Meus estudos de capoeira em Barra do Corda

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2011 Leonardo Delgado 29/10/2011 Meus Estudos de Capoeira em Barra do Corda/MA

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Leonardo Delgado 

 29/10/2011 

Meus Estudos de Capoeira em Barra do Corda/MA

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Sumário  

UNIDADE I: CAPOEIRA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Problema Objetivo Geral Conteúdos de Aprendizagem 

Dimensão Conceitual Dimensão Procedimental Dimensão Atitudinal 

Sugestões Metodológicas Avaliação  

UNIDADE II: HISTÓRIA DA CAPOEIRA  Origem da Capoeira Capoeira das raízes africanas à origem brasileira Capoeiristas Históricos Cronologia CAPOEIRA NO MARANHÃO 

1° Mestre Mestre Patinho 

CAPOEIRA EM BARRA DO CORDA Mestre Marreta GABA (Grupo Angoleiros da Barra) Irapuru Iru Pereira 

UNIDADE III: ESTILOS DE CAPOEIRA Capoeira Angola  

Mestre Pastinha Capoeira Regional Capoeira Contemporânea Uniforme dos Angoleiros Uniforme dos Capoeiras da Regional Graduação A ginga e alguns golpes de ataque e defesa Roda de Capoeira Curiosidade  

UNIDADE IV: INSTRUMENTOS E MÚSICA NA CAPOEIRA Instrumentos 

Berimbau Pandeiro Atabaque Agogô 

Confecção dos Instrumentos Vocabulário Básico da Capoeira 

REFERENCIAL   

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UNIDADE I: CAPOEIRA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

 Leonardo Delgado 

   Este material  tem  como objetivo  analisar e discutir  a proposta da utilização do tema  Capoeira  na  Educação  Física  Escolar  para  a  disciplina  de  Educação  Física  no  ensino fundamental no município de Barra do Corda/MA. A partir de  nossa pesquisa bibliográfica, encontramos alguns pontos importantes a serem tratados nesse trabalho sobre a capoeira.    É  importante  salientar que  a Capoeira  inicialmente  foi  inserida na  escola  como uma  atividade  extracurricular,  ganhou  seu  espaço  nos  currículos  escolares  mediantes publicações como a metodologia do ensino de educação (Coletivos de Autores) e através dos parâmetros  curriculares  nacionais  da  educação  física  (PCN),  como  parte  dos  conteúdos  de lutas presentes na Educação Física Escolar.    Nossa proposta ao trabalhar o conteúdo capoeira na educação física escolar vem da necessidade de estarmos  contribuindo para  a  ampliação dos  conhecimentos dos  alunos, partindo do pressuposto de que a capoeira não é apenas um saber que se traduz num saber fazer,  num  realizar  "corporal",  sendo  a  Educação  Física  a  disciplina  que  estuda pedagogicamente a cultura corporal do movimento e suas manifestações, só  isso  já coloca a capoeira como conteúdo obrigatório, pois não se pode negar que a capoeira e suas diferentes modalidades fazem parte da cultura do Brasil.    A  capoeira  nasceu  nas  senzalas,  como  luta  de  libertação  da  classe  dominada contra o regime de escravidão existente na época. Foi perseguida, e, no plano de resistência ideológica, agrediu, por muitos anos, os códigos das culturas dominantes. Hoje, encontra‐se presente  em  diversos  segmentos  sociais  do mundo,  sendo  realidade  sua  prática  no  ensino fundamental,  médio  e  superior.  Entretanto,  trata‐se  de  um  conteúdo  pedagógico  pouco estudado e fundamentado em sua estrutura técnica e cultural para o cotidiano escolar.    Com essa temática de pesquisa, junto ao problema proposto, buscamos legitimar a importância de sua prática na escola, enquanto conteúdo da educação física e componente da cultura corporal de movimento, por se tratar de um tema também presente nos PCNs da educação física.    Soares    et    al.    (1992)    argumenta   que    a  Educação    Física   brasileira   precisa    resgatar    a  capoeira    enquanto    manifestação    cultural,    ou  seja,    trabalhar    a    sua  historicidade,  não desencarná‐la  do  movimento  cultural  e  político que  a  gerou.  Vamos ao encontro, novamente, das novas metodologias, nas quais solicitam‐se novos conteúdos para a Educação  Física  escolar,  conteúdos    estes    que    estejam    relacionados        ao  cotidiano    do  brasileiro  e  que  possuam significações histórico‐sociais.    Já  não  há mais  dúvidas  de  que  a  capoeira  difundiu‐se  por  todas  as  camadas  e classes sociais e também já não é um jogo exclusivamente de rua, levando milhões de pessoas a praticá‐la em escolas, academias, ginásios e centros de Educação Física. Isso faz com que os profissionais  que  ensinam  a  capoeira  tenham  o máximo  cuidado  em  não  ensiná‐la  apenas como luta, mostrando também os aspectos positivos que se pode conseguir com a sua prática, 

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e  isso  só  será  conseguido  com professores  especializados  e  atualizados  com os  avanços da sociedade.    A  capoeira  é  um  conteúdo  que  pode  ser  contemplado  na  escola  pelos  seus múltiplos enfoques, que possibilitam, a luta, a dança e a arte, o folclore, o esporte, a educação, o lazer e o jogo.     A mesma deve ser ensinada globalizadamente, deixando que o aluno identifique‐se com os aspectos que mais lhe convier.     A sua prática na escola possibilita o desenvolvimento de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais, como autonomia, cooperação e participação social, postura não preconceituosa, entendimento  do  cotidiano  pelo exercício da cidadania, historicidade etc. No aspecto motor,  especificamente,  a  capoeira  deve  ser reconhecida    como  uma  alternativa  rica    para    o  desenvolvimento    das    estruturas    da    criança,    como  esquema  corporal, lateralidade, equilíbrio, orientação espaço‐temporal,  coordenação motora etc.  

Problema    Quais os benefícios do ensino do conteúdo capoeira para a comunidade escolas?    

‐ A  Capoeira  resgata  o  processo  de  construção  da  formação  do  homem brasileiro;  

‐ A Capoeira simboliza a resistência do homem negro, o qual entrincheirado nos Quilombos resiste bravamente  iniciando a fermentação do  longo processo de construção da cidadania no país.  

‐ A  Capoeira  representa  um  poderoso  instrumento  pedagógico  capaz  de contribuir de forma efetiva para formação de um homem criativo, autônomo, dotado de perspicácia e espírito de iniciativa;  

‐ As  aulas  de  Capoeira  estimulam  não  só  a  prática  corporal, mas  também  o gosto  pela  música  e  manipulação  de  instrumentos  musicais  tipicamente brasileiros, contribuindo assim para a valorização da cultura brasileira;  

‐ Visto  a  Capoeira  estar  propagando‐se  nacionalmente,  ocupando  a  cada  dia mais e mais a vida de milhares de brasileiros e com isso tendo um lugar tanto na mídia televisiva, como nas revistas, jornais e outros meios de comunicação. E  gerando  com  isso  a necessidade da prática da Capoeira  com profissionais competentes.  Isto  para  que  a  essência  desta  dança  guerreira  não  seja desvirtuada  e  não  possa  comprometer  o  bem  estar  dos  praticantes  e    da sociedade. Para  isso deve‐se buscar essa conscientização nas escolas através da Educação.  

‐ A Capoeira como prática desportiva, proporciona uma melhor saúde corporal, conseqüentemente  ocorre  uma melhora  em  termos  de  qualidade  de  vida, agindo inclusive como método profilático.  

‐ Estimula  o  afetivo,  principalmente  a  auto‐estima,  além  de  integrar  os  seus participantes, de modo que o indivíduo passa a se sentir aceito nesse grupo e  com  isso  a  respeitar  seus  semelhantes,  fator  fundamental  para  um  bom convívio social.  

‐ Como meio de recreação, a capoeira auxilia na catarse, ou seja, na  liberação das  tensões diárias. Com  isso vem  contribuir para diminuir um dos  focos da violência, que são as tensões e o estresse que estão sujeitos não só os adultos, mas também as crianças.  

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‐ Finalmente podemos dizer que  capoeira  contribui para  interação do  ser e  a formação de um sentimento de amor e respeito a nossa cultura. 

 

Objetivo Geral    Fazer  a  reflexão  teórico‐metodológica  sobre  a Capoeira enquanto manifestação da cultura corporal brasileira, seu histórico, desenvolvimento, seus rituais, seus fundamentos de  jogo,  dança,  luta  e  ginástica,  suas  implicações  sociais  contemporâneas  e  seus  limites  e possibilidades de ensino no contexto escolar.  

Conteúdos de Aprendizagem    Coll  et.  al  (2000)  definem  conteúdos  como  uma  seleção  de  formas  ou  saberes culturais,  conceitos,  explicações,  raciocínios,  habilidades,  linguagens,  valores,  crenças, sentimentos,  atitudes,  interesses   modelos  de  conduta  etc.  cuja  assimilação  é  considerada essencial para que se produzam um desenvolvimento e uma socialização adequados ao aluno.    Dessa forma, quando nos referimos a conteúdos, estamos englobando conceitos, idéias, fatos, processos, princípios, leis científicas, regras, habilidades cognoscitivas, modos de atividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudos, de trabalho de lazer e de convivência social, valores, convicções e atitudes.    É preciso levar em conta ás seguintes questões: o que se deve saber? (dimensão conceitual),  o  que  se  deve  saber  fazer?  (dimensão  procedimental),  e  como  se  deve  ser? (dimensão atitudinal), com a finalidade de alcançar os objetivos propostos.   

Dimensão Conceitual - Conhecer  as  transformações  pelas  quais  passou  a  capoeira  em  relação  a 

sociedade e relacioná‐las com o contexto histórico da época; - Conhecer  as  mudanças  pelas  quais  passaram  a  capoeira  em  função  da 

marginalização; - Conhecer  os  estilos  de  capoeira  e  alguns  dos  vários  fundamentos  técnicos, 

toques e músicas.  

Dimensão Procedimental - Vivenciar e adquirir alguns fundamentos básicos da capoeira, golpes, musicas e 

toques. Por exemplo, praticar a ginga e a roda da capoeira; - Vivenciar  diferentes  ritmos  e  movimentos  relacionados  a  capoeira,  como 

angola, regional e contemporânea; - Vivenciar situações de brincadeiras e jogos. 

Dimensão Atitudinal  

- Valorizar  o  patrimônio  cultural  da  capoeira  em  seus  diferentes  contextos  e estilos, 

- Respeitar os adversários, os colegas e resolver os problemas com atitudes de diálogo e não‐violência. 

- Predispor‐se a participar de atividades em grupos, cooperando e interagindo; 

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- Reconhecer  e  valorizar  atitudes  não‐preconceituosas  relacionadas  a habilidade, sexo, religião e outras. 

- Adotar o hábito de praticar atividades físicas visando à  inserção em um estilo de vida ativo. 

   Com base nisso iremos abordar Na Unidade I: os fatores que justificam a presença desse  conteúdo  na  escola; Na Unidade  II: Os  elementos  que  deram  origem  a  capoeira,  no Brasil, no Maranhão e em Barra do Corda; Na Unidade  III: os estilos de capoeira, uniformes, graduações, fundamentos, rodas e curiosidades; Na Unidade IV: será estudado a musicalidade da capoeira, com seus instrumentos, toques e musicas  

Sugestões Metodológicas  

- Projeção de vídeos e filmes; - Pesquisa e discussão dos resultados. - O movimento de ginga, no ritmo de Angola. - Exercícios específicos: aú, cocorinha e negativa (demonstração prática); - Movimentos de  ataque e defesa, executando  golpes  individualmente ou em 

duplas. - Movimentos de golpes de defesa e contra ataque. - Exercícios em duplas. 

 

Utilização de vídeos    O vídeo ‐ filmes, documentários, reportagens especiais ‐ é um recurso importante no ensino da educação física, desde que permita estabelecer relações com os temas que estão sendo abordados em aula.    A  utilização  desse  suporte  exige,  entretanto,  alguns  cuidados  por  parte  do professor:   

- Primeiramente, é  indispensável que assista ao vídeo com antecedência, para destacar os aspectos a levantar na discussão do filme com a turma. 

- Ao assistir ao programa, será útil que elabore um  roteiro de observações e, inclusive, selecione as passagens mais relevantes, que poderão ser re‐exibidas durante o debate. 

- Antes de  iniciar a exibição do vídeo, ele deve conversar com os alunos sobre as questões a serem observadas, facilitando, pela roteirização, a compreensão dos objetivos da atividade e sua realização. 

 

Coleta de Informações na Internet e na Mídia Impressa    As  práticas  da  cultura  corporal  podem  constituir‐se  em  objetos  de  estudo  e pesquisa  sobre o homem e  sua produção cultural. Alem de proporcionar  fruição corporal, a aula de educação física pode propiciar reflexão sobre o corpo, a sociedade, a ética, a estética e as  relações  inter e  intrapessoais. Assim, a vivência das práticas corporais pode  ser ampliada pelo conhecimento sobre o que se pratica, buscando respostas mais complexas para questões especificas.  

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Avaliação    Os alunos podem ser avaliados: 

- De  forma  sistemática por meio da observarão das  situações de vivência, de perguntas e respostas formuladas durante as aulas. 

- De forma específica, em provas, pesquisas, relatórios, apresentações ele. Para que os alunos com dificuldades em algumas  formas de expressão não sejam prejudicados  pelo  tipo  de  avaliação,  e muito  importante  que  as  formas  de verificação do conhecimento sejam as mais diversificadas possíveis. 

   O  emprego  da  observação  no  processo  de  avaliação  apresenta  uma  série  de vantagens.  Ela  é,  por  exemplo,  diagnostica,  como  preconiza  Resende  (1995);  as  aulas  não precisam  ser  interrompidas;  o  ambiente  continua  o mesmo;  e,  finalmente,  ela  permite  a avaliação do comportamento na sua totalidade.    A  avaliação  em  educação  física  deve  considerar  a  observação,  a  analise  e  a conceituação  de  elementos  que  compõem  a  totalidade  da  conduta  humana,  ou  seja,  a avaliação deve estar voltada para a aquisição de competências, habilidades, conhecimentos e atitudes dos alunos.    Ela  deve  abranger  as  dimensões  cognitiva  (competências  e  conhecimentos), motora  (habilidades  motoras  e  capacidades  físicas)  e  atitudinal  (valores),  verificando  a capacidade  de  o  aluno  expressar  sua  sistematização  dos  conhecimentos  relativos  à  cultura corporal em diferentes  linguagens  ‐  corporal, escrita e  falada. Embora essas  três dimensões apareçam  integradas  no  processo  de  aprendizagem,  nos  momentos  de  formalização  a avaliação pode enfatizar uma ou outra delas, Esse é outro motivo para a diversificação dos instrumentos, de acordo com as situações e os objetivos do ensino.  

