoração apresenta limitações, nenhum método é capaz de incorporar todas

as externalidades, daí a importância de aplicar em cada caso o método mais adequado. A

adoção do método dependerá do objetivo da valoração, das hipóteses assumidas, da

possibilidade de recolhimento de dados e, quando for o caso, da qualidade dos dados

recolhidos, quanto melhor a informação inserida melhor será a informação recebida (garbage

in, garbage out).

Os próximos tópicos apresentam os métodos de valoração mais utilizados em estudos e

pesquisas sobre valoração do meio ambiente.

2.2.3.1. Método Avaliação por Componente (MAC)

É uma metodologia simples que consiste em determinar o valor de uma floresta por meio de

estimativa ou contabilização do volume de madeira estocada, sua aplicabilidade pode se

tornar bastante trabalhosa caso não seja possível realizar uma estimativa precisa sobre o

volume de madeira presente na floresta.

Após a apuração do volume de madeira estocado é necessário pesquisar preços de mercado é

realizar a multiplicação dos valores.

Segundo Sant’Anna e Nogueira (2010) pode-se fazer uma crítica a este método no fato de que ele

somente considera para fins de valoração aquelas árvores comercializadas em mercado com um

diâmetro a altura do peito de 10 cm ou mais. Limita-se a valorar o estoque atual de madeiras

comercializáveis atribui ao método um aspecto estático.

Método do Fluxo de Caixa Descontado (ou Avaliação Valor Presente Líquido (VPL))

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O ponto centra deste método tem como premissa considerar os benefícios e custos gerados

durante determinado período de tempo em determinado projeto. Para chegar a estes valores

(de benefícios e custos) é necessário levar em conta os conceitos de: valor presente liquido

(VPL), razão beneficio/custo e a taxa interna de retorno (TIR).

O valor da floresta ou área deve ser estimado descontando-se o fluxo de receitas líquidas a

determinada taxa de risco (usualmente definida pala SELIC2) durante o tempo de vida útil (ou

tempo de duração do projeto). Para utilização deste método é necessário assumir a hipótese de

que se realiza o máximo de cortes possíveis por ano afim de garantir que a receita anual seja

maior que o custo anual.

Este método é mais completo que o anterior uma vez que considera a opção futura de vender a

madeira que no primeiro ano do projeto não esta pronta para o corte comercial. Porém este

método também apresenta desvantagens, o método desconsidera incertezas mercadológicas,

não admite flexibilidade em seu gerenciamento e não leva em conta a flutuação de preços

futuros da madeira e dos estoques.

2.2.3.2. Método Teoria das Opções Reais (TOR)

A metodologia TOR consiste no desenvolvimento de modelos de maximização intertemporal

que utilizam estratégias empresariais que levam em conta a incerteza dos preços futuros dos

bens valorados, além de permitir incorporar nos modelos mudanças que a legislação pode

sofrer.

Alguns autores consideram a metodologia TOR como a opção de valoração mais realista,

segundo ROCHA (2000) “o método TOR é passo além do método de valor presente líquido

(VPL) que leva em conta uma taxa de risco constante”.

Segundo CASTRO (2000) a TOR é um método para avaliar os ativos reais como, por exemplo, projetos

de investimento, que leva em conta as flexibilidades operacionais e gerenciais ao longo da vida útil do

projeto. Acrescenta, ainda, que a sua característica flexível, diferentemente de técnicas tradicionais

como Valor Presente Líquido (VPL), conduzem a resultados mais consoantes com a realidade.

2Selic é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia criada em 1979. O Selic é um sistema eletrônico que permite a atualização diária das posições das instituições financeiras, assegurando maior controle sobre as reservas bancárias. Além disso, a Selic identifica também a taxa de juros que reflete a média de remuneração dos títulos federais negociados com os bancos. A Selic é considerada a taxa básica porque é usada em operações entre bancos e, por isso, tem influência sobre os juros de toda a economia.

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Por possibilitar internalização das incertezas presentes em qualquer mercado a metodologia

TOR é considerada completa. Mesmo sendo completa a metodologia possui uma “falha”: a

operacionalização da TOR exige estudos complexos sobre o comportamento da demanda e

dos preços futuros sobre os bens valorados, o que dificulta e restringe sua utilização.

Apesar da “falha” citada a TOR continua sendo um método superior aos outros, é o único

método que possibilita calcular o custo de oportunidade da espera pelo melhor e mais

lucrativo momento de se tomar uma decisão irreversível. O método apresentado leva

considera incertezas técnicas, econômicas e estratégicas, possibilidades gerenciais e

estratégicas.

As três técnicas apresentadas até aqui (MAC, VPL e TOR) são utilizadas para bens e serviços

precificados. No caso de bens e serviços ambientais que não são comercializados, e que

consequentemente não possuem “preço”, existem outras técnicas utilizadas para encontrar o

valor monetário que serão descritas nos próximos tópicos.

2.2.3.3. Método Custos Evitados (MCE)

O MCE tem como objetivo estimar os gastos que seriam realizados em bens substitutos para

não alterar a quantidade consumida ou a qualidade do recurso ambiental analisado. O bem de

mercado substituto do recurso ambiental, não deve gerar outro benefício aos indivíduos além

de substituir o recurso ambiental analisado e deve ser um substituto perfeito do recurso

ambiental. Segundo SANT’ANNA e NOGUEIRA (2010) “o objetivo deste método é

mensurar a mudança nos gastos causados por alterações na característica ambiental”.

O valor é calculado por meio dos custos acarretados pela inexistência ou mudança deste bem

ou serviço ofertado pelo meio-ambiente. Uma dificuldade apresentada pelo MCE é a demanda

por modelagens econométricas sofisticadas, o que o torna uma metodologia dispendiosa.

2.2.3.4. Método de Valoração Contingente (MVC)

O Método de Valoração Contingente é considerado a principal ferramenta para estimar o

valor econômico de "bens e serviços" ambientais que não apresentam um valor de mercado. O

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MVC consiste em estabelecer um mercado hipotético, em que os indivíduos são entrevistados

individualmente e questionados sobre as suas preferências a respeito de determinado "bem ou

serviço" ambiental, qual seria sua "Disposição a Pagar" (DAP) ou sua "Disposição a Aceitar"

(DAA) uma compensação pelo aumento ou decréscimo na qualidade ou quantidade do "bem

ou serviço" ofertado.

De acordo com FARIA e NOGUEIRA (1998), “a ideia central do MVC é que indivíduos

possuem diferentes graus de preferência por um bem ou serviço ambiental”. Essa preferência

torna-se visível quando os consumidores vão ao “mercado” e pagam valores por tais ativos.

Estima-se uma medida monetária obtida por meio das entrevistas que tendem a refletir as

preferências expressas por consumidores, relativas ao acréscimo e decréscimo na qualidade

dos ativos ambientais.

2.2.3.5. Método de Preços Hedônicos (MPH)

Segundo Ortiz (2003), esse método pretende estimar um preço implícito por atributos ambientais

característicos de bens comercializados em mercado, através da observação desses mercados reais nos

quais os bens são efetivamente comercializados. Este método é utilizado para se fazer uma correlação

entre o preço de uma propriedade e a variável ambiente. Essas diferenças de valores entre uma

propriedade e outra é que são utilizadas para se valorar o meio ambiente.

Como exemplo, podemos citar a comparação de preços entre dois imóveis, um

localizado próximo a um parque com o valor de outro, como as mesmas características, porém

localizado longe desse parque. A diferença entre esses preços indicaria a disposição a pagar

pelos benefícios advindos do parque.

Esse método é utilizado ainda para relacionar características naturais de um local degradado

comparando-o com outro local semelhante e que não tenha sofrido degradação. Faz-se, então,

um comparativo dos valores dos respectivos imóveis. Excluindo-se as demais variáveis, o

imóvel onde, por exemplo, o solo sofreu uma degradação valeria menos no mercado

imobiliário do que outro que não tenha sofrido tal degradação.