Mãos à Obra    Agora que o  leitor  já conhece um pouco de nossa concepção da educação  física escolar, passamos a apresentar uma proposta de desenvolvimento do conteúdo Capoeira para o  segundo  segmento  do  ensino  fundamental.  A  proposta  não  teve  como  preocupação sistematizar  a  capoeira de  forma hierárquica  e  gradativa, que  distribuiria os  conteúdos  por ciclos  e/ou  séries.  Essa  tarefa  fica  a  cargo  do  professor  que  poderá  se  pautar  em  nossas sugestões  e  ir  além  delas.  No momento  procuraremos  oferecer  aos  professores  sugestões didático‐metodológicas  para  o  tratamento  dos  conteúdos,  por meio  de  vivências,  leituras, discussões pesquisas e outras estratégias que possibilitem uma  re‐significação da cultura da capoeira nas aulas de educação física.     

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UNIDADE II: HISTÓRIA DA CAPOEIRA Leonardo Delgado 

 

INTRODUÇÃO   A capoeira é um esporte, uma luta, uma dança, um jogo. Afinal de contas, o que é a capoeira? Na verdade, é um  pouco  de  tudo  isso.  A  capoeira  é  uma  manifestação genuinamente  brasileira,  criada  pelos  escravos  africanos trazidos para o país.    A  capoeira  é  uma  manifestação  da  cultura brasileira e é caracterizada por golpes e movimentos ágeis e complexos,  utilizando  primariamente  chutes  e  rasteiras, 

além de  cabeçadas,  joelhadas,  cotoveladas, acrobacias em  solo ou aéreas muito peculiares: trata‐se  de  um  misto  de  luta‐jogo‐dança  praticada  ao  som  de  instrumentos  musicais (berimbau,  pandeiro  e  atabaque),  palmas  e  cânticos.  Outras  expressões  culturais,  como  o maculelê  e  o  samba  de  roda,  são muito  associadas  à  capoeira,  embora  tenham  origem  e significados  diferentes.  Por  tudo  isso  a  capoeira  vem  obtendo  cada  vez  mais  espaço  nas instituições educacionais como escolas de primeiro e segundo graus e universidades e sendo cada vez mais reconhecida em todas as instâncias da sociedade brasileira.    A palavra capoeira é originária do  tupi‐guarani,  refere‐se às áreas de mata rasteira do  interior do Brasil. Foi sugerido que a capoeira tenha  obtido  o  nome  a  partir  dos  locais  que  cercavam  as  grandes propriedades  rurais  de  base  escravocrata.  Capoeiristas  fugitivos  da escravidão  e  desconhecedores  do  ambiente  ao  seu  redor, freqüentemente  usavam  a  vegetação  rasteira  para  se  esconderem  da perseguição dos capitães‐do‐mato.    Há uma grande controvérsia em torno da história da capoeira, sobretudo no que se refere ao período compreendido entre o seu surgimento ‐ provavelmente no século XVII e o século  XIX,  quando  aparecem  registros  confiáveis,  com  descrições  mais  detalhadas  desta manifestação.   

ORIGEM DA CAPOEIRA    Uma  das  discussões  que mais  envolveram  os  estudiosos  da  arte‐luta  brasileira girou em torno da questão: a capoeira surgiu na África ou no Brasil? Atualmente considera‐se uma questão já resolvida, pois a grande maioria dos autores que escrevem sobre a história da capoeira concordam com a  tese de que ela  teria sido criada no Brasil pelos negros africanos trazidos pelos portugueses a partir do início da colonização para o trabalho escravo na lavoura, na pecuária, mineração e em atividades urbanas.     Não pretendemos aprofundar aqui o debate sobre o surgimento da capoeira, mas convém  observar  que  a  questão  é  realmente  complexa. Os  que  defendem  que  a  capoeira surgiu  no  Brasil,  apoiavam‐se  no  argumento  de  não  existir  atualmente  (nem  há  registros históricos conhecidos) qualquer forma de luta criada e desenvolvida pelos escravos nas outras ex‐colônias do continente americano, que também receberam grandes quantidades de negros 

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africanos  vindos  das  mesmas  regiões,  em  alguns  casos, daqueles  trazidos para o Brasil. Na  realidade, esse não é um argumento suficiente para provar a origem brasileira da  luta, pois  várias  manifestações  culturais  bastante  próximas  da capoeira,  reunindo  características  de  luta  e  dança,  já  foram identificadas  em outros países da América  Latina. A  idéia de que a  capoeira  seria uma  luta africana,  trazida pelos  cativos, apoiava‐se no fato de que ainda hoje, no continente africano, existem  danças  rituais  com  características  de  luta  (denominadas,  entre  outras,  Cujuinha, Uianga, Cuissamba e Dança da Zebra)     Para alguns autores, a capoeira praticada em terras brasileiras seria simplesmente uma  variação  dessas  danças,  que  teria  se  tornado  extremamente  útil  em  situações  de  luta corporal  contra  o  branco  colonizador.  Assim,  de  acordo  com  a  organização  que  as comunidades negras conseguiam constituir no Brasil nos primórdios da colonização (seja nos quilombos, ou nas próprias senzalas, preparando os movimentos de rebeldia e as fugas) seriam recuperados os elementos dessas danças‐lutas ancestrais.     Na  verdade,  a  controvérsia  se  justifica  pela  complexidade  da  questão  e  pela dificuldade na obtenção de documentos que relatem a vida dos escravos durante os primeiros séculos de escravidão no Brasil. É sabido que em 15 de dezembro de 1890 o então Ministro das  Finanças  Ruy  Barbosa  mandou  incinerar,  no  âmbito  do  Ministério  da  Fazenda,  os documentos  que  se  referiam  à  escravidão,  alegando  que  se  deveria  apagar  da  memória brasileira essa  lamentável  instituição. Os historiadores atribuem  tal ordem a uma estratégia que procurava evitar que os ex‐proprietários de escravos buscassem  junto ao governo uma compensação dos prejuízos que tiveram com a abolição da escravatura,  em  1888.  Provavelmente  esses  documentos nos trariam muitas informações sobre a vida dos escravos, suas  fugas,  suas  formas de  resistência  à  escravidão. Mas sua  destruição  não  pode  ser  tomada,  como  se  faz habitualmente  nos  debates  sobre  a  capoeira,  como obstáculo  intransponível  à  reconstituição  da  história  da resistência à escravidão. A historiografia sobre o tema tem nos mostrado isso constantemente.     Muito  embora  seja  suficientemente  esclarecido  que  a  capoeira,  como  a conhecemos hoje, é uma luta surgida no Brasil, é preciso considerá‐la como parte da dinâmica constante da cultura afro‐brasileira. Assim, a capoeira surgiu de um conjunto de aspectos pré‐existentes nas culturas das comunidades africanas (rituais, danças, jogos, cultura musical etc.). O  aparecimento  da  capoeira  deve  ser  pensado,  de  certa  forma,  como  as  próprias  artes marciais  tradicionais do Oriente, que  são a expressão da  filosofia de  seus povos criadores e que estão integradas às outras instâncias da vida social, como a religião e o trabalho. Sabe‐se, por exemplo, que diversas armas utilizadas nessas artes marciais derivam de instrumentos de trabalho agrícola, e algumas cerimônias ou simbologias se referem às tradições religiosas dos orientais.     É assim que devemos compreender a questão: a capoeira surgiu no Brasil como luta de resistência de uma comunidade que trazia uma imensa bagagem cultural de sua terra de origem e que precisou desenvolver um conjunto de técnicas de ataque e defesa em virtude da situação de opressão em que vivia durante a escravidão. Aliás, devemos considerar que a capoeira  faz parte de  todo um processo de resistência dos negros no Brasil, que  também se expressou na religião, na arte, na culinária etc. Em outras palavras: era necessário aos negros 

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não  só  permanecerem  vivos  e  lutarem  pela  sua  liberdade  era  preciso  também  preservar aspectos de sua cultura ancestral.   

  Dessa  forma,  o  surgimento  da  capoeira  se confunde  com  a  história  da  resistência  dos  negros  no Brasil.  Eis  porque  a maioria  dos  autores  que  escreveram sobre a questão associam o aparecimento da capoeira ao surgimento  dos  primeiros  quilombos  no  Brasil.  Alguns chegam  a  se  referir  especificamente  ao  Quilombo  dos Palmares  (que  foi  o  que  reuniu  um  número  maior  de pessoas,  cerca de 25 mil, e  foi destruído em 1694)  como sendo  o  berço  da  capoeira.  Já  em  1928,  Annibal 

Burlamaqui, no  livro Gymnastica Nacional  (Capoeiragem) Methodizada e Regrada, destaca a superioridade  do  quilombola  no  combate  com  os  capitães  do  mato,  devido  a  um  "jogo estranho de braços, pernas,  cabeça  e  tronco" utilizado pelos  fugitivos.  (Annibal Burlamaqui não indica a fonte dessa informação, o que a torna duvidosa).     Desta primeira publicação  até hoje, muitos  têm  repetido  a  afirmação de que  a capoeira surgiu nos quilombos sem, no entanto, apresentar provas mais concretas. Do ponto de vista científico, apenas se pode sustentar essa idéia como uma hipótese a ser comprovada por estudos futuros. Porém, é verdade  inquestionável que os quilombos representavam uma atmosfera de liberdade, de recuperação dos rituais e danças africanas e de convívio social que, somadas à situação de opressão podem ter dado origem à capoeira.     Os  estudos  históricos  sobre  o  Quilombo  dos  Palmares  desenvolvidos  por pesquisadores renomados como Édison Carneiro, Clóvis Moura, Décio Freitas e Joel Rufino dos Santos,  embora  não  se  refiram  especificamente  à  capoeira,  descrevem  detalhadamente  (e sobre isso há vasta documentação) as violentas guerras travadas ao longo de quase cem anos na Serra da Barriga (que à época se localizava em território da capitania de Pernambuco, atual estado  de Alagoas)  entre  os  fugitivos  e  as  tropas  enviadas  para  a  destruição  do  quilombo. Dificilmente  terá  existido,  em  toda  a  história  do  Brasil,  um  ambiente mais  propício  para  o surgimento de uma modalidade de luta como a capoeira.     Um quadro de Johan Moritz Rugendas intitulado "Jogar  Capoeira  ou  Danse  de  la  Guerre",  de  1835,  é considerado  o  primeiro  registro  preciso  sobre  a  capoeira. Neste  quadro  dois  negros  se  situam  em  posição  de  luta enquanto um outro, sentado, toca um atabaque que segura com as pernas. Outros negros, homens e mulheres, assistem à luta (ou jogo) que se realiza.     Ao  longo  do  século  XIX  a  capoeira  torna‐se  uma  nítida  expressão  da  situação vivida  pelo  negro  no  Brasil.  As mudanças  ocorridas  na  economia  e  na  política  do  Império vinham gerando um intenso processo de desescravização. Lembremo‐nos de que a Lei Eusébio de Queirós, de 1850,  já havia proibido o  tráfico negreiro para o Brasil. A  lógica do  sistema econômico mundial e brasileiro impunha a substituição do negro pelo trabalhador imigrante, e isso gerava uma inevitável situação de marginalidade. A capoeira floresceu dessa forma, e são inúmeros os relatos de jornais do século passado que narram as aventuras dos capoeiras (esse nome, até meados deste século, era utilizado para designar o lutador; a luta era denominada capoeiragem).   

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  Naquela época, a capoeira reunia não só ex‐escravos e seus filhos, mas também figuras importantes da sociedade. Aos poucos a capoeira foi se envolvendo com a vida política e chegou a ser amplamente utilizada como arma na luta entre as facções que se enfrentavam nos  tempos  do  Império  e  nos  primórdios  da  República,  sobretudo  nas  cidades  do  Rio  de Janeiro,  Salvador,  Recife  e  São  Paulo.  Os  capoeiras  eram  contratados  para  interferir  em comícios,  tumultuar  eleições  e  fazer  a  segurança  de  figurões  da  política.  O  sociólogo  José Murilo de Carvalho, analisando as ocorrências policiais do Rio de  Janeiro do século passado, calcula  em  cerca  de  vinte mil  o  número  de  capoeiras  cariocas  existentes  às  vésperas  da Proclamação da República (1889), o que nos dá uma idéia da importância desse segmento na sociedade da época.     Muito  tempo  se  passou  até  que  a  capoeira  superasse  esse  estigma  de mazela social. Pode‐se afirmar que a história da capoeira nos últimos cem anos tem sido a trajetória de sua inserção e institucionalização na sociedade brasileira. Aos poucos foi sendo reconhecida como  expressão do  folclore nacional,  como  técnica  eficiente de  luta  e, mais  recentemente, como instrumento educativo importantíssimo para a consciência de nossa cultura.     Esse  processo  de  desenvolvimento  da  capoeira  teve  como  figura  chave  o capoeirista baiano conhecido como Mestre Bimba, que merecerá nossa atenção especial mais adiante. Mestre Bimba criou por volta de 1930 a Capoeira Regional, uma variação da capoeira tradicional (conhecida como Capoeira Angola) que  incluía uma série de  inovações e métodos de ensino.     O  desenvolvimento  técnico  da  capoeira  nas  últimas  décadas  foi  imenso,  e  não pára de ocorrer. O contato com outras modalidades de  luta e com os métodos científicos de treinamento  desportivo  têm  exigido  dos  capoeiristas  um  intenso  esforço  de  atualização  e sistematização de seus conhecimentos.   

Capoeira das raízes africanas à origem brasileira 

   Várias sociedades africanas que falavam línguas semelhantes foram chamadas de banto pelos  europeus. Acredita‐se que os bantos  eram da  atual  região de Camarões  e,  em cerca de 1000 a.C, começaram a migrar para o sul. Essa migração se estendeu até os séculos III e  IV  d.C,  levando  os  bantos  a  se  concentrar  no  centro‐sul  da  África,  nas  atuais  regiões  de Angola,  Congo,  República  Democrática  do  Congo,  Uganda,  Namíbia,  Zâmbia, Moçambique, Botsuana    Nas  novas  regiões  que  ocuparam,  os  bantos  introduziram  a  metalurgia,  a agricultura e a forma de governo centralizada. Formaram sociedades matrilineares, nas quais as terras cultivadas eram consideradas dos antepassados, as florestas eram comunitárias e o trabalho, individual.     Nos  primeiros  séculos  do  tráfico  de  escravos,  foram trazidos  para  as  Américas,  escravizados,  muitos  negros  de  grupos bantos.  Esses  grupos  foram  maioria  na  Bahia,  em  Alagoas, Pernambuco, no Maranhão, em Minas Gerais e no Rio de Janeiro e, em muitos  momentos,  reproduziram  aqui  sua  organização  social (especialmente  nos  quilombos),  sua  arte  e  sua  visão  de  mundo.  A capoeira,  a  congada,  as  danças  e  cerimônias  cateretê,  caxambu, batuque, samba, jongo, lundu, maracatu e coco de zambê são herança banto. 