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2.2.3.6. Método dos Custos de Viagem (MCV)

Esse método consiste em somar os gastos efetuados pelas pessoas para se deslocarem até o

local onde poderão usufruir dos benefícios advindos de serviços ambientais e também os

custos com a hospedagem, no caso de turistas de outras cidades. Esse método se vale de um

questionário aplicado a uma amostra de visitantes. As perguntas buscam captar a origem do

visitante, nível de renda, gastos médios com lazer, entre outras.

Essa metodologia apresenta algumas deficiências explicadas a seguir: a primeira deficiência

encontrada é que geralmente as pessoas não se deslocam para visitar um lugar somente, no

caso o parque. Sendo pessoas de outros municípios, acabam por aproveitar a estadia para

visitar outros locais. Nesse caso, o gasto total com a viagem não representaria o valor do

parque, por exemplo.

2.2.3.7. Método de Custo de Oportunidade (MCO)

Esse método não valora os recursos ambientais com o objetivo de explorá-los,ao contrário,

faz-se o levantamento do custo de sua conservação, por meio da mensuração do custo de

oportunidade de atividades econômicas restringidas pelas ações de proteção ambiental,

levando em conta os benefícios ecológicos de sua conservação. Assim, uma análise de custo-

benefício poderia ser realizada comparando os valores estimados dos recursos ambientais com

o custo de oportunidade das atividades econômicas restringidas.

Desse modo, pode-se inferir que, embora desejável do ponto de vista ambiental, a preservação

gera um custo social econômico que deve ser compartilhado entre os diversos agentes que

usufruem dos benefícios da conservação. Toda conservação traz consigo um custo de

oportunidade das atividades econômicas que poderiam estar sendo desenvolvidas na área

protegida, representando, portanto, perdas econômicas da população em virtude das restrições

de uso dos recursos ambientais. A título de exemplo, pode-se citar o caso de um parque ou

reserva florestal que tem sua exploração restringida, o custo de oportunidade de sua

preservação é dado pelos benefícios de uma possível atividade de exploração de madeira. Por

outro lado, os benefícios ecológicos da preservação poderiam ser expressos, por exemplo,

Page 22: METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL PG

21

pela renda gerada por atividades sustentáveis como o ecoturismo e a exploração de plantas

medicinais.

Alguns cuidados devem ser tomados no que diz respeito a essa estimativa, atividades que não

são sustentáveis podem gerar danos irreparáveis ao meio ambiente, reduzindo a oferta do bem

ou serviço ambiental ao longo do tempo, esse fato não pode ser desconsiderado na estimativa

dos custos de oportunidade deste tipo de exploração.

2.2.3.8. Método Custo de Reposição (MCR)

Este método calcula o valor de uma área, parque ou floresta pelo custo de se recriar uma área

que foi degradada com o objetivo que ela se assemelhe ao máximo ao que era. Faz-se

necessário o acesso a todos os dados sobre as características do local e suas características

anteriores à degradação. Com base nessas informações, pode-se estimar o valor real dos

estragos.

Uma crítica que se faz sobre esse método é que de acordo com suas premissas, pressupõe-se

que todos os estragos possam ser reparados. No entanto, a valoração de florestas através desse

método é extremamente complexa, pois como a floresta não é composta somente de árvores,

mas sim de toda uma biodiversidade e um ecossistema, torna-se impossível recriá-la de forma

idêntica ao que foi um dia. Sendo assim, o simples cálculo do replantio não representa o valor

de uma floresta.

Na tabela 1 é possível comparar os prós e contras dos métodos de valoração apresentados até

aqui.

Métodos de valoração Prós Contras

O Método Avaliação por

Componente (MAC)

Relativa facilidade de aplicação

do método.

Valora somente o volume de

madeira, deixando de lado outros

valores presentes na natureza.

Método Avaliação pelo

Fluxo de Caixa Descontado

(VPL)

Considera a opção futura de

vender a madeira.

Desconsidera incertezas

mercadológicas e não é a taxa de

desconto não varia no tempo.

Método Teoria das Opções Permite especificar o momento Difícil operacionalização, pois

Page 23: METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL PG

22

Reais (TOR) mais lucrativo para se tomar uma

decisão irreversível.

exige estudos complexos de

demanda e preços futuros.

Método Custos Evitados

(MCE) Custo facilmente detectado.

Demanda modelagens

econométricas sofisticadas para

realizar a interpretação dos dados

Método de Valoração

Contingente (MVC)

Método de relativa simplicidade e

baixa dificuldade de aplicação.

A pesquisa pode ser “dirigida” e

gerar resultados duvidosos.

Método de Preços

Hedônicos (MPH)

Metodologia de relativa

simplicidade.

Os imóveis pesquisados devem

estar dentro das especificações

especificas.

Método dos Custos de

Viagem (MCV)

Método realizado através

pesquisas.

Dificuldade em detectar o valor

gasto para visitação especifica do

bem valorado.

Método de Custo de

Oportunidade (MCO)

Método de aplicação simples e

que reflete com fidelidade valores

de custo de oportunidade.

Parques urbanos tendem a ter um

alto custo de oportunidade afinal a

demanda por terrenos nas cidades é

maior que em áreas rurais.

Método Custo de Reposição

(MCR)

Pode ser aplicado com um simples

cálculo dos custos de replantio.

Parte do pressuposto de que todos

os estragos podem ser reparados.

3. Resultados e discussão

Após revisão teórica sobre os métodos de valoração do meio ambiente mais utilizado, ficou

evidenciado que no caso da valoração do Parque Municipal das Mangabeiras podemos utilizar

a metodologia de valoração contingente (MVC). Para aplicar o MVC foi necessário efetuar

uma pesquisa sobre a disposição a pagar (DAP) dos indivíduos que utilizam os serviços

direitos ou indiretos proporcionados pela área verde em questão.

A pesquisa de Disposição a Pagar (DAP) foi realizada no Parque das Mangabeiras durante o

último Sábado do mês de Fevereiro de 2012 no horário de 08:00 as 11:00 da manhã. Segundo

dados da PBH, administradora do parque, o público atendido no parque aos sábados fica entre

500 e 1000 pessoas. Foram aplicados 50 questionários (anexo 1) sendo os entrevistados

abordados de forma aleatória.

Page 24: METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL PG

23

No questionário foram ressaltadas informações que permitiram evidenciar o perfil do

entrevistado e frequentador do Parque. O questionário conta também com a descrição de

algumas características do parque: alto índice de preservação da mata nativa, quantidade de

nascentes existentes no parque, quantidade e variedade da fauna e flora que habitam o parque

e por fim a apresentação dos serviços ecossistêmicos gerados pelo parque e que beneficiam

direta ou indiretamente a população da cidade e seus usuários.

Foram apontados também dois tipos de pressão que o parque sofre: pressão de mineradoras e

pressão imobiliária. A pressão de mineradoras hoje se em menor escala considerando que a

Serra do Curral, monumento símbolo da cidade de Belo Horizonte e onde o parque esta

localizado, foi tombada em 1960 pelo Iphan justamente pela preocupação com exploração de

minério de ferro na região que causou danos consideráveis na área localizada ao lado do

parque, os danos e o que restou da mineração podem ser visualizados na imagem abaixo:

Fonte: Wikimapia

O parque sofre também com a pressão imobiliária uma vez que boa parte de sua área esta

localizada no bairro Mangabeiras, ponto mais nobre da cidade de Belo Horizonte e onde se

encontra o metro quadrado mais caro da cidade chegando a R$ 5.205/m².

Na análise dos resultados, verificou-se que 46,5% dos entrevistados eram do sexo feminino e

53,5% masculino. A faixa etária (tabela 1) da amostra varia de 17 a 58 anos, a idade média

dos entrevistados foi de 31 anos, a maior concentração dos entrevistados está na faixa etária

Page 25: METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL PG

24

de 21 a 25 anos com 24%. A maior parte dos entrevistados possui ensino superior (tabela 2)

46%, os entrevistados com Pós-graduação eram 24% e com 2° grau completo 30%.