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   O candomblé de angola, com o qual a capoeira angola mantém ligações, também é expressão de origem banto.    Capoeira é uma palavra de origem tupi que significa vegetação que nasce após a derrubada  de  uma  floresta.  No  Brasil  Colônia,  esse  nome  foi  também  dado  ao  "jogo  de angola", que apareceu nas  fazendas e  cidades desde que os primeiros grupos de negros de origem banto foram escravizados e trazidos para cá.    A capoeira praticada em senzalas, ruas e quilombos  foi vista como uma ameaça pelos  governantes,  que,  em  1821,  estabeleceram  medidas  de  repressão  à  capoeiragem, incluindo  castigos  físicos e prisão. Essas medidas policiais  contra a  capoeira  só deixaram de vigorar a partir da década de 1930, mas  isso não  significou que passasse a  ser plenamente aceita e que seus praticantes tivessem a simpatia da sociedade brasileira.    O  "jogo  de  angola"  não  foi  aceito  como  uma  forma  de  expressão  corporal  de indivíduos  e  grupos,  em  sua  maioria  negros,  organizados,  pensantes  e  vigorosos.  Foi transformado em folclore, com a diminuição de seu significado grupal para os participantes e, depois,  em  esporte  ou  arte  marcial.  Mas  a  forma  não  esportiva  da  capoeira  também permaneceu, ligada a grupos de capoeira angola.    Assim,  surgiram  dois  ramos  da  capoeira  nas  décadas  de  1930  e  1940,  que  se distinguiram mais efetivamente a partir dos anos 70. Ocorreu, por um  lado, a mobilização de grupos de  resistência  cultural  afro‐baiana, que perceberam nos poucos  grupos  angoleiros  a manutenção  dos  elementos  da  capoeira  trazidos  pelos  negros  bantos,  e,  por  outro  lado,  a organização da capoeira esportiva (capoeira regional) como arte marcial.  

Capoeiristas Históricos  

‐ Besouro  Mangangá:  capoeirista  baiano  do  século  XIX,  imortalizado  nas músicas da capoeira.   

‐ Manduca da Praia: temido capoeirista no Rio de Janeiro do século XIX.   ‐ Madame Satã: polêmico capoeirista do Rio de  Janeiro do século XX, sua vida 

foi retratada em filme.   ‐ Mestre  Pastinha  (Vicente  Ferreira  Pastinha):  fundou  a  primeira  escola  de 

capoeira legalizada pelo governo baiano. ‐ Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado): criador da capoeira regional    

  

Cronologia  

‐ 1548 – Iniciam a imigração forçada de escravos africanos para o Brasil.  ‐ 1712 ‐ Primeiro registro escrito do termo capoeira, no Vocabulário Português e 

Latino, do Padre D. Rafael Bluteau,  seu  significado,  contudo não  se  refere  à luta.  

‐ 25 de Abril de 1789  ‐ Primeira menção da  capoeira em  registros policias na prisão de Adão, pardo, escravo, acusado de ser "capoeira",. [Nireu Cavalcanti, "O Capoeira", Jornal do Brasil, 15/11/1999, citando do códice 24, Tribunal da Relação, livro 10, Arquivo Nacional, Rio de Janeiro] 

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‐ 1809 – D. João VI criou a Guarda Real de Polícia, para seu chefe foi nomeado o major Nunes Vidigal. Persegidor notório de capoeristas, o major Vidigal era por si só um exímio capoerista.  

‐ 1813 – Antonio de Moraes Silva acrescenta o termo capoeira no Diccionario da Lingua Portugueza composto originalmente pelo Padre D. Rafael Bluteau.   

‐ 1821  –  Carta  da  Comissão  Militar  do  Rio  de  Janeiro  enviada  para  Carlos Frederico de  Paula, Ministro da Guerra,  requisitando o  retorno dos  castigos aos capoeiristas.  

‐ 1826 ‐ O artista francês Jean Baptiste Debret retrata um tocador de berimbau em "Joueur d'Uruncungo".  

 ‐ 1828 – Os capoeiras  sempre  tidos como marginais e desordeiros ajudando a 

conter a Revolta dos Mercenários.  ‐ 1835 – Pela primeira vez é retratado o  jogo de capoeira pelo alemão  Johann 

Moritz Rugendas no  livro Voyage Pittoresque dans  le Brésil  com as gravuras "JOGAR CAPOEIRA ou Danse de la guerre" e "SAN SALVADOR".  

‐ 13  de  Maio  de  1888  ‐  A  Princesa  Isabel  decreta  a  Lei  Áurea  abolindo  a escravatura no Brasil.  

‐ 1890  ‐  Apesar  dos  capoeristas  terem  um  papel  heróico  na  Revolta  dos Mercenários e na Guerra do Paraguai, o Governo Republicano  instaurado em 1889 continuou a política de repressão à Capoeira do período  Imperial, e em 1890 editou um decreto criminalizando a prática da Capoeira.  

‐ 1932 ‐ Mestre Bimba funda a primeira academia oficial de capoeira.  ‐ 1941 ‐ Mestre Pastinha funda a primeira academia oficial de Angola.  ‐ 1949 ‐ Mestre Bimba leva alguns alunos à São Paulo para competir com outras 

lutas. Na década de 1950, Mestre Bimba viajou vários estados apresentando a capoeira. Começa a expansão da capoeira baiana pelo território brasileiro.  

‐ 1953  ‐ Em Salvador, Mestre Bimba e seu alunos se apresentam no Palácio do Governo  para  o  governador  da  Bahia  Juracy Magalhães  e  o  presidente  da República  Getúlio  Vargas.  Getúlio  teria  dito  então:  "a  única  colaboração autenticamente  brasileira  à  educação  física,  devendo  ser  considerada  a nossa luta nacional".  

‐ 1966  ‐ Mestre Pastinha  leva uma comitiva de capoeiristas ao Premier Festival International des Arts Nègres, em Dakar. A capoeira começa a expandir para o mundo. 

 

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CAPOEIRA NO MARANHÃO  

O 1º Mestre    O Mestre  Firmino Diniz  ‐  nascido  em  1929  ‐  que  é  considerado  o mestre mais antigo de São Luís, teve os primeiros contatos com a capoeira na infância, através de seus tios Zé Baianinho e Mané. Lembra ainda de outro capoeirista da época de sua infância, Caranguejo; Mestre  Diniz  teve  suas  primeiras  lições  no  Rio  de  Janeiro  com  "Catumbi",  um  capoeira alagoano. Diniz era o organizador das rodas de capoeira e foi um dos maiores  incentivadores dessa manifestação na cidade de São Luís, nos anos 30 e 40.     Segundo o professor Leopoldo Gil Dulcio Vaz1:  

 "A Capoeira no Maranhão tem seu inicio ‐ segundo os registros mais antigos  encontrados  até  agora  ‐  em  1835!  De  acordo  com depoimentos dos Mestres  atuais,  teve um  recomeço  por  volta  dos anos 60, com a vinda de um grupo ‐ do mestre Canjiquinha, Aberrê ‐ no qual veio  junto Mestre Sapo; que  retorna depois, se  fixando em São  Luis. Diz  a  lenda  que  fora  convidado  por  Sarney,  para  ser  seu guarda  costas.  Ganhou  emprego  público,  para  ensinar  a  capoeira, num período em que houve a revitalização do esporte no Maranhão, comandado por Cláudio Vaz dos Santos; a capoeira foi incluída entre os esportes que ganharam escolinha no Ginásio Costa Rodrigues, com Sapo no comando. Naturalmente que a Capoeira tinha seus adeptos, sendo citado como o mestre principal, ou mais  importante naquela época  ‐ anterior aos anos 60  ‐ Roberval  Serejo. No depoimento de Mestre Patinho são citados alguns dos praticantes, com a  fundação do primeiro grupo, do qual Roberval já participava". 

   Em  1966  ‐ Mestre  Canjiquinha(Washington  Bruno  da  Silva,  1925‐1994),  e  seu Grupo Aberrê passaram pelo Maranhão, apresentando‐se na cidade de Bacabal, no teatro de Arena Municipal.    E em São  Luís do Maranhão, no Palácio do Governador, no  Jornal Pequeno, TV Ribamar na Residência do Prefeito da capital e no Ginásio Costa Rodrigues.    Acompanhavam Mestre Canjiquinha, o Sapo  (Anselmo Barnabé Rodrigues ainda com 17 anos), O Mestre Brasília (Antônio Cardoso Andrade), e Vitor Careca, os três, na época, todos eram menores de idade.    1968  ‐ Mestre  Sapo  retorna  ao Maranhão,  diz  alguns  que  fora  convidado  por Sarney, para  ser  seu guarda costas. Ganhou emprego público, para ensinar a capoeira, num período em que houve a revitalização do esporte no Maranhão, comandado por Cláudio Vaz dos Santos, a capoeira foi incluída entre os esportes que ganharam escolinha no Ginásio Costa Rodrigues, com Mestre Sapo no comando.  

1 O  texto  é  de  LEOPOLDO GIL DULCIO  VAZ.  Capoeiragem  no Maranhão,  publicado  em  18/04/2005, disponível online via: http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/capoeiragem+no+maranhao 

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  A partir de 1970, Mestre Sapo começou a formar seu grupo de capoeira, passando a ministrar aulas em uma academia de musculação, localizada na Rua Rio Branco, e no mesmo ano Roberval  Serejo  vem  a  falecer,  e  alguns  de  seus  alunos,  passam  a  treinar  com Mestre Sapo. Que  logo  forma um grupo  com muitos alunos, e os que não entraram em  seu grupo, treinavam paralelamente,  faziam  rodas, coisas que o Mestre Sapo não gostava e por muitas vezes ele mesmo chamava a policia, pois a capoeira do maranhão, ainda vivia em repressão, acredita‐se que tal atitude era, para ser o centro das atenções, já que era o único que tinha se organizado, e tido o apoio do governo.    O Mestre Sapo em uma de suas viagens, no final dos anos 70, conheceu o Mestre Zulú, em Brasília. Foi quem o graduou Mestre. A partir de então, Mestre Sapo  implantou em São Luís o sistema de graduação, através de cordel, seguindo as cores adotadas pelo Mestre Zulú. Mas quem o iniciou na capoeira foi Natalício Neves da Silva, O Mestre Pelé de Salvador.    Desta  forma  o  Mestre  Sapo  se  tornou  a  maior  referência  da  capoeira  do Maranhão. Mestre Sapo faleceu no ano de 1982, vítima de acidente de Transito. No Bairro da Cohab.  Fonte: http://associaogrupokdecapoeira.blogspot.com/2009/07/capoeira‐do‐maranhao.html  

Mestre Patinho2 

   ANTONIO JOSÉ DA CONCEIÇÃO RAMOS – Mestre Patinho – nasceu em São  Luís, em 14 de setembro de 1953, no Bairro São Pantaleão; filho de Djalma Estafanio Ramos e de Alaíde Mendonça Silva Ramos;     Década de 60  ‐ Babalú, um apaixonado pela  capoeira,  outro  amigo  que  era marinheiro  da marinha  de  Guerra,  também  aprendeu  com  o mestre Artur Emídio do Rio, Roberval Serejo;  juntamos  Jessé, Roberval Serejo, Babalú, Artur Emídio  e  eu  formamos  a  primeira  academia  de  capoeira,  Bantú,  e  estava  sem  perceber fazendo parte da reaparição da capoeira no Maranhão. Também participaram Firmino Diniz e seu mestre  Catumbi,  preto  alto  descendente  de  escravo.  Firmino  foi  ao  Rio  e  aprendeu  a capoeira com Navalha no estilo Palmilhada e com elástico, nos repassando.    1966  ‐ esteve aqui em São Luís o Quarteto Aberrê  com o mestre Canjiquinha e seus  discípulos:  Brasília,  hoje Mestre  Brasília,  que mora  em  São  Paulo;  e  o  nosso  querido Mestre Sapo; Vitor Careca. Quando Vitor Careca e seus amigos chegaram aqui em São Luís não foram  bem  sucedidos.  Por  sorte  do  grupo,  na  Praça  Deodoro,  na  apresentação,  estava assistindo o Mestre Tacinho, que era marceneiro e  trazia gaiola. Era campeão sul‐americano de  boxe  no  estilo médio  ligeiro  e  gostava  da  capoeira.  Vendo  que  o  grupo  tinha  um  total domínio  da  capoeira,  apresentavam modalidades  circenses, mas  ligadas  a  capoeira,  como navalha,  faca, etc. Tacinho convidou‐os para uma apresentação no Palácio do Governo, pois era  motorista  do  Palácio.  O  Governador  da  época  era  Sarney,  gostando  muito  da apresentação,  convida um deles para ministrar aula de  capoeira no Maranhão, pois não  foi possível porque eram de menor. 

2 Mestre  Patinho,  publicado  em  27  de  fevereiro  de  2009. Disponível  on  line  via:  http://sala‐prensa‐internacional‐fica.blogspot.com/2009/02/antonio‐jose‐da‐conceicao‐ramos‐mestre.html 

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   1968  ‐  Mestre  Barnabé  (Mestre  Sapo),  Anselmo  Barnabé  Rodrigues,  volta  ao Maranhão.  

‐  Está  tendo  uma  roda  de  capoeira  no  Olho  d´Água  com  o  Mestre  Sapo, coincidentemente estando na praia, entrei na roda, conheci o Mestre Sapo e nos tornamos amigos e comecei a estudar com eles. Através do Professor Dimas. ‐ Como  a  capoeira  era mal  vista na  época  e  cheia de preconceito, parti para  a Ginástica  Olímpica,  volto  para  a  capoeira  e  participo  com  o  Mestre  Sapo  do primeiro e segundo Troféu Brasil e fomos campeões, eu no peso pluma e Sapo no peso pesado. Me  intensifiquei pela capoeira e fui para Pernambuco, Bahia e São Paulo, estudar capoeira. 