Em relação à renda (tabela 3) encontramos a seguinte estratificação: até 2 salários mínimos

com 4%, seguido de 2 a 4 salários mínimos com12%, depois renda de 4 a 8 salários mínimos

com 32%, seguido de 8 a 10 salários mínimos com 30% e por fim entrevistados com renda

acima de 10 salários mínimos que representam 22% da amostra.

3.1. TABELA 1 TABELA 3

Faixa Etária

<20 6 12%

21-25 12 24%

26-30 8 16%

31-35 8 16%

36-40 5 10%

41-45 6 12%

46-50 2 4%

50< 3 6%

Total 50 100%

3.2. Fonte: Elaborado pelo autor

TABELA 2 Escolaridade

1° Grau 0 0%

2° Grau 15 30%

3° Grau 23 46%

Pós-G 12 24%

Total 50 100%

3.3. Fonte: Elaborado pelo autor

Fonte: Elaborado pelo autor

Quando cruzamos os dados de DAP, renda familiar e escolaridade podemos observar que alguns

conceitos formados (ou pré-conceitos) podem estar incorretos. Como exemplo podemos citar o percentual

de pessoas com renda acima de R$ 6.000 (seis mil) que possuem DAP R$ 0,00, neste mesmo sentido 6%

das pessoas que possuem Pós-Graduação possuem DAP R$ 0,00. Ainda nesta mesma linha a faixa de

renda entre R$ 4.800 – R$ 6.000 possui o maior percentual (10%) de DAP 0,00. A primeira conclusão é

que alta renda não gera aumento na DAP, dos entrevistados que possuem renda acima de R$ 4800 são

76% os que têm DAP de até R$ 5,00. Enquanto apenas.

A segunda conclusão é que o elevado grau de escolaridade em nada influência o aumento da DAP. 67%

dos entrevistados com Pós-graduação têm DAP até R$ 5,00. Enquanto entre os entrevistados com 3° grau

47% possuem DAP acima de R$ 5,00.

Renda Familiar

R$ < 1200 2 4%

R$ 1200-

2400 6 12%

R$ 2400-

4800 16 32%

R$ 4800-

6000 15 30%

R$ 6000 < 11 22%

Total 50 100%

Page 26: METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL PG

25

3.4. TABELA 4 Frequência DAP atribuída ao Parque das Mangabeiras pela amostragem estratificada por renda familiar e

escolaridade

Renda familiar Escolaridade

< 1200 1200-2400 2400-4800 4800-6000 6000 < 1° Grau 2°Grau 3°Grau Pós-G.

DA

P

R$ 30,00 - - - - 2% - - 8% 2%

R$ 20,00 - - 2% - 2% - - 2% 2%

R$ 15,00 - 6% - - - - - 6% -

R$ 11,00 - - 2% - - - 2% - -

R$ 10,00 - 4% 10% 6% - - 10% 6% 4%

R$ 5,00 - - 2% 12% 12% - 6% 14% 6%

R$ 3,00 - - 2% 2% - - 2% 2% -

R$ 2,00 - 2% 6% - 2% - 2% 6% 2%

R$ 1,00 - - 2% - 2% - - 2% 2%

R$ 0,00 4% - 6% 10% 2% - 8% - 6%

Fonte: Elaborado pelo autor

Sobre a Disposição a pagar - DAP:

Após o levantamento dos dados socioeconômicos eram apresentados ao entrevistado os dados com as

características e pressões sofridas pelo Parque das Mangabeiras e a seguinte pergunta era realizada: Você

estaria disposto a contribuir para a preservação/conservação do parque na forma de pagamento de um

valor para ter acesso ao parque? Se sim qual quantia?

Constatou-se que dos 50 entrevistados, 88% estariam dispostos a pagar uma quantia para

preservação/conservação. O valor hipotético arrecadado durante o período de realização da pesquisa seria

de R$ 309,00. Na amostra o valor de maior incidência citado foi de R$ 5,00 com 26%. Excluindo os

valores não citados, foram dois os valores menos citados: R$ 11,00 e R$ 30,00 com 2% cada um.