   Eu recebi muita influência de Mestre Sapo, Artur Emídio do Rio,Catumbi e Djalma Bandeira que todos foram alunos de Aberrê.  Fonte: RODRIGUES, Inara. Patinho: vida dedicada à capoeira. In O ESTADO DO MARANHÃO, São Luís, 14 de setembro de 2003, Domingo, p. 6. Caderno de Esportes 

 

CAPOEIRA EM BARRA DO CORDA  

Mestre Marreta3 

 No  dia  14  de  fevereiro  nasce  o  filho  de  José  Basílio  e Maria 

Firmina  de  Jesus.  Ele  não  sabia, mas  a  vida  deste menino  reservava  um destino muito  especial  voltado  a  uma  arte  presente  nas  raízes  brasileiras desde o  tempo da escravidão: a Capoeira. Nasce então, Edvaldo  Jesus dos Santos que mais tarde se tornaria Mestre Marreta!!!    Ainda  criança,  Edvaldo morou  no  Bairro  Periperi  na  cidade  de  Salvador  –  BA, juntamente com seus pais e seis  irmãos. Estudou e conclui o Ensino Fundamental e o Ensino Médio na Escola Almirante Barroso. Aos 14 anos trabalhou numa oficina de pintura; três anos depois, alistou‐se no exército, onde ficou de excesso contingente no período de um ano, tendo recebido posse da carteira de reservista em 1982.    Ainda com 17 anos de idade, Edvaldo entrou no Grupo de Capoeira Obalafom (seu primeiro  contato  com o mundo da  capoeira),  tendo  como professor Djalma Marinho de Sá, que o treinava na Escola Castelo Branco em Salvador, no Bairro da Urbes às 2ª, 4ª e 6ª feiras.    Aos  18  anos,  pôde  exercer  a  função  de  pintor  de  auto. No  período  de  1987  a 1990,  trabalhou  como  coordenador  de  eventos  no  Maritim  Club  Hotel,  uma  empresa internacional,  possuindo  25  hotéis  espalhados  em  toda  a  Europa.  Lá,  ele  desenvolvia  um trabalho  de  Capoeira,  uma  capoeira  show,  unicamente  para  apresentações  ao  público turístico; onde havia danças, como Maculelê, Dança dos Cafezais, entre outras muitas danças do  folclórico baiano. No mesmo ano,  viajou para Brasília  tendo permanecido por  três anos, onde  trabalhou no STJ  (Supremo Tribunal de  Justiça). Em 1993 a 1996 voltou para Salvador onde trabalhou como segurança de valores da Raimundo Santana S.A.  

3 Disponivel On Line: http://www.flogao.com.br/capoeiraflecha/78944277 

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  Em, 1995, aos 32 anos casou‐se com Joelma Moreira da Silva, sendo que no dia 10 de  março  de  1997  nasce  Éderson  Silva  Santos,  seu  filho.  Edvaldo  ainda  trabalhou  como segurança no Hotel Só Bahia Atlântico, nos anos de 1996 a 1999. Em julho de 99, recebeu de um amigo a proposta de vir ao Maranhão com o objetivo de desenvolver um trabalho voltado à capoeira. Em 8 de agosto do mesmo ano ele  chegou à Barra do Corda. Criou‐se, então, a Escola de Capoeira Flecha, no dia 22 de agosto de 1999, onde pôde desenvolver um trabalho voltado à Capoeira Regional juntamente com um pouco do folclórico baiano.    No  dia  19  de  junho  de  2000  e  2001,  foi  desenvolvido  o  Projeto  Ginga,  uma parceria do governo municipal com o Grupo favorecendo 90 alunos da rede municipal de 1º a 8º  séries.  No  mesmo  ano  Escola  de  Capoeira  Flecha  juntamente  com  o  Projeto  Ginga, participam  dos  Jogos  Escolares Maranhenses  JEM’s,  onde  conquistaram  12 medalhas  para município de Barra do Corda. Em  junho de 2001, ao  trabalhar 15 dias consecutivos em uma barra  de  festejos  juninos,  exaustado, Mestre  Edvaldo  sentou‐se  no  para‐peito  de  sua  casa, onde sofreu uma terrível queda fraturando sua coluna cervical, tendo atingido a C.5 – C.6.    No dia seguinte  foi contatado que o Mestre Marreta havia  também quebrado o pescoço.  Sendo  assim,  foi  transferido  para  São  Luis  e  submetido  a  duas  cirurgias,  tendo passado 28 dias hospitalizado. Graças a Deus e a seu preparo físico, pela prática da capoeira, Mestre Marreta recuperou‐se rapidamente (por milagre), pois o prazo mínimo que o médico deu para que ele voltasse a praticar o esporte foi de 2 anos. Mas, com apenas quatro meses após a sua saída do hospital, o mestre já estava treinado e dando aulas.    A  vida nos ensina muitas  coisas, e esse é um exemplo que  todos nós devemos seguir: não nos deixarmos abalar pelos obstáculos da vida!!!    Hoje, além de continuar dando aulas na Escola de Capoeira Flecha e no Projeto Ginga, Mestre Marreta ainda ensina a arte da capoeira regional em três outros projetos com a parceria do governo municipal: Agente Jovem, Resgate e Cidadania e Cacooper (Copaíba). É a capoeira atravessando  fronteiras e mostrando sua história à sociedade,  tirando os  jovens do mundo das drogas, incentivando a educação e a inclusão social.  

GABA (Grupo Angoleiros da Barra)4 

 Fundado  em  outubro  de  2005,  o 

Grupo Angoleiros da Barra, o GABA CAPOEIRA ANGOLA,  nasceu  da  iniciativa  coletiva  de vários  capoeiristas  cordinos  que  viram  na Capoeira  Angola  importante  elemento  de aproximação  e  compreensão  da  cultura  afro‐brasileira. O GABA, de forma pioneira, vem ao longo  de  seu  relativo  pouco  tempo  de existência  se  dedicando  com  afinco  às 

pesquisas e estudos sobre a Capoeira Angola, tanto em seus aspectos práticos quanto em seus aspectos  teóricos,  e  ao  longo  dessa  caminhada  já  deu  várias  contribuições  para  o desenvolvimento da Capoeira Angola  em nossa  cidade  através da  realização de  seminários, fóruns, encontros e oficinas de Capoeira Angola com a participação de figuras expressivas da Capoeira Angola do Maranhão, do Brasil e do mundo.  

4 Fonte: http://www.barradocorda.ma.gov.br/cidade/gaba.php 

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Irapuru Iru Pereira5    Começou  a  praticar  Capoeira  com  mestre Patinho  em  São  Luis‐MA,  com  quem  treinou  durante alguns  anos.  Depois  foi  para  o  interior  do  Estado, mais precisamente  na  cidade  de  Barra  do  Corda‐MA,  onde participou de 1999 a 2005 do Grupo Flecha. Atualmente participa da organização do Grupo Angoleiros da  Barra, o GABA CAPOEIRA, sendo tal responsabilidade desenvolvida em parceria com SAMUEL BARROSO, um exímio Capoeira da região.     Começou capoeira aos 11 anos de idade, na cidade de São Luis, sendo que o que levou‐o à praticar foi um problema de saúde. Na época iniciou‐se com Mestre Patinho. Aos 14 anos de idade foi acometido por doença renal que entre outras restrições proibia‐o de praticar atividades  físicas.  Depois  disso  teve  alguns,  segundo  suas  próprias  palavras,  retornos inexpressivos.    Em 1999 mudou‐se à Barra do Corda‐MA, onde para manter a saúde (novamente ela),  teria  impreterivelmente  que  se  tornar  um  atleta.  Retornou  à  Capoeira  através  de  um grupo local cujo Mestre acabara de chegar de Salvador. Este foi à Barra do Corda para fazer um trabalho com os  índios (por  lá são muitos duas etnias: Canelas e Guajajaras). O trabalho com os  indígenas não vingou, mas ele, o mestre,  fixou uma academia de Capoeira "Regional"   na cidade, onde Irapuru Iru Pereira passou a participar até meados do ano de 2005.    Em paralelo a  isso,  IRAPURU estava se graduando em História e durante  todo o curso  a  Capoeira  se mostrou  um  riquíssimo  objeto  de  pesquisa,  bem  como  um  poderoso instrumento didático‐pedagógico. Tal aproximação com o mundo teórico da Capoeira, que ele mesmo chama de "a  Capoeira jogada  fora da roda"  levou‐o a tentar  somar esses elementos, principalmente os de caráter libertários e ideológicos,  ao trabalho da  Academia. Não deu em outra,  por  se  tratar  de  uma  Capoeira  hierarquizada,  e  com  grandes  limitações  teóricas  e acadêmicas,  passou  a    ser  alijado  e  teve  que  se  afastar  do    grupo,  que  a  essa  altura  já introduzia agarrões do jiu‐jitsu nas rodas na academia. Irapuru até comenta:  nada contra o jiu‐jitsu, mas tudo a favor da Capoeira pura, simples e completa.     Antes de Irapuru, vários outros capoeiras também já haviam se afastado do grupo e não tinham para onde  ir, sendo então convidado por eles para colaborar na construção de uma alternativa  de Capoeira. Optaram por fazer um trabalho de Capoeira Angola, levando em conta principalmente seus aspectos ideológicos e anárquicos.    A parada não foi ‐ não está sendo ‐ nada fácil, pois em Barra do Corda as pessoas só conheciam a Capoeira Contemporânea e todo  imaginário sobre Capoeira está relacionado com  essa  expressão  da  nossa  luta‐dança‐luta.  Os  integrantes  do  GABA  desenvolvem  seus trabalhos em uma forma gratificante de autogestão e exercício da democracia, onde todos do grupo  procuram  de  alguma  forma  suprir  suas  carências. O GABA  foi  criado  em  outubro  de 2005,  e  seus  membros  não  tem  a  pretensão  de  fazermos  do  Trabalho  um  "negócio", 

5  Breve  histórico  do  Grupo  Angoleiros  da  Barra  ‐  GABA‐,  em  Barra  do  Corda, Maranhão  e  da  vida capoeirística  de  IRAPURU  IRU  PEREIRA,  um  de  seus  idealizadores.  Disponível  on  line  via: http://www.capoeira.jex.com.br/cronicas/angoleiros+da+barra 

Figura 1: Professor Irapuru, Vereadora Nilda Barbalho e Mestre Patinho

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funcionamos através de oficinas de Capoeira  ministradas em escolas e agrupamos cerca de 40 Capoeiras.    Nessa caminhada  já tiveram a colaboração do Nelsinho do Laborate e de Mestre Patinho,  ambos  de  São  Luis.  Para  os membros  do GABA,  o  objetivo  do  "Grupo  não  é  para ensinar Capoeira, mas sim para aprender Capoeira".  Com diz o próprio Irapuru,  "não temos pressa, como já sabemos: CAPOEIRA ANGOLA É DEVAGAR!!!!"    

Como ensinar esse conteúdo para crianças    Para  dar  início  ao  tema  e  avaliar  o  conhecimento  que  os  alunos  já  possuam, podemos começar fazendo algumas perguntas:  

‐ Alguém já assistiu a uma apresentação de capoeira? O que achou? ‐ Quem já jogou ou brincou de jogar capoeira alguma vez? O que achou? ‐ Vamos tentar montar uma lista com os elementos que vocês acham que fazem 

parte de uma roda de capoeira?  

  Nesse momento, é interessante pedir para que os alunos levantem a mão e, um a um, citem os elementos que acham que fazem parte da capoeira. Peça para que um aluno vá anotando tudo na lousa ou em um caderno e, ao final, leia os elementos, perguntando para a turma se são realmente elementos da capoeira.  

 

Discussão   Após a vivência da reconstrução da história da capoeira e a leitura do texto, desenvolva com a turma uma reflexão sobre os conhecimentos apresentados. Sugestão de questões para essa reflexão:  

‐ A história que a turma inventou tem alguma semelhança com a leitura? ‐ Antes da  leitura, alguém  tinha algum  conhecimento a  respeito da origem da 

capoeira? Que conhecimento e onde o obteve? ‐ O que são os bantos? ‐ Quando  os  bantos  foram  trazidos  para  o  Brasil,  trouxeram  consigo  diversos 

costumes, citem alguns deles e falem sobre como esses costumes fazem parte da cultura; brasileira. 

‐ Qual a relação da escravidão com a origem da capoeira? ‐ Por que motivos a capoeira chegou a ser proibida no Brasil? ‐ Qual  seria a  relação entre  fugas de escravos, capitães do mato, quilombos e 

capoeira? ‐ Quais os tipos de capoeira descritos no texto? Qual dos dois é mais antigo? 

Tarefa para casa Para finalizar a discussão, pergunte se os alunos saberiam diferenciar a capoeira angola da  regional. Após  refletirem  e  opinarem  sobre o  tema, proponha que, divididos  em grupos  (de  três ou quatro alunos), pesquisem o  tema em diferentes  fontes: entrevista  com 

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algum praticante ou mestre de capoeira, pesquisa na internet, em livros, jornais ou revistas. As fontes de pesquisa não são tão variadas, mas qualquer  informação servirá para as discussões das aulas seguintes.  

Filmes  

"Mestre  Bimba  –  A  Capoeira  Iluminada",  conta,  através  de depoimentos  de  seus  antigos  alunos  e  de  imagens  inéditas  em  cinema,  a história deste brasileiro, Manuel dos Reis Machado, o Mestre Bimba (1899 – 1974)  um  iletrado  que  recebeu,  post morten,  o  título  de Doutor Honoris Causa  de  uma  das mais  prestigiadas  Universidades  do  Brasil.  De  origem humilde,  ele  foi  um  grande  jogador  de  capoeira mas  antes  de  tudo  um educador,  que  dedicou  a  sua  vida  a  dar  dignidade  e  luz  à  capoeira.  Para muitos historiadores foi um dos negros mais  importantes do século XX, nas Américas.  Seu  nome  é  a  primeira  referência  que  um  aluno  de  capoeira aprende,  em  qualquer  país  que  esteja.  A  ele  são  dedicadas  milhares  e milhares de músicas cantadas em todas as rodas de capoeira nos cinco continentes. 

 "Pastinha ‐ Uma Vida pela Capoeira", um filme do cineasta e 

capoeirista Antônio Carlos Muricy é um documentário filmado no Rio de Janeiro, em Salvador e em Nova Yorque, EUA. Ilustrado com fotos de  David  Zingg  e  de  Pierre  Verger,  e  por  desenhos  e  pinturas  de Capoeira do próprio Pastinha,  representa uma  rara oportunidade de se conhecer os fundamentos e a história da  lendária Capoeira Angola e de seu maior mestre. Pastinha!    O documentário “Mandinga em Manhattan” conta como a  capoeira  se espalhou pelo mundo e hoje  se encontra em mais de 160  países,  em  todos  os  continentes.  Com  locações  no  Brasil  e  nos EUA, Mandinga  em Manhattan  traz  depoimentos  de  antropólogos, pesquisadores e dos maiores mestres da atualidade  ‐ os verdadeiros 

responsáveis pela divulgação mundial da capoeira. Mandinga em Manhattan é dividido em três momentos: a história da capoeira, com relatos dos mestres antigos, entre eles João Grande e João Pequeno, a  ida dos  capoeiristas para o exterior e o  retorno da  capoeira para o Brasil. Mandinga em Manhattan é a história da  resistência e evolução da capoeira no mundo. Que tem começo, mais não tem fim.    