3.5. TABELA 5 Resultados da DAP

Valor DAP Frequência % Valor Total

R$ 0 11 22% R$ 0

R$1,00 2 4% R$2,00

R$2,00 5 10% R$10,00

Page 27: METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL PG

26

R$3,00 2 4% R$6,00

R$5,00 13 26% R$65,00

R$10,00 10 20% R$100,00

R$11,00 1 2% R$11,00

R$15,00 3 6% R$45,00

R$20,00 2 4% R$40,00

R$30,00 1 2% R$30,00

Total 50 100% R$309,00

De posse do valor total da DAP podemos agora estimar o Valor Econômico Total (VET) da área do

Parque das Mangabeiras. Segundo SERROA DA MOTTA (1997, p.48) A Agregação dos Resultados a

partir da média (ou mediana) da DAP, o valor econômico total é estimado multiplicando esta média pela

população afetada pela alteração de disponibilidade. Isto requer decisões como, por exemplo, optar entre

dados por família ou individuais e distinguir a população relevante para o valor total do recurso.

Foi necessário definir um valor para representar a quantidade de pessoas que visitam o parque, a PBH

informou que aos sábados o público gira em torno de 500 a 1000 pessoas. Mensalmente o público médio

é de 30 mil pessoas, este valor mensal inclui as excursões de escolas que são realizadas durante a semana.

Sendo assim optamos por calcular o VETpara6 cenários com valores entre 500 e 1000 para o estimar

público durante o período de realização da pesquisa. Os valores de 30 mil e 360 mil correspondem

respectivamente à visitação mensal e visitação anual do parque, dados estes obtidos junto a PBH.

DAP total = R$ 309,00

DAP média = 6,18

3.6. TABELA 6 Cenários de visitação diária e total mensal e anual

Cenário VET

1 500 visitantes R$ 3.090,003

2 600 visitantes R$ 3.708,004

3 700 visitantes R$ 4.326,005

4 800 visitantes R$ 4.944,006

3 Margem de erro: +- 9,152 % 4Margem de erro: +- 9,234 % 5Margem de erro: +- 9,293 % 6Margem de erro: +- 9,337 %

Page 28: METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL PG

27

5 900 visitantes R$ 5.562,007

6 1.000 visitantes R$ 6.180,008

30.000 visitantes R$ 185.400,009

360.000 visitantes R$ 2.224.800,0010

Os valores encontrados indicam qual o valor ambiental médio os frequentadores do parque lhe atribuem.

A estimativa anual de R$ 2.224.800,00 (dois milhões duzentos e vinte quatro mil reais) parece um pouco

baixa quando levamos em conta o custo do metro quadrado na região que gira em torno de R$ 5.205,00

(cinco mil duzentos e cinco reais).

Estimando o Custo de Oportunidade

Podemos agora estimar o custo de oportunidade de manter o parque em detrimento da construção de

imóveis no local. O cenário utilizando leva em conta a utilização 50% da área total (2.417.000m²) do

parque, que nos dá uma área de 1.208.500m² (um milhão duzentos e oito mil e quinhentos). A área

disponibilizada e mais valorizada do parque faz divisa com o bairro mangabeiras aonde o custo do m²

chega a R$ 5.205,00 (cinco mil duzentos e cinco reais), e também faz divisa com o bairro serra que tem o

custo médio do m² de R$ 3.946,00 (três mil novecentos e quarenta e seis). Levando em conta que estes

valores são referentes à área construída e não a terrenos vazios, são valores de mercado atuais.

Custo médio m² X área destinada à construção

R$ 5.529.491.750,00

(cinco bilhões quinhentos e vinte nove milhões quatrocentos e noventa e um mil setecentos e

cinquenta).

O valor encontrado é 2.485 vezes maior que o VET estimado pela DAP dos frequentadores do Parque. A

comparação entre nos valores nos mostra o enorme abismo existente entre o valor atribuído pelos

frequentadores e o valor calculado levando em conta preço médio de mercado do m² de imóveis na

região.

Algumas ressalvas referentes a este valor de Custo de Oportunidade encontrado, durante a entrevista não

foram mencionados valores referentes ao custo do m² na região, uma das mais nobres da cidade de Belo

Horizonte. O valor se refere ao custo no mercado de uma área construída, ou seja, o valor real que deve

ser atribuído a área do parque destinada à construção de imóveis gira em torno de 10% do valor

7Margem de erro: +- 9,371 % 8Margem de erro: +- 9,398 % 9Margem de erro: +- 9,629 % 10Margem de erro: +- 9,636 %

Page 29: METÓDOS VALORAÇÃO ECONÔMICA AMBIENTAL PG

28

encontrado, isto nos remete ao valor de R$552.949.175,00 (quinhentos e cinquenta e dois milhões

novecentos e quarenta e nove mil cento e setenta e cinco), 249 vezes maior que o valor encontrado na

DAP.

4. Conclusão

A definição do método de valoração adotado em cada caso deve ser realizada com cautela. Como

evidenciado no trabalho, o Parque Municipal das Mangabeiras possui um custo de oportunidade

extremante elevado (R$ 552.949.175,00 - quinhentos e cinquenta e dois milhões, novecentos e quarenta e

nove mil e centro e setenta e cinco reais) esse valor pode ser utilizado como mais uma forma de pressão

sobre o setor público, para que o parque dê lugar a novos empreendimentos imobiliários verticais.

O valor atribuído ao parque, através da pesquisa de Disposição a Pagar, demonstra que o público estaria

disposto a pagar até R$ 6,18 (seis reais e dezoito centavos) com o objetivo de contribuir com a

preservação do parque para que ele se mantenha no seu atual estado.

Analisando os dados da pesquisa podemos observar exemplos de pessoas com renda acima de R$ 6.000

(seis mil) que possuem DAP R$ 0,00 e neste mesmo sentido 6% das pessoas que possuem Pós-Graduação

possuem DAP também de R$ 0,00. Normalmente, nível elevado de escolaridade deveria garantir um grau

mais elevado de consciência ambiental para a sociedade. Ainda nesta mesma linha, a faixa de renda entre

R$ 4.800 – R$ 6.000, possui o maior percentual (10%) de DAP R$ 0,00.

De acordo com os dados coletados uma das conclusões possíveis é que nível mais elevado de renda não

gera aumento na DAP, dos entrevistados que possuem renda acima de R$ 4800 são 76% os que têm DAP

de até R$ 5,00. Outra conclusão é a de que o elevado grau de escolaridade também não gera aumento da

DAP, 67% dos entrevistados com Pós-graduação tem DAP de até R$ 5,00. Enquanto que entre os

entrevistados com 3° grau apenas 47% possuem DAP acima de R$ 5,00.

Considerando os dois resultados encontrados durante a realização deste trabalho, podemos concluir que as pessoas que utilizam o Parque Municipal das Mangabeiras, independente da atividade ali desempenhada, atribuem a ele um valor inferior ao valor de mercado do metro quadrado do terreno da região onde ele está inserido.