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UNIDADE III: ESTILOS DE CAPOEIRA Leonardo Delgado 

Capoeira Angola    A Angola é o estilo mais próximo de como os negros  escravos  jogavam  a  Capoeira.  Caracterizada  por ser  mais  lenta,  porém  rápida,  movimentos  furtivos executados perto do solo, como em cima, ela enfatiza as tradições  da  Capoeira,  que  em  sua  raiz  está  ligada  aos rituais  afro‐brasileiros,  caracterizado  pelo  Candomblé, sua  música  é  cadenciada,  orgânica  e  ritualizada,  e  o correto  é  estar  sempre  acompanhada  por  uma  bateria completa de 08 instrumentos.     A designação "Angola" aparece com os negros que vinham para o Brasil oriundos da África, embarcados no Porto de Luanda que, independente de sua origem, eram designados na chegada ao Brasil de "Negros de Angola", vide ABC da Capoeira Angola escrito pelo Mestre Noronha quando ele cita o Centro de Capoeira Angola Conceição da Praia, criado pela nata da capoeiragem baiana no início dos anos 1920.     Mestre Pastinha  (Vicente Ferreira Pastinha)  foi o grande  ícone do estilo. Grande defensor da preservação da Capoeira Angola, inaugurou em 23 de fevereiro de 1941 o Centro Esportivo de Capoeira Angola (CECA).     Dos  ensinamentos  do Mestre  Pastinha  foram  formados    grandes   mestres    da  capoeiragem    Angola,    a  exemplo  dos  Mestres:  João  Pequeno,  João  Grande,  Valdomiro Malvadeza, Albertino da Hora, Raimundo Natividade, Gaguinho Moreno, 45, Pessoa Bá‐Bá‐Bá, Trovoada, Bola Sete, dentre outros que continuam transmitindo seus conhecimentos para os novos angoleiros, como Mestre Morais.     É  comum  a  primeira  vista  ver  o  jogo  de  Angola  como  não  perigoso  ou  não elaborado, contudo o  jogo Angola se assemelha ao xadrez pela complexidade dos elementos envolvidos.  Por  ter  uma  sistemática  estruturada  em  rituais  de  aprendizado  completamente diferentes  da  Regional,  seu  domínio  é muito mais  complicado,  envolvendo  não  só  a  parte mecânica do jogo, mas também características como sutileza, o subterfúgio,   a   dissimulação,  a  teatralização,  a  mandinga  e/ou  mesmo  a  brincadeira  para  superar  o oponente. Um jogo de Angola pode ser tão ou mais perigoso do que um jogo de Regional.  

Mestre Pastinha    Na  capoeira angola, vale mais a astúcia do que a  força muscular. O método de Mestre Pastinha, ensinado regularmente desde 1910, consiste em golpes desferidos quase que em câmera lenta. O capoeirista fica a maior parte do tempo com o corpo arqueado e sua ginga é de braços soltos, relaxados, porque a tática é se fazer de fraco diante do oponente. Os golpes não têm pressa de chegar, mas, quando chegam, têm forma harmoniosa. Muitas pessoas que conhecem a capoeira angola acham que ela é menos violenta, pois os golpes são desferidos em câmera lenta, mas, pode chegar a ser mais perigosa que a capoeira regional. Como Mestre Pastinha dizia: "Capoeira angola é, antes de tudo, luta, e luta violenta". 

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   Vicente  Ferreira  Pastinha  nasceu  em  1889,  filho  do espanhol José Senor Pastinha e de Maria Eugenia Ferreira. O pai era comerciante, dono de um pequeno armazém no centro histórico de Salvador, e a mãe, com a qual teve pouco contato, era uma negra natural de Santo Amaro da Purificação, que vivia de vender acarajé e lavar roupa para as famílias mais abastadas da capital baiana.    Ainda menino,  com  apenas  8  anos, Mestre  Pastinha conheceu a arte da capoeira, quando um africano a quem chamava carinhosamente  de  tio  Benedito,  ao  vê‐lo  pequeno  e  magrelo apanhar  de  um  garoto  mais  velho,  resolveu  ensinar‐lhe  a  se 

defender. Durante três anos, Mestre Pastinha passou tardes inteiras num velho sobrado da rua do Tijolo, em Salvador, treinando golpes como meia‐lua, rasteira, rabo de arraia e outros. Ali, aprendeu a  jogar com a vida e a ser um vencedor. Viveu uma  infância feliz, porém modesta. Durante as manhãs,  freqüentava aulas no  Liceu de Artes e Ofícios, onde  também aprendeu pintura.  A  tarde,  empinava  pipa  e  jogava  capoeira.  Aos  treze  anos,  era  o  menino  mais respeitado  e  temido  do  bairro.  Mais  tarde,  foi  matriculado  na  Escola  de  Aprendizes Marinheiros pelo pai, que não concordava com o que considerava vadiagem do filho. Mestre Pastinha conheceu os segredos do mar e ensinou aos colegas as manhas da capoeira.    Aos 21 anos, voltou para o centro histórico, deixando a Marinha para se dedicar à pintura profissionalmente.  Suas horas de  folga  eram dedicadas  à prática da  capoeira,  cujos treinos eram  feitos às escondidas, pois, no  início do  século, essa  luta era  crime previsto no Código Penal da República.    Mestre Pastinha  trabalhou muito em prol da capoeira, divulgou a arte o quanto lhe foi possível e foi reconhecido por muitas pessoas famosas que se maravilhavam com suas exibições. Aos 84 anos, muito debilitado fisicamente, deixou a antiga sede da academia para morar num quartinho velho no Pelourinho, com sua segunda esposa, Maria Romélia. A única renda  do  casal  era  a  da  venda  de  acarajé.  No  dia  12  de  abril  de  1981, Mestre  Pastinha participou do último  jogo de sua vida. Dessa vez, com a própria morte. Ele, que tantas vezes jogou com a vida, acabou derrotado pela doença e pela miséria. Morreu aos 92 anos, cego e paralítico, vítima de uma parada cardíaca, no abrigo D. Pedro II, em Salvador.    Pequeno e notável em  sua arte, Mestre Pastinha deixou  seus ensinamentos de vida em muitas mensagens fortes e inesquecíveis como esta:  

  Ninguém pode mostrar  tudo o que  tem. As  entregas  e  revelações  têm que  ser feitas aos poucos. Isso serve na capoeira, na família e na vida. Há momentos que não podem ser  divididos  com  ninguém  e,  nesses  momentos,  existem  segredos  que  não  podem  ser contados a todas as pessoas. (Mestre Pastinha, 10/10/1980)  

 

A Capoeira Regional    O  jogo que Mestre Bimba  criou é um  jogo mais  rápido, em que os  capoeiristas jogam de pé. Eles não  jogam  tanto no  chão quanto na  capoeira angola, os golpes  são mais rápidos e precisos.    Em 23 de novembro de 1900, no bairro de Engenho Velho,  freguesia de Brotas, em  Salvador,  Bahia,  nascia Manoel  dos  Reis Machado,  o Mestre  Bimba.  Esse  apelido,  ele 

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ganhou logo que nasceu, em virtude de uma aposta feita entre a mãe e a parteira. A mãe, Maria Martinha do Bonfim, dizia que daria à luz uma menina.  A  parteira  afirmava  que  seria  homem.  Apostaram  e  perdeu Maria  e  o  filho, Manoel,  que  ganhou  o  apelido  que  o  acompanharia pela vida  inteira: Bimba, nome popular para o órgão sexual masculino. O  pai,  Luís  Cândido Machado,  era  citado  nas  festas  de  largo  como grande "batuqueiro", como campeão de "batuque", "a luta braba, com quedas, em que o sujeito jogava o outro no chão".    De 1890 a 1937, como  já afirmamos, a capoeira era crime previsto no Código Penal da República. Simples exercícios nas ruas davam até seis meses de prisão. Aos 12 anos, Bimba iniciou‐se na capoeira, na estrada das Boiadas, hoje o grande bairro negro  Liberdade.  Seu mestre  foi  o  africano Bentinho,  capitão  da  Companhia  de Navegação Baiana. Naquele tempo, a capoeira ainda era bastante perseguida e Mestre Bimba conta:  

  Naquele  tempo,  capoeira  era  coisa  para  carroceiro,  trapicheiro,  estivador  e malandro.  Eu  era  estivador, mas  fui um pouco de  tudo. A polícia perseguia  um  capoeirista como se persegue um cão danado. Imagine só que um dos castigos que davam a capoeiristas que fossem pegos brigando era amarrar um punho num rabo de cavalo e o outro em cavalo paralelo;  os  dois  cavalos  eram  soltos  e  postos  a  correr  em  disparada  até  o  quartel. Comentavam até, por brincadeira, que era melhor brigar perto do quartel, pois houve muitos casos de morte. O  indivíduo não agüentava  ser arrastado em disparada pelo  chão e morria antes de chegar ao seu destino: o quartel de polícia. 

    Naquela altura, Bimba começou a sentir que a capoeira que praticara e ensinara por um bom  tempo  tinha se  folclorizado, assim como a Bahia, que se degenerou e passou a servir de "prato do dia" para "pseudocapoeiristas", que utilizavam a capoeira unicamente para exibição em praças. Por terem sido eliminados seus movimentos fortes, mortais, essa capoeira deixava muito  a desejar  como  luta. A  "pantomima" era  altamente necessária nesse  tipo de jogo "para inglês ver". O capoeirista se tornou folclórico em demasia, sem a verdadeira malícia e eficiência  técnica que uma  luta como a capoeira exigia. Foi para  reverter esse quadro que Mestre Bimba criou a capoeira regional, aproveitando‐se de golpes do "batuque", luta da qual seu  pai  fora  campeão,  do  jiu‐jitsu  e  do  boxe,  e  criou  um método  de  ensino.  Para  fugir  de qualquer pista que lembrasse a origem marginalizada da capoeira, mudou alguns movimentos, eliminou a malícia da postura do  capoeirista,  colocando‐o em pé. Criou um  código de ética rígido, que exigia até higiene, e  estabeleceu o uniforme branco e até se meteu na vida privada dos alunos. Teve o cuidado de retirar a palavra capoeira do nome da academia que fundou em 1932 em Salvador, que passou a se chamar "Centro de Cultura Física e Luta Regional". Com isso, Mestre Bimba deu ares atléticos ao  jogo e atraiu as mulheres, até então excluídas das rodas.    O  resultado  foi que, a partir daí, a capoeira começou a ganhar alunos da classe média branca e também, a se dividir.  

Capoeira Contemporânea    Foi criada na década de 70 por rapazes do Rio de  Janeiro  que  certa  vez  viram  um  capoeirista brigando numa festa e ficaram fascinados. Tentaram então aprender a arte na periferia carioca, único lugar onde poderiam encontrar capoeiristas, porém não foram aceitos por serem de classe média. Decidiram, então, uma vez por ano, viajar para a Bahia e cada um começou a treinar com um mestre diferente. Na volta passavam os conhecimentos adquiridos 

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uns  para  os  outros  e  criaram  um  novo  estilo  conhecido  como  Contemporâneo. Os  rapazes montaram  um  grupo  com  nome  de  Senzala  e  participaram  de  um  campeonato  com  vários capoeiristas, vencendo‐o.   

Uniforme dos Angoleiros    Mestre Pastinha instituiu o uniforme dos angoleiros com as cores do seu time de coração, o Ypiranga, de Salvador. Para ele o capoeira devia jogar calçado.  

Uniforme dos capoeiras da Regional    Mestre Bimba aboliu os sapatos no treino e  instituiu o uniforme branco baseado no costume da domingueira, a roupa elegante que o capoeirista vestia e que permanecia limpa mesmo depois do jogo, provando sua competência.   

Graduação    O sistema de graduação varia de grupo para grupo. Como um capoeirista se torna um mestre? Depende, se  for  regional ou angola. Na capoeira  regional, o capoeirista começa com um  cordão  (a  cor do  cordão  vai depender da  academia). Com o passar do  tempo,  vai evoluindo e passa a ter outro cordão até obter o cordão de mestre. O chamado "batizado" de capoeira é quando o aluno vai trocar de cordão e, na roda, joga com diversos alunos e com o mestre, que aplica o golpe que batiza o aluno.    Na capoeira angola, a passagem de cordão não existe. O que existe é a graduação de  contramestre,  uma  graduação  anterior  ao  mestre.  A  passagem  do  aluno  para  essa graduação se faz somente pela vontade do mestre. Os critérios utilizados são diferentes entre si, mas o que se sabe é que, normalmente, a experiência, o tempo e o procedimento de vida são fatores determinantes para formar um mestre na capoeira angola.    Existem  várias  entidades  (Ligas,  Federações  e  Confederações)  que  tentam organizar  a  graduação na  capoeira.   Atualmente    a   Confederação   Brasileira   de   Capoeira  adota  o  sistema  de  graduação  feito  por cordões e seguindo as cores da bandeira brasileira. Temos então a seguinte ordem do iniciante ao mestre:      Sistema oficial de graduação da Confederação Brasileira de Capoeira   A ‐ Graduação Infantil (até 14 anos)   

‐ 1º iniciante: sem corda ou sem cordão   ‐ 2º batizado infantil: cinza claro e verde   ‐ 3º graduado infantil: cinza claro e amarelo   ‐ 4º graduado infantil: cinza claro e azul   ‐ 5º intermediário infantil: cinza claro, verde e amarelo ‐ 6º avançado infantil: cinza claro, verde e azul   ‐ 7º estagiário infantil: cinza claro, amarelo e azul   ‐ 8º Formado infantil:cinza claro,verde,amarelo e azul   

 B ‐ Graduação Adulta (a partir de 14 anos)   

‐ 9º iniciante: sem corda ou cordão   ‐ 10º batizado: verde   

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‐ 11º graduado: amarelo   ‐ 12º graduado: azul   ‐ 13º intermediário: verde e amarelo   ‐ 14º avançado: verde e azul   ‐ 15º estagiário: amarelo e azul   

  C ‐ Docente de capoeira   

‐ 16º estágio ‐ Formado: verde, amarelo e azul   ‐ 17º estágio ‐ Monitor: verde e branco   ‐ 18º estágio ‐ Professor: amarelo e branco   ‐ 19º estágio ‐ Contra‐mestre: azul e branco   ‐ 20º estágio ‐ Mestre: branco    

Obs.:  Após  a  8º  graduação  o  aluno  formado  infantil  passa  para  a  10º  graduação  que  é  a primeira corda adulta, corda verde, em alguns casos (dependendo de seu desempenho) pode pegar a 11º que é a corda amarela, segunda corda adulta. 