5. Referências bibliográficas

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29

CASTRO, A. L.; Avaliação de Investimento de Capital em Projetos de Geração Termoelétrica no Setor Elétrico Brasileiro Usando a Teoria das Opções Reais. Dissertação de Mestrado. Depto. de Engenharia Industrial. PUC/Rio, 2000, 106p. FARIA, R.C., Nogueira, J.M; Método de valoração contingente: aspectos teóricos e empíricos. Brasília, 1998. FIGUEROA, F.E.V; Avaliação econômica de ambientes naturais - o caso das áreas alagadas - uma proposta para a represa do lobo (Broa). Dissertação Mestrado. São Carlos. UFSCar, 1996. HAWKEN, Paul, LOVINS, Amory, LOVINS, L. Hunter; Capitalismo natural: criando a próxima revolução industrial. Editora Cultrix. São Paulo, 1999. HUFSCHMIDT, M. M.; JAMES, D. E.; MEISTER, A. D.; BOWER, B. T.; DIXON, J. A; Environment, natural systems, and development: an economic valuation guide. Baltimore, EUA: Johns Hopkins University Press, 1983. 338 p. MARQUES, João Fernando e COMUNE, Antônio; “Quanto Vale o Ambiente: Interpretações sobre o Valor Econômico Ambiental”. XXIII Encontro Nacional de Economia, 12 a 15 de dezembro de 1995, pp.633-651. MARTINS, R.C., FELICIDADE, N; Limitações da Abordagem Neoclássica como Suporte Teórico para a Gestão de Recursos Hídricos no Brasil. Editora Rima. São Carlos, 2001. MOTTA, R. S. da; Manual para valoração econômica de recursos ambientais, Brasilia: MMA 1997, p.48 MOTTA, R. S. da; Economia verde desafios e oportunidades: Valoração e precificação dos recursos ambientais para uma economia verde. Nº 8 Junho 2011. (http://www.conservation.org.br/publicacoes/files/P%E1ginas%20de%20PoliticaAmbiental08seroadamotta.pdf) NOGUEIRA, Jorge M. e SANT’ANNA, Ana Cláudia; Valor econômico de bens e serviços ambientais: uma aplicação para o extrativismo no cerrado. Brasilia, 2010, p.4 SACHS, Jeffrey; A riqueza de todos: a construção de uma economia sustentável em uma planeta superpovoado, poluído e pobre. Editora Nova Fronteira. Rio de Janeiro, 2008. ROCHA, Katia, MOREIRA, Ajax R. B., CARVALHO, Leonardo e REIS, Estáquio J; O Valor de Opção das Concessões nas Florestas Nacionais da Amazônia. Rio de Janeiro: IPEA, Série Texto para Discussão nº 737, 2000, 28p. SANT’ANNA, Ana Cláudia e NOGUEIRA, Jorge M; Valoração Econômica dos Serviços Ambientais de Florestas Nacionais. 2010, p.6 THOMAS, Janet M, CALLAN, Scott J; Economia Ambiental: aplicações, politicas e teoria. São Paulo: Cengage Leraning, 2010.

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30

6. Anexos

6.1. Anexo 1 Reprodução do formulário utilizado durante a pesquisa realizada.

Até 1200 1200 a 2400 2400 a 4800 4800 a 6000 Acima de 6000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

31 32 33 34 35 36 37 38 39 40

41 42 43 44 45 46 47 48 49 50

Caso a resposta seja não, Porque?

Cidade:

Valoração Econômica Parque das Mangabeiras

Conhece o parque das Mangabeiras?

Principal motivo para utilização do parque?

Idade:

Renda familiar:

Escolaridade: 1° grau 2° grau 3° grau Pós-graudado

Data: Nome:

Bairro:

2 - Porque o parque é responsável pela melhoria da qualidade do ar

4 - Porque existem diversas nascentes

3 - Porque é o habitat de várias espécies de animais

1 - Porque o parque é bonito

Regiao:

Pensando nisto você acha que o parque das Mangabeiras deve ser preservado ou não tem motivos para ser preservado?

Se SIM porque?

Sim Não

O Parque Municipal das Mangabeiras tem uma área de 2.417.000 m². Possui 57 nascentes na bacia do Córrego da Serra,

afluente do Ribeirão arrudas, rio das velhas e por fim São Francisco.

O interior do Parque apresenta inúmeras áreas de vegetação com alto grau de preservação, intervaladas pelas estruturas

de lazer e pelas estradas. A fauna é composta por 29 espécies de mamíferos, 160 espécies de aves, 20 espécies de répteis e

19 anfíbios.

Estudos demonstram que o parque gera inúmeros benefícios diretos para a cidade e para a população: melhoria da

qualidade do ar, regulagem do clima, absorção, armazenamento e filtragem da água da chuva, espaço de lazer e espaço

para convivência com a natureza.

Frequencia com que vai ao parque?

Sim Não

Outro valor acima

de R$ 50,00:

7 - Porque pode ser utilizado como local para eventos..

6 - porque a entrada é gratuita.

5 - Porque é um ótimo local de lazer

8 - Outro:

Considerando os benefícios que o parque gera para a população da cidade, você estaria disposto a pagar para ter acesso ao

parque? O valor pago será utilizado para preservar o parque e os beneficios por ele gerado.