 

A ginga e alguns golpes de ataque e defesa    A ginga é o movimento básico da capoeira. E um movimento de pernas, no ritmo do toque, que lembra uma dança. A movimentação de pés do capoeira, durante a ginga, segue o traçado de um triângulo imaginário no chão. 

Fonte: http://capoeira.kourou.free.fr/Page/Ginga.htm. 

   Antes de iniciar a vivência da ginga, forneça aos alunos estas dicas:  

‐ A ginga é a movimentação mais importante da capoeira, ela deve acompanhar o ritmo dos instrumentos da roda de capoeira; 

‐ Lembre‐se sempre de olhar para o companheiro de  jogo, nunca tire os olhos dele;  

‐ Os braços e as pernas devem seguir uma certa seqüência na hora da ginga. Os braços protegerão a parte da frente do tronco e a cabeça, enquanto as pernas vão se alternar para as diagonais e para frente e para trás, como se fossem um triângulo; 

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‐ Lembre‐se sempre de alternar os braços e as pernas durante a ginga, ou seja, quando a perna esquerda está apoiada à frente, o braço direito fica à frente do corpo e vice‐versa; 

‐ A ginga da capoeira regional é realizada em pé e a ginga da capoeira angola, na posição agachada. 

 

Vivências    Como material, use músicas de capoeira. Você pode dividir os alunos em duplas ou  trios.  No  caso  dos  trios,  enquanto  um  aluno  descansa  e  observa,  os  outros  realizam  a vivência: 

‐ Solicite  que  ginguem  um  de  frente  para  o  outro,  procurando  ficarem  bem próximos, mas sem se tocarem; 

‐ Depois de um tempo, aumente o número de pessoas no grupo  (três, quatro, cinco etc.) e diminua o espaço da atividade. 

 

Golpes de ataque ‐ Armada  ‐  A  armada  é  um movimento  de  capoeira  que  pode  ser  aplicado 

pulando  com as duas pernas ou apenas  com uma. É uma pernada giratória, aplicada com o tronco ereto. O capoeirista, partindo da ginga, executa um giro de todo o corpo, aparentemente dando as costas ao adversário. Posicionando‐se sobre a perna que se encontra à frente e arremessando a outra perna, em um movimento que completa o giro do corpo, varre a horizontal, atingindo o adversário com a parte lateral externa do pé.  

Fonte: http://capoeira.kourou.free.fr/Page/Armada.htm. 

 ‐ Meia‐lua  de  compasso —  E  um  golpe  praticado  nas  duas modalidades  de 

capoeira. Neste movimento, o  capoeirista  sai da ginga, abaixa‐se até o  solo, onde  apóia  as  duas  mãos,  e  desfere  um  giro  com  a  perna  de  trás, arremessando‐a na altura do  tronco ou do  rosto do adversário, acertando‐o com o calcanhar. Esse giro é executado sobre a perna de base, como se fosse um  compasso.  Durante  todo  o movimento,  a  cabeça  se  encontra  entre  os braços, os olhos atentos ao adversário.  

Fonte: http://capoeira.kourou.free.fr/Page/Meia lua de compasso.htm.

 ‐ Cabeçada —  Golpe  de  ataque  da  capoeira  regional  e  da  angola.  Em  uma 

posição semelhante à da esquiva, o capoeirista projeta o tronco para a frente, sobre uma perna  flexionada  servindo  como base, busca  atingir o  adversário com a cabeça, sempre protegendo o rosto e a nuca com os braços. No caso da 

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cabeçada  rasteira,  não  se  protege  o  rosto  e  a  nuca,  pois  as mãos  estão  no chão. 

 Fonte: http://companero.tr.gg/Capoeira_Animasyonlar.htm.

 ‐ Bênção ‐ A bênção é um movimento da capoeira que visa acertar o adversário 

do abdome para cima. A perna de trás é esticada para a frente, em linha reta, visando empurrar ou deslocar o adversário.  

 Fonte: http://capoeira.kourou.free.fr/Page/Bencao.htm. 

 ‐ Chapa — Neste golpe, o capoeirista se apóia em um dos pés,  lateralmente, e 

executa uma abertura  lateral da outra perna, com a qual atinge o adversário, com a sola do pé, lateralmente, na horizontal (paralelo ao solo).  

Fonte: http://capoeira.kourou.free.fr/Page/Chapa.htm. 

 ‐ Chapa  de  costas  ‐  Neste  movimento,  o  capoeirista  se  abaixa  até  o  solo, 

contando com o apoio das duas mãos no solo e, aproveitando‐se do  fato de estar de costas para o adversário, estende a perna como um "coice", atingindo o oponente com a planta do pé. 

 Fonte: http://companero.tr.gg/Capoeira_Animasyonlar.htm. 

 ‐ Martelo  ‐ O martelo é um golpe em que o capoeirista  impulsiona a perna na 

direção da  cabeça do adversário. É mais  comum na  capoeira  regional. É um chute lateral, com a ponta ou o peito do pé.  

Fonte: http://capoeira.kourou.free.fr/Page/Martelo.htm.

 

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Vivências    Divida os alunos em duplas, para que experimentem praticar os golpes de ataque da capoeira descritos. Antes de iniciar, oriente‐os para o cuidado com a segurança, pois existe grande risco de acidentes com  lesões. E  interessante apresentar aos alunos a visão de que a capoeira  pode  ser  tratada  como  uma  coreografia,  em  que  os  golpes  devem manter  uma sincronia, evitando o contato.    A vivência pode  ser  realizada  individualmente ou em duplas. Quando os alunos estiverem em duplas,  lembre‐se de  trocá‐las, para garantir maior  integração entre  todos da turma. Quando a atividade for individual e envolver o uso de cadeiras e bancos, solicite que os alunos  tentem não  tocar nos objetos quando aplicarem os golpes.  Lembre‐se de orientá‐los para não executarem golpes com violência.    É  interessante  realizar  a  vivência  ao  som  de  um  CD  ou  fita  com  músicas  de capoeira,  para  que  os  alunos  aprendam  a  executar  os  movimentos  de  forma  ritmada, sincronizados com a ginga.  

‐ Armada ‐ Instrua os alunos a realizarem a armada passando o pé por cima de uma  cadeira  ou  banco.  Eles  iniciam  gingando  de  frente  para  a  cadeira,  no ritmo da música,‐ quando a perna direita ou esquerda estiver atrás, o aluno se prepara para o golpe e passa a perna por cima da cadeira e volta para a ginga. Lembre  os  alunos  de  sempre  gingar  antes  de  aplicar  o  golpe  e  alternar  as pernas. 

‐ Meia‐lua  de  compasso  ‐  Instrua  os  alunos  a  gingarem  de  frente  para  a cadeira, agachando, apoiando a mão direita no solo, próxima ao pé esquerdo, e girando o corpo no sentido horário, tendo o pé esquerdo como pivô. Lança‐se a perna direita estendida sobre a cadeira (mantendo uma distância segura da  cadeira para evitar acidentes). Em  seguida,  solicite que executem  com a perna contrária, no sentido contrário. 

‐ Cabeçada  ‐  Solicite  aos  alunos  que  iniciem  a  ginga;  quando  o  colega  se aproximar, gingando, um dos capoeiristas aplica a cabeçada, sem encostar no outro. Lembre os alunos de proteger o  rosto e a nuca. Os dois membros da dupla realizam o movimento, um de cada vez. 

‐ Bênção  ‐  Gingando,  os  alunos  devem  apoiar  o  peso  do  corpo  na  perna recuada e lançá‐la à frente, aplicando a bênção com a projeção da sola do pé em direção à cadeira. 

‐ Chapa ‐ O aluno deve deixar o pé de apoio virado  lateralmente, com a parte interna voltada para a cadeira, e estender a perna contrária, projetando a sola do pé, lateralmente, na horizontal, em direção à cadeira. 

‐ Chapa de costas  ‐ Solicite que os alunos  fiquem de costas para a cadeira, a uma distância em que a perna estendida não a toque. Olhando por baixo do corpo, apoiando as mãos no  solo,  realizam a  chapa de  costas em direção à cadeira. Repetem com a outra perna. 

‐ Martelo  ‐ Solicite que os alunos coloquem uma cadeira na sua  frente e que comecem  a  gingar.  Quando  uma  perna  estiver  atrás,  o  golpe  deve  ser realizado pela extensão da outra e pelo movimento de chute, com o peito do pé na horizontal, em direção à cadeira. 

 

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Golpes de defesa ‐ Au ‐ Movimento de deslocamento e fuga, realizado nas duas capoeiras. É um 

golpe parecido com a estrela, só que, na estrela, as pernas ficam estendidas para  cima. No au, as pernas  ficam  recolhidas, protegendo o  corpo. Pode‐se fazer com as pernas estendidas, mas é mais perigoso, pois expõe o corpo para o oponente.  

 Fonte: http://capoeira.kourou.free.fr/Page/Au.htm. 

 ‐ Cocorinha  ‐  Este  movimento  é  característico  da  capoeira  regional.  É  um 

movimento  de  defesa  ou  esquiva.  O  capoeirista  agacha  com  as  pernas paralelas,‐ com um dos braços, vai proteger o rosto, colocando o antebraço à frente; o abdome e o peitoral serão protegidos com os  joelhos. A outra mão será utilizada para apoiar no chão, se necessário, no caso de desequilíbrio.  

 

Fonte: http://capoeira.kourou.free.fr/Page/Cocorinha.htm. 

 ‐ Negativa  ‐  Movimento  de  defesa  no  qual  o  capoeirista  desce  sobre  uma 

perna, que flexionará sob o peso do corpo, ao abaixar‐se. Com  isso, temos o corpo  sobre  uma  perna,  apoiado  no  calcanhar,  enquanto  a  ponta  do  pé (flexionada)  firma  a  base  no  chão.  A  outra  perna  é  lançada  ao  lado  ou  à frente,  estendida.  Os  braços  apóiam  as  mãos  ao  solo,  garantindo  ao capoeirista  três  pontos  de  apoio  e  uma  posição  que  permite  locomoção rápida.  

Fonte: http://capoeira.kourou.free.fr/Page/Negativa.htm. 

 

Vivências    Ao  som de músicas de  capoeira, divida a  turma em duplas, para que os alunos experimentem praticar os golpes de defesa descritos.  Lembre‐se de, mais uma vez, advertir quanto aos cuidados com a segurança. Instrua para que os alunos ginguem um de frente para o outro. Após a ginga, um  realiza os golpes de ataque, enquanto o outro membro da dupla procura utilizar os golpes de defesa (au, cocorinha e negativas). 

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   Uma outra  vivência é o pega‐pega‐capoeira. Escolha dois alunos para  serem os capitães  do  mato  (pegadores).  Os  demais  alunos,  que  representam  os  escravos  fugitivos, deverão  fugir dos  capitães e, ao  serem pegos,  ficarão na posição de  cocorinha ou negativa. Para  serem  salvos, os  fugitivos pegos deverão  receber algum golpe de capoeira dos colegas que não foram pegos. Comece combinando o golpe que salva e, depois, troque os golpes e os pegadores também.  

Roda de Capoeira    A  Roda  de  Capoeira  é  um  círculo  de pessoas onde é  jogada a capoeira. Os capoeiristas se perfilam na roda de capoeira batendo palma no ritmo do berimbau e cantando a música enquanto dois capoeiristas jogam capoeira. O jogo entre dois capoeiristas  pode  terminar  ao  comando  do capoeirista  no  berimbau  (normalmente  um  capoeirista mais  experiente)  ou  quando  algum capoeirista da roda entra entre os dois e inicia um novo jogo com um deles.     O  tamanho  da  roda  pode  variar  de  um  diâmetro  de  3 metros  até  diâmetros superiores a 10 metros, ao mesmo tempo que pode ter meia dúzia de capoeristas até mais de uma centena deles.    O  jogo normalmente se  inicia ao pé dos berimbaus. A roda de capoeira pode se realizar em praticamente qualquer lugar, em ambientes fechados ou abertos, sobre o cimento, a terra, a areia, o asfalto, na rua, numa praça, num descampado ou em uma academia.    Para que a roda seja realizada precisamos de uma orquestra de  instrumentos. A orquestra dos grupos de angola é normalmente configurada assim: ao centro da orquestra um berimbau berra‐boi ou gunga  (com a maior cabaça) que faz o som grave, do  lado direito um berimbau  gunga  ou médio  (com  a  cabaça média)  que  faz  um  som  intermediário,  do  lado esquerdo um berimbau viola  (com a cabaça menor) que  faz o som agudo. Ao  lado do gunga vão  por  ordem  o  atabaque,  um  pandeiro  e  um  agogô,  já  ao  lado  do  viola  vão: mais  um pandeiro  e  um  reco‐reco  (instrumento  comumente  feito  do  bambu).  Na  capoeira  regional temos: 1 berimbau(que podia ser o médio ou o viola) e 2 pandeiros    A  roda  de  capoeira  é  um microcosmo  que  reflete  o macrocosmo  da  vida  e  o mundo que nos cerca. Vários elementos permeiam nossas relações com o mundo e no Jogo de  Capoeira  estes  elementos  aparecem  de  maneira  intensa.  Respeito,  malicia,  maldade, responsabilidade,  provocação,  disputa,  liberdade,  brincadeira,  e  poder,  entre  outros,  estão presentes em maior ou menor intensidade durante um jogo, e não há um jogo igual ao outro, mesmo com um mesmo oponente.    Em geral a  capoeira não busca destruir o oponente, porém  contusões devido a combates mais  agressivos não  são  raras.  Entretanto, de maneira  geral o  capoerista prefere mostrar sua superioridade "marcando" o golpe no oponente sem, no entanto completá‐lo. Se o seu oponente não pode evitar um ataque lento, não existe razão para utilizar um golpe mais rápido.  

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  A ginga é o movimento básico da capoeira, é um movimento de pernas no ritmo do  toque que  lembra uma dança, porém capoeristas experientes raramente  ficam gingando, pois estão constantemente atacando, defendendo, e "floreando" (movimentos acrobáticos).     Além da ginga são muito comuns os chutes em rotação, rasteiras, golpes com as mãos,  cabeçadas  (com o objetivo principal de desequilibrar), esquivas,  saltos, mortais, giros apoiados  nas  mãos  e  na  cabeça,  movimentos  acrobáticos  e  de  grande  elasticidade  e movimentos próximos ao solo.    O  jogo  de  capoeira  pode  durar  de  poucos  segundos,  quando  há  muitos capoeiristas  se  revezando  dentro  da  roda,  até  alguns minutos.  Combates  longos  assim  são comuns quando dois capoeiristas resolvem confrontar suas habilidades ao máximo, ou mesmo quando os dois  resolvem  suas diferenças na  roda. Em embates  longos é  comum a  volta ao mundo, que é quando um dos capoeiristas solicita uma pausa no jogo dando algumas voltas na roda com o oponente o seguindo. Depois duas a três voltas os dois saem ao pé do berimbau para continuar o jogo.    Cada  toque  requer  uma  forma  diferente  de  jogar  capoeira,  a  capoeira  Angola pede um jogo mais lento perto do solo e com mais "mandinga" (matreiro, sutil, dissimulado), São Bento Grande de Bimba um jogo rápido e de muitos chutes em rotação, Iúna um jogo com muitos floreios (movimentos acrobáticos) e assim por diante.  

Curiosidades ‐ As primeiras mestras de Capoeira Angola surgem somente no início do século  

XXI,  sendo representadas pelas Mestras Janja e Paulinha, discípulas de Mestre Morais, Cobra Mansa  e  João Grande  e  atualmente  líderes  (junto  ao Mestre Poloca) do Grupo Nzinga de Capoeira Angola[2]   

‐ Mestre Pastinha  começou a  treinar  capoeira por  intermédio de um africano que o viu apanhar de um rival em sua infância.   

‐ Mesmo depois de perder a visão mestre pastinha era temido por quem estava jogando com ele.   

‐ Foi mestre  Pastinha  que  falou  a  famosa  frase  "A  capoeira  é Mandinga,  é manha, é malícia, é tudo o que a boca come"   

‐ Dos 50 golpes bem aplicados da capoeira que Mestre Bimba ensinou, 22 eram mortais.   

‐ Em 1930, o famoso caratê não era conhecido na Bahia.   ‐ Mestre Bimba foi o Capitão da Navegação Baiana.   ‐ Mestre  Bimba  teve  sua  primeira  escola  de  capoeira  Angola,  em  1918  com 

apenas 18 anos, obtendo apenas em 1937 o alvará da Academia de Capoeira Regional.   

‐ Segundo Mestre Noronha, o berimbau em seu tempo, era uma arma maligna e mortal. A verga  (o pau do berimbau), era usado como cassetete e a varinha servia para furar os olhos do adversário que tivesse má conduta. Na época em que a capoeira era proibida.   

‐ Segundo  Luis  Edmundo,  nos  fins  do  século  XVIII,  no  Rio  de  Janeiro,  as aventuras dos capoeiras eram de tal  jeito que o governo, através da portaria de 31 de outubro de 1821, estabeleceu castigos corporais e outras medidas de repressão à prática de capoeira.   

‐ Na Bahia, de acordo com Manuel Querino, os capoeiristas se distinguiam dos demais negros porque usavam uma argolinha de ouro na orelha, como insígnia de força e valentia, e o nunca esquecido chapéu à banda.   

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‐ Os  capoeiristas  eram  contratados  pelos  políticos  para  bagunçar  no  dia  das eleições.  Enquanto  as  pessoas  desviavam  a  atenção  para  a  confusão  dos capoeiras um indivíduo colocava um maço de chapas na urna ou na linguagem da época "emprenhava a urna". Vencia as eleições o candidato que dispunha de maior n.º de capoeiras.   

‐ Milhares  de  capoeiristas  foram  para  a  Guerra  do  Paraguai,  pois  havia  sido prometida  a  liberdade  no  final  do  conflito  àqueles  que  participassem  da batalha.   

‐ Mestre Bimba é o mestre da capoeira regional.   ‐ Antes do arame, o "fio" do berimbau era feito de tripas de animais.   

 

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UNIDADE IV: INSTRUMENTOS E MUSICA NA CAPOEIRA

Leonardo Delgado    A música é um componente fundamental da capoeira. Ela determina o ritmo e o estilo do jogo que é jogado durante a roda de capoeira. A música é composta de instrumentos e  de  canções,  podendo  o  ritmo  variar  de  acordo  com  o  Toque  de  Capoeira  de  bem  lento (Angola) a bastante acelerado (São Bento Grande). Muitas canções são na forma de pequenas estrofes  intercaladas  por  um  refrão,  enquanto  outras  vêm  na  forma  de  longas  narrativas (ladainhas). As canções de capoeira têm assuntos dos mais variados.     Algumas canções são sobre histórias de capoeiristas famosos, outras podem falar do cotidiano de uma lavadeira. Algumas canções são sobre o que está acontecendo na roda de capoeira, outras sobre a vida ou um amor perdido, e outras ainda são alegres e falam de coisas tolas,  cantadas  apenas  para  se  divertir.  Os  capoeiristas  mudam  o  estilo  das  canções freqüentemente de acordo com o ritmo do berimbau. Desta maneira, é na verdade a música que comanda a capoeira, e não só no ritmo mas também no conteúdo.     O  toque  Cavalaria  era  usado  para  avisar  os  integrantes  da  roda  que  a  polícia estava chegando; por sua vez, a letra é constantemente usada para passar mensagens para um dos capoeiristas, na maioria das vezes de maneira velada e sutil.  

INSTRUMENTOS    Os  instrumentos  são  tocados  numa  linha  chamada  bateria.  O  berimbau  é  o principal  instrumento da capoeira. Diz a  lenda africana que uma menina saiu a passeio e, ao atravessar  um  córrego,  abaixou‐se  para  beber  água  com  as mãos.  No  momento  em  que saciava  sua  sede,  um  homem  deu‐lhe  uma  pancada  na  nuca.  Ao  morrer,  seu  corpo  se converteu  na madeira,  seus membros  na  corda,  sua  cabeça  na  caixa  de  ressonância  e  seu espírito na música dolente e sentimental do berimbau.    Esse  é  talvez  um  dos  instrumentos  musicais  mais  primitivos  de  que  se  tem informação. Considerado  instrumento de corda e encontrado em várias culturas e  lugares do mundo,  incluindo o Novo México (nos Estados Unidos), a Patagônia, a África Central, a África do Sul e o Brasil. Ao Brasil, o berimbau chegou pelas mãos dos escravos africanos, por volta de 1538.  

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Berimbau

   Os berimbaus criam uma corrente e uma vibração que,  junto com as palmas, os cantos,  o  pandeiro  e  o  atabaque,  influenciam  os  jogadores. O  berimbau  varia  de  afinação, podendo ser o berra boi (mais grave), viola (médio) e violinha (mais agudo). Existem três tipos de berimbau:  

‐ GUNGA: de som mais grosso, faz o papel de contrabaixo: marca o ritmo; ‐ BERIMBAU MÉDIO  OU  DE  CENTRO  (BERIMBAU):  dobra  em  cima  do  ritmo 

básico do gunga: é como se fosse o violão, ou guitarra de ritmo; ‐ VIOLA OU VIOLJNHA: é o berimbau de som mais agudo; faz os "contra toques" 

e improvisos: equivaleria ao violão ou guitarra‐solo.    O berimbau é feito com um arco de madeira (chamada biribá), e com um fio de arame preso nas duas extremidades desse arco. Uma cabaça com uma abertura em um dos lados é presa à parte  inferior externa do arco, aproximadamente de 20 a 25 centímetros da ponta do instrumento, com um pedaço de corda. Essa corda é também amarrada em torno do fio de arame, e quando pressionada ela altera o  som do mesmo. Os  tons do berimbau  são modificados pela aproximação e afastamento da cabaça em  relação ao corpo músico, assim abrindo ou fechando o buraco. Os outros 3 componentes: o dobrão, que é segurada contra o arame, uma pequena vareta para tocar o fio (baqueta), e o caxixi.  

  

‐ Caxixi:  São  cestos  entrelaçados  enchidos  com  pequenas  contas,  conchas,          pedras,          feijões,          dentre          outras          coisas. Por serem feitos à mão eles existem em vários formatos e tamanhos, usado como chocalho pelo tocador  de  berimbau,  o  qual  segura  a  peça  com  a mão  direita,  juntamente com a Baqueta, executando o toque e marcando o ritmo.  

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‐ Baqueta: É uma vareta de madeira de, aproximadamente 30 a 40 centímetros, tendo  uma  extremidade mais  grossa  que  a  outra.  A  vareta  é  normalmente feita de biriba. 

‐ Dobrão: Usado para auxiliar as variações de toques do berimbau, geralmente é uma pedra, mas também utilizam moeda. 

   Os  diferentes  ritmos  utilizados  na  capoeira,  como  tocados  no  berimbau,  são conhecidos  como  toques.  Existem  diversos  tipos  de  toques  dentro  da  capoeira,  sendo  que cada um é executado de acordo com a situação. São eles:    

‐ Toque de Angola: jogo lento, malicioso;  ‐ Toque  de  São  Bento  Pequeno:  jogo médio,  embaixo  e  em  cima,  jogo  de 

exibição técnica. Caracteriza‐se por ser um misto do sistema aeróbio(angola) e anaeróbio(São Bento Grande);  

‐ Toque de São Bento Grande: jogo dentro, ligeiro, agressivo;  ‐ Toque Iúna: é o toque dos mestres e em alguns lugares os formados também 

jogam. Pode ser caracterizado pelo  jogo onde se usam os chamados "balões cinturados"  da  regional.  Não  há  canto  nem  palmas.  Além  disso,  pode  ser utilizado como toque fúnebre;  

‐ Toque de Amazonas: saudação, quando algum mestre chega na roda;  ‐ Toque de Cavalaria: toque de aviso, para debandar quando a polícia montada 

chegava, ou seja, a cavalaria;  ‐ Toque de Santa Maria: jogo de navalha, no pé ou na mão.  ‐ Toque de Benguela: antigamente era  jogo de porrete, hoje em dia é usado 

como  se  fosse  um  jogo malicioso  de  capoeira  regional,  jogo  técnico,  para acalmar os ânimos quando dois capoeiristas se estranhavam.  

‐ Toque de Idalina: jogo de faca ou facão.  ‐ Toque de Lamento: toque fúnebre.  ‐ Toque de Samba de Roda: original da roda de samba, geralmente feito ao final 

da roda para descontrair.    

 Pandeiro

   Instrumento  de  percussão,  de  origem  indiana  que  requer  considerável  técnica para  ser  tocado.  Pandeiros  podem  ter  peies  de  couro  ou  de  plástico.  Eles  existem  em diferentes tamanhos, com os de 10 e 12 polegadas sendo os mais comuns. As peles de couro produzem uma qualidade de som melhor, mas apresentam problemas de afinação causados por  alterações  climáticas,  logo  as  peles  de  plástico  são  mais  encontradas.  O  pandeiro  é segurado por uma das mãos, enquanto a ponta dos dedos, o polegar e a base da outra mão são usados para tocar a pele do lado de cima. Os tons abertos e fechados podem ser obtidos através do uso do polegar ou do dedo médio da mão que  segura o  instrumento. O polegar pode abafar a pele do lado de cima, o dedo médio pode abafar o lado de baixo. Foi introduzido no  Brasil  pelos  portugueses,  que  o  usavam  para  acompanhar  as  procissões  religiosas  que 

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faziam. É o som cadenciado do pandeiro que acompanha o som do caxixi do berimbau, dando "molejo" ao som da roda. Ao tocador de pandeiro é permitido executar floreios e viradas para enfeitar a musica.  

Atabaque

   Instrumento de origem árabe, que foi  introduzido na África por mercadores que entravam  no  continente  através  dos  países  do  norte,  como  o  Egito.  É  geralmente  feito  de madeira de  lei como o  jacarandá, cedro ou mogno cortada em ripas  largas e presas umas às outras com arcos de ferro de diferentes diâmetros que, de baixo para cima dão ao instrumento uma  forma  cônico‐cilíndrica,  na  parte  superior,  a  mais  larga,  são  colocadas  "travas"  que prendem um pedaço de couro de boi bem curtido e muito bem esticado. É o atabaque que marca o ritmo das batidas do  jogo. Juntamente com o pandeiro é e!e que acompanha o solo do berimbau.  

Agogô    Instrumento  de  origem  africana  composto  de  um  pequeno  arco,  uma  alça  de metal  com  um  cone  metálico  em  cada  uma  das  pontas,  estes  cones  são  de  tamanhos diferentes, portanto produzindo sons diferentes que também são produzidos com o auxílio de um  ferrinho que  é batido nos  cones.  Também  faz parte da  "BATERIA" da  roda de  capoeira Angola na Bahia 

    

Pesquisa em grupo    Para pesquisar sobre outros instrumentos musicais utilizados na capoeira, divida a turma em grupos e passe a seguinte tarefa:  

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‐ Investigar quais são os  instrumentos mais  freqüentes da capoeira na região,‐ como  são  fabricados, qual o material de que  são  feitos,  como  se  toca  cada instrumento e qual seu papel na roda de capoeira; 

‐ Conseguir alguns dos instrumentos para apresentar aos colegas na aula; ‐ Apresentar a pesquisa para o resto da turma. 

 

  Observação: procurar auxílio do professor de artes para realizar algumas dessas atividades em conjunto. 

 

Confecção dos instrumentos    Os  instrumentos  de  capoeira  têm  um  custo,  ainda  que,  hoje  em  dia,  sejam facilmente  encontrados  no  comércio,  em  lojas  de  instrumentos musicais,  de  produtos  de capoeira, em casas de umbanda ou mesmo em lojas virtuais, nos sites de capoeira.    Caso  a  escola  não  tenha  acesso  aos  instrumentos musicais  da  capoeira,  uma alternativa é a confecção deles com materiais recicláveis.    Sugerimos  que  uma  das  atividades  da  aula  seja  confeccionar  qualquer  um  dos instrumentos  utilizada  na  capoeira.  Esse  tipo  de  atividade,  além  de  fornecer  materiais importantíssimos para o desenvolvimento das aulas de capoeira, dá aos alunos a oportunidade de se tornarem agentes na construção do conhecimento, propiciando uma maior valorização da capoeira como elemento da cultura corporal.  

Reco-reco Material: 

‐ Uma garrafinha de água mineral de 500 ml, com sulcos no corpo; ou ‐ Um cabo de vassoura de 20 a 25 cm de comprimento, com sulcos recortando o 

corpo, de 5 mm em 5 mm (feitos com uma serrinha); ou ‐ Um pedaço de cano de PVC, com sulcos feitos também com uma serrinha ou 

queimando‐se o PVC com metal incandescente; ou ‐ Um  gomo  de  bambu  grosso,  com  5  cm  a  10  cm  de  diâmetro,  sulcado  da 

mesma maneira.    Como tocar: raspa‐se uma caneta ou baqueta na garrafa ou no cabo de vassoura, por  exemplo,  com movimentos  contínuos,  para  cima  e  para  baixo,  emitindo  um  som  que realmente lembra a palavra reco‐reco.  

Agogô Material: 

‐ Pequenas latas de achocolatado ou de leite em pó de 400 g; ‐ Latas  menores  de  massa  de  tomate,  de  ervilha  ou  outras,  de  200  g,  ou 

menores; ‐ Cabo de vassoura; ‐ Prego e parafusos pequenos. 

   O  instrumento consiste em duas  latas fixadas a um pedaço de cabo de vassoura de 25 cm a 30 cm. A lata deverá estar aberta em um dos lados. Fura‐se o fundo com um prego pequeno. 

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   Há  dois  tamanhos  de  agogô.  Para  o  maior  deles,  são  utilizadas  duas  latas pequenas, como, por exemplo,  lata de achocolatado ou de  leite em pó de 400 g e uma  lata menor, de massa de tomate de 200 g. Já para o outro agogô, menor, uma lata de 200 g e uma lata menor, de 70 g ou 90 g. A lata deverá estar aberta em um dos lados. Fura‐se o fundo com um prego pequeno.    O pedaço de cabo de vassoura de 25 cm serve para o agogô menor e o de 30 cm, para o agogô maior. Aparafusam‐se com um parafuso pequeno (que não atravesse o diâmetro completo do  cabo de  vassoura), de ponta  fina  e pontiaguda,  as  latas no  cabo de  vassoura. Entre uma  lata e outra, deve haver uma pequena distância  (de aproximadamente 3  cm a 5 cm).    Como tocar: utilizando‐se de uma baqueta, como a do reco‐reco, bate‐se com ela nas laterais das duas latinhas, intercalando batidas em diferentes ritmos.  

Atabaque Material: 

‐ Recipiente de plástico ou  lata, cilíndrico, grande, de 30 cm a 100 cm, como, por  exemplo,  galões  de  material  para  construção  ou  de  alimento,  ou  um recipiente grande e cilíndrico de papelão. 

   O plástico e o papelão  têm o  som mais adequado para o atabaque alternativo. Porém, caso seja difícil encontrar esses materiais, podem ser usados também  latas ou  latões de  tinta. Qualquer que  seja o  recipiente utilizado, ele deverá  ter um dos  lados  fechado e o outro aberto.    Outra  orientação  é  o  cuidado  com  a  limpeza.  Todo  recipiente  deve  ser  bem lavado, até que não tenha mais nenhum odor nem resíduo do produto que continha.    Como tocar: acomoda‐se o atabaque no colo ou em algum apoio, de modo que a extremidade  aberta  fique  livre  (sem  contato  com  o  chão),  e  bate‐se  com  as  mãos, alternadamente, na extremidade fechada.  

Pandeiro Material: 

‐ Tampinhas de garrafa,‐ ‐ Arame,‐ ‐ Recipientes de plástico ou metal, circulares, com diâmetro de 15 cm a 25 cm, 

aproximadamente.    Um  recipiente  de  metal  poderia  ser  uma  lata  arredondada  de  goiabada,  por exemplo. Latas de tinta também servem, porém, devem ser primeiramente bem lavadas, para retirar o odor e todo o resíduo. É preciso também um cuidado especial com a borda, para que não fique cortante. Para resolver esse problema, dobra‐se de 0,5 cm a 1 cm de borda para o lado  de  dentro  da  lata. No  caso  do  recipiente  de  plástico,  quando  for  cortado  e  ficar  com rebarbas pontiagudas, pode‐se lixar o material, deixando‐o uniforme.    Feito o  corte, o material  se apresentará  como uma  tampa  com  laterais. Nessas laterais, deverão ser realizados alguns cortes de aproximadamente 5 cm de comprimento, na 

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horizontal, e 2cm de altura, na vertical. Esses cortes deverão ficar a uma distância de 5 cm a 10 cm um do outro, em toda a volta do pandeiro.    As tampinhas deverão ser amassadas, de maneira que fiquem abertas, como uma moeda. Em seguida, deverão ser furadas no centro, com um prego pequeno, para que se passe um arame, com folga, nesse orifício.    Então, meça o meio da distância entre os cortes e 0,5 cm acima e 0,5 cm abaixo deles, na parede do pandeiro, faça um pequeno furo, para que o arame seja amarrado. Antes de prender as duas pontas, coloque duas  tampinhas no arame, de maneira que  fiquem nos buracos  do  pandeiro.  Para  uma  variação  do  som,  também  podem  ser  colocadas  três tampinhas. Cuidado para que as pontas do arame não fiquem muito grandes e nem expostas, com perigo de furar a mão de quem manusear o instrumento. Uma fita, um pedaço de papelão ou mesmo plástico deverá revestir essas pontas de arame, como acabamento.    Como  tocar:  segura‐se  o  pandeiro  com  uma  das mãos  e  bate‐se  com  a  outra, procurando  bater  em  diferentes  pontos,  para  obter  sons  variados.  Ê  possível  também chacoalhar o pandeiro, para obter apenas o som do chocalho das tampinhas.  

Berimbau Material: 

‐ Bambu; ‐ Lata de leite em pó ou achocolatado de 400 g, ou lata de ervilha de 200 g; ‐ Casca de coco,‐ ‐ Barbante,‐ ‐ Pneu de carro. 

   O corpo do berimbau é composto pelo bambu, cortado entre 80 cm e 100 cm de comprimento. A espessura não deverá ultrapassar a de um cabo de vassoura. Envergam‐se as duas pontas do bambu, de maneira a formar um arco simétrico.    Para obter arame de boa qualidade e em quantidade suficiente, podemos utilizar pneus de carro, cujas bordas  internas contêm uma quantidade enorme de arame. Para  isso, deve ser retirada a borracha, até que o arame  fique exposto. Depois de retirado do pneu, o arame deve ser limpo e tratado com uma lixa e palha de aço. O arame deve ter de 15 cm a 20 cm de comprimento além do tamanho do pau do berimbau.    Prende‐se uma das pontas do arame na extremidade  inferior do bambu, dando uma ou duas voltas e fixando‐a bem forte. Em seguida, duas pessoas arqueiam o bambu, como um  arco.  Enquanto  uma  das  pessoas mantém  o  bambu  arqueado,  a  outra  prende  a  outra extremidade do  arame na  extremidade  superior do bambu, de maneira  a manter o bambu arqueado.    É hora de  fixar a  cabaça, que  será  substituída por  lata ou  casca de  coco. Tanto uma como outra deverão ter dois furos pequenos no fundo, feitos com um prego pequeno, no caso da  lata, ou com uma furadeira, no caso da casca de coco, para que não rache. Os furos devem ser paralelos e ter uma distância de aproximadamente 1,5 cm a 3 cm entre si. Para fixar a cabaça improvisada no arco do berimbau, deve‐se passar um barbante pelos furos da lata ou da casca de coco e em volta do arame do berimbau, de maneira que o  fundo da  lata ou da casca de coco fique encostado no bambu e totalmente estabilizado.  

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  Como tocar: segura‐se o berimbau com uma das mãos pela extremidade inferior, apoiando  a  cabaça  na  barriga. Apóia  o  dedo mínimo  abaixo  do  barbante,  para  sustentar  o berimbau.  Os  dedos  anular  e  médio  envolvem  a  madeira  do  berimbau,  logo  acima  do barbante,  dando  estabilidade.  Os  dedos  indicador  e  polegar  seguram  a moeda  ou  pedra, movimentando‐a  para  a  frente  e  para  trás,  encostando‐a  e  desencostando‐a  do  arame, mudando  assim  a  nota musical.  Na  outra mão,  segura‐se  a  baqueta,  entre  o  polegar  e  o indicador:  os  outros  dedos  envolvem  o  caxixi  (quando  houver  um  caxixi  com  alça,  como  o convencional).  

Caxixi Material: 

‐ Garrafas pequenas e grandes de refrigerante; ‐ Fita adesiva ou durex; ‐ Pedrinhas, feijão ou arroz; ‐ Barbante ou grampos de grampeador. 

   Para  este  instrumento, que  é um pequeno  chocalho  com uma  alça,  existem  as mais variadas formas de confecção. Mostre a figura do caxixi aos alunos e deixe que cada um crie seu próprio caxixi, desde que fique parecido com o caxixi convencional. Para tocar com o berimbau,  deverá  ser  semelhante  no  tamanho  também,  mas  para  tocar  sem  o acompanhamento do berimbau, o tamanho pode variar.    Como tocar: para se tocar o caxixi com o berimbau, basta dar uma chacoalhada com  a mão  que  o  segura,  juntamente  com  a  baqueta,  após  uma  sequência  de  batidas  da baqueta no  arame do berimbau. Para  tocá‐lo  separadamente do berimbau, basta  segurá‐lo com uma das mãos e realizar movimentos de flexão e extensão do cotovelo,  levando o caxixi para a frente e para trás, fazendo com que os feijões, os grãos de arroz ou as pedrinhas do seu interior façam som de chocalho.  

Baqueta Material: 

‐ Caneta; ‐ Bambu,‐ ‐ Espeto de bambu para churrasco. 

   Como baqueta de reco‐reco ou berimbau, podemos utilizar uma caneta usada, um espeto de bambu para churrasco ou mesmo cortar várias varetas finas (não mais espessas do que  um  lápis  ou  uma  caneta)  de  um  gomo  de  bambu  de  aproximadamente  30  cm  de comprimento.  

Vocabulário Básico da Capoeira   Abadá – Roupa branca usada pelos capoeiristas regionais.  Angola – Modalidade de capoeira codificado por Mestre Pastinha.  Angoleiro – Praticante da Capoeira de Angola.  Batizado – Cerimônia na qual o capoeira assume o seu papel de praticante da arte, recebendo sua primeira graduação.  Berimbau – Principal instrumento da capoeira. O jogo começa e termina a seu pé. E dá o ritmo ao jogo.  Batuque – Antigo método de combate, similar a Luta‐livre.  

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Bimba – Manoel dos Reis Machado, criador e Mestre da Capoeira Regional.  Pastinha – Vicente Ferreira Pastinha, Mestre da Capoeira Angola.  Camará – Amigo capoeirista.  Capoeira – Clareiras abertas na mata; lugares com mato baixo.  Chamada de Angola – É um passo onde um  jogador abre os braços em cruz e “chamada” o outro para o combate.  Cordão – É trazido amarrado na cintura, as cores representa sua graduação.  Corrido – São versos ou palavras cantadas.  Iê – Termos utilizados nas cantigas para chamar a atenção dos capoeiristas.  Iuna  – Toque musical solene utilizado por Mestre Bimba, é característica da Capoeira Regional (luta).  Ladainha – Uma  cantiga parecida  com uma  reza, geralmente  cantada pelo mestre ou aluno mais graduado, é utilizada para alcançar concentração no jogo.  Maculelê – Dança ritual, convertida pelos escravos em técnica de combate.  Malícia – Exclusiva da capoeira “manha”.  Regional – Modalidade criada pelo Mestre Bimba.  Tucum  –  Árvore  espinhosa  que  se  dizia  ter  poder  de  combater  magias,  era  usada  pelos capoeiristas na forma de uma faca, feita com a sua madeira.  

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REFERENCIAL  ALMEIDA, Raimundo Cesar Alves, A saga do Mestre Bimba. Salvador: Edição do Autor 1994..  ALMEIDA, Raimundo Cesar Alves, Bimba Perfil do Mestre. Salvador: Edição do Autor, 1982.  BARBIERI, Cesar Augustus S., Um jeito brasileiro de aprender a ser. Brasília: CIDOCA/DF. 1993.  CAMPOS, Helio, Capoeira na escola. Salvador: Presscolor, 1990.  CAMPOS, Helio, Capoeira, o método de ginástica brasileiro. Negaça. Salvador, 1992.  Ano I. (1): 46‐49.  DARIDO,  Suraya  Cristina  &  SOUZA  JR.,  Osmar  Moreira.  Para  ensinar  educação  física: possibilidades de intervenção na escola. Capinas, SP: Papirus, 2007.  FALCÃO, José Luiz Cirqueira, A escolarização da capoeira. Brasília: Editora Royal Court, 1996.  FALCÃO,  José Luiz Cirqueira, Capoeira e/na educação  física, Sprint magazine, Rio de  Janeiro: 1995. Ano XIV ‐  (79):10‐14.  FILHO, Angelo A. Decanio, A herança de Mestre Bimba. Salvador: Edição do Autor, 1996  LOPES, Augusto José Fascio,  O maculelê. Revista Capoeira. São Paulo: 1998. Ano 1 (03): 40‐41.  LOPES, Augusto José Fascio, Curso de capoeira em 145 figuras. Rio de Janeiro: Edições de Ouro, 1979.  MARINHO, Inezil Penna, A Ginástica brasileira. Brasília: Edição do Autor, 1982.  MOURA, Jair, Jornal o Município, Salvador, 1968. Ano II, (1): 4‐5,  MOURA, Jair, Cadernos de cultura, N.º 01, Salvador: Prefeitura Municipal do Salvador, 1979.  MOURA, Jair, Mestre Bimba ‐ A Crônica da capoeiragem. Salvador, Edição do Autor, 1993.  MUNIZ, Sodré, O Brasil simulado e o real. Rio de Janeiro: Rio Fundo Editora, 1991,  p.17‐18.  NESTOR, Capoeira, Capoeira os fundamentos da malícia. Rio de Janeiro: Editora Record, 1998.  REGO, Waldeloir, Capoeira angola. Salvador: Editora Itapuã,1968.  SANTOS,  Luis  Silva,  Educação  ‐  educação  física  ‐  capoeira. Maringá:  Fundação Universidade Estadual de Maringá, 1990.  SENNA, Carlos, Capoeira Percurso. Salvador: Edição do Autor, 1990.  SILVA, Gladson de Oliveira, Capoeira do engenho à universidade. São Paulo: CEPEUSP 1995..  

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SILVA, Gladson de Oliveira, Novos status mas com tradição. Revista Capoeira. São Paulo: 1999. Ano II (04): 26‐27.  SOARES, Carlos Eugênio Líbano, A Negregada  instituição. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, 1994..  TUBINO, Manoel José Gome, Dimensões sociais do esporte. São Paulo: Editora Cortez.  VIEIRA, Luís Renato, O jogo de capoeira. Rio de Janeiro: Editora Sprint. 1995.  VIEIRA, Luís Renato, Capoeira: os primeiros momentos de sua história. Revista Capoeira, São Paulo: 1998. Ano 1 (01): 42‐44.  VIEIRA, Luís Renato, De prática marginal à arte marcial brasileira. Revista Capoeira, São Paulo: 1998. Ano 1 (03): 42‐43.  Wikipédia,  a  enciclopédia  livre.  Capoeira  (arte  marcial).  Disponível  on  line  via:< http://pt.wikipedia.org/wiki/Capoeira_%28artes_marciais%29>, Capturado em: 15 de outubro de 2011